EDITORIAL
PACTO DE AMOR Antes da fundação do mundo Jesus fez o compromisso de tomar sobre Si o pecado do homem (João 17:21-23); Ele fez o PACTO DE AMOR. A verdade é que nós, seres humanos, não fazemos um pacto com Deus, Ele é quem é o Deus de pactos. O que fazemos é uma resposta de fé e gratidão pelo que Ele fez por nós. Jesus suportou sem reclamar o rude tratamento daqueles a que viera salvar. Era parte de Sua missão sofrer, em Sua humanidade, toda a força do pecado em sua origem. Em Cristo estava a única esperança do homem. Jesus morreu por cada um de nós e nos reivindicou para Ele. “Quando, sobre a cruz soltara o brado: “Está consumado” (João 19:30), dirigira-Se ao Pai. O PACTO fora plenamente satisfeito. Agora Ele declara: “Pai, está consumado. Fiz, ó Meu Deus, a Tua vontade. Concluí a obra da redenção. Se a Tua justiça está satisfeita, ‘quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo’”. João 17:24. – {DTN, pág. 590”
Cristo se ofereceu voluntariamente por nós na cruz do calvário. Ele foi a perfeita oferta de Deus. Seu sacrifício em nosso favor constitui a única saída para uma humanidade em decadência. É neste contexto de gratidão a Cristo pelo PACTO DE AMOR que as Sagradas Escrituras apresentam as ofertas, como uma expressão de amor, uma forma de demonstrar materialmente um sentimento de fé e gratidão pelo sacrifício de Cristo por nós, fazendo isso para levar pessoas ao conhecimento da verdade. Inspirados em Cristo, que ofertou sua própria vida pelo homem, é que devemos ofertar como uma resposta ao PACTO DE AMOR, pois Cristo espera diante de tudo que Ele fez que nos tornemos Seus discípulos, dando tudo de nós em resposta ao tudo de Deus. Elmir P. Santos
Índice O que é mordomia cristã
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O sistema de Dízimo conforme o ensino bíblico
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Como devemos OFERTAR?
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Ofertas segundo Deus
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SEGUNDO DÍZIMO e o Pacto de Amor
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Perguntas sobre a administração da Igreja e os recursos
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EXPEDIENTE Concepção: Elmir P. Santos Revisão de textos: Thássia Oliveira Projeto gráfico e diagramação: Voilà! Estúdio Criativo
IMPRESSO NO BRASIL / Printed in Brazil
Mensagem
O que é mordomia cristã “Somos despenseiros de Deus, responsáveis a Ele pelo uso apropriado do tempo e das oportunidades, capacidades e posses, e das bênçãos da Terra e seus recursos, que Ele colocou sob o nosso cuidado. Reconhecemos o direito de propriedade da parte de Deus por meio de fiel serviço a Ele e a nossos semelhantes, e devolvendo os dízimos e dando ofertas para a proclamação de Seu evangelho e para a manutenção e o crescimento de Sua Igreja. A mordomia é um privilégio que Deus nos concede para desenvolvimento no amor e para vitória sobre o egoísmo e a cobiça. O mordomo se regozija nas bênçãos que advêm aos outros como resultado de sua fidelidade.” – Crenças Fundamentais, 20. Na Bíblia, o termo mordomo se refere a um oficial que administra, ou mesmo controla, os negócios de uma mansão. Nenhum detalhe escapa de seus olhos. Desde arrumar a mesa, preparar os alimentos, pagar as contas, cuidar dos jardins ou educar as crianças; tudo ele resolve para o seu “senhor”. No Antigo Testamento, havia um mordomo que cuidava da casa de José (Gên. 43:19; 44:4). Abraão também dispunha de um mordomo, assim como muitos dos reis de Israel. No Novo Testamento, o termo descreve um bispo que é mordomo dos negócios de Deus (Tito 1:7). Paulo diz que os crentes são “mordomos dos mistérios de Deus” (I Cor. 4:1; Gál. 4:2). É claro, portanto, que o conceito cristão de mordomia inclui: tempo, talentos, posses e até a própria pessoa (Luc. 12:42; Efés. 3:2). Sob esse ponto de vista, somos bons mordomos apenas se damos tudo o que temos e o que somos a Deus. Entretanto, como a riqueza é geralmente um de nossos maiores obstáculos na mordomia, Jesus falou frequentemente sobre nossa relação com o dinheiro. Aqui, vamos focalizar o dinheiro no sentido mais amplo: de que nossa atitude em relação à riqueza apenas ilustra nossa atitude em relação a tudo o que possamos ter como “nosso”.
Não é fácil falar de dinheiro; nem para os membros da igreja, nem para os pastores. Nosso desconforto ao tratar do assunto foi bem retratado num cartoon da revista Leadership (Liderança). Mostra um pregador atrás do púlpito e absolutamente ninguém sentado diante dele nos bancos da igreja. Ele começa seu sermão com as seguintes palavras: “Conforme anunciei na semana passada, o assunto de meu sermão hoje será: Dízimos e ofertas.”
