A oferta

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Elmir P. Santos 1a. Edição JUIZFORANA JUIZ DE FORA - MG 2014


Copyright@ 2014 Elmir P. Santos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Santos, Elmir P. A oferta/ Elmir P. Santos - Juiz de Fora, MG: Juizforana Gráfica e Editora, 2014 1. Jesus, a oferta de Deus. 2. Jesus, a oferta planejada. 3. Jesus, a oferta voluntária. 4. Jesus, a oferta proporcional. 5. Jesus, a oferta contínua Índice para Catálogo Sistemático: I - Cristianismo

Projeto Gráfico e diagramação (capa e miolo): Voilà! Estúdio Criativo Impressão: Juizforana Gráfica e Editora IMPRESSO NO BRASIL / Printed in Brazil


SOBRE O AUTOR Elmir P. Santos é Mestre em Teologia pelo UNASP – Centro Universitário Adventista de São Paulo, pós-graduado em Psicologia da Família pela UNISA - Universidade de Santo Amaro, e em Gestão Educacional pela FADMINAS - Faculdade Adventista de Minas Gerais. Atualmente é o Diretor do Departamento de Mordomia, da Sede Administrativa da União Sudeste Brasileira, da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que coordena os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo; onde dedica tempo para instruir milhares de pessoas a administrarem melhor o tempo, os talentos e recursos financeiros. Nasceu em Grão Mogol, uma cidade do norte de Minas Gerais. É casado há 19 anos com Perla Oliveira Santos, psicóloga, com quem tem três filhos: Ester, Davi e Ana Júlia.



SUMÁRIO Introdução....................................................................................07 Capítulo I – Jesus, a oferta de Deus..........................................09 Capítulo II –Jesus, a oferta planejada.......................................21 Capítulo III –Jesus, a oferta voluntária.....................................33 Capítulo IV – Jesus, a oferta proporcional...............................43 Capítulo V- Jesus, a oferta contínua..........................................53 Conclusão.....................................................................................59



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INTRODUÇÃO Neste livro, vamos entender que o que Deus espera de nós é muito mais que dízimos e ofertas, mas Seu completo domínio sobre nosso coração, e uma entrega total de nossa vida: não simplesmente dando uma oferta, mas fazendo da vida uma oferta para Deus. Vamos entender o valor da oferta no plano da redenção. Vamos entender, de maneira profunda, que a entrega de Cristo por nós não foi um plano aleatório, mas algo que, desde a eternidade, foi programado por Deus para nos salvar. E que Cristo voluntariamente se entregou, assumindo todas as proporções de nossa culpa, e que hoje intercede continuamente diante do Pai, sendo, assim, a oferta perfeita para nossa salvação. Ele nos deixou o Seu exemplo dando a maior oferta para que nós fôssemos comprados com um alto preço, um preço de sangue. Ele deu o Seu melhor, entregando o Seu próprio Filho. Quando nos prostamos diante da cruz e vemos os braços abertos de Cristo, entendemos que dinheiro nenhum é suficiente para expressar nosso amor e agradecimento. Só nos resta a opção de, com o rosto no pó, dizer para Jesus: “Senhor, eu me rendo. Eu entrego a mim mesmo para seu completo domínio. Eu sou a oferta”. Elmir P. Santos

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CAPÍTULO I

JESUS, A OFERTA DE DEUS

“Quando Jesus tomou o vinagre, disse: ‘Está consumado’. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (João 19:30)

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e fala muito em dízimo, em nossos dias, e pouco sobre oferta. No plano da redenção, o símbolo da oferta é extremamente importante, pois, esta aponta diretamente para Cristo, como oferta de Deus. O dízimo dá sustentação para que a oferta ocupe lugar no nosso coração. Veja a história da oferta através dos tempos.

Adão e Eva Quando Adão e Eva pecaram, Deus aponta Cristo como a oferta que daria o direito de terem a vida eterna. Lembra do que aconteceu no Jardim do Éden? No meio do jardim, Deus havia plantado duas árvores. Os seus nomes eram: a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. A árvore da vida faria Adão viver, e Deus disse-lhe para ele comer dela todo o fruto que quisesse, mas Deus disse a Adão para não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque, então, certamente morreria. Mas, um dia, chegaram problemas ao Jardim do Éden. O diabo entrou em uma serpente e veio até Eva dizendo: “É assim que Deus disse? Não comereis de toda a árvore do jardim?” A resposta de Eva também não foi muito correta. Ela disse: “Podemos comer dos frutos das árvores do jardim”. Mas, quando ela falou da árvore do conhecimento do bem e do mal, disse que eles não podiam nem tocar. A última parte não era verdade: “Certamente, não morrereis”. Eva devia ter olhado para a árvore com olhos obedientes, mas ela começou a olhar para a árvore com olhos pecaminosos. Ela estendeu sua mão, tomou um fruto, comeu e deu também a Adão um pouco. Agora ambos tinham pecado. 10


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Deus disse a Adão e Eva que eles teriam problemas, doença e dor nas suas vidas, pois, a partir de agora passariam a viver num mundo de pecado, com corações pecaminosos. Que tristes Adão e Eva estavam! Mas Deus não os deixou na sua terrível tristeza e morte. Então, Deus entra em ação com o plano para salvar o homem. E seu plano é entregar o seu próprio filho como oferta para salvá-los e, nessa promessa, Jesus viria na plenitude dos tempos e esmagaria a cabeça do diabo e os salvaria do seu pecado e morte. Para simbolizar esta oferta perfeita Deus fez roupas para Adão e Eva da pele dos animais. Sabem porquê? Quando Deus matou os animais ele estava a fazer uma imagem, uma ilustração de Jesus, que um dia morreria pelos seus pecados. Adão e Eva tinham que aprender a matar animais e trazê-los como sacrifício a Deus, como imagem de Jesus, que morreria na cruz por eles. Jesus é, verdadeiramente, a oferta.

Caim e Abel No conflito entre Caim e Abel estava relacionada a oferta, pois, Abel veio até à presença de Deus e ofereceu-lhe uma ovelha do seu rebanho. E Deus aceitou essa oferta. Depois Caim fez o mesmo, só que ofereceu do produto da terra. Mas o Senhor não atentou para a oferenda. Por que não atentou? Teria sido a causa de Caim não ter oferecido um sacrifício cruento? Em Gênesis 4.3-7, é porque a sua oferta não simbolizava a oferta de Deus, no caso de Abel. “Ele ofereceu das primícias do seu rebanho”. Mas, onde lhe veio a idéia 11


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de oferecer a Deus essa espécie de sacrifício? Com certeza Adão e Eva lhe deram esse ensinamento, do profundo significado dessa oferta, e Caim deveria ter feito o mesmo. Essa oferta apontava para “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Esse cordeiro seria Jesus, que seria imolado qual cordeiro na páscoa judaica; na páscoa e em muitas outras circunstâncias. Agora reafirmamos: a oferta de Caim foi rejeitada por Deus, nada neste mundo pode substituir a oferta Deus o nosso senhor Jesus Cristo.

Abraão A vida de Abraão é um exemplo de fé e de crescimento espiritual. E o altar foi uma marca distinta na caminhada de Abraão com Deus. Ali ele matava um cordeiro, símbolo da oferta de Deus. Em cada altar estava o símbolo nas escrituras de adoração, consagração e reconhecimento da salvação em Cristo Jesus. Não edificamos um altar para nós mesmos, mas para adorar a Deus, oferecer sacrifícios a Ele e invocar o Seu nome. O altar é símbolo de uma vida espiritual, uma vida com Deus. Abraão foi chamado “amigo de Deus” e essa comunhão marcada pela vida de altar revela a essência do que é a verdadeira vida espiritual, ou seja, ela não consiste na medida de nosso conhecimento e instrução acerca das coisas de Deus, mas no quanto somos “amigos de Deus”, no quanto andamos com Deus, no quanto Deus tem-nos como Seus amigos! A primeira experiência pós-salvação deve ser a consagração – sacrifício, entrega, oferta totalmente destinada ao desfrute de Deus. Altar é lugar de sacrifício. Adoração não deve ser uma 12


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opção que podemos decidir fazer ou não fazer, de acordo com nossos caprichos. A resposta de uma verdadeira adoração está no compromisso com a obediência. É preciso que rendamos, completamente, à vontade do Senhor, o nosso ego. “O que Me oferece sacrifício de ações de graças, esse Me glorificará; e ao que prepara o seu caminho, dar-lhe-ei que veja a salvação de Deus” (Sl 50:23). Quando derramamos tudo na adoração, ficamos impregnados com a fragrância do perfume. Durante a vida de fé de Abraão nós constatamos a edificação de quatro altares, erguidos no processo de sua jornada interior de conhecimento de Deus e amizade com Ele. Cada um destes altares aponta para um aspecto da obra da cruz em nossas vidas, ampliando nossa consagração. É interessante que, no último altar, Deus pede seu filho, mas Abrão é testado e Deus providencia o cordeiro. Deus estava dizendo para ele e para toda a humanidade, que somente o cordeiro de Deus poderia livrar o homem da condenação da morte.

