Caminho Espiritual, ed. 40

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R$ 9,90 Ed. 40 ISSN 2177-7993

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Índice A proposta dos tratamentos holísticos...........................................06 O que são terapias holísticas?............................................................12 Resiliência? Superando o estresse...................................................16 A psicodinâmica do estresse ..............................................................18 O prazer de viver...................................................................................22 Encontros para a PAZ...........................................................................25 Medicina da nova era...........................................................................26 Não desista da vida!.............................................................................28 . Diferenças não são defeitos...............................................................32 Assuma o que você diz!........................................................................34 Desenvolvendo a espiritualidade.....................................................36 Relações tóxicas....................................................................................38 Hipertensão e espiritualidade...........................................................42 A acupuntura e a medicina energética...........................................44 Em busca da cura...................................................................................52 Homeopatia. Integrando corpo e espírito......................................56 O poder do silêncio...............................................................................60 A verdade e o conhecimento..............................................................64


Vivências

Que tal um retiro no interior de SP?

A Nazaré Universidade da Luz, carinhosamente chamada de Nazaré Uniluz, localizada na cidade de Nazaré Paulista, a 1h30 da capital, tem como finalidade o desenvolvimento integral do ser humano para a consciência de si mesmo e sua inter-relação com o Todo, inspirando a redescoberta dos valores espirituais na vida diária, da cooperação e do serviço altruísta. Oferece retiros, cursos e vivências alinhadas a essa proposta. Recebe cerca de 70 pessoas por semana, contando com algumas dezenas de voluntários e alguns funcionários que cuidam das atividades e manutenção de uma área de 70 mil, com 12 edificações, cerca de 2.500 m² de área construída e 60 mil m² de mata nativa (Serra da Mantiqueira – Mata Atlântica) à beira da represa do Rio Atibainha – e uma horta e padaria que garantem parte de sua subsistência e sustentabilidade em alimentos orgânicos. A proposta Todas as atividades, vivências e cursos estão inseridos na metodologia “Viver em Grupo” (VG), no qual cada momento existe para o encontro do sagrado presente no agora. A Nazaré Uniluz está ancorada nos seguintes princípios: Meditação, silêncio e atenção plena: voltados para aprofundar a relação do indivíduo consigo mesmo, cultivando auto-observação e recolhimento; Ordem cerimonial, ritmo, cuidado amoroso e partilha: cuidando da relação dos indivíduos entre si e com a Instituição, harmonizando o convívio grupal, o ambiente externo e as atividades diárias para

que sustentem a identidade e o propósito comum; Serviço altruísta, comunicação sustentável, liderança grupal e responsabilidade socioambiental: princípios que possibilitam cultivar uma relação cocriativa com o outro, em sintonia com o Todo, na dinâmica interativa com os demais princípios. As acomodações e os espaços estão em sintonia com a simplicidade e beleza da natureza da mata atlântica nativa que acolhe a Nazaré Uniluz. São oferecidas acomodações em quarto individual e refeições ovolactovegetarianas. O Viver em Grupo proporciona atividades compartilhadas na cozinha, padaria, horta, jardins, limpeza dos espaços, além de atividades de reflexão e expressão através de artes, partilhas e celebrações. Tudo para possibilitar a introspecção meditativa e o autoconhecimento. Informações sobre cursos e inscrições: Nazaré Universidade da Luz Estrada Ribeirão Acima km 1, Rod. D.Pedro I, km 47 Nazaré Paulista - SP www.nazareuniluz.org.br secretaria@nazareuniluz.org.br Fones: (11) 4597.7103 (Fixo) / 96473.2851(Vivo) / 99213.7960(Claro)

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Por DALTON CAMPOS ROQUE

A proposta dos

tratamentos holísticos Quais são as diferenças básicas entre o sistema cartesiano-newtoniano, que é o modelo, o paradigma da medicina ocidental na atualidade, e o sistema de cura integral, holístico?

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termo “holístico” foi desgastado pelo exagerado mau uso popular e pelas distorções mistificadoras da chamada “onda new age”, e piorou mais com advento da internet. Na verdade, o holístico (holos: todo) se refere a integral e está correto. Atualmente é muito pouco utilizado, mas resolvi ressuscitá-lo com parcimônia e explicar. Hoje em dia acontece a mesma coisa com a expressão “quântico(a)”, sendo distorcida por estratégias de marketing para vender cursos, livros, terapias e algo mais (há exceções). Acho incrível a falta de ética das pessoas. Não tenho nada contra a utilização destes termos, desde que seja justa e bem aplicada. Mas mesmo justa, poucos compreendem de fato as conexões e implicações desses processos de consciência. Indo direto ao assunto, meu objetivo é falar sobre cura e autocura e mais uma vez tenho que explicar sobre paradigmas. A visão sobre a realidade holística foi sim um salto evolutivo duma minoria na sociedade. Do paradigma newtoniano cartesiano – do materialismo e alopatia – até evoluir ao tratar o ser humano de forma integral – paradigma holístico – foi um grande salto para a nossa sociedade ocidental contemporânea. Com isso quero ressaltar a visão dos céticos (médicos, biólogos, farmacêuticos, etc.) materialistas e comparar com a visão holística, ou seja, com a visão consciencial. Sim, paradigma consciencial é um sinônimo de paradigma holístico, e desejo comparar a visão da “cura” nos dois paradigmas, mas isto pode ser mais complicado do que parece. Para entender com relativa profundidade, precisamos saber que o ser humano não é apenas um corpo físico. Somos um complexo sinérgico psíquico, biológio e socioconsciencial; temos vários níveis conscienciais, vários corpos sutis, vários portais interdensionais energéticos (chackras), vários centros de consciência (parachakras), etc. Estamos sujeitos a interferência de uma infinidade de campos abstratos, relativos e sutis psíquicos-energéticos-conscienciais. Ne-

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nhum desses campos, corpos sutis, energias psíquicas são detectados por qualquer aparelho convencional. Portanto, essa percepção tem duas origens: os textos sagrados “místicos” antigos e nossas parapercepções sutis (mediunidade, parapsiquismo, projeção astral consciente...), aliadas ao nosso discernimento consciencial lúcido atual. Falamos em amor, em registros akáshicos (akash – se escreve de diversas formas), em inconsciente coletivo e pessoal, em “somos todos um”, em campos morfogenéticos, em arquétipos, em mitos, em karma e grupos-karma, em multidensidades (níveis extrafísicos), etc., e nenhum destes (raras exceções) é reconhecido ou detectado pelo paradigma cartesiano-newtoniano, materialista e cético. Por outro lado, quando entramos no debate, em nível de paradigma holístico ou consciencial, pisamos em terreno incerto e subjetivo. Alguns poderão argumentar que “basta usar a lógica”, mas não é simples assim. A fé cega e irracional de um crente espiritualista incauto é totalmente lógica para ele. Assim vemos ateus ironizando crentes e vice-versa, cada qual com sua “lógica impecável e perfeita”. Vemos muitos irracionais “new ages” criticando gente lúcida que conhece e vivencia o paradigma consciencial profundamente. E o pior é que isto acontece também no paradigma cartesiano. Um grupo de psicólogos da linha A critica e condena os da linha B. Um grupo de médicos do sistema X critica outro do sistema Y. Um grupo de cientistas que investiga a hipótese N critica e compete com o grupo que investiga a hipótese contrária Z. Então, é extremamente fácil constatar os fatos citados por estes argumentos tão genéricos – de propósito – que podem ser confirmados nos devidos meios, em infinitos níveis e situações à exaustão. E no paradigma holístico também se montam grupos cujo comportamento são como clubes de futebol, onde cada qual é “o melhor” e disputa a “taça de campeão do mundo”, dono das verdades espirituais, parapsíquicas e espiritualis-


Alex Grey - Internet

tas. Um prato cheio para fanáticos de todas as opções. É um verdadeiro pântano movediço onde o relativo, o subjetivo, o abstrato e o “achismo lógico” disputam a maldita razão absoluta. Temos que encontrar um caminho mais seguro para universalizar e convergir as experiências pessoais, as perspectivas grupais, ante as hipóteses e teorias conscienciais. Sim, eu não me esqueci, estamos falando de cura e autocura, e como eu expliquei, não é simples grafar meus pensamentos de pretenso pesquisador, dissecador de conhecimentos conscienciais. Como evoluir da “bagunça mística” para o discernimen-

to? Como definir os controversos processos de “cura” entre milhares de terapias holísticas? Como fazer uma pesquisa consciencial e obter relativos resultados confiáveis? Como ser isento nas interpretações sem insinuar que minha visão pessoal/grupal é a “verdade”? Sabe porque não é fácil? É uma fase planetária, a era de expiação de uma espécie sem lucidez, que sente o denso e o imediato e não percebe o sutil que é invisível aos olhos. Mas eu citei vários tipos possíveis de campos, e esses campos são uma faixa de energia ou condição vibracional. E a ciência cartesiana já reconhece que tudo é energia e chega ao extremo de reconhecer que não sabe o que é, em

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A CURA NO PARADIGMA HOLÍSTICO

POR DALTON CAMPOS ROQUE

Tratamento no sistema

cartesiano-newtoniano

Atua diretamente apenas no corpo físico. Pode apresentar resultados imediatos ou rápidos – mas o desequilíbrio pode permanecer em outros corpos. Muitas vezes é altamente invasivo e agressivo. Incentiva a terceirização da cura: “Me cure Doutor, que eu pago”! Toda cura parece uma heterocura. Não pressupõe a necessidade de reforma íntima. Tudo é genético e/ou mesológico. Setorizada, especialização, unidisciplinaridade, unidensional. Mal dá conta do lado psicológico e emocional do paciente. Não solicita empatia na relação terapêutica. Generalismo – (corrompido pelos laboratórios farmacêuticos e planos de saúde). Sujeito a pesquisas científicas dentro do paradigma. Pesquisas sujeitas a corrupção e distorção pelas grandes corporações com interesses financeiros. Dependência máxima do sistema social de saúde, com grandes gastos. Muito desdém e sentimento de superioridade do profissional liberal com seus pacientes – falta de ética. Influência dos mitos e distorções científicas e seus boatos. Atua pela lei dos contrários. Resultados visíveis e pesquisáveis pela estatística. Pesquisas bancadas por megacorporações capitalistas, principalmente, muitas vezes visando apenas o lucro com nenhuma preocupação social. Estagnado pela ciência e seu paradigma. Depende amplamente de equipamentos, exames e tecnologias de ponta. Tem muitas certezas e convicções, muitas serão contraditas pelo próprio paradigma no dia de amanhã. Serve a todos os credos, religiões, ateus e céticos. O ser humano é uma máquina biológica. A vida é um processo físico-químico. Existem “doentes” e “doenças”.

essência, esta energia, mas que é um tipo de “informação”. Se o paradigma cartesiano newtoniano materialista reconhece isto (mesmo sem unanimidade), temos aqui uma premissa básica maior como ponto de partida para criar uma tese. Teoria – no caso, procuro uma para tentar explicar a cura holística. Uma teoria para ser aceita cientificamente precisa de duas premissas, uma maior (a citada) e outra menor. No entanto, todas as duas terão que ser aceitas no paradigma cartesiano, o que não é o caso aqui.

Premissa maior: tudo é energia Discorrendo: tudo é energia em graus e condições variadas de manifestação. Assim existem infinitos níveis energéticos e tão poucos já detectáveis por nossos aparelhos

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do século XXI. Isto nos propicia hipotetizar livremente inúmeros campos, entre eles: campos psíquicos, bioenergéticos, emocionais, etc.

Premissa menor Há um agente ativo que influencia as energias. O observador é o agente ativo que influencia as partículas, as ondas, as interconectividades quânticas e além disso, etc. Mas este agente não é a luz, nem algum aparelho utilizado para as medições; também não é o corpo ou a mente do pesquisador, pois estes também são energias. Então, temos que supor que exista algo que transcenda a energia, e que não seja energia, e que vamos chamar de “consciência”, sendo que a consciência é a causa e a energia (ou informação) é o efeito, consequência. Assim, somos “consciências” imateriais, não-locais, adimensionais, multidensionais, totalmente transcendentes, onde praticamente não existem termos ou palavras para designar isto. Estas “consciências” se manifestam no universo por meio dos corpos sutis, do duplo etérico (corpo vital) e do corpo físico e constroem todo o universo físico-energéticovibracional-consciencial em derredor com seus devidos desdobramentos e nuances, onde incluem-se os multiversos, etc., para não complicar demais. A rigor, quem reencarna não é a “consciência”, mas as energias dela derivadas. A conclusão é que somos energias permeando energias, habitando energias, trocando energias e com uma vida “social” de energias. Assim, a “doença” é um desvio energético onde a natural escala vibracional “adoeceu” e modificou-se. Então, a “cura” é um retorno à escala vibracional natural sadia. Somos seres multidensionais (corpo físico, energético, astral, mental, etc.) e só percebemos a doença numa faixa vibracional mais baixa e densa, ou seja, no corpo físico. Portanto, a cura integral deve trabalhar em uma escala de frequências mais ampla, maior, e atuar em vários “corpos”, em vários níveis “dentro” desses corpos. A medicina cartesiana, com a alopatia e as cirurgias, atua vibracionalmente apenas no corpo físico e ignora os demais. A homeopatia e a acupuntura, cromoterapia, shiatsu, do-in, digitopressura, reflexologia, sistemas de massagens, etc., atuam mais nos corpos energético (duplo etérico), no corpo astral (perispírito) e no corpo físico. Este tipo de tratamento é bem mais completo, mas não atua nos campos psíquicos, influências arquetípicas e ancestrais do sujeito e sua família. O campo psíquico pessoal do paciente tratado por estas terapias holísticas vai ser melhorado por consequência. A apometria (seja ela qual for, com que nome for) atua mais no corpo astral, etérico, dimensão extrafísica e nos duplos energéticos e extrafísicos do paciente, mas não atua nos campos psíquicos e inconscientes, familiares e ancestrais. A constelação familiar atua no campo familiar e ances-


A visão sobre a realidade holística foi sim um salto evolutivo duma minoria na sociedade. Do paradigma newtoniano cartesiano – do materialismo e alopatia – até evoluir ao tratar do ser humano de forma integral – paradigma holístico

Tratamento no sistema

holístico-consciencial Dependendo do tratamento, pode atuar no campo bioelétrico (duplo etérico), no corpo astral, mental e até se refletir no corpo físico. Pode apresentar resultados rápidos, lentos e de longo prazo. É totalmente sutil. Orienta a responsabilidade da autocura. O paciente é o principal agente, o terapeuta é coadjuvante. Toda cura é uma autocura. Exige reforma íntima. É paragenético, genético e mesológico. A doença vai ser tratada nos corpos sutis. A doença, quando não superada totalmente, é atenuada e apenas os “resíduos restantes” seguem para as encarnações seguintes. Multidisciplinaridade corpo-mente-espírito. Multidensional. Aborda os fatores psíquico, emocional, mental e energético, além da contraparte extrafísica com as possíveis obsessões. Solicita empatia na relação terapêutica. Corrompido pela new age, pelas citações “quântica”, status terapêuticos mediúnicos, propaganda com nome de mestres, etc.

Alex Grey - Internet

Sujeito a pesquisas conscienciais através da universalidade do conhecimento, pelas vivências pessoais alinhadas estatisticamente. Sujeito a más interpretações, ainda com perspectivas muito religiosas, pouco conscienciais, de fato, por interesse de ostentar status evolutivo. Independência total de tudo, tendo centenas de opções gratuitas de autocura e também muitos serviços gratuitos efetuados por voluntários. Atua pela lei dos semelhantes Resultados visíveis e pesquisáveis pela estatística – exige mais controle e uma estatística mais robusta. Começa lentamente a atrair pesquisas de universidades federais em pontos isolados e visa o benefício social e a qualidade de vida. Ampliado pelo tripé ciência-filosofia-espiritualidade. Utiliza o paradigma cartesiano, mas estende-se ao paradigma consciencial (holístico). Também depende relativamente um pouco de exames, mas depende mais dos fatores PSI do terapeuta e suas parapercepções. Tem algumas certezas e convicções. Serve apenas a quem se afiniza com ela. O ser humano é um complexo sinérgico biopsicosócioconsciencial, bioenergético, multidensional, multimilenar. Não existem doenças, apenas um estado desordenado de ser e sentir – estado transitório, mesmo se não existir cura nesta encarnação.

