Revista ARC DESIGN Edição 51

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N ยบ 51 ARC DESIGN

R$ 15.00 QUADRIFOGLIO EDITORA

Nยบ 51

2006

2006

REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

DESIGN PREMIADO NO MCB 100% DESIGN TOKYO TOM DIXON FASHION DESIGNER RON ARAD ARQUITETO


Luis Calazans Luz

Tord Boontje é um dos grandes responsáveis pelo renascimento do adorno, das flores e folhas, do universo romântico no mundo do design. “Quero fugir do modernismo frio, mental, e recuperar a sensualidade, o sentido de decoração”, comenta. As criações de Tord Boontje traduzem o passado na mais contemporânea linguagem e forma de produção, no mais inteligente modo de comercialização: aço inox, Tyvek, laser e embalagens bidimensionais. Suas coleções tiveram início com a série Midsummer Light, apresentada em 2004 pela Zanotta, em Milão, e capa de ARC DE SIGN 36. Eram luminárias em papel colorido ou capas de poltronas em tecido, cortados a laser, que obtiveram um sucesso estrondoso. Em seguida

Luis Calazans Luz

Aci ma, ima gem do vaso Thinking of You Now que ilustra a capa. Em aço inox cor ta do a la ser, pode ser usa do so zi nho ou como in vó lu cro para gar ra fas re ci cla das. Abai xo, ou tras pe ças da co le ção Thin king of You: os va sos vêm des mon ta dos e em ba la dos em um en ve lo pe

vieram os tecidos crochetados, realizados pela CoopaRoca, que envolviam uma esfera de metal, nas luminárias Come Rain Come Shine. As luminárias em papel evoluíram para outras metálicas, em versões prata, ouro ou cobre, conservando os mesmos desenhos. São as Garland Lights, na coleção permanente do MoMA, N.York, e do Victoria and Albert Museum, Londres. O último lançamento, Shadow Light, utiliza o Tyvek translúcido, colorido e serigrafado, formando uma cúpula redonda ao redor de uma lâmpada halógena. Flora, uma guirlanda em cobre; Fairy Tail, um cartão circular em papel que, quando desdobrado, se transforma em guirlanda; e Christmas Tail, guirlanda desdobrável em metal, são os lançamentos festivos para o final deste ano. As criações de Tord Boontje são produzidas e distribuídas pela Artecnica, empresa norte-americana que já conta com representante no Brasil, e cuja vertente artesanal é publicada nesta edição de ARC DE SIGN.

À di reita, Fairy Tail, car tão festi vo: um cír cu lo de pa pel se des do bra em guir lan da. À es quer da, Sha dow Light, lu mi ná ria sus pen sa em Tyvek trans lú cido co lo rido e se rigra fa do


Com o fi nal do ano sur gem inú me ras pre mi a çõ es para pro je tos e pro du tos – e ARC DE SIGN pu bli ca o re sul ta do de quatro des ses con cur sos. Por eles, ve mos que duas ver ten tes se de li nei am: a dos pro fis si o nais con sa gra dos, como no Mu seu da Casa Bra si lei ra; e a dos jo vens de sig ners. Os pri mei ros, le van do avan te o de se nho in dus tri al – cada vez com me lho res re sul ta dos; os se gun dos, se res sen tin do da fal ta de apoio, prin ci pal men te da in dús tria. A es tes eu di ria: co ra gem, jo vens pro fis si o nais, ar ris quem mais, ino vem! Ino vem com uma vi são agu da e cer tei ra do mer ca do, mas ino vem, que esta é a gran de arma do de sig ner. Fa lan do em ino var, nes ta edi ção te mos um dos mais im por tan tes de sig ners in ter na ci o nais, em nova ver são: Ron Arad, ar qui te to. Ou tra mu dan ça de rumo? Tom Di xon no fas hion de sign. Ou tras in ter na ci o nais? Amor Lí qui do, de sign ex pe ri men tal na Ar gen ti na. Ar te sa na to/de sign. São inú me ras as ma té ri as já pu bli ca das em ARC DE SIGN. Mos trá va mos o re sul ta do de olha res sen sí veis. Nes ta edi ção, He loi sa Croc co sis te ma ti za esse de li ca do fa zer e nos apre sen ta be los pro je tos. Na Co lu na As si na da, te mos Lin coln Se ra gi ni fa lan do so bre os no vos ob je ti vos e exi gên ci as em re la ção ao de sign e ao mer ca do. Tokyo 100% Design e os jovens transgressores japoneses, pelo olhar de Baba Vacaro. Idéias muito novas e inesperadas! Do in te res se de to dos, pro fis si o nais ou não, os re sul ta dos do Con gres so As BEA so bre Sus ten ta bi li da de. É o pla ne ta que está em jogo! Ale xan dre Herch co vitch, em Lou cos por De sign, dá a sua pe cu li ar vi são, em ní ti do con tras te com suas cri a çõ es. E mais, dois projetos de ARC DE SIGN: o Seminário Internacional Profissão Designer, que re ce beu mais de 700 pe di dos de ins cri ção! E, fato raro em se mi ná ri os, con tou in clu si ve com a pre sen ça de em pre sá ri os. Re for çan do a nova vi são do de sign como um pro ces so que vai do pro je to ao mer ca do, ARC DE SIGN ins ti tui uma pre mi a ção iné di ta – TOP 21: PRÊMIO MER CA DO DE SIGN, que será con fe ri do em mar ço de 2007. O que é pre mi á vel? O pro du to bra si lei ro, cri a do no sé cu lo XXI, e que es te ja no mer ca do. São 21 ca te go ri as, que se rão jul ga das em duas eta pas por jú ris es pe ci a li za dos e... es pe ci ais. Fi quem aten tos e con fi ram o de sen ro lar da pre mi a ção em edi çõ es es pe ci ais do ARC DE SIGN E-NEWS. Ma ria He le na Es tra da Edi to ra


O XX Prêmio Museu da Casa Brasileira traduz algumas ver tentes consolidadas em nosso design de produtos. Madeira para o mobiliário, baixa tecnologia para objetos, e outras. Mas há um aler ta no ar! Quais serão as mutações em curso?

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Tradição e modernidade convivem pacificamente no design japonês. Confira os destaques na mostra 100% Design e ex po si çõ es pa ra lelas da Sema na do Design de Tóquio

É possível reinventar o clássico? Tom Di xon dá uma resposta afir mati va a esta pergunta em um jogo de alternâncias entre material e forma, nas novas camisas Lacoste

AMOR LIQUIDO

Matéria publicada no suplemento m2 do jornal argentino Página/12

DIXON NA MODA

Winnie Bastian

100% DESIGN TOKYO

Baba Vacaro

MUTAÇÕES EM CURSO

Maria Helena Estrada

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Workshop de design experimental realizado em Buenos Aires traça um paralelo entre o abandono dos vínculos entre as pessoas e a opção por produtos cada vez mais descartáveis

NEWS

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ENTREVISTA: HELOISA CROCCO

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MUITO ALÉM DO DESIGN

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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

nº 51, dezembro 2006


O campo do design atinge todas os níveis e aspectos de nossas vidas. A formação do designer é assunto que preocupa e abre uma discussão que envolve desde a metodologia de ensino para a criação, até a capacidade do profissional de influenciar as estratégias empresariais

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Conheça as escolas e os futuros designers vencedores do I Prêmio Tok & Stok, cuja tema foi – guardar. A empresa, além dos valores das premiação, ambiciona dar o melhor dos prêmios, a possibilidade de viabilizar a produção dos projetos vencedores. O próximo tema já foi escolhido: sentar

Do design à arquitetura, a marca de Ron Arad é inconfundível. Experimentação, irreverência e inovação permeiam todo o trabalho do designer/arquiteto. Conheça seus projetos recentes

SUSTENTABILIDADE NA PRÁTICA

Da Redação

RON ARAD ARQUITETO

Da Redação

DESIGN UNIVERSITÁRIO PREMIADO

Maria Helena Estrada

Juliana Mariz

SEMINÁRIO: PROFISSÃO DESIGNER

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62

A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, AsBEA, discutiu em seu 5º Encontro Regional o estágio em que se encontra e as vantagens da implantação de soluções sustentáveis na arquitetura, bem como os possíveis modelos de cer tificação

TOP 21: 1º PRÊMIO MERCADO DESIGN

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LOUCOS POR DESIGN: ALEXANDRE HERCHCOVITCH

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DE CONCURSOS E CRITÉRIOS

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COMO ENCONTRAR (ENDEREÇOS)

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COLUNA ASSINADA: LINCOLN SERAGINI

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ENGLISH VERSION

www.arcdesign.com.br


caixa 04-05

14/12/2006

17:07

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Se a sua empresa está precisando crescer, faça um Crédito Pessoa Jurídica da CAIXA. Você sabe como é importante ter uma base segura para poder ampliar uma empresa. A CAIXA oferece isso com soluções sob medida para você. Mesmo que você ainda nem seja nosso cliente. Fale com os nossos gerentes e agende uma visita para saber tudo sobre o nosso Crédito Pessoa Jurídica, Investimento ou Giro. E vem pra CAIXA você também. CAIXA. O banco do crescimento das empresas brasileiras.


caixa 04-05

14/12/2006

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s a .

w w w. c a i x a . g o v. b r


correios 06-07

14/12/2006

17:15

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Exporta Fácil dos Correios. O jeito mais fácil e sem burocracia de levar seu produto para mais de 200 países. Você demora dias, meses, até anos para produzir alguma coisa. Dedica tempo e atenção, corre atrás de mercado aqui e no exterior. Isso, sim, dá muito trabalho. Exportar é simples com o Exporta Fácil dos Correios. É o serviço perfeito para que empresários de pequenas, médias e grandes empresas mandem seus produtos para o mundo

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todo sem burocracia. Basta preencher um único formulário.Você pode mandar mercadorias de até 20 mil dólares em pacotes que pesem até 30kg. Pode enviar quantos pacotes quiser, basta levar até uma das nossas agências ou, se quiser ter menos trabalho, ligue para os Correios. Use o Exporta Fácil e descubra que o difícil você já faz. Exportar é mais fácil do que você imagina.

12/2/06 4 05 30 AM


Arq design dupla_4

11/29/06

4:04 PM

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Projeto: Arq. Edgar Casagranda | Foto: Roali Majola

www.sca.com.br

cooking theater | frentes em wenguĂŞ e vidro argentato coifas circulares especiais | gavetas tandembox | adega climatizada | prateleiras iluminadas | tampos em silestone

Mais de 140 lojas no Brasil e exterior


Arq design dupla_4

11/29/06

4:04 PM

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Fรกbrica: Tel.[54] 2102 2200 | Vale dos Vinhedos | Bento Gonรงalves | RS


SURPRESA Confirmando sua vocação de buscar novos talentos, a Melissa acaba de lançar uma minicoleção de bijoux – braceletes, pulseiras, colares, anéis e brincos –, de plástico com aplicação de fitas, cristais Swarovski e metais, criada pela designer de jóias Ivete Cattani (acima). As peças estão à venda na Galeria Melissa, loja-conceito que já completou seu 1º aniversário. Na ocasião, todos aqueles que fizeram parte da trajetória da marca receberam uma câmera fotográfica descartável. Com ela, poderiam fotografar o que quisessem, Tony Generico

mas inspirados no conceito da loja – detalhe: eles não puderam revelar as fotos. O registro resultou na exposição “Surpresa”, mostra diferente e criativa, em sintonia afinada com a filosofia da Melissa. Galeria Melissa: Rua Oscar Freire, 827, São Paulo. Tel.: (11)

CUBAS EM NOVAS VERSÕES

3083-3612. www.melissa.com.br

A pureza da água e a beleza do mar foram motivos de inspiração para a criação da linha de cubas Ocean, da Incepa. Ao todo foram lançadas

COMPOSIÇÕES DI VER SAS Closet, home theater ou estante para livros? O Home System, lançamento da Cinex, permite esses e outros tipos de composição conforme a necessidade do consumidor. O feito é pos-

cinco cubas, modernas e sofisticadas, sendo quatro de apoio (Atlantic, Indian, Gran Pacific, Pacific) e uma de semi-encaixe (Pacific). As cubas da linha Indian (acima), têm forma exterior retangular e interior arredondado – com opção para instalação dos metais na própria cuba. www.incepa.com.br

sível graças às suas estruturas modulares em alumínio, que sustentam as prateleiras de vidro. Também é possível optar por outros materiais, pois o home system é produzido sob medida. Cinex: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 2.168, São Paulo.

PORRO NO RIO DE JANEIRO

Tel.: (11) 3081-2000.

