Ponto Turismo 5

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Nº 5 • junho/julho • 2013 • 5 €

Entrevista António Costa

Ter visão estratégica da cidade ajuda o Turismo OPINIÃO

tecnologia

ANÁLISE

lifestyle

Luís Veiga considera excessiva a pressão fiscal na Hotelaria

O que é a realidade aumentada e como se aplica no Turismo

Os princípios base do Branding na visão de Gavin Eccles

19 meses a pedalar numa viagem diferente até Macau



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A tartaruga e o escorpião:

“Não pode haver senão vantagem num acordo e prejuízo num conflito” - André Gide

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onta a história que o escorpião pediu boleia à tartaruga para atravessar o rio que começava a transbordar. A medo a tartaruga aceitou, imaginando que nunca o escorpião a feriria de morte – racional, a tartaruga previu que a consequência seria a perda de vida para os dois, afogados no meio do rio. A meio da travessia, com o veneno letal da sua picada, o escorpião matou a tartaruga. E claro, matouse a si próprio. Ao longo da nossa vida, assistimos com muita frequência a histórias deste género. Não são mais do que a inépcia do ser humano ver mais além do que o próprio momento, ou simplesmente a incapacidade de mudarmos a nossa natureza mais genuína. E não são raras as vezes que tais ações se traduzem numa desgraça anunciada. Infelizmente isto acontece, seja a título pessoal ou profissional. Na ordem do dia está a questão da redução do pagamento ao BSP/IATA de 30 para 15 dias já a partir de julho. Isto significa que as agências de viagens irão ver reduzido o seu prazo de pagamentos de bilhetes aéreos para metade. Se considerarmos que as agências de viagens têm uma dificuldade extrema em encontrar mecanismos de financiamento, é fácil entender que esta atividade terá dias ainda mais difíceis pela frente. Nada que não se soubesse desde há quase um ano. Mas agora “ele” está à porta, vem aí e é real! Preocupame em particular a área do “corporate”, ou quem se encontra mais especializado nesta vertente do negócio. Estamos a falar de casos de agências de viagens que, geralmente se encontram tendencialmente acima das suas capacidades de concessão de crédito, sem ativos ou garantias reais substanciais para se alavancarem financeiramente (salvo as exceções de avais pessoais ou outras mágicas de qualquer origem). O crédito (ou o acesso a ele) é cada vez mais importante no negócio das viagens. É também cada vez mais arriscado. Mas quem conseguir um bom balanço

“O crédito (ou o acesso a ele) é cada vez mais importante no negócio das viagens.” entre a avaliação do risco dos seus clientes e financiamento tem uma mais-valia para saltar mais este obstáculo que já aí está. Por outro lado, a IATA arrisca-se a ser o escorpião desta história. No seu afã de conseguir reduzir o risco crescente da atividade, de cobrar mais cedo e de financiar os seus acionistas, prepara-se para enfrentar, ela também, os perigos dos potenciais “defaults” das agências. “Eles” estão à porta, vêm aí e são reais! É um facto que ninguém quer ser tartaruga. E ninguém quer ser o escorpião. Mas o rio está a transbordar e há muita gente para dar boleia… A Ponto chegou ao seu quinto número. E com a idade creio que vai ganhando maturidade. Neste número quisemos dar uma visão mais periférica do negócio e entrevistámos o Presidente da Câmara de Lisboa, Dr. António Costa. Uma entrevista a não perder. Convidámos também Luís Veiga, Presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, para uma análise sobre a fiscalidade; o professor e consultor de Marketing Gavin Eccles para uma opinião sobre “branding”; Paulo Mendes, Diretor do Grupo Airmet para uma breve “conversa” e finalmente, fomos conhecer um casal muito curioso – Rafael e Tanya. Espero que gostem. Até daqui a dois meses e… boa leitura! Miguel Quintas Diretor Geral



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Ficha Técnica

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Propriedade

Amadeus Soluciones Tecnologicas, S.A. Sucursal em Portugal

Sede Rua de São José, 35 - 4º andar 1150-321 Lisboa Portugal Tel.: 21 321 30 99 - Fax: 21 322 58 75 E-mail: pontoturismo@pt.amadeus.com

Diretor Geral Miguel Quintas

Diretora da Ponto Turismo Helena Torres

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“O turismo [em Lisboa] tem conseguido enfrentar as dificuldades atuais com alguma “tranquilidade”

Na entrevista o Presidente da Câmara de Lisboa diz que o aumento dos fluxos turísticos para Lisboa em resultado das novas rotas aéreas e dos cruzeiros é a prova que o turismo tem conseguido lidar com a crise

Bimestral • Ano - 2013 - Edição 5

Coordenação Editorial

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pontoturismo@pt.amadeus.com Tel.: 21 321 30 99

Produção de Conteúdos e Edição Mediapearl - Comunicação e Serviços, Lda. Tel.: 216 024 713 mediapearl@mediapearl.pt

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Publicidade htorres@pt.amadeus.com Tel.: 21 321 30 99

Fotografia Mediapearl

Produção Mediapearl - Comunicação e Serviços, Lda. Rua 1º Cabo José Martins Silvestre, 6 - 3º Dtº 1800-310 Lisboa Tel.: 216 024 713 mediapearl@mediapearl.pt

Impressão e Acabamento RBM- Artes Gráficas

Tiragem 1000 exemplares

Registo na ERC N.º 126281

Depósito Legal N.º 350109/12 A revista Ponto Turismo é uma publicação da Amadeus Portugal. A empresa não se identifica necessariamene com o conteúdo dos artigos nem com as opiniões dos seus colaboradores. É proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização prévia da empresa editora.

16 Entrevista Aimet Portugal

O diretor do Grupo Airmet Portugal revela as novidades paa este ano e fala dos desafios existentes na realidade diária das agências de viagens

19 Soluções

Amadeus e-Power: Uma poderosa ferramenta de reservas online.

21 Soluções

Amadeus CheckMyTrip:

03 Editorial 06 Opinião

Hotelaria: Um setor sob ameaça devido à pressão fiscal que existe diz a AHP

08 Entrevista

António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

11 Reportagem

Festas Amadeus estão de volta, Trade: STAND UP! anima profissionais e conheça o conceito Arrendar com Paixão

15 Caderno Amadeus 24 Tecnologia

Turismo digital e realidade aumentada

26 Análise

Branding: Aplicar os princípios-base aos Destinos Turísticos

28 A tualidade

Estudos SITA sobre as bagagens e as tendências dos gastos com as viagens

32 Viagem

De Ovar a Macau: 19 meses a pedalar


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Luís Veiga (presidente da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal)

Pressão fiscal contínua

Sobrevivência do setor ameaçada Relativamente ao propósito da ANMP de incentivar os 308 municípios nacionais a aplicarem a denominada Taxa Turística, reafirmo o que o atual Secretário de Estado do Turismo (SET), Dr. Adolfo Mesquita Nunes, manifestou publicamente sobre isso na minha recente tomada de posse: “Com pleno respeito pelas instituições, mais taxas municipais sobre a atividade turística parece-me dispensável.” Tendo ainda sublinhado: ”Espero que os autarcas ponderem os efeitos na economia local e na atividade turística.”

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fetivamente, a leitura que faço desta intenção em taxar todo o cliente de uma unidade hoteleira, esteja ele em viagem de trabalho ou em simples deslocação de lazer, constitui no limite a última hipótese dos autarcas manterem estruturas de promoção “paroquiais”, a maior parte delas ocupadas por familiares ou amigos da mesma cor política, justificando ainda perante a comunidade a intenção de promoverem com elevado nível de profissionalismo o seu concelho. O episódio recente envolvendo a Câmara de Aveiro, que a pretexto de melhorar o acolhimento e a informação aos turistas, pretendia recolher 218 mil euros em 2013 sem sequer pensar se esse montante viria dos clientes dos hotéis ou dos detentores da exploração dos mesmos, é um exemplo de ilegalidade por contrariar o Regulamento de Taxas da própria autarquia e de inconstitucionalidade por se tratar na verdade de um imposto. Atenta a esse tipo de intenções, que configuram mais um custo de contexto “dispensável”, como refere e bem o SET, a AHP manifestouse totalmente contra esse imposto municipal e, pese embora a Providência cautelar tenha sido considerada improcedente pelo Tribunal Administrativo de Aveiro, em reunião magna dos hoteleiros daquele concelho os 19 signatários acordaram em não cobrar a dita Taxa naquela que se pode considerar uma manifestação de defesa dos seus interesses mas também de compreen-

são pelo efeito devastador que a aplicação da mesma teria a nível nacional. Resumidamente, esses atos desproporcionados ou não razoáveis da Administração Pública compaginam autênticas políticas anticompetitivas, prejudicando diretamente a atividade das empresas, neste caso da hotelaria que, neste momento se encontra sobre autêntico fogo cruzado do Estado central, ministérios, instituições públicas e autarquias. Destaco a esse propósito que no Relatório deste ano do World Economic Forum (Travel & Tourism Competitiveness Report), Portugal ocupa entre 140 países, o 1.º lugar no ranking no que respeita à Ratificação (transposição) das diretivas ambientais. Sempre o bom aluno naquilo que deve ter uma segunda leitura nas entrelinhas: a necessidade permanente de demonstrarmos que somos os melhores, mesmo quando nos falta o básico ou o elementar, e a não menos intenção descarada de usurpar dinheiro aos empresários portugueses para que se cumpram as Diretivas, reportando diretamente o cumprimento das mesmas a estruturas pré-formatadas à medida das exigências. Os custos de contexto entretanto criados à sombra destes verdadeiros exercícios de estilo são evidentes nas práticas mais simples da restauração e nas mais pesadas como nos novos investimentos. Efetivamente, o fundamentalismo castrador do investimento alastrou desde o


