Revista do Meio Ambiente 34

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revista do meio

ambiente Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

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Dia mundial da Água

ano V • março 2011

Distribuição gratuita

Projeto sem fins lucrativos

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Código Florestal e Usina de Belo Monte: debates sem fim Manifesto do FBOMS contra o Programa Nuclear Brasileiro Brasil, o maior consumidor mundial de agrotóxicos Entrevista com o presidente do movimento Slow Food Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br



nesta edição

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Capa

Dia Mundial da Água 2011 Pegada hidrológica Dia mundial da água: Reflexão e economia Fabrício Ângelo

Lindas cachoeiras do Brasil Ilusões e realidade para a sustentabilidade • 4 Notícias do meio ambiente • 6 Entrevista com Átila Nunes • 12 Código florestal: conflito de interesses • 14 E a falácia continua • 16 Ano Internacional das Florestas • 17 O Brasil é renovável • 18 Energia nuclear: eu apoio • 19 Usina de Belo Monte: contra ou a favor • 20 Instalação de Belo Monte: repúdio à licença • 20 Pesquisa em parques nacionais • 21 Abaixo das metas na preservação de biomas • 21 Por que consumimos tanto veneno? • 22 Alimentos bons, limpos e justos • 26 Protetores solares barrados no teste • 28 Outra abordagem da qualidade de vida • 29 O paradoxo ambientalista • 30 Novos padrões de produção e consumo • 31 O que fazer com o lixo doméstico • 32 Redução na emissão de CO2 • 34 Em prol da informação ambiental • 36 Controle na criação de aves • 38 Sexta extinção em massa • 38 Mudanças climáticas, e eu o que posso fazer? • 40 Agenda ambiental 2011 • 41 Saco é um saco • 44 Cobertura verde • 45 Formando cidadãos conscientes • 45 Anaia Pequeno pede SOS Urgente • 46

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Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272 Editor e Redator-chefe: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas www.escritorvilmarberna.com.br http://escritorvilmarberna.blogspot.com/ Contatos: vilmar@rebia.org.br • Celulares (21) 9994-7634 e 7883-5913 ID 12*88990 Editor Científico: Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista, mestre em Ciência Ambiental, especialista em Informação Científica e Tecnológica em Saúde Pública • (21) 2710-5798 / 9509-3960 • MSN: fabricioangelo@hotmail.com Skype: fabricioangelo • www.midiaemeioambiente.blogspot.com Produção gráfica: Projeto gráfico e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 Skype: estudio.mutum • contato@estudiomutum.com.br Impressão: Imprinta Express Gráfica e Editora Ltda. Portal do Meio Ambiente www.portaldomeioambiente.org.br Webmaster: Ricardo Paes • ricpaes@gmail.com • (21) 9475-3844 Comercial Linha direta com o editor: vilmar@rebia.org.br • Celular (21) 7883-5913 ID 12*88990 e 9994-7634 • Telfax: (21) 2610-2272 Diretor: Maurício Cabral • (21) 7872-9293 ID 10*96559 • mauriciocabral@ revistadomeioambiente.org.br e mauriciocabral@rebia.org.br Representação em Brasília: Minas de Ideias Comunicação Integrada (Emília Rabello e Agatha Carnielli • Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242 Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 • brasilia@minasdeideias.com.br Skype: agatha.cn • www.minasdeideias.com.br

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Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, dedicada à democratização da informação ambiental com a proposta de colaborar na formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da edição e distribuição gratuita da Revista do Meio Ambiente, Portal do Meio Ambiente e do boletim digital Notícias do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - CEP 24370-290 www.rebia.org.br Conselho Consultivo e Editorial Aristides Arthur Soffiati, Bernardo Niskier, Carlos Alberto Muniz, David Man Wai Zee, Flávio Lemos de Souza, Keylah Tavares, Luiz Prado, Paulo Braga, Raul Mazzei, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro Serra de Castro, Roberto Henrique de Gold Hortale (Petrópolis, RJ) e Rogério Ruschel Diretoria Executiva Presidente do Conselho Diretor: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista Presidente do Conselho Deliberativo: JC Moreira, jornalista Presidente do Conselho Fiscal: Flávio Lemos, psicólogo Superintendente Executivo Gustavo da Silva D. Berna, biólogo pósgraduado em meio ambiente (Coppe/UFRJ) e especialista em resíduos sólidos (21) 7826-2326 ID 11605*1 • gustavo@rebia.org.br Leonardo da Silva D. Berna, repórter fotográfico • ID 55*8*3824 leonardo@rebia.org.br Inês S. de Oliveira, bióloga pós-graduada em Gestão Ambiental (Coppe/UFRJ) (21) 9994-7634 • ines@rebia.org.br Moderadores dos Fóruns Rebia Rebia Nacional (rebia-subscribe@ yahoogrupos.com.br): Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista ambiental Rebia Norte (rebianorte-subscribe@ yahoogrupos.com.br) – Rebia Acre: Evandro J. L. Ferreira, pesquisador do INPA/UFAC • Rebia Manaus: Demis Lima, gestor ambiental • Rebia Pará: José Varella, escritor Rebia Nordeste (rebianordeste-subscribe@ yahoogrupos.com.br) – Coordenador: Efraim Neto, jornalista ambiental • Rebia Bahia: Liliana Peixinho, jornalista ambiental e educadora ambiental • Rebia Alagoas: Carlos Roberto, jornalista ambiental • Rebia Ceará: Zacharias B. de Oliveira, jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente • Rebia Piauí: Dionísio Carvalho, jornalista ambiental • Rebia Paraíba: Ronilson José da Paz, mestre em Biologia • Rebia Natal: Luciana Maia Xavier, jornalista ambiental Rebia Centro-Oeste (rebiacentrooestesubscribe@yahoogrupos.com.br): Eric Fischer Rempe, consultor técnico (Brasília) e Ivan Ruela, gestor ambiental (Cuiabá) Rebia Sudeste (rebiasudeste-subscribe@ yahoogrupos.com.br) - Rebia Espírito Santo: Sebastião Francisco Alves, biólogo Rebia Sul (rebiasul-subscribe@yahoogrupos. com.br) - Coordenador regional: Paulo Pizzi, biólogo • Rebia Paraná: Juliano Raramilho, biólogo • Rebia Santa Catarina: Germano Woehl Junior, mestre e doutor em Física. Pessoa Jurídica A Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela finanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia: • Associação Ecológica Piratingaúna CNPJ: 03.744.280/0001-30 • Sede: R. Maria Luiza Gonzaga, nº 217, Ano Bom - Barra Mansa, RJ • CEP: 27323-300 • Utilidade Pública Municipal e isenta das inscrições estadual e municipal • Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade (Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ: 06.034.803/0001-43 • Sede: R. Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ CEP: 24210-520 • Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0 www.prima.org.br

revista do meio ambiente mar 2011


iluSõeS e realidade

para a sustentabilidade

Os sonhos nos dão energia para as boas práticas e a confiança de que é possível Precisamos sonhar com a possibilidade de um futuro, de um mundo melhor, pois os sonhos nos motivam para a ação, nos animam a romper com a inércia e a suportar a dor do esforço no rumo a outro jeito de ser e estar no Planeta e na sociedade, ambientalmente sustentável e socialmente mais justo. Os sonhos nos dão energia para as boas práticas e a confiança de que é possível. Entretanto, entre declarações de políticas e promessas ambientais e a realidade, existe um vazio proporcionalmente tão grande e profundo quanto nossa capacidade de sonhar. Um vazio que pode e precisa ser preenchido com gestão, planejamento, investimento de tempo e dinheiro. Entre os oito e o oitenta, em gestão ambiental, será preciso passar por um monte de outros números. Sonhar é relativamente fácil, difícil é colocar em prática. Então, é natural que entre a intenção e o gesto exista um tempo de maturação para acontecer. O importante é demonstrar o movimento, saber valorizar e divulgar os bons resultados, mesmos pequenos, para renovar o incentivo e estimular o aumento na velocidade das mudanças, e também refletir sobre os maus resultados, pois pode ser o caso de precisar rever metas e objetivos. Se os sonhos forem pouco ambiciosos – apenas para produzir uma pequena mudança –, este vazio será menor e o esforço requerido para preenchê-lo de realizações também. Entretanto, os resultados também poderão ser pequenos e podem nem valer à pena, podendo produzir mais desgastes que levar a alguma mudança. E não adianta fazer pouco e tentar compensar depois no marketing, por que o tiro pode sair pela culatra, e uma reputação manchada é de difícil recuperação depois. Se for grande demais, por mais que se persiga o sonho, este sempre parecerá inatingível. Ainda assim poderá valer a pena para nos manter seguindo em frente, apesar das adversidades. Muitas das grandes mudanças na Humanidade começaram de um pequeno desvio, como o empreendedorismo dos tropeiros ar-

riscando-se no comércio ambulante entre as cidades da Idade Média e que resultaram no mercantilismo e no fim da estrutura feudal de poder. Alguns sonhos podem ser sonhados sozinhos, e ainda assim serem possíveis de se realizar, como sermos consumidores mais responsáveis, ou menos gananciosos e mais solidários. Outros precisam ser sonhados juntos para se tornarem realidade, como a construção de uma sociedade sustentável, requerendo de nós o esforço de sensibilizar e convencer aos demais. Outros sonhos podem demorar gerações para acontecer, contando com o esforço e o engajamento de gente que ainda nem nasceu. As catedrais da Idade Média, por exemplo, levavam gerações para serem concluídas, e ainda assim foram construídas por pessoas que sabiam que se não fizessem bem a sua parte, a geração que viria depois teria de começar do zero. Um pouco como a mudança para a sustentabilidade. Nossa geração começou agora uma obra cujos frutos talvez só venham a ser colhidos em quantidade pelos que virão depois. Melhor isso que deixar como herança um Planeta esgotado, poluído e incapaz de sustentar a vida como a conhecemos. Alguns se dão por satisfeitos apenas em reclamar imaginando que o mundo melhor que desejam deve começar no outro. Outros preferem se iludir com falsas promessas ou soluções milagrosas, em vez de encarar a realidade de que somos a raiz dos problemas do mundo e também podemos ser a solução, dependendo das escolhas que fizermos. Precisamos ajustar nossas percepções para saber aproveitar as oportunidades como elas se oferecem e não como gostaríamos que aparecessem. E saber lidar com as frustrações e com a dor do esforço e da incapacidade de alcançar certos objetivos, por que talvez ainda não seja a hora ou ainda não estejamos prontos. Para os que acreditam em divindades, é hora de pedir que nos acolham em nossas dores e angústias e nos salvem de nós mesmos. Entretanto, tal conforto espiritual não chega para todos. O que temos nas mãos é a possibilidade aqui e agora de arregaçar as mangas e trabalhar pelas mudanças, a partir de nós próprios, assumindo que somos os resultados de nossas escolhas, e que o nosso sucesso ou fracasso resultarão de nossos sonhos e da capacidade realizá-los.

* Vilmar é escritor, com mais de 20 livros publicados. Em 1996, fundou a REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental e edita a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente. Em 1996, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente. www.escritorvilmarberna.com.br e www.portaldomeioambiente.org.br

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bies (RGB Stock)

texto Vilmar Sidnei Demamam Berna*

editorial


foto: ollirg (Shutterstock)

Sua empreSa ou organização podem ter oS melhoreS ServiçoS técnicoS eSpecializadoS em comunicação ambiental e ainda colaborarem para a formação e o fortalecimento da cidadania ambiental planetária.

A contratação dos serviços comerciais oferecidos pela REBIA é que permite a OfERTA GRATUITA de nossos serviços de comunicação ambiental

A Rede Brasileira de Informações Ambientais (REBIA) oferece a prestação de serviços comerciais em comunicação ambiental para Empresas, Organizações, Escolas, pois não basta ter bons resultados e produtos ambientais e não divulgar esta nova realidade ao mercado. Além disso, a comunicação ambiental é fator de educação e formação de novos valores e comportamentos mais responsáveis no uso dos recursos naturais.

ServiçoS da rebia COMUNICAÇÃO AMBIENTAL - veículos de comunicação distribuídos gratuitamente desde janeiro de 1996 aos segmentos de público interessados em meio ambiente. GESTÃO AMBIENTAL E LICENCIAMENTO - Assessoria contábil para empresas tributadas sobre lucro real para abatimento de até 2% do imposto devido para uso em projetos ambientais da própria empresa. A REBIA presta ainda serviços de elaboração de conteúdo, relatórios e textos diversos em meio ambiente; organização de audiência pública e de RIMA; elaboração de Plano de Comunicação Ambiental; pesquisa de opinião e de percepção ambiental; visitas orientadas de jornalistas ambientais a empresas e projetos; organização de eventos e seminários ambientais para os públicos interno e externo. EDUCAÇÃO AMBIENTAL - A REBIA oferece a possibilidade das Empresas e Organizações reforçarem suas políticas de inserção regional e comunitária e promoverem a conscientização e a sensibilização ambiental nas suas áreas de interesse, através de ENCONTROS SOCIOAMBIENTAIS PARA A SUSTENTABILIDADE, com palestras ambientais nas escolas e distribuição de material informativo aos alunos e curso à distância de Educação Ambiental aos professores.

a eQuipe da rebia está à disposição para negociação que viabilize nossa parceria contatos e negociações: gustavo@rebia.org.br ( 7826-2326 - id 55*11605*1 )


notícias do meio ambiente

Hora do Planeta 2011: apague a luz para ver o mundo melhor

Criado em 2007, com a participação apenas da cidade de Sidney, na Austrália, a Hora do Planeta é atualmente a maior mobilização mundial na luta pelo combate ao aquecimento global, contando com a participação de mais de um bilhão de pessoas. Ele surgiu como um ato simbólico de apagar as luzes por 60 minutos, no qual empresas, a população e os governos, demostrariam sua preocupação com o aquecimento global e suas consequências. Este ano a WWF, organização que promove a Hora do Planeta (Earth Hour, em inglês), tenta sensibilizar os participantes para que ampliem suas ações no dia-a-dia, tornando seu cotidiano mais sustentável. Com o chamado “Recicle-se”, o WWF Brasil mostra a importância do consumo consciente e da reciclagem, como forma de minimizar nosso impacto no meio ambiente. A ideia é estender a Hora do Planeta por muito mais tempo, transformando o pensamento e as ações sustentáveis em hábito no nosso cotidiano. Este ano o evento acontecerá no dia 26 de março, das 20h30 às 21h30. Para participar, acesse: http://www.horadoplaneta.org.br/participe.php?p=participe

Banco de práticas online: visibilidade a ações de adaptação às mudanças climáticas

O Grupo de Trabalho Mudanças Climáticas, Pobreza e Desigualdades (GTMC), coordenado pelo Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (COEP), no Fórum de Brasileiro de Mudanças Climáticas, lançou o Banco de Práticas Clima, Vulnerabilidade e Adaptação. O objetivo é ampliar a divulgação de vpráticas que tenham enfoque nas mudanças climáticas e que possam servir de exemplo para novos projetos de adaptação. A secretária executiva do COEP Nacional, Gleyse Peiter, explica que a atuação do Comitê em comunidades, ao longo dos anos, mostrou que já existem conhecimentos, práticas e projetos que podem ser reconhecidos como projetos de adaptação aos impactos das mudanças climáticas. Entre eles estão desde iniciativas simples como limpeza de córregos e nascentes e implantação de hortas comunitárias, até projetos mais complexos de reflorestamento; recuperação de áreas degradadas e implantação de sistemas agroflorestais. A ideia é que o Banco permita que seus usuários compartilhem práticas e divulguem o que já acontece no Brasil e pode ser considerado adaptação às mudanças climáticas. “O projeto de construção de cisternas no Nordeste, da Asa Brasil (Articulação no Semiárido Brasileiro), é um exemplo de prática bem sucedida. Há ainda ações como de contenção de encostas em áreas urbanas, de agroecologia e muitas outras que devem e podem ser seguidas, caso tenham visibilidade”, enfatiza Gleyse. Para fazer o cadastro de um projeto, basta acessar o banco no endereço (http://www.coepbrasil. org.br/projetosdeadaptacao/publico/), preencher um formulário online, com a caracterização das práticas implementadas, área geográfica e bioma em que são desenvolvidas, faixa etária a qual se destinam, e outras informações como a possibilidade de replicação das iniciativas. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail coep@coepbrasil.org.br ou pelos telefones: (21) 2528-2154 * (21) 2528-2154.

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RIO+20

A cidade do Rio de Janeiro será a sede da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012. O encontro recebeu o nome de Rio+20 e visa a renovar o engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta, vinte anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Serão debatidos a contribuição da “economia verde” para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza, com foco sobre a questão da estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável. A Rio+20 insere-se, assim, na longa tradição de reuniões anteriores da ONU sobre o tema, entre as quais as Conferências de 1972 em Estocolmo, Suécia, e de 2002, em Joanesburgo, África do Sul. www.mma.gov.br

Banco Mundial prepara nova estratégia para meio ambiente Por Alessandra Ribeiro, da Rádio ONU em Nova York. O Banco Mundial vai propor uma nova estratégia para o meio ambiente. Os estudos começam em janeiro e a expectativa da instituição é concluir os trabalhos até o fim do primeiro trimestre de 2011. A primeira série de medidas foi lançada há quase 10 anos. Agora, o Banco Mundial tenta responder à demanda dos governos e empresas de países em desenvolvimento, que buscam modelos de crescimento mais sustentáveis. O Banco Mundial consultou 126 países em reuniões realizadas entre outubro de 2009 e julho deste ano. Segundo a instituição, a maior demanda é pela criação de um “paradigma de desenvolvimento, que possa equilibrar crescimento com sustentabilidade social e do meio ambiente.” As consultas mostraram que as nações em desenvolvimento estão cientes de que o “crescimento econômico nem sempre vem acompanhado de qualidade de vida ou garante que as necessidades dos mais pobres sejam atendidas.” A estratégia será desenvolvida em parceria com a Corporação Financeira Internacional, IFC, e a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos, Miga.


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A pegada Vivekchugh (RGB Stock)

hidrológica

Você sabe quanto de água é necessária para produzir os alimentos que consome diariamente?

Dia Mundial da

água 2011 Esta é a primeira vez na história da humanidade que a maioria da população mundial vive em cidades: 3,3 bilhões de pessoas. E a paisagem urbana continua a crescer. 38% do crescimento é representado pela expansão das favelas, enquanto que a população das cidades estão aumentando mais rápido do que infra-estrutura da cidade pode se adaptar. O objetivo do Dia Mundial da Água 2011 é chamar a atenção do mundo para o impacto do rápido crescimento urbano, industrialização e as incertezas provocadas pelas mudanças climáticas, os conflitos e as catástrofes naturais em sistemas urbanos de água. O tema deste ano é água para as cidades: responder ao desafio urbano, incentivar os governos, organizações, comunidades e indivíduos a participarem ativamente na resolução do desafio da gestão das águas urbanas. O Dia Mundial da Água é realizado anualmente em 22 de Março, como forma de concentrar a atenção sobre a importância da água doce e defender o manejo sustentável desta. A cada ano, no Dia Mundial da Água, é destacado um aspecto específico da água doce. a

Fonte: Blog Semeia Jahu

O conceito de Pegada Hidrológica foi criado para também ser um indicador do grau de impacto que um determinado país, cidade ou até uma única pessoa produz em relação aos bens e serviços que consome. Neste caso, o que é medido é a quantidade de água usada na produção de bens e serviços consumidos por certo indivíduo ou população. Esta água pode ter origem no próprio território em questão ou então de outros lugares do mundo, a chamada “água virtual”. A água virtual é aquela usada para produzir alimentos e que está virtualmente incorporada nos mesmos. Desta forma, quando um país importa grãos cuja produção é intensiva no uso de água, ele está também importando água em sua forma virtual. Este conceito coloca a discussão sobre o uso dos recursos hídricos em uma perspectiva global, uma vez que o comércio internacional implica em transferência de água virtual de um país para o outro. Percebe-se que alguns países são exportadores de água virtual, e outros, importadores. O Brasil, como grande exportador de commodities1, encontra-se no primeiro grupo. Em uma perspectiva de crescente escassez de água no planeta, as questões que dizem respeito ao comércio de água virtual deverão ser levadas em conta nas políticas nacionais que planejam o uso da água em cada país. A partir destes conceitos, Arjen Hoekstra e Ashok Chapagain2 se propuseram a calcular a quantidade de água necessária para se produzir alguns tipos de alimentos, especialmente commodities. O resultado deste cálculo é interessante e pode ser um importante balizador para consumidores que procuram adequar sua dieta dando prioridade a produtos que tenham uma menor Pegada Hidrológica. Tomando-se uma média global, por exemplo, são necessários 35 litros de água virtual para se produzir uma xícara de chá, 120 litros de água virtual para a produção de uma taça de vinho, 140 litros para uma xícara de café e 2.400 litros para um hambúrguer bovino. Assim como é feito para a Pegada Ecológica, é importante discutir também qual o nível de Pegada Hidrológica seria sustentável para a população humana. Os americanos, novamente, detêm o recorde: 2.480 m3 de água per capita/ano. E, com certeza, essa Pegada Hidrológica dificilmente poderia ser replicada para as outras nações, dado o volume de água disponível no planeta. Segundo sugestão dos próprios autores, uma solução poderia ser a criação de um selo para as mercadorias cuja produção é intensiva em uso de água, assim como já existe o selo para os produtos que utilizam madeira. Esta seria uma maneira de informar ao consumidor sobre a relação entre o bem consumido e os impactos nos sistemas hídricos, assim como uma tentativa de garantir a existência de certas regras pré-definidas para a produção destes bens. (1) termo utilizado para se designar mercadorias (geralmente produtos primários minerais ou agrícolas) comercializadas em larga escala no comércio mundial. (2) HOEKSTRA, Arjen; CHAPAGAIN, Ashok. Globalization of Water – Sharing the Planet’s Freshwater Resources. Blackwell Publishing, Oxford, UK.a

