Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
abril de 2018 • ANO LXVI • No 04
JOVENS FRANCISCANOS
MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
“Por que procurais entre os mortos quem está vivo”........................................ 231 “Malditas as armas que ferem e matam”....................................................................... 233
FORMAÇÃO PERMANENTE
“A hora dos leigos? Mas de que leigos se está falando?”, de Cesar Kuzma.............................................................................................................................. 234
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Frei Gabriel é ordenado diácono em Curitiba.......................................................... 236 Frei Marx, novo diácono em São Paulo........................................................................ 239 Frei Leandro é ordenado diácono em Vila Velha................................................... 242 A Primeira Profissão de Frei Domingos.......................................................................... 245 Momento histórico na Fundação Imaculada Mãe de Deus com a ordenação de três diáconos.............................................................................. 146 Frei Evaldo será ordenado diácono em Lages......................................................... 250 Frei Roberto será ordenado em Ituporanga.............................................................. 251 Ordenação Presbiteral de Frei Marcos em Juiz de Fora................................... 252 Frei Peixer retorna e vai ministrar curso de Canto Gregoriano................... 254
SAV
Caminhada Franciscana chega a Campos do Jordão....................................... 256
FRATERNIDADES
Matriz de Xaxim ficou pequena na festa do “Padroeiro”.................................. 262 Frei Bruno e os noviços de Rodeio.................................................................................... 265 1º Encontro do Regional do Vale do Paraíba e São Sebastião..................... 266 Regional São Paulo se reúne no Pari............................................................................... 267 Angelina acolhe encontro do Regional Leste Catarinense............................ 268 Notícias de Malange (Angola).............................................................................................. 268 Pato Branco e do Contestado: encontros regionais dão início a processo capitular junto às bases......................................................... 269 Reitor da USF é condecorado pelo Ministério da Educação........................ 269
EVANGELIZAÇÃO
Santuário inicia visitas monitoradas no Largo São Francisco...................... 270 Cultura de paz é o tema do segundo encontro da Frente da Comunicação..................................................................................................... 271 Lançamento: Vozes entra na cena política do Brasil........................................... 272 Frente da Solidariedade participará de todos os encontros das Frentes da Província.......................................................................... 275 Franciscanos promovem experiência missionária na Amazônia.............. 276
CFMB
Ministro Geral visita Província do Piauí e Maranhão............................................ 278 Frei Michael no coração do Brasil....................................................................................... 279
Retomada da Visita Canônica................................................................................................ 281 Cinco anos com Francisco: Amor à primeira vista................................................ 282
NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES
FRATRUMGRAM
Frei Estevinho, a nossa alegria............................................................................................... 283
AGENDA ......................................................................................................................................... 284 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP | www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br
Mensagem
“Por que procurais entre os mortos quem está vivo?” Caríssimos irmãos e irmãs, O Senhor Ressuscitado vos traga a paz e todo o bem!
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os primeiros anos de seminário menor, dentre os preparativos para as festas pascais, ensaiávamos um canto, em forma de diálogo entre solista e coro, inspirado no Salmo 24: “Quem é esse rei da glória? O Senhor Todo-poderoso, é Ele o Rei da glória” (Sl 24,10). Nesse cantar se proclamava que a solenidade Pascal é a festa da vitória do Rei da glória, a festa da vida de Cristo e, com Ele, a festa de toda humanidade e da redenção da inteira criação de Deus. Santo Hipólito de Roma, no seu Sermão na Páscoa, assim visualiza este diálogo: “E vendo as potências angélicas aquele magnífico mistério de um homem que ascendia juntamente com Deus, receberam alegres a missão de gritar aos exércitos celestiais: Portões! Erguei os frontões, que se ergam as antigas comportas: o rei da glória vai entrar. E elas, por sua vez, vendo um novo milagre, ou seja um homem unido a Deus, gritam e dizem: “Quem é esse rei da glória? E as potências angelicais interrogadas voltam a contestar: O Senhor dos exércitos: Ele é o rei da glória, o herói valoroso, o herói da guerra”. Para São Francisco de Assis, assim como o Natal, também a Páscoa Comunicações Abril de 2018
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Mensagem é o “dia que o Senhor fez” (OfP IX,5) e no qual celebramos a vitória de Jesus sobre a morte. O Santo de Assis, chamado pelos biógrafos de “arauto do grande Rei”, na solenidade da Páscoa, assume o protagonismo de solista no grande coral da inteira criação para dialogar com todos os povos e com tudo o que a mãe-terra encerra: “Povos, batei palmas de aplauso, aclamai a Deus com vozes de alegria” porque, naquele dia, “o santíssimo Pai celestial, nosso Rei, enviou desde os tempos antigos do alto o seu dileto Filho, e operou a salvação por toda a terra” (cf. OfP VII, 1.3). E, “alegrem-se os céus, rejubile a terra, ressoe o mar com tudo o que ele contém, rejubilem-se os campos e o que neles existe” (OfP IX,7), “porque este é o dia que o Senhor fez, alegres exultemos por ele” (OfP IX,5). E ainda, em forma de louvor, proclama: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que libertou com seu próprio sangue sacratíssimo, as almas de seus servos. Não serão desamparados os que n’Ele esperam” (OfP VI,15). A solenidade da Páscoa evoca a vitória do Rei da glória que, pela paixão, morte e ressurreição do seu Filho, ofereceu-nos vida em plenitude. Por outro lado, infelizmente, ainda nos deparamos com a miséria da humanidade que prefere reavivar de forma cruel o drama da paixão e da morte, sem esperança de vida e sem o sinal do maior presente que o Ressuscitado ofereceu à humanidade na manhã da Páscoa: “A Paz esteja convosco!” (Jo 20,21). Nos nossos dias, não sem dor na alma, constatamos o quanto ainda ecoa o grito do “crucifica-o” (Jo 19, 6) e o clamor por “Barrabás” (Jo 18,40), diante da justiça cega e cômoda de “Pilatos” que prefere lavar as suas mãos. Nos nossos dias, a mesma notícia da morte de Jesus, que tanto intimidou os discípulos de Emaús (Lc 24,16), continua a ser o “choro” das Madalenas (Jo 20,13) que não conseguem vislumbrar alguma esperança de vida. Nos nossos dias, o “medo” (Lc 24,37) dos discípulos de Jesus, continua a ser o medo das pessoas trancafiadas e reféns nas suas próprias casas, assustadas com o “fantasma” da maldita morte, fruto da violência. Nos nossos dias, continuam disseminadas as corrupções e os “subornos” (cf. Mt 28,11-15) de pessoas que, egoisticamente, geram mais mortes por seus crimes, roubando o direito à vida plena de todo o ser humano. Nos nossos dias, assim como no
manto de Verônica, ficou estampada a face do Senhor. Também as “Verônicas” da nossa história estampam em suas camisetas as faces ensanguentadas de seus filhos, vítimas de balas perdidas e/ou outras formas de violência, e quais novas “filhas de Jerusalém” (Lc 23,28), choram a morte sem resposta ao “porquê” dessa morte. E mais do que nunca, também nos nossos dias, da morte pecaminosa também padece a mãe-terra, “oprimida e devassada, que está gemendo como que em dores de parto” (LS 2) e que também clama por vida e ressurreição. Assim mesmo, como proclamamos no lema da Campanha da Fraternidade deste ano, acreditamos no ser humano, capaz de promover um verdadeiro espírito de fraternidade, visibilizado pela superação de todas as formas de violência. A humanidade está farta da morte maldita e acalenta no coração o sonho consolador da vida que Cristo Ressuscitado nos ofereceu, e que Santo Hipólito chama de “Ó Mística liberdade! Ó Páscoa divina!”. E assim concluo a minha mensagem pascal com a própria conclusão do Sermão da Páscoa de Santo Hipólito:
“A Páscoa, obra admirável da força e do poder da divindade, é realmente a festa e o memorial legítimo e sempiterno; é a passagem da paixão para a impassibilidade, da morte para a imortalidade da juventude para a maturidade; é a cura após a ferida, ressurreição após a queda, ascensão após a descida. É assim que Deus realiza grandes coisas, assim é como do impossível cria coisas admiráveis, para demonstrar que ele é o único que pode tudo o que quer”.
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Feliz Páscoa! Que o Senhor Ressuscitado vos abençoe e vos guarde! Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial
Mensagem
“Malditas as armas que ferem e matam” Acompanhavam Jesus os Doze e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, o procurador de Herodes; Suzana e muitas outras, que o serviam com seus bens. (Lc 8, 1-3). Estimadas irmãs e irmãos, Paz e Bem!
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ossa vocação primeira enquanto franciscanos é “seguir os passos de Cristo ao modo de Francisco”. São cristalinamente manifestos na Sagrada Escritura, o respeito, o carinho, a dileção e a confiança que Jesus depositava na figura das mulheres. Desde Maria, sua Mãe, passando por Marta e Maria, grandes amigas, as muitas mulheres que ele curou e libertou, inclusive Maria Madalena, sua discípula, o Mestre sempre soube valorizar e promover a participação feminina na Missão Evangelizadora por Ele proposta e apresentada. Diante deste direcionamento que o próprio Senhor nos apresenta, não poderia deixar de manifestar, em nome de todos os frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, minha indignação e tristeza diante de dois fatos que tingiram de sangue esta fatídica quarta-feira, dia 14 de março, menos de uma semana após o Dia Internacional da Mulher. Duas mulheres, atacadas de forma covarde, que encarnam duas lutas profundamente sintonizadas com a proposta do Reino de Deus encarnada em Jesus Cristo. A primeira, Luciana Xavier, profes-
sora da Rede Municipal de São Paulo há 14 anos, teve o nariz fraturado durante uma confusão na Câmara Municipal, onde a Guarda Civil Metropolitana agiu com truculência contra um grande grupo de professores. Eles estavam ali para manifestar seu descontentamento em relação à Reforma da Previdência Municipal que, aos moldes da Reforma Nacional, corta benefícios e aumenta a taxação e o número de anos de trabalho para aqueles que já recebem pouco para sobreviver. Desejavam o diálogo e receberam bomba, gás e balas de borracha. A segunda, Marielle Franco, vereadora da cidade do Rio de Janeiro, morta a tiros na Região Central da capital fluminense. De acordo com os jornais, a principal linha de investigação aponta para o crime de execução. Marielle foi morta às 21h30, quando voltava de um evento sobre o protagonismo das jovens mulheres negras. Ela tinha 38 anos, foi a quinta vereadora mais votada no Rio nas eleições de 2016, formou-se pela PUCRio e destacava-se pelo firme engajamento nas causas sociais e na defesa dos
direitos humanos. Em suas redes sociais vinha denunciando com frequência casos de abuso de autoridade e execução de jovens pobres e negros em diversas regiões do Rio de Janeiro. Que estas barbáries, sinais de uma sociedade doente e cega por conta de interesses egoístas e antievangélicos, nos ajudem a renovar nosso compromisso cristão e franciscano no engajamento firme e comprometido pela superação da violência. Que o Senhor da Vida nos livre de toda tentação ao revanchismo e ao combate da violência com mais violência: malditas as armas que ferem e matam, maldito o dinheiro que oprime ao invés de servir, malditas estruturas que roubam a humanidade das pessoas e as transformam em objetos usados de acordo com a conveniência de quem domina. Que Deus ilumine nossos passos e inspire nossas ações, hoje e sempre. Fraternalmente, Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial Comunicações Abril de 2018
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Formação Permanente
A hora dos leigos? Mas de que leigos se está falando?
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hora dos leigos? Sim, foi o que se pensou com o Concílio Vaticano II e, em 2016, o Papa Francisco resgatou esta ideia dos teólogos conciliares e disse praticamente a mesma coisa, em uma carta enviada ao Cardeal Marc Ouellet. Para o Papa, uma hora que está tardando a chegar. No entanto, diante de algumas manifestações e expressões que estamos vendo atualmente, vale lançar outra pergunta: de que leigos exatamente se fala e se espera nesta hora? Se o futuro da Igreja passa pelo viés dos leigos, como se diz, há nesta afirmação uma intenção eclesiológica, mas é necessário ficar atento para não se desviar da atenção primeira e para fazer clarear a novidade que se percebe e se propõe. Por certo, não estamos à espera de leigos clericalistas, obsessivos e extremamente fundamentalistas, que caem num moralismo radical e inconsequente, e doutrinariamente incitam mais o ódio e a falta de comunhão eclesial, que carecem de um bom senso, desrespeitando expressões, participações e membros da mesma Igreja, recusando a intenção do Concílio que lançou esta espera, ao reafirmar, com toda a Tradição, que a Igreja é Mistério e é Povo de Deus (Lumen Gentium), e que deve estar atenta aos sinais dos tempos (Gaudium et Spes). O Concílio trouxe ao leigo autonomia e correspon-
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sabilidade na missão, podendo este agir e atuar de um modo próprio, contudo no viver de uma koinonia e em busca de uma maturidade que se abre à ação do Espírito e se empenha em seguir os passos de Jesus, agindo no tempo e na história para fazer acontecer de modo antecipado, escatologicamente, a construção do Reino prometido e esperado. Neste ano em que a Igreja do Brasil vive o Ano do Laicato, faz-se necessário se ater ao que se quis no Documento 105 da CNBB, que traz os leigos como sujeitos da Igreja e do Mundo. E diz isso sem cair numa separação de realidades (Igreja e Mundo), mas fundamentado pelo Vaticano II e demais documentos pósconciliares, entendendo o compromisso da Igreja no mundo, não como um confronto, mas como um diálogo, onde ela é mestre e pode ensinar, mas também se insere e se encarna nas realidades, e pode aprender. Isso não é um demérito da sacralidade da Igreja, mas é a percepção da nossa vulnerabilidade na história, nos fazendo lembrar que não se pode absolutizar nenhum modelo, pois somos, como Igreja, sinal e testemunhas de algo maior, que transcende a todos e cada tempo, e que nos aponta para o absoluto da nossa existência e de toda a história, onde o encontro e a experiência de fé se realizam e se consomem em Deus.
Ser sujeito eclesial, hoje, significa ser autêntico e coerente com a fé que professa (Doc. Aparecida), significa testemunhar com a própria vida em todas as realidades que se vive, buscando o encontro e o diálogo, a abertura e a mansidão, o desprendimento e a misericórdia, a alegria e o amor. Ser sujeito eclesial, hoje, não é ser conflitivo, muito menos combativo, mas é ser testemunha de uma verdade que não está nos manuais de doutrina, mas no encontro vivo com o Ressuscitado. Não é ser divisor, mas promotor de comunhão. Não é ser mestre das verdades, mas alguém atento ao mistério e disposto a sempre aprender. Não é quem acusa, mas é quem se coloca ao lado dos outros, principalmente dos pobres e daqueles que mais sofrem e são perseguidos, até mesmo pela própria fé. A riqueza do Concílio Vaticano II e de toda a teologia do laicato que daí se decorreu é que a Igreja decide por sair das sacristias e das catedrais e parte (sai) para viver no mundo, aceitando a fraqueza da história e os limites da missão, mas entendendo que o Reino cresce pela força da ação do Espírito, jamais pela locução de um ministro ou de quem quer que seja, pois aqui, nesta terra, somos simplesmente peregrinos, servos inúteis que arriscam viver uma experiência nova e libertadora. Entende-se, também,
Formação Permanente que o Reino não é uma instituição de pedras ou de doutrinas, muito menos um boulevard de vestes e paramentos medievais que dizem muito pouco nos nossos dias, mas sim um espaço vasto de amor, justiça e paz, onde todos podem viver e se manifestar, e a harmonia prevalece, sem lágrimas e sem luto, mas numa vida que se faz nova para toda criatura. Juntamente com o Evangelho, o Concílio proclama a bem-aventurança dos pobres e dispõe uma Igreja de serviço, disposta a resgatar a vida concreta e atenta aos dramas humanos. Isso não é socialismo ou comunismo, isso não é ideologia, mas é a utopia que se deve buscar a partir da experiência que fazemos na fé, alimentada na esperança e fortalecida no amor. E s t a i nt e n ç ã o d o Concílio foi recepcionada na América Latina e aqui se atualizou em uma nova linguagem, adaptada à realidade e garantindo a essência. Pensou-se uma Igreja protagonista, profética e sensível ao Continente, marcado por uma colonização massacrante, dominação estrangeira, ditaduras militares e exploração humana. Nesta Igreja, os leigos foram chamados ao protagonismo e receberam de seus pastores o apoio para empreender um jeito novo, um novo canto, por vezes oprimido e por vezes festeiro, mas rico na fé que existe e insiste em se manter acesa, mesmo diante de tamanha pobreza e opressão. Este é um lado da Igreja da América Latina e é um lado da visão do laicato que se tem, sem qualquer pretensão de ser um único modelo. A Igreja torna-se una na diversidade e a variedade de rostos e carismas torna a sua identidade ainda mais bela.