ALÉM DA OBRIGAÇÃO
Frequentemente confundimos diversas coisas com a verdadeira mordomia. O dar, simplesmente, não é mordomia. Uma pessoa pode doar com motivação correta. Outros podem doar em função de um senso de culpa, para tentar expiar seus pecados. Miquéias 6:6 e 7 contém uma condenação aos israelitas exatamente por causa dessa atitude: “Com que me apresentarei ao Senhor e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite?” O profeta completa dizendo que ainda que eles doassem os próprios filhos não conseguiriam expiar o pecado que haviam cometido para conseguir suas riquezas. Nem é preciso dizer que a autêntica mordomia deve ter uma motivação mais virtuosa do que a culpa. Só representa uma bênção para a Igreja a doação que brota de um espírito livre. “De graça recebestes, de graça dai” (Mat. 10:8). Evidentemente que o dar por motivo de culpa ou pelo desejo de obter recompensa não vem de um espírito livre. Minha dádiva tem que ser voluntária. No momento que ela se torna compulsória, deixa de ter utilidade para a obra de Deus. Deus não nos dá em função de culpa ou desejo de recompensa. Ao PACTO DE AMOR
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contrário, nos dá porque nos ama e tem prazer em nos atender. Ele não tem qualquer obrigação para conosco, somente compaixão e alegria desde que continuemos livres, por Seu amor. As relações de amor não são movidas a obrigações ou recompensas em nenhuma direção. A noiva que entra na igreja e vai até o altar do seu casamento “por dever” já enterrou seu casamento, antes de começar. Da mesma forma, o marido que entrega seu salário para a família como uma “recompensa” pela boa conduta de todos os familiares, jamais será apreciado por eles. As obrigações e recompensas fazem parte de nossos relacionamentos, sob o regime do pecado, mas não podem prover uma base eterna para o amor entre nós. Nossa vida em conjunto deve se aproximar mais de uma troca de dons do que do pagamento de dívidas ou recebimento de prêmios. Somente quando deixo de ser agradecido pelo amor que recebo de minha família tenho que ser lembrado quanto às minhas obrigações. Essa é uma das ideias centrais dos ensinos de Jesus a respeito do reino de Deus. E era a essência da Sua teologia da expiação. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Por essa razão a justificação pela fé não é apenas uma doutrina sobre Deus; é também uma doutrina sobre a realidade como um todo. Tudo o que Deus criou, seja animado ou inanimado, encontra sua razão de ser como parte de um ciclo de dar e partilhar que caracteriza todo o Universo.
Histórias de Generosidade
Se há um conceito contra o qual Jesus lutou é de que a realidade é uma mera troca de recompensas e obrigações. Na parábola conhecida como “do filho pródigo”, o irmão mais velho (que claramente representava os fariseus) fica reclamando porque não consegue entender como o pai ainda é capaz de dar mais para o caçula que manifestara um comportamento de desperdício. Com paciência, o pai lhe explica que é correto ficar feliz quando um filho perdido é achado e que o fato de ele ter voltado para casa era o maior motivo para celebrações. Quando Jesus permitiu à prostituta que ungisse Seus pés com perfume, os observadores ficaram com medo de que Ele ainda fosse louvá-la por esse gesto. Como resposta, Jesus simplesmente destacou para eles a profundidade daquela ação da mulher: “Ela não cessa de Me agradecer”, completou. Jesus sabia muito bem que este mundo pecaminoso é um lugar de recompensas e obrigações. Sem isso, sem o senso do dever, a justiça pode se tornar a mais rara das virtudes. Também não é possível ter um Universo justo quando aqueles que merecem são punidos o tempo todo e os que não merecem são continuamente abençoados. Ou seja, um Universo baseado unicamente na justiça não é de todo 4
digno de Deus nem da humanidade. Por exemplo, quando Jesus contou a parábola dos trabalhadores que receberam o mesmo salário ao final do dia, quer tivessem trabalhado doze ou só uma hora (Mat. 20:1-16), Ele foi direto ao ponto; ou seja, mesmo quando somos tratados de acordo com o que foi prometido, ainda desejamos receber de acordo com o que as pessoas mais próximas a nós conseguiram. O senhor fora absolutamente justo, mas as pessoas que trabalharam o dia todo se consideraram injustiçadas ao se compararem com a generosidade que o senhor demonstrara para com os demais. Esses trabalhadores, entretanto, estavam deixando de entender o mais importante: o senhor não os estava considerando como operários. Ele sabia que todos necessitavam de um dia de salário integral. Ele os pagou baseado em sua própria generosidade.
Pagamento X Dádiva
Assim como os trabalhadores, podemos estar inconformados com nossos dons. Preferimos ser recompensados pela obra que fazemos porque sentimos que podemos realizar muito mais desde que estejamos satisfeitos com o que estamos ganhando. Não queremos que o patrão nos dê um presente no dia do pagamento da mesma forma que não desejamos que nossa obra seja um presente. O que desejamos é estar engajados em uma transação que obrigue ambas as partes a serem honestas. Da mesma forma, pagamos nossos impostos ao governo; e não os damos. Se dependêssemos dos patrões ou dos contribuintes para dar o que eles consideram adequado, todos nós ficaríamos pobres e o governo seria destruído. Lamentavelmente, muitos de nós que fomos ensinados a dar o dízimo, de acordo com a Bíblia, encaramos o dízimo como o pagamento de uma dívida. Mas não passa de uma grosseira distorção encarar o dízimo como um imposto divino. De acordo com a visão bíblica, principalmente no Novo Testamento, Deus como o Criador, possui todas as coisas (incluindo o poder) de uma forma que jamais chegaremos a ter, mas Ele escolhe nos dar (ou confiar) algumas coisas a nós. Não ganhamos, por nós mesmos, o que recebemos pela Criação ou pela Redenção. Pelo contrário, é Deus quem nos dá, em confiança, aquilo que é por direito só dEle. Tudo é dádiva.
