

Leonardo Augusto Gómez Castillo
Uma jornada pelos caminhos da sustentabilidade
para fins de promoção na carreira docente de Professor Associado IV para Professor Titular
Memorial apresentado à Universidade Federal de Pernambuco, como parte integrante dos requisitos para a promoção na carreira acadêmica para a Classe de Professor Titular, Processo no 23076.108388/2021-78, descrevendo de forma circunstanciada as atividades relevantes de ensino, pesquisa, extensão, gestão acadêmica e produção profissional, conforme a Resolução no 03/2014, do Conselho Universitário, aprovada em 10 de junho de 2014.
Leonardo Augusto Gómez Castillo, Ph.D Recife, fevereiro de 2022
O processo de Promoção para a classe E, de Professor Titular da Universidade Federal de Pernambuco, consta de duas etapas. A primeira etapa avalia as atividades de ensino, produção acadêmica, extensão, capacitação e gestão acadêmica dos últimos dois anos do docente, e a segunda etapa envolve a elaboração e apresentação de um memorial acadêmico, de acordo com o estabelecido na Resolução 03/2014, de 10 de junho de 2014, do Conselho Universitário da UFPE.
Como bem escreveu o professor Ney Dantas, do Departamento de Arquitetura, o memorial acadêmico é um documento circunstancial que tenta responder a uma demanda institucional: retrospectiva de um percurso acadêmico apresentado para a promoção na carreira docente. Não é um documento estabelecido para avaliar produção acadêmica já que instâncias anteriores realizaram esta tarefa na primeira etapa do processo, mas para mostrar, do ponto de vista do docente, um momento de reflexão sobre a jornada de ensino, pesquisa e extensão de acordo com uma narrativa que brota da memória, revelando o percurso de uma vida acadêmica e profissional, não se limitando apenas à descrição de fatos acontecidos no passado, mas evidenciando possíveis percursos futuros almejados pelo relator.
No decorrer das próximas páginas o leitor irá se deparar com uma série de elementos recorrentes que tentam dar uma coerência e estilo peculiar à narrativa aqui proposta.
Em primeiro lugar os eventos são relatados com base na lógica da teoria dos setênios proposta por Rudolff Steiner, permitindo compreender com mais facilidade a condição cíclica da vida, somando novos desafios ao longo que a narrativa se desenrola no espaço e no tempo.
Assim, diversos períodos de sete anos estruturam a minha jornada, como os sete anos que passei morando no Japão entre 1997 e 2004, ou meu primeiro setênio de atividades acadêmicas na UFPE entre 2005 e 2012, que culmina com a realização de meu pós-doutorado na Holanda. Já o período compreendido entre 2012 a 2019 aparece na história como os “anos dourados” das minhas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
No final de 2019 veio a pandemia de Covid-19, um momento de pausa e de reflexão para a humanidade. Acredito firmemente que 2022 será o início de mais um setênio na minha história.
Por outro lado, outro elemento recorrente no texto é a relação centro-periferia, que foi inspirada pelas ideias de Gui Bonsiepe sobre inovação e desenvolvimento. Assim, a periferia é definida como aquela região geográfica onde, por conta de diversos fatores de cunho político, econômico social e cultural, o desenvolvimento ainda não chegou na sua plenitude.
A periferia torna-se o pano de fundo, para relatar alguns dos fatos da minha jornada. Foi na periferia que testemunhei boa parte das minhas vivências e das minhas histórias que sedimentaram um olhar particular sobre a vida, sobre o design e sobre o mundo.
Alerto também que, pelas características intrínsecas da área de design, há ao longo do texto uma invasão de palavras no idioma inglês, resultado de um longo processo de colonização da língua portuguesa. Por mais que tentei minimizar ao máximo o uso do inglês, foi inevitável fugir de muitos termos, a começar pela própria palavra design.
Igualmente, é possível que o leitor se depare com um forte sotaque espanhol. Assim como textos escritos em outros idiomas como italiano ou japonês. São pequenas anedotas que decidi manter sem tradução para realçar sua mensagem, que muitas vezes, como acontece com aquelas novelas e seriados mexicanos que passam na televisão aberta, ao ser traduzidas ao português perdem o sentido daquilo que se queria expressar na versão original.