A Porro, indústria italiana de móveis de design, é uma das marcas

www.cinex.com.br

comercializadas pela loja Atrium, que inaugurou recentemente uma filial no Rio de Janeiro, em Ipanema. O espaço contemporâneo, em concreto, com grandes janelas que mostram as ár vores da rua, está dividido em ambientes que recriam salas, quartos e salas de jantar. Os produtos da Porro – cadeiras, mesas, camas, contêineres, sistemas modulares, estantes para livros – ocupam um andar inteiro da nova loja e são assinados por designer como Piero Lissoni, Christophe Pillet e Jean-Marie Massaud. Atrium: Rua Redentor, 147, Rio de Janeiro. Tel.: (21) 2267-1030. atriumrio@terra.com.br


ESPAÇO LÚDICO A inauguração da loja Plastik, em São Paulo, da colecionadora de arte Nina Sander, marcou a chegada ao Brasil da febre mundial conhecida por Toy Art. Além de peças estrangeiras, em vinil, estão à venda bonecos nacionais em tecido, resina, papel, madeira, materiais naturais e alternativos. O espaço também segue o conceito criativo dos produtos a serem vendidos. Concebida pelo designer Marcelo Rosenbaum, a loja foi revestida com cem portas garimpadas em caçambas de demolição, assim como todo o material usado: 100% reciclado. Há também uma galeria e livraria especializada no tema. Plastik: Rua Dr. Mello Alves, 459. Tel.: (11) 3081-2056. www.plastiksp.com.br

BELOS BALÕES Sem um olhar mais atento é possível se confundir e achar que a luminária Balloon é uma bexiga. Impor tada do Vietnã e à venda na Esencial, ela é feita em seda e pode ser adquirida individualmente ou com supor te para duas. Para montá-la, basta puxar um “ferrinho” que fica no seu interior e ela está pronta para decorar a casa. Pode ser encontrada em três tamanhos: 60 cm, 80 cm e 1m. Esencial: Rua Araçari, 246, São Paulo. Tel.: (11) 3168-5601 www.esencial.com.br

O DESIGN EM EVIDÊNCIA A cerimônia de posse do novo presidente do Centro São Paulo Design, Pierangelo Rossetti, contou com a presença do presidente da FIESP, Paulo Skaf. Um sinal de prestígio para o design, e para o CSPD. Milly Teperman, pioneiro na luta pelo desenvolvimento do design no Brasil, é agora o presidente de honra do CSPD. A importância do design é amplamente reconhecida pela FIESP, que acaba de inaugurar uma exposição com a coleção histórica de design da instituição e produtos brasileiros premiados no IF, Hannover. Seu Centro de Design, que também trabalha em parceria com o Sebrae e dá assistência a diversas organizações setoriais, articula para o próximo ano um acordo para a troca de competências com o Instituto Politécnico de Milão. www.cspd.com.br


NOVA CATEGORIA DE REVESTIMENTO A Eliane lança um

COMPE TIÇÃO ACIRRADA

produto que promete

Em novembro, a Su-

revolucionar o setor

zano Papel e Celulo-

de revestimentos: o

se premiou os vence-

Crystalato. Produzido

dores do 5º Prê mio

pela técnica de recris-

Max Fef fer de Design

talização de vítreos,

Gráfico. Os 830 par tici-

esse material vitro-

pantes concorreram em

cerâmico permite a

quatro categorias – “Promo-

fabricação de painéis curvos resistentes, de baixo peso e

cional”, “Editorial”, “Em ba la-

com raios de curvatura que podem ser previamente especi-

gem” e “Miscelânea” – e desenvolveram trabalhos como car tões de

ficados. Por ser composto quase que inteiramente de vidro,

visitas, convites para eventos, cardápios, catálogos de lojas, anuá-

tem grau de absorção de água zero e é translúcido. E para

rios, livros e embalagens em papel Reciclato, Papelcar tão Supremo

fechar com chave de ouro, não prejudica o meio ambiente, já

Duo Design ou Supremo Alta Alvura. Segundo Mario Ponci Neto, jura-

que reaproveita resíduos de vidro em sua fabricação –

do e diretor de marketing e expansão

processo fabril não-poluente –, e, depois de pronto, não gera

da Chilli Beans, “os trabalhos finalis-

resíduos de espécie alguma.

tas tinham tamanha consistência e

www.eliane.com

alinhamento ao briefing que di ficulta ram a escolha dos vencedores”. Os primeiros colocados receberam R$ 14 mil; os segundos, R$ 6 mil, e os terceiros lugares, R$ 2

DA ESTRADA PARA CASA

mil cada. Larissa Miyazato reproduziu uma caixa para chás, com

Agora, a lona de caminhão BR-100

sachês e tags com descrições de roupas diferenciadas (no alto da

faz par te do mundo da decoração.

página) e foi a vencedora da categoria Miscelânea e do prêmio Peça

A JRJ, empresa especializada em

Destaque. Fabiana Ferraresi e Paola Menezes, da Designlândia,

tecidos para decoração, desco-

conquistaram a primeira colocação em Editorial com o livro “Drum-

briu que o material poderia ser

mond Selecionado e Ilustrado por Ronaldo Fraga” (à esquerda).

reutilizado, usando-se a tecnolo-

Nos quesitos Embalagem e Promocional, Viviane Avelar Gandra e

gia washed, que emprega em seu

Marcelino Peixoto (capa do CD Incipt) e o trio Circe Bernardes, Gus-

tratamento lavagens a altas temperaturas, aplicação de

tavo Perucci e Vivian de Cerqueira Leite (jogos que compõem as

amaciantes e enzimas siliconizadas especiais, as quais ga-

peças das ações de divul-

rantem o não-encolhimento das lonas e o uso em máquinas

gação do novo Polara-

de lavar e secadoras domésticas. O tecido pode ser usado

mi ne Gotas, ao lado),

para a forração de paredes, móveis, estofados e mobiliário e

respecti va mente, foram

está disponível em diferentes lavagens, tamanhos e cores.

os primeiras colocados.

www.jrj.com.br

www.premiomaxfeffer.com.br



TECNOLOGIA SIMPLES

UNI VERSO DOS MATERIAIS

No livro “Leis da Simplicidade – Vida, Ne-

O entendimento de como se faz um produto é fundamental

gócios, Tecnologia e Design”, lançamen-

para a formação do designer. Esse é o mote do livro “Introdu-

to da Editora Novo Conceito, o designer

ção aos Materiais e Processos para Designers”, escrito por

e cientista norte-americano John Maeda

Marco Antonio Magalhães Lima e editado pela Ciência Moder-

explica por que a simplicidade é a ten-

na. A obra trata da classificação

dência da era digital e do design. Em

dos tipos de material existentes, e

contraposição à tecnologia atual, que

de suas características, proprie-

di ficulta a vida dos consu midores,

dades, aplicações, formatos co-

Maeda mostra os caminhos que as in-

merciais e dos processos de

dústrias e o mundo dos negócios estão trilhando para tornarem

transformação de metais, cerâmi-

seus produtos simples e fáceis de serem manuseados. Segundo

ca, materiais naturais, vidros e po-

ele, “as pessoas não apenas compram, mas, o que é mais impor -

límeros sintéticos.

tante, amam os produtos que podem tornar suas vidas mais sim-

www.lcm.com.br

ples”. O livro já está disponível nas principais livrarias do país. www.editoranovoconceito.com.br

CORREÇÃO Na matéria “Abre-te Sésamo”, publicada em ARC DESIGN 49,

DE SIGN DO SUL Uma homenagem da Associação dos Profissionais em Design do Rio Grande do Sul (Apdesign) a José Carlos Bornancini, um dos mais impor tantes designers de

as ca racterísticas da maça ne ta 6243, da La Fonte, não estão corretas. Este modelo, criado pelo designer Márcio Mussi, per tence à linha Arquiteto e vem acompanhado de roseta ou espelho. A peça está disponível nos seguintes acabamentos: antique brass, cromado brilhante (foto acima), cromado acetinado, preto brilhante e preto-fosco. www.yalelafonte.com.br

produto brasileiro, resultou na criação do Prêmio Bornancini/Salão Apdesign. Com o objetivo de escolher os melhores trabalhos de design gráfico e de produto do Rio Grande do Sul, o júri avaliou cerca de 150 projetos e premiou sete e

CORREÇÃO 2

quatro, respectivamente, em categorias como Identidade Visual, Sis-

Por culpa de nossa empolgação com a beleza de Belém, publi-

temas de Sinalização, Comunicação Visual em Ambientes Cobertos e

camos o nome errado da fruta que aparece na primeira pági-

Utensílios e Utilidades Domésticas. Até 20 de dezembro, os trabalhos

na da matéria “A cidade do cheiro cheiroso”, publicada na edi-

premiados estiveram expostos no Memorial do Rio Grande do Sul, as-

ção 50. Os cestos estão repletos de açaí e não tucupi, como

sim como as menções honrosas e os projetos acadêmicos indicados

escrevemos. Também nos equivocamos ao dizer que a mani-

pelas instituições de ensino gaúchas.

çoba provoca um leve torpor na boca. O responsável por essa

www.apdesign.com.br

sensação é o fruto jambu.



20º PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA

DE SIGN: MU TA ÇÕ ES EM CUR SO O Prê mio De sign Mu seu da Casa Bra si lei ra é uma des sas ra ri da des em nos so país – tem his tó ria. Co me mo ra sua 20ª edi ção. O de sign evo lu iu, am pli ou sua área de abran gên cia, cri ou es co las, íco nes e he róis, mais de uma vez mu dou de rumo. O que es ta rá acon te cen do ago ra? Maria Helena Estrada

Acima, Mo to log, mo to ci cle ta para en tre gas ex pressas e trans por te de passa gei ro; en cos to re cli ná vel (trans for ma-se em assen to), novo sis te ma de ilu mi na ção, mai or ca pa ci da de de carga, pára-bri sa, mo chi la presa à moto e não ao mo to ci clis ta, por ta-ob je tos dian tei ro, ilu mi na ção por LEDs; pro du zi da com apoio téc ni co da Sun down Mo tos, pode uti li zar energia al ter na ti va (GNV, gás na tu ral vei cu lar). Design Ra fael Mo re no e Ro dri go do Vale Ci ossa ni

16 ARC DESIGN


Aci ma, Blob, da Nó De sign, apa re lho ce lu lar cujas prin ci pais apli ca çõ es são vol ta das para cri an ças, ter cei ra ida de e seg men to cor po ra ti vo; uti li za o Su per LBS, tec no lo gia de sen vol vi da para ras tre ar e lo ca li zar pe s so as em qual quer si tu a ção, cap ta si nais em ele va do res, tú neis e sub so los

Abaixo, o cir cu la dor de ar C-401: as ale tas po si ci o na das na gra de di fu so ra dis tri buem o ar pelo am bi en te sem ne cessi da de de movi men tar o apa re lho; a fren te e as pás do pro du to são des ta cá veis; ajus te de in cli na ção permite cin co po si çõ es di fe ren tes. Criação In dio da Cos ta Design (Guto In dio da Cos ta, Fe li pe Ran gel e Mar tin Bir tel)

Supernormal. Esta é a bandeira lançada por Jasper Morrison e Naoto Fukusawa. Mas que design seria este? “Objetos que estejam de acordo com a vida diária – uma qualidade especial que permeia os objetos, sejam eles anônimos ou concebidos com ‘intenção estética’: uma qualidade que não é restrita à aparência visual, mas diz respeito a como os objetos são percebidos através de seu uso.” Uma tentativa de definição de algo tão sutil que torna difícil de ser codificado, afirmam os designers. Mas em linhas gerais a nova teoria ressalta que o produto não deve ter como principal qualidade seu impacto visual. Linhas simples, projetos fáceis de produzir e de vender, produtos com boa relação preço x serviço, que durem no tempo e que possam ser entendidos e aceitos pelas mais diversas culturas. 17 ARC DESIGN


Acima, car ro à vela Ven tu ra, veí cu lo hí bri do que soma as fun çõ es de tri ci clo (para uso em ter ra e areia) e ca ta ma rã (para uso na água); design Sergio Vel lo so. Abaixo, à esquerda, co le ção de fa cas para uso es pe cí fi co, constru í das com ca bos de ma dei ra de de mo li ção e lâ mi nas de aço ino xidá vel na ci o nal de alta qua lida de. Cada mo de lo tem sua fun ção: lim par, cor tar e fi le tar pei xes; re ti rar a pele e lim par ani mais pe que nos e de li ca dos; des cas car fru tas re don das; es pá tu la; abrir ostras e crustá ce os; cor tar quei jos de li ca dos e ter ri nes; cortar chur ras co; pi car le gu mes, er vas e tem pe ros. Design Fer nan do Men des de Al meida e Ro ber to Hirth

A dupla de designers também chegou à conclusão de que é mais fácil encontrar produtos “supernormais” no universo do design anônimo, aqueles que muitas vezes passam sob nossos olhos sem serem percebidos e incluíram, na mostra itinerante sobre o tema, objetos como a tradicional (e hoje extinta) garrafa de leite de vidro, o raspador de legumes, o clipe para papéis. Esta declaração de princípios nos leva a uma questão mais do que importante – fundamental – para o projeto contemporâneo. O desenho, ou seja, o design em sua acepção formal, deixa de ser a principal estrela, o objetivo a ser perseguido. Estamos longe de descartar os aspectos estéticos do produto, mas estes se submetem a uma série de condições e exigências da vida atual, tornando-se imperativos no mercado, globalizado ou não. Fazem parte desse repertório, que começa a ser exigido pelo consumidor, o produto respeitoso e amigável com a qualidade de vida do indivíduo e do planeta. Já há alguns anos Philippe Starck afirmava, “produtos do amanhã: 20% matéria, 80% serviço”. Se na época 18 ARC DESIGN


