Iniciação científica | Córrego do Lajeado: a água como disparador de projeto urbanístico

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CÓRREGO DO LAJEADO: A água como disparador de projeto urbanístico Relatório Final de Pesquisa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC/CNPq

PRISCILLA EMI KAKAZU

Orientador: Prof. Dr. Renato Luiz Sobral Anelli

SÃO CARLOS AGOSTO DE 2016


SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... 3 1.

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

2.

OBJETIVOS .............................................................................................................. 7

3.

CRONOGRAMA E METODOLOGIA ........................................................................... 8

3.1.

Cronograma das atividades realizadas ........................................................................ 8

3.2.

Descrição das etapas ................................................................................................... 9

4.

RESULTADOS FINAIS ............................................................................................. 11

4.1.

Discussões iniciais e revisão bibliográfica .................................................................. 11

4.1.1.

Participação no seminário Planning by Conflicts .................................................... 13

4.1.2.

A Master Thesis de Paula Saldaña .......................................................................... 14

4.2.

Análise iconográfica .................................................................................................. 15

4.2.1.

O Itaim Paulista ...................................................................................................... 15

4.2.2.

A bacia hidrográfica do Lajeado ............................................................................. 20

4.3.

Referências projetuais .............................................................................................. 33

4.4.

Proposições projetuais .............................................................................................. 35

4.4.1.

Tipologias de infraestrutura verde ......................................................................... 36

4.4.2.

Propostas finais ...................................................................................................... 39

5.

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 49

6.

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 51

ANEXOS ........................................................................................................................ 53

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LISTA DE FIGURAS Figura 1: Mapa da aglomeração urbana de São Paulo. ............................................... 11 Figura 2: Seção transversal da intervenção no corredor de ônibus Itaim Paulista-São Mateus, proposto por Saldaña .................................................................................... 14 Figura 3: Mapa de ações prioritárias do sistema de transporte público coletivo. .............. 15 Figura 4: Mapa de riscos (1) sobreposta com dados do obtidos no Sistema de Consulta do Mapa Digital da Cidade de São Paulo (2). ................................................................... 16 Figura 5: Mapa de pontos críticos no Itaim após chuvas do dia 9 de janeiro de 2016. ...... 17 Figura 6: Registro da avenida Marechal Tito no dia 9 de janeiro de 2016. ......................... 18 Figura 7: Mapa de Ações Prioritárias no Sistema Público Coletivo sobreposta com o mapa de Rede Hídrica Ambiental e Sistemas de Áreas protegidas, verdes e Espaços Livres. ..................................................................................................................................... 18 Figura 8: Mapa da Proposta de Revisão do Zoneamento do Município de São Paulo – Itaim Paulista. ....................................................................................................................... 19 Figura 9: Vista de topo da maquete. ................................................................................... 20 Figura 10: Perspectiva 1 da maquete. ................................................................................. 21 Figura 11: Perspectiva 2 da maquete. ................................................................................. 22 Figura 12: Mapa esquemático da bacia hidrográfica do córrego do Lajeado. .................... 23 Figura 13: Lajeado – Área precária e estreita do córrego ................................................... 24 Figura 14: Lajeado – Área de passagem sobre o córrego. ................................................... 24 Figura 15: Lajeado – Área livre desvalorizada ao lado do córrego. ..................................... 24 Figura 16: Lajeado – Área de passagem do corredor de ônibus planejado. ........................ 24 Figura 17: Afluentes – Área de encontro de afluente com Lajeado. ................................... 25 Figura 18: Afluentes – Área de passagem sobre afluente canalizado. ................................ 25 Figura 19: Afluentes – Abertura de afluente canalizado. .................................................... 25 Figura 20: Afluentes – Espaço estreito e precário de passagem de afluente. ..................... 25 Figura 21: Mapa esquemático da bacia e levantamento fotográfico referenciado. ........... 27 Figura 22: Levantamento fotográfico Urbano x Córrego e Tipologias Físicas ..................... 28 Figura 23: O corredor de ônibus, a lei de zoneamento e o cenário ambienta ideal. .......... 30 Figura 24: Estratégias e possíveis cenários ......................................................................... 31 Figura 25: Corte esquemático AA. ....................................................................................... 32 Figura 26: Corte esquemático BB. ....................................................................................... 32 Figura 27: Corte esquemático DD. ...................................................................................... 32 Figura 28: Corte esquemático CC. ....................................................................................... 32 Figura 29: Lagoa seca em área residencial .......................................................................... 33 Figura 30: Jardim de chuva em área residencial ................................................................. 33 Figura 31: Alagado construído 1 em conjunto habitacional ................................................ 34

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Figura 32: Alagado construído 2 em de conjunto habitacional ........................................... 34 Figura 33: Lago construído em campus da UT Austin ......................................................... 34 Figura 34: Barragem com passarela de pedestres .............................................................. 34 Figura 35: Corte – relação córrego x edifício ....................................................................... 34 Figura 36: Perspectiva de ambiência ................................................................................... 34 Figura 37: Esquema de teto verde ...................................................................................... 36 Figura 38: Esquema de biovaleta ........................................................................................ 36 Figura 39: Esquema de jardim de chuva ............................................................................. 37 Figura 40: Esquema de alagado construído ........................................................................ 37 Figura 41: Esquema de lagoa pluvial ................................................................................... 38 Figura 42: Esquema de bioengenharia ................................................................................ 38 Figura 43: Esquema de barragem ........................................................................................ 39 Figura 44: Recortes selecionados para desenvolvimento ................................................... 40 Figura 45: Proposta final de implantação do Recorte 1 ...................................................... 42 Figura 46: Diagrama de fluxos do Recorte 1 ....................................................................... 43 Figura 47: Diagrama de usos do Recorte 1. ......................................................................... 43 Figura 48: Corte transversal do Recorte 1 ........................................................................... 44 Figura 49: Proposta final de implantação do Recorte 2 ...................................................... 45 Figura 50: Diagrama de fluxos do Recorte 2 ....................................................................... 46 Figura 51: Diagrama de usos do Recorte 2 .......................................................................... 46 Figura 52: Corte transversal do Recorte 2 .......................................................................... 47 Figura 53: Áreas para cálculo de coeficiente de aproveitamento ....................................... 48 Figura 54: Estudo: croqui de perspectiva do Recorte 1 ....................................................... 50 Figura 55: Estudo: croqui de perspectiva do Recorte 2 ....................................................... 50

