Comunicações - Abril de 2020

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//revista ABRIL DE 2020 ANO LXVIII • N o 04

PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL

CAMINHADA PENITENCIAL

Dois presentes para os devotos do frade


//sumário MENSAGEM DO GOVERNO PROVINCIAL

Covid 19: o que temos a aprender e o que podemos fazer .195

FORMAÇÃO PERMANENTE Mensagem do Ministro Geral a todos os irmãos da Ordem ..................................................................................... 197 Artigo: A Economia de São Francisco: “Ao invés de ter coisas ou dinheiro, ter irmãos!” .......................... 198

FORMAÇÃO E ESTUDOS

FREI JOSÉ CAMBOLO SERÁ ORDENADO NO DIA 18

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Conselho de Formação e Estudos se reúne em São Paulo ............................................................................... 203 Homenagem a Frei José Ariovaldo marca aula inaugural no ITF ................................................................................... 204 Convento São Boaventura acolhe confrades angolanos ...... 208 Ordenação presbiteral: Frei José Cambolo será ordenado no dia 18............................................................................. 201

FRATERNIDADES Convento da Penha divulga programação da 450ª edição da Festa ............................................................................. 212 Imbariê: Dia Internacional da Mulher na Paróquia Santa Clara ............................................................................. 216 “Nossa crise não é numérica”, artigo de Frei Luiz Iakovacz ..................................................................................... 217 As delícias da Padaria Franciscana do Sagrado ........................... 218 Ano Franciscano da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida de Nilópolis/RJ ......................................................................... 219

EVANGELIZAÇÃO

CONVENTO DA PENHA DIVULGA PROGRAMAÇÃO DA 450ª EDIÇÃO DA FESTA

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PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL Rua Borges Lagoa, 1209 CEP 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br

30ª Caminhada Penitencial Frei Bruno ............................................. 220 Província da Imaculada torna-se parceira do Papa na Semana Laudato Si’ ............................................................ 227 Sefras participa do Grito de Carnaval contra o abuso e exploração sexual infantil .................................. 228 Pastoral Universitária da FAE: Integração e solidariedade na acolhida dos calouros ...................................... 229 Colégio Bom Jesus é Escola de Referência Google .................. 230 Protagonismo na terceira idade ........................................................... 230 Legado franciscano depois da faculdade ....................................... 231 Bom Jesus: Parceria Brasil-Portugal ..................................................... 231 Sefras e ITF: Por uma economia menos predatória e mais solidária ....................................................................... 232 Conselho de Evangelização se reúne na Sede Provincial .......................................................................................... 234 USF inaugura novos espaços nos câmpus Campinas e Itatiba ........................................................................................ 236 Universidade São Francisco presente na 25ª Caminhada a Pedra Bela ............................................................ 237

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES

Falece pai de Frei Ivo Müller .................................................................... 238

AGENDA ............................................................................................... 240


Caros confrades e demais irmãs e irmãos que acompanham as Comunicações de nossa Província, Paz e Bem! Acabamos de viver o tempo rico e novo de encontros nos Regionais, agora redimensionados. Menos vezes nos reunimos, mas de forma mais qualificada e dando atenção especial a nossa Permanente Formação para qualificar também nossa resposta vocacional, tanto na vida fraterna como na missão evangelizadora. Houve uma boa preparação e intensa participação de todas as Fraternidades. Com a mesma dedicação aconteceram as instâncias maiores de nossa Evangelização e de nossa Formação. Um destacertamente foi a Caminhada Penitencial em direção ao túmulo de Frei Bruno Linden, em Joaçaba, SC. E foi realizada pela 30ª vez com boa participação de frades e leigos de nossas presenças em Santa Catarina e no Paraná, atendendo ao convite da Campanha “Frei Bruno vem a nós e nós vamos a Frei Bruno”. Foi bonito ver as Paróquias destas regiões chegarem com camisetas e faixas identificando sua presença! E foi consenso de todos que esta campanha precisa continuar e ajudar a divulgar ainda mais a devoção ao Servo de Deus Frei Bruno. E o processo para sua beatificação dá mais um passo com sua acolhida na Congregação para a Causa dos Santos e a nomeação de um relator, Monsenhor Maurizio Taglaferri, que, depois de analisar todo o material e os depoimentos colhidos, vai dar um parecer sobre o grau heroico das virtudes vividas por nosso confrade. Sendo positivo, o Papa Francisco poderá declará-lo venerável. E as graças atendidas em favor de seus devotos são tantas que poderão levá-lo aos altares como beato.

E a vida na Província seguiu intensa até o momento em que fomos surpreendidos por mais uma pandemia mundial, com origem na China e já tendo seu epicentro na Itália e demais países europeus. Chamado de coronavírus ou Covid-19, este vírus vai crescendo agora no Brasil em progressão geométrica. Assim como em toda a sociedade, nossas atividades também vão sendo suspensas e a ordem é ficar em casa e tomar muitos cuidados para conter sua propagação e os riscos aos mais vulneráveis. Vão surgindo todo tipo de reação, desde a divulgação do descaso e da desinformação até à pandemia mais grave, a das cegas paranoias.

O QUE TEMOS A APRENDER E O QUE PODEMOS FAZER

Observar a força de uma forma de vida tão pequena, faz-nos lembrar a reverência que Francisco cultivava diante de todos os seres, inclusive o “mais ínfimo vermezinho”. É certo que na época do Seráfico Pai ainda não se conhecia a existência dos microscópicos vírus. Como Irmãos Menores, guardiães da vida evangélica proposta

//mensagem

COVID 19: o que temos a aprender e o que podemos fazer


//mensagem e abraçada por Francisco, também com as situações de crise e desestabilidade temos muito a aprender e algo a dizer. Diante destes grandes desafios, somos provocados a manifestar a força de nossa esperança, que não brota de nós, mas d’Aquele a quem decidimos entregar nossa vida e de Seu Filho a quem desejamos seguir. A título de modesta partilha, seguem algumas possíveis lições que poderíamos extrair do desafiante episódio que vamos vivendo em nossa história atual. Em outras palavras – agora em forma de pergunta: “O que a pandemia do Coronavírus pode nos ensinar?”

1) De fato, tudo está interligado

A ideia que aparece como um dos fios condutores da Encíclica Laudato Si’ vem confirmada e reforçada com o desenrolar dos fatos que geraram a pandemia em pauta. Começou distante, a princípio como “coisa da China”, chegando a nós pelas telas dos noticiários e das redes sociais. Poucas semanas bastaram para mostrar que o problema não seria algo restrito a um espaço geográfico e que, num mundo que se comunica e se movimenta com extrema velocidade, os problemas também se tornam globais. Desta forma, cuidar do ser humano e da vida do planeta configura-se duas vertentes de um único movimento. Prevenir-se do avanço da pandemia é ação conjunta que demanda atuação interligada e comprometida de muitos agentes (poder público, iniciativa privada, famílias, cidadãos, organizações não governamentais, igrejas, profissionais das mais diversas áreas etc.). Quando uma das partes não assume o seu compromisso, todos nós ficamos vulneráveis, afinal, “tudo está interligado”.

2) A “desinfecção do coração”

Uma das ações mais efetivas no combate e na prevenção do avanço da pandemia é a simples tarefa de lavar as mãos com certa frequência e também desinfetar os ambientes. Tão importante como a desinfecção das mãos e das superfícies, torna-se a desinfecção do coração. Aproveitemos a ocasião para renovarmos a certeza de que a solidariedade é o verdadeiro caminho da salvação. Desta forma estaremos nos livrando de pestes muito perigosas que podem tomar conta de nós a partir de dentro, como o egoísmo, a ganância, o preconceito, a agressividade, o espírito de exclusão, as atitudes de desrespeito e ofensa aos nossos irmãos e irmãs, todas elas doenças letais que exterminam a vida nos outros e em nós.

3) Da expectativa à esperança

Também em nossa organização interna a pandemia

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tem provocado alterações com a suspensão de atividades. A celebração da Semana Santa, certamente, terá de ser reinventada e revista em nossas presenças evangelizadoras, especialmente nas paróquias e santuários. A esperada edição de número 450 da Festa da Penha também deverá passar por algumas modificações motivadas pelos últimos acontecimentos. Ao percebermos que, de fato, temos bem menos controle das coisas que na maioria das vezes imaginamos ter, podemos ganhar uma oportunidade importante de passarmos das expectativas, baseadas na confiança que temos em nós e em nossos planos, à esperança – esta um Dom de Deus –, compreendida como a capacidade de conferirmos a tudo que nos acontece, mesmo que contrariando nossos planos, um sentido pascal.

4) O cuidado com os mais vulneráveis

A letalidade do vírus se observa mais significativa em pessoas idosas (acima de 65 anos), portadores de doenças crônicas e imunidade comprometida. Temos confrades, colaboradores, fiéis e assistidos nestas situações. A estes, orientamos uma atenção maior e o cuidado por parte de todos.

5) Sem perder o espírito de oração e devoção

Somos homens do transcendente e da fé. Não podemos abrir mão deste vínculo sobrenatural e por isso é hora de nos mantermos firmes, em oração, recordando que quem nos dirige é o Espírito do Senhor. É d´Ele que virá a força e a criatividade necessárias para desenvolvermos uma solidariedade responsável com tantos quantos Deus confia a nossos cuidados. Rezar por nosso povo e com nosso povo é compromisso que se fortalece em momentos como este. Importante saber que não estamos sozinhos e contamos com a proteção de Deus, atuando também na intercessão de Maria e tantos santos. É quase certo que passaremos uma Semana Santa sui generis. Que nossas celebrações, nas circunstâncias em que ocorrerem, nos levem a percorrer o caminho de Jesus. Que saibamos, mesmo diante dos sinais de dor e contradição que atualizam para os nossos dias o mistério da cruz, encontrar o sentido pleno e confortante da Páscoa da Ressurreição. Muito mais, certamente, tal crise terá a nos ensinar. Tenhamos a humildade para aprender dela lições importantes que venham qualificar nossa vida fraterna e fortalecer nossa identidade de Irmãos Menores. Rezemos uns pelos outros! E, mesmo em circunstâncias diferentes, uma Santa e Abençoada Páscoa!

Frei César Külkamp

Frei Gustavo Medella

Ministro Provincial

Vigário Provincial


formação permanente//

Mensagem do Ministro Geral a todos os irmãos da Ordem O Senhor vos dê paz! os últimos três meses, desde a descoberta do novo Coronavírus, testemunhamos sua proliferação progressiva de uma região específica da China a mais de 115 países. Praticamente toda a comunidade humana está envolvida em uma grande batalha para tentar conter sua disseminação, cuidar dos infectados e chorar pelos entes queridos que morreram. O impacto econômico nas nações, famílias, indivíduos e, especialmente, sobre os pobres será, sem dúvida, catastrófico. Nas primeiras etapas dessa pandemia podemos nos sentir protegidos, imunes, distantes e até um pouco despreocupados com o vírus e seu impacto. No entanto, o vírus continua sua implacável propagação, nos encontramos no epicentro de uma crise. Todavia, ainda existem muitos aspectos científicos do vírus que não são totalmente compreendidos. Não respeita fronteiras ou limites: físico, sociais, psicológicos, religiosos ou culturais. Sua capacidade estratégica de saltar de um indivíduo para outro o torna particularmente agressivo. As respostas elaboradas e aplicadas pelos governos para impedir sua proliferação exigem de nós sacrifícios que restringem o exercício de nossas liberdades pessoais, como nunca experimentamos antes. E, no entanto, essas medidas são necessárias para impedir a disseminação do vírus. Oramos especialmente por aqueles que estão na linha de frente como pessoal médico, por aqueles que estão envolvidos em pesquisas para encontrar uma vacina e por governos que lutam para encontrar respostas eficazes para garantir a segurança e o bem-estar de seus povos. Minha intenção com esta carta, neste momento crucial, é tentar ajudar a dissipar seus medos e ansiedade. Para

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aqueles que vivem em países que foram desproporcionalmente afetados até o momento, quero encorajá-los a que permaneçam fortes na fé. Para aqueles que vivem em países que experimentam menos infecções, permaneçam vigilantes o tempo todo. Durante este período litúrgico especial da Quaresma, os cristãos são convidados a acompanhar Jesus, lembrando as grandes lutas e crises que ele enfrentou, lembrando

Democrática do Congo, Venezuela, Mindanau, Repúblicas do Sudão e Sudão do Sul, Palestina, Líbano e com irmãos e irmãs vivendo em outras partes do mundo onde a dignidade humana, os direitos fundamentais e a sobrevivência física básica estão sempre ameaçadas. Aproveitemos esta circunstância para superar todas as divisões e medos e busquemos caminhos que conduzam a um diálogo autêntico, à cooperação

também sua morte na cruz como sacrifício de puro amor. Mas nem o sofrimento nem a morte tiveram a última palavra em sua vida, nem deveriam tê-las em nossas vidas. A esperança que oferece o evento da ressurreição e os atos diários de justiça, misericórdia e amor deveriam nos inspirar a olhar além de todo medo, de toda ansiedade, e perceber a presença de Jesus que continua dirigindo-nos as mesmas palavras que disse a seus amigos e discípulos amados: “Não tenham medo! Eu estou com vocês até o fim dos tempos”. No meio desta pandemia, não percamos de vista o inumerável grupo de pessoas em todo o mundo que está passando por outras crises. Nossos corações estão com os povos da Síria, República

e à promoção do bem-estar de toda a humanidade, especialmente dos pobres e excluídos. Vamos também aprofundar nosso compromisso de amar e cuidar do ambiente natural, nosso lar comum. Que o Senhor abençoe a cada um de vocês, meus queridos irmãos. Que a força de nossas convicções, nosso compromisso com o modo de vida evangélico inspirado por São Francisco de Assis, nos permita ser fiéis testemunhas do poder do amor e da esperança que nossa fé oferece em todas as áreas da vida. Fraternalmente em Cristo e Francisco, Roma, 12 de março de 2020

Fr. Michael A. Perry, OFM Ministro Geral e Servo COMUNICAÇÕES

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//formação permanente A ECONOMIA DE SÃO FRANCISCO:

“Ao invés de ter coisas ou dinheiro, ter irmãos!” Frei Luiz Carlos Susin dinheiro tornou-se espantosamente importante e absolutamente central na economia e na vida em geral de nossos dias, desde os empresários de multinacionais até a mãe dona de casa em periferia pobre. Ao contrário de toda a história precedente, hoje é necessário dinheiro para poder comer. E o dinheiro ganhou forma de cartão, sua circulação é virtual, invisível e poderosa. Estamos numa fase financeira exacerbada do capitalismo, que teve sua fase com foco mercantilista, depois industrial e tecnológico (que está na fase vertiginosa da inteligência artificial) mas agora, pela lei básica do capitalismo que é o acúmulo de propriedade, ele está numa fase extremamente sofisticada, graças ao dinheiro que veio atravessando e alavancando cada fase até se tornar o topo, o cifrão abstrato, quase invisível mas todo-poderoso, o deus desejável e adorável: não se usa o dinheiro para fabricar e acumular coisas ou para a circulação dos bens com pessoas, mas se usa empresa, coisas, tecnologia, inteligência artificial e pessoas para acumular... dinheiro. Como chegamos a essa inversão que o Papa Francisco chama de verdadeira adoração do “bezerro de ouro” de nosso tempo? (Cf. Evangelii Gaudium, n.53-58). Lá no começo dessa disparada está um homem de Assis, no centro da

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Itália, que se chamava Pedro de Bernardone. Ele é um exemplar do começo desse percurso que hoje é global. Mas ele tinha um filho chamado Francisco, que quase sem querer abriu um caminho alternativo também global. Esse artigo é um pouco da história dos dois. Se o pai ajuda a entender onde essa corrida louca começou, o filho – Francisco de Assis – ajuda ainda hoje a buscar alternativas possíveis para nos salvar dessa loucura que está pervertendo a terra inteira. Certamente nem todos são chamados à radicalidade

pessoal de Francisco na mendicância. Em seu tempo muitos o seguiram moderadamente em suas vidas de família e em seu ganha-pão, mas tanto os que seguiram mais radicalmente sua vida de peregrino sem nada possuírem em propriedade como os que o seguiram em suas casas e famílias entenderam a alternativa: a riqueza que dá real segurança não é a propriedade nem o dinheiro, mas as pessoas, os irmãos. Esse é o evangelho da fraternidade, vivido e anunciado como uma verdadeira economia por Francisco de Assis e


formação permanente// seu movimento. Como tudo começou? Vejamos por partes, pois temos que ser necessariamente narrativos [1]:

1. Um mundo em transformação: de nobres feudais e burgueses novos ricos – e o povo sempre na periferia.

Assis, uma cidade situada na encosta do monte Subásio, menor em proporção a Perugia ou Espoleto, que se situavam nas pontas do vale e que tinham seus castelos ainda em vigor, no final do século XII e começos do século XIII – o tempo de Francisco – estava se transformando em uma comuna. Na Itália central já havia outras, assim como em quase todas as partes da Europa visitadas pelos novos comerciantes, tal como fazia o pai de Francisco, o senhor Bernardone. A transformação econômica criava muita tensão. Novos instrumentos estavam revolucionando o cultivo da terra, novas profissões estavam em gestação, gente nova tinha mais acesso às riquezas produzidas, uma nova elite desbancava o poder acumulado nas mãos de algumas famílias nobres e tradicionais. Com essas transformações econômicas nascia, nos porões do feudalismo decadente, um novo humanismo. A laboriosidade, a apropriação dos frutos do próprio trabalho, a comercialização, enfim a retomada de energia do dinheiro, tudo isso agregava valor ao novo humanismo. As comunas nascentes se fortificavam através de pactos entre si contra a reação da velha nobreza. Uma maior participação e certa democracia entre os bem-sucedidos criava espaço para as ambições e para as tensões e conflitos. O dinheiro criava um novo tipo de relacionamento e de submissão através de empréstimos e juros, e começavam os bancos, inclusive como “montes pios” incentivados pela Igreja para mútua ajuda em situações precárias. A percepção da nova potência da moeda, e das diferentes moedas das comunas disputando entre si, provocava adrenalina no sistema burguês nascente.