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A CURA NO PARADIGMA HOLÍSTICO

POR DALTON CAMPOS ROQUE

tral, mas bem menos no campo psíquico pessoal, para o qual seria necessário outro tipo de terapia de tratamento contínuo. A Terapia de Vidas Passadas trabalha o campo psíquico pessoal, o campo familiar e a autodescendência extrafísica. A Terapia de Regressão atua apenas no campo psíquico pessoal, etc. Com isso eu quero dizer, concluir, que todas essas terapias são boas, podem ser úteis, mas todas possuem ressalvas e nenhuma é completa e integral realmente. As terapias holísticas são integrais no sentido de irem além do corpo físico no tratamento, mas não cobrem todas as frequências e escalas vibracionais de todos os corpos (holossoma) do paciente. É justo esta condição que obriga o comprometimento do paciente na automelhoria íntima contínua. Só o próprio paciente consegue atingir todas as

Qualquer que seja a terapia, sistema ou tratamento, ele está tentando “comunicar” à consciência do paciente para que ela aprenda “sozinha” a manter a escala de vibração correta de saúde

escalas e frequências de si mesmo. Penso que a apometria (sem demais nomes) foi um salto na humanidade nas formas de tratamento integral humano, pois a parte mais frágil e crítica ainda é a situação extrafísica do paciente e a questão das obsessões, algo que não pode ser ignorado em nenhuma terapia holística. Mas todas as terapias e tratamentos atuam, em essência, nas condições vibracionais de seus alvos e tentam “curar” a “doença”, retornando à faixa de vibração natural aquele alvo (sintoma). Em verdade, qualquer que seja a terapia, sistema ou tratamento com sua interferência positiva vibracional, ela está tentando “comunicar” à consciência (paciente) para que ela aprenda “sozinha” a manter a escala de vibração correta de saúde. Isto significa que toda cura é uma autocura e que todo aprendizado é um autoaprendizado. Saber isso é muito chato a quem deseja milagres, a quem quer comprar a cura de qualquer jeito e não quer se incomodar, não quer se comprometer em melhorar. Transcendendo as duas premissas que já citei, há leis imperativas, inexoráveis, energéticas e conscienciais no pano de fundo do universo. São campos estabelecidos em formas de sistema energéticos em equilíbrio sutis. Esses sistemas trocam energias em obediência a leis cósmicas imperativas. Tais leis criam e destroem galáxias inteiras e não possuem apego, pena ou dó do planeta X ou Y. Agora nos resta a autocura coletiva através da honestidade e da ética, sem culpar países, políticos ou governos. Dalton Campos Roque é autor do livro Estudos Espiritualistas, entre outos. Mais informações: www.consciencial.org

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O que são terapias

holísticas?

Qual é a finalidade desse tipo de tratamento e como ele atua? Acupuntura, Reiki, Florais de Bach... conheça algumas técnicas consideradas holísticas e que vêm sendo cada vez mais utilizadas como medicina complementar ou alternativa POR CLEANE NUNES

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á alguns anos nosso comportamento era bem diferente do de hoje em dia, quando tínhamos uma vida menos exigente e menos tecnológica, pois querendo ou não somos constantemente influenciados por essas novidades que vêm tomando conta de tudo e de todos, deixando de lado a nós mesmos e as pessoas que amamos, já que nos dias atuais somos constantemente bombardeados por novas informações, luzes, propagandas e tecnologias por todos os lados. Tecnologias essas que nos ajudam e até facilitam o nosso cotidiano, que está cada vez mais corrido. Muitas vezes deixamos de refletir sobre diversas coisas de nossas vidas. Não conseguimos nem mesmo nos analisar, e isso faz com que a gente acabe vivendo num completo piloto automático. Tendo em vista toda essa correria na qual muitas pessoas estão vivendo, as terapias holísticas vêm para mostrar que, em meio a tanta novidade que surge a todo instante,

podemos nos voltar para nós mesmos, nos autoconhecer e reconhecer, para que saibamos viver neste mundo com uma qualidade de vida melhor. As pessoas estão cada dia mais doentes, provenientes da falta do olhar para si, e como um ato automático, vivem se automedicando e se entupindo de remédios e que já não parecem fazer mais efeito como antigamente. Será que os remédios estão fracos ou a alma não aceita mais ser deixada de lado? É preciso analisar desde uma simples gripe até um linfoma, porque para os terapeutas holísticos, uma doença é sempre a alma falando dos seus sentimentos através do corpo. As terapias holísticas abrangem técnicas de reequilíbrio do organismo onde a medicina ortodoxa não abrange, o que não significa que se deva abandonar ou substituir o tratamento alopata pelos holísticos, pois eles se complementam. As origens das doenças estão nos campos energéticos

As terapias holísticas vêm para mostrar que, em meio a tanta novidade que surge a todo instante, podemos nos voltar para nós mesmos, nos autoconhecer e reconhecer para que saibamos viver neste mundo com uma qualidade de vida melhor 12


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CLEANE NUNES

O QUE SÃO AS TERAPIAS HOLÍSTICAS?

dico. Vejamos algumas dessas terapias que são bem conhecidas:

Acupuntura A Acupuntura não tem uma definição de data para a sua origem, porém, há evidências arqueológicas que indicam que é proveniente da China, há mais de 5 mil anos. Na tradicional medicina chinesa, a Acupuntura é um tratamento de recuperação da saúde. A medicina ocidental já a reconhece como método eficaz de cura, para tratamento das doenças. Utiliza algumas ferramentas, como agulhas, sementes e esferas para estimular o próprio organismo a melhorar o seu funcionamento e equilíbrio, através de pontos específicos nos meridianos (canais por onde flui a energia vital que mantém o corpo vivo e saudável). A Acupuntura é bem conhecida, porém, sua fama fez com que muitos acreditassem que o procedimento é sempre utilizado com agulhas, mas existem outros tipos de procedimentos que não utilizam a agulha, que são substituídas por mochas, esferas, laser, entre outros.

Terapia da alma

É preciso analisar desde uma simples gripe até um linfoma, porque para os terapeutas holísticos, uma doença é sempre a alma falando dos seus sentimentos através do corpo ou corpos sutis dos seres humanos; podem advir de turbulências emocionais, hiperatividade mental ou pensamentos obsessivos negativos, e há especialistas que digam que muitos males se originam na alma que carregou traumas e outros assuntos pendentes de outras vidas. Toda e qualquer terapia holística, em casos de qualquer tipo de doença, tem que estar aliada com tratamento mé-

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Terapia da alma foi desenvolvida pela terapeuta Penha Oliveira, através de sua sensibilidade mediúnica. O método desta terapia envolve vidas passadas. A terapeuta visualiza e trabalha as experiências encontradas nas vidas que foram acessadas e encontradas profundas marcas na alma, na qual a pessoa (paciente) ainda está sentindo efeito daquela experiência mesmo sem se lembrar do que se passou, trazendo medos, fobias, manias e sentimentos, que em sua vida atual atrapalha. Quando se é trabalhado e compreendido o que se passou, a própria alma se sente liberta e é cortada a energia que a prende naquela vivência passada. Assim, a pessoa acaba se entendendo muito melhor e percebe que não é preciso morrer para nascer e recomeçar.

Reiki O Reiki é preventivo e curativo, agindo sempre na causa do problema ou desequilíbrio. Elimina bloqueios. Na aplicação, há a recomposição da energia vibracional, limpando e reativando células, o sistema imunológico, ganglionar, nervoso e digestivo, energizando e equilibrando os chakras. O Reiki pode completar todos outros tipos de terapias, sejam elas naturais ou tratamentos com a medicina alopática ou homeopática. Atua com resultados concretos na


ansiedade, estresse, depressão, insônia, medo, insegurança, nos órgãos, na pele, em dores de cabeça, tumores, artrites, artroses, coluna e sistemas (imunológico, digestivo, endócrino circulatório) e outros desequilíbrios. Pode ser usado em animais plantas, etc.

Magnified Healing A Cura Magnificada é um sistema de harmonização e cura que estabelece um fluxo constante de energia potencializada, que entra através do chakra da coroa, desce pelo frontal e chega ao cardíaco, ativando a chama trina que trabalha todos os filamentos do DNA do corpo. Este método é baseado em exercícios respiratórios e manuais, atuando no perdão e na compaixão, e assim na cura. Estimula e redistribui o cálcio no corpo, proporciona curas internas profundas, trabalha nos bloqueios.

Terapia dos Florais de Bach O sistema floral de Bach foi criado pelo médico inglês Dr. Edward Bach, há mais de 80 anos, e é usado no mundo todo, podendo ser utilizado com a alopatia ou homeopatia sem causar efeitos colaterais. O objetivo da terapia floral é o equilíbrio das emoções da pessoa, buscando a consciência plena do seu mundo interior e exterior. Os florais são indicados para a transformação de emoções como o medo, insegurança, solidão, tristeza,

Pensar que não conseguiremos é desistir mesmo antes de começar, é cair na armadilha mental dos pensamentos que, a todo tempo, tentam nos aprisionar e nos conduzir ansiedade, depressão, entre outros, tratando a pessoa e não a doença, equilibrando as emoções e resgatando o eixo e a harmonia do ser para desfrutar de uma vida plena de bemestar, saúde física e mental. Estas terapias e outras terapias podem ser encontradas no Instituto Transcender do Sehr, que vem transformando a vida de muitas pessoas. O objetivo principal é de levar para as pessoas a consciência do melhor que há em si através do autoconhecimento, bem como potencializar o que há de melhor na essência do ser, buscando compreender o ser humano em sua totalidade: corpo, mente, espírito e energia. Instituto Transcender do Sehr: Tel: (11) 2738-0098 Cel:(11) 99292-0099 Facebook: Transcender do Sehr transcenderdosehr.wix.com/transcender

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POR LUIZ ANTÔNIO DE PAIVA

Resiliência: superando o estresse Se a resiliência pode ser desenvolvida, para assim podermos lidar melhor com o estresse e a ansiedade, o que temos de fazer? Como superar o estresse?

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uso, frequentemente no mau sentido, do significado de estresse e ansiedade faz-nos imaginá-los sempre prejudiciais ao psiquismo e à saúde mental. Entretanto, sem a ansiedade natural não nos moveríamos rumo ao progresso e sem o estresse – conjunto de reações do organismo a agressões físicas e psíquicas ou a circunstâncias adversas, capazes de alterar-lhe a homeostase ou o equilíbrio interno – não fortaleceríamos o sistema imunitário e nem seríamos capazes de reagir às adversidades da vida. Excetuando casos extremos que demandam ajuda externa, podemos analisar o mecanismo do estresse no nosso crescimento e ajustamento. Aqui entra um conceito extraído da Física – a resiliência – que vem a ser a propriedade que alguns corpos apresentam, após um choque, de retornarem à sua forma primitiva. Em outras palavras, elasticidade.

Desenvolver Há pessoas dotadas de maior ou de menor resiliência, decorrente dos processos de estruturação de suas personalidades, sendo, no entanto, um atributo suscetível de ser

desenvolvido. Ao longo da vida, cada parte configuradora da personalidade – espírito ou alma imortal, com seu acervo de experiências reencarnatórias; temperamento e corpo físico, determinados biologicamente; e o psiquismo e aparelho conceptual, adquiridos pelas interações entre as partes citadas e o meio ambiente (família, educação, cultura, sociedade etc.) – vai sofrendo mudanças decorrentes da interação com os fatores estressores do meio e de sua própria reação a estes. Se a resiliência pode ser desenvolvida, para assim podermos lidar melhor com o estresse e a ansiedade, o que temos de fazer? Como superar o estresse? Algumas atitudes podem ser adotadas: Em primeiro lugar, não negar o estresse, não tentar varrê-lo para debaixo do tapete. Enfrentá-lo e ao sofrimento que provoca. Não se culpar por estar ansioso e deprimido, por estar “doente”. Ter em mente que esta é uma situação transitória, da qual, se soubermos, sairemos mais sábios e flexíveis.

Olhar diretamente Observar o que realmente está provocando a dor. Nem sempre é o que parece à primeira vista; podem existir fontes de sofrimento muito maiores e não reconhecidas dentro de

Uma medida para buscar alívio para a dor emocional, que é das mais eficazes, é buscar compartilhar o sofrimento com outra pessoa que compreenda, empatize com a situação e transmita sentimentos reconfortantes 16


si ou em sua vida; por exemplo, atribuir a causa da angústia aos desajustes no casamento, quando o culpado real é o conflito na carreira profissional. Ter paciência diante da ansiedade. Ver o quadro maior das circunstâncias, das causas do estresse e da própria reação frente a ele, buscando formas de recomposição e ressurgimento de uma identidade renovada, saída do caos emocional estabelecido. O tempo e a visão do todo nos habilitam a constituir um conjunto novo e melhor. Finalmente, buscar medidas adequadas para aliviar a dor emocional. A primeira é ter desprendimento, desapego do bem ou do valor ameaçado, pois isto permite um distanciamento emocional estratégico. Afastar-se física e psiquicamente das influências destrutivas e debilitantes, seja de nossos pensamentos, seja de uma situação em particular. Esforçar-se para não ficar obcecado pelo problema. Sair do foco do problema, distrair a atenção, dando tempo para a ferida curar. A segunda medida implica num aspecto da inteligência emocional, que é a faculdade de controlar e transformar as emoções, incluindo disciplina e autocontrole. Um dos maiores sofrimentos experimentados é o sentimento de ter perdido o controle sobre a própria vida ou sobre si mesmo. Nestas circunstâncias, vale preocupar-se apenas com aquilo que ainda se pode controlar, deixando que o resto siga o seu curso.

Excetuando casos extremos que demandam ajuda externa, podemos analisar o mecanismo do estresse no nosso crescimento e ajustamento Uma terceira medida para buscar alívio para a dor emocional, que é das mais eficazes, é buscar compartilhar o sofrimento com outra pessoa que compreenda, empatize com a situação e transmita sentimentos reconfortantes. Muita gente se nega essa fonte de alívio por não se dispor a despir do orgulho e da arrogância. É preciso humildarse para expor aquilo que equivocadamente julgamos ser fraqueza de caráter ou fragilidades de personalidade. Se necessário, ainda, procurar ajuda especializada. Faz parte da preparação para a vida ter referenciais filosóficos sólidos, mas flexíveis, que permitam uma visão de mundo humanizada e solidária. Enfim, faz diferença ter espiritualidade, fonte inesgotável de resiliência, esta faculdade que nos capacita a superar obstáculos e sofrimentos, aprendendo tanto com as derrotas quanto com os sucessos. Luiz Antônio de Paiva é médico psiquiatra e vice-presidente da Associação Médico-Espírita de Goiás.

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POR HORÁCIO FRAZÃO

A psicodinâmica do estresse Os filtros emocionais pessoais aplicados para traduzir os eventos são os fatores determinantes que denunciam a capacidade de um indivíduo se estressar

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oje em dia, um número cada vez maior de pessoas sofre com problemas relacionados ao estresse. Em um mundo em que a pressão da comunicação e a massificação de informação exige das pessoas um comportamento cada vez mais reativo e menos reflexivo, a manifestação de um comportamento estressado se tornou uma atitude normal e aceitável, pois o sentido de normalidade, muitas vezes, é associado a reprodução de um mesmo padrão, revelando-se irrelevante o questionamento a respeito do teor do padrão reproduzido. Em termos biofísicos, o estresse, como resposta biológica, é fundamental para manter a higidez do organismo, pois o mesmo aciona o seu poder de resposta orgânica e imunológica a partir da absorção de múltiplos estímulos externos. A questão principal reside na perpetuação da resposta biológica de estresse, a famosa resposta de luta ou fuga. Quando o corpo reage de maneira intensa e imediata a estímulos, deflagrando uma resposta bioquímica de estresse, e após o evento estressante, o mesmo retorna a uma atividade normal, o estresse age a favor do corpo, garantindo com que o mesmo mantenha seu estado de harmonia dinâmica, denominado de Homeostase biológica.

A biofísica da vida Pela ótica biofísica, o estado de saúde e higidez biológica é conceituado como a capacidade de produzir energia livre (produção de ATP), para manter a entropia (desorganização orgânica) baixa. E a forma como o corpo faz isso é a partir das respostas de estresse, que o estimulam a se manter em movimento.

O corpo não pode alcançar um estado de equilíbrio, pois equilíbrio em termos biofísicos indica a total ausência de troca, movimento, portanto, morte. O corpo precisa sempre garantir a sua homeostase (harmonia dinâmica). O que se convencionou a chamar de estresse negativo é uma outra resposta biológica, na qual o corpo perpetua uma resposta de estresse que deveria ser momentânea. A tal resposta denomina-se distresse. O corpo humano é um ecossitema constituído por uma população de 100 trilhões de micro-organismos tentando viver em harmonia e em constante troca.

A subjetividade por trás do estresse Sempre quando se experimenta um evento estressante, há três momentos fundamentais, dentre os quais, a subjetividade humana demonstra a sua supremacia em relação à bioquímica do estress. São eles: o evento estressante, a avaliação interna do evento e a reação do corpo. A grande dificuldade em lidar com o estresse reside na incapacidade da mente controlar a reação bioquímica de estresse uma vez iniciada. De acordo com o médico indiano e escritor Deepak Chopra, “... Em situações totalmente impróprias, como ficar preso num engarrafamento ou ser criticado no trabalho, a reação ao estresse pode ser desencadeada sem qualquer esperança de que o objetivo para o qual é destinada, ficar ou correr, possa ser atingido.” O fator deflagrador da reação de estresse a partir de um evento é exatamente a avaliação mental e emocional, pois vários indivíduos podem reagir de maneiras diferentes para uma mesma situação, pois não são as situações que causam estresse e sim a forma como se idealiza internamente as situações percebidas. “..Um policial que apareça na cena de um crime evoca um tremendo pavor

A grande dificuldade em lidar com o estresse reside na incapacidade da mente controlar a reação bioquímica de estresse uma vez iniciada 18


no criminoso, mas grande alívio na vítima...” Os filtros emocionais pessoais aplicados para traduzir os eventos são os fatores determinantes que denunciam a capacidade de um indivíduo se estressar. Alguns estudos científicos revelam que, além da avaliação interna como aspecto determinante para a deflagração da resposta de estresse, o que lesa o corpo, provocando doenças, muitas vezes fatais, é a alimentação da sensação de se sentir incapaz de lidar com as situações do dia a dia. O cientista e médico norte-americano, Dr. Raphael Kellman, traz evidências interessantíssimas a respeito da importância da autocapacitação para não se perpetuar um comportamento estressante no corpo e, assim, não gerar doenças: “...Um famoso estudo no qual injetaram nos ratos um tumor preparado, o que lhes dava predisposição igual para o câncer. Os pesquisadores, então, dividiram os ratos em três grupos. Simplesmente deixaram um dos grupos em paz, no que poderíamos considerar modelo de vida ‘sem estresse’.