Ao longo da escrita deste memorial utilizo fatos, eventos, locais e datas, para destacar a ideia central da história aqui apresentada. Os encontros, as interações e muitas vezes as disputas com as pessoas o que tornaram esta jornada uma experiência única e enriquecedora digna de ser narrada. São muitas as pessoas aqui lembradas, mas com certeza esse número não se compara com as que deixei de citar, não por esquecimento mas por falta de espaço e tempo suficiente para decantar o relato. Peço desde já minhas mais sinceras desculpas.
Da mesma maneira, fazendo um balanço no final da maratona de duas semanas percebo que muitos fatos ficaram do lado de fora. Experiências de ensino, cursos de extensão, palestras, congressos, projetos de pesquisa, participação em bancas de concurso, viagens e demais anedotas que fazem parte da minha jornada, ficam guardadas numa espécie de cápsula do tempo contendo diários de bordo e álbuns fotográficos, para quem sabe num futuro próximo, editar mais uma nova versão, um lado “B” deste memorial.
Portanto, o exercício de elaborar o presente memorial foi um processo de reflexões e recordações dos momentos que vão desde a escolha do curso de graduação em Design de Produto, da titulação em Mestre e Doutor, passando pela aprovação no concurso de professor adjunto de ensino da UFPE no ano de 2005, onde a cada dia vivido, aconteceram experiências recompensadoras na sala de aula, no laboratório de pesquisa, na cantina, nos corredores; experiências cotidianas como a de observar meus alunos (graduandos, mestrandos, orientandos e jovens pesquisadores de iniciação científica), vivenciar a alegria da descoberta e experimentar a compreensão do conhecimento.
Quero aproveitar este espaço para agradecer desde o mais profundo do meu coração aos meus pais, por toda uma vida de empenho, sacrifícios e dedicação para que eu pudesse alcançar me sonho de ser um designer.
2019-2021
Vice-chefia do Departamento de Design da UFPE
2012-2016
Coordenador da Pós-graduação em Design, UFPE
2016
Vice-coordenador da rede LeNSin Brasil
2011-2012
Pós-doutorado em Design na TUDelft, Holanda,
2010
Bolsista de Produtividade em Pesquisado CNPq
2008
Líder do Grupo de Pesquisa em Inovação, Design e Sustentabilidade
2007-2011
Coordenação do Curso de Graduação em Design, UFPE
2005
Professor da UFPE
2001-2004
Doutorado Universidade de Kyoto, Japão
2000
Curso na United Nations University, Tokyo
1999-2001
Mestrado em Arquitetura Kyoto University
1997-1999
Pesquisador em design de interação Kyoto Institute of Technology
1988-1994
Designer de Produto Universidad Nacional de Colombia
13 Artigos em Periódicos
Qualis A e B
96
Disciplinas Ministradas
86 na graduação
10 na pós-graduação
Bancas
52 de TCC 172+
53 de Mestrado
23 de Doutorado
44 de Qualificação
Leonardo Castillo é designer formado pela Universidad Nacional de Colombia (1994). Tem ampla experiência no desenvolvimento de produtos e serviços, com ênfase nos aspectos de inovação, design e sustentabilidade. No Japão, trabalhou como pesquisador em design de interação no Kyoto Institute of Technology (1997-1999). Culminou seus estudos de mestrado (2001) e doutorado em Design (2004) na Escola de Estudos Humanos e Ambientais da Universidade de Kyoto, Japão.
Após trabalhar como estagiário na United Nations University veio para o Brasil para atuar como consultor na área de inovação em design para diversas organizações. Leonardo já participou em projetos junto à Positivo, Nokia, Ministério da Educação, Coca-Cola, Fiat e Neoenergia.
Realizou pós-doutorado em Design e Inovação para a Sustentabilidade na universidade de TU.Delft, na Holanda (2011-2012). Atualmente reside em Recife e atua como professor e pesquisador do Departamento de Design da Universidade Federal de Pernambuco, UFPE.
É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. Líder do Grupo de Pesquisa em Inovação, Design e Sustentabilidade que tem como foco de pesquisa o estudo das interrelações do design para a sustentabilidade, design de serviços e o design de artefatos digitais. Membro ativo da rede LeNSin.
