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Aromas e Sabores
de tradição Delícias carregadas
UMA DAS MELHORES COISAS QUE DEVEMOS CONHECER em um lugar é sua maneira de preparar alimentos e os ingredientes de seus pratos. A matéria prima de pratos típicos revela um conhecimento primordial de experimentos, tentativas, erros e acertos. São misturas de coletas na mata e no mar que deram origem a variados pratos, que vão desde os gostosos aos pratos mais exóticos. Em Cananeia isso não é diferente. Aqui, encontramos muitos ingredientes combinado e uma química maravilhosa. Vamos mostrar algumas para que quando você vier aqui não esquecer de saboreá-las!
A banana Todo o Litoral Sul do Estado de São Paulo foi e ainda é um grande polo de produção da banana. Grandes fortunas foram feitas por meio desse cultivo. Tais frutas eram exportadas para a Europa e os Estados Unidos, via porto de Santos. Ao caminharmos nessa região, avistamos várias plantações. Dessa forma, a banana é um dos ingredientes fundamentais da culinária caiçara. Ela pode ser servida crua, frita, assada, cozida, utilizada em pratos salgados e na fabricação de doces. A criatividade é infinita no uso dessa deliciosa fruta e em Cananéia podemos experimentar o patê de banana! Sim, patê de banana. Para o preparo do patê, é usada a banana verde, que ainda não está tão doce e com bolachas e torradas, fica uma delícia. Além do patê, a quantidade de doces feita revela a importância para a economia local dessa fruta amada por todos.
A cataia Muito utilizada como planta medicinal pelas caiçaras, hoje é ingrediente da bebida denominada como cachaça caiçara ou uísque caiçara. O uso da cataia na cachaça começou há mais de 35 anos por iniciativa do produtor Selmo Bernardo. A bebida foi tão bem aceita que é conhecidíssima em todo o litoral norte do Paraná e no Vale do Ribeira. Selmo ainda adiciona, em outra versão, o mel, que confere um sabor adocicado à bebida.
A pitanga Fruta brasileira, nativa da Mata Atlântica, de sabor exótico, a pitanga é muito utilizada pelas caiçaras “in natura”, em doces, licores e tortas. Sua árvore, a pitangueira, está na maioria dos quintais, pois sua reprodução espontânea a torna muito comum.
O palmito O Litoral Sul do estado de São Paulo é rico em palmeiras como a do palmito-juçara. Com o passar dos séculos, o extrativismo do palmito-juçara fez sua produção diminuir radicalmente, devido à morte da palmeira quando da retirada de seu “miolo”. Hoje, a produção de palmito voltou-se ao originário da Amazônia, o palmito-pupunha. Dessa forma, encontramos quem o utilize em receitas que se tornaram famosas em Cananéia como a Torta de Palmito da Suzete. Produtora rural, Suzete prepara seus quitutes com ingredientes oriundos de seu sítio onde florescem os palmiteiros.
A cana-de-açucar Desde o início da colonização, a cana-de-açúcar foi intensamente explorada nas cidades litorâneas brasileiras. Trazida pelos portugueses da Ilha da Madeira, seu cultivo se tornou, nos séculos XVI e XVII, o grande produto de exportação da colônia. Engenhos espalharam-se na costa e índios foram escravizados como mão de obra. Mais tarde africanos viraram a força motriz desse ciclo econômico. Portanto, a cana-de-açúcar é também um ingrediente fundamental na culinária caiçara, tanto no fabrico do açúcar, que é utilizado em doces, como na produção da cachaça. Porém, outro elemento encontrado fartamente nessas cidades é a garapa. Fortificante natural que fez um casamento perfeito com o pastel. Nada mais clássico que comer um pastel de palmito acompanhado de uma garapa. Depois do almoço, que tal experimentar uma cachaça com jabuticaba ou capitiú? Quando o assunto é cachaça, frutas imersas no líquido dão o toque da diversidade da bebida brasileira mais famosa no mundo.
Ostras de Cananeia As comunidades de Mandira, Ilha da Casca, Itapitangui e Retiro, após pesquisas e introdução do cultivo da ostra pelo Instituto de Pesca, vem produzindo ostras de excelente qualidade, já conhecidas dos grandes chefs e dos seus apreciadores. O sistema utilizado, denominado tabuleiro, consiste em estruturas em cima de mesas fixas no encontro da água com a areia. As ostras cultivadas são então levadas à cooperativa, onde são selecionadas e distribuídas ao mercado consumidor. Esse tipo de projeto ensinou aos produtores o manejo sustentável da produção e contribuiu de maneira significativa para a renda familiar dos participantes. São cultivadas, em média, 250 mil dúzias anuais. As ostras são conhecidas como ostras de mangue. Essas ostras, como o nome já diz, crescem no mangue agarradas às raízes das árvores, sempre inundadas. São retiradas quando chegam a oito centímetros, entre um período de 12 a 18 meses. Grande parte é vendida para São Paulo, Rio de Janeiro e Santos.
A mandioca Proveniente do conhecimento transmitido pelos indígenas, em certa medida foi a salvação dos colonizadores privados do trigo, base para o pão. Com a farinha de mandioca podiam fazer muitos pratos, dentre eles, o pirão de peixe, alimento substancioso e rico em vitaminas e proteínas. Com a banana, a farofa era certamente um dos quitutes mais saborosos e, ao ser frita, se torna um petisco imperdível. A farinha de mandioca era a base de carboidratos dos caiçaras. Até hoje é um ingrediente dos mais utilizados na culinária brasileira. Ainda é possível conhecermos a Casa de Farinha, como a da comunidade do Mandira. A Casa de Farinha funcionava quase que como uma instituição comunitária, onde as mulheres se reuniam, cantavam e produziam o valoroso alimento.
Rizicultura Depois do Ciclo do Ouro e da construção naval, a região de Cananéia teve parte importante na produção de arroz. A rizicultura, hoje em declínio, ainda tem forte apelo na agricultura das comunidades tradicionais.
Feira do Agricultor Familiar de Cananeia
Muitas dessas delícias escritas acima podem ser encontradas na Feira do Agricultor Familiar de Cananéia. Essa feira é uma iniciativa dos produtores rurais, a fim de incrementar o consumo, incentivar e promover os produtos típicos de Cananeia. Onde: Praça do Rocio
Locais para visitação Sítio Bela Vista - Agrofloresta Contato: (13) 98165-2588. Sítio Dez Irmãos Onde: Área Continental de Cananeia. Sítio Guanandi Onde: Rodovia Cananeia/Pariquera-açu, Km 20. Sítio Porto do Meio Onde: Estrada do Ariri, Km 15. Jacostra – Ostras de Cananeia Contato: (11) 5669-3049. Associação Rede Cananeia Onde: Rua Laurino Feliciano Rosa, 120 – (13) 3851-1201.