Comunicações Dezembro de 2017

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Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

Um santo Natal e abençoado Ano Novo!

| dezEMBRO- 2017 | ANO LXIV • No 12 |


xxx Sumário MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL Por ocasião do Natal...................................................................................................... 751

FORMAÇÃO E ESTUDOS Estágios Vocacionais - Frei Diego resume em uma palavra: Esperança................................................................................................755 Ordenação Diaconal de Frei Marcos Vinícius Motta Brugger....... 758 Encerramento do Master em Evangelização no ITF............................ 762 Ecoteologia no VIII Seminário Brasileiro sobre áreas protegidas e inclusão social................................................................................................................ 764 ITF: XVIII Semana Teológico-pastoral - 2017................................................ 765 Rodeio: 2ª experiência no Eremitério............................................................... 766

FRATERNIDADES Crisma nos Canarinhos............................................................................................... 767 Entrevista: Frei Sandro Roberto da Costa...................................................... 768 Frei Clarêncio: Ribeirão Grande: vi, vivi, vivenciei.................................... 772 Jubilandos 2017 na Província................................................................................. 775 Missão Franciscana com os jovens de Santo Amaro da Imperatriz....................................................................................................................... 778 Retiro Anual em Rondinha....................................................................................... 779 Frei Galvão é celebrado em Colatina............................................................... 780 Dois anos do desastre de Mariana..................................................................... 782 Frei Clauzemir faz relato do acidente que sofreu................................... 786 Frei Neuri conclui pós-graduação em gestão de radiodifusão................................................................................................................. 788 Inscrições para o Curso Franciscano de Verão estão abertas....................................................................................................................... 788

EVANGELIZAÇÃO Ato inter-religioso reúne líderes pela paz..................................................... 789 Retiro e Assembleia na FIMDA.............................................................................. 790 Frente da Comunicação reflete sobre juventudes e mídias digitais................................................................................................................ 792 USF promove festival cultura da paz no Mês Franciscano.............. 798 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP | www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br


Mensagem

“Deus, ao deixar-se encontrar na Palavra que se fez carne, possibilitou ao ser humano encontrar-se com Ele” Caríssimos irmãos e irmãs,

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anto Agostinho, bispo e doutor da Igreja, inicia seu “Sermão do nascimento do Senhor” com o primeiro versículo do Prólogo do Evangelho de São João: “No princípio existia a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus, e a Palavra era Deus” e, “a Palavra se fez carne e habitou entre nós”. No mesmo sermão ele define a eternidade do mistério do Natal como o “dia sem ocaso porque também não teve aurora”. Assim, o Natal é a manifestação do amor de Deus, “a Palavra única de Deus, a vida e a luz dos homens, é o dia eterno”. E na sequência do seu sermão, inteiramente centrado na Palavra que se fez carne e veio morar entre nós, como mais tarde o fez São Francisco de Assis, que desejava ver com os próprios olhos o mistério do nascimento do Menino de Belém (cf 1Cel 84), Santo Agostinho proclama: Dezembro / 2017 [Comunicações]

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Mensagem “Que louvores proclamaremos, pois, ao amor de Deus! Quantas graças temos de lhe dar! Tanto nos amou que por nós foi feito no tempo aquele por quem foram feitos os tempos, e neste mundo teve idade menor que muitos de seus servos aquele que era mais antigo que o mundo por sua eternidade. Tanto nos amou que se fez homem aquele que fez o homem; foi criado por uma mãe a qual ele tinha criado; foi levado nas mãos que ele formou, se amamentou do peito que ele encheu, e chorou no presépio a infância muda, a Palavra sem a qual é muda toda a eloquência humana. Considera, ó homem, o que Deus veio a ser por ti...”. Na mesma ótica e oito séculos depois, no povoado de Greccio, São Francisco de Assis fez questão de visualizar e proclamar a Palavra do Santo Evangelho, e “lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro” (1Cel 84). São Francisco de Assis evidenciou, como Santo Agostinho, a humanidade do Filho de Deus que “por obediência, veio em condição mortal a um estábulo apertado, para buscar, mediante a morte, ao que estava morto”. Isso, na linguagem de Tomás de Celano, significa que, ao celebrar o Natal em Greccio, Francisco de Assis ressuscitou o menino Jesus que “estava de fato dormindo no esquecimento de muitos corações” (1Cel 87). O mistério da Palavra que se fez carne, isto é, do Deus invisível que se tornou visível no Menino de Belém, devolveu à criatura humana a sua grandeza originária. Santo Agostinho assim exortou na noite de Natal: “Considera, ó homem, o que Deus veio a ser por ti”. Já São Francisco de Assis, por sua vez, deixou-nos esta belíssima admoestação: “Considera, ó homem, a que excelência te elevou o Senhor, criando-te e formando-te

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segundo o corpo à imagem do seu dileto Filho” (Adm 5). Assim como na noite do Natal, também na eternidade do mistério da Encarnação, o Divino e o humano necessitam se encontrar. Deus, ao deixar-se encontrar na Palavra que se fez carne, possibilitou ao ser humano encontrar-se com Ele. Aí reside a grandeza da criatura humana a ser considerada. Portanto, assim como aos pobres pastores de Belém, também a nós Deus possibilita a graça de ver no Menino-Deus a grandeza da nossa própria vida. S. Agostinho afirma que Deus, no seu infinito amor e na eternidade do mistério do Natal, “tanto nos amou que por nós foi feito no tempo” e, “tanto nos amou que se fez homem aquele que fez o homem”. Tomás de Celano coloca na boca de São Francisco esta belíssima expressão, ao se deparar com a pessoa de um pobre: “Temos que amar muito o amor daquele que tanto nos amou” (2Cel 148). Pensamento repetido por São Boaventura quando afirma que Francisco se rejubilava por todas as obras saídas da mão do Criador: “Eis por que é necessário amar muito o amor daquele que muito nos amor” (LM 9,1). No seu sermão natalino Santo

Agostinho prega que a Palavra que se fez carne “foi criado por uma mãe a qual ele tinha criado” e “foi levado nas mãos que ele formou”. Também Francisco de Assis, aproxima a humanidade do Filho de Deus no mistério da Encarnação, associando este mistério ao da Eucaristia no qual o Filho de Deus se deixa tocar pelas mão do sacerdote: “Eis que Ele se humilha todos os dias; tal como na hora em que, descendo do seu trono real para o seio da Virgem, vem diariamente a nós sob aparência humilde; todos os dias desce do seio do Pai sobre o altar, nas mãos do sacerdote” (Adm 1, 16-18). Caríssimos irmãos e irmãs, celebrar a alegria da Solenidade do Natal é considerar até onde Deus no seu inefável mistério de amor foi capaz de chegar e o que Deus veio a ser por cada um de nós. O Natal provoca-nos a contemplar a Palavra que se fez carne e nos leva a admirar, como Santo Agostinho ou São Francisco de Assis, a revelação do Amor divino para com toda a sua criação. Nesta fé e alegria lhes desejo os melhores votos de Feliz Natal. Fraternalmente, Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial


CHEIA DE

GRAÇA Meu Deus pediu licença pra morar no mundo, Gabriel, seu Embaixador, trouxe o recado, A uma Virgem que morava bem lá no fundo De um rancho pobre, humilde, talvez alugado. A virgem era Maria, esposa de José; E Gabriel lhe disse que ela mãe seria, Cheia de Graça, de Amor, e plena de Fé, Disse Sim, e o Anjo falou, conceberia... Deu-nos o Messias, Filho de Deus, Jesus, Pra reacender nos corações uma Nova Luz, Implantar, no mundo, a Lei da Felicidade. Ele cresceu, pregou o Reino nessa terra, Reino de Amor, Perdão, e nunca mais a guerra, Trouxe a revolução da Paz e da Justiça.

Frei Walter Hugo de Almeida


SAV

ESTÁGIOS VOCACIONAIS

FREI DIEGO RESUME EM UMA PALAVRA: ESPERANÇA

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o encerrar o último estágio vocacional deste ano na Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Diego Atalino de Melo, coordena-

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dor do Serviço de Animação Vocacional (SAV), resumiu com uma simples palavra o término deste trabalho no ano: Esperança. “Muita esperança no sentido de

que o carisma franciscano continua atraindo muitos jovens. Basta a gente ter a coragem de anunciar, de mostrar a eles e levá-los a experimentar a grandiosidade e a bele-


SAV

za desse carisma. Depois, a nossa missão é acompanhá-los, orientá-los, ajudá-los a discernir melhor e encaminhá-los para nossas casas de formação”, destacou Frei Diego, não escondendo sua alegria pelas boas perspectivas que se apresentam no próximo ano. Fazendo um balanço dos encontros e estágios vocacionais em 2017: em três encontros vocacionais no meio do ano, participaram 53 jovens; desses que foram para os estágios vocacionais em Ituporanga e em Guaratinguetá (veja nas páginas seguintes), 23 foram aprovados para ingressar no Aspi-

rantado e 10 farão o Ensino Médio em Ituporanga. Esse bom momento é resumido pelo frade em quatro aspectos: O primeiro deles é a boa acolhida e qualidade do acompanhamento dos animadores vocacionais locais. “Acredito que seja fruto de uma retomada da consciência da importância do SAV para a nossa Província e para o futuro da nossa Ordem”, observa Frei Diego. Depois, outro fator interessante que o coordenador faz questão de ressaltar é o despertar vocacional de Santa Catarina, que nos últimos anos tem dado poucos frutos vocacionais de vocações adultas. “Em Santa Catarina, sempre tivemos uma cultura de jovens candidatos para o seminário menor, mas muito pouca adesão de jovens e, mesmo na promoção vocacional, para as vocações adultas. E nesse ano tivemos, então, oito jovens desse Estado que fizeram o estágio, não para ingressar no Ensino Médio, mas para a etapa do Aspirantado. Eles, na maioria, são universitários, trabalham e têm certa maturidade. Outro ponto que chamou a sua atenção foi o entusiasmo desses jovens vocacionados, que não escondiam a expectativa, ansiedade e curiosidade em conhecer mais e melhor a vida franciscana. “A gente percebe que é uma decisão, de certa forma, amadurecida ao longo desse ano e que atinge, assim, um grau de excelência com a concretização do estágio e depois o ingresso no seminário”, avaliou.

