Revista ARC DESIGN Edição 41

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N º 41 ARC DESIGN

R$ 14.00 QUADRIFOGLIO EDITORA

Nº 41

2005

2005

REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

BOLSAS: MODA OU CULTURA?

MAISON & OBJET, PARIS

BAGS: FASHION OR CULTURE?

MAISON & OBJET, PARIS

O NOVO CONCRETO: LIQUID STONE

TECIDOS PARA A PERFORMANCE

NEW CONCRETE: LIQUID STONE

TEXTILES FOR PERFORMANCE

RENZO PIANO: TECNOLOGIA E EMOÇÃO

DESIGN DAS REVISTAS ITALIANAS

RENZO PIANO: TECHNOLOGY AND EMOTION

DESIGN OF ITALIAN MAGAZINES


Prototipagem rápida, uma nova liberdade de criação – a gran de des co ber ta, ou a tec no lo gia do mo men to. Uti li za da já há al guns anos para a re a li za ção de pro tó ti pos para es tu do, a es te re o li to gra fia – é este o nome – cria objetos reais, prontos para uso, a partir de um computador e de um scan ner tri di men si o nal. No Salão do Móvel de Milão do ano 2000, Ron Arad apresentou a coleção “Not Made by Hand Not Made in China” Aci ma, foto da capa: de ta lhe da lu mi ná ria Twis ter, do de sig ner fin lan dês Jan ne Kyttanen. Abaixo, a cúpula da Twister. No pé da pá gi na, lu mi ná ria Co co on, do de sig ner is rae len se Assa As huach, ex-alu no de Ron Arad no Royal College of Arts, Londres. Ambas integram a coleção MGX, produzida pela Materialise com a tecnologia mais avançada de prototipagem rápida e exposta na Maison & Objet, Paris, em janeiro de 2005

(ARC DE SIGN n. 14). Era a primeira experiência de produção com o processo de prototipagem rápida. No final do ano passado, Arad criou os brincos Hot Ingo, os quais são gerados no computador e traduzidos diretamente em uma liga de prata e ouro, com formas impossíveis de serem obtidas por qualquer outro sistema produtivo. Assa Ashuach, ex-aluno de Arad, cria luminárias em poliamida pelo mesmo processo. Materialise, uma empresa belga, com sua marca MGX, apresentou suas primeiras luminárias em 2003 – e desde essa data ARC DE SIGN vem publicando as peças da coleção. No es tan de VIA do Sa lão do Mó vel 2004, Pa trick Jou in apre sen tou seu pri mei ro pro je to em es te re o li to gra fia e sintetização. Este ano, na feira Maison & Objet, Paris, publicada nesta edição, Jouin apresentou a cadeira C1, produzida em colaboração com a Materialise. O processo é caro, não é adequado a grandes séries, mas é dos poucos capazes de abrir novos caminhos na criação.


Uma edi ção com mu i tas mos tras in ter na ci o nais... es pe ran do o ano co me çar no Bra sil. Uma re vis ta rica em con teú do, da moda à tec no lo gia, pas san do pela edi to ria, com um pon to alto na ar qui te tu ra. “Le Cas du Sac”, mos tra re a li za da no Mu sée des Arts Dé co ra tifs do Lou vre, Pa ris, é uma his tó ria pre ci o sa, que nar ra há bi tos de di ver sas cul tu ras – pri mi ti vas e “ci vi li za das” – ao lon go do tem po. Ain da em Pa ris, a fei ra Mai son & Ob jet fala de de sign, de ar te sa na to em et ni as di ver sas... e do luxo – tema ge ra dor de de ba tes e con tro vér si as. Tec no lo gia de pon ta nas mos tras “Ex tre me Tex ti les”, no Co o per He witt Mu seum, N. York, e “Li quid Sto ne”, no Na ti o nal Bu il ding Mu seum, Was hing ton, ca paz de mos trar que o con cre to não é mais o mes mo... é mu i to me lhor. A luz, ou me lhor, seu uso oti mi za do, de sen vol ve-se em mais um ca pí tu lo, nes te ar ti go abor dan do o ren di men to es co lar de ter mi na do pela apli ca ção dos co nhe ci men tos em lu mi no téc ni ca, ex pli ca dos aqui por Guin ter Pars chalk. A re vi são his tó ri ca das re vis tas ita li a nas no sé cu lo XX, mais do que um gran de re per tó rio de de sign grá fi co, re pre sen ta uma tra du ção de fa tos que mar ca ram um país – e pon to de par ti da ca paz de nos fa zer com pre en der os ca mi nhos atu ais des sa dis ci pli na. Na ar qui te tu ra, Ren zo Pi a no, au tor do pro je to do Cen tro Pom pi dou, Pa ris, é um ar qui te to que se emo ci o na, que re fle te, pen sa e – para não per der o cha vão – é aque le que trans for ma tec no lo gia em po e sia e nos diz: “na ar qui te tu ra, é dis so que se tra ta: emo ção na cons tru ção. (...) É im por tan te no tar a di fe ren ça en tre es ti lo e co e rên cia. Co e rên cia é re a pli car o que já se apren deu; não é se fa zer re co nhe cí vel”. Bom di ver ti men to e... re fle xão! Ma ria He le na Es tra da Edi to ra


A feira internacional Maison & Objet é a melhor opor tunidade para se conhecer o novo design francês... e não apenas. Da cadeira às bolsas, passando por luminárias, tecidos, ar tesanato e um rico repertório de produtos étnicos, encontramos designers da Europa, do Brasil, da África

Winnie Bastian

TRAMADOS PARA A PERFORMANCE

Maria Helena Estrada

BOLSAS: QUESTÃO DE MODA OU DE CULTURA?

Maria Helena Estrada

DA DECORAÇÃO AO DESIGN... E VICE-VERSA

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Ri quís si ma ex po si ção no Lou vre, Pa ris, mos tra o uni ver so das bol sas, “ser vo si len ci o so” que, na mos tra “Le Cas du Sac”, “fala por si mes mo”. De cli nado no tempo e no es pa ço, esse me taobje to re vela um per cur so da moda... que tam bém é cul tu ra

Tecidos apenas para nos vestir e forrar super fícies? Já se foi o tempo. Veja as fantásticas utilizações dos novos tecidos tecnológicos, na medicina, nos espor tes, nos transpor tes, na decoração, pinçados na mostra “Ex treme Tex tiles”, do CooperHewitt Design Museum, N. York

NEWS

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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

SALÃO DESIGN MOVELSUL NEWS

13

nº 41, março/abril 2005

PUBLI DPOT

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Uma pedra líquida? Conheça as novas performances da segunda substância mais utilizada no mundo: o con cre to. Mo dernizado, ad qui rindo novas pres taçõ es, é funda mento em projetos dos arquitetos Tadao Ando, Foster, Calatrava, Hadid, entre ou tros, vistos na mostra “Liquid Stone”, em Was hing ton

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Iluminar é, hoje, um ato complexo e so fis ti cado. No vas tec nologias e a consciência de nossas reais necessidades fizeram surgir a luminotécnica, ciência per formática e “arma” capaz de qualificar cada ambiente

PUBLI GIROFLEX

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EXPEDIENTE

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“O passado é um refúgio seguro, uma tentação constante. Já o futuro é o único lugar onde teremos de ir, se quisermos ir a algum lugar”, afirma Piano. Conheça a Igreja Padre Pio, Itália, e o belíssimo Centro Cultural na Nova Caledônia, além de outros projetos recentes

*

ENGLISH VERSION

Fernanda Sarmento

O DESIGN DAS REVISTAS ITALIANAS NO SÉCULO XX

RENZO PIANO

Winnie Bastian

MESTRES DA ARQUITETURA

A CARTILHA DA LUZ NAS ESCOLAS

Guinter Parschalk e Juliana Mariz

LUMINOTÉCNICA

PEDRA LÍQUIDA

Da Redação

36

SUPLEMENTO ESPECIAL

52

Re vi são his tó ri ca das grandes trans for ma çõ es ocor ri das no de sign grá fi co e edi to rial ao longo do sé cu lo XX, que acompa nha ram ou prenun cia ram os di ver sos con tex tos his tó ri cocultu rais de cada perí o do

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an giro 1

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As pessoas mudam, a ergonomia acompanha.

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+FB

an giro 2


grandene 6-7

22/03/2005

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RECICLO E CRIATIVIDADE “Diariamente, ao jogar fora uma embalagem, além de desperdiçar materiais de excelente qualidade e sobrecarregar os aterros já saturados, legamos às gerações futuras a responsabilidade sobre o destino do lixo do planeta.” A frase impactante abre o site Volcano, criado pelo arquiteto e artista plástico Augusto Citrangulo, que comanda oficinas de criatividade com resíduos cotidianos. Caixas de fósforos, garrafas PET, canudos de plástico, tubos de creme dental, embalagens longa-vida e outros materiais dão origem a brinquedos, instrumentos musicais e jogos

ABRIL: O DESIGN EM MILÃO

educativos que retardam a entrada dos materiais utilizados

Salão do Móvel, Euroluce, Salão Satélite... é a Feira de Milão, que este

no ciclo do lixo.

ano acontece de 13 a 18 de abril. Diversos eventos paralelos movi-

Os produtos finais podem evidenciar o reciclo – como no

mentarão a cidade, como as instalações “A Cielo Aperto”, que inunda-

carro de corrida anos 1930, que deixa o tubo de Colgate à

rão de luz quatro pontos entre o Corso Garibaldi e a zona Brera.

mostra – ou simplesmente mostrar soluções criativas,

“Entrez Lentement” é a exposição institucional do Salão. Oito casas

como a cobra coral criada com tubos de papelão e restos de

de arquitetos famosos do século XX serão revisitadas por oito arqui-

adesivos vinílicos.

tetos contemporâneos. Luis Barragán, Le Corbusier, Eileen Gray e Al-

Além de uma vitrine com os produtos

var Aalto, entre outros, serão reinterpretados por arquitetos como

criados, o site traz diversas infor-

Steven Holl, Pierluigi Cerri e Kengo Kuma. A casa das Canoas (foto

mações sobre lixo e reciclagem.

acima), de Niemeyer, será revisitada por Álvaro Siza. A mostra será

www.volcano.tk

realizada em um grande galpão industrial, na Via Stendhal 36. O Pavilhão 9, onde acontece o Salão Satélite, terá em seu andar térreo um “mall” com lojas de design, um bar de vinhos, projeções com as novas instalações da Fiera Milano e um moderníssimo SPA para relax! O Salão do Móvel e a Euroluce são feiras nas quais a cultura está

FERRAMENTA DE PROJETO NA WEB

sempre presente. Este ano serão realizados os seguintes seminá-

Uma fonte completa de consulta para arquitetos, lighting de-

rios e conferências:

signers e decoradores. Essa é a proposta do novo website da

- Designing Designers, que em sua sexta edição tem como base uma

DL Iluminação, distribuidora das marcas brasileiras La Lampe

confrontação entre Oriente e Ocidente, indagando o papel do design,

e Dominici, assim como das italianas Artemide e Fontana

a formação do designer e sua posição diante do mercado. Dia 16 de

Arte. As peças estão divididas em grupos, conforme sua apli-

abril, das 10 às 17 horas, no Pavilhão 16;

cação; ao clicar sobre as imagens do produto, visualiza-se a

- Seminário “Let’s Talk About... Light”, abordando a iluminação para o

ficha técnica correspondente. Os profissionais que se cadas-

trabalho e para o tempo livre e os diversos usos da iluminação co-

trarem no site podem ter acesso também a outros recursos,

mercial. Dias 14 e 15, das 10 às 18 horas, no Pavilhão 14;

como o download de croquis dos produtos e cur vas lumino-

- “Spor tarsi Lentamente: Forme del Nomadismo”, quatro conferên-

técnicas, além de poderem consultar os técnicos da DL para

cias com os autores da mostra “Entrez Lentement”. Dia 13, às

informações complementares.

14h30, no recinto da feira.

www.dliluminacao.com.br

A programação completa pode ser encontrada em www.cosmit.it


DA SÉRIE “NOVOS MATERIAIS”... ARBOFORM As edições 39 e 40 de ARC DESIGN trouxeram o resultado de nossa pesquisa sobre novos materiais disponíveis no mercado nacional. Como foi grande o feedback que recebemos de nossos leitores, publicamos aqui mais dois materiais que já podem ser utilizados pelos designers brasileiros. O primeiro deles é o Arboform, um termoplástico feito somente com matérias-primas renováveis. O composto tem como base a lignina, um subproduto da indústria de papel que compõe cerca de 30% da árvore, sendo responsável pela sua resistência à compressão. A mescla da lignina com aditivos e as fibras naturais da madeira gera um material com grande resistência às forças de flexão e compressão e que pode ser

LUMITAPE

processado em altas temperaturas, como os termoplásticos à

Outro material que oferece novas possibilidades é o Lumitape, uma

base de petróleo. As aplicações incluem interiores automo-

lâmpada flexível, disponível na forma de folhas e fitas com 0,5 mm

tivos, pisos e revestimentos, móveis, eletrônicos, instrumen-

de espessura. A iluminação acontece por eletroluminescência:

tos musicais, jóias e brinquedos. Em seu estado natural, o

uma camada de cristais de fósforo é prensada entre dois eletro-

produto tem a aparência de rádica, mas pode ser pigmentado

dos finos e flexíveis, um dos quais é transparente para permitir a

até atingir uma cor única, como as caixas acústicas da foto

passagem da luz. Quando a corrente é aplicada, os fósforos são

abaixo, produzidas pela Sony japonesa.

ativados e começam a carregar e descarregar-se rapidamente,

Após o descarte, Arboform pode ser incinerado sem emissão

resultando na emissão da luz.

extra de CO2. Além disso, há versões biodegradáveis do pro-

Lumitape não emite calor nem raios ultravioleta, possui baixo

duto, para casos em que a incineração seja inviável.

consumo de energia (até 93% a menos que as lâmpadas incandes-

O Arboform é produzido pela empresa alemã Tecnaro e dis-

centes) e não requer manutenção (é inquebrável e dura até 30

tribuído no Brasil por Alberto Rejtman, representante para o

mil horas). A emissão uniforme de luz é uma característica impor-

Mercosul. Mais informações no site www.arboform.org

tante do material, que permite dimerização e pode ser recortado e

(em inglês) ou pelo e-mail arejtman@uol.com.br

perfurado. As aplicações incluem móveis, luminárias, comunicação visual, sinalização e decoração de interiores. O produto é comercializado em folhas (medidas sob consulta) e fitas com largura entre 1,905 e 16,51 centímetros e até 100 metros de comprimento. Disponível em nove cores-padrão – amarela, azul elétrica, azul natural (cian), branca, laranja, turquesa-escura, verde-lima, vermelha e violeta – e também em cores customizadas. Fabricado nos Estados Unidos, o Lumitape é comercia lizado no Brasil pelo arquiteto Clovis Romanoff. Mais informações no site www.lumitape.com ou pelo e-mail lu mitape@uol.com.br


AR CHITECTURE NOW! 3

DESIGN GRÁFICO NA COSAC NAIFY Em 2005, a editora Cosac Naify ingressa no

Shigeru Ban, Zaha Hadid,

campo do design gráfico, com duas iniciati-

Her zog & de Meu ron,

vas paralelas e complementares: a tradu-

Arata Isozaki, Jean Nou-

ção de obras fundamentais e uma coleção

vel, Dominique Perrault,

voltada para a história do design gráfico no

Eduardo Souto de Moura

Brasil. O primeiro lançamento é o livro “Ele-

e Frank Gerhry são al-

mentos do Estilo Tipográfico”, escrito pelo

guns dos arquitetos pu-

tipógrafo, ensaísta e poeta norte-america-

blicados no terceiro volu-

no Robert Bringhurst. O livro, que já se tor-

me da série “Architecture Now”, que retrata as obras mais

nou um clássico na área, trata em profundidade, mas com lingua-

recentes de arquitetos do mundo todo. Em edição trilíngue

gem acessível, dos diversos aspectos técnicos e criativos relaciona-

(espanhol, italiano e por tuguês), o autor Philip Jodidio des-

dos à tipografia, além de trazer uma seção de repertório e consulta,

creve os aspectos principais de cada projeto e fornece uma

com a seleção ilustrada e comentada das fontes prediletas do autor.

breve biografia sobre os arquitetos em questão. O livro, que

A edição brasileira baseia-se na novíssima edição em inglês, cujo

deve chegar às livrarias em breve, é uma boa opção para

texto foi ampliado por Bringhurst, e reproduz o cuidadoso projeto

quem quer estar por dentro das últimas novidades da cena

gráfico de seu miolo.

arquitetônica internacional.

O segundo volume lançado é “O Design Brasileiro Antes do Design:

www.taschen.com

Aspectos da História Gráfica, 1870-1960”, organizado por Rafael Cardoso, professor da PUC-RJ. O livro aborda temas ligados aos primórdios do design visual no país – como rótulos litografados do século

DICRÓICA COOL

XIX e desenho de livros, revistas e capas de discos –, além de discutir

O mais recente lançamento da

a evolução dos processos de impressão, da litografia ao off-set.

Osram é a Decostar Cool Blue,

O título seguinte, já confirmado, trará como tema a década de 1960 e

uma lâmpada dicróica capaz

será organizado por Francisco Homem de Melo, professor da FAU-USP.

de emitir luz branca graças ao

www.cosacnaify.com.br

uso de uma nova tecnologia de cobertura da lente frontal, que a torna capaz de filtrar o

TIPOGRAFIA COMPARADA

componente vermelho da luz

As Edições Rosari lançam mais um

emitida pela lâmpada.

volume da coleção “Qual É o seu

Com temperatura de cor fria (4500 K, contra 3700 K das di-

Tipo?”. Escrito por Cláudio Rocha, “Ti-

cróicas convencionais), a lâmpada é ideal para ambientes co-

pografia Comparada” foi concebido

merciais e corporativos. Além disso, é indicada para valorizar

com o intuito de ajudar profissionais,

e intensificar a transparência e refração de luz dos objetos

professores e alunos, tanto no pro-

com características metálicas, prateadas ou translúcidas.

cesso de desenvolvimento de fontes

Com excelente reprodução de cores (IRC = 100), a Decostar

quanto na escolha de tipos para uso

Cool Blue apresenta, segundo o fabricante, vida útil de cerca

em projetos gráficos. O livro analisa detalhes, equilíbrio, sutilezas e

de 4 mil horas – o dobro da vida útil das dicróicas comuns –,

elementos construtivos das principais famílias tipográficas criadas

devido ao uso de um refletor de titânio, que não amarela ao

nos últimos 500 anos.

longo da utilização.

Edições Rosari: (11) 5571-7704

Osram: 0800 55 7084 www.osram.com.br

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ARQUITETURA PÓS-SIZA

SEMPRE À MÃO

Entre os dias 18 de maio e 10 de julho, o Instituto Tomie

Substituir definitivamente a vassoura. Esta é a missão dos

Ohtake apresenta a exposição “Metaflux: Duas Gerações na

aspiradores da linha Ergorapido, recém-lançados no Brasil

Arquitetura Por tuguesa Recente”. A mostra representou

pela Electrolux. Sem fio, os modelos funcionam com bateria

Por tugal na última Bienal de Veneza e apresenta duas gera-

recarregável e possuem bocais em borracha macia, para

ções que se seguiram à obra de Álvaro Siza. “Uma destas

evitar riscos no piso e nos móveis. Além disso, as rodas

gerações pós-Siza é o resultado da Revolução dos Cravos; a

também possuem proteção em borracha, para reduzir o

outra é fruto da inserção de Por tugal na Comunidade Euro-

atrito no contato com a superfície.

péia”, esclarece Ricardo Ohtake, diretor do Instituto.