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Hotelaria opinião 7

Sem rentabilidade, o setor tem assistido a práticas de conquista de clientes pelo preço para satisfazer necessidades de liquidez imediata, o que tem levado a sucessivas quebras do preço médio e do RevPar

simples galheteiro de azeite ou da garrafa de água em vidro até à certificação energética do edifícios e ao rol de exigências que tornam um investimento hoteleiro mais caro em Lisboa que em Berlim. Por outro lado, o mesmo estudo relacionando Portugal no Index de Competitividade, coloca-nos em 127.º lugar na Legislação Laboral e num 131.º honroso posto no que respeita à Extensão e efeitos da fiscalidade, naquilo que devem ser considerados os dois custos de contexto mais penosos para a obtenção de resultados operacionais positivos, digamos que o objetivo mais procurado pelo nosso setor, nos dias que correm. Assim, pela positiva destaco a posição firme do SET ao colocar o dedo na ferida e ter conseguido justificar a criação de um Grupo de trabalho interministerial para o turismo (COET), presidido pelo Primeiro-ministro e composto por vários secretários de Estado com o objetivo de analisarem a fiscalidade e os custos de contexto dos setores da hotelaria, restauração e similares. O contributo do movimento associativo será particularmente oportuno e é referenciado no Diploma (Despacho nº 4625-A/2013), tendo a AHP e eu próprio defendido a constituição desse Conselho dada a importância do setor para o PIB, Balança de Serviços e criação de emprego, sendo que neste item o turismo é o setor que detém o efeito multiplicador mais elevado. Pela negativa, a manutenção de um conjunto de custos de contexto que o próprio AICEP já tratou de identificar, tendo inclusivamente contabilizado cerca de 484 situações que se podem afigurar como tal. Por consequência, decidiu acompanhar 67 casos, sendo 8 na área dos licenciamentos, 21 na Fiscalidade, 7 nos vistos, 10 no Ambiente e ordenamento do território e 21 dispersos. A AHP tem destacado no setor da hotelaria, práticas

prejudiciais ao setor, vulgo “custos de contexto”, situações que vão desde o domínio autárquico até ao Estado central. No primeiro caso, temos apontado a arbitrariedade na aplicação de Taxas de Ocupação de subsolo do gás natural nalguns concelhos, Taxas de proteção civil, preço da água e do tratamento de resíduos e efluentes, IMI, IMT, Derrama, licenciamentos e outros. No segundo caso, teremos a enorme imposição fiscal à cabeça, sendo que no caso do IRC, a componente mais gravosa é a da Tributação autónoma e da derrama estadual. Sem esquecer as taxas relacionadas com os Direitos de autor e conexos, portagens nas SCUT, etc, etc.... A sobrevivência do setor está assim ameaçada pela contínua pressão fiscal, sobretudo desde que o IVA nas Comidas e Bebidas passou para 23%, facto que tornou o nosso país menos competitivo quando comparado a Espanha em que a taxa efetiva tanto no alojamento como no F&B é de 10%. Ao invés, a hotelaria com as taxas nominais de 6 e 23% passou a deter uma taxa efetiva média de 12 a 14%. Sem rentabilidade, o setor tem assistido a práticas de conquista de clientes pelo preço para satisfazer necessidades de liquidez imediata, o que tem levado a sucessivas quebras do preço médio e do RevPar. Sobre este assunto, o recente inquérito do World Travel Market a responsáveis do setor turístico o peso de 67% das respostas é clara: os impostos e taxas sobre o turismo é a sua principal preocupação! Para a AHP, mitigar e anular alguns desses custos é um dos objetivos deste mandato. Para que o setor não perca competitividade no mercado global e possa operar sem constrangimentos na área comercial, inovação e marketing. n


8 entrevista Ant贸nio Costa

Ant贸nio Costa

Foto: Clara Azevedo

Presidente da C芒mara Municipal de Lisboa

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António Costa entrevista 9

Mais empresas, reabilitação e qualificação

Ter uma cidade com uma visão estratégica é também apoiar o Turismo O Presidente da Câmara de Lisboa considera que o Turismo tem conseguido enfrentar as dificuldades atuais com “alguma tranquilidade” e considera a taxa turística “útil” e “necessária” se for para reforçar a promoção turística

Ponto Turismo - O turismo é para Lisboa, tal como o é para o resto do País, um setor estratégico para a economia. Em que medida é que a Câmara Municipal apoia o turismo na capital, e em termos de aprovações de projetos e licenças, incentivos e benefícios? António Costa - O maior apoio que damos ao setor do Turismo na capital é todo o que o Município de Lisboa concede à Associação de Turismo de Lisboa. Além disso, desde 2008 tem sido possível fazer investimentos de verbas provenientes das receitas do Casino de Lisboa em obras em equipamentos da cidade que têm interesse turístico, em iniciativas e manifestações culturais no espaço público, como é o caso do Com’Out Lisboa - Lisboa na Rua ou na limpeza de graffitti nas zonas históricas. Recentemente, durante a inauguração de uma unidade hoteleira na Baixa de Lisboa tive a oportunidade de expressar a importância que a Câmara Municipal de Lisboa confere ao setor do Turismo. “O Turismo é exportar cá dentro”. Lembro-me de o ter afirmado. E, é verdade! O Turismo enquanto atividade económica na nossa cidade, tem conseguido enfrentar as dificuldades atuais com alguma tranquilidade. Prova disso mesmo é o aumento dos fluxos turísticos para Lisboa em resultado das novas rotas aéreas e dos cruzeiros. E, é neste contexto que o investimento público (como por exemplo, a construção do novo Terminal de Cruzeiros de Santa Apolónia) e no caso específico, o investimento do município da cidade na Ribeira das Naus, no Terreiro do Paço pode ser também um incentivo ao investimento privado. Aliás, na minha opinião, o investimento público só faz sentido acompanhado do investimento privado. Ter uma cidade com uma visão estratégica, direcionada para atrair mais habitantes, para captar mais empresas, impulsionar a reabilitação urbana, qualificar espaço público, devolver a frente ribeirinha às pessoas ou promover a mobilidade sustentável é também pensar no turismo e apoiá-lo. P. Turismo - Enquanto presidente da Câmara, que também é Presidente do Turismo de Lisboa, quais as iniciativas que estão a ser desenvolvidas de forma a melhorar a experiência do turista na cidade?

A.C. - Lisboa, com as suas qualidades naturais é ela própria um cartão de visita para os forasteiros. As pessoas que aqui vivem também. Lisboa é tudo isto e muito mais. Parafraseando o poeta, Lisboa é Tejo e tudo. Turista que venha a Lisboa leva de regresso, na bagagem, experiências e sensações inesquecíveis. O Fado e todo o universo a ele ligado são, desde logo, fatores de grande atração. Lembro a forma como o Fado, a Canção de Lisboa se tornou a canção de Portugal inteiro. E hoje em dia é património da Humanidade. O renovado Museu do Fado é um dos pontos de paragem obrigatória para todos os que nos visitam. Ali estão patentes grandes obras de arte que evocam o tema. Para quem quer ver esta arte ao vivo, nada melhor do que as Visitas Guiadas ao berço do fado. Dinamizámo-las na Mouraria, em 2012, e este ano estender-se-ão a outros bairros históricos da cidade. Com a Associação de Turismo de Lisboa, a Câmara Municipal tem feito campanhas de promoção da cidade. O programa Fado à Mesa é uma das iniciativas que desenvolvemos para promover as Casas de Fado de Lisboa. Depois temos ainda o Lisboa Story Centre. Neste novo equipamento da cidade os vários episódios que compõem a sua História e alguns dos seus protagonistas são agora apresentados. Todos os que visitam a capital portuguesa podem fazer uma viagem no tempo e descobrir as memórias da cidade, desde a sua fundação até dias de hoje.

“impulsionar a reabilitação urbana, qualificar espaço público, (...) ou promover a mobilidade sustentável é também pensar no turismo”


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Foto: Clara Azevedo

“Os impactos da nova lei no arrendamento comercial e os grandes encargos que vão recair sobre os estabelecimentos comerciais e a restauração são especialmente catastróficos”

Com a Associação de Turismo de Lisboa, a Câmara Municipal tem feito campanhas de promoção da cidade com programas específicos como o Fado à mesa, as compras com o Lisbon Shopping Destination ou o novo equipamento Lisbon Story Centre

Através do programa Lisbon Shopping Destination temos estado a promover Lisboa como destino de compras, disponibilizando informação aos turistas sobre itinerários comerciais e lojas de excelência. Também assim ajudamos a revitalizar o comércio. Com o Guia Convida Brasil procuramos atrair o mercado brasileiro a Lisboa, como destino de compras. Por fim, mas não menos importantes, as Festas de Lisboa já são um polo da atratividade para turistas que se deslocam a Lisboa para verem, por exemplo as Marchas Populares, verdadeiras cabeças de cartaz de um programa mais vasto que já consta dos roteiros de muitos agentes e operadores turísticos internacionais. P. Turismo - A nova lei do arrendamento comercial, que se junta às novas regras de faturação e ao aumento do IVA, está a provocar o encerramento de muitos espaços comerciais, sobretudo a nível da gastronomia, um dos pólos de desenvolvimento. Qual é a posição da CML? A.C. - Esta é uma lei que afeta particularmente os arrendatários de fogos habitacionais. Mas é bom não esquecer que a dimensão das consequências que esta lei provoca nos contratos comerciais é igualmente gravosa. Na minha opinião, é urgente que o município se junte à AHRESP [Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal], à UACS [União de Associações do Comércio e Serviços], à Associação de Inquilinos Lisbonenses e a todos aqueles que vêm clamando, uma moratória à aplicação da lei, tendo em vista estabilizar o nosso quadro económico e a confiança que quer os agentes económicos, quer as famílias têm de ter na durabilidade nas condições de contrato de arrendamento. Os impactos da nova lei no arren-

damento comercial e os grandes encargos que vão recair sobre os estabelecimentos comerciais e a restauração são especialmente catastróficos. Sobretudo, num momento em que a contração da procura interna e o aumento do IVA já dificultam a atividade económica da cidade. Além disso, esta lei tem ainda um outro impacto negativo, é que ela dá a possibilidade ao senhorio de rescindir o contrato passado cinco anos sem ter o dever de indemnizar os inquilinos comerciantes pelas obras realizadas P. Turismo - Qual é a posição da CML no que diz respeito à proposta da Associação Nacional de Municípios sobre a aplicação de uma taxa turística que a concretizar-se poderá afastar os turistas para outros destinos concorrentes? A.C. - Na minha opinião, esta taxa é necessária e útil se se destinar a reforçar a promoção turística. A melhor oportunidade da sua introdução deve ser negociada com os operadores em cada concelho em função da maturidade dos respetivos mercados. P. Turismo - Em que medida alteraria o panorama turístico de Lisboa se o TGV existisse? A.C. - Lisboa e, porque não dizê-lo, toda a Península Ibérica, ficaria ainda mais próxima, mais rapidamente, do resto da Europa. Estar a duas horas e meia de distância de Madrid iria mudar completamente a economia não só da capital portuguesa com também da Península Ibérica. Não se imagina uma ligação de alta velocidade Poceirão-Madrid. Portanto, a haver alta velocidade, seria preciso ligá-la a Lisboa e ligar as duas margens do rio. Não há TGV se a alta velocidade não chegar à capital. n


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Festas Amadeus reportagem 11

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Festas Amadeus

preparam o seu regresso As Festas de verão da Amadeus Portugal vão regressar ao Amadeus Terrace já a partir do próximo mês, para animar os fins de tarde de quinta-feira dos agentes de viagens e demais profissionais do turismo português.