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1. INTRODUÇÃO O relatório final apresentado descreve o processo da aluna Priscilla Emi Kakazu durante o período de Projeto de Iniciação Científica elaborado ao edital PIBIC 2015/2016, concedida pelo CnPQ. O trabalho, orientado pelo Prof. Dr. Renato Luiz Sobral Anelli, teve a extensão de um ano, de agosto de 2015 a agosto de 2016. Essa pesquisa, assim como outras, está inserida dentro do âmbito do grupo de pesquisa Arqbras do IAU-USP de São Carlos. O trabalho em questão discute o papel dos cursos d’água no meio urbano das cidades atuais e como se dá a sua interrelação. O interesse da pesquisadora pelo tema surgiu durante o seu intercâmbio para a École Nationale Supérieure d’Architecture de Paris-Belleville, no período letivo de 2013 a 2014, com a disciplina de projeto urbano Interfaces metropolitaines – Transformations urbaines et approches environnementales, onde se discutiu o destamponamento de um curso d’água na cidade de Saint-Denis e as suas consequências em escala urbana. Consciente da relevância do tema dentro do contexto urbanístico no Brasil, no presente trabalho o objetivo principal foi conceber possibilidades de articulação de infraestruturas hídricas e mobilidade urbana, em conjunto com necessidades sociais, através de intervenções urbanísticas em uma situação concreta e brasileira. A cidade de São Paulo, por possuir políticas públicas setoriais, trata as demandas sociais, urbanas e ambientais de maneira segmentada, de modo que as medidas implementadas não conseguem de fato suprir as necessidades reais do grande centro urbano. No entanto, esse cenário vem gradualmente se alterando; um exemplo é a revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) paulistano, iniciada em 2013 e concluída em 2014. Com o estabelecimento de diretrizes apoiadas na concepção de adensamento populacional nas áreas que abrangem a rede de transporte

público

(“Eixos

de

Estruturação

da

Transformação

Urbana”),

associadas ao favorecimento à população de renda mais baixa para a instalação nas localidades, o plano mostra uma nova possibilidade de integração das

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camadas urbanas da cidade. No entanto, devido as inúmeras condicionantes a serem consideradas na implementação das ações na escala local, além do favorecimento de projetos isolados pelas estruturas de gestão pública, a manutenção do caráter integrador do PDE na concepção das ações foi colocado em pauta. Dentro desse contexto, durante o período de 18 a 23 de março de 2014, foi realizado - numa ação conjunta de professores e pesquisadores do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP de São Carlos, da Escola de Engenharia da USP de São Carlos e da Hafencity University de Hamburgo, Alemanha - o workshop Estudos Urbanos SP: Novas Linhas de Mobilidade, voltado ao impacto do corredor de ônibus na bacia do córrego Lajeado, no Itaim Paulista, Zona Leste de São Paulo. O estudo, que teve caráter experimental, analisou a capacidade dos instrumentos do PDE para integrar ações que devem necessariamente acompanhar a implantação dos corredores de ônibus com o córrego. Ele explorou a proximidade das vias e do adensamento às Áreas de Proteção Permanente de cursos d’água e propôs a implantação do corredor ambiental urbano na localidade. Dentro dessa discussão, a iniciação científica apresentada teve também como ponto de partida a bacia hidrográfica do Lajeado. Dessa maneira, pretendeu-se discutir o papel dos recursos hídricos nas cidades atuais, em conformidade com a discussão desenvolvida pelo estudo do workshop. A possibilidade de investigá-lo como uma potencialidade para projeto foi vista como instigante para a produção estratégias urbanas alternativas – mais integradas e sustentáveis no âmbito social, ambiental e econômico – e o desenvolvimento de uma metodologia de projeto urbano com o trânsito de escalas.

PALAVRAS-CHAVE: projeto urbano, urbanismo, meio ambiente, Itaim Paulista, Córrego do Lajeado, São Paulo, Plano Diretor Estratégico.

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2. OBJETIVOS A pretensão foi realizar um estudo que contribuísse, em conjunto com os outros trabalhos conduzidos pelo orientador, para o desenvolvimento de uma metodologia e experiências de projeto urbano. Esse trabalho partiu da região de influência da bacia hidrográfica do Lajeado, dentro da discussão do papel dos recursos hídricos nas cidades atuais, junto com a discussão do workshop Estudos Urbanos SP: Novas Linhas de Mobilidade, com o intuito de contribuir na discussão da drenagem e meio ambiente da cidade de São Paulo.

Objetivos específicos:

Estudar diretrizes ambientais, sociais e de mobilidade, a partir de um corpo d’água.

Trabalhar em áreas diversas da bacia hidrográfica para desenvolver estratégias variadas ao longo do córrego.

Desenvolver uma metodologia que possa ser implementada em outras situações concretas, com características equivalentes.

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3. CRONOGRAMA E METODOLOGIA

3.1.

Cronograma das atividades realizadas

1. 2. 3. 4. 5.

AGO

SET

OUT

NOV

DEZ

JAN

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN

JUL

Etapa 01: Revisão bibliográfica e referências projetuais Etapa 02: Estudo de caso
 Etapa 03: Monitoria em disciplina optativa de projeto urbano Etapa 04: Estudo de experiências práticas de projeto urbano Etapa 05: Elaboração do relatório

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3.2.

Descrição das etapas

Etapa 1: Revisão bibliográfica e referências projetuais: Durante essa etapa, foi realizada uma pesquisa sobre o contexto do desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo ao longo de sua história e do novo Plano Diretor Estratégico (2014), com foco na questão hidrográfica. A bibliografia foi construída com base em documentos do acervo das bibliotecas da FAU-USP, IAU-USP, da EESC-USP e do site da Prefeitura de São Paulo. Julgou-se importante compreender o cenário em que a área de análise – o córrego do Lajeado - se insere, tanto na história da cidade, como também dentro da discussão do plano, tendo em vista hidrografia, meio ambiente urbano e mobilidade da cidade. Além disso, foram pesquisadas referências de tipologias de infraestrutura verde para serem aplicadas em projeto. Etapa 02: Estudo de caso:
Após a revisão bibliográfica, foram realizadas análises iconográficas (cartográficas, fotográficas e de modelagem territorial) em duas escalas diferentes. Em um primeiro momento, foi feito o recorte do distrito para compreender aspectos da ocupação do solo, da hidrografia, áreas de risco, transporte público, etc. No recorte mais aproximado, da bacia hidrográfica do Córrego do Lajeado, foram analisados os afluentes, áreas não construídas no entorno imediato e pontos de potencial paisagístico. Foi realizada também, em conjunto com o orientador, uma visita ao Itaim Paulista, no qual o registro fotográfico explorou as tipologias físicas de gestão de água na bacia hidrográfica, as ambiências no entorno do córrego e os seus diferentes cenários hidrográficos. Os programas usados para produção gráfica foram o AutoCad e o Adobe Illustrator. O cálculo de vazão, que havia sido previsto no relatório intermediário para o segundo semestre da pesquisa, não foi realizado devido a um acordo da pesquisadora com o orientador em investigar mais o conjunto das diversas camadas sobrepostas, consciente de que estas seriam mais determinantes para o desenvolvimento de um desenho urbano que contemplasse as qualidades do local.

