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OUT/NOV
2016 €5
Pousadas com mais Alma portuguesa opinião
Catarina Furtado fala da Corações com Coroa e de solidariedade
análise
Startups tecnológicas e a nova dinâmica no Turismo
tecnologia
Conheça o LIFI, o sistema de transmissão de dados do pós-WIFI
em foco
Slow Movement aplicado ao Turismo. O novo Tempo.
GRANDE entrevista FREDERICO COSTA ADMINISTRADOR DO PESTANA POUSADAS DE PORTUGAL
Ficha Técnica
Propriedade Amadeus Soluciones Tecnologicas, S.A. Sucursal em Portugal
Sede Rua de São José, 35 - 4º andar 1150-321 Lisboa, Portugal Tel.: 21 321 30 99 - Fax: 21 322 58 75 E-mail: pontoturismo@pt.amadeus.com
Diretor Geral Miguel Ángel Puertas
Índice
“A gastronomia é um dos eixos estratégicos das Pestana Pousadas”
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As Pestana Pousadas estão cada vez com mais alma portuguesa e quem o diz é o seu administrador, Frederico Costa, que diz ainda que o objetivo é a consolidação do mercado português.
Diretor da Ponto Turismo Miguel Ángel Puertas Bimestral · Ano - 2016 - Edição 27
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Coordenação Editorial
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pontoturismo@pt.amadeus.com · Tel.: 21 321 30 99
Produção de Conteúdos e Edição Mediapearl - Comunicação e Serviços, Lda. Tel.: 214 037 656 · mediapearl@mediapearl.pt
Publicidade marketing@pt.amadeus.com · Tel.: 21 321 30 99
Ilustração Capa Pedro Taquelim
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Fotografia Mediapearl
Produção Mediapearl - Comunicação e Serviços, Lda.
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Rua de Xabregas, 2, Piso 2, Sala 2.06 / 2.07 1900-440 Lisboa mediapearl@mediapearl.pt
Impressão e Acabamento RBM - Artes Gráficas
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Registo na ERC N.º 126281
Depósito Legal N.º 350109/12
A revista Ponto Turismo é uma publicação da Amadeus Portugal. A empresa não se identifica necessariamene com o conteúdo dos artigos nem com as opiniões dos seus colaboradores. É proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização prévia da empresa editora.
Cultura de solidariedade Não nos podemos desresponsabilizar dos nossos deveres
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Tecnologia
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Análise
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10 Insights
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Lifestyle
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Viagem de: Francisco Moura
Grande Entrevista Frederico Costa - O Pousadas Breakfast é mais uma oportunidade de mostrar a alma portuguesa
Tiragem 1300 exemplares
Opinião
Em Foco Proteger o bem escasso “Tempo” Slow Movement
Entrevista Caderno Saúde, cultura e desporto vão ser os novos segmentos de aposta da Ultratur em 2017
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Soluções
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Notícias
Amadeus Airline Fare Families
A Chegada do Li-Fi
- Turismo Residencial : Isenção fiscal nas pensões é fator essencial de atração - Nova dinâmica no Turismo: Contributo das startups tecnológicas e das novas empresas de serviços e animação
SER Profissional
Mercados de Lisboa Ir “à praça” já não é só comprar frutas e legumes
“A alma do local nunca desaparece”
Amadeus no DJSI pelo 5º ano consecutivo pelas suas ações de sustentabilidade
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O que é que as empresas de sucesso têm em comum?
Paixão.
É com paixão que as empresas e os profissionais se conseguem diferenciar mesmo dentro dos mercados mais competitivos. O Amadeus Selling Platform Connect é a solução de reservas e emissão de bilhetes de última geração para as agências de viagens. Desenhada para libertá-lo dos constrangimentos tecnologicos e focar-se no que mais gosta. Visite amadeussellingconnect.pt
Ponha paixão no seu trabalho
Editorial
Mais mobilidade e acessibilidade para todos
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ais mobilidade e acessibilidade é o que procuramos e o que procuram os viajantes nestes tempos modernos que temos de viver. Queremos ir para qualquer lado sem restrições ou impedimentos. Queremos viver, trabalhar, voar, viajar e descobrir ao alcance de um click! Na Amadeus já estamos aptos a proporcionar toda essa liberdade de descoberta através da nossa nova plataforma Amadeus Selling Platform Connect. Os nossos agentes agora poderão libertar-se das suas secretárias e trabalhar onde e quando preferirem. Mas o que dizer de criar essa mobilidade e acessibilidade para os viajantes? Em conjunto temos que nos consciencializar que nem todos têm as mesmas possibilidades que nós. Temos de nos unir para desenvolver e evoluir o sector e o país. Temos de nos mostrar disponíveis para ajudar os outros e fazer o possível para desenvolver o nosso negócio e o negócio de nossos clientes. O turismo, dentro da sua natureza, apresenta também uma força positiva na vida das pessoas e das comunidades. Temos de ir mais além, para que o usufruto do turismo se torne verdadeiramente um bem acessível a todos. Temos de ter em conta que nós, como influenciadores do sector, temos de induzir a perspetiva de responsabilidade social e da prática da solidariedade, além de fazer negócios e conseguir uma margem. Devemos pensar no futuro, no que queremos alcançar para (o ano) 2030. Que acessibilidades podemos oferecer às gerações futuras e que legado deixaremos. Todos neste sector temos a responsabilidade social de nos sensibilizarmos e sensibilizarmos os outros a participarem e proporcionarmos atividades cívicas para criarmos o bem-estar de todos. Queremos chegar a um público mais comprometido e fiel. As pessoas com maiores dificuldades
Nós temos de usar a nossa influência como players no turismo para incentivar positivamente os que nos rodeiam
motoras também sonham, também têm objetivos, também gostam de explorar e viajar. Cabe-nos a nós, em conjunto e em parceria, abrir portas e facilitar os acessos aqueles que precisam. Alguém tem de começar. Não nos podemos “pendurar” apenas no que as altas patentes dizem ou fazem. Devemos agir por nós próprios e acreditar que podemos fazer a diferença. A nossa meta é termos clientes satisfeitos. Ao mudarmos o nosso pensamento e investirmos em acessibilidade, não só atraímos outros clientes como aumentamos o nível de satisfação dos nossos clientes e fazemos “boa figura” ao sermos reconhecidos como pessoas socialmente responsáveis. Contribuir para o bem estar dos outros é gratificante. Fazer um ato altruísta é bom para o ego e sobretudo bom para os outros. Até pode parecer cliché mas gosto de acreditar que realmente unidos conseguimos chegar mais além. Nós temos de usar a nossa influência como players no turismo para incentivar positivamente os que nos rodeiam. Nesta edição da Ponto Turismo temos a Catarina Furtado que fala do seu projeto de ação social, em que refere que há variadíssimas maneiras de ajudar os outros. A sua imagem e influência (com o uso da sua influencia) nos media e na sociedade pode sensibilizar muitos a seguir o seu caminho de uma comunidade unida. Na nossa grande entrevista estivemos à conversa com Frederico Costa, administrador do Pestana Pousadas, que nos fala do lançamento do novo projeto “Pousadas Breakfast”. Em análise temos Desidério Silva, Presidente da Região de Turismo do Algarve, que explora o tema do turismo residencial no Algarve e Marco Fernandes, Presidente da PME Investimentos, que explica o contributo das startups tecnológicas e das novas empresas de serviços e animação na economia nacional. No artigo de tecnologia abordamos uma tecnologia inovadora mais sustentável denominada Li-Fi. Em foco ensinamos-lhe a viver uma vida mais descontraída e equilibrada introduzindo-lhes o conceito “Slow Movement”. Saiba ainda as novidades nos mercados e praças de Lisboa, como ter um bom ambiente de trabalho na empresa e saiba qual a viagem de Francisco Moura. Espero que gostem destas páginas e aproveito para desejar a todos umas Boas Festas na companha dos vossos entes queridos.
Miguel Ángel Puertas Diretor Geral #27 OUT/NOV 2016
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Opinião Catarina Furtado
Catarina Furtado
- Presidente da Associação Corações com Coroa (ONGD) - Embaixadora de Boa Vontade do UNFPA
Cultura de solidariedade
Não nos podemos desresponsabilizar dos nossos deveres A Associação sem fins lucrativos e organização não-governamental para o desenvolvimento (ONGD) Corações com Coroa (CCC) nasce em 2012, fruto de uma enorme vontade que tive de desafiar duas amigas, Ana Torres e Ana Magalhães, para criarmos uma associação que promovesse uma cultura de solidariedade, igualdade de oportunidades, igualdade de género e inclusão socio afectiva de pessoas em situação de vulnerabilidade, risco ou pobreza, em Portugal mas não só.
E
sta vontade foi inspirada pelo meu trabalho voluntário, há já 16 anos, enquanto Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), organismo que promove o direito de todas as pessoas, sobretudo raparigas e mulheres, a viverem uma vida saudável, com igualdade, dignidade e respeito. Através desta incrível experiência ao longo dos anos, com visitas de trabalho aos terrenos (desde a Guiné Bissau, a Moçambique, Timor Leste, Indonésia, São Tomé, Cabo Verde, Sudão do Sul, Haiti, India), que me tem permitido mergulhar nas estatísticas, nos relatórios técnicos mas ao mesmo transforma-los em caras, corpos e vozes, com sofrimentos reais, pude constatar as verdadeiras necessidades e os obstáculos que são colocados às maiores vítimas da desigualdade: as meninas, raparigas e mulheres, no mundo em geral e no mundo em desenvolvimento em particular. Em Setembro de 2015 as Nações Unidas aprovaram os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Trata-se de uma nova agenda de acção até 2030, que se baseia nos progressos e lições aprendidas com os 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), entre 2000 e 2015. Esta agenda é fruto de um trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo para criar um novo modelo global para acabar com pobreza, atingir a igualdade de género, promover a prosperidade e o bem-estar de todos e todas, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas. A grande novidade é que os ODS dizem respeito a todos os países que os acordaram, #27 OUT/NOV 2016
os países em desenvolvimento mas também os desenvolvidos, o que quer dizer que Portugal terá, obviamente, de apresentar contas, mostrar medidas certeiras que vão na direcção das metas. É por isso um compromisso que nos envolve a todos! A Corações com Coroa, apesar de ser uma estrutura pequena, trabalha diariamente para fazer a diferença e tenta criar sinergias e parcerias com outras associações ou ongs que fazem um trabalho complementar em áreas específicas que estão abrangidas pelos ODS: Empoderamento (ODS 5), Saúde (ODS 3), Educação (ODS 4), Trabalho (ODS 8) e Proteção (ODS 16). “Apoiar uma mulher é apoiar uma família, uma comunidade, um país”. Sabemos que quando as mulheres têm oportunidades, têm acesso a saúde e educação e fazem livre e conscientemente as suas escolhas, trazem benefícios para a sociedade: redução da pobreza, desenvolvimento, crescimento económico e a sustentabilidade de recursos naturais. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável reconhece que são demasiadas as meninas e raparigas que lutam todos os dias para superar as discriminações que as afectam, incluindo as resultantes daquelas que têm o estatuto de migrantes ou refugiadas.