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al como nas edições anteriores, as festas serão temáticas e prometem por o trade português a dançar pela noite dentro. Embora a lista ainda não seja definitiva, a Ponto Turismo pode avançar que os temas abrangem tanto a cultura popular portuguesa, como o “Zumba na Caneca!” como outros mais internacionais como o “Rock me Amadeus”, o “Moulin Blue”, o “Amadeus Staying Alive”, “Noche Caliente” ou o “Sassaricando”.

Outros temas sujeitos a confirmação são o “Ice” e o “Em Brasa”. Mais do que confirmada está a animação no terraço que a Amadeus dispõe nos seus escritório e que têm uma vista panorâmica de Lisboa da qual os diversos atores da indústria podem desfrutar enquanto convivem As festas começam às 19h00 e clientes e não clientes estão convidados. n


12 reportagem Trade, Stand Up!

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Amadeus, TAP, TransHotel e MSC Cruzeiros

animaram profissionais com Trade, STAND UP!” “Excelente”, “muito divertido” foi como classificaram os profissionais do trade das seis cidades por o evento Trade, STAND UP! promovido pela Amadeus, em parceria com a TAP, TransHotel e MSC Cruzeiros e que pretendeu animar as pessoas “que diariamente lutam para garantir um serviço profissional e de excelência numa época económica e social difícil”. fOTOS: AÇORIANO ORIENTAL/EDUARDO RESENDES

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e 16 de maio a 6 de junho, os agentes de viagens do Funchal, Porto, Coimbra, Braga, Lisboa e Ponta Delgada puderam rir às gargalhadas com as piadas protagonizadas pelos comediantes João Seabra e Hugo Sousa e ver as apresentações das empresas participantes no roadshow. O grupo TransHotel apresentou-se como fornecedor global de serviços turísticos presente em 28 países e que disponibiliza na sua plataforma online, hotéis em 215 países, numa oferta total de 60 mil unidades hoteleiras. Além da oferta de alojamento, na plataforma Tor System Advanced da TransHotel, os agentes de viagens podem aumentar o valor da reserva dos seus clientes ao somarem outros serviços como o rent-a-car, transferes, visitas, atividades, entradas para parques temáticos. O serviço de transferes, atividades e visitas estão disponíveis em 120 países e os agentes podem adquirir bilhetes para 77 parques temáticos em todo o mundo. O rent-a-car é possível nas principais cidades nacionais e internacionais. Além da apresentação genérica dos seus serviços e a forma como podem rentabilizar o tempo de reserva criando um acesso direto, a TransHotel mostrou também como os agentes de viagens podem beneficiar ao aderirem ao Travel Agent Card, o programa de fidelização da empresa. A companhia de cruzeiros MSC aproveitou a iniciativa para divulgar a parceria com a CP e a sua programação para este ano, destacando o novo navio MSC Preziosa,

as viagens no Mediterrâneo e o inverno de 2013 no mar vermelho e no Golfo Arábico. Como destaque a MSC Cruzeiros indicou ainda a operação em Portugal do MSC Opera que, de 11 julho a 19 setembro 2013, fará embarques em Lisboa, num novo itinerário de 10 noites que inclui França, Reino Unido, Holanda e Espanha. A bordo do novo navio MSC Preziosa a MSC Cruzeiros apresentou o novo itinerário de sete noites com partidas de Barcelona e inclui Espanha, França, Itália. A novidade apresentada a bordo do MSC Fantasia foi o


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Trade, Stand Up! reportagem 13

Funchal, Porto, Coimbra, Braga, Lisboa e Ponta Delgada foram as cidades por onde passou o roadshow Trade, STAND UP! da AMADEUS que contou com a parceria da TAP, TransHotel e MSC Cruzeiros.

itinerário no Mediterrâneo que se realiza de 24 de março a 27 de outubro, na Grécia e Itália à partida de Veneza e que inclui Dubrovnik. Durante a apresentação a companhia de cruzeiros apresentou ainda para o inverno 19 partidas no MSC Lírica no Golfo Arábico e outras 19 no Mar Vermelho, com o MSC Armonia. No caso dos itinerários de sete noites em Omã e Emirados Árabes Unidos, as partidas começam a 24 de novembro e terminam a 22 de março. No Mar Vermelho os itinerários de sete noites, começam a 10 de novembro e terminam a 16 de março de 2014, incluindo destinos como Egito, Israel e Jordânia. Além da programação a companhia de cruzeiros esclareceu a audiência com os diversos produtos e promoções à medida como as tarifas para solteiros, jovens, pacotes comemorativos, entre outros. A TAP foi outras das parceiras da iniciativa Trade, STAND UP! que aproveitou para divulgar o último vídeo promocional. O Amadeus Hotel Plus (Multisource), solução que facilita o trabalho do agente de viagens ao trazer conteúdo GDS e non-GDS numa única interface, foi o tema escolhido pela anfitriã Amadeus para promover durante o roadshow.

A empresa fez um preview da solução que em breve estará diponível no mercado. Concebido para o setor hoteleiro, a solução permite aos agentes de viagens encontrar o conteúdo de hotel que se necessita através de uma única janela, podendo pesquisar, encontrar e reservar hotéis da Destinations of the World, HRS e TransHotel, permite pagamentos e processamentos mais flexíveis e ao mesmo tempo ganhar dinheiro com cada venda de hotel. O Hotel Plus (Multisource) dá visibilidade tanto para as tarifas pré-pagas, como as pós-pagas oferecidas pelos diferentes parceiros da Amadeus, além de dar uma visão clara das comissões a aplicar e as várias tarifas de diferentes fornecedores para o mesmo hotel, nas mesmas datas. Além do mais, dá também acesso ao “meal plan”, e aos “children rates” e ao melhor pacote de preço indicado para uma seleção de quartos. Para utilizar a interface Hotel Plus não é necessário formação pois foi desenhada para ser 100% intuitiva e user friendly e permite efetuar reservas de conteúdo GDS e non-GDS através de um processo claro e com todo o suporte multimédia necessário. Com esta solução as pesquisas são mais rápidas graças às funcionalidades de pré-população e autopreenchimento, utilizando as opções avançadas de pesquisa: plano de refeição, classificação de hotéis, facilidades, distância ao centro da cidade, entre outras. A comparação é fácil graças ao indicador Best Price Package, que mostra as melhores tarifas para a combinação de quartos. A solução permite também comparar vários quartos e tarifas para o mesmo hotel de uma só vez. Durante a apresentação da solução da Amadeus, os agentes ficaram a saber ainda que esta permite lidar de forma eficaz com os pedidos de reserva, combinando e reservando diferentes tipos de quartos e tarifas de uma vez. Os detalhes do viajante para todos os quartos podem ser vistos num único ecrã e na página de confirmação, estão visíveis o número do PNR, os detalhes do hotel, os métodos de pagamento, o número de quartos e informação sobre o destino. A reserva fica automaticamente integrada num PNR existente para ser mais fácil de tratar. n


14 reportagem Marketing sensorial e relacional

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João e Yvette Ambrósio, da Padlock, são apaixonados. Apaixonados pela vida e por casas. São eles o “Santo António” ou o “cupido” das “relações” que estabelecem entre as casas que promovem e os potenciais inquilinos. São eles os responsáveis do “Arrendar Com Paixão”, a primeira lovemark dedicada ao desenvolvimento de produtos imobiliários, surgido há menos de um ano e que se baseia no marketing sensorial e relacional.

“Arrendar com Paixão”

A lovemark que revolucionou o arrendamento

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ideia base é a promoção online do arrendamento de casas escolhendo como veículo de divulgação o Facebook… mas com uma diferença: incorporaram sentimento no negócio e deram-lhe uma perspetiva humana. No fundo, fizeram com que as casas, agora dotadas de alma e coração, “cortejassem” os futuros inquilinos. E o texto vazio e frio de um anúncio de arrendamento de uma casa, em que muitas vezes a castração das palavras é levada ao limite com abreviações, deu lugar a um poema, uma carta de amor, uma peça literária, escrita na primeira pessoa, em que a casa mostra a sua alma seduzindo quem lê. O conceito, que já se transformou no primeiro franchising em rede social, começou por Lisboa, expandindo depois para regiões como a Costa de Prata ou o Algarve onde o produto Flirt,, correspondente ao arrendamento para férias, ganha mais expressão e cujas casas passam exactamente pelo mesmo critério de avaliação que as restantes. Sendo uma plataforma de promoção do ramo imobiliário, cabe ao proprietário estar devidamente licenciado e fazer os registos necessários, sublinham os responsáveis referindo-se à questão do arrendamento de casas para férias. “Nós passamos uma fatura de “publicidade”, sublinham, “O anunciante (o proprietário) quando pretende trabalhar connosco sabe que o trabalho é personalizado, não é frio, nós colocamos o fator humano. Temos copywriters, temos uma equipa de criativos, desde o design até à escrita, que fazem uma estratégia de marketing em termos de promover as nossas propostas junto da captação do público-alvo que interesse às pessoas que anunciam na página e a cobrança é pela publicidade que eles fazem”. Yvette Ambrósio reconhece que nem todas as pessoas que seguem a página querem comprar casa, mas seguem-nos “porque gostam de ler os textos e ficam inspirados”. “As plataformas de Lisboa e do Algarve tem um alcance de 500 mil pessoas por semana, e crescem todos os dias e quando se alcançam números desses a publicidade tem uma grande eficácia”, diz João. Apesar de estarem licenciados pelo INCI como imobiliária,

