UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FAC – FACULDADE DE COMUNICAÇÃO CURSO DE RÁDIO, TV E INTERNET LUMOS PRODUTORA
BLOG: Cena Independente
São Bernardo do Campo 2014-1
Adeilafá Oliveira André Bravim Breno dos Santos Guilherme Tavares Jéssica Mesquita Letícia Araujo Lucas Alves Luiz Bezerra Michel Gentil Ramonna Abreu Talita Dias
BLOG: Cena Independente
Projeto integrado apresentado à Faculdade de Comunicação, da Universidade Metodista de São Paulo, no Curso de Rádio, TV e Internet, como pré-requisito de avaliação do 3º período. Trabalho sob orientação do Professor José Blasiis. Professores orientadores: Camila Cabello, Dalmo de Oliveira, José Blasiis, Joslaine Rodrigues, Marcelo Moreira, José Eduardo Sales da Costa Márcio Kowalski e Rogerio Furlan.
São Bernardo do Campo 2014-01
Aos nossos pais, familiares e amigos que nos apoiam, nos incentivam e estão ao nosso lado em todas as situaçþes.
Aos
nossos
professores,
que
nos
proporcionam a base para elaboração do projeto, nos incentivam a adquirirmos o conhecimento, confiança
e
transmitindo tranquilidade;
assim e
à
Universidade Metodista de São Paulo pela infraestrutura e atenção.
Sumário APRESENTAÇÃO............................................................................... CAPÍTULO I – Público Alvo .............................................................. 1.1 – Acesso a Internet no Brasil......................................................... 1.2 – Acesso a blogs........................................................................... 1.3 – O cinema independente em um olhar sob a cidade................... 1.4 – Definição de público-alvo............................................................ CAPÍTULO II – Objetivos................................................................... 2.1 - Objetivo Geral.............................................................................. 2.2 – Objetivos Específicos................................................................. CAPÍTULO III – Justificativa.............................................................. CAPÍTULO IV – Fundamentação teórica sobre o cinema independente...................................................................................... 4.1 – O surgimento do pensamento independente no Cinema Novo.. 4.2 – A transformação do pensamento independente dentro do cinema marginal.................................................................................. 4.3 – Afirmação do pensamento independente dentro do grupo paulista: Boca do Lixo.......................................................................... 4.4 – A rendição do pensamento independente ao cinema comercial: Pornochanchada................................................................ 4.5 – O outro lado do cinema nacional: Os apoios governamentais................................................................................... 4.6 – O desespero dos produtores independentes: Pornografia.......................................................................................... 4.7 – Situação do meio cinematográfico em 1980: Cinema Político e grandes produções.............................................................................. 4.8 – O cinema independente após 1980: De volta a escuridão após o avanço da TV.................................................................................... CAPÍTULO V – Estrutura do blog e desenvolvimento do layout.................................................................................................. CAPÍTULO VI – Metodologia............................................................. 6.1 – O blog como plataforma de mídia e sua importância na Era da convergência....................................................................................... 6.2 – Estrutura do Blog........................................................................ 6.3 – Desenvolvimento do Layout....................................................... CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ REFERÊNCIAS................................................................................... APÊNDICES........................................................................................ ANEXOS..............................................................................................
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Sumário de Imagens Imagem 1 – Estatística dos blogs no Brasil ..................................................
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Imagem 2 – Audiência Jovem...............................................................
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Imagem 3 – Disposição dos elementos do Blog...................................
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Resumo O Projeto do Blog Cena Independente foi realizado pelos alunos do 3ª semestre de Rádio TV e Internet, da Universidade Metodista de São Paulo, para divulgar o pensamento independente dentro do cinema nacional. Ele é composto por um Blog on-line ativo que contém vídeos, fotos e textos baseados no movimento do Cinema Independente brasileiro. Foi feito um estudo teórico do tema, incluindo a escolha do público alvo, e as informações técnicas dos trabalhos práticos do grupo. Com ele foi possível descobrir como surgiu no Brasil o pensamento de criar filmes sem o financiamento de grandes estúdios e como as mudanças históricas afetaram essa forma de produção. Percebemos também, como a internet é utilizada na elaboração e distribuição dos filmes feitos atualmente e a sua real importância para os profissionais independentes e para o seu telespectador. Isso só foi possível com o uso dos conceitos de crossmídias e transmídias que estão em vigor até a presente data. Esperamos que as informações sejam compreendidas, de forma clara, por todos aqueles que venham acessar o conteúdo através do Blog Cena Independente (ou por ter contato com a pasta de produção impressa) mesmo que a pessoa não possua nenhum conhecimento técnico na área cinematográfica. Para atingir este objetivo, utilizamos uma linguagem simples e direta nos textos que estão presentes na parte teórica e como acompanhamento dos ensaios de foto e vídeo. Desta forma, a Lumos Produtora, procurou expor da melhor maneira o conteúdo do semestre, por meio da apresentação desse trabalho. Palavras-chave: Cinema, Cinema Independente, produção, Rádio, tv e internet e Blog.
The Blog Project: Cena Independente has been accomplished by the 3º Semester Students of Radio, TV & Internet of the Metodista University from São Paulo to divulge the independent thinking inside the national cinema. It’s composed by an online active Blog that owns videos, photos and texts based on the Brazilian independent cinema. Followed by a production portfolio, in PDF and printed, it owns a theoretical study of the theme (including the choice of a target audience) and the technical information about the group’s practical working. It was possible to discover how arrived in Brazil the thinking on doing movies without big studios’ financing and how the historical changes affected this way of production. We also realized how the internet is utilized in the elaboration e distribution of the currently made movies and your real importance to the independent professionals and your viewer. That’s just possible with use of transmedia and crossmedia concepts that are in force till this present date. We hope the information be comprehend in a clear way, for all of those that may come to access the content through the Blog Cena Independente (or by having contact with this printed production portfolio) even a person not having any technical knowledge in the cinematographic area. To reach this goal, we utilized a simple and direct language in the texts that are in the theoretical part and how we got along with photo and video shoots. Keyword: Cinema, Independent Cinema, Production, Rádio, tv and Internet and Blog.
APRESENTAÇÃO
O Projeto Integrado proposto ao terceiro semestre do curso de Rádio, Tv e Internet, da Universidade Metodista de São Paulo, teve como objetivo a criação de um BLOG acadêmico. O tema escolhido por cada grupo deveria apresentar uma relação direta com as novas linguagens tecnológicas e um olhar sobre uma determinada cidade. O nosso grupo, representado pela Lumos Produtora, escolheu o tema Cinema Independente e a cidade de São Paulo. Conseguimos fazer uma pesquisa histórica de como o pensamento independente surgiu dentro do cinema nacional, ou seja, quando houve a ideia de fazer um filme sem um financiamento externo fornecido por um governo ou estúdio reconhecido. Além da parte teórica, nós também tivemos acesso às novas tecnologias de produção e divulgação dos filmes. Analisamos nesse projeto, como essas novas plataformas estão presentes em nosso dia-a-dia e qual é o tamanho da influência que elas exercem dentro de uma produção ou mesmo entre o público receptivo.
A divisão das funções no grupo ficou estabelecida como:
Pesquisa Teórica = Jessica Mesquita Santos e Talita Dias
Produção = Lucas Alves, Adeilafá Oliveira, Talita Dias, Ramona Abreu, Letícia Araujo, André Bravim.
Áudio = Adeilafá Oliveira
Design e Gestão do Blog = Guilherme Tavares e Breno dos Santos
Iluminação e Fotografia = Guilherme Tavares e Breno dos Santos
Pasta de Produção = Jessica Mesquita, Letícia Araujo, Luiz Bezerra e Breno dos Santos.
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CAPÍTULO I – Público-Alvo 1.1 Acesso a Internet no Brasil A internet cada vez mais está presente na vida das pessoas. E com acesso em todos os lugares, a internet possui um crescimento muito significativo. No segundo trimestre de 2013, de acordo com o IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística) foram registrados mais de 105 milhões de pessoas com acesso a internet no Brasil. Já os internautas ativos, que são as pessoas que acessam a internet pelo menos uma vez ao mês, atingiram 57,2% milhões. A geração que já nasceu com a internet e suas tecnologias encontram um todo na internet, desde interação e compras, como também um modo divertido e rápido de conhecimento. Se você observar os últimos vinte anos, ficará claro que a mudança mais significativa que afetou a juventude foi a ascensão do computador, da internet e de outras tecnologias digitais. É por isso que chamo as pessoas que cresceram durante esse período de Geração Internet, a primeira geração imersa em bits. Agora, o acesso de banda larga à internet é onipresente; os iPods estão em toda parte; telefones celulares podem navegar na rede, captar coordenadas GPS, tirar fotos e trocar mensagens de texto; e sites de redes sociais como o Facebook permitem que a Geração Internet monitore cada movimento de seus amigos. (TAPSCOTT, Don, 2010, P. 28).