Tudo indicava um novo humanismo, mais dinâmico e mais aberto, com mais oportunidade para os que arriscassem empreendimentos, sobretudo comerciais, embora as aparências e os títulos da nobreza ainda fascinassem os próprios burgueses novos ricos. Era o caso do pai de Francisco, um burguês trabalhador, viajante, dinâmico, que transferia para o filho o sonho de ser um nobre que ele não era, sustentando com seu dinheiro as festas e vaidades de Francisco em uma verdadeira “moratória” de adolescência prolongada. Mas a grande maioria da população continuava a ser massa de trabalho, minores. Certa quantidade era transferida do trabalho da terra – servos da gleba – para o trabalho nas novas oficinas como assalariados. O salário, de fato, integrava o dinamismo da nova economia. Era em geral regulado, mas a arbitrariedade dos novos senhores se impunha no conflito do pagamento.

2. Um choque de realidade e as dores de um novo parto: nasce Francisco de Assis.

Bernardone empreendia economicamente em três frentes: tinha suas oficinas, algo como uma tinturaria de tecidos, viajava para compra e venda, além de manter seu comércio de fazendas em Assis, e operava empréstimos. Portanto, empresário, comerciante e investidor, um exemplar dos tempos que viriam. Mas algo deu errado com o rebento que deveria ser seu herdeiro e elevar seu nome à altura da nobreza. Francisco até que tentou: tentou ser cavaleiro para ingressar no rol da nobreza, mas foi derrotado e preso na primeira e única batalha, saiu da prisão ajudado pelo dinheiro do pai, mas saiu doente e desencantado. Numa segunda tentativa de batalha no sul da Itália nem conseguiu ir além de Espoleto, e voltou desanimado. Tentou trabalhar no comércio do seu pai, mas seu estilo incorrigivelmente generoso deu prejuízo aos negócios, e o conflito com o pai, até aí amaciado pela mãe, acabou em praça pública diante das

autoridades e do povo. A entrega da roupa do corpo ao pai em público e a afirmação que, se não foi literal, interpreta bem a ruptura desse momento – “Agora poderei dizer livremente ‘Pai nosso que estais nos céus’ e não mais meu pai Pedro Bernardone!” (Celano, Vida II, 12) – foi uma postura de ruptura com o pai que teve um enorme custo psíquico, tanto que Francisco pedia a um “homem plebeu e muito simples” que o permitisse chamá-lo de pai e que o abençoasse. Esse custo de uma mudança de vida tão conflituosa, o cancelamento da relação com o pai, dá muito assunto para a psicanálise. [2] Isso explica uma série de atitudes radicais de Francisco em contraste com seus anos de juventude gozada com moratória da adolescência. E isso se manifesta também economicamente: na comida com cinza, no vestuário com remendos, na moradia improvisada, na forma de ganhar o pão de cada dia: trabalho manual sem olho em salário, e mendicância ao lado do trabalho, o que exige aqui um aprofundamento.

3. Irmãos menores, evangelizadores e mendicantes: um programa econômico.

Depois da instabilidade inicial pós-ruptura, em que Francisco tentou servir por um tempo em uma abadia do Subásio sem grande entusiasmo, e em que andou entre doentes de lepra, pessoas à margem como suspeitos e até bandidos, todos pobres e até miseráveis, então antigos amigos começaram a se aproximar, e acabaram se agregando em um grupo em torno de Francisco. Não havia ainda planos, mas Francisco viu nisso um sinal divino: “O Senhor me deu irmãos” (Testamento 4). Apesar da espontaneidade, uma vida em grupo exige um mínimo de organização, inclusive econômica. Por sua radicalidade, os versículos evangélicos que estão no horizonte de sua nova vida são: seguir o modo de vida de Jesus, doando tudo aos pobres COMUNICAÇÕES

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//formação permanente e viver sem nada de próprio – sine proprium; anunciar o evangelho de forma itinerante, recriando no ventre da sociedade um espaço inspirado pelo grupo de Jesus que andava pela Galileia; depender, em consequência, da generosidade dos ouvintes, tornar-se um mendicante, embora se candidatassem a trabalhos sazonais nos campos ou serviços precários. Obviamente a nova elite de Assis viu nisso a contestação dos seus valores puxados pela nova economia burguesa, e consequentemente rejeitou, ridicularizou e perseguiu o movimento de jovens “alteromundistas” que começou a inquietar a cidade. De fato, havia, implícita ou explicitamente, uma proposta de mundo, inclusive mundo econômico, diferente daquela do novo humanismo burguês, onde a virtude do trabalho como forma de capitalização e a meritocracia pareciam incontestáveis. Mas foram contestados pelo grupo de Francisco e pela criação de um espaço humano radicalmente diferente. Tão diferente que o teólogo franciscano Pedro de João Olivi, mais tarde, chegou a defender a tese de que é melhor implorar o pão na mendicância do que trabalhar para “merecer” o próprio pão. Pois na mendicância há a oferta gratuita da palavra de evangelização e a oferta gratuita do pão – uma espiritualidade do dom de ambas as partes – enquanto no trabalho pelo próprio pão há apenas a materialidade da existência corporal, a luta por si mesmo e pela própria sobrevivência econômica. Mas isso supõe realmente um mundo e um humanismo radicalmente diferente. Esse mundo e esse humanismo foram vividos e normatizados paulatinamente durante os anos iniciais do grupo, desde 1210 até 1221, do qual temos o texto básico, composto gradualmente, a cada reunião geral de Pentecostes – a Regra não bulada, que serviu de base para o texto definitivo de 1223, mais jurídico e mais romano, e cujas categorias sustentadoras, inclusive economicamente, passamos a examinar abaixo.

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4. A “mesa do Senhor”, a “graça de trabalhar”, a esmola e a economia sem dinheiro.

No texto básico do movimento franciscano (Regra não bulada, capítulos 7 a 9) e no texto definitivo (Regra bulada, capítulos 4 a 6), à medida que o grupo cresce e vai se tornando uma pequena multidão, estão inseridos os elementos principais do modo de subsistência econômica. As palavras chaves são o trabalho e a esmola. O erro principal a evitar é receber ou até tocar dinheiro. A mais alta e positiva categoria da economia de Francisco, porém, se encontra no seu Testamento n. 22, que equivale ao moderno conceito de “Bem comum”, mas com o realismo do corpo, da fome e da boca: a “mesa do Senhor”: “E se acaso não nos pagarem pelo trabalho, vamos recorrer à mesa do Senhor e pedir esmola de porta em porta”. Vejamos cada elemento. a) O trabalho é graça: Os freis devem trabalhar e podem trabalhar na profissão que já tinham antes do ingresso ou aprendam alguma. Podem ter os instrumentos de trabalho. Mas não se tornem chefes com poder sobre outros e nem esqueçam que a prioridade é a oração. A capacidade de trabalhar e o próprio trabalho são graça. Portanto, o trabalho não é degradante, não é castigo. Ao contrário, é bênção, e, portanto, faz parte da missão original do ser humano no cuidado da terra e das demais criaturas, não provém de algum pecado de origem. O trabalho como “graça” que torna a vida criativa e não ociosa e vazia, é um dos elementos que marcam a economia franciscana. b) Trabalhar “de graça” e receber “de graça”. Como “pagamento” se pode receber tudo o que se precisa para si e para os demais. Mas como não se pode receber de forma alguma nenhum tipo de moeda, de dinheiro, o pagamento tem mais a característica de troca, de escambo, embora da parte do frade o que ele tem para a troca é seu trabalho, já que não tem coisa alguma. O que há de notável

nisso é que Francisco rompe com uma lógica aristotélica do mérito e da justiça distributiva em que se fundamenta até hoje o direito a um salário justo (“a cada um o que é seu”, a cada um o que lhe é devido). Pode-se, segundo a Regra, receber o que é necessário, mas isso não é salário sob medida, o que o dinheiro permitiria melhor. Na hipótese de não ter necessidades, isso não significaria que não se deva exercer a graça de trabalhar, pois, como veremos em seguida, não se trabalha só para si. E se houver necessidades, mas não houver nenhuma forma de pagamento, o frade não reclame seu direito, seu mérito. Pois não trabalhou para ganhar um salário. Ao invés disso, recorra, como todos os pobres que não cobrem as suas necessidades, à “mesa do Senhor”. c) A mesa do Senhor pode evocar as tantas narrativas evangélicas em que Jesus é hóspede, mas se torna afinal o anfitrião que reparte o pão. Mas o contexto da Regra nos números que indicamos acima e estamos analisando nos indica a figura de um Senhor “feudal”: em seu feudo todos são servos, todos servem quando trabalham. No “feudo” do Senhor a graça de trabalhar é a graça de colaborar na preparação e na fartura da mesa comum. Mesmo quando não há necessidade, pois prepara-se a mesa para todos, ou seja, também para os “leprosos”, para os doentes e para os que não têm a graça de trabalhar, os que não conseguem mais ou ainda não conseguem trabalhar – idosos, órfãos, desafortunados. Todos, inclusive os frades que não recebem paga, como está no Testamento 22, são convidados do Senhor à mesa posta pela esmola. Como foi mencionado, é uma rica imagem do bem comum, de forma tão corporal e tão eucarística que podemos considerar uma das grandes invenções da “economia de Francisco”. d) Para a mesa do Senhor concor-


formação permanente// re também a esmola, e não só o trabalho. Para compreender este elemento aparentemente estranho e marcante da identidade franciscana (frades “mendicantes”) em termos de economia, é necessário afastar uma percepção estreita, a de que a esmola está ligada à incapacidade e à carência ou até ao fracasso e à humilhação de quem pede. Ao contrário, a esmola é, segundo a Regra, um “direito” deixado em herança pelo Senhor, que também viveu assim. Portanto, Francisco pede que não se tenha vergonha em pedir. Sobretudo por se pedir para a mesa do Senhor e para os que vão se servir dela, e não simplesmente para si.

este direito em herança, já que ele mesmo viveu assim, será também o justo juiz, e por isso nada de briga, vai-se adiante. Enfim, aplica-se aqui a observação de que cuidar do próprio pão é materialidade e preocupar-se muito com isso é materialismo, mas cuidar do pão para o outro, e preocupar-se com isso, é espiritualidade. A esmola ajuda a passar do materialismo para a espiritualidade, e, portanto, ter alguém que bate à porta é uma graça e uma oportunidade de entrar na lógica da graça. É a forma mendicante da evangelização. Ela precisa ser atualizada, recriada, contra a cultura hegemônica do capitalismo cruel e sem graça em relação ao trabalho e em relação a uma mesa comum.

A genialidade dessa “montagem econômica”, porém, vai ainda mais além: a mendicância é uma evangelização, na medida em que pedir provoca o dom, a generosidade e, sobretudo, o reconhecimento de que o Bem comum vem antes da apropriação particular. Quando se bate à porta para pedir, se está implicitamente anunciando a boa nova de que temos os bens da terra e do trabalho – que são graça e não mérito – tudo em comum. Em outras palavras, não apenas o que é meu também é teu, mas o que é teu também é meu, é nosso, é de todos... Pede-se que se reconheça e que se colabore para com a mesa do Senhor. Quem pede esmola faz assim um favor a quem a dá, ajuda a participar da obra comum da mesa, evangeliza. A mendicância é o modo ao mesmo tempo mais realista e mais refinado daquilo que a antropologia tem estudado na economia das sociedades tradicionais que se funda no círculo das três graças: “dar, receber, retribuir”. Inclusive entre os próprios freis, se pede que cada um mostre ao outro a sua necessidade, portanto a sua carência e fragilidade, “para que o outro possa servi-lo como uma mãe que nutre seu filho”. A necessidade une mais do que a abundância! Caso haja dureza ou humilhação na esmola, o próprio Senhor que deixou

5. Nada de dinheiro, exceto para os doentes: necessidade não conhece lei. É impressionante a repetição quase obsessiva de Francisco na proibição determinante de não se receber ou guardar ou até tocar dinheiro. Aqui entra decisivamente a sua experiência primeiro vaidosa e depois dolorosa de juventude e a relação com o pai, Bernardone. Ele chega a identificar o dinheiro com o “esterco” do diabo. Em termos de desenvolvimento psicológico se sabe hoje que o manuseio do dinheiro e dos bens em geral está, de fato, ligado à fase anal. Nessa fase a criança precisa aprender sem drama a se desapegar do seu cocô, o primeiro “bem” e primeiro “dom” que ela sente sair dela. Se esta fase não for bem resolvida, sobretudo se ela se sentir “roubada” ou humilhada, sua estruturação econômica terá “prisão de ventre”, que é quando ela retém, é avarenta vida afora. Ou “diarreia”, pródiga sem equilíbrio, será incapaz de guardar ou mesmo gerir bem suas economias. Mas porque seria “do diabo” esse esterco? É aqui que o dinheiro precisa ser compreendido em sua dimensão “metafísica”, como representação e mediação, que não é nada em si mesmo, mas por sua representação, tem poder enorme sobre tudo e todos, exercen-

do um fascínio tremendo: quem tem dinheiro no bolso ou entesourado, tem já eventualmente um carro ou uma casa ou um terreno ou qualquer bem valioso equivalente de forma antecipada, condensada e invisível. E quanto mais tem, embora ainda na forma invisível de representação, mais vai subindo solitário na escalada do poder e amontoando barreiras em relação aos outros – justamente o que diz a etimologia de dia-bolus, o que “se atravessa”. Assim é a metafísica do dinheiro: quanto mais se tem, tanto mais distantes e subvalorizadas ficam as pessoas. No caso da fraternidade franciscana, além do fascínio praticamente divino de seu poder invisível, o dinheiro rompe a fraternidade e leva a fracassar o sonho evangélico de ser “irmãos menores”. Não há meio termo: ou a fraternidade ou a bolsa. Francisco conhecia na pele a metafísica diabólica do dinheiro. A verdadeira riqueza é a de irmãos, a previdência e a segurança, em última análise, são os irmãos. No entanto, mais de uma vez, diante dos doentes, no socorro aos corpos necessitados dos enfermos, a Regra abre tranquilamente exceção: além de darem prioridade no cuidado do doente assim como uma mãe cuida do filho, os frades, sobretudo os guardiães, podem aceitar algum dinheiro, como podem recorrer a “amigos espirituais”. Novamente uma economia realista e refinada: o que é diabólico quando deixado a si mesmo, torna-se nesse caso um verdadeiro sacramento do amor extremado, mediação fraterna delicada e cuidadosa. A Regra lembra, justamente em relação ao dinheiro para o cuidado dos enfermos, um aforismo de ordem moral: “necessidade não conhece lei”.

