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Entrevista - Padre Souza
ENTREVISTA COM Pe. José Geraldo de Souza, C.Ss.R.
Viver e Crescer
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em comunidade
Pe. José Geraldo de Souza, C.Ss.R.
Rio de Janeiro - RJ OPe. José Geraldo de Souza, C.Ss.R., atual reitor da Comunidade Redentorista do Rio de Janeiro, carrega em seu nome de batismo dois santos importantes para a Igreja, e neles se inspira para cultivar características como a justiça, obediência, simplicidade e o acolhimento. Celebrando seu jubileu de prata como Redentorista no dia 08 de dezembro, ele revela que nesses 25 anos de consagração, sempre esteve a serviço da missão, em uma trajetória de constante aprendizado e perseverança.
“Vinde, ó almas, vinde e amai o meu Deus feito Menino, feito pobre, que é tão amável e que desceu do céu para dar-se todo a vós.” Santo Afonso Maria de Ligório
Como se deu a experiência de sair de casa para entrar no seminário e seguir a vocação religiosa?
Eu que sou de Minas Gerais e nasci em cidade gravada entre montanhas, em Rio Espera (MG), aprendi desde cedo a olhar para o alto em busca de Deus que enviou seu Filho ao mundo. Sou um sonhador que sempre quis transformar o mundo com os pés na realidade.
Primeiramente, aproveitei as oportunidades da vida, junto à família e à escola, onde me formei nos valores cristãos e acadêmicos. Tenho ainda vivo os meus pais, Sr. Nozinho e Sra. Dorinha, com outros seis irmãos casados. Em minha cidade, a Igreja está no centro e o Cruzeiro na montanha mais alta, os quais sempre me fascinaram sobre o mistério da vida, sentindo e consentindo aos poucos o chamado de Deus, enquanto vocação para ser padre ou piloto na escola da aeronáutica de Barbacena (MG).
Em 1987, recebi na Escola Estadual Monsenhor Francisco Fernandes Miguel a visita do Redentorista, Pe. Geraldo Lima, que falou sobre vocação e depois, reuniu-se com aproximadamente 27 adolescentes para contar suas experiências missionárias. Ele a comparou com “um presente que se oferece a Deus, onde ninguém quer ser um presente com defeito ou quebrado”. E destacou a novidade de viver e crescer em comunidade. Nessa época, tinha 15 anos e estava concluindo o ensino fundamental. Eu também conhecia outros Redentoristas conterrâneos, entre eles, os seminaristas José Leles e João Silveira, além do Pe. José Nogueira e o Bispo Dom José Brandão, que eram bons pregadores e acolhedores.
Todavia, desde os 10 anos, eu gostava de trabalhar, estudar e brincar com outras crianças, onde tínhamos a turma do “cirquinho”, com várias apresentações divertidas para outras crianças e o piquenique que acontecia ao final de cada temporada, onde, em nascente de água pura, ficávamos uma tarde lanchando e tomando sucos com os valores arrecadados, rindo dos nossos erros e acertos.
Cheguei a jogar bola no segundo quadro do melhor time da minha cidade e região, o Rioesperense Esporte Clube, na posição de lateral direito, graças ao time de menino que jogava desde criança na posição de zagueiro.
Quando o senhor professou seus votos, colocou-se à disposição para a missão. Além da disponibilidade, qual outra característica um
Missionário Redentorista deve carregar consigo e que o senhor vive intensamente?
Professei meus votos em 08 de dezembro de 1996, na Basílica de São Geraldo, em Curvelo (MG), juntamente com outros dois noviços, Luís Carlos e Arnaldo, para a radicalização dos compromissos batismais.
Portanto, são 25 anos de consagração Redentorista a serviço da missão, vividos e crescidos em comunidade na condição de homem casto, obediente, pobre e perseverante, sob a proteção de N. Sra. do Perpétuo Socorro.
“Desde o primeiro instante em que o Verbo divino se viu feito homem e criança no seio de Maria, ofereceu-se sem reserva aos sofrimentos e à morte, para resgatar o mundo.” Santo Afonso Maria de Ligório
Outra caraterística indispensável que vejo nos Redentoristas, além da disponibilidade missionária, que vivi intensamente, mudando-me todo quatriênio e não me acomodando em nossas estruturas conventuais e pastorais, está desafiadamente na capacidade de conviver e viver com as pessoas em clima de respeito, alegria, fraternidade e solidariedade. A convivência se liga com a vida pessoal e comunitária de oração, que é a expressão do Cristo Missionário, Orante, Acolhedor e Simples, sendo eu também a “memória viva do redentor”.
Qual santo ou beato Redentorista mais o inspira em sua vocação? E por quê?
Eu tenho no primeiro nome o Patrono da Igreja, José, e no segundo, o Santo mais popular do Brasil, Geraldo, os quais reforçam duas virtudes que cultivo em mim: 1) Ser justo e honesto, por parte de José; 2) Ser simples e acolhedor de todos, inclusive, dos mais pobres, a exemplo de Geraldo.
As caraterísticas desses dois santos sempre me mostram que, quanto mais sei e mais aprendo, menos sei e mais ainda preciso aprender, para nunca me julgar pronto e acabado, porque senão a vida perde sua novidade e inventabilidade, sua dimensão de encontro e amor, de profecia e opção fundamental.
Como é servir em uma paróquia centenária e acolhedora, localizada em uma região movimentada da cidade do Rio de Janeiro?
É prazeroso porque servimos em comunidade com dons e carismas tão diversos dos confrades e leigos, aprendendo a cada ano a caminhar juntos e não separados, porque vivemos tempos de sinodalidade na Igreja e reestruturação na Congregação Redentorista. O mundo está ferido e os fundamentalistas ganham força na igreja e sociedade, desafiando-nos a nos contrapor aos retrocessos eclesiais e sociais com sabedoria e amor sob a condição de guias, formadores de consciências e evangelizadores. A pastoral urbana é complexa e a representação simbólica da fé está contaminada por tendências e ideologias, o que nos toca de perto na pastoral com implicações nesse voltar às fontes e abrir-nos ao diálogo permanente com todos, sem fixação em modelos fechados ou mágicos para resgatar a comunhão, participação e missão.
Somos uma comunidade que evangeliza no coração da Tijuca e educa a consciência moral (GS No 16), em continuidade com outros confrades que por aqui passaram espalhando o bom perfume de Cristo e foram também próximos do povo, dentro dessa visão conciliar renovada do Pe. Benardo Häring, alemão e moralista Redentorista, exemplificada e ampliada nessa palavra grega, “Epikéia”, que significa caridade, misericórdia e benignidade pastoral.
Que mensagem o senhor deixa ao jovem que deseja seguir os passos de Santo Afonso?
Jovens, acreditem no amor que une e não separa, agrega e não isola, assim como Santo Afonso propagou através do tripé da Espiritualidade Redentorista, onde o presépio procura simplicidade, encarnação, coerência; a eucaristia procura o amor, a união, o real; e a cruz procura a oblação, o sacrífico, a renúncia e total entrega à vocação laical, diocesana e religiosa, para que sejam também continuadores do Cristo.
Se vocês amam a vida e querem transformar o mundo, continuando os passos do Redentor ao estilo de Santo Afonso, sejam de fato Missionários Redentoristas!
Brenda Melo Jornalista
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