Nome do Conteúdo do Capítulo Nome do Capítulo Catarina Furtado Opinião
A Corações com Coroa trabalha para que todas as meninas e raparigas tenham acesso à educação. Temos implementado desde a primeira hora o projecto Bolsas de Estudo CCC que apoia raparigas em risco de ter de abandonar o ensino formal. É um dos nossos objetivos mais importantes. Em conjunto com outras associações, empresas, amigos e sócios, conseguimos estabelecer parcerias que permitem fazer com que algumas jovens que “vestem um colete de forças social” deixem de estar amarradas e transformem os seus sonhos em realidade. Acreditamos que a Educação para a Igualdade é absolutamente urgente. Nesse sentido visitamos escolas de todo o país onde falamos sobre a importância dos alunos conhecerem os seus direitos e lutarem por eles. É necessário envolver os rapazes e os homens num trabalho de conquista que tem como objectivo um bem comum. Se todos e todas entendermos isso desde o nosso nascimento, na forma como nos relacionamos uns com os outros e como passamos a promover os direitos de cada pessoa, sem deixar ninguém para trás, a igualdade de oportunidades irá ser uma realidade. Em relação à Não-violência no namoro, não-discriminação e não-bullying, também estamos no terreno com o projecto CCC Vai Escola: através de uma peça de teatro com texto original, encenada pela actriz Natália Luiza, feita com dois actores em contexto de sala de aula, e uma intervenção posterior de uma técnica CCC se passam mensagens de prevenção e de acolhimento. A adesão tem sido muito grande! A nossa sede é na Rua da Junqueira, na antiga casa do porteiro da maravilhosa Biblioteca de Belém, em Lisboa, e é lá que prestamos diariamente o serviço de Atendimento gratuito, em áreas como a psicologia, a saúde materno infantil, o aconselhamento jurídico e alimentar, entre outros. Porque acreditamos muito num voluntariado profissionalizado, ou seja, que na prática represente um verdadeiro compromisso na relação do voluntário para com o beneficiário e porque sabemos que não é voluntário quem quer, é quem pode, quem tem as ferramentas certas, promovemos Curso de Voluntariado gratuito (quando há financiamento) com vista à capacitação para o trabalho nas comunidades. Com o projecto Corações XXL, incentivamos a parentalidade positiva e o acesso a toda a informação necessária antes, durante e depois da gravidez, a mães e pais em situação de vulnerabilidade social. A enfermeira Cristina Flores dá cursos de pré e pós parto, em horários pós laboral numa tentativa de chegar a quem, realmente, mais necessita. No âmbito deste projecto lançámos o Guia “Todas diferentes, todas famí-
lias”, um manual inclusivo e informativo com uma abordagem muito diferenciada e que é de distribuição gratuita nos centros de saúde e hospitais públicos. Na Corações com Coroa procuramos abrir espaços de discussão junto da população em geral, agentes técnicos e políticos, para os temas que temos como preocupação e que trazemos no coração. É importante informar, comunicar, alertar e partilhar, porque consideramos serem ferramentas fundamentais na defesa dos Direitos Humanos. Enquanto comunicadora, que acumula as funções de Presidente da Associação CCC e Embaixadora de Boa Vontade do UNFPA, estes são também os meus instrumentos de actuação. E fazemo-lo quer através de Conferências Temáticas com oradores convidados de referência nacional e internacional, quer através da iniciativa anual Prémio de Comunicação Corações Capazes de Construir onde são premiados trabalhos de jornalismo e de campanha que se tenham distinguido na promoção dos DH, desenvolvimento, igualdade de género e não discriminação. No meio onde trabalho, o da comunicação social, é muito difícil colocar estas temáticas nas prioridades das agendas dos media e por isso, não só temos de ser criativos porque nos é dito que os “Direitos Humanos são pouco apelativos” como achamos que devemos dar incentivos e elogiar os bons trabalhos que se fazem sobre estas matérias. O Prémio Corações Capazes de Construir está a ter um óptimo impacto porque é todos os anos muito concorrido por diferentes orgãos de comunicação social de todo o país. Temos como jurados nesta edição: Ana Paula Laborinho, Presidente do Camões (Instituto da Cooperação e da Língua), Catarina Albuquerque, Procuradora Geral da República e Directora Executiva da Sanitation and Water for all (ONU), Luis Cabaço, Vice Presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos (MNE), Miguel Barros, CEO da Fuel e Presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Publicidade e Comunicação (APAP), um elemento da CCC e Nádia Reis, Responsável de Relações Públicas e Responsabilidade Social do Continente, patrocinador da iniciativa. Hoje em dia há uma natural consciência de que o mundo só “se endireita” com o contributo de
Todos deveríamos exercer os nossos deveres cívicos ajudando a construir um mundo mais saudável, justo e igualitário
todos: governos, ongs, sociedade civil, empresas. As empresas têm de facto um papel muito importante que pode ser representado de diferentes formas, através do mecenato, do patrocínio ou do exercício da responsabilidade social. Esta é uma área que felizmente está a crescer tendo um verdadeiro impacto positivo na prática da solidariedade, desde que seja exercida de uma forma honesta e genuína. A Corações com Coroa espera continuar a encontrar parceiros que sintam confiança no nosso trabalho, que reconheçam a utilidade dos projectos que temos no activo e a importância de derrubar obstáculos que ainda existem para as mulheres em Portugal: nas várias formas de violência e abusos, incluindo doméstica, que no caso das mulheres leva à morte em números incomparáveis; no acesso à liderança e chefia de empresas privadas e públicas; nos meios e efectivação da conciliação da vida privada e profissional; na representação e liderança política, incluindo governo, autarquia e parlamento; na atribuição de salários (salário igual para trabalho igual ainda não é uma realidade em muitas funções); na participação e partilha das tarefas de cuidadores de dependentes (crianças, idosos, doentes); e por exemplo, nos acessos a lugares de opinião (comentadores e colunistas nas áreas de política e economia). Todos deveríamos exercer os nossos deveres cívicos ajudando a construir um mundo mais saudável, justo e igualitário. Não nos podemos desresponsabilizar dos nossos deveres porque também é dessa forma que promovemos os nossos direitos e sobretudo lutamos pelos direitos, permanentemente violados, de quem não tem o poder de fazer ecoar a sua voz. l
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Grande Entrevista Frederico Costa
Frederico Costa Administrador Pestana Pousadas
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Frederico Costa Grande Entrevista
Frederico Costa
O Pousadas Breakfast é mais uma oportunidade de mostrar a alma portuguesa Doze anos depois de ter deixado a rede das Pousadas de Portugal, Frederico Costa regressa como administrador e encontra uma rede com melhor qualidade em que a gastronomia constitui um dos eixos estratégicos, tal como atesta o recente lançamento do Pousadas Breakfast onde não faltam produtos regionais portugueses incluindo o Bolo Real.
Ponto Turismo › Como é que foi regressar às Pousadas/Grupo Pestana 12 anos depois? Frederico Costa › Está a ser muito bom voltar a tratar do produto turístico que considero mais desafiante e mais emblemático de Portugal. Por outro lado, tem também sido um grande prazer rever muitas caras familiares e partilhar o trabalho com uma equipa que julgo ser do melhor que existe. Finalmente, não posso deixar de referir que ainda sinto uma certa emoção quando vejo passar pela frente do meu gabinete o próprio Dionísio Pestana… é no mínimo reconfortante!