1.2 Acesso a Blogs Os blogs, de um modo geral, são muito usados tanto por marcas e profissionais, quanto para as pessoas que querem expor sua opinião e entendimento sobre um assunto em questão. E eles são bem vistos para quem procura por informação, pois tem um conteúdo mais fixo e mais confiável e também dá ao leitor a opção de ver a evolução sobre o que se quer ler, dentro do blog e suas postagens. Além de ser dinâmico e ter informação, pode ter muitas vertentes e cada vez mais agrega mídias para complementar o conteúdo. Um estudo da Boo-Box (Empresa brasileira de tecnologia de publicidade e mídias sociais), feita entre Janeiro e Março de 2012, pode analisar o público de um blog no Brasil:
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Imagem 1 – Estatística dos blogs no Brasil – Fonte: Agência Rs
1.3 O Cinema Independente no olhar sob a cidade O cinema independente usa a cidade de São Paulo como a casa de grandes produções, uma vez que é um estado grande e múltiplo de culturas e diferenças, o que agrega muito a um filme que está em gravação. É também em São Paulo que se encontram espaços para divulgações de filmes de baixas produções e se encontra festivais com o tema.
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1.4 Definição de Público-alvo Para a definição do público-alvo do blog “Cena Independente” foram analisados os pontos: idade, sexo, classe econômica e hábitos. A idade que será mais direcionada no blog, será a de 18 a 34 anos, uma vez que é a idade que se cria mais curiosidade sobre o tema, para quem quer entrar no mundo do cinema independente e também para as pessoas que já estão no ramo, pois estudam e buscam por mais informações sobre o cinema. É a idade que já tem concreto o seu ideal e busca pelo tema especificamente. Além de impactar os internautas pela maneira que será divulgado o blog e o assunto em mídias sociais, de modo interativo, atingindo assim, a idade que mais utiliza as mídias, de acordo com o Comscore (Empresa dos EUA de análise da internet que fornece a grandes empresas, agências e publicidades do mundo):
Imagem 2 – Audiência Jovem – Fonte: ComScore
Com relação ao sexo, o alvo será a de feminino e masculino, uma vez que, tanto para os que se identificam com o tema, quanto para os profissionais que são apaixonados pelo saber e por todas as novidades, o assunto fala com os ambos os sexos e o que o blog procura atingir todos de uma maneira única. Já falando sobre a classe econômica, que é dividida pela A, B, C, D e E, será mais focado para as classes B e C, uma vez que são as classes que mais crescem e que abrangem um vasto público, sendo essa a classe que é curiosa e que busca diariamente entender e descobrir mais. E os hábitos são esses, as pessoas que 12
buscam, sempre que possível, por novos conhecimentos pelo que se gosta e que se trabalha. Que procura e acessa a sites e blogs que se identificam, tanto pelos assuntos abordados, como a maneira que se é exposto ao público. O blog “Cena Independente” procura por isso, já que foi desenvolvido para que as pessoas se identifiquem e se tornem leitores que participam juntamente ao blog, para ter opiniões que ajudem e acrescentem ao assunto. E será para esse público que o blog conversará. O blog também mostrará os lados do cinema na cidade de São Paulo e estará com uma leitura, para quem gosta de cinema e se encaixa na rotina paulista.
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Capítulo II – Objetivos
2.1 Objetivo Geral O objetivo do Blog Cena Independente, é apresentar de maneira clara o que é considerado uma produção independente dentro do cinema nacional e quais foram às transformações que esse estilo sofreu até se tornar o que temos atualmente.
2.2 Objetivos Específicos:
Explicar o processo histórico desta forma de produção cinematográfica;
Apresentar as mudanças no processo de criação e distribuição dos filmes independentes brasileiros;
Esclarecer as características atuais do cinema independente nacional;
Criar uma sintonia entre o Cinema Independente e os demais movimentos cinematográficos do Brasil.
Esclarecer as diferenças de produção entre o Cinema Independente e os outros estilos presentes no cinema brasileiro
Apresentar a temática do projeto de maneira condizente a Era da Convergência.
Esclarecer e fazer uso dos conceitos de Transmídias e Crossmídias atuais
Divulgar o Blog em mídias sociais como Facebook e Instagram
Apresentar a importância da internet nas produções independentes nacionais
Exibir ensaios fotográficos que estejam diretamente ligados ao tema central do Blog, utilizando as técnicas indicadas em sala de aula;
Executar os primeiros trabalhos de gravação e edição de vídeo com ideias relativas ao tema central do Blog;
Em oposição ao “cinema industrial” que se desenvolveu em São Paulo, já no início da década de 1950 surge o cinema chamado dos “independentes” e os Congressos de Cinema realizados na capital paulista e no Rio de Janeiro (...) (RAMOS, Fernão, 1987, P.274)
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CAPÍTULO III – Justificativa A escolha de se produzir um blog acadêmico com o tema Cinema Independente surgiu pelo fato do assunto não ser comum a nenhum dos integrantes. Isso ofereceu uma oportunidade da sair da “zona de conforto” e nos possibilitar mais conhecimento. A escolha de como seria elaborado a parte teórica e prática do trabalho, partiu da ideia de se construir uma narrativa clara e direta que explicasse o surgimento do pensamento independente no cinema brasileiro e como ele é mantido após tantas mudanças de governo e conceitos culturais. Buscamos utilizar uma linguagem simples no blog, para que a informação pudesse ser interpretada por pessoas na faixa etária acima dos 18 anos, que estejam ou não no meio cinematográfico. Escolhemos os temas dos ensaios fotográficos e das gravações seguindo o mesmo objetivo para que o blog atingisse as metas expostas pelos professores e fosse agradável aos seus visitantes. O grupo apresentará conteúdos no blog que não estão na pasta de produção, porque houve uma descoberta interessante na entrevista do cineasta José Mojica Marins, relacionada ao movimento Boca do Lixo. Vamos realizar outras entrevistas com mais profissionais do movimento e assim poderemos aprofundar o tema até a apresentação final marcada para o dia 04 de julho de 2014.
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CAPÍTULO IV: Fundamentação Teórica sobre o Cinema Independente Brasileiro
4.1 O Surgimento do pensamento independente no Cinema Novo No Século XX os ideias de Nacionalidade, modernidade e às vezes socialismo invadiram as obras modificando um padrão já estabelecido. Dentro destas mudanças o cinema não ficou de fora. Um dos movimentos cinematográficos que mais se destacou nessa época foi o intitulado Cinema Novo. Nele se buscava produzir filmes com poucos recursos financeiros como uma alternativa a forma de trabalho dos grandes estúdios, que participavam do Cinema Industrial. Apesar das diferenças entre esses dois movimentos, ambos começaram a trabalhar com a valorização do tema nacional, influenciados pela Europa pós-guerra. Principalmente pelo Neorrealismo Italiano que, sem muita alternativa, buscava retratar a situação atual do seu povo com o que havia restado do seu capital. O Problema do conteúdo no cinema brasileiro (2) é exemplar do quadro ideológico da época. Aponta em direção ás transformações que, no decorrer dos anos, iriam gerar o discurso característico dos cineastas surgidos no final da década. O texto inicia propondo analisar “os empecilhos e dificuldades de nosso cinema que se verificam no plano econômico-financeiro (RAMOS, Fernão, 1987, p.302)
O cineasta Nelson Pereira dos Santos, que participava ativamente dos congressos de cinema da época, produziu seu primeiro longa metragem chamado Rio 40º (1955) sem o auxílio dos grandes estúdios. Produzido por um sistema de cotas, só foi possível ser feito graças à colaboração de algumas pessoas que também acreditavam no projeto. A câmera que ele utilizou foi emprestada por Humberto Mauro (diretor técnico da INCE- Instituto Nacional do Cinema Educativo) e só funcionou graças aos reparos feitos pelo fotógrafo Hélio Silva. A película foi importada sem taxas e tanto a equipe de produção quanto os atores, aceitaram trabalhar somente com a promessa de receber uma parte do que o filme iria faturar. Podemos ver a partir desta produção o começo da transformação do pensamento independente em algo prático com um bom resultado. . Diversos financiadores foram procurados sem nenhum sucesso aparente, até que “um advogado que já orientara Moacir Fenelon nesse sentido explicou para Nelson o sistema de cotas, muito usado
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no começo do cinema e na Itália no pós-guerra (...) Fernão, 1987, p. 304 e 305)
(RAMOS,
Enquanto aconteciam as gravações de Rio Zona Norte em 1957, Glauber Rocha foi para o Rio de Janeiro e acabou se encontrando com Nelson Pereira no meio das filmagens. Surgia ai uma parceria importantíssima para o Cinema Novo. Glauber Rocha foi um dos principais nomes do movimento cinema-novista. Com o lema “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, revolucionou a maneira de se produzir filmes no Brasil. Depois desse encontro, Glauber permaneceu no Rio por mais um ano e meio, e nesse tempo, se reuniu com outros interessados em cinema. Formando assim, o grupo que futuramente daria início ao Cinema Novo brasileiro. No trecho abaixo podemos ver na fala de Glauber como foi esse começo. Em 1957-1958, eu, Miguel Borges, Cacá Diegues, David Neves, Mario Carneiro, Paulo Saraceni, Leon Hirszman, Marcos Farias e Joaquim Pedro (todos mal saídos da casa dos vinte) nos reuníamos em bares de Copacabana e do Catete para discutir os problemas do cinema brasileiro. (...) (RAMOS, Fernão, 1987, p. 309)