Fonte: http://www.aguanajarra.com.br Quer saber um pouco mais sobre a pegada de cada país, simular a sua

Leia mais (em inglês): http://www.unwater.org/

Pegada Hidrológica ou saber sobre a pegada de um determinado alimento?

worldwaterday/campaign.html

Veja o site da Water Footprint Network: http://www.waterfootprint.org revista do meio ambiente mar 2011


“Água que nasce na fonte Serena do mundo E que abre um Profundo grotão Água que faz inocente Riacho e deságua Na corrente do ribeirão...” (Guilherme Arantes)

stem_pl (Sxc)

texto Fabrício Ângelo*

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Dia Mundial da Água:

reflexão e economia

Recurso natural fundamental para a vida humana e planetária, a água representa 70% da superfície da Terra. Infelizmente 97% dessa água não é própria para o consumo humano, o que acaba resultando em escassez para uma grande parte da população mundial. Em 22 de fevereiro de 1993, a ONU definiu que 22 de março de cada ano seria declarado Dia Mundial das Águas (DMA), de acordo com as recomendações da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento contidas no capítulo 18 (sobre recursos hídricos) da Agenda 21. “A qualidade da água se tornou uma questão global”, diz um comunicado da agência, lembrando os milhões de toneladas de esgoto e dejetos industriais e agrícolas que são despejados diariamente nos rios. “Em consequência dessa prática, mais pessoas morrem por contato com água contaminada do que a soma de todas as formas de violência, sendo que os mais atingidos são crianças menores de cinco anos”, destaca a ONU. Segundo estudo publicado na revista Nature, 80% da população mundial vive em áreas onde o abastecimento de água potável não é assegurado. “O que mapeamos foi um padrão de ameaças em todo o planeta, apesar dos trilhões de dólares gastos em engenhamar 2011 revista do meio ambiente

rias paliativas”, disse o pesquisador Charles Vorosmarty, do City College de Nova York referindo-se a represas, canais e aquedutos usados para assegurar o abastecimento de cidades. De acordo com a pesquisa cerca de 3,4 bilhões de pessoas enfrentam as piores ameaças, principalmente em países da África e Ásia. Alguns pesquisadores afirmam que em breve a água será a maior causa de conflito entre nações. Para a canadense Maude Barlow, fundadora do Blue Planet Project e autora de vários livros, três cenários conspiram em direção à calamidade. “O mundo está ficando sem água doce e apenas dinheiro não salvará as pessoas do estresse hídrico. Estamos poluindo, desviando e esgotando as fontes finitas de água na Terra, em ritmo muito perigoso”, alerta Maude. Outro problema apontando pela canadense é que a cada dia mais pessoas estão vivendo sem acesso á água limpa. “O número de crianças mortas no mundo devido á água suja supera o de mortes por guerra, malária, AIDS e acidentes de trânsito”, afirma a canadense. Para Barlow a crise global da água se tornou um símbolo muito forte da crescente desigualdade no mundo. “E ainda temos o terceiro problema, que talvez seja o maior, que é o poderoso cartel que vem surgindo para assumir o controle de todos os aspectos da água”, ressalta. Maude diz que essas corporações fornecem água para beber e recolhem a água residual, além de colocar enormes quantidades de água em garrafas plásticas e vende-las a preços exorbitantes. “Elas (as corporações) estão desenvolvendo tecnologias novas e sofisticadas para reciclar nossa água suja e vendê-la de volta para nós, usando bacias hidrográficas e aqüíferos com o objetivo de comercializar, e o pior, querem que os governos desregulamentem o setor hídrico e permitam que o mercado estabeleça uma política para a água”, enfatizou. Para dar um exemplo, a cidade de Barcelona, na Espanha, compra água do Chipre no verão porque suas fontes não dão conta do aumento de população devido ao movimento turístico.


Paulo Ribas Jr (Sxc)

Véu da Noiva - Serra do Cipó (MG)

Algumas das cachoeiras mais lindas do braSil

Cataratas do Iguaçu (PR)

caetano Lacerda (Sxc)

Paulo Ribas Jr (Sxc)

Véu da Noiva - Chapada dos Guimarães (MT)

caetano Lacerda (Sxc)

O Brasil e a água O Brasil possui cerca de 12% da água doce existente no mundo, além de abrigar o maior rio em extensão e volume do planeta, o Amazonas. Mas infelizmente isso não significa que estamos protegidos do estresse hídrico. A água na zona costeira (onde reside a maior parte da população) está cada vez mais rara e cara! E isso é resultado do desperdício, cerca de 70%, e da qualidade do que chega às residências. Devido aos processos de urbanização, industrialização e principalmente produção agrícola, parte da água brasileira já perdeu a característica de recurso natural renovável. Para Aldo Rebouças, professor do curso de pósgraduação do Instituto de Geociências da USP, num dos países mais ricos em água doce do planeta, as cidades enfrentam crises de abastecimento, das quais não escapam nem mesmo as localizadas na Região Norte, onde estão perto de 80% das descargas de água dos rios do Brasil. “No Brasil, os dados do IBGE mostram que da população de quase 170 milhões de pessoas, perto de 138 milhões vivem nas cidades. Cerca de 60% das nossas empresas de água não coletam os esgotos domésticos e 110 milhões de brasileiros não têm esgoto tratado. Os mais pobres desse grupo, em torno de 11 milhões, não têm sequer acesso à água limpa para beber”, alerta. O Atlas do saneamento do IBGE mostra que a maioria das bacias hidrográficas brasileiras (são seis) tem como principal fonte poluidora os esgotos, devido à ausência de saneamento. Hoje mais de 40% da população brasileira não tem acesso a rede coletora de esgotos. Uma das maiores causas de internação em hospitais públicos vem das doenças hídricas (hepatites, difteria entre outras). Dados do governo mostram que nos últimos anos foram investidos R$ 6,1 bilhões em saneamento básico. “Somente com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) foram contratados, no período, R$ 3,57 bilhões, valor 14 vezes maior que o liberado entre janeiro de 1999 e dezembro de 2002. Ao todo, são mais 30 milhões de pessoas em todo o país com acesso a serviços de esgoto, abastecimento de água, entre outros”, diz a assessoria do Ministério da Fazenda. Mas infelizmente isso não é o suficiente para evitar que grande parte da população, principalmente as mais carentes, sofram com a má utilização dos recursos hídricos. É importante que todos entendam que além de utilizar, é importante preservar esse bem que já não é tão renovável como muitos imaginam!

Nany Mata (flickr)

Com informações do ISA, Ministério das Cidades e USP *É Jornalista, mestre em ciência ambiental e editor da Revista do Meio Ambiente.

Cachoeiras Fumacinha e Capivari - Chapada Diamantina (MT) revista do meio ambiente mar 2011




texto Vilmar Sidnei Demamam Berna*

12 entrevista

Átila Nunes: “O diálogo prova que é sempre Entrevista exclusiva com o deputado estadual do Rio de Janeiro Átila Nunes O deputado estadual Átila Nunes (PSL) é reconhecido por sua luta em defesa do Consumidor e contra a intolerância religiosa, tendo sido eleito por 11 vezes, uma demonstração do reconhecimento do público por sua dedicação e competência. Este mesmo empenho estará agora dedicado ao meio ambiente no Estado do Rio de Janeiro. Ao assumir, Átila Nunes colocou-se à disposição dos setores engajados na defesa do meio ambiente fluminense, reiterando o compromisso constitucional do Poder Legislativo em atuar na elaboração e fiscalização das Leis Ambientais.

Rafael Wallace/Divulgação da Alerj

Dia Mundial da Água, o que o Senhor tem a dizer? Átila Nunes: O Estado de São Paulo, por exemplo, estará demandando cada vez mais água do trecho paulista do Rio Paraíba do Sul, o mesmo que abastece mais de 80% da população fluminense, o que sinaliza a possibilidade de conflitos pelo uso deste importante recurso para a economia dos dois

O Estado de São Paulo estará demandando cada vez mais água do trecho paulista do Rio Paraíba do Sul, o mesmo que abastece mais de 80% da população fluminense, o que sinaliza a possibilidade de conflitos pelo uso deste importante recurso para a economia dos dois estados mar 2011 revista do meio ambiente

a melhor estados. A água é um insumo básico tanto para a existência de vida quanto para a atividade produtiva, então, precisamos tomar a dianteira no cenário que se desenha para que nem a indústria dos dois estados, muito menos a sociedade fluminense ou paulista, venham a sofrer com racionamentos, como já está acontecendo e cuja tendência será se agravar se não formos capazes de criar mecanismos para que a indústria possa dispor da água e devolvê-la ao meio ambiente em boas condições. Estimular o reúso da água pode ser um desses mecanismos. Outro é o fortalecimento do papel dos comitês de bacias hidrográficas como o do Rio Paraíba do Sul e do Guandu, como intermediadores de conflito e gestores da água, motivo pelo qual a Comissão estará buscando fortalecer o papel dos Comitês de Bacias. Entre os assuntos da área ambiental no Estado do Rio de Janeiro, quais estão sendo objeto agora de exame pela Comissão de Defesa do Meio Ambiente da ALERJ (CDMA-RJ)? São vários, mas destacaria a questão da poluição e licenciamento da Companhia Siderúrgica Sul Atlântico – CSA e do Porto do Açu; a necessidade de fiscalização dos Termos de Ajuste de Conduta Ambiental; a questão do impacto ambiental do setor de cana-de-açúcar do município de Campos de Goytacazes; a necessidade de um plano de contingência e segurança do setor petrolífero do Estado do Rio de Janeiro; a preparação da sociedade para a Conferência Internacional Rio+20, que acontecerá ano que vem; a questão do gerenciamento de resíduos sólidos no estado à luz da Nova Lei federal para este setor; a segurança do Complexo Nuclear de Angra dos Reis em função dos recentes acontecimentos no Japão; a necessidade do Estado do Rio de Janeiro possuir um mapa de risco de escorregamento de solo no Estado do Rio de Janeiro, entre outros assuntos. O Senhor não acha muita coisa para um deputado sozinho? Não atuo sozinho, além de contar com uma equipe de técnicos competente, conto com a


Rafael Wallace/Divulgação da Alerj

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solução” ajuda dos demais parlamentares membros da Comissão cujo vice-presidente é o deputado André Lazaroni (PMDB), que presidiu a Comissão anteriormente e conhece bem os problemas ambientais de nosso Estado, contamos ainda com o Deputado Sabino (PSC), que já foi sub-secretário de Estado de Meio Ambiente e Prefeito em Rio das Ostras, o deputado André Ceciliano (PT), que também já foi Prefeito, em Paracambi, o Xandrinho, que é do Partido Verde, além dos suplentes, Marcos Soares (PDT), Altineu Cortes (PR), Flávio Bolsonaro (PP), Rosângela Gomes (PRB), André Correia (PPS), que já foi Secretário de Estado do Meio Ambiente, enfim, a Comissão está muito bem servida de parlamentares com a competência ambiental e o espírito de ajuda e colaboração. Por que a primeira audiência da Comissão foi em Petrópolis? Estamos diante da maior catástrofe natural do nosso estado e precisamos buscar prazos e soluções com o Executivo e a sociedade para tentar amenizar o sofrimento da população da Região Serrana, no sentido de criarmos mecanismos e estratégias tanto para a recuperação da região quanto para evitar novas mortes no futuro. Por isso, a Comissão entendeu que deveria ir ao local, realizar vistorias e uma audiência, que aconteceu no dia 18 de março, no auditório da Câmara Municipal de Petrópolis, que esteve lotado, mostrando o interesse da sociedade e a importância de darmos uma resposta aos problemas ambientais ocasionados pelas chuvas no início deste ano. Nas vistorias, fomos acompanhados pelo deputado Bernardo Rossi (PMDB), integrante da chamada CPI das Chuvas e do presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Igor, e juntos realizamos duas vistorias no aterro sanitário de Pedro do Rio e no “bota-fora” de entulhos das cheias do Vale do Cuiabá. Também foi importan te a participação da superintendente do Inea na Região do Piabanha, Márcia Pinho, e dos vereadores Baninho, Gil Magno, Jorginho Banerj e Renato Thomé, além dos técnicos do Batalhão Florestal. Durante a audiência, a presença do prefeito de Petrópolis, Paulo

Precisamos dar o exemplo. Precisamos que a ALERJ seja um Parlamento que sirva de exemplo de cuidado ambiental para a sociedade

Mustrangi, e da presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, ajudaram no entendimento que conseguimos intermediar entre prefeitura e Inea para recuperação da área onde está o “bota-fora”. O diálogo prova que é sempre a melhor solução, e é este o ritmo de trabalho que adotaremos na Comissão. Obtivemos o compromisso de dois secretários municipais de empenho na recuperação da área e a aplicação de seu melhor uso assim como a desapropriação do imóvel, que é o caminho mais correto. E quais serão os próximos passos? Precisamos dar o exemplo. Precisamos que a ALERJ seja um Parlamento que sirva de exemplo de cuidado ambiental para a sociedade. Neste sentido, já solicitei à minha equipe que prepare uma proposta para o exame dos demais membros da Comissão sobre a necessidade de uma campanha de conscientização e sensibilização da sociedade para o consumo responsável, começando a partir da Rede Estadual de Ensino envolvendo um concurso para escolha de cinco projetos de lei a serem elaborados pelos próprios alunos com sugestões para o meio ambiente do Estado, e o estabelecimento de uma Política Ambiental do Parlamento Fluminense, para que na RIO+20, que acontecerá no ano que vem, já tenhamos resultados positivos para mostrar aos demais parlamentos do mundo que estarão nos visitando. Linha direta: Comissão de Defesa do Meio Ambiente: Tel: (021) 2588-1296 / 1071 / 1685 com.def.meioambiente@atilanunes.com.br Sala 308 do Edificio Anexo ao Palácio revista do meio ambiente mar 2011


texto Dal Marcondes, da Envolverde

1 código florestal

código floreStal:

conflito de interesses e expectativas O principal interesse dos colonizadores portugueses ao chegar ao Brasil no século 16 foi explorar uma árvores especial, de cujo caule sai uma seiva de cor rubra e que era usada para tingir a roupagem dos cardeais. O “Pau Brasil” foi o primeiro eixo de exploração econômica das florestas. Durante três séculos foi super-explorado e quase chegou à extinção nas matas costeiras. Aliás, como consta em diversos documentos de época, a Mata Atlântica, encontrada em todo o litoral brasileiro, do Rio Grande do Sul até o Rio Grade do Norte, foi praticamente dizimada pelos novos ocupantes do país para a construção de cidades e implantação de atividades agrícolas e pecuárias, a ponto de quase não haver mais madeira para manter o ritmo de expansão da construção de casas e obras públicas. Este cenário de devastação levou à criação da primeira legislação para coibir o uso abusivo dos recursos florestais. Em 30 de janeiro de 1802, foi baixado o Alvará de Regimento das Minas e Estabelecimentos Metálicos, o qual exigia ordem escrita da Administração das Matas e Bosques para a venda de madeiras e lenhas por particulares ou para se fazer queimadas. Em 1825 uma nova lei passou a exigir licenças para o corte do Pau Brasil, de perobas e de tapinhoãs, dando ênfase principalmente a madeiras utilizadas na construção. E, em 1843 e 1958 foram criadas leis relacionando as espécies florestais relacionando as espécies florestais que não poderiam ser exploradas sem consentimento do Estado, neste caso a Coroa Brasileira. Nasce, então, o termo “madeira de lei” para as espécies florestais mais nobres do Brasil. Uma tentativa de consolidar as leis, normas e costumes relacionados às florestas foi feita em 1934, ainda durante o Estado Novo, quando foi aprovado o Decreto n.º 23.793, já conhecido como Código Florestal, que a história conta que não deu muito certo e entrou para os rol das “leis que não pegaram” no Brasil. Em 1965, já na vigência de uma nova ditadura no País, foi montado um “Novo Código Florestal”, que em seu primeiro capítulo define: “As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, (…), são bens de interesse comum a todos os habitantes do País…”, explicitando o valor intrínseco das florestas e vegetações nativas a não importando de seu valor

mar 2011 revista do meio ambiente

O país tem nome de árvore, tem a maior floresta ainda preservada do planeta, a Amazônia, mas já devastou uma das mais importantes reservas de biodiversidade já existente, a Mata Atlântica comercial. Durante mais de quatro décadas essas foram as leis que definiram a relação entre o setor produtivo do agronegócio e as fronteiras florestais. Este Novo Código vai além de tratar de espécies florestais, define a Amazônia Legal, que compreende os “…Estados do Acre, Pará, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e regiões ao norte do paralelo 13° S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44° W, do Estado do Maranhão”. Abrangendo toda a chamada “Amazônia brasileira”. No início, diga-se, muito pouco aplicado. Mas esta foi, também, a legislação que, a partir da década de 1980, passou por importantes ajustes que a modernizaram em relação às necessidades de preservação. De 1981 é a legislação que regulamentou as Áreas de Preservação Ambiental (APA),classificada para o uso direto dos recursos naturais, assim como as Florestas Nacionais, Reservas Extrativistas e as Reservas de Fauna, onde são permitidas a ocupação e exploração dos recursos naturais. Em 1989 foi finalmente qualificada a legislação sobre Área de Preservação Permanente (APP), já presente no Código de 1965, mas que ainda carecia de regulamentação. E a partir de 1998 foi regulamentada a Reserva Legal, que estabelece uma área em cada propriedade rural que deve ser preservada e seu desmatamento é considerado crime. Juntamente com o capítulo de Meio Ambiente da Constituição de 1988, estas leis se tornaram as principais garantias de preservação de biodiversidade florestal no País. Mudar, para que mudar? As alterações ocorridas na legislação florestal nas últimas décadas são o principal alvo das críticas feitas pelo agronegócios em relação ao Código. Praticamente sempre existiu pressões entre ruralistas e ambientalistas a favor ou contra mudanças no Código Florestal. No anetanto, este debate se acirrou a partir de 2009, quando a Câmara Federal passou a trabalhar sobre o assunto e indicou o deputado Aldo Rebelo (PcdoB-SP) para ser relator da Comissão Especial sobre o tema. Nacionalista, Rebelo alegou em seu relatório, entregue aos deputados em junho de 2010, que há “pressões de entidades ambientalistas estrangeiras para impedir o desenvolvimento do Brasil em contraposição à expansão da agricultura e da infra-estrutura do País”. Rebelo alerta para a necessidade de ponderar sobre os interesses envolvidos na manutenção da atual legislação, que segundo seu relatório, “preserva mais os interesses econômicos de estrangeiros, do que do Brasil”, e cita o exemplo da proibição da exportação de produtos florestais e ambientais, que segundo ele poderiam gerar riquezas ao País, mas que estão sendo embargados para a geração de renda no exterior por sua substituição por insumos estrangeiros. Já boa parte dos ambientalistas brasileiros criticam a voracidade com que empresários do agronegócio avançam sobre territórios florestais para a implantação de pecuária e lavoura. “Hoje são 200 milhões de bois no Brasil e 40% disso está na Amazônia, em 20 anos, 75% de um rebanho estimado em 300 milhões estará naquela região”, diz João Meirelles, pesquisador do Instituto Peabiru e especialista em desenvolvimento da Amazônia.


Mauroguanandi (Wikipedia)

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Flor do Pau-Brasil, àrvore que quase foi extinta devido à exploração sem controle

A proposta defendida por Rebelo prevê a flexibilização das regras de preservação a partir de análises de cada propriedade e do tipo de ocupação consolidada. Estas análises deveriam contemplar a viabilidade econômica, ou não, para a recomposição das áreas de reservas obrigatórias, dando espaço para o não cumprimento da atual legislação. Para as Áreas de Preservação Permanente, Rebelo sugere que as restrições de uso sejam mantidas de acordo com o regime atual, salvo aquelas de atividade consolidada, que serão alteradas após o Zoneamento Ecológico-Econômico promovido na esfera de cada estado, obedecidas as exigências de estudos técnicos específicos. Para a proteção de mata ciliar, ele prega a redução da distância em relação aos cursos d’água, lagos e nascentes, dos atuais 30 metros para cinco metros. “A alteração pretende reduzir o prejuízo aos pequenos proprietários em cujos lotes há presença de cursos d’água de pequena largura e que dispensam matas ciliares com as larguras atuais”, explica Aldo Rebelo. A disputa por um novo Código Florestal já mobilizou amplos setores da sociedade e tem nas organizações da sociedade civil alguns bastiões contra a flexibilização excessiva das regras. Do lado dos ruralistas a senadora Katia Abreu (DEM-TO) tornou-se a voz em defesa de regras mais favoráveis à expansão do agronegócio sobre biomas florestais. Para ela o Brasil não pode limitar sua produção agrícola sob pena de não conseguir oferecer alimentos na quantidade necessária à sua população. Argumento considerado falso por outros especialistas. O economista polonês Ignacy Sachs que passou boa parte de seus mais de 80 anos estudando o desenvolvimento da América Latina, diz que o Brasil pode ser uma “potência da bio-economia” sem desmatar mais um hectare sequer.