Por fim, e não menos importante, Frei Diego destacou que os frutos no estágio vocacional são também resultado de todo o empenho da Província nesse trabalho contínuo com a juventude nos dois últimos triênios, como as Caminhadas e as Missões Franciscanas. “Graças a Deus, aos poucos, colhemos os frutos vocacionais para a vida religiosa, tanto masculina como feminina. Nesse ano, em nossos estágios tivemos, assim, um número de jovens que relatou que o despertar vocacional se deu nesses movimentos e alguns disseram que já estavam procurando uma resposta e que as Missões e a Caminhada só vieram para reiterar e confirmar que o carisma que procuravam é o franciscano”, ressaltou o frade, lembrando que neste ano 500 jovens participaram das Missões Franciscanas da Juventude em janeiro (Curitiba) e, em abril, mais 600 jovens participaram da Caminhada Franciscana da Juventude em Rodeio (SC). “Então, foram mais de mil jovens diretamente ligados ao nosso carisma, vivendo experiências muito fortes e intensas da nossa espiritualidade franciscana, de modo que, graças a Deus, desse grande grupo já estamos colhendo os frutos vocacionais no sentido direto da vocação à vida religiosa e franciscana, sem falar, é claro, do protagonismo que esses jovens estão assumindo cada vez mais intensamente nas comunidades e nas nossas Paróquias. Frei Diego fez questão de enfatizar sua gratidão a todos os frades que têm abraçado a Pastoral Vocacional com muito carinho na Província. Neste final de ano, também fez um agradecimento especial a Frei Gabriel Dellandrea, que o acompanhou no SAV dentro da etapa formativa do Ano Missionário. Dezembro / 2017 [Comunicações]

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SAV

ITUPORANGA: 14 JOVENS vocacionados

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Fraternidade de Acolhimento Vocacional do Seminário São Francisco de Assis, de Ituporanga, SC, de 20 a 22 de outubro, teve a oportunidade de acolher os animadores do SAV Provincial, Frei Diego Melo e Frei Gabriel Dellandrea, juntamente com os jovens vocacionados provindos da região Sul da Província para o Estágio Vocacional, interessados em ingressar na caminhada formativa da Província e que ainda cursam o Ensino Médio. Os 14 jovens foram encami-

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nhados para o Estágio pelos animadores vocacionais locais das seguintes fraternidades: Blumenau (1); Coronel Freitas (7); Curitibanos (1); Ituporanga (2); Lages (1) e Rodeio (2). O Estágio Vocacional buscou oferecer a estes jovens uma experiência do que é a vida em uma Fraternidade de Acolhimento Vocacional, proporcionando maior conhecimento daquilo que é o próprio de uma Fraternidade Franciscana e que cada um deles em um momento de sua história pesso-

al, sentiu-se chamado a seguir. Com este objetivo, junto à Fraternidade e acompanhados pelo SAV Provincial, os jovens participaram das refeições, das orações, dos trabalhos, da noite cultural, da Celebração Eucarística com a comunidade local de Ituporanga e dos esportes que fazem parte da programação da Fraternidade. Também foram proporcionados aos jovens momentos privilegiados de partilha da história pessoal de cada um e de orientações com Frei Diego e Frei Gabriel.


SAV

GUARATINGUETÁ: 29 JOVENS vocacionados

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e alguém, por inspiração divina, quiser abraçar esta vida e for ter com os nossos Irmãos, esses o recebam carinhosamente.” (São Francisco de Assis). Foi com esse carinho e alegria que 32 jovens foram acolhidos para a realização do Estágio Vocacional da Província, que aconteceu de 2 a 5 de novembro, no Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP). Desses 32 jovens, 29 realizaram o seu estágio no Seminário Frei Galvão e outros 3 fizeram no Seminário São Francisco, em Ituporanga. Suas

proveniências de todos os estados que a Província se faz presente demonstraram o bom empenho dos animadores vocacionais no acompanhamento local, de modo que nesse estágio tivemos 8 jovens de Santa Catarina, 2 do Paraná, 14 de São Paulo, 7 do Rio de Janeiro e 1 do Espírito Santo. Esses dias de encontro proporcionaram momentos de partilha, oração, diálogo, trabalho, esporte e lazer, de modo que os jovens pudessem experimentar um pouco do cotidiano de uma casa de formação.

Para Wilbertty Silva, vocacionado de Pindamonhangaba (SP), o estágio é uma grande experiência de família: “O estágio foi interessante porque pude conhecer inúmeras pessoas de diferentes lugares. Além disso, tive a oportunidade de aprender mais sobre São Francisco de Assis e seu carisma. A forma com que fomos acolhidos e como foi tudo preparado foi muito bom. Com a experiência que tive aqui, me senti em família, em casa. Em suma, seguir o carisma de São Francisco de Assis é você se sentir em família”. Dezembro / 2017 [Comunicações]

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Formação e Estudos ORDENAÇÃO DIACONAL

FREI MARCOS VINÍCIUS MOTTA BRUGGER “Tenha em suas mãos sempre uma bacia”

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oloque no seu hábito franciscano de pobreza e humildade, um avental e nunca tire esse avental. Tenha em suas mãos sempre uma bacia, tenha em suas mãos sempre uma jarra com água. São muitos os pés, muitas as pessoas que precisam e precisarão de seu serviço, de sua diaconia”. Foi com essa exortação que o mineiro Frei Marcos Vinícius Motta Brugger foi ordenado diácono no domingo (22/10), às 19 horas, por Dom Edgar Xavier Ertl, bispo diocesano de Palmas/Francisco Beltrão, na Matriz de São Pedro Apóstolo, em Pato Branco (PR). Dom Edgar revelou que esta foi sua primeira ordenação diaconal na Diocese.

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O pároco Frei Olivo Marafon fez a acolhida do povo de Deus, dos celebrantes, principalmente das Fraternidades Franciscanas da região Sudoeste do Paraná e Santa Catarina, dos familiares e amigos do ordenando para esta festa da ordenação para o ministério do serviço, o primeiro grau do sacramento da Ordem. O Definidor Frei Gustavo Medella representou o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e a Província Franciscana da Imaculada Conceição. Após a liturgia da Palavra, deu-se início ao rito de ordenação diaconal. Frei Vanderlei Silva Neves, na qualidade de diácono, chamou pelo nome o candidato. Respondendo

“presente”, em sinal de prontidão e resposta generosa, o ordenando colocou-se diante do Bispo. Frei Gustavo, delegado do Ministro Provincial, apresentou o candidato eleito para o diaconato, pedindo a D. Edgar que o ordenasse, atestando assim a sua idoneidade bem como a aprovação do Governo Provincial. Em seguida, o ordenando, que até então estava ao lado de seus pais, Sandra Regina e José Maurício Brugger, foi convidado a tomar um lugar no presbitério. Acolhendo o chamado e a missão que o próprio Senhor lhe confiava neste momento, Frei Marcos confirmou diante da Igreja e de seu pastor o seu firme propósito


Formação e Estudos

de cumprir fielmente o ministério diaconal e prostrou-se no chão, em sinal de humildade, enquanto Dom Edgar convidava toda a comunidade a implorar, juntamente com todos os Santos e Santas de Deus, por este irmão eleito para o ministério diaconal. Após a solene imposição das mãos do bispo (no rito de ordenação diaconal apenas o bispo é quem impõe as mãos, diferentemente da presbiteral) e a Prece de Ordenação, Frei Marcos foi revestido com a estola diaconal por seus pais, recebeu das mãos do bispo o Livro dos Evangelhos e o abraço da paz do bispo e de seus confrades. Prosseguiu-se, então, a Celebração Eucarística, contando agora também com a assistência do neodiácono.

SEJA SEMPRE UM SERVIDOR!

