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Rosalina Vilela

ROSALINA

Cardoso Vilela

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ROSALINA, UMA MULHER GUERREIRA

POR CELSO MACHADO

Rosalina Cardoso Vilela é uma mulher à frente do seu tempo. Além de sempre conectada com as tendências tecnológicas e de mercado do Brasil e do mundo, mostrou-se naturalmente líder não somente conduzindo a sua empresa, mas também como presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, Aciub, em duas gestões consecutivas.

A empresária considera que essa vocação é simplesmente por ela gostar de pessoas e também de se colocar como ponte entre várias possibilidades e conexões. “Eu gosto dos outros, de adoçar a vida, facilitar. Gosto de abrir caminhos. Não gosto de burocracia. Gosto de falar com as pessoas e facilitar os processos. É isso aí, facilitar”, resumiu Rosalina, que veio de uma das famílias mais tradicionais da cidade. É neta do exprefeito Tubal Vilela. E, segundo ela, ao contrário do que muitos imaginam, não era uma família muito rígida. Dela, afirma ter herdado a disciplina, o que a favoreceu na condução dos negócios e na vida política e empresarial. Rosalina lembra do pai, Fábio Vilela, como um grande empreendedor e negociante que sabia reconhecer também o valor das pessoas. E se orgulha de ter aprendido tanto com ele, não só em nível profissional, mas também pessoal, sobretudo em se tratando de respeito às pessoas, segundo ela, algo que o pai sempre cultivou.

Rosalina Vilela atribui essa disciplina também à escola na qual estudou, em São Paulo. Após alguns anos de estudo aqui, no Colégio Nossa Senhora, ela foi transferida para o internato do Colégio Santa Marcelina, em São Paulo. De lá, ela afirma trazer também os preceitos religiosos que a acompanham até hoje. “Por isso me tornei essa pessoa disciplinada, para poder resolver as coisas e atingir meus objetivos. Mas para fazer o que é certo, nem dá pra dizer o que é certo, pois o que é certo para um pode não ser para outro, mas ao fazermos algo com disciplina você reflete mais sobre isso, inclusive com respeito e também com fé. A gente não consegue viver sem Deus”, professou.

O período em que Rosalina esteve em São Paulo, em regime de internato, foi em plena adolescência, entre os 13 e 16 anos. Segundo ela, foi esse tempo o sustentáculo para a fé que carrega até hoje. Em se tratando de uma pessoa muito agregadora, Rosalina Vilela também gostava de esportes, de estar sempre no meio de várias pessoas, e, obviamente, assim como toda a juventude da época, amava os Beatles e Elvis Presley.

O espírito esportista lhe despertou também a paixão por motocicletas. Sua Harley-Davidson de hoje passou por uma escala progressiva no decorrer dos anos. Ela passou pela “cinquentinha”, quando trabalhava na TV Triângulo (atual TV Integração) e na TV Paranaíba. Era a realização plena do seu espírito juvenil. Depois, com a evolução da idade, assim como seus amigos, foi evoluindo também a potência das motos, passou para a de 100 cilindradas, até se firmar apaixonadamente como uma legítima motociclista, encontrando na Harley-Davidson o esteio ideal para o espírito genuíno dos que amam trafegar sobre duas rodas.

Essa inclinação para atividades envolvendo pessoas, de querer estar sempre em grupo e contribuir com as melhorias levou Rosalina à sua primeira graduação, no curso de Comunicação,

especializando-se depois em Gestão Empresarial. E, para ela, a Comunicação é a base de tudo. “Se falando certo, as pessoas entendem errado, imagina se falar errado. Trabalhar nessas duas emissoras me levou a ter uma visão interessante da cidade. Fui, na época, chefe da parte de criação e produção. Mas também éramos muito próximos do jornalismo. Tivemos bom relacionamento com todos, pessoas históricas das telecomunicações em Uberlândia. E o bom desempenho na parte de comunicação fazia também vender bem. Daí, fui ser contato comercial, fui vender”, relatou ela.

