Out/Nov/Dez - 2021 Nº 270- Ano 48
FAB RUMO AO FUTURO ENTREVISTA
INTERNACIONAL
HISTÓRIA
Comandante da Escola Superior de Guerra fala das novidades na área dos Altos Estudos em prol da Defesa do Brasil
O transporte de esperança nas asas da Força Aérea Brasileira nas missões humanitárias pelo mundo
Saiba como foi a participação da FAB na Operação das Nações Unidas no Congo
Aerovisão
Abr/Mai/Jun/2021
3 ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER
Plano de voo Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
8
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Edição nº 270 Ano 48 Outubro / Novembro / Dezembro - 2021
ENTREVISTA Altos estudos na defesa do Brasil
Comandante da Escola Superior de Guerra (ESG), Tenente-Brigadeiro do Ar Luis Roberto do Carmo Lourenço, fala das novidades na área da educação na pasta do Ministério da Defesa
MÊS DA ASA FAB comemora o seu Dia
O Comando da Aeronáutica realizou, durante todo o mês de outubro, diversos eventos alusivos ao Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira. Veja como foram
EXPEDIENTE Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER). Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF
Tiragem: 18 mil exemplares.
Período: Outubro / Novembro / Dezembro 2021 - Ano 48 Contato: redacao@fab.mil.br
4
Out/Nov/Dez/2021
18
Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Adolfo Aleixo da Silva Junior
Diagramação: Suboficial R/1 Cláudio Bomfim Ramos
Vice-Chefe do CECOMSAER: Coronel Aviador Luis Felipe da Silveira e Eliseu
Revisão Ortográfica e Gramatical: Suboficial SST Rogerio Braga Bandeira
Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador João Gustavo Lage Germano
Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte.
Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Igor Correa da Rocha
Distribuição Gratuita Acesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao
Edição: Tenente Jornalista Flávia Rocha (DRT - 1354/PI) Tenente Jornalista Cristiane dos Santos (MTB - 35288/SP)
Aerovisão
Impressão: Edigráfica.
38
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Veja a edição digital
EXCON TÍNIA 2021 Guerra simulada no Sul do País
Exercício Conjunto Tínia 2021 reúne militares das três Forças Armadas e emprega aeronaves de diversas aviações, simulando uma guerra convencional
44
30 EXCON TAPIO 2021 FAB coordena treinamento no Centro-Oeste do País
62
Adestramento realizado em Campo Grande (MS) é marcado pela interoperabilidade entre as Forças Armadas. Confira, em imagens, os principais momentos do Exercício Conjunto Tápio em 2021
50
MISSÕES HUMANITÁRIAS Transportando esperança nas asas que protegem o País
De prontidão, Força Aérea Brasileira atua contribuindo com o sucesso das missões de ajuda humanitária e de mitigação de efeitos de desastres em diversos países
56
66
SICOFAA Juntos salvando vidas
Saiba como funciona o Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas, que há 60 anos une países para fortalecer capacidades e salvar vidas
OPERACIONAL Apoio logístico no extremo do mundo
O suporte da FAB aos militares e pesquisadores brasileiros que atuam na Estação Antártica Comandante Ferraz, a base brasileira localizada em uma das regiões mais frias do planeta
VOO MENTAL Socorro, esperança e lembranças
Jornalista Luiz Claudio Ferreira relembra as enchentes que devastaram cidades históricas do Rio de Janeiro, tragédia brasileira que completa 11 anos em janeiro de 2022
A FAB NO CONGO Missão de Paz
Conheça a histórica participação da FAB na Operação das Nações Unidas na República Democrática do Congo. Considerada por pesquisadores uma operação sem precedentes, a Missão de Paz ocorrida na década de 1960 contou com a contribuição de 179 militares da Força Aérea Brasileira Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
5
Aos Leitores
UMA EDIÇÃO COM MUITO A HONRAR Não só a Força Aérea Brasileira (FAB), mas todos os brasileiros orgulham-se do fato histórico ocorrido em 23 de outubro de 1906: o primeiro voo realizado por Alberto Santos-Dumont com o 14-Bis, o mais pesado que o ar. Cento e quinze anos depois, tanto os avanços na indústria aeronáutica nacional como as inúmeras conquistas alcançadas nas últimas décadas por nossos militares são motivos de comemoração. Com esse espírito, a matéria de capa desta edição celebra o Dia do Aviador e o Dia da Força Aérea Brasileira, narrando como ocorreram os eventos de outubro alusivos ao Mês da Asa, em prol de projetar e preservar a imagem da FAB. Em entrevista, o Comandante da Escola Superior de Guerra (ESG), Tenente-Brigadeiro do Ar Luis Roberto do Carmo Lourenço, fala das novidades na área da educação na pasta do Ministério da Defesa; dentre elas, destaca os esforços para a criação da Escola Superior de Defesa (ESD). O Oficial-General explica que a ESD visa a ampliar o conhecimento e o debate sobre assuntos relacionados à defesa, alcançando profissionais do poder Legislativo, Executivo e Judiciário além de outras instituições públicas e privadas. Esta revista também privilegia, com imagens, os principais momentos do Exercício Conjunto (EXCON) Tápio, realizado pela FAB em Campo Grande (MS), e do Exercício Conjunto (EXCON) Tínia, em Santa Maria (RS). Pela primeira vez, o Excon Tínia ocorreu concomitantemente a dois outros treinamentos: Adestramento Conjunto Meridiano – Fase Ibagé, sob coordenação do Exército Brasileiro (EB); e Operação Escudo Antiaéreo, sob responsabilidade do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE). Nesta edição, o leitor poderá ainda se aprofundar nas missões de ajuda humanitária com atuação dos militares da FAB. A partir da página 44, uma matéria especial explica como funciona o Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas (SICOFAA), que conta com a Força Aérea Brasileira como um de seus integrantes; além disso, abordamos a participação da FAB no exercício internacional Cooperación VII, que aconteceu em setembro na Colômbia. Em outra reportagem, sintetizamos o histórico de missões humanitárias realizadas pelas asas da nossa Força Aérea no apoio à superação dos mais variados problemas de diversas nações ao longo das últimas décadas. Em outra reportagem deste trimestre, mostramos como foram os lançamentos de vacinas durante a pandemia da COVID-19 na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), a base brasileira localizada em uma das regiões mais frias do planeta. Na mesma matéria, narramos como o Esquadrão Gordo da FAB realiza Apoio Logístico aos militares e pesquisadores brasileiros que atuam na Antártica. Por fim, produto de uma extensa pesquisa, uma matéria especial resume uma longa história pouco conhecida entre os brasileiros: a participação da FAB na Missão de Paz da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo, entre 1960 e 1964, quando aquele país da África Central enfrentava fortes intempéries após a sua independência. Assim, com plena honra, em nossas páginas homenageamos todos os 179 militares que atuaram nessa nobre missão. Boa leitura! Brigadeiro do Ar Adolfo Aleixo da Silva Junior Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
6
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Nossa capa: A foto, de autoria da Sargento Bianca Viol, mostra os sobrevoos das aeronaves KC-390 Millennium, que pertencem à Aviação de Transporte e cumprem diversas missões, além do F-39 Gripen, o novo avião de caça da FAB, acompanhado dos F-5M, que estão na Força Aérea desde 1975, durante a formatura do Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira, na capital federal. A imagem representa a passagem de bastão de uma frota antiga para aquela que vai ser a espinha dorsal da FAB no futuro.
Palavras do Comandante
A FORÇA QUE NOS MOVE histórico de Força solidária. Se por um lado entramos na guerra com todo vigor e determinação exigidos no campo de batalha, por outro não nos esquecemos de que é imperioso treinar para isso. Nosso profissionalismo germina do bom adestramento de pessoal e do regular preparo de aeronaves e outros recursos tecnológicos. No Exercício Conjunto Tápio, realizado em Campo Grande (MS), em mais de 800 horas de voo, demonstramos nossa capacidade de operar com as outras Forças. No Sul do País, o Exercício Tínia também apresenta a versatilidade de nossos Esquadrões em um cenário de guerra. Para além das fronteiras brasileiras, o KC-390 Millennium da FAB validou sua multifuncionalidade operacional diante dos olhos de países amigos. Nos Estados Unidos, a aeronave foi empregada no Exercício Culminating, executado em conjunto com o Exército e a Força Aérea daquele país, além do Exército Brasileiro, preparando militares para missões de emprego em operações aeroterrestres. Já na Colômbia, o vetor participou do Exercício Cooperación VII com diversas missões em ambiente simulado, que exigiram a integração das capacidades das instituições abarcadas pelo Sistema de Cooperação das
Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior Comandante da Aeronáutica
Forças Aéreas Americanas (SICOFAA). A Força Aérea Brasileira não pode parar. Está posicionada no front, de onde ostenta seu dever de defender e apoiar o nosso povo. Juramos toda nossa dedicação à honra, à integridade e às instituições da nossa Pátria. Entendemos que temos cumprido com louvor esse compromisso, e esse pacto é a força que nos move. Ao Brasil, reforçamos que estaremos preparados para novas adversidades, afinal, somos as Asas que Protegem o País.
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Chegamos aos derradeiros dias de 2021 acompanhados de avultantes reflexões sobre os últimos tempos vividos e, principalmente, sobre como temos encarado tantos desafios. A pandemia da COVID-19 aturdiu a sociedade mundial e, por mais um ano, fez com que as instituições se posicionassem sobre suas importantes atribuições diante da coletividade. Com a Força Aérea Brasileira não foi diferente. As adversidades descortinaram o nobre papel constitucional da FAB, que, com sua parcela de contribuição, amenizou as dificuldades do nosso povo. É, de fato, de se orgulhar do trabalho de mais de 70 mil homens e mulheres em prol da nação. Continuamos transportando pacientes, insumos, medicamentos e vacinas; participando de campanhas de doações; integrando Comandos Conjuntos em esforços de guerra contra o Coronavírus; entre tantas outras iniciativas. E, ainda assim, não nos esquecemos de incorporar ações complementares que fazem parte do espírito brasileiro e da política diplomática internacional, ajudando países amigos com iniciativas humanitárias. Mais uma vez, fomos acionados e cumprimos a missão de levar esperança em nossas asas ao Haiti, país assolado por desastres naturais, relembrando nosso
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
7
ENTREVISTA
ALTOS ESTUDOS NA DEFESA DO BRASIL No dia 5 de novembro de 2021, foi ativada oficialmente a Escola Superior de Defesa (ESD), que visa a ampliar o conhecimento e o debate sobre assuntos relacionados à defesa do Brasil, alcançando profissionais do poder Legislativo, Executivo e Judiciário além de outras instituições públicas e privadas. Em entrevista, o Comandante da Escola Superior de Guerra (ESG), Tenente-Brigadeiro do Ar Luis Roberto do Carmo Lourenço, detalha sobre esse assunto, além de abordar sobre outros esforços com o objetivo de enriquecer a proximidade com os três poderes da República e a viabilização do aprofundamento de estudos e pesquisas em importantes áreas, como a de segurança cibernética e do setor aeroespacial do País.
