Revista do Meio Ambiente 68

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revista do meio Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br

Seu cachorro realmente

te ama

ano VIII • fevereiro 2014

68 9772236101004

ISSN 2236-1014

AmBIeNTe Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

Brasil é o 77º em ranking de desempenho ambiental Estado do Mundo: a sustentabilidade ainda é possível Como fazer captação de água de chuva Brasil: apenas 13 alimentos tem fiscalização de agrotóxicos




4 nesta edição

18

18 capa

Seu cachorro realmente te ama, descobrem cientistas por Jéssica Maes

13 download

Estado do Mundo: a sustentabilidade ainda é possível

19 sustentabilidade

Brasil é o 77º em ranking de desempenho ambiental por Fabiano Ávila

13

Como fazer captação de água de chuva

26

30 saúde & meio ambiente

Brasil: apenas 13 alimentos tem fiscalização de agrotóxicos por Andrea Freitas, Clarice Spitz e Eliane Oliveira

5 • Boas notícias ambientais, porque mudanças requerem esperança

6 • Alterações climáticas fazem mudar a economia global 7 • Efeito de calor extremo, mancha escura de 800 km cobre litoral do RJ até SC

8 • Lovelock: “Aquecimento global é inevitável e 6 bi morrerão”

10 • Com sucessivos recordes de consumo, a energia

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Foto de capa: Hector Landaeta (SXC)

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fev 2014 revista do meio ambiente

solar mostra seu potencial • Este avião vai mudar o mundo dos negócios • Plantas raras do Brasil • Indique um Campeão da Terra • 10 coisas incríveis que você não sabia sobre os animais • Incinerando poluentes da água – com água • Reservatórios de Centro-Oeste e Sudeste têm em média 40% da capacidade • Conheça alguns plásticos e os processos de reciclagem aplicados a eles • Reciclagem de entulho é um empreendimento viável • Shell não vai explorar Ártico este ano • O que acontece no Ártico não fica só no Ártico • Agrotóxico pode causar câncer e alterações na puberdade • 8% dos mais ricos do mundo concentram metade da renda global • Vovó Julieta e a educação ambiental no Brasil • Sai Minc, entra Índio da Costa • Índio da Costa anuncia nova presidente do Inea • Guia do Meio Ambiente

Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas veiculados através dos veículos de comunicação da Rebia expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

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22 água

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boas notícias ambientais, por que mudanças

Que o meio ambiente e o Planeta estão Passando Por uma crise ambiental sem Precedentes, todo mundo sabe. Que o principal responsável por esta crise é nossa própria espécie, também. Não é preciso muito esforço para identificar problemas ambientais aqui e ali. Isso, a mídia de uma maneira geral faz com certa competência e honestidade. Assim como a divulgação dos problemas cumpre um importante papel – ao fazer avançar a consciência ambiental da sociedade, que, por sua vez passa a exigir mais e mais de empresas e autoridades – a divulgação das boas práticas transmite esperança e motivação para as mudanças que a sociedade quer e precisa fazer no rumo da sustentabilidade. Também queremos divulgar o que está dando certo, o que está sendo feito efetivamente por governantes, empresários, comunidades, para solucionar problemas socioambientais e para isso precisamos e pedimos a ajuda de quem acredita que também é importante dar divulgação às boas práticas como estratégia para motivar a sociedade no rumo das mudanças para a sustentabilidade. Entretanto, devemos demonstrar as evidências dessas mudanças, o antes e o depois. Os sonhos são importantes, pois boas práticas costumam ser antecedidas por boas ideias, entretanto, sonhar apenas não é suficiente para mudar a realidade. E entre o ideal e o possível, quase sempre, é preciso abrir mão de sonhos, ajustar percepções, dialogar com os diferentes, nunca uma tarefa fácil, mas absolutamente necessária numa democracia. Dificuldades todos têm, mas onde alguns se contentam com desculpas para não fazer, outros arranjam um jeito de fazer. Graças a eles, a crise ambiental não está pior e talvez tenhamos evitado o colapso, até aqui. * Vilmar é escritor e jornalista, fundou a Rebia - Rede Brasileira de Informação Ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente), e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas

dificuldades todos têm, mas onde alguns se contentam com desculpas para não fazer, outros arranjam um jeito de fazer

Matteo Canessa (sxc.hu)

requerem esperança

texto Vilmar Sidnei Demamam Berna* (www.escritorvilmarberna.com.br)

editorial 5

revista do meio ambiente fev 2014


alterações climáticas

fazem mudar a economia global NASA Earth Observatory

texto Serguei Duz

6 mudanças climáticas

Foto do satélite noAA’s GoEs-East da nasa, em 11 de fevereiro, mostra uma grande tempestade de inverno que levou neve, granizo, gelo e temperaturas frias a uma parte dos Estados Unidos que não costuma ver muito disso: texas oriental às Carolinas

os esPecialistas mostram-se bastante alarmados: as alterações climáticas ultraPassaram o âmbito da ciência, chegando a ser uma Questão de imPortância nacional. elas Podem ser consideradas como um novo fator estrutural da economia mundial. Ao mesmo tempo, os especialistas alertam contra as tentativas de caracterizar as mudanças climáticas globais como apenas aquecimento. Mesmo se for assim, o processo que se dá na realidade é muito mais complicado. Ele passa por alternação de períodos de aquecimento e esfriamento, mantendo em geral uma tendência de longo prazo à elevação das temperaturas. É mais justo dizer que estamos presenciando hoje uma mudança climática global caracterizada pelo aumento, por um lado, da intensidade dos extremos meteorológicos e, por outro, a repetitividade mais frequente dos fenômenos naturais perigosos e anomalias climáticas. O que os especialistas denominam de “crescimento da conflituosidade na natureza”. O problema já não se reduz apenas ao dilema sobre se o aquecimento está ocorrendo ou o esfriamento, nem tampouco tem a ver com o grau de culpa da humanidade. A discussão mudou-se para o plano de interesses objetivos, a teoria cedeu lugar à prática, a escolha tática relegou para segundo plano a estratégia. E verificou-se que o impacto do clima sobre a economia real é ambíguo. Pois, de tudo se pode tirar proveito, segundo acredita Konstantin Simonov, presidente do Fundo de Segurança Energética Nacional: “Não é um fato consumado que é o aquecimento global que acontece. Eu falaria mais bem nas mudanças do clima e anomalias naturais, o que estamos presenciando na realidade. É uma evidência dos problemas ambientais globais, mas não do aquecimento global. A julgar pelo estado do tempo, devemos tratar do esfriamento global. Contudo, não existem quaisquer estatísticas exatas que permitam tirar uma conclusão expressamente unívoca. No que respeita ao impacto das anomalias na economia, é igualmente ambíguo. Com certeza, os desastres naturais paralisam a atividade econômica. fev 2014 revista do meio ambiente

em meio às presentes anomalias naturais em algumas outras partes do mundo, a mídia internacional voltou a explorar novamente o tema das consequências da mudança climática enfrentada pela civilização humana Mas há sempre alguns pontos positivos. Quando a Europa assolada por frios consome mais energia, os preços do gás natural sobem. E quem se beneficia com isso? São os produtores e vendedores, ou seja, a Rússia, entre outros.” De acordo com especialistas, o mundo do negócio deve considerar as mudanças do clima como fator da luta competitiva. Porque estes processos levarão a uma redistribuição em grande escala dos mercados, na qual serão envolvidos todos os setores sem exceção: agricultura, seguros, transportes, construção, indústria do lazer, ramo imobiliário, geologia econômica, produção de alimentos, saúde pública, mineração e até finanças. Eis um comentário a respeito do economista Alexander Abramov: “Os primeiros a ganhar com isso serão os setores relacionados com o desenvolvimento das fontes alternativas de energia, de geradores eólicos a reatores termonucleares. Entre os setores potencialmente mais afetados poderão constar a produção de carvão e a de petróleo. A produção de gás, pelo contrário, poderá passar a ocupar uma posição privilegiada. Serão afetadas as produções classificadas como poluentes. Por exemplo, grandes usinas siderúrgicas de baixa tecnologia, todas as empresas que expelem à atmosfera elevadas quantidades de dióxido de carbono e ainda aquelas que sejam incapazes de passar a implementar a nova tecnologia.” As alterações climáticas globais já estão afetando a economia mundial. Se a tendência negativa se preservar, é de esperar no futuro os choques mais sensíveis. No entanto, acredita-se que tal instabilidade promove o progresso científico e tecnológico, “desperta a humanidade da hibernação”. Mas devemos começar a nos preparar para o novo desde já, com antecipação, para que as novidades não nos peguem de surpresa. FontE: VozdARússIA


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efeito de calor extremo, mancha escura de 800 km cobre litoral do rJ até sc

NASA Earth Observatory

muito acima do normal, temperatura do oceano contribui para a “floração” da Myrionecta rubra

o satélite aQua, da nasa, não deixou Passar: tem uma mancha escura gigantesca, de cerca de 800 km de extensão, rondando uma faixa litorânea Que desce do rio de Janeiro até santa catarina. A imagem, capturada no dia 19 de janeiro deste ano, mostra um aglomerado de microorganismos provavelmente da espécie Myrionecta rubra, um protista ciliado que vive de fotossíntese, depois de sequestrar cloroplastos de algas. “Esse fenômeno já foi registrado em São Paulo no final dos anos 1990. Ele só acontece quando a temperatura da água está alta e o ar está calmo, com pouco vento. Assim, a espécie consegue se reproduzir e se acumular”, explica Paulo Cesar Abreu, professor do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg). De acordo com Abreu, pesquisadores de São Paulo estão coletando amostras para confirmar se o fenômeno é causado, de fato, pelos pequenos Myrionecta rubra, que não representam – até onde se sabe – perigo para animais marinhos nem humanos. Ainda assim, Abreu lembra que as mesmas condições que favorecem o aparecimento desses animais também podem trazer um vilão conhecido dos gaúchos: a cianobactéria, que produz toxinas. “A temperatura do Atlântico Sul está muito acima do normal (chegando agora aos 30°C, número extremo para a época do ano), e isso pode levar à formação dessa mancha. Esses aumentos acontecem em todo

o mundo e têm sido registrados principalmente na última década”, alerta o professor, apontando para a relação direta entre a temperatura e o efeito estufa. “Os efeitos não são apenas o aumento da temperatura. Invernos intensos são registrados agora no hemisfério norte, o que também faz parte dos modelos: o efeito estufa desequilibra todo o sistema, e acho que não há mais dúvidas de que existe influência humana sobre a temperatura dos oceanos”, afirma, amparado pelas conclusões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, que aponta que as chances de o homem ter influência sobre o aquecimento global são de 95% e que esse aquecimento migrou recentemente dos continentes para as águas oceânicas. De acordo com o oceanógrafo, os ciclones extratropicais nos litorais gaúcho e catarinense podem ser consequências que acompanham essas mudanças climáticas. “Os registros que temos são bastante recentes, então esses fenômenos podem ter ocorrido outras vezes na história. Mas, no caso da temperatura, há dados que mostram recordes na última década, e não há dúvida de que isso está relacionado à emissão de gases do efeito estufa”, diz Abreu. O professor considera a possibilidade de a mancha “descer” para as praias do Rio Grande do Sul, mas destaca que as condições climáticas são diferentes. “Não observamos formações com essa densidade, nunca vimos uma concentração como a que tem ali. Pode descer, até porque a corrente vem de norte para sul, mas essa mancha pode se desmanchar de uma hora para outra e, mais importante, ainda não confirmamos a espécie. Se for mesmo o que imaginamos, mesmo que venha para cá, não causará problema nenhum”, indica. Visto de perto, um aglomerado de Myrionecta rubra tem coloração vermelha, mas aparece escuro na imagem de satélite devido à absorção de luz por parte do oceano (essas pequenas criaturas costumam nadar um metro ou dois abaixo da superfície). FontE: oBRAs sUstEntáVEIs / zERo HoRA

