//revista JULHO DE 2020 ANO LXVIII • N o 07
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL
Frei José Cambolo é ordenado presbítero no 30º aniversário da Missão de Angola
//sumário MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
“Encorajar e Esperançar!”.............................................................
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FORMAÇÃO PERMANENTE
“A Gripe Espanhola de 1918: relatos de um frade”, de Frei Sandro Roberto da Costa................... “Moisés e Jesus - Uma vara e cinco pães”, artigo de Frei Luiz Iakovacz........................................................
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Ordenação presbiteral de Frei José Cambolo...................... Minha experiência neste 1º ano de Estudos Bíblicos em Jerusalém.................................................................. Postulantado celebra o aniversário do guardião................ Frades de Rondinha apresentam Programa “Nos Caminhos de Assis...............................................................
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SAV ORDENAÇÃO PRESBITERAL DE FREI JOSÉ CAMBOLO
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Encontro Vocacional on-line dá um panorama das vocações no ano...............................................
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FRATERNIDADES
Xaxim celebra o Padroeiro São Luiz Gonzaga com carreata.................................................................................... 410 Festa do Padroeiro de São João de Meriti............................. 412 Gaspar: Solidariedade marca a 170ª Festa de São Pedro.............................................................. 414 Pato Branco: Carreata e Missa marcam a 90ª edição da Festa de São Pedro......................................... 417 Canarinhos: Meninas encantam no clipe “Ave Maria” de Deborah Lutz............................................ 418 Canarinhos: show dos Meninos no clipe à distância......... 419 Celebração Ecumênica: 175 anos da colonização alemã em Petrópolis............................................ 420 Crônica de Frei Almir: “Tempo de pandemia, tempo de reflexão: E agora José”.............................................. 422 Conversa com o Provincial.......................................................... 425
EVANGELIZAÇÃO
QUANDO A IGREJA É UM SERVIÇO ESSENCIAL?
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Encontro dos Frades da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento.................................... 426 Frades da Frente de Comunicação se reúnem em videoconferência................................................... 432 TV Sudoeste completa 33 anos de comunicação social no Sudoeste do Paraná ........................ 433 II Encontro da Frente da Educação.......................................... 434 Sefras: Bazar Franciscano está de volta!.................................. 437 Sefras: D. Orani conhece a Tenda Franciscana no Rio....... 438 Tenda Franciscana chega a meio milhão de refeições distribuídas.............................................................. 440 Enem: Alunos do Bom Jesus e da FAE são notícia.............. 442
FALECIMENTO
Falece Frei Leonir Ansolin aos 55 anos...................................
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL Rua Borges Lagoa, 1209 CEP 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br
OFM
Fundação da Rússia faz Capítulo virtual...............................
NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES
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Dom Severino tomará posse na Arquidiocese de Maringá no dia 15 de agosto................................................ 447 Folhinha do Sagrado Coração de Jesus 2021....................... 448
Caros confrades e demais irmãs e irmãos, leitores das Comunicações de nossa Província, Paz e Bem! ais um mês se passou dentro deste difícil período de pandemia do novo Coronavírus e, a cada dia, contabilizamos mais mortes e mais casos de pessoas infectadas. Não são apenas números ou dados, mas vidas humanas e condições não humanas de sobrevivência. A todas as famílias e comunidades que sofrem com perdas, com doenças e com as inúmeras dificuldades decorrentes do confinamento, queremos oferecer as nossas preces e manifestar a nossa solidariedade fraterna! Continuam presentes as ações de solidariedade espiritual e material a partir de nossas fraternidades e instituições. Vale destacar a quantia de meio milhão de refeições a que se chegou na distribuição da “Tenda Franciscana”, somente em São Paulo, onde ela foi montada primeiramente. A mesma ação se repete no Rio de Janeiro e, com outros nomes e formas, em diversas partes da Província. Sabemos que tudo isto não é mérito somente dos frades, bastante empenhados por sinal. Mas, há uma gama de voluntários e doadores, a maioria anônima. Também cala fundo no coração de tantos irmãos e irmãs a palavra celebrada e transmitida, a presença alentadora e carregada de esperança lá onde elas são mais necessárias. A todos os irmãos, como também aos colaboradores e voluntários, quero deixar aqui registrada a gratidão que ainda não pode ser manifestada pela presença e pelo abraço. Destaco com alegria o movimento que
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Encorajar e Esperançar!
//mensagem do ministro provincial estamos tendo com as nossas Frentes de Evangelização. Os encontros previstos para o primeiro semestre de cada ano, entre os frades de cada campo de missão, tiveram que se reinventar. E foram preciosos os momentos em que as Frentes da Educação, da Comunicação e das Paróquias e Santuários puderam partilhar suas realidades, refletir sobre a nossa ação, o nosso carisma e começar a indicar avanços para a reformulação do Plano de Evangelização. Podemos dizer que já é o pontapé inicial para o trabalho que teremos até o Capítulo Provincial de 2021.
O tempo passa depressa mesmo! Na Formação, vimos acontecer encontros virtuais entre formadores, animadores vocacionais e também entre vocacionados. Felizes iniciativas para buscar a proximidade! Este esforço é tão importante, principalmente agora em que a Formação Permanente prepara o estudo sobre os abandonos e a perseverança. Este será um tema de estudo para as nossas fraternidades, os encontros regionais e o encontro de guardiães. O Ministro Geral já nos pediu isto em sua carta pós-capitular e a Ordem enviou a todas as províncias um subsídio com o nome “Fidelidade e Perseverança”. Que tudo isto nos faça reacender a chama da nossa missão de consagrados no mundo de hoje! Este é o terreno mais fértil para que brotem mais vocações. Por falar em encontro virtual, fui surpreendido e 392 COMUNICAÇÕES JULHO DE 2020
fiquei muito feliz com a iniciativa dos nossos irmãos mais idosos. Agora que não podem receber tantas visitas, também eles se aventuraram no campo da comunicação virtual. Foi um contato muito agradável para falar da Província e ouvir perguntas e belos testemunhos que sempre nos inspiram a seguir adiante. No campo fraterno, sofremos para devolver a Deus o dom da vida de nosso irmão, Frei Leonir Ansolin. Também ele nos deu uma bonita lição de coragem e de esperança. Lutou firme pela vida nos dois últimos anos, enfrentando precocemente a doença, mas com fé, leveza e muita coragem o derradeiro momento. Que, de junto de Deus, ele interceda pela nossa Província! Em Angola, nossa Fundação presenciou a ordenação presbiteral de Frei José Morais Cambolo. Nem do Brasil nem das demais fraternidades da Fundação foi possível marcar presença. Mas, o amor fraternal mostrado por ele foi capaz de ir longe e alcançar confrades, familiares e amigos. Que Deus abençoe a sua disposição em servir à Igreja, o Povo de Deus! Esta edição das Comunicações chega justamente nos inícios da preparação para a Festa daquela que é mestra, mãe e irmã em nossa espiritualidade franciscana. Que Clara de Assis, com sua vivência radical e sensível do Evangelho, clareie nossas fraternidades, presenças evangelizadoras, famílias e pessoas que compartilham a nossa vida e a nossa missão! Motivos nos sobram para revigorar a coragem e a esperança. Testemunhemos com ousadia estas virtudes tão necessárias! Pela intercessão da Mãe Imaculada, Deus de amor e de bondade abençoe e proteja a cada um de nós! Fraterno abraço!
Frei César Külkamp, ofm Ministro Provincial
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Província lança o seu Aplicativo a palma da mão, a missão pode ir mais longe. É com este propósito de estar mais perto de você, em qualquer canto do mundo, que, no dia 1º de junho, a Província apresentou o seu aplicativo (app). A escolha do mês de julho para o lançamento foi uma homenagem aos 345 anos de criação desta entidade franciscana. Foi no dia 15 de julho de 1675 que o Papa Clemente X, mediante a Bula “Pastoralis Officii”, erigiu oficialmente a Província da Imaculada Conceição do Brasil. Desenvolvido pela agência Minha Paróquia, o app pode ser encontrado na loja do PlayStore do seu Android ou no App Store do IOS, bastando, para encontrá-lo, buscar o próprio nome “Franciscanos”. O app é mais um passo no projeto de comunicação da Província da Imaculada Conceição, que começou com a reformulação do site, há mais de um
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ano, integrando-se ao mundo das novas mídias. Para o Vigário Provincial e um entusiasta da comunicação, Frei Gustavo Medella, toda ferramenta é bem-vinda numa época em que os fiéis estão cada vez mais conectados. “O App Franciscanos é fruto de um esforço constante de nossa Província em se tornar cada vez mais próxima e acessível às pessoas. Lançá-lo neste tempo de pandemia, quando o mundo inteiro busca se reinventar, é deixar uma mensagem clara de que desejamos qualificar nossa Missão Evangelizadora, construída a partir da proximidade, da interajuda e da escuta atenta da voz do Senhor que se faz ouvir também no ambiente digital”, avalia. Com um layout moderno e que segue as cores e o desenho do artista plástico Frei Pedro Pinheiro, que também dá indentidade ao site,
o aplicativo dá acesso às notícias, conteúdos formativos e de espiritualidade, reflexões (liturgia diária ), além de especiais sobre a vida de São Francisco, Santa Clara e espiritualidade franciscana. Oferece também um espaço para as atualidades, para que você possa ficar bem informado, além do acesso a todas as redes sociais da Província, como Facebook, Youtube, Twitter e Instagram.
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A Gripe Espanhola de 1918: relatos de um frade os primeiros meses deste ano de 2020, a eclosão da pandemia de Covid-19 deixou o mundo inteiro perplexo e assustado. De repente, redescobrimos o quanto somos frágeis, limitados, impotentes. A insegurança e o medo diante de um inimigo invisível vieram nos recordar a certeza da finitude humana. A imposição do isolamento social fez passar a segundo plano projetos inadiáveis, sonhos, desejos. Manter-nos vivos e saudáveis passou a ser a prioridade. A dor, o abandono e o sofrimento de tantos irmãos e irmãs, direta ou indiretamente atingidos pela doença, despertaram em muitos o melhor do ser humano: a solidariedade, a compaixão, a partilha, o respeito. Mas também trouxeram à tona
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comportamentos e atitudes arraigados desde sempre no coração humano, que se revelaram muito mais nocivos e nefastos do que qualquer vírus: prepotência, falta de empatia e de sensibilidade, desrespeito diante das lágrimas e do sofrimento do próximo, além da manipulação da vida e da morte como fonte de benefícios políticos e financeiros. Há pouco mais de 100 anos, em plena primeira Guerra Mundial, o mundo enfrentava uma situação, em muitos aspectos semelhante à que estamos vivendo hoje. Certamente, precisamos considerar as diferenças em termos demográficos (cerca de 29 milhões de habitantes no Brasil em 1918), e em termos de tecnologia, conhecimentos científicos e sanitários e de meios de
comunicação. Mas, como sempre, quem mais sofreu foram as pessoas mais pobres. Para ajudar-nos a refletir sobre a realidade que estamos vivendo, partilhamos com os confrades dois breves textos, escritos por Frei Pedro Sinzig, sobre a pandemia que assolou o mundo entre 1918 e 1919, que se chamou (erroneamente) de “Gripe Espanhola”. O relato encontra-se na “Crônica da Província Franciscana do Sul do Brasil – 4ª. Crônica (1915-1921)”, e foram traduzidos por Frei Lauro Both, a quem agradecemos. A Gripe Espanhola, síndrome respiratória também conhecida como “influenza”, atingiu o mundo inteiro, entre 1918 e 1919. As estatísticas nos ajudam a entender o tamanho da tragédia. Para uma população mundial
formação permanente// de cerca de 2 bilhões de pessoas, 500 milhões foram infectados. Os mortos chegaram a cerca de 50 milhões. A despeito das afirmações das autoridades de que a doença nunca chegaria ao Brasil, em fins de setembro de 1918, o navio Demerara atracava nos principais portos do país, trazendo pessoas infectadas da Europa. Constatados os primeiros casos, as autoridades afirmavam que seria uma “doença passageira”. Acabou saindo do controle e o caos se instaurou, principalmente nas capitais. O número de vítimas fatais ficou em torno de 3540 mil pessoas (enquanto escrevo este texto, o número de mortos por Covid no Brasil aproxima-se rapidamente dos 80 mil, com quase 2 milhões de casos confirmados). De alta letalidade e contágio, sem vacina nem antibióticos, a “Gripe” causou muito sofrimento. Não havia um “sistema de saúde”, e nem um Ministério da Saúde, que acabou sendo criado após a pandemia. Com as informações desencontradas e a improvisação, o pânico tomou conta da população e o
colapso foi total. Proibição de circulação, falência na assistência sanitária, de saúde e higiene, desemprego, fome, colapso no sistema funerário, foram algumas das consequências. Também em 1918 foram os pobres os que mais sofreram. A ponto de a Gripe Espanhola passar a ser conhecida como “doença de pobre”. O preconceito fazia com que os ricos, mesmo que morressem da doença, tivessem o óbito registrado como “doença respiratória”. Isso ajudou a camuflar o real número de mortos. Como terapia, surgiam receitas mágicas (a Cloroquina da época), como estas, sugeridas pelo Jornal do Commercio, do Rio: “gargarejo com solução de ácido tímido ou suco de limão, óleo gomenolado ou vaselina mentolada, sal de quinino ou pastilhas, lavagem intestinal de malva com macela, emplastos de farinha de linhaça com mostarda, camomila, soluções homeopáticas para dores, chá de sabugueiro com caroba e casca de limão galego, entre muitos outros” (Cfr.
http://ihp.org.br/26072015/lib_ihp/ docs/ofsf19830814.htm). A indicação de uma mistura terapêutica de cachaça, limão e mel pode estar na origem da caipirinha. Como podemos constatar, apesar dos imensos avanços tecnológicos, da consciência da dignidade e direitos humanos, entre outros, passados pouco mais de 100 anos, muita coisa ainda não avançou. Os dois relatos de Frei Pedro, além de nos informar sobre o passado, podem nos ajudar a refletir um pouco sobre nosso presente e futuro, sobre nosso lugar no mundo, diante de situações tão dramáticas. O que mudou desde então? Onde erramos? Tornamo-nos mais humanos? Somos capazes de ser agentes de esperança? O que mudará em nós, nas nossas relações com as pessoas, com as coisas, com Deus, no pós-pandemia? Certamente são questões muito pessoais, que atingem a todos, e que esperam de cada um, uma resposta. Seguem os dois textos de frei Pedro.
Há pouco mais de 100 anos, em plena primeira Guerra Mundial, o mundo enfrentava uma situação, em muitos aspectos, semelhante à que estamos vivendo hoje. COMUNICAÇÕES
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A epidemia de gripe de 1918 no Rio de Janeiro “No começo de outubro, apareceu a gripe espanhola com tal intensidade que a metade da população ficou doente e no espaço de tempo de algumas semanas, 27.000 pessoas foram atingidas. No mais das vezes, a doença não era grave, porém, voltando alguma fraqueza, o que pode ser uma pequena coisa, recaída e trazer a morte. Foi tão longe que todo o tráfego tem sido atingido. Farmácias, padarias, açougues, etc., fechavam as portas uma depois da outra, não havendo os conhecidos cuidados de alimentação. Muitíssimos apenas curados tiveram que se expor a grandes esforços e assumir o cuidado dos membros doentes da família, tal que eles mesmos eram novamente vítimas e, desta vez, com a doença que traz a morte. Em alguns casos, toda a família ficava sem o cuidado, sem que fosse concedido aos doentes aliviar os últimos momentos dos parentes mais próximos. O número de falecidos era tão grande, que apesar das prescrições higiênicas, de que o sepultamento fosse feito em 24 horas, muitos corpos ficavam dois ou três, em alguns casos mesmo cinco dias permanecendo abandonados, empesteavam as casas e, às vezes, moradores desesperados os abandonavam na rua. Caminhões levavam corpos amontoados um sobre os outros para os cemitérios, onde tudo parava e mesmo com ajuda dos agentes da penitenciária, não era possível deixar prontos o número suficiente de covas . O maior número de vítimas foi de 12 a 25 de outubro. O número de bondes foi diminuído sensivelmente e mesmo os poucos bondes andavam muitas vezes vazios, como uma cidade sem pessoas vivas. A central telefônica não dispunha mais do pessoal necessário para manter o seu funcionamento em pé, justamente agora quando era duplamente necessária. Correio e telégrafo, tudo sofria com a ‘espanhola’. De todos os lados, e não por último pelo clero, aconteceu o humanamente possível, em alguns casos o sobre humano, em trazer a ajuda e diminuir o sofrimento, o último rasgo de esperança neste tempo muito difícil”.
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A Gripe Espanhola em Petrópolis “No mês de outubro, toda a cidade do Rio de Janeiro ficou atacada pela denominada gripe espanhola, que, numa carta pastoral do Cardeal, foi denominada como ‘peste’. Também em Petrópolis, nestas semanas de sofrimento, houve muitas vítimas, uma estimativa de 900 mortes. Durante todo o dia, um caminhão preto coberto trazia os corpos para o cemitério, onde, durante a noite, eram enterrados. Num dia se contou 60 enterros, sendo necessária a ampliação considerável do cemitério. O serviço público civil cuidou dos pobres, foram organizados vários postos sanitários, onde eram distribuídos alimentos e medicamentos. Várias comissões procuraram os doentes e trouxeram ajuda enquanto era possível. Em vários lugares, foram entregues hospitais militares em ação, assim na grande casa dos padres lazaristas e do Centro Católico. Em hospital de isolamento, as Irmãs de Santa Catarina se encarregaram do tratamento, em que várias delas ficaram doentes e uma delas faleceu. A Ordem Terceira organizou em nosso Convento um posto de atendimento, nossos padres estavam quase dia e noite fora, na ajuda aos doentes a dar os Sacramentos. Alguns frades pegaram a gripe, no entanto, nenhum deles faleceu”.
Frei Sandro Roberto da Costa
formação permanente// ARTIGO
Moisés e Jesus - Uma vara e cinco pães uando uma pandemia grassa a humanidade, a ciência se mobiliza buscando a cura, as empresas se solidarizam com doações e a sociedade se une na prática da caridade. Porém, muitos clamam a Deus para que intervenha miraculosa e diretamente. Israel, após 430 anos de escravidão (Ex 12,40), clamou ao Senhor que “ouviu e desceu para libertá-lo”(Ex 3,7-8). Fez isso não monocraticamente, mas com a mediação de Moisés. Não foi fácil convencê-lo, pois resistia, teimosamente, em não aceitar a missão, chegando ao ponto de “Javé ficar irritado” (Ex 3,1-22; 4,14). Como que “jogando uma última cartada”, Deus lhe pergunta “que tens na mão”? “Uma vara”, responde. “Joga-a no chão”. Ao fazê-lo, tornou-se uma cobra; Moisés assustou-se e ia fugindo. Deus disse-lhe “pegue-a de novo” e tornou ao seu estado de vara. “É com esta vara que irás libertar o povo, com sinais maravilhosos” (Ex 4, 2-4.17). [Tradições afirmam que esta vara estava na casa de seu sogro Jetro que, por sua vez, a recebeu do Faraó e este de Jacó quando veio morar no Egito. Ela tem os nomes dos Patriarcas e que seria um ramo da “árvore da ciência do bem e do mal” (Gn 2,9). Posteriormente, foi colocada na Arca da Aliança, junto às Tábuas da Aliança]. Independentemente disso, a vara é o bastão que o pastor usa para congregar o rebanho e defendê-lo dos lobos. Moisés, ao receber a missão, estava pastoreando o rebanho de Jetro, em Madiã (Ex 3,1). Retornou ao Egito com sua esposa Séfora, os filhos e a vara (Ex 4,20). Ao estender a mão com a vara sobre as águas, estas se converteram em sangue (Ex 7,19) e, quando golpeou o pó do chão, surgiu uma multidão de mosquitos (8,13) e moscas (8,17). Animais foram dizimados com peste maligna (9,3) e os seres humanos com úlceras e tumores (9,9). “Estendeu a vara ao céu” e choveu granizo que destruiu as lavouras (9,23.25) e os
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gafanhotos comeram o que sobrou (10,5). Os egípcios não tinham mais sossego e dirigiram-se ao faraó dizendo “deixa esse povo sair. Acaso, não vês que o Egito está desaparecendo”? O coração de faraó, porém, resistia e não permitia a libertação dos israelitas. A quebra de braço só aconteceu com a morte dos primogênitos. Quem opera esta praga não é a vara, mas o próprio Deus (12,12-13), como para dizer que a vida pertence Àquele que a criou (Gn 1,27; 2,7). Após a libertação, a vara de Moisés continuou operando prodígios na travessia do Mar Vermelho (Ex 14,16.27) e, ao golpear o rochedo, fez brotar água em abundância (17,5-6). A multiplicação dos “cinco pães e dois peixinhos” é tão significativa que os quatro evangelistas a narram e o fazem num contexto pascal/eucarístico e logo após a execução de João Batista. Jesus está rodeado por uma grande multidão e, como de costume (Mc 10,1), a ensinava. Ao declinar do dia, os apóstolos pedem-lhe que despeça o povo para que procure sua própria alimentação (ainda hoje, esta tendência está presente em lideranças religiosas e políticas). Jesus tem outra postura e desafia os apóstolos: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Mas... Como?! Fazendo cálculos, Felipe estima um gasto de duzentos denários para que cada um comesse um bocado. O que é um denário?! É a quantia que o operário recebe por um (01) dia de trabalho. Seria preciso, então, quase um ano de trabalho. (Cf. a parábola dos trabalhadores da vinha, Mt 20,1-21). Por outro lado, André apresenta um menino com cinco pães e dois peixinhos, mas que é isso para tanta gente?