Na homilia, tendo como referência o Evangelho de São João, capítulo 13, Dom Edgar lembrou que este é o Evangelho da instituição da Eucaristia na Quinta-feira Santa. “Eucaristia é serviço. Esta imagem tão linda de Jesus, que coloca o manto, pega uma bacia, o avental e sai lavando os pés dos discípulos. Isso não é poesia. Isso não é um poema. Isso é uma demonstração do que o Senhor foi capaz de fazer por nós”, disse o bispo. “Você veste o hábito franciscano de pobreza e simplicidade. Coloque nesse hábito um avental e nunca tire esse avental. Tenha em suas mãos sempre uma bacia, tenha em suas mãos sempre uma jarra com água. São muitos os pés, são muitas as pessoas, que precisam e precisarão

de seu serviço, de sua diaconia”, enfatizou, recordando que o diaconato é o primeiro grau da Ordem do Serviço. “Todos nós deveríamos ser diáconos. Todos nós deveríamos ser servidores. E nós, ministros ordenados, acima de todos, nunca deveríamos perder de vista este momento fundamental de nossas vidas na ordenação diaconal”, frisou. “Seja sempre um diácono, sempre um servidor, esteja sempre atento a quem precisa de seus serviços. Com certeza, são tantos, muitos. Que este gesto do lava-pés do Senhor lhe sirva sempre de inspiração. Olhe sempre para o Senhor, a fim de que, assim como ele, também ‘vós deveis lavar os pés uns dos outros’. E Ele deu o exemplo. Então, Frei Marcos, que este Evangelho lhe inspire muito, acima de tudo, que

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Formação e Estudos o seu olhar esteja voltado aos mesmos preferidos do Senhor, aos mesmos a quem Jesus se dedicou com amor preferencial. Os tenha diante de seus olhos, de suas mãos, de seu ministério”, insistiu. “Talvez a definição mais bela para o diaconato seja esse serviço da caridade, serviço do amor. O lava-pés é um gesto de amor. Lava-pés não é para muita gente, mas para aqueles que entenderam o que significa amar. Amor de entranhas, amor de compaixão, amor de serviço, amor de desapego, amor sem interesse, amor de misericórdia”, ensinou. Fazendo referência ao lema que o ordenando escolheu da Primeira Carta de São Pedro - “O dom que cada um recebeu, ponha-o a serviço dos outros, como bons administradores dos diferentes dons recebidos de Deus” -, Dom Edgar pediu a Frei Marcos que coloque o dom que recebeu a serviço dos outros. “Ponha seus dons a serviço da Igreja, a serviço da Família Franciscana. Isso significa colocar a serviço do Reino de Deus. Você vai enriquecer muito a Igreja com os dons que você tem”, disse. No final, recordou a Frei Marcos que ele está sendo um “servidor” no Pontificado do Papa Francisco, que “entendeu muito bem o que é ser servidor”. “Sinta-se muito feliz e agraciado porque você está sendo ordenado neste Pontificado do Papa Francisco”, observou, pedindo a Frei Marcos que seja sempre “um diácono em saída”. Frei Olivo e Frei Marcos fizeram os agradecimentos finais e Dom Edgar pediu que as pessoas rezem pelas vocações. Moacir Beggo, com a transmissão da TV Sudoeste de Pato Branco Fotos Betto Rossatti (Celinauta)

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ordenação presbiteral

Frei Vanderlei será ordenado No dia 16

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om o lema “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13), Frei Vanderlei da Silva Neves será ordenado presbítero no dia 16 de dezembro, no Convento e Santuário São Francisco, no centro de São Paulo. Ele será ordenado pelo bispo diocesano de Osasco e seu confrade, Dom João Bosco Barbosa de Souza. Frei Vanderlei é natural de São Paulo (SP), onde nasceu no dia 20 de agosto de 1982. Com 34 anos, é filho de Maria do Socorro da Silva e Valdecy Pereira Neves e irmão de Wagner. “Na minha infância sempre fui incentivado, sobretudo pela minha mãe, a participar das missas. Na época, tínhamos um padre que destacava-se pelo seu jeito simples e acolhedor (Padre Nicolau), o que despertou minha admiração. Também tive a graça de ter dois catequistas que marcaram minha vida: Geraldo e Rafael. Os dois trabalhavam em equipe e falavam da Igreja e de Cristo de uma maneira que despertava o interesse dos catequizandos. Lembro-me de que era muito difícil alguém faltar à catequese, tamanha a capacidade destes dois de fomentar a fé”, conta Frei Vanderlei. Segundo o frade, através de livros e artigos que pesquisava na Internet, conheceu a vida de São Francisco e “quanto mais lia mais

queria conhecê-la”. “Há pouco mais de dez anos entrei para vida religiosa franciscana. Lembro-me de que senti muito medo em abraçar definitivamente esta nova forma de vida. Tinha meu trabalho de que gostava muito”, confessa o frade, que iniciou o acompanhamento vocacional no Convento São Francisco, em São Paulo, quando foi orientado por Frei Nazareno Lüdtke. Frei Vanderlei ingressou no Aspirantado de Ituporanga em 2007 e no Postulantado em 2008, vestindo o hábito franciscano em 2009. Cursou Filosofia de 2010 a 2012 em Rondinha e Teologia em Petrópolis, de 2013 a 2015, no Convento do Sagrado. “Em 2016 fui transferido para Fraternidade São Francisco, em Campos Elíseos. Professei solenemente na Ordem dos Frades Meno-


Formação e Estudos res em 6 de dezembro de 2014. Após a conclusão do curso de Teologia, fui transferido para Fraternidade São Luís Gonzaga, em Xaxim, SC, onde fui ordenado diácono no dia 23 de abril deste ano”.

Comunicações – Como você define o ministério sacerdotal? Frei Vanderlei - O sacerdote é o ministro das ações salvíficas. Pelo dom de oferecer o sacrifício eucarístico do corpo e sangue do Senhor e pelo dom de anunciar o Evangelho, ele é um canal da graça de Deus. O sacerdote é aquele cuja missão consiste em doar-se a Cristo, à Igreja, ao próximo e, enquanto frade menor, doar-se à Província. Livremente ele encontra a razão do viver configurando o seu modo de ser e estar no mundo com Cristo, o Bom Pastor, modelo da caridade pastoral. Assim como Cristo assumiu nossa

condição humana para compadecer-se de nós, aquele que é chamado e aceita a missão de ser sacerdote entre seus irmãos deve fazer de sua vida um caminho de misericórdia que o leva a acolher o outro, como seu próximo, e viver a experiência do samaritano que se põe em atitude de solidariedade diante do irmão. O sacerdote, participante da ação de Cristo, é convidado a revestir-se dele e tornar-se sinal visível do amor de Deus, na comunidade paroquial e na fraternidade em que está inserido; portador do amor bondoso, caridoso para com todos aqueles que dele se aproximarem.

Comunicações – Quais as suas ex-

pectativas como presbítero no Pontificado do Papa Francisco? Frei Vanderlei - O Papa Francisco, com seu modo de ser, nos apresenta o Cristo como sendo o Bom Pastor, cabeça da Igreja e modelo de sacerdo-

te. A meu ver ,propõe uma espiritualidade sacerdotal com dupla dimensão, ativa e contemplativa, centrada na dedicação ao ministério, como Jesus, que, antes de manifestar seu amor e vida na Cruz, multiplicou e serviu os pães para o povo faminto, chamando todos ao banquete da vida; saiu pelas ruas, convidando coxos, cegos, doentes, leprosos da sociedade para a grande festa do Reino, em um movimento que proclama em alta voz: “Misericórdia é o que Eu quero”, cingiu-se de toalha e lavou os pés daqueles que outrora estavam às margens do mar da vida. Portanto, penso que uma das minhas expectativas enquanto presbítero é sempre estar atento aos clamores do Cristo e em como encontrar a justa medida para anunciar na sociedade vigente o Cristo misericordioso a partir da espiritualidade e carisma franciscanos. Moacir Beggo

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Formação e Estudos

ENCERRAMENTO DO MASTER EM EVANGELIZAÇÃO NO ITF

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s oito meses de estudos e diversas experiências, para os estudantes do Master em Evangelização, foram uma oportunidade para mergulhar na reflexão sistemática sobre os fundamentos da evangelização. Um tempo dedicado à teoria e à prática, visando melhorar e qualificar a vivência evangelizadora, no contexto em cada um vai atuar, contribuindo, assim, para a missão da Igreja. O último dia foi de despedidas, e aos que concluíram o curso, desejamos que os nossos laços de amizades se mantenham de uma forma perene.

LEIA O DISCURSO DE FREI ELÓI DIONÍSIO PIVA Caros... Com sua permissão, tomo a liberdade de imaginar e afirmar que também Você, como eu, não se sente bem ao ouvir a notícia de que alguma iniciativa chega ao fim. Espero, porém, que Você, como eu, se sinta bem ao ouvir que alguma iniciativa está sendo inaugurada. Pois bem: assim se dá com o Master. Sim, de certa forma somos testemunhas do encerramento da edição 2017; mas, também e sobretudo, carregamos a certeza de que o Master/2017, em cada um/a de nós, ensaia seus primeiros e autênticos passos. Pois, podemos afirmar que ele permanece e segue conosco, particularmente com Vocês que seguiram a programação proposta. Segue com o protagonismo de cada um/a de Vocês, com cada um/a de todos nós. Com o protagonismo alicerçado em novo

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patamar de consciência e de espiritualidade, e acontecendo de modo diferente, em situações sociais e geográficas diversificadas; ademais, não de modo isolado, pois, de alguma forma, permanecemos conectados como pessoas e, principalmente, como participantes da mesma missão evangelizadora. Caros participantes diretos do Curso, Vocês vieram com expectativas; partem com perspectivas. Imagino que sejam, por um lado, perspectivas de certo temor; mas, por outro, de gratidão, de fortaleza no Espírito e, portanto, de esperança. Pois, o Evangelho é uma força de Deus para a salvação de todo aquele/a que crê (Rm 1,16). Ou então, o mesmo São Paulo, escrevendo aos tessalonicenses, lembra que pra eles, tessalonicenses, o Evangelho não tinha chegado

somente em palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção (1Tes 1,4-5). E o próprio Senhor nos garante que está conosco até o fim dos tempos... O Evangelho e seu desdobramento, poderíamos afirmar ainda, é vida, é modo de vida que, por sua vez, gera vida em abundância. Juliana lembrava muito bem ontem à noite a todos Vocês, seus colegas, que partiriam sem algum molde ou sem algum esquema para evangelizar; mas, que partiriam, sim, com a consciência de que o Evangelho é fermento percebido e acolhido pelo/a evangelizador/a de acordo com as circunstâncias das pessoas e culturas e que atua de forma transformadora e benéfica, através de sua atuação. Sim, Vocês, e todos nós, somos agentes da força vital do Evangelho.


