PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL
EDIÇÃO HISTÓRICA
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021
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ENCERRAMENTO
Frei Massimo Fusarelli
Posse do Vigário e Definidores
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MENSAGEM
RITO DA POSSE
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A liturgia capitular
Novo Ministro Provincial
ENTREVISTA
Frei Paulo Roberto Pereira
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CELEBRAÇÕES
RETIRO
Pregador Luiz Carlos Susin
RELATÓRIO
A realidade Provincial
REELEITO
Frei Gustavo Medella
EXPEDIENTE Comunicações – Edição histórica do Capítulo Provincial 2021 Província Franciscana da Imaculada Conceição Ministro Provincial: Frei Paulo Roberto Pereira Vigário Provincial: Frei Gustavo Medella Secretário: Frei Rodrigo da Silva Santos Equipe de Comunicação do Capítulo: Frei Augusto Gabriel, Frei Clauzemir Makximovitz, Frei Gabriel Dellandrea, Frei Alan Leal de Mattos e Moacir Beggo (Edição - Mtb. 14888) Diagramação: Jovenal Pereira Endereço: Rua Borges Lagoa, 1209 – CEP 04038-033 – São Paulo - SP | COMUNICAÇÕES |
“Vai buscar quem mora longe, sonho meu!”
A
canção “Sonho meu”, de Zeca Pagodinho, gravada por grandes nomes da música brasileira, dentre eles Maria Bethânia, atribui ao sonho um poder transcendente, curativo e restaurador, capaz de aliviar a saudade e reacender a lâmpada da esperança. Sem levar em conta a alta do preço do combustível e o disparar das tarifas aéreas e rodoviárias, o sonho oferece ao sonhador a capacidade de reencontrar, longe ou perto, o rumo da caminhada, a vontade de seguir em frente e o desejo de lançar-se ao novo. Sonho busca e também leva. As páginas que seguem trazem uma coletânea de alguns momentos vividos pela Fraternidade Provincial no Capítulo recém-celebrado em Agudos, SP. Cada encontro, refeição, estudo, reunião e eleição carregaram os anseios de irmãos que desejam nutrir e cultivar sonhos em comum, cada um fazendo sua parte para que a construção seja bem-sucedida: “Juntos que se constroem os sonhos” (FT 8). Ao contrário do que se poderia pensar, o sonho não é oposto ou alheio à realidade, mas combustível de sua transformação para melhor. Já de volta às fraternidades, assimilando os novos desafios que vêm com as transferências e mudanças, a proposta é que cada um leve consigo junto às malas da desinstalação o compromisso de passar do “morar juntos” para o “viver juntos”, “sonhar juntos”. O caminho do seguimento de Cristo passa também pelo cultivo de um bem-querer sincero, para dentro e para fora de nossas fraternidades. O autêntico evangelizador, além de ser uma pessoa feliz, deseja e sonha fazer felizes os que estão à sua volta, conforme atesta a máxima do Papa emérito Bento XVI: “A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração”. A alegria verdadeira seduz, atrai e fideliza novas vocações. Ao recordar ou a ter contato com os belos sonhos experimentados em Agudos, a Fraternidade Provincial e todos os que lerem esta publicação possam crescer um pouco mais na arte de sonhar e caminhar juntos. Paz e bem!
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ENCERRAMENTO
PROFETISMO ue nós possamos nos dedicar a curar as feridas da nossa sociedade. E aí sugiro o profetismo da alegria. O profetismo da alegria é a missão de cada um de nós neste novo tempo que estamos vivendo”. Essa foi uma das motivações que o novo Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, presenteou os frades capitulares no encerramento do Capítulo Provincial 2021, o grande encontro dos irmãos da Província da Imaculada Conceição. A palavra “esperançar”, que foi muito ouvida nesses dias, foi a tônica nesta despedida de Agudos, depois de um momento celebrati| COMUNICAÇÕES |
vo, simples, mas muito simbólico e emocionante: a Tomada de Posse do Vigário Provincial e Definidores na bela capela do Seminário Santo Antônio. O rito de posse teve inícior às 11 horas, com o presidente do Capítulo, Frei César Külkamp, e o Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, colocando-se em frente aos capitulares. O primeiro a ser confirmado pelo presidente do Capítulo como eleito foi o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, e, na sequência, os Definidores eleitos: Frei Fidêncio Vanboemmel, Frei João Francisco da Silva, Frei Daniel Dellandrea, Frei Robson Luiz Scu-
dela, Frei Alex Sandro Ciarnoscki e Frei Marco Antônio Andrade. Em seguida, todos os eleitos recitaram juntos a promessa de cumprir os deveres do cargo: “Com o auxílio da Santíssima Trindade, da Imaculada Virgem Maria, de nosso Patriarca São Francisco, de todos os Santos e Santas da nossa Ordem, prometo cumprir fiel e zelosamente os santos deveres do meu cargo, que, pela bondade de Deus, me foram confiados em santa obediência, nesta nossa Província Franciscana da Imaculada Conceição”.
GRATIDÃO
Frei Paulo começou sua fala
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DA ALEGRIA pelos agradecimentos. E o primeiro foi o Visitador e presidente do Capítulo, Frei César Külkamp, que teve “o seu mandato de seis anos interrompido por uma nova missão”, disse, já que Frei César foi eleito Definidor Geral neste ano. “Por sua generosidade ressaltada foi escolhido para este serviço. Pode ter certeza que seus bons propósitos, seus bons projetos, nós vamos continuar levando adiante com a graça de Deus”, prometeu, pedindo uma salva de palmas a Frei César. Depois, agradeceu e pediu palmas para Frei Fidêncio nesse intervalo pequeno que esteve à frente da Província da Imaculada
como Ministro Provincial. “Para nós, que não estamos no Provincialado, sessenta dias é um período muito curto, mas no dia a dia da Província é muito exigente. Com generosidade, o sr. ajudou a manter a Província no rumo que estava sendo previsto. Nossa gratidão também”, acrescentou. Frei Paulo também agradeceu aos Definidores que fizeram parte do último triênio: “Nossa gratidão ao Frei Mário Tagliari, ao Frei João Mannes e Frei Alexandre Magno pela convivência e dedicação aos anseios da Província. Recebam nossa gratidão e preces”. “Nós todos viemos para Agu-
dos para fazer uma revisão da nossa vida, mas sobretudo para projetar o nosso olhar. E o que nos move é o desejo de integralidade. Nós vivemos fragilidades, limites, dores, experimentamos finitude e morte. Mas nosso desejo é viver integralmente. Nós temos saudade do lugar que viemos. Nós viemos do Paraíso. Nós nascemos e vivemos para Deus e estamos retornando nesse itinerário. Nós, então, devemos a cada tempo, renovar a disposição do nosso olhar. Por isso viemos aqui esses dias. E aqui nós rezamos com muita qualidade. Essa igreja, o órgão, os cantos, as preces, nos fizeram rezar com qua| COMUNICAÇÕES |
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lidade. Por isso, gratidão à equipe que se esforçou em preparar os momentos litúrgicos”, disse. Pelas sessões intensas e dedicadas do Capítulo agradeceu à Comissão Preparatória e pelo sustento e acolhimento no Seminário agradeceu ao guardião da Fraternidade de Agudos, Frei James Neto, e na pessoa dele todos os demais confrades e | COMUNICAÇÕES |
colaboradores. “Nós sentimos bem em Agudos. Nós reencontramos os irmãos e isso é revigorante. Tenho certeza que todos fizeram essa experiência. Logo que chegamos fomos cumprimentando a todos com muita alegria. Nós gostamos de ser frades menores. Nós gostamos de pertencer a esta Província da Imaculada Conceição do Brasil. Nós
gostamos de ser irmãos e o encontro é revigorante”, enfatizou. “E também conhecemos novos irmãos, conhecemos alguns que foram ao longo do tempo introduzidos na nossa caminhada, e deles recebemos renovado vigor. São Francisco anunciou que queria ter sempre um noviço ao seu lado como seu superior, não só para fazer a experiência
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da humildade, necessária, mas para indicar o caminho desse revigoramento que a gente pode observar quando estamos convivendo. E esse Capítulo teve a marca da juventude: os professos simples, grande parte dos frades professos solenes jovens, cheios de vigor. Não faltem vigor e sonhos na juventude! A presença do noviço Caio entre nós. Muito obriga-
do a ele e aos irmãos postulantes que, carregados de sonhos, nos ajudam a sonhar. Eles também merecem uma salva de palmas”, pediu Frei Paulo.
PRIORIDADES
“Rezamos, trabalhamos, corremos, comemos, conhecemos e até cuidamos dos enfermos. Houve algumas interferências, mas também
houve o cuidado dos irmãos, como a Frei Jorge para consertar a clavícula. Nós somos cuidadosos uns com os outros. Isso é muito bom. Nos alimentamos de fraternidade. Matamos a saudade da fraternidade e essa experiência de vida, aqui, nos fez escolher como prioridade: ‘redescobrir o valor da vida fraterna’. Mas nós, aqui em Agudos, já fize| COMUNICAÇÕES |
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mos um mandato no Capítulo. Tenho certeza que, ao voltarmos para nossas fraternidades, vamos desejar, ainda com mais força, viver a nossa profissão. Esta é uma lição de Agudos. Nós nos sentimos desde já revigorados no sentido da vida fraterna integral”, avaliou. Dessa vida fraterna decorre as demais prioridades, como a animação vocacional. “Não fazer propaganda que pode um dia pode até ser vista como enganosa. Não desejamos fazer promoção vocacional para os outros, mas o revigoramento da nossa própria decisão vocacional. Esta opção do Capítulo será opção da nossa Província sempre. Que haja espaço sempre para nos revigorarmos na decisão vocacional que um dia nos fez sair de tantos lugares e agruparmos aqui nesta família da Província da Imaculada Conceição”, pediu. “E depois, a partir da vida fraterna, queremos nos sentir desafiados para caminhos novos, para que seja evidente o valor da vida fraterna entre nós. Por isso escolhemos como prioridade a formação inicial e também a formação permanente”, acrescentou.
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Frei Paulo destacou outra decisão do Capítulo que “nós vamos nos esforçar” para ver realizada: a sinodalidade. “E este nome pode trazer, assim, uma aparência de novidade. É bom que a gente se dedique a descobrir e viver as provocações desta proposição. Mas aqui quero recordar que a nossa tradição, nossa prática de estar no mundo já é carregada de sinodalidade. A distribuição fraterna dos serviços nas nossas casas, o discretório, os departamentos, as frentes, os fóruns e, sobretudo, o Capítulo local. Expressão evidente da sinodalidade que nós passamos por esse caminho, estamos nesse caminho, escolhemos esse caminho
da sinodalidade. Que nós possamos oferecer a nossa experiência ao Sínodo. E aqui vale a pena, recompostas as fraternidades, que nós incentivemos e não abramos mão da organização sinodal nas fraternidades, sobretudo do nosso Capítulo, das nossas Frentes, dos nossos conselhos. E a partir da nossa vivência sinodal com os leigos. Esta é a nossa oferta. Esse é o oferecimento generoso para esse momento que a Igreja se propõe. Esta é uma outra lição de Agudos. Para fazer novidades, para fazer diferentes todas as coisas, que sejamos aquilo que somos, aquilo que prometemos, aquilo que nos propusemos. Nós somos sinodais. Nós somos fraternos”, incentivou.
GENEROSIDADE E GRATIDÃO
O Ministro Provincial, então, fez alguns pedidos. “Alguns de nós e eu também passei pela experiência da doença, da internação. E muitas vezes, agora, já de volta à missão, encontro muitas pessoas que nem me conheciam e dizem: ‘Rezei muito por você!’ Nós rezamos uns pelos outros e, a prece de uns pelos ou-
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tros, cura! Por isso, insisto: vamos rezar uns pelos outros! Nós temos muitas doenças, é verdade, mas temos um grande desejo de cura. É a prece fraterna, acolhedora. Ela cura o nosso irmão e cura a nós também. Rezemos uns pelos outros. Rezemos pelos mais doentes”, disse. “O segundo pedido é que nós possamos nos exercitar na generosidade. A generosidade é uma virtude tão criativa que por ela outras tantas vão se achegar a nós. A generosidade do tempo, generosidade dos dons, generosidade da missão, da criatividade. Sejamos generosos sempre e aqui, sobretudo, se eventualmente formos convidados a deixar a Província, a deixar nossos lugares que amamos. Mas se formos convidados a deixar os nossos lugares, que nós possamos fazer com generosidade. Sejamos gratos!”, pediu. Enfatizou o pedido pela gratidão, que segundo o Ministro Provincial, rompe com toda forma de egocentrismo, com toda forma de egoísmo. “Gratidão pela natureza, pela vocação, pela fraternidade, pela missão. Que nós tenhamos um espírito grato, constantemente
grato, neste tempo que se avizinha, um tempo, aliás, que deve infelizmente destacar ainda com mais dor o individualismo, a intolerância, os radicalismos, a indiferença pelo outro, pela dor do outro, o desprezo pela vida, a substituição de valores perenes por valores imediatos. Nós vivemos tempos complicados”, admoestou.
CURAR AS FERIDAS
“Que nós possamos nos dedicar a curar as feridas da nossa sociedade. E aí sugiro o profetismo da alegria. O profetismo da alegria é a missão de cada um de nós neste novo tempo que estamos vivendo. A socieda-
de pode esperar de nós, homens de fé, que partilham da alegria. E a alegria franciscana é profética nos dias de hoje porque ela pode ser para todo ser criado. A nossa sociedade é egoísta, nossa sociedade pensa o mundo a partir do próprio umbigo, se alegra e se satisfaz individualmente. Mas a nossa alegria só será plena quando for partilhada por todas as criaturas. Encher o mundo da alegria do Evangelho, seja essa nossa missão”, animou. E concluiu: “O Capítulo foi essa noite, como nos dizia o Frei Susin, uma noite para que os nossos sonhos nos apresentassem respostas. Recolhidas todas as respostas, possamos viver vigilantemente a partir das noções que os sonhos nos apresentaram. Boa viagem e cuidado no retorno para casa!” Um momento de beleza e emoção foi protagonizado pelos postulantes, que cantaram “Se dos lírios cuidas”. Antes, a manhã continuou com os trabalhos e considerações finais do Capítulo. Depois do almoço, os frades retornaram para as suas Fraternidades.
