| JULHO - 2015 | EDIÇÃO ESPECIAL |
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
ir às periferias com a alegria do evangelho
capítulo geral
COMUNICAÇÕES
EDIÇÃO HISTÓRICA DO CAPÍTULO GERAL 2015 Província Franciscana da Imaculada Conceição Do Brasil Ministro Provincial: Frei Fidêncio Vanboemmel Vigário Provincial: Frei Estêvão Ottenbreit Secretário: Frei Walter de Carvalho Júnior Texto: Frei Walter de Carvalho Júnior Fotos: Frei Walter de Carvalho Júnior, Frei Fidêncio Vanboemmel e site da Cúria Geral Endereço: Rua Borges Lagoa, 1209 CEP 04038-033 - São Paulo - SP Email: comunicacao@franciscanos.org.br Site: www.franciscanos.org.br
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Desafios e Provocações do Capítulo Geral PARA A Província Caríssimos irmãos e irmãs, Que o Senhor vos dê a Paz e todo o Bem!
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a mensagem deste mês partilho com você, caro leitor e leitora das nossas Comunicações, algumas impressões e destaques do último Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores. Este maravilhoso acontecimento da nossa Ordem, com a pela presença de 127 frades dos cinco Continentes, foi celebrado em Assis entre os dias 10 de maio a 07 de junho de 2015. Certamente todos vocês tiveram oportunidade de
acompanhar a celebração do Capítulo Geral através dos comunicados diários apresentados nos Sites da Ordem (www.ofm.org) e da Província (www.franciscanos.org. br), ilustrados com fotografias e vídeos. Alguns destaques significativos: 1. A alegria do encontro na universalidade da Ordem O primeiro e grandioso momento do Capítulo Geral se deu na alegria da chegada e do encontro de Frades procedentes de mais de 60 países, todos trazendo consigo a rica história de cada cultura na diversidade de línguas e
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costumes, mas que imediatamente se identificaram como “irmãos dados pelo Senhor” na vivência da mesma Regra e Forma de vida. Irmãos Menores que chegaram à Porciúncula de São Francisco, como na primeira primavera franciscana, com as mesmas inquietações: como atualizar a forma do Santo Evangelho (Regra) e transformá-la em Vida a ser vivida no nosso tempo? (Tema do Capítulo). A universalidade da Ordem também se manifestou nos relatórios apresentados nos primeiros dias do Capítulo: do Ministro Geral e secretariados, do Economato Geral, dos Presidentes das 13 Conferências da Ordem e do Custódio da Terra Santa. A universalidade também esteve presente nos muitos vídeos apresentados ao longo do Capítulo que, sem sombra de dúvida, retratam a riqueza da universalidade das Entidades da Ordem (Províncias e Custódias) e que, ao mesmo tempo, não escondem alguns contrastes existentes: entidades preocupadas
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em manter e apresentar belas e grandes estruturas, às vezes com pouca presença do ‘povo de Deus’, e entidades inseridas em meios populares (Igreja em saída); entidades que vivem a crucial experiência do ‘outono’ vocacional e entidades primaveris e dinâmicas, com expressivo florescimento vocacional. Contrastes que, por sua vez, também perpassam as fraternidades das entidades da Ordem! Outro ponto significativo da universalidade da Ordem aconteceu nos momentos de saudação e condivisão da nossa vocação e missão com toda a Família Franciscana: Frei Frei Mauro Jöhri, Ministro Geral dos Capuchinhos, apresentou-nos uma meditação no dia da abertura do Capítulo. Depois, no dia 25 de maio, esta partilha se deu com as presenças e saudações de Frei Stefan Kozhu (Vigário Geral dos Capuchinhos), Frei Marco Tasca (Ministro Geral dos Conventuais), o irmão Tibor Kauser (Ministro Geral da OFS) e Irmã
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Klara Simunovich (Representante da Conferência Internacional dos Institutos da Terceira Ordem Regular). A linguagem comum foi: continuar a trabalhar juntos, unir esforços, promover a mútua colaboração entre os diferentes ramos da frondosa árvore da nossa Família Franciscana. 2. Eleição do novo Governo da Ordem O Capítulo de Pentecostes foi um Capítulo eletivo! Nesse sentido os frades capitulares reelegeram Fr. Michael Anthony Perry e Fr. Julio Bunader para Ministro e Vigário Geral de toda a Ordem dos Frades Menores. E, na sequência, as Conferências e/ou união de algumas Conferências, apresentaram seus candidatos para Definidor Geral da Ordem dos Frades Menores. E assim foram eleitos (por nacionalidade e Conferência/ou união de
Conferências que representam): Fr. Valmir Ramos (Brasil, UCLAF), Fr. Ignacio Ceja (México, UCLAF), Fr. Antonio Scabio (Itália, UFME), Fr. Ivan Sesar (Bósnia-Herzegovina, UFME), Fr. Lóránt Orosz (Hungria, UFME), Fr. Lino Gregorio Redoblado (Filipinas, FACO), Fr. Nicodème Kibuzehose (Quênia,Conferência Africana), Fr. Kevin Caoimhín Ó Laoide (Irlanda, Conferência Anglófona, ESC). 3. As celebrações nos Santuários Franciscanos Ao longo do Capítulo Geral foram vários os momentos celebrativos comunitários realizados em Nossa Senhora dos Anjos (Porciúncula), São Damião, nas basílicas de Santa Clara e São Francisco, bem como as visitas e celebrações nos Santuários de Greccio e Fonte Colombo, no Vale do Rieti, e Monte Alverne. Estas celebrações nos | Comunicações |
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remeteram a um olhar de gratidão ao passado da nossa Ordem e que, ao mesmo tempo, continuam a ser fontes inspiradoras e provocativas para continuarmos a viver a utopia e a paixão de Francisco e Clara nos desafios e contrastes da humanidade do nosso tempo. 4. Encontro com o Papa Francisco No dia 26 de maio, os frades capitulares e os que estavam a serviço do Capítulo viajaram de Assis a Roma (Vaticano) para uma visita fraterna ao Papa Francisco que, gentilmente, acolheu-nos na Sala Clementina. Após as palavras de saudação do Ministro Geral, Frei Michael Perry, o Papa Francisco dirigiu suas palavras de pastor e pai a toda Ordem dos Frades Menores. O Papa centrou suas palavras nos dois eixos centrais do carisma franciscano, tema do Capítulo: a Minoridade e a Fraternidade no hoje da história. Disse o Papa: “A MINORIDADE convida a sermos e a sentirmo-nos pequenos diante de Deus, confiando-nos totalmente à sua infinita misericórdia” A minoridade convida-nos a “sairmos das nossas estruturas e testemunhar uma concreta aproximação aos pobres, aos necessitados, aos marginalizados, em uma autêntica atitude de partilha e serviço”. Da mesma forma, continuou o Papa Francisco, a “dimensão da FRATERNIDADE pertence de maneira es-
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sencial ao testemunho evangélico... A família religiosa de vocês é chamada a exprimir esta fraternidade concreta, mediante o resgate da confiança recíproca nas relações interpessoais, a fim de que o mundo veja e creia, reconhecendo que o amor de Cristo cura as feridas e unifica” (E o Papa fez questão de acentuar “o resgate da confiança recíproca”!). Ao final das suas admoestações, ao fazer menção do ‘hábito franciscano’, disse: “Vocês conquistaram uma autoridade moral junto ao povo de Deus com a minoridade, com a fraternidade, com a brandura, com a humildade, com a pobreza. Por favor, conservem-na! Não a percam! O povo quer bem a vocês, ama vocês”. E a seguir, pacientemente, saudou a cada um dos frades presentes e enviou-nos em missão com a oração do Angelus e a sua Bênção Apostólica. 5. As Propostas do Capítulo Geral Seja no relatório do Ministro Geral como nos diferentes grupos de estudo e de trabalho, foi voz unânime entre os capitulares de não se elaborasse um elevado número de mandatos/decisões que depois seriam peso e nem sempre possíveis de serem executados. A intenção maior foi a de indicar linhas diretivas que poderiam nos orientar para vivermos no ‘tempo de hoje’ nossa vocação e missão de ‘Irmãos e Menores’. Assim sendo, as propostas do