revista do meio ambiente fev 2014


texto Jeff Goodell

8 entrevista

lovelock: “aquecimento global é inevitável e 6 bi James lovelock, renomado cientista, diz que o aquecimento global é irreversível – e que mais de 6 bilhões de pessoas vão morrer neste século aos 88 anos, dePois de Quatro filhos e uma carreira longa e resPeitada como um dos cientistas mais influentes do século 20, James lovelock chegou a uma conclusão desconcertante: a raça humana está condenada. “Gostaria de ser mais esperançoso”, ele me diz em uma manhã ensolarada enquanto caminhamos em um parque em Oslo (Noruega), onde o estudioso fará uma palestra em uma universidade. Lovelock é baixinho, invariavelmente educado, com cabelo branco e óculos redondos que lhe dão ares de coruja. Seus passos são gingados; sua mente, vívida; seus modos, tudo menos pessimistas. Aliás, a chegada dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse –guerra, fome, pestilência e morte – parece deixá-lo animado. “Será uma época sombria”, reconhece. “Mas, para quem sobreviver, desconfio que vá ser bem emocionante.” Na visão de Lovelock, até 2020, secas e outros extremos climáticos serão lugar-comum. Até 2040, o Saara vai invadir a Europa, e Berlim será tão quente quanto Bagdá. Atlanta acabará se transformando em uma selva de trepadeiras kudzu. Phoenix se tornará um lugar inabitável, assim como partes de Beijing (deserto), Miami (elevação do nível do mar) e Londres (enchentes). A falta de alimentos fará com que milhões de pessoas se dirijam para o norte, elevando as tensões políticas. “Os chineses não terão para onde ir além da Sibéria”, sentencia Lovelock. “O que os russos vão achar disso? Sinto que uma guerra entre a Rússia e a China seja inevitável.” Com as dificuldades de sobrevivência e as migrações em massa, virão as epidemias. Até 2100, a população da Terra encolherá dos atuais 6,6 bilhões de habitantes para cerca de 500 milhões, sendo que a maior parte dos sobreviventes habitará altas latitudes – Canadá, Islândia, Escandinávia, Bacia Ártica. Até o final do século, segundo o cientista, o aquecimento global fará com que zonas de temperatura como a América do Norte e a Europa se aqueçam quase 8 graus Celsius – quase o dobro das previsões mais prováveis do relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática, a organi-

fev 2014 revista do meio ambiente

morrerão” zação sancionada pela ONU que inclui os principais cientistas do mundo. “Nosso futuro”, Lovelock escreveu, “é como o dos passageiros em um barquinho de passeio navegando tranquilamente sobre as cataratas do Niagara, sem saber que os motores em breve sofrerão pane”. E trocar as lâmpadas de casa por aquelas que economizam energia não vai nos salvar. Para Lovelock, diminuir a poluição dos gases responsáveis pelo efeito estufa não vai fazer muita diferença a esta altura, e boa parte do que é considerado desenvolvimento sustentável não passa de um truque para tirar proveito do desastre. “Verde”, ele me diz, só meio de piada, “é a cor do mofo e da corrupção.” Se tais previsões saíssem da boca de qualquer outra pessoa, daria para rir delas como se fossem devaneios. Mas não é tão fácil assim descartar as ideias de Lovelock. Na posição de inventor, ele criou um aparelho que ajudou a detectar o buraco crescente na camada de ozônio e que deu início ao movimento ambientalista da década de 1970. E, na posição de cientista, apresentou a teoria revolucionária conhecida como Gaia - a ideia de que nosso planeta é um superorganismo que, de certa maneira, está “vivo”. Essa visão hoje serve como base a praticamente toda a ciência climática. Lynn Margulis, bióloga pioneira na Universidade de Massachusetts (Estados Unidos), diz que ele é “uma das mentes científicas mais inovadoras e rebeldes da atualidade”. Richard Branson, empresário britânico, afirma que Lovelock o inspirou a gastar bilhões de dólares para lutar contra o aquecimento global. “Jim é um cientista brilhante que já esteve certo a respeito de muitas coisas no passado”, diz Branson. E completa: “Se ele se sente pessimista a respeito do futuro, é importante para a humanidade prestar atenção.” Lovelock sabe que prever o fim da civilização não é uma ciência exata. “Posso estar errado a respeito de tudo isso”, ele admite. “O problema é que todos os cientistas bem intencionados que argumentam que não estamos sujeitos a nenhum perigo iminente baseiam suas previsões em modelos de computador. Eu me baseio no que realmente está acontecendo.” Quando você se aproxima da casa de Lovelock em Devon, uma área rural no sudoeste da Inglaterra, a placa no portão de metal diz, claramente: “ Estação Experimental de Coombe Mill. Local de um novo habitat. Por favor, não entre nem incomode”. Depois de percorrer algumas centenas de metros em uma alameda estreita, ao lado de um moinho antigo, fica uma casinha branca com telhado de ardósia onde Lovelock mora com a segunda mulher, Sandy, uma norte-americana, e seu filho mais novo, John, de 51 anos e que tem incapacidade leve. É um cenário digno de conto de fadas, cercado de 14 hectares de bosques, sem hortas nem jardins com planejamento paisagístico. Parcialmente escondida no bosque fica uma estátua em tamanho natural de Gaia, a deusa grega da Terra, em homenagem à qual James Lovelock batizou sua teoria inovadora. A maior parte dos cientistas trabalha às margens do conhecimento humano, adicionando, aos poucos, nova informações para a nossa compreensão do mundo. Lovelock é um dos poucos cujas ideias fomentaram, além da revolução científica, também a espiritual. “Os futuros historiadores da ciência considerarão Lovelock como o homem que inspirou uma mudança digna de Copérnico na maneira como nos enxergamos no mundo”, prevê Tim Lenton, pesquisador de clima na Universidade de East Anglia, na Inglaterra. Antes de Lovelock aparecer, a Terra era considerada pouco mais do que um pedaço de pedra aconchegante que dava voltas em torno do Sol. De acordo


Bruno Comby (Wikipedia)

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É bem possível considerar seriamente as mudanças climáticas como uma resposta do sistema que tem como objetivo se livrar de uma espécie irritante: nós, os seres humanos. Ou pelo menos fazer com que diminua de tamanho. (James Lovelock) com a sabedoria em voga, a vida evoluiu aqui porque as condições eram adequadas: não muito quente nem muito frio, muita água. De algum modo, as bactérias se transformaram em organismos multicelulares, os peixes saíram do mar e, pouco tempo depois, surgiu Britney Spears. Na década de 1970, Lovelock virou essa ideia de cabeça para baixo com uma simples pergunta: Por que a Terra é diferente de Marte e de Vênus, onde a atmosfera é tóxica para a vida? Em um arroubo de inspiração, ele compreendeu que nossa atmosfera não foi criada por eventos geológicos aleatórios, mas sim devido à efusão de tudo que já respirou, cresceu e apodreceu. Nosso ar “não é meramente um produto biológico”, James Lovelock escreveu. “É mais provável que seja uma construção biológica: uma extensão de um sistema vivo feito para manter um ambiente específico.” De acordo com a teoria de Gaia, a vida é participante ativa que ajuda a criar exatamente as condições que a sustentam. É uma bela ideia: a vida que sustenta a vida. Também estava bem em sintonia com o tom pós-hippie dos anos 70. Lovelock foi rapidamente adotado como guru espiritual, o homem que matou Deus e colocou o planeta no centro da experiência religiosa da Nova Era. O maior erro de sua carreira, aliás, não foi afirmar que o céu estava caindo, mas deixar de perceber que estava. Em 1973, depois de ser o primeiro a descobrir que os clorofluocarbonetos (CFCs), um produto químico industrial, tinham poluído a atmosfera, Lovelock declarou que a acumulação de CFCs “não apresentava perigo concebível”. De fato, os CFCs não eram tóxicos para a respiração, mas estavam abrindo um buraco na camada de ozônio. Lovelock rapidamente revisou sua opinião, chamando aquilo de “uma das minhas maiores bolas fora”, mas o erro pode ter lhe custado um prêmio Nobel. No início, ele também não considerou o aquecimento global como uma ameaça urgente ao planeta. “Gaia é uma vagabunda durona”, ele explica com frequência, tomando emprestada uma frase cunhada por um colega. Mas, há alguns anos, preocupado com o derretimento acelerado do gelo no Ártico e com outras mudanças relacionadas ao clima, ele se convenceu de que o sistema de piloto automático de Gaia está seriamente desregulado,

tirado dos trilhos pela poluição e pelo desmatamento. Lovelock acredita que o planeta vai recuperar seu equilíbrio sozinho, mesmo que demore milhões de anos. Mas o que realmente está em risco é a civilização. “É bem possível considerar seriamente as mudanças climáticas como uma resposta do sistema que tem como objetivo se livrar de uma espécie irritante: nós, os seres humanos”, Lovelock me diz no pequeno escritório que montou em sua casa. “Ou pelo menos fazer com que diminua de tamanho.” Se você digitar “gaia” e “religion” no Google, vai obter 2,36 milhões de páginas – praticantes de wicca, viajantes espirituais, massagistas e curandeiros sexuais, todos inspirados pela visão de Lovelock a respeito do planeta. Mas se você perguntar a ele sobre cultos pagãos, ele responde com uma careta: não tem interesse na espiritualidade desmiolada nem na religião organizada, principalmente quando coloca a existência humana acima de tudo o mais. Em Oxford, certa vez ele se levantou e repreendeu Madre Teresa por pedir à plateia que cuidasse dos pobres e “deixasse que Deus tomasse conta da Terra”. Como Lovelock explicou a ela, “se nós, as pessoas, não respeitarmos a Terra e não tomarmos conta dela, podemos ter certeza de que ela, no papel de Gaia, vai tomar conta de nós e, se necessário for, vai nos eliminar”. Gaia oferece uma visão cheia de esperança a respeito de como o mundo funciona. Afinal de contas, se a Terra é mais do que uma simples pedra que gira ao redor do sol, se é um superorganismo que pode evoluir, isso significa que existe certa quantidade de perdão embutida em nosso mundo – e essa é uma conclusão que vai irritar profundamente estudiosos de biologia e neodarwinistas de absolutamente todas as origens. Para Lovelock, essa é uma ideia reconfortante. Considere a pequena propriedade que ele tem em Devon. Quando ele comprou o terreno, há 30 anos, era rodeada por campos aparados por mil anos de ovelhas pastando. E ele se empenhou em devolver a seus 14 hectares um caráter mais próximo do natural. Depois de consultar um engenheiro florestal, plantou 20 mil árvores – amieiros, carvalhos, pinheiros. Infelizmente, plantou muitas delas próximas demais, e em fileiras. Agora, as árvores estão com cerca de 12 metros de altura, mas em vez de ter ar “natural”, partes do terreno dele parecem simplesmente um projeto de reflorestamento mal executado. “Meti os pés pelas mãos”, Lovelock diz com um sorriso enquanto caminhamos no bosque. “Mas, com o passar dos anos, Gaia vai dar um jeito.” FontE: RoLLInGstonEs BRAsIL

Leia e entrevista completa em: http://bit.ly/1m1LgKU revista do meio ambiente fev 2014


com sucessivos recordes de consumo, a energia solar

mostra seu potencial

Patrick Moore (SXC)

texto Hans Rauschmayer* (hans@solarize.com.br)

10 energia

no mês de Janeiro, o sol brasileiro mostrou toda sua força, castigando as regiões sul e sudeste com calor. a PoPulação se Preserva ligando sistemas de ar condicionado, Que se tornaram um eletrodoméstico acessível às grandes massas. O Sistema Interligado Nacional, responsável por fornecer nossa energia elétrica, percebe um aumento de consumo – o Operador Nacional do Sistema Elétrico ONS relata novos recordes a cada três ou quatro dias, que têm ocorrido na parte da tarde, entre 14h15 e 15h30. Com sol em excesso, faltou chuva nas mesmas regiões, sul e sudeste. O nível dos reservatórios caiu a níveis muito baixos, gerando preocupação pelo segundo ano consecutivo. No setor elétrico, a preocupação é medida pelo preço da energia de curto prazo, chamado PLD, que alcançou o teto pela primeira vez. A solução para garantir o suprimento da energia, dentro da matriz energética atual, é ligar termelétricas. Estas, porém, produzem a custos que podem superar R$ 1.000 por MWh, colocando em risco a competitividade da indústria brasileira e comprometendo a modicidade da tarifa, pauta governamental. A solução mais sensata, no entanto, deveria ser outra: aproveitar a energia solar para gerar eletricidade. O sistema instalado na sede da empresa Solarize mostra o potencial: em janeiro, ele gerou 308 kWh, 38% a mais do que a méfev 2014 revista do meio ambiente

os dados do sistema fotovoltaico mencionado estão disponíveis para acesso público online pelo site solarize.com.br

dia dos meses anteriores. E ele gera mais energia exatamente no horário de pico da demanda, a um custo muito inferior ao das termelétricas. E ainda sem qualquer poluição atmosférica. Com isso, a energia solar mostra que é o complemento perfeito da energia hídrica. Afinal, ela produz mais quando está chovendo menos. Ela é mais garantida, pois a irradiação varia muito pouco entre um ano e outro. Consegue, portanto, estabilizar a matriz energética, o fator mais importante para a indústria. A (micro) usina pode ainda ser construída no local do consumo, reduzindo a dependência de linhas de transmissão, outro calcanhar de Aquiles do sistema brasileiro. E o custo da energia solar? A energia mais cara é aquela que falta. Energia hidrelétrica barata é hipotética enquanto não chove. A termelétrica varia conforme o dólar e o petróleo. Solar e eólica são calculáveis, porque não precisam de combustível depois de serem construídas. A solução é um mix de energias e o cálculo do custo deve levar em consideração a segurança no longo prazo. Os argumentos aqui apresentados não são novos. Mas eles agora são comprovados por fatos. É óbvio que um sistema do tamanho daquele instalado na sede da Solarize, com potência de 2kWp, não consegue salvar a matriz energética do Brasil. Aí entra outra vantagem desta tecnologia: ela é a única que permite instalar significativas capacidades em poucos meses, seja em sistemas distribuídos pelos telhados brasileiros, seja em usinas grandes. O que falta para estabilizar e baratear a matriz energética do Brasil? Repensar conceitos que se mostraram arriscados e incluir uma fonte de energia que está provando seus benefícios. Incentivar geração distribuída de pequeno porte, desonerando, simplificando e financiando a instalação. E promover leilões para usinas de grande porte que permitam o desenvolvimento da cadeia de fornecimento. Em paralelo, é preciso capacitar a grande quantidade de mão de obra necessária para esta transformação. *Hans Rauschmayer é sócio-gerente da solarize serviços em tecnologia Ambiental. FontE: RIoCApItALdAEnERGIA.RJ.GoV.BR