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RITO DA POSSE
FREI PAULO: “EU ACEITO SER PROVINCIAL”
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mineiro Frei Paulo Roberto Pereira, natural de Juiz de Fora, foi eleito para o serviço de Ministro Provincial no próximo sexênio em segundo escrutínio, quando obteve a maioriabsoluta dos votos, num total de 56 contra os 52 de Frei Gustavo Medella. Para esta eleição, foram homologados cinco candidatos pela Cúria Geral dos Frades Menores: Além de Frei Paulo e Frei Gustavo, Frei Fidêncio Vanboemmel, Frei João Francisco da Silva e Frei Mário Luiz Tagliari. Votaram
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111 capitulares, porque Frei César pediu licença para não votar devido ao ofício de Visitador, embora seja frade da Província. Emocionado, Frei Paulo brin-
cou dizendo que faltou uma bancada, como na praça São Pedro, para pedir que rezassem para ele. “Mas tomara que vocês tenham juízo”, disse, confirmando a escolha dos capitulares: “Eu aceito ser Provincial”. A eleição do Ministro Provincial, que começou às 15h05, deu-se depois do rito da eleição, quando o Visitador Geral Frei César Külkamp pediu a intercessão do Espírito Santo: “Senhor, Nosso Deus, que pela luz do Espírito Santo instruístes o coração dos vossos
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fiéis, fazei-nos dóceis ao mesmo Espírito, para apreciarmos o que é justo e nos alegrarmos sempre com a sua presença. Por Cristo, nosso Senhor”. Antes da deposição dos cargos, o Visitador fez uma belíssima reflexão sobre o valor do serviço e da vida fraterna. “Nós iniciamos este Capítulo pedindo as luzes do Espírito Santo e, principalmente, que ele fosse um evento da comunhão, da nossa fraternidade, da nossa pertença uns aos outros, como profissão de vida, como forma de vida”, disse. Segundo Frei César, essa celebração também é chamada de “celebração de deposição dos cargos” e depois também da escolha daquele que vai ser o Ministro Provincial. “Ele é, digamos assim, um sacramento dessa
harmonização, desta unidade que a Fraternidade quer buscar para realmente se constituir como comunhão. Justamente por isso, achei importante nesta celebração propor uma reflexão que os documentos dão a esta indicação, seja na escolha de cada um nas diferentes tarefas para o bem-estar dos irmãos, da formação, das atividades evagelizadoras e da administração como um todo da Província”, disse. Passando pelos documentos da Ordem, Frei César escolheu citações que explicitaram bem o carisma de ministério-serviço tão próprio ao franciscanismo. A união entre os irmãos deve ser com amor verdadeiramente evangélico: cuidem, sirvam, ajudem! Depois do Ato Penitencial, foi feito o juramento dos escrutina-
dores e se deu a renúncia do cargo de Ministro Provincial, feita por Frei Fidêncio Vanboemmel: “Chegando ao fim o mandato de Ministro Provincial, entrego o cargo nas mãos do presidente do Capítulo, dando graças a Deus pela oportunidade de servir os irmãos e pedindo perdão a Deus e aos irmãos por todas as vezes que não o tenha feito segundo os ensinamentos e o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo e de nosso Seráfico Pai São Francisco”, disse Frei Fidêncio. Em seguida, Definidores, Guardiães e demais cargos de eleição renunciaram também. Na Capela interna do Convento dos Frades, o Visitador Frei César Külkamp presidiu a celebração de tomada de posse do Ministro Provincial. Depois da leitura do | COMUNICAÇÕES |
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Evangelho, em que Jesus admoesta os discípulos para que “o maior se torne o último e o que governa seja como servo”, Frei César lembrou que o Evangelho é a fonte onde nosso Pai Francisco mergulhou. “Que essa Palavra continue inspirando a cada um de nós, membros da Província, da Ordem dos Frades Menores, em especial você, Frei Paulo, que recebeu hoje esse encargo, esta tarefa de servir aos seus irmãos. Que o Cristo seja sempre o seu modelo!”, desejou Frei César. Depois dessas palavras, Frei Paulo fez sua profissão de fé e confirmação como Provincial eleito, ajoelhado diante do Visitador: “Eu, Frei Paulo Roberto Pereira creio e professo todos e cada um dos artigos contidos no símbolo da fé, a saber: Creio em um só Deus, Todo-Poderoso (…) Também, firmemente aceito e guardo todas e cada uma das coisas referentes à doutrina da fé e costumes, quer sejam pela Igreja definidas por um solene pronunciamento, quer sejam sustentadas e declaradas pelo magistério ordinário – da maneira que pela mesma Igreja são propostas, principalmente aquilo que se refere ao ministério da Santa Igreja de Cristo, aos Sacramentos da mesma, ao Sacrifício da Missa, e ao Primado do Romano Pontífice”. Frei César, então, respondeu dizendo: “Eu, pela autoridade da qual estou investido, confirmo a ti, Frei Paulo, como Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil”. O rito terminou com a bênção ao novo Ministro Provincial, que recebeu das mãos do Visitador o Selo da Província (carimbo com o qual o ministro provincial assina os documentos oficiais). A posse terminou com o abraço da paz de todos os capitulares a Frei Paulo.
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ENTREVISTA
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021
FREI PAULO ROBERTO PEREIRA
“O PRIMEIRO PASSO É SIMPLIFICAR”
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rei Paulo Roberto Pereira, aos 53 anos, foi eleito Ministro Provincial, em sessão capitular no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP), no dia 27 de novembro. Depois de ser eleito De13 finidor por quatro triênios, Frei Paulo recebe a missão dos seus confrades de conduzir a segunda Província mais antiga do Brasil. Segundo ele, recebe esta missão com espírito de fraternidade. E como tranquilidade indica o caminho: “Nós podemos e devemos a cada dia buscar a simplicidade mas para alcançar a simplicidade, acho que o primeiro passo é simplificar”. Acompanhe a entrevista!
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CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 Comunicações - Como o sr. recebe
esta missão confiada pelos frades neste Capítulo Provincial? Frei Paulo Roberto Pereira - Eu recebo com fraternidade. Acho que o nome é esse aí. Diferentemente de qualquer outra eleição, a eleição entre os frades não se dá por grupos antagônicos, por partidarismos. Ela se dá na escolha de um irmão para servir os irmãos. Então, eu recebo esse encargo no espírito da fraternidade. Nós somos iguais em muitas coisas e nosso pregador, no início do Capítulo, ainda dizia que quando considerarmos uma base, uma plataforma comum, nós todos somos pecadores, metade dos problemas já estarão todos resolvidos.
nar o ensino fundamental e fazer o Ensino Médio. Logo que cheguei aqui dizia: ‘ah, mas você é da Província de Minas, você é da Provínciade Minas’. E eu dizia: Mas o que é isso? Então, eu não sabia dessa divisão toda. Mas desde lá então eu aprendi a conhecer a Província Franciscana, a vida franciscana e me dar conhecer. Então os irmãos me conhecem. E o Ministro Provincial não vai ser diferente do Frei Paulo que até então era o guardião do Convento da Penha, que antes disso foi animador vocacional, que antes disso foi pároco na Paróquia do Divino Espírito Santo, morei na
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para o sr. o serviço de Ministro Provincial? Frei Paulo - Identificado na palavra do Evangelho de lavar os pés. Ser irmão entre os irmãos e a tarefa de lavar os pés. Evidentemente, que se trata de uma tarefa também institucional, e isso a gente tem que arrumar uma forma harmonizada de responder aos papéis institucionais e, sobretudo, responder ao mandato do Evangelho: o maior entre vós seja aquele que serve. É nessa perspectiva. Aliás, o nome ministro já sugere isso.
Comunicações - Como será o Frei
Paulo Ministro Provincial? Como pretende estar à frente deste serviço? Frei Paulo - Os irmãos que votaram aqui em Agudos me conhecem há um pouco mais de tempo. Eu entrei aqui em Agudos ainda em 83 e vindo de Minas Gerais. Na minha cabeça eu queria ser padre e então fui conhecendo os freis na medida que fui me aproximando deles e vim aqui para Agudos para termi| COMUNICAÇÕES |
nor nesse tempo é ser instrumento - e a gente se pretendeu isso - da bondade, ser instrumento da conciliação, da reconciliação. Então, tenho certeza que os próximos anos terão essa marca, a marca da conciliação, a marca da reconciliação. Curar as feridas. Tivemos só no Brasil uma mortandade muito grande por conta de tantas coisas, sobretudo da desinformação, do desinteresse pela vida, do descaso pela vida. Mas essa não é a maior doença. A partir da doença Covid, outras tantas doenças surgiram e reclamam de nós cuidado. Na Igreja, na sociedade, onde estivermos. E nós, frades, estamos em muitos lugares e em todos os lugares deveremos ter a missão da reconciliação.
Comunicações - Quais os
Baixada Fluminense, então é o mesmo. Não pode haver uma mudança. Aliás, eu venho de uma paróquia de padres estrangeiros, holandeses. Uma das minhas sobrinhas, quando eu estava prestes a ser ordenado, ela falou assim: ‘que dia você vai tomar um remedinho para mudar a voz?’. Ela imaginava que houvesse alguma coisa que mudasse a nossa voz, tendo passado pela ordenação. Então, não há essa mudança. Não deverá haver. Eu tenho certeza que, como Ministro, eu pretendo continuar sendo Frei Paulo Roberto.
Comunicações - Que perspectivas o
sr. tem para este sexênio? Frei Paulo - Nós vivemos um tempo de transformação. Tempos agudos, tanto na Igreja quanto na sociedade e a missão do frade me-
principais desafios que o sr. vê nesta Fraternidade Provincial, especialmente a atual realidade vocacional? Frei Paulo - É uma reflexão que estamos estamos fazendo aqui nesses dias. Os desafios estão postos. É preciso um diagnóstico que não nos faça isentados. Nós todos estamos envolvidos nos problemas e aí, então, parece trágico mas não. Nós todos estamos envolvidos com a possibilidade de solução. Eu acredito que a questão seja essa: o nosso envolvimento. A qualidade do nosso engajamento, a qualidade do nosso envolvimento. Os problemas de um frade, são de todos os frades. Esse senso de fraternidade é a nossa marca e é por isso que a gente pode caminhar com esperança. Então, todos os diagnósticos que sejam feitos sem isenção. Que nós nos envolvamos e, se juntos buscarmos soluções, elas vão ficar mais nítidas e mais claras. Os desafios são grandes. Então, existe um desalento, os
egressos. São dados que a Ordem apresenta e a Província está atenta a eles, mas não pode ser um diagnóstico isentado de envolvimento, de afeto. Nós nos sentimos afetados pelas coisas e, a partir disso, restabelecer o reencantamento com a vida, com as suas decisões.
Comunicações - Como “esperançar”
e sonhar em tempos tão difíceis? Frei Paulo - Exatamente ali que é preciso que esperance. Quando está tudo muito tranquilo, ninguém se ocupa de nada. Aliás, essa aparente segurança que a comodidade nos traz. Porque quando a gente vive meio acomodado, tudo está dado. Até se cunhou aquela expressão terrível: ‘tá ruim, mas tá bom’. E a gente vai vivendo a partir de uma conclusão que é acomodante. E aqui quero ressaltar que nós estamos vivendo um Capítulo Provincial diferente de todos os outros com a presença forte da juventude. Então, o ânimo, o vigor juvenil, é carregado de esperança. Então, que nós possamos ajudar um ao outro nesse aspecto, sobretudo agora. A gente precisa acender luzes quando está escuro. No sol de meio-dia não precisa acender luz. Então, se a escuridão teima em morar conosco, sejamos luz. Acho que o tempo é oportuno. E aí vai exigir de nós engajamento, vai exigir de nós criatividade, vai exigir de nós profetismo, vai exigir de nós escolhas claras. Não dá para se acostumar ou normatizar coisas que não são normais, seja na vida da Igreja, seja na vida da fraternidade. Coisas que não são normais não podemos normatizar.
Comunicações - Esta missão coin-
cide com o Pontificado do Papa Francisco. É uma bênção ter ele
como animador do carisma franciscano, não? Frei Paulo - É verdade. Não podemos jogar fora essa oportunidade. A bênção de Deus, a graça do Senhor nos concedeu o Papa Francisco como dom. São Francisco é uma plataforma, São Francisco é um ideal, São Francisco é uma resposta. E o Papa entende assim e propõe assim. Então, é uma bênção. Que nós, os franciscanos dessa Província, que todos os franciscanos do mundo inteiro, possamos aproveitar essa oportunidade.
Comunicações - Que mensagem o
sr. deixa aos frades e aos leigos que vivem no território da Província? Frei Paulo - A simplicação. Eu acredito que a mensagem, o desafio, a proposta, seja esta: a simplicidade é uma virtude muito altaneira, difícil de alcançar. Nós podemos e devemos a cada dia buscar a simplicidade mas para alcançar a simplicidade, acho que o primeiro passo é simplificar. Na medida que a gente conseguir simplificar os processos, simplificar os relacionamentos, olhar mais atentamente, sem subterfúgios. Simplificar, tornar a vida como de fato ela é. Então, a simplificação dos processos e dos relacionamentos, eu acredito que assim que nos dedicarmos a isso, com certeza nós vamos alcançar a simplicidade e, por ela, todas as demais virtudes.
Mineiro de Juiz de Fora, Frei Paulo nasceu no dia 18 de dezembro de 1967 e vestiu o hábito franciscano no dia 10 de janeiro de 1987. Sua profissão temporária foi no dia 11 de janeiro de 1988. Já a Profissão Solene foi feita na Ordem dos Frades Menores no dia 25 de setembro de 1993. No dia 19 de março de 1995 foi ordenado presbítero. Em 1995 foi transferido para o Seminário Santo Antônio de Agudos como orientador e professor. Voltou para a Baixada Fluminense, onde morou como estudante, para ser guardião e pároco da Paróquia São Francisco em Duque de Caxias. Em 2000 foi eleito Definidor para o triênio 2001-2003 e passou a residir no Seminário de Ituporanga, acumulando a função de animador provincial da Pastoral Vocacional. Em 2002, residiu no Convento das Graças em Guaratinguetá ainda como animador vocacional. Em 2003, passou a residir na Fraternidade São Boaventura de Rondinha como mestre dos frades de profissão temporária no tempo de Filosofia. Em 2003, foi reeleito Definidor para o triênio 2004-2006, passando a residir na Fraternidade do Navio, em Lages, como animador vocacional e presidente da Fundação Frei Rogério de Curitibanos. Em 2004, como orientador, voltou ao Seminário Santo Antônio de Agudos, acumulando a função de animador vocacional e vigário da casa. No Capítulo Provincial de 2009 foi transferido para a Fraternidade do Divino Espírito Santo de Vila Velha (ES), acumulando as funções de guardião, pároco e vice-secretário da Evangelização. Em 2016, reeleito Definidor para o triênio 2016-2018, passou a residir no Convento da Penha como reitor do Santuário. Foi reeleito mais uma vez Definidor em 2018, desta vez para o triênio 20192021, sendo reconfirmado como guardião da Fraternidade do Convento da Penha.