Formação e Estudos É graça. Mas também agregamos o “sim” da fé e o auxílio da razão. Com efeito, as lideranças franciscanas, de ontem e de hoje, percebendo isso, sonharam e sonham com a aliança entre fé e razão. Idealizaram uma espécie de retiro intelectual, que denominamos Master em Evangelização. Hoje, os promotores são os provinciais da União das Conferências Latino americanas Franciscanas (UCLAF). Uma promoção que abre as portas não só aos franciscanos OFM, mas também a toda a Família Franciscana, Jufra e OFS incluídas, e a quantos por ela se interessam. Agradecemos, pois, aos provinciais e às fraternidades provinciais que enviaram a Vocês, e apoiam e sustentam esta inciativa. Agradecemos à Ordem Franciscana, através do Governo Geral, que também apoia moral e financeiramente o Master em Evangelização. Agradecemos aos Franciscanos e benfeitores da Alemanha que também nos apoiaram.

E a nós do ITF, foi confiada a tarefa de montar uma estrutura acadêmica ou uma rota de percurso para o que se pretende e de administrá-la em seu aspecto acadêmico, econômico e logístico. Em função do desempenho dessa missão, agradecemos aos confrades que ofereceram alojamento (a Frei Jorge e à Fraternidade do Sagrado e à sra. Victória); agradecemos o diversificado apoio de fraternidades religiosas masculinas e femininas (da Fraternidade Mãe Terra, das Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração de Jesus, das Irmãs Dulcianas). Agradecemos aos professores que se deslocaram, às vezes, de longe, para partilhar o que reconhecidamente é de sua especialidade. Com a preciosa colaboração deles temos a convicção de que conseguimos montar uma grade curricular consistente e centrada; de que conseguimos a colaboração de pessoas de alto nível, em diversas especialidades, que estimularam a fé e a razão. Portanto, todos somos muito

Frei Efraín Gonzáles e Frei Elói Dionísio Piva

Jualiana Caroline e Frei Francisco de Carvalho

gratos a cada um e a cada uma deles/as. Ao organizar o Curso em sintonia com a UCLAF e a Ordem, nossa intenção foi a de proclamar a dignidade do ser humano e sua vocação. Foi a de revisitar as fontes da fé, basicamente na pessoa e no mistério de Jesus, o Evangelizador. Foi a de inquirir a maneira como os católicos se organizaram e se organizam em função da vivência e do testemunho do Evangelho (eclesiologia). Foi a de abordar alguns aspectos de particular destaque do ser humano na atualidade, ou seja, o desejo de conhecer o destinatário da Evangelização, que, por sua vez, nos interpela, na circunstância urbana, nas novas formas de comunicação, nos desafios da justiça social, nos desajustes que geram pobreza e miséria etc. E, tudo, a partir da ótica do carisma franciscano. Caros participantes da iniciativa do Master, pelo resultado dos trabalhos de conclusão do curso e pelo testemunho dos professores, temos evidência de que Vocês deram o melhor de si; temos certeza do espírito fraterno que estimulou seu estudo e regou sua convivência. Portanto, nossos parabéns! Desejamos que continuem felizes, interessados em todas as formas de vida, promotores da mesma e divulgadores da alegria e da felicidade do Evangelho. Por fim, estando nós, organizadores, conscientes de muitas limitações que nos cercam – e certamente de nem todas nos damos conta –, pedimos desculpas e compreensão. Contamos com sua amizade. Parabéns pela presença fraterna e amiga, parabéns pela colaboração demonstrada. Agradecimento a cada um/a de Vocês e a todos. Que São Francisco e Santa Clara inspirem e abençoem a Vocês e a todos nós. Dezembro / 2017 [Comunicações]

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Formação e Estudos

ECOTEOLOGIA NO VIII SEMINÁRIO BRASILEIRO SOBRE ÁREAS PROTEGIDAS E INCLUSÃO SOCIAL

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Grupo de Pesquisa em Ecoteologia do Instituto Teológico Franciscano marcou presença no VIII Seminário Brasileiro sobre Áreas Protegidas e Inclusão Social e III Encontro Latinoamericano sobre Áreas Protegidas e Inclusão Social (SAPIS/ELAPIS), realizado entre 18 e 21 de outubro. Sediado nesta edição pela Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF), o SAPIS/ELAPIS vem se consolidando como um dos mais importantes fóruns de discussão sobre questões socioambientais no país, congregando pesquisadores, estudantes, gestores públicos, representantes de ONGs e militantes de movimentos sociais. O tema central do evento neste ano foi “Repensando Paradigmas Institucionais da Conservação em Áreas Naturais Protegidas”, um chamamento à reflexão acerca do atual quadro de sucateamento dos órgãos ambientais brasileiros e decorrente enfraquecimento das políticas públicas ambientais nacionais. A crise política e econômica que atravessa

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o Brasil alastra-se também na esfera ambiental, gerando preocupação nos movimentos sociais afeitos ao tema. O seminário foi marcado pelo alinhamento de posições dos movimentos socioambientais (associações e organizações de indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e demais povos e comunidades tradicionais) com servidores de órgãos ambientais, que se firmam em uma aliança estratégica em defesa do patrimônio ambiental brasileiro, enaltecendo seu caráter público, bem de uso comum do povo. No dia 19, o Grupo de Estudos em Ecoteologia do ITF conduziu o evento paralelo intitulado “I Colóquio sobre Ecoteologia: aproximações entre ecologia, espiritualidade e inclusão social”. O colóquio atraiu o interesse de diversos participantes do seminário, dentre acadêmicos, servidores e ativistas, que vieram a se somar aos integrantes do Grupo de Estudo em um animado bate-papo que durou cerca de duas horas. Inicialmente, cada participante se apresentou e explicou sua motivação em discutir o tema. Na diversidade de pontos de vista obser-

vada, verificou-se quão incipiente ainda é o entendimento acerca do que se trata a Ecoteologia, assim como quão grande o interesse dos presentes em melhor compreender e aprofundar o diálogo entre ecologia e espiritualidade. Após as apresentações, o debate se iniciou com uma palestra sobre a origem e fundamentos da Ecoteologia, ancorada na leitura de alguns trechos selecionados da encíclica Laudato Si´, documento pontifício que marca a visão do Papa Francisco sobre a ecologia e que vem ganhando reconhecimento crescente até mesmo em ambientes não confessionais. A ecologia integral apresentada e defendida por Francisco pode ser qualificada como ecumênica, franciscana e anticapitalista. É enfatizada pelo Papa a responsabilidade especial que o ser humano detém ante as demais espécies da criação – se temos maior capacidade cognitiva e maior capacidade tecnológica, cabe a nós também uma maior responsabilidade quanto ao zelo e cuidado com Nossa Casa Comum, o planeta Terra. A participação dos presentes no colóquio enriqueceu as informações trazidas pelo Grupo de Pesquisa, seja pela diversidade de experiências compartilhadas, seja pela qualidade das reflexões suscitadas. Em clima fraternal, o colóquio se encerrou com a bênção de Frei Ludovico Garmus aos presentes e com a certeza de que o diálogo entre cientistas, ativistas e religiosos no campo da ecologia e da inclusão social, embora ainda incipiente, é promissor e necessário para que avancemos no desafio de melhor nos relacionarmos com a Mãe Terra, integrando conservação ambiental e justiça social. Breno Herrera


Formação e Estudos XVIII SEMANA TEOLÓGICO-PASTORAL - 2017

Utopia do encontro religioso, cristão e humano poneses, na Alemanha, no tempo de Lutero). Faustino Teixeira, leigo, professor aponsentado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), estimulou a consideração do pluralismo religioso como valor que emerge da própria natureza humana. Assim, cultiva-se uma atitude de saída, uma O painel acima sintetiza o percurso feito pelos participantes ao longo dos três dias do evento. Igreja em espírito de saída, saída que A Semana trouxe à discussão o to, também nossa XVIII Semana se desinstala, acolhe, hospeda; comporta tema: Da Reforma ao pluralismo re- constituiu numa construção conjunta risco e oportunidade, caminho mísligioso. A proposta desse tema partia de discernimento e num novo pata- tico que alcança a profundidade das do multifacetário evento luterano há mar de consciência. Ademais, este ca- tradições e/ou das culturas. 500 anos, passava por sua diversifica- minho da razão pressupõe a existênPor sua vez, o Pe. Elias Wolff da evolução, para chegar ao pluralis- cia de uma segunda asa – a da fé (cf. (PUC-PR), na abordagem do perJoão Paulo II, Carta Encíclica Fides et curso ecumênico no Brasil, estimo religioso da atualidade, seu foco. Embora transitando por tão vasto Ratio, 1998, abertura); a conjunção mulou os ouvintes a considerar panorama, optou-se por uma só con- dessas duas asas possibilita um voo o ser humano como relação, bem ferência na parte a manhã, levando para dentro e para fora do próprio ser como a conaturalidade do cristão (católico, incluído) com ecumeem conta as circunstâncias logísticas humano. Assim sendo, estímulo, poderia nismo e dialógico irrestrito. Cone o desejo de centrar as atenções no tema específico de cada conferência. ser a palavra-chave da Semana. tudo – observou –, o movimento Na primeira palestra, o professor e ecumêncio no Brasil ainda é pouNos Grupos de Trabalho da tarde, sim, abriu-se o leque: a Comissão pastor metodista Cláudio de Oliveira co conhecido pelo público acadêorganizadora acolheu professores e Ribeiro (UMESP) fortaleceu o desejo mico e religioso. Essa constatação estudantes das duas entidades parti- de ouvir a utopia (espiritualidades) estimula o convite para conhecer cipantes da Semana, (Instituto Teo- da Reforma (para além do evento o movimento e para colaborar na lógico Franciscano e Pontifícia Uni- luterano). Ela incentiva a conjugação justificação do modo relacional do versidade Católica do Rio de Janeiro) dos 5 somentes de Lutero (somente a ser humano e cristão. Enfim, fica o estímulo que desperbem como interessados de outras fé, somente a graça, somente a Bíblia, somente a glória de Deus, somente Je- ta o desejo para futura partilha de perproveniências. Encontros de estudo como este sus Cristo) com o valor sagrado do ser guntas e respostas da utopia humana são fruto da utopia que busca e cele- humano, individual e coletivamente do encontro religioso, cristão e humabra estilos de vida humanos e cristãos. considerado; incentiva a conjugação no, em profundidade. Para isso, o caminho acadêmico de Reino de Deus com demandas sooferece uma possibilidade. Com efei- ciais (partindo da Guerra dos CamFrei Elói Dionísio Piva Dezembro / 2017 [Comunicações]