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Etapa 03: Monitoria em disciplina optativa de projeto urbano: A pesquisadora atuou como monitora na disciplina optativa de workshop “Planos, projetos e políticas integradas para a renovação urbana da bacia hidrográfica do Simeão, São Carlos, SP” do IAU-USP, na qual o orientador atuou como um dos docentes. Em sua proposta, a disciplina realizou uma experiência de ateliê vertical e contemplou o pensar a cidade através da integração de diferentes campos disciplinares. Realizada na Bacia Hidrográfica do Córrego do Simeão, em São Carlos, a proposta de destamponamento do rio em território urbanizado, associada a estratégias projetuais diversas, se assemelhou ao trabalho realizado pela pesquisadora em sua iniciação científica. Durante o decorrer da disciplina, a pesquisadora teve seu trabalho apresentado durante a aula expositiva do orientador, escreveu o relatório de ações das aulas, prestou auxílio aos grupos durante a experiência do workshop e fez a apresentação da disciplina para o Seminário "A transdisciplinaridade no ensino de graduação", do IAU-USP, que ocorreu no dia 15/06/2016. Etapa 04: Estudo de experiências práticas de projeto urbano: Para o desenvolvimento de projeto urbano, foi feito em um primeiro momento o direcionamento geral de diretrizes na escala da bacia, com croquis e peças esquemáticas que expuseram as intenções para cada local. Após essa etapa, foram selecionados dois recortes exemplares que foram trabalhados a partir da escala 1:2000 e finalizados na escala 1:500 e 1:200, em implantações, cortes e perspectivas. Para a instrumentalização das estratégias, foi feita uma seleção de tipologias verdes variadas para a gestão das águas, tanto pluvial quanto fluvial. Foi feita também uma análise comparativa entre a Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo e os dados técnicos de densidade e coeficiente de aproveitamento, para garantir que o projeto estava de acordo com as exigências quanto à área construída. Etapa 05: Elaboração do relatório: Nessa etapa descritiva, que é a finalização da iniciação científica, foi feita a organização de todas as informações e dados coletados e a descrição da metodologia do processo projetual.

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4. RESULTADOS FINAIS 4.1.

Discussões iniciais e revisão bibliográfica

A cidade de São Paulo teve sua origem em 1554 com a construção de um colégio jesuíta entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí, onde já existia a vila tupi Piratininga. No entanto, esses dois corpos d’água, testemunhas do nascimento da cidade, foram desaparecendo ao longo do tempo com o decorrer do processo de urbanização e tornaram-se invisíveis (FERRAZ ET AL, 2009). A aglomeração urbana que ocupa praticamente toda a parte central da Bacia do Alto Tietê possui muitos dos córregos canalizados em galeria, o que tornou impossível distingui-los pela foto aérea (MONTEIRO JR., 2011, pág. 14). Em São Paulo, hoje, essa grande quantidade de cursos d’água praticamente não fazem mais parte da paisagem urbana devido aos procedimentos adotados em obras viárias, de drenagem ou de saneamento, na urbanização intensa da cidade.

Figura 1: Mapa da aglomeração urbana de São Paulo. Fonte: Cesad - Mapas da evolução urbana de São Paulo; Emplasa - Sistemas viários, curvas de nível, hidrografia e limites; Banco de dados espaciais da Bacia do Alto Tietê.

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A coincidência dos traçados viários com as planícies e fundos de vale, identificada por autores como Travassos (2010), revela a acomodação de sistemas viários nesses locais de características geomorfológicas favoráveis a circulação - sobre ou ao lado do curso d’água - decorrente de políticas implementadas a partir da década de 1970. Os rios, córregos e várzeas de São Paulo foram ocupados de forma estritamente funcional e os seus potenciais paisagísticos não foram desenvolvidos, pois a ocupação urbana se deu de forma acelerada e intensa nos fundos de vale. Assim, os regimes desses cursos d’água foram alterados numa justificativa de embelezamento urbano e solução higienista, de saúde pública ou para alguns problemas resultantes, como erosão; uma lógica que ainda persiste, mesmo com as enchentes de verão recorrentes na cidade. Essa urbanização expõe o desconhecimento ou o descaso que temos com os nossos rios. Não possuímos consciência ou memória de grande parte dos córregos de São Paulo (BARTALINI, 2010) e, apesar da vasta rede hídrica da bacia, a má gestão dos corpos d’água dá espaço até mesmo à escassez no abastecimento da cidade; um exemplo disso é a recente crise hídrica que, contraditoriamente, não acabou com os problemas de enchente da metrópole. Em seu trabalho sobre a relação entre sistema viário e cursos d’água, Anelli (2005) afirma que devemos reverter hábitos enraizados na cultura urbana brasileira no tratamento de nossos rios para atingirmos um novo conceito de cidade: ambientalmente sustentável e ainda em desenvolvimento. Com o objetivo de conquistar um melhor desenvolvimento para a cidade, no dia 30 de julho de 2014, o prefeito Fernando Haddad assinou uma lei (16.050/2014), que aprovou o novo Plano Diretor Estratégico, onde foi estabelecida uma série de princípios e regras para guiar o uso e crescimento de São Paulo nos próximos 16 anos (PMSP, 2014). Como um de seus principais objetivos é humanizar e reduzir a desigualdade sócio-espacial, as diretrizes de desenvolvimento dão bastante destaque para as áreas potenciais em desenvolvimento. O tópico da mobilidade é um dos guias para atingir esse objetivo: por meio da extensão da rede de transporte público e da criação dos “Eixos de Estruturação e Transformação

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Urbana”, se procura uma melhor intercomunicação entre centro e periferia e assim se incentiva o uso do transporte de massa. Além disso, com a densificação perto desses eixos e com a criação de ferramentas que impeçam a valorização imobiliária das áreas, o PDE mostra seu caráter integrador ao discutir diversos temas dentro de um mesmo plano. No workshop Estudos Urbanos SP: Novas Linhas De Mobilidade, realizado em 2014, na cidade de São Carlos, os participantes - Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP de São Carlos, Escola de Engenharia da USP de São Carlos e Hafencity University de Hamburgo, Alemanha – foram convidados a refletir de maneira interdisciplinar dentro do contexto do recente PDE. O projeto focou no Itaim Paulista, último distrito da Zona Leste, onde um trecho do corredor de ônibus planejado acompanha o córrego do Lajeado. Desse modo, as intervenções estruturais pensadas para a localidade foram planejadas ao longo do curso d’água para simultaneamente melhorar problemas sociais, econômicos, de meio ambiente e mobilidade. 4.1.1. Participação no seminário Planning by Conflicts O encontro Planning by Conflicts foi a terceira atividade prevista no projeto de pesquisa Planning and participation: a new agenda for urban and environmental policies in Brazil e aconteceu entre os dias 29 de setembro e 6 de outubro de 2015. O objetivo do encontro, que aconteceu na Universidade São Judas Tadeu (Zona Leste da cidade de São Paulo) foi realizar uma discussão multidisciplinar das políticas ambientais e urbanas no Brasil, com a colaboração da University of Texas (Austin), a Universidade São Judas Tadeu (São Paulo) e o Instituto de Arquitetura e Urbanismo (USP São Carlos). Financiada pela FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - e pela UT Austin, esse encontro, no qual a pesquisadora participou durante o período de debate e mesa-redonda, teve como estudo de caso o Itaim Paulista e a proposta dos corredores ambientais urbanos. Devido às diversas discussões, onde se abordaram conflitos e políticas urbanas, meio ambiente,