Equivale ao almoço/lanche de uma família. Para Jesus é isso que importa: não são os duzentos dias de serviço/salário, mas o dia a dia ofertado na gratuidade. É importante perceber que quem oferece é um menino desconhecido e sem nome, um anônimo. Sem dúvida, outros meninos/família teriam trazido seu almoço/lanche. Quando postos, gratuitamente em comum, todos comem e ainda sobram 12 cestos. Porém, há uma diferença: Jesus toma os pães e os peixes, rende graças e os abençoa (lembra a Eucaristia, como narra o evangelista João nos demais versículos do capítulo 6). Ressalte-se, ainda, que são os apóstolos que distribuem o pão e recolhem as sobras, formando, assim, um círculo concatenado: sobre a oferta do povo, Jesus rende graças e a abençoa; os apóstolos distribuem! É um trabalho em equipe, na gratuidade! Este é o milagre que Deus mais quer realizar em nossas vidas e que, nem sempre, o percebemos. Ele, também, pode “operar maravilhas” intervindo, diretamente, nos acontecimentos. A estes, muitas vezes, damos muita importância. Nos milagres divinos, tendemos mais para a “vara mágica” do que para a “vara do dia a dia”.
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ORDENAÇÃO PRESBITERAL
Frei José Cambolo
É ordenado presbítero no 30º aniversário da Missão de Angola Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA), que neste ano comemora 30 anos de criação, celebrou com muita alegria, no sábado, 18 de julho, a ordenação presbiteral do sexto presbítero em três décadas. Frei José Morais Cambolo foi ordenado pelo Arcebispo Metropolitano de Luanda, Dom Filomeno do Nascimento Vieira, durante a Celebração Eucarística, às 9h30, no Mosteiro do Sagrado Coração de Jesus das Irmãs Clarissas de Angola. Sua ordenação deveria ter acontecido em 18 de abril, mas devi-
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do à pandemia que chegou a Angola, ela foi adiada. A Santa Missa, animada pelos frades de profissão temporária, teve como concelebrantes o presidente da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, Frei António Boaventura Zovo Baza; o vigário geral da Arquidiocese de Luanda, António Lunguieque; e o vigário geral da Diocese de Viana, José Filas. Além das Irmãs Clarissas, que abriram as portas do seu Mosteiro para este momento histórico, e dos frades da Fraternidade Nossa Senhora
dos Anjos da Porciúncula de Viana e da Fraternidade de São Francisco de Assis do Palanca, fizeram-se presente familiares e amigos do recém-ordenado, religiosos (as), clérigos diocesanos, diáconos de várias entidades religiosas, obedecendo, contudo, o número limitado pelas normas sanitárias angolanas. Tendo em conta estas medidas de cuidado, frades de outras Fraternidades que se encontram fora de Luanda, não puderam participar, mas manifestaram sua grande alegria por meio de mensagens. O rito da ordenação obedeceu a
formação e estudos//
seguinte ordem: a eleição do candidato; homilia, propósito do eleito; ladainha; imposição das mãos e prece de ordenação; unção das mãos e entrega da patena e do cálice. Após o chamamento de Frei José Cambolo, Frei António Baza - delegado pelo Ministro Provincial, Frei César Külkamp - apresentou o candidato ao Arcebispo, que diante dos presentes, o acolheu. “Distribui a todos a Palavra de Deus que tu mesmo recebeste com alegria, meditando na Lei do Senhor; procura, como diz o ritual da ordenação sacerdotal, crer no que lês, ensinar o que crês e viver o que ensinas. E eu acrescentaria um dado de um teólogo do século passado: crês naquilo que lês; lê com a Igreja, lê como Igreja, lê no Espírito e na tradição da Igreja”, disse D. Filomeno durante a homilia, dirigindo-se a Frei José. No propósito do eleito, diante da Igreja e no diálogo com o bispo, Frei José manifestou seu consentimento a respeito de seu chamado ao minis-
tério presbiteral, suas funções e seu modo de vida. Em seguida, foi cantada a Ladainha de todos os Santos, quando o eleito se prostrou, como sinal de sua total entrega a Deus. Veio, então, o momento central da ordenação com a imposição das mãos, um gesto de tradição bíblica e apostólica, e a prece da ordenação. O bispo e todos os presbíteros impuseram as mãos sobre Frei José, a fim de que o Espírito Santo pudesse iluminar e renovar o seu coração no serviço a Deus em favor de todo o povo de Deus. Terminada a oração consecratória, ele recebeu as vestes do sacerdócio. As oferendas do Pão e do Vinho foram entregues pelo Arcebispo a Frei José, como sinal da oferenda do povo que de agora em diante ele irá apresentar em cada Eucaristia. Ordenado, Frei José concelebrou no altar, quando teve início a Liturgia Eucarística. As oferendas do Pão e Vinho, sobre o altar, foram apresentadas
juntamente com a oferenda da vida e vocação de Frei José, que celebrava pela primeira vez como presbítero.
AGRADECIMENTOS
Na nota de agradecimento, Frei José Cambolo expressou grande gratidão a Deus Pai Todo Poderoso, a seus pais, a Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias, a Frei César Külkamp e à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, a Frei António Boaventura Zovo Baza e à Fundação Mãe de Deus de Angola, às Irmãs Clarissas, aos demais confrades, àqueles que se fizeram presente na celebração e aos que não puderam estar devido às restrições. “Não recebi nenhum diploma ao mérito, mas um ministério sacrossanto”, proferiu Frei José, mostrando assim o real significado que este múnus tem para ele. Frei António Baza fez a leitura da carta enviada pelo Ministro Provincial, Frei César Külkamp, motivando o neo-sacerdote neste início de ministério: COMUNICAÇÕES
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//formação e estudos ÍNTEGRA DA MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL A FREI JOSÉ “Apascenta as minhas ovelhas” (João 21,15). Amado irmão, Frei José Morais Cambolo, novo sacerdote da Igreja, o Senhor lhe dê a Sua Paz! A situação de isolamento e distanciamento necessários pela atual pandemia fez com que eu não pudesse estar ao seu lado neste dia em que você é consagrado e ungido para o serviço a Deus e a sua Igreja como sacerdote do Altíssimo. Entretanto, a distância e o oceano que nos separam são vencidos pela proximidade do amor fraterno! A partir do amor que já nos fez irmãos, posso afirmar que você é um grande frade menor, não apenas em estatura, mas que vive com alegria a sua vocação religiosa e franciscana! Esta vocação é alimentada pela fé que procura o seu centro em Deus e se traduz na entrega de vida, sempre por amor. Como franciscanos, somos chamados e enviados a participar no Amor que se encarna no mundo, que vai ao encontro dos homens e das mulheres de boa vontade, mas também da ovelha desgarrada e perdida, do sofredor caído à margem do caminho, dos pequenos, dos doentes e dos mais pobres. Isto foi o que fez Jesus, revelando o amor misericordioso de Deus e vivendo este mesmo amor até a cruz. Você hoje foi ordenado presbítero, e com isso se tornou um ministro da Eucaristia, da Palavra, da caridade e da reconciliação. Em tudo isto você é
servo da missão e do serviço que é sempre de Jesus: você é designado para “apascentar as ovelhas” que são sempre d’Ele. É Ele “o bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10,11). Frei José Cambolo, aí está o sentido do seu ministério ordenado. Busque todos os dias a centralidade de Cristo, como nos pede insistentemente o nosso pai, São Francisco de Assis, especialmente na vida de oração. Que, nesta contemplação, o próprio Cristo o conduza ao amor generoso que Ele e o Pai têm para com a humanidade. E deixe que Ele mesmo ame através de você e do seu serviço ministerial! Você tem hoje ao seu lado muitos irmãos de fraternidade. E você, agora, é o guardião de uma grande fraternidade, aí na Sede da Fundação. Faça valer esta dimensão fundamental da nossa vida franciscana e busque na fraternidade a força e o testemunho para a sua missão sacerdotal! Receba hoje o abraço e as preces de cada irmão desta Província para que você testemunhe com muita alegria a sua consagração a Cristo e à Igreja, o Seu povo santo! Peço sobre você a proteção maternal de nossa Mãe Imaculada, Rainha da Ordem dos Frades Menores, da Província e da Fundação Franciscana em Angola! Que ela consiga de Deus bênçãos abundantes para a sua vida e para a sua missão! Abraço fraterno deste seu irmão,
Frei César Külkamp, ofm.
ALEGRIA DAS CLARISSAS
Representando as Irmãs Clarissas, a Abadessa do Mosteiro, Irmã Maria Anuarite do Espírito Santo, demonstrou sua alegria pela ordenação de Frei José. “Foi uma honra termos acolhido as celebrações da Profissão solene e da Ordenação Diaconal, mas agora, com a celebração presbiteral, sentimos que ganhamos algo novo e que o Mosteiro não será o mesmo daqui em diante”, disse. “Quando soube que a Missa da ordenação seria realizada no nosso Mosteiro, até me esqueci da pande-
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formação e estudos// mia”, disse Irmã Sofia Maria do Santíssimo Nome de Jesus. Dom Filomeno agradeceu a presença dos Padres Josefinos, que enviaram o ordenando ao Seminário Franciscano e encorajou a FIMDA a continuar com o seu trabalho de formação. Por fim, Frei João Alberto Bunga fez a leitura da ata da celebração que foi assinada pelo arcebispo Dom Filomeno; o delegado do Ministro Provincial, Frei António; Frei José Cambolo e por ele, que a secretariou. Terminada a celebração, o recém-ordenado saudou o povo com gestos, respeitando assim o distanciamento social. Daqui em diante, Frei José Cambolo segue exercendo o serviço de guardião da Fraternidade São Francisco de Assis, responsável do Kimbo São Francisco e dos projetos sociais, conforme foi nomeado na última reunião do Definitório Provincial. Frei José nasceu em Luanda, Angola, em 26 de janeiro de 1989. É filho de José Mateus Cambolo e Josefa Antônio Morais, e tem seis irmãos: três meninos e três meninas. Ele é o quinto. Com a conclusão do curso de Teologia, Frei José foi ordenado diácono no dia 30 de junho de 2019, em Petrópolis (RJ). Frei José escolheu como lema de sua ordenação presbiteral um versículo tirado do Evangelho de São João: “Apascenta as minhas ovelhas” (João 21,15).
PRIMEIRA MISSA DE FREI JOSÉ
Devido às restrições impostas pelo Ministério da Saúde por conta da pandemia, a primeira Missa de Frei José Morais Cambolo, que estava prevista para a Paróquia de São José Operário, no município do Cazenga, foi celebrada no domingo, 19 de julho, no Mosteiro do Sagrado Coração de Jesus das Irmãs Clarissas, no Palanca/Kilamba-Kiaxi. A Missa teve início pelas 9h30 e foi concelebrada por Frei António Boaventura Zovo Baza, presidente da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA); Frei João Baptista Canjenjenga, guardião cessante da Fraternidade Franciscana São Francisco de Assis; Frei Laurindo Lauro da Silva Júnior, guardião da Fraternidade Nossa Senhora da Porciúncula, em Viana; Frei Juliano Chimbily, mestre dos professos temporários dos Frades Menores Capuchinhos; e Frei João Alberto Bunga, mestre dos professos temporários da FIMDA. Os diversos ministérios foram animados COMUNICAÇÕES
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pelas Irmãs Pobres de Santa Clara. Além dos Frades e das Irmãs Clarissas, a celebração contou com a presença do sr. José Cambolo e de várias congregações religiosas, circunscritas na região paroquial de São Lucas e Nossa Senhora de Fátima, e dos Frades Menores Capuchinhos. Todos respeitando as regras de distanciamento no interior da igreja. Após o rito inicial, a abadessa do mosteiro, Madre Maria Anuarite do Espírito Santo, fez uma intervenção dizendo que, para o Mosteiro, era motivo de muita alegria acolher todos os nossos irmãos nesta primeira Missa. “Jamais passou pela nossa mente que a ordenação sacerdotal e a primeira Missa seriam aqui”, disse. “Tudo isso é dom de Deus porque fomos agraciadas pelo próprio Senhor”, disse. Como é tradição na Província, o neo-sacerdote escolhe um frade para fazer a primeira pregação. Frei António Baza foi escolhido e, na sua homilia, disse que era um dia importante tanto para a Família Franciscana quanto para a Igreja. Segundo o pregador, fazendo uma analogia, disse que assim como o carro precisa de manutenção constante, o religioso precisa também da “manutenção que é a oração”. O presidente da FIMDA também fez uma incursão na caminhada vocacional do presidente da Eucaristia. Frei António pediu ao recém-ordenado paciência e prudência no ministério que começa. “Ao assumir o múnus sacerdotal, saiba que viverás momentos de alegria e de tristezas, mas em tudo confia no Senhor e reza sempre; refugia-te no Senhor! A prudência e a paciência sejam tuas companheiras!”, orientou.
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Durante o ofertório, as Irmãs trouxeram, em procissão, o cálice e as galhetas para as mãos do sacerdote, que se dirigiu à janela do claustro. “A palavra de Deus, semeada nos corações, faz nascer o homem e a mulher nova. É preciso que essa semente caia em nós, fazendo brotar sentimentos do Reino dos Céus e vá moldando a nossa maneira de pensar, agir e de querer. Precisamos ser moldados pela Palavra, que é lançada em nosso coração”, rezou. Antes da bênção final, as Irmãs Clarissas teceram algumas palavras de gratidão na voz de Irmã Bakhita Maria das Chagas de Jesus Crucificado, que falou em português e em kimbundo. Manifestaram a sua alegria com danças e palmas. “Frei Cambolo é um homem grande de estatura, mas esse nome significa pão pequeno. Hoje, tornou-se kimbolo, que quer dizer pão grande”, explicou a Irmã. Ao terminar, agradeceu aos familiares, representados pelo pai, aos Frades Menores, Capuchinhos e as demais congregações femininas. Frei António informou que neo-ordenado residirá na Fraternidade São Francisco de Assis, onde exercerá o serviço de guardião. No final, Frei José reiterou novamente seu agradecimento à Província Imaculada Conceição do Brasil e à presença dos religiosos e religiosas. Equipe: Frei Eduardo Camunha, Frei Abel Ndala Sahuma Nganji, Frei Evaristo Seque Joaquim e Frei Eduardo Camunha. COMUNICAÇÕES
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Minha experiência neste primeiro ano de Estudos Bíblicos em Jerusalém om a graça de Deus, na segunda semana de junho, terminei os exames referentes aos cursos exigidos para o ano propedêutico (Geografia Biblica, Excursões Arqueológicas Israel e Jordânia, Excursões arqueológicas em Jerusalém, Morfologia Grega e Morfologia Hebraica). Tais cursos, em especial os de língua, são requisitos para que o estudante possa avançar para o Mestrado. Felizmente, fui aprovado em todos. No início, encontrei um pouco de dificuldade, especialmente em Grego, dado ao nível de exigência ser bastante alto. Estudar as línguas antigas numa língua estrangeira, com todos os termos técnicos para aprender, foi um pouco mais difícil do que imaginei, mas já no final do processo posso dizer que acredito ter condições de seguir para o próximo ano com maior segurança e domínio da língua.
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Studium Biblicum Franciscanum
O SBF, localizado no complexo da Flagelação, conta com boas instalações e um excelente corpo docente, a maioria dos professores é formada por frades, mas há também professores do clero secular e leigos. Como havia dito, o foco do ano propedêutico é o aprendizado das línguas bíblicas. No próximo ano se faz a sintaxe e todas as introduções à Teologia e Exegese Bíblica. Existe um número necessário
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de horas a serem cursadas, e a cada ano, o aluno “monta” a sua grade de estudos, de modo que possa concluir tudo em três anos e, no quarto ano, dedicar-se à composição do trabalho escrito para obtenção da Licenza. Alguns que porventura não conseguiram nestes três anos completar os cursos exigidos e o número de horas, também podem fazer no quarto ano enquanto escrevem o trabalho. No entanto, isso não seria o ideal. No que pude experienciar e perceber, são inúmeros os pontos positivos em se fazer o mestrado aqui, em especial o foco nas línguas bíblicas e orientais, e o vasto conhecimento de arqueologia e geografia bíblica, com aulas realizadas in loco.
Convento de São Salvador
Posso dizer que fui muito bem acolhido em São Salvador. A rotina e os horários da casa lembram muito o nosso noviciado de Rodeio. A vida de oração é bem participada e intensa (ainda mais no tempo da pandemia, com dias de adoração, jejuns, etc...). As atividades litúrgicas, dentro e fora do Convento (em outros santuários), são muitas e bem preparadas. Os capítulos locais acontecem todos os meses. O guardião é um frade bastante competente e cuidadoso com a formação permanente (interessante que o guardião procura fazer conversas pessoais regulares com os frades da fraternidade permanente visando manter a qualidade da vida religio-
formação e estudos// sa). No convento, atualmente, são 85 frades, entre estudantes de teologia ( a grande maioria de diversos países da África), outros estudantes do SBF e variados frades que realizam diversos trabalhos. Aqui também moram o Custódio e frades que trabalham na Curia. A Igreja do convento também funciona como Paróquia, que tem seu escritório no complexo de São Salvador.
Pastoral
Desde o início me foi dado a possibilidade de ajudar na Paróquia, o que venho fazendo durante o ano, de acordo com minhas possibilidades e desde que não tire tempo dos estudos. Minha ajuda se resume às missas no final de semana em comunidades da Paróquia nos arredores de Jerusalém e levar a comunhão para os doentes da área de Wadi al Jouz,
uma vez ao mês. Antes da pandemia também acompanhava um grupo de Jovens a cada 15 dias. Por iniciativa pessoal, me aproximei bastante das Irmãs de Madre Teresa de Calcutá: celebro para elas todos os sábados de manhã e participei de algumas iniciativas pastorais com elas, como visita a famílias carentes e aos irmãos em situação de rua em Tel Aviv. Devido ao aumento na demanda de estudos, no segundo semestre não foi possível continuar; então, fiquei somente com a missa aos sábados e algumas visitas esporádicas. Termino este breve relato, agradecendo, mais uma vez, a Província pela oportunidade e pelo investimento em minha formação permanente. Continuo bastante animado para o próximo ano. O tempo passa muito rápido, acredito que logo estarei terminando esta etapa de estudos e
espero contribuir com a Província a partir dos conhecimentos adquiridos. Acompanho sempre cada notícia da Província que me chega pelo site, Comunicações, decisões do Definitório. Acompanho também com alegria e um certo “orgulho” o trabalho social que a Província vem realizando ainda de forma mais intensa no tempo da pandemia. Posso dizer que isso é reconhecido e admirado também pelos frades daqui. Sempre ouço comentários positivos que ressaltam o trabalho e a coragem de não se esconder, mas de abraçar a necessidade, dando uma resposta concreta no serviço aos irmãos empobrecidos. Me despeço pedindo orações para que possa levar a bom termo este mestrado ( e que o grego não seja uma pedra no sapato!).