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Capítulo Geral passam pelas seguintes questões: a igualdade entre os irmãos (leigos e sacerdotes); o fortalecimento nas relações fraternas nas entidades; o projeto fraterno de vida e missão; a promoção da formação permanente e inicial; a questão da fidelidade e da perseverança dos irmãos; a formação missionária; os centros de estudo e a formação acadêmica; a dimensão da vida contemplativa; a vida de pobreza e o compromisso social com os pobres e com toda a criação; as questões de administração e de economia transparente e solidária (Ratio Econômica); as frentes missionárias da Ordem. Estas decisões capitulares deverão chegar a nós bem formuladas no segundo semestre, após o período de recesso (férias). 6. O Documento Final do Capítulo Da mesma forma deverá chegar a todos nós a redação definitiva do documento final do Capítulo. Este documento deseja oferecer o conjunto das preocupações do Capítulo e, por isso, é um texto inspiracional e orientativo no sentido de oferecer a todos os irmãos da Ordem dos Frades Menores uma nova energia e um novo entusiasmo no caminho que nos é proposto. O título deste documento final, Ir às periferias com a alegria do Evangelho - enquanto “Frades e Menores no nosso tempo” – também quer ser nossa resposta às proposições do Papa Francisco na Evangelii Gaudium, nas proposições para o Ano da Vida Consagrada, Ano da Misericórdia e atentos à Encíclica Laudato si’ que estava prestes a sair. Este documento final, atento às preocupações da Ordem num mundo de grandes mudanças e transformações, deseja ser uma mensagem de esperança e de encorajamento. Por isso, o texto central do documento nos remete à escuta da Palavra de Deus, fazendo referência a quatro imagens bíblicas para ajudar-nos na reflexão e na compreensão das prospectivas do Capítulo Geral. As imagens bíblicas são: a) A tempestade acalmada (Mt 8,2327); b) O tempo do exílio da Babilônia (Ez 16,8; Sl 51,19; Jer 31,33, Ez 37); c) O cego Bartimeu (Mc 10, 46,52); d) Abraão e Sara (Gen 21,5; Gn 17,17, Gen 18,3). Estas referências bíblicas nos questionam, enquanto ‘Frades e Menores no nosso tempo’, nos diferentes aspectos da nossa vida (vocação e missão): a nossa vivência concreta da fé num mundo secularizado; a qualidade da nossa vida de oração e vida fraterna; a atualidade da nossa evangelização mais atenta aos sinais dos tempos; a misericór-
dia que devemos ter para com todos os leprosos de hoje; o profetismo da fraternidade e da minoridade para combater todas as formas de solidão e isolamento em todos os níveis (humano, relacional, econômico); a má administração dos bens temporais que são bens da fraternidade e do povo de Deus (transparência em todos os níveis: pessoal, fraternidades, Entidades e Ordem); a alegria e a felicidade que devemos ter, principalmente quando estamos entre as pessoas mais pobres, fracas, enfermas e abandonadas em todas as periferias existenciais; as perspectivas e as esperanças vocacionais que nascem da acolhida e da hospitalidade; etc. Enfim, muitos foram os desafios que emergiram ao longo do Capítulo Geral. Também posso dizer que os desafios da Ordem são provocações que tocam a nossa Província. Iniciamos nossa preparação para a Celebração do Capítulo Provincial. Que possamos, como no Capítulo Geral, deixar-nos conduzir pela esperança e acreditar na potencialidade de cada confrade e empenhar-nos na PERMANENTE FORMAÇÃO (formação permanente e inicial) a fim de sermos ainda mais proféticos nas nossas ‘Frentes de Evangelização’: Missões, Paróquias/Santuários, Solidariedade, Educação e Comunicação. Possa o apelo do Papa Francisco, que aqui repito nesta conclusão, induzir-nos cada dia à conversão ao Evangelho, a exemplo de São Francisco de Assis: “Vocês conquistaram uma autoridade moral junto ao povo de Deus com a minoridade, com a fraternidade, com a brandura, com a humildade, com a pobreza. Por favor, conservem-na! Não a percam! O povo quer bem a vocês, ama vocês”. Que o Senhor nos abençoe e nos guarde, Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial | Comunicações |
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1º DIA
Começa o
Capítulo Geral em Assis Representantes de 120 países da Ordem dos Frades Menores se reuniram, de 10 de maio a 7 de junho, em Santa Maria dos Anjos, Assis (Itália), por ocasião do Capítulo Geral. Nas páginas seguintes, Frei Walter de Carvalho Júnior, narra dia a dia como foi esta grande celebração da Ordem dos Frades Menores.
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lugar-comum dizer que quem vai a Assis pela primeira vez, ou a ela retorna, - quantas vezes forem -, sente um clima singular, difícil de se descrever. E assim, de fato, o é. No caminho de trem, reconhecendo aos poucos, nas várias paradas, os nomes familiares ao movimento franciscano, presentes nas Fontes (Narni, Terni, Spoleto, Trevi, Foligno), um confrade da Venezuela dizia: “Passando pelas cidades da Úmbria, a gente não se sente estrangeiro”. Chegamos a Assis na manhã do domingo, 10. Dado à proximidade, fomos a pé até a Domus Pacis, lugar do alojamento e realização do Capítulo, e que fica ao lado da Porciúncula. Aos poucos foram chegando os ministros provinciais dos mais variados rostos e etnias, procurando
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se entender em uma das três línguas oficiais da Ordem. Sem entrar nos pormenores dos horários e “ritos” de abertura, destaque no primeiro dia do Capítulo, 11, dedicado à espiritualidade, foi a fala do Ministro Geral dos Frades Menores Capuchinhos, Frei Mauro Jöhri. Logo ao início, retomou uma frase do Papa Francisco durante entrevista com P. Antonio Spadaro, da revista “Civiltà Cattolica”: “Não há identidade sem pertença”. Disse que é mais fácil deter-se na identidade do que na pertença, porque esta última diz respeito à concretude da vida e pode se manifestar em graus de maior ou menor gradualidade. Constatou que é mais difícil declarar-se pertencente a um grupo quando este está atravessando um momento de crise. Segundo Frei Mauro, porém, são justamente
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os momentos difíceis e os tempos de crise que mais nos interpelam e nos levam ao confronto e à renovação de nossa adesão ao grupo, à Ordem, em vista de novos caminhos, e para sermos autênticos frades menores no e para o nosso tempo. Depois, falando bastante em primeira pessoa – o que conferiu à fala um caráter de experiência própria -, Frei Mauro tratou do tema da vida fraterna, sob três níveis: franciscano, eclesial e antropológico. Ao abordar a questão da minoridade, Frei Mauro relembrou a visita do Papa Francisco a Assis no dia 4 de outubro de 2013. Nela, as primeiras pessoas com as quais ele quis se encontrar não foram os frades, mas os desprovidos, recordando-nos que a conversão de São Francisco aconteceu graças ao fato de que Deus mesmo o conduziu para entre os leprosos, e que este encontro com os últimos e os menos favorecidos permanece sendo uma pedra angular para todos nós que nos fazemos chamar de franciscanos. Frei Mauro afirmou que “o perigo para nós é chamarmo-nos “menores” mas estarmos, na realidade, muito longe das pessoas que efetivamente estão vivendo em estado de marginalização. Podemos assemelhar-nos
muito ao sacerdote e ao levita de desciam de Jerusalém a Jericó”. E continuou: “Não basta o simples fato de nos chamarmos ‘franciscanos’ para garantirmos a nossa capacidade de estar com os pobres e nos alegrarmos com isso, embora seja isso exatamente o que Francisco nos pede: ‘E devem alegrar-se quando conviverem entre pessoas insignificantes e desprezadas, entre os pobres, fracos, enfermos, leprosos e os que mendigam rua’. (...) Admitamos que não é um aspecto fácil a ser alcançado. Provavelmente seja necessário uma vida inteira e muita formação para fazer esse caminho de espoliação do nosso ego e das aspirações que são certamente legítimas mas não estão de acordo com o ideal a nós proposto por Francisco”. Por fim, referindo-se à nossa missão hoje, Frei Mauro reafirmou a importância de agirmos em comunhão com a Igreja, em sintonia com o que o Papa Francisco nos propôs de modo claro e forte na Evangelii Gaudium. Nela, logo no início, ele afirma que devemos deixar-nos encher, o coração e a vida inteira, pela alegria do Evangelho, que se encontra na pessoa de Jesus. Convoca-nos a nos deixarmos ser salvos por Ele, que nos liberta do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. | Comunicações |
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2º DIA
Bispo de Assis acolhe os capitulares
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m meio aos procedimentos de instalação do Capítulo Geral (chamada dos capitulares, juramento, eleição dos moderadores, nomeação dos escrutinadores e aprovação do Regulamento do Capítulo), o segundo dia foi marcado pela presença muito simpática do bispo de Assis, que se dirigiu aos capitulares com calorosas palavras de acolhida, dizendo que vinha de fato para trazer um grande abraço. Ele ressaltou a importância de Francisco e Clara não somente para os frades do mundo inteiro, mas também para a própria diocese de Assis, indele-
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velmente assinalada pela vida e santidade dos dois. Explicou que há uma relação muito estreita entre os frades e a diocese, e que cresce a colaboração mútua e o trabalho evangelizador feito em comum. Minutos antes, Frei Michael Perry, ministro geral, ao dar as boas-vindas a Dom Domenico Sorrentino, havia lembrado o fato de Francisco ter sido acolhido pelo bispo Guido ao desnudar-se de tudo, inclusive das vestes, no início de sua conversão, que foi prefiguração, sem dúvida, da acolhida que a própria Igreja fez ao Poverello e seus primeiros companheiros, posteriormente.