Por esta razão, digo que fico ofendido e chateado com algumas manifestações grosseiras e descomprometidas com uma causa verdadeira. Onde
É impossível sustentar a fé só de doutrina e não se vive um novo ethos cristão em cima de um moralismo desatento ao íntimo humano e ao olhar social, naquilo que gritam homens e mulheres e naquilo que grita a terra. Deste modo, faz-se necessário voltar-se a Jesus, ao homem do Evangelho há divisão não pode haver o Espírito. Onde há certezas não há espaço para a fé. Onde há ódio, não se pode viver o amor. Acho uma pena que em pleno
Ano do Laicato tenhamos que presenciar tais atitudes e comportamentos, alimentados por uma estrutura clericalista farisaica que olha mais a lei que a pessoa. Que falta faz o frescor do Evangelho, que tem um fardo leve e um jugo suave! É impossível sustentar a fé só de doutrina e não se vive um novo ethos cristão em cima de um moralismo desatento ao íntimo humano e ao olhar social, naquilo que gritam homens e mulheres e naquilo que grita a terra. Deste modo, faz-se necessário voltar-se a Jesus, ao homem do Evangelho, ao filho de Maria e José, ao carpinteiro da vila, ao amigo de Pedro e Tiago, aquele que nos olha nos olhos e nos chama pelo nome, e cuja ação nos desconcerta e nos destrói na razão. Olhar fixamente a Jesus nos fará perceber que ele foi sujeito em seu tempo, estando mais atento às pessoas que a Lei, amando a Deus e fazendo reconhecer este amor no dom de si mesmo ao outro, de quem se fez próximo. É a hora dos leigos? Sim, é a hora! É a hora de um povo que fala, que reza, que luta, trabalha e professa. É o povo de Deus, transformando esta terra! Que o olhar atento a Jesus de Nazaré nos mostre o caminho e que a comunhão nos fortaleça, sempre! Cesar Kuzma Cesar Kuzma é teólogo leigo, casado e pai de dois filhos. Doutor em Teologia pela PUCRio, onde atua como professorpesquisador do Departamento de Teologia. É o atual presidente da SOTER (2016-2019) e autor de livros e artigos sobre a teologia do laicato. Dentre eles: “Leigos e Leigas”, Ed. Paulus, 2009. Comunicações Abril de 2018
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Formação e Estudos novo diácono
FREI GABRIEL VARGAS DIAS ALVES
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endo recebido a graça de exercer o apostolado da Evangelização na Educação em sua primeira transferência, Frei Gabriel Vargas Dias Alves foi ordenado diácono na manhã do 3º Domingo da Quaresma, na Igreja Bom Jesus dos Perdões, em Curitiba. Além dos paroquianos que habitualmente frequentam a Missa das 9h30, também fizeram parte da assembleia os confrades das Fraternidades do Regional, colegas de turma e familiares de Frei Gabriel, especialmente seus pais, Elisabete Vargas e Fábio Vicente Alves, que vieram do Rio de Janeiro para participar deste importante momento da vida vocacional do filho. O bispo ordenante e presidente da celebração foi Dom José Antônio Peruzzo, titular da Arquidiocese de Curitiba. Representando o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, o Definidor e Guardião de Frei Gabriel, Frei João Mannes, pediu a Dom José que ordenasse diácono o jovem confrade a atestou a idoneidade do candidato: “Frei Gabriel, sabe muito bem que ser ordenado diácono significa participar da diaconia de Nosso Senhor Jesus Cristo (…) Em nome dos frades e de nosso Ministro Provincial, Frei Fidêncio, tenho a alegria de apresentar este confrade como digno para este Ministério”, declarou. Na homilia, dirigindo-se de modo paternal e fraterno ao ordenando – a quem diversas vezes chamou de “meninão” –, Dom Peruzzo também se referiu aos pais de Frei Gabriel em tom bastante familiar: “Certamente vocês, lá no Rio de Janeiro, muitas vezes se perguntaram sobre o futuro de seu filho. E com certeza se lembram, especialmente a mãe, do primeiro
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Formação e Estudos
choro de seu ‘bebezão’”, brincou o bispo, assinalando a importância do seio familiar no amadurecimento de uma vocação. Dirigindo-se a Frei Gabriel e fazendo referência ao Evangelho do 3º Domingo da Quaresma (Jo 2,13-15), em que Jesus expulsa os vendilhões do templo, Dom José o exortou: “Este Diaconato é um convite que você recebe para ser retrato das ternuras paternas de Deus para aqueles que lhe forem confiados. Não se trata de um modo de fazer ou de um conjunto de ações, mas um modo de ser um testemunho de serviço, compaixão e misericórdia”. Alertando para os riscos e tentações a que os ministros e todo o povo de Deus estão sujeitos, lembrou: “Quem se esquece desta realidade pode até se utilizar do nome de Deus para ganhar dinheiro, mas essa não
é nossa vocação autêntica”, advertiu. Convidando Frei Gabriel a ser sinal da compaixão de Deus, explicou: “Compaixão não significa apenas um gesto de pena e comoção para aqueles que sofrem mas, na raiz do sentido bíblico, compaixão é o sofrimento de Deus ao ver seus filhos sofrerem. São Francisco tem belos conselhos sobre este assunto. Ouça-o”, concluiu o bispo. Dentro de uma atmosfera de sobriedade própria do Tempo Quaresmal, a celebração, animada pelos confrades estudantes do tempo da Filosofia, foi conduzida com tranquilidade, propiciando oportunidade de oração e reflexão em torno da temática do serviço na ótica cristã e de como é importante ao discípulo fazer-se dócil à Palavra de Deus em seu dia a dia. Como lema de sua orde-
nação diaconal, Frei Gabriel escolheu a passagem do Livro do Profeta Isaías que diz: “Cada manhã Ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo” (Is 50,4b). Depois de transcorrido o rito de imposição das mãos, momento central da celebração, Frei Gabriel foi revestido com a estola e a dalmática, vestes próprias do diácono trazidas até o altar por seus pais. Frei Alexandre Magno, guardião e Pároco da Paróquia Bom Jesus dos Perdões, e Frei Mário José Knapik, ajudaram o neodiácono a se paramentar. Em seguida, recebeu das mãos do bispo o Evangeliário, manifestando seu compromisso com a proclamação e a Palavra de Deus. Concluído o rito de ordenação, Frei Gabriel se postou ao lado de Dom José Peruzzo e já assumiu a função litúrgica própria do diácono. Comunicações Abril de 2018
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Formação e Estudos Em seus agradecimentos, o neodiácono não escondeu a alegria e a satisfação em assumir mais esta missão que o Senhor lhe confia e destacou que a festa que todos estavam celebrando não pertencia a ele nem aos frades, mas era verdadeiro dom de Deus: “Esta celebração não é minha, ou dos frades, é de todos nós. Porque a vocação ao serviço e à construção do Reino de Deus é o que de mais genuíno nos faz um único corpo no Cristo Servo e, deste modo, o diácono é apenas um animador para esta dimensão do serviço. Por isso, mais do que agradecimentos pessoais, eu quero render graças a Deus”, explicou, enumerando, em seguida, diferentes razões pelas quais naquele momento elevava seus louvores ao Senhor. Em preparação à ordenação diaconal, houve um tríduo missionário organizado pelo Serviço de Animação Vocacional e que contou com o apoio dedicado da Fraternidade São Boaventura, de Rondinha, do Colégio Bom Jesus, da Paróquia Bom Jesus dos Perdões, da Comunidade São Francisco, do Jardim Carmela, em Campo Largo – onde Frei Gabriel realizou serviço pastoral durante o tempo de estudos de Filosofia – e de muitos outros participantes. Frei Gabriel nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de outubro de 1985. Em 2006 iniciou o acompanhamento vocacional no Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro. Ingressou no Aspirantado de Ituporanga em 2007 e vestiu o hábito franciscano em 2009. Cursou Filosofia até 2012 e seguiu para a Missão de Angola, onde viveu o seu Ano Missionário. Retornou ao Brasil para cursar Teologia em Petrópolis e atualmente reside na Fraternidade Bom Jesus da Aldeia, em Curitiba, onde está a serviço da educação. Frei Gustavo Medella (texto) Frei Rodrigo José da Silva (fotos)
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Formação e Estudos novo diácono
FREI marx rodrigues dos reis: Convite para se abrir ao amor de Deus
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Igreja, através dos seus Ministros, pede para proclamar ao mundo o amor de Deus”. A palavra amor, repetida intensamente por Dom Eduardo Vieira dos Santos, bispo auxiliar de São Paulo, deu o tom na Celebração Eucarística, às 10h30 do dia 11/03, na Igreja do centenário Convento São Francisco no centro de São Paulo, quando Frei Marx Rodrigues dos Reis recebeu o primeiro grau do Sacramento da Ordem, o Diaconato. O carioca Frei Marx, filho de Heloíza e Marco Aurélio Ribeiro dos Reis, pode servir, agora, ao povo de Deus na ‘diaconia’ da liturgia, da palavra e da caridade. Esse momento foi testemunhado pelos familiares, confrades das Fraternidade local e vizinhas, sacerdotes e religiosos (as) na igreja do Convento, repleta de fiéis. Frei Diego Melo, em seu comentário, introduziu os participantes a esta festa da ordenação para o ministério do serviço. Ao lado de Dom Eduardo estavam como concelebrantes o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, o Guardião Frei Mário Tagliari e o Pároco Frei Alvaci Mendes da Luz. “Jesus convida através do diácono, através dos padres, através dos frades, o mundo à conversão. E nesse tempo da Quaresma somos chamados a refletir sobre a nossa vida de cristão. Somos chamados a acolher esse amor misericordioso de Deus de modo muito
particular na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, que não veio para julgar o mundo, mas para salvar”, reforçou o bispo auxiliar, recordando que o 4º Domingo da Quaresma é chamado como o da alegria, ou “Laetare“, uma “pausa
nesse tempo litúrgico para nos alegrarmos com a vitória sobre a morte”. Sempre muito próximo dos frades das duas Fraternidades que fazem parte da sua região episcopal – o Convento São Francisco e a Paróquia Santo Antônio do Pari -, Dom Eduardo falou de sua alegria de estar presidindo a celebração e brincou com o “cabelo arrepiado” de Frei Marx, arrancando risos da Assembleia. Para o bispo ordenante, o diácono tem uma dupla missão: ser arauto da alegria e do amor de Deus. “Todos Comunicações Abril de 2018
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Formação e Estudos
já sabem que o diácono é um homem de Deus, não é? Que o padre é um homem de Deus? Não é? Diácono é aquele que veio para servir e não ser servido. E se coloca a serviço, de modo particular, proclamando a Palavra de Deus para o povo de Deus; servindo no altar; e no serviço à caridade. Esse nem precisamos falar para os franciscanos. É próprio do carisma franciscano o amor aos pobres, o amor aos sofredores, o amor aos últimos. E nesse tempo bonito da Igreja, de modo particular no Pontificado do Papa Francisco, nós temos exemplos de sobra, de amor à Palavra, de amor à Eucaristia, de amor ao povo, de modo especial aos mais simples. Depois tem os demais sacramentos que, como diácono, Frei Marx irá desempenhar”, explicou Dom Eduardo. “Nesse tempo da Quaresma, somos chamados a acolher Jesus, a Palavra de Deus encarnada no mundo, que veio para nos salvar. A missão de Jesus é essa: revelar que Deus é amor. Então, maior presente do amor de Deus para humanidade é o envio de Jesus Cristo e a sua missão é revelar que Deus é amor, que Deus é Pai, que Deus ama a cada um, a cada uma. Mesmo diante dos erros, Deus ama a todos igualmente”, enfatizou, reforçando o lema escolhido por Frei Marx: “Permanecei no meu amor” (Jo 15,9b). Após a liturgia da Palavra, deu-se início ao rito de ordenação diaconal. Frei Fidêncio apresentou o candidato eleito para o diaconato, pedindo que Dom Eduardo o ordenasse, atestando assim, a sua idoneidade bem como a aprovação do Governo Provincial. Após a solene imposição das mãos do bispo e a Prece de Ordenação, os pais trouxeram em procissão a estola diaconal e a dalmática. Frei Mário e Frei Roberto Aparecido, seu colega de turma, ajudaram a vesti-lo. Depois, ele recebeu das mãos do bispo o Evangeliário e um caloroso abraço. Ele também foi abraçado pelos pais e pelos seus confrades. Terminado o rito, Frei Marx passou a servir no altar pela primeira vez como diácono.
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Formação e Estudos
Gratidão e emoção
Frei Fidêncio, em nome da Fraternidade Provincial, fez os agradecimentos finais e destacou a presença sempre fraterna de Dom Eduardo, agradeceu à Fraternidade do Convento São Francisco, que acolheu Frei Marx para viver a primeira transferência e, junto com Frei Diego, “viver a sua itinerância” nessa prioridade que a Província escolheu, que é o cuidado da animação vocacional. Aos pais de Frei Marx lembrou: “Vocês já fazem parte da nossa família desde que ele entrou na Ordem Franciscana e hoje esse elo, essa comunhão, também se estende. Obrigado pela presença de todos e todas que vieram de muitas comunidades”, sublinhou. Frei Marx agradeceu a Deus, que “em seu gesto de amor me chamou e chamou a tantos outros e, certamente, chamará muitos homens e mulheres para servir como ponte entre o amor de Deus e toda a criação. Por isso, servirei a este amor e ao amor de Deus. O amor de Deus se dá na Eucaristia, na mesa da Palavra, e na caridade aos irmãos”, disse. Agradeceu ao Cardeal D. Odilo e demonstrou todo o seu carinho a Dom Eduardo: “Entre sempre em nossas vidas como aquele que nos ama e ama Deus sobre todas as coisas”, enfatizou. Depois, agradeceu especialmente Frei Fidêncio e, em seu nome, a todos os frades da Província, colaboradores e pessoas que ajudaram na concretização desta celebração. Nos agradecimentos a seus pais e familiares, emocionou-se lembrando as dificuldades que a família enfrentou, mas nunca deixou de “acreditar na humanidade” como ensinou seu pai. Por último agradeceu a Paróquia e aos paroquianos e todos os fiéis presentes, entre eles os amigos de Nilópolis e Imbariê, onde morou por último. Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo Comunicações Abril de 2018
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FREI leandro costa santos
“Que responsabilidade ser distribuidor do mistério do amor de Deus!”
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Paróquia Nossa Senhora do Rosário, com suas 10 Comunidades, incluindo a Comunidade anfitriã Divino Espírito Santo, esteve reunida na tarde do sábado, 17 de março, em profunda alegria e emoção, quando Frei Leandro Costa Santos recebeu o primeiro grau do Sacramento da Ordem, o Diaconato. Frei Diego Melo acolheu a todos, externando a alegria
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por Frei Leandro atender ao chamado do Cristo Bom Pastor. A Celebração Eucarística foi presidida pelo Arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, SS.CC, tendo como concelebrantes o Definidor Frei Paulo Pereira, representando a Província, e o Pároco Frei Djalmo Fuck. Presentes neste momento histórico de Frei Leandro, frades da Fraternidade local e de outras cidades (Colatina e São Paulo). Também participou da Celebração Pe. Mauro Moreira, sacerdote da Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, na Diocese Santo Amaro (SP), lugar de origem de Frei
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Leandro e sua família. Também estavam presentes os diáconos permanentes Carlos Silva e Cláudio Campelo. Vale ressaltar os testemunhos a favor da ordenação de Frei Leandro através das palavras de Frei Paulo Pereira, representando a Província . Na sua homilia, Dom Luiz destacou o significato do diaconato. “Diácono é alguém que assimilou todo esse mistério divino e vai ajudar, em nome da Igreja, para que todos sejamos caridosos, para que todos sejamos unidos,
para que todos nos deixemos transformar pelo amor que vem do alto. Essa é a missão do diácono. Servidor, homem da caridade. Para ser homem da caridade é preciso justamente essa intimidade profunda com Jesus Cristo. Você procura conformar-se a Ele, sendo simples como São Francisco, sendo bondoso como São Francisco, sendo alguém da unidade, da simplicidade, que ajude o irmão, a irmã a serem santos. Para você ajudar a todos a serem santos, você deve ser exemplo de quem busca com seriedade na diaconia”, pediu o Arcebispo.