Frei Jean Carlos Ajluni Oliveira
Igreja da Flagelação, em Jerusalém, onde está o Studium Biblicum Franciscanum. COMUNICAÇÕES
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Postulantado celebra o aniversário do guardião o dia 9 de julho, o dia começou com as Laudes e a Eucaristia. O café matutino foi fraterno e festivo. Na ocasião, Frei Walter Jr., mestre dos Postulantes, lembrou e agradeceu o serviço de Frei João Francisco como Definidor e Secretário de Formação e Estudos, em prol da Província. Agradeceu ainda seu amor, dedicação franciscana nessa Fraternidade
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e, sobretudo, a fraterna acolhida e apoio que tem recebido na Casa desde que chegou, em janeiro desse ano. Os Postulantes o homenagearam com lindas e significativas palavras, realçando um guardião franciscano, exemplar, zeloso, e que prima pela caridade e por ser humano. E ofereceram-lhe presentes. No almoço, além da Fraternidade - frades e postulantes –, a alegria de
todos os colaboradores como convidados nesta comemoração importante. E, desta vez, quem o saudou em nome de todos foi o poeta Frei Walter Hugo. Dedicou-lhe um acróstico, registrando quem é Frei João Francisco, e traçando sua missão. E num soneto – Hoje é Teu Dia - cristalizando a figura do guardião, alicerçado no Seráfico Pai São Francisco.
HOJE É TEU DIA Amo o Guardião que Deus me deu um dia, Porque Francisco me ensinou - te digo. Ele é meu pai e faço com alegria, Aquilo que ele diz, e sempre o sigo. Ele é meu pai e a mãe de todo o lar, Ele que cuida sempre e tem a voz: Exorta que devemos sempre amar, Nunca esfriar o Dom de Deus em nós. Hoje é teu Dia João, o meu Irmão; Homenageemos nosso Guardião, Nesta alegria. E com fervor seráfico! Sabemos desse seu servir fraterno, Também sabemos que seu prêmio eterno Está no céu, sim, a esperá-lo, é certo.
Já se passaram cinquenta e um de Diva Graça, O Dom de Deus de sua vida nesse mundo, A dor e a flor que até aqui viveu se passa, O que importa é o amor que cala lá bem fundo... Fazer caminho na fé pede caridade, Resposta à Graça infusa do Batismo Santo, Assim, a fé produz obras de amor – verdade, Na estrada da vida, você - Dom Sacrossanto... Caminhe, João, nesse horizonte, nesse Norte, Invista na fé que vem de sua Raiz, Será uma resposta a Deus até a sua morte, Cantará no céu, gratidão sempre feliz. Oxalá, isso seja real em sua vida!
Frei João, Que a Virgem Imaculada, São José, São João, Frei Galvão, intercedam perante Deus, muitas bênçãos em seu favor e pela sua família! Saúde, Santidade e Sabedoria Celeste. Parabéns! Frei Walter Hugo de Almeida
João, No nome, sua Missão! Nossa homenagem, em versos, para Você, nesse Dia em que celebra o Dom da Vida! Com Francisco e Clara, Você rende Imenso Louvor ao Deus Altíssimo Senhor! De coração, Frei Walter Hugo de Almeida
Pelos Confrades, Postulantes e Colaboradores.
(Por Todos)
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Frades de Rondinha apresentam o Programa “Nos Caminhos de Assis” Programa da Fraternidade do Convento São Boaventura, de Campo Largo, no Paraná, estreou no dia 27 de junho, sábado, das 9 às 10 horas, na Rádio Construtiva. O momento conta com orações, devoções, reflexões espirituais, entrevistas, entretenimento e ainda outras atrações. De acordo com Frei Marcos Vinícius M. Brugger, guardião da
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Fraternidade, o programa leva aos ouvintes o carisma e a espiritualidade franciscana. “Queremos ser uma expressão franciscana da evangelização; anunciar a mensagem do Evangelho a diversas cidades brasileiras, dialogando com a vida da fraternidade franciscana, com a cultura, e com os desafios de nossa sociedade. Tudo isso com o tempero alegre e cordial do carisma herdado de São Francisco de
Assis”, explicou Frei Marcos. “Nos Caminhos de Assis” é gerado pela Rádio Construtiva, ao vivo, todo sábado, das 9h às 10h, e retransmitido por diversas emissoras parceiras no Brasil ( Biblia Catolica Sagrada, Rádios Net e Radio Garden). O programa pode ser ouvido nos aplicativos da Rádio, disponíveis para Android e IOS, bem como no canal do Youtube da Rádio Construtiva.
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Encontro Vocacional on-line dá um panorama das vocações no ano Serviço de Animação Vocacional (SAV) da Província Franciscana da Imaculada Conceição teve no domingo, 12 de julho, um panorama das vocações para este ano. Através de um encontro vocacional on-line, os animadores vocacionais, Frei Diego Melo, Frei Alisson Zanetti e Frei Odilon Voss, reuniram cerca de 50 participantes entre jovens vocacionados e frades. Durante uma hora, esses jovens tiveram um momento de reflexão e puderam tirar dúvidas sobre o processo vocacional para ser um religioso franciscano. A equipe do SAV dirigiu o encontro a partir do Convento São Francisco, em São Paulo. Na “live vocacional”, também estavam presentes os animadores vocacionais locais, aqueles que acompanham o candidato mais de
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perto nas Paróquias e Conventos da Província. Com a agenda do SAV cancelada, Frei Diego está trabalhando na Tenda Franciscana no Rio de Janeiro, a ação solidária franciscana em prol da população em situação de rua. Frei Alisson e Frei Odilon estão na Tenda Franciscana de São Paulo. “Estou muito feliz de estar com vocês. Infelizmente, não podemos estar juntos por causa desse momento que vivemos, mas felizmente podemos continuar unidos através deste meio”, saudou Frei Diego. Frei Diego explicou que o Serviço de Animação Vocacional tem uma programação ao longo do ano e fazem parte dela os encontros vocacionais regionais sempre em junho. “Esses encontros têm por objetivo criar um espírito de grupo nos vocacionados,
apresentar para eles um pouco da rotina das casas de formação e fidelizá-los, trazê-los para mais próximos de nós, frades. Como neste ano esses encontros não puderam acontecer em virtude da pandemia, e nem mesmo outros tipos de encontros, como visitas às famílias ou visitas às fraternidades, uma das modalidades que encontramos foi a realização deste encontro vocacional on-line”, explicou o frade. A inusitada iniciativa, contudo, surpreendeu os animadores. “Nós tivemos ali uma presença aproximadamente de 50 participantes, entre frades e animadores vocacionais e os próprios jovens vocacionados. Foi muito positivo no sentido de que eles puderam interagir, tirar algumas dúvidas, e agora conseguimos ter, a partir desse primeiro encontro on-line, um panorama das vocações neste
sav// ano”, avaliou Frei Diego. Segundo ele, a partir deste encontro, foi criado um grupo no WhatsApp onde se poderá estreitar os laços “com esses jovens que até então, ao menos da nossa equipe provincial, eram desconhecidos”. “Então, são tentativas de a gente driblar, afastar este isolamento, e criar um pouco mais de vínculo e proximidade com nossos vocacionados”, completou Frei Diego.
A reflexão que norteou este encontro foi tirada do relato vocacional
diante do que parecer confuso. É preciso insistir até dizer: ‘É isso que quero; é isso que procuro de todo o meu coração’!”. Segundo Frei Alisson, nesse processo vocacional, percebemos que Deus quer algo de nós a partir daquilo que somos. “É aquilo que a Palavra de hoje da parábola do Semeador nos diz: Deus lança a semente em qualquer terreno. Como será o desabrochar, o germinar dessa semente, vai depender do terreno, vai depender de cada um. E outro detalhe curioso é quando Deus falou com Samuel, a lâmpada do Santu-
mais marcante do Antigo Testamento: a vocação de Samuel (1 Samuel 3,310.19). Samuel não consegue ter o discernimento do chamado. Ele sabe que está sendo invocado, mas não tem clareza do que poderia ser aquilo. Eli o ajuda dizendo como deve fazer quando novamente ouvir voz de Deus. Samuel é chamado quatro vezes e apenas na última ele entende. Segundo o animador vocacional do Convento São Francisco, Frei Leandro Costa, estamos diante de uma leitura puramente vocacional. “Samuel, o homem que é chamado para falar em nome de Deus. Entre tantas coisas que se poderia refletir a partir desta passagem bíblica, destaco a insistência deste jovem Samuel, que queria ter clareza dessa voz que o chamava. Então, você que é vocacionado, seja teimoso na vida. Insistente, mesmo
ário não tinha se apagado. Nesse processo vocacional, não deixar essa chama se apagar também só depende de nós. Por mais que a gente não entenda, como foi com Samuel e com o próprio Francisco. Diante do Crucifixo de São Damião, Francisco não entendeu quando o Cristo falou: ‘Vai e constrói a minha Igreja’. Ele não sabia que Igreja era aquela. Ele começou a recuperar os prédios, mas Deus queria a construção da Igreja humana, espiritual. Isso ele foi entendendo na medida em que ele foi deixando Deus falar com ele e trabalhar a partir dele. Não foi diferente aquilo que Francisco fez daquilo que Samuel viveu”, disse Frei Alisson. “Acredito que no nosso processo vocacional isso acontece também. Tantas vozes, tantas ideias, tantos pensamentos, tantas possibilidades,
SER TEIMOSO E MANTER A CHAMA ACESA
que a gente fica se perguntando: qual a escolha? Qual o caminho? No meio de todas essas vozes, como discernir, qual a voz de Deus em minha vida? Estamos num ano bastante conturbado, todos nós vivemos uma grande crise. Qual a proposta de Deus para a humanidade, para a minha vida?”, perguntou Frei Diego. “O bonito na confusão de Samuel, nesse discernimento dele, que pôde contar com a ajuda de Eli, o sacerdote do templo, alguém que estava acostumado a interpretar e entender a voz de Deus. Na nossa vida temos também vários Elis: um frei, um padre, um pai, uma freira, uma catequista, um amigo, que às vezes nos dá aquele toque, aquele direcionamento. Quem sabe o Eli de sua vida tenha sido aquele que te mandou o link desta transmissão vocacional? Hoje, são os caminhos que Deus vai encontrando para que a gente possa discernir também a nossa própria vocação”, completou Frei Diego. O candidato Arivonil Pedroso disse que às vezes tenta resistir à voz de Deus. “Essa voz incomoda e fica ressoando no coração da gente, mas a voz de Deus é suave e meiga”, disse. Já Emerson Valles contou: “Ouvi o chamado de Deus desde os 17 anos, mas nunca tive oportunidade de conhecer a vida franciscana”, disse o jovem de Pouso Redondo (SC). Na parte final do encontro, os animadores responderam às perguntas dos vocacionados. Entre as mais constantes, a dúvida entre ser frade e padre franciscano, as etapas da formação, a falta de contato com a família, a idade limite para ingressar na Ordem, congregações femininas franciscanas etc. A bênção de São Francisco encerrou este primeiro encontro on-line vocacional.
Moacir Beggo e Lucas Santos COMUNICAÇÕES
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Xaxim celebra o Padroeiro São Luiz Gonzaga com carreata o domingo, 21 de junho, a Paróquia São Luiz Gonzaga comemorou o seu Padroeiro e celebrou também o Jubileu de 80 anos de fundação, tendo como presidente da Missa solene Frei Gentil de Lima Branco, que foi convidado pelo pároco Frei Gilson Kammer. O celebrante fez um breve resumo da história da Paróquia e, em carreata, o povo pôde homenagear o seu Padroeiro de suas casas. A celebração foi transmitida pelas redes sociais da Paróquia, nas plataformas Facebook e YouTube. Frei Gentil foi o pároco em Xaxim em dois períodos: 2000 a 2003 e 2006 a 2009. Sua presença foi marcada pela união das pastorais e os trabalhos realizados em todos os setores paroquiais. Frei Gentil ressaltou que, nesses
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seis anos em que esteve em Xaxim, foi testemunha de um povo unido e que ajuda a Igreja a tornar mais fortes suas festividades religiosas. Sobre a história paroquial, nesses 80 anos de fundação, relembrou as Missões, sendo que as primeiras foram realizadas em Xaxim, em 1935 e 1951, conforme pôde-se verificar na cruz das Missões, em 2011, durante a restauração da igreja Matriz. Neste início de ano foi realizada a primeira edição na cidade das Missões Franciscanas da Juventude, fazendo parte das festividades dos 80 anos. Frei Gentil destacou a importância dos jovens na Igreja e na Paróquia de Xaxim. Para ele, as Missões de janeiro foram um marco na cidade: “Na avaliação, não houve nenhuma queixa ou reclamação, somente elogios”.
Relembrar esse importante evento, é também lembrar que São Luiz é o Padroeiro da Juventude, dos Estudantes e dos Seminaristas. Frei Gentil agradeceu o convite dos frades da Paróquia São Luiz Gonzaga: “É uma alegria fazer parte deste momento celebrativo. No jubileu dos 70 anos, também estive aqui, mas na época era o pároco”. Atualmente, Frei Gentil está em Santo Amaro da Imperatriz, região da grande Florianópolis, onde atua como vigário paroquial e animador do SAV local. “Tenho certeza que, se não estivéssemos vivendo este momento com a pandemia do coronavírus, a igreja estaria cheia de fiéis para celebrar São Luiz Gonzaga”, disse Frei Gentil. Hoje, recordamos São Luiz, a sua vida, que mesmo morrendo jovem fez muito
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pelos que precisavam. Luiz nasceu no dia 9 de março de 1568, na Itália. Foi o primeiro dos sete filhos de Ferrante Gonzaga, marquês de Castiglione Delle Stiviere, e sobrinho do duque de Mântua. Luiz tinha quatorze anos quando venceu as resistências do pai, e entrou para o noviciado dos Jesuítas. Lá escolheu como tarefas as incumbências mais humildes e o atendimento aos doentes, principalmente durante as epidemias que atingiram Roma, em 1590, esquecendo totalmente suas origens aristocráticas. Luiz Gonzaga morreu com apenas vinte e três anos, em 21 de junho de 1591. “Que São Luiz Gonzaga continue a nos ensinar a sermos missionários”, pediu Frei Gentil. “Que sejamos humildes e caridosos, assim como São Luiz, um modelo também de pureza, em um mundo onde
o pecado está em toda parte. Neste momento em que estamos vivendo uma pandemia, pensamos como São Luiz se comportaria diante desta situação. Mas história conta que ele ajudou os necessitados e doentes em uma peste. Ele mostrou como devemos ser cristãos cuidando do próximo”, acrescentou. O pároco Frei Gilson agradeceu a presença de Frei Gentil para celebrar a Missa deste domingo. “Quero agradecer a Frei Gentil pela sua disponi-
bilidade. Como você bem recordou, essa igreja seria pequena hoje para celebrar esse ano jubilar com sua presença. Você é lembrado com muito carinho pelas pessoas e tenho certeza que muita gente gostaria de estar hoje aqui para lhe dar um abraço. Isso, contudo, não é possível agora, mas que você possa vir em uma outra ocasião para ficar um mês inteiro aqui, podendo visitar as comunidades e receber o carinho de todas as famílias nas nossas comunidades. O nosso muito obrigado, em nome de nossa Fraternidade e da nossa Paróquia São Luiz Gonzaga”, disse Frei Gilson. Após a celebração, uma carreata com a imagem de São Luiz Gonzaga percorreu as ruas da cidade, fazendo paradas nas igrejas de cada bairro da cidade para uma breve oração.
Pascom da Paróquia de Xaxim COMUNICAÇÕES
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Festa do Padroeiro de São João de Meriti: “A missão da Igreja é apontar o Salvador” Paróquia São João Batista, em São João do Meriti, começou a celebrar seu Padroeiro no dia 15 de junho, de forma virtual, devido à pandemia do novo coronavírus. No entanto, o maior São João da Baixada Fluminense foi celebrado com muita alegria, devoção e um forte sentimento de pertença à comunidade. Na quarta-feira (24), dia em que a Igreja celebra solenemente a Natividade de São João Batista, os meritienses foram despertados com a alvorada, uma queima de fogos para saudar o padroeiro. Na Missa Solene, às 18 horas, o pároco Frei Vanderley Grassi destacou o fato de mesmo viver um momento conturbado com a pandemia, com o quadro político e social,
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“conseguimos fazer a Festa e celebrar São João”. Nesse quadro político, de pandemia, social, humano, conseguimos celebrar a Festa de São João. “Alguém pode dizer: ‘mas frei, não celebramos bem porque não tinha aquela cocada gostosa, não tinha crepe, fogaça,
o bolo de São João, os docinhos e tanta coisa boa’. Verdade, mas vamos refletir. Tudo isso para a nossa vida de fé não tem força, consistência nenhuma. O que nós precisamos, nós encontramos nestes dez dias de festa religiosa, com a Novena e este dia festivo do nosso Padroeiro: vida de oração. E quem busca se encontrar com Deus, conseguiu nesses 10 dias criar essa relação com o Senhor”, disse o presidente da Celebração. Frei Vanderley continuou: “Mas alguém poderia dizer: ‘frei, a igreja está vazia’. Mas todos que buscam o Senhor, se encontram em suas casas, acompanhando e celebrando a Eucaristia, todos os dias. A Pascom realizou o trabalho de transmitir a liturgia para todos vocês que se encontram em casa. Desta
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forma, conseguimos celebrar bem, com dignidade, buscando fazer o o melhor, pois para Deus, sempre o melhor”, disse. Segundo o celebrante, durante os 10 dias da Festa, foram realizadas pregações, celebrações, adorações, muita música, mostrando e apontando a figura do precursor. “E o tema da festa deste ano que escolhemos, ainda no ano passado, foi este: ‘É preciso que ele cresça e eu diminua’. Essa é a missão da Igreja. A Igreja tem a missão de anunciar e apontar o Salvador. E João Batista é um sinal concreto que nós temos que ter no nosso coração”, emendou o frade. Para o frade, essa missão tem que ser trabalhada em conjunto. “Eu posso até pregar bonito, mas se não souber partilhar, não tem a presença de Deus misericordioso. João tem uma atitude de humildade quado o povo começa a exaltar a sua figura, quando o povo começa a colocar ele como o próprio Deus. Aí ele diz: “Alto lá! Eu não sou digno nem de desamarrar as correias
de suas sandálias. Por isso, sou aquele que anuncia, que prepara os caminhos”, ensinou. “Caríssimos, que sejamos profetas, anunciadores do reino de Deus, não vamos nos preocupar com o lugar que eu assumo, com o posto que eu tenho. Isso diante de Deus não é nada. O importante é como nos colocamos para servir o Senhor. E a gente só pode servir a Deus servindo o próximo, senão faremos uma liturgia vazia. Faltará a essência”, disse, agradecendo a Deus “por conceder a oportunidade de celebrar a Festa do Padroeiro”. Às 8h, foi celebrada a primeira missa do dia, presidida pelo vigário paroquial, Frei Cid Tadeu Passos. O frade destacou que neste ano, apesar da festa ter sido vivida à distância, ela fortaleceu ainda mais a fé daqueles que participaram de forma virtual. “Cada casa hoje é uma igreja. E como nós crescemos com isso! Cada paroquiano fez da sua casa uma comunidade, porque rezam juntos, dialogam, participam das celebrações on-line.
