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Entrevista - Padre Luís Carlos

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Redentoristas

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ENTREVISTA COM Pe. Luís Carlos de Carvalho Silva, C.Ss.R.

FidelidadeFoto: Posse do Pe. Luís Carlos ao carisma e zelo apostólico

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Pe. Luís Carlos de Carvalho Silva, C.Ss.R.

Campos dos Goytacazes - RJ Ao completar 25 anos de Profissão Religiosa, no dia 08 de dezembro, o Pe. Luís Carlos de Carvalho Silva, C.Ss.R., reitor do Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campos dos Goytacazes (RJ), relembra sua trajetória vocacional, marcada pela fidelidade no anúncio da Copiosa Redenção e pela contribuição, com seus dons, para a construção do Reino de Deus.

“Agradeço-vos, Pai eterno, por me terdes dado vosso Filho; e já que o destes todo a mim, eu miserável dou-me todo a vós.” Santo Afonso Maria de Ligório

Como se deu seu discernimento vocacional para a vida religiosa?

Cresci à sombra da Igreja matriz de minha terra, hoje, Santuário São Francisco de Paula. Aos dez anos, fiz a Primeira Eucaristia e, em seguida, tornei-me “coroinha” e fiquei encantado com o ofício presbiteral. Na adolescência participei de grupo jovem, depois catequese, liturgia e Congregação Mariana. Neste período, trabalhei como office-boy na Caixa Econômica Federal e depois na Sobral Invicta em Pouso Alegre, onde fiz a experiência de um ano no Seminário Arquidiocesano. Lá estando, percebi o chamado à vida religiosa e retomei o meu acompanhamento vocacional com a Congregação Redentorista, iniciado três anos antes, mas interrompido para eu fazer a experiência na minha arquidiocese. No ano seguinte, iniciei a minha jornada vocacional na Comunidade Vocacional Santo Afonso e demais etapas de formação.

Em sua trajetória na Província, o senhor já passou por diversas funções e lugares. Qual frente de trabalho mais o marcou até hoje?

Ainda sendo diácono, fui encaminhado para a Igreja São José, em Belo Horizonte (MG), onde após ordenado presbítero, permaneci por dois anos, como vigário paroquial. Em seguida, fui transferido para a Comunidade Vocacional Dom Muniz, na mesma cidade, com a missão de ser promotor vocacional. Período intenso de três anos com viagens, realizando encontros vocacionais, Semanas Missionárias Vocacionais, visitas a candidatos ao seminário e outras missões da Província, como visitar todas as comunidades redentoristas, incentivando os confrades a propagar a vocação redentorista entre os jovens. Na sequência, fui transferido para Coronel Fabriciano (MG) como formador do Ano SPES, coordenador da Obra Social e vigário na Paróquia São Sebastião. De lá, fui para Juiz de Fora (MG), onde assumi a formação da comunidade dos estudantes de filosofia (Comunidade Vocacional São Clemente), a coordenação da Biblioteca Redentorista, a Obra Social da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Floresta, e, ainda, a função de colaborador na Paróquia Nossa Senhora da Glória. Em 2011, fui transferido para a Paróquia Santo Afonso, na Tijuca, Rio de Janeiro (RJ), onde permaneci oito anos como pároco. Por fim, assumi a reitoria do Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campos dos Goytacazes (RJ), onde me encontro atualmente.

Em meio aos diversos encargos da Província, pude exercer a função de Secretário de Pastoral Vocacional, Secretário da Formação e Secretário de Vida Pastoral.

Em todos os trabalhos, me dou conta de que se cumpriu o que nos foi ensinado na formação: zelo e deixar-se consumir pela Copiosa Redenção.

Agradeço as oportunidades que me foram oferecidas pela Província e com serenidade, bem como com o testemunho de muitos leigos e leigas, constato que tudo o que foi feito teve e tem como objetivo a construção do Reino de Deus nesta terra, levando em consideração minhas limitações e falhas. Não tenho como dizer acerca do local que mais gostei de trabalhar, pois sempre que assumi uma missão me encantei com as pessoas e as vi como parceiras na busca por Deus.

“O Filho de Deus se fez pequeno para nos fazer grandes; deu-se a nós, a fim de que nos demos a Ele; veio mostrar-nos seu amor a fim de que o correspondamos com o nosso.” Santo Afonso Maria de Ligório

ENTREVISTA

O senhor já lançou alguns livros que contribuem para o estudo da fé, da teologia e do entendimento sócio-político. Conte-nos sobre sua experiência no campo literário religioso!

