Revista do Meio Ambiente 12

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2 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 012 - NOVEMBRO - 2007


Editorial

Por Vilmar Sidnei Demamam Berna* vilmar@rebia.org.br

Ideologias, Informação e Meio Ambiente

e boas intenções – e de boas idéias – o inferno está cheio. Uma idéia que se propõe a se bastar por si própria como explicação do mundo, tende a se tornar uma ideologia. E uma ideologia que se propõe a única verdadeira, tende ao fundamentalismo totalitário. Não é à toa que tendem a não funcionar como explicação e organização de mundo por que tanto o mundo, quanto as pessoas, são complexos e plurais demais para caberem dentro de alguma ideologia. Nas últimas décadas vimos fracassar todas as grandes ideologias, seja capitalismo, socialismo e comunismo, e mesmo o autogoverno em pequenas comunidades auto-gestionárias, por que, por detrás delas tem gente complexa, por sua própria natureza, com suas grandezas e misérias. Gente tem inveja, ambição, ganância, arrogância, prepotência, indiferença com a dor alheia, etc. Por outro lado, gente também tem solidariedade, compaixão, gentileza, amor, etc. As religiões - ideologias em nome de divindades -, tentam a séculos domar a natureza humana, pretendendo a impossível tarefa de só desejarmos e agirmos para o bem e evitarmos todo o mal, e chega a nos prometer paraísos e ameaçar com infernos eternos ainda assim, as pessoas seguem boas e más, essencialmente, em sua complexidade. Com a queda do muro na Alemanha, ruiu também a nossa crença nas ideologias. Ficamos meio órfãos de boas idéias. O neoliberalismo, que é a nova face do mesmo capitalismo de sempre, segue agora sem nenhuma oposição mundo a fora, privatizando recursos naturais que deveriam ser usufruídos por todos, manipulando genéticas para se apropriar da biodiversidade e mercantilizar tudo o que for possível, externalizando para a sociedade os custos de tudo o que coloca no mercado e que não quer cuidar (colocam os carros, por exemplo, e que os governos desviem dinheiro de impostos, que era para empregar em transporte de massa, para construir estradas, pontes e viadutos para os automóveis que atendem apenas 20% da população e levam o engarrafamento daqui para um pouco mais a frente, além de

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ter de lidar com a poluição do ar que mata 13 mil brasileiros nas cidades todos os anos, e substituir a agricultura que combate a fome por agricultura para alimentar automóveis com etanol e biodiesel, etc.). O modelo segue capitalizando lucros e socializando prejuízos, com sempre fez. Os defensores deste novo neoliberalismo dizem que o seu diferencial fica por conta da democracia, tida como um valor sagrado, ao contrário dos regimes sob o controle do Estado, que tendem a suprimir a liberdade de expressão. Esquecem de dizer que não fazem isso por algum compromisso moral com a liberdade de opinião, mas por que descobriram que podem usar a informação e a propaganda na verdade precisam delas - como forma de dominação. Se no passado essa dominação se dava por meio de chicotes, masmorras e assassinatos hoje se dá pela divulgação de mentiras, meias verdades, mitos, pelo uso intensivo do marketing e da propaganda difundindo idéias, em todos os canais e o tempo todo, de que um mundo melhor é possível, desde que você trabalhe como um escravo a vida toda e ganhe dinheiro suficiente que assegure seu acesso a ele, através do consumo, um mundo maravilhoso onde os cabelos são sempre lindos, os corpos são musculosos e sem barriga, a pele de adultos mantém textura de bebês, as roupas e calçados estão sempre na moda, os carros são cada vez mais velozes e associados ao ‘desejo de ir mais longe, o mais rápido possível”, etc. Um mundo igual para todos, onde a felicidade se compra, basta ter dinheiro para usufruir do que há do bom e do melhor. Um mundo que não está ao alcance dos mais pobres e dos trabalhadores apenas por que eles não querem, por serem preguiçosos e escolheram não estudar nem trabalhar para viver das benesses do Estado ou por que escolheram exercer trabalhos subalternos que pagam pouco em vez de se esforçarem mais, se capacitarem mais, e se tornarem trabalhadores melhores, mais bem remunerados. Em outras palavras, não há nada de errado com o sistema, errados estão os pobres e os que ganham pouco! Uma mentira cruel de um sistema que se apropria dos

recursos naturais e da força de trabalho humano apenas para concentrar renda e poder nas mãos de uma pequena parcela da população, enquanto exclui os mais pobres e nega a eles e aos trabalhadores educação de qualidade, moradias decentes com saneamento básico, alimentação suficiente. Nenhuma educação, nenhum esforço de trabalho, por melhor que seja, será capaz de enfrentar esta estrutura de apropriação de riquezas e concentração de rendas. Os nazistas defendiam a idéia de que os pobres e os incapazes eram inferiores, uma espécie de peso morto para a natureza que tinha de fornecer recursos naturais e alimentar raças que só serviam para dar despesas e causar danos ao Planeta, e que seriam eliminadas naturalmente. Uma idéia pervertida do princípio natural da evolução das espécies onde apenas os mais fortes e adaptados é que tendem a sobreviver. Ao eliminarem as raças consideradas por eles como inferiores, estariam dando uma mãozinha à natureza, ao apressar a extinção delas.Talvez vissem a ‘solução final’ (assassinatos coletivos de milhares de pessoas) como um ato de misericórdia, pois estariam abreviando o sofrimento de espécies que iriam desaparecer mesmo, um dia. Os nazistas acreditavam na idéia de que existia uma raça superior, a deles, naturalmente.Também eram vegetarianos, defendiam os animais, cultuavam a vida ao ar livre e a natureza. Um exemplo de até onde as idéias podem nos levar. Os defensores do socialismo e do comunismo, por sua vez, dizem que o erro não está na idéia do socialismo ou do comunismo, que são boas, mas no fato de ser preciso ter e manter a força para enfrentar interesses e organizações poderosas, enraizadas há muito tempo, e que se apropriaram do Estado e dos recursos naturais para seus interesses. E todas as vezes que um povo e seu governante ameaçam enfrentarem estes interesses, são acusados imediatamente de serem inimigos da democracia e das liberdades. Como está acontecendo neste momento com Chavez, na Venezuela. Lênin dizia que “não se faz omeletes sem quebrar ovos” para justificar os massacres contra os próprios ope-

rários, a repressão e a censura ocorridos com a queda do Império Russo e a construção da União Soviética.Thomas HOBBES escreveu que “O homem é o lobo do homem” e Lorde Acton que “O poder TENDE a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente”. Dar a metralhadora para gente de boa intenção combater os poderosos é fácil. Tirar deles as metralhadoras depois que chegam ao poder, não é. Este é o drama vivido pelo povo russo e por todos os outros povos que escolheram o caminho da revolução. Diante dessa realidade, como devem se comportar os jornalistas, professores, líderes comunitários e sindicais, ambientalistas e tantos outros profissionais e cidadãos através dos quais a informação chega ao povo? É possível ser neutro diante de um poderoso que pisa no pescoço de outro mais fraco? É possível não se indignar e se manter neutro diante do massacre que vem sendo empreendido contra a natureza e contra o povo brasileiro, principalmente quando, por sua condição profissional consegue ter acesso a informações e dados privilegiados? Como ser um profissional engajado sem comprometer a qualidade da informação que, por dever, deve passar ao público? Esses profissionais devem substituir a opinião pública no seu direito de fazer escolhas? É possível, enquanto cidadão, ser engajado e comprometido com uma causa e ideologia e ao mesmo tempo, enquanto profissional, assegurar a pluralidade das opiniões ao mesmo tempo - o que significa dar publicidade às idéias que combatemos? Sartre disse, certa vez que “ao escrever, o escritor deve solicitar um pacto com o leitor, que ele colabore em transformar o mundo, a sua realidade...” Será esta a saída? Comunicar francamente aos leitores nosso comprometimento, sem meias palavras, para que ele saiba que a informação que está tendo acesso pode - e estará - fatalmente comprometida por nosso olhar engajado?

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O Eco Por Maria Tereza Jorge Pádua*

Denúncias contra ONGs

esde quando a Ministra do Meio Ambiente era uma simples senadora, algumas organizações não-governamentais (ONGs) sofreram perseguições inexplicáveis, quer seja pela sua história de vida ou pelo seu ilibado comportamento.A Fundação o Boticário de Proteção à Natureza teve de responder em Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no Senado Federal, não obstante todo seu relevante trabalho para a conservação da natureza no Brasil e sua seriedade. A própria, então senadora, Marina Silva defendeu, com muita propriedade, a ONG e a CPI, como era de se esperar, não deu em nada e, nem poderia dar contra a Fundação o Boticário de Proteção à Natureza. A entidade sofreu prejuízos morais e financeiros, que ninguém pode ressarcir, quer sejam com o pagamento de advogados, com viagens de seus dirigentes à Brasília, hotéis, horas de trabalho de seu pessoal e, além do mais e talvez mais grave, tenha sido o desgaste e o desânimo gerado, na ocasião, em quem só tem feito o bem para a área ambiental do país. Agora quando se denunciam muitas ONGs, entre elas algumas que seguramente podem ter algumas irregularidades, cometem injustiças de publicar na mídia e se armam inquisições em CPIs, contra organizações que há muito vêm realizando trabalhos indiscutivelmente fundamentais e sérios de proteção à natureza. Este é o caso recente, por exemplo, da Coalizão Internacional da Vida Silvestre (IWC/ Brasil), que recebe, entre outros, apoio da Petrobras. A estatal ainda apóia outros excelentes projetos como o TAMAR. Este apoio é antigo, mas agora se estampou nas primeiras páginas de vários jornais do Sul do país, que a IWC/Brasil é uma ONG que apresenta muitas irregularidades. Na verdade, não apresenta, mas seu nome já está manchado e tudo indica que seus dirigentes vão ter de enfrentar esta inquisição montada principalmente graças aos ciúmes de outras não-governamentais e aos interesses de alguns políticos e homens públicos de aparecerem na mídia.

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A IWC/Brasil é acusada de pegar dinheiro da Petrobras e nunca ter feito nada pelas baleias; de não ter qualquer produção científica e de ser o projeto administrado por uma pessoa, sem qualquer qualificação e que esta mesma pessoa é a única existente na ONG. Ora, pelo amor de Deus, entrem no site da ONG e se informem de seus enormes trabalhos que vêm salvando e protegendo as baleias francas e outros mamíferos marinhos. Conheçam a história da entidade, de como surgiu, do que já fez e das pessoas de notório saber e ilibada reputação que dela participaram, ou ainda participam. Eu não vou repetila aqui, pois já falei muito dela em artigo recente publicado pelo O Eco intitulado “O espetáculo das baleias”. No Paraná, devido à acusação de um deputado- Max Rosenmann, onde qualifica todas as ONGs que lutaram pela criação de unidades de conservação de floresta de araucária no Paraná e Santa Catarina de “uma quadrilha ambiental”, muitas não governamentais estão na berlinda. O deputado diz mais: que seus dirigentes buscavam enriquecimento pessoal e lá vão estas pessoas enfrentar uma audiência na Polícia Federal, representando as entidades: Mater Natura, WWF, a Rede Nacional pró Unidades de Conservação, a Apremavi e talvez tenham de ir também a TNC e a SPVS, no dia 27 deste mês. A esperança reside na justiça e no trabalho, que costuma ser imparcial, da Polícia Federal. Estas entidades trabalham seriamente e seus dirigentes não devem nada a ninguém, mas isso às vezes não é suficiente, nos tempos em que estamos vivendo onde grassa a corrupção e os poucos honestos são confundidos com o descalabro que nos impõem os corruptos. O desgaste de quem ganha pouco e trabalha muito nestas ONGs será inevitável. Parece que quem faz e faz bem tem de pagar, ou está sempre atrapalhando alguém. Melhor seria não fazer, para aqueles inconseqüentes e levianos que acusam as ONGs, sem se dar ao trabalho de conhecer quem é quem na área ambiental. Outra grande comoção que es-

tão enfrentando as ONGs é a prisão da engenheira agrônoma Elma Romanó, ex-chefe do escritório regional do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Ponta Grossa. Elma é conhecida dos ambientalistas que confiam no seu trabalho e acreditam que a prisão é decorrente de uma armadilha preparada pelos seus desafetos, pois ela vinha sistematicamente denunciando, como era imperativo no cargo que ocupava, os crimes ambientais praticados principalmente por madeireiros. O hábeas corpus de Elma foi negado pela Justiça. Ela tem 50 anos e trabalha há 30 anos como servidora pública, sem apresentar nenhum deslize em sua ficha funcional. Assim, quinze organizações ambientalistas estabeleceram um fórum permanente para ajudarem em sua defesa e para “lutarem contra a corrupção em órgãos ambientais do Paraná”. As entidades priorizaram a luta pela liberdade da servidora. Encabeça o movimento o advogado e ambientalista Vitório Sorotiuk, que acredita ter Elma sempre se pautado, em sua vida profissional, pela honestidade de conduta. Muitos ambientalistas têm afiançado que sua prisão foi arbitrária e equívoca. Organizações não-governamentais vivem de sua credibilida-

de, pois como são sem fins lucrativos não podem “fazer dinheiro”. Vivem de doações de organismos nacionais ou internacionais, das ONGs de países ricos, de doações de pessoas físicas e de uma pequena, sempre pequena, taxa de administração de projetos que executam. Quem trabalha nessas organizações ambientalistas em geral o faz por amor à causa, porque crê que está ajudando à sociedade e que seu trabalho é importante para se salvar a vida silvestre ou a biodiversidade do planeta. Ganha pouco e trabalha muito e em geral tem o respeito de seus comparsas, de cientistas e de outras instituições afins. Colocá-las todas no mesmo patamar de alguns espertalhões que fazem tudo para tirar o dinheiro público, ou melhor, roubar do público, é uma enorme injustiça que vai prejudicar exatamente aquela mesma natureza que todos querem salvar, pelo menos no discurso. * Fundadora da Funatura, membro do Conselho da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e da comissão mundial de Parques Nacionais da UICN. Fonte: editor@oeco.com.br

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Água

Minas Gerais, Bahia e Sergipe terão de ceder água para a Transposição do Rio São Francisco Apesar de o projeto de transposição do rio São Francisco implicar num volume de água pequeno, Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da COPPE/UFRJ defende que os estados que vão ceder a água têm todo o direito de reclamar, pois o que se pede deles é uma renúncia hídrica, que deverá significar um futuro sacrifício em termos de desenvolvimento. projeto da transposição, integrando o Rio São Francisco às bacias do Nordeste Setentrional vai beneficiar cerca de 12 milhões de pessoas. No entanto, para que o projeto se concretize, os estados de Minas Gerais e Bahia, juntos, precisam ceder 2% do volume de água do rio que banha suas regiões. Uma quantidade de água desprezível, segundo o professor Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da COPPE/UFRJ.