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direitos humanos e sociais, foi feito um quadro diagnóstico abrangente do Itaim Paulista, com a participação não só de professores, como também de pessoas da subprefeitura do distrito e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) SP. O evento permitiu uma visão complexa sobre o que é o distrito e sobre os diversos fatores a se considerar e discutir para a implantação do corredor de ônibus. 4.1.2. A Master Thesis de Paula Saldaña A Master Thesis de Paula Saldaña, assim como essa pesquisa, procurou discutir a bacia do córrego do Lajeado dentro da discussão do Workshop. Desenvolvida na

HafenCity Universität Hamburg (HCU), em Hamburgo, a autora procurou discutir um desenho da rede de vias (mais especificamente, o corredor de ônibus) junto com os corpos d’água para reduzir o risco de enchentes, induzir ambientes mais limpos e ilustrar como a infraestrutura verde pode se adaptar ao projeto existente. Além disso, Saldaña também expõe a importância do “water sensitive design of insfrastructure”, para a vida urbana mais sensível e resiliente, e discute a questão das demolições de habitações existentes para a construção do corredor. Ao longo da pesquisa, a autora investigou referências para o desenho de projeto e propôs cenários e possibilidades em um recorte do córrego. As tecnologias implementadas no trecho que ela escolheu para projeto podem ser replicadas em outros pontos do córrego e até mesmo da cidade, tanto diretamente quanto com alterações.

Figura 2: Seção transversal da intervenção no corredor de ônibus Itaim Paulista-São Mateus, proposto por Saldaña Fonte: SALDAÑA, 2015, pág. 64.

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Para a autora, na conclusão de seu trabalho, o water sensitive design deve ser visto como pré-requisito nos projetos urbanos das cidades atuais para a melhoria do estilo de vida da população. Para essa iniciação científica, esse trabalho é uma importante referência por estar dentro da discussão da hidrografia, da paisagem, e por fazer experimentação projetual em um recorte exemplo, com a possibilidade de ser reproduzido em outras localidades.

4.2.

Análise iconográfica

A análise iconográfica foi uma etapa para a leitura da área feita por meio de cartografias, maquete, análise topográfica sobreposta com hidrografia e fotografias. 4.2.1. O Itaim Paulista CARTOGRAFIAS A área de interesse da pesquisa, o Itaim Paulista, se localiza no último distrito da Zona Leste, próximo de cidades

como

Itaquaquecetuba

e

Guarulhos. É uma área com inserção urbana interessante, pois se localiza perto dessas cidades que passam por crescimento populacional, com uma crescente

demanda

de

transporte

público que faça a sua ligação com a concentração de empregos do centro de São Paulo. Figura 3: Mapa de ações prioritárias do sistema de transporte público coletivo. Fonte: <http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos-dalei/>. Acesso dezembro de 2015).

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No entanto, devido a sua urbanização desordenada, associada com as autoconstruções, o distrito possui problemas de saneamento básico e deficiência na infraestutura e transporte (FERNANDEZ, 2015, pág. 13).

Segundo a

Subprefeitura do Itaim Paulista (apud FERNANDEZ, 2015, pág. 14), esse distrito é um dos que a desigualdade e descriminação são mais evidentes em comparação com o resto da cidade. Além disso, a impermebialização do solo e a ocupação desregulada das várzeas dos córregos acarretaram uma série de problemas ambientais, como a poluição dos cursos d’água e as enchentes. Na cartografia abaixo, foi feita a sobreposição do mapa de riscos do PDE com a demarcação dos corpos d’água canalizados e pontos de enchente mapeados pelo Sistema de Consulta do Mapa Digital da Cidade de São Paulo. Nota-se que as Áreas de Risco Geológico em Assentamento Precário coincidem com o traçado dos corpos d’água, assim como os pontos de enchente não necessariamente se encontram só nos pontos mais baixos, pois também estão onde alguns afluentes foram canalizados.

Figura 4: Mapa de riscos (1) sobreposta com dados do obtidos no Sistema de Consulta do Mapa Digital da Cidade de São Paulo (2).

Fontes: (1) <http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos-da-lei/>. Acesso: dezembro de 2015. (2) <http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx>. Acesso: dezembro de 2015.

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Um exemplo que aconteceu recentemente são as enchentes que ocorreram no mês de janeiro de 2016, devido aos altos índices pluviométricos no Itaim Paulista, onde foram registrados diversos pontos de alagamento. Por conta das fortes chuvas que, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), foram equivalentes a mais da metade do esperado para o mês de janeiro, quatro córregos que percorrem o bairro foram transbordados: o Água Vermelha, o Itaim, o Lajeado e o Três Pontes (Central Leste de Notícias, 2016; CGE, 2016). No mapa abaixo, realizado interativamente pela CLN, é possível ver os pontos críticos no distrito após as chuvas. Também se nota que uma das áreas mais afetadas é ao longo do córrego do Lajeado, onde se acumularam diversos pontos de inundação, inclusive em uma das avenidas mais importantes da área – a Avenida Marechal Tito -, além de pontos de desabamento de residências.

Figura 5: Mapa de pontos críticos no Itaim após chuvas do dia 9 de janeiro de 2016. Fonte: <http://www.centrallestenoticias.com.br/alro/noticia/Zona-Leste/3149/chuvas-no-final-de-semana-provocaenchentes-em-diversos-pontos-do-extremo-leste>. Acesso: janeiro de 2016.

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Figura 6: Registro da avenida Marechal Tito no dia 9 de janeiro de 2016. Fonte:<http://www.centrallestenoticias.com.br/al ro/noticia/Zona-Leste/3149/chuvas-no-final-desemana-provoca-enchentes-em-diversos-pontosdo-extremo-leste>. Acesso: janeiro de 2016.

Por conta dessas questões, uma das propostas do Plano Diretor para a área são os parques lineares ao longo das margens dos córregos que cortam o Itaim Paulista. No caso do córrego do Lajeado, essa proposta traz também o novo corredor de ônibus que será implantado na Estrada Dom João Nery, que se situa aproximada e pararela ao curso d’água. Pela sua localização e pela proposta integradora do PDE, é de interesse pensar em um projeto urbano que relacione a hidrografia com a infraestrutura de mobilidade.

Figura 7: Mapa de Ações Prioritárias no Sistema Público Coletivo sobreposta com o mapa de Rede Hídrica Ambiental e Sistemas de Áreas protegidas, verdes e Espaços Livres. Fonte: <http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos-da-lei/ >. Acesso: dezembro de 2015.