Um segundo grupo foi submetido a choques elétricos periódicos, incontroláveis e inescapáveis. Um terceiro grupo também recebeu choques elétricos, mas ensinaram-lhe a fugir dos choques (capacitação). Os resultados são informativos. Como era de se esperar, o grupo com maior propensão aos tumores foi o que recebeu choques inescapáveis. Só 27% dos ratos que viviam nessa vida de ‘alto estresse’ rejeitaram os tumores. O dobro do número de ratos do grupo ‘sem estresse’ – 54% – conseguiu rejeitar o tumor. Mas aqui está a verdadeira surpresa: ‘um número ainda mais alto, 63%, dos ratos que receberam choques elétricos e aprenderam a fugir terminaram sem câncer...’”

O “ território” neuroquímico As reações de estresse possuem um “território” neuroquímico que envolve um eixo, denominado “eixo HPA”. Este eixo relaciona estruturas orgânicas. São elas: o hipotálamo, a glândula pituitária e as glândulas adrenais.

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A PSICODINÂMICA DO ESTRESSE

POR HORÁCIO FRAZÃO

O interessante é que o aumento de serotonina no cérebro faz com que o hipocampo produza mais neurorreceptores para glicocorticoide e, como consequência, maior inibição de cortisol O hipotálamo, a partir da informação cerebral, produz o hormônio liberador de corticotrofina (CRH), promovendo a liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Estes hormônios estimulam as glândulas adrenais a produzir os hormônios aldosterona e o cortisol (hormônio do estresse).

Controlando o estresse A regulação do estresse, quimicamente, ocorre através do eixo HPA, envolvendo a amígdala e o hipocampo. Pelo hipocampo, a presença de neurorreceptores para glicocorticoides, que são ativados pelo cortisol, promove a inibição de CRH, que, por sua vez, inibirá a produção de cortisol (feedback negativo). Desta forma, o indivíduo que possuir grandes quantidades de neurorreceptores para glicocorticoides no hipocampo, apresentará maior resistência para lidar com situações estressantes, pois o mesmo provocará maior inibição de cortisol. O interessante é que o aumento de serotonina no cérebro faz com que o hipocampo produza mais neurorreceptores para glicocorticoide e, como consequência, maior inibição de cortisol.

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Alguns estudos revelam que a prática de meditação reduz a propensão ao estresse. Segundo Deepak Chopra, “...Os níveis de cortisol e adrenalina medidos em quem há muito tempo pratica meditação são normalmente menores, assim como seu mecanismo de lidar com problema tende quase a ser mais forte do que a média...” Além disso, em pessoas que praticam meditação, os níveis serotônicos, segundo alguns estudos, tendem a aumentar. Tal aumento leva o hipocampo a produzir neurorreceptores que irão provocar um feedback negativo, inibindo a produção de cortisol. As constatações científicas aqui apresentadas vêm corroborar e fortalecer a ideia de que o aspecto subjetivo rege o aspecto objetivo. O corpo reage sensivelmente à nossa forma de pensar e de sentir a vida. A melhor maneira de estar bem consigo mesmo não é apenas cuidando do corpo, mas fundamentalmente cuidando da mente. O autor é cinesiólogo e facilitador de treinamentos e cursos voltados ao desenvolvimento integral da Consciência e Transformação Interior Contato: horacio@htc.net.br



POR WANDERLEY OLIVEIRA

O prazer de viver O “cansaço” espiritual vem do conflito milenar que temos enfrentado por não sermos quem gostaríamos de ser – o eu ideal – em contrapartida com quem somos, o eu real

P

ara quem ainda não sabe, o Hospital Esperança é uma obra de amor erguida por Eurípedes Barsanulfo no mundo espiritual, cuja missão prioritária é acolher os seguidores do evangelho que desencarnaram com dramas conscienciais. Portanto, lá se encontram cristãos de todas as religiões, que se inspiram em Jesus como referência de suas vidas, inclusive, muitos espíritas. Em seu livro Prazer de Viver, a autora espiritual Ermance Dufaux informa-nos que os quadros emocionais mais comuns entre os religiosos no hospital são a aflição e a angústia. Isso acontece porque nós, os adeptos das propostas do evangelho de Jesus, quase sempre, trazemos o nosso mundo interior bem distante do que já sabemos ser necessário para a melhoria de nossas condições espirituais e morais. Dotados de muita informação, nem sempre conseguimos administrar com sabedoria e equilíbrio a nossa transformação. Essa aflição e essa angústia se intensificam ostensivamente após a perda do corpo físico. Essas emoções não surgem do nada. Elas já existiam antes do desencarne, mas, na maioria das vezes, eram negadas e reprimidas. Você conhece uma pessoa rígida, quase sempre malhumorada, perfeccionista, que vive ansiosa, repleta de medos, que se melindra facilmente e está sempre triste? Quem não conhece não é mesmo? Esses traços emocionais e psíquicos podem ter em sua origem as personalidades aflitas e angustiadas. Há várias formas de expressão dessas duas emoções tóxicas. Façamos uma reflexão sobre isso tomando por base a conhecida e profunda frase de Jesus, que é um verdadeiro atestado do quanto Ele sabia sobre a natureza das doenças humanas: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.”

É fácil encontrar religiosos com severos conflitos com relação a dinheiro, beleza física, sexo, sucesso pessoal, lazer e outros assuntos 22

Cansaço e opressão

O “cansaço” espiritual vem do conflito milenar que temos enfrentado por não sermos quem gostaríamos de ser – o eu ideal – em contrapartida com quem somos, o eu real. Surge aqui uma espécie de dupla culpa. A culpa pelo que somos e a culpa pela nossa idealização de ser, ainda não atingida. Esse cansaço traz a angústia, um estado de sofrimento existencial por algo que não conseguimos alcançar na intimidade do coração. A angústia cansa, exaure, desmotiva, trazendo uma nítida e inconfundível sensação de abatimento perante a vida, podendo se transformar numa porta de entrada de alguns tipos de depressão. A “opressão” mencionada por Jesus é aquela provocada pela ignorância acerca do nosso mundo interior, por não sabermos o que sentimos e o que queremos. Isso gera a aflição, um estado de ânsia de causa ignorada. Essa aflição cria a instabilidade emotiva, principalmente através da insegurança acerca de nossas escolhas e desejos. A aflição entristece e desorienta. Qual de nós, de alguma forma, não se vê enquadrado nesses estados de cansaço e opressão, não é mesmo? Nós, religiosos, por determos maior soma de conhecimento sobre


E quando não conseguimos resolver de forma saudável nossos conflitos interiores, a tendência é viver recriminando os caminhos alheios, reprovando esses e outros comportamentos como se fossem sinais de atraso espiritual na sociedade assuntos espirituais, ampliamos, ainda mais, o volume das culpas e inseguranças. Em nosso caso, como espíritas, o assunto se agrava bastante quando classificamos essas batalhas íntimas, como efeitos daquilo que fizemos em outras reencarnações, adotando uma postura passiva, como se nada pudesse ou devesse ser feito para alterar ou se libertar dessas provas emocionais e psíquicas. É a conhecida ideia de karma estático ou que não pode ser mudado! É a cultura do sofrimento. Outra consideração a fazer é sobre a visão de vida focada exclusivamente no mundo espiritual, e que ocorre quando adotamos uma postura de rejeição ao lado sadio e belo da vida física, vivendo com base na crença de que “a felicidade não é deste mundo”. É fácil encontrar religiosos com severos

conflitos com relação a dinheiro, beleza física, sexo, sucesso pessoal, lazer e outros assuntos inerentes a seres humanos comuns e que necessitam de vivências prazerosas e completas nestas áreas para realizarem aprendizados equilibrados e importantes. E quando não conseguimos resolver de forma saudável nossos conflitos interiores, a tendência é viver recriminando os caminhos alheios, reprovando esses e outros comportamentos como se fossem sinais de atraso espiritual na sociedade. Ermance Dufaux denomina essa condição de “síndrome de além-túmulo”, na qual o prazer é rejeitado e julgado como algo recriminável. Isso pode ter sérios efeitos após o desencarne, porque essa fuga da realidade pessoal costuma ser feita através de atividades doutrinárias em tarefas no centro espírita. Essas

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O PRAZER DE VIVER

POR WANDERLEY OLIVEIRA

O prazer de viver é uma conquista que surge quando aprendemos como viver em consonância com nossa consciência, distante das ilusões

Aprendendo a viver Como começar a trabalhar o prazer de viver aqui no plano físico para não ter que passar por esses tratamentos no mundo espiritual? Foi esse o tema do livro de Ermance Dufaux. Observemos no trecho citado quantas doenças são resultantes da ausência dessa arte de aprender a viver em paz, que é o prazer de viver: a morte do sonho, a falsidade emocional, a solidão afetiva, a distância da realidade, uma vida sem sabedoria e, por último, uma existência sem sentido e continuidade. O prazer de viver é uma conquista que surge quando aprendemos como viver em consonância com nossa consciência, distante das ilusões. Isso exige um comporta-

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tarefas que, em si, são abençoadas e devem ser procuradas por nós como um santo remédio, invigilantemente podem ser adotadas como credenciais de avanço espiritual, inflando o ego com ideias de grandeza e autoridade. Nessa expectativa de “salvação” através de tarefas, corremos o risco de passar por uma desilusão dolorosa que muitos têm experimentado no Hospital Esperança. As informações que temos a esse respeito são as de que muitos trabalhadores da doutrina, devido ao esforço sincero e comprometido nas atividades, recebem muito amparo e carinho dos benfeitores, o que é justo e necessário. Entretanto, as tarefas nem sempre estão nos livrando dessas angústias e aflições da alma que supomos que seriam extintas ao passar para a vida espiritual. No livro Prazer de Viver são narrados alguns casos no intuito de examinarmos se não estamos incorrendo nas mesmas ilusões de muitos companheiros que já partiram. Nestes casos, vamos perceber algo em comum: muitos seguidores de Jesus chegam amparados, mas dilacerados emocionalmente, necessitando de tratamentos longos e especializados. Registremos um trecho do prefácio do livro, de autoria do espírito Maria Modesto Cravo: “No Hospital Esperança, nossos principais focos de tratamento para resgatar o prazer de viver centram-se nos seguintes princípios terapêuticos: o resgate da arte de sonhar, o desenvolvimento da honestidade emocional, a educação da carência afetiva, a morte da idealização, a cura da ignorância e o sentido da continuidade da vida. Esse conjunto de princípios forma a base da psicologia da libertação em direção ao amor legítimo.”

mento, uma orientação para saber como agir e se educar para esse fim. Busquemos esta meta com coragem e com a certeza de que Deus nos criou com todos os recursos que nos capacitam transformar o ato de existir em uma experiência plena de crescimento e felicidade. Wanderley Oliveira é Terapeuta Master e Practitioner em PNL, médium e palestrante espírita de Belo Horizonte. Visite o seu site profissional em: www.wanderleyoliveira.com.br e o seu blog em www.wanderleyoliveira.blog.br.


Encontros para a PAZ Conheça a Universidade Holística Internacional de Brasília – Unipaz – com atuação em várias cidades, incentivando um viver pleno e consciente e a integração das ecologias individual, social e ambiental

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Universidade Holística Internacional de Brasília – Unipaz – é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, declarada órgão de Utilidade Pública Federal, por Decreto do Presidente da República, publicado no Diário Oficial de 16 de abril de 1997, e Decreto do Governo do Distrito Federal nº. 11.203/88. Foi criada para desenvolver projetos específicos e interrelacionados à cultura de paz, alicerçada na visão holística e na abordagem transdisciplinar, conforme as diretrizes da Declaração de Veneza de 1986, Declaração de Brasília de 1987, Carta de Transdisciplinaridade de 1994, Carta Magna da Universidade Holística Internacional e do programa de educação “A Arte de Viver em Paz” de Pierre Weil, Menção Honrosa do prêmio UNESCO para a Educação para a Paz, em 2000 e do qual originou a Teoria Fundamental da Unipaz. A Unipaz foi criada e instalada em Brasília em 1986, e hoje está multiplicada por unidades instaladas no Brasil, em: Salvador (BA); Vitória (ES); Belo Horizonte e Uberlândia (MG); Belém (PA); Curitiba (PR); Rio de Janeiro (RJ); Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria (RS); Florianópolis, Chapecó e Criciúma (SC); Aracaju (SE); Recife (PE); Fortaleza (CE); São Paulo e Campinas (SP); Goiânia (GO); e no exterior em Portugal, na França, na Bélgica e na Argentina.

A proposta É uma universidade aberta e nasceu com a missão de educar para a paz e para o cuidado integral. Adota como metodologia, em todas as suas atividades, uma abordagem transdisciplinar holística que propõe uma visão não fragmentada da realidade, favorecendo o equilíbrio das quatro funções psiquicas preconizadas por Jung: pensamento,

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sentimento, sensação e intuição e buscando o diálogo entre arte, ciência, filosofia e tradições espirituais. É um espaço de encontro que estimula a reflexão da razão de ser e existir, priorizando questões essenciais da vida. Incentiva um viver pleno e consciente e a integração das ecologias individual, social e ambiental. As unidades realizam diversos programas de formações, retiros e outros de desenvolvimento da Cultura de Paz. No Brasil, os programas têm sido levados às instituições governamentais e escolas públicas e particulares de ensino fundamental, médio e superior. Pelo menos 20 mil brasileiros já foram treinados para aplicação desse programa em suas comunidades. Quem pode participar das atividades? Para todas as pessoas, das diferentes áreas do saber e do fazer humano, interessadas no desenvolvimento integral e na ampliação de consciência. Para participar, entre em contato com a unidade escolhida para análise dos programas em andamento. Em São Paulo, a Unipaz iniciará, em 2016, a 12a. Turma da Formação Holística de Base, na modalidade curso livre e/ou pós-graduação. Ao longo de 2016, a rede Unipaz realizará em Florianópolis o X Fórum Mundial da Paz e o IV Festival Mundial da Paz. Mais informações: www.unipazsp.org.br Rua Pedro Morganti, 76 - Vila Mariana - São Paulo/SP Fone (11) 5083-4378 - E-mail: contato@unipazsp.org.br www.facebook.com/unipazsp

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POR DÁRCIO CAVALINI

Medicina da nova era O mundo está um caos, fruto da vibração energética criada pela humanidade. Quando houver doença, a medicina deverá contar com o apoio da espiritualidade para agir conjuntamente na cura

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emos o hábito de procurar pelo médico quando o sintoma de uma doença já nos fez reféns de suas dores e ficamos limitados em nossas ações do dia a dia. Isto porque percebemos o problema quando o corpo físico já somatizou a doença e os sintomas são muito claros e intensos. Nesta altura, o médico fará uso das tecnologias que dispõe e, no caso das medicações, indicará a farmacologia para amenizar os sintomas. Esses medicamentos, criados pela indústria farmacêutica, combatem os sintomas que as doenças apresentam apenas no corpo físico. Enquanto isso, nas faculdades de medicina, sabemos que os estudos práticos sobre o corpo humano são realizados pelos estudantes em cadáveres, que já não têm mais ligação direta com a alma. Por outro lado, os mais crédulos, quando condenados à morte por um diagnóstico de câncer ou outra doença ameaçadora, em geral, buscam ajuda no campo da religiosidade também. Esperam por milagres que a medicina não consegue realizar para manter o corpo vivo. Dessa forma, medicina e espiritualidade (religião) atuam separadamente, porque entendem que somos divididos em partes: corpo e alma. Para que a alma se manifeste no corpo físico em seus cinco sentidos, é necessário um sistema de transmutação energética através dos chackras para atingir os órgãos, que compõem o sistema biológico que somos. Isto significa traduzir em ação o que sentimos e pensamos. No meio espiritual, costumamos ouvir a expressão: tudo que existe aqui na matéria está plasmado no campo espiritual. Se isto é verdadeiro – e creio que sim – nenhuma doença física acontece sem antes ser “plasmada” em nossos campos mais sutis. Portanto, não é possível imaginar o ser humano em uma peça dividida em duas partes separadas: corpo e alma! Temos visto pessoas com doenças terminais que se curam quando encontram a fé, da mesma forma que casos cirúrgicos contradizem as regras e pessoas são “salvas” da morte por verdadeiros “milagres”. Tudo isso significa que as duas alternativas são válidas e fazem sua parte, entretanto, há que se considerar que cada caso é um caso. O planeta está vibrando em um padrão diferente de anos atrás. As energias da nova era são tão mais sutis que as coisas acontecem com muito mais rapidez a partir de nossos sentimentos. O mundo está um caos, fruto da vibração energética

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criada pela humanidade, como guerras, violência, corrupção, entre outros. Daí é fácil de entender a origem de tantas viroses que ameaçam a humanidade. Mas como curar esse mal? Podemos e devemos cuidar do corpo físico e da alma ao mesmo tempo. Muitas terapias foram criadas e a ciência já admite a influência de aplicação de energias em pacientes. Inclusive, hospitais usam, entre outras técnicas, cromoterapia, reiki, biotoque e acupuntura. Portanto, atingiremos um nível de satisfação no campo da cura de todos os males quando a humanidade entender que é necessário viver uma vida feliz e saudável para prevenir as doenças. E, quando houver doença (e elas existirão porque são necessárias ao aprendizado dos doentes), a medicina deverá contar com o apoio da espiritualidade para agir conjuntamente na cura. Dessa forma, para que haja uma vida saudável, devemos manter nossos campos espiritual, mental racional e emocional em equilíbrio, para que o corpo físico se manifeste em sua plenitude. No campo espiritual, é importante entender que somos espíritos que estão num processo evolutivo utilizando um corpo físico, que é matéria da Terra, para se manifestar, e que uma encarnação é um estágio, como fazemos nas salas de aula, para atingir o doutorado. Também precisamos entender que nossas crenças limitantes nos fazem criar nossas doenças, pela manifestação energética de nosso sistema emocional, através das glândulas e do sistema imunológico. Assim, estudar medicina sem praticar espiritualidade significa que estaremos separados. Porém, todos sabemos que juntos somos sempre mais fortes. Dárcio Cavallini é coordenador do Instituto Biosegredo: www. instituobiosegredo.com.br. É terapeuta holístico há mais de 20 anos, com cursos de especialização em Filosofia, Metafísica da Saúde, Reiki, Apometria, Impulsoterapia, Radiestesia, Radiônica e Quantiônica, Cromoterapia, Hipnose, Leader Training, Bioprogramação Mental, entre outros. Atua na área terapêutica em atendimentos individuais, grupos, ambientes comerciais e industriais. Tem diversos livros publicados, como: Caminhando para a Luz, Fé: Esperança, compromisso, O Retirante, E nós... renascemos, SOS Espiritual e Apometria - Uma nova abordagem da desobsessão.