Uma jovem rica, certa vez, me contou uma história que pode ajudar a explicar o que estou pensando. O avô de Margareth havia juntado uma razoável fortuna através de sua empresa. Antes de morrer, dividiu tudo o que tinha em “pacotes” de bens a serem entregues a seus filhos e netos, quando completassem 21 anos. Da mesma forma que aconteceu com os outros membros da família, quando Margareth completou 21 anos, a avó a convidou a ir até à mansão da família. Quando ela assentou-se para receber sua herança, a avó lhe disse: “Se seu avô pudesse ter adivinhado quem iria usar esses bens todos para ajudar e abençoar a humanidade, só teria dado a essa pessoa. Use este dinheiro com o mesmo espírito com que foi dado a você.”
Dádiva e Gratidão
Creio que o mesmo acontece conosco. Cada um de nós recebe de nosso Pai uma herança, de incalculável valor, para ser administrada com o mesmo espírito com que nos é concedida. A única resposta adequada a tal dádiva é demonstrar gratidão por ela e tratar o dom como um dom. Exatamente isso é o que não fez o pródigo com sua herança. Pelo contrário, ele a considerou como se tivesse conseguido com seu suor e pudesse desperdiçar como bem entendesse. Uma pessoa agradecida sempre trata o dom com o mesmo espírito com que esse dom lhe foi confiado. Quando focalizamos não em nossas obrigações para dar, mas nos dons (e no Dom) que temos recebido – dádivas preciosas amarradas com os sofrimentos do Calvário – nos entregamos a nós mesmos com gratidão e também porque isso agrada a Deus. Damos não porque seja uma obrigação ou porque esperamos qualquer recompensa, mas porque estamos agradecidos pelo dom de Deus.
Esse foi o ponto principal do sermão pregado por Paulo sobre a mordomia em II Coríntios 9:6-14. “E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre. “Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça, enriquecendo-vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus. “Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus, visto como, na prova desta ministração, glorificam a Deus pela obediência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos, enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtude da superabundante graça de Deus que há em vós.” E como termina Paulo esse pequeno sermão? Com as palavras: “Graças a Deus pelo Seu dom inefável!” (II Cor. 9:15). Se percebermos nessas palavras o eco das intenções de nosso próprio coração voltado para Deus, então teremos nos tornado verdadeiros mordomos. Autor: James Londis, foi diretor do Instituto de Estudos Contemporâneos, nos Estados Unidos.
PACTO DE AMOR
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O SISTEMA DE DÍZIMO CONFORME O ENSINO BÍBLICO INTRODUÇÃO I - O DÍZIMO NO ANTIGO TESTAMENTO a) Na Era Patriarcal
A prática de devolução do dízimo não tem origem humana, mas foi ordenada pelo próprio Deus ao Seu povo. Ela faz parte do concerto salvífico, por isso, apenas aqueles que estão obrigados pelo pacto ou aliança com Deus devem dizimar, ainda que Deus o receba de quem O quiser devolver. Esse fato fica bem claro ao se considerar a primeira menção da prática na Bíblia, no encontro de Abrão com Melquisedeque, “rei de Salém” e “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14:17-20). A devolução foi feita à pessoa certa, um sacerdote do Deus Altíssimo, no momento em que este foi assim reconhecido, como uma forma de tributar a Deus os méritos pela vitória (v. 20) e também por ser “Deus Altíssimo, o que possui os céus e a terra” (v. 22). Jacó, neto de Abrão, também devolveu o dízimo como reconhecimento de que tudo que possuía havia sido outorgado por Deus (Gn 28:22).
b) Depois da Organização Política de Israel
Depois da saída do Egito e da organização do povo de Israel, a tribo de Levi foi encarregada de prestar serviços relacionados à tenda da congregação (Nm 18:21). As demais tribos poderiam se engajar em qualquer atividade lícita, como criar gado ou plantar, mas a tribo de Levi cuidaria dos “negócios” divinos. O sistema de dízimos foi a forma estabelecida por Deus para o sustento dessa tribo que deveria se dedicar integralmente às atividades litúrgicas (Nm 18:20-24). Muito depois da era mosaica, no tempo de Malaquias (fins do século VI e início do século V a. C.), o dízimo continuava sendo usado para a manutenção da “casa do Tesouro” (Ml 3:10). Portanto, com o mesmo objetivo da época em que foi instituído o sistema levítico. Dessa forma, em relação ao Antigo Testamento, não há o que discutir. O dízimo foi estabelecido como parte do pacto entre Deus e o Seu povo escolhido. A prática é encontrada ao longo de todo o período da velha dispensação.