6. Um modo de vida para todos os cristãos: a Carta aos Fiéis.

Sabemos que cristãos, pais de família, também desejaram participar do caminho evangélico de Francisco, mas evidentemente não podiam abraçar a mesma radicalidade itinerante COMUNICAÇÕES

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//formação permanente e mendicante. Mas desprendimento, moderação, e colocar as pessoas antes e acima dos bens valem para todos. Na Carta aos Fiéis 12, ao final de diversas exortações, Francisco narra o que seria a morte de um infeliz que, tendo entesourado imoderadamente, não leva seus bens consigo e vê seus parentes em torno disputarem com maldições os seus bens até lamentando por não ter mais. Novamente ecoa aqui o dilema: ou os bens ou as pessoas. É na carência e na necessidade que há possibilidade de união. Assim ocorre com a tradição dos primeiros que constituiriam a Ordem Terceira, hoje Ordem Franciscana Secular, onde há a tradicional proibição de portar armas. Portar armas numa sociedade perigosa podia ter sua lógica, mas o preço seria alto demais: as armas, assim como os bens, separam e dilaceram, começando por rasgar a confiança que é básica nos relacionamentos fraternos. A defesa são as pessoas, não as armas. Moderação de bens, que são necessários para servir as famílias, como entre os frades pode ser necessário algum dinheiro para os enfermos, e nada de armas, esse é de novo o realismo e o lugar da economia que cria fraternidade.

7. Uma história de lições e lições de uma história.

Francisco morreu nu sobre a terra nua. Em seguida, Frei Elias, que governava a Ordem franciscana, começou a construir em Assis uma monumental basílica como tumba para venerar seus pobres restos mortais, e cercou-a com um colossal convento. Cem anos depois, os pregadores ambulantes levavam um “bursário” leigo consigo para juntar as moedas na bolsa, já que eles estavam proibidos de tocar em dinheiro. Mas, por outro lado, houve reação e radicalização, até mesmo idealização romântica da pobreza franciscana. Houve muita batalha pela pobreza entre “espirituais” e “comunitários”, e muita discussão teórica sobre

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propriedade, uso, etc. Até os papas ficaram envolvidos – até que João XXII disse uma palavra dura: “é a caridade o vínculo da perfeição, conforme Paulo, e vocês com a arrogância da pobreza perfeita ofendem a caridade!” Entre os extremos, porém, a pesquisa histórica mostra que Francisco e os primeiros irmãos foram ao mesmo tempo realistas e vigilantes: não é propriamente a pobreza, mas algo mais profundo que interessa, e que é o modo como se profere o voto dos frades até hoje, viver “sine proprium”! Junípero é o frade apresentado pelas lendas franciscanas como aquele que viveu com tal simplicidade que não tinha sequer o sentido de propriedade, não sabia mais nem distinguir o que era de um ou de outro – quando tomou, por exemplo, o porco do vizinho para a sopa ao frade doente – aliás só a perna, já que não precisava do porco inteiro! É para rir, mas tem um sentido delicado de desapego e serviço dos bens ao bem comum. Evidentemente, a Regra foi historicamente recontextualizada, e algumas normas originais devem ser entendidas de tal forma que não seja difícil cumpri-las em novos contextos. Por exemplo, a norma de “não andar a cavalo” para não bancar, na época, um nobre e rico fidalgo ao invés de alguém do povo, pode significar hoje, quando se precisa viajar de avião, que o lugar do frade é na classe econômica e não na primeira classe. E assim por diante. Mas o lugar mais importante do profetismo da mendicância em nossos dias, sem dúvida, está na prioridade do bem comum, dos direitos humanos que garantem a dignidade de todos, especialmente dos mais ameaçados. O Ensino Social da Igreja enfatiza com absoluta clareza a prioridade da dignidade de todos, protegida e promovida por Direitos Humanos, que comportam direitos econômicos – pão, mesa, casa, trabalho, remédio. E a realidade, sobretudo brasileira, contradiz desavergonhadamente. Aqui, a propriedade particular passa poderosa por cima das

pessoas. Além, portanto, do desapego, a economia franciscana comporta uma luta incansável pela prioridade do Bem Comum, a “Mesa do Senhor”, onde a base de tudo é a graça da criação dada por Deus, e da criatividade: o trabalho, os bens e o dinheiro para as pessoas e não o contrário. Francisco foi um típico “antissistêmico”, ficou em sua biografia e em sua personalidade a impossibilidade de organizar, governar, liderar uma instituição complexa, e isso teve reflexos no seu movimento, na Ordem franciscana. Viveu com simplicidade e poesia a liberdade dos filhos de Deus, chamou-se apenas “irmão” e “pobrezinho” (Poverello). Pedir a ele que fosse alguém como um Inácio de Loyola e arregimentasse um exército de evangelizadores disciplinados – seria pedir o que não foi a graça dada a ele. Os jesuítas organizaram as reduções da província do Paraguai com projeto econômico, educacional, na fusão de seus conhecimentos com o modo indígena de viver. Já os franciscanos vieram apenas “conviver”. O museu das missões de Asunción mostra bem essas duas realidades. Mas a inspiração, o fundo espiritual ou mesmo simplesmente antropológico de postura de Francisco, inclusive em termos econômicos, fala alto, profeticamente, para esse momento de absurdos econômicos com nefastas consequências sociais. Louvado seja o Criador pela Mesa do Senhor e por aqueles que por ela trabalham! Frei Luiz Carlos Susin, frade franciscano-capuchinho, teólogo, professor na PUC-RS e na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (Estef) em Porto Alegre. [1] Para este artigo utilizarei, além das fontes franciscanas, sobretudo FLOOD, David, Frei Francisco e o movimento franciscano. Petrópolis: Vozes, 1986; LE GOFF, Jacques, Saint François d’Assise. Paris: Gallimard, 1999; DELUMEAU, Jean, História do medo no Ocidente. 13001800. São Paulo: Companhia das Letras, 1989; AGAMBEN Giorgio, Altíssima Pobreza. São Paulo: Boitempo, 2014. [2] Cf., por exemplo, CHARRON, Jena-Marc, De Narcisse a Jésus. La quête de l’identité chez François d’Assise. Montréal/Paris: Paulines, 1992.


formação e estudos//

Conselho de Formação e Estudos se reúne em São Paulo atual Conselho de Formação da Província é composto por Frei César Külkamp, Frei Gustavo Medella, Frei Fidêncio Vanboemmel, Frei João Francisco, Frei Rodrigo Santos, Frei Alisson Zanetti, Frei Diego Melo e Frei Walter de Carvalho Jr. Como era previsto, no dia 2 de março o grupo se reuniu na Sede Provincial, em São Paulo. Frei César apresentou um relato sobre o curso para os novos Ministros Provinciais, que aconteceu em Roma, de 20 a 30 de janeiro. Mostrou que uma das temáticas lá abordadas foi o papel do ministro e dos guardiães e a relação autoridade x obediência na vida dos frades. Também a questão da

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fé em Deus e da confiança e entrega da vida, sem reservas, à fraternidade foi tema do encontro. Frei César ainda deu notícias sobre os confrades que fazem estudos de especialização em Roma. Frei Fidêncio, por sua vez, apresentou as propostas de retiro para a Fraternidade Provincial neste ano, conforme já foi divulgado aos confrades. Entre outras coisas, foi comentada a Experiência Under Ten, em nível de CFMB, que, neste ano, se dará na Ilha de Marajó, de 18 a 8 de agosto. Os frades em torno dos 7 a 10 anos de profissão solene serão convidados a participar. Pelo SAV, Frei Diego divulgou o Pacto Global pela Educação, lança-

do pelo Papa Francisco, e que será celebrado no Vaticano no dia 14 de maio, para comemorar os 5 anos da publicação da Laudato Si’, entre outras coisas. Frei Diego apresentou possíveis iniciativas para que a Província possa participar efetivamente do Pacto, envolvendo jovens e suas famílias. As propostas serão divulgadas oportunamente. Na parte final da reunião, o Conselho ajudou a programar a visita do Ministro Geral à Província, que será em outubro, de 18 a 22. A próxima reunião do Conselho de Formação e Estudos será no dia 24 de abril, na Sede Provincial.

Frei Walter de Carvalho Júnior COMUNICAÇÕES

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Homenagem a Frei José Ariovaldo marca aula inaugural no ITF ma manhã repleta de atividades marcou oficialmente o início das atividades acadêmicas no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), no dia 20 de fevereiro. Começou com a Santa Missa na capela da Fraternidade São Francisco de Assis e terminou com um “Talk show” em homenagem ao professor emérito, Frei José Ariovaldo da Silva, fechando com chave de ouro o evento. A Celebração Eucarística, presidida pelo diretor do ITF, Frei Ivo Müller, foi concelebrada pelos frades e professores Frei Fábio César Gomes e Frei Antônio Everaldo. Contou também com a participação de docentes, discentes e colaboradores.

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Os seminaristas da Diocese de Volta Redonda e Nova Iguaçu (RJ), que atualmente estudam no Instituto, serviram o altar como acólitos e animaram os cantos da liturgia juntamente com os frades que residem na Fraternidade do Sagrado. Na homilia, Frei Ivo afirmou que todos são chamados à missão de desvelar o mestre. “Somos provocados pelos nossos mestres a buscarmos com profundidade os fundamentos que todo o patrimônio da Teologia possui, para sermos jardineiros, discípulos e missionários da Boa Nova, tendo sempre Cristo junto de nós”, disse. No Salão Acadêmico, Frei Marcos Andrade acolheu a todos e explicou que a temática de estudos seria em

torno do tema da liturgia, tendo em vista a homenagem ao professor e liturgista Frei José Ariovaldo, que deixa as salas de aula neste ano. “Podemos falar do Frei Ariovaldo enquanto frade franciscano, presbítero, poeta, contador de histórias, dedicado cronista, mas na seção acadêmica de hoje queremos homenageá-lo como professor de liturgia”, apresentou Frei Marcos. Frei José buscou fazer do ensino da liturgia uma missão. Professor no ITF desde 1981, quando retornou de Roma; foi também professor no Instituto Teológico de Juiz de Fora, na Pós-graduação da Faculdade de Teologia N. Sra. da Assunção, em SP, mais tarde membro do Centro de Liturgia “Dom Clemente Isnard”, ligado ao Instituto


formação e estudos// Pio XI (UNISAL – São Paulo), deu aulas também na Pontifícia Universidade Antonianum de Roma. Foi membro fundador da Associação dos Liturgistas do Brasil (ASLI), da qual foi o primeiro presidente. Buscou no ensino, a partir da sua formação no Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo, um vigor acadêmico fundamentado nas Sagradas Escrituras, na patrística, na história da Igreja, buscando demonstrar a teologia, a espiritualidade e a missão própria de cada sacramento nas fontes litúrgicas, isto é, nos rituais. “As apostilas dos cursos poderiam se transformar em livros, pois tudo era bem pesquisado, citado, fundamentado, dentro do rigor próprio da ciência. Orientou diversos trabalhos científicos e participou de inúmeras bancas de defesa de teses da graduação ao doutorado”, revelou Frei Marcos.

Enquanto conferencista, viajou o Brasil de Norte a Sul, do Leste ao Oeste, para levar o aprofundamento litúrgico e a renovação da prática celebrativa das comunidades. Prestou inúmeras assessorias em dioceses, paróquias, congregações e ordens religiosas. Contribuiu em diversos cursos, seminários, congressos, semanas de liturgia. Foi membro da Comissão Episcopal para a liturgia da CNBB, fazendo parte por muitos anos da equipe de reflexão da linha 4 (dimensão litúrgica da CNBB) e membro da Comissão para Acabamento da Basílica Nacional de Aparecida, “só para citar algumas dessas participações”, lembrou o moderador da seção. “Esteve inclusive por um período na nossa missão em Angola, contribuindo na formação litúrgica do povo, dos frades, das Clarissas”.

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//formação e estudos

MINHA GRANDE SALA DE AULA É O POVO DE DEUS

Num bate-papo com os participantes, Frei José disse que se sentia emocionado por estar ali. “De repente, olhamos para trás e vemos quantas coisas fizemos. Ultimamente, venho curtindo um sentimento profundo de gratidão. Enfrentei muitas dificuldades, muitos problemas, mas tive muitas alegrias. Tudo foi superado e estou aqui! É pura graça de Deus! Ele, de fato, cuidou de mim”, disse o liturgista. Segundo Frei José, esse amor pela liturgia surgiu durante o tempo de estudante, quando na Baixada Fluminense, animava as celebrações. “Foi ali que praticamente nasceu este desejo. Fui cultivando e, com o passar dos anos, no final do meu tempo de Teologia, os professores fizeram uma reunião e, por meio de Frei Hermenegildo Pereira, me indicaram para estudar. Levei um susto no início, mas encarei e hoje me assusto comigo

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mesmo pela coragem que tive. Assim que começaram as aulas, fui me encantando cada vez mais e mais. Por isso, a partir dessa experiência vital, a liturgia, que é o memorial da presença de Deus no meio de nós, passou a ser para mim uma verdadeira “cachaça”: sempre quis buscar mais e mais”, contou. Autor do livro “O Movimento Litúrgico no Brasil – Estudo Histórico”, publicado há 37 anos, Frei José Ariovaldo recorda que uma das coisas que lhe chamaram atenção foi o estranhamento que a reforma litúrgica trouxe dentro da comunidade eclesial. “Houve muitos conflitos, pois era uma coisa nova. Em junho de 1933, foi celebrada a primeira missa do “padre virado” para o povo numa fazenda do interior do estado do Rio. O movimento litúrgico surgiu por conta de grandes descobertas que foram surgindo no século XIV dentro de escritos da Patrística. Iluminados por essas descobertas

surgiu o movimento para renovar a liturgia, tendo em vista a experiência de nossos primeiros irmãos. Tenho a impressão que a própria sociedade está se encarregando de desconstruir certos padrões, e ao mesmo tempo ajuda a construir coisas novas”, avalia. Para ele, entre os desafios para o estudo de liturgia hoje, está um ego coletivo tentando combater o novo, o diferente. “O grande desafio é não deixar que os conservadores tomem cada vez mais espaço. A gente sabe que existem. O próprio Papa Francisco está sofrendo com ameaças. Eles são muito poderosos, inclusive economicamente, e hoje em dia parecem que estão em voga. Isso, confesso, me assusta. E aí, o que se fazer? Acho que de nossa parte, primeiro precisamos perceber que isso existe. Percebendo, vamos construindo dentro de nós algo novo, isto é um aprofundamento espiritual e teológico. É preciso começar por nós!”, ensina. No final, Frei Fábio agradeceu


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pela influência positiva que o frade exerceu sobre a sua vida e ministério sacerdotal. Depois o moderador da seção, Frei Marcos, leu duas cartas em homenagem ao religioso. Encerrando as homenagens, Frei Ivo, entregou um presente ao liturgista e pediu que ele continue expressando todo seu conhecimento com sua presença e participação junto de todos os estudantes pelos corredores e espaços do Instituto Teológico Franciscano. Por sua vez, Frei José Ariovaldo agradeceu imensamente pelas homenagens e leu uma poesia de própria autoria.