Acima, à esquerda e no centro, lavadora Su per pop: pro du to de bai xo custo, tem estru tu ra bá si ca com o ga bi ne te cor ta do ao meio – a par te me nor foi aco mo da da dentro da mai or para eco no mia na em ba la gem e trans por te; design Chel les e Ha yas hi Design (Gustavo Chel les, Romy Ha yas hi e Bru no Casta nha). Na sequência, ne bu li za dor portátil Ul tra-Alí vio, para tra ta men to de cri ses res pi ra tó rias: a inova ção no design par tiu de es tu dos ergo nô mi cos para pri vi le giar o con for to e a pra ti ci da de no uso, alia dos às di men sõ es re du zi das; o pro du to in te gra num mes mo vo lu me to dos os com po nen tes, in clu si ve con tro le ele trô ni co de in ten si da de, bom ba e pas ti lha ce râ mi ca de ul tra-som; lí qui do e me di ca men to são adicionados a partir do com par ti men to su pe ri or; criação de Ques tto Design

esta parecia ser mais uma provocação do designer francês, hoje essa relação é uma exigência real, pois menos matéria é igual a menor descarte – além da possibilidade de menor custo. Outro elemento da nova equação é a necessidade de

Abaixo, assen to sa ni tá rio Slow Clo se, desen vol vi do para pro por ci o nar um fe cha men to len to e si len ci o so gra ças à in cor po ra ção de um sis te ma hi dráu li co de amor te ci men to, alo ja do em um me ca nis mo me tá li co jun ta men te com o sis te ma de fi xa ção do assen to à ba cia sa ni tá ria. Design Edi son Luiz Anho lon para a Deca

uma visão mercadológica, embora esta encontre resistência nos puristas, amantes do design autoral, das criações extraordinárias. Gloriosos tempos, quando as empresas investiam em pesquisa de materiais e tecnologias pelo puro prazer da inovação, dando inteira liberdade ao criador. Tempos em que as cadeiras não eram expelidas pelas máquinas como “pãezinhos quentes”. Um design que discutia o significado da vida e refletia o homem e suas fantasias. Um saudável saudosismo, me parece. Em meio a tantas reviravoltas no design internacional, como vai o projeto no Brasil? Se tomarmos o Prêmio do Museu da Casa Brasileira como parâmetro, verificamos duas realidades. O design de mobiliário, que parece ter desistido de lutar pela inovação – com razões de sobra, justificadas pela pequena dimensão do mercado e con19 ARC DESIGN


Ao lado, mesa Neco: inova ção no uso de ma te riais, com o tam po em alu mí nio rey no bond; base em ma dei ra, mu i ra ca tia ra, cer ti fi ca da (selo FSC, Fo rest Ste wards hip Coun cil); aten ção ao meio am bi en te com a au sên cia de cola, ver ni zes ou qual quer ou tro sol ven te e uso da cera de abe lha no aca ba men to da ma dei ra. Design Ri car do Ran gel

Abaixo, pol tro na Diz, for ma da por duas par tes dis tin tas: es tru tu ra (com pe ças de ma dei ra ma ci ça uni das en tre si por meio de cavi lhas) e bra ços (es cul pi dos em pe ças ma ci ças); assen to e en cos to em com pen sa do mol da do de du pla cur va tu ra, resul ta do da pren sa gem em mol de de alu mí nio. A pol tro na foi es co lhi da por una ni mi da de pelo júri, pela maes tria no tra ba lho com a ma dei ra e pela hu mil da de de seu autor, o ve te ra no desig ner Sergio Ro dri gues, em con cor rer ao prê mio

sequente falta de investimento da indústria. Assim, vence a velha madeira. Na maioria dos casos com o selo de certificação (será mesmo?), quase sempre maciça, embora os laminados comecem a ganhar terreno, “hélas”! Na outra vertente, produtos industriais como os que ilustram este texto, avançam, abrem espaço no mercado, com foco no serviço e procura de competitividade no preço. Também chama a atenção a diversidade de tipologias que este ano foram apresentadas. A cada nova edição avança-se um pouco, mas está faltando paixão ao processo criativo. Sergio Rodrigues recebeu o primeiro prêmio. Nada mais justo, pela qualidade de seu desenho e produção. Ele é o mestre, criador de um vocabulário brasileiro. Por outro lado, desculpem, nada mais injusto – ele é um nome “hors-concours”. Deixemos espaço aos jovens profissionais, vamos ver o que a nova geração tem a nos dizer. ❉

O júri foi composto por: Cláudio Ferlauto, Alécio Rossi, Baba Vacaro, Delia Beru, Auresnede Pires Stephan (Prof. Eddy), Fernando Prado, Mara Gama, Newton Gama, Patrícia Fonseca, Pedro Ariel e Virginia Kistmann

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18º PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA RE LA ÇÃO DE PRE MI A DOS

CATE GO RIA MO BI LI Á RIO 1º lugar: Poltrona Diz, design Sergio Rodrigues (RJ), produção Linbrasil 2º lugar: Mesa Neco, design Ricardo Rangel (SP), produção Thrust Design Menção Honrosa: Prateleira Chaix, design Flávio Borsato e Maurício Lamosa (SP), produção Adresse Móveis CATE GO RIA UTEN SÍ LI OS 1º lugar: Balde para garrafa Ritz, design Rubens Simões e Cléber Luis da Ré (RS), produção Riva 2º lugar: Coleção de facas para uso específico, design Fernando Mendes de Almeida e Roberto Hirth (RJ), produção Mendes Hirth Marcenaria Menção Honrosa: Jarra Due, design Valter Bahcivanji (SP), produção Coza CATE GO RIA TÊX TEIS E RE VES TI MEN TOS Nenhum premiado CATE GO RIA ILU MI NA ÇÃO Nenhum premiado CATE GO RIA EQUI PA MEN TOS ELE TROELE TRÔ NI COS 1º lu gar: La va do ra Su per pop, de sign Chel les e Ha yas hi De sign (Gus ta vo Chel les, Romy Ha yas hi e Bru no Cas ta nha – SP), pro du ção Mü el ler Ele tro do més ti cos 2º lugar: Nebulizador Ultra-Alívio, design Questto Design (SP), produção Unique Menção Honrosa: Celular Blob, design Nó Design (SP), produção Easytrack; Quick way Mini PoS, design Cláudio Luiz Grigio (SP), produção Itautec; Circulador de Ar C-401, design Indio da Costa Design (Guto Indio da Costa, Felipe Rangel e Martin Birtel – RJ), produção Spirit; Coletor de ponto e controlador de acesso biométricocontrol, design Megabox Design (Aguilar Selhorst Junior – PR), produção Bioaccess Tecnologia em Biometria CATE GO RIA NO VAS IDÉI AS/CON CEI TOS 1º lugar: Ventura, design Sergio Velloso (RJ) 2º lugar: Motolog, design Rafael Moreno e Rodrigo do Vale Ciossani (SP), produção com apoio técnico da Sundown Motos CATE GO RIA TRA BA LHOS ES CRI TOS 1º lu gar: li vro “Aná li se do De sign Bra si lei ro: en tre Mi me se e Mes ti ça gem”, de Di jon de Mo raes, edi to ra Ed gard Blü cher 2º lu gar: tese de dou to ra do “De sign Ori en ta do para o Fu tu ro, Cen tra do no In di ví duo e na Aná li se de Ten dên ci as”, de De ni se Dan tas Menção Honrosa: Livro “O Design Gráfico Brasileiro: Anos 60”, organizado por Chico Homem de Melo, editora Cosac Naify; trabalho final de graduação “A Contemporaneidade Perdurável”, de Esther Maré CATE GO RIA EQUI PA MEN TOS DE CONS TRU ÇÃO 1º lugar: Assento sanitário Slow Close, design Edison Luiz Anholon (SP), produção Deca 21 ARC DESIGN


Acima, uma das ins ta la çõ es mais sim pá ti cas da fei ra, pro du zi da com de ze nas de lu mi ná rias Ho ney Comb, de Kyou ei Design (Kou i chi Oka mo to). Fa bri ca da em uma úni ca peça pelo tra di ci o nal pro cesso das lan ter nas ori en tais. A desig ner tem car rei ra re cen te e esta lu mi ná ria, lan ça da em 2005, foi ex pos ta pela pri mei ra vez em NY na ICFF

100% DE SIGN TOK YO Parece coerente, nesse mundo globalizado e veloz, que os mesmos conceitos sejam válidos em qualquer lugar do mundo. Usando esta lógica, as feiras internacionais partiram para a auto-exportação, o que torna os recintos oficiais mais ou menos iguais em qualquer lugar do mundo. Na 100% Design não é diferente: quer seja em Tóquio ou Londres – onde nasceu –, o conteúdo é bastante similar, causando certo desalento e uma leve sensação de “déjà vu”


Baba Vacaro

Mei ji Jin gu Gai en, no co ra ção da ci da de, abri gou a 100% De sign e a ex po si ção dos es tu dan tes (aci ma). Seja no sa lão sa té li te de Mi lão, no Desig ners block em Lon dres ou em Tóquio, são eles os res pon sá veis pelo fres cor das idéias. À direita, Design Ti de: a trans for ma ção de ca dei ras co muns em ob je tos de arte usan do fita adesiva es tava por toda a ci da de, anun cian do a design week com um toque de re ady-made

Não causa espanto a homogenia que hoje toma conta

Logo ao chegar, me dou conta que mais que física,

das feiras internacionais e as grandes atrações não co-

trata-se de uma distância de entendimen-

merciais estejam nas mostras paralelas. Como sempre,

to. As informações que nos chegam pare-

coloco toda a esperança nos jovens designers, os estu-

cem sempre um tanto desencontradas: afi-

dantes em particular, e minhas expectativas se confir-

nal, como é possível ser absolutamente zen

mam. Aqui, como também em Milão ou Londres, o fres-

e tão high-tech ao mesmo tempo? Tradição e tec-

cor dos novos produtos está nas mostras paralelas. Tal-

nologia parecem ainda mais incompatíveis quan-

vez alguém diga que isso também é mais do mesmo, no-

do vistas a distância. Por isso é preciso ir a Tóquio. Para

vamente o tal “déjà vu”, mas não. Aqui a sensação é ou-

ver de perto, para que cada incompatibilidade se de-

tra. A sensação é que o mundo ainda não ficou tão peque-

monstre lógica, para que tudo faça sentido. Minima-

no e que a distância faz alguma diferença.

mente, é preciso ir a Tóquio para perceber a falta que

A distância que nos separa do Japão nos faz curiosos.

faz ao mundo algo tão singelo como a delicadeza.

Baba Vacaro

Baba Vacaro

Baba Vacaro

Baba Vacaro

So lu çõ es para o meio am bi ente povoa ram a cida de. Abaixo, à esquerda, as bol sas Lo has lan ça ram cam pa nha de co le ta de re cursos para energias alternati vas, com estampas criadas por mais de cem designers do mundo todo; à direita, móveis desconstruídos em madeira, Daegu Uni versity, Coréia

23 ARC DESIGN


Fotos Baba Vacaro

Du rante a Design Week de Tó quio aconte ce a mai or exi bi ção estu dantil do país, que reúne mais de 600 tra ba lhos de 50 es co las de design e é orga ni za da pela Design Asso cia ti on NPO, com o su por te do Mi nisté rio da Eco no mia. Acima, à es quer da, Lap-seat, do time Unit-sa-shi-su-se-so; à di reita, ca dei ra Obi, em plásti co cor ruga do e aço, design To mo yu ki Kano, da equi pe do Nippon Engi ne e ring Col le ge

A cidade em efervescência e ocidentalização sem fim

Estampadas no gestual discreto, nos templos de uma

pode embotar um olhar mais distraído. O mundo dos

simplicidade tocante ou mesmo por trás dos objetos ves-

jovens globalizados lá, como em outros lugares do

tidos de novos conceitos e submersos na tecnologia de

mundo, exercita suas visões e utopias sem constrangi-

seu design contemporâneo, lá estão elas: a tradição mi-

mento. Garotas de todas as tribos zanzam pelas ruas

lenar e a delicadeza da alma japonesa estão sempre im-

em frenesi, montadas em looks exagerados em modis-

pregnadas em cada produto. Isso faz toda a diferença.

mos. Lá o street wear tem múltiplas personalidades e

“Love: Design & Peace” é o tema ideal para a semana do

realmente nos faz virar pescoço e olhos, afinal só lá se

design que se espalha pela cidade e realmente é um as-

pode encontrar as verdadeiras garotas de Harajuku. Só

sunto perfeito para local e momento. O maior evento de

no Japão arquitetos hipermodernos conseguem exerci-

design do país, que reúne sob a mesma bandeira escolas,

tar suas visões de futuro. Em Tóquio, o antigo e o novo

embaixadas, lojas, instituições, mídia e designers, traz per-

convivem em silenciosa harmonia. Não há traços de

guntas que ecoam por toda a cidade: afinal, do que real-

anacronismo. O berço da tradição abre espaços com

mente você precisa? Qual o papel do design nesse mun-

condescendência e sabedoria.

do de abundância? O tema traz à luz essa reflexão, a bus-

Passa um dia e tudo começa a ficar evidente: não será

ca de novas possibilidades no futuro e no passado. Vive-

esta harmonia o reflexo da plácida consciência, adqui-

se um excesso de consumo e há que se pensar novos ru-

rida com o tempo, de que tudo é, afinal, abstrato e efê-

mos. O design é apenas uma das ferramentas. Um novo

mero? Não será essa mesma consciência de

produto deve ser criado apenas quando necessário e pre-

fragilidade e fugacidade que os faz tão co-

cisa ser recheado de significado e valor. Novos valores

rajosos diante do novo? Vivenciar esses

devem ser gerados a partir de formas existentes, e neles

contrastes e buscar a lógica de seus

as técnicas tradicionais devem ser valorizadas.