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3º DIA
Frei Michael apresenta seu relatório
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o terceiro dia do Capítulo, Frei Michael Perry, Ministro Geral, iniciou a apresentação do seu relatório, durante toda a manhã. Reportando-se a Marcos 10,17-31, em que o jovem rico pergunta a Jesus o que deveria fazer para alcançar a vida eterna, disse que o Senhor não dá espaço para uma resposta tépida ou a uma entrega que dura até que uma oferta melhor surja. O pedido exigente de Jesus ao jovem rejeita o fazer o mínimo indispensável para apenas sobreviver; no nosso caso, rejeita um seguir regras e disposições para, digamos, cumprir com o mínimo que é pedido na vida de oração, na fraternidade, e na evangelização. Para ilustrar, citou o ex-ministro geral Frei Giacomo Bini: “Deus quer tudo. Não se trata de ajeitar mas de mudar o próprio coração. Devemos entregar-nos a Ele, estabelecendo com Ele um diálogo profundo e vital para chegar a escolhê-Lo com generosidade. (...) A ambiguidade, a indecisão criam sempre uma divisão dentro de nós: nunca seremos livres. Deus quer tudo e o quer para realizar a nossa identidade-liberdade. Escolham ser livres”. E para falar da renovação espiritual de que necessitamos, usou a metáfora do tsunami. Ao tratar do decréscimo do número de frades da Ordem, muito acentuado, por morte, abandono e exiguidade de novas vocações, mostrou que, embora de modo geral ele se dê, há, no entanto, entidades em que ele ocorre mais, enquanto em entidades da Ásia, por exemplo, há
um aumento do número de jovens que entram na Ordem, o que, enfim, é motivo de esperança. Aliás, apesar da constatação de crises que vivemos, o tom do relatório, neste primeiro dia de apresentação, foi positivo e esperançoso. Frei Michael constata que a crise maior que enfrentamos é da falta de cuidado de uns para com os outros. E quanto à nossa missão, afirma: “Todas as estruturas da Ordem, todos os métodos com que nos organizamos em diversos níveis, nas Províncias, nas Custódias e nas Fundações, todos os nossos esforços apostólicos devem refletir esta intuição vocacional originária: somos uma missão neste mundo, não fazemos missão; este é o motivo pelo qual nós, frades menores, existimos e ao qual nós devemos estar inteiramente voltados”. Por fim, referindo-se ao sine proprio, reafirmou que somente vivendo totalmente o chamado a não apropriarmo-nos de nada seremos capazes de compartilhar de fato a sorte dos pobres de Deus, os minores, aqueles que não têm nenhum poder, que não possuem títulos, que estão continuamente a caminho e vivem em total dependência da providência e do amor de Deus. Esta é a opção fundamental que se encontra no coração do nosso voto evangélico de pobreza. Na segunda sessão da manhã, Frei Michael apresentou a situação econômica e financeira do economato geral. | Comunicações |
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4º DIA
Término da apresentação do relatório do Ministro Geral e vésperas em São Damião
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o terminar a apresentação do seu relatório, na manhã do dia 14, Frei Michael recebeu duplo e prolongado aplauso. Ajudaram-no a expor a situação, os desafios e as propostas dos secretariados e serviços ligados à Curia Geral, Frei Massino Tedoldi (pela missão e evangelização), Frei Vidal Rodriguez (pela formação e estudos) e Frei Joe Rozanski (pelo JPIC). Recorrente no relatório do Ministro foi a citação da Carta Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, e também dos escritos dos Ministros precedentes, Frei Giacomo Bini e Frei Herman Schaluck. Frei Michael voltou a insistir que não temos mas somos uma missão. Reafirmou que devemos ser irmãos do encontro e do diálogo, e embaixadores da reconciliação. O encontro com Jesus preci-
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sar ser a experiência e formação inicial, permanente, e aberta ao futuro na vida de cada frade. No parecer de Frei Michael, a relação entre identidade, liderança e ministério é uma área específica de preocupação em vista do futuro da Ordem. “Nos modos de falar e de agir, no modo de exercitar a liderança e os ministérios, todos os frades devem tomar cuidado com as posturas identificadas com o termo “clericalismo”. Este vocábulo é usado para indicar um sentido de privilégio, de pertença a um grupo exclusivo, frequentemente ligado ao acesso a bens sociais e eclesiais não disponíveis a outros membros da Igreja. (...) Há casos em que manifestações desta postura são já visíveis nos programas de promoção da vocação franciscana e de formação inicial”. No que se refere a passos em vista de uma nova visão
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evangelizadora na Ordem, segundo o Ministro Geral, seria importante escolher uma forma de anúncio que nasça da vida fraterna e se abra à participação dos leigos. Tal anúncio deveria compor-se de obras de justiça e de misericórdia, acompanhadas pela oração, com um convite sincero que promova a aproximação à pessoa de Cristo, um anúncio que se expresse na vida de caridade, justiça e oração da fraternidade local. Para o Ministro, a minoridade evangélica é chave hermenêutica da colaboração interprovincial e interobediencial, e precisa ser posta em prática. Lembrou, a propósito, que recentemente renovaram-se os esforços para se verificarem a possibilidade, as vantagens e a viabilidade da criação de uma única Universidade Franciscana em Roma. Os Ministros Gerais da Primeira Ordem estão certos de que isso, entre outras iniciativas, seja oportuno e necessário para o bem do nosso testemunho evangélico, e para reforçar os programas já existentes. Por fim, Frei Michael citou o documento “A Ordem
hoje”, de Frei Giacomo Bini: “Não é a palavra que nos falta, ou gestos isolados de generosidade, mas nos faltam formas concretas, alternativas de vida em fraternidade. (...) Talvez devêssemos concentrar os nossos esforços maiores na busca de uma ‘ortopraxis’, de um estilo de vida que exprima profeticamente para o mundo de hoje aquilo em que cremos, que esperamos e que professamos”. Antes de receber prolongados aplausos, Frei Michael os arrancou da assembleia ao fazer uma série de agradecimentos: a Frei Bill Short e equipe, secretário do Capítulo, aos Definidores Gerais, ao Vigário Geral Frei Julio Bunader, e também às Irmãs Clarissas e a todas as irmãs das mais diversas congregações franciscanas, presentes em tantos lugares do mundo, pelo apoio na oração e na proximidade de vida e ideal. Ao final dos trabalhos do dia, um momento “forte” do Capítulo: a oração das Vésperas em São Damião, celebração que foi presidida pelo Ministro Provincial da Província Seráfica, Frei Mário Durighetto.
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5º DIA
Começa o estudo do “Instrumento de Trabalho” do Capítulo e frades de língua portuguesa celebram na Porciúncula
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manhã do dia 15 começou de modo especial para os frades que falam Português. A capelinha de Santa Maria dos Anjos lhes estava reservada para a celebração eucarística. Frei Fidêncio foi o presidente e, na homilia, entre outras reflexões, lembrou que, se em São Damião Francisco perguntava ao Senhor o que ele deveria fazer, na Porciúncula, por sua vez, ele recebe a resposta do mesmo Senhor, ao ouvir o Evangelho do envio dos apóstolos, sine proprio, diante da qual Francisco exclama: “É isso que eu quero, é isso que eu procuro, é isso que eu desejo fazer de todo o coração”. As sessões e os trabalhos em grupo de todo o dia 15 foram dedicados ao estudo do Instrumentum Laboris do Capítulo. Este divide-se em dois grandes temas: 1) Viver como irmãos, e 2) Viver como Menores. Em duas sessões, Frei Cesare Vaiani fez a exposição do documento de forma muito clara. Os grupos, então, manifestaram sua impressão e começaram a tecer considerações em vista da elaboração de propostas. Sempre na perspecti-
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va do momento histórico em que vivemos, metodologicamente, o Instrumentum aborda cada assunto sob três aspectos: situação (sobretudo a partir do Questionário respondido por bom número de frades da Ordem), iluminações (com predomínio das provocações da Evangelii Gaudium), e, por fim, sugestões para a elaboração de propostas. A primeira parte do Instrumentum – Viver como Irmãos -, subdivide-se nos temas: Irmãos na vida com Deus; a qualidade evangélica das nossas relações fraternas; os irmãos leigos; irmãos evangelizadores, em missão partilhada. Já a segunda parte – Viver como Menores -, subdivide-se nos temas: menores frente ao aburguesamento-secularização; menores para/com os pobres; menores na economia; menores no cuidado para com a Criação. Vale, por fim, lembrar que cada sessão na sala capitular iniciava-se com um momento de oração. Em geral, algum mantra ou refrão mais conhecido, leitura de parte da Regra ou das Admoestações, nas três línguas oficiais da Ordem, e uma breve oração final.
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6º DIA
Fim de semana dos Capitulares mescla trabalho e peregrinações
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o iniciar a primeira sessão do dia, o moderador convidou os capitulares para um minuto de silêncio em memória de dois frades falecidos no dia anterior: Frei Olivo Tondello, da nossa Província da Imaculada Conceição do Brasil e Frei Angel Dario C. Morales, porto-riquenho, da Custódia do Caribe, este último de apenas 49 anos de idade, vítima também do câncer. O trabalho da assembleia capitular concentrou-se em ouvir e comentar o que os secretários dos grupos relataram sobre a discussão em torno do Instrumentum Laboris, apresentado em linhas gerais na sexta-feira. Ainda na mesma manhã de sábado, um dos peritos responsáveis pela redação do Documento Final do Capítulo explicitou justamente o que pretendiam fazer para
cumprir com o que lhes fora confiado. Comentou-se, a propósito, que uma coisa é o Documento Final, outra, porém, mas não dissociada, são as decisões operacionais (mandatos) que resultam do Capítulo. Vários capitulares se manifestaram. Uns expressando o que gostariam de ver presente no Documento, em termos de conteúdo e método, levando às vezes em consideração o Relatório apresentado pelo ministro geral. Outros, no entanto, questionaram a preocupação, ainda fora de hora (?), com o Documento, desejando que discussões mais relacionadas ao essencial de nossa vida de frades fosse o foco de atenções e preocupações naquele início dos trabalhos. Algumas perguntas levantadas: 1) Como podemos experimentar e viver as coisas que já sabemos a partir das Fontes, da espiritualidade, e de tantos do| Comunicações |
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cumentos que foram muito bem escritos nos últimos anos? Ou seja, como superar a lacuna que há entre o que sabemos e como vivemos? Como fugir da tentação dos fariseus, deflagrada por Jesus, pela qual eles olhavam mas não viam, ouviam mas não escutavam? Importa, assim, pormo-nos à escuta do Espírito para saber o que ele pede de nós hoje, neste Capítulo, e para a Ordem. Alguém comentou que as pessoas esperam dos capitulares não textos mas sinais, sinais que inspirem confiança, que inspirem fé, e que fujam de nossa não rara autorreferencialidade. Um dos capitulares disse crer que o Papa - que justamente escolheu, ao ser eleito, o nome do Poverello Francisco -, espera dos franciscanos algo
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novo. Um dos capitulares expressou que é preciso haver mais partilha e testemunho entre nós de como experimentamos (ou não) a paixão por Deus, pelo Evangelho, pela nossa vocação, pelas pessoas e pela criação. Na noite de sábado, a grande basílica, que abriga em seu centro a Porciúncula de Nossa Senhora dos Anjos, estava literalmente repleta de fiéis que vieram para a oração do terço, e para a procissão luminosa pela praça da basílica, com cantos diversos, e, ao fim, com a ladainha de Nossa Senhora e o Magnificat. Foi um momento de particular beleza e devoção. Nele não nos esquecemos dos confrades das nossas províncias e das pessoas que se recomendaram às nossas orações.