Em 1950, Walter Hugo Khouri produziu quatro filmes, que na época foram rotulados como Cinema Independente. Apesar de eles terem sido feitos com recursos próprios, não são considerados independente nos estudos atuais, pois ainda possuíam muitas características da estrutura clássica herdada do Cinema Industrial. Um deles, o filme “O Gigante de Pedra”, foi colocado ao lado de obras de grandes estúdios no Festival Internacional de Cinema em 1954. E foi citado na imprensa como uma prova das barreiras que um jovem cineasta poderia enfrentar no começo da carreira. Walter Hugo Khouri trabalhou como assistente de produção no filme “O Cangaceiro de Lima Barreto” em 1953 e antes em 1951, já havia começado a produção de “O Gigante de Pedra”, mas, por vários problemas, só conseguiu finalizá-lo em 1953. Já em 1959, foi à vez de Paulo Cesar Saraceni, em parceria com o cinegrafista Mario Carneiro, produzir o filme que é conhecido como um dos percussores do Cinema Novo. Intitulado como “Arraial do Cabo”, foi um dos primeiros filmes a ser produzido totalmente sem recursos da indústria, modificando assim, maneira de se trabalhar com cinema no Brasil. Outro filme dito como percursor do Cinema Novo chama-se “Aruanda”, do diretor paraibano Linduarte Noronha. Apesar de “Arraial do Cabo” não ter sido muito bem aceito no país, ele foi 17
o primeiro filme do Cinema Novo a fazer sucesso internacionalmente. Nestas duas obras, a vontade de se libertar das amarras da indústria já é uma realidade no meio cinematográfico nacional. E mesmo tendo que enfrentar muitos desafios, consegue render algo de bom para a imagem do país. A “preocupação agora é superar o nacionalismo que vem repetindo formulas desde o indianismo de Gonçalves Dias”. A expressão do nacional passa então pela “nacionalização da arte brasileira através de sua linguagem, de sua forma, de sua expressão” (23). (RAMOS, Fernão,1987, p. 321)
Ainda em 1959, um cineasta chamado Trigueirinho Neto iniciava em Salvador as filmagens do filme “Bahia de Todos os Santos”, sendo esse o primeiro longa metragem produzido no estado. Após 1960, as produções na Bahia aumentaram muito e surgiram filmes como: “Mandacaru Vermelho” de Nelson Pereira, “Redenção” de Roberto Pires e ainda “Barravento” de Glauber Rocha. Em 1961 e 1962 acontecia em São Paulo às filmagens de três filmes importantíssimos para o Cinema Novo: “Cinco Vezes Favela” e “Os Cafajestes” de Ruy Guerra, além de “O Pagador de Promessas” de Alselmo Duerte. O filme: O Pagador de Promessas foi um marco nacional, consagrado internacionalmente quando ganhou o prêmio Cannes de 1962. Porém, o que poucos sabem é que na mesma época da premiação no exterior foi definido no Brasil quais filmes seriam do Cinema Novo e o que seria descartado do movimento. Retomando a classificação feita por Glauber Rocha, sobre o que poderia ou não ser considerado do Cinema Novo, pode-se dizer que nem todos ficaram satisfeitos com essa divisão. Pouco tempo depois, por diversos motivos, o movimento acabou se dividindo em três partes. Cada uma com sua característica marcante e suas obras de destaque. Primeira Trindade - produção de 1963 - tem como marca a seca do nordeste e a exploração dos seus habitantes. Exemplo: “Vidas Secas” de Nelson Pereira. Segunda Trindade – produção de 1965- feita durante o Governo Militar é marcada pela preocupação dos cineastas em continuarem no ramo cinematográfico. Como os custos das produções aumentaram muito, algumas parcerias com grandes estúdios, industriais começaram a ser aceitos para a criação e exibição dos filmes. Exemplo: “Terra em Transe” de Glauber Rocha. 18
Terceira Trindade – produções a partir de 1965 - tem como marca a criação de obras mais voltadas a temas que agradassem o mercado para serem vendidos com facilidade. Exemplo: “Garota de Ipanema” de 1967 e 1968 de Leon Hirszman, produtor do clássico filme: “Cinco Vezes Favela”.
A última trindade cinema novista, foi produzida pela antiga geração de cineastas, que ainda pertenciam ao movimento e estavam sendo pressionados pelo governo militar. Os mais novos que não aceitavam essa “rendição” a produção comercial, se distanciaram do movimento em 1970 e criaram o que é chamado de Cinema Marginal. Justamente para produzirem a “margem da sociedade”, com mais liberdade de criação, sem as regras da estrutura clássica. Após todas essas mudanças no Cinema Novo, fica claro a sua importância no nascimento da ideia independente dentro do cinema nacional e a defesa da liberdade de criação. Além disso, foi através dos integrantes cinema-novistas que surgiu um novo movimento que abriria de vez as portas do cinema brasileiro, para os filmes que rodariam totalmente fora do círculo comercial: O Cinema Marginal. Para saber mais: Geralmente quando se fala em Cinema Novo é dito o nome de Glauber Rocha como referência. Glauber foi realmente muito importante para esse movimento cinematográfico por ter sido um dos seus fundadores e ter mudado a forma da produção nacional ao colocar em prática uma ideia simples de filmagem que fez e ainda faz muito sucesso. Mas outros nomes também foram importantes para o movimento e merecem ser destacados como: Walter Hugo Khouri que foi um dos primeiros a arriscar uma produção sem qualquer financiamento externo. Paulo Cesar Saraceni que se arriscou ao levar uma equipe sem dinheiro e com poucos equipamentos para uma pequena vila a 25 Km de Cabo Frio e com isso produziu um marco cinematográfico intitulado Arraial do Cabo. Linduarte Noronha que conseguiu adaptar um texto jornalístico para as telonas e fez de Aruanda um filme que renderia várias obras inspiradas no decorrer do movimento. Mario Carneiro que como fotografo esteve presente nas produções mais importantes do movimento enfrentando as mesmas dificuldades imposta pela falta de recursos e equipamentos. Além de Nelson Pereira dos Santos, que mesmo trabalhando para o Cinema Industrial foi uma das primeiras pessoas a colocar os ideais independentes em prática. 19
4.2 A transformação do pensamento Independente dentro do Cinema Marginal Os filmes do Cinema Marginal, como o próprio nome remete, são produções com temas à margem da sociedade, ou seja, temas que iam contra o que era dito “aceitável” pela maioria da população e pelo governo da época. Contendo cenas que mostram coisas inusitadas como a fome, o horror e a tortura, utilizam o foco no que há de mais “podre” no ser humano (exemplo: vômito, lixo, etc.) para causarem um forte impacto no telespectador. Além de tentar combater o cinema comercial, que estava muito forte na época da Terceira Trindade cinema-novista, mesmo não sendo ligado diretamente a questões sociais, o Cinema Marginal usava o horror a fome e a violência, para chamar a atenção sobre as torturas vividas durante o período militar es suas consequências. Segundo Ramos (1990, p. 93-94) “A ruptura com o esquema de produção, que levam em consideração o capital investido e seu retorno através da exibição do filme no mercado, é um traço marcante do cinema marginal.” Os vômitos, as defecações e até castrações de pessoas na tela, tinham como foco principal despertar, em quem visse o filme, um questionamento sobre a sua própria colocação no meio social. Utilizando personagens que não são heróis nem vilões, como os que existem em “O Bandido da luz vermelha” de Rogério Sganzerl, tinham o desejo de que essa classificação fosse feita pelo público, baseada na experiência de vida individual. Pensando no Cinema Independente e a sua ligação com o Movimento dos filmes Marginais, existem mais fatores, além do baixíssimo orçamento e da péssima distribuição, que unem esses dois movimentos. A ideia da libertação do apelo comercial é grande como no cenário anterior, porém a vontade de colocar na tela o que o cineasta realmente estava pensando ultrapassou, muitas vezes, o próprio limite que uma história deve conter para poder transmitir uma ideia de forma clara. Segundo Ramos (1968-1973, p. 119) “O horror tem igualmente sua imagem e o Cinema Marginal penetra fundo em toda a sua dimensão simbólica. A construção do universo ficcional do Cinema Marginal, através da fragmentação da narrativa, servia para questionar a estrutura clássica vinda da cinematografia americana. O movimento faz uma referência analógica mergulhando na fantasia os seus personagens, fugindo assim, das regras do antigo Cinema 20
Industrial. A narrativa dos filmes se fixa por um longo período em atos reprimidos, como o de vomitar e até possui certo drama, mas na maioria dos filmes as cenas não são projetadas, seguindo uma sequência lógica. Não são cenas lineares. Além destas características, os filmes ditos como marginais, possuem também uma intertextualidade através das trilhas e fotos inseridas dentro da narrativa. E o cafona é outro destaque, pois é mais um elemento contra as regras da estrutura clássica, que valoriza a beleza de seus personagens acima de outros fatores.
O Bandido da Luz Vermelha ainda possui traços da produção do Cinema Novo que gira em torno da representação alegórica do Brasil e de sua história. No entanto, a forte presença do universo urbano, da sociedade de consumo e do lixo industrial gerado por essa sociedade, marca uma nítida diferença. (...) (RAMOS, Fernão, 1987, p. 381)
O Movimento do Cinema Marginal aumentou muito a produção independente no Brasil e os resultados foram vistos em algumas capitais. São Paulo, por exemplo, ficou marcada por um movimento que seguindo essa linha Marginal pode produzir obras clássicas como o próprio filme “O Bandido da Luz Vermelha”, que é um marco e foi citado no parágrafo anterior. Esse grupo paulistano ficou conhecido como Boca do Lixo e até hoje mantém seguidores fiéis.
