1º lugar no Concurso de Estudantes do 4º Congresso Internacional de Arquitetura Paisagística

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O LUGAR: INDAIATUBA-SP

Em sua primeira etapa, feita na escala do centro antigo, a proposição se deu pela criação de percursos articulados por espaços livres, existentes e propostos, e locais relacionados com a memória. A relação é feita entre a maior e mais importante área verde e esse centro de forma que esse ultimo seja revalorizado como polo gerador de interesse cultural. Como o parque é acessível para toda a população, devido a sua localização e extensão, a intervenção torna visível essa zona central para o resto da cidade.

Relacionar as duas centralidades é uma tentativa de condensar questões de uma realidade múltipla que faça um contraponto entre o passado e o presente, na tentativa de contemplar um ambiente urbano que evoque narrativas relacionadas às nossas lembranças vividas e, portanto, à memória coletiva.

Para o desenvolvimento das estratégias, foi feito um recorte para a intervenção projetual: a rua São Carlos, onde as pontas relacionadas e contrapostas constituiram um percurso contemplativo. A escolha foi pautada nos seguintes fatores:

As relações estabelecidas entre pessoas, tempo e espaço possibilitam a valorização de uma cidade e se constituem como patrimônio de uma sociedade (Bachelard In: Ortegosa, 2009), e é por isso que a memória possui um importante papel na constituição da identidade na vida urbana. Se o objetivo é construir uma cidade para quem a habita, a identidade é um elemento fundamental, pois é ela que evoca o sentimento de pertencimento na população (Lerner, 2013).

A cidade de Indaiatuba, localizada a 90km da capital São Paulo, tem a sua recente expansão e traçado urbano norteados pelo projeto do Parque Ecológico, do arquiteto e urbanista Ruy Ohtake. Essa proposta de parque linear, que atravessa a cidade em toda sua extensão, constitui o Plano Diretor de 1989 que estabeleceu diretrizes de crescimento urbano para mitigar os problemas de mal planejamento da urbanização acelerada.

. a fábrica Villanova, uma área industrial e antiga que se encontra desfuncionalizada e descontextualizada. . o contato com o parque em uma área que não possui atrativos, e que hoje em dia se configura mais como passagem. . as pontas da rua, que consistem em pontas do eixo de movimento e do eixo de enraizamento - o encontro com o parque ecológico e o encontro com a parte do centro mais ativa.

DIRETRIZES URBANAS: LINHAS DE FORÇA

IMPLANTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA INTERVENÇÃO URBANA

recorte de rua a ser projetada

CARÁTER OBJETIVO Percurso de movimento Rodoviária

CARÁTER OBJETIVO

No entanto, a área mais antiga da cidade, onde foi consolidado o centro antigo - ponto inicial de estruturação da cidade com edificações testemunhas da sua origem - vem perdendo sua força simbólica e cultural. Nos Planos Diretores atuais, essa área chamada de “zona central” não possui diretrizes e especificações referentes a questão do patrimônio ou de sua manutenção e desenvolvimento urbano. Hoje em dia, o que se vê é esse centro gradualmente se esvaziando e perdendo sua memória, enquanto o vetor de crescimento do parque ganha cada vez mais força. É possível, dessa maneira, identificar e diferenciar dois momentos da cidade a partir de suas centralidades: o primeiro consiste nas dinâmicas urbanas voltadas para o centro antigo; o segundo revela um novo centro que surge, no eixo do Parque Ecológico linear.

Incentivo à presença de fachada ativa

EIXO DE MOVIMENTO: CONEXÃO DE CENTROS _criar ligação que passa por todo o centro e o liga com o parque _relacionar pontos de convergência - pontos nodais-, pensar mobilidade e rua ativa

CARÁTER SUBJETIVO Ponto de convergência do eixo de enraizamento

CARÁTER SUBJETIVO

Percurso de enraizamento Deriva narrativa

EIXO DE ENRAIZAMENTO: CRIAR MEMÓRIA _criar percurso de contemplação a história _relacionar pontos de convergência - locais históricos-, legitimar potencial cultural

A proposta de intervenção convida a se pensar em um terceiro momento para Indaiatuba, onde a camada de atuação é a cidade preexistente e a investigação projetual se condensa no reconhecimento das duas temporalidades através da sua conexão. A intenção foi partir de um princípio regido pelo conjunto de potenciais de um ambiente urbano, compreendendo não só o construído, mas também fatores subjetivos, como a sensação que um lugar proporciona, um fascínio ou sedução ligados à memória e à identidade.

Áreas relacionadas à memória articuladas na intervenção Edifícicações relacionadas à memória

DERIVAS NARRATIVAS: PENSAR NO PERCURSO DO TEMPO _legitimar a existência das temporalidades (o que foi, o que é, o que vai ser) _relacionar parque e centro através de percursos conteplativos _articulação por meio de locais históricos e espaços livres

Áreas de intervenção paisagística e/ou redesenho urbano Praças articuladas na intervenção 0

90

450

Redesenho do córrego Barnabé

900 escala gráfica

CONTRAPONTO A INTERVENÇÃO NA RUA

ressignificação de fluxos e centralidades Para a nova entrada do Parque Ecológico, foi projetado um espaço que se abre para a área verde, com uma praça de transição e uma passarela de pedestres. Ela abrange uma quadra que é predominantemente habitacional, exceto pela borda ao lado da marginal, e um trecho do parque onde o córrego se abre para um pequeno lago. A ideia era criar um espaço de contemplação e transição, que fosse uma entrada do parque para a intervenção e vice-versa.

CORTE AA 631,00

613,60 611,00 609,00

CORTE BB

Em dois grandes gestos, a ponte realizada nessa centralidade constitui em sua forma: Um novo marco urbano vertical, onde o pilar de concreto se encrusta no meio do lago e o seu pico se encontra na mesma cota que o local de intervenção no centro antigo; e uma travessia de pedestre, que indica, a partir de sua horizontalidade flutuante, o percurso para a outra ponta da intervenção, e que possibilita o acesso peatonal e ininterrupto.

lago redesenhado

arquibancada verde

deck

marginal

0

“prainha”

5

deck

25

arquibancada de concreto

50 escala 1:500

631,00

613,60 611,00 609,00

passarela

lago novo caminho redesenhado do parque

marginal

O CONTATO COM O PARQUE D

B C C A

A

D

B 0

10

50

100

200

escala gráfica

A FÁBRICA COMO CONVERGÊNCIA CORTE CC

662,96

639,60 637,00 ESPAÇO VILLANOVA

634,10 631,00

deck contínuo

aspersores d’água

área de apoio para as quadras

mirante

CORTE DD

662,96

639,60 637,00 634,10 631,00

estacionamento

biblioteca/ mediateca

passarela

mirante

pavilhão 0

arquibancada verde 5

cemitério 25

50 escala 1:500

A fábrica Villanova fica na cota mais alta da intervenção, em contraponto com a ponte que se localiza no outro extremo da área de intervenção, no Parque Ecológico. Em associação com o pavilhão e o edifício mirante, que olha para diversos pontos da cidade, a fábrica se constitui como um novo local cultural para Indaiatuba, onde o programa de uma biblioteca/ mediateca e um auditório são propostos. Junto a ele, um novo espaço público é criado, com locais de estar, cinema ao ar livre, parque infantil e quadras esportivas.


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