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Capítulo Nove.........................CERES

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Índice Remissivo

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De Deméter, augusta deusa de belos cabelos, e de sua filha, a Cinda (Perséfone, começo a cantar. Salve, ó deusa! (Mantém esta cidade a salvo e guia minha canção.

Hino Homérico a Deméter

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Desde meados do século XVIII, fizeram-se descobertas na Terra e no céu que mudaram para sempre o curso da história. Urano surgiu em 1781 e Netuno, em 1846. Em 1802 houve outra ocorrência, menos conhecida mas igualmente importante — a descoberta de Ceres, Palas, Juno e Vesta, os quatro maiores corpos no cinturão de asteróides. E, embora esses novos corpos não fossem considerados verdadeiros planetas, Ceres está precisamente onde deveria haver um, de acordo com a lei de Bode — no centro do sistema solar, entre Marte e Júpiter. Classificados como planetas menores, esses asteróides assemelham-se a seus irmãos maiores em termos de características orbitais; são apenas de menor tamanho. De fato, os numerosos corpos que compõem o cinturão de asteróides

têm órbitas bastante similares aos menores planetas em nosso sistema solar — Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, e Plutão, o mais distante (até agora).

Eleanor Bach foi a pioneira na pesquisa sobre as deusas do asteróide e seu significado astrológico, inspirando muitos astrólogos a colocá-los nos horóscopos72. Zip Dobyns73, Demetra George74 e o falecido Tony Joseph75 continuaram e desenvolveram esse trabalho. As teorias principais atualmente rezam que Ceres e Vesta (as deusas "trabalhadoras") pertencem a Virgem, enquanto Palas Atená e Juno (as deusas do "relacionamento") pertencem a Libra. Uma teoria astronômica a respeito do cinturão de asteróides (e há muitas, pois também os cientistas devem especular até que suas teorias sejam comprovadas pelo tempo) diz que os milhares de destroços de asteróides que orbitam num mar cósmico entre Marte e Júpiter já foram um planeta. Como Júpiter é muito grande e sua atração gravitacional é muito forte, esse planeta foi puxado pela massa de Júpiter e explodiu. Alguns teóricos esotéricos (incluindo os autores) acreditam que esse planeta representava um sistema arquetípico de completude feminina — ou ao menos uma porção significativa do feminino — que, como o culto à deusa dos antigos, foi superado por deuses do céu masculino, como Júpiter. Esses pedaços errantes constituem os diversos fragmentos do feminino que buscam a reunificação. Acreditamos que os asteróides como um todo representam Virgem, o signo cujos nativos por vezes se perdem nos fragmentos, mas sempre conseguem juntar todos os pedaços para fazer um todo. É bastante adequado que esses quatro asteróides estejam próximos ao planeta Júpiter, pois, na mitologia, cada uma dessas deusas era parte da "família" de Júpiter. Ceres (Deméter), Juno (Hera) e Vesta (Héstia) eram irmãs de Zeus e, assim como seu irmão, tinham papéis Ceres, ou Deméter importantes no panteão grego. Ceres era a deusa da terra, encarregada

72. Bach, Eleanor, Ephemerides of the Asteroids — Juno, Pallas, Ceres, Vesta 19002000, Brooklin, Celestial Communications, Inc., 1973. 73. Dobyns, Zipporah, Expanding Astrology's Universe, San Diego, CA, ACS Publications, 1983. 74. George, Demetra, Asteroid Goddesses, San Diego, CA, ACS Publications, 1986. 75. Joseph, Tony, The Archetypal Universe, ms. não publicado, 1984.

do ciclo agrícola. Vesta, a deusa do templo, cuidava do centro espiritual da humanidade. As outras duas — Juno e Palas Atená — eram a esposa de Júpiter e sua filha favorita, respectivamente. Juno compartilhava com seu marido Júpiter o governo dos céus e também presidia a instituição do casamento. Atená, filha de Júpiter, nasceu de sua testa e era realmente a filhinha do papai.