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7º DIA
Visita aos santuários franciscanos
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domingo amanheceu ensolarado e belo, com clima ameno e agradável. Ao menos a metade dos capitulares seguiu para o Vale de Rieti para visitar, primeiramente, Greccio. O santuário, em meio à montanha verdejante, nesta época, guarda a doce recordação do presépio vivo que Francisco quis reviver no Natal de 1223, e que, assim, nos põe em contato com uma das vertentes mais expressivas da espiritualidade franciscana: a encarnação humilde e solidária de Jesus. Ali foi celebrada a missa dominical da Ascenção do Senhor, juntamente com a comunidade local. Além de afrescos medievais e de exposição permanente de presépios de vários países, é de particular beleza o dormitório de frades das primeiras gerações franciscanas, todo de madeira, com portas pequenas, com a cruz à frente. São Boaventura tinha ali a sua cela, além de São Francisco, a dele, naturalmente, mais primitiva. Após o almoço, servido em Greccio mesmo, os capitulares seguiram para
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Fonte Colombo, um dos tantos eremitérios dos inícios, presentes nas montanhas que delineiam aquele vale tão caro a São Francisco e seus companheiros. Na capela, o guardião gentilmente nos acolheu e apresentou, a partir das Fontes, dois acontecimentos que ali se deram: a composição mais definitiva da Regra, que veio a ser aprovada pelo Papa Honório, e a cirurgia dos olhos a que São Francisco se submeteu a ferro em brasa. Empregando um paradoxo, disse, por fim, que a luz que faltava aos olhos de Francisco, de certo modo, resplandecia, não sem ter custado sofrimentos ao santo, na composição da Regra aos frades, que, enfim, seria luz para o caminho da Ordem até os nossos dias.
PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA
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o Brasil, participaram deste Capítulo Geral pela Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, Frei Walter de Carvalho Júnior, representante dos Irmãos Leigos da Conferência Brasileira (CFMB), 5 provinciais - Frei Carlos Alberto Breis Pereira, Frei Francisco Carvalho Neto, Frei Inácio Dellazari, Frei Marco Aurélio da Cruz, Frei Bernardo de Sousa Brandão Neto - e 3 custódios - Frei Francisco de Assis S. da Paixão, Frei Flaerdi S. Valvasori, Frei Roberto Miguel do Nascimento -, representando nove entidades.
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8º DIA
Conferências da Ordem começam a expor seu relatório
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rande parte do dia 18 foi dedicada à exposição, esclarecimentos e discussões em torno, mais uma vez, da situação econômica e financeira do Economato Geral. Algumas perspectivas de solução para os problemas que se apresentam já foram aventadas. No período da tarde, teve início a apresentação dos relatórios das Conferências da Ordem, que são em número de 14. Na primeira sessão, no entanto, apenas 5 delas expuseram a respeito do que foi possível realizar no último sexênio, o que consideram como sendo pontos positivos, o que se mostra como fragilidade ou desafio, ou ainda como potencialidade. Juntamente com a brasileira, apresentaram seu relatório as conferências: africana, bolivariana, italiana e transalpina. Frei Fidêncio destacou os serviços do SERFE (para a formação e os estudos), do SIFEM (para a evangelização e a missão), e o SAV (serviço de animação vocacional). Explicou que a CFMB trabalha de forma integrada em vários projetos, entre eles: experiência “Reviver o dom da vocação”; experiência “Under ten” em áreas de missão ou de situações de problemas humanos “limítrofes”; formação de formadores e guardiães; experiência e presença missionária em Roraima; encontros de irmãos leigos, de dois em dois anos; entreajuda em etapas da formação inicial; master em Evangelização em nível da UCLAF (União das Conferências Latino-americanas). O clima de recolhimento envolveu o final do dia dos capitulares, com uma leitura orante da Palavra de Deus, dirigida por frades de origem asiática, tendo por base a perícope de Mt 5,14-16: “Vós sois a luz do mundo; (...) resplandeça a vossa luz diante dos homens,
para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”. Após repetição de um mantra, qualificações desta luz: não é ofuscante que cega a outros; não é uma luz que queima, que causa dor a outros; não é uma luz insuportável, que espanta a outros. É, no entanto, uma luz quente, de fraternidade e minoridade, que mostra que todos somos irmãos e irmãs uns dos outros; é uma luz terna de amor e respeito, que mostra o quanto as pessoas e as criaturas pertencem à família de Deus; é uma luz que cura, é a luz da compreensão e da compaixão, que faz as pessoas se unirem. É a luz que brilha através da qualidade da vida fraterna; é a luz que faz com que Cristo torne-se presente e visível em todas as pessoas e em todos os lugares; é a luz que se origina no Cristo Luz, que ilumina nossas fraternidades e o mundo todo com alegria, esperança e paz. | Comunicações |
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9º DIA
Fidelidade e a perseverança dos irmãos
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evido a uma das decisões do Capítulo de 2009, que já se havia deparado com o acentuado decréscimo no número dos frades da Ordem, uma comissão especial estudou nos últimos seis anos a questão da fidelidade e da perseverança dos irmãos, e, necessariamente, as causas que levam considerável número deles a abandonar a Ordem. Na história franciscana não são novidades os altos e baixos em termos de números de frades. Depois de exposição de várias estatísticas e gráficos ilustrativos, Frei Albert Schmucki, em nome da comissão, apresentou reflexão em vista de possíveis interpretações dos dados, sobretudo levando em consideração os frades jovens.
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Partiu de Jo 1,38-39: “Voltando-se e vendo Jesus que os dois o seguiam, perguntou-lhes: ‘O que vocês querem?’ Eles disseram: ‘Rabi’, ( que significa Mestre ), ‘onde moras?’. Respondeu ele: ‘Venham e vejam’”. Frei Albert explicou que o verbo “morar”, no contexto bíblico, carrega uma densidade teológica que remete à procura do ser humano pelo sentido mais definitivo da própria vida, e que é, afinal, o ponto de partida de toda busca vocacional. Criticou, no entanto, uma certa consideração instrumental e funcional das entidades da Ordem, muitas vezes preocupadas com elas mesmas, e que não chegam a considerar bem e suficientemente os candidatos que as procuram hoje, na maioria jovens, provindos de um
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mundo caracterizado por muitas e rápidas mudanças. Estes, voltados para o presente, para o que lhes possa ser resposta hoje, sem maior memória história, e sem muitas preocupações para com um futuro distante, desiludem-se, não raro, e desistem da vida franciscana em uma das etapas do processo formativo inicial, quando não, após a profissão solene. Acompanhar os jovens, portanto, é um grande desafio, pois envolve, em muitos casos, acampanhar a transformação ou desestruturação do ideial, e também, a reestruturação dele. Frei Albert também afirmou que em nossos dias, nos contextos culturais e sociais de hoje, nossa identidade carismática não é ainda bem clara: é mais nostálgica que profética, o que dificulta o processo de recepção e acompanhamento de novos irmãos. No final da manhã, os grupos linguísticos se reuniram para desenvolver reflexão a partir da fala de Frei Albert. As pertinentes considerações dos grupos foram partilhadas na sala capitular pouco antes do al-
moço, e serviram, posteriormente, para a composição das propostas finais do Capítulo. Já no período da tarde, deu-se prosseguimento à apresentação dos relatórios das Conferências da Ordem, iniciada no dia anterior, inclusive com projeção de rápidos e encantadores vídeos, mostrando a vida e trabalho dos frades de várias partes do mundo. Também fez parte das atividades da tarde um pré-escrutínio para a eleição do Ministro Geral. Concluíndo os trabalhos do dia, os membros do Definitório, que encerram seu serviço, foram chamados à mesa por Frei Bill Short, secretário do Capítulo. Este dirigiu a oração das vésperas, e, após a leitura breve, agradeceu a cada membro do Definitório, destacando de cada um alguma qualidade ou particularidade. A cada agradecimento, a assembleia reagia com salva de palmas. Nas intercessões, espontâneas, em várias línguas, ouvia-se repetir o refrão: “Magnificat anima mea Dominum”. | Comunicações |
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10º DIA
“Simplicidade e complexidade são conceitos relativos”
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ivididos em três grupos, os capitulares, na manhã do dia 20, dirigiram-se a três trabalhos sociais diferentes, nos arredores de Assis, tendo em comum entre eles situações limífrofes da experiência humana. Um dos lugares visitados foi o Instituto Seráfico de Assis, fundado no século XIX por Frei Ludovico de Casoria, canonizado em 2014 pelo Papa Francisco, que, ao vir à cidade em outubro de 2014, quis justamente ali começar a sua visita. O Instituto é um centro de acolhida e reabilitação de crianças e adolescentes com graves necessidades especiais, muitas delas cegas, ou surdas ou mudas; outras portam importantes retardamentos cognitivos e sensoriais, por paralisias cerebrais, entre outras causas. O centro é altamente especializado, com tecnologias de reabilitação muito variadas e interessantes. Uma das coordenadoras psicopedagógicas, que nos acompanhava na visita, ao referir-se, emocionada, a avanços “milimétricos” que algumas crianças alcançam a muito custo, seja em nível motor, seja em nível cognitivo, - e que para nós são coisas imperceptíveis, automáticas -, disse: “Aqui a gente aprende que simplicidade e complexidade são
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coisas relativas”. Isso, sem dúvida, nos faz pensar inclusive em nossa vida de frades, com seus “problemas” tantas vezes qualificados como sendo complexos. Uma das irmãs franciscanas que trabalham no Instituto, bem como a diretora, leiga, deram testemunho de como lhes é gratificante e lhes suscita a fé, o contato diuturno com aquelas crianças e com o corpo multidisciplinar de funcionários a elas dedicado. Já no perído da tarde, num primeiro momento, o atual secretário geral apresentou as propostas de mudanças nos Estatutos Gerais da Ordem, que vieram das entidades, como também apresentou o parecer da comissão jurídica a respeito delas. Discussão sobre o mérito das propostas foi feita em outro momento. Na segunda sessão da tarde, novo pré-escrutínio para a eleição do ministro geral foi realizado. A oração das vésperas, neste dia de São Bernardino de Sena, foi celebrada na Basílica da Porciúncula, junto com a adoração ao Santíssimo, com presença de bom grupo de fiéis e religiosas. | Comunicações |
