RE V IS TA
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL
ABRIL DE 2021 | ANO LXIX | Nº 04
SUMÁRIO
FRATERNIDADES
O rito de posse aconteceu após o Ato Penitencial, quando Frei Roberto fez a leitura da provisão que nomeou Frei Diego como Reitor do Santuário Frei Galvão. Em seguida, o novo reitor fez o juramento de fidelidade com as mãos postas na Bíblia. O Pe. José Carlos de Melo, último Reitor do Santuário, confiou as chaves do Santuário e do Sacrário à primeira Fraternidade Franciscana deste Santuário. Depois da profissão de fé, o povo cantou a Ladainha de Frei Galvão e Frei Diego fez a renovação das promessas sacerdotais.
COMUNIDADE MISERICORDIOSA
11 DE ABRIL DE 2021
N
um dia histórico, 11 de abril, a Província da Imaculada Conceição assumiu o Santuário Frei Galvão de Guaratinguetá. O frade da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Antônio de Sant’Ana Galvão, o Frei Galvão, foi canonizado pelo Papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil em 11 de maio de 2007. Desde então, o primeiro santo ganhou os altares pelo mundo afora. Em Guaratinguetá, na
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sua terra Natal, não foi diferente quando foi fundado um Santuário para ele. Neste dia 11 de abril de 2021, o santo e seus confrades voltaram a escrever uma nova etapa na história da presença franciscana no Brasil. Assim, numa celebração marcada por referências à espiritualidade e à história franciscana, a primeira Fraternidade - Frei Diego Melo, Frei Roberto Ishara e Frei Leandro Costa -, assumiu o Santuário Frei Galvão na Celebração Eucarística das 18 horas, pre-
sidida pelo Arcebispo Dom Orlando Brandes, tendo ao seu lado o Ministro Provincial da Província da Imaculada, Frei César Külkamp. Este momento histórico foi visto no Brasil inteiro através das transmissões da TV Frei Galvão do Santuário e TV Aparecida. Devido às restrições sanitárias, a celebração teve a presença de sacerdotes da Arquidiocese, frades de toda a Província, religiosos e religiosas, seminaristas e lideranças do Santuário.
No Domingo da Misericórdia, Dom Orlando destacou com muita ênfase o frade misericordioso que era Frei Galvão. “A primeira leitura falou de uma comunidade misericordiosa. Nós falamos tanto da Igreja misericordiosa e eu quero pedir a Santo Frei Galvão que esta comunidade aqui, com Frei Diego, Frei Leandro e Frei Roberto, seja uma miniatura da comunidade misericordiosa com este povo aqui do Santuário e na nossa Arquidiocese”, pediu o Arcebispo, que no último dia 5 de março aceitou a proposta de assunção do Santuário de Frei Galvão pela Província pelos próximos 30 anos. Segundo D. Orlando, Santo Frei Galvão foi muito misericordioso: com os doentes, com as parturientes, com aqueles que estavam morrendo. “Por isso creio que Frei Galvão deve estar abençoando muito os que estão morrendo na nossa pátria por essa pandemia”, observou. Segundo ele, Frei Galvão foi misericordioso com aquele soldado condenado à forca injustamente. “E o defendeu misericordiosamente e foi expulso de São Paulo por ser misericordioso. Quanta misericórdia de Frei Galvão com os pobres. Ele mesmo pedia esmolas e essas mesmas esmolas ele repartia com os mais pobres”, recordou. Dom Orlando lembrou de momentos marcantes da vida de Frei Galvão sempre ligados à misericórdia. “Como não perceber
Santo Frei Galvão misericordioso com os operários e ele mesmo ajudando a construir o mosteiro e por isso é Padroeiro da construção civil. Que ele abençoe a construção deste novo Santuário a ele dedicado e que já está há tantos anos em andamento”, pediu.
ESPECIAL - A POSSE DA PROVÍNCIA NO SANTUÁRIO FREI GALVÃO
Ele também agradeceu ao sr. Cardeal Dom Raimundo Damasceno de Assis, que “foi inspirado e tudo fez” para iniciar este Santuário. “Uma das partes mais difíceis coube a ele, o terreno, toda a parte jurídica e todo o planejamento do Santuário, que já está ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 185
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MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
sonhos, remendos e passos...”, 167 “Entre de Frei César Külkamp
FORMAÇÃO PERMANENTE
Franciscana” amplia 199 “Madrugada sua programação da Fraternidade é tema de formação na 200 Campanha Paróquia São Francisco de Assis virtual de São José em 201 Novena Campos Elíseos Porciúncula de Sant’Ana tem intérprete 202 Paróquia de Libras nas Missas 203 Frei Ervino celebra 96 anos de vida 204 Dom Dario encerra a Festa da Penha 213 Novos livros de Frei João Reinert
EVANGELIZAÇÃO
anos da Exortação Amoris Laetitia: quantos da Solidariedade: o que fazemos, como 170 “Cinco 214 Frente caminhamos?”, de Frei Oton Júnior, ofm fazemos e o que queremos fazer... Encontro ‘on-line’ reúne frades animadores 217 vocacionais FORMAÇÃO E ESTUDOS registra aumento de demanda Santa no Convento 218 Sefras 175 Semana São Boaventura na fila da fome do Seminário renova site para ampliar 176 Fraternidade 219 Sefras celebra o seu Padroeiro a solidariedade o mistério da Paixão de Cristo ambiente especializado ao Poder 177 Postulantes: na Via-Sacra 220 USFPúblicodisponibiliza de Bragança Paulista 220 Morre o teólogo Hans küng FRATERNIDADES normal no Convento Católico: crescimento de 1,12% dos 178 Novo 221 Anuário e Paróquia do Sagrado católicos no mundo Celinauta e Paróquia São Pedro Apóstolo 183 Rede celebram Tríduo Pascal com programação especial OFM A posse da Província no Santuário franciscana na Terra Santa: Custódia 184 EFreiSPECIAL: Galvão 222 Aempresença números Ordem lança apelo pela paz em Mianmar 196 A Celebração da Páscoa na Sede Provincial 223 novo normal do Encontro Regional Leste 198 OCatarinense e Vale do Itajaí
FALECIMENTOS
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224 Frei Domingos Hellmann: dia 29 de março 225 Frei Luiz Flávio Adami Loureiro:dia 8 de abril 227 AGENDA
Entre sonhos, remendos e passos...
MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
VIVER É UMA QUESTÃO DE RASGAR-SE E REMENDAR-SE
(Guimarães Rosa)
Caros confrades, irmãs e irmãos, leitores de Comunicações, Paz e Bem! A frase do célebre escritor brasileiro, autor do clássico “Grande Sertão: Veredas”, retrata com poesia o duro e difícil momento que estamos atravessando enquanto humanidade. Continuamos a tecer sonhos e projetos, mas também temos nos visto obrigados a improvisar remendos nos contínuos rasgos que a realidade produz em nossos planos. No
ano passado, ao celebrarmos quase toda a Quaresma e a Semana Santa inteira em clima de distanciamento e restrição, imaginávamos com muita fé que neste ano seria bem diferente, que estaríamos de volta a uma situação razoavelmente normal. Não foi o que aconteceu. Com a permanência da pandemia, inclusive de forma mais agravada, tivemos de prosseguir num frágil equilíbrio entre o desejável e o viável, o sonhado e o realizável, o planejado e o possível, remendando com criatividade os rasgos e rupturas que toda esta situação tem produzido. Assim como as muitas famílias de parentes e amigos com as quais nos solidarizamos, também no seio de diversas de nossas Fraternidades a pandemia se instalou, provocando o isolamento, a internação e também a morte de confrades ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 167
MENSAGEM
e entes queridos. Para refazer estes remendos urgentes e necessários, procuramos usar os fios da esperança, da generosidade e do amor que o próprio Deus dispõe para nós. Sem estes preciosos fios, nosso trabalho de tecelagem seria em vão. Os rasgos profundos e dolorosos da fome, temos procurado remendar com a continuidade empenhada do trabalho de distribuição de refeições e alimentos através das diversas expressões da Frente de Solidariedade, no SEFRAS, em nossas paróquias e também nas outras presenças evangelizadoras. A solidariedade criativa deve ser prioridade em nossa missão. Outro fio importante neste trabalho artesanal de tecelagem é o fio da Comunicação. Mais uma vez, pelas transmissões via internet, rádio e televisão, temos cultivado a proximidade celebrativa e fraterna com nossos irmãos e irmãs que vivem suas aflições, alegrias e esperanças no isolamento de seus lares. O amadurecimento e o ganho de qualidade de nossa presença nestes ambientes foram efeitos colaterais positivos desta pandemia e nos revelam que devemos prosseguir neste caminho. Importante cultivo da Igreja Doméstica, ilustrado nas reportagens que relatam a celebração e a transmissão da Semana Santa em algumas de nossas casas de formação e paróquias. De remendo em remendo, seguimos moldando o tecido da vida, movidos pela graça de Deus. Chegando à edição de número 451, podemos dizer que testemunhamos um momento histórico na Festa da Penha 2021, em Vila Velha, ES. Celebrar as alegrias de Nossa Senhora com metade da Fraternidade hospitalizada, com a partida de um irmão, Frei Luiz Flávio Adami Loureiro, no quinto dia do oitavário, sem a presença dos fiéis, de forma totalmente on-line e com todas as demandas que um evento desta natureza traz consigo, são registros que ficarão na memória do povo capixaba e de nossa Província. O sugestivo lema, “Vosso olhar a nós volvei”, certamente foi estímulo a todos que levaram a programação a bom termo, sempre sob o olhar materno e amoroso da Senhora das Alegrias. Externo minha sincera gratidão aos confrades do Convento da Penha e a todos os envolvidos pelo modo fiel e aguerrido com que enfrentaram este
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desafio. Celebramos também com alegria a alta médica de nossos irmãos daquela Fraternidade, Frei Paulo César Ferreira da Silva, que voltou para casa no dia 9 de abril, e do guardião, Frei Paulo Roberto Pereira, no dia 21 de abril. Além de “rasgar-se e remendar-se”, viver também é caminhar, e foi com uma caminhada de fé que celebramos um importante passo em nosso processo de redimensionamento, marcando o início oficial da missão de nossa Fraternidade junto ao Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá, SP. Conforme descreve a ampla reportagem desta edição, partimos, no início da manhã do domingo, dia 11 de abril, do Seminário, com a bênção de envio. No percurso até o Centro, visitamos a Casa de Frei Galvão e nos encontramos com os descendentes de seus familiares, simbolizando a comunhão entre a família de sangue e a família espiritual de nosso confrade e santo; estivemos na Matriz de Santo Antônio, manifestando nosso desejo de profunda sintonia com a Igreja local; no calçadão da cidade, tivemos um encontro com os moradores em situação de rua e com os voluntários da Pastoral Social, como expressão de nosso compromisso de sermos uma “Província em saída”; e também nos encontramos com o prefeito e demais autoridades, manifestando nosso carinho pelo povo do município e nosso desejo de caminhar em parceria com o poder público. Por fim, foram os colaboradores e voluntários que nos receberam na chegada ao Santuário. Seguimos com a bênção da nova Fraternidade Frei Galvão, pedindo que o serviço ao Santuário seja expressão de nossa comunhão fraterna. Tivemos, como coroamento deste dia, às 18h, a celebração de posse da nova fraternidade, com a presidência do Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. Devido às restrições da pandemia, a celebração, que foi transmitida para todo o Brasil pela TV Aparecida e TV Frei Galvão, contou com a participação presencial de padres da Arquidiocese, redentoristas, confrades e representantes da Família Franciscana, além das lideranças principais do Santuário. À nova Fraternidade, Frei Diego Atalino de Melo, Frei Roberto Ishara e Frei Leandro Costa Santos, nosso pedido de bênção e nossa proximidade fraterna.
MENSAGEM
Registro ainda o falecimento de Frei Domingos Böing Hellmann, que estava na Fraternidade São Francisco de Assis, em Bragança Paulista, para um cuidado mais intenso com a saúde. No entanto, sua situação já era grave e acabou não resistindo, falecendo no dia 29 de março, durante a Visita Canônica. Descanse em paz o Frei Domingos e, à Fraternidade cuidadora e seus colaboradores, nossa gratidão e apreço pelo carinho com que acolhe e cuida dos nossos irmãos idosos e enfermos. Neste mês de abril, em todas as quartas-feiras e em modo virtual, estamos realizando a XXVI Assembleia da UCLAF – União de Conferências Franciscanas da América Latina. Atualmente são três Conferências: Santa Maria de Guadalupe (México, América Central e Caribe), Bolivariana (Equador, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia) e a do Brasil e Cone Sul, agora integradas numa só conferência, desde 13 de maio de 2020. Ao todo são 26 entidades. Tomou-se a temática da CLAR de Jo 2,5: “Façam tudo o que Ele vos disser!” “É agora!” O objetivo é o de atualizar os desafios do carisma franciscano e, a partir da reflexão da Ordem e da Igreja, caminhar como Conferência para um compromisso profético no contexto latino-americano, com atenção aos sinais dos tempos. Entre as discussões está a revisão e reforço do Projeto de fraternidades missionárias e itinerantes na Amazônia. Ele foi instituído
no Capítulo Geral de 2009 e já se realizou em três realidades da Amazônia Peruana e, entre os missionários, o nosso Frei Atílio Battistuz. A Amazônia se torna um desafio missionário para toda a Igreja, especialmente depois da realização do Sínodo e da publicação da Exortação Apostólica “Querida Amazônia”. Quanto mais o deve ser para o nosso Continente latino-americano. “A AMAZÔNIA QUERIDA apresenta-se aos olhos do mundo com todo o seu esplendor, o seu drama e o seu mistério.” (QA 1) E caminhamos em direção ao Capítulo Geral, confirmado para o mês de julho, e ao Capítulo Provincial, em novembro. Os trabalhos de preparação prosseguem como também a Visita Canônica, conforme as possibilidades e acertos prévios com cada fraternidade. Recomendo aos confrades que acompanhem as discussões e desdobramentos deste momento importante na vida da Ordem e que participem ativamente das tarefas propostas pela Comissão Preparatória de nosso Capítulo Provincial. Retomando o nosso título e o lema do Capítulo, sejam oportunidades para alinhavarmos o futuro e juntos sonharmos a nossa vida e a nossa missão! Fraterno abraço e que o Senhor vos dê a paz! Frei César Külkamp, ofm MINISTRO PROVINCIAL
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FORMAÇÃO PERMANENTE
CINCO ANOS DA EXORTAÇÃO QUANTOS CAMINHAMOS?
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FORMAÇÃO PERMANENTE
A
celebração de cinco anos da Exortação Apostólica Pós-sinodal Amoris Laetitia deve servir para uma breve revisão de sua recepção nas comunidades. Se o desenrolar do Sínodo ocasionou debates acalorados, no arco do tempo percebemos certo arrefecimento das reflexões da Exortação Apostólica. Para além de uma pastoral baseada na misericórdia, no discernimento, na valorização da consciência dos fiéis e na integração das famílias, o texto de Francisco traz passagens de verdadeira beleza espiritual que podem iluminar muito o caminho de fé de nossas famílias e de nossa ação pastoral. A presente reflexão busca refazer o caminho sinodal, desde sua convocação até a publicação da Exortação Apostólica, finalizando com sua recepção; e convida a um aprofundamento das propostas de Francisco a respeito das famílias.
A fase preparatória No dia 19 de março, dia de São José, comemoramos cinco anos da publicação da Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, cujo sínodo teve como motivação: “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”. A última exortação sobre a família tinha sido Familiaris Consortio, publicada em 1981, no pontificado de João Paulo II. Três décadas depois, Francisco convidou a Igreja a refletir novamente sobre este tema, levando em conta as novas realidades familiares, bem como a maneira de a Igreja lidar com esses novos contextos. O Concílio Vaticano II inaugurara propriamente uma teologia da família, em sentido amplo, uma vez que as perspectivas anteriores se fixavam na relação do casal. Com o Sínodo convocado por Francisco, “decididamente já não nos encontramos em uma simples pastoral voltada para casais e para famílias, mas em uma pastoral verdadeiramente familiar, que busca integrar justamente aquelas ovelhas que parecem estar fora do rebanho” (MOSER, 2016, p. 303).
A expectativa pelo Sínodo foi enorme. Os debates foram acalorados e a cada dia alguém levantava um aspecto novo a ser considerado. Ainda nas fases iniciais já se podia notar duas frentes bem distintas: os que desejavam que a Igreja revisse toda a sua práxis de acompanhamento das famílias, e aqueles que temiam que, de agora em diante, todo o patrimônio eclesial sobre as famílias se desfigurasse com novas propostas. Francisco, no início da Exortação, destaca essas tensões, “desde o desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamentação, até à atitude que pretende resolver tudo através da aplicação de normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas” (Amoris Laetitia, n. 2) Francisco então pontua: “Compreendo aqueles que preferem uma pastoral mais rígida, que não dê lugar a confusão alguma; mas creio sinceramente que Jesus Cristo quer uma Igreja atenta ao bem que o Espírito derrama no meio da fragilidade: uma Mãe que, ao mesmo tempo que expressa claramente a sua doutrina objetiva, não renuncia ao bem possível, ainda que corra o risco de sujar-se com a lama da estrada” (AL, n. 308). Dessa forma, Francisco ressalta um aspecto moral não muito comum nos documentos do magistério: não se fixa no dado objetivo da normatividade, mas valoriza o bem possível a ser alcançado pelos fiéis. Dois temas se impregnaram nas discussões sinodais, a ponto de Francisco ter de alertar que se tratava de uma reflexão ampla sobre a família e não só sobre estas, a saber: a comunhão de recasados e o casamento de pessoas homoafetivas. Sobre os primeiros, diz a nota de rodapé 351: “Em certos casos, poderia haver também a ajuda dos sacramentos. Por isso, aos sacerdotes, lembro que o confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor. E de igual modo assinalo que a Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos”. Sobre as uniões homoafetivas, Amoris Laetitia retoma a reflexão dos padres sinodais, os quais “anotaram, quanto aos projetos de equiparação ao matrimônio das uniões entre pessoas ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 171
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homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família” (AL, n. 251). No número anterior, diz Francisco: “cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, procurando evitar qualquer sinal de discriminação injusta e particularmente toda a forma de agressão e violência. Às famílias, por sua vez, deve-se assegurar um respeitoso acompanhamento, para que quantos manifestam a tendência homossexual possam dispor dos auxílios necessários para compreender e realizar plenamente a vontade de Deus na sua vida” (AL, n. 250). O processo sinodal teve início com um questionário enviado às conferências episcopais do mundo todo a fim de colher as primeiras indicações por onde as reflexões deveriam passar. As 38 perguntas basicamente se preocupavam em saber até que ponto a doutrina da Igreja sobre a família era conhecida e vivida no contexto familiar. Aqui, já é possível identificar a primeira lacuna: quantas pessoas tiveram acesso a esse questionário e quantos de nós o respondeu?
As reflexões do Sínodo O pontificado de Francisco vem buscando resgatar a sinodalidade na Igreja. De modo direto, podemos dizer: Francisco deseja uma “roda de conversa”, dando voz a todas as pessoas envolvidas nas discussões. O contrário disso seria legislar “de cima para baixo”, desconsiderando as realidades. Aliás, esse também foi o método adotado pelo Concílio Vaticano II, igualmente abraçado pelas Conferências do CELAM, no chamado método indutivo (popularizado como ver, julgar e agir): parte-se primeiro da realidade concreta, a qual será iluminada pela Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja para, enfim, retornar à realidade, inspirando-a à transformação. Na Evangelii Gaudium, Francisco já apresentava seu ponto de vista a este respeito: “Não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo. Não convém que o Papa substitua os episcopados locais no discernimento de todas as problemáticas que sobressaem nos seus territórios. Neste sentido, sinto a necessidade de proceder a uma salutar ’descentralização’”(n.16). Baseando-se no postulado de João Crisóstomo, Francisco insiste que “‘Igreja e Sínodo são sinônimos’, pois, a Igreja nada mais é do que este ‘caminhar juntos’ (...). Dentro dela ninguém pode ser ‘elevado’ acima dos outros. Pelo contrário,
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na Igreja, é necessário que alguém se abaixe pondo-se a serviço dos irmãos ao longo do caminho” (FRANCISCO, 17.10.15). No pontificado de Francisco, podemos lembrar ainda do Sínodo da Juventude (2018) - filho do Sínodo da família - e da Amazônia (2019) – filho da Laudato Si’ - os quais também se propuseram a escutar acuradamente as realidades em questão. No caso do Sínodo da Família, temos de recordar que ele foi celebrado em duas assembleias sinodais, em outubro de 2014 e outubro de 2015. Ao fim da primeira sessão, foi publicado a Relatio Synodi, a qual indicou que a ação pastoral da Igreja deveria se pautar pelo acolhimento e pela misericórdia. Disse o documento: “É necessário acolher as pessoas com a sua existência concreta, saber fomentar a sua busca, encorajar o seu desejo de Deus e a sua vontade de se sentir plenamente parte da Igreja, até mesmo em quantos experimentaram a falência ou vivem as situações mais diferentes. A mensagem cristã contém sempre em si mesma a realidade e a dinâmica da misericórdia e da verdade, que convergem em Cristo” (Relatio Synodi, 2014, n. 11). Ao fim do processo sinodal, o documento final ressaltou a misericórdia como grande iluminação do agir da Igreja para com as famílias: “Com o coração misericordioso de Jesus, a Igreja deve acompanhar os seus filhos mais frágeis, marcados pelo amor ferido e confuso, restituindo confiança e esperança, como a luz do farol de um porto ou de uma tocha levada ao meio do povo para iluminar aqueles que perderam a rota ou que se encontram no meio da tempestade” (Documento final, 2015, n. 55).