AULA INAUGURAL – UMA REFLEXÃO TEOLÓGICA-PASTORAL

A palestra da aula inaugural foi conduzida pelo Padre Patrick Brandão, da Diocese de Duque de Caxias e São João de Meriti (RJ), que é reitor do Seminário Propedêutico, assessor da Escola Diaconal, assessor das Escolas

de Formação para os Leigos e Leigas e membro da Comissão de Liturgia diocesana. Foi aluno do Instituto entre os anos de 2012 a 2015. Mestre em teologia litúrgica pelo Instituto de Liturgia Pastoral Santa Justina, Pádua é doutorando pelo mesmo Instituto. Pe. Patrick falou sobre “A Ministerialidade Laical nas assembleias litúrgicas da Igreja Latino-Americana: Uma reflexão teológica-pastoral”. Iniciou agradecendo o convite e dedicou a aula inaugural aos alunos e, de forma particular, aos professores de liturgia que teve durante o período da sua graduação: Frei Marcos Andrade, Frei José Ariovaldo e de saudosa memória Frei Alberto Beckhäuser. O palestrante apresentou, de forma resumida, aspectos de sua tese de mestrado em três partes: Primeiro ofereceu um panorama geral da ministerialidade laical não ordenada na América Latina. Por segundo, discorreu sobre a prática celebrativa. E, por

fim, falou sobre a convergência simbólica dos ministérios na assembleia que celebra. Segundo ele, para analisar os ministérios laicais ou ministérios não ordenados na ação celebrativa, parte-se da assembleia celebrante. Para ele, a correlação entre religiosidade popular e liturgia consiste no protagonismo de todos com uma ministerialidade diversificada, sobretudo em serviços laicais. “É preciso um tempo determinado para as festas, procissões e danças; também da direção de leigos nas comunidades”, salientou. “Um seminarista que estuda Teologia, e que é um excelente aluno, mas que não consegue ter a relação do olhar para as pessoas, não conseguirá celebrar o Mistério Pascal. Não é o conteúdo mais importante e sim a forma em que se celebra”, revelou o sacerdote que voltou de Roma recentemente. Ofereceu ainda alguns critérios para a criatividade celebrativa: “Respeitar as estruturas celebrativas que os livros rituais contém; celebrar bem todas as ações como primeira atividade criativa; ter atenção em relação às diversas linguagens; valorizar as diversas possibilidades e oportunidades ofertas nos livros litúrgicos; reconhecer o valor da linguagem não verbal e uma equilibrada linguagem verbal; saber distinguir ao que pertence ao âmbito litúrgico e aquilo que pertence à linguagem catequética”. Segundo ele, todas as linguagens devem ser respeitadas nas celebrações. “A ministerialidade é circular e a Igreja é ministerial, sendo que sem um ministério falta uma parte. A forma litúrgica dá forma à Igreja. A liturgia se interessa pela sinodalidade, por isso todos, homens e mulheres, consagrados e consagrados, ordenados e leigos, estão envolvidos na celebração e na comunhão eclesial”, finalizou, muito aplaudido pelos participantes. A manhã encerrou-se com uma confraternização no refeitório do Instituto.

Frei Augusto Luiz Gabriel COMUNICAÇÕES

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Fraternidade São Boaventura acolhe confrades angolanos Fraternidade Franciscana São Boaventura, em Rondinha, no município de Campo Largo (PR) acolheu no domingo (8/3), cinco frades da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA), que se juntaram a três confrades brasileiros para cursar o 1° ano de Filosofia na FAE-Centro Universitário de Curitiba. São eles: Frei Venâncio C. Candundo, Frei Jerónimo Cheia Mário, Frei Herculano José Nuñgulo, Frei Inacio Felipe Puto e Frei Daniel Carlos Teresa. Após a maratona de viagens, iniciada em Luanda, passando por São Paulo e Curitiba, eles chegaram à tarde em Campo Largo e foram acolhidos pelo guardião da Fraternidade, Frei Marcos Vinícius Brugger, pelo vice-mestre Frei José Raimundo de Souza.

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Como um grupo de nove frades, mais o mestre Frei Samuel Ferreira de Lima, estiveram participando da Caminhada Penitencial Frei Bruno, em Joaçaba (SC), na Oração das Vésperas, às 19h00, a Fraternidade já pôde celebrar completa,

assim como durante o recreio de acolhida, com os confrades da vizinha Fraternidade Bom Jesus da Aldeia. Desde o dia 5 de novembro de 1981, quando foi feita a bênção das obras do Convento de São Boaventu-


formação e estudos// ra, esta é a primeira vez que a instituição de Rondinha acolhe os frades angolanos para a etapa de estudos no Brasil. Atualmente, um grupo de frades angolanos faz o curso de Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Durante anos, os frades fizeram o Noviciado em Rodeio, mas atualmente, com o crescimento

das vocações em Angola, o Noviciado é feito em Quibala. Credenciada pela Portaria Ministerial em março de 2002, no mês seguinte a Faculdade de Filosofia deu início a suas atividades com a realização do primeiro processo seletivo e abertura do primeiro ano letivo. O curso de Filosofia, que fundamenta-se,

primeiramente, em uma necessidade intrínseca à própria natureza da instituição enquanto voltada à educação superior, têm por missão produzir e difundir o conhecimento, libertar o ser humano pelo diálogo entre a ciência e a fé e promover fraternidade e solidariedade, mediante a prática do bem e a consequente construção da paz.

DEPOIS DA ROMARIA, VISITA A TREZE TÍLIAS Depois da Caminhada Penitencial, os frades, juntamente com Dom Mário Márquez, OFMCap, bispo diocesano de Joaçaba; o Ministro Provincial, Frei César Külkamp; o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella; e alguns leigos de Xaxim, visitaram a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Treze Tílias (SC), uma pequena cidade do meio Oeste Catarinense, conhecida por sua forte influência austríaca da região do Tirol. Guiados por Frei Alex Cianorski, foi possível visitar a Paróquia e a praça central da cidade, bem como a possibilidade de apreciar a maioria de suas construções no estilo tirolês, com detalhes nas sacadas, floreiras e entalhes em madeira. Frei Alex destacou também que, por muitos anos, o Oeste Catarinense foi evangelizado pelos frades da

Província da Imaculada. Desta cidade, nasceram muitas obras sacras talhadas na madeira e hoje embelezam os conventos, como as casas do Noviciado São José (Rodeio/SC) e o Convento São

Boaventura. Este encontro teve seu término com a bênção de Dom Mário, seguido por um almoço fraterno.

Frei Franklin Matheus

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//formação e estudos

Ordenação presbiteral de Frei José Morais Cambolo

O sexto sacerdote da Missão de Angola rei José Morais Cambolo será ordenado presbítero no dia 18 de abril de 2020, no Kimbo São Francisco de Assis, em Luanda (Angola), pelas mãos de Dom Filomeno do Nascimento Vieira Dias, arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Luanda. Sua primeira Missa será celebrada na Paróquia São José Operário, na Comunidade Sagrada Família, em Cazenga, Luanda. Frei José nasceu em Luanda, Angola, em 26 de janeiro de 1989. É filho de José Mateus Cambolo e Josefa Antônio Morais, e tem seis irmãos: três meninos e três meninas. Ele é o quinto. Com a conclusão do curso de Teologia, Frei José foi orde-

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nado diácono no dia 30 de junho de 2019, em Petrópolis (RJ). Frei José escolheu como lema de sua ordenação presbiteral um versículo tirado do Evangelho de São João: “Apascenta as minhas ovelhas” (João 21,15). Trinta anos depois, Frei José torna-se, assim, o sexto frade a ser ordenado presbítero na Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola.

Comunicações – Fale um pouco sobre a sua caminhada vocacional. Frei José Morais Cambolo – O início da caminhada vocacional foi normal, sem fatos extraordinários. “Mas

há algo que considero fundamental: a nossa casa era vizinha do Seminário dos Missionários Josefinos. Esses religiosos marcaram muito minha vida. Foram eles que me incentivaram a participar da vida da Igreja, da catequese, do grupo de coroinhas e, posteriormente, do grupo vocacional paroquial da Paróquia São José Operário, que era administrada pelos mesmos. Frequentava ordinariamente essa comunidade religiosa, que até então me questionava. E questionado sobre o porquê de ingressar na Ordem dos Frades Menores e não nos Missionários Josefinos. Por intermédio das Irmãs Catequistas Franciscanas, conheci um pouco da vida de São Francisco de Assis. Fiquei


formação e estudos// encantado pela determinação do santo ainda na sua juventude. Fui acolhido por Frei José Antônio dos Santos e Frei Alexandre Magno Cordeiro, comecei a frequentar os encontros vocacionais e, assim, dei os primeiros passos na vida franciscana. Sem medo de errar, afirmo que foi Deus quem me conduziu à família franciscana.

Comunicações – Você é uma das primeiras vocações da Missão de Angola. Como vê o futuro da Fundação?

Frei José – A FIMDA está passando por momentos importantes, digo até momentos de graça, um sonho desde o início da missão, que é a implantação da Ordem dos Frades Menores em Angola. O futuro da FIMDA está aí: dos frades ao povo em geral que têm assumido o nosso carisma. Graças à entrega e dedicação da Fraternidade Provincial é que o futuro está, aos poucos, se concretizando. Por isso, considero como momento de graça, não somente pelo número de candidatos, mas pelos frutos que confirmam que o carisma franciscano, apesar das limitações humanas, está ‘“entrando capilarmente” no solo angolano. Nas Frentes de Evangelização – Paróquias e Centros de Acolhimento, educação, formação, comunicação, solidariedade e missão -, nota-se o vigor da vivência do Evangelho como quis nosso Pai São Francisco.

Comunicações – Vale a pena ser religioso franciscano? Deixe uma mensagem para os jovens que querem conhecer o carisma franciscano.

Frei José – Penso que ser franciscano não foi somente minha escolha. Poderia talvez ser missionário josefino, mas foi Deus quem me conduziu à Ordem dos Frades Menores e, com toda a liberdade, experimentei, amei, e assumo conscientemente o carisma franciscano. Considero ser franciscano a página mais bela de minha vida!

Como o Cristo, o franciscano é aquele que vive autenticamente a sua vida de fé. Como discípulo de Cristo, serve os irmãos e irmãs, lava os pés dos outros, se faz irmão e menor de todos! Aos jovens que pretendem conhecer o carisma franciscano, digo não tenham medo, venham e façam a experiência

do seguimento de Cristo conosco. A partir do “vinde e vede”, da vida em fraternidade, nas pequenas coisas, muitas vezes insignificantes aos olhos dos demais, como o santo de Assis, posso afirmar: “É isso que eu quero, é isso que eu procuro, é isso que eu desejo de todo o coração!” COMUNICAÇÕES

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Festa da Penha:

450 anos de graças

Convento divulga programação da 450ª edição da Festa á 450 anos, o Estado do Espírito Santo celebra a sua Padroeira Nossa Senhora da Penha. Neste ano, a terceira maior festa mariana nacional tem início no domingo de Páscoa, 12 de abril, e termina solenemente no dia 20 de abril em Vila Velha (ES). Serão nove dias dedicados à devoção mariana, sendo que os três últimos serão os

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mais intensos com as grandes romarias, principalmente a Romaria dos Homens e a das Mulheres, e a Missa do encerramento. Durante esse período festivo, um público de mais de 1 milhão e meio de pessoas participa das celebrações ou visita o Convento da Penha para fazer as suas orações. Neste ano, a festa terá como tema “Todas as gerações me chamarão

bem-aventurada” (Lc 1,48). O canto profético de Maria no “Magnificat” prefigura o imenso carinho e devoção pela Virgem que marcou e marca todos aqueles que a celebraram nestes 450 anos de tradição. A festa da Penha é fruto de uma semente lançada por Frei Pedro Palácios em 1558, quando chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses e desembarcou nas ter-


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ras capixabas. O frade espanhol trouxe na sua bagagem um painel de Nossa Senhora das 7 Alegrias, que foi colocado numa gruta e deu origem à devoção franciscana que vem até hoje. Ao longo do tempo, essa devoção cresceu e foi necessária a construção do Santuário para a Mãe de Deus no ponto mais alto do penhasco. Desde então, romeiros visitam o Convento durante todo o ano e, principalmente, na festa. Neste ano, haverá ampliação na programação de missas e atrações culturais no período noturno, como forma de oferecer opção ao público que trabalha, mas deseja manifestar sua devoção a Maria e também aproveitar o momento de lazer com a família e os amigos. “Com isso, haverá atividades durante todo o dia: pela manhã, à tarde e à noite durante todos os dias do evento”, informa o guardião do Convento, Frei Paulo Pereira. O frade explicou

também que a Festa da Penha é tempo de resgatar com ênfase a alegria, a amizade, o amor pelas pessoas. “Mesmo vivendo tempos difíceis, a Festa quer resgatar em nós as alegrias, o gosto de viver e conviver, o dom e a empatia pelo outro”. Para ele, o objetivo é que as próximas festas possam ganhar ainda mais abrangência, para que não só Vila Velha e Vitória, mas outras cidades tenham eventos. O Campinho, a Capela do Convento e o Parque da Prainha são os locais que recebem a maioria das atrações, mas não só nesses lugares terá festividade. Estão previstas atividades também na Catedral Metropolitana de

Vitória, entre elas a Bênção para Casais com Padre Adriano Zandoná. A Prefeitura de Vila Velha preparou atrações culturais com o objetivo de agradar aos mais variados gostos. As atrações serão sempre no palco principal montado na Prainha. Terá apresentação da cantor e compositor Zé Geraldo, a dupla Jean e Juliano, a banda Big Beatles, entre outros, incluindo atrações locais e orquestras. Um palco maior, possibilitando mais visão ao público, será uma das novidades da Festa da Penha 2020. Além disso, as estruturas das feiras de artesanato e de gastronomia também vão ganhar um ambiente mais amplo para levar mais conforto e comodidade aos visitantes. Para o secretário interino de Cultura, Peterson de Castro Cardoso, a programação cultural é um ponto que deverá surpreender os fiéis. “Teremos nomes de atrações nacionais para o evento e pretendemos projetar a COMUNICAÇÕES

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//fraternidades praça de alimentação mais atraente, com apresentação de músicos locais”, contou. A organização da festa idealizou um evento com mais conforto e segurança. Uma proposta de mudança de localização do palco no Parque da Prainha, onde ocorrem os shows e o fim da Romaria dos Homens, Romaria das Mulheres e Missa de Encerramento, vai garantir mais espaço e comodidade aos fiéis com a ampliação da capacidade de público. O projeto foi adotado pelo município e passará a ser realizado nesta edição da festa. Uma parceria com o Grupo Águia Branca, através da nova empresa SQUAD, especializada em transporte para grandes eventos, promete facilitar a ida de fiéis nos dias da Festa da Penha. É que a empresa, por meio da plataforma digital, lançou o serviço em que o usuário poderá fechar um ônibus inteiro em um único CPF, ou realizar a compra individual de sua passagem no ônibus que fará o roteiro, conforme ocupação mínima, vindo dos municípios com destino ao evento. A operação poderá ser feita via aplicativo ou no site que será lançado pelo grupo nos próximos dias. A expectativa é que sejam ofertados preços competitivos, com conforto e segurança para os passageiros. Os roteiros serão reforçados principalmente

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nos dias da Romaria dos Homens e nas atividades realizadas pelas Dioceses durante a Festa da Penha.

Selo comemorativo e sessão solene pelos 450 anos da Festa

Para marcar os 450 anos da Festa da Penha, será criado um Selo Postal Comemorativo junto aos Correios. O modelo será lançado no dia 3 de abril. A expectativa é que a novidade atraia pessoas de centros e clubes de filatelistas e também o público em geral, já que a Secretaria do Convento venderá cartões postais já selados a qualquer visitante do local. Além disso, pessoas que fazem parte da história da Festa da Penha também serão homenageadas pela Assembleia Legislativa, através

de Sessão Solene oferecida pela Mesa Diretora. O evento está marcado para o dia 7 de abril e trará uma lista de homenageados que irão receber a Comenda Convento da Penha. A festa é a terceira maior manifestação religiosa mariana do Brasil, atrás somente da festa de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, e a festa do Círio de Nazaré, em Belém do Pará. Como santuário mariano mais procurado durante todo o ano por romeiros, é o segundo do Brasil depois de Aparecida. A Romaria dos Homens é, sem dúvida, a grande manifestação de fé da festa. Mais de 600 mil pessoas caminham de Vitória até o Santuário na noite do sábado, que neste ano cairá no dia 18 de abril. Os fiéis caminham durante 14 quilômetros com velas acesas e em oração. Mesmo com toda a multidão no longo percurso, a devoção não é quebrada. Saindo da Catedral Metropolitana, às 19 horas, a romaria termina às 23 horas na Prainha, quando às 23h30 tem início a celebração eucarística.