Cada família hoje é uma comunidade!”, alegrou-se o frade. Recordando o tema da festa deste ano, o vigário afirmou que João Batista aponta para o essencial, Jesus Cristo. “Queremos pedir que São João Batista, este homem de Deus, também nos ensine a estarmos mais atentos aos sinais da misericórdia infinita de Deus, sobretudo agora, nestes tempos de provação. O que podemos aprender com São João Batista diante da realidade que hoje se faz presente? Como estamos nos cuidando em casa, cuidando da família? Como está o nosso relacionamento em casa? Este homem nos pede para ouvirmos Jesus, afirmando que Ele era mais importante. “Que Ele cresça e eu diminua”, São João exclama. Que Deus nos abençoe e nos proteja sempre através de nosso padroeiro São João Batista”, concluiu Frei Cid. Nos 373 anos de existência da festa, este é o primeiro ano sem as tradicionais comemorações. No entanto, as inovações serviram para, além de celebrar São João Batista, confortar as pessoas sozinhas e levar esperança neste tempo de pandemia. Após a missa, o pároco Frei Vanderley Grassi saiu em carreata com a imagem do Padroeiro. Em cada comunidade, um pequeno grupo acolhia a imagem e recebia a bênção. Com o carro de som, a cidade foi tomada por músicas e a oração do santo terço. Ao meio-dia, a carreata entoou a oração do Angelus e continuou o seu percurso, seguida por carros enfeitados com balões. Na página do Facebook da Paróquia, muitos pedidos de oração e muitos elogios ao evento: “Está linda a carreata. Muito lindo ver as pessoas acolhendo com alegria a São João Batista. Está sendo uma bênção”, comentou Geralda Dos Santos Nascimento. Margarete Barros agradeceu o empenho daqueles que ajudaram na realização da festa virtual: “Agradeço aos jovens de nossa Paróquia pela força, garra e de tudo que fizeram para levar a cada casa, on-line, as festividades, os momentos de louvor, oração!”. COMUNICAÇÕES
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Solidariedade marca a 170ª Festa de São Pedro Apóstolo de Gaspar u és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18). Pedro, o apóstolo escolhido por Jesus Cristo, de fato cumpriu a missão que lhe foi dada. A Igreja, ao longo da história, edificou-se sobre as colunas da fraternidade, da partilha e da solidariedade, tendo ainda como vértice desse trabalho o apóstolo Paulo, na sua dimensão missionária. No domingo, dia 28 de junho, véspera do dia de São Pedro Apóstolo no calendário católico, a Igreja Matriz, em Gaspar, reuniu fiéis em número reduzido (30% da capacidade do templo
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em função da pandemia) e centenas à distância – com a transmissão on-line pelo canal YouTube da TV Gaspar e pela rede social Facebook da Paróquia e da TV Gaspar -, para reafirmar a construção de uma Igreja baseada nos ensinamentos de Jesus Cristo que confiou aos apóstolos Pedro e Paulo a continuidade da mensagem de paz, fraternidade e ajuda ao próximo. Uma celebração diferente, sem a tradicional procissão náutica e os fogos de artifícios que tradicionalmente anunciam a chegada triunfal do Padroeiro à majestosa igreja no alto do morro. “Talvez, como andaram
dizendo por aí, a mais franciscana de todas as festas de São Pedro nestes 170 anos”, disse Frei Paulo Moura, que presidiu a missa. A simplicidade franciscana dos eventos relacionados à Festa de São Pedro Apóstolo reforça o tema proposto para este ano: “Com São Pedro, testemunhas de uma Igreja fraterna e solidária”. Prova disso foi o altar repleto de cestas básicas, roupas, calçados, cobertores, fraldas geriátricas e materiais de limpeza que vão agora para as casas das famílias necessitadas por meio da Conferência Vicentina, braço social da Igreja em Gaspar. “Essas campanhas
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solidárias respondem, de forma prática, àquilo que Jesus pede no Evangelho: sermos testemunhas de uma Igreja fraterna e solidária”, afirmou Frei Paulo durante a homilia, lembrando que se existe o momento de distanciamento, há também a proximidade do fazer o bem, de partilhar com quem enfrenta dificuldades. Essa, segundo o religioso, foi a missão dada aos dois apóstolos – Pedro e Paulo – verdadeiras colunas da Igreja sustentadas na própria pedra angular que é o Cristo. “Quando Pedro diz, por uma revelação de Deus, a Jesus: – tu és o Messias, o filho de Deus vivo, o salvador aquele que nós esperávamos, a sua resposta estava certa, porém, e nós, quando perguntados hoje quem é Jesus? Talvez, a maioria responda até com palavras parecidas às de Pedro, ou seja, teologicamente e catequeticamente corretas,
mas não pode ser apenas uma resposta decorada, mas algo que deve surgir de uma motivação interior e de uma verdade que brota dentro de cada um de nós. Será que ele é o senhor de fato da minha vida? E quem motiva as minhas escolhas e repercute nas minhas
ações? A questão, portanto, é muito mais profunda, não bastam palavras, devo responder, sobretudo com a minha vida, com os meus atos e com as minhas atitudes”, pregou Frei Paulo. E ter atitudes, seguiu explicando, é compreender qual de fato é essa missão. “É entender o servir, pois quando o anjo diz a Pedro: – calça as sandálias, símbolo da missão, coloca o manto, símbolo da dignidade, e quando Paulo diz: – combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé é de alguém que tem consciência que cumpriu a missão. Então, a missão de Jesus, da Igreja e dos apóstolos Pedro e Paulo é a de se colocarem a serviço de quem precisa e estenderem as mãos”, ensina.
Nova coordenadora assume CPC
A última celebração alusiva a 170ª Festa de São COMUNICAÇÕES
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//fraternidades Pedro aconteceu às 19 horas do domingo (28) na Igreja Matriz. Frei Paulo aproveitou os avisos paroquiais para agradecer a todos que ajudaram a tornar possível a realização das comemorações de São Pedro Apóstolo: aos festeiros, doadores, Coral Misto Santa Cecília, TV Gaspar, Rádio Sentinela, voluntários que prepararam o churrasco servido em delivery no domingo e, principalmente, ao Conselho Paroquial da Comunidade (CPC), que durante cinco anos teve na presidência Nivaldo Schmitt. Frei Paulo agradeceu a dedicação de Nivaldo, que deu a sua contribuição comunitária para a Paróquia São Pedro Apóstolo. A nova coordenadora, Rose de Borba, agradeceu a confiança depositada e disse contar com a colaboração de toda a comunidade paroquial para dar continuidade ao trabalho com excelência. Rose encerrou a sua fala citando mensagem do Papa Francisco. “É enorme a contribuição da Igreja no mundo atual. Agradeço ao belo exemplo que me dão tantos cristãos que oferecem a sua vida e o seu tempo com alegria. Esse testemunho faz muito bem e me apóia na minha aspiração pessoal de superar o egoísmo para uma dedicação maior”.
O TRÍDUO SOLIDÁRIO EM HOMENAGEM AO PADROEIRO
A programação religiosa da 170ª Festa de São Pedro Apóstolo, em Gaspar, começou na noite da quinta-feira (25) de forma diferente: sem a tradicional presença dos fiéis, que sempre lotam a Igreja Matriz. As medidas de distanciamento social ainda são necessárias para se evitar a propagação do novo coronavírus. A 1ª Missa do Tríduo foi transmitida on-line na rede social Facebook da Paróquia e na página do YouTube da TV Gaspar. A distância, porém, não diminuiu a força da fé dos paroquianos, que há 170 anos celebram a mais antiga festa religiosa do Vale do Itajaí. Neste ano, o Tríduo teve como tema “Com São Pedro, testemunhas de uma Igreja
fraterna e solidária”, acompanhado do lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”, transformado em ações solidárias que vão beneficiar dezenas de famílias que neste momento passam muitas necessidades em Gaspar. Em sua homília, Frei Carlos Ignácia enfatizou a caridade, a compaixão e a partilha. “Precisamos exercitar o amor solidário, a compaixão e a partilha que nos foram ensinados por Jesus Cristo”. No segundo dia, Frei Aldo afirmou que, embora as circunstâncias da Festa do Padroeiro sejam atípicas, não impede a renovação e a comunhão espirituais.: “Queremos, sim, uma Igreja de irmãos solidários, pois se não formos solidários, então nós
não seremos uma Igreja Cristã nem discípulos de Jesus”. A grande novidade da missa do 3º dia do Tríduo foi o retorno do público à Igreja Matriz depois de mais de três meses. Em função das medidas de segurança sanitária, o templo teve sua capacidade reduzida em 30%. Os fiéis precisaram de senha para participar. Para Frei Paulo, Deus se revela a quem se compromete com o seu Reino, e a vocação da Igreja é ser solidária. “No tríduo deste ano, fizemos campanhas solidárias que mostram outra dimensão da Igreja, que se preocupa com os outros, testemunho de uma igreja fraterna e solidária”, finalizou. Pascom da Paróquia de Gaspar
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Carreata e Missa marcam a 90ª edição da Festa de São Pedro pároco Frei Alex Sandro Ciarnoscki encerrou as festividades religiosas, para homenagear o Padroeiro da Paróquia São Pedro Apóstolo, com a Santa Missa e carreata pelas ruas de Pato Branco (PR). A Celebração Eucarística, nesse tempo de pandemia, foi restrita e teve transmissão pelas redes sociais no domingo, 28 de junho. No Brasil, para que São Pedro e São Paulo, esses grandes santos da Igreja, não fossem celebrados num simples dia da semana, optou-se por antecipar a solenidade para o domingo. “O que celebramos nesta grande festividade? Celebramos a vida. E, neste ano, celebrar a vida é cuidar bem dela, zelar com responsabilidade. É por isso que neste ano não vamos nos encontrar para dar aquele abraço, nem poderemos partilhar as guloseimas da Festa, porque o nosso compromisso é com a vida”, disse o pároco. Segundo ele, nesse momento de incertezas que vivemos, Pedro nos convida a professar, renovar, firmar a nossa fé em Jesus Cristo. “É certo que quando a gente contempla a figura de Pedro é inevitável que a gente se identifique muito com ele. Pedro, homem de muitos pecados, de muitas limitações, mas um homem de um coração extremamente generoso e de uma vontade muito grande de servir ao mestre. Nós, também, em meio às nossas limitações, nossos pecados, às vezes, inspirados na vida de Pedro, temos uma vontade muito grande de seguir Jesus Cristo. Por isso, Pedro se torna para nós modelo e inspiração divina”, disse. “Aqui atrás, neste mosaico, temos a passagem lembrando quando Pedro vê Jesus sobre as águas e resolve ir ao seu encontro. Logo que o vento começa soprar, tem medo e afunda. E pede:
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salva-me, Senhor! Nesses tempos, o mar anda revolto, incerto. Esta pandemia tirou nossa paz e, assim como Pedro, queremos estender a nossa mão e dizer: salva-nos, Senhor!”, acrescentou. Para o pároco, não há melhor maneira do que escutar Pedro falando pelo nosso Papa Francisco. “Responsável pela animação da igreja, responsável por nos conduzir nos caminhos da vida, o Papa Francisco nos convida a termos esperança. Que a nossa Igreja seja generosa nestes tempos de pandemia. Esse é um dos grandes desafios hoje: fazer da Igreja um sinal de acolhimento. Por quê? Porque o
Mestre nos pede isso”, emendou. Logo após a Missa, devotos saíram em carreata pelas principais ruas da cidade, tendo na frente o carro com Frei Alex e a imagem do Padroeiro. No trajeto, os fiéis pediam bênçãos e agradeciam pelas graças alcançadas. Nesta 90ª edição da Festa, o evento social não foi tão grande como já é uma tradição. Mesmo assim, os devotos e paroquianos não ficaram sem as comidas tradicionais: buchada, pastéis, tortas e churrascada. A entrega das encomendas foram feitas no sistema drive thru. A primeira Festa, realizada há 90 anos, foi feita pelos frades que vinham de Blumenau e de Gaspar (SC), para dar atendimento na região Sudoeste. Foi em 1930 que construíram a primeira capela, entre a Avenida Tupi e a Rua Tapir. No mesmo ano, foi realizada a primeira Festa de São Pedro. COMUNICAÇÕES
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Canarinhos: Meninas encantam no clipe “Ave Maria” de Deborah Lutz coral das Meninas dos Canarinhos de Petrópolis supreendeu o público no sábado, dia 18 de julho. O coro lançou um clipe inédito da composição feita por Deborah Lutz sobre o texto da oração da “Ave Maria”. A gravação, feita à distância, ganhou uma edição especial e foi apresentada, às 18h, simultaneamente nas páginas dos Canarinhos e da Paróquia do Sagrado no Facebook e na TVFranciscanos, no Youtube. “Preparar este material para as pessoas sentirem como é o nosso trabalho e como está sendo este momento foi uma experiência incrível. Apesar da distância física, a música não para e encontramos uma forma de manter o trabalho”, contou o maestro Marcelo
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Vizani. Ele explicou que cantar a “Ave Maria” neste momento é uma forma de pedir bênçãos a Nossa Senhora: “Vamos pedir que tudo isso passe logo e voltemos a nos encontrar presencialmente o quanto antes”. A composição escolhida pelo coral para este clipe já faz parte do repertório das Meninas dos Canarinhos. A versão da compositora Deborah Lutz é descrita com melodias fluidas, como uma jóia musical moderna. O horário escolhido para o lançamento do clipe obedeceu à tradição da Igreja para a oração do Ângelus, que acontece sempre às 6h, 12h, e 18h, incluindo o costume de tocar os sinos das igrejas para chamar os fiéis para a “hora da Ave-Maria”.
APONTE A CÂMERA DO SEU CELULAR e assista a composição da Ave Maria, de Deborah Lutz, canção escolhida pelo Coral das Meninas dos Canarinhos de Petrópolis para ser gravada durante a quarentena. O clipe especial foi feito à distância, sobre a regência do maestro Marcelo Vizani.
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Canarinhos dão show no clipe à distância composição mais famosa feita sobre o texto da oração da Ave Maria, a “Ave Maria de Gounod” foi a canção escolhida pelo Coral dos Canarinhos de Petrópolis para ser gravada durante a quarentena. O clipe especial, feito à distância, foi lançado no sábado, dia 11, às 18h, no Facebook, mostrando o trabalho profissional que é feito no Instituto. O Coral deu um show de interpretação e união. “Foi um momento importante para manter os coralistas motivados e para de alguma forma retribuirmos o carinho que temos recebido do público que está saudoso por nossas apresentações”, comentou o diretor artístico do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP), o maestro Marco Aurélio Lischt, antecipando que outros materiais estão sendo produzidos pelo coral e serão lançados em breve.
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A melodia escrita por Charles Gounod, tendo como base o prelúdio em Dó Maior do “Cravo Bem-Temperado” vol. I de Johann Sebastian Bach, é uma das mais famosas sobre o texto em latim da “Ave Maria”. A curiosidade é que Bach é um dos principais compositores protestante da história. Gounod no final de sua vida se dedicou a música religiosa, chegando a compor o Hino do Vaticano. A música é então uma parceria entre um protestante e um católico. Segundo Lischt, manter o contato com o público mesmo por meio da Internet, tem sido muito gratificante e uma forma de aquecer os corações enquanto se faz necessário o afastamento social. Este ano, o Coral dos Canarinhos comemora 78 anos de existência, dedicados à música sacra. Já o Coral das Meninas chega aos seus 32 anos,
parte desse tempo exaltando a música popular brasileira, mas também a música sacra. APONTE A CÂMERA DO SEU CELULAR e assista a composição mais famosa feita sobre o texto da oração da Ave Maria, a “Ave Maria de Gounod”, canção escolhida pelo Coral dos Canarinhos de Petrópolis para ser gravada durante a quarentena. O clipe especial foi feito à distância, sobre a regência do maestro Marco Aurélio Lischt.
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Celebração Ecumênica marca os 175 anos da colonização alemã em Petrópolis o “Dia do Colono Alemão”, 29 de junho, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis (RJ), foi anfitriã da “Celebração Ecumênica” que homenageou a colonização germânica, celebrando 175 anos com feriado municipal. O evento fez parte da programação da 31ª edição da Bauernfest e contou com a presença da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana, representada na pessoa do pastor Elton Pothin. A celebração foi transmitida ao vivo e em cadeia nacional pela página do Facebook da Igreja do Sagrado e a dos Luteranos e pelo canal oficial do YouTube da Prefeitura de Petrópolis. O pároco e guardião da Fraternidade do Sagrado, Frei Jorge Paulo Schiavini, acolheu a todos e manifestou sua gratidão por este momento de fé e unidade. Lembrou que o evento acontece costumeiramente
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no Palácio de Cristal da cidade, onde está plantada a cruz, que é o símbolo da fé dos colonos alemães. “Trazemos presentes em nossa celebração toda a sociedade mundial, principalmente aqueles que sofrem com a pandemia. De modo especial, queremos rezar pela vida de tantos descendentes de colonos alemães que, com seu trabalho e religiosidade, marcaram e marcam o município de Petrópolis”, sublinhou. Durante a celebração, um grupo de frades entoou hinos e cânticos em língua alemã sob condução do experiente maestro do Coral dos Canarinhos, Marco Aurélio Lischt, que regeu os frades e abrilhantou a celebração. Cleia Hillen é descendente alemã e paroquiana da Paróquia do Sagrado. Seus bisavós vieram para o Brasil na expedição da Alemanha. Segundo ela, a celebração a ajudou a relembrar suas
origens e cultura. “Que culto maravilhoso. Gostei muito das canções”, disse emocionada, lamentando não poder assistir presencialmente o evento. Após a leitura bíblica do Evangelho segundo Mateus (11,25-30), o pastor Elton fez sua reflexão recordando a chegada dos imigrantes alemães em Petrópolis. Afirmou que vieram ao Brasil pela difícil situação econômica na qual a Alemanha se encontrava na época, lembrando que o país saía das guerras contra Napoleão Bonaparte, que causaram muita destruição. “Neste 29 de junho olhemos para trás, para a história da humanidade e, principalmente, para a história dos nossos antepassados alemães que vieram a este Brasil e o quanto eles sofreram. Que nós possamos olhar para Deus e dizer: obrigado pelos nossos antepassados! Obrigado Deus por aquilo que foi construído com firmeza
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de fé e coragem! E que possamos olhar para o futuro com esta mesma coragem, esperança e fé em Deus para construirmos uma cidade onde todos possam ter vida digna”, ressaltou. Frei José Ariovaldo da Silva conduziu a reflexão bíblica e saudou a todos
em alemão: “Gelobt sei Iesus Christus! In Ewigkeit”, que significa: ‘Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado’. “Celebramos 175 anos da Colonização Alemã de nossa cidade de Petrópolis. Foram muitíssimas as pessoas que até hoje aqui
viveram intensamente a revelação de Jesus em incontáveis gestos de amor cristão e, assim, contribuíram no sentido de termos uma cidade saudável, em que a vida possa se tornar suave e leve para se viver. Gott sei dank”, disse Frei José.
das suas roupas, sem a necessidade de usar óculos. Para a senhora Helga Flushoh, que acompanhou a celebração virtualmente, as reflexões de Frei José Ariovaldo e do Pastor Elton serviram de consolo
momento mais belo da Bauernfest. “Em especial hoje, dia 29 de junho, estamos comemorando 175 anos da chegada dos primeiros colonos alemães à nossa amada Petrópolis. Muito obrigado a todos vocês”. O Pastor Márcio, de denominação luterana, também acompanhou o culto e disse: “Parabéns ao coral dos frades e ao maestro Marco Aurélio pelos hinos em alemão cantados com a pronúncia correta. Realmente ficou lindo”, parabenizou. Há 30 anos, a tradicional Festa da Bauernfest celebra a cultura desse povo. Porém, no 31º aniversário, com o isolamento social por causa do coronavírus, o evento está acontecendo de maneira virtual. Danças folclóricas, shows, atividades para as crianças, história e até mesmo os concursos foram contemplados na programação.
HOMENAGEM Faz parte da celebração fazer uma homenagem a um dos imigrantes que teve um papel importante na Imperial Colônia Germânica de Petrópolis. Nesta celebração, a homenageada foi a senhora Alice Monken, que já passou dos 100 anos. Nascida no dia 4 de janeiro de 1919, seus descendentes chegaram em Petrópolis em 29 de junho de 1845. Teve uma infância igual a todas as crianças descendentes de germânicos, estudou o curso primário no Colégio Santa Catarina. Na adolescência foi auxiliar da modista Rosa Borzino, conhecida na cidade como Rosinha. Seu pai a levava e buscava para trabalhar e aprender a profissão. Casou-se com Delauro de Souza Adão com 19 anos. Desta união, nasceram os filhos Isís, Ronaldo, Niceia e Eliane. Hoje possui dois netos e dois bisnetos. Atualmente, ainda exerce as suas atividades do lar, inclusive nas costuras
para o difícil momento em que o país vive. “Que nunca esqueçamos que Cristo está sempre junto a nós em todos os nossos dias”, disse. Já Maria Odete Henriques agradeceu: “Obrigada por mais este momento de fé, consolo e esperança”. Segundo Elisabeth Graebner, a Celebração Ecumênica é o
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TEMPO DE PANDEMIA, TEMPO DE REFLEXÃO
E agora José? Não posso clamar “meu Senhor e meu Deus” sem ver a ferida que alcança o coração. Se credere (crer) provier de cor dare (dar o coração), então eu preciso confessar que meu coração e minha fé só podem pertencer ao Deus capaz de mostrar as suas feridas. Tomás Halík Toque as feridas, p.13 o momento em que me dispunha a refletir sobre a vida, nesse tempo de confinamento, não saía de minha cabeça o famoso poema de Drummond: “E agora, José?”. Meio perdido no tempo e no espaço, com portas que iam se fechando, o pobre homem estava diante dessa pergunta que a vida lhe fazia: “E agora, José?”