não se assumem como tal e defendem que o seu modelo de negócio é “algo de novo”. Não fazem angariação de imóveis porque estes são-lhes “oferecidos” para análise e depois promoverem caso se enquadrem nos parâmetros do conceito. “O imóvel tem que ter excelentes condições de habitabilidade, ter um bom enquadramento em termos de mercado, ter uma boa localização, para justificar estar na plataforma, caso contrário não está”, esclarece Yvette. Depois de selecionados os imóveis são inseridos num dos diversos produtos disponíveis. O “Blind date” e “speed date” são oportunidades de imóveis com rendas abaixo dos 590 euros [ou BPM – Batimentos Por Mês - que é a “moeda” do conceito] para agarrar rapidamente. O “menage a troi” é a solução de partilha de casa porque a crise levou a que haja uma maior disponibilidade de T3 e T4 e por isso as pessoas têm de dividir casa. Além destes produtos há ainda outros mais comuns como o “Pedido de namoro por carta”, que são os destaques com textos de escrita criativa baseados na letra de uma canção; “Pedido de namoro”, e a novidade que é carta de amor como no cinema que Yvette Ambrósio diz ser “muito especial”. “É algo que nunca foi feito no mercado imobiliário em termos de produção e é tal qual como o nome indica, “uma carta de amor como no cinema” ou seja um imóvel que se declara a alguém mas como no cinema. “Estivemos bastante tempo a estudar e a desenvolver o produto que envolve muito mais do que o vídeo. Mostrar uma casa em vídeo não é novidade e por isso tivemos de o caracterizar, de dar-lhe vida. O imóvel tem que ter alma e caráter, tem que ser especial”. Além dos produtos há os procedimentos como o heartbreaker ou o open hearted que é para mostrar as casas. Para ser uma lovemark a equipa do “Arrendar com Paixão” tem que embrulhar todos os procedimentos e todos os produtos em mistério, sensualidade e têm de conseguir modificar a comunicação das pessoas. Essa mudança já aconteceu nos seguidores e interessados nas casas pois estes escrevem verdadeiras cartas de amor a demonstrar esse interesse. n


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Paulo Mendes entrevista 15

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Caderno

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O desafio dos agentes é voltar a cobrar o valor justo pelo serviço

Paulo Mendes diretor-geral Airmet Portugal

19 Soluções

Amadeus e-Power: Uma ferramenta de reservas que permite entrar facilmente no mercado online

21 Soluções

Amadeus CheckMyTrip é um serviço que fornece aos viajantes com uma reserva Amadeus, o acesso ao seu itinerário de viagem


16 entrevista Paulo Mendes

Acabámos de lançar o projeto Defensatur em parceria com a Turism & Law com o objetivo de oferecer aos nossos associados uma ferramenta rápida e eficaz para resolver litígios e problemas com fornecedores e clientes das agências

Paulo Mendes diretor-geral Airmet Portugal

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O desafio do agente é voltar a cobrar

o valor justo pelo serviço oferecido ao cliente A Airmet continua a aumentar a sua rede e pretende expandir a marca Q’Viagem!. Como novidades a rede tem nova intranet com mais ferramentas e funcionalidades, bem como o projeto Defensatur que pretende oferecer aos associados uma ferramenta rápida e eficaz para resolver litígios e problemas com fornecedores e clientes das agências Ponto Turismo - Qual é a dimensão atual do grupo Airmet em Portugal? Paulo Mendes: O Grupo Airmet Portugal conta atualmente com 250 agências de viagens em Portugal e está presente em Espanha e no Brasil, o que faz do nosso Grupo a maior rede de agências na península ibérica. P. Turismo - Sendo, à partida, 2013 um ano complicado para as agências de viagens, como é que está a correr, tanto em termos de negócio como de adesões. P. M. - Este ano está a ser um desafio à nossa capacidade de fazer mais e melhor de forma a poder continuar a crescer. Posso dizer que o primeiro trimestre foi bastante positivo para o grupo. Tivemos um crescimento na rede acima do esperado, fruto da incorporação de 18 agências da rede Vibo Viagens que fechou no início do ano. Atualmente estamos com mais 28 agências desde o início do ano e temos mais 10 para aderir até final de julho. P. Turismo - Quais são os principais objetivos para este ano da Airmet? Há novidades? P. M. - Os principais objetivos da Airmet para 2013 passam pelo crescimento da rede, consolidar o volume de faturação das nossas agências, expansão da marca Q’Viagem! a nível nacional e melhorar as ferramentas tecnológicas e acordos comerciais ao dispor das agências associadas. A nível de novidades, temos uma nova intranet com mais ferramentas e funcionalidades para aumentar a produtividade dos nossos clientes, acábamos de lançar o projeto Defensatur em parceria com a Turism & Law com o objetivo de oferecer aos nossos associados uma ferramenta rápida e eficaz para resolver litígios e problemas com fornecedores e clientes das agências. Foi estabelecido um acordo com um novo sistema de faturação para agências de viagens com o objetivo de diminuir os custos fixos das agências e que está integrado na nossa intranet (este sistema vai permitir às agências poder ter acesso à faturação em qualquer sítio sem necessidade de instalar o programa no PC, entre outras vantagens). Desde o ano passado disponibilizamos sites com reservas online aos nossos associados. P. Turismo - Como é que a Airmet se posiciona no mercado português face à concorrência?

P. M. - O objetivo é oferecer o melhor serviço aos nossos clientes e essa é a mais valia da Airmet em relação a concorrência. Atualmente possuímos índices de satisfação na ordem dos 95%. Procuramos estar na vanguarda das novas tendências e oferecer as melhores ferramentas de trabalho com o objetivo de aumentar a rentabilidade e otimizar os recursos disponíveis nas nossas agências. P. Turismo - Em termos evolutivos, é mais difícil obter melhores condições negociais para as agências associadas atualmente ou há uns anos? O que é que mudou.

Não podemos continuar a definir uma estratégia de preço baixo para aumentar o número de passageiros P. M. - Para responder temos que voltar a finais dos anos 90, quando a entrada dos operadores espanhóis provocou uma alteração na remuneração as agências de viagens, aumentando as comissões, alterando a política comercial da maioria dos fornecedores em Portugal, o que aumentou as comissões das agências. Outra consequência natural deste fenómeno, foi o crescimento do nosso setor, o que aumentou a concorrência (atualmente temos mais fornecedores e mais agências) o que provoca a regra simples da oferta e da procura, ou seja, quem oferece o melhor produto ao melhor preço ganha o cliente e as agências escolhem o fornecedor que oferece a melhor comissão/produto. Com o começo da recessão em Portugal há uns anos, existiam muitos fornecedores e agências no mercado e o que vemos atualmente é uma guerra pela sobrevivência para não fechar portas, e muitas empresas que dependem dos mercados espanhóis e português estão a passar muitas dificuldades porque existe menos procura mas a oferta e as estruturas das empresas continuam iguais, ou seja, não houve uma adaptação e um emagrecimento da oferta em Portugal, só este ano com o desaparecimento da Orizonia e outros fornecedores e redes de agências, é que houve uma redução da oferta em Portugal. No entanto,


18 entrevista Paulo Mendes

continuam a aparecer novos fornecedores e novas agências, o que provoca uma pressão enorme no preço praticado para ganhar o cliente porque o produto é o mesmo e existem muitos operadores a oferecer o mesmo produto. Atualmente é mais difícil melhorar as condições comerciais, porque existe uma forte pressão no PVP oferecido ao cliente final e as comissões praticadas pelos operadores inflacionam o preço final. O problema não é a comissão praticada atualmente no mercado, mas sim o preço final que baixou nos últimos anos, o que faz com que uma agência ganhe menos por passageiro com comissões mais altas. Atualmente, recebemos 16% em média de comissão num pacote que custa 1.000 €, só que o mesmo pacote há 10 anos custava 1.500 € e a agência recebia 12%, ou seja, o problema não é o valor da comissão, mas sim o valor comissionável do mesmo produto. O grande desafio, é voltar a cobrar o valor justo pelo serviço oferecido ao cliente, não podemos continuar a definir uma estratégia de preço baixo para aumentar o número de passageiros, isto aplica-se aos operadores que definem os preços das suas brochuras e as agências que vendem os produtos dessas brochuras e praticam descontos para ganhar uma venda. P. Turismo - O que é que a Airmet oferece às associadas? P. M. - Os serviços estão descritos no site, mas alguns deles são a assessoria de caráter geral, pela equipa de profissionais do Grupo Airmet, sobre as questões que afetam direta ou indiretamente a atividade de agência de viagens; melhores Acordos comerciais com operadores turísticos, centrais de reservas, Rent-a-car, Cruzeiros, Companhias Aéreas e outros do mercado, no que diz respeito a Grupo de gestão; campanhas exclusivas com diversos operadores com mais valias para a agência de viagens; acesso a condições protocolares acordadas pelo Grupo Airmet com várias entidades; acesso a apresentações e workshops de fornecedores, participar em viagens educacionais exclusi-

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vas; serviços de Internet e intranet, personalizados, venda online, login único, buscador de ofertas e hotéis, organizador de ficheiros, microsites gratuitos com reservas online; acesso a central de emissões de bilhetes aéreos. Desta forma o agente poderá emitir diretamente os seus bilhetes a um custo de 3€, com diversos meios de pagamento, com total remuneração dos segmentos, ou emissões a Custo Zero através do sistema online de emissão de bilhetes; formação Gratuita Certificada; acordos com o GDS Amadeus e Galileo com instalação gratuita do sistema e remuneração por segmento; emissor Aéreo Online e Pesquisador de Ofertas de Viagens; possibilidade de aderir à marca Q’Viagem!. P. Turismo - Num mundo em que a tecnologia domina, como é que a Airmet se posiciona neste tema? P. M. - O nosso forte é oferecer tecnologia aos nossos associados, é uma das nossas grandes vantagens em relação a concorrência, desde ferramentas próprias, como parcerias com outras entidades. Fomos o 1º grupo em Portugal a oferecer ferramentas vocacionadas para os agentes de viagens que são utilizadas diariamente na nossa intranet pelos nossos associados. Só para ter uma ideia, em 2012 tivemos mais de 15 milhões de acessos à intranet. P. Turismo - Como é que vê a Amadeus enquanto parceiro tecnológico? P. M. - A Amadeus é atualmente um parceiro importante das agências de viagens, porque possui ferramentas tecnológicas que se adaptam às necessidades de cada agência e apresenta soluções caso a caso com o objetivo de potenciar e dinamizar o sucesso dos seus clientes. É um fornecedor estratégico no setor do Turismo em Portugal, não só pela sua experiência internacional, mas pelo vasto leque de soluções que oferece aos clientes e como ponte de ligação entre fornecedores e agências de viagens. n


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Amadeus E-Power Uma poderosa ferramenta de reservas online O Amadeus e-Power é uma ferramenta de reservas que lhe permite entrar facilmente no mercado online e que pode ajudá-lo a desenvolver a sua estratégia de mercado. O Amadeus e-Power permite reservar voos, hotéis e carros com conteúdo GDS e/ou conteúdo de fornecedores externos. Com o Amadeus e-Power poderá também aplicar fees definidos por si, aumentando as suas receitas.