A estrela da linha é o modelo Cyclonic 2 in 1, um aspirador

Na primeira geração, em torno dos 40 anos, estão Inês Lobo,

que pode ser utilizado em pisos e mesas, graças ao Hand-

Promontório Arquitetos, Guedes + deCampos, João Mendes

held – um pequeno aparelho removível, que pode ser

Ribeiro e Serôdio, Furtado & Associados. O segundo grupo,

usado separadamente e será comercializado isolada-

com profissionais na faixa dos 30 anos, é formado por Atelier

mente a partir do segundo semestre de 2005.

de Santos, Bernardo Rodrigues, Marcos Cruz, Nuno Brandão

SAC Electrolux: (41) 340-4321

Costa e S’A Arquitectos.

www.electrolux.com.br

“Metaflux procura os sinais que determinam a presença de uma ‘metamorfose das práticas’ nas duas gerações”, afirma Paulo Cunha e Silva, diretor do Instituto das Artes, instituição portuguesa responsável pela organização da mostra. O contexto urbano é o foco do segundo núcleo da exposição, reunindo vídeos, instalações, fotografias e textos de Rui Toscano, Augusto Alves da Silva, Nuno Cera + Diogo Lopes, Didier Fiúza Faustino e Pedro Bandeira. Instituto Tomie Ohtake: Av. Brig. Faria Lima, 201 (entrada pela Rua Coropés), São Paulo. Tel.: (11) 2245-1900 www.institutotomieohtake.org.br www.iartes.pt/metaflux

BRASIL DESTACA-SE NO IF Um fato inédito na história do design nacional: um produto brasileiro levou a estatueta de ouro na categoria Light do IF Design Awards 2005, uma das mais importantes premiações mundiais do design. O produto em questão é a luminária Luna, design Fernando Prado para a Lumini, vencedor na categoria Iluminação no 18º Prêmio

BASTA CLIPAR A S.C.A. acaba de introduzir, em toda sua linha de móveis, um novo sistema de ferragens para portas. A dobradiça Clip torna mais fácil a instalação e a manutenção de portas, pois possibilita a colocação e a retirada

Design Museu da Casa Brasileira (publicado em ARC DESIGN 40). “Esta premiação é um aval de qualidade e abre novos mercados”, afirma Ricardo Gutfreund, diretor de marketing da Lumini. E completa: “Por meio do design, estamos exportando produto com valor agregado”. Esperamos que este prêmio incentive ainda mais os industriais brasileiros a investirem no design nacional de qualidade. www.lumini.com.br

destas por meio de um simples encaixe. Esse dispositivo permite que o usuário mude a aparência de sua cozinha sem

ERRATA

precisar trocar os móveis: basta substituir as portas, sem a

Na edição 39 (janeiro/fevereiro), devido a uma falha de impressão, a

necessidade de chamar técnicos ou utilizar qualquer ferra-

última frase da página de abertura da matéria “Que Chita Bacana” teve

menta. A S.C.A. possui lojas em todo o Brasil.

seu final cortado. Reproduzimos, a seguir, a frase completa: “Mas sem-

O número de atendimento ao cliente é (54) 2102-2207.

pre deixou, em nossa memória afetiva, um belo sabor brasileiro – ago-

www.sca.com.br

ra recuperado, e declinado em mil objetos, adereços e roupas.” 11 ARC DESIGN


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V I T R I N E

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07 de março 2005

Informativo Digital da Revista Arc Design

A G E N D A

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D E S I G N

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f O c O

A R q u I V O

fOcO O DESIGNER MARTEEN VAN SEVEREN Menos é mais. Maarten Van Severen, que faleceu no dia 21 de fevereiro aos 49 anos, era um dos designers de mais destaque na atualidade, her dei ro do legado modernista das formas puras. Natural da Bél gica, Van Severen provou que o simples pode ser mais cha mativo do que o enfeitado, e se preocupou em projetar nos seus móveis não apenas o belo mas também o conforto e a funcionalidade.

ARC DESIGN E-NEWS Você já recebe o E-NEWS?

Indispensável, interessante e veloz: um novo informativo a cada 15 dias, com notícias de todo o mundo – design, arquitetura, moda, cultura material, veja matéria completa

ARc

ar tesanato, exposições.

DESIGN DESIGN, TEcNOLOGIA E ESPORTE A edição 40 de ARC DESIGN traz matéria com as últimas inovações para artigos destinados à prática de esportes. A revista já está nas bancas.

Mantenha-se atualizado com ARC DESIGN mais per to de você. Além das notícias, a seção Em Foco desenvolve assuntos atuais, e a Flashback traz a ver são

fLASHBAcK

integral das melhores maté rias já publicadas por ARC DE SIGN.

O VIDRO E O VINHO O design dos copos para cada tipo de vinho tem uma história recente, de pouco mais de quatro décadas. Fabricantes que apreciavam a bebida começaram a buscar as formas ideais para ressaltar as características de cada uma das variedades disponíveis. Hoje podemos encontrar taças diferenciadas pela largura da borda, tamanho do bojo ou altura, cada uma destinada a um vinho específico, dos suaves aos encorpados, dos florais aos cítricos. Confira os diversos tipos de copo e o vinho adequado a cada um deles. veja matéria completa

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PUBLI EDITORIAL

SALÃO DESIGN MOVELSUL NEWS

MOVELSUL BRASIL 2006 10ª edição Bento Gonçalves, RS www.movelsul.com.br

A dé ci ma edi ção do Sa lão De sign Mo vel sul será re a li za da de 13 a 17 de ja nei ro de 2006. Mas as ins cri çõ es já es tão aber tas e o re gu la men to po de rá ser en con tra do no site www.sa lao de sign.com.br Pode-se dizer que esta é a mais importante premiação do setor no Brasil, seja por sua abrangência (recebe projetos de toda a América Latina e Caribe), pela proximidade a um pólo moveleiro, pela ótima qualidade dos produtos participantes... e pelos valores da premiação. Concurso bienal, a próxima edição do Salão Design, afirma Gustavo Bertolini, seu diretor, es tará repaginada, ampliada e seu regulamento já foi alvo de modificações que visam fortalecer o papel da indústria na cadeia produtiva do design. “Nossa intenção é colaborar com o desenvolvimento da indústria moveleira e, até 2020, capacitar o Salão Design para se tornar a mais importante vitrine de tendências do setor”, declara Bertolini. Inovação, evolução tecnológica, padrão estético, utilização de novos materiais, possibilidades produtivas e de comercialização têm sido os principais balizadores para o trabalho do júri. A premiação de 2006 constará de um Grande Prêmio, um Prêmio e do Prêmio Ibama, sem distinção entre projetos brasileiros e internacionais, além do Prêmio Indústria (exclusivo para indústrias brasileiras). Podem concorrer escritórios de design ou designers autônomos, estudantes e a indústria. Grande Prêmio e Prêmio contemplam, cada um, dois vencedores: um profissional e um estudante. Da primeira edição, em 1988, até hoje, o Salão Design cresce, a cada ano, de forma exponencial. Em termos de premiação, este ano está destinada uma verba de 60 mil reais! Visite o site, inscreva-se. Este concurso, aproximando designers e industriais, é o caminho mais curto para alcançar o mercado. Aten ção: pra zo de ins cri ção até 28 de ou tu bro de 2005

Acima, car taz do Sa lão Design Movel sul 2006. À esquerda e abaixo, mesa Ple ga ble en un Solo Pla no, Prê mio Pro fissi o nal In ter na ci o nal 2004, design Ra mon Vil lama rin, Bo go tá, Co lôm bia. Ma te rial inova dor: la mi na do de ma dei ra e cou ro com do bra du ras. No alto da página, à esquerda, es pre gui ça dei ra de jar dim Ane lí de os, Prê mio Pro fissi o nal Na ci o nal 2004, design Eu lá lia de Sou za An sel mo, Pe lo tas, RS. Anéis de EVA com es tru tu ra tu bu lar de sus ten ta ção em alu mí nio. Pode ser flu tuan te


DA DECORAÇÃO AO DESIGN... E VICE-VERSA Mai son & Ob jet é uma fei ra in te res san te e im por tan te. Eclé ti ca, mos tra com cla re za o es pí ri to fran cês e sua re la ção com a casa, onde a decoração – em seu sentido clássico – é tema pre do mi nan te

A téc ni ca da es te re o li to gra fia, ou pro to ti pa gem rá pi da, co me ça a ren der pro du tos fi nais in te ressan tes. Aci ma e no alto da pá gi na ao lado, fru tei ra Black Ho ney, design Arik Levy, e lu mi ná ria Co co on, design Assa As huach, am bos pro du zi dos pela Ma te ria li se (Bél gi ca); nes ta pá gi na, à di rei ta, ca dei ra So lid, design Pa trick Norguet, rea li za da pelo mes mo pro cesso. Abai xo, lu mi ná ria Hel lo Ingo, com braços articuláveis, ex posta na To ols Gal lery, Pa ris, design Ron Gi lad. No pé da pá gi na ao lado, vis ta par cial do pavi lhão Now! Design à Vi vre

Maria Helena Estrada Dividida em seções temáticas como Cenas de Interior, Editores e Now! Design à Vivre, a feira completou dez anos, sempre com duas edições anuais. Cada pavilhão concentrava um subtema, o que a tornava didática e fácil de visitar. Assim, nos espaços de Now! Design à Vivre, que engloba a produção “contemporânea-design”, eram variadas as propostas para uma reflexão sobre o estágio atual do projeto. Objet Projet, por exemplo, exibia entrevistas filmadas com cinco nomes do design e da arquitetura franceses que analisavam a relação entre as posturas projetuais na arquitetura e no design. Ali se encontravam também as grandes marcas, os grandes nomes da decoração, “os ourives da moda-casa”. Era também nesse pavilhão que acontecia a homenagem a Patrick Norguet, designer do ano em 2005, com uma exposição de suas obras em arquitetura e design. Uma idéia simpática – e muito útil –, os diversos quiosques “Village de la Presse”, com revistas especializadas, editadas em diversos países, e dos quais ARC DESIGN fazia parte como convidada.

14 ARC DESIGN



À es quer da, ban que ta com al tu ra re gu lá vel, El-vis, de Cé ci le Troitzky e Achil le Ha bay para a Ghaa de, Fran ça. À di rei ta, ser vi ço de chá de Tos hiu ki Kita para a Ari ta Na na ku ra, Ja pão. Abai xo, fu nil com pac tá vel Fun nel, em bor ra cha; design Boje Es ter man, pro du ção Nor mann, Di na mar ca

Maison & Objet oferece, na verdade, um panorama abrangente do estado atual do design e da decoração na Europa, sem esquecer a forte tendência em direção ao design étnico, com o pavilhão ethno-chic. Nele, Japão, Marrocos, Índia e, com belos exemplos, a África negra, se destacavam. Uma pergunta feita a diversas personalidades ligadas ao design e à decoração (publicação Hors Série, da Maison & Objet), sobre a casa dos próximos dez anos e de que modo se dará sua evolução, mostra a amplidão de caminhos da criação francesa contemporânea, seja ela referente aos objetos ou aos espaços. Domótica, robótica, apostam alguns, “raiz e tecnologia: gostaria de ver a tecnologia aliada à sensualidade”, diz Jérôme Olivet. “Pura liberdade. A orientação geral seria: desconstruir, recuperar espaços, respirar. (...) Ampliar a função dos objetos”, aspira Matali Crasset.

À es quer da, Geo, nova ca fe tei ra de Alessan dro Men di ni para a Alessi; acima, ta lher para sa la da Shun ga, em laca ja po ne sa: dois cor pos com ple men ta res, ins pi ra dos nas es tam pas eró ti cas ja po nesas; design C+B Le feb vre

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Acima, Vase Makers, curiosa coleção de vasos: o mesmo vasinho e suporte, em porcelana branca, colocado sobre qualquer recipiente, que contém a água ... e a flor; design Ron Gilad, do estúdio Designfenzinder, N. York. Abaixo, na coleção Anthologie Quartett, do designer tcheco Bohuslav Horak, fruteira em ferro laqueado

Christian Winsel


Acima, a par tir da esquerda: capa do catálogo LUXEs, ambiente da mostra “Pobre” e cadeiras do espaço “Nou veau Riche”, douradas, bem como toda a decoração. Abaixo, pe ças com in flu ên cia ét ni ca, design Wer ner Now ka e Mo ni ka Scho del-Mul ler, pro du zi das pela Ce râ mi ca Er lan gen, Ale ma nha

“É preciso parar de agir como a ‘Sra. ao gosto do dia’, toda bege com toques pretos”, ironiza Jacques Garcia. Mas há também, hoje muito questionada, a nova e a velha noção de luxo. Nelly Rodi, curadora do espaço Novos Ricos, afirma, “estamos no início de uma era na qual o dinheiro deve se mostrar. Os novos ricos do mundo inteiro se expõem”, enquanto para Ora Ito “o verdadeiro luxo será aquele de se ter espaço”. Mas o aspecto fundamental parece se resumir à questão: uma casa para ser ou para aparecer? Teorias à parte, os objetos expostos levam a algumas conclusões: o design torna-se menos formalista e procura oferecer maiores prestações (serviços) e menores custos; uma das consequências da questão custo é a incrível técnica da estereolitografia, ou prototipagem rápida, que já invade diversas tipologias; o excesso de adornos (sinônimo de falta de conceitos?), que se vê na moda, também penetra, com mais insistência, o mundo dos objetos; transparências, luminosidades, cores, leveza; o étnico avançando veloz – mas ainda com o freio da pouca qualidade; o luxo, aquele antigo, do raro e caro, tentando sobreviver e suplantar o luxo contemporâneo, sinônimo de inteligência e cultura. Um dos livros-catálogo, da série Inspirations, editado a cada feira, chamava-se LUXEs... e custava 100 euros! Mas o espírito crítico – “hélas!” – também estava 18 ARC DESIGN


Aci ma, dois as pec tos do es pa ço “Ul tra lux”, com tec no lo gia so fisti ca da a ser vi ço do luxo: a luz azul na pa re de e a estam pa da col cha são pro je çõ es

presente. No pavilhão da Now! Design à Vivre encontramos, como miniexposição paralela, três ambientes decorados, três visões, sobre esse tema que está na moda, que instiga e provoca: “Nouveau Riche”, “Pobre”, “Ultralux”. O novo rico todo em ouro, “onde muito não é jamais o bastante”; um pobre como “utopia do luxo”, com um mix de artesanato e design; o ultralux traduzindo a luz em luxo e tecnologia. A nova geração de designers franceses faz parte do grupo dos melhores profissionais contemporâneos, e já ultrapassou fronteiras, à falta de uma estrutura in-

À direita, bolsa da nova coleção WGY (23 itens) de Jérôme Oli vet, em falso couro (tecido re vestido por pe lí cu la plásti ca ter mo-se la da); abai xo, no pavi lhão Ethno Chic, bolsa do Congo em tecidos di versos, da Ethno Art Vision

dustrial na França que se dedique ao design. Matali Crasset, Patrick Norguet, Jérôme Olivet, os irmãos Bouroullec, Christian Biecher, Edouard François, Patrick Jouin, entre outros, são os sucessores daquele que se define como um designer italiano, nascido na França. Quem? Claro: Philippe Starck, o novo decorador da moda, que afirmou deixar o design no ano 2000. Bem, parece estar cumprido sua promessa. Este ano ele propôs à Baccarat um suntuoso lustre à moda antiga... em cristal preto! ❉ ARC DESIGN viajou a convite da direção da Maison & Objet. As próximas edições da feira acontecem de 2 a 6 de setembro de 2005 e 27 a 31 de janeiro de 2006. Para mais informações, visite www.maison-objet.fr 19 ARC DESIGN


© Museus do Vaticano

QUESTÃO DE MODA OU DE CULTURA?

Bolsas de todos os tempos, para todas as funções, de (quase) todo o mundo. Bolsas de viagem e de passeio, de bruxos e de rituais religiosos, os “furoshiki” japoneses e as coloridíssimas “bilum” de Papua Nova Guiné, bolsas específicas para cada profissão, bolsas ancestrais, e aquelas de hoje, da moda: esse metaobjeto é declinado no tempo e no espaço, em todas as suas versões. As primeiras bolsas? Talvez as que apareçam em inscrições rupestres, retratadas na fantástica exposição “Le Cas du Sac”, realizada em Paris. A exposição, antológica, reunia mais de 300 exemplos em um cenário que, de modo intencional, as sacralizava. “(...) A bolsa é o mais prolífico e diverso acessório e nunca deixa de nos espantar. Sobre ela é essa exposição e o livro: para permitir que a bolsa, esse servo silencioso, fale por si mesma...”, escreve Helène David-Weill, presidente da Union Centrale des Arts Décoratifs, França, no prefácio do livro “Le Cas du Sac”. Um livro-catálogo com 339 páginas conta a história das bolsas e de cada uma em par ti cu lar, com tex tos de au to ria de cu ra do res de mu seus de diversos países da Europa, da América do Norte, da África, da Ásia, do Japão, antropólogos, sociólogos, pesquisadores e historiadores da arte e da moda. A partir desses textos, relatamos as características, os fatos interessantes sobre cada uma das bolsas que selecionamos na mostra realizada no Musée des Arts Décoratifs du Louvre, por ini ci a ti va da Uni on Cen tra le des Arts Dé co ra tifs e do Musée de la Mode et du Textile, da Maison Hermès. Em breve publicaremos matéria com repertório de bolsas brasileiras, ausentes da exposição “Le Cas du Sac”.

