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Gurupi, sementes que abrem portas

SEMENTES QUE ABREM PORTAS

A HISTÓRIA DE SUCESSO PROTAGONIZADA POR ALEXANDRE ANDRADE E EDWILSON BALTAZAR COM A EMPRESA SEMENTES GURUPI

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Alexandre Andrade de Faria é nascido em Uberlândia. A família é de Tupaciguara, onde ele viveu até os 14 anos. O pai era pecuarista lá. Aos 14 anos, retornou para cá, onde fez o curso de Agronomia, graduado pela UFU em 1996.

Edwilson Baltazar é natural de Ituiutaba. Também filho de pecuarista, mudou para Goiás quando o pai faleceu, na região que depois seria o estado de Tocantins. Quando retornou para Ituiutaba, já para cursar a faculdade de Agronomia, por causa de seu nome incomum, recebeu o apelido de Gurupi, desde 1988. Os dois se encontraram como funcionários de uma mesma empresa, se tornaram amigos e depois sócios, empreendendo a história de sucessos chamada Sementes Gurupi.

Edwilson, desde que se graduou, em 1992, lida com sementes. Começou trabalhando na Emater, emprego no qual permaneceu por dois anos. O encontro entre os dois sócios foi por acaso. Alexandre trabalhava em uma empresa de sementes em Uberlândia, pela qual Edwilson foi contratado para desenvolver um projeto em uma nova indústria, na região de Xapetuba, no vizinho município de Monte Alegre de Minas. Foram criando laços de amizade e em meados da década de 2000, por meio de uma conversa informal, consideraram investir em suas próprias carreiras. Ambos então decidiram, a partir de 2007, construir a própria história.

Os agrônomos já tinham em mente um projeto, de procurar um parceiro para o desenvolvimento de algo diferenciado. Procuraram duas indústrias, mas não obtiveram muito sucesso. A primeira se interessava mais pela expertise industrial de Baltazar. A segunda se inclinou ao tino comercial de Alexandre. Optaram então por continuar a busca.

Os sócios Alexandre Andrade e Edwilson Baltazar criaram a Sementes Gurupi para aumentar a produtividade dos produtores parceiros

Recorreram a um produtor da região, Van Ass, que os orientou a seguirem sozinhos, pois considerava que eles não precisavam de ninguém. E eles seguiram o conselho. Segundo ambos, o início foi de enorme dificuldade. A vantagem é que nutriam grande amizade com alguns produtores, que, na base da confiança, os alavancaram com financiamentos para a produção, estabelecendo parcerias que persistem até hoje.

Mas, com persistência, os negócios prosperaram. Alexandre disse que este setor é bastante regulamentado, regido por várias instruções normativas. E eles sempre fizeram questão de segui-las, o que não era praxe na área. Isso acabou sendo um grande diferencial no mercado. Ele revelou também que sempre tiveram a fé no trabalho e se antecipavam em função disso, citando exemplos de quando o cliente adiava para o ano seguinte determinada produção e eles, acreditando que ela seria realizada, já a providenciavam antecipadamente.

Uma dificuldade encontrada foi para entrar no meio. Para ter acesso à Embrapa, por exemplo, que atuava junto às fundações, eles precisavam adquirir cotas da fundação do setor, que eram restritas e caras. Mas conseguiram entrar e até hoje são associados.

Na época começaram a prestar serviços de beneficiamento à atual Syngenta. Com isso, foram adquirindo credibilidade. Surgiram então as grandes empresas de sementes de genética, promovendo grandes alterações no mercado, alterações estas para às quais ambos estavam bem preparados, por já terem a prática de sempre estarem um passo à frente no escopo de atuação. Hoje, para eles, fez diferença o fato de estarem em contato direto com os produtores, ajudando-os a terem maior produtividade, vendendo não só sementes mas também confiança. E são reconhecidos por isso. Segundo Gurupi, estão sempre com material de ponta, que agrega à produção dos clientes, como armazéns climatizados, que garantem a qualidade das sementes, o tratamento industrial e não infiltrado de sementes, que são entregues prontas para o plantio, facilitando e trazendo agilidade para o trabalho dos produtores, sempre com vistas ao profissionalismo e a uma qualidade superior.