Ecrã único de resultados: todo o conteúdo é disponibilizado num só écrã com ofertas GDS e Low Cost. Acesso às tarifas mais económicas: Através do Master Pricer, solução líder na pesquisa das tarifas mais baixas, pode-se obter até 250 recomendações numa única transação, e que pode ser apresentada de duas formas distintas:

Um fluxo de reserva fácil e intuitivo: pensado para ser intuitivo, de forma a que o consumidor não tenha dúvidas no processo da reserva, adaptando-se às suas necessidades. Versátil: disponível em 30 idiomas e em vários templates que permitem a integração desta ferramenta no seu website. O Amadeus e-Power conta também com filtros de pesquisa que permitem atualizar a informação em tempo-real possibilitando uma melhor definição dos critérios de pesquisa.

Sempre disponível 24/7: à distância de que clique em qualquer hora e lugar.


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O Amadeus e-Power tem um fluxo de reserva muito simples, com apenas 4 passos: 1. Definir os critérios de pesquisa

2. Escolher as melhores opções

3. Confirmação da escolha efetuada

4. Terminar a reserva

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Um serviço para todos os viajantes

Amadeus CheckMyTrip O Amadeus CheckMyTrip é um serviço que fornece a todos os viajantes, com uma reserva Amadeus, o acesso ao seu itinerário de viagem. Ao aceder ao endereço de internet http://www.checkmytrip.com/ os detalhes da reserva são apresentados em tempo real com informação contextualizada sobre o destino, tal como previsão meteorológica, indicativos dos países, guias de eventos, taxas de câmbio, etc.

Vantagens para o agente de viagens: Oferecer um vasto serviço aos seus clientes Reduzir custos – Evita que os clientes liguem para a agência de viagens com questões sobre a sua viagem, pois toda a informação está disponível no CheckMyTrip.

Sem investimentos – A Amadeus fornece este serviço sem qualquer custo.

Vantagens para o viajante: Acesso à reserva em tempo real – O utilizador só necessita de colocar o apelido e código da reserva. Acesso completo ao itinerário numa linguagem acessível para o viajante. A aplicação permite a impressão do itinerário e/ou envio do mesmo por e-mail. Acesso às ferramentas de viagem: informação de meteorologia, câmbios, indicativos internacionais, guias de destinos, mapas, entre outros... Acesso aos links das companhias para realizar o checkin online A aplicação permite partilhar os dados da reserva através de redes sociais (Facebook, Twitter e LinkedIn).

Possibilidade de importar a reserva para o calendário pessoal do viajante. Acesso ao mapa de assentos e aos pedidos especiais (refeição). Acesso à criação de uma conta pessoal para gestão de todas as reservas criadas em Amadeus. Permitindo acrescentar informações úteis à reserva (alterações do nome da reserva, adicionar anotações como informações pessoais, reuniões, restaurantes), que só ficam disponíveis para o viajante.


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Funcionalidades CheckMyTrip Aceder a uma reserva de forma fácil e intuitiva

Visualização completa de um itinerário

Através do nome do viajante e do número de reserva Amadeus.

Partilha dos dados da reserva

Dados da Agência

Acesso às ferramentas de viagem

Estado do voo Link para Check-In

Informações sobre o voo

Acesso a partir do Selling Platform

Mapa de assentos

Criar uma conta pessoal

Importar a reserva para o seu calendário pessoal

Personalizar a reserva

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Turismo digital,

uma nova realidade

Num breve enquadramento socioeconómico podemos afirmar que o Turismo é uma das principais atividades económicas de Portugal e uma das nossas maiores imagens de marca além fronteiras.

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erante a crescente procura por Portugal como ponto turístico de eleição, e pela forma como o turismo é vivenciado em todo o mundo e tendo como premissa a tecnologia ao serviço do turista, podemos salientar que a substituição dos suportes tradicionais e habituais pela inclusão de conteúdos multimédia em aplicações móveis, tornaram-se uma ferramenta prática e cada vez mais eficiente na divulgação da informação em qualquer momento e em qualquer lugar. A maioria dos dispositivos móveis disponíveis no mercado vem equipada com ecrã a cores, câmara de vídeo, maior capacidade de armazenamento, processadores mais rápidos e com características de processamento de gráficos tridimensionais. Este facto juntamente com a elevada taxa de penetração que este tipo de dispositivos apresenta no mercado atual, assim como a sua elevada utilização por parte da maioria das pessoas, proporcionam o contexto ideal para uma aposta cada vez mais forte no desenvolvimento de aplicações de Realidade Aumentada, tendo em conta que os dispositivos móveis (Smartphones e Tablets) são hoje em dia as plataformas dominantes de suporte às aplicações com esta tecnologia.

Mas o que é a Realidade Aumentada? A Realidade Aumentada é um campo de investigação na área da Computação Ubíqua, (interação do homem com

o computador, através da integração da informática com as ações e comportamentos naturais das pessoas). Não é uma Realidade Virtual mas sim uma variação desta, porque permite ao utilizador visualizar o mundo real sobrepondo objetos virtuais ou combinados com imagens reais, é um complemento à nossa realidade e não uma substituição desta, onde o digital e o real coexistem numa simbiose perfeita. A Realidade Aumentada pode também ser vista como um meio-termo entre a Realidade Virtual que transcreve uma realidade digital e a telepresença que evidência a nossa realidade, o nosso mundo real. Apesar da Realidade Aumentada ser uma tecnologia pouco conhecida em várias áreas de utilização, o Turismo é claramente uma área onde esta tecnologia se destaca, não só pela curiosidade inovadora que despoleta na sua utilização, mas também pela sua utilidade prática como fator crucial, dando mais vida aos locais e à história de um pais, e contribuindo de uma forma muito significativa para o enriquecimento cultural dos locais e pontos de interesse espalhados por todo o mundo.

Turismo Digital, uma nova realidade O Turismo, como outras áreas de negócio, procura acompanhar a evolução das tecnologias de informação e comunicação tentando modernizar as suas estruturas e os seus ativos, ao longo do tempo tem desenvolvido novas “pontes” para uma maior interação entre o turista e os


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A Realidade Aumentada contribui de forma significativa para o enriquecimento cultural no turismo locais de visita. Numa era altamente tecnológica não faz sentido que não utilizemos os meios que temos ao nosso dispor para dar um salto quantitativo e qualitativo na forma de obter mais e melhor informação, no “aqui” e “agora” mais concretamente informação para o turista em tempo real sobre o seu POI (ponto de interesse) favorito. Os meios mais utilizados hoje em dia são os dispositivos móveis de uso pessoal que praticamente todos nós utilizamos (para chamadas telefónicas ou navegação na internet), mais concretamente os denominados Smartphones ou Tablets. As principais operadoras de telecomunicações oferecem hoje em dia, através de aplicações para os dispositivos móveis, serviços de informação georreferenciada (mapas digitais) que, apesar de limitados no que diz respeito ao volume dos conteúdos e à forma como apresentam a informação, são claramente uma forte aposta e os primeiros passos na utilização dos dispositivos móveis como guias digitais. Falar destes serviços implica abordar conceitos como a georreferenciação e a informação baseada em conteúdo num determinado contexto. De forma resumida georreferenciação pode ser caracterizada como a definição posicional de algo, mais concretamente de um local de interesse através da latitude, longitude e por opção a altitude, para um determinado espaço físico e temporal. Recorrendo a este tipo de dados posicionais podemos fornecer aos utilizadores informações mais concisas, precisas e com mais detalhe. O reconhecimento de locais ou objetos através da sua representação tridimensional na vida real e o respetivo complemento de conteúdo multimédia “Aqui” e “Agora” através de uma plataforma de Realidade Aumentada, também contribui de forma exponencial para uma experiência mais enriquecedora de conteúdos exclusivos para o turista. A tradução automática dos conteúdos para o idioma do turista é claramente uma vantagem notória e muito apreciada quando abordamos a utilização da referida tecnologia, a tradução automática dos conteúdos multimédia para o idioma do utilizador é realizada de forma simples e descomplicada recorrendo por exemplo à língua pré definida no equipamento móvel utilizado. A introdução da Realidade Aumentada poderá ser o próximo passo evolutivo dos serviços móveis e aplicados ao turismo, permitindo fornecer informação contextualizada e que amplia a informação que o lugar por si oferece ao visitante.

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lerias, ou espaços abertos onde objetos como quadros, esculturas, artefactos e ruínas podem ser ”aumentados” e complementados em tempo real com informação como texto, imagens, animações tridimensionais, áudio ou vídeo. O processo de armazenamento, pesquisa e receção de informação foi dos que sofreu uma maior transformação, acabando por elevar as expectativas no que diz respeito à informação digital e conteúdos relevantes para determinada temática ou contexto e onde a disponibilidade da informação se traduz numa simples palavra “Agora”. No que diz respeito ao Turismo, e até aos dias de hoje, esta informação digital é pouco utilizada pelos guias de viagens, sejam eles tradicionais ou eletrónicos, permanecendo assim inacessível aos turistas. Algumas das tentativas para fazer chegar esta informação aos visitantes são algo como quiosques de informação turística que obrigam o turista a sair do sítio em que se encontra e que pretende conhecer para obter informações adicionais sobre o seu ponto de interesse. Os agentes do Turismo estão cada vez mais atentos a este novo paradigma, acompanhando os tempos e a própria evolução do turista no que diz respeito à sua capacidade e forma de comunicar a informação. O próximo passo evolutivo da informação turística passará pelo desenvolvimento de aplicações que permitam receber informação e conteúdos multimédia, sem grande esforço e de forma adequada às necessidades e pretensões do próprio visitante. Estes sistemas serão uma mais-valia e a inclusão de Realidade Aumentada fará parte das soluções móveis que permitirão uma outra experiência para o turista em tempo real. Uma das características mais interessantes da Realidade Aumentada é na demonstração da herança arqueológica e cultural, com a possibilidade de visualizar a imagem real do objeto em questão por exemplo um monumento ou uma ruína, com imagens virtuais como complemento, reproduzindo um conteúdo multimédia ou uma animação tridimensional em tempo real, o que dará uma perspetiva da evolução temporal desse mesmo objeto, das alterações que sofreu ao longo da história ou do seu significado mais remoto. Este novo olhar tem um grande impacto sobre o conhecimento da história assim como na preservação de certos locais turísticos com elevada importância cultural. Em pontos turísticos interessantes, o guia interativo pode mostrar, por exemplo, um edifício em tempos antigos e mostrar informação adicional no ecrã. Outro exemplo é a possibilidade de mostrar edifícios que existiram naquela localização, assim como a disposição desse mesmo espaço em tempos remotos. Em suma a Realidade Aumentada será certamente um excelente complemento de enorme potencial, aliado à experiência que proporciona e que pode impulsionar definitivamente a inovação ao nível dos guias turísticos em Portugal e no mundo. É claramente uma nova forma de comunicar com os momentos e com os espaços que preenchem as nossas vidas. n

