Revista do Meio Ambiente 59

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revista do meio Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br

Exploração predatória ameaça caatinga, lar do

59 ano VIII • maio 2013

9772236101004

ISSN 2236-1014

ambiente Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

mascote da Copa Afinal, empresa sustentável dá lucro? Diálogo abre caminho para reduzir danos em Barcarena Demanda por madeira deve triplicar até 2050 A geração 400 ppm





nesta edição 5

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Conselho Consultivo e Editorial Adalberto Marcondes, Aristides Arthur Soffiati, Bernardo Niskier, Carlos A. Muniz, David Man Wai Zee, Flávio L. de Souza, Keylah Tavares, Luiz A. Prado, Paulo Braga, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro S. de Castro, Rogério Ruschel Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272 Editor e Redator-chefe (voluntário): Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da Onu para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas www.escritorvilmarberna.com.br www.escritorvilmarberna.blogspot.com vilmar@rebia.org.br • Cel (21) 9994-7634 Produção gráfica: Projeto gráfico e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 Skype: estudio.mutum www.estudiomutum.com.br Impressão: Flama Ramos Acab. e Man. Gráfico Ltda. (21) 3977-2666

por Serviço Florestal Brasileiro

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13 Exploração predatória ameaça caatinga, lar do tatu-bola, mascote da Copa

sustentabilidade 14 Afinal, empresa sustentável dá lucro? por Jorge Abrahão

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especial 24 Diálogo abre caminho para reduzir danos em Barcarena

por Savio de Tarso / Envolverde

árvores 28 Demanda por madeira deve triplicar até 2050

por WWF Brasil

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mudanças climáticas 30 A geração 400 ppm

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por Leonardo Boff / André Trigueiro

6 • Educação ambiental: limites e possibilidades 8 • Boas notícias ambientais 8 • “O maior programa de saneamento e de recuperação ambiental já realizado no Estado” 10 • Notícias ambientais 15 • Escola de vida 16 • O que torna as pessoas tão sensíveis ou indiferentes à natureza? 17 • Viúvas do veneno 20 • Água de torneira pode conter menos bactérias que a água mineral 21 • De olho no ar 22 • A importância da comunicação para a sustentabilidade 23 • 5º CBJA acontecerá em Brasília 27 • O indiano que plantou uma floresta sozinho 27 • Ongs escrevem carta contra a inclusão do REDD no mercado de carbono californiano 29 • Contra queimadas 32 • Mais chuva pra quem já tem; menos chuva pra quem não tem 33 • Um ano do Código: tudo dito, nada feito 32 • Guia do Meio Ambiente Revista ‘Neutra em Carbono’

O6 artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

www.prima.org.br

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Capa: Chapada Diamantina - Pai Inácio e três irmãos Foto: Caetano Lacerda (sxc.hu)

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capa 12 Em defesa da caatinga

revista do meio ambiente mai 2013


texto Vilmar Sidnei Demamam Berna* (www.escritorvilmarberna.com.br)

6 editorial

educação ambiental: limites e

POssibiLidades quantas vezes temos ouvido que a solução para nossos problemas é educação, educação, educação. pode até ser, mas a educação não pode ser solução sozinha. a educação é muito mais influenciada pela sociedade que influencia numa sOciedade que valOriza O cOnsumO crescente e ilimitadO, pOr exemplO, Ou que aceita cOmO natural a explOraçãO de um pelO OutrO, ou a ideia de que o planeta nos pertence e que por isso podemos fazer com ele o que bem entendermos, tenderá a achar esquisito, a rejeitar ideias de uma educação ambiental que alerte sobre os perigos de estarmos tomando um rumo insustentável, e talvez suicida para nossa espécie. Através da comunicação e da educação, em especial, temos aceitado algumas velhas e falsas ideias como verdadeiras e precisamos desconstruí-las se quisermos dar espaço para o novo. E as ferramentas são as mesmas, comunicação e educação. Por isso, não existem nem comunicação nem educação neutras. O atual modelo de sociedade é insustentável quando não só ignora os limites do Planeta, mas ignora também a justiça na distribuição dos recursos naturais. A questão não é apenas como crescer sem agredir o meio ambiente, mas como distribuir de maneira mais justa o resultado deste crescimento. Por outro lado, não basta apenas obter melhor distribuição de renda e recursos às custas de produzir esgotamento de ecossistemas, arrasar e poluir o planeta. O novo modelo de civilização precisará enfrentar o desafio de buscar um melhor equilíbrio entre crescimento, distribuição de riquezas e sustentabilidade socioambiental, com menos poluição e impacto ambiental. E isso não será fácil, não apenas por que nem todas as tecnologias já estão disponíveis, mas principalmente por que os corações e as mentes ainda estão bloqueados por falsas ideias de crescimento e de felicidade baseada em consumismo.

mai 2013 revista do meio ambiente

Não é a economia, o dinheiro, o lucro, o crescimento, as mercadorias que são importantes, mas a vida, a qualidade de vida, tanto de nós seres humanos quanto das demais espécies com as quais compartilhamos este Planeta. O atual modelo parece ignorar que a sociedade é maior que o mercado. Eric Assadourian, do WorldWatch Institute, elencou quatro princípios que sugerem uma nova economia, pelo menos nos apontam novas ideias e possibilidades. A educação ambiental deveria ser capaz de ao menos propor e promover este debate e reflexão. Precisamos transformar a indústria do consumo, tornando a ideia da vida sustentável tão natural quanto à ideia de consumir. Precisamos redistribuir os impostos, cobrando mais de indústrias que poluem, da publicidade (que fortalece o consumismo) e de quem ganha além do necessário para a sobrevivência básica. Precisamos reduzir as jornadas de trabalho, dando às pessoas mais tempo, redistribuindo riquezas e gerando mais empregos. Precisamos fortalecer a chamada “economia da plenitude”, em que as pessoas plantam mais para prover sua própria alimentação, cuidar de sua família e aprender novas habilidades. Se a educação ambiental não tem sozinha as ferramentas para promover as mudanças que a sociedade precisa, sem educação ambiental é que será ainda mais difícil à sociedade tomar consciência dos problemas que precisam de mudanças. * Vilmar é escritor e jornalista, fundou a Rebia - Rede Brasileira de Informação Ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente), e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas

O atual modelo de sociedade é insustentável quando não só ignora os limites do planeta, mas ignora também a justiça na distribuição dos recursos naturais. A questão não é apenas como crescer sem agredir o meio ambiente, mas como distribuir de maneira mais justa o resultado deste crescimento


“Vilmar tem o espírito do construtor de catedrais da idade média: começar, mesmo sabendo que a obra final outro é que vai ver”. [ Roberto Messias ]

Foto: Paulo Chafin

Cultura e comunicação para a sustentabilidade LEIA, PRESENTEIE, ADOTE OS LIVROS NA ESCOLA ESCRITOR VILMAR BERNA O escritor e jornalista Vilmar Berna está à disposição para contratação para palestras e consultorias, organização de eventos e projetos de comunicação e educação ambiental. Conheça e adote os livros do autor, na Paulus e Paulinas, e seus cursos à distância na UFF. Vilmar foi reconhecido, em 1999, pelas Organizações das Nações Unidas com o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, recebeu o Prêmio Verde das Américas. É fundador da Rebia (Rede Brasileira de Informação Ambiental) e editor (voluntário) da Revista do Meio Ambiente.

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Escritos em linguagem acessível e ilustrados, os livros abordam diversos temas de interesse da sociedade contemporânea. Saiba mais e veja como comprar ou adotar na escola: www.escritorvilmarberna.com.br/livros.html Construção da Pessoa, Ética e Felicidade

Educação e Cidadania Socioambiental

Meio Ambiente e Sustentabilidade

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Boas notícias

ambientais

Lixo retirado do leito do rio Imboaçu, em São Gonçalo (RJ)

Que o meio ambiente e o Planeta estão passando por uma crise ambiental sem precedentes, todo mundo sabe. Que o principal responsável por esta crise é nossa própria espécie, também. Não é preciso muito esforço para identificar problemas ambientais aqui e ali. Isso, a mídia de uma maneira geral faz com certa competência e honestidade. Assim como a divulgação dos problemas cumpre um importante papel – ao fazer avançar a consciência ambiental da sociedade, que, por sua vez passa a exigir mais e mais de empresas e autoridades – a divulgação das boas práticas transmite esperança e motivação para as mudanças que a sociedade quer e precisa fazer no rumo da sustentabilidade. Queremos divulgar o que está dando certo, o que está sendo feito efetivamente por governantes, empresários, comunidades, para solucionar problemas socioambientais e para isso precisamos e pedimos a ajuda de quem acredita que também é importante dar divulgação às boas práticas como estratégia para motivar a sociedade no rumo das mudanças para a sustentabilidade. Queremos mostrar as evidências dessas mudanças, o antes e o depois. Os sonhos são importantes, pois boas práticas costumam ser antecedidas por boas ideias, entretanto, sonhar apenas não é suficiente para mudar a realidade. E entre o ideal e o possível, quase sempre, é preciso abrir mão de sonhos, ajustar percepções, dialogar com os diferentes, nunca uma tarefa fácil, mas absolutamente necessária numa democracia. Dificuldades todos têm, mas onde alguns se contentam com desculpas para não fazer, outros arranjam um jeito de fazer. Graças a eles, a crise ambiental não está pior e talvez tenhamos evitado o colapso, até aqui. mai 2013 revista do meio ambiente

saogoncario.blogspot.com.br

Mudanças requerem esperança

Ascom SEA

texto Vilmar Sidnei Demamam Berna* (www.escritorvilmarberna.com.br)

8 meio ambiente urbano

Reunião da prefeitura de São Gonçalo (RJ) com a presidente do INEA, Marilene Ramos, para discutir as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na cidade

“O maior programa de saneamento

já realizado O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, participou da solenidade que marcou o início das obras em companhia da presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos. Segundo Minc, as intervenções na segunda maior cidade do Estado em densidade populacional – quinta na escala de desenvolvimento econômico, mas apenas a 22ª em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) devido aos baixos níveis de saneamento – são comparadas às do Projeto Iguaçu, na Baixada Fluminense. “Estamos trazendo para São Gonçalo os mesmos resultados que conseguimos na Baixada Fluminense onde, há quatro anos, o Inea realiza o Projeto Iguaçu, o maior programa de saneamento e de recuperação ambiental já realizado no estado. Esse projeto é um dos maiores em destinação de recursos do PAC, e que encerrou um ciclo de décadas de sucessivas tragédias causadas pelas enchentes a cada verão”, afirmou Minc, que ressaltou, ainda, a importância da iniciativa: “Planos semelhantes de controle de inundações e de recuperação ambiental já minimizaram as consequências causadas pelas chuvas em municípios como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João do Meriti, Nilópolis, Mesquita, Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, São João da Barra, Quissamã, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Nessas cidades, intervenções hidráulicas, de desassoreamento e urbanização reduziram os transbordamentos de rios e canais”. A presidente do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), Profª Marilene Ramos, explicou que as intervenções do PAC de São Gonçalo no Rio Imboaçu irão minimizar as enchentes urbanas na bacia deste rio, através da elaboração de estudos e projetos e execução de obras de macro e mesodrenagem, obras de canalização, substituição de travessias, proteção de margens, recomposição de diques de proteção hidráulica e desassoreamento.


Avenida Édson, antes e depois do desassoreamento e limpeza

e de recuperação ambiental

no Estado” Entre os serviços contratados estão o desassoreamento de 7,7 Km do Rio Imboaçu; a desobstrução e alargamento da calha do rio Imboaçu com a dragagem de 250 mil metros cúbicos de resíduos; a substituição de pontes e travessias que represam o rio; a urbanização das margens com construção de ciclovias, calçadas, vias de acesso; ações de educação e conscientização ambiental na comunidade do entorno da obra; a melhoria no paisagismo das comunidades por onde passa o Rio Imboaçu.

Informações sobre o projeto e execução de macrodrenagem da bacia do Rio Imboaçu para controle de enchentes:

• Intervenção no canal (extensão): 7,7 Km • Desapropriações: - 600 lotes (estimado), sendo 400 lotes de obra hidráulica e 200 lotes de sistema viário • Travessias: 4 • Urbanização: Parques Fluviais • Viário (sinalização vertical e horizontal): - Ciclovias: 3,6 Km - Pavimentação Asfáltica: 5,7 Km • Esgoto (Coletor Tronco): 5,5 Km • Estrutura de controle de inundação: - Vertedouro para Reservatório de Amortização das Chuvas - Beneficiamento de mais famílias (Bairro Lindo Parque) • Galerias para desvio de contribuição: - Margem Direita: 1,2 Km - Margem Esquerda:1,3 Km

Investimentos da Sea/Inea em São Gonçalo priorizam a recuperação das bacias dos rios Alcântara e Imboaçu, que fazem parte da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara, incluindo saneamento e a realocação de populações em área de risco de inundações

texto Vilmar Berna, em colaboração com Ascom SEA/INEA e Vitor Carletti (Comunicação Social Odebrecht)

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“O foco das intervenções são as pessoas” “O reassentamento das famílias cadastradas será feito com total respeito e carinho, e para moradias melhores que as atuais. O foco das intervenções são as pessoas. Estamos chegando para melhorar a qualidade de vida da população, proporcionando locais de convivência e, inclusive, gerando empregos e renda, já que será contratada mão de obra local para as intervenções”, tranquilizou Minc. Lixômetro No 1º mês de obra, o setor de produção da Odebrecht, empresa vencedora da licitação, criou o lixômetro, ferramenta inserida no informativo interno que mede a quantidade de lixo retirado do leito do rio Imboaçu e que poderá ser utilizado pelo Inea nas campanhas de conscientização ambiental nas comunidades do entorno. O engenheiro João Carlos Grilo Carletti, supervisor do Contrato pelo Inea, informou que o plano de trabalho apresentado a Caixa Econômica Federal corresponde a um valor de R$ 87.832.257,32 e que a contrapartida do Estado é de R$ 7.497.405,27. O tempo estimado para conclusão das obras é 18 meses.