TENENTE JORNALISTA CRISTIANE DOS SANTOS E TENENTE JORNALISTA FLÁVIA ROCHA
A Escola Superior de Guerra (ESG) é um Instituto de Altos Estudos de Política, Estratégia e Defesa integrante da estrutura do Ministério da Defesa (MD). Como a ESG vem desenvolvendo e consolidando os conhecimentos necessários ao exercício de funções de direção e assessoramento superior para o planejamento da Defesa Nacional? A Escola Superior de Guerra é uma instituição que apresenta várias características positivas e entre elas se destaca o grau de maturidade institucional construído ao longo de mais de sete décadas de existência. Todos esses anos permitiram a formação de uma estrutura de educação que contempla diferentes fases da construção do conhecimento. Isso, naturalmente, engloba as fases de desenvolvimento e de consolidação dos conceitos hoje requeridos pelas organizações civis e militares que recebem os nossos produtos finais. Na nossa vertente voltada para o desenvolvimento do conhecimento, a ESG dispõe do Centro de Pós-Graduação em Segurança Internacional e Defesa, com programas de pós-formação lato sensu e stricto sensu direcionados às linhas de pesquisa propostas pelo MD; pelo Centro de Estudos Estratégicos Marechal Cordeiro de Farias, que realiza e coordena estudos e pesquisas nas áreas de Segurança e Defesa; e pelo Instituto de Doutrina de Operações Conjuntas, que realiza estudos, pesquisas, projetos e atividades de extensão que contribuam para o acompanhamento das transformações científicas e tecnológicas em curso e seus impactos sobre as Operações Conjuntas e
8
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Atividades na Carreira
O Tenente-Brigadeiro Lourenço foi Comandante-Geral do Pessoal da Aeronáutica; Vice-Secretário da Secretaria de Economia, Finanças e Administração da Aeronáutica (SEFA); Comandante do IV Comando Aéreo Regional; Presidente do Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CNPAA); Chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA); Chefe da Assessoria Parlamentar do Comandante da Aeronáutica (ASPAER), dentre outras funções
9
Alto nível para Instituições
Foto: ESG
A ESG desenvolve atividades voltadas a atender a um público de alto nível lotado em órgãos dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, dentre outras instituições
assentamento do conhecimento vários fatores, onde se destaca a nossa capacidade de atingir expressivo número de estagiários e alunos que são selecionados e vocacionados para as atividades de ensino, o que se alia à dedicação e ao profissionalismo dos integrantes da Escola para manutenção e elevação constante da qualidade da educação. Esses fatores somados consubstanciarão as informações, competências e capacidades que virão a sedimentar
sobre o emprego do Poder Militar como instrumento do Poder Nacional. Dessa forma, cada um deles, dentro da sua vocação, dedica-se a realizar tanto estudos como pesquisas que favoreçam o desenvolvimento de novos domínios e o amadurecimento de antigas concepções. No viés da consolidação do conhecimento, encontram-se os inúmeros cursos e estágios ministrados pela ESG ao longo de cada ano, voltados para diferentes públicos. Contribuem para o
“
.
A Escola Superior de Guerra realiza seu trabalho voltado para inúmeros segmentos do Brasil no que se refere, sobretudo, à Segurança e Defesa do País.
Out/Nov/Dez/2021
“
10
Aerovisão
tanto os conceitos mais atuais quanto aqueles já consagrados e indispensáveis ao exercício das funções de direção e assessoramento em alto nível em cada instituição. Em abril deste ano, o senhor assumiu a Escola Superior de Guerra. Desde então, quais têm sido as prioridades à frente da ESG? O Ministério da Defesa está se preparando para receber importantes modificações na sua estrutura e, entre elas, destacam-se aquelas que trarão reflexos na área de educação desta pasta, em especial, com a efetivação da Escola Superior de Defesa e, posteriormente, a criação da Chefia de Educação e Cultura, que está em andamento no MD. Assim sendo, contribuir para a consolidação dessa proposta tem sido uma das maiores prioridades. Por isso, desde o mês de abril, viemos dedican-
aprofundamento de estudos e pesquisas em importantes áreas, como a de segurança cibernética e do setor aeroespacial. A ESG funciona como centro de estudos e pesquisas, a ela competindo planejar, coordenar e desenvolver os cursos que forem instituídos pelo Ministério da Defesa. O senhor poderia falar a respeito dessas atividades? A Escola Superior de Guerra realiza seu trabalho voltado para inúmeros segmentos do Brasil no que se refere, sobretudo, à Segurança e Defesa do País. Dessa forma, não poderia o Ministério da Defesa deixar de figurar como nosso principal demandante por conhecimento. A maioria dos nossos cursos e estágios são reflexos das necessidades identificadas pelos diferentes setores do MD, seja voltado para Logística e Mobilização, Produtos de Defesa, Base Industrial de Defesa e para a Doutrina de Emprego e Operações Conjuntas das Forças Armadas. Para tanto, os nossos trabalhos que envolvem estudo e desenvolvimento de ideias são orientados
por linhas de pesquisa e por assuntos propostos pelos diversos setores do MD. Ou seja, isso nos coloca próximos da situação ideal onde o cliente consegue solicitar exatamente o produto que ele precisa em termos de conhecimento. Com natureza acadêmica, a ESG é um foro democrático e aberto ao livre debate. Como o senhor avalia a razão de ser da Escola? Na sua concepção, no final da década de 40, a ESG recebeu a orientação de que deveria se constituir num instituto de estudos de alto nível e se tornar um centro permanente de debates e pesquisas dos problemas brasileiros, voltados para o binômio segurança e desenvolvimento. Somado a isso, pouco tempo depois foram estabelecidos os princípios fundamentais da Escola Superior de Guerra, que postulavam entre vários outros axiomas que o instituto em criação devia convergir esforços no estudo e na solução dos problemas de Segurança Nacional, mediante a análise e interpretação dos faFoto: ESG
do esforços para que tanto os aspectos administrativos e legais quanto aqueles de cunho prático ligados ao modo de atuação no dia a dia permitissem que, em 1° de outubro, fosse finalmente formalizada a criação da Escola Superior de Defesa. Vale lembrar que a ESD é fruto, na verdade, da transferência para Brasília de expertises que eram mantidas na Escola sediada no Rio de Janeiro e, por isso, não se caracterizou como sendo a criação de uma nova estrutura, mas o que vivenciamos foi, sobretudo, a formalização da sua emancipação da ESG. Ainda nesse sentido, esforços têm sido priorizados para a entrada em vigor da Chefia de Educação e Cultura, o que enseja, nesse momento, principalmente trabalhar para que as nossas Escolas funcionem com autonomia e de acordo com as suas novas estruturas organizacionais. Paralelo a isso, compõem as nossas prioridades, neste momento, o enriquecimento da proximidade com os três poderes da República e a viabilização do
Alto nível também no Centro-oeste Em 2011, a ESG expandiu suas atividades para a Capital Federal, com a criação do Campus Brasília, reaproximando a Escola do centro político administrativo do país
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
11
tores políticos, econômicos, diplomáticos e militares, devendo haver, para tanto, um espaço de ampla discussão e compreensão entre os grupos que representavam esses assuntos no Brasil. Assim, tendo em vista que a Escola se manteve bastante fiel a esses direcionamentos iniciais, o que se comprova pela grande diversidade de participantes e assuntos que são estudados nos nossos cursos e estágios, é possível afirmar que se constitui em uma das razões para existência desta Instituição ser um foro democrático e de amplo debate de assuntos de interesse do Brasil. Outro aspecto que constitui a razão de ser desta Escola é o fornecimento de dois insumos muito importantes aos alunos e estagiários. O primeiro fator é ligado à certeza de terem sido transmitidas as ferramentas que serão empregadas na construção de diversos produtos, tais como a elaboração de estratégias, concepção de políticas, formulação de assessoramentos de alto nível, entre outros. Com a mesma importância, figura a elevação intelectual oferecida aos alunos por meio de aulas e palestras no nível mais alto em cada assunto, permitindo a construção de uma percepção clara e verdadeira da nossa realidade.
Encontro na ESD
Primeira Conferência de Armamento Aéreo, com o tema “A soberania da Pátria começa com o domínio dos céus”, realizada em outubro de 2021, na Escola Superior de Defesa, em Brasília (DF)
Desde 2011, a Escola Superior de Guerra vem desenvolvendo atividades com a proposta de atender civis e assessores de alto nível lotados nos órgãos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como de outras
autarquias e instituições. O senhor poderia falar como a Escola está estruturada bem como qual a capacidade de matriculados? Sim. Há alguns anos, quando se
.
“
Há alguns anos, quando se iniciou a transferência para Brasília de algumas competências da ESG, figurava como um dos objetivos para essa mudança exatamente a maior aproximação com os demais Poderes.
“
12
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
iniciou a transferência para Brasília de algumas competências da ESG, figurava como um dos objetivos para essa mudança exatamente a maior aproximação com os demais Poderes. Contudo, é importante salientar que, desde a concepção da Escola, sempre existiu a vocação e a necessidade de haver o inter-relacionamento com os diversos seguimentos da sociedade, sobretudo com os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Para tanto, hoje oferecemos aproximadamente 20 cursos e programas de formação divididos entre a Escola Superior de Guerra e a Escola Superior de Defesa, abrindo a oportunidade para que mais de 300
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
servidores não pertencentes às Forças Armadas ou ao Ministério da Defesa possam participar e conhecer melhor a realidade e as capacidades militares. Entre todos os cursos oferecidos, alguns como o “Curso de Gestão de Recursos de Defesa”, o “Curso de Defesa Nacional e o Poder Legislativo” e o “Curso de Diplomacia e Defesa” têm a capacidade ainda maior de aproximação entre as instituições. Nesse sentido, há a expectativa de serem criados, em breve, novos cursos com o propósito de potencializar a interação com segmentos que demandam melhor conhecimento mútuo.
Além da intensa carga de trabalho decorrente das atividades acadêmicas da Escola, são desenvolvidos outros programas ou atividades paralelos à área educacional? Falando inicialmente em relação à Escola Superior de Defesa, relembro que ela está acomodada nas instalações que antes eram utilizadas pela Escola Nacional de Administração Fazendária, a qual, posteriormente, passou a se chamar Escola Nacional de Administração Pública, que, após a mudança para uma nova sede, abriu a possibilidade de transferência patrimonial para o Ministério da Defesa. Dentro da área de mais
de 10 mil m2 que foi recebida, existe um complexo esportivo contendo grande número de quadras esportivas, campos de futebol, piscina etc. que estavam sem utilização e em condições degradadas. Diante disso, elas foram amplamente reformadas, retomaram a sua capacidade e foi inaugurado, neste ano, mais uma unidade do Programa Forças no Esporte (PROFESP). Apesar de o Ministério da Defesa ser o órgão gerencial desse Programa nas Forças Armadas, ele, até então, não participava diretamente dessa iniciativa. Agora, em parceria com a Secretaria de Educação do Distrito Federal, são recebidas, diariamente, aproximadamente 300 crianças em turno completo, atendendo todos os objetivos do Programa, integrando, socializando e complementando a educação de crianças em condições de vulnerabilidade social residentes perto da Escola. A iniciativa nos mantém próximos da nossa missão educacional e nos enche de orgulho por podermos contribuir para o futuro das crianças participantes. Na Escola do Rio de Janeiro, temos o Programa de Extensão Cultural da ESG, que se destina a proporcionar maior interação com a comunidade residente nas proximidades da Escola, por meio da apresentação e do debate de temas desenvolvidos pelos nossos integrantes. Além disso, o programa tem grande potencial para enaltecer os valores e as tradições das Forças Armadas, com atividades culturais alusivas às datas comemorativas e em memória às nossas maiores personalidades. Com isso, conseguimos instruir expressivo número de cidadãos, difundindo assuntos militares e esclarecendo temas atuais que sejam de interesse comum, usando, para tanto, a estrutura física existente e também os profissionais do efetivo. Quando o senhor assumiu a função, disse que um dos desafios seria
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
13
A ESG está localizada no interior da Fortaleza de São João (FSJ), no tradicional bairro da Urca, Rio de Janeiro
.