A Exortação Apostólica e sua recepção O documento final do sínodo é datado de 24 de outubro de 2015 e a Exortação Apostólica foi publicada em março do ano seguinte, como já mencionado. Amoris Laetitia contém nove capítulos, os quais abordam desde as perspectivas bíblicas, magisteriais, a realidade das famílias e as dimensões pastorais. Rapidamente, é bom termos em vista a divisão dos capítulos: Capítulo I - À luz da Palavra Capítulo II - A realidade e os desafios das famílias Capítulo III - O olhar fixo em Jesus: a vocação da família Capítulo IV - O amor no matrimônio Capítulo V - O amor que se torna fecundo Capítulo VI - Algumas perspectivas pastorais Capítulo VII - Reforçar a educação dos filhos C apítulo VIII - Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade Capítulo IX - Espiritualidade conjugal e familiar
FORMAÇÃO PERMANENTE
O próprio Papa Francisco diz que a maneira de ler o documento não precisa ser linear. De acordo com as atividades de cada grupo (fiéis leigos, pastorais, ministérios ordenados...) podem haver ordens e prioridades diferentes em torno do mesmo texto. “É provável, por exemplo, que os esposos se identifiquem mais com o quarto e quinto capítulos, que os agentes pastorais tenham especial interesse pelo capítulo sexto, e que todos se sintam muito interpelados pelo oitavo” (AL, n. 7). Quando o texto da Exortação Pós-Sinodal veio a público, os sentimentos novamente se distinguiram: houve os que comemoraram a maneira pastoral e de acolhida misericordiosa com que Francisco apresentava a realidade da família, e quem a interpretasse como uma proposição ‘herética’, por apresentar uma reflexão diferente do modelo vigente (lembremos das chamadas Dubia, apresentadas pelos cardeais Walter Brandmüller e Joachim Meisner; o norte-americano Raymond Burke; e o italiano Carlo Caffarra). Ainda na esteira crítica, o fato de que a Encíclica não esteja endereçada primeiramente às famílias, mas aos bispos, presbíteros e diáconos também causou desconforto: “Isto significa que os pobres que quiserem entender alguma coisa do texto não poderão fazê-lo em forma direta, mas sempre através da mediação interpretativa de bispos, presbíteros, diáconos, etc” (GEBARA, 2016, p. 35). Há várias partes do documento que valem a pena ser retomadas, seja pela beleza com que foram escritas, seja pela visão pastoral que apresentam. Particularmente, as intuições do capítulo IV ao refletir sobre o conhecido hino de Paulo sobre o Amor (1Cor 13, 4-7) são uma preciosidade a serem lidas com calma. Dada a limitação dessa proposta, é bom destacar a importância do capítulo VIII, em que o papa apresenta um modelo de acompanhamento dos casais, prevê a acolhida misericordiosa destes e busca formas de integrá-los na comunidade de fé. Amoris Laetitia insiste que o matrimônio não é uma realidade acabada, mas a ser construída gradualmente. Nem mesmo a imagem tão frequentemente utilizada da união entre Cristo e a Igreja (Ef 5, 21-33) deve ser considerada como uma realidade impositiva, mas como ideal inspirador: “Não se deve atirar para cima de duas pessoas limitadas o peso tremendo de ter que reproduzir perfeitamente a união que existe entre Cristo e a sua Igreja, porque o matrimônio como sinal, implica um processo dinâmico, que avança gradualmente com a progressiva integração dos dons de Deus” (AL, n. 122). Consideremos bem as expressões aqui utilizadas: “processo dinâmico’, “que avança”, “gradualmente”, “progressiva integração”. Amoris Laetitia não idealiza as famílias, não prescreve um ideal perfeito, inalcançável, não condena os modelos “irregulares” (Francisco escreve a palavra com as aspas). Ao contrá-
rio, faz questão de dizer que “não existem as famílias perfeitas que a publicidade falaciosa e consumista nos propõe” (AL, n.135). O Papa convida a todos ao empenho necessário para relações amorosas, na valorização de cada membro da família, à escuta atenta do Senhor. Francisco enfatiza o processo de discernimento, indicando assim que as atitudes nunca deverão ser tomadas do dia para a noite, ou consideradas prontas e acabadas de uma vez para sempre. Vejamos três exemplos: 1) “Temos dificuldade em apresentar o matrimônio mais como um caminho dinâmico de crescimento e realização do que como um fardo a carregar a vida inteira. Também nos custa deixar espaço à consciência dos fiéis, que muitas vezes respondem o melhor que podem ao Evangelho no meio dos seus limites e são capazes de realizar o seu próprio discernimento perante situações onde se rompem todos os esquemas. Somos chamados a formar as consciências, não a pretender substituí-las” (AL, n. 37); 2) “Saibam os pastores que, por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações. O grau de responsabilidade não é igual em todos os casos, e podem existir fatores que limitem a capacidade de decisão. Por isso, ao mesmo tempo que se exprime com clareza a doutrina, há que evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diferentes situações, e é preciso estar atentos ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição” (AL, n. 79); 3) “Os divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral” (AL, n. 298); Seria ingênuo e falacioso imaginar que o discernimento e a escuta da consciência se dão num ambiente calmo e esterilizado. Pelo contrário, as decisões são tomadas frequentemente em meio aos terremotos e conflitos da vida. Para além das questões internas da família, há todo o drama do contexto sociocultural, afinal, o desemprego, a habitação, o alimento dos filhos, o cuidado dos idosos não são situações que possam ser ignoradas (cf. AL, n.25 e 44). Mas devemos admitir que Amoris Laetitia não fez tanto ‘sucesso’ como Evangelii Gaudium (citada exaustivamente nas celebrações e encontros) e Laudato Si’ (que foi mais bem recebida fora da Igreja do que nas comunidades, salvo exceções que confirmam a regra). A preocupação pela recepção dos documentos da Igreja por parte da comunidade cristã não é algo novo, uma vez que não basta publicar o documento, deve-se cuidar para que seja conhecido, devidamente interpretado e posto em prática, de forma madura e as circunstâncias assim o permitirem. ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 173
FORMAÇÃO PERMANENTE
Mais que dar respostas sobre o porquê da dificuldade na recepção do documento, devemos nos perguntar: Amoris Laetitia foi apresentada às comunidades? Seu texto foi refletido, suas ideias foram assimiladas? Sabemos que uma forma bastante conhecida por muitos na Igreja, - numa postura típica do clericalismo - é a retenção do conhecimento, como se os fiéis leigos não tivessem o direito, ou não fossem capazes de interpretar os textos. Sim, os textos eclesiais muitas vezes utilizam uma linguagem tão cifrada que impossibilitam um acesso imediato a quem faltem os pressupostos filosóficos e teológicos, de preferência com bom entendimento de latim ou grego. Mas o problema do acesso aos documentos não está localizado só entre os leigos, como se não quisessem ou não pudessem conhecer os documentos, mas também os ministros ordenados nem sempre apresentam o gosto pelo estudo, pelo aprofundamento, pela atualização. Em não raros casos, vale aquilo que sempre valeu, numa preguiçosa postura de “lá vem mais um documento!”. Para a recepção de um documento da Igreja, devemos considerar que uma coisa é quem escreve, outra é quem interpreta, quem o recebe, quem vai colocá-lo em prática, enfim. “Não há automatismo nem imediatismo. Não há um sentido fixo e nem uma acolhida única. Diferentemente das leis que são colocadas em prática pela via da coerção, as normas de cunho ético-pedagógico exigem construção de consensos desde as suas publicações até as suas últimas aplicações. A recepção pressupõe abertura, decisão e esforço na busca do sentido comum, do caminho comum e da meta comum. Exige, em última instância, conversão, diria o Papa Francisco” (PASSOS, 2017, p. 15).
Perspectivas pastorais Amoris Laetitia lança o desafio de acompanhar as pessoas e as famílias em seu discernimento cristão. Resta saber se estamos dispostos a isto, ou continua mais fácil partir de um princípio geral que valha para todos. Uma moral de ‘pode e não pode’ certamente nos pouparia tempo em ter de nos debruçar sobre cada situação. Quanto a isso, nos alerta Amoris Laetitia, recordando o princípio medieval: “Embora nos princípios gerais tenhamos o caráter necessário, todavia à medida que se abordam os casos particulares, aumenta a indeterminação” (AL, n. 304). Nesse ponto, é bom que se diga: o autor não trabalha diretamente com casais, não atua em paróquia, não está ‘com a mão na massa’ com as famílias. Desse modo, está longe de poder dizer o que os agentes pastorais deveriam, ou não, fazer! Mas um dado é bastante curioso: com certa frequência, sou chamado a realizar estudos de documentos da Igreja com
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pastorais, paróquias, congregações e dioceses. Ultimamente, por exemplo, os cinco anos da Laudato Si’ e a publicação da Fratelli Tutti me exigiram diversas reflexões. No caso da Amoris Laetitia, tudo se estacionou nos meses subsequentes à sua publicação. Depois disso, ao longo desses cinco anos, nunca mais fui chamado a refletir o documento, a não ser em sala de aula, por dever de ofício. Passados cinco anos de sua publicação, toda aquela ebulição nos debates, todas as expectativas parecem ter perdido fôlego. Se outros documentos de Francisco continuam a ser citados, serviram de referência para outras discussões, parece não ter sido o caso de Amoris Laetitia. Valeria a pena interrogar-nos do porquê desse apagamento. Suas proposições foram acatadas? A maneira de acolher e acompanhar as famílias, sobretudo as mais fragilizadas, mudou? Talvez tenha razão quem interpretou a Exortação não como um ponto final, mas “com a força de um ‘início’, ou, melhor, do início de um início”. (GRILLO, 2016, p. 41). O aniversário de cinco anos desta Exortação deve ressaltar mais uma vez seus grandes objetivos: apreciar os dons do matrimônio e da família e manter um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência; e encorajar todos a serem sinais de misericórdia e proximidade para a vida familiar (cf. AL, n.5). Frei Oton Júnior, ofm f reioton@gmail.com
Frei Oton da Silva Araújo Júnior, ofm - Frade Franciscano da Província Santa Cruz, é professor do Instituto Santo Tomás de Aquino (BH) e Faculdade Jesuíta (BH). Possui doutorado em Teologia Moral, com tese que analisa a importância de Frei Bernardino Leers para a renovação da Teologia Moral no Brasil. Assessor de movimentos populares na área de ética teológica. Foi membro da coordenação da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), regional de Minas Gerais. Membro da equipe interdisciplinar da CRB nacional. Diretor Pastoral do Colégio Santo Antônio, BH. Referências FRANCISCO, Discurso de comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 17 de outubro de 2015. GEBARA, Ivone, A Igreja solteira, masculina e hierárquica que fala à família, Revista IHU nº 483, Ano XVI, 2016, p. 35-39. GRILLO, Andrea, Amoris Laetitia e a superação de contraposições estéreis, Revista IHU nº 483, Ano XVI, 2016, p. 40-43. MOSER, Antonio, A importância da pastoral familiar: Ecos do Sínodo dos Bispos de 2015. REB, Petrópolis, volume 76, número 302, Abr/Jun 2016, p. 280-303. PASSOS, João Décio, A recepção da Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia: desafios e tarefas eclesiais. São Paulo: Espaços, 25/1 e 2, 2017. p. 13-22. SÍNODO DOS BISPOS, Relatio Synodi, 18 de outubro de 2014. SÍNODO DOS BISPOS, Relatório final do Sínodo dos Bispos ao Santo Padre Francisco, 24 de outubro de 2015.
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Semana Santa intensa no Convento São Boaventura
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o início do mês, de 1º a 4 de abril, celebramos a Ressurreição do Senhor. A Fraternidade São Boaventura de Campo Largo/PR pode vivenciar o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor de uma forma íntima e profunda. Estando a igreja fechada por conta da capacidade, os frades do tempo da Filosofia tiveram que se adaptar para que os fiéis pudessem participar, ainda que on-line, desse momento forte da nossa fé. Na quinta-feira, a celebração da Ceia do Senhor contou com a presença dos confrades da Fraternidade Bom Jesus da Aldeia e foi presidida pelo guardião Frei Jeâ Paulo Andrade. Ele lamentou a situação pandêmica que estamos vivendo, mas recordou que essa festa de origem judaica era uma celebração familiar e isto nos consola e nos incentiva a nos tornarmos mais familiares
entre nós. Destacou, também, a humildade radical de Jesus Cristo, pilar da nossa espiritualidade. Nessa noite, nossa Fraternidade celebrou a Ceia do Ágape, recordando a entrega de Jesus e a libertação do povo de Israel. Além disso, passamos a noite em vigília nos conformando ao sofrimento do Mestre. Na Sexta-feira Santa, passamos o dia em recolhimento e silêncio. Pela manhã rezamos o Ofício da Paixão, às 15 horas tivemos a celebração da Paixão de Jesus, presidida por Frei João Mannes, e ao cair da tarde fizemos a Via-sacra em direção ao nosso cemitério, meditando os mistérios da Paixão de Cristo. Sábado, o dia do grande silêncio, nós nos preparamos para a grande festa da ressurreição do Senhor. Pela manhã rezamos o ofício do Sábado Santo e, às 19 horas, Frei Jeâ presidiu a Missa da Vigília Pascal, a mais importante de todas as celebrações. Ela é dividida em
quatro partes principais que se complementam: a Liturgia da Luz, a Liturgia da Palavra, a Liturgia Batismal e a Liturgia Eucarística. No domingo, a Fraternidade São Boaventura se reuniu novamente com a Fraternidade Bom Jesus da Aldeia para celebrarmos juntos a vitória de Cristo sobre a morte. A Missa das 10 horas foi presidida por Frei Mário José Knapik, que pediu para fiarmo-nos na esperança do Ressuscitado em tempos de Covid-19, para que possamos ter vida nova testemunhando o Cristo vivo como Maria Madalena o fez. Nossa Fraternidade deseja a todos uma Feliz Páscoa e esperança em tempos melhores, tempos em que seremos libertos, pelo mesmo Cristo, de tudo o que nos escraviza e gera morte. Frei Gilberto Silveira da Costa Junior
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FORMAÇÃO E ESTUDOS
Fraternidade do Seminário celebra o seu Padroeiro
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dia 19 de março foi de festa no Seminário Frei Galvão com a celebração do Padroeiro da Fraternidade São José. A Missa foi presidida pelo Ministro Provincial Frei César Külkamp, concelebrada pelo guardião da Fraternidade São José, Frei João Francisco da Silva, e pelo reitor do Santuário São Frei Galvão, Frei Diego Atalino de Melo. Frei César falou da importância de São José como um modelo para a vida consagrada e
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para Igreja, abordou também a comemoração do ano extraordinário de São José convocado pelo Papa Francisco. Contando apenas com a participação da Fraternidade dentro das Laudes, abençoou a capela dos romeiros que foi reformada justamente para celebrar melhor o Padroeiro da Fraternidade e acolher os devotos que visitam o Seminário com mais conforto. Frei João Francisco falou ainda que a casa possui a dupla missão: a de formar os futuros frades e acolher bem os romeiros
que pelo Seminário passam. Ter a capela reformada vai ajudar mais ainda a essa acolhida e além de aumentar o sentido de pertença da Fraternidade ao seu Padroeiro. As festividades terminaram com um delicioso almoço e as bênçãos do Ministro Provincial, que também encerrava a visita canônica em vista ao Capítulo Provincial desse ano. Samuel Cavalcanti do Amaral POSTULANTE
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Postulantes: o mistério da Paixão de Cristo na Via-Sacra
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a Sexta-feira Santa (2/4) aconteceu no Seminário Franciscano Frei Galvão a Via-Sacra, organizada e animada pelo Postulantado. Com o tema inspirado na CF2021 “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14a), buscou-se levantar questões que nos dias de hoje levariam à condenação de Cristo, tais como a falta de diálogo, intolerância religiosa, feminicídio, LGBTQIA+fobia, o uso da religião como objeto de poder e alienação, violência contra jovens, negros e pobres, entre outros. Devido ao agravamento da pandemia de Covid-19, a apresentação ocorreu sem a presença do povo, com a participação da Fraternidade local e a Fraternidade do santuário Frei Galvão, que em um determinado momento da oração foram convidados, assim como o Cristo, a carregarem a cruz. Um dos postulantes representou um voluntário do Sefras na estação em que o Cirineu ajuda a Jesus a carregar a cruz, fazendo refe-
rência a todos os voluntários e freis que se doam e doaram esse ano e no ano anterior na Tenda Franciscana. A oração terminou com o ato simbólico de todos marcarem as mãos na cruz, simbolizando a nossa responsabilidade com a cruz de Cristo e a de todos os que passam por outras cruzes em suas vidas. E com a poesia do Cardeal José Tolentino de Mendonça, pedimos: “Livra-nos deste vírus e de todos os outros”, bem como tantos outros vírus de indiferença que estão presentes na sociedade. Para os autores do texto, a Via-Sacra não deveria ser entendida como apenas um teatro, mas uma forma eficaz de viver o mistério da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, que padece todos os dias na face dos irmãos rejeitados e oprimidos. Em suma, a Via-Sacra é tocar no mistério, interiorizá-lo e fazê-lo ecoar na própria vida e na vida do próximo, assim como a palavra de Deus. Samuel Cavalcanti do Amaral POSTULANTE
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FRATERNIDADES
Pôr do sol no dia da Páscoa em Petrópolis
no Convento e Paróquia do Sagrado O novo normal dos frades franciscanos no Convento e Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ) vem sendo intenso e, ao mesmo tempo, desafiador. Mas também, de aprendizado e esperança. Nos últimos dias, nossos frades mais idosos receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19, sinal de fé e alento em meio a tantos sofrimentos. Nestes tempos, no “Sagrado”, motivos não faltaram para louvar a Deus por suas graças e bênçãos. Vamos a alguns destaques: 178 | COMUNICAÇÕES | ABRIL | 2021
FRATERNIDADES
SEMANA SANTA, PASCOELA E BÊNÇÃO DO CONVENTO
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s Celebrações da Semana Santa e do Tríduo Pascal, tempo forte de nossa fé e espiritualidade cristã, foram bem celebradas e vividas. Com a oração diária das Laudes e Vésperas, diariamente os frades celebraram também a Eucaristia. Na terça-feira da Semana Santa (30/03), uma celebração penitencial preparou os corações para uma boa vivência dos acontecimentos do centro do ano litúrgico: a Páscoa. A celebração foi presencial, com todas as medidas sanitárias necessárias, e os fiéis da Paróquia do Sagrado participaram com especial piedade. Na Quinta-feira da Ceia do Senhor (1/04), a celebração interna do Ágape contou com o discurso do frade mais jovem da fraternidade, Frei Fábio Melo Vasconcelos, que nos dirigiu palavras de alento e conforto. Segundo ele,
na Ceia de Jesus temos o farto banquete de ensinamento e os motivos da nossa celebração”. Cristo não apenas sabe, mas ele também saboreia cada acontecimento com os seus. As outras múltiplas refeições de Jesus, que antecederam, essa que é a derradeira antes da sua morte e ressurreição foram todas um ensino na liturgia. Não são a formalidade de um ensinamento, ou um saber desligado da vida. O mandamento de Jesus tem gosto novo, sabor de pão e vinho para todos. Basta relembrar que perdão, partilha, acolhimento foram transmitidos, em palavras e gestos, por Jesus em momentos de comensalidade. No entanto, bem sabemos que os sabores não são apenas agradáveis, e nisto as ervas amargas e o vinagre na estopa servem de símbolo para nos lembrar”, ensinou. “O lava-pés dessa noite nos ensine a devolver a nossa vida o discipulado e a comunhão com
a fonte de toda Sabedoria e a razão do nossa alegria”, desejou. O dia da Páscoa (04/04) na Fraternidade do Sagrado foi festivo. Com um churrasco no pátio da Editora Vozes, os frades celebraram com festa a ressureição de Cristo. Logo pela manhã do início da oitava pascal (5/04), os religiosos reuniram-se na Sala Capitular do Convento para a tradicional oração e bênção da casa. Este momento foi conduzido pelo guardião e pároco, Frei Jorge Paulo Schiavini. Com cânticos e orações os frades percorreram todos os andares e espaços do convento aspergindo os ambientes. Logo depois, dirigiram-se a um sítio localizado na cidade de Sebollas (RJ), para um dia de passeio, descanso e descontração. Fica registrado o nosso agradecimento ao casal Celso e a Dona Bernadete Antunes que gentilmente nos emprestaram o espaço.
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FRATERNIDADES
SÉRIE: PALAVRAS DE JESUS NA CRUZ Durante toda a Semana Santa, com o apoio da TvFranciscanos desta Província da Imaculada, lançamos a série: “Sete Palavras de Jesus na cruz”. Tratam-se de expressões recolhidas das narrativas evangélicas da Paixão do Senhor e que a tradição da Igreja guardou com especial devoção. Nestas expressões, revela-se a identidade de Jesus: quem Ele é e sua missão. Este especial contou com oito episódios e apresentou meditações relativas a cada uma das sete últimas palavras proferidas por Jesus Cristo, quando suspenso no madeiro da cruz. São palavras densas, carregadas de vida, palavras excêntricas, onde Jesus sai de si e se dirige aos outros. “Em tantos momentos de nossa vida já nos colocamos diante da Cruz do Inocente. Particularmente nos dias da Semana Santa o rosto desfigurado, o corpo
retorcido, as chagas abertas, suas derradeiras palavras penetram no templo de nosso interior com inaudita veemência. O Amado que pede amor. Os braços abertos esperam o abraço. Francisco de Assis insiste: O Amor não é amado”, refletiu Frei Almir Ribeiro Guimarães, um dos autores dos textos da série.
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CORAL DOS FRADES DO TEMPO DA TEOLOGIA Desde que a pandemia começou, em março de 2020, o Coral dos Frades do Tempo da Teologia, assumiram a entoação dos cantos das Celebrações Eucarísticas, propriamente da Celebração Eucarística das 10 horas, na Igreja do Sagrado em Petrópolis. No entanto, a tarefa não é fácil e é de grande responsabilidade. Tra-
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dicionalmente, há quase 80 anos, o coro mais antigo do país ocupava tal função, que agora conta com a ajuda e empenho dos frades do Tempo da Teologia. Diariamente, o Mestre, Frei Marcos Antônio de Andrade, conduz os ensaios e ministra aulas de música. Frei Ademir José Peixer, do Instituto Teológico Franciscano, tam-
bém tem contribuído com a composição de novas melodias para cada domingo. Vale ressaltar que durante as celebrações do Tríduo Pascal, o coro dos frades esteve à frente da animação das missas, contando com a ajuda do experiente maestro do Instituto dos Meninos Cantores, Marco Aurélio Lischt.
FRATERNIDADES
CANARINHOS DE PETRÓPOLIS: RUMO AOS 80 ANOS “Uma kombi, um frade ao volante e, ao redor, as ruas da cidade de Petrópolis. Essa imagem, singela e poética, faz parte da memória afetiva de muitos daqueles que passaram pelo Coral dos Canarinhos ao longo de seus oitenta anos de existência. Era a bordo de uma Kombi que Frei Leto Bienias e Frei José Luiz Prim visitavam as escolas para recrutar novos cantores. Foi numa kombi que muitos canarinhos viajaram pela primeira vez para fazer concertos, cantar em missas, conhecer o Brasil. E era também nas kombis que, durante muitos anos, os meninos eram transportados todos dias para o Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis”, assim começa a narração do documentário do coro mais antigo do país que graças à Lei Aldir Blanc, o coro de meninos mais antigo do Brasil levou às telas sua história de sucesso que atravessa gerações no curta-metragem “Canarinhos de Petrópolis – Tradição e Contemporaneidade”. A produção estreou no dia 30 de março, às 19 horas, nas páginas do IMCP e da TvFranciscanos. Como o nome do docu-
mentário bem aponta, os Canarinhos foram capazes de se adaptar à modernidade, sem perder sua essência e a tradição que os move. Foram cerca de dois meses de produção do curta-metragem em que foram reunidas imagens de arquivo, registros de apresentações e depoimentos de coralistas, ex-coralistas e famílias que acompanharam de perto o que é fazer parte do Instituto. Segundo Frei Marcos Antônio de Andrade, um dos aspectos mais interessantes do projeto foi a possibilidade de reunir depoimentos de um ex-canarinho por década: da fundação do Instituto, nos anos 40, até os dias de hoje. “Vamos comemorar 80 anos de Canarinhos em 2022, então a ideia foi recolher depoimentos que traduzissem esses 80 anos de história na música, educação e formação dos coralistas”, destacou o diretor-presidente. Além da estreia do documentário, no sábado (10/04), foi ao ar também o especial “Gravando em Casa”, um concerto virtual dos Canarinhos que apresenta a produção musical dos coralistas de casa. Com seis músicas gravadas em casa
pelos meninos, meninas e aprendizes do coral, o concerto virtual foi transmitido no Facebook e YouTube do IMCP e da TV Franciscanos. Segundo a gestora do Instituto, Rose de Mello, além de fonte de lazer, o concerto trouxe explicações de como a produção musical dos coralistas foi mantida durante a pandemia. “A manutenção das atividades dos coros, bem como a prática do cantar, foi uma preocupação constante do Instituto, e este concerto mostrou o que é possível se fazer à distância, utilizando plataformas gratuitas da internet”, ressaltou.