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Formação e Estudos

RODEIO: 2ª EXPERIÊNCIA NO EREMITÉRIO

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o mês de outubro, os noviços desta Província da Imaculada fizeram a segunda experiência de oração no Eremitério Beato Egídio de Assis, em Rodeio (SC). A experiência foi divida em dois grupos, o primeiro (10 noviços), entre os dias 16 a 21, e o segundo (8 noviços), entre os dias 23 a 28 de outubro. Nesta 2ª Experiência fomos acompanhados pelo nosso guar-

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dião e vice-mestre, Frei José Antônio Cruz Duarte. No primeiro dia, Frei José Antônio nos apresentou o novo documento da Ordem dos Frades Menores: “Escutai e vivereis, sobre fraternidades de eremitério e casa de oração”. Nos outros dias da semana, dedicamo-nos à oração e à meditação pessoal. Seguindo a Regra dos Eremitérios de São Francisco, dividimo-nos entre Marta e Maria, as duas figuras

do Evangelho que retratam o espírito de contemplação aos pés do Senhor e o espírito de serviço. Pela manhã, cada noviço recebeu alguns versículos bíblicos, tendo por objetivo tirar tudo o que aquela palavra de Deus tinha a falar aos noviços. Ao bater do sino da tarde todos nos reuníamos para celebrarmos a Eucaristia e, juntos, podermos partilhar com os irmãos aquilo que Deus falou conosco durante todo o dia. A reflexão de todos é necessária, tanto de Maria que reza contemplando quanto a de Marta que reza trabalhando em prol dos outros. Certamente, essas duas semanas foram muito intensas para cada um dos noviços. Ficar naquela montanha e poder ouvir e falar com Deus é uma experiência inesquecível que levamos para a vida toda. Fica em nós a grande gratidão de sermos enriquecidos do mesmo modo que nosso Pai e mestre São Francisco. Frei José Victor Camargo


Fraternidades

CRISMA NOS CANARINHOS Dezessete adolescentes receberam o Sacramento da Crisma em Petrópolis

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a noite da quarta- feira, 8 de novembro, dezessete adolescentes receberam o sacramento da Crisma pelas mãos do Bispo da Diocese de Petrópolis, Dom Gregório Paixão, OSB. A celebração, que contou com a participação do Coral dos Canarinhos, sob a regência do maestro Marco Aurélio Lischt, foi realizada na Igreja do Sagrado Coração de Jesus e concelebrada pelo Pároco Frei James Luiz Girardi. Em sua homilia, Dom Gregório falou aos jovens crismandos sobre a maturidade na fé adquirida com o recebimento do Sacra-

mento da Confirmação, uma vez que ao receberem esta graça de Deus os jovens passam a responder por vontade própria pelos atos na caminhada.

“Jovens, vocês agora são homens e mulheres maduros que terão a missão de levar a palavra de Jesus a todos os lugares. Já não são mais os seus pais que respondem por vocês na fé para não se perderem no caminho. É Jesus Cristo o responsável em nossa conduta. Com a Crisma, vocês passam a responder pelas escolhas feitas e a serem atuantes na transformação da sociedade em que vivem. Vocês passarão a olhar a realidade e irão perceber que estão maduros o suficiente para levar o bem aos irmãos”, afirmou Dom Gregório. Pascom do Sagrado Dezembro / 2017 [Comunicações]

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Fraternidades ENTREVISTA:

FREI SANDRO ROBERTO DA COSTA

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Ser Igreja na Rocinha é ser presença fraterna

er Igreja na Rocinha é ser presença fraterna e solidária junto às pessoas, é mostrar o rosto de um Deus que as acolhe, que as escuta e ampara em suas dores, em suas tragédias. Mas também é mostrar novos caminhos, novas perspectivas e possibilidades, ajudando as pessoas a se conscientizarem de seus direitos, e a lutar por eles. Isso é ser presença misericordiosa, instrumento de Paz e de Bem, como tão bem fez São Francisco de Assis e como quer o Papa Francisco”. Em meio à guerra do tráfico, é com este pensamento que Frei Sandro Roberto da Costa conduz o seu rebanho na maior comunidade do Brasil, a Rocinha. Ele é o pároco da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem e também o coordenador da Fraternidade Franciscana, pois com ele convive o recém-ordenado sacerdote Frei Alan Maia de França Victor. Nos finais de semana, eles têm o reforço de Frei Francisco Carvalho (Frei Chico) e do jesuíta Padre Luís Correa Lima, além de dois frades franciscanos estudantes de Teologia, Frei Gabriel Vargas e Frei André. Os Frades Franciscanos, membros da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, da Ordem dos Frades Menores (OFM), estão presentes na Rocinha desde 2007. Frei Sandro possui doutorado em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana – Roma, Itália (2000), quando aprofundou o processo de decadência das

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Ordens religiosas no Brasil, a partir de fins do século XVIII, com a tese intitulada: “Processo de decadência e tentativas de reforma da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil: 1810-1855?. Foi diretor do Instituto Teológico Franciscano de Petróplis por dois madatos (2007-2009/2010-2012). Atualmente é professor no Instituto Teológico Franciscano – Petrópolis, RJ, onde leciona as disciplinas História da Igreja Antiga e Medieval. É membro do Conselho Editorial da Revista Eclesiástica Brasileira e atua em cursos sobre história da Igreja e da Ordem Franciscana em geral, história dos franciscanos na América Latina e no Brasil. Presta assessoria e consultoria a instituições religiosas e de ensino. É autor de vários artigos na área de História da Igreja, História do Franciscanismo e da Ordem Franciscana, e História da Vida Religiosa. Na foto principal, de Pablo Jacob/Agência Globo, Frei Sandro cumprimenta o grafiteiro Acme diante de sua obra, o painel da Santa Ceia com pizza e Jesus Negro. Trata-se de um símbolo de paz e união em meio à guerra que já dura um mês, pintado e grafitado pelo artista plástico Acme (do Universo Acme) na parede ao lado da entrada da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, que está prestes a completar 80 anos. A obra feita pelo grafiteiro Acme foi pedida por equipe de TV alemã que fez documentário no Rio sobre religiões.


Fraternidades Primeiramente, como é ser sacerdote na maior favela do Brasil? Frei Sandro - O exercício do sacerdócio na Rocinha, em “tempos de paz”, não difere muito do trabalho que é realizado em tantas outras comunidades empobrecidas no Rio de Janeiro e no Brasil. Além da Matriz, Nossa Senhora da Boa Viagem, existem mais oito capelas, espalhadas pelas diversas partes do morro. A comunidade eclesial é muito animada, e as celebrações são muito bem participadas. Uma grande parte da população é oriunda de Estados do Nordeste, principalmente Ceará e Paraíba. A religiosidade popular, com sua rica piedade e devoções, é característica da prática de fé de muitas destas pessoas. Os sacramentos são muito procurados. Há um grande número de crianças na catequese para a Primeira Comunhão, mas o Catecumenato (Catequese de adultos) também é bem frequentado. A Igreja católica é respeitada e benquista por todos. Para sacerdotes que seguem o carisma de São Francisco de Assis, de viver em fraternidade, minoridade e pobreza, trabalhar na Rocinha, ou em qualquer outra comunidade empobrecida como as milhares que existem pelo Brasil, é a oportunidade de colocar em prática a vocação que um dia assumimos de, por causa do Evangelho, partilhar a vida das pessoas simples e pobres, animando-as, confortando-as, sendo sinal da presença amorosa e solidária de Deus nos difíceis caminhos da vida. Quais são os principais desafios enfrentados pela Igreja em um local como este? Frei Sandro – O povo da Rocinha é um povo muito bom. Trabalhador, cordial, alegre, criativo e muito hospitaleiro. Enfrenta os preconceitos comuns a todos aqueles que moram numa “favela”, principalmente da parte de pessoas pouco esclarecidas que têm uma visão deturpa-

da e limitada das múltiplas facetas que compõem a realidade de uma comunidade pobre. Infelizmente a mídia contribui para acentuar o preconceito. Além das demandas normais de uma paróquia urbana, com os atendimentos, celebrações e administração em geral, a Rocinha apresenta algumas peculiaridades. Encravada entre dois dos mais nobres bairros da zona sul do Rio de Janeiro (Leblon e São Conrado), além de estar muito próxima à Barra da Tijuca, Ipanema e Copacabana, a Rocinha é o melhor retrato da injustiça social que reina no Brasil. Enquanto, segundo dados de 2010, São Conrado estava em 3º lugar na lista de renda por domicílio,