O Brasil é um dos países mais propícios à produção de biomassas, seja para a alimentação, como combustíveis ou para uso industrial. Isso tem de ser aproveitado como uma vantagem competitiva e não como desculpa para a destruição da biodiversidade que possibilita esse potencial (Ignacy Sachs, economista polonês)

Ele defende um zoneamento econômico-ecológico do país de forma a dar destinação produtiva aos milhares de hectares. “O Brasil é um dos países mais propícios à produção de biomassas, seja para a alimentação, como combustíveis ou para uso industrial. Isso tem de ser aproveitado como uma vantagem competitiva e não como desculpa para a destruição da biodiversidade que possibilita esse potencial”, diz Sachs. Ainda em agosto de 2010, antes, portanto, das eleições, durante o lançamento do Movimento Empresarial pela Proteção e Uso Sustentável da Biodiversidade, em São Paulo, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que pretendia elaborar uma nova proposta de alteração do Código Florestal, a ser entregue ao Congresso nacional até o final do ano. Segundo a ministra, a proposta de Aldo Rebelo prejudica compromissos assumidos pelo Brasil ante a comunidade internacional em relação à redução da emissão de gases causadores das mudanças climáticas. No entanto, esse projeto ainda não saiu das intenções. No Congresso, parlamentares ligados ao deputado Sarney Filho (PV-MA) estão se articulando em duas frentes: a primeira para impedir que o projeto apresentado pelo deputado Aldo Rebelo vá a plenário para votação ainda este ano. E a frente ruralista está pressionando os governistas com o argumento de que só vota assuntos de interesse do governo, como as leis relacionadas ao petróleo na camada pré-sal, caso o Código Florestal novo também vá a votação; Outro objetivo dos parlamentares ligados a Sarney Filho é apresentar um novo projeto, que substitua o atual, com menos flexibilização da regras sobre preservação. A ministra Izabella Teixeira acredita que há radicalizações dos dois lados, tanto dos ruralistas, como dos ambientalistas, e que é preciso serenar os ânimos par a busca de um meio termo. “O código Florestal precisa de ajustes, no entanto, nos dois relatórios apresentados pelo deputado Aldo Rebelo não houve avanços”, diz a ministra. Para ela é preciso conciliar os interesse da sociedade e, também, viabilizar as metas defendidas pelo Brasil das conferências de Copenhague (Dinamarca), onde ficaram estabelecidos os limites de emissão de gases estufa, e de Nagoya (Japão), onde foram acordados compromissos em relação à preservação da biodiversidade. O início do governo Dilma será marcado pela continuidade dessa disputa. Tomara que com o bom senso demonstrado pela ministra Izabella Teixeira, que defende a articulação de todos os setores interessados e afetados na construção de uma nova proposta de texto para o Código Florestal Brasileiro. Fonte: Envolverde

revista do meio ambiente mar 2011


texto Luiz Prado

1 código florestal

E a falácia

continua Os preços dos produtos agrícolas sobem no mercado internacional, a FAO alerta que ainda há uma boa parcela da humanidade passando fome e que a população continua crescendo, e o governo brasileiro não ouve os mais importantes dentre os seus próprios órgãos – a Embrapa! Similar, só o emburrecido governo Bush que mandou a Nasa tirar do ar informações sobre mudanças climáticas. Afinal, quem é a Nasa para querer falar desse assunto? Talvez por razões eleitorais (os votos encontram-se no meio urbano), o governo acaba ouvindo ONGs gringas e ambientalóides urbanos que preferem dizer que o substitutivo elaborado por uma Comissão do Congresso Nacional é de autoria do deputado Aldo Rebelo porque para o público leigo – tanto em meio ambiente quanto em produção agroflorestal – é mais fácil demonizar uma pessoa do que a própria instituição. Não vão, é claro, dizer que ao longo do processo de elaboração da proposta de revisão do Código que nunca foi votado ocorreram cerca de 60 audiências públicas nas mais diversas regiões do país e foram ouvidos representantes de todos os segmentos da sociedade. Sonegar essas informações e preparar uma contraproposta no tapetão, como estão fazendo o MMA e essas grandes ONGs, é uma atitude com ares de “democracia feudal, é uma atitude desleal tanto à sociedade quanto aos fatos. Então, vale examinar, calmamente, uma excelente apresentação feita perante o Congresso Nacional pela equipe da Embrapa – Monitoramento por Satélite onde ficou demonstrado, entre outras coisas, que somadas apenas as áreas indígenas às unidades de conservação mais de 46% da área total da Amazônia já se encontram legalmente protegidas. Essa, sim, contem fatos relevantes de suma importância para a Nação! Ela é importante para quem gosta de conhecer fatos, e não apenas de bater tambores. Essa apresentação é especialmente importante para estudantes, mas é igualmente útil para todos os cidadãos que vivem em áreas urbanas.

mar 2011 revista do meio ambiente

Código Florestal: a falácia da dualidade Ruralista X Meio Ambiente

Gráfico de material do Embrapa mostra o total de áreas protegidas na Amazônia

…o governo acaba ouvindo ONGs gringas e ambientalóides urbanos que preferem dizer que o substitutivo elaborado por uma Comissão do Congresso Nacional é de autoria de Aldo Rebelo porque para o público leigo é mais fácil demonizar uma pessoa do que a própria instituição

Os estudos elaborados pela Embrapa – Monitoramento por Satélite evidenciaram que com os requisitos do Código Florestal generalista sobram apenas 29% do território brasileiro para a produção rural. E desses devem ser deduzidas as áreas urbanas, as áreas militares, e as áreas utilizadas para a infra-estrutura (com rodovias, ferrovias, portos, e os imensos reservatórios das hidrelétricas)! Para não falar, é claro, da produção mineral e das vastas e crescentes partes do território utilizadas para a produção de celulose por grupos nacionais (do tipo Klabin) e estrangeiros, ou da competitividade brasileira na produção de etanol e, talvez, biodiesel. Fonte: Blog do Luiz Prado (http://www.luizprado.com.

br/2011/02/10/codigo-florestal-a-falacia-ambientaloideda-dualidade-ruralista-x-ambientalista/) Veja a apresentação com o título Alcance Territorial da Legislação Ambiental e Indigenista, em três partes: parte1: www.luizprado.com.br/wp-content/ images/090424_ALCANCE_CENARIOS_1de3.ppt parte2: www.luizprado.com.br/wp-content/ images/090424_ALCANCE_CENARIOS_2de3.ppt parte3: www.luizprado.com.br/wp-content/ images/090424_ALCANCE_CENARIOS_3de3.ppt


Wilson Dias/ABr

Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, abre Ano Internacional das florestas no Brasil

Ano Internacional

texto Carine Corrêa

florestas 17

daS floreStaS As florestas do planeta cobrem 31% da área terrestre, garantem a sobrevivência de 1,6 bilhão de pessoas e abrigam cerca de 300 milhões de habitantes. Com o objetivo de destacar a importância destas áreas para a manutenção da vida no globo, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2011 como o Ano Internacional das Florestas. Para marcar o acontecimento no Brasil, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, realizou no dia 22/03, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a abertura oficial do evento no País. Durante o evento, houve a abertura da exposição ”A Mãe D’Água”, sobre o Cerrado. Também foi lançado o site do Ano Internacional das Florestas, e os alunos da Oficina Escola de Lutheria da Amazônia fizeram uma apresentação em que utilizaram instrumentos produzidos por eles mesmos a partir de madeira de árvores não ameaçadas e de origem certificadas. O evento foi encerrado com o show do cantor Milton Nascimento. No decorrer de todo este ano serão realizados eventos para sensibilizar a sociedade sobre a importância da preservação das florestas em prol de uma vida sustentável no planeta. O tema do Ano Internacional é “Proteja as florestas, elas protegem você”, e o slogan foi criado para destacar a relação entre estes territórios e as pessoas que deles dependem. Em mensagem no site oficial das Nações Unidas, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou que é preciso educar a comunidade global sobre o grande valor das florestas”. Ele ressaltou a importância das áreas florestais para o meio ambiente, para a economia e a erradicação da pobreza. Serviços As florestas fornecem produtos madeireiros e não madeireiros, são fonte de plantas medicinais, objeto de pesquisas e estudos e oferecem ainda serviços de recreação e turismo. Além disso, garantem água potável, reduzem a poluição do ar, regulam o clima, protegem a biodiversidade e promovem a manutenção e fertilização do solo.

O uso sustentável destes territórios também ajuda muitas populações rurais a satisfazerem necessidades básicas de subsistência, como alimentos, água, combustíveis e remédios. Florestas brasileiras O Brasil é o segundo país com a maior extensão florestal do planeta – o primeiro é a Rússia. Possui 516 milhões de hectares de florestas naturais e plantadas, o que equivale a 60,7% do território nacional, de acordo com dados do Serviço Florestal Brasileiro (SFB). É ainda a nação com maior extensão de florestas tropicais do mundo, e a conservação desta megabiodiversidade terrestre está intrinsecamente relacionada à conservação da cobertura florestal nacional. Alguns dos biomas mais ricos do mundo também podem ser encontrados no País (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Pampa e Zona Costeira e Marinha), o que reflete a riqueza das florestas brasileiras, que detêm mais de 20% do número total de espécies do planeta. Somente a Amazônia responde por cerca de 26% das florestas tropicais remanescentes do mundo. Utilização A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) definiu algumas funções prioritárias para o uso de áreas florestais. No Brasil, a maior parte das florestas (cerca de 190 milhões de hectares) a inda têm uso prioritário desconhecido ou indefinido, mas, já existem 128.244.660 de hectares ocupados por reservas de desenvolvimento sustentável (unidades de conservação de uso sustentável), extrativistas e terras indígenas. Estas áreas são consideradas como função prioritária de serviço social por incluir populações indígenas e comunidades tradicionais entre as beneficiárias do uso da floresta. As outras áreas de florestas estão divididas entre os seguintes usos: 85.148.800 de hectares para proteção do solo e recursos hídricos (estimativa de 10% da área total do país em áreas de preservação permanente); 49.991.010 de hectares para conservação da biodiversidade em unidades de conservação federais e estaduais, em sua maioria de proteção integral; 32.284.110 de hectares para a produção madeireira e não madeireira em florestas nacionais, estaduais e florestas plantadas; e 30.798.320 de hectares de áreas de proteção ambiental, outra categoria de unidades de conservação de uso sustentável que permitem usos múltiplos, como áreas urbanas. As florestas brasileiras também garantem 615.947 empregos formais, segundo dados de 2009 do Ministério do Trabalho e Emprego. A maioria destes trabalhadores, cerca de 172.740, ocupa cargos na indústria moveleira. O segundo lugar no ranking de postos de trabalhos em territórios florestais é é do setor de produção de celulose e papel (163.182), seguido pelo ramo de desdobramento de madeira (83.114), produção florestal em florestas plantadas (62.877), atividades de apoio à produção florestal (44.419), produção de estruturas e artefatos de madeira (43.742) e produção florestal em florestas nativas (6.382). Mais informações: Assessoria de Comunicação – Ministério do Meio Ambiente (61) 3317-1227/1165 – Fax: (61) 3317-1997 revista do meio ambiente mar 2011


texto Ivan Marcelo Neves*

1 energia

O Brasil é Manifesto do fBOMS contra o Programa Nuclear Brasileiro

renovável

Na véspera do 21º aniversário do acidente com o Césio-137 em Goiânia, um triste marco da insegurança nuclear no Brasil, o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) reafirma seu repúdio ao Programa Nuclear Brasileiro. Desde o mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo vem anunciando, à revelia da sociedade e do Congresso Nacional e em flagrante desrespeito à democracia e à Constituição Federal, o licenciamento ambiental de Angra 3, acordos binacionais com a Argentina para fabricação de combustível nuclear, novos investimentos públicos em pesquisas de enriquecimento de urânio e metas de ampliar a mineração de urânio, bem como a construção de pelo menos outras quatro usinas nucleares no país. Com o seu programa nuclear, o Brasil acelera na contramão do desenvolvimento sustentável investindo nessa fonte cara, insegura e suja de energia. O orçamento para a construção de Angra 3 é estimado em pelo menos R$ 7,3 bilhões e a usina apresenta custos de geração maiores do que a hidroeletricidade e geração eólica. A conta do governo tampouco inclui recurso financeiro real para o descomissionamento das usinas nucleares após o término de sua vida útil, que é de cerca de 40 anos, ou mesmo para o gerenciamento futuro dos rejeitos radioativos. Usinas nucleares são perigosas, como comprovam o triste legado do acidente de Chernobyl e os recentes incidentes e vazamentos de urânio na França, país de amplo parque atômico, demonstrando as graves perdas humanas, físicas e financeiras e evidenciando os seus riscos incalculáveis e inaceitáveis. No caso da usina Angra 3, o plano de emergência previsto se torna inexequível para o caso de sinistro já que não considera, entre outros fatores, o alto índice de crescimento da população de Angra dos Reis, na casa de 5,9 % ao ano. Vale lembrar ainda que as usinas de Angra 1 e Angra 2 estão construídas sobre a areia, em terreno instável, e não foram incluídos dispositivos de segurança relacionados aos riscos de elevação do nível do mar, conforme cenários apresentados em 2007 pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU. Tampouco existe planejamento do governo federal sobre a capacidade de suporte para a região de Angra dos Reis absorver o fluxo migratório consequente das obras planejadas de Angra 3. O ciclo de vida da energia nuclear gera impactos ambientais e riscos desde a mineração do urânio até o armazenamento do lixo radioativo. A mineração e beneficiamento de urânio em Caetité (BA), de onde sai o concentrado de urânio que abastece as usinas nucleares de Angra dos Reis opera há 8 anos sob forte rejeição da população local, junto à ocorrência de acidentes, vazamentos e licenças controversas. Com a construção de Angra 3, o setor nuclear planeja dobrar a capacidade produtiva da mina baiana e já se mobiliza para iniciar a exploração de urânio em Santa Quitéria (CE). Assim, quanto maior a demanda por combustível nuclear, maiores os impactos sociais e ambientais da mineração e maior a frequência de transportes de materiais nucleares que atravessam áreas densamente povoadas. O lixo radioativo resultante da geração nuclear continua a ser um grande problema sem solução. Como não existe tecnologia definitiva, os rejeitos precisam ser armazenados em depósitos e controlados por milhares de anos, criando grande pressão sobre a estrutura de Estado, além de mar 2011 revista do meio ambiente

enormes custos financeiros que serão eternamente repassados aos contribuintes. O lixo de alta radioatividade de Angra 1 e 2 continua a ser estocado dentro do próprio vaso do reator, o que aumenta ainda mais o risco potencial da operação. Ao exigir, na licença prévia de Angra 3, uma solução definitiva para o lixo radioativo, o Ibama transformou em condicionante uma questão que deveria ter sido equacionada durante o Estudo de Impacto Ambiental do empreendimento. Resta agora saber como a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a Eletronuclear responderão ao prazo de 60 dias estipulado pelo presidente Lula em reunião com 11 ministros em 18 de agosto passado para definição do destino dos rejeitos de Angra 3, e apresentar uma solução que não foi encontrada em nenhum lugar do mundo durante toda a história da energia nuclear. Desde o primeiro mandato do governo Lula, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) funciona de forma ilegítima, sem a devida nomeação de cidadão brasileiro especialista em energia e que teria direito a voto, conforme previsto em regimento. Exigimos a democratização imediata do CNPE para permitir um debate minimamente transparente sobre o planejam ento energético brasileiro. É fundamental, ainda, que se cumpram as Resoluções nº 5 de 2001 e nº 8 de 2002 do CNPE, assim como a Moção nº 31 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que ressalta que a avaliação da viabilidade ambiental do empreendimento Angra 3 só será possível mediante realização dos procedimentos do licenciamento ambiental previstos na legislação. Criticamos a proposta de criação de uma comissão de especialistas argentinos e brasileiros – o Comitê Binacional de Energia Nuclear (Coben) – para desenvolver um modelo de reator nuclear de geração de energia elétrica, assim como a criação de uma empresa binacional de enriquecimento de urânio. A cooperação com a Argentina e os demais países do Mercosul e da América Latina deve fortalecer o desenvolvimento e a transferência de tecnologias para energias renováveis, reafirmando o compromisso de uma plataforma de 10% de energias renováveis na matriz energética regional.


Antonio cruz/ABr

Energia nuclear:

eu apoio fukushima fez de mim um partidário das usinas nucleares

Integrantes do Greenpeace fazem manifestação, em frente ao Palácio do Planalto, pedindo a suspensão das obras da Usina Angra 3 e de investimentos em energia nuclear

Questionamos a visão expressada em reunião do recém-convocado Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, de que haveria consenso no governo de que a energia nuclear deve ganhar mais importância na matriz energética brasileira. As usinas de Angra 1 e Angra 2, juntas, respondem por menos de 2% da eletricidade gerada no Brasil. Construir novas usinas nucleares não afasta o medo de um novo apagão, estimulado através de informações errôneas sobre o potencial energético do Brasil, já que muito provavelmente não seriam concluídas antes de 2020 e teriam participação pouco significativa na matriz nacional. Não podemos, tampouco, comparar o Brasil em termos de recursos naturais com relação a outros países que utilizam esta fonte para gerar energia. O governo brasileiro não pode continuar ignorando o enorme potencial da eficiência energética e das fontes renováveis de energia, tais como a eólica, a biomassa e a solar e Pequenas Centrais Hidrelétricas, desde que sejam respeitadas todas as salvaguardas socioambientais que garantam a sustentabilidade de tais empreendimentos. Em Goiânia, o acidente com o Césio-137, elemento altamente radioativo, ocorreu no dia 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias foi furtado das instalações de um hospital abandonado. O instrumento roubado foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação. Matou, até hoje, 60 pessoas, causando doenças como câncer de tiróide e de pulmões em dezenas de outras e contaminando mais de 6mil vidas, segundo a Associação de Vítimas do Césio -137. As vítimas do acidente lutam até hoje por amparo e reconhecimento apropriados. O aniversário do acidente de Goiânia deve ser um momento de reflexão. A sociedade brasileira não quer e não precisa conviver com ameaças nucleares e depósitos de lixo radioativo. O Brasil é renovável. * Ivan Marcelo Neves é Secretário Executivo do FBOMS – ISABI/APEDEMA - RJ Contato: ivanmarcelo@terra.com.br / (24) 8182-9262 Fonte: USP Recicla Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS): SCS, Quadra 8, Venâncio 2000, Bloco B-50, Sala 105 – CEP 70333-900, Brasília (DF) Fone/Fax: (61) 3033-5535 / www.fboms.org.br – coordenafboms@fboms.org.br

Você não se surpreenderá ao ouvir que os acontecimentos no Japão me fizeram mudar de opinião sobre a energia nuclear. Mas pode se surpreender com a direção da mudança. Como resultado do desastre em Fukushima, abandonei a neutralidade quanto à energia nuclear, e agora apoio seu uso. Uma usina velha e dotada de recursos de segurança insuficientes foi atingida por um monstruoso terremoto. As redes de energia falharam, derrubando o sistema de refrigeração. Os reatores começaram a explodir. O desastre expôs um legado conhecido, de projetos deficientes e o uso de gambiarras para reduzir custos. Mas, pelo menos até onde sabemos, ninguém recebeu uma dose letal de radiação. Não estou propondo que sejamos complacentes. Mas é preciso perspectiva. Como a maioria dos ecologistas, defendo uma grande expansão no uso de fontes de energia renováveis. Também simpatizo com as queixas dos oponentes disso. Não são apenas as instalações de energia eólica próximas à costa que incomodam, mas as novas conexões de rede elétrica (fios, postes). Os impactos e custos das fontes renováveis crescem em proporção ao volume de energia que elas fornecem. Sempre apelei pelo uso de fontes de energia renovável como substitutas do combustível fóssil. Deveríamos exigir que elas também substituíssem a atual capacidade de geração nuclear? Quanto mais esperarmos das fontes renováveis de energia, mais difícil será a tarefa de persuadir o público quanto ao seu uso. Mas a fonte de energia a que a maioria das economias recorreriam caso fechassem suas usinas nucleares não é madeira, água, vento ou luz solar, e sim o combustível fóssil. O carvão é 100 vezes pior que a energia nuclear. Sim, continuo a desprezar os mentirosos que comandam a indústria da energia nuclear. Sim, eu preferiria que o setor fosse fechado, caso existissem alternativas. Mas não há solução ideal. Toda tecnologia de energia tem seu custo, e a ausência dessas tecnologias também teria. A energia nuclear foi submetida a um dos mais severos testes possíveis, e o impacto sobre o planeta foi pequeno. A crise em Fukushima fez de mim um defensor da energia nuclear.

texto George Monbiot, do Guardian

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Fonte: USP Recicla

revista do meio ambiente mar 2011


Usina de Belo Monte: contra ou a favor? Temos visto recentemente muita polêmica em torno da construção da usina hidroelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no coração da maior floresta tropical do planeta – a Amazônia. Muita gente não sabe opinar bem sobre o assunto, mas uma das coisas que salta aos olhos de qualquer um é o tamanho da área de floresta equivalente a mais de 100 mil campos de futebol que se perderá totalmente pelo gigantesco lago artificial que será formado para mover as turbinas dessa usina. A favor dessa obra estão os milhares de empregos que serão gerados, a melhoria na infra-estrutura das cidades da região, a promoção de crescimento econômico do país, a redução do risco de “apagão”, entre outras coisas. Todos nós lembramos que nas décadas de 60 e 70, o governo militar era o grande responsável pela promoção do desenvolvimento de nosso país, o que proporcionou que fossem feitas inúmeras ações mirabolantes e obras grandiosas com esse objetivo. Então, no decorrer da busca do tão falado “progresso” muitos direitos de povos indígenas, comunidades ribeirinhas e moradores pobres das cidades e da zona rural foram deixados de lado. Naquela época, surgiram usinas hidroelétricas que trouxeram muitos impactos sociais e ambientais, tornando-se referência de descaso e incompetência das autoridades, como o caso da usina de Tucuruí, no Estado do Pará, e Balbina, no Amazonas. Para atenuar tais ações desregradas e irresponsáveis surgiram inúmeros Movimentos Sociais e dezenas de ONG’s e Associações que passaram a pressionar governantes e empresários para respeitarem seus direitos e também para garantir a proteção da natureza na implantação de obras e empreendimentos, tais como: rodovias, ferrovias, hidroelétricas etc. É bem verdade que hoje a realidade econômica e social de nosso país é outra, mas ainda assim existe um grande receio da população que teme o risco de ver repetir o mesmo mal de outras usinas e obras mal planejadas em Belo Monte. Grande parcela da sociedade brasileira, incluindo muitos moradores do Pará, anseia pelas oportunidades de emprego que surgirão caso essa obra seja implantada. Por outro lado ninguém quer que exemplos negativos se repitam mais. Para evitar que problemas passados voltem a ressurgir é preciso que a comunidade esteja engajada, unida para reivindicar seus direitos. Penso que em nenhuma situação podemos ficar de braços cruzados, esperando as coisas acontecerem. É preciso se organizar e pressionar governantes, órgãos públicos e empresários para respeitarem os direitos dos cidadãos e, também, para garantir a proteção da natureza. Acredito que essa obra só será realmente proveitosa se levar em conta tudo isso. * Giovanni Salera Júnior é Analista Ambiental. Curriculum Vitae: http://lattes.cnpq.br/ 9410800331827187. Mais informações em: http://recantodasletras.uol.com.br/autores/salerajunior

Comentário do leitor do Portal

Interessante e cautelosa a sua opinião. Entretanto, para aqueles que estão fora da área em questão, o que podemos pensar de tudo isso ? Ao ler o título da matéria, imaginava que o autor iria dar uma opinião objetiva sobre o assunto, com base em seu vasto conhecimento ambiental. Mas, sinceramente, o que li foi apenas um “chove não molha”, saindo pela tangente e não tendo a firmeza de assumir uma posição clara sobre o assunto que pudesse orientar aqueles que não tem meios de se aprofundar no assunto. Achei o texto frustrante, com todo o respeito....