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Maria Helena Estrada

No alto, o deus Her mes (Mer cú rio, o men sa gei ro, em la tim), na po si ção de quem está de par tida, se gu ra o “ki bi sis”. Zeus, em seu tro no (ocul to na foto), lhe entre ga a di vi na men sa gem, que ele irá re passar à hu ma nida de. Este é um dos pri mei ros re gistros em que Her mes apa re ce se gu ran do o “ki bi sis”. À es quer da, car tei ra para noi te Dior em seda, 1950, co le ção Mu sée Chris tian Dior

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© Jean-Marc Tingaud / UCAD

Nesta página, bolsa-luva em couro preto de Jean Paul Gaultier na coleção “Elégance Parisiènne”, outono-inverno 1988-1989. Bolsa e luva formam uma única peça, em pelica preta revestida no interior com cetim “pink”

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© V. Te r e ben

ine

© Jean-Marc Tingaud / UCAD

© Jean-Marc Tingaud / UCAD

Acima, à esquerda, pintura rupestre, caverna em Tassili, Algéria (sem data). À direita, bolsa em couro e pele, do século IV a.C. Encontrada em escavações arqueológicas, seu aspecto se deve à umidade do local onde se encontrava. Na coleção do Museu Hermitage, São Petersburgo. À esquerda, originária do norte da Europa, provavelmente da França, final do século XV, peça em veludo com fecho de ferro; na época, os fechos eram obras de arte que reproduziam torres e castelos em estilo gótico. The Metropolitan Museum of Art, N.York, coleção Cloisters. Abaixo, bolsa de 1907, tramada em prata, fecho e alça em metal trabalhado, forro em seda. Acessórios ainda controversos na época, essas pequenas bolsas surgiram como itens da moda para substituir os bolsos, que desapareciam dos vestidos. Coleção Musée de la Mode e du Textile, Paris

© The Metropolitan Museum of Art


© Jean- Marc Tingau d / UCAD

© Éd iti on s Ce rc le d’ Ar t

© Philippe Sebert

Acima, bol sa do guar da contro la dor das car rua gens pú bli cas pu xa das a cava lo. Ele ze lava pela se gu ran ça e pontua lida de e na bol sa de seu uni for me havia um re ló gio pen du ra do ao con trá rio, para que pu desse ser lido com fa ci li da de. Com cor po em cou ro de be zer ro, possu ía ain da duas di vi sõ es para as chaves da car rua gem e a das ba ga gens. Ou tra fun ção do guar da era a de anun ciar che ga das e par ti das das car rua gens, com uma trom be ta. Cria ção Her mès, faz par te da co le ção da em presa. À es quer da, “Alms Pur se”, Ho lan da, sé cu lo XVII, em ve lu do de seda com fe cho em pra ta tra ba lha da. Co le ção Emi le Her mès, Pa ris. Abaixo, ma le ta, ou mala e sa co la con ju ga das, em te ci do de ta pe te, século XIX. Coleção Emi le Her mès

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© Ma rie-José Gui gues

© Pierre David / Museu s de Angers

© Don Cole / UCLA Fowler Museum

Acima, à esquerda, bolsa com desenhos geométricos Huron, século XVIII, Museu Turpin-de-Crissé, Angers, França. Na sequência, bolsa de feiticeiros de Garoka, Papua Nova Guiné, tecida em corda escura de hibiscus, com estrutura em bambu e cober ta com conchas marinhas, vér tebras, dentes e ossos de diversos mamíferos. Fotos de Marie-José Guigues, fotógrafa, pesquisadora e colecionadora francesa que passa dois meses por ano na Papua Nova Guiné. Abaixo, bolsas de miçangas “apo ileke”, da Nigéria, África, usadas pelos babalaôs yorubás para carregar seus per tences mágicos, são datadas da metade do século XX; à direita, exemplo de “odiga ifa”, carregada em volta do pescoço, com diversos bolsos. Ambas na coleção UCLA, Fowler Museum of Cultural History, Los Angeles, EUA

© Don Cole / UCLA Fowler Museum

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© AKG

©

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Guig

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Nesta pá gi na, três versõ es da Bi lum, bol sa tí pi ca de Pa pua Nova Gui né; te cidas com fios re ti ra dos de cas cas de ár vo res, elas se di fe ren ciam de uma re gião para ou tra. Aci ma, à es quer da, Bi lum ca rac te rís ti ca da re gião li to râ nea, ador na da com frag men tos de gran des con chas, acer vo do Mu seum der Kul tu ren, Ba sel, Su í ça. Na se quên cia, bi lum em cor na tu ral, co le ta da em 1993 na vila de Tari Hau te-Ter re, Pa pua Nova Gui né; co le ção Ma rie-José Gui gues. Abai xo, ver sõ es co lo ri das da bi lum e a for ma tra di ci o nal de car re gar a bol sa (foto re a li za da por Ma rie-José Gui gues, em Tari, 1992). No fun do da pá gi na, de ta lhe am plia do da tra ma da Bi lum

Foto: Ma rie-José Gui gues

© Ma rie-José Gui gues


Acima, Furoshiki, o embrulho-bolsa feito com um lenço de seda, no qual as mulheres envolvem os presentes quando vão em visita a uma amiga. Os lenços são dobrados segundo um ritual preciso

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© Jean-Marc Tingaud / UCAD

© Jean-Marc Tingaud / UCAD

Aci ma, à es quer da, da pin to ra So nia De lau nay, 1922-1923. Es tru tu ra em ma dei ra, com te ci do em al go dão es tam pa do. Mu sée de la Mode et du Tex ti le, Pa ris. À direita, Ben, em PVC pre to pin ta do com le tras bran cas, des cre ven do o con teú do da bol sa. Dé ca da de 1980, co le ção pri va da. Na página ao lado, no alto, SkinBag, em lá tex na tu ral, uma das bol sas da co le ção 2003 do es cul tor Oli vi er Gou let. Abai xo, Co pa ca ba na, de sign Shi ro Ku ra ma ta, edi ção Mar tell, 1988. Em cou ro, com três gave tas de di men sõ es va ri a das de cada lado. Co le ção Yves Gas tou, Pa ris


“Le Cas du Sac” Musée des Arts Décoratifs du Louvre De 7 de outubro de 2004 a 20 de fevereiro de 2005

© Jean-Marc Tingaud / UCAD

ww w. sk inb ag .ne

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As fotos que ilustram esta matéria fazem parte do livro “Carried Away: all About Bags”, que acompanha a mostra, editado pela Union Centrale des Arts Décoratifs, Hermès e Éditions Le Passage

27 ARC DESIGN




TRAMADOS PARA A PERFORMANCE A evo lu ção da tec no lo gia têx til, da ci ên cia dos ma te ri ais e da en ge nha ria de com pu ta ção deu ori gem a uma nova ge ra ção de te ci dos. De apli ca çõ es es por ti vas a mé di cas, pas san do pelo de sign de in te ri o res, os no vos têx teis ga nham es pa ço e “in va dem” nos so co ti di a no Win nie Bas ti an


Uma camiseta que “sabe” quando quem a veste está disponível para atender o telefone celular. Roupas com sistema de posicionamento global (GPS) incorporado, que poderiam ser utilizadas para localizar praticantes de esqui ou montanhismo sob más condições de tempo, por exemplo. Tecidos que, usados no estofamento dos carros, podem identificar o peso do passageiro e informá-lo ao sistema de gerenciamento do veículo para que o airbag, em caso de acidente, exerça a força exata para a absorção do impacto com segurança. Um carpete equipado com sensores para detectar pressão, vibração e temperatura, sendo assim capaz de detectar intrusos e fogo. Estes são alguns exemplos da aplicação dos novos têxteis, nos quais a aparência é apenas uma das características, e não a principal. Conhecidos como e-têxteis, os produtos citados acima ainda estão em desenvolvimento, mas têm um número imenso de aplicações potenciais. A evolução, no entanto, não se resume aos e-têxteis (tecidos eletrônicos, que incluem fios, sensores e circuitos em sua trama). Incorporando novas tecnologias e materiais ao processo de fabricação, outros tecidos são projetados especificamente para proporcionarem máxima performance em condições extremas. Esse é o tema da exposição “Extreme Textiles”, que será inaugurada em abril no Cooper-Hewitt Design Museum, N. York, com curadoria de Matilda McQuaid. “O objetivo desta exposição é revelar o incrível fôlego de áreas nas quais os têxteis estão sendo usados e proporcionar inspi-

Na pá gi na ao lado, vela 3DL TM, pro du zi da como uma mem bra na tri di men si o nal úni ca; ter mo-mol da da na for ma óti ma para ve le jar, atin ge ve lo ci da de mes mo com ven tos le ves. Cria ção de J. P. Bau det e Luc Du bois, pro du ção North Sails Ne va da, EUA. Nes ta pá gi na, no fun do, rede de pes ca em nái lon e To yo flon, ma te rial resis ten te a ata ques quí mi cos e bi o ló gi cos e às ra dia çõ es UV; pro du ção To ray In dus tri es, Ja pão. Aci ma, se lim Flow: sem es pu mas ou géis, pro me te mais con for to ao usu á rio gra ças à me lhor dis tri bu i ção do peso (ob ti da pela ge o me tria e pela uti li za ção de um te cido de mo no fi la mentos elasto mé ri cos) e à venti la ção per mitida pela tra ma aber ta do te cido. Design Tylor Gar land e Aldis Rau da, pro du ção Sad dle Co, EUA; te ci do cria do por Bob Ben ko para o Quantum Group, EUA. Abai xo, ro tor para fo gue te em fi bras de car bo no entre la ça das e in fil tra das com po lí me ros pré-ce râ mi cos: resiste até a 1500ºC, 500ºC a mais do que as pe ças me tá li cas, com me ta de do peso destas. Design Wil liams Inter na ti o nal; têx til desen vol vido e fa bri ca do pela Foster-Mil ler Inc, EUA

ração para novas abordagens do design”, explica McQuaid. A mostra reunirá mais de 150 aplicações de têxteis, organizadas conforme suas características: mais forte, mais leve, mais rápido, mais esperto, mais seguro. Tendo surgido para aplicações específicas em campos segmentados, como o espacial, o militar e o da medicina, os novos têxteis se destacam pela versatilidade. Desenvolvimentos da tecnologia de polímeros resultaram em fibras que são mais fortes do que o aço, mas conservam as vantagens tradicionais dos têxteis, como a flexibilidade. Essas fibras são empregadas em diversas situações de alta performance, desde a mais forte corda já fabricada (que suporta até 2 mil toneladas sem arrebentar) até contêineres de navio feitos em tecido, e que transportam milhares de toneladas por todo o mundo. 31 ARC DESIGN


À es quer da, no alto, He mas hield Gold TM4, veias ar ti fi ciais para trans plan te, que se lam a he mor ra gia e en co ra jam a re ge ne ra ção do te ci do vas cu lar. A tra ma do He mas hield per mi te a passa gem suave da agu lha e a me lhor re ten ção da su tu ra (re du zin do o san gra men to nos pon tos de co mu ni ca ção en tre o im plan te e a veia), en quan to a im preg na ção com co lá ge no ace le ra o pro cesso de cura; pro du ção Bos ton Sci en ti fic Com pany, EUA. No pé da pá gi na, Che e tah Flex-Foot®, pé pro té ti co para cor ri da em fi bra de car bo no, usa do por Mar lon Shir ley; de sign Van Phi lips, pro du ção Os sur, Is lân dia/EUA. Na pá gi na ao lado, Car bon To wer, edi fí cio de 40 an da res pro je ta do por Pe ter Tes ta e equi pe. A fi bra de car bo no (com re ves ti men to em resi na) é o prin ci pal ma te rial da tor re, sen do cinco ve zes mais for te do que o aço, quan do sub me ti da à ten são. O pro je to deve ser cons tru í do den tro de cinco a dez anos, es ti ma Tes ta

No universo da medicina, destaque para os enxertos vasculares em tecido Hemashield Gold, utilizados para substituir as artérias humanas e já implantados em mais de 1,2 milhão de pacientes. Já na esfera esportiva, chama a atenção a força e a flexibilidade do pé protético para corrida Cheetah Flex Foot ®, em fibra de carbono (sim, a fibra de carbono é tecida!), usado pelo medalhista paraolímpico Marlon Shirley para quebrar a barreira dos 11 segundos na prova dos 100 metros livre. Shirley é, hoje, o amputado mais veloz do mundo, tendo completado o percurso em 10,97 segundos. Um valor admirável, tendo em vista que o recorde mundial dos 100 metros livre masculino, firmado pelo velocista Tim Montgomery, é de 9,78 segundos. Os têxteis inteligentes, aqueles que incorporam computadores e tecnologias de comunicação, permitem uma ampla gama de aplicações, especialmente no campo do vestuário e do design de interiores. Um exemplo é o tecido Dynamic Double Weave®, produzido pela empresa norte-americana International Fashion Machines: composto por algodão, rayon, fios condutores e tintas termocrômicas, o tecido muda de cor – e de estampa – quando submetido a temperaturas mais elevadas, tudo controlado por computador. Além das peças expostas na mostra, outros produtos que já estão no mercado chamam atenção no universo dos e-têxteis, como o Gorix, tecido à base de carbono, hoje utilizado desde roupas de mergulho até revestimento de assentos de automóveis, no qual uma pequena corrente elétrica é convertida em calor. Outro exemplo é a Smartshirt, produzida pela empresa norte-americana Sensatex, inicialmente desenvolvida


Š Testa Achitecture and Design


Ma tt Fly nn

Aci ma, cor das de alta resis tên cia fa bri ca das pela Edel rid, Ale ma nha. Abai xo, Dyna mic Dou ble We ave, te ci do que ex plo ra a co lo ra ção re fle ti va, mu dan do de cor e de es tam pa quan do aque ci do; design Mag gie Orth, pro du ção In ter na ti o nal Fas hion Ma chi nes, EUA. No pé da pá gi na, de ta lhe de te ci do tria xial: tra ma das em três ei xos, as fi bras de car bo no são fa cil men te mol dá veis para for mar a base de di ver sos pro du tos; a tra ma mul ti di re ci o nal eli mi na os pon tos de stress en con tra dos nos te ci dos co muns; pro du ção Sa ka se Ad tech Co, Ja pão

para a agência de projetos de pesquisa avançada para defesa do governo federal dos Estados Unidos. Produzida com fibras comuns, como o algodão, mescladas com fibras condutoras e sensores, a camiseta monitora sinais vitais do usuário, como respiração, temperatura, batimentos cardíacos e queima calórica, e os envia a um computador para análise (as informações também podem ser enviadas para a internet). Lavável, a camiseta pode ser utilizada por atletas profissionais para otimizar seu treinamento e performance. Outro uso possível é o monitoramento médico: o paciente pode estar em um país e seu médico em outro, mas as informações vitais são transmitidas em tempo real. Embora os exemplos acima já sejam comercializados nos Estados Unidos e na Europa há alguns anos, a tecnologia dos e-têxteis ainda se restringe, principalmente, às aplicações militares. Mas os produtos comerciais estão começando a aparecer e a tendência é que as roupas comuns passem a ter funções eletrônicas nos próximos dez anos, como afirmou o Dr. Michael S. Shur, professor no Rensselaer Polytechnic Institute, Estados Unidos, em entrevista ao N. York Times, em 2003. “Estão sendo desenvolvidos rádios com apenas 2 ou 3 milímetros que podem ser incorporados a e-têxteis laváveis”, observa. E completa: “os rádios são como botões – você não precisa remover os botões quando lava um vestido”. Aguardamos ansiosos... ❉

A mos tra “Ex tre me Tex ti les” acon te ce de 8 de abril de 2005 a 15 de ja nei ro de 2006 no Co o per-He witt Na ti o nal De sign Mu seum, em N. York. Mais in for ma çõ es no site www.ndm.si.edu 34 ARC DESIGN



PEDRA LÍQUIDA Ar qui te tu ra em con cre to é o tema da ex po si ção em car taz no Na ti o nal Bu il ding Museum, de Washington. Reunindo cerca de 30 obras contemporâneas, “Liquid Stone” mostra a diversidade permitida pelo concreto, que hoje é a segunda substância mais consumida no planeta, depois da água

Da Redação Tadao Ando, Santiago Calatrava, Norman Foster, Zaha

remetem às famosas bay windows de São Francisco.

Hadid, Herzog & de Meuron, Steven Holl, Richard Meier,

Na categoria Superfície, sobressai o projeto de Tadao

Jean Nouvel, Frei Otto: em “Liquid Stone”, arquitetos

Ando para Awaji-Yumebutai, complexo que engloba

mundialmente famosos têm seu trabalho exposto ao

centro de conferências, hotel, estufa, teatro ao ar livre

lado de obras assinadas por nomes menos conhecidos.

e diversos jardins e praças. Uma “praia” com um mi-

O critério para a escolha democrática? A utilização do

lhão de conchas de vieiras cravadas no solo de concre-

concreto de forma excitante e inusitada.

to é o ponto alto do conjunto; o mesmo recurso foi uti-

O alto consumo do concreto (cerca de 3,8 bilhões de

lizado no revestimento da fachada de um dos edifícios.

metros cúbicos por ano!) deve-se em grande parte à sua

Diversos projetos que integram a categoria Formas Es-

resistência e versatilidade plástica, fatores enfocados

culturais merecem ser citados:

na mostra, que se dividia em três categorias: Estrutura,

– a Jubilee Church, com três grandes paredes autopor-

Superfície e Forma Escultural.

tantes em forma de concha que exigiram 12 toneladas

Na categoria Estrutura, destaque para dois projetos: a

em blocos pré-moldados de concreto. Construída com

Torre Agbar e o Yerba Buena Lofts. Criada por Jean

cimento branco, a igreja tem sua superfície à mostra, e

Nouvel para a companhia de água de Barcelona, a Torre

é um dos raros projetos em que Richard Meier não uti-

Agbar é formada por dois cilindros

liza seus conhecidos quadrados

de concreto, um dentro do outro. O

brancos metálicos no revestimento;

cilindro externo é perfurado com

– a residência Vail Grant, cuja forma

mi lha res de re tân gu los, cri an do

irregular foi, em parte, definida pela

uma composição irregular “pixelada”.

intenção dos arquitetos de proteger

Esta superfície é então revestida com

as vistas da construção vizinha, uma

uma “pele” de metal e vidro, permi-

casa modernista de Richard Neutra;

tindo controle solar e da ventilação

– o Museum of the 21st Century, que

natural, além de refletir a luz de for-

combina dois elementos distintos re-

ma dispersa como a água. O Yerba

fletindo a diversidade das funções:

Buena Lofts, por sua vez, foi cons-

uma ala horizontal que abriga um

truído com verba bem mais modesta,

museu de arte de vanguarda (em

mas também apresenta uma solução

grande parte eletrônica) e uma torre

construtiva interessante: diversas

residencial na qual superfície e estrutura se fundem;

projeções ao longo da fachada frontal 36 ARC DESIGN

© LiTraCon GmbH


Abai xo, Ju bi lee Church (2003), em Roma, pro je to de Ri chard Mei er: o ci mento bran co uti li za do in cor po ra par tí cu las fo to ca ta lí ti cas que neu tra li zam os po lu en tes at mos fé ri cos, man ten do a cor in tac ta. Uma so lu ção que per mi tiu a Mei er re nun ciar aos qua dra dos me tá li cos bran cos que sem pre re ves tem suas obras. No pé da pá gi na ao lado, Li Tra Con©: in ven ta do em 2001 pelo ar qui te to hún ga ro Aron Lo sonc zi, trans mi te luz através de fi bras de vi dro in cor po ra das ao ma te ri al

Alex Mac Clean


À esquerda, Yerba Buena Lofts (2002), em São Francisco, EUA: em vez de um grid de colunas, a estrutura é composta por paredes paralelas de concreto, que avançam até a fachada. Projeto de Stanley Saitowitz / Natoma Architects. Abaixo, residência Vail Grant (à esquerda), em Los Angeles, EUA, projeto de Pugh + Scarpa Architects, ao lado da casa modernista projetada por R. Neutra: a obra deve ser finalizada este ano

– o Aquacenter (concurso realizado em 2001), no qual o escritório Christoff:Finio tira partido de uma série de “fitas” em concreto que ondulam ao longo de uma piscina gigante, criando diversas zonas e nichos dentro do amplo espaço do centro aquático; – a Main Station Stuttgart, de Ingenhoven und Partner com Frei Otto, que surpreende pela fluidez da estrutura: os pilares parecem escorrer a partir das clarabóias; – o Auditorio Ciudad de Leon, projeto do escritório Mansilla + Tuñón, cuja fachada é “movimentada” por janelas profundas e de diversos tamanhos, em um jogo constante de luz e sombra. E o futuro do concreto? A exposição apresentou três variantes do material, criadas recentemente: o concreto

Marvin Rand

38 ARC DESIGN


Nesta página, projeto do escritório Hariri & Hariri para o Museum of the 21st Century, a ser concluído em 2007 em N. York, EUA. À direita, vista geral do complexo, com a torre residencial à esquerda e o volume hori zontal do museu à direita. Na torre, estrutura e super fície se fundem graças a uma trama de paredes e pisos de concreto que substitui o tradicional sistema de colunas e vigas; as paredes podem ser utili zadas para a projeção de obras de arte. Abaixo, vista dos acessos ao conjunto

autoconsolidante (não precisa ser vibrado para eliminar bolhas de ar e distribuir melhor os agregados), o concreto translúcido (permite a passagem da luz) e o de altíssima performance (possui fibras que dispensam o uso de barras de aço, permitindo maior liberdade formal). Este último inspirou o projeto de Rudy Ricciotti e RCT Architectes para um museu de cultura européia e mediterrânea, o MUCEM. O edifício será envolto por uma treliça fina e de formas orgânicas, executada em Ductal, o concreto de altíssima performance. O início de uma nova era na arquitetura contemporânea? Assim como no design de produto, os novos materiais têm papel determinante na inovação arquitetônica. ❉ © Hariri e Hariri – Architecture © Hariri e Hariri – Architecture


© Christoff:Finio Architecture

Holger Knauf

Acima, à esquerda, Aquacenter, projeto para um centro aquático na cidade de Aalborg, Dinamarca: em vez de propor diversas piscinas de tamanhos diferentes, o escritório Christoff:Finio optou por utilizar “fitas” de concreto para definir os espaços. Na sequência, Main Station Stuttgart, Alemanha: o desenho fluido da estrutura merece destaque pela beleza e pela eficiência (a cobertura sutilmente curva tem espessura menor do que 1/100 do vão entre as colunas); projeto de Ingenhoven und Partner com Frei Otto, conclusão em 2013. Abaixo, à esquerda, Musée des Civilisations de l’Europe et de la Méditerranée (MUCEM), a ser concluído em 2009 em Marselha, França: Rudy Ricciotti e RCT Architectes propõem uma fina treliça de formas orgânicas em Ductal, concreto que dispensa armadura metálica

© Rudy Ricciotti e RCT Architectes

40 ARC DESIGN

© Ateliers Jean Nouvel


© Mitsuo Matsuoka

© Mitsuo Matsuoka

Aci ma, Awa ji-Yu me bu tai (2000), em Hyo go, Ja pão: desta que para a su per fí cie em con cre to tra ba lha do, na qual Ta dao Ando pro pôs a in ser ção de mais de um mi lhão de con chas de vi ei ras, que com põ em a pa re de de um dos edi fí ci os (à es quer da) e o piso da “praia” (à di reita), ali nha da vi sual mente com o ocea no. Abai xo, Au di tó rio Ci u dad de Leon (2001), Es pa nha: as ja ne las pro fun das do edi fí cio re me tem à ar qui te tu ra tra di ci o nal do país; o pro je to ren deu aos ar qui te tos Luis Man sil la e Emi lio Tu ñón o Pre mio de Ar qui tec tu ra Es pa ño la em 2003. No pé da pá gi na ao lado, à di rei ta, Tor re Ag bar, em Bar ce lo na, Es pa nha, pro je to de Jean Nou vel ain da em cons tru ção: mi lha res de qua dra dos va za dos “pi xe lam” a fa cha da de con cre to, re ves ti da com me tal e vi dro


Resin Floor recebe prêmio Material Excellence 2003 por desenvolvimento de materiais e tecnologia conferido pela Material Connexion N. York

Projeto do designer Fernando Siena – execução Resinfloor.