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PROGRAMAÇÃO 12 de abril

(Domingo de Páscoa) Missas na Capela do Convento: 5h, 7h, 9h e 11h 10h – Bênção dos Cavaleiros no Parque da Prainha 15h – Abertura do Oitavário no Campinho do Convento 16h – Missa (Área Pastoral Vila Velha) 20h30 – Orquestra de Sopro do Instituto Neobaces – próx. a Igreja do Rosário, Prainha

13 de abril

(Segunda-feira) Missas na Capela do Convento: 6h, 7h e 9h30 15h – Oitavário 16h – Missa no Campinho 19h – Missa no Campinho (Área Pastoral Serrana) 20h30 – Orquestra e Cameria IFES na Praça Otávio Araújo, atrás da Igreja do Rosário, Prainha

14 de abril

(Terça-feira) Missas na Capela do Convento: 6h, 7h e 9h30 15h – Oitavário 16h – Missa no Campinho 19h – Missa no Campinho (Área Pastoral Cariacica/Viana) 20h – Noite Mariana – Catedral de Vitória 20h30 – Camerata SESI na Praça Otávio Araújo, atrás da Igreja do Rosário, Prainha

15 de abril

(Quarta-feira) Missas na Capela do Convento: 6h, 7h e 9h30 15h – Oitavário 16h – Missa no Campinho 19h – Missa no Campinho (Área Pastoral Benevente) 20h – Bênção para casais com Padre Adriano Zandoná – Catedral de Vitória 20h30 – Orquestra Projeto Vale Música na Praça Otávio Araújo, atrás da Igreja do Rosário, Prainha

16 de abril

(Quinta-feira) Missas na Capela do Convento: 6h, 7h e 9h30 15h – Oitavário 16h – Missa no Campinho 19h – Missa no Campinho (Área Pastoral Serra/Fundão) 20h – Apresentação da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo no Santuário de Vila Velha 20h30 – Fábio Trindade na Praça Otávio Araújo, atrás da Igreja do Rosário, Prainha

17 de abril (Sexta-feira)

Missas na Capela do Convento: 6h, 7h e 9h30 14h – Romaria dos Militares, com saída do Portão do Convento 15h – Oitavário 16h – Missa no Campinho 19h – Missa no Campinho (Área Pastoral Vitória) 20h – Show com Jean e Juliano no Parque da Prainha 21h30 – Show nacional com Zé Geraldo no Parque da Prainha

18 de abril (Sábado)

Missa na Capela do Convento: 6h 8h – Missa da Diocese de São Mateus no Campinho 8h – Remaria – Saída da Praia da Costa 8h – Romaria das Pessoas com Deficiência. Praça Duque de Caxias, Vila Velha 10h – Translado da Imagem de Nossa Senhora da Penha pela Baía de Vitória 10h – Missa da Romaria dos Adolescentes e Jovens no Campinho

15h – Oitavário 16h – Missa da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim no Campinho 16h30 – Banda Raízes no Palco Cultural na Praça de Alimentação-Prainha 18h – Banda Bentevi no Palco Cultural da Praça de Alimentação – Prainha 18h – Missa e envio da Romaria dos Homens, na Catedral Metropolitana de Vitória 19h – Início da caminhada rumo ao Parque da Prainha 23h – Missa de Encerramento da Romaria dos Homens no Parque da Prainha

19 de abril (Domingo)

Missas na Capela do Convento às 5h, 7h e 11h 9h – Missa no Campinho – CRB e Seminários 10h – Bênção dos Motociclistas no Parque da Prainha 16h – Romaria das Mulheres – Santuário de Vila Velha 17h – Encerramento do Oitavário e Missa da Romaria das Mulheres na Prainha 19h – Show nacional com Cantores de Deus no Parque da Prainha 20h30 – Banda Carol e Priscila Acústico no Parque da Prainha 22h – Vigília Eucarística Jovem no Campinho do Convento das 22h

20 de abril

(Segunda-feira)

DIA DA PADROEIRA DO ESPÍRITO SANTO Missas na Capela do Convento às 00h, 02h, 06h, 07h30 e 12h 8h – Romaria dos Ciclistas – Cobilândia, Vila Velha. 9h – Romaria dos Conguistas no Campinho do Convento 10h – Missa das Pastorais Sociais no Campinho 16h – Missa de Encerramento da Festa da Penha 2020 no Parque da Prainha 19h – Show com Ana Cíntia, no Parque da Prainha 20h30 – Show de Encerramento com a Banda BigCOMUNICAÇÕES Beatles A B R I L D E 2 0 2 0 215 no Parque da Prainha.


//fraternidades

Imbariê

Dia Internacional da Mulher na Paróquia Santa Clara ela primeira vez na Paróquia Santa Clara de Assis de Imbariê, em Duque de Caxias (RJ), aconteceu um encontro no Centro Paroquial que leva o nome da Padroeira, para comemorar o Dia Internacional da Mulher, realizado pelo COPAS (Conselho Paroquial de Assistência Social). Por ser um domingo (08/03), com início do encontro às 15h, muitas pessoas puderam participar. As mulheres, é claro, foram a grande maioria da presença no encontro que reuniu mais de 100 pessoas. Isso torna-se uma coincidência diante das nossas comunidades eclesiais, onde a maioria das pessoas que participam são do sexo feminino. O encontro começou com uma oração dinamizada pela jovem Bruna Maria, da Pastoral da Juventude da Paróquia. Ela lembrou da figura de Maria, a mãe de Jesus e outras figuras femininas das Sagradas Escrituras, que viveram sua dedicação a Deus e ao povo. A jovem estudante ainda lembrou das destemidas seguidoras de

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Jesus que iam até o seu túmulo após a crucificação e sepultamento, e que por isso, foram as primeiras testemunhas do Ressuscitado. Além disso, houve um momento muito marcante para todas as mulheres. Uma imagem de Nossa Senhora Aparecida passou pelas mãos de todos os participantes e cada mulher pôde se apresentar e fazer uma prece. Muitas pediram saúde para suas famílias, outras clamaram dignidade às mulheres, outras lembraram das mulheres encarceradas, e por fim houve quem pediu até mesmo pelos homens, para que as vejam com maior dignidade e humanidade, levando em consideração os altos índices de feminicídio. Em seguida, Frei Jorge Maoski convidou para que tomasse a palavra Raquel Narciso, que está ligada ao CDVida da Diocese de Duque de Caxias. Para falar sobre o tema relacionado ao motivo desta data tão importante, ela recordou o evento histórico que inspirou a comemoração deste dia e fez

uma dinâmica com os presentes para “medir” as situações de dificuldades e privação de direitos que as mulheres sentiram e ainda sentem. Somando-se a isso, trazendo dados sobre a violência com relação à mulher, Raquel lembrou que muitos foram os avanços conquistados, mas que há muito para superar até que se possa chegar à uma equidade de direitos e valorização da figura feminina frente a figura masculina. Basta recordar, como exemplo, que alguns salários são menores para as mulheres numa mesma função que homens. Para finalizar a parte formativa do encontro, Maria da Glória Rangel, da Paróquia São Francisco de Assis de Campos Elíseos, partilhou uma situação de violência que sofreu num relacionamento amoroso anterior ao que vive atualmente, mostrando às mulheres presentes que a violência doméstica é grave e precisa ser denunciada para que não haja continuidade de situações de perigo aos direitos e à vida da mulher. Durante o encontro foram sorteados “vales-beleza” para maquiagens gratuitas com algumas consultoras de beleza presentes. Além disso, outros brindes completaram os prêmios para as mulheres. O encontro teve seu fim por volta das 17h com uma agradável confraternização com doces, biscoitos, sucos naturais, chás e um delicioso bolo.

Frei Gabriel Dellandrea 216 COMUNICAÇÕES ABRIL DE 2020


fraternidades//

Artigo

“Nossa crise não é numérica” esde janeiro/2020, a capa de Comunicações tem novo visual. À esquerda, em letras minúsculas e em vermelho, está a palavra `revista´. Ao centro, COMUNICAÇÔES, em maiúsculo, destacam-se as letras finais - AÇÕES, em vermelho. É jeito de pedir um envolvimento maior dos leitores. Parabéns à equipe! Nos dias 20 a 30 de janeiro do ano em curso, aconteceu o Encontro dos Novos Provinciais e Custódios com o Ministro Geral e seu Definitório. Nas Comunicações de fevereiro, Frei César Kullcamp escreve: “Nossa crise não é numérica, mas de acomodação e perda de profetismo. É uma provocação forte que escuto, sem surpresa de ser novidade. Sabemos que a Ordem precisa revigorar este espírito missionário e itinerante, com ousadia e profetismo” (p.80). Embora a Província, após análise e os devidos contatos com o referido Bispo, esteja entregando paróquias e, notando que os vocacionados ficam bem aquém do número que necessitamos – o posicionamento do Encontro de Roma é oportuno e nos faz refletir. Parafraseando um pequeno texto do Sermão da Montanha, podemos dizer que a acomodação e a perda de profetismo são “traça e ferrugem que corroem” (Mt 6.19). Jesus diz “não tenhais medo, pequeno rebanho, porque foi do agrado do Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32). Ser cristão consciente e ativo é pertencer ao pequeno rebanho. Isto não significa ser inoperante, pois o “Reino dos Céus é como o fermento que a mulher pega e mistura com a farinha, até que tudo fique levedado” (Mt 13,33). O fermento é sempre pouco. Após a mistura, há o `descan-

D

so´, um processo em que o fermento leveda e qualifica a massa. É a semente que, “colocada na terra, cresce por si só, sem que o agricultor saiba como isto acontece” (Mc 4,26-28). É o tempo de Deus e de mais ninguém, mas, do cristão, se exige que seja fermento. Por outro lado, há o “fermento dos fariseus e de Herodes” (Mc 8,14). Estes,

com suas tradições e postura de vida, contaminam o Reino. O mesmo pode acontecer com a “acomodação e a perda de profetismo”. Para fugir da acomodação, há várias maneiras. Francisco de Assis, entre outras, propõe o trabalho manual e fez, dele, uma verdadeira espiritualidade. Quer que todos os “frades trabalhem” e, quem não o sabe, que “o aprenda”, porque trabalhar é uma “graça de Deus”. Deve ser um trabalho honesto e que não “cause escândalo”. Sua finalidade é o autossustento – exceto dinheiro – e, por ele, “dar o exemplo” (cf. Rnb 7, Rb 5 e Test 20-22). Por fim, Francisco diz que o trabalho é “para afugentar ócio, inimigo da alma” (Rb 5,2). Normalmente, quem se acomo-

da, executa o estritamente necessário. Torna-se um “funcionário do sagrado” e se exime em assumir uma “Igreja em saída”, como diz o Papa Francisco. A ousadia do profetismo, podemos vê-la na pessoa de Pedro. É verdade que negou Jesus, dizendo que nem O conhecia (cf. Mt 26,69-75). Depois de Pentecostes, porém, “cheio do Espírito Santo”, não se intimidou diante do Sinédrio e acusou seus membros de tramarem e compactuarem com a morte de Jesus. Mandaram açoitá-lo e o proibiram de falar sobre “Cristo e sua Ressurreição”. Ele desobedeceu, pois “é mais importante obedecer a Deus do que aos homens” (cf. At 4,1-22). Em Chipre, teve a ousadia de fazer o primeiro batismo de uma família pagã, a de Cornélio, sem a circuncisão. Quando retornou a Jerusalém, a comunidade inteira o pressionou, pedindo-lhe explicações. Ele se defendeu dizendo “quem sou eu para negar o batismo àqueles que o Espírito Santo desceu sobre eles, como a nós no dia de Pentecostes”?! A comunidade, então, concluiu que, também, aos “pagãos é dado o Espírito Santo” (cf. At 10,1 – 11,18). É o Pentecostes dos pagãos! Paulo, por sua vez, em Antioquia, e publicamente, chamou Pedro de hipócrita porque ele “merecia. (...) se você é judeu e vive como os gentios, como pode obrigá-los a viverem como judeus, exigindo-lhes a circuncisão” (Gl 2, 11-14)?! A correção fraterna, quando feita por causa do Evangelho, é fermento que atua na massa e faz com que os próprios pagãos testemunhem: “Vede como eles se amam”!

Frei Luiz Iakovacz


//fraternidades

As delícias da Padaria Franciscana do Sagrado arra a história franciscana que nos Conventos, mundo afora, sempre existiram frades que exerciam a função de cozinheiro. O famoso São Benedito foi cozinheiro e não é raro encontrar uma imagem do santo nas cozinhas franciscanas. No Convento do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ), os freis continuam dando vida ao legado franciscano e revelam um ingrediente secreto para um delicioso prato: o bom humor. Segundo os atuais padeiros da Fraternidade do Sagrado, Frei Leandro Ferreira Costa e Frei Jhones Lucas Martins, os condimentos de uma cozinha franciscana se caracterizam pela simplicidade e se misturam com os sabores rurais.

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PREÇOS E SABORES: Os sabores das cucas são de “Damasco”, “ Morango”, “ Goiabada”, “Banana” e “ Amendoim”, por um preço de R$ 15,00 no formato tradicional e de R$ 18,00 nas formas redondas. Adquira a sua e prove do nosso 218 COMUNICAÇÕES A BRIL DE 2020 sabor franciscano!

Os frades, além de darem um toque franciscano em meio às panelas do Convento, atuam na Padaria da casa e, desde 1º de março, os freis estão comercializando diversos tipos de cucas em frente à Igreja do Sagrado, depois das Celebrações Eucarísticas, começando após a Missa das 7 horas da manhã.

Frei Augusto Luiz Gabriel


fraternidades//

Artigo

Ano Franciscano da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida de Nilópolis/RJ Irmãs e irmãos, Paz e bem! ossa Paróquia fundada e erguida pelo povo sob a orientação espiritual dos Frades Menores da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, tem por isso, o que poderíamos afirmar ser um DNA Franciscano. A partir do amor que Deus demonstra por todas as suas criaturas, São Francisco iniciou um movimento que tinha como cerne principal a paixão por um Cristo nu. Um Cristo com a cara e o jeito do povo pobre de Nazaré. Por vezes, as instituições precisam refletir sobre sua forma de ação na comunidade à qual pertencem, lançando luz sobre os porquês de sua criação. Assim é o caso de nossa Paróquia. Temos que ter assinalado em nossos corações que somos uma comunidade construída a partir do carisma franciscano. Este seria, como diria Santa Clara, nosso “ponto de partida”. Este ano de 2020 decidimos, então, refletir sobre o que é ter este ideário como forma principal de ação em todas as nossas atividades. Desta forma, três perguntas devem ser respondidas durante o ano:: a primeira é de onde viemos? Ou seja, que ideias foram as motoras de nosso início? A segunda: será que estamos sendo coerentes agora? Isto é, será que realmente abraçamos as propostas do carisma que a Paróquia escolheu? E por último: o que vamos fazer para que este ideário seja nossa identidade? Diante desses questionamentos, a comissão que está pensando este ano escolheu como eixos temáticos Justiça, Paz e Integridade da Criação. Sendo assim, iremos, durante este ano, meditar sobre como uma Igreja Cristã Franciscana vislumbra estes temas. Destarte, algumas ideias iniciais já nos vêm à mente. Para a concretização deste ideal, devemos ser uma Paróquia que luta pela justiça. Uma justiça que não pode deixar de ser misericordiosa. Segundo

N

o Papa Francisco: “A injustiça e a falta de oportunidades tangíveis e concretas são também uma forma de gerar violência: silenciosa, mas violência”. Ainda a partir da fala do Papa Francisco se não buscamos a solidariedade e a justiça não teremos paz. Para ilustrar, devemos lembrar aqui de duas passagens da Vida de São Francisco. A primeira a do Lobo de Gúbio, onde Francisco faz um acordo entre uma fera e os cidadãos, a fim de que pudessem viver em paz. A segunda seria a dos frades que, atacados na estrada por um grupo de ladrões, foram orientados a servirem refeições a estes meliantes, que por isso tornaram-se amigos, inclusive gerando uma vocação para a fraternidade que vivia no convento e que tinha os irmãos atacados. Não falamos aqui de sermos piegas e defendermos a criminalidade. Falamos de buscar entender e combater os processos diabólicos que levam as pessoas a cometerem crimes ou desvios que prejudicam a comunidade. Nossas reflexões, celebrações, orações e outras atividades devem primar para alcançar a alma e o coração de todos os irmãos da grande fraternidade universal, criatura de nosso Deus. E isto nos leva ao último tema que será trabalhado. Nossa Paróquia Franciscana deve cuidar da Casa Comum. Deve se

conscientizar de nossa responsabilidade, sobretudo que torna a vida insustentável. Lembremos que os limites de nossa cidade são dois rios poluídos. Além disso, nosso povo não cuida de seu lixo de forma correta. Nisso e em outras temáticas relacionadas, principalmente a Encíclica Laudato Si’, também temos que ser luz. Por isso, toda a simbologia franciscana é importante. Seu maior exemplo é o Tau, que é o sinal do compromisso que o cristão tem com o projeto do Senhor. Sendo assim, mais do que ser um símbolo mágico de proteção, ou seja, algo que tem um efeito idêntico a um patuá, torna-se um sinal que nos faz avançar. Nos faz sentir que temos que dar uma contribuição mais qualificada aos necessitados e injustiçados, ou seja, aos excluídos. Ele é a marca que nos faz diferentes, engajados e fraternos. Sentimos todos que ele faz falta em nossas comunidades. Mas não adianta ele estar afixado em local de destaque se não representar o que fazemos na prática. Por fim, nossa espiritualidade é marcada pelo encontro. Precisamos ser uma Igreja do encontro que abraça aos que precisam se encontrar, sejam eles um irmão ou irmã, uma comunidade ou uma cidade. Francisco e Clara significavam muito para Assis. Eram sinal de justiça, paz, amor, fraternidade e devoção. A partir da misericórdia de Deus, eles resplandeciam o que de mais belo existe na figura de nosso Pai. Por isso, a importância de um ano como esse. Um ano onde reencontraremos nossa vocação paroquial, sem títulos, sem prevalência de nenhum grupo ou comunidade, sem uma identidade mais forte que a outra. Mas, sim, como um farol que está sendo colocado no monte mais alto e que pode mudar a vida de muitos como um sinal da presença do Cristo nu e pobre que encantou aos primeiros (as) franciscanos (as). Paz e bem!