vínculos são experiências únicas,

Nada mais adequado a esse mundo paradoxal: o mes-

mas o que realmente enche a alma

mo Japão que tem, há tempos, exagerado no consumo

de esperança é a percepção de que

e mergulhado fundo no uso de cada nova tecnologia é

não há novo que os faça perder a

o lugar em que ainda se arranja tempo e espaço para

essência de sua delicadeza.

observar o florar das cerejeiras. ❉

Acima, cadeira Corolla, em feltro, do estreante Atsuko Hirose, Nippon Engineering College. Na página ao lado, as lindas luminárias de Takehiro Ando, criadas a par tir da justaposição de peças idênticas de feltro cor tadas a laser (detalhe à direita), são apenas uma demonstração de seu uni verso. Ando já trabalhou com cenografia, moda, arte e design e desde 1999 produz mobiliário e luminárias

24 ARC DESIGN



A in te li gên cia e a de li ca de za es tão sem pre presen tes na con cep ção dos pro du tos ja po neses; um bom exemplo é a Shop ping Bag (acima e à direita) de Ma ru me Tote. Em mu i tos paí ses a cons ci ên cia da re du ção do con su mo e da pro du ção de resí du os já é fato: não há sa co las plás ti cas dis po ní veis para com pras e cada um car re ga a sua

26 ARC DESIGN

Acervo ARC DESIGN

So fia La gerk vist, Char lot te Von der Lanc ken, Anna Lind gren, Kat ja Savs trom, as ga ro tas da su e ca Front Design, já dese nha ram para Moooi e Dro og. Em Tó quio, lan çam a se rie Sketch com várias exibições simultâneas pela cidade: um softwa re cap ta o movi men to do dese nho e a in ten si da de do tra ço e os trans for ma em ob je tos tridimensionais (acima) pelo pro cesso de pro to ti pa gem rá pi da


Acervo ARC DESIGN

Acervo ARC DESIGN

A design week abri gou o lan ça men to mun dial da Lu xury Ur ban Tent Col lec ti on, de Mar cel Wan ders para Puma (cartaz acima). Não ape nas um lan ça men to de pro du tos, mas uma nova con cep ção de lifestyle. A pro pos ta com ple ta para os pon tos-de-ven da será lan ça da ain da este ano em N. York e Ams ter dã e es ta rá nas lo jas na pri mave ra de 2007

À esquerda e acima, uma das mais per feitas traduções do design made in Japan: vaso plástico Hope Forever Blossoming, D Bros design (Ryosuke Uehara e Yoshie Watanabe). Os vasos são fabricados por termocolagem em plástico e tomam forma quando cheios d'água. A série completa de produtos dos designers foi lançada na mostra paralela do Spiral Market, no edifício de mesmo nome projetado por Fumihiko Maki, em Omotesando

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DIXON NA MODA

Uma re fe rên cia, duas re lei tu ras. A con vi te da La cos te, o de sig ner in glês Tom Di xon rein ter pre ta a clás si ca ca mi sa pólo da mar ca e che ga a re sul ta dos sur pre en den tes

Winnie Bastian / Fotos Koichiro Matsui A união entre moda e design, tendência sutilmente anunciada no final da década de 1990, se consolidou e vem se intensificando visivelmente. Agora é a vez da Lacoste, tradicional empresa de roupas “esportivas”, que acaba de lançar a Holiday Collector Series, uma linha centrada na reinterpretação do maior clássico da empresa – a camisa pólo – por designers de fora do universo da moda. Para inaugurar essa iniciativa, convidou o designer Tom Dixon, reconhecido internacionalmente pela ousadia de seus projetos, sempre vinculados à inovação formal e produtiva. Para essa iniciativa, Dixon atuou em duas vertentes opostas: a artesanal e a industrial. “Quis explorar duas idéias contrastantes: uma ligada à proveniência e à execução dos materiais utilizados e outra que desafiasse a tecnologia e a funcionalidade dessa peça de roupa”, explica o designer. A primeira proposta é a Eco Polo, feita com algodão orgânico tingido de forma natural, com índigo, nas fábricas Lacoste do Marrocos. Ao contrário de outros processos de tingimento, o índigo não fixa a cor por meio de agentes químicos, mas por um processo de fermentação existente há mais de 7 mil anos e tradicionalmente utilizado em países como

À es quer da, Tech no Polo, ver são em lu rex. Na pá gi na ao lado, a em ba la gem das ca mi sas Tech no Polo e Tech no Polo +: Di xon se uti li za do vá cuo para ex plo rar a for ma da ca mi se ta como ele men to grá fi co



Nigéria, Índia, Marrocos e Vietnã. Após intensa pesquisa, Dixon e a equipe da Lacoste transpuseram esse processo, que até hoje é executado de forma artesanal, para a produção industrial, mantendo, no entanto, a individualidade do produto manual – cada peça tem leves diferenças de coloração. “Em um mundo onde a produção em massa é onipresente, haverá demanda crescente para o pessoal e o único”, acredita Dixon. Para reforçar essa qualidade de “feita à mão”, o designer criou acabamentos mais rústicos para a manga e a bainha, de modo a obter a aparência “danificada” que a peça adquire após anos de uso. Para os mais aficionados, a Lacoste lança a Eco Pólo +, uma série limitada de mil peças, que serão produzidas em parceria com a empresa indiana The Colours Nesta página, imagens relati vas à Eco Polo: acima, a embalagem feita com caixas de ovos recicladas indica o espírito ecologicamente amigá vel da co le ção, que uti li za tingi mento na tu ral (no alto, à di reita), o qual con so me me nos água e não re quer fi xa do res quí mi cos. Abai xo, a Eco Polo + (versão li mita da, com tingi mento ma nual)

of Nature, que será responsável pelo tingimento manual das peças. Para a outra linha, Dixon percorre um caminho bastante diverso deste. Em vez de valorizar o despojamento e os processos naturais, Techno Polo surgiu orientada para a sofisticação e a tecnologia. Ao algodão, são incorporadas fibras de lurex, tramadas segundo um processo de alta tecnologia, também desenvolvido pelo designer em parceria com a Lacoste. Ao longo de sua carreira, Dixon sempre buscou inspiração nas matérias-primas e na pesquisa de novas formas de trabalhá-las. No caso da Techno Polo, o material referência é o metal, que o designer emprega com frequência em suas criações. Na versão de larga escala, o metal aparece no lurex (que leva alumínio em sua composição), enquanto a versão colecionável (Techno Polo +) incorpora fios de aço inox em sua trama. Completando o visual tecnológico, a peça vem embalada a vácuo em um pacote de alumínio. As embalagens, aliás – tanto da Techno Polo quanto da Eco Polo (feita com caixas de ovos recicladas) –, são a “pista” inicial para que os consumidores descubram que aquelas camisas têm a mão de um designer de produto... e de talento. ❉

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Tok Stok 29

14/12/2006

17:33

Page 1

primeira edição do

prêmio Tok&Stok

de Design

universitário

Guardar, conter, organizar, produzir, funcionar. O nosso dia-a-dia se tornou o grande desafio de estudantes de 12 faculdades de desenho industrial da Grande São Paulo que tiveram como objetivo desenvolver produtos com o tema “guardar”. Veja os projetos vencedores.

1º colocado Funtoches Marília Cichini Simões Belas Artes

2º colocado Cesto Centopéia Magda Carlos Borges Mackenzie

3º colocado Volante Sanitário Bruno Manes Patat FAAP

3º colocado On Demand Ivo Lajner Belas Artes

www.tokstok.com.br | 0800 70 10 161


ENTREVISTA:

HELOÍSA CROCCO Artista plástica de formação, a gaúcha Heloísa Crocco atua na fronteira entre a arte e o design. Além de sua produção pessoal, trabalha junto a diversas comunidades de artesãos em

regiões brasileiras, assim como o contato com as culturas nativas sul-americanas, servem de subsídio para suas criações Keila Bis

ARC DESIGN – Como você de fi ni ria os con cei tos que fun da men tam sua criação? HELOÍSA CROCCO – Gosto muito dos conceitos de uma filosofia oriental, a Wabi-Sabi, que ultrapassa a estética e torna-se estilo de vida: a beleza das coisas simples, despojadas, sem pretensão, não-convencionais.

Fabio del Re

AD – Você sem pre tra ba lhou com ma te ri ais pro ve ni en tes da na -

tureza? Que produtos esses materiais geraram? HC – Elegi, como ponto de partida da minha pesquisa, o veio do tronco da árvore e seus anéis de crescimento. De seu corte em topo resultam grafismos, padrões e texturas, que comecei a explorar como desenho. A esta pesquisa dei o nome de Topomorfose. Uma vez desenvolvidos esses desenhos e texturas que a madeira revela, criei uma variedade de matrizes, imprimindo-as em materiais, como louça, tecido e papéis. A partir daí, crio produtos com os quais componho diferentes coleções com ênfase no design de superfície.

Celso Chitolina

AD – Como sur giu a idéia de tra ba lhar ex plo ran do os vei os

32 ARC DESIGN

das ár vo res? HC – A preocupação com o meio ambiente é uma constante na minha vida. É difícil determinar o ponto exato em que começa

Letícia Remião

todo o país. As experiências obtidas em viagens por diversas


Fabio del Re

Aci ma, pai nel em so bras de ma dei ra: He loí sa re a provei ta a par te su pe ri or pon tia gu da das cer cas de ma dei ra, que são cor ta das an tes de se rem ex por ta das para os Esta dos Unidos e, com elas, cria in crí veis pai néis cro má ti cos. Na pá gi na ao lado, He loí sa e os minica rim bos com dese nho de vei os de tron cos de ár vo res, usa dos para im pressão em lou ças, te ci dos e ca der nos

minha pesquisa visual. Uma coisa é certa: o que faço é uma síntese das minhas experiências, nas quais o convívio com a natureza é algo marcante.

profissionais. Juntos, desenvolvemos, entre outras coisas, um trabalho de aproximação entre o design e o artesanato.

AD – Des de quan do você ex plo ra esse ca mi nho e quais os pro du tos que derivaram dessa pesquisa? HC – Em 1985, a convite do arquiteto e artista Zanine, fomos pesquisar na Floresta Amazônica. Foi quando entrei pela primeira vez na floresta e fiquei perplexa com a grandiosidade do lugar e, ao mesmo tempo, com o que o homem vinha fazendo com ele. As árvores formam verdadeiras catedrais e é duro ver como o ser humano, com uma motosserra na mão, em pouquíssimo tempo bota tudo isso no chão. O encontro com a madeira e a incorporação ao trabalho se deram por meio desse impacto doloroso.

AD – Den tre seus tra ba lhos, tal vez os mais co nhe ci dos se jam os quadros em relevos, feitos com aparas de cercas de madeira. Como surgiu essa idéia? HC – O con cei to de base é sem pre o mes mo. Nos pai néis de ma dei ra ex plo ro as tex tu ras, seus vei os, re ve lan do os de se nhos que a na tu re za pro duz numa sé rie de “wall de sign”, aos quais acres cen to ou não no vas co res e de se nhos, usan do re ta lhos de te ci dos.

AD – E o que é o La bo ra tó rio Pi ra ce ma de De sign, uma das ver tentes de seu trabalho? HC – É um núcleo de pesquisa da forma na cultura brasileira. Ele está centralizado em meu ateliê em Porto Alegre (RS), mas tem atividades volantes por todo o Brasil. Somos uma equipe multidisciplinar, com profissionais de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre artistas, designers, fotógrafos e outros

AD – Uma das ver ten tes prin ci pais de seu tra ba lho é a atu a ção

junto a comunidades que desenvolvem atividade artesanal. Você poderia destacar algumas? HC – Pi o nei ra, his to ri ca men te fa lan do, foi uma ofi ci na no Fes ti val de In ver no da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Ouro Pre to, no iní cio da dé ca da de 1990, no qual de sen vol vi um tra ba lho com a pe dra-sa bão. Mais tar de, sur giu a Mão Gaú cha, com apoio do Se brae/RS, que é um case de su ces so, pois tra ba lha toda a ca deia pro du ti va. Com a cri a ção do La bo ra tó rio Pi ra ce ma, pas sa mos a de sen vol ver 33 ARC DESIGN


Fotos Fabio del Re

Aci ma, à es quer da, as que bra dei ras de coco-ba ba çu em To can ti nó po lis, o mais re cen te pro je to do La bo ra tó rio Pi ra ce ma, no qual He loí sa atu ou com as de sig ners Tina Mou ra, Lui Lo Pumo e equi pe. À di rei ta, a ce râ mi ca de Ma ra go gi pi nho, pe que na co mu ni da de olei ra na ilha de Ita pa ri ca, Ba hia, onde He loí sa atu ou com Tina & Lui e José Al ber to Ne mer. No de ta lhe, o in te ri or do ba ba çu pron to para uso em aces só ri os de moda ou ou tros

esse tipo de atuação de forma mais sistemática e com embasamento científico, em diferentes regiões do país, voltada sobretudo para o aperfeiçoamento de designers locais e para a melhoria da produção artesanal dentro de suas origens. Se o nosso maior objetivo é plantar sementes e multiplicar a metodologia de modo a chegar corretamente ao artesão, os melhores exemplos hoje estão em Mato Grosso e no Ceará. Após nossa atuação por lá, os Sebraes dessas regiões tomaram a iniciativa de colocar os jovens profissionais em campo. Os resultados têm sido bons do ponto de vista da metodologia de aproximação entre o design e o artesanato, mas com produtos que devem ser ainda aperfeiçoados.

projetos se parecem, mas, comparados aos projetos desenvolvidos em outros países, o Brasil está apenas começando. As instituições daqui precisam ampliar suas consciências e seus deveres sociais. AD – Em que con sis te, exa ta men te, a te o ria da To po mor fo se? HC – É o nome que dei à pesquisa visual que desenvolvo: as

infinitas formas encontradas no topo da madeira. Um conceito que não se aplica apenas à estética, mas também à sociologia e à antropologia. Para mim, o design não é simplesmente um símbolo de status ou de poder aquisitivo; é um espaço de sonhos, de emoções, de sobrevivência e de filosofia do ser. Atrás de um projeto estético há sempre a busca de um homem novo.