4.3 A Afirmação do pensamento Independente dentro do Grupo Paulista: Boca do Lixo Instalada em um endereço estratégico para atingir uma boa circulação de pessoas, o grupo de produtores e profissionais de cinema que ficou conhecido como Boca do Lixo, trabalhou em várias produções nas décadas de 1960 a 1980. Os arredores das ruas do Triumpho, dos Gusmão, dos Andrada e Vitória chamaram tanto a atenção de grandes estúdios paulistas (Fox, Paramount), quanto de amantes da sétima arte que não se encaixavam na estrutura do cinema industrial. Por essas estações rodoviárias e ferroviárias seria feita a distribuição dos filmes, não só para o interior como para o restante do País. As distribuidoras, assim, ganhariam em agilidade. Do fim da década de 50 até meados da década de 60, na Boca do Lixo já se encontravam a Polifilmes, “a Columbia, a Paramount, a Warner,
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a Art Filmes, a Fama Filmes, a Pelmex, a França Filmes do Brasil, a Paris Filmes e muitas outras” (STERNHEIM, 2005, p. 16).
A Boca do Lixo ganha este nome, pois além de ser um local de produção de cinema, também era um local de indivíduos marginalizados pela sociedade, como as prostitutas, os bêbados, os loucos, os drogados, etc. Ao contrário do que muitos podem pensar, alguns cineastas afirmam que foi a convivência com essas pessoas que lhe trouxeram as habilidades necessárias para atingir um bom resultado no meio cinematográfico, visto que o improviso é parte fundamental em uma produção audiovisual. Um dos ícones desse grupo foi o personagem Zé do Caixão criado por José Mojica Marins, um dos nomes principais do movimento. Apesar do sucesso que os filmes do Zé do Caixão (e tantos outros) fizeram na época do auge do grupo, anos depois em 1980 muitos problemas afastaram as pessoas dos cinemas e foi preciso se render aos filmes que vendiam ingresso a qualquer custo. A partir deste momento, o nome independente passa a ser associado a filmes mais apelativos no campo erótico e as Pornochanchadas se tornaram o caminho mais fácil para conseguir retorno financeiro no cinema nacional.
4.4
A
rendição
do
pensamento
Independente
ao
Cinema
Comercial:
Pornochanchada Baseado nos filmes conhecidos como Chanchadas, que eram inspirados nas obras italianas e possuíam um humor popular e ingênuo, ganhou a palavra “Pornô” em seu título, pois misturava esse humor com cenas e temas considerados eróticos. Mesmo recebendo muitas críticas daqueles que se consideravam “entendidos” da sétima arte, a nova fórmula nacional agradou a camada popular da sociedade e se tornou garantia de retorno financeiro. O aspecto independente dentro das Pornochanchadas é mantido por conta do pouco recurso financeiro que era colocado nas produções e no formato que continuava contrário as regras da estrutura clássica, mantida nos filmes Industriais. A diferença era que a Pornochanchada vendia ingresso e por isso, muitos que eram contra as ideias independentes, que surgiram no Cinema Novo, apostaram nesse gênero só para ter um bom retorno em dinheiro. Isso aconteceu no mesmo período
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que os apoios governamentais estavam aparecendo no meio cinematográfico nacional. O que aconteceu na história do cinema nacional com a Pornochanchada, é que ao mesmo tempo que estava fazendo muito sucesso com uma boa parte da população, ela teve o seu brilho ofuscado pelas mudanças que ocorreram no Cinema Novo e na política, justamente na época do seu lançamento. É um gênero conhecido, porém sempre envolvido com muita polêmica. (baseado nas informações do livro: Histórias do Cinema Brasileiro)
4.5 O Outro lado do Cinema Nacional: Os apoios governamentais Analisando a década de 1970, podemos ver que havia mais mudanças no meio cinematográfico que o surgimento do Cinema Marginal e a descoberta da mina de ouro nas comédias eróticas. Antes das Pornochanchadas fazerem sucesso sem o patrocínio da Embrafilme - Empresa Brasileira de Filmes- já existia o INC - Instituto Nacional de Cinema, para regulamentar as normas de produção e importação dos filmes brasileiros. Mesmo o INC tendo incentivado o retorno do tema nacional as telonas, e anos depois surgiu o Concine- Conselho Nacional de Cinema - que regulava as legislações referentes às produções nacionais. Apesar da Embrafilme ter gerado muitas opiniões diferentes, sobre a sua forma de trabalho, ela foi o primeiro órgão público a financiar um filme nacional. E mesmo que o apoio financeiro do governo não servisse de forma direta as produções independentes, essa nova forma de produção mudou o cenário cinematográfico
brasileiro.
As
produções nacionais aumentaram de
forma
significativa com as resoluções de incentivo a produção e exibição do INC, que só foram criadas por conta da vontade do governo de enaltecer o Brasil conforme Ramos (1990, p.413) relata: “Quem não gosta do Brasil não me interessa – trecho do discurso do Ministro Walter Graciosa na sua nomeação como diretor geral da Embrafilme em 1972” No mesmo período em que as Pornochanchadas estavam sempre nas salas de cinema, as outras produções independentes continuavam à margem dos filmes ditos “corretos” pelo governo. Mesmo assim, elas também foram influenciadas pela onda “Culta” que tomaram as criações da época. Muitas adaptações de obras literárias fizeram sucesso, pois misturavam erotismo e cultura brasileira. 23
Isso fez com que filmes como “O Guarani”, de 1979, atraísse tanta atenção quanto o filme: “Iracema A Virgem dos Lábios de Mel”, de 1977, que possuía no papel principal um dos ícones do cinema boca do lixo, a atriz Helena Ramos. Lembrando que os dois filmes foram baseados na obra do escritor José de Alencar, nome que se tornou muito popular entre estas adaptações. E seguindo esta “onda culta”, as produções da boca do lixo, em São Paulo, procuraram sobreviver mesmo existindo um aumento do interesse comercial e espetacular do cinema nacional. Para isso, utilizaram pequenas produtoras que se esforçavam para produzir obras mais sofisticadas dentro das limitações financeiras. Sendo assim, eles finalizaram a década de 1980 com filmes como: “O Gosto do Pecado” (1980) e “Profissão Mulher” (1983). Nas produções comercias, além da literatura, existiu também forte presença de filmes com temas políticos, mas nada comparado ao sucesso dos humorísticos que tomaram o país. Destaque para os filmes dos Trapalhões (Didi Mocó, Dedé Santana, Mussum e Zacarias) e de Amacio Mazzaropi, entre outros. E na Boca paulistana que a diversificação toma maiores dimensões [...] acumulam forças produtoras e diretores novos [...] São diretores que vinham de outras experiências na produção cultural e levam para o cinema da Boca uma concepção centrada no impacto comercial buscando [...] boa confecção artesanal e a montagem de um sistema de estrelismo. [...] (RAMOS, Fernão, 1987, p.427)
4.6 O Desespero dos produtores Independentes: Pornografia No final de 1979, após tanta euforia com as comédias eróticas a população começa a deixar de ir ao cinema. A crise de 1979 a 1985 atinge tantos os filmes nacionais quanto os estrangeiros. Com a censura já fragilizada, inicia uma corrida das produtoras independentes para conseguir atrair a atenção das pessoas a qualquer custo, pois o medo que os profissionais sentiam, de ter que abandonar o cenário cinematográfico por falta de dinheiro, estava cada vez maior. Depois de um decênio promissor, ao menos sob o prisma econômico, emerge a crise com a diminuição vertiginosa de público. O mercado total de cinema no país sofre violenta retração entre 1979 e 1985 numa queda livre que atinge tanto o filme nacional quanto o estrangeiro. (RAMOS, Fernão, 1987,p.438)
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Desesperados com a falta de público, as obras começam a abusar das cenas eróticas e se transformam em filmes pornográficos com cenas explícitas após o lançamento do filme “Fome de Sexo” de Ody Fraga em 1981. A única diferença entre esse filme e as produções conhecidas como “Hard-Core” é que o momento da ejaculação não era mostrado. Muitos dizem que esse “pornô contido” foi uma tentativa de pular a censura, que apesar de enfraquecida ainda está presente. Com filmes pornográficos estrangeiros entrando no país de forma ilegal não demorou muito para a censura sem ignorada. Em 1982 o filme Coisas Eróticas de Rafaeli Rossi quebrou de vez as regras da época sendo considerado o primeiro filme pornográfico brasileiro. Estourava um movimento que produziria algumas obras bem mais apelativas que as consideradas eróticas, na tentativa de chamar o público de volta às salas de cinema. O sexo explícito é uma produção que vai proliferar rapidamente, em paralelo com a entrada dos pornôs estrangeiros no circuito exibidor, contornando a censura com um artifício jurídico. Realizando filmes com custo ainda mais baixos que a pornochanchada, o explicito ocupará vasta fatia do mercado. Encurrala e atrai o setor da Boca do Lixo que tentava uma melhoria de qualidade através da produção média. (RAMOS, Fernão, 1987,p.438)