saiba mais. Faça contato: solarize serviços em tecnologia Ambiental Ltda. www.solarize.com.br / (21) 2148-0973 / (21) 9 9615-9812 / skype: hrauschmayer



este avião vai mudar o mundo

dos negócios

a agricultura vem liderando a adoção dos drones no brasil. estima-se que pelo menos 200 deles estejam sobrevoando as plantações

ele é Parecido com um morcego, embora seu nome oficial seJa ebee (de abelha eletrônica, em inglês). Pesa menos de um Quilo, voa a uma velocidade de 45 Quilômetros Por horas, tem uma câmera acoPlada de 16 megaPixels e autonomia de 45 minutos. Os funcionários da fabricante de celulose Eldorado, em Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, no entanto, o apelidaram de “dedo-duro”. A alcunha faz sentido. Esse pequeno robô voador, fabricado pela suíça senseFly, sobrevoa as plantações de eucaliptos da companhia da holding J&F, da família Batista, dona também do frigorífico JBS. Sua missão: encontrar mudas que não foram plantadas da forma correta. Se localizadas a tempo, dá tempo de replantá-las e evitar a perda. Daí o apelido. Com mais de 160 mil hectares de área plantada de eucaliptos, matéria-prima para fazer a celulose, os drones são a melhor forma para monitorar essa gigantesca área, que equivale a 160 mil campos de futebol. “Os drones são uma grande inovação que vai mudar o panorama dos negócios”, afirma José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado, dono de três drones e com planos de adquirir mais três neste ano. É bom levar a sério as palavras de Grubisich. Surgidos como poderosas e polêmicas armas de guerra, esses veículos aéreos não tripulados estão invadindo o universo empresarial e vão influenciar diversos setores, do comércio global à logística, passando pela área de prestação de serviços. De uma forma ou de outra, todos eles vão ser inexoravelmente influenciados pelos drones. As cifras movimentadas pelos drones civis já são bilionárias. No ano passado, foram US$ 5,2 bilhões em todo o mundo, segundo cálculos da consultoria americana Teal Group, especializada na indústria aeroespecial. Em dez anos, esse mercado deve mais do que dobrar, atingindo US$ 11,2 bilhões. Muitos analistas acreditam que se trata de uma previsão conservadora, dado o número fev 2014 revista do meio ambiente

Divulgação sensefly.com

texto Darlene Santiago

12 gestão ambiental

de projetos que devem começar a sair do papel a partir de agora. Mais: lembram que esses dados não levam em conta a inexistência, ainda, de regulamentação dessa atividade, o que se constitui numa barreira para uma expansão maior (de forma resumida, é preciso definir o espectro de frequências para operar essas máquinas voadoras e estabelecer regras de ocupação do espaço aéreo). Só no mercado americano, por exemplo, há um potencial anual de US$ 10 bilhões adicionais, caso haja uma legislação de uso para os drones civis, de acordo com a Auvsi, associação americana que representa os fabricantes desses aviões. Nada disso, no entanto, parece arrefecer o apetite das empresas. Assim como a Eldorado, muitas delas já estão usando drones em suas operações ou trabalham com projetos-pilotos inovadores, que prometem transformar para sempre as paisagens das grandes cidades e das áreas rurais. É o caso da companhia de geração de energia AES Tietê, de São Paulo, que usa o mesmo drone da Eldorado para monitorar suas redes de transmissão. “Antes, um relatório de ocupação irregular demorava uma semana para ser concluído”, diz Ítalo Freitas Filho, diretor-geral de geração da AES Tietê, que investiu R$ 200 mil em um drone e planeja comprar mais um. “Agora bastam dois dias.” A agricultura vem liderando a adoção dos drones no Brasil. Estima-se que pelo menos 200 deles estejam sobrevoando as plantações. “Os drones são os olhos dos agricultores na lavoura”, afirma Lúcio André de Castro Jorge, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de São Carlos, no interior paulista.”Eles são uma ferramenta essencial para a agricultura de precisão.” O caso da Eldorado é mais uma vez ilustrativo. A empresa utiliza as fotografias feitas pela eBee para fazer uma avaliação do plantio. “Dá para comparar as imagens captadas em diferentes períodos e acompanhar o desenvolvimento da floresta”, afirma Carlos Justo, gerente de planejamento da Eldorado. Mundialmente, os projetos com drones são mais ousados, como se tivessem saído de livros de ficção científica. O empresário americano Jeff Bezos está na linha de frente dessa área, para variar. Bezos já revolucionou o


download 13 comércio mundial com a Amazon.com, virou de cabeça para baixo o mercado de livros, com o seu e-book Kindle, e foi um dos primeiros a investir em serviços de computação em nuvem. Agora, ele quer reinventar o setor de logística. Os drones são parte essencial de seu plano. No fim do ano passado, Bezos revelou que poderia começar a entregar produtos de até 2,2 kg por meio de drones – peso de 86% das encomendas da Amazon – a partir de 2015. O serviço já tem até nome: Prime Air. O “carteiro voador” proposto pelo lendário empresário transportaria mercadorias em até meia hora através de um quadricóptero que deixa os pacotes na porta das casas de forma segura e veloz. O projeto de Bezos está longe de parecer um delírio típico de um visionário – muitas de suas “alucinações” viraram negócios bilionários, como comprova a trajetória da empresa de Seattle, que em apenas duas décadas se transformou na maior varejista virtual do mundo, com receita de US$ 61 bilhões. A área de logística, de fato, é uma das que mais devem se transformar com os drones. A empresa alemã de entregas DHL, controlada pelo Deutsche Post, o maior grupo de logística do planeta, também anunciou que pesquisa o uso de drones para entregas urgentes, como remédios para localidades distantes de centros urbanos. Um pequeno quadricóptero amarelo entregou, no fim do ano passado, um pacote com fármacos de um extremo ao outro da cidade de Bonn, onde está localizada sua sede. A rede de pizzaria americana Domino’s testa também entrega de pizzas no Reino Unido. Chamado de Domicopter, o robô aéreo foi criado e operado pela empresa AeroSight e age como um motoboy voador. Além de sua eficácia nos serviços prestados, os drones estão se mostrando uma eficiente ferramenta de marketing. Quem descobriu isso foi a indústria imobiliária americana, que passou a usar as aeronaves não tripuladas para fazer imagens impossíveis de serem registradas mesmo com helicópteros. “Imóveis de vários milhões de dólares exigem táticas de marketing dignas da Avenida Madison”, afirmou Matthew Leone, diretor de marketing da imobiliária Halstead Property, em entrevista ao jornal The New York Times, referindo à tradicional avenida que reúne as principais agências de publicidade dos Estados Unidos, em Manhattan. A Halstead Property usou um drone para filmar uma casa avaliada em US$ 7,6 milhões, cujo vídeo já foi visto meio milhão de vezes no YouTube. Leia a matéria completa em:

www.portaldomeioambiente.org.br/noticias/ciencia/

a sustentabilidade

ainda É possível? com artigos organizados em torno de três temáticas principais, publicação apresenta a visão de pesquisadores e líderes sobre os rumos do planeta

Para discutir a sustentabilidade do Planeta e tentar resPonder a essa Questão chave, o instituto akatu e WorldWatch institute brasil lançaram a edição brasileira do relatório ESTADO DO MUNDO 2013 – A SUSTENTABILIDADE AINDA É POSSÍVEL? Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akao relatório pode tu, acredita que a transição para a sustentabilidade ser baixado em depende de transformações profundas nos modos http://bit.ly/1os2pzd de produção e consumo. “As mudanças são urgentes e devem guiar a ação de empresas, governos e cidadãos, que precisam adotar o consumo consciente como uma prática cotidiana na sociedade do bem-estar que devemos construir nos próximos anos. A edição brasileira do Estado do Mundo traz ótimas contribuições para as transformações de que precisamos”, indica Mattar. “Em apenas oito décadas adicionamos mais cinco bilhões de novos habitantes e consumidores ao planeta. Só entre a Eco 92 e a Rio+20, o PIB global cresceu 50 trilhões de dólares”, afirma Eduardo Athayde diretor do Worldwatch Institute Brasil. “Precisamos, antes, definir métricas que nos orientem em direção a um futuro mais equilibrado, seguro e justo”, complementa. Considerado pela imprensa internacional como a “bíblia da sustentabilidade”, a publicação é formada por um conjunto de artigos organizados em torno de três eixos principais: A Métrica da Sustentabilidade, Chegando à Verdadeira Sustentabilidade e Abra em Caso de Emergência. Os 17 capítulos do relatório oferecem ao leitor um verdadeiro panorama da situação atual do mundo e o que é preciso fazer imediatamente para reverter esta realidade. O documento é aberto com uma advertência de Robert Engelman, presidente do Wordwatch Institute, sobre os usos e abusos do conceito de sustentabilidade. Utilizada de maneira inadequada, de acordo com ele, a sustentabilidade como é aplicada hoje em nada contribui para a tomada de decisões e mudanças que precisam ser implantadas o quanto antes. “A Métrica da Sustentabilidade”, primeira seção do relatório, traz um conjunto de métricas que podem ou deveriam ser utilizadas para avaliar em que patamar a humanidade se encontra, quais limites já foram ultrapassados e que direções devem ser seguidas para assegurar o futuro. A segunda seção, “Chegando à Verdadeira Sustentabilidade”, explora que serão necessárias ações, políticas, mudanças comportamentais e institucionais, além da redução na escala da atividade humana, para que a sociedade se torne verdadeiramente sustentável. Já a última parte, “Abra em Caso de Emergência”, destaca iniciativas e estratégias que precisam ser contempladas caso não seja possível fazer a transição a tempo. São elas: como lidar com migrações, fortalecer a resiliência das populações, ou mesmo, adotar soluções de geoengenharia para frear o aquecimento global. FontE: InstItUto AKAtU

7786-este-aviao-vai-mudar-o-mundo-dos-negocios revista do meio ambiente fev 2014


14 download

prêmio

plantas raras do brasil as do Plantas Rar

Brasil

Livro pode ser baixado em http://bit.ly/1dplgHx

um dos maiores desafios deste século é desenvolver modelos de desenvolvimento social e econômico que tenham como sua base a conservação da biodiversidade. esses modelos são especialmente importantes em países como o brasil, detentores de grande parte das espécies existentes no planeta

o desenvolvimento sustentável de um País reQuer um PlaneJamento sistemático de conservação, com metas de conservação bem definidas e métodos consistentes de análise. Para isso, informações precisas sobre a distribuição das espécies são fundamentais. Nesse processo, nem todas as espécies são iguais. As espécies com distribuição restrita têm muito mais possibilidades de serem extintas por um evento catastrófico qualquer ou pela ocupação humana desordenada do que espécies amplamente distribuídas. Por isso, elas devem receber maior atenção por parte de toda a sociedade. O argumento é simples: se protegermos as áreas onde as espécies de distribuição restrita ocorrem, estaremos protegendo também populações de outras espécies que possuem distribuições mais extensas. Dessa forma, usando o território de forma mais eficiente. A Universidade Estadual de Feira de Santana e a Conservação Internacional juntaram forças com 170 cientistas de 55 instituições para revelar o até então desconhecido mundo das plantas raras do Brasil. O Brasil possui entre 35 e 55 mil espécies de plantas. As espécies consideradas como raras são aquelas que possuem distribuição menor do que 10.000 km2. Foram reconhecidas 2.291 espécies de plantas raras brasileiras, muitas das quais se encontram à beira da extinção. As distribuições das espécies de plantas raras ajudam também a delimitar 752 áreas que são chave para garantir a conservação da diversidade de plantas brasileiras. Essas áreas devem ser reconhecidas por toda a sociedade brasileira como prioridades imediatas para um trabalho intenso de conservação. Este projeto está apenas em sua primeira fase. A publicação do livro Plantas Raras do Brasil e a construção desta página são os primeiros resultados do projeto. A meta em longo prazo é a publicação de atualizações anuais do livro, contendo tanto correções e atualizações dos dados apresentados como novas informações sobre espécies e famílias que não foram analisadas nesta primeira fase. O projeto foi realizado com apoio da Gordon and Betty Moore Foundation e de André Esteves (membro do Conselho Deliberativo da Conservação Internacional). A Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (Fidesa) gerenciou os recursos e as bolsas oferecidas aos pesquisadores. FontE: EdUCAÇÃo do CAMpo / pLAntAs RARAs do BRAsIL

