entrevista
RS
Ramalho
C
amuflado numa alameda do bairro do Flamengo, o ex-cadete do exército José Ramalho Neto encravou em solo fluminense um QG de raízes paraibanas: a produtora Jerimum. As simbologias agrestes são marcas constantes e profundas na obra de Zé Ramalho. Sob a umidade tropical do Rio de Janeiro, a aridez do sertão ainda é metáforachave para ingressar nos numerosos códigos – místicos, psicodélicos, ufológicos e de velhos ícones do rock’n’roll – cifrados em suas composições.
Ele conta que “desceu ao mundo” em março de 1949, em Brejo do Cruz, nos confins da Paraíba. Depois da morte do pai, poeta, afogado num açude do sertão, foi criado pelo avô para ser médico. O avô-pai, após uma viagem lisérgica do neto envolvendo cogumelos, extraterrestres e mensagens telepáticas, virou a canção-hino “Avôhai”. Numa conversa animada que levou a tarde inteira de uma segunda-feira, Zé Ramalho falou sobre o disco novo, Canta Bob Dylan – Tá Tudo Mudando e a facilidade que encontrou para liberar canções do
POR CRISTIANO Bastos Ilustração Fellipe Gonzalez
106 ROLLING STONE BRASIL, MARÇO 2009
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