Tabernáculo Foi comunicado a Moisés, enquanto se achava no monte com Deus, esta ordem: “E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles”(Êx.25:8). E foram dadas instruções completas para a construção do tabernáculo, cada detalhe da construção, os utensílios e todo ritual de cerimônias. Em essência, esse tarbernáculo apontava para Jesus a oferta de Deus.Toda manhã e tarde um cordeiro de um ano era queimado sobre o altar, 13


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com sua apropriada oferta de manjares, simbolizando, assim, a consagração diária da nação a Jeová, e sua constante necessidade do sangue expiatório de Cristo. Deus ordenara expressamente que toda oferta apresentada para o ritual do santuário fosse “sem mácula”. (Êx12:5). Os sacerdotes deviam examinar todos os animais levados para sacrifício e rejeitar todo aquele em que se descobrisse algum defeito. Apenas uma oferta “sem mácula” poderia ser um símbolo da perfeita pureza dAquele que Se ofereceria como “um cordeiro imaculado e incontaminado” (1 Pe 1:19). O apóstolo Paulo aponta para esses sacrifícios como uma ilustração do que os seguidores de Cristo devem tornar-se. Diz ele: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12:1). Devemos entregar-nos ao serviço de Deus e procurar que a oferta se aproxime o máximo possível da perfeição. Em cada ato do tabernáculo, Deus estava repetindo para todos, continuamente, que a única solução para o homem era Cristo, a sua única e perfeita oferta.

Santuário O Santuário tem o mesmo sentido que o tarbernácúlo, com o mesmo propósito e ritual, apenas aprimorado quanto a estrutura. O santuário era o meio pelo qual o povo podia estar na presença de Deus, onde Deus, em cada instante, relembrava para seu povo que um dia Ele enviaria Sua oferta, Seu amado filho Jesus, 14


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como solução para seus pecados. Somente através da oferta, o homem tem acesso a Deus. O que aqueles sacrifícios tinham, que permitiam esse acesso a Deus? Como tudo isso prefigura o que Cristo fez por nós? A resposta é simples. O pecador arrependido trazia um cordeiro como oferta pelo pecado, mas sempre sob convicção, não sob coerção. Agindo assim, ele demonstrava fé no sacrifício do Messias, que viria ao mundo. Antes de tirar a vida do cordeiro, ele confessava seus pecados sobre a criatura inocente. Não era o pecador penitente, mas o sacerdote, que fazia a expiação pelos pecados confessados. Tanto o sacrifício como o sacerdote, representavam o Messias (Heb. 7:24-28; 8:4-8; 9:20-28). É preciso entender que as pessoas são responsáveis pelo seu próprio pecado e iniquidade. Não existem desculpas. No entanto, o Senhor, por Sua graça, ofereceu-lhe a forma como a iniquidade poderia ser perdoada e purificada. Essa provisão estava no coração do sistema realizado no santuário. “A fim de ser perdoados, os que estavam levando sua própria iniquidade traziam um sacrifício ao Senhor” (Lev. 5:5 e 6). O tipo exato de animal ou ritual dependia de numerosos fatores, mas a idéia básica era a mesma: o pecado ou a iniquidade que uma pessoa estava levando era transferido para o animal inocente, e era o animal que sofria a morte que, de outra forma, teria sido a do pecador. Isso é parte do processo chamado de “expiação”. Jesus Se tornou o portador dos nossos pecados, tomandoos sobre Si e sendo castigado por causa deles, o único meio de 15


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salvação e perdão para a humanidade caída. Esta é a verdade central prefigurada no sistema do santuário, a oferta é o centro da discussão, o centro da vida da nação e o centro da vida de cada crente.

Jesus Cristo Jesus é o cordeiro, Jesus é a unica solução para o homem caído. Ele é a oferta, esteve aqui e empoeirou seus pés na história de nosso mundo. Ele foi apontado por João Batista como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. “No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!’” (Jo 1:29). Para entendermos bem a expressão Cordeiro de Deus, é preciso entender o que o cordeiro significava no Antigo Testamento. A pena estabelecida por Deus, pela desobediência do ser humano, foi a morte. “E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: ‘De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2. 16-17). Por ter pecado, o homem foi sentenciado à morte, à total porém, sendo misericordioso, veio separação de Deus.Ele, em direção ao ser humano e, no passado, estabeleceu que os arrependidos levassem um cordeiro como oferta para a remissão de seus pecados. Esse cordeiro era o substituto de quem o levava. O seu sangue era derramado no lugar do sangue daquele que pecou e se arrependeu. Dessa forma, Deus perdoava os pecados dos arrependidos.Quando João Batista fez a declaração ‘Eis o 16


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Cordeiro de Deus’, é uma designação que Jesus recebeu, pois, Ele é como aquele cordeiro do Antigo Testamento, e a Sua missão era dar o Seu sangue no lugar do nosso sangue. O cordeiro no Antigo Testamento era um sacrifício imperfeito, pois vinha das próprias mãos dos homens. Jesus foi “o Cordeiro” dado pelo próprio Deus, perfeito, e veio para substituir definitivamente os pecadores que estavam destinados à condenação. No Antigo Testamento, todos os anos os homens tinham de levar o seu cordeiro ao sacerdote, era um sacrifício repetitivo e imperfeito. Jesus, porém, foi o único perfeito sacrifício pelos pecados, que não precisa ser repetido. Por esta razão, Jesus deu todo o seu sangue naquela cruz. Ele ocupou o lugar que era nosso, pois, todos nós pecamos e merecemos a ira de Deus. Aquele que crê no Cordeiro de Deus e na Sua missão tem seus pecados perdoados e é salvo da condenação. “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus ” (Jo 3:36). Quando João disse ‘Eis o cordeiro de Deus’, estava dizendo: este é Jesus Cristo, a oferta de Deus; Ele é a luz para o caminho, a água da vida, fonte de todo poder para nos livrar da morte, a única e verdadeira oferta.

A oferta, sou eu O que faremos nós, diante a oferta de Deus, que é Cristo Jesus? Ele também nos convida a nos tornar como Ele, nos tornar ofertas para Ele e servir em Seu reino. Ser, ou não ser, oferta é a nossa grande decisão. Isso significa abrir mão do eu e deixar a grande oferta reinar em nossa vida. O que você deve fazer é, por amor 17


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a Cristo, tirar do caminho aquilo que agora chamamos de “eu” e deixar que Ele tome conta de nós, tanto mais nos tornamos aquilo que realmente somos. Ele é tão grande que milhões e milhões de “pequenos Cristos”, verdadeiras ofertas, frutificarão em seu reino. Deus quer é o nosso corpo como sacrifício, a nossa vida como oferta. Uma pessoa que realmente entregou sua vida a Deus não tem nenhum problema em obedecê-Lo, porque o mais difícil, o maior, ela já fez, que foi entregar sua vida a Ele. Então, quando ela ouve que é necessário entregar seus recursos financeiros, ela faz com amor e sem questionar, porque ela sabe que sua vida é de Deus e tudo o que possui vem Dele, e, por isso, ela devolve com prazer. Ela oferta com alegria, pois, sua confiança está em Deus e não no dinheiro que possui, agora diz como Paulo: eu não mais vivo, mas Cristo vive em mim, pois eu não sou mais eu, estou rendido diante de Cristo, a oferta de Deus, e entrego a minha vida em cima do altar para ser consumida; pois, neste instante EU SOU A OFERTA.

Jesus, maior que o dízimo O dízimo foi estabelecido como sistema financeiro para manter o corpo de Cristo, através dele é mantido a unidade da igreja, é no sistema financeiro que se mantém a unidade doutrinária da igreja. É através do dízimo que centenas de homens e mulheres dedicam a vida vinte e quatro horas para manter a chama da verdade acesa e anunicar a única solução para a humanidade: a oferta. 18


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O dízimo tem toda sua base no Antigo Testamento e é reafirmado também no Novo, como em Hb 7:1-10. Neste texto, há a menção do dízimo, mostrando que o apóstolo sabia sobre o assunto, e que havia, em um sistema, a sua continuidade. Em Lc 18:12: diz; “Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”. Neste contexto, Jesus condenou a justiça própria dos fariseus, e não o ato de dizimar. Os fariseus usavam o dízimo como meio de adquirir a misericórdia de Deus. Mateus 23:23 diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas! ”. Jesus não disse aos fariseus para não dar o dízimo; Ele disse que eles deveriam “fazer estas coisas sem omitir aquelas”, praticar a justiça, misericórdia e a fé juntamente com o ato de dizimar. Jesus, de modo claro, confirmou a validade da prática de dizimar. Esta prática só terá valor se exercermos um bom caráter e nos lembrarmos de ajudar aos órfãos e necessitados. Dizimar sem demonstrar misericórdia para com o semelhante não é frutífero para a vida do cristão. Paulo reafirma o dízimo como uma estrutura de manutenção do ministério “Não sabeis, vós, que os que prestam serviços sagrados, do próprio templo, se alimentam? E quem serve ao altar, do altar tira o seu sustento? Assim, ordenou também o Senhor, aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho…”. (I Cor 9:13-14). Aqui Paulo traça um paralelo entre os levitas (V.T.) e os obreiros do N.T., implicitamente, endossa a prática do dízimo. O Dízimo é designado por Deus para a pregação do evangelho. 19


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Enfim, o sistema do dízimo é importantíssimo para manter a igreja de Deus, esse é um de seus grandes propósitos, ele está como base para que o nome de Cristo continue a ser pregado. O dízimo está a serviço de Cristo. Sem Cristo, o dízimo não tem sentido, pois os levitas viviam para apresentar o cordeiro para o mundo. Sem Cristo, nenhum ministério tem sentido, pois, Paulo mesmo diz: “Eu prego Cristo, o único crucificado”. Se Jesus é a oferta, Ele é maior que o dízimo, e, na nossa vida, a oferta deve ser maior que o dízimo, pois, o dízimo é apenas dez por cento de sua renda, e a oferta é a entrega de toda a sua vida.