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LUMINOTÉCNICA

A CARTILHA DA LUZ NAS ESCOLAS Nesta edição, o lighting designer Guinter Parschalk defende a idéia de que uma boa iluminação nas escolas ajuda a formar os alunos. Ele acredita que a correta quantidade e qualidade de luz é determinante para a concentração dos estudantes na sala de aula

Guinter Parschalk Redação de Juliana Mariz

Acima, Escola Estadual de Campinas (SP), projeto do Una Ar quitetos. No interior das salas de aula, os pro fissionais seguiram o padrão de lux proposto pelo cliente, a Fundação para o Desenvol vimento da Educação. Na fachada, aletas de PVC protegem os alunos do sol e promovem confor to térmico, possibilitando uma iluminação natural homogênea durante o dia. As mesmas placas permitem que o prédio emita luz à noite, como uma grande lanter na


Nelson Kon

Tenho recordações muito agradáveis dos meus tempos

em uma pia no fundo da sala-ateliê. Depois de alguns mi-

de escola. Mas, em geral, há pouca luz em todas elas.

nutos ele questionou se o som da água escorrendo não

Da minha época de ginásio, lembro do prédio antigo,

havia aliviado o calor... e aumentado a concentração.

das salas de aula com grandes janelões e pé-direito alto.

Já é evidente, hoje, que um bom projeto luminotécnico

Lá em cima estavam elas: luminárias com quatro lâm-

favorece o desempenho e a produtividade, e esta é uma

padas fluorescentes aparentes, penduradas por corren-

bandeira que não canso de levantar.

tes. Eram satisfatórias, mas não ideais. Já na faculdade

Infelizmente no Brasil a iluminação ainda é tratada como

(fiz arquitetura na Braz Cubas, em Mogi das Cruzes),

algo complementar: uma realidade em transformação,

me recordo do projeto do prédio, que me agradava es-

tão logo todos compreendam que a luz é a primeira ex-

teticamente: blocos de concreto, telhado metálico e uma

pressão da arquitetura e suporte da percepção visual.

face com caixilho de ferro e vidro. Mas havia grande

Com a luz gera-se clareza e acelera-se o processo de

desconforto térmico e visual. Em um dia de verão inten-

captação e assimilação das informações. Portanto, uma

so um professor de matemática, ousado e brincalhão,

escola que deseja atingir bons níveis educacionais tem

pediu para que um aluno ligasse a torneira que ficava

de considerar o projeto de iluminação como prioridade. 45 ARC DESIGN


Nesta pá gi na, aci ma, e no pé das duas pá gi nas, es co la Play Pen – Cida de Jar dim, em São Pau lo, pro je to dos ar quite tos Már cio Ko gan e Isay Wein feld. A ilu mi na ção na tu ral foi pri vi le gia da com ja ne las am plas e um ras go de luz na laje su pe ri or. Qual quer exa ge ro na ilu mi na ção na tu ral é evita do com bri ses de ma dei ra e adesi vos ja te a dos nas ja ne las. “Bus ca mos uma luz efi ci ente para criar um am bi ente ade qua do aos alu nos”, diz Már cio Ko gan

Há muitas variáveis envolvidas na decisão de um proje-

tomar cuidado com a iluminação externa e a posição das

to de iluminação escolar. Deve-se, por exemplo, levar em

janelas, que podem gerar reflexo.

conta a faixa etária dos alunos. Até uma certa idade, a luz

Tome-se como exemplo uma classe padrão com o pro-

não atrapalha tanto, pois temos uma tolerância maior.

fessor falando no tablado à frente. Esta sala deveria ter

Quanto mais velha uma pessoa, menor seu nível de per-

um índice de 500 a 800 lux na lousa, o que ajuda a deli-

cepção luminosa e maior sua sensibilidade a contrastes.

mitar a área de atenção. No restante da classe o ideal são

Em um projeto luminotécnico escolar é fundamental

300 a 500 lux. Um aspecto importante a ser observado

também analisar o tipo da atividade que ocorre no local.

são os índices de alta e baixa iluminação. Normalmente

Uma situação é assistir à aula vendo o professor na lou-

arquitetos usam programas de cálculos pouco eficientes

sa. Outra totalmente diferente é quando o aluno está, por

que fornecem um índice médio de luz. Essa carência de

exemplo, fazendo um desenho técnico. Os níveis de luz

dados confiáveis, somada aos interesses de clientes, que

e sua distribuição são diferentes. É importante também

geralmente optam por poucas luminárias para reduzir


Nelson Kon

Nelson Kon

Aci ma, inte ri o res da Uni versida de Se nac, em São Pau lo, ar quite tu ra de Afla lo & Gas pe ri ni e ligh ting design de Gil ber to Fran co e Car los For tes. À es quer da, bi bli o te ca: lu mi ná rias com cha pas per fu ra das e ilu mi na ção in di re ta resul tam em pou ca for ma ção de som bras. À di reita, sala de aula: lu mi ná rias de 16 cé lu las com rigo ro so contro le anti o fus ca mento adaptam-se ao for ro in cli na do sem provo car bri lho ex cessi vo, mes mo quan do vistas de frente

custos, determina a média de lux. O que resulta dessa

ser considerada. O problema desses equipamentos são

prática é a má distribuição da luz. Ou seja, alguns alunos

suas telas que refletem os objetos. Portanto, os especia-

estarão em locais com iluminação em excesso, enquanto

listas têm de estar sempre atentos com o ofuscamento.

outros sofrerão com a deficiência.

O questionamento relativo à luz pode ser levado para as

Uma sala de jardim de infância requer menos luz. Nesta

residências. O morador que trabalha em casa deve ter a

faixa etária, as crianças estudam integradas com o pro-

luz adequada ao tipo de atividade que pratica. Mas se o

fessor em mesas dispostas de forma circular. Nestes ca-

uso é esporádico, a iluminação tende a ser mais decorati-

sos a sugestão é uma iluminação homogênea, obedecen-

va e menos técnica. Os estudantes, sim, precisam de uma

do a uma forma orgânica e menos indutiva. Já o local

iluminação específica. Do contrário, serão nômades fazen-

com vários computadores permite uma analogia com os

do seus deveres em cima da cama ou na mesa da cozinha.

escritórios. Ambientes com computadores não necessi-

Neste vai-e-vem, eles provavelmente irão fazer de tudo, in-

tam de tanta luz, pois a luminosidade do monitor deve

clusive estudar, mas só quando acharem o local ideal. ❉


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A 13 de Abril de 2005 abre o Salone Internazionale del Mobile


SU PLE M E NTO ESPEC IAL ARC DESIG N Nยบ41

MESTRES DA ARQUITETURA

Renzo Piano


Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication Diretora Editora / Publisher – Maria Helena Estrada Diretor de Marketing / Marketing Director – Cristiano S. Barata Diretora de Arte / Art Director – Fernanda Sarmento Redação / Editorial Staff: Editora Geral / Editor – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico / Graphic Design Editor – Fernanda Sarmento Chefe de Redação / Editor in Chief – Winnie Bastian Equipe Editorial / Editorial Staff – Tatiana Palezi (Produtora) Jô A. Santucci (Revisora) Tradução / Translations: Paula Vieira de Almeida Arte / Art Department: Designer – Betina Hakim Estagiária – Ana Beatriz Avolio Gerente de Publicidade / Advertising Manager: Ivanise Calil Foto da Capa / Cover Picture: Michel Denancé

Foto: Michel Denancé / © Renzo Piano Building Workshop

English version available on the last pages of ARC DESIGN 41


RENZO PIANO

AUDÁCIA E EXPERIMENTAÇÃO “O passado é um refúgio seguro, uma tentação constante. Já o futuro é o único lugar onde temos de ir, se queremos realmente ir a algum lugar.” A afirmação de Renzo Piano expressa uma de suas características mais marcantes como arquiteto: a inquietude, a necessidade de estar, sempre, em busca do novo, do ainda não-existente. “Os arquitetos têm que viver na fronteira e frequentemente precisam cruzá-la, para ver o que há do outro lado”, afirma. Renzo Piano nasceu em Gênova, Itália, em 1937. Estudou arquitetura no Instituto Politécnico de Milão, onde foi orientado por Franco Albini, graduando-se em 1964. Filho de construtor, frequentava, ainda estudante, os canteiros de obra da empresa de seu pai, onde obteve valiosa experiência prática. Entre 1965 e 1970 completou sua formação com viagens de estudo na Inglaterra e nos Estados Unidos. Foi quando encontrou Jean Prouvé, que teria forte influência em sua vida profissional. Nesse mesmo período, trabalhou no escritório de Louis Kahn, na Filadélfia. Sua primeira obra importante foi o pavilhão italiano para a feira mundial de Osaka, em 1970. Em 1971, com Richard Rogers, venceu o concurso para o Centro Georges Pompidou em Paris, projeto que lhe rendeu fama internacional. Em 1977 funda o Atelier Piano & Rice, com o engenheiro Peter Rice. Em 1993, após a morte do sócio, cria o Renzo Piano Building Workshop, com escritórios em Gênova e Paris, empregando atualmente cerca de cem pessoas – número que, segundo o arquiteto, lhe permite conhecer todos os funcionários. Dentre suas obras mais conhecidas estão o Aeroporto Internacional de Kansai (Osaka, 19881994), a reconstrução da Potsdamer Platz (Berlim, 1992-2000), o Nasher Sculpture Center (Dallas, 1999-2003) e o Centro Cultural Jean-Marie Tjibaou (Nova Caledônia, 1991-1998), aqui publicado. O reconhecimento à arquitetura de Piano lhe rendeu diversos prêmios importantes, como a RIBA Gold Medal (Inglaterra, 1990); a Ordre National du Mérite (França, 2002), o Premium Imperiale (Japão, 1995), o Pritzker Prize (Estados Unidos, 1998), o Leone d’Oro (Itália, 2000) e a Médaille D’Or UIA (Suíça, 2002).

“É importante notar a diferença entre estilo e coerência. Coerência é experiência, é reaplicar o que já se aprendeu; não é se fazer reconhecível. Arquitetura é exploração: cada lugar é diferente, cada sociedade é diferente, cada cliente é diferente. Nos aspectos cultural, histórico e antropológico, cada trabalho é diferente. Então o risco real é de que o arquiteto acabe impondo sua marca antes de entender qual é a realidade do lugar. Nunca inicio um novo trabalho sem visitar o lugar, sem tentar entendê-lo, ter uma emoção fundamental. Porque é disso que se trata: emoção no construir. Eu tento entender qual é a real natureza de um lugar, qual é o contexto. Meu objetivo não é necessariamente integrar com o contexto. Às vezes a arquitetura não deve se integrar, mas dar uma contribuição para o contexto.” Renzo Piano


IGREJA PADRE PIO

ESPÍRITO CAPUCHINHO A obra mais recente de Renzo Piano, inaugurada em julho de 2004, é uma igreja na Puglia, sul da Itália. Na escolha dos materiais e na concepção do espaço, o arquiteto foi fiel aos princípios dos frades capuchinhos e de Padre Pio, santo ao qual a igreja é dedicada Winnie Bastian Estádio de futebol, sala de concertos, aeroporto, museus, navio de cruzeiro, um túnel de vento para a Ferrari: Renzo Piano já projetou, ao longo de sua carreira, edifícios de naturezas diversas. Agora, aos 67 anos, inaugura sua primeira igreja, a segunda maior da Itália, superada somente pela Basílica de São Pedro, no Vaticano. A igreja foi construída para receber os devotos de Padre Pio, um frade capuchinho famoso por carregar as chagas da crucificação de Cristo. Padre Pio faleceu em 1968 e foi canonizado pelo Papa João Paulo II em 2002. Contatado pelos frades capuchinhos do monastério de San Giovanni Rotondo em 1991, Piano inicialmente declinou do convite por acreditar que o ambiente rústico de Padre Pio já tinha sido corrompido. O crescente culto ao padre – cerca de 7,5 milhões de peregrinos rumam à vila de San Giovanni Rotondo a cada ano – resultou na descaracterização do território, que hoje convive com uma sequência impressionante de restaurantes e hotéis, redes de fast-food e lojas de quinquilharias. Trata-se de um lugar que mescla sacro e profano, religião e comércio. Após a recusa de Piano, os frades de San Giovanni Rotondo passaram a enviar, durante um mês seguido, bênçãos diárias por fax ao estúdio do arquiteto em Gênova. Piano finalmente cedeu, e os trabalhos da grande igreja tiveram início em 1994. O Bronzetto di Apricena, pedra local, foi o material escolhido para dar forma à igreja; os blocos foram esculpidos por uma máquina digital desenvolvida especialmente pelo escritório de Piano. “Séculos após ser o principal elemento estrutural das catedrais góticas, esse material foi submetido a novos experimentos, com as tecnologias mais avançadas”, ressalta o arquiteto.

Fotos Michel Denancé / © Renzo Piano Building Workshop

Aci ma, vis ta ge ral do com ple xo: em pri mei ro pla no, a pra ça fron tal; ao fun do, a igre ja; à es quer da, a co lu na ta que liga o es ta ci o na men to à pra ça. À ex tre ma es quer da, uma cruz de qua se 40 me tros de al tu ra anun cia o tem plo. Na pá gi na ao lado, de ta lhe dos dois ar cos da fa cha da frontal: en quanto o pri mei ro atua como pór ti co de entra da dos fi éis, o ou tro com por ta um vitral com a re pro du ção de um ma nus crito do Apo ca lip se, do sé cu lo 12. Tra ta-se de um substitu to para o Apo ca lip se pinta do por Ro bert Raus chen berg, que aguar da aprova ção do Va ti ca no




À di rei ta, no alto, a co lu na ta que con duz os vi si tan tes do es ta ci o na men to à pra ça. Na se quên cia, de ta lhe evi den cia as es tru tu ras me tá li cas que se ele vam a par tir dos ar cos e sus ten tam o te lha do. Na página ao lado, vista parcial do interior da igreja: destaque para a robustez dos arcos de pedra (1.320 blocos de bronzetto foram utilizados)

Além do efeito decorativo, o Bronzetto possui excelente resistência à flexão e à compressão, fator positivo tendo em vista que a área está sujeita a abalos sísmicos. Segundo Piano, a resolução central de forças do edifício e a capacidade de flexão dos arcos da igreja lhe permitirão resistir a solicitações seis vezes maiores do que a intensidade dos terremotos registrados até agora nesta parte da Puglia. A estrutura da igreja é formada por um sistema de 22 arcos irradiados a partir de uma grande coluna atrás do púlpito, cada arco sendo formado por cerca de 40 a 50 blocos de Bronzetto. Na área de entrada encontra-se o maior elemento da estrutura: com 50 metros de vão e 18 metros de altura, é possivelmente o mais longo arco estrutural construído em pedra. “Essa não é uma tentativa de entrar nos livros de recordes. É simplesmente um desejo de descobrir o que pode ser feito hoje com a pedra, quase mil anos depois que as catedrais góticas foram construídas. A virtuosidade técnica não é um fim em si, mas vem ao encontro das necessidades de uma escolha formal precisa. (...) Insistimos deliberadamente em um único material como chave expressiva do projeto”, afirma Piano. Mas o grande desafio, segundo o arquiteto, era criar um espaço aberto e acolhedor, a despeito da enorme área construída – a igreja deveria abrigar 8 mil pessoas em seu interior. “Em vez de intimidar os fiéis, a construção deveria estimular sua aproximação”, explica. Essa pre-

Fotos Michel Denancé / © Renzo Piano Building Workshop

missa explica diversas características do projeto, como a pouca altura do domo e a inclinação da praça frontal, a qual acomoda 30 mil pessoas, em direção ao santuário, favorecendo o acolhimento de grandes multidões. É o que Piano define como “casa aberta”, uma igreja completamente de acordo com os valores dos frades capuchinhos. Complementando esse “senso de boas-vindas”, a fusão entre santuário e praça é realizada pelo uso de um pavimento contínuo: o Bronzetto, novamente. Uma característica notável é a forma inusitada com que Piano concebe o espaço da igreja: rompendo com


4

1

2

3

N

1 2 3 4

IGREJA PADRE PIO PRAÇA COLUNATA CONVENTO SANTA MARIA DELLE GRAZIE

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10m

25m

50m

No alto da pá gi na, planta de im planta ção mostra a pra ça triangu lar e a igreja em es pi ral. Aci ma, cor te ressal ta a liga ção entre a igreja (à es quer da) e o con ven to (à di rei ta). Abaixo, cor te lon gi tu di nal ilus tra as so lu çõ es es tru tu rais; no sub so lo de 11 mil me tros qua dra dos es tão a Crip ta, os con fes si o ná ri os, as sa las ad mi nis tra ti vas e de even tos, além dos de pó si tos e de ou tras es tru tu ras de ser vi ços

0

5m

10m


Fotos Michel Denancé / © Renzo Piano Building Workshop

a tradicional estrutura de nave central, naves laterais e abside, propõe uma planta em espiral, diminuindo a expressão de hierarquia. “Para me preparar para essa obra, tornei-me um pouco capuchinho. A forma da igreja permite aos 8 mil fiéis que nela entram se sentirem próximos do altar”, declara Piano. Além disso, os grandes arcos definem setores que interferem na sensação de grandeza do espaço, tornando-o mais acolhedor, como explica o arquiteto: “de certa forma, a igreja é composta de seis diferentes igrejas, uma ao lado da outra. Você sempre vê o altar, mas não vê o espaço inteiro”. Outro fator que merece destaque é o “milagre” alcançado por Piano: a neutralização visual do entorno degradado a partir do santuário. No percurso dos fiéis até a igreja, a partir do estacionamento situado na base da colina, uma longa colunata conduz o visitante até a praça frontal, “resgatando-o” do ambiente mundano e preparandoo para a chegada ao santuário. Uma vez na praça, o olhar do visitante capta apenas os elementos em primeiro plano e a paisagem (o céu, a terra e o mar), resultado da sutil elevação dos parapeitos. Assim, o entorno intermediário e seus símbolos vulgares somem da vista. Em entrevista ao jornal La Repubblica (01/07/2004), Piano resume a essência do projeto: “o santuário de San Pio da Pietrelcina foi criado para fazer prevalecer o sacro sobre o profano, o senso de recolhimento sobre a majestosidade”. ❉

No alto da pá gi na, vis ta aé rea do con jun to: em pri mei ro pla no, o con ven to de San ta Ma ria del le Gra zie e, ao fun do, a Igre ja Pa dre Pio. A co ber tu ra em co bre pré-pa ti na do es ta be le ce o di á lo go en tre novo e an ti go. Aci ma, de ta lhe da fa cha da oes te: ao mes mo tem po que pro te ge o es pa ço in ter no da en tra da dos rai os so la res, a “pa re de” de bri ses for ma in te res san te com po si ção com o te lha do, de mar can do o aces so pos te ri or


Foto Morten Petersen / © Renzo Piano Building Workshop Foto Dominique Uldry / © Renzo Piano Building Workshop

PAUL KLEE MUSEUM – BERNA, SUÍÇA “Um mu seu que será uma es cul tu ra em si, uma ho me na gem ao ar tis ta e seu tra ba lho.” Assim Ren zo Pia no de fi ne seu pro je to para o Paul Klee Mu seum, pa tro ci na do pelo mé di co su í ço Mau ri ce Mül ler. O edi fí cio irá in te grar-se à to po gra fia, to man do a for ma das mon ta nhas vi zi nhas: a idéia foi cap tar o “es pí ri to do es cul tor”, tra ba lhan do com a ter ra. O ter re no es co lhido fica fora da cida de, em suaves co li nas que têm ao fun do os Al pes, pró xi mo ao ce mité rio onde Klee está se pul ta do. A constru ção irá se lo ca li zar ao longo de uma estra da pre e xistente que dará a im pressão de cor tar as “co li nas” em se çõ es. Três gran des sa las – abriga das por três co li nas ar ti fi ciais – re ce be rão par te do tra ba lho de Klee, al ter na dos em ci clos de seis meses. A mai o ria dos tra ba lhos – são cer ca de 5 mil, no to tal – esta rá situada no sub so lo, sob con di çõ es contro la das de tem pe ra tu ra, umida de e luz, e será dis po ní vel a pes qui sa do res e es pe cia listas. “Klee usava as con si de ra çõ es de rit mo, me lo dia e har mo nia das com po si çõ es de Mo zart e Bach como uma ins pi ra ção para suas rea li za çõ es plás ti cas”, afir ma Ur si na Ba ran dun, di re to ra de co mu ni ca ção do mu seu. Assim, o mes mo terá uma sala de di ca da à mú si ca, para es tu dos e re ci tais. Um acon te ci men to cu ri o so en vol ve ain da mais a mú si ca na his tó ria do mu seu: a co ne xão en tre Pia no e Mül ler foi fei ta pelo fa mo so pia nis ta Mau ri zio Pol li ni. Um centro de comunicação, um museu voltado ao público infantil e uma biblioteca com 160 volumes sobre a arte de Paul Klee completam o programa. Ao contrário de outros museus, este não terá iluminação zenital em função da preser vação das obras. Construído em aço, mas inspirado na construção naval de antigamente, segundo Piano, o edifício será iluminado por uma fachada oeste, pela qual a luz irá fluir e se espalhar suavemente através das salas por um sistema de telas translúcidas. A inau gu ra ção do mu seu está pre vis ta para ju nho de 2005.