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11º DIA
MINISTRO E VIGÁRIO REELEITOS
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s 126 frades capitulares reunidos em Santa Maria dos Anjos, em Assis, não tiveram muitas dúvidas para reeleger Frei Michael Perry e Frei Julio Bunader para Ministro Geral e Vigário Geral, respectivamente. Os dois foram eleitos em primeiro escrutínio, sendo que Frei Michael recebeu 109 votos dos 126 votantes. Os dois, que assumiram um mandato-tampão em 2013, quando o então Ministro Geral Frei José Rodríguez Carballo foi nomeado arcebispo pelo Papa Francisco, terão a missão de conduzir, com o Definitório
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eleito, a Ordem dos Frades Menores nos próximos seis anos. Frei Michael é o 120º representante de São Francisco de Assis e o terceiro norte-americano a ser Ministro Geral. Antes dele, o primeiro a ser eleito foi Frei Valentine Schaff, da Província São João Batista, e o segundo Frei John Vaughn, da Província de Santa Bárbara, para um mandato de 1979-1991. Nascido em Indianápolis (EUA) no dia 7 de junho de 1954, Frei Michael Perry foi Vigário Geral da Ordem antes de ser eleito Ministro Geral em 2013. Ele foi
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Ministro Provincial da Província do Sagrado Coração de Jesus (EUA), onde também foi professor de Teologia e trabalhou na Comissão Internacional de JPIC. Durante dez anos, trabalhou como missionário na República Democrática do Congo, a serviço da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA. Seu currículo acadêmico inclui doutorado em Antropologia Teológica, mestrado em Teologia, mestrado em Formação Sacerdotal e Bacharelado em História e Filosofia. Frei Michael ingressou na Ordem Franciscana em 25 de junho de 1977, quando fez o noviciado, e professou solenemente no dia 10 de outubro de 1981. Os 126 frades capitulares representaram em Assis 13.632 frades espalhados em 120 países, segundo dados da Cúria Geral de 31 de dezembro de 2014. Essa distribuição das Províncias servem como base para a escolha dos Definidores Gerais. Nos 120 países, os frades estão assim distribuídos: África e Médio Oriente: 1.161; América Latina: 3.334; América setentrional: 1.273; Ásia-Oceania: 1.423; Europa ocidental: 3.999; Europa oriental: 2.442. A Fraternidade universal é estruturada em 103 Províncias e Custódias Autônomas; 9 Entidades dependentes do Ministro geral; 19 Custódias dependentes de Províncias; 16 Fundações; 14 Conferências de Ministros provinciais e 3 Uniões de Conferências (Ásia/ Oceania: FCAO; América Latina: UCLAF; Europa: UFME). Frei Julio Bunader O Capítulo Geral reelegeu no dia 22 de maio, para o cargo de Vigário Geral da Ordem dos Frades Menores, o argentino Frei Julio Cesar Bunader, com 76 votos dos 126 votantes, posto que também assumiu quando Frei Michael Perry foi eleito Ministro Geral em 2013. Natural Las Heras, em Mendoza (Argentina), ingressou na Ordem dos Frades Menores em 5 de março de 1984. Professou solenemente no dia 12 de março de 1988 e foi ordenado presbítero no dia 1º de maio de 1992. Foi eleito para o cargo de Definidor Geral no Capítulo da Ordem em 4 de junho de 2009. Frei Julio é frade da Província Franciscana da Assunção de Nossa Senhora do Rio da Prata, com sede em Buenos Aires, Argentina, e que celebrou 400 anos da sua ereção canônica em 2012. Nesta Província já foi Definidor e Ministro Provincial antes de ser Definidor e Vigário Geral. Frei Julio, que é professor de Filosofia e Teologia, terá um mandato de seis anos. | Comunicações |
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12º DIA
Ministro Geral encontra-se com os irmãos leigos
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ntes da primeira sessão do dia 22 de maio, o Cardeal Francisco Javier, do Chile, designado pelo Papa Francisco para acompanhar ao menos parte do nosso Capítulo Geral, se despediu, após ouvir do ministro geral palavras de agradecimento pela proximidade aos frades e pela simplicidade de irmão entre irmãos. O Cardeal, também agradecido, recebeu várias lembranças, entre elas a bênção de São Francisco a Frei Leão, em arte feita a mão. Simpático, como sempre, Dom Francisco, no entanto, deixou-nos uma sugestão: fugir da tendência à autossuficiência, procurando ouvir mais outras experiências presentes na Igreja, e, quem sabe, buscar assessorias que não sejam sempre do interior da própria Ordem. O período da tarde foi dedicado à indicação e co-
nhecimento dos candidatos ao ofício de Definidor Geral. Cada área geográfica apresentou os seus. Depois, houve prévias. Já à noite, os irmãos leigos, representantes das Conferências da Ordem, reuniram-se para melhor conhecerem-se e também para partilharem suas experiências de vida nas entidades, e para refletirem sobre a identidade e missão dos irmãos hoje. Com muita simplicidade, Frei Michael, ministro geral, se fez presente e deu testemunho de sua vocação de frade menor. Expôs dificuldades que encontra no que diz respeito à identidade da Ordem, em várias partes do mundo, e encorajou os irmãos leigos a seguirem com alegria e discernimento o seu caminho. Por causa da hora avançada, foi preciso interromper o encontro. Outro, porém, foi marcado para a semana seguinte.
13º DIA
O brasileiro Frei Valmir Ramos é eleito Definidor Geral
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primeira sessão da manhã do sábado, 23, iniciou-se com oração em memória de Dom Oscar Romero, beatificado pelo Papa Francisco no mesmo dia. Foi emocionante ouvir a voz mesma de Dom Oscar ressoar na sala capitular, em sua última homilia, um dia antes de ser assassinado, convocando os soldados mandados pelos perseguidores do povo de El Salvador a darem atenção à própria consciência e não à lei ou a qualquer tipo de poder ou imposição.
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Em seguida, procedeu-se à votação para o serviço de Definidor Geral. Pela Europa, foram eleitos: Frei Antonio Scabio, Frei Lórant Orosz e Frei Ivan Sesar. Pela América Latina, foram eleitos: Frei Valmir Ramos, brasileiro, e Frei Ignacio Ceja, mexicano. Pela Conferência Africana, Frei Nicodème Kibuzehose. Pela Conferência de Língua Inglesa, Frei Kevin Caoimhín Ó Laoide. Pela Conferência do Sul da Ásia e Oceania e pela Conferência do Leste Asiático, Frei Lino Gregorio Redoblado.
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14º DIA
Celebração de Pentecostes em Santa Maria dos Anjos
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o domingo, 24, Frei Michael Perry, ministro geral, presidiu a missa solene de Pentecostes na Basílica da Porciúncula. Foi o único momento comum do dia para os capitulares. Em sua homilia, Frei Michael desejou que o Espírito possa arder em cada um de nós, libertando-nos de todo tipo de medo, e nos permita ir pelo mundo com o impulso da fé para anunciar com alegria a verdade que Jesus prometeu a toda a humanidade e Criação. | Comunicações |
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15º DIA
Capitulares definem comissões para estudo de temas específicos
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o dia 25, pela manhã, os capitulares reunidos definiram algumas comissões de estudo em torno a: relações fraternas e com a Criação; o artigo 3º das Constituições Gerais; clericalismo; fidelidade e perseverança dos irmãos; centros de estudo da Ordem; vida de oração e devoção; governo e serviço; carisma da pobreza e estilo de vida; solidariedade para com os pobres; orientações para a gestão econômica da Cúria Geral; promoção da paz e diálogo interreligioso; novas formas de evangelização; presença dos frades nas periferias; missões ad gentes, entre outros. Ainda no período da manhã, os capitulares receberam várias visitas: do vigário geral OFMCap (o ministro geral fizera palestra logo no início do Capítulo), do ministro geral OMFConv, do ministro geral da OFS e de uma irmã da presidência da Confederação das Congregações da Terceira Ordem Franciscana Regular. Nas falas, a tônica foi o desejo de colaboração entre os frades da Primeira Ordem, das várias obediências, e não somente no que diz respeito aos centros de estudos franciscanos, ou porque há necessidade de juntar forças, mas pelo valor mesmo do testemunho de vida fraterna, um caminhar juntos que seja sinal claro para o mundo. Comentou-se também a importância de deixar para trás resquícios de desunião do passado, tendo em vista a urgência de um testemunho de comunhão e fraternidade para os nossos dias e para o futuro. Uma metáfora foi empregada para mostrar
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o quanto podemos aprisionar o carisma: como há raízes que levantam o asfalto nas ruas de Roma, assim é o nosso belo carisma, que parece gritar: “Deixem-me sair”; uma força potente que encontra dificuldade em se expressar por dificuldades que nós mesmos colocamos. O ministro geral da OFS, por sua vez, afirmou: “Precisamos da ajuda de vocês, do seu testemunho. Os franciscanos seculares precisam da sua assistência espiritual, de seu amor, de seu pessoal comprometimento. Nós daremos o nosso melhor para ajudá-los no seu serviço na Ordem e na Igreja, e também para melhor vivermos como franciscanos seculares”. No período da tarde, os capitulares foram brindados com contundente e muito bem elaborada conferência feita por Marie Dennis, americana, membro da OFS, co-presidente da Pax Christi Internacional. Citando documentos recentes da Ordem, e mesmo os de preparação para o Capítulo, ela procurou mostrar (e também perguntou) aos capitulares como os franciscanos podem contribuir hoje na questão do enfrentamento dos problemas ambientais, de justiça e de paz, inspirados no Santo de Assis, e considerando as tantas situações de risco, de guerra, de desrepeito para com a dignidade humana e para com a natureza. Ela, com propriedade, soube explicitar mecanismos e interesses que estão por trás de variados tipos de violências, de descomprometimentos e abusos em tantos países.