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Para isso, é necessário também discutir a nova lei de zoneamento, que caracteriza as ações quanto a ocupação do território. De acordo com o PDE, as ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social – direcionam a política habitacional para a regularização fundiária, urbanização de favelas e construção de novas Habitações de Interesse Social (HIS), beneficiando os habitantes que atualmente vivem em assentamentos precários. No caso da área estudada do Itaim Paulista, o corredor de ônibus e o córrego do Lajeado passam por ZEIS do tipo 1 - zonas ocupadas por populações de baixa-renda, onde há interesse de regularização de favelas e ocupações irregulares (CANDUZINI, 2008, apud FERNANDEZ, 2015, pág. 14) e que são caracterizadas por uma taxa de ocupação específica. Essas diretrizes de ocupação são interessantes, pois não dizem só a respeito da densidade e da questão social, mas também se cruzam com a questão ambiental da área. Isso contribui para o estabelecimento de diretrizes projetuais que discutam as relações que as inúmeras camadas apresentam.

Limite de Subprefeitura Limite do Município de São Paulo Região Metropolitana de São Paulo Mancha Urbana da Região Metropolitana de São Paulo Hidrografia Zona Rural Logradouro Rodoanel Estação de Trem Existente Estação de Metrô Existente Terminal de Ônibus Existente Área de Proteção e Recuperação Ambiental Operação Urbana em Curso Macroárea de Estruturação Metropolitana Cemitério Áreas Públicas Zonas

ZEU-u - Zona Eixo de Estruturação da Tranformação Urbana (urbana) ZEU-a - Zona Eixo de Estruturação da Tranformação Urbana (ambiental) ZEUP-u - Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana Previsto (urbano) ZEUP-a - Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana Previsto (ambiental) ZC-u - Zona de Centralidade (urbano) ZC-a - Zona Centralidade (ambiental) ZC-ZEIS - Zona Centralidade em ZEIS ZCOR 1 - Zona Corredor 1 ZCOR 2 - Zona Corredor 2 ZM 1 - Zona Mista 1 ZM 2 - Zona Mista 2 ZM-a Zona Mista (ambiental) ZEIS 1 - Zona Especial de Interesse Social 1 ZEIS 2 - Zona Especial de Interesse Social 2 ZEIS 3 - Zona Especial de Interesse Social 3 ZEIS 4 - Zona Especial de Interesse Social 4 ZEIS 5 - Zona Especial de Interesse Social 5 ZDE 1 - Zona de Desenvolvimento Econômico 1 ZDE 2 - Zona de Desenvolvimento Econômico 2 SUBPREFEITURA ITAIM PAULISTA ZPI - Zona Predominantemente Industrial ZOE - Zona de Ocupação Especial ZPR - Zona Predominantemente Residencial PROPOSTA DE REVISÃO DO ZONEAMENTO DO MUNICÍPIO DE SÃO ZER 1 - Zona Exclusivamente Residencial 1 PAULO ZER 2 - Zona Exclusivamente Residencial 2 ZERa - Zona Exclusivamente Residencial (ambiental) ZPDS-u - Zona de Preservação e Desenvolvimento Sustentável (urbano) 0 0.4 0.8 Km ZPDS-r - Zona de Preservação e Desenvolvimento Sustentável (rural) ZEPAM - Zona Especial de Preservação Ambiental ZEP - Zona Especial de Preservação Base Cartográfica: Mapa Digital de São Paulo, 2004. Projeção UTM/23S. Datum horizontal SAD/69. ZEPEC - Zona Especial de Preservação Cultural Elaboração: Prefeitura do Município de São Paulo. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano.

Figura 8: Mapa da Proposta de Revisão do Zoneamento do Município de São Paulo – Itaim Paulista.

Fonte: <http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos-da-lei/ >. Acesso: dezembro de 2015.

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4.2.2. A bacia hidrográfica do Lajeado Para as proposições de projeto, foi feita uma análise mais aproximada do córrego com o intuito de identificar áreas potenciais. Como se considera que não é possível discutir o córrego do Lajeado sem discutir os afluentes que estão a sua volta, a análise procurou expor a condição geral da bacia. Sejam quais foram as diretrizes projetuais no eixo do corredor de ônibus/córrego faz-se necessário estabelecer estratégias para o sistema como um todo. A análise primeiramente partiu da realização de um modelo físico, que expôs a relação da bacia hidrográfica e da topografia com a demarcação do corredor de ônibus a ser implantado ao lado do córrego, no fundo de vale. Após essa etapa, foram realizadas cartografias com perspectivas referenciadas na escala do pedestre. MAQUETE

Figura 9: Vista de topo da maquete.

Fonte: arquivo pessoal da autora.

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A maquete realizada para a pesquisa foi cortada a laser na escala 1:10000, com curvas de nível a cada 10 metros e com a demarcação dos lotes e dos outros cursos d’água do distrito. A partir desse objeto, foi possível fazer algumas observações: - O córrego do Lajeado está cercado por vários afluentes pequenos, de ambos os lados. Estes possuem grande influência no regime do córrego, pois são como calhas que escoam a água para o Lajeado em um relevo bem acidentado. - O problema da drenagem no córrego do Lajeado é fortemente influenciada pelos afluentes, pois, como podemos ver no mapa esquemático da bacia (figura 12), grande parte se encontra canalizada. - O novo corredor de ônibus além de estabelecer forte relação com o córrego do Lajeado, pela sua localização aproximada e que acompanha o curso do rio e transpassa duas vezes por ele, também cria relações com alguns dos pequenos afluentes. Figura 10: Perspectiva 1 da maquete. Fonte: arquivo pessoal da autora.

21


Figura 11: Perspectiva 2 da maquete.

Fonte: arquivo pessoal da autora.

CARTOGRAFIA E FOTOGRAFIAS Como o intuito dessa pesquisa foi trabalhar com diretrizes replicáveis em situações diversas, sejam em áreas com declividade alta, ZEIS, locais com potencial paisagístico que estão subutilizados e até afluentes, a investigação se ateve a toda bacia hidrográfica. O mapeamento dos cenários de estudo foi feito em duas etapas: a primeira foi a partir das imagens de satélite obtidas pelo Google Maps e pela ferramenta do Google Street View e a segunda etapa foi resultado das observações feitas após a visita de campo. Na primeira parte, foi possível notar duas situações predominantes ao longo do córrego: uma onde a ocupação se dá próxima a água, deixando pouco espaço entre área construída e córrego, e outra que se abre para uma área livre, com grande para a APP (Área de Preservação Permanente). Observamos também que muitos trechos dos afluentes localizados mais ao norte estão canalizados e já não participam mais do cenário urbano, assim como mesmo os que estão aparentes também pouco possuem qualidade de um espaço livre adequado a população.

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Figura 12: Mapa esquemรกtico da bacia hidrogrรกfica do cรณrrego do Lajeado. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

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Figura 13: Lajeado – Área precária e estreita do córrego Fonte: Google Street View. Acesso: dezembro de 2015.