indique

um campeão da terra Pnuma abre indicações para o prêmio campeões da terra 2014. sugestões de pessoas e entidades que se destacaram na atuação contra as mudanças climáticas são incentivadas o Programa das nações unidas Para o meio ambiente (Pnuma) recebe indicações Para a edição 2014 do camPeões da terra. O prêmio, principal reconhecimento da ONU na área de meio ambiente, homenageia anualmente visionários da sustentabilidade e que inspiram ações transformadoras. O prêmio é distribuído em quatro categorias: Política e Liderança, Ciência e Inovação, Visão Empreendedora e Inspiração e Ação. Para 2014, o PNUMA incentiva a indicação de pessoas que deram uma contribuição substancial no campo das mudanças climáticas, na expectativa da definição de um novo acordo global em 2015, para ser adotado em 2020. A candidatura de mulheres e jovens também é encorajada. Para fazer a sua indicação de um Campeão da Terra, preencha os dados, em inglês, na página www.unep.org/champions/nomination. As sugestões podem ser feitas até o dia 14 de março. O Campeões da Terra chega em 2014 na sua décima edição, e já reconheceu o trabalho de chefes de estados, empresas, ativistas, músicos e muitos outros em cerimônias realizadas em cidades como Cingapura, Paris, Seul, Nova York e Rio de Janeiro. Seus vencedores se destacaram no manejo de recursos ambientais, inovaram em maneiras de enfrentar mudanças climáticas e o desperdício de alimentos, tomaram decisões de negócio baseadas na sustentabilidade e trabalharam na conscientização de desafios para o meio ambiente. Os premiados de 2013 incluem Izabella Teixeira, Ministra do Meio Ambiente do Brasil; o Google Earth; e Carlo Petrino, fundador do movimento Slow Food, entre outros. Os vencedores de 2014 serão revelados em um evento de gala no fim do ano. A Guangdong Wealth apoiou o prêmio em 2013 e estendeu o apoio para este ano. Mais informações sobre o Campeões da Terra estão disponíveis em www.unep.org/champions. FontE: AsCoM pnUMA

fev 2014 revista do meio ambiente


J. Bedek; Alexander M. Weigand (wikipedia cc 3.0)


texto Bernardo Staut

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10 coisas incríveis 10) Elefantes são esquecidos, mas não burros Os elefantes têm o maior cérebro – uma média de cinco quilogramas – entre todos os mamíferos que já andaram na Terra. Mas eles usam a massa cinzenta ao máximo? A inteligência é difícil de ser quantificada tanto em humanos quanto em animais, mas o quociente de encefalização (QE), uma média entre o tamanho do cérebro de um animal e o esperado para esse tamanho dependendo da massa dele, têm uma boa relação com a habilidade de passar obstáculos e desafios. A média de QE do elefante é 1.88 (os humanos têm entre 7.33 e 7.69, os chimpanzés 2.45 e os porcos 0.27). Inteligência e memória geralmente caminham juntas, o que sugere que a memória do elefante, mesmo que não seja infalível, é muito boa. 9) Por causa do tamanho, as girafas têm circulação sanguínea única A gigante girafa, que tem a cabeça geralmente a uns cinco metros de altura, desenvolveu essa adaptação para conseguir alcançar os alimentos mais distantes. A vantagem é óbvia, mas algumas dificuldades surgem daí. O coração precisa bombear quase o dobro do que o de uma vaca para que o sangue não pare de subir antes de chegar à cabeça. E lá embaixo, a pele das pernas precisa ser muito resistente. 8) Papagaios não são apenas gravadores A fala dos papagaios é geralmente lembrada como um gravador de penas. Mas estudos que vem sendo feitos há 30 anos continuam a mostrar que esses pássaros fazem muito mais do que apenas uma imitação. Nossos amigos conseguem resolver tarefas linguísticas para crianças de 4 a 6 anos. Os papagaios parecem compreender conceitos como “igual” e “diferente”, “maior” e “menor”, “nenhum” e números. E o mais interessante é que eles combinam falas e frases, como em um a novela. Um estudo de 2007 sugere o uso de padrões na fala dos papagaios para desenvolver a fala em robôs. fev 2014 revista do meio ambiente

mitos e mistérios tornam alguns animais ainda mais fascinantes. vamos explorar algumas descobertas recentes, erros comuns e adaptações incríveis 7) Muitos peixes mudam os órgãos sexuais Com tantas criaturas andando por aí, é fácil esquecer que algumas das mais esquisitas estão no fundo do oceano. A estranha prática do hermafroditismo é mais comum entre peixes do que em qualquer grupo de vertebrados. Algumas dessas mudanças, nos peixes, são respostas para um ciclo hormonal ou mudanças ambientais. Outros possuem órgãos femininos e masculinos. 6) Pintinhos fraternos É um erro pensar que a evolução está produzindo apenas animais preocupados com si próprios. Laços de altruísmo existem para ajudar a sobrevivência daqueles carregando material genético parecido. Os pintinhos praticam uma seleção de parentesco fazendo um pio especial enquanto comem. Esse chamado anuncia para todos os animais próximos que foi encontrada comida. A cha-


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Créditos das fotos, a partir da página anterior, da esq. para a dir.: 10 - Hislightrq (SXC); 9 - Ross Coundon (Fotolia); 8 - George Rybin (SXC); 6 - Sunimo1 (SXC); 4 - Michelle Kwajafa (SXC); 3- Michelle Kwajafa (SXC); 2 - Bschwehn (SXC); 1 - Tamar Assaf (Wikimedia Commons)

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que você não sabia sobre os animais ve da seleção natural não é a sobrevivência do animal mais preparado, mas do melhor material genético, então um pouco de fraternidade ajuda a todos. 5) Os ratos toupeira não são cegos Com seus fracos olhos e estilo de vida diferente, os ratos toupeira africanos estão entre os roedores mais estranhos. Eles detectam um pouco de luz, e já foi sugerido que usam os olhos mais para sentir as mudanças do ar do que para enxergar. E de acordo com um estudo de 2006, eles não gostam do que veem. Luz indica que talvez um predador tenha entrado no túnel. 4) Para os castores, os dias são longos no inverno Os castores praticamente se escondem durante o inverno, vivendo de comida armazenada ou dos depósitos de gordura em seus rabos. Eles conservam energia evitando entrar em contato com o frio, preferindo ficar nas escuras pilhas de madeira e lama. Como resultado, esses roedores, que geralmente saem no pôr do Sol e retornam ao nascer, perdem a noção do sono. O relógio biológico muda, passando a funcionar em um ritmo diário de 29 horas.

3) Pássaros usam pontos de referência em longas viagens Você consegue imaginar uma viagem de carro sem placas, indicações, GPS ou mapas? Claro que não, e por isso você não é um pássaro. Pombos podem voar milhares de quilômetros para encontrar o mesmo local, sem dificuldades. Algumas espécies de pássaros fazem um viagem de ida e volta de mais de 30 mil quilômetros todos os anos. Algumas usam imãs naturais para se orientar com o campo magnético da Terra. Um estudo de 2006 sugere que os pombos usam pontos familiares no chão para achar o caminho de casa. 2) Leite de baleia não é dietético Cuidar de um recém-nascido não é fácil para uma baleia. Após a gestação de 10 a 12 meses, o bebê nasce com quase um terço do comprimento da mãe – o que significa uma criança de quase 10 metros, para a baleia Azul. A baleia espirra o leite na boca do filho através de músculos ao redor da glândula mamaria, enquanto a criança se mantém firme no mamilo (sim, baleias têm mamilos). Com quase 50% de gordura, o leite de baleia têm cerca de 10 vezes mais gordura do que o humano, o que permite à criança ganhar bastante peso – quase 100 quilogramas por dia. 1) Crocodilos engolem pedras para nadar O estômago de um crocodilo é um tanto rochoso, por algumas razões. Para começar, o sistema digestivo do animal têm de tudo, incluindo tartarugas, peixes e pássaros, até girafas, búfalos, leões e (quando acontece uma briga territorial) crocodilos. Em adição a esse ecossistema, existem pedras também. Eles engolem grandes pedras que ficam permanentemente em suas barrigas. Dizem que elas são úteis para mergulhar. FontE: HypEsCIEnCE / LIVEsCIEnCE

revista do meio ambiente fev 2014


Seu cachorro

texto Jéssica Maes

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realmente te ama, descobrem cientistas

fev 2014 revista do meio ambiente

cientistas da universidade de emory, em atlanta, no estado norte-americano da geórgia, descobriram que os cães, de fato, têm empatia com as emoções humanas e experienciam as amizades de forma semelhante aos seres humanos

Jonathan Pincas (Flickr)

durante anos, os cientistas têm nos dito Que a ligação entre um animal de estimação e seu dono não vai mais longe do Que a sua necessidade de alimento e segurança. Porém, uma nova pesquisa sugere o que os donos de cães sabiam o tempo todo – estes animais, de fato, experimentam sentimentos de amor e carinho. Cientistas da Universidade de Emory, em Atlanta, no estado norte-americano da Geórgia, descobriram que uma parte do cérebro associada a emoções positivas é semelhante em cães e seres humanos. A equipe treinou mais de uma dúzia de cães para lidar com os scanners da barulhenta ressonância magnética, o que lhes permitiu ficar parados dentro de um scanner para obter imagens nítidas de seus cérebros sem sedativos. Gregory Berns, um neurocientista que inicialmente trabalhou com um treinador de cães para ensinar Callie, um cão de resgate de nove meses de idade, e McKenzie, uma collie de três anos de idade, a se deitar em um aparelho de ressonância magnética, conversou com o jornal Daily Mail. “Nós podemos realmente começar a entender o que um cão está pensando, em vez de inferir conclusões a partir de seu comportamento”, explica. “Eu pensei que se os cães militares podem ser treinados para saltar de helicópteros, então certamente poderíamos treiná-los para ficarem parados dentro de um aparelho de ressonância magnética”, conta o pesquisador. Usando sinais feitos com a mão para indicar que os cães estavam prestes a receber um biscoitinho, Berns e sua equipe mostraram que o núcleo caudado, uma parte do cérebro associada com emoções positivas, é semelhante em cães e seres humanos. Na próxima parte de sua pesquisa, eles vão analisar imagens do cérebro de cães quando guloseimas forem oferecidas por estranhos e máquinas. “Se, como muitos cientistas argumentavam no passado, para os cães tudo não passa da necessidade por comida, então a reação em seus cérebros seria a mesma,

não importa quem ou o que está lhes oferecendo a comida”, disse Berns. “Esperamos mostrar que eles nos amam por coisas muito além de comida, basicamente as mesmas coisas pelas quais os seres humanos amam, como conforto social e laços sociais”. Seus resultados iniciais foram publicados no ano passado, em um livro chamado How Dogs Love Us: A Neuroscientist and His Adopted Dog Decode the Canine Brain (em tradução livre, “Como os Cachorros Nos Amam: Um Neurocientista e seu Cão Adotado Decodificam o Cérebro Canino”). Nela, o estudioso usa suas descobertas para argumentar que os cães, de fato, têm empatia com as emoções humanas e experienciam as amizades de forma semelhante aos seres humanos. Curiosamente, embora a humanidade e os animais sempre tenham vivido lado a lado, em muitos casos em grande proximidade, muito pouco se sabe realmente sobre animais domésticos e suas interações com a gente. Os animais selvagens e de laboratório têm sido objeto de estudos muito mais minuciosos. Agora, o campo relativamente novo da antrozoologia procura mudar isso. FontE: HypEsCIEnCE


brasil aparece em 77º em ranking de

desempenho ambiental índice avaliou 178 países em diversas categorias, sendo que o brasil se destaca negativamente principalmente na questão do saneamento básico, no desmatamento e na tendência de aumento da intensidade de carbono na economia

PesQuisadores das universidades de Yale e columbia, ambas nos estados unidos, em Parceria com o fórum econômico mundial, divulgaram nesta semana o environmental Performance index 2014 (ePi), classificando 178 Países de acordo com dois grandes temas: Proteção da saúde humana das ameaças da natureza, que inclui questões como saneamento básico e impactos da poluição do ar e da água; e Vitalidade dos ecossistemas, que engloba, entre outros fatores, leis de proteção da biodiversidade e impactos da matriz energética no meio ambiente. Considerando todos os critérios, a Suíça aparece como o líder do ranking, seguida por Luxemburgo, Austrália, Singapura e República Tcheca. “Muitos dos países que figuram no topo neste ano são os mesmos de edições passadas. Isso demonstra como um bom desempenho ambiental está relacionado com políticas de longo prazo que priorizem a proteção dos ecossistemas e que comprometam investimentos neste sentido”, afirmou Angel Hsu, principal autor do índice.