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A mesma pergunta é dirigida a cada um de nós: “E agora, José?” Nosso confinamento social ainda não acabou. Andamos vivendo com recursos eletrônicos, on-line, lives, conferências e reuniões virtuais e a vida segue seu curso de maneira precária. José Tolentino Mendonça diz que fomos feitos para o abraço e precisamente o abraço nos é negado. O autor português afirma que, segundo entendidos, necessitamos de doze abraços por dia!! Depois da pandemia vamos descontar. Colocaremos em dia nossa cota de abraços. O presencial faz falta. Ver de perto, tocar a pele, sentir o perfume dos que nos querem bem. Faz falta dizer um bom dia ao motorista de ônibus e um até logo à dona Lina que limpa o escritório
onde trabalhamos. Nesses meses todos, sempre em casa, foram pouquíssimas saídas sempre com máscara, gel e todos os cuidados. Não temos vontade de ligar televisão. As imagens e as falas nos fazem mal: óbitos, internações, testes, covas comunitárias, gente morrendo sem poder dizer adeus, curvas ascendentes de infectados... e o caos no meio dos senhores da política que deveriam cuidar da vida do ser humano que é a maior riqueza de uma nação. Ah! os governantes!!! Foram pegos de surpresa. Nos seus desejos loucos de subir na vida não esperavam por esta. Certamente, a questão da economia no tempo da pandemia é importante. Não é meu intento aqui entrar na questão. Não me sinto
fraternidades// competente. Afirmo que dói muito ver esses milhões de desempregados, de camelôs, de seres humanos que morrem do vírus, de fome ou se matam. O ser humano é que conta. Quem sabe o “mercado” possa abrir os olhos... Todo esse terrível vírus e as mortes em todo o planeta (espero que os astronautas não tenham levado o vírus para a lua) já fez grande estrago na terra. A vida vai fazendo seu curso. Abrindo a janela pela manhã eram belas as quaresmeiras que baloiçavam como num balé. Depois as árvores perderam o arroxeado. Vieram os manacás da serra com flores de muitas cores. Espero agora as azaleias de agosto e depois os agapantos de novembro. A vida continua. As águas correm, os pássaros “namoram” na hora certa e fazem seus ninhos. Nós paralisamos. O minúsculo vírus nos paralisou. Os aviões deixaram de voar. Os cinemas fecharam as portas. As pessoas deixaram de estar juntas. Aguardando o novo tempo e olhando o mundo à distância, pela janela. Quando vai passar? Fizemos algumas experiências fortes nesse tempo todo. A primeira delas, penso eu, foi a do medo. Não estamos apenas perdendo dinheiro, postos e sei lá o que. Temos medo de morrer e de ver morrer nossos entes queridos e que levaram consigo sonhos que juntos sonhamos. Distanciamento físico, mas calor no coração, mas com medo de abraçar. Medo porque este inimigo é especial. Não se assusta com carro blindado nem com alarmes e sensores. Não podemos estancá-lo. Ele é sutil e invisível. Um medo forte. Medo de morrer. Antes da hora? Na hora certa? Não sei. Junto com o medo vivemos um período de insegurança. Os grandes da terra também mostram-se inseguros (ou inconscientes). Estamos andando na corda bamba. Máscaras, gel, lavar as mãos... nem sempre são
seguros. Insegurança quanto ao amanhã da profissão e dúvidas se poderemos nos reciclar nesse mundo novo cujos contornos desconhecemos. Teremos que voltar para as primeiras letras. Aprender numa outra cartilha. Espero que seja um mundo mais humano e não frio marcado pelo egoísmo e terrível indiferença. Talvez, como nunca, neste momento a humanidade faz uma experiência de pobreza, de consciência dos seus limites. Os grandes foram derrubados de seus tronos. Não são atingidos apenas os habitantes das favelas. O vírus não faz seleção. São também infectados deputados e senadores, artistas e intelectuais, primeiros ministros e presidentes. O dinheiro e o prestígio contam pouco. Não somos donos de nossa vida. Não somos autossuficientes. Dependemos. Dependemos dos familiares, do pessoal médico-hospitar que cuide de nós. Não podemos ter o nariz arrebitado. Dependemos dos pesquisadores: que encontrem uma vacina. Dependemos do Estado que nos dê um auxílio emergencial. Dependemos. Não somos deuses. Temos que reconhecer e agradecer os que colocam gestos e ações que não somos mais capazes de conseguir sozinhos. Eles nutrem nossa sobrevivência. Aprendemos a dizer “muito” obrigado. Nesse período, como nunca, precisamos aprender a arte de conviver. Espaços domiciliares exíguos, muita gente em casa, gente que se estima e gente que se tolera, solidariedade nos serviços domésticos ou não, agressões verbais e físicas... Para onde fugir? Talvez, digo bem, talvez pais e filhos estão tendo ocasião de conversar, examinar comportamentos, simplificar a vida, moderar os desejos, desculpar a intolerâncias. Digo bem, talvez. No exíguo espaço de muitas casas há irritação. Será que conseguimos aprender a conviver? Este tempo foi e é momento em
que precisamos renunciar. Palavra delicada. Aceitar que não aconteçam e se concretizem projetos a médio e curto prazos. Palavras correntes: adiado, protelado, cancelado, revisado, em estudo. Fomos aprendendo a diminuir desejos e projetos. O dinheiro que pensávamos ter, foi minguando com despesas novas ou com o fechamento de tantas coisas. Quem sabe vamos conseguir viver com menos e viver melhor. Quem ganha, perde; e quem perde, ganha. Novamente a questão da pobreza: viver feliz com menos. Diria que querendo ou não vamos nos exercitando na obediência. Fomos obrigados a seguir as orientações. Não há escapatória: nada de aglomerações, distância, máscaras, gel. Quem não obedece está sujeito a multas. Tudo tem como finalidade permitir a continuidade de nossa vida e da vida dos outros. O importante é a vida. Sempre de novo um apelo a que sejamos menos egoístas e não pensemos apenas em nosso quintal. Se não aprendemos por bem, a vida, por sua vez, tem suas lições duras. Um dos espetáculos mais belos que podemos presenciar nesse confinamento foi o da dedicação e do heroísmo de todos os que trabalham em hospitais, mormente estabelecimentos públicos, com a sua habitual precariedade de recursos (e ainda com aproveitadores indecentes superfaturando as encomendas). Aprendi a ter imenso respeito pelo Ministro da Saúde que enfrentou os primeiros meses. Médicos, faxineiros, pessoas que preparavam os mortos para serem sepultados, enfermeiros vigiando a respiração, a vida que poderia se extinguir. E a dor de dizer: “Mais um morreu”. Essa gente deu e dá um exemplo de dom de si, de esquecimento de seus interesses, plantões dobrados, sem poderem cuidar de suas famílias. Ousaria dizer que Deus COMUNICAÇÕES
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pediu suas mãos para estar junto dos que sofrem ou porque Deus vive no doente de forma especial. Não seriam as chagas de Jesus a clamar nessa gente toda? A grande virtude desses agentes de saúde foi a solidariedade corajosa. São seres humanos verdadeiramente “humanos” que choram de alegria ao se despedirem de uma senhorinha de oitenta anos que ficou curada. Somos todos iguais. Fizemos ou continuamos a fazer um prolongado tempo de recolhimento, um grande retiro. Penso aqui, de modo particular, nos cristãos. Incluo todos os homens de boa vontade sem rótulos e etiquetas. Estamos todos no mesmo barco, o barco da vida. Meses em casa. Com o silêncio no exterior e nas profundezas de nosso interior tivemos ocasião de pensar, refletir, fazer o filme da vida. Quantas alegrias ao longo da vida. As recordações do tempo percorrido empurravam a porta de nossa intimidade: nomes, lugares, amigos, parentes, mestres... foram ocupando espaço na nossa mente em quarentena. De quando em vez, surgia a figura da madrinha, depois os
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bolos que a mãe fazia, os médicos que nos olharam. E, compreende-se, também, avizinhavam-se de nós as pequenas e grandes loucuras cometidas: o servir-se do outro, esse descuido de amar até o fim, as feridas que deveríamos ter curado e que não permitimos que fossem cicatrizadas. Quantas lembranças. Havia dias em que pegamos os salmos de louvor: “Bendirei o Senhor em todo o tempo...”. Outras vezes: “Das profundezas eu clamo a vós, Senhor...”. Tempo de fazer as pazes conosco mesmo e de colocar-se como uma criança diante dos olhos do Amor. Bendito tempo de tal recolhimento que nos levou ao fundo de nós mesmos. Nesse tempo de recolhimento, de leitura, de viagem ao fundo do coração, de dores e dissabores quem sabe nasce o desejo de viver uma existência mais simples com manifestações de fé mais verdadeiras. Difícil exprimir o que seria isso. Uma vida de verdadeira fé e não uma existência pontilhada de gestos religiosos sem densa consistência. Quem sabe tomar consciência que já somos criaturas novas,
que a nossa carne morreu com a carne de Jesus e ressuscitou com ele. Vida dele na nossa vida... nossa vida na vida dele. Sem muito espalhafato. Sem muitos gritos frenéticos. Nossa vida está escondida com a carne gloriosa de Jesus no seio do fogaréu da Trindade. Consciência plena de que somos em Cristo. I mportante a missa, os sacramentos desde que vividos corretamente. Escuta da Palavra com um coração desatravancado, o corpo dado e o sangue derramado do Senhor continua em nossa vida quando damos o corpo para o surgimento do mundo de irmãos. Nossas missas... ah nossas missas... algumas frias, rígidas, ritualísticas, sem alma, secas. Celebradas ou assistidas para cumprir um obrigação. Entramos na igreja e saímos sem ter atinado com o Mistério. Outras um encontro qualquer. Quanto mais barulho melhor. Celebrações eucarísticas verdadeiras podem nutrir nossa fé: fazer a memória, partilhar, anunciar e antecipar. A Eucaristia é o centro de nossa vida. S empre se insistiu. Pouco se fez. Precisamos viver em grupos à dimensão humana. Compreendo que se façam celebrações em grandes espaços, muita gente. A vida fica viçosa quando fazemos experiências de fé em grupos à dimensão humana, quando a Palavra penetra em nós e perto de nós a acolhemos com outros na nudez de nossa verdade. Comunidades sem pieguice. Gente de contemplação que sai pelas estradas do mundo a irradiar a alegria de sua fé. Gente que tem algo de significativo a dizer ao
fraternidades// mundo. Que gosta da vida. Que irradiam esperança Quem sabe depois da pandemia os cristãos serão pessoas mais despojadas, menos ritualísticas e mais ternas, exigentes, no que toca o Evangelho, mas menos intransigentes mais misericordiosos diante da fragilidade, gente de fácil acesso, pessoas que refletem uma bondade que vem de Deus que neles fez sua casa. Houve guerras violentas na face da terra, muito sangue derramado, muita dor. Conhecemos o terror dos campos de concentração, o extermínio dos judeus, os cataclismos
e as devastações. Tantas epidemias ao longo dos séculos. Mortes e mortes. E agora esse terror que tira a possibilidade do ser humano respirar. Muitas e fervorosas preces e pedidos foram e estão sendo dirigidos ao Senhor. Os céus silenciam. O homem dos salmos, quantas vezes, reclama do silêncio de Deus. Mistério do silêncio de Deus Um dia o Verbo de Deus se fez homem, carne, viveu e morreu. No alto da cruz lá estava Deus morrendo as mortes de todos. Também nesse tempo da pandemia. Fé e sempre de novo fé. Dietrich Bonhoeffer, ele que sofreu os horrores dos campos de concentração, diz: “Deus não nos salva da cruz, mas na cruz”. Deus parece indiferente
ao nosso sofrer. Talvez ele possa dizer que está ali, no madeiro, com o peito aberto sofrendo nossos sofrimentos. “Deus não nos salva da cruz, mas na cruz”. Uma força vem dele... Retomando Halík: “... preciso confessar que meu coração e minha fé, só podem pertencer a um Deus que mostra suas feridas”. O que vai acontecer depois... quando fizermos o rescaldo.. precisaremos de seres bons e lúcidos, inteligentes e humildes, nova raça de seres humanos e de seguidores apaixonados pelo Evangelho. Quem viver, verá. O novo vai irromper. Tem que acontecer depois da tempestade!
Frei Almir Ribeiro Guimarães
CONVERSA COM O PROVINCIAL Por sugestão dos confrades da Fraternidade São Francisco de Assis, em Bragança Paulista, a atividade da terapia ocu-
pacional do dia 9 de julho foi o encontro virtual com o Ministro Provincial, Frei César Külkamp.
//evangelização ENCONTRO DOS FRADES DA FRENTE DAS PARÓQUIAS, SANTUÁRIOS E CENTROS DE ACOLHIMENTO
TEMA
“Pandemia e transformações entre necessidades, expectativas e realidade”
1ª PARTE - JUNG MO SUNG
“A gente precisa resgatar a fé cristã com coragem para reconhecer quais são as causas da crise” ssa foi uma das mensagens deixadas pelo filósofo e teólogo leigo católico, Jung Mo Sung, durante a videoconferência do dia 14 de julho, no Encontro dos frades que atuam na Frente de Evangelização das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento. O professor do programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo abordou o tema “Pandemia e transformações – entre necessidades, expectativas e realidade”. Os frades foram saudados pelo
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secretário de Evangelização da Província da Imaculada Conceição, Frei Gustavo Medella, que convidou o coordenador desta Frente, Frei Antonio Michels, para conduzir o momento de oração, quando se fez memória a Frei Leonir Ansolin, falecido no dia 13. “Ele foi um bravo na vida e na doença, sem perder a serenidade, a tranquilidade, o espírito de gratidão. Nunca se ouvia da parte dele uma reclamação”, lembrou Frei Medella. A oração teve início cantando o salmo 23, expressando “a certeza que nosso irmão está nas mãos de Deus”.
Segundo Frei Medella, esse tempo de pandemia veio, parece, virar a página de uma realidade que vem sendo apresentada há muito tempo nos meios acadêmicos e até nos meios eclesiais: não vivemos uma “época de mudança”, mas uma “mudança de época”. “Parece que essa mudança teve o arranque final nesse tempo de pandemia para nos mostrar que estamos, de fato, entrando numa nova época. Aí, surgem outros jargões, como ‘novo normal’, ‘não podemos falar em retomada, mas em recomeço’ etc. Esse tempo nos faz olhar
com atenção algumas provocações: há necessidades de mudanças, há coisas que precisam necessariamente mudar para que possamos até subsistir e existir como humanidade. Há também as expectativas, aquilo que esperamos mudar: ‘esperamos que depois desta pandemia, surja uma humanidade melhor, um humano melhor’. São expectativas justas e importantes. E o que de fato temos percebido a partir dos nossos sentidos, da nossa razão, daquilo que observamos, que está mudando, que está se transformando?”, questionou o frade. Para o assessor, Professor Jung Mo Sung, a história sempre conviveu com pandemias ou pestes. “A peste negra matou quase 30% da população europeia e marcou profundamente a história”, disse, referindo-se com estranheza ao fato de, seja esquerda ou direita, estarem usando a metáfora do apocalipse para definir essa pandemia. “Compreender o Apocalipse como algo que Deus vai acabar com o mundo, é não compreender o que era o livro do Apocalipse no Império Romano”, questionou. “Mas de qualquer jeito vivemos uma época de muito medo”, observou. Ele fez analogia do medo citando o Evangelho de Mateus 8, 26, quando Jesus diz: “Por que estais com tanto medo, homens de pouca fé”. O que é fé? A fé não é crença na existência Deus, mas a fé nessa frase se opõe ao medo. A fé é a coragem de enfrentar a vida”, disse. Jung Mo Sung explicou que, antes de falar de pandemia, era preciso falar mais do contexto que estamos vivendo. “É que, na pandemia, aumentou tudo”, frisou. “Há 50 anos, a gente vem experimentando mudanças importantes, só que a gente foi se acostumando. O pessoal diz assim: ‘Quando você coloca a rã na água morna, ela não pula; vai se acostumando e morre. Se colocar, de repente, a água quente, ela salta fora’. Nós estávamos acostumados com um processo de mudança e, de repente, veio a pandemia e tudo explodiu. Mas a gente tem que entender que esse
processo começou bem antes”. O professor partiu da globalização e do avanço tecnológico para descrever essa mudança. “Altera profundamente o sistema econômico de uma região: muda preços, as formas de trabalhar etc. A gente vai ver que as fábricas do Brasil eram lugares estáveis. O jovem entrava na empresa e tinha a vida definida. Essa segurança desaparece com a globalização. As fábricas desaparecem. Essa condição de vida organizada vai desaparecendo. Isso vai mudando, e a gente não consegue perceber, claramente, uma noção de tempo e espaço”, explicou. Nessa situação, o acúmulo de riquezas é uma coisa brutal. “Nós temos hoje pessoas com patrimônio de 100 bilhões de dólares. Antes não existia isso. Compram-se empresas e se fazem negócios em bilhões. Uma grande parcela de milionários tem seus aviões. Até pastores importantes têm vários aviões a jato. E por que esse pastor precisa? Ele quer isso porque é sinal de alguma coisa. Para um pastor, há 30 anos, isso não tinha o menor sentido. Hoje passou a ser algo de orgulho da igreja”, constatou, lembrando que esse aumento de riqueza traz um grande aumento da desigualdade social. Outro ponto que destacou – que é de uma profunda transformação cultural, não ligada diretamente à economia, mas tem a ver – é o surgimento de
movimentos chamados de identidade. Para Jung Mo Sung, hoje temos duas culturas conflitantes: o mundo liberal ou moderno se dividia entre os marxistas e capitalistas, mas os dois grupos estavam de acordo que todo ser humano tem direito a alguma coisa. Nos últimos 20 anos, e mais agora nos últimos 10 anos, surgiu uma aliança nova. “Isso vai aparecer claramente na eleição de Hilary Clinton com Trump. Hilary fez aliança com setores de identidade – mulheres, gays, imigrantes e negros – junto com neoliberalismo moderno globalizado, não com os pobres. E Trump fez uma aliança com setores do neoliberalismo e com o conservadorismo religioso. E aí ele defendia brancos, famílias tradicionais, e uma economia de concentração de riquezas só nos Estados Unidos. E no Brasil tivemos Bolsonaro, que fez essa aliança neoliberal com Paulo Guedes, e o grupo que associa família tradicional com concepção apocalíptica da Bíblia. Para esse grupo, o mundo não tem jeito e única forma de sair e resolver os problemas é a segunda volta de Jesus. E por que demora a volta de Jesus? Porque tem uns anticristos que não aceitam Jesus. E dizem: quando vão aparecer os sinais da vinda de Jesus: quando aparecer a luta entre o bem e o mal. Para esse grupo, quanto mais violência, mais a vinda de Jesus será apressada. Quanto mais guerra, mais solução”, ensina. Segundo Jung Mo Sung vivemos uma “confusão” no mundo. Mas para ele, nem tudo está perdido. “E aí, ao invés de dizer que eles estão errados, é tentar entender por que o outro pensa assim. Por que o outro está pensando tão diferente? Nesse sentido, acho que entender hoje o medo, a insegurança, é fundamental”. E concluiu: “A gente precisa resgatar a fé cristã com coragem para reconhecer quais são as causas da crise”. Para quem quiser aprofundar mais no tema, dois livros recentes do autor: “Idolatria do Dinheiro e Direitos Humanos”, editado pela Paulus; e “Direitos Humanos e Amor ao Próximo”, em parceria com Ivone Gebara. COMUNICAÇÕES
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2ª PARTE - FREI JOÃO REINERT
Quando a Igreja é um serviço essencial? Encontro dos frades que atuam na Frente de Evangelização das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento teve continuidade na quinta-feira, 16 de julho, com a segunda parte formativa, já que na última terça-feira, o filósofo e teólogo leigo católico, Jung Mo Sung, abriu o tema “Pandemia e transformações – entre necessidades, expectativas e realidade”, oferecendo um olhar mais político e econômico. Nesta quinta, foi a vez do mestre e doutor em Teologia, Frei João Reinert, frade desta Província e professor do Instituto Teológico Franciscano em Petrópolis, abordar o tema com um olhar mais teológico e eclesial. Das 10 às 11h30, em videoconferência, os frades das 45 Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento foram recebidos pelo Ministro Provincial, Frei César Külkamp, e pelo secretário de Evangelização da Província da Imaculada Conceição, Frei Gustavo
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Medella. Antes da palestra, um momento de oração, fazendo memória a Nossa Senhora do Carmo. “É uma alegria muito grande estar aqui e ver, ainda que de longe, um pouco de cada frade, de cada fraternidade, principalmente nesse trabalho voltado às nossas Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento”, saudou Frei César, que explicou não ter participado do primeiro encontro porque viajou para o sepultamento de Frei Leonir Ansolin em Guaratinguetá. “Foi um dia de profunda comunhão a partir de Guaratinguetá com todas as nossas presenças fraternas e evangelizadoras. Já pude acompanhar um pouco da discussão e vi que foi boa e melhor ainda a participação das nossas paróquias. E, com isso, a gente vai caminhando também para uma comunhão de missão, que é o grande trabalho que a gente precisa fazer, mais adiante e aos poucos, no aprofundamento da missão e razão
de ser dessa Frente das Paróquias e Santuários”, acrescentou Frei César. Frei Medella fez um resumo da apresentação de Jung Mo Sung e deixou Frei Reinert à vontade para falar.