Figura 14: Lajeado – Área de passagem sobre o córrego. Fonte: Google Street View. Acesso: dezembro de 2015.

Figura 15: Lajeado – Área livre desvalorizada ao lado do córrego. Fonte: Google Street View. Acesso: dezembro de 2015.

Figura 16: Lajeado – Área de passagem do corredor de ônibus planejado. Fonte: Google Street View. Acesso: dezembro de 2015.

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Figura 17: Afluentes – Área de encontro de afluente com Lajeado. Fonte: Google Street View. Acesso: dezembro de 2015.

Figura 18: Afluentes – Área de passagem sobre afluente canalizado. Fonte: Google Street View. Acesso: dezembro de 2015.

Figura 19: Afluentes – Abertura de afluente canalizado. Fonte: Google Street View. Acesso: dezembro de 2015.

Figura 20: Afluentes – Espaço estreito e precário de passagem de afluente. Fonte: Google Street View. Acesso: dezembro de 2015.

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Com a visita a campo, foi possível observar a qualidade do local com um olhar mais direcionado, de tal maneira que foram elencadas três categorias de análise descritivas da bacia: cenários hidrológicos, ambiências urbanas x curso d’água e tipologias físicas de retenção de água. Cenários hidrológicos Pode-se observar na Figura 21 as diversas transformações do córrego durante seu percurso, tanto em dimensão quanto em qualidade paisagística. Em alguns momentos o trecho se estreita, em outros ele se ramifica ou se alarga. Podemos ver também pontos onde o rio se mantém mais naturalizado, com vegetação em suas margens, e outros locais onde ele está aberto e canalizado. Ambiências urbanas x curso d’água Na primeira fileira da Figura 22, foi analisada a relação entre a população e o córrego do Lajeado. Se observou que o rio dentro da cidade é negligenciado de inúmeras formas, seja em como ele é utilizado como depósito de resíduos sólidos, ou na maneira como os fundos de casas estão voltados para ele, sem de fato potencializar sua qualidade paisagística. Nota-se também que as ocupações que se localizam mais próximas ao córrego e as suas passarelas são majoritariamente precárias e inadequadas, em localização e estrutura em si. No entanto, é evidente o potencial latente da área do córrego de se configurar como uma área livre e de qualidade. Isso se observa na concentração de pessoas em alguns pontos de sua extensão, ainda que esses locais não tenham sido concebidos a princípio para o lazer. Tipologias físicas de retenção d’água Na segunda fileira da Figura 22, foram expostas tipologias físicas (de retenção, escoamento ou estruturação) encontradas perto ou no córrego, testemunhas da necessidade de mitigação das enchentes que ocorrem no Itaim Paulista.

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Córrego do Lajeado Afluentes Afluentes canalizados Corredor de ônibus previsto Área não construída

1 1,2,3

4

3

2 5 4

6 5 6

Fonte: Fotos de Renato Anelli e Priscilla Kakazu. (19/03/2016)

Figura 21: Mapa esquemático da bacia e levantamento fotográfico referenciado.

27


Figura 22: Levantamento fotográfico Urbano x Córrego e Tipologias Físicas Fonte: Arquivo pessoal da autora.

28


Após essa etapa de análise, como ponto de transição entre o estudo do território e a proposição de diretrizes projetuais, foi realizada uma cartografia que procurou expor a complexidade da sobreposição das diversas questões da área. Para isso, foram sobrepostos o traçado do corredor de ônibus São Mateus, a área de desapropriação necessária para a sua implantação (SPTrans, 2013), a lei de zoneamento da cidade e a demarcação reservada para Área de Preservação Permanente em um cenário ideal (demarcada por uma distância de 30 metros de cada lado do dos cursos d’água e um raio de 50 metros das nascentes) (Figura 23). Na cartografia, podemos fazer algumas observações: •

A área que permeia o córrego e o local de implantação do corredor de ônibus se caracteriza majoritariamente como ZEUP-u da metade do córrego para sua jusante e ZEIS 1 e ZEUP-u para a sua montante. Ambas são zonas de transformação urbana.

Consciente do cenário ambiental atual, ao o compararmos com o cenário ambiental ideal exposto na cartografia, percebemos a disparidade entre as duas situações. A falta de APP’s, associadas a canalização de uma parte dos afluentes do Lajeado é uma realidade muito diferente daquela considerada adequada para a preservação ambiental e dos recursos hídricos.

Identificaram-se áreas potenciais para núcleos de desenho urbano, nas quais se integrassem do corredor de ônibus até o córrego do Lajeado. Essas são as áreas mais interessantes para a pesquisadora, pois elas unem a possibilidade de se pensar a estrutura verde, conformada pela APP, junto com a área de desapropriação e a infraestrutura de transporte, uma seguida da outra.

A partir desses resultados, foram identificados na bacia do córrego os locais mais aptos para um novo desenho de projeto urbano (Figura 24). Selecionadas 4 áreas de interesse, foram feitos cortes esquemáticos de estudo para cada respectivo recorte (Figuras 25, 26, 27 e 28), que procuraram expor as intenções gerais e integradoras de projeto.

29


Figura 23: O corredor de Ă´nibus, a lei de zoneamento e o cenĂĄrio ambienta ideal.

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

30


Os

eixos

de

integração

representaram os locais onde se

viu

maior

interesse

e

facilidade para explorar novas proposições. Os núcleos de desenho urbano são as áreas que possuem desapropriação prevista

do

córrego

até

o

corredor de ônibus. Os

cortes

estudo

esquemáticos procuraram

de uma

primeira aproximação com as proposições de projeto entre as diferentes interfaces que se enfrentam;

desde

a

permeabilidade de circulação, às

habitações

sociais

contrapartida desapropriações

em às

previstas,

à

fachada ativa para manter o caráter

comercial/de

serviço

local e à questão da APP no ambiente urbano. Figura 24: Estratégias e possíveis cenários

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

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Figura 25: Corte esquemático AA. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

corredor de ônibus

habitação social

APP

córredo do Lajeado

Figura 26: Corte esquemático BB. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Figura 27: Corte esquemático DD. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Figura 28: Corte esquemático CC. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

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4.3.

Referências projetuais

Existem inúmeros exemplos nacionais e internacionais de projetos em cidades que deram enfoque à questão da drenagem urbana e da infraestrutura verde. Mais do que artifícios paisagísticos para o embelezamento das cidades, essas ações procuram incorporar a função de instrumentos para conforto ambiental e manejo das águas urbanas nos espaços urbanos. As referências projetuais apresentadas auxiliaram na escolha e aplicação de algumas tipologias nas propostas desenvolvidas, que nortearam o desenho final apresentado. ÎLE-DE-NANTES, FRANÇA A cidade de Nantes é conhecida por ter vivido um intenso processo de revitalização em sua ilha, localizada no centro e rodeada pelo Rio do Loire, após passar por um longo período industrial, que desvalorizou a área. Dentre os vários projetos

realizados1,

houveram

inúmeras

intervenções

paisagísticas

que

contemplaram as problemáticas das inundações recorrentes da ilha. As referências adquiridas do local foram fruto da viagem didática realizada pela disciplina de urbanismo na qual a autora fez parte em seu período de intercâmbio.