Como Deus Encara o Sistema do Dízimo
O ato de dizimar é baseado num princípio fundamental, como 6
expresso pelo salmista, “ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam. Fundou-a ele sobre os mares e sobre as correntes a estabeleceu” (Sl 24:1-2). Quando Deus colocou o homem no jardim do Éden, permitiu que ele comesse de qualquer fruto, mas, vetou o fruto de uma das árvores. Daquela, o homem não poderia lançar mão (Gn 2:1517). Ao olharmos o pano de fundo dessa ordem, percebemos o princípio do sistema de dízimos. O Senhor nos permite lançarmos mão de nove décimos, mas, um décimo Lhe pertence! Foi por isso que ordenou ao seu povo no passado, “também todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR. Se alguém, das suas dízimas, quiser resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo do bordão do pastor, o dízimo será santo ao SENHOR (Lv 27:30-33). Enquanto as ofertas estão relacionadas ao sacrifício de Jesus, pois, o sistema de ofertas só entrou em operação depois do pecado: “Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu” (Gn 3:21). A morte daquele primeiro cordeiro foi uma provisão divina para que Adão e sua mulher não pagassem a pena pela transgressão exigida pela lei (Rm 6:23; Ap 13:8). Aquele cordeiro foi uma figura ou sombra tipológica do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Portanto, ao dizimarmos, reconhecemos a soberania divina. Ele é o nosso Criador, por isso, devemos horná-Lo. Mas, quando damos as nossas ofertas, estamos ao mesmo tempo, agradecendo a maravilhosa provisão divina em nosso favor, Jesus Cristo, que rendeu a Sua preciosa vida por nós, a fim de não perecermos eternamente (Jo 3:16).
II - O DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO O Novo Testamento não aboliu o sistema de dízimos. Quando Jesus fundou a Igreja, também transferiu as prerrogativas do antigo povo eleito para o povo da nova aliança. O Senhor sempre teve um remanescente, depositário da Sua aliança e fiel ao Seu concerto, como pondera LaRondelle: Paulo continua a teologia de Hebreus de que “o remanescente é que será salvo” (Rom. 9:27; citando Isa. 10:22-23 onde o remanescente de Israel retorna “ao Deus forte”, verso 21). A mensagem de Paulo consiste em que Deus é fiel à Sua palavra porque mais uma vez proveu graciosamente de Israel um remanescente de fé, a igreja apostólica, através do poder criador de Sua promessa. “Assim, pois, também agora, no tempo de
hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça” (Romanos 11:5). Os herdeiros legítimos do concerto mosaico e abraâmico não são os descendentes descrentes e naturais de Abraão (“Israel segundo a carne”, 1 Coríntios 10:18), mas exclusivamente os seus filhos espirituais, aqueles que pertencem a Cristo [Hans k. LaRondelle, O Israel de Deus na profecia: princípios de interpretação profética, trad. Josimir Albino do Nascimento (Engenheiro Coelho, SP: Imprensa Universitária Adventista, 2002), 150.]. Paulo defende a aplicação do sistema de dízimos para a manutenção daqueles que se dedicam integralmente à pregação do evangelho (1Co 9:6-14), embora tenha aberto mão desse direito (1Co 9:12, 15), pelo menos sobre a igreja de Corinto (2Co 11:7). Conforme argumenta Elmir Santos, “por causa da contestação do seu apostolado (2Co 11:5, 6) e para não dar ocasião aos falsos apóstolos (2Co 11:8 a 13), no entanto, usou desse direito aceitando salário de outras igrejas (2Co 11:8)” [Elmir P. Santos, Segundo dízimo: ampliando a visão sobre a oferta (Juiz de Fora, MG: Gráfica e Editora Juizforana, 2009), 20.] O apóstolo defende a manutenção do ministério com base numa injunção do Antigo Testamento, na sua carta a Timóteo (1Tm 5:17-18), para que o ministro não precise se envolver em “negócios desta vida” (2Tm 2:4). Ou seja, de acordo com o Novo Testamento, o pastor deve se dedicar exclusivamente ao evangelho, nos moldes da antiga tribo de Levi, cuja atividade se concentrava em cuidar dos interesses de Deus “pastoreando” o Seu povo, enquanto, esse mesmo povo, lhe garantia o sustento material. Contudo, o exercício das atividades ministeriais deve ser efetuado “espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade” (1Pe 5:2).
III - JESUS E O DÍZIMO O Senhor Jesus afirmou em Mateus 5:17-20, “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.” Em relação ao sistema de dízimos, Ele deixou claro no Seu diálogo com os líderes religiosos: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” (Mt 23:23 – grifo nosso). Jesus era um Mestre ou Rabi, e como de costume, sustentado pelos seus discípulos. Esse fato é facilmente observado ao lermos Lucas 8:1-3, “Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens” (grifo nosso).