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Na opinião do pesquisador, que integra o grupo de especialistas que assina a elaboração da versão preliminar do Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (PBHSF) para a Agência Nacional de Águas (ANA), esse percentual é pequeno, se compararmos o que esses estados perderão em relação ao enorme ganho que significará para o Polígono da Seca. Por outro lado, o especialista considera pertinente a oposição feita pelos representantes de Minas Gerais, Bahia e Sergipe. Antes de mais nada, é preciso deixar claro que a água tem valor e que esses estados precisam receber pela água que

MinasGerais, Bahia e Sergipe alvos da transposição

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será transportada”, ressalta o pesquisador. Segundo Canedo, o principal ponto da discussão não está no percentual de água a ser transferido. A transposição do Rio Paraíba do Sul para o Rio Guandu, no estado do Rio de Janeiro, por exemplo, é de 70% do volume da água.Apesar de o projeto de transposição do rio São Francisco implicar num volume de água pequeno, o pesquisador defende que os estados que vão ceder a água têm todo o direito de reclamar, pois o que se pede deles é uma renúncia hídrica, que deverá significar um futuro sacrifício em ter mos de desenvolvimento. “Além disso, não estão sendo contempladas na discussão as várias cidades desses estados que também apresentam problemas de abastecimento e são carentes de infraestrutura hídrica, mesmo estando às margens do Rio São Francisco”, ressalta. O aproveitamento hídrico do projeto de transposição do Rio São Francisco foi aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, no dia 17 de janeiro de 2005. De acordo com o Plano Decenal, a transposição propiciará aos estados do Nordeste Setentrional um consumo adicional imediato de 25 m3/ s (25.000 litros por segundo), podendo chegar a 65m3/s de água em 2025. Segundo o professor, o semiárido nordestino tem centenas de reservatórios que são capazes de atender a vazões de até 77m3/s. Com a transposição, no futuro essa região poderá ser beneficiada com um volume de água de 180m3/s. Portanto, um total superior a simples soma da capacidade atual dos reservatórios com o volume de água transportado. “Não se trata

Paulo Canedo

do milagre da água. O adicional de 38 m3/s deve-se a uma economia gerada pelo fato de que só estará exposto ao tempo o volume suficiente para o consumo, evitando assim, perdas por evaporação e transbordamento nos reservatórios”, explica o professor. A seca no semi-árido nordestino é causada pela má distribuição do volume de chuva: na região chega a chover 700 mm por ano, durante uma média de apenas três meses. “Como o solo da região é raso, não há retenção e a água da chuva escoa rapidamente. Outro problema é que muitos dos açudes nordestinos são largos e rasos. Para se ter uma idéia, um açude precisa conter quatro litros de água para viabilizar o uso de apenas um litro. A água evapora com facilidade”, explica o professor que defende a transposição como uma boa solução para o semi-árido brasileiro. A escassez de recursos hídricos em algumas regiões do nordeste está muito abaixo do limite mínimo estabelecido pela ONU, que é de 1.000 metros cúbicos de água por habitante/ano. Atualmente, a disponibilidade em algumas áreas dos sertões do Nordeste Setentrional é de aproximadamente 500 metros cúbicos por habitante/ano. Neste cenário de carência hídrica, que traduz - se em pobreza e baixos índices de desenvolvimento humano, o São Francisco responde por cerca de 70% da água disponível na região, o que o torna o oásis do nordeste brasileiro. Fonte: Planeta COPPE


Animais Por Sérgio Greif*

O modelo animal e um pesquisador propusesse testar um medicamento para idosos utilizando como modelo moças de vinte anos; ou testar os benefícios de determinada droga para minimizar os efeitos da menopausa utilizando como modelo homens, certamente haveria um questionamento quanto à cientificidade de sua metodologia. Isso porque se assume que moças não sejam modelos representativos da população de idosos e que rapazes não seja o melhor modelo para o estudo de problemas pertinentes às mulheres. Se isso é lógico, e estamos tratando de uma mesma espécie, por que motivo aceitamos como científico que se teste drogas para idosos ou para mulheres em animais que sequer pertencem à mesma espécie? Por que aceitar que a cura para a AIDS esteja no teste de medicamentos em animais que sequer desenvolvem essa doença? E mesmo que o fizessem como dizer que a doença se comporta nesses animais da mesma forma que em humanos? Mesmo livros de bioterismo reconhecem que o modelo animal não é adequado. Dados experimentais obtidos de uma espécie não podem ser extrapolados para outras espéci-

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es. Se quisermos saber de que forma determinada espécie reage a determinado estímulo, a única forma de fazê-lo é observando populações dessa espécie naturalmente recebendo esse estímulo ou induzi-lo em certa população. Induzir o estímulo esbarra no problema da ética e da cientificidade. Primeira pergunta: será que é certo, será que é meu direito pegar indivíduos e induzir neles estímulos que naturalmente não estavam incidindo sobre eles? Segunda pergunta: será que é científico, se o organismo receber um estímulo induzido, de maneira diferente à forma como ele naturalmente se daria, será ele modelo representativo da condição real? Ratos não são seres humanos em miniatura. Drogas aplicadas em ratos não nos dão indícios do que acontecerá quando seres humanos consumirem essas mesmas drogas. Há algumas semelhanças no funcionamento dos sistemas de ratos e homens, é claro, somos todos mamíferos, mas essas semelhanças são paralelas. Não se podem ignorar as diferenças, as muitas variáveis que tornam cada espécie única. Essas diferenças, por menores que pareçam, são tão significativas que por vezes produzem resultados antagônicos. Testes realizados em ratos

não servem tampouco para avaliar os efeitos de drogas em camundongos. Isso porque apesar de aparente semelhança, ambas as espécies possuem vias metabólicas bastante diferentes. Diferenças metabólicas não são difíceis de encontrar nem mesmo dentro de uma mesma espécie, admite-se que as drogas presentes no mercado são efetivas apenas para 30-50% da população humana. Na prática o que acontece é que um rato pode receber uma dose de determinada substância e metabolizá-la de maneira que ela se biotransforme em um composto tóxico. A toxicidade mata o rato, mas no ser humano essa droga poderia ser inócua, quem sabe a resposta para uma doença severa. Por outro lado, o teste em ratos pode demonstrar a segurança de uma droga que no ser humano se demonstre tóxica. Centenas de drogas testadas e aprovadas em animais foram colocadas no mercado para uso por

seres humanos e precisaram ser recolhidas poucos meses após, por haverem sido identificados efeitos adversos à população. Se as pesquisas com animais realmente pudessem prever os efeitos de drogas a seres humanos, esses eventos não teriam ocorrido. Dessa forma, pode-se inferir que a pesquisa que utiliza animais como modelo não só não beneficia seres humanos, como também potencialmente os prejudica. O modelo de saúde que defendemos é aquele que valoriza a vida humana e animal. Os interesses da indústria farmacêutica e das instituições de pesquisa que lucram com a experimentação animal não nos dizem respeito. Buscamos por soluções reais para problemas reais. Os maiores progressos em saúde coletiva se deram através de sucessivas mudanças no estilo de vida das populações. Há uma forte co-relação entre nossa saúde e o estilo de vida que levamos. Se nosso estilo de vida é dessa ou daquela forma, isso reflete em nossa saúde. Está claro que as doenças são reflexo, em grande parte, de nosso estilo de vida e que a cura deve estar em correções nesses hábitos. * Biólogo em São Paulo/SP, mestre em Alimentos e Nutrição, autor dos livro “A Verdadeira Face da Experimentação Animal:A sua saúde em perigo” e “Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável”. Contato: sergio_greif@yahoo.com

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Opinião Por Roosevelt S. Fernandes, M.Sc.*

Nossos futuros gestores estão preparados para enfrentarem a crise das mudanças climáticas ?

Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), criado pelo Ministério da Educação (MEC), tem por objetivo verificar o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos diferentes cursos de graduação (ensino superior), suas habilidades frente às exigências decorrentes da evolução do conhecimento e suas competências para compreender temas externos ao âmbito específico de sua profissão, bem como de outras áreas do conhecimento. Assim, os resultados do ENADE são referências que permitem a definição de ações voltadas à melhoria da qualidade dos cursos de graduação, quer pelas autoridades educacionais, quanto (e, sobretudo) pelas próprias instituições de ensino. Ao contrário do “Provão”, que avaliava anualmente todos os formandos (concluintes) de cursos de nível superior, o ENADE avalia apenas uma amostra de alunos (definida por sorteio), porém o faz para alunos iniciantes e concluintes de cada curso das instituições públicas e privadas. A proposta que o Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA apresenta, tendo como base a filosofia adotada pelo ENADE, é da criação (em caráter não compulsório) do “ENADE Ambiental”, este diretamente ligada à necessidade de conhecer, quando ingressam e apos formados, o per-

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fil de cidadania ambiental de estudantes do ensino superior, para identificar, avaliar e atuar sobre as possíveis disfunções do conhecimento ambiental, de diferentes cursos de nível superior, adequando-os às demandas do mercado de trabalho e, em particular, a inevitável crise ambiental que a sociedade deverá enfrentar nas próximas décadas. Certamente tal processo não estará avaliando unicamente a eficácia da ação das instituições de ensino sobre seus alunos, mas sim todo o contexto a que os estudantes estão submetidos (TV, jornais, revistas, ação das ONGs ambientalistas, etc), inclusive o conhecimento ambiental disponibilizados nos cursos. A avaliação, como já está ocorrendo (conduzida pelo NEPAUNIVIX) com cursos de Administração e Engenharia de duas instituições de ensino superior sediadas na Grande Vitória - ES, tomou como base um questionário especialmente desenvolvido pelo NEPA, onde se procura quantificar o conhecimento ambiental básico (perfil de cidadania ambiental), frente a diferentes aspectos da temática ambiental, comparando-se os resultados obtidos de ingressantes e concluintes. É importante destacar que a avaliação do conhecimento ambi-

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ental já está incorporada à avaliação do ENADE, porém o que se propõe é uma avaliação em separado e detalhada deste conhecimento, dado a importância, crescente e crítica, das demandas do mercado por profissionais preparados para atender as exigências ambientais das empresas, quer do ponto de vista de planejamento de suas atividades futuras, ações corretivas em relação às atividades presentes, bem como o próprio processo de obtenção e renovação de suas licenças ambientais junto aos órgãos normativos de controle ambiental. Não podemos esquecer que a grande maioria dos formandos não é incorporada as grandes empresas (que contam com grupos especializados e multidisciplinares para tratar dos temas ambientais), mas as micro, pequena e média empresas, onde tais gestores, à luz do seu preparo para tal, desenvolvem a postura a ser adotada pela empresa. A proposta inicial de criação do “ENADE Ambiental” deve ser considerada como um ponto de referência para a futura ampliação do procedimento para outras instituições de ensino, de modo a assegurar a caracterização de um perfil nacional de ingressantes e concluintes de diferentes cursos de nível superior, possibilitando a for-

mulação / reformulação dos projetos pedagógicos dos próprios cursos, ajustando-os as necessidades de adequação de disfunções ambientais / sociais observadas, imprescindíveis à formação dos diferentes profissionais que chegam ao mercado de trabalho. Os resultados das pesquisas realizadas pelo NEPA na linha da adoção do “ENADE Ambiental” mostram (e enfatizam), mesmo que ainda em caráter preliminar, a importância da adoção deste novo e complementar instrumento de avaliação dos estudantes do ensino superior, em caráter não compulsório, envolvendo não apenas os aspectos ambientais, mas também os sociais. No momento que discutimos a crise das Mudanças Climáticas, aonde muito se vem falando (necessariamente) a respeito das formas “corretivas” de equacionar o problema, há que se ter idêntica preocupação com as opções “preventivas” de encaminhar o mesmo tema, o que nos parece ser, entre outros, a preocupação de conhecer como nossos jovens estão preparados (do ponto de vista do conhecimento ambiental básico) para assumir (e manter) o gerenciamento desta crise. * Roosevelt S. Fernandes, M.Sc. é membro titular dos Conselhos Estadual de Meio Ambiente e do Estadual de Recursos Hídricos (ES), bem como do Conselho de Meio Ambiente da CNI - roosevelt@ebrnet.com.br


Animais

Urso e lhama são apreendidos em circo de Campos (RJ) Lei estadual proíbe uso de animais em circos. Animais recebiam rações de cavalos e cães isso é maus tratos. m urso pardo e um lhama foram apreendidos num circo em Campos, no Norte Fluminense, no dia 27/10 pela chefe do Escritório do IBAMA em Campos dos Goytacazes e agentes do IEF/RJ. Segundo a 146ª DP (Guarus), o dono do Royal Circo Show, que mantinha os animais, foi autuado por maus tratos a animais Lei Federal nº 9605/98 e utilizar animais em circo, o que é proibido pela lei estadual 3714/2001. Os técnicos dos órgãos ambientais constataram em vistoria no circo que os animais não tinham acomodações nem alimentação adequada. O urso, que mede 2,10m e tem 10 anos, estava numa pequena jaula e era alimentado com ração para cães. A lhama, de 12 anos, recebia ração para cavalos. A denúncia sobre a situação dos animais foi feita pela Associação de Proteção aos Animais (APA), organização não-governamental de Campos dos Goytacazes, que acionou o ESREG/IBAMA/CAMPOS. Como o órgão federal não dispõe de fiscais na região, solicitou apoio da fiscalização do IEF e da Secretaria de Meio Ambiente de Campos dos Goytacazes para proceder numa ação conjunta. Assim como para um laudo técnico que envolvesse além da avaliação da bióloga do IBAMA(Rosa Maria), o parecer de uma médica veterinária,então o IBAMA solicitou a ajuda do HOSPITAL VETERINÁRIO DA UENF que acompanhou toda a operação. Os animais apreendidos foram encaminhados para o Zoológico do Rio no dia seguinte. O inspetor André Luis Barcellos da 146ªDP (Guarus) informou que o dono do circo disse que

U

comprou o urso pardo em uma importadora de animais exóticos de Curitiba. A importadora teria comprado o animal da Holanda, segundo o policial. Já a lhama teria sido adquirida na Bolívia, segundo informou o policial, com base no depoimento do dono do circo. Não havia nenhum documento que comprovasse a legalização dos animais. Laudo Técnico O Laudo Técnico foi assinado pela BIÓLOGA, analista ambiental do ESREG/ IBAMA em Campos dos Goytacazes/RJ – Rosa Maria Cordeiro Wekid Castello Branco e pela MÉDICA VETERINÁRIA Helena Hokamura do Hospital veteriário da UENF. Assunto: Apreensão de um macho de Urso pardo e uma fêmea de Lhama em circo no Município de Campos dos Goytacazes/RJ Data: 27 de junho de 2007 Urso pardo de idade informada de aproximadamente 10 anos, se encontrava confinado em uma jaula de dimensões aproximadas de 2,5 m comprimento x 2,0 m largura x 1,5 m altura, não permitindo ao animal permanecer em posição bipedal. Ausência de fornecimento de fonte de água ad libitum, ausência de sombremamento mantendo o animal em condições de insolação direta. Fisicamente apresentando-se abaixo do peso esperado para a idade, pelos foscos, ressequidos e de cobertura homogênea sem sinais aparentes de lesões de pele. Apresentava sinais de estereotipia de comportamento, executando caracterizando confinamento excessivo. Observou-se material fecal em pequena quantidade no interior da jaula, sendo seu aspecto macroscópico ressequido e farináceo em volume inferior ao esperado para o porte do animal.Ausência de sinais que evidenciassem o fornecimento de alimentação

Como não tem mais como ser devolvido à natureza, o urso ficará sob os cuidados do zoológico do Rio de Janeiro, para quem quiser visitá-lo. Dentro dessas circunstâncias, o urso está melhor agora e até ganhou uma ursa parda como companheira.

adequada e balanceada (fontes de fibras naturais - frutas, legumes, verduras, cereais; e fontes protéicas de origem animal - carnes, aves, peixes) sendo alimentado exclusivamente com ração para cães em volume e freqüência não informada. Obs: jaula inadequada oferecendo riscos para a manipulação do animal e possibilitando acidentes incluindo fuga do animal, representando riscos à comunidade em geral.