revista do meio ambiente mai 2013


10 notícias ambientais

Acordo de cooperação firmado em 3 de maio entre as secretarias de Estado do Ambiente e de Educação ampliou a execução de dois programas bem-sucedidos na área de educação ambiental: o Elos da Cidadania e o Nas Ondas do Ambiente, que em seis anos já formaram mais de 6 mil cursistas, entre alunos e professores da rede estadual de ensino. Com o termo de cooperação técnica entre as duas secretarias, assinado pelos secretários do Ambiente, Carlos Minc, e o de Educação, Wilson Risolia, os dois projetos terão seus conteúdos aprofundados e sua carga horária aumentada. O programa Elos da Cidadania, por exemplo, que inicialmente levava às escolas debates gerais sobre as questões socioambientais, buscando soluções coletivas para os problemas identificados, nessa nova fase vai tratar especificamente sobre água e floresta. Em áreas com risco de acidentes e desastres naturais, como na Região Serrana, o conteúdo vai abranger também o enfrentamento dessas catástrofes e a preservação das encostas e de áreas de preservação permanente. Já o Nas Ondas do Ambiente, que incentiva ações de educação ambiental na rede pública de ensino, com o apoio de rede de rádios comunitárias, vai dobrar a sua carga horária. O curso presencial de técnicas radiofônicas e temas socioambientais passará de 40 horas para 80 horas. Nos dois programas desenvolvidos pela Secretaria do Ambiente (SEA), com o apoio da Secretaria de Educação (Seeduc) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), já foram investidos R$ 8 milhões do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam). A previsão é de que até 2014 mais R$ 6 milhões sejam alocados nesses programas. A partir do termo de cooperação técnica, a cada dois meses uma escola – que se destacar pela sua originalidade ou capacidade de intervir na sua comunidade – deverá ser visitada pelos secretários do Ambiente e de Educação e por um diretor da Uerj. O secretário Carlos Minc lembrou que a aprovação da Lei da Educação Ambiental (nº 3.325/99), de sua autoria, que criou a Política Estadual de Educação Ambiental, estimulou o desenvolvimento de projetos nas escolas e comunidades, como o Elos da Cidadania e o Nas Ondas do Ambiente. “Todo mundo diz que é a favor da educação ambiental. Mas para colocá-la em prática, era preciso ter um instrumento legal, parcerias e dinheiro. Fiz a lei em 1999, e quando assumi no Governo do Estado, fizemos a legislação valer, reservando recursos do Fecam e criando uma superintendência específica para a pasta, que hoje é coordenada pela Lara Moutinho”, disse Minc. Para o secretário de Educação, Wilson Risolia, o sucesso dos programas está no fato da gestão ser compartilhada com a SEA e com a Uerj: “Nós temos o público alvo – professores, alunos e pais –, a SEA, o conhecimento sobre meio ambiente e a Uerj, a capacidade de organizar. Acima de gestores, somos cidadãos e temos responsabilidade de formar os jovens”, afirmou Risolia, lembrando que foi o seu filho de 18 anos quem o ensinou que pilhas usadas devem ser descartadas em lixo especial.

Ascom SEA

Secretarias do Ambiente e de Educação fortalecem educação ambiental em escolas

Programa Sena Limpa

Plano Guanabara Limpa reúne 12 ações do Governo do Estado para o saneamento de 80% da Baía de Guanabara até os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016 Parte fundamental do Pacto pelo Saneamento, o Plano Guanabara Limpa reúne 12 iniciativas do Governo do Estado para a recuperação ambiental da Baía de Guanabara – tendo como carro-chefe o Programa de Saneamento dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (Psam). Faz parte dos compromissos olímpicos assumidos pelo Governo do Estado com o Comitê Olímpico Internacional (COI) para a realização das Olimpíadas do Rio a meta de se alcançar o saneamento de 80% da Baía de Guanabara até 2016. Com a conclusão dessas 12 ações ambientais planejadas pelo atual Governo do Estado, cerca de 80% do esgoto despejado na Baía de Guanabara estará recebendo tratamento adequado até a realização das Olimpíadas do Rio, em 2016: • Programa de Saneamento dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara • Ampliação dos Sistemas de Tratamento de Esgoto • Programa Lixão Zero • Programa de Revitalização do Canal do Fundão • TAC da Reduc • Programa de Implantação de Unidades de Tratamento de Rio (UTRs) • Projeto Iguaçu • Programa Sena Limpa • Reflorestamento do Entorno da Baía de Guanabara • Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) • Ecobarreiras • Recuperação do Canal de São Lourenço. Conheça os detalhes de cada plano em: www.rj.gov.br/ web/sea/exibeconteudo?article-id=1499294

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Dia Mundial do Meio Ambiente ganha site em português O site do Dia Mundial do Meio Ambiente (WED, na sigla em inglês) está disponível em português no portal do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Na página, é possível se informar sobre o tema deste ano, intitulado “Pensar.Comer.Conservar – Diga Não ao Desperdício” – além de saber mais sobre a Mongólia, país-sede da celebração em 2013. O WED é comemorado no dia 5 de junho. A página também oferece materiais de informação e dicas de como organizar uma celebração do WED. É possível registrar as atividades locais na página do Pnuma, garantindo uma visibilidade global junto a ações em todo o mundo. O site está integrado com as redes sociais e trará também artigos e outros textos sobre questões relacionadas ao desperdício de alimentos. Lançada pelo Pnuma em parceira com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a campanha Pensar.Comer.Conservar alerta para a enorme quantidade de comida própria para o consumo que é desperdiçada no mundo. O português é o único idioma não-oficial da ONU para qual o site foi traduzido.

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Meio Ambiente não precisa ser problema para o progresso. Pode até ser a solução.

FoNtE: IBAhIA.CoM

Para saber mais sobre o WED: www.unep.org/portuguese/wed/

Mega operação apreende 15 balões e detém baloeiros no Rio

www.cestaambiental.com.br

Quinze balões de pequeno e médio portes e quatro embarcações foram apreendidos e 16 pessoas detidas numa megaoperação realizada hoje (12/05), na região Metropolitana do Rio e na Baía de Guanabara, pela Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais da Secretaria de Estado do Ambiente (Cicca/SEA). O objetivo era combater a soltura de balões e prender os responsáveis pela prática deste crime ambiental, muito comum nesta época do ano, especialmente no Dia das Mães, e enquadrado na Lei de Crimes Ambientais 9605/98. A megaoperação mobilizou 60 pessoas, entre policiais militares, do Comando de Polícia Ambiental da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (CPAm/DPMA) e fiscais do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Foram utilizados dois botes do Grupo Marítimo da Polícia Militar, um helicóptero da Polícia Militar, uma lancha e um bote do Inea. Os detidos foram encaminhados para a DPMA, localizada em São Cristovão, na Zona Norte do Rio, onde foram autuados e podem ser condenados a penas que variam entre um a três anos de prisão. A multa é entre R$ 1 mil e R$ 10 mil por pessoa. A secretária de Estado do Ambiente interina e presidente do Inea, Marilene Ramos, elogiou a ação da Cicca contra os baloeiros e solicitou ajuda à população para que denuncie esta prática criminosa pelo telefone 2253-1157. O chefe da operação e coordenador da Cicca, José Maurício Padrone, considerou um sucesso a ação deflagrada às 5 horas da manhã e constatou que “este ano não ocorreram grandes festivais de balões, como acontece todos os anos no Dia das Mães, em função do trabalho de educação ambiental realizado pelo governo do Estado”. Segundo ele, as solturas de balões tem sido pontuais. revista do meio ambiente mai 2013


Chapada Diamantina: área ocupada pelo único bioma nacional

Caetano Lacerda (sxc.hu)

texto Serviço Florestal Brasileiro (SFB)

12 capa

caatinga Em defesa da

MMA financiará projetos para preservar o único bioma exclusivamente brasileiro

O Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF), do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), e o Fundo Clima, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), lançaram dia 17 de maio duas chamadas de projetos que visam fortalecer o uso sustentável da Caatinga. Com isso, pretende-se contribuir para a manutenção do bioma, o único exclusivamente brasileiro e que conta com cerca de 53% de sua cobertura original. A primeira chamada é voltada a associações e cooperativas de assentamentos da reforma agrária e do Programa Nacional do Crédito Fundiário e vai apoiar a realização do manejo florestal sustentável, instrumento que permite obter lenha, carvão, frutos, estacas e forragem mantendo a vegetação e a biodiversidade. Os projetos selecionados receberão assistência para a elaboração e implementação do plano de manejo – documento que planeja e organiza a extração sustentável e deve ser aprovado no órgão ambiental – e também para a formulação do plano de negócios e acesso a crédito. Podem participar pequenos produtores rurais do Ceará e do Piauí. “A Caatinga é a melhor aliada do produtor rural do semiárido. O fomento ao seu uso eco-

mai 2013 revista do meio ambiente

nômico sustentável é chave para melhorar a renda desse produtor, garantir sua permanência na terra, abastecer o mercado com produtos legais e inibir o avanço da desertificação”, afirma a diretora de Fomento e Inclusão do SFB, Claudia Azevedo-Ramos. Extensionistas Na segunda chamada, o foco são as instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos que realizam assistência técnica e extensão rural (Ater). Será oferecida capacitação em manejo florestal comunitário, abrangendo temas como organização social, técnicas de manejo e licenciamento. Os candidatos devem atuar na Caatinga da região Nordeste. “O aumento da demanda pelo manejo florestal na Caatinga requer agentes de Ater qualificados para atuar no tema, o que nos levou a lançar esta chamada”, diz o coordenador do Centro Nacional de Apoio ao Manejo Florestal (Cenaflor/SFB), Mauricio Marcon. Os interessados têm até o dia 16 de junho para encaminharem seus projetos por meio de um formulário eletrônico disponível no site do SFB. Essas propostas serão avaliadas e classificadas pelo SFB, que após concluir essa etapa, fará licitação pública para contratar instituições especializadas em cada tema, que executarão os serviços àqueles que tiveram seus projetos selecionados. Atualmente, o apoio do FNDF na Caatinga envolve mais de 1.000 famílias em assentamentos para o manejo florestal comunitário em cerca de 10 mil hectares. Estudos realizados com comunidades beneficiadas mostraram que o manejo chega a gerar R$ 8.400 de renda no ano por família, com a manutenção da vegetação, proporcionando aumento de renda e conservação de mais de 50% da cobertura florestal dos assentamentos. Fonte: mma


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Exploração predatória ameaça caatinga, lar do tatu-bola,

Único bioma exclusivamente brasileiro, a caatinga vê sua riqueza ambiental dilapidada pelo uso predatório dos recursos naturais, que ameaça espécies como o tatu-bola, mascote da Copa do Mundo de 2014. O alerta foi feito por um especialista que há 15 anos estuda este ecossistema, às vésperas do Dia Nacional da Caatinga, comemorado em 28 de abril. “A caatinga é o patinho feio dos biomas brasileiros. É o menos conhecido e recebe menor investimento público. Isto se deve à visão de que é um ecossistema pobre, quando, na verdade, é diverso e tem muitas espécies endêmicas” que só existem lá, explicou à AFP o engenheiro-agrônomo e doutor em Ecologia Marcelo Tabarelli, professor da Universidade Federal de Pernambuco. Segundo dados oficiais, a caatinga se estende por 9 estados do nordeste brasileiro (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Sergipe) até o norte de Minas Gerais, no Sudeste do país. Ocupa 844.453 quilômetros quadrados, área superior aos territórios de França, Reino Unido e Suíça somados; e o bioma abriga 932 espécies de plantas, 178 de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 de anfíbios e 241 de peixes. Segundo Tabarelli, algumas espécies foram extintas, como a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), e outras estão ameaçadas, como o tatu-bola (Tolypeutes tricinctos). Na região vivem 27 milhões de pessoas e a grande maioria sobrevive de agropecuária de subsistência. Feijão e milho são os principais cultivos e na criação de animais predomina o rebanho caprino. Uso inadequado do solo, consumo de lenha nativa em residências e indústrias e desmatamento para dar lugar à agropecuária são as principais agressões à caatinga. Consequentemente, 46% do bioma foram desmatados, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

mascote da copa

Márcio Motta (Flickr Commons)

Uso inadequado do solo, consumo de lenha nativa em residências e indústrias e desmatamento para dar lugar à agropecuária são as principais agressões à caatinga

O tatu-bola estilizado Fuleco, mascote da Copa 2014, no Brasil

“Falta planejamento no uso dos recursos naturais da caatinga. A população depende deles, mas sem uso planejado, observa-se a repetição do círculo degradação do solo/pobreza”, relatou Tabarelli, consultor do Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Tabarelli criticou a falta de investimentos em pesquisas e de unidades de conservação integral na caatinga, que apesar de importantes para preservá-la, protegem apenas 1% do bioma. “As ações (oficiais) têm sido pontuais, falta uma política de desenvolvimento sustentável”, lamentou. Para ele, são prioridades da região criar novas unidades de conservação, promover o ecoturismo e melhorar as atividades produtivas, com agropecuária sustentável substituindo o extrativismo (exploração do solo sem reposição dos nutrientes). No Dia Nacional da Caatinga, celebrado este domingo, Tabarelli acredita ser possível salvar o bioma. “Já se sabe como produzir de forma sustentável na caatinga, mas esta informação precisa chegar ao produtor. É preciso investir em educação, em transferência tecnológica. O problema não é o gargalo tecnológico, mas a vontade política”, concluiu. Fonte: uol ciência

revista do meio ambiente mai 2013


Pesquisa da Universidade de Harvard concluiu que, no período estudado, as empresas sustentáveis deram muito mais lucro do que as não sustentáveis Uma pergunta que sempre aparece nos debates sobre empresas e sustentabilidade é: empresa sustentável dá lucro? E, afinal, o que é uma empresa sustentável? Muitos especialistas, consultorias e até órgãos da ONU já tentaram provar que sustentabilidade dá lucro. Mas, as respostas foram muito amplas, ou seja, mostraram o valor da biodiversidade ou das consequências das mudanças climáticas. Não chegaram ao cerne da questão, que é provar ao empresário que uma empresa sustentável não só garante licença para operar como dá lucro. Pois um departamento da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, resolveu pesquisar as empresas para verificar se sustentabilidade dá lucro ou não. Harvard partiu da premissa de que empresa sustentável é aquela que tem uma “cultura de sustentabilidade” internalizada na estratégia e nas operações do negócio. A conclusão: num período de 18 anos, uma empresa sustentável deu muito mais lucro do que uma empresa não sustentável. Vamos ver como se chegou a essa conclusão. Quantas empresas possuem cultura de sustentabilidade? Para responder a essa pergunta, a universidade pesquisou as listas de vários índices de bolsas de valores e verificou quantas políticas sustentáveis as empresas listadas declaram. Enumerou 27 políticas, entre ambientais, sociais e de governança, tais como: conduta ética perante os funcionários, a comunidade, fornecedores e clientes; adesão a pactos nacionais e internacionais de integridade; adoção de práticas promotoras da diversidade e da igualdade de oportunidades na empresa; respeito aos direitos humanos, tanto com empregados quanto com a comunidade e outros públicos de interesse; redução das emissões de carbono; programas de eficiência hídrica e energética; programa de reciclagem de resíduos; programa de inovação para diminuir consumo de recursos naturais; políticas para garantir liberdade de associação aos funcionários; e salários dignos. Em seguida, Harvard selecionou empresas que tivessem instituídas pelo menos três