LONDON BRIDGE TOWER – LONDRES, INGLATERRA

© Renzo Piano Building Workshop

Tor re de uso mis to a ser cons tru í da pelo Sel lar Pro perty Group no cen tro da ci da de, às margens do Rio Ta mi sa e ad ja cen te à Lon don Brid ge Sta ti on, im por tan te pon to de con flu ên cia das li nhas de trem, ôni bus e me trô de Lon dres. Cer ca de 7 mil pes so as tra ba lha rão e vi ve rão nes sa ci da de ver ti cal de 66 an da res. A al tu ra da tor re (306 me tros) deve-se, se gun do o Ren zo Pi a no Bu il ding Works hop, mais ao de se jo e à ne ces si da de de cri ar uma tor re ele gan te men te pro por ci o na da do que à am bi ção de ser o edi fí cio mais alto da Eu ro pa. Nos qua tro pri mei ros pa vi men tos, o edi fí cio é li ga do ao ter re no so men te pelo cer ne cen tral, o que per mi te o má xi mo de es pa ço às fun çõ es pú bli cas e à con flu ên cia da es ta ção. Uma leve mar qui se de vi dro pro te ge e pro por ci o na uma li ga ção en tre es ta ção e o Guy’s Hos pi tal. A tor re abri ga rá lo jas e res tau ran tes (pav. 0 a 4), es cri tó ri os (pav. 5 a 31), pra ças pú bli cas (pav. 34 a 36), ho tel com 200 quar tos (pav. 37 a 51), apar ta men tos (pav. 52 a 63) e duas ga le ri as de ob ser va ção (pav. 65 e 66), mi ran tes para a ci da de. Uma fa cha da du pla e ven ti la da irá re du zir subs tan ci al men te o ga nho de ca lor e au men tar o con for to dos es pa ços pró xi mos à fa cha da. O ex ces so de ca lor dos es cri tó ri os será uti li za do para aque cer o ho tel e os apar ta men tos e qual quer ex ces so de ca lor adi ci o nal será na tu ral men te dis si pa do por meio de um ra di a dor no topo da tor re (pav. 67 e su pe ri o res). As sim, o edi fí cio de ve rá uti li zar 30% me nos ener gia do que uma tor re con ven ci o nal.


Foto Michel Denancé / © Renzo Piano Building Workshop

Foto John Gollings / © Renzo Piano Building Workshop

Re sul ta do de um con cur so in ter na ci o nal re a li za do pelo go ver no do país em 1991, o cen tro de vo ta do à me mó ria do lí der po lí ti co JeanMa rie Tji baou (as sas si na do em 1989) foi con clu í do em 1998. Se gun do Pi a no, o mai or de sa fio por trás do pro je to foi pres tar ho me na gem à cul tu ra Ka nak sem que o re sul ta do pa re ces se uma pa ró dia ou imi ta ção, ou im pu ses se um mo de lo to tal men te es tran gei ro. A idéia foi re fle tir a cul tu ra in dí ge na e os sím bo los lo cais, em vez de cri ar uma re cons ti tu i ção his tó ri ca ou uma sim ples ré pli ca de uma vila Ka nak. Isso sig ni fi cou o uso de ma te ri ais e mé to dos cons tru ti vos tra di ci o nais, as sim como o res pei to e a in te ra ção com ele men tos na tu rais como ven to, luz na tu ral e ve ge ta ção. Os edi fí ci os fo ram cons tru í dos em Iro ko, ma dei ra afri ca na re sis ten te ao apo dre ci men to, su por ta da por uma es tru tu ra apa ren te de aço ino xi dá vel. Cada uma das ca ba nas foi pro je ta da para re sis tir a ter re mo tos e ci clo nes (ven tos de até 230 km/h). Além dis so, os ven tos alí si os pre pon de ran tes são apro vei ta dos, pro por ci o nan do efi ci en te ven ti la ção na tu ral. O re sul ta do es té ti co do con jun to tam bém tem li ga ção co e sa com a cul tu ra lo cal, como ex pli ca Pi a no nos ca der nos do pro je to: “co me cei a com pre en der que um dos ele men tos fun da men tais da ar qui te tu ra Ka nak é o pró prio pro ces so cons tru ti vo: ‘cons tru ir a casa’ é tão im por tan te como ‘a casa aca ba da’. A par tir dis so, co me cei a de sen vol ver o con cei to de um ‘can tei ro de obras per ma nen te’, ou me lhor, de um lu gar que su ge ri ria um pro je to de ha bi ta ção não-aca ba do”. Ao todo são 10 “ca ba nas”, cu jas al tu ras va ri am en tre 22 e 33 me tros, to ta li zan do 8.188 me tros qua dra dos de área co ber ta, em um par que de 8 hec ta res lo ca li za do em uma pe nín su la. As ca ba nas ser vem a fun çõ es di ver sas e se di vi dem em três gru pos. O pri mei ro é de di ca do a ex po si çõ es per ma nen tes ou tem po rá ri as e con tém um au di tó rio e um an fi te a tro. O se gun do abri ga áre as de pes qui sa, uma sala de con fe rên cia e uma bi bli o te ca, além dos de par ta men tos ad mi nis tra ti vos. No úl ti mo gru po, há es tú di os para ati vi da des tra di ci o nais, como mú si ca, dan ça, pin tu ra e es cul tu ra.

Fotos John Gollings / © Renzo Piano Building Workshop

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caderno

dg design

gráfico

O cader no Design Gráfico tem patrocínio da Suzano Papel e Celulose.

Papéis utilizados nesta edição de Arc Design: Capa – Supremo Duo Design® 250 g/m2 Miolo – Couché Suzano® Silk L2 150 g/m2 Suplemento Mestres da Arquitetura – Couché Suzano® Silk L2 150 g/m2

PAPEL E CELULOSE


O DESIGN DAS REVISTAS ITALIANAS NO SÉCULO XX

Aci ma, capa e pá gi nas inter nas de Il Ri sorgi mento Gra fi co (1902), de Raf fael lo Ber ti e re. Na pá gi na ao lado, po e ma “Si lenzio Alba” (1916), de Emma Mar pil le ro, um clássi co exem plo de com po si ção ti po grá fi ca “pa ro le in li ber tà”, uti li za da pela pri mei ra vez por Fi lippo Tom ma so Ma ri net ti, em 1912

ARC DESIGN tem publicado as mais expressivas manifestações do design gráfico contemporâneo. Nesta edição, trazemos uma revisão histórica do design das revistas italianas no século XX, o que propicia o entendimento do momento atual. Cada época possui suas próprias formas visuais e, do mesmo modo, uma linguagem gráfica própria. No caso da Itália, é interessante observar como o contexto cultural, político e econômico influenciou o design das revistas ao longo de um século. Da sequência de suas capas e páginas transparece a linha de desenvolvimento de um país. Este artigo reúne um repertório de revistas realizadas entre 1902 e 1999 que, além de representar o percurso do design italiano desse século, nos permite apreciar o talento criativo dos profissionais atuantes no setor Fernanda Sarmento

Abai xo, à es quer da, capa do li vro “Zang Tumb Tumb” (1914), de Ma ri net ti. Na se quên cia, capa do li vro pa ra fu sa do “De pe ro Fu tu ris ta” (1927), cri a ção de For tu na to De pe ro


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Acima, à esquerda, capa do li vro “BïF§ZF+18, Simultaneità e Chimismi Lirici” (1915), de Ardengo Soffici. O título foi feito com carac teres descar tados casualmente pelo linotipo. Na sequência, capa da revista Noi (1923), direção de Enrico Prampolini, e capa da revista Secolo XX (1929), de For tunato Depero. É interessante notar o efeito de tridimensionalidade das escritas, acentuando a sensação de perspecti va e garantindo dinamismo à composição

INÍCIO DO SÉCULO

conceber a tipografia. O futurismo exaltava o dinamis-

No início do século XX imperava o estilo art noveau. As

mo e o movimento trazido pela nova sociedade indus-

revistas, sob essa influência, abusavam das formas or-

trial e mecanizada; sua proposta era adequar os mais

gânicas e curvilíneas, vinhetas e ornamentos, principal-

variados aspectos da comunicação visual à nova condi-

mente no que se refere às capas e páginas publicitárias.

ção psicológica dessa realidade urbana.

As páginas internas, no entanto, ainda guardavam o es-

Na poesia, por exemplo, os versos tradicionais foram

quema compositivo dos livros, com páginas simétricas

substituídos por rimas e ritmos “explosivos”, que eles

e precisas regras tipográficas: cada página era apenas

chamaram, em 1912, de “parole in libertà” (palavras em

o elemento de uma série.

liberdade), as quais simulavam som e velocidade. Na arte, a intenção era destruir as noções tradicionais de

FUTURISMO

espaço e composição para expressar dinamismo.

Os conceitos introduzidos pelo manifesto futurista, em

Na comunicação, os futuristas criaram um sistema mais

1909, representaram a grande ruptura na maneira de

sintético e persuasivo. Foram introduzidos elementos

Abaixo, capa e páginas internas da revista Campo Grafico: à esquerda, capa de 1934 relaciona imagens de escrita rupestre a símbolos utilizados na revisão de tex tos; na sequência, páginas internas com ar tigo sobre fotomontagens de Luigi Veronese; direção de arte: Attilio Rossi e Carlo Dradi

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For tu na to De pe ro, um dos mais for tes in tér pre tes da es té ti ca fu tu ris ta, desen vol veu uma téc ni ca na qual o “let te ring” ten de a se tor nar uma ima gem au tô no ma sem ne cessi tar de ou tro su por te ico no grá fi co. Aci ma, à es quer da, pro pos ta para o Pavi lhão da Cam pa ri (1933); na se quên cia, pá gi nas in ter nas do li vro “De pe ro Fu tu ris ta” (1927)

icônicos no contexto da estrutura verbal, subvertendo

tística. Elementos gráficos fundamentais, como filetes,

a ortogonalidade por meio da utilização de caracteres

quadrados, círculos e outras figuras geométricas, pas-

irregulares que se multiplicavam e se deformavam,

saram a ser utilizados para expressar tensão e força e

criando outras relações compositivas no espaço bidi-

para estruturar a composição.

mensional da página.

Nessa renovação estética das revistas, participaram duas categorias de profissionais – os arquitetos e os ti-

RACIONALISMO

pógrafos – com um ponto de partida em comum: resta-

Ainda no início dos anos 1920, sob influência dos cons-

belecer a racionalidade da expressão gráfica. Para os

trutivistas russos, surgiram em toda a Europa manifes-

arquitetos, a página deveria tornar-se interessante pela

tações conhecidas como “Nova Tipografia”, um movi-

sua estrutura e sua expressão, mesmo que a leitura –

mento que tentava traduzir o desejo racionalista de me-

para se obter os efeitos desejados – fosse prejudicada.

lhorar a organização e a comunicação da informação,

Nessa época, a fotografia também teve um importan-

elevando a praticidade e a utilidade a uma dimensão ar-

te papel, desenvolvendo experimentações técnicas e

A revista Campo Grafico era idealizada e realizada por tipógrafos que se reuniam nas horas vagas para pesquisar as inovações na área gráfica. Abaixo, capa de 1933 com fotomontagens e páginas internas com matéria sobre encadernação; o tex to exibe experiências com o espaçamento das entrelinhas

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Nesta pá gi na, ca pas de 1933 (aci ma) e 1934 (abai xo) e pá gi nas inter nas da re vista Ca sa bel la, pro je to grá fi co de Edoar do Persi co. A re vista Ca sa bel la é um dos me lho res exem plos da esté ti ca ra ci o na lista. A va lo ri za ção dos es pa ços em bran co e o uso ex pressi vo da fo to gra fia passam a ser essen ciais para a constru ção da pá gi na. Nesse mo mento nas ce o es que ma com po siti vo da “pá gi na du pla”, no qual as duas pá gi nas passam a ser con side ra das como se fossem uma só e são tra ba lha das ho ri zon tal men te. As margens são qua se abo lidas e as áreas bran cas são re cu pe ra das em largas entre li nhas

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No alto da pá gi na, à es quer da, capa da re vista Do mus (1934), de Giò Ponti. Na se quên cia, duas ca pas do pe rí o do fas cista: La Ri vista llustra ta del Po po lo D’Ita lia (1930), ilus tra ção de Gam bi ni, e La Di fesa Del la Raz za (1940)

artísticas, como as manipulações cromáticas e as fotomontagens, assumindo assim uma relação interativa com os textos.

REGIME FASCISTA O governo fascista, que se instalou na Itália a partir de 1922, percebeu com muita clareza a importância dos meios de comunicação de massa como instrumento de divulgação da sua ideologia. Na Itália, porém, este se expressou de forma contraditória, e coexistiram duas tendências de valores antagônicos que se manifestaram durante os 30 anos de ditadura fascista, por meio de duas diferentes linguagens comunicativas: em algumas situações predominava o espírito moderno e progressista, expresso segundo os modelos inspirados na estética racionalista; outras vezes, as forças mais conservadoras e reacionárias, baseadas em nostálgicos modelos clássicos. As duas linguagens não somente conviveram lado a lado, como se influenciaram reciprocamente, dando vida a uma nova leitura dos modelos clássicos. Mu i tas re vis tas as su mi ram a fun ção de fa zer a pu bli ci da de das ini ci a ti vas do go ver no e do par ti do. Apre sen ta vam uma ima gem de tipo ra ci o na lis ta, com dis tri bu i ção equi li bra da de pe sos. Era mu i to co mum o uso de fon tes “pe sa das”, do tipo “bold”, e as fo to gra fi as apre sen ta vam cor tes vi o len tos para re for çar o efei to cê ni co. Des se

Aci ma e abai xo, pá gi nas in ter nas de La Ri vis ta Il lus tra ta del Po po lo D’Ita lia (1940). Nos dois ca sos, o tex to é sem pre mu ito pesa do, de di men sõ es exa ge ra das e che gan do a ser im presso nas co res da ban dei ra ita lia na


Aci ma, ca pas da re vis ta Tem po (1939 e 1946), pro je to grá fi co de Bru no Mu na ri. No pé da pá gi na, à es quer da, pá gi nas in ter nas da re vis ta Tem po (1939). Na se quên cia, pá gi nas in ter nas da re vis ta Epo ca (1952), foto de Wer ner Bis chof. Na pá gi na ao lado, capa da re vis ta Epo ca (1950). Gra ças ao uso de uma tra ma re ti cu lar mais fina, as re vis tas de fo to jor na lis mo apresen tavam gran de qua li da de de re pro du ção nas fo tos em pre to e bran co

modo, es sas re vis tas propunham – numa chave de

dade, introduziu um novo estilo, ágil e fiel, de retratar a

leitura retórica – todas as inovações tipográficas e

realidade. Pela primeira vez as imagens fotográficas co-

compositivas que tinham sido ela bo ra das pela van -

meçaram a circular de um lado a outro do planeta: era

guar da ra ci o na lis ta.

o fotojornalismo dando novos rumos ao design gráfico. Por outro lado, o aparecimento do sistema de impres-

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FOTOJORNALISMO

são, a rotogravura, nessa mesma época, permitiu um

A linguagem gráfica e editorial adotada pelo fotojorna-

grande aumento da produção e da velocidade de im-

lismo, no final da década de 1930, só foi possível com a

pressão das revistas.

difusão da máquina fotográfica portátil de 35 mm. Seu

O novo sistema foi adotado para lançar revistas de

uso nas publicações periódicas, graças à sua versatili-

grande tiragem, que publicavam temas de atualidade


59 ARC DESIGN


enriquecidos com artigos sobre literatura, cinema e artes. As revistas passam, nesse momento, a exercer uma força similar à da televisão nos anos 1950. Seguindo o modelo da revista “Life” norte-americana, viam-se numerosas sequências de imagens fotográficas, lado a lado, como em um filme fotográfico de 35 mm. Desse modo, o fio condutor de um artigo não era mais a palavra escrita e sim as imagens.

PÓS-GUERRA E INDUSTRIALIZAÇÃO Terminada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), período de penúria na Itália perdedora, esta entrou em uma fase de reconstrução, na qual a atenção foi dirigida aos grandes problemas sociais, às novas tecnologias, à estandardização e à pré-fabricação da nova “casa do homem”. Não foi por acaso que algumas das revistas mais importantes desse período tratavam temas como arquitetura, construção e produção industrial. Durante a década de 1950, com o aumento da produção industrial, muita atenção foi dada aos novos materiais e produtos disponíveis no mercado e, sobretudo, às questões relativas ao design. O designer, nesse momento, passou a atuar numa relação estreita com o ambiente industrial. Os editores de revistas, por sua vez, tomaram consciência dos valores que o projeto gráfico poderia expressar e, com isso, entenderam a importância de haver uma imagem personalizada de seus próprios produtos. Nesse momento, o designer gráfico afirmou-se definitivamente como profissional no campo da comunicação visual.

À esquerda, no alto, capa da revista Domus (1946), do estúdio B.B.P.R. Na sequência, capa da revista Edilizia Moderna (1952), projeto gráfico de Albe Steiner. Na página ao lado, revista Stile Industria, projeto gráfico de Michele Provinciali. Em sentido horário, a partir do alto: capas de 1961 e 1958 (esta da autoria de Max Huber) e páginas internas. Pela primeira vez, as revistas estavam repletas de novos objetos que, muitas vezes, ocupavam uma página inteira, evidenciando seus variados aspectos formais e de projeto

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Experiências do passado, como a fotomontagem, o uso de imagens abstratas, as colagens e os jogos cromáticos justapostos, voltaram a ser utilizadas com a imagem gráfica renovada e precisa função na estratégia editorial.