Dessa forma, para que haja uma vida saudĂĄvel, devemos manter nossos campos espiritual, mental, racional e emocional em equilĂ­brio

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Não desista

da

vida!

Precisamos nos abrir para novas amizades, para novos amores, para novos trabalhos... para encontrarmos a felicidade que tanto almejamos POR LUIZ ROBERTO MATTOS

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erta vez, um conhecido meu enviou-me um e-mail falando em suicídio, deixando clara a sua intenção ou, pelo menos, uma ideia de que está considerando esta possibilidade. Fiquei extremamente preocupado e tentei demovê-lo dessa ideia. Dias depois, ouvi de outro amigo próximo a mesma intenção, devido a sérios problemas que estava atravessando e ao desencanto com a vida. Em reuniões mediúnicas, já tive oportunidade de dialogar com muitos espíritos que tiraram a própria vida, por razões variadas. Alguns por razões sentimentais, por terem sido traídos pelo(a) companheiro(a); por terem sido abandonados; por terem perdido tudo em falência da empresa, etc. Para quem tem uma visão materialista da vida, pensar em suicídio pode parecer até uma saída, pois isso poria fim à vida e, consequentemente, a todos os problemas. Já ouvi inúmeros relatos de espíritos que se decepcionaram com essa opção pelo suicídio após acordarem no outro lado da vida, pois a lembrança de seus dissabores não desapareceu; somente criaram outros problemas para si mesmos.

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A grande maioria desperta em regiões escuras, sombrias, cercadas por outros espíritos com sofrimento semelhante, sem verem moradia, “comida”, nem sequer a luz do Sol. A vida após a morte, para os suicidas, não é de modo algum agradável! Se a dor e o sofrimento aqui neste plano são grandes, e parecem ser insuportáveis e não terem fim, o martírio no outro mundo pode ser ainda maior e de maior duração. Se um problema aqui pode durar 20, 30, 50 anos ou mais, no mundo espiritual o sofrimento pode durar 100 anos ou mais. Perde-se a noção do tempo!

Tudo passa! Costumo dizer que nenhum sofrimento é eterno. Toda dor, seja de que tipo for, um dia termina. O que precisamos desenvolver é muita paciência, muita resignação e muita aceitação diante das coisas que não podemos mudar. Por outro lado, há dores e sofrimentos causados por nós mesmos que podem ser transformados. Relações amorosas terminadas e que causaram dor e sofrimento podem ser superadas com o tempo, e sempre são, de fato! A dor com a morte de um ente querido acaba sendo amenizada com o tempo... A perda dos bens materiais pode ser superada com a reconstrução, com trabalho e sem revolta. Quantas vezes vemos pela TV inúmeras famílias que perderam tudo em secas, em enchentes, em tsunamis, em terremotos, em


erupções vulcânicas, em guerras, etc., e depois reconstroem tudo novamente! Deformidades físicas de nascimento devem ser aceitas, sem revolta, pois nem sempre podem ser alteradas pela medicina, e a revolta só causa sofrimento maior. Quantos cegos, surdos e mudos levam uma vida quase normal, sem revolta, apesar de suas limitações? Ter uma deformidade em parte do corpo que não está exposta aos outros é muito menos sofrida do que ter uma deformidade aparente, visível para todos. E muita gente tem deformidades aparentes, visíveis, e não sente revolta contra Deus ou contra o mundo. Quem tem todos os sentidos perfeitos, enxergando, ouvindo, sentindo sabor, cheiro, e com o tato perfeito, tem uma riqueza enorme! Sei que cada um sabe onde o sapato lhe aperta, todavia, há problemas que podem ser superados! Bens materiais perdidos podem ser recuperados, com trabalho! Um amor que terminou – na verdade, uma paixão não correspondida ou que se esgotou – pode ser substituído por outro. E o tempo quase sempre se encarrega disso. É

só superar a dor e dar tempo ao tempo, abrindo-se para novos relacionamentos. Um novo “amor” surgirá (Amor de verdade é eterno. Não acaba nunca!). Se seus problemas não puderem ser sanados nesta vida, após deixar o corpo você estará livre de muitos problemas, principalmente os físicos. Ninguém será eternamente cego, surdo ou mudo, nem conservará deformidades físicas para sempre. Isso é passageiro. Nenhum tipo de problema será rapidamente resolvido pela via curta do suicídio.Tirar a própria vida achando que os problemas serão resolvidos é apenas uma grande ilusão. O suicídio não resolve nenhum problema, mas apenas gera outros piores. É preciso aceitar a Lei de Causa e Efeito e a Justiça Divina. Aceite a sua dor, se ela não pode ser aliviada. Trabalhe para mudar, para amenizar a dor, se isso é possível! Estude, trabalhe, vá atrás da concretização dos seus sonhos. Não desista deles. Acima de tudo, não desista da vida! Viver vale a pena, mesmo com muitos problemas. São Francisco de Assis era rico e largou tudo para servir

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NÃO DESISTA DA VIDA!

POR LUIZ ROBERTO MATTOS

Tenhamos confiança no futuro, confiança em Deus, confiança em nós mesmos. Trabalhemos para mudar nossa vida

Desgosto da vida. Suicídio 943 – Donde nasce o desgosto da vida, que, sem motivos plausíveis, se apodera de certos indivíduos? Efeito da ociosidade, da falta de fé e, também, da saciedade. Para aquele que usa de suas faculdades com fim útil e de acordo com as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente. Ele lhe suporta as vicissitudes com tanto mais paciência e resignação, quanto obra com o fito da felicidade mais sólida e mais durável que o espera. 944 – Tem o homem o direito de dispor da sua vida? Não; só a Deus assiste esse direito. O suicídio voluntário importa numa transgressão desta lei. a) Não é sempre voluntário o suicídio? O louco que se mata não sabe o que faz. 945 – Que se deve pensar do suicídio que tem como causa o desgosto da vida? Insensatos! Por que não trabalhavam? A existência não lhes teria sido tão pesada. 946 – E do suicídio cujo fim é fugir, aquele que o comete, às misérias e às decepções deste mundo? Pobres Espíritos, que não têm a coragem de suportar as misérias da existência! Deus ajuda aos que sofrem e não aos que carecem de

ao próximo, passando a ser mais feliz do que quando era rico! Buda era um príncipe, rico, cercado de luxo, tinha mulher e filho, largou tudo e virou um mendigo em busca da iluminação, levando luz para milhões de pessoas. Jesus largou a mãe, o trabalho, e passou a andar sem ter onde dormir e o que comer, dependendo dos outros, e foi o mais feliz dos homens até a sua morte!

Recomeçar Esses exemplos nos mostram que coisas materiais não são a base de nossa felicidade. Podemos ter poucos bens e mesmo assim podemos ser muito felizes.Podemos ser felizes mesmo com deformidades físicas. Podemos ser felizes sozinhos... Precisamos nos abrir para novas amizades, para novos

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energia e de coragem. As tribulações da vida são provas ou expiações. Felizes os que as suportam sem se queixar, porque serão recompensados! Ai, porém, daqueles que esperam a salvação do que, na sua impiedade, chamam acaso, ou fortuna! O acaso ou a fortuna, para me servir da linguagem deles, podem, com efeito, favorecê-los por um momento, mas para lhes fazer sentir mais tarde, cruelmente, a vacuidade dessas palavras. (...) 947 – Pode ser considerado suicida aquele que, a braços com a maior penúria, se deixa morrer de fome? É um suicídio, mas os que lhe foram causa, ou que teriam podido impedi-lo, são mais culpados do que ele, a quem a indulgência espera. Todavia, não penseis que seja totalmente absolvido, se lhe faltaram firmeza e perseverança e se não usou de toda a sua inteligência para sair do atoleiro. Ai dele, sobretudo, se o seu desespero nasce do orgulho. Quero dizer: se se é desses homens em quem o orgulho anula os recursos da inteligência, que corariam de dever sua existência ao trabalho de suas mãos e que preferem morrer de fome a renunciar ao que chamam sua posição social! Não haverá mil vezes mais grandeza e dignidade em lutar contra a adversidade, em afrontar a crítica de um mundo fútil e egoísta, que só tem boa-vontade para com aqueles a quem nada falta e que vos volta as costas assim que precisais dele? Sacrificar a vida à consideração desse mundo é estultícia, porquanto ele a isso nenhum apreço dá. O Livro dos Espíritos

amores, para novos trabalhos... e nos abrir para a vida, para encontrarmos a felicidade que tanto almejamos. No entanto, não devemos nos esquecer de que este não é ainda um mundo destinado à felicidade completa. Ainda teremos problemas, dores e sofrimentos. Vivemos em um planeta de expiação e provas. Tenhamos confiança no futuro, confiança em Deus, confiança em nós mesmos. Trabalhemos para mudar nossa vida material para melhor, sem desistir, sem esmorecer. Trabalhemos pela união familiar, pela união das raças, das nações, de toda a humanidade! Não desista da vida! Luiz Roberto Mattos é autor do livro Sana Khan – Um Mestre no Além. Site: www.mestresanakhan.com.br



Por WANDERLEY OLIVEIRA

Diferenças não são

defeitos

O amor não inclui adesão à particularidade. Podemos não aderir às diferenças, porém, compete-nos amar o diferente

O

título deste artigo é também o título de um livro de Ermance Dufaux, a autora espiritual que desenvolveu a série Harmonia Interior, cujos livros até agora publicados são: Laços de afeto – caminhos do amor na convivência; Mereça ser feliz – superando as ilusões do orgulho; Reforma íntima sem martírio; Escutando Sentimentos – a arte de amar-nos como merecemos; Prazer de viver – conquista de quem cultiva a fé e a esperança; e Emoções que curam, todos da Editora Dufaux (www.editoradufaux.com.br). Nessa nova obra, através de 40 temas inspirados e oportunos, Ermance deixa clara a importância da diversidade na construção do mundo de regeneração e que, sem respeito às diferenças e aos diferentes, não conseguiremos estabelecer a fraternidade, que é o eixo de pacificação das relações humanas e a cura do nosso egoísmo. Para a grande maioria de nós, devido ao egoísmo, tornase muito difícil ultrapassar os limites dos nossos conceitos pessoais e compreender por que alguém é do jeito que é. Sem dúvida, essa é uma das mais desafiantes questões na convivência humana, desde as relações familiares e profissionais até os intercâmbios entre os povos. E sem fraternidade aplicada será impossível aprendermos a respeitar opiniões, culturas, comportamentos e ideias que fazem parte da vida alheia. A fraternidade, segundo a autora espiritual, é a porta de entrada para a regeneração.

A atitude rígida

O apego apaixonado aos padrões que nós aprovamos e que nos servem é a atitude responsável pelos conflitos e desacertos, perante as expressões individuais inerentes a cada ser. Essa atitude é chamada de rigidez, considerada uma grade doença na medicina espiritual. Essa rigidez foi analisada pela autora no livro. Ela expõe em um de seus textos como são tratadas no mundo espiritual as pessoas que vivem de forma rígida. Essa inflexibilidade na conduta e no entendimento é o que está por trás de pequenas rusgas diárias na convivência e também nos conflitos internacionais que geram guerras.

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Em verdade, Ermance Dufaux enumerou em suas ideias, de forma prática, as barreiras para a arte de amar. Ela reflete sobre a importância do respeito aos diferentes e suas diferenças, mas não diz que tenhamos que concordar com o que não nos serve ou não conseguimos entender. Apenas respeitar, isto é, amar e gostar independente das condições. Ainda que não aprovemos a diferença, é fundamental para nossa paz amar os diferentes. Difícil não é? Mas muito sensato! O amor não inclui adesão à particularidade. O amor propõe concórdia diante da particularidade do outro. E concórdia significa acolhimento fraterno e afetuoso ao diferente. Podemos não aderir às diferenças, porém, competenos amar o diferente. Embora não tenhamos que concordar com as diferenças que não nos atendem na caminhada evolutiva, a ordem universal vibra na faixa da legítima e incondicional fraternidade. Somente sob influxo dessa vibração é que impedimos de serem gerados dentro de nosso coração os piores estados e sentimentos decorrentes da atitude de não acolhimento ao nosso diferente ou, o que é pior, permitir a presença da indiferença, que é a negação da diferença. Existe muita sabedoria nesta ideia. Primeiro, porque jamais pensaremos ou agiremos de forma idêntica e, segundo, porque na Terra, ainda sob forte influência do egoísmo, somos portadores de muita instabilidade e necessitamos de muito esforço para conseguir manter no coração os nossos

O apego apaixonado aos padrões que nós aprovamos e que nos servem é a atitude responsável pelos conflitos e desacertos, perante as expressões individuais inerentes a cada ser


Respeito entre espíritas

Esse ensino do mestre continua atual, porque a doença da rigidez já contaminou inúmeros grupos e relações dentro

de nossa abençoada seara espírita. Isso era previsível, considerando que somos aqueles doentes para os quais Jesus declarou que veio curar. Entretanto, uma coisa é assumir intelectualmente através de informação e leitura que somos doentes. Outra coisa é sentir que somos doentes. Na prática, por conta desses dois quadros distintos que diferenciam a cada um de nós, a rigidez prolifera entre quantos adotam o Espiritismo na cabeça e distante das fibras sensíveis do coração. Nesse sentido, o novo livro de Ermance Dufaux é uma doce e bem-vinda dose de orientação e cuidados para que cada um de nós saiba como lidar melhor uns com os outros e aprendamos a avançar, da informação para a transformação, da instrução espírita para o sentimento iluminado. Wanderley Oliveira é terapeuta master e practitioner em PNL, médium e palestrante espírita de Belo Horizonte. Visite seu site: www.wanderleyoliveira.com.br

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melhores sentimentos por aqueles que são diversos à nossa forma pessoal de absorver a verdade. Ermance, na belíssima introdução “Fraternidade, a essência do mundo de regeneração”, faz um exame da postura de Jesus diante dos diferentes e diz: “Nossa inspiração para compor as anotações veio de um dos mais magníficos exemplos de fraternidade com a diversidade e acolhimento das diferenças de nosso Mestre Jesus, quando os discípulos queriam conter pessoas que trabalhavam em Seu nome, mas de forma diferente: ‘E, respondendo João, disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demônios, e lho proibimos, porque não te segue conosco. E Jesus lhes disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós.’”