“Então, meu querido Leandro, é o que desejo a você. Na sua família Franciscana, o carisma da sua Ordem vai ajudar muito na sua missão como diácono, e futuramente como presbítero. Você como diácono terá a força do espírito franciscano porque ele nos ensina, e ensina a você, a ser o homem da Palavra da Deus, homem da liturgia do altar, homem da caridade. Onde estiver, jamais sua presença poderá ser de divisão. A sua presença será uma convocação para a concórdia, será uma convocação para a paz, será uma convocação para o amor. Essa é a diaconia que Deus espera de você, espera de mim, especialmente deste pobre coitado aqui. Nós temos essa missão sagrada. Que responsabilidade ser distribuidor do mistério do amor de Deus! Mas por outro lado, que beleza de vocação! Que Deus seja louvado. Que você nunca se engranComunicações Abril de 2018
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Formação e Estudos deça, nunca se orgulhe, que você seja sempre simples como o seu irmão Francisco e que você, neste serviço, tenha coragem de proclamar bem forte como Nossa Senhora: ‘Eis aqui o servo do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra’. Isso você vai ter que dizer não nos momentos fáceis, mas nos momentos de crise, nos momentos de incompreensão, nos momentos de chateação e de solidão. Que Deus o abençoe, abençoe a seus pais, e seus parentes”, completou Dom Luiz, pedindo aos pais que continuem a ajudar o filho na oração para que ele seja fiel na sua vocação. Depois de transcorrido o rito de imposição das mãos e a Prece da Ordenação, momento central da celebração, Frei Leandro foi revestido com a estola e a dalmática, vestes próprias do diácono trazidas até o altar por seus pais. O pároco e guardião Frei Djalmo Fuck do Santuário ajudou o neodiácono a se paramentar. Em seguida, recebeu das mãos do bispo o Evangeliário, manifestando seu compromisso com a proclamação e a Palavra de Deus. Concluído o rito de ordenação, Frei Leandro se postou ao lado de Dom Luiz e já assumiu a função litúrgica própria do diácono. No final, o ordenando, que é músico, foi surpreendido com um belo presente: um violino. Nos seus agradecimentos, não conteve a emoção quando falou de seus confrades e quando falou de sua família. “De modo especial, louvo a Deus por meus pais, Francisco e Francisca. Quero com a mesma vontade dos meus pais, prestar um serviço aos irmãos em Cristo”. Em preparação à ordenação diaconal, houve um tríduo missionário organizado pelo Serviço de Animação Vocacional e que contou com o apoio dedicado do Santuário Divino Espírito Santo. Filho de Francisca e Francisco Moisés dos Santos, Frei Leandro nasceu na capital paulista e é o terceiro dos seis filhos. Ingressou no Seminário de Agudos em 2005 e vestiu o hábito franciscano em 2009. Cursou em seguida Filosofia e Teologia e, no ano passado, passou a residir na Fraternidade Divino Espírito Santo, em Vila Velha (ES). Pascom do Santuário Divino Espírito Santo
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Frei Domingos faz a Primeira Profissão
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ei em quem pus minha confiança e estou certo de que é bastante poderoso para guardar até aquele dia aquilo que me confiou” (2Tm 1,12). Com este lema, Frei Domingos Makuva Paulo fez a sua Primeira Profissão na Ordem dos Frades Menores durante a Celebração Eucarística, às 19h30 do dia 14/3, na Igreja Matriz São Francisco de Assis, em Rodeio (SC). Frei Domingos fez o seu ano de provação no Noviciado com a turma de noviços do ano passado, mas devido a um problema de saúde, sua profissão teve de ser adiada. Neste dia, contudo, ele pôde professar nas mãos do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, os votos como religioso franciscano: viver em castidade, sem nada de próprio e em pobreza. Frei Fidêncio teve como concelebrantes o Vigário Provincial, Frei César Külkamp, e o Guardião da Fraternidade, Frei José Antônio Cruz Duarte. Em sua homilia, o Ministro Provincial falou sobre a minoridade e o seguimento a Jesus Cristo. Citou a mensagem do Papa Francisco, dirigida aos frades, que tem como tema “Minoridade Franciscana, lugar de encontro e comunhão”: “Ser irmão
menor é um elemento da vida franciscana e uma missão, e não pode ser coisa facultativa. De fato, o adjetivo ‘menor’ qualifica o substantivo ‘irmão’, dando ao vínculo da fraternidade uma qualidade própria e característica: não é a mesma coisa dizer ‘irmão’ e dizer ‘irmão menor’. Por isso, ao falar de fraternidade, é preciso ter bem presente esta característica típica franciscana da relação fraterna, que exige de vocês uma relação de ‘irmãos menores’. Dentro desse contexto e do espírito quaresmal, aqui nos reunimos para celebrar a Ceia do Senhor e a profissão de Frei Domingos Makuva. No entanto, celebrar a profissão é viver a fé todos os dias, é ser chamado a seguir Jesus Cristo mais de perto, a exemplo de São Francisco”, explicou. No rito da profissão, o Mestre Frei Samuel Ferreira de Lima apresentou ao Provincial o candidato
e este, por sua vez, prometeu viver os três conselhos evangélicos e observar a Regra da Ordem dos Frades Menores. No final da Missa, Frei Domingos Makuva agradeceu a todos que o ajudaram a fazer esta caminhada formativa. Ele e outros noviços entoaram um hino de ação de graças, no ritmo angolano, acompanhado por uma dança típica. Frei Domingos partirá de Rodeio para São Paulo no dia 25 de março e, no dia 2 de abril, voltará para Angola, onde continuará o seu processo formativo na etapa de Filosofia.
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Formação e Estudos ORDENAÇÃO DIACONAL
MOMENTO HISTÓRICO NA FUNDAÇÃO IMACULADA MÃE DE DEUS DE ANGOLA Três jovens frades receberão o primeiro grau do Sacramento da Ordem no dia 15 de abril.
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ela primeira vez desde a sua criação, há 28 anos, a Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola estará em festa pela ordenação diaconal de três jovens frades: Frei Ermelindo Francisco Bambi, Frei João Alberto Bunga e Frei João Batista C. Canjenjenga. Os três serão ordenados pelo bispo diocesano de Viana, o Capuchinho Dom Joaquim Ferreira Lopes, no dia 15 de abril, às 9 horas, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Mulenvos, Viana. Para marcar esse momento histórico, eles escolheram o lema “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Esse momento histórico da Fundação deixa os frutos dessa presença evangelizadora em Angola mais visíveis. Em 28 anos, a FIMDA conta com dois frades ordenados presbíteros - Frei António Baza e Frei Afonso Quissongo - e os três que serão ordenados diáconos. A Fundação já não é mais
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uma pequena entidade. Ela tomou proporções bem maiores e os números falam por si. Além do grande número de vocacionados sendo acompanhados antes dos estágios vocacionais, o Seminário Monte Alverne contava com 48 seminaristas neste início do ano, o Postulantado Santo Antônio de Quibala admitiu 11 jovens e 8 fazem o Noviciado em Rodeio, no Brasil. Na Fraternidade Franciscana da Porciúncula, em Viana, que é etapa do pós-Noviciado, 29 frades de profissão temporária cursam Filosofia. Em Petrópolis, 5 frades cursam a Teologia. A Missão de Angola foi elevada à condição de Fundação, com o nome de Imaculada Mãe de Deus, no dia 26 de maio de 1998. Hoje tem cinco Fraternidades. Conheça os futuros diáconos nas páginas seguintes. Moacir Beggo
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FREI ERMELINDO FRANCISCO Ser franciscano é a escolha mais acertada e feliz que fiz em minha vida
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atural de Camabatela, Província do Kwanza Norte, onde nasceu no dia 1º de março de 1987, Frei Ermelindo é o quarto filho de cinco do casal Madalena e de Francisco Xavier Fortunato. Frei Ermelindo conheceu os Frades Menores na pessoa de Frei José Antônio dos Santos, quando este era seu professor de História no Ensino Médio na Escola João XXIII, em Viana. Ingressou no Seminário Franciscano Monte Alverne, em Malange (2008), onde concluiu o Ensino Médio e o Curso de Filosofia. O Postulantado foi feito em Kibala em 2012. No ano seguinte, vestiu o hábito franciscano em Rodeio e iniciou o Curso de Teologia em 2014, no ITF. Fez seus estágios pastorais na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e na Paróquia São João Batista em São João de Meriti e professou solenemente no dia 23 de setembro de 2017, em Petrópolis (RJ).
ACOMPANHE A ENTREVISTA
Comunicações - Como se deu seu discernimento vocacional? Frei Ermelindo - Tomar uma decisão a respeito do que fazer da vida não é fácil. Ter a certeza da vocação a seguir é ainda mais difícil, pois trata-se do chamado de Deus para a nossa vida. E é difícil justamente pelo fato de que nem sempre percebemos os sinais de Deus, nem sempre ouvimos a voz de Deus nos direcionando, sobretudo no mundo moderno onde há muitas vozes que soam alto e, se não estivermos atentos, podem abafar a Voz do Senhor. Foi dentro desse emaranhado de vozes que fui observando a realidade com atenção, ou seja, olhar tudo com os olhos do coração. E,
aos poucos, fui fazendo o discernimento vocacional a partir de três realidades: Minha família: Nela aprendi, e ainda aprendo hoje, valores que gostaria muito de compartilhar com as outras pessoas pelo mundo a fora. A comunidade eclesial: As celebrações solenes em que participava, enquanto criança-adolescente, enchiam meu coração de alegria e de curiosidade, mesmo muitas vezes sem entender o real significado do que estava sendo celebrado. A realidade social: Seguir mais de perto Nosso Senhor Jesus Cristo dentro da Ordem Franciscana significa também assumir as dificuldades e as contradições do mundo e estar do lado daquelas e daqueles que mais sofrem. Foi dentro desta tripla dimensão que decidi fazer minha caminhada vocacional franciscana, para testemunhar o amor de Deus, para colaborar na Igreja de Cristo e para servir os pobres, quer sejam materiais ou espirituais. Comunicações - Por que escolheu ser frade franciscano? Frei Ermelindo - Acredito que não fui eu quem escolheu ser franciscano, mas foi São Francisco quem me escolheu
para a sua Ordem. A cidade em que nasci é profundamente franciscana. Desde pequeno, até aos 10 anos, o único grupo de (religiosos) padres que conhecia eram os Frades Menores Capuchinhos na vila de Camabatela. Quando minha família se mudou para Luanda, por conta do conflito armado, conheci outras congregações e, consequentemente, perdi o contato com os Capuchinhos. Quando eu conheci os Frades da Província, reativou em mim a paixão pelos franciscanos, daí não me restaram dúvidas que queria ser frade. Em fim, ser franciscano é uma escolha que eu fiz e faço todos os dias, porque me realiza como pessoa e como cristão. Ser franciscano é a escolha mais acertada e feliz que fiz em minha vida. Comunicações - Qual o significado do diaconato para você? Frei Ermelindo - O diaconato é transitório, mas diaconia é para sempre. Exercer a diaconia, para mim, significa estar atento às necessidades de nossos confrades, das nossas comunidades, de todas as pessoas, sobretudo os mais pobres da nossa sociedade. Ser diácono não é apenas aparecer em grandes celebrações – o que é importante – mas estar em sintonia com a realidade que nos circunda, lavar os pés de quem precisa. Hoje, como muitas vezes admoesta o Papa Francisco, existem muitas pessoas que se encontram nas periferias existenciais, portanto diaconia é estar com essas pessoas. Diaconia significa agir no “anonimato”, como a perícope em que o Evangelista João narra as Bodas de Caná: os servos ouviram Maria dizendo que fizessem tudo que Jesus dissesse, portanto, encheram as seis talhas com água (em cada uma cabiam 100 litros de água). Por fim, foi nas mãos dos servos (diáconos) que a água se transformou em vinho. Esses detalhes são interessantes, porque quem serve não aparece. Assim deve ser o diácono. Assim eu quero ser! Comunicações Abril de 2018
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FREI JOÃO ALBERTO BUNGA Partilhar essa simplicidade, minoridade e fraternidade com todos que Deus me der
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atural de Luanda, Frei Bunga nasceu no dia 5 de abril de 1988, filho de Alberto Abel e Dª Sofia Bunga, filhos de camponeses e pessoas simples. “Venho de uma família pobre em termos materiais, mas rica de amor. O esforço dos meus pais sempre foi o de transmitir uma boa educação para todos e penso que conseguiram. Eles, no entanto, não tiveram grandes oportunidades. Sempre desejaram para nós bênçãos e muita sorte na vida. Sou o quinto filho entre 10 que os meus pais tiveram, nos quais 3 são mulheres e 7 homens; atualmente estamos em 9”, explica Frei Bunga. A vida franciscana o motivou desde cedo. “Desde pequeno queria ser padre. Quando vi meu tio (frade capuchinho) pela primeira vez, senti que deveria ser como ele. O tempo foi passando e o meu desejo de servir a Deus como sacerdote aumentava cada vez mais. Cresci num ambiente catequético com os salesianos; na escola, com os Maristas e tinha boa convivência com diocesanos. Todos me convidaram para ser um deles. Mas a chegada dos frades na minha Paróquia deu outro rumo ao meu discernimento vocacional. Foi uma proposta de vida que combinava com a minha forma de ser e ajudou para que eu fizesse a escolha certa. O dia em que assisti ao filme ‘Irmão Sol Irmã Lua’ consegui formar a minha opinião e tomar a decisão sobre o estilo de vida que gostaria de servir a Deus.
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Me cativou, portanto, a simplicidade e o desapego de Francisco e Clara. Pessoas que tinham quase tudo para serem felizes de outro jeito, mas preferiram partilhar aquilo de melhor que tinham com os pobres. Assim, meu desejo tem sido esse, partilhar com todos aqueles que Deus me coloca no caminho a graça de conhecer esses espírito de minoridade, fraternidade, sendo no meio das pessoas um outro Cristo a exemplo de Francisco de Assis”. Sua caminhada vocacional começou na Paróquia São Lucas, em Palanka, onde fez acompanhamento vocacional. Nessa época estudava no Colégio dos Irmãos Maristas, em Luanda (2004-2007). “Fiz estágio vocacional em dezembro de 2007 e, em seguida, fui a Malange, onde iniciei o aspirantado na Fundação Imaculada Mãe de Deus. Fiz estudos filosóficos no Seminário Maior Arquidiocesano de Malange (2008-2010) e ingressei no Postulantado em Quibala (2011). Vesti o hábito franciscano em Rodeio (2012) e voltei para Angola, onde fiz o Ano Mis-
sionário no Seminário Monte Alverne (2013). Depois, retornei para cursar Teologia no ITF (2014-2017) e professei solenemente no dia 24 de setembro de 2017, em Petrópolis. Fui transferido para Fraternidade do São Francisco de Assis, em Palanka, como vice-formador da etapa de Filosofia e ajudo nos projetos sociais da FIMDA”, detalha Frei João. Segundo Frei João, nessa caminhada, algumas provações só solidificaram sua vocação, como a morte de seu pai durante o Noviciado, a morte de sua sobrinha quando estava fazendo o Ano Missionário. No tempo da Teologia, mais perdas e mais provações: “Bem no primeiro ano, faleceu minha única avó e depois veio a falecer o meu irmão, que o chamava de ‘Sapiente’. Graças a Deus, em todos os lugares quando estes fatos aconteceram, a mão de Deus agiu. Tive apoio dos mestres, da comunidade formadora e dos irmãos de caminhada. Isso me marcou muito. Hoje, mais do que nunca, quero me entregar a Deus e participar da fraternidade franciscana, que me ensinou a vencer todos esses tropeços na minha vida”. Para Frei João, ser diácono se resume na passagem bíblica, onde o próprio Filho do Homem afirma: “Não vim ao mundo para ser servido mas para servir, e dar a vida em resgate de muitos” (cf. Mc 10,45). “Portanto, ao aceitar assumir o ofício de diácono, me coloco à disposição da Igreja, daqueles que não têm voz nem vez e daqueles que também têm voz e vez, mas que estão fracos e pobres de Espírito. Ou seja, é partilhar essa simplicidade, minoridade e fraternidade franciscana com todos que Deus me der a graça de servir”, completou Frei João.
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Frei João Baptista Canjenjenga É preciso dizer como São Francisco de Assis: “É isso que eu quero”
nuei a participar dos encontros vocacionais no Palanka com os frades. No momento posso afirmar que, com ajuda de Deus e dos confrades, tenho sido perseverante e persistente no sim ao chamado de Deus e ao seguimento de Cristo Jesus pobre e crucificado.
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atural de Huambo, onde nasceu no dia 3 de janeiro de 1986, Frei João Baptista Chilunda Canjenjenga é filho de Ana Maria Chitula e José Pedro Canjenjenga, o penúltimo de treze. Ingressou no Seminário Monte Alverne, em Malange, em 2005, onde ali também fez o Postulantado em 2008. Vestiu o hábito franciscano em Rodeio no ano seguinte e se tornou o primeiro professo solene na celebração do jubileu da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola e o terceiro na história da Missão. Cursou Filosofia em Luanda até 2013 e concluiu o curso de Teologia em Petrópolis em 2017. Na Fraternidade da Porciúncula, onde reside atualmente, é ecônomo e ajuda nos trabalhos sociais.