CONTESTAÇÃO E EXPERIMENTALISMO Na segunda metade da década de 1960, a Itália participou do clima de profunda renovação política e social que se difundia na Europa e nos Estados Unidos. Revoltas estudantis, feminismo, utopia radical e movimento hippie influenciaram – de forma profunda e inevitável – o mundo das artes gráficas e da editoria, transformando muitas revistas em um terreno de expressão dos contrastes políticos e sociais. O desenho aparece de forma espontânea, com uma forte expressão panfletária. As imagens adquirem caráter mais agressivo, com frequente uso de imagens a traço, em geral nas cores preta e vermelha. Além disso, as fotografias passam a ser trabalhadas com o máximo de contraste. Os que não aderiram a esta gráfica de tipo político iniciaram um processo de experimentação influenciados por duas correntes artísticas: op art e poesia visual. Assim, as imagens passaram a ser utilizadas de forma quase abstrata, seja por meio da ampliação de detalhes, seja desfrutando os efeitos óticos de certas repetições. Já as criações exclusivamente tipográficas retornam com força total, como reação ao uso maciço de imagens dos anos precedentes.



Acima, a partir da esquerda: páginas internas da revista Pagina, experiências de Bruno Munari com retículas; capa tipográfica da revista Marcatre (1968), projeto gráfico de Giulio Confalonieri e Magdalio Mussio; capa da revista Domus (1972) trabalhada com antigas cartelas de computador. Abaixo, à esquerda, revista Linea Grafica (1960), projeto gráfico de Attilio Rossi e Carlo Dradi, capa de Iris e Bruno Pippa. Na sequência, capa da revista Photography (1967), direção de arte Giancarlo Iliprandi, foto de Norman Rothschild. Na página ao lado, capa da revista Pagina (1963), de Pino Tovaglia

FINAL DO SÉCULO: SOFISTICAÇÃO E ALTA TECNOLOGIA

rantiam à Itália uma posição de destaque no panorama

A Itália viveu, nos anos 1980, um período de riqueza e

do design gráfico internacional.

produtividade. Eram momentos de grande sofisticação

Além do design de produtos, o fenômeno da moda italia-

aliada à alta tecnologia. Esses fatores influenciaram, sem

na também teve um grande peso no cenário da comuni-

dúvida, o notável desenvolvimento qualitativo do design

cação visual, atraindo profissionais do mundo inteiro,

gráfico italiano. A alta tecnologia de produção e a varie-

que começaram a se concentrar em Milão.

dade dos papéis disponíveis no mercado, juntamente

O grande aumento de profissionais atuantes no setor, a

com a competência e o talento artesanal dos técnicos, ga-

variedade de materiais disponíveis e a introdução do

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Aci ma, dois momentos da re vista Do mus: à es quer da, capa de Italo Lupi (1988) e, à direita, capa de Pierre Ber nard (1997). No pé da página, à es quer da, capa da re vista FMR (1983), di re ção ar tísti ca de Giu lio Con fa lo ni e ri e Fran co Ma ria Ric ci: qua lida de im pe cá vel de re pro du ção das ima gens. Na se quên cia, capa da re vista King (1989), realização Studio Sergio Sartori, cujo lo go ti po ser ri lha do já ex pli cita a in flu ên cia da lingua gem grá fi ca do com pu ta dor. Em se guida, ca pas da re vista Sfe ra (1991 e 1994), pro je to grá fi co de PierGiorgio Mao lo ni

computador nas diversas fases de realização do trabalho gráfico contribuíram para a melhor qualidade artística da editoria italiana, fazendo com que as revistas adquirissem um aspecto espetacular e atraente. Muitos optaram por reelaborar experiências passadas com todo o suporte que as novas tecnologias podiam permitir: composições tipográficas futuristas, grandes entrelinhas de texto, variações cromáticas nas fotografias. Até mesmo as fotomontagens reapareceram de modo mais sofisticado. Outra parte dos profissionais aderiu com entusiasmo ao


atraente universo das imagens produzidas eletronicamente. Se em alguns casos foi possível alcançar resultados de ótima qualidade, muitas vezes a ilusão de onipotência des-

No alto, à es quer da, capa da re vis ta Abi ta re (1999), pro je to grá fi co de Ita lo Lupi e foto de Ra fae la Ma ri nel lo. Na se quên cia, capa da re vis ta Vo gue Ita lia (1989), de Fa bi en Ba ron. Abai xo, à es quer da, pá gi nas in ter nas da re vis ta Vo gue Ita lia (1989 e 1998), tam bém de Fa bi en Ba ron

se instrumento gerou confusas combinações de imagens eletrônicas e um uso exagerado das variações tipográficas. O ritmo acelerado da vida moderna impôs, e cada vez mais, uma leitura superficial de jornais e revistas. Esse fenômeno – muito claro para os art-directors – fez com que passassem a atuar em suas criações de forma persuasiva, tentando capturar rapidamente a atenção do leitor. ❉

Esta matéria foi elaborada a partir de pesquisa realizada por Fernanda Sarmento e Claudio Marchi, entre 1990 e 1991 (“Design Editoriale in Italia dall’Inizio del Secolo Agli Anni Cinquanta”), com orientação do Prof. Giovanni Anceschi, do Istituto Politecnico di Milano, Itália. A segunda parte da pesquisa foi desenvolvida por Fernanda Sarmento entre 1992 e 1993, para a exposição “Design Editorial: Revistas Italianas do Século XX”, no Espaço Fiat, São Paulo, 1993.


PUBLI EDITORIAL

DPOT DPOT Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.250 São Paulo, SP Tels.: (11) 3082-9513 www.dpot.com.br

DE SIGN BRA SI LEI RO: UM VAS TO REPERTÓRIO A Dpot, empresa que se destaca por sua opção pelo design brasileiro, realiza agora um feito único: o lançamento de duas coleções de mobiliário com 22 designers e 40 modelos, novos ou reeditados

Sergio Rodrigues, Poltrona Moleca, 1963. Versão da Poltrona Mole, recebe edição numerada. Estrutura em eucalipto reflorestado, estofado revestido em lona colorida

Lina Bo Bardi, cadeira Frei Egídio, 1987. Peça da última fase de Lina Bo, que havia renegado o design “burguês”. Criada para seu projeto da Igreja Santo Espírito do Cerrado, MG

Fotos Pierre Yves Refalo e Alain Brugier

Para entender as raízes da atual coleção da Dpot, é necessária uma breve viagem no tempo. Lembramos do artista plástico suíço John Graz, que chega ao Brasil em 1920 e se torna o mais famoso designer de interiores de São Paulo, permanecendo atuante por longo tempo. Embora não façam parte da coleção, citamos Warchavchik, que já nos anos 1930 cria o mobiliário para suas casas modernistas, e Lasar Segall, ambos portadores dos ideais estéticos europeus. Embora os primeiros móveis contemporâneos criados no Brasil não fossem assim tão brasileiros, em pouco mais de uma década começam a aparecer sinais de um vocabulário próprio, peculiar.

Carlos Motta, série Flexa. Estrutura em madeira laminada moldada, percintas em couro ou algodão, em diversas versões

E é neste vocabulário que se baseia a coleção histórica agora editada pela Dpot.


Geraldo de Barros, 1954. À direita, em madeira e palha trançada, uma das pri mei ras cadei ras da cole ção Uni labor, ex peri ência pionei ra de industri a li za ção. Há versões estofadas ou com encosto em ripas

Maurício Azeredo, banco Ressaquinha, 1988. Madeira de diversas tonalidades coladas sob pressão

John Graz, cadeira de Três Apoios, anos 1960 (na página ao lado). Assento em compensado, estrutura em eucalipto. Reconstrução histórica por Ideo Bava, Caio Bava e Angélica Santi Paulo Mendes da Rocha, cadeira Paulistano 1957 (abaixo). “A cadeira é uma notícia sobre nós”, comenta Paulo, que conser va sua posição na vanguarda da arquitetura e do design. Estrutura em aço mola, concha em couro sola ou lona Reno Bonzon, cadeira Gaivota, 1988. Laminado de madeira colado a frio

Mi chel Ar noult, ca deira Peg Lev, 1968. Cole ção Mobí lia Contemporâ nea. Vendida des montada, pro duzida em euca lipto (substituto do pau-ferro da versão original)

Os anos 1950, época de ouro do design brasileiro, assistiram a um surto de modernidade, com o arquiteto Paulo Mendes da Rocha e o artista plástico concretista Geraldo de Barros – além de Flavio de

Ful vio Nanni, poltrona Sand, 1989. Estru tu ra em madei ra com al mofadõ es

Carvalho, que não está presente na coleção. Também dessa época são as primeiras peças de Lina Bo Bardi. A partir da década de 1960 vemos uma mudança de rota – volta o império da madeira, considerada até hoje, por alguns (ou muitos?), a expressão fiel do design brasileiro. E nos perguntamos: será isto realmente vocação, tradição ou karma? A coleção histórica apresentada pela Dpot tem início com Unilabor, de Geraldo de Barros, com cadeiras em madeira e palhinha, de 1954. Um salto em direção à modernidade acontece com a cadeira

Ful vio Nan ni, ca deira Raio, 1989. Madeira revestida em la mi nado melamínico italiano, que Fulvio impor tava para seu mobiliário


Sergio Fahrer, linha Jazzy, 2005. Músico e luthier, Fahrer tem processos próprios de laminação da madeira. Estrutura em multilaminado cer tificado, revestimento em pau ferro, assento em couro

Gerson de Oliveira e Luciana Martins, linha Fita. Sala de jantar em madeira decorada com fitas de madeira

Marcelo Kiokawa, Contenedores, 2004. Chapa maci ça de euca lipto e aço inox

Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha, em aço mola: “uma cadeira com memória”, comenta o arquiteto. A cadeira de Três Apoios, em madeira, escolhida para representar John Graz, é uma reinterpretação do desenho original, de 1960, visando permitir a produção seriada. Metodologia semelhante, empregada na edição do mobiliário de Le Corbusier, Rietveld, Wright, entre outros, permite a fidelidade ao desenho original, modernizando-se a forma construtiva.

Sil vio Romero, mesa Ovni, 2004. Estrutura em madeira, tampo em acrílico translúcido

A década de 1960 traz ainda Michel Arnoult e Sergio Rodrigues. O primeiro, que introduziu no Brasil a estética escandinava, o uso da madeira clara, sonhava com o conceito Peg Lev, chegando a ter uma loja com esse nome... mas era ainda muito cedo para descartar nosso comodismo! Sergio Rodrigues desenha em 1963 a poltrona Moleca, derivação da célebre Poltrona Mole, agora editada em série numerada. Ainda na coleção histórica, Carlos Motta, Bonzon e Azeredo, que continuam atuantes. Um destaque para dois grandes personagens de nossa história do design: Lina Bo Bardi, que comparece

Marcus Ferreira, poltrona Bumerangue, 2004. Estofado revestido em tecido com base em fer ro preto

Pedro Petry, linha Floresta, 2004. Toras maciças de Pinus com rodízios

André Marx, banco Cur vo, 2004. Estrutura em madeira maciça com futon


Baba Vacaro, poltrona Mandacaru, 2005. Almofadas fixadas por cilindro central que permite três posições

Porfírio Valadares, chaise-longue Joaquim, 2004. So bras de com pen sa do la mi na do, co la das e prensadas a frio

com sua cadeira de inspiração mineira, a Frei Egidio, e Fulvio Nanni, designer formado na Itália, onde trabalhou com o arquiteto Frattini. Fulvio retornou ao Brasil impregnado pelo novo design italiano, que reinava absoluto nos anos 1980. Embora nunca tivesse ousado, na medida de sua sensibilidade e de seu talento, sua obra é consistente e de grande sucesso na época. Hoje, no design internacional predomina a normalidade. São

Baba Vacaro, poltrona Tubo, 2004. Estrutura contínua em aço vergado, capa em tecido elástico fixado por zíperes. Versão poltrona e cadeira

poucos os designers, em todo o mundo, que encontram suporte na indústria para ousar o novo. E o que é considerado inovador? O uso de novos materiais e novas tecnologias. O simplesmente belo já não tem um peso tão grande no julgamento da qualidade do design. Inteligência projetual, respeito ao meio ambiente, possibilidade de produção – não importa a escala – e adequação ao mercado são fatores que influenciam a escolha dos empresários na definição de suas coleções. Seja no Brasil ou em outro país. E é essa moderna realidade que encontramos na nova coleção Dpot. A coleção que está sendo apresentada pela Dpot teve seu desenvolvimento e direção de arte realizado pela designer Baba Vacaro.

Ivan Rezende, banco Bandeirola, 2004. Módulos em madeira maciça que interagem diversificando o uso

Pedro Useche, linha Ripa, 2004. Ripas de Ipê maciço e estrutura metálica. Compreende cadeiras e mesas

Alain Blatché, poltrona Môo, 2004. Base em aço inox polido, estrutura em madeira com espuma de alta densidade. Permite duas configurações


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GIROFLEX GIROFLEX Rua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691 São Paulo, SP Tels.: (11) 5643-2900 / 0800 7070 900 www.giroflex.com.br

ACESSÓRIOS, MAS FUNDAMENTAIS Conhecida por seu mobiliário para escritório, a Giroflex lança sua primeira linha de acessórios coordenados, partindo de itens negligenciados, mas de primeira necessidade: os cestos

Um sistema de acessórios com desenho universal, que permitisse seu uso com qualquer coleção de mobiliário: esse foi o conceito que norteou o desenvolvimento da linha Floor, design Jorge Konigsberger para a Giroflex. A coleção é composta por cestos de lixo, cinzeiros, mancebos e por ta-guar da-chu vas, e seu di fe ren ci al está na ra ci o na li da de: são dezenas de configurações possíveis a partir de um número reduzido de peças. Os itens que demandaram maior minúcia no desenvolvimento foram os cestos de lixo, pois exigem atenção a diversos detalhes técnicos. Um deles é a opção pelo uso com ou sem saco de lixo. Embora a primeira alternativa seja mais higiênica, o aspecto estético é prejudicado, pois em geral o saco de lixo fica aparente no conjunto. Na linha Floor, Konigsberger propôs duas soluções para essa questão. Na primeira, o próprio desenho do cesto é concebido de forma a ocultar o saco de lixo, enquanto na segunda, os cilindros metálicos (em aço ou alumínio, disponíveis em duas alturas) recebem, em seu interior, um cesto de polipropileno não-descartável, que pode ser lavado. A chave da versatilidade do sistema está nos elementos conectores: aros de borracha preta macia, fixos na caçamba dos cestos metálicos, podem receber três tipos de acabamento: aro metálico (que oculta o saco de lixo, quando houver), tampa fechada basculante, ou cinzeiro. Os porta-guarda-chuvas podem ser de três tipos: simples, com cesto em alumínio ou com cesto em aço inox. Os mancebos possuem estruturas em forma de “S”, nas quais são presos os ganchos, conforme a necessidade do usuário. A mesma estrutura em “S”, repetida na parte inferior do mancebo, o transforma também em porta-guarda-chuva. A linha de acessórios da Giroflex deve ser expandida em breve, incorporando itens de mesa, para informática e outros. 70 ARC DESIGN


Nas duas pá gi nas, as ti po lo gias bá si cas da li nha Flo or. Nes ta pá gi na, ces tos de lixo em duas al tu ras e cin zei ros com bi na dos a ces tos; os fu ros la te rais (nos anéis de bor ra cha) fa ci li tam a “pega”. Na pá gi na ao lado, no alto, por ta-guar da-chu vas (ao fun do) e cin zei ros com has te; em bai xo, de ta lhe do man ce bo, mos tran do a es tru tu ra em “S” com os gan chos aco pla dos

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Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication ARC DESIGN n° 41, Março/Abril 2005 / March/April 2005

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Diretora Editora / Publisher – Maria Helena Estrada Diretor de Marketing / Marketing Director – Cristiano S. Barata Diretora de Arte / Art Director – Fernanda Sarmento Redação / Editorial Staff: Editora Geral / Editor – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico / Graphic Design Editor – Fernanda Sarmento Chefe de Redação / Editor in Chief – Winnie Bastian Equipe Editorial / Editorial Staff – Jô A. Santucci (Revisora) Traduções / Translations – Paula Vieira de Almeida Apoio Institucional / Institutional Support: Arte / Art Department: Designer – Betina Hakim Estagiária – Ana Beatriz Avolio Participaram desta edição / Contributors in this issue: Guinter Parschalk Juliana Mariz Departamento Administrativo / Administrative Department: Silvia Regina Rosa Silva Departamento de Publicidade / Advertising Department: Ivanise Calil Departamento de Circulação e Assinaturas / Subscriptions Department: Cristiane Aparecida Barboza Conselho Consultivo / Advisory Council: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta (Fundação Padre Anchieta’s director); arquiteto (architect) Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia (designer, expert on ergonomy); Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de Arc Design para assuntos internacionais (expert on European culture and design, Arc Design consultant for international subjects)

Arc Design – endereço para correspondência / mailing address: Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 São Paulo – SP Brazil Telefones / Telephone numbers: Tronco-chave / Switchboard: +55 (11) 3088-8011 FAX: +55 (11) 3898-2854 e-mails: Administração / Administration: administacao@arcdesign.com.br

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This issue presents many international exhibitions… awaiting the start of the year. A magazine rich in contents, from fashion to technology, through each of the sections, with architecture as an ultimate feature. “Le Cas du Sac”, exhibition carried out at the Museum of Decorative Arts (the Louvre), in Paris, is a precious story, which narrates habits from diverse cultures – primitive and “civilized” – along time. Also in Paris, the Maison & Object fair covers design, handicraft in several ethnic groups… and luxury – a generative theme of debates and controversies. State-of-the-art technology in the exhibitions: “Extreme Textiles”, at the Cooper Hewitt Museum, in New York, and “Liquid Stone”, at the National Building Museum, in Washington, capable of showing that concrete is not the same anymore… but much better. Light, or better, its optimized use, is discussed in one more chapter, in an article that approaches efficiency at schools determined by the application of lighting design knowledge, explained by Guinter Parschalk. The historical revision of Italian magazines in the twentieth century, more than a great repertoire of graphic design, represents a translation of a country’s milestones – and a starting point able to make us understand the current directions of the subject. In architecture, Renzo Piano, author of the project for the Pompidou Center, in Paris, causes emotions, reflects, thinks and – not to forget his slogan – transforms technology in poetry, and tells us: “This is what architecture is about: building emotion. (...)It is important to note the difference between style and coherence. Coherence is about using what you’ve been learning and reapplying it. It’s not about making yourself recognizable”. Have a nice entertainment... and reflection! Maria Helena Estrada Publisher

FROM DECORATION TO DESIGN... AND VICEVERSA – page 14 Maison & Object is an interesting and important fair. Eclectic, it clearly shows the French spirit and its relation to homes, where decoration – in its classic meaning – is a predominant theme Maria Helena Estrada

Divided in thematic sections like Interior Scenes, Editors and Now! Design à Vive, the exhibition completed ten years, always with two annual editions. Each pavilion concentrates a sub theme, which makes it didactic and easy to visit. In that way, in the areas of Now! Design à Vivre, which comprises the “contemporary-design” production, the proposals were varied, for a reflection on the current stage of the project. Object Project, for example, exhibited interviews with five famous names of the French design and architecture, who analyzed the relationship between the projectual postures in architecture and design. There were also big brands, the great names of decoration, “the fine shapers of home-fashion”. Also in the same pavilion, homage was paid to Patrick Norguet, the designer of the year in 2005, with a showcase of his works in architecture and design.