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VIGÁRIO PROVINCIAL
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REELEITO
rei Gustavo Medella, aos 43 anos, foi reeleito Vigário Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição em primeiro escrutínio, com 93 votos (110 votantes) em sessão capitular no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP), no dia 29 de novembro. “Em um período de tantas imprevisibilidades pelas quais tivemos de passar, recebemos também, de uns tempos pra cá, tantas generosidades: a do frei César que se dispôs a ser Definidor Geral; a do frei Fidêncio que aceitou ser nosso Provincial nesse período de preparação para o Capítulo Provincial; a do frei Paulo Pereira que, de bom grado e com muita alegria, acolheu ser nosso novo Ministro Provincial! E agora, diante da confiança que vocês manifestam, eu não poderia dar outra
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resposta, senão que eu aceito! Muito obrigado!”, disse o Vigário. Natural da cidade serrana de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, Frei Gustavo Medella nasceu no dia 19 de setembro de 1978. É filho de Célia Regina e Jorge Luiz Medella e irmão mais velho de André (1981) e Thaís (1984). Quando garoto, o gosto pela comunicação se manifestou desde pequeno, graças especialmente ao avô que, com seu radinho a tiracolo, encantava-o. Em 1989, seus pais se mudaram para o prédio onde funcionava a Rádio Imperial de Petrópolis. Ali se formou a base do futuro comunicador. Em pouco tempo, fez amizade com os radialistas, e descia até o estúdio para acompanhar ao vivo os programas. “Aquilo foi me entusiasmando, fazia brincadei-
ras em casa de programa de rádio, punha minha avó para ler receitas, minha mãe para dar dicas de outros assuntos… E com aquele gosto, fui crescendo, aquilo foi tomando corpo em mim, na minha vida, até que decidi fazer faculdade de comunicação, habilitação em Jornalismo por gostar muito de rádio”, recorda. Na Universidade, trabalhou na assessoria de imprensa da entidade, que se chamava na época Coordenação de Imagem Institucional da Universidade Federal de Juiz de Fora. No estágio, também participou de um treinamento em telejornalismo na TV Panorama, que era filiada à Rede Globo em Juiz de Fora. Depois de se formar, continuou trabalhando na TV Panorama, primeiro ajudando na organização do arquivo de imagens, e depois, no último momento,
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 no portal de pesquisa que se chamava IPanorama.com, abastecendo-o de notícias. O rádio não poderia faltar no seu currículo: Rádio Solar em Juiz de Fora; Rádio Universitária e até uma ajuda no jornalismo da TV Cidade Imperial. Ao mesmo tempo que cultivava essa paixão, ele soltava a voz no Coral dos Canarinhos de Petrópolis, onde ingressou aos 8 anos, em 1987. Foi nesse contato próximo com os frades, entre eles o saudoso Frei José Luiz Prim, Frei César Külkamp, Frei Marcos Antônio Andrade, do Convento do Sagrado Coração de Jesus e do Colégio dos Canarinhos, que descobriu outra paixão. “Lembro-me que aos domingos, depois da missa das dez, sempre passava na sacristia para dar uma espiadinha e via o contato dos frades com o povo, ou como o povo procurava-os para conversar, contar um pouco do que lhes acontecia nas suas vidas, e
pensava: “Que contato bonito, que proposta de vida bonita de estar a serviço dos outros, de doar seu tempo, seus dons pelos outros!”. Essa vontade falou mais alto do que a do comunicador. Em 2002, Gustavo ingressou como aspirante no Seminário São Francisco de Assis, em Ituporanga; em 2003, fez o Postulantado no Seminário Frei Galvão em Guaratinguetá (SP); em 2004, vestiu o hábito franciscano no Noviciado em Rodeio (SC); e cursou de Filosofia no Instituto São Boaventura em Rondinha (PR), de 2005 a 2006, porque já tinha curso universitário; e, de 2007 a 2010, cursou a Faculdade de Teologia, em Petrópolis (RJ). Fez a profissão solene no dia 2 de outubro de 2010 e foi ordenado presbítero no dia 2 de julho de 2011, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, escolhendo o lema que está no Salmo 40: “Eis que venho fazer com
prazer a vossa vontade, Senhor!”. Sua primeira transferência, em 1º de dezembro de 2010, foi para o Seminário São Francisco de Assis, em Ituporanga, como orientador e Professor (diácono); em 12 de dezembro de 2012 veio para o Convento São Francisco, no centro de São Paulo, a serviço da Frente da Comunicação e da Educação. Em 20 de fevereiro de 2014 foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia São Francisco e integrou a Comissão Preparatória do Capítulo das Esteiras de 2014. Frei Gustavo Medella foi eleito Definidor e se manteve como coordenador da Frente de Comunicação em 2016 até 2018, quando no Capítulo Provincial de 2018 foi eleito Vigário Provincial para o triênio 2019-2021, serviço que ele desenvolveu também como Secretário para a Evangelização. Em 2020 também acumulou o cargo de Secretário Provincial.
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ENTREVISTA
“É TEMPO DE CONTINUAR SONHANDO” Reeleito Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella comenta sobre o triênio atípico em tempos de pandemia e assume um novo mandato com esperança de dias melhores: “É tempo de continuar sonhando, sonhando com um amanhã melhor, sonhando com um Brasil mais justo, com uma sociedade mais tolerante, com um cristianismo mais profético e transformador”. Acompanhe!
Comunicações - Como o sr. encara essa
missão confirmada pelos seus confrades? Frei Gustavo Medella - Em 2016, quando Frei Fidêncio foi eleito para | COMUNICAÇÕES |
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 Ministro Provincial, ele usou uma expressão da qual eu nunca mais esqueci: Os irmãos me devolveram a jarra e a bacia para continuar lavando os pés desses irmãos. Acho que o meu sentimento é por essa linha: os irmãos me devolvem o jarro, a bacia, também a toalha para permanecer nesse serviço de lava-pés à Fraternidade Provincial e, de maneira especial ao irmão Ministro, nosso querido Frei Paulo Roberto Pereira, eleito neste Capítulo. E aí, então, os irmãos me devolvem esta função e eu prometo me esforçar para fazer aquilo que está ao meu alcance e ser um bom servidor à fraternidade.
esse tempo de pandemia, tempo de muitas dificuldades e grande dor e sofrimento, mas também foi um tempo de nos reencontrarmos e redescobrirmos como franciscanos evangelizadores, irmãos e irmãs de todos.
Comunicações - Quais as suas expec-
tativas e desafios para esta nova etapa neste serviço? Frei Gustavo - A temática dos sonhos nos acompanhou durante todo esse Capítulo tendo em vista que o nosso lema capitular: “É juntos que se constroem os sonhos”,
Comunicações - No triênio,
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também como Secretário da Evangelização o que deu para fazer em termos de evangelização com dois anos de pandemia? Frei Gustavo - Foi um triênio muito atípico e que exigiu muita criatividade, muita coragem e muita esperança em todas as nossas Frentes de Evangelização. Me refiro aos confrades, aos leigos e, graças a Deus, pudemos perceber respostas muito ousadas e criativas. O aumento de encontros e reunições on-line, através da internet, já que todos os encontros presenciais estiveram muito restritos, também a busca de oferecer às pessoas conteúdos que pudessem ser úteis, que pudessem levar um pouco de alento nesse período, o importante é que o esforço de comunhão, de articulação entre as frentes, não parou. Pelo contrário, penso que ele possa ter sido maior dadas as dificuldades impostas pela pandemia. É sempre assim. Em momentos de dificuldades, as pessoas se reinventam, encontram novos caminhos, renovam seus propósitos e se reencantam na missão. Então
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Frei Gustavo - Temos que manter os pés no chão e os olhos voltados para o céu. Temos que olhar uns para os outros com olhos de misericórdia. Não no desejo de descobrir e de apontar os erros às dificuldades uns dos outros, porque todos nós temos. Mas de nos estimularmos mutualmente naquilo que temos e possuimos de melhor. Porque se um dia demos nosso sim como consagrados franciscanos, ampliando um pouco mais se um dia todos nós também fomos levados para sermos batizados, e aí ampliando também batizadas na força de Deus, essa força é atuante, é viva, e precisamos acreditar nisso e é ela que nos permite esperançar e olhar para frente com coragem na decisão de construirmos um futuro melhor.
Comunicações - Que men-
retirado da Encíclica Fratelli tutti. É tempo de continuar sonhando, sonhando com um amanhã melhor, sonhando com um Brasil mais justo, com uma sociedade mais tolerante, com um cristianismo mais profético e transformador. Em tudo isso creio nós podemos dar a nossa contribuição. Precisamos ter o coração sintonizado ao coração de Deus. Precisamos nos deixar inspirar por Cristo e por Francisco, porque eles são a nossa força para, juntos, construirmos aquilo que sonhamos e mostrarmos que é possível sonhar melhor.
Comunicações - Como “esperançar” e sonhar em tempos tão difíceis?
sagem o sr. deixa à toda Família Franciscana e aos leigos que vivem no território da Província? Frei Gustavo - O lema do Capítulo ele se aplica também a vocês, nossas queridas Irmãs Clarissas da Segunda Ordem, as nossas Irmãs Concepcionistas, também todas as Congregações Franciscanas, os nossos confrades Capuchinhos, Conventuais, da Terceira Ordem Regular, nossos irmãos da Terceira Ordem Franciscana Regular, todos os nossos os colaboradores, voluntários, lideranças de nossas presenças evangelizadoras. Juntos que se constroem os sonhos e vocês, também, nós queremos juntos de nós para construirmos. Vamos juntos porque somos mais fortes e Deus caminha conosco, ao nosso lado, acima de nós, nos conduzindo e nos protegendo. Juntos é que se constroem os sonhos.
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021
GOVERNO FREI ROBSON LUIZ SCUDELA
FREI JOÃO F. DA SILVA
FREI MARCOS A. ANDRADE
Natural de Cordilheira Alta, no Oeste Catarinense, Frei Róbson nasceu no dia 27 de outubro de 1986 e vestiu o hábito franciscano no dia 8 de janeiro de 2006, os do casal Luís e Maria Scudela, seguiu, aos 14 anos para o Seminário Santo Antônio em Agudos (SP), onde cursou o Ensino Médio e fez o Aspirantado em 2004. Depois de cumprir as etapas do Aspirantado e Noviciado, em dezembro de 2006 fez a profissária temporária.. Depois do curso de Filosofia, fez o pedido para um tempo de estágio na Missão de Angola. Foi aceito e passou lá dois anos: um em Quibala (Postulantado) e em Malanje (Aspirantado). Cursou Teologia em Petrópolis e teve como primeira transferência o Seminário de Ituporanga, onde foi como orientador. Frei Robson foi nomeado ecônomo, coordenador do Pró-Vocações e Missões Franciscanas e coordenador da Frente das Missões no triênio 20192021.
Natural de São Paulo, Frei João Francisco nasceu no dia 9 de julho de 1969. Filho de Antônio Oliveira e Maria Lindete da Silva (in memorian), ele é o penúltimo de oito irmãos. Frei João Francisco ingressou na Ordem Franciscana ao fazer a primeira profissão religiosa no Noviciado de Rodeio em 2006. Como já tinha o curso universitário, ficou um ano em Rondinha (Filosofia) e cursou Teologia de 2008 a 2011. Professou solenemente na Ordem no dia 7 de agosto de 2011. Foi ordenado presbítero no dia 6 de outubro de 2012, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Sapopemba, São Paulo. No ano de sua ordenação, foi transferido para a Fraternidade São José, em Guaratinguetá/SP, como guardião, serviço que continuou até este Capítulo. Foi reeleito Definidor no Capítulo Provincial de 2018 e continuou na função de Secretário da Formação e Estudos.
Natural de Sorocaba, SP, Frei Marcos nasceu no dia 22 de setembro de 1967 e tem hoje 54 anos. Vestiu o hábito franciscano em 1988 e fez a primeira profissão em 10 de janeiro de 1989, tendo 32 anos de Vida Religiosa. Professou solenemente na Ordem dos Frades Menores em 24 de setembro de 1993. Foi ordenado presbítero no dia 9 de dezembro de 1995 e celebrou o jubileu de 25 anos de sa-cerdócio. De 1996 a 2006 foi orientador, professor e Reitor do Seminário Santo Antônio de Agudos; em 2007 se mudou para Roma para fazer os estudos em Liturgia no Instituto Santo Anselmo, retornando em 2010. De 2011 a 2012 foi vice-mestre, professor e Vigário Paroquial na Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, RJ; tornando-se mestre, em 2012, dos Professos Temporários do Tempo da Teologia, Petrópolis, RJ.
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021
PROVINCIAL FREI DANIEL DELLANDREA
FREI ALEX S. CIARNOSCKI
FREI FIDÊNCIO VANBOEMMEL
Natural de Ascurra, SC, Frei Daniel nasceu no dia 25 de janeiro de 1981. É filho de Terezinha e Sérgio Dellandrea e irmão de Frei Gabriel Dellandrea. Os dois têm mais um irmão, Elton. Frei Daniel vestiu o hábito de São Francisco no Noviciado de Rodeio, onde sua família reside, no dia 10 de janeiro de 2000. Fez a profissão solene no dia 2 de agosto de 2005. Foi ordenado presbítero no dia 18 de outubro de 2008. Frei Daniel teve como primeira transferência o Seminário Santo Antônio em Agudos. Depois foi transferido para o Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá, como guardião, seguindo depois para a Paróquia Santo Amaro da Imperatriz, onde foi pároco e vigário da Fraternidade. Foi vice-secretário da Evangelização no lugar de Frei César Külkamp, que assumiu como Vigário Provincial no lugar de Frei Evaristo Spengler. Neste triênio, foi pároco da Paróquia Santa Inês, em Balneário Camboriú e Definidor da Província.
Natural de Ibicaré, em Santa Catarina, onde nasceu no dia 29 de maio de 1978, Frei Alex é o filho mais velho do casal Valdir Ciarnoscki e Hilda Baggio. É irmão de Carla Rafaela e Pábulo Filipe. Frei Alex ingressou no Noviciado de Rodeio, onde recebeu o hábito franciscano em 10 de janeiro de 1997. Professou solenemente na Ordem dos Frades Menores em 19 de fevereiro de 2005. Foi ordenado sacerdote em 14 de outubro de 2006. Após o término de seus estudos, atuou por dois anos na Paróquia São Pedro Apóstolo, de Gaspar (SC). Depois, por três anos foi o coordenador do Serviço de Animação Vocacional da Província. Foi então, transferido para a Paróquia São Luiz Gonzaga, em Xaxim, SC, onde durante 9 anos assumiu como pároco e guardião da Fraternidade. Atualmente, Frei Alex é o pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo de Pato Branco (PR) e também como vice-postulador da Causa de Beatificação de Frei Bruno Linden.
Natural de Santo Amaro da Imperatriz, SC, onde nasceu no dia 25 de março de 1953, Frei Fidêncio tem 68 anos e ingressou na Ordem Franciscana em 20 de janeiro de 1974. Fez a Profissão solene no dia 2 de agosto de 1978 e foi ordenado presbítero no dia 14 de dezembro de 1979. Em 1980 morou em Campos do Jordão como Vigário e, em 1986, como guardião em Lages, SC. De 1986-1987, foi vice-mestre dos Professos Temporários (Teologia), em Petrópolis, RJ. Em 1988 fez Mestrado em Espiritualidade Franciscana no Antonianum, em Roma. Retornou e assumiu como vice-mestre dos Professos Temporários (Filosofia), Rondinha, e a partir de 1995 como mestre. Em 1998 foi mestre dos Postulantes em Guaratinguetá, SP e, de 2001-2009, mestre dos Noviços em Rodeio (eleito Definidor para o triênio 2007-2009). Foi eleito Ministro Provincial, serviço que ficou de 2010 a 2018. No último triênio foi Moderador da Formação Permanente e atendente conventual no Convento São Francisco, SP.
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021
MENSAGEM DO MINISTRO GERAL AO CAPÍTULO
2. Nosso encontro Capitular nos ofereceu alguns convites que vocês já conhecem. É meu desejo iniciar esta carta ao Capítulo Provincial, mencionando o primeiro deles, que é um convite à Gratidão, a ser agradecidos. Por este motivo, dou graças ao Deus da vida por cada um de vocês, meus caros irmãos: por sua vida, vocação e todo bem que fazem a cada dia para o bem do reino de Deus e da humanidade. Agradecer ao Senhor pela visão e espírito missionário que tiveram os irmãos alemães que no final do século XIX e início do século XX chegaram ao Brasil, animados por uma profunda fé e valentia, refundando a Província com uma marca de esforço, de trabalho sério, de simplicidade, evangelizando e formando comunidades cristãs, manifestando de igual modo grande dedicação pela cultura e pela educação, fazendo-se próximos de todos. Uma palavra de agradecimento à Província por sua sensibilidade missionária que nas últimas décadas os levou a Angola para implantar a Ordem e contemplar um despertar vocacional na querida terra africana, e termino agradecendo à Província pela disponibilidade de Frei César, eleito Definidor geral e o que isto tem significado para a Província.