“
Assim, consta na proposta de criação da ESD o direcionamento dos cursos, sobretudo ao público civil, visando a ampliar o conhecimento e o debate sobre assuntos relacionados à defesa, alcançando profissionais dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, além de outras instituições públicas e privadas que guardem afinidade com o tema segurança e defesa.
“
14
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
efetivo em Brasília. Assim, consta na proposta de criação da ESD o direcionamento dos cursos, sobretudo ao público civil, visando ampliar o conhecimento e o debate sobre assuntos relacionados à defesa, alcançando profissionais dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, além de outras instituições públicas e privadas que guardem afinidade com
Foto: ESG
a criação da futura Escola Superior de Defesa. A instituição, também sediada em Brasília, promoverá estudos relacionados a temas de interesse da defesa. O senhor poderia explicar sobre a proposta da nova Escola e como ela se relacionará com a ESG? No início do mês de outubro, foi amplamente divulgado pela imprensa a assinatura do Decreto Presidencial criando a Escola Superior de Defesa. Esse fato concretizou uma importante etapa, entre tantas que envolvem o desafio de criar uma nova instituição de ensino. Nesse caso, há algumas peculiaridades, tendo em vista que a Escola já vinha funcionando como um campus da Escola Superior de Guerra. Isso significa que, por um lado, houve a facilidade de, no momento de criação da ESD, já existir expressiva estrutura acadêmica em funcionamento; mas, por outro lado, o setor administrativo recebeu, de uma só vez, uma carga de trabalho muito grande, já que os principais encargos administrativos estavam centralizados na Escola do Rio de Janeiro. Assim, nesse momento, o foco do desafio é voltado a instituir e robustecer a capacidade administrativa da ESD, o que só poderia acontecer depois do ato legal de sua criação. É oportuno lembrar que, com a criação da ESD, não haverá aumento das despesas totais, uma vez que houve a transferência de determinadas atribuições da Escola do Rio de Janeiro para Brasília, o que tornou possível a redução do efetivo daquela Escola em benefício da composição do
referentes ao tema. Destaca-se que todos esses cursos têm a maioria de suas vagas destinadas aos profissionais não pertencentes às Forças Armadas. O senhor também afirmou que outro desafio seria trazer para perto a sociedade política – o Legislativo, o Executivo e o Judiciário – para que todos tenham um espaço para pensar em Defesa Nacional. O que poderia ser feito para que esta proposta seja colocada em prática? Além de nos empenharmos na manutenção dos cursos acima mencionados, que cumprem o papel de mover para perto a sociedade política, é importante nós intensificarmos os nossos pontos de contato com os Poderes da República. Para tanto, pretendemos criar novas parcerias com instituições que tenham condições de trazer os integrantes do seu círculo de relacionamento para perto da ESD. Nesse sentido, temos trabalhado, entre outros, com o Instituto Legislativo Brasileiro. O ILB é uma Escola do Senado Federal que deve gerir e executar a Política de Capacitação do
Senado Federal e também o Programa de Integração e Modernização do Poder Legislativo Brasileiro, tendo entre as suas atribuições promover e fomentar pesquisas científicas relacionadas ao Poder Legislativo e a sua inter-relação com os demais poderes e instituições democráticas, o que faz com que esse Instituto se torne um importante parceiro com o qual devemos manter e aprofundar o relacionamento. Da mesma forma, a Escola Nacional da Magistratura oferece cursos de especialização e aperfeiçoamento cultural, jurídico e humanísticos para os magistrados brasileiros e, uma vez que dispõe de grande número de associados, temos envidado esforços para o desenvolvimento de trabalhos conjuntos que conduzam a disseminação do conhecimento sobre a nossa realidade e sobre os assuntos afetos à Defesa por meio dessa importante porta de acesso ao judiciário brasileiro. Além de interações dessa natureza, devemos ter sempre em mente que nosso principal instrumento reside não só na diversidade de cursos oferecidos, mas na qualidade dos nossos produtos. Assim, No final de 2019, a ESG ganhou novas instalações, no bairro Jardim Botânico, nas dependências da antiga ENAP, com o propósito de expandir ainda mais sua presença e suas atividades no Distrito Federal
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
Foto: ESG
o tema Segurança e Defesa. Isso sem prejuízo da participação de militares das Forças Armadas e das Forças auxiliares dos estados. Para ilustrar a diferença entre as vocações de cada escola, toma-se como exemplo o principal produto oferecido pela ESD, denominado Curso de Altos Estudos de Defesa, que é voltado a desenvolver competências em civis e militares a partir de estudos da realidade brasileira e seu entorno, de modo a proporcionar aos profissionais o instrumental teórico e prático que permita a formulação de políticas e estratégias alinhadas com a Defesa. De forma semelhante, funcionam outros cursos ministrados em Brasília, tais como o “Curso de Diplomacia e Defesa” e o curso “Defesa Nacional e o Poder Legislativo”, que visa permitir a compreensão de conceitos ligados à defesa e também a análise do papel do Ministério da Defesa e das Forças Armadas e o entendimento dos seus projetos estratégicos. Com isso, neste caso, esses estudos visam oferecer subsídios aos projetos do Poder Legislativo
15
Aproximação entre Poderes
Prioridades da ESG abrangem proximidade com os três poderes da República e o aprofundamento de estudos e pesquisas em importantes áreas, como a de segurança cibernética e do setor aeroespacial.
16
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
de Defesa (CID) e o com o W. J. Perry Center (WJPC). Em relação ao WJPC, destaca-se que foi a partir de 2018, quando a ESG recebeu o Prêmio Perry Center de Excelência em Educação de Segurança e Defesa, sendo a primeira instituição brasileira agraciada com essa honraria, os acordos, intercâmbios e cursos entre as duas instituições se intensificaram e, pouco depois, ficou estabelecido um portfólio de cursos, seminários e outras atividades, com o propósito de incrementar o intercâmbio acadêmico e cultural nas áreas de interesse mútuo, em especial nas de Segurança e Defesa. Da mesma forma, a ESG mantém importantes Acordos de Cooperação Acadêmica com a Academia Nacional de Assuntos Políticos e Estratégicos (ANEPE) do Chile e com o britânico Kings College London. Além desses, há parceria com dois Institutos de Portugal, o Instituto de Defesa Nacional (IDN) e o Instituto Universitário Militar, e também há entendimentos com o Centro de Altos Estudios Nacionales - Colégio de Defensa del Uruguay - e com a National Defense University-NDU do Paquistão. A troca de conhecimentos e experiências e o acompanhamento do desenvolvimento de ideias e de doutrinas junto a essa gama de Instituições nos propicia a certeza de estarmos oferecendo, aos nossos estagiários, os conceitos mais atuais no mundo acadêmico.
A Escola Superior de Guerra foi criada nos moldes da National War College, dos Estados Unidos. A instituição norte-americana não só inspirou como incentivou a criação da ESG, em cujo corpo regular manteve oficiais até 1960 — e ao menos um oficial de ligação até 1970. Como está atualmente o relacionamento com instituições públicas internacionais? Quais têm sido as principais parcerias bilaterais? Há bastante tempo que os Estados Unidos se destacam no contexto global com a formulação de doutrinas militares e a disseminação de conhecimentos afetos à Segurança e à Defesa Nacional. No período após a Segunda Guerra Mundial, o National War College consolidou rapidamente as suas capacidades e, poucos anos após a sua criação, já serviu como referência para o estabelecimento da ESG, mantendo estreito suporte por vários anos. O relacionamento do Brasil com os Estados Unidos é tradicional e relevante, sendo um dos nossos maiores parceiros em vários segmentos, entre eles o da educação militar, traduzido por Acordos de Cooperação Acadêmica formalizados hoje com o Colégio Interamericano
“
.
A troca de conhecimentos e experiências e o acompanhamento do desenvolvimento de ideias e de doutrinas junto a essa gama de Instituições nos propicia a certeza de estarmos oferecendo, aos nossos estagiários, os conceitos mais atuais no mundo acadêmico.
“
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
temos a certeza de que, ao mantermos a característica de sermos uma escola de excelência como a nossa principal referência, vamos continuar sendo capazes de cumprir a meta de incremento do nosso relacionamento interinstitucional.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
17
MÊS DA ASA
COMEMORAÇÕES AO DIA DO AVIADOR E DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA A história da Força Aérea Brasileira (FAB) – que neste ano de 2021 completou seus 80 anos – teve início bem antes da sua criação. Foi há 115 anos, quando o gênio inventivo e audaz de Alberto Santos-Dumont realizou, em 23 de outubro de 1906, o primeiro voo a bordo do 14-Bis, avião criado por ele. Naquele dia, em Paris, o brasileiro decolou, voou e pousou por meios próprios. Por essa façanha, Santos-Dumont se tornou conhecido em todo o mundo, mais tarde consagrando-se como Pai da Aviação e Patrono da Força Aérea Brasileira, eternizando, assim, o 23 de outubro como o Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira. TENENTE JORNALISTA LETICIA FARIA
18
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Evento aconteceu no Pátio de Formatura da Base Aérea de Brasília (BABR)
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
19
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Cerimônia alusiva ao Dia do Aviador e Imposição da Ordem do Mérito Aeronáutico
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea
Imposição da Medalha Ordem do Mérito Aeronáutico (OMA) Para marcar a data magna da FAB, o Comando da Aeronáutica (COMAER) realizou, durante todo o mês de outubro, diversos eventos alusivos ao Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira. A tradicional cerimônia de imposição da Medalha da Ordem do Mérito Aeronáutico (OMA) ocorreu na Base Aérea de Brasília (BABR) no dia 22 de outubro. O evento foi presidido pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, acompanhado do Ministro de Estado da Defesa, Walter Souza Braga Netto; do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior; dos Oficiais-Generais integrantes do Alto-Comando da Aeronáutica; além de autoridades militares e civis. Ao se dirigir a seus comandados, o Comandante da Aeronáutica ressaltou que se inicia uma nova e histórica fase da Aviação e da Força Aérea Brasileira, bem como reafirmou sua felicidade por comandar a Força, contando com a contribuição de tantos homens e mulheres que desenvolvem suas atividades de forma profícua, em diferentes campos de trabalho. “Assim, atuamos para garantir o sucesso do nosso Programa Estratégico de Sistemas Espaciais e da implantação do Sistema F-39 Gripen, além da consolidação do KC-390 Millennium, projetos que constituirão a espinha dorsal da FAB no ambiente aeroespacial pelas próximas décadas”, salientou o Oficial-General. Homenageados na OMA 2021 A Ordem do Mérito Aeronáutico foi entregue aos militares da Aeronáutica e das demais Forças Armadas, aos cidadãos brasileiros e estrangeiros e às corporações militares nacionais e estrangeiras que se somaram aos esforços da FAB nas diversas ações ocorridas ao longo de 2021. As Organizações Militares agraciadas com a medalha foram
20
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea
1
Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea
2
Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea
3
4
Sargento Felipe Viegas / Agência Força Aérea
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
o Comando do Nono Distrito Naval, a Segunda Divisão de Exército, a Base Aérea de Natal e o Sexto Esquadrão de Transporte Aéreo. O Senador da República Alvaro Dias foi um dos homenageados com a condecoração. “A Aeronáutica protege o patrimônio nacional, nosso território, a nacionalidade, nossa soberania. É um privilégio receber essa homenagem. Evidente que isso recupera valores fundamentais do patriotismo”, enfatizou. O Deputado Federal Capitão Alberto Neto, que também recebeu a homenagem, começou sua carreira como Sargento na Aeronáutica, na Escola de Especialistas, aos 18 anos. “Minha formação militar foi aqui e fez toda a diferença na minha vida. Estar no Congresso hoje como Deputado Federal defendendo a Força Aérea e receber a medalha me deixa emocionado e feliz”, garantiu. Para o Chefe do Gabinete do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Ministério da Defesa, Major-Brigadeiro do Ar Flávio Luiz de Oliveira Pinto, o momento é especial. “Receber essa medalha é um momento de coroamento de toda trajetória, não somente minha, mas de todos nós que integramos a Força Aérea Brasileira”, ressaltou. O Suboficial Claudio Bonfim Ramos também comentou a importância de receber a OMA. “Como a medalha representa para um atleta o reconhecimento do seu esforço e da sua dedicação, tenho o mesmo sentimento por ter servido a FAB durante 34 anos e, agora, receber o reconhecimento por meio dessa medalha”, comemorou. Agraciados com a Ordem do Mérito Aeronáutico
As medalhas de Grã-Cruz, Grande Oficial, Comendador, Oficial e Cavalheiro foram entregues aos homenageados. Entre eles: Senador Alvador Dias (1), Deputado Federal Capitão Alberto Neto (2), Major-Brigadeiro Flávio (3) e, ao Suboficial Ramos (4). Militares da Aeronáutica e das Forças Armadas, além de cidadãos brasileiros e estrangeiros, corporações militares, nacionais e estrangeiras, também receberam a condecoração Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
21
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Tivemos uma formatura bonita, com a oportunidade de vermos o Gripen voando com quatro F-5 que estão na Força Aérea desde 1975, todos ao lado de um KC-390. Assim, estamos mostrando essa passagem de bastão, de uma frota antiga para aquela que vai ser a espinhal dorsal da FAB no futuro
“
22
Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea
“
.