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CAPÍTULO II

JESUS, A OFERTA PLANEJADA

“O Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo.” (Apoc.13:18)

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plano para salvar o homem não foi um pensamento posterior à queda do homem, foi pensado e idealizado antes da criação, faz parte “do mistério que desde tempos eternos esteve oculto” (Rom16:25). Foi um desdobramento dos princípios já estabelecido por Deus, caso o homem pecasse. Desde o princípio, Deus e Cristo sabiam da apostasia de Satanás, e da queda do homem mediante o poder enganador do apóstata. Deus não ordenou a existência do pecado. Previu-a, porém, e tomou providências para enfrentar a terrível emergência. Foi apresentado, então, o plano de entregar Seu Filho unigênito “para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo3:16). Cristo, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens” (Fp 2:6, 7). No livro de Hebreus 10:5-7 está seu ato de planejamento e submissão dizendo: “Eis aqui venho. Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste. [...] Eis aqui venho (no rolo do livro está escrito de Mim), para fazer, ó Deus, a Tua vontade”. Nestas palavras anuncia-se o cumprimento do desígnio que estivera oculto desde tempos eternos. Cristo estava prestes a visitar nosso mundo, e a encarnar. Diz Ele: “Corpo Me preparaste.” Houvesse aparecido com a glória que possuía com o Pai antes que o mundo existisse, e não teríamos resistido à luz de Sua presença. Para que a pudéssemos contemplar e não ser destruídos, a manifestação de Sua glória foi velada. Sua divindade ocultou-se na humanidade. Deus é amor e ele se alegra com nossa felicidade, por isso, podemos imaginar o que aconteceu no Céu quando Adão e Eva 22


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pecaram, todo o Céu deve ter se enchido de profunda tristeza. Se pudéssemos afirmar que anjos choram, poderíamos ver os anjos do Céu chorando, pois, eles poderiam contemplar todo o mundo que Deus fizera se desintegrando, toda linda e perfeita criação sendo manchada pela maldição do pecado, a humanidade e os seres deste planeta sendo condenados à tristeza, miséria e morte. Também podemos imaginar como o coração piedoso e amoroso de Cristo Jesus ficou sensibilizado pela condição que passariam a viver, os seres humanos, aqui na Terra. Deus ficou tocado pela sua eterna compaixão, Ele não havia criado o homem para sofrer e, diante do seu trono de graça, sobe o clamor de seres atingidos pela maldição do pecado. Mas Deus, em sua infinita sabedoria, quando planejou o homem, em seu plano de amor, também planejou um meio pelo qual seria a única forma de escape das garras malignas do pecado. A palavra de vida de Deus havia sido desobedecida, a humanidade estava condenada e a consequência da desobediência seria a morte. Somente Jesus poderia restabelecer a harmonia do homem com Deus, e poderia novamente ter uma conexão plena com o Céu. Cristo receberia sobre si o fardo de pecado de toda humanidade. “Ninguém, a não ser Cristo, poderia redimir, da maldição da lei, o homem decaído, e levá-lo novamente à harmonia com o Céu. Cristo tomaria sobre Si a culpa e a ignomínia do pecado — pecado tão ofensivo para um Deus santo, que deveria separar, entre Si, o Pai e o Filho. Cristo atingiria as profundidades da miséria para libertar a raça que fora arruinada. A divindade havia se reunido em um conselho de paz” (Zc 6:13). 23


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Para estabelecer os detalhes do plano que daria a vitória do homem sobre o pecado e o resultado, todo Céu já havia sido percebido por todos, Jesus se apresenta diante do trono como intercessor da raça humana, era algo novo e desconhecido para os anjos do Céu, mas, para Deus, fazia parte de um plano de amor para salvar seus filhos. E a bíblia diz: “em prol dos decaídos filhos dos homens. O plano da salvação fora estabelecido antes da criação da Terra; pois, Cristo é ‘o Cordeiro morto desde a fundação do mundo’” (Ap 13:8); como deve ter sido duro e difícil para Deus entregar seu filho para morrer na cruz do calvário, mas, mesmo assim, “Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Somente em Deus está o grande amor e Nele está o segredo que o moveu para redimir o homem: um amor tão profundo por um mundo que não O amou. O amor de Deus é algo insondável e, na mesma proporção, imensurável. Nenhum conhecimento humano, nenhuma ciência deste mundo poderá medir ou conhecer, em sua essência, a grandeza do amor de Deus. Só nos resta, como Seus filhos, uma atitude de gratidão e adoração, pois, foi através desse amor que cada um está “reconciliando, consigo, o mundo”(2 Co 5:19). O homem estava para sempre condenado pela sua própria situação, estava preso pelos agrilhões do pecado, por mais que sua vontade seja buscar a sabedoria de Deus, mas sua natureza pecaminosa o leva para o abismo. Somente através de Cristo o homem é liberto da condenação da lei, somente Ele pode nos comunicar a força de Deus, e agora, pelo arrrependimento e pela fé em Cristo Jesus, o homem poderia voltar-se para Deus como 24


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“Filho de Deus” (1 Jo 3:2). O plano de Deus para salvar o homem mobilizava todo o Céu para uma posição de combate contra o grande mal, que havia contaminado a Terra. Ninguém poderia ficar inerte ou de braços cruzados, pois o grande Deus, criador dos Céus e da Terra, abriu seus braços para ir no mais profundo das consequências e salvar o homem do mal. Podemos imaginar o coração sensível de cada anjo se sentindo ferido com a idéia de ver seu grande mestre em uma posição tão humilde para salvar a humanidade. Posso imaginar os anjos interrogando a Jesus, dizendo: “Senhor não tem outro jeito? Não existe outro caminho?”. Posso ver Jesus, calmamente, explicando para todos os anjos com semblante caído, como seria a sua vinda à Terra. Com certeza, ouviram com tristeza, mas com admiração. Jesus falou que deixaria sua elevada posição como a Majestade do Céu, apareceria na Terra e humilhar-Se-ia como um homem e, pela Sua própria experiência, familiarizarSe-ia com as tristezas e tentações que o homem teria de enfrentar. Ele traria os feixes da vitória, mas que tudo isto seria necessário a fim de que Ele pudesse socorrer os que fossem tentados (Hb 2:18). Nenhum ser criado poderia ocupar o lugar do homem, somente o grande comandante Jesus Cristo poderia nos salvar a vida. Nenhum outro ser serviria para redenção do homem, mas qual seria o papel dos anjos? “Os anjos prostraram-se aos pés de Seu Comandante, e ofereceramse para serem sacrifício para o homem. Mas a vida de um anjo não poderia pagar a dívida; apenas Aquele que criara o homem tinha poder para o redimir. Contudo, deveriam os anjos ter uma parte 25


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a desempenhar no plano da redenção. Cristo havia de fazer-Se “um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte” (Hb 2:9). Tomando Ele sobre Si a natureza humana, Sua força não seria igual à deles, e deveriam eles ministrar-Lhe, fortalecê-Lo em Seus sofrimentos e mitigar-Lhos. Deveriam também ser espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que seriam herdeiros da salvação (Hb 1:14). Eles guardariam os súditos da graça, do poder dos anjos maus, e das trevas arremessadas constantemente em redor deles por Satanás. – PP 34.2” O preço para salvar o homem era alto demais para ser pago por uma criatura como os anjos, eles estariam sofrendo ao verem o sofrimento de Cristo Jesus. Com certeza, a dor, indignação e a tristeza invadiriam os seus corações, mas o papel deles não seria de interferir em alguma coisa para mudar os rumos, o sentido da missão de Cristo. Seu sofrimento estava profetizado, Jesus sabia que seria maltratado, pisado e escarnecido, mas, mesmo assim, Ele aceitou se tornar o redentor do homem. Todos no Céu sabiam o que significaria o plano da redenção, sabiam que Cristo deveria descer ao inferno de nossas vidas, que a Sua morte resgataria a muitos, e destruiria as forças do mal que detinham o poder da morte. Jesus traria de volta, para o seu total domínio, o reino que o homem perdera por não ter obedecido a palavra de Deus. As pessoas que seriam salvas pelo sangue de Cristo deveriam voltar para os braços do Pai e morar para sempre ao lado do Deus, que é o verdadeiro Pai. Assim, todo Céu participava ativamente, de uma forma ou de outra, para que o plano da redenção pudesse ser uma realidade. 26