Bancas de Concurso Orientações de TCC 50+
8 Projetos e Cursos de Extensão
33
Teses & Dissertações
31 Mestrado, 2 Doutorado
11 Livros & Capítulos de Livro
2 Registros de Patente
16
70+
Projetos de Pesquisa financiados por instituições de fomento (CAPES, CNPq, FACEPE, FADE, ERASMUS+, FAPESP)
Trabalhos completos publicados em anais de congressos
Diálogos de cooperação South to South 96
Ensino de Moda: uma ciranda de todas as artes 97
Projetão: o ensino do processo de inovação ......................101
Aprendendo a ensinar de forma remota .............................106
Reflexão Final 111
Pelos caminhos da sustentabilidade 112
Referências 117
Aos mestres da minha jornada, minha gratidão por ter me ensinado o caminho
Colômbia: o realismo mágico da periferia
Gostaria de começar este memorial na primeira metade da década de noventa, época na qual eu era estudante do Curso de Diseño Industrial da Universidad Nacional de Colombia. Era o ano de 1992 e, deixando de lado as exuberantes histórias de narcos, conhecidos chefes do narcotráfico, e do conflito armado das FARC que inundam o catálogo da Netflix e de outros serviços de streaming sobre o meu país e, de certa forma, sobre boa parte dos demais países do continente descrito por Eduardo Galeano no livro Las Venas Abiertas de América Latina, acredito que meus anos de faculdade foram fortemente marcados por dias conturbados e um ambiente de desesperança para os jovens que, como eu, estavam prestes a se formar como designers de produto num país da periferia.
Koyaanisqatsi Life Out of Balance, do diretor Godfrey Reggio, 1982.
Como se isso não fosse o suficiente, durante boa parte da minha vida de faculdade, nos círculos acadêmicos, não se falava de outra coisa que do declínio do modernismo, e da consequente crise ambiental e social gerada pela aceleração exponencial da produção em massa vivenciada pela sociedade após o término da II Guerra Mundial. O final dos anos 70, como bem nos alertou Rachel Carson, já mostrava os primeiros sinais de esgotamento dos ecossistemas naturais e da deterioração do frágil tecido social do nosso planeta, os quais se tornaram centro das discussões da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio 92.
Era o começo do meu terceiro setênio de vida, e foi quando a música clássica, o teatro e o cinema se transformaram numa válvula de escape que me permitiu amenizar o peso daqueles dias cinzentos, e se tornaram na minha referência e fonte de inspiração. Tornei-me assíduo frequentador da Cinemateca Distrital, um popular teatro no centro de Bogotá (equivalente ao Cinema da Fundação de Recife), dedicado à difusão de filmes de diretores “alternativos” daquela época como Paolo Pasolini, Peter Greenaway, Alan Parker, Federico Fellini, Stanley Kubrick, Win Wenders, Martin Scorsese, dentre outros.
Numa dessas apresentações da Cinemateca, tive o privilégio de assistir a uma exclusiva apresentação do filme Koyaanisqatsi, do diretor Godfrey Reggio. Um documentário de impressionantes imagens que mostrava, de forma quase apocalíptica, a colisão de dois mundos distintos: a vida moderna e o meio ambiente. Através de um jogo de imagens em câmera lenta ou espaçados lapsos de tempo, as cenas do filme apresentavam nossa relação pouco harmônica com a natureza. Daí o nome, Koyaanisqatsi que, na língua Hopi, significa “vida em desequilíbrio”, “vida louca”, “vida tumultuada”, uma alusão à evolução da sociedade até os dias de hoje. Devo admitir que o filme de Reggio deixou uma marca, uma inquietação, que anos depois viria a influenciar várias das minhas escolhas ao longo da minha jornada.
Lembro-me de que, por aquela época, encontrava-me desenvolvendo meu Trabalho de Conclusão de Curso, e tive contato pela primeira vez com quem se tornaria um dos grandes mentores da minha jornada: professor Ezio Manzini. Seu livro Artefactos, ganhador do Compasso d’Oro de 1991, acabara de ser publicado na versão em espanhol e se tornara uma das primeiras aquisições da minha biblioteca de livros de design.