por bairro no Rio de janeiro, e o Leblon em 5º, a Rocinha ocupava a 152º posição. No IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) por bairros do Rio de Janeiro, em 2015, a Gávea ocupava o primeiro lugar e o Leblon o 2º, enquanto a Rocinha estava em 120º. Estes dados ajudam a ilustrar a injustiça social na qual está mergulhada a comunidade. E esta injustiça é escancarada a cada dia, pois a maioria dos moradores está a serviço destes bairros nobres da zona sul, como empregadas domésticas, diaristas, ambulantes, atendentes de lojas, porteiros, garçons, e serviços de vários tipos. Afirmar que a pobreza é o maior problema da Rocinha é abrir um verdadeiro leque de deficiências e falta de direitos primordiais, que não são atendidos pelo Estado: falta de saneamento básico,

falta de segurança, de moradia, descaso com a saúde, com a educação, ausência de políticas públicas que deem dignidade à população, falta de perspectivas de futuro principalmente para os jovens. Aliado a tudo isso, vem o preconceito com que são tratadas as pessoas que moram em “favelas”. Esse preconceito faz com que a vida se torne muito mais difícil e cara. Por exemplo, construir, na Rocinha é cerca de 40 a 50 por cento mais caro do que em outras comunidades. Muitas empresas de fora cobram um frete muito alto, ou simplesmente se recusam a entregar seus produtos, por se tratar de uma “área de risco”. O mesmo acontece com as empresas prestadoras de serviço, como telefônica, TV a cabo, energia elétrica, e outros, que também atendem com muita dificuldade os moradores. Desde que estourou a guerra do tráfico, várias famílias passaram mais de um mês sem energia elétrica. Todas estas situações geram, em alguns casos, situações de desespero. Batem à porta da Igreja: a fome, o desemprego, a busca de solução no tráfico, nas drogas, na bebida e na prostituição, gerando verdadeiros dramas familiares. A falta de perspectiva e a convivência diária com o medo e a violência são um dos responsáveis pelo aumento dos casos de depressão, de síndrome do pânico, e outros desequilíbrios psicológicos. Diante de uma realidade como esta, a Igreja tem que ser, antes de mais nada, sinal de esperança. Ser Igreja na Rocinha é ser presença fraterna e solidária junto às pessoas, é mostrar o rosto de um Deus que as acolhe, que as escuta e ampara em suas dores, em suas tragédias. Mas também é mostrar novos caminhos, novas perspectivas e possibilidades, ajudando as pessoas a se conscientizarem de seus direitos, e a lutar por eles. Isso é ser presença misericordiosa, instrumento de Paz e de Bem, como tão bem fez São Francisco de Assis e como quer o Papa Francisco. Dezembro / 2017 [Comunicações]

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Fraternidades Quais são os trabalhos, as atividades pastorais que a Igreja realiza na Rocinha? Frei Sandro – Na Paróquia da Rocinha funcionam quase todas as pastorais que são comuns em uma paróquia urbana. Busca-se dar um amplo espaço à atuação dos leigos, para que assumam também seu papel de protagonistas na Igreja, como propôs o Vaticano II. Além disso, há as celebrações nas capelas, uma vez por semana, feitas por ministros leigos, e uma vez por mês a celebração da Eucaristia. Em algumas capelas também funcionam a catequese, o terço semanal e os Círculos Bíblicos. Ocupam um bom espaço na Paróquia atividades não diretamente ligadas ao campo religioso, mas que buscam oferecer oportunidades às pessoas para que exerçam com consciência seu papel de cidadãos. Neste sentido há atividades de promoção social, como a oferecida pelo grupo Afim, onde são proporcionadas às mulheres de baixa renda oficinas de artesanato, formação humana e religiosa, e geração de renda. A Escola de Música da Rocinha forma músicos e instrumentistas, além de manter uma orquestra. Há também o grupo Fibra, que oferece aulas de reforço escolar do 6º ao 9º ano, para 53 adolescentes, de segunda a sexta das 13:30 às 16:30, preparando-os para o ingresso no Ensino Médio. O Programa de Inclusão Digital, da Pastoral do Menor, oferece curso de informática para 80 crianças e adolescentes, além de curso de inglês para cerca de 40 jovens e adultos. Uma assistente social voluntária presta serviço de orientação às mais variadas demandas na área social aos moradores da comunidade. A Pastoral Social organiza a distribuição de cerca de 200 cestas básicas todo o terceiro sábado do mês, a partir das doações dos paroquianos. Funciona também na quadra da igreja uma oficina de Capoeira para crianças e adolescentes. Numa casa que pertence à Paróquia

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funciona o projeto Ecomoda, ligado à Ong Viva Rio, que ensina a trabalhar com moda através da reutilização de materiais descartáveis. O salão da paróquia serve também a reuniões da comunidade, onde são discutidos temas de interesse geral, como o grupo Rocinha sem Fronteiras e o Projeto De Olho no Lixo, além de outras demandas pontuais da comunidade. Nos espaços da paróquia há também o atendimento do Sebrae, de apoio aos pequenos empreendedores da comunidade.

Vi que foi preciso cancelar a procissão de Nossa Senhora Aparecida. Casos assim são recorrentes? Afeta na participação dos fiéis? Frei Sandro – Na Rocinha todos vivem sob tensão. Mesmo quando não há os confrontos violentos como os destes dias, andar pelos becos e vielas requer sempre muito cuidado, pois a qualquer hora pode estourar um confronto armado. Infelizmente o cancelamento da procissão e da missa campal foi um fato mais marcante, pois celebramos este ano os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba. Mas no geral, nestes dias, a participação tem sido muito afetada. A catequese, que conta com quase 600 crianças, tem tido muito pouca frequência. Reuniões de

coordenação e organização dos eventos pastorais têm sido canceladas. As missas e celebrações nas comunidades também. Mesmo assim não deixamos de celebrar nenhum dia na matriz. No dia em que estourou o conflito, durante o tiroteio, a missa das 9:30, que é muito bem participada principalmente pelas crianças da catequese, teve apenas dois fiéis participando. As outras missas deste dia também foram celebradas para bem poucos fiéis. Como têm sido esses dias desde os últimos confrontos, ocupação pelas Forças Armadas, ações policiais? Frei Sandro – Desde que iniciou o confronto entre as facções, com a entrada do exército e a presença maciça das forças de segurança, a comunidade, que já vivia sempre em estado de alerta, passou a viver sob tensão. Não é algo comum alguém ir ao trabalho, levar os filhos à escola ou à praia, e ter que passar no meio de tropas armadas até os dentes, com fuzis e metralhadoras apontados para as pessoas, como se fossem todos delinquentes, além dos carros blindados, cães farejadores e outros aparatos que só vemos em filmes de guerra. Nos dias em que durou a presença do exército criou-se um verdadeiro cenário de guerra, que ajudou a aumentar a tensão. E a população sabe que boa parte deste aparato só serve para demonstrar poder e responder aos apelos da mídia, pois diante da topografia da Rocinha, com seus morros cheios de escadarias, becos e vielas estreitas, muito bem conhecidos pelos bandidos, todo este aparato não serve para nada. A sensação que ficou é que, após uma semana de tiroteio e tensão na comunidade, as autoridades só tomaram uma medida quando a guerra chegou ao asfalto, a São Conrado. Só depois que os bandidos fecharam o túnel Rebouças e atearam fogo num ônibus na orla da praia de São Conrado, em pleno Rock in


Fraternidades Rio, com milhares de turistas transitando pela autoestrada que passa em frente à Rocinha, medidas concretas começaram a ser tomadas. Ficou a impressão de que a preocupação não era a segurança dos moradores, mas garantir a realização do evento. Principalmente porque, logo após o encerramento do Rock in Rio, as tropas se retiraram. Que mensagem o senhor deixaria para a população da Rocinha, especificamente, mas do Rio de Janeiro, de modo geral, que tem enfrentado a violência? Frei Sandro – A mensagem mais importante é de que não podemos ceder ao medo. Temos que ser prudentes, cuidadosos, mas,na medida do possível, continuar levando a vida dentro da normalidade. Mas também temos que ser críticos. Sabemos que chegou-se a este estado de coisas pelo abandono a que as autoridades sempre relegaram as comunidades pobres do Rio de Janeiro e das grandes periferias do Brasil em geral. Por isso a saída está no investimento sério em educação para as comunidades empobrecidas, oferecendo oportunidades e perspectivas de futuro para jovens que, de outro modo, vão buscar no tráfico o meio de sustento para si e para os seus. Por isso, é preciso ter consciência crítica na hora de escolher nossos governantes. Escolher aqueles comprometidos com os pobres, que tragam propostas concretas de melhoria para as periferias. Diria também, principalmente aos jovens: espelhem-se nos bons exemplos. Infelizmente os jornais escancaram a cada dia os piores exemplos de gestão pública, de desonestidade, principalmente da parte daqueles que foram eleitos para trabalhar pelo bem comum dos cidadãos. Parece que a ética e a honestidade são valores cada vez mais distantes de nós, e o normal é ser desonesto. Mas bons exemplos, embora não façam notícia, também existem. Procuremos nos espelhar nas pessoas de bem que conhecemos, que trabalham de modo honesto, que são preocupadas com

o próximo, com o bem comum, que são solidárias e fraternas, que promovem a concórdia e a paz. A situação que estamos vivendo vai passar. Diria também para não deixarmos de ter muita confiança em Deus. A fé é importante em todos os momentos da vida, mas é imprescindível em tempos de medo e tensão. Deus nos dá forças para enfrentar os medos e conflitos, por piores que sejam. A prática religiosa, a participação ativa em uma comunidade de fé, nos conforta, nos anima, mantém