Realidade Aumentada aplicada ao turismo As potencialidades e as aplicações móveis de Realidade Aumentada aplicadas ao Turismo poderão ser diversas, o uso da tecnologia poderá ser aplicada em museus, ga-

Nuno Silva, Head of Innovation, IT People Consulting www.itpeople.pt


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26 análise Branding

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Aplicar os princípios-base

de branding aos Destinos Turísticos…

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O branding tornou-se uma temática quente no turismo já que é importante construir a marca de um destino em que este ganha uma identidade significativa, que com o tempo, torna-se num ativo muito difícil de copiar por um destino concorrente

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verdade que o branding tem vindo a ser aplicado nos últimos 50 anos no nas empresas de FMCG - Fast Moving Consumer Goods (como Procter & Gamble, Unilever, Kellogg’s, isto é em empresas de produtos de grande consumo), mas no turismo e na gestão de destinos, o branding é relativamente recente, e muitos destinos têm lições por aprender no que respeita ao que comunicam aos potenciais turistas no seu esforço de aumentar o negócio. Nos anos 90, Wally Olin escreveu um artigo famoso chamado “Branding Destinations”, no qual este guru de marcas esboçou paralelismos entre os destinos e as suas respetivas heranças e como isto afeta o que as pessoas sabem e compreendem sobre um país. Tyler Brule, na sua revista Monocle, levou estas reflexões mais longe e desenvolveu índices de destinos que

ajudam as pessoas a compreender o que torna uma cidade e um resort de praia excelentes. Então, porque é que o branding se tornou uma temática quente na indústria do turismo? Bem, o sucesso das empresas de grande consumo na adoção do branding como a sua chave diferenciadora, ajudou a mostrar a uma indústria diferente que tais princípios podem ser adaptados e aplicados a um país, cidade ou região do mundo; especialmente para os ajudar a competir de forma mais eficaz num ambiente de marketing cada vez mais competitivo. Mais do que um produto, o branding, por definição, pede ao consumidor para adquirir uma experiência emocional, na qual os consumidores estão focados


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O branding, por definição, pede ao consumidor para adquirir uma experiência emocional

em compras que melhoram a sua vida ou proporcionam uma razão para que se sintam felizes com as suas decisões de compra. Neste contexto, parece estranho que os destinos tenham demorado tanto tempo para adaptar este princípio chave do marketing, uma vez que o turismo é, por definição, tudo o que tem a ver com emoções e concretizar sonhos. O Dubai há 30 anos era um deserto. A Florida há 30 anos era um pântano. Sem as mensagens, ícones, fotos e histórias desenvolvidas, tais locais não se teriam tornado no que são hoje. Alguns poderão dizer que o Dubai levou o branding demasiado longe – de um destino procurado para um que algumas pessoas evitam. Independentemente do que se pense, o branding do Dubai foi tão sério como o branding do detergente para a máquina Tide da Procter & Gamble. A história por trás do Tide é o sentir-se bem… a história por trás do Dubai é divertirse e o sentir-se bem. Do detergente em pó às cidades construídas de propósito, o branding é semelhante e, mais importante, a mensagem que permanece para o consumidor ou turista é semelhante – no meio das opções, este tipo de players destacam-se na multidão... Assim, numa era de supermarcas, compramos os produtos ou serviços que facilitam a nossa vida e escolhas. Para os produtos domésticos isto pode ser uma proposta de valor chave, mas para o turismo é preciso ter cuidado. Não queremos ser um destino escolhido porque a cidade ou a região é percecionada como segura, ou, porque o turista sabe o que vai encontrar. O turismo tem a ver com a realização de sonhos – os visitantes repetentes podem sempre encontrar algo diferente para fazer. É necessário perceber o branding não como um meio de apoio ao que é conveniente, mas assegurar que os turistas vejam a marca como um meio que oferece emoção. A consistência na proposta de valor do produto deve ser complementada com a entrega consistente – a marca cria uma expetativa do que pode ser alcançado, mas proporciona flexibilidade e opções suficientes aos turistas para procurarem concretizar o seu próprio sonho do destino. Tendo em conta estas ideias e sendo o contexto de um destino o ponto de enfoque para a promoção e o catalisador para o desenvolvimento económico de um país ou região, faz sentido que seja gerido como uma marca para reforçar a sua identidade e valor percebido num mercado cada vez mais competitivo. Pegando novamente nos princípios do branding de produtos, podemos dizer que estamos a viver na sociedade mais sobrecomunicada do mundo. Aqui a concorrência

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é feroz, e os clientes estão a ganhar poder de negociação através da crescente oferta de escolhas e opções. Os destinos, até certo ponto, também acabam por se encontrar num ambiente em constante mudança – a competir de forma mais agressiva pelos visitantes, turistas e residentes de segunda residência, em igualdade. Os turistas têm cada vez mais opções de escolha de lugares com mensagens e promessas atrativas. Assim como os marketeers dos bens de consumo utilizam o branding para criarem uma imagem diferenciadora, também os destinos precisam de fazer o mesmo, com o destaque particular de utilizarem o branding como um meio para abordar as seguintes questões: Pelo quê queremos ser conhecidos? Como é que nos podemos destacar da multidão? Que pensamentos e sentimentos queremos que surjam nas mentes das pessoas quando são expostas ao nosso nome? Responder a estas questões irá ajudar muitíssimo na formulação dos valores da marca do destino – e são estes princípios-chave que serão depois comunicados e promovidos junto dos turistas.

O branding é mais do que um Logótipo… A marca de um destino é composta por todas as atrações e perceções (reais ou percebidas) que um turista tem de um lugar. Estas perceções podem ter sido estabelecidas através de experiências anteriores, filmes, boca a boca, etc. Seja o que for que as pessoas saibam, essa é, por vezes, a sua maneira de avaliar um destino. Deste modo, o desafio das marcas é garantir que essas ideias são alteradas/adaptadas em conformidade com o que o destino quer que o turista acredite. Partindo dos benefícios da marca no grande consumo, construir a marca de um destino resultará nos meios através dos quais o lugar ganha uma identidade significativa, que com o tempo tornar-se-á um ativo muito difícil de copiar por um destino concorrente. Sendo uma marca formada pela totalidade de perceções, sentimentos e imagens que os turistas têm de um local, então uma marca de sucesso é aquela que se diferencia de forma clara, faz uma promessa de valor e simplifica a escolha aos turistas. Isto significa que a marca é igualmente construída e oferecida em cada ponto de contato entre os turistas e o destino. Cada um destes pontos críticos de contato, ou “Pontos de Promessa” – antes, durante e depois da visita – têm um papel vital na construção e entrega da experiência que é prometida pela marca. Assim como no mundo do grande consumo, os players principais investem nos programas Living the Brand para todos os seus colaboradores, os destinos precisam de oferecer um programa semelhante para os pontos-chave de comunicação entre os turistas e os prestadores destes serviços. Desde os taxistas, aos empregados de hotel, aos funcionários de restaurantes, aos guias-turísticos, todos desempenham um papel no cumprimento da promessa da marca do destino. n Gavin Eccles Marketing Consultant and Professor


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28 atualidade Relatório SITA 2012

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Relatório SITA 2012

Menos bagagens perdidas e danificadas em 2012 Os problemas com bagagens são uma das maiores causas de stress para quem viaja de avião e, apesar do 9º relatório da SITA indicar que em 2012 o número de malas mal manuseadas aumentou em 2,84%, para 26,04 milhões, a média de bagagens mal manuseadas caiu em 1,78%, para 8,83 por cada mil passageiros porque o aumento do número de passageiros aéreos que foi de 4,5%, para 2,95 mil milhões.

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ara a indústria, esta redução do número de malas mal manuseadas por cada mil passageiros traduziu-se numa poupança de 2,1 mil milhões de dólares em 2012 diz o relatório. O atraso de bagagens continua a ser o grande problema, a reunir 82,9% do número total de malas mal manuseadas, embora em queda de 2,4%, para 5,67 por cada mil passageiros. Dos restantes problemas, 12,9% foram danos nas malas e em 4,2% foram declaradas roubadas ou extraviadas. A principal causa para os atrasos das malas são as ligações entre voos e que historicamente tem sido um ponto crítico no processo de manuseamento de bagagens, no entanto, segundo o relatório da empresa tecnológica para o setor aéreo, o número de bagagens extraviadas em processos de ligações entre voos caiu para 48% de 53%, em 2011. Em números absolutos, 12,5 milhões de bagagens foram mal manuseadas transferes em 2012, uma redução em 1,17 milhões no número de bagagens transferidas. Ao investigarem as razões para os atrasos nas bagagens, o relatório da SITA diz que falhar o carregamento no avião e erros no carregamento aumentaram ligeiramente para 17% e 7% respetivamente. O relatório de 2012 indica pela primeira vez o desempenho por região no que diz respeito ao handling de bagagens no top 100 de aeroportos do mundo que representam 60% do total de passageiros e aqui, a Ásia é campeã com 1,93 malas por cada mil passageiros. Ao ver a tendência a longo prazo nos últimos seis anos, a melhorias são significativas. A taxa de malas mal manuseadas caiu em 43% na Ásia, 56% na América do Norte e 43% na Europa. Um dos dados que sobressai no relatório tem a ver com a

correlação entre a dimensão do aeroporto e o nível de bagagens mal manuseados, devendo ser digno de nota que um maior número de passageiros inevitavelmente leva a uma maior pressão nas operações de handling de bagagens. No geral, nos aeroportos asiáticos e europeus que movimentam menos de 25 milhões de passageiros por ano, o número de malas mal manuseadas por mil passageiros é sensivelmente metade daquele em aeroportos com mais de 25 milhões de passageiros por ano. Na América do Norte a diferença é menor. Os maiores aeroportos da Ásia tiveram uma média de 2,28 malas com problemas por cada 1000 passageiros, face a 0,85 malas/mil passageiros nos aeroportos com menos de 25 milhões de passageiros. Nos aeroportos norte-americanos que movimentam mais de 25 milhões de passageiros, a média malas mal manuseadas é de 4,17 por cada mil passageiros, enquanto que nos aeroportos mais pequenos a média desce para ligeiramente para 3,07 malas. Nos maiores aeroportos europeus a média de malas mal manuseadas sobe para 10,6 por cada mil passageiros, versus 5,97 malas nos aeroportos que processam menos de 25 milhões de passageiros por ano. Apesar das melhorias, o relatório diz que com o aumento do número de passageiros a pressão sobre o handling de bagagens não vai diminuir e por isso é cedo para apontar uma mudança substancial, mas estão em curso algumas soluções com base nas últimas tecnologias que poderão melhorar a questão do handling de bagagens. Uma das soluções em estudo é a BagSmart que dá um aviso de previsão de malas perdidas e cujos testes iniciais indicam que poderão reduzir o problema de perda de bagagens em transfer em 60%. n