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Um pacto de amor foi estabelecido entre Deus e o homem: Ele próprio estaria salvando o homem, que, nessa profecia, passa a pertencer a Deus duas vezes. Primeiro, pela criação e, depois, pela redenção, que é a salvação em Cristo Jesus. Os anjos se enchem de júbilo e alegria pela segurança em conhecer mais uma faceta do amor de Deus, eles se enchem de júbilo e cantam: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens” (Lc 2:14). Todo o Céu se torna um grande coral, não simplesmente de divisão de vozes, mas de expressão de amor que enche todo o Céu: “as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam”. (Jó 38:7). – (PP 35.2) Podemos imaginar a alegria de Adão e Eva ao perceber que Deus possuía um plano de redenção para eles. Adão percebeu isso quando Deus pronunciou a sentença sobre Satanás, no jardim, declarando: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15). Ao mesmo tempo que era uma sentença, era também uma promessa, pois, além de colocar o homem e Satanás como inimigos, Deus também declara que a força do mal também seria desfeita. Adão e Eva enfrentariam aqui a força do mal atuando sobre esse mundo, mas tinham também a certeza que, um dia, Deus os resgataria deste mundo escuro. “Quando Satanás ouviu que existiria inimizade entre ele e a mulher, e entre sua semente e a semente dela, viu que sua obra de degenerar a natureza humana seria interrompida; que, por algum meio, o homem se habilitaria a resistir a seu poder. Sendo, contudo, o plano da salvação mais amplamente patenteado, 27


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Satanás regozijou-se com seus anjos de que, tendo ocasionado a queda do homem, faria baixar o Filho de Deus de Sua exaltada posição. Declarou que até ali haviam sido os seus planos muito bem-sucedidos na Terra, e que, quando Cristo tomasse sobre Si a natureza humana, Ele também poderia ser vencido, e desta maneira ser impedida a redenção da raça decaída” (PP 35.4). O próprio Jesus se oferecera para expiar o pecado da humanidade. Adão e Eva, apesar de seu grande pecado, não seriam abandonados ao domínio de Satanás, não seriam abadonados aqui neste mundo. Deus estende Sua mão poderosa e redentora para salvar o homem, que, mediante o arrependimento e a fé em Cristo, poderia de novo tornar-se filho de Deus. Deus não decidiu de uma hora para outra o plano de redenção do homem, havia uma lógica já pré-estabelecida. O sacrifício de Cristo, que seria necessário para salvar o homem, revela para Adão e Eva o caráter sagrado da lei de Deus, e quão era desastrosa a consequência da desobediência da lei de Deus. Adão e Eva agora entendiam que a lei de Deus constituia o fundamento de Seu governo no Céu e na Terra, mas Jesus se oferecera para fazer a expiação. Assim como a transgressão de Adão tinha trago miséria e morte, o sacrifício de Cristo traria vida e imortalidade. Não somente o homem, mas também a Terra tinha pelo pecado vindo sob o poder do Maligno, e deveria ser restaurada pelo plano da redenção. Mas o plano da redenção tinha um propósito ainda mais vasto e profundo do que a salvação do homem. Não foi apenas para isto que Cristo veio à Terra; não foi simplesmente para que os habitantes deste pequeno mundo pudessem considerar a lei de 28


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Deus, como devia ela ser considerada, mas, sim, para reivindicar o caráter de Deus perante o Universo. Como resultado de Seu grande sacrifício, ou seja, a influência do mesmo sobre os entes de outros mundos, bem como sobre o homem, olhou antecipadamente o Salvador, antes de Sua crucifixão, e disse: “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E Eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a Mim” (Jo 12:31, 32). O ato de Cristo de morrer pela salvação do homem, não somente tornaria o Céu acessível à humanidade, mas perante todo o Universo justificaria a Deus e Seu Filho, em Seu trato com a rebelião de Satanás. Estabeleceria a perpetuidade da lei de Deus, e revelaria a natureza e os resultados do pecado (PP 37.3).

A oferta é planejada Jesus, a oferta perfeita de Deus, foi planejada para que, no tempo certo, pudesse salvar o homem. Gál. 4:4 e 5 diz: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. Tudo estava perfeitamente organizado por Deus para que os seus desígnos pudessem se realizar em favor da raça caída, um plano estabelecido desde os tempos remotos”. As ofertas sacrificais foram ordenadas por Deus a fim de serem, para o homem, uma perpétua lembrança de seu pecado, e um reconhecimento de arrependimento do mesmo, bem como seriam uma confissão de sua fé no Redentor prometido. Destinavam-se a impressionar a raça decaída com a solene verdade de que foi o 29


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pecado que causou a morte. Para Adão, a oferta do primeiro sacrifício foi uma cerimônia dolorosíssima. Sua mão deveria erguer-se para tirar a vida, a qual unicamente Deus podia dar. Foi a primeira vez que testemunhava a morte, e sabia que se ele tivesse sido obediente a Deus não teria havido morte de homem ou animal. Ao matar a inocente vítima, tremeu com o pensamento de que seu pecado deveria derramar o sangue do imaculado Cordeiro de Deus. Esta cena deu-lhe uma intuição mais profunda e vívida da grandeza de sua transgressão, que coisa alguma, a não ser a morte do amado Filho de Deus, poderia expiar. E maravilhou-se com a bondade infinita que daria tal resgate para salvar o culpado. Uma estrela de esperança iluminou o futuro tenebroso e terrível, e o aliviou de sua desolação total (PP 37.2). Hoje Deus nos pede oferta de nossas mãos. Ele faz isso, não de uma forma aleatória, Ele planejou isso para a nossa vida de cristão e Ele mesmo nos mostra como fazer isso nos dando o exemplo. Na verdade, Deus sempre dá primeiro para depois tirarmos, de Suas próprias dádivas, as ofertas que levamos. Como diz a Escritura: “dá Tua mão te damos” (1 Cr 29:14). Deus é o maior fornecedor de bens e serviços do Universo. Quando pensamos em planejar, em dar algo para Deus, temos que entender que Ele deu a maior oferta, Ele entregou o seu próprio filho. “Quão grande foi a dádiva de Deus ao homem, e como Lhe aprouve fazê-la! Com liberalidade que jamais poderá ser excedida, Ele deu, para salvar os rebeldes filhos dos homens, fazer-lhes ver o Seu propósito e discernir o Seu amor. Demonstrareis, pelas vossas dádivas e ofertas, que não 30


A OFERTA

considerais coisa alguma boa demais para dar Àquele que ‘deu o Seu Filho unigênito’?” (Jo 3:16.6). Nesta oferta sem igual, Deus sempre toma iniciativa de dar. Ele doa as vestes de peles para o primeiro par pecador (Gn 3:21). Decidiu dar Seu Filho para a salvação da raça humana (1 Pe 1:19, 20; Jo 3:16). Sem os bens materiais e imateriais, que Ele generosamente nos dá, não poderíamos existir e nem nos manter. Na verdade Deus sempre dá primeiro, para depois tirarmos, de Suas próprias dádivas, as ofertas que levamos, como diz a Escritura: “da Tua mão To damos” (1 Cr 29:14). Deus é o primeiro doador – o primeiro ofertante. Ele nos dá bênçãos para nosso bem e para testar nosso caráter. Ele doa a vida que temos e o contexto no qual vivemos. O apóstolo Paulo, quando sistematizou a oferta, no Novo Testamento, diz que, assim como Deus programou a Sua oferta para nossa salvação, devemos também programar a nossa oferta em prol de Sua causa. “Portanto, tive por coisa necessária exortar estes irmãos, para que primeiro fossem ter convosco, e preparassem de antemão a vossa bênção, já antes anunciada, para que esteja pronta como bênção, e não como avareza” (2 Co 9:5). Que essa oferta programada possa ser o melhor que venhamos dar para Deus, dentro de um programa de sustentação da Igreja estabelecido por Deus. “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando chegar” (1 Co 16:2).

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A OFERTA

CAPÍTULO III

JESUS, A OFERTA VOLUNTÁRIA

“Ninguém mais tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para dar, e poder para tornar e tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.” (Jo 10:18) 33


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esus deu Sua vida voluntariamente para salvar a humanidade caída, Ele verdadeiramente é o Deus criador que se encarnou e viveu em nosso meio para nos salvar; a Bíblia o chama de Emanuel (que quer dizer: ‘Deus conosco’)” (Mt 1:23). Desde os tempos eternos, o nosso Senhor Jesus Cristo era Um com o Pai, e foi para manifestar essa glória do pai, que Cristo voluntariamente veio a este mundo: para livrá-lo da destruição do pecado, e para revelar, em Si, a luz do Seu amor. Por isso, Emanuel “Deus conosco” mostra um caráter voluntário de Deus, que decide empoeirar seus pés na história desse mundo. E, aqui nesse mundo, Jesus devia revelar para o homem, para os anjos no Céu e para os mundos não caídos, que Deus é misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade. Por isso, Ele mesmo afirma: “para que o amor com que Me tens amado esteja neles, e Eu neles esteja”(Jo 17:23). Que trouxe Jesus voluntariamente a este planteta tão pequeno e insignificante diante de sua grande obra no universo? Só existe uma resposta: o amor. Essa será a pergunta que ecoará para e toda eternidade, essa será a resposta que será a cada dia analisada para entender um pouco mais do caráter e da justiça de Deus. O nosso pequenino mundo será para sempre um livro de estudo para o Universo. Jesus desceu do céu por livre e espontânea vontade, movido pelo ministério do amor que restaura, resgata e redime, por isso, esse é o tema de discussão no universo, e será seu estudo através dos séculos eternos. Mas os seres remidos e os não caídos encontrarão na cruz de Cristo sua ciência e sua segurança eterna. É possível notar no rosto de Cristo a glória do Pai, que brilha na face de Jesus, que é a gloria do amor e da paz. 34