A ceia é um encontro de amigos, é uma celebração da vida, uma celebração da esperança, da amizade. Jesus fez a sua ceia com os seus 12 apóstolos e com algumas outras pessoas também, que eram as mais próximas, mais queridas dele. Foram convidadas, justamente, para o momento mais importante da vida dele, que era a sua despedida, por isso a Santa Ceia. É um momento também em que ele institui a Eucaristia, o pão e o vinho, seu corpo, seu sangue. É claro que esse quadro,

acesa a chama da esperança. E, sobretudo, ajuda a fortalecer nossas motivações e convicções para a prática do bem. Que o bom Deus continue protegendo e abençoando o bom povo da Rocinha.

essa pintura, não quer desvirtuar o ideal da Santa Ceia, mas ela quer, de um certo modo, e eu acho que o artista fez muito bem aqui, abrir essa linha de reflexão para o que seria hoje essa ceia. Seria hoje a modernidade de um encontro, de um estar junto em torno de uma mesa em busca de um ideal. Por que Jesus, na Santa Ceia, quis deixar para seus discípulos a mensagem mais importante que ele tinha: do amor, da partilha, do serviço ao próximo. Jesus aqui tem a cor do povo brasileiro. As estatísticas mostram que 70% do povo brasileiro é afrodescendente. Portanto, ele representa a cultura brasileira.

Quando nasceu a ideia do painel? Frei Sandro – Este painel foi feito a convite de uma TV alemã para retratar a turma no lugar dos 12 apóstolos com um Jesus contemporâneo. Recebi os documentaristas da YV em junho do ano passado. Esse painel é simbólico. Traz para os dias de hoje o que poderia ter sido a Santa Ceia. Por que o que ela quer representar, e isso é o mais importante, é o significado de uma ceia, que é o de estar juntos.

Entrevista concedida aos sites Franciscanos e Adital. Dezembro / 2017 [Comunicações]

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Fraternidades

Ribeirão Grande: Vi, vivi, vivenciei Frei Clarêncio lança o primeiro volume das suas notas autobiográficas

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erto de completar 84 anos – nasceu no dia 29 de dezembro de 1934 -, Frei Clarêncio Neotti não para. Editor e redator da “Vida Franciscana”, com edição anual, Frei Clarêncio publicou nos últimos anos a biografia de Frei Bruno, o livro comemorativo dos 50 anos do Santuário do Divino Espírito Santo, “Animais no Altar”, “Santo Antônio: simpatia de Deus e do povo” e agora lança o primeiro volume de suas notas autobiográficas: “Ribeirão Grande: Vi, Vivi, Vivenciei”, de 491 páginas. “Não estava nos meus planos escrever uma autobiografia, ainda que, ao longo da vida, tivesse escrito inúmeros cadernos de diários e arquivasse textos e programas de acontecimentos em que, de uma ou outra forma, estive envolvido. Sempre pensei que escrever memórias é coisa para aposentados e eu não me podia imaginar aposentado, pela profissão que sempre exerci”, revela o autor na apresentação do livro. Segundo ele, com o enfarto, quase fatal, na noite de 8 para 9 de fevereiro, vésperas de carnaval, de 2013, recuperou-se bem e descobriu que não tinha perdido um bem precioso: a memória. “Pensando na celebração dos 80 anos, meu guardião Frei Paulo Pereira, me sugeriu escrever

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uma pequena biografia para distribuir ao povo, coisa que os jubilandos costumam fazer. Não mordi a sugestão da pequena biografia, mas mordi forte a possibilidade de, ao relembrar fatos vividos, exercer a memória, forçar a pesquisa, dar utilidade às dezenas de caixas de arquivo, que ocupam espaço no meu quarto. A ideia de ir escrevendo e ao mesmo tempo queimar os arquivos, limpando ainda em vida minha as estantes e armários, começou a aquecer a cabeça e a vontade”, explica Frei Clarêncio, deixando claro que não há vaidade neste projeto. “Há a necessidade de segurar as rédeas da vida. Não tenho o desejo de ensinar. Minha vida de professor foi frustrante e não será agora que vou reacender os sonhos de padre novo. Na verdade verdadeira, estas páginas expressam o egoísmo da sobrevivência consciente. Quero viver, por isso preciso me ocupar. Já não posso mais andar pelas ruas do mundo. Andarei pelas ruas do meu mundinho. O diminutivo não se refere a tamanho, mas é carinhoso. Assim poderia, revendo o passado, alimentar um pouco ainda o presente, cujas raízes, ao menos no meu caso, estão todas plantadas no passado”, esclarece. A metáfora usada no título deste livro é justificada pelo autor que pensou em fazer um texto autobio-

gráfico que tivesse a proporção “de um córrego”, mas se encompridou e virou “ribeirão, com jeito de rio”: “Pareceu-me, no entanto, que ter uma biografia comparável a um rio era por demais presunçoso para um frade que sempre valorizara as coisas singelas e cultivara de caso pensado uma mundividência singela. Aos poucos as abóboras se acomodaram no carro”. Frei Clarêncio explica melhor: “Nasci no triângulo de terra formado por dois riachos. Daqueles que fazem barulho típico por entre as pedras ao descer a encosta. Um se chamava Platina e outro Rio Luís. Platina, porque suas águas eram límpidas e claras que nem prata nas mãos do ourives, daquela água que impressionou um dia São Francisco, que a chamou de ‘humilde, preciosa e casta’. O outro levava o nome do desbravador daquelas terras. Comecei a pensar que nunca fui ouro. Talvez prata. Nunca fui desbravador, mas sempre e ininterruptamente estive a serviço. A junção dos dois rios produzia o Ribeirão Grande, que dera o nome à freguesia. Pronto:


Fraternidades não sou ouro, não sou desbravador, não sou rio. Sou ribeirão, que coletou água, fecundou margens e abriu seu caminho, conheceu peixes mansos e girinos irrequietos. O ‘Grande’ ficou por conta do sacerdócio, que me foi dado por obra e graça de Deus. Além do mais, a música das águas por entre as pedras ficou-me gravada nos ouvidos e no coração. Nas noites de grossa tensão, nunca tomei pílulas: ouvia a sinfonia de Respighi: As Fontes de Roma”. Considero-me pessoa de sorte: fui uma criatura feliz ao longo de toda a vida. Mais vezes me senti envergonhado de tanta felicidade, ao ver sofrimento mornidão e podre em torno de mim. Vivi a abertura, a clausura e

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as consequências do Concílio Vaticano II. Vivi a ditadura militar, que não foi um governo forte, porque perseguiu os adversários, e quem persegue os adversários demonstra fraqueza e medo e covardia. Vivi o retorno da democracia, permanente meia verdade, porque o povo não consegue exercer seu poder inato: é comprado, é ludibriado, é explorado por uns poucos diplomados pelo tribunal eleitoral. Vivi o retorno ao centralismo romano na religião católica. Vivi a grande blasfêmia de uma ortodoxia interesseira em nome de Deus. Mas posso dizer com Paulo: fidem servavi. E fui feliz na fé, pela fé e com a fé. Segundo o frade, os dados constantes neste livro são anteriores a 1973.

Deixei-os como os havia anotado naquele tempo. Todos eles devem ter-se modificado nesses quarenta e tanto anos. O mesmo vale para os títulos das pessoas. Eu era padre novo quando, num retiro, escrevi para mim este propósito inspiracional que, ao longo da vida, o fui passando de agenda em agenda. Estou certo de não o ter cumprido. Mas tenho certeza de me ter esforçado por cumpri-lo: “Se andares com uma tocha na mão, não erras o caminho. Mas isso é pouco. Porque o Senhor te pede seres a luz do mundo. Em vez de levar uma lanterna na mão, tu inteiro deves ser um facho de luz. Assim, não só teu caminho fica iluminado, mas também fica iluminado o caminho de todos que te cercam”.

CLARÊNCIO POR CLARÊNCIO

unca tive dúvidas sobre minha vocação sacerdotal. E não passei por grandes dificuldades no seu cultivo e crescimen-

to. Mas foi depois da adolescência que comecei a perceber que devia viver duas vocações. Porque fui percebendo a vocação religiosa, já que fiz todo o

seminário franciscano. Se a sacerdotal sempre a senti inata, tive que aprender a ser religioso e construir a harmonia entre as duas. Nem sempre foi fácil ter uma a serviço da outra, sem dar primazia a nenhuma das duas. Não tenho medo das contas que devo prestar a Deus do meu sacerdócio. Mas não tenho a mesma certeza quanto à vida religiosa.

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ou tímido por natureza. Mas não de uma timidez chocha. A timidez me deu chance de treinar o bom senso, uma virtude natural, sem a qual, desconfio, nenhuma virtude cria raízes. Nos meus exames de consciência costumo igualar o bom senso à prudência, que é um dom do Espírito Santo, prudência de que tanto falam o Antigo e o Novo Testamentos. O bom senso me impediu a afoiteza, mas nem sempre conseguiu suavizar a irritação diante de injustiças e hipocrisias, algumas vezes até vestidas com o colarinho romano. Dezembro / 2017 [Comunicações]

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Fraternidades

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ou profundamente agradecido a Deus pelos Confrades que me deu ao longo da vida. Alguns me foram balizas. Outros me foram luzes indicativas. Só depois dos 70 fiquei sabendo pela experiência que também existem irmãos maus. Tive muita facilidade ao longo da vida de ver as boas qualidades dos que me cercavam. Mas sei que minha fama não bate com esta minha confissão. Por isso mesmo, tomara que minha opinião sobre a maldade de gente consagrada esteja errada ou muito equivocada. Que as águas do meu ribei-

rão passem generosas por cima das maldades que me feriram. Sem esquecer de lavar as minhas.