Jefferson Machado, OFS


CAMINHADA PENITENCIAL

220 COMUNICAÇÕES ABRIL DE 2020


evangelização//

Devotos de Frei Bruno ganham dois presentes multidão que foi às ruas de Joaçaba, em Santa Catarina, pela 30ª vez no domingo (08/3), numa grande manifestação de fé durante a Caminhada Penitencial Frei Bruno, foi compensada no encerramento da Celebração Eucarística com duas boas notícias para a Causa de Frei Bruno Linden, o franciscano que já é “santo” para o povo catarinense. De Roma, o vice-postulador Frei Estêvão Ottenbreit enviou mensagem informando que a Congregação para a Causa dos Santos nomeou o Monsenhor Maurizio Taglaferri como relator do processo de beatificação que está no Vaticano. “Se este parecer for positivo, o que todos nós cremos, o Papa declarará Frei Bruno Venerável”,

A

animou Frei Estêvão. Ao mesmo tempo, o povo ouviu o segundo vice-postulador, Frei Alex Ciarnoscki, adiantar em nome do Tribunal Diocesano que a Causa de Frei Bruno já tem, entre tantas graças, condições de escolher um milagre para pedir a beatificação de Frei Bruno. Segundo Frei Alex, independentemente do processo que está no Vaticano, a Diocese já pode dar continuidade nesta nova etapa da Causa de Frei Bruno, que é a da apresentação do milagre que pode tornar Frei Bruno beato. Para isso, o bispo diocesano de Joaçaba, Dom Mário Marquez, já pode instalar o Tribunal Diocesano que vai analisar este milagre antes de seguir para Roma. Nesse clima de gratidão e ale-

gria, também os confrades de Frei Bruno na Província da Imaculada Conceição vieram em peso para prestar essa homenagem no 30º ano desta Caminhada. Entre eles estavam o Ministro Provincial, Frei César Külkamp; o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella; o Definidor Frei Alexandre Magno; o mestre Frei Samuel Ferreira de Lima e os nove frades estudantes do tempo de Filosofia que vieram de Rondinha (PR); o mestre Frei Rodrigo da Silva e os noviços que vieram de Rodeio (SC) e especialmente os frades atuam na Região Sul da Província. Cerca de 35 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, fizeram um grande cortejo nos 3,5 quilômetros da Catedral Santa Terezinha até


//evangelização o Cemitério Frei Edgar e celebrarem este momento de Ação de Graças. Junto ao povo de Joaçaba e Luzerna, juntaram-se os peregrinos que vieram em caravanas do Sudoeste do Paraná (Chopinzinho e Pato Branco), do Oeste Catarinense (Coronel Freitas, Xaxim com cinco ônibus, Concórdia e Curitibanos), do Vale do Itajaí (Balneário Camboriú, Gaspar, Rodeio, Blumenau) e de Curitiba e Campo Largo. Importante ressaltar que os peregrinos de Luzerna, conduzidos pelo pároco Frei Nolvi Dalla Costa, também fazem a Caminhada, mas a deles tem um percurso de 6 km. A Caminhada teve início com a Santa Missa, presidida por Dom Mário, concelebrada por Frei César, Frei Gustavo, Frei Alex, Frei Clarêncio Neotti, pelo pároco da Catedral, Pe. Pedro Angelo Manchini, frades da Província, sacerdotes da Diocese, religiosos (as) e seminaristas. Durante o Ato Penitencial, os peregrinos caminharam até o Cemitério, onde se deu o encerramento da Santa Missa.

O BOM SAMARITANO FREI BRUNO

Dom Mário lembrou, na sua homilia, tendo como referência o Evangelho da Transfiguração do Senhor no Monte Tabor, que todos somos convidados neste dia a contemplar o rosto de Jesus presente em cada caminhante, em cada peregrino que anda conosco no dia a dia de nossas vidas. “Realizamos uma caminhada de fé, voltados para Deus e para o próximo como Frei Bruno, que ia ao encontro das pessoas, das famílias e de realidades sofridas da sociedade, levando o conforto da Palavra de Deus”, disse Dom Mário. Em Frei Bruno, as pessoas encontravam um homem de Deus em que podiam confiar, em que podiam abrir seus corações. “Hoje, no Dia Internacional da Mulher, lembramos o quanto Frei Bruno era respeitoso no trato com elas. Chamava-as de ‘mamma’”, disse, recordando que foi

222 COMUNICAÇÕES ABRIL DE 2020


DEVOÇÃO Entre tantos devotos caminhava nesta Romaria o pequeno Vinicius, vestido como Frei Bruno. Ele, com um pouco mais de dois anos, tinha a ajuda dos pais Márcia e Rodrigo, casal que mora em Herval d’Oeste. Segundo a mãe, quando estava com sete meses de gestação viu sua gravidez em perigo. Foi, então, que seu pai pediu a intercessão de Frei Bruno e Vinicius veio ao mundo com saúde. A mãe, então, prometeu que ele caminharia vestido como o frade. Como era ainda pequeno no ano passado, neste ano conseguiu cumprir a promessa.

o frade que organizou uma associação de empregadas domésticas e dava assistência religiosa em Joaçaba. Em Rodeio, acompanhou a fundação da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas. Dom Mário também citou a Campanha da Fraternidade, que tem como tema: “Fraternidade e vida: dom e compromisso” e lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. “Frei Bruno, assim como o bom sa-

maritano, não passava adiante, mas chegava antes para socorrer os mais necessitados, como relatam tantas histórias de bilocação. Não aceitava carona para não passar despercebido de quem estava à beira do caminho ou fora do caminho precisando de ajuda”, observou o bispo. “Frei Bruno chegava de surpresa onde alguém estava precisando de cuidado e atenção especial. Os rostos dos sofredores eram transfi-

gurados por este homem santo de Deus. Vidas e pessoas eram restauradas pela presença de Frei Bruno”, enfatizou.

A CAUSA DE FREI BRUNO

O processo da Causa de Frei Bruno recebeu da Congregação para as Causas dos Santos o “nihil obstat” (nada contrário) no dia 7 de maio de 2013. No mesmo ano, no dia 30 de outubro, foi instalado o Tribunal


//evangelização

Eclesiástico da Diocese, formado por: Pe. Davi Lenor Ribeiro dos Santos, delegado do bispo, Pe. Clair José Lovera, promotor de justiça; Michelle Selig, notária (secretária); e Cláudio Orço, notário auxiliar. Trabalhou neste processo também uma Comissão Histórica formada por Frei Clarêncio Neotti e a historiadora Iraci Lopes, que teve a missão de recolher toda a documentação sobre Frei Bruno, tudo o que se escreveu sobre ele e todas as referências à vida e santidade de Frei Bruno. Depois de cinco anos de trabalhos, encerrou-se essa fase diocesana no dia 25 de fevereiro de 2018, enviando o processo ao Vaticano. O Ministro Provincial, Frei César Külkamp, leu a mensagem que Frei Estêvão enviou aos caminhantes deste domingo, já que não pôde estar presente nesta edição. Frei César lembrou que, ainda recentemente, a Congregação para a Causa dos Santos deu parecer positivo para a documentação do processo de Frei Bruno que foi enviado ao Vaticano. “Esse processo é longo e exige da

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nossa parte muita oração, para que ele possa caminhar”, orientou Frei César, ao ler a mensagem de Frei Estêvão:

“Caros caminhantes, caros amigos de Frei Bruno, Paz e Bem!

Hoje se realizou pela trigésima vez a Caminhada Penitencial ao túmulo de Frei Bruno, que nos quer lembrar sempre de novo a nossa verdadeira vocação: a santidade. Nos últimos anos, pude estar sempre presente e também hoje os acompanho em espírito. Infelizmente, nao foi possível estar presente e poder participar da Caminhada. Também o processo de beatificação de Frei Bruno é uma caminhada. Passo a passo, com muita paciência e perseverança. Algumas semanas atrás recebemos a boa notícia de que o processo diocesano foi acolhido pela Congregação para a Causa dos Santos. Agora, no dia 2 de março, recebi a boa notícia de que o relator foi nomeado. É o monsenhor Maurizio Taglaferri. Esta nomeação é muito importante porque ele, o relator, vai ler todo o processo, principalmente os depoimentos, e vai emitir um parecer sobre o grau heróico das virtudes vividas por Frei Bruno.


//evangelização Se este parecer for positivo, o que todos nós cremos, o Papa declarará Frei Bruno Venerável. Depois disso, faltará apenas a apresentação e aceitação de um milagre que tenha acontecido pela intercessão de Frei Bruno. Resta-nos, agora, apenas continuar a rezar pela beatificação de Frei Bruno e pedir a Deus um milagre por intercessão de Frei Bruno”. Frei César pediu aos todos os devotos que permaneçam firmes para que, “na nossa fé e na nossa oração”, essa beatificação de Frei Bruno aconteça e chegue até cada um de nós. “E o mais importante de tudo isso é que possamos viver e praticar aquilo que Frei Bruno tanto propagou na sua vida de evangelizador por tantos e tantos lugares e que coloquemos, acima de tudo, o amor de Deus e o amor aos irmãos”, pediu. Frei César agradeceu à presença dos romeiros de Frei Bruno e, principalmente todos aqueles que vieram das Paróquias Franciscanas que aceitaram o convite feito para esse trigésimo ano, como pôde ser visto nos cartazes e faixas, através da campanha: “Frei Bruno vem a nós, e nós vamos a Frei Bruno”. “Que ele possa continuar indo ao encontro de cada um de vocês. Essa campanha vai continuar ano a ano. Esperamos que ela cresça sempre mais nessas comunidades, mas principalmente na abertura do coração para acolher a santidade vivida em Frei Bruno e que é uma missão para cada um de nós. Que Deus vos abençoe nesta santa Romaria, que possamos crescer em santidade”, desejou o Ministro Provincial. Frei Alex falou no final como segundo vice-postulador. “O Evangelho, nas palavras de São Pedro, nos dizia: ‘É bom estarmos aqui’. E, de fato, é bom a gente se encontrar, caminhar, refazer os passos de Frei Bruno e refazer nossos passos na caminhada da santidade. Mais uma vez, como Frei César lembrava, transmito a todos um abraço carinhoso de Frei Estêvão que não pôde estar conosco. O Frei César

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nos trouxe boas notícias e anuncio outra. Primeiro, dizer que a nomeação de um relator no Vaticano significa que lá os trabalhos de análise do processo continuam, mas aqui no Brasil, a Diocese continua dando os passos na elaboração do processo de beatificação de Frei Bruno. Agora, é necessário redigir um texto, chamado Positio, uma espécie de resumo da vida de Frei Bruno, para falar da importância deste franciscano para nossa vida, para nossa fé. É um trabalho de muita dedicação e, graças a Deus, a pessoa que já foi escolhida pelo Tribunal Diocesano e está aqui conosco: Frei Clarêncio Neotti”, adiantou Frei Alex, lembrando que Frei Clarêncio ajudou na Comissão Histórica e escreveu dois livros recentes sobre Frei Bruno: uma biografia e uma novena. “Ano passado, Dom Mário pediu aos postuladores e a uma comissão para recolherem e ouvirem pessoas que alcançaram graças por intercessão de Frei Bruno a fim de apresentar um

milagre. Dom Mário, esse trabalho foi feito e já se pode dizer que há casos bem concretos para, ainda neste ano, apresentar um milagre para a causa de beatificação de Frei Bruno. Com isso, o Tribunal Diocesano poderá iniciar oficialmente a indicação de um milagre para beatificação de Frei Bruno”, explicou. Segundo o frade, é importante continuar rezando. “Pedimos a Deus que nos conceda Frei Bruno como exemplo de vida e de santidade. Tenhamos sempre conosco as orações e novenas. Que a gente possa levá-las conosco, ofertá-las às pessoas que passam por algumas necessidades. E que, conhecendo a vida de Frei Bruno, nos motivemos a viver melhor nossa vocação cristã, nossa vocação de batizados e batizadas. Todos nós somos chamados a sermos santos e santas. Que Frei Bruno nos mantenha neste caminho!”, pediu Frei Alex.