Na infância e adolescência, eu já escutava as pessoas me dizendo acerca do meu dom para a poesia e a literatura, mas em virtude das necessidades do trabalho, não pude abraçar esses dons. Também muito me empolgava com história e sociologia, mas o apelo vocacional me redirecionou para os estudos seminarísticos. Em meio aos estudos filosóficos, me encantei com a antropologia que me encaminhou para os estudos de várias disciplinas da área psicológica, bem como o estudo de línguas que muito me empolgou. Entretanto, em função dos muitos trabalhos na Província, também não pude me dedicar aos estudos.

Quando me mudei para Juiz de Fora, como formador da Comunidade Vocacional São Clemente, o Provincial na época, hoje Dom Vicente, me incentivou a fazer a pós-graduação no Departamento de Ciência das Religiões, bem como o mestrado. Foi com essa oportunidade que conheci os estudos acerca do diálogo inter-religioso e me foi sugerido pesquisar o trabalho filosófico de Edith Stein. No mestrado, me aprofundei nos estudos sobre Edith Stein, para poder apresentá-la como precursora do diálogo judaico-cristão. Desses estudos, originou-se a obra: Edith Stein: diálogo judaico-cristão, lançado em setembro de 2021 pela editora Ideias & Letras. Nessa obra, o leitor encontrará em Edith Stein a síntese da pessoa humana, inserida no conflito político-religioso do século XX, cujo reflexo paira sobre todos nós no século XXI. Fica-nos o testemunho da filósofa que, apesar de rejeitada e humilhada pelo fato de ser mulher, judia, monja, e ter sua vida exterminada em Auschwitz, triunfa, conforme os ensinamentos do evangelho: Stein é uma bem-aventurada! O seu legado polissêmico e principalmente a sua contribuição antropológica estão atualmente refletidos nos documentos e declarações oficiais da Igreja Romana e das autoridades religiosas do judaísmo.

No doutorado, propus à tese de que na obra mística “A Ciência da Cruz de Edith Stein” se encontrava elementos que pudessem auxiliar na transformação da sociedade. Isso foi sendo constatado, ao longo do trabalho, por meio das evidências históricas e sociais que envolviam a filósofa que se tornou carmelita, com o nome de Teresa Benedita da Cruz, no período em que o nazismo tomou a Europa de assalto e lançou nas trevas milhões de pessoas; foi a “noite escura” da alma humana na linguagem mística. Em Stein vai se descortinando uma pedagogia da liberdade, igualdade e fraternidade entre os povos, tendo Cristo, o Bom Pastor, como exemplo de líder; em contraposição aos governantes que se usufruem de seus cargos para se beneficiar e manipular, conforme a sua ideologia. A tese

se tornou o meu primeiro livro, intitulado: Edith Stein – João da Cruz: Teologia e Sociedade, lançado em 2019 pela editora Artesã. Nessa obra se percebe que uma fé autêntica se concretiza na caridade com o próximo, pois no apostolado é que se comprova o mistério da união e transformação da pessoa, que consiste no fato dela colocar-se a serviço de Deus, trabalhando pela promoção humana e contribuindo para que a partilha dos bens possibilite a vida digna para todos nesta terra.

Como é ser reitor do Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro no dia a dia?

A experiência de reitor é bastante gratificante, pois a liderança leiga e os demais membros da comunidade de Campos assumem a missão com ardor e confiança, o que muito me motiva, formando um trabalho pastoral em conjunto. Já os confrades, trabalham na animação do santuário, para os fiéis que aqui acorrem buscando os sacramentos da eucaristia e da confissão e, também, no acompanhamento das pastorais que aqui temos.

O período da pandemia nos tem feito buscar alternativas para continuarmos a evangelização seja aqui no Santuário, seja nas comunidades da periferia que atendemos. Uma das experiências foi a criação da WEBTV Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que no momento está suspensa por falta de recursos financeiros e humanos que a pandemia também inviabilizou. Entretanto, prosseguimos com o nosso canal no Youtube e procurando caminhos para bem atender ao nosso povo, em meio aos desafios deste tempo incerto.

Sempre em comunhão com a nossa diocese, procuramos corresponder às propostas da Igreja, fiéis ao carisma redentorista. Nesse sentido, criamos a Pastoral Afro-brasileira e promovemos várias dinâmicas que despertam nos fiéis o compromisso com a construção do Reino de Deus em nossa terra. A pandemia impossibilitou a concretização das romarias que vinham ao nosso Santuário. Este ano, porém, conseguimos promover o encontro das lideranças de algumas dessas romarias e, por meio das redes sociais, transmitimos as celebrações festivas que corresponderiam às romarias, como a da Liga Católica, Apostolado da Oração etc.

Brenda Melo Jornalista

Edith Stein

Diálogo judaico-cristão

Autor: Luís Carlos De Carvalho Silva

Esta obra analisa a vida de Edith Stein, demonstrando que ela é precursora na vivência dialogal entre judeus e cristãos.

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