Out/Nov/Dez/2021
Sobrevoos do KC-390 Millennium, F-39 Gripen e F-5M Durante a cerimônia, para coroar o evento, ocorreram os sobrevoos das aeronaves KC-390 Millennium, que pertence à Aviação de Transporte e cumpre diversas missões, além do F-39 Gripen, o novo avião de caça da FAB, cuja primeira unidade está no Brasil há um ano, para testes, acom-
Aerovisão
panhada dos F-5M. “Tivemos uma formatura bonita, com a oportunidade de vermos o Gripen voando com quatro F-5 que estão na Força Aérea desde 1975, todos ao lado de um KC390. Assim, estamos mostrando essa passagem de bastão de uma frota antiga para aquela que vai ser a espinha dorsal da FAB no futuro”, comentou o Comandante da Aeronáutica.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
23
Sargento Ionara Lisboa / Agência Força Aérea
Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea
Réplica do F-39 Gripen é exposta em Shopping de Brasília Ainda durante o mês de outubro, a réplica do novo avião de caça da FAB, o F-39 Gripen, ficou em exposição no ParkShopping de Brasília. Medindo 15 metros de cumprimento, oito de largura e quatro de altura, a maquete reproduz cada detalhe do supersônico, que passa a integrar a frota de aeronaves da FAB. O engenheiro mecânico Márcio Ávalos, fã da aviação, esteve na exposição com a família e comentou sobre a surpresa e a satisfação de ver o Gripen. “Muito interessante ver esse momento em que o Brasil está recebendo o Gripen, por ser um avanço tecnológico gigantesco. Ter a oportunidade de conhecer de perto um avião como esse é maravilhoso, um avião de ponta em nível mundial. Trazer a criança para conhecer também é muito bacana”, contou.
24
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea Sargento Müller Marin / Agência Força Aérea
Família prestigia exposição
O engenheiro mecânico Márcio Ávalos, acompanhado dos filhos e da esposa, estiveram no Parkshopping Brasília, conferindo de perto a réplica do F-39 Gripen Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
25
Exposições em Brasília (DF) e Recife (PE) A exposição “FAB rumo ao futuro” foi montada no Congresso Nacional, em Brasília (DF), por meio da Assessoria Parlamentar e de Relações Institucionais do Comandante da Aeronáutica (ASPAER). Os painéis fotográficos mostravam as ações desenvolvidas pela FAB, como o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE); projetos que incluem desenvolvimento ou transferência de tecnologia no Brasil e em parceria com outros países; as novas aeronaves KC-390 Millennium e F-39 Gripen; a participação de mulheres
na FAB; além de temas como Defesa Aérea, Controle de Tráfego Aéreo, Transporte de Órgãos, Assistência a Indígenas, Combate à COVID-19, Ajudas Humanitárias, e Ações Sociais e Cívico-sociais. No anexo do Palácio do Planalto, em um dos corredores da Vice-Presidência da República, outra exposição foi montada. Também recheada de fotografias com aeronaves e missões reais cumpridas pela FAB, o local contou com explicações sobre a atuação dos controladores de tráfego aéreo, demonstrando a circulação das aeronaves no céu da Capital Federal.
Exposição no Congresso
No corredor co Congresso Nacional, foram fixados painéis fotográficos, que ilustram as diversas ações realizadas pela FAB, em prol da sociedade
26
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Quem transitou pelo Aeroporto Internacional de Recife/Guararapes – Gilberto Freyre pôde conferir a exposição montada pelo Centro de Memória do Comando Aéreo Nordeste (II COMAR). Foram apresentadas as peças do acervo do II COMAR, destacando o trabalho dos pioneiros da aviação e da Guarnição de Aeronáutica de Recife, como a maquete do hidroavião Fairey F III-D nº 17 Santa Cruz, utilizado na primeira travessia aérea do Atlântico Sul pelos portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em 1922.
Cabo Alexandrino / II COMAR
Sargento Felipe Viegas / Agência Força Aérea
Exposição no Palácio do Planalto e no Aeroporto de Recife
Sargento Ionara Lisboa / Agência Força Aérea
Outras exposições com ações realizadas pela FAB ficaram à mostra da comunidade em diversa regiões do Brasil. O intuito foi destacar a presença da Instituição nos ambientes disponibilizados
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
27
28
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
29 ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER
EXCON TÁPIO 2021
Salvamento em combate
Militares foram treinados para atuarem em resgates de vítimas, em diferentes níveis de complexidade e ameaças, em áreas de conflito
GUERRA SIMULADA
NO CENTRO-OESTE DO BRASIL Exercício Conjunto Tápio 2021, realizado pela Força Aérea Brasileira (FAB), reúne as três Forças Armadas para treinamento em cenário de guerra irregular, em Campo Grande (MS) TENENTE JORNALISTA JONATHAN JAYME
30
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
31 Suboficial Johnson Barros / Agência Força Aérea
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Q
uem reparou o céu de Campo Grande (MS) nos meses de agosto e setembro certamente percebeu uma movimentação intensa. A capital sul-mato-grossense foi o Teatro de Operações da quarta edição do Exercício Conjunto Tápio 2021. Mais de 30 aeronaves de diversas aviações e aproximadamente 900 militares se juntaram no treinamento de Ações de Força Aérea a serem cumpridas em uma possível participação da Força Aérea Brasileira (FAB) em missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Unidades Aéreas e de Infantaria foram adestradas em Ação Direta, Ataque, Apoio Aéreo Aproximado, Controle Aéreo Avançado, Guiamento Aéreo Avançado, Escolta, Infiltração Aérea, entre outras. O Exercício buscou Identificar as potencialidades e as necessidades de aperfeiçoamento no processo de preparo operacional a partir da composição de Forças-Tarefas e Alertas focados na Busca e Salvamento em Combate (CSAR, da sigla, em inglês, para Combat Search and Rescue).
Pátio de aeronaves
Mais de 30 aeronaves de diversas aviações foram empregadas durante o Exercício Conjunto que visou a participação da Força Aérea Brasileira (FAB) em Missões de Paz da ONU
Militares da Força Aérea Americana (USAF) desembarcaram na Base Aérea de Campo Grande para o EXCON Tápio 2021. Dentre outras atividades, eles participaram de adestramentos de cooperação mútua com integrantes da FAB na pista de avaliação prática do curso de Atendimento Pré-Hospitalar Tático (APHT). Na simulação, um veículo aliado sofreu um atentado com explosivo e, então, foi ativada uma missão de CASEVAC (da sigla, em inglês, para Casualty Evacuation) - método de Evacuação Aeromédica que consiste na remoção inicial dos feridos do local da ocorrência para outro onde possam receber os cuidados médicos iniciais.
32
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Atividades combinadas
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Suboficial Johnson Barros / Agência Força Aérea
Suboficial Johnson Barros / Agência Força Aérea Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Interoperabilidade Na quarta edição, o conceito de interoperabilidade entre Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e FAB foi intensificado, principalmente, por meio do emprego de Força Tarefa de Operações Especiais. Militares foram integrados na execução de diversas Ações de Força Aérea, como Guiamento Aéreo Avançado, Infiltração por meio de salto livre operacional, Exfiltração de ambiente hostil e Ação Direta. As missões envolveram componentes do Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC) e do Batalhão de Operações Especiais dos Fuzileiros Navais (Tonelero) da Marinha do Brasil; do Comando de Operações Especiais (COpEsp) do Exército Brasileiro; e do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (PARA-SAR) da FAB.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
33
Resgate em conflito Mais de 50 militares Operadores de Busca e Salvamento foram treinados na prática para atuarem em resgates de vítimas, em diferentes níveis de complexidade e ameaças, em áreas de conflito. No curso de Atendimento Pré-Hospitalar Tático (APHT), as equipes foram avaliadas em situações de fogo ativo simulado; nos cuidados médicos no Campo Tático; e nas práticas de CASEVAC.
34
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea Suboficial Johnson Barros / Agência Força Aérea
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Aerovisão
Força-Tarefa Na segunda fase do Exercício Conjunto Tápio 2021 foram estabelecidas Forças-Tarefas de Busca e Salvamento em Combate (FTCSAR). Nesse treinamento, um pacote de aeronaves decola dentro de intervalos determinados, cada uma com uma missão específica, em proveito de um único objetivo comum: o resgate do pessoal isolado.
Out/Nov/Dez/2021
35
36
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
37 ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER
EXCON TÍNIA 2021
CONFLITO FICTÍCIO Com 1.400 horas de voo, Exercício Conjunto Tínia 2021 atingiu vários recordes e foi considerado o maior treinamento operacional do ano realizado pela Força Aérea Brasileira (FAB). Sediado na Ala 4 - Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, de 8 a 26 de novembro, o treinamento reuniu mais de 1.200 militares das três Forças Armadas, 50 aeronaves de diversas aviações e 24 Unidades Aéreas e de Infantaria, em uma simulação de guerra convencional TENENTE JORNALISTA FLÁVIA ROCHA
Adestramento conjunto
Com o foco na atividade operacional, a Força Aerea Brasileira (FAB) empregou suas Aviações no cumprimento de missões aéreas, como no transporte de paraquedistas militares
38
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
U
m cenário tático complexo e um objetivo a ser atingido: defender a soberania do espaço aéreo e atacar o território inimigo, em uma simulação de guerra convencional. Esse foi o contexto do Exercício Conjunto Tínia 2021, o maior treinamento do ano realizado pela Força Aérea Brasileira (FAB). A terceira edição do Exercício ocorreu
a partir da Ala 4 – Base Aérea de Santa Maria (BASM) de 8 a 26 de novembro, reunindo mais de 1.200 militares, 50 aeronaves e 24 Unidades Aéreas e de Infantaria, em uma simulação de guerra convencional, também chamada de guerra regular, ou seja, quando há um conflito entre forças armadas de dois países ou alianças de Nações.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
39
Missões aéreas compostas O foco foi adestrar os militares e as aeronaves da FAB para as Missões Aéreas Compostas, chamadas também de COMAO, do inglês Composite Air Operation, que significa o envolvimento de várias aeronaves e Esquadrões em uma missão com diversas ações simultâneas.