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FRATERNIDADES
GUARATINGUETÁ
PARÓQUIA E CONVENTO DO SAGRADO NA INTERNET No último dia 21 de março de 2020, a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ), completou um ano desde que começou a transmitir diariamente celebrações e devoções pelas plataformas digitais. Desde então, nossa fan page acumula mais de 650 vídeos entre transmissões e especiais com assuntos temáticos e pontuais. Ao todo somamos mais de 2 milhões de minutos assistidos que correspondem a 3 anos, 1.388 dias e 33.333.33 horas. Isso só foi e é possível, pois em fraternidade assumimos o compromisso de “Ir pelo mundo e levar o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Nosso #top5, no quesito vídeos mais acessados, são: 1. Live Mariana (31/05/2020): 50
Os frades e postulantes do Seminário e Santuário Frei Galvão levaram a mensagem da Páscoa aos hospitalizados, seus familiares e aos profissionais da saúde que são decisivos na luta contra a Covid-19. Inspirando coragem e trazendo esperança a todos que professam a fé em Jesus Cristo, o ato durou cerca de 30 minutos e ocorreu em frente ao Hospital Frei Galvão, em Guaratinguetá/ SP. Todos usaram máscaras de proteção facial. mil visualizações; 2. Oração das Laudes (10/04/2020): 34 mil visualizações; 3. Live Franciscana (02/10/2020): 19 mil visualizações; 4. Ordenação Diaconal (19/12/2020): 17 mil visualizações; 5. Celebração Eucarística (04/10/2020): 16 mil visualizações. E a missão não para por aí. Ainda em 2021 muita coisa boa vai acontecer e nós contamos com a sua companhia. Com uma vasta programação, grande parte das atividades religiosas são transmitidas ao vivo e diariamente pela página do Facebook da Paróquia. TEMPO QUARESMAL Durante todo o tempo quaresmal, sempre às quartas-feiras a Paróquia do Sagrado realizou os Encontros da Campanha da Fraternidade. Já nas sextas-feiras, celebrou-se a tradicional “Oração da Via-Sacra”, em preparação para a Semana Santa e Tríduo Pascal. Além disso, celebrações de caráter penitencial e formações via Google Meet, prepararam ainda mais os fiéis para as celebrações centrais do Ano Litúrgico. Pela fraternidade, Frei Augusto Luiz Gabriel
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FRATERNIDADES
Rede Celinauta e Paróquia São Pedro Apóstolo celebram Tríduo Pascal com programação especial
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Semana mais importante do calendário litúrgico da Igreja teve em Pato Branco/PR uma programação toda especial, com destaque para as transmissões via mídias sociais, TV e Rádio, na busca de proporcionar a um número maior possível de pessoas o acesso às celebrações. Numa parceria entre Rede Celinauta e Paróquia São Pedro Apóstolo foi possível oferecer uma programação diversificada para os fiéis. A programação contou com as celebrações da Liturgia das Horas, Celebrações Penitenciais e o Tríduo Pascal, todas transmitidas por Rádio e TV e também pelas mídias sociais. Além destas celebrações, a
programação radiofônica apresentou a “Semana Santa em Capítulos”, que em forma de rádio-novela, contou toda a história da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Outros programas também fizeram a sua presença como a Meditação das Cruzes, com a participação de Pe. Zezinho, Terço doloroso, com a participação de Pe. Joãozinho, entre outros. Na programação da TV, além da transmissão e cobertura das celebrações na Igreja, foi preparado uma reportagem especial sobre a relação da Cruz com o momento atual e os reflexos da pandemia na sociedade. Ainda que as celebrações estivessem abertas ao público e a participação tenha sido volumosa, com as devidas restrições,
muitos fiéis acompanharam as celebrações de casa, seja pela TV, Rádio ou mídias sociais. Essa experiência foi descrita por Lori Busato, uma paroquiana: “Foi uma novidade para mim, mas os objetivos foram alcançados. Conseguiram transmitir a grandeza do amor de Deus por nós. Contudo, ainda prefiro presencial e com abraços”, relatou. Com confiança em dias melhores, a busca pela evangelização, com o suporte das mídias sociais, tem se intensificado e ajudado as diversas frentes de evangelização aqui no Sudoeste Paranaense, buscando levar a Luz do Ressuscitado a tantos quantos necessitam de um sinal de esperança. Frei Alan Leal de Mattos
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FRATERNIDADES
11 DE ABRIL DE 2021
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um dia histórico, 11 de abril, a Província da Imaculada Conceição assumiu o Santuário Frei Galvão de Guaratinguetá. O frade da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Antônio de Sant’Ana Galvão, o Frei Galvão, foi canonizado pelo Papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil em 11 de maio de 2007. Desde então, o primeiro santo ganhou os altares pelo mundo afora. Em Guaratinguetá, na
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sua terra Natal, não foi diferente quando foi fundado um Santuário para ele. Neste dia 11 de abril de 2021, o santo e seus confrades voltaram a escrever uma nova etapa na história da presença franciscana no Brasil. Assim, numa celebração marcada por referências à espiritualidade e à história franciscana, a primeira Fraternidade - Frei Diego Melo, Frei Roberto Ishara e Frei Leandro Costa -, assumiu o Santuário Frei Galvão na Celebração Eucarística das 18 horas, pre-
sidida pelo Arcebispo Dom Orlando Brandes, tendo ao seu lado o Ministro Provincial da Província da Imaculada, Frei César Külkamp. Este momento histórico foi visto no Brasil inteiro através das transmissões da TV Frei Galvão do Santuário e TV Aparecida. Devido às restrições sanitárias, a celebração teve a presença de sacerdotes da Arquidiocese, frades de toda a Província, religiosos e religiosas, seminaristas e lideranças do Santuário.
O rito de posse aconteceu após o Ato Penitencial, com o comentário de Frei Walter de Carvalho Júnior, mestre dos postulantes. Frei Roberto fez a leitura da provisão que nomeou Frei Diego como Reitor do Santuário Frei Galvão. Em seguida, o novo reitor fez o juramento de fidelidade com as mãos postas na Bíblia. O Pe. José Carlos de Melo, último Reitor do Santuário, confiou as chaves do Santuário e do Sacrário à primeira Fraternidade Franciscana deste Santuário. Depois da profissão de fé, o povo cantou a Ladainha de Frei Galvão e Frei Diego fez a renovação das promessas sacerdotais.
COMUNIDADE MISERICORDIOSA No Domingo da Misericórdia, Dom Orlando destacou com muita ênfase o frade misericordioso que era Frei Galvão. “A primeira leitura falou de uma comunidade misericordiosa. Nós falamos tanto da Igreja misericordiosa e eu quero pedir a Santo Frei Galvão que esta comunidade aqui, com Frei Diego, Frei Leandro e Frei Roberto, seja uma miniatura da comunidade misericordiosa com este povo aqui do Santuário e na nossa Arquidiocese”, pediu o Arcebispo, que no último dia 5 de março aceitou a proposta de assunção do Santuário de Frei Galvão pela Província pelos próximos 30 anos. Segundo D. Orlando, Santo Frei Galvão foi muito misericordioso: com os doentes, com as parturientes, com aqueles que estavam morrendo. “Por isso creio que Frei Galvão deve estar abençoando muito os que estão morrendo na nossa pátria por essa pandemia”, observou. Segundo ele, Frei Galvão foi misericordioso com aquele soldado condenado à forca injustamente. “E o defendeu misericordiosamente e foi expulso de São Paulo por ser misericordioso. Quanta misericórdia de Frei Galvão com os pobres. Ele mesmo pedia esmolas e essas mesmas esmolas ele repartia com os mais pobres”, recordou. Dom Orlando lembrou de momentos
marcantes da vida de Frei Galvão sempre ligados à misericórdia. “Como não perceber Santo Frei Galvão misericordioso com os operários e ele mesmo ajudando a construir o mosteiro e por isso é Padroeiro da construção civil. Que ele abençoe a construção
deste novo Santuário a ele dedicado e que já está há tantos anos em andamento”, pediu. Ele também agradeceu ao Cardeal Dom Raimundo Damasceno de Assis, que “foi inspirado e tudo fez” para iniciar este Santuário. “Uma das partes mais difíceis coube ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 185
FRATERNIDADES
a ele, o terreno, toda a parte jurídica e todo o planejamento do Santuário, que já está pronto. Que ele se sinta, então, alegre e por nós agradecido”, recordou. Dom Orlando também agradeceu aos padres diocesanos que trabalharam no Santuário e que levaram, “com as suas forças até aqui, a fé e o acolhimento do povo de Deus, com muita misericórdia”. Ele também agradeceu aos benfeitores, os doadores dos terrenos, os apoiadores, leigos e leigas. “Quero agradecer aos peregrinos que do Brasil inteiro vêm aqui e daqui saem cheios da graça de Deus, alegres e felizes com a alegria franciscana. E claro, por fim, agradecer os freis franciscanos que hoje assumem a nova etapa histórica deste Santuário. Pela intercessão de São Francisco e São Frei Galvão, querido Pe. Provincial, agradeço a
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vocês terem solicitado este santuário. E certamente é coisa da Divina Providência. E agradecer o Santuário Nacional, que, com bom diálogo entre os franciscanos e os redentoristas, tudo está sendo demonstrado que a misericórdia é que vai guiando os nossos passos”, disse, lembrando também de Frei Hans Stapel, que foi um grande incentivador da criação deste Santuário.
ASSINATURA E PLACA COMEMORATIVA Após a comunhão foi assinado e formalizado o convênio entre a Província da Imaculada Conceição do Brasil e a Arquidiocese de Aparecida, que confia aos frades franciscanos os cuidados pastorais e administrativos deste Santuário de São Frei Galvão. Em seguida, D. Orlando e Frei
César fizeram juntos o descerramento da placa comemorativa fixada ao lado da imagem principal de Frei Galvão, marcando mais uma etapa importante na história deste Santuário. Dom Orlando chamou o Pe. Eduardo Catalfo, reitor do Santuário de Aparecida, e Frei Hans, fundador da Fazenda Esperança, para serem testemunhas na assinatura do documento. Ana Paula, falando em nome da comunidade, disse que há mais de 30 anos dava para contar nos dedos as pessoas que rezavam na Capelinha São José. Hoje, tudo mudou: “Nossa gratidão a todos os pastores que passaram por este Santuário”. E desejou as boas-vindas à nova Fraternidade pela intercessão de Frei Galvão. O Cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, constituiu
ESPECIAL
canonicamente em dezembro de 2010 o Santuário de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão. O decreto foi assinado no dia 8, data da solenidade da Imaculada Conceição.
“VOCÊS NÃO ESTÃO SOZINHOS AQUI” Frei César fez as saudações e agradecimentos e desejou a todos a Paz e o Bem. “Eu venho aqui nesta noite depois de todos esses momentos celebrativos partilhar com vocês a grande alegria e profunda gratidão que enche todo o coração por todo o bem que o Senhor Deus realizou e por tanto bem que tem realizado na vida de tantas pessoas”, disse. “E entre essas pessoas, quero com todo coração agradecer ao nosso Arcebispo Dom Orlando pela confiança que teve na nossa Província, nos nossos frades, para que pudéssemos vir e assumir, juntamente com toda a Arquidiocese, este trabalho evangelizador deste Santuário. Quero agradecer também aos confrades desta primeira Fraternidade, Frei Diego, Frei Roberto e Frei Leandro, que aceitaram logo no primeiro convite o chamado para vir aqui para este Santuário e servir. E vieram com esta disposição”, destacou. “Quero dizer para vocês que não estão sozinhos aqui. Vocês três. Vocês lembram que esta decisão, esta disposição de servir neste Santuário foi assumida por toda a Província e por unanimidade pelos frades em Assembleia. Então, todos nós estamos com vocês, neste trabalho, neste serviço, no apoio e em tudo aquilo que a gente puder colaborar. E um último agradecimento às pessoas que já se manifestaram aqui, que são lideranças desta comunidade, os mais diversos que estavam aqui – e todo o povo, os devotos de Frei Galvão, que vêm aqui celebrar a sua fé. Quero dizer que nós, frades, comprometemo-nos com cada um de vocês e numa atitude de verdadeiro serviço, de entrega para a promover a devoção de nosso querido Frei Galvão e de semear a Palavra e a Paz e Bem, como
ele mesmo fez e como o próprio Cristo espera de cada um de nós. O Santuário Frei Galvão é casa de vocês. Nós aqui viemos como que pisando numa terra sagrada, para aqui servir. Somos acolhidos e queremos fazer acolhida. Queremos confiar à prece de todos vocês e daqui também nos comprometemos em rezar para que essa missão seja sempre bem cumprida. Muito obrigado, Paz e bem!”, agradeceu o Ministro Provincial.
NOVA FRATERNIDADE SE INSPIRA EM FREI GALVÃO Frei Diego fez as saudações e os agradecimentos e disse que a fala não era só dele, chamando ao seu lado Frei Leandro e Frei Roberto. “Afinal é essa fraternidade local que em nome de toda Província assume agora essa missão e com um gesto de profundo respeito a esta cidade, desse Santuário e desse povo de Deus, eu gostaria de pedir licença a vocês para quebrar os protocolos, mas nós vamos tirar as nossas sandálias. Fazemos isso, assim como Moisés tirou as sandálias dos seus pés porque tocavam o solo sagrado. Nós também, ao iniciarmos essa missão, chegamos de pés descalços, de corações abertos e olhos elevados para contemplar o mistério que se manifesta no solo sagrado de tantos devotos de Frei Galvão”, surpreendeu Frei Diego. Ele contou que por muito tempo a nova Fraternidade ficou se perguntando qual seria a missão nesse Santuário e a resposta eles encontraram na própria vida de Frei Galvão. “Olhando a sua biografia, percebemos que ele assumiu três grandes funções, que Dom Orlando destacou na sua homilia. Frei Galvão, lá em São Paulo, no Convento São Francisco, desempenhou por vários anos os ofícios de porteiro, confessor e pregador. E nós, frades, aqui chegamos porque também queremos ser expressão de acolhida irrestrita neste Santuário. Acolher com amor, sem reservas, despretensiosamente com o coração aberto. Por isso, eu digo a toABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 187
dos vocês e a todo o povo do Brasil: Venham aqui em nossa casa! Visitando a Mãe Aparecida, venham visitar o filho Frei Galvão! Há sempre um lugar reservado para vocês aqui. Um lugar para vocês fazerem um encontro com Deus e com os irmãos”, convidou. “Afinal, como nós aprendemos com São Francisco, assim ele nos diz: ( Frei Roberto e Frei Leandro tocam e cantam: ‘procurai inspiração divina nos nossos irmãos’)”. Lembrando que Frei Galvão foi confessor, Frei Diego disse que a Fraternidade quer ser expressão da misericórdia de
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Deus. “Mais do que sermos confessores, queremos colocar em prática o pedido de São Francisco de que não haja no mundo irmão que pecar, o quanto puder pecar, que após ter visto os nossos olhos se sinta obrigado sair de nossa presença sem obter misericórdia se misericórdia buscou”, sublinhou. “Além disso, como franciscanos, queremos deixar nos conduzir por Deus, para fazermos misericórdia com os leprosos de hoje, os excluídos, os rejeitados, os que se encontram nas diferentes periferias exis-
tenciais, sociais, geográficas e até mesmo religiosas. Em uma frase, colocar em prática o que São Francisco nos admoesta (Frei Roberto e Frei Leandro tocam e cantam: ‘onde existe a misericórdia, onde existe o discernimento, não existe dureza nem a rigidez’)”. Depois, lembra que Frei Galvão foi pregador. “Temos consciência que nossa consagração deve ser um constante anúncio da boa nova de Jesus. Em tempos de instrumentalização da própria Palavra de Deus hoje, nós nos comprometemos em anunciar o verdadeiro Evangelho de Jesus,
ESPECIAL
procurando levar as pessoas ao encontro com Deus encarnado, através de uma fé madura e comprometida. Mais do que Palavras queremos como fraternidade pregar pelo testemunho de minoridade, de obras, atitudes e gestos concretos. Afinal, já nos lembrava nosso querido Santo Antônio (Frei Roberto e Frei Leandro tocam e cantam: ‘a linguagem é viva e eficaz quando são para as obras que falam. Cessem os discursos e falem as obras’)”. Por fim, segundo o frade, Frei Galvão também nos deixou um legado de ousadia, dinamismo e confiança absoluta em Deus. “Mesmo vivendo em tempos tão difíceis e desafiadores, Frei Galvão não deixou de seguir seus sonhos e utopias. E se hoje ele é patrono da construção civil e arquitetura, é porque no seu tempo ele
soube unir toda uma comunidade, para construção do Recolhimento das Irmãs do Mosteiro da Luz em São Paulo. As mesmas mãos que incansavelmente se levantavam para abençoar, consagrar e perdoar, também se calejaram para levantar as paredes daquela construção material que na verdade abrigaria uma sólida morada espiritual”, enfatizou.
COMEÇA A CONSTRUÇÃO DO SANTUÁRIO “Hoje, aqui chegamos. Não trazemos dinheiro, não trazemos recursos. Nosso tesouro é Jesus Cristo e e a nossa riqueza é a fé partilhada no meio do povo, povo esse que certamente vai nos ajudar a realizar um sonho de dar a Frei Galvão um Santuário digno da grandeza de sua santidade.
Assim, inspirados pela mesma coragem de Frei Galvão, confiando na divina providência e na solidariedade de tantas pessoas, e desejosos de realizar o sonho de toda esta comunidade gostaríamos de comunicar, agora, oficialmente para todos os devotos e devotas que ainda, neste semestre, estaremos dando início à primeira etapa de construção do novo Santuário do primeiro santo brasileiro. E, por fim, a palavra que transborda é gratidão. Gratidão a todos que fazem parte deste momento e desta história. A todos indistintamente o nosso muito obrigado de coração. Que Deus o retribua por tudo”, completou o Reitor do Santuário. Antes de encerrar a Santa Missa, D. Orlando fez um lembrete à nova Fraternidade. “Como disse São Francisco: Lavai-vos os pés uns dos outros”.
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FRATERNIDADES
FREI CÉSAR PEDE
“UNIÃO DE FORÇAS”
NA CAMINHADA AO SANTUÁRIO FREI GALVÃO
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ESPECIAL
A
acolhida oficial dos frades menores no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), começou na bela manhã do domingo (11/4) com uma caminhada bastante simbólica, partindo do Seminário Frei Galvão, a antiga presença franciscana da Província da Imaculada Conceição, até o Santuário dedicado ao primeiro santo brasileiro. “Depois desta caminhada, passando por lugares importantes e significativos da nossa cidade, da presença franciscana, da trajetória de Frei Galvão, nós chegamos aqui a esta casa onde os nossos freis já estão há algum tempo, mas hoje, de uma forma oficial, serão acolhidos e enviados para a missão que acontece a partir deste Santuário do nosso querido Frei Galvão”, disse o Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, ao chegar ao novo Santuário. Frei César, dirigindo-se a
um grupo de colaboradores do Santuário e a todos os fiéis devotos participando deste momento pela internet, disse que os três frades que chegam são poucos e vão fazer pouco sozinhos. “A gente já sabe que aqui tem forças muito grandes, um exército de devotos, colaboradores, voluntários de Frei Galvão. E é nessa multiplicação de forças, nesta união de forças que nós queremos servir e vamos ser muito mais fortes. Então, hoje queremos pedir todas as bênçãos de Deus para vocês que já estão aqui, que já fazem parte desta família de Frei Galvão, por nos acolherem e nos permitirem viver e
trabalhar com vocês. Queremos aprender muito com vocês”, disse Frei César. Segundo o Ministro Provincial, os três frades são também uma expressão de todos os franciscanos da Província da Imaculada e de todos os franciscanos e todo o Brasil. “Nós convidamos a Família Franciscana do Brasil para acompanhar. Nesta família estão as Irmãs Clarissas, as Irmãs Concepcionistas, muitas congregações religiosas femininas, os confrades Capuchinhos, os Conventuais, os irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular, a Juventude Franciscana, chamada Jufra, e outras tantas juventudes que também têm São Francisco como inspirador”, explicou. “Então, com toda essa força, com essa unidade, que para nós se chama fraternidade, um sentimento de irmãos, nós queremos chegar aqui para nos juntarmos a vocês nesta fraternidade do Santuário Frei Galvão, com os nossos colaboradores, voluntários, ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 191
FRATERNIDADES
e também com toda a comunidade de fiéis, de devotos, de romeiros, que aqui vêm experimentar, amadurecer a sua fé e daqui partem fortalecidos para viver a sua vocação cristã e que se torna também franciscana e de Frei Galvão, o nosso confrade aqui desta terra, e aqui buscado e reverenciado, que inspira toda a nossa vida”, ressaltou Frei César. “Hoje é dia de a gente agradecer a cada um de vocês que faz parte desta bonita família e por nos acolher, por nos permitir caminhar com vocês neste belo trabalho. Deus abençoe pela intercessão de Frei Galvão, de São Francisco de Assis e de Santa Clara a todos vocês que nos acolhem nesta manhã”, pediu Frei César. A Caminhada terminou com a bênção de São Francisco a todos que acompanhavam este momento histórico.