Até então, em boa parte das plantações de soja, esse risco no tratamento das sementes cabia aos produtores. Embora comercializem também sementes de milho, a dupla trabalha basicamente com beneficiamento e industrialização de sementes de soja, produzidas num raio de 100 quilômetros dos cooperados. Eles fornecem a semente de base para

o produtor, fazem todo o tratamento adequado para ela e, depois da colheita, compram as sementes dos produtores, quando é feito todo o processo de industrialização e beneficiamento. Um processo, segundo Edwilson, todo auditado pelos companheiros de trabalho. Desde o plantio, tudo é verificado, até a limpeza da plantadeira, para verificar se não houve mistura, acompanhamento de eventuais pragas e doenças durante o ciclo, e, na colheita, as inspeções de campo, para ver se está tudo dentro das normas de produção de sementes. Estando, é feito um teste químico, para constatar a sua qualidade. Verificado isso, procede-se à colheita e ela é enviada para os armazéns da empresa. Todas essas etapas, segundo ele, são rigorosamente seguidas pela empresa. Eles consideram este um bom negócio. Dizem ser muito gratificante ver uma lavoura estabelecida, que rende padrões de qualidade e uma produtividade alta para o cliente, existindo satisfação das duas partes, do cliente pela boa colheita e da empresa por ter participado desse resultado.

Alexandre contou que o aumento da produção do início das atividades até hoje foi, em média, de 40%. Nem tudo foram flores no percurso. Ele revelou que houve momentos em que, temendo o prejuízo, próprio e de terceiros, chegaram a pensar na desistência. Mas, continuaram apostando no negócio e neles próprios. Entre eles, o nível de paixão pelo ofício é o mesmo, Gurupi pelo operacional e o trabalho de campo e Alexandre no atendimento ao cliente e no aumento das perspectivas comerciais da empreitada. E ambos têm orgulho do relacionamento saudável que construíram, afirmando jamais terem se deparado com grandes conflitos de opiniões que pudessem prejudicar o andamento do trabalho. Mais do que sócios, se consideram irmãos. Os dois acentuam a importância do quadro de colaboradores, enfatizando que vários deles estão ali desde o início da empresa. Destacaram também a presença feminina na empresa, com muitas mulheres atuando na área, principalmente nos laboratórios. A empresa também absorve muitos estudantes para estágios, sobretudo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), geralmente dos últimos períodos da graduação quando se tem as disciplinas relacionadas a sementes, existindo, inclusive, casos na empresa de estagiários posteriormente efetivados como colaboradores.

Alexandre e Edwilson vislumbram com otimismo o futuro da Gurupi Sementes. No presente, na relação com Uberlândia, há mais investimentos próprios além dos já realizados, como a recente nova indústria, e também ações sociais e participações em eventos. A nova indústria foi implantada há quatro anos, um investimento na ordem de R$100 milhões, localizada na região do bairro Morada Nova, próximo à Petrobras. Embora tenham clientes em várias cidades e oportunidades de se deslocarem para outros municípios, optaram por permanecer em Uberlândia. Entre as parcerias estabelecidas por aqui, a empresa tem ligação estreita também com o Sindicato Rural, segundo Alexandre, entidade que realiza a maior feira de agricultura de Minas Gerais, a Femec, da qual participam ativamente desde a primeira edição.

Voltando às perspectivas para o futuro, os sócios acreditam muito na continuidade do crescimento, uma vez que ainda há muito a ser feito, pela empresa, por Uberlândia e pela região. “Não há tempo nem hora, estamos a postos o tempo todo e somos movidos pelo trabalho”, disse Alexandre. “A empresa é só alegria, nosso ambiente de trabalho é bastante informal, o que é muito saudável e surpreende os representantes das multinacionais que nos visitam”, acrescentou Edwilson, demonstrando que é possível conjugar alegria com o trabalho, quando se ama e acredita no que é feito.

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