Para a sua empresa, a Erlan, Rosalina foi na década de 1990. O pai adquiriu a indústria e levou junto os filhos, para que os herdeiros se apaixonassem pelo negócio e aprendessem o ofício. Ela também passou a ser conhecida como a Rosalina da Erlan. “Na verdade, acho que nunca tive sobrenome. Primeiro a Rosalina do Fábio (o pai), depois a Rosalina do Lívio e do Lucas (os filhos), e só então vem Rosalina da Erlan. Também fui a Rosalina do Fisk porque tive e escola de inglês. Teve a Rosalina da Aciub. É interessante isso, de seu nome estar ligado a quem você é. Nós sempre pertencemos a algo ou alguém”, refletiu a empresária. Para a sua empresa, a Erlan, Rosalina foi na década de 1990. O pai adquiriu a indústria e levou junto os filhos, para que os herdeiros se apaixonassem pelo negócio e aprendessem o ofício. Ela também passou a ser conhecida como a Rosalina da Erlan. “Na verdade, acho que nunca tive sobrenome. Primeiro a Rosalina do Fábio (o pai), depois a Rosalina do Lívio e do Lucas (os filhos), e só então vem Rosalina da Erlan. Também fui a Rosalina do Fisk porque tive e escola de inglês. Teve a Rosalina da Aciub. É interessante isso, de seu nome estar ligado a quem você é. Nós sempre pertencemos a algo ou alguém”, refletiu a empresária.

Para Rosalina, contudo, a maior aquisição da empresa foi dividir sua administração com os filhos, Lucas Eduardo e Lívio Augusto. “São dois profissionais de altíssima competência, criativos, dispostos, de fácil relacionamento. É muito bom dividir com eles a responsabilidade pela empresa e pelos colaboradores. Eu não consigo fazer nada sozinha. E muito menos sem eles”, afirmou.

A empresária ressalta que o que favoreceu o sucesso dos produtos Erlan no mercado global foi, acima de tudo, o diferencial da sua qualidade. Ela contou que, junto aos dois filhos, em 2010, adquiriu as partes dos demais familiares na fábrica, passando por testes difíceis até uma retomada segura, quando veio a pandemia, atravessando hoje novo período de reestruturação mas com boas perspectivas no mercado nacional e internacional. “Com a pandemia, começamos a sapatear de novo, mas eu acredito que isso vai ser passageiro, que nós vamos prosseguir com saúde. Com Deus junto, a gente enfrenta tudo”, disse ela, revelando alguns dos novos caminhos a serem adotados pela empresa, como os sistemas de multicanais de vendas e a autonomia empresarial para os revendedores.

Hoje, a sua fábrica de chocolates saltou de um consumo expressivo na cidade para tornar-se conhecida em todo o território nacional e, como ela mesma explica, também em nível internacional. A marca já extrapolou fronteiras e desembarcou em outros continentes. A remessa mais recente foi para a África do Sul, destino para o qual já exporta há décadas. “A Erlan é uma marca de grande aceitação em outros países. As pessoas se surpreendem com o sabor e com o fato de ser puro chocolate. Além dessa satisfação de ver o produto reconhecido em nível mundial, é muito bom também este contato com pessoas diferentes, de várias nacionalidades, com culturas diferentes”, disse ela.

Rosalina destacou também a responsabilidade assumida ao se colocar como presença representativa das mulheres em um ambiente quase predominantemente masculino. “Como mulher, nunca tive problemas nessa convivência internacional, mesmo nos países muçulmanos. E aqui, quando o Luiz Alexandre Garcia me levou para a Aciub, que havia sido sempre uma associação de homens – não que fosse machista, pois de fato não era –, também não tive problema e foi tudo perfeito. Tivemos vários projetos

Rosalina recebeu o troféu “Líder

Inspiradora” das mãos do grande amigo e também homenageado em 2020, Ivaldo Naves

aprovados e acentuamos a presença feminina no meio empresarial da cidade. Sinto-me bem sendo uma empresária, lutando por um Brasil melhor, por uma cidade melhor. Amo Uberlândia e acho muito importante a mulher estar inserida socialmente”, opinou, destacando também o Conselho da Mulher Empreendedora, o CME, criado na Aciub, que acabou trazendo novos paradigmas para a participação feminina no universo empresarial.

Rosalina guarda arquivos, como documentos e imagens em fotos e vídeos, constatando a presença de sua marca Erlan em locais como Rússia, Sibéria, África do Sul, Angola, Nabíbia, Síria, China, EUA, entre outros pontos do globo. “É um trabalho legal, é bom saber até onde estamos chegando, dando emprego inclusive. Uma luta boa, uma luta doce e onde está chegando! Onde chegam esses produtos. É bom saber que é de Uberlândia para o mundo”, orgulhou-se.