Julio Alfaya

mar 2011 revista do meio ambiente

Pesquisadores repudiam Licença de Instalação de Belo Monte cDc/ James Gathany (http://phil.cdc.gov)

texto Giovanni Salera Júnior*

20 energia

repÚdio

à licença

Um grupo de pesquisadores, professores universitários e estudantes de pós-graduação que constitui o Painel de Especialistas lançou dia 07/03 uma nota de repúdio contra a Licença de Instalação para o início das obras da usina de Belo Monte (PA), dada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no dia 26 de fevereiro. “Painel de Especialistas repudia a concessão da Licença de Instalação nº770/2011, a Autorização de Supressão de Vegetação nº 501/ 2011 e a Autorização de Abertura de Picada nº505/2011 e convoca os cientistas do Brasil e do mundo a se unirem em defesa do compromisso social da Ciência e de seus profissionais de não realizar atos ou tomar decisões que representem destruição de culturas, extinção de espécies e ameaça à vida e à paz”, diz a nota. O documento traça uma análise dos pesquisadores em relação ao processo de licenciamento do Ibama e os impactos socioambientais que a construção do empreendimento vai causar. “Alertamos a sociedade brasileira para o risco da reurbanização da febre amarela, pois os fatores de risco potencial estão presentes no contexto do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte: a) presença do Aedes aegypti (foto) nos municípios de influência direta e indireta do AHE Belo Monte: b) intenso processo migratório levando a possibilidade de importação do vírus dos ambientes silvestres para os urbanos”, explica. Fonte: amazonia.org

Veja o documento na íntegra: http://www.amazonia.org.br/arquivos/377276.pdf


biodiversidade 21

Pesquisa em parques nacionaiS Brasília/DF (01/03) – Estudos realizados em cinco parques nacionais brasileiros mostram que turistas, moradores das regiões do entorno das reservas e prestadores de serviços locais acreditam nos benefícios gerados pelo turismo. Geração de renda e o aumento do fluxo de pessoas foram apontados como fatores positivos e a infraestrutura como principal desafio. O diagnóstico é uma das ações do projeto piloto de Fomento ao Turismo em Parques Nacionais e Entorno, do Ministério do Turismo. O objetivo do projeto é fomentar a integração e o desenvolvimento do turismo nos parques e entornos. As ações serão realizadas em conjunto com restaurantes, bares, guias, meios de hospedagem e demais setores envolvidos com a atividade turística. As reservas pesquisadas são: Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO), Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ), Parque Nacional Aparados da Serra (RS/SC), Parque Nacional de Anavilhanas (AM) e Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE). Foram 1.192 entrevistados, entre empresários (331), moradores dos municípios do entorno dos parques (456) e turistas (405). A coleta das informações, entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, foi feita por meio de questionários enviados pela internet e por visitas aos destinos. O diagnóstico está em fase de conclusão.

Anderson Nunes (Sxc)

Ação do MTur faz parte de projeto para fomentar o desenvolvimento do turismo nas áreas de proteção ambiental e seus entornos

Em Fernando de Noronha 61% dos empresários elencaram a falta de capital como maior dificuldade para desenvolvimento do turismo

Resultados Na visão dos moradores, a natureza é vista como principal atrativo do destino e a infraestrutura como principal desafio. Já os turistas, que em sua maioria possuem boa renda e escolaridade, procuram a região dos parques em busca de descanso. Para os empresários, os maiores desafios são a falta de capital para investimento e giro de caixa, além da escassez de mão-de-obra qualificada. Em Fernando de Noronha, por exemplo, 61% dos entrevistados elencaram a falta de capital. Na Chapada dos Veadeiros, 80% apontaram a ausência de mão de obra. Também foi consenso a necessidade de qualificação profissional, principalmente para atendimento ao cliente (média de 54%). A maioria dos turistas que visitam os parques nacionais mora em capitais, principalmente do próprio estado do destino, exceto Fernando de Noronha. Cerca de 40% vão em busca de descanso e acompanhados da família (50%). Para eles, o que atrai no destino turístico é a exuberância da natureza. Apenas em Anavilhanas, a cultura foi elencada como ponto marcante. Leia a notícia completa em http://www.globalgarbage.org/turmapontocom/2011/03/08/ mtur-realiza-pesquisa-em-parques-nacionais/

abaixo das metas Poucas metas de proteção de biomas estipuladas na Convenção das Nações Unidas (ONU) sobre Conservação da Diversidade Biológica foram cumpridas pelo Brasil, segundo uma pesquisa da organização não governamental (ONG) WWF-Brasil em parceria com a Conselho Nacional Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. O país deveria cumprir 51 metas até 2010 e completou apenas duas completamente. Cinco delas não foram executadas e as outras se encontram em fases intermediárias de cumprimento. O levantamento aponta que o país

Pesquisa indica que Brasil cumpriu poucas metas de preservação de biomas

não recuperou o mínimo de 30% dos principais estoques pesqueiros com gestão participativa e controle de capturas e que não botou em prática os planos de controle de pelo menos 25 das principais espécies exóticas invasoras que mais ameaçam os ecossistemas. “No campo do conhecimento, de criação de áreas protegidas, de monitoramento, as notícias são boas. Em outros campos, sobre o uso sustentável dos biomas, de se colocar o meio ambiente no centro das decisões políticas, e de se criar uma economia verde, as notícias são ruins”, observou o superintendente de conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti. Na conferência de Nagoia (Japão), realizada em outubro do ano passado, foi definido que o Brasil deve aumentar para 17% as áreas protegidas até 2020, praticamente o dobro do que o bioma abriga hoje. Fonte: sidneyrezende.com (com informações da Agência Brasil)

revista do meio ambiente mar 2011


22 meio ambiente rural

Shebeko (Shutterstock)

texto Raquel Júnia/EPSJV

Por que consumimos

O tomate, já há muito tempo, figura entre os produtos com maior índice de agrotóxicos

Como o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de agrotóxicos: entrevista com Lia Giraldo, pesquisadora da fiocruz A pesquisadora Lia Giraldo explica como os agrotóxicos foram introduzidos no Brasil a ponto de o país ser hoje o campeão mundial no uso de venenos. Lia é pesquisadora do departamento de saúde coletiva, do laboratório Saúde, Ambiente e Trabalho, da Fiocruz Pernambuco. Ela coordena um grupo de pesquisadores responsáveis por revisar os estudos científicos existentes sobre onze agrotóxicos que estão em processo de revisão pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O uso de agrotóxicos no Brasil vem crescendo ano após ano. O país lidera o ranking dos maiores consumidores de agrotóxicos no mundo. Por que consumimos tanto veneno? Desde a década de 70, exatamente no ano de 1976, o governo criou um plano nacional de defensivos agrícolas. Dentro do modelo da Revolução Verde os países produtores desses agroquímicos pressionaram os governos, através das agências internacionais, para facilitar a entrada desse pacote tecnológico. Em 1976, o Brasil criou uma lei do plano nacional de defensivos agrícolas na qual condiciona o crédito rural ao uso de agrotóxicos. Assim, parte desse recurso captado deveria ser utilizada em compra de agrotóxicos, que eles chamavam, com um eufemismo, de defensivos agrícolas. Então, com isso, os agricultores foram praticamente obrigados a adquirir esse pacote tecnológico. E também com muita rapidez foi formatado um modelo tecnológico de produção que ficou dependente desses insumos, e isso aliado ainda a uma concentração de terras, mecanização, com a utilização de muito menos mão de obra. Tivemos um grande êxodo rural: de lá para cá o Brasil mudou completamente, era um país rural e virou um país urbano, seguindo um fenômeno que aconteceu também em outros países. Então, o mar 2011 revista do meio ambiente

Brasil se rendeu às pressões econômicas internacionais na defesa desse modelo. Depois disso houve muito lobby político, inclusive, tivemos ministro ligado a empresas produtoras de agrotóxicos. E isso fez com que o Brasil não só passasse a ser consumidor, mas também produtor desses produtos. As cinco maiores produtoras de agrotóxicos têm fábricas no Brasil – Basf, Bayer, Syngenta, DuPont e Monsanto. E depois, dentro dessa linha, e associado ao ciclo de algumas monoculturas como a soja, o algodão, o café e a cana de açúcar, esse modelo casou bem com o modelo de produção de monocultura extensiva, demandando cada vez mais terras, cada vez expulsando mais o pessoal do campo para a cidade. Na divisão internacional do capital, o Brasil ficou com esse perfil de exportador de commodities, com um modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio e essa é a explicação para sermos os campeões no uso de agrotóxicos. A pressão para que os agricultores passassem a usar agrotóxicos também foi colocada em prática nos outros países do hemisfério sul? Sim. Se analisarmos países da América Latina, como a Argentina e o Uruguai, cada um com suas características, perceberemos que isso se repete. Mas no Brasil esse quadro ganha proporções maiores com o nosso gigantismo territorial e também facilidades e estratégias de


? o n e n e v tanto

E quais são as características desses agrotóxicos hoje. Eles são mais tóxicos do que nos anos 70? A evolução da toxidade tem mais a ver com a resistência das pragas aos produtos. A motivação da evolução não é para produzir produtos menos tóxicos para a saúde ou o meio ambiente. Mas sim porque a natureza reage e as pragas se tornam mais resistentes, e as empresas são obrigadas a produzir novas moléculas para os agrotóxicos serem efetivos. Isso está aliado também com o aumento da quantidade de uso, porque enquanto eles não conseguem produzir uma nova molécula a qual a praga seja mais sensível, eles aumentam a carga de agrotóxico. Então, existe uma toxidade e um perigo com a introdução de novas moléculas, que são mais tóxicas para os seres vivos, portanto para nós, seres humanos também – para as células, para o DNA, para as estruturas biológicas. Mas também há um grande perigo quando se aumenta a concentração de um produto que está tendo baixa eficácia e se aplica esse produto sozinho ou associado a outro ou a um coquetel de outros produtos tóxicos. Se, aumentando a concentração de determinado produto, ele já começar a ameaçar a saúde pública, esse produto já não pode mais ser usado. Aí inventam uma outra molécula, e assim vai. E como as experiências feitas para o registro são baseadas apenas em efeitos agudos – ou seja, a morte – e não há testes de longo prazo principalmente para a saúde huma-

na, a nova molécula é registrada. Mas uma coisa é ver se um ratinho desenvolve câncer em seis meses ou um ano e outra coisa é uma pessoa ficar exposta durante muitos anos. Então, esses aspectos não são levados em consideração para o registro de novos produtos e, com isso, eles têm conseguido registrá-los, até que nós comecemos a registrar novamente danos à saúde e ao meio ambiente e uma série de efeitos negativos que vão então permitir que a agência reguladora casse o registro ou restrinja os produtos. E quais as consequências disso para o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores rurais e também para a população de modo geral? As consequências vistas em estudos experimentais são evidências importantes, mas não são suficientes. Porque pode-se alegar que foi em determinado contexto, que é para uma determinada espécie e não para outra, então cria-se sempre uma flexibilidade na hora de extrapolar os dados para a saúde humana. É muito difícil estabelecer essas regras de consumo e de proteção baseando-se nos parâmetros que são adotados, porque eles são criados justamente para proteger o capital. É necessário, portanto, que tenhamos outros indicadores de vigilância da saúde que não sejam apenas esses restritos a estudos experimentais em animais, mas sim baseados em estudos clínicos e epidemiológicos. Há uma resistência quanto a esses estudos serem internalizados como parâmetros para tomar as decisões de registro ou de captação de uma molécula, porque ou os estudos não existem, ou são muito restritos. O governo, as universidades e mesmo as empresas não incentivam esses estudos e a falta desse tipo de informação é uma política para manter a outra política, porque obviamente favorece a manutenção do modelo. Mas existem muitas evidências de danos dos agrotóxicos à saúde, só que, infelizmente, pelos protocolos que são estabelecidos, esses danos não são reconhecidos para a tomada de decisão.

…uma coisa é ver se um ratinho desenvolve câncer em seis meses ou um ano e outra coisa é uma pessoa ficar exposta durante muitos anos. Então, esses aspectos não são levados em consideração para o registro de novos produtos

Entre as frutas, o morango está entre as que recebem maior quantidade de “defensivos agrícolas”

Pakhnyushcha (Shutterstock)

abertura para o capital externo, com um governo absolutamente permeável. O Brasil estranhamente tem dois ministérios da agricultura, um para o agronegócio, que é o “gordão”, com bastante dinheiro, e outro para a agricultura familiar, que é magrinho e com pouquinho dinheiro. São dois ministérios da agricultura com políticas completamente divergentes. E por onde a bancada ruralista consegue pressionar a Casa Civil? Por dentro. Criaram uma estrutura por dentro do governo, que é o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), onde passam os interesses do agronegócio.

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Publicada no site da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz

revista do meio ambiente mar 2011




26 saúde e qualidade de vida

Alimentos bons, limpos e justos

Common Ground Media / ITVS

Entrevista com Carlo Petrini, presidente do movimento Slow Food Brasil

gosto) foi publicado pela Laterza e em 2003 foi traduzido para o inglês como The Case for Taste pela Columbia University Press. Em janeiro de 2008 foi o único italiano a aparecer na Iista das ‘50 People Who Could Save the World’ (50 pessoas que poderiam salvar a mundo) realizada pelo prestigiado jornal Inglês The Guardian. A entrevista é da revista Camponesa. Revista da Associação de Apoio às Comunidades do Campo do Rio Grande do Norte - AACC/RN, ano 1, no. 1, novembro de 2009.

Carlo Petrini: alimentação saudável = sujeira saudável

Na opinião de Carlo Petrini vivemos um momento de crise econômica, energética e agrícola e o futuro da alimentação exige mudanças nos hábitos de consumo pois a maior parte dos danos que a nossa terra sofreu até agora se deve à produção de alimentos O poder que o consumidor possui simplesmente pelo fato de escolher diariamente o próprio alimento é inacreditável: exercitá-lo com consciência e responsabilidade e um dever, um ato de civilidade, em relação a si próprios, às próprias famílias, às próprias comunidades e aos próprios povos”; afirma Carlo Petrini, presidente do movimento Slow Food. Na entrevista abaixo, ele considera que “estamos vivendo tempos muito difíceis” e que “é necessário redefinir todo o sistema atual, baseado no consumo”: Afirma ainda que “o bom, o limpo e o justo são os três adjetivos que definem em modo elementar as características que deve ter um alimento para responder a exigências de nós, ecogastrônomos” e que a principal via pela qual realiza “um percurso em relação ao bom, Iimpo e justo é aquela da economia para o reposicionamento dos consumos e das produções agrícolas”. Carlo Petrini é italiano, estudou sociologia na Universidade de Trento e logo se envolveu com a política local e com o trabalho associativo. Entre suas muitas criações está a Universidade de Ciências Gastronômicas, em Pollenzo e Colorno, a primeira instituição acadêmica a oferecer um acesso multidisciplinar nos estudos da alimentação; e ele também que está por trás do Terra Madre, fabuloso encontro de 5.000 produtores de todo o mundo, ocorrido em Turim, para discutir problemas comuns e suas possíveis soluções. O seu último trabalho Buono, Pulito e Giusto. Principi di uma Nuova Gastronomia (Bom, Limpo e Justo. Princípio de uma Nova Gastronomia) foi publicado em 2005 pela editora Einaudi e em 2009 foi traduzido para o português pela Editora SENAC de São Paulo (Brasil) com o título Slow Food, princípios da nova gastronomia. No livro, Petrini descreve o desenvolvimento da teoria da “ecogastronomia”. O livro também foi traduzido para o inglês, francês, espanhol, alemão e polonês. Em 2001, seu Iivro Le ragioni del gusto (As razões do mar 2011 revista do meio ambiente

O que é o movimento Slow Food? Como surgiu? Na metade dos anos 80, o frenesi consumista tinha invadido totalmente a Itália, de tal forma que se estava perdendo o contato com a terra, as tradições, as próprias receitas, em poucas palavras, as raízes da identidade de cada um de nós. Quisemos iniciar da mesa, do alimento não visto simplesmente como nutrimento, mas como elemento de prazer decorrente da possibilidade de apreciar as diversas receitas e sabores, reconhecer as variedades dos locais de produção e dos artesãos, respeitar os ritmos das estações e a convivência. Hoje estamos convencidos da necessidade de associar um novo sentido de sensibilidade ao prazer e à reivindicação do direito de todos a beneficiar-se deste prazer: uma atitude que chamamos de ecogastronomia, capaz de unir o respeito e o estudo da cultura enogastronômica sustentando aqueles que atuam em todo o mundo para defender a biodiversidade agroalimentar. Partimos de 1986 do Piemonte, na Itália, para nos tornarmos em 1989 uma associação internacional que conta hoje com 100 mil sócios em 130 países. Como tem sido a aceitação no Brasil e, ern particular, no Nordeste? O Brasil – um pais que possui uma extraordinária biodiversidade agrícola, gastronômica, cultural e linguística – há diversos anos tornou-se um interlocutor fundamental do Slow Food. Em 2003 o Prêmio Slow Food para a Biodiversidade foi concedido à tribo indígena Krahô, na Amazônia nasceu uma das primeiras Fortalezas internacionais (o Guaraná Nativo dos Sateré-Mawé) e em 2004 o Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil assinou um acordo que oficializou uma longa relação de amizade e colabora-