A CAMINHADA “Assim como São Francisco de Assis enviou seus frades, dois a dois, para anunciar a paz em toda parte do mundo, agora nos reunimos para novamente repetir esse gesto, dando a bênção de envio aos Freis Roberto,
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Leandro e Diego que irão constituir a nova Fraternidade do Santuário Frei Galvão”, disse o guardião Frei João Francisco da Silva, do Seminário Frei Galvão, aos três frades da nova Fraternidade: Frei Diego Melo, Frei Roberto Ishara e Frei Leandro Costa Santos, quando saíram em caminhada rumo ao Santuário. “Queremos nesta manhã como Fraternidade Franciscana, através de nossa oração, pedir ao Senhor da Messe e Pastor do rebanho que oriente e guie os passos de vocês nessa nova missão assumidas pela Província aqui em Guaratinguetá e confiada a vocês filhos
de São francisco e Santa Clara e inspirados pelo Santo Franciscano desta terra Frei Galvão, a irem pelo mundo e pregar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo como Regra de vida e em fraternidade através do acolhimento aos peregrinos, romeiros e devotos de Frei Galvão no santuário dedicado ao Santo”, saudou Frei João na Capela do Seminário. “Frei Diego, Frei Leandro e Frei Roberto, aqui se inicia mais que uma caminhada, e sim uma “peregrinação’ que recorda os passos de São Frei Galvão, que percorria grandes distâncias, sempre a pé, como missionário
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da Paz e da Caridade, levando alegria e sendo sinal de esperança aos que encontrava pelo caminho, sobretudo aos pobres e enfermos”, acrescentou o guardião do Seminário. Que os vossos passos sustentados pela força do Evangelho, sejam firmes e seguros como os passos de Frei Galvão, que caminhada na objetividade de Cristo”, emendou. “Esse ato de ‘peregrinar’ corrobora com o desejo de outro Francisco, o de Roma, que nos manifesta com frequência o desejo de ‘uma Igreja pobre, para os pobres’, como proposta de uma Igreja em saída, que chegue às atuais periferias geográficas e existenciais e isso requer uma atitude de misericórdia e compaixão”, exortou. “Não obstante, vos pedimos que a exemplo de São Frei Galvão não abdiquem do estilo franciscano do acolhimento e da escuta como modelo evangelizador de uma Igreja, acima de tudo, centrada em Cristo”, pediu. “Por onde passarem, sejam verdadeiramente homens evangé-
licos, religiosos obedientes guiados pelo ‘Espírito do Senhor e seu Santo Modo de operar’. Sigam acreditando na força revolucionária da ternura e do afeto”, indicou Frei João. A peregrinação fez algumas paradas em pontos simbólicos e históricos, importantes na vida da cidade. Simbolizando a família de Frei Galvão, a primeira parada foi na Casa Frei Galvão, atual museu. “Demonstramos a comunhão dos Frades Franciscanos com esta Família que deu este santo irmão para a nossa Província, para a Ordem e para toda a Igreja”, disse Frei Diego. Em seguida, a Igreja Matriz de Santo Antônio, onde São Frei Galvão foi batizado e rezou a sua Primeira Missa, os Frades Franciscanos fizeram uma parada demonstrando a comunhão e a amizade fraterna com todo o Clero Diocesano e todo o povo de Deus. Outro ponto muito simbólico e importante para a espiritualidade franciscana foi no Calçadão de Guaratinguetá, onde a Pastoral de Rua
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Deus Vivo, da Paróquia Nossa Senhora da Glória, assiste aos moradores em situação de rua, e que conta com a participação dos Frades e postulantes Franciscanos. “Queremos mostrar que um Santuário Franciscano precisa ter esse olhar de misericórdia para com os mais necessitados. Pediremos a bênção daqueles que são os nossos mestres, daqueles pelos quais São Frei Galvão também teve um carinho especial e que hoje são representados por esses irmãos e irmãs que estão em situação de rua”, explicou Frei Diego. Antes de chegar ao Santuário, os frades se encontraram o prefeito Marcus Augustin Soliva, o vice-prefeito Régis Leandro Yasumura e o secretário de Turismo Sr. Mário Augusto Rodrigues Nunes, que num gesto de acolhida deram a chave da cidade aos frades. As autoridades representaram todo o povo de Guaratinguetá e a importância que tem o Santuário para esta cidade. Moacir Beggo (texto) e TVWeb Frei Galvão (fotos)
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ESPECIAL
A nova Fraternidade do Santuário Frei Galvão
FREI DIEGO ATALINO DE MELO
FREI ROBERTO ISHARA
FREI LEANDRO COSTA DOS SANTOS
Filho de Roselei Maria e Alfredo Adenir Melo, Frei Diego nasceu no dia 26 de agosto de 1983 em Lages, Santa Catarina. É nesta cidade que foi ordenado presbítero no dia 11 de fevereiro 2012. A primeira etapa na formação religiosa franciscana de Frei Diego foi o Aspirantando de Ituporanga, em 2002. No ano seguinte, foi para o Postulantado e recebeu o hábito franciscano em 2004, na cidade de Rodeio. Concluiu o Curso de Filosofia (Curitiba) no ano de 2007 e, em 2011, terminou o Curso de Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Professou solenemente na Ordem Franciscana no dia 5 de novembro de 2009 e foi ordenado diácono no dia 4 de dezembro de 2010. Desde sua ordenação, Frei Diego se dedicou à animação vocacional na Província da Imaculada, onde se destacou no trabalho com juventudes, levando à criação do Conselho Provincial de Juventudes, da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Agora, tem pela frente a grande missão de animar o Santuário Frei Galvão como reitor. Para ele, ser franciscano “é uma proposta para quem de fato é corajoso, para quem não é medíocre e aceita viver um grande desafio a cada dia”.
Frei Roberto Ishara nasceu no dia 3 de janeiro de 1970. É filho de Yuko Ishara e Nely Eiko Ishara e tem quatro irmãos: Sidnei, Sandra, Marcelo e Claudinei. “Sou o penúltimo”, conta. Seu discernimento vocacional aflorou quando morava no Japão trabalhando como dekassegui, onde leu toda a Sagrada Escritura. Segundo ele, desde criança queria ser padre. Quando retornou ao Brasil, tomou a decisão de ser padre. Escolheu ser religioso franciscano e ingressou na Ordem Franciscana por esta Província, quando vestiu o hábito em 2004 e fez a profissão solene em 5 de novembro de 2009. Desde que foi ordenado presbítero, em 20 de outubro de 2012, trabalhou na Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino (SP), foi missionário em Angola, trabalhou na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha (RJ) e no Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP), onde vai dedicar mais ao atendimento das confissões . Na sua ordenação disse: “Na pessoa de Francisco vemos que é possível a vivência do Santo Evangelho. No carisma de Francisco temos uma linguagem universal e, por isso, uma diversidade de atuações no apostolado”.
Filho de Francisca e Francisco Moisés dos Santos, Frei Leandro nasceu na capital paulista e é o terceiro dos seis filhos. Ingressou no Seminário de Agudos em 2005 e vestiu o hábito franciscano em 2009. Cursou em seguida Filosofia e Teologia e, em 2017, foi ordenado diácono no Santuário Divino Espírito Santo, em Vila Velha (ES), onde residiu antes de assumir, neste ano, o trabalho no Pró-Vocações e Missões Franciscanas (PVF), em São Paulo. Do seu período de formação, destaca a forte experiência vivida entre os anos de 2014-2015 em Duque de Caxias, na Paróquia São Francisco. “A Igreja de Caxias, na minha história pessoal, é uma referência marcante em termos de igreja engajada e participativa”, diz o frade. Em 2016, concluiu os estudos teológicos. Foi ordenado presbítero no dia 9 de fevereiro de 2019, residindo e trabalhando no Convento e Santuário São Francisco, especialmente no serviço de animação vocacional. Agora, no Santuário, vai se dedicar mais à comunicação. Sobre sua missão como sacerdote, lembra Frei Leandro: “Acredito também que o contato com o povo, além de ser um exercício ministerial, é uma fonte da qual me abasteço por inteiro”. ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 195
FRATERNIDADES
PÁSCOA NA SEDE PROVINCIAL
Frei César: “O critério para encontrar Jesus vivo e ressuscitado é o amor”
O
Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, e toda a Fraternidade da Sede Provincial, em São Paulo, celebraram a Missa da Páscoa do Senhor às 10 horas do domingo (4/4), com transmissão pelas redes sociais da Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino. Foram concelebrantes o pároco Frei Valdecir Schwambach, Frei Raimundo de Oliveira Castro, Frei Carlos Nunes Corrêa e Frei Robson Luiz Scudela. Frei César saudou a todos com “Paz e Bem” e desejou Feliz Páscoa. “Sim, hoje, é Páscoa e Páscoa é todo dia, como nós cantamos, pois a Páscoa é tão importante que ela ecoa não somente hoje, mas em cinquenta dias na liturgia. E é Santo Atanásio que nos afirma: ‘Os 50 dias, entre o domingo
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da Ressurreição e o domingo de Pentecostes, sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa. Ou melhor, como um grande domingo’”, citou o Ministro Provincial. Segundo, podemos dizer “não apenas nesses 50 dias, mas em todos os domingos”, pois cada domingo é celebração da Páscoa da Ressurreição do Senhor. “E podemos dizer em todos os dias da vida da Igreja e da nossa vida. Todas as demais celebrações, os sacramentos, as celebrações dos mistérios da vida de Jesus, eles estão fundados na sua ressurreição. Todos os acontecimentos da nossa vida, os sofrimentos, as dificuldades, recebem um sentido novo a partir da Páscoa de Jesus, que é também nossa Páscoa”, ressaltou Frei César.
Somos chamados ao amor Referindo-se ao Evangelho e à passagem de São João, Frei César descreveu o cenário de silêncio, escuridão, e de uma mulher, Maria Madalena, que se esgueira pelos caminhos para ir ao encontro do túmulo, onde puseram o seu amado. Mas ela o encontra vazio. A partir desse momento, segundo Frei César, o Evangelho provoca uma explosão de movimentos: Ela saiu correndo pelas vias principais, os discípulos também correm e de pressa, nos diz o texto, o mundo silencioso e escuro, desperta. Dois discípulos chegam ao túmulo: um o vê vazio, mas o discípulo chamado “o Amado”, percebe a vitória da vida. Viu e acreditou. “O Evangelho indica, então, que o critério para encontrar Jesus vivo e ressuscitado é o amor. É o que se dá com Maria Madalena, é o que se dá com esse discípulo amado. E nesse
FRATERNIDADES
discípulo que não aparece o nome em várias partes da narrativa de São João, a gente pode identificar o próprio apóstolo João. Mas ao escrever o Evangelho, ele nos faz uma catequese e nos leva a incluir nesse discípulo amado a pessoa de cada ouvinte do Evangelho, de cada cristão, o nosso nome. Somos chamados também ao amor para que possamos ver e acreditar”, explicou o Ministro Provincial. Segundo o celebrante, depois dessa descoberta de que o Senhor está vivo, os discípulos já não são mais os mesmos. “Esses encontros com Jesus, que vão se dando na sequência do Evangelho, cheios de vida, depois daquela dolorosa e sofrida execução, transformou-os totalmente. Eles O veem de uma maneira totalmente nova. Com sua morte e ressurreição, Jesus dá a revelação da face do Pai, aquilo que anunciou durante toda a sua vida, mas como uma experiência concreta. Ele é o Deus da vida. O Deus que ressuscitou. E agora não resta dúvida para aquilo que ele tinha dito: Deus não é um Deus dos mortos mas do vivos. Agora, ele o comprovou”, enfatizou. “Os humanos poderão destruir a vida de mil maneiras, mas se Deus ressuscitou Jesus, isto significa que ele quer a vida também para os seus filhos. Não estamos mais sós, nem perdidos diante da morte. Se Deus ressuscitou Jesus, isso significa, ali para os seus apóstolos, que a última palavra não é do imperador Tibério, nem de Pilatos, o governador; a última decisão não é nem de Caifás nem de Anás. Deus tem a palavra final e definitiva. Ele reagiu diante da injustiça dos que crucificaram Jesus e ele quer introduzir justiça diante de tanto abuso e crueldade que se comete no mundo. Deus não está do lado dos que crucificaram, mas dos crucificados”, acrescentou Frei César.
“Deus esmagou a injustiça e todo mal”. Frei César disse, então, que para imitá-Lo devemos estar com os que sofrem. “Esta é a resposta da nossa fé e da nossa esperança. Para os cristãos, os sinais de morte não prevalecem mais. Deus esmagou a injustiça e todo mal. E o cristão, ele não é mais derrotado pelo desânimo,
pelo medo, pelo conformismo. Antes, ele precisa se colocar em movimento, correr como aqueles apóstolos aos seus irmãos, para dizer que Cristo vive e que ele nos convida a ressuscitarmos com Ele para uma vida nova”, mencionou. Para Frei César, é o que os discípulos fazem no Livro dos Apóstolos, quando estavam amedrontados e escondidos, vão para as praças e falam movidos pela coragem e dão testemunho de Cristo. “Eles O mataram pregando numa cruz, mas Deus O ressuscitou e nós somos testemunhas de tudo o que Jesus fez. E Jesus mandou pregar ao povo e testemunhar. É a partir dessa fé e desse testemunho que nasce essa Igreja”, recordou Na Carta aos Colossenses, lembra o Ministro Provincial, São Paulo fala justamente dessa missão da Igreja que nasce do Ressuscitado. “Ela não é uma comunidade de pessoas olhando para o chão do aqui e agora. Ela contempla o alto, onde está Cristo vivo. É para lá que ela caminha. Não vive mais apegada ao que esta terra pode oferecer. Não se apega às glórias passageiras, ao poder e ao dinheiro. Quer as coisas celestes, que é o caminho apontado por Jesus. E aqui estamos nós, irmãos e irmãs, recebendo do próprio Cristo, que caminha com a sua própria Igreja. Antes da ressurreição, as pessoas viviam amedrontadas pela morte e até hoje a morte é o maior inimigo da humanidade. Ela significa o fim, a perda das pessoas e de tudo aquilo que se conquista. Assim, a vida não faz sentido ou é preciso viver todas as possibilidades enquanto aqui estamos. E isso, sim, é uma vida sem esperança”, ensinou. “Assim, irmãos, celebrar a Páscoa é despertar para uma vida de ressuscitados. Não precisamos mais ser vencidos pela angústia e pelo medo da morte. Existe muito mais além dela. Podemos viver com confiança, sem tristeza diante do envelhecimento, sem pessimismo diante de uma doença, sem desespero diante da perda de um ente querido, sem nos agarrarmos ao consumismo egoísta e a todas as formas vazias de destruição. Isso significa viver segundo o espírito de Jesus. Ele passou pela vida fazendo o bem. Também nós passamos pela vida. Fazer o bem é o que dá sentido a essa passagem”, exortou Frei César.
O vírus do desânimo e do individualismo Segundo o celebrante, durante a Quaresma foram feitos exercícios de conversão para sermos humanos e cristãos melhores. E lembrou Frei César que a Campanha da Fraternidade, que ainda continua neste ano, ensina a buscar o diálogo contra os sinais de intolerância com o diferente e com o excluído. “E foi o que fez Jesus. Ele não viu fronteiras na religião, na classe social, nem mesmo no pecado. Ser discípulo hoje significa vencer os sinais de morte, da falta de sensibilidade com o sofrimento dos outros, significa quebrar as correntes da injustiça e da exploração dos mais fracos, como Cristo mesmo fez e continua fazendo através de cada um de nós. Podemos ser esses instrumentos quando nós não nos entregamos ao mal e ao ódio que divide e quando nos fazemos próximos das pessoas levando esperança, principalmente aos cansados, aos doentes, aos incapacitados para viver e para se defender”, animou. “Nesse tempo de prolongada pandemia e isolamento social, podemos ser contaminados não apenas por um vírus, mas pelo desânimo e pelo individualismo. O Papa Francisco nos diz: ‘Cada dia, no mundo, renasce a beleza, que ressuscita transformada através dos dramas da história. Na realidade o ser humano renasceu muitas vezes de situações que pareciam irreversíveis. Esta é a força da ressurreição, e cada evangelizador é um instrumento deste dinamismo’. Aí está o nosso compromisso e, graças a Deus, vemos muitos gestos bonitos e generosos de atenção, de cuidado, de solidariedade aos que mais sofrem. São sinais da Páscoa. A alegria pascal do cristão está em crer na vida nova, que é a vida eterna, aquela que começa já desde agora. O sofrimento dessa pandemia vai passar e todos os outros da nossa vida também, porque o Senhor ressuscitado não nos abandona, caminha conosco. É Páscoa! A morte foi vencida pela cruz e ressurreição do Senhor, que é o Senhor da vida. Feliz Páscoa. Paz e bem!”, concluiu Frei César. Moacir Beggo ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 197
FRATERNIDADES
O Novo Normal do Encontro Regional
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número injustificável de mortes pela Covid-19 causa angústia e indignação. As restrições sanitárias, que impedem abraços e festas, entristecem os corações, mesmo os que entendem a necessidade e validade de tais medidas. O jeito é encontrar novas formas de encontro e de fazer acontecer aquilo que realmente contribui para a vida. Nessa busca que as Fraternidades de nosso Regional Leste Catarinense e Vale do Itajaí encontram, nas ferramentas on-line, a oportunidade de encontro e partilha. No dia 6 de abril, Oitava da Páscoa, como fosse a Pascoela da Pascoela, os frades se reuniram em frente das telas para verem uns aos outros e, como fraternidade regional, celebrar a vida. Às 8h30, todos já estavam a postos. Frei Daniel Dellandrea disponibilizou um link pelo Google Meet, e todos foram logando. A grande maioria reunida em suas fraternidades diante da tela. Testemunho bonito. Frei Paulijacson Pessoa de Moura, o coordenador do encontro, deu as boas-vindas fazendo uma
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breve recordação da vida. Apresentada a pauta, convidou sua própria Fraternidade, de Gaspar, para conduzir a oração inicial. Frei Carlos Ignacia a conduziu, invocando o Espírito Santo e com orações do tempo pascal. Intercedeu pelos doentes: frades, familiares e paroquianos nossos; e também pela caminhada rumo ao Capítulo Provincial e sua preparação. Após a oração foi acolhido nosso Provincial, Frei César Külkamp, que participaria do encontro. Frei César iniciou partilhando alguns desafios sobre a situação da pandemia, que inclusive dificultava um roteiro para a visita canônica. Entre desafios partilhou também alegrias: o processo de redimensionamento da Província, que caminhava com a entrega de 10 lugares no triênio e com duas novas Fraternidades: São Frei Galvão e Frei Leão. Comunicou que o Capítulo Geral estaria a princípio confirmado para esse ano, em julho, que a assembleia da UCLAF deveria ser on-line, e que a Reunião dos Guardiães, marcada para o final desse mês, também seria on-line.