A ideia do Cinema Independente ainda permanecia em muitos produtores, porém a realidade financeira batia na porta com muita força e isso fez com que muitos se apoiassem na pornografia com o objetivo comercial. Existiam os que gostavam desta maneira de filmar, mas para muitos foi à única alternativa de sobrevivência. As ideias pornográficas são exploradas ao máximo, inclusive com temas envolvendo animais, período esse que ficou conhecido como ciclo dos cavalos, que se iniciou com o filme “Mulher, Mulher” de Jean Garret de 1979 e durou até 1986, ano de lançamento do filme “Mulheres Taradas” por Animais de Ody Fraga. Apesar do impacto dos filmes pornográficos, eles não ficaram no topo por muito tempo e o estilo foi perdendo força até ser deixado de lado pela maioria após o filme “A Noite das Taras”, feito também por Ody Fraga. Curiosamente, coube a Ody Fraga fechar um circulo que se iniciou em A Noite das Taras, filme assentado em roteiros de sua autoria. Depois deste marco fica a dúvida de como o pornô prosseguirá: continuará surpreendendo ou se perderá em enfadonha repetição? (RAMOS, Fernão, 1987,p.439)
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4.7 Situação do meio cinematográfico em 1980: Cinema político
e grandes
produções Deixando de lado (por um instante) as produções independentes, é importante lembrar que na mesma época em que as produções pornográficas tomaram as produtoras do movimento marginal, os grandes estúdios ainda estavam trabalhando. E mesmo sem o grande apoio que o governo ofereceu na década anterior eles tentaram criar filmes que tinham o objetivo de serem grandes produções. Essa onda fez com que o diretor Cacá Diegues ressuscitasse a temática histórica em 1984, com o filme “Quilombo” que custou 1,5 milhões de dólares. E ainda alimentou as esperanças que o diretor Hector Babenco tinha de fazer grandes filmes de qualidade, a ponto dele produzir o clássico “O Beijo da Mulher Aranha” em 1985. Até o defensor dos filmes independentes Nelson Pereira dos Santos teve a sua recaída e produziu o filme “Memórias do Cárcere” em 1984, com o custo de 550 mil dólares. Paralelamente á miserabilidade pornográfica, surgem também algumas obras com o estatuo, ou pretensões, de “grande produção”. Os números só se agigantam na comparação com os investimentos do cinema produzido no país. (...) (RAMOS, Fernão, 1987, p. 440)
Sobrevivendo ao mesmo período, os filmes políticos, incluindo documentários, reapareceram com grande força refletindo o que os anos de chumbo haviam deixado de herança aos brasileiros. Podemos ver a veia política na obra de Roberto Gervitz em parceria com Sergio Toledo, intitulada “Braços Cruzados, Máquinas paradas” de 1979. E também nos filmes “Greve!” e “Trabalhadores: Presentes!” de João Batista de Andrade, entre tantos outros como: “Os Chapeleiros” de Adrian Cooper de 1983 e “Nada será como antes, Nada?” de Renato Tapajós em 1985. Da mesma situação de efervescência saem Greve! E Trabalhadores: Presente! (ambos de João Batista de Andrade, 1979) e Greve de Março (direção de Renato Tapajós, 1979). Tapajós vai inclusive prosseguir realizando filmes junto ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, e depois ainda rodará Em Nome da Segurança Nacional (1984) e Nada será como antes, Nada? (1985), preocupado com a relação entre movimentos populares e a participação política mais ampla. (...) (RAMOS, Fernão, 1987, p. 441).
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Ao contrário do que alguns possam imaginar a ficção também foi envolvida no tema político, trazendo inclusive cenas de tortura. Algo que ainda era tratado com muita cautela devido o medo de opressão. O primeiro a tocar nesse assunto foi o filme “Paula”, de Francisco Ramalho em 1980, que teve uma co-produção da Embrafilme. E no mesmo ano, houve o lançamento do conhecido “E Agora José”, dirigido por Ody Fraga. Devemos a esse período também o clássico nacional chamado: “Eles não usam Black Tie”, que foi dirigido por Leon Hirsman em 1981. Mas vamos aos ecos dessa conjuntura no cinema ficcional, centrado em outros objetivos, sujeito a coerções diferentes. Repressão e tortura logo invadem a produção, diante dos primeiros sinais de relaxamento da censura. E vieram de dois polos do cinema paulista (um mais próximo ao Estado e outro de um tradicional produtor da Boca). (...) (RAMOS, Fernão, 1987, p. 441) As transformações no cinema estavam acontecendo de forma mais rápida, naquela época em que a política era assunto geral e todos queriam mudanças. Foi também na década de 1980 que os jovens ditos como “intelectuais” de São Paulo, começaram a se reunir em um movimento que ficou conhecido como “Grupo da Vila Mariana” em homenagem ao bairro. Apesar de também estarem envolvidos com a política estudantil, eles passaram a olhar, com mais atenção, para a metrópole em que moravam e conseguiram produzir vários filmes de temas diversos, como “Asa Branca, Um Sonho Brasileiro“ de 1981 e “Marvada Carne” em 1985. As produções foram possíveis com o apoio de órgãos estatais.
Em São Paulo, esses cineastas integraram majoritariamente o que foi apelidado de “Grupo da Vila Mariana”, referencia a um bairro habitado por intelectuais e estudantes, com um modo de vida pleno de resíduos das movimentações políticas estudantis do passado e também da contracultura. (...) (RAMOS, Fernão, 1987, p. 445)
4.8 O Cinema Independente após 1980: de volta a escuridão após o avanço da TV Após varias tentativas de voltar a encher as salas cinema, as produtoras independentes viram o público brasileiro preferir a televisão logo no inicio da década de 1990. Até os estúdios que seguiam o modelo industrial perceberam que o poder
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já não era o mesmo. Alias não restava quase nada dos grandes estúdios Paulistas que em décadas anteriores dominavam o meio cinematográfico brasileiro. Em 1992, ainda no período em que Itamar Franco era presidente, o então ministro da cultura estava pensando em formas de criar uma ajuda governamental que servisse para estimular a produção interna de filmes e ainda conseguir melhorar a imagem do governo. Esse pensamento se transformou na Lei de Incentivo Audiovisual (Art.1ª da Lei 8685/93) que entrou em vigor pouco tempo antes do governo de Fernando Henrique Cardoso. Justamente no período em que estava muito difícil para o filme independente ganhar espaço e ser exibido (uma vez que a imagem do filme nacional estava ruim e o governo colocava nas telonas quem ele desejasse financiar) a emissora TV Globo começou a olhar com interesse para o meio cinematográfico. A Globo Filmes Produções foi inaugurada em 1998 e após entrar na disputa pela venda de ingressos de cinema, as produtoras independentes foram expulsas de uma batalha que já não estava justa. A produtora global passou a colocar os atores da novela em destaque, para atrair o público, e era uma das únicas que conseguia pagar por bons equipamentos e mão-de-obra qualificada. Para piorar a situação das pequenas produtoras, a Tv Globo ainda conseguia alguns recursos do governo, pois já estava claro a preferencia dos telespectadores pela emissora e isso poderia ser útil aos partidos políticos. Mesmo após serem afastadas do foco do grande público as produtoras independentes foram se misturando a outros estilos de produção como o comercial para continuarem trabalhando. Mas, apesar das dificuldades, algumas produtoras se uniram e permaneceram com o pensamento independente exibindo seus filmes em espaços fechados ou em festivais de menor fama. E atualmente, ainda existem pessoas que se identificam com os ideais do grupo e trabalham fora do circuito comercial com paixão (e muita dificuldade) mantendo um público fiel. .
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CAPÍTULO V - Metodologia Para a realização deste projeto todos os integrantes participaram de diversas etapas com trabalhos individuais ou em grupos secundários. Primeiro foi feito a pesquisa teórica sobre como o pensamento independente começou a aparecer dentro do cinema nacional. Esta parte não foi fácil, pois o movimento independente (apesar de ser reconhecido) não está totalmente separado dos demais movimentos cinematográficos. Isso acontece, porque ele é derivado do Cinema Novo e se fundiu a outros movimentos no decorrer dos anos por conta das dificuldades financeiras. Em seguida, foi preciso escolher o público alvo que o blog iria atingir. Nesta etapa levamos em consideração as aulas da professora Camila Cabelo (sobre as divisões das classes sociais baseadas no patrimônio financeiro e hábitos culturais) e chegamos a faixa de 18 a 35 anos. Isso aconteceu, pois um dos objetivos era levar o conhecimento do tema para aqueles que estão ou não no meio cinematográfico atual. Se focássemos em pessoas mais novas, por exemplo, não conseguiríamos falar com elas e com os profissionais de cinema ao mesmo tempo. Já na metade do processo (levando em consideração a data de entrega desta pasta) foram feitos de forma paralela os ensaios fotográficos e as entrevistas, usando como referência a parte histórica do movimento e a era da convergência. Está postado no blog um ensaio fotográfico com cenas de filmes do movimento Cinema Marginal e um ensaio com um personagem ficcional de um roteiro independente que estamos acompanhando a pré-produção. Este roteiro é o filme Diana, que tem estreia prevista para janeiro de 2015 e possui um personagem secundário chamado Rodrigo. Esse garoto foi posto pelo nosso grupo como o responsável elas postagens do blog fictício chamado Rodrigando que foi criado (pela nossa produtora) para ser um dos elementos de divulgação do filme. Enquanto alguns finalizavam as edições e postagens dos blogs (Cena Independente e Rodrigando) outros finalizavam a parte teórica e o estudo sobre o uso das novas mídias, que foram indicados no documento do P.I. (Projeto Integrado). Após o grupo ter juntado um material razoável sobre o tema e cumprido as exigências de postagem, os textos foram unidos aos itens obrigatórios da pasta de produção acadêmica e entregues na data solicitada, dia 16 de Maio de 2014.
