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Espiritualidade Redentorista
ESPIRITUALIDADE REDENTORISTA
um escândalo Violência contra as mulheres:
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Pe. Maikel Pablo Dalbem, C.Ss.R.
Roma | Itália No dia 25 de novembro, celebrouse em todo o mundo o dia de sensibilização para o combate à violência contra as mulheres. Estabelecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) no ano de 1999, este dia recorda a tortura e o assassinato de três mulheres, irmãs de sangue e ativistas políticas (Patria, Minerva e Maria Teresa Mirabal), no ano de 1960 na República Dominicana, por ordem do então ditador Rafael Leónidas Trujillo. Em diversos locais, e promovidas por entidades diversas, são realizadas atividades que vão desde manifestações culturais a debates que visam diminuir a incidên-
cia de tal sofrimento e a sensibilização das diversas instituições sociais e indivíduos singulares sobre tal problema.
É triste perceber como em um mundo que se diz ser tão aberto e avançado, os números de violência contra as mulheres, não somente física, mas também psíquica, são ainda extremamente altos. Um outro dado alarmante diz respeito ao tempo de pandemia, que fez crescer em aproximadamente 111% o número de casos denunciados. Tenha-se presente o agravante que, na maior parte dos casos, as mulheres que sofrem tais abusos permanecem nas “sombras”, cerceadas pelo medo e pela discriminação, e acabam por não tornar públicos os maus tratos pelos quais elas passam. Acontecendo em diversos ambientes (trabalho, espaços públicos...), a maior parte dos casos acontece, infelizmente, dentro de casa, cometido por pessoas próximas, minando ainda mais a segurança das vítimas.
Se faz necessário perceber como ainda carregamos o peso de uma cultura machista e sexista, baseada ainda sobre uma forma de patriarcalismo antiquado. Uma breve análise do mundo bíblico nos ajuda a perceber como um grande número de mulheres aparece de modo muito importante no interior da História da Salvação. Desde Maria Santíssima, que proclamamos Mãe de Deus, a tantas outras presentes nos diversos livros bíblicos, grita a dignidade do ser humano feminino tantas vezes esquecido e marginalizado pelos homens e pela cultura, mas jamais depreciado por Deus.
Dentre tantos testemunhos bíblicos, ressalto o evangelho de São Lucas e os Atos dos Apóstolos. O referido hagiógrafo demonstrou em diversas passagens das duas obras um certo carinho pelas mulheres, tantas vezes em situação de marginalização (como as viúvas) e recolocadas ao centro pelo Senhor, e por tantas outras que ocupavam lugares de importância na vida social e religiosa das primeiras comunidades. Em Lucas, na boca de Maria ecoa o anúncio do mesmo canto de Salvação entoado tempos antes por Ana, mãe de Samuel. O Papa Francisco, sem meias-palavras, assim se expressou através de seu perfil oficial no Twitter (@pontifex): “As várias formas de maus tratos que so-
“As mulheres frem muitas mulhevítimas de res são uma covardia e uma degradação violência devem para os homens e ser protegidas para toda a humanidade. Não podemos pela sociedade” olhar para o outro lado. As mulheres vítimas de violência devem ser protegidas pela sociedade”. O mesmo papa, no número 241 da Exortação Apostólica Amoris Laetitia: sobre o amor nas famílias, expressa o carinho e a necessidade de cuidado que a comunidade cristã oferecer a estas mulheres, principalmente àquelas que sofrem violência dentro de casa por parte de seus cônjuges. Enfim, a violência contra as mulheres ataca o centro da visão cristã sobre o ser humano. Criado à imagem de Deus, o ser humano é chamado a desenvolver-se na comunhão de amor que propulsiona a vida. Como filhos e filhas, ninguém é objeto de ninguém. Diferentes, todos crescem, sem se anular ou violentar. Iguais na dignidade e diferentes nas identidades. Juntos, somamos para fazer uma sociedade mais rica de vida.