Figura 30: Jardim de chuva em área residencial Figura 29: Lagoa seca em área residencial Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2013. Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2013. 1 Para mais informações, acessar a página de internet < http://www.iledenantes.com/fr/>

33


Figura 32: Alagado construído 1 em conjunto habitacional

Figura 31: Alagado construído 2 em de conjunto habitacional

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2013.

Fonte: Arquivo pessoal da autora, 2013.

UT AUSTIN, TEXAS

Figura 33: Lago construído em campus da UT Austin

Figura 34: Barragem com passarela de pedestres

Fonte: Foto de Renato Anelli, 2016.

Fonte: Foto de Renato Anelli, 2016.

REVITALIZAÇÃO DA FAVELA DO SAPÉ, SÃO PAULO

Figura 36: Corte – relação córrego x edifício

Figura 35: Perspectiva de ambiência

Fonte: Base 3 Arquitetos, 2014.

Fonte: Foto de Renato Anelli, 2016.

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4.4.

Proposições projetuais

Para o projeto urbano, parte-se do pressuposto de que o desenho, que usa a água como fio condutor, deve contemplar: 1. Questões sociais: como já previsto nas novas leis da cidade de São Paulo, relacionadas ao zoneamento e aos Eixos de Estruturação Urbana, deve-se pensar na população preestabelecida da área, que requer realocação com as desapropriações previstas. 2. O programa: é necessário pensar em programas instigantes para os espaços livres a serem criados, mediadores da relação entre a população e o território/meio ambiente e também; e também fazer o uso da fachada ativa, devido a maior demanda de comércios e serviços com a implementação do corredor de ônibus. 3. A infraestrutura de transporte: a interface entre o projeto e o corredor de ônibus (neste caso, o motor de transformação urbana do local), o redesenho de vias e a criação de estacionamentos são questões que devem ser consideradas. 4. A recuperação ambiental do córrego e da APP - que é de acesso controlado para a população - principalmente no que se diz a respeito às enchentes, que atingem desde a escala local até a escala metropolitana. Para tanto, primeiramente foi pensada as tipologias de infraestrutura verde a serem implementadas para a gestão de água (4.4.1.) e, então, dois recortes exemplares foram feitos para a realização das duas propostas finais de projeto (4.4.2.).

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4.4.1. Tipologias de infraestrutura verde A partir de um estudo que começou nas referências projetuais (4.3.) e que adquiriu um corpo mais técnico com o ABC Water Design Guidelines (2011) e com o artigo Infraestrutura verde: uma estratégia paisagística para a água urbana, de Comier e Pellegrino (2008), procurou-se elencar tipologias a serem aplicadas no projeto.

Figura 37: Esquema de teto verde Fonte: Croqui da autora, créditos da referência: Nathaniel S. Comier, Infraestrutura verde: uma estratégia paisagística para a água urbana, 2008.

a. Teto verde Cobertura de vegetação em cima de solo tratado, espalhado sobre base composta por barreira contra raízes, reservatório de drenagem e membrana a prova d’água. Funções hídricas: Purificação e detenção.

Figura 38: Esquema de biovaleta Fonte: Croqui da autora, créditos da referência: Nathaniel S. Comier, Infraestrutura verde: uma estratégia paisagística para a água urbana, 2008.

b. Biovaleta Jardins lineares para vias e estacionamentos, que recebem a água do escoamento superficial, muitas vezes contaminada. Promove um pré-tratamento da água, diminui seu runoff e serve como elemento estético. Funções hídricas: purificação, condução e detenção.

36


c. Jardim de chuva São jardins localizados em cotas mais baixas do que as superfícies impermeáveis adjacentes. São facilmente incorporados e integrados no sistema de drenagem urbano. Funções hídricas: purificação, infiltração e detenção

Figura 39: Esquema de jardim de chuva Fonte: Croqui da autora, créditos da referência: Cingapura, ABC Waters Design Guidelines, 2011.

d. Alagado construído São alagados que promovem retenção e remoção de contaminantes. Sua superfície é vegetada e coberta d’água, com pouca profundidade. Ela pode ser adotada em diferentes escalas e pode possuir formas diversas. Funções hídricas: purificação, infiltração e detenção

Figura 40: Esquema de alagado construído Fonte: Croqui da autora, créditos da referência: Cingapura, ABC Waters Design Guidelines, 2011.

37


e. Lagoa pluvial Lagoas que servem como bacias de retenção integradas ao sistema de drenagem, destinadas a acomodar o excesso de chuva para a mitigação de enchentes. Adequada para armazenar até grandes volumes e tem potencial para se tornarem locais de lazer e valorização paisagística. Funções hídricas: purificação, infiltração e detenção

Figura 41: Esquema de lagoa pluvial Fonte: Croqui da autora, créditos da referência: Nathaniel S. Comier, Infraestrutura verde: uma estratégia paisagística para a água urbana, 2008.

f. Bioengenharia A estrutura de reforço em locais de instabilidade do córrego serve contra a erosão superficial e melhora o regime hídrico. Combinadas com vegetação, a margem do rio é estabilizada.

Figura 42: Esquema de bioengenharia Fonte: Croqui da autora, créditos da referência: Cingapura, ABC Waters Design Guidelines, 2011.

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g. Barragem A barragem serve como um obstáculo artificial destinado a interromper, reduzir ou modificar um curso de água. Ela serve como controle do escoamento de água, importante principalmente nas épocas de cheia, mais propícias as enchentes.

Figura 43: Esquema de barragem Fonte: Croqui da autora, baseado na referência de barragem em UT Austin.

4.4.2. Propostas finais As propostas finais de projeto urbano realizadas na escala 1:500 (implantações gerais) e 1:200 (cortes transversais gerais) foram resultados de uma exploração a partir de croquis realizados ao longo do segundo semestre de pesquisa (olhar anexo). Os recortes escolhidos para desenvolvimento (Figura 44) são dois dos núcleos de interesse que foram indicados na cartografia de estratégias e possíveis cenários (Figura 24). O primeiro recorte de quadra é determinado por uma área de 0.9 hectares (sem contar corredor e APP), classificada como ZEIS 1 (Zonas Especiais de Interesse

39


Social 1), com assentamentos irregulares e destinada à grande quantidade de desapropriação de unidades habitacionais para a implementação do corredor de ônibus de ambos os lados da pista. O segundo recorte, com 1.7 hectares, é constituído por uma região classificada como ZEUP-u (Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana Previsto (urbano)) na lei de Zoneamento, com pouca área construída e com potencial para um maior número de proposições. Nesse trecho, há maior quantidade de área permeável, principalmente no entorno imediato do córrego, e há uma extensa área ocupada por apenas uma unidade de comércio atacadista a ser desapropriada.