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Estudos atualidade 29

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Estudo Amadeus 22% do tráfego aéreo está concentrado em 300 “super rotas”

Orçamento para viagens vai aumentar diz um estudo da VISA

Uma análise da Amadeus, realizada através da solução Amadeus Traffic Travel Intelligence, indica que 22% de todo o tráfego aéreo está concentrado em 300 “super rotas” que movimentam mais de um milhão de passageiros por ano. A rota Jeju-Seoul, na Coreia do Sul, mantém-se como a mais movimentada do mundo, com mais de 10 milhões de passageiros/ano. Em segundo lugar surge a ligação Sapporo-Tokyo no Japão, que movimenta mais de oito milhões de passageiros e que teve um incremento de 8% face a 2011, ultrapassando a ligação São Paulo-Rio de Janeiro que passou agora para o terceiro lugar. Muitas das rotas de 2011 com base na origem e destino (O&D) voltaram a estar classificadas em 2012, no entanto, houve alterações, em particular, Pequim-Xangai subiu da sétima posição em 2011 para o quarto lugar em 2012 e Okinawa-Tóquio entrou na tabela dos dez primeiros, como o nono percurso mais movimentado do mundo. A análise da Amadeus diz que 69% de todas as viagens aéreas globais são realizadas em rotas principais com 100 mil passageiros anuais e mostra que sete do top 10 das mais movimentadas de trá-

fego aéreo são na Ásia. Esta é a região com maior volume de tráfego aéreo e teve um crescimento em 9%, para 787 milhões. A região é, no mercado da indústria da aviação, a mais competitiva a nível mundial com 75% das rotas servidas por três ou mais companhias aéreas e apenas 25% das rotas, por uma ou duas transportadoras. A Europa é a segunda região com maior volume e teve um crescimento em 4%, para 680 milhões, seguida da América do Norte que teve um aumento em 2%, para 597 milhões. A América Latina protagonizou o segundo maior crescimento percentual em volume de passageiros, em 6%, para 189 milhões. O Médio Oriente é um hub em rápido crescimento demonstrado pelo volume de tráfego entre a Europa e a Ásia realizado através do Médio Oriente, com um crescimento de aproximadamente 20% entre 2011 e 2012 indica ainda a análise feita pela Amadeus. O relatório destaca os aeroportos de Doha, Abu Dhabi e Dubai que em conjunto servem 15% de todo o volume de tráfego aéreo com origem na Ásia para a Europa e da Europa para o Sudoeste do Pacífico. n

Os orçamentos para viagens vão aumentar uma média de 5% de acordo com o estudo da VISA sobre as intenções globais de viagens para 2013, que inquiriu 12.631 viajantes com mais de 18 anos de 25 países dos quais apenas quatro são europeus: Reino Unido, França, Alemanha e Rússia. De acordo com o estudo, o orçamento médio para uma viagem de 2.309 dólares deverá aumentar para 2.501 dólares com os maiores gastadores no passado a serem os viajantes da Arábia Saudita, com uma média de 6.666 dólares por viagem, seguidos dos australianos e dos chineses, que gastam respetivamente uma média de 4.118 dólares e 3.824 dólares, e do Brasil e da África do Sul que gastam 2.956 dólares e 2.888 dólares. Mas neste top 5, os viajantes da Arábia Saudita e da África do Sul deverão diminuir o orçamento de viagens em -17% e -13%. Os restantes três irão gastar mais 9% (Austrália), 18% (China e 52% (Brasil). Os maiores aumentos irão acontecer sobretudo entre os mercados asiáticos, cujas estimativas do estudo da VISA apontam para 46% acima do orçamento atual. Os viajantes de Singapura, Tailândia e Hong Kong planeiam duplicar o orçamento para as viagens futuras. Entre os cinco países estudados que menos gastam em viagens, designadamente Indonésia (1.198 dólares), Malásia (1.145 dólares), Hong Kong (1.290 dólares), Reino Unido (1.297 dólares) e Tailândia (1.304 dólares) todos planeiam aumentar o orçamento de viagens em percentagens que chegam aos 94% como é o caso de Hong Kong. Foram os inquiridos da Ásia Pacífico que indicaram a maior intenção de viajar mais no futuro (77%). Estes viajantes também gastam mais durante a sua viagem.. n


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Street Art e Grafitti

Lisboa na vanguarda da arte urbana Foto: José Vicente | CML | DPC

A Street Art e o Grafitti são fenómenos que hoje fazem parte do cenário lisboeta. O que antes era uma expressão plástica rotulada muita vezes de vandalismo é hoje uma arte feita em espaços próprios e de modo autorizado

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competir com cidades como Joanesburgo, Nova Iorque, Helsínquia ou Amesterdão, Lisboa alcançou, nos últimos anos, o estatuto de pólo vanguardista no que diz respeito à Arte Urbana. São cada vez mais os magníficos protótipos de manifestações artísticas presentes no espaço urbano público. Um pouco por toda a cidade é possível apreciar extraordinários exemplares do grafitti e da street art da autoria de artistas nacionais e internacionais reconhecidos na área da urbanografia. Hoje, a arte urbana tem um lugar de destaque na cidade. Com presença marcada ao lado de relevantes símbolos alfacinhas só representados, até recentemente, pela estatuária, a azulejaria e a icónica calçada portuguesa, o grafitti domina hoje a paisagem citadina da capital. Para elevar o estatuto do grafitti e reconhecê-lo como fenómeno artístico relevante, para gerir a coexistência da street art com as já reconhecidas expressões artísticas

plásticas e para garantir a preservação desse património artístico e cultural lisboeta criou-se a GAU – Galeria de Arte Urbana. A GAU- Galeria de Arte Urbana é um projeto do Departamento de Património Cultural, da Câmara Municipal de Lisboa, cujo objetivo visa sobretudo a reabilitação urbana, a gestão e a promoção da convivência harmoniosa do património artístico, confirmando o grafitti e a street art como expressões plásticas artísticas e culturais dignas de representação e presença no espaço público. Em conversa com a Ponto Turismo, Inês Machado da GAU esclarece: “Para a Galeria de Arte Urbana tornou-se pertinente encetar um diálogo com a comunidade artística ligada ao graffiti e à street art no sentido de a sensibilizar para a relevância da preservação do património artístico e cultural Lisboa, relação que se tentou encetar e aprofundar através da disponibilização de espaços e tempos próprios onde estes criadores pudessem de


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Foto: José Vicente | CML | DPC

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Foto: José Vicente | CML | DPC

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Foto Arte Urbana: Av Fontes Pereira de Melo, Crédito Leonor Viegas

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modo autorizado, desenvolver a sua criatividade, toda a sua técnica e a sua imagética, enfim proporcionandolhes uma área de trabalho cada vez mais vasta e heterogénea, dispersa pela cidade, onde deixassem as marcas da sua expressão. E para tal a Galeria não só realiza os seus próprios projetos, como apoia projetos propostos por agentes e autores ligados a este universo plástico.” A Calçada da Glória e o Largo da Oliveirinha foram o palco de estreia da Galeria de Arte Urbana. No intuito de “limpar” as fachadas de alguns edifícios “assaltados” pelas inscrições vandálicas que proliferavam já pelo Bairro Alto, e na intenção de “legalizar” as contribuições artísticas daqueles que até aí eram associados à esfera da marginalidade e até da delinquência juvenil, o Departamento de Património Cultural, da Câmara Municipal de Lisboa, ofereceu sete painéis para a execução e exibição das suas obras. Depois, graças a sucessivas iniciativas levadas a cabo pela GAU, o grafitti e a street art, agora regulados e autorizados, alastraram e instalaram-se em vários outros pontos da cidade de Lisboa. Atualmente é