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CAPÍTULO VI – Estrutura do Blog e desenvolvimento do Layout Os textos a seguir remetem ao desenvolvimento do blog, tanto em sua parte conceitual, construída a partir dos textos de Jenkins, Shirky, quanto estrutural, justificando as principais escolhas de linguagem.
6.1 O Blog como plataforma de mídia e sua importância na Era da Convergência Segundo o livro de Henry Jenkins, “Cultura da Convergência”, o mundo das mídias vive uma nova era, bem diferente do que muitos imaginaram ou previram que seria. Se antes tínhamos que rodar a antena do celular para encontrar sinal, hoje podemos assistir a filmes e conversar com uma ou mais pessoas, na tela do mesmo aparelho. Para completar, o celular é apenas uma peça da enorme rede tecida por diversos aparelhos eletrônicos conectados à internet, e o melhor de tudo, as antigas mídias, como a televisão e o rádio, não querem ficar para traz e também estão se renovando. “Bem vindos ao altar da convergência”. Com uma câmera na mão, mas, sem ideias na cabeça, muita gente passa seus dias alimentando as redes sociais com fotos de seus bichinhos, parentes, amigos, lanches e delas mesmas... Principalmente delas mesmas! São as tais selfies, antigamente conhecidas como “autorretratos”, essas fotos lotam a timeline de qualquer pessoa. Graças às evoluções tecnológicas, a internet virou um meio de produção e divulgação de conteúdo, onde todos podem compartilhar suas ideias e experiências de modo muito simples e prático e, é assim que as pessoas acostumaram a ver a internet, uma ferramenta para tornar a vida mais simples e prática. Essa facilidade de compartilhar uma ideia para milhões de pessoas teve forte efeito mesmo em veteranos das mídias tradicionais, que também enfrentavam problemas na hora de expor certas obras ao público. É como cita Clay Shirky, em “Cultura da Participação”.
[...] Publicar costumava ser algo que precisávamos pedir permissão para fazer; as pessoas cuja permissão precisávamos pedir eram os editores. Não é mais assim. [...] Mesmo “autores publicados”, como se costuma dizer, não controlavam sua própria capacidade de publicar. Considere a quantidade de ideias contidas nesta lista: publicidade, publicista, publicar, publicação, publicável. Todas elas se concentram no ato de tornar algo público, o que tem sido
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historicamente difícil, complexo e dispendioso. E agora não é nada disso. (SHIRKY, 2011, p.45).
Se quem já era velho conhecido das mídias tradicionais aprovou o novo meio, quem ainda não tinha se inserido na mídia adorou, afinal, a liberdade de expressão já era permitida há tempos, mas só com a internet tivemos a oportunidade de praticá-la realmente. Impulsionados pelo novo ambiente, diversos blogs começaram a surgir trazendo novos conteúdos. Com estilos e formatos diferentes, os blogs respeitavam as pretensões de cada autor que, em geral falavam sobre o que gostam de maneira atraente, para alcançar um público cada vez maior. Não só os autores, os leitores também tinham espaço para se manifestar nos blogs, através de comentários nas páginas, ou de respostas ao autor, através de outros tipos de mídia, que não o texto, como fotos, vídeos e música por exemplo. Essas características transformaram os blogs em uma
reconhecida
plataforma de mídia, tanto para o público e os desenvolvedores da internet, quanto para os desenvolvedores de mídias tradicionais, e assim, para a cultura da convergência em si. Para entender melhor essa relação dos blogs com a convergência, vamos tomar como exemplo o funcionamento de alguns blogs atuais, mas antes é preciso entender três conceitos que, segundo Henry Jenkins, formam a cultura da convergência, "inteligência coletiva", “convergência dos meios de comunicação” e "cultura participativa". A convergência dos meios de comunicação é simplesmente a responsável pela existência das produções “multimídia”. Utilizando principalmente a internet como meio de transferência de informações, ela integra celulares, computadores, televisões e outros dispositivos de mídia em uma mesma interação com o consumidor midiático. Como diz Jenkins. [...] Fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. (JENKINS, 2006, p. 29).
Outro aspecto, a inteligência coletiva, é uma espécie de união de pessoas diferentes, com habilidades diferentes, trabalhando juntas para alcançar o mesmo 31
objetivo. Cada um contribuindo com o que sabe, mesmo sendo pouco, leva a um resultado mais aprofundado do que qualquer um teria obtido sozinho. [...] Nenhum de nós pode saber tudo; cada um de nós sabe alguma coisa; e podemos juntar as peças, se associarmos nossos recursos e unirmos nossas habilidades. A inteligência coletiva pode ser vista como uma fonte alternativa de poder midiático. Estamos aprendendo a usar esse poder em nossas interações diárias dentro da cultura da convergência. Neste momento, estamos utilizando esse poder coletivo principalmente para fins recreativos, mas em breve estaremos aplicando estaremos aplicando essas habilidades a propósitos mais "sérios". (JENKINS, 2006, p.30)
O último é também o mais fácil de perceber atualmente na sociedade. A cultura participativa pode ser exemplificada no desejo que o público atual desenvolveu em querer ser mais ativo nas mídias que consome. Aos poucos as grandes emissoras e produtoras estão aceitando, ou talvez, sendo forçadas a aceitar a participação desse público em sua programação, mas, isso ainda ocorre sutilmente, por meio de votação em reality shows e alguns programas que abrem espaço para as redes sociais, porém, nada muito expressivo. A expressão cultura participativa contrasta com noções mais antigas sobre a passividade dos espectadores dos meios de comunicação. Em vez de falar sobre produtores e consumidores de mídia como ocupantes de papéis separados, podemos agora considera-los como participantes interagindo de acordo com um novo conjunto de regras, que nenhum de nós entende por completo. (JENKINS, 2006, p.30)
Baseados nisso, podemos fazer um panorama bem rápido sobre alguns blogs no Brasil. É incontestável a popularidade dos blogs de humor no país, portanto, os blogs citados aqui trabalham esse gênero, embora seus conteúdos sejam completamente diferentes: O “Jovem Nerd”, blog publicado em 2002 e atualizado até hoje, começou com posts de humor nerd e, desde então, os criadores Alexandre Ottoni e Deive Pazos (sob os codinomes de “Jovem Nerd” e “Azaghâl”, respectivamente), investiram duro no blog para cativar seu público com conteúdos cada vez mais elaborados. Mas a grande popularidade do blog só veio em 2006, quando os dois finalmente colocaram em prática seu primeiro conteúdo crossmídia, o “Nerdcast”, podcast semanal que ganhou extrema popularidade entre os nerds de plantão. 32
E pela primeira vez um conteúdo do Jovem Nerd estaria disponível off-line, se fosse feito o downdoad, e daria aceeso a ter Azaghâl e sua trupe em seu i-pod, mp3, celular e diversos outros aparelhos para ouvir onde e quando quiser. Para o blog este foi um grande impulso, que não só aumentou as visitas semanais, quanto foi um primeiro passo para o planejamento de diversos outros projetos que estavam na gaveta. A criação da “Nerdstore”, loja online que vende conteúdos originais do blog, foi a principal responsável por tornar os donos do blog autônomos e assim, poder investir em seus projetos, além daqueles que estavam arquivados. Com a marca Jovem Nerd criada, vieram produtos como “Nerdoffice” e “Nerdplayer”, primeiros canais que estenderam o blog para o vídeo; a rede social “Skynerd”, que incentiva seus usuários a
darem asas à
imaginação
e
compartilharem suas próprias ideias; a “Nerdbooks”, editora que iniciou com a publicação dos livros de desenvolvedores do blog e hoje incentiva e abre espaço para que novos autores tenham suas histórias publicadas; e por fim, a “Amazing Pixel”, que foi credenciada pelo You Tube como desenvolvedora de canais, que vende publicidade de modo que ela se torne parte do conteúdo, da maneira mais agradável o possível. Ou seja, estar na Amazing Pixel é ter patrocínio garantido. Hoje ela representa diversos canais de sucesso, como o “5 Alguma Coisa”, “Cozinha de Jack”, “Toró de Miolo”, “Nostalgia”, “Nerdoffice”, “Nerdplayer” e “Jacaré Banguela”. Outro blog relevante na cultura da convergência é o “Galo Frito”, que ao contrário do Jovem Nerd, teve início no You Tube, com a produção de esquetes predominantemente cômicos, dos quais alguns alcançaram o topo do ranking de vídeos mais vistos do You Tube brasileiro. O blog veio somente depois, como suporte, divulgando os vídeos do canal. Contudo, o que mais nos interessa é o contrato que o grupo, integrado por Mederijohn Corumbá, Tiago Cadore e Patrícia dos
Reis,
assinou
com
a
emissora
de televisão MTV até o final de 2010 (naquela época ainda em sinal aberto) que dava
espaço
para
que
eles
realizassem
esquetes
durante o programa semanal “Comédia MTV”. Ou seja, temos dois casos diferentes, onde ambos aproveitaram as facilidades da internet em publicar um conteúdo e, desenvolvê-lo em sua plataforma 33
original e outras diferentes, criando programas trans e crossmedia, participando então da convergência dos meios de comunicação. Podemos dizer ainda que o blog Jovem Nerd, além de desenvolver produtos crossmedia, ainda criou espaços para promover a inteligência coletiva, com a Skynerd e a Nerdbook, enquanto incentivam a cultura participativa em todas as plataformas, principalmente nos canais da Amazing Pixel, que baseia o tema de seus vídeos nos pedidos que os fãs fazem por comentários. Assim sendo, os blogs não apenas contribuem para a cultura da convergência, como vivem dela.