Acompanhe a entrevista Comunicações - Como se deu o seu discernimento vocacional? Frei João - Desde pequeno comecei a sentir o chamado de Deus em meu coração. Ao longo dos anos, fui alimentando o meu sim a este chamado, que sempre se renovou, mas não manifestava publicamente. Certo dia, em 1996, a convite de um amigo, comecei a frequentar as reuniões do grupo vocacional da Paróquia Santa Cruz do Kanhe, como é conhecida popularmente pelos fiéis, assistida por padres diocesanos, na Província do Huambo. Em dezembro de 1999 tive que mudar de uma Província para outra, isto é, de
Huambo, terra que me viu a nascer, para Luanda, com o propósito de morar com as minhas irmãs no município da Maianga. Procurando dar continuidade à minha participação nos encontros do grupo vocacional em Luanda, conversei com a minha irmã mais velha, que já era ‘expert’ em assuntos de Igreja, na Paróquia São Pedro Apóstolo, bairro do Prenda. Por sua vez, ela dirigiu-me a um vizinho nosso que já frequentava encontros vocacionais com os Frades Menores no Palanka, Quimbo São Francisco. No terceiro domingo do mês, dia em que aconteciam as reuniões, o vizinho levou-me à reunião. Foi então, pela primeira vez, que ouvi a história de São Francisco de Assis. Com o passar do tempo fui me identificando com o carisma franciscano e, com ajuda Deus e do promotor vocacional, fui amadurecendo o meu discernimento vocacional. Imaginei ser vontade de Deus, pois até então não me havia decidido em que Ordem ou Congregação serviria a Deus por intermédio do seu povo. Daí conti-
Comunicações - Por que escolheu ser frade menor? Frei João - Na verdade não escolhi ser Frade Menor. Quando criança, meu principal sonho era ser presbítero (estar entre os padres que estam vestidos de vestes brancas). Como disse acima, em Luanda, conheci os Frades Menores. Resumindo, hoje tenho a plena certeza de que foi Deus mesmo que me escolheu, me elegeu e me conduziu para que a sua vontade fosse feita em mim e na minha pessoa. Diante disso, a mim coube apenas a missão de dizer sim ao chamado de Deus para o seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a forma de vida dos Frades Menores. Comunicações - Qual o significado do diaconato para você? Frei João - Para mim, o diaconato é o serviço encarregado dos pobres, marginalizados e enfermos, serviço vital para a Igreja encontrar sua identidade ao modo de Jesus Cristo. O ministério do diaconato impele ao serviço de animar, reavivar, organizar a comunidade em vista do serviço caritativo aos necessitados. O diaconato também remete ao anúncio da Palavra e a participação litúrgica que expressam a inseparabilidade entre o anúncio da salvação em Cristo e o serviço dos irmãos e irmãs necessitados. Por função, esse ministério está relacionado ao bispo e não ao presbítero. Comunicações Abril de 2018
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FREI EVALDO SERÁ ORDENADO DIÁCONO EM LAGES
catarinense Frei Evaldo Ludwig será ordenado diácono no dia 21 de abril, às 19 horas, por Dom Guilherme Antônio Werlang, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Navio, em Lages (SC). Natural de Campo Êre, onde nasceu no dia 16 de novembro de 1986, Frei Evaldo é filho de Doralina e Arno Ludwig e irmão de Evandro e Maristela. Seu discernimento vocacional foi acontecendo aos poucos, como conta. “Cada ano que passava ficava mais forte e o Deus irmão ajudava a cada instante a solucionar todas as dificuldades. Contei sempre com ajuda de irmãos de caminhada tanto da turma do Noviciado como da Teologia e, com eles, cresci e amadureci, lutei por ideais que nem sempre eram entendidos por muitos, mas como diz um ditado popular: ‘é melhor morrer
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lutando do que viver calado’”, acredita. “Escolhi ser frade menor com o passar do tempo de discernimento. Quando comecei a formação em 2006 não tinha bem claro que essa seria a minha opção, mas com o tempo a vida de frade menor foi tomando corpo, pelo modo de ser e fazer, em especial a vida fraterna. Não nasci para viver sozinho. São Francisco de Assis
aponta um Deus nobre, grandioso, pois é o Deus da poesia, da louvação, da música e do teatro. E a experiência do pobre de Assis com Jesus Cristo é concreta. Tudo isso me encantou e me encanta e, por isso, decidi ser frade menor”, revela Frei Evaldo. Para ele, o serviço do diaconato tem um sentido profundo, pois se trata de seguir o exemplo de Jesus Cristo. “Assim escolhi como lema: ‘Mestre, onde moras? E Jesus respondeu: Vinde e Vede’. O desafio de ser diácono, aqui e agora, é exatamente descobrir todos os dias onde mora o Mestre. Saber olhar com audácia e lucidez todos os horizontes e destinar o seu melhor empenho para um Deus que se faz menor e está do seu lado. Saber que servir é estar à disposição e tornar concreto aquilo que você já é. Não vou fazer algo diferente e nem vou ser transformado por ser ordenado diácono”, observa o frade.
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FREI ROBERTO SERÁ ORDENADO EM ITUPORANGA
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om o lema “Servir os pobres em Cristo”, Frei Roberto Aparecido Pereira será ordenado diácono por Dom Onécimo Alberton, bispo da Diocese de Rio do Sul, no dia 8 de abril, às 10 horas, na Igreja Matriz de Santo Estêvão, em Ituporanga (SC). Natural de Lençóis Paulista, onde nasceu no dia 1º de agosto de 1987, Frei Roberto é filho de Santina e João Donizeti Pereira e irmão de Leandro e Luana. “Já participava dos encontros vocacionais do Seminário Arquidiocesano de Botucatu (SP) em 2002/2003, mas conheci as irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria (“irmãs do Egito”), que têm uma “creche” em Lençóis, e através delas soube da presença dos frades em Agudos. Nos encontros vocacionais dali, pude perceber a riqueza do carisma franciscano”, conta Frei Roberto, que ingressou no Se-
minário São Francisco de Assis de Ituporanga em 2008. Em 2010 vestiu o hábito franciscano no Noviciado e depois cursou Filosofia e Teologia. “O caminho formativo me ajudou a conhecer São Francisco de Assis e, a cada dia, o seu projeto de vida. Descobri onde deveria estar como frade menor, ou seja, buscar um mundo mais justo, onde todos se sintam abraçados
pelo Cristo”, revela Frei Roberto, que depois de 10 anos retorna ao Seminário de Ituporanga para residir na Fraternidade Santo Estêvão. Para Frei Roberto, o diaconato que vai receber no dia 8 de abril é uma forma de servir como frade menor, de mostrar o rosto do Senhor que se abaixa para beijar os pés, principalmente dos que nada têm para oferecer em troca. “Sei que é um caminho árduo e que todos os dias se faz necessário abaixar e colocar mais água na bacia”, observa o futuro diácono. “Por isso escolhi o desenho de Frei Pedro Pinheiro para o meu convite, retratando o abraço de Francisco a Cristo, mostrando o dever do diácono e assim de toda a Igreja no serviço na construção do Reino de Deus. O lema - “Servir os pobres em Cristo” - faz alusão ao capítulo da segunda da Carta de São Tiago (cf. Tg 2,5) para acentuar a quem somos chamados neste serviço”, explica o frade.
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Frei Marcos será ordenado dia 28
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mineiro Frei Marcos Vinicius Motta Brugger será ordenado presbítero por Dom Gil Antônio Moreira, Arcebispo de Juiz de Fora, no dia 28 de abril, às 9 horas, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no bairro Grama de Juiz de Fora (MG). A sua Primeira Missa será celebrada na mesma Paróquia no dia seguinte, tendo como pregador Frei Paulo Roberto Pereira. Frei Marcos nasceu no dia 30 de abril de 1990, em Juiz de Fora (MG). É filho de Sandra Regina e José Brugger e irmão de Cristiano, Cláudio e José Maurício. Ingressou no Seminário Santo Antônio de Agudos em 2005, onde cursou o Ensino Médio e vestiu o hábito no dia 11 de janeiro de 2009, em Rodeio (SC). Concluiu os cursos de Filosofia em 2012 e de Teologia em 2016. Professou solenemente na Ordem dos Frades Menores no dia 6 de dezembro de 2014. Morando em Pato Branco, a partir de 2017, foi ordenado diácono no dia 22 de outubro de 2017. Acompanhe!
Comunicações - Por que escolheu ser frade franciscano? Frei Marcos - É certo que nossa Profissão da Regra e da Vida dos Frades Menores é fruto da liberdade de cada religioso, porém acredito que desde o início, tanto o chamado ao seguimento do Cristo quanto o caminho a ser realizado, foram obras da providência divina. Isto porque meu impulso vocacional começou dentro de uma perspectiva “clerical”, e apenas aos poucos o Senhor foi me revelando o que eu devia fazer. E foi desde “pequenininho em Barbacena”, ou melhor, em Juiz de Fora, que me propus a engajar na formação sacerdotal, ou como se diz, queria ser padre. Todavia, foi
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apenas por intermédio de Dona Aparecida, mãe de Frei Paulo Pereira, que com 11 anos de idade conheci o carisma franciscano. Porém, a Vovó, como gostava de ser chamada, era professora de Ensino Religioso no colégio em que eu estudava e, ao terminar o ano letivo ficamos sem um contato direto até meus 13 anos. Mas isso não a impediu de guardar no coração os anseios de um ‘meninote’ do fundamental. E assim, no ano de 2004, recebi um telefonema inesperado que mudaria minha vida. Dona Aparecida me propôs começar o acompanhamento vocacional franciscano, com o intuito de entrar no Seminário de Agudos. Dito e feito, e hoje estou aqui. Como
podem ver, não foi uma revelação extraordinária, apenas uma resposta firme ao chamado. Contudo, ainda fica a questão: por que ser frade franciscano? Ora, com certeza ser franciscano não foi o resultado de uma admiração prévia por algum frade, ação social ou mesmo livro espiritual. Considero que ser frade franciscano foi uma escolha gradual dentro de nossa formação inicial. Foram os anos de trabalho, estudo, evangelização e oração numa vida de minoridade e fraternidade que me levaram a dizer, como Francisco, ‘é isto que eu quero de todo o meu coração’. Portanto, acredito que ser frade foi um movimento dialético entre o chamado de Cristo, por meio
Formação e Estudos de seus agentes, e minha resposta consciente na busca de uma fé verdadeira, uma esperança firme e uma caridade perfeita. Comunicações - Qual o significado do ministério sacerdotal para você? Frei Marcos - Quão grandiosa dignidade e admirável grandeza, dizia Francisco de Assis, quando sobre o altar o Cristo, Filho do Deus Vivo, se faz presente nas mãos do sacerdote na modesta aparência do pão. Acredito que Francisco, assim como São João Crisóstomo, deixam transparecer no ministério sacerdotal à luz da dignidade eucarística, que mescla grandiosidade e simplicidade em Deus que se dá em comida e bebida para nos salvar. Assim, parece natural chegar à conclusão de Crisóstomo. Ora se digno é esse momento, digno deve ser também aquele que foi preparado para esse serviço. E por isso, aprendemos com nossos pais e com Francisco de Assis, a honrar e respeitar o ministério sacerdotal. Santo Agostinho disse uma vez: “Nós, sacerdotes, que somos? Ministros (de
Cristo), seus servidores; porque tudo o que distribuímos a vós não é coisa nossa, mas o colocamos para fora de sua dispensa. E também nós vivemos disso, porque somos servos como vós” (Sermão 229/ E, 4). Portanto, o ministério sacerdotal, redundantemente, é serviço. É se colocar à disposição, é não reter nada de nós para nós mesmos, a fim de que totalmente nos possua aquele que totalmente se nos dá. Ser sacerdote, para mim, é identificar-se com o Cristo eucarístico, doar-se constantemente ao projeto do Pai, cumprindo a missão de fiel dispensador dos vossos mistérios, de modo que o povo renasça pela água da regeneração, ganhe novas forças do vosso altar, os pecadores sejam reconciliados e os enfermos se reanimem. Papa Bento XVI disse em uma de suas homilias que a ordenação sacerdotal significa ser imerso na Verdade. Na Verdade, que é a pessoa de Cristo, que nasce também da atualidade e da compreensão do anúncio. Por isso, somente na consciência da Verdade feita Pessoa na Encarnação do Filho
que se justifica o convite missionário “Vinde comigo, e eu farei de vós pescadores de homens”. Servir a messe do Senhor e anunciar o seu Evangelho, transformando corações pela doação total de si, este é o lema escolhido para minha ordenação. Comunicações - O que você diria a um jovem que quer ingressar na vida franciscana? Frei Marcos - Nós, irmãos da Ordem dos Frades Menores, somos consagrados a Deus por meio dos conselhos evangélicos (obediência, nada de próprio e castidade), vivendo a radicalidade do Santo Evangelho na Igreja, assim como nos inspirou São Francisco de Assis. Somos uma fraternidade que segue Jesus, iluminada pelo Espírito Santo, nutrindo um espírito de oração, devoção e comunhão fraterna. Somos chamados a ser testemunhas de penitência, minoridade e caridade para com todos os homens, e a anunciar o Evangelho por meio de nossa vida, convidando todos à reconciliação e à paz. Vinde e Vede!
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Formação e Estudos ITF
FREI PEIXER RETORNA E VAI MINISTRAR CURSO DE CANTO GREGORIANO
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Instituto Teológico Franciscano (ITF) iniciou as atividades acadêmicas de 2018 no dia 26 de fevereiro último. A abertura do semestre letivo teve início com a Celebração Eucarística, presidida por Frei João Francisco da Silva, representando o Governo Provincial. Frei Antônio Everaldo Palubiack Marinho, diretor do ITF, renovou as boas-vindas a todos e apresentou os estudantes do primeiro ano do curso de Teologia. O local sediou a aula inaugural que, neste ano, ficou por conta de Frei Ademir José Peixer, recém-chegado da Itália, onde concluiu seu mestrado em Música Sacra. Na ocasião, Frei Peixer apresentou o oratório musical “Mãe Aparecida das Águas”, resultado de seus anos de estudo no Pontifício Instituto de Música Sacra, de Roma. O oratório apresenta a história de Nossa Senhora Aparecida sob uma ótica ecológica. Na obra, os personagens se relacionam com elementos da história recente do país, como o desastre ecológico ocorrido em Mariana – MG.
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ao grupo de músicos, parado, imóvel. Talvez tenha sido ali. Mas na minha família, meu avô materno era gaiteiro e meu pai sempre gostou de música. Posso dizer que “é de família”, porque ela é o berço, é ela que dá as nossas inclinações para a vida. Quando eu fui para o seminário, tinha aula de música e foi aí que eu comecei a estudar. Frei Ademir José Peixer está empolgado e com bastante disposição para enfrentar os desafios que terá pela frente. Entre eles, a implantação de um curso de Canto Gregoriano no ITF.
Acompanhe a entrevista Site do ITF – Quando e como começou a sua paixão pela música? Frei Ademir José Peixer – Começou quando eu ainda nem tinha consciência. A minha mãe conta que quando eu era pequeno fomos a uma festa e me perdi deles. Quando minha mãe me viu, eu estava em frente
Site do ITF – O que significa vir morar no ITF? Frei Ademir – Para mim, essa casa representa, na Província, a casa dos estudos. Então, morar aqui e respirar este ar, é uma grande satisfação. Inclusive, vejo com muita alegria o fato de poder começar aqui um trabalho com música, visto que é um Instituto Teológico e Franciscano e isso vai somar à teologia. São Francisco é muito musical, ele pregava cantando. É o autor do Cântico das Criaturas. Portanto, está tudo interligado: música e teologia. Uma teologia que é alegre, que inspira, que encanta, como a música de Francisco.
Formação e Estudos Site do ITF – Você é o responsável pela implantação de um curso de extensão e de um grupo de prática musical no ITF. Qual é o objetivo do curso? Conte-nos mais a esse respeito. Frei Ademir – Estamos lançando um curso de extensão e um grupo de prática musical. O curso vai ser enfocado no Canto Gregoriano e o grupo será um grupo de prática de Canto Gregoriano. O curso buscará oferecer aos interessados em Canto Gregoriano a possibilidade de estudar a sua origem e história, reconhecendo na prática elementos de semiologia gregoriana. Teremos, inclusive, um módulo de prática de canto gregoriano com a intenção de se tornar no futuro uma Schola Cantorum do ITF. Vale lembrar que o Canto Gregoriano utiliza o latim, e o ITF oferece já aulas de latim. Aqui, nós temos o Frei Ronaldo Fiúza, que é o professor dessa disciplina. Nosso objetivo é fazer o Canto Gregoriano chegar a todos, até mesmo àquelas pessoas que não possuem formação musical específica. Através da didática própria da cantilação, queremos criar o gosto pelo canto gregoriano, partindo de um repertório leve e fácil. Como podemos amar uma coisa que não conhecemos? Temos que conhecer para amar. Inclusive na formação dos frades, na Província, está incluído o Canto Gregoriano.
algum conhecimento prévio, como a leitura de uma partitura? Frei Ademir – No grupo de prática, por exemplo, basta ter a boa vontade. Porque o Canto Gregoriano, no início, era para todos. É claro que temos níveis de dificuldade diferentes. Alguns cantos foram feitos para especialistas. Mas também temos melodias que podem ser entoadas com facilidade. O Canto Gregoriano nasceu com as pessoas ouvindo, repetindo e cantando. Começaremos “do início”, da silabação, da coisa mais simples, de pequenas frases.