AD – Como e quan do você co me çou a tra ba lhar com co mu ni da -

des de outros países como Colômbia, México e Uruguai? É uma atividade semelhante à que se desenvolve no Brasil? HC – Fui pela primeira vez à Colômbia em 1984. Lá conheci uma experiência pioneira na troca de saberes entre design e artesanato, com o principal objetivo de tirar o homem do campo do cultivo da cocaína. Continua sendo uma experiência exemplar e com resultados maravilhosos, tanto do ponto de vista social quanto estético. Voltei muitas vezes para dar aulas na Universidade de Los Andes, quando pude conhecer melhor as especificidades dessa intervenção. Como intenção inicial, os 34 ARC DESIGN

AD – Quais são os seus pró xi mos pro je tos? O que ain da não fez

e que desejaria fazer? HC – Quanto ao meu trabalho pessoal, estou verificando a possibilidade de fazer uma publicação da Topomorfose, com uma exposição. No que diz respeito ao Piracema, temos pensado em criar centros de experimentação onde seriam pesquisados os mais diferentes materiais e linguagens que vêm da tradição, com mestres de ofício e aprendizes trabalhando juntos. Isto daria para a equipe do Laboratório mais subsídios para os trabalhos de campo que realizamos. ❉


27/11/2006

10:28:45

Contato Visual

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À EXPERIMENTAÇÃO PELO AMOR NÃO AO AMOR DESCARTÁVEL Pen sa men to e ex plo ra ção fo ram os ei xos do works hop de de sign ex pe ri men tal e ins ta la ção “Amor Li qui do”, que teve como tema os vín cu los e como ma te ri al os des car tes in dus tri ais da em pre sa cos mé ti ca Na tu ra e do ca nal Dis co very. A pro pos ta iné di ta era tra ba lhar com re sí du os para se ma ni fes tar con tra os vín cu los des car tá veis

Abaixo, pu fes fei tos a par tir de tam pas de lata; no alto da pá gi na, fi tas VHS des cons tru í das (“me tros e me tros de cul tu ra e na tu re za que não se po dem ou que rem ver”) dão ori gem à mon ta gem que sim bo li za o tema do works hop. Na pá gi na ao lado, no alto, vista par cial da ex po si ção: a ce no gra fia tam bém foi constru í da com ma te rial de des car te; no pé da pá gi na, fras cos de for mas orgâ ni cas de ram vida a me du sas es cul tu rais, que alu diam à mo bi li da de da so li dez à li qui dez em que to dos vi ve mos

Matéria publicada no suplemento m2 do jornal argentino Página/12 Há certos postulados do design que, às vezes, sobretudo para os alheios à disciplina, surpreendem pelo distanciamento da realidade. “Design é cultura de projeto, pensamento prévio à ação, transcender o objeto, pensar com as mãos, multidisciplina... mas refletimos, aprofundamos, investigamos e lemos cada vez menos, não transpassando os compartimentos fechados dentro e fora da disciplina”, provoca Satori, a dupla formada pelo designer argentino Alejandro Sarmiento (veja ARC DESIGN n. 48) e pela jornalista especializada em design Luján Cambariere. Responder a estes paradoxos por meio de novas experiências é um dos objetivos de Satori: unir pensamento e exploração sem especular em um resultado concreto, mas valorizando o processo, propiciando o encontro, o trabalho coletivo, estabelecendo vínculos sem ego. Dessa vez, o meio foi o laboratório de design experimental “Amor Liquido”, que aconteceu durante a mostra “Design Connection”, com alunos de design industrial, gráfico, de imagem e



À direita, car re ga do res de ba las de bei jos tra zi am a idéia ex plí ci ta de in cen ti var ou tros tipos de guer ras. Abaixo, à es quer da, la cres de PVC ter mocon traí vel en vol vi am uma lâm pa da, dan do ori gem a uma lu mi ná ria que re pre sen tava o mun do; no pé da página, um saco de lixo re ves ti do com mi lha res de es pe lhos avi sava: “a vai da de é um lixo”

som, têxtil e de moda. O grande número de inscritos (250) sinaliza a necessidade que os designers sentem de debater, refletir e se encontrar. Ao final, os 50 selecionados – incluindo estudantes do Brasil, do México e da Bolívia – trabalharam intensivamente durante uma semana para produzir a instalação. O evento trouxe à tona uma nova forma de trabalhar, tão necessária para o design, na qual as pessoas e o planeta importam mais do que os objetos.

METAPROJETO Se algo definiu a experiência foi a “não-mecânica”, a liberdade no fazer, no ser e no pensar, a falta de receitas, o fato de permitir a possibilidade de se relacionar, se divertir, experimentar. Assim, a idéia principal foi trabalhar um tema (a fragilidade dos vínculos ou o amor descartável) e um material (os descartes). O sociólogo Zygmunt Bauman, com seu livro “Amor Líquido”, forneceu a base da reflexão. E os descartes cedidos pela Natura completaram a aposta. Por outro lado, o Discovery permitiu documentar o centro de toda a questão: o processo. “Nada neste mundo nos importa mais do que os vínculos. As relações humanas. Mas lamentavelmente elas não escapam à lógica do consumo, das novas tecnologias e do individualismo, a ‘modernidade líquida’ que Bauman documenta há tempo. Nós nos descobrimos, nos apaixonamos, enquanto o celular toca, as mensagens de textos nos bombardeiam, o frenesi do chat nos faz sentir acompanhados e um simples delete 38 ARC DESIGN


A “por ta” que dava acesso ao espaço expositi vo era uma cor tina feita com latas, originalmente embalagens de per fumes, que foi apelidada pelos par ticipantes de “supersino”; as leituras do grupo são as mais variadas, desde que é preciso fazer-se sentir e se di ver tir ao entrar no amor, até se remeter ao animal que carrega o sino e assim guia a manada

nos permite nos desconectarmos. Porque, além disso, nesta lógica, como na de outros produtos, a relação é de consumo imediato e uso sem prejuízos. Primordial e fundamentalmente descartáveis”, resumem Cambariere e Sarmiento. Sua proposta era trabalhar utilizando os resíduos, mas remetendo-se ao fato de que os vínculos são descartáveis e, assim, “transladar a metáfora ao mundo do design possibilita elaborar um novo projeto: projetar um futuro melhor para todos”, arrematam.

SER OU NÃO SER DESCARTÁVEL “Essa foi a questão. Como o preceito moderno é ‘onde há design, há resíduos’, é fundamental questionar o papel da disciplina. Segundo Victor Papanek, em seu livro ‘Design para o Mundo Real’, um designer pode ser muito perigoso, se quiser”, explica Cambariere. “Trabalhar com os descartes significa tomar consciência dos resíduos que manipulamos diariamente, que, apenas pelo fato de descartá-los, já não são mais parte de nossa vida, tornando-se invisíveis. Essa manipulação nos permite reconhecer formas, texturas, encontrando potencial para um novo uso, consumir menos quantidade de energia e, o que é mais importante, gerando mais trabalho para as pessoas”, completa Sarmiento. Reuso, reciclagem, remade. A questão é pensar no grande objeto: o planeta. Por isso, “a energia emocional da criação coletiva, a relação com os sentidos, o divertimento, o equilíbrio entre o sólido e o líquido e o fato de eles serem juízes e parte nesse assunto” foram, segundo os participantes-experimentadores, alguns dos maiores acertos da proposta. ❉ 39 ARC DESIGN


Nas duas pá gi nas, Trans glass, o pri mei ro pro je to de Bo ont je para a sé rie De sign with Cons ci en ce; as pe ças são fei tas com gar ra fas de vi nho e de cer ve ja usa das. “Apro priar-se e trans for mar” são as idéias que nor teiam este tra ba lho, ex pli ca Tord Bo ont je

MUITO ALÉM DO DESIGN Tord Boontje, Hella Jongerius, Design Academy Eindhoven, a Coopa Roca na Rocinha, Rio de Janeiro, as índias Shipobo do Peru, o que teriam em comum? Todos fazem parte de um mesmo projeto: Designing with Conscience

Maria Helena Estrada Trabalho semelhante ao que se faz no Brasil em relação às comunidades artesanais é também realizado em âmbito mundial com o projeto Designing with Conscience. Comunidades artesanais de diversas partes do mundo são assistidas por famosos designers para a criação de produtos que poderão constar com destaque – e qualidade – em qualquer importante ponto-de-venda do mundo. Este talvez seja o diferencial entre o que vem sendo realizado no Brasil e este projeto: o padrão de qualidade física dos objetos, sua capacidade de produção e comercialização. Por iniciativa de uma empresa, a Artecnica, criada em 1987, em Los Angeles, 40 ARC DESIGN



EUA, que também distribui os produtos, a exigência é que o nível dos objetos se equipare aos padrões internacionais. Outro diferencial em relação ao design artesanal brasileiro é que na coleção Designing with Conscience as peças são assinadas pelos designers que as criaram, o que gera um valor agregado ao produto. Os artesãos recebem o crédito de produtores e são regularmente pagos por seu trabalho. Em outros aspectos, os projetos se assemelham, e alguns resultados já podem ser vistos no Brasil, onde acabam de chegar os projetos realizados por Tord Boontje e Emma Woffenden, na Guatemala, e por Hella Jonguerius, no Peru, além de criações de Boontje na coleção Come Rain Come Shine, produzida pela Coopa Roca. São todos produtos distribuídos pela Artecnica, que divide sua produção em duas coleções: as de pequena tiragem, realizadas por artesãos, e as de grande tiragem, produzidas na China. Acima, luminária Come Rain Come Shine: estrutura metálica envolvida por crochê com fios de algodão, organza, seda e flores de tecido; projeto de Tord Boontje, execução das artesãs da Coopa Roca, cooperativa baseada na favela da Rocinha, Rio de Janeiro. Abaixo, os quatro itens da coleção Beads and Pieces, peças em cerâmica negra com aplicação de contas, criadas por Hella Jongerius e executadas por artesãos do Peru

O que nos chamou a atenção, ao tomarmos conhecimento da sistemática de trabalho com as comunidades artesanais, foi o fato de, uma vez encontradas as condições essenciais para o desenvolvimento dos produtos, os artesãos serem treinados até adquirirem a capacidade de realizar as peças já criadas, sem necessidade do auxílio e supervisão do designer. Essa possibilidade acontece graças à parceria com a organização Aid to Artisans, que oferece, aos artesãos das comunidades incluídas no programa, treinamento em áreas como logística e marketing, como aconteceu com a Coopa Roca, em 2004. Uma das provas da eficácia desse sistema de trabalho é o fato de a coleção Beads & Pieces, de Hella Jongerius, já fazer parte da coleção do MoMA, N. York. ❉

Os produtos distribuídos pela Ar tec ni ca são co mer ci a li za dos no Bra sil pela Ovo 42 ARC DESIGN


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November 27, 2006

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Pense na frente

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL

PROFISSÃO DESIGNER: gerando oportunidades No momento em que o design “alonga” seu campo de atuação e passa a ser considerado como um processo que parte do projeto e compreende também o mercado e seus sinais ainda sutis, ARC DESIGN reuniu importantes profissionais para uma discussão em torno da formação dos designers e de seus campos de atuação

Paulo Pepe

Acima, mini-re frigeradores decorados da Brastemp, que ilustraram a conferência de Mario Fioretti, da Multibrás. Abaixo, par te da platéia que lotou o seminário, no auditório da Escola Panamerica de Ar tes

44 ARC DESIGN


Juliana Mariz Um rico debate sobre a profissão do designer aconte-

Melissa; Ricardo Scura, designer do Centro São Paulo

ceu no dia 7 de novembro na Panamericana Escola de

Design; Rodrigo Rodriquez, empresário italiano, vice-

Arte e Design, em São Paulo. O seminário “Profissão

presidente da empresa Flos e presidente do Instituto

Designer: Gerando Oportunidades” reuniu profissio-

Universitário de Design (ISIA), Florença.

nais do mercado que expuseram suas opiniões para

À frente do Centro de Design Paraná, Geraldo Pougy

uma platéia composta por designers, arquitetos, empre-

falou com a precisão de quem luta pelo reconhecimen-

sários e estudantes. A iniciativa de ARC DESIGN de or-

to da profissão há vários anos. Afirmou que o designer

ganizar o seminário dá continuidade ao projeto da re-

hoje não pode con fi ar ape nas nos cur sos uni ver si -

vista de sempre estimular a reflexão sobre a criação

tá ri os para ad qui rir uma boa for ma ção. Para fazer

brasileira e internacional.