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IV – COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE SOBRE O DÍZIMO a) Sua irrevogabilidade
Usa-se a mesma linguagem quanto ao sábado que se usa na lei do dízimo: “O sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus.” Êxo. 20:10. Não tem o homem o direito nem poder para substituir o sétimo dia pelo primeiro. Poderá pretender fazê-lo, “todavia, o fundamento de Deus fica firme” II Tim. 2:19. Os costumes e ensinos dos homens não diminuirão as exigências da lei divina. Deus santificou o sétimo dia. Essa porção específica de tempo, separada pelo próprio Deus para culto religioso, continua hoje tão sagrada como quando pela primeira vez foi santificada pelo nosso Criador. De igual maneira, o dízimo de nossas rendas “santo é ao Senhor”. O Novo Testamento não dá novamente a lei do dízimo, como também não dá a do sábado; pois pressupõe a validade de ambos, e explica sua profunda importância espiritual. ... Enquanto nós como um povo estamos procurando dar fielmente a Deus o tempo que Ele conservou como Seu, não Lhe daremos também nós aquela parte de nossos meios que Ele exige? [Ellen G. White, Conselho Sobre Mordomia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), 66, 1CD-Rom].
b) Sua Finalidade
De acordo com Ellen G. White, os propósitos do sistema do dízimo compreendem: 1. O “bem do homem” [Ellen G. White, Conselho sobre mordomia, 180] 2. Para despojar do egoísmo [Ibid., 24-26] 3. Desenvolver o espírito de gratidão [Idem, Nos lugares celestiais, MM 1968, 24 de outubro, 304.] 4. Porque Deus “reservou-o para Si, para ser empregado em fins religiosos” [Idem, Conselho sobre mordomia, 6] 5. É uma questão de honestidade [Idem, Educação, 139] 6. Uma forma de reconhecer a Deus como “Doador de todas as coisas” [Idem, A fé pela qual eu vivo, MM 1959, 26 de agosto, 244.] 7. “para levar avante a obra do evangelho” [Ibid.].
c) Advertência aos Pastores
“Nomeie a igreja pastores ou anciãos que sejam dedicados ao Senhor Jesus, e cuidem esses homens de que se escolham oficiais que se encarreguem fielmente do trabalho de recolher o dízimo. Se os pastores não se demonstrarem aptos para o cargo, se
DISTRIBUIÇÃO DO DÍZIMO NA
TOTAL:
100%
REPASSE ORGANIZAÇÃO SUPERIOR
TOTAL CAMPO LOCAL
Divisão Sul Americana
Despesa pessoal (pastores)
União Sudeste Brasileira
Despesa Pessoal (escritório)
Rede novo Tempo
Despesas Gerais
Ensino Superior (FADMINAS e IAENE)
Evangelismo e Departamentos
Ensino Fundamental e Médio
Evangelismo Missão Global
Educação
Capacitação pastores
Colpotagem
Capacitação e treinamento Igrejas
A Divisão e União recebem 10% do dízimo cada uma e repassam 1% para a Associação Geral 8
deixarem de apresentar à igreja a importância de devolver ao Senhor o que Lhe pertence, se não cuidarem de que os oficiais que estão sob suas ordens sejam fiéis, e que o dízimo seja trazido, estão em perigo. Estão negligenciando uma questão que envolve uma bênção ou maldição para a igreja. Devem ser afastados de sua responsabilidade, e outros homens devem ser experimentados e provados. Devem os mensageiros do Senhor cuidar de que os membros da igreja Lhe cumpram fielmente as ordens. Deus diz que deve haver mantimento em Sua casa, e se se lidar indevidamente com o dinheiro do tesouro, se se considerar direito as pessoas usarem o dízimo como quiserem, o Senhor não poderá abençoar. Ele não pode suster os que pensam poder fazer o que querem com o que Lhe pertence” (Ellen G. White, Conselho Sobre Mordomia, 106). Sobre o caráter da benevolência sistemática, Ellen G. White faz um comentário auspicioso ao dizer: “é belo em sua simplicidade e equidade. Todos podem dele lançar mão com fé e ânimo, pois é divino em sua origem. Nele se aliam a simplicidade e a utilidade, e não exige profundidade de saber o compreendê-lo e executá-lo” [Ibid.].
CONCLUSÃO
O dízimo não é para ser devolvido por aqueles que estão fora da aliança, a não ser que queiram. Deus exige a prática apenas do Seu povo escolhido, os que fizeram um pacto de amor com Ele. Assim como era exigido do povo de Israel o sustento da tribo de Levi, tendo em vista que esta deveria cuidar da liturgia e dos negócios divinos para que todo o povo de Deus fosse assistido, assim também, os “que pregam o evangelho
que vivam do evangelho” (1Co 9:14). Mesmo Jesus viveu da provisão continuada no Novo Testamento (Lc 8:1-3), e depois Dele, os apóstolos, como exemplificação e paradigma para a toda a dispensação neotestamentária. No entanto, aqueles que vivem do evangelho devem ser homens consagrados, dedicados e honestos, não movidos por “sórdida ganância, mas de boa vontade” (1Pe 5:2). O sistema foi estabelecido para o bem do homem, a fim de desenvolver o espírito de gratidão e louvor, para que Deus seja reconhecido como soberano, para provar a honestidade do crente e despojá-lo do egoísmo. Enquanto a devolução do dízimo é um ato que expressa gratidão pela Criação divina, a oferta é um ato de reconhecimento pelo que Cristo fez na cruz do Calvário, doando-Se inteiramente a favor do ser humano, a fim de lhe outorgar a salvação e ainda prover um exemplo magnânimo de abnegação. Os pastores e anciãos que são leais ao seu mandado devem instruir a igreja quanto à devolução daquilo que pertence ao Senhor, do contrário, estarão negligenciando um dever da maior importância. Dessa forma, também provando estar desqualificados para a função. O sistema é simples e belo, e todo o que liberalmente devolve o dízimo cresce como cristão e como pessoa humana, pois, ele humaniza, desenvolve a abnegação, despoja o homem de si mesmo e faz pensar em Deus e na Sua grande obra de evangelizar o mundo. Pr. Josimir Albino do Nascimento Doutor em Teologia Pastoral
PACTO DE AMOR
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Como devemos OFERTAR? O QUE A PALAVRA DE DEUS DIZ SOBRE A OFERTA: “Cada um oferecerá na proporção em que possa dar, segundo a bênção que o Senhor, seu Deus, lhe houver concedido.”