mai 2013 revista do meio ambiente

Afinal, empresa sustentável

dá lucro? Mompes (sxc.hu)

texto Jorge Abrahão*

14 sustentabilidade

dessas políticas entre 2003 e 2005, eliminando, de antemão, as instituições financeiras. Encontrou 675 empresas. Para verificar quais delas realmente possuem uma “cultura corporativa de sustentabilidade”, Harvard estabeleceu um ranking dessas empresas, pela média ponderada das políticas de sustentabilidade adotadas. A ponderação foi feita pela quantidade de políticas existentes em relação ao tempo em que elas foram instituídas na empresa. Quanto mais políticas e mais tempo de instituição, melhor a posição no ranking. Para validar essa avaliação ponderada, a análise das empresas foi completada por dados retirados de relatórios, sites e outras publicações, bem como por entrevistas com executivos. Estabelecido o resultado, Harvard dividiu as empresas em dois grupos de 90 empresas cada: o primeiro, com as 90 mais bem colocadas no ranking, foi denominado “Alta Sustentabilidade” e constituído por aquelas companhias que adotaram mais de dez das 27 políticas enumeradas, ainda nos anos 1990. O outro grupo, chamado “Baixa Sustentabilidade”, identificou aquelas corporações que adotaram menos de quatro políticas nos anos 2000 e nenhuma nos anos 1990. Empresa de alta sustentabilidade tem desempenho melhor do que a de baixa sustentabilidade Para verificar o desempenho das empresas, Harvard estudou o setor, o porte e a estrutura de capital de cada uma delas. Completou essa análise com os resultados de uma pesquisa feita em bolsas de valores, averiguando o desempenho obtido nos últimos 18 anos (entre 1992 e 2010). O resultado foi o seguinte: • As 90 empresas de alta sustentabilidade apresentaram melhores taxas de retorno, num período de 18 anos; • O patrimônio de uma empresa de alta sustentabilidade valorizou 33 vezes em 18 anos; o de uma empresa de baixa sustentabilidade, 26 vezes. • O retorno de uma empresa de alta sustentabilidade em 2010 foi de sete vezes o valor investido em 1992; o de uma empresa de baixa sustentabilidade foi de 3,5 vezes.


15

Por que as empresas de alta sustentabilidade tiveram esse desempenho? De acordo com Harvard, esse desempenho tem a ver com o perfil dessas empresas. Elas possuem uma governança distinta, baseada nos seguintes pressupostos: • Têm foco no engajamento de públicos de interesse (stakeholders). • Estabelecem processo de diálogo formal com esses públicos e, com isso: • Identificam os critérios de engajamento para cada público, bem como suas necessidades e demandas; • Conseguem levantar riscos e oportunidades para o negócio; • Reconhecem os públicos-chave para a empresa; • Treinam executivos para engajar esses públicos; • Criam valor compartilhado, por atender tais demandas; • Atuam com proatividade e transparência; • Orientam investimentos para o longo prazo, isto é, para processos, produtos e serviços de supram as demandas por qualidade e segurança socioambiental, além da financeira; • A sustentabilidade é responsabilidade expressa da diretoria; • Mantêm um comitê de sustentabilidade que tem por tarefa orientar os executivos quanto às políticas de sustentabilidade e resultados esperados, bem como estabelecer comunicação com os públicos de interesse; • O sistema de compensação da liderança está atrelado tanto ao desempenho financeiro quanto à consecução de metas não financeiras ligadas aos indicadores-chave das políticas de sustentabilidade; • Boa parte dos investidores ou acionistas é orientada pelos resultados de longo prazo; • A tomada de decisões é baseada em dados da concorrência e do mercado, bem como nas informações relativas a stakeholders, devidamente auditadas por firmas independentes. Estudos como esse de Harvard mostram que a sustentabilidade dá lucro, ao contrário do senso comum atual. Quanto antes governos e empresas acordarem para essa realidade, mais rápido poderemos construir o desenvolvimento sustentável que desejamos. *Jorge Abrahão é presidente do Instituto Ethos FOnte: Instituto ethos

Cenibra

Analisando a evolução do valor das empresas ano a ano, também é possível verificar que, mesmo em momentos de queda nas bolsas, a desvalorização das empresas de alta sustentabilidade foi significativamente menor do que a das empresas de baixa sustentabilidade.

Escola de vida

Projeto de educação ambiental da Cenibra dá exemplo de boas práticas ambientais

O manejo florestal praticado pela Cenibra vem demonstrando que é compatível com a conservação da biodiversidade da região. Além da proteção às matas nativas, diversos mamíferos e aves são comumente observados nas plantações de eucalipto, atestando que estas áreas de produção são também importantes territórios utilizados pela fauna. No final de 2012, funcionários da DAP Engenharia Florestal encontraram um tamanduá abraçado a uma árvore de eucalipto, em uma floresta plantada da Cenibra. A espécie, que tem o nome científico Tamandua tetradactyla e é da mesma família do tamanduábandeira que habita o cerrado, é importante para o equilíbrio ecológico, pois se alimenta de formigas, uma das principais pragas das plantações de eucalipto. A Cenibra monitora a biodiversidade de fauna e flora em suas propriedades e este monitoramento vem atestando cada vez mais a eficácia das boas práticas adotadas no campo. Em julho de 2012, duas antas foram avistadas e fotografadas pela equipe. Assim como o tamanduá, a anta é também ameaçada de extinção e a presença de tais espécies é um indicativo da importância dos corredores ecológicos mantidos nas áreas da empresa para a conservação da biodiversidade regional. A Cenibra inicia edição 2013 do Projeto de Educação Ambiental – Escola de Vida. Neste ano, a iniciativa contemplará 100 professores dos municípios de Belo Oriente e Periquito. O objetivo do Escola de Vida é disseminar a consciência ambiental e a valorização da natureza. Desenvolvido desde 1996, juntamente com a Fundação Relictos, o Projeto consiste na capacitação de professores do 1º ao 6º ano das séries iniciais do ensino fundamental das escolas localizadas nos municípios de atuação da Cenibra, ao longo de um ano, por meio da discussão e desenvolvimento de conceitos sobre o meio ambiente e métodos de sensibilização e divulgação junto aos estudantes. O Projeto é desenvolvido em módulos com temas distintos, que são realizados, durante o ano sob a forma de seminários. Dentre os temas abordados estão: Os seres vivos em seu próprio direito; Ecologia e Saúde Integrais; Ecologia do Cotidiano: A escola e a comunidade; Ética e direitos humanos; Água, mudanças climáticas e biodiversidade; Aspectos Ambientais, Econômicos e Sociais do Cultivo do Eucalipto. Desde a implantação, foram capacitados 1.863 professores de 330 escolas sediadas nos municípios onde a Cenibra atua. Os educadores tornam-se multiplicadores. Fonte: Cenibra

revista do meio ambiente mai 2013


texto Lara Ely (Zero Hora)

16 educação ambiental

O que torna as pessoas tão sensíveis ou

indiferentes à natureza? Diferentemente do que aconteceu com a boate Kiss e suas 241 vítimas, em Santa Maria, espera-se que não seja necessário chegar a piores consequências para que se adquira consciência sobre o cuidado com o planeta O caso em questão traz a reflexão sobre o que torna as pessoas tão sensíveis ou indiferentes ao cuidado com a natureza. Fanatismo? Paixão? Ideologia? Oportunidade de mercado? Cientificismo? Não é de hoje que a pauta ambiental divide ardorosos e polêmicos embates mesmo entre os menos politizados. É como Gre-Nal: todo mundo tem uma posição. Mas por que a maioria, mesmo simpatizantes da causa, precisa de um estopim para se mobilizar pela defesa do verde? “É impossível ser ecologicamente sustentável se a pessoa visa apenas ao enriquecimento próprio. O Estado é cheio de pessoas assim, que pensam apenas em si. Há muita retórica e pouco comprometimento prático. Só vai haver sustentabilidade ecológica se as pessoas se dispuserem a evoluir como seres humanos, e isso passa por uma reforma individual. Em geral, as pessoas não são educadas para estes valores humanos, e sim para valores competitivos”, diz o filósofo e ecologista Vicente Medaglia, da ONG Ingá Estudos Ambientais. Essa crise de valores por parte dos cidadãos e dos gestores causa impactos de várias matizes. Do problema do trânsito congestionado à falta de estacionamentos. Do alagamento das ruas em dia de temporal às doenças respiratórias causadas pela poluição atmosférica. Passa também pela diminuição do verde e pelo aquecimento das metrópoles, pela verticalização das construções, pela falta de balneabilidade do rio, pelo gosto ruim da água, pelo lixo jogado no arroio, pela insegurança dos parques. E por aí segue uma longa lista de consequências que nascem do “não tenho nada a ver com isso” e acabam virando um angustiante “quem irá resolver?”. O imediatismo e a falta de mobilização – a não ser diante de catástrofes – fazem o brasileiro negligenciar medidas preventivas. Na visão do biólogo e doutor em ecologia Paulo Brack, a sensibilidade das pessoas pode ter sido absorvida pelo consumo. Para ele, há um deslumbramento em relação ao crescimento econômico. Com a ascensão da classe C e a blindagem do Brasil à crise econômica, o país teve um aumento do consumo e o consequente agravamento dos problemas ambientais”. O símbolo máximo desse quadro seria o automóvel, cuja aquisição foi facilitada pelo governo com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “Ficamos com as ruas abarrotadas de carros e mais poluição. O governo faz vista grossa para o que deveria estar em primeira mão”, diz Brack. Na contramão dessa tendência, muitos gaúchos vêm tentando aplicar medidas efetivas. Os ciclistas, por exemplo, deixaram de esperar uma solução pronta, e estão pedalando por um mundo melhor, dando exemplo sobre mudanças de hábito. É dessa forma, com atitudes singelas, que Brack acredita na contribuição para um mundo mais sustentável. Embora não se fale muito, a questão ecológica toca também o aspecto humano. E o resgate de valores, segundo ele, faz parte de uma revolução interna, que a própria esquerda parece ter deixado de por em prática. Inúmeras são as questões na atualidade que demonstram a falta de lugar da sustentabilidade na sociedade contemporânea. Ela é uma questão de todos e de ninguém. Falar a sério sobre água, biodiversidade, clima, energia, ali-

mai 2013 revista do meio ambiente

mentos orgânicos, agricultura, qualidade do ar, poluição, preservação das espécies, é algo que as pessoas preferem não fazer no seu dia a dia. “A questão ambiental é bonita nos comerciais de TV, no cinema ou nos livros. Quando sai do discurso e entra na prática, torna-se muito mais complexa. As pessoas gostam da natureza, mas quando vão para ela, não querem aquilo que ela proporciona”, observa Luis Felipe Nascimento, do programa de pós-graduação em administração da UFRGS. Um dos fatores pelos quais muitos evitam se preocupar com o tema é a gratuidade dos recursos naturais. Na maior parte das vezes, o bem natural é público, e pode ser usado por todos. Por isso, explica Nascimento, muitos delegam para o Estado o cuidado com o verde. O problema é que dentro das estruturas do próprio Estado, o tema também é posto de lado. “Invariavelmente, a área socioambiental é ignorada pelos governos – explica, acrescentando que é comum não se escalar as pessoas mais qualificadas ou aportar os recursos necessários para a pasta. Nascimento espera que se tire uma lição das denúncias da Operação Concutare. Diferentemente do que aconteceu com a boate Kiss e suas 241 vítimas, em Santa Maria, ele deseja que não seja necessário chegar a piores consequências para que se adquira consciência sobre o cuidado com o planeta. FOnte: instituto humanitas unisinos

Nota Rebia

Os secretários de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Carlos Niedersberg, e de Porto Alegre, Luiz Fernando Záchia, foram presos na madrugada de 29/4 durante operação deflagrada pela Polícia Fedceral (PF). Até as 10h, 16 pessoas também haviam sido detidas, em caráter temporário, pela mesma operação. Entre os presos está o ex-secretário estadual de Meio Ambiente e ex-deputado estadual, Berfran Rosado. Segundo a PF, o grupo criminoso identificado durante as investigações iniciadas em junho de 2012 é formado por servidores públicos, consultores ambientais e empresários. Eles são acusados de atuar em órgãos de controle ambiental estaduais e municipais para obter ou conceder, ilegalmente, licenças ambientais e autorizações para exploração mineral. A operação contra os crimes ambientais e contra a administração pública, além de lavagem de dinheiro, foi chamada de Concutare – termo latim que significa concussão: prática de exigir dinheiro indevido ou vantagens, valendo-se da função ocupada.