A partilha das Fraternidades sempre é um momento central de nossos encontros regionais. Nessa situação restrita, todos estão empenhados em dar o melhor no trabalho de evangelização, no testemunho de vida fraterna, no cuidado com a saúde… De comum a toda a partilha foi a tônica no trabalho que continua, nas adaptações necessárias, e no carinho ao atender da melhor forma possível o povo que a nós recorre, cada vez mais enlutado e sedento de Deus. As grandes festas, como a Festa do Divino em Santo Amaro, serão mais familiares, menores, mas não menos devocionais. A caminhada da catequese nas paróquias está acontecendo, cada qual adaptada, segundo sua realidade, mas com carinho e atenção dos freis e das comunidades. A liturgia, mesmo com número reduzido de fiéis, continua a atualizar o Sacrifício de Amor que nos salva e alimenta na Eucaristia. As casas de formação, noviciado e seminário de Ituporanga, caminham com cuidados e esperança, re-
dobrando a atenção com cada formando e com o essencial para a Vida Franciscana, e se alegra com os formandos. Nos alegramos ainda com a vinda do Frei Josemberg C. Aranha, que compõe a Fraternidade de Rodeio, que aliás se prepara para festejar o centenário (19 de juho) de Frei Abel Scheinder, que já está vacinado e pronto para a festa. Também são vários os frades do Regional que já recebeu uma ou as duas doses da vacina contra a Covid-19, e isso é sinal de esperança! Muito mais a partilhar, certamente, pois ficou claro como a vida segue com ardor e cuidado. Frei Rodrigo da Silva Santos, secretário da Comissão Preparatória do Capítulo Provincial, ainda recordou a todos dos compro-
missos para com a preparação, o envio das reflexões e contribuições, e disse contar com o comprometimento de todos. Além disso foram mencionados alguns casos de frades que pediram um tempo de experiência na diocese, como o caso de Frei Marcos Brugger, que está em Blumenau, e Frei Luiz Aliberti, que está em São José, mas não exercendo seu ministério, apenas em período de experiência. Também foi lembrado que Frei Nilo Agostini está, como um projeto pessoal seu, em Itapema, ajudando em uma paróquia e buscando exercer ofício de professor ou pesquisador. Encerramos o encontro com uma mensagem do Definidor, Frei Daniel, que em tom de esperança agradeceu a todos e recordou
o mistério central de nossa fé: a Ressurreição! “Somos chamados a ressuscitar com Cristo!” Pedindo a bênção e intercessão de Nossa Senhora das Alegrias, a Virgem da Penha, foi concedida a todos a bênção do Provincial, Frei César. Foi um encontro valioso por conta do momento em que estamos, quando todo passo conta, toda alegria se intensifica e quando a Fraternidade se impõe com nova urgência. Passaremos por essa pandemia, como Fraternidade, sustentados pelo Deus que nos chamou à Vida Religiosa e que dá sentido ao sim diário! Paz e Bem! Frei Clauzemir Makximovitz
“Madrugada Franciscana” amplia sua programação O “Madrugada Franciscana”, programa das Rádios Celinauta e Coroado (Pato Branco-PR e Curitibanos-SC, respectivamente), surgiu de uma iniciativa diante dos desafios propostos pela pandemia e teve seu início em outubro de 2020. Com uma programação bastante diversificada e contando com a participação de diversas Fraternidades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, o “Madrugada Franciscana” encontrou larga adesão no campo radiofônico. No intuito da expansão desse trabalho de evangelização, têm-se trabalhado para ampliar a programação para ocupar todo o horário da madrugada. Eis as novidades: “Vida Franciscana” – Programa de espiri-
tualidade franciscana (Pastoral Universitária da USF) Santo Antônio de Pádua e do mundo – Temáticas de vivência dos Evangelhos a partir dos Sermões de Santo Antônio (Frei Alan Leal – Pato Branco – PR) “Eu creio” - Louvor, música e pregações (Ricardo – RCC Pato Branco)
“As mais belas flores dos salmos” – Salmos Bíblicos reformulados por Frei Felipe Gabriel Alves (Fraternidade São Pedro Apóstolo – Pato Branco – PR) Nos Caminhos de Assis – Entrevistas sobre diversas temáticas (Convento São Boaventura) As adições à programação visam qualificar, expandir e diversificar o nosso horizonte evangelizador. A equipe de comunicação da Rede Celinauta de Comunicação e a Fundação Frei Rogério agradecem a disponibilidade dos que já colaboravam com a programação desde outubro do ano passado e também dos novos colaboradores que, com espírito evangélico de colaboração e fraternidade, somam na evangelização pelos meios de comunicação. Frei Alan Leal de Mattos ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 199
FRATERNIDADES
Campanha da Fraternidade é tema de formação na Paróquia São Francisco de Assis
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Paróquia São Francisco de Assis de Campos Elíseos, em Duque de Caxias, realizou formação para a Campanha da Fraternidade 2021: Fraternidade e diálogo: compromisso de amor. Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade. Por decisão do Conselho de Pastoral Paroquial, ponderando toda a situação vivida atualmente por causa da pandemia da Covid-19, a formação aconteceu de forma “híbrida”, ou seja, presencialmente, poucas pessoas puderam participar, mas através das redes sociais, com a ajuda da Pascom, muitos se fizeram presentes. Resultado que se mostrou muito positivo, dada a grande participação das pessoas, inclusive com comentários, “likes” e perguntas. Nossa Paróquia é composta de 25 comunidades, que são distribuídas em três áreas pastorais: Área de Campos Elíseos, de Primavera e Saracuruna. Para envolver todas as áreas, nós, frades, juntamente com
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o Conselho de Pastoral, achamos por bem que esta formação pudesse acontecer em três semanas consecutivas, ou seja, cada semana numa respectiva área. Formaram-se equipes para que o conteúdo proposto pela CNBB e Conic pudesse ser transmitido às pessoas. Partindo do método proposto, Ver, Julgar, Agir e Celebrar, vivemos três semanas ricas de formação. Cada área usou de muita criatividade de tal forma que os
encontros não fossem repetitivos, uma vez que se tratava sempre do mesmo assunto. Uma semana acrescentava sempre algo novo ajudando no aprofundamento. Todos estão de parabéns, os que prepararam os encontros e todos os que participaram da formação. Paz e Bem! Frei James Girardi e Pascom da Paróquia São Francisco de Assis
FRATERNIDADES
Novena virtual de São José em Campos Elíseos
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o ano dedicado a São José, a Paróquia São Francisco de Assis de Duque de Caxias, em comemoração ao dia de São José, Padroeiro Universal da Igreja, e tendo uma de suas comunidades esse santo tão especial de nossa Igreja como Padroeiro, organizou-se, entre os dias 10 a 18 de março, para, juntos, rezarem a novena em louvor a São José. Nesse longo período difícil que estamos vivendo da pandemia, a fé ao nosso intercessor, um amparo e guia nos momentos de dificuldades se intensificou, cada um em sua casa, com sua família, através do Facebook da Paróquia, pôde fazer deste momento da novena virtual um tempo de grande comunhão entre as comunidades e famílias. E no dia do seu Padroeiro, a Comunidade São José não deixou passar despercebida essa data tão esperada. Não podendo fazer sua tradicional procissão por motivos de distanciamento social e saúde pública, a Comunidade organizou
uma carreata por algumas ruas do bairro de Saracuruna, momento de fé e devoção. E o grande ápice da noite dessa bela data foi a Missa Solene de São José, realizada com os membros da Comunidade. Na homilia feita pelo pároco Frei Paulo Santana foi ressaltada a carta apostólica do Papa Francisco “Patris Corde”, convocando toda a Comunidade a um estudo, a um aprofundamento do documento
papal para maior revigoramento e conhecimento de São José, esse Santo “tão próximo da condição humana de cada um de nós.” Nenhum Santo, depois da Virgem Maria, ocupa tanto espaço no magistério da Igreja quanto São José, por sua presença na infância de Jesus, na vida da Virgem Santíssima e no mistério da Salvação. Nos momentos mais difíceis da história humana, como durante as pestes, guerras, como esta pandemia da Covid 19, a Igreja tem recorrido à intercessão de São José. Nunca se ouviu dizer que alguém tivesse recorrido à intercessão de São José e sua oração não fosse escutada. Peçamos a intercessão de São José, por toda Igreja, família e humanidade, para que interceda diante de Jesus e nos livre dessa pandemia e de todos os males. São José, valei-nos! Pascom da Paróquia São Francisco CAMPOS ELÍSEOS
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FRATERNIDADES
Paróquia Porciúncula de Sant’Ana tem intérprete de Libras nas Missas
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SEMANA SANTA NA PORCIÚNCULA
Paróquia Porciúncula de Sant’Ana, em Niterói(RJ), celebrou o início da interpretação de Libras em suas Missas on-line. A necessidade de isolamento com a pandemia, impossibilitou a presença de muitos fiéis nas celebrações. Diante da grande participação da comunidade surda e a importância da acessibilidade, desde o dia 11 abril, na transmissão da Missa das 11h, há uma janela de interpretação em Libras. A Pastoral do Surdo da Porciúncula, que comemora seus 20 anos em julho deste ano, tem um trabalho pioneiro na cidade de Niterói. A Pastoral, como informa a intérprete Marilene Gonçalves, tem como missão tornar o surdo agente transformador: “Através do intérprete, o surdo tem acesso às celebrações, sacramentos, formações. O objetivo da pastoral é tornar o surdo protagonista, o próprio agente transformador. É o surdo que evangeliza o surdo; é o surdo que catequiza, torna-se ministro, palestrante, mas ele precisa de nós como intérpretes para comunicação”, explicou Marilene. Esse é um pedido do Papa Francisco: “A inclusão deveria ser a ‘rocha’ sobre a qual construir os programas... Espero também que os mesmos sejam disponibilizados, da forma mais gratuita possível àqueles que precisam deles, inclusivamente através das novas tecnologias que se revelaram tão importantes para todos neste período de pandemia”, escreveu Francisco no Dia Internacional das Pessoas com Deficiências de 2020. Essa data é celebrada sempre no dia 3 de dezembro. “Assim, como o ouvinte consegue em casa acompanhar as celebrações, o surdo, através do intérprete, também pode acompanhar e participar de tudo. Agradecemos a nossa Paróquia pela iniciativa”, afirmou Marilene. Todos são convidados para acompanhar nossas celebrações on-line e também aos domingos, às 11h, a Missa com interpretação em Libras. As transmissões acontecem pelo Facebook e Youtube da Paróquia Porciúncula de Sant’Ana, nos endereços: Facebook: https://www.facebook.com/porciunculadesantana Youtube: https://www.youtube.com/porciunculaniteroitv Larissa Rodrigues
FRATERNIDADES
Aos 96 anos, Frei Ervino olha o passado com alegria e o futuro com esperança
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o dia 9 de abril, no Convento Franciscano Patrocínio de São José, em Lages (SC), Frei Ervino Girardi celebrou 96 anos de idade. Recentemente, ele havia celebrado 73 anos de vida religiosa. Frei Ervino nasceu em Santa Maria, no município de Benedito Novo (SC), no dia 9 de abril de 1925. Esta capela, como conta, pertencia na época à Paróquia de Rodeio e os frades davam assistência, entre eles Frei Bruno Linden, que está em processo de beatificação. Para ele, a proximidade com os frades influenciou no seu discernimento vocacional, embora também tivesse pensado em ser Marista. Naquele tempo, o meio de transporte dos frades feito com uma mula, que deixavam descansando na casa de seus pais durante as celebrações. A religiosidade dos pais, Da. Rosa Tambosi e Eugênio Luiz Girardi, também o influenciou. Sua mãe pertencia à Ordem Franciscana Secular. Dos nove filhos do casal, Frei Ervino é o mais velho.
Frei Ervino ingressou no Seminário São Luiz de Tolosa em Rio Negro em 1937 e vestiu o hábito franciscano em 14 de dezembro de 1946. Fez a profissão solene em 18 de dezembro de 1950. Foi ordenado presbítero em 1º de julho de 1953, em Petrópolis. No jubileu de 50 anos de sua ordenação presbiteral, escolheu como lema “A minha alma glorifica o Senhor” (Lc 1,49). Exerceu o ministério em lugares como Petrópolis (RJ); Duque de Caxias (RJ); Se-
minário Seráfico e Paróquia do Senhor Bom Jesus da Coluna e Nossa Senhora Aparecida, em Rio Negro (SC); São Francisco do Sul (SC); Santo Amaro da Imperatriz (SC); Coronel Freitas (SC); e Lages, onde está cerca desde 1992. Sua simplicidade e alegria são características marcantes, como dizia o Boletim “Caminhada” da Diocese de Lages, em 2003. Ele se sente muito feliz como frade menor. Um apaixonado por São Francisco e Santa Clara. E faz um convite especial aos jovens que por ventura desejam conhecer e ou viver a vida como religioso franciscano: “Venham conhecer e desejar esta vocação. Garanto que vós sereis felizes!”. Nessa caminhada de 96 anos, Frei Ervino olha para o passado com muita alegria e, o futuro com grande esperança. Frei Ervino se alegra e celebra o seu aniversário com gratidão e muito carinho com seus amigos. Todos estão nas suas orações e abençoa a todos. Paz e bem! Frei Miguel da Cruz ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 203
FESTA DA PENHA 2021 Apesar do agravamento da pandemia, os fiéis devotos de Nossa Senhora da Penha não ficaram sem a sua tradicional festa mariana. Um dos eventos mais importantes do calendário religioso do Espírito Santo, a Festa da Penha de 2021 foi realizada na forma 100% virtual. No Convento da Penha, contudo, o desafio foi de superação para os frades que perderam seu confrade Frei Luiz Adami no quinto dia do Oitavário, enquanto Frei Paulo César Ferreira e o guardião Frei Paulo Roberto lutavam nos hospitais contra o vírus. Os que ficaram - Frei Pedro Oliveira, Frei Pedro Engel e Frei Alessandro Nascimento - e ganharam a responsabilidade de dar continuidade à festa e foram homenageados pelo Vigário Provincial: “Vocês são valentes!”
FESTA DA PENHA
Frei Medella abre a Festa da Penha pedindo compaixão O Vigário Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Gustavo Medella, presidiu no domingo de Páscoa (4/4), a Missa de Abertura do Oitavário da Festa da Penha e foi enfático: “A única saída para esta crise que estamos vivendo passa pelo caminho da compaixão”. Pela segunda vez consecutiva, a pandemia obrigou a tradicional Festa da Penha, que neste ano chega à 451ª edição, a ser virtual.
Frei Medella concelebrou com os frades do Convento da Penha e disse que era desnecessário dizer que o “nosso sonho, nosso desejo, do profundo do coração, era estarmos todos juntos, unidos, preenchendo o Campinho do Convento de corações desejosos a manifestar a exultação da alegria da Páscoa”. “Como ainda não temos esta oportunidade por conta das razões que todos nós sabemos, graças a Deus temos a possibilidade tecnológica de estarmos juntos ainda que corporalmente distanciados”, disse, saudando a todos, em nome da Fraternidade do Convento, dos frades da Província da Imaculada e da Arquidiocese de Vitória.
Neste ano, o tema da festa é “Vosso olhar a nós volvei”, retirado da Oração Salve Rainha, a saudação a Nossa Senhora. Segundo o Vigário Provincial, o tema quer manifestar essa força, essa potência do olhar em transmitir aquilo que temos de melhor: a alegria, o entusiasmo, a vontade de viver e de lutar pela vida que Maria nos ensina. “É neste espírito que queremos celebrar, é nesta comunhão fraterna que nós queremos render louvor ao Cristo Ressuscitado, o Filho de Deus que coloca a supremacia da vida sobre a morte”, sublinhou Frei Medella. O celebrante lembrou que na abertura do Oitavário da Festa da Penha do ano passado, o Arcebispo Dario Campos, OFM, presidiu a Missa citando o número de 1.230 pessoas falecidas pela pandemia. Nesta Pascoa de 2021, menos de um ano, são 330 mil pessoas, cujas vidas foram ceifadas pela covid-19. Só no Espírito Santo são 7.639 mortes. “Diante deste fato que nos machuca, que nos inquieta, que nos preocupa, nossa solidariedade silenciosa aos familiares que perderam seus entes queridos e a cada um de nós. O terreno da dor humana é um terreno sagrado, diante do qual nós devemos nos portar com reverência e respeito. Por isso, eu convido todos a fazer um instante de oração silenciosa por essas 330 mil vítimas fatais no Brasil (7.639 no ES)”, pediu o frade.
Terço nas Palmeiras A manhã do sábado de Aleluia (3/4) foi marcada pela instalação do Terço Gigante entre as palmeiras do Convento da Penha, uma tradição que já dura 23 anos. O terço instalado é antigo e foi reutilizado, com algumas diferenciações para marcar a edição 451 da Festa da Penha. Ele é produzido em peças de EVA e possui cerca de 5 mil pérolas. O aproveitamento da peça antiga foi uma medida necessária por causa do avanço dos casos de Covid e o endurecimento das regras de isolamento.
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FESTA DA PENHA
Um tema mariano a cada dia do Oitavário No segundo dia do Oitavário da 451ª edição da Festa da Penha, Pe. Anderson Teixeira, representando a Área Pastoral Vila Velha, presidiu a Celebração Eucarística, às 16 horas, na aconchegante e histórica capela do Convento. Pe. Anderson, que é pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Vila Velha, focou sua homilia no tema para este dia: “O olhar comprometido com a transformação da realidade”. O tema geral da Festa é “Vosso olhar a nos volvei”, tirado da Salve Rainha. “Será que você é alguém que tem deixado o Ressuscitado transformar o seu modo de olhar? Será que o seu olhar é um olhar compassivo?”. Esses questionamentos fizeram parte da reflexão da Santa Missa no terceiro dia do Oitavário. Pe. Ronaldo Rosa de Oliveira presidiu a Celebração Eucarística e Pe. Hadeleon Santana foi o pregador e concelebrante. No quarto dia, a Área Pastoral Benevente assumiu a liturgia na primeira Missa. Pe. Ermindo Rapozo de Assis e Pe. Mukabi Senga Pierre foram os celebrantes. SegundoPe. Mukabi, a Palavra de Deus sempre é base de nossa vida. “Vamos buscar encontrar Deus na Palavra. E quando encontrar esse Deus através das Escrituras, precisamos colocar esse Jesus no nosso dia a dia”, enfatizou, pedindo que se partilhe, que se comungue, com nossos irmãos”. No sexto dia do Oitavário, a liturgia nos convida a olhar além, ampliar os horizontes, ter um novo jeito de evangelização e convocação. Foi esta a proposta deixada pelo Pe. Osmar de Oliveira Braido na sua homilia durante a Missa que foi presidida pelo Pe. Celso Porto Nogueira, os dois da Paróquia São Francisco de Assis, em Vitória (ES). O “Olhar de reencontro” foi o tema deste sétimo dia do Oitavário (10/4), na Celebra-
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ção Eucarística, presidida pelo Pe. Rodrigo Chagas, da Área Pastoral Serrana. Segundo ele, Madalena testemunha o maior dos acontecimentos que o mundo nunca tinha visto: a ressurreição do Filho de Deus. “E não acreditaram nela, não deram crédito a ela. Talvez muitos de nós também estamos rezando para que termine essa pandemia. Estamos rezando para que chegue a cura. Mas aí quando apresentam a vacina, nós falamos: ‘não quero ser vacinado’. Por quê? Porque os homens inventaram e eu não sei se vai dar certo. Será que nós não estamos desacreditando do testemunho que estão nos trazendo? Será que nós estamos duvidando do poder de Deus, esse mesmo Deus que eu rezo todos os dias para que mande a cura e aí quando ele manda a cura para nós, ou uma possibilidade da cura, eu duvido do poder dele?”, lamentou. No Domingo da Divina Misericórdia,
encerramento do Oitavário, o Vigário Provincial Frei Gustavo Medella presidu a Celebração Eucarística na capela do Convento da Penha, às 9 horas. “O discípulo Tomé não se contestou em ouvir o relato de seus companheiros, mas precisou e quis fazer uma experiência de ver e tocar. Isso vem nos ensinar que a vivência da ressurreição é um processo que se constrói durante a vida de cada pessoa. E cada um reage de sua maneira a estas verdades que a fé nos apresenta. E assim é hoje a nossa Igreja. Na riqueza de seus carismas, das manifestações, na experiência do Ressuscitado que homens e mulheres vêm fazendo”. Para ele, é ilusão querer que todos façam um processo uniforme de conversão, de caminhada, de crescimento na fé. “Do que então, não podemos abrir mão? Não podemos abrir mão do sonho de Deus da construção do seu reino”, respondeu.
A “Irmã Morte” visita o Convento da Penha no 5º Dia do Oitavário Na celebração de Exéquias pela alma de Frei Luiz Flávio Adami Loureiro, que faleceu no dia 8, às 5h50, havia serenidade, apesar da saudade que se instalou nos corações dos capixabas e de tantas pessoas por onde o frade passou evangelizando. A Missa do quinto dia do Oitavário da Festa da Penha foi no altar do Campinho, de frente para a Capelinha de São Francisco de Assis, onde ficou o caixão com o corpo do frade vítima da Covid-19. Amavelmente, o confrade Dom Dario Campos, Arcebispo de Vitória, subiu ao Morro da Penha para presidir a celebração de despedida. Com ele, presentes os frades das duas fraternidades de Vila Velha, o Vigário Provincial Frei Gustavo Medella, que transmitiu o abraço apertado e cheio de solidariedade do Ministro Provincial Frei César Külkamp. Presentes também os sacerdotes da Área Pastoral Serra-Fundão, que seriam os responsáveis pela celebração do Oitávario, e os familiares de Frei Luiz. Devido às
restrições sanitárias, o povo só pôde acompanhar pelas mídias sociais. No início da celebração, Frei Gustavo destacou os principais pontos da biografia de Frei Luiz e falou do quanto era querido em todos os lugares por onde passou. Foi uma celebração de saudade, esperança e emoção. Dom Dario emocionou a todos quando pediu no final de sua reflexão para que cantassem “Com minha Mãe estarei”. Ele abriu sua reflexão com São Francisco de Assis, citando o Cântico das Criaturas: “Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã morte corporal a qual um homem vivente pode escapar”. “Com palavras semelhantes a estas, o nosso Pai São Francisco refletia sobre a sua própria morte e sobre a morte de todos os homens e mulheres desta terra. São Francisco de Assis abraçava mansa e humildemente o findar do seu caminhar neste mundo, entregando-se nas mãos amorosas do Seráfico, o Cristo Crucificado, que o conduziria até a Casa do Pai”, disse. Dom Dario, lembrou que nesses dias solenes da Oitava da Páscoa e no percurso do Oitavário da Virgem da Penha, a Nossa Senhora das Alegrias, a nossa irmã morte visitou o Convento da Penha e levou consi-
go o irmão Frei Luiz Flávio Loureiro. “Foram muitos anos de entrega da vida, do compromisso com o Evangelho de Jesus Cristo, vivenciado com o carisma e apostolado franciscano. Assim, ao passar por nós, a nossa irmã morte o leva consigo sem conseguir, porém, apagar da memória o que o nosso irmão foi para todos que o conheceram e conviveram com ele”, observou. Segundo o Arcebispo, “a morte de nosso irmão se une a tantos e tantas irmãs e irmãos nossos que se foram nesse momento de grande dor e sofrimento, o qual a humanidade inteira está sendo provada. Nossa família, hoje, chora pela perda desse nosso amado irmão, partilha do sofrimento e perdas impostas a tantas famílias no nosso país e no mundo inteiro”, recordou. “Que o Senhor Nosso Deus conceda o repouso eterno aos que partiram, a paz a todos os que ficaram, a força e a coragem e o vigor aos que cuidam dos doentes e necessitados. Pedimos, sobretudo, nesse tempo de pandemia que o Senhor conceda aos que nos governam a lucidez necessária e o compromisso concreto com a defesa da vida, a fim de que se empenhem no combate concreto com a defesa da vida, a fim de ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 207
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que se empenhem no combate da escalada da morte que temos visto, unidos da ciência e convocando toda a sociedade na mesma tarefa humanitária”, pediu. Dom Dario, dirigindo à Viagem da Penha, disse: “Que a Mãe que hoje volveu sobre o nosso irmão Frei Luiz o seu olhar compassivo e amoroso, o apresente ao seu Filho Jesus, a fim de que o acolha na vida eterna. Voltai para nós o seu olhar, ó Santa Mãe de Deus, e alegrai-nos com a força e o vigor do Evangelho do seu Filho Jesus Cristo”, concluiu. Dom Dario agradeceu, efusivamente, as manifestações de solidariedade e carinho que recebeu. As mensagens vieram de todas as partes do país, especialmente do Regional Leste da CNBB. O Arcebispo agradeceu ao povo capixaba, à Arquidiocese, aos frades do Convento, a Frei Gustavo, representando a Província da Imaculada, as autoridades e especialmente a equipe do hospital da Serra, “que cuidou do nosso irmão. A eles nossa eterna gratidão pelo trabalho que têm feito com outros irmãos que estão doentes”.
ATÔNITOS E AFLITOS Frei Gustavo disse na sua reflexão que estamos vivendo um tempo que traz em si uma contradição que tem nos deixado perdidos e machucados ao mesmo tempo. “A contradição é a seguinte. A doença e a morte nunca estiveram tão perto e tão longe de nós ao mesmo tempo. Isso machuca muito. Tão perto porque essa pandemia vem ao nosso lado, dentro de nossa casa, pegando gente que é sangue do nosso sangue, e tão longe porque quando esses nossos irmãos adoecem, nós não podemos fazer uma visita, não podemos estar ao lado deles. E também quando falecem não podemos sequer fazer uma cerimônia de despedida. Isto tem nos machucado, tem nos deixado atônitos, aflitos, sem entender bem o que está acontecendo”, lamentou. Citando o desdobramento do Evangelho
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de Emaús, Frei Medella disse que o Senhor sempre “vem nos puxar para o eixo”, vem nos lembrar que a ressurreição é, sim, alegria, exultação, mas não sem dor. “Não é passar uma borracha na dor e fingir que ela não existe mas é conseguir dar a ela um sentido que vai além. De esperança. Disso que nós somos testemunhas. Disso foi testemunha Frei Luiz Flávio durante toda a sua vida. Quantos corações aflitos ele não consolou? Quantos doentes ele não visitou? Quantas Eucaristias ele não celebrou, trazendo presente o Cristo e fazendo com que as pessoas o reconhecessem, ao partir e ao distribuir o pão?”, perguntou. “Se ele nisso acreditou, se dele disso foi testemunha, se nós o amamos e o quere-
mos bem e agora pelo que cremos ele participa daquilo que testemunhou a vida toda, ainda que com o coração pequeno, precisamos reservar, sim, um espaço para a alegria e para a gratidão. Dizendo ao Senhor: Muito obrigado, Meu Deus, pelo dom da vida deste nosso irmão. Muito obrigado a vocês, familiares e D. Guidomar, porque ofereceram um dos preciosos frutos para a vida religiosa franciscana”, agradeceu. “Como a vida é curiosa e misteriosa. Eu estava na reunião do Definitorio Provincial, quando recebemos a carta de Frei Luiz Flávio dizendo que estava contente na evangelização lá no olho do furação do Convento São Francisco, onde tudo acontece no centro de São Paulo. Ele gostava
FESTA DA PENHA
de lá, mas que tinha um sonho de vir para o Espírito Santo e ficar mais perto de sua mãezinha com 95 anos. E assim ele o fez. Parece que todo final de semana ele almoçava lá, tirava aquele dedo de prosa com a mãe, com os irmãos, daquele modo pacato como ele gostava”, recordou. “Mas penso que ele não esperava que, ao desejar passar os últimos momentos com a mãe, ele passou os seus últimos momentos e, agora, ele está aqui aos pés definitivamente da Mãe que o acolheu, Nossa Senhora da Penha”, sublinhou. Para o Vigário Provincial, apesar de Frei Luiz ter sua vida ceifada por essa doença, “nós podemos dizer sem medo que ele descansa em paz num lugar simbólico, importante para o Espírito Santo, para a Igreja, aos pés de Nossa da Penha, na proximidade
de uma fraternidade franciscana, ele que foi frade por opção, por convicção e por seu testemunho”, completou.