Aos irmãos da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Caros irmãos, o Senhor lhes conceda a sua paz! 1. O último Capítulo Geral, vivido em chave de sinodalidade, permitiu-nos discernir e escutar o que diz o Espírito à Ordem hoje, para viver e anunciar com alegria a nossa identidade carismática, especialmente a partir da escuta atenta do Evangelho e da Regra, fundamentos que nos inserem e reinserem historicamente na Igreja e no mundo do lado dos pobres, em uma vida fraterna, orante, minorítica e missionária. | COMUNICAÇÕES |
esta ocasião me permito manifestar-lhes algumas N considerações 3. No capítulo central da Regra Bulada, dedicado em sua segunda parte às relações fraternas, Francisco usa uma frase que é essencial: “Se uma mãe ama e nutre seu filho carnal, com quanto mais amor não deve cada um amar e nutrir a seu irmão espiritual?” (RB 6, 8) Isto significa que, segundo o texto, os destinatários da Regra são “irmãos espirituais”, quer dizer, “irmãos no Espírito”, visto que se parte do pressuposto de que todos abraçaram esta vida “por divina inspiração” (cf. RnB 2, I) e que todos entram na dinâmica de desejar “possuir o Espírito do Senhor e sua santa operação” (RB 10,9). Quando se tem a convicção de que os que seguem o mesmo projeto evangélico de vida são “irmãos espirituais”,
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 então as relações fraternas se colocam no ponto alto, de modo particular no que se refere à valorização da vida de cada irmão e ao respeito mútuo. 4. Desta maneira, um primeiro modo de anunciar Jesus Cristo é cultivar uma vida de oração tanto em fraternidade como pessoal, com uma vitalidade capaz de sustentar a vida, a vocação e a fidelidade carismática de cada irmão, bem como da fraternidade local e provincial. Eu os animo a que continuem cultivando uma vida de oração centrada na Palavra de Deus e, à luz dela, tenham a lucidez para visualizar novos desafios evangelizadores. Nunca se esqueçam de ter a mente e o coração voltados a Deus (RnB 22, 19), não extingam o Espírito de oração e devoção (RB 5,2), que é a missão primeira de todo irmão menor, opção que fundamenta e sustenta todos os esforços evangelizadores e, pelo batismo, não deixem de ser profetas de esperanças: “Não calando o que viram e ouviram” (At 4,20). 5. Sei de seus esforços por viver em fraternidade, cultivando o diálogo, a alegria, a confiança e o conhecimento mútuo. Mas, como melhor posso, quero motivá-los e recordar que a vida em fraternidade com suas mediações é o âmbito adequado e fundamental para viver em permanente formação, a partir de onde cada dia os irmãos se empenhem por testemunhar o amor de Deus pela humanidade, tendo como fundamento a contemplação do mistério da Encarnação do Filho de Deus, como o vivera nosso pai São Francisco. Que suas vidas, unidas à vida de Jesus Cristo pobre e crucificado, permitam-lhes ir pelos caminhos do mundo, reconhecendo nos necessitados e milhares de migrantes que vivem nas ruas próximas de seus conventos a Jesus Cristo em sua paixão. Apesar de tudo, manifesto-lhes algumas preocupações, como são: a existência de irmãos que vivem de seu trabalho, administrando seu próprio dinheiro e, portanto, autônomos; irmãos que organizam sua vida sem levar em conta o projeto fraterno de vida; irmãos fechados em seus quartos e alheios aos compromissos. Por isso mesmo, os leigos, as comunidades, costumam sentir a ausência dos irmãos e reclamam sua presença. 6. Outro convite do Capítulo geral é o da missão evangelizadora. Sabemos que nossa missão, como bem dizem vocês no tema do Capítulo: “Ser fraternidade Contemplativa em Missão: a nossa Regra é o Evangelho e nosso claustro é o Mundo”. Esta
bela expressão que os anima não é obra nossa, mas é participação na missão de Deus. São Francisco sempre deixou claro que nosso chamado vem do Senhor e, como nos recorda em suas Admoestações, toda obra boa vem do Senhor (Adm 5); do mesmo modo, é Deus quem nos chama a ser pregadores do Evangelho com a nossa própria vida. 7. Vivemos em uma sociedade que muda rapidamente. O que é válido hoje não o é amanhã. Em um mundo marcado por rápidas mudanças, o homem contemporâneo corre o risco de perder todos os pontos de referência e, como irmãos, não estamos livres disso. Por isso, quero animar a vocês a cultivar e desenvolver uma sólida formação humana, espiritual, teológica, tanto no Brasil como em Angola, tendo como princípio orientador e sentido último a formação do irmão menor em fraternidade, e esta evangelizadora e missionária, segundo nossa RFF. Trago-lhes à memória que a formação franciscana tem lugar na fraternidade e no mundo real. Pergunto-me de que maneira a Província se preocupa em formar os franciscanos de amanhã, tarefa que não é fácil e, por isso, peço-lhes para revisar continuamente os planos e enfoques formativos.
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8. Conheço a preocupação de vocês pela formação e pela formação de formadores, necessidade que neste tempo de fragilidades se faz sentir mais fortemente. Empenhem-se para que os irmãos das fraternidades formadoras estejam totalmente disponíveis para tão delicado e belo serviço. De modo geral, os formadores se ocupam com muitas coisas e, lamentavelmente, às vezes também o mestre. Pergunto-me como é possível acompanhar os irmãos em formação inicial, se a pessoa não está presente ou, se está em casa, muito ocupada em um sem-fim de compromissos. 9. Uma obra que merece menção especial no âmbito acadêmico é a contribuição que a Província dá ao conjunto da Ordem, destacando todos os esforços que desenvolvem para manter seus próprios institutos de teologia e filosofia. A afiliação do Instituto Teológico Franciscano - ITF - de Petrópolis à PUA, desde 2006, é uma importante contribuição para salvaguardar a tradição intelectual da Ordem. 10. A Província da Imaculada, não faz muito tempo, era uma das mais numerosas da Ordem e com muitas vocações. Continua sendo embora, nos últimos anos, tenha diminuído, como o afirmam os relató| COMUNICAÇÕES |
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 rios dos últimos visitadores gerais, especialmente o informe do atual Visitador, Frei César Külkamp, que diz algo novo com relação aos anteriores: que lamentavelmente na atualidade a Província tem um só noviço no Brasil. Situação que suscita preocupação e muitas perguntas. É urgente que possam discernir em chave sinodal: Que mudanças significativas estão se desenvolvendo na sociedade do Brasil e do contexto latino-americano? De que maneira se forma para a perseverança, para a responsabilidade, para a liberdade, para viver a paixão por Cristo e a paixão pela humanidade? Irmãos, vocês têm vários colégios, uma universidade, os meios de comunicação, pastoral da juventude, eu os animo para que repensem e revisem a forma em que desenvolvem o cuidado pastoral das vocações e sua proximidade ao mundo dos jovens. Para falar e testemunhar aos jovens do presente sobre a novidade de nossa vida evangélica é necessário aproximar-se do mundo dos jovens não somente por um interesse vocacional, mas para caminhar com eles e acompanhá-los em suas buscas.
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11. Manifesto-lhes que a diminuição dos irmãos e a falta de vocações é uma preocupação para toda a Ordem, para a vida franciscana na América Latina e, especialmente, estou certo de que o é também para vocês, e não somente pelo índice de falecimentos acontecidos. Desde o ano de 2128 ao ano de 2021 faleceram 29 irmãos, dentre eles lamentavelmente 8 irmãos em decorrência da Covid-19. Mas, também preocupa os que abandonam a vida franciscana por motivos diversos. Creio que é urgente entrar em um tempo de revisão, não somente da organização formativa, mas também de toda a estrutura da Província e responder da melhor maneira possível aos novos tempos. Para isso, proponho-lhes, com urgência, que durante o próximo triênio, e tendo presente o lema que os anima: “Os sonhos se constroem juntos” (FT8), realizem uma Assembleia Provincial Extraordinária, com a participação de bons leigos de suas presenças, que lhes possam ajudar a olhar com objetividade a vida, as obras e a missão. Proponho-lhes um ícone bíblico que pode lhes ajudar no caminho de preparação: “Vinho novo em odres novos” (Mt 9, 16-17). 12. Os últimos Ministros gerais expressaram claramente a importância e a necessidade da reestruturação das Províncias: a) É necessário incrementar uma “cultura da solidariedade a serviço de nosso futuro comum (H. Schalück, 1992); b) “A colabo-
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ração interprovincial é o futuro da Ordem” (Cap. ger. 2003); c) A colaboração interprovincial é necessária “para realizar aspectos importantes de nosso carisma e para ser um signum fraternitatis” (J. R. Carballo, 2004). E, em nosso Capítulo recém-celebrado em julho do presente ano, convidam-se todas as Entidades a fomentar o crescimento e cooperação interprovincial, internacional e intercultural (Orientações e mandatos n. 33). Para os próximos anos, proponho-lhes que se abram seriamente à interprovincialidade, começando pelas casas de formação e mantendo outros encontros formativos que já realizam como Conferência. 13. Todos sabemos que a Igreja nestes momentos está vivendo uma situação nada fácil por causa dos abusos sexuais a menores cometidos por alguns sacerdotes ou religiosos, e nossa Ordem não está isenta disso. De nossa parte, por mandato do Capitulo geral, já instituímos a Comissão para a Proteção de Menores e adultos vulneráveis. Manifesto-lhes com clareza que, caso aconteçam situações de abusos, especialmente com menores e adultos vulneráveis, desejamos que toda verdade venha à luz, e tratem este tema de acordo com as leis da Igreja, da Ordem e do próprio país. Reafirmemos nosso compromisso em favor das vítimas e a nossa condenação firme aos abusos sexuais. Com casos ou não de abusos, tal situação nos coloca diante de um desafio importante: formar-nos e formar os nossos irmãos mais jovens em uma afetividade e sexualidade madura e sadia; formar-nos e formar para uma castidade vivida a partir do dom total de alguém ao Senhor e aos irmãos e irmãs que estão ao nosso redor. Formar-nos e formar para a fidelidade ao que comporta nossa opção vocacional. Peço então que desde a formação permanente e inicial se preste particular atenção à afetividade e à sexualidade, e que se faça um adequado discernimento neste campo. 14. Uma palavra especial de reconhecimento e valorização à Província porque, desde o ano de 1991, começou uma presença missionária em Angola que se transformou na Fundação da Imaculada Mãe de Deus de Angola e que atualmente consta de um total de 78 irmãos; sua grande maioria se encontra na formação inicial. Agradeço-lhes pela presença e esforços de muitos irmãos para a missão e a formação, além de todos os recursos econômicos que uma obra como esta significa. Deixo-me ajudar pelas palavras de meu predecessor, Frei Michael Perry, ofm,
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 escritas na data de 23 de maio de 2019, ao Ministro provincial de então, Frei César Külkamp, ofm, e animo-os para que façam os melhores esforços para que esta presença possa continuar sendo atendida na missão e especialmente acompanhada na formação inicial e no despertar vocacional da melhor maneira possível. Elevemos nossa súplica para que no futuro a Fundação possa chegar a ser Custódia autônoma e algum dia - por que não - Província. 15. Termino minha carta, caros irmãos, manifestando-lhes o que vocês já sabem por sua realidade cultural; que o verdadeiro espírito de fratemidade sabe semear alegria no ambiente em que se encontra cada um dos irmãos. Comunicar a alegria não é outra coisa que deixar que se torne transparente a alegria que há no coração e saber partilhar esse dom do Espírito com os outros. O fomento
da alegria é uma ação dinâmica que implica uma dupla direção, quer dizer, não só comunicar, mas também deixar que os outros me comuniquem sua alegria; é alegrar-se com o que está alegre. A comunicação serena e jovial entre os irmãos e o bom humor sem palavras.
O Senhor os abençoe e os guarde.
Em Roma, 15 de novembro de 2021
CELEBRAÇÕES
ABERTURA DO CAPÍTULO
“NOSSA RESPOSTA É O AMOR A DEUS E AOS IRMÃOS”
O
Definidor e Visitador Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei César Külkamp, abriu no dia 23 de novembro, durante a Celebração Eucarística, às 8 horas, no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP), o Capítulo Provincial 2021 da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Aos 111 frades capitulares exortou: “Ao chegarmos para mais um Capítulo somos convocados a nos libertarmos das amarras
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Capítulo Provincial com a Celebração Eucarística é, antes de tudo, “reconhecer o primado daqu’Ele que nos chamou, nos sustenta na caminhada e nos envia para a missão, que é sempre d’Ele. E só reconhecemos tudo isto com os sentidos da fé. Nesta celebração queremos renovar nossa fé em Deus. Dele recebemos a vocação como um dom. Ele conduz a nossa história e a história desta Província Franciscana”. Frei César continuou a reflexão,
dos e a todas o Amor que quer ir além”, exortou. Segundo ele, por esta ação do Espírito, a Trindade virá e fará morada em nós. “Ele nos ensinará todas as coisas e nos recordará a Palavra de Jesus. Esta Palavra, o Evangelho é o próprio Cristo feito semente lançada no terreno da nossa vida e da nossa história. Uma semente que anseia por germinar e crescer. Nossa resposta é o amor a Deus e aos irmãos”, indicou.
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e pretensões do próprio ‘eu’, para sermos verdadeiramente frades menores. Pedimos a iluminação do Espírito Santo, nosso Ministro Geral, para escutarmos com o coração o que Senhor quer nos falar hoje”, disse. O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, foi o concelebrante com o diácono Frei Alan Leal de Mattos. Segundo o Visitador, iniciar o
citando a passagem do Evangelho em que Jesus revela que o Paráclito ficará para sempre conosco. “Este espírito é amor. Se formos capazes de amar é porque somos habitados pelo Espírito de Cristo que é Amor. Um amor que não é estático, apegado ao passado, mas que vai ao encontro e olha para o futuro: é preciso evoluir, questionar-se, converter-se, partir em missão, comunicar a to-
“Na Carta aos Romanos, capítulo 8, todo ele dedicado ao Espírito, São Paulo nos diz que a criação inteira geme e sofre, e nós também, como em dores de parto. A dor do parto é fortíssima, mas logo confortada pela nova vida. Por isso, nos convida à esperança, o sinal da nossa salvação. Ele tamCONTINUA NA PÁGINA 30 | COMUNICAÇÕES |
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bém nos diz que o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. E quais são as nossas fraquezas?”, perguntou. Para o Visitador Geral, a dinâmica preparada para este Capítulo quer colocar os frades diante destas fraquezas. “Estamos diminuindo em número, perdendo irmãos, entregando casas. A sociedade vive uma secularização materialista. Os modelos de evangelização parecem pautados em sucessos personalistas ou no retorno a uma tradição conservadora e bitolada. Os modelos políticos são controversos e insensíveis aos mais pobres. Continuamos atravessando uma pandemia que já ceifou tantas vidas, mesmo entre nós, e com difíceis consequências sociais, econômicas e sanitárias. Vivemos o medo diante de tantas incertezas”, diagnosticou. “Diante de tudo isso, temos tanto a pedir ao Pai para que venha em socorro de sua Igreja, de nossa Província”, ensinou, mas lembrando: “São Paulo nos recorda que não sabemos o que devemos pedir e que é o Espírito mesmo que intercede por nós. O que Deus reserva para nós vai além do nosso pedir e entender. O Espírito interpreta o que o coração da nossa Província, seus frades e participantes de sua missão, deseja e precisa. E aí está a vontade de Deus. E o que a misericórdia de Deus faz concorrer para o bem”, observou. E concluiu: “A Mãe Imaculada acolheu este mistério de amor no seu ventre e soube dizer sim, faça-se em mim segundo a Vossa vontade! Ela é nosso modelo e nossa proteção. Acolhamos este Capítulo como dom da Santíssima Trindade, a perfeita comunidade que nos reúne como irmãos que querem sonhar juntos o sonho de Deus e partir para a missão em fraternidade. E tudo será novo porque o Espírito sopra onde quer e faz novas todas as coisas”, pediu.