nn

viúvas do

para Garantir a cOlheita e aumentar a prOdutividade, passOu-se a usar O aGrOtóxicO, que alGuns chamam de deFensivO químicO Ou aGrOquímicO. O venenO usadO para matar praGas nas lavOuras cheGa cOm FOrça aO ser humanO e aO meiO amBiente quantO maiOr e mais indiscriminadO é O seu usO. Mortes silenciosas passam a ocorrer nos campos agrícolas brasileiros e fora deles. Assim foi com Valderi, Wanderlei, Rosália, Liberato e Antônio. Estes são alguns entre milhares de nomes registrados pelo Sistema Nacional de Informações Toxicológicas (Sinitox) com óbitos por agrotóxico agrícola. São trabalhadores rurais do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Bahia, que conhecemos após percorrer quase 6 mil quilômetros. Os seus últimos anos de vida são narrados pelas esposas, as “viúvas do veneno”. Entre as vítimas incluímos Rosália, que lavava diariamente as roupas do marido sujas de veneno. Morreu de leucemia. Deixou três filhos e Marizaldo, o viúvo desta série. Maria da Conceição cuidou dos últimos dez anos de vida de Valderi. Mas os cinco últimos valeram por outros dez. O agricultor foi perdendo partes do corpo. A reportagem conheceu Valderi logo após ele perder os primeiros dedos do pé, em 2005. Fizemos também a sua última foto em vida, em 2008. Esta série especial não começa agora, mas há sete anos, em Limoeiro do Norte, cidade de José Maria Filho, uma das fontes exclusivas entre os moradores e lideranças na Chapada do Apodi. Sabíamos, dois anos antes, das ameaças de morte que sofria por denunciar a pulverização aérea onde hoje está um dos maiores polos fruticultores do Nordeste. Mesmo assim, ele insistia em não se calar. Quando foi assassinado, a comunidade de Zé Maria não se calou e os cientistas constataram as doenças causadas pelo veneno denunciado. A partir de amanhã, e até domingo, acontece a Semana Zé Maria do Tomé. Serão dias de protestos pela causa ambiental. O Brasil é, há mais de quatro anos, o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Somente em 2011 circularam cerca de US$ 8,9 bilhões no comércio de veneno, dominado por nove empresas fabricantes que não concorrem entre si, pois, para cada cultura, uma delas produz um ou vários venenos específicos. Em todo o País, foram confirmadas 171 mortes por agrotóxico agrícola somente em 2010, ano mais recente levantado pelo Sistema Nacional de Informações Toxicológicas. Mas a subnotificação é um dos grandes imbróglios neste setor. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada caso notificado, existem outros 40 que não são. E de quem é a culpa? Do modelo agrícola, da desinformação do trabalhador, do lobby dos fabricantes de venenos, da venda a qualquer custo? Desde a “revolução verde”, há 50 anos, não se falou tanto em agrotóxicos no Brasil quanto nestas primeiras décadas do século XXI. “Delicado”, “espinhoso”, “polêmico”, “necessário” são alguns adjetivos dados ao assunto, não importa qual opinião se tenha. No meio disso tudo, um fato: mais pessoas estão morrendo, o solo e a água estão com maiores teores de produtos químicos. Tudo de uma forma silenciosa, só definida com o tempo. Estivemos também em Campinas (SP) reunidos com autoridades do agronegócio e representantes do segmento fabricante de agrotóxicos. Enquanto tudo isso, o mundo corre para garantir a segurança alimentar para 9 bilhões de pessoas até 2050. Há respostas de cunho político, econômico, social ou científico. Todas elas são consideradas nesta série especial produzida pelo Diário do Nordeste. FoNtE: DIÁRIo Do NoRDEStE

ecologia humana 17

O Brasil é, há mais de quatro anos, o maior consumidor mundial de agrotóxicos: foram confirmadas 171 mortes por agrotóxico agrícola somente em 2010 no país. para a Oms, a cada caso notificado, existem outros 40 que não são

Cenas das reportagens feitas pelo Diário do Nordeste Confira mais matérias em: http://diariodonordeste. globo.com/materia.asp?codigo=1255561 revista do meio ambiente mai 2013




20 meio ambiente e saúde

água de torneira

pode conter menos bactérias que a água mineral

Konstanty Paluchowski (sxc.hu)

Pesquisa avaliou a qualidade de três marcas de água mineral e detectou níveis preocupantes de contaminação antes do vencimento

Estudo revela que água de torneira pode conter menos bactérias que o índice encontrado em embalagens de água mineral. A pesquisa avaliou a qualidade de três marcas de água mineral e detectou níveis preocupantes de bactérias em galões de 20 litros antes do vencimento do prazo de validade. Em alguns casos, isso ocorreu já nos primeiros dias após o envase. Os números são resultado do trabalho da pesquisadora Maria Fernanda Falcone Dias, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp em Araraquara. Ela analisou o conteúdo de garrafas de meio litro e de 1,5 litro em 11 ocasiões ao longo de um ano, prazo recomendado para o consumo. Já os garrafões de 20 litros passaram por cinco testes, realizados ao longo dos 60 dias de validade do produto. Ao todo, foram 324 amostras de seis marcas (não relevadas pelos autores). Além da contagem de micro-organismos Heteretróficos em Placa (CHP), foram analisados os índices de coliformes fecais e totais e de bactérias como a Escherichia coli e a Pseudomonas aeruginosa, que podem causar diarreia e infecções, principalmente em crianças, gestantes e idosos. Os resultados mostraram que, dos três tipos de garrafa d’água, o de 20 litros foi o que apresentou mais problemas de contaminação. Em dois terços dos 60 garrafões analisados foi encontrada contagem superior a 500 UFC/ml – às vezes chegando a 560 mil unidades formadoras de colônia por mililitro de água (UFC/ml), mais de mil vezes acima do padrão aceitável para a água de abastecimento. mai 2013 revista do meio ambiente

Em dois desses galões foram detectadas ainda a bactéria P. aeruginosa e outras do chamado grupo dos enterococos. A primeira é um ser oportunista que pode agravar o estado de saúde de quem tem o sistema imunológico comprometido. As últimas costumam ser usadas como indicadores de contaminação por esgoto. A portaria de 2011 do DNPM determinou prazo de validade de três anos para os galões retornáveis de 10 e 20 litros. Segundo os integrantes da pesquisa, a contaminação geralmente decorre de falhas de higienização na indústria. “Não adianta reutilizar (o garrafão) por um prazo limitado se ele não for lavado a cada vez que é usado.” Esse tipo de contaminação pode ocorrer ainda na fonte, mas é mais comum durante ou após o envase. O próprio ambiente, as embalagens e as tampas são potenciais moradas dessas bactérias. Os equipamentos usados no processo, bem como os reservatórios de armazenamento podem também abrigar populações de micro-organismos contaminantes.


ar

Padrões legais Proveniente de fontes naturais, a água mineral não passa por nenhum tipo de tratamento. Deve ser livre de contaminação na origem e preservar suas características originais, o que inclui a presença de diversos sais e de uma fauna microbiana considerada benéfica à saúde humana. Geralmente em posse da iniciativa privada, as fontes de água mineral devem ter sua qualidade certificada pelo Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM). Já a água de abastecimento público, além de passar por tratamento químico e físico, tem sua qualidade obrigatoriamente verificada por análises microbiológicas antes de ser distribuída nas cidades. A principal é a CHP. Embora esse teste seja feito também na água antes do envase, a legislação só estabelece um valor máximo aceitável de 500 UFC/ ml para o líquido que vai para as torneiras. “Esse é o padrão internacional, que é seguido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Mas já existe uma tendência mundial de adotar o mesmo limite máximo também para a água de garrafa,” completa Maria Fernanda. Fonte: Isaúde.net

De olho no

São Paulo estabelece padrões de qualidade do ar 3 vezes mais rígidos

Mario R. D. Ortiz (Wikimedia Commons)

Contaminação pelo sol Outra possível fonte de contaminação (ainda que indireta) é a exposição ao sol. A radiação acelera a quebra de moléculas orgânicas presentes na água (em baixíssimas concentrações), que passam a ter o tamanho ideal para virar comida de bactérias. Com alimento disponível, elas se reproduzem e a população cresce. E então, quando morrem, servem de alimento para outras bactérias. Esse ciclo de vida e morte é uma hipótese de trabalho. Em várias amostras, os pesquisadores observaram baixa concentração de microorganismos nos primeiros dias após o envase, que por sua vez aumentou alguns dias depois, para em seguida voltar a ser baixa. “Por enquanto é apenas uma possibilidade, mas outros estudos feitos no exterior chegaram a resultados parecidos”, diz Maria Fernanda. Ela alerta ainda para outro tipo muito comum de contaminação dos garrafões de água mineral (que ficou fora do escopo do estudo). Ocorre no local de consumo, mas pode ser facilmente evitado. “É preciso fazer a higienização correta não só do galão como do suporte”, diz. Tanto um como o outro devem ser lavados com água sanitária, ou, pelo menos, com água clorada e sabão, a cada troca do recipiente.

texto clipping Ambiente Brasil

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A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) alterou as medições feitas das concentrações de poluentes na atmosfera, atendendo às recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde). A medida, que foi publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo, faz com que o governo passe a ter padrões mais rigorosos para a qualidade do ar. Segundo a Companhia, os níveis de poluição estavam 20 anos desatualizados e até três vezes menos rígidos do que os estabelecidos pela OMS. Isso significa que a qualidade do ar considera boa hoje tenha valor regular daqui para frente. Até então, a qualidade aceitável de poeira que os paulistas podiam respirar por dia ia até 150 mg/m3 (microgramas por metro cúbico) de material particulado. Em uma primeira fase, a nova regra baixa para 120 mg/m3 o tolerável para a concentração diária de poeira. A intenção da medida é reduzir até 50 mg/m3. É que o decreto estabeleceu metas progressivas em três etapas antes de chegar aos padrões finais. A primeira entrou em vigor com a publicação no Diário Oficial, já as outras dependem de análises de cada situação, ficando a critério da Cetesb o início da validade de níveis mais rígidos. Fumaça e trânsito Para o material particulado em suspensão na forma de fumaça, a primeira meta coloca em vigor os 120 mg/m3; já a final, ainda sem data de início, exige redução para 50 mg/m3. Para o ozônio, principal vilão da poluição na capital paulista, foi estabelecido como aceitável a concentração diária de até 140 mg/m3 na primeira fase e de até 100 mg/m3 na última etapa – antes, o nível do poluente era de 150 partículas inaláveis por dia. Ainda foram estabelecidos novos critérios de medição para o dióxido de enxofre, o dióxido de nitrogênio, o material particulado 2,5 e o chumbo, para tentar estabelecer uma melhor qualidade do ar. Divulgado nesta semana, o relatório anual de qualidade do ar da Cetesb apontou que a região metropolitana de São Paulo atingiu em 2012 o maior índice de poluição por ozônio da última década. Além disso, a Grande São Paulo somou quase 10% de medições consideradas inadequada ou má do ar, passando todos os índices dos últimos dez anos. Segundo o informe, o ozônio tem principal origem veicular, por causa dos compostos liberados com a queima incompleta de combustíveis. Fonte: uol

revista do meio ambiente mai 2013


texto Wilson da Costa Bueno*

22 comunicação ambiental

A importância da comunicação para a

sustentabilidade A comunicação, vista sob uma perspectiva ampla, tem um papel importante a desempenhar no processo de conscientização e de mobilização para a sustentabilidade

De imediato, podemos reconhecer que ela pode cumprir três funções básicas, todas elas articuladas e complementares. Em primeiro lugar, a comunicação competente pode contribuir para a consolidação do conceito de sustentabilidade, buscando eliminar equívocos como os que a associam a ações meramente pontuais ou que a reduzem à simples dimensão ambiental. A sustentabilidade deve ser percebida de maneira abrangente e incorporar aspectos ambientais, socioculturais, políticos e econômicos porque, ao contrário do que entendem alguns gestores, inclusive de comunicação, ela deve permear todas as ações humanas, com o objetivo precípuo de preservar condições ideais para que todos os cidadãos desfrutem de qualidade de vida. A sustentabilidade é a teia que tece a relação das pessoas entre si e com o planeta em que vivemos. Em segundo lugar, a comunicação para a sustentabilidade, comprometida com os valores da equidade, da justiça social e da liberdade costuma promover a conscientização dos habitantes da Terra para os riscos inerentes ao consumo não consciente, ao desperdício das riquezas naturais e à desigualdade social. Neste sentido, deve atentar para os direitos das minorias, o respeito à diversidade e o reconhecimento da importância das culturas e das comunidades tradicionais. A sustentabilidade deve ser pensada como eixo norteador das condutas individuais e organizacionais, e estar respaldada por uma ética planetária que privilegia o interesse coletivo em lugar de olhares viesados pela ganância econômicofinanceira ou pelo compromisso com interesses políticos mesquinhos. Finalmente, a comunicação sustentável, que deve ser exercida com coragem e determinação, não teme denunciar os desvios e abusos cometidos por indivíduos e organizações e está empenhada em resgatar os princípios da transparência, da convivência harmônica, da solidariedade humana. Ela se funda, portanto, numa perspectiva que contempla a sustentabilidade em sua integridade, não fragmentamai 2013 revista do meio ambiente

da pela busca de resultados imediatos, com o objetivo único de reduzir custos ou de plasmar uma imagem positiva. A comunicação para a sustentabilidade implica, necessariamente, compromisso dos diversos protagonistas (jornalistas, educadores, comunicadores empresariais, organizações do Terceiro Setor, etc.) com um mundo mais justo, que não tolera a injustiça e repudia a hipocrisia. Os jornalistas, e a mídia de maneira geral, precisam abrir as suas pautas para focar a sustentabilidade sem adjetivos, não a confundindo com o marketing verde, esforço recorrente de organizações e governos para ludibriar os stakeholders e a opinião pública, com um discurso falso, descolado da realidade concreta. Neste sentido, é fundamental que estejam suficientemente esclarecidos sobre o conceito autêntico de sustentabilidade, que estejam comprometidos com a qualidade da informação e que percebam os vínculos de determinadas fontes com interesses políticos, comerciais ou mesmo pessoais. A mídia sustentável não falseia os dados, não promove, por quaisquer motivos, o linchamento moral de empresas e indivíduos, investiga as causas e consequências de atos e decisões e analisa, criticamente, o impacto deles junto à sociedade. Ela não abre mão, sob nenhuma hipótese, da sua capacidade de mobilização e de influência junto à opinião pública, em prol do meio ambiente, dos direitos humanos e da liberdade de expressão, ainda que, para cumprir este objetivo, tenha que contrariar interesses poderosos. A mídia sustentável é ao mesmo tempo tolerante com a imperfeição humana, mas enérgica e implacável na luta contra lobbies ilegítimos que sobrepõem interesses escusos às necessidades básicas das populações. Os educadores, pela posição que ocupam na sociedade, protagonizando a formação das futuras gerações, devem orientar também os jovens para a importância da democracia e da conduta cidadã, respaldada no respeito ao próximo, na solidariedade com os menos favorecidos, na defesa da ética e do compromisso com o interesse coletivo. A sua contribuição para a sustentabilidade in-