POR ALINE ELISÂNGELA SCHULZ

Assuma o que você diz! Nossos pensamentos viram palavras e nós somos responsáveis pela forma que as expressamos ao mundo. Palavra é energia, que vai para o destino, o assunto ou a pessoa da qual estamos falando

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ivemos em meio a pessoas, convivemos com elas, falamos sobre diversos assuntos, manifestamos a nossa opinião sobre tudo e todos, mas dificilmente mantemos o que falamos a todas elas. Pergunto: O que não nos permite assumirmos o que dissemos para todos, igualmente? O que tenho dito pode me comprometer e é isso o que me impede de falar aos quatro cantos do mundo, igualmente? Minhas opiniões são como o vento, mudam de direção conforme a necessidade e ocasião? O conteúdo do que expresso é pejorativo, mal-intencionado, busca denegrir e afetar alguém? Nossos pensamentos viram palavras e nós somos responsáveis pela forma que as expressamos ao mundo. Falarmos o que quisermos para as pessoas, chantageandoas, impondo que elas devem aceitar o nosso jeito de ser é não ter consciência da lei da ação e reação. Tudo o que vai, volta! Indiscutivelmente. Ninguém é obrigado a aceitar a grosseria alheia... Palavra é energia, que vai para o destino, o assunto ou a pessoa da qual estamos falando; lá, essa mesma energia retorna para o ponto de origem, ou seja, você. O que começa em nós termina em nós! Conforme vamos repetindo a mesma fala, essa energia vai se intensificando e isso, através do pensamento, das emoções ou das atitudes que esboçamos através do que comunicamos, sempre volta para nós. Entenda que quando falamos mal de alguém, estamos projetando na pessoa toda essa carga de energia desequilibrada e que irá afetá-la, sim! As consequências geradas pelo que falamos nem sempre são levadas em conta por nós. Porém, com um comentário

Precisamos educar nossas palavras para que elas sejam a semeadura de algo muito maior que nós. Que cada uma delas desperte no outro a vontade de ser uma pessoa melhor 34

somos capazes de atrapalhar fortemente a vida de alguém, de disseminar a discórdia. Leva mais tempo para consertar algo do que para espalhar. Portanto, se o que você diz não pode ser repetido para qualquer pessoa, está na hora de repensar sua postura e refletir sobre a sua conduta ética em relação à vida. Assumir as próprias ideias é um ato de coragem que exige honestidade e flexibilidade de quem fala. Honestidade em se mostrar verdadeiro e flexibilidade para reconhecer quando está errado, mudando de opinião de forma simples e objetiva. Precisamos educar nossas palavras para que elas sejam a semeadura de algo muito maior que nós. Que cada uma


delas desperte no outro a vontade de ser uma pessoa melhor. Que a palavra seja de amparo e carinho. Que a palavra seja passada adiante recheada de mensagens e ensinamentos para aquele que as ouve. Não faça ao seu próximo aquilo que você não gostaria que fizessem a você! Tenha essas palavras como uma filosofia de vida e jamais o que você diz te comprometerá negativamente. Assim, poderá se expressar tranquilamente, com paz no coração. Somos nós quem escolhemos o que falamos. Se falarmos somente sobre doenças, atraímos doenças. Se fizermos fofocas, nos tornaremos ímãs de fofocas igualmente. Vícios podem se mostrar através da nossa comunicação. Se pensarmos mal sobre tudo, a fala refletirá a mesma coisa. Por-

tanto, assumir o que dizemos é encararmos a nós mesmos, buscando o crescimento a cada instante. Podemos aprender a ser humildes pela nossa fala? Sim. Vai depender do que costumamos falar. Você é capaz de assumir com tranquilidade o que diz? Sim? Parabéns! Não? Ops! Está na hora de fazer uma faxina na sua comunicação! Aline Elisângela Schulz é palestrante e professora do Luz da Serra. Especializada em Acordos Espirituais - Astrologia (EAD). Desenvolve trabalho com Mapa Astral /Natal. www.luzdaserra.com.br

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POR VICTOR REBELO

Desenvolvendo a espiritua Conheça a Brahma Kumaris, uma organização mundialmente conhecida, que propõe o desenvolvimento espiritual, promovendo a fé e a tolerância acima dos rótulos religiosos

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ale-nos um pouco sobre o trabalho de vocês. A Brahma Kumaris é um movimento espiritual mundial dedicado à transformação pessoal e à renovação do mundo. Fundado na Índia em 1937, difundiu-se por mais de 110 países em todos os continentes, tendo um amplo impacto em muitos setores como uma ONG internacional. Seu verdadeiro compromisso é ajudar as pessoas a transformarem sua perspectiva de material para espiritual em relação ao mundo. Apoia a cultura de uma profunda consciência coletiva de paz e dignidade individual de cada ser. No Brasil, as atividades da BK começaram em 1979, com sedes nas principais capitais e em cidades do interior. Como ela surgiu? A Brahma Kumaris foi fundada em 1937 por Dada Lekhraj Kripalani, um empresário indiano aposentado, em Hyderabad, uma cidade que agora pertence ao Paquistão. Seu nome espiritual é Prajapita Brahma, carinhosamente chamado de Brahma Baba. Depois de experimentar uma série de visões, em 1936, ele se inspirou para criar uma escola onde os princípios e práticas de uma vida virtuosa e meditativa pudessem ser ensinados. O nome original era ‘Om Mandali’. Era formado por homens, mulheres e crianças, muitos dos quais decididos a permanecer juntos como uma comunidade.

Apesar das incríveis perturbações sociais que aconteciam na Índia, pois era o período que antecedia a sua partilha, essas pessoas juntaram-se inicialmente em Hyderabad e, um ano depois, mudaram-se para Karachi. Com o tempo, revelou-se um conhecimento simples e claro sobre a natureza da alma, Deus e o tempo. Em 1950 (a divisão da Índia entre Índia e Paquistão aconteceu em 1947), o grupo mudou-se para seu local atual, em Monte Abu, Índia. Até então, os quase 400 indivíduos viviam como uma comunidade autossuficiente, dedicando seu tempo ao estudo espiritual intenso, à meditação e à autotransformação. O serviço da Brahma Kumaris fora da Índia começou em 1971 e atualmente abrange uma rede mundial de centros em mais de 110 países e territórios. Há uma estimativa de aproximadamente 1 milhão de estudantes. E qual é a proposta? Entre os principais objetivos da Brahma Kumaris estão: Encorajar um entendimento mais profundo do papel e propósito do indivíduo dentro de um contexto de vida mais amplo; Reafirmar a identidade espiritual, a bondade intrínseca, a dignidade e o valor do ser humano;

Atividades que a Brahma Kumaris oferece Através da sua rede internacional de centros, a Brahma Kumaris oferece cursos de meditação Raja Yoga e uma série de palestras, workshops, pequenos cursos e programas de desenvolvimento pessoal, incluindo: Superando a raiva – Entendendo as causas subjacentes e as formas sutis da raiva, seus efeitos no nosso bem-estar e como usar nossa energia de forma mais produtiva. Aprendendo a pensar bem – Explorar o papel do pensamento ao modelar nossas percepções, nosso sentido e nossas ações e como recuperar nossa autenticidade, liberdade e autocontrole. Autoestima – Como reconstruir os traços da personalidade inata que contribuem para o autorrespeito e a autovalorização. A arte de vencer o estresse – Compreender, reconhecer e gerenciar os variados níveis de estresse, preocupação e tensão e aprender algumas formas simples de minimizá-los através da mudança no estilo de vida, entre outros. Junto a isso, há atividades voltadas a profissionais da educação e da saúde, área interreligiosa e outras. Para ver alguns destes projetos, podem acessar nosso site. Há também centros de retiro que proporcionam um ambiente de apoio e de educação, onde indivíduos e grupos profissionais podem explorar a meditação e entendimentos espirituais na sua vida pessoal, familiar e no trabalho.

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alidade

Encorajar uma mudança de consciência, atitude, visão e comportamento dentro da família humana; Ajudar indivíduos a redescobrir seu relacionamento pessoal latente com a Fonte de todas as bondades. Cultivar um espírito de fraternidade humana – todo ser humano, independentemente de sua religião, raça, gênero ou nacionalidade, pode obter uma profunda força através de um relacionamento com seu Pai eterno, o Divino; Apoiar a melhoria da condição humana ao permanecer plenamente empenhada em nossas comunidades e apoiar programas, projetos e iniciativas com essa força interior redescoberta; E estabelecer um relacionamento entre os seres humanos e o meio ambiente com base no princípio da nãoviolência. Quem pode participar das atividades? A Brahma Kumaris é formada por indivíduos de todas as idades e experiências, que estudam o conhecimento espiritual que promove o respeito por todas as tradições de fé, e que explica, coerentemente, a natureza da alma, de Deus, do tempo e do karma. Qualquer pessoa que queira pode usar e beneficiarse da meditação Raja Yoga. Alguns optam por vir a um centro da Brahma Kumaris algumas vezes por ano para sustentar sua conexão, outros incorporam a meditação no seu cotidiano e outros se envolvem apoiando mais em

projetos e atividades da BK, onde canalizam sua intenção de fazer alguma atividade voluntária. É possível participar de cursos, palestras e workshops da Brahma Kumaris através de um de seus centros. Para ver os endereços no Brasil, acesse o site. Todas as atividades conduzidas têm como base o trabalho voluntário e são isentas de taxas fixas. Contribuições voluntárias são aceitas nas sedes para colaborar com a manutenção dos espaços. Informações de endereços, cursos e palestras: www.brahmakumaris.org.br www.youtube.com/videosobk Sede nacional, em São Paulo: Fone: (11)-3864.3694 ou 3864.2639

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POR WANDERLEY OLIVEIRA

Relações tóxicas Muitas vezes, permanecemos em uma relação que não amadurece. O que marca uma relação tóxica é que ela necessita ser reciclada e tratada, seja por qual caminho for

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óxico é aquilo que sufoca, que intoxica, que produz efeitos nocivos. Relações tóxicas são aquelas nas quais foram construídos elos de afeto no início do relacionamento e que não estão mais nos proporcionando crescimento e amadurecimento. A tal ponto chegam os conflitos da relação que transformam esse afeto em um relacionamento doentio, pesado e com riscos de se tornar destrutivo. Devemos distinguir “relações tóxicas” de “relações destrutivas”. A convivência, sempre que difícil, pode intoxicar a relação em algum momento e nem por isso deixa de ser educativa. Relacionar é um aprendizado contínuo e enquanto existe crescimento é natural que haja desafios e labirintos que vão testar os nossos valores e desenvolver nossas qualidades. Por sua vez, as chamadas relações destrutivas não só não ensejam crescimento como ainda tornam possíveis os acontecimentos e contextos que podem ser trágicos e traumáticos. Para ampliar mais nossas reflexões digamos que, quando as relações difíceis não se harmonizam nos pontos de conflito mais graves, caminham para um relacionamento tóxico, mas são ainda possíveis de investimento pessoal e emocional, e, portanto, recuperáveis. Quando as relações tóxicas não se encerram ou reciclam, caminham para os relacionamentos destrutivos. A sequência de desenvolvimento dos relacionamentos pode ser nessa ordem, dependendo da história de cada criatura.

Observe os sinais Vejamos algumas características pertinentes à intoxicação de uma convivência: Sensação de sufocamento, pois no relacionamento uma das partes se anula, e não consegue se tornar e ser ela mesma; Dependência emocional, submissão, autoritarismo; Desrespeito aos princípios básicos de uma relação saudável; Viciação de hábitos corretivos que não obtém resultados satisfatórios;

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Frequentes contextos de mágoa; Orgulho em não pedir ajuda especializada e fora do relacionamento para a sobrevivência da coexistência harmoniosa; Ausência do diálogo que é o sintoma capital de como a convivência não anda bem; Presença de disputa; Indiferença como tentativa de melhora da relação. As relações tóxicas podem envenenar casamentos, sociedades comerciais, famílias, centros espíritas e todo tipo de convivência humana. Quando se atinge esse nível de dificuldades, que não levam a lugar nenhum, sem buscar a superação dos desafios de crescimento que elas propõem, a experiência de conviver se transforma em desgaste e peso.

Quando as relações difíceis não se harmonizam nos pontos de conflito mais graves, caminham para um relacionamento tóxico, mas são ainda passíveis de investimento pessoal e emocional, e, portanto, recuperáveis

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RELAÇÕES TÓXICAS

POR WANDERLEY OLIVEIRA

Relação iluminada Vejamos algumas características pertinentes à relação iluminada por uma reciclagem: * Respeito aos limites pessoais; * Busca da leveza como única condição aceitável para uma relação madura; * Desenvolvimento da capacidade de dizer “não”; * Enfrentamento aos abusos de outrem a respeito de cobranças e expectativas; * Cultivo da autonomia como ponto fundamental da ética de conviver; * Afetividade abundante; * O prazer do diálogo; * Enaltecimento dos valores um do outro. * Sem dúvida, tomando por base essas características e mais algumas que poderíamos acrescentar, estamos nos direcionando para construir relações libertadoras de amor. Quando algum aspecto da relação se intoxica entre duas pessoas é porque há um ciclo ou vários ciclos de aprendizado que não se fecharam ou foram mal resolvidos, gerando sofrimento.

Não se acomode! Para quem partilha a visão do Espiritismo, há um componente nesse assunto que merece ponderação: ao entrar em um ciclo de intoxicação da convivência, muitos espíritas atribuem tais desarmonias a causas do passado reencarnatório e adotam uma postura de ilusória resignação, como se a situação fosse um dia se resolver por automatismo. É como se a pessoa tivesse que passar pela experiência em função de algo que fez em outra vida. Eis uma análise muito perigosa, por dois motivos: 1º) Essa forma de entender costuma levar à acomodação de esperar a hora em que a provação de quem sofre neste tipo de relacionamento se extinguirá, como se isso estivesse completamente fora do âmbito de sua escolha e decisão em fazer algo. Nessa visão, a pessoa se acomoda e aceita a dor imposta por outrem. 2º) Essa acomodação impede o indivíduo de lançar um olhar para o presente, nublando e limitando as chances dos envolvidos na toxicidade da relação, de perceberem a que aprendizado estão sendo chamados, qual o objetivo daquele momento de sofrimento e como dele sair. Existem relações tóxicas que não têm outro caminho

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a não ser a ruptura, porque correm risco de se tornarem destrutivas. Outras não necessitam de ruptura, mas de reposicionamento para que se recupere sua condição educativa. Enfim o que marca uma relação tóxica é que ela necessita ser reciclada e tratada, seja por qual caminho for. Sejamos práticos na forma de analisar o assunto. O que intoxica uma relação é a nossa incapacidade em lidar com o que acontece dentro de nós, a partir de uma convivência. São os sentimentos que orientam ou desorientam a nossa conduta. O analfabetismo a respeito de nossa vida emocional possibilita uma série de efeitos nocivos à arte de amar e se relacionar. Sem lucidez sobre o que fazer com o ciúme, a inveja, a malquerença, o desejo, a tristeza, a mágoa, a antipatia e outras tantas emoções, fica muito escassa a chance de enriquecer nosso conviver e expressar nosso amor com a grandeza e a liberdade que gostaríamos. Algumas vezes, a pretexto de fidelidade ao amor, princípio máximo de nossa doutrina, e bem intencionados no ideal de superação e crescimento, permanecemos em relações que não avançam ou amadurecem, sem saber como lidar com tais vivências desgastantes. O amor é mesmo uma meta, contudo, para que o apliquemos também a nós, teremos que admitir a quem e como damos conta de amar agora, respeitando nossos limites, solicitando ajuda, nos esforçando em direções diferentes daquelas que não apresentam resultados satisfatórios para melhoria das condições de uma convivência. A isso chamamos de reciclagem. Wanderley Oliveira é Terapeuta Master e Practitioner em PNL. Tem 22 livros psicografados e é palestrante espírita natural de Belo Horizonte. Contatos: www.wanderleyoliveira.com.br www.wanderleyoliveira.blog.br.



PELA ASSOCIAÇÃO MÉDICO-ESPÍRITA DO BRASIL

Hipertensão e espiritualidade Entenda como o espírito é responsável por seu equilíbrio psicofísico e as influências psicológicas na hipertensão

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iversas doutrinas espiritualistas, assim como as medicinas tradicionais do Oriente, afirmam que a causa das nossas doenças está no espírito e as lesões do corpo físico são projeções doentias do pensamento e dos sentimentos, mais especificamente do ego, da personalidade ou máscara. “No caso da hipertensão arterial, do ponto de vista da medicina puramente materialista, suas causas podem ser renais, glandulares ou cardiocirculatórias, porém, a mais comum é de origem desconhecida, a chamada hipertensão essencial. Mas, no paradigma espírita, a causa está no espírito”, declarou Júpiter Villoz Silveira, médico endocrinologista e vice-presidente da Associação Médico-Espírita (AME) de Londrina (PR), que tratou do tema no IV Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita (Medinesp 2003).

Júpiter lembra que o neurologista Antônio Carlos Costardi, de Taubaté (SP), autor de vários livros sobre a mente, entre eles Um Condomínio Chamado Família, faz essa afirmação há anos. “Costardi nos diz que a hipertensão arterial sistêmica ocorre em pacientes com personalidade controladora, que, ao perderem o controle de uma determinada situação, geram um sentimento de raiva que, descarregado sobre o seu próprio corpo somático, produz, entre outras coisas, a hipertensão arterial”, afirma. Para provar a tese de que todas as pessoas hipertensas têm personalidade controladora e traçar um perfil psicoespiritual do hipertenso, Júpiter convidou, naquela ocasião, aleatoriamente, pacientes hipertensos, tanto de seu consultório, como da instituição Casa do Caminho, de Londrina, que estivessem dispostos a participar do trabalho de investigação. As pessoas escolhidas foram de ambos os sexos, de 20 a 50 anos. Posteriormente, elas foram encaminhadas ao Instituto Reviver, clínica do médico Cláudio Sproesser, que trabalha com as doutoras Eliane Alves de Andrade e Marilene Moreli Padoa, onde passaram por testes em que foi avaliada a história detalhada de suas doenças e promovidos testes psicológicos. “Após anamnese detalhada e aplicação de testes como o Warteg, eles encontraram os seguintes resultados: intolerância, pessoas dominadoras e baixa autoestima”, relata (a anamnese é a informação sobre o princípio e evolução de uma doença até a primeira

Hipertensão arterial “Costardi nos diz que a hipertensão arterial sistêmica ocorre em pacientes com personalidade controladora, que, ao perderem o controle de uma determinada situação, geram um sentimento de raiva que, descarregado sobre o seu próprio corpo somático, produz, entre outras coisas, a hipertensão arterial”,

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observação do médico, e os testes de Warteg são avaliações psicológicas do paciente). “Entre a população avaliada, a intolerância e o comportamento dominador obtiveram um perfil de 100%. Já em relação à baixa autoestima, o índice constatado foi de 90% e o nível de estresse dessa população está numa escala altíssima”, completa Júpiter. De acordo com Júpiter, aqueles que apresentam faixa etária acima de 40 anos e/ou aqueles que fumam, independentemente da idade, segundo a literatura médica, já estão na probabilidade da ocorrência de apresentarem ou já estarem apresentando alterações cardiovasculares. “Mas podemos afirmar que, independentemente do grau de cultura, a conscientização quanto à espiritualidade é fator predominante no equilíbrio da qualidade de vida do paciente”, diz. Júpiter Silveira também aponta que, através dos protocolos avaliados, é possível identificar características quanto ao “eu” do indivíduo na sua afetividade, a sua ambição, sexualidade e proteção. “Pode-se notar algumas características comuns entre essas pessoas, como insegurança, busca de proteção, negação da sua individualidade, repressão da angústia, objetivos indefinidos e dificuldades quanto a sua sexualidade. Cabe ressaltar que também foram constatadas outras características distintas, sendo algumas positivas”, lembra.