Lhama: apresentava-se presa a uma corda curta que limitava seus movimentos. Não se observou sinais de fornecimento de água ad libitum, não havia sinais de fornecimento de feno ou ração.Segundo seu proprietário lhe era fornecida ração de cavalo (não tendo apresentado o alimento).Não havia sinais de abrigo para o animal. CONCLUSÃO Os animais estavam em maus tratos.

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Bayer e ONU/PNUMA apresentam os Jovens Embaixadores Ambientais 2007 do Brasil Bayer e PNUMA premiam os quatro universitários brasileiros selecionados como Jovens Embaixadores Ambientais – Edição 2007 em evento em São Paulo no dia 23 de outubro; Parceria foi renovada por mais três anos elecionados por um júr i independentecomposto por 11 jornalistas especializados, lideranças de ONGs, especialistas em gestão ambiental, pesquisadores e dirigentes acadêmicos, os quatro jovens escolhidos participarão de um Encontro Internacional de Jovens Embaixadores Ambientais, que será realizado na Alemanha, entre 17 e 26 de novembro, na quinta edição de um dos mais importantes programas globais de protagonismo juvenil pela sustentabilidade. O presidente da Bayer S.A. e porta-voz do Grupo Bayer no Brasil, Dr. Horstfried Laepple, declarou: “É a partir de propostas como estas que podemos construir um futuro melhor para as próximas gerações. Eu realmente espero que o nosso incentivo seja um fator motivacional para que estes jovens sigam em frente e continuem persistindo pela preservação do meio ambiente”. Entre 32 projetos inscritos (um crescimento de 20% em relação à Edição 2006), vindos de nove estados brasileiros, a Comissão Julgadora escolheu quatro que abordam temas atuais e de interesse coletivo como Energia, Reciclagem de materiais, Saúde e Transportes. Os selecionados, por ordem alfabética, foram os seguintes: · Camila Rodini Luiz Kammerer, da USP - Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto/SP, com o projeto “Biodiesel em casa e nas escolas”. · Hyrla Marianna Oliveira, da UnB - Universidade de Brasi-

S

lia, Brasília/DF, com o estudo “Design de mobiliário escolar com madeira plástica como solução sustentável”. · Michelle Caroline de Oliveira, do UnicenP - Centro Universitário Positivo, Curitiba/PR, com o projeto “Uso racional e coleta orientada de medicamentos”. · Moisés Ribeiro Abdou, da USP - Universidade de São Paulo, São Paulo/SP, com o projeto “Pavimento ecológico: uma opção para pavimentação de vias das grandes cidades”. Sobre o Programa O Programa Jovens Embaixadores Ambientais vem sendo realizado pela Bayer desde 1996 e a partir de 2003 tornou-se uma parceria global com o PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. “O programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais tem se mostrado de grande importância para a inserção dos jovens como importantes atores dos processos ambientais internacionais. A Bayer foi a primeira empresa global a engajar-se na implementação da Estratégia de Juventude e Ambiente do PNUMA”, disse Cristina Montenegro, diretora do PNUMA no Brasil. Para saber mais visite o site www.byee.com.br. O objetivo do programa é identificar e incentivar lideranças jovens (18 a 25 anos) nas áreas de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, promover o intercâmbio e a troca de experiências em termos globais, e com isso promover a paz entre as nações a partir do respeito à diversidade cultural e do reconhecimento de objetivos comuns sobre questões ambientais. Desde 1996 já foram premiados mais de 400 jovens de 22 países da Ásia, América Latina, África e Europa – 16 deles do Brasil. Realizado no Brasil desde

Da esquerda: Moisés, Camila, Dr.Horstfried Laepple, Hyrla e Michelle. Img. http://www.bayeryoungenvoy.com

2004, o Programa conta com o apoio do Ministério do Meio Ambiente do Brasil e a auditoria externa independente de procedimentos da PricewaterhouseCoopers. Os quatro Jovens Embaixadores Ambientais de 2007 embarcarão dia 17 de novembro para a Alemanha, onde cumprirão extenso programa técnico e cultural, com visitas a universidades, centros de pesquisa, órgãos ambientais alemães e intercâmbio técnico em Leverkusen, sede mundial da Bayer, e Berlim. Sobre a Bayer O Grupo Bayer pratica os princípios da Responsabilidade Social e Ambiental em todo o mundo e é reconhecida como uma empresa líder mundial. Recebeu o Prêmio Low Carbon Leaders e foi incluído no Índice de Liderança Climática e já ultrapassou as metas especificadas pelo Protocolo de Kyoto. Suas ações foram selecionadas para estar no Índice Mundial de Sustentabilidade Dow Jones e no Índice de Sustentabilidade STOXX Dow Jones Europeu desde que foram criados em 1999 e 2001, respectivamente. A Bayer também foi co-fundadora da iniciativa Global Compact, da ONU, contra a corrupção, e na área da

saúde colabora com a Organização Mundial da Saúde e com um projeto internacional de combate à tuberculose. No Brasil a empresa tem várias iniciativas de RSE, como o Biodiversidade, mantido pela Bayer CropScience, e o Escola Verde, de educação ambiental, considerados Benchmarking Ambiental em 2007; o Programa Cão-Guia, para portadores de deficiência visual, único na América Latina; apóia a AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente doando mensalmente produtos para a construção de próteses, e há 10 anos e realiza o Programa“Bayer vai à Comunidade”, que inclui uma Escola de Futebol, que envolve mais de 150 alunos em Belford Roxo-RJ, um programa de Reforço Alimentar, que beneficia 2.400 crianças todos os dias e o Programa Voluntariado, através do qual os funcionários praticam sua cidadania ajudando várias entidades. Mais informações: Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais - Secretaria Executiva Contato: Rogério Ruschel – Tel. 0XX11 – 4702-9006 byee.bayer.bb@bayer.com.br

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Entrevista: Mohan Munasinghe Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Desenvolvimento sem danos

Rio de Janeiro sediou, na semana passada, o primeiro encontro promovido na Amér ica Latina pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), órgão que ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2007 – dividido com Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos. No encontro foram discutidas as conclusões do quarto relatório de avaliação sobre mudanças climáticas produzido pelo órgão e suas conseqüências para o Brasil e para o mundo. Vice-presidente do IPCC, o economista Mohan Munasinghe destacou a importância de que países em desenvolvimento, como o Brasil, não copiem ou não repitam o modelo de desenvolvimento adotado pelos mais ricos, responsáveis por mais de 80% dos gases emitidos na atmosfera e considerados causadores do aquecimento global.

como de mitigar emissões de gases de efeito estufa. Mas o mais importante para os países em desenvolvimento é que eles não copiem ou repitam o mau exemplo dos desenvolvidos.

O

Natural do Sri Lanka e professor visitante da Universidade Yale, nos Estados Unidos, Munasinghe recomendou que as nações mais pobres criem seus próprios modelos de desenvolvimento sustentável. “Implementar o desenvolvimento sustentável é a estratégia que defendemos para que os países melhorem sua capacidade tanto de se adaptar às mudanças climáticas como de mitigar suas emissões de gases de efeito estufa”, disse o economista em entrevista à Agência FAPESP, na qual também fez uma crítica à falta de vontade política dos países desenvolvidos no cumprimento das metas relativas à redução da emissão de gases. Que indicações e conclusões o mais recente relatório do IPCC trouxe de mais significativas? MOHAN MUNASINGHE – Não temos mais dúvidas de que o

Mohan Munasinghe, vice-presidente do IPCC, destaca a importância de que países como o Brasil adotem modelos próprios de desenvolvimento sustentável.

aquecimento global está realmente ocorrendo, provocado pelas ações do homem nos últimos 200 anos, após o advento da revolução industrial. Mais de 80% dos gases na atmosfera hoje em dia são emitidos pelos países desenvolvidos, mas os impactos dessa emissão de gases, que causa o aquecimento global, serão mais sentidos nos países mais pobres. Nosso relatório estima que haverá um aumento na temperatura de 3 a 6 graus nos próximos cem anos e que o nível do mar deverá subir cerca de 4 metros. Também propomos soluções e recomendações para que os países se adaptem a essas mudanças. Um terceiro ponto do relatório aborda a mitigação para reduzir a emissão de gases, que aumentou 70% nos últimos 30 anos, mesmo depois de firmado o Protocolo de Kyoto. Isso é inaceitável. A meu ver, o que falta, no entanto, é vontade política nos países mais ricos.

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E quais são as recomendações para os países em desenvolvimento? Para países como o Brasil, o melhor caminho para resolver o problema das mudanças climáticas é criar uma estratégia de desenvolvimento sustentável. É possível fazer com que a adaptação, a mitigação e o desenvolvimento ocorram ao mesmo tempo, que caminhem juntos. Não se deve encarar o desenvolvimento e o clima como oponentes, ou achar que o primeiro é prejudicial ao segundo. A idéia é mudar a noção de desenvolvimento, de maneira que se possa continuar a desenvolver de modo sustentável, para resolver não somente o problema das mudanças climáticas, mas também da pobreza. Ou seja, implementar o desenvolvimento sustentável é a estratégia que defendemos para que os países melhorem sua capacidade tanto de se adaptar às mudanças climáticas

Mas, de acordo com o Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos têm até 2012 para cumprir suas metas, não? Na Convenção do Clima de 1992 falou-se em responsabilidades e as metas que os países têm em comum. Já o Protocolo de Kyoto diz que são os países desenvolvidos que devem começar o processo de mitigação e mostrar ao resto do mundo como isso será feito. Os países em desenvolvimento têm taxa de emissão de gases per capita ainda baixa, por isso o Protocolo de Kyoto não estabeleceu metas para esses países. Mas a tendência é que eles aumentem essa emissão à medida que se desenvolverem e se industrializarem mais. E o que os países em desenvolvimento podem fazer diante de tal expectativa? A idéia é que, quando alguns desses países se tornarem mais ricos e passarem a importar tecnologia dos países desenvolvidos, poderão também começar a adotar algumas das técnicas de mitigação e reduzir a taxa de emissão e de uso de energia. Há também a proposta de que, em vez de existir a separação entre o grupo dos países ricos e o dos países pobres, haja um grupo intermediário, como a Coréia do Sul, por exemplo, que está disposta a se juntar às responsabilidades do grupo que tem metas a cumprir. Há nações que estão se graduando para fazer parte desse grupo. Acho que o Brasil deveria estar nesse grupo intermediário. Fonte: Agência FAPESP – Colaboração enviada por Andréa S. Santo - sandreas_bio@yahoo.com.br


Coluna do JC

Por JC Moreira

Projeto “A Paz é Verde”

VI Fórum de Meio Ambiente e 1º Conferência Municipal de Meio Ambiente de Paty do Alferes om o slogan A Paz é Verde, a secretaria do Meio Ambiente do município de Paty do Alferes, desenvolveu a temática para o VI Fórum de Meio Ambiente e 1º Conferência Municipal de Meio Ambiente. O evento aconteceu no dia 5 de outubro no salão da Igreja Assembléia de Deus. Com a presença de representantes de várias ONGs, ambientalistas locais e várias autoridades, entre elas o coordenador da agenda 21 da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Carlos Alberto Castelo Branco; os mestres Adriano Lúcio Peracchi, da UFRRJ; o profº Paulo Rodrigues Cassino, da Universidade Severino Sombra e Diretor de Recursos Hídricos da SMMAPA, o correspondente da Revista do Meio Ambiente e imprensa local. O secretário de Meio Ambiente de Paty do Alferes, Jorge José de Barros Santos o “Zezé da Floresta”, falou sobre a preocupação da prefeita, Lúcia de Fátima a “Batata”, com o meio ambiente. Segundo Zezé “a prefeita tem nos dado todo o apoio e o trabalho que estamos realizando, só foi possível graças à compreensão e o comprometimento dela com o meio ambiente, agilizou para estruturar a Agenda 21 Local e a criação da Secretaria Municipal de Meio

C

Ambiente de Paty do Alferes. A nossa parceria com o Instituto Terra de Preservação Ambiental sediado em Miguel Pereira, foi fundamental, na oportunidade era presidido pelo companheiro Carlos Frederico Castelo Branco, que não mediu esforços para desenvolver e participar ativamente do projeto de implantação da Agenda 21, hoje é o Coordenador da Agenda 21 da Secretaria de Estado de Meio Ambiente. É com muito prazer que podemos falar que a Agenda 21 Local é uma referência nacional, sendo inclusive apresentada na “Reunião da Cúpula do Mercosul” ocorrido em Brasília em maio de 2007. Estamos atendendo a solicitação de vários municípios no sentido de conhecerem o nosso Projeto de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Estamos propondo novas ações voltadas á educação ambiental e o gerenciamento dos Recursos Hídricos. A diminuição de água que vem atingindo o município é preocupante, o que é pior, não é só aqui em Paty do Alferes que esse fato está ocorrendo, em vários municípios. É um dos motivos que estamos junto com a sociedade organizada estudando a maneira mais prática de sanarmos o problema da água. As Gestões, da Cobertura Vegetal, das Atividades Agrícolas e o Planejamento Participativo que dará prosseguimento a discussão sobre o Desenvolvimento Sustentável no município, entre eles o Programa de Revitalização de Nascentes e Mata Ciliar. A criação de Novas Unida-

O secretário de Meio Ambiente de Paty do Alferes, Jorge José de Barros Santos o “Zezé da Floresta”, apresentou o funcionamento do Plano de Gestão Ambiental Integrado da Secretaria e as ações desenvolvidas pela sua pasta.

des de Conservação Pública e Privada também está no plano de trabalho que estamos viabilizando”. Como parte das atividades ocorreu a eleição dos candidatos inscritos para fazer parte da CONDEMA- Conselho Municipal de Meio Ambiente de Paty do Alferes. 14 instituições concorreram na votação, onde participaram mais de 60 pessoas. No período da tarde, teve início à 1ª Conferência Municipal de Meio Ambiente, com o tema “Mudanças Climáticas”. A palestra proferida pelo Biólogo Gilberto Pereira, do Planejamento Ambiental do Instituto Terra, enfati-

zou os motivos principais da violenta mudança do clima em nosso planeta, e deixou bem claro a maneira que todos nós poderemos colaborar e participar efetivamente em pequenas ações que ajudarão a amenizar essa mudança climática em nossa região. Após o intervalo, ouve a apresentação dos grupos com as proposta que serão enviadas para a Conferência Regional do Meio Ambiente, que será realizado em 23 e 24 de novembro em Paty do Alferes de onde serão tiradas as propostas de todas as secretarias e posteriormente levadas á Conferência Nacional do Meio Ambiente em Brasília.