“AGORA ELE É SEU, MÃE!” Frei Pedro Oliveira, em nome da Fraternidade, agradeceu a “presença fraterna” de Frei Luiz. “Ele tinha de fato uma paixão muito grande por esse Convento. Tanto que ontem à noite eu soube que o estado dele tinha se agravado, por volta das 21 horas, e fui silenciosamente diante da imagem da Mãe e falei pra ela: ‘Mãe, agora ele é seu. Agora, daqui para frente, é contigo, não resta mais nada!’. Com certeza, ela cuidou”, contou. Segundo Frei Pedro, a palavra que tinha a todos era de gratidão. “Só nos resta dizer: ‘Luiz, Deus lhe pague por tudo, Deus o recompense. Que a Senhora das Alegrias, a
Senhora da Penha, o acolha nos seus braços junto ao seu Filho ressuscitado e junto ao Seráfico Pai São Francisco”, completou. Frei Pedro deu uma boa notícia no final: Frei Paulo César, a voz de Nossa Senhora da Penha, teria alta. Segundo ele, o guardião Frei Paulo está respondendo bem ao tratamento e deixando aos poucos o oxigênio. Na encomendação do corpo de Frei Luiz, Dom Dario pediu que os frades irmãos, Frei Alessandro e Adriano do Nascimento, que foram coroinhas de Frei Luiz quando foi pároco em São Lourenço, MG, carregassem o Círio Pascal até o caixão. Com a “Oração de São Francisco”, Frei Luiz foi sepultado no jazigo ao lado da Capelinha do Seráfico Pai.
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Frei Paulo César vence a Covid e se emociona ao falar da volta Se no dia anterior, a Fraternidade do Convento da Penha sepultava um confrade seu, na sexta-feira (9/4) foi dia de alegria, gratidão, emoção e celebração no Morro da Penha. Frei Paulo Cesar Ferreira da Silva venceu a Covid-19 e voltou à casa de sua Mãe da Penha para emprestar sua bela voz aos hinos marianos. Frei Paulo recebeu alta médica no dia 6 à tarde, depois de ficar internado desde dia 2 de abril. Ao entrar pela primeira vez na capela do Convento, onde está a imagem de Nossa Senhora da Penha, Frei Paulo rezou e se emocionou, como não podia ser diferente. “Estou bastante emocionado por estar aqui na Penha e quero só agradecer de coração pelas orações. Estou muito feliz também por estar retornando”, disse, ainda com a voz rouca. “A gente tira boas lições desta enfermi-
dade. Vejo como um momento de graça para a gente refletir e volto com a maior disposição e gratidão a Deus por ter preservado a minha vida. Certamente, Ele quer que eu faça mais. Dizia o Pai Francisco, ainda fiz muito pouco”, acrescentou. “Então, agradeço a Deus pela minha recuperação. Vamos continuar rezando pelo Frei Paulo Roberto (o guardião do Convento)
e que possamos corresponder com alegria, gratidão e disponibilidade o que Deus preparou para nós na missão que coloca sobre os meus cuidados e dos confrades. Agradeço de coração pelas orações. Estou muito feliz por estar de volta. Viva Nossa Senhora das Alegrias, a Senhora da Penha!”, festejou.
FESTA DA PENHA
Três homens valentes, vocês não estão sozinhos! No sábado (10/04), às 9 horas, Frei Gustavo Medella dedicou a sua prece à Fraternidade do Convento da Penha. Na Oração da Coleta, o celebrante pediu que se colocasse à frente do altar, Frei Pedro Engel, Frei Alessandro Dias e Frei Pedro Oliveira. “Estes três confrades, na dor da perda de um irmão, administrando toda a situação de enfermidade que se instalou na Fraternidade, ainda levando adiante a missão de conduzir, de animar e de acolher na Festa da Penha, atender a imprensa, dirigir os momentos de prece e oração, estão sendo muito valentes. Então, por eles eu peço um instante da nossa oração silenciosa que a Mãezinha do céu olhe para eles sempre com muito amor… Deus lhes pague queridos confrades, vocês não estão sozinhos, o olhar materno da Mãe, e a oração do povo. Muito obrigado!”
Imagem de Nossa Senhora da Penha visita hospital Como uma surpresa preparada para o povo capixaba, em especial àqueles que estão doentes ou que trabalham no cuidado dos nossos irmãos enfermos, a Comissão Organizadora da Festa da Penha, preparou uma peregrinação da imagem de Nossa Senhora da Penha até o Hospital Jayme dos Santos Neves na Serra – ES. A intenção da organização, com esse gesto, foi pedir a bênção da Virgem da Penha a todos os doentes e aos profissionais de saúde. O hospital foi escolhido por ser a referência do Espírito Santo no tratamento da Covid-19. O gesto foi também uma forma de gratidão a todos que vêm trabalhando
incansavelmente na luta contra a pandemia. Frei Pedro Oliveira, da Fraternidade do Convento da Penha, acompanhou a imagem até o hospital, onde foi recebida pelo Arcebispo de Vitória, Dom Frei Dario Campos; o
governador Renato Casagrande com sua esposa; também a vice-governadora, Jacqueline Moraes; Sérgio Vidigal (prefeito da Serra), o responsável pelo hospital e alguns padres da Arquidiocese de Vitória.
FESTA DA PENHA
Dom Dario: “Maria, acompanhe-nos neste momento difícil da história mas não nos deixe perder a alegria e a esperança” Depois de oito dias de muita devoção, terminou na segunda-feira, 12 de abril, a Festa em homenagem a Nossa Senhora da Penha, Padroeira do Espírito Santo. O Arcebispo de Vitória, Dom Dario Campos, presidiu a Missa de encerramento desta grande manifestação de fé do povo capixaba. Ao contrário do Oitavário que foi celebrado na Capela do Convento, esta Celebração Eucarística aconteceu no Campinho, às 17 horas. Pelo segundo ano consecutivo, as festividades da Mãe, Rainha e Padroeira do Espírito, teve o formato virtual e interativo. Presentes poucos sacerdotes, religiosos, músicos e as autoridades públicas, como o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande. Dom Dario saudou os bispos do Espírito Santo, sacerdotes e religiosos (as), seminaristas e pediu bênçãos sobre o povo capixaba, todos acompanhando a Missa on-line. “Neste momento pelo qual passamos queremos confirmar nossa esperança em tempos novos e pedir ao Senhor, pela intercessão da Virgem da Penha, que alcance as milhares de famílias de
nosso Estado e no país inteiro e que perderam seus entes queridos por causa da pandemia”, disse. “Queremos suplicar a força da graça divina sobre todos os que se dedicam à assistência dos doentes nos hospitais, em suas casas, e de maneira especial a todos os trabalhadores e trabalhadoras na área da saúde e aqueles que nos prestam o seu serviço no sepultamento de nossos entes queridos. Muitas vezes só eles, esses irmãos estão juntos de nossos entes queridos. Nos unimos também em oração aos nossos irmãos freis do Convento da Penha, pedindo em oração aos que estão enfermos e a força e a coragem dos que continuam acolhendo os peregrinos a esta montanha. Ainda pedimos bênçãos sobre todos os que nos governam, a fim de que, munidos da ciência e seguindo a recomendação dos órgãos sanitários, multipliquem os seus esforços na informação correta, no cuidado e na prevenção e na assistência dirigida aos mais necessitados nesse tempo de pandemia”, acrescentou, pedindo que todos ficassem de pé, estendessem a mão
direita em direção à imagem de Nossa Senhora da Penha e rezasse com ele a Ave-Maria. Dom Dario lembrou que o tema da festa deste ano é “O vosso olhar a nós volvei” e partilhou sua reflexão dois momentos que estão presentes no Evangelho de Lucas, hoje proclamado. “Nele encontramos o diálogo da Virgem com o anjo Gabriel que a saúda: ‘Alegra-te cheia de graça, o Senhor está contigo’. Uma saudação que torna Maria uma comunicadora da alegria, da presença do Senhor que jamais abandona o seu povo escolhido, mas sempre o acompanha em todas as suas necessidades”, explicou. “No relato do Evangelho de Lucas, o anjo Gabriel é portador de uma grande alegria, uma mensagem que marcaria para sempre a história da humanidade. Ao dirigir a sua saudação a Maria, o anjo proclama: ‘Alegra-te cheia de graça, o Senhor está contigo’, comunicando à Virgem a certeza de que ela estava acompanhada da graça divina. Assim, o coração de Maria é repleto da alegria da salvação, da certeza de que Deus visitaria o seu povo, perdoando os seus ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 211
FRATERNIDADES
pecados, acolhendo as suas dores e curando seus sofrimentos. Ela é plenificada com a força do Espírito Santo, que faz dela a primeira testemunha do Filho que ela mesmo começava a gerar, refletindo a alegria de todos aqueles que em suas vidas desejam cumprir a vontade do Senhor”, continuou o Arcebispo. “Meus irmãos e minhas irmãs, Maria coloca-se nas mãos do Senhor, totalmente disponível, de modo que no seu coração a saudação do anjo passou a ser uma realidade completa. Isto é, ela é invadida pela alegria de participar ativamente do projeto divino da salvação”, enfatizou. “Hoje, todos nós fomos atingidos pela força dessa palavra, dessa alegria de desejar confirmar o chamado que recebemos em nosso batismo, a fim de sermos inundados da alegria da salvação, unidos a Cristo Ressuscitado, como filhos e filhas de Deus. Que nenhum de nós, apesar do tempo cheio de desafios no qual estamos passando, deixe-se abater pelo desânimo, ou pela tristeza, mas em nossos corações, a exemplo do que aconteceu com a Virgem Maria, ressoe sempre as palavras: ‘Alegrai-vos, pois o Senhor está sempre ao vosso lado’”, animou. “O sim de Maria dado ao anjo Gabriel - ‘faça-se em mim, segundo a tua Palavra’ - insere-
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-se no plano da salvação, portadora da alegria do Evangelho. Ela compromete-se com a graça recebida proclamando-se o ‘Magnificat’ e colocando-se a serviço de Isabel. Logo após o diálogo com o anjo Gabriel, Maria parte apressadamente na direção de sua prima, a fim de se colocar à disposição daquela que na sua velhice também estava grávida. Os passos apressados de Maria na direção do serviço, da disponibilidade indicam que a sua experiência feita com o anjo foi crucial. Na verdade, o coração de Maria enche-se de alegria no alto, tornando-se pela graça do Espírito Santo capaz de comunicar o anúncio da salvação”, lembrou. Segundo o Arcebispo, algo que ela faz com palavras, com a vida, pois com o seu ‘Magnificat’, afirma que Deus cuidará dos pobres, assistirá os caídos, os excluídos e inauguraria um tempo de graça. “Meus irmãos e minhas irmãs, hoje somos convidados também a cantar as maravilhas do Senhor, que continua agindo e demonstrando seu amor fiel e dirigido aos seus filhos e filhas, levando a todos uma palavra de conforto, de esperança, capaz de comunicar mesmo em meio às dores, às perdas, a vivência do luto, a certeza do cuidado do Senhor”, motivou. “De fato, somos chamados, a exemplo de Maria, a realizar gestos concretos de solidarie-
dade, de compaixão, levando aos corações de todos a alegria do Evangelho que se concretiza quando nos tornamos próximos dos que mais precisam. Que nossas comunidades eclesiais de base deixem-se inspirar pelo Cântico de Maria, que revela qual a missão da Igreja como comunicadora da boa notícia da salvação, a fim de que a nossa Arquidiocese se torne, inspirada pela atitude da Virgem, uma Igreja samaritana, compassiva, atenta às necessidades dos mais pobres e excluídos”, pediu. “Que o nosso olhar seja iluminado pela presença do Ressuscitado e que nossas mãos sejam sempre operosas e disponíveis para assistir aos que mais precisam. Voltai para nós o vosso olhar, ó Santa Mãe de Deus! E alegrai-nos com a força e o vigor do Evangelho de teu filho Jesus de Nazaré. Maria nos acompanhe neste momento difícil da história, mas não nos deixe perder a alegria e a esperança”, completou. A edição da Festa da Penha de 2022 será a 452a. edição. Moacir Beggo
FRATERNIDADES
Novos livros de Frei João Reinert
‘C
omunidade de comunidades’, ‘sujeitos eclesiais’ e ‘iniciação à vida cristã de inspiração catecumenal’: a princípio pode se ter a impressão de estarmos diante de três temas paralelos, com pouco ou nenhuma relação entre si. Contudo, esse modo de pensar pouco diz sobre a lógica dialogante que impulsiona essas realidades pastorais. O fio condutor dos três temas aqui estudados é a relacionalidade. Esses temas estão no livro “Paróquia Casa de iniciação e comunidade de sujeitos eclesiais” lançado pelo mestre e doutor em Teologia João Fernandes Reinert, OFM, frade desta Província da Imaculada Conceição. Segundo Frei João, renovar a paróquia significar repensar com audácia as relações entre os vários sujeitos/protagonistas que a compõe. A relacionalidade é, sem dúvida, o lugar teológico e eclesial para a concretização de uma estrutura eclesial que pretende ser comunidade de comunidades, comunidade de relações, carismas e serviços. “Se as relações fazem a comunidade, o mesmo se pode dizer dos sujeitos eclesiais. Não há outro ‘lugar’ mais propício para se tornar sujeito do que nas relações eclesiais autênticas, horizontais, sem domínio”, diz Frei João . O mesmo se pode dizer do novo modelo de iniciação à vida cristã de inspiração catecumenal, cujo paradigma está centrado na dimensão relacional, no encontro pessoal com Jesus Cristo e na inserção eclesial.
“Trindade: mistério de relação” É o título de outro lançamento do frade. “Aventurar-se na reflexão sobre o mistério do Deus Trindade nunca con-
sistiu tarefa fácil para a teologia”, observa o teólogo. “Mesmo ciente da complexidade e da ousadia em fazê-lo, ela não pode esquivar-se de, em cada tempo e lugar, continuar a missão iniciada nos primeiros séculos do cristianismo de dar razões de nossa esperança e aprofundar o núcleo central da fé cristã”, argumenta. Para Frei João, tão importante quanto conhecer, ainda que limitadamente, o verdadeiro rosto trino de Deus é permitir que a Trindade seja inspiração permanente de vida, referência para novos relacionamen-
tos humanos, fonte de inspiração no empenho de lutar contra todo tipo de individualismo e opressão. “Novos paradigmas em todos os âmbitos surgem da fé na Trindade. Em outras palavras, do desejo de assimilar aquilo que se crê, Deus Pai, Filho e Espírito Santo, brotam inspirações inesgotáveis para a vida pessoal, social e eclesial rumo a uma nova humanidade”, indica o frade, que é é mestre e doutor em Teologia. Frei João é natural de Gaspar (SC), pároco na paróquia Santa clara de Assis, em Duque de Caxias (RJ), e professor do Instituto Teológico Franciscano em Petrópolis. Possui mestrado e doutorado em Teologica Sistemático-Pastoral pela Pontifícia Universidade Católica RJ. Atua em cursos e seminários sobre eclesiologia e pastoral urbana. Além desses lançamentos, Frei João é também autor dos livros: “Paróquia e iniciação cristã - A interdependência entre renovação paroquial e mistagogia catecumenal”; “Pode Hoje a Paróquia Ser uma Comunidade Eclesial?”; e “Inspiração catecumenal e conversão pastoral”. ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 213
EVANGELIZAÇÃO
Frente de Solidariedade: o que fazemos, como fazemos e o que queremos fazer...
O
s frades que atuam na Frente da Solidariedade com os Empobrecidos se reuniram remotamente, no dia 25 de março, para fazer uma avaliação do trabalho em tempo de pandemia, partilhar iniciativas de solidariedade na Província Franciscana da Imaculada Conceição, apresentar o Plano de Ação 2021 e refletir sobre o Plano de Evangelização tendo em vista o Capítulo Provincial no final do ano. O Ministro Provincial, Frei César Külkamp, fez a saudação inicial e agradeceu a Frei Marx Rodrigues dos Reis, que assumiu há pouco tempo a coordenação da Frente de Solidariedade, por buscar essa articulação entre os confrades que estão mais envolvidos em ações ligadas à Frente. Também participaram desse encontro o Secretário da Evangelização e Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, e o Definidor Frei Alexandre Magno. Segundo o Ministro Provincial, para além de uma Frente específica de traba-
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lho, a solidariedade deve ser compreendida como uma dimensão transversal indispensável à missão franciscana: “É sempre um desafio animar para essa dimensão que é transversal. É uma dimensão assumida em nosso Plano de Evangelização, mas acredito que antes disso ela é evangélica, franciscana, cristã e deve estar presente em toda a nossa vida e em nossa ação. É nesse sentido buscaria um pensamento do Papa Francisco num dos seus pronunciamentos no Iraque, quando ele pegou uma frase da sua mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano em que ele fala que ‘a solidariedade nos ajuda a ver o outro’, e ele usou isso lá no contexto do Iraque porque a sociedade é, acima de tudo, uma organização. Ela se distingue por uma unidade de irmãos, uma unidade fraterna”, observou Frei César. Segundo o Ministro Provincial, uma expressão da unidade fraterna é justamente a solidariedade. “E nós somos uma fraternidade por vocação, queremos abraçar esse
convite do Papa Francisco para olhar para toda humanidade como irmã”, enfatizou, lembrando que na própria Carta Encíclica Fratelli tutti e, antes, na Laudato Si’, ele já dizia que não podemos separar esse sentimento de fraternidade tanto dos nossos irmãos, como do cuidado da natureza, especialmente dos mais pobres, e a necessidade de articular um trabalho que atenda a todas as pessoas, em especial aquelas mais vulneráveis. “Então, ele [o Papa] destaca a solidariedade como uma virtude que nos leva praticar gestos concretos de cuidado e de serviço. Nós temos um grande desafio, aqui falando como confrades e como Província, que é trazer esse sentimento de solidariedade como característico da fraternidade para nossas relações. Ou seja, fazer aquilo que o Papa Francisco nos pede para enxergar no outro. E esse enxergar significa assumir esta dimensão do cuidado e do serviço ao outro. Somente assim seremos verdadeiramente fraternidade na Província”, apon-
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tou. Para ele, “esta Frente deve ser um lugar de reflexão e articulação, de promoção de iniciativas que ajudem nesse cuidado, nesse serviço, a todos nossos irmãos”. Frei César lembrou ainda que o coordenador dessa Frente é também o animador do serviço de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC). “Eu acredito que este serviço é muito maior e mais importante como missão, em termos de Ordem dos Frades Menores, do que a própria Frente. Aos poucos, talvez o próprio JPIC pudesse englobar toda essa Frente naquilo que ele tem de missão muito específica. Então, acho importante trazer esses elementos para pensarmos como, de fato, levar essa reflexão para toda a nossa Província, agora na preparação do Capítulo”, propôs o Ministro Provincial. Segundo ele, todos os frades são naturalmente agentes dessa Frente. “Por isso é que se fala mais vezes de ela, de fato, conseguir a reflexão e ação que atinjam todas as outras Frentes, a nossa formação inicial, a nossa formação permanente, e de ser a nossa grande característica”, disse. “Então, desejo que esse seja um encontro profundo nesse sentido também de aproximação, de fraternidade, que é sempre solidária, uns com os outros, nesse tempo tão difícil que nós estamos vivendo. Estamos presenciando o sofrimento interno e também com o nosso povo. Que esta seja, portanto, uma reunião que nos ajude a crescer nessa sensibilidade para com o outro e a levarmos isso como grande sentimento da nossa fraternidade”, completou Frei César. Para Frei Marx, que também é animador do JPIC, o encontro foi convocado a partir de duas propostas: apresentar o caminho percorrido no ano passado e pensar o futuro da Frente da Solidariedade, tendo em vista, principalmente, o Capítulo Provincial a ser realizado no final deste ano. Por conta da pandemia, avaliou Frei Marx, 2020 foi um ano difícil em todos os sentidos, mas também foi propício para a divulgação do carisma franciscano relacionado à solidariedade.