Site do ITF – Qual a importância do Canto Gregoriano? Frei Ademir – Ele é o tesouro musical da Igreja. É a fonte onde a gente vai beber e ter a inspiração para compor os cantos litúrgicos. E por que não levar esse conhecimento, esse repertório, às nossas igrejas? Ensinar o povo a cantar o Canto Gregoriano só viria a edificar ainda mais o nosso repertório litúrgico. Não se trata de julgar se esse é o melhor tipo de música. Aqui no Instituto, nossa intenção é levar as pessoas ao conhecimento desse patrimônio. Site do ITF – Para participar desse grupo de prática musical é necessário
Site do ITF – Exemplifique um Canto Gregoriano fácil de cantar. Frei Ademir – As antífonas marianas e a Missa VIII, que é a mais conhecida, são fáceis de cantar. Inclusive, na Europa, ela é cantada nas igrejas. Quando o organista começa a tocá-la, o povo a canta praticamente sozinho. Ela é composta pelo Kyrie, Gloria, Sanctus e Agnus Dei, ou seja, o “Senhor tende piedade”, o “Glória”, o “Santo” e o “Cordeiro de Deus”, que são as partes fixas da missa. Site do ITF – O Canto Gregoriano pode ser inserido na nossa liturgia diária? Frei Ademir – Ele pode ser reinserido na Liturgia, mas não de modo generalizado. Porque um dos principais aspectos da Liturgia é a participação ativa dos fiéis. Eles têm que entender e participar ativamente do canto. Para inserirmos um Canto Gregoriano, por mais simples que seja, é necessário que as pessoas compreendam o que estão cantando. Site do ITF – Quando iniciarão as aulas? Frei Ademir – Os dois cursos de Música Sacra terão início em abril. Equipe de Comunicação do ITF Comunicações Abril de 2018
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A sétima edição da Caminhada Franciscana da Juventude chega a Campos de Jordão com um recorde de inscritos: 800 jovens, número que cresce para 900 com as pessoas envolvidas na organização.
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expectativa é a de que nossos jovens possam fazer uma bonita e profunda experiência de Deus e do carisma franciscano”. É com este pensamento e motivação que Frei Diego Atalino de Melo, coordenador do Serviço de Animação Provincial, chega à sétima edição da Caminhada Franciscana da Juventude, que desta vez vai invadir a cidade de Campos do Jordão, nos dias 14 e 15 de abril, com 800 jovens inscritos. Esse crescimento é motivo de muita alegria, claro, mas também não deixa os poucos fios de cabelo de Frei Diego tranquilos: “A responsabilidade é muito grande”, diagnostica o frade. Experiente em grandes eventos, como as Missões Franciscanas da Juventude, Frei Diego sabe que o re-
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INVASÃO FRANCISCANA
SAV sultado não vem de bandeja. É preciso muito trabalho e organização. Para isso foi montada uma logística que visa o bom desenvolvimento do evento de 900 pessoas envolvidas, contando com jovens e equipe de voluntários. “Contaremos com uma equipe de apoio formada por enfermeiros, Polícia Militar, Guarda Civil Municipal e Departamento de Trânsito. Além disso, o Corpo de Bombeiros e a Secretaria de Saúde já estão comunicados oficialmente, por meio de ofício, de modo que deixarão suas estruturas e ambulância do SAMU à nossa disposição para caso de necessidade”, explica o frade. “Toda essa infraestrutura é para garantir o bom andamento da Caminhada e, principalmente, para que os nossos jovens possam fazer uma bonita experiência religiosa”, insiste Frei
Diego. “Além de garantir a segurança e o bom funcionamento de toda a estrutura e logística, penso que o mais importante é pensarmos toda a espiritualidade da Caminhada, que é o que dá sentido a tudo aquilo que fazemos. São os momentos orantes, as místicas, as liturgias e reflexões que realmente encantam os jovens”, aposta o frade, incansável no trabalho evangelizador com os jovens. “Assim, a expectativa é a de que nossos jovens possam fazer uma bonita e profunda experiência de Deus e do carisma franciscano, redescobrindo valores próprios do Evangelho e do Carisma Franciscano, tão necessários para os dias de hoje”, espera o frade, que também vê outros resultados desta iniciativa. “Penso que as Caminhadas têm sido um chamariz para Comunicações Abril de 2018
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SAV o Carisma Franciscano. Percebo que, aos poucos, está se criando uma identificação de nossa juventude com o nosso carisma, proximidade com os nossos frades, consciência de que somos uma Província e um despertar vocacional. Tenho ouvido alguns testemunhos de frades que relatam um maior engajamento dos jovens em suas Paróquias e Fraternidades, de modo que essa proposta de evangelização da juventude se reafirma cada vez mais como uma proposta de trabalho provincial e que vem somar com tudo aquilo que já está sendo feito nas Paróquias e Fraternidades”, avalia Frei Diego.
O CARISMA FRANCISCANO EM CAMPOS DO JORDÃO
Ao contrário dos eventos anteriores, a Caminhada deste ano será realizada em uma cidade e Paróquia que não é mais assistida pelos frades da Província da Imaculada. “Embora a nossa Província tenha entregue a Paróquia Santa Teresinha há mais de 27 anos, percebemos o quanto o povo ainda alimenta um grande carinho pelos frades, com destaque para a figura de Frei Orestes Girardi, que tanto se doou pelas crianças e famílias pobres de Campos do Jordão, bem como garantiu a continuidade de sua obra através da fundação da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora de Fátima. Assim, para essa VII edição da CFJ estamos envolvendo uma grande equipe na preparação, formada por leigos e leigas, irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular, ex-jufristas, Padres Diocesanos e Padres da Sociedade dos Joseleitos de Cristo, bem como as Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora de Fátima que nos convidaram para realizar essa caminhada também como
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forma de celebração pelos seus 50 anos se congregação”, explicou Frei Diego. Para este ano, o SAV escolheu como tema da Caminhada “Reconstruir vidas e construir sonhos”, que segundo Frei Diego leva em conta a difícil conjuntura atual de nossa sociedade, da Igreja, da política, da economia e mesmo existencial. “Há quem diga que vivamos em tempos distópicos e extremamente pessimistas”, atesta. “Nesse contexto, nossa juventude é, quem sabe, aquela que mais sofre, seja pela falta de oportunidades, empregos, sonhos, ideais e valores”, lamenta o animador do SAV. Para ele, a Caminhada tem esse propósito mesmo: reconstruir as vidas dos nossos jovens resgatando a capacidade de silenciar, ouvir suas próprias inquietações, perceber o outro, deixar-se tocar pela natureza, sentir o seu próprio corpo, superar os seus limites, suas dores e dificuldades. “Também queremos resgatar a capacidade de sonhar, de acreditar em um outro mundo possível, de reencantar-se pela vida, de acreditar na humanidade, nos projetos bons e na construção do Reino de Deus”, confia o frade. Segundo Frei Diego, ao longo do caminho será feito o aprofundamento da passagem bíblica da cura do cego Bartimeu (Mc 10,46), bem como alguns textos franciscanos, proporcionando vários momentos de mística, reflexão e oração. “A partir de São Francisco, que é modelo de um ser humano bem integrado e de alguém que realmente foi um sonhador, queremos propor aos nossos jovens o início do processo de reconstrução de suas vidas e construção dos seus sonhos mais profundos”, acredita. Moacir Beggo
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O PERCURSO 1º DIA
Os jovens serão acolhidos na Paróquia Sant’Anna, em Sapucaí Mirim (MG), a partir das 6 horas do dia 14 de abril. Após o café da manhã, será feito o credenciamento e oração inicial, partindo em seguida em direção ao Sítio e Pousada do Robertinho, que são de propriedade de um casal ex-jufrista (Roberto e Neka) e que cederam graciosamente o seu espaço para acolher nossos jovens para uma breve parada durante o almoço. Essa
primeira etapa do percurso será de 10,5 km. Com o estômago cheio, os jovens subirão até Campos do Jordão, passando pelo Mosteiro das Irmãs Beneditinas e, finalmente, chegando ao destino: SEA – Sociedade de Educação e Assistência Frei Orestes. Ao todo, nesse primeiro dia, serão percorridos aproximadamente 21 km, dos quais 8 serão de subida íngreme e por estrada de terra.
2º DIA No segundo dia, os jovens estarão de pé bem cedo para a Santa Missa às 4 horas da manhã. Depois seguirão em caminhada pela cidade de Campos do Jordão, passando por alguns pontos turísticos e também conhecendo bairros da periferia, que muitas
vezes são esquecidos e ignorados por quem visita a cidade, bem como um projeto social que distribui sopão para moradores em situação de rua. O encerramento será feito na Casa das Irmãs de Nossa Senhora de Fátima com o rito do lava-pés e o almoço.
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A OBRA DE FREI ORESTES
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rei Orestes Girardi nasceu na cidade de Nova Prata, RS, aos 6 de setembro de 1921, filho de Adolpho Girardi e Leonilda Tasso Girardi. Ele nasceu deficiente físico, deficiência essa que mais tarde lhe causou escoliose. Aos 10 de setembro de 1936 ingressou na Ordem dos Frades Menores, através do Noviciado de Rodeio (SC). Em 22 de novembro do mesmo ano recebeu o hábito franciscano de irmão menor e passou a se chamar Frei Orestes. Em todos os lugares onde morou, e durante toda sua vida, sempre procurou viver uma vida austera, de profunda oração e doação. Era despojado e não media esforços para ajudar aqueles que procuravam por sua assistência. Humilde, pequenino, mas de grande força, vigor, resistência, determinação, coragem e fé. Como franciscano tinha um profundo amor e respeito pela Eu-
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caristia e para com os sacerdotes. Era um grande admirador da natureza, o colorido e a alegria das flores o levavam a reconhecer a presença de Deus na criação. Seu jeito de ser deixou grandes marcas em todos os lugares por onde passou. Chegou a Campos do Jordão no ano de 1955 e recebeu a missão de cuidar da portaria do Convento e da sacristia. Logo percebeu que faltava muito para terminar as obras da Igreja Matriz: sacristia, altares, confessionários, alguns vitrais e os sinos. Os frades moravam nos fundos da Igreja, em cima da sacristia. Tudo era precário e provisório. E ainda se surpreendeu com o frio intenso. Rapidamente, como nos outros lugares por onde já havia morado, prontificou-se a colaborar nas campanhas em melhoramento da igreja. A primeira campanha foi a dos três sinos, logo conseguiu também o relógio. Depois veio a campanha do
novo altar, sendo um pouco mais fácil de ser realizada, pois o povo já tinha confiança em suas campanhas. Sendo um homem de grande sensibilidade e amor aos pobres, sua obra em Campos do Jordão voltouse também aos mais necessitados, especialmente as crianças que ele encontrava, famintas e abandonadas, necessitadas de alimento, amor, atenção e educação, que a todo o momento batiam à porta do convento para pedir algo. Ele sentia que precisava fazer alguma coisa por estas crianças e suas famílias. Então, começou a dar catequese e orientá -las, reunindo-as na sombra de uma árvore. E a partir deste trabalho, em 1959, nasceu a SEA - Sociedade de Educação e Assistência Frei Orestes. Seu sonho de ser sacerdote, apesar de tantos empreendimentos, desafios e surpresas do Espírito do Senhor, persistia. Conseguiu ordenar-se diácono no dia 12/03/72 em São Paulo. Na Igreja Matriz de Santa Teresinha, em 1986, Frei Orestes celebrou 50 anos de Vida Consagrada Franciscana. Em 1988, ele conseguiu também a realização de dois sonhos: a aprovação da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora de Fátima pelo bispo Dom Antônio Afonso de Miranda no dia 13 de maio e. no dia 29, fez-se a entronização da imagem de Nossa Senhora de Fátima e dos três Pastorinhos, inaugurando o conhecido Trono de Nossa Senhora. Frei Orestes estava com a saúde muito frágil mas não se deixava abater e continuava suas visitas e assistência aos pobres. Antes de falecer, no dia 5 de agosto de 1988, disse: “Não deixem as crianças passarem fome e nem frio”.
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O Instituto das Irmãs Franciscanas Nossa Senhora de Fátima
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obra cresceu rapidamente e o número de crianças e adolescentes para atender também. Frei Orestes logo se convenceu de que sozinho não conseguiria levar a obra adiante. Embora muitos amigos e benfeitores o ajudassem, principalmente na parte material, faltava ainda um elemento muito importante: quem se dedicasse integralmente a serviço das crianças. Foi o então bispo diocesano de Taubaté (SP), D. Francisco Borja do Amaral, que o aconselhou a fundar uma Congregação Religiosa para dar continuidade a este belo trabalho. Frei Orestes começou a procurar ajuda de congregações femininas, porém, não conseguiu. Foi, então, que o mesmo bispo insistiu: “Funda uma Congregação”. Assustado no primeiro instante, aceitou o desafio. Com a ajuda de Irmã Maristela Alves Cintra, que durante 23 anos pertenceu à Congregação das Irmãs de São Carlos Borromeu Scalabrianas, deu
início, em 1965, a outra grande obra: a fundação da Congregação. Nesse mesmo ano foi escolhido o nome para a futura Congregação: Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora de Fátima. A aprovação eclesiástica deu-se aos 25 de setembro de 1968, surgindo como Pia União das “Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora de Fátima”. O decreto de “ereção canônica” como Congregação de Direito Diocesano e a aprovação das Constituições aconteceu aos 13 de maio de 1988, festa
da padroeira, pelo bispo diocesano de Taubaté, Dom Antônio Afonso de Miranda. Atualmente, as Irmãs realizam seus trabalhos em quatro Fraternidades de Campos do Jordão, uma em Paraisópolis (MG), uma Brazópolis (MG), uma em Pedralva (MG), uma em Curitiba (PR), Ponta Grossa (PR), uma em Camorim, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro (RJ). Informações do Site da SEA Comunicações Abril de 2018
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Fraternidades
MATRIZ DE XAXIM FICOU PEQUENA na festa dO “PADROEIRO”
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bela e imponente matriz de Xaxim ficou pequena para a festa de Frei Bruno. A Missa Solene, no dia 4 de março, às 10 horas, precisou ser celebrada no ginásio de esportes São Francisco de Assis para acolher o povo.
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Em sua sexta edição, milhares de pessoas participaram da Celebração, presidida pelo bispo Diocesano, Dom Odelir José Magri, e concelebrada pelo pároco Frei Alex Ciarnoscki, o vigário Antonio Mazzucco e Frei Vanderlei da Silva Neves.
Hoje, a Festa de Frei Bruno supera a festa do Padroeiro da Paróquia São Luiz Gonzaga e já envolve a participação de todas as comunidades, presentes em quatro municípios: Xaxim; Lajeado Grande, Marema e Entre Rios. Neste ano, um dos momentos
Fraternidades de vaca, que foram distribuídas aos presentes, recordando uma prática cotidiana de Frei Bruno. Diante de algumas enfermidades do povo, o frade receitava o uso do chá de pata de vaca. Prático, caseiro e funcional, as pessoas sempre procuram na Paróquia o “Chá de Frei Bruno”. A sabedoria popular foi confirmada em pesquisas
marcantes da Santa Missa foi a vestição e envio de 110 novos ministros, além da renovação dos ministérios de mais de 200 ministros que já atuavam nas Comunidades da Paróquia. Segundo Dom Odelir, a festa de Frei Bruno reflete a comunidade feita de comunidades. É o povo cristão católico celebrando e festejando o testemunho, o amor e o bem semeado e cultivado por Frei Bruno ao longo dos vários anos em que viveu e exerceu o
seu serviço religioso e sacerdotal nesta Paróquia e região. A celebração também marcou a Abertura das Santas Missões Populares na Paróquia, que seguirão até 2019, tendo como tema: “Deixemonos guiar pela luz do Senhor” (Is 2,5), uma iniciativa pastoral que ocorre em todas as Paróquias da Diocese de Chapecó (SC). Como de costume, ao término da celebração, o bispo diocesano invocou a bênção sobre as folhas de pata
científicas e concluiu-se que a planta realmente tem a capacidade de diminuir os níveis de glicose (“açúcar”) no sangue. Depois da Missa solene, o almoço festivo, regado por uma deliciosa churrascada, encerrou os festejos. Se a festa de Frei Bruno já é maior do que a festa do Padroeiro – São Luiz Gonzaga -, isso se deve, acima de tudo, aos méritos de Frei Bruno, que deixou marcas de amor, bondade e generosidade plantadas no coração desse povo, e que hoje estão produzindo os seus devidos frutos. Valnei Brunetto Comunicações Abril de 2018
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Fraternidades
A CHEGADA DO SERVO DE DEUS Xaxim se situa no Oeste do Estado de Santa Catarina, a 556 km de Florianópolis, ou seja, do litoral. Pertenceu ao município de Chapecó. Quando se tornou distrito de Chapecó, recebeu o nome de Hercílio Luz, que foi logo abandonado para retornar ao de Xaxim. Emancipou-se em dezembro de 1953. A região era visitada desde 1901 pelos Franciscanos de Palmas, PR, particularmente por Frei Solano Schmitt, que deixou por escrito suas andanças missionárias entre os sertanejos da região. Em 1931 foi criada a paróquia de Chapecó, desmembrada de Palmas. A ela passou a pertencer a vila de Xaxim. Em novembro de 1940, foi criada a paróquia de São Luís Gonzaga de Xaxim e foi nomeado seu primeiro pároco Frei Corbiniano Koesler. Em janeiro de 1941, fundou-se a primeira Fraternidade, cujo superior foi Frei Plácido Rohlf, que assumiu também a paróquia. Frei Plácido, sepultado em Xaxim, goza de fama de santidade e é lembrado como grande modelo de missionário. Quem o sucedeu na paróquia, durou apenas alguns meses. Entra então Frei Bruno Linden, em agosto de 1945, já com quase 70 anos. Diz a Crônica: “Veio de Esteves Júnior Frei Bruno com uma sacola às costas, conformado em tudo com a vontade de Deus. Chegou aqui em 21 de agosto”. E acrescenta o Tombo: “Por telegrama despachado no mês de agosto de 1945, foi nomeado vigário da paróquia de São Luís de Xaxim o R. P. Bruno Linden, que tomou posse no dia da chegada, no dia 21 de agosto de 1945.