“...preparassem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que esteja pronta como expressão de generosidade não de avareza”
Dt.16:16-17
2o Co 9:5
“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração não com tristeza ou por necessidade: porque Deus ama a quem dá com alegria”
“Tomai, do que tendes, uma oferta para o Senhor; cada um, de coração disposto voluntariamente a trará por oferta ao Senhor” Pv 3:9
2o Co 9:7 “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não se façam coletas quando eu for” 1o Co 16:2
“Quando alguém oferecer sacrifício pacífico ao Senhor, quer em cumprimento de voto, ou como oferta voluntária... deve ser sem defeito.”
“Evitando... assim, que alguém nos acuse em face desta generosa dádiva administrada por nós”
“Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda”
Lv 22:21
Pv 3:9
2o Co 8:20
O Declínio das Ofertas Um estudo da Universidade Estadual do Arizona (EUA) buscou saber o que motiva a generosidade e o que a religião tem a ver com isso. Queriam saber o que há na experiência religiosa que daria origem, a generosidade. A conclusão é a de que, para muitos dos participantes da pesquisa “a experiência de ser generoso é, em si, profundamente religiosa”. Revista Viva Saúde, outubro de 2012.p.83. Precisamos urgentemente experimentar em nossa vida espiritual o reavivamento e reforma, pois a cada dia o mundo tem tentado nos seduzir para gastarmos com coisas desnecessárias e colocamos menos dinheiro no que é mais importante: a construção do reino de Deus. Veja como tem sido as nossas ofertas nestas últimas década. 10
ANO
DÍZIMO
OFERTA
1930
R$ 1,00
R$ 0,64
1950
r$ 1,00
R$ 0,36
1970
r$ 1,00
R$ 0,22
1990
r$ 1,00
R$ 0,12
2003
r$ 1,00
R$ 0,07
2012
r$ 1,00
R$ 0,04
Ofertas segundo Deus PRIMEIRO: As Primícias: “Devemos fazer ao Senhor a primeira doação de todas as nossas receitas...” C.M. p. 68.
Planejada: “Essa questão de dar não é deixada ao impulso.” C.M. p. 68 e 81.
Com Alegria: “Devemos levar nossas ofertas com alegria e gratidão, dizendo ao apresentá-la: das Tuas mãos voluntariamente Te damos. . .” CSM, p.198.
SEGUNDO: A Bênção: “E celebrareis a festa... ao Senhor teu Deus, com ofertas voluntárias... segundo o Senhor Teu Deus te houver abençoado”. Deut. 16:10. Proporcionais: “No sistema bíblico de dízimos e ofertas, as quantias devolvidas e doadas variarão muito, visto serem proporcionais às rendas”. CM. p. 73. Por Amor: “Se amarmos a Jesus, gostaremos de para Ele viver, de apresentar-lhe nossa oferta e gratidão...” CM. p. 197. Para Deus: “Ide ao Senhor... e manifestai vossa apreciação da liberalidade de Deus levando-Lhe vossas ofertas de gratidão, ofertas voluntárias...” CM. p. 198.
60%
Essa parte da oferta fica para as despesas (água, luz, departamentos, etc) de sua igreja “a fim de promover a reunião do povo para o serviço religioso” (Patriarcas e Profetas, p. 565)
20%
20%
Essa parte da oferta segue para: Essa parte da oferta Campo local 70 %, União 18% e vai para os projetos missionários mundiais. Divisão 12%.