o espírito das Pousadas de admito não testemunhei Portugal, que eu resumo que em mais lugar nenhum. a 3 promessas simples Ponto T. › As Pousadas fizeram um grande tra[...] que se mantêm vivas, balho de requalificação. muito por causa das Como é que está a correr a operação e quais são pessoas que nelas as perspetivas? (mercados, crescimento, ocupação, estatrabalham da média, preço médio, tipo de
Ponto T. › O que encontrou de diferente? F. C. › Encontrei uma rede de Pousadas mais pequena em número de unidades, mas incomparavelmente melhor no que toca a qualidade de oferta. Senti igualmente que a equipa nas Pousadas se profissionalizou mais ainda e que os resultados são hoje por isso também bastante melhores. Mas o que me surpreendeu mesmo foi o de constatar que o espírito das Pousadas de Portugal, que eu resumo a 3 promessas simples – monumentalidade, autenticidade e missão - se mantêm vivas, muito por causa das pessoas que nelas trabalham e que lhes dedicam um carinho especial,
cliente) F. C. › É verdade, tem sido desenvolvido um grande trabalho de melhoria e requalificação das unidades, com o objetivo de oferecer maior conforto, mais comodidade e novos serviços aos clientes. Este ano tem sido um muito positivo, com um crescimento de 19,4% considerando o período de janeiro a setembro, sendo que exclusivamente nos meses de verão o crescimento foi de 17,7%, quando comparado aos meses do ano passado. A taxa média de ocupação foi de 59%, com o mercado nacional a representar 31% e o internacional 69%, destacando-se nestes mercados o Reino Unido, a Alemanha, a França, a Holanda, a Espanha e os EUA. #27 OUT/NOV 2016
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O “Pousadas Breakfast” vem Ponto T. › Lisboa é uma das pousadas reforçar mais a aposta mais recentes e já é um sucesso. Qual é o segredo e quais são as restantes pouna gastronomia, que é um sadas “estrela”? F. C. › A Pousada de Lisboa tem, indubitados eixos estratégicos estes indicadores, é uma oportunidade para as Pousadas de Portugal reverem os atributos velmente, uma das melhores localizações da das Pousadas de que o distinguem e proporcionar uma experiêncidade. É a única unidade hoteleira que está na cia diferenciadora, apresentando um pequenoprimeira linha da capital portuguesa e na prinPortugal -almoço de alma portuguesa. cipal praça, a Praça do Comércio, junto ao rio Tejo. Está implantada num edifício cheio de história, com um ambiente e decoração singulares, repleta de obras de arte que fazem com que seja uma considerada uma Pousada-Museu. É um lugar que conta histórias e pretende impressionar quem a visita e, por isso, muito requisitada. Gostaria também de destacar a Pousada Castelo de Óbidos, as Pousadas do Alentejo e do Algarve, que se destacaram este ano em termos de crescimento e performance. Ponto T. › Recentemente disse que 35% dos proveitos são do F&B o que dá margem para crescer. É nessa perspetiva que surge a aposta na portugalidade com o Pousadas Breakfast? F. C. › O “Pousadas Breakfast” representa um investimento significativo por parte das Pousadas de Portugal, e que pretende transmitir o empenho da marca e o alinhamento estratégico, onde o eixo da gastronomia tem uma presença muito forte. As Pousadas de Portugal representam a maior rede nacional de restaurantes de gastronomia portuguesa e o pequeno-almoço é um dos momentos mais referenciados na estadia global de um hotel e usufruído por todos os hóspedes. Deste modo, analisando #27 OUT/NOV 2016
Ponto T. › Este novo conceito de pequeno-almoço português também obedece a uma estratégia em função da ocupação e da região onde a Pousada está inserida… F. C. › As 24 Pousadas de Portugal que integram este conceito têm à disposição uma oferta definida e uniformizada em toda a rede, composta por produtos tradicionais específicos de cada região. De norte a sul do país, cada Pousada de Portugal irá apresentar os seus produtos regionais, como pão, queijos, enchidos, compotas confecionadas nas cozinhas das próprias Pousadas, ou ainda mel regional. O sumo de laranja natural é um dos elementos de diferenciação e sinónimo da qualidade do pequeno-almoço das Pousadas. O Bolo Real, cuja receita secular, muito apreciado pelos hóspedes, será a referência maior e sempre presente no “Pousadas Breakfast” e uniformiza deste modo a oferta da rede. Ponto T. › O plano de gastronomia das Pousadas vai até onde? Vai ficar pelo pequeno-almoço? F. C. › O “Pousadas Breakfast” vem reforçar ainda mais a aposta na gas-
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tronomia, que é um dos eixos estratégicos das Pousadas de Portugal. Somos conhecidos pelo património, queremos ser também conhecidos pela gastronomia. Temos a maior rede de restaurantes regionais do país e vamos continuar a desenvolver um conjunto de eventos que prestam homenagem à gastronomia regional e que apresentam os sabores e os aromas de cada uma das regiões onde estamos presentes. Durante o mês de novembro, por exemplo, vamos lançar a 2ª edição das “Pousadas Gastronomic Week”, uma iniciativa onde 27 restaurantes das Pousadas de Portugal preparam menus especiais com um valor exclusivo de 20 euros.
são que vai, pelo menos, até ao final de 2023. Este é assim um quadro temporal que nos permite, não só ter a estabilidade necessária para operar eficazmente a rede das Pousadas de Portugal, analisar a sua eventual expansão e, ainda, honrar o compromisso de manter a qualidade e o valor da marca.
Estamos convictos que o cenário em que trabalhamos nos transporta para um período previsto de concessão Ponto T. › Como é que está que vai, pelo menos, a decorrer a negociação para um novo período e o que é que até 2023 se pode saber sobre isso?
Ponto T. › Que outros planos estão pensados para as Pousadas? Sei que existe um que tem a ver com o Sorriso, o que podemos saber sobre isso? F. C. › : As ideias são muitas mas cada qual a seu tempo! Certamente que o mais relevante nesta fase é de dar consistência aos bons resultados obtidos e para isso o importante é não causar entropias nas operações e não desviar de rumo. Há, no entanto, algumas prioridades que, no âmbito de um trabalho de continuidade, importam relevar. Saliento 3: a fidelização dos clientes ao conceito, a perceção de valor da gastronomia das Pousadas e o serviço prestado. E é neste último que se insere a ideia do sorriso, ou seja, a de incentivar os nossos colaboradores a transmitir aos nossos clientes uma sensação de felicidade e bem-estar. Ponto T. › Nos objetivos do grupo está a expansão da rede, nomeadamente uma pousada no centro do Porto é vista com bons olhos. Há alguma coisa em concreto que se possa adiantar? F. C. › Ainda não temos nada em concreto. Existe essa intenção estratégica e estamos atentos à oferta e as oportunidades. Ponto T. › E em termos de expansão no estrangeiro, existem novidades? F. C. › A internacionalização da marca está nos objetivos do grupo, mas para já o que pretendemos é consolidar o mercado português.
F. C. › Não se trata de negociações mas apenas de um processo simples de confirmação das premissas previstas em contrato e que envolvia, entre outros, o desenvolvimento da rede de Pousadas em número de unidades e em quartos, factos que se verificaram. l
Radiografia das Pousadas As Pousadas de Portugal realizaram em Novembro a segunda edição da Pousadas Gastronomic Week com menus compostos por pratos inspirados nas regiões onde as unidades estão inseridas. O evento reuniu 27 restaurantes da rede Pousadas de Portugal, de Norte a Sul do País, e os menus apresentados, compostos por entrada, prato principal e sobremesa tinham um custo de 20 euros. Entre as sugestões havia estaladiço de Mirandela, crocante de bacalhau e azeitona e porco preto confitado com arroz malandrinho de cogumelos. As Pousadas de Portugal são uma rede de unidades cuja concessão foi ganha pelo Grupo Pestana. As Pousadas estão classificadas em históricas, monumentais e de charme. Destaque para o Pestana Palácio do Freixo e o Pestana Cidadela de Cascais, ambos pertencentes à Pestana Collection Hotels e à Leading Hotels. Com mais de sete décadas de história, conta com unidades em castelos, conventos, palácios ou fortalezas, integrados na paisagem As Pousadas de Portugal integram o programa do Pestana Sustainability Program: Planet Guest - “Somos apenas hóspedes do Planeta” – que incorpora todas as iniciativas que promovem a sustentabilidade. Rede Pousadas em Portugal
Ponto T. › Mas os objetivos de crescimento não estão mais ou menos condicionados pelo período de concessão do Grupo Pestana que expira em 2018? F. C. › Estamos convictos que o cenário em que trabalhamos nos transporta para um período previsto de conces-
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Slow Movement Em Foco 13
Proteger o bem escasso “Tempo”
Slow Movement
Muito se ouve entre as pessoas nos dias de hoje, o queixar pela falta de tempo, o queixar pelo cansaço e a falta de equilíbrio nas diferentes áreas da vida. Acontece que, atualmente estamos inseridos em uma cultura do faça agora, o mais rápido possível e que tudo é importante e urgente. Como diria o pensador francês Paul Virilio “já não vivemos na época da velocidade mas do instantâneo”, com isso, ousamos até a pensar se a revolução tecnológica é um aliado ou um inimigo para a nossa vida e sociedade.
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isando proteger um bem escasso que é transversal a tudo o que fazemos, o tempo, nasce o Slow Movement ou movimento slow. E nos interroga sobre como estamos a gerir e o que fazemos dele. Não se trata de fazer a apologia da lentidão ou de encarar o trabalho de maneira negativa, mas sim de enaltecer o que pode surgir quando se vive segundo um modelo em que se sabe quando é necessário abrandar ou acelerar, não deixando que o desacelerar se torne estagnação, nem que a hiperatividade se torne obsessão. Muito menos de recusar as tecnologias, as conquistas do bem-estar ou aspetos positivos da globalização, mas de os tornar aliados no objetivo da sustentabilidade. O Slow Living é a procura de simplesmente abrandar o ritmo diário das atividades de forma natural, para dar equilíbrio, qualidade e harmonia para sua vida, para as pessoas ao seu redor, comunidades, regiões e nações. O movimento nasce como uma expressão em oposição à fast life e às dificuldades do mundo atual. Foi em 1986, em Itália que o jornalista Carlo Petrini, fundou o movimento internacional Slow Food contrariando a proposta e valores do fast food e fast life. Sua resposta e proposta declarada no Manifesto Slow Food “é a defesa do prazer, o prazer de desfrutar lentamente e com entusiasmo um bom
produto. É uma comida boa para nós, boa para o ambiente e boa para as pessoas que a produzem, apanham e a preparam. Em outras palavras comida boa, justa e limpa”. O slow food refere-se a alimentos frescos, saudáveis, sem pesticidas, químicos e produzidos de forma a beneficiar a todos, produtor e consumidor. Com essa temática o slow expandiu anos mais tarde e em vários países do ocidente e em outras áreas como saúde (slow medicine e slow aging), educação (slow school), moda (slow fashion), urbanismo (slow cities), turismo (slow travel) mantendo a ideia base que é possível viver num ritmo mais lento, que respeite o ritmo biológico de cada um e do entorno que está inserido, adequando o bem estar, o desenvolvimento pessoal, comunitário e ambiental. Nesse viés, nasce em 2009, a associação Movimento Slow Portugal, que mantém os valores do movimento, visa aplicar na prática os seus princípios e filosofia em prol da qualidade de vida #27 OUT/NOV 2016