27 ção. Mas o grande desafio do Slow Food no Brasil é a mobilização de todos os setores da sociedade, e temos conseguido superar este desafio com a criação de novos Convivia, os núcleos locais de sócios, e o envolvimento cada vez maior de chefs, jovens e acadêmicos que juntos poderão permitir a inserção do pequeno produtor na própria comunidade. Hoje temos no Brasil cerca de 600 sócios e este número vem crescendo exponencialmente. No Nordeste, temos importantes projetos para a defesa da sua biodiversidade ambiental e cultural, como a Fortalezas do Arroz Vermelho do Vale do Piancó na Paraíba e do Umbu no sertão baiano. Chefs de Fortaleza e Salvador estão se unindo a acadêmicos do Maranhão e sócios espalhados ao longo de estados do Nordeste brasileiro promovendo uma área com uma riqueza ainda pouco reconhecida e valorizada. Na visão do movimento Slow Food, qual o futuro da alimentação? Estamos vivendo tempos muito difíceis, a crise que estamos atravessando é ao mesmo tempo econômica, energética e agrícola. Não podemos considerá-la e enfrentá-la como se fosse um momento de passagem. E necessário redefinir todo o sistema atual, baseado no consumo. É muito recente a notícia do Global Footprint Networkde que o overshoot day aconteceu no dia 25 setembro, ou seja, o dia que teremos terminado de consumir as reservas que a natureza nos disponibilizou para o ano em curso. A cada ano, o dia no qual entramos em débito ecológico e de excesso de consumo antecipa-se no calendário. Em 1986, ano do primeiro alarme, o overshoot aconteceu em 31 de dezembro. Em 1995 a falência ecológica aconteceu no dia 21 de novembro. Dez anos depois as contas com a natureza entraram no vermelho já no dia 2 de outubro. Agora retrocedemos ate o dia 25 de setembro: consumimos 40% a mais do que a terra pode gerar. Em 2050, se a crise energética não nos tiver obrigado a adotar a sabedoria ecológica para manter as contas em paridade, teremos necessidade de um planeta gêmeo para usar como supermercado e retirar as matérias-primas, água, florestas e energia. Se pensarmos ainda que a maior parte dos danos que a nossa terra sofreu ate agora se deve à produção de alimento, como se nota no relatório da ONU Millennium Ecosystem Assesment, entendemos que a forma como nos relacionamos com a gastronomia e central para o nosso futuro. Comer torna-se um “ato agrário”, e selecionando alimentos de boa qualidade, produtos com critérios de respeito pelo ambiente e pelas tradições locais, podemos favorecer a biodiversidade e uma agricultura igualitária e sustentável. Bom, limpo e justo são os três adjetivos que definem em modo elementar as características que deve ter um alimento para responder às exigências de nós, eco-gastrônomos. Bom, relaciona-se com as sensações de prazer derivadas das qualidades sensoriais de um alimento, mas também à complexa esfera de sentimentos, recordações e aspectos determinantes de identidade, decorrentes do valor afetivo do alimento; limpo, ou seja, produzido sem estressar a terra, respeitando os ecossistemas e o ambiente; justo, que quer dizer conforme com os conceitos de justiça social nos ambientes de produção e de comercialização. Como se vinculam os conceitos de soberania alimentar e economia solidaria? De que forma o movimento Slow Food se relaciona com eles? A principal via pela qual realizar um percurso em relação ao bom, limpo e justo é aquela da economia para o reposicionamento dos consumos e das produções agrícolas. A economia de mercado, assim como a conhecemos e como está organizada graças também às dinâmicas da globalização, está revelando enormes limites econômicos. Seja do ponto de vista da sustentabilidade das suas atividades, seja por seu modo de gerar riqueza. Os seus maiores expoentes são conscientes que “anti-ecologia” começa evidenciarse cada vez mais como uma “anti-economia”. Em um quadro deste tipo – cujas causas devem ser identificadas também nas mudanças que sofreram o sistema agrícola mundial, na industrialização, na centralização dos sistemas produtivos agroalimentares –

as comunidades do alimento representam um exemplo brilhante do que poderia significar pronunciar as palavras “economia local” ou “economia da natureza”. Trata-se de pequenos produtores, criadores, pescadores, coletores de produtos silvestres, artesãos do mundo agroalimentar que a cada dois anos apresentam os seus trabalhos em nível local na grande sede mundial de Terra Madre, em Turim (www.terramadre.org). As comunidades do alimento geralmente atual na cadeia curta, ou em cadeias longas altamente sustentáveis e baseadas no conhecimento recíproco dos envolvidos. A comunidade é o local, o contexto, no qual pode-se realizar o conceito de “adaptação local” que teorizou Wendell Berry. É necessário pressionar o quanto for possível para re-posicionar produções e consumos, vida social e tradições sem renunciar ao comércio e à troca que nos garantem a rede, mas fortalecendo as comunidades locais e as suas características de funcionamento. Qual o papel do consumidor na promoção de uma cultura do gosto e da convivência? A esfera sensorial do homem contemporâneo claramente empobreceu. O tato, o gosto e o odor sofreram uma profunda regressão. O tempo cada vez mais escasso e a velocidade das nossas vidas nos estão privando dos instrumentos que nos podem consentir um conhecimento mais profundo, variado e autêntico do mundo que está à nossa volta. Por isso, treinar novamente os nossos sentidos e aguçar a percepção, são os principais instrumentos que pequenos e grandes consumidores devem possuir para se re-apropriar da própria capacidade de decidir com qual alimento nutrir-se. Destas considerações, nasce o projeto de Educação do Gosto, destinado a educar as crianças para desenvolver a sensorialidade, fazendo-as compreender a importância dos produtos alimentares como parte integrante da cultura das sociedades. Com relação ao grande público, a melhor ideia foi sem dúvida a dos Laboratórios do Gosto, que recolhem exigências do consumidor contemporâneo: o desejo do contato direto, da prova em uma degustação guiada, enfim, a recuperação da sensorialidade; a aproximação do alimento como diversão e ato gratificante mais do que necessidade ou obrigação nutricional; o suprimento da curiosidade em relação aos alimentos, às vezes rara e preciosa, unido à gratificação intelectual de conhecer a história e a particularidade. Fonte: www.slowfoodbrasil.com/content/view/336/62/

Leia a entrevista completa no Portal do Meio Ambiente revista do meio ambiente mar 2011


2 saúde e qualidade de vida texto UOL Ciência e Saúde*

Barrados

no teSte Kerem Yucel (Sxc)

Pro Teste reprova oito entre dez protetores solares fPS 30

Apenas dois entre dez protetores solares FPS 30 em loção avaliados pela Pro Teste Associação de Consumidores comprovaram eficiência na proteção solar. E apenas três não apresentaram na composição o benzophenone-3, um ingrediente que já é proibido em outros países, por ser potencialmente cancerígeno. Quatro dos protetores têm baixa proteção UVA (cujos raios atingem as camadas mais profundas da pele, causando envelhecimento precoce), mas a legislação brasileira não exige um mínimo. E cinco deles não são resistentes à luz e ao calor, perdendo a eficiência. É o que mostra a análise publicada na revista Pro Teste de dezembro. O teste envolveu análise de rotulagem, composição, irritabilidade, hidratação, proteção, resistência a exposição solar, e teste em uso. A associação reivindica que seja proibido o uso da substância benzophenone-3 na composição dos produtos, ingrediente proibido em outros países, por apresentar esterogenicidade, entrar na circulação sanguínea e ser potencialmente cancerígeno. Também está pedindo à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passe a exigir o fator UVA de no mínimo um terço do FPS do produto, assim como ocorre na Europa, e que esta informação conste no rótulo. Assim como sejam obrigatórios testes de fotoestabilidade para verificar se eles são estáveis nas condições reais de uso, durante a exposição solar. O FPS é responsável por bloquear os raios UVB, que são mais fortes entre 10 horas e 16 horas, período não recomendado para exposição prolongada ao sol. São os principais responsáveis por câncer de pele, queimaduras e vermelhidão. mar 2011 revista do meio ambiente

Resultados Os protetores L’Oréal Solar Expertise e o Cenoura & Bronze foram os que se saíram melhor na avaliação de eficiência do filtro solar. No teste de fotoinstabilidade, o FPS dos produtos foi medido antes e depois da exposição a uma temperatura de 40ºC. As marcas Avon, La RochePosay, Nivea, Banana Boat e Sundown foram reprovadas. Alguns produtos, como o da Nívea, perderam 50% do seu FPS. Todos os protetores analisados são de fator 30. Após uma hora de uso, eles caíam para FPS 15. O segundo pior foi o La Roche Posay, que manteve só 62% de sua proteção indicada no rótulo. Isso não quer dizer que os produtos não oferecem proteção aos raios UVB, e sim que têm pouca resistência à luz e ao calor, segundo a associação. Além de instável à exposição solar, o Coppertone declarou um fator de proteção (30), maior do que o medido (25). Todos as embalagens mencionavam resistência à água, mas após imersão de meia hora, a proteção do produto da Natura caiu para 30% do FPS inicial, por exemplo. O Sundown caiu para 55%. A presença de substâncias bloqueadoras dos raios UVA – que têm incidência constante durante o dia todo – é indicada nos rótulos dos 10 produtos. Mas só três embalagens mostram o grau de proteção: Cenoura & Bronze, L”Oréal Solar Expertise e Natura Fotoequilibrio. Não há regulamentação no Brasil que obrigue a presença de substâncias bloqueadoras dos raios UVA, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os produtos que não apresentaram na composição o benzophenone-3, ingrediente que segundo a associação já é proibido em outros países, foram o L’Oréal Solar Expertise, o Cenoura & Bronze e o Hélioblock da La Roche-Posay. Defesa As oito marcas de protetor solar avaliadas pela Pro Teste discordaram do resultado da pesquisa e informaram que seus produtos foram submetidos a testes científicos, aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e liberados para o comércio. Todas as empresas afirmaram que não tinham conhecimento do estudo. A L’Oréal Brasil, que representa a La Roche-Posay disse que desconhece qual “a instituição que realizou os testes” e os critérios utilizados. A Nivea Brasil, fabricante do Nivea Sun Loção Solar Protetora informou que, como não teve acesso ao estudo, “não pode avaliar, em profundidade, detalhes sobre a metodologia e resultado do mesmo”. Destacou ainda que todos os produtos da empresa são desenvolvidos sob protocolos globais de qualidade e que a loção solar protetora FPS 30 atende às exigências dos órgãos regulamentadores. A assessoria de imprensa da Johnson & Johnson, que representa a marca Sundown, divulgou que só tomou conhecimento da análise da Pro Teste na tarde de ontem. A empresa ainda afirma que “estranha os métodos utilizados” e que usa, na formulação do protetor, uma combinação de filtros que garante a proteção UVA/UVB. A Natura, que teve seu produto avaliado como ruim na proteção aos raios UVA, afirmou que a análise da Pro Teste difere da adotada pela Natura. E que tecnicamente não é possível compará-los, “pois fazem uso de metodologias e controles diferentes”. O Estado não localizou o representante da Sun Pharmaceuticals, fabricante da marca Banana Boat. Valdir Oliveira, gerente de vendas da Arcom S/A, importadora oficial do Banana Boat Bloqueador Solar Ultra, afirmou que neste ano a empresa não comprou a linha analisada. A Mantecorp, fabricante do Episol Loção Oil Free e do Coppertone, disse que seus produtos seguem padrões de qualidade nacionais e internacionais. A Avon, do produto Avon Sun, divulgou que a Anvisa não obriga “mencionar na rotulagem a indicação do fator de proteção UVA”.

*Com informações da Agência Estado/O Estado de S.Paulo


Uma abordagem ecossistêmica da

Qualidade de vida A “classe média emergente”, cooptada pelos mass media e pelo consumismo, também adquire carro próprio e disputa vagas em shopping centers

Juliocatao (Own work) [Public domain], via Wikimedia commons

Todos os anos, as Nações Unidas promovem o Dia Mundial do Habitat. Problemas crônicos são recorrentemente lembrados: o bilhão de pessoas carentes sem moradia, a condição de jovens sem escolaridade e emprego, que vagam pelas ruas, à mercê de uma cultura ligada aos símbolos de consumo, que favorece a criminalidade e privilegia a ganância. Ambientes naturais e construídos, valores essenciais à convivência, são progressivamente solapados por poderosas forças políticas, econômicas e tecnológicas. Os problemas, definidos de forma fragmentada e reduzida pelas manchetes dos mass media, interesses de mercado e formatos acadêmicos, assemelham-se a bolhas em um caldo efervescente. Enquanto isso, os mais favorecidos, protegidos em seus redutos e viaturas blindadas, propagam incessantemente que crescimento econômico é sinônimo de qualidade de vida (para quem?). A “classe média emergente”, cooptada pelos mass media e pelo consumismo, adquire, por sua vez, carro próprio e disputa vagas em shopping centers e em “feriadões” na praia, atribuindo a violência das ruas ao caráter de pessoas malvadas. Uma sociedade pautada pelos mass media, pela publicidade, pelo consumo, por políticas públicas avessas à educação como formação de caráter e desenvolvimento de espírito cívico aceita qualquer expediente para “chegar lá” e só pode resultar em indivíduos imediatistas, descompromissados com o bem público, sequiosos de dinheiro e poder. Quanto mais gente for “incluída” nesse sistema de coisas, mais ele se fortalece e se reproduz. O governo, sob o falso pretexto de racionalidade e “enxugamento”, terceiriza serviços e obras, canalizando os fundos públicos para consultorias, assessorias e contratos mal executados e superfaturados, manipulados por lobbies de toda espécie, que logo manifestam sua “gratidão”. Menos dinheiro seria gasto com a reestruturação do Estado e um quadro qualificado de servidores. Em sociedades assimétricas, caracterizadas por diferenças de poder entre pessoas físicas e pessoas jurídicas, as corporações exercem influência considerável sobre as políticas públicas e instituições do Estado, flexibilizando e distribuindo responsabilidades ao longo de sua estrutura hierárquica, raramente envolvendo o conjunto de seus acionistas, considerados meros investidores no mercado de ações. Mecanismos de bloqueio, estabilizados por instituições favoráveis, grupos de interesses, crenças estabelecidas, investimentos irrecuperáveis e custos baixos, impedem firmemente a adoção de inovações e “práticas verdes” em diferentes áreas (transportes, energia, agrobusiness), levando à dependência de trajetórias e ao entrapment; é uma luta árdua contra os sistemas econômicos, técnicos, políticos, científicos e culturais prevalentes. Aceitação de normas éticas, construção da paz, equilíbrio ambiental exigem uma série de experiências sociais eticamente interpretadas e ordenadas, uma capacidade de desenvolver interesses moralmente relevantes como base de direitos e obrigações, um amplo conhecimento cultural universalmente racionalizado, uma empatia com as pessoas, incluindo aquelas consideradas como estrangeiras, ou mesmo hostis. A solidariedade não se restringe apenas aos mais carentes, mas implica democracia participativa, desenvolvimento de lideranças, organização e facilitação de atividades de grupos de cidadãos comprometidos com uma visão integrada dos vários aspectos da qualidade de vida, hoje prejudicada pelo apartheid social, econômico e cultural e pela crescente violência observada nos centros urbanos, tanto nos chamados países emergentes como nos não-emergentes.

texto André Francisco Pilon*

2

A “construção da paz”, os direitos e deveres devem ser entendidos como culminação de um processo, em que a aceitação das normas éticas derivem de um conjunto de experiências sociais moralmente relevantes ao longo da vida, em que o “capital cultural”, a identidade pessoal, não sejam frutos do “privilégio” de pertencer a grupos que buscam o domínio mediante a violência e a criminalidade, seja ela de rua ou de gabinete. As cidades não podem continuar como centros privilegiados para expansão de lucros e acumulação de capital com prejuízo da qualidade de vida. É necessária a construção de um novo tecido social e não apenas colocar remendos em tecidos já rotos. Além dos motivos e expectativas individuais, as instituições têm um papel decisivo ao induzir os eventos e contribuir para novos paradigmas de crescimento, poder, riqueza, trabalho e liberdade. A educação integral implica o desenvolvimento das letras, das artes, da filosofia, dos valores que dão sentido à existência humana. A inclusão cultural não pode ser dada apenas pelos mass media, pela indústria fonográfica ou por uma escola voltada exclusivamente para a profissionalização e os interesses do mercado. Quando voltaremos a ser cidadãos, no pleno sentido, ao invés de simples consumidores e usuários?

Fonte: Mercado Ético (Artigo socializado pelo Jornal da USP)

* André Francisco Pilon é professor associado da Faculdade de Saúde Pública da USP revista do meio ambiente mar 2011


michaeljung (Shutterstock)

texto Redação do Diário da Saúde

0 ecologia humana

O paradoxo

ambientaliSta Paradoxo ambientalista: meio ambiente piora, bem-estar humano melhora É uma crença generalizada que a degradação global dos ecossistemas ameaça o bem-estar humano. Contudo, qualquer que sejam as medidas de bem-estar que se tome, todas mostram que, em média, o bem-estar humano está melhorando globalmente, tanto nos países ricos quantos nos países pobres. Isto é o que os pesquisadores chamam de “Paradoxo Ambientalista”, que mostra que o bem-estar humano melhora apesar da piora nos serviços do ecossistema – os benefícios que o homem obtém dos ecossistemas. Uma equipe de cientistas da Universidade McGill, no Canadá, acredita ter encontrado algumas explicações para isso. Alimentos, tecnologia e tempo Destacando que o entendimento do paradoxo ambientalista é “crítico para orientar a futura gestão dos serviços dos ecossistemas”, Ciara Raudsepp-Hearne e seus colegas confirmam que as melhorias no bem-estar total são reais. Eles não descobriram nenhuma falha no Índice de Desenvolvimento Humano, uma métrica amplamente utilizada que incorpora medidas de alfabetização, expectativa de vida e renda – e que tem apresentado melhorias consideráveis desde meados da década de 1970. Embora problemas de segurança pessoal estejam puxando para baixo a tendência de crescimento, a melhoria global do bem-estar parece robusta. mar 2011 revista do meio ambiente

Sobre o alegado declínio no ecossistema, os autores aceitam os resultados da Avaliação Ecossistêmica do Milênio, que concluiu que a capacidade dos ecossistemas para a produção de muitos serviços para o ser humano está mais baixa agora do que no passado. Eles identificaram três razões prováveis para explicar o fenômeno: • aumentos na produção de alimentos no passado recente; • inovações tecnológicas que dissociam as pessoas dos ecossistemas; • lapsos de tempo antes que o bem-estar humano seja afetado pela piora no ecossistema. Produção de alimentos Os pesquisadores acreditam resolver parte do paradoxo ambientalista apontando para indícios de que a produção de alimentos (que aumentou em nível mundial nas últimas décadas) é mais importante para o bem-estar humano do que outros serviços fornecidos pelo ecossistema. Raudsepp-Hearne e seus colegas, contudo, não encontraram razões para tranquilidade com relação ao bem-estar humano nas próximas décadas. Isto porque, se suas análises estiverem corretas, os efeitos observáveis no meio ambiente ameaçam ganhos futuros na produção de alimentos, e eventos tais como inundações e secas claramente prejudicam as pessoas dentro de áreas mais restritas. Quanto à tecnologia, os pesquisadores acreditam que ela fornece uma dissociação apenas local e limitada dos serviços dos ecossistemas. Mas aqui não é possível concluir nada, porque “há sinais discrepantes” sobre se os seres humanos serão capazes de se adaptar à crescente degradação do meio ambiente - alguns indicadores indicam que o bem-estar continuará subindo porque o ser humano já não é tão afetado pelo meio ambiente, enquanto outros dizem o contrário. O paradoxo continua Raudsepp-Hearne e seus colegas afirmam que os pesquisadores devem urgentemente estudar como os serviços dos ecossistemas afetam múltiplos aspectos do bem-estar humano, as sinergias e os trade-offs desses serviços, as tecnologias que melhorem esses serviços, além de buscar previsões melhores da oferta e da demanda de serviços dos ecossistemas. Somente esses estudos adicionais, em maior escala, poderão finalmente dar uma explicação definitiva para o paradoxo ambientalista. Fonte: Diário da Saúde


consumo responsável 1

de produção e consumo

Marja Flick-Buijs (RGB Stock)

Com as mudanças climáticas que estamos enfrentando, vários países se comprometeram a reduzir suas emissões de CO2. O Brasil ditou sua meta interna para redução da emissão de CO2 em aproximadamente 35% até 2020, neste caso específico baseando-se nas emissões de 2005. Ainda assim, nossa economia cresce e consequentemente créditos são cedidos, pessoas estão se endividando e os recursos naturais são a moeda de troca dessa dívida, que corre sério risco de não ser paga, já que a maioria desses recursos é finita. Existe uma relação, inversamente proporcional, entre o padrão de produção e consumo de um país e a sua pegada ecológica. Curiosamente, os países que possuem alto poder aquisitivo e as diferenças sociais não são tão significativas, possuem uma pegada ecológica alta. Diante desta constatação e considerando que não queremos (pelo menos agora) parar o sistema produtivo, acredito que teremos que investir em tecnologia e inovação a fim de promover novos padrões de comportamento e produção. Frente a este desafio, penso que não basta o setor produtivo melhorar se nós consumidores não formos informados sobre o que foi feito, para podermos ter um maior discernimento na hora da compra. Seguindo este pensamento, começamos a trabalhar a idéia de ciclo de vida dos produtos: metodologia que analisa e contabiliza os impactos ambientais de um ítem, procurando rastrear de onde vem os seus componentes e por onde passam até chegar no consumidor, podendo se tornar ainda mais complexa ao analisar a reinserção desse produto num novo ciclo de vida. De fato, explicitar informações sobre o processo de produção, distribuição e comercialização dos produtos já é uma tendência, que considero necessária. Na França, uma lei garante que fabricantes incluam rótulos com informações de emissões de CO2 nos produtos. Dados como transporte utilizado, energia gasta, água consumida e resíduos gerados, são contabilizados e convertidos numa métrica chamada CO2. Há uma rede de supermercados na Califórnia, EUA, que possui um sistema de rotulagem online, o Good Guide, que pode ser baixado como aplicativo para telefone móvel, mostrando informações sobre os impactos ambientais do produto e detalhes do fabricante. No Brasil, a norma ISO 14.021 direciona a elaboração da “rotulagem verde”. Além disso, a Abre, Asso-

texto Carolina Pic cin*

novoS padrõeS

ciação Brasileira de Embalagens, lançou uma cartilha para orientar consumidores e fabricantes sobre o assunto, e alguns selos estão surgindo para identificar produtos com diferenciais ecológicos ou mais sustentáveis. Percebo a sociedade mais atenta às questões ambientais e começando a se incomodar com o greenwhashing, expressão usada para classificar discursos vazios acerca de características e práticas sustentáveis de produtos e marcas. Há pessoas usando os sites de relacionamento para exercitar uma espécie de fiscalização de promessas “verdes”. Paralelamente, vem aumentando o número de consumidores interessados em comprar em estabelecimentos que garimpam fornecedores que façam jus aos apelos ambientais que ostentam em seus rótulos. A loja Mundo Verde, rede de produtos naturais, já se incluiu neste processo e comercializa um portfolio amplo de produtos variados provenientes de produtores orgânicos de regiões próximas. A loja C&C, de materiais de construção, lançou uma rotulagem que informa impactos sociais e ambientais dos produtos. Há ainda uma série de iniciativas focadas na comercialização de produtos baseados no “Fair Trade” ou Comércio Justo, onde os preços praticados em toda a cadeia são divulgados ao consumidor final, que acaba se aproximando da realidade do produtor. Há ainda lojas de roupas como a Éden, localizada na Vila Madalena em São Paulo, seguindo essa linha de transparência. Ao lado de tudo isso está a Política Nacional de Resíduos Sólidos que recentemente trouxe à tona a idéia da logística reversa, em que os distribuidores terão que devolver certas embalagens e produtos para a reciclagem ou aos fabricantes. Ao meu ver, esse assunto é de extrema importância e veio para transformar todo o planejamento desde o design das embalagens até a escolha dos componentes usados e certamente trará uma otimização jamais vista no ciclo de produção de produtos. Diante de todas estas iniciativas e acontecimentos, vejo que estamos num bom caminho. Fonte: Mercado Ético