A OFERTA

Vemos, no Calvário, a glória de Deus. Vemos a lei de Deus do amor, o ato de renúncia de Cristo, a lei da vida para a Terra e o Céu, o amor que “não busca os seus interesses” (1 Co 13:5). No princípio, Deus Se manifestava em todas as obras da criação. Foi Cristo que estendeu os céus, e lançou os fundamentos da Terra. Foi Sua mão que suspendeu os mundos no espaço e deu forma às flores do campo. “Ele converteu o mar em terra firme” (Sl 66:6). “Seu é o mar, pois Ele o fez” (Sl 95:5). E esse Deus criador e de infindo amor veio a Seu próprio mundo nos salvar, trazendo-nos novamente para seus braços ternos de amor. Faz parte da própria natureza de Cristo a abnegação e a disposição de servir e de se entregar. Na própria criação de Cristo vemos o caráter voluntário de seu criador, por mais que a natureza esteja corrompida pelo pecado, ainda podemos ver que a natureza não vive para si. Vejam os pássaros, que fazem proliferar e fecundar as plantas, veja as plantas, que alimentam os pássaros com seus frutos. Nenhum animal que se move sobre a terra deixa de servir a qualquer outra vida. Folha alguma da floresta, nem humilde haste de erva é sem utilidade. O oceano recebe as águas de toda a terra, mas recebe para dar. Os vapores que lhe ascendem ao seio, caem como chuva para regar a terra, a fim de que ela produza e floresça. Tudo aqui reflete o caráter de Cristo. Quando Cristo se entrega voluntariamente contemplamos Deus em Cristo. Olhando para Jesus, vemos que a glória de nosso Deus é dar. “Nada faço por Mim mesmo” (Jo 8:28), disse Cristo; “o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai” (Jo 6:57). “Eu não busco a Minha glória” (Jo 8:50), mas “a dAquele que Me enviou” 35


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(Jo 7:18). Manifesta-se nestas palavras o grande princípio que é a lei da vida para o Universo. Todas as coisas, Cristo recebeu de Deus, mas recebeu-as para dar. Assim, nas cortes celestes, em Seu ministério, por todos os seres criados, através do amado Filho, flui para todos a vida do Pai. Por meio do Filho, ela volve em louvor e jubiloso serviço, uma onda de amor à grande Fonte de tudo. E, assim, através de Cristo, completa-se o circuito do verdadeiro amor e compaixão. Sem interesse e de forma voluntária, vemos a representação do caráter de Deus, do grande Doador, da lei da vida. Uma coisa muito triste havia acontecido no Céu: a lei de Deus havia sido quebrada, o pecado passou a perseguir seus próprios interesses e não os de Deus, a exaltação própria passou a reinar no coração de anjos rebeldes, levou-os a duvidar da palavra de Deus, e a desconfiar de Sua grandiosa bondade e se realmente Deus era um ser de plena justiça. Satanás fez com que outros anjos duvidassem de Deus, passando a considerá-Lo como severo e inclemente. Assim arrastou os homens, através de Adão e Eva, a se unirem com ele em rebelião contra Deus, e foi assim que o mal se instalou aqui no nosso mundo. Essa mancha fica pairando então em nosso planeta aos olhos de todos os seres do universo, que sabiam que Deus era amor, mas viram essa interrogação, e aqui, em nosso mundo, reina uma má compreensão de Deus. Para que essa imagem ruim pudesse ser eliminada e o mundo voltar para seu Criador, era preciso que se quebrasse uma vez por todas o poder enganador de Satanás. Isso não se podia fazer pela força, assim, não seria desfeito a poluição 36


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sobre a imagem de Deus, pois o exercício da força é contrário aos princípios do governo de Deus. Ele deseja unicamente o serviço de amor; e o amor não se pode impor; não pode ser conquistado pela força ou pela autoridade. Só o amor desperta o amor. Conhecer a Deus é amá-Lo; Seu caráter deve ser manifestado em contraste com o de Satanás. Essa obra, unicamente um Ser, em todo o Universo, era capaz de realizar, assim, entra a obra voluntária de Cristo. O sacrifício de Cristo foi voluntário, Jesus poderia haver permanecido no Céu no seu trono de seu reino eterno. Poderia ter preferido as honras do Céu, e, em pleno direito, ser adorado pelos anjos. Mas preferiu deixar seu reino e seu trono para ser dirigido pelo Seu Pai, e descer a esse mundo tenebroso e injusto, para que a luz pudesse brilhar nas trevas deste mundo e trazer a salvação a todos nós aqui perdidos. Cristo, em diversas vezes, se revela para o homem e mostra seu plano de amor, e espontaneamente mantém a promessa de ser o libertador da raça humana. O próprio Jesus apareceu para Moisés, no arbusto, em um símbolo humilde, para que Moisés pudesse olhar para ele e viver. Também aparece na coluna de nuvem de dia e, na de fogo, à noite. Assim Cristo vai manifestando, aos homens, Sua vontade e proporcionando-lhes graça e salvação. Neste ato de revelação, a glória de Deus era restringida, Sua majestade velada, para que a fraca visão de homens finitos pudesse contemplar a beleza de sua santidade. Essa limitação submeteu voluntariamente o nosso salvador e foi assim, em forma de “corpo abatido” (Fl 3:21), “semelhante aos homens”, que Cristo veio nos salvar, afetado pelo 37


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pecado, mas não infectado. De acordo com Isaías, não possuía beleza para que O desejassem; mas nEle estava a única solução para a humanidade, obstante era o encarnado Deus, a luz do Céu na Terra. Sua glória e grandeza estava velada juntamente com sua majestade, para que pudesse aproximar ao máximo do ser humano caído, e atrair para si todos que desejam a salvação. Em cada instante da história da humanidade, Deus se revela, apresentando para a raça caída seu plano para salvar o homem. Cada revelação mostra um planejamento e a natureza de sua voluntariedade. Deus disse a Moisés: “E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25:8), e assim Deus habitou no santuário, no meio de Seu povo. Durante toda a difícil peregrinação do seu povo no deserto, Deus acompanha seu povo, demostrando o ato voluntário de Cristo quando o “O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14). A Habitação de Jesus conosco está relacionado com nossa salvação, pois o Cristo que compadesse de nós, que é solidário à nossa dor, tudo isso está relacionado com as nossas provações. Todo filho e filha de Adão pode compreender que nosso Criador é o amigo dos pecadores. Pois, em toda doutrina de graça, toda promessa de alegria, todo ato de amor, toda atração divina apresentada na vida do Salvador na Terra, vemos “Deus conosco” (Mt 1:23). Um Deus que voluntariamente se entrega para estar com suas criaturas. Jesus tomou sobre Si a nossa natureza, e passou por nossas provas. “Convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos” (Hb 2:17). Se tivéssemos de sofrer qualquer coisa que Cristo não houvesse 38


A OFERTA

suportado, Satanás havia de apresentar o poder de Deus como nos sendo insuficiente. Ele esmagou a cabeça da serpente e nos deu a vitória, e seu sacrificio foi perfeito. Ele “como nós, em tudo foi tentado” (Hb 4:15). Sofreu toda provação a que estamos sujeitos, e saiu vencedor. A grande motivação de Cristo era fazer a vontade de Deus. Diz Ele: “Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a Tua lei está dentro do Meu coração” (Sl 40:8). Ele cumpriu em si toda a lei onde o homem caiu. Ele foi vencedor. Cristo revelou um caráter exatamente oposto ao de Satanás. Desceu, porém, ainda mais baixo na escala da humilhação. “Achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”(Fl 2:8). “Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele”(Is 53:5).

A oferta é voluntária “Depois, celebrarás a Festa das Semanas ao SENHOR, teu Deus; o que deres será tributo voluntário da tua mão, segundo o SENHOR, teu Deus, te tiver abençoado” (Dt. 16:10). “Tudo quanto derem, deve ser voluntário. Não quer ter o Seu tesouro cheio de ofertas dadas de má vontade” (Conselhos sobre mordomia, p. 69). Porque Deus amou o mundo de tal maneira que DEU (Jo 3:16). Jesus deu-Se a Si mesmo para nossa salvação (Luc. 22:42). Considerou mais precioso o propósito da Sua dádiva, do que Sua própria vida. É a oferta voluntária que é aceitável a 39