14 Em Foco Slow Movement
O slow travel pode ser e do desenvolvimento sustentável, solidário e integrado para definido como uma o indíviduo e comunidades. site da associação oportunidade do turista Conforme (www.slowmovementportugal. com) “os objectivos da Organiem se tornar parte zação constituir-se como uma referência nacional do Movimenintegrante do to Slow e promover a colaboração destino com entidades congéneres de outros países. Para isso este Movimento deverá desenvolver-se em três vertentes: - informativa, de divulgação e desenvolvimento teórico do movimento; - de criação de redes, partilha, encontro e conexão de pessoas, grupos ou entidades interessadas no Movimento Slow e seus valores; - que visa a implementação e dinamização de projectos e actividades em prol de uma sociedade equilibrada, sustentavel e solidária que fortalece e concretize os valores e formas de estar associados ao slow movement”. Raquel Tavares, presidente da associação Slow Movement Portugal, sediada em Arruda dos Vinhos, orienta a estabelecermos alguns limites no dia a dia como: Deixar de responder e-mails a partir de determinada hora; Manter um ritual de privacidade e descontração como ouvir músicas, ler um livro; Abrandar o passo no caminho de casa e contemplar mais o que está a sua volta, as pessoas, a arquitetura da cidade, os sons que povoam as ruas, a natureza ali presente. A associação tem como objetivo a implementação de ações de promoção, informação, realização de workshops, palestras, criação de um selo e marca de qualidade slow, atividades solidárias e apoio ao movimento slow enquanto projeto internacional de valorização e dignificação dos valores e atitudes associados a um ritmo de vida brando e que desenvolva a sustentabilidade. Por estar inserida num território de importância #27 OUT/NOV 2016
histórica cultural e gastronómica, desenvolve também o slow travel com parceiros na região e em outras regiões do país. O slow travel pode ser definido como uma oportunidade do turista em se tornar parte integrante do destino, em fazer parte com a população e com o território, numa vivência adequada durante a experiência ali vivida durante o passeio ou a viagem. Contrariando o estilo de turismo dos últimos tempos, que tomou um tom quantitativo, massificado de quanto mais melhor, sem profundidade e qualidade. O slow travel propõe e permite o desfrutar da viagem, de explorar, descobrir e usufruir de uma foma mais plena. Tornando ainda mais prazerosa e descontraída a sua viagem. Fazer slow travel não é somente fazer roteiros em cidades do interior ou espaços rurais, este também pode ser realizado nas grandes metrópoles, estes espaços urbanos podem e devem também ser alvo da interpretação aos padrões do slow travel, potencializando a sustentabilidade, o comércio local, em pensar no que poderia retribuir para as comunidades que visita. Em 2009, um jornal do trade publicou: “O Slow Travel não é uma moda, mas sim um estilo de vida baseado nos novos padrões comportamentais assumidos por uma sociedade responsável”... “É sem dúvida, uma forma de promover um turismo sustentável com benefícios para ambas as partes. Cada destino é um destino, cada cultura é uma cultura, e o Homem sairá muito mais enriquecido destas suas experiências… afinal, o que é o turismo se não a “visita do Homem ao Homem!”. Permita-se ao Slow Living! l Anna Carolina Luciano (Slow Movement Portugal)
Gabriela Fernandes Entrevista Caderno 15
CADERNO 16
A proximidade ao cliente é uma das grandes mais-valias dos agentes de viagens”
Gabriela Fernandes Gerente Ultratur
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Soluções
As “Airline Fare Families” são uma forma simples e eficaz de as Companhias Aéreas apresentarem propostas de valor de acordo com necessidades específicas dos viajantes
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Notícias
Amadeus foi incluida no Dow Jones Sustainability Index pelo 5º ano consecutivo pelas suas ações de sustentabilidade
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Caderno Amadeus 16 Entrevista Caderno Gabriela Fernandes
Gabriela Fernandes Gerente Ultratur
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Caderno Amadeus Caderno 17 Nome do Gabriela ConteúdoFernandes do CapítuloEntrevista Nome do Capítulo
Gabriela Fernandes:
Saúde, cultura e desporto vão ser os novos segmentos de aposta da Ultratur em 2017 A história começou como uma agência especializada no incoming para o mercado espanhol, mas como as alterações no mercado da distribuição de produtos turísticos e a crise, a Ultratur evoluiu e tem agora um DMC e uma plataforma B2B.
Ponto Turismo › A Ultratur começou a história em Portugal como incoming de mercado espanhol. Quer contar um pouco da história? O porquê dessa aposta... Gabriela Fernandes › A Ultratur iniciou a sua atividade em 1985, como agência especializada no setor de incoming para o mercado espanhol, atingindo posteriormente a liderança nesse mercado. Foi parceiro exclusivo do produto VIVIR PORTUGAL, tendo desta forma divulgado intensamente este destino, em especial nos mercados da Galiza, Extremadura e Andaluzia. Também organizou durante três períodos consecutivos uma operação charter com a AIR COLUMBUS para a Madeira. Durante o Verão teve saídas semanais: Oviedo – Funchal e Santiago de Compostela - Funchal. Este programa teve continuidade até 2010, em voos regulares da TAP com saídas do Porto e Faro. Com as grandes mudanças que foram surgindo na distribuição dos produtos turísticos, também a crise económica e as alterações ao modo de adquirir e fazer viagens, levaram a Ultratur a diversificar e melhorar a sua oferta de serviços. Hoje detém uma firme posição em variados mercados emissores Europeus, como agência organizadora de eventos, gestão de grupos e F.I.T. Criou um departamento altamente especializado, com uma equipa qualificada para reservas, emissão e gestão dos serviços aéreos para os agentes de viagens não IATA, apoiando-se nas mais avançadas tecnologias.
Ponto T. › Entretanto evoluiu e tem fundamentalmente 2 departamentos, o DMC e uma plataforma B2B. Quer falar sobre isso? G.F. › A Ultratur tem no seu ADN a criatividade e a procura de soluções baseadas na tecnologia, na qualidade da sua equipa e dos seus serviços. Na área do DMC, com base na sua grande experiência, conhecimento do País e capacidade da sua equipa, comercializa atrativos produtos e promove atividades complementares nas áreas do segmento “corporate”, grupos, individuais e incentivos, quer no continente quer nas ilhas. A Ultratur tem criado variados produtos turísticos que são comercializados por Operadores Europeus. Em 2017 vai disponibilizar para o mercado Europeu novos “pacotes” destinados a segmentos específicos como o desporto, cultura e saúde. No Departamento “Aéreo”, a Ultratur criou uma plataforma tecnológica online destinada aos agentes de viagens, que lhes permite poupar, melhorar a produtividade nas reservas e emissões de bilhetes aéreos e no tratamento da informação. A plataforma da Ultratur apresenta muitas soluções exclusivas e proporciona às agências funcionalidades avançadas de forma fácil e intuitiva, permitindo prestar e fornecer aos clientes
Em 2017 vai disponibilizar para o mercado Europeu novos “pacotes” destinados a segmentos específicos como o desporto, cultura e saúde
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Caderno Amadeus 18 Entrevista Nome do Capítulo CadernoNome Gabriela do Conteúdo Fernandesdo Capítulo
serviços complexos, até ao momento quase exclusivos das grandes agências de viagens. Cada agência dispõe na plataforma, entre muitas outras vantagens, de uma base de dados privativa onde pode consultar e gerir todas as suas reservas. Pode também emitir automaticamente os bilhetes aéreos (365 dias por ano, 24 horas por dia). Inserir e modificar os APIs (mesmo com o bilhete já emitido), efetuar reservas para crianças não acompanhadas, obter as melhores tarifas em tempos recorde, com flexibilidade em datas e aeroportos. Tudo isto sem necessidade de conhecimentos técnicos, podendo obter a informação de um modo mais rápido do que nos sistemas convencionais. Ponto T. › Quais são os desafios que se colocam presentemente à agência em particular e ao mercado no geral? G.F. › São muitos e grandes os desafios. Os agentes de viagens são permanentemente confrontados com o facto da situação económica, social e cultural estar em permanente mudança. Com perdas progressivas de rentabilidade unitária e aumento generalizado dos custos. Na área tecnológica, com a constante evolução do mercado e das novas ferramentas e aplicações. Também com o facto de os clientes terem cada vez mais acesso a grandes quantidades de informação. O agente de viagens precisa de se adaptar a esta realidade com uma grande proximidade ao cliente, excelente conhecimento dos produtos turísticos, utilização avançada das novas tecnologias, aumento da produtividade no seu trabalho fazendo uma seleção rigorosa dos fornecedores de serviços turísticos selecionando os que que ofereçam mais qualidade, segurança, garantia e melhor atendimento. Para conseguirmos prestar um serviço assim, é necessário manter ativo um processo de formação permanente, dispor das ferramentas adequadas, alterar a forma de processamento das reservas e dotar a agência de parceiros e colaboradores eficientes e responsáveis. A grande mais valia de um bom agente de viagens é a proximidade ao cliente, a segurança e a tranquilidade que lhe transmite. Acima de tudo, é estar disponível para prestar assistência ao cliente em qualquer situação.
Ponto T. › Como é que a Ultratur se posiciona em termos dos novos canais de distribuição mobile? G.F. › A nossa plataforma já permite ao agente de viagens o trabalho à distância, sem a necessidade de estar ligado a um computador específico, necessitando apenas de ter ligação à internet. Na próxima versão, serão incorporadas melhorias para facilitar o acesso, nomeadamente através de smartphones e tablets.
Os agentes são permanentemente confrontados com o facto da situação económica, social e cultural estar em permanente mudança
Ponto T. › Que novidades é que podemos esperar da Ultratur? G.F. › Na área da tecnologia, a Ultratur vai atualizar a sua plataforma informática para melhorar a informação, reserva e emissão de bilhetes aéreos que, com base na atual, irá disponibilizar as últimas novidades técnicas para conseguir ser ainda mais intuitiva e completa. Serão ampliadas as atuais formas de emissão e disponibilizadas funcionalidades de reserva e emissão também em companhias low cost, bem como a venda de serviços auxiliares (refeições, assentos, bagagem, umnr, entre outros) Dentro do departamento Aéreo, está a ser desenvolvida uma área específica de tratamento de grupos, com suporte e assistência aos agentes de viagens, para que eles possam competir com as maiores organizações do setor e oferecer as melhores soluções aos seus clientes. #27 OUT/NOV 2016
Ponto T. › Como é trabalhar em turismo hoje em dia? Mais fácil do que antigamente, quais são os principais problemas que identificam? G.F. › Como já indicámos, o trabalho neste ramo é extremamente complexo, não é fácil e requer uma permanente adaptação às constantes novidades, quer nas tecnologias a utilizar, quer nas mudanças dos costumes e conhecimento dos clientes. O agente de viagens necessita manter-se em permanente atualização, tanto nos Destinos como produtos e meios de transporte. As novas tecnologias e uma constante formação irão permitir ao agente de viagens acompanhar e dar uma resposta adequada e eficiente face às mudanças constantes do setor.