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Bom Exemplo Ambiental Coluna do JC

Reflorestando o Sul Fluminense Núcleo de Educação e Comunicação Ambiental, Educa Mata Atlântica, no Estado do Rio de Janeiro, coordenado pela diretora Rita Souza, em parceria com o SOS Mata Atlântica, vem desenvolvendo várias atividades na região Sul Fluminense. Entre elas Educação Ambiental com formadores e disseminadores dos programas de preservação do meio ambiente e dando suporte para os interessados no replantio de mudas da mata nativa. Principalmente nas áreas identificadas como espaço não só de importância em função de sua biodiversidade e seus atributos naturais, mas também em áreas com grande potencial de desenvolvimento sustentável. Outro fator preponderante que vem sendo desenvolvido é a necessidade das matas ciliares, como também o reflorestamento nas encostas e nascentes. Vários municípios já participam

O

dos programas e mais de 350 mil mudas já foram plantadas nos municípios de Porto Real, Resende, Quatis, Barra Mansa, Mendes, Paracambi, Rio Claro, Pirai, Barra do Pirai,Vassouras, Valença, Rio das Flores, Paty do Alferes, Miguel Pereira e Paulo de Frontin. Outros municípios já estão na programação para participar dos projetos e de capacitação de agentes. Além do plantio que vem sendo realizado, mais de 250 agentes já foram habilitados através dos cursos ministrados por Rita Souza, a desenvolver o trabalho em seus respectivos municípios. Os cursos têm em torno de 40 horas, dependendo da programação e das necessidades de cada município. Os alunos tornam-se agentes multiplicadores da Mata Atlântica, onde recebem informações da biodiversidade do Corredor Tinguá – Bocaina, visando à melhoria socioambiental de suas comunidades. Segundo Rita, “os Corredores

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de Biodiversidade apresentam uma nova forma de manejo dos recursos naturais e de reconexão dos fragmentos florestais que restam dentro das áreas onde o processo contínuo de desmatamento provocou uma degradação ecológica na região. Estamos atuando com programa de reflorestamento, informação e mobilização am-

biental e mostrando o impacto de suas atitudes no dia-a-dia de suas vidas, o que se faz agora em prol ou contra a natureza, o reflexo virá daqui a alguns anos” Finaliza Rita. Mais informações: www.educamataatlantica.com.br (024) 3343-6701


Documento

Uma década para a educação ambiental Em 20 de dezembro de 2002, a Assembléia Geral das Nações Unidas adotou, por consenso, a resolução estabelecendo a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. A resolução designa o período de dez anos, de 2005 a 2014, e declara a UNESCO como a agência líder para promover a Década. Educação, em todas as suas formas, pode moldar o mundo de amanhã, instrumentalizando indivíduos e sociedades com as habilidades, perspectivas, conhecimento e valores para se viver e trabalhar de maneira sustentável. Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) é uma visão da educação que busca equilibrar o bem-estar humano e econômico com as tradições culturais e o respeito aos recursos naturais do planeta. A EDS utiliza métodos educacionais transdisciplinares para desenvolver uma ética para a educação permanente; promove o respeito às necessidades humanas compatíveis com o uso sustentável dos recursos naturais e com as necessidades do planeta; e nutre o sendo de solidariedade global.

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Uma NovaVisão da Educação Educação para o desenvolvimento sustentável é um “conceito dinâmico que compreende uma nova visão da educação que busca empoderar pessoas de todas as idades para assumir a responsabilidade de criar e desfrutar um futuro sustentável”. O objetivo geral da EDS é empoderar cidadãos para agir por mudanças sociais e ambientais positivas, implicando em uma ação participativa. EDS integra conceitos e ferramentas analíticas de uma variedade de disciplinas para auxiliar pessoas a compreenderem melhor o mundo em que vivem. Perseguir o desenvolvimento sustentável através da educação requer

que educadores e educandos reflitam criticamente em suas próprias comunidades, identifiquem elementos inviáveis em suas vidas, e explorem tensões entre valores e objetivos conflitantes. A EDS traz uma nova motivação para o aprendizado na medida em que os educandos tornam-se empoderados para desenvolver e avaliar visões alternativas de um futuro sustentável e concretizá-las coletivamente Educação para o Desenvolvimento Sustentável: um Conceito em Evolução A partir do momento em que o desenvolvimento sustentável foi pela primeira vez apoiado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 1987, o conceito de educação para o desenvolvimento sustentável foi também explorado. A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro (Rio-92) uniu representantes de governos, organizações internacionais e nãogovernamentais e sociedade civil para discutir os desafios do próximo século e adotar um plano global de ação para enfrentá-los. O plano de ação, conhecido como Agenda 21, forneceu uma série de princípios para auxiliar Governos e outras instituições na implementação de políticas e programas para o desenvolvimento sustentável. O capítulo 36 da Agenda 21 afirma que a educação é essencial no rumo ao desenvolvimento sustentável. Seguindo a Rio-92, a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável indicou a UNESCO para ser o organismo coordenador do capítulo 36, responsável por acelerar as reformas na educação e coordenar as atividades dos parceiros. A UNESCO foi também encarregada de fornecer apoio técnico e profissional aos Estados Membros, desenvolvendo currículos experimentais e material de treinamento; e disseminar políticas, programas e práticas inovadoras para a Educação para o Desenvolvimento Sustentável.

O que é Educação para o Desenvolvimento Sustentável? O capítulo 36 identifica quatro grandes premissas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável: • Promoção e Melhoria da Educação Básica: o acesso à educação básica ainda é um problema para muitos – especialmente meninas e adultos analfabetos. Aumentar simplesmente a alfabetização básica, como no ensino atual, não desenvolverá significativamente sociedades sustentáveis.Ao contrário, a educação básica deve focar na comunhão de conhecimento, habilidades, valores e perspectivas que encorajem e apóiem os cidadãos a levar vidas sustentáveis. • Reorientar a Educação existente em todos os níveis em direção ao Desenvolvimento Sustentável: repensar e revisar a educação desde a creche até a universidade para incluir mais princípios, habilidades, perspectivas e valores relacionados à sustentabilidade em cada uma das três esferas – social, ambiental e econômica – é importante para as sociedades atuais e futuras. • Desenvolver Entendimento Público e Consciência da Sustentabilidade: avanços na direção de sociedades mais sustentáveis requerem uma população que seja ciente dos objetivos das sociedades sustentáveis e que tenha conhecimento e habilidades para contribuir com esses objetivos. Cidadãos conscientes do voto e consumidores informados podem auxiliar comunidades e governos a adotar medidas para a sustentabilidade e caminhar em direção a sociedades mais sustentáveis. • Treinamento: todos os setores trabalhistas podem contribuir para a sustentabilidade local, regional e nacional. O desenvolvimento de programas de treinamento especializado para garantir que todos os setores tenham o conhecimento e habilidades necessários para realizar seu trabalho de forma sustentável, tem sido identificado como um compo-

nente importante para a EDS. Educação para o Desenvolvimento Sustentável em Ação Por mais de uma década, muitas instituições de ensino superior, organizações nãogovernamentais e agências de governo do mundo inteiro fizeram esforços significativos para incorporar o desenvolvimento sustentável em programas acadêmicos, operações e comunidades locais. A partir dessas experiências, fica claro que embora haja consenso nos objetivos gerais da EDS, sua criação e implementação nos níveis local, regional e nacional diferem, de acordo com as diferentes condições sociais, econômicas e ambientais, de forma relevante e culturalmente apropriada. Além disso, iniciativas educacionais devem levar em consideração as culturas indígenas e minorias assim como assumir e facilitar suas importantes contribuições para o processo do desenvolvimento sustentável. O redirecionamento da educação para o desenvolvimento sustentável deve ser apoiado pela cooperação internacional em todos os níveis e por múltiplos parceiros. Cada educador e disciplina têm um aspecto que pode contribuir com o conteúdo e pedagogia da EDS. As comunidades podem contribuir com o desenvolvimento dos currículos da EDS de forma a garantir que esses reflitam o conhecimento, as habilidades, perspectivas e prioridades das populações locais. Líderes de governo devem dar passos para reorientar as políticas e sistemas nacionais de educação em direção à EDS e estabelecer metas para cumprir compromissos internacionais. Finalmente, redes e parcerias entre governantes, instituições e organizações, sociedade civil, setor privado e mídia podem auxiliar na tradução de conceitos em objetivos e ações. Fonte: http://www.mma.gov.br/port/ sdi/ea/deds/index.htm

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Denúncia

Técnica que denunciou corrupção e agressão ambiental no Paraná acaba presa sem direito à defesa Mais de uma dezena de associações de defesa e proteção ambiental e destacadas personalidades ligadas à causa ambiental reuniram-se dia 31 de outubro, no Instituto de Engenharia do Paraná, para fundar o Movimento de Luta contra a Corrupção e pela Boa Gestão Ambiental e contra a prisão sem direito a defesa da Engenheira do Instituto Ambiental do Paraná Elma Romanó. advogado Dalio Zippin presente na reunião relatou a forma como a engenheira foi presa, sem alta médica, tirada do leito hospitalar com o cateter nos braços e conduzida para vários lugares desnecessariamente. O advogado informou aos presentes do ingresso do pedido de Hábeas Corpus junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

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Os presentes assinaram a seguinte declaração: 1. As associações de defesa e proteção ambiental e os cidadãos paranaenses vinculados à proteção ambiental vêm manifestar à sociedade que conhecem há mais de 30 anos a Engenheira Elma Romanó e sua conduta ilibada, profissional e exemplar em defesa da proteção do meio ambiente. 2. Espera-se das autoridades do executivo e do judiciário o respeito à ampla defesa e aos princípios democráticos e aos direitos e garantias individuais para que a Engenheira Elma Romanó possa provar o seu empenho na luta corrupção no Instituto Ambiental do Paraná - IAP e demonstrar a armadilha construída contra a sua pessoa. 3. Chama-se a sociedade paranaense e, em particular, as associações ambientalistas e os cidadãos vinculados às questões ambientais para a construção do Movimento de Luta contra a Corrupção e a Boa Gestão Ambiental. A qualidade do meio ambiente é um bem de uso comum do povo, pertence a todos, e o estado é tão somente o seu gestor. Cabe à sociedade intervir para que a gestão do patrimônio de todos, visando o uso sustentável e a preservação, para as presentes e futuras gerações, seja efetiva, com fundamento na lei, com moralidade e eficiência, como determina a Constituição Federal. Essa é uma recomendação das cartas de princípios das Nações Unidas nascidas nas duas grandes Convenções Internacionais sediadas em

Estocolmo e no Rio de Janeiro e da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção e a Convenção Interamericana contra a Corrupção, todas firmadas pela Brasil. Curitiba, 31 de Outubro de 2007. .Instituto de Engenharia do Paraná - IEP .Associação Brasileira dos Engenheiros Civis do Brasil - ABENC .Associação de Defesa do meio Ambiente de Araucária - AMAR .Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem - SPVS .Instituto de Ecologia e Biodiversidade do Brasil .Instituto Guardiões da Natureza .Liga Ambiental Associação Nacional de Pesquisa e Preservação Ambiental ANINPA .Associação Nacional de Pesquisa e Preservação Ambiental ANINPA - Matinhos .Rede Brasileira da Conservação dos Recursos Hídricos e Naturais - Amigos das Águas .Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte APROMAC. .Associação Planeta Azul de Ponta Grossa .Associação Atmosfera .Instituto ANINPA BRASIL .FEPAM- UNEAP .Rede Brasileiras de ONGs .Associação Projeto Ilha .Zuleica Nicz - Representante eleita das Organizações Não Governamentais de Proteção ao Meio Ambiente do sul do Brasil no Conselho Nacional do Meio Ambinete - CONAMA .Paulo Salamuni - Vereador .Deputada Estadual Rosane Ferreira .Diva R. Lima - advogada .Zilna Hoffman Domingues Engenheira Florestal .Antonio Borges dos Reis .Vitório Sorotiuk - advogado (sorotiuk@fast.com.br) .Jose Álvaro Carneiro - ambientalista

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Elma durante a entrega do TROFÉU MEIO AMBIENTE E VIDA na 1ª Premiação INBRAVA que aconteceu em abril de 2007, na cidade de Ponta Grossa, durante o “SEMINÁRIO: DISCUSSÕES SOBRE UM MUNDO AMBIENTALMENTE CORRETO – PROJEÇÕES PARA O SÉCULO”, organizado pela Associação Planeta Azul, Instituto Ambiental do Paraná (IEP), Associação Brasileira de Engenheiros Civis – Secção Paraná (ABEC) e INBRAVA. (foto: crédito VB)

Dois anos antes, ambientalistas do Paraná já apoiavam Elma em sua luta contra a corrupção Moção de apoio à funcionária pública estadual do Instituto Ambiental do Paraná - IAP, engenheira agrônoma ELMA ROMANÓ, que pela sua inabalável ética profissional e corajosa atitude cidadã de combater permanentemente os crimes ambientais; e pelo fato de, no dia 04 de julho de 2004, no cumprimento das suas obrigações, denunciar a corrupção existente dentro do IAP – INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ, atualmente, está respondendo a Inquérito Policial.

Moção de apoio a Elma Romanó (apresentada pela AMAR, APROMAC e AMIGOS DAS ÁGUAS.) durante o XV EPEA - Encontro Paranaense De Entidades Ambientalistas, realizado em Curitiba, nos dias 21, 22 e 23 de abril de 2005, com a presença de 68 pessoas, representando 39 entidades do Paraná, mais os convidados, dando um total de 75 pessoas.


Conferência Ambiental

Marina Silva destaca participação da sociedade na formulação de políticas públicas “Não há mais espaço para continuar errando.Tudo o que dizermos daqui para frente terá de ter um sentido de revenção”, disse a ministra. Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse em 25/10, no Rio de Janeiro, que aposta na contr ibuição da sociedade para a formulação, implementação e correção de políticas públicas, especialmente nas que terão de ser elaboradas para enfrentar as conseqüências do aquecimento global. A ministra destacou que são as pessoas que ajudam o governo a avançar. “O Plano Nacional de Recursos Hídricos, os planos de Combate ao Desmatamento e de Combate à Desertificação, por exemplo, são contribuições da sociedade. Nós estamos apenas transformando essas idéias em políticas públicas?”, acrescentou. A ministra participou do lançamento, no Estado, da III Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), um dos principais canais de participação e controle social do governo federal nesta área. A solenidade contou com a presença do Secretário de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, do superintendente do IBAMA-RJ, Rogério Rocco, e do diretor do Jardim Botânico,

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Guido Gelli, entre outras autoridades. As duas primeiras edições da CNMA, em 2003 e 2005, envolveram cerca de 150 mil pessoas. Esta terceira etapa deve atrair ainda mais o interesse da sociedade civil, governos e setor privado, já que discutirá as Mudanças Climáticas. O temporal que assolou o Rio de Janeiro na última-quarta feira mostra a urgência das discussões sobre o tema. De acordo com os últimos estudos encomendados pelo MMA, o Rio de Janeiro é uma das cidades mais vulneráveis às conseqüências das mudanças clima, com tendência de maior número de enchentes e de chuvas de maior intensidade. “Não há mais espaço para continuar errando. Tudo o que fizermos daqui para frente terá de ter um sentido de prevenção”, disse a ministra. O modelo de gestão participativa, por meio de conferências nacionais, é adotado pelo Governo Federal desde 2003. O objetivo é viabilizar o compartilhamento de poder e a co-responsabilidade entre o Estado e a sociedade civil na

elaboração de políticas públicas. Até março do próximo ano ocorrem as conferências nos estados, que possuem a prerrogativa de eleger os delegados que participarão da plenária nacional, marcada para maio de 2008. A escolha de delegados segue a seguinte proporcionalidade: sociedade civil (40%), setor empresarial (30%), setor governamental (20%), sendo 5% de representantes de governos municipais; comunidades tradiconais (5%) e povos indígenas (5%).