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16º DIA
Encontro do Papa com os capitulares: momento muito esperado
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s capitulares tiveram no dia 26 de maio uma pausa nos trabalhos em Santa Maria dos Anjos, que foi preenchida com um momento especial: o encontro com o Papa Francisco no Vaticano. Recebendo o grupo, Francisco fez um discurso em que abordou os dois elementos essenciais da identidade franciscana: a minoridade e a fraternidade. Depois, cumprimentou a cada frade presente neste encontro. Confira a íntegra do discurso do Papa aos frades capitulares Caros Frades Menores, Sejam bem-vindos! Agradeço ao Ministro Geral,
Frei Michael Perry, por suas cordiais palavras e desejo a ele todo bem na missão para a qual foi confirmado. Estendo meus cumprimentos a toda a Ordem, especialmente aos irmãos enfermos e idosos, que são a memória da Ordem e a presença de Cristo Crucificado na Ordem. Nestes dias de reflexão e oração, vocês têm se deixado guiar em particular por dois elementos essenciais da sua identidade: a minoridade e a fraternidade. E eu pedi um conselho a dois amigos franciscanos, jovens, da Argentina: “Devo dizer algo sobre a minoridade, deem-me um conselho”. Um deles me respondeu: “Deus me conceda a minoridade cada dia.” O outro me falou: “É isto que procuro fazer todos os dias”. Esta é a
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definição de minoridade que estes dois amigos, jovens franciscanos da minha terra, me deram. A minoridade convida a ser e a sentir-se pequenos diante de Deus, confiando-se totalmente à sua infinita misericórdia. A perspectiva da misericórdia é incompreensível para aqueles que não se reconhecem “menores”, isto é, pequenos, necessitados e pecadores diante de Deus. Quanto mais somos conscientes disto, mais próximos estamos da salvação; quanto mais somos convencidos de sermos pecadores, tanto mais estamos dispostos a sermos salvos. Assim acontece no Evangelho: as pessoas que se reconhecem pobres diante de Jesus alcançam a salvação; quem, ao contrário, acredita que não tenha necessidade, não recebe a salvação, não porque ela não lhe seja oferecida, mas porque não a acolhe. Minoridade também significa sair de si mesmo, dos próprios esquemas e visões pessoais; significa ir além das estruturas – que também são úteis se usadas sabiamente -, ir além dos hábitos e das seguranças, para testemunhar uma concreta aproximação dos pobres, dos necessitados, dos marginalizados, em uma autêntica atitude de partilha e serviço. Também a dimensão da fraternidade pertence de maneira essencial ao testemunho evangélico. Na Igreja das origens, os cristãos viviam a comunhão fraterna a ponto de constituírem um sinal eloquente e atraente de unidade e caridade. As pessoas se maravilhavam ao verem os cristãos unidos daquela forma no amor, disponíveis no dom e no perdão mútuos, solidários na
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misericórdia, na benevolência, na ajuda mútua, unânimes em dividirem as alegrias, os sofrimentos e as experiências da vida. A família religiosa de vocês é chamada a exprimir esta fraternidade concreta, mediante o resgate da confiança recíproca – e sublinho isto: resgate da confiança recíproca – nas relações interpessoais, a fim de que o mundo veja e creia, reconhecendo que o amor de Cristo cura as feridas e unifica. Nesta perspectiva, é importante que venha recuperada a consciência de serem portadores da misericórdia, da reconciliação e da paz. A vocação e missão de vocês alcançarão frutos à medida que vocês forem sempre mais uma ordem “em saída”. Este é o carisma de vocês, conforme está atestado no “Sacrum Commercium”. Nesta história sobre a origem de vocês, narra-se que aos primeiros frades foi pedido que mostrassem qual era o seu claustro. Para responder, eles subiram em uma colina, “mostrando toda a terra onde o olhar alcançasse”, e disseram: “Este é o nosso claustro”. Caros irmãos, neste claustro, que é o mundo inteiro, caminhem ainda hoje, impulsionados pelo amor de Cristo, como os convida a fazer São Francisco, que na Regra Bulada diz: “Aconselho, admoesto e exorto aos meus irmãos no Senhor Jesus, que, quando forem pelo mundo, não litiguem e evitem as disputas de palavras e não julguem os outros; mas sejam brandos, pacíficos e modestos, mansos e humildes, falando honestamente com todos. … Em qualquer casa que entrarem, digam antes de tudo: “Paz a esta casa”; e lhes seja lícito comer
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de todos os alimentos que lhes sejam oferecidos. (RB III, 10-14). Esta última recomendação é particularmente boa! Estas exortações são de grande atualidade; são profecia de fraternidade e de minoridade também para o nosso mundo de hoje. Como é importante viver uma existência cristã e religiosa sem se perder em disputas e conversas inúteis, cultivando um diálogo sereno com todos, com brandura, mansidão e humildade, em meio aos pobres, anunciando a paz e vivendo sobriamente, felizes por aquilo que é oferecido. Isto requer também um empenho decidido na transparência, no uso ético e solidário dos bens, num estilo de sobriedade e desapego. Se, ao contrário, vocês forem apegados aos bens e às riquezas do mundo, e puserem aí a sua segurança, será o Senhor mesmo quem despojará vocês deste espírito de mundanidade para preservar o precioso patrimônio de minoridade e de pobreza ao qual vocês foram chamados por meio de São Francisco. Ou vocês serão livremente pobres e menores, ou então vão terminar despojados pela história. O Espírito Santo é o animador da vida religiosa. Quanto mais espaço damos a Ele, mais Ele se faz animador das nossas relações e da nossa missão na Igreja e no mundo. Quando os consagrados vivem deixando-se iluminar e guiar pelo Espírito, descobrem nesta visão sobrenatural o segredo de sua fraternidade, a inspiração de seu serviço aos irmãos, a força de sua presença profética na Igreja e no mundo. A luz e
a força do Espírito os ajudarão também a enfrentar os desafios que vocês têm diante de si, em particular o declínio numérico, o envelhecimento e a diminuição de novas vocações. Tudo isto é um desafio. Mas eu lhes digo: o povo de Deus ama vocês. O Cardeal Quarracino uma vez me disse mais ou menos assim: “Em nossa cidade existem alguns grupos e pessoas um pouco irreverentes, e quando passa um sacerdote, dizem isto a ele: ‘Corvo!’ – na Argentina dizem isto -, o insultam, não fortemente, mas dizem algo semelhante. Jamais, jamais, jamais – me dizia Quarracino – dizem estas coisas diante de um hábito franciscano”. E por quê? Vocês conquistaram uma autoridade moral junto ao povo de Deus com a minoridade, com a fraternidade, com a brandura, com a humildade, com a pobreza. Por favor, conservem-na! Não a percam! O povo quer bem a vocês, ama vocês. Sirva de encorajamento em vosso caminho a estima desta boa gente, assim como o afeto e o apreço dos Pastores. Confio toda a Ordem à materna proteção da Virgem Maria, venerada por vocês como especial Padroeira com o título de Imaculada. Acompanhe também a vocês minha bênção, que de coração lhes concedo; e, por favor, não se esqueçam de rezar por mim, eu preciso. Obrigado! PAPA FRANCISCO Sala Clementina Terça-feira, 26 de maio de 2015 | Comunicações |
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17º DIA
Cardeal Turkson aborda tema de Justiça e paz
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presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz, da Santa Sé, Cardeal Peter Turkson, de Gana, falou aos capitulares na manhã do dia 27, em Santa Maria dos Anjos (Assis). Doutorado pelo Instituto Bíblico, de Roma, e com vasto currículo, Dom Peter partiu da versão de João da última ceia e do lava-pés para tratar, mais uma vez, do tema do Capítulo: fraternidade e minoridade. Explicou que a perspectiva de João diferencia-se da dos sinóticos, ao enfatizar o amor e o serviço. Lembrou a resposta de Jesus a Pedro, que não queria ter os pés lavados pelo mestre – “Se eu não lavar o teus pés, não terás parte comigo” -, para acentuar o tema da comunhão, da amizade, e da identificação com Jesus, e também comentou sobre o modo pelo qual Jesus procurou transformar o sistema de valores dos discípulos, ao propor o serviço como expressão do amor. Ampliando sua colocação, afirmou que o lava-pés é o caminho para se vencerem as formas diversas de exclusão que grassam
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no mundo e nas sociedades. Com visão bastante crítica, e citando várias vezes o Papa Francisco, insistiu que é preciso ir além das sacristias de nossas igrejas, das sacristias de nossas vidas, e que a Igreja precisa urgentemente envolver-se mais com as pessoas. A este ponto, trouxe à tona o tema da cultura do encontro, que promove a aproximação inclusive das religiões, e abre caminho para uma evangelização que tem a missão de amar. Insistiu ainda na dimensão social da fé e da evangelização. E nisso apontou para uma grande ajuda que os frades podem dar, como um programa mesmo de vida, na medida em que são capazes de testemunhar que é possível transformar o poder em amor e serviço, realizado sobretudo em favor dos mais frágeis e vulneráveis, em nossos dias. Referindo-se à nova Encíclica que estava por ser publicada, sobre Ecologia, disse que não é possível querer motivar as pessoas a amarem a Deus, se não forem motivadas a amarem o que Ele fez: a Criação toda. Por fim, lembrou que os elementos que compõem o
nome escolhido por Francisco para a Ordem – fraternidade e minoridade -, concentram em si o Evangelho todo. Após a fala do Cardeal Turkson, abriu-se um diálogo. Vários frades se manifestaram. Alguns temas que vieram à tona: visão da ONU sobre problemas africanos, por exemplo, que não leva em conta as necessidades reais das pessoas; políticas do Pontifício Conselho de Justiça e Paz no que diz respeito à perseguição e morte de cristãos pelo estado islâmico; entre outros. No final da tarde, os capitulares foram até a Basílica de Santa Clara, para, junto com as Irmãs Clarissas, e diante do crucifixo de São Damião, celebrar as vésperas. Depois, no parlatório, alguns momentos de confraternização com as irmãs, que, ao final, cantaram, com terna beleza, a vozes, a bênção de Santa Clara, invocando-a sobre os frades. Impossível foi não nos lembrarmos das queridas Irmãs Clarissas do Brasil, com as quais compartilhamos o ideal de Francisco e Clara, e de quem sempre recebemos inestimável apoio pela sua vida de oração.