Ponto T. › Como é trabalhar com a Amadeus enquanto parceiro tecnológico? G.F. › A Ultratur é cliente Amadeus ainda antes de ser designado como tal. Em 1986 a Ultratur foi pioneira em Portugal na utilização do sistema de reservas SAVIA, que posteriormente foi integrado na nova empresa AMADEUS. A nossa plataforma informática trabalha ligada ao AMADEUS e não é por acaso. Estamos muito bem servidos, tanto na área tecnológica, já que o AMADEUS é uma grande referência no mundo dos GDS, como na assistência técnica e profissional das suas excelentes equipas. l
Caderno Amadeus Nome do Conteúdo Amadeus do Airline Capítulo FareNome Families do Soluções Capítulo 19
Amadeus Airline Fare Families Conteúdo enriquecido
Totalmente integrado no fluxo de reserva permite apresentar aos viajantes ofertas mais transparentes, relevantes e diferenciadas. As “Airline Fare Families” são uma forma simples e eficaz de as Companhias Aéreas apresentarem propostas de valor de acordo com necessidades específicas dos viajantes. Disponíveis em qualquer transação de “pricing/best pricer” e totalmente integrado no fluxo de Reserva, apresentam o nome de marca da “Fare Family” e os serviços e condições tarifárias associadas. Uma “Fare Family” é um grupo de tarifas que partilham as mesmas condições e serviços: Um conjunto de condições tarifárias (reembolsos, penalidades, alterações) Serviços associados a uma tarifa (bagagem, lugares, refeições, etc)
• •
Também são apresentadas propostas de valor entre a tarifa atual e tarifas mais altas. No momento do “pricing” são devolvidas até 6 ofertas de “upsell” o que permite comparar tarifas e serviços associados durante o fluxo de reserva. Airline Fare Families Rules Display
Como consultar as ”Airline Fare Families” em Amadeus? Airline Fare Families “Display Module” e “Upsell Teaser” As “Airline Fare Families” podem facilmente ser identificadas pelo seu nome de marca em qualquer transação de “pricing” e através do indicador /FF em qualquer transação de “Fare Display”.
O “Display Module” permite que os agentes de viagens visualizem a informação “Fare Families”, sem qualquer ação adicional, em todos os comandos de “Pricing e Best pricer”. O “Upsell Teaser” propõe a tarifa mais baixa na seguinte “Fare Family” mais alta.
Airline Fare Families Fare Display
Airline Fare Families Best Pricer #27 OUT/NOV 2016
Caderno Amadeus 20 Soluções Nome do Capítulo Amadeus Airline Nome Fare do Conteúdo Families do Capítulo
Para tarifar com uma “Fare Family” específica, utilizar a opção /FF-Fare Family em qualquer transação de princing:
Price by Fare Family
Airline Fare Families “Upsell Module” A transação FXY devolve a tarifa mais baixa disponível e até 6 propostas de ”upsell” a partir de uma reserva.
Esta transação também pode ser utilizada após qualquer transação de ”pricing” FXYn (n número da tarifa) e devolve a tarifa atual e as seguintes ”Fare Families” mais altas.
As condições tarifárias e serviços associados a uma “Fare Family” podem ser consultados com o comando FQFn (n número da tarifa).
Contéudos das Companhias Aéreas Para consulta da lista de todas as Companhias Aéreas com a solução Amadeus ”Fare Families”: FQN AFF/CXR Página de ajuda Amadeus: HEAFF
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Caderno Amadeus Amadeus no DJSI pelo 5º ano consecutivo Nomepelas do Conteúdo suas ações do Capítulo de sustentabilidade Nome do Capítulo Notícias 21
Ambiente
Amadeus no DJSI pelo 5º ano consecutivo pelas suas ações de sustentabilidade
A
Amadeus é a única empresa tecnológica do setor das viagens incluída na edição de 2016 do prestigiado Dow Jones Sustainability Index (DJSI), o índice que mede o desempenho das principais empresas de todo o mundo relativo a sustentabilidade De acordo com a Amadeus, “a capacidade de prestar às empresas de viagens soluções informáticas que os ajudam a reduzir o seu impacto ambiental terá sido um fator determinante no processo de seleção”. Como empresa de tecnologias de informação, a Amadeus alcançou a pontuação mais alta em áreas como “código de conduta empresarial”, “ gestão de risco e crises”, “ sistemas de gestão ambiental e relatórios” e “responsabilidade social”. “A Amadeus está empenhada em apoiar tanto os fornecedores dos setor das viagens como os viajantes, através de práticas de negócio transparentes e que tenham um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. Este novo reconhecimento da nossa estratégia pelo DJSI encoraja-nos a continuar a trabalhar neste sentido”, afirmou Tomas López Fernebrand, SVP, Conselheiro Geral e Secretário Corporativo, Amadeus. A mesma informação reitera a posição da empresa que tenta sempre identificar não só o que os clientes e partes interessadas precisam hoje, mas também o que podem necessitar amanhã. “Definir o futuro das viagens requer muito mais do que fornecer ao setor
A Amadeus alcançou a inovações tecnológicas e produtos, é tampontuação mais alta bém trabalhar positivamente com as comunidades locais e impulsionar melhorias em áreas como “código socialmente sustentáveis. Neste sentido, a nossa visão da empresa transcende o de conduta empresarial”, “ crescimento comercial e leva-nos a trabalhar todos os dias para contribuir de forma gestão de risco e crises”, sustentável para as indústrias e sociedades em que operamos e estamos empenhados em entre outros
desenvolver um negócio sustentável e socialmente responsável”, diz a mesma informação. O reconhecimento da estratégia de sustentabilidade, tanto nas categorias europeias como mundiais com a consequente inclusão pelo 5º ano consecutivo no índice DJSI foi considerado um motivo de orgulho para a Amadeus. l
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Caderno Amadeus 22 Notícias Nome do Breves Capítulo Nome do Conteúdo do Capítulo
Renovação de acordo easyJet e a Amadeus mantêm parceria duradoura A easyJet, companhia aérea líder na Europa, e a Amadeus fornecedor líder de soluções tecnológicas para a indústria global de viagens, anunciaram a renovação de uma parceria de longo prazo, possibilitando aos utilizadores Amadeus um contínuo o acesso à gama de tarifas da easyJet. Esta parceria vem apoiar a estratégia de crescimento da companhia aérea, que tem como foco as viagens de negócio e garante que os viajantes corporativos, em particular, possam facilmente aceder e reservar a uma série de produtos adaptados às viagens de negócios, tais como Inclusive e Flexi Fares. A companhia aérea e a Amadeus originalmente começaram a trabalhar em conjunto em 2007, tornando-se a easyJet na companhia piloto para a funcionalidade de Light Ticketing da Amadeus, que permite às agências de viagens reservarem easyJet como qualquer outra transportadora, enquanto
a companhia aérea utiliza a tecnologia XML para se ligar à Amadeus Através da utilização desta tecnologia a easyJet poderá vender a sua gama de produtos e assentos. Por sua vez a Amadeus tem sido fundamental no crescimento ano-a-ano de reservas da easyJet baseadas em GDS na Amadeus. Segundo Anthony Drury, Director de Negócios da easyJet: “A easyJet foi uma das primeiras companhias aéreas no sector de baixo custo a disponibilizar o seu inventário aos agentes de viagens no canal indireto. Continua a ser de extrema importância continuar a nossa relação com a Amadeus, aumentando o poder do Light Ticketing e utilizando produtos-chave como as Inclusive Fares e as Corporate Negotiated Fares. “Cerca de 20% dos passageiros da easyJet viajam em negócios, desta forma vamos continuar a cumprir a nossa estratégia lançada em 2010 e melhorar a nossa prestação no setor de viagens de negócios.”
Convenção GEA Amadeus apresenta Amadeus Selling Platform Connect A convenção anual da GEA, que teve lugar em Baião no início de novembro, foi o palco escolhido pela Amadeus Portugal para apresentar a atualização do sistema Amadeus – o Amadeus Selling Platform Connect. Através desta plataforma, é possível aceder ao sistema Amadeus em qualquer computador ligado à internet, seja PC ou Mac, tablet ou smartphone Android ou iOS, em qualquer momento. O Amadeus Selling Platform Connect é um sistema totalmente online que funciona nos principais browsers e sistemas operativos. A ação quis demonstrar que através de um computador, tablet ou qualquer outro dispositivo móvel é possível estar sempre conectado com os clientes, possibilitando um serviço completo, aumentando a rentabilidade e produtividade do agente de viagens através da redução de tarefas repetitivas e administrativas, pela personalização com conteúdos externos ao GDS e pela
segurança de uma plataforma que cumpre as normas internas e externas de segurança e proteção de dados. Recorde-se que a Amadeus renovou recentemente o acordo com o Grupo GEA o que permite às deste terem acesso a todos os lugares e tarifas disponíveis das companhias aéreas no sistema de reservas - incluindo as de low cost - e os serviços auxiliares que estas comercializam. Além disso, as agências integradas no Grupo beneficiam de produtos de última geração desenvolvidos pela Amadeus, que lhes permitirão aumentar a sua produtividade e oferecer um serviço mais personalizado aos seus clientes.
Resultados financeiros Lucros da Amadeus crescem 21,3% até 30 de setembro O lucro ajustado da Amadeus cresceu 21,3% durante os primeiros nove meses do ano, para € 738.1 milhões de acordo como os resultados financeiros e operacionais. Este crescimento foi impulsionado pelo aumento das receitas, que aumentaram 14,2%, até chegar a € 3,386.5 milhões e o EBITDA, que cresceu 16.4%, até alcançar € 1,332.1 milhões. O free cash flow aumentou de 18,2% nos primeiros nove meses do ano, com o rácio da dívida a 1.21x EBITDA. Segundo Luís Maroto, Presidente & CEO da Amadeus as aquisições feitas no ano passado, incluindo a Navitaire, contribuíram para o crescimento das áreas de Distribuição e Soluções Tecnológicas “O nosso negócio de distribuição continua a crescer mais rápido do que a indústria e a sua posição competitiva mais uma vez aumentou, em 43,1%. Com sucesso, renovámos ou assinámos acordos com 17 companhias aéreas neste trimestre, incluindo a easyJet. Além disso, o KAYAK, #27 OUT/NOV 2016
motor de busca de viagens líder mundial, implementou o Amadeus Master Pricer com a tecnologia Instant Search. “O negócio de tecnologias para companhias aéreas (Airline IT) também teve um forte crescimento nos primeiros nove meses de 2016, apoiado por upselling e cross-selling, bem como um crescimento orgânico. O número total de passageiros embarcados usando o Amadeus Passenger Service Systems (Altéa ou Navitaire New Skies) aumentou 82,9%, para 1.028,5 milhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, excluindo a Navitaire, os passageiros Altéa embarcados cresceram em 12,1%. “No terceiro trimestre, a Malaysia Airlines anunciou que havia selecionado todo o Amadeus Altéa Passenger Service System, o Amadeus Anytime Merchandising, bem como as nossas soluções de e-commerce. Além disso, a EVA Air mudou para o Amadeus Altéa Revenue Management Suite, enquanto a Virgin Australia anunciou que se tornou parte da família Altéa DC Flight Management.