com que as empresas incluam o design em seus qua-

O encontro teve a participação de nomes de diferentes

dros, é importante, segundo Pougy, desmistificar a

áreas do design, o que foi fundamental para enrique-

profissão e fazer com que a sociedade entenda qual

cer a discussão: Geraldo Pougy, diretor do Centro de

é a função do designer. “Design é o melhor cami-

Design Paraná; Giorgio Giorgi, professor e consultor

nho para a inovação”, disse.

de design; Lincoln Seragini, diretor-presidente da Sera-

O tema inovação permeou o debate. Lin-

gini Farné; Mário Fioretti, gerente-geral de design da

coln Seragini foi taxativo ao afirmar que a

Multibrás; Paulo Pedó Filho, gerente de marketing da

função do designer é fazer as empresas

Paulo Pepe

Aci ma, ca dei ra FPE, de Ron Arad, ci ta da pelo em presá rio ita lia no Ro dri go Ro dri quez (abai xo), em sua con fe rên cia

45 ARC DESIGN


À esquerda, Parruda, pul veri zador agrícola desenvol vido com a colaboração do Centro Paraná Design, dirigido por Geraldo Pougy. Acima, cor tador de unha criado pela Seragini Farné para a Merheje, patenteado pela Revlon e vendido apenas no mercado exterior

crescerem com lucro. Segundo ele, o departamento de

inovação e da necessidade de os designers serem forma-

marketing das companhias está perdendo a função e

dos visando influenciar as estratégias das empresas.

são os designers que devem – e começam a – ocupar

Profissionais que atuam em importantes empresas bra-

esse espaço. Seragini afirmou que uma empresa só vai

sileiras compuseram a mesa-redonda “O que as empre-

crescer se inovar. Essa inovação deve ser perseguida

sas esperam do designer”, que teve Baba Vacaro como

após pesquisas com o consumidor. Ele completou sua

moderadora. Mário Fioretti, da Multibrás, falou sobre o

explanação apostando nas marcas. “Quem não tem mar-

processo criativo da empresa e fez uma comparação do

ca não tem valor, não tem futuro”, vaticinou.

que se esperava do designer na década de 1980 e hoje.

Rodrigo Rodriquez discordou dessa tese. Sua análise é

“Quando me formei, era necessário saber desenhar, co-

que os jovens estão questionando o poder das marcas.

nhecer materiais e processos de fabricação. Hoje preci-

Segundo Rodriquez, a nova geração vai se recusar a usar

samos observar o comportamento dos consumidores e

produtos com marcas, preferindo algo do seu próprio

construir marcas que tenham valores.” Paulo Pedó Fi-

gosto, “customizado por ele mesmo” e fundamentado em

lho, da Grendene, falou sobre o reposicionamento da

sua cultura. O empresário falou ainda da importância da

marca Melissa e mostrou como a empresa construiu

Fotos Paulo Pepe

Abai xo, a par tir da es quer da, Ge raldo Pougy, di re tor do Centro de Design Pa ra ná; Lincoln Se ra gi ni, di re tor-presidente da Se ra gi ni Far né; os desig ners e pro fesso res Giorgio Giorgi e Cyntia Ma la gu ti

46 ARC DESIGN


Aci ma, tê nis Me lissa Love System, um dos exem plos mos tra dos por Pau lo Pedó Fi lho. À di rei ta, chur ras quei ra Gour met Travel ler, desen vol vi da pela em presa gaú cha Sche er, citada por Ricardo Scura

não apenas um produto, mas um ícone fashion deseja-

designer desenha para os outros. A designer e profes-

do em diversos países. Por fim, Ricardo Scura, do Cen-

sora Cyntia Malaguti moderou esta mesa, “Designer:

tro São Paulo Design, contou sobre seu trabalho de orien-

Formação e Marketing”.

tação às pequenas e médias empresas visando à utiliza-

Vale ainda registrar a participação de Ernesto Harsi, di-

ção do trabalho do designer para seu crescimento.

retor de projetos da Associação dos Designers de Pro-

Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da

duto (ADP), que apresentou os objetivos da instituição.

USP, o designer Giorgio Giorgi abordou a formação dos

Um espaço aberto no seminário para enfatizar a impor-

designers nas universidades, em especial na FAU/USP,

tância para os designers de criarem núcleos de força,

onde leciona. Giorgi ressaltou a importância de contex-

em associações de sua própria categoria. ❉

tualizarmos o termo “design”. “Não podemos colocar

O se mi ná rio foi or ga ni za do pela re vis ta ARC DE SIGN e re a li za do em par ce ria com a Pa na me ri ca na Es co la de Arte e De sign, que ce deu sua sede. Agra de ce mos o apoio do Se nac, do Cen tro São Pau lo De sign, da em pre sa S.C.A., do Sa lão De sign Casa Bra sil 2007, da As so ci a ção dos De sig ners de Pro du to (ADP), do Cen tro de De sign Pa ra ná, do Shop ping D&D e do 2º Con cur so Ar te fac to de De sign

no mesmo escaninho o projeto de um avião da Embraer, de um liquidificador e o dos irmãos Campana”, afirma. Um importante e necessário (embora pareça óbvio) ensinamento que ele dá a seus alunos é que o

Abai xo, a par tir da es quer da, Ma rio Fi o ret ti, ge ren te-ge ral de design da Mul ti brás (Gru po Whirl po ol); Pau lo Pedó Fi lho, ge ren te de mar ke ting da Me lissa (Gren de ne); Ri car do Scu ra, desig ner do Cen tro São Pau lo Design; e a desig ner Baba Va ca ro

47 ARC DESIGN


TOP 21 1º prêmio mercado design

Pela pri mei ra vez no Bra sil um prê mio dis tin gue não ape nas o de sign, mas tam bém seu aces so ao mer ca do, ou seja, a tra je tó ria do pro je to ao mer ca do. Premiar o design brasileiro que “deu certo”, aquele que foi produzido no Brasil, está no mercado e tem qualidade. É essa a intenção de ARC DESIGN ao propor uma premiação da qual participam bons produtos criados a partir de janeiro de 2001. Pen sar e cri ar de sign, hoje, é ir além da sim ples for ma. Qual o mé to do ado ta do para in clu ir na pre mi a ção o mai or nú me ro pos sí vel de pro du tos e de de sig ners que obe de çam aos re qui si tos bá si cos? ARC DE SIGN con vi dou um gru po de pro fis si o nais do de sign e re pre sen tan tes das di ver sas as so ci a çõ es se to ri ais, para su ge rir pro du tos que achas sem ade qua dos à pre mi a ção, pro du tos de re co nhe ci da qua li da de. A par tir des se uni ver so, uma co mis são jul ga do ra se le ci o na rá três con cor ren tes em cada ca te go ria. Na eta pa fi nal, um novo júri se le ci o na rá os gran des ven ce do res. ARC DE SIGN pu bli ca rá to dos os pro du tos se le ci o na dos e o re sul ta do será um pa no ra ma do que exis te de me lhor em nos so mer ca do, com de sign e pro du ção “made in Bra sil”, no século 21. Acompanhe e informe-se no site da revista e nas edições de ARC DESIGN E-NEWS.


categorias

• MOBILIÁRIO

• DESIGN LUMINOTÉCNICO

• ILUMINAÇÃO

• EMBALAGEM

• EQUIPAMENTO DE COZINHA

• JÓIA

• EQUIPAMENTO DE BANHEIRO

• ACESSÓRIO DE MODA

• UTENSÍLIO DOMÉSTICO

• INOVAÇÃO

• DESIGN SUSTENTÁVEL / ECOLÓGICO

• DESIGN EXPORTAÇÃO

• DESIGN DE RAIZ ARTESANAL

• DESTAQUE: PROFISSIONAL

• DESIGN DE INTERIORES: AMBIENTE CORPORATIVO

• DESTAQUE: NOVOS TALENTOS

• DESIGN DE INTERIORES: LOJA

• DESTAQUE: EMPRESA

• DESIGN DE INTERIORES: RESTAURANTE

• DESTAQUE: APOIO AO DESIGN BRASILEIRO

parceiros


Danilo Tanaka

DE SIGN UNIVERSITÁRIO PREMIADO O Mu seu da Casa Bra si lei ra em uma noi te se trans for mou, per deu a si su dez, e era puro en tu si as mo em meio à má gi ca ce no gra fia e à ex ci ta ção dos es tu dan tes na ce ri mô nia de pre mi a ção do con cur so Tok & Stok. O tema des te 1º con cur so era com ple xo: guar dar. Como, onde, por quê, o quê? As criaturas se tornam mutantes e nômades. Como pensar essa realidade? O próximo tema, já anunciado, é o objeto emblemático no design: a cadeira, ou melhor – o sentar Maria Helena Estrada 50 ARC DESIGN


Danilo Tanaka

Aci ma, de ta lhe da ce no gra fia, com mó bi les em es fe ras de papel bran co e ex po si to res co ber tos por cú pu las – con for me os ven ce do res eram anun ci a dos, esta su bia e dei xava o pro je to à mos tra, numa cri a ção do dep to. de apoio téc ni co, de sign e ten dên ci as da Tok & Stok. Na pá gi na ao lado, no alto, visão da mostra a partir do jardim do museu; no pé da pá gi na, Fun to ches, pro je to ven ce dor, de Ma rí lia Ci chi ni Si mõ es, Cen tro Uni ver si tá rio Be las Ar tes, des ti na do a crian ças de 3 a 7 anos, tor na-se um gi gan te que bra-ca be ça

São diversas as premiações para projetos de estudan-

efetivo dos professores, no sentido de “encamparem”

tes que começam a surgir no Brasil. O melhor prêmio,

e de orientarem o desenvolvimento e a apresentação

é claro, é a possibilidade de ver seu projeto produzido

dos projetos. Essa ausência é perceptível em muitos

e comercializado. E é este um dos grandes atrativos do

dos trabalhos, em cada concurso do gênero.

Prêmio Tok & Stok – ser selecionado para fazer parte da

Mas o caminho para o desenvolvimento e a qualidade

maior coleção de produtos brasileiros de design. Con-

do design brasileiro está se tornando mais veloz. A ne-

forme esclareceu Regis Dubrule, presidente da Tok &

cessidade da presença do profissional do design já é

Stok, no ano de sua fundação, em 1977, a empresa não

percebida em quase todas as empresas, desde aquelas

tinha nenhum produto assinado por designers nacio-

que querem apenas melhorar um pouquinho a “cara”

nais. Hoje, 90% das peças com design assinado, comer-

do produto, até às que realmente utilizam o potencial

cializadas pela Tok & Stok, são brasileiras.

do designer na gestão da empresa.

Os concursos se multiplicam, mas existe ainda uma

Marília Cichini Simões, estudante do Centro Universi-

grande defasagem de qualidade entre o material (pran-

tário Belas Artes de São Paulo, recebeu o primeiro

chas ou pré-protótipos) que as comissões julgadoras

prêmio, entre mais de 110 concorrentes e 18 finalis-

recebem, e o que poderiam receber. Qual o motivo?

tas, com Funtoches. “É um produto que se enquadra

Acreditamos que seja indispensável – como foi o caso

perfeitamente ao mercado e à filosofia Tok & Stok de

deste concurso da Tok & Stok – um envolvimento

viver”, avalia Ademir Bueno, gerente de Design, Apoio 51 ARC DESIGN


Aci ma e ao lado, On De mand, gave tei ro em ma dei ra, com ro dí zi os, de Ivo Laj ner, Cen tro Uni ver si tá rio Be las Ar tes, terceiro colocado. Abaixo, à direita, o se gun do colocado, Ces to Cen to péia, de Mag da Car los Borges, Uni ver si da de Pres bi te ria na Mac ken zie, em PVC e po li pro pi le no, adap ta-se ao vo lu me de rou pas co lo ca das em seu in te ri or. No pé da página, empatado no terceiro lugar, Ga bi ne te Mó vel, de Bru no Ma nes Pa tat, Fun da ção Ar man do Álvares Pen te a do, para ba nhei ros com pac tos, ar ma ze na pa pel hi giê ni co, por ta-re vis ta, lixo e ou tros acessó ri os

Técnico e Tendências da empresa.

em toda a capital e

O segundo lugar ficou com Magda Carlos Borges, da

na grande São Paulo.

Universidade Mackenzie, com o Cesto Centopéia. O

O concurso também

projeto foi concebido a partir de materiais reaproveita-

agregou créditos ao

dos, o que valeu a atenção da comissão julgadora.

currículo acadêmico, já que todas

Bruno Manes Patat, da Fundação Armando Álvares

as idéias fizeram parte da disciplina do curso, com

Penteado, e Ivo Lajner, do Centro Universitário Belas

acompanhamento dos professores.

