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Capítulo Vinte......................... Os ELEMENTOS

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Os Quatro Elementos: Fogo, Terra, Ar e Água

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Os quatro elementos e as órbitas dos planetas, do Judicium cum tractibus planetarii, de Philippe de Mantegat, Milão, 1496

A astrologia divide sua realidade psíquica em quatro "elementos" — fogo, terra, ar e água. Como muitos aspectos da tradição astrológica, os quatro elementos parecem ter chegado a nós vindos da antiga Grécia. Aristóteles dividia o mundo físico nos mesmos quatro elementos. Porém, é claro que os antigos astrólogos se referiam a um conjunto psicológico de elementos, e não físico.

De fato, se examinarmos a mitologia, descobriremos que essa mesma divisão quádrupla da realidade é comum da Irlanda até à Índia. Na antiga mitologia céltica, dizia-se que os deuses traziam quatro tesouros consigo de seu lar místico do oeste: uma espada, uma lança, um caldeirão de renascimento e uma pedra que gritava, cada vez que o rei pousava o pé sobre ela. Os mesmos tesouros

míticos dos antigos celtas aparecem na lenda medieval do santo Graal139.* Percival, o cavaleiro puro, encontra-se no castelo mágico do Graal. Ao sentar-se junto com os guardiões do castelo para um festim, observa uma procissão que passa silenciosamente pelo salão. As figuras misteriosas que marcham pelo castelo carregam quatro objetos sagrados: uma espada, a lança que perfurou o flanco de Cristo, um peixe num prato e o próprio Graal — a taça da qual Cristo bebeu na última ceia. Esses mesmos quatro objetos aparecem mais tarde no Tarô, onde formam os naipes de Paus (a lança), Copas (o Graal ou caldeirão), Espadas e Pentáculos (Ouros — a pedra ou prato)140. Magos e bruxas cabalísticos sempre associaram esses quatro tesouros aos quatro elementos: a lança ou vara simboliza o fogo, a taça ou caldeirão representa a água, a espada o ar e o pentáculo, pedra ou prato a terra 141 .

O psicólogo Carl Jung, estudioso da tradição mística ocidental, acreditava que esses quatro elementos simbolizavam as quatro funções

O Caos dos Elementos, do Utriusque Cosmi Historia, de Robert Fludd, Oppenheim, 1617

*. N. E.: Sugerimos a leitura de A Linhagem do Santo Graal — A verdadeira história do casamento de Maria Madalena e Jesus Cristo, de Laurence Gardner, Madras Editora. 139. Jung, Emma, e Marie-Louise von Franz, The Grail Legend, Nova York, Putnam's, 1970, pp. 83-4. 140. Douglas, Alfred, The Tarot, Harmondsworth e Baltimore, Penguin, 1972, pp. 36-7. 141. Regardie, Israel, The Tree of Life, Nova York, Weiser, 1973, p. 115.

que governam a psique humana. Essas funções eram a intuição (togo), o sentimento (água), o pensamento (ar) e a sensação (terra). As quatro funções compreendem dois pares de opostos: intuição e sensação, pensamento e sentimento. Intuição e sensação são modos de percepção, enquanto Cristo como o Homem Primordial com os pensamento e sentimento quatro elementos, Anthropos, França, 187 são modos de julgamento. Cada um de nós desenvolve uma dessas quatro funções em um grau mais alto do que as outras; essa é nossa função dominante. Seu oposto torna-se automaticamente nossa função inferior, representando um modo de julgar ou perceber que é nosso ponto cego, parte de nosso ser não desenvolvido. Dessa forma, os que são dominados por seus sentimentos podem pensar de modo confuso ou ilógico e aqueles que são profundamente práticos (sensação dominante) são normalmente Céticos e temerosos do mundo interior dos sonhos e visões (intuição). Cada função pode cooperar de um modo introvertido ou extrovertido. Jung acreditava que nenhum ser humano poderia ser completamente equilibrado e inteiro a menos que equilibrasse essas funções psíquicas. De acordo com Jung, essa era a razão por que místicos, como os alquimistas, estavam sempre preocupados em transformar um quadrado num círculo — por reconhecerem que a verdadeira iluminação consistia em moldar nossa natureza quádrupla interior num todo harmonioso142 .

Como veremos ao discutir cada um dos quatro elementos separadamente, eles têm propósitos únicos importantes na formação da consciência humana e até mesmo de sua integração. A maioria de nós se lembra do Mágico de Oz, que nos conta a jornada mítica de Dorothy para encontrar seu caminho de volta para casa. Antes que pudesse atingir seu destino, porém, encontrou alguns personagens muito curiosos (partes dela própria). O Homem de Lata procurava um coração (água); o Leão covarde estava em busca de coragem (fogo); o Espantalho carecia de um cérebro (ar). Quando os sapatos mágicos de rubi foram finalmente colocados nos pés de Dorothy (terra), seu desejo foi realizado e ela foi rapidamente levada de volta para casa. Sua odisséia lhe permitira integrar os quatro elementos.

142. Jung, Carl G., Psychological Types. (Collected Works, vol. VI), Princeton, NJ, Princeton-Bollingen, 1974.

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