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24 Tecnologia A Chegada do Li-Fi
Novas tecnologias
A Chegada do Li-Fi A crescente disseminação e utilização de dispositivos móveis fez com que a utilização das redes WIFI fossem completamente banalizadas, hoje é vulgar irmos a qualquer espaço público e vermos o letreiro “FREE WI-FI”. Ora tecnicamente, em certos espaços, a abundância de AP (Access Points ou Pontos de Acesso) provoca alguma degradação da sua utilização, principalmente se os APs forem da mesma rede.
C
omo a investigação e a tecnologia não param, uma nova tendência emergiu com a exploração de novo método de transmissão de dados sem fio, chama-se LI-FI que significa Light Fidelity, apresentada em 2011 e consiste na utilização de iluminação LED para a transmissão de dados, o termo criado pelo Prof. Harald Haas, criador e pioneiro neste estudo, foi reconhecido pelo IEEE standardization committee for Optical Wireless Communications. O LI-FI, segundo a imprensa da especialidade, não se propõe a substituir o WI-FI, mas sim para ser usada como complemento para criar redes mais eficientes e seguras. Tecnicamente o LI-FI funciona da seguinte maneira: Uma corrente constante é aplicada a uma lâmpada LED que por sua vez emite uma constante quantidade de fotões que se traduzem na luz visível, ao fazer variar a corrente, a intensidade da luz varia consequentemente. Como as lâmpadas LED são dispositivos semicondutores,
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a corrente, e portanto a saída ótica, pode ser modulada a velocidades extremamente altas, impercetíveis ao olho humano mas detetáveis por dispositivos fotorreceptores, que a transformam de novo em corrente, tornando esta comunicação tão simples como radiofrequência. Usando esta técnica, a informação de alta velocidade pode ser transmitida a partir de uma lâmpada LED. A comunicação por radiofrequência requer circuitos, antenas e recetores complexos, ao passo que o LI-FI é bem mais simples e usa modulação
A Chegada do Li-Fi Tecnologia 25
direta à semelhança dos dispositivos A utilização de infravermelhos tais como os comandos remotos. A comunido LI-FI traz cação por infravermelhos é limitada em termos de pobenefícios em relação tência devido a requisitos de à capacidade, eficiência potência, enquanto a iluminação LED possui intensienergética e segurança dades muito mais elevadas e podem atingir grande cade um sistema de pacidade de transmissão de dados. transmissão de dados A utilização do LI-FI traz benefísem fios cios em relação à capacidade, eficiência energética e segurança de um sistema de transmissão de dados sem fios em relação ao conhecido WI-FI: Capacidade de largura de banda: O espectro visível da luz no seu máximo 10.000 mais que o espectro de RF, não licenciado e de utilização gratuita. Densidade de dados: A área coberta por um ponto de acesso WI-FI pode ter dezenas ou centenas de luzes, cada uma dessas luzes em LI-FI pode disponibilizar 10x, 100x ou até mesmo 1000x a capacidade wireless do acesso WI-FI equivalente e sem causar interferências consequentemente seria Mbps por metro quadrado Velocidade: Testes em laboratório, o LI-FI produziu velocidades acima de 100 Gbps (em ambiente controlado). Estas velocidades podem ser atingidas devida à baixa interferência (comparado com as frequências de rádio do WI-FI) e ao espectro de luz visível, já mencionado, isto independentemente do número de utilizadores conectados. Planear uma infraestrutura torna-se simples já que tende a ser a própria infraestrutura luminosa a ser usada para a comunicação de dados e a força de um sinal pode ser literalmente visto. Em termos de eficiência, esta tecnologia requer muito menos componentes que a tecnologia de rádio, em termos de energia, já sabíamos que o consumo energético de lâmpadas LED é ínfimo comparado com outras lâmpadas e a sua utilização para o LI-FI consome uma insignificância a mais. Em termos de possíveis implicações para a saúde dos humanos, a vida na Terra evoluiu através da exposição à luz visível, não se conhecem nenhuns efeitos nocivos à saúde conhecidos relativos à utilização desta tecnologia. A transmissão de dados pela luz evita a utilização de frequências de rádio do WI-FI que por sua vez pode interferir perigosamente em alguns locais sensíveis como hospitais, escolas ou mesmo algumas unidades industriais. Quanto à segurança da informação transmitida, será difícil “escutar” os sinais LI-FI já que estes estão confinados à área abrangida pela lâmpada e não atravessa paredes como no WI-FI. Alguns mitos que envolvem esta tecnologia: LIFI não é literalmente “100x” mais rápido que o WI-FI O último standard WIFI (IEEE 802.11ad) ou Wi-Gig (como também pode ser conhecido) suporta velocidades de 7
Gbps. O LI-FI nunca atingiu os 700 Gbps. O tipo de lâmpada LED (grandes, pequenas, laser LED, etc) têm impacto direto na velocidade que uma solução LI-FI pode providenciar. Testes de laboratório conseguiram atingir 100 Gbps com laser LED’s. Este resultado impressionante é 10x mais rápido que o WI-Gig mais rápido existente. As velocidades de Internet dependem muito do serviço
prestado pelos ISP (Internet Service Provider) bem como os respetivos pontos de acesso WI-FI. A velocidade do LI-FI depende exclusivamente do serviço oferecido pelos ISP. Embora ainda seja muito difícil implementar uma tecnologia desta natureza a uma grande escala, pois há todo um processo de adaptação de equipamentos que é necessária e isso demora o seu tempo, já está em campo a sua utilização em escritórios e em ambientes industriais em Talin, na Estónia, onde têm sido reportados transmissões de dados a 1 GB por segundo. Se aplicações como esta, em Talin provarem serem bem sucedidas, é possível conseguir o sonho do Prof. Haas na sua intervenção de 2011 TED Talk “Tudo o que precisamos é de incluir um pequeno microchip em cada potencial dispositivo de iluminação e isto combina duas funcionalidades básicas: Iluminação e transmissão de dados sem fios.” Afirmou Haas. “No futuro não teremos só 14 biliões de lâmpadas LED, poderemos ter 14 biliões de LI-Fis disponíveis pelo mundo inteiro para um futuro mais limpo, verde e brilhante.” l
Alberto Barroso Consultor TI
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26 Análise Turismo Residencial
Turismo residencial
Isenção fiscal nas pensões é fator essencial de atração Em julho deste ano, o Algarve foi eleito, pelo terceiro ano consecutivo, o melhor lugar do mundo para passar a reforma, pela Live and Invest Overseas. Ao longo dos últimos anos, assiste-se a um aumento gradual – e constante – do número de reformados nacionais e estrangeiros que escolhem a região algarvia para gozar as suas merecidas reformas.
O
Algarve tem-se revelado o cenário ideal para muitos estrangeiros aqui se fixarem após uma vida profissional intensa. A região tem tudo o que um reformado pode desejar: um excelente clima, com muito sol durante todo o ano, segurança, uma comunidade local hospitaleira, excelentes serviços médicos, um custo de vida acessível e uma grande oferta cultural e de atividades de lazer. O ambiente relaxante, a beleza natural, a nossa gastronomia e os vinhos de qualidade, a excelência dos campos de golfe da região e as nossas magníficas praias são alguns atributos valiosos que prendem, desde logo, a atenção dos seniores no momento de escolher o Algarve como segunda residência. A facilidade de comunicação, com uma população fluente em inglês, por exemplo, facilita muito a integração e a sensação de estar em casa. A elevada qualidade de vida e o custo de vida mais baixo que a região oferece – comparativamente a países como o Reino Unido ou França – são um ótimo cartão de visita para reformados do mundo inteiro. Não nos podemos esquecer igualmente do fator acessibilidade, pois este é muito importante para os seniores que elegem o Algarve como destino de fixação. É importante existirem ligações diretas – preferencialmente #27 OUT/NOV 2016
de baixo custo – para a generalidade dos principais mercados emissores europeus, que permitem a este segmento de residentes deslocar-se rapidamente para o país de origem ou permitir que filhos e netos possam facilmente visitá-los. Nos últimos anos, a Região de Turismo do Algarve tem desenvolvido esforços nesse sentido, e hoje o aeroporto de Faro já garante estas ligações aéreas a qualquer parte da Europa, unindo, por exemplo, Londres a Faro em menos de três horas. Reunidas todas estas condições, e invertendo o decréscimo registado desde 2009, o turismo residencial do Algarve apresenta claros sinais de retoma, sendo os principais mercados emissores o Reino Unido, a Irlanda, a Alemanha e a Holanda, a que se junta o mercado nacional. No entanto, não se afigura fácil definir com precisão o número de estrangeiros que escolheram o Algarve como segunda residência. Em 2014, o “Retire Overseas Index” estimava que mais de 100 mil estrangeiros já ti-
Turismo Residencial Análise 27
o turismo Em agosto deste ano, a consultora imobiliária residencial é Knight Frank considerou Faro a 6.ª um dos produtos melhor cidade do mundo para quem estratégicos para o já entrou na reforma. Se consideAlgarve, pois permite rarmos o exemplo atrair novos do distrito de Faro, estima-se que os investimentos para estrangeiros representam uma fatia de 15% a região no total dos seus 435 mil
nham fixado residência na região. Nos últimos anos, o programa de vistos Gold tem ajudado bastante a aumentar este número. O programa de residência para aposentados, os benefícios fiscais e os preços acessíveis dos imóveis têm tido um papel importante na hora de atrair reformados para o Algarve. Não tenho dúvidas que a isenção fiscal nas reformas durante 10 anos para as pensões de cidadãos estrangeiros que residem em Portugal há mais de 183 dias é um fator essencial para esta nova vaga de emigrantes reformados no Algarve.