Agência Brasil

no critério acesso a saneamento básico, o país está ainda pior no ranking: 98ª posição

texto Fabiano Ávila

sustentabilidade 19

Entre as grandes potências, a Alemanha é a melhor classificada, em sexto lugar. O Reino Unido está em 12º, o Japão, em 26º, a França, em 27º, e os Estados Unidos, em 33º. Já os países emergentes apresentaram modestas melhoras no ranking, mas ainda ocupam baixas posições, devido principalmente à sua urbanização desordenada, crescimento acelerado – movido muitas vezes pela destruição de ecossistemas – e pela ausência de leis de proteção ambiental. A África do Sul está em 72º, a Rússia, em 73º, o Brasil, em 77º, a China, em 118º e a Índia aparece bem ao fim da lista, em 155º. A posição ruim do Brasil se justifica pelo seu péssimo desempenho em alguns dos critérios. Em mortalidade infantil, por exemplo, apesar dos avanços dos últimos anos, o país ainda é o 95º no ranking. Em acesso a saneamento básico, que também resulta na alta mortalidade infantil, é o 98º. Em “tendência para o aumento de intensidade de carbono”, o Brasil está em 93º, um sinal de que a economia e o setor de energia estão seguindo um caminho de mais emissões de gases do efeito estufa, algo que é facilmente constatado pelo maior uso de termoelétricas e pelas promessas do governo de mais investimentos em carvão. Mas a pior classificação do país é em “mudança de cobertura florestal”, 105º, destacando o aumento do desmatamento no ano passado, que pode estar relacionado com o enfraquecimento do Código Florestal, alterado em 2012. No entanto, nem tudo é ruim para o Brasil; aparecemos em primeiro no item “poluição do ar – exposição a particulados (PM 2,5)”. Isso se deve ao grande número de habitantes do país que não vive metrópoles, e que, portanto, não está exposto a tanta poluição de automóveis e fábricas. A nossa atual matriz energética baseada em hidroeletricidade também explica o bom resultado. Todas as cinco piores nações do ranking, Somália, Mali, Haiti, Lesoto e Afeganistão, estão envolvidas em conflitos civis ou em caos social devido a catástrofes naturais. É o caso do Haiti, que ainda está buscando se recuperar do terremoto de 2010, um reflexo de que, sem estabilidade política e institucional, não há proteção do meio ambiente, afirma o EPI. “O nosso índice pode ajudar a direcionar os esforços internacionais na busca por cumprir as Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Porém, ainda vemos que existe uma falta de estrutura política para que se acelere a transformação necessária para um modelo econômico e social realmente sustentável”, concluiu Hsu. FontE: IHU / Mst / CARBonoBRAsIL

revista do meio ambiente fev 2014


texto Mustafá Ali Kanso

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incinerando poluentes da água – é exatamente isso que os cientistas da nasa estão fazendo na estação espacial internacional (iss) o obJetivo é usar a água suPercrítica Para virtualmente incinerar resíduos orgânicos indeseJados – ou seJa, Poluentes – como aQueles gerados Pelo esgoto doméstico, Por exemPlo. Tão importante nas estações espaciais, astronaves, navios e submarinos, quanto em nossa nave mãe – o planeta Terra – a incineração de rejeitos sem gerar mais lixo é a grande questão do futuro, pois existem muitos materiais cujos processos de reciclagem ainda não saíram do papel e outros que talvez nunca saiam. Para realizar uma incineração eficiente, que libere apenas gás carbônico e vapor de água, sem produzir todos aqueles gases tóxicos indesejáveis, os pesquisadores do Centro de Pesquisa Glenn da NASA sob a liderança de Mike Hicks estão, desde julho de 2013, pesquisando a utilização da água supercrítica. Água supercrítica? O que vem a ser isso? Ao submetermos uma amostra de água à elevação simultânea de pressão e temperatura aos valores de 217 atmosferas e 373ºC estamos alterando seu estado de agitação molecular a ponto de torná-la supercrítica, ou seja, estamos ultrapassando sua mera classificação de estado gasoso, líquido ou sólido. Teríamos sob estas condições tão extremas uma amostra que seria algo como um líquido de comportamento gasoso. Bizarro, não? Nas palavras de Mike Hicks: “Quando a água supercrítica é misturada com matéria orgânica (leia aqui poluentes) uma reação química de oxidação ocorre. E todo o rejeito orgânico queima sem formar chamas”. Assim, muitos materiais tóxicos, contaminantes e/ou fedorentos (como aqueles presentes nos esgotos) podem ser reduzidos a gás carbônico e água – sem a liberação de outros contaminantes, ou mesmo sem ocorrer abertura de chamas. “Quando submetemos descartes aquosos acima do ponto crítico, a água supercrítica rompe as ligações dos hidrocarbonetos, fazendo com que tanto o hidrogênio quanto o carbono reajam com o oxigênio. Em outras pala-

fev 2014 revista do meio ambiente

com água vras, o material se inflama sem produzir nenhum dos produtos tóxicos do fogo comum”. A Estação Espacial Internacional fornece um laboratório de microgravidade único e ideal para se estudar as propriedades da água supercrítica sem os inconvenientes da gravidade comum.

Quando submetemos descartes aquosos acima do ponto crítico, a água supercrítica rompe as ligações dos hidrocarbonetos, fazendo com que tanto o hidrogênio quanto o carbono reajam com o oxigênio. Em outras palavras, o material se inflama sem produzir nenhum dos produtos tóxicos do fogo comum. (Mike Hicks, líder dos pesquisadores do Centro de Pesquisa Glenn da NASA)

Problemas a bordo Um dos problemas com água supercrítica tem a ver com o sal. Acima do ponto crítico, os sais dissolvidos na água precipitam rapidamente. Se isso acontecer dentro de um reator, a corrosão do material metálico torna-se inevitável. “Em todo o efluente real existem sais dissolvidos e esse detalhe é ainda um grande obstáculo tecnológico”. Lidar com o sal é o objetivo final do experimento “Water Super Critical” num esforço conjunto entre a NASA e CNES, a agência espacial francesa. “Ao estudar água supercrítica sem os efeitos complicadores da gravidade, podemos aprender como os sais precipitantes se comportam em um nível muito fundamental”, diz Hicks. “Podemos até ser capazes de descobrir como manter o sal afastado dos componentes sensíveis à corrosão”. O experimento que usa hardware de fabricação francesa (Declic), e as instalações de pesquisa do Módulo Experimental Japonês (JEM), valendo-se de biotecnologia norte americana, está demonstrando na prática como o esforço transnacional, que é o coração da ISS, poderá beneficiar ainda toda a humanidade. Os resultados parecem promissores A Marinha dos EUA já começou a utilizar a tecnologias da água supercrítica para purificar os efluentes do esgoto de alguns de seus navios, enquanto a cidade de Orlando (USA) está em vias de instalar uma estação de tratamento de esgoto doméstico com o uso dessa tecnologia. Mas com diz Hicks, “estamos apenas começando”. FontE: HypEsCIEnCE / nAsA



22 água

como fazer captação de

água de chuva

recriarcomvoce.com.br

a captação da água de chuva é uma maneira rápida de se obter um grande volume de água em um período de tempo bastante reduzido, e de razoável qualidade

Esquema geral da caixa ou reservatório para água de chuva com escada de acesso para limpeza em vergalhões, chumbada na parede interna. detalhe do “suporte” para o balde, evitando do mesmo entrar em contato com o chão

existem duas maneiras conhecidas de se caPtar: a Primeira é aProveitando o teto da casa, e o segundo é revestindo o subsolo de uma área de encosta com Plástico e canalizando a água, Pré-filtrada Pelo solo, até uma caixa ou reservatório. A sua armazenagem poderá ser feita em uma caixa separada ou diretamente na cisterna, caixa central do seu estabelecimento (Lares na cidade, fazenda, sítios, chácaras etc.) ou ainda em cisternas secas e abandonadas, reaproveitando-as. Dimensionamento da caixa de captação O dimensionamento da caixa de captação, vai depender de sua utilização. Se o objetivo for o abastecimento em água potável durante, por exemplo, o período de seca, o volume da caixa a ser construída deverá ser determinada em função de alguns fatores: 2) O consumo necessário de água para abastecer uma família durante o ano ou num período curto (dias, semanas ou meses), na medida que podem existir no local, outras fontes de água (cisterna, mina ou nascente etc.); 2) A quantidade de água de chuva que a cisterna pode captar e armazenar, durante este mesmo período. A quantidade de água de chuva captada vai depender: 2.1) A quantidade de chuva da região (regime pluviométrico); 2.2) A área disponível para a captação, que por sua vez dependerá: 2.2.1) Do tipo de material. Se é telha ou plástico. 2.2.2) e da superfície em que é captada, que pode ocorrer perdas. Podemos usar este volume de água em potencial que temos em nossa região como fator limitante do dimensionamento da caixa de captação, fev 2014 revista do meio ambiente

ou não, tudo dependerá de seu objetivo em captar este tipo de água, e das condições financeiras disponíveis para realiza-lo. A escolha do lugar para a caixa A escolha do local para a construção da caixa ou reservatório de captação deverá atender aos seguintes requisitos: 1) A caixa deve ser montada no lugar mais baixo, podendo receber por gravidade á água escoada de todos os lados do telhado. No caso de se usar o plástico enterrado, a água que escorrera por toda a extensão do mesmo, também deverá estar acima da caixa; 2) Procure solos de preferência arenosos ou sem pedras grandes. O tipo do terreno estabelece a profundidade possível para a escavação, que pode levar a caixa a ter um volume reduzido. Por outro lado, a presença de material duro no fundo da caixa a ser construída, torna-a mais segura; 3) Deve-se procurar um local afastado de árvores ou arbustos cujas raízes possam provocar rachaduras e consequente vazamento na parede da caixa; 4) Para prevenir o perigo de contaminação da água armazenada, a caixa deve ser implantada a pelo menos, 10 a 15 metros de distância de fossas, latrinas, currais e depósitos de lixo; 5) A caixa de captação ou armazenamento quando for usada como uma cisterna, ou seja usando balde para retirar a água, ela poderá ser construída próxima da cozinha para facilitar o acesso à água pela dona de casa. Conservação e tratamento da água A água armazenada na caixa pode sofrer contaminação de duas maneiras: 1) Água muito tempo armazenada sem cloração; 2) Água que entra no reservatório já com contaminação, proveniente da sua passagem pelo telhado da casa. É fato que o telhado recebe vários tipos de depósitos trazidos pelo vento, como folhas, papel, lixo etc, além da poeira. É também o lugar de passagem de animais como ratos, pássaros e insetos. Assim sendo, para conservarmos a água de boa qualidade, devemos realizar uma limpeza, pelo menos, uma vez por ano dentro da caixa, nas tubulações ou bicas de condução, além de manter o balde sempre limpo e longe de chão.