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Deus. A verdadeira beneficência cristã brota do princípio do amor agradecido.” (Testemunhos Seletos, Vol. 1 pág. 375. 2. b). Paulo em II Cor. 5:15 diz: “Nisto se afirma a importância da motivação: ‘Darnos a Deus junto com nossas ofertas. Dar porque amamos a Deus’. “O amor de Cristo nos constrange”. (II Cor. 5:14). “Dar porque compreendemos a importância de ‘ser sócio com Deus’ As dádivas ou ofertas de amor jamais serão afetadas por: · Circunstâncias (II Cor. 9:7), · Sentimentos (I Cor. 16:2), · Condições (João 3:16 2). Dar para coisas pode acarretar problemas.(II Cor. 9:7). Se as coisas não saem como pensamos que deveriam sair, às vezes, deixamos de dar. Se deixarmos de dar, nós mesmos perdemos, pois Deus deixará de nos abençoar. Paulo continua dizendo para que cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. Não que eu procure o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício a que relembramos Cristo, que deu sua vida voluntariamente, voluntária também devem ser nossas ofertas, como aceitável e aprazível a Deus (Fl 4:15-18). Paulo não estava procurando contribuições para uma causa alheia, Paulo não se refere a uma campanha sem compromisso, mas, sim, verdadeiras ofertas, como envolvimento pesssoal dos salvos como sócios de uma obra designada por Deus, como resposta de um coração salvo. Ele tem uma parte na coroa das almas aptas para recerber as grandes bençãos de Deus. “As pessoas abnegadas e consagradas, que devolvem a Deus o que Lhe pertence, como Ele requer, serão recompensadas segundo as suas obras. Ainda que os recursos assim consagrados sejam mal 40


A OFERTA

aplicados, de modo que não venham a preencher os fins que o ofertante tinha em vista - a glória de Deus e a salvação de almas - aqueles que fizeram o sacrifício em sinceridade de coração, com a única finalidade de glorificar a Deus, não perderão sua recompensa.” (CSES, 147). Cristo designou aos homens a obra de disseminar o conhecimento de Sua graça. Porém, enquanto alguns saem a pregar, Ele roga a outros que atendam a Seus pedidos de ofertas, para manter Sua causa na Terra. Pôs Ele na mão dos homens, para que Seus dons divinos possam fluir através de canais humanos, fazendo nós a obra que nos foi designada, de salvar nossos semelhantes. Esta é uma das maneiras em que Deus exalta o homem. É justamente a obra de que o homem precisa; pois lhes despertará no coração as mais profundas simpatias, e porá em função as mais elevadas faculdades da mente (CSES, 37).

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CAPÍTULO IV

JESUS, A OFERTA PROPORCIONAL

“Porque Deus amou o Mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”(JO 3:16).

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esus entregou totalmente sua vida para que todos pudessem ser salvos. Para haver perdão e purificação, foi que Jesus teve que morrer. Isaías, capítulo 53, descreve Jesus desde os momentos do Getsêmani até a Sua morte. É uma descrição, que nos deixa abalados. Na realidade, está descrito um trapo humano, nas condições mais precárias, como se fosse o pior assassino e malfeitor de todos os tempos. Um homem para o qual não se podia olhar, ao menos quem tivesse sentimentos de profunda piedade. No entanto, muitos de Seus amigos, inclusive Sua mãe, olhavam para Ele, sabendo que era tudo injusto. A cena que ocorreu desde a Sua flagelação até o calvário é a mais repugnante, como ato de pecado de todos os tempos. Um justo e bom sendo tratado como só merecia, o pior de todos. E quem sabe, esse pior de todos se salve. Ali em Jesus vemos uma entrega total, Jesus é a oferta que se entrega em todas as proporções. A oferta de Deus caminhando tropegamente para o local da oração, vertendo sangue de tanta angústia, e local de total agonia. Ele é preso. Ele se move voluntariamente, pois o que O impulsionava era o amor pela raça caída. Desse momento em diante Ele assumiu nossa condição de pecadores, que deveríamos passar pelo que Ele passou, porque era merecido. Sofreu as consequências do que assumiu, desde humilhação, descrédito, perseguição, julgamento falso, condenação injusta e morte, cujas causas estavam não nEle, mas em nós. Tornou-Se um servo sofredor, Ele que era o Rei do Universo, e o Criador de todas as coisas. Do posto mais alto do Universo desceu para a cova dos mortos pelo caminho da injustiça. Tudo por amor, para nos perdoar e nos salvar. Não posso deixar de admirar alguém assim, e ter desejo de estar com Ele. Afinal, se 44


A OFERTA

for viver eternamente, será por que Ele providenciou, para cada um de nós a salvação. Quão inconfundivelmente claras foram as profecias de Isaías, referentes aos sofrimentos e morte de Cristo! “Quem deu crédito a nossa pregação?”, interroga o profeta, “e a quem se manifestou o braço do Senhor?’’. “Porque foi subindo como um renovo perante Ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para Ele, nenhuma beleza víamos, para que O desejássemos. Era desprezado, e o mais indigno entre os homens; homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e não fizemos dEle caso algum. Verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si; e nós O reputamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido, mas não abriu a Sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, Ele não abriu a Sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da Sua vida? Porquanto foi cortado da Terra dos viventes; pela transgressão do Meu povo foi Ele atingido” (Isa. 53:1-8). “Mesmo a maneira de Sua morte foi prefigurada. Como a serpente 45


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de bronze foi levantada no deserto, assim devia ser levantado o Redentor por vir, ‘para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna’”. (Jo 3:16). “E se alguém Lhe disser: Que feridas são essas nas Tuas mãos? Dirá Ele: São as feridas com que fui ferido em casa dos Meus amigos.” (Zac. 13:6). “E puseram a Sua sepultura com os ímpios, e com o rico na Sua morte; porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na Sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-Lo, fazendo-O enfermar.” (Isa. 53:9 e 10), (AA, 225 a 227). “Pela Sua vida e morte, Cristo operou ainda mais do que a restauração da ruína produzida pelo pecado. Era o intuito de Satanás causar entre o homem e Deus uma eterna separação; em Cristo, porém, chegamos a ficar em mais íntima união com Ele do que se nunca houvéssemos pecado. Ao tomar a nossa natureza, o Salvador ligou-Se à humanidade por um laço que jamais se partirá. Ele nos estará ligado por toda a eternidade. Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito” (Jo 3:16). Não O deu somente para levar os nossos pecados e morrer em sacrifício por nós; deu-O à raça caída. Para nos assegurar Seu imutável conselho de paz, Deus deu Seu Filho unigênito a fim de que Se tornasse membro da família humana, retendo para sempre Sua natureza humana. Esse é o penhor de que Deus cumprirá Sua palavra. “Um Menino nos nasceu, um Filho se nos deu; e o principado está sobre os Seus ombros” (Isa. 9:6). Deus adotou a natureza humana na pessoa de Seu Filho, levando a mesma ao mais alto Céu. É o “Filho do homem”, que partilha do trono do 46


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Universo. É o “Filho do homem”, cujo nome será “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz”. O EU SOU é o Árbitro entre Deus e a humanidade, pondo a mão sobre ambos. Aquele que é “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores” (Heb. 7:26), “não Se envergonha de nos chamar irmãos”(Heb 2:11). “Em Cristo se acham ligadas a família da Terra e a do Céu. Cristo glorificado é nosso irmão. O Céu Se acha abrigado na humanidade, e está envolvida no seio do Infinito Amor” (O Desejado de Todas as Nações, 25 e 26). “A misericórdia e o perdão são a recompensa de todos os que se chegam a Cristo confiados em que Seus méritos lhes tirarão os pecados. No concerto melhor somos purificados do pecado, pelo sangue de Cristo. O pecador é impotente para expiar um pecado que seja. O poder reside no dom gratuito de Cristo – uma promessa apreciada unicamente pelos que reconhecem seus pecados e os abandonam, lançando sua vida desamparada sobre Cristo, o Salvador que perdoa os pecados. Ele lhes porá no coração Sua lei perfeita, que é santa, justa e boa – a lei da própria natureza de Deus” (Para Conhecê-Lo, MM 1965, 299). Somente a oferta de Deus tem o poder de em sua vida salvar o ser humano, é o único sangue do Universo que serve para perdoar. Jesus se entrega completamente, Se fez servo humano para poder viver entre nós e morrer por nós. Foi esse sangue que verteu, naquela terra árida e seca do calvário, que nos trouxe a paz. Esse sangue tem o poder de perdoar, redimir, salvar e nos reconciliar com a humanidade caída. Diz Paulo, em Romanos 5:10: “Porque se nós, quando inimigos fomos reconciliados com DEUS mediante a 47


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morte de Seu Filho, muito mais estando já reconciliados, seremos salvos pela Sua vida.” Em todo o universo não havia outro que poderia nos salvar, pois Cristo, a oferta de Deus, é o nosso Criador, e é Dele a Lei que requer total obediência à sua vontade, e Ele é quem foi acusado por Satanás de ser injusto quanto a essa lei, que ela não seria possível seguir. A acusação de Satanás é que não havia como harmonizar o amor de Deus com a Sua própria justiça, sendo assim, Deus não poderia ser os dois ao mesmo tempo. Nesta situação, nasce uma grande pergunta: como Deus faria para ser justo com Adão e Eva e, mesmo assim, pudesse salvá-los? Se Deus destruísse, pela sua justiça, o casal, Ele deixaria de ser amor; e se perdoasse o casal de sua culpa de desobediência à sua lei, enfim, não seria o Deus da justiça, como sempre se denominou. Satanás via apenas duas alternativas: ou Deus deveria ser justo, ou amor. Ele colocou uma dúvida nas mentes dos seres do Universo. Mas Satanás não contava com a cruz de Cristo, nela Deus provou o contrário. Em vez de matar o pecador, daria uma oportunidade de perdão, Ele mesmo derramando o Seu sangue em favor da humanidade. Agora Satanás ficou totalmente sem argumentos contra o governo de Deus. E o Universo ficou extasiado como Deus é, de fato, amor e justiça ao mesmo tempo, em todas as situações. Deus é amor e é justiça. Por isso, somente Jesus é a oferta perfeita, e Ele Se entrega na verdadeira proporção, Se entregou totalmente para salvar a todos. “Foi para nos remir que Jesus viveu, sofreu e morreu. Tornou-Se um Varão de dores, para que pudéssemos tornar-nos participantes das alegrias eternas. Deus permitiu que Seu Filho amado, cheio de 48