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Do livro “Bruno Linden, tudo para todos”, de
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Frei Clarêncio Neotti.
Fraternidades
FREI BRUNO E OS NOVIÇOS DE RODEIO
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Caminhada Penitencial de Frei Bruno foi realizada no dia 25/02, mas o hino ao Servo de Deus ainda é ouvido nos corredores e trabalhos do Noviciado São José, diariamente. “Frei Bruno foi aquele homem de Deus que sacrificou tudo, todos os dias, pelos irmãos e pelo amor ao Sumo Bem!”, disse Frei Thierry Melo de Paula. “Sua vida é um convite a sermos cada vez mais impregnados pelo espírito de um frade menor que, com seu exemplo, deixou- se transformar pela proposta de vida anunciada por Cristo”, acrescenta Frei Abel Ndala. Frei Bruno é espelho de Cristo: não tinha aparência ou beleza que chamasse a atenção! Ele mesmo referia-se a si como o “Frade Feio”. O Espírito do Senhor Crucificado movia-o nas longas caminhadas, no cuidado ao outro, na reverência e devoção à Mãe de Deus. Um homem extrema-
mente pobre, que encontrou riqueza saindo de si, indo ao encontro do outro. “Rico é aquele que nada guarda para si”, diz uma das admoestações de São Francisco. Isso ficou impregnado na vida e atos desse homem, pequeno em tamanho, mas grandioso aos olhos de Deus!
Seguindo as pegadas do Pobre de Assis, Frei Bruno Linden revestiu-se do Cristo Pobre e Crucificado. É este o maior ensinamento deixado a cada um dos noviços que viveram esta experiência. Frei Josiélio da Silva Oliveira
Abril me lembra Tiradentes e o Brasil Brasília, a Novacap por Nonô, fundada; E esse tempo vivi, e tinha planos mil; Jovem, sonhava uma nação idolatrada. Mataram meus sonhos, depois de JK; Brasília não foi Brasília nunca mais, O Verde- Oliva derrubou, de lá pra cá, O meu sonhar, e hoje não vou lutar jamais. Abril pra mim tornou-se uma triste e amarga história, Eu que sonhava o meu Brasil, feito de glória, No meu ardor de uma Política Sagrada!... E hoje, depois de uma ditadura enlouquecida, A coisa se me apresenta assim parecida, Como nos tempos de cruel, vil Verde-oliva. Comunicações
Abril de 2018 265 Frei Walter Hugo de Almeida
Fraternidades
Primeiro Encontro do Regional do Vale do Paraíba e São Sebastião
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Seminário/Postulantado Frei Galvão, Guaratinguetá, 12 de março
as oito da manhã ao meio-dia, o Regional se ocupou de vários temas e assuntos em pauta, entre eles: “Frades e Menores Rumo às Periferias” (leitura e comentários, na sala); “Ite, Nuntiate... Diretrizes sobre as novas formas de vida e missão na Ordem dos Frades Menores” (a ser estudado nos Regionais e fazer uma síntese, como instrumento de trabalho para o Capítulo Provincial); revisão do Projeto Fraterno de Vida e Missão; diálogo sobre o perfil e a escolha do novo Ministro Provincial; comunicados das casas do Regional. O espaço disponível para comentário a esses assuntos permitiu focalizar a grande repercussão que os mesmos deverão ter na vida das Fraternidades. Antes da pergunta “o que fazer” como “Frades e Menores Rumo às Periferias”, leve-se em conta a atual mudança de época em que se atua. Daí sim, o que fazer? - Ouvir a voz dos jovens; mudar de menta-
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lidade (se possível); ser “Igreja em saída”; não desgastar-se com manutenção de estruturas obsoletas; empenhar-se no engajamento e execução de projetos fraterno-comunitários em benefício da coletividade; não perder tempo com coisas projetadas puramente pessoais; voltar à vivência concreta da simplicidade; enfim, não esquecer o modo de agir de Francisco de Assis e seguir as orientações de Francisco de Roma.
Os frades da Fraternidade de São Sebastião - Frei João Pereira, Frei Virgílio e Frei Marcelo - deram depoimento sobre a divulgação e devoção que o povo local dedica ao santo brasileiro, Frei Galvão. Uma celebração mensal, em honra ao Santo, vai despertando a criatividade para datas franciscanas a serem programadas ao longo do ano. Voltou à pauta do Encontro Regional a questão sobre o Santuário de Frei Galvão, Guaratinguetá, apresentada pelo Definidor, Frei João Francisco da Silva. Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida, tem toda disposição para conversar com a Província sobre a possibilidade de os frades atuarem no Santuário, futuramente. O Bispo aguarda confirmação por parte dos Frades, cuja resposta positiva, porém, vai depender da anuência do Capítulo Provincial. Frei Claudino Dal’Mago
Fraternidades
REGIONAL SÃO PAULO SE REÚNE NO PARI
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erca de 25 frades, vindos das Fraternidades de Amparo, Bragança Paulista, Largo São Francisco, Vila Clementino e da anfitriã Santo Antônio do Pari, reuniram-se no Convento Santo Antônio do Pari no primeiro encontro do Regional São Paulo no dia 5 de março. Em clima de alegria, os frades foram acolhidos pelo coordenador do Regional, Frei Germano Guesser. Após a oração inicial e a leitura da ata da reunião anterior, foram recebidos e apresentados os novos fra-
des que compõem as Fraternidades deste Regional. Na sequência, Fraternidades e Serviços partilharam um pouco do trabalho evangelizador e da vida em fraternidade nesta região da Província. Muitas são as alegrias e conquistas, mas também a realidade atual está cada vez mais exigente e desafiadora, necessitando-se, portanto, rever e traçar novos rumos. Tendo em vista que este ano a Província está em pleno processo de preparação para o Capítulo Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel
orientou como as Fraternidades devem proceder na proposta feita da Comissão Preparatória para que reflitam e colaborem na composição do Instrumento de Trabalho visando o Capítulo em novembro deste ano. Depois dos avisos, comunicados e do anúncio dos próximos encontros (vide Agenda na pág. 280), a manhã de estudos e partilhas de vida encerrou-se com um saboroso almoço festivo oferecido pela fraternidade local. Frei Augusto Luiz Gabriel Comunicações Abril de 2018
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ANGELINA ACOLHE ENCONTRO DO REGIONAL LESTE CATARINENSE
urante os dias 5 e 6 de março, o Regional Leste Catarinense esteve reunido em Angelina-SC. A Fraternidade da Imaculada Conceição acolheu carinhosamente os confrades. Aos poucos, com a chegada de cada Fraternidade do Regional, foi-se ampliando a roda de conversas em torno do chimarrão e dos “petiscos” que antecediam o almoço. Com alegria, na oportunidade deste primeiro encontro do ano, foi acolhido pelo Regional Frei Flávio Malta de Souza que, por inspiração Divina, desejou conhecer a forma de vida dos Frades Menores. Anteriormente, Frei Flávio residia no Mosteiro de São Bento, em São Paulo. A partir do início do mês de fevereiro, passou a compor a Fraternidade de Santo Amaro, convivendo com os frades e ajudando nas atividades pastorais da Paróquia. O texto escolhido para a reflexão foi o subsídio da Ordem: Frades e Menores rumo às periferias, sobre as Linhas guias do Definitório Geral para a animação nos anos de 2018 e 2019. Após a leitura, os frades buscaram dialogar e responder
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às questões apresentadas no decorrer do próprio subsídio. Seguindo a pauta prevista do encontro, além da partilha da vida e missão das fraternidades, outros assuntos também foram abordados, como o redimensionamento das Fraternidades do Regional, a valorização e o maior compromisso de entreajuda das fraternidades mais próximas; a satisfação dos serviços prestados pelo plano de saúde Agemed e os desafios e esperanças do Serviço de Animação Vocacional. Antes do término do Regional, buscando intensificar a conversão quaresmal,
os frades se reuniram na Igreja Matriz de Angelina para a oração da Via-Sacra. Diante do respectivo quadro de cada Estação, foi meditada, com leituras, cânticos e orações, a via dolorosa de Cristo. O encontro encerrou-se na terça-feira, dia 6, com um almoço no restaurante colonial Merio´s Country, no município de Rancho Queimado-SC. O próximo encontro do Regional está agendado para os dias 2 e 3 de julho na Fraternidade de Santo Amaro. Frei Daniel Dellandrea
Notícias de Malange (Angola) No primeiro Capítulo local da Guardiania/2018 (casas São Damião e Monte Alverne), estudamos o subsídio da Ordem “Grito da Terra e o Grito dos Pobres”. Seu objetivo é fazer com que, aos poucos, frades e fraternidades assumam uma “espiritualidade ecológica” (p. 10). Este subsídio, conforme Comunicações/2017, entrou na pauta dos Regionais da Província. Aqui, em Malange, achamos que todos os conselhos práticos sobre água, luz, lixo, papel, transportes e alimentação (p. 37-41) podem e devem fazer parte na vida de cada frade. Em comum, assumimos dois compromissos: o primeiro é evitar as queimadas e proteger a terra, cobrindo-a com material orgânico (folhas e
similares). O outro é o de, ao fazermos compras de bebidas, utilizarmos vasilhames retornáveis. Insistiu-se que, na pastoral, todos falassem dos males que as queimadas provocam na natureza. FORMAÇÃO - No dia 15 de abril acontecerão dois fatos significativos. O primeiro é a ordenação diaconal de Frei Ermelindo Francisco Bambi, Frei João Alberto Bunga e Frei João Canjenjenga (veja mais nas páginas 246 a 249). Frei Ermelindo é orientador do Seminário Monte Alverne, de Malange. O outro fato é a Admissão aos primeiros votos de 13 membros da OFS. A formação quinzenal, durante dois anos, continuará. Frei Luiz Iakovacz
Fraternidades
ENCONTROS REGIONAIS DÃO INÍCIO A PROCESSO CAPITULAR JUNTO ÀS BASES
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om uma pauta comum, baseada no Instrumento de Consulta para o Capítulo de 2018 e no texto das Linhas guias do Definitório Geral para o biênio 20182019, os Regionais de Pato Branco e do Contestado realizaram seus primeiros encontros na primeira quinzena do mês de março. As reuniões ocorreram nos dias 5, em Chopinzinho-PR (Regional de Pato Branco), e nos dias 12 e 13, em Piratuba-SC (Regional do Contestado). Estimulados a partir do texto proposto pelo Definitório Geral, os confrades do Regional de Pato Branco tiveram a oportunidade de refletir sobre a temática dos desafios atuais para a missão evangelizadora franciscana e também teceram considerações sobre o trabalho de animação da juventude. Destacaram iniciativas realizadas e propostas a partir das Frentes de Evangelização que predominam neste Regional: Paróquias e Comunicação, colocando acento sobre a importância de jamais perder de vista os valores que são próprios do carisma franciscano. Em relação aos encaminhamentos do Capítulo, os confrades toma-
ram ciência da metodologia da consulta às fraternidades e como as tarefas devem ser orientadas. O Regional de Pato Branco é composto por três Fraternidades localizadas nas cidades de Chopinzinho, anfitriã deste primeiro encontro, Mangueirinha e Pato Branco. Em Piratuba, como já é costume, reuniram-se, nos dias 12 e 13, os confrades do Regional do Contestado, das Fraternidades de Luzerna, Concórdia, Xaxim e Coronel Freitas. As quatro presenças que distinguem este Regional dizem respeito à pastoral em paróquia, o que também favorece a reflexão e a interajuda no exercício da evangelização franciscana. Além de se debruçarem em torno das propostas comuns aos Regionais, também foram destacados alguns momentos fortes da vida das Fraternidades, entre eles o desfecho da fase diocesana do Processo de Beatificação de Frei Bruno Linden, acompanhado mais proximamente pela Fraternidade de Xaxim. Fato inusitado deste Regional foi a permanência inesperada do Visitador Geral,
Frei Miguel Kleinhans que, por motivo de saúde, precisou permanecer por um tempo mais extenso em Concórdia, onde recebeu os devidos cuidados. Tanto em Chopinzinho como em Piratuba, mais uma vez os encontros foram marcados pela alegria que os irmãos manifestam quando estão juntos. Os próximos encontros do Regional de Pato Branco serão no dia 4 de junho (Pato Branco) e 10 de setembro (Mangueirinha). Em Piratuba, os encontros do Regional do Contestado ocorrerão em 14 e 15 de maio e 17 e 18 de setembro. Nos dias 3 e 4 de dezembro está previsto um Encontro Recreativo com a participação dos dois Regionais.
Reitor da USF é condecorado pelo Ministério da Educação O reitor da Universidade São Francisco (USF), Gilberto Garcia, recebeu no dia 7 de março, em Brasília, a condecoração da Ordem Nacional do Mérito Educativo, do Ministério da Educação (MEC). A horaria existe de 1955, com a criação do decreto nº 38.162 e modificada pelo decreto nº 4.797 de 31 de julho de 2003, que tem por finalidade agraciar personalidades nacionais e estrangeiras que se destacaram por excepcionais serviços prestados à educação. O reitor da USF tem toda uma trajetória na educação brasileira, foi reitor da USF de 2002 a 2010. Foi presidente da Associação Brasileira de Universidades Comunitárias ABRUC e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras CRUB. Foi presidente Conselho
Nacional de Educação (CNE), onde atualmente é membro conselheiro da Câmara de Educação Superior, da qual também foi presidente. Exerceu igualmente funções de reitor em instituições de ensino como a FAE Centro Universitário, no Paraná, e a Universidade Católica de Brasília (UCB), no Distrito Federal. No período em que vem atuando no CNE, presidiu e ainda preside diferentes comissões sobre normatizações do ensino superior brasileiro, criou outras delegações regulatórias e atualmente é o relator de comissões importantes como: marco regulatório dos cursos de pósgraduação lato sensu, marco para a extensão, para o voluntariado na educação, diretrizes para o ensino religioso no ensino básico e diretrizes curriculares de propaganda e publicidade.