PACTO DE AMOR
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SEGUNDO DÍZIMO e o pacto de Amor Se o dízimo não pode ser usado para reformas de templos ou outras necessidades comuns da igreja, com que recursos devem ser pagas as despesas da igreja local e evitar que a mesma passe por situações difíceis? Satanás tem se utilizado de tal situação para confundir muitos cristãos, levando-os a questionar a organização da Igreja, fazendo com que alguns sejam tentados a usar o dinheiro do dízimo para despesas locais, porém isso não tem apoio bíblico, pois não é esse o plano de Deus. As despesas da igreja local devem ser pagas com recursos também instituídos por Deus, conhecidos como ofertas. Ele apresentou um plano de ofertas para Israel, que, se adotado nos dias de hoje, pode levar a uma revolução financeira nas congregações. Será mostrado aqui este plano instituído por Deus, que constitui a proposta principal desta obra e que poderá levar a um avanço na Igreja e a uma mudança espiritual na vida das pessoas que decidirem livremente adotar esse princípio. O livro de Deuteronômio, especialmente nos capítulos 12, 14 e 26 oferece uma orientação dada ao povo pelo Senhor. “Perante o Senhor, teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos de seu cereal, do teu vinho, do teu azeite e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer o Senhor, teu Deus, todos os dias” (Dt. 14:23). Estamos vendo aqui neste texto Deus mandando o povo comer do 12
dízimo. Não parece aqui uma contradição? Nós vimos até aqui que os dízimos são exclusivamente para o sustento dos que dedicam a vida ao ministério? Por que, então, a Bíblia pede para o cidadão comum comer dos dízimos? Realmente toda a Bíblia ensina que o dízimo deve ser entregue ao Senhor (Mal. 3:10; Lv. 27:30; Num. 18:2). Mas também é clara a ordem de Deus em Deuteronômio 14 dizendo: “Comerás os Dízimos de seu cereal, do teu vinho, do teu azeite.” Para entender o que está acontecendo, é bom lembrar que a Bíblia não entra em contradição. Por essa razão, entendemos que o texto está se referindo a um segundo dízimo que existia em Israel, proposto por Deus. Considerando que, assim como havia muitos sábados cerimoniais mas apenas um único Sábado santificado semanalmente, assim também havia outros dízimos junto com o dízimo sagrado. E Ellen White confirma dizendo: “A fim de promover a reunião do povo para o serviço religioso, bem como para se fazerem provisões aos pobres, exigia- se um segundo dízimo de todo o lucro” [Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993), 530]. O Israelita dava também outro dízimo além daquele que era destinado a manter o rei (ISa. 8:14). Enquanto o segundo dízimo era destinado às festividades do templo e ao auxílio humanitário a pobres, viúvas e estrangeiros, o dízimo do rei foi estabelecido para o sustento do governo e de todos os gastos da administração de Israel. Hoje,
como no passado, ele continua em forma de impostos cobrados pelo governo. Sabe-se, então, que o primeiro dízimo é destinado por Deus para o sustento dos obreiros na causa do Senhor. O terceiro dízimo tem sua equivalência nos impostos instituídos pelo governo. E quanto ao segundo dízimo? Este ainda vigora até os dias de hoje? Ele era uma oferta destinada para manter as festividades religiosas e promover a fraternidade, companheirismo e especialmente promover a vida religiosa do povo. “A consagração a Deus de um décimo de toda a renda, quer fosse dos pomares quer dos campos, dos rebanhos ou do trabalho mental e manual, a dedicação de um segundo dízimo para auxílio dos pobres e outros fins de benevolência, tendia a conservar vívida diante do povo a verdade de que Deus é o possuidor de todas as coisas, e a oportunidade deles para serem portadores de Suas bênçãos. Era um ensino adaptado a extirpar toda a estreiteza egoísta, e cultivar largueza e nobreza de caráter.” [Ellen G. White, Educação (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993), 44. 33 Ellen G. White, Testemunhos Seletos vol.1 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993), 385]. Através do segundo dízimo eram incentivadas a generosidade, a caridade e a cidadania. Essa prática deveria ser feita por dois anos seguidos para festividade em família, mas, ao terceiro ano, era dedicada aos pobres. “Ao fim de cada três anos tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano, e os recolherás na tua cidade. Então virá o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva, que estão dentro de sua cidade, e comerão, e se fartarão para que o Senhor teu Deus te abençoe em todas as obras que as tuas mãos fizerem” (Dt. 12,14 e 26). O segundo dízimo se revertia em benefícios aos pobres e aos adoradores em família.As Sagradas Escrituras apresentam as ofertas como uma expressão de amor por Cristo. Uma maneira de expressar o sentimento de amor e gratidão pelo sacrifício de Cristo por nós é dando ofertas para levar almas ao conhecimento da Verdade. Cristo se ofereceu voluntariamente por nós na cruz do calvário, dando-se, como uma oferta de sacrifício, em favor da humanidade. Assim, a forma correta de ofertar é estabelecendo uma porcentagem de sua renda e dando sistematicamente para o sustento da igreja local. “As igrejas que são sistemáticas e liberais em sustentar a causa de Deus, são espiritualmente as mais prósperas. A saúde espiritual e a prosperidade da igreja dependem, em alto grau, de sua doação sistemática”. Vivemos em uma época áurea da história deste mundo, onde todo esforço deve ser feito para levar o evangelho a um mundo a perecer. “Agora Deus requer não menores, mas maiores dádivas que em qualquer