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PRIMEIRA MISSA DO NOVO MINISTRO PROVINCIAL
“QUE NÓS POSSAMOS TRAZER NOS OLHOS ESPERANÇA” “Quero convidar a todos e a cada um dos irmãos, que neste novo tempo, ali no chão da nossa vida, nas tarefas mais simples ou nas atribuições mais elevadas - na Baixada, no Oeste, em Angola, onde estivermos -, que possamos trazer nos olhos esperança. Trazer nos olhos esperança e ser para o irmão motivação de esperançar”,
animou o novo Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, na Celebração Eucarística na capela do Seminário Antônio de Agudos, quando a liturgia trouxe um novo tempo neste domingo (28/11): o Advento. O guardião do Convento da Penha, em Vila Velha (ES), foi eleito ontem Ministro Provincial e
presidiu a Santa Missa, às 8 horas, tendo como concelebrantes o Visitador Geral, Frei César Külkamp, e o diácono Frei Jhones Lucas Martins. O Capítulo Provincial chegou neste domingo (29) ao sexto dia de atividades incansáveis e os 111 capitulares voltaram, nesta manhã, à Sala Capitular para continuar os trabalhos. | COMUNICAÇÕES |
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Frei César fez a homilia lembrando que, neste primeiro domingo do Advento, somos convidados pela passagem do Evangelho de Lucas, que nos apresenta o Cristo fazendo um discurso apocalíptico, a estarmos com o nosso coração preparado e aberto. “Esta linguagem apocalíptica não é de anúncio de catástrofes, mas é de revelação daquilo que Deus mesmo nos prepara e, por isso, nos convida a uma atitude positiva”, disse o Visitador. “Lucas coloca essa palavra do Cristo em que ele nos pede para levantar a cabeça e contemplar a nossa libertação. E a nossa resposta, portanto, é a sensibilidade, a atenção, o convite a estarmos pertos nesse tempo em que vivemos. Por isso, não se trata apenas de uma espera amedrontada, mas de uma espera digna, buscando viver tudo aquilo que nos é revelado e, principalmente, nos convida a vivermos com intensidade a sua mensagem”, emendou. Frei César destacou que São Paulo, na 2ª leitura, traduz muito bem como o amor deve transbordar entre nós. “Esta deve ser a nossa resposta”, ensinou. Frei César contou que, em função disso, o novo Ministro Provincial, pediu a ele que voltasse a apresentar as motivações que ontem foram colocadas no início da sessão de eleição do Ministro Provincial, “para que esses convites, a partir das nossas Constituições Gerais, possam ser reafirmados de acordo também com essa espera ativa, com essa sensibilidade que o Evangelho pede de nós, principalmente na
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vivência fraterna e no amor recíproco que nós vivemos”, explicou Frei César, detalhando as funções e serviços que os frades assumem na Fraternidade Provincial.
É TEMPO DE ESPERANÇAR
Na sua mensagem, Frei Paulo Roberto Pereira indicou que está aberto ao diálogo com todos. “Vocês me conhecem e escolheram a
mim. Eu gosto sempre de bater um papo, conversar bastante, e sempre de lembrar histórias”, disse. Segundo ele, na rodovia BR153, que corta o Rio Uruguai, um frade – “não vou dar o nome para não faltar com a caridade” - estava lá fechando a ponte num protesto do Movimento dos atingidos pelas barragens. “Aquilo, certamente, gerou algum desacerto para quem estava querendo passar pela estrada. No caso, um outro frade, que estava indo de férias. De um lado,
um frei protestando e, de outro, um frei bravo porque estava havendo protesto. Numa outra fraternidade, um frei muito dedicadamente, estava autorizando uma festa paroquial e, de repente, ele ouviu: ‘Vamos fechar o ambiente para não vir a turma brava do outro bairro e atrapalhar a nossa festa’. Só que lá no bairro tinha um outro frei trabalhando e a gente poderia mostrar tantas outras contradições entre nós. Aqueles que saem caçar ouriços e aqueles que pretendem preservar a natureza como convém”, disse. Frei Paulo também citou Frei James Girardi, que, segundo o celebrante, tem sempre um humor inteligente. Ele costuma dizer que além do CPF, todos temos um CNPJ, que é o da entidade à qual pertencem. “Nessa forma de dizer, tenho certeza, ele está apontando para uma identidade que é comum a nós. Todos vivemos a partir de um chão comum, fecundo. E este chão comum nos oferece condições de olhar o mundo para além das nossas diferenças e aquilo que nos une é muito maior, muito mais criativo, muito mais fecundo daquilo que nos separa, que nos distingue”, observou. “Todos nós somos pecadores, todos nós estamos sedentos de céu, todos somos batizados, por isso em nós a moção sacerdotal profética e também a realeza, a dignidade sacerdotal. Todos nós partilhamos a ousadia, apesar de nossas fragilidades, a ousadia da consagração. E mais ainda, todos nós aspiramos viver franciscanamente, com to-
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das possibilidades que esse nome convém ou contêm”, ressaltou. “E viemos para Agudos. Para muitos de nós, Agudos tem o frescor dos primeiros passos. E para todos nós que aqui voltamos, para encontros, reuniões, retiros, capítulos, Agudos representa revigoramento. Agudos representa reencontros, animação, e, nesses dias, Agudos foi lugar de saber dormir para se transformar num lugar de saber sonhar. E o Capítulo ofereceu essa chance de ressaltar que, juntos, se constroem os sonhos”, refletiu. Para Frei Paulo, a bondade do Senhor concebeu celebrar o Capítulo vivendo também o final do
Ano Litúrgico e o início do novo tempo. “O tempo do Advento é o tempo da espera, da vigilância, da espera que é cheia de certezas, a espera que não é angustiante. A espera que a gente não sabe de fato o que vai acontecer, ela é geradora de angústias, mas a espera do novo tempo que se inaugura é uma espera prenhe de esperança. E por isso nós podemos repetir: é tempo de esperançar”, admoestou. E deixou o convite aos frades: “Eu quero convidar a todos e a cada um dos irmãos que neste novo tempo, ali no chão da nossa vida, nas tarefas mais simples ou nas atribuições mais elevadas - na Baixada, no Oeste, em Angola,
onde estivermos -, que nós possamos trazer nos olhos esperança. Trazer nos olhos esperança e ser para o irmão motivação de esperançar. Trazer em nós e enxergar, no outro, aquelas motivações que nos levam, juntos, a construir sonhos, a esperançar. Que não nos falte a bênção do alto e a proteção de Nossa Senhora!” Depois da Celebração Eucarística, os frades se reuniram em frente ao belo Seminário Santo Antônio para a foto oficial. Os frades fizeram fotos com máscara e, por um minuto, sem máscara, uma vez que todas as normas sanitárias estão sendo observadas desde o início no evento. | COMUNICAÇÕES |
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FREI SUSIN: “SOMOS CONVIDADOS A PERMANECER FIRMES”
O segundo dia do Capítulo Provincia (24/11) começou com a Celebração Eucarística, presidida pelo frade capuchinho Frei Luiz Carlos Susin, encerrando a sua pregação que começou durante o retiro dos frades capitulares no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP). Na sua homilia, Frei Luiz deixou aos frades da Província uma mensagem de conforto e esperança: “O seguimento de Jesus autêntico nunca foi fácil, nunca foi um chamado para a mediocridade, mas também não somos heróis por nós mesmos. Seria uma temeridade a gente achar que pode ser herói com suas próprias forças e por isso que nós somos convidados, em última análise, a permanecer firmes na nossa fé, firmes na centralidade da nossa opção, para que assim também se salvaguarde firme a vida pela qual abraçamos nesta forma de vida”. Frei Susin disse que a Palavra de | COMUNICAÇÕES |
Deus tem muito a ver com os dias que estamos vivendo no final do Ano Litúrgico, não para dar um fim à história da salvação, mas “para que tenhamos a certeza da fé em que a história tem um futuro, de que a nossa fé cristã tem um futuro”. A partir da citação do evangelho de Lucas - “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” -, Frei Susin disse que “permanecendo firmes, significa um convite àquilo que outra passagem de Lucas também diz: ‘Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima’. Então não é um anúncio apocalíptico no sentido popular da palavra, no sentido do cinema normalmente, mas é um anúncio que abre para a esperança”, explicou o frade. Segundo ele, se não fosse assim, não haveria razão de fazer um ca-
pítulo, já que o capítulo tem muito do discernimento dos passos futuros. “Nós estamos aqui, vocês estão aqui, porque creem que há futuro no caminho de Jesus, que a última palavra não é da maldade, não é da perversão, mas a última palavra é da retidão, porque a maldade não tem futuro, ela não é eterna. A justiça, diz o livro da Sabedoria, é eterna. O bem é eterno. Mesmo quando a gente quer se desfazer dele, a gente não consegue. Aquilo que é bondade é para sempre. A maldade dá para desconstruir, dá para eliminar e dá para substituir com o tempo”, refletiu. Frei Luiz Carlos agradeceu pela acolhida e desejou um bom Capítulo aos frades da Província da Imaculada: “Existe futuro!”, disse. Segundo ele, da parte de Deus está garantido, mas também depende das decisões dos frades.
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MAIS CELEBRAÇÕES A Santa Missa do terceiro dia foi presidida por Frei Neuri Reinisch, com os concelebrantes Frei Volney Berkenbrock e Frei Roberto Carlos, representando a Frente de Evangelição da Comunicação da Província. Já no quarto dia, o presidente da Celebração, Frei Claudino Gils, e os concelebrantes, Frei Thiago Hayakawa, da Universidade São Francisco; e Frei Ronaldo Fiuza Lima, professor do Instituto Teológico Franciscano (ITF), representaram a Frente de Evangelização da Educação, no dia que a Igreja celebrou a memória do franciscano São Leonardo de Porto Maurício, o grande missionário do século XVIII.
A Missa do sábado (27/11) fez memória à “Rainha” da Ordem dos Frades Menores, Padroeira da Província e da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola: a Imaculada Conceição. Esta Santa Missa teve como celebrantes Frei António Baza, presidente da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola; Frei Robson Luiz Scudela, coordenador da Frente das Missões; e Frei André Luiz Henriques, conselheiro da Fundação de Angola. No penúltimo dia, a Celebração foi presidida por Frei Marx Rodrigues dos Reis, coordenador da Frente de Solidariedade e animador provincial do Serviço de
Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), que teve como concelebrantes Frei José Francisco de Cássia dos Santos, vice-coordenador da Frente de Solidariedade; e Frei Sérgio Pagan, da Fraternidade de Niterói. A Família Seráfica celebrou no dia 29 de novembro Todos os Santos da Ordem. “Nesse Capítulo somos todos irmãos em busca de sonhos, especialmente hoje esta festa franciscana também nos desafia a olhar para todas as nossas seguranças e perceber se elas contribuem ou não para que a gente possa largar tudo o que nos aprisiona e construir o que nos serve”, observou Frei Marx.
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A
arte que identificará o Capítulo Provincial de 2021 nasceu numa reunião da Comissão Preparatória. Enquanto se apresentava o tema e o lema do Capítulo, eu comecei a rabiscar algumas intuições livres. Assim, eu comecei a fazer alguns traços, e diferentes dos traços costumeiros, eles começaram a me fazer mais sentido. Mas, dobrei o papel e deixei de lado. Numa outra ocasião, com mais tempo, resolvi transformar o desenho agora numa disposição digital, e com isso fui acrescentando os elementos que o completam, mesmo que com bastante simplicidade. Não sou desenhista como outros confrades que possuem anos de técnica. Eu me utilizo de traços simples pois não sei ser mais técnico e rebuscado. Mas, os elementos que procurei representar foram os seguintes: Num primeiro plano, uma fraternidade se abraça, plastificando o lema do capítulo: “Juntos que se constroem os sonhos”. A imagem do abraço, do caminhar juntos, de todos unidos, | COMUNICAÇÕES |
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simboliza o evangelizar como fraternidade. Além disso, a ideia de representar um abraço surge da ausência deste gesto de afeto por conta da pandemia. Entretanto, apesar de distantes, estamos abraçados no ideal. Por fim, o abraço também foi inspirado na interpretação teológica de que o Espírito Santo é o que une as diferenças na Igreja, por isso ele é um “abraço” entre a Trindade e a humanidade. É esse mesmo Espírito que abraça, que une a vida fraterna. Os personagens representados são coloridos para representar que somos todos diferentes, mas abraçados; estamos unidos em nossa diversidade. Na ponta, o Cristo que abraça a fraternidade, na cor vermelha, lembra o martírio, o amor ao Reino. Seus traços são inspirados no Cristo da Cruz de São Damião, símbolo forte de nossa espiritualidade, que também aparece dando base à fraternidade no desenho. Ao lado de Jesus está Francisco, chagado, que une a fraternidade ao Cristo, sendo modelo para o frade evangelizador.
Por fim, os dois frades que completam os personagens representam cada um de nós, com nossos anseios e perspectivas. A fraternidade está abraçada, mas no seu abraço “sempre cabe mais um”. É um abraço aberto, identificando que temos espaço para mais irmãos que quiserem se inserir em nossa família. Como base de tudo está o mundo, na intuição de que o “nosso claustro é o mundo”. Assim, o ideal fraterno cabe nas mais diversas realidades. Contemplamos, desse modo, as nossas presenças espalhadas por todo o globo terrestre, como no Brasil, em Angola, bem como os frades que desempenham suas atividades e missões em outros países. Mas mais do que isso, estamos abertos ao “mundo”, em contato com ele, para ouvir as suas intuições e interrogações para nós, a fim de que com o nosso carisma lhe ofereçamos uma resposta. Frei Gabriel Dellandrea
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RETIRO:
TEMA E LEMA DO CAPÍTULO PARA CONSTRUIR NOVOS TEMPOS
O
primeiro dia do Capítulo Provincial de 2021 foi dedicado à oração, contemplação e meditação, um dia de retiro e inspiração. O confrade capuchinho Frei Luiz Carlos Susin disse sentir-se honrado em assessorar esse primeiro dia, conduzindo a meditação do retiro no Capítulo. Capítulo é o mais próximo que temos da sinodalidade, tão importante para a Igreja e que está tão presente no caminho franciscano. Se propôs a refletir sobre nosso tema e lema do Capítulo, que contêm palavras fortes, para estabelecermos fundamentos sobre os quais queremos construir novos tempos. “Juntos que se constroem os sonhos”! Para sonhar bem é preciso dormir bem! Citando o ambien-
talista Ailton Krenak, Frei Susin lembrou que nossa sociedade está cada vez mais insone, cada vez mais pressionada para resolver as coisas em velocidade. Citando um sábio que dizia: “Quando não conseguimos resolver alguma coisa, vamos dormir, e no outro dia perguntamos o que sonhamos”, quis recordar a grandeza da palavra e do sentido de sonhar juntos. “Fraternidade Contemplativa em Missão: nossa regra é o Evangelho, nosso claustro é o mundo”. Claustro é outra palavra importante, porque lembra um modelo monástico, de estar sozinho. Mesmo os padres diocesanos, por vezes, têm dificuldade em se libertar desse estar sozinho que isola. Mas quando colocamos que nosso claustro é o mundo, criamos um paradoxo, um
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claustro aberto, que não isola mas que expande. Convento tem esse sentido diferente de monastério, pois a palavra remete não às construções, mas a congresso, a encontro. O lema ainda ressalta que é juntos que se constroem os sonhos… Juntos! Isso é sinodalidade! Estamos vivendo a Assembleia Eclesial Latinoamericana, juntos repensando nosso modo de ser Igreja, e vemos que a estrutura, e o próprio Direito Canônico, ainda não assumiu a eclesiologia do Vaticano II. Ainda temos o desafio de nos organizarmos com referência e centralidade mas de uma forma que funcione de modo sinodal. Na Evangelii Gaudium, um dos títulos diz assim: “Na crise do compromisso comunitário”. É disso que estamos falando, pois são os laços de | COMUNICAÇÕES |
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pertença que estão em crise devido a uma centralização do “eu”, uma personalização desacerbada. E não é centrado no “eu”, mas sim com sensibilidade pastoral que precisamos olhar para o mundo. Nesse sentido, Francisco ainda é chamado de totus catholicus et apostolicus… uma catolicidade que abrange o muçulmano, que abraça os passarinhos, o lobo… Hoje precisamos olhar para tudo com essa sensibilidade. Inclusive para a tecnologia, que não é apenas um instrumento nem está apenas em alguns instrumentos, mas que se tornou um ambiente. E causa transformações no mundo. O perigo é criar simulacros! A internet, por exemplo, é agente de transformação… com ela a comunicação mudou, passou de uma era em que poucos comunicavam para muitos, para um modelo em que a comunicação ocorre de muitos para muitos! Parece uma democratização, ao menos em tese, mas não é só isso. Basta olharmos para conceitos como pós-verdade e fake news para reconhecermos o verdadeiro caos da informação! Talvez nesse sentido que Platão tivesse medo da multidão. Ele defendia o governo por uma aristocracia, pelos melhores qualificados intelectualmente, e não por todo o povo (democracia). Mas para organizar a multidão, organizar o caos da informação hoje temos o algoritimo! É um algoritmo que vai, em meio a tantas escolhas e preferências que você manifesta e informa, copiando padrões, oferecendo algo que expressa esses mesmos interesses. No fundo vai fechando em bolhas, padrões. Totus catholicus precisa furar essas bolhas do eu. Nos fechamos em bolhas porque não queremos nos relacionar com o diferente. Há ainda de se levar em conta que vivemos uma hegemonia do dinheiro. O capitalismo que é por natureza acumulador, está matando
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a humanidade! Tudo gira em torno do dinheiro, do consumo e do acúmulo. Chegamos ao homo sapiens demens, mas com a inteligência a serviço da loucura. Loucuras como a bomba atômica, frutos da inteligência provam isso. É a ideia de identificar a mudança do período holoceno para o antropoceno. Segundo as eras geológicas, o período holoceno é quando a terra está em equilíbrio e em condições propícias para uma verdadeira erupção de vida e surgimento das espécies. O foco agora, entretanto, está no ser humano, tudo se volta a ele, por isso antropoceno. O Papa Francisco, ao assumir esse nome fez uma escolha. E em sua primeira homilia deixou claro os valores de seu pontificado, totalmente em sintonia com Francisco de Assis: ele apresentou o desejo de uma Igreja pobre com os pobres, voltada para a Paz e comprometida com o cuidado da criação. Essa sensibilidade pastoral que precisamos ao olharmos para o mundo. O Evangelho de João apresenta o mundo como o que o odeia. Esse mundo tem um príncipe. Por isso Jesus diz “meu reino não é desse mundo”. Mas também lembra que “Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho para a salvação do mundo…” Também diz Jesus que “não vim para julgar o mundo”. Nesses casos, não fala de outro mundo, mas sim do mundo. Esse mundo. Aqui, onde estamos, aqui é nosso lugar de convento (encontro, congresso, vida).