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Fraternidades
Santuário inicia visitas GUIADAS pelo Largo São Francisco
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uase duas horas de duração e uma profunda imersão numa história iniciada há 370 anos. Assim foi a manhã do sábado, 3 de março, para um grupo de 20 pessoas que participou da primeira visita guiada pelo conjunto arquitetônico do Largo São Francisco. No trajeto os visitantes puderam contemplar as três construções que integram este importante e histórico trecho localizado no coração da cidade de São Paulo: o universo barroco do Convento e Santuário São Francisco, a Igreja de São Francisco das Chagas, levantada pela Ordem Terceira, com direito a passagem pelo museu e mausoléu, e ainda o prédio da Faculdade de Direito, cuja construção foi erguida na área ocupada pelo antigo convento. Relatando fatos históricos, iniciados ainda no período do Brasil Colonial quando se instalou na “vila” de São Paulo o Convento de São Francisco, até os dias atuais, e mesclando com o contexto religioso, Frei Alvaci Mendes da Luz, atual pároco e reitor do Santuário, foi guiando o grupo, sem deixar de focar nas ações hoje desenvolvidas pelas diversas pastorais presentes na paróquia e os serviços de acolhida oferecido pelos freis, principalmente aos mais necessitados. “Nosso objetivo é propor um aprofundamento nestes espaços que fizeram e fazem parte da história de São Paulo. Nossa cidade, cada vez mais, atrai turistas, vindos até de outros países. Enquanto alguns se interessam pela arquitetura, outros buscam a riqueza das construções associada às histórias que carregam. E nossas igrejas, sem dúvida, tiveram um papel
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importante na formação desta cidade. É o que queremos mostrar”, completa Frei Alvaci, entusiasmado com este novo projeto. Os encontros serão mensais, sempre no primeiro sábado. Para partici-
par é preciso se inscrever, com antecedência, na Secretaria do Santuário, e pagar uma taxa de R$ 20 (vinte reais) por pessoa. Pascom Santuário São Francisco
Evangelização
Cultura de Paz é tema do segundo Encontro da Frente da Comunicação
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omunicação e Cultura de Paz” foi o tema do segundo Encontro de Formação Permanente da Frente de Evangelização da Comunicação da Província no dia 7 de março. Vera Lucia Rolim Salles, professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão, falou através de videoconferência, diretamente da Sede Provincial, com os colaboradores da Fundação Frei Rogério, de Curitibanos (SC), Rede Celinauta de Comunicação, de Pato Branco (PR), Grupo Educacional Bom Jesus, de Curitiba (PR), Serviço Franciscano de Solidariedade -Sefras (SP), Universidade São Francisco-USF (SP) e da Sede Provincial (SP). Os princípios da cultura de paz – 1) respeitar a vida; 2) rejeitar a violência; 3) ser generoso; 4) ouvir para compreender; 5) preservar o planeta e 6) redescobrir a solidariedade –, oferecem, segundo Vera Lucia, a concretude para o nosso cotidiano, pois a paz não é abstrata. A palestrante afirmou que se faz necessário aprofundar os valores propostos pelo manifesto, mesmo que para a promoção da justiça e da cultura da paz seja necessário transitar por um caminho que marcha na contramão da sociedade. “Vivese, atualmente, dentro da perspectiva moderna do toma lá da cá. Por isso, é preciso uma sociedade que se baseie nestes valores, principalmente na lei do amor, deixado a nós por Jesus Cristo” pediu a professora. Encontrar meios e pessoas dispostas a mudarem valores, atitudes e comportamentos, que visam à promoção da paz, é um grande desafio, pois, quando se fala em cultu-
ra de paz, refere a uma provocação que consiste fundamentalmente em criar meios que solucionem os conflitos e desigualdades presentes na sociedade. Neste sentido, Vera deu continuidade ao tema proposto, trazendo à tona a unicidade e singularidade de cada ser humano: “Não existem pessoas iguais, por isso precisamos aceitar o outro. Antes, porém, é necessário uma auto-aceitação. Necessitamos também combater atitudes desrespeitosas, racistas, exacerbadas, radicais, de
intolerância religiosa e de preconceitos. É importante criar um meio onde se possa promover esses princípios para tentarmos aos poucos mudar esse cenário”, sublinhou a professora Vera Lucia. Em relação à cultura de ódio e desrespeito instalada nas redes sociais, Vera Lucia acha que podemos sair desse círculo de ódio e violência criando redes de convivência entre grupos religiosos, comunicadores, entre movimentos que lutam por uma sociedade melhor, mais humana, mais pacífica. “Pacífica não quer dizer que ela tenha que ser apática –, mas sim, que respeite todos os valores da cultura de paz” ressaltou. No final, os participantes tiveram um momento de partilha tendo em vista os trabalhos que já são realizados nos meios de comunicação da Província. O próximo Encontro de Formação Permanente acontecerá no dia 2 de maio e terá como tema: “Projeto Virtudes: da Educação a Comunicação”, assessorado por Frei Claudino Gilz, professor de Ensino Religioso do Grupo Educacional Bom Jesus. Frei Augusto Luiz Gabriel Comunicações Abril de 2018
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Evangelização
LANÇAMENTO
Vozes entra na cena política do Brasil
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o coração financeiro de São Paulo e próximo do templo das indústrias do Brasil, a boa política pediu passagem e apontou uma luzinha no fim do túnel na segunda-feira à noite, 12 de março. O “quarteto do bem”, formado pelos pensadores Clóvis de Barros Filho, Viviane Mosé, Eduarda La Rocque e Oswaldo Giacoia Junior se reuniu no Teatro Gazeta, na av. Paulista, para falar do novo projeto da Editora Vozes: “Política, nós também sabemos fazer”. Depois de apresentar os autores e protagonistas da noite, o professor e mediador Gustavo Fernandes Dainezi recordou que a Vozes é uma das mais tradicionais editoras do mercado editorial. No conturbado mundo político, o novo lançamento de 184 páginas, traz “iluminações para os nossos cotidianos”, destacou Dainezi. “Política é a presença enérgica de cada pessoa na vida comunitária; por isso, fazer política, em vez de somente receber política, é o caminho mais humanizante”, prefaceia Mario Sergio
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Cortella, dando o tom da obra. Clóvis de Barros, que abre a discussão no livro sobre o conceito o “que é a política”, foi o primeiro convidado a falar para o auditório lotado. Segundo ele, a própria ideia de política já faz parte de uma disputa propriamente política. “Então, quando você ouve a expressão como politicagem, politiqueiro, evidentemente flagra uma tentativa de desligitimação de um certo fazer, provavelmente com algum interesse”, explica. Tendo polis na raiz da palavra, política é mais do que representação, do que instituições; transcende os três poderes, seus detentores, palácios e praças. “Requer participação de todos os cidadãos. Afinal, toda polis é o que quer ser. O que vai sendo deliberado por seu povo soberano”, acrescenta Clóvis. Segundo o autor, a política é também a arte de gerir conflitos. “Se todos concordássemos com todos a respeito de tudo, a política sequer existiria”, disse. “Acredito que o trabalho político propriamente dito seja um traba-
lho de definição de interesses supostamente coletados na sociedade mas que só se convertem em interesses propriamente políticos quando isso interessa aos agentes que participam do jogo do campo”, emendou. Barros observa que esse mecanismo de se apresentar como representante do povo, de jogar um jogo em que só o que importa é a própria carreira política, a própria obtenção do poder político, talvez esse cinismo, que tenha funcionado muito bem durante muito tempo, nunca tenha sido tão claramente denunciado como nos dias de hoje. De tal maneira que – claro continuaremos assistindo aos candidatos ocultando seus verdadeiros interesses, fazendo esquecer os troféus que estão em disputa, falando dos problemas de todos, tentando mascarar aquilo que efetivamente pretendem – ainda assistiremos muito a isso, mas não tão impunemente como em outros tempos”, observou, citando que por isso, talvez, estamos assistindo ao surgimento de soluções alternativas de resoluções de conflitos
Evangelização que estão em voga no Poder Judiciário, mas que também possam contaminar todos os poderes do Estado. “Não bastam surgimento de novas formas de manifestação de poder e de instâncias decisórias se elas não vierem acompanhadas de uma genuína legitimação na sociedade em que estão envolvidas”, adiantou, lembrando que vivemos em tempos de desligitimação do trabalho político. “Desacreditá-los parece ganhar pontos junto à maioria. Toda simplificação é atraente onde a complexidade apavora. Faríamos bem em ter cautela. Olhar mais de perto. Dar um tempo de exame calmo e lúcido”, ponderou.
O PODER E AS REDES
Mosé revelou que a sociedade em rede que vivemos hoje jamais esteve nos seus apontamentos. “Sequer passava pela minha cabeça que um dia poderíamos compartilhar conteúdo diretamente e conectar pessoas diretamente, quebrando um tipo de hierarquia que já existia e produzindo um novo espaço. Então, quando essas mídias se transformam, a sociedade se transforma. Portanto, estamos num momento em que a democratização da informação, do acesso à informação e ao conhecimento – porque a internet não reproduz apenas um banco de dados, a gente tem produção cotidiana como estamos fazendo aqui ao vivo neste debate -, então isso é uma possibilidade nova que as pessoas têm. E essa sociedade pode caminhar tanto para uma possibilidade de ampliações humanas como para um retrocesso”, avalia. “Para isso, precisamos fortalecer o pensamento, a autonomia, a ousadia intelectual e artística, para alimentar novos e mais democráticos movimentos nessa rede”, pede Mosé. Esse fortalecimento é importante na guerra da informação que se trava hoje. “Não tenho dúvidas de que vivemos uma mudança de valores. Tentamos ordenar o pensamento em linha,
mas as linhas agora são redes que se ligam e se retroalimentam. Tudo se relaciona. O conflito de informações, o excesso nos aproxima do caos. Como cegos em tiroteio, vivemos a guerra da informação”, acrescentou. Para ela, a maior arma para não ser dominado por discursos é saber ler. “Vivemos uma sociedade em que a manipulação do discurso é um fato cada vez mais presente. Então, fazer política hoje é, antes de tudo, aprender a ler, aprender a interpretar, aprender a se desvincular das manipulações discursivas, que não são apenas políticas partidárias, mas diz respeito ao mercado, ao consumo, à produção de medicação, por exemplo. Digo sempre que, cada vez mais temos um corpo raquítico e uma cabeça obesa. Isso não é produto da internet; isso é muito antigo. Mas cada vez mais nos virtualizamos. A grande política hoje é valorizar a vida, é reaprender a existir novamente, porque a gente perdeu essa dimensão”, ensinou.
DEMOCRACIA E INFORMAÇÃO
Eduarda lembrou que há 70 anos, Aldous Huxley, em “Admirável mundo novo”, já apontava o cenário que vivemos hoje no mundo. “Voltamos ao risco de uma iminente guerra nuclear e assistimos a ascensão de tiranos por todo o mundo, sejam de esquerda ou de direita, aonde ainda não se estabeleceram”, introduziu.
Citando Mosé, o poder está na informação, no saber, no formato em que se enquadra o discurso. “O acesso democrático à informação trazido pela internet, novas mídias e tecnologias enfraquece o poder da imprensa e do ‘marketing enganoso’ e possibilita o surgimento de um indivíduocidadão, sujeito da sua relação com o Estado e com o mercado”, diz. “Ou seja, a transformação que a gente precisa começa dentro de cada um de nós. A solução não vira de cima para baixo, por esse Estado corrupto, antiquado e paquidérmico, mas de baixo para cima, a partir da transformação do cidadão como eleitor, com direitos e deveres que isso implica. Somente quando o cidadão tomar para si o senso de propriedade sobre a ‘coisa pública’, que até pouco tempo atrás era ‘de ninguém’, é que poderá exercer o pleno direito da democracia”, acrescenta Eduarda. “Eu falo que não é a supremacia do povo, nem da imprensa, nem do estado, nem do mercado, nem das Universidades, ONGs ou sindicatos, que vai viabilizar a democracia, mas a composição de todas essas forças e saberes. Todos têm muito a contribuir. A democracia só é possível em rede mas não sabemos usá-la para implementar um modelo de gestão participativa”, indicou, propondo o conceito de prosperidade ao invés do PIB, como uma medida de sucesso dos Comunicações Abril de 2018
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Evangelização Clóvis de Barros Filho É doutor e livre-docente pela ECA-USP, com mais de 30 anos de experiência acadêmica. É autor de diversos livros acadêmicos e de divulgação, entre eles o bestseller “A vida que vale a pena ser vivida”. Há mais de 10 anos é palestrante e consultor de grandes empresas. Em 2017, ganhou o 1º lugar no Guia Brasileiro de RH, na categoria palestrante.
Viviane Mosé É poetisa, filósofa, psicóloga, psicanalista e especialista em elaboração e implementação de políticas públicas. Mestre e doutora em filosofia pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, tem 11 livros publicados, entre eles “Stela do Patrocínio” e “A escola e os desafios contemporâneos”. Escreveu e apresentou o “Ser ou Não Ser” no Fantástico.
Eduarda La Rocque Doutora em Economia pela PUC-Rio, trabalhou por 12 anos no mercado de capitais, tendo sido presidente das comissões de gestão de riscos da Febraban e do IBGC. Foi secretária da Fazenda da cidade do Rio de 2009 a 2012. Foi presidente do Instituto Pereira Passos, responsável pelo UPP Social e idealizadora do Pacto do Rio.
Oswaldo Giacoia Junior
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É professor-titular de Ética e História da Filosofia Contemporânea da Universidade Estadual de Campinas, bacharel em Direito pela USP, mestre em Filosofia pela PUC-SP, doutor em Filosofia pela Universidade Livre Comunicações de Berlim, pós-doutorado em Abril de 2018Viena e Lecce. Berlim,
países. “Então, o conceito de prosperidade propõe que a gente tenha um aumento de qualidade de vida para todos, principalmente para aqueles menos favorecidos. E assim a gente consegue a sobrevivência da nossa democracia”, completou.
ÉTICA E POLÍTICA
Ao abordar a ética na política, Giacoia disse que é consensual que nós vivemos hoje momentos de crise. “Crise da razão, dos valores, crise econômica, política, crise de legitimação. Parece-me que há uma inflação global de crises em todos os setores”, observou, explicando detalhadamente o conceito de ética. “Nós entendemos a ação política ao longo da história, e sobretudo a partir do mundo moderno, que para mim é a partir do século XVI, como um espaço da representação. Ora, tenho impressão que a crise política que atravessamos hoje no Brasil e no mundo inteiro é uma crise nos modelos de representação”, explicou. “Representação não é apenas parlamentar. E que a desconfiança no modelo de representação que passou ao longo desses anos todos como único modelo de representação é responsável pela quebra de confiança que nós temos hoje na ação política levada de modo tradicional. E, justamente por isso, é importante novas formas de ação política de participação direta”, pediu.
CO-RESPONSÁVEIS
Clóvis Barros completou: “Acho que esta vinculação que o professor Osvaldo Giacoia estabelece entre ética e política é extraordinariamente bemvinda, porque no final das contas somos todos co-responsáveis por criar para nós as condições adequadas de convivência. Somos todos co-responsáveis por assistir no nosso meio e nos nossos coletivos o triunfo de soluções tirânicas e autoritárias.
Somos todos co-responsáveis por assistir uma espécie de desmoralização da vida, onde a palavra de cada um conta cada vez menos. Somos todos co-responsáveis por assistir à construção de uma sociedade da desconfiança, onde nada do que dizemos parece ter valor para ninguém. Somos todos co-responsáveis porque se antes tínhamos práticas que revelavam essa confiança de uns e outros, essa erosão da moralidade não foi produzida por invasores extraterrestes, bárbaros, nem mesmo por povos vikings, poucos afeitos aos nossos valores éticos. Ninguém invadiu o Brasil nos últimos 50 anos. Portanto, tudo aquilo que se esfacelou em termos de moralidade só pode ter sido ou produção nossa ou com nosso endosso, com a nossa aquiescência. É preciso entender que a ética é inseparável da liberdade para onde queremos ir, onde queremos trilhar. Estamos muitos acostumados a pensar sobre meios, mas pouquissimamente preparados para decidir os fins últimos, o que queremos para nós como sociedade, o que queremos para nós como humanidade. É por essa e por outras que o desafio é enorme, mas é auspicioso, é colorido, afinal de contas, eu dizia com muita sinceridade que as pessoas que mais amamos são os nossos filhos, e deixá-los como legado essa sociedade da desconfiança é passar pelo mundo com pouco zelo. Eu ainda me vejo com forças para, no tempo que me resta, participar com quem quiser da construção de novos coletivos onde possamos resgatar entre nós alguma confiança, amabilidade, respeito, gentileza. Somos todos co-responsáveis!” A Editora Vozes teve a parceria da Casa do Saber, Livraria Martins Fontes e Usina Pensamento neste evento. Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo
Evangelização
Frente da Solidariedade participará de todos os encontros das Frentes
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Frente da Solidariedade para com os Empobrecidos se reuniu no Convento e Santuário São Francisco, em São Paulo, no dia 8 de março, na primeira reunião do ano e apresentou uma novidade: estará presente em todas os encontros provinciais das demais Frentes de Evangelização da Província. Para Frei José Francisco, não se pode fazer um trabalho de evangelização prescindindo da dimensão do envolvimento social, e por isso a Frente de Evangelização da Solidariedade não é uma coisa específica e isolada das outras Frentes, ela deve perpassar todas as demais ações de nossas fraternidades e instituições onde fazemos o nosso trabalho de evangelização. “Enfim, a solidariedade é algo inerente ao agir evangelizador dos frades”, frisou Frei José. No segundo semestre deste ano,
tendo em vista os encontros que ainda acontecerão nas outras Frentes de Evangelização da Província, a Frente de Solidariedade estará presente de todas as reuniões, com o enfoque no diálogo com os frades, colaboradores e leigos que estão envolvidos em todos os âmbitos de trabalhos evangelizadores da Província. Nesta reunião, apresentou-se um estudo levando em consideração algumas referências que estão no Plano de Evangelização, para os anos de 2016-2021, pois nele encontram-se várias ideias que caracterizam a própria Frente de Evangelização. “Em nível provincial, percebemos que existem várias iniciativas, algumas mais tímidas outras mais expressivas, mas que visam sempre um cuidado para com o próximo, para com os mais pobres e que passam necessidades”, afir-
mou Frei José Francisco de Cássia. Segundo Frei Wilson Simão, coordenador da Frente da Solidariedade, no âmbito social da Província, é notável o empenho e dedicação dos frades que realizam as ações evangelizadoras visando um mundo mais justo, fraterno e solidário. “Ações estas que visam estar numa relação de gratuidade e diálogo com o mundo ‘que exige de nós’ posições proféticas de justiça e de paz. Esta presença ativa também perpassa o ambiente de nossas paróquias e santuários, centros educacionais e universitários. Também, nas mais diversas realidades, discutimos o quanto se pode ainda fazer na área social, e o quanto nosso serviço evangelizador pode ser melhorado, qualificando assim nossa presença Franciscana”, destacou o frade. Frei Augusto Luiz Gabriel Comunicações Abril de 2018
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Franciscanos promovem experiência missionária na Amazônia
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or um período de três semanas, de 8 a 31 de janeiro, 37 religiosos (as) e leigos (as) realizaram uma experiência missionária na Amazônia, promovida pela Ordem dos Frades Menores. Esta iniciativa, que está na sexta edição, sempre nos meses de janeiro, é organizada pela Fraternidade do Projeto Amazônia, residente em Caballo Cocha, Loreto, Peru, no Baixo Amazonas peruano. A missão se realizou em San Pablo de Loreto, uma pacata cidade às margens do Rio Amazonas, que nasceu com a criação de um sanató-
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rio para portadores de “lepra”, criado pelo governo peruano em 1926. Os moradores mais antigos guardam a memória de muitas histórias de dor, exclusão e abandono. Ultimamente, a região tem recebido muitos migrantes, especialmente da “serra” peruana (Cordilheira dos Andes), que veem na Amazônia a terra prometida. Participaram da atividade frades, religiosas, leigos e leigas, procedentes da Argentina, Brasil, Colômbia e Peru, dos quais quase a totalidade deles veio pela primeira vez à Amazônia e muitos são provenientes de grandes
cidades, como Bogotá, Lima, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A iniciativa teve como objetivos: 1) Oferecer a possibilidade de uma experiência missionária na Amazônia; 2) Anunciar a Boa Notícia de Jesus Cristo de que o Reino está próximo; 3) Animar e fortalecer a vida cristã nas comunidades; 4) Despertar e promover novas lideranças comunitárias. Em sua programação teve três momentos: 1°) Ambientação climática, convivência fraterna, estudo da realidade da Amazônia, Igreja local e da comunidade; 2°) Visita mis-
Evangelização sionária às comunidades ribeirinhas; 3°) Partilha, avaliação e confraternização. No primeiro momento, os missionários ouviram depoimentos do sr. Hildebrando, 92 anos, o enfermo mais antigo da cidade, já cego, com dificuldades de andar, voz fanhosa, consequências da doença, mas com uma lucidez e uma memória invejáveis. É a memória viva da história da cidade e do sanatório. Conheceram e dialogaram também com o presidente de uma das Federações das Comunidades Nativas da região, que falou da realidade dos povos indígenas, seus problemas e aspirações e o descaso com que são tratados pelo governo peruano. Em duas semanas, de domingo (14/1) a sábado (27/1), fraternidades com três ou quatro pessoas visitaram 39 comunidades da Paróquia, permanecendo de dois a cinco dias em cada comunidade. Acompanhados e hospedados pelos animadores das comunidades, partilharam a vida e o dia a dia das comunidades, tais como, o transporte, o alimento, o esporte, o banho no rio; visitaram as famílias, fizeram encontros com a comunidade de estudos bíblicos, formação cristã, celebrações, atividades com as crianças, reavivaram vida comunitária e motivaram novas lideranças. Sentiram um forte impacto com a realidade de pobreza, de descuido com o meio ambiente, da quantidade de lixo, de alcoolismo, a submissão e o silêncio das mulheres, as enfermidades, as precárias condições de higiene, o abandono e a desnutrição das crianças, a presença de muitos grupos re-
ligiosos, a divisão e o individualismo das comunidades, a desatenção do Estado às comunidades indígenas, o cultivo da coca. A realidade eclesial também impactou os missionários: uma igreja em ruínas, com poucos animadores, comunidades sem capelas, material pastoral e celebração dominical. Também identificaram que há pessoas sem nenhuma vida de Igreja, mas que são
pessoas de fé. Outras se identificam com a Igreja, mas não têm atividades religiosas. É uma Igreja que necessita acompanhamento pastoral. Os missionários fizeram também experiências humanas e pessoais muito marcantes e profundas, como foi testemunhado por muitos. Frei Atílio Battistuz, OFM fratilio@yahoo.com.br
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MINISTRO GERAL NO PIAUÍ E MARANHÃO
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o dia 25 de fevereiro a 2 de março, Frei Michael Anthony Perry visitou a Província de Nossa Senhora da Assunção do Brasil acompanhado do brasileiro Frei Valmir Ramos, Definidor para a América Latina. A visita se iniciou em Teresina, onde o Ministro Geral foi recebido pelos confrades da Província, pelos Frades Capuchinhos e pelo Arcebispo D. Jacinto Furtado de Brito, que presidiu a Celebração Eucarística na Igreja São Raimundo Nonato, no bairro de Piçarra, na capital, com a Família Franciscana e os fiéis. Frei Michael dirigiu palavras de animação para permanecerem fiéis a Cristo, ao Evangelho e a nosso carisma. En Teresina, Frei Michael se reuniu com o Definitório Provincial para
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escutar as alegrias e angústias e compartilhou alguns temas da situação da Ordem. De Teresina foi a Bacabal, onde se encontra a sede da Província. Ali se reuniu com os frades na formação inicial para escutá-los e refletir sobre as rápidas mudanças no mundo, na Igreja e na Ordem, motivos pelos quais devemos nos atualizarmos para viver coerentemente nosso carisma. No dia 1º de março, Frei Michael teve uma reunião com todos os frades da Província, onde tomou como ponto de partida o Evangelho de Marcos 1,9-18, destacando entre outras coisas a experiência de Jesus que pode ser parecida à nossa, o encontro pessoal com o Senhor, ver o irmão como sacramento de Deus, e a necessidade de acolher os documentos Evangelii Gaudium e Laudato Si’ como cami-
nhos para viver uma eclesiologia mais franciscana. No mesmo dia visitou uma instituição que desde 1995 se ocupa com meninas e mulheres que tenham sofrido exploração e abuso sexual. À tarde participou da Celebração Eucarística na quadra do Colégio Nossa Senhora dos Anjos, em Bacabal, presidida por D. Armando Gutiérrez, bispo de Bacabal. O Ministro Provincial, Frei Bernardo de Sousa Brandão Neto, celebrou 25 anos de vida religiosa e Frei Carlos Magno de Souza Santos foi ordenado presbítero.