40
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Soldado Kassiel / Base Aérea de Santa Maria
Com foco na atividade operacional, a FAB empregou aeronaves de diversas aviações, como os caças A-1 AMX, A-29 Super Tucano e F-5M; as aeronaves de Transporte KC-390 Millennium, C-105 Amazonas, C-130 Hércules e C-95 Bandeirante; o helicóptero H-60L Black Hawk; e as aeronaves de Controle e Alarme em Voo E-99, além das Aeronaves Remotamente Pilotadas RQ-450 e RQ-900. Juntas, essas aeronaves foram empregadas em ações de Assalto Aeroterrestre, Ataque, Controle e Alarme em Voo, Defesa Antiaérea, Escolta, Reabastecimento em Voo (REVO), Reconhecimento Aeroespacial e Ressuprimento Aéreo.
Aerovisão
Fotos: Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Fotos: Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Emprego de aeronaves
Out/Nov/Dez/2021
41
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Forças integradas
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Pela primeira vez, concomitantemente ao EXCON Tínia, ocorreram o Adestramento Conjunto Meridiano – Fase Ibagé, sob coordenação do Exército Brasileiro, e a Operação Escudo Antiaéreo, sob responsabilidade do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), ambas realizadas entre os dias 10 e 14 de novembro.
42
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Combate ao Perigo Aviário
Sargento Samuel Figueira / Agência Força Aérea
Cães também participaram do Exercício Tínia. Esse canino Border Collie, juntamente com outros da mesma raça, atuou no Combate ao Perigo Aviário, simplesmente espantando os pássaros e evitando acidentes aéreos.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
43
SICOFAA
SALVAR VIDAS Saiba como funciona o Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas, que atua há 60 anos em ajuda humanitária.
TENENTE JORNALISTA RAQUEL ALVES
Helicóptero H-60L Black Hawk, da Força Aérea Colombiana, durante treinamento
44
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
de interoperabilidade que garantam a eficácia em responder a uma situação de emergência de forma combinada, atendendo às intenções diplomáticas entre os países do continente. A Força Aérea Brasileira (FAB), que é membro do SICOFAA, já atuou em diversas missões de ajuda humanitária, sendo uma delas em 2017, no Peru. O fenômeno El Niño atingiu a costa do país, o que resultou em alagamentos e transbordamentos de rios em diversas regiões, deixando pessoas desabrigadas. Foram transportados mantimentos, água e medicamentos, além de pessoas. No mesmo ano, a Força Aérea ajudou também no combate aos incêndios no Chile. Foram mais de 500 mil litros de água lançados sobre os focos de incêndio localizados,
principalmente, na região de Bío-Bío. O incêndio devastou uma área de mais de 400 mil hectares e deixou mais de 4.000 desabrigados. Recentemente, a FAB transportou ao Haiti equipes de especialistas e peritos em busca e resgate, medicamentos e insumos estratégicos para assistência farmacêutica emergencial. O país caribenho foi devastado por um terremoto que deixou milhares de pessoas desabrigadas. O acionamento para a ajuda ao Haiti foi solicitado pela República Dominicana, país integrante do SICOFAA. Mas, como funciona o SICOFAA? Como foi criado esse Sistema para atender às emergências? A intenção de reunir os Comandantes das Forças Aéreas Americanas nasceu em 1961 e foi
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
45
Força ForçaAérea AéreaColombiana Colombiana
O uso de meios e capacidades militares em missões de ajuda humanitária tem sido de grande importância para garantir a sobrevivência e a integridade da população. No entanto, as barreiras naturais e as distâncias geográficas são obstáculos que, na maioria das vezes, só podem ser superadas por meio do poder aéreo. Para atuar em cenários complexos para salvar vidas, a união entre as Forças Aéreas do continente americano formaram o Sistema de Cooperação das Forças Aéreas Americanas (SICOFAA). O Sistema tem a missão de promover a troca de experiências, conhecimentos e treinamentos que permitam o fortalecimento das capacidades das Forças Aéreas, de forma a dar suporte às necessidades de seus membros, além de construir laços de cooperação mútua e
Força Aérea Colombiana
46
Out/Nov/Dez/2021
Acima, formatura de abertura do Exercício com presença de militares membros do SICOFAA. Ao centro, militares paraquedistas embarcando no KC-390. À direita e acima, simulação de exercício de resgate de vítimas
das Forças Aéreas quando houver a necessidade de agir em conjunto, com ajuda de seus respectivos governos. Os países cujas Forças Aéreas são membros do SICOFAA são: Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Guiana, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Com o passar do tempo, verificou-se a necessidade de implantar no Sistema níveis de funcionamento, com a Reunião de Planejamento Prévio (PREPLAN) a cada CONJEFAMER, composta por delegados dos chefes de cada Força Aérea, que se reúnem com o objetivo de estudar os temas propostos e implantar Comissões
Aerovisão
Capitão Saldanha / 1º Grupo de Transporte de Tropa
sugerida pelo então Chefe do Estado-Maior da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), General Thomas D. White, em uma ideia que se cristalizou na primeira Conferência de Chefes das Forças Aéreas Americanas (CONJEFAMER), na Base Aérea de Randolph, no Texas (EUA). No encontro, foram discutidos os objetivos de fortalecimento das relações interinstitucionais, bem como o planejamento de uma efetiva cooperação profissional entre países. Já em 1964, a Força Aérea Peruana propôs a criação de uma organização que tivesse uma relação profissional mútua voluntária e apresentou, para apreciação, o documento intitulado “Bases e procedimentos para um sistema de cooperação entre as Forças Aéreas Americanas”, aceito na Conferência de 1965, que mais tarde se tornou a Primeira Carta Constitutiva do SICOFAA. O Sistema foi desenvolvido para ser uma organização interamericana, de caráter voluntário, com a finalidade de promover e fortalecer os laços de amizade que unem seus membros, por meio da coordenação e da cooperação
Tenente Raquel Alves / Agência Força Aérea
Força Aérea Colombiana
Capitão David / 1º Grupo de Transporte de Tropa
Força Aérea Colombiana
Acima, paraquedistas militares esperam o momento para realização do salto na área do treinamento. Ao lado, loadmaster do KC-390 auxilia paraquedistas durante o salto
e Simpósios especiais, constituídos por especialistas, para tratar os problemas atribuídos em cada encontro. Segundo o Comodoro Pablo Ribnikar, da Força Aérea Argentina, atual Secretário-Geral Adjunto do SICOFAA, a união e a cumplicidade entre os países são fundamentais para que as ações designadas pelo Sistema sejam realizadas com sucesso. “O Sistema é um braço armado, logístico, de resposta imediata a quem necessitar. Estamos em alerta para atuar a qualquer momento e a qualquer hora”, ressaltou.
O SICOFAA tornou-se um modelo de organização e cooperação e, desde 2015, vem compartilhando suas experiências no continente africano. São 54 países na África com idiomas diversos, o que dificulta a criação de uma doutrina, a execução de exercícios, dentre outros obstáculos. O continente segue, agora, o modelo do SICOFAA, mas como Associação de Forças Aéreas Africanas, com os idiomas padronizados: inglês e francês. A Carta Constitutiva e o plano estratégico também foram desenvolvidos com o apoio do SICOFAA. Exercício Operacional para salvar vidas Todos os anos, os comandantes das Forças Aéreas americanas se reúnem para tratar de assuntos relativos à cooperação entre os membros que participam do SICOFAA, principalmente para o planejamento de ações de ajuda humanitária em situações de desastres naturais. Essa reunião é denominada Conferência dos Comandantes das Forças Aéreas Americanas (CONJEFAMER). Durante a realização
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
47
48
experiências, métodos, táticas e conhecimentos para o desenvolvimento eficaz de operações de combate a incêndio, de evacuações aeromédicas e de busca e salvamento. Foram registradas mais de 175 horas de voo, cerca de 700 militares envolvidos, 12 aeronaves empregadas, 170 missões realizadas e mais de 80 pacientes atendidos. O Oficial de Ligação da Força Aérea Brasileira junto ao SICOFAA, Coronel Aviador Arthur de Souza Rangel, acrescentou a relevância dos treinamentos. “Nenhum dos nossos países está imune a desastres naturais. O exercício nos deu a oportunidade de conhecer e treinar juntos em cenários realistas, estando preparados para responder juntos a qualquer emergência desse tipo”, completou. O Exercício Cooperación VII foi configurado em dois cenários simulados de terremoto e tsunami, em Puerto Salgar (Cundinamarca) e Coveñas (Sucre),
Out/Nov/Dez/2021 Aerovisão Out/Nov/Dez/2021 Abr/Mai/Jun/2021 Aerovisão
respectivamente. Foram realizadas missões de busca, resgate e evacuação aeromédica, utilizando as capacidades das tripulações e aeronaves participantes para treinar, avaliar e padronizar os procedimentos estabelecidos para atendimento em situações de emergência. O Secretário-Geral do Sistema de Cooperação entre as Forças Aéreas Americanas (SICOFAA), Coronel Michael Douglas Ingersoll, da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), destacou o empenho dos que atuaram no Exercício. “O Cooperación VII é um instrumento muito importante para praticar os enlaces de comunicação e exercer nossas capacidades. Tivemos 15 países nessa edição.