Artes de São Paulo, foram os premiados na terceira

O próximo concurso já foi lançado, e o tema é um

colocação com os projetos Gabinete Móvel e On De-

grande desafio. Será que veremos soluções não-con-

mand, respectivamente.

formistas, propostas experimentais que proporcio-

Nessa primeira edição, o Prêmio Tok & Stok de Design

nem novas atitudes no sentar – século XXI! – e novos

Universitário contemplou a participação dos estudantes

caminhos no design?

de cursos superiores de 12 instituições, reconhecidas

Coragem, designers! Esperamos de vocês tudo isso, e

pelo MEC, localizadas

mais – que os produtos sejam produzíveis e vendáveis. ❉

Co mis são jul ga do ra: Re gis Du bru le, pre si den te da Tok & Stok; Ade mir Bu e no, ge ren te de De sign, Apoio Téc ni co e Ten dên ci as da Tok & Stok; Gui lher me Ben der, de sig ner e pro fes sor; Ma ri ci Vila, ge ren te da As so ci a ção dos De sig ners de Pro du tos (ADP); Ma ria He le na Es tra da, edi to ra da re vis ta ARC DE SIGN. Co or de na ção do pro je to: Auresnede Pires Stephan (Pro fes sor Eddy) 52 ARC DESIGN


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DE CONCURSOS E CRITÉRIOS A Abiplast e o Centro São Paulo Design premiam, pelo segundo ano consecutivo, o plástico e seu uso “politicamente correto”. Cresce o número de concorrentes, melhora a qualidade de projetos e produtos. O que estará faltando para nos tornarmos competitivos no mercado internacional?

Maria Helena Estrada Nos concursos, são frequentes os projetos que deveriam ser realizados em plástico, mas são apresentados em madeira, porque a indústria promotora era do setor, ou vice-versa. Assim, a adequação do objeto ao material escolhido para produzi-lo foi uma das primeiras exigências do júri ao selecionar os concorrentes. Dito em outras palavras, o imperativo do uso adequado do plástico foi um fator determinante para a escolha dos produtos vencedores. A inovação tecnológica, condição necessária

Nesta página, pas ta Ma gic Fol der, prê mio único na ca te go ria Es tu dan te. Ino va ção, fun ci o na li da de, es té ti ca e in te li gên cia cons tru ti va são os atri bu tos des sa peça em po li pro pi le no cor ta do e vin ca do: vai do for ma to A4 ao A3 com um sim ples ges to; design Pau lo Gus ta vo Ita li a ni. No alto da página ao lado, men ção hon ro sa na ca te go ria Pro fis si o nal, os po tes or ga ni za do res em pi lhá veis Tot, de Gér tri Bo di ni: novo de se nho e qua li da de pro du ti va, re a li za dos em in je ção de po li pro pi le no e acrí li co


e indispensável em produtos formal ou funcionalmente

segurança, facilidade de uso, funcionalidade, acesso uni-

inovadores, também é condição essencial para julgar a

versal; sustentabilidade, envolvendo redução de recur-

qualidade da proposta.

sos, extensão da vida útil, eficiência energética na pro-

Além desses, os “serviços” prestados pelo produto, nos

dução e uso reparo/reutilização, e destinação final; po-

quais se incluem a funcionalidade, a responsabilidade

tencial exportador ou de substituição de exportações.

social e o compromisso ambiental são requisitos não

Acrescentando a esses critérios o de potencial de co-

apenas dos produtos em plástico, mas de qualquer ou-

mercialização, acho que temos aqui um esboço de regu-

tro que passe a povoar nosso universo.

lamento ideal para qualquer concurso de design que já

A Abiplast e o Centro São Paulo Design sinalizaram es-

exista ou venha a ser criado. ❉ O júri do Prêmio Abiplast 2006 foi composto por Alessandro Ventura, Ana Prata Girão, Auresnede Stephan (prof. Eddy), Edson Danta, Fausto Longo, Fernando Jaeger, Lars Diederichsen, Maria Helena Estrada, Ricardo Scura, Susana Serrão e Teresa Gouvêa

ses requisitos ao enumerar os critérios de avaliação: inovação em design; estética; uso inteligente do material; benefícios ao usuário, incluindo desempenho, conforto,

Abaixo, à esquerda, 2º lugar na ca te go ria Pro fissi o nal, lava do ra Be líssi ma, pro je to Chel les & Ha yas hi Design: em ter mo plásti co injetado, apresenta so lu ção de bai xo custo. Na sequência, men ção hon ro sa na ca te go ria Pro fissi o nal, garrafa Flow Wa ter, design Cau du ro Mar ti no: em ba la gem – cara – que ressal ta a ex ce lên cia do pro du to, criada “a par tir de uma se quên cia de cír cu los de di â me tros va ri á veis, des lo ca dos do eixo da base”; em PET, é fa bri ca da em duas eta pas: in je ção de resi na e so pro com esti ra mento. À direita, ven ce dor na ca te go ria Pro fissi o nal, tor nei ra Blanc, design Heitor Éc ke li, em plás ti co injetado, tem como pre missa a cria ção de um pro du to de cus to re du zi do com va lo res agre ga dos de design e qua li da de


RON ARAD, ARQUITETO Ron Arad tem alma incansável de desbravador de novos mundos. Seu tema é a inovação, explorando sempre possíveis materiais e tecnologias. As formas muitas vezes se repetem – e é neste ponto que ele antecipa a compreensão do design contemporâneo, onde inovação não é sinônimo apenas de uma nova forma, mas de outra perspectiva e olhar sobre o objeto

56 ARC DESIGN


Da Redação A partir de grandes peças soldadas por ele mesmo em um galpão em Londres, nos anos 1980, Ron Arad percorreu no design todas as possibilidades do aço. Quem não se lembra das grandes poltronas com soldas aparentes, e da Well Tempered Chair, em aço temperado? Numa segunda etapa, sem modificar radicalmente seu traço, ou à tipologia à qual se dedica – a cadeira –, Arad começa a experimentar com o plástico, até chegar às diversas resinas e ao Corian, dando a este material recursos ainda não explorados. Agora, mais uma vez, o designer diversifica: seu constante exercício de experimentação se desloca para a arquitetura, de prédios e de interiores. O Hotel Duomo, 4 estrelas, no centro antigo de Rimini, cidade litorânea do Adriático, é o primeiro projeto integral para um hotel, realizado por Arad: da fachada à personalidade, em pequenos e grandes detalhes. A intervenção

Par ci al men te re ves ti da em bron ze, a nova fa cha da do Ho tel Du o mo (no pé da pá gi na ao lado) se des ta ca em meio a ou tros edi fí ci os sem agre dir o en tor no. A “pele” de bron ze se es ten de da fa cha da até o res tau ran te (abai xo), onde re ves te pa re des, for ro e a ban ca da cen tral, com seus ni chos. Aci ma, des ta que para as cur vas “ara di a nas” da ban ca da, no cro qui do ar qui te to. No alto da pá gi na ao lado, o gran de anel em aço inox po li do abri ga a re cep ção, pon to fo cal do pro je to



Ao lado, vis ta par cial do ba nhei ro de um dos quar tos; embaixo, de ta lhe mos tra o ban co do res tau ran te, que fi na li za o per cur so da fa cha da no in te ri or do edi fí cio. Na pá gi na ao lado, vis ta da en tra da prin ci pal: ao cru zar as por tas que re me tem ao jogo pin ball, o hós pe de já vi sua li za o bal cão da re cep ção

de Arad no Hotel Puerta América, de Madri, foi o que despertou a atenção do proprietário desse antigo hotel do centro velho de Rimini. “O design de Arad representa uma nova forma de usar e organizar o espaço de um modo altamente provocativo e criativo”, comenta Pierpaolo Bernardi, proprietário do hotel. A fachada, sem recuo, em meio a outras construções de época, foi revestida com uma nova pele, em bronze, que alcança o interior e se transforma na parede de fundo do bar, espichando-se em curvas “aradianas” até formar um banco – gesto que une exterior e interior, fazendo com que os espaços do hotel simulem uma extensão natural da rua. Grandes portas de aço inox, que lembram as pás rebatedoras do jogo pinball, demarcam a entrada e emolduram a vista do balcão de recepção, ponto focal do projeto. Um enorme anel em aço inox polido, que parece desafiar a gravidade, abriga a recepção. Com seu interior pintado em vermelho, nas partes vazadas, e uma iluminação fluorescente, o grande módulo torna-se ainda mais espetacular – e destinado a se tornar um ponto de referência na pacata Rimini. Anexos à recepção, outras variações em torno das curvas formam o teatral bar NoMi, com áreas para restaurante e bar. Na parte central, uma enorme mesa comum, em forma de “U”, com reentrâncias que funcionam como nichos – ou fiordes, nas palavras de Arad –, tem tampos em bronze, com as laterais em aço polido. Grossas colunas, também em aço espelhado, completam o ambiente. Quartos e banheiros remetem à primeira incursão de Arad no planejamento de interiores, quando expôs na mostra institucional Grand Hotel Salone – realizada em 2003 durante o Salão do Móvel – seu conceito de integração, com módulos moldados em Corian. ❉ 59 ARC DESIGN


MAGIS COMPANY HEADQUARTERS – TREVISO, ITÁLIA A Ma gis, em presa es pe cia li za da em mo bi li á rio de alta tec no lo gia em plás ti co, en co men dou o pro je to de sua nova sede a Ron Arad, um dos desig ners de seu time de cria do res. Co e ren te com sua fi lo so fia em pre sa ri al, a nova sede é to tal men te ino va do ra. O ar quite to pro je tou insta la çõ es que in clu em de pó sito, es critó ri os, show-room, estú di os de design, sala de reu ni õ es e insta la çõ es para os funcionários. Como o programa exigia um enorme depósito, cujo tamanho do mi na ria todo o com ple xo, a so lu ção foi criar um cluster de pe que nos edi fí ci os co nec ta dos entre si, for man do um pá tio central e liga dos ao

de pó si to gi gan te por meio de uma pon te cô ni ca. A fa cha da desses edi fí ci os é opa ca em re la ção à pe ri fe ria e trans pa ren te nas par tes que se vol tam para o cen tro. Como é um pro je to de cus to re la ti va men te bai xo, os edi fí ci os são for ma dos pela re pe ti ção de uma viga “L” com for mas es cul tu rais. O di na mis mo do pro je to é ob ti do pela va ria ção do ân gu lo de co lo ca ção das vi gas. Cada um dos edi fí ci os é bai xo no lado es trei to da for ma afu ni la da e o pé-di rei to au men ta em di re ção ao lado mai or. Dessa for ma, os blo cos se en con tram na so bre po si ção dos te lha dos, e a par te bai xa de um edi fí cio pe ne tra no lado alto do pró xi mo.


NATIONAL DESIGN MUSEUM – HOLON, ISRAEL A idéia da mu ni ci pa lida de de Ho lon era a de criar o pri mei ro mu seu de design de Is rael, com uma ar quite tu ra que ti vesse um im pac to ca paz de pro mover o design de Is rael, não só no país, como no ex te ri or. Orga ni za do se gun do o con ceito de mu seu vivo, seu obje ti vo não será ape nas o de co le ci o nar pe ças, mas de se tor nar uma pla ta for ma para ex po si çõ es e para a re fle xão so bre o design de Is rael em con fronto com o design inter na ci o nal. A ex plo ra ção da ten são en tre uma dis tri bu i ção in ter na efi ci en te, com es pa ços em for ma de pa ra le le pí pe do, e as cur vas di nâ mi cas do en ve lo pe ex ter no, foi o con cei to nor te a dor do pro je to. O ele men to-chave

do edi fí cio é um con jun to for ma do por cin co fai xas de aço cor ten, que en vol ve a cons tru ção e per meia tam bém os es pa ços in ter nos. Es sas fai xas en vol vem a mai or par te do ex te ri or do mu seu (com ex ce ção da fa cha da sul); no in te ri or, às ve zes cir cun dam os es pa ços e, ou tras ve zes, li te ral men te os de fi nem. “As fai xas de aço cor ten atuam como uma es pi nha para o edi fí cio, su por tan do-o es tru tu ral men te e di tan do sua pos tu ra em re la ção ao en tor no”, ex pli ca Arad. A cons tru ção do mu seu teve iní cio em agos to de 2006. O edi fí cio deve ser aber to ao pú bli co no fi nal de 2008.