possível observar obras em locais como a Praça Duque de Saldanha, a Av. Fontes Pereira de Melo, a Av. da Liberdade ou Alcântara. Além das representações estéticas em edifícios, a Galeria de Arte Urbana tem ainda desenvolvido ações e iniciativas que convidam artistas de renome e população em geral a participar neste projeto que se pretende cada vez mais global. Com a Campanha Reciclar o Olhar, a GAU juntou o grande público à classe artística e propôs a reciclagem de vidrões. Artistas e writers, grupos de estudantes, infantários, seniores, escuteiros, vizinhos – todos estes já se participaram. Qualquer pessoa pode candidatar-se com um projeto artístico de reciclagem de um vidrão e escolher, por exemplo, aquele que fica à porta de sua casa ou do seu local de trabalho. Esta iniciativa tem vindo a ser implementada por fases e foi tão bem recebida pela comunidade que celebra já a sua 6ª edição. Rostos do Muro Azul é uma das mais emblemáticas e recentes iniciativas da GAU que já vai na sua 2ª edição. 1 Km da face exterior do muro do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, na Rua das Murtas, onde Aspen, Eime, José Carvalho, Mar, Ayako, Nark, Nomen, Odeith, Robô, Slap e Smile a convite da GAU e do CHPL deixaram inscritos os “seus” rostos. Com a GAU têm também colaborado vários autores internacionais de renome. A convite ou através de candidatura, prestigiadas figuras do panorama da street art global têm participado em diversas iniciativas. No projeto CRONO, o das fachadas da Avenida Fontes Pereira de Melo, participaram, por exemplo, Os Gémeos, Blu, Sam3 e Lucy McLauchlan. Mas é sobretudo para a comunidade artística nacional e as suas obras que a GAU se vocaciona. Assim, Tosco, o monocromático, Telmo Alcobia, que usa a sinalética transformando-a em arte, Eime, que privilegia o stencil como suporte gráfico estrutural dos seus trabalhos, AYAKO, Rui Ventura, João Maio Pinto e Alexandre Farto, também conhecido como VHILS, são apenas alguns dos conhecidos nomes que têm colaborado com a GAU em diversos projetos. Alguns dos projetos e eventos mais emblemáticos da GAU são: • Mostra Anual de Arte Urbana, nos sete painéis da Calçada da Glória e Largo da Oliveirinha, no 2º semestre de cada ano • Projeto-piloto de legalização de muros no Bairro de Telheiras • Projeto Go Arte Urbana – Roteiros de arte • Campanha de Divulgação e Sensibilização Reciclar o Olhar, que integra a intervenção artística em camiões de recolha de resíduos e em vidrões dispersos pela cidade • Evento Lisbon Wall, abertura do muro municipal da Rua Cais de Alcântara, em Alcântara dedicado à expressão caligráfica do Graffiti • Projeto Rostos do Muro Azul, no muro do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, agora dedicado a acolher intervenções de arte urbana • Realização do mural na Av. da Índia pelos ARM Collective dedicado ao tema d’ Os Lusíadas. n Ana Vilar Bravo


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De Ovar a Macau:

19 meses a pedalar

O Irão foi o país de eleição na viagem de bicicleta Ovar a Macau de Rafael Polónia e Tanya Ruivo, autores do www.2numundo. com, tendo como motivação as pessoas porque, na sua opinião, são delas que são feitas as viagens Ponto Turismo - Rafael e Tanya, fizeram uma viagem de Ovar a Macau em 19 meses de bicicleta. Qual foi o objetivo e o que é vos levou a fazerem esta aventura? Rafael Polónia e Tanya Ruivo - A nossa maior motivação são as pessoas. É de pessoas que é feita uma viagem! Um país pode ter milhares de anos de história e coisas impressionantes para visitar, mas quando voltas, as histórias que vais contar são relacionadas com as pessoas que conheceste! Depois a outra razão é o facto de olharmos para o mapa do mundo e percebermos que nada sabemos sobre ele, a não ser o que vemos no papel, em livros ou nas notícias e isso faz-te acreditar que talvez, talvez seja muito diferente de tudo o que imaginas…e vai ver! Ainda outra razão é sentirmo-nos bem quando fugimos da nossa zona de conforto!

P. Turismo. - Porque é que escolheram a bicicleta? R.P. e T.R. - Porque nos parecia a ideia mais louca e estúpida ao mesmo tempo! Louca, porque nos soava bem partirmos por aí, em duas rodas a conhecer o mundo! Estúpida, porque nunca tínhamos feito mais de 20 quilómetros de seguida, não sabíamos remendar um furo e tínhamos um conhecimento básico do que iríamos encontrar! Porém, como somos vegetarianos, ligados à causa ambiental e queríamos ir devagar, pareceu-nos ser a melhor maneira! O facto de não termos nenhuma janela a separar-nos do mundo, é o mais importante: estamos ali, com tudo e todos, sem separações! P. Turismo. - Quais foram as etapas e o que é que vos marcou mais na viagem? R.P. e T.R. - As etapas nunca foram pensadas. Nunca marcamos onde paramos, quando viajamos. Paramos quando estamos cansados ou nos apetece. Não usamos mapas ou GPS e isso dá-nos uma liberdade imensa! Tentamos, no entanto, sempre que nos é possível, visitar sítios históricos ou que os locais nos digam que valem mesmo a pena. Em viagens deste tipo, que nós gostamos de intitular como Viagem Pé Descalço, os momentos que passamos junto dos locais são, sem dúvida, o que mais importa e não querendo estar a repetir-me, o melhor!


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Todos os países têm a sua personalidade, a sua maneira de viver e sentimos que grande parte das vezes, o turista desrespeita, mesmo que sem querer, os locais e os costumes dos países P. Turismo. - De todos os países que visitaram, qual foi o que mais vos surpreendeu pela positiva e pela negativa e porquê? R.P. e T.R. - Pela negativa, nenhum. Todos os países têm a sua personalidade, a sua maneira de viver e sentimos que grande parte das vezes, o turista desrespeita, mesmo que sem querer, os locais e os costumes dos países, tentando impor as suas convicções, as suas maneiras de viver, que acham certas. Errado. Os países são feitos para os locais se sentirem bem, não para nós nos sentirmos bem e quando não se gosta dum país, geralmente a explicação é sujidade, antipatia, poluição, sem sabermos ou tentarmos perceber o que causou isso. Pela positiva…sem dúvida, o Irão! Porque razão? Não dá mesmo para explicar assim, sem nunca lá ter ido, porque pecaríamos sempre pela falta de palavras para explicar tamanho país e povo! Porém dizer que é o povo mais hospitaleiro, mais genuíno e sem interesse no que temos no bolso, mas sim no que temos dentro, não estaremos a mentir com toda a certeza numa única palavra!

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O Irão foi o destino de eleição para os dois “ciclistas”, tanto pela hospitalidade como pela sua genuinidade

P. Turismo. - Quais foram os maiores preconceitos, mitos e medos em relação a certos países e culturas? Refirome por exemplo se houve ideias preconcebidas que se tenham revelado distorcidas da realidade. R.P. e T.R. - Damos sempre o exemplo da casa fantasma! Ninguém acredita em fantasmas, mas entrar numa casa que se diz fantasma, não é um passo simples! A mesma coisa acontece com alguns países. Pensamos sempre que não os julgamos, até entrarmos ou começarmos a falar deles. A informação que temos sobre os outros é quase toda dada pela televisão e é rara a pessoa que saiba filtrar. Não podemos dizer que ao aproximarmonos do Irão, da Síria, do Paquistão, do Iraque, as nossas pernas não tremam, porque o fazem, mas depois de estarmos dentro das suas fronteiras há cinco minutos, logo percebemos que estamos num país como outro qualquer, mas mais seguro, hospitaleiro e bonito! E isso sim é impressionante! A distorção da realidade não podia ser maior. P. Turismo. - Uma viagem destas precisa de uma grande preparação. Como foi feita a logística da viagem em termos de preparativos, organização, quanto tempo demoraram a ter tudo a postos? R.P. e T.R. - Uma viagem é apenas uma viagem, nada de complicado! Sinceramente a preparação não foi quase nenhuma. Claro que o material o tínhamos todo, sabíamos mais ou menos quantos quilómetros nos dispúnhamos a fazer por dia, mas não sabíamos por exemplo a rota, não sabíamos sequer dizer ou escrever o nome de alguns países onde íamos com certeza passar, os vistos foram tirados a caminho, a preparação física foi feita em caminho, entre outras coisas! Tínhamos tudo preparado, ainda que mentalmente, para sobreviver nesta viagem! Pensar chegar a Macau era coisa que, mesmo para nós, nos parecia impossível quando saímos! Para a primeira viagem de Ovar a Istambul ida e volta, demorámos 2 meses a preparar. Para a outra, uns 5 meses, desde a decisão de ir, pedir apoios e partir!

A partida de Rafael Polónia e Tânya Ruivo, em Ovar, que os levaria a uma aventura que durou 19 meses e a muitos países

P. Turismo. - Em termos físicos como foi feita a vossa preparação pré-viagem? R.P. - Não foi feita! Ainda tentei convencer a Tanya a treinar um mês em Portugal, antes da primeira viagem e ela disse-me “Treinamos em caminho!” e assim foi! Na segunda, como já sabíamos que podíamos treinar em ca-


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Depois de pedalar por montes e vales durante 19 meses, dois meses mais tarde do que o previsto, e de terem conhecido a hospitalidade, simpatia de povos surpreendentes, a alegria da chegada a Macau

minho, nem sequer se propôs nada! Não fizemos mesmo preparação física nenhuma. Em tom de brincadeira dizemos sempre que ninguém treina para ir a Fátima a pé! P. Turismo. - Tinham metas definidas em termos de quilómetros por dia? Ou seja tinham um destino definido por data? No dia X temos que estar no sítio Y? R.P. e T.R. - Nada disso. Dissemos a nós próprios que não gostaríamos nunca de passar os 70 quilómetros por dia, porque mais que isso, era exercício físico e não prazer em viajar. No entanto, muitas vezes, fizemos mais que 100 e outras vezes, somente 10! Destino, tínhamos Macau! Pensámos em 17 meses e no fim foram 19! Nada problemático! Fazer um plano completo para viajar, para nós, não é bem viajar. É quase como apanhar um avião… não é viajar, é chegar! Para nós, isto é o caminho e não fugindo mesmo ao cliché, a viagem é o caminho até chegar! Gostamos de parar no X e no Y, mas também no Z e no W! P. Turismo. - E agora? O que é que se segue? A vossa vida mudou muito com a viagem? Quais os planos atuais e futuros? R.P. e T.R. - O que se segue é a nossa vida que tentamos, sempre que possível, que seja sempre diferente. A Tanya voltou ao trabalho como atriz! O Rafael tem andado mais pelas viagens, para as quais investiu! Além disto, temos corrido o país a falar com pessoas sobre as nossas viagens, incentivar as pessoas a viajar também! Temos feito workshops ligados a viagens de bicicleta! Estamos a preparar o livro! Estamos a pensar já na nossa próxima viagem, claro e a pensar em que porta havemos de bater para pedir apoios!

A adaptação é fundamental numa viagem diferente. Aqui alguns momentos de higiene pessoal

P. Turismo. - Se fossem Agentes de Viagens, que destino escolhiam e como o apresentariam a um cliente para o vender? R.P. e T.R. - Não sendo agente de viagens, o Rafael é neste momento, líder de viagens ao Irão, Uzbequistão, Istambul, Camboja e Tailândia pela Papa-Léguas, e sempre aberto a mais propostas! O destino, sem dúvida o Irão, como o país onde aquilo que se imagina e aquilo que é, não podia estar mais distante da realidade! n


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