Centro coronário

Segundo André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, temos particularmente no centro coronário o ponto de interação entre as forças determinantes do espírito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas. Dele, parte, desse modo, a corrente de energia vitalizante formada de estímulos espirituais com ação difusível sobre a matéria mental que o envolve, transmitindo aos demais centros da alma os reflexos vivos de nossos sentimentos, ideias e ações, tanto quanto esses mesmos centros, interdependentes entre si, imprimem semelhantes reflexos nos órgãos e demais implementos de nossa constituição particular, plasmando em nós próprios os efeitos agradáveis ou desagradáveis de nossa influência e conduta. “A mente elabora as criações que lhe fluem da vontade, apropriando-se dos elementos que a circundam, e o centro coronário incumbe-se, automaticamente, de fixar a natureza da responsabilidade que lhes diga respeito, marcando no próprio ser as consequências felizes e infelizes de sua motivação consciencial no campo do destino”, finaliza Júpiter. Na obra de André Luiz fica muito claro que o espírito é o responsável, através de suas emoções em desequilíbro, pelas lesões perispiríticas que se traduzem como doenças no corpo físico.

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A acupuntura

e a medicina energética Yin e yang, chakras, meridianos... Entenda os fundamentos básicos de alguns tratamentos com base no equilíbrio energético POR ADRIANA SPLENDORE

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humanidade sempre buscou estudar diferentes formas de cura, não só através de remédios, mas também com a prevenção psíquica contra pensamentos desequilibrados que, por si só, já abalam todo o sistema nervoso, resultando nas mais diversas doenças. Hoje, existe no planeta um pensamento unificado que vem buscando uma redefinição do sentido da vida. Essa forma de abordagem não é nenhuma novidade se estudarmos as filosofias mais antigas, como o Taoísmo, o Budismo, o Hinduísmo, a sabedoria dos persas, celtas, egípcios, das tradições indígenas, etc., assim como a medicina tradicional chinesa e a medicina ayurvédica indiana, onde vemos a preocupação de compreender a relação do homem com o universo. Chamamos hoje de medicina holística essa forma unificadora de ver o homem como um ser integrado e a doença nada mais que uma tentativa do organismo de eliminar toxinas, entidades mórbidas ou anômalas presentes no interior de todos nós.

Para isso, contamos com várias técnicas terapêuticas, onde a manipulação de energias está complementando os tratamentos tradicionais. Uma das preocupações prioritárias da medicina holística, hoje, é a de ajudar a restituir a qualidade de vida e a saúde dos habitantes do planeta. Perdemos a sensação básica de unidade, não confiamos na Terra, na natureza, não respeitamos os ciclos da vida. Estamos com medo, sem amor, em conflito constante. Barbara Ann Brennan, em seu livro Mãos de Luz, afirma que a doença é um sinal que você está desequilibrado porque se esqueceu de quem é. A doença é vista como uma oportunidade de aprendizado para nos conhecermos melhor. O Taoísmo é uma doutrina que analisa com profundidade a essência da condição humana. A Medicina Tradicional Chinesa tem por base os princípios do Tao, que regem a existência de todas as coisas: a essência do chi, os opostos yin e yang e os cinco movimentos. Podemos dizer que é, além

Os chineses mapearam os

canais energéticos

(meridianos) e suas inter-relações com o

corpo

físico, o que

resultou na ciência da

acupuntura

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A ACUPUNTURA E A MEDICINA ENERGÉTICA

POR ADRIANA SPLENDORE

Como a acupuntura funciona? Ao introduzir as agulhas em pontos específicos do

nosso corpo – por onde passam os meridianos – o acupunturista atua no campo bioeletromagnético

(duplo etérico), repercutindo nos órgãos relacionados àqueles pontos. Assim, é produzida uma reação

onde substâncias anti-inflamatórias, anestésicas, calmantes e hormonais sejam estimuladas ou

sedadas, dependendo do problema. Hoje em dia, em vez de agulhas, alguns preferem trabalhar com a aplicação de laser nos pontos.

A acupuntura

praticamente não provoca

colaterais e pode ser usada como coadjuvante

efeitos

a outras formas de

tratamento

de tudo, uma filosofia comportamental e deve ser observada ao longo da vida, com seus movimentos, ciclos, mudanças... as idas e vindas que fazem parte do nosso evoluir.

A medicina tradicional chinesa Para os chineses, o chi é a força vital do universo. É o princípio de todo o dinamismo e a fonte de existência de todas as coisas; força e movimento, é desta forma que é feito o corpo sutil onde se realizam todos os fenômenos energéticos do organismo. O homem extrai chi de diversas fontes: dos alimentos, da respiração, do sol, etc., e circula pelos muitos meridianos ou canais sutis, que fazem parte do corpo sutil e se armazenam nos centros de força (chakras), onde são distribuídos por todo o organismo.

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O acupunturista, através de suas agulhas, manipula o chi, “tonificando” ou “sedando” as energias que estão em excesso ou faltando no organismo. Acu significa agulha, puntura vem do latim punctura, que significa picada, punção. Os primeiros registros sobre acupuntura, que é uma das técnicas da medicina tradicional chinesa (MTC), foram encontrados há 5 mil anos. Os princípios dessa terapia foram registrados no livro do Imperador Amarelo. Chegou ao Brasil em 1810, com a vinda dos primeiros imigrantes japoneses que vieram trabalhar nas lavouras de café. Em 1979, a Organização Mundial de Saúde reconheceu a eficácia deste método e recomendou a aplicação em, aproximadamente, 461 doenças, sendo a maioria delas relacionada com o sistema nervoso central. A acupuntura praticamente não provoca efeitos colaterais e pode ser utilizada como coadjuvante a outras formas de tratamento. Tem por princípio analisar o ser humano como um todo, não apenas corpo, mas o equilíbrio do corpo com a mente e espírito e, ainda, suas percepções do meio ambiente. Nada mais atual nos dias de hoje do que essa visão holística, levando em consideração o biopsicossocial (bio – condições biológicas do organismo; psico – pensamentos, emoções e sentimentos; social – o ambiente em que cada um vive). Na visão da MTC, saúde e doença são necessárias para o equilíbrio do ser humano. A doença será, em certos momentos, inevitável no processo vital, pois é uma forma de expressão dos nossos medos, angústias, expectativas, conflitos mentais, adaptação ao meio e às pessoas. Os chineses mapearam os canais (meridianos) do nosso campo energético e suas inter-relações com o corpo físico, o que resultou na ciência da acupuntura. Mais do que tratar os órgãos e seus sintomas, ela busca descobrir o padrão energético da pessoa – se ela está mais yin ou yang –, os elementos da natureza que dominam o seu corpo, em que pontos a energia chi está bloqueada e quais emoções desequilibram a sua saúde. Essa energia vital é uma espécie de fluxo essencial que faz tudo existir. Os chineses


O acupunturista, através de suas agulhas, manipula o chi, “tonificando” ou “sedando” as energias que estão em excesso ou falta

a chamam de chi e os japoneses de ki; para os hindus é o prana. No Espiritismo é chamada de fluido vital. Nos ensinamentos da acupuntura, vemos que o chi se transporta pelo corpo através dos cincos principais meridianos. O organismo é formado de energia, dos níveis mais sutis ao mais denso (material) e é justamente a parte sutil, energética, a força vital ou chi que circula nestes meridianos. Assim, todos os desequilíbrios seriam consequentes a um distúrbio da circulação do chi.

Meridianos de energia São os canais por onde flui a energia vital que mantém o funcionamento de tudo o que existe no nosso corpo. Uma rede complexa que estabelece canais entre órgãos, vísceras, o interior e a superfície corporal e ainda a harmonia entre o yin e o yang. Esses cinco meridianos principais controlam o fígado, o coração, pulmões, baço e rins, que estão interligados a outros cinco órgãos: vesícula biliar, intestino delgado, estômago, intestino grosso e bexiga. Vamos compreender melhor se, por exemplo, estudar-

mos o meridiano do fígado, considerando o mesmo como a fábrica do sangue. Esse meridiano nasce perto dos olhos. Então, dentro desta abordagem energética, podemos usar como exemplo o álcool. Tomar bebida alcoólica em excesso prejudica o fígado, entre outros órgãos. Como seu meridiano nasce perto dos olhos, é natural que ocorra um desequilíbrio energético deixando os olhos irritados, devido a um congestionamento energético neste meridiano. Mas ataque de raiva pode fazer mais mal ao fígado! Dificuldade em planejar, impaciência, raiva, mau humor, irritação mostram que as energias do fígado e da vesícula não estão bem. Mas guardar, reprimir também faz mal. Por outro lado, esse meridiano, quando em harmonia, garante a você o controle em situações críticas, maior segurança no agir e no falar, não entrar em pânico, etc... ou seja, dá um maior poder de discernimento na hora de atuar em relação às nossas ações. Tem um ditado popular que diz que os olhos são a janela da alma; para os chineses, a morada da alma é o fígado. A energia do fígado e da vesícula, responsável pela vitalidade, é purificada durante a madrugada. Não há outro horário para esse processo ocorrer e, por isso, algumas pes-

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A ACUPUNTURA E A MEDICINA ENERGÉTICA

POR ADRIANA SPLENDORE

A observação das

leis naturais deu origem ao conceito de yin e yang, no Taoísmo

soas sofrem insônias com hora marcada, ou seja, acordam sempre no mesmo horário, provavelmente porque o fígado está muito intoxicado.

O equilíbrio yin e yang A observação das leis naturais deu origem ao conceito do yin e yang, no Taoísmo. É aquele símbolo branco e preto, muito utilizado na MTC, significando forças opostas que se complementam. Nada é yin ou yang o tempo todo, há um revezamento entre essas forças e uma interdependência. Yin é a noite, o recolhimento, a espera, o feminino, a lua, o vazio. Yang é o dia, a ação, o fazer, o masculino, o sol , o cheio. Quando um atinge a sua expressão máxima, se transforma no outro. No ser humano, essas forças também estão presentes. Os homens, geralmente, são mais yang enquanto que as mulheres, mais yin, mas ao longo do dia podemos observar várias alterações pelas quais passamos. Quando esses dois elementos estão proporcionais, oferecem equilíbrio energético, gerando saúde. Se estão alterados, ficamos doentes. Mas o que pode alterar o nosso yin/yang?

Excesso de trabalho, de comida, de bebida, de vícios como o cigarro, a falta de respeito aos ritmos naturais do organismo, etc. Agitação, insônia, nervosismo, ansiedade, fome violenta são exemplos de excesso de yang Apatia, sonolência diurna, insegurança, timidez são excessos de yin. As mulheres, pelo menos uma vez por mês, se deparam com as sutilezas da energia yin: quando nosso fluxo menstrual está próximo, ficamos mais sensíveis... a famosa TPM vem nos visitar e precisamos entender que não temos aquela energia ativa dos outros dias do mês. Se não respeitamos isso, ficamos instáveis, com cólicas, dores nas costas, prisão de ventre, displasia mamária e humor instável. O primeiro passo é desintoxicar o sangue, consumir mais cálcio antes e durante a menstruação (conhecemos o cálcio como o protetor dos ossos, mas ele também é um calmante). O meridiano dos rins também pode estar congestionado e isso explica os inchaços e aumento de peso. Precisamos diminuir o consumo de carne vermelha nesse período e usar mais chás, que são diuréticos por natureza. A acupuntura pode ajudar muito nessas horas, estimulando os meridianos congestionados, acalmando os excessos e tonificando os órgãos. Isso dentro de uma abordagem energética. Não significa que devemos abrir mão da medicina alopática – quando ela for necessária –, que também possui sua metodologia e campo de ação específico.

Os cinco movimentos Também chamados de cinco elementos, são eles: madeira, fogo, terra, metal e água. Imaginemos uma estrela de cinco pontas e, em cada uma delas, um elemento que se relaciona com um órgão, que se alimenta de um sabor, que se nutre numa determinada

Os chakras, conforme os hindus Por Wagner Borges Os chakras – rodas, em sânscrito – são os centros de

força situados no corpo energético e que tem como função principal a absorção de energia – prana, chi – do meio

ambiente para o interior do campo energético e do corpo

físico. Além disso, servem de ponte energética entre o corpo espiritual e o corpo físico. Os principais chakras são sete e estão conectados com as sete glândulas que compõem

o sistema endócrino: chakra coronário, frontal, laríngeo, cardíaco, umbilical, sexual e básico.

Cada chakra é uma janela para o invisível; um verdadeiro

“portal psicofísico” que, frequentemente, troca energias com outros planos de manifestação.

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Chi Kung O Chi Kung também é derivado

da sabedoria taoísta e faz parte das técnicas da medicina tradicional

chinesa, como prática curativa e

preventiva. O Chi Kung utiliza técnicas respiratórias para desenvolvimento

dos canais sutis ou centros energéticos. Captar, armazenar, circular a energia

e eliminar as energias perversas. Assim vemos o organismo se restabelecendo como um todo. Tudo é energia e

podemos interagir, nos conscientizando da ligação da alma com o universo.

hora do dia e que em equilíbrio favorece diferentes atitudes. Por exemplo: Madeira: Elemento relacionado ao fígado e à vesícula biliar. Sabor: ácido; Período do dia: manhã; Atitude: planejamento e decisão. Fogo: Relacionado ao coração e ao intestino delgado; Sabor: amargo; Período: meio-dia; Atitude: alegria, comunicação. Terra: estômago, baço e pâncreas; Sabor: doce; Período: começo da tarde; Atitude: reflexão e simpatia. Metal: pulmões e intestino grosso; Sabor: picante; Período: anoitecer; Atitude: ordenação, ritmo. Água: rins e bexiga; Sabor: salgado; Período: noite; Atitude: perseverança, força. Portanto, segundo a Medicina Tradicional Chinesa, são vários os fatores que causam uma doença e elas, em geral, são provocadas pela relação do ser humano com o seu meio.

Contribuição de outros povos Apesar de a medicina tradicional chinesa dispor de todo um conhecimento sobre os meridianos de energia, e a tradição indiana dispor do conhecimento dos chakras, do yoga e da medicina ayurvédica, os sábios não estavam apenas na China e na Índia. Os egípcios, cerca de 3 mil anos antes de Cristo, realizavam intervenções cirúrgicas somente

com manipulação energética. Os kahunas (representantes dos magos egípcios) utilizavam técnicas de hipnose nos tratamentos. Grandes pensadores e filósofos deixaram marcas pela sua conduta e ensinamentos de como interpretar as doenças, organizar a medicina e criar o verdadeiro médico. Com o grego Hipócrates (460 a.C.), considerado pai da Medicina, iniciava-se no Ocidente uma era mais correta e positiva para a eficácia dos trabalhos médicos. Para tratar de homens, dizia ele, é necessário conhecer o corpo e a alma. Não há doenças isoladas. O desequilíbrio e a desarmonia da saúde afetam todo o organismo. Para alguns, pouco, para outros, muito. O homem deve ser visto na sua totalidade, compreendendo suas reações, sua constituição, seu temperamento, sua forma de ser e estar, sua genética, suas noxas psíquicas, emocionais e físicas. Ao mesmo tempo, é preciso proteger os órgãos sensíveis, que são seus órgãos de choque, portanto, os primeiros que reagem e adoecem. Para tratar das doenças, Hipócrates destacou dois princípios fundamentais: o dos contrários e o dos semelhantes. Deixou, nos seus ensinamentos, orientação sobre quando e em que condições deviam ser empregados um ou outro método, dando-nos a entender que existem doenças e doentes. Ensinou também como proceder para evitar as doenças. A medicina energética tomou novo impulso com Jesus,

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A ACUPUNTURA E A MEDICINA ENERGÉTICA

POR ADRIANA SPLENDORE

O magnetismo animal Franz Anton Mesmer (1734-1815) nasceu

na Suábia, região que hoje pertence à Alemanha.