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18º DIA
Captação de recursos para projetos de formação e de missão
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rei John O’Connor, americano, assistente executivo do escritório de captação de recursos da Ordem, expôs aos Capitulares, na manhã do dia 28, opções para a continuação do trabalho em vista de projetos de formação e missão da Ordem, sobretudo nos países mais pobres em que os frades se fazem presentes. Disse que províncias tradicionalmente com melhores condições de ajudar, em termos financeiros, a Cúria Geral a administrar seus projetos, hoje, por diversos motivos, já não são como antes. Porém, afirmou que há muitas pessoas interessadas em ajudar quando têm à frente projetos claros e que se desenvolvem a partir de três princípios: transparência, uso ético e solidariedade. Já no período da tarde, por videoconferência, Valerio Melandri, professor da Universidade de Bologna e professor convidado da Columbia University, que mora em New York, expôs a “filosofia” do fundraising, mostrando que este pode ser promotor de sociedade e civilidade, quando é bem feito. Explicou inclusive a di-
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ferença que há entre o fundraising que se faz nos Estados Unidos e o que é feito em outras partes do mundo, inclusive na América Latina. Um pouco antes do almoço, o prefeito de Assis esteve na Domus Pacis para saudar os Capitulares. Lembrou que há algum tempo a cidade foi declarada pela UNESCO patrimônio da humanidade. Ressaltou a importância da boa relação entre o poder público e os frades menores, e o caráter espiritual de referência para o mundo que a cidade comporta. Afirmou que não é possível administrar Assis sem considerar a herança que Francisco e Clara – e seus companheiros/as – lhe deixaram. Lembrou, por fim, que as pessoas, aos milhões, que anualmente acorrem à cidade, o fazem esperando ser acolhidas, o fazem “esperando serem esperadas”, pois trata-se da cidade seráfica de Francisco e Clara. Em duas sessões do dia, as comissões estabelecidas começaram a discutir os temas específicos que emergiram desde o início do Capítulo.
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19º DIA
Antonianum em pauta
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m meio à continuação dos trabalhos das comissões que estudam temas específicos, de onde sairão os mandatos (decisões operacionais) do Capítulo, Irmã Maria Malone e Frei Agostino Hernandez, respectivamente, reitora e vice-reitor da Universidade Antonianum, de Roma, à qual o Instituto Teológico Francisco de Petrópolis é afiliado, fizeram-se presentes na sala capitular na manhã do dia 29. Irmã Maria destacou os critérios que justificam estar o Antonianum entre as instituições universitárias: identidade e missão, qualidade da oferta e sustentabilidade econômica. No que diz respeito à identidade e missão, citou o
significado eclesial do franciscanismo, a formação para evangelização, o serviço à Ordem, o estudo do pensamento franciscano e o estudo crítico das Fontes, o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, entre outros. No ano acadêmico 2014-2015, o Antonianum conta com 723 estudantes no total; destes, na sede romana, estão 472 (245 da Europa, 84 da Ásia, 74 da África, e 69 da América). Professores da sede romana: 54 frades OFM, 16 frades OFMCap, 3 frades OFMConv, 9 outros sacerdotes ou religiosos, 39 leigos/as, 7 religiosas. À noite, Frei Adriano Appollinario, no papel de mágico-palhaço, foi a atração dos capitulares.
A longa tradição do Antonianum Na sua atual sede e com as relativas estruturas, o Antonianum teve início em 1887, graças à decisão e à iniciativa do então Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores de fundar em Roma um estudantado geral para toda a Ordem. A 20 de novembro de 1890, com a bênção do Papa Leão XIII, foram iniciadas a vida e a atividade acadêmica do Collegium Sancti Antonii Patavini in Urbe. A 17 de maio de 1933, a Congregação para a Educação Católica declarou canonicamente erigido o Athenæum Antonianum in Urbe, com as Faculdades de Teologia, de Direito Canônico e de Filosofia, autorizando-o a conferir tais graus acadêmicos. A 4 de junho de 1938, o Sumo Pontífice Pio XI concedeu ao Ateneu o título de Pontifício e a 15 de agosto do mesmo ano foram aprovados os seus estatutos. A 4 de Setembro de 2001, a Congregação para a Educação Católica transformou o Studium Biblicum Franciscanum de Jeru-
salém, até então seção da Faculdade de Teologia do Ateneu, erigindo-o como Faculdade de Ciências Bíblicas e de Arqueologia do mesmo Ateneu, com o poder de conferir os graus acadêmicos de bacharelado em Sagrada Teologia, assim como o mestrado e o doutorado em Ciências Bíblicas e Arqueologia.
O Pontifício Ateneu Antonianum, constituído por quatro Faculdades, viu-se assim em condições para ser distinguido com o título de universidade. Com um solene ato acadêmico se celebrou a elevação do Pontifício Ateneu Antonianum à categoria de Universidade, feita pelo Santo Padre João Paulo II a 11 de janeiro de 2005. | Comunicações |
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20º DIA
Frei Valmir é apresentado oficialmente em Assis
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omo acontecia todos os sábados durante o Capítulo Geral, em andamento em Santa Maria dos Anjos, a 20ª jornada capitular teve trabalhos somente durante a manhã. Mas o dia marcou também pela confirmação oficial, feita pelo Ministro Geral, Frei Michael Perry, dos novos Definidores Gerais e que não estavam presentes na assembleia, entre eles o brasileiro Frei Valmir Ramos. Com ele, se apresentaram Frei Ivan Sesar e Frei Lóránt Orosz, que se incorporaram aos frades capitulares. Nesta sessão, os capitulares fizeram uma revisão do andamento dos trabalhos das comissões de estudo. Os secretários das respectivas comissões adiantaram que
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têm praticamente definidas as propostas que serão apresentadas à assembleia; alguns esperavam as contribuições de outras comissões e algumas informações técnicas; em outros casos, optou-se pela divisão em subcomissões para estudar os distintos temas e suas responsabili-
dades. Com as informações dos secretários, decidiu-se que na manhã da segunda-feira se poderia fazer a primeira apresentação das propostas em plenário. Desta forma, foram concluídos os trabalhos da terceira semana do Capítulo Geral.
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21º DIA
Frei Guido guia CAPITULARES na visita ao Alverne
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o domingo, 31, metade dos Capitulares fizeram peregrinação ao Monte Alverne, ao santuário da estigmatização de Francisco. Frei Guido, ministro provincial da Província de Florença, foi quem, passo a passo, nos foi introduzindo nos vários “lugares” do santuário que guarda a memória de profundas experiências de fé e vida de Francisco e de alguns de seus primeiros companheiros. Ao referir-se às muitas grutas do monte, explicou que, no mundo medieval, as grutas, as fendas nas rochas, eram vistas como símbolo das chagas e das feridas de Jesus. Daí a predileção de Francisco por este tipo de “topografia”. Inspirado, na homilia da missa da Santíssima Trindade, Frei Guido disse que “primeiro, há a vida vivida, a obediência, a liturgia celebrada, a experiência do Ressuscitado e do Espírito que clama em nós ‘Abá, Pai’; depois vem o escrito, o raciocínio, a compreensão. A Trindade, primeiramente, foi vivida pelos filhos redimidos, foi experimentada na comunhão fraterna; só depois, se procurou compreendê-la em nível dos conceitos e dos dogmas escritos”. E aplicou: “Não se reforma a própria vida ou a Ordem com os documentos finais: são escritos que sancionam somente o fim de um percurso. Francisco mesmo fez
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com que fosse escrita a maior parte dos textos somente nos últimos 6 anos da sua vida. Primeiro, porém, viveu, orou, experimentou, também errou... e recomeçou... (...) Lentamente passou de uma oração preocupada com as ‘trevas do seu coração’ para uma oração de louvor, de admiração e confiança na Santíssima Trindade. Aqui no Alverne, Francisco primeiro vive a estigmatização, e depois, de próprio punho, escreve aquilo que pôde servir para a consolação de Frei Leão”. Ao atualizar a mensagem, afirmou Frei Guido: “O mundo em que vivemos hoje não quer mestres, não quer documentos escritos, não quer simples palavras. Quer testemunhas, quer corpos que possam ser vistos e tocados, como o de Francisco; quer uma teologia escrita na carne! Depois do Natal em Greccio, Francisco teve aqui a sua Páscoa, a plenitude do sua amadurecimento e da sua transformação, no sentido paulino (Rm 8)”. Após o almoço, os capitulares participaram das vésperas e procissão até a capela da estigmatização, e puderam também conhecer o eremitério a ela contíguo, onde vivem três frades, que, separados do restante da fraternidade, procuram viver a regra que Francisco compôs para os irmãos eremitas.