Uma inspeção interna e externa na caixa é sempre bom para verificar da existência de trincas ou rachaduras evitando a perda de água ou a infiltração de impurezas. Para evitar a contaminação que vem do telhado é aconselhado evitar a entrada das primeiras águas escoadas do telhado na caixa, desviando a(s) bica(s) ou tubos de condução para fora do orifício de entrada do reservatório. O tempo de “lavagem” do telhado vai depender da intensidade da chuva; pode ser de 1 hora no caso de chuva forte, ou até um ou dois dias no caso de uma chuva fina e constante. Mesmo realizando a “lavagem” antes de captar a água, os ventos costumam trazer folhas e sujeiras mais grossas para dentro da caixa, assim para se resolver este problema colocase um filtro ou coador na boca de entrada do reservatório, ou seja, entre a bica de condução da água e o reservatório. Um coador feito em chapa galvanizada com furos feitos com prego ou broca para ferro de 1/8” funciona satisfatoriamente. O seu tamanho e a quantidade de furos ideais vão depender da vazão de entrada e do volume de impurezas retidas. É bom dimensionar o coador para receber a água de uma chuva forte e impurezas menores que 2 mm, considerando-se que tenha feito a pré-lavagem do telhado citado acima. O tanque de decantação permite a separação daquelas impurezas residuais que tenham ficado no telhado mesmo depois da pré-lavagem, da água de entrada. Pode ser construído dentro do próprio reservatório ou fora deste, em volume ou capacidade de 50 a 200 litros, onde a água ficará um certo tempo, durante a qual os resíduos vegetais mais grossos poderão ser depositados. Esta caixa deverá ser limpa regularmente. Funciona bem, sobretudo quando as chuvas não são muito fortes, caso contrário, uma vazão alta na chegada da água dificultara a decantação. Um outro dispositivo para purificação é o filtro de areia, que é composto por sucessivas camadas de brita, areia grossa, areia fina e carvão, dispostas em uma caixa simples de fibrocimento ou de alvenaria isolado, instalado numa posição acima da tampa de entrada da caixa de captação. Segundo BERNAT & COURCIER, este sistema apresenta limitações, devido aos problemas frequentes de entupimento que reduzem bastante a eficiência desse tratamento, além de tornar difícil e complicado a sua manutenção. Para garantir uma água de qualidade para o consumo humano, evitando a contaminação pelo armazenamento é aconselhado a colocação de um clorador por difusão.

reservatórios de centro-oeste e sudeste têm em média

40% da capacidade

texto Fábio Amato

23

com chuvas fracas, nível das reservas é 4º mais baixo desde 2000. acionamento de termelétricas deve levar a encarecimento da conta de luz o nível dos reservatórios de hidrelétricas das regiões sudeste e centro-oeste, Que são resPonsáveis Por cerca de 70% de toda a energia Produzida no País, chegou ao final de Janeiro com média de 40,57% de armazenamento de água, informa o oPerador nacional do sistema elétrico (ons). Essa marca, verificada no dia 30 de janeiro, é a 4ª mais baixa para meses de janeiro desde 2000 nas represas dessas duas regiões que, para o ONS, formam uma única bacia. E ela está bem próxima do nível do final de janeiro de 2013, que foi de 37,46%, quando havia preocupação quanto ao risco de racionamento de energia – que foi sempre descartado pelo governo. Porém, a situação atual dos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste é bem melhor do que em janeiro de 2000 (29%) e 2001 (31,41%), respectivamente o 1º e 2º piores resultados históricos para o mês. Em junho de 2001 o governo decretou racionamento de energia. Chuvas fracas Mais uma vez, o baixo nível dos reservatórios nas principais regiões produtoras de energia é resultado da chuva abaixo do esperado e insuficiente para levar a uma recuperação dessas represas, que já haviam sofrido com a falta de água durante o último verão.“A situação do mês de janeiro é desfavorável e não prevista. Na última quinzena de dezembro de 2013, choveu muito bem e os reservatórios estavam em recuperação. Já em janeiro, o regime de chuvas não foi tão bom quanto estava desenhado”, disse o diretorgeral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino. Ele apontou, porém, que só vai ser possível fazer uma avaliação da situação dos reservatórios quando terminar o período chuvoso, ao final de abril. Até lá, a expectativa é que as chuvas voltem a ocorrer com mais frequência na bacia Sudeste/Centro-Oeste. Termelétricas O problema é que, assim como no ano passado, houve nas últimas semanas aumento da produção de energia por meio das usinas termelétricas, para poupar água dos reservatórios. A previsão do ONS para esta semana era a geração de cerca de 13 mil megawatts-médios por meio dessas usinas, valor bem próximo do verificado nesta mesma época do ano passado. Além da queda no nível dos reservatórios, contribui para a necessidade do uso de térmicas a alta do consumo de energia no país devido ao calor, que vem batendo recordes nas últimas semanas. problema com o uso das usinas termelétricas é que a energia gerada por elas é mais cara que a das hidrelétricas. Então, quando elas são ligadas, a conta de luz tende a aumentar. Em novembro, o G1 mostrou que a conta a ser paga pelos consumidores devido ao uso das térmicas já era, até agosto de 2013, de R$ 8,6 bilhões, valor suficiente para uma alta média de 8% nas tarifas de energia. FontE: G1 EConoMIA

FontE: RECRIAR.CoM.VoCê / IG / MEt@LICA

revista do meio ambiente fev 2014


24 lixo & reciclagem

conheça alguns plásticos

e os processos de reciclagem aplicados a eles

Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

existem sete diferentes famílias de plásticos, que muitas vezes não são compatíveis quimicamente entre si. ou seja, a mistura de alguns tipos pode resultar em materiais defeituosos, de baixa qualidade, sem as especificações técnicas necessárias para retornar à produção como matéria-prima

Embalagens plásticas e garoto no Lixão da Vila Estrutural, Brasília (dF)

a reciclagem de Plástico começou a ser realizada Pelas PróPrias indústrias, Para o reaProveitamento de suas Perdas de Produção. Quando o material passou a ser recuperado em maior quantidade, separado do lixo, formou-se um novo mercado, absorvendo modernas tecnologias para possibilitar a produção de artigos com percentual cada vez maior de plástico reciclado. Conheça alguns plásticos e os processos de reciclagem aplicados a eles. Plástico filme Plástico filme é uma película plástica normalmente usada como sacolas de supermercados, sacos de lixo, saquinhos de leite, lonas agrícolas e proteção de alimentos na geladeira ou micro-ondas. • Processo: Após ser separado dos outros resíduos, o plástico filme é enfardado para a reciclagem. Na recicladora, o material passa pelo aglutinador, uma espécie de batedeira de bolo grande que aquece o plástico pela fricção de suas hélices, transformando-o em uma espécie de farinha. Em seguida, é aplicada água para provocar um resfriamento repentino que resulta na aglutinação: as moléculas dos polímeros se contraem, aumentando sua densidade, transformando o plástico em grãos. Assim, ele passa a ter peso e densidade suficientes para descer no funil da extrusora, a máquina que funde o material e o transforma em tiras (spaghetti). Na última etapa, elas passam por um banho de resfriamento e são picotadas em grãos, que são ensacados e vendidos para fábricas de artefatos plásticos. fev 2014 revista do meio ambiente

Plástico rígido Leve, resistente e prático, o plástico rígido é o material que compõe boa parte das embalagens plásticas no Brasil, como garrafas de refrigerantes, recipientes para produtos de limpeza e higiene e potes de alimentos. É também matéria-prima básica de bombonas, fibras têxteis, tubos e conexões, calçados, eletrodomésticos, além de baldes, utensílios domésticos e outros produtos. Existem sete diferentes famílias de plásticos, que muitas vezes não são compatíveis quimicamente entre si. Ou seja, a mistura de alguns tipos pode resultar em materiais defeituosos, de baixa qualidade, sem as especificações técnicas necessárias para retornar à produção como matéria-prima. São os seguintes os plásticos rígidos mais comuns no mercado brasileiro: • Polietileno Tereftalato (PET), conhecido pelas garrafas de refrigerante; • Polietileno de Alta Densidade (PEAD), consumido por fabricantes de engradados de bebidas, baldes, tambores, autopeças e outros produtos; • Cloreto de Polivinila (PVC), comum em tubos e conexões, garrafas para água mineral e detergentes líquidos; • Polipropileno (PP), que compõe embalagens de massas e biscoitos, potes de margarina, seringas descartáveis, utilidades domésticas, entre outros; • Poliestireno (PS), utilizado na fabricação de eletrodomésticos e copos descartáveis. • Processo: Depois de separado, enfardado e estocado, o plástico é moído por um moinho de facas e lavado para voltar ao processamento industrial. Após secagem, o material é transferido para o aglutinador e extrusora, em processo semelhante ao descrito acima, gerando grãos, que são vendidos para fábricas de artefatos plásticos, que podem misturar o material reciclado com resina virgem para produzir novas embalagens, peças e utensílios. É possível usar 100% de material reciclado. FontE: sEtoRRECICLAGEM


reciclagem de entulho

é um empreendimento viável

texto Júlio Bernardes

25

as cidades brasileiras Podem fornecer brita e areia recicladas Para a indústria da construção civil de forma comPlementar aos agregados naturais a Partir de resíduos de construção e demolição (rcds), aPonta PesQuisa da escola Politénica (Poli) da usP. A viabilidade da reciclagem por meio da mineração urbana foi verificada a partir de uma modelagem teórica baseada na análise do conteúdo e da destinação dos resíduos nas cidades de Macaé (Rio de Janeiro), Maceió (Alagoas) e São Paulo. O trabalho do engenheiro Francisco Mariano Souza Lima teve orientação do professor Arthur Pinto Chaves, do Departamento de Engnharia de Minas da Poli. De acordo com o engenheiro, o gerenciamento dos resíduos é afetado por dois aspectos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela lei federal 12.305, de 2 de agosto de 2010. “São os princípios do poluidor pagador e do protetor-recebedor, além da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto”, aponta. “As empresas da cadeia da indústria da construção civil tornam-se responsáveis pelos custos do gerenciamento dos RCDs desde a geração até o descarte final ou a reciclagem. A lei incentiva a criação de mecanismo de mercado para o gerenciamento destes resíduos.” A supervisão do serviço é feita pelos municípios e a reciclagem pode ser realizada por empresas privadas. O manejo dos resíduos é muito diferenciado nos municípios brasileiros, destaca Souza Lima. “Considerando o total de 5564 municípios, 3639 realizam pelo menos a coleta destes resíduos. No entanto, entre as cidades que fazem o manejo de RCDs, somente 79 possuem alguma forma de reaproveitamento”, ressalta. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são de 2008 e são expostos no Plano Nacional de Saneamento Básico. “Estima-se que a geração de entulho no Brasil é da ordem de 100 milhões de toneladas por ano (tons/ano). A estimativa baseia-se na geração por habitante de 0,5 tons/ano, comprovada pela pesquisa na cidade de Macaé.”

Prefeitura de Sete Lagoas (Flickr)

estima-se que a geração de entulho no brasil é da ordem de 100 milhões de toneladas por ano

Sentido econômico O engenheiro afirma que o sentido econômico de minerar é conferir valor a um minério que está misturado em geral a outros. “Fisicamente ocorre a separação deste mineral ou conjunto destes minerais dos demais que não tem valor econômico”, conta. “Da mesma forma, os RCDs ganham valor quando são tratados por técnicas de separação mineral e a fração mineral que nos interessa nos entulhos volta como mercadoria no mercado de agregados. A industrialização e a própria urbanização alocou este processo de valorização nas cidades.” A pesquisa fez a modelagem dinâmica no período de 20 anos para as três cidades abarcando todo o processo, desde a geração até o descarte ou a reciclagem dos resíduos tendo em vista os diferentes conteúdos destes resíduos amostrados. “Os resultados mostram a heterogeneidade das cidades amostradas no tocante a qualidade do RCD originários de distintos processos de urbanização”, relata Souza Lima. “O modelo de custo-benefício mostra que os benefícios superam os custos na seguinte ordem: São Paulo, Macaé e Maceió.” Segundo o pesquisador, as plantas móveis de reciclagem são mais viáveis do que as fixas na cidade de Macaé. A região de São Paulo, devido ao maior volume de resíduos e maiores estímulos à reciclagem, é a única entre as três que não precisa de subsídios para implantar o sistema. “O modelo de viabilidade mostra que a qualidade do resíduo tem considerável influência na viabilidade das empresas de reciclagem”, afirma. “Os fatores mais sensíveis ao modelo de viabilidade são, pela ordem, o valor cobrado pelo terreno, a taxa cobrada na entrada dos RCDs na planta de reciclagem, os custos de operação da planta e os impostos em vigor.” Souza Lima afirma que o modelo testado pode ser replicado para qualquer cidade brasileira e propõe o conceito de “industria recicladora emergente”. “Seu processo de implantação está em marcha e em alguns lugares consolidados como na região metropolitana de São Paulo, com um grande número de empresas recicladoras privadas que constituíram a Associação Brasileira para Reciclagem dos Resíduos de Construção e Demolição (Abrecon), fundada em 2011”, conclui. FontE: ECo LóGICA / AGênCIA Usp.

revista do meio ambiente fev 2014


Chief Yeoman Alphonso Braggs, US-Navy (Wikipedia)