“Cabe ressaltar que os freis que estavam ligados à Frente estiveram intimamente ligados ao SEFRAS (Serviço Franciscano de Solidariedade), o que gerou uma grande demanda de trabalho e atividades”, especialmente na Tenda Franciscana em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Fomos procurados por muitas instituições”, disse. Ele também destacou a presença das Paróquias da Baixada Fluminense e do Rio de Janeiro. Segundo Frei José Francisco de Cássia dos Santos, coordenador do SEFRAS, a pandemia chegou num momento em que a instituição estava se estruturando para “ser mais sustentável” com o trabalho de assessorias especializadas. “A questão de renda estava bastante difícil, inclusive nós fechamos duas casas de atendimento em 2018 e 2019, levando em consideração essa dificuldade de sustentabilidade, de adequação de caixa “, contou Frei José. “Mas fomos surpreendidos com essa pandemia. Tudo o que estávamos fazendo como políticas de enfrentamento, articulações, todas as nossas pautas ficaram suspensas. As portas de nossas casas para a população de rua e para os imigrantes viraram um caos. Nós ficamos assustados com tudo aquilo e tivemos de aprender a administrar essa emergência da noite para o dia. Aliás, tudo o que passamos a fazer virou emergencial”, recordou. “E graças a Deus esse trabalho deu frutos a ponto de conseguirmos realizar e sustentar, tanto do ponto de vista econômico, estrutural e pessoal, o que virou o desafio da emergência na pandemia”, revelou. Matar a fome se tornou o foco do trabalho do SEFRAS. Segundo Frei José, as famílias que vivem no entorno da Igreja do Pari e sede do Serviço, em São Paulo, ficaram sem o ganha-pão de seus trabalhos autônomos. “Tanto é que no Pari temos 1.500 famílias cadastradas, que vivem da economia informal e que não aparecem em nenhuma estatística do governo. Isso também aconteceu no Largo do São Francisco, onde foram
cadastradas 350 famílias”. O ponto positivo foi o trabalho direto de 12 frades, além das Fraternidades de São Paulo, especialmente a do Pari e do São Francisco, e do Rio de Janeiro, como a do Convento Santo Antônio, da Rocinha e as da Baixada Fluminense, como São Francisco e Imbariê em Duque de Caxias, Nilópolis e São João de Meriti. “Hoje, nós temos contatos de cerca de 850 voluntários (as) que passaram pelo trabalho emergencial”, contou. O resultado desse trabalho emergencial até agora: atendimento de 1,4 milhão de pessoas com refeições diárias; 8 mil famílias atendidas com cestas básicas; e o envolvimento de um batalhão de 850 voluntários. Atualmente, o Sefras, sem descuidar do trabalho nas regiões centrais de São Paulo e Rio, está focado também nas periferias. “Além do Chá do Padre, temos um ponto de atendimento na Baixada do Glicério, e doamos no mínimo 2.500 refeições por dia”, conta Frei José. Para o coordenador do SEFRAS, três frentes de trabalho surgiram com a pandemia: a articulação de uma rede nacional de combate à fome; uma economia que gere renda; e o combate à toda forma de violência. Na opinião de Frei José, a luta pela garantia dos direitos é fundamental para a superação da violência: “Quanto maior a privação dos direitos, maior é a violência”. Um ponto que mereceu destaque de Frei José nas tendas foi a diversidade de credos das pessoas. “E vieram por causa de São Francisco. Ele é a figura-chave que abre as portas para muita gente. É uma grande lição nesse tempo de pandemia. Já era antes, mas agora a gente teve uma mobilização maior de pessoas”, explicou. O enfretamento à fome também mobilizou a Fraternidade de Curitiba, como contou Frei Alexandre Magno. “Tínhamos um antigo trabalho chamado ‘Acolhida Franciscana’, com um exército de voluntários (as), mas na sua maioria de pessoas idosas. Com a pandemia, ficamos sem eles. Então, comeABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 215
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çamos um trabalho com a Arquidiocese para convocar os jovens. Começamos a servir na rua, como nas tendas em São Paulo e no Rio. Mas a Prefeitura colocou restrições a isso e, de certa forma, isso acabou nos ajudando, porque ela ofereceu um restaurante onde pudemos oferecer 26 mil refeições no ano passado. Esse foi um dos pontos principais na cidade para a população com fome”, explicou Frei Alexandre, contando que a ampliação do programa mudou o nome também, que agora se chama “Mesa Fraterna”. Ainda em Curitiba, dentro do espírito da Laudato Si’, deu-se início, com muito sucesso, ao projeto de uma pequena feira de orgânicos. “Foi uma forma de aproximar o homem da cidade do trabalhador do campo. Na feira são comercializadas frutas e hortaliças orgânicas produzidas pelo projeto. O objetivo é fortalecer agricultores camponeses, criar uma rede de orgânicos e produção agroecológica e cuidar do planeta”, acredita Frei Alexandre. Segundo ele, a ação do Sefras em São Paulo e Rio de Janeiro deu mais visibilidade para os trabalhos dos frades. “Aqui também se tornou uma referência”, informou o frade. No Paraná, Frei Samuel Ferreira de Lima, o mestre dos frades professos temporários do tempo de Filosofia, contou que o trabalho dos frades se uniu ao grupo de jovens do Projeto “Todos Nós” de Campo Largo, que leva quentinhas à população de rua e pessoas em dificuldades. A Pastoral Hospitalar, da qual os frades participavam ativamente, teve de ser interrompida e é feita hoje de forma remota. Frei Claudino Gilz, da equipe da Associação de Ensino Senhor Bom Jesus e coordenador da Frente da Educação, falou do projeto Bom Jesus Social, que está presente em todas as unidades do Colégio,
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“sempre com o propósito de promover, junto aos alunos e famílias, essa cultura do humanismo solidário”, a partir da natureza própria que é a educação. Quando as aulas foram interrompidas, todos os trabalhos foram paralisados. “E agora?”, perguntou. “Com o passar do tempo, fomos ficando inquietos e conseguimos outras estratégias para a solidariedade não parar”, revelou, emocionando-se. Ainda no Paraná, em Pato Branco, onde os frades são muito conhecidos pelo trabalho na comunicação, Frei Gabriel Vargas Dias Alves deu um panorama do trabalho social na cidade, revelando que é bastante visível hoje o aumento da população em situação de rua. Através de um cadastramento, as famílias recebem cestas básicas em suas casas. Outro trabalho que chama a atenção é a missão SOS Vida, voltado para o acolhimento e reinserção social da população de rua. Ele é feito em três casas da missão, onde residem mais de 100 pessoas. Frei James Luiz Girardi falou do trabalho nas paróquias franciscanas da Baixada Fluminense, onde é vigário paroquial da Paróquia São Francisco de Assis, em Duque de Caxias, cidade com a presença de outra Fraternidade em Imbariê. “Aqui, temos duas creches: São Gabriel e Santa Clara, que é administrada em parceria com o SEFRAS. Nós, como Paróquia, não teríamos como susten-
tar esse padrão exigido pela asssistência social. Com a pandemia, as crianças ficaram em casa, e, com a ajuda do Sefras, doamos cestas básicas para 80 famílias”, disse. Segundo ele, houve também na paróquia uma procura muito grande por alimento. “Temos distribuído centenas e centenas de cestas básicas às pessoas que vêm de vários lugares. Felizmente, o povo é generoso e tem colaborado muito”, avaliou. Frei André Gurzynski, guardião da Fraternidade São Damião, na Missão de Angola, falou do trabalho social que é muito forte na capital, em Luanda. Como reside numa cidade menor, em Malange, tem se dedicado na consolidação do trabalho de justiça, paz, direitos humanos e imigrações. Frei Marx também apresentou o Plano de Ação 2021, onde a proposta maior é articular entre as fraternidades e leigos espaços de visibilidade da opção evangélica e de construção do Reino de Deus em solidariedade para com os mais vulneráveis. As próximas tarefas deste grupo de frades serão: promover um levantamento das ações solidárias realizadas nos regionais da Província e se dedicar ao estudo e à revisão das Diretrizes da Frente da Solidariedade em vista da revisão do Plano de Evangelização prevista para o próximo Capítulo Provincial. Ao final da reunião, o Secretário para a Evangelização, Frei Gustavo Medella, agradeceu e incentivou os frades a continuar neste trabalho. O próximo encontro dos frades será no dia 6 de maio, tendo como ponto principal o Plano de Evangelização. Frei Samuel Ferreira deu a bênção final pedindo a intercessão de Maria, Nossa Mãe, na Festa da Anunciação do Senhor. Moacir Beggo
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Encontro on-line reúne frades animadores vocacionais A Província, através do seu Serviço de Animação Vocacional (SAV), reuniu os frades animadores vocacionais do Brasil e de Angola para o Encontro Provincial deste serviço, na quarta-feira, 17 de março. Em razão da pandemia, a Assembleia aconteceu on-line. O Encontro teve início com a acolhida de Frei Diego Melo, coordenador do SAV, aos animadores presentes e Frei Leandro Costa fez a oração inicial em louvor a São José pelas vocações. Em seguida, o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, deu as boas-vindas aos participantes e reafirmou que para a Província a animação vocacional é a grande prioridade. “Hoje temos uma situação de alegria, com as vocações que temos, formandos em diversas etapas”. No entanto, continuou: “É preciso assumir melhor essa prioridade, pois também sentimos um certo inverno vocacional aqui no Brasil, o que deve nos fazer pensar uma animação vocacional que vá além da simples acolhida, mas que promova um convite vocacional personalizado e vá até o encontro dos jovens”. Pela manhã, houve a parte formativa, com assessoria do Padre Ronaldo Zacharias, pós-doutor em Democracia e Diretos Humanos (Ius Gentium Conimbrigae – Universidade de Coimbra, Portugal), doutor em Teologia Moral (Weston Jesuit School of Theology – Cambridge EUA) e secretário da Sociedade Brasileira de Teologia Moral (SBTM), com a temática “Fragilidade vocacional e institucional: da crise de credibilidade à fidelidade na fragilidade”. Nesse primeiro momento formativo também participaram, além dos frades
animadores vocacionais, os formandos e os frades da formação inicial. O assessor abordou a fragilidade vocacional institucional a partir de dois pontos problemáticos, como a crise de credibilidade, que, segundo o Papa Bento XVI colocou em risco décadas e até séculos de trabalho evangelizador da Igreja e o alto índice de abandono da vida consagrada e religiosa, como a migração para a vida diocesana. Após a exposição do tema, foi proposto um momento de partilha sobre a discussão a respeito dos desafios apresentados. Em seguida, o assessor deixou algumas perguntas que poderão ajudar os animadores locais das vocações durante o processo de discernimento com os jovens.
Partilha de vida e encaminhamentos À tarde, os frades partilharam um panorama do acompanhamento vocacional durante a pandemia. Notou-se que, mesmo com a pandemia, mais de quarenta jovens estão sendo acompanhados remotamente, embora seja
sempre um desafio manter os quadros formativos. Frei Diego apresentou o histórico das atividades do SAV desde a última reunião em agosto de 2020. Em seguida, os presentes foram informados sobre as atividades ordinárias do Serviço, como os Encontros vocacionais, que em razão da pandemia acontecerão por regionais; revisão do material vocacional, como o livreto de acompanhamento vocacional, cartazes, folderes, peças para redes sociais e vídeos; juventudes, como a renovação dos membros do Conselho Provincial. O formador do Seminário de Ituporanga (SC), Frei Pedro da Silva, foi convidado a expor aos animadores vocacionais sobre o Aspirantado e o Seminário Menor. Ele partilhou sobre a vida na Fraternidade e também a participação ativa da ajuda da Fraternidade Santo Estêvão, interação com o seminário diocesano e as FAVs (Fraternidades de Acolhimento Vocacional). Lucas Santos ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 217
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Franciscanos registram aumento de demanda na fila da fome
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pós entregar mais de 1,4 milhão de refeições durante a campanha emergencial de combate ao novo coronavírus, a Tenda Franciscana tem se reorganizado para atender a demanda que ainda é grande, contínua e urgente. O último levantamento oficial da Prefeitura de São Paulo, realizado em 2019, indicou que a população em situação de rua da capital paulista era de 24.300 pessoas. Em estimativas feitas pelas organizações sociais que trabalham com esse público, foi percebido que durante a pandemia, esse número cresceu para 32 mil pessoas. Os dados se tornam ainda mais preocupantes se somarmos as pessoas desempregadas que diariamente tem ampliados as filas de nossos atendimentos. Em pesquisa realizada pela equipe técnica do Sefras, 45% das pessoas que nos procuram não estão em situação de rua, porém não têm dinheiro para se alimentarem.
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É o caso do senhor José Pedro, que busca no Sefras a esperança de se manter vivo. “Eu vivia de fazer bico, mas com a chegada desse vírus as coisas ficaram mais difíceis. Se não fosse esse serviço aqui, eu já teria morrido de fome”. Uma das marcas que a Tenda Franciscana trouxe foi a capacidade de mobilização surpreendente. Mesmo diante de um cenário de desigualdades, muitos dos vulnerabilizados puderam contar com a solidariedade e apoio dos mais protegidos. “A Tenda se transformou num espaço simbólico onde conseguimos encontrar o reflexo da vulnerabilidade da estrutura social em que vivemos e, também a força que tem uma corrente de solidariedade”, afirmou Frei José Francisco de Cássia dos Santos, coordenador do Sefras. Além de milhares de doadores, a mobilização também se deu pelo voluntariado, que movimentou mais de 800 pessoas com
a disposição de doarem seu bem mais precioso: o tempo. A grande Tenda, montada na frente da igreja no Largo de São Francisco, foi desmontada, porém o trabalho e a solidariedade continuam, agora organizadas no espaço do Sefras, o conhecido pelos moradores de rua como “Chá do Padre”, que atende esse público há mais de vinte anos. Com a reorganização do espaço algumas vantagens foram destacadas: Ampliação da quantidade de pessoas atendidas no serviço – de 800 para mais de 1.000 diariamente; Distribuição de mais uma refeição no dia: o jantar; Os participantes podem receber a quentinha e levar embora, diminuindo a aglomeração de pessoas no espaço; Os participantes que não conseguem tirar a senha no início do dia, podem esperar e receber a quentinha; Os doadores entregam as doações direto no espaço e conseguem conhecer o serviço em funcionamento. Todas as adequações feitas têm como objetivo maior atender à crescente demanda. É preciso seguir com a missão franciscana de garantir alimento para quem tem fome e continuar lutando para esperançar um mundo mais igualitário e livre da pandemia da fome. Juntos vamos salvar vidas e combater a Pandemia da Fome! Comunicação do Sefras
Luta franciscana é tema de revista internacional O trabalho diário do SefrasS ganhou visibilidade lá fora, com a matéria escrita pelo jornalista Filipe Domingues para a America Magazine (EUA). Sob o título “Brazil plunges into Covid chaos while church fights the ‘hunger pandemic’”, algo como “Brasil mergulha no caos de Covid enquanto a Igreja luta contra a ‘pandemia da fome’”, a reportagem faz uma análise dos impactos da pandemia entre os mais vulneráveis, destacando o trabalho franciscano e sua campanha Pandemia da Fome.
Sefras renova site para ampliar solidariedade
O
Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) lançou no dia 5 de abril, o seu novo site institucional (www.sefras.org.br). Uma renovação para melhorar a experiência do visitante sobre a missão organizacional, tal como difundir práticas humanitárias e franciscanas de assistência aos mais vulneráveis. Para o coordenador do Sefras, Frei José Francisco de Cássia dos Santos, o site tem como objetivo aproximar pessoas às causas franciscanas. “Ele é uma ponte entre a solidariedade e quem mais precisa. Por isso, ele é tão importante”. Ao trazer boas práticas, a página tam-
bém busca inspirar seus visitantes a, junto com os franciscanos, cuidar, acolher e defender grupos como: idosos sozinhos, crianças e suas famílias, imigrantes e refugiados, pessoas acometidas por hanseníase e a população de rua. O site também cumpre um compromisso do Sefras de ser transparente e prestar contas à sociedade em geral sobre o uso proficiente dos recursos doados. “Como organização social, temos a responsabilidade de ser exemplo de boa gestão dos recursos que nos são confiados”, explica o Frei.
Pandemia Os impactos da pandemia, que têm am-
pliado o trabalho diário das equipes de assistência social do Sefras, são os destaques do novo site. Com a campanha “Pandemia da Fome”, a página reúne o que tem sido realizado desde março de 2020 pela Ação Franciscana de Solidariedade – o programa de resposta à emergência da organização – e como contribuir. “No início, apenas os mais vulneráveis morriam de fome, mas a fila de quem não tem o que comer cresce a cada dia. É uma pandemia de fome”, acredita Frei José. Conheça o novo site do Sefras: www.sefras.org.br Rodrigo Zavala
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USF disponibiliza ambiente especializado ao Poder Público de Bragança Paulista em apoio ao combate da pandemia A Universidade São Francisco (USF), considerando o cenário de avanço da pandemia da SARS-CoV-2 na região bragantina e o seu compromisso social, disponibilizará de forma gratuita ao Poder Público, o espaço físico do Laboratório de Habilidades e o Centro de Simulação Realística, do Câmpus Bragança Paulista, com aproximadamente 1.300 m², infraestrutura necessária para os atendimentos ao tratamento de pacientes com Covid-19. Esse espaço poderá abrigar 30 leitos de enfermaria e UTI em Bragança Paulista segundo o deputado Edmir Chedid. O principal objetivo é auxiliar o sistema de saúde pública nas ações de enfrentamento às demandas sanitárias da pandemia. “Trata-se de uma proposta que surgiu da equipe de profissionais da USF e, após diversas ponderações, a Universidade compreende que o momento é de apoio mútuo e de fortalecimento coletivo da sociedade. Em situações como esta, a missão franciscana da Instituição se faz necessária, principalmente no campo da solidariedade e
ajuda humanitária”, afirmou o vice-reitor da USF, Frei Thiago Alexandre Hayakawa. O Centro de Simulação Realística foi inaugurado em 2017 e apresenta uma infraestrutura moderna para o desenvolvimento de habilidades práticas e comportamentais para os futuros profissionais da saúde. O espaço permite adaptações para tornar-se um ambiente hospitalar real, para o enfrentamento de situações de emergência, como a do momento atual. O espaço, devidamente isolado, sob a gestão municipal, será destinado exclusivamente ao tratamento de pacientes com Covid-19 oriundos do sistema de saúde público regional. Durante este período, as atividades do La-
boratório de Habilidades e Centro de Simulação Realística serão remanejadas para outros ambientes da Universidade, garantindo sempre a qualidade do ensino. Ana Paula Moreira
Morre o grande teólogo e companheiro de tribulações Hans Küng Morreu no dia 5 de abril em sua casa Tübigen, seguramente um dos maiores teólogos da Igreja Católica romana do século XX, aberto à ecumene cristã, religiosa e política. Sua produção foi imensa, frequentando os principais temas que iam da música à nova cosmologia, passando pelo estudo das grandes religiões, da teologia ecumênica, da filosofia, da política, da economia e da ética mundial. Fomos amigos, pois juntos trabalhamos na edição da revista internacional “Concilium” (sai em 7 línguas, no Brasil pela Vozes) por mais de 20 anos. Aproximamo-nos muito por ocasião da minha convocação por parte da Congregação da Doutrina da Fé (Ex-Inquisição, ex-Santo Ofício) em razão de meu livro “Igreja: carisma e poder”, ajuizado em 1984. Ele mesmo fora convocado, mas diante de seus argumentos e do apoio de cardeais, bispos, autoridades eclesiásticas e também políticas, foi
dispensado. Mas perdeu o título de teólogo católico e, com isso, a cátedra de teologia sistemática e ecumênica na Universidade de Tübingen. Mas a Universidade o acolheu como professor de ética e de ecumenismo, num instituto que ele ajudara a criar. Lutou sempre pela reforma da Igreja, tornando o celibato opcional, assumindo uma ética
evangélica e humanitária nas questões de família e de sexualidade. Apoiou-me publicamente no meu processo judicial em Roma e nos sentimos companheiros de tribulações. Muitas são as tribulações que ambos tivemos que suportar por causa da sistemática vigilância doutrinária e até penas e restrições que aquela instância do Vaticano, sem qualquer piedade, impõe. Quero aqui manifestar meu reconhecimento e pesar pela partida desse entranhável amigo que tanto contribuiu para tornar crível e compreensível a herança de Jesus, apresentada por ele, Hans Küng, como algo bom e profundamente humano para todos e não apenas para os professantes da fé cristã. Que o Cristo que ele tanto anunciou e amou lhe dê o abraço infinito de comunhão eterna e de paz perpétua. Leonardo Boff
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CATÓLICOS NO MUNDO
Crescimento de 1,12% segundo Anuário Católico
O
Anuário Pontifício 2021 e o Annuarium Statisticum Ecclesiae 2019, cuja redação esteve a cargo do Serviço Central de Estatística da Igreja, foram impressos pela Tipografia Vaticana e estão sendo distribuídos nas livrarias. Da leitura dos dados relatados no Anuário Pontifício, é possível deduzir algumas novidades relativas à vida da Igreja Católica no mundo, a partir de 2020. Durante este período, foram erigidas 2 Sés Metropolitanas e 4 Sés Episcopais (2 Dioceses e 2 Eparquias), 2 Dioceses foram elevadas à Sé Metropolitana, 2 Prelazias Territoriais e 1 Vicariato Apostólico à Diocese. Os dados estatísticos do Annuarium Statisticum Ecclesiae, referentes ao ano de 2019, permitem evidenciar os aspectos relevantes da presença e da ação pastoral da Igreja Católica nas 3.026 Circunscrições Eclesiásticas do planeta. A seguir, são propostas algumas considerações e dados sobre os aspectos quantitativos que caracterizaram a Igreja Católica entre 2018 e 2019. Em 2019 havia pouco menos de 1 bilhão e 345 milhões de católicos em todo o mundo, diante dos cerca de 1 bilhão e 329 milhões em 2018, com um aumento absoluto de 16 milhões, ou 1,12%, e como este crescimento relativo é próximo ao da população mundial (1,8%), a presença de católicos batizados no mundo permanece substancialmente estável em torno dos 17,7%. A análise geográfica das variações no biênio mostra um aumento de 3,4% dos católicos na África, que por sua vez registrou um aumento em sua população de pouco menos de 2,7%. Também nos continentes asiático e americano há um crescimento no número de católicos superior ao da população (1,3% contra 0,9% para a Ásia e 0,84% contra 0,69% para a América). Na Europa, constata-se uma ligeira diminuição do
número de católicos e a um número quase estacionário na população atual. A Oceania, por outro lado, registra no mesmo período e da mesma ordem uma taxa de variação positiva quer para a população quanto para os católicos, de 1,1%. O percentual dos católicos em nível continental sofreu poucas variações entre 2018 e 2019: sua importância diminui na América (de 48,3 para 48,1 por cento) e sobretudo na Europa (de 21,5 para 21,2 por cento). Por outro lado, ganha posição na África (de 18,3 para 18,7 por cento), com leve aumento no Sudeste Asiático. O peso dos católicos permanece estável em Oceania, ainda que com uma consistência que não chega a 0,8% da população católica mundial. O número de sacerdotes, quer diocesanos como religiosos, passou de 414.065 para 414.336 no biênio 2018-2019, com um incremento de 271 unidades. Esse dado refere-se em nível mundial, enquanto para as áreas geográficas individuais constata-se variações diferenciadas. Diante de incrementos importantes na África e Ásia, com aumentos relativos de 3,45% e 2,91%, respectivamente, aparece a Europa e a América com uma diminuição de 1,5% e de 0,5%, respectivamente. A distribuição percentual dos sacerdotes por continente revela ligeiras mudanças no biênio considerado. A África e a Ásia juntas contribuíram com 28,0% do total mundial em 2018; em 2019, sua participação sobe para 28,9%, enquanto a Oceania permanece relativamente estável em torno de uma participação de pouco mais de 1,1%. Na Europa, por outro lado, diminui significativamente sua participação: em 2018 os 170.936 sacerdotes europeus representavam quase 41,3% do total do grupo eclesiástico, enquanto um ano mais tarde este percentual diminuiu para 40,6%.
Os religiosos professos não sacerdotes constituem um grupo cada vez menor em nível planetário: eram 50.941 em 2018 e 50.295 em 2019. O declínio se deve, em ordem de importância, ao grupo europeu, americano e da Oceania. O número de religiosas professas está atualmente em clara diminuição. Globalmente, passam de 641.661 em 2018 para 630.099 em 2019, com queda relativa de 1,8%. E continua o declínio que, já há alguns anos, caracteriza o andamento das vocações sacerdotais: os candidatos ao sacerdócio no planeta passaram de 115.880 em 2018 para 114.058 em 2019, com uma queda de 1,6%. Em todas as partições territoriais da América há uma diminuição das vocações sacerdotais que se materializa numa variação de -2,4% para todo o continente. Na Europa e na Ásia foi registrada no biênio uma diminuição de 3,8% e 2,6%, respectivamente, enquanto na Oceania o número de seminaristas maiores em 2019 foi 5,2% inferior ao do ano anterior. A variação relativa, por outro lado, é positiva na África, onde o número de seminaristas maiores no biênio em análise passou de 32.212 para 32.721. Dos 114.058 seminaristas de todo o mundo, em 2019, o continente com maior número de seminaristas foi a Ásia, com 33.821. Segue-se a África com 32.721, a América com 30.664, a Europa com 15.888 e por fim a Oceania com 964 seminaristas. O peso relativo dos vários continentes em relação aos candidatos ao sacerdócio muda significativamente no decorrer do biênio. Por exemplo, enquanto a África, que em 2018 representava 27,8% do total mundial, passou em 2019 para em 28,7%, ao mesmo tempo a Europa caiu de 14,3 para 13,9 por cento. Vatican News
ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 221
OFM
A presença franciscana na Terra Santa: a Custódia em números
H
istória, raízes, memória: as da Custódia da Terra Santa remontam há mais de 800 anos. Quando São Francisco de Assis enviou seus frades para estabelecer a “Província de Além Mar”. Pouco depois, eles mesmos receberiam um mandato claro: guardar - em nome da Igreja Católica - os Lugares Santos, testemunhas da vida, morte e Ressurreição de Jesus. No arquivo custodial encontramos documentos muito preciosos: da bula de 1342 com a qual o Papa Clemente VI instituiu a Custódia da Terra Santa a outros documentos. 800 anos de presença franciscana na Terra Santa. Memória, história e raízes que, para Frei Francesco Patton, são fundamentais. Eis a Custódia da Terra Santa em números:
Fr. FRANCESCO PATTON, ofm Custódio da Terra Santa 300 missionários, 80 santuários, 25 paróquias, 18 escolas, 5 lares para enfermos e órfãos, 6 lares para peregrinos, 3 institutos acadêmicos, 2 editoras, 1.074 postos de trabalho, 630 unidades habitacionais para famílias carentes, mais de 500 bolsas anuais para estudantes universitários, 1.470 casas reconstruídas na Síria. A educação e o crescimento das novas gerações são alguns dos campos aos quais a Custódia da Terra Santa dedica maior atenção. Uma atividade diária que se concretiza nas 15 escolas que mantém em 5 países, frequentadas por 11.000 alunos e 1.100 professores.