outro período da história do mundo. O princípio estabelecido por Cristo é que as dádivas e ofertas sejam proporcionais à luz e as bênçãos fruídas. E disse: A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá” [Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol 1 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1993), 371. 35 “The need of the Cause in Austrália, needs,” 4 de julho de 1903. pag.21]. (Lc. 12:48). Ellen White e os pioneiros da igreja sabiam que não era exigido deles um segundo dízimo, mas há registros que nos mostram que espontaneamente eles o davam para ajudar na pregação. Não encontrei em minhas pesquisas nenhum texto de Ellen White dizendo que não devemos dar um segundo dízimo como oferta, ou que não é necessário fazer isso. Há um silêncio que é quebrado apenas pela prática desta oferta pelos pioneiros diante das grandes necessidades da obra. Os pioneiros davam um segundo dízimo porque queriam ver o crescimento da igreja, e, motivados pelo amor a Jesus, queriam vê-lo o voltando logo. Os pioneiros sabiam que o dízimo deveria ser reservado para os obreiros evangelistas, então decidiram dar uma oferta generosa para as construções e outros empreendimentos. Isso explica porque um grupo tão pequeno, que em muitos momentos passava por várias dificuldades financeiras, conseguia construir prédios maravilhosos, e fazer obras fantásticas. Na Austrália, Ellen White, em pouco tempo, conseguiu mobilizar os irmãos para grandes empreendimentos através do segundo dízimo. “Nossos companheiros de trabalho na Austrália responderam animosa e entusiasticamente e o segundo dízimo foi reservado para aumentar o fundo de construção. Houve muitos donativos... Representando indivisível abnegação.” [Ellen G. White, The need of the Cause in Austrália, needs, 4 de julho de 1903, p. 21.] Se Deus exigia de Seu povo no passado um segundo dízimo para suprir as necessidades dos pobres e ajudar nas festividades; se os pioneiros utilizaram-se desse recurso por amor à pregação do evangelho e pela sensibilidade às grandes necessidades da obra; quanto deveríamos dar de oferta hoje? Qual seria a porcentagem ideal para se ofertar? Um, dois, três, ou quatro por cento da renda? Quando Abrão pediu a Deus para poupar Sodoma e Gomorra ele apresenta uma certa quantidade de pessoas. No primeiro momento, cinquenta justos, em seguida, ele pede a Deus para poupar a cidade caso houvesse ali quarenta justos, posteriormente trinta, depois vinte e por fim dez justos (Gn. 18:26). Ele pára nos dez, porque ele entendia que dez era o mínimo e assim ele não continuou. Quando PACTO DE AMOR
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Deus pede para o Cristão o dízimo ele está pedindo o mínimo em uma sociedade dEle com o homem. E quando Ele nos deixa livres para dar o quanto quisermos? Não deveríamos dar pelo menos o mínimo? A intenção de muitos pregadores sempre foi ensinar a igreja a dar uma oferta proporcional ao dízimo, mas muitos ficam temerosos em se posicionarem dessa forma e, quem sabe, serem confundidos com alguns líderes religiosos de outras denominações que exploram a boa fé da irmandade. Alguém disse que deveríamos começar ofertando um, dois, três... até chegar aos dez por cento, por que não começar logo com os dez por cento, se é o ideal? Uma resposta comum é: sugerimos ser gradativa para que as pessoas possam acostumar aos poucos a ofertar sem muito sacrifício e sem fazer falta. Mas a oferta deve ou não fazer falta? Jesus não simboliza a oferta perfeita? Ele fez falta para o céu? A oferta é na realidade o símbolo de Cristo Jesus e deve ser um ato
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de sacrifício para nós. É exatamente abrir mão de algum benefício próprio e canalizar o recurso para ajudar a obra de Deus, não por obrigação, mas como um gesto espontâneo de amor e gratidão. Cristo deu a Sua vida e espera que Seus seguidores façam o mesmo, um ato de fé e dedicação para a salvação de pessoas. Os braços abertos de Cristo na cruz do calvário nos desautorizam a ficar de braços cruzados. Ao devolver o dízimo e dar a oferta, esses atos significam a entrega da vida ao serviço do Senhor, porque dinheiro é vida. Pessoas que resolveram dar um segundo dízimo por livre e espontânea vontade, para ajudar a obra de Deus, assim como o povo de Israel e os pioneiros, experimentaram não só uma revolução espiritual em suas vidas, mas como também em suas estruturas financeiras. Experimente você também, seja um pactuante, entre no plano do PACTO DE AMOR.
PERGUNTAS SOBRE A ADMINISTRAÇÃO DA IGREJA E OS RECURSOS 1) O sábado é mais importante do que o dízimo pelo fato de ter sido criado por Deus e de ser chamado “Santo Dia do Senhor”?
2) Deve-se dizimar daquilo que se recebe por herança, presentes ou dinheiro achado?
3) Pode um não dizimista ser oficial da igreja?
6) Deve-se restituir os dízimos atrasados?
7) Se não puder restituir os dízimos atrasados, estará perdido ou perdoado?
8) Não concordando com a administração da igreja ou associação, posso destinar o dízimo como achar melhor?
4) No caso de pessoas físicas, deve-se dizimar sobre o bruto ou sobre o líquido?
9) Pode-se receber dízimos sem saber de sua origem?
5) Sendo empresário, agricultor ou autônomo, devo dizimar sobre o bruto ou sobre o líquido?
10) Quanto mais eu der para Deus, de coração, mais Ele me dará?
PACTO DE AMOR
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