26 campanha

shell não vai explorar

o que acontece no ártico não fica só

ártico este ano no ártico empresa desiste dos planos de perfurar o alasca em 2014, sinalizando o alto risco que o projeto representa para a região

um dos diretores executivos da shell, ben van beurden, anunciou em amsterdã, Que a comPanhia vai susPender os Planos de exPlorar Petróleo no ártico em 2014, na região do alasca. A decisão veio após grupos de indígenas e ambientalistas terem entrado com ação na Justiça americana, que decidiu exigir mais informações sobre os projetos. Somente no último mês de dezembro, mais de 150 mil pessoas enviaram mensagens a Ben van Beurden pedindo que ele cancelasse os planos de perfuração da Shell no Ártico, e admitisse que não há tecnologia segura o suficiente para se explorar aquela região. “A escolha da Shell de se aproximar do Ártico foi um erro de grandes proporções. A empresa gastou uma montanha de dinheiro e tempo em um projeto que não lhes trouxe nada além da má reputação e fama de incompetência”, afirmou o coordenador da campanha do Ártico no Greenpeace Internacional, Charlie Kronick. “A única decisão sensata neste momento é dar um ponto final nos planos de explorar a região no futuro”. “A desistência da Shell de explorar o Ártico está sendo acompanhada por outras petrolíferas, que devem concluir que a região é muito remota, hostil e icônica para ser explorada economicamente”, disse Kronick. “Milhões de pessoas ao redor do mundo ajudaram a jogar luz sobre a exploração do Ártico, e isso começou a arranhar a imagem da Shell. Vamos continuar fazendo pressão enquanto a empresa não desistir definitivamente dos seus planos para aquela área”. Desde 2003, a Shell já desembolsou mais de US$ 5 bilhões em seu programa no Alasca, e falhou nas tentativas de exploração após uma série de erros que poderiam ter resultado em grandes desastres nos últimos anos. FontE: GREEnpEACE

fev 2014 revista do meio ambiente

mudanças climáticas são problemas globais

o ártico está derretendo Por causa do uso de combustíveis fósseis e, em um futuro Próximo, Poderá ficar sem gelo Pela Primeira vez desde Que os humanos Pisaram na terra. Isso seria devastador não só para o ecossistema local, como ursos polares, narvais, morsas e outras espécies que vivem lá. Assine e #SalveoÁrtico: www.salveoartico.org.br Salve o Ártico! • Ursos polares estão morrendo; • Mas as empresas e governos querem explorar petróleo onde o gelo está derretendo; • A queima do petróleo causa o derretimento do gelo; • Precisamos proteger as águas do Ártico da exploração de petróleo e da pesca industrial predatória. Assine a petição e peça o decreto de um santuário mundial na área do polo Norte. FontE: GREEnpEACE


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texto Andrea Freitas e Clarice Spitz

28 saúde e meio ambiente

agrotóxico pode causar câncer

e alterações na puberdade

contaminação de bebês pode ocorrer na placenta e por leite materno esPecialistas em saúde aPontam uma correlação direta entre o acúmulo de agrotóxico no organismo e a ProPensão a desenvolver câncer de mama, de testículos e de fígado. No caso de crianças, com sistema imunológico menos desenvolvido, a contaminação pode ocorrer durante a gestação, ainda na placenta pelo leite materno. Os maiores riscos são de leucemia e linfoma. “Pesquisas apontam que mulheres que apresentavam agrotóxico no organismo tinham o dobro da chance de desenvolver câncer de mama”, diz Fábio Gomes, nutricionista do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Alguns agrotóxicos podem agir desregulando os hormônios e aumentando distúrbios nos ciclos hormonais da mulher, o que poderia antecipar a primeira menstruação. No caso de meninos, podem reduzir o tamanho do pênis Doses elevadas, geralmente encontradas em quem aplica os produtos e em moradores do campo, podem causar distúrbios neurológicos e motores, além de irritação nos olhos e na pele. “Existe uma falha de fiscalização. Há uma série de agrotóxicos que já deveriam ter sido descartados, mas que ainda são permitidos por interesses econômicos” afirma Gomes. Antibióticos e obesidade Efeitos crônicos podem ocorrer meses, anos ou até décadas após a exposição, de acordo com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Parte dos agrotóxicos tem a capacidade de se dispersar no ambiente. Outra parte pode se acumular no organismo humano. “Há um risco em toda a cadeia produtiva: de produtos vencidos dentro da fábrica, passando por fórmulas que dizem conter uma substância e contêm outra. Além disso, não há estrutura para fiscalizar seu uso, que é feito de qualquer maneira”, afirma Fernando Carneiro, professor do Departamento de Saúde Coletiva da UNB. Especialistas alertam ainda que os antibióticos usados nos animais podem causar resistência no organismo humano quando forem necessários. A professora do Instituto de Nutrição na Uerj Inês Rugani Ribeiro de Castroafirma que agrotóxicos, hormônios e antibióticos são suspeitos de contribuir para a disseminação de doenças crônicas. “Há estudos ainda iniciais que mostram que a epidemia de obesidade vai além do excesso na ingestão de calorias e de pouca atividade física, podendo ter relação com uma flora intestinal alterada pela exposição a baixas doses de antibióticos via proteína animal” afirma. “Os controles são necessários em toda a cadeia”. Os cuidados com a saúde • Lavar: A lavagem dos alimentos em água corrente reduz os resíduos de agrotóxico na superfície do alimento. Mas, segundo a Anvisa, diversos produtos aplicados em alimentos agrícolas e no solo têm a capacidade de penetrar no interior de folhas e polpas e a lavagem não é capaz de eliminá-los

fev 2014 revista do meio ambiente

• Da estação: Prefira produtos com a identificação do produtor e da estação, a princípio, elas recebem carga menor de agrotóxicos • Água sanitária: As soluções de hipoclorito de sódio (água sanitária) devem ser usadas na higienização de alimentos na proporção de uma colher de sopa para um litro de água para matar agentes microbiológicos. Mas a Anvisa alerta: não há evidências científicas que comprovem sua eficácia ou a do cloro na remoção de resíduos de agrotóxicos. FontE: JoRnAL o GLoBo

Mapa de feiras orgânicas

Com o objetivo de tornar os produtos orgânicos mais acessíveis aos consumidores e fomentar uma alimentação saudável, o Idec realiza o Mapa de Feiras Orgânicas e Grupos de Consumo Responsável. Basta digitar um endereço para encontrar todas as feiras especializadas e grupos de consumo responsável mais próximos de você, bem como informações de horários de funcionamento e tipos de produtos encontrados nesses locais. Além disso, o mapa mostrará quais são as frutas, verduras e legumes da estação na sua região para que opte pelos produtos locais. Dica: Caso o mapa não mostre nenhuma feira próxima ao endereço buscado, clique em “diminuir o zoom” (sinal de menos na régua localizada no canto superior direito do mapa). Clique quantas vezes for necessário até aparecerem as indicações de localidade das feiras. Veja o mapa em: www.idec.org.br/feirasorganicas



brasil: apenas 13 alimentos tem

fiscalização de agrotóxicos brasil fiscaliza agrotóxico só em 13 alimentos, enquanto eua e europa analisam 300 num momento em Que se disseminam os benefícios de uma alimentação saudável, com frutas, verduras e legumes, esPecialistas alertam Para os riscos dessa oPção. Isso porque o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, mas a fiscalização é falha. De 2002 a 2012, o mercado brasileiro de agrotóxicos cresceu 190%. O setor movimentou US$ 10,5 bilhões, em 2013, ano de ouro para a agropecuária, que teve supersafra e preços de commodities em alta. A análise dos alimentos que vão à mesa do consumidor, porém, é bem restrita. No último relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2012, foram analisadas 3.293 amostras de apenas 13 alimentos – 5% do que é avaliado por EUA e Europa. Desses, o resultado de apenas sete foram publicados até agora. Nos EUA, a Food and Drug Administration (FDA), e na Europa, a European Food Safety Authority (EFSA), analisam cerca de 300 tipos de alimentos por ano, inclusive industrializados. No Brasil, produtos como carnes, leite, ovos e industrializados não são sequer pesquisados, apesar de especialistas alertarem que eles podem estar contaminados por agrotóxico. A Anvisa confirmou que, em 2012, só 13 alimentos foram monitorados, mas informou que a tendência é de expansão do número de culturas. O enfoque do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, explicou, são os itens mais consumidos pela população e importantes na cesta básica. Segundo a Anvisa, o milho está sendo monitorado desde 2012 na forma de fubá, e o trigo passou a ser monitorado na forma de farinha desde 2013, mas o resultado ainda não foi divulgado. Registro não tem prazo de validade A falta de fiscalização de agrotóxicos faz parte da série “No país do faz de conta”, iniciada no domingo pelo jornal O Globo. Hoje, 434 ingredientes ativos e 2.400 formulações de agrotóxicos estão registrados nos ministérios da Saúde, da Agricultura (Mapa) e do Meio Ambiente e são permitidos. Dos 50 mais utilizados nas lavouras, 22 são proibidos na União Europeia. Mato Grosso é o maior consumidor, com quase 20%, segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). O contrabando, sobretudo via Paraguai e Uruguai, de produtos de origem chinesa, sem controle dos aditivos, representa outro problema. E o uso ilegal de agrotóxicos preocupa. O DTT, proibido em todo o mundo, foi achado em 2013 na Amazônia, usado por empresas, segundo o Ibama, para acelerar a devastação de áreas. Sobre os 22 defensivos proibidos, os técnicos da Anvisa explicam que, no país, o registro de agrotóxico não tem prazo de validade. Uma vez concedido, só pode ser retirado ou alterado após reavaliação que mostre mudança no perfil de segurança do produto. A agência iniciou processo de reavaliação em 2008 que resultou, até agora, no banimento de quatro produtos e no reenquadramento de dois. O custo dos agrotóxicos à saúde é grande. Segundo o professor Fernando Carneiro, da Universidade Brasília, a cada US$ 1 gasto em agrotóxico, há um custo de US$ 1,28 em atendimento ao intoxicado. “A intoxicação aguda afeta o trabalhador rural e o da fábrica. A crônica atinge o consu-

fev 2014 revista do meio ambiente

Neil Palmer/CIAT (Flickr)

texto Andrea Freitas, Clarice Spitz e Eliane Oliveira

30 saúde e meio ambiente

midor, que fica mais exposto a doenças como câncer e alterações metabólicas. O Mapa e as secretarias de agricultura têm dinheiro para monitorar e vigiar gado por causa da exportação. Quando se fala em agrotóxicos, não há estrutura nem fiscais”, afirma o professor. Para a professora Karen Friedrich, do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, da Fiocruz, a fiscalização na carne que chega aos lares deveria ser iniciada o quanto antes: “A contaminação deve ocorrer em industrializados, como molho de tomate e suco em caixa”. Karen diz que é preciso que os municípios e estados atuem onde ocorre a contaminação e que falta investimento para ampliar a análise, embora a Anvisa “faça milagre com o que dispõe”. Para os trabalhadores rurais, o cenário de fiscalização também é de restrições. Cerca de um quarto das fazendas recenseadas no país


em 2006, ou 1.376.217, declaravam usar agrotóxicos. Segundo a Secretaria de Agricultura do Estado do Rio, no ano passado foram autuadas 420 das 680 propriedades rurais fluminenses por irregularidades envolvendo agrotóxicos. Joel Naegele, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, critica: “Num país onde o clima favorece parasitas e pragas danosas, não há fiscalização. Há 60 anos acompanho a agricultura e é tudo muito mal feito, papo-furado, ilusões. Se dependermos da ação do governo, estamos num mato sem cachorro. Para governo, lei é rígida e moderna O coordenador geral de agrotóxicos e afins do Mapa, Júlio Sérgio Brito, assegura que o sistema de controle é tão avançado quanto os dos principais países do mundo. Segundo Brito, a legislação é “rígida, moderna e profunda”. Para ser aprovado para uso agrícola, explica, o produto é avaliado sob os pontos de vista agronômico, de saúde e ambiental. Eloisa Dutra Caldas, professora de Toxicologia da UnB, diz que o problema está no fato de haver resíduos de agrotóxicos em produtos para os quais seu uso não está autorizado: “Cerca de 50% das mais de 14 mil amostras analisadas por Anvisa e Mapa até 2010 continham resíduos de pesticidas. Este percentual não é muito diferente do encontrado no resto do mundo”. Henrique Mazotini, presidente da Associação dos Distribuidores de Insumos Agropecuários (Andav), no entanto, reconhece que há desvios: “Aqui falta gente e infraestrutura. Além disso, o Brasil sucateou sua extensão rural e falta orientação técnica aos produtores”. Frequentadores da feira livre da Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, se mostram preocupados. O aposentado José Barbosa gostaria de saber quais agrotóxicos incidem sobre os alimentos: “Deveria haver mais informações sobre a produção. Principalmente no caso do morango, que é uma fruta mais sensível, com uma casquinha fina, que absorve muita coisa”. A indústria de defensivos rebate o argumento de que há risco à saúde. O agrônomo Guilherme Guimarães, da Associação Nacional de Defesa Vegetal, diz que a segurança alimentar do consumidor é testada pelos órgãos que liberam os produtos. Quanto ao fato de que o Brasil ainda tem agrotóxicos já banidos no exterior, ele diz que isso se deve ao clima e a adversidades. O Ibama diz que aplicou R$ 14,5 milhões em multa em 2013, a maior parte na apreensão de produtos ilegais importados.