MULTIPANDEMIAS
Frei João partiu sua explanação enfatizando que não existe apenas uma pandemia sanitária. “Vivemos num tempo de multipandemias. Talvez a mais evidente, é claro, é a sanitária, a da saúde, haja vista tantas mortes (mais de 80 mil mortes no Brasil). Mas existem outras. Por exemplo, a pandemia econômica, muito evidente, com o aumento do desemprego, da perda de renda etc. Não tem como não pensar nessa pandemia ao pensarmos na evangelização”, observou. Depois, há a pandemia política. “Ela é mundial, marcada pela ausência de lideranças mundiais. Quem é o nosso grande líder mundialmente
evangelização// falando? É o Papa Francisco”, ilustrou. Segundo ele, essa política tende a minimizar as metas. Ou seja, tenta resolver os problemas de forma isolada. “Não existe um projeto mundial, nacional. Exemplo concreto: Vamos salvar a economia ou vamos salvar a saúde? Então, sempre a tentativa de dar uma resposta isolada”, explicou o palestrante. Esse mesmo problema é visto com a pandemia institucional, que no Brasil se faz ver com a crise dos poderes, fake news, ameaças de fechar o Congresso etc. Há também uma pandemia ambiental e não é difícil observar que a Terra está chegando ao seu limite. Mas para Frei João, a pandemia religiosa é muito evidente e afeta diretamente o trabalho evangelizador da Igreja. “Outro dia vi uma expressão para falar do fundamentalismo religioso. O artigo falava dos ‘neocatolicobãs’, que estão voltando com força e agressividade. Quando a gente fala em pandemia religiosa é porque está em jogo uma recusa, um desmonte, do Vaticano II. Todo ataque ao Papa Francisco - e hoje se critica abertamente o Papa -, na verdade não se está querendo atingir o Papa, mas o Vaticano II. O Papa é o representante mais lúcido do Vaticano II”, explicou Frei João, descrevendo as quatro linhas de ação do Pontificado de Francisco e do Vaticano: a dimensão da sinodalidade, uma Igreja descentralizada, a conversão das estruturas e a questão dos pobres. “E isso que está sendo atacado. É interessante perceber que esse ataque religioso é simultaneamente político. As mesmas causas estão sendo atacadas. Por exemplo, quando se ataca a sinodalidade se ataca a questão da democracia. Então, trata-se de um projeto religioso-político de mãos dadas. Hoje quer se implantar uma nova cristandade e, nessa tentativa de retorno, conta-se com projeto político e um projeto religioso”, detalhou o frade. Por último, a pandemia antropo-
lógica, que talvez seja a causa das outras. “Quem está em crise é o ser humano, os valores. Na semana retrasada, acompanhamos a questão dos bares lotados no Leblon, o deboche da classe média-alta e o descaso com a dor do outro. Também vimos o racismo na sua forma mais violenta e tantos outros exemplos que poderiam ser dados”, assinalou o frade.
LER A REALIDADE
Para Frei João, esse quadro, vai exigir da gente a capacidade de ler essa realidade. “Nunca foi tão importante que o trabalho da evangelização consiga ler a realidade a partir desse conjunto de pandemias”, disse, e o coronavírus veio mostrar essa realidade mais ampla. “Quantas mortes poderiam ter sido evitadas se não houvesse essas outras pandemias? Ou se houvesse um projeto de sociedade maior, mais amplo e não apenas tentar resolver parcialmente as questões?”, lamentou. Segundo ele, tudo isso gera em nós um quadro de insegurança. “Nosso professor [Jung Mo Sung] falava dessa sociedade do medo, da insegurança. Então, todo esse conjunto de pandemias, onde a gente não vê um projeto universal e coeso, aumenta a sensação de medo. E com isso surgem alguns gurus. Eles vêm de ambos os lados, seja da esquerda ou da direita, e com isso a gente tenta se apegar a eles por uma pseudossegurança”, disse, exemplificando: lockdown ou não lockdown; usar cloroquina ou não usar; abrir as igrejas ou não; portas abertas ou não. Frei João convidou, então, o seu confrade, Frei Gabriel Dellandrea, para ilustrar com dois depoimentos como se vive o medo e a insegurança nesse tempo de pandemia. Frei Gabriel resumiu o depoimento de Aline Machado, publicado no Conexão Fraterna. “Trabalhar com a finitude da vida me faz entender como a fé é sagrada”, diz a profissional da área de enfermagem do Hospital da Cruz
Vermelha Brasileira de São Paulo. Segundo Frei Gabriel, que tem participado do trabalho da Tenda Franciscana no Rio, aumentou a população em situação de rua do Rio de Janeiro. “Essa população mais vulnerável e os profissionais da frente da saúde vão precisar de nossa atenção. Esse pessoal está fazendo o que o Papa pede quando fala para a Igreja ser um Hospital de Campanha”, assinalou Frei Gabriel. Para Frei João, a pergunta que se coloca nesse momento é: Qual deve ser a resposta da evangelização? “A igreja hoje é um serviço essencial? Não essencial no sentido de que pode abrir ou não as portas. Que Igreja temos que ser para que ela tenha, em termos de pertinência, um serviço essencial? Para onde caminhar? Qual a vacina que a gente deve oferecer, digamos assim?”, questionou o palestrante.
DIMENSÃO DO CUIDADO
Frei João deu as pistas, partindo da dimensão do cuidado. “Nesse tempo de pandemia, mais do que nunca, podemos descobrir e resgatar qual o sentido da palavra “pastoral”. Nós fazemos pastoral nas nossas paróquias, usamos o termo 24 horas. Mas talvez até de forma inconsciente. Então, esse atual quadro de pandemias nos ajuda a resgatar o que significa “pastoral”. Vem de pastor, cuidado, a mãe que cuida, a mãe que cura feridas, a mãe que devolve esperança, a mãe que confere sentido de vida. Mais do que nunca, pode-se entender o que significa aquela expressão do Papa “Hospital de Campanha”. É a dimensão do luto, do cuidado, ser presença solidária. Então seria um suicídio se continuássemos nossas pastorais sem ter como espinha dorsal essa dimensão do cuidado, das relações humanas. Para Frei João, a Igreja vai ser pertinente quando unir a força do profetismo e a aliança com os pobres. “O que a igreja tem feito de fato nesCOMUNICAÇÕES
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//evangelização se tempo? Onde está o profetismo? Será que deixar igrejas fechadas para evitar contaminação é o suficiente? Onde está o profetismo da igreja? A Igreja está dividida, também sofre uma pandemia. Por exemplo, nós vemos de um lado pessoas que fazem uma reunião com Bolsonaro para pedir verbas ou patrocínios e vemos sermões do Pe. Edson que fala que quem votou em Bolsonaro está em pecado. A própria Igreja está dividida e essa divisão dificulta ela ser profética. Tem medo de dar um passo além”, avalia o frade. Frei João lembrou, contudo, que a Igreja foi profética quando a CNBB fez duras críticas aos vetos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Projeto de Lei 1142/2020. Frei João lembra que a Igreja tem uma grande chance de fazer aliança com os pobres dentro desse quadro de pobreza e desigualdade. “A ONU advertiu esta semana que, com a pandemia, está aumentando a concentração econômica e política nas mãos de uma elite apenas. As consequências serão o aumento da desigualdade social”, destacou. Frei João lembra que essa aliança com os pobres é uma questão sociológica, uma questão teológica - de fé -, e uma questão eclesial. “De fé por causa da nossa profissão de fé no Cristo que se fez pobre e nos leva a fazer o mesmo”, enfatizou. Segundo o frade, uma das formas privilegiadas de ser Igreja nesta pandemia foi a social. “Não tivemos muitas missas, umas e outras transmissão. Fomos presença pela ação social. Na distribuição de alimentos, cestas básicas, etc. Então, com isso vem uma provocação: será que a dimensão social não pode ser um
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caminho mais ordinário para sermos presença eclesial? Não pode ser um caminho mais natural, mais cotidiano de evangelização? Aqui, em Imbariê, graças a Deus (o Sefras e o Ministério Público nos ajudaram), o jeito de ser Igreja foi assistindo de forma imediata e assistencialista a população vulnerável”, contou, decretando: “É possível ser Igreja através dessa dimensão da solidariedade”.
SERVIÇO ESSENCIAL
Outro questionamento feito por Frei João: quando a Igreja vai ser um serviço essencial? Segundo ele, através da pastoral da simplicidade missionária. “Simplicidade não é ser simplório, mas voltar ao essencial, à fé. Na terça, o professor Jung falava que a fé é a resposta para a crise. É preciso resgatar a fé”, ensinou. Essa simplicidade, segundo o palestrante, ficou evidente na vivência com poucas coisas. “Reduziu-se o ritmo de consumo, os animais apareceram em volta de nossas casas, nas cidades. Estamos aprendendo a viver de forma muito mais simples. Logo, o retorno ao essencial na evangelização pede simplicidade de vida e simplicidade pastoral”, acredita.
Frei João denomina isso de essência da densidade cristológica, ou seja, apresentar de fato o querigma. “É somente na centralidade em Jesus Cristo que a Igreja vai poder dar uma resposta a esse quadro de medo, de insegurança, etc”, acrescentou, pedindo uma pastoral centrada no querigma.
SENTIDO DE VIDA E LAICATO
Nesse tempo pandêmico se percebeu mais a busca pelo sentido da vida. “O ser humano se confronta com a fragilidade humana, com o medo, com a morte, e tem se perguntado pelo sentido da vida. Deu mais abertura para o transcendente. Essa situação de busca de vida é uma porta que se abre para a evangelização. Basta que a gente saiba oferecer o essencial, que é o querigma”, orientou. Para ele, a religião vai ser um serviço essencial quando estiver centrada na fé. “Durante muito tempo, a nossa evangelização esteve centrada mais nas consequências da fé do que na própria fé”, observou. Segundo ele, padres e religiosos representam muito mais a instituição, muito mais os sacramentos, como consequências da fé. “O leigo está mais livre para representar o querigma. Apresentar a centralidade de Jesus Cristo”, diz, lembrando que esse tempo do laicato não vem só pela eclesiologia do Vaticano II, mas que uma configuração social-religiosa oferece essa possibilidade. O frade partiu de três palavras essenciais: fé, religião e religiosidade. “Nós sabemos que quem trabalhava com essas três palavras
evangelização// era o falecido Libânio (teólogo José Libânio). Nem sempre a religião oferece esperança, a religiosidade oferece esperança. Às vezes até oprime. Então, como fazer com que a nossa evangelização esteja centrada na fé e não tanto religião e na religiosidade. Quem está em crise hoje é a própria religião enquanto instituição e a religiosidade. Está em crise porque ela não tem credibilidade. Ela não confere sentido de vida muitas vezes. O que confere sentido é a fé”, disse. Outras três palavras que Frei João usou para ajudar na busca da evangelização: pressupor, propor e impor. “Não podemos pressupor que as pessoas estejam abertas procurando sentido da vida. Estejam abertas a encontrar a Jesus Cristo. Não podemos pressupor. O caminho pastoral só pode ser o propor e não impor”, disse. Nessa simplicidade pastoral talvez a gente deva reduzir o ritmo. “Nós fazemos mil coisas. Não seria o caso de fazer menos, mas com mais densidade pastoral?”, pergunta. Para que a igreja seja um serviço essencial, ensina o pregador, é preciso repensar a questão do ritmo. “O ativismo pode ser um inimigo à fé, porque está marcado pelo desempenho, qualidade, e não pelo essencial que é a própria fé. O ativismo não deixa focar nas relações humanas. Eu quero fazer tudo sozinho às vezes. O ativismo nos rouba o essencial que são as relações humanas”, disse. Frei João lembrou que o Papa tem chamado muito atenção sobre o retorno ao neopelagianismo. “Sabemos quem foi Pelágio, alguém que dispensava a graça de Deus. Pregava que podemos nos salvar pela nossa própria capacidade”, observou, indicando que vai ser um inimigo na evangelização desse tempo.
IGREJA DOMÉSTICA
Outra dimensão é a Igreja doméstica, que nos ajuda a perceber quan-
o povo foi privado da comunhão eucarística, mas nós não. Não seria mais coerente todos serem privados da Eucaristia?”
ÚLTIMA DIMENSÃO
do a evangelização é um serviço essencial. “Quem usou o termo foi Paulo VI. Veja que interessante. Foi preciso uma pandemia para descobrir a Igreja doméstica. Precisou fechar igrejas para redescobrir a Igreja doméstica”, indicou, lembrando que ela foi a base do primeiro século do cristianismo, a fonte primordial de ser Igreja. Para o frade, nesse tempo de pandemia, a Igreja foi doméstica. As famílias passaram a rezar juntas, assistir juntas. “As casas foram uma fonte de vida eclesial. Foi uma forma de ser igreja”, disse. Frei João fez uma ressalva, no entanto. É preciso valorizar essas igrejas domésticas mas ter o cuidado de não fazer a partir do clericalismo, criando uma igreja dependente do padre. “Que ela seja protagonista da ação eclesial”, pediu, lembrando que no século IV, o que matou a Igreja doméstica foi o clericalismo. “Nesse tempo da pandemia vimos tanto sinais de clericalismo: passeios de avião com o Santíssimo e outros. Sinais de uma Igreja fechada, mas ainda clerical. Há muitos questionamentos: Missa sem o povo pode, agora missa sem o padre não pode. O povo é secundário e o Vaticano II é totalmente contrário a isso. Outro exemplo:
As novas tecnologias vieram para ficar e é importante perceber que essas ferramentas podem descobrir novas formas de conectividade. “Leandro Karnal diz que em tempos como esses ou de guerras, acelera-se os processos sociais. Há séculos se falava no ensino on-line. Em dois meses está todo mundo dando aula!”, ilustrou. Essa nova configuração através das redes sociais está, segundo Frei João, de acordo com o Documento 100 da CNBB, “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, que propõe reflexão e ações práticas para uma conversão pastoral da paróquia. “É a rede de relações que são estabelecidas numa comunidade paroquial. As redes sociais ajudam a ampliar a compreensão de ser comunidade de comunidades”, disse, lembrando que o momento pede um investimento na Pastoral da Comunicação, mas observando o cuidado de não cair no clericalismo, ao achar que pode fazer tudo sem a presença dos leigos. Frei João terminou deixando a pergunta: Quando a Igreja é um serviço essencial? Frei Gustavo deixou para o encontro do dia 21/7, duas perguntas para ajudar as reflexões: 1) A partir do que foi apresentado pelos assessores e de nossas experiências locais, o que poderíamos destacar como iluminação para nossa missão Evangelizadora em Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento? 2) Que ações práticas poderíamos assumir a partir destas luzes em relação à animação de nossa Frente? O secretário da Evangelização terminou o encontro pedindo que Frei Cássio Vieira de Lima, que completou 71 anos de sacerdócio, desse a bênção final. COMUNICAÇÕES
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Frades da Frente de Comunicação se reúnem em videoconferência s frades que animam a Frente de Evangelização da Comunicação se reuniram no dia 15 de julho, por videoconferência, pela primeira vez neste ano, já que a pandemia cancelou praticamente todas as agendas da Frente. Aproveitando esse momento, o tema da reflexão deste encontro foi um texto do jornalista e escritor Moisés Sbardelotto abordando a “inutilidade” das mídias católicas. Ou, melhor, a sua tríplice “inutilidade”: do ponto de vista econômico-financeiro, informacional e também da evangelização. Este texto tem como pano de fundo a videoconferência em que padres e leigos que controlam boa parte do sistema de comunicação midiática católica pedem ajudam ao presidente Jair Bolsonaro, deixando evidente a “barganha” – reiterada e nada sutil –, que depois foi denunciada pela nota conjunta da CNBB, da Signis Brasil e da Rede Católica de Rádio. Estiveram presentes Frei Neuri Reinisch, coordenador da Frente e da Rede Celinauta de Comunicação de Pato Branco (PR); Frei Gilberto Garcia, Frei Volney Berkenbrock, Francisco Morás e Frei Edrian Josué Pasini, da Editora Vozes de Petrópolis (RJ); Frei Roberto Carlos Nunes, da Fundação Frei Rogério de Curitibanos (SC); Frei Marcos Motta Brugger, guardião da Fraternidade São Boaventura de Rondinha (PR); Frei Miguel da Cruz, guardião da Fraternidade de Lages (SC); Frei Walter Ferreira, guardião da Fraternidade de Nilópolis (RJ); e Frei Gabriel Alves e Frei Alex Ciarnoscki, da Paróquia São Pedro de Pato Branco (PR). Também participaram do encontro Frei César Külkamp, Ministro Provincial; e Frei Gustavo Medella, Vigário Provincial e Secretário da Evangelização. Na acolhida aos frades, Frei César lembrou que as demais Frentes de Evangelização também estão se reunindo neste mês. “É um modo diferente, mas
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importante como gesto de aproximação nesse tempo, para a gente possa discutir um pouco mais como é que queremos estar em cada uma dessas Frentes, e aos poucos tendo em vista também uma reformulação do nosso Plano de Evangelização, que deve ser o nosso principal trabalho para o Capítulo Provincial no ano que vem. Então, o texto do Moisés, a provocação que nós temos como reflexão, é muito oportuna no dia de hoje, não apenas pelo fato do que aconteceu mas porque também deve nos levar a essa postura de olhar para as nossas realidades, para nossas atividades, em busca de aprofundamento, de qualificação, para aquilo que nós queremos, como anúncio do Evangelho, como vivência franciscana”, disse o Ministro Provincial. Para Frei Medella, é um passo importante, corajoso, da Frente da Comunicação abordar essa questão envolvendo as TVs Católicas e o Governo. “Isso pode nos ajudar a extrair boas intuições e direcionamentos importantes que vão nos ajudar a retomar as nossas origens, a nossa razão de ser, a nossa motivação para estarmos aí na Frente da Evangelização da Comunicação. Então, as expectativas são boas. O Encontro nessa modalidade, conforme Frei César já acenou, é por conta das circunstâncias, mas mesmo assim o importante é buscarmos essa comunhão e estarmos juntos e pensarmos juntos o que devemos fazer nessa Frente da Comunicação”, saudou o Vigário Provincial. Frei Neuri comentou alguns pontos do texto do autor e lembrou que “esses fatos nos fazem pensar: por que queremos estar na comunicação e como
queremos estar?” Frei Gustavo lembrou que uma realidade sobrepõe-se a outra, como lembra o autor: se evangelizar é preciso, para evangelizar é preciso de dinheiro; para supostamente “evangelizar” massivamente por meio de um gigantesco aparato de telecomunicação, é preciso de muito dinheiro; para arrecadar muito dinheiro, é preciso recorrer a todos os meios possíveis. Frei Volney lembrou que, diferentemente da radiodifusão, para grupos editorais, não há concessão. Ele também partilhou a situação da Editora Vozes nesse tempo de pandemia. O editor da Folhinha, Frei Edrian destacou a criação da Paróquia virtual que veio com a pandemia. “É uma experiência interessante que pode, em termos de evangelização, se enriquecer e ganhar força”, acredita. Segundo Morás, esses novos meios de organização, vão permanecer, e não só na editora. “A paróquia tem que se despertar para a necessidade, depois da pandemia, em se estruturar na forma de evangelizar e catequizar. “Esse novo processo tem que permanecer sem excluir o outro. Aliás ele pode ser mais importante que o outro”, observou.
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PARA CONTEXTUALIZAR distribuição das verbas A publicitárias do governo, segundo o secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fabio Wajngarten ainda é liderada pelas emissoras de TV, que recebem 60,41% do montante, seguidas dos sites e canais em internet, que levam 14,35%. Mídia exterior (outdoors e busdoors, por exemplo) fica com 8,93% da verba, na frente das rádios (6,42%) e dos jornais (5,99%). Revistas (3,54%) e cinema (0,35%) são os meios que menos recebem a publicidade governamental (Entrevista ao Portal Comunique-se). lém das ameaças (leia-se A Rede Globo) sobre a concessão pública da rede de comunicação, o governo Bolsonaro mudou a lógica de distribuição de verbas publicitárias para TVs abertas ao destinar os maiores porcentuais de recursos para Record e SBT - emissoras consideradas aliadas ao Planalto, mas que não são líderes de audiência. A principal agência de publicidade contratada pelo governo Bolsonaro foi a Artplan, que é cliente da empresa de marketing do chefe da Secom, Fabio Wajngarten. Ela tomou o lugar da Calia Y2. Em 2018, a cada R$ 50 gastos pelo governo com publicidade, R$ 16 iam para a Artplan e R$ 21 para a Calia. No ano seguinte, a Artplan passou a receber R$ 37 e a Calia, R$ 8. ais de R$ 30 milhões – esse M é o valor que a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) gastou em campanhas veiculadas em rádios e TVs de líderes religiosos que apoiam Jair Bolsonaro. Segundo levantamento da Agência Pública, no último mês de junho, o governo pagou com verba pública ações publicitárias em cinco veículos ligados a pastores de igrejas evangélicas.