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* Wilson da Costa Bueno é jornalista, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da universidade

Metodista de São Paulo e diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa, empresa de consultoria na área de comunicação

5º cbja

acontecerá em Brasília

Divulgação IV CBJA

clui não apenas a disseminação de informações e conhecimentos, mas a defesa de princípios e valores que resultem na formação de um cidadão alinhado com os desafios do nosso tempo. Os comunicadores empresariais devem estar empenhados na construção de um ambiente propício ao debate, à participação, que privilegie o desenvolvimento pessoal e profissional e leve em conta as demandas e expectativas dos públicos de interesse das organizações e da comunidade de maneira geral. Como gestores, devem conscientizar patrões e clientes para a necessidade de uma comunicação democrática, inserida numa cultura e numa gestão organizacional que favoreçam a diversidade, a divergência de ideias e opiniões e cultivem o diálogo. Os jornalistas, os relações públicas, os publicitários e os profissionais de marketing, numa comunicação voltada para a sustentabilidade, rejeitam processos de manipulação que induzam os indivíduos ao erro em favor de interesses comerciais, agem responsavelmente comprometidos com a ética e a transparência, aprofundam relacionamentos e parcerias que promovem uma interação saudável entre as organizações e os seus stakeholders. A prática da autêntica comunicação para a sustentabilidade exige atitudes corajosas dos gestores da comunicação, estejam eles em empresas privadas de pequeno, médio ou grande porte, nas redações ou na administração pública porque não tolera a omissão diante das injustiças, expressa a indignação com os desvios éticos, a corrupção, o aprofundamento das desigualdades e proclama a tolerância. A comunicação para a sustentabilidade é vital para a democracia. Ela se funda na defesa da bio e da sociodiversidade, que se manifesta na criação de uma cultura planetária que se identifica com a distribuição equitativa dos recursos naturais, com uma governança global que respeita a identidade e a autonomia de nações e de culturas. A comunicação para a sustentabilidade não é apenas mais uma utopia, mas uma necessidade imperiosa para indivíduos, organizações ou governos. A sua práxis garante a nossa condição de seres humanos, providos de inteligência e cordialidade, e com certeza instaura idealmente a qualidade de vida para todos os que habitam o nosso planeta.

Em novembro de 2011, na PuCRJ, aconteceu o IV CBJA, sob a curadoria de Vilmar Berna (Rebia) e Adalberto Marcondes (Envolverde)

Os congressos Brasileiros de jornalismo ambiental são uma iniciativa da rBja (rede Brasileira de jornalismo ambiental)

entre 16 e 19 de OutuBrO, a capital Federal será palcO dO 5º cOnGressO BrasileirO de jOrnalismO amBiental (cBja) e ii encOntrO naciOnal de pesquisa em jOrnalismO amBiental (enpja). O evento acontecerá no Centro Universitário de Brasília (Uniceub) e reunirá cerca de mil profissionais e estudantes de Comunicação do Brasil e do Exterior, como jornalistas, assessores de imprensa, professores e pesquisadores. O II ENPJA acontecerá nos dias 16 e 17 de outubro. No dia 17 haverá a abertura oficial do V CBJA, que se prolonga até dia 19. O tema guarda-chuva do Congresso serão os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS). Eles são um conjunto de metas definido durante a Rio+20 para reduzir a pobreza, promover a prosperidade global e o avanço social associados à proteção do meio ambiente. Como o bom Jornalismo pode ajudar o Brasil a se inserir nesse processo será um dos temas em debate. A pauta jornalística também estará presente em paineis dedicados a assuntos como Economia Verde, Uso e manutenção dos recursos naturais e a segurança alimentar, Bem estar social e ocupação do território, e ainda Geração de conhecimento e financiamento dos ODS. Além disso, será possível participar de oficinas temáticas sobre Os investimentos de capital público e o modelo de desenvolvimento nacional, Jornalismo Ambiental, Jornalismo e Ambientalismo, Gestão da Água, Geojornalismo, entre outras. O 5º CBJA mantém a tradição de apostar na formação continuada de profissionais e estudantes e é uma realização da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (www.jornalismoambiental.org.br). Este ano a iniciativa conta com o apoio do Uniceub. Sobre a Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA) Fundada no segundo semestre de 1998, a RBJA é uma plataforma de interação entre jornalistas, estudantes, assessores de imprensa e acadêmicos interessados em discutir temas que envolvam jornalismo e meio ambiente. A Rede tem como objetivos principais discutir jornalismo ambiental, integrar jornalistas que cubram os temas da sustentabilidade, ser uma ferramenta para troca de informações sobre fontes especializadas. Para a interação entre seus membros e debates sobre temas referentes ao jornalismo ambiental, a Rede possui uma lista no Yahoo Grupos (http://br.groups. yahoo.com/group/jorn-ambiente/) e um grupo de discussão no Facebook (www.facebook.com/groups/243251852417376/).

empresarial e da Mojoara Editorial.

Coordenação do V CBJA (Brasília): Beth Fernandes • (61) 9976-0213 • fbeth@uol.com.br

FoNtE: ENVoLVERDE (PuBLICADo oRIGINALMENtE No

Efraim Neto • (61) 8301-85098 • efraimneto@gmail.com

SITE RSE NA MÍDIA) revista do meio ambiente mai 2013


texto Savio de Tarso, especial para a Envolverde

24 especial

Diálogo abre caminho para reduzir danos socioambientais em Barcarena Projetos de fortalecimento preparam sociedade civil para o Fórum de Diálogo que busca soluções estruturantes dos problemas socioambientais de Barcarena, no Pará Barcarena (Pa) – Pense na Amazônia: 53% do território brasileiro e a maior floresta tropical contínua do planeta. Agora imagine nesse cenário de rios e biodiversidade o município brasileiro que tem o maior polo industrial de beneficiamento de bauxita do mundo, e que exporta todos os anos cerca de US$ 2,9 bilhões. Imagine grandes navios que carregam minério, grãos e gado – entre outros produtos exportados para 30 países – no Porto de Vila do Conde, o maior do Pará, nessa mesma cidade. Tente calcular o quanto vai aumentar o impacto social e ambiental na região quando esse porto for ampliado para escoar a produção dos Estados (Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Pará) beneficiados pela extensão de 2.255 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul, além da prevista melhoria da malha rodoviária na região. Agora examine esses dados: a renda anual per capita, de R$ 36 mil, equivale a quase o dobro da brasileira (R$ 19 mil em 2010), mas sete em cada dez habitantes da cidade não têm saneamento básico nem acesso à água tratada para o consumo humano. Além disso, poluição e acidentes ambientais de origem industrial são frequentes na região. Esta é a realidade do município de Barcarena, terceira maior economia do Estado do Pará. É nesse cenário que se desenvolve uma iniciativa exemplar para toda a Amazônia: o Fortalecimento da Sociedade Civil de Barcarena, que abriga dois projetos implementados pelo IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil. Um marco desse processo foi alcançado dia 18 de mai 2013 revista do meio ambiente

abril, na solenidade de assinatura do Termo de Adesão que estabelece o compromisso de construção de um Fórum de Diálogo Intersetorial com o objetivo de encaminhar soluções para os graves problemas socioambientais do município. O documento, que estabelece o início da fase pré-fórum, foi assinado por representantes de 33 organizações da sociedade civil local e das empresas Albras, Alunorte e CAP, todas ligadas à multinacional norueguesa Hydro, que também aderiu formalmente. Uma boa surpresa foi a adesão de vereadores da cidade. Compareceram também representantes de secretarias municipais. “É a culminância de um processo de trabalho do IEB no município”, comemora Maura Moraes, coordenadora dos projetos desenvolvidos pelo Instituto em Barcarena. Esse trabalho começou em 2008, com a preparação e posterior realização de cursos, estudos e oficinas de capacitação para preparar lideranças das organizações locais para atuar em rede, coletivamente, com o propósito de influenciar a implantação de políticas públicas de desenvolvimento sustentável. “A ideia era ter a capacitação, mas o outro passo era a constituição de um espaço público de diálogo”, explica Maura. “O IEB trabalha construindo espaços públicos de discussão, porque entende que é preciso agrupar os diferentes setores da sociedade para um diálogo”. Dessa forma a iniciativa pretende romper com a lógica em que o Estado faz acordos com as empresas, e as organizações da sociedade civil vão isoladamente negociar para obter ganhos pontuais. Maura acredita que a construção de soluções coletivas e negociadas mediante o diálogo é mais efetiva no longo prazo. Foi esse perfil de atuação, com foco educativo, que levou o Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente, do Ministério Público do Estado do Pará, a convidar o IEB para executar o Projeto de Desenvolvimento da Capacidade Social de Barcarena, previsto no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) celebrado com a empresa Imerys Rio Capim Caulim, protagonista de um acidente ambiental na região. O TAC é uma forma de compensação, com força jurídica, que as empresas devem cumprir quando responsabilizadas por acidentes socioambientais de graves consequências. Responsável pelo processo de estabelecimento do TAC, o promotor Raimundo Moraes disse que não imaginava uma participação “tão diversificada, que fosse ter um amadurecimento tão rápido”. Na opinião dele, o diálogo para instituir o fórum demonstra que “é possível estabelecer a autonomia da sociedade para construir um espaço público, com um pressuposto


Fotos: Acervo IEB

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Página anterior: Maria José Gontijo (Diretora executiva do IEB), Arne Dale (AIN), Cesar Vasconcelos (Hydro), Lindalva Melo (Associação das Mulheres do Campo e da Cidade, AMCC – Barcarena); Reunião na sede da empresa Alunorte, em Barcarena, para discutir o documento de adesão ao PréFórum, onde participaram diretores do grupo Hydro e lideranças de organizações do Comitê de Acompanhamento dos projetos de Fortalecimento Institucional em Barcarena. Acima: Grupo da Oficina que discutiu as diretrizes do Espaço do Público em Barcarena (fevereiro/2012); Lideranças da sociedade civil de Barcarena indicam temas prioritários para serem debatidos no Fórum de diálogo com empresas e estado (fevereiro/2013)

muito forte da democracia, da liberdade, do foco no interesse público, com a consolidação de uma democracia institucional diferente”. Um acidente muda o percurso Em 2007, transbordou a bacia de rejeitos de caulim da Imerys. O vazamento contaminou os igarapés Curuperê e Dendê, chegando ao Rio Pará. Cerca de 500 famílias foram retiradas das proximidades pela Defesa Civil local. Houve mortandade de peixes e camarão. “Naquele momento, também o impacto visual foi muito forte, porque a água ficou totalmente branca. O impacto químico era o mesmo que já vinha ocorrendo”, lembra o biólogo Marcelo de Oliveira Lima, pesquisador do Laboratório de Análises Toxicológicas do Instituto Evandro Chagas (IEC). Um ano antes, já havia sido detectada a contaminação desses cursos d’água por efluentes da Imerys. O relatório do IEC sobre os efeitos do transbordamento foi tomado como base para o Ministério Público estadual definir as compensações do TAC assinado em 2008. Além das reparações usuais, como a adequação das instalações industriais, prover o Corpo de Bombeiros com equipamentos para enfrentar essas emergências, multas, etc., o TAC determinou que a empresa assumisse duas importantes iniciativas de caráter mais abrangente. Uma delas obrigou a Imerys a custear as ações do Programa de Monitoramento e Controle em Saúde e Meio Ambiente, executado pelo IEC nos arredores das áreas portuárias e industriais dos municípios de Barcarena e Abaetetuba (este último foi incluído porque é vizinho, e alguns dos incidentes registrados desde 2001 ocorreram na fronteira). A outra determinou que a empresa fornecesse os recursos para capacitação de pessoas das organizações da sociedade civil local – centros comunitários, associações de moradores, sindicatos, cooperativas –, a fim de mudar o padrão das relações com o Poder Público e as empresas, que oscilava entre o conflito aberto e o clientelismo. A ideia de incluir essa compensação inusitada partiu do então promotor de Justiça de Barcarena, Raimundo Moraes, que já percebia a fragilidade dos cidadãos nesse tipo de relação. “No início foi feito um esforço muito grande, em função do TAC, para priorizar as organizações que estavam no entorno dessa área afetada pelo acidente”, conta a coordenadora dos projetos do IEB. “Mas rapidamente se evoluiu para outra compreensão: o acidente provocou isso, mas o problema é de todo o município de Barcarena, está além do acidente. Um evento dessa proporção não afeta só quem está ali diretamente.” O foco se voltou para a questão social, a partir do acidente, em decorrência da constatação de que não existe infraestrutura urbana no município. Ronielson Benjamin dos Santos, representante da Associação dos Moradores do Porto da Balsa, relata uma parte dos problemas que a população enfrenta: “A

gente não tem transporte coletivo urbano, só o alternativo, que é feito por vans em condições precárias; água encanada só têm as pessoas que fazem ligações clandestinas no entorno da Vila dos Cabanos, construída para os funcionários da Albras/Alunorte; é péssimo o estado das escolas, que precisam de reforma; e na zona rural as construções são de madeira, sobre palafitas, com todas as ameaças que isso representa para a saúde das crianças”. Barcarena sofre os impactos socioambientais negativos acumulados ao longo de 30 anos, desde a drástica intervenção do Estado no território do município, ainda na ditadura militar, para implantar o polo industrial Albras/Alunorte. Foram desapropriados 40 mil hectares de terras, incluindo florestas, o que inviabilizou atividades extrativistas que eram a base de sustento de milhares de famílias. Outra consequência foi o fluxo migratório sem nenhum planejamento para prover infraestrutura básica para uma população que aumentou de 23 mil para cerca de cem mil pessoas desde então. “Hoje temos um crescimento do número de associações nas áreas urbanas, exatamente em razão desse processo de expansão desordenada da periferia, de muitas ocupações no entorno das empresas”, conta Maura, ao explicar por que “uma das lutas mais importantes é essa da regularização fundiária”. Clareza para o diálogo A atuação do IEB procurou contribuir para uma mudança da cultura política na relação dessas comunidades com o poder público e as empresas, que tem duas maneiras bem distintas. “Existem aqueles que têm uma visão assistencialista e clientelista. Pensam assim: as empresas estão aqui, têm dinheiro, eu vou lá levar minha conta pessoal, da minha associação, da minha comunidade: a gente revista do meio ambiente mai 2013