As resoluções irão subsidiar a criação o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, em elaboração pelo Governo Federal. A iniciativa conta com a participação de diversos ministérios estabelecerá as ações estratégicas que o País deverá adotar no que concerne aos aspectos de mitigação e adaptação a esse fenômeno. Fonte: Imprensa CNMA (61) 3317-1067 imprensa.cnma@mma.gov.br

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ENTREVISTA: Ignacy Sachs Por Charles Nisz

Um novo modelo para a Amazônia

Sachs visitou esta semana a redação do Amazonia.org.br e conversou sobre desenvolvimento sustentável e Amazônia. Abaixo os principais trechos da entrevista. gnacy Sachs é conhecido como um “ecossocioeconomista” por sua concepção de desenvolvimento como uma combinação de crescimento econômico, aumento igualitário do bem-estar social e preservação ambi-ental. Nascido na Polônia, graduou-se em Economia no Rio de Janeiro, fez doutorado na Índia e foi morar em Paris, onde se naturalizou cidadão francês. Foi pesquisador do Instituto de Relações Internacionais na Polônia e tornou-se, em 1957, Secretário para Cooperação Científica e Técnica da embaixada polonesa na Índia. Em 1968 foi convidado por Fernand Braudel para integrar o corpo docente da hoje École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), onde criou, em 1985, o Centre de recherches sur le Brésil contemporain (Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo), do qual é atualmente co-diretor. Trabalhou na organização da Primeira Conferência de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, realizada em Estocolmo, Suécia, em 1972, durante a qual foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Foi também conselheiro especial da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desen-

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volvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992. Desenvolvimento Sustentável “O conceito vem sendo criado desde a conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Estocolmo, no ano de 1972. Já estava claro naquela época que a sustentabilidade não deveria ser apenas ambiental, mas também social. Antes de tudo é um princípio de solidariedade com as gerações futuras. Naquela época cunhamos o conceito de eco-desenvolvimento.” “A viabilidade econômica é apenas um instrumento do tripé. Para atingir o desenvolvimento sustentável será necessário um pacto entre o Estado, os empresários, os trabalhadores e a sociedade civil organizada.” “No período 1945-75, tivemos alto desenvolvimento econômico e social, mas destruindo o meio ambiente. Também é possível ter crescimento econômico e proteção ambiental, a despeito de não haver geração de empregos. Hoje, no Brasil, temos um déficit crônico de trabalho decente.” “O termo desenvolvimento sustentável foi apropriado pelos atores econômicos e acabou reduzido ao crescimento econômico. Para que ele seja efetivamente contemplado é preciso haver desenvolvimento econômico, ambiental e social.” Consumo X Produção “A equação do desenvolvimento sustentável deve começar a ser alterada pelos padrões de demanda e consumo. Temos de fazer oposição a um mimetismo corrente. Não

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podemos pensar que haja um modelo de sustentabilidade único, possível de ser implementado em todas as regiões do mundo. Mesmo no Brasil, o padrão de consumo em São Paulo não é aplicável ao interior do Amazonas, por exemplo. O padrão de consumo deve ser adaptável às especificidades de cada lugar.” “Também é necessário mudar os padrões da oferta e uso dos recursos naturais e econômicos. Isso inclui redesenhar as cidades, melhorar o uso dos transportes, da geração, fornecimento, e aproveitamento energético, criação de novas tecnologias. O último aspecto a ser considerado, são as correções no plano ambiental, no sentido de reverter ou mitigar danos já acontecidos.” Amazônia “Há duas distorções graves quando pensamos na Amazônia. A primeira delas é pensar a região como um problema e não como uma solução. A segunda é ver a região como mera reguladora do clima do planeta em vez de pensar nela como a terra dos povos amazônicos.” “Lá pode estar o nascedouro de uma civilização baseada na energia da biomassa. Da energia gerada por fotossíntese podemos conseguir alimentos, combustíveis, química verde, fármacos e cosméticos.” “Precisamos de investimento massivo em conhecimento e na qualificação da mão-de-obra. Em contrapartida, os recursos naturais devem ser usados de maneira eficiente, pois eles são limitados. No caso do Brasil, mais ainda, pois aqui os recursos financeiros são limitados também.” “É possível desenvolver sem desmatar. A área já derrubada é equivalente ao território da França 600 mil km2 - e seria possível desenvolver uma população três vezes maior do que a população amazônica atual. Mas para que isso aconteça é preciso rever o modelo de desenvolvimento adotado para a região. A integração na economia globalizada é feita de modo invertido. Trouxemos a indústria eletrônica japonesa para cá, quando deveríamos ter propiciado desenvolvimento para os produtos locais.”

Reservas “Temos que criar Reservas de Desenvolvimento Sustentável para recuperar e explorar de forma manejada as áreas já desmatadas. Uma maneira de viabilizar esse manejo seria com agricultura consorciada e reflorestamento produtivo. Para obter resultados seria necessário conjugar três fatores: zoneamento ecológico e econômico (ZEE), certificação dos produtos e discriminação positiva dos pequenos produtores.” “Considero exagerado manter o percentual de 80% de reserva legal na região, além de criar uma unidade de conservação atrás da outra. É fácil criar essas reservas no papel e depois não ter condições de fiscalizar o território” “O maior risco para a Amazônia é a monocultura. O país já teve experiências danosas com esse modelo desde o período colonial. Pode ser feita uma exploração até mesmo com o plantio de espécies exóticas, consorciadas com outras culturas. A idéia é ter sistemas integrados de produção de alimentos e energia.” Reforma agrária “Reforma agrária não pode se restringir a distribuir terra. É preciso repassar conhecimento, estruturas, facilitar o acesso aos mercados e ao financiamento ao pequeno agricultor. O imposto territorial deveria ser progressivo em relação ao tamanho e ao tempo de propriedade. Isso forçaria a produtividade nessas terras e ajudaria os pequenos produtores.” Expansão da cana “O cultivo da cana no Pantanal seria extremamente danoso. Para outras regiões, há necessidade de se avaliar caso a caso. Por que não plantar a cana em regiões como no cerrado de Roraima? Com o zoneamento econômico e ecológico poderia ser viável. É mais importante discutir o regime social e ambiental dessa produção do que em qual região do país esse cultivo será efetuado.” Fonte: http://www.amazonia.org.br/ noticias/noticia.cfm?id=255266


POLÍTICA AMBIENTAL Por Carlos Tautz

Jogando para a platéia na COP13 ressionado pelo fato de o Brasil ter rapidamente se transformado no quarto maior emissor mundial de gases poluentes, o governo anuncia nas próximas semanas um plano nacional para enfrentar internamente os efeitos das mudanças climáticas. A data do anúncio tem importância estratégica. Entre 3 e 14 de dezembro, acontece em Bali, na Indonésia, a 13a Conferência dos países signatários da Convenção do Clima (COP13), que deve marcar o início dos debates da segunda etapa do Protocolo de Kyoto, a partir de 2012. Kyoto II pode gerar sanções contra países poluidores incluindo, grandes emissores, com os EUA, e países em desenvolvimento, como Brasil e China, que hoje não sofrem qualquer restrição para poluir. No plano a ser divulgado vão constar as estratégias nacionais para enfrentar os efeitos de fenômenos climáticos críticos, como tufões e secas prolongadas. Também constarão indicações da necessidade de reaparelhar o Estado para evitar o desmatamento, responsável por 75% das emissões nacionais. O plano, entretanto, já nasce sob críticas daqueles que não foram ouvidos ou só tiveram suas opiniões parcialmente levadas em conta. Cientistas de instituições de pesquisa do próprio governo, e ambientalistas que há anos debates o problema das mudanças no clima, avisam que o plano, amplo e complexo por natureza, deveria ter sido discutido com a sociedade. Mas, ao contrário, o documento é uma visão estritamente governamental e está sendo elaborado apenas por representantes Ministé-

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rios – os de Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente e Relações Exteriores. Deixa a impressão de ser uma tentativa de jogar para a platéia internacional. Afinal, o governo não dá mostras de que querer interromper um modelo de crescimento econômico baseado na exploração radical dos recursos naturais, razão primeira da destruição da floresta, e aponta inclusive para o seu aprofundamento com o PAC, o Plano de Aceleração do Crescimento. Bali, portanto, será particularmente importante nesse contexto. Da COP13 devem emergir duas inflexões na forma de tratamento das mudanças no clima. A primeira será a discussão sobre a necessidade de estender a países em desenvolvimento, Brasil e China à frente, metas de redução de emissões, hoje limitadas aos países ricos, que ao longo da história foram, de longe, os maiores responsáveis pela produção de gases poluentes. A segunda inflexão será a proposta de criar estímulos econômicos para premiar o desmatamento que deixa de acontecer. O governo não é simpático a nenhuma das duas medidas, que se chocam com as formas escolhidas para a economia brasileira crescer. Mas, há a ampla generalizada de que o Protocolo de Kyoto, em vigor desde fevereiro de 2005, se não foi um fracasso absoluto, ajudou pouco a mudar o panorama. Assim admitiu até o vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), o cingalês Mohan Munasinghe (Valor Econômico, 26/10). O IPCC é o grupo cientis-

tas reunidos pela ONU para avaliar a situação do clima no planeta e ganhador do Nobel da Paz 2007. Com o IPCC prevendo que em três décadas a quantidade de gases emitidos cresce de 50% a 100%, Kyoto II passa a representar uma espécie de última chance para o planeta. Uma nova versão do Protocolo, reforçada politicamente, pode surgir de uma conjuntura nova, que exija constrangimentos generalizados às emissões de países ricos e em desenvolvimento. Nos EUA, um eventual governo democrata que deseje se diferenciar da mesmice de opiniões com os republicanos quanto à guerra no Iraque pode tomar posições à Al Gore, o outro Nobel da Paz, ratificando Kyoto, mas exigindo metas para Brasil e China. Por aqui, o Estado brasileiro resiste às metas, avaliando que aceitá-las significaria assumir a culpa pelas mudanças no clima. Mas esse argumento só em parte é verdadeiro. Sem o enfrentamento articulado e firme do conjunto de dimensões das mudanças do clima ele conduz ao imobilismo. A rigor, a única proposta brasileira é a promoção de uma oportunidade de negócio: o biodiesel e o etanol para substituir combustíveis fósseis. Embalada em orgulho verde e amarelo, a dedicação extrema aos agrocombustíveis impediu o governo até de faturar a redução expressiva do desmatamento amazônico. Ele despencou 30% em 2007, para 10 mil km2, acumulando, desde 2004, queda de 65% - cerca de 20% de todas as emissões que deveriam ter sido alcançadas pelos ricos. Mas, até a Ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, evita

soltar foguetes em torno desses índices porque sabe que não há como manter a tendência. Em 2008, alerta Marina, ocorrerão três fortes vetores do desmatamento: eleições municipais, levando governos e candidatos a estimularem a abertura de novas áreas agricultáveis; a possibilidade de uma seca que dificultaria o controle de incêndios; e, concordando com o Greenpeace, o aumento da cotação das mercadorias agrícolas, soja e carne principalmente, pressionando o avanço do grande negócio agrícola sobre dois biomas de alta sensibilidade: o cerrado e a Amazônia. O Greenpeace alerta que “o desmatamento diminuiu quando os preços internacionais da soja e carne caíram (...) esses preços já aumentaram (...) no trimestre maio-junho-julho de 2007 (...) o desmatamento aumentou em 200% e o número de queimadas também cresceu em relação ao mesmo período do ano passado”. Esses dados, confirmados por Marina, exigem outro tratamento do problema. Mas, essa não tem sido a prática, assim como não é a primeira vez que o Brasil prepara às pressas um importante documento sobre mudanças do clima. Também em 2004, na COP10 realizada em Buenos Aires, o primeiro inventário de emissões do Brasil só foi divulgado dias antes do evento. Mostra de que o esporte nacional, ao que tudo indica, o velho jogo para a galera continuará sendo o maior esporte nacional. Artigo publicado no Blog do Noblat, em 30 de outubro de 2007. Fonte: http://www.ibase.br

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TERCEIRO SETOR

No dia da Árvore, o Rio de Janeiro ganhou uma nova ONG para a preservação da natureza governador em exercício e secretár io de Obras, Luiz Fernando Pezão, plantou nos jardins do Palácio Guanabara uma muda de pau-brasil, e parceria com a ONG Pau Brasil, para marcar o Dia da Árvore. - É um esforço que deve se multiplicar por todo o estado, unindo pessoas, governos e empresas nesta busca por um meio ambiente com mais qualidade - disse Pezão. Coordenada pelo jornalista Olavo Rufino, que conta com a ajuda dos ambientalistas Quenji Yonenaga e Julio Carneiro, a ONG foi inaugurada oficialmente no Dia da Árvore, em cerimônia na sua sede, localizada no Km 111,7 da Estrada Rio-Teresópolis. - Temos o propósito de lutar pela sobrevivência do planeta, buscando combater as causas do aquecimento global.Temos como foco principal a preservação do paubrasil e de outras espécies de árvores em extinção - definiu Rufino, acrescentando que o viveiro que a instituição tem em Guapimirim já conta com 300 mil mudas prontas para o plantio. - Quero contribuir para a formação de uma consciência ecológica neste país. Tive o privilégio de gozar da

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intimidade de Chico Mendes e fiz, desta amizade, um elo forte na luta pela integridade da floresta e seus povos, luta esta que, para mim, não terminou ainda. Vim da Amazônia, onde nasci e passei toda a minha infância, filho e neto de seringueiros, me tornei em seguida um carioca de coração. No Rio, desenvolvi toda a minha carreira de jornalista e fotógrafo.Tenho um compromisso com esta cidade, declarou Rufino. Segundo ele, a ONG pretende atuar sempre em parceria com o governo do estado, prefeituras, instituições ambientais e empresas, entre outros interessados na preservação do meio ambiente. Os três fundadores da ONG Pau-Brasil têm larga experiência na produção e plantação de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. Rufino planeja firmar uma parceria com escolas públicas para disseminar por todo o estado a plantação de mudas de pau-brasil. O governo do estado também está empenhado em recuperar grande parte da Mata Atlântica perdida nos 500 anos de ocupação predatória. Segundo o governador em exercício, há vários projetos de reflorestamento de órgãos estaduais em andamento, como na APA (Área de Proteção Ambien-

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O vice-governador e secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, planta, nos jardins do Palácio Guanabara, uma muda de pau-brasil, com a participação do presidente da ONG Pau-Brasil, Olavo Rufino.

tal) do Guandu e nas margens do Rio Macacu. O objetivo do estado é o plantio de 20 milhões de árvores nos próximos três anos. Pezão ressaltou que o governo do estado tem a vantagem de contar com um dos maiores defensores ambientais do país, o secretário Carlos Minc. - Sempre digo que é um luxo para o estado ter o Minc. Ele tem foco de suas ações na preservação ambiental, mas dentro de uma visão nova e desenvolvimentista, em que o ambiente transforma-se em atrativo para as grandes empresas -

finalizou. A ONG Pau Brasil conta com o conhecimento e experiência de 10 anos de Quenji e Júlio na produção de mudas de pau-brasil, desde a germinação da semente ao plantio de exemplares de grande porte, e capacidade de produção em larga escala (1.000.000 de mudas anuais). Também conta com toda a capacidade de gestão de projetos e de comunicação de Olavo Rufino, que toda a vida esteve ligado aos movimentos de preservação da nossa natureza, tendo recebido o prêmio de Direitos Humanos de Genebra.