habitantes. Destes, os ingleses são maioritários, mas o Algarve tem recebido pessoas de todo o mundo, desde alemães, brasileiros, holandeses, chineses, franceses, dinamarqueses, irlandeses, finlandeses, entre muitas outras nacionalidades. De uma forma geral, o turismo residencial é um dos produtos estratégicos para o Algarve, pois permite atrair novos investimentos para a região, garantir uma maior fidelização ao destino e um maior número de viagens ao longo do ano – ajudando no combate à sazonalidade –, ao mesmo tempo que permite garantir o aumento do consumo e do número de postos de trabalho. Mas não podemos esquecer que o aumento da procura do Algarve por parte dos reformados estrangeiros também coloca novos desafios ao destino, nomeadamente no que diz respeito à melhoria constante das acessibilidades, dos serviços integrados de saúde, do número de atividades de lazer e desporto ao longo de todo o ano, na aposta na inovação e na formação dos recursos humanos. Este é o repto com que somos diariamente confrontados e que nos leva a desejar sempre o melhor para a região. l
Desidério Silva Presidente da Região de Turismo do Algarve #27 OUT/NOV 2016
28 Análise Startups tecnológicas e novas empresas de animação
Nova dinâmica no Turismo:
Contributo das startups tecnológicas e das novas empresas de serviços e animação Todos concordam e sentem no dia a dia o crescente papel que o turismo está a ter na economia nacional, com um fluxo cada vez maior de turistas nas nossas cidades e também nas regiões menos urbanizadas do interior. Para isto muito contribuem os excelentes recursos do nosso país, dos naturais aos culturais, bem como a qualidade vida, o saber receber e a segurança do nosso território.
N
a realidade, o turismo, setor sempre apontado como um dos que apresenta mais vantagens competitivas para exportar (lembremo-nos que as receitas do turismo irão representar este ano, segundo informações oficiais, cerca de 17% das exportações), tem em Portugal condições ideais para ser um dos motores da economia e indutor de novos negócios inovadores e disruptivos. Importa então potenciar, ainda mais, estes recursos únicos e associá-los a novos projetos que incorporem tecnologia, inovação e promovam mais emprego e riqueza. É neste contexto que têm surgido novos projetos, promovidos, muitos deles, por jovens empreendedores e empreendedoras, que trazem uma nova ambição para o setor, com negócios ligados a tecnologia, serviços e animação turística. Para isto muito contribuiu também a aposta em Programas de empreendedorismo e aceleração de startups ligadas ao turismo (com o Turismo de Portugal a revelar-se grande impulsionador dos mesmos), destacando-se aqui pela sua importância setorial os seguintes: Tourism Creative Factory; Discoveries Tourism & Travel Startup Acelerator e o Lisbon Challenge, com o seu Tourism Day como montra de startups tech desta área. #27 OUT/NOV 2016
Noutra vertente, não é de esquecer o papel cada vez mais afirmativo, ao longo dos últimos anos, das políticas públicas, nomeadamente por via da promoção de sistemas de incentivos e de instrumentos de financiamento e investimento em novos projetos, seja através de investidores individuais, os denominados Business Angels, seja por via de Socidades de Capital de Risco, ambos com fundos dedicados, de forma mais ou menos prioritária, a esta área de atividade, não apenas para projetos tech mas, igualmente, na vertente de animação e serviços de base local e regional. A recente abertura, em parceria com o Turismo de Portugal, de uma Call de capital de risco na Portugal Ventures para o setor (denominada por Call “+Património + Turismo”) é sintomática disto mesmo, ao estimular o aparecimento de mais startups e de novos negócios associados ao turismo
Startups tecnológicas e novas empresas de animação Análise 29
e à valorização do património cultural e natural do país. Focando na vertente mais tecnológica, já temos bons exemplos de projetos emblemáticos. Por exemplo o “Hotel Up” (formado por 5 startups que se juntaram para assim terem uma oferta mais competitiva para o mercado: B-Guest, Climber, Infraspeak, TeamOutLoud e VPS), mas outras empresas se destacam como a Guest-U (Clarice), a iClio (JITT Travel), a Bestguide e a IndieCampers, entre muitas mais. Na verdade, hoje a tecnologia tem um papel crucial na forma como viajamos e fazemos turismo, criando novas oportunidades para novos negócios. Atente-se no seguinte. Tomamos, muitas das vezes, a decisão final de destino com base em consultas na web, reservamos as viagens e estadias com base em plataformas web, podemos utilizar no local de destino apps na área da mobilidade e transportes, temos mapas e guias digitais para nos ajudar, visitamos sítios turísticos e culturais podendo adquirir entradas antecipadamente por via digital. Na realidade uma nova era na forma como viajamos e fazemos férias chegou e, tal como noutras atividades, o digital é cada vez mais algo que está e estará inerente às nossas escolhas e atos do quotidiano, potenciado agora com a crescente utilização de smartphones e uma maior capacidade de acessibilidade a dados. Não será por acaso, mas os mais pequenos adoram ver como funcionam todas estas plataformas e apps: chamar um carro via web e ver o seu percurso ou chegar a locais com dezenas de pessoas em filas e não esperar, mostrando os e-tickets.
Além desta vertente mais tech, também a vertente de projetos de base local e regional, mais ligada a animação turística e a serviços, como os tours turísticos, circuitos de natureza, roteiros temáticos, gastronomia, entre muitas outras áreas, tem registado o aparecimento de projetos inovadores e competitivos. Assim, é de crer que a importância que estes novos negócios têm para uma oferta turística mais qualificada e diversificada se acentue, e que esta “boa onda” das startups no turismo seja potenciada com iniciativas públicas como o “Startup Portugal” com medidas para apoiar jovens empreendedores (como o Voucher Startup para financiar o arranque das ideias de negócio), com os novos fundos de investimento a chegarem ao mercado (rondando os 100 milhões de euros para investir em startups e novos negócios em geral) e, obviamente, com a “Web Summit”, o grande evento tech global que se realizou em Portugal este mês, e que se crê ainda promova o aparecimento de mais empreendedores e o fortalecimento dos que já empreenderam, por via do contacto com as centenas de investidores internacionais e potenciais parceiros que estiveram em Lisboa em Novembro. Por tudo isto, é caso para dizer que ainda agora se está a começar a sentir o papel das novas empresas no setor do turismo e que o futuro muito mais trará. l
o digital é cada vez mais algo que está e estará inerente às nossas escolhas e atos do quotidiano
Marco Fernandes Presidente da PME Investimentos
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30 10 Insights SER Profissional
10
Insights SER Profissional
Num mercado de trabalho pautado pela urgência, adaptabilidade, relação e desafio, algumas competências e características pessoais parecem ajudar a definir quem é o profissional que devemos querer ser. Notícia de última hora para alguns: somos todos dispensáveis e substituíveis. O desafio é: tornar-se o mais difícil de substituir! SER um profissional cobiçado pelo mercado de trabalho passa por decisões e atitudes diárias e pela ideia chave: Be Your (BEST) Self! Quer saber como?
Ser Líder Assumindo-se como líder e sendo parte ativa, autónoma e que contribui positivamente para a organização onde se trabalha. Independentemente da posição hierárquica que se ocupa, o poder de influência de cada um é inquestionável e isso coloca-nos no tão ambicionado papel de líder: resta agir de acordo com ele!
Ser Solucionador O dia-a-dia é feito do inesperado. Contribuir para a solução ao invés de se fixar na passividade e impossibilidade é obrigatório. Se tudo estivesse pré definido seríamos menos felizes no trabalho e, acima de tudo, faríamos menos diferença!
Ser Orgulhoso A pergunta é: Sentir-me-ia satisfeito por e levantaria a mão com orgulho por “assinar” este trabalho? Fazer as nossas tarefas orgulhosa e comprometidamente e perceber que só o total compromisso contribui para o trabalho da equipa.
Ser Equipa O trabalho em equipa é a soma de trabalhos individuais bem feitos. Ainda assim, há que ver mais além, porque contribuir para o bem maior exige que se veja e contribua para lá da nossa secretária.
Ser Amplificador O capital psicológico da organização é um valor determinante. Ser diferente é contribuir para o capital psicológico positivo de forma consciente e comprometida. Desligar o “queixómetro” e ligar o “amplificador” do que de bom acontece dentro do nosso dia-a-dia profissional é um desafio fácil e à distância de uma decisão pessoal. #27 OUT/NOV 2016
SER Profissional 10 Insights 31
Ser Motivado e Motivador Trazer a sua própria motivação para o local de trabalho é o que esperam de nós. Esquecer a cenoura que serve como estímulo para trabalhar e trabalhar bem e, acima de tudo, perceber que a motivação deve fazer parte das nossas “peças de origem”.
Ser Aprendiz Conhecimento, inovação, criatividade, diferenciação: todas elas de utilização diária e a precisarem atualizações constantes. Assim, ser curioso, procurar, encontrar e partilhar a novidade é essencial. De preferência, “chegando lá primeiro”, proactivamente e não reactivamente.
Ser Sorriso O tempo em que ser sério e carrancudo era sinal de profissionalismo é, agora, passado. Ter uma atitude descontraída, sentido de diversão e promoção de bom clima dentro da organização é uma forma de estar que o mercado exige e valoriza. Pagam-lhe para sorrir? Certamente que o contrário é que não acontecerá.
Ser Falível “Só quem não faz nada é que não erra!” Saber lidar com o erro parece ser uma das derradeiras aprendizagens que precisamos fazer. Falhar faz parte do caminho e deverá ser alvo de pensamento crítico e, essencialmente, visto como um novo ponto de partida para a continuidade. Falhar é, quase sempre, sinal de que se tentou fazer!
Ser Impressionante Ser orientado para as pessoas e reconhecer que ser e criar relação com os outros é essencial, funcionando como uma cola social e não como uma tesoura relacional. Preocupe-se com que os outros tenham uma boa impressão sua e trabalhe Vera para isso! Deixe uma marca Margarida positiva e indelével. Cunha Psicóloga – Trabalho, Social das Organizações Formadora e Aprendiz de Tudo
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Mercados de Lisboa
Ir “à praça” já não é só comprar frutas e legumes A frase “ir ao mercado” já não significa necessariamente ir comprar peixe, carne, fruta ou legumes. A requalificação de mercados como o da Ribeira ou de Campo de Ourique, alteraram o paradigma. Enquanto uns, como o da Ribeira juntaram a vertente lazer à venda de frescos, outros, como o de Santa Clara, recebe alguns eventos e será no futuro um espaço de exposição permanente de design de produto ou como o de Arroios, que terá uma estufa hidropónica.