texto Savio de Tarso, especial para a Envolverde

26 especial precisa de uma escola, a gente precisa que construa uma caixa d’água. Outro segmento faz o enfrentamento no conflito: vai lá, faz ocupação, faz greve, mobiliza os trabalhadores, fecha a rua que dá acesso à empresa”, diz Maura. “No processo, não se nega o conflito, o enfrentamento, porque algumas vezes vai ser necessário. E tem esse passivo, a que as lideranças fazem referência, sobre o que aconteceu, da desapropriação, do desrespeito com as pessoas, com a cultura, com tudo o que tinha lá. Não temos a pretensão de dizer que isso não cabe. É o processo deles, uma luta legítima.” O que o IEB procura apresentar é uma terceira perspectiva, de atribuir responsabilidades a partir de outras referências. “Qual é o papel do Estado numa cidade como Barcarena, que tem uma atividade econômica que pode trazer benefícios para o município mas não traz? Como é que isso pode ser aproveitado pelo poder público em benefício de todos?”, questiona Maura. “Os impostos que as empresas pagam, os recursos que o município já recebe… Como é que a gente pode cobrar isso numa discussão com esses diferentes segmentos? Hoje tem um conjunto de organizações que começa a ver essa possibilidade, de maneira mais clara.” Definir com clareza o papel de cada setor e cada entidade no debate dessas questões é condição para a construção de um Fórum de Diálogo Intersetorial como foi proposto no Termo de Adesão. “É fundamental identificar claramente o papel de cada um. Se houver o cumprimento apropriado das responsabilidades de cada parte, os avanços já vão acontecer nisso”, afirma Cesar Vasconcelos, representante da Hydro, companhia de origem norueguesa que há dois anos controla o complexo Albras/Alunorte. “Em espaços semelhantes, muitas vezes não existe um entendimento claro de qual é o papel da empresa, qual é o papel da sociedade e qual é o papel do poder público.” A integração da Hydro ao processo de criação do Fórum ganhou força a partir de setembro, quando a ONG Ajuda da Igreja Norueguesa (AIN) apoiou a articulação da visita de uma comitiva de representantes das comunidades, do Ministério Público e do IEB para mostrar a real situação de Barcarena à alta direção da empresa em Oslo. “Geralmente esses diálogos sobre responsabilidade social ficam nos níveis de gerência local, dentro da estrutura corporativa; dificilmente chegam às instâncias de tomada de decisão das empresas”, justifica Fernando Matias, um dos representantes da AIN que acompanharam a comitiva. Estabelecida em 2011 pelo governo da Noruega para estreitar a relação entre os dois países, a Estratégia Brasil exige que as empresas de origem norueguesa sigam aqui os mesmos padrões de responsabilidade socioambiental existentes lá. “Nossa presença aqui é importante para a Hydro”, complementa outro representante da AIN, Arne Dale, ao indicar que a situação de Barcarena extrapolou os limites do município. Resistência e boa notícia A preparação das organizações sociais para participar com eficiência desse novo capítulo ganhou mais recursos a partir de 2010, quando a União Europeia aprovou o Projeto de Fortalecimento Institucional de Barcarena, que complementa o projeto de capacitação previsto no TAC firmado três anos antes entre o Ministério Público e a Imerys. Um exemplo da necessidade de se superar a fragilidade institucional surgiu na própria capacitação, que incluía um estudo detalhado do orçamento municipal. “A Prefeitura não queria dar acesso, então foi preciso que o MP entrasse e exigisse a informação”, lembra Maura. “Só aí o material veio, e a gente trabalhou em cima das peças reais. Para identificar como é, como se definem as prioridades, os consultores mostraram onde existem problemas, o que é destinado para a saúde, educação, etc.” Quebrar esse tipo de resistência é um dos desafios na estruturação do espaço de diálogo. Maria Lindalva dos Santos, representante da Associação das Mulheres do Campo e da Cidade de Barcarena, comemorava a instalação do pré-fórum, com a ressalva de que será necessário “trabalhar muito, constantemente, para que nós possamos chegar a um município que mai 2013 revista do meio ambiente

tenha políticas públicas voltadas ao atendimento das necessidades da população”. Do ponto de vista da Hydro, maior companhia da cidade, existe a expectativa de uma atuação responsável e bem estruturada do poder público. Um fator que alimenta essa esperança é a recém-eleita administração municipal, que tem a possibilidade de mudar a trajetória do município aderindo ao Fórum nesta fase de articulação. Mencionando uma conclusão de recente pesquisa realizada pela entidade global das indústrias de mineração (ICMM – sigla em inglês do Conselho Internacional de Mineração e Metais), Vasconcelos afirma que “os investimentos sociais das empresas têm maior condição de sustentabilidade, de serem efetivos no que se propõem, quando o poder público corresponde devidamente ao seu papel”. A presença do poder público no diálogo é, de fato, indispensável. Maura explica que a acomodação de interesses divergentes é natural na estruturação do fórum, mas tem limites que são essenciais: “Por exemplo, se não tiver o poder público, não vai acontecer. Não tem sentido discutir o município se o poder público não vem para essa discussão, se não temos clareza sobre o papel fundamental que ele tem. Se não tiver o Estado, não temos o fórum. As empresas também estão cientes disso”. É grande a expectativa quanto à participação institucional do Ministério Público (MP) estadual. “O MP tem papel fundamental nessa concertação”, define Maura. O promotor Raimundo Moraes diz que recentes mudanças na coordenação do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente confirmam “a expectativa de que o Ministério Público vai acompanhar de perto o processo, de forma bem mais próxima do que vinha ocorrendo nos tempos recentes”. Essa boa notícia é um indicativo de que produzem resultados consistentes os projetos de fortalecimento da sociedade civil implementados pelo IEB, ao preparar as comunidades locais para protagonizar um novo enredo rumo ao desenvolvimento sustentável de Barcarena. Convidada a compartilhar com a plateia sua experiência na construção do Fórum Amazônia Sustentável, Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, propôs, na solenidade de assinatura do Termo de Adesão, uma reflexão definitiva sobre o momento de consolidação do Fórum de Diálogo Intersetorial: “É fundamental que o fórum parta não só do respeito mútuo, mas também do reconhecimento de que a solução dos problemas concretos de Barcarena passa pela interação entre todos os grupos sociais da região. Todos têm de fazer parte, todos devem ter voz, todos devem ter direitos iguais”. Assim seja.


cidadania ambiental 27

O indiano que plantou uma floresta

Reprodução/Forest Man

sozinho

há 30 anOs, cansadO de ver cOBras e OutrOs animais mOrrendO de calOr pOr Falta de veGetaçãO, O indianO jadav “mOlai” paYenG decidiu plantar uma FlOresta. hOje, a área já ultrapassa Os 1.400 acres e é maiOr dO que O central parK, em nOva iOrque. A floresta plantada por um homem só está localizada na ilha de Majuli, no leito do rio Bramaputra, no nordeste da Índia. Nos últimos 100 anos, o local vem sofrendo com erupção do solo, causado por enchentes relacionadas ao aquecimento global. Além de perder cerca de 70% de sua terra, centenas de casas e fazendas foram abandonadas pelos moradores locais no decorrer dos anos. Antes de começar a plantar, o indiano chegou a procurar órgãos públicos locais, que disseram que somente bambus conseguiriam sobreviver ali. Hoje, além de vasta vegetação, a área já é o habitat de animais como rinocerontes, tigres e elefantes. A floresta recebeu o apelido de Molai’s Wood (Floresta do Molai). Documentário A história da Floresta Molai impressionou o diretor Will McMaster, que resolveu produzir um documentário contando a história de Payeng. Com o título Forest Man, o filme já está em fase de produção e foi financiado por crowdfounding. Segundo os realizadores do projeto, a simplicidade do indiano impressionou. Ele vive em uma fazenda de subsistência e não se importa com o dinheiro ou fama: plantou a floresta por amor à natureza. E sua história é desconhecida, mesmo na Índia. FoNtE: CAtRACA LIVRE

ongs escrevem carta contra a inclusão do redd no mercado de carbono californiano O documento é último de uma série de textos enviados por organizações do Brasil, áfrica e méxico que se opõem à inclusão do redd no mecanismo de comércio de emissões californiano OrGanizações nãO GOvernamentais cOmO O Greenpeace, a amiGOs da terra, O sierra cluB caliFórnia e Outras 24 entidades enviaram uma carta aO GOvernadOr dO estadO da caliFórnia, jerrY BrOWn, pedindO que ele nãO aceite créditOs de cOmpensaçãO de carBOnO de prOGramas de reduçãO de emissões dO desmatamentO e deGradaçãO amBiental (redd) nO nOvO esquema de cOmérciO de emissões dO estadO. Segundo o documento das ONGs, a iniciativa do estado da Califórnia de considerar novas formas de reduzir suas emissões e proteger suas florestas remanescentes é louvável, mas o uso de florestas para compensar as emissões industriais “não atingiria nenhum desses objetivos”. De acordo com as organizações, a proposta de utilizar créditos de REDD para compensar as emissões industriais não apenas não traria as reduções desejadas, mas permitiria que as empresas mantivessem suas emissões nos mesmos níveis, já que as companhias estariam comprando créditos para compensar suas emissões. Isso poderia expor o povo californiano a grandes riscos de saúde a ambientais, e não incentivaria o desenvolvimento novas tecnologias e inovações limpas. Os órgãos colocam que essa não é uma forma segura de compensar as emissões, já que, enquanto o carbono liberado pelas indústrias fica na atmosfera por séculos ou milênios, não há garantias de que as florestas armazenem o carbono por tanto tempo. O texto explica também que as florestas têm um significado social, econômico e cultural muito importante para os povos que as habitam, e há muitos registros de violações de direitos humanos em locais onde há programas de REDD, tanto nos locais que estão em fase de negociação com o mercado da Califórnia, como Chiapas (México), e Acre (Brasil), quanto nos que estão em consideração para uma futura inclusão no programa, como Nigéria e Indonésia. Por essas e outras razões, as ONGs afirmam ainda que outros mecanismos de comércio de emissões, como o EU ETS, não aceitam os créditos de REDD, e pedem que o estado da Califórnia, da mesma forma, os rejeitem. “Para realmente combater o desmatamento tropical em sua raiz, os legisladores da Califórnia devem considerar analisar como as políticas existentes no estado, incluindo as relacionadas à aquisição, investimento público, combustíveis e outras questões, podem permitir a destruição da floresta tropical através da contribuição para a demanda por petróleo, madeira, soja, papel, óleo de palma e outras commodities”, conclui a carta. “Agradecemos o interesse da Califórnia em ajudar a proteger as florestas tropicais e ficaríamos felizes em discutir com você passos que o estado poderia dar para atingir esse fim”, propuseram as ONGs. O documento é último de uma série de textos enviados por organizações do Brasil, África e México que se opõem à inclusão do REDD no mecanismo de comércio de emissões californiano. FoNtE: INStItuto CARBoNoBRASIL

Leia a carta na íntegra em: www.institutocarbonobrasil.org.br/redd_/noticia=733918 revista do meio ambiente mai 2013


Demanda por madeira O aumento da população, da demanda e do uso da madeira em bioenergia podem triplicar a quantidade de madeira que a sociedade retira anualmente das florestas e plantações florestais até 2050, afirma o novo capítulo do Relatório Florestas Vivas, da Rede WWF O estudo do WWF foi apresentado em Frankfurt (Alemanha) durante a Paperworld, a conferência internacional sobre papel, e prevê que a produção e o consumo de papel duplicarão nas próximas três décadas e que o consumo total de madeira poderá triplicar. “Um cenário no qual a sociedade retira o triplo de madeira das florestas e das plantações florestais precisa motivar um maior cuidado para proteger as florestas. Do contrário, os locais onde a madeira cresce serão destruídos”, disse Rod Taylor, diretor do Programa Mundial de Florestas da Rede WWF. “A madeira, quando obtida de florestas ou plantações bem manejadas, é um material renovável que apresenta muitas vantagens em relação a alternativas não renováveis. O desafio para as indústrias de base florestal é como fornecer mais produtos madeireiros com menos impacto na natureza. E esse desafio se estende por toda a cadeia de produção, desde o local e a forma como a madeira cresce e é colhida até quão inteligente e eficiente é seu processamento, uso e reuso”. A meta de conservação das florestas da Rede WWF é alcançar zero desmatamento líquido e zero degradação florestal liquida até 2020, o que significa não ter nenhuma perda de área nem de qualidade florestal. Essa meta exige que a perda das florestas naturais seja reduzida e chegue próximo a zero, em lugar dos 13 milhões de hectares anuais que são perdidos atualmente. “A pesquisa da Rede WWF sugere que é possível alcançar o desmatamento líquido e a degradação florestal líquida zero e, ao mesmo tempo, manter o vigor da indústria de produtos madeireiros”, afirmou Emmanuelle Neyroumande, coordenadora em nível mundial do trabalho da Rede WWF sobre celulose e papel. “No entanto, quanto mais adiarmos as ações, mais difíceis e caras se tornam as solu-

mai 2013 revista do meio ambiente

deve triplicar até 2050

Andreas Krappweis (sxc.hu)

texto WWF Brasil

28 árvores

ções. Precisamos consumir de forma mais sábia e eficiente, bem como adotar práticas florestais responsáveis, boa governança e mais transparência”. Em relação ao papel, o Relatório Florestas Vivas propõe soluções, como: • Mais reciclagem nos países com baixos índices de recuperação – se os índices de reciclagem aumentassem, no futuro a sociedade precisaria de menos material virgem, mesmo no caso de se ter um maior consumo mundial de papel. O cenário para 2020 demonstra que um aumento de 25% na produção de papel poderia demandar uma quantidade ainda menor de insumo de fibra virgem, desde que o nível global de uso de fibra reciclada, que hoje é de 53%, aumente para 70%. Os índices de recuperação do papel variam enormemente entre os países. Portanto, é grande o potencial dos esforços para aumentar a reciclagem nos países que apresentam baixos índices de recuperação e do crescimento elevado do consumo para provocar uma redução da pressão sobre as florestas naturais. • Eficiência no uso de recursos e padrões mais justos de consumo – eficiência no processamento e na manufatura pode ajudar a produzir mais produtos com a mesma quantidade de madeira. Além disso, os atuais padrões de consumo das nações ricas (10% da população mundial consome 50% do papel mundial) não podem ser adotados de forma sustentável pelos países em desenvolvimento. As nações mais ricas podem reduzir seu desperdício no uso do papel, enquanto as nações mais pobres precisam de mais papel para a educação, higiene e segurança alimentar. • Plantações para reduzir a pressão sobre as florestas naturais – a demanda líquida pela madeira provavelmente aumentará mesmo se houver um uso mais contido, com mais reciclagem e maior eficiência. Se a perda de florestas naturais ficar próxima de zero após 2020, sem que haja uma redução significativa no consumo, até 2050 precisaremos de até 250 milhões de hectares de novas plantações de árvores. Isso é quase o dobro das plantações hoje existentes. Portanto, plantações bem manejadas e que contribuam para restaurar os ecossistemas,, principalmente se feitas em terras que já estão degradadas, desempenharão um papel cada vez mais relevante. • Florestas bem manejadas – a demanda crescente certamente também irá pressionar ainda mais as florestas naturais. O relatório indica que, até 2050, a colheita comercial (de madeira) atingirá 25% mais florestas do que hoje. A certificação florestal continuará a ser um instrumento importante para melhorar as práticas de manejo florestal por meio de um mecanismo de mercado.