6.2- Estrutura do Blog A estrutura do blog Cena Independente foi desenvolvida de acordo com os conceitos descritos no texto anterior, tentando aproveitar ao máximo a linguagem da convergência, para isto, utilizamos o Wordpress, no qual é uma plataforma gratuita para a criação, gestão e administração de um website, tendo à disposição centenas de temas, widgets e plug-ins – pagos e gratuitos. Escolhemos utilizar essa ferramenta devido à praticidade e, principalmente, pela possibilidade de controle total do website, sendo possível editar, via FTP, tudo o que o tema oferece, indo de uma simples modificação da cor do hiperlink até o espaçamento entre linhas; dando, assim, uma aparência única, destacando-se de outros websites que fazem uso do mesmo tema. Para desfrutar da versão mais profissional do Wordpress, decidimos hospedar e comprar o domínio cenaindependente.com.br pelo Uol Host, e estamos realizando o acompanhamento da movimentação, conversão e dos acessos por meio do Google Analytics, o qual oferece uma informação precisa e imediata, além de registrar por onde o acesso veio: Facebook, Twitter, link direto, ferramenta de busca etc.
DISPOSIÇÃO DOS ELEMENTOS DO BLOG Ao topo, temos o logotipo à esquerda e o nome do blog, junto ao seu subtítulo, à direita, em um fundo de azul escuro e, na extremidade inferior direta, uma imagem do edifício Banespa. Logo abaixo, encontra-se o menu, onde o internauta navegará entre as abas HOME, O BLOG, TEXTOS, FOTOS, VÍDEOS e 34
SOBRE NÓS, os quais falaremos especificadamente de cada um posteriormente. Ao entrar em nosso website, o internauta deparar-se-á com uma grande imagem alusiva à alguma outra página do próprio blog ou uma chamada pra assistirem o último documentário, uma postagem nova ou simplesmente um atrativo para conferirem uma das entrevistas realizadas. Essas imagens, na qual demos o nome de “imagens destacadas”, são trocadas de tempos em tempos, de acordo com a necessidade e andamento do projeto.
Imagem 3 – Disposição dos elementos do Blog
Em O BLOG, tem-se um pequeno texto introduzindo o nosso website aos novos internautas. Em TEXTOS, apresentamos o conteúdo do blog e de como nós o abordaríamos. Para se adaptar ao público da internet, tanto nesse quanto nos demais textos, foi desenvolvida uma linguagem coloquial, sendo o mais breve possível. Em FOTOS, há os álbuns de cada ensaio fotográfico feito, inclusive o Making of fotográfico, no qual possui um álbum dedicado a todos já realizados. Em VÍDEOS, estão concentrados todos os vídeos e documentários já feitos pela equipe, com uma breve história e aprofundamento em texto. Em SOBRE NÓS, nossos internautas conhecem um pouco mais de cada um dos membros desta equipe que tem se dedicado a apresentar um conteúdo polido e de fácil entendimento, tanto para os amantes de cinema como aos leigos no assunto. Em todas as páginas, exceto em O BLOG e SOBRE NÓS, há um campo de busca e um menu secundário no canto direito. No rodapé de todas as páginas, tem-se a presença de três elementos, da esquerda para a direita, respectivamente: lista dos três principais posts e páginas, caixa do Facebook para curtir a página do Cena Independente e um anúncio de algum filme independente com lançamento em breve.
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6.3 - Desenvolvimento do Layout A primeira coisa decidida na criação do blog foi a navegação. Procurávamos algo mais atraente e dinâmico do que aqueles blogs tradicionais, que depositam todas as atualizações em sequência, uma em baixo da outra, página por página. Queríamos algo mais organizado, onde as pessoas encontrariam as ultimas e principais informações na página principal e, pudesse navegar entre os diversos menus e categorias de acordo com sua vontade, sem ter que esbarrar em conteúdo que não queira. Por sorte, encontramos um tema de blog que atendia muito bem à nossas expectativas, precisando apenas de uma pequena customização. Esse tema trazia em sua home page um slider com capacidade de até cinco fotos, usadas como link para as páginas das principais atualizações do blog. Os posts também aparecem como links na página principal, utilizando as imagens destacadas de cada um, em miniaturas que ficam abaixo dos slides. O logo só foi decidido após termos a base de estrutura do blog e, na verdade não tem tanto segredo. O “CIn.” Vem de “Cinema Independente”, propriamente falando. O símbolo é um fotograma cortado de uma película e remete aos artistas do cinema independente que muitas vezes usavam sobras de rolos de filmes das grandes produtoras. E com o logo veio a escolha da fonte para ser a base do blog, isto é, textos e postagens, foi a Segoe UI, da família Segoe, criada pela Monotype para a Microsoft em 2004, introduzida no Windows 7 em 2009 com uma versão atualizada e usada pela mesma empresa em seus logotipos após uma nova remodelação e o uso no Windows 8. É uma fonte amplamente usado em diversos softwares e, agora, em nosso BLOG, por se tratar de uma fonte simples, agradável e de fácil leitura. Para a cor principal do BLOG, escolhemos um tom de azul escuro (#003366), cuja tonalidade é definida como azul da meia-noite, no qual traz uma ambiência de tranquilidade e serenidade, além de remeter ao passado (vintage), tal como o tema proposto. Por fim, o fundo do blog, que são dois pedaços de película, um em cada lado do blog. A princípio a ideia era ir trocando as imagens dos desenvolvedores do blog, por fotos da produção do filme Diana, nosso antigo foco principal, mas, como isso
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não foi possível, as imagens que ocuparão o fundo no produto final do blog, serão as tiradas durante nossos ensaios fotográficos. Para não deixar um grande vazio em monitores de grande resolução, colocamos entre as películas do fundo algumas figuras que remetem ao tema do blog, além do nome da produtora e o título do blog novamente, mas, ninguém nunca verá em uma situação normal provavelmente, só por curiosidade!
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a finalização deste projeto, pudemos concluir que o Cinema Independente foi um movimento importante na história cinematográfica brasileira. Mesmo possuindo muitos aspectos negativos, como a falta de equipamentos e má distribuição, ele continua presente em alguns filmes atuais atraindo um público fiel. Na realização da pesquisa teórica, o grupo pôde conhecer mais sobre como se desenvolveu a produção cinematográfica nacional. Algumas descobertas foram recebidas com espanto (como a continuação da realização de filmes nacionais mesmo no período da ditadura) e outras foram surpresas boas, que renderam uma nova perspectiva do projeto (como a importância que o grupo Boca do Lixo teve, não só para a cidade de São Paulo, mas para a produção nacional), aumentando assim o nosso interesse em se aprofundar no projeto. Com os ensaios fotográficos e as entrevistas gravadas, tivemos a oportunidade de colocar em prática tudo que estava sendo visto em aula. Utilizamos os equipamentos da universidade e conseguimos descobrir em alguns integrantes do grupo uma aptidão para a parte técnica da produção audiovisual. Ao idealizar e colocar na rede o blog Cena Independente, tivemos a certeza de que a internet é um elemento essencial para quem deseja divulgar algum projeto na área da comunicação. E que saber interpretar a resposta que o seu público-alvo divulga, através das novas mídias sociais como Facebook, Instagram, etc., é o melhor caminho para obter o retorno desejado atualmente. E por fim, o projeto integrado deste semestre serviu também, para que cada integrante avaliasse a importância que está depositando na realização deste curso. Por conta de alguns planejamentos que não foram seguidos, pudemos aprender que devemos levar em consideração (quando formos analisar a questão do curso) não só o objetivo profissional individual, mas também a responsabilidade que cada pessoa vai assumir dentro de um grupo ou meio social, estando ou não dentro da universidade.