Moacir Beggo


evangelização//

Província da Imaculada torna-se parceira do Papa na Semana Laudato Si’ Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, através do Serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), aceitou o convite do Papa Francisco para celebrar o quinto aniversário da Laudato Si’ na Semana Laudato Si’, do dia 16 a 24 de maio. O programa de uma semana coincide com o quinto aniversário da assinatura da Laudato Si’ e procura envolver os 1,3 bilhões de católicos do mundo em ações ambiciosas para proteger nossa Casa Comum. Com cerca de um sexto da população mundial e organizada em mais de 220 mil paróquias em todo o mundo, a Igreja Católica desempenha um papel único e vital na abordagem da crise ambiental. Em seu vídeo, o Papa Francisco reflete sobre a proteção ambiental como um tema central de seu papado e incentiva os fiéis a participarem da Semana Laudato Si’: “Que tipo de mundo queremos deixar para aqueles que nos sucedem, as crianças que estão crescendo? Motivado por essa pergunta, gostaria de convidá-los a participar da Semana Laudato Si’, de 16 a 24 de maio de 2020. É uma campanha global por ocasião do 5° aniversário da carta encíclica Laudato Si’ sobre o Cuidado da Casa Comum. Renovo o meu chamado urgente por uma resposta à crise ecológica. O grito da terra e o grito dos pobres não aguentam mais. Cuidemos da criação, dom de nosso bom Deus criador. Celebremos juntos a Semana Laudato Si’. Que Deus os abençoe e não se esqueçam de rezar por mim.” “Vale destacar que a partir dessa convocação, haverá uma mobilização das nossas Fraternidades e Paróquias para que se engajem nas iniciativas propostas pela Semana Laudato Si’. Além disso, essa é também uma proposta de continuidade das Missões

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Franciscanas da Juventude, pois todos os nossos jovens serão convocados a se mobilizarem localmente para também realizarem atividades que reforcem a importância do Cuidado com a Casa Comum e da Ecologia Integral”, destacou Frei Diego Melo, animador do serviço de JPIC na Província e das Missões Franciscanas da Juventude, que recentemente, em Xaxim, abordou a questão ambiental na sétima edição deste evento. A encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco convoca à oração e ação para proteger o meio ambiente em milhares de comunidades católicas e deu novo impulso à comunidade católica para cuidar da criação. No entanto, a análise científica revela que o ritmo das mudanças climáticas e das extinções massivas continuam aumentando. Para enfrentar esse desafio, os compromissos mais ambiciosos são uma necessidade urgente. Nesse contexto, o Papa Francisco e o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano convidam as comunidades católicas a refletirem sobre suas ações já realizadas e a darem o próximo passo. As ações ambiciosas variam para cada comunidade; um guia de sugestões para as ações mais impactantes está disponível no site da Semana Laudato Si’. O aniversário da Laudato Si’ coincide com outros eventos ambientais significativos que ocorrerão ainda este ano. Em novembro, na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, os países anunciarão seus planos para cumprir as metas do acordo climático de Paris. A conferência da ONU

sobre biodiversidade, onde o mundo terá a chance de estabelecer metas significativas para proteger a criação, ocorrerá em outubro. “O Papa Francisco está nos chamando a retornar ao âmago de quem somos como cristãos: pessoas que amam o próximo como a si mesmo. A catástrofe climática está aumentando o risco de fome, doenças e conflitos para nossos irmãos e irmãs mais vulneráveis. Cada minuto que passamos alterando o clima do planeta é uma tragédia para os mais vulneráveis. O Papa Francisco está

nos chamando com urgência a agir de acordo com os valores de nossa fé, aqui e agora ”, disse Tomás Insua, diretor executivo do Movimento Católico Global pelo Clima. Um kit de recursos compreensivo e modelos de materiais promocionais, se encontram no site da Semana Laudato Si’ (https://laudatosiweek.org). A Semana Laudato Si’ é promovida pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e facilitada pelo Movimento Católico Global pelo Clima e o Renova+ em colaboração com um grupo de organizações parceiras. COMUNICAÇÕES

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Sefras participa do Grito de Carnaval contra o abuso e exploração sexual infantil omo acontece desde 2015, o CCA Sefras marcou presença no Grito de Carnaval contra abuso e exploração sexual infantil organizado pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), no dia 19 de fevereiro. O evento começou com concentração de grupos da rede socioassistencial da cidade, especialmente crianças e adolescentes, em frente ao Theatro Municipal e, em seguida, saíram em passeata pelo Viaduto do Chá ao som de bandas, entre elas a percussão infantil do Peri Alto, comandada por Fábio Silva. Fábio, que é educador social no CCA Sefras, ressalta que, para além da música, o evento tem importância pelo caráter conscientizador. “Todas as crianças têm pleno entendimento do que estão fazendo aqui. A ideia é a gente gritar que não aguentamos

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mais abuso sexual contra crianças e adolescentes”, afirma. No dia 21 de fevereiro, o CCA organizou no Jardim Peri Alto a versão local do evento. “Este foi o segundo ano do Grito de Carnaval contra o abuso e a exploração de crianças e adolescentes no nosso território. É importante discutir isso. No ano passado reunimos cerca de 500 pessoas, nós sabemos fazer barulho!”, concluiu Ângela Assis, coordenadora da instituição.

Rafael Corrêa


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Pastoral Universitária da FAE

Integração e solidariedade na acolhida dos calouros Pastoral Universitária realizou no dia 7 de março o evento “Integra Calouro” e divulgou o resultado do Trote Solidário. No Integra Calouro, os participantes foram convidados a refletir sobre o cuidado com a Casa Comum. Receberam mensagens, em material reaproveitado, sobre questões como sustentabilidade, preservação, a importância do equilíbrio sócio-ambiental e o compromisso com a vida. Frei Ruan Felipe Sguissardi e Frei Gabriel Nogueira Alves acompanham a Pastoral e participaram do evento. Tiveram oportunidade de falar um pouco sobre a Província da Imaculada e sobre o carisma franciscano. O aluno de administração, Marcus Vinicius Jaszczerski, fez uma

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palestra motivacional, contou sua história de vida, falou de dificuldades e superação no esporte. Destacou que aprendeu olhar para a vida com gratidão. A maioria dos cursos dos três

campi, Curitiba, Araucária e São José dos Pinhais, abraça a ideia do Trote Solidário, uma gincana de arrecadação de chocolates, que irá proporcionar, a diversas crianças de regiões caren-

tes, sentimentos que não têm preço! Alunos participaram pessoalmente da entrega, que também teve momentos de formação e oficinas. A Pastoral Universitária visa proporcionar ações de continuidade e desenvolvimento tanto de alunos assistidos como voluntários que participam das ações. São três os eixos trabalhados pela Pastoral da FAE: Formação/Reflexão, Espiritualidade e Ações Socioeducativas. Na conclusão do evento, a aluna do curso de Psicologia, Rafaele Rodrigues, apresentou, junto com uma dinâmica, o tema “Ansiedade” e a importância de saber trabalhar uma temática tão recorrente entre os jovens.

Thaynara Luania Olba, Pela Pastoral Universitária da FAE COMUNICAÇÕES

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Colégio Bom Jesus é Escola de Referência Google

Unidade de Itajaí do Colégio Bom Jesus foi reconhecida como Escola de Referência Google for Education. A premiação foi entregue recentemente à gestora Júlia Martinez. A conquista coloca a Instituição na vanguarda da tecnologia educacional, que utiliza metodologias ativas, por meio da GSuite e dos Chromebooks, para tornar o ensino mais colaborativo, ressignificando os papéis do professor e do aluno em sala de aula. De um lado, o mestre assume o papel de guia e de provocador e, do

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outro, os estudantes ganham protagonismo ao colocar a criatividade a serviço do aprendizado, por meio da pesquisa e da colaboração. O Google dá a esse modelo o nome de “estudo intuitivo”. Nessa proposta, mais alinhada à educação 4.0, a própria sala de aula fica mais dinâmica e se torna sala de inovação, transformando qualquer espaço em um local de ensino-aprendizagem. O Colégio Bom Jesus é usuário de tecnologia e de ferramentas de aprendizagem da plataforma Google for Education desde 2012. Ou seja, há anos a tecnologia é uma aliada

Protagonismo na terceira idade este mês de março, o FAE Sênior deu início às atividades de 2020. O programa, que oportuniza a troca de ideias, experiências e aprendizagem para aqueles que vivem a terceira idade de forma plena, convidou a professora Susan Albertoni para um bate-papo inspirador e divertido sobre o protagonismo nesta etapa da vida. Cerca de 100 alunos foram recebidos com a apresentação dos artistas de circo “Os Barbacas”. O FAE Sênior é conduzido pelo Núcleo de Extensão da FAE Centro Universitário e aberto ao público em geral.

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pedagógica da instituição e desenvolve competências e habilidades do século XXI. No Brasil, ao todo, são certificadas menos de 50 escolas. Mais precisamente, são reconhecidas 47, incluindo o Bom Jesus em Itajaí. Em Santa Catarina, o Senai, que oferece ensino profissionalizante, conquistou a referência em 2018, mas, em relação à escola básica, o Bom Jesus foi a primeira. A conquista torna a Unidade de Itajaí (SC) pioneira nesse quesito. “A tecnologia faz parte do dia a dia do aluno. Nesse processo coube, então, à instituição e ao professor fazer dela uma aliada. Afinal, o próprio comportamento do consumidor – e o aluno está incluído aqui –, que está mais exigente e focado na experiência, acabou impulsionando as mudanças que reverberaram também nos métodos de ensino, que estão mais desburocratizados e dinâmicos. O uso do computador e das ferramentas do Google for Education facilita e incentiva o processo educativo. Agradeço o empenho de todos e o apoio do Grupo Educacional Bom Jesus!”, observa Júlia, a gestora.


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Legado franciscano depois da faculdade FAE Centro Universitário zela por todas as etapas da jornada dos seus alunos. Seguindo a premissa da formação com valores humanos, no último mês os concluintes da graduação, agora ex-alunos, foram recepcionados pela equipe do Programa de Relacionamento com Ex-alunos – FAEx.

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Além de receber orientações sobre a colação de grau, os egressos participaram de um coffee break acolhedor e de momentos de descontração em uma infraestrutura montada especialmente para celebrar esse ritual de passagem dos formandos. Ao se tornar ex-alunos, os concluintes recebem suas carteirinhas

FAEx e têm acesso aos benefícios que o programa oferece, como clube de vantagens e comunidade de práticas profissionais. Também continuam a aproveitar os serviços dos núcleos acadêmicos da FAE, incluindo as ações da Pastoral Universitária e o acolhimento dos frades da Instituição.

Parceria Brasil-Portugal Colégio Bom Jesus firmou uma parceria com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), em Portugal. As duas instituições atuarão juntas para que os alunos do Ensino Médio ingressem na graduação em Portugal em uma

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das instituições politécnicas de maior sucesso da Europa segundo a Associação das Universidades Europeias (EUA). “O termo assinado entre as duas instituições permite aos alunos do Ensino Médio de todas as Unidades

do Bom Jesus participar do processo seletivo do IPB com todo suporte da instituição e do Colégio para usufruir dos programas de internacionalização e obter uma formação de Ensino Superior completa em contexto europeu e internacional”, aponta Marcelo Bianchini Favaro, gerente pedagógico do Colégio Bom Jesus. O acordo foi assinado na última sexta-feira (6), pelo presidente do Grupo Educacional Bom Jesus, Frei João Mannes, e pelo presidente do IPB, professor Orlando Rodrigues. Todo o processo contou com o apoio do Núcleo de Relações Internacionais da FAE Centro Universitário e a cooperação entre as instituições inicia já neste ano.

Juliano Zemuner COMUNICAÇÕES

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Por uma economia menos predatória e mais solidária ma economia que faz viver e não mata” é a base para uma ampla reflexão iniciada em Petrópolis-RJ e articulada por oito instituições reconhecidas pela contribuição nas áreas cultural e social. Esse evento piloto, realizado no dia 18 de fevereiro, pretende fomentar a

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discussão em torno de uma economia menos predatória e mais solidária. Frei Ivo Müller, diretor do Instituto Teológico Franciscano-ITF (que abrigou a conferência), acolheu os participantes, seguido por Frei José Francisco dos Santos, Fábio Paes e Talita Guimarães (Sefras), que explicaram

o objetivo e o contexto deste seminário na cidade de Petrópolis e região. O horizonte para compreender a sua importância parte das figuras de Clara e Francisco de Assis, de quem o atual Papa herdou o nome e a inspiração. Trata-se da contribuição franciscana (e brasileira) para o encontro intitulado “A economia de Francisco” que ocorrerá em novembro, em Assis, e contará com a participação de jovens economistas e empresários, com menos de 35 anos, de todo o mundo. Para este ciclo de palestras, dividido em cinco painéis, foram convidados especialistas em questões ambientais, desigualdades sociais, finanças inclusivas, desenvolvimento sustentável e espiritualidade. O balé do projeto Gente Viva abrilhantou a manhã e deu início às exposições. Rudá Guedes (sociólogo) abordou os desafios da realidade social, política e econômica da atualidade a partir da perspectiva da Economia de Francisco.


evangelização// De acordo com ele, “a lógica individualista está matando a solidariedade… Estamos lutando contra a destruição da ‘Nossa Casa’”. O sociólogo, que também é coordenador da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco (ABEF), ressaltou os três eixos norteadores do pensamento econômico do Papa Francisco: 1) pensar teoricamente a economia (para o desenvolvimento do planeta); 2) acolher e promover experiências de uma nova economia; 3) alterar o currículo das faculdades de Economia. O sociólogo também leu trechos da “Carta de Clara e Francisco – Direto do Brasil para o Encontro Mundial em Assis”. Leonardo Boff (teólogo), representando o Centro de Defesa dos Direitos Humanos-CDDH, discorreu sobre as mudanças ambientais observadas no planeta e sobre a necessidade da urgência de mudança do paradigma econômico. O atual paradigma de morte deve ser substituído pelo paradigma do cuidado visando a salvação de nossa “Casa Comum”. Ele também alertou para os perigos decorrentes do emprego da energia nuclear; da criação da inteligência artificial autônoma; das catástrofes social e ecológica e da extinção dos bens e serviços (recursos naturais) ofertados pelo planeta terra aos seus habitantes. Marcos Arruda (economista e educador), coordenador do PACS – Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul, fez um breve histórico de sua trajetória pessoal e falou sobre o emprego de recursos financeiros para fins que não visam o bem-estar da humanidade. Destacaram-se a realidade econômico-social brasileira e os aspectos econômicos destes últimos anos. Frei Vitório Mazzuco (teólogo), da Universidade São Francisco-USF, apresentou a perspectiva de uma Nova Economia baseada na espiritualidade de Clara e Francisco. O frade comentou algumas curiosidades a respeito da pequena cidade italiana de Assis – sede do encontro promovido pelo

Papa. Oriundos de famílias poderosas e abastadas, os dois santos são exemplos de conversão – uma verdadeira mudança de vida através de suas escolhas radicais – com raízes também na economia. Ambos optaram por uma economia da doação e da partilha. “Para São Francisco, a pobreza não é ter ou não ter. É a coragem de ter em comum”, assinalou Frei Vitório. Rosana Padial (assistente social),

sócia-diretora da NOUS – Desenvolvimento Profissional Ltda., elencou alguns pactos, práticas e vivências contemporâneas para uma outra economia possível. A rica experiência como assistente social em uma comunidade em Itaquera, São Paulo, fundamentou a sua exposição que também salientou a importância econômica e social de iniciativas como as de aplicativos de economia compartilhada para hospedagem e carona. Esse primeiro seminário regional contou com a colaboração do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), Instituto Teológico Franciscano (ITF), Universidade São Francisco (USF), Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH), Editora Vozes, Serviço Inter-Franciscano de Justiça, Paz e Ecologia (Sinfrajupe), Articulação Brasileira pela Economia de Francisco (ABEF) e FAE Centro Universitário. O final do encontro deixou um convite provocante a indagar e pensar, nos passos de Clara e Francisco, o que significa e como construir uma economia em novas bases que atendam às necessidades do ser humano. Portanto, essa “provocação” não termina aqui. Quem perdeu esta oportunidade deve ficar atento à possibilidade de outros eventos como este.