A introdução e subseqüente Deméter numa moeda de bronze de Petélia, Itália, entre 280 e 216 a.C. Da incorporação desses quatro coleção de Michael A. Sikora asteróides no plano de regência zodiacal (ver O Zodíaco) eliminou alguns dos temas desgastados da astrologia. Os nomes recebidos por esses quatro asteróides podem parecer coincidência para alguns, mas têm muito significado, de acordo com sua mitologia. Cada uma das quatro deusas que deram nome aos asteróides era um dos doze olímpicos honrados e reverenciados por todo o mundo antigo. Sua inclusão no sistema astrológico de regência restaura o equilíbrio e a simetria a um zodíaco que por muito tempo careceu de representação feminina. Para manter a coerência com as novas leis e os novos papéis na sociedade, especialmente em relação às mulheres, a inclusão dessas deusas foi muito oportuna. Infelizmente, muitos astrólogos ficaram confusos com a inclusão desses asteróides e ainda se recusam a reconhecê-los como parte da estrutura astrológica.

Ceres ou, em grego, Deméter é associada, acima de tudo, aos mistérios de Elêusis. Mesmo hoje, não é possível ter certeza sobre o que acontecia no telesterion, o santuário eleusiano. Os iniciados deviam jurar segredo. Conhecendo a natureza humana, seria lógico esperar que alguém, mais cedo ou mais tarde, tivesse dado com a língua nos dentes. Mas, apesar de os mistérios de Elêusis terem persistido por mil anos, ninguém jamais entregou o segredo. Muitos escritores antigos deixaram escapar algumas pistas e os estudiosos as usaram para construir teorias sobre os mistérios — algumas bastante lógicas, outras um tanto fantasiosas. Mas são apenas teorias. No fim das contas, não sabemos. Quando consideramos as milhares de pessoas que foram iniciadas no culto a Deméter por tantos séculos, podemos sentir o quão terrível deve ter sido essa experiência — tanto que todos os participantes mantiveram silêncio.

De acordo com a história, Core era a filha donzela de Deméter (Ceres), deusa da terra e da colheita. Quando ela colhia flores em um campo próximo a Elêusis, a terra se abriu diante dela. Com um ruído

surdo, um carro negro emergiu das profundezas, conduzido por um cavaleiro sombrio. Era Hades (Plutão), senhor do mundo subterrâneo; apanhou Core e a levou contra a vontade para a região dos mortos. Durante nove dias Deméter vagou em lamentação, em busca de sua filha perdida. No décimo dia, ela chegou a Elêusis e sentou-se para descansar. As filhas do rei Celeus a encontraram quando vieram buscar água no poço. A deusa estava disfarçada de velha senhora e contou às filhas do rei uma história de pobreza e privação. As moças decidiram que a velha seria uma excelente ama para seu irmãozinho Demofonte. Trazendo suas bilhas d'água, levaram Deméter ao palácio do rei Celeus e da rainha Metaneira. A rainha ofereceu alimentos e vinho a Deméter, mas ela apenas concordou em tomar um copo de água de cevada. Deméter tornou-se a ama do jovem Demofonte. Toda noite, quando os pais dormiam, ela punha o menino no fogo para lhe conferir o dom da imortalidade. Mas, certa noite, a rainha Metaneira estava desperta. Entrou no quarto onde a velha ama estava diante de Demofonte, que jazia no fogo ardente. Metaneira entrou em pânico. Deméter retirou a criança do fogo. Então transformou-se, de uma anciã, na figura refulgente da deusa. Estava com raiva. Ao interromper a magia de Deméter, Metaneira acabou com todas as chances de Demofonte tornarse imortal. Triptólemo, filho do rei de Elêusis, estava pastoreando o rebanho de seu pai quando ocorrera o rapto de Core; ele vira tudo e contou a Deméter o que havia acontecido. A Mãe Terra iniciou um pranto dolorido. Pediu ao rei Celeus que construísse um templo para ela em Elêusis. Ali se sentou, proibindo que a terra desse fruto. As folhas murcharam e

secaram; a terra congelou e o mundo caiu nas garras do primeiro inverno.