TV Sudoeste completa 33 anos de comunicação social no Sudoeste do Paraná assinatura do termo de concessão do canal em Brasília no ano de 1979 teve a presença dos Freis franciscanos falecidos Nelson Rabelo e Sergio Hillesheim. Também testemunharam o momento Clóvis Varaschin, Valdir Guerra e Borges da Silveira, que contribuíram ajudando no processo de concessão. Os 33 anos da emissora foram comemorados no dia 18 de junho, considerando as datas da concessão e da efetiva entrada no ar, em 1987. O trabalho para viabilizar a conquista começou ainda na década de 1960, com Frei Policarpo Berri. O franciscano foi o grande entusiasta da causa, e chegou a importar equipamentos da Alemanha nos tempos da TV em branco e preto. Mas o processo foi tão demorado e complexo que quando a autorização para a emissora entrar no ar chegou, os equipamentos já haviam se tornado obsoletos. A televisão brasileira já estava na era em cores, inaugurada no Brasil na Festa da Uva em Caxias do Sul em 1970. Em três décadas de atuação, a TV Sudoeste vem construindo sua própria história, registrando a do Sudoeste do Paraná, sua área de atuação. Foi afiliada à Rede Manchete, e atualmente integra a Rede Tv. Vivendo um novo momento, da Tv Digital, a Tv Sudoeste segue com os mesmos ideais de sua fundação. O diretor presidente da
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Fundação Cultural Celinauta, mantenedora da Tv Sudoeste, Frei Neuri Reinisch, destaca que o setor vive um novo momento, com seus profissionais atentos a novas linguagens e tecnologias de ponta na geração de som e imagem na era digital. “A TV Sudoeste segue sua missão diária na comunicação narrando os fatos de forma imparcial, contribuindo com o desenvolvimento regional”. Frei Neuri chama atenção para o momento histórico, com seus profissionais atuando com os cuidados necessários exigidos pelo isolamento social. “O setor exige mobilidade dos jornalistas e cinegrafistas, que circulam pela cidade e região, movidos pela busca de informações em tempos de pandemia”. O setor de comunicação está entre os segmentos considerados de natureza essencial, por isso não pode parar. A direção adota hoje em alguns departamentos em que é possível o sistema home office para seus profissionais. “Nossa preocupação é com a saúde de nossos colaboradores, e a manutenção do nosso serviço, sem os meios de comunicação, o país estaria em uma situação ainda de maior gravidade”, destacou. Afinal a vida é como é, e a televisão apesar de trabalhar com a ficção, tem na vida real seu maior espetáculo. É nesta missão de informar que a TV Sudoeste segue em seus 33 anos comunicando Paz e Bem”, finalizou. COMUNICAÇÕES
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II Encontro da Frente da Educação “O que a alma é para o corpo são os cristãos leigos para o mundo” (Lumen Gentium n. 38)
educação é um campo de atuação humana em constantes mudanças e, por isso, complexo, exigente e desafiador. É um ledo engodo imaginar-se um evangelizador na educação sem um mínimo de disposição à análise de conjuntura (histórica, cultural, ecle-
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sial, política, econômica, sociológica etc.), à pesquisa, à interlocução com os que nela trabalham e ensinam, à qualificação acadêmica afim. Disposição essa também impregnada de alma franciscana, humildade, alegria, amor, comprometimento, bom humor, interlocução interdisciplinar, abertura ao diálogo e à troca de percepções, conhecimentos e iniciativas promissoras. Disposição evangélica, sensível e solidária com os mais pobres da sociedade e com as demandas de cuidado do meio ambiente.
É um tanto oportuno nos perguntarmos como nos encontramos, por exemplo, ante algumas das atuais tendências em educação no mundo, discutidas por especialistas, tais como: 1.ª) Aceleração da inclusão digital de professores e alunos? 2.ª) Adaptabilidade, empatia e abertura ao novo? 3.ª) Cultura digital e aulas remotas? 4.ª) Flexibilização curricular e interdiciplinaridade? 5.ª) Conectividade de alta qualidade de instituições de ensino e residências? 6.ª) Protagonismo do aluno, formação para a autonomia e a cidadania global? 7.ª)
evangelização// foco no estímulo à criatividade e na resolução colaborativa de problemas humanitários, nacionais, regionais e locais? 8.ª) Transformação – por meio de análise e reflexão – da informação em conhecimento? 9.ª) Diversidade religiosa?... “O protagonismo dos Leigos na evangelização franciscana na educação à luz das evocações e apelos de alguns documentos da igreja” foi o tema proposto e discutido no II meet on-line da Frente da Educação realizado em 3 de julho de 2020, das 14h às 16h30. Os objetivos deste II meet on-line? Conforme Frei César Külkamp (Ministro Provincial) e Frei Gustavo W. Medella (Vice-Provincial e Secretário para a Evangelização) já nos haviam enunciado no meet on-line em 5 de junho da Frente da Educação, os objetivos foram os seguintes: 1. Fazer memória da caminhada da Frente da Educação da Província, alinhada à questão do “Protagonismo dos Leigos na Evangelização Franciscana”, contemplada e discutida durante a reunião do SIFEM-CFMB, ocorrido em Salvador em 15 de maio de 2018 e também proposta pelo Conselho de Evangelização da nossa Província reunido em 20 e 21 de agosto de 2019. 2. R ecordar pressupostos e finalidades da Evangelização Franciscana na Educação, tais como: evangelizar/educar em Fraternidade e como Fraternidade com a força do nosso carisma, enquanto peritos, testemunhas e artífices de um projeto de comunhão em vista da consolidação do Reino de Deus no mundo. evangelizar/educar em Fra ternidade e como Fraternidade a partir de um Projeto de Vida e Missão, com espírito de proximidade e comu-
nhão, trabalhando em redes e somando forças. evangelizar/educar em Fra ternidade e como Fraternidade em comunhão e de modo partilhado com os Leigos, não os entendendo e/ou os tratando como cristãos de ‘segunda categoria’. evangelizar/educar em Fraternidade e como Fraternidade de maneira compartilhada com os Leigos, isentos de clericalismos. evangelizar/educar em Fraternidade e como Fraternidade, buscando romper com organogramas de gestão um tanto piramidais, naturalizando a participação de todos e todas. evangelizar/educar em Fraternidade e como Fraternidade, considerando que a presença leiga é uma necessidade fundamental em vista de um trabalho que leve à comunhão e à fraternidade. evangelizar/educar em Fraternidade e como Fraternidade isentos do risco de Frades apegados a funções por demais personalistas. evangelizar/educar em Fra ternidade e como Fraternidade, promovendo o protagonismo dos Leigos no espaço da educação, deixando-se inspirar por cada um dos dezessete aspectos inerentes à referida “novidade de São Francisco”, realçados por Frei Sandro Roberto da Costa em 5 de junho de 2020. 3. Congregar Frades que atuam nas instituições de ensino da nossa Província no intuito de oportunizar a todos recordar e considerar devidamente determinadas urgências identificadas pela Igreja e pela Ordem em relação à educação, dentre elas a presença e o
protagonismo evangelizador dos leigos. Frei João Fernandes Reinert e Frei José Antônio Cruz Duarte foram escolhidos e desempenharam um excelente e fraterno serviço de assessoria, abordando e realçando aspectos relevantes em relação ao já citado tema. Para eles, o Vaticano II significou, dentre várias coisas, uma redescoberta da identidade e da vocação da Igreja (somos, antes de tudo, povo de Deus). Eis porque tal Concílio elaborou e conferiu ao leigo identidade, rosto e vocação1. A partir do Vaticano II, o leigo não pode mais ser visto a partir do clero ou como o ‘não clero’ ou o ‘suplente’ do clero. A Igreja recomenda, sim, que o leigo2 seja considerado e valorizado como ‘sujeito eclesial’, um ‘ser protagonista’3 e ‘discípulo missionário’ (cf. Ano do Laicato4, proposto pela CNBB para acontecer de 27 de nov. 2017 a 25 de nov. 2018) etc. A condição de ‘Povo de Deus’5 é anterior às vocações específicas. A base comum a todos do ‘Povo de Deus’ é o sacramento batismo, onde cada um passou a pertencer ao ‘povo consagrado, ungido e enviado’. Com isso, o ponto de partida não é o que nos diferencia (clero versus leigo), mas o que nos iguale em dignidade: comunidade (Povo de Deus), carismas e ministérios. (cf. Congar / Bruno Forte). De acordo com o paradigma conciliar, no centro está a comunidade. Sem a centralidade da comunidade (da Fraternidade), “é balela falar de protagonismo do leigo” na educação, afirmava Frei João Fernandes Reinert. É também quase que inglório falar de ‘humanismo solidário’, ‘cultura do encontro’, justiça ecológica (cf. Laudato Si’). Porque a comunidade (a Fraternidade) fundamenta-se em três aspectos: o encontro com Jesus Cristo, o encontro com os outros e a prática de uma cultura marcada pela atitude da proximidade e do encontro. “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a COMUNICAÇÕES
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//evangelização vida de Jesus Cristo! [...] prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças.”6. Ou, tal como nos pergunta o Papa Francisco, há ainda alguma dúvida em viver, dizer não e educar a contrapelo de uma economia excludente, difusora da desigualdade social e de uma cultura do ‘descartável’? Assim como o mandamento não matar põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento de um idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o fato de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social. Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso 1 – “A grande maioria dos leigos vive a sua fé no
cotidiano, nas tarefas mais humildes, no voluntariado, nos gestos de caridade e solidariedade. Este trabalho escondido no cotidiano, no dia a dia, é um precioso testemunho de fé [...]. No cotidiano, os leigos são sal, luz, fermento na massa. Vivem o ordinário de modo extraordinário, agindo com fé e amor nas lutas de cada dia, na família, no trabalho e na vida social.” (BRANDES, Orlando. Laicato – vocação e missão. São Paulo: 2018, p. 23). 2 – “[...] podem e devem os leigos exercer valiosa ação para a evangelização do mundo.” (n. 35 da Constituição Dogmática Lumen Gentium, disponível em: <http://www.vatican.va/archive/ hist_councils/ii_vatican_council/documents/ vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html#>. Acesso em: 12/7/2020). 3 – “O campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos mass media e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento.” (Exortação Apostólica Evangelli Nuntiandi, 08/12/1975, Papa Paulo VI, n. 70, disponível em: <http://www.vatican.va/content/paul-vi/ pt/apost_exhortations/documents/hf_p-
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engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas da população veem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora. Assim teve início a cultura do descartável, que aliás chega a ser promovida. Já não se trata simplesmente do fenômeno de exploração e opressão, mas duma realidade nova: com a exclusão, fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são explorados, mas resíduos, sobras.7 Tal percepção torna evidente a importância de se promover nas instituições de ensino mais abertura para o ser dos leigos (identidade), ser presença missionária junto a eles e em saída8, saída da autorreferencialidade. Ficou agendado ainda um outro meet on-line dos Frades Frente da
Educação para o próximo dia 4 de setembro das 14h às 16h. Para tal momento, a proposta é que, nós Frades da Frente da Educação, possamos conversar e compartilhar percepções nossas, principalmente em relação a duas perguntas enunciadas por Frei César Külkamp (Ministro Provincial) ao final do I meet on-line, realizado em 5/6/2020: 1.ª) “Como estamos enquanto Fraternidade na educação, no Colégio e/ou na Universidade, onde estamos falhando e onde estamos acertando, onde estamos desafinando enquanto equipe de Frades na articulação das atividades junto aos Leigos?” 2.ª) “Como é que os Leigos (nossos colaboradores) participam e atuam a partir dessa nossa proposta?”. Agradeço aos Confrades que participaram e contribuíram para avançarmos mais ainda no propósito de evangelizar na educação com a força do nosso carisma em Fraternidade e como Fraternidade, em comunhão e de modo partilhado com os Leigos.
-vi_exh_19751208_evangelii-nuntiandi.pdf>. Acesso em: 12/7/2020). 4 –A Comissão Especial para o Ano do Laicato esteve assim composta: Dom Severino Clasen (Presidente), Dom Orlando Brandes, Dom Pedro Conti, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, Dom José Reginaldo Andrietta; Assessores: Profª Marilza Lopes Schuina, Sônia Gomes de Oliveira, Ivone Bortolato, Laudelino Augusto Santos Azevedo e Daniel Seidel. O Ano do Laicato, mencionado por Frei João Fernandes no início de sua explanação, teve como tema “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na “Igreja em saída”, a serviço do Reino.”. Pretendia, dentre vários objetivos, celebrar e aprofundar a identidade, a vocação, a espiritualidade e a missão dos cristãos leigos e leigas no Brasil, “verdadeiros sujeitos eclesiais”, como “sal, luz e fermento” na Sociedade [na educação]. 5 – “[...] o sagrado Concílio volta de bom grado a sua atenção para o estado daqueles fiéis cristãos que se chamam leigos. [...] Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos [...], isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, constituídos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, a missão de todo o Povo cristão na Igreja se no mundo.” (n. 30 e 31 da Constituição Dogmática Lumen Gentium, disponível em: <http://www.vatican.va/
archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html#>. Acesso em: 12/7/2020). 6 – N. 49 da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (E,G.), publicada em 24/12/2013 aos fiéis leigos sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, disponível em: <http://www. vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.pdf>. Acesso em: 13/7/2020. 7 – E.G. n. 53, disponível em: <http://www.vatican. va/content/francesco/pt/apost_exhortations/ documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.pdf>. Acesso em: 13/7/2020. 8 – “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Repito aqui, para toda a Igreja, aquilo que muitas vezes disse aos sacerdotes e aos leigos de Buenos Aires: prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças.” (n. 49 da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, publicada em 24/12/2013 aos fiéis leigos sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, disponível em: <http://www.vatican.va/content/francesco/pt/ apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.pdf>. Acesso em: 13/7/2020.
Fraternalmente,
Frei Claudino Gilz Coordenador da Frente da Educação
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Bazar Franciscano está de volta! início do mês de julho foi marcado pela retomada das atividades do Bazar Franciscano, seguindo todas as orientações de prevenção referentes à pandemia da Covid-19. Na reabertura, o público encontrou muitas novidades com a nova identidade, a reforma e reorganização do espaço e também os novos produtos e departamentos. Minutos antes de abrir as portas, a equipe se reuniu para marcar este momento significativo em nossa história. Fabio Paes, coordenador de Desenvolvimento Institucional, conduziu a celebração fazendo uma retomada do processo de melhorias do bazar e explicando os objetivos que o novo espaço terá: “Acolher nossos participantes, apoiando-os com a distribuição de roupas e calçados; ser um espaço de promoção de eventos no campo do debate sobre direitos humanos e fomentar o consumo consciente numa perspectiva de reuso, incentivando também um ciclo de
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boas práticas para a vida do planeta, incluindo os investimentos sociais franciscanos”, disse. Frei José Francisco de Cássia dos Santos, diretor-presidente do Sefras, encerrou dizendo que o Bazar também é responsável pelo compromisso de acolher, cuidar e defender aqueles que muitas das vezes são invisíveis na sociedade.
O Bazar Franciscano retoma as atividades com horário de funcionamento das 11h às 15h, seguindo todos os protocolos indicados pelas autoridades referentes ao combate do novo Coronavírus. Endereço: Av. Álvaro Ramos, 950 Quarta Parada - São Paulo - S.P Horário de funcionamento: 11h às 15h
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D. Orani conhece a Tenda Franciscana no Rio Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, visitou, no dia 4 de julho, a Tenda Franciscana, instalada no Largo da Carioca, quando esta iniciativa do Serviço Franciscano de Solidariedade - Sefras - completou um mês de atividades de combate à fome no centro da capital carioca. D. Orani chegou ao Convento Santo Antônio de manhã, onde vivenciou os bastidores e logística do serviço: a cozinha, a organização, os detalhes da embalagem das quentinhas, a ordem e o transporte das refeições até a localização da Tenda, que fica aos pés do Convento. Conheceu, ali, toda a dedicação de voluntários e freis que viabilizam a operação que alimenta 600 pessoas todos os dias. Segundo o Frei José Francisco de Cassia dos Santos, a presença de Dom
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Orani mostra o apoio e reconhecimento da Arquidiocese em relação à ação no Rio de Janeiro. “Foi um presente para comemorar um mês de total serviço a quem mais precisa e o acolhimento do prelado em nossa ação evangelizadora”, disse. O Cardeal abençoou cada um com água benta e, junto aos voluntários,
desceu à tenda para abrir o serviço de entrega das refeições. Com a fila de centenas de pessoas já formada, rezou o Pai Nosso e ofereceu uma bênção especial a todos. “Tendo em vista que praticamente todos os nossos voluntários e voluntárias são pessoas de comunidades católicas, receber a visita e a bênção
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de Dom Orani mostrou que estamos caminhando em sintonia com a proposta do Papa Francisco de sermos uma verdadeira Igreja, atenta aos sinais dos tempos e sensível à dor dos mais pobres”, afirmou o Frei Diego Melo, vice-presidente do Sefras e organizador da Tenda. A Tenda Franciscana no Rio de Janeiro é uma ação em parceria do Sefras, o Convento Santo Antônio e a Paróquia São Bonifácio de Língua Alemã para alimentar a população de rua e desempregada no centro da cidade do Rio de Janeiro. Ela faz parte de uma grande ação de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, chamada “Vida Para Todos”. Iniciada em março em São Paulo e nas cidades fluminenses de Petrópolis, Tanguá e Duque de Caxias, ela já distribuiu, até o dia 4 de julho, mais de 347 toneladas de alimentos, entre cestas básicas (20 mil) e marmitas (440 mil), além de milhares de cobertores, kits de higiene e itens de proteção individual. “Vida para Todos” defende todos
aqueles que estão em maior vulnerabilidade social: pessoas em situação de rua, comunidades de imigrantes, idosos sozinhos e crianças e suas famílias empobrecidas. Além dos valores franciscanos, a campanha também joga luz sobre a necessidade de ir além dos números de contágio e mortes, para enxergar cada
vida que é impactada pela pandemia. “Precisamos olhar para cada uma dessas histórias, pois o fim do isolamento não significa, para elas, o fim da fome, da exclusão e da desigualdade”, lembra o Frei José Francisco.