A nice idea – and very useful: diverse news-stands called “Village de la Presse” with specialized magazines edited in several countries, and of which ARC DESIGN made part as a guest. Maison & Object offers, in fact, an approaching view on the actual condition of design and decoration in Europe, without forgetting the strong tendency towards ethnic design, presented in the ethno-chic pavilion. There, Japan, Morocco, India and, with beautiful examples, dark Africa, were highlighted. A question asked to several personalities linked to design and decoration (Hors Série publication, by Maison & Object) about homes in the next ten years and the way they will evolve, shows the wide directions of the French contemporary creation, be it related to objects or to spaces. Demotic, robotic, some believe, “root and technology: I would like to see technology allied to sensuality,” says Jérôme Olivet. “Pure freedom. The general orientation would be: to deconstruct, recover spaces and breathe. (...) To amplify the function of objects,” desires Matali Crasset. “It is necessary to act as the ‘Mistress in the mood of the day’, all beige with tones of black,” ironizes Jacques Garcia. But there is also, nowadays much questioned, the new and old notion of luxury. Nelly Rodi, curator of the New Rich space, affirms, “we are in the beginning of an era in which money must stand out. The “new rich” around the world are exposed”, whereas for Ora Ito “the real luxury will be the one assessed by the spaces available.” However, the fundamental aspect seems to lead to the question: homes to be or to appear? Theories apart, the objects exhibited lead to some conclusions: design becomes less formalistic and searches to offer more services and less cost. One of the consequences of the cost issue is the incredible technique of stereolithography, or quick prototyping, which already influences several typologies. The excess of adorns (synonymous to lack of concepts?), which is currently fashionable, also penetrates, more persistently, the world of objects. Transparencies, luminosities, colors, lightness; the advanced fast ethnic – even with the restraint of little quality. Luxury, the old fashioned one, rare and expensive, trying to survive and supplant contemporary luxury, synonymous to intelligence and culture. One of the book-catalogues of the Inspirations series, edited twice a year, is called LUXEs... and costs one hundred euros! But the critical spirit – “hélas!” – was also present. In the Now! Design à Vivre pavilion, there were, as mini parallel exhibitions, three decorated environments, three views on this fashionable theme, which instigates and teases: New Rich, Poor, Ultralux. The new rich spot was developed completely in gold, “where a lot is never enough”; the poor one as a “luxury utopia”, with a mixture of craftsmanship and design; the ultramix place translating the light into luxury and technology. The new generation of French designers makes part of the group of better contemporary professionals, and has already surpassed boundaries, toward the lack of an industrial structure in France devoted to design. Matali Crasset, Patrick Norguet, Jérôme Olivet, the Bouroullec brothers, Christian Biecher, Edouard François, Patrick Jouin, among others, are the successors of one defined as an Italian designer, born in France. Who? Of course: Philippe Starck, the new decorator of fashion, who abandoned design – according to his own words – in 2000. Well, he seems to be living up to his promise. This year, he proposed to Baccarat a sumptuous lamp in the light of old fashion... in black crystal! ARC DESIGN was invited by Maison & Object. The next editions of the fair

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EDITORIAL


are already scheduled: from 2 to 6 September 2005 and from 27 to 31 January 2006. For further information, visit www.maison-object.fr

A MATTER OF FASHION OR CULTURE? – page 20 Maria Helena Estrada

Bags from all times, for all functions, from (almost) all around the world. Bags for travelling or going out; from sorcerers and religious rituals; the Japanese “furoshiki” and the extremely colorful “bilum” from Papua New Guinea; specific bags for each profession; ancestral bags, and the fashionable ones from nowadays: these meta-objects are revealed in time and space, in all versions. The first bags? Perhaps those engraved in inscriptions upon rocks, recalled in the fantastic exhibition “Le Cas du Sac”, held in Paris. The anthological exhibition comprised more than three hundred examples in a setting that, intentionally, made them look sacred. “(…) The bag is the most prolific and diverse accessory that never ceases to astonish us. Both this exhibition and the book are about it: to allow the bag – this silent servant – to talk for itself...”, writes Helène DavidWeill, president of the Central Union of Decorative Arts (Union Centrale des Arts Décoratifs), France, in the preface of the book “Le Cas du Sac”. A catalogue-book with 339 pages explains the history of bags and each style in particular, with texts developed by curators of museums from several countries in North America, Europe, Africa, Asia and Japan; and by anthropologists, sociologists, researchers and historiographers of art and fashion. Those texts describe the characteristics and interesting facts of each bag style selected for the exhibition carried out at the Musée des Arts Décoratifs du Louvre, organized by the Central Union of Decorative Arts and the Fashion & Textile Museum (Musée de la Mode et du Textile), by Maison Hermès.

WOVEN FOR PERFORMANCE – page 30 The evolution of textile technology, science of materials and computer engineering originated a new generation of fabrics. With applications ranging from sports and medicine to interior design, the new textiles gain opportunities and spread over our daily life

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Winnie Bastian

A t-shirt that “knows” when the one who wears it is available to answer the mobile phone. Clothes with incorporated global positioning system (GPS), which could be worn to locate ski or mountaineering practitioners under bad weather conditions, for instance. Fabrics that, applied to car seat covers, can identify the weight of the passenger and inform it to the car’s managing system, so that, in case of accident, the airbag will use precise inflation to absorb impact with safety. A carpet equipped with sensors to acknowledge pressure, vibration and temperature, able to detect intruders and fire. These are just some examples of the application of new textiles, in which the appearance is simply one of the many characteristics, and not the main one. Known as e-textiles, the products mentioned above are still being developed, but have a great range of potential applications. The evolution, however, is not limited only to e-textiles (electronic fabrics that include threads, sensors and circuits in their weft). Incorporating new technologies and materials to the manufacturing process, other fabrics

are designed specifically for providing maximum performance in extreme conditions. This is the theme of the exhibition “Extreme Textiles”, which will open in April at the Cooper-Hewitt Design Museum, New York, curated by Matilda McQuaid. “The goal of this exhibition is to reveal the incredible breadth of areas in which textiles are being used and to provide inspirations for new approaches toward design,” explains McQuaid. The exhibition will comprise more than 150 textile applications, organized according to their characteristics: stronger, lighter, faster, smarter and safer. Created for specific applications in segmented fields, such as spatial, military and medical, the new textiles stand out for their versatility. Developments in polymer technology have resulted in fibers that are stronger than steel, but retain traditional advantages of textiles, such as flexibility. These fibers are employed in a number of high-performance situations, ranging from the strongest rope ever made (with a break load of two thousand tons) to woven shipping containers that transport millions of tons throughout the world. In the universe of medicine, a highlight is Hemashield Gold, woven and knitted vascular grafts used to replace human arteries, already implanted in over 1.2 million patients. In the arena of sports, we draw attention to the strength and flexibility of the racing prosthetic foot Cheetah Flex Foot‚, made of carbon fiber (yes, carbon fiber is woven!), worn by paralympic gold-medalist Marlon Shirley to break the eleven-second barrier in the 100-meter dash. Shirley is, today, the fastest amputee in the world, having completed the circuit in 10.97 seconds. An admirable achievement, considering the current men’s world record, set by Tim Montgomery, who completed the 100 meters in 9.78 seconds. The smart textiles, which incorporate computers and telecommunication technologies, allow a wide range of applications, especially in the apparel and interior design industries. An example is the Dynamic Double Weave®, a fabric produced by the North-American company International Fashion Machines: made of cotton, rayon, conductive threads and thermochromic inks, it changes color – and pattern – when submitted to higher temperatures, by a computer-controlled process. Besides the pieces exhibited, other products that are already in the market stand out in the e-textiles universe, such as Gorix, a carbon-based fabric – now incorporated in everything from scuba diving suits to car seat covers – in which a small electric current is converted to heat. Another example is the Smartshirt, produced by the North-American company Sensatex, initially developed for the Defense Advanced Research Projects Agency for the federal government of the USA. Made of common fibers, such as cotton, combined with conductive fibers and sensors, the t-shirt monitors vital signs, like breathing, temperature, heartbeat and caloric burn, and sends them to a computer for analysis (the information can also be transferred to the Internet). Washable, the shirt can be worn by professional athletes to optimize their training and performance. Another possible use is the medical monitoring: the patient might be in a country and his doctor in another, but the vital information is transmitted in real time. Although the examples above are already for sale in the United States and in Europe for some years, the electrotextiles technology is still limited, mainly, to military applications. However, the commercial products are starting to emerge and the tendency is for ordinary clothing to have electronic functions in the next ten years, as stated by Dr. Michael S. Shur, professor at the Rensselaer Polytechnic Institute, USA, on an interview for


The exhibition “Extreme Textiles: Designing for High Performance” will be held from 8 April 2005 to 15 January 2006 at the Cooper-Hewitt National Design Museum, in New York. More information at www.ndm.si.edu

LIQUID STONE – page 36 Architecture in concrete is the theme of an exhibition being held at the National Building Museum, in Washington. With about thirty contemporary projects, “Liquid Stone” shows the diversity provided by concrete, which is, nowadays, the second most consumed substance on the planet, after water By the Editorial Staff

Tadao Ando, Santiago Calatrava, Norman Foster, Zaha Hadid, Herzog & de Meuron, Steven Holl, Richard Meier, Jean Nouvel, Frei Otto: in “Liquid Stone”, architects famous throughout the world have their works exhibited next to projects designed by less renowned professionals. The criterion for this democratic choice? The use of concrete in an exciting and innovative way. The high consumption of concrete (around 3.8 billion cubic meters per year!) is mostly due to its resistance and plastic versatility, focused features at the exhibition, which was divided in three categories: Structure, Surface and Sculptural Form. In the Structure category, two projects stand out: Torre Agbar and Yerba Buena Lofts. Developed by Jean Nouvel for Barcelona’s water company, Torre Agbar consists of two cylinders of concrete, one inside the other. The outer cylinder is perforated with thousands of rectangles, creating a “pixilated” irregular composition. This surface is then covered by a skin of metal and glass, which provides solar control and facilitates natural ventilation, besides reflecting light in a scattered fashion much as water does. The Yerba Buena Lofts were built for a relatively modest budget, but also present an interesting constructive solution: several projections along the front façade recall the traditional bay windows of San Francisco. In the Surface category, Tadao Ando’s project for Awaji Yumebutai also stands out. It is a complex that comprises a conference center, a hotel, a greenhouse, an outdoor theater and several gardens and plazas. A “beach” with a million scallop shells, placed in the concrete bottom, is one of the main features of the complex; the same style was applied to cover one of the building’s façade. It is worth to mention innumerous projects that integrate the category of Sculptural Forms: - the Jubilee Church, with three great self-supporting sail-like walls that utilized twelve tons of pre-cast concrete blocks. Built of white cement, the church displays its surface, and is one of the rare projects in which Richard Meier does not make use of his famous white metal panels to cover the building. - the Vail Grant Residence had its irregular form partly defined by the architects’ intention to protect the views from the neighbouring construction, a modernist house by Richard Neutra;

- the Museum of the 21st Century combines two distinct elements reflecting the diversity of functions: a low-rise wing that shelters a museum of cutting-edge art (mostly electronic) and a residential tower in which structure and surface become one; - for the project of Aquacenter (contest carried out in 2001), Christoff:Finio’s office called for a series of concrete ribbons that weave through a giant pool, creating a great variety of zones and niches within the large space of the aquatic center; - the Main Station Stuttgart, developed by Ingenhoven und Partner along with Frei Otto, is remarkable for its structure’s fluidity: the columns seem to flow down from the louvers. - the Auditorio Ciudad de León, designed by the office Mansilla + Tuñon, has a façade “animated” by deeply set windows of several sizes, in a constant interplay of light and shadow. What about the future of concrete? The exhibition presented three recently created versions of the material: self-consolidating concrete (it requires no mechanical vibration to eliminate air pockets and to ensure even distribution of the aggregate), translucent concrete (it transmits light) and ultra-high-performance concrete (it contains extremely strong fibers that make the reinforcement of steel bars unnecessary, enabling increased formal freedom). The latter type of concrete inspired the project designed by Rudy Ricciotti and RCT Architectes for a museum of European and Mediterranean culture in Europe, the Musée des civilisations de l’Europe et de la Méditerranée (MUCEM). The building will be covered in a delicate free-form lattice made of Ductal, an ultra-high-performance concrete. The start of a new era in contemporary architecture? Just like in design products, new materials have a determinant role in architectural innovation.

THE LIGHT PRIMER IN SHOOLS – page 44 In this issue, lighting designer Guinter Parschalk defends the idea that good lighting in schools helps shape students. He believes that the correct quantity and quality of light is determinant for the concentration of students in classrooms Guinter Parschalk Written by Juliana Mariz

I have quite pleasant memories of my school times. But, in general, there is not much light in all of them. I remember the old building, the classrooms with big windows and lofty ceiling-height of my elementary school. High above, there they were: lamps with four apparent fluorescent bulbs, hung by chains. They were satisfactory, but not ideal. In college – where I coursed Architecture in the university of Braz Cubas, in Mogi das Cruzes (São Paulo) – I recall the project of the building, which pleased me aesthetically: concrete blocks, metallic roof and a framework of steel and glass. There was, however, a great environmental discomfort, both thermal and visual. On an intense summer day, a mathematics teacher, daring and playful, asked a student to open the faucet located in a sink at the back of the studio. After a few minutes, he asked if the sound of the pouring water had brought some relief to the warmness in the room... and increased concentration. It is evident, nowadays, that a good lighting design favors performance and productivity; and this is an idea I will always support. Unfortunately, in Brazil lighting is still treated as something complementary:

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the New York Times, in 2003. “People are developing radios only two or three millimeters big that can be incorporated into washable electrotextiles,” he commented. And he added: “radios are just like buttons – you don’t need to remove buttons when you wash a dress.” We wait anxiouslyˇ


a reality in transformation, as long as it is understood that light is the first impression of the architecture and support of visual perception. Light generates clearness and speeds up the process of grasp and assimilation of information. Therefore, there is not a more important place for it than a classroom. A school that desires to achieve good educational levels has to consider the lighting design project as a priority. There are many variables involved in the decision of a school lighting design project. For instance, students’ age has to be taken into account. Up to a certain age, light does not bother so much, for we have better tolerance. The older people are, the lower their level of light perception and the bigger their sensibility to contrasts are. In a school, the lighting design project is essential to also analyze the type of activity that is performed in the place. A situation of it is to watch classes looking at the teacher before the board. Another totally different occasion is when the student is, for example, designing a technical project. The levels of light and its distribution are different. It is important to pay attention to the external lighting and the position of the windows, which may generate reflex. Let us take as an example a standard classroom with the teacher speaking on the raised platform. Such room should have 500 to 800 lux on the board, which helps delimitate the area of attention. For the rest of the room, 300 to 500 lux is ideal. An important aspect to note is the rates of high and low lighting. Normally, architects use little efficient calculation programs that show an average rate of light. This lack of reliable data, added to clients’ interests, who generally opt for few lamps to reduce costs, determines the lux average. What results from this practice is the bad distribution of light. In other words, some students will be situated in too illuminated places, whereas others will lack lighting. A kindergarten classroom requires less light. In this age, children study integrated with the teacher in desks organized in a circle. In such cases, the suggestion is homogeneous lighting, resembling an organic form, rather than inductive. A room with several computers allows an analogy with offices. Environments with computers do not need much light; hence the luminosity from the monitor has to be considered. The problem of this type of equipment is the screen that reflects objects. Thus specialists have to be always attentive towards obfuscation. The relative questioning on light can be transferred to residences. A person who works at home must have a lighting atmosphere suitable to the sort of activity practiced. If the use is sporadic, though, the lighting tends to be more decorative than technical. Students, however, do need specific lighting. Otherwise they will become nomads accomplishing tasks on their bed or kitchen table. In this “come-and-go”, they will probably do everything, including studying – but only when the ideal place is found.

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DESIGN OF ITALIAN MAGAZINES IN THE TWENTIETH CENTURY – page 52 ARC DESIGN has published the most expressive manifestations of contemporary graphic design. In this issue, we present a historical revision of Italian magazines in the twentieth century, which provides the understanding of the current moment. Each period has its own visual forms and, likewise, a unique graphic language. In the case of Italy, it is interesting to notice how the cultural, political and economical contexts have influenced the design of magazines along the century. From the

sequence of their front covers and pages emerges a country’s line of development. This article covers a repertoire of magazines created between 1902 and 1999 which, besides representing the trajectory of the Italian design in this century, allow us to appreciate the creative talent of professionals in the area Fernanda Sarmento

In the beginning of the twentieth century art noveau ruled. Magazines, under its influence, made great use of organic and curvilinear forms, vignettes and ornaments, especially on advertising front covers and pages. The inner pages, however, still awaited the compositional scheme of books, with symmetric pages and exact typographic rules: each page was simply the element of a series. FUTURISM The concepts introduced by the futuristic manifest, in 1909, represented a great rupture in the manner of conceiving typography. Futurism exalted dynamism and the movement brought by the new industrial and mechanized society; its proposal was to adapt the most varied aspects of visual communication into the new psychological condition of the urban reality. In poetry, for instance, the traditional verses were substituted by “explosive” rhythms and rhymes, called, in 1912, “parole in libertà” (words in freedom), which simulated sound and speed. In art, the intention was to destroy the traditional notions of space and composition to express dynamism. In communication, futurists created a more synthetic and persuasive system. Iconic elements were introduced in the context of verbal structure, subverting orthogonality with the use of irregular characters that were deformed and multiplied, creating new compositional relations in the bidimensional space of pages. RATIONALISM Early in the 1920’s, under Russian constructivist influences, manifestations emerged all around Europe, known as “New Typography”, a movements that tried to translate the rationalistic desire to improve the organization and communication of information, increasing practicalness and usefulness towards an artistic dimension. Fundamental graphic elements, such as fillets, squares, circles and other geometric figures, started to express tension and strength, and to structure composition. In this aesthetical renewal of magazines, two professional categories participated: architects and typographers, with a starting point in common: to reestablish the rationality of graphic expression. For architects, pages should become interesting through their structure and expression, even if the reading – in order to obtain desired effects – was affected. In that time, photography was also important, developing technical and artistic experimentations, such as chromatic manipulations and photomontage, assuming an interactive relationship with texts. FASCIST REGIME The fascist government, established in Italy from 1922 on, clearly realized the importance of mass communication as a way of divulging its ideology. In Italy, however, it was expressed contradictorily, and two trends of antagonistic values coexisted that were manifested during the thirty years of fascist dictatorship, with the use of two different communicative


PHOTOJOURNALISM The graphic and editorial language adopted by photojournalism, at the end of the 30’s, was not only possible with the diffusion of the 35mm portable photo camera. Its use in periodic publications, thanks to its versatility, introduced a new style, agile and exact, of picturing reality. For the first time photographic images had started to circulate all around the planet: photojournalism was creating new directions for graphic design. On the other hand, the creation of the printing system, rotogravure, in the same period, enabled a considerable increase in the production and speed of magazine printing. The new system was adopted to release high-circulation magazines, which published recent themes full of articles on literature, cinema and arts. At that moment, magazines started to have such strength that they could be compared to television in the 50’s. Following the model of the North American magazine “Life”, countless sequences of photographic images were displayed, side by side, as in a 35mm photographic film. In turn, the conductive link of an article was not the written words anymore, but the images. POST-WAR AND INDUSTRIALIZATION After WWII (1939-1945), period of penury in unsuccessful Italy, a phase of reconstruction emerged, in which attention was drawn to the big social problems, new technologies, standardization and the pre-manufacturing of “man’s new house”. It was not by chance that some of the most important magazines of the time discussed themes like architecture, construction and industrial production. During the 50’s, with the increase of industrial production, much attention was devoted to the new materials and products available on the market and, mainly, to issues related to design. Designers started to perform in a tight relationship with the industrial environment. Magazine publishers, in turn, became aware of the values the graphic project could express and, therefore, understood the importance of a personalized image of their own products. At such moment, graphic designers were affirmed definitely as professionals in the area of visual communication. Past experiences, such as photomontage, the use of abstract images, collages and juxtaposed chromatic games, were utilized with renewed graphic image and exact function in the editorial strategy. CONTESTATION AND EXPERIMENTALISM In the mid 60’s, Italy participated of the profound political and social renewal being spread in Europe and the USA. Student revolts, feminism, radical utopia and hippie movements influenced – in a very deep and

inevitable way – the world of graphic arts and publishing, transforming many magazines in a milieu of expression of the political and social contrasts. Drawings appeared spontaneously, with a strong pamphleteer expression. Images acquired a more aggressive character, with a constant use of trace images, in general in black and red. Furthermore, photographs were treated with maximum contrast. The ones that did not adopt such political-like graphic, initiated a process of experimentation, influenced by two artistic streams: op art and visual poetry. Consequently, images were utilized almost abstractly, through the application of details or the use of optical effects of certain repetitions. The exclusively typographic creations returned with full strength, as a reaction toward the massive use of images from previous years. END OF THE CENTURY: SOPHISTICATION AND HIGH TECHNOLOGY Italy experienced, in the 80’s, a period of wealth and productivity. It included moments of great sophistication allied to high technology. Such factors influenced, undoubtedly, the remarkable qualitative development of Italian graphic design. The high technology of production and the variety of paper styles available on the market, along with the handcrafting competence and talent of technicians, assured Italy a new outstanding position in the international graphic design arena. Besides products design, the phenomenon of Italian fashion also had a strong impact on visual communication, attracting professionals from all over the world, who started to gather in Milan. The great increase of professionals in the sector, the variety of materials available and the introduction of computers in the several phases of graphic performance contributed for a better artistic quality of Italian magazines, making them acquire a fantastic attractive aspect. Many chose to re-elaborate past experiences with all support new technologies could provide: futuristic typographic compositions, wide text interlineations and chromatic variations in photographs. Even photomontage reappeared in a more sophisticated way. Other professionals adhered enthusiastically to the attractive universe of electronically produced images. If in some cases it was possible to produce high-quality results, the illusion of such instruments’ omnipotence often generated confusing combinations of electronic images and an exaggerated use of typographic variations. The accelerated rhythm of modern life imposed, more and more, a superficial reading of newspapers and magazines. This phenomenon – very clear to art directors – urged them to develop their creations in a persuasive way, attempting to rapidly catch the readers’ attention. This article was elaborated from research carried out by Fernanda Sarmento and Claudio Marchi, from 1990 to 1991 (Design Editoriale in Italia dall’Inizio del Secolo Agli Anni Cinquanta), tutored by Professor Giovanni Anceschi, from the Milan Polytechnic Institute. The second part of the research was developed by Fernanda Sarmento between 1992 and 1993, for the exhibition “Design Editorial: Revistas Italianas do Século XX” (Editorial Design: Italian Magazines from the 20th Century), at Espaço Fiat, in São Paulo, 1993.