Para a empresária, os dois últimos anos, assim como para a maioria, foram muito desafiadores. Além de lidar com o desafio da economia, da saúde econômica, houve também o desafio de lidar com a saúde do corpo, da mente e de todos ao redor. “Esses dois anos, para mim, foram os maiores desafios da minha vida. O mundo mudou completamente. O formato de negócio, o formato de vida mesmo, o formato de higiene. Eu pensava que fosse uma pessoa de muita higiene. Não era nada. Aprendemos com o relacionamento. Preocupada. Aqui na empresa, a nossa preocupação era com os funcionários, de mantê-los livres do contágio. De ensinar como viveremos de agora em diante. O que aconteceu deixará marcas em nós. E espero que seja para o bem. E que o mundo aprenda, aprender não sei o que, mas que aprenda. Que sirva para alguma coisa boa”, otimizou.

Como a primeira presidente mulher de uma das entidades mais tradicionais da cidade, a quase centenária Aciub, Rosalina afirma ter aprendido ali a olhar mais o outro. “A Aciub não é feita somente pelos grandes empresários, que não precisam da entidade. Quem precisa da Aciub é a pequena empresa. Com esse foco, tivemos alguns trabalhos, em parceria com o Sebrae, que foram muito importantes. Juntar as pequenas empresas por segmento e lutar pelo que elas precisam. Essa foi uma das maiores vitórias na minha passagem pela associação comercial. E foi aí que aprendi a olhar mais pelo outro. Deixei um pouco de olhar a Rosalina da Erlan. Em lugar nenhum do mundo, um vive se o outro não existir. A pessoa está sofrendo no Afeganistão, isso vai ser péssimo, pois reflete no mundo inteiro e ele todo sofre. Não existe isso de falar que não gosta de política. Nós dependemos da política, dependemos de todos. As leis são feitas pelos políticos, não dá para ignorar isso. Não tem jeito. Então, esse foi um aprendizado quando passei pela Aciub. E depois fui Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico, mais um grande aprendizado. Foi muito bom trabalhar com o Odelmo, pessoa que respeito muito. E foi quando veio a Ambev, a rede Bahamas, o Polo Tecnológico, muitas coisas boas em nossa gestão, só vitórias”, relatou.

Mesmo com várias pessoas nos últimos anos sugerindo à empresária se lançar candidata à prefeitura de Uberlândia, essa é uma possibilidade que, ao menos por enquanto, ela descarta. Prefere os bastidores, onde sente que sua contribuição é mais expressiva. “Penso que ajudo mais dessa forma. Uberlândia é uma cidade muito importante para o estado e para o país. Merece que eu dedique meu tempo também a ela. E faço isso com prazer”, afirmou.

Como exemplo dessa importância, Rosalina menciona o fato de Uberlândia ser a principal cidade de Minas Gerais, por sua localização privilegiada. “Nós temos aqui um entroncamento logístico muito importante. Trouxemos para cá o entreposto da Zona Franca de Manaus, outra conquista em nossa gestão da Aciub. Em um raio de 600 km estão aqui 70% do consumo do brasileiro. Isso é apenas um exemplo para ver como nossa cidade é importante no contexto nacional”, enfatizou.

Em seus planos futuros, a curto prazo, está realizar um sonho antigo e percorrer, no ano que vem, o percurso da Rota 66, uma das estradas mais famosas dos Estados Unidos e do mundo, badalado roteiro de viagem, também conhecida como Mother Road, ou “Estrada Mãe”, que liga as cidades de Chicago e Santa Monica, cortando oito estados norte-americanos e é o trecho preferido de motociclistas de todo o mundo.

Pilotar na Rota 66 é uma realização pessoal. Profissionalmente, Rosalina pretende atravessar novos oceanos e alcançar outros terrenos promissores. “Eu quero ir mais além com a Erlan, levar mais longe nossos produtos. Mais produtos novos. Mais produtos inovadores. Isso que a gente espera”, adiantou.

Quando a empresária diz que a Erlan leva o nome de Uberlândia para o mundo, essa afirmação vem em um sentido muito mais literal do que muitos possam imaginar. É que o nome Erlan surgiu a partir da nomenclatura da cidade. “Erlan é o coração da palavra Uberlândia. Uberlândia está no coração da Erlan e a Erlan no coração de Uberlândia. É esse o pertencimento da Erlan à cidade”, explicou Rosalina, acrescentando que se sente orgulhosa também ao ouvir relatos de consumidores e funcionários, sobretudo destes últimos, que trabalham ou trabalharam por décadas na empresa e a partir dali formaram suas famílias, alguns deles hoje com filhos bem-sucedidos até mesmo fora do país, dando à empresária o orgulho de saber que a Erlan não se fez sozinha, mas sim com toda a cidade e com os esforços de seus colaboradores.

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