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22º DIA
Noite cultural com CONCERTO DE FREI ALESSANDRO
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22ª jornada capitular, que abriu a última semana do Capítulo Geral, começou com a apresentação, em sessão plenária da manhã, das propostas que as comissões de estudo haviam elaborado. Os secretários das respectivas comissões apresentaram suas propostas, oferecendo-se a possibilidade de discussão depois de cada apresentação. As exposições das comissões e o diálogo seguinte se prolongaram durante boa parte da manhã. Posteriormente, acolhendo a sugestão de alguns capitulares sobre a condução do método de apresentação dos trabalhos das comissões, a sessão foi interrompida e continuou à tarde. Depois de um dia cheio de trabalho, nada melhor do que a música para amenizar o cansaço. A Fraternidade da Porciúncula ofereceu um jantar no Convento, e, na sequência, um concerto lírico de Frei Alessandro, frade da Província Seráfica, com outro confrade e uma religiosa. Frei Alessandro, segundo o site da Ordem, contribuiu para recuperar forças e dar ânimo tendo em vista os trabalhos conclusivos dos capitulares.
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23 DIA
A QUESTÃO DA REPRESENTATIVIDADE
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23ª jornada capitular coincidiu com o dia 2 de junho, festa nacional italiana e comemoração do nascimento da República da Itália, mas os trabalhos capitulares continuaram. A parte da manhã do dia 2 de junho foi dedicada à análise de propostas de mudanças nos nossos Estatutos Gerais. O tópico que mais gerou discussão entre os Capitulares foi a representatividade, no Capítulo, de grupos de frades e entidades. Alguns critérios levantados em torno da representatividade: número de frades das entidades; participação dos irmãos leigos; geografia das entidades; entidades florescentes e entidades que definham; conceito de dependência e independência entre as entidades (relativo, até certo ponto); diversidade cultural; tipo de pertença. A título de ilustração, por exemplo: uma custódia dependente, de um país africano, deveria ser representada pela conferência africana ou pela conferência de cuja província ela é dependente?
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Os Capitulares, que tinham chegado a um certo impasse metodológico referente à composição de mandatos e proposições finais do Capítulo, voltaram a trabalhar, na tarde do dia 2, nas comissões temáticas, as questões apresentadas até o momento, para serem, mais uma vez, “enxugadas”, e só então serem encaminhadas para a comissão de redação. Havia preocupação com a questão “documento final”. Vários se manifestaram no sentido de que, mais importante que o texto é a experiência que os Capitulares estão vivendo, e que pode servir de inspiração para suas vidas e para a vida das entidades. Ressaltou-se mais de uma vez que mandatos e propostas não mudam as pessoas e não garantem melhoria na qualidade de vida evangélica dos indivíduos e das fraternidades. Pensava-se que a “novidade” deste Capítulo não deveria ser simplesmente o documento final e as decisões operacionais.
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24º DIA
VÉSPERAS JUNTO À SEPULTURA DE SÃO FRANCISCO
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o dia 3 continuaram os trabalhos dos capitulares em vista do documento final do Capítulo Geral, assim como as propostas operacionais (mandatos). Na parte da manhã, Frei Julio Bunader, Vigário Geral, apresentou o projeto de realização de um Capítulo (sínodo) da Família Franciscana, nos anos 2015-2018. Trata-se de iniciativa para animar a vida dos irmãos OFM, OFMCap, OFMConv e TOR, tendo por motivação, entre outras coisas, a visita do Papa Francisco a Assis, em outubro de 2013, ocasião em que exortou os frades a permanecerem unidos. Há um desejo de caminhar juntos, levando em conta a vocação e missão comuns. Buscando a fidelidade criativa ao carisma, o Capítulo prevê um itinerário: 2015 – aspectos históricos das Ordem (“Iluminai as trevas do meu coração”); 2016 – comemoração dos 800 anos do Perdão de Assis (“Aquilo que não sabemos perdoar, tu, ó Senhor, faze que perdoe-
mos!”); 2017 – lembrança da Bula Ite vos, que estabeleceu a separação entre as Ordens, e que hoje é lida sob outra perspectiva (“E nisto os ame e não pretenda que sejam cristãos melhores”); 2018 – projetos comuns de evangelização e possível experiência de Assis interobediencial (“Quero enviar todos ao Paraíso”). É bom lembrar que começa-se a estudar a possibilidade de haver uma única Universidade Franciscana em Roma. Ao final da tarde, os Capitulares dirigiram-se até a Basílica de São Francisco, para, junto ao seu túmulo, rezar, juntamente com os confrades conventuais, as vésperas. Foi mais um dos momentos de particular emoção durante o Capítulo: o silêncio, a arquitetura do sepulcro, os primeiros companheiros também ali lembrados, tudo leva à celebração da grande memória do Santo de Assis. Após a oração, os capitulares foram recepcionados, gentil e fraternalmente, em jantar no refeitório do Sacro Convento.
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25º DIA
A CUSTÓDIA DA TERRA SANTA
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25º dia capitular, moderado por Frei Carlo Serri, apresentou os primeiros frutos da reflexão capitular em forma de votação das primeiras propostas. Pela principal missão da Ordem,
o custódio Frei Pierbattista Pizzaballa apresentou a realidade atual da Custódia, detendo-se em particular na situação dos irmãos presentes na Síria. A intervenção de Frei Pierbattista foi comovedora, em especial ao descrever situações de grande com-
26º DIA
VOTAÇÕES, VOTAÇÕES...
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26º dia capitular, penúltimo do Capítulo Geral, se poderia resumir numa única palavra, muitas vezes repetida: votações, votações, votações... Na primeira sessão da manhã, os capitulares votaram as propostas restantes da Comissão para a revisão das propostas de modificação dos Estatutos Gerais. Depois do descanso da manhã, as províncias apresentaram alguns vídeos sobre suas atividades e vida, dando um alívio aos capitulares na difícil jornada. À tarde, mais votações. A oração vespertina, o jantar, ambos sem votações, puseram fim ao penúltimo dia dos trabalhos capitulares.
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plexidade nas quais vivem habitualmente irmãos da Custódia, tentando oferecer seu testemunho de vida e sua intermediação em meio a numerosos conflitos religiosos e políticos. A apresentação suscitou grande interesse por parte dos capitulares, que se manifestaram pedindo mais explicações sobre a vida na Custódia, sobre a realidade político-religiosa daqueles territórios e sobre o diálogo ecumênico e interreligioso, e o papel dos frades. Mas a manhã ofereceu também a continuação da aprsentação das propostas revisadas e reformuladas pela comissão de Propostas. Frei Ferdinando Campana se encarregou da apresentação, que foi seguida de animada discussão pela assembleia. O dia terminou com a Leitura Orante da Palavra.
capítulo geral
CONCLUI-SE O CAPÍTULO GERAL
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s dois últimos dias do Capítulo Geral foram ocupados com a votação dos mandatos (decisões operacionais) e do Documento Final. Como pretendiam, os Capitulares conseguiram diminuir o número de mandatos para cerca de 20. O Documento final aprovado, por sua vez, tem por título “Ir às periferias com a alegria do Evangelho”. Usando imagens bíblicas, como: a tempestade acalmada, o exílio, Abraão e Sara, o cego de Jericó, e outras, a comissão encarregada da redação do documento, conseguiu de maneira clara e inspiradora, traduzir o que se viveu e refletiu durante o mês de Capítulo, e também o que vem como propostas para o próximo sexênio. Às 16h00, na Basílica da Porciúncula, o Ministro Geral presidiu a Missa de encerramento do Capítulo, e retomou, na homilia, o tema geral: “Frades e Menores nos nossos tempos”. Afirmou que tudo o que foi feito naqueles dias, tinha como pano de fundo a referência a esta nossa identidade franciscana. Segundo Frei Michael, nas tantas sessões na sala capitar, nas reuniões por grupos linguísticos, nos encontros das comissões temáticas, nos
momentos de celebração e peregrinação, nos recreios festivos, sempre esteve presente a alegria – e também a responsabilidade –, da fraternidade e da minoridade. Para a sessão de conclusão do Capítulo, às 18h00, o Ministro usou efusivas palavras de agradecimento a várias pessoas e grupos, e encorajou a todos a vivermos aquilo a que nos propusemos e que prometemos viver. Animou-nos a sermos “filhos da liberdade, da paz e da alegria”. Com amplos aplausos, os Capitulares também se mostraram agradecidos por tudo que viveram durante a experiência do Capítulo Geral 2015. Por fim, o Ministro desejou a todos alegre e animado recreio à noite.
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