*Carolina Pic cin é colaboradora do AsBoasNovas.com e sócia-diretora da Sistema Assessoria Ambiental, empresa que desenvolve projetos na área de gestão ambiental e sustentabilidade. Saiba mais: www.sistemambiental.com.br revista do meio ambiente mar 2011


2 lixo e reciclagem Mariana Queiroz (Flickr)

O óleo deve ser acondicionado em sacos plásticos ou em uma garrafa PET e encaminhado a empresas que o transformam em produto de limpeza ou biodiesel

O que fazer com o

lixo doméStico Do total de resíduos descartados em residências e indústrias, apenas 4.300 toneladas, ou aproximadamente 2% do total, são destinadas à coleta seletiva. Quase 50 mil toneladas de resíduos são despejados todos os dias em lixões a céu aberto, o que representa um risco à saúde e ao ambiente. Mudar esse cenário envolve a redução de padrões sociais de consumo, a reutilização dos materiais e a reciclagem, conforme a “Regra dos Três Erres” preconizada pelos ambientalistas. A idéia é diminuir o volume de lixo de difícil decomposição, como vidro e plástico, evitar a poluição do ar e da água, otimizar recursos e aumentar a vida útil dos aterros. Caso não haja coleta seletiva em seu bairro ou condomínio, procure as cooperativas de catadores e os Postos de Entrega Voluntária (PEVs). O Grupo Pão de Açúcar também possui pontos de coleta nos supermercados em todo o país. A iniciativa está sendo ampliada para outras bandeiras do grupo, como a rede Extra. Como descartar • Lâmpadas Fluorescentes Apesar de economizar energia, as lâmpadas fluorescentes contêm metais pesados. Enquanto estão intactas, elas não oferecem risco durante o manuseio. Contudo, quando rompidas, liberam vapor de mercúrio, que é absorvido principalmente pelos pulmões, causando intoxicação. Dependendo da temperatura do ambiente, o vapor pode permanecer no ar por até três semanas. Por isso, é recomendável que as lâmpadas sejam armazenadas em local seco, mar jan 2011 revista do meio ambiente

O Brasil produz, atualmente, cerca de 228,4 mil toneladas de lixo por dia, segundo a última pesquisa de saneamento básico consolidada pelo IBGE, em 2000. O chamado lixo domiciliar equivale a pouco mais da metade desse volume, ou 125 mil toneladas diárias

dentro das embalagens originais, protegidas contra eventuais choques. No contato com lâmpadas quebradas, é necessário o uso de avental, luvas e botas plásticas. Os cacos devem ser coletados com cuidado, para evitar ferimentos, e colocados em embalagem lacrada. No Brasil, são usadas cerca de três lâmpadas fluorescentes por habitante a cada ano. Isso significa que cerca de 80 milhões de lâmpadas fluorescentes são descartadas no mesmo período, o que equivale a aproximadamente 1.600 kg de mercúrio. As lâmpadas fluorescentes devem ser separadas do lixo orgânico e dos materiais tradicionalmente recicláveis, como vidro, papel e plásticos. Se o destino dessas lâmpadas for o aterramento, o mercúrio se infiltrará no solo, atingindo mananciais e a cadeia alimentar humana. • Pilhas e baterias A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) classifica como lixo perigoso as pilhas e as baterias que apresentem, em suas composições, substâncias tóxicas como mercúrio, chumbo e cádmio, pois podem contaminar o solo e a água, além de, em contato com o homem, causar dano ao cérebro, rins e pulmões. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina que esses produtos sejam entregues pelos usuários aos estabelecimentos que os comercializam. O Conama também estabeleceu limites nos níveis de metais para a fabricação, importação e comercialização de pilhas e baterias. Por isso, os fabricantes nacionais reduziram a carga poluente de alguns produtos, permitindo seu descarte no lixo comum. - Não podem ser descartadas no lixo comum: baterias com níquel cádmio utilizadas em celulares, telefones sem fio e outros aparelhos com sistemas recarregáveis; baterias de chumbo ácido usadas em algumas filmadoras de modelo antigo e em veículos; e pilhas de óxido de mercúrio, usadas em instrumentos de navegação e aparelhos de instrumentação e controle. - Podem ser descartadas no lixo comum: pilhas secas (dos tipos zinco-manganês ou alcalina-manganês), utilizadas em aparelhos como máquinas fotográficas, rádios, brinquedos, entre outros; e pilhas e baterias portáteis (tipo lithium, lithium ion, zinco-ar, niquel metal, hidreto, pilhas e baterias botão ou miniatura), encontradas em jogos, brinquedos, ferramentas elétricas portáteis, informática, lanternas, equipamentos fotográficos, rádios, aparelhos de som, relógios, agendas eletrônicas, barbeadores, instrumentos de medição, de aferição e equipamentos médicos.


deStino

papel

pláStico

vidroS

metaiS

COLETA SELETIVA (pode ser reciclado)

papéis de escritório, papelão, caixas em geral, jornais, revistas, livros, listas telefônicas, cadernos, papel cartão, cartolinas, embalagens longa vida, listas telefônicas, livros

sacos, CDs, disquetes, embalagens de produtos de limpeza, PET (como garrafas de refrigerante), canos e tubos, plásticos em geral (retire antes o excesso de sujeira)

garrafas de bebida, frascos em geral, potes de produtos alimentícios, copos (retire antes o excesso de sujeira)

latas de alumínio (refrigerante, cerveja, suco), latas de produtos alimentícios (óleo, leite em pó, conservas), tampas de garrafa, embalagens metálicas de congelados, folhas-de-flandres

LIXO COMUM (não pode ser reciclado)

papel carbono, celofane, papel vegetal, termofax, papéis encerados ou palstificados, papel higiênico, lenços de papel, guardanapos, fotografias, fitas ou etiquetas adesivas

plásticos termofixos (usados na indústria eletroeletrônica e na produção de alguns computadores, telefones e eletrodomésticos), embalagens plásticas metalizadas (como as de salgadinhos)

espelhos, cristais, vidros de janelas, vidros de automóveis, lâmpadas, ampolas de medicamentos, cerâmicas, porcelanas, tubos de TV e de computadores

clipes, grampos, esponjas de aço, tachinhas, pregos e canos

Fonte: Instituto Akatu

Anualmente são vendidas cerca de 800 milhões de baterias e pilhas no Brasil. Se um milhão de consumidores conscientes derem a elas o tratamento de descarte adequado, 30 milhões de pilhas serão desviados dos lixões e aterros • Medicamentos Deixe os remédios que estiverem fora de prazo em drogarias e farmácias (inclusive as de manipulação), e entregue restos de medicamentos que ainda podem ser utilizados nos Centros de Saúde. Esses locais estão obrigados a atender à Resolução nº 358, de 29 de abril de 2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde. • Óleo de cozinha A simples atitude de não jogar o óleo de cozinha usado direto no lixo ou no ralo da pia também pode contribuir para diminuir o aquecimento global, pois sua decomposição emite metano, um dos principais gases que causam o efeito estufa. O óleo deve ser acondicionado em sacos plásticos ou em uma garrafa PET e encaminhado a empresas que o transformam em produto de limpeza ou biodiesel. O material também pode ser levado para Organizações Não-Governamentais, que o encaminham para as empresas. Algumas lojas do Pão de Açúcar na Região Metropolitana de São Paulo também passaram a receber óleo de cozinha. Consultoria: Nélio Bizzo, mestre em biologia e doutor em educação, professor da Faculdade de Educação da USP, Pesquisador do CNPq e autor de livros e artigos científicos Reportagem: Página 3 Pedagogia & Comunicação e UOL Ciência e Saúde

Algumas capitais que recebem lixo reciclável

• São Paulo (SP) PEV Parque da Luz: R. Ribeiro de Lima, nº 99 – Luz PEV CEE Vila Maria: Pç. Pres. Jânio da Silva Quadros, nº 15 – Vila Maria PEV Limpurb: R. Azurita, 100 – Canindé • Rio de Janeiro (RJ) Nova Iguaçu: Av. Roberto Silveira s/nº – Rod. Nova Iguaçu Santa Cruz: Est. Padre Guilherme Decaminada, nº 2.165 São Cristóvão: R. São Januário, nº 355 • Belo Horizonte (MG) Posto Vip: Av. Prudente de Morais, nº 303 – Cidade Jardim Universidade Fumec: R. Cobre, nº 200 – Cruzeiro CAC Havaí: R. Costa do Marfim, nº 480 – Havaí • Brasília (DF) CORTRAP (Cooperativa de Reciclagem e Produção): (61) 347-1117 / 347-1162 • Goiânia (GO) COOPREC (Cooperativa de Reciclagem de Lixo): Tv. Xingu c/ R. 202, s/nº – Jardim Conquista • Campo Grande (MS) COOPERVIDA (Cooperativa dos Agentes Recicladores): Av. Ernesto Geisel, nº 3.915 • Porto Alegre (RS) Belém Novo: R. Desembargador Melo Guimarães, nº 12 Brique da Redenção: Av: José Bonifácio (aos domingos) Câncio Gomes: Tv. Carmem, nº 111 • Curitiba (PR) Secretaria Municipal do Meio Ambiente: Tel: (41) 350-9178 Instituto de Saneamento Ambiental: (41) 330-1788 • Salvador (BA) CAEC (Cooperativa de Catadores Agentes Ecológicos): R. da Mauritânia, s/nº – Pirajá • Fortaleza (CE) SOCRELP (Sociedade Recicladora Pirambu): R. São Serafim 8A – Pirambu • • Recife (PE) Grupo Gerdau: Rod. BR 232, Km 12,7 – Distrito Industrial de Curado Só Sucatas: R. Siqueira Campos, nº 266 – Zumbi revista do meio ambiente mar 2011


Redução na Brasil pode reduzir em 74% as emissões de CO2 do lixo

As ações previstas na nova lei de resíduos, como o consumo responsável para a redução de lixo, a reciclagem e o uso de aterros sanitários para gerar energia, têm o potencial de diminuir drasticamente os gases do efeito estufa. De acordo com estudo do Centro de Tecnologia de Embalagem – Cetea, de Campinas (SP), o corte de carbono emitido pelo lixo brasileiro poderá atingir 74%. Os dados foram divulgados oficialmente na COP16 – Conferência sobre Mudanças Climáticas, realizada em Cancún, no México, e que terminou no dia 10. “Os números reforçam a importância da educação do consumidor e apontam caminhos na priorizar investimentos no cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos”, afirma André Vilhena, diretor executivo do Cempre, instituição que encomendou a pesquisa. Ele completa: “As informações são essenciais para a tomada de decisão pelos gestores municipais”. O estudo avaliou as principais fontes geradoras de metano e mediram o potencial de redução com base nas frentes de gerenciamento do lixo urbano, previstas na legislação, que obriga a coleta seletiva nas residências e o fim dos lixões. Foram definidos seis cenários. A situação mais conservadora, de menor efeito para o clima, considerou unicamente o consumo sustentável para diminuição de 50% dos restos de alimentos que hoje vai para aterros. Como resultado, as emissões de carbono diminuiriam 21%. No cenário mais ambicioso, os pesquisadores contabilizaram a reciclagem ou recuperação energética de 80% do papel hoje enterrado após o uso, além de tecnologia para transformar metano em energia. Nesse caso, as emissões do lixo cairiam 74%. Dispor restos de alimentos, podas de árvores e outros rejeitos orgânicos em lixões é a principal causa do efeito estufa relacionada ao lixo urbano. A degradação desses resíduos no ambiente gera gás metano, com potencial de aquecimento global 25 vezes superior ao dióxido de carbono, segundo o IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. Para Silvado Silvério, secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Ambiente, “a separação e a coleta seletiva dos materiais recicláveis após o consumo são decisivos para a redução de metano, porque evita a mistura

mar 2011 revista do meio ambiente

emiSSão o uso de aterros sanitários podem servir para gerar energia, ajudando a diminuir os gases do efeito estufa

indevida com matéria orgânica, que dificulta a reciclagem dos diferentes materiais e o consequente aumento do rejeito levado para os aterros”. A nova lei de resíduos, sancionada em agosto e atualmente em processo de regulamentação, contribuirá para o país atingir suas metas de redução de gases-estufa assumidas internacionalmente. No Brasil, 11 milhões de toneladas de carbono com potencial de emissões para a atmosfera são descartadas por ano junto com o lixo, que soma aproximadamente 200 mil toneladas por dia. O cenário com alternativas mais completas de gestão dos resíduos permitiria um corte de 5% nas emissões totais do país. Pela Lei 12.187, de 2009, que institui a política brasileira sobre clima, a meta para essa redução varia de 36,1% a 38,9%, com base no aumento das emissões projetadas até 2020. Segundo o Cetea, a lei de resíduos reduzirá em 20% as emissões totais relativas ao compromisso do país para esse período. O número brasileiro coincide com a projeção mundial calculada pelo ISWA – International Solid Waste Association. De acordo com a organização, a indústria de resíduos sólidos pode contribuir com até 20% da meta global de redução prevista para 2020. Dos mais de 1.800 projetos de MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) registrados na ONU até 2009, 18% estão relacionados à gestão de resíduos. Eles devem gerar mais de 209 milhões de créditos de carbono até o final de 2012. A maioria desses projetos está distribuída entre Ásia e América Latina (44% e 42%, respectivamente), com destaque para Brasil e México. Entre as iniciativas que mais podem contribuir para reduzir as emissões de gases-estufa estão as ações para minimizar a geração de lixo, a reciclagem e a recuperação energética. De acordo com o estudo da ISWA, as cerca de 130 milhões de toneladas de resíduos processados no mundo anualmente são responsáveis por produzir algo perto de 1.000 petajoules por ano – quase metade de toda energia de biomassa gerada na Europa. “Como a maioria dos projetos de carbono registrados na ONU diz respeito à captação do gás metano dos aterros sanitários para eletricidade e para uso em sistemas de aquecimento e refrigeração, há um significativo potencial para iniciativas de não-geração, reciclagem, compostagem, valorização energética e digestão anaeróbia”, explica Carlos Silva Filho, diretor executivo da Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, entidade que representa a ISWA no Brasil. Ele acrescenta que “a transferência de tecnologia para países em desenvolvimento é crucial para se reduzir a emissão de gases”.

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br

Maksim (Wikipedia)

texto Sergio Adeodato edição Mônica Nunes

lixo e reciclagem



texto Vilmar Sidnei Demamam Berna*

comunicação

ambient

Em prol da informação Durante a ECO 92, os países se comprometeram a encontrar alternativas para a democratização da informação ambiental sempre que existissem obstáculos como os que existem para a mídia ambiental no Brasil, e até assinaram o capítulo 40.18 da Agenda 21, com este compromisso. Entretanto, vinte anos depois, a promessa ainda esta no papel. Em 2012, o Brasil estará sediando a RIO+20, de novo na Cidade do Rio de Janeiro, um novo encontro global para avaliar o que avançou das promessas feitas a 20 anos. Pode ser um momento oportuno para a união de forcas dos que estão conscientes sobre a importância estratégica da democratização da informação ambiental para que a sociedade possa fazer escolhas melhores no rumo da sustentabilidade. Os jornalistas ambientais já saíram na frente e anteciparam seu congresso para outubro desde ano, entre os dias 12 e 15, na Cidade do Rio de Janeiro. O IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental estará sendo realizado em paralelo a outros três eventos, o encontro da RedCalc – Rede Latino-Americana de Periodismo Ambiental, o Iº Encontro Nacional da REBIA - Rede Brasileira de Informação Ambiental e o Iº Encontro da ECOMIDIAS - Associação Brasileira de Mídias Ambientais, uma tentativa ao mesmo tempo de economizar esforços e recursos, e também uma estratégia para facilitar a aglutinação de forcas entre movimentos e organizações com objetivos comuns. A organização do IV CBJA estará, ainda, identificando e convidando parceiros estratégicos como a FBOMS – Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas, a ABI – Associação Brasileira de Imprensa, entre outros cuja missão inclua o compromisso com a democratização e a formação e fortalecimento da cidadania, para reforçar esta luta. Detalhe: os eventos serão carbono negativo, ou seja, a OSCIP PRIMA estará plantando mais árvores que o necessário para a neutralização das emissões de carbono, além de adotar práticas ecoeficientes, pois os congressistas querem ser o exemplo que esperam ver na sociedade.

mar 2011 revista do meio ambiente

A RIO+20, o IV CBJA e a democratização da informação ambiental

Existe uma diferença entre a informação que o público quer – e se dispõe a pagar por ela – e a informação que ele precisa. O mercado consegue ser uma solução no primeiro caso, pois para ele a comunicação é vista como um negócio qualquer, precisa dar lucros, ou não terá razão para existir

Entre os desafios a enfrentar, está o de formar uma Coalizão de organizações pela democratização da informação, com representação permanente em Brasília, capaz de ir além das promessas e reclamações, e pressionar de forma efetiva e constante por políticas publicas e financiamento público para a informação ambiental, por que existe uma diferença entre a informação que o público quer – e se dispõe a pagar por ela – e a informação que ele precisa. O mercado consegue ser uma solução no primeiro caso, pois para ele a comunicação é vista como um negócio qualquer, precisa dar lucros, ou não terá razão para existir. Para o segundo caso, o país requer políticas públicas inclusive para o financiamento da informação ambiental que o público precisa. No verão, por exemplo, o público dá audiência aos assuntos das catástrofes provocadas pelas chuvas, mas com o passar dos dias, o interesse vai diminuindo junto com as chuvas, até virar desinteresse e então o assunto some da mídia, como se o problema tivesse sido resolvido, para retornar com as catástrofes do verão seguinte. O mesmo acontece diante de algum acidente ambiental. Enquanto o problema permanecer visível ao interesse público estará na pauta da mídia de massa, mas assim que deixar de ser visível, desaparecerá também da mídia. Quem já acompanhou graves acidentes de vazamentos de petróleo ou de produtos químicos em rios e oceanos sabe bem disso. A informação ambiental precisa ir além apenas da dor. O quanto pior, melhor, é pior para todo mundo, ainda que assegure o interesse do público, e, portanto, da mídia em geral, por alguns breves momentos. Uma rápida olhada nos títulos das revistas expostas nas bancas mostra a falta de oferta de informação ambiental, para este público, que frequenta as bancas, em torno de 20% da população. Enquanto existem diversos títulos diferentes sobre a vida dos ricos e famosos, ou de mulheres nuas, ou sobre moda e beleza, automóveis, culinária, arquitetura, não existe nenhuma mídia específica sobre meio ambiente, educação e cidadania ambiental, consumo responsável, sustentabilidade, excetuando-se um ou outro título com viés mais para turismo ou paisagismo.


tal

O que não significa que a mídia ambiental não exista. Existe, só não consegue chegar ao grande público, permanecendo como uma mídia marginal, mal conseguindo atender direito a uns poucos segmentos de interesse especializado. O Governo Federal já dispõe de mecanismos para o repasse de dinheiro público para a iniciativa privada, através das verbas de publicidade, mas não existe uma política pública que priorize a informação que o público precisa, mas não se dispõe a pagar por ela. A maior parte desses recursos é destinada à mídia de massa – inclusive para os veículos de comunicação ligados à base aliada do Governo –, e acaba ajudando a financiar ‘realitys shows’ e outras informações que o público quer. A mídia ambiental costuma ser contemplada com algumas poucas migalhas dessas verbas, mas o suficiente para não deixá-la morrer de inanição, e não o bastante para que chegue a incomodar nem ao próprio governo nem às empresas com suas críticas ao modelo predatório de desenvolvimento. A mídia ambiental é uma mídia de resistência, e incomoda aos poderosos ao criticar o modelo predatório e injusto que avança sobre os limites e a capacidade de suporte da natureza. E incomoda até quando aponta soluções e cami-

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Não é que a mídia ambiental não exista, só não consegue chegar ao grande público, permanecendo como uma mídia marginal, mal conseguindo atender direito a uns poucos segmentos de interesse especializado

nhos que poderiam ajudar a nos tirar do rumo de um colapso ambiental cada vez mais visível, pois deixa claro que as escolhas pelas tecnologias sujas e predatórias não resultam do acaso ou da falta de opção. E incomoda e desagrada também ao próprio público em geral, ao criticar seus hábitos e atitudes consumistas e ambientalmente irresponsáveis. Então, não é de se estranhar que as pessoas não queiram a informação ambiental, embora precisem dela. * Vilmar é escritor e jornalista, fundou a REBIA - Rede