RELACIONAR-SE COM A DIGNIDADE DA CRIAÇÃO
Ao ser lançado o filme “Irmão Sol Irmã Lua”, vimos um romantismo franciscano meio que tomar conta. São Francisco foi declarado Padroeiro dos ambientalistas e protetor dos animais. E os frades começaram a dar bênção dos animais. Ou, mais frequentemente, bênção
dos pets. Há, de certa forma, uma espiritualidade no reconhecer que diferença pela convivência. Há algo diferente nos animais de companhia e com os que damos nomes. Os filhos de São Francisco são chamados a dialogar com as diferentes tentativas de se relacionar com a dignidade da criação. Uma espiritualidade antiga judaica, por exemplo, que aparece no Sermão da Montanha e depois se manifesta nas práticas de oração, esmola e jejum, reconhece na oração a atitude de voltar a boca ao Senhor, abrir a boca em direção a Deus… o pão que viria a encher essa boca é deslocado para o que mais precisa, e isso faz parte do voltar-se a Deus. Por isso, nossa espiritualidade propõe um aprofundar-se no despojamento. Trata-se de desapropriação. Essa é a nossa loucura evangélica! Desapropriar onde a apropriação é o critério. Inclusive, é até possível falar ao invés de antropoceno, em período capitaloceno, onde a lógica da apropriação está no centro. Estamos extraindo de nossa casa comum muito mais do que ela pode regenerar e oferecer, e isso é grave. É preciso também, nessa lógica, passar do apego ao desapego! Embora o apego também seja criar laços e vínculos, não devem ser de posse, antes de troca! Criar apego também é fundamental para a criança em seu processo de humanização, mas é um processo com consequências. São Paulo nos fala que queria nos poupar porque os amores vão terminar em luto! Realmente há um processo de luto envolvido e necessário na dinâmica da vida, dos vínculos e laços. São Francisco de Assis precisou passar por um profundo luto. Quando ele percebe que tentou viver o sonho de seu pai burguês e comerciante, depois tentou se realizar buscando títulos na guerra: passa por um processo de luto, chora com vergonha de si. Nas suas exortações aparece esse
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 processo quando ele enfatiza o “sine proprio” como maturidade dessa experiência. Historicamente foram várias as interpretações do sine proprio que aparece na regra franciscana, professada por todos os frades. Desde entender como propriedade e transferir todos os bens ao papado, sendo os frades como filhos que usufruem dos bens dos pais, até o questionamento do próprio uso, buscando um “uso pobre” de todas as coisas. Parece, entretanto, que essas discussões são por demais externas. Nas exortações, São Francisco fala na renúncia em fazer juízo do outro! Fazer juízo seria um apropriar-se do outro! O voto, não de pobreza, mas de viver sine proprio,
é traduzido como desapropriação! E isso é um processo de luto! Vamos ver alguns dados biográficos de Francisco. Alguns escritores o descrevem na juventude com vestes esvoaçantes e adepto de comidas delicadas. Por isso, sua forma de viver pobre era colocar remendo por fora das roupas (por dentro não aparecia, e todos colocavam), e comer com cinzas na comida. Era sua forma de desapropriar-se de seus desejos, daquilo que antes lhe eram tão valiosos. Um processo de luto, portanto. Por isso que imitar Francisco hoje não significa colocar remendos nas roupas e cinza na comida. Isso era parte de sua biografia. O
pai de Francisco queria fazer dele o homem que não conseguiu ser, por isso lhe inflava o ego. Era importante Francisco desconstruir isso, desapropriar-se e viver o luto! Por isso sua radicalidade! Que é inspiradora, mas que não conseguimos imitar… Tanto que Francisco precisou criar algo novo como forma de vida. Ele tentou os modelos de então, mas não se encontrou, seu processo era outro. Também por isso ele exorta a usar palavras breves nas pregações, porque não é o encanto da oratória que evangeliza, mas sim o testemunho. Nossas famílias, por vezes, já são piedosas e religiosas. Nossa conversão não é repentina, talvez por isso
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também é algo continuado. É aqui que entra o valor da provação no processo. O primeiro ano de vida franciscana é chamado de tempo da provação. Francisco acolhia novos frades e eram condições para essa prova deixar o que se tem (se não se tem nada, basta o bom propósito, a vontade de deixar), e ir servir os leprosos, doentes, excluídos. Junto com essa iniciação vinha o assumir a identidade franciscana, e isso se dá pela minoridade: fazer-se menor, abaixar-se. Historicamente, ao se fechar em conventos, perdemos o critério da sociedade, da solidariedade com os pobres nesse processo. Passou-se a discutir o tema da pobreza e da minoridade de modo teórico, e a estabelecer critérios externos, secundários. O jovem frade que vai trabalhar em uma favela ou comunidade, por exemplo, e se preocupa em ir de chinelo de dedo e roupas simples, para não parecer de fora. Não é isso que importa. Clodovis Boff, ao falar da opção pelos pobres, apresenta a necessidade de esta ser por uma dialética: é preciso atravessar a sociedade carregando a voz, a causa, as demandas dos mais pobres! Para isso precisamos entender a complexidade das mediações. Desprezar as mediações é algo como tentar a Deus. Não só é possível, como muitas vezes a estrada mais frutuosa é fazer uso dos caminhos possíveis em favor da dignidade dos mais pobres. Critério é também o modo de se fazer as coisas. No tempo de Francisco, a proibição de andar a cavalo e de possuir animais tinha um sentido prático. Hoje, como chegaríamos na África andando a pé ou mesmo de navio? Claro que o melhor é o avião… mas não é necessário ir de primeira classe. É claro que o padre precisa usar um carro para seu trabalho, mas não precisa ser um carro de luxo. Francisco apresenta o critério, ele pode tratar as coisas como
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irmãs justamente por não tratar os irmãos como coisas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem alguns antecedentes, outros manifestos muitas vezes inspirados nos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Num processo de laicização – porque Fraternidade ainda era muito próxima dos valores cristãos –, o positivismo vai trocar Fraternidade por Humanidade. Isso aparece ainda na tensão que há entre liberdade e fraternidade, seja no Brasil ou em vários outros lugares, às vezes até mais marcados que aqui. Um exemplo é a questão da resistência com relação à vacina, alegando um princípio de liberdade para não se vacinar. Claramente é o conflito entre essa compreensão de liberdade, e o princípio de solidariedade com o outro. O artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos Humanos começa com liberdade e termina na fraternidade: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. Hoje há uma crise de fundamentação para as relações. Quando dizíamos que todos somos “filhos de Adão e Eva”, por isso devíamos nos tratar bem, isso funcionava. Outra tentativa era dizer: “Somos todos cristãos”, disso advinha do preceito de não agredir fulano, porque ele também era cristão. Em um tempo de cristandade, claro. Depois do evolucionismo, isso cada vez mais se torna não um critério, Adão e Eva são compreendidos como uma narrativa de sentido, mas que não gera sentido para um chinês, por exemplo. Há sempre o processo de sacralizar e dessacralizar. Nas guerras santas, dessacralizava-se o outro para poder matar: o muçulmano não era chamado de homem, mas de cão pelos cruzados (e vice-versa). Sacralizar aquilo pelo que vale a
pena morrer também: nosso hino nacional fala em morrer pela pátria. O Papa Francisco, na Fratelli Tutti, quer superar até mesmo a individualidade da expressão de fé, em prol de uma fraternidade universal. No contexto bíblico, vemos na história de Caim e Abel a tragédia, ou o fracasso da fraternidade. E ali está a origem do pecado. A doutrina do Pecado Original tem um papel interessante no cristianismo. A formulação de Santo Agostinho o auxiliou a rebater a doutrina do maniqueísmo, desfazendo a proposta de duas forças antagônicas, Deus e o Mal, que lutam. O mal depende de mim, mas também não só de mim, há algo já no ser humano, como que herdado. O pelagianismo propunha que pelas próprias forças, o homem poderia resolver as coisas, mas não é assim, e a condição do pecado original ajuda a embasar. Ainda São Paulo sustenta na Carta aos Romanos a necessidade de Deus para superação do pecado, embora seguindo a narrativa de Adão e Eva como início (Cf. Rm 5) e afirma com todas as letras que todos pecaram e precisam de Graça para redenção (Cf. Rm 3, 23-25). Para superar a teologia do bode expiatório e a prática de colocar a culpa em alguém, precisamos todos juntos assumir que pecamos e pedir perdão. Cristo se apresenta não como bode expiatório, mas como cordeiro sem mancha que se deixa conduzir. O relato de Adão e Eva apresenta uma alegoria de como a humanidade só amadurece com a provação. Era preciso abandonar o paraíso infantil para se tornar adulto e assumir o outro lado da vida: trabalho, sofrimento, morte. Adão alcança sua condição e Eva é ainda mediadora. Mas há a transgressão. E aqui vem a pergunta: toda transgressão é pecado? Por exemplo um filho que aos 30 anos ainda pede permissão para a mãe para sair com amigos e beber uma cerveja. Nesse caso é
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 necessário que chegue o dia em que ele simplesmente vá. Em certo sentido, foi o fruto proibido que fez com que Adão e Eva se tornassem como nós! Se tornassem de fato imagem e semelhança de Deus, porém como deuses finitos. Mas isso precisa acontecer no companheirismo de Deus, e não contra Deus! Ocorre então o salto para a consciência… consciência e liberdade são condições para pecar, sem isso não há culpa. O fruto proibido traz a possibilidade de pecar, que antes não existia, como no estágio infantil em que a criança não tem consciência de suas ações, e, portanto, não pode ter imputada culpa. Caim, nesse sentido, foi advertido por Deus quando fechou os
olhos para a oferta de seu irmão Abel e ressentiu-se da preferência do Senhor por Abel. Era como se ele perdesse o privilégio de filho único. Caim que na verdade é, de certo modo, primogênito da humanidade, já que Adão e Eva foram criados, mas não cresceram, já eram adultos. Caim representa a força de Deus, força do primogênito e Abel representa a fragilidade. No entanto, Abel se tornou uma provação para Caim! Abel ser o preferido de Deus se torna a provação da Fraternidade! E Caim não passa na prova! Esse seria, de fato, com consciência e liberdade, o primeiro pecado. Não porque ofendeu ao alto de modo vago e abstrato (fruto proibido), mas porque usou o poder de Deus (Caim era o
mais forte) para pisar no que estava abaixo (mais frágil). Usar a força recebida de Deus para esmagar o outro! Isso sim é pecado! O Gênesis, então, vai mostrar como a descendência de Caim vai aumentando e multiplicando o fracasso (e o pecado) de Caim: ele é tido como fundador das cidades mais sanguinárias e violentas. Depois vemos que Abraão também é provado. No relato do sacrifício de Isaac, seu filho, Abraão recebe duas ordens: a primeira revestida de sacralidade, em tom cerimonial, de tomar seu filho único, preparar o altar e oferecer em holocausto ao seu Senhor, e em troca ele receberia toda a Promessa. E a segunda ordem foi mais simples: “não faças mal ao
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menino”: sem sacralidade, sem cerimônia. E Abraão, de certo modo, transgride a primeira ordem (que não obedece) para seguir a segunda. Vemos ainda Esaú e Jacó – gêmeos que saem do ventre materno já brigando. Após a história dos subterfúgios para obter a bênção e os direitos da primogenitura, Jacó vê seu irmão que marcha contra ele com seu exército bem armado, e percebe que não tem o que fazer. Vai, então, sozinho e desarmado em direção ao exército de seu irmão, e ao chegar perto, se abraçam chorando. O choro é necessário e importante na construção da fraternidade. Depois Jacó também terá seu preferido: José e Benjamim que foram gerados na velhice. Isso desagrada seus irmãos, José se torna a provação para seus irmãos, que arrumam um modo de se livrarem dele. Então eles fazem o que Caim fez. Só não o matam porque Rubem, o primogênito (aquele que está “no lugar do pai”) interfere. Mas ele é vendido como escravo. Quando José se reencontra com os irmãos, ele precisa chorar. O choro é necessário instrumento de superação. No processo de perdão, José diz aos irmãos que não foram eles que o fizeram parar no Egito, mas sim fora o próprio Deus! Ele mesmo perdoa e dá sentido à narrativa. É necessária mesmo a didática do Perdão! Assim como não há Eucaristia sem Ato Penitencial, é necessário reconhecer-se pecador e pedir perdão. Hannah Arendt apresenta uma definição de perdão muito válida, quando confrontada com a pergunta de como seria possível para os que o sofreram, perdoar os causadores do holocausto. Como não buscar vingança ou reparação? O próprio sistema judiciário é pautado em garantir alguma espécie de vingança ou compensação, para que não fuja do controle, mas o sistema é esse, de vingança no fundo. Por isso, Hannah Arendt apresenta o perdão não como um sentimento, mas como
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uma promessa: a promessa de que no futuro não se vai cobrar o erro do passado! O filósofo Emanuel Levinas chama a atenção para a banalização do perdão quando acontece sem uma pedagogia. Ele criticava o perdão cristão por ser abrangente e fácil demais. Dizia que era possível perdoar os alemães pelo holocausto, mas impossível perdoar Heidegger, pois Heidegger era um gênio. A Fraternidade, portanto, não é algo dado, garantido ou natural. É algo que se cria, que se constrói. É a vivência da Fraternidade Escatológica que se concretiza sim, mas pelas nossas ações e decisões.