A humanidade estava em perigo de extinção. Atendendo às orações dos mortais, Zeus enviou o mensageiro dos deuses, Hermes, ao mundo subterrâneo, para pedir a libertação de Core. Hades consentiu em entregar a moça sob uma condição: que ela não houvesse ainda provado a comida dos mortos. Core estava realmente tão triste que se recusava a comer; por isso, aprontou-se para seguir Hermes de volta ao mundo da luz. Mas então, um dos sombrios jardineiros dos infernos surgiu e revelou

Triptólemo, fundador mítico dos Mistérios Eleusianos

A estrada de Atenas para Elêusis, na qual iniciados no culto de Elêusis andavam portando tochas como parte dos ritos de seus Mistérios

que Core, na verdade, comera sete sementes de romã. Era preciso chegar a um acordo. Decidiu-se que Core passaria três meses de cada ano no mundo subterrâneo e nove sobre a terra. Durante sua ausência, o frio do inverno reinaria, mas, quando estivesse acima da terra, a longa primavera e o verão do mediterrâneo resplandeceriam. Mesmo assim, ela ainda era a rainha do reino escuro e por isso seu nome não seria mais Core, a donzela, mas Perséfone, "aquela que deve ser temida".

Depois de Perséfone ter sido devolvida à sua mãe, Deméter alegrou-se. Ensinou seus mistérios da terra e da colheita a Triptólemo, que foi o fundador mítico do culto eleusiano. Veremos que a história das realizações de Deméter em Elêusis é uma espécie de tema secundário ou contraponto à história principal, ou seja, a busca por Core. Mesmo assim, esse conto de Elêusis representou um grande papel nos próprios mistérios — talvez tão grande quanto a história mais familiar do rapto de Perséfone.

Os iniciados de Elêusis identificavam-se não com Perséfone, mas com a própria Deméter. Assim, o imperador romano Galieno, um iniciado, por vezes fazia-se chamar Galiena Augusta, uma forma feminina de seu nome. Os candidatos jejuavam, assim como Deméter recusou alimento e vinho de Metaneira. Antes de iniciar sua procissão a Elêusis, cobriam seus rostos e se banhavam no oceano. Essa combinação de água e escuridão sugere que a estrada para Elêusis era também a estrada

para o mundo subterrâneo. Água e escuridão nos lembram Perséfone como a deusa do mundo subterrâneo — mas podem igualmente nos lembrar Hécate, a outra deusa com esses atributos. No Hino Homérico a Deméter, Hécate aparece com uma tocha na mão e, como Triptólemo, ajuda Deméter a resolver o mistério do paradeiro de Perséfone.

Após a purificação, os iniciados andavam até Elêusis, levando tochas. As tochas nos lembram novamente Hécate, e também de Demofonte no fogo, pois o Hino realmente o descreve como uma tocha ou um tição em chamas. Em Elêusis, os iniciados bebiam uma mistura de água de cevada, assim como Deméter o fizera. Essa beberagem provavelmente era alucinógena, e talvez contivesse o cogumelo Amarita Muscaria — o alimento de Dionísio, a ambrosia (em sânscrito, amrita) dos deuses. Seguia-se uma dança. O que acontecia depois nunca foi revelado. Algumas pistas deixadas por escritores clássicos permitem ao menos especulações sobre o que poderia acontecer. As tochas eram pousadas e celebrava-se um "casamento divino" entre o hierofante e a sacerdotisa de Deméter. Em seguida, Perséfone era devolvida à sua mãe. Por fim, uma haste de grão era revelada em um cesto de joeira, e se anunciava que a deusa havia dado à luz — Brimo dera à luz Brimos.

É Deméter, como Brimo, e não Perséfone, que dá à luz. Na Arcádia, a região mais antiga da Grécia, conservaram-se lendas que contam como Posídon (Netuno), em forma de cavalo, perseguiu Deméter em forma de égua e a violentou. O resultado foi uma criança conhecida misteriosamente como "a Senhora" — outro nome para Perséfone enquanto rainha do mundo subterrâneo.

Quando discutimos a Lua, vimos que é muito difundida uma história de perseguição na qual a deusa persegue o deus ou, em tempos mais recentes, o deus persegue a deusa. Na história de Posídon e Deméter, vemos outra variação dessa antiga história. Os arcádios também adoravam uma "Deméter negra", ou seja, uma Deméter ctônica que era a rainha dos mortos. Portanto, em todas essas histórias, estamos falando sobre uma só deusa com três aspectos — donzela (Perséfone enquanto Core), mãe (Deméter) e anciã (Hécate, Deméter como a velha ama e Perséfone como rainha de Hades).