BRAZILIAN DESIGN: AN EXTENSIVE REPERTOIRE – page 66 Dpot, a company that stands out for its option for Brazilian design, performs now a unique deed: the release of two furniture lines with twenty-two designers and forty new or re-edited models

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languages: in some situations the modern and progressive spirit ruled, expressed in accordance with the models inspired in the rationalistic aesthetics; in other occasions, however, the most conservative and reactionary forces prevailed, based on nostalgic classic models. The two languages not only coexisted, but also were reciprocally influenced, adding life to a new interpretation of classic models. Many magazines assumed the function of publicizing in the initiatives of the government and the party. They presented a rationalistic image, with a balanced distribution of weights. The use of “heavy” fonts was very common, like the “bold” type, and photographs had violent cuts in order to stress the scenic effect. In such manner, magazines proposed – through rhetoric reading – all typographic and compositional innovations that had been developed by the rationalist avant-garde.


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In order to understand the roots of Dpot’s current line, it is necessary to briefly go back in time. We recall Swiss plastic artist John Graz, who arrived in Brazil in 1920 and became the most famous interior designer in São Paulo, continuing to perform in the area for a long time. Although they do not make part of the line, it is worth mentioning: Warchavchik, who, in the early 1930’s, created furniture for modernist houses, and Lasar Segall, both followers of European aesthetic ideals. Despite of the fact that contemporary furniture created in Brazil was not so Brazilian, in about one decade signs of a unique peculiar vocabulary started to emerge. And it was such vocabulary that underpinned the historical line edited by Dpot. The 1950’s, Brazilian design’s golden period, experienced a modernity outbreak, with architect Paulo Mendes da Rocha and concrete plastic artist Geraldo de Barros – besides Flavio de Carvalho (who has not participated in the development of the line). The first pieces by Lina Bo Bardi were also created in the same period. From the 1960’s on, there was a great change of direction – once again, woodwork prevailed, which is considered by some (or many?), until today, the loyal expression of Brazilian design. Then we wonder: would this really be vocation, tradition or karma? The historical line presented by Dpot started with Unilabor, by Geraldo de Barros, with chairs made of wood and cane splints, from 1954. A progress toward modernity was achieved with the Paulistano chair, designed by Paulo Mendes da Rocha, made of spring steel: “a chair with a memory”, as the architect comments. The Cadeira de Três Apoios (three-feet chair), chosen to represent John Graz, is a reinterpretation of the original design, from 1960, focused on making series production feasible. A similar methodology, employed on the furniture edition of Le Corbusier, Rietveld, Wright, among others, provides accuracy to the original design, modernizing the constructive shape. Michel Arnoult and Sergio Rodrigues were also outstanding in the 1960’s. The former, who introduced in Brazil Scandinavian aesthetics - the use of light wood - indulged the Peg Lev concept, and even created a shop with the name… But it would be too soon to dismiss our self-indulgence! Sergio Rodrigues designed in 1963 the Moleca armchair, derived from the famous Poltrona Mole, now edited in numbered series. Carlos Motta, Bonzon and Azeredo also perform in the historical line. We highlight two great characters of our history of design: Lina Bo Bardi, with her chair inspired by Minas Gerais, devoted to Frei Egidio, and designer Fulvio Nanni, who graduated in Italy, where he worked with architect Frattini. Fulvio returned to Brazil impregnated with the new Italian design, which prevailed in the 1980’s. Although he has never dared much, considering his sensibility and talent, his work was consistent and very successful in that period. Nowadays, international design prevails upon normality. Few are the designers from all around the world that find support in the industry to dare to innovate. And what is considered innovative? The use of new materials and technologies. The simply beautiful feature is not as important in the assessment of the quality of design as it used to be. Projective intelligence, related to the environment, possibility of production – regardless of the scale – and suitability to the market are factors that influence the choice of entrepreneurs in defining their collections. Be it in Brazil or in any other country. And this is the modern reality that we find in the new Dpot collection.

ACCESSORIES, BUT FUNDAMENTAL – page 70 Known for its office furniture, Giroflex releases its first line of coordinated accessories, built of neglected, though extremely necessary, items: bins A system of accessories with universal design, which enables combinations with any other furniture collection: this was the underlying development concept of the Floor line, designed by Jorge Konigsberger for Giroflex. The collection is composed of waste bins, ashtrays, clothes hangers and umbrella baskets. Its differential is rationality: several configurations are possible to assemble with a reduced number of parts. The items that needed more diligence in their development were the waste bins, which draw attention to several technical details. One of them is the option with or without garbage bag. Although the first alternative is more hygienic, the aesthetical aspect is affected, once, in general, the garbage bag stays visible. In the Floor line, Konigsberger proposed two solutions for the matter. In the first one, the bin’s design is conceived to hide the bag, whilst in the other, the metallic cylinders (made of steel or aluminum, available in two heights) receive, in their interior, a washable non-disposable polypropylene bin. The versatility key feature of the system is in the connective elements: soft black rubber rings, fixed on the top of the metallic bins, can receive three types of finish: metallic frame (which hides the garbage bag, when there is one), lift-up lock-on lid, or ashtray. There are three types of umbrella baskets: simple, in aluminum or in stainless steel. The structure of the clothes hanger is in “S”, around which the hooks are hung according to the user’s necessity. The same structure in “S”, repeated along the inferior part of the hanger, transforms it into an umbrella basket. The Giroflex line of accessories is to be soon expanded, incorporating desk items, informatics articles and others. Giroflex Rua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691 São Paulo, SP - Brazil Tel: +55 (11) 5643-2900 / +55 0800 7070 900 www.giroflex.com.br

MASTERS OF ARCHITECTURE

RENZO PIANO BOLDNESS AND EXPERIMENTATION “The past is a safe refuge, a constant temptation. And yet the future is the only place we have to go, if we really want to go somewhere.” Renzo Piano’s statement expresses one of his most remarkable characteristics as an architect: his restlessness and need for being, continuously, in search of what is new and not yet existent. “Architects have to live on the frontier and every so often they have to cross it, to see what is on the other side,” he asserts. Renzo Piano was born is Genoa, Italy, in 1937. In 1964 he graduated from the Milan Polytechnic School of Architecture, where he worked under the guidance of Franco Albini. Son of a builder, he regularly


“It is important to note the difference between style and coherence. Coherence is about experience, about reapplying what you have learnt; it is not about making yourself recognizable. Architecture is about exploring: every place is different, every society is different, every job is different. Culturally, historically and anthropologically, each work is different. So the real risk is that, as an architect, you end up imposing your stamp before understanding the reality of a place. I never take a new job without visiting the place, without trying to understand it and have a basic fundamental emotion. Because that is what it is all about: building emotion. I try to understand the real nature of a place, the context. My goal is not necessarily to integrate with the context. Sometimes architecture should not integrate, but make a contribution to the context.” Renzo Piano

PADRE PIO PILGRIMAGE CHURCH

CAPUCHIN SPIRIT Renzo Piano’s most recent work, inaugurated in July 2004, church in Puglia, located in the south of Italy. Both in selection of materials and in the conception of space, architect was loyal to the principles of capuchin friars Padre Pio, the priest to whom the church is dedicated

is a the the and

Winnie Bastian

A football stadium, a concert hall, an airport, museums, a cruise ship, a wind tunnel for Ferrari: Renzo Piano has designed, throughout his career, different types of buildings. Now, at 67 years old, he inaugurates his first church, the second biggest one in Italy, only smaller than Saint Peter’s

Basilica, in the Vatican. The church was built to welcome the followers of Padre Pio, a capuchin friar famous for his stigmata. He died in 1968 and was canonized by Pope John Paul II in 2002. Contacted by the capuchin friars from the monastery of San Giovanni Rotondo in 1991, Piano initially declined the invitation for believing that Padre Pio’s rustic environment had already been corrupted. The growing worship of the priest – around 7.5 million pilgrims go to the village of San Giovanni Rotondo every year – deprived the characteristics of the site, which coexists nowadays with an impressing sequence of restaurants and hotels, fast-food chains and gewgaw shops. It is a place that mixes religion and commerce, holy and profane features. After Piano’s refusal, the friars from San Giovanni Rotondo started sending, for a whole month, daily prayers by fax to the architect’s studio in Genoa. Piano finally accepted, and the construction of the big church started in 1994. A local stone, Bronzetto di Apricena, was the material chosen to shape the church; the blocks were sculpted by a digital machine developed especially by Piano’s office. “Centuries after being the main structural element of Gothic cathedrals, this material has been subjected to new experiments, drawing on leading-edge technology,” the architect emphasizes. Besides the decorative effect, Bronzetto has excellent resistance to flexion and compression, which is a positive feature considering that the area is subjected to seismic activity. According to Piano, the building’s central resolution of forces and the flexion capacity of the church’s arches will allow it to withstand solicitations six times bigger than the intensity of the earthquakes already registered in this part of Puglia. The church is structured by a system of 22 arches arranged in a radial pattern from a great pillar behind the pulpit. Each arc is formed by around 40 to 50 blocks of Bronzetto. The biggest element of the structure is located at its entrance: with 50 meters of span and 18 meters high, it is probably the longest structural arch built in stone. “This is not an attempt to get into the records books. It is simply a desire to find out what can be done with stone today, almost a thousand years after the Gothic Cathedrals were built. Technical virtuosity is not an end itself, but meets the needs of a precise formal choice. (...) We have deliberately insisted on a single material as the expressive key to the project,” says Piano. However, the greatest challenge, according to the architect, was to create an open and welcoming space, despite the huge constructed area – the church should shelter eight thousand people inside. “Instead of intimidating the faithful, the construction should stimulate their approach,” he explains. Such premise explains several characteristics of the project, like the dome’s short height and the inclination of the frontal square – which accommodates thirty thousand people – facing the sanctuary, favoring the welcoming of multitudes. It is what Piano defines as an “open house,” a church completely in accordance with the principles of capuchin friars. Completing this “sense of welcome,” the fusion of the sanctuary with the square is achieved by the use of a continuous pavement: also Bronzetto. A remarkable feature is the unusual way with which Piano conceives the space of the church: breaking with the traditional structure of central nave, lateral naves and apse, he proposes a spiral shape, diminishing the hierarchic aspect. “To prepare for this work, I became a little capuchin. The shape of the church makes the eight thousand faithful who enter feel close to the altar,” states Piano. Besides, the great arches define elements

English Version

visited his father’s building sites, where he gained valuable practical experience, when he was still a student. Between 1965 and 1970, he accomplished his graduation with study trips to England and the United States. Then he met Jean Prouvé, who had a strong influence in his professional life. During the same period, Piano worked at Louis Kahn’s office, in Philadelphia. His first important work was the Italian pavilion for the Osaka World Fair in 1970. In 1971, along with Richard Rogers, he won the competition for the design of the Georges Pompidou Center in Paris, which granted him international fame. In 1977 he founded the Piano & Rice workshop together with engineer Peter Rice. After his partner’s death, in 1993, he created the Renzo Piano Building Workshop (RPBW), establishing offices in Genoa and Paris, which employ, at the moment, around one hundred people – a number that allows him to get to know each and every employee, according to his own words. Piano’s most famous works are, among others, the International Airport of Kansai (Osaka, 1988-1994), the reconstruction of Potsdamer Platz (Berlin, 1992-2000), the Nasher Sculpture Center (Dallas, 1999-2003) and the Jean-Marie Tjibaou Cultural Center (New Caledonia, 1991-1998), published here. The recognition of Piano’s architecture awarded him several important prizes, such as the RIBA Royal Gold Medal (England, 1990); the Ordre National du Mérite Prize (France, 2002), the Premium Imperiale (Japan, 1995), the Pritzker Prize (USA, 1998), the Leone d’Oro Award (Italy, 2000) and the Médaille D’Or UIA (Switzerland, 2002).


that interfere in the feeling of largeness, making the space even more welcoming, as the architect explains: “in a way, the church is composed by six different churches, one next to another. You always see the altar, but you do not see the entire space.” Another element that deserves to be highlighted is the “miracle” accomplished by Piano: the visual neutralization of the degraded surroundings from the sanctuary. Along the way of the faithful towards the church, from the parking lot located on the base of the hill, a long colonnade leads the visitors to the frontal square, “rescuing” them from the mundane environment and preparing them for the arrival at the sanctuary. Once in the square, the visitors’ sight captures only the elements in the foreground and the landscape (the sky, the earth and the sea), a result from the subtle elevation of the parapet. In that way, the intermediary surrounding and its common symbols are not visible any longer. In an interview to the newspaper La Repubblica (7 July 2004), Piano summarizes the project’s essence: “The sanctuary of San Pio da Pietrelcina was created to make sacred elements prevail over profane ones, and sense of meditation over majesty.”

English Version

LONDON BRIDGE TOWER – London, England It is a mixed-use tower to be constructed by Sellar Property Group in the center of the city, by the river Thames, adjacent to the London Bridge Station, which is an important point of confluence of train, bus and subway lines in London. About seven thousand people will work and live in this vertical city of sixty-six floors. The tower’s height (306 meters), according to the Renzo Piano Building Workshop, resulted more from the desire and necessity to create an elegantly proportioned tower rather than from the ambition to construct the tallest building in Europe. Along the first four floors, the building is linked to the terrain only by the core structure, which enables maximum amount of space provided to public functions and to the station concourse. A lightweight glass marquee protects and provides a link between the station and Guy’s Hospital. The tower will have shops and restaurants (ground to 4th floor), offices (5th to 31st floor), public plazas (34th to 36th floor), a hotel with two hundred rooms (37th to 51st floors), apartments (52nd to 63rd floor) and two observation galleries (65th and 66th floor), facing the city. A ventilated double skin façade will considerably reduce heat gain and increase comfort nearby. The heat excess from the offices will be used to heat the hotel and apartments, and any additional excess will be dissipated naturally through a radiator at the top of the tower (67th and top floors). Therefore, the building will require 30% less energy than a conventional tower. PAUL KLEE MUSEUM – Bern, Switzerland “A museum which will be a sculpture in itself, homage to the artist and his work.” That is how Renzo Piano defines his project for the Paul Klee Museum, sponsored by Swiss doctor Maurice Müller. The building will integrate with the topography, taking the shape of the bordering hills: the idea is to capture the “spirit of a sculptor,” working with earth. The chosen terrain is located outside the city, on gentle hills, with the Alps as background, near the cemetery where Klee rests. The construction will take place through a preexistent motorway that will appear to be cutting

the hills in sections. Three large rooms – sheltered under three artificial hills – will exhibit a portion of Klee’s work, alternated in six-month cycles. The majority of the works – around five thousand in total – will be placed on the sublevel, under controlled conditions of temperature, humidity and light, and will be available to researches and specialists. “Klee considered the rhythm, melody and harmony of compositions by Mozart and Bach and used them as inspirations for his plastic performances,” says Ursina Barandun, communication director at the museum. Therefore, it will have a room devoted to music, studies and recitals. A curious event involves music even more in the museum’s history: the connection between Piano and Müller was established by famous pianist Maurizio Pollini. A communication center, a museum devoted for children and a library with 160 books on Paul Klee’s art complete the program. Unlike other museums, this one will not receive zenithal light, so that works can be preserved. Built in steel, but inspired by former boat constructions, according to Piano, the building will be illuminated by the west façade through which light will flow and spread gently through the rooms by a system of translucent screens. The inauguration of the museum is planned for June 2005. JEAN-MARIE TJIBAOU CULTURAL CENTER – Noumea, New Caledonia Resulted from an international competition carried out by the government in 1991, the construction of the center devoted to the memory of political leader Jean-Marie Tjibaou (murdered in 1989) was finished in 1998. According to Piano, the project’s major challenge was the task of paying homage to the Kanak culture without letting the result become a parody or imitation, nor imposing a totally foreign model. The idea was to reflect the indigenous culture and the local symbols, instead of creating a historical reconstruction or a simple replica Kanak village. That required the use of traditional materials and building methods, as well as the respect for and the interaction with natural elements, such as wind, natural light and vegetation. The buildings were constructed in Iroko, rottenness-resistant African wood, supported by a stainless steel apparent structure. Each hut was designed to resist earthquakes and cyclones (wind storms at a speed of up to 230 km/h). Besides that, preponderant trade winds are well used, providing efficient natural ventilation. The aesthetic result of the whole construction also has an associated link with the local culture, as Piano explains in the project’s scrapbooks: “It dawned on me that one of the fundamental elements of the Kanak architecture is the very construction process: ‘building the house’ is every bit as important is the ‘finished house.’ From this, I began to develop the concept of a ‘permanent building work-site,’ or rather a place which would suggest an unfinished house-building project.” There are ten “huts” in total, each measuring between 22 and 28 meters high, comprising 8,188 squared meters of covered area, in an eight-hectare park located in a peninsula. The huts have different functions and are divided in three groups. The first one is devoted to permanent or temporary exhibitions and contains an auditorium and an amphitheater. The second group houses research areas, a conference room and a library, besides administrative departments. In the last group there are studios for traditional activities, such as music, dance, painting and sculpture.



A C R E P O NÃ O! P M TE O

OS M A T ES

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INH M A C

30 de junho de 2005

Regulamento e ficha de inscrição no site

www.masisa.com.br

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Apoio:

O

N

D E

C

U

R

S

O

D E S I G N

PA R A E S T U DA N T E S Argentina

A

LI Á T I DA

Informe-se sobre o regulamento do Concurso Masisa no site www.masisa.com.br, e veja como participar. Os ganhadores do primeiro lugar na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru e Venezuela, participarão da etapa internacional e o vencedor ganhará uma passagem para a Itália e uma bolsa de estudo no IED - Istituto Europeo di Design.

Prazo de inscrição e recepção de projetos

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Brasil

Chile

Colômbia

Equador

México

Peru

Venezuela


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