Força Aérea Colombiana
da Conferência, também é definida a organização de Comitês para a discussão de temas específicos ligados às áreas de Operações ou de Logística, aos Exercícios de Cooperação, dentre outros assuntos. Durante a 60ª CONJEFAMER, em setembro de 2020, realizada virtualmente devido à COVID-19, foram definidos os procedimentos do sétimo exercício internacional de ajuda humanitária, realizado na Colômbia em setembro deste ano. Sob o lema “Unidos para salvar vidas”, o Exercício Cooperación VII reuniu militares de 15 países que treinaram próximo ao real, combinando as capacidades das delegações, quando necessário, em operações humanitárias de grande escala nos países do continente. O Exercício visou o aperfeiçoamento dos pontos fortes e habilidades operacionais dos membros do SICOFAA, além de se tornar o espaço ideal para a troca de
a oportunidade de, pela
primeira vez, testarmos o KC-390 no ambiente de interoperabilidade com
“
várias Forças Aéreas dos países participantes
Tenente-Coronel Luiz Fernando Rezende Ferraz
Força Aérea Colombiana
Neste Exercício, tivemos
Força Aérea Colombiana
“
Foi a maior participação em toda história do SICOFAA, que contou com o envolvimento do mais novo avião da FAB, o KC-390. O apoio da aeronave superou as expectativas nesse exercício”, destacou. O Subdiretor da Secretaria Permanente do SICOFAA, Doutor Alberto Moreno Bonet, comentou sobre as considerações captadas durante o exercício. “Essa coleta de informações é uma doutrina recente no SICOFAA. Com essa metodologia, foi criada uma ferramenta, a OLA – Observações e Lições Aprendidas, que são bases de dados que nos permitem consolidar e realizar as análises de processos e convertê-las em lições aprendidas que são compartilhadas com o país que
será o anfitrião do próximo exercício e com todos os membros do SICOFAA”, explicou. Os próximos eventos relativos ao ciclo 2022-2023 do Sistema de Cooperação entre as Forças Aéreas Americanas (SICOFAA) estão previstos para serem realizados na Argentina e no Peru, respectivamente. KC-390 Millennium: missão cumprida com 100% de disponibilidade Vislumbrado durante o treinamento pela operabilidade e versatilidade, o KC-390 Millennium conclui sua participação no Exercício Cooperación VII com todos os objetivos alcançados. Operado pelo Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1° GTT) – Esquadrão Zeus, o avião contabilizou mais de 25 horas de voo, realizando missões de transporte aéreo logístico e lançamento de paraquedistas, apresentando 100% de disponibilidade para atender os acionamentos no exercício. O Chefe do Estado-Maior da Ala 2, Tenente-Coronel Luiz Fernando Rezende Ferraz, descreveu a participação do KC-390 Millennium no treinamento. “Neste Exercício, tivemos a oportunidade de, pela primeira vez, testar o KC-390 no ambiente de interoperabilidade com várias Forças Aéreas dos países participantes; realizar o lançamento de paraquedistas estrangeiros, que nos permitiu identificar as doutrinas e peculiaridade dos países; e operar a aeronave em pistas na Colômbia, com mais de sete mil pés de altitude. Todos os voos ocorreram de acordo com o planejado e cumprimos todas as missões solicitadas”, frisou. O primeiro KC-390 Millennium foi entregue à Força Aérea em setembro de 2019, e, após cerca de um ano e meio operando a aeronave multimissão, a FAB atualmente conta com quatro KC-390 em sua frota realizando missões fundamentais para o País, como a Operação COVID-19, de apoio ao enfrentamento à pandemia do novo Coronavírus, e nas missões de assistência humanitária à República Libanesa e ao Haiti.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
49
MISSÕES HUMANITÁRIAS
O TRANSPORTE
DE ESPERANÇA NAS ASAS DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA
O Brasil tem um histórico de ajuda humanitária para as nações amigas. E a Força Aérea está de prontidão para contribuir com o sucesso das missões. TENENTE JORNALISTA ANTONIO GONÇALVES
50
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Em 2021 o KC-390 transportou bombeiros, medicamentos e insumos para apoiar a população do Haiti após o terremoto e a passagem de um ciclone no país
de catástrofe, natural ou não, a rapidez da chegada de ajuda humanitária internacional pode ser o sopro de esperança que garante o aumento da expectativa de sobrevivência e a superação de problemas. As aeronaves são os meios de transporte disponíveis mais velozes, e, por esse motivo, a Força Aérea Brasileira está sempre pronta para atuar quando acionada pelo governo, levando alimentos, remédios, roupas, equipes de resgate, água e o que mais puder ser utilizado para amenizar os impactos do desastre. Fundamento Conforme estabelecido na Doutrina Básica da Força Aérea Brasileira (DCA
1-1), esse tipo de missão é considerada uma Tarefa de Apoio às Ações de Estado (ApAE), que abrange as atividades realizadas para o desenvolvimento nacional e para as atividades de cunho governamental. O acionamento pode acontecer após um desastre ambiental ocasionado por incêndios, tempestades, furacões, terremotos, tsunamis, rompimento de barragens ou qualquer outro efeito que destrua o meio ambiente ou parte da infraestrutura de um país ou região, impossibilitando serviços básicos de distribuição de energia, alimentos, água potável e saneamento básico para a população local.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
51
Soldado Wilhan Campos / Agência Força Aérea
A
eronaves de diversas bandeiras pousando e decolando sem parar. Militares e civis, misturados, carregando apressados caixas com doações, equipamentos e insumos. Vários idiomas escutados no pátio do aeroporto, mas em todas as línguas era possível perceber um único objetivo: ajudar. Esse era o cenário que os tripulantes do KC-390 Millennium da Força Aérea Brasileira (FAB) e os bombeiros militares que participaram da missão de apoio aos atingidos por um terremoto e um ciclone tropical encontraram ao desembarcar em Porto Príncipe, no Haiti, no mês de agosto de 2021. Para quem vive em um país vítima
52
Out/Nov/Dez/2021
Helicópteros da FAB auxiliam a população vítima de terremoto no Chile. Abaixo: KC-390 transporta equipe de bombeiros resgatistas ao Haiti
Cabo Silva Lopes / Agência Força Aérea
Comunicação eficiente, segura e rápida para ajuda humanitária Mas como funciona a mobilização do apoio internacional nessas situações? Primeiro, é preciso entender que o envio de missões humanitárias internacionais depende de apelo de país ou de organismo internacional. Assim, a assistência é prestada ao país que a demandou, com vistas a atender às necessidades mais urgentes da população vítima de um grande desastre. Uma das formas de coordenação dessas missões acontece através do Sistema de Cooperação entre as Forças Aéreas Americanas (SICOFAA), organização internacional de cooperação que tem o objetivo de promover e fortalecer os laços de amizade entre os 21 países membros que vão do Canadá à Argentina. A FAB faz parte do sistema desde a sua fundação, em 1961, e atua em missões que incluem operações aéreas, recursos humanos, educação e treinamento, busca e resgate, alívio em desastres, telecomunicações, medicina aeroespacial, clima, prevenção de acidentes de avião e pesquisa científica. (Mais informações na matéria sobre o Exercício Cooperación, nas Págs. 44 a 49). O SICOFAA permite que exista uma comunicação de forma eficiente e segura entre as Forças Aéreas participantes, garantindo rapidez no atendimento das necessidades de ajuda humanitária. O
Ut venihit essimus. Necto eserorestis aut rent peliquasi resenis rem ut pratem et ut hitio. Ut hilitat offictur aut que que parunti dolesera velescillab is si omnisti orrore
Brasileira de Cooperação (ABC), que coordena o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) sobre Cooperação Humanitária Internacional do Brasil, integrado por 17 dos 23 ministérios do Governo Federal. O GTI tem a função de deliberar sobre o teor e oportunidade da cooperação humanitária brasileira, inclusive o possível envio de missões humanitárias compatíveis com o desastre ocorrido. Segundo o Ministro José Solla,
Aerovisão
Soldado Wilhan Campos / Agência Força Aérea
atual Subsecretário Geral do Sistema, Comodoro Pablo Christian Ribnikar, da Força Aérea Argentina, destaca a importância dessa articulação. “A comunicação rápida é o ponto principal para o sucesso das coordenações e para a resposta de forma eficiente aos pedidos de ajuda humanitária”, destacou o Comodoro. Essa articulação também conta com a participação do Ministério das Relações Exteriores, através da Agência
Soldado Wilhan Campos / Agência Força Aérea
“A FAB pode ser acionada pelo governo para contribuir, com o pronto emprego de capacidades, nas operações de ajuda humanitária e para mitigação dos efeitos do desastre. Essas missões podem acontecer de forma isolada ou como parte de um esforço internacional coordenado, e são a soma dos esforços militares, civis e diplomáticos”, explicou o Brigadeiro do Ar Antonio Luiz Godoy Soares Mioni Rodrigues, Chefe da 3ª Subchefia do Estado-Maior da Aeronáutica, setor responsável pelas demandas de aeronaves da FAB, oriundas de setores externos ao Comando da Aeronáutica.
As aeronaves da FAB transportam ajuda humanitária e pessoal em apoio aos países vítimas de desastre
FAB repatria brasileiros isolados no Peru por conta da pandemia da COVID-19
Sargento Marcus Poleto / Agência Força Aérea
Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea
Membros da Força Nacional embarcam no C-130 para participar de missão em Moçambique
Coordenador-Geral de Cooperação Humanitária da Agência Brasileira de Cooperação, o Brasil pode atuar tanto bilateralmente quanto no âmbito do sistema humanitário internacional, cooperando com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), integrante da Secretaria-Geral das Nações Unidas, responsável por reunir atores humanitários para garantir uma resposta coerente às emergências, ou em parceria com outros agentes humanitários internacionais. “Com essa sua atuação, o Brasil não apenas auxilia os países em desenvolvimento, mas também promove e mantém em alto nível as suas próprias capacidades internas de gerenciamento de riscos e desastres. O fortalecimento dos países também representa ganhos sistêmicos para a comunidade internacional e para o Brasil, com especial
interesse em seu entorno na região latino-americana e caribenha”, afirmou o Ministro José Solla. Aprendizado para a vida toda Uma catástrofe também marca a vida dos militares que atuam nas missões humanitárias. Ao longo das últimas décadas, as aeronaves da FAB cruzaram os ares de todos os continentes, trazendo cidadãos de volta ao Brasil e levando ajuda a países necessitados. O Tenente-Coronel Aviador Ivan Fernandes Faria, Comandante da aeronave H-60L Black Hawk em 2008 durante a operação em socorro às enchentes da Bolívia, destaca a gratificação de participar de ações da FAB que podem interferir positivamente para mudar o cenário caótico. “Pessoalmente pude observar, pela primeira vez como comandante de aeronave, ainda tenente, a grande capacidade de mobilização e a prontidão da FAB para atender as demandas urgentes de países amigos no continente. Ainda que habituados a cumprir missões humanitárias em diversos tipos de desastres no Brasil, realizar essa atividade em um país com cultura e necessidades totalmente diferentes das nossas é, sem dúvida, motivo especial de orgulho e realização profissional”, ressaltou o oficial. Por onde passaram, os militares desempenharam um papel importante, contribuindo para melhorar a vida da população afetada. O sentimento de gratidão pela ajuda transportada nas asas das aeronaves da Força Aérea Brasileira não é esquecido. O Brasil também tem um histórico de apoio ao Haiti, como lembrou o Diretor-Geral de Proteção Civil do Haiti, Jerry Chandler. “Apesar dos cenários tristes encontrados, os militares brasileiros contribuíram para diminuir o sofrimento de nossa população em momentos de grande necessidade em nosso país. Sabemos que podemos sempre contar com a colaboração desta grande nação para nos ajudar”, salientou.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
53
54
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
nais e alimentos, além de colaborar com o resgate de isolados. 2010 – Terremoto no Haiti O terremoto deixou cerca de 300 mil mortos e quase meio milhão de desabrigados. A FAB mobilizou aviões de transporte e helicópteros, além de enviar um Hospital de Campanha. 2010 – Terremoto no Chile Aeronaves da FAB cumpriram diversas missões como o resgate de brasileiros e o transporte de equipamentos para montagem de HCAMP da Marinha. 2016 – Acidente da Chapecoense A FAB transportou as vítimas do acidente com o avião da Chapecoense, ocorrido na Colômbia. 2017 – Enchentes Peru A Força Aérea Brasileira enviou uma aeronave C-130 para apoiar operações de logística nas regiões mais afetadas pelas enchentes e deslizamentos de terra . 2017 - Incêndios no Chile O C-130 Hércules da Força Aérea Brasileira ajudou no combate aos incêndios florestais, atingindo a marca mais de 500 mil litros de água lançados. 2019 - Ciclone em Moçambique Duas aeronaves decolaram com Acesse o vídeo da Missão destino a Moçambique transportando Humanitária no Haiti materiais e militares para assistência às vítimas do Ciclone Idai.
2006 –Turquia e Líbano Quando eclodiu a guerra entre Líbano e Israel, uma aeronave C-130 Hércules pousou em Beirute carregada com ajuda humanitária; e um KC-137 repatriou brasileiros que estavam no Líbano.