29 • Desafio energético – até 2050, a demanda anual de madeira para uso energético poderá chegar a entre 6 e 8 bilhões de metros cúbicos, o que demandará mais do que o dobro da madeira hoje retirada para todo tipo de uso. Isso representa um desafio para o planejamento do uso sustentável da terra. Segundo a Rede WWF, a bioenergia tem um importante papel entre as diversas alternativas para combustíveis fósseis, além de oferecer outras fontes de renda e maior segurança energética para as comunidades rurais. No entanto, para que tais benefícios se tornem realidade, a utilização da bioenergia deve ser cuidadosamente planejada, executada e monitorada, para que haja sustentabilidade ambiental e social. A má gestão do manejo da produção bioenergética pode destruir ecossistemas valiosos, diminuir a segurança alimentar e hídrica, prejudicar comunidades rurais e prolongar o desperdício no consumo de energia. Nas próximas décadas, a humanidade provavelmente utilizará mais madeira e de mais maneiras. Devido ao aumento maciço na demanda projetada de madeira e de papel, a indústria de base florestal é chave para a conservação das florestas. Para que a madeira possa desempenhar um papel positivo numa economia “verde”, baseada em recursos renováveis, é preciso que as florestas de produção sejam bem manejadas e sigam os mais elevados padrões ecológicos e sociais, e que o uso e a recuperação dos produtos madeireiros se tornem mais eficientes. O que é Desmatamento Líquido Zero e Degradação Florestal Líquida Zero? A Rede WWF define Desmatamento Líquido Zero e Degradação Florestal Líquida Zero (ZNDD, sigla em Inglês) como nenhuma perda líquida florestal por meio do desmatamento e nenhum declínio líquido da qualidade florestal por meio da degradação das florestas. Há alguma flexibilidade no ZNDD: não significa a mesma coisa que nenhuma remoção da cobertura florestal sob quaisquer circunstâncias. Por exemplo, o ZNDD reconhece o direito das pessoas de fazer um corte raso com finalidade agrícola, bem como o valor de ocasionalmente compensar as florestas degradadas para livrar outras áreas para restaurar corredores biológicos importantes, desde que os valores de biodiversidade, a quantidade e a qualidade líquidas das florestas sejam mantidas. Ao defender o ZNDD até 2020, a Rede WWF enfatiza: (a) a maior parte das florestas naturais deve ser mantida – o índice anual de perda das florestas naturais ou seminaturais deve ser reduzido para um nível próximo de zero; e (b) qualquer perda bruta, ou degradação bruta, de florestas naturais virgens precisam ser compensadas por uma área equivalente de restauração florestal socialmente e ambientalmente saudáveis. Nessa contabilidade, as plantações são se equiparam às florestas naturais, pois muitos valores são reduzidos quando uma plantação substitui uma floresta natural. Os três primeiros capítulos do Relatório Florestas Vivas, da Rede WWF, foram publicados em 2011: • Capítulo 1 – Florestas para um Planeta Vivo analisa as causas do desmatamento e a necessidade de se adotar um novo modelo sustentável para a atividade florestal, a atividade agrícola e o consumo, por meio do ZNDD. • Capítulo 2 – Florestas e Energia analisa as salvaguardas necessárias para garantir que o uso cada vez maior da bionergia ajude a prover segurança energética, desenvolvimento rural e redução dos gases de efeito estufa (GHG), sem com isso destruir ecossistemas valiosos nem prejudicar a segurança alimentar e hídrica. • Capítulo 3 – Florestas e Clima – REDD+ numa Encruzilhada destaca a Redução das Emissões Oriundas do Desmatamento e da Degradação Florestal (REDD+) como uma oportunidade única de se reduzir as emissões de gases de efeito estufa oriundos da floresta, em tempo hábil para prevenir as galopantes mudanças climáticas — embora isso só poderá ocorrer se forem feitos investimentos agora.

Contra

queimadas

MMA declara estado de emergência ambiental, o que agiliza a contratação temporária de brigadistas para o controle dos focos de incêndio

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) decretou em 17 de maio estado de emergência ambiental em 19 estados e no Distrito Federal, já tendo em vista o período de secas, quando são mais comuns os focos de incêndio nas florestas brasileiras. A medida foi publicada no Diário Oficial da União e já está em vigor. A declaração do estado de emergência ambiental agiliza a contratação temporária de brigadistas para o controle dos focos de incêndio. Cada brigadista pode ser contratado por até seis meses, e a lei permite que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contrate até 2.520 pessoas para a função. A medida foi tomada considerando a ameaça que o período seco representa, de acordo com dados históricos, e considerando também o tempo necessário para selecionar e contratar esses brigadistas. No texto publicado pelo Diário Oficial da União, o MMA destaca também que as queimadas representam uma das principais fontes de emissão de carbono do Brasil. Desta forma, segundo a pasta, o combate aos focos de incêndio representa também o esforço brasileiro para honrar os compromissos internacionais contra a mudança climática. O período em que o estado de emergência ambiental fica vigente varia de acordo com as características climáticas de cada área, inclusive com subdivisões dentro dos estados. Há regiões em que a medida vale até os primeiros meses de 2014 – a mais longa vai até maio, na Região Metropolitana de Salvador. No total, a medida vale para 20 unidades da federação: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins. FOnte: instituto humanitas unisinos

revista do meio ambiente mai 2013


Ilha de Saunder, na Groenlândia. Diferentemente do gelo Ártico, que está flutuando no oceano, as placas brancas da Groenlândia são terra firme. Por isso, cada gota que escorre do meio da ilha contribui para o aumento do nível dos mares no mundo todo

Michael Studinger (NASA)

texto Leonardo Boff/André Trigueiro

30 mudanças climáticas

A geração

400 ppm

ANDRÉ TRIGUEIRO é um dos jornalistas mais competentes em questões ecológicas e principalmente com seu programa na Globonews Cidades e Soluções procura dar relevância aos experimentos bem sucedidos, daqueles que vem de baixo, que podem incentivar a outros a segui-los. Este artigo é um alerta face à situação do aquecimento global que não para de crescer. Acrescento um dado da U.S.National Academy of Sciences de 2002 e repetido em 2007 que afirma: pelo pouco que fazemos, podemos conhecer nos próximos tempos um Abrupt Climate Change. O clima poderá em pouco tempo subir a 4-6 graus Celsius. Com essa temperatura as formas de vida conhecidas dificilmente subsistirão e grande da humanidade poderá até desaparecer. Basicamente estamos jogando roleta-russa com a arma apontada para a cabeça de nossos filhos e netos. Isso não é terrorismo ecológico mas séria advertência. Desta vez não podemos errar ou chegar tarde demais, porque aí sim teremos um destino dramático e trágico. O artigo foi publicado no Blog Mundo Sustentável de 13/05/2013. Cada geração deixa para a seguinte um legado, uma herança, uma marca de sua passagem pela Terra. Quando no dia 9 de maio, dois diferentes observatórios internacionais confirmaram a concentração recorde de 400 partes por milhão de C02 na atmosfera, materializamos um dos mais terríveis legados da nossa geração. Se for para ser assim, é bom que saibamos exatamente o que isso significa. Apesar de todos os alertas da comunidade científica – especialmente do grupo de aproximadamente 2.500 cientistas reunidos no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU – chegamos ao patamar considerado de risco para que os fenômenos climáticos ocorram de forma minimamente previsível e não ameace a vida tal como a conhecemos. Ou seja, estaríamos maculando o software inteligente da natureza através do qual os ciclos climáticos se resolvem. Sim, ao longo de sua história o planeta já sofreu várias glaciações e já conheceu períodos de concentrações ainda mais intensos de CO2 na atmosfera. O fato é que jamais tamanha acumulação de gases na atmosfera aconteceu tão rapidamente, determinando em um período tão curto de tempo variações tão importantes de temperatura. Em resumo: este novo ciclo de mai 2013 revista do meio ambiente

Quando num futuro próximo, ao ser perguntado pelos seus netos “O que fez para impedir isso?”, diante do pior cenário climático, qual será a sua resposta? aquecimento global guarda uma forte relação com nossos hábitos, comportamentos, padrões de consumo e estilos de vida. É como diz Nate Lewis, do Instituto de Tecnologia da Califórnia: “A composição da atmosfera terrestre tem permanecido relativamente imutável por 20 milhões de anos. Mas nos últimos 100 anos, começamos a transformar de forma drástica essa atmosfera, e a mudar o equilíbrio de calor entre a Terra e o Sol, de modo que essas mudanças poderão afetar enormemente o habitat de cada planta, animal ou ser humano neste planeta”. A capacidade de o planeta “metabolizar” os gases-estufa através de fenômenos naturais de absorção pelos oceanos, solos e florestas é de aproximadamente 5 bilhões de toneladas por ano. Apenas no ano de 2008 (no auge da crise internacional e com as economias do mundo desaceleradas) emitiu-se 7,9 bilhões de toneladas com a queima de combustíveis fósseis e 1,5 bilhão de toneladas com os desmatamentos. Esses 4,4 bilhões de toneladas a mais vão se acumulando lenta e perigosamente na atmosfera, agravando a retenção de calor. Os 10 anos mais quentes já registrados desde o início das medições, em 1880, ocorreram a partir de 1996. A concentração de 400 ppm de CO2 registrada dias atrás projeta um cenário de aquecimento – se nada for feito e continuarmos aumentando nesse ritmo as emissões de gases-estufa – que poderá chegar aos 6,4 ºC graus até o final do século.


31 Professor de Política Ambiental em Harvard e ex-presidente da Associação Americana para o Progresso da Ciência, John Holdren explica de forma bastante simples os impactos da elevação da temperatura do planeta: “A temperatura normal de seu corpo é cerca de 37 ºC. Quando sobe um pouco, até 39 ºC, isso já é uma coisa grave, e mostra que há alguma coisa errada com você”. O degelo das calotas polares (que vem acontecendo numa velocidade superior à prevista pelos estudiosos) e a expansão volumétrica dos oceanos já determinaram a elevação do nível do mar entre 10 cm e 20 cm no século passado. Parece pouco, mas não é. Em um planeta mais quente esses processos serão intensificados e deverão modificar a geografia costeira dos continentes com impactos diretos sobre aproximadamente 600 milhões de pessoas que vivem em áreas mais vulneráveis. Haverá também mudanças importantes nos ciclos de degelo em cordilheiras nevadas como os Andes e os Himalaias. Isso significa a interrupção do abastecimento regular de água em períodos de estiagem em países como China, Índia e Peru, com graves impactos na produção de alimentos. Certas culturas agrícolas mais sensíveis já estão sendo realocadas pois não se adaptam facilmente à mudança do clima. Isso tem provocados sucessivas quebras de safra e riscos reais para a segurança alimentar em várias partes do mundo. A acidificação dos oceanos – causada pelo acúmulo de CO2 – e a elevação da temperatura da água já estão determinando perdas importantes nos ecossistemas marinhos. A principal delas é a morte dos corais, base da cadeia alimentar de inúmeras espécies. Sem redes de corais resilientes e saudáveis, os impactos econômicos e sociais sobre quem pesca, quem processa o pescado e quem se alimenta de peixes e frutos do mar é incalculável. São muitos os estudos revelando os impactos das mudanças climáticas sobre espécies animais e vegetais. Nos diferentes reinos da natureza, nem todos os seres vivos se adaptam a mudanças de temperatura. Considerando o nível de interdependência entre as espécies, cada perda significa um novo risco sistêmico, enfraquecendo a “teia da vida”. A mudança do ciclo da chuva é particularmente dramática em países como o Brasil, que depende de “São Pedro” para manter uma agricultura forte e pujante e uma matriz energética fortemente baseada em hidroeletricidade. Para sustentar o nível dos rios e das represas em padrões adequados, é preciso chover no lugar certo, e de preferência, nos períodos certos. O agravamento dos chamados eventos extremos – aumento do poder de destruição de furacões, ciclones, tornados, tufões, secas, inundações etc – tornou obrigatória a definição de novos protocolos de segurança, alertas meteorológicos, macrodrenagem urbana, contenção de encostas, remoção das áreas de risco e etc. São muitas as mudanças necessárias e urgentes na direção da mitigação (redução das emissões de gases-estufa) e adaptação (ações que reduzam os impactos inevitáveis causados pelas mudanças climáticas). O incrível – ou melhor, o absurdo – é que a ampla maioria dos países endossa os alertas da comunidade científica, financia as pesquisas de ponta relacionadas às mudanças climáticas, assina acordos internacionais importantes como o do Clima (1992) e o Protocolo de Kyoto (1997), envia representantes para as Conferências das Partes organizadas pela ONU para debater o assunto, mas, apesar de tudo isso, não consegue praticar o que fala. É enorme a distância que separa as “boas intenções” das medidas concretas e efetivas que reduzam os estragos das mudanças climáticas. São muitos os chefes de estado que posam com o cenho franzido na foto, declaramse publicamente preocupados e comprometidos, mas que nada ou pouco fazem. A atual geração de líderes políticos entra para a história como os avalistas do indigesto legado de 400ppm de CO2 na atmosfera. Esse descolamento entre o discurso engajado e as políticas públicas se materializou fortemente no ano passado durante a Rio+20 (o maior en-