A UNIVERSALIDADE DA FRATERNIDADE
Alguns franciscanólogos reconhecem no século XIX um momento em que São Francisco foi, de certo modo, “sequestrado” pelo romantismo para fazer frente ao racionalismo do Iluminismo. Essa ideia de um São Francisco dos passarinhos e não muito atuante. Voltaire vai inclusive criticar a apresentação de um São Francisco de braços abertos, cantando e que depois vai pedir esmola. Ele diz que seria melhor ir trabalhar então. Claramente não conhece a espiritualidade de São Francisco, nem suas escolhas, critica justamente essa imagem da romantização. Eça de Queirós tem um conto muito interessante sobre o julgamento de Junípero: estaria Frei Junípero às portas do céu para seu julgamento, e Deus elencaria suas virtudes, seus atos de misericórdia e vida de oração. Quando quase Junípero estaria entrando no céu, chega o porco para o acusar. Sabemos a estória que um confrade estava doente e Junípero foi até o vizinho e “pegou” a pata de um porco para fazer uma sopa para o doente – apenas a pata do porco, deixou o resto lá. Agora, o porco sem a pata estava no seu julgamento. Quando o dono do porco
veio reclamar com o guardião – vemos aqui a espontaneidade franciscana, em Junípero, e já a instituição, no guardião – este gritou tanto com Junípero que ficou sem voz. Junípero, então, aumentou o caldo da sopa e ofereceu ao guardião, para que recuperasse as forças. Como esse gritasse ainda mais alto que não tomaria a sopa para não fazer parte do roubo, Junípero pergunta então se o guardião poderia segurar a vela, que ele mesmo tomaria a sopa. Isso está nos Fioretti de São Francisco. Em Junípero a desapropriação é tão presente, que ele perde a consciência de propriedade – sua e dos outros. Fazer juízo sobre a propriedade já é propriedade. E por isso, no conto de Eça de Queirós, Junípero é mandado para o último lugar do purgatório. Quando Francisco faz o elogio das virtudes, reconhece que quem tem uma tem todas. E quando fala da obediência, explica que se trata de obediência a todos, não apenas ao superior, mas aos irmãos, e até às criaturas irracionais e às feras. Estar na obediência e submeter-se até quando ao Senhor aprouver. No episódio do Lobo de Gubbio, os moradores chamam Francisco porque não sabem o que fazer. Francisco consegue fazer um pacto entre o lobo (que não mais atacaria os rebanhos nem as pessoas) e a cidade (que o alimentaria e acolheria). Tanto que quando o lobo morre, a cidade chora. Isso só é possível porque Francisco está na dinâmica da desapropriação! Só assim ele é capaz de exercer o ofício de mediador, pois para isso não pode haver interesses! Francisco não tem conflito com ninguém, quem tem conflito são o lobo e a cidade, e disso Francisco não toma partido, respeita os dois, não tem juízo sobre eles, que já seria apropriação. O Papa Francisco, na Fratelli Tutti, inspira a Religião a estar a serviço da Fraternidade Universal.
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 Mas só podemos pedir que o outro coloque sua religião a serviço da Fraternidade quando nós já estamos dispostos. Por isso, Hans Küng diz que só haverá paz no mundo quando houver paz entre as religiões. Isso porque a religião não gera necessariamente a violência, mas a violência quer ser sacralizada para continuar. Para matar, morrer, mandar matar, mandar morrer é preciso criar uma justificativa. Isso era feito por doutores da Igreja e santos, nas pregações pelas cruzadas, onde se proclamava que quem matasse um mouro faria um favor a Cristo. Da mesma forma entre os exércitos dos muçulmanos havia a promessa de recompensas no céu para a morte dos cristãos. As religiões costumam se or-
ganizar sob quatro fatores: rituais, mandamentos, doutrinas e hierarquia (não necessariamente vertical, mas modelos de organização). O fechamento nesses fatores gera os vícios: ritualismo, fundamentalismo etc. Religião precisa estar para além, para a Fraternidade Universal! Jesus transcende esse formalismo nas disputas com os mestres da lei e fariseus – na questão do sábado quando ele realizava curas, na superação da compreensão preconceituosa de pureza etc.). Paulo também aponta isso quando denuncia que a letra mata e o espírito vivifica. O próprio Papa Francisco insiste em transcendermos a própria religião pela Fraternidade Universal. Estar disposto ao diálogo.
E isso o franciscano devia fazer com facilidade. Os filhos de São Francisco aprendem a espontaneidade e a liberdade da sensibilidade. Talvez seja isso que caracterize a escola franciscana de pensamento. Os textos diferem, as abordagem são próprias, mas há um sensibilidade comum: confiança no Espírito; desapropriação, que será chamada simplicidade franciscana… A missão da Fraternidade Universal é ir além das paredes da religião instituída! Sermos católicos significa isso, a universalidade da Fraternidade. Nossa Religião nos abre aos outros, não nos separa! Isso é não se apropriar da realidade e colocá-la a serviço de uma religião, mas sim colocar a Religião a serviço!
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ANÁLISE DE CONJUNTURA
NÉVIO FIORIN: CAMINHOS E ATALHOS PARA “ESPERANÇAR”
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rei Toni Michels, coordenador da Comissão Preparatória, fez a apresentação do assessor Névio Fiorin, que foi frade de nossa Província, e hoje continua com seu trabalho junto ao ISER. Névio explicou que trabalha junto ao movimento Fé e Política, com as Comunidades Eclesiais de Base, justamente nesse esforço de avaliar a realidade, fazer análise de conjuntura e alargar o olhar para o horizonte. Junto ao Movimento Fé e Política, a palavra forte é Esperança, mas na linha de Paulo Freire, não na espera passiva, mas sim compromissada. Esperançar, portanto, pois o Senhor caminha conosco, não estamos sozinhos e o povo também não está sozinho. Para entendermos aquilo que se passa hoje no país, precisamos antes ver o quadro de fundo, o chão onde se desenrola essa conjuntura que estamos vivendo. Para isso, alguns pontos são importantes e precisam ser considerados. Não é possível mais fazer análise de conjuntura sem levar
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em conta a realidade de nossa casa comum, sem considerar os problemas que o planeta apresenta. Somos uma grande comunidade de vida, e precisamos lembrar disso. Cabe a nós todos, cada um no seu lugar, mas a todos nós cabe pensar um outro modo de produção. Pois a crise está aí e não conseguimos enxergar aonde ela vai. Trata-se de como assumir que a Terra é um ser vivo, e como tal tem seus direitos. A natureza tem seus direitos. Evoluímos muito nos direitos dos animais, maus-tratos são sinais de revolta facilmente. Para entender esse modo de se relacionar e valorizar a Terra, podemos aprender com os povos naturais. Valores como o “bem viver” dizem muito! Para o povo guarani, por exemplo, o índio não tem propriedade, ele tem o chão para viver. A aldeia não tem cercas, tem referências: até o rio, até tal montanha… isso forma a comunidade, é a casa da aldeia. Bem viver representa um pouco essa postura de respeito onde pisamos, onde vivemos. Desde 1979, a Campanha da Fra-
ternidade nos alerta sobre a questão ambiental; sempre volta essa preocupação, e, mesmo assim, pouco aparecem iniciativas concretas em nossas comunidades. São poucas as que realmente se empenham no cuidado com a natureza, desmatamento, lixo etc. Mesmo a COP26 retrata o mundo em que estamos vivendo: um mundo de muitas tensões. Nações com interesses próprios acima do bem comum. Vários países não compareceram como deveriam e os resultados foram insuficientes. A visão de que a natureza é, na verdade, um reservatório de recursos a ser explorado. Os interesses que se impõem são de grandes empresas, com capital maior que muitos países, ideais de empresas se impõem nesse contexto. Precisamos nos perguntar como nos colocamos diante da Mãe Natureza: que legado deixaremos para a geração futura. Quando a Amazônia entra na discussão internacional, países se preocupam com a reserva de recursos, que são perdidos, e nosso governo não se preocupa nem com
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 isso. É como se queimássemos nossa biblioteca de Alexandria. Olhemos agora um pouco para o caminho do Brasil. Seus passos recentes de desenvolvimento. Diante dos apelos e necessidades, o capitalismo teve de se manifestar diante do projeto socialista, o estado de bem-estar social, de certo modo é uma resposta à população, garantindo que conseguiriam construir liberdades e benefícios melhores. E realmente conseguiram: o capitalismo da Suécia, por exemplo, é o melhor socialismo possível. Nosso contexto mais próximo levou a uma preocupação na economia, que levou ao aumento de salário, com isso o trabalhador consegue sanar suas necessidades e sobrar algum dinheiro. Hoje, economistas entendem que o aumento do salário mínimo não gera desemprego por onerar o empregador, pelo contrário. Em 2006, com a descoberta do Pré-sal, outro fator importante no relacionamento do governo com as empresas. E desse produto estatal,
porcentagem do lucro deveria ser destinado para o social e educação… Mas não se fala mais nisso. Imprensa que foi tão efetiva na investigação de alguns casos de corrupção agora não se manifesta mais sobre essas questões. Aos poucos, novamente, empresas vão ocupando lugares comuns, comprando e assumindo a própria imprensa. Tudo gira em torno das tensões com os interesses das grandes corporações, que não querem renunciar a seu lucro. Em 2012, com interferência dos EUA, o escândalo (midiático inclusive) da Lava Jato trouxe consequências em todos os âmbitos. Um verdadeiro estratagema de guerra, com consequências diretas para a privatização e abertura de mercado para conglomerações com seus interesses próprios. “O Brasil não é um terreno aberto onde pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desfazer muita coisa para depois
fazer”, disse Bolsonaro ao visitar o então presidente dos EUA, Donald Trump. Essa luta ideológica contra o fantasma do comunismo leva tudo em seu caminho. Outro front de guerra está sendo a saúde, que por causa da pandemia não foi mais desaparelhada ainda, mas claramente o SUS é atacado em vista dos interesses das empresas de saúde privada, planos de saúde e hospitais. Diante desse cenário desastroso, precisamos buscar esperança. E onde vamos esperançar nessa atualidade? Buscando referências nos exemplos que surgiram, de solidariedade e fraternidade, iniciativas e caminhos que surgem e se mostram. Alegrias que estão ali e continuam firmes. Quem está na pastoral direta, tem a missão de despertar o povo para isso, para a Esperança real, fruto do compromisso e posicionamento. Fomentar iniciativas que ajudem e provoquem os poderes públicos para verdadeira mudança.
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APELOS DA IGREJA E DA ORDEM
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a tarde do dia 24 de novembro, a reflexão se voltou para aquilo que é próximo da vida dos frades e que já os impulsiona nessa caminhada. Frei James Girardi nesse primeiro momento e, depois Frei Sandro Roberto da Costa, se dispuseram a auxiliá-los nesse caminhar. Qual a relação entre sinodalidade e o tema do capítulo? Tem tudo a ver! Os objetivos do Sínodo são também os objetivos do nosso Capítulo, não somos uma ilha, estamos na Igreja, somos parte da Igreja e da realidade. O sínodo quer desencadear processos que gerem mais sinodalidade, mais diálogo, mais proximidade… e tornem isso mais natural. O método para isso é escutar. O método privilegiado do Capítulo deve ser escutar, cada frade, mesmo aqueles que não estão aqui, mas escutar a partir de suas realidades. Mas escutar como método e com método! Não podemos sair daqui com vários bons conselhos apenas. A escuta tem um objetivo que é discernir. E para discernir o caminho é participação. Se não houver participação ficamos pelo caminho. Frei James citou um artigo recente de Leonardo Boff, por ocasião da Festa de São Francisco, fazendo a leitura de algumas partes, entre elas a seguir: “A pobreza para Francisco não é um exercício ascético. É um modo de vida. Consiste em remover tudo o que possa me
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distanciar do outro: os bens, os saberes e principalmente os interesses. Como a palavra – interesse – sugere é aquilo que fica entre (inter) mim e outro. Quis despojar-se disso tudo. Colocar-se de joelhos, à altura do outro, para estar olho a olho e rosto a rosto. Sem distância, você sente o outro como seu irmão ou sua irmã, sua pele, seu olhar e o pulsar de seus corações”. (http://www.ihu.unisinos. br/78-noticias/613445-o-serafico-pai-sao-francisco-o-ultimo-cristao-artigo-de-leonardo-boff) A partir da caminhada das fraternidades no processo de preparação desse capítulo, é importante trazer aqui algumas dessas inquietações. Não repetir o que as fraternidades já disseram, mas recuperar algumas inspirações. Para ajudar também fez algumas citações da Evangelii Gaudium, a fim de iluminar e fundamentar a reflexão. Das contribuições das fraternidades ressaltou a insistência na necessidade de retomar a importância da fraternidade, como intrínseca ao ser frade. As fraternidades reconhecem isso, os frades reconhecem, querem trabalhar para ser mais fraternos. Além da Fraternidade, é a Minoridade que nos distingue na Igreja, não a pobreza! Sobre isso, os frades
reconhecem que o estilo de vida de nossas fraternidades são por demais secularizadas, e se preocupam sobre isso. Frei James encerrou com a leitura dos artigos 9 e 10 do Documento Final do Capítulo Geral. Um dos temas principais, emerso durante nosso Capítulo geral, foi a necessidade de renovação de nossa identidade franciscana e da vida fraterna. Reconhecemos que, como todas as pessoas, também nós somos influenciados pelos contextos em mudanças de nossas comunidades locais e globais. Como disse o Papa Francisco, “hoje, não vivemos uma época de mudança, mas uma mudança de época”, que pode ser vivida pessoalmente e coletivamente como desestabilizadora (PAPA FRANCISCO, Encontro com os participantes no V Congresso da Igreja italiana, Catedral de Santa Maria da Flor, Florença, 10 de novembro de 2015). Os membros da Ordem dos Frades Menores não são imunes a essas mudanças, mas devemos lembrar que nossa vocação é a de ser “peregrinos e forasteiros” no mundo (Rb 6,2; Test 24) e, por isso, ser “discípulos missionários” (Evangelii gaudium, 120) no mundo, mas não partidários do mundo. A tarefa de renovar nossa identidade franciscana requer discernimento, estudo, formação e ação. Não podemos simplesmente ter confiança no status quo como suficiente para justificar nosso senso de autocomplacência. O povo de Deus pede mais de nós, em virtude de nosso empenho público de ser frades menores, a exemplo de São Francisco. Jamais precisamos ter medo de ‘recomeçar’ pois, como nos recorda Tomás de Celano, no fim de sua vida, São Francisco “não julgava que já o tivesse alcançado e, permanecendo infatigável no propósito da santa renovação, esperava sempre recomeçar”. (1Cel 103).
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REFLEXÃO DE FREI SANDRO
A noite, Frei Sandro Roberto da Costa conduziu a reflexão, e se propôs a abordar os temwas da evangelização, formação inicial e permanente e pastoral vocacional, haja vista que Frei James na parte da tarde refletira sobre Fraternidade e Minoridade. Explicou que a motivação desse momento seriam os apelos da Ordem e da Igreja, ou seja, aquilo que precisamos chamar atenção. Não é questão de ser ou não pessimista, mas de elencar pontos de tensão e desafios. O Papa Francisco, quando ainda Cardeal Bergoglio, na Conferência de Aparecida, já adiantava pontos de tensão como autorreferencialidade, autopreservação, e modelos fechados… convidando então para uma verdadeira conversão pastoral que tenta implementar em seu pontificado. A partir da Evangelii Gaudium, podemos entrever naquilo que é como que um projeto de governo de Francisco, diversas provocações para conversão. O Papa Francisco insiste em uma Igreja em saída, dialogal, misericordiosa. E isso tem a ver com como estamos em nossas frentes, pois a Igreja é chamada a ser sempre a “casa do Pai”, por isso, precisa ter também as portas abertas, para aqueles que buscam a Deus em um momento de dor, não encontrem as portas fechadas. Também as portas dos sacramentos não devem estar fechadas! Não somos controladores e a Igreja não pode ser uma alfândega! Não vivemos mais em um regime de cristandade, e quando as instituições não atendem os anseios da pessoa, elas saem, procuram outra paróquia, ou outra religião. Não se trata de acomodar, pelo contrário, proporcionar uma espiritualidade que cure, transforme e liberte…
A questão não é dar respostas prontas para tudo isso, mas sim se importar, acolher e procurar a melhor maneira para lidar com essa realidade de uma sociedade pluralista. Quanto à nossa formação, destacou diversos desafios e fragilidades, no âmbito pessoal, psíquico, mas deu ênfase nas referências que se tornam desviantes, e levam o religioso a se perder. Dinheiro, vaidade e soberba, mas também a falta de dedicação ao Evangelho. A Ordem, no Documento Final recorda as duas características essenciais da Espiritualidade de São Francisco: a experiência de conversão permanente e uma vida de penitência.