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Consumo Responsável

Minas sedia encontro internacional de prefeitos sobre melhorias nas cidades refeitos e representantes de cidades latinoamericanas com mais de um milhão de habitantes irão se reunir para compartilhar experiências exitosas em gestão urbana. Segurança pública, gestão de resíduos sólidos, mobilidade urbana e reabilitação urbana são as temáticas das palestras e mesas redondas que fazem parte do encontro Metrópoles – América Latina e Caribe, que acontece nos dias 3, 4 e 5 de dezembro em Belo Horizonte. O presidente Lula já confirmou sua presença. Especialistas irão mediar e apresentar estudos de casos aplicados em cidades de todo o mundo, como é o caso do cubano Eusébio Leal Spengler, responsável pela restauração e conservação do patrimônio histórico do centro de Havana, que irá apresentar o projeto “Habana Vieja”, que requalificou a parte mais antiga da cidade.

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Outro renomado estudioso que irá participar é Manuel Herce, que é Professor titular de Urbanismo e Ordenação do Território da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC). Ele participa do painel “Mobilidade Urbana: a cidade acessível”, em que apresentará o tema “As infra-estruturas da mobilidade”. “Temos que disseminar a idéia de que a rua é o espaço público estruturador das cidades e não somente um canal de transportes, como vem sendo tratada”, explica Herce. Os colombianos Antanas Mockus e Hugo Acero foram os responsáveis pela reformulação das políticas de segurança pública de Bogotá, que conseguiram reverter, em um período de 10 anos, as estatísticas de homicídios, chacinas e seqüestros na capital colombiana, com uma queda de 80% da criminalidade. Os dois irão apresentar as estratégias adotadas em

Bogotá no painel: Segurança Pública – A Cidade Segura, na manhã do dia 4. Além desses, o encontro conta também com a participação do professor Adauto Lúcio Cardoso (IPPUR/UFRJ), tratando se reabilitação urbana e de Álvaro Cantanhede (West Virgínia University), discutindo gestão de resíduos sólidos. Além disso, Alain Le Saux da Rede Metrópolis, virá discutir a criação de um novo banco de fomento, o Banco Mundial de Cidades. Paralelamente aos debates e palestras, estarão acontecendo reuniões de várias ligas de cidades e entidades voltadas para solução de problemas urbanos, tais como a Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE), de Centro Ibero-americano de Desenvolvimento Urbano Estratégico (CIDEU), Organização das Nações Unidas para Agricultura

e Alimentação (FAO), Conselho Internacional de Iniciativas Ambientais Locais (ICLEI) e Rede URB-AL 14 (que trata de segurança pública dentro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD). Mais Informações: FSB Comunicações: Zuzileison Moreira (31) 328.1000 (zu.morei ra@fsb.com.br) e Tamás Bodolay (tamas.bodolay@fsb.com.br)

Consumo Responsável

“Dirigir este carro pode ser prejudicial à saúde do meio mbiente” Parlamento Europeu propôs, na semana passada, que anúncios de carros disponibilizados na União Européia tenham avisos semelhantes aos estampados em maços de cigarros - desta vez, com o intuito de prevenir o público sobre o impacto causado ao meio ambiente. A proposta prevê que 20% do espaço ou tempo de qualquer publicidade de automóveis seja destinado a informar sobre o consumo de combustível do veículo e emissões de dióxido de carbono, um dos fatores que influenciam as mudanças climáticas.

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No entanto, não será agora que os europeus dos 27 países do bloco terão anúncios ao estilo “Dirigir este carro pode ser prejudicial à saúde do meio ambiente”, pois só a Comissão Européia aprova e sugere leis. A estratégia do Parlamento, entretanto, é despertar a opinião pública para que a Comissão Européia seja pressionada. Ainda assim, a indústria automobilística e suas agências de publicidade estão levando a questão a sério, por medo de que os veículos passem a fazer parte de um grupo nada simpático que já tem como membros o cigarro e a junk food. Na Euro-

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pa, anúncios de cigarro foram praticamente eliminados e alguns países têm restrições quanto aos de alimentos não saudáveis. Efeitos práticos Os automóveis são responsáveis por mais de US$ 8,6 bilhões por ano em gastos publicitários na Europa Ocidental, segundo a Associação Européia de Agências de Comunicação. Os lobistas argumentam que a medida poderia prejudicar montadoras de carros, agências de publicidade e empresas de comunicação. Na opinião de Peta Buscom-

be, executiva-chefe da Associação de Publicidade do Reino Unido, a proposta do Parlamento seria prejudicial às agências e à indústria automobilística, além de não ter muito efeito sobre as atitudes do consumidor. Chris Daves, membro do Parlamento que apóia o projeto, discorda. “A idéia é fazer com que as montadoras também compitam com base nas informações sobre o meio ambiente, em vez de disputar o cliente apenas através da potência, velocidade e aparência do veículo”, opina. Informações de Eric Pfanner [The New York Times, 29/10/07].


Ecologia Humana Por Débora Yuri, da PrimaPagina

Brasil faz mais pelos mais pobres

Brasil está diminuindo a extrema pobreza em um ritmo quase duas vezes maior que a pobreza, como indica uma análise de dois relatórios que acompanham o desempenho do país nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM, uma série de metas socioeconômicas que as nações da ONU se comprometeram a atingir até 2015, abrangendo as áreas de renda, educação, saúde, gênero e meio ambiente). (Veja em http://www.pnud.org.br/milenio/) Quanto mais baixa a linha de pobreza adotada, melhor se sai o Brasil. “O governo federal não focou seus esforços nos extremamente p-obres, foi uma conseqüência de várias políticas. Os pobres também estão melhorando sua condição, mas num ritmo mais lento em relação aos primeiros”, diz Sergei Soares, pesquisador do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). “A meta do governo é acabar com a pobreza geral, mas os mais pobres têm mais urgência de ajuda.” Soares foi um dos pesquisadores responsáveis pela análise da variação da pobreza no Brasil Relatório Nacional de Acompanhamento dos ODM 2007, do IPEA, lançado em agosto. O estudo, feito com apoio do PNUD, classifica como extremamente pobre quem vive diariamente com menos de 1

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dólar PPP (paridade do poder de compra, que elimina a diferença de custo de vida entre os países), o mesmo critério usado pelo Banco Mundial. Entre 1990 e 2005, a proporção de brasileiros abaixo dessa linha (equivalente a R$ 40 em 2005) recuou 52%: de 8,8% para 4,2%. Já a Coleção de Estudos Regionais sobre os ODM 2007, feita em conjunto por cinco universidades do país, também com apoio do PNUD, usa valores um pouco mais altos para classificar extrema pobreza: menos de um quarto do salário mínimo. Sob esse critério, o estudo, lançado na semana passada, conclui que a proporção de brasileiros nesse grupo caiu 44% entre 1990 e 2005: de 19,98% para 11,11%. Esse relatório também avaliou a variação da proporção de pessoas que vivem com até meio salário mínimo. Nesse caso, a diminuição foi de 27% no mesmo período: de 42% para 30,7%. Diferentes programas nacionais atingiram diferentes grupos da população, afirma Soares, do IPEA. Entre os extremamente pobres, o Bolsa Família foi fundamental; em relação aos pobres, o aumento do salário mínimo e a Previdência Social; para os que estão um pouco acima dessa linha, a expansão na educação – que permitiram acesso a escolas e universidades e a conseqüente inserção de jovens no mercado de trabalho.

Para o pesquisador do IPEA, o Brasil hoje redistribui renda de uma maneira quase linear. “É, de longe, a maneira mais virtuosa de distribuir renda, que vem sendo elogiada por vários países. Não estamos tirando do meio termo para melhorar a condição social dos mais pobres, estamos tirando dos mais ricos — embora estes estejam ganhando dinheiro também”, diz. Márcio Salvato, pesquisador e coordenador do Instituto de Desenvolvimento Humano da PUC Minas, uma das universidades responsáveis pela Coleção de Estudos Regionais sobre os ODM 2007, enfatiza a expansão da economia. “O crescimento econômico do país foi importante, porque assim é possível redistribuir essa renda para os mais necessitados. Em programas do governo, como o Bolsa Família, o Bolsa Escola, o Vale Gás, você tributa uma parte da economia e transfere o dinheiro para quem é mais pobre”, aponta. “Mas é a classe média, e não os mais ricos, que está sendo atingida, pois vem sendo mais tributada”. Salvato afirma que, na última década, a pobreza foi afetada mais pela transferência de renda do que pelo crescimento de renda. E defende políticas de longo prazo, que incluam a educação.“Apenas transferir renda, como o Bolsa Família faz, é uma medida de curto prazo, e ilusória. E se você tira esse benefício do cidadão? Ele volta à situação anterior”, avalia. Para reduzir a pobreza tanto quanto a extrema pobreza, é necessário combinar crescimento econômico e políticas educacionais, sugere Salvato.“Senão, ocorre o que

antes se via no Brasil: crescimento econômico, mas alta concentração de renda. Não vejo problema em focar primeiro nos extremamente pobres, ou indigentes, em quem está lá embaixo. A política correta é uma que consiga reduzir a pobreza e o hiato de pobreza [distância entre a linha de pobreza e a média da renda de quem está abaixo dessa linha].” Nos últimos anos, quem mais ganhou foram os 10% mais pobres, concorda Sergei Soares. “Quanto mais baixa a média de renda do domicílio, mais esta família está aumentando seu ganho. Quanto mais baixa a linha, maior a quantidade de pessoas que saíram da situação de extrema pobreza”, resume. Além do estrato da população que vive em condições de pobreza ou extrema pobreza, Márcio Salvato cita o que chama de “enorme contingente de brasileiros que vivem em situação de extrema miserabilidade, à margem da sociedade – eles estão abaixo dos que vivem em extrema pobreza”. “Eles moram em pequenos municípios de zonas rurais, onde as prefeituras não têm verba, e também em zonas urbanas – são mendigos, moradores de rua, de favelas dominadas pelo tráfico, de prédios invadidos”, enumera. Como não têm moradia fixa nem acesso a informação, não conseguem se cadastrar num sistema para receber os benefícios do governo. “É necessário fazer uma política específica para isso, mais focalizada.Você tem de ir até eles, e não esperar que eles venham atrás dos benefícios”, diz o pesquisador da PUC Minas. Ele calcula que um quarto dos extremamente pobres vive em extrema miserabilidade, ou cerca de 2,5% dos brasileiros.

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Educação Ambiental

51 dicas práticas para você economizar energia e proteger o planeta 1. TAMPE SUAS PANELAS ENQUANTO COZINHA. Parece obvio, não é? E é mesmo! Ao tampar as panelas enquanto cozinha você aproveita o calor que simplesmente se perderia no ar. 2. USE UMA GARRAFA TÉRMICA COM ÁGUA GELADA. Compre daquelas garrafas térmicas de acampamento, de 2 ou 5 litros. Abasteça-a de água bem gelada com uma bandeja de cubos de gelo pela manhã.Você terá água gelada até a noite e evitará o abre-fecha da geladeira toda vez que alguém quiser beber um copo dágua 3. APRENDA A COZINHAR EM PANELA DE P R E S S Ã O . Acredite... dá pra cozinhar tudo em panela de pressão: Feijão, arroz, macarrão, carne, peixe etc... Muito mais rápido e economizando 70% de gás. 4.COZINHE COM FOGO MÍNIMO. Se você não faltou às aulas de física no 2º grau você sabe: Não adianta, por mais que você aumente o fogo, sua comida não vai cozinhar mais depressa, pois a água não ultrapassa 100ºC em uma panela comum. Com o fogo alto, você vai é queimar sua comida. 5. ANTES DE COZINHAR, RETIRE DA GELADEIRA TODOS OS INGREDIENTES DE UMA SÓ VEZ. Evite o abrefecha da geladeira toda vez que seu cozido precisar de uma cebola, uma cenoura, etc... 6. NÃO TROQUE SEU CELULAR. Já foi tempo que celular era sinal de status. Hoje em dia qualquer Zé mane tem. Trocar por um mais moderno para tirar onda? Ninguém se importa. Fique com o antigo pelo menos enquanto estiver funcionando perfeitamente ou em bom estado. Se o problema é a bateria, considere o custo/benefício trocá-la e descartá-la adequadamente, encaminhando-a a postos de coleta. Celulares trouxeram muita comodidade à nossa vida, mas utilizam de derivados de petróleo em suas peças e metais pesados em suas baterias. Além disso, na maioria das vezes sua produção é feita utilizando mão de obra barata em países em desenvolvimento. Utilize seus gadgets até o final da vida útil deles, lembre-se de que eles certamente não foram nada baratos. 7. COMPRE UMVENTILADOR DE TETO. Nem sempre faz

calor suficiente pra ser preciso ligar o ar condicionado. Na maioria das vezes um ventilador de teto é o ideal para refrescar o ambiente gastando 90% menos energia. Combinar o uso dos dois também é uma boa idéia. Regule seu ar condicionado para o mínimo e ligue o ventilador de teto. 8. USE SOMENTE PILHAS E BATERIAS RECARREGÁVEIS. É certo que são caras, mas ao uso em médio e longo prazo elas se pagam com muito lucro. Duram anos e podem ser recarregadas em média 1000 vezes. 09. LIMPE OU TROQUE OS FILTROS O SEU AR CONDICIONADO. Um ar condicionado sujo representa 158 quilos de gás carbônico a mais na atmosfera por ano. 10. TROQUE SUAS LÂMPADAS INCANDESCENTES POR FLUORESCENTES. Lâmpadas fluorescentes gastam 60% menos energia que uma incandescente.Assim, você economizará 136 quilos de gás carbônico anualmente. 11. ESCOLHA ELETRODOMÉSTICOS DE BAIXO CONSUMO ENERGÉTICO. Procure por aparelhos com o selo do Procel (no caso de nacionais) ou Energy Star (no caso de importados). Geladeiras só use as de classificação “A” do Inmetro.Troque a sua antiga por uma dessas pois a diferença na conta de luz pagará a geladeira nova em pouco tempo. Mas não se esqueça de inutilizar a geladeira velha, desmontando-a e livrando-se dela de tal sorte que ninguém possa vir a consumir o mesmo que voce consumia. 12. NÃO DEIXE SEUS APARELHOS EM STANDBY. Simplesmente desligue ou tire da tomada quando não estiver usando um eletrodoméstico. A função de standby de um aparelho usa cerca de 15% a 40% da energia consumida quando ele está em uso. 13. MUDE SUA GELADEIRA OU FREEZER DE LUGAR. Ao colocá-los próximos ao fogão, eles utilizam muito mais energia para compensar o ganho de temperatura. Mantenha-os afastados pelos menos 15cm das paredes para evitar o superaquecimento. De preferência devem se encostar a paredes situadas na face Sul da casa. Colocar roupas e tênis para secar atrás