Dada a necessidade de simultaneamente estabilizar o clima e a população, erradicar a pobreza e restaurar os sistemas naturais da Terra, a civilização enfrenta, neste início de século 21, desafios sem precedentes. Responder bem a pelo menos um deles já seria algo importante. Mas o grave quadro exige responder efetivamente a cada um deles ao mesmo tempo, tendo em vista a interdependência entre os problemas (Lester Brown, autor de Plano B 4.0) contro internacional da História em número de países), quando a proposta de se reduzir ou eliminar os subsídios da ordem de 1 trilhão de dólares destinados anualmente à exploração de petróleo foi solenemente ignorada na Cúpula. O Brasil, por exemplo, que realiza esforços e manobras contábeis sem precedentes para financiar a exploração do petróleo na camada pré-sal, foi contra. Trata-se do mesmo governo que ignorou o prazo estipulado pela Política Nacional de Mudança do Clima (abril do ano passado) para que fossem anunciadas as metas para a redução das emissões de gases estufa em setores específicos da nossa economia. Fundador do World Watch Institute, atual presidente do Earth Policy Institute, o pesquisador Lester Brown, em um dos capítulos do livro “Plano B 4.0”, resumiu da seguinte maneira o tamanho do desafio que os atuais chefes de estado não parecem dispostos a enfrentar com a devida celeridade: “Dada a necessidade de simultaneamente estabilizar o clima e a população, erradicar a pobreza e restaurar os sistemas naturais da Terra, a civilização enfrenta, neste início de século 21, desafios sem precedentes. Responder bem a pelo menos um deles já seria algo importante. Mas o grave quadro exige responder efetivamente a cada um deles ao mesmo tempo, tendo em vista a interdependência entre os problemas”. Tal como hoje se dá na Alemanha, quando as novas gerações estudam o nazismo nas escolas e depois, em casa, os netos perguntam para os avôs: “O que o (a) senhor (a) fez para impedir isso?”, é bastante provável que em um futuro próximo também os nossos netos nos perguntem: “Quando se confirmou o risco do pior cenário climático, o que o (a) senhor (a) fez para impedir isso?”. Qual será a sua resposta? revista do meio ambiente mai 2013


Mais chuva pra quem já tem; menos chuva pra quem não tem Mais de seis anos se passaram desde a publicação do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), em março de 2007. Desde então, os programas de modelagem climática se tornaram muito mais elaborados, mas as suas previsões, infelizmente, parecem não estar mudando muito. Um novo estudo, coordenado por um pesquisador da Nasa, William Lau, reforça o alerta de que as regiões mais úmidas do planeta vão receber ainda mais chuva, principalmente na forma de tempestades, e que as regiões mais secas tenderão a ficar ainda mais áridas nas próximas décadas, por conta das mudanças climáticas. Uma das áreas mais afetadas deverá ser o Centro-Oeste brasileiro, onde está concentrada a maior parte da produção agrícola nacional. O trabalho, aceito para publicação na revista Geophysical Research Letters, utiliza um compilado de 14 modelos climáticos desenvolvidos nos últimos anos para tentar prever o que vai acontecer com as chuvas no planeta nos próximos 140 anos, tomando como referência os meses de junho, julho e agosto, e assumindo um aumento de 1% ao ano na concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO2). “Eles pegaram os 14 modelos que serão utilizados no próximo relatório do IPCC, que são muito mais realistas do que os de 2007, e as previsões permanecem essencialmente as mesmas”, analisa o meteorologista Gilvan Sampaio, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O resumo da história, segundo ele, é que os eventos climáticos extremos – como secas, tempestades e ondas de calor – deverão se tornar mais frequentes, como já vem ocorrendo nos últimos anos. Com relação aos níveis de precipitação, especificamente, algumas regiões já áridas deverão receber ainda menos chuva e permanecer secas por períodos mais longos – incluindo o Nordeste brasileiro, que este ano passa por uma das piores secas de sua história. “Até gostaríamos de estar errados, mas, infelizmente, parece que estamos certos”, lamenta Sampaio. Segundo o novo estudo, cada 0,56 °C de elevação da temperatura global em razão do aumento da concentração de CO2 na atmosfera resultará num aumento de 3,9% na ocorrência de chuvas fortes e de 1%, na ocorrência de chuvas fracas. Curiosamente, apesar disso, o volume anual global de precipitação não deverá mudar significativamente, por conta de uma redução de 1,4% na ocorrência de chuvas moderadas. Ou seja: haverá uma intensificação dos extremos, o que é péssimo para o ser humano, tanto no campo quanto nas cidades, pois agrava o risco de eventos extremos como secas e tempestades. Um vídeo divulgado com o estudo mostra como os níveis de precipitação deverão variar anualmente no trimestre junho-julho-agosto (JJA) pelos próximos 140 anos. Nele, uma grande mancha marrom escura (representando reduções significativas de chuva) se expande e se retrai sobre o Centro-Oeste, sul da Amazônia e partes do Nordeste brasileiro nestes três meses de inverno, que já são naturalmente os mais secos do ano. “O maior impacto desta figura não é tanto a queda nos volumes de chuva, mas que este volume de chuva diminui até agosto e, possivelmente, até setembro. Ou seja, a estacão seca pode ficar mais longa e as

mai 2013 revista do meio ambiente

As concentrações de CO2 usadas na modelagem do estudo começam em 280 partes por milhão (ppm), bem abaixo da concentração atual, que já está batendo em 400 ppm

Fabrizio Turco (sxc.hu)

texto Herton Escobar, do O Estado de S. Paulo

32 mudanças climáticas

chuvas nesta região começarem mais tarde que o normal”, o que teria forte impacto na agricultura e na geração de energia elétrica nessas regiões, diz o pesquisador José Marengo, coordenador geral do CCST. Detalhe: as concentrações de CO2 usadas na modelagem do estudo começam em 280 partes por milhão (ppm), bem abaixo da concentração atual, que já está batendo em 400 ppm. O que significa que o estudo é bastante conservador e, consequentemente, ainda mais preocupante. O próximo relatório geral do IPCC (conhecido como AR5, ou 5th Assessment Report) é esperado para o fim de 2014. FOnte: blogs.estadao.com.br


Um ano do Código Florestal: tudo dito,

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira

nada feito

No dia 26 de maio o novo Código Florestal completou um ano de aprovação. Muita coisa foi dita, mas pouco foi feito. A Lei Federal nº 12.651 ainda não disse a que veio. Parece que bastou a anistia do passivo ambiental de aproximadamente 40 milhões de hectares de cerrados e florestas desmatados ilegalmente antes de julho de 2008. O que temos até agora é o Decreto Federal nº 7.830/12, genérico, que não tem o condão de nortear os Programas de Regularização Ambiental (PRA) que os estados devem desenvolver para regularizar, na prática, as propriedades rurais. Os PRAs devem indicar, com fundamentação técnica, onde serão consolidadas as ocupações ou onde deverão ser recuperadas as áreas ilegalmente desmatadas. Devem também indicar as bacias hidrográficas críticas nas quais a recomposição de áreas de preservação permanente deverá ocorrer segundo parâmetros técnicos mais rigorosos do que os previstos na lei. Devem, ainda, indicar a localização das áreas críticas para recomposição e conservação florestal para fins de compensação de reserva legal. Um ano se passou e nenhum PRA, até agora, foi aprovado no país. Embora tenha sido um dos elementos mais comemorados pelos parlamentares da base do governo, não há ainda nenhum incentivo econômico concreto (previstos no artigo 41 do Código) ou movimento real iniciado para tanto. A falta de movimento afeta também a implementação do mercado nacional de redução de emissões de CO2, previsto em lei desde dezembro de 2009. Tal mercado poderia direcionar investimentos para conservação ou recuperação de florestas, já que o desmatamento, apesar da redução expressiva de suas taxas na Amazônia, ainda é responsável pela maior parte das emissões de carbono brasileiras. A falta de ação parece também ser seguida pela falta de vontade para com o diálogo público e transparente. Tanto é assim que o Ministério de Meio Ambiente recusou a proposta feita em novembro de 2012 pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde e pelo Instituto

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Um ano depois, e a Lei Federal nº 12.651 ainda não disse a que veio

texto Paulo Moutinho e André Lima, do Ipam

código florestal 33

de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) para a criação de um grupo assessor, no âmbito do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), para acompanhamento e avaliação da implementação da nova lei. Em contrapartida, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) propôs a criação de um comitê, fora do Conama, para monitoramento da implementação da nova lei florestal, supostamente com a participação da sociedade. Até o momento, tal comitê não foi criado, não se sabe qual a sua composição, como serão indicados seus membros, enfim não há previsão para que isso aconteça. Não se trata mais de questionar o que foi aprovado, mas de buscar a melhor maneira de implementar, sem mais retrocessos, o que foi aprovado há um ano pelo Congresso. Atentas a esse processo, algumas organizações da sociedade – entre elas, Ipam, Instituto Socioambiental (ISA), Instituto Centro de Vida (ICV), Conservação Internacional (CI), Fundo Mundial para a Natureza (WWF), The Nature Conservancy (TNC) e S.O.S. Mata Atlântica – lançarão este mês, no Congresso Nacional, o Observatório do Código Florestal. O propósito da iniciativa é promover seminários, audiências públicas, reuniões técnicas, debates e avaliações independentes e multi-institucionais sobre os melhores caminhos e meios para uma boa e transparente implementação do Código. Espera-se que esse esforço encontre abrigo nos espaços institucionais existentes, em especial no Congresso Nacional, nas assembleias legislativas, nas câmaras de vereadores, nos conselhos de meio ambiente e conte com o apoio dos órgãos ambientais, inclusive do Ministério do Meio Ambiente. Pretende-se, assim, contribuir com a implementação da nova lei, impulsionando o Cadastramento Ambiental Rural dentro de parâmetros de transparência e eficácia aceitáveis e tornando os anunciados incentivos econômicos, para aqueles que vêm cumprindo a lei e continuam protegendo seus ativos florestais, uma realidade no menor espaço de tempo possível. Sem colocar o Código em operação já, não será de estranhar que, mais à frente, uma “atualização” na consolidação de áreas rurais desmatadas ilegalmente (leia-se, mais anistia) após julho de 2008 seja requerida por aqueles que lutaram para obter tal benefício na atual lei. * Paulo Moutinho é biólogo, doutor em ecologia e diretor executivo do Ipam. André Lima

é advogado, assessor especial de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mestre em políticas públicas e gestão ambiental. Fonte: envolverde / ipam revista do meio ambiente mai 2013



PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

COM ÁTILA NUNES FILHO

Permitir que dezenas de ouvintes diariamente entrem no ar para reclamar, protestar, denunciar, sem censura. Essa é a fórmula do sucesso de audiência do Programa Reclamar Adianta que vai ao ar de segunda à sexta feira pela Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ). Na verdade, esse sucesso é um resultado, e não o objetivo. O objetivo sempre foi - e é - de dar voz aos cidadãos que não tem acesso aos veículos de comunicação para externar seus pontos de vista.

Dezenas de profissionais trabalham hoje inteiramente dedicados à milhares de ouvintes que acompanham o programa ao vivo pela Rádio Bandeirantes ou pela internet, com o fundamental apoio do serviço de interesse público Em Defesa do Consumidor (www.emdefesadoconsumidor.com.br).

Todas as reclamações dirigidas à empresas ou às autoridades, recebem nossa atenção – de forma personalizada – que não se encerra quando acaba o programa ao meio dia. A partir desse instante começa o atendimento fora do ar. O monitoramento dessas reclamações pela nossa equipe continua no restante do dia, às vezes, do resto da semana, até a se alcançar a solução.

As três dezenas de profissionais que atuam no Programa Reclamar Adianta preparam-se para ampliar o atendimento nacionalmente.

O alcance dos assuntos foi ampliado, estendo-se às reclamações dos ouvintes em relação aos órgãos do governo federal, governos estaduais e prefeituras.

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia, Acesse pela internet: www.reclamaradianta.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5588 twitter: @defesaconsumo www.emdefesadoconsumidor.com.br

A central telefônica, criada para atender durante as duas horas de programa, hoje funciona 24 horas por dia.

Tudo isso se deve, contudo, aos milhares de ouvintes que sintonizam a Rádio Bandeirantes AM 1360 do Rio de Janeiro, de segunda à sexta-feira, das 10h ao meio dia. Obrigado a todos. E guarde o número de telefone de nossa Central de Atendimento: (021) 3282-5588. Se preferir, nos mande um e-mail. O atendimento é 100% gratuito e personalizado. A equipe do Programa Reclamar Adianta

PROGRAMA PAPO MADURO

RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ) De 2ª à 6ª feira, ao meio dia, Acesse pela internet: www.papomaduro.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5144


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A Revista do Meio Ambiente (revistadomeioambiente.org.br) é elaborada a partir das colaborações da Rede Rebia de Colaboradores e Jornalistas Ambientais Voluntários (RebiaJA – rebia.org.br/ rebiaja) e é distribuída de forma dirigida e gratuita, em âmbito nacional, em duas versões: 1) versão impressa – distribuída em locais estratégicos e durante eventos ambientais importantes que reúnam formadores e multiplicadores de opinião em meio ambiente e demais públicos interessados na área socioambiental (stakeholders) diretamente em stands, durante palestras, ou através de nossas organizações parceiras, empresas patrocinadoras, etc.; 2) versão digital – disponível para download gratuito no site da Revista bastando ao interessado: a) estar cadastrado na Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) – rebia.org.br (cadastro e associação gratuitas); b) estar logado no momento do download; c) preencher o campo do formulário com o comentário sobre o porque precisa da Revista do Meio Ambiente. Quem patrocina a gratuidade? A gratuidade deste trabalho só é possível graças às empresas patrocinadoras e anunciantes, às organizações parceiras e à equipe de voluntários que doam seu esforço, talento, recursos materiais e financeiros para contribuir com a formação e o fortalecimento da cidadania ambiental planetária, no rumo de uma sociedade sustentável.

R GA

ano VIII • ed 59 • maio 2013

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DE VO LU Ç

Guia do Meio Ambiente

Revista do Meio Ambiente Redação: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba, Niterói, RJ CEP 24370-290 Telefax: (21) 2610-2272


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