Através de suas pesquisas, inicia profundo e amplo trabalho com o magnetismo humano. Era a

terapêutica dos grandes sábios que começava a ser praticada na Europa, apesar do preconceito que

muitos cientistas tinham com relação ao trabalho do magnetizador. Mesmer falava sobre o fluido

sutil que existe no universo, que “liga” os corpos

entre si e permite que uns atuem sobre os outros. Ele usava como método terapêutico um metal,

visando a cura dos pacientes. Aplicava passes com

os dedos afastados, por onde passava o fluido sutil que energizava as pessoas.

que se empenhou em mostrar que todos os seres humanos possuem potencial para praticar a cura psíquica. E o que é mais importante: mostrou como fazê-lo. Acompanhado de seus discípulos, mostrava que o fundamento da cura é a fé, tanto de quem cura como de quem recebe o tratamento. Formava uma corrente energética envolvente, que graças ao acúmulo de material retirado do plano mais sutil (ectoplasma), tornava possível redirecionar as energias para o doente. O grego Galeno (131 a 200 d.C.), nascido em Pérgamo, destacou-se na formação do pensamento médico em sua época. Sua orientação na terapêutica foi estruturada no princípio dos contrários. Estabeleceu regras, consolidou suas ideias e deu início à formação da farmácia chamada galênica, cujos princípios vêm até hoje regendo, como orientação principal, a terapêutica em medicina. Houve um período longo de estagnação de ideias na medicina e na forma de curar as doenças. O processo galênico dominava e continuava sua trajetória, baseado no princípio dos contrários na terapêutica. Mais tarde, Paracelso (século XVI) deu continuidade às ideias e aos pos­tulados hipocráticos, dando maior destaque à aplicação do princípio da semelhança para resolver com mais eficácia os problemas das doenças.

O trabalho do

curador

energético é um trabalho de amor e dedicação – pessoas que voluntariamente se tornam

canais de luz

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O tempo passou e milhares de médiuns fabulosos, verdadeiros santos e curadores, foram condenados ao fogo pela Igreja na Idade Média, na Europa. Com a chegada do pensamento científico, baseado na filosofia cartesiana, essas práticas ficaram esquecidas no Ocidente. Se voltarmos nossos olhos para outras partes do planeta, vemos essa medicina vibracional sendo aplicada de várias outras formas. Desde os esquimós a povos ainda mais antigos do Tibete, da Índia, África e América, todos usavam técnicas como a visualização criativa, toques com as mãos, sons, etc. para a cura, onde o papel do curador era de grande importância. O xamã ou curandeiro sempre tinha uma posição de destaque dentro da tribo. O trabalho do curador energético é um trabalho de amor e dedicação – pessoas que voluntariamente se tornam canais de luz. O curador consegue chegar às áreas mais dolorosas da alma e, delicadamente, redesperta a esperança, a identidade da alma.

O trabalho de Wilhelm Reich Em 1941, o psicanalista Wilhelm Reich, através de observação técnica, eletroscópica e por aparelhos como o contador Geiger-Muller, observou uma energia presente no ar, denominada por ele de orgônio. Reich desenvolveu e construiu o “acumulador de orgônio”, caixas cobertas com metais e outros materiais que acumulavam essa energia. As pessoas que passaram por esse tratamento demonstravam a pele avermelhada e relatavam sensações de calor e formigamento. As mesmas sensações foram descritas por pessoas que estavam com as mãos próximas ao acumulador de orgônio. As pesquisas de Reich chamaram a atenção de médicos, cientistas e autoridades. Ele foi investigado pela FDA (Food and Drug Administration) e foi levado a um tribunal, onde


afirmou que “aquelas autoridades presentes não poderiam deliberar a respeito de ciências naturais”. Foi considerado culpado por ter ofendido o tribunal. A sua condenação foi uma multa, 15 dos seus livros que falavam da terapia com orgônio foram incinerados e todos os acumuladores de orgônio foram destruídos, sob a supervisão do FDA. E dois anos de prisão, onde Reich veio a desencarnar após cumprir alguns meses. Um de seus seguidores mais famosos foi Alexander Lowen, criador da Bioenergética, uma técnica para entendermos a personalidade dos indivíduos a partir dos seus corpos e processos energéticos. Vemos esse pensamento presente até hoje no movimento transpessoal, onde o centro não é o ser humano e sim o cosmo, resultando numa busca pela expansão da consciência e suas influências no nosso organismo. Também temos experimentos com a fotografia Kirlian, onde revelam que as energias desequilibradas aparecem primeiro no corpo energético e depois no corpo físico. Podemos citar outras formas de tratamentos energéticos, como os que utilizam as essências florais. Existem vários sistemas florais espalhados pelo mundo, mas o primeiro a ser elaborado é conhecido como Florais de Bach.

que este reverbere e cause mudanças nas estruturas físicas do corpo tratado, já que estes, como já dissemos, são ligados intimamente um ao outro. E equilibrando o energético, o denso passa a ser equilibrado também. O ser humano é um organismo complexo em que o fluido vital atua incessantemente. Adoecemos quando não estamos integrados com os ciclos da natureza, com emoções desequilibradas ou alimentação inadequada e, consequentemente, nosso fluido vital também estará em desequilíbrio. Como ficou claro, são vários os caminhos de harmonização interior com o universo. Muitas pessoas estão buscando esses processos de cura, algumas como pacientes, outras como facilitadores dessa cura. Alguns relatam como uma missão, uma busca que uma vez iniciada, nunca será perdida. Acompanhará o indivíduo pelo resto da sua existência, harmonizando seu corpo, mente e espírito. Adriana Splendore é terapeuta transpessoal, ortomolecular, acupunturista e facilitadora dos florais brasileiros. É radialista da Rádio Mundial há 16 anos, com o programa Equlibrius, todas as terças às 5h30. Mais informações pelo tel. (11) 55392082 ou www. adrianasplendore.com.br

Harmonizando o fluido vital A codificação espírita, realizada por Allan Kardec, abordou de forma mais genérica a questão do fluido, mas essa base está perfeitamente de acordo com os conceitos das filosofias e medicina do Oriente, desde a medicina tradicional chinesa à medicina ayurvédica indiana, por exemplo. Em O Livro dos Espíritos, Kardec explica que “A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm. O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se.” Portanto, toda medicina complementar que trabalha com manipulação energética busca equilibrar o sutil para

Como ficou claro, são vários os

caminhos de harmonização interior com o

universo 51


Em busca da cura Desenvolver e harmonizar os três tesouros da vida – jing (essência nutritiva), qi (energia, vitalidade, força, respiração), e shen (espírito, mente, alma, Deus) – é o desafio do buscador consciente Por UBIRAJARA TEDERICHE

O

s inúmeros conflitos vivenciados pela humanidade têm movimentado uma indústria de “soluções” que prometem resolver a problemática do corpo e da alma. Dores de toda natureza vêm assolando a rotina das pessoas, a ponto de elas se perderem perante suas próprias crenças, desmotivadas a seguirem com suas vidas. Curiosamente, a quantidade de informações que atende ao conhecimento intelectual, vem criando uma força contrária, incentivando o crescimento do ego que, por sua vez, passa a inibir o exercício da humildade que deveria servir de alicerce para os conhecimentos que transcendem o campo mental, ou mesmo possibilitar a chegada de outras informações, visando enriquecer as bases da fé. É sabido que quanto mais o homem possui conhecimento, menos ele se permite aprender, sendo que num determinado momento da vida, toda informação nova que possa chegar, no sentido de fazê-lo refletir sobre outro prisma, acaba por criar uma espécie de blindagem. Essa barreira é constituída ao longo do tempo e os subsídios encontrados para essa formatação são de naturezas variadas. Padrões de criação mental, crenças, comportamentos, valores sociais, preconceitos, entre outros, fazem com que o indivíduo se bloqueie perante tudo aquilo que ele próprio criou em nome

daquilo que se habituou chamar de “verdade”. Um determinado tipo de comportamento passa a fazer parte de sua rotina, facilitando a aproximação de situações muito semelhantes ao longo de sua vida. Sem perceber essa padronização, e agindo tendenciosamente através de suas próprias ideias, escolhas e predileções, procura, quando se vê fragilizado pelas dificuldades impostas pelo cotidiano, formas de contê-las. A questão é que, ao buscar alternativas que visam afastar as inconveniências perturbadoras, não percebe, muito menos aceita, suas limitações e através de recursos insuficientes, alimenta-se somente com aquilo que pensa e acredita possuir em termos de conhecimento, na expectativa de oferecer solução às suas intemperanças. “Estranhamente”, o cérebro cria suas armadilhas, alimentando-se pelo padrão vibracional envolto de orgulho e soberba, criado por hábitos frequentes que se transformaram em vícios, e por um tipo de comportamento social alienado, permite-se cair e prender-se em suas próprias amarras, navegando em uma simbiose sinistra, entre a vontade de resolver uma questão e o desejo de permanecer nos “tamancos”. A intelectualidade e a atividade mental servem fortemente como aliados do entrave criado, tendendo a permanecer num círculo vicioso ao longo de sua experiência terrena. Uma tendência muito comum a essa espécie de personalidade é fugir da realidade, afastando-se das oportunidades que o convide a exercitar na prática, e de maneira efetiva, os conhecimentos que se diz possuidor. Com isso, o corpo físico começa a captar e administrar as emanações das distorções mentais criadas pelo indivíduo. Ondas magnéticas incom-

O tripé básico – corpo, mente e espírito – deve ser tratado e respeitado com a mesma intensidade e sob os mesmos cuidados 52


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EM BUSCA DA CURA

POR UBIRAJARA TEDERICHE

patíveis com o bem-estar e frequências nervosas despejadas pelos canais de energia do corpo destoam dos padrões de harmonia e saúde, possibilitando um quadro caracterizado pelos sintomas de desequilíbrio orgânico. A circulação sanguínea torna-se impedida de fluir, criando um estado de vasoconstricção nas artérias, impossibilitando de maneira abrupta a capacidade sensorial, que deveria servir como norteador sobre os perigos relacionados às escolhas de vida.

Problemas do coração Patologias oriundas do coração são as mais comuns, sobretudo para aquelas pessoas que insistem em permanecer no domínio das situações as quais não compreendem que não possuem poder algum. A medicina oriental relaciona o movimento fogo (coração/intestino delgado – mestre coração/triplo aquecedor), como representante dessa característica, isso abordado com mais profundidade e precisão pela visão da Medicina Tradicional Chinesa. O órgão coração (xin) é tido como o regente dos outros órgãos, por isso, tem extrema importância. A sua função na Medicina Tradicional Chinesa equivale à sua função anatômica ocidental de bombear sangue por todo o corpo para manter a vida, mas na tradição oriental ele também está intimamente envolvido com os processos físicos e mentais.

O tripé básico – corpo, mente e espírito – deve ser tratado e respeitado com a mesma intensidade e sob os mesmos cuidados

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Considerado a residência da mente e do espírito, o coração é o órgão mais frequentemente envolvido em desequilíbrios psicológicos. Adequadamente nutrido e equilibrado, o coração mantém a nossa sabedoria, contentamento e equilíbrio emocional inatos. Os sintomas do desequilíbrio do coração incluem: palpitação, falta de ar, fácil sudorese, desassossego mental, insônia, esquecimento, dor no peito, dor na língua e urina quente. O coração manifesta-se no rosto. Quando o coração está forte e possui sangue suficiente, o rosto é rosado e o indivíduo tem uma aparência robusta e saudável. Por outro lado, quando o sangue do coração está deficiente, a pessoa parece pálida e doente. Se o yang ou qi do coração está deficiente, o rosto pode parecer azulado, especialmente nos lábios. O coração hospeda o shen (espírito) e a mente. Essa função abrange a gama completa da consciência humana, incluindo a saúde emocional, função mental, memória e espiritualidade. Quando o yin do coração está deficiente, uma pessoa pode ter sintomas como palpitações, ansiedade, insônia ou agitação. Quando o sangue do coração está deficiente, os sintomas de memória fraca, depressão e tendência de estar “longe” ou “nas nuvens” podem surgir. Órgão yin do elemento fogo, o coração, era chamado de príncipe do fogo e soberano dos órgãos. Era considerado o centro da consciência, do sentir e do pensar. No coração manda shen, o espírito do fogo. O ideograma chinês shen pode ser traduzido como “espírito”, “alma”, “Deus”, “divino” e “eficácia”. Quando dizemos que alguém tem “espírito”, refletimos o significado desse ideograma. Quando o shen (espírito, mente, divindade) está confuso e sem força, esse estado manifesta-se em pensamentos pouco claros, falta de capacidade de pensar, uma maneira pouco clara de falar, que pode levar a pessoa a pronunciar mal as palavras, a murmurar, balbuciar, gaguejar e até à mudez;


tem altos e baixos emocionais m u i t oSintomas do yin do coração deficiente: grandes e diversas formas de histeria e de psicose maníacodepressiva. O shen disperso e confuso Insônia expressa-se em nervosismo, pânico, medo do público, insônia e um olhar opaco. Todos Ansiedade esses sintomas têm a sua base num transtorno do elemento Palpitações fogo. Quando a energia de fogo está intensa demais no coração, os chineses a chamam de shih, excesso. O exagero expressa-se num dilúvio de palavras, suor em excesso e tensão nervosa, incluindo a perda de controle emocional em situações de conflito interior, quando percebe não ter o domínio da situação. Essas pessoas acreditam que podem resolver Quando o sangue do coração tudo sozinhas, que podem está deficiente, os sintomas de controlar tudo. Muitas vezes memória fraca, depressão e não são capazes de delegar tendência de estar “longe” ou responsabilidades aos outros, “nas nuvens” podem surgir e quando percebem não serem atendidas em seus desejos e determinações impostas, por resistências dos demais, num jogo de poder e ego, tendem sem perceber que estamos dentro de uma engrenagem a a recuar alegando não estarem mais se importando com o qual todo o sistema deve ser corrigido. O tripé básico – exterior, justificando suas posturas dizendo que agora estacorpo, mente e espírito –, que oferece sustentação à vida, rão preocupadas consigo próprias, o que de fato trata-se de trazendo equilíbrio, patrocinando continuidade gradual e uma inverdade, pois estarão constantemente num processo crescente do estado evolutivo, deve ser tratado e respeitade monitoração inconsciente. do sob a mesma ótica, com a mesma intensidade e sob os Esta é uma característica dos estados emocionais e menmesmos cuidados. tais da doença de mandar, que provoca amiúde um enfarte O “milagre da cura” apenas poderá se manifestar cardíaco ou uma insuficiência cardíaca. As investigações mediante o inexorável comprometimento entre esses modernas da medicina ocidental sobre estresse, doenças mecanismos, de forma a manter o desenvolvimento socausadas pelo estresse e tipos de personalidade que tendem berano oferecido pela natureza universal, sem influências à hipertensão e ao enfarte, concentram-se naquele estado personalistas que possam favorecer no enfraquecimento que os chineses denominam de shih do coração. das energias salutares que servem como fonte de progresso e saúde. O desafio está em buscar a cura da alma, antes de pensar em curar o corpo. Desenvolver e harmonizar os três tesouros da vida – jing Como podemos observar, os sistemas que envolvem si(essência nutritiva), qi (energia, vitalidade, força, respiratuações relacionadas aos conflitos humanos impulsionados ção), e shen (espírito, mente, alma, Deus) – é o desafio do pelo pensamento e vontade são proporcionais aos sistemas buscador consciente. que interagem entre as esferas psicofísicas, ou seja, está tudo intimamente interligado. Corpo, mente e espírito estão Ubirajara Tederiche atende na clínica Shen Tao – Terapias Orientais. constantemente se falando. Muitas vezes, busca-se trabalhar Compromisso, responsabilidade e disciplina. um setor no sentido de conter um sintoma desconfortável, Inf.: www.shentaoterapias.com.br

A cura holística

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POR ALFREDO DE CASTRO

Homeopatia Integrando

corpo e espírito

Entenda como o tratamento complementar homeopático atua e qual a diferença em relação ao alopático

N

o século XVIII (1755), nasce na Alemanha, em uma família mo­desta, o menino Christian Frederich Samuel Hahnemann, que desde jo­vem mostrava grande capacidade de aprendizado, com uma inteligência muito viva para assimilar os conhecimentos da época. Interessado nos estudos, formou-se em Medicina em 1777, na Universidade de Leipzig, e dois anos depois defendeu tese de doutor na Universidade de Erlange, em 10 de agosto de 1779 (com 24 anos de idade). Na sua ânsia de cuidar dos doentes e tratar as doenças, e descontente com os métodos empregados na sua época pela medicina, tornou-se um pesquisador obs­tinado. Achava que deveria haver um meio natural de curar as doenças. Dizia ele: “Deus, o supremo criador de todas as coisas, deve ter coloca­do ao alcance do homem os recursos necessários para manter a sua saúde e livrá-lo do mal. É que o homem, pela sua fraqueza e ignorância dos valores divinos da natureza, não consegue identificá-los”. Hahnemann foi um sábio genial e criativo. Conhecia e dominava fluentemente 14 idiomas, atuais e antigos. Sua capacidade de trabalho era extraordinária. Traduziu inúmeras obras, principalmente sobre assuntos médicos. Estudava sempre, procurando meios para saciar sua sede de saber, seguindo seu objetivo de descobrir um método mais digno e eficiente para tratar os doentes. Depois de muitos anos de estudo e dedicação, deduziu e confirmou, pelo seu criterioso trabalho experimental, que o princípio da semelhança era o método mais efetivo e positivo para

Christian Frederich S. Hahnemann Desde jo­v em mostrava grande capacidade de aprendizado, com uma inteligência muito viva para assimilar os conhecimentos da época.