Comunicação do Sefras
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Tenda Franciscana chega a meio milhão de refeições distribuídas Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) entregou, no almoço do dia 13 de julho, a refeição de número 500 mil na Tenda Franciscana de São Paulo, localizada no Largo do São Francisco, centro da capital. Foram meio milhão de refeições destinadas à população em situação de rua, desempregados, imigrantes e refugiados, nas ações franciscanas de combate aos impactos da pandemia. Há quatro meses têm sido distribuídas, em média, mais de 4 mil refeições diariamente. A doação foi marcada por um ato simbólico, que reuniu a equipe do Sefras, doadores, voluntários, representantes do poder público, da Arquidiocese
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de São Paulo e da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. “Estou há dois anos na rua e sei como é importante esta alimentação todos os dias”, disse Laura Cruz, porta-voz das pessoas atendidas aos presentes. Frei José Francisco iniciou o mo-
mento dirigindo a palavra de gratidão aos envolvidos no processo. “Nossa gratidão a todos os trabalhadores, voluntários, doadores e parceiros que nos ajudaram a manter firme nosso compromisso de acolher, cuidar e defender aqueles que mais precisam. A tenda se transformou num espaço simbólico onde encontramos o reflexo da vulnerabilidade da estrutura social em que vivemos e, também, a força que tem uma corrente de solidariedade ”, disse. O Vigário Provincial Frei Gustavo Medella completou a fala do Frei José. “Celebrar a entrega da refeição de número 500 mil, primeiro, é motivo de alegria e de gratidão pois nos mostra que, mesmo diante
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do cenário desafiador, ainda existem muitos que revelam seus lados mais bonitos de solidariedade e empatia. Mas, ao mesmo tempo, é motivo de preocupação pois, se distribuímos tanta comida em tão pouco tempo, é sinal de que tem muita gente sendo privada desse direito básico que é o da alimentação. A nossa esperança é de que a mesma energia empreendida durante a emergência, seja mantida para buscarmos juntos as transformações para sanar esforços como esses”, disse o Secretário de Evangelização da Província. A secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Berenice Giannela, participou do momento e agradeceu a todos, em nome do município de São Paulo. “O Sefras já é um parceiro de anos da Prefeitura de São Paulo e o momento é de agradecimento pelo apoio que todos têm dado para que possamos superar essa situação de pandemia”. Representando os milhares de doadores e parceiros, participaram do momento Alexandre Pernet da Soul Kitchen, Antônio Carlos do SESI, Lena da Silva da Casa de Francisco e Viko Tangoda do projeto “Mesa Solidária”, que, emocionado, afirmou que “o momento é também espaço de gratidão pela abertura dada ao projeto desde o terceiro dia da Tenda em São Paulo”. A socióloga Ariadne Natal represen-
tou os mais de 500 voluntários e deu voz à diversidade de experiências que esse espaço tem proporcionado. “Nós, voluntários, somos muito diversos em idade, sexo, renda, profissão, credo, mas em comum, temos a empatia e o olhar pelo outro. Todos os dias quando chegamos na Tenda, colocamos o colete e nos transformamos. Não importa o que aconteceu no nosso dia, aqui estamos para servir não só comida, mas para servir esperança! ” A campanha emergencial, chamada de “Vida para Todos” começou em São Paulo e há um mês se expandiu para o Rio de Janeiro tendo cinco espaços de distribuição de alimentos, e também cinco cozinhas solidárias. “A demanda é muito grande, o que nos fez pensar em medidas provisórias para o atendimento, como é o caso das tendas. Mas sabemos que estes
espaços não suprirão os desafios. Precisaremos nos reorganizar, estudar novas estratégias, pois não sabemos até quando sofreremos com os impactos econômicos e sociais da pandemia”, completou Frei José. Dom Eduardo Vieira finalizou o momento com a bênção das refeições e, reforçando nosso compromisso de sermos uma Igreja em saída, que vai ao encontro dos que mais precisam. O trabalho solidário só é possível graças ao compromisso de milhares de doadores e também a gratuidade de mais de 500 voluntários. A ação franciscana já distribuiu mais de 350 toneladas de alimentos, entre cestas básicas mensais (15mil), marmitas e refeições (500 mil), além de milhares cobertores e de kits de higiene e proteção.
Comunicação do Sefras
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Enem: Alunos do Bom Jesus se destacam e Colégio conquista melhores resultados do PR e de SC s alunos do Colégio Bom Jesus se destacaram mais uma vez no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O mais recente resultado divulgado pelo MEC, edição 2019, apontou uma conquista histórica do Colégio e comprova que nossos estudantes do Ensino Médio são preparados, durante toda a sua trajetória no ensino, de maneira completa. O resultado obtido pelos Feras fez o Bom Jesus somar os melhores desempenhos no Paraná e em Santa Catarina, além de obter 16 primeiros lugares em cidades onde atua. Ser Bom Jesus é ser 1.º lugar Das 29 Unidades do Colégio Bom Jesus que participaram desse Enem, 21 delas figuram entre as mais bem colocadas nos seus estados e nas suas cidades. A Unidade Jaraguá do Sul foi a melhor escola do estado de Santa Catarina, entre instituições públicas e privadas, a 3.ª do Sul do Brasil, entre as escolas privadas, e, considerando provas objetivas e redação, a 1.ª na cidade. No Paraná, o Colégio Bom Jesus foi 1.º lugar entre as instituições privadas, com a Unidade Divina Providência, além de possuir três Unidades entre as cinco melhores particulares de Curitiba. O Bom Jesus parabeniza alunos, familiares e professores pelo resultado, pela dedicação diária aos estudos e pela confiança em nossa proposta pedagógica. Confira, a seguir, os principais resultados (considerando-se o critério de notas objetivas e redação).
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PARANÁ
Melhor colégio do ESTADO entre as instituições privadas 1 .º lugar: Bom Jesus Divina Providência, de Curitiba Melhores colégios de Curitiba entre as instituições privadas 1 .º lugar: Bom Jesus Divina Providência
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evangelização// 3 .º lugar: Bom Jesus Centro 4 .º lugar: Bom Jesus Lourdes
dência, de Jaraguá do Sul, ocupando o 139.º lugar no Brasil, com média de 889 na redação 3.ª melhor escola privada do Sul do Brasil
Melhores colégios por CIDADE 1 .º lugar de Arapongas: Bom Jesus Mãe do Divino Amor 1 .º lugar de Araucária: Bom Jesus São Vicente 1 .º lugar de Paranaguá: Bom Jesus Rosário 1 .º lugar de Rio Negro: Bom Jesus São José 1 .º lugar de São José dos Pinhais: Bom Jesus São José dos Pinhais 2 .º lugar de Rolândia: Bom Jesus Santo Antônio
Melhores colégios por CIDADE 1 .º lugar de Jaraguá do Sul: Bom Jesus Divina Providência 1 .º lugar de Blumenau: Bom Jesus Santo Antônio 1 .º lugar de Caçador: Bom Jesus Aurora 1 .º lugar de Lages: Bom Jesus Diocesano 1 .º lugar de São Bento do Sul: Bom Jesus São José
SANTA CATARINA
RIO GRANDE DO SUL
Melhor colégio do ESTADO entre as instituições privadas e públicas 1 .º lugar: Bom Jesus Divina Provi-
Melhores colégios por CIDADE 1 .º lugar de Venâncio Aires: Bom Jesus Aparecida (foi também 8.º do
Estado, entre as privadas) 1 .º lugar de Lagoa Vermelha: Bom Jesus Rainha da Paz 1 .º lugar de Arroio do Meio: Bom Jesus São Miguel 1 .º lugar de Vacaria: Bom Jesus São José 2 .º lugar de Rio Grande: Bom Jesus Joana d’Arc
RIO DE JANEIRO
Melhores colégios por CIDADE 3 .º lugar de Petrópolis: Bom Jesus Canarinhos
SÃO PAULO
Melhores colégios por CIDADE 1 .º lugar de Pindamonhangaba: Bom Jesus Externato 3 .º lugar de Itatiba: Bom Jesus Itatiba Ver mais notícias
Aluno FAE é campeão de desafio da NASA com ideia sustentável e social O Nasa International Space Apps Covid-19 Challenge, hackathon promovido pela incubadora da Nasa, teve como vencedor um estudante da FAE. O evento internacional foi realizado de forma on-line, devido ao isolamento social, durante os dias 30 e 31 de maio em várias cidades do mundo. Mais de 500 equipes deveriam criar, em 48 horas, uma solução para resolver problemas da Terra e do espaço. A categoria “Uma nova perspectiva”, vencida pelo time “Megazord”, tinha entre seus integrantes o nosso aluno do curso de Administração, Gustavo de Almeida Serafim.
O projeto
Com uma ideia que promove a sustentabilidade e a garantia de direitos sociais básicos, como acesso à água, o “Cash Back Water” propõe a redução de lixo reciclável por meio da troca por água potável. O controle é feito por aplicativo e todo o lixo coletado será transformado em filamentos 3D para fabricar utensílios hospitalares. A
equipe já busca investidores para dar continuidade à ideia e tirá-la do papel. Gustavo, que é veterano em desafios -só na Instituição já venceu duas edições da Workatona (1.º e 2.º lugares), além de participar de outras iniciativas da Nasa e similares -, conta que as iniciativas e os recursos ofertados pela FAE foram um grande diferencial. “As vivências em hackathons como
Workatona e Expedição FAE, por exemplo, entre outras inúmeras aplicações de mercado, agregaram muito para meu aprendizado. Além disso, mesmo durante a quarentena, com o acesso às ferramentas digitais que a FAE proporciona, eu pude colaborar muito com a minha equipe e vencermos a categoria.”
Juliano Zemuner COMUNICAÇÕES
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Frei Leonir Ansolin 09/12/1964
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Frei Leonir, o frade exemplar! Homem de vida simples e frade perfeito. Reunia qualidades que o torna verdadeiro frade exemplar. Religioso brilhante, de grande valor! Verdadeiro filho de São Francisco de Assis porque autêntico na transparência e simplicidade,por isso, o frade exemplar. Frei Leonir, o frade exemplar, na lida com a enfermidade foi surpreendente. Frei Leonir, o frade exemplar, na dor e sofrimento testemunhou o Cristo, seguiu adiante. Frei Leonir, o frade exemplar, homem de viver eloquente. Frei Leonir, o frade exemplar, homem transparente. Frei Leonir, o frade exemplar, no trabalho sempre imponente. Frei Leonir, o frade exemplar, a vida toda foi valente. Frei Leonir, o frade exemplar, tomou o Evangelho devotamente. Frei Leonir, o frade exemplar, religioso ardente. Frei Leonir, o frade exemplar, da vida fraterna gostava intensamente. rei Leonir estava em tratamento desde março de 2018. Começou-se a investigação sobre os sintomas da doença no Hospital Frei Galvão, em Guaratinguetá. Devido à complexidade do caso, veio tratar-se em São Paulo e, depois de muitas idas e vindas entre diferentes médicos, exames, hospitais e diversas internações, foi operado. Na ocasião foi constatado um tumor no pâncreas e também em outros órgãos. Depois disso passou por um longo e sofrido tratamento quimioterápico. Desde o final de maio deste ano, Frei Leonir estava sendo acompanhado com cuidados paliativos na Fraternidade do Convento São Francisco, em São Paulo. Na medida do possível, participando da vida fraterna, com as dores controladas à base de medicamentos. Ainda no dia 2 de julho recebera a visita de seu irmão
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Frei Leonir, o frade exemplar, amigo fiel e confidente. Frei Leonir, o frade exemplar, agora se despede da gente. Frei Leonir, o frade exemplar, vai para “os braços” d’Aquele que amaste fielmente. Frei Leonir, o frade exemplar, para os “abraços” de sua mãe Maria (Donassolo Ansolin), segue alegremente. Frei Leonir, só essa vez ajuda a gente, inspiranos a ser o frade exemplar, assim como foste silenciosamente. Obrigado por tudo, Frei Leonir! Vai com Deus!!! Frei João Francisco da Silva
falecimento// e da irmã, que vieram do Paraná. Logo após essa visita, no dia 6 de julho, o problema da hérnia no abdômen, que vinha causando-lhe grande incômodo, agravou-se, culminando na exposição da alça intestinal. Frei Leonir foi conduzido ao Pronto Socorro do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), aonde vinha fazendo o acompanhamento da enfermidade. Foi encaminhado para uma cirurgia de emergência. Permaneceu em recuperação no hospital, mas já não conseguia alimentar-se bem e fazia uso de fortes sedativos. Na manhã do dia 13, Frei Mário Tagliari e o enfermeiro João estiveram no hospital e rezaram juntos. Frei Leonir já pouco respondia. Às 17 horas foi constatada sua morte: insuficiência renal, consequência de neoplasia de pâncreas. Conforme vontade manifesta pelo próprio confrade, Frei Leonir foi sepultado no mausoléu dos frades, no Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá, SP , na tarde da terça-feira, dia 14 de julho.
coisa que gostaria de realizar ou ter realizado e ainda não fora possível, disse que seria aprender a arte da marcenaria. Aos frades que tiveram a possibilidade de conviver com este irmão, a marca da generosidade fraterna se fez presente. Na Sede Provincial estão algumas cartas de frades que pediam a sua permanência em algumas fraternidades por onde passou:
O frade menor
...“No momento atual todos estão de acordo que sua permanência é sinal de bênção e enriquecimento para a fraternidade”...
Frei Leonir é o primeiro filho de seis irmãos do casal Antônio Ansolin e Maria Donassolo Ansolin. Nascido em Nova Prata-RS, ainda muito novo, mudou-se com a família para Toledo-PR. Com apenas 15 anos, já ingressava na formação franciscana. A fé firme dos pais e da comunidade, onde crescia, foi fundamental para seu despertar vocacional. Seu itinerário formativo e de trabalho na Província foi marcado pelo seu temperamento sóbrio e constante. Ele mesmo se descrevia como alguém simples, quieto, um pouco tímido e introvertido. Essa era também sua marca nas relações. Calmo e pacífico. Sempre disposto ao serviço fraterno, como comprovam suas transferências. O gosto pela terra e pelos serviços mais simples o moveram como frade e ser humano. Sobre a vida religiosa franciscana afirmava que a fraternidade, com a sua diversidade, o encantava. Em 2019, perguntado sobre alguma
“... corremos o risco de desestabilização generalizada, sobretudo pela ausência de Frei Leonir, que representa para nossa Fraternidade uma coluna de sustentação sólida pelo trabalho que realiza e pela integração interna”...
Nos últimos dois anos frei Leonir viveu uma verdadeira via-crúcis. Os frades e o enfermeiro João, que conviveram de perto com ele nesse tempo, e presenciaram sua peregrinação, viram sua força, mansidão e testemunho de vida. “Quando o visitei há duas semanas demonstrava desconforto com as dores, mas não manifestou descontentamento. Sempre agradecido à Província e aos frades por tudo. Belo testemunho de fraternidade”. “Mesmo na dor e no sofrimento testemunha sua adesão ao Cristo”.
Dados pessoais, formação e atividades: ascimento: 09.12.1964 (55 anos N de idade) Nova Prata, RS. Vestição: 18.01.1985 – Rodeio Primeira Profissão: 10.01.1986 (34 anos de Vida Franciscana) Profissão Solene: 06.09.1992 1986 – 1988 – Rondinha – estudos de Filosofia; 1989 – Agudos – serviços fraternos; 1991 – Curitiba – porteiro e serviços gerais; 1997 – São Paulo/Convento São Francisco – serviços gerais; 2000 – Agudos – apicultor/ serviços gerais; 2003 – Petrópolis/ITF – serviços gerais; 2004 – Agudos – administração da fazenda do Seminário 2009 – Agudos – vigário da casa 2012 – Agudos – guardião 2013 – Agudos – vice-orientador dos aspirantes e ecônomo 2016 – Guaratinguetá – vigário da casa e a serviço da evangelização
“Frei Leonir tem se mostrado muito forte e surpreende a cada momento, verdadeiro guerreiro e cheio da vontade de viver”. Sua humildade na vida fraterna e perseverança na adversidade são ensinamentos que nos deixa como herança. R.I.P.
Frei Jeâ Paulo Andrade COMUNICAÇÕES
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Fundação São Francisco de Assis da Rússia faz Capítulo virtual para eleger novo Conselho os dias 13 e 20 de junho, a Fundação “São Francisco de Assis da Rússia” celebrou seu Capítulo seguindo um formato “virtual” através de vídeochamadas. Essa Fundação depende diretamente do Ministro Geral, que deveria ter participado da celebração do Capítulo durante o mês de maio na cidade de São Petersburgo, mas infelizmente, devido à pandemia de coronavírus, isso não foi possível. Assim, os frades se encontraram, sob a presidência de Frei Marco Gongalo, Visitador Geral. O Ministro Geral esteve presente neste encontro com uma mensagem enviada aos frades e sua bênção. No início do Capítulo, Frei Marco leu o Decreto do Ministro Geral oficializando, assim, a eleição do novo Governo da Fundação pelo Definitório Geral, segundo o qual foram eleitos Frei Stefano Invernizzi e os conselheiros Frei Juliusz Basznianin e Frei Bernardin Turmann. Os trabalhos capitulares continuaram com a apresentação dos relatórios do Visitador Geral sobre a Visita Canônica, do Presidente e do Ecônomo, do Moderador da Formação Permanente, do Responsável pelo Diálogo Ecumênico e da Pastoral Vocacional sobre a situação da Fundação no último triênio. Durante esta reunião virtual, os frades também votaram o novo Estatuto da Fundação, que será submetido à aprovação do Definitório Geral. Se, obviamente, foi a primeira vez que os frades se reuniram em Capítulo neste formato, isso não é novidade, já que “virtualmente” se desenvolve parte do caminho da formação permanente devido às enormes distâncias que separam as Fraternidades da Fundação. De fato,
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ela é composta por oito frades de várias províncias da Ordem e nações e três Fraternidades que estão em São Petersburgo, Novosibirsk e Ussurijsk. Os frades estão comprometidos, seguindo suas “Diretrizes”, na “Implantatio Ordinis”, com o cuidado pastoral dos católicos de rito latino
e no diálogo ecumênico e inter-religioso. Celebrado o “Capítulo Virtual”, agora no mesmo formato se celebrará o “Congresso Capitular”, na esperança de que em breve os frades possam experimentar de novo a alegria de se conhecer “fisicamente”.
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
ag genda2020 As alterações e acréscimos estão destacados em laranja.
SETEMBRO
01 a 03
Reunião do Definitório Provincial
04
Encontro on line da Frente da Educação - 14h00
14 a 16
Regional de Curitiba - (Rondinha)
14 a 19
Retiro no Eremitério Frei Egídio
21 a 24
Retiro no Convento São Francisco - SP
OUTUBRO
15 a 18
Retiro dos Benfeitores do PVF – Agudos (SP)
31 a 01
11
Alverne – Concórdia (SC)
50 anos da Paróquia Santo Antônio - Sorocaba, SP
NOVEMBRO
15 a 18
Congresso de Evangelização da CFMB (São Paulo)
3a5
Regional Leste Vale Catarinense
4a6
16 a 18 Reunião do Definitório Provincial
23 a 25 Regional do Contestado
2021 MAIO
01 a 29 Capítulo Geral da Ordem (Manila
Regional de São Paulo
– Filipinas)
notícias e informações//
Dom Severino Clasen tomará posse na Arquidiocese de Maringá no dia 15 de agosto Santa Missa em que será realizada a posse do 5º Arcebispo de Maringá será celebrada em 15 de agosto, sábado, às 9h30, na Catedral Metropolitana Basílica Menor Nossa Senhora da Glória - mesmo dia em que se celebra a padroeira da cidade e da Arquidiocese de Maringá, Nossa Senhora da Glória. A data foi anunciada no dia 9 de julho durante Coletiva de Imprensa no Auditório São João Paulo II, anexo ao Seminário Arquidiocesano em Maringá. Por causa das restrições impostas pela atual conjuntura, a Catedral de Maringá poderá acolher apenas 30% de sua capacidade de público. Os lugares serão destinados aos bispos, padres, diáconos, coordenadores de pastorais e movimentos, seminaristas, religiosos, autoridades civis e imprensa. O Papa Francisco nomeou nesta quarta-feira, 1º de julho, Dom Severino Clasen como bispo da arquidiocese de Maringá (PR). A circunscrição religiosa estava vacante desde o dia 20 novembro de 2019, quando o pedido de renúncia por motivo de saúde de Dom Anuar Battisti foi aceito pelo Santo Padre. Desde 4 de setembro de 2011, Dom Severino é bispo titular da diocese de Caçador (PR). A diocese de Maringá estava sob os cuidados de Dom João Mamede Filho, bispo de Umuarama (PR). A celebração será transmitida pelo canal da Arquidiocese de Maringá no YouTube
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Folhinha do Sagrado Coração de Jesus 2021 em bem lançou a Folhinha do Sagrado Coração de Jesus 2021, no final de junho Frei Edrian Josué Pasini começou a redação da edição de 2022, que irá até final de novembro. “Aí, o texto original segue para a diagramação no mês de dezembro. Passa pela revisão técnica. Volta para mim em janeiro para fazer a revisão e fevereiro segue para a gráfica. A partir daí, começa-se a impressão que vai até junho, com o primeiro lote impresso”, explica Frei Edrian, que está na função de editor desde 1994 como editor da Folhinha. Também acompanha o lançamento da Folhinha, o já tradicional Almanaque Santo Antônio. “A Folhinha é dirigida para um público mais religioso, enquanto o Almanaque é mais cultural. A gente põe, sim, textos religiosos, mas ele ‘abraça’ um público que a gente chama assim ‘de almanaque’. Como costumo dizer nos lançamentos, o Almanaque Santo Antônio é um anuário que contém 224 páginas, com conhecimentos que favorecem a formação cultural, religiosa e humana, servindo especialmente para famílias, professores, estudantes e todas as pessoas que apreciam uma literatura leve e repleta de informações úteis para o dia a dia. Também sob a direção de Frei Edrian, foram lançados nesta metade do ano o “Encontro Diário com Deus 2021”, o “Guia Litúrgico 2021 – Ano B”; e “Meditações para o dia a dia 2021”, um livro feito com a colaboração de católicos e protestantes destinado a leigos, religiosos, agentes de pastoral e a todos os que buscam uma leitura reconfortante e iluminadora.
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