Ao ler aquelas páginas, fui encontrando novas luzes de esperança para as muitas inquietações e angústias que surgiram ao longo do meu curso de design, visto que, naquele momento, para mim, não fazia muito sentido me tornar um diseñador industrial, um criador de produtos num país da periferia, onde sequer havia uma indústria propriamente dita.
Cito aqui um dos parágrafos que mais chamou a minha atenção daquele livro insipirador e que de alguma forma contribuiu para consolidar as bases conceituais do meu TCC. O “Jardim dos Objetos” de Manzini ecoa até os dias de hoje na minha memória como um mantra, uma espécie de manifesto do que poderíamos chamar de design para a sustentabilidade.
Intentemos imaginar estos artefactos no como máquinas cuyo principal objetivo es la automatización total y el mínimo mantenimiento, sino como las plantas de nuestro jardín. Intentemos imaginar objetos que sean bellos y útiles como un árbol frutal: objetos que duren y que tengan una vida propia. Objetos que, como un árbol se quieran por como son y por lo que hacen. Objetos que nos presten un servicio y que nos exijan cuidado. Seguir estas indicaciones implica un giro radical dentro de las tradicionales expectativas de cara al producto. Implica una inversión de tendencias em la relación entre sujeto y objeto, e implica una nueva sensibilidad ecológica: prestar atención a los objetos puede ser una manera de prestar atención a otro “objeto” mas grande: nuestro Planeta.
Ezio Manzini, 1992.
MANZINI, Ezio. Artefactos: Hacia una nueva ecologia del ambiente artificial.
Madrid: Celeste Ediciones,1992.
Proposta de Cafeteira para Restaurantes
Trabalho de Conclusão de Curso
Universidade
Nacional da Colômbia 1994
Proposta de Mobiliário Infantil
Curso de Design de Produto Universidade Nacional da Colômbia
Luminária para Leitura
Curso de Design de Produto Universidade Nacional da Colômbia
Óculos Terapêuticos
Curso de Design de Produto Universidade Nacional da Colômbia
Amostra de alguns dos projetos desenvolvidos ao longo do meu curso de design de produto. Universidad Nacional.
Acima: Mobiliário infantil.
Centro: Luminária para leitura. Abaixo: Óculos terapêuticos.
Colômbia: 1989-1994.
Diploma de Graduação em Design de Produto Universidad Nacional.
Colômbia, 1994.
desenvolvimento sustentável, do design verde, do eco-design, começou a chamar a atenção de vários setores da sociedade. O “verde” se tornou a temática de moda da época e poderia afirmar que, logo depois da minha formatura como designer, no ano de 1994, o universo poderia ter conspirado para que eu desse início à minha jornada acadêmica nessa área. Porém, a vida dá muitas voltas e, assim como Santiago, protagonista do Alquimista, conhecido livro de Paulo Coelho, foi preciso iniciar uma jornada por outros caminhos do design para que, tempo mais tarde, eu pudesse encontrar no design para a sustentabilidade o meu tesouro.
Imagem do Verso do Diploma de Graduação. Sempre achei mais interessante essa cara do diploma.
Acontece que, com o surgimento pularização do computador, abria-se um mundo de possibilidades de criação e desenvolvimento para o design.
Tratava-se de uma transição para o mundo digital que na época poucas pessoas conseguiam en tender, mas que basicamente dava a oportunidade de desbravar apropriar de um novo campo do cimento para o qual nós, designers mação, tínhamos uma vantagem tiva, mesmo que naquele momento vantagem não fosse evidente guém, nem mesmo para os designers:
profundo conhecimento e domínio de técnicas e ferramentas utilizadas para o entendimento das necessidades e dores do usuário. Algo que, com o passar dos anos, viria a ser conhecido como Design Centrado no Usuário e Design Thinking e que, a meu ver, são duas caras da mesma moeda.
Eu, particularmente só vim a entender essa ideia quando comecei a trabalhar como designer em Wayra Colômbia, uma empresa de software que me contratou para “dar
sivo público da época, os early adopters daquela maravilha tecnológica chamada de computador pessoal, que transformaria as nossas vidas e que mudaria radicalmente a forma de fazermos design.