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REFERÊNCIAS Academia Disponível em: <http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=133> Acesso em: 18/04/2014 A cultura da Participação SHIRKY, Clay. A Cultura da Participação: criatividade e generosidade no mundo conectado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011 A Galáxia da Internet CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. A hora da Geração Digital TAPSCOTT, Don. A Hora da Geração Digital: como os jovens que cresceram usando a internet estão mudando tudo, das empresas aos governos. Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010. Bookr2 Disponível em: <http://bookr2.com/viewmanual/1806798> Acesso em: 10/05/2014 Cinema da Boca STERNHEIN, Alfredo. Cinema da Boca – Dicionário dos diretores Editora Imprensa Oficial em parceria com a Cultura – Coleção Aplauso, 2005. Cinema Marginal RAMOS, Fernão. Cinema Marginal (1968/1973): A Representação em seu Limite. São Paulo, SP: Brasiliense, 1987. Comscore Disponível em: <http://www.comscore.com/por/Insights/Blog/Principais_tendencias_que_estao_mold ando_o_cenario_digital_no_Brasil> Acesso em: 22/04/2014 Cultura da Convergência JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008. FTP Digital Disponível em: <http://ftpidigital.com.br/www/amazing-pixel/> Acesso em: 01/05/2014
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<http://globofilmes.globo.com/quemsomos.htm>
Acesso
em:
História do Cinema Brasileiro RAMOS, Fernão. História do Cinema Brasileiro. São Paulo: Art Editora, 1987. O Mosaico O Mosaico: Revista de Pesquisa em Artes / Faculdade de Artes do Paraná. n. 5 (jan./jun., 2011). Curitiba: FAP, 2011- 182p.il. col. Ramos, Fernão. Slideshare Disponível em: <http://pt.slideshare.net/gestaohipermidia/blogcom-estudos-sobreblogs-e-comunicao> Acesso em: 22/04/2014 Tec Mundo Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/infografico/38487-o-imperio-do-jovemnerd-infografico-.htm> Acesso em: 01/05/2014
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APÊNDICES DIÁRIO DE PRODUÇÃO Núcleo do Teatro Experimental. Leitura do Roteiro ‘Diana - O filme’. Realizado no domingo, dia seis de abril de 2014, na cidade de São Paulo. Membros da produtora participantes: Adeilafá (Captação de áudio), Lucas (Making of), Jessica (Entrevistas), Michel (Câmera) e Breno (Câmera). Equipamentos utilizados: Dois microfones boom unidirecionais, uma câmera HPX-170, uma câmera D3100, um microfone lapela, kit luz (quatro refletores e quatro tripés de Iluminação), um cabo XLR, quatro cabos de extensão e uma Sony handy-cam. Começamos nossa pesquisa sobre ‘Diana - O filme’ visitando o Núcleo do Teatro Experimental, na Rua Barra Funda, 637, onde foi realizada a leitura do roteiro pelos atores com o roteirista Jean Jacques. O objetivo do grupo com está visita foi ter o primeiro contato com os atores e com o roteirista, para a produção do nosso Blog sobre o cinema independente. Chegamos ao Núcleo às 10hs da manhã e ficamos até às 16hs, período de tempo no qual realizamos as seguintes atividades:
Entrevistas com os principais atores do filme;
Entrevista com o roteirista do filme Jean Jacques;
Making of das nossas gravações das entrevistas;
Externa com dois atores chegando ao Núcleo do Teatro. Como observação do grupo, notamos na realidade o que foi estudado sobre
as dificuldades de se fazer cinema independente: todos os atores chegaram ao núcleo sem ajuda de custo nenhuma, usando seu próprio dinheiro tanto para a condução quanto para a alimentação, pois não foi servido almoço – há uma cantina no Núcleo, com consumo e pagamento individual. Finalizamos a visita, pegando o contato do Jean e de alguns atores no intuito de trazê-los até a universidade para ensaios fotográficos e visitas ao set de filmagem.
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Entrevista com o Sr. José Mojica Marins, Zé do Caixão. Realizada no domingo, dia vinte e sete de Abril de 2014, na cidade de São Paulo. Membros participantes da produtora: Adeilafá (Captação de Áudio e produção), Breno (câmera), Talita (entrevistas) e Michel (making of e produção). Equipamentos utilizados: dois microfones boom unidirecionais, uma câmera HPX-170, uma câmera D3100, um microfone lapela, kit luz (quatro refletores e quatro tripés de Iluminação), um cabo XLR, quatro cabos de extensão e uma Sony handy-cam. Os membros da produtora se encontraram próximo a Universidade Metodista e de lá seguimos de taxi para uma rua próxima a estação de Metro Vila Mariana onde tínhamos combinado de encontrar com Liz Vamp, filho do Sr. José Mojica. Após algum tempo de espera Liz Vamp desceu e seguimos de carro para um edifício próximo ao Metro Santa Cecilia, onde o Sr. José Mojica reside. Enquanto descarregávamos o equipamento de gravação Liz Vamp entrou no edifício para avisar seu pai da nossa chegada. Sr. Mojica desceu vestido com a roupa do Zé do Caixão e nos cumprimentou. Liz nos informou que de frente para o prédio existia uma pracinha que poderia servir de cenário para a gravação da entrevista. Fomos até o local e após uma análise da estrutura e da dificuldade em conseguir pontos de energia, nosso produtor Adeilafá conversou com Liz Vamp sobre a possibilidade de a entrevista ser feita no apartamento do Sr. Mojica, como previsto pela produtora, ela aprovou e fomos todos para lá. Sr. Mojica concedeu sua sala de Tv para a realização da entrevista e como cenário de fundo nos emprestou dois cartazes em moldura de vidro dos seus filmes antigos. Ele gravou uma chamada de um minuto para usarmos como teaser da sua entrevista no Blog. A entrevista total teve duração de 56 minutos e Sr. Mojica respondeu a todas as perguntas que havíamos elaboradas. Agradecemos o Sr. Mojica pela entrevista e fomos embora. Primeiro dia de gravação de ‘Diana - O filme’ e entrevistas no Metro Santa Cruz e na Avenida Paulista. Realizado no domingo, dia quatro de maio de 2014, na cidade de São Paulo.
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Membros participantes da produtora: Breno (câmera), Luiz (produção), Lucas (produção e captação de som), Talita (entrevistas) e Michel (Making of e produção). Equipamentos utilizados: Uma câmera HPX-170, um boom unidirecional, um microfone de lapela, um refletor e um tripé de iluminação. Os membros da produtora se encontraram na catraca do Metro Santa Cruz às 11hs de onde seguimos para o local da gravação do primeiro dia de ‘Diana - O filme’. A gravação seria no apartamento de um prédio localizado numa rua lateral ao metrô. Chegando a portaria do prédio nosso produtor Lucas ligou para o Roteirista Jean Jacques, avisando-o da nossa chegada. Jean informou Lucas de que a gravação fora cancelada e que sua produtora se esqueceu de nos avisar. Aproveitando que nosso pesado equipamento de gravação estava ali, Breno teve a ideia de fazer um Making of, registrando nossa decepção de momento através de depoimentos. Outra ideia tida pelo grupo foi a de registrar imagens de cartões-postais da cidade de São Paulo e depoimentos de transeuntes com suas opiniões sobre a cidade. Na entrada da Estação Santa Cruz, gravamos com um jovem e uma senhora. Como cartão-postal, captamos a Paróquia Nossa Senhora da Saúde. Seguimos para a Avenida Paulista, porém como tivemos dificuldades com a captação de áudio cancelamos as entrevistas; captamos imagens do trânsito na paulista e encerramos nossas atividades lamentando a má sorte do dia.
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ENSAIO FOTOGRÁFICO: RELEITURA MARGINAL Após a pesquisa teórica sobre o surgimento do Cinema Independente, avaliamos que a importância do cinema marginal foi muito grande graças à produção da Boca do Lixo em São Paulo e do impacto que ele causou desde o seu lançamento. Para o segundo ensaio, utilizamos como referência dois filmes do movimento Marginal: “Família do Barulho” (1970) de Julio Bressane e “Bang Bang” de (1971) de Andrea Tonacci. No 1º ensaio, fizemos uma releitura da cena do filme “Família do Barulho” em que a atriz Helena Ignez aparece cuspindo sangue por 1min e 52 segundos. Escolhemos essa parte por ser uma cena forte e ao mesmo tempo ter uma das características principais do movimento: a produção não linear das cenas. Refizemos com um rapaz, para colocar outra perspectiva mantendo a intenção original. Já no 2ª ensaio, utilizamos a cena de dança que aparece no filme “Bang Bang”, na qual a amada do personagem principal executa vários passos da dança flamenca. Escolhemos esta cena, pois ela remete a ideia principal do filme (que é a mistura entre a realidade e a ficção) aparecendo com um figurino que se aproxima do masculino e mantendo a dança com outro figurino já voltado para o feminino, causando assim, certa confusão ao espectador. Fizemos as fotos com o foco na representação da dança, tentando colocar em destaque o movimento natural da roupa e dos cabelos na execução dos passos.
MAKING OF Um ensaio fotográfico pode ser finalizado em alguns minutos ou algumas horas, isso depende do objetivo, da dificuldade de execução e de quantos processos serão usados para a conclusão do trabalho, além, é claro, da experiência e habilidade do fotógrafo e sua equipe. Contudo, um trabalho bem desenvolvido deve sim levar algumas horas na produção e é exatamente por isso que o Making of é registrado. Ora, é crime que um trabalho tão elaborado só tenha um produto final, ainda mais quando ele oferece vários! Nesse Making of você pode ter uma amostra de como fizemos o ensaio da cena de dança do filme “Bang Bang", que está presente no ensaio “Releitura Marginal”. Foi uma de nossas primeiras ideias e, com certeza, teve algumas dificuldades que foram compensadas pelo resultado! 44
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