QUESTÕES DEIXADAS POR FREI SANDRO:
omo podemos interpretar, em C se tratando de vida de Província, o espírito da “autopreservação”, da “autorreferencialidade”, a “introversão” clerical/religiosa? Como podemos ser “Província em saída”, a partir de nosso Plano de Evangelização? Como podemos incorporar, em nossas decisões, reflexões, o espírito sinodal, de “Caminhar juntos”, de vivenciar o espírito de “comunhão, participação e missão”? Como evangelizar com e como os
pobres, principalmente diante da situação desesperadora de miséria em que vivem muitos dos que frequentam nossas frentes de evangelização?
PERGUNTAS DO DOCUMENTO DO SÍNODO
Formar para uma mentalidade sinodal: “A espiritualidade do caminhar juntos é chamada a tornar-se princípio educativo para a formação da pessoa humana e do cristão, das famílias e das comunidades. Como formamos as pessoas, de maneira particular aquelas que desempenham funções de responsabilidade no seio da comunidade cristã, a fim de as tornar mais capazes de “caminhar juntas”, de se ouvir mutuamente e de dialogar? Que formação oferecemos para o discernimento e o exercício da autoridade? Que instrumentos nos ajudam a interpretar as dinâmicas da cultura em que estamos inseridos e o seu impacto no nosso estilo de Igreja?” Como trabalhar a Formação Inicial e Permanente, de modo que seja uma “formação sinodal”? Como vivenciamos a cultura do clericalismo em nossa Província? Como vencê-la/combatê-la? Como formar os frades para serem, de fato todos, “irmãos menores”?
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A REALIDADE PROVINCIAL SEGUNDO O RELATÓRIO
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a manhã do dia 25 de novembro, o Definidor Geral e Visitador de nossa Província, Frei César Külkamp, iniciou a apresentação do Relatório ao Capítulo. Como ele desempenhara o ofício de Ministro Provincial durante o triênio antes de ser eleito Definidor Geral, tratou-se de uma apresentação da Província e um olhar mais atento à realidade de nossa Fraternidade Provincial. Quanto às prioridades do Plano de Evangelização, destacou os desafios da Pastoral Vocacional, na situação em que estamos, de diminuição de números e escassez de frades, o que deveria nos questionar e motivar para o trabalho vocacional. Os pedidos do Capítulo Provincial 2018 foram tratados com
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carinho. Foram feitas 10 entregas – 10 lugares e serviços em que deixamos de estar, com muita dor e sempre com o coração apertado. Mesmo entregando esses lugares, quando foi preciso um guardião para Rondinha, tivemos que abrir mão do secretário da Província. Portanto, há uma fragilidade quanto aos frades. Nesse sentido o processo de redimensionamento precisa ser constante e chegar ao modo de vida dos frades, com sobriedade e humildade. Por isso foi possível chegar a assumir novas missões, como o Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá. Com o redimensionamento foi possível olhar com mais atenção para os diversos aspectos de nossa vida e evangelização, seja na comunicação, educação, santuários etc. A
Fraternidade Frei Leão é uma dessas alegrias, uma fraternidade voltada para o trabalho de educação na USF e com o intuito de propiciar mais espaço na Fraternidade de Bragança também, que é para o cuidado dos idosos e adoentados. A FIMDA representa o anseio missionário da Ordem Franciscana, em uma resposta ao apelo da Ordem e à necessidade de levar o franciscanismo a outras terras. É um motivo da alegria o primeiro presidente da Fundação Mãe de Deus de Angola ser angolano, e o governo constituído de metade brasileiros, metade angolanos. Com certeza é um tempo de graça e motivo de muita esperança. O aumento das vocações, para os frades e também para a Igreja local, leva a buscar outros tra-
CAPÍTULO PROVINCIAL 2021 balhos, paróquias mais distantes que requerem mais investimento e atenção, e mais desafios para os frades. Com o grande número de formandos, a dificuldade de espaços e de formadores, foi decidido que os estudantes, que já vinham fazer a Teologia no Brasil, viessem também fazer a Filosofia no Brasil. Como a postura é de acolher bem aqueles que conseguimos formar bem, ficamos dois anos sem acolher aspirantes, devido ao grande número de vocações. Os passos dados também foram no sentido de organização contábil, financeira e formativa de nossa presença missionária. Quanto à economia, tivemos que fazer ajustes nesse triênio e em especial pelo impacto da pandemia, que afetou todos os âmbitos de trabalho, pastoral, missionário, e também a arrecadação, manutenção e sustento de nossas casas e projetos. A pandemia representou um desafio muito grande e real em todos os aspectos para nossos trabalhos e modo de conviver. Possibilitou confronto com nosso próprio egoísmo e exigiu esforço e adaptação. O movimento de redimensionamento ficou focado na Frente das Paróquias, precisa agora se estender às demais frentes e tra-
balhos, tanto para equalizar a presença de frades nesses trabalhos, para o que foram dados alguns passos, mas também para reavaliar e retomar com renovado vigor nosso testemunho e serviço. Após essa apresentação de Frei César e Frei Robson (a parte do economato), os frades se reuniram em grupos para discutirem o quanto essa parte do Relatório, de “prestação de contas”, realmente contemplava a todos e a todas as realidades, e para já elencar quais as linhas gerais devem ser prioridades na Provín-
cia, apresentando também propostas concretas para tal. Na parte da tarde, um plenário com as discussões dos grupos mostrou forte ênfase na vida fraterna, na qualidade dos relacionamentos e na formação continuada e específica, valorização dos esforços de redimensionamento que devem continuar, além de várias questões de organização. Questionamentos sobre como viver melhor o nosso carisma e como nos animar cada vez mais pela nossa vocação e não por valores escusos foram surgindo e a discussão seguiu. A Pasto-
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ral Vocacional, que será tema de outro momento, foi bem presente nas discussões. A segunda parte dessa tarde foi dedicada à continuidade da apresentação do relatório ao Capítulo. Frei César ressaltou a centralidade que a vida fraterna tem para o frade. Somos 46 fraternidades, destas, 41 no Brasil e 5 em Angola. E nessas fraternidades, de um modo geral há um espírito bom no convívio, partilha de vida e no assumir o trabalho evangelizador em comum. Dificuldades e desafios são enfrentados com coragem, mas algumas vezes precisam de mais atenção e esforço. Isso faz parte da dinâmica de viver em comum. Há muitas coisas que podem melhorar, mas esse processo é contínuo e muito recompensador. Projeto Fraterno de Vida e Missão, Projeto Pessoal, a realização periódica de Capítulos, momentos de oração, de convívio e de descontração: são instrumentos valorosos para vivermos bem em fraternidade. Dando seguimento, Frei Fidêncio continuou a apresentação do Relatório ao Capítulo, tratando agora sobre o tema da contemplação. Somos Fraternidade Contemplativa em Missão, nosso modo de
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vida pressupõe andar na companhia de Deus, reconhecê-Lo e testemunhar seu Evangelho. Sobre a Formação, Frei João Francisco iniciou a apresentação do Secretariado para a Formação e Estudos agradecendo a todos que colaboraram nessa missão, e em seguida expôs a fundamentação da formação franciscana, os documentos que servem de base e a organização do Secretariado como um todo. Se dispôs a apresentar as “forças”, “oportunidades”, “fraquezas” e “ameaças” na caminhada do Secretariado. Frei Fidêncio retomou a palavra para a apresentação da Formação Permanente, elencando o que foi possível realizar diante das dificuldades, e ressaltando que é sempre um desafio que precisa ser enfrentado com boa vontade e disposição. Na parte da noite, novamente a reflexão e partilha em grupos propiciou oportunidade e espaço para aprofundar e surgirem novas questões. A dinâmica de logo após a apresentação do Relatório, que é o instrumento de trabalho do Capítulo, sempre com tempo para o debate em pequenos grupos e logo após plenário, foi a metodologia assumida para não deixar “esfriar” a discussão de assuntos importan-
tes e evitar que questões importantes se percam pelo caminho. Dimensões transversais ao carisma franciscano, os trabalhos em prol do JPIC – Justiça, Paz e Integridade da Criação, e o modo de ser em Sinodalidade, foram os pontos iniciais dessa parte do instrumento de trabalho (o próprio relatório) no dia seguinte, 26 de novembro. Partindo dessas inspirações, o relatório apresentou Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças de cada uma das cinco frentes de Evangelização da Província: Educação; Comunicação; Paróquias, santuários e casas de acolhimento; Solidariedade com os empobrecidos; Missões. A partilha em plenário ressaltou as grandes conquistas nesse triênio, marcadamente as iniciativas em tempo de pandemia, as grandes fragilidades que temos em todos os serviços, e, ao mesmo tempo, o reconhecimento do esforço em servirmos cada vez melhor ao Reino de Deus nos trabalhos que assumimos. No final, os frades tiveram uma visão mais realista da Fraternidade Provincial. Iluminados pelo diálogo e partilha há mais consciência dos valores da vocação, das responsabilidades e desafios.
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PRIORIDADES E ESTRATÉGIAS
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Dia de Todos os Santos da Ordem Franciscana, 29 de novembro, foi um dia muito importante para os frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. A manhã iniciou com o trabalho de votação das prioridades e estratégias que o Capítulo quer estabelecer para a caminhada do sexênio em nossa Província. Redescobrir o valor da vida fraterna. C onsolidar a Animação Vocacional como responsabilidade permanente de cada frade, fraternidade e Frentes de Evangelização. Reforçar a importância da Formação Inicial e Permanente dos frades. Definir a sinodalidade como dimensão transversal da vida Fraterna e ação evangelizadora. Essas foram as quatro prioridades assumidas para o sexênio. Cada uma delas com estratégias bem definidas. A votação das estratégias foi bastante discutida, cada comentário contribuía para expressar de forma mais precisa os anseios da fraternidade e para fortalecer o compromisso a ser assumido por todos. Esse debate possibilita a participação de todos, verdadeiro exercício de sinodalidade.
Na segunda parte da manhã, o plenário se dedicou a votar as propostas do Capítulo, os chamados “mandatos do Capítulo”, e algumas observações mais de caráter orientativo. Para além das prioridades e estratégias que eram para o Plano de Evangelização, essas propostas mais assertivas e, por vezes, pontuais querem facilitar a dinamização da vida quotidiana e apontar metas, direcionamentos e aspirações. Essa dinâmica própria de reflexão, discussão e assumir juntos as conclusões, faz parte do movimento da vida fraterna.
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A PRIMEIRA VEZ
Frei Marcelo
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ntre os jovens frades que participaram do Capítulo, dois deles eram estreantes:: o professo temporário Frei Marcelo Tadeu da Silva Cardoso; e o professo solene Frei Canga Manuel Mazoa, que será ordenado presbítero em janeiro. Internado de 12 de abril a 25 de junho, exatos 72 dias, Frei Marcelo, de 36 anos, travou a maior batalha de sua vida contra a Covid, a ponto de os médicos liberarem os seus confrades para avisar a família que a luta estava chegando ao fim. Mesmo sem ter consciência enquanto esteve intubado, ele não desistiu. Uma força o ajudava a continuar a batalha para derrotar o vírus que já matou mais de 615 mil pessoas no Brasil. Frei Marcelo venceu e participa do seu primeiro Capítulo Provincial. “Foi uma grata surpresa quando o Frei Samuel, mestre dos estudantes do tempo da Filosofia, perguntou se eu gostaria de participar. Prontamente respondi que sim,
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Frei Canga pois havia feito o propósito de não perder nenhuma oportunidade que Deus me apresentasse. É muito gratificante estar aqui no Capítulo, rever confrades, conhecer e agradecer a todo mundo que rezou pela minha recuperação”, contou. Frei Marcelo faz parte de uma pequena parcela que sobreviveu quando precisou de ventilação mecânica. Segundo dados de uma pesquisa inédita obtidos com exclusividade pela BBC News Brasil, 8 em cada 10 pacientes intubados ao longo do primeiro ano de pandemia morreram. E o cenário que imaginaram para este ano era pior ainda.
FREI CANGA
Da Fundação Imaculada Conceição Mãe de Deus, vieram de Angola para participar do Capítulo Provincial o presidente da Fundação, Frei António Zovo Baza; o guardião da Fraternidade São Francisco de Assis, Frei José Morais Cambolo; o diácono Canga Manuel Mazoa, além dos frades missionários brasileiros: Frei André Luiz Henriques, guar-
dião da Fraternidade do Seminário Monte Alverne e conselheiro; Frei Evair Bueno de Carvalho, guardião da Fraternidade do Noviciado de Quibala e conselheiro e Frei André Gurzynski, guardião da Fraternidade São Damião. Frei Canga será ordenado presbítero no dia 15 de janeiro de 2022, às 9h30, no Kimbo São Francisco, em Luanda, pela imposição das mãos de Dom Filomeno do Nascimento, Arcebispo de Luanda. Pela primeira vez, Canga está participando do Capítulo Provincial. Para ele, foi uma experiência nova e muito gratificante. “Gostei muito da experiência fraterna de como foi celebrado o Capítulo. Muitos frades vindos de realidades diferentes, mas com o mesmo sonho de fazer comunhão, partilhar a vida e depois serem enviados em missão, testemunhando a Boa Nova do Reino no estilo de São Francisco de Assis”, avaliou Frei Canga. Com Frei Canga, no mesmo dia e hora, serão ordenados mais dois frades angolanos: Frei Santana Sebastião Cafunda e Frei Mario Pelu.
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CUIDADOS SANITÁRIOS PARA UM BOM CAPÍTULO
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ela primeira vez na história capitular da Província, um ritual diferente na chegada dos frades ao Seminário Santo Antônio de Agudos. No dia 22 de novembro (segunda-feira), antes de pegarem as chaves para se dirigirem aos aposentos, os frades tiveram de se submter a testes rápidos de detecção da Covid-19. Esse processo foi gerenciado pelos profissionais do Serviço Franciscano de Solidariedade, Brayan Filipe Farias e Karin Schimd. Essa foi uma importante iniciativa tendo em vista que ainda são necessárias medidas preventivas que garantam a segurança sanitária e o bem-estar de todos. Além dos testes, os frades foram convocados a usarem máscaras na Sala Capitular, na capela, enquanto se serve da refeição, não esquecendo da higienização das mãos com álcool em gel. Na principal casa de encontros da Província, segundo o guardião Frei James Neto foram meses se preparando para o evento, princi-
palmente tendo em vista a acomodação de 133 pessoas, já que além dos frades capitulares estiveram presentes no evento os postulantes, um noviço e alguns colaboradores. De telhado novo, o belo Seminário sediou mais um Capítulo da Província da Imaculada.
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ELOGIO A AGUDOS Agudos, lugar da saudade de outrora, Da vocação franciscana, estudo e disciplina, Do convívio de turmas, passeio na mata, Do futebol e basquete, mergulho de piscina Agudos, lugar do silêncio e da natureza, Do pomar e da horta, fazenda e jardim, De tantas aventuras, de tantas histórias, Lembranças guardadas bem dentro de mim Agudos, lugar do discurso, dos belos teatros, Do sapo-boi, das abelhas e saudosos professores, Dos tempos que não voltam, saudades pueris, Do cuidado com a terra e o cuidado c’as flores Agudos, casa de contemplação e missão, Eis-nos aqui! Vossos filhos franciscanos! Trajados com o hábito da simplicidade, Sonhando, pois, novos sonhos e planos Agudos, claustro de encanto e nostalgia, Que une o passado e o tempo presente, Com São Francisco nos ajude a sonhar Grandiosos sonhos d’um futuro reluzente Frei Carlos Nunes Corrêa
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