E quem é a criança Brimos? No Hino Homérico, Demofonte, a criança no fogo, representa o papel de Brimos. Mas, o nome Brimos significa terrível ou colérico. Por essa razão, a mãe sombria (Brimo), enraivecida por ter sido violentada, dá à luz uma criança sombria. O herói eleusiniano Triptólemo é outro nome para essa criança divina, pois mitos posteriores afirmam que ele viajou pelo mundo em um carro puxado por serpentes para ensinar a agricultura e os mistérios de Elêusis para a humanidade. Mas, ainda há outra interpretação: a criança divina é Dioniso, deus do vinho e do êxtase. De fato, Dioniso, para os membros do culto órfico, era filho de Deméter ou de Perséfone. A

história mais familiar sobre Dioniso faz dele um filho de Zeus e Sêmele. Ele é resgatado de uma situação muito ruim quando Sêmele fora fulminada, consumida pela visão de Zeus em sua aparição como divindade. Assim como Demofonte, a divina criança Dioniso nasceu de uma explosão de fogo. Como Triptólemo, é filho da terra. Como Perséfone, faz uma jornada ao subterrâneo — ou seja, é feito em pedaços por mulheres, renascendo como a vinha inebriante. E, como Brimos, pode ser terrível, pois o êxtase dionisíaco pode levar à loucura. Dioniso, como Cristo, é o filho da mãe divina, morto e renascido. É por isso associado ao arquétipo de Peixes. A polaridade oposta à Peixes é Virgem, o signo de Ceres-Deméter.

O processo ligado a Ceres, enquanto mãe, é perder sua filha, Perséfone, e então recuperá-la. A maioria de nós realmente "perde" nossos filhos — eles crescem e se vão. Sentimos a dor da separação. Mas, nossos filhos não voltam a nós literalmente. O mito aponta para um "retorno" mais simbólico. Note que a própria Deméter sofre uma violação; que ela se encoleriza (Brimo) por sua perda e violação. Mas, o fruto dessa perda, dor, violação e frustração paradoxalmente traz o êxtase. O aspecto da consciência humana tão profundamente experimentado em Elêusis era de lamento e dor pela perda da inocência e a quebra do elo entre mãe e filha, seguido por um renascimento no êxtase espiritual — a liberdade dionisíaca do eu. A posição de Ceres no horóscopo obviamente envolve seu papel como mãe e, por essa razão, ela pode ser associada com e é talvez exaltada no signo de Câncer. Por séculos, os astrólogos associaram a Lua, como regente de Câncer, ao princípio maternal, mas não é incorreto ligar também Ceres a esse signo. A conexão emocional, psicológica e biológica entre mãe e filho como unidade é discutida em Câncer — e a Lua representa um grande papel no mapa astral como agente principal dessa associação. Porém, e quanto à "Mãe Terra", que cuidadosa e amavelmente dá a seu filho o primeiro livro para ler na hora de dormir, que ensina o filho a amarrar os sapatos e que fornece a estrutura para que esse filho faça seu próprio caminho no mundo? E isso o que Ceres governa no horóscopo. Aqueles que têm Ceres em posição proeminente se identificarão fortemente com sua mãe terra interior ou, nos mapas de homens, com sua capacidade de representar o papel de "zelador"; e, se Ceres está envolvida com a Lua, pode haver uma forte dependência emocional entre mãe e filho, assim como a que compartilhavam Core e Deméter. Perséfone, ou Core, era tudo para sua mãe, e quando sua filha separou-se dela foi como se uma parte dela se perdesse e ela não pudesse mais realizar seu trabalho no mundo físico — o outro interesse e, principal de Ceres.

Não surpreende que a posição de Ceres no horóscopo tenha uma forte ligação com comida e hábitos alimentares, devido a seu papel de deusa do grão. Uma Ceres aflita resultará normalmente em algum tipo

de distúrbio alimentar, problema que aflige muitas pessoas no mundo moderno, industrial. Pode ser uma maneira simbólica de dizer que, uma vez que as preocupações agrícolas foram superadas pelos industriais, que estão mais preocupados com a quantidade, e não com a qualidade, da comida produzida, e que mostram pouca preocupação com a própria terra, como conseqüência nossa comida moderna é muito pouco nutritiva. Nessa situação, mesmo se o solo que produz sua comida fosse saudável e limpo e as prateleiras de nossas mercearias não estivessem cheias de pesticidas e produtos químicos, será que Ceres, símbolo da Mãe Terra, estaria feliz?