Por volta de 1992, chegaram ao mercado os primeiros computadores com interface gráfica. Aos poucos, precisei aprender a mexer com as primeiras versões de programas de ilustração como o Corel Draw e o Photo Paint, de editoração como o Aldus
PageMaker e QuarkXPress ou de programação como Visual Basic e Macromedia Director
Series II 1994.
monitor do Laboratório Gráfica, na faculdade, teria acesso aqueles procomo muitas instituiépoca, ainda se vanglode editorar seus textos IBM Wheelwriter 35 II, sigilosamente guara sete chaves numa sala departamento de expresgráfica da minha universidade.
trabalho como designer evoluindo de forma acelerada. Deixei de ser um “maquiador de interfaces” para me converter em diretor de design. Meu trabalho em Wayra consistia em juntar uma série de ideias para criar, junto com uma equipe de engenheiros da computação, de especialistas em pedagogia e de marketing, diversos títulos de soft-
ware educativo que eram vendidos naqueles quadrados de plástico de 3 ½ polegadas chamados de floppy disks, os quais eram embalados numa bela caixa de papelão criada por mim (sim, também era designer de embalagens!), para serem vendidas como pão recém saído do forno nas exclusivas lojas de computadores da época.
O contato com esse novo mundo despertou em mim a vontade de querer me aprofundar verdadeiramente na temática de Design de Interface. No entanto, num país da periferia como Colômbia, era pouco provável que fossem ofertados cursos de especialização no tema ou áreas afins, até porque os conceitos de Design de Interação e Design de Experiência, hoje mais conhecidos como UI / UX Design, nem existiam naquela época. Assim, a única alternativa era a de pensar em fazer mestrado em alguma escola de design de vanguarda fora da periferia, de preferência num país do Centro, que ousasse oferecer esse tipo de curso no seu currículo.
Lembro de ter seguido o conselho do professor Pablo Abril, meu orientador de TCC na Universidade Nacional, e fui procurar novas possibilidades de estudo mundo afora. Assim, comecei a mandar cartas para várias escolas de design, como o Royal College of Arts, solicitando informações
Fotografia, University of Delaware, 1996
Designer de Produto Universidad National Colombia, 1994
Professor da UFPE, Recife, Brazil desde 2005
Consultor de Design, Porto Alegre, Brazil 2004
sobre os cursos em tecnologias multimídia que recém começavam a ser ofertados nos seus currículos.
Nessa época, uma carta levava algumas semanas para alcançar seu destino, e caso a solicitação fosse atendida, um catálogo impresso com as informações do curso chegaria de volta pelos correios depois de fazer uma longa viagem no porão de um navio transcontinental.
Os japoneses sempre foram mais rápidos. Era o ano de 1996 e eu acabara de sair de uma reunião de trabalho quando recebi um telefonema do Consulado do Japão me convidando para participar de um edital de seleção para ir trabalhar como pesquisador no laboratório de pesquisa do Instituto de Tecnologia de Kyoto. Naquele momento, foi difícil rejeitar aquela oferta. No final de contas, eu sentia que minhas possibilidades de crescimento profissional como designer de interação começavam a se esgotar. Assim, sem pensá-lo duas vezes, fiz
Pós Doutorado TU Delft, Holanda 2011-2012
minhas malas e fui morar do outro lado do mundo, literalmente.
Para um jovem designer recém formado sair da periferia com o objetivo de ir trabalhar num país do centro localizado do outro lado do mundo não é uma tarefa simples. Eu precisei me preparar para essa nova realidade e fui morar seis meses nos Estados Unidos com o objetivo de aperfeiçoar meu inglês. Apresento aqui uma prova da minha ingenuidade, pois acreditava que falar inglês seria suficiente para me virar no Japão. Enfim, prefiro pensar nesse momento da minha vida como um período de descompressão, onde consegui aproveitar o tempo para fazer um curso de fotografia na Universidade de Delaware, enquanto preparava minha cabeça e meu inglês, para ir morar do outro lado do mundo.
M.S.C and Ph.D Kyoto University, 2004
Pontos Chaves da minha jornada acadêmica.
1987 - 2022.