222 | COMUNICAÇÕES | ABRIL | 2021
Entre as escolas existe uma, a escola de música “Magnificat”, que tem a particularidade de ver judeus, cristãos e muçulmanos juntos.
do aproximadamente 2.050 pessoas no total.
Fr. IBRAHIM FALTAS, ofm - Diretor das Escolas Terra Santa
Esta casa é toda a minha vida. É um lugar especial para mim e nunca poderia deixá-la. Meu filho Musa tentou várias vezes me persuadir a ir morar fora do país, mas sempre respondi com uma recusa absoluta. Até o momento, os pedidos de moradia atingiram mais de 700, dos quais pelo menos 250 são urgentes. Na Síria, desde 2017, a Custódia ajuda a população local a reconstruir ou reformar as próprias casas afetadas pela longa guerra iniciada em 2011. Ajuda chega nas pequenas cidades através dos párocos, e em particular em Alepo, em colaboração com a Associação Pró Terra Santa, já foram reconstruídas 700 casas. Mas a primeira e principal missão para os franciscanos permanece sempre a mesma: guardar os Lugares Santos. São 80
Há uma bela convivência e um belo diálogo ecumênico em nossas escolas. Vivemos essa convivência praticamente todos os dias.
Fr. ALBERTO PARI, ofm Diretor da escola de música “Magnificat” É um grande projeto da Custódia da Terra Santa, e é uma escola aberta a todos: a maioria dos alunos é cristã, mas também há muçulmanos e judeus. Temos a grande esperança de formar uma geração de músicos sem fronteiras. A Custódia da Terra Santa oferece mais de 582 casas em Jerusalém - distribuídas dentro e fora da cidade antiga – além de 72 casas em Belém, abrigan-
GRAZIELLA QAMAR - Moradora da Cidade Antiga de Jerusalém
OFM
santuários presentes nas atuais fronteiras de Israel, Palestina, Jordânia e Síria. Do Monte Nebo, lugar de onde Moisés contemplou a Terra Prometida...aos santuários da vida, paixão e morte de Jesus. Jerusalém é considerada o coração da Terra Santa. No Monte das Oliveiras, os Santuários da Paixão: o pranto e o lamento de Jesus sobre Jerusalém são celebrados na igreja de Dominus Flevit, que oferece uma das vistas mais significativas da Cidade Santa.
Poucos metros abaixo, ao lado do jardim das oliveiras, está a Basílica do Getsêmani, local onde Jesus rezou na noite da Quinta-feira Santa, antes de ser preso. Dentro das Muralhas de Jerusalém, os peregrinos refazem as XIV estações da Via-Sacra. Uma prática iniciada pelos franciscanos em 1600 e que se repete todas as sextas-feiras até hoje. Mas Jerusalém tem um coração para os cristãos: a Basílica do Santo Sepulcro, onde se encontram o Calvário e o Túmulo de Jesus.
Fr. FRANCESCO PATTON, ofm Custódio da Terra Santa Por isso, todos os anos pedimos ajuda, também no sentido econômico, de todos os cristãos do mundo, e agradecemos tudo o que os cristãos de todo o mundo nos dão como expressão de sua proximidade, sua solidariedade e seu amor. Vatican News em conversa com Lurdinha Nunes do Cristian Media Center.
Ordem lança apelo pela paz e democracia em Mianmar “Expressamos profunda tristeza e grave preocupação pela contínua repressão de milhões de cidadãos em Mianmar, após um golpe militar”, afirmam os franciscanos em uma carta enviada ao Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres. A mensagem, também enviada à Agência Fides, é assinada pelo Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Michael A. Perry, representando cerca de 12.500 religiosos católicos e sacerdotes presentes e trabalhando em 116 países. “Os franciscanos de Mianmar – diz o texto - testemunharam em primeira mão a brutalidade das forças de segurança e à insegurança que isso tem gerado”, estigmatizando “a violência coordenada e contínua que cresce a cada dia”. Os religiosos deploram “as mortes de civis e a detenção arbitrária de milhares de pessoas envolvidas em protestos pacíficos, a destruição de proteções legais, as severas
restrições ao acesso à Internet e às comunicações e a subversão da vontade do povo de Mianmar expressa nas eleições de novembro de 2020”. Os Frades Menores que vivem e trabalham em Mianmar pediram a todos os franciscanos do mundo que intercedam pelo povo de Mianmar. “Agora – é o apelo lançado pelos franciscanos - é a hora de a comunidade internacional agir de forma unida e decisiva para evitar ulteriores perdas de vidas, a destruição de propriedades e para garantir a restauração imediata do governo democraticamente eleito de Mianmar. Isso deveria incluir
o pedido à junta militar para desistir imediatamente do uso da força contra o povo de Mianmar, libertar os detidos ilegalmente e restaurar as proteções garantidas por lei, incluindo o direito de protestar pacificamente”. Frei Michael conclui, fazendo votos de que “o povo de Mianmar experimente novamente um retorno à democracia e que a crise atual encontre uma solução pacífica e duradoura”. Outra intervenção veio da Conferência dos Ministros do Leste Asiático e da Comissão “Justiça, Paz e Integridade da Criação” da Ordem dos Frades Menores: “Unimo-nos ao povo de Mianmar na sua luta diária pela autodeterminação, com um governo devidamente eleito. Estamos unidos a eles no apelo por uma resolução pacífica. Estamos com eles no apelo pela libertação de membros do governo eleitos democraticamente, ativistas e jovens. Apoiamo-los na defesa da dignidade e dos direitos humanos.”
ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 223
FALECIMENTOS
Domingos Böing Hellmann 18.07.1941
N
o dia 9 de fevereiro de 2019, depois de três anos na Paróquia de Mangueirinha, PR, Frei Domingos Böing Hellmann, a convite do Pároco, Padre Adalto José Bona, iniciou um período de presença na Paróquia Divino Espírito Santo, no Município de Pinhão, Diocese de
Dados pessoais, formação e atividades 1 8/07/1941 – Nascimento em Nova Trento, SC (79 anos) 1954 – Ingresso no Seminário São Luís de Tolosa, Rio Negro, PR 1955 – Seminário de Luzerna, SC 1956-1957 – Seminário São Luís de Tolosa, Rio Negro, PR 1959-1963 – Seminário Santo Antônio, Agudos, SP 19/12/1963 – Ingresso no Noviciado Franciscano em Rodeio, SC 20/12/1964 – Primeira Profissão na Ordem dos Frades Menores (56 anos de Vida Religiosa) 1965-1966 – Estudos de Filosofia, em Curitiba, PR 1967-1970 – Estudos de Teologia, em Petrópolis, PR
+ 29.03.2021
Guarapuava, PR, a princípio previsto para um ano. No entanto, permaneceu quase dois anos naquela comunidade e, no final de 2020, em contato entre o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, e o Bispo Diocesano, Dom Amilton Manoel da Silva, ficou acordado o retorno de Frei Domingos a uma fraternidade da Província. Como já apresentava algumas fragilidades na saúde e havia a necessidade de um acompanhamento mais próximo com exames e consultas, foi proposto ao confrade que ele viesse para a Fraternidade Franciscana São Francisco, em Bragança Paulista, onde poderia receber a atenção necessária. No dia 25 de janeiro, Frei Domingos chegou a São Paulo. Frei Domingos passou uns dias na Sede Provincial e, no dia 8 de fevereiro, foi levado a Bragança. Ali iniciou o acompanhamento médico e a rotina de cuidados. Além dos
problemas do sistema digestivo, o que mais incomodava Frei Domingos pessoalmente eram os efeitos de uma neuropatia diabética que o fazia sofrer há anos. Era muito incômodo o descontrole na sensibilidade dos pés, o que lhe dificultava imensamente o andar e a manutenção do equilíbrio quando estava de pé. De acordo com os relatos da fraternidade e da equipe de cuidados, o estado de saúde do confrade passou a se agravar rapidamente. A dificuldade de ingestão já o impedia de “segurar” os alimentos que tomava. Passou a necessitar de uma sonda gástrica para alimentação, fato que aceitou com muita relutância e resistência. Na última sexta-feira, dia 26 de março, internou-se para mais exames e, na endoscopia, foi constatada uma grave úlcera estomacal. Concluídos os exames, recebeu alta no domingo, dia 28, pela manhã. No entanto, à
0 3/10/1968 – Profissão Solene 21/12/1969 – Ordenação Presbiteral (51 anos de Sacerdócio)
07/11/2003 – Porto União, SC
Atividades na Evangelização
0 9/06/2005 – Rondinha, Campo Largo, PR (Convento São Boaventura)
1 5/01/1971 – Gaspar, SC 28/01 1974 – Nilópolis, RJ (Paróquia Nossa Senhora da Conceição) 15/12/1978 – Santos, SP (vigário da Paróquia de Samaritá, SP) 07/02/1981 – Pinhão, PR 21/01/1989 – Coronel Freitas, SC 06/03/1996 – Guaratinguetá (SEVOA) 27/05/1996 – Campos Elíseos, Duque de Caxias, RJ. 28/11/1997 – Curitibanos, SC 10/12/1998 – Petrópolis, RJ (Convento do Sagrado Coração de Jesus) 16/10/2002 – Ituporanga, SC (Seminário São Francisco)
2 4/06/2004 – Pinhão, PR (a serviço da Diocese de Guarapuava)
19/12/2007 – Chopinzinho, PR. 2 7/03/2009 – Guaratinguetá, SP (Fraternidade São José – Postulantado) 10/11/2011 – Venda das Pedras, Itaboraí, RJ 30/08/2013 – Bragança Paulista, SP 0 4/06/2014 – São Paulo, SP (Convento São Francisco) 06/05/2016 – Mangueirinha, PR 0 9/02/2019 – Pinhão, PR (A serviço da Diocese de Guarapuava) 0 5/02/2021 – Bragança Paulista, SP (tratamento de saúde)
FALECIMENTOS
noite, precisou voltar às pressas para o hospital com um quadro de hemorragia interna. Na manhã da segunda-feira, dia 29 de março, Frei Domingos não resistiu e veio a falecer. O sepultamento foi no dia 30 de março, às 10h, no Jazigo da Província, no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo, SP.
O frade menor Frei Domingos nasceu em Nova Trento, SC, no dia 18 de julho de 1941. Era filho do casal Eduardo Hellmann e Ema Böing Hellmann, foi o 12º de 15 filhos, 11 homens e duas mulheres. Dentre as lembranças mais marcantes da vida em família, trazia a severidade dos pais, descendentes de alemães. Em 1949, a família
mudou-se para o Estado do Paraná, estabelecendo-se na Comunidade de Jacutinga, em Francisco Beltrão. De personalidade forte, passou por diversas fraternidades de Província. Tinha grande aptidão e habilidade para trabalhos manuais, especialmente na área da marcenaria. Outro ofício que lhe agradava bastante, era o da pescaria, exercido nos momentos de descanso e lazer enquanto a saúde lhe permitiu. Em consulta a seus arquivos guardados na Sede Provincial, percebe-se que, dentre os muitos lugares pelo qual passou como frade e sacerdote, tinha especial apreço e afeição pela comunidade do Pinhão, PR, pertencente à Diocese de Guarapuava. Ali esteve entre 1981 e 1988, quando a paróquia
estava sob os cuidados da Província, retornando posteriormente entre 2004 e 2006 e de 2019 a 2020, quando a comunidade já havia passado para a direção do clero diocesano. Frei Domingos sentia-se acolhido e feliz em Pinhão. Os padres, os funcionários e o povo também manifestavam grande carinho por ele. Em dezembro de 2019, por ocasião de seu jubileu de 50 anos de vida presbiteral, a comunidade preparou um vídeo em homenagem a Frei Domingos, com depoimentos de amigos, paroquianos e a recordação de alguns episódios marcantes da vida do confrade naquela localidade. Em sua ficha autobiográfica, preenchida em 1982, Frei Domingos apresentou três ideias-força que sustentavam a sua espiritualidade: “1º Deus é Pai que me ama; 2º Deus é misericordioso, sempre estende a mão; 3º Este mundo é passageiro, tudo é passageiro: o que importa é a vida eterna”. Frei Domingos agora é participante definitivo do repouso na vida eterna. Deus o acolha em seu Reino de Misericórdia e de Amor. R.I.P Da Secretaria Provincial
Frei Luiz Flávio Loureiro 17.02.1949
N
+ 08.04.2021
a manhã da quinta-feira, dia 8, a Irmã Morte nos visitou na pessoa do Frei Luiz Flávio Adami Loureiro, aos 72 anos de idade, em Vila Velha, no Espírito Santo. Frei Luiz foi diagnosticado com a Covid-19 e precisou ser internado no dia 21 de março. Quando estava na casa da sua mãe, Frei Luiz sentiu um mal-estar próprio de gripe. Um médico amigo da família
foi vê-lo e sugeriu que fosse ao hospital. Passou a noite na emergência até que houvesse vaga na enfermaria. Embora tivesse sido diagnosticado com Covid, estava evoluindo bem. A saturação, contudo, indicou a necessidade de cuidados mais intensos e no dia 25 de março à noite foi intubado. O boletim do Convento da Penha, onde residia, no dia 5 de abril informava que Frei ABRIL | 2021 | COMUNICAÇÕES | 225
FALECIMENTOS
Luiz continuava intubado e o quadro geral era estável. Na manhã desta quinta-feira (8), o seu quadro clínico se agravou e Frei Luiz veio a falecer às 6 horas. A Missa de Exéquias e do quinto dia do Oitavário da Festa da Penha foi presidida por Dom Dario Campos, Arcebispo de Vitória, às 16 horas. VEJA MAIS INFORMAÇÕES NA PÁGINA 207
O frade menor Frei Luiz é filho do advogado Honório Nascimento Loureiro e da funcionária pública Guidomar Adami Loureiro. No seu currículo, ele conta que fez o discernimento vocacional aos 17 anos, mas segundo seus pais, desde os 3 anos de idade já dizia que iria ser padre. Antes
Dados pessoais, formação e atividades 1 7/02/1949 – Nascimento em Vitória, ES (72 anos) 27/02/1982 – Ingresso no Seminário de Guaratinguetá, SP 20/01/1983 – Ingresso no Noviciado Franciscano em Rodeio, SC 10/01/1984 – Primeira Profissão na Ordem dos Frades Menores (37 anos de Vida Religiosa) 1984-1986 – Estudos de Filosofia 1987-1990 – Estudos de Teologia 05/05/1990 – Ordenação diaconal 02/08/1988 – Profissão Solene 02/02/1991 – Ordenação Presbiteral (30 anos de Sacerdócio)
de ingressar no Seminário de Guaratinguetá, SP, fez o Curso de Ciências Contábeis na Universidade Federal do Espírito Santo. “Eu deixo tudo por amor a Cristo. Quero ser religioso franciscano, para melhor doar-me de corpo e alma à causa do Evangelho de Jesus Cristo”, disse ao ingressar no Seminário. Sempre muito atencioso e fraterno, Frei Luiz dizia que tinha uma personalidade mais introvertida. Isso não atrapalhava a convivência fraterna: “A vida fraterna não é tão difícil, pois depende de como encaramos os nossos confrades. Cada um tem o seu tipo e um modo de ser. Eu procuro conhecê-los para viver bem”, ensinava. Para seus confrades, era dedicado, atencioso, humano e se relacionava bem com todos.
Atividades na Evangelização 06/12/1990 – Chopinzinho, PR, vigário paroquial 23/01 1992 – Seminário de Agudos, professor e orientador 16/12/1993 - Seminário de Agudos, pároco 01/12/1997 - São Lourenço, MG, guardião, pároco 22/11/2000 - Nilópolis/NS. Conceição, RJ, Guardião, pároco 07/11/2003 - Nilópolis/NS. Conceição, RJ, Guardião, pároco 20/12/2006 - Sorocaba/Paróquia Bom Jesus, SP, vigário paroquial 16/04/2007 - Sorocaba/Assistente espiritual da OFS/Paróquia Bom Jesus, SP
Gostava de um bom livro, música popular e clássica, futebol e praia. Tinha especial predileção pela liturgia e espiritualidade: “O estudo me faz aproximar mais do Criador”, dizia. Disciplinado nos compromissos religiosos da Fraternidade e no trabalho pastoral, mas procurava reservar sempre um tempo para se dedicar à oração pessoal. “O trabalho é primordial na minha vida, pois só através dele posso ganhar o meu sustento, mas a oração alimenta minha alma”. Que o Senhor o acolha em sua morada definitiva, para o descanso eterno junto Àquele que, em vida, Frei Luiz procurou servir.
R.I.P Da Secretaria Provincial
2 2/06/2007 - Vila Velha/Convento da Penha, ES, Atendente conventual 31/07/2008 - Colatina, ES, Coordenador da Fraternidade e vigário paroquial 17/12/2009 - Petrópolis/Sagrado, RJ,Vigário Paroquial 25/03/2010 - Petrópolis/Sagrado, assistende espiritual da OFS 25/02/2016 - Petrópolis/Sagrado, RJ, Vigário da casa 12/12/2018 - São Paulo/São Francisco, SP, Vigário paroquial 10/05/2019 - São Paulo/Assistente espiritual da Pequena Família Franciscana 21/11/2019 - Vila Velha/Convento da Penha, ES, atendente conventual
Agenda 2021
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
AS ALTERAÇÕES E ACRÉSCIMOS ESTÃO DESTACADOS EM VERMELHO.
ABRIL
24
Live Vocacional - Guaratinguetá (SP) - Postulantado / Seminário Frei Galvão
26 a 29
Reunião do Definitório Provincial
27 e 28
Reunião dos Guardiães e Coordenadores de Fraternidades (Agudos)
28
Reunião dos Guardiães e Coordenadores de Fraternidades (Virtual)
MAIO
05
Encontro Ampliado on-line de Leigos e Frades da Frente da Educação.
06
Encontro on-line da Frente da Solidariedade
11
Encontro on-line da Frente da Comunicação
JUNHO
09
Conselho de Evangelização
14 a 16
Reunião do Definitório Provincial
21
Encontro on-line da Frente da Comunicação
26
Live Vocacional - Rondinha - Campo Largo (PR) - Tempo da Filosofia
JULHO
03 a 18
SETEMBRO
01
Encontro Ampliado on-line de Leigos e Frades da Frente da Educação.
01
Encontro on-line da Frente da Comunicação
27-28
Reunião do Definitório Provincial
OUTUBRO
07 a 10
Capítulo Geral da Ordem (Roma, Itália)
Congresso de Evangelização da CMPByCS (Casa Sagrada Família – São Paulo)
30
23
AGOSTO
NOVEMBRO
Encontro on-line dos Frades da Frente da Educação.
21
Live Vocacional - Petrópolis (RJ) - Tempo da Teologia
Live Vocacional - Ituporanga (SC) e Rodeio (SC) - Ensino Médio / Aspirantado e Noviciado
03 a 11
Capítulo Provincial em Agudos
São Francisco e Dante na Carta Apostólica “Candor Lucis Aeternae” do Papa Francisco A Carta Apostólica “Candor lucis aeternae” do Santo Padre Francisco, publicada em 25 de março de 2021, no 700º aniversário da morte do poeta Dante Alighieri, dedica uma parte do texto a São Francisco de Assis:
Francisco, marido da Senhora Pobreza Na cândida rosa do beato, em cujo centro brilha a figura de Maria, Dante coloca também numerosos santos, dos quais traça vida e missão, para os propor como figuras que, no concreto da sua existência e também através de muitas provações , eles alcançaram a meta de sua vida e sua vocação. Recordo apenas a de São Francisco de Assis, ilustrada no canto XI del Paraíso, onde se fala dos espíritos sábios. Há uma harmonia profunda entre São Francisco e Dante. O primeiro saiu do claustro junto com o seu e caminhou entre o povo pelas estradas das aldeias e das cidades, pregando ao povo, hospedando-se nas casas; o segundo fez a escolha, incompreensível na época, de usar a linguagem de todos para o grande poema da vida após a morte,
povoando sua narrativa com personagens conhecidos e menos conhecidos, mas todos iguais em dignidade aos poderosos da terra. Os dois personagens têm outro traço em comum: abertura à beleza e ao valor do mundo das criaturas, espelho e “vestígio” de seu Criador. Como não reconhecer naquele “louvado seja o teu nome e o teu poder / por todas as criaturas” da paráfrase dantesca do Pai Nosso (Purg. XI, 4-5) uma referência ao Cântico das Criaturas de São Francisco? Essa consonância aparece na canção XI do Paraíso com um novo aspecto, que se assemelha ainda mais a eles. A santidade e a sabedoria de Francisco se destacam justamente porque Dante, olhando para a nossa
terra desde o céu, percebe a mesquinhez de quem confia nos bens terrenos: “Ó tolos cuidados dos mortais! / Quão fracas são as razões / que te fazem voar para o chão! » (1-3). Toda a história ou, melhor, a «vida admirável» do santo assenta na sua relação privilegiada com a Senhora Pobreza: «Mas para não continuar numa linguagem demasiado hermética, / percebo que Francisco e Pobreza são estes amantes / a quem eu I significa no meu longo discurso »(73-75). O canto de São Francisco recorda os momentos mais importantes da sua vida, as suas provações e, por último, o acontecimento em que a sua configuração com Cristo pobre e crucificado encontra a confirmação máxima e divina na impressão dos estigmas: «encontrar aquelas pessoas muito relutante em se converter, / para não ficar ocioso / o fruto do jardim da Itália foi colhido novamente, / e na montanha áspera entre o Tibre e o Arno, / de Cristo ele recebeu o último selo / que seus membros o carregaram por dois anos »(103-108). Para ver o texto completo da Carta Apostólica acesse: https://cutt.ly/8cBB2uj
Maio das Mães, das Noivas, flores, Ladainha, A Mãe das Mães é coroada por crianças, A Virgem Mãe de Jesus, Nossa Mãe, Rainha, Traz-nos promessas e sonhamos esperanças. Mãe traz o estímulo da força e da coragem, A segurança em percorrer a nossa estrada, Mãe sempre está ao nosso lado na viagem, Mãe é presença e profecia de chegada... Dia primeiro é feriado e consagrado, À Vocação e à Graça do Labor, A esse direito humano e justo e celebrado! Pra esse Direito acontecer em plenitude, Maria, a Mãe de Deus, Espelho da Justiça, Carimbará os homens com essa Virtude. Frei Walter Hugo de Almeida
IMAGEM ILUMINADA A imagem de Nossa Senhora da Penha Iluminada, na Praça do Papa ficou exposta durante toda a Festa da Penha. Produzida com cerca de 120 mil lâmpadas, numa estrutura de 15 metros de altura, cada lâmpada representa uma Ave Maria.