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graça e verdade, viesse de um mundo de indescritível glória para outro mareado e corrompido pelo pecado, e obscurecido pela sombra da morte e da maldição. Consentiu em que Ele deixasse Seu amoroso seio e a adoração dos anjos, para sofrer a ignomínia, a injúria, a humilhação, o ódio e a morte. “O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e, pelas Suas pisaduras, fomos sarados” (Isa. 53:5). Ei-Lo no deserto, no Getsêmani, sobre a cruz! O imaculado Filho de Deus tomou sobre Si o fardo do pecado. Ele, que fora Um com Deus, sentiu na alma a terrível separação que o pecado causa entre Deus e o homem. Foi o que Lhe arrancou dos lábios o brado de angústia: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste? ” (Mat. 27:46). Foi o peso do pecado, a sensação de sua terrível enormidade e da separação por ele causada entre Deus e a alma, que quebrantaram o coração do Filho de Deus” (Caminho a CRISTO, 13). Muito coração orgulhoso indaga: por que me devo arrepender e humilhar antes de poder ter a certeza de minha aceitação por parte de Deus? Aponto-vos a Cristo. Era inocente e, mais que isso, era o Príncipe do Céu; mas, por amor do homem, Se fez pecado em lugar do gênero humano. “Foi contado com os transgressores; mas Ele levou sobre Si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Isa. 53:12), (Caminho a CRISTO, 45 e 46).

A oferta é proporcional “Cada qual, conforme o dom da sua mão, conforme a bênção que o SENHOR, teu Deus, te tiver dado” (Deteu.16:17). 49


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Paulo deixa claro que a oferta que simboliza Cristo deve ser proporcional. Esta é a moeda de Deus: a porcentagem, onde trata todos com igualdade. Paulo diz: “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar” (1Co 16:2). Qual a oferta que Deus espera? “Quão mais ansioso estará cada mordomo fiel de aumentar a proporção das dádivas a serem colocadas na casa do tesouro do Senhor, do que de diminuir suas ofertas um jota ou um til. A quem estará Ele servindo? Para quem está preparando uma oferta? Para a Aquele de quem depende para alcançar cada boa coisa que goza. Todos aqueles que são recipientes de Sua graça, que contemplam a Cruz do Calvário, não porão dúvida quando a proporção em que devem dar, antes, sentirão que a mais rica oferta é pobre demais, completamente desproporcional à grande dádiva do Filho Unigênito do infinito Deus. Pela abnegação, até o mais pobre encontra meios de obter algo para devolver a Deus.” (Conselhos sobre Mordomia, págs. 287 e 288). A proporcionalidade era praticada nos regulamentos divinos da vida religiosa e civil. É interessante que, no Antigo Testamento, no processo de resgate de servos e propriedades, o valor do resgate pago deveria ser proporcional à proximidade do Jubileu, quando haveria uma anistia geral (Lv 5:52). As tribos de Israel receberam proporcionalmente à população de cada tribo (Nm 26:54). Doação de cidades, para serem residência dos levitas, usou-se a proporcionalidade relativa ao tamanho das posses das tribos doadoras (Nm 35:8). Quando os homens fossem ao Templo, deviam dar ofertas na “proporção” em 50


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que pudessem dar, “segundo a benção” de cada um (Dt 16:17). Em geral, as ofertas totais dos israelitas giravam em torno de 15 a 20 por cento de suas rendas, fora o dízimo. Então, as ofertas teriam valores que oscilavam em percentuais diferentes de acordo com as entradas do adorador. No sistema bíblico de dízimos e ofertas, as quantias pagas por várias pessoas certamente variarão muito, visto serem proporcionais às rendas. Para o pobre, o dízimo será de uma importância comparativamente pequena, e suas dádivas serão de acordo com a sua possibilidade. Dêem segundo a sua capacidade, sentindo que são servos de Deus, e que Ele lhes aceitará a oferta” (Conselhos sobre mordomia, p. 73, 74). Assim, considerando o que ensina a Bíblia, as ofertas deveriam ser proporcionais. Nos dias dos pioneiros, um vigésimo ou cinco por cento, era um mínimo; para o referencial do segundo “dízimo” a oferta básica deveria ser o segundo dez por cento; para os antigos israelitas o total de ofertas girava entre 15 e 20 por cento. Que cada um decida o percentual que corresponda à sua fé e prosperidade, à grandeza do seu Deus, da salvação recebida e da missão que está diante de nós. Cada crente, pai de família, jovem e mulher, todos, são convidados pelo Senhor a refletirem sobre a questão e reconsagrar suas vidas a Deus em todos os sentidos, inclusive, calculando um percentual de suas rendas como oferta regular.

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CAPÍTULO V

JESUS, A OFERTA CONTÍNUA

“Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.” (Rm 8:34 ) 53


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uito poderia ser dito sobre o santuário celestial e sobre o ministério de Cristo, mas queremos apenas destacar algo que nos traz um grande conforto: hoje, no Céu, temos Jesus, a oferta perfeita de Deus, olhando e intercedendo por nós. Em 1 João 2:1, temos as seguintes palavras de Cristo: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. Na realidade Cristo, a nossa oferta, está em uma contínua intercessão por nós. Assim, como no santuário terrestre, havia um serviço que apontava para essa função de Cristo por nós. “O incenso, que ascendia com as orações de Israel, representava os méritos e a intercessão de Cristo, sua perfeita justiça, a qual, por meio da fé, é credenciada a seu povo, e é o único que pode fazer o culto dos seres humanos aceitável a Deus. Adiante do véu do lugar santíssimo, tinha um altar de intercessão perpétua; e adiante do lugar santo, um altar de expiação contínua. Tinha que se acercar a Deus mediante o sangue e o incenso, pois estas coisas simbolizavam ao grande Mediador, por meio de quem os pecadores podem acercar-se a Jeová, e por cuja intervenção tão só pode outorgar-se misericórdia e salvação a alma arrependida e crente” (Patriarcas e profetas, p. 366). “Mediante o serviço do sacerdócio judeu que, nos recorda continuamente o sacrifício e a intercessão de Cristo, todos os que vão a Cristo hoje devem recordar que seus méritos são o incenso que se mistura com as orações dos que se arrependem de seus pecados, e recebem perdão e misericórdia e graça. Nossa necessidade da

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intercessão de Cristo é constante” (Manuscrito, p. 398). É interessante saber que Cristo é o nosso Juiz e Advogado. “Cristo está ao tanto, por experiência pessoal, do conflito que desde a queda de Adão tem estado em permanente atividade. Quão apropriado é, então, que ele seja o Juiz. A Jesus, o Filho do homem, se Lhe encarregou todo o atinente ao juízo. Há um só Mediador entre Deus e o homem. Só por meio Dele podemos entrar no reino dos céus. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Suas sentenças são inapeláveis. Ele é a Rocha da eternidade, uma rocha fendida, a propósito, para que toda alma provada e tentada possa encontrar um lugar seguro onde esconder-se” (The Review and Herald, 12 de março de 1901). “O Pai, a ninguém julga, senão que todo o juízo deu ao Filho”. “Também Lhe deu autoridade de executar juízo, porque é o Filho do homem”. Em sua adicionada humanidade encontramos a razão da nomeação de Cristo. Deus lhe encarregou ao Filho todo o atinente ao juízo, porque, sem dúvida alguma, Ele é Deus manifestado em carne. Deus decidiu que o Príncipe dos sofredores na humanidade fora o Juiz de todo mundo. O que desceu dos átrios celestiais para salvar ao homem da morte eterna; o desprezado e recusado pelos homens, sobre quem empilharam todo o desprezo de que são capazes os seres humanos inspirados por Satanás; o que Se submeteu a comparecer adiante de um tribunal da terra e que sofreu a ignominiosa morte de cruz, só Ele pronunciará a sentença de recompensa. O que Se submeteu aqui ao sofrimento e a humilhação da cruz terá plena compensação no conselho de 55


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Deus, e ascenderá ao trono reconhecido por todo o universo celestial como Rei dos santos. O empreendeu a obra da salvação, e manifestou ante os mundos não caídos e a família celestial que também é capaz de terminar a tarefa que começou. “A intercessão de Cristo é uma corrente de ouro firmemente unida ao trono de Deus. Converteu em oração o mérito de Seu sacrifício. Jesus ora, e atinge o sucesso por meio da oração” (Manuscrito, pg. 8). Como Mediador nosso, Cristo faz incessantemente. Seja que os homens o aceitem ou o recusem, faz ferventemente em favor deles. Concede-lhes vida e luz, e luta para que Seu Espírito os afaste do serviço de Satanás. E enquanto o Salvador obra, Satanás também o faz com todo engano e injustiça, e com energia inquebrantável (The Review and Herald, 12 de março de 1901). O Salvador devia ser Mediador para permanecer entre o Altíssimo e seu povo. Por meio desta provisão se abriu um caminho para que o pecador culpado achasse acesso a Deus, através da mediação de alguém. O pecador não podia ir por si mesmo, carregando sua culpa e sem mais méritos do que os próprios. Só Cristo podia abrir o caminho ao apresentar uma oferenda equivalente às demandas da lei divina. Era perfeito e incontaminado pelo pecado. Era sem mancha nem ruga (Ibid. p. 17 de dezembro de 1872).