8% dos mais ricos do mundo concentram metade da

renda global

texto Mônica Villela Grayley

ecologia humana 31

o aumento da desigualdade atrapalha o crescimento econômico, especialmente aquele que ajuda a reduzir a pobreza e a promover mobilidade social. um relatório do Programa das nações unidas Para o desenvolvimento, Pnud, revela Que os níveis de desigualdade continuam altos nos Países em desenvolvimento. O documento, lançado em Nova York, sugere uma série de políticas abrangentes para combater o problema. Paradoxos Segundo o Pnud, 8% dos cidadãos mais ricos do mundo concentram metade da renda global. Os restantes 92% têm que repartir a outra metade. A chefe do Pnud, Helen Clark, afirmou que a desigualdade “grande e persistente” no meio de tanta riqueza é um dos paradoxos dos tempos atuais. Ela lembrou que nas últimas décadas, os níveis de pobreza baixaram em várias regiões do mundo, e que mercados emergentes registraram um crescimento jamais visto. Oportunidades Clark afirmou que em muitos países, a riqueza e as desigualdades de renda atingiram novos picos impedindo a realização dos esforços para aumentar oportunidades a todos. A subida dessas desigualdades também diminui a chance dos cidadãos de terem influência sobre decisões políticas. Para a chefe do Pnud, não é uma surpresa que em muitas partes do mundo, as pessoas estejam saindo às ruas para exigir mudanças. Helen Clark lembrou que o aumento da desigualdade atrapalha o crescimento econômico, especialmente aquele que ajuda a reduzir a pobreza e a promover mobilidade social. Tensões Uma outra consequência da desigualdade são as tensões sociais e políticas que podem resultar em conflito e instabilidade. Para o Pnud, os países precisam gerar crescimento inclusivo com o objetivo de combater a desigualdade. Além disso, os governos têm que tomar providências contra medidas que resultam de preconceitos e discriminações, que segundo Clark perpetuam a exclusão social. Helen Clark encerrou o prefácio do relatório afirmando que o objetivo do levantamento é ajudar cidadãos, legisladores e agentes do desenvolvimento a iniciar os debates em seus países sobre as causas da desigualdade e como o problema pode ser reduzido. FontE: MERCAdo ÉtICo

FontE: JoRnAL o GLoBo / Mst

revista do meio ambiente fev 2014


texto Luciana Ribeiro foto A. Carlos Herrera (SXC)

32 educação ambiental

vovó Julieta

e a educação ambiental no brasil

a democratização da educação ambiental no brasil é um dos grandes desafios a serem enfrentados Pelos governantes Que coordenam as Políticas Públicas voltadas Para a Preservação do meio ambiente. Vilmar Berna aborda as dificuldades para se reconhecer a mídia ambiental como instrumento indispensável para polemizar questões ambientais/ Leia: http://jornalismoambiental.org.br/1161/democratizacao-da-informacao-ambiental-e-fundamental.html. Portanto ressalto a ineficiência dos serviços prestados que deixam de atender ao cidadão, por meio de uma gestão integrada, a qual gerencia propostas, trabalhos e projetos educativos que viabilizem a economia de água, energia,o reaproveitamento de resíduos sólidos (plástico, papel, vidro, etc.) para trazer qualidade de vida para nossas cidades. Como educadora e proponente de um novo repensar político e pedagógico, convidei minha avó Julieta, uma mulher guerreira, mineira, cidadã de 87 anos, contribuinte, que teve a honra de aprender a ler e a escrever em apenas 47 dias de aulas numa fazenda localizada em Santa Maria/MG. Toda essa trajetória de vida foi motivo de curiosidade para dialogarmos sobre os problemas socioambientais que assolam o planeta Terra. Esse diálogo familiar foi bastante produtivo e ajudou-me a perceber a relevância da educação ambiental que deve ser ensinada para as pessoas que não tiveram e continuam sem acesso ao ensino formal como deveria; saliento também que essa perspectiva educacional foi e é assegurada pela Constituição Federal e pela Legislação Ambiental no Brasil. Iniciamos o bate-papo sobre as questões ambientais que afetam o homem, e a vovó, ao ser questionada, de fato, reconheceu a pobreza e a violência social como sendo um dos maiores vilões do planeta Terra, e claro, o homem é e faz parte do meio ambiente, por isso, tornando-se um dos reféns desses acontecimentos; E, nesse sentido, ela destacou também as enchentes de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, como sendo um dos desastres ecológicos que mais ferem os direitos humanos e os direitos da Terra.

fev 2014 revista do meio ambiente

há mais de 40 anos, vovó Julieta destina seus restos de papéis, suas garrafas de plásticos, suas caixas de papelão para os catadores que sobrevivem dessa atividade como meio de vida social; um trabalho de formiguinha que pode e deve ser feito por todo cidadão brasileiro

Conversamos sobre o consumo desenfreado, desencadeado pelos dias atuais, e a vovó verificou a gravidade do acúmulo de resíduos sólidos descartados de qualquer forma nas cidades brasileiras,constatando o conforto material referente às máquinas de lavar roupa, carros bonitos, etc. que utilizamos para o nosso dia-a-dia, como sendo uma agravante que propicia a despreocupação, a falta de zelo e a ignorância frente aos problemas (desmatamentos, poluição do ar, da água, etc.) que ocorrem no meio ambiente por falta de justiça ambiental. Apesar das dificuldades e barreiras que comprometem a comunicação ambiental para os cidadãos brasileiros, como, por exemplo, ter acesso às visitas dos agentes ambientais para receber os folhetos, os jornais, e informativos apropriados para tratar de temas como a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, a economia de água, a economia de energia, etc. a vovó Julieta sente-se motivada e feliz em doar, há mais de 40 anos, seus restos de papéis, suas garrafas de plásticos, suas caixas de papelão para os catadores que sobrevivem dessa atividade como meio de vida social; inclusive, foi gratificante reconhecer esse trabalho de formiguinha que pode e deve ser feito por todo cidadão brasileiro. A diálogo com a vovó Julieta teve o propósito de gerar conhecimentos pedagógicos para área de educação ambiental,a qual deve ser discutida e implementada junto às universidades e faculdades brasileiras; entretanto considero sua vasta experiência um caso político a ser estudado e ouvido pelo órgão gestor da educação ambiental (Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Educação) e por todas as instituições que prestam serviços sociais e ambientais para cidadão brasileiro. Meditando nessa missão de contrariar o capitalismo perverso, confio no potencial dos órgãos públicos e de suas pesquisas que atestam o valor da educação ambiental para o campo acadêmico e para o cidadão brasileiro, por isso desejo que os profissionais diversos e os governantes reúnam recursos financeiros e os compromissos de trabalhos para dar continuidade ao fortalecimento das políticas que carecem ser apercebidas, criticadas, compartilhadas e construídas por todos nós. FontE: JoRnAL MEIo AMBIEntE


texto Luciana Ribeiro

33

sai minc,

secretaria de ambiente do rJ: sai minc, entra indio da costa

o Presidente estadual do Psd, indio da costa, é o novo de secretário do ambiente do estado do rio de Janeiro. o novo secretário assume o lugar ocuPado Por carlos minc, Que estava na secretaria desde 2011. A aliança PT-PMDB, que governou o Estado por 7 anos, chegou ao fim após o PT lançar candidato próprio para as eleições para governador este ano. O PMDB do Rio demostra sua insatisfação com PT – que mantém Lindberg Farias como candidato à vice-governador – ao reforçar a aliança com o PSD, agora no comando de 3 pastas no estado. Após ser vereador e deputado federal, além de exercer cargos na prefeitura do Rio, Índio da Costa foi candidato a vice-presidência na chapa de José Serra (PSDB) em 2010, e deve apoiar o tucano Aécio Neves a presidência. Até o momento, não foram divulgados os nomes que integrarão a equipe na Secretaria do Ambiente (SEA) do estado.

Antecessor O deputado estadual Carlos Minc assumiu o cargo de secretário de Ambiente pela primeira vez em 2007. Em maio de 2008, ele aceitou o convite do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o Ministério do Meio Ambiente. Em janeiro de 2011, Minc retornou para o posto de secretário do ambiente do Rio, onde ficou até a semana passada. FontE: o ECo

Inea

Inea

entra indio da costa

indio da costa

anuncia nova presidente do inea

foi nomeada em 12 de fevereiro, no diário oficial do estado do rio de Janeiro, a nova presidente do inea, isaura fraga durante o anúncio feito ontem à tarde Para os funcionários do inea, o secretário estadual do ambiente, indio da costa, garantiu Que a troca na liderança do inea não significa mudanças estruturais no instituto. Ele salientou também que espera transparência no trabalho dos servidores para a população do Estado do Rio de Janeiro. “O INEA é um órgão técnico e assim deve permanecer”, afirmou o secretário. Indio afirmou que o foco da nova gestão será na melhoria dos processos internos, na otimização dos serviços para a sociedade com criatividade dentro das regras legais. “Esse distanciamento entre o que o mundo moderno já nos oferece, com baixo custo, e o que o Poder Público nos oferece, a um altíssimo custo, está deixando a população irritada”, frisou o secretário. “Minha função é otimizar processos e facilitar o trabalho”, afirmou o secretário. Nos próximos dias, Indio da Costa se dedicará a conhecer os projetos, obras e serviços que vêm sendo desenvolvidos tanto na Secretaria do Ambiente quanto no Inea. Isaura Fraga, ex-Feema, assume a presidência do Inea Isaura Fraga, presidente da extinta Feema durante o governo de Rosinha Garotinho (de 2004 a 2006), foi a escolhida pelo secretário estadual do Ambiente, Indio da Costa, para assumir a presidência do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Ela entra no lugar de Marilene Ramos, que é filiada ao PT. Em 2007, no início do primeiro governo Cabral, Isaura foi diretora da Central de Abastecimento do Rio de Janeiro (Ceasa). FontE: o ECo

revista do meio ambiente fev 2014


“vilmar tem o espírito do construtor de catedrais da idade média: começar, mesmo sabendo que a obra final outro é que vai ver”. [ roberto messias ]

Foto: Paulo Chafin

Cultura e comunicação para a sustentabilidade lEia, PrEsEntEiE, adotE os livros na EsCola EsCritor vilmar bErna oescritorejornalistavilmarberna estáàdisposiçãoparacontratação para palestras e consultorias, organizaçãodeeventoseprojetos de comunicação e educação ambiental. Conheça e adote os livros do autor, na Paulus e Paulinas, e seus cursos à distância na UFF. Vilmar foi reconhecido, em 1999, pelas Organizações das Nações Unidas com o Prêmio Global 500 da onU para o meio ambiente e, em 2003, recebeu o Prêmio verde das américas. É fundador da rebia (rede brasileira de informação ambiental) e editor (voluntário) da revista do meio ambiente.

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Educação e Cidadania socioambiental

meio ambiente e sustentabilidade

autobiografia: http://escritorvilmarberna.blogspot.com.br/ Facebook: http://www.facebook.com/vilmar.berna mais fotos (Google): https://plus.google.com/114580520916258437499 artigos disponíveis para download: http://escritorvilmarberna.com.br/artigos.html

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PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ) COM ÁTILA NUNES E ÁTILA ALEXANDRE NUNES

Jaime Quitério, Átila Alexandre Nunes, Renata Maia e Átila Nunes

O programa Reclamar Adianta é transmitido durante a semana das 10 horas ao meio dia através da Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ), podendo também ser acessado pela internet: www.reclamaradianta.com.br Se desejar, envie a sugestão de um tema para ser abordado. Aqui os ouvintes participam de verdade. Abraços, Equipe do programa Reclamar Adianta

Ao lado do deputado está o filho dele, Átila Alexandre Nunes

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia. Com Átila Nunes e Átila Alexandre Nunes Ouça também pela internet: www.reclamaradianta.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5588 twitter: @defesaconsumo www.emdefesadoconsumidor.com.br (serviço 100% gratuito) atilanunes@reclamaradianta.com.br atilanunes@emdefesadoconsumidor.com.br

PROGRAMA PAPO MADURO

RÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ) De 2ª à 6ª feira, ao meio dia. Ouça pela internet: www.papomaduro.com.br Central telefônica 24h: (021) 3282-5144 E-mail: ouvinte@papomaduro.com.br


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A Revista do Meio Ambiente (revistadomeioambiente.org.br) é elaborada a partir das colaborações da Rede Rebia de Colaboradores e Jornalistas Ambientais Voluntários (RebiaJA – rebia.org.br/ rebiaja) e é distribuída de forma dirigida e gratuita, em âmbito nacional, em duas versões: 1) versão impressa – distribuída em locais estratégicos e durante eventos ambientais importantes que reúnam formadores e multiplicadores de opinião em meio ambiente e demais públicos interessados na área socioambiental (stakeholders) diretamente em stands, durante palestras, ou através de nossas organizações parceiras, empresas patrocinadoras, etc.; 2) versão digital – disponível para download gratuito no site da Revista bastando ao interessado: a) estar cadastrado na Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) – rebia.org.br (cadastro e associação gratuitas); b) estar logado no momento do download; c) preencher o campo do formulário com o comentário sobre o porque precisa da Revista do Meio Ambiente. Quem patrocina a gratuidade? A gratuidade deste trabalho só é possível graças às empresas patrocinadoras e anunciantes, às organizações parceiras e à equipe de voluntários que doam seu esforço, talento, recursos materiais e financeiros para contribuir com a formação e o fortalecimento da cidadania ambiental planetária, no rumo de uma sociedade sustentável.

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Revista do Meio Ambiente Redação: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba, Niterói, RJ CEP 24370-290 Telefax: (21) 2610-2272


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