2007 – Terremoto no Peru As aeronaves da FAB transportaram doações de alimentos, medicamentos e equipamentos de apoio ao país. 2008 - Enchente na Bolívia A FAB participou com o transporte de insumos, medicamentos, profissio-
2020 - Regresso de brasileiros na China e no Peru AFAB participou da repatriação de brasileiros na China e no Peru, que estavam impedidos de voltar ao País por conta da pandemia da COVID-19. Também em 2020, a Força Aérea prestou assistência humanitária à República Libanesa. 2021 – Terremoto no Haiti – KC-390 A Força Aérea participou da missão de ajuda aos atingidos por um terremoto e um ciclone tropical que atingiu o país caribenho.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
55
MISSÃO DE PAZ
Embora uma história pouco conhecida, a Força Aérea Brasileira (FAB) participou, entre 1960 e 1964, da Missão de Paz da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo, país da África Central que enfrentava fortes intempéries após a sua independência, declarada em 30 de junho de 1960. Considerada por pesquisadores uma operação sem precedentes, a Operação das Nações Unidas no Congo (Óperation des Nations Unies au Congo – ONUC) contou com a contribuição de quatro contingentes da FAB, em um total de 179 militares, sendo 69 oficiais e 110 suboficiais, sargentos e cabos, que acumularam experiências e aprendizados durante os quatro anos em que operaram aeronaves de asas fixas e de asas rotativas, no cumprimento das missões de transporte e de resgate na região. TENENTE JORNALISTA FLÁVIA ROCHA
U
m país que enfrentava desgastantes confrontos resultantes de um período secular de colonização e de divisão arbitrária do seu território desde o século XIX, no dia 30 de junho de 1960, declara a sua independência. Em pouco tempo, a situação daquele país, que era o terceiro maior da África em extensão territorial, deteriorou-se. Coube ao então Primeiro-Ministro Patrice Émery Lumumba solicitar ajuda à Organização das Nações Unidas (ONU). Atendendo ao pedido de assistência militar, foi criada, em 1960, a Operação das Nações Unidas no Congo (Óperation des
Nations Unies au Congo – ONUC). Segundo o livro História Geral da Aeronáutica Brasileira, foram enviadas tropas de 14 países, além de peritos civis. Em 20 de julho de 1960, a ONU apresentou ao Brasil um pedido urgente de cooperação com as Forças de Emergência das Nações Unidas (FENU). Então, o governo brasileiro designou, em 21 de julho daquele ano, o primeiro contingente de dez militares da Força Aérea Brasileira para contribuir na estabilização da segurança no Congo e no cumprimento das funções coordenadas pela ONUC. Considerada por pesquisadores uma
Militares do 4º Contingente
56
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
operação sem precedentes na história das Nações Unidas, a ONUC contou com a contribuição de quatro contingentes da FAB até maio de 1964, que se revezaram, em um total de 179 militares, sendo 69 oficiais e 110 suboficiais, sargentos e cabos, acumulando experiências e aprendizados durante os quatro anos em que operaram as aeronaves de asas fixas, Douglas C-47, e as de asas rotativas, Sikorsky H-19, no cumprimento das missões de transporte e de resgate na região. Com o objetivo de documentar essa história e homenagear todos os militares participantes desse nobre desafio, entrevistamos três veteranos da FAB que atuaram na Missão de Paz da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo, sendo que uma importante referência para essa reportagem é o Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), que é responsável pelos registros históricos da FAB. Em uma conjuntura de guerra declarada, entre a ONU e Katanga (província interiorana com intenção separatista), a FAB enviou um segundo contingente, sob o comando do Major Aviador Hélio da Costa Campos, composto por 11 ofi-
Foto: resultado de ataques dos bombardeios feitos pelo avião Canberra sobre o aeroporto de Elizabethville, quando se encontrava sob o controle das forças rebeldes Na imagem abaixo, uma das freiras resgatadas na “Operação Jadex”
ciais aviadores, dois oficiais especialistas e 19 suboficiais e sargentos mecânicos. Esses militares chegaram ao Congo em julho de 1961, onde permaneceram até janeiro de 1962. Disposta a realizar uma grande ofensiva contra as forças rebeldes, a ONU pediu reforços aos países membros para restabelecer o quanto antes a lei e a ordem no Congo. A FAB novamente atendeu ao pedido e aumentou o número de militares do terceiro contingente, que começou a seguir para o campo de batalha em janeiro de 1962. Sob o comando do Tenente-Coronel Aviador Francisco Bachá, o novo contingente foi composto por 15 oficiais e 34 suboficiais e sargentos, que permaneceram no Congo até setembro de 1962. Já o quarto contingente da FAB, sob o comando do Tenente-Coronel Aviador Hélio Langsch Keller, contou com um total de 27 oficiais e 42 subo-
ficiais, sargentos e cabos, e começou a seguir para o Congo a partir de dezembro de 1962, permanecendo naquele país até maio de 1964. O primeiro resgate em combate pela FAB Um dos fatos mais marcantes da participação do quarto contingente da FAB ocorreu no dia 03 de fevereiro de 1964, quando duas tripulações brasileiras participaram da missão de resgate a missionários na região de Kikwit, na província de Kwilu. O ato de bravura dos militares que atuaram nessa missão ganhou o reconhecimento do então presidente dos Estados Unidos, Lyndon B. Johnson, expresso em carta enviada ao Secretário-Geral da ONU. Na ocasião, o presidente reverenciava “a extraordinária coragem, perseverança e devoção ao dever”, em elogio à atuação dos integrantes das Forças das Nações Uni-
das no Congo durante os choques entre tribos da Província de Kwilu. E, entre os oficiais citados na mensagem presidencial, estavam os Tenentes Aviadores Ércio Braga e Milton Naranjo, ambos da FAB. Por conta dessa histórica missão de resgate, o Comando da Aeronáutica escolheu o 3 de fevereiro para ser o “Dia da Aviação de Asas Rotativas”, tendo sido criado pela portaria nº 21/GC3, de 19 de janeiro de 2009. “Os pilotos Ércio Braga e Milton Naranjo [in memoriam] participaram
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
57
de um período em que a situação se deteriorou muito, quando estavam atacando as missões religiosas. Os nossos militares iam para lá para tirar as freiras e outras pessoas ameaçadas. Em uma delas, o helicóptero [H-19] do Tenente Ércio Braga teve uma pane, depois que ele já havia decolado com as freiras. Ele teve que pousar [forçadamente]. E o Milton Naranjo, em outro helicóptero, pousou ao lado e pegou todos. O helicóptero estava cheio, mas conseguiu decolar e salvou todo mundo. Hoje, essa atuação é considerada uma das maiores missões de helicóptero já feita na Aeronáutica”, explica o Coronel Aviador Helio Klein Lontra, um dos veteranos do quarto contingente.
No quarto contingente estava o então Tenente Carlos de Almeida Baptista, que somou dezenas de horas de voo na região do Congo, sobrevoando nas asas de um Douglas C-47, avião destinado às missões de transporte, com capacidade para três tripulantes e 28 passageiros. Anos depois, o hoje veterano subiu ao posto de Tenente-Brigadeiro do Ar e conquistou a cadeira de Comandante da Aeronáutica, cargo que ocupou de 21 de Dezembro de 1999 a 02 de Janeiro de 2003.
Lembranças de um tenente que, três décadas depois, virou Comandante da Aeronáutica
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
O Ex-Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista, à época então Tenente, somou dezenas de horas de voo na região do Congo, sobrevoando nas asas de um Douglas C-47, avião destinado às missões de transporte
58
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Hoje Coronéis Reformados, os então Tenentes Lontra (ao lado) e Fares (abaixo) foram designados para servirem na cidade de Luluabourg como pilotos de helicóptero, em 1963
“A FAB participou de uma ‘senhora missão’, e sozinha. Não tinha Exército nem Marinha. O que nós voamos de helicóptero e de C-47 naquela região inóspita não está escrito”, comentou o Ex-Comandante da Aeronáutica, durante entrevista na sua residência no Rio de Janeiro (RJ), “Nosso papel principal passou a ser garantir a harmonia nacional e prepará-los para a completa independência”, completou o veterano, que hoje soma 89 anos de idade e muitas histórias para contar. No mesmo grupo do então Tenente Baptista, estavam, ainda, o Coronel Aviador Helio Klein Lontra e o Coronel Aviador João Fares Netto, que na ocasião também eram Tenentes da FAB. Memórias do “Tenente” Lontra “Viajamos no dia 29 de maio [de 1961] e chegamos ao Congo dois dias depois. Lá, fui designado para voar helicóptero, para servir na cidade de Luluabourg, que era a terceira maior cidade do Congo à época. Fiz todas as missões de helicóptero que surgiram na ocasião. Como nesse período a situação estava mais tranquila, fazíamos mais missões de transporte, principalmente de autoridades da ONU e do Congo, quando eles iam às cidades próximas para tratar dos problemas e ver como poderiam contribuir”, conta o Coronel Aviador Helio Klein Lontra, hoje com 87 anos. A experiência do “Tenente” Fares O Coronel Aviador João Fares Netto, 86 anos, veterano da FAB, à época Tenente, chegou ao Congo em 1963, onde passou oito meses, como piloto de helicóptero. Estava no início da carreira do oficial da FAB. De acordo com ele, passar por uma missão dessa é um sonho tanto para um aviador como para qualquer militar. Sobre suas histórias no Congo, ele conta que são muito grandes para encurtar e contar em poucas palavras. No entanto, relatou alguns momentos da sua jornada naquele país africano.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
59
Militares do 4º Contingente despedem-se dos familiares e amigos no Brasil
60
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Na época, a esposa do recém-casado Tenente Fares precisava fazer uma cirurgia. Porém, narra que não queria perder a oportunidade de cumprir uma missão de paz na África. “Eu aceitei. Eu só fui devido ao Doutor Renato, que chegou para mim e disse: ‘Vai, porque eu cuido da sua esposa no que for necessário’. Então, essas amizades não têm preço, sabe? Deixei dois filhos e a esposa no Brasil. A saudade era uma coisa tremenda! A gente sofria com a saudade que sentia da família. Estávamos em um lugar estranho e delicado, mas onde deixamos muitas amizades”, ressalva o Coronel Fares. Planejando publicar um livro quando voltasse ao Brasil, o então Tenente Fares escreveu inúmeros textos sobre o cotidiano no Congo e enviou diversas cartas contando os detalhes da sua experiência para a sua família no Rio de
Janeiro (RJ). “Tudo que eu queria era me preparar. Além de manter minha esposa informada, eu também contava o que eu via, o que acontecia, como era a nossa vida lá. Eu escrevia o que era mais fácil, para depois escrever alguma coisa mais sólida, mas, infelizmente, perdi tudo”, lamenta, referindo-se aos textos escritos. “Foi uma satisfação ter passado por essa missão porque o Congo é um país muito grande; a população de lá falava seis línguas diferentes. Até hoje, graças à Organização das Nações Unidas, é possível manter aquele país coeso. É um país muito interessante. É um país fantástico. Eu tenho muito orgulho de ter participado dessa missão. Todos nós que fomos para lá fomos verdadeiros heróis”, enaltece o Coronel Fares. Durante quatro anos, militares da
FAB, juntamente com tropas de outros 13 países, estiveram envolvidos em diversas ações no Congo: nas buscas pelos soldados separatistas que estavam refugiados na selva; nas missões de transporte de medicamentos para as tribos africanas isoladas, transporte de feridos; e, principalmente, nas missões de evacuação dos missionários na província de Kwilu, onde a ONU precisou montar uma força tarefa de resgate. Em junho de 1964, a missão de paz da ONUC foi oficialmente encerrada, e as tropas se retiraram. Naquele contexto, de acordo com historiadores do INCAER, a intervenção da ONU e a atuação dos quase 20 mil militares evitaram uma guerra civil com proporções ainda maiores. Essa atuação garantiu a estabilidade política do país, durante o período em que os militares lá estiveram.