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deles então, nem pensar! 14. DESCONGELE GELADEIRAS E FREEZERS ANTIGOS A CADA 15 OU 20 DIAS. O excesso de gelo reduz a circulação de ar frio no aparelho, fazendo que gaste mais energia para compensar. Se for o caso, considere trocar de aparelho. Os novos modelos consomem até metade da energia dos modelos mais antigos, o que subsidia o valor do eletrodoméstico a médio/longo prazo. 15. USE A MÁQUINA DE LAVAR ROUPAS/LOUÇA SÓ QUANDO ESTIVEREM CHEIAS. Caso você realmente precise usá-las com metade da capacidade, selecione os modos de menor consumo de água. Se você usa lava-louças, não é necessário usar água quente para pratos e talheres pouco sujos. Só o detergente já resolve. 16. USE MÁQUINAS DE LAVAR ROUPA HORIZONTAIS. Elas consomem apenas 30% da água em relação às máquinas convencionais verticais que todos usam.Ao invés de 100 litros de água gasta apenas 30 litros para fazer o mesmo serviço. Seu uso foi sendo esquecido, apenas devido ao “incoveniente” de que muitas donas de casa gostam de poder acrescentar peças de roupa durante a lavagem, o que não pode ocorrer com esse tipo de máquina. Apesar de não serem encontradas nas lojas de eletrodomésticos essas máquinas são fabricadas normalmente e podem ser encomendadas em qualquer loja. 17. RETIRE IMEDIATAMENTE AS ROUPAS DA MÁQUINA DE LAVAR QUANDO ESTIVEREM LIMPAS. As roupas esquecidas na máquina de lavar ficam muito amassadas, exigindo muito mais trabalho e tempo para passar e consumindo assim muito mais energia elétrica. 18. TOME BANHO DE CHUVEIRO. E bem rápido. Um banho de banheira consome até quatro vezes mais energia e água que um chuveiro. 19. USE MENOS ÁGUA QUENTE. Aquecer água consome muita energia. Para lavar a louça ou as roupas, prefira usar água morna ou fria, ou aquecida através da energia solar. 20. PENDURE AO INVÉS DE USAR A SECADORA. Você

pode economizar mais de 317 quilos de gás carbônico se pendurar as roupas durante metade do ano ao invés de usar a secadora. 21. NUNCA É DEMAIS LEMBRAR: RECICLE NO TRABALHO E EM CASA. Se a sua cidade ou bairro não tem coleta seletiva, leve o lixo até um posto de coleta. Existem vários na rede Pão de Açúcar. Lembre-se de que o material reciclável deve ser lavado (no caso de plásticos, vidros e metais) e dobrado (papel). 22. FAÇA COMPOSTAGEM. Cerca de 3% do metano que ajuda a causar o efeito estufa é gerado pelo lixo orgânico doméstico. Aprenda a fazer compostagem: além de reduzir o problema, você terá um jardim saudável e bonito. 23. REDUZA O USO DE EMBALAGENS. Embalagem menor é sinônimo de desperdício de água, combustível e recursos naturais. Prefira embalagens maiores, de preferência com refil. Evite ao máximo comprar água em garrafinhas, leve sempre com você a sua própria. 24. COMPRE PAPEL RECICLADO. Produzir papel reciclado consome de 70 a 90% menos energia do que o papel comum, e poupa nossas florestas. Mesmo que voce venha a pagar mais caro nesse papel, estará contribuindo muito para a preservação da natureza. 25. UTILIZE SACOLA PROPRIA PARA AS COMPRAS. Sacolinhas plásticas descartáveis são um dos grandes inimigos do meio-ambiente. Elas não apenas liberam gás carbônico e metano na atmosfera, como também poluem o solo e o mar. Leve ao supermercado, sempre que possível, os sacos plásticos que usou na compra anterior. 26. PLANTE UMA OU MAIS ÁRVORES. Procure aquelas que atraem os pássaros, que façam boa sombra e cujas raízes não destruam o cimentado que as rodeia. Uma árvore absorve uma tonelada de gás carbônico durante sua vida. Plante árvores no seu jardim ou inscreva-se em programas como o SOS Mata Atlântica ou Iniciativa Verde. Use o Dia da Árvore para fazer um ritual de plantio junto a seus filhos. Deixe tudo preparado antes, plante as mudinhas no lugar escolhido, que pode ser até mesmo em uma praça ou passeio público. Faça visita com seus filhos aos lugares de plantio e aju-


dem a plantinha a se desenvolver. Trate-a, perante seus filhos, como uma amiga fiel para a sobrevivência da humanidade. 27. COMPRE ALIMENTOS PRODUZIDOS NA SUA REGIÃO. Fazendo isso, além de economizar combustível, você incentiva o crescimento da sua comunidade, bairro ou cidade. 28. COMPRE ALIMENTOS FRESCOS AO INVÉS DE CONGELADOS. Comida congelada além de mais cara, consome até 10 vezes mais energia para ser produzida. É uma praticidade que nem sempre vale a pena. 29. COMPRE ORGÂNICOS. Por enquanto, alimentos orgânicos são um pouco mais caros pois a demanda ainda é pequena no Brasil. Mas você sabia que, além de não usar agrotóxicos, os orgânicos respeitam os ciclos de vida de animais, insetos e ainda por cima absorvem mais gás carbônico da atmosfera que a agricultura “tradicional”? Se toda a produção de soja e milho dos EUA fosse orgânica, cerca de 240 bilhões de quilos de gás carbônico seriam removidos da atmosfera. Portanto, incentive o comércio de orgânicos para que os preços possam cair com o tempo. 30. ANDE MENOS DE CARRO. Use menos o carro e mais o transporte coletivo (ônibus, metrô) ou o limpo (bicicleta ou a pé). Se você deixar o carro em casa 2 vezes por semana, deixará de emitir 700 quilos de poluentes por ano. 31. NÃO DEIXE O BAGAGEIRO VAZIO EM CIMA DO CARRO. Qualquer peso extra no carro causa aumento no consumo de combustível. Um bagageiro vazio gasta 10% a mais de combustível, devido ao seu peso e aumento da resistência do ar. 32. MANTENHA CARROS, ÔNIBUS E CAMINHÕES REGULADOS. Calibre os pneus de seu veículo a cada 15 dias e faça uma revisão completa a cada seis meses, ou de acordo com a recomendação do fabricante.Veículos regulados poluem menos.A manutenção correta de apenas 1% da frota de veículos mundial representa meia tonelada de gás carbônico a menos na atmosfera. Procure o deputado em que votou e cobre dele uma legislação séria sobre a poluição emitida por ônibus e caminhões. Muito se fala sobre catalizadores em automóveis de passeio e pouco sobre a prevenção da poluição emitida pelos grandes veículos, geral e visivelmente desregulados. 33. LAVE O CARRO A SECO. Existem diversas opções de lavagem sem água, algumas até mais baratas do que a lavagem tradicional, que desperdiça centenas de litros a cada lavagem. Procure no seu

posto de gasolina ou no estacionamento do shopping. 34. QUANDO FOR TROCAR DE CARRO, ESCOLHA UM MODELO MENOS POLUENTE. Apesar da dúvida sobre o álcool ser menos poluente que a gasolina ou não, existem indícios de que parte do gás carbônico emitido pela sua queima é reabsorvida pela própria cana de açúcar plantada. Carros menores e de motor 1.0 poluem menos. Em cidades como São Paulo, onde no horário de pico anda-se a 10km/h, não faz muito sentido ter carros grandes e potentes para ficar parados nos congestionamentos. 35. USE O TELEFONE OU A INTERNET. A quantas reuniões de 15 minutos você já compareceu esse ano, para as quais teve que dirigir por quase uma hora para ir e outra para voltar? Usar o telefone ou skype pode poupar você de stress, além de economizar um bom dinheiro e poupar a atmosfera. Invista nas Tele Conferências. 36. VOE MENOS, REÚNASE POR VIDEOCONFERÊNCIA. Reuniões por videoconferência são tão efetivas quanto as presenciais. E deixar de pegar um avião faz uma diferença significativa para a atmosfera. 37. ECONOMIZE CDS E DVDS. CDs e DVDs sem dúvida são mídias eficientes e baratas, mas você sabia que um CD leva cerca de 450 anos para se decompor e que, ao ser incinerado, ele volta como chuva ácida (como a maioria dos plásticos)? Utilize mídias regraváveis, como CD-RWs, drives USB ou mesmo e-mail ou FTP para carregar ou partilhar seus arquivos. Hoje em dia, são poucos arquivos que não podem ser disponibilizados virtualmente ao invés de em mídias físicas. 38. LUTE POR NOSSAS FLORESTAS. Por anos os ambientalistas foram vistos como “ecochatos”. Mas em tempos de aquecimento global, as árvores precisam de mais defensores do que nunca. O papel delas no aquecimento global é crítico, pois mantém a quantidade de gás carbônico controlada na atmosfera. A floresta amazônica é o último reduto em biodiversidade e recursos naturais no planeta. Ocorre que os norte americanos andam com essa história de que a floresta amazônica é um patrimônio da humanidade. Sim, de fato, se não cuidarmos daquelas matas, deixando-a por conta dos predadores que hoje lá estão, certamente teremos problemas muito em breve. 39. LAVAR CALÇADAS E CARROS EM CASA. Muitas pessoas lavam carro em casa deixando a mangueira ligada e lançada ao chão enquanto esfregam o veículo. Outras lavam o cimentado empur-

rando a sujeira com a força da água da mangueira, ao invés de usar vassoura e rodo. Esses procedimentos, hoje em dia, se constituem na maior prova da falta de consciência ambiental. Se assistir alguem cometendo essa barbaridade, aborde a pessoa e explique-lhe que, em breve, aquela água poderá estar fazendo falta a um de seus decendentes. E, antes de jogar água no chão, varra tudo o que puder a seco. Use balde para lavar o carro e vassoura para lavar o cimentado. 40. USE ENERGIA SOLAR. ao contrário do que muita gente pensa, tirar proveito da energia solar é muito fácil. Se voce tiver um banheirinho na edícula da sua casa, poderá passar a tomar seus banhos lá, após ter instalado sobre ele, um Kit de aquecimento solar, em fibra de vidro, já com caixinha d´água acoplada. Se quiser fabricar o seu visite o site http:// josealcinoalano.vilabol.uol.com.br/ manual.htm ou outros disponíveis na internet. Lembre-se: um chuveiro elétrico consome, em média, 4000 watts em 1 hora. Ou seja, um banho de 15 minutos consume 1000 watts.hora, ou seja, o equivalente a uma lâmpada incandescente de 100 watts ligada por 10 horas!!! Para os dias de hoje isso é um absurdo. 41. DESLIGUE O COMPUTADOR. Muita gente tem o péssimo hábito de deixar o computador de casa ou da empresa ligado ininterruptamente, às vezes fazendo downloads, às vezes simplesmente por comodidade. Desligue o computador sempre que for ficar mais de 2 horas sem utilizá-lo e o monitor por até quinze minutos. 42. CONSIDERE TROCAR SEU MONITOR. O maior responsável pelo consumo de energia de um computador é o monitor. Monitores de LCD são mais econômicos, ocupam menos espaço na mesa e estão ficando cada vez mais baratos. O que fazer com o antigo? é triste dizer mas o correto é desativá-lo, retirando dele alguma peça fundamental, para que ninguém possa reutilizá-lo. Faça isso e mostre a seus amigos que teve coragem para fazê-lo, servindo de exemplo. 43. NO ESCRITÓRIO, DESLIGUE O AR CONDICIONADO PELO MENOS UMA HORA ANTES DO FINAL DO EXPEDIENTE. Num período de 8 horas, isso equivale a 12,5% de economia diária, o que equivale a quase um mês de economia no final do ano. Além disso, no final do expediente a temperatura já anda mais amena. 44. NÃO PERMITA QUE AS CRIANÇAS BRINQUEM COM ÁGUA. Banho de mangueira, guerrinha de balões de água e toda sorte de brincadeiras com água

são sem dúvida divertidas, mas passam a equivocada idéia de que a água é um recurso infinito, justamente para aqueles que mais precisam de orientação, as crianças. Não deixe que seus filhos brinquem com água, ensine a eles o valor desse bem tão precioso. 45. NO HOTEL, ECONOMIZE TOALHAS E LENÇOIS. Use o bom senso...Você realmente precisa de uma toalha nova todo dia? Anda tão imundo assim? Trabalha em alguma carvoaria? Em hotéis, o hóspede tem a opção de não ter as toalhas trocadas diariamente, para economizar água e energia. Trocar uma vez a cada 3 dias já está de bom tamanho. O mesmo vale para os lençois, a não ser que você mije na cama... 46. PARTICIPE DE AÇÕES VIRTUAIS. A Internet é uma arma poderosa na conscientização e mobilização das pessoas. Um exemplo é o site ClickÁrvore, que planta árvores com a ajuda dos internautas. Informe-se e aja! 47. VÁLVULAS DE DESCARGA TIPO HYDRA constituem um crime ambiental. Acabe com elas e faça propaganda contra. Mobilize seu deputado ou senador amigo a aprovar uma lei proibindo esse tipo de válvula que gasta 32 litros de água em média, por descarga. Hoje em dia os sistemas de caixinhas acopladas fazem o mesmo serviço com 6 litros de água com a mesma eficiência, graças a alta tecnologia e ao designer dos novos vasos sanitários. 48. INSTALE UMA VÁLVULA NA SUA DESCARGA. caso não possa ainda retirar a válvula tipo Hydra, pelo menos mande instalar nela um acessório para regular a quantidade de água liberada: mais quantidade para o número 2, menos para o número 1! 49. REGUE AS PLANTAS À TARDINHA OU À NOITE. Ao regar as plantas nesses períodos, você impede que a água se perca por evaporação e também evita choques térmicos que podem agredir suas plantas. 50. VÁ PELA ESCADA. Para subir até dois andares ou descer três, que tal ir pela escada? Além de fazer exercício, você economiza energia elétrica. LEIA ESTA LISTA! DIVULGUE-A. SEUS DESCENDENTES AGRADECERÃO ! ORGANIZAÇÃO DE RENOVAÇÃO AMBIENTE Fonte: http://planetaprem. blogspot.com/2007/10/51-dicasprticas-para-voc-economizar.html

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Cuidado: Animal na praia Apesar da proibição da Prefeitura, tem gente que ainda passeia com cachorros e gatos pelas praias. Aparentemente inocente, a atitude pode ser prejudicial à saúde dos banhistas. uem leva seu animal de estimação para passear na areia da praia não está só desacatando uma norma, está colocando a saúde de muita gente em risco. As fezes de cães e gatos que acabam sendo deixadas nas areias propiciam a proliferação de verminoses, dermatites e zoonoses - doenças transmitidas ao homem pelos animais. Contaminadas, as pessoas podem ter desde uma irritação na pele até mesmo um dano cerebral. Parasitas Em contato com a areia, as fezes dos animais liberam dezenas de parasitas. Sem perceber, a pessoa pisa, senta e coloca a mão na areia contaminada. A partir daí, o início dos sintomas é uma questão de tempo. A coordenadora de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Magada Valverde, conta que nas areias contaminadas pelas fezes de animais é comum a presença do parasita Ancilostomas,