Brasileira de Informação Ambiental (www.rebia.org.br ) e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente (www.portaldomeioambiente. org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas. www.escritorvilmarberna.com.br

revista do meio ambiente mar 2011


Ibama muda regras para criação de aves nativas

Mei Teng Wong (RGB Stock)

animais

Sexta Cientistas alertam: interferência humana estaria causando a sexta extinção em massa

Controle na criação

de aveS

O Ibama baixou novas regras para a criação em cativeiro de aves da fauna silvestre brasileira. De acordo com a Instrução Normativa nº 15, lançada em 22 de dezembro de 2010, os criadores não podem mais circular ou exibir pássaros nativos em lugares públicos. “Andar pela cidade com gaiola, mesmo com ave legalizada, só ser for para se deslocar a uma exposição ou torneio de canto, e ainda assim com licença expedida pelo Sispass do Ibama (Sistema de Cadastro de Criadores Amadorista de Passeriformes)”, explica o chefe da Divisão de Fauna do órgão no Pará, Leandro Aranha. A multa para quem for flagrado transitando ou exibindo passeriformes em público é de R$ 500,00 por espécime, além de ter o animal apreendido, ainda que registrado e com anilha. Os limites para o tamanho do plantel e a reprodução de aves numa criação amadorista também ficaram mais rigorosos. Antes eram ilimitados, agora, cada criador pode ter 30 aves, no máximo, e 10 filhotes por ano. Quem tiver mais animais terá 12 meses (até 23 de dezembro de 2011) para alterar sua categoria para a de criador comercial, transferir as aves excedentes a terceiros ou ainda optar por imobilizar seu plantel (ou seja, ficar proibido de reproduzir ou transferir as aves). A nova instrução normativa, que foi discutida com lideranças do setor em Brasília, torna mais seguro todo o sistema que controla a criação de aves nativas em cativeiro, evitando que os criadouros autorizados pelo Ibama sejam usados para “esquentar” animais capturados na natureza. Criação legal Para adquirir passeriformes de maneira legal, o interessado deve primeiro obter a licença de criador amador, se registrando no site do Ibama (www.ibama. gov.br). Depois, entregar a documentação pedida numa unidade do instituto. Somente após cumprir estas exigências, o criador poderá receber de outro ou adquirir de um criadouro comercial aves legalizadas. As notas fiscais da compra dos animais devem ser guardadas para serem apresentadas à fiscalização. Fonte: Ibama

mar 2011 revista do meio ambiente

Agência FAPESP – Estima-se que cerca de 4 bilhões de espécies tenham vivido na Terra. Desse total que evoluiu no planeta nos últimos 3,5 bilhões de anos, nada menos do que 99% deixaram de existir. O número pode impressionar, mas não envolve nada anormal e demonstra como a extinção de espécies é algo comum e equilibrado pela própria especiação, o processo evolutivo pelo qual as espécies se formam. Eventualmente, esse balanço deixa de existir quando as taxas de extinção se elevam. Em alguns momentos, cinco para ser exato, as taxas são tão altas que o episódio se caracteriza como uma extinção em massa. Após as extinções em massa nos períodos Ordoviciano, Devoniano, Permiano, Triássico e Cretáceo – quando os dinossauros, entre outros, foram extintos –, cientistas apontam que a Terra pode estar se aproximando de um novo episódio do tipo. Em artigo publicado na edição de 03 de março da revista Nature, um grupo de cientistas de instituições dos Estados Unidos levanta a questão de uma eventual sexta extinção em massa. O artigo tem entre seus autores o brasileiro Tiago Quental, que durante a produção do estudo estava no Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia e desde fevereiro é professor doutor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. “Paleontólogos caracterizam como extinções em massa os episódios em que a Terra perde mais de três quartos de suas espécies em um intervalo geológico curto, como ocorreu apenas cinco vezes nos últimos 540 milhões de anos. Biólogos agora sugerem que uma sexta extinção em massa possa estar ocorrendo, por conta das perdas de espécies conhecidas nos últimos séculos e milênios”, disseram os autores. O estudo analisou como as diferenças entre dados modernos e obtidos a partir de fósseis e a influência de novas informações paleontológicas influenciam o conhecimento a respeito da crise de extinção atual.


extinçãoem massa

Scott Liddell (RGB Stock)

Tigre de Sumatra, clicado no zoológico de Edimburgo, Escócia: uma das espécies mais ameaçadas de extinção

“Os resultados confirmam que as taxas de extinção atuais são mais elevadas do que se esperaria a partir (da análise) dos registros fósseis, destacando a importância de medidas efetivas de conservação”, afirmaram. Como exemplo, citam que, nos últimos 500 anos, das 5,5 mil espécies de mamíferos conhecidas pelo menos 80 deixaram de existir. “Se olharmos para os animais em perigo crítico de extinção – aqueles em que o risco de extinção é de pelo menos 50% em três gerações ou menos – e assumirmos que seu tempo acabará e que eles sumirão em mil anos, por exemplo, isso nos coloca claramente fora do que poderíamos considerar como normal e nos alerta que estamos nos movendo para o domínio da extinção em massa”, disse Anthony Barnosky, curador do Museu de Paleontologia e professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, principal autor do estudo.

Nos últimos 500 anos, das 5,5 mil espécies de mamíferos conhecidas pelo menos 80 deixaram de existir

“Se as espécies atualmente ameaçadas – aquelas classificadas oficialmente como em risco crítico, em risco ou vulneráveis – realmente se extinguirem, e se essa taxa de extinção continuar, a sexta extinção em massa poderá chegar tão cedo quanto de três a 22 séculos”, disse. Entretanto, segundo os autores do estudo, não é tarde demais para salvar muitas das espécies em risco de modo a que o mundo não ultrapasse o ponto em retorno rumo à nova extinção em massa. “Ainda temos muita biota da Terra para salvar. É muito importante que direcionemos recursos e legislação para a conservação de espécies se não quisermos nos tornar a espécie cuja atividade causou uma extinção em massa”, afirmou. O artigo Has the Earth’s sixth mass extinction already arrived? (doi:10.1038/nature09678), de Anthony Barnosky e outros, pode ser lido por assinantes da Nature. Fonte: Agência FAPESP

revista do meio ambiente mar 2011


0 ambientalismo Marcbel (Wikipedia cc 3.0)

Deixar o carro em casa e, se o trajeto for curto, ir andando ou de bicicleta (isso é bom para o meio ambiente e para a saúde). Embora seja verdade que para conter as mudanças climáticas é necessário chegar a um acordo global vinculante pelo qual os governos do mundo se comprometam a limitar a quantidade de gases de efeito estufa, a contribuição de cada indivíduo, com a mudança de alguns hábitos, também é extremamente importante

Estação pública de empréstimo de bicicletas, em Barcelona

Mudanças climáticas:

e eu, o Que poSSo fazer?*

BBC Mundo – Diversos especialistas consultados pela BBC Mundo acreditam que a influência que as ações individuais podem ter – tanto pelo poder de compra que tem os cidadãos (que elegem ou descartam um bem ou serviço que pode ser prejudicial para o meio ambiente) como pela capacidade de pressionar e escolher políticos que, em último caso, são os que farão possíveis o alcance de um acordo para frear as emissões de CO2. Então, o que você pode fazer? Tudo depende dos meios a seu alcance e de o quão disposto você está em mudar seu estilo de vida. Aqui segue uma lista das cinco coisas mais importantes que poderá ser implementada individualmente – elaborada com a ajuda do Greenpeace, a organização ambientalista 350.org e o autor do Guia para uma vida mais verde, Mark Lynas – e que requer um esforço relativamente menor em relação aos benefícios que geram. 1. Não desperdice eletricidade: para reduzir o consumo, não deixe as luzes acesas nos ambientes onde não há ninguém e não deixe os aparelhos, como a TV, em standby, pois consomem cerca de 9% de energia que se utiliza em casa. Além disso, agasalhe-se em casa no inverno para a menor utilização do aquecimento, e se vista com roupas mais leves para usar menos o ar condicionado. 2. Deixe seu veículo em casa e use o transporte público: Se o percurso a ser realizado não é distante, vá de bicicleta ou andando. Assim, mar 2011 revista do meio ambiente

E você, está de acordo com essas sugestões? Tem outras melhores, ou medidas mais eficazes? Nesse caso, leia o blog e envie suas opiniões no formulário. http://www.bbc.co.uk/ blogs/mundo/blog_de_ los_editores/

*Tradução livre feita por Flavia Speiski dos Santos, estagiária do Instituto Brasil PNUMA, a partir de artigo do site do Escritório Regional do PNUMA para a América Latina

não estará somente cuidando do meio ambiente, mas também melhorando seu condicionamento físico. 3. De vez em quando, renova os aparelhos domésticos por outros mais modernos: Por exemplo, se precisar mudar de geladeira, assegure-se que a nova seja de classe A ou superior, pois isso irá consumir muito menos energia. Troque suas lâmpadas tradicionais por aquelas que consomem menos – apesar de serem mais caras, sua durabilidade é de oito vezes mais e gastam cerca de 80% a menos de energia do que os tradicionais. 4. Na hora de comprar, escolha produtos locais, de temporada e de produção ecológica, já que a agricultura, através do desmatamento, é um dos setores que mais contribui para a produção de gases de efeito estufa. 5. Exerça seu direito como cidadão e pergunte aos políticos o que eles estão fazendo para limitar as emissões de CO2. Além disso, com o seu voto, poderá apoiar ou não os líderes que são a favor da assinatura de um acordo vinculante para evitar o aumento da temperatura global. Portanto, as organizações ambientalistas acreditam que não é somente importante mudar certos hábitos, mas também difundir a mensagem e apoiar as iniciativas locais que ajudam a resolver o desafio frente às mudanças climáticas e seus impactos. Fonte: http://www.bbc.co.uk/mundo/

noticias/2010/11/101130_clima_que_hacer.shtml revista do meio ambiente jan 2011


agenda ambiental 2011 1

A REBIA divulga agenda de eventos ambientais no Brasil para os meses de abril a agosto deste ano. Acompanhe nas próximas edições os eventos para os outros meses

AGENDA AMBIENTAL 2011 S

ão quase 100 (cem) eventos, entre Encontros, Congressos, Fóruns, dos que a Rede Brasileira de Informação Ambiental (rEbiA) conseguiu receber informações, mas devem ter muito mais. Para atualizações, as informações devem ser encaminhadas para vilmar@rebia.org.br, que irá atualizando no Portal do Meio Ambiente na medida de nossas possibilidades. A rEbiA lembra que este é um serviço gratuito de divulgação e, como contrapartida, solicita aos organizadores dos eventos que, se acharem ter mérito, incluam o logo da rEbiA em seus sites e no material dos eventos na relação de apoiadores, com link para www.portaldomeioambiente.org.br As informações da rEbiA são distribuídas através da lista de 215.151 leitores cadastrados, aos mais de 4.000 membros dos Fóruns REBIA, entre os quais se incluem jornalistas ambientais, autores de blogs, sites, que reproduzem e ampliam nossas informações. Além disso, criamos uma página para os eventos na AGENDA do Portal do Meio Ambiente, que é visitado em média por 5.000 pessoas ao dia e publicamos esta relação de eventos na Revista do Meio Ambiente, em suas versões impressa e virtual, que totalizam cerca de 50.000 exemplares de tiragem. Os sites, veículos e blogs que desejarem estão autorizados a reproduzir este conteúdo informativo, bastando citar a fonte www.portaldomeioambiente.org.br/rEbiA. A fim de manter a gratuidade deste e de outros serviços, a rEbiA mantém parceria com a oSCiP PriMA, que oferece a possibilidade dos eventos neutralizarem suas emissões de CO2, uma forma de demonstrarem na prática o exemplo que querem ver na sociedade, com o diferencial de incorporar a educação ambiental ao plantio de árvores nativas. Para mais informações http://www.prima.org.br e na página do Portal do Meio Ambiente http://www.portaldomeioambiente.org.br/neutro-em-carbono.html. Para negociações: Ricardo Harduim - harduim@prima.org.br Também mantemos uma parceria com o Papel Semente, que poderá fornecer a folheteria do evento com a vantagem de, ao fim do evento, quando os crachás, folder, etc. perderem a validade, podem ser plantados e regados, dando origem a uma árvore ou flor. Para mais informações http://www.papelsemente.com.br e negociações com Andréa – andrea@papelsemente.com.br A rEbiA também está organizando um quadro de palestrantes qualificados que poderão nos ajudar a gratuidade de nossos serviços através do repasse de uma pequena parte do pró-labore que receberem. A rEbiA está aceitando novos palestrantes dispostos a ajudarem a serem ajudados, a oferecermos aos organizadores de eventos sempre novidades e um olhar amplo e diverso sobre as questões socioambientais e sobre sustentabilidade. Para mais informações: http://www.escritorvilmarberna.com.br/palestras.html Um abraço fraterno e ecológico do VILMAR S. D. BERNA – Editor (vilmar@rebia.org.br)

Um bom exemplo vale mais do que mil palavras As empresas, organizações, escolas, eventos ambientais poderão agregar ainda maior credibilidade a suas imagens institucionais e informações se demonstrarem que estão fazendo a sua parte. Pensando nisso, a REBIA associouse à OSCIP PRIMA para oferecer este serviço de cálculo de emissões de CO2 e sua neutralização através de medidas de maior ecoeficiência, entre as quais destaca-se o plantio de árvores nativas em número muito maior que o necessário para a minimização das emissões, contribuindo ainda para a conservação da biodiversidade, a produção de água por meio da recuperação de nascentes e matas ciliares, proteção de encostas e unidades de conservação. O diferencial deste serviço está na ênfase na educação ambiental, onde alunos, funcionários, comunidade são sensibilizados a se envolverem em todo o processo, para se tornarem consumidores mais responsáveis. Os eventos neutros em carbono receberão um certificado na abertura do evento, com apresentação de 20 minutos sobre a metodologia utilizada no caso, e poderão exibir o selo PRIMA/REBIA CO2 NEGATIVO. Se sua empresa, organização, escola ou evento pretende ser o exemplo que quer ver na sociedade, então peça um orçamento sem compromisso ao Prof. e biólogo Ricardo Harduim (harduim@prima.org.br) e se contar que soube dessa novidade pelo Portal do Meio Ambiente é só dizer para ganhar desconto no serviço! revista do meio ambiente mar 2011


2 agenda ambiental 2011 Abril Data

local

Evento

Site

Contatos

3a6

Natal (RN)

Nano Energy 2011

www.hopv.org/nanoenergy11/

(34) 964387555 / (34) 671517181

4a7

Memorial da América Latina, em São Paulo

IV Conferência Regional sobre Mudanças Globais: o Plano Brasileiro para um Futuro Sustentável

www.mudancasglobais.com.br

faleconosco@mudancasglobais.com.br

7a9

Finatec-UNB, Brasília (DF)

VI Infogeo, Simpósio sobre Solos Tropicais e Processos Erosivos no Centro-Oeste e o II Geocentro

www.geocentrooeste2011.com.br/

(62) 3251-1202 inscricoes@geocentrooeste2011.com.br contato@geocentrooeste2011.com.br

8a9

Anfiteatro do Instituto de Biociências - Unesp – Rio Claro (SP)

I Biocelmol – A Biologia Celular e Molecular Aplicada a Estudos Ambientais

www.tinyurl.com/ibiocelmol

(19) 3526-4234 1biocelmol@gmail.com

9

Instituto Mairiporã (SP) (www.im.br)

I Encontro de Gestão Ambiental - Uma Visão Multidisciplinar da Gestão Ambiental no Setor Público e Privado

www.encontrogestaoambiental.blogspot.com/

(11) 2803-0092 contato@jetroambiental.com.br

11

RMAI e Interação Ambiental – São Paulo (SP)

Encontro Técnico Política Nacional de Resíduos Sólidos

www.rmai.com.br

(11) 3917-2878 eventos@rmai.com.br

12

Centro de Convenções Brasil 21 – Brasília (DF)

VII Fórum Acende Brasil – Licenciamento Ambiental: a Busca da Eficiência

www.acendebrasil.com.br

tania.regina@acendebrasil.com.br

11 e 12

Abes Paraná

Simpósio Tratamento Anaeróbico: Teoria, Aplicação e Desafios da Operação

www.canalagua.com.br/noticias/ver/118-simposiotratamento-anaerobio.html

11 a 13

Erechim (RS)

II Seminário sobre Estudos Limnológicos em Clima Subtropical

www.uri.com.br/new/site/informacao.php

(54) 3520-9000 – ramais: 9049 e 9195 semlimno@uricer.edu.br

11 a 14

Passo Fundo (RS)

IV Simpósio Nacional da Água

conference.arenainterativa.com.br/ snsuag2011/

(54) 3316-8371 – ramal: 8677 coaju@upf.br / cbhpf@upf.br

12 a 13

Bourbon Convention Center, São Paulo, (SP)

IV Encontro de Usuários ESRI para Energia (Sistemas de Informações Geográficas - GIS)

www.img.com.br/utilities/energia2011/index.asp /

(12) 3946-7799 encontroenergia2011@img.com.br

13 a 15

Universidade Federal de Sergipe

1° Encontro Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (Eica)

http://licaufs.blogspot.com/

eica2011.ufs@gmail.com

13 a 15

Sorocaba (SP)

I Simpósio de Meio Ambiente e Tecnologia Florestal

www.sorocaba.ufscar.br/simatef/index.html

simatef2011@gmail.com

13 a 15

Horto Florestal Mogi Guaçu (SP)

Expoforest 2011 – Feira Florestal Brasileira

www.expoforest.com.br

(41) 3049.7888 contato@expoforest.com.br

17 a 19

ESALQ/USP, Piracicaba (SP)

V Congresso Brasileiro de Biometeorologia: “Mudanças Climáticas: Impactos e Consequências nos Seres Vivos”

www.infobibos.com/vcbb/index.html

(19) 3014-0148 / (19) 8190-7711 / (19) 9112-1952 nextel (19) 7811-7442 id: 99*10452 – Elaine Abramides eabramides@terra.com.br

17 a 20

Santos (SP)

V Simpósio Brasileiro de Oceanografia

www.vsbo.io.usp.br

sbo2011@gmail.com twitter: @sbo_2011 – (11) 3091-6653

21 a 23

Farol de Santa Marta (SC)

1º Encontro Nacional de Ativistas Ambientalistas

http://encontroativistas.blogspot.com

Osverdestapes@gmail.com

24 a 27

Bento Gonçalves (RS)

Fiema Brasil – Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente - 5ª edição

www.fiema.com.br

(54) 3055-3225 fiema@fiema.com.br

26 a 27

Centro Convenções do WTC, São Paulo (SP)

Agromanagement 2011 – I Fórum de Gestão e Liderança no Agronegócio

www. agromanagement2010.com.br

(19) 3709-1100 imprensa@agromanagement2010. com.br

26 a 28

São Paulo (SP)

VI Feira Internacional de Resíduos Sólidos – Resilimp

www.feirasnacipa.com.br/resilimp1/

(11) 5585-4355

28 e 29

Centro Universitário Salesiano de Lorena – Unisal (SP)

I Seminário de Sustentabilidade – Vale do Paraíba e Serra da Mantiqueira

http://ambienteregionalagulhasnegras.blogspot. com/2011/03/seminario-regional-vai-debater.html

(12) 3152-2033 ramal 253 Roberta Werneck – Unisal Lorena projetos@lo.unisal.br

MAio Data

local

Evento

Site

Contatos

1a4

II Simpósio Nacional de Geografia Política, Território e Universidade Estadual do Oeste do Poder e I Simpósio Internacional de Geografia Política e Paraná – Unioeste, Foz do Iguaçu (PR) Territórios Transfronteiriços

www.nilsonfraga.com.br/geosimposio/evento.php

4a7

Expounimed Curitiba (PR)

Reciclação 2011 – Feira Brasileira de Reciclagem

www.montebelloeventos.com.br/reciclacao2011

RMAI e Interação Ambiental - São Paulo

Encontro Técnico Emissões Atmosféricas

www.rmai.com.br

(11) 3917-2878 eventos@rmai.com.br

6a8

ESALQ, Piracicaba (SP)

VIII Siga - Seminário de Integração para Gestão Ambiental

http://esiga.org.br/

(19)3429-4444 – ramal 8703 (11) 8606 0157 / (11) 7260-6618 odaleiaq@terra.com.br ane.afonso@gmail.com

10 a 12

Porto Alegre (RS)

II Fórum Internacional de Gestão Ambiental - “Água e Comunicação: Uma Relação Vital”

www.figambiental.com.br/Default.aspx

(51) 3226-6619 / 3226-6656 figa@inoveeventos.srv.br

11 a 13

Centro de Eventos da PUCRS – Porto Alegre (RS)

Eracs 2011 – Energias Renováveis e Alternativas no Cone Sul

www.eracs.org.br

(51) 3225-9169 eracs@sinalcom.com.br

17 a 19

Cidade Universitária, Macaé (RJ)

IV Feira de Responsabilidade Social Empresarial Bacia de Campos

www.feirarsebaciadecampos.com.br

(22) 2772.0266 Revista visão socioambiental www.visaosocioambiental.com.br

18 a 20

Vila Velha (ES)

3º Seminário Regional Sudeste de Resíduos Sólidos & IX Sesma/Abes (ES)

www.abes-es.org.br

(27) 3324-5211 abes@abes-es.org.br

18 a 20

Campus da Unip - Mirandópolis, São Paulo (SP)