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o tratamento das doenças e dos doentes. Foi persistente. Insistia na busca de resultados práticos, não teóricos. A criação da homeopatia foi obra de suas insistentes observações e experimentações. Foi incansável. Discutia com amigos e colegas para tirar dúvidas e poder concretizar suas ideias. Em 1790, considerada a data da criação da homeopatia, publicou em revista médica o resultado de suas experiências: “Ensaios de um novo princípio sobre as virtudes curativas das substâncias medicinais”. Foi criticado, sofreu muita oposição da sociedade médica da época e foi muito perseguido pelos seus opositores. Não nos surpreendemos com isso, pois, ainda hoje, após 200 anos, pelo desconhecimento de sua realidade médica, a homeopatia ainda é recebi­da com reservas no meio médico oficial, apesar de ser reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina e Ministério da Educação e ter a sua farmacopeia organizada, aceita e aprovada pelos órgãos competentes. Os remédios homeopáticos são extraídos dos três reinos da natureza (animal, vegetal e mineral). Hahnemann estava com a razão: Deus deu ao homem, bem ao alcance de suas


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mãos, a riqueza da natureza, tão pródiga. A presença da homeopatia se faz necessária pelo seu méto­do e conteúdo filosófico que inclui nos seus ensinamentos a importância da sua aceitação, dos estudos profundos da energia vital e da compreen­são do homem como um todo, na sua constituição de corpo e alma. Sabemos que o ser humano é uma rede de magnetismo sustentando as massas de células sobrecarregadas de energia. Diz Hahnemann, no parágrafo 9º do seu livro Organon, da Arte de Curar: “No estado de saúde, a força vital (autocrática) que anima dinamica­mente o corpo material (organismo) governa com poder ilimitado e con­serva todas as partes do organismo em admirável e harmoniosa operação vital, tanto com respeito às sensações como às funções, de modo que o espírito dotado de razão que reside em nós possa empregar livremente esse

instrumento vivo e sadio para alcançar e atender aos mais altos fins da nossa existência.” Para Hahnemann, o medicamento homeopático atua no organismo como catalisador que desperta energia, porque esta é mais dinâmica e menos letár­gica; mais força e menos medicamento e, por ser dinamizado, é mais operante e menos estático.

Revitalizando o paciente Ao despertar energia, acelera as reações no organismo afetado, inten­sificando e elevando seu quantum de vitalidade adormecida, ajustando o potencial psicofísico desarmonizado. A força vital do enfermo se equili­bra e a harmonia física volta ao normal. Entretanto, observou Hahnemann nas suas experiências,

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HOMEOPATIA. INTEGRANDO CORPO E ESPÍRITO

POR ALFREDO DE CASTRO

Hahnemann dizia: “Deus, o supremo criador de todas as coisas, deve ter coloca­do ao alcance do homem os recursos necessários para manter a sua saúde e livrá-lo do mal. É que o homem, pela sua fraqueza e ignorância dos valores divinos da natureza, não consegue identificá-los”.

esse mes­mo medicamento, se tomado em doses ponderáveis, cria uma enfermida­de artificial, igual àquela que se deseja curar. Isso explica, em poucas palavras, o princípio da semelhança em sua aplicação terapêutica, que opera através de sua energia infinitesimal potencializada. O remédio homeopático possui valores similares à doença que se deseja curar, o que se tem comprovado por seus efeitos na clínica. É necessário tentar demonstrar que ambos são da mesma nature­za, ou seja, de caráter dinâmico-vibratório semelhante. É aceita unanimemente, pela medicina homeopática, a interpretação de que toda atividade biológica é um conjunto de fenômenos de origem vibratória. Assim, podemos

considerar a saúde e a doença fenômenos biológicos de caráter dinâmico-vibratório. Definimos a saúde como um estado em que todas as funções psíquicas e somáticas estão em equilíbrio pela vibração harmônica dos seus compo­nentes, produzindo a sensação de bem-estar. Definimos a doença aguda como um desequilíbrio dessas funções por desarmonia vibratória originada por agressões externas, químicas, físicas ou psíquicas. O organismo, assim afetado por um desequilíbrio de sua força vital, buscará um novo estado de equilíbrio biológico, que pode ser a saúde ou a sequência de uma enfermidade crônica. A medicina, hoje, verifica cada vez mais a influência e a presença marcante da participação emocional no aparecimento dos sintomas. Ela tem agido como sempre agiu a homeopatia, que dá um enorme crédito à somatização. Somatizar significa imprimir no organismo o que se sente psiquicamente. E isso acontece o tempo todo. Qualquer emoção ou agressão psíquica tem o seu correspondente somático. Há um sincronismo entre as reações emocionais e o organismo que a própria razão não consegue interpretar. Sempre que a mente estiver so­frendo, o corpo sofrerá também. É impossível desconectar a saúde física do sofrimento mental. O contrário também é verdadeiro. Quando o corpo sofre, a mente também se sente abalada. Com essas considerações, po­demos entender a dinâmica vibratória do medicamento homeopático so­bre a dinâmica vibratória da doença. Daí, os grandes benefícios que a homeopatia pode prestar ao homem, pois, embora ela não provoque reações químicas violentas, sua função principal é despertar e potencializar as energias adormecidas, para, então, elevar o padrão dinâmico dos órgãos combalidos, reeducando-os em vez de violentá-los. O papel do médico homeopata não é violentar a perfeita linha de mon­tagem orgânica, mas auxiliá-la com uma terapêutica suave e energética. Essa é a função do medicamento homeopático, que age como um podero­so catalisador, despertando energia, acelerando reações no organismo psico-

Remédios homeopáticos Os remédios homeopáticos são extraídos dos três reinos da natureza (animal, vegetal e mineral). Hahnemann estava com a razão: Deus deu ao homem, bem ao alcance de suas mãos, a riqueza da natureza, tão pródiga

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físico, que é o potencial desarmonizado e operando através de sua energia infinitesimal potencializada. O fato de os cientistas de hoje não poderem atestar a objetividade desse energismo assombroso não é porque ele não exista, mas porque a ciência humana ainda é demasiadamente precária para obter tal prova. A incapacidade científica para verificar a realidade do fenômeno homeo­ pático de modo algum implica em negar o poder eficiente das suas diluições. Evidentemente, os cientistas da Idade Média deveriam teriam negado a possibilidade do controle e o sucesso da energia nuclear, mas, de modo algum, a sua descrença impediu ou invalidou o êxito da descoberta atômi­ ca no século XX. No caso da homeopatia, a crítica é ainda menos compreensível, pois trata-se de medicina que escapa à aferição dos cinco sentidos físicos. Mediante as recentes aplicações terapêuticas do som e da radioativi­dade e a conquista da energia atômica, pode-se comprovar, atualmente, o poder extraordinário do infinitesimal, assim como a realidade poderosa do mundo da energia oculta aos sentidos físicos. Independente de qualquer época, a home-

opatia sempre contou com os mais avançados recursos terapêuticos de êxito seguro, pois só aplica os princípios e as regras estabelecidas por Hahnemann, os quais são definiti­ vos, sólidos e imutáveis tanto quanto as próprias leis que regem os fenô­menos da vida humana.

O Centro de Estudos Filosóficos Laboratório Evolutivo – CEFLE – foi criado e é coordenado por Alberto Cabral, graduado em Filosofia. No CEFLE ocorrem palestras e cursos sobre os mais variados assuntos ligados à ciência, à espiritualidade e à filosofia, tais como: projeciologia, bioenergia, sabedoria de vida, comportamento humano, evolução, melhoria da qualidade de vida, vida e história de Jesus, origens do cristianismo e, principalmente, física espiritual, que é a união do pensamento científico vigente com a espiritualidade humana. PALESTRAS GRATUITAS! Todos os sábados, sempre a partir das 18h30 Inscrições e inscrições para cursos: Fones (11) 2958-2477/9 7388-5107 www.cefle.org.br info@cefle.org.br

Endereço: Rua Costa Rego, nº28 Vila Guilhermina. São Paulo - SP Próximo à estação de metrô Guilhermina-Esperança, Zona Leste

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POR MARCO TULIO MICHALICK

O poder do silêncio “Ouvir o silêncio desperta a dimensão de calma que já existe dentro de você, porque é só através da calma que você pode perceber o silêncio” – Eckhart Tolle

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uando eu e minha esposa estávamos chegando à Cordilheira dos Andes, no Chile, a guia que nos acompanha disse: “Sabe o que é mais belo nestas montanhas? O silêncio”. Aquelas palavras ficaram em minha mente... e pude presenciar, ou melhor, ouvir o som do silêncio daquele lugar, algo simplesmente mágico! O sentimento é de muita paz. Fechei os olhos e agradeci a Deus por me proporcionar uma sensação tão intensa e gratificante. Eu estava precisando daquela experiência para repor as energias. Atualmente, as pessoas têm uma vida tão agitada que o único som que se pode ouvir é o turbilhão da vida cotidiana. Assim, perdemos a oportunidade de apreciar o céu, o cantarolar dos pássaros, o aroma das flores, o cheiro da terra após uma chuva abençoada... Pode-se pensar que é pura nostalgia, mas também se perde a oportunidade de ver um filho crescer, de dizer eu te amo para a pessoa amada, de sorrir, de abraçar, de viver! Certa vez, May Sarton disse uma frase interessante: “Quando estou sozinha, vejo realmente as flores; consigo prestar atenção nelas. Elas são presenças sentidas”. Nós precisamos deste momento a sós, conosco, para poder refletir e sentir esta energia plena que existe na Terra. Enxergar as belezas naturais deste planeta e ouvir seus sons. Neste momento, escrevo este texto de madrugada. Posso ouvir o som de alguns carros trafegando pelo asfalto molhado. Talvez, se não fosse por este tema tão intrigante, estaria escrevendo e não percebendo os sons ao meu redor. Não estaria sentindo o ar fresco entrando pela janela.

Fazer bom uso do silêncio para meditar e recompor as energias tão preciosas que perdemos ao longo dos transtornos da vida e pelos pensamentos nocivos que emanamos 60

Infelizmente, pela nossa atribulação do dia a dia, não nos sintonizamos adequadamente com a mãe natureza e nem com a espiritualidade maior. O pensamento divaga e quando percebemos estamos pensando em coisas que talvez nunca venham a acontecer. Este é o som do desequilíbrio, da dor, do sofrimento. Quando isto acontecer é o sinal de alerta para parar, respirar fundo, fazer uma prece, se recompor. Na película O Som do Coração pode-se constatar a eficácia de interpretar, de forma positiva, os sons que a vida produz. Chico Xavier dizia que “A solidão é boa semente para refletir, porque, sem dúvida, fomos criados para viver uns com os outros”. Quando sugerimos um momento para si, não queremos dizer que se deve isolar do mundo, muito menos se trancar em um quarto por dias! Este momento deve ser único, é um momento seu, consigo e com Deus. Sendo assim, você não pensa em problemas, mas busca paz interior. E isso independe do lugar, mas, com certeza, se estiver num lugar tranquilo poderá ter uma experiência plena. Como escreveu Ralph W. Trine “A verdadeira beleza deve vir – e ser cultivada – de dentro”. No livro O Poder do Silêncio, Eckhart Tolle escreve que “Sempre que houver silêncio à sua volta, ouça-o. Isso significa: apenas perceba-o. Preste atenção nele. Ouvir o silêncio desperta a dimensão de calma que já existe dentro de você, porque é só através da calma que você pode perceber o silêncio. Veja que, quando percebe o silêncio à sua volta, você não está pensando. Está consciente do silêncio, mas não está pensando.” Porém, se houver barulho, não se preocupe. Tente se “desligar” do mundo e buscar no seu ser o “(...) espaço da percepção pura, da própria consciência (...) sempre que aceitar profundamente o momento como ele é – qualquer que seja a sua forma – você experimenta a calma e fica em paz”, explica Tolle. Teve uma época em que eu fazia caminhadas, pois “conversava com o meu interior”, refletia sobre a vida, meus projetos, mas tudo de forma sadia. Pedia, em oração, intuição para tomar as decisões mais corretas. Naquele momento a caminhada era o pano de fundo para me en-


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contrar plenamente naquele ambiente agradável. Este lugar pode ser qualquer um ou nenhum, basta você se sentir bem onde estiver. Em Viajor, psicografia de Chico Xavier, Emmanuel nos alerta que “Não podes, em verdade, fazer calar a maledicência, a derramar-se em chuva de lodo, mas podes silenciar a maldade em ti mesmo, abstendo-te de contribuir na extensão da crueldade.” Precisamos saber o momento de silenciar os lábios. O comentário indigno pode provocar grandes atribulações

para nós e para os demais. Então, se estiver com o coração e a mente em sintonia com Alto, irá evitar que palavras duras sejam motivos de discórdia e ressentimentos. Há uma citação no Dhannapada que diz: “Melhor do que mil palavras inúteis é uma única palavra que dá paz”. O silêncio é uma prece, então, que possamos usar, quando necessário, as palavras de forma edificante para que não nos arrependamos, depois, do mau uso da palavra que pode ferir, principalmente, a nós mesmos. Jesus, muitas vezes, se retirou para a intimidade do

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O PODER DO SILÊNCIO

POR MARCO TULIO MICHALICK

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“Ouvir o silêncio desperta a dimensão de calma que já existe dentro de você, porque é só através da calma que você pode perceber o silêncio” – Eckhart Tolle

silêncio em busca da meditação que somente a privacidade da solidão pode proporcionar. Devemos seguir o exemplo do mestre e fazer bom uso do silêncio para meditar e recompor as energias tão preciosas

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que perdemos ao longo dos transtornos da vida e pelos pensamentos nocivos que emanamos. E, assim, deixamos dois pensamentos para reflexão: “O que a humanidade precisa hoje é de mais sabedoria para viver. A sabedoria vem da capacidade de manter a calma e o silêncio interior”, palavras de Eckhart Tolle. “O reino das árvores apresenta silenciosas mensagens aos que saibam ouvi-lo (...) O plano dos vegetais oferece às criaturas lições de profundo valor. Se já podes ver, como aquele cego feliz de Bathsaida, procura ser um elemento útil e digno entre as árvores que andam” – Emmanuel, no livro Levantar e Seguir, psicografia de Chico Xavier. Marco Tulio Michalick é autor de vários livros, entre eles: O Vidente; Seu Legado para o Mundo; Coragem, Esperança e Fé. Pedidos: www.rcespiritismo.com.br



Por Dalton Campos Roque

A verdade

e o conhecimento Quando conhecimento entra na área consciencial ainda é apenas conhecimento. Quando o assimilo e ele flui em mim, se transforma em sabedoria. No entanto, só a “verdade” é absoluta

A

humanidade intelectual e tecnológica tem confundido muito a “verdade” com o conhecimento. De fato, o conhecimento, a sabedoria e a verdade são três conceitos distintos, em forma de subconjuntos. O conhecimento diz respeito a várias áreas do saber, à técnica, à cognição, à intelectualidade, que é parte mais rasa da competência evolutiva. Também é evidente que entra a crença. A crença é algo raso, cognitivo e pouco racional, algo que também vou distinguir da fé, que, para mim, não é algo místico, “esotérico” ou religioso, mas uma capacidade mais profunda de sentir, de intuir, de lucidez, de discernir, de perceber e de parapercepção consciencial. Esta fé a que me refiro já está além do conhecimento, entra na classificação como uma espécie de sabedoria. Quanto às crenças humanas – e não há exceção – todos as temos em gêneros, números e graus variados na maioria dos contextos da vida. É ingênuo quem crê que não tem crenças – esta já é uma delas. Quando conhecimento entra na área consciencial ainda é apenas conhecimento. Quando o assimilo e ele flui em mim, se transforma em sabedoria. No entanto, só a “verdade” é absoluta. Algo um tanto transcendente e abstrato para se definir em nossa linguagem linear, sequencial e

Mas o conhecimento diz respeito a várias áreas do saber, a técnica, a cognição, a intelectualidade, que é parte mais rasa da competência evolutiva 64

cartesiana. Por aqui perambulamos no subjetivo e peço perdão aos poetas e filósofos, do qual também faço parte, porém ouso, arrisco... e também erro. Na faixa primitiva do conhecimento acontecem as contradições. Na faixa um pouco mais “acima” é a sabedoria, onde surgem os paradoxos, relativos e complementares, incompletos e temporários. Também variam conforme as leis da física consciencial da multidensidade observada. Portanto, o que temos é um mínimo de sabedoria, apenas ínfima fração da verdade cósmica multidensional. Temos também um pouco de “fé racional” misturada com muita “fé irracional” e mais a capacidade intuitiva, que todos


nós temos, sem exceção, inclusive os céticos. Dizer que algo é verdade absoluta ou simplesmente “a verdade” ou verdade última, “verdade de ponta” é apenas um conhecimento raso e bem limitado. Então, nesta escala de competência evolutiva, temos em ordem consciencial evolutiva crescente: O conhecimento – cognição, campo das técnicas, das teorias, das hipóteses, intelectualidade, parapsiquismo sem consciência, sem autopercepção e sentido. A sabedoria – fé (nunca a cognitiva, irracional e rasa). O conhecimento vivenciado, assimilado no “coração”, que

flui em obras práticas e espontâneas, com mais competência evolutiva a fim de servir mais desinteressadamente. É algo mais intuitivo. A verdade – consciência cósmica, paradigma abstracional muito além do paradigma consciencial intelectualizado e cognitivo. O Eterno, o Tao, o Absoluto, Brahman, o Imperecível, a Presença, O Imanente, o Eterno, o Supremo, o Om, o Um, o Todo... O autor é escritor e pesquisador espiritualista. Site: www.consciencial.org

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