Neuci L. Silva (texto) e Igor Fernandes e Rafael Corrêa (fotos) COMUNICAÇÕES

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Conselho de Evangelização se reúne na Sede Provincial o dia 4 de março, às 9 horas, na Sede Provincial aconteceu a reunião do Conselho do Secretariado de Evangelização. Estavam presentes Frei César Külkamp, Frei Gustavo W. Medella, Frei Antônio Michels, Frei Diego Atalino de Melo, Frei Neuri Francisco Reinisch, Frei Robson Luiz Scudela e Frei Claudino Gilz. Como estudo fez-se a leitura e partilha do Capítulo VIII do Documento “Todos vós sois irmãos”. À luz desse texto se refletiu sobre a maneira de cultivar e rejuve-

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nescer a dimensão evangelizadora do carisma franciscano que Francisco deu à Ordem e a todos os Frades. Foram postas algumas questões para ajudar na reflexão: sobre a situação a respeito da escuta, pessoal e em fraternidade, da Palavra de Deus. Sobre a necessidade de qualificação do testemunho de vida, de reconversão de estruturas e tarefas. A dificuldade em integrar a vida pessoal e de Fraternidade com os compromissos da evangelização provincial. Em seguida fez-se a partilha

das atividades realizadas pelas Frentes de Evangelização. Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento: Frei Toni relatou que desde a última reunião do Conselho de evangelização aconteceram os encontros regionais entre frades e leigos. Não aconteceu, porém, no Oeste Catarinense-Sudoeste do Paraná e no Espírito Santo. Pensa-se em continuar a mesma dinâmica, neste ano, um encontro entre os frades no primeiro semestre e junto com os leigos no segundo.


evangelização// Precisaria se considerar a continuidade entre esses momentos para não serem processos isolados. A realidade dos Santuários e Centros de Acolhimento da Província deve ser desafiada para haver maior comunhão e unidade, bem como revigorar a identidade franciscana nos Santuários que já estão sob nossos cuidados. Essa questão será abordada no próximo encontro da Frente em vista de qualificar e animar essa presença. Frente das Missões: Frei Robson partilhou que a missão deve ser cada vez mais entendida como uma dimensão transversal na vida dos frades e das fraternidades. A presença da Frente das Missões nos encontros das outras frentes poderia ser mais qualificada. Destacou-se as iniciativas realizadas no Mês Missionário Extraordinário em outubro de 2019 e a boa adesão sentida pelos frades. O contato com os frades em missão Ad Gentes é frequente por conta das demandas práticas. Pensa-se em resgatar o que já se faz em nossas Fraternidades em termos de missão. Em abril, Frei Robson, juntamente com Frei Estêvão, estará em Angola e poderá acompanhar os trabalhos realizados. Faz-se necessário criar vínculos e senso de pertença de uma só Província entre Brasil e Angola; na linguagem e na prática. Frente da Comunicação. Estão ocorrendo encontros mensais de formação permanente envolvendo frades e colaboradores. A comunicação em Pato Branco tem feito algumas ações em vista da promoção dos temas da Campanha da Fraternidade e para prevenção do suicídio com o projeto “Diga Sim à vida”. O jornalismo da emissora fará atualização dos profissionais para adaptar-se às novas demandas. Até 2023, a TV Sudoeste vai precisar digitalizar-se. Há um programa de expansão para mais seis municípios. A ampliação

da Comunicação para outras frentes de evangelização ou regiões da Província deve ser realizada à medida que houver um estudo amplo em vista da qualificação da Evangelização e do conteúdo produzido. Frente da Solidariedade para com os Empobrecidos e JPIC: Frei Diego agradeceu a nomeação de Frei Marx dos Reis para Vice-coordenador dessa Frente. As MFJ foram uma boa oportunidade pra expandir os valores dessa Frente. Nos dias 16 a 24 de maio será a Semana Laudato Si’ e a Província deverá pensar em ações concretas nas paróquias, escolas, bem como em todas as frentes. No próximo encontro dessa Frente será feito um mapeamento de todas as atividades sociais desenvolvidas nas casas da Província. Serão convidados frades e leigos envolvidos nesses trabalhos. Iniciativas estão sendo pensadas e encaminhadas em vista do Pacto Global pela Educação, promovido pelo Papa Francisco. Frente da Educação: Recordou-se a complexidade que o universo da educação compreende. Dois encontros de articulação com os frades e leigos envolvidos na frente foram feitos no ano de 2019. A pastoral educacional tem se firmado, com boa adesão dos trabalhos realizados. O tema da Campanha da Fraternidade, por exemplo, é muito bem trabalhado em todas as unidades do Bom Jesus. Um vídeo foi apresentado evidenciando essas atividades. O tema do protagonismo dos leigos será tratado no próximo encontro da Frente. Do material preparado para esse evento algumas inspirações serão aproveitadas para a atualização do plano de evangelização. Dinamização do Secretariado: Considerando que esse conselho é uma instância de animação, foi

apontado que deveria acontecer mais vezes. Com mais encontros o Conselho de Evangelização poderia ter uma atuação mais forte na tomada de decisões e encaminhamentos para o Governo Provincial. Mais encontros, mesmo que por videoconferência, viabilizaria maior dinâmica na tomada de decisões. A próxima já ficou marcada para o dia 10 de junho, às 18 horas. Congresso de Evangelização (SIFEM/CFMB): 15 a 18 de outubro em São Paulo. Convocados: Ministros, Secretários da Evangelização e Missão, Coordenadores das Frentes: da Missão, JPIC- Ecologia Integral, Educação, Comunicação, Paróquias, Juventudes/SAV, Solidariedade / Serviços Sociais. Tema: “Apelos e desafios da Evangelização Franciscana na Atualidade”. Objetivos: Despertar nos agentes evangelizadores a audácia da missão Franciscana, Dom de Deus. Fomentar uma cultura de paz, escuta, diálogo e compromisso. Dinamizar as presenças e frentes de Evangelização e Missão na CFMB. Além dos frades que coordenam esses serviços outros nomes de frades e leigos foram sugeridos e serão convidados para participar. Musical – Ciro Barcelos: Há uma boa proposta do ator e diretor Ciro Barcelos de levar esse teatro/musical para as Fraternidades da Província por um preço bastante acessível. Podendo ser realizado dentro das nossas igrejas, sem despender grandes esforços. É uma apresentação com conteúdo formativo e uma forma de evangelização de nossas comunidades através da arte. As Fraternidades não deveriam perder a oportunidade. Alguns frades deverão ser contatados pessoalmente para abraçar esta iniciativa.

Frei Jeâ Paulo Andrade COMUNICAÇÕES

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USF inaugura novos espaços nos Câmpus Campinas e Itatiba Universidade São Francisco (USF) inaugurou no dia 12 de março, no Câmpus Campinas, o Núcleo de Prática Jurídica (NPJ). O novo espaço fica localizado na rua Antonio Lapa, nº 859. Na mesma data, no período da tarde foi inaugurado o Complexo de Laboratórios, no Câmpus Itatiba. Os eventos contaram com a presença do ministro provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e Chanceler da USF, Frei César Külkamp; o reitor Frei Gilberto Gonçalves Garcia; o vice-reitor, Frei Thiago Alexandre Hayakawa; pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão, professor Dilnei Lorenzi; o pró-Reitor de Administração e Planejamento, professor Adriel de Moura Cabral; o reitor da FAE, Jorge Apostolos Siarcos; o administrador dos Câmpus, Rodrigo Ribeiro Paiva; os diretores de Câmpus, professora Patrícia Teixeira Costa (Câmpus Bragança Paulista), professor Geraldo Peres Caixeta (Câmpus Campinas) e professor Volney Zamenhof de Oliveira Silva (Câmpus Itatiba). Em Campinas estiveram presentes também autoridades locais, como o vice-presidente da Câmara de Campinas, o vereador Vinicius Gratti, o Presidente do Conselho Comunitário de Polícia de Campinas, Arthur Vasconcelos e a vice-presidente a OAB Campinas, Luciana Freitas. O NPJ contribui de maneira efetiva na construção da cidadania, assumin-

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do, por meio de seus estudantes e trabalhadores, seu papel de agente transformador, com orientação jurídica à comunidade, como mediações e conciliações para resolução de conflitos, bem como atendimentos nas áreas de Direito Civil, Penal e Trabalhista. Desta forma, os estudantes têm as condições necessárias para o pleno desenvolvimento profissional, tendo a transversalidade em sua prática e a consciência de modificar positivamente a vida em sociedade. Em Itatiba, os novos laboratórios atendem as demandas dos Cursos de Medicina Veterinária, de Biomedicina e de Psicologia, bem como passa a oferecer uma estrutura moderna e de excelente qualidade aos docentes e aos estudantes. A apresentação do Complexo de Laboratórios da Área da Saúde foi realizada pela Coordenadora do Curso Medicina Veterinária, professora Karin

Maia Monteiro. Além de representantes da reitoria, corpo docente, alunos e corpo técnico administrativo, estiveram presentes autoridades locais, o Secretário de Educação de Itatiba, Anderson Sanfins, representando o Prefeito Douglas Augusto Pinheiro de Oliveira, a Presidente da LIBRA e Diretora do CONSEG, Patrícia Sanfins, além de vereadores do município. Durante as inaugurações, o Ministro Provincial lembrou o tema da Campanha da Fraternidade 2020. ‘Fraternidade e vida: dom e compromisso’, remete à figura de Irmã Dulce, canonizada em 2019. “Esse cuidado e referência façam parte da vida presente e das nossas relações. Parabéns aos novos espaços, conquistas e crescimento. Obrigado por esse centro educacional e centro de vida”, ressaltou Frei César.

Ana Paula Moreira de Souza


evangelização//

Universidade São Francisco presente na 25ª Caminhada a Pedra Bela A

Pastoral da Universidade São Francisco (USF) participou do Jubileu de Prata da 25ª Caminhada ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Pedra Bela (SP). No dia 14 de março de 2020, às 21h30, os caminhantes saíram do Bairro Matadouro, de Bragança Paulista, com a bênção do pároco, Pe. José Roberto, e as palavras motivadoras de Frei Vitório Mazzuco, rumo ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Quatro ônibus trouxeram 85 peregrinos de São Paulo. Muitos caminhantes vieram de cidades vizinhas, mas a grande maioria era de Bragança Paulista. Participaram cerca de mil pessoas entre crianças, jovens, adultos e idosos, que percorreram os 32km de estrada com muita disposição, perseverança, devoção e fé, mesmo com um vento gelado e cortante. É exatamente a fé e a devoção que levam todos os anos muito fiéis a participarem desta Caminhada. São pessoas e histórias que se encontram e sentem uma enorme paz e reconforto na alma ao visitar o local e orar. A chegada se deu no domingo, dia 15, às 4h30. Os caminhantes foram recebidos com um delicioso café oferecido pelos voluntários da Paróquia São Sebastião. Depois de um momento para repor as energias, deu tempo até para tirar um cochilo. Às 7 horas teve início a celebração da Santa Missa presidida pelo Pe. Sebastião Aparício de Rezende e concelebrada por Frei Vitório Mazzuco.

A Universidade São Francisco, mais uma vez, estava presente contando com a participação de alunos, professores e funcionários. A entidade ofereceu um carro de apoio para aqueles que precisaram de auxílio durante o percurso. A Pastoral Universitária cuidou da animação. Por meio de um carro de som, conduziu as meditações, preces e músicas para fazer desta noite uma caminhada inesquecível para todos. A Pastoral Universitária agradece a participação de todos e parabeniza os fundadores e organizadores desta Caminhada, o Sr. Jayme Grasson Sanches e o Sr. José Aparecido Teixeira, pelos 25 anos realizando esse trabalho evangelizador. A próxima Caminhada será no dia 13 de março de 2021. Todos podem participar.

Pastoral Universitária Universidade São Francisco

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//notícias e informações

Falece pai de Frei Ivo Müller Paz e Bem! epois de alguns meses na espera, meu pai, José Müller, passou por uma intervenção cirúrgica no coração, no Hospital São Paulo, em Xanxerê (SC), onde fez três safenas no coração. A cirurgia, apesar de delicada, foi bem-sucedida. Porém, como ele foi fumante até meados de 2019, infelizmente o pulmão não conseguiu acompanhar o novo ritmo do coração. Fizemos de tudo para que ele continuasse conosco, mas entre altos e baixos, foram 26 dias entre UTI, CTI e Enfermaria do Hospital. No dia 28 de fevereiro, contraiu pneumonia e os órgãos começaram o seu processo de falência. Infelizmente, no sábado

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(29/2), às 17h30, ele fez a sua passagem para a outra vida, aquela que não tem fim. No domingo (01/3), fizemos uma linda celebração de Exéquias, em Caxambu do Sul, SC, na presença de inúmeros parentes, amigos, idosos de seu grupo, povo de Deus. A celebração foi incrementada pela presença de Frei Jorge Schiavini, que estava de férias em Concórdia, Frei Vanderlei (Xaxim), Frei José Idair (Concórdia), Frei Moacir Longo (Coronel Freitas) e o pároco da cidade, Pe. Luiz. Com 82 anos de idade, bem vividos, meu pai deixa a esposa, 7 filhos, 12 netos e 1 bisneto! Que repouse em Paz na glória celeste!

A Procissão encabeçada por Jesus, Após vitória sobre a morte e dar-nos glória, Faz-nos marchar com ele para a Eterna Luz, Fruto: - Nossa Ressurreição, e nova história. E alegres, vamos pela vida, na certeza, De que no amor, plantamos para a Eternidade, Ele nos dá sua Graça, sua fortaleza, Sonhamos, pela Fé, o Céu, Felicidade. Essa é a razão porque eu jamais creio na morte, E sim na vida, pela Fé em meu Jesus, Que, dia a dia, me transforma em homem forte. E eu vou, então, feliz, no Caminho da Luz, Banindo tudo aquilo que traduz a morte, Porque aprendi: - sei em quem minha Fé eu pus.

Frei Walter Hugo de Almeida

Frei Ivo Müller


Até que Cristo não seja tudo em todos, todos buscaremos nos impor sobre todos. É o Adão decaído que está em nós a nos pregar estas peças.

Discurso preparado pelo Santo Padre para a Liturgia Penitencial do Clero Romano

Sozinhos, não somos capazes de tirar o pó que suja o coração […] E a Quaresma é tempo de cura.

Às vezes pensamos que manter a tradição signifique construir um museu de coisas; e a Igreja torna-se um museu. Não, a tradição é viva, não uma coleção de coisas, ritos… é viva. E cresce, deve crescer, como a raiz faz com que a árvore cresça, dê flores e frutos. Devemos sempre voltar à tradição para extrair dali o suco, a linfa que faz crescer.

Do livro “Eu creio, nós cremos”.

Quarta-feira de Cinzas - 27.2.

A grande resistência hoje que vem de Brumadinho é das mulheres, das mães que continuam procurando seus filhos, são onze ainda que estão desaparecidos, das mães que estão chorando, mas estão celebrando, confiantes. Até mesmo a nossa equipe de trabalho são todas mulheres, jovens.

Em todo coração, até mesmo na pessoa mais corrupta e distante do bem, está escondido um anseio rumo à luz, mesmo se sob os escombros de enganos e erros, há sempre a sede de verdade e de bem, que é a sede de Deus. É o Espírito Santo que suscita esta sede.

Audiência Geral - 11/03

A Quaresma não é o tempo para fazer cair sobre o povo inúteis moralismos, mas para reconhecer que as nossas míseras cinzas são amadas por Deus. É tempo de graça, para acolher o olhar amoroso de Deus sobre nós e, assim contemplados, mudar de vida. Estamos no mundo para caminhar da cinza à vida. Missa de Quarta-feira de Cinzas - 27.2

O clericalismo não é uma coisa somente destes dias, a rigidez não é uma coisa destes dias, já havia no tempo de Jesus.

13.3 - Missa em Santa Marta

Missa em Santa Marta - 28/2

SETE ANOS DO PONTIFICADO DE FRANCISCO

Nós vivemos na indiferença: a indiferença é este drama de estar bem informado, mas não sentir a realidade dos outros. Este é o abismo: o abismo da indiferença. 12.3 - Missa em Santa Mar

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MANSIDÃO DIANTE DOS ATAQUES Hoje temos tantas escolas de rigidez dentro da Igreja, que não são cismas, mas são caminhos cristãos pseudocismáticos, que terminarão mal, porque por trás desse comportamento rígido não há santidade do Evangelho.


Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

agenda2020 As alterações e acréscimos estão destacados em laranja.

17 a 21

Assembleia da CFMB (Salvador, BA);

24 a 28

Retiro no Eremitério Frei Egídio

SETEMBRO

01 a 03

Reunião do Definitório Provincial;

14 a 19

Retiro no Eremitério Frei Egídio

21 a 26

Assembleia da UCLAF (Divinópolis, MG);

OUTUBRO

11

50 anos da Paróquia Santo Antônio - Sorocaba, SP

15 a 18

Congresso de Evangelização da CFMB (São Paulo)

ABRIL

18

Ordenação de Frei José Morais Cambolo

20

450ª Festa de N. Sra. da Penha (Vila Velha);

28 e 29

Reunião dos guardiães e coordenadores (Agudos);

30 e 01

Reunião do Definitório Provincial (Agudos);

30 e 03

Retiro dos Benfeitores Franciscanos - Seminário Santo Antônio - Agudos (SP)

JUNHO

16 a 18

Reunião do Definitório Provincial

08

Reunião dos coordenadores dos regionais

18 a 02

Experiência Under Ten (Ilha do Marajó)

31 a 02

29 a 05

Caminhada Franciscana da Juventude (CFJ) – Vila Velha (ES)

JULHO

AGOSTO

Assembleia da FIMDA

06 a10

Retiro no Eremitério Frei Egídio

03 a 07

Retiro Bíblico - Seminário Santo Antônio - Agudos (SP)

19 a 23

Visita do Ministro Geral à Província

31 a 01

Alverne – Concórdia (SC)

NOVEMBRO

16 a 18

Reunião do Definitório Provincial;

MAIO

01 a 29

2021

Capítulo Geral da Ordem (Manila – Filipinas);


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