Uma oferta sistemática “A questão das ofertas não foi deixada por conta dos impulsos. Deus nos tem dado instruções definidas a esse respeito. Ele 56


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especificou dízimos e ofertas como a medida de nossa obrigação. E deseja que os demos regular e sistematicamente. Paulo escreveu à igreja de Corinto: “Quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade” (I Cor. 16:1 e 2). Depois de separado o dízimo, sejam tirados donativos e ofertas, segundo a prosperidade que Deus lhe deu” (Conselhos sobre a escola Sabatina, p.129-131). “E que tempo mais apropriado se poderia escolher para pôr de parte o dízimo e apresentar nossas Ofertas a Deus? No sábado pensamos sobre a Sua bondade. Temos-Lhe contemplado o trabalho da criação como sendo uma evidência de Seu poder na redenção. Nosso coração está pleno de gratidão pelo Seu grande amor. E agora, antes que a lida de uma semana comece, devolvemos-lhe o que lhe pertence, e, com isso, uma oferta para demonstrar a nossa gratidão. Assim, nossa prática será um sermão semanal a declarar que Deus é o possuidor de toda a nossa propriedade, e que Ele fez de nós mordomos, para a usarmos para a Sua glória. Todo reconhecimento de nossa obrigação para com Deus fortalecerá o senso de obrigação. A gratidão se aprofunda ao lhe darmos expressão, e a alegria que ela traz é vida para a alma e para o corpo” (CSM, 80). Deus espera que os adoradores reconheçam que Ele é o doador da vida e de tudo o que temos. Nossa vida, apesar das lutas e dificuldades, é marcada por muitos sucessos. Nossas almas transbordam de gratidão, que é a matéria-prima da generosidade 57


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e sintoma da salvação. Cada crente deve ter seu plano de ofertas regulares, suas mãos devem estar sempre “cheias”, ao comparecer perante seu Deus. Ellen White escreve: “os dirigentes que são negligentes, que não sabem gerir, devem ser afastados da obra. Obtende o serviço de homens e mulheres que sabem ater-se ao orçamento, para que a obra não se desfaça” (Conselhos sobre mordomia, p. 274). A pergunta é como que os líders poderão obedecer esse ensinamento sem um plano de oferta regular e sistematico? Como filhos de Deus salvos pelos méritos do sangue de Cristo e envolvidos e comprometidos com a construção do reino de Deus, devemos ter um plano de oferta para sustentar essa obra, agradecidos a Deus por ter enviado seu único filho, Jesus Cristo, e este, como oferta de Deus, intercede por nós continuamente e sistematicamente diante do Pai. A nossa oferta deve refletir essa gratidão, pois, a cada manhã e a cada dia, Jesus intercede por nós, como diz em Lamentações 3:22-23: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.”

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CONCLUSÃO A oferta e o tempo do fim

Bem no fim, antes que esta obra termine, milhares de dólares serão alegremente depositados sobre o altar. Homens e mulheres sentirão ser um bendito privilégio participar da obra de preparar pessoas para subsistirem no grande dia de Deus, e darão centenas de dólares com a mesma liberalidade com que agora são doadas quantias menores (CM 24.4). Estivesse o amor de Cristo ardendo no coração dos que professam ser Seu povo, e veríamos hoje, a manifestação do mesmo espírito. Se tão-somente reconhecessem quão perto está o fim de todo o trabalho em prol da salvação, sacrificariam suas posses com a mesma prontidão com que o fizeram os membros da igreja primitiva. Trabalhariam para o avanço da causa de Deus com o mesmo fervor com que os mundanos trabalham para adquirir riquezas. Exercer-se-iam tato e habilidade, bem como se faria trabalho ativo e altruísta para adquirir meios, não para acumular, mas para verter no tesouro do Senhor (CM 24.5) Deus pede aos que têm posses em terras e casas, que as vendam 59


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para empregar o dinheiro onde for suprir a grande necessidade no campo missionário. Havendo eles experimentado a verdadeira satisfação que provém de assim fazer, manterão aberto o conduto, e os meios que o Senhor lhes confiou fluirão sem cessar para o tesouro, a fim de que pessoas se convertam. Esses, por sua vez, exercerão a mesma abnegação, economia e simplicidade por amor de Cristo, de maneira a poderem, também, levar suas ofertas a Deus. Mediante esses talentos, sabiamente empregados, outras pessoas ainda se podem converter; e assim prossegue a obra, mostrando que os dons de Deus são apreciados. O Doador é reconhecido, e a fidelidade de Seus mordomos redunda em glória para Ele (CM 37.1). Quando fazemos esses fervorosos apelos em benefício da causa de Deus, e apresentamos as necessidades financeiras de nossas missões, pessoas conscienciosas que crêem na verdade ficam profundamente comovidas. Como a viúva pobre, a quem Cristo louvou, a qual pôs no tesouro as duas moedinhas, dão de sua pobreza, ao máximo de sua capacidade. Essas pessoas privamse muitas vezes das próprias necessidades aparentes da vida; ao passo que há homens e mulheres que, possuindo casas e terras, apegam-se ao tesouro terreno com tenaz egoísmo, e não têm fé suficiente na mensagem e em Deus para empregar seus meios em Sua obra. A estes se aplicam especialmente as palavras de Cristo: “Vendei o que tendes, e dai esmolas”. (Lucas 12:33), (CM 37.2). Esperar orientação individual — Homens e mulheres pobres há que me escrevem pedindo conselho quanto a deverem eles vender sua morada e darem o resultado à causa. Dizem que os 60


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apelos no sentido de meios lhes tocam o coração, e querem fazer alguma coisa pelo Mestre que tudo tem feito por eles. A esses, eu diria: “Talvez não seja dever vosso venderdes vossa casinha agora; buscai, porém, a Deus, vós mesmos; certamente o Senhor vos ouvirá a sincera oração pedindo sabedoria para compreender vosso dever” (Testemunhos Seletos 2:330). Devem as posses ser reduzidas, em vez de aumentadas — É agora que nossos irmãos deveriam estar reduzindo suas posses, em vez de aumentá-las. Estamos prestes a mudar-nos para uma terra melhor, a celestial. Não procedamos, pois, como quem queira habitar confortavelmente sobre a Terra, mas ajuntemos nossos objetos no espaço mais limitado possível (CM 37.4) Tempo virá em que de modo algum poderemos vender. Logo sairá o decreto proibindo os homens de comprar ou vender a qualquer pessoa senão aos que tenham o sinal da besta (Testemunhos Seletos 2:44). Preparo para o tempo de angústia — Casas e terras serão de nenhuma utilidade para os santos no tempo de angústia, pois terão de fugir diante de turbas enfurecidas, e nesse tempo suas posses não podem ser liberadas para o avançamento da causa da verdade presente. Foi-me mostrado que é vontade de Deus que os santos se libertem de todo embaraço antes que venha o tempo de angústia, e façam um concerto com Deus mediante sacrifício. Se eles puserem sua propriedade no altar do sacrifício e ferventemente inquirirem de Deus quanto ao seu dever, Ele lhes ensinará sobre quando dispor dessas coisas. Então estarão livres no tempo de angústia, sem nenhum estorvo para sobrecarregá-los 61


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(CM 38.2). Vi que se alguém se apegar à sua propriedade e não inquirir do Senhor quanto ao seu dever, Ele não fará conhecido esse dever, sendo-lhes permitido conservar sua propriedade; e, no tempo da angústia, isto virá sobre eles como uma montanha para esmagálos, e eles procurarão dispor dela, mas não será possível. Ouvi alguém lamentar assim: “A causa estava definhando, o povo de Deus estava perecendo de fome pela verdade, e nenhum esforço fizemos para suprir a falta; agora nossa propriedade de nada vale. Oh! Se tivéssemos permitido que ela se fosse, e acumulado tesouro no Céu! ” (CM 38.3) Vi que o sacrifício não aumentava, mas diminuía e era consumido. Vi também que Deus não requeria que todo o Seu povo dispusesse de suas propriedades ao mesmo tempo; mas se desejassem ser ensinados, Ele os ensinaria, em tempo de necessidade, quando vender e quanto vender. De alguns se tem pedido no passado que dispusessem de suas propriedades para sustentar a causa do advento, enquanto a outros tem sido permitido conservá-las até o tempo da necessidade. Então, quando a causa delas necessite, seu dever é vender. (Primeiros Escritos, 56, 57), (CM 38.4). Nenhuma ligação com a Terra — A obra de Deus deve tornar-se mais ampla, e se Seu povo seguir o conselho que Ele lhe dá, não haverá em suas mãos muitos recursos para serem consumidos na conflagração final. Todos terão depositado seus tesouros onde a traça e a ferrugem não consomem; e o coração não terá uma ligação a prendê-lo à Terra. (Testemunhos Seletos 1:67) ,(CM 38.5). 62


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