3º Workshop Internacional sobre Avanços em Produção Mais Limpa

www.advancesincleanerproduction.net

20 e 21

Londrina (PR)

IV Edição do Congresso Nacional de Responsabilidade Socioambiental – Novos Paradigmas para a Sustentabilidade

www.cnrs.com.br/sobre.html

(43) 3037-3266 cnrs@abtdpr.com.br

24 e 25

Rio de Janeiro (RJ)

Seminário Sistemas Inteligentes de Transportes - Coppe

www.eng.uerj.br/noticias/1274115922

(21) 2262-9401 – Cristiana Iop cristiana.iop@planejabrasil.com.br

23 a 27

Rio de Janeiro (RJ)

XIV Encontro Nacional da Anpur (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional)

www.xivenanpur.com.br

5

mar 2011 revista do meio ambiente


MAio Data

local

Evento

Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna V Cobradan – Congresso Brasileiro de Defensivos (SP) Agrícolas Naturais

Site

Contatos

www.cnpma.embrapa.br/nova/mostra2.php3 /

cobradan-l@cnpma.embrapa.br

Poços de Caldas (MG)

8º Congresso Nacional de Meio Ambiente de Poços de Caldas

www.meioambientepocos.com.br/programa.asp gsc eventos especiais

(35) 3697-1551

27

RMAI e Interação Ambiental São Paulo (SP)

Encontro Técnico Emergências Ambientais e de Segurança

www.rmai.com.br

(11) 3917-2878 eventos@rmai.com.br

31/05 e 1º e 2/06

Campo Grande (MS)

III Mostra de Soluções Sustentáveis

www.capital.ms.gov.br/meioambiente

(67) 3314-3293/3294 mostrasustentavel@gmail.com

24 a 26 25 a 27

JUNHo Data

local Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo (SP)

1a3 1a3 4

Evento

Site

Contatos

Eco Business 2011

www.ecobusiness.net.br/feira

(11) 2387-7678 mes@meseventos.com.br

JW Hotel Marriot – Copacabana, Rio de Janeiro (RJ)

1º Seminário Internacional Sobre Sustentabilidade em Estações de Tratamento de Esgotos / Abes (RJ)

www.abesrio.org.br/eventos/24-1o-seminariointernacional-sobre-sustentabilidade-emestacoes-de-tratamento-de-esgoto.html

(21)2277-3915 / 2277-3916 katia.bella@abes-dn.org.br tamara.silva@abes-dn.org.br

Rio de Janeiro (RJ)

Evento Limpando & Reciclando

www.institutoaqualung.com.br/limpeza.html

5a9

Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá

XVIII Congresso Brasileiro de Ornitologia

http://avesmatogrosso.blogspot.com/search http://congressodeornitologiamt.blogspot.com

8a9

UFRGS, Porto Alegre (RS)

Produção + Limpa: IV Seminário sobre Tecnolocias Limpas e VI Fórum Internacional de Produção Mais Limpa

www.abes-rs.org.br/tecnologias2011/

tecnologiaslimpas@officemarketing. com.br

8 a 10

Sede do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Tefé (AM)

VIII Sap – Seminário Anual de Pesquisa

www.mamiraua.org.br/pagina. aspx?cod=272&xcod=8

Eunice Venturi eunice.venturi@gmail.com

13 a 15

Centro de Eventos FIERGS, Porto Alegre (RS)

3° Fórum Internacional de Resíduos Sólidos

www.institutoventuri.com. br/forum2011/site/capa/

(51) 3024-4008 / (51) 3347-8636 forum@institutoventuri.net.br simbiose@institutoventuri.net.br

JUlHo Data

local

Evento

Site

Contatos

RMAI e Interação Ambiental São Paulo (SP)

Encontro Técnico Tratamento e Reutilização de Efluentes

www.rmai.com.br

(11) 3917-2878 eventos@rmai.com.br

9a8

Universidade Federal de Alagoas/ Centro de Tecnologia – Laboratório de Estruturas e Materiais, Maceió (AL)

Enarc 2011: II Encontro Nacional sobre Aproveitamento de Resíduos na Construção Civil – II Seminário sobre Resíduos Sólidos na Construção Civil

www.enarc2011.lccv.ufal.br

(82) 3214-1287 Girley Vespaziano Ou Vanessa

10 a 15

Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia (GO)

63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)

www.sbpcnet.org.br/goiania/sobre/

Acadêmica Agência de Comunicação (11) 5549-1863 / 5081-5237 / 9912-8331 imprensa@sbpcnet.org.br

11 a 16

Universidade Federal da Grande Dourados (MS)

XIV Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada: “Dinâmicas Socioambientais das Inter-Relações às Interdependências”

www.xivsbgfa.com.br/index.php

xivsbgfa@ufgd.edu.br

18 a 21

Palácio das Convenções do Anhembi, São Paulo

12º Simpósio de Controle Biológico: “Mudanças Climáticas e Sustentabilidade: Quebra de Paradigmas”

www.seb.org.br/siconbiol2011

21 a 24

Campus Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR)

31º Congresso Brasileiro de Espeleologia

www.sbe.com.br/31cbe.asp

(19) 3296-5421 31cbe@cavernas.org.br secretaria@cavernas.org.br

23

Centro de Convenções do Novotel Center Norte – Vila Guilherme (SP)

VII Conferência de Pequenas e Grandes Centrais Hidrelétricas Mercado & Meio Ambiente

www.conferenciadepch.com.br/index.php

CERPCH - (35) 3629-1443 Fax: (35) 3629.1439 pchcomunicacao@unifei.edu.br

26 a 28

Centro de Eventos São Luis, em São Paulo (SP)

Fibops – Feira e Congresso Internacional de Boas Práticas Socioambientais

www.fibops.com.br

(11) 3257-9660 Kathellym Santos kat@maisprojetos.com.br

31/07 a 5/8

Uberlândia (MG)

XXXIII Congresso Brasileiro de Ciência do Solo

www.cbcs2011.com.br/index.php

(43) 3025-5223 cbsolos@fbeventos.com

7

AGoSTo Data

local

1a3

Pavilhão Branco - Expo Center Norte, São Paulo (SP)

XXIII Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente

www.fenasan.com.br/index.php

(11) 3868-0726 fenasan@acquacon.com.br

3a4

Novotel Center Norte, Vila Guilherme, São Paulo (SP)

VII Conferência de Pequenas e Grandes Centrais Hidrelétricas

www.conferenciadepch.com.br/index.php

(35) 3629-1443 / Fax: (35) 3629-1439 skype ID: adrianapch1 pchcomunicacao@unifei.edu.br

5

RMAI e Interação Ambiental São Paulo (SP)

Encontro Técnico Licenciamento e Responsabilidades Ambientais

www.rmai.com.br

(11) 3917-2878 eventos@rmai.com.br

7 a 12

Sheraton Rio Hotel & Resort, Rio de Janeiro

XIV Conferência Internacional de Eletricidade Atmosférica – Icae 2011

www.icae2011.net.br/index.pt.html

icae2011@inpe.br

Campos do Jordão (SP)

1ª Conferência Brasileira de Tecnologia e Ciência de Bioenergia

http://bbest.org.br/

bbest@bbest.org.br

Curitiba (PR)

Biotech Fair 2011 e VI Congresso Internacional de Bioenergia

www.eventobioenergia.com.br/feira/br/index.php

(54) 3226-4113 contato@bioenergia.net.br

RMAI e Interação Ambiental São Paulo (SP)

Encontro Técnico Gerenciamento de Resíduos

www.rmai.com.br

(11) 3917-2878 eventos@rmai.com.br

Pirenópolis (GO)

Nsat 2011 - Simpósio Brasileiro de Solos Não Saturados

www.nsat2011.com.br

nsat2011@nsat2011.com.br

14 a 18 16 a 19 25 29 a 31

Evento

Site

Contatos

Confira a Agenda Ambiental completa no Portal do Meio Ambiente. (novos eventos são sempre atualizados)

revista do meio ambiente mar 2011


44 ambientalismo

Saco é um Campanha do MMA evita consumo de 5 bilhões de sacolas plásticas

sACo

Cerca de cinco bilhões de sacolas plásticas deixaram de ser consumidas em um ano e meio de campanha Saco é um Saco. A meta da campanha era atingir 10% de redução de sacolas plásticas até o final de 2010, tendo como base o ano de 2009, quando foram produzidas 15 bilhões de sacolas no Brasil. A meta foi ultrapassada, chegando a 33% de redução. De acordo com a coordenadora técnica da campanha no Ministério do Meio Ambiente, Fernanda Daltro, trata-se de um “resultado coletivo motivado pelo debate nacional sobre o consumo de sacolas plásticas”. Esse número reúne as estimativas levantadas pelas três maiores redes de supermercado no País (Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour), pelas cidades que baniram as sacolas voluntariamente, como Xanxerê (SC) e Jundiaí (SP) e pelo Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, da indústria do plástico. Durante a campanha foram produzidos 19 spots de rádio, três filmes para TV e cinema – exibidos no canal Futura e nas salas de cinema da rede Rain –, e dois concursos culturais. Além disso, o uso de ecobags foi estimulado por vendas e distribuição gratuita. A rede Pão de Açúcar, por exemplo, vendeu 200 mil sacolas retornáveis em 2010.O Ministério do Meio Ambiente, por sua vez, distribuiu outras 200 mil ecobags. Com criatividade os supermercadistas buscaram voluntariamente alternativas para favorecer a mudança de comportamento do consumidor. O WalMart criou o programa “Cliente Consciente Merece Desconto”, oferecendo desconto de R$ 0,03 a cada cinco itens adquiridos. O desconto é calculado diretamente nos caixas das lojas. Para ganhar o desconto, pode-se utilizar qualquer embalagem alternativa às sacolas plásticas, como sacolas retornáveis, caixas de papelão ou carrinhos de feira. Já o Pão de Açúcar passou a oferecer pontos no cartão fidelidade aos clientes que recusarem sacolas plásticas e a empresa de produtos de higiene Kimberly-Clark incluiu alças às embalagens de papel higiênico, para que o consumidor não precise de uma sacola plástica para carregar seu pacote. Além dessas empresas, a campanha contou com outros parceiros que agregaram esforços, como Carrefour, CPFL, Livraria Saraiva, CNT, Rádio Câmara, Vivo, Gol Linhas Aéreas e instituições de referência no tema consumo consciente como Instituto Akatu e WWF. Vários artistas se engajaram na campanha. Entre eles, a apresentadora Xuxa, as atrizes Maitê Proença, Christiane Torloni e Carla Camurati, e personalidades como José Júnior do Afroreggae e o surfista Teco Padaratz, que gravaram spots veiculados em mais de duas mil rádios comunitárias e comerciais. Consciência ecológica coletiva Durante os 18 meses de campanha, reduzir o consumo de sacolas plásticas passou a ser consequência do debate promovido com a sociedade brasileira sobre a tragédia socioambiental causada pelo consumo excessivo de sacolas plásticas, bem como do engajamento dos consumidores e do setor varejista na causa. Para a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, Samyra Crespo, ao mobilizar a sociedade brasileira em torno do tema ‘consumo consciente de sacolas plásticas’, “a campanha estimulou o pensamento mar 2011 revista do meio ambiente

crítico acerca de como consumimos e que impacto este consumo tem no meio ambiente e em nossa qualidade de vida. Provocou varejistas, industriais, o poder público em vários estados e municípios, e também consumidores, a encontrar soluções”. “O ciclo de mudança dos padrões de produção e consumo no Brasil começou”, comemora Samyra. “Colocando o País em sintonia com os esforços internacionais e proporcionando aos brasileiros compartilhar a consciência ecológica coletiva.” O que vem por aí Com o pontapé inicial dado pela campanha, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) se animou e estipulou metas de redução para o setor varejista, atingindo aproximadamente 76 mil estabelecimentos espalhados por todo País. Trata-se de pacto setorial firmado com o MMA que prevê a redução em 30% das sacolas plásticas nas lojas de todo o País até 2013 e 40% até 2014, tendo como base os números de produção de 2010, estimads em aproximadamente 14 bilhões. Algumas redes de supermercados estabeleceram suas próprias metas, como o Walmart que pretende reduzir em 50% até 2013 e o Carrefour que deseja banir as sacolas plásticas em suas lojas até 2014. E a conscientização continua, pois como alerta o slogan da campanha: “Saco é um Saco: pro Planeta, pra Cidade, pro Futuro e pra Você”. As cartilhas da campanha podem ser acessadas no site www.mma.gov.br/consumosustentavel


Igreja em Hof, Islândia

Cobertura

Ira Goldstein - (Wikipedia - cc 3.0)

soluções ambientais 5

verde

Um conceito barato e ecológico para a engenharia civil

Entre os conceitos da construção sustentável, o da cobertura verde de casas e prédios talvez seja o menos conhecido e o que pode causar mais estranhamento. Na cobertura verde a ideia é construir um “telhado vivo” através do depósito de terra e da plantação de grama no topo das construções. Os tetos verdes já são velhos conhecidos da humanidade, com registros do uso desta técnica de construção de engenharia civil desde os tempos da antiga Babilônia (século 6 A.C.). Na Alemanha do século 19 também era muito comum o uso de coberturas verdes nas construções das casas rurais, pois tais coberturas tornavam a construção mais barata e protegiam as casas contra incêndios. Mas afinal, qual a vantagem de se cultivar um gramado no topo de uma construção? Confira abaixo algumas das vantagens, apresentadas através do conceito de construção sustentável: • A cobertura verde é barata e pode reduzir os custos da obra sendo vantajosa do ponto de vista da engenharia civil. • Ela é uma excelente isolante acústica protegendo a casa da poluição sonora da vizinhança (ideal para grandes cidades!) • A cobertura verde ajuda na filtragem da água da chuva, que assim pode ser reutilizada com mais segurança. • A poeira do ar nas vizinhanças da cobertura verde acaba sendo retida pelas plantas o que torna o ar mais puro Mas como nem tudo são vantagens, a cobertura verde em relação ao telhado tradicional tem a desvantagem de precisar de manutenção: de tempos em tempos a grama deve ser aparada e também folhas e pedaços secos de planta devem ser retirados das calhas para evitar entupimento. Fonte: www.guiadacarreira.com.br

formando cidadãos

conScienteS

Dez dicas para aplicar a educação ambiental A educação ambiental tem se tornado um importante tema a ser aplicado dentro das escolas ou mesmo para grupos de pessoas fora dela. A seguir, mostro 10 dicas de aplicação da educação ambiental: 1- Promova debates na escolas: se você é professor, tente organizar um debate entre os alunos em torno de um determinado tema ambiental. O debate os ajudará a obter um nível de consciência mais elevado em relação aos problemas ambientais; 2- Crie um blog ambiental em grupo: um blog sobre ambientalismo que seja atualizado diariamente exige que o grupo de pessoas que o alimentam estejam em constante contado com a temática ambiental; 3- Visitar uma desentupidora e ver como ela trabalha é uma forma de se educar para a limpeza urbana. Visite uma empresa desentupidora: as desentupidoras são, naturalmente, empresas ambientais. Elas trabalham com limpeza, higienização e desentupimentos nas grandes e pequenas cidades do Brasil e do mundo; 4- Visite uma Ong ambiental: Ongs como o Greenpeace podem representar um grande upgrade em termos de educação ambiental; 5- Realize um passeio ecológico: reúna seu grupo e vá até o parque estadual Jaraguá, por exemplo. Realize uma das trilhas na presença de um guia ou guarda florestal que conheça a área e que saiba expor os problemas ambientais do lugar; 6- Crie e execute um projeto ambiental: criar um projeto ambietal que vise a sustentabilidade pode ser uma forma muito empolgante de realizar algo em prol da natureza. Além de aprender mais, o grupo estará atuando de forma direta para a melhoria ambiental; 7- Faça um mutirão ambiental: separe um dia na sua agenda e na agenda dos seus vizinhos para realizar um dia de coleta seletiva em grupo pela cidade. Com criatividade, pode-se transformar esse mutirão em algo educacional. Além disso, se o mutirão tornar-se uma prática anual, tem grandes chances de se tornar uma coisa tradicional em sua cidade. Imagine um mutirão ambiental que começou com algo em torno de cinco vizinhos e dez anos depois mobiliza a metade de uma cidade; 8- Invente um jogo ambiental: se você tem conhecimentos avançados em informática, poderá juntar-se com amigos que tenham conhecimentos sobre ambiente e sustentabilidade para a produção de um jogo educacional que poderá ser distribuído em escolas e faculdades; 9- Realize um evento futebolístico em prol do ambiente: brasileiro é apaixonado por futebol e você poderá usar isso como trampolim para a educação ambiental. Se a sua cidade possui dois bons times de futebol, com alguma autorização, você poderá apresentar durante o intervalo da partida, um pequeno espetáculo que fale sobre motivos ambientais. Você terá grandes chances de espalhar sua mensagem para um grande público; 10- Organize um protesto: as cidades grandes possuem vários problemas ambientais tais como entupimento de galerias, esgoto a céu aberto, rios poluídos. Mobilizar as pessoas para a realização de um protesto pacífico pode ser uma forma de educar as pessoas que moram em torno do problema e ainda, de chamar a atenção das autoridades.

Fonte: www.aquarelladesentupidora.com.br/blog/10-dicas-educacao-ambiental-desentupidoras/

revista do meio ambiente mar 2011


texto Maurício Cabral*

ambientalismo

Aterro sanitário não atende as deficiências do bairro, para trocarmos obras por lixo. Isso não é atitude de uma prefeita muito menos de um governador Em São Gonçalo (RJ), município na região metropolitana, no entorno da Baía de Guanabara, a comunidade vai sofrer mais um duro golpe com perda de qualidade de vida e do valor de suas propriedade. Contariando a Lei Orgânica do Município de São Gonçalo, a Prefeitura da Cidade e o INEA (Instituto Estadual do Ambiente), liberaram a instalação de um aterro sanitário na última área verde de São Gonçalo, no bairro Anaia Pequeno. Trata-se da Central de Tratamento de Resíduos – CTR Alcântara, contemplando um Aterro Sanitário de Residuos Solidos Urbanos Domiciliares e um Aterro Industrial de Resíduos Classe II - não perigosos, com capacidade projetada para receber 2.500 toneladas/dia, Unidade de Tratamento de Chorume, Unidade de Tratamento de Resíduos de Serviços de Saúde, Unidade de Beneficiamento de Resíduos da Construção Civil e Unidades de Apoio, proposto para o Anaia Pequeno. O município dispõe de poucos recantos onde a natureza, mal ou bem, conseguiu se manter

mar 2011 revista do meio ambiente

Anaia Pequeno pede

SoS urgente! preservada e é exatamente nesta região, entre os bairros de Ipiíba, Jóquei, Vila Candoza, Anaia Grande, Bairro Eliane, Engenho do Roçado, dentre outros, que as autoridades escolheram para despejar o lixo de vários municípios, como a própria São Gonçalo e também Niterói e Maricá. As famílias da região estão apavoradas, pois suas ruas virarão rota dos caminhões de transporte contendo todo o descarte destes municípios, além de ter suas propriedades adquiridos com o sacrifício de uma vida inteira, desvalorizadas pela hipótese desta instalação. Há cerca de 2 anos os moradores destas regiões se mobilizaram para impedir esta manobra ilegal da Prefeitura de São Gonçalo. A resposta foi positiva e o aterro foi suspenso. Agora a Prefeitura volta a carga sem comunicar aos habitantes da reativação deste abominável projeto, pegos de surpresa, os moradores pedem socorro as autoridades para impedir esta aberração administrativa, mais uma, da Prefeita Aparecida Panicetti que teria teria pedido, pessoalmente, a Marilene Ramos, presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), agilidade no processo de concessão do licenciamento. Para vereadores do município, a pressa neste caso não é um bom indicativo. O Centro de Tratamento e Disposição Final de Resíduos Sólidos de Alcântara (CTR) recebeu a Licença Prévia em fevereiro. A empresa responsável pelo empreendimento (Haztec) ainda não deu entrada no requerimento para a concessão da Licença de Instalação, a segunda fase do processo de licenciamento. Ou seja, a luta dos moradores continua.



IMPRESSO R GA A TID

DR RJ

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ano V • ed 34 • março 2011

SIM, quero ser assinante-colaborador da REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental, uma organização sem fins lucrativos, assegurando meu livre acesso ao conteúdo do PORTAL DO MEIO AMBIENTE (www.portaldomeioambiente.org.br) e o recebimento da versão impressa e gratuita da REVISTA DO MEIO AMBIENTE sempre que for editada. Declaro concordar com o pagamento de R$ 100,00 (cem reais) referentes às despesas de manuseio e de postagem de 12 (doze) edições impressas, que receberei uma a uma, independente do tempo que dure. Farei o pagamento através de depósito bancário no Banco Santander, Agência 0973, C/C 7006771-5, em favor da PRIMA – MATA ATLÂNTICA E SUSTENTABILIDADE – CNPJ nº 06.034.803/0001-43, parceira da REBIA neste projeto pela democratização da informação socioambiental no Brasil. Após o pagamento, informarei pelo e-mail vilmar@rebia.org.br a data, hora e valor do depósito e os dados completos (nome completo, endereço completo) a fim de receber meus exemplares.

ÃO

CUPOM DO ASSINANTE

Aqui o seu anúncio é visto por quem se importa com o meio ambiente

DE VO LU Ç

Guia do Meio Ambiente

Revista do Meio Ambiente Redação: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba, Niterói, RJ CEP 24370-290 Telefax: (21) 2610-2272


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