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que causa a ancilostomíase. O parasita entra no organismo por via oral ou através da pele, se hospeda no intestino delgado e passa a se alimentar de sangue, podendo levar seu hospedeiro à anemia. Ao entrar na pele, o Ancilostomas forma uma espécie de túnel entre a epiderme (camada da pele) e a derme, fazendo com que as lesões fiquem visíveis por semanas. Solução - A toxicocaríase é outra doença oriunda das fezes dos cachorros. O homem é contaminado ao ingerir acidentalmente ovos do parasita Oxicocara Canis. E uma grande ingestão pode provocar forte desconforto abdominal, anorexia e ânsia de vômito. Os problemas podem ser ainda maiores, dependendo da região do corpo para onde migrar o parasita. Em alguns casos, a pessoa pode ter perda unilateral da visão e até problemas cerebrais. “A solução para evitar a proliferação de doenças é simples, mas a implementação é difícil porque depende de cada um. Não pode haver lixo e nem animais, principalmente cães, nas areias”, aconselha Valverde. Também causado pelos detritos orgânicos do animais, outro dano à saúde bastante comum é o bicho-geográfico, que causa vermelhidão na sola dos pés. “As

pessoas precisam ter consciência de que é preciso respeitar as determinações legais, preservando tanto a sua saúde, quanto a dos demais banhistas”, comenta o vice-presidente da Orla Rio, João Marcello Barreto, que administra os novos quiosques das praias. Os banheiros das novas unidades instaladas na orla carioca são completamente interligados à rede de esgotos da Cedae, que leva os resíduos diretamente para o interceptor oceânico; reduzindo a quantidade de urina e fezes despejada nas areias e nas águas, fatores que também causam danos aos banhistas. É proibido O Código de Posturas da Cidade do Rio de Janeiro proíbe que animais passeiem pelas areias. No entanto, essa determinação é muitas vezes descumprida. Quem insiste em burlar a regra, pode ser autuado por desobediência à ordem legal de funcionário público, no caso, os Guardas Municipais. Para garantir o cumprimento da ordem pública, no início do ano, a Prefeitura da Cidade ampliou o patrulhamento na orla, com a implantação do Grupamento Especial de Praia (GEP). Em março, foi criado ainda o Comitê Gestor da Orla Marítima, uma ação conjunta de todas as secretarias municipais com

atuação na orla carioca. O objetivo do grupo, formado por dezenas de fiscais da prefeitura, é orientar a população sobre as regras de utilização das praias, informando sobre as atividades permitidas aos ambulantes, realização de jogos como frescobol e vôlei na areia e, é claro, sobre a presença de animais. Nos trabalhos de conscientização, os fiscais mandam um alerta para todos os banhistas: não deixar lixo na areia. Isso porque os dejetos acabam atraindo ratos, pombos, cachorros e demais animais que vivem nas ruas. A Secretar ia Municipal de Meio Ambiente informou que quinzenalmente é feito um monitoramento da qualidade da areia, além do mapeamento das faixas por GPS. Nesse serviço é avaliado a quantidade de coliformes fecais e coliformes totais (lixo + fezes).

Cuidados na praia - Lavar as mãos e os pés ao sair da praia. - Depois de tocar na areia, evite colocar a mão na boca. - Se estiver com algum ferimento, vá à praia com um curativo adequado. - Ensacar o lixo produzido e depositar nas lixeiras do calçadão. - Não leve objetos quebráveis para a praia. - Evitar brincar jogando areia nas pessoas, principalmente, no cabelo. - Evitar andar descalço na areia. 28 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 012 - NOVEMBRO - 2007


Denúncias

Apreensão de 3 mil quilos de camarão M

ais de três mil quilos de camarão sete-barbas, distribuídos em cerca de 150 caixas, foram apreendidos, ontem de manhã, por policiais do Batalhão da Polícia Florestal, em Barra do Furado. A operação, a partir de uma denúncia anônima, aconteceu devido ao período de defeso. Entre o início de outubro e final de dezembro, o Ibama proíbe a pesca dessa espécie, do litoral do Rio Grande do Sul à divisa do Espírito Santo com a Bahia, para preservar a época de reprodução do crustáceo.

De acordo com policiais florestais, a denúncia alertou que em uma propriedade próxima do litoral, na divisa entre Campos e Quissamã, vários homens transportavam caixas com o camarão, que estariam sendo preparadas para transporte. Quando chegaram ao local, os militares identificaram o caminhão citado na ligação telefônica. Assim que notaram a presença das viaturas policiais, no entanto, os suspeitos teriam fugido em um outro veículo, que não foi identificado. A polícia suspeita de que os crustáceos seriam transportados para a

Bahia, onde seriam comercializados. Os militares que participaram da operação destacaram que a ajuda da população, com denúncias, é fundamental durante esse período, quando a proibição da pesca é determinada para proteger o meio ambiente. Quem quiser denunciar pode entrar em contato com a Polícia Florestal, pelo telefone (22) 2420-2468. O caminhão e as caixas com o crustáceo foram apreendidos pelos policiais florestais e levados para a 134ª Delegacia de Polícia (Centro). Se o material ainda estiver em con-

dições de consumo será doado para quatro instituições filantrópicas, em Campos.

BARRA DO FURADO - Cerca de três mil quilos de camarão setebarbas foram apreendidos, quando eram acomodados em caminhão Imagem: Silésio Corrêa

Equipe do Ibama do Rio faz fiscalização no interior chefe regional do Ibama, Rosa Maria Castello Branco, afirma que a fiscalização da pesca irregular está sendo feita por uma equipe do Rio de Janeiro, nos municípios do interior do Estado, mas que a data prevista para a che-

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gada dos fiscais em Campos não pode ser revelada. — Não podemos revelar a data, porque atrapalharia a fiscalização. Além disso, a equipe vem do Rio e atua em todo o Estado — disse Rosa Maria, ressaltando que ações contra o descumprimento do pe-

ríodo de defeso também são tomadas pela secretaria municipal de Meio Ambiente e pelos policias do Batalhão da Polícia Florestal. Período — O defeso do setebarbas será mantido até 31 de dezembro, mas a notificação do Ibama inclui, ainda, os caranguejos uçá

e guaiamu, cuja captura está proibida nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Para o uçá macho, o defeso é até o dia 30 de novembro e a fêmea tem captura proibida até 31 de dezembro. Para o guaiamu, a liberação só será feita em abril.

Ibama apreende camarão sete barbas F

iscais do Ibama apreenderam na madrugada de ontem, em Barra do Furado, 3 mil e 200 quilos de camarão sete barbas, que foram doados ao Asilo Nossa Senhora do Carmo. Protegido pela legislação ambiental em virtude do defeso, que vai até 31 dezembro, o pescado foi encontrado em caixas de isopor, na margem do Canal das Flechas. No momento da apreensão, pescadores que estavam no local escaparam do flagrante de barcos.A captura do camarão sete barbas e dos caranguejos uçá e guaiamum está proibida em todo o litoral dos estados do Rio, Espírito Santo e São Paulo. A operação em Barra do Furado, considerada pelo Ibama como “de rotina”, foi iniciada na noite de quinta-feira e se estendeu até

Ilustração do Camarão sete-barbas, presente em todo o litoral brasileiro.

ontem. A finalidade é verificar o cumprimento do defeso na região. “Estaremos acompanhando as atividades nos entrepostos e, se for constatada a captura, o comércio e o transporte do camarão, ele será recolhido e doado a entidades”,

disse a chefe do escritório do Ibama local, Rosa Maria Castelo Branco, que afirmou que a fiscalização na região conta com poucos funcionários.

FARTURA - O camarão apreendido foi doado ao Asilo do Carmo Imagem: Leonardo Berenger

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Opinião

Armagedon humano? Por Leonardo Boff Teólogo

s atuais cenários sombrios sobre o futuro do sistema-vida e especificamente da espécie humana permitem que biólogos, bioantropólogos e astrofísicos aventem o possível desaparecimento da espécie homo sapiens/demens ainda neste século. Aduzem argumentos que merecem ponderação. O mais robusto parece ser aquele da superpopulação articulada com a dificuldade de adaptação às mudanças climáticas. Na escala biológica verifica-se um crescimento exponencial. A humanidade precisou um milhão de anos para alcançar em 1850 um bilhão de pessoas. Os espaços temporais entre os índices de um crescimento a outro diminuem cada vez mais. De 75 anos de 1850 a 1925 - passaram para 5 anos de diferença. Prevê-se que por volta de 2050 haverá dez bilhões de pessoas. É triunfo ou dano?

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Lynn Margulis e Dorian Sagan, notáveis microbiólogos, no conhecido livro Microcosmos (1990) afirmam com dados dos registros fósseis e da própria biologia evolutiva que um dos sinais do colapso próximo de uma espécie é sua rápida superpopulação. Isso pode ser comprovado por micro-organismos colocados na cápsula Petri (placa redonda com colônias de bactérias e nutrientes). Pouco antes de atingirem as bordas da placa e se esgotarem os nutrientes, multiplicam-se de forma exponencial. E de repente morrem. Para a humanidade, comentam eles, a Terra pode mostrar-se idêntica a uma cápsula Petri. Com efeito, ocupamos quase toda a superfície terrestre, deixando apenas 17% livre: desertos, floresta amazônica e regiões polares. Estamos chegando às bordas físicas da Terra. Há explosão demográfia e decrescimento dos meios de vida num planeta limitado. Sinal precursor de nossa próxima extinção? O prêmio Nobel em medicina, Christian de Duve, sustenta que

estamos assistindo a sintomas que precederam no passado as grandes dizimações. Normalmente desaparecem por ano 300 espécies vivas porque chegaram ao seu climax evolucionário. Dada a pressão industrialista global sobre a biosfera estão desparecendo cerca de 3.500. Um desastre biológico. Será que agora não chegou a nossa vez? Carl Sagan, já falecido, via no intento humano de demandar à Lua e enviar naves espaciais como o Voyager 1 para fora do sistema solar, a manifestação do inconsciente coletivo que pressente o risco da extinção próxima. A vontade de viver nos leva a excogitar formas de sobrevivência para além da Terra. O astrofísico Stephen Hawking fala da possivel colonização extrasolar com naves, espécie de veleiros espaciais, impulsionadas por raios laser que lhes confeririam uma velocidade de trinta mil quilômetros por segundo. Mas para chegar a outros sistemas planetários teríamos que percorrer bilhões e bilhões de quilômetros, necessitando pelo menos de um século de tempo. Ocorre que so-

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mos prisioneiros da luz, cuja velocidade de trezentos mil quilômetros por segundo é até hoje insuperável. Mesmo assim só para chegar a estrela mais próxima – a Alfa do Centauro – precisaríamos de quarenta e três anos, sem ainda saber como frear essa nave a esta altíssima velocidade. Tais reflexões nos permitem falar de um possível Armagedon humano. Este representa um desafio para as religiões que vêem o fim da espécie como obra do Criador e não da atividade humana. Para o Cristianismo a morte coletiva, mesmo induzida, não impede o triunfo final da vida pela via da ressurreição e da transfiguração de toda a criação por Deus.


Imagens Ambientais Por Luiz Prado luiz.prado@wnetrj.com.br

Zeca Linhares: Imagens da Baía de Guanabara “A Baía do Rio de Janeiro deve ser vista em ‘trajes de gala’. É mais encantadora quando um verniz de atmosfera diáfana imprime às distâncias uma suave e maravilhosa beleza; quando o manto azul é de um azul perfeito. (…) Então, os ribeiros são prata, com as margens pintadas de alaranjado e cobre, ao se erguerem sobre as brancas areias ou encrustadas na floresta; então, as nuvens que passam formam ilhotas flutuantes, enquanto as suas sombras viagem pelas águas do mar interior, de um verde tão puro.” ovamente, a citação de Sir Richard Burton, que muito viajou e escreveu sobre diversas regiões do mundo, inclusive o Brasil, onde veio em missão diplomática, mas também para examinar minas de ouro e diamante de interesse de empresas inglesas. As publicações da Universidade de São Paulo que integram a coleção Reconquista do Brasil há muito se encontram esgotadas e merecem nova edição. A citação não tem a intenção de despertar a nostalgia, mas serve apenas como introdução a mais um excelente trabalho do fotógrafo Zeca Linhares, que continua, persistente, desvendando aspectos da realidade que as pessoas e mesmo a grande imprensa frequentemente não gostam de ver ou mostrar, por já se encontrarem, todos, far tos dos excessos de miséria moral do poder público. Recentemente, Zeca Linhares passou noites em pequenas embarcações de pescadores artesanais na baía de Guanabara. Por lá, o IBAMA, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e forças policiais andaram, na última semana, em sua rotineira busca por espaço na imprensa. Desta vez com atividades de repressão à pesca ilegal. À pesca ilegal dos muito pequenos, é claro, já que nada - absolutamente NADA - se faz contra as grandes embarcações - inclusive estrangeiras - que praticam pesca de arrasto de fundo, destruindo a base da cadeia alimentar dos recursos pesqueiros, não muito distante da costa. As fotos chocam. A tendência das “autoridades” é colocar nos

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pobres a culpa do muito lixo jogado nos rios e na baía. Omitemse na provisão de serviços de coleta e disposição final de lixo. Omitem-se quando intencionalmente fazem cair no esquecimento que depois de gastos cerca de R$ 2 bilhões no naufragado Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, as grandes estações de tratamento continuam, há anos, sem funcionar. Esquecem das auditorias que foram anunciadas nas campanhas eleitorais. E saem em barqueatas carnavalescas para reprimir pequenas embarcações de pescadores que mal conseguem ganhar o mínimo para o seu sustento. A foto abaixo é de uma das canoas criminosas que atuam na baía de Guanabara. Mas o que esses pequenos coletores de sobras trazem em suas canoas é uma mistura de muito lixo e pouco peixe ou camarão. O lixo é mais abundante. E que não se diga que esses são problemas normais da urbanização. A Austrália recuperou a baía de Sidney em poucos anos, quando se preparava para receber as Olimpíadas. Barcelona removeu um porto semi-abandonado como o do Rio de Janeiro - e reconstituiu as praias e o acesso ao mar, valorizando ainda mais a cidade. Não se trata de nostalgia, mas de imagens fortes que dão ao poder público uma ISO 14.000 da incompetência na gestão. Vale dizer que não se trata apenas desta ou daquela secretaria, mas do sistema. Numa passagem do belíssimo filme Tropa de Elite, o narrador afirma: “o sistema não trabalha para resolver os problemas da sociedade, mas para resolver os problemas do próprio sistema”.

Enfim, uma imagem das margens da baía no Caju. Essa área já foi conhecida como Ponta do Camarão.

Parabéns, Zeca Linhares! Será que alguém patrocinará a exposição dessas fantásticas fotos? Ou as tais “zelites” do Rio de Janeiro - para usar a expressão brincalhona de Veríssimo - vão começar a acreditar que nunca nesse estado um governo trabalhou tanto? Fonte: http://www.luizprado.com.br/author/Luiz/ 2007 - NOVEMBRO - EDIÇÃO 012 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 31


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