Aci ma, Ven tu ra Cor po ra te To wers, pro je to do es cri tó rio de ar qui te tu ra Afla lo e Gas pe ri ni e Khon Pe de resen Fox Asso cia tes, re ce beu a cer ti fi ca ção norte-ame ri ca na LEED que, dentre ou tros pa râ me tros, ana li sa a existên cia de reser va tó rio para re ten ção de água da chu va e a uti li za ção de co ber tu ras que im pe dem a ab sor ção de ca lor

SUS TEN TA BI LI DA DE NA PRÁTICA Conceitos, ferramentas, metodologias, técnicas, cases de sucesso... Informações técnicas atuais sobre a sustentabilidade no universo da arquitetura e da construção civil foram o foco do 5º Encontro Regional organizado pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA)

Da Redação

62 ARC DESIGN

Obra sustentável não é mais cara. Este foi o primeiro

dras pode, hoje, ser considerada um crime, mas nunca

mito esclarecido durante o encontro. Prova dessa afir-

foi refeita e sobreviveu a um sem-número de terremo-

mação é o projeto de duas torres de apartamentos apre-

tos e ataques”, argumenta.

sentado por Giorgio Vanossi. Entre outros fatores ecoló-

A redução de energia graças ao desenvolvimento de

gicos, o condomínio emprega o sistema de reuso de

tecnologias adequadas foi o tema do arquiteto Guinter

água, que “representou apenas 1% a mais no custo total

Parschalk, que mostrou produtos do laboratório aus-

da obra e, agora, gera economia real”, revela Vanossi.

tríaco de design Bartenchbach L’chtLabor, como as

O professor Geraldo Serra, doutor em Estruturas Am-

persianas que amplificam o uso da luz natural, redirecio-

bientais Urbanas pela USP, exemplificou sua tese de

nando-a para o teto, onde é refletida para todo o ambiente.

que durabilidade gera sustentabilidade. “A construção

O arquiteto Márcio Porto revelou como é possível evitar

da Igreja de Santa Sofia, na Turquia, com o uso de pe-

incidência direta da luz com o projeto da nova sede da


Aci ma e abai xo, pro je to da nova sede da Pe tro bras em Vi tó ria-ES, de sen vol vi do pelo es cri tó rio de ar qui te tu ra Si donio Por to, com so lu çõ es que evi tam in ci dên cia di re ta da luz so lar, como jar dins sus pen sos, que bra-sóis, e som bre a men to cons tan te das fa cha das, além do en ca mi nha men to dos ven tos atu an tes Imagens Sidonio Porto Arquitetos Associados

63 ARC DESIGN


Clarissa Turra

Bartenbach

Aci ma, à es quer da, per sia nas desen vol vi das pelo la bo ra tó rio de design aus trí a co “Bar tench bach L’chtLa bor”, que re di re ci o nam a luz para o teto, onde so fre re fle xão e passa a ilu mi nar o am bi ente de ma nei ra in di re ta, mi ni mi zan do o con su mo de energia elé tri ca e o acú mu lo de carga tér mi ca no in te ri or dos am bi en tes. Na sequência, ima gens do piso dre nan te com pos to de fi bra de coco, ci men to e pe dra; por ser mu i to po ro so, ab sor ve fa cil men te a água da chu va aju dan do a evi tar ala ga men tos e ex cesso de im per me a bi li za ção das cal ça das

64 ARC DESIGN

Petrobras, em Vitória, a qual tem sombreamento cons-

A arquiteta Vanessa Gomes, que integra a diretoria da

tante das fachadas graças a jardins suspensos e quebra-

International Initiative for Sustainable Building Envi-

sóis, além do encaminhamento dos ventos atuantes.

ronment (iiSBE), falou sobre as certificações de de-

Problemas de alagamento, questão crucial, foi abordada

sempenho ambiental de alguns países e sobre os sis-

pelo arquiteto e paisagista Benedito Abbud, que apre-

temas de avaliação ambiental disponíveis. Um dos

sentou sua proposta de pisos drenantes nas calçadas.

principais resultados do encontro foi, na verdade, o

Compostas por fibra de coco, cimento e pedras, essas

comprometimento da AsBEA em contribuir para a cria-

placas porosas absorveriam com eficiência a água da

ção de modelos de certificação. “Esses modelos defi-

chuva, eliminando a necessidade de “piscinões” ou ou-

nem quais as características necessárias para qualifi-

tras soluções caras.

car uma construção como sustentável ou não”, expli-

O projeto do Ventura Corporate Towers foi apresentado

ca Paulo Lisboa, vice-presidente de planejamento da

pela arquiteta Milene Sabbag Abla, do escritório Aflalo e

associação e coordenador do evento. Outro compro-

Gasperini: duas torres comerciais que receberam a cer-

misso assumido foi também o de apoiar a formação de

tificação prata Green Building Ratio System, instituída

um “Green Building” brasileiro, com a função de pro-

pelo Leadership in Energy and Environmental Design

mover ações focadas na sustentabilidade no universo

(LEED), importante entidade norte-americana.

da arquitetura e da construção. ❉



O NOVO PEN SA MEN TO DO DE SIGN LI DE RAN DO A INO VA ÇÃO Lincoln Seragini Uma nova profissão está surgindo no mundo: a que

em sistemas de análise/controle e melhorias contínuas

une o design com os negócios, criando outra aborda-

se esgotaram, afirmaram os CEOs presentes no Fó-

gem em relação à gestão da inovação nas empresas.

rum. As empresas não encontram mais respostas

Esse conceito teve o seu grande anúncio no último

para seus problemas de crescimento lucrativo apenas

Fó rum Eco nô mi co Mun di al 2006 (Da vos), cujo tema

nessas técnicas (Planejamento Estratégico com visão

central foi “O Im pe ra ti vo Cri a ti vo”. Nada menos do

interna, ERP, CRM, TQM e outros sistemas orientados

que 22 sessões foram apresentadas sob a égide “Cri a -

para a rentabilidade e qualidade em si). A segunda res-

ti vi da de, Ino va ção & Es tra té gias de De sign”, não

posta está na crença crescente de que o Pensamento

deixando mais dúvidas de que o design e a inovação

de Design é o novo modelo de gestão capaz de enfren-

chegaram ao topo das preocupações empresariais.

tar os desafios e a complexidade do mundo atual, não

A pergunta que cabe fazer é: por que o design chegou

só no âmbito dos negócios como também nos temas

tão alto nesse Fórum, que agrupa as maiores lideranças

públicos, como saúde, habitação, educação, lazer e

empresariais e a vanguarda do pensamento mundial?

tantos outros problemas de ordem social.

Duas respostas pelo menos foram dadas no evento: a

Quais as implicações dessa constatação? Primeiro, em

primeira é que os modelos atuais de gestão baseados

nível gerencial e organizacional, o design deverá assumir

Abaixo, à esquerda, triciclo Tico-Tico, para Brinquedos Bandeirante, um dos primeiros modelos em plástico, sucesso de vendas da empresa. À direita, fil tro de barro, cujo desenho permite per feito en cai xe na base de plásti co e com nova tec no lo gia que au menta o grau de pu reza da água para 90%

66 ARC DESIGN


um papel mais relevante na gestão, tanto hierárquica

as marcas. Assim, a experiência da marca se tornou um

como funcionalmente. A visão que o design oferece em

todo, by de sign, incluindo qualquer ponto de contato

todo o processo de inovação – desde descobrir o que os

com o consumidor. O design predomina porque é atra-

consumidores não sabem ainda que querem até a via-

vés dele que se cria e se materializam as experiências.

bilização da implementação dos projetos – começa a ser

Conforme afirma Bruce Nussbaum, editor de design da

imprescindível como estratégia. Segundo, no ensino e

revista Business Week, o paradigma da gestão global

formação profissional: o executivo deverá aprender

está mudando do lado esquerdo do cérebro (racional)

gestão de design como o designer deverá aprender ges-

para o direito (criativo) e o novo mantra da administração

tão de negócios. Deve-se investir cada vez mais no de-

é a inovação rompedora, por meio do “cre a ti ve de sign

senvolvimento das Estratégias & Pensamento de Design,

thinking”. Ele está substituindo o velho “business value

revisando os currículos das escolas, para enfatizar

proposition” da melhoria contínua.

mais “criação” e menos “administração”, e ensinar às

As empresas de ponta estão se tornando o que se

pessoas os fundamentos do design e da inovação.

chama “design centric companies”. Procter & Gamble

O design está evoluindo para um novo campo – de sign

/ Gillette (a maior empresa de produtos de consumo

in no va ti on, o design das experiências do consumidor:

do mundo), Apple, Samsung, Nokia, IKEA, Amazon,

informação, interação, produtos, ambientes e serviços

BMW, Johnson&Johnson, entre outras. E, no Brasil,

que requerem cada vez mais inovação. Foi o conceito da

Natura, Brastemp, Nestlé, O Boticário, Gradiente e Em-

ex pe ri ên cia da mar ca que abriu as portas para este

braer são algumas das empresas que estão colocando

novo pensamento de design. As experiências do consu-

o design nesse nível. Não há dúvidas que o design está

midor em relação à marca vão além dos produtos e ser-

chegando ao topo, e cada vez mais empresas seguirão

viços que a empresa oferece. Ela mora no coração das

esses líderes. ❉

percepções do consumidor, com experiências positivas, sensações e emoções baseadas em sua interação com

Lincoln Seragini – Seragini/Farné – Design de Idéias / Marca / Inovação

Abai xo, à es quer da, re design da mar ca Amor aos Pe da ços, in clu in do lo go ti po, ar qui te tu ra, em ba la gem, equi pa men to, ilu mi na ção e fro ta, en tre ou tros itens. À direita, pri mei ra má qui na de cos tu ra Sin ger com design desen vol vi do no Bra sil, res pon sá vel por criar uma iden ti da de para a mar ca

67 ARC DESIGN


Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN nº 51, dezembro 2006

Apoio:

Diretora Editora Maria Helena Estrada Diretor de Marketing Cristiano S. Barata Diretora de Arte Fernanda Sarmento

Apoio Institucional:

REDAÇÃO Editora Geral Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico Fernanda Sarmento Chefe de Redação Winnie Bastian Redatora Keila Bis Revisora Jô A. Santucci

ARC DESIGN – endereço para correspondência Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 São Paulo – SP Telefones Tronco-chave: (11) 6808-6000 Fax: (11) 6808-6026

ARTE Designers Ana Beatriz Avolio Betina Hakim

E-mails Administração administracao@arcdesign.com.br

Estagiário Danilo Costabile

Assinaturas assinatura@arcdesign.com.br

Participaram desta edição Baba Vacaro Juliana Mariz Luis Calazans Luz Nelson Aguilar

Direção de Arte arte@arcdesign.com.br

Marketing Ana Thereza Gil, Guilherme Vilela

Marketing mkt@arcdesign.com.br

Circulação e Assinaturas Lúcia Martins Pereira, Silvia Rosa Silva

Publicidade comercial@arcdesign.com.br

Conselho Consultivo Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de ARC DESIGN para assuntos internacionais Pré-impressão Cantadori Artes Gráficas Ltda. Impressão Prol

Editora editora@arcdesign.com.br

Redação redacao@arcdesign.com.br

Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito.

Papel: Suzano Papel capa: Couché Suzano Matte 230g/m2 miolo: Couché Suzano Silk L2 130g/m2

Cromos e demais materiais recebidos para publicação, sem solicitação prévia de ARC DESIGN, não serão devolvidos.

Distribuição nacional Fernando Chinaglia Distribuidora S/A

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21/07/2005

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Ágil. Instigante. Informativo. Opinativo.

JUM NAKAO É DESTAQUE NO SÃO PAULO FASHION WEEK Na passarela, a cor branca sobressaia nos corpos cobertos

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por um colante preto. As “paper dolls” – produzidas com maquiagem carregada e peruca estilo Playmobil – exibiam

DESIGN E-news, informativo eletrônico com

peças elaboradas, inspiradas em trajes do fim do século 19: vestidos perfeccionistas, saias de construção volumétrica e blusas com mangas bufantes – modelagens confeccionadas

notícias indispensáveis de todo o mundo

com quase uma tonelada de papel vegetal e “costuradas” com fita crepe. Para o efeito admirável da estamparia, das

sobre design, arquitetura, moda, cultura

rendas e dos babados, utilizou-se a tecnologia dos cortes a laser. Um trabalho de excelência, aniquilado ferozmente pe-

material, exposições e matérias especiais.

las 15 modelos no término do desfile. Valendo-se da arte conceitual, a pretensão do autor foi atingida. A coleção “Desejos” ignorou o aspecto comercial e provocou reflexões importantes acerca do universo da moda. “O que eu queria era exatamente isto: levar emoção, fazer as pessoas

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pensarem, entenderem que a moda é transitória. Quis abordar ainda a questão do inatingível; as roupas rasgadas representam a inevitabilidade da perda, geram a falta, criam

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o vazio”, argumenta o criador, Jum Nakao. Veja matéria completa no site

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LOUCOS POR DESIGN A simplicidade da forma ou a força das criações autorais? Alexandre Herchcovitch, nosso entrevistado desta edição, escolhe ficar com os dois. O estilista paulistano, mundialmente famoso por seu trabalho cheio de personalidade, tem grande admiração pelos objetos de design anônimo. A aparente contradição se resolve quando Herchcovitch revela que o motivo da escolha é a inovação por trás desses objetos... Da Redação / Fotos Nelson Aguilar

ARC DESIGN – Quan do e com qual ob je to sua aten ção foi des -

Ah – A simplicidade da idéia para responder a um problema

per ta da para o de sign?

complexo. Escolhi um clipe, um abridor de garrafa/lata, um par de hashis (chopsticks) e um alfinete de segurança.

AlExANDRE hERChCovItCh – Quando, não me lembro, mas o

que realmente me chama atenção são as coisas simples, que nem sempre as pessoas param para ver o que está por trás, o pensamento que antecedeu a criação de tal objeto. Uma simples régua, um escorredor/peneira para lavar arroz, um grampeador... Objetos assim me chamam atenção até hoje. ARC DESIGN – A que você dá mais aten ção: à for ma, ao ma te ri al de que o ob je to é fei to ou à uti li da de? Ah – Ao conjunto. É impossível separar material da forma, forma da utilidade e assim por diante... design é tudo junto.

ARC DESIGN – O que motivou sua escolha das peças aqui publicadas?

ARC DESIGN – Qual de sig ner bra si lei ro você ci ta ria como des ta -

que? Por quê? Ah – Sergio Rodrigues. Suas criações, além de intrigantes, têm muito humor, a meu ver. ARC DESIGN – E quan to aos de sig ners in ter na ci o nais, há al gum que você admire mais? Por quê? Ah – Ettore Sottsass, entre muitos, pois criou um estilo inconfundível. Num mar de criações sem personalidade, quem consegue criar algo que pode ser facilmente reconhecível merece ser citado para sempre.

A essen cia lida de da fun ção nas três pe ças anô ni mas: al fi ne te, clipe e abridor de la tas. A es co lha mostra o olhar do desig ner Ale xan dre Herch covitch, do ri gor for mal à fan ta sia de suas inú me ras cria çõ es

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