Figura 44: Recortes selecionados para desenvolvimento Fonte: Mapa esquemático da autora e imagens de satélite do Google Maps.

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ESTRATÉGIAS GERAIS ADOTADAS

Criação de parque urbano linear na interface entre córrego (APP) e corredor de ônibus para uma transição de ambiências de maneira sutil e que aproximasse o meio urbano e a população ao córrego.

Retirada das vias que estavam dentro do limite de 30m destinado às APP’s e das suas transversais de acesso.

Adensamento (edifícios de uso misto e habitacionais) associado à criação e aumento de áreas livres e permeáveis.

Predominância de fachada ativa no corredor de ônibus e proposição de edifícios predominantemente residenciais mais aproximados às APP’s.

Para a consolidação dessas estratégias no desenho, a questão da drenagem é pensada por um sistema de tipologias de infraestrutura verde que começa em intervenções em menor escala, no corredor de ônibus, passa por infraestruturas que tratam de escalas maiores até culminar no córrego. Essa implantação seriada foi pensada tanto para as chuvas eventuais, até às menos frequentes, causas das enchentes mais fortes - quando as infraestruturas da maior escala seriam acionadas para a mitigação. Dessa maneira, além desses instrumentos gerirem as chuvas de modo mais pontual, elas também reduzem a sobrecarga pluvial para o córrego do Lajeado. No mais, elas foram implementadas tendo em consideração modos de torná-las uma parte significativa da paisagem urbana. Associadas aos espaços públicos, elas são evidenciadas pela população, que passa a interagir mais com a temporalidade da água na cidade.

41


RECORTE 1

Figura 45: Proposta final de implantação do Recorte 1 Fonte: Arquivo pessoal da autora.

42


O percurso de pedestre e ciclovia ao longo do parque é localizado no limite entre área habitacional e APP, que tem acesso controlado.

Figura 46: Diagrama de fluxos do Recorte 1 Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Figura 47: Diagrama de usos do Recorte 1.

A única via criada dentro do conjunto é apenas para acesso aos estacionamentos localizados no térreo de dois edifícios habitacionais. O acesso aos outros edifícios é realizado pelas vias transversais existentes. De corredor a córrego, se faz a seguinte sequência de usos/programas: o projeto vai dos edifícios mistos, com comércio/serviço, às habitações, às áreas livres mais particulares (das habitações), e, por fim, aos jardins de limite entre construído e APP. Nesta área, pelo espaço limitado, o programa de lazer do parque se encontra na outra margem do córrego.

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

43


Figura 48: Corte transversal do Recorte 1 Fonte: Arquivo pessoal da autora

Obs: Olhar lista com classificação das tipologias de infraestrutura verde no capítulo 4.4.1

44


RECORTE 2

Figura 49: Proposta final de implantação do Recorte 2 Fonte: Arquivo pessoal da autora.

45


Diferente do recorte 1, devido a área mais larga, o recorte 2 tem seu percurso de pedestres e ciclovia permeando e contemplando dois lados acessíveis do parque.

Figura 50: Diagrama de fluxos do Recorte 2 Fonte: Arquivo pessoal da autora.

A via criada dentro do conjunto é para acesso aos estacionamentos localizados nos edifícios ao lado do corredor. Estes servem a demanda de todas as habitações construídas na área.

De corredor a córrego, se faz a seguinte sequência de usos/programas: o projeto vai dos edifícios mistos, com comércio/serviço, às áreas livres mais particulares (das habitações), aos edifícios habitacionais e, por fim, ao trecho do parque com programas de lazer que margeia a APP.

Figura 51: Diagrama de usos do Recorte 2 Fonte: Arquivo pessoal da autora.

46


Figura 52: Corte transversal do Recorte 2 Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Obs: Olhar lista com classificação das tipologias de infraestrutura verde no capítulo 4.4.1

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Zoneamento e Coeficiente de aproveitamento (CA)

Figura 53: Áreas para cálculo de coeficiente de aproveitamento Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Para o cálculo do coeficiente de aproveitamento (CA) das áreas, avaliou-se as áreas demarcadas (Figura 53) do recorte 1 e 2. A partir dos resultados finais, expostos na tabela abaixo, avaliou-se que ambos os projetos estão com CA adequados em comparação aos dados previstos pela Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo (SDMU), para cada respectivo recorte.

Lei de zoneamento da cidade de São Paulo ZEIS TIPO 1 (zona especial de interesse social) ZEUP (zona eixo de estruturação da transformação urbana previsto)

Coeficiente de aproveitamento (mínimo – básico – máximo)

Coeficiente de aproveitamento alcançado com o projeto

0.5 - 1 – 2.5

1.76

0.5 - 1 - 2

1.32

Associada a isso, existe uma grande quantidade de área permeável prevista em comparação àquela que havia sido promovida com a urbanização anterior. Isso se deve às tipologias dos edifícios, todos compostos por mais de 6 pavimentos, que acabou por liberar o solo e promoveu uma área maior de percolação natural da água.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a finalização da pesquisa, analisamos alguns pontos sobre a metodologia e os ensaios de projeto apresentados ao final em contraponto aos objetivos específicos do trabalho. Dessa maneira, podemos concluir que se conseguiu alcançar as metas na medida em que os projetos resultantes representaram, com o seu caráter experimental, um projeto que contemplou as camadas do lugar a partir da gestão hídrica. Ao propor um eixo estruturante desde o corredor de ônibus até o córrego do Lajeado, a pesquisadora elaborou um sistema de drenagem que permeasse a questão de mobilidade, de meio-ambiente e as especificações da Lei de Zoneamento, transversalmente em um mesmo desenho urbano. Com esse processo experimental de projeto aplicado em dois recortes diferentes – tanto em área disponível para intervenção quanto ao tipo de ocupação – foram expostos dois resultados diferentes para a mesma metodologia de projeto. Por fim, o que se conclui a partir disso é que esse trabalho, mais do que expor um projeto concreto para a bacia do córrego do Lajeado, expõe um processo de projeto que tem como base as diversas análises de um lugar e a sua sobreposição. Tomou-se um partido, que nesse caso foi a relação com a hidrografia, e a partir dele o desenho se conduziu; as problemáticas do local falaram por si só no momento em que foram dispostas e comparadas num mesmo quadro. A conclusão final que se chega é que as complexidades de uma cidade como São Paulo - com a discussão da densidade populacional, da mobilidade e do Plano Diretor Estratégico - e a questão da preservação ambiental e dos cursos d’água devem

caminhar

juntas

para

direcionarmos

nossos

centros

urbanos

a

crescimentos mais sustentáveis.

49


Figura 54: Estudo: croqui de perspectiva do Recorte 1 Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Figura 55: Estudo: croqui de perspectiva do Recorte 2 Fonte: Arquivo pessoal da autora.

50


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52


ANEXOS

53


54


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