A
estratégia definida no Plano Municipal de Lisboa para os mercados até 2020 teve alguma inspiração no modelo de Barcelona, afirmou à Ponto Turismo o vice-presidente da CML, Duarte Cordeiro e prevê medidas que visam reforçar a competitividade e que são transversais a todos os mercados, como por exemplo a formação aos comerciantes; e outras medidas específicas que pretendem dar um carácter mais único ao mercado de forma a dar-lhes mais dimensão. De acordo com a presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Margarida Martins, no Mercado de Arroios sofreu grandes obras de requalificação cujo objetivo foi proporcionar aos comerciantes “mais conforto” e torná-lo “mais apelativo para os consumidores”. Além da renovação interior e da reorganização dos comerciantes no espaço, instalaram-se também restaurantes no exterior que trouxeram uma nova vida à zona. Atualmente a Junta está a trabalhar “numa série de outras iniciativas para dinamizar o mercado, trazendo-lhe outros públicos, sejam elas exposições, feiras temáticas, e até alguns acontecimentos mais inesperados, como co#27 OUT/NOV 2016
lóquios académicos”. Uma das iniciativas mais inovadoras é a instalação de uma estufa hidropónica no topo do mercado. A ideia dos Lisbon Farmers e enquadra-se no espírito “de dar novos usos aos tradicionais mercados”. Esta iniciativa responde a várias questões. “Por um lado, faz um aproveitamento inteligente do espaço superior do mercado, sem um impacto significativo na arquitetura da praça, capitalizando o enorme potencial solar que Lisboa tem e que tem de ser aproveitada cada vez mais, usando coberturas verdes ou estufas como esta. Por outro lado, permite uma fonte de produção local de produtos para venda no mercado”, o que irá reduzir a pegada ecológica uma vez que se corta o custo do transporte, além de ter legumes mais frescos, apanhados no dia, diz ainda Margarida Martins. A obra da estufa em Arroios ainda não começou, mas a presidente assegura que não vai interromper a atividade do mercado. “Esperamos um impacto francamente positivo. Os portugueses e os lisboetas - de todas as
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nacionalidades - são uma população informada e consciente, muito alerta para as questões ambientais e para a necessidade de uma alimentação saudável e sustentável. Ainda agora a cidade assinou o Pacto de Milão para o combate ao desperdício alimentar e que preconiza a adoção de novos estilos de vida e de consumo para uma alimentação saudável e simultaneamente sustentável. E somos também muito curiosos com as novidades tecnológicas. E por isso esperamos que esta iniciativa traga muitos jovens e famílias ao mercado, em busca de uma alternativa às grandes superfícies ou a um comércio menos personalizado, onde a origem dos produtos não é tão valorizada”, afirmou. O Mercado 31 de janeiro, que também sofreu grandes obras de requalificação, está inserido numa zona com muito comércio e serviços, que precisava de outra abordagem, na opinião da presidente da Junta. “Juntámos os comerciantes todos no r/chão, concentrando a oferta de mercado a par de algumas lojas exteriores e de um conhecido restaurante de sushi. Foi uma aposta ganha porque recentemente a CML assinou um protocolo com o Governo para instalar no 1º andar do mercado a nova Loja do Cidadão de Lisboa”. Neste mercado “a lógica funciona na atração de novos públicos através da instalação e disponibilização de serviços públicos, que são fundamentais para a cidade e que estavam a fazer muita falta desde o encerramento da Loja do Cidadão dos Restauradores. Pensamos que este mercado e o seu plano vão ser muito interessantes e podem ser um modelo para a revitalização de outros mercados”, acrescenta Margarida Martins. Dos três mercados da freguesia de Arroios, o mais pequeno é o do Forno do Tijolo onde a opção foi “manter os comerciantes do mercado numa zona mais pequena” mas com a oferta de todos os produtos que habitualmente se encontram e também lojas abertas para o exterior. Neste mercado o objetivo foi suprir outra necessidade da cidade e da freguesia. Nesse sentido retiraram “as bancas na antiga nave central do Mercado”, e em conjunto com a CML estão a fazer uma obra para que o espaço se transforme “num espaço polivalente para eventos culturais, desportivos, recreativos, para todas as associações e coletividades da freguesia utilizarem, para as atividades culturais e, eventualmente também para feiras e atividade comercial”. A este espaço deu-se o nome de “Mercado de Culturas, mantendo a memória do espaço que ali viveu exatamente 60 anos”. A presidente da junta garantiu que em 2017 irão ter uma programação “muito interessante”. Também o Mercado de S. Domingos de Benfica irá ter uma nova vida. De acordo com o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, este era “um mercado que estava a definhar” e a autarquia colocou o desafio a jovens empresários que ali têm ocupado espaços que estavam devolutos e que foram recuperados como espaços multifuncionais. Outros mercados como o do Rego também tem um projeto de revitalização bem como os do Bairro Alto e de Santa Clara, ambos inativos atualmente. Para o primeiro está pensado tornar-se “um espaço de ofícios” e para Santa Clara, a ideia é transformá-lo num espaço de exposição permanente de design de produto, adiantou Duarte Cordeiro. Para Benfica está projetada uma requalificação também além de ser um mercado que irá servir de piloto para o projeto de “entrega ao domicílio”. Os Mercados da Ribeira e o de Campo de Ourique trouxeram dinamismo ao comércio local, potenciaram novas oportunidades comerciais nos bairros e introduziram novos conceitos, mas Duarte Cordeiro assegura que a ideia não é transformar todos os
Os Mercados da Ribeira e o de Campo de Ourique trouxeram dinamismo ao comércio local
mercados em conceitos como os da Ribeira e de Campo de Ourique, até porque “lhes iria retirar o caráter específico”. No entanto a parte da restauração irá estar associada a muitos mercados, embora não dentro do mesmo conceito, até porque a tendência é de cada vez mais haver a coabitação dos comerciantes com a restauração. l #27 OUT/NOV 2016
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[viajar] é uma excelente oportunidade para esbater preconceitos, conhecer melhor o mundo e dessa forma, conhecer-me melhor a mim próprio
Francisco Moura Ponto Turismo › Qual foi a viagem da tua vida? Francisco Moura › É muito difícil para uma pessoa que dedicou a sua vida a viajar pelo mundo e que visitou todos os continentes, incluindo a Antartida, escolher um único destino pois os meus interesses são muito diversificados, Se falarmos em história, não tenho dúvidas em afirmar que os país que mexem mais comigo são o Egito, Israel, Síria e Turquia, todas elas estão na génese da civilização ocidental. Se tivesse que eleger um país em termos de natureza, diria a Antartida pela sua preserversão quase intacta. Do ponto de vista paisagístico ressalvava as regiões da Patagónia, da costa da Noruega e do Alasca Ponto T. › Sei que viajas muito para ver vestígios do passado? O que te move? F.M. › Efetivamente tive a oportunidade de estar em todos os locais onde surgiram os primeiros hominídeos, que foi na região do vale do Rift, nomeadamente na Etiópia onde surgiu o fóssil mais antigo com 4 milhões de anos, o Hardy e a Lucy, com 3 milhões de anos, e depois, na gruta de Olduvai, na Tanzânia, no Lago de Turkana no Quénia, Sterkfontein, na Africa do Sul. Na Ásia, em Dmanisi, na Geórgia e Atapuerca, em Espanha. Fascina-me o estudo das primeiras comunidades do neolítico, da época dos metais nas culturas pré-clássica Mesopotâmia e Egito; e clássica, Grécia e Roma. Ponto T. › Mas porquê, em muitos desses locais só se encontram fósseis ou puras ruínas... F.M. › Sinto necessidade de ir a esses locais, onde já quase nada existe, mas há algo que nunca desaparece e que é a alma do lugar e a partir daí esses espaços sagrados passam a fazer parte de mim. Ponto T. › O que significa para ti viajar? F.M. › Significa liberdade. Ter a oportunidade de me desconstruir do ponto de vista psicológico e abrir-me a novas realidades, novos conceitos, novas formas viver, novas culturas, ou seja, é uma excelente oportunidade para esbater preconceitos, conhecer melhor o mundo e dessa forma, conhecer-me melhor a mim próprio. Ponto T. › Gostas de viajar à aventura ou com tudo organizado? F.M. › Do ponto de vista profissional as viagens são elaboradas com tudo orga#27 OUT/NOV 2016
“A alma do local nunca desaparece”
nizado até ao mais mínimo pormenor. Enquanto viajante a título individual, como as minhas viagens são de interesse pessoal cultural, tento ao máximo preparar-me estudando os conteúdis culturais mais interessantes para visitar, como também, em certos países como a Índia, é importante, conhecer um pouco da suas religiões. Sem esse conhecimento dificilmente se consegue compreender a idiossincrasia dos povos Ponto T. › Recordas-te de algum episódio marcante de uma viagem? F.M. › Foram tantos os momentos que se torna dificil dizer só um. No entanto, uma das últimas experiências que mais satisfação me trouxe foi uma visita aos gorilas em liberdade que se encontram na floresta impenetrável do Bwindi no Uganda, apesar do extremo esforço físico que foi necessário. Ponto T. › Qual é o livro que tens na cabeceira? F.M. › Tenho os “Pilares da Terra” de Ken Follett, o “Poder do Agora”, de Eckhart Tolle, todavia nos últimos 18 meses, toda a minha disponibilidade foi para o livro que vai ser publicado no início de dezembro, que é uma discrição dos países que visitei e cujo título é “Viajar pelo Mundo”. Ponto T. › Não queres partir deste mundo sem fazer o quê? F.M. › Sem crescer como homem e isso passa por eliminar cada vez mais, a minha ignorância. A ignorância é, lamentavelmente, o principal fruto dos problemas da humanidade e que está na origem das guerras e da fome. Ponto T. › Se tivesses um dom ou superpoder qual seria? F.M. › Se pudesse eliminava a estupidez, o egoísmo, a ignorância e consequentemente a fome, de forma a que todos os seres animais e vegetais tivessem o seu espaço com dignidade na terra.l