A posição de Ceres no horóscopo pode afetar de maneira significativa a capacidade de uma pessoa para criar e manter uma relação saudável consigo mesma. Ceres está mais feliz, é claro, quando Core, sua filha, está com ela por dois terços do ano. Esse é o ponto no ciclo da natureza em que ela faz florescer e reviver a terra em magnífico esplendor. Quando as pessoas estão emocionalmente satisfeitas (como no início de relacionamentos), são capazes de produzir suas mais esplêndidas obras de arte e não têm problemas em trabalhar horas extras se tiverem ordens de entregar o serviço pronto.

O glifo de Ceres (t), como já se notou, é o glifo de Saturno de cabeça para baixo e invertido (ver Saturno). O Pai Terra Cronos e a Mãe Terra Ceres parecem ter muito em comum. De fato, Ceres era uma das filhas de Saturno e foi devorada por ele; também teve sua própria filha "comida" ou engolida pelo mundo subterrâneo. Saturno comia seus filhos porque temia que eles o superassem. Ceres não podia se alimentar sem sua filha. Ambos os planetas são relacionados à paternidade e ambos podem potencialmente desenvolver relacionamentos possessivos, dominantes ou estranguladores com seus filhos. E, naturalmente, ambos os planetas, mal integrados no mapa, podem também experimentar distúrbios alimentares.

Dá para constatar que a ligação entre Ceres e Plutão é também significativa, devido à sua rivalidade mitológica. Em muitos mapas, já se notou que uma relação tensa entre esses dois planetas pode produzir uma espécie de perda ou sacrifício similar ao que Ceres sofreu com Perséfone. Além disso, trânsitos de Ceres para Plutão podem indicar um período em que a pessoa necessita desistir de algo dessa magnitude.

A ex-União Soviética adotou a foice como símbolo. Era um país cujo tamanho enorme já o fazia enfrentar um grande desafio simplesmente para conseguir alimento para o povo. A força trabalhadora, o partido trabalhador, é associado a Ceres e o mapa astral da União Soviética (na Revolução de 1917) continha um Sol de Escorpião em firme conjunção com o asteróide Ceres a catorze graus de Escorpião. Uma vez que tanto Escorpião, o signo, quanto Ceres, o asteróide, simbolizam miticamente o tempo passado no subterrâneo e tratam de temas de

perda e tristeza seguidos pela regeneração, não é de espantar que pessoas dessa nação tenham passado 75 anos "atrás da cortina de ferro" — como se fosse no mundo subterrâneo. Nesse horóscopo, tanto Plutão quanto Ceres seriam considerados fortes — Plutão por sua regência sobre Escorpião e Ceres por sua conjunção com o Sol, a força vital no mapa. Vemos aí o firme controle que o governo soviético sempre manteve sobre seus cidadãos, cuja única escolha era a cumplicidade silenciosa ou a deserção. Plutão transitando por Escorpião (1984-1996) passou pela conjunção soviética Sol-Ceres durante 1988 e 1989, com a morte e o renascimento resultantes, no estilo de Escorpião, da União Soviética. Podemos traçar um paralelo com a vida pessoal dos indivíduos. Aqueles que têm parentesco ou uma relação com pessoas que tenham fortes aspectos Ceres-Plutão podem experimentar um sufocamento ou estrangulamento similar até que consigam se libertar, mas a liberdade com freqüência não ocorre sem uma significativa luta pelo poder.

A relação de Ceres com o processo de lamentação é talvez uma de suas funções mais importantes. Sua tristeza consumia tudo. Os mistérios de Elêusis tratavam de importantes ritos de passagem que honravam a morte e a perda — uma experiência que todo ser humano deve encarar em algum momento. O horóscopo de Elizabeth KublerRoss contém uma Ceres angular — em seu signo de regência, Virgem, na cúspide da Sétima Casa. Kubler-Ross é a pioneira reconhecida do "morrer com dignidade", que ajudou a educar milhões e permitir que ocorra o processo do luto.

Com freqüência, Ceres no horóscopo se manifesta como a área em que a pessoa pode se tornar extremamente protetora e maternal, ou adotar o papel de "zelador", aspectos da vida com os quais a maioria dos nativos de Virgem e Câncer está familiarizada.

Minerva (Palas Atená) com uma coruja e escudo de Medusa, da obra Kunstbüchlin de Jost Amman, publicada por Johann Feyerabend. Frankfurt, 1599

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