ATUALMENTE, MILITARES BRASILEIROS ATUAM NA MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ESTABILIZAÇÃO DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO (MONUSCO) Três décadas depois da ONUC, foi estabelecida, em 1999, a Missão das Nações Unidas para a estabilização da República Democrática do Congo (MONUSCO), uma das maiores missões de paz conduzidas pela ONU em regiões de conflito. Com um efetivo de aproximadamente 14 mil militares e
civis, a MONUSCO tem por objetivos principais a proteção dos civis, o apoio à estabilização do país, o fortalecimento das instituições públicas e as principais reformas de governança e segurança. O Brasil tem um importante histórico de participação nessa missão ao longo de sua história, sendo reconhecido in-
ternacionalmente por sua liderança em missões dessa natureza. Atualmente, as forças de paz são comandadas pelo General de Divisão Marcos de Sá Affonso da Costa. Esse é o quarto oficial-general brasileiro a liderar a missão, o que atesta a confiança da ONU no trabalho do Brasil em missões de paz.
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
61
OPERACIONAL
O APOIO DA FAB NO REABASTECIMENTO DA ESTAÇÃO ANTÁRTICA, A BASE BRASILEIRA LOCALIZADA EM UMA DAS REGIÕES MAIS FRIAS DO PLANETA Com o Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) – Esquadrão Gordo, a Força Aérea Brasileira (FAB) realiza Apoio Logístico aos militares e pesquisadores brasileiros que atuam na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). A Base Brasileira responsável por desenvolver pesquisas de interesse nacional conta com o suporte da FAB, sobretudo durante o inverno, pois o congelamento do mar na região impede a entrega de mantimentos, via marítima, à equipe que trabalha e reside na Unidade.
V
TENENTE JORNALISTA MARAYANE RIBEIRO
inte graus negativos e sensação térmica de menos trinta e cinco graus. Um frio desconhecido pela maioria da população mundial. É essa a temperatura que o efetivo da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) pode enfrentar algumas vezes ao ano no exercício de suas atividades. A base brasileira, localizada na Baía do Almirantado, na Ilha Rei George – uma das regiões mais frias do planeta –, foi criada há 37 anos e é responsável por conduzir diversas pesquisas de interesse para o País, dentre elas a da cura do câncer. Durante o inverno, no entanto, o suprimento da Estação se dá somente por meio de lançamento aéreo, pois a baía se encontra congelada, o que impede o suprimento de víveres e mantimentos por via marítima. Desde 1994, a Força Aérea Brasileira (FAB) presta esse apoio aéreo com as aeronaves C-130 Hércules operadas pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) – Esquadrão Gordo. Treinamento e atenção Ao longo desses 27 anos de missões, a FAB já conseguiu enviar cerca de 120 toneladas de alimentos e ma-
62
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
63
Foto: 1º Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte
C-130 Hércules se preparando para pousar na Antártica
64
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
“
O voo antártico é o maior desafio que já enfrentei como piloto, pois temos que cumprir as missões em um ambiente totalmente diferente do que enfrentamos nas operações em sede. Esse é o principal motivo pelo qual todos os tripulantes que realizam este voo são instrutores em suas funções, além de necessitarem da aprovação em conselho operacional
“
teriais à Estação. Além disso, a FAB já resgatou 45 pessoas que trabalhavam na Estação, em 2012, quando a base foi atingida por um incêndio. Esse triste episódio é uma das missões mais marcantes do atual Comandante do Esquadrão, Tenente-Coronel Vinicius Iorio Arruzzo. Segundo o Oficial, a operação na Antártica requer o máximo de atenção e cuidado por parte de todos os membros da tripulação. “Isso é alcançado com o treinamento que a gente efetua aqui no Brasil ao longo de toda nossa fase de formação, que atualmente demora em torno de cinco anos”, explica. Ainda segundo o Tenente-Coronel Iorio, após o militar ingressar no Esquadrão, é feito um conselho para escolher os integrantes do Quadro de Tripulantes (QT) Antártico dentre os militares que estão qualificados e
Major Aviadora Joyce de Souza Conceição
que já são instrutores da aeronave nas suas funções. Assim, pelo menos dez vezes ao ano, uma equipe que envolve 11 militares – entre pilotos, engenheiros de voo, radionavegadores, mestres de carga e mestres de lançamento – embarcam no C-130 com a missão de reabastecer a Base Antártica, proporcionando o funcionamento da EACF durante todo o ano. Frio e ventos fortes A Major Aviadora Joyce de Souza Conceição, comandante da aeronave em algumas missões do Esquadrão, explicou que, especificamente durante as missões de lançamento, além da baixa temperatura, a tripulação enfrenta outras condições extremas do inverno antártico, como ventos que podem chegar a 100
Foto: 1º Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte
Foto: Acervo Pessoal
Acima, Tripulação do Esquadrão Gordo descarregando a carga enviada à equipe da Base Brasileira Antártica. Ao lado, o Comandante do Esquadrão, Tenente-Coronel Vinicius Iorio Arruzzo
Vacinas contra a COVID-19 separadas para serem enviadas para a Antártica pelo C-130 Hércules
Arquivo pessoal
Lançamento de vacinas Durante a pandemia da COVID-19, as missões do Esquadrão Gordo tiveram ainda mais relevância para a Estação e para a própria tripulação. Segundo a Major Joyce, desde 2020, a carga enviada pelo C-130 Hércules para a região mais fria do planeta conta também com vacinas. “As missões de lançamento que vêm ocorrendo no período da pandemia foram bastante impactantes para os tripulantes envolvidos, sobretudo as primeiras realizadas após o período crítico do enfrentamento ao vírus. Isso porque foi um período no qual o efetivo do grupo base da EACF permaneceu bastante tempo isolado, sem os suprimentos vindos dos navios ou de quaisquer outros meios”, conta. Outro obstáculo apontado pela Major Joyce nas missões para a Antártica é o grau de dificuldade das manobras realizadas na zona de lançamento da EACF, considerada pequena para o método de lançamento empregado na missão. “Nessa zona de lançamento restrita, a tripulação constantemente necessita enfrentar condições restritas de visibilidade, teto, além da presença de ventos fortíssimos, os quais, por vezes, dificultam
Foto: 1º Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte
quilômetros por hora. “O voo antártico é o maior desafio que já enfrentei como piloto, pois temos que cumprir as missões em um ambiente totalmente diferente do que enfrentamos nas operações em sede. Esse é o principal motivo pelo qual todos os tripulantes que realizam este voo são instrutores em suas funções, além de necessitarem da aprovação em conselho operacional”, conta. Com a operação da Estação Antártica, o Brasil colocou-se no patamar das nações que mantêm pesquisas no continente antártico durante todo o ano, garantindo ao País posição diferenciada entre as nações signatárias do Tratado Antártico, que permitiu a liberdade de exploração científica e a preservação do continente em regime de cooperação internacional.
Major Aviadora Joyce, primeira militar mulher brasileira a pilotar o C-130 Hércules
sobremaneira o controle da aeronave nos momentos críticos”, explica. Quebra de paradigmas O conhecimento e a experiência adquiridos com as missões ao longo dos anos, principalmente as ligadas diretamente à Estação Antártica, fizeram a Major Joyce alcançar um dos maiores feitos da aviação brasileira: tornar-se a primeira militar mulher brasileira a pilotar uma aeronave de transporte C-130 Hércules, um dos maiores cargueiros da FAB. O desafio de manobrar uma aeronave que mede 34 metros de comprimento e 12 de altura foi um dos maiores de sua carreira. “Esse foi o primeiro
passo da minha formação operacional, pois, além de atuar no transporte de cargas, o Esquadrão realiza missões de busca e salvamento”, diz. Formada na Academia da Força Aérea em dezembro de 2006 e natural de Manaus, a Oficial é uma das 11 integrantes da primeira turma de pilotos mulheres da FAB. Em julho de 2009, Joyce já havia feito história na aviação militar, quando integrava o 7º Esquadrão de Transporte Aéreo (ETA). Na ocasião, ela pilotou pela primeira vez uma aeronave C-98 Caravan, que partiu da Base Aérea de Manaus com destino ao município de Parintins (a 329 quilômetros da capital amazonense).
Aerovisão
Out/Nov/Dez/2021
65
VOO MENTAL
Os artigos publicados nesta coluna são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
Acervo pessoal
SOCORRO, ESPERANÇA E LEMBRANÇAS Por LUIZ CLAUDIO FERREIRA Professor de Jornalismo e Jornalista da EBC.
As nuvens baixas por entre as serras deixaram molhadas as encostas e as vistas das pessoas. Em janeiro de 2022, uma tragédia brasileira completa 11 anos. Uma história que deixou traumas e lembranças vivas, como se aqueles acontecimentos tivessem ocorrido ontem. Os olhos molhados são marcas daqueles dias. São marcas também os sons. Dos trovões, das águas e dos motores de aviões e helicópteros que não paravam. À época, como jornalista militar da FAB, não havia como não ficar atônito com as notícias que chegavam e com o drama de pessoas comuns que viram a vida virar pelo avesso.
Fortes eram ainda os números. Em janeiro de 2011, com as chuvas típicas do verão, mais de mil pessoas morreram no Rio de Janeiro por causa das enchentes que devastaram cidades históricas como Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis. Para tentar minimizar os efeitos da catástrofe, a Força Aérea Brasileira atuou de forma decisiva naquela que foi batizada de Operação Serrana. Para se ter uma ideia, apenas nos primeiros 10 dias da operação, foram realizados mais de 1700 movimentos aéreos. O maior número de missões ocorreu em Nova Friburgo. A partir de Itaipava, na cidade de Petrópolis, foram 127 missões com transporte de 47 toneladas de carga em helicópteros além de 787 passageiros. Ao menos 62 pessoas (incluindo famílias inteiras, com idosos e crianças) foram resgatadas de áreas de risco. O Hospital de Campanha da Aeronáutica fez 1.905 atendimentos.
Em que pesem os números que entraram para a história, marcam nesse tipo de acontecimento o que não é possível contabilizar, como a história de um homem, resgatado em um helicóptero da FAB, que havia perdido os pais e a casa em Nova Friburgo. Ele repetia, com os olhos para a janela da aeronave, que só havia ficado com as roupas do corpo. Em outro dia, acompanhamos a tripulação de militares avistar um pedido de socorro, um SOS feito com pedras e trigo. Quando o helicóptero pousou, pudemos ver os pais e três filhas, todos com algum nível de desidratação. Os olhos molharam-se de novo quando embarcaram. Foram atendidas no Hospital de Campanha e alegravam-se por estarem bem. Iriam para a casa de uma família em Petrópolis para reconstruir e começar tudo de novo. Abraçavam-se em uma alegria que não era possível contabilizar.
O então Tenente Jornalista Luiz Claudio durante a cobertura da enchente na Região Serrana de Petrópolis
66
Out/Nov/Dez/2021
Aerovisão
Aerovisão
Abr/Mai/Jun/2021
67