65 ANOS
A Província Nossa Senhora da Assunção está celebrando 65 anos de presença nos estados do Maranhão e Piauí. Tudo começou em 1952, com
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a chegada de quatro frades vindos da Alemanha para fundar a Missão Franciscana. Depois, mais 10 de frades ajudaram neste início evangelizador. Em 1964, a Missão foi elevada à condição de Fundação Nossa Senhora da Assunção. Em 1967, tornou-se Custódia e, com 52 frades, passou a ser Vice-Província em 1992. Com 70 frades, tornou-se finalmente Província no dia 8 de dezembro de 2004.
Os frades da Província estão presentes em 11 paróquias, onde prestam trabalho pastoral com atenção especial aos mais pobres por meio de projetos sociais nas seguintes áreas: educação, assistência a dependentes químicos, pessoas com necessidades especiais, formação de catequistas e lideranças leigas da Igreja e espiritualidade junto aos jovens.
FREI MICHAEL NO CORAÇÃO DO BRASIL Continuando sua visita pela Conferência Brasileira dos Frades Menores, depois de Bacabal, Frei Michael seguiu para a Província do Santíssimo Nome de Jesus, com sede em Anápolis, onde ficou de 3 a 7 de março, antes de retornar a Roma. Em todas as visitas esteve acompanhado do brasileiro Frei Valmir Ramos, Definidor Geral para a América Latina. Esta Província celebra neste ano seus 75 anos de presença na zona central do Brasil. A visita teve início em Brasília na Fraternidade que tem sob sua responsabilidade um grande colégio e uma Paróquia. No dia seguinte, Frei Michael foi a Anápolis, onde se encontrou com os irmãos professos temporários e com os postulantes da Comunicações Abril de 2018
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Província, com quem falou sobre a identidade franciscana e o processo formativo necessário para viver o ca-
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risma hoje. Visitou as obras sociais apoiadas pela Província: um hospitalo onde trabalham as Irmãs Francis-
canas de Allegany, Casa Betânia, que acolhe enfermos com Aids e duas emissoras de rádio. Teve um encontro com as Irmãs Clarissas assistidas pelos frades. No dia 6 se reuniu com todos os irmãos da Província e compartilhou a situação da Ordem hoje no mundo e a urgente necessidade de viver autenticamente nosso carisma nas dimensões das 5 prioridades, em que pese todas as atividades e trabalhos pastorais no serviço à Igreja. Frei Michael terminou a visita em Catalão, onde se encontra o Noviciado interprovincial da Província do Santíssimo Nome de Jesus, da Custódia das Sete Alegrias de Nossa Senhora e da Custódia do Sagrado Coração de Jesuus. No Noviciado teve um encontro com os formadores e com os Ministros destas entidades.
Notícias e Informações
RETOMADA DA VISITA CANÔNICA Caros Confrades, Paz e Bem! Com muita alegria, comunico-lhes que desde o dia 18 de março Frei Miguel Kleinhans retomou a visitação canônica às nossas Fraternidades, seguindo a programação do calendário. Portanto, ele vai retoma as visitas a partir de Blumenau. A visita canônica às Fraternidades de Lages, Curitibanos, Ituporanga e Rodeio será reprogramada na Reunião de Guardiães em Agudos. Neste período de repouso e convalescência, Frei Miguel permaneceu na Fraternidade de Concórdia onde, diariamente, fez fonoaudiologia e fisioterapia. Na retomada da visitação canônica, peço a compreensão dos confrades às seguintes recomendações (seguindo a orientação do médico):
- que a visita seja mais interna (diálogo mais reduzido com os frades); - que se evite oferecer a presidência de celebrações públicas ao Visitador; - que as reuniões com as lideranças fiquem suspensas; - que se peça ao Frei Miguel as orientações médicas no que se refere à dieta alimentar. Embora já o tenha feito pessoalmente, em nome da Fraternidade Provincial aproveito para agradecer aos confrades da Fraternidade de Concórdia pela dedicação e cuidado que tiveram com Frei Miguel. Da mesma forma, agradeci pessoalmente o Dr. Daniel Borges Fialho pelo cuidado de toda a equipe médica do Hospital de Concórdia. E continuemos nossa caminhada com o tema Capítulo: “Minoridade Franciscana – Lugar de Encontro e Co-
Frei Miguel Kleinhans na Caminhada Frei Bruno antes de sofrer o AVC no dia 1º de março
munhão” e o lema, “Sejam chamados irmãos menores” (Rnb 6,3). Fraternalmente, Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial
Falece Irmã de Frei Odorico Decker No sábado, dia 3 de março, faleceu Irmã Adalberta Decker, religiosa da Congregação das Irmãs da Divina Providência em Porto Alegre (RS) e irmã de Frei Odorico Decker.
Aos 95 anos, Ir. Adalberta tinha 72 de vida consagrada. Era a oitava dos 15 irmãos da família do frade. Na certidão de Batismo, chamava-se Luzia e recebeu o nome de Ir. Adalberta na vida consagrada.
Jufra lança livro de formação Segundo a secretária Nacional de Formação da Juventude Franciscana, Juliana Caroline Gonçalves Almeida, com a reformulação das Diretrizes de Formação no IV Congresso Nacional Extraordinário em Mogi Mirim (SP), era preciso rever também o material formativo da Jufra. O livro da Etapa de Formação Inicial (EFI) foi lançado em fevereiro de 2016, no XVI CORJUFRA, sendo adotado oficialmente como material para essa etapa. “Agora concluímos outro passo neste processo. Esse livro chega até nossas fraternidades locais como fruto de uma abençoada construção, alicerçada no amor, paciência, cuidado e dedicação”, disse Juliana, alegrando-se com a par-
ticipação de todos os ramos da Família Franciscana. “Parafraseando o que disse Frei Francisco, em sua carta ao querido Frei Antônio: ‘Fico feliz que ensineis as coisas de Deus a estes jovens, cuide porém, que a formação não acabe com o espírito de oração e devoção’. Que este instrumento de formação não seja fim, mas ferramenta de oração e, sobretudo de transformação de consciência cristã, humana e de nossa identidade franciscana. Que nos leve a rezar, e a construir o amor “ao redor do qual nos propomos a construir com entusiasmo um mundo mais humano, onde haja fraternidade, justiça e paz’ (Manifesto da Juventude Franciscana)”, finaliza Juliana.
Cinco anos atrás, no dia 13 de março de 2013, era eleito Papa Francisco. Alguns dados para sintetizar esses anos de Pontificado: duas encíclicas (Lumen Fidei, sobre a fé, que continua o que fora escrito por Bento XVI e Laudato Si’, sobre o cuidado da casa comum, preservar a Criação não é dever dos verdes, mas dos cristãos), duas Exortações apostólicas (Evangelii Gaudium, texto programático do Pontificado para uma Igreja em saída, fortemente missionária, e Amoris Laetitia sobre o amor na família), 23 Motu próprio (reforma da Cúria Romana, gestão e transparência econômica, reforma do processo de nulidade matrimonial, tradução de textos litúrgicos, com indicações para uma maior descentralização e mais poderes às Conferências Episcopais), dois Sínodos sobre a família, um Jubileu dedicado à Misericórdia, 22 viagens internacionais com mais de 30 países visitados e 17 visitas pastorais na Itália, 8 ciclos de catequese na audiência geral das quartas-feiras (Profissão de fé, Sacramentos, Dons do Espírito Santo, Igreja, família, misericórdia, esperança cristã, Santa Missa), quase 600 homilias sem texto nas Missas em Santa Marta, mais de 46 milhões de seguidores no Twitter e mais de 5 milhões no Instagram. Sem contar os inúmeros discursos, mensagens e cartas, e os milhões de homens, mulheres e crianças de todo o mundo, encontrados, abraçados, acariciados.
Estevinho,
a nossa alegria Desde junho do ano passado, Frei Estevam Gomes Pereira começou a ter dificuldades de locomoção, ficando internado no Hospital São Vicente, de Curitiba, por um longo período. Devido à síndrome de Guillain-Barré, três dedos do pé esquerdo e várias intervenções para retirada de tecido necrosado foram necessárias. A cicatrização foi muito lenta. Desde então, a Fraternidade do Convento São Boaventura não mediu esforços para acompanhar Frei Estevinho. Nesse tempo, mesmo com todas as dificuldades ele não perdeu a alegria que lhe é própria e, agora, que já está caminhando sozinho, sua alegria é maior ainda, e também é nossa!!! FRATRumGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!
xxx Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados
AGOSTO
ABRIL 08 10 e 11 10 e 11 12 a 13 14 e 15 15 16 17 a 19 22 28 28 a 01 24 e 25
Ordenação diaconal de Frei Roberto Aparecido Pereira (Ituporanga); Reunião dos guardiães e coordenadores das Fraternidades (Agudos); Reunião do Definitório com os coordenadores dos Regionais (Agudos); Reunião do Definitório Provincial (Agudos); Caminhada Franciscana da Juventude (Campos do Jordão) Ordenação diaconal de Frei Ermelindo F. Bambi, Frei João Alberto Bunga e Frei João Baptista Canjenjenga; Reunião da comissão preparatória do Capítulo 2018; Assembleia da CFMB (Brasília); Celebração dos 25 anos da Missão da CFMB (Boa Vista, RR); Ordenação presbiteral de Frei Marcos Vinícius Motta Brugger (Juiz de Fora - MG); Retiro dos benfeitores franciscanos (Agudos - SP); Assembleia do SAV - Campo Largo (Rondinha)
MAIO 08 e 09 09 10 e 11 14 e 15 14 a 17 21 23 e 24 28
Reunião da Frente das Missões (frades) (Curitiba); Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião); Encontro da Frente da Comunicação - Frades (São Paulo); Encontro Regional do Contestado (Piratuba); Encontro anual do SIFEM (Salvador); Encontro do Regional de Curitiba (Rondinha - Aldeia); Reunião da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhim. (frades) – início dia 23, às 14h (Rondinha); Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense (Nilópolis);
JUNHO 04 04 11 e 12 18 19 a 21 25
Encontro do Regional de São Paulo (Largo São Francisco); Encontro Regional de Pato Branco (Pato Branco); Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Curitibanos); Reunião da comissão preparatória do Capítulo 2018; Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Balneário Camboriú);
01 a 05 13 13 14 a 16 21 e 22 27 a 30 28 e 29
SETEMBRO 03 03 e 04 06 07 a 10 10 10 11 17 17 e 18 17 e 18 24 24 a 28 25
15 e 16 16 a 18 22 a 27 28 a 02
12 a 21 26 30 e 01
Capítulo Provincial; Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião); Celebração dos Jubileus;
DEZEMBRO 03
02 e 03
03 03 03 e 04
12 a 28 19 a 22 31 a 02
Reunião da comissão preparatória do Capítulo 2018; Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); III Congresso Franciscano para a AL (Guatemala); Reunião da UCLAF;
novembro
03
02 a 13
Encontro do Regional de São Paulo (Amparo); Encontro do Regional do Leste Catarinense (Florianópolis); Reunião do Conselho de Formação e Estudos (Guaratinguetá); Encontro dos Irmãos leigos da Província (Rondinha); Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Gaspar); Encontro Regional de Pato Branco (Mangueirinha); Frente das Missões (frades e leigos) (São Paulo Sede); Encontro do Regional de Curitiba (Bom Jesus); Terceiro Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Lages); Encontro Regional do Contestado (Piratuba); Encontro do Regional do Vale do Paraíba (local a definir); Assembleia da CFMB (Santarém); Conselho de Evangelização (São Paulo - Sede);
OUTUBRO
JULHO Encontro do Regional do Leste Catarinense (Santo Amaro da Imperatriz); II etapa do curso para Formadores, animadores do SAV e guardiães pela CFMB (Petrópolis); Conselho Plenário da Ordem (Nairóbi no Quênia); Encontro Nacional da Juventude (Vila Velha - ES); Assembleia do Sefras (Tanguá - RJ);
Assembleia dos Frades Estudantes; Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense (Rocinha); Reunião da comissão preparatória do Capítulo 2018; Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); Encontro ampliado da Frente da Educação (Curitiba); II Congresso de Educadores Franciscanos (Anápolis, GO); Reunião da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, com leigos(as);
17 e 18
Encontro do Regional de São Paulo (Bragança Paulista); Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense – recreativo (Niterói); Encontro do Regional de Curitiba (Caiobá); Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Blumenau); Encontro Regional de Pato Branco e Contestado (local a definir); Encontro do Regional do Leste Catarinense e, no dia 17, celebração de entrega da Paróquia à Diocese (Forquilhinha)