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unca me senti bem ao ensinar. Ainda que ‘ensinar’ seja parte integrante do meu sacerdócio e eu não a negligenciei. Sinto-me melhor preparando por escrito uma conferência do que ao proferi-la. Quase diria que não tenho vocação para mestre e professor. Tenho para aprendiz. E fui aprendiz permanente, mesmo dando conferências ou aulas. Mais vezes me perguntei se isso tem a ver com a timidez, geradora de insegurança, que me acompanha sem jeito de superação. Mas sei que a condição de ser bom mestre é comportar-se como bom aluno. Posso também dizer que a timidez não me fez uma pessoa que só saiba conjugar o verbo no condicional. Na prática sempre e conscientemente o conjuguei no presente e no imperativo, o que pode ter dado a Confrades a ideia de que sou prepotente ou tenha desejos de mando.

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onfesso que os três votos não me deram muito trabalho. Pelo muito que os mestres falaram sobre eles, pensei que eles fossem mais difíceis. Fui descobrindo (talvez esteja dizendo heresia) que na prática os três votos são três ângulos de visão de um quase mandamento de Jesus: o desapego. A obediência é o desapego dos meus interesses. A castidade é o desapego do meu legítimo eu sensual para uma abertura cem por cento gratuita para Deus, inalcançável pelos sentidos. A pobreza é a plenitude do desapego, de tal modo que, se peco pela ganância do ter, é certo que peco por não ser casto. Além do mais, os três votos são o combustível da caminhada espiritual do consagrado. Os três harmoniosamente juntos. Tão juntos que, a meu ver, na prática, não se distinguem. Encantou-me um verso de Fernando Pessoa, que caiu às mãos no retiro antes da Profissão Solene e que conservei com a sacralidade de palavra bíblica: Baste a quem baste o que lhe basta / O bastante de lhe bastar! A vida é breve, a alma é vasta / Ter é tardar.

RELANÇAMENTO

Ministério da Palavra - Comentários aos Evangelhos dominicais e festivos

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“Com alegria e muita vontade de servir, aceitei o convite da Editora Santuário de republicar estes subsídios para as homilias dominicais e festivas do Ano B, ano em que lemos o Evangelho de Marcos e o longo capítulo sexto do Evangelho de João”, explica Frei Clarêncio sobre sua mais nova publicação. Além de todos os domingos, Frei Clarêncio preparou textos também para as solenidades e para aquelas festas que, por serem consideradas festas do Senhor, caso caiam em domingo, substituem a Liturgia do respectivo domingo. “E acrescentei comentários também para alDezembro / 2017

gumas festas de grande devoção popular, como São José, Anunciação do Senhor, Sagrado Coração de Jesus e Santo Antônio, festas que em muitas paróquias brasileiras são celebradas como solenidade”. Frei Clarêncio faz uma ressalva: “Não se busquem aqui um tratado de teologia ou de exegese bíblica e muito menos um tratado de moral. Tive, sim, grande e consciente preocupação pastoral, sobretudo no sentido de mostrar a atualidade impressionante e viva dos textos evangélicos. A aplicação prática deverá necessariamente fazê-la o pregador, ou tirá-la o grupo de reflexão”, explica o autor.


Fraternidades

JUBILandos

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Fraternidade do Convento São Francisco, em São Paulo, receberá nos dias 1º e 2 de dezembro os frades que celebram seus jubileus neste ano. Neste ano, 33 frades celebram ação de graças pelos 25, 50, 60, 65 e 70, 73, 75, 76 anos de Vida Religiosa ou Sacerdotal. Segundo o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, celebrar o jubileu é retomar toda a caminhada vocacional para atualizá-la no presente, em forma de ação de graças. Enfim, no dia do Jubileu, o irmão também renova o compromisso assumido há 25, 50, 60, 65 e 70 anos, declarando o segredo mais profundo que o animou, tanto na vida religiosa como na vida sacerdotal: ‘Senhor, a minha vida está nas tuas mãos’”, explica Frei Fidêncio, manifestando aos confrades jubilandos, “a nossa gratidão e estima, e que o Senhor os abençoe!” Para o Ministro, na celebração dos jubileus agradecemos o dom da vocação de cada um desses nossos irmãos. “Em primeiro lugar, sublinhamos a vocação à vida religiosa franciscana. ‘O Senhor me concedeu’ viver esta forma e Regra de vida, nos ensina São Francisco de Assis! E nesta mesma lógica, o Seráfico Pai ainda nos ensina que o irmão é uma dádiva divina dada à fraternidade: ‘O Senhor me deu irmãos!’ Em segundo lugar, evidenciamos a vocação presbiteral dos confrades que celebram seu jubileu sacerdotal. Louvamos e agradecemos a Deus pela vida sacerdotal desses irmãos porque o Senhor ‘os honrou acima de todos, por causa desse mistério’, nos exorta São Francisco”, continua o Ministro Provincial. “Para cada jubilando em particular, a celebração jubilar é uma ocasião singular que possibilita ao confrade fazer a releitura da sua vocação de frade menor ou a sua vocação de sacerdote do Altíssimo. Por que releitura? A releitura implica numa parada. Parada para rever, discernir e retomar o ‘ponto de partida’ da sua consagração a Deus na vida religiosa ou sacerdotal”, completa o Ministro.

Conheça os jubilandos de nossa Província: Dezembro / 2017 [Comunicações]

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OS CONFRADES E SEUS JUBILEUS 76 ANOS DE VIDA RELIGIOSA FREI OLAVO SEIFERT

É natural de Curitiba, PR. Nasceu no dia 4 de agosto de 1919 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 21 de dezembro de 1940. Fez a profissão solene no dia 22 de dezembro de 1944 e foi ordenado sacerdote no dia 3 de dezembro de 1946.

70 ANOS DE VIDA RELIGIOSA Frei Abel Schneider

É natural de Selbach, RS. Nasceu no dia 19 de julho de 1921 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 14 de dezembro de 1946. Fez a profissão solene no dia 18 de dezembro de 1950 e foi ordenado sacerdote no dia 01 de julho de 1954.

Frei Gamaliel Devigili

É natural de Santa Maria (Ben. Novo), SC. Nasceu no dia 23 de março de 1931 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1951. Fez a profissão solene no dia 20 de dezembro de 1955 e foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1957.

Frei Raul Budal da Silva

75 ANOS DE VIDA RELIGIOSA FREI CÁSSIO VIEIRA DE LIMA

É natural de São João da Boa Vista, SP. Nasceu no dia 22 de agosto de 1921 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de dezembro de 1941. Fez a profissão solene no dia 21 de dezembro de 1945 e foi ordenado sacerdote no dia 16 de julho de 1949.

FREI NESTOR KUHN

É natural de Peritiba, SC. Nasceu no dia 25 de outubro de 1921 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de dezembro de 1941. Fez a profissão solene no dia 21 de junho de 1946 e foi ordenado sacerdote no dia 26 de julho de 1948.

73 ANOS DE VIDA RELIGIOSA FREI CIRÍACO TOKARSKI

É natural de Contenda, PR. Nasceu no dia 28 de julho de 1922 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de dezembro de 1943. Fez a profissão solene no dia 21 de dezembro de 1947 e foi ordenado sacerdote no dia 26 de julho de 1951.

FREI POLICARPO BERRI

É natural de Rodeio, SC. Nasceu no dia 13 de julho de 1924 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de dezembro de 1943. Fez a profissão solene no dia 21 de dezembro de 1947 e foi ordenado sacerdote no dia 25 de julho de 1950.

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Frei Anselmo Júlio München É natural de Feliz, RS. Nasceu no dia 01 de junho de 1924 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 14 de dezembro de 1946. Fez a profissão solene no dia 18 de dezembro de 1950 e foi ordenado sacerdote no dia 01 de julho de 1953.

É natural de Antônio Olinto, PR. Nasceu no dia 11 de novembro de 1926 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1951. Fez a profissão solene no dia 20 de dezembro de 1955 e foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1957.

60 ANOS DE VIDA RELIGIOSA Frei Ervino Girardi

É natural de Santa Maria (Ben. Novo), SC. Nasceu no dia 09 de abril de 1925 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 14 de dezembro de 1946. Fez a profissão solene no dia 18 de dezembro de 1950 e foi ordenado sacerdote no dia 01 de julho de 1953.

65 ANOS DE VIDA RELIGIOSA Frei ARCANGELO RAIMUNDO BUZZI

É natural de Santa Maria (Ben. Novo), SC. Nasceu no dia 31 de agosto de 1930 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1951. Fez a profissão solene no dia 20 de dezembro de 1955 e foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1957.

Frei Euclydes Francisco Pezzamiglio

É natural de Gaurama, RS. Nasceu no dia 30 de novembro de 1930 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1951. Fez a profissão solene no dia 20 de dezembro de 1955 e foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1957.

Frei Dalvino Munaretto

É natural de Concórdia, SC. Nasceu no dia 03 de novembro de 1932 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 22 de dezembro de 1956. Fez a profissão solene no dia 23 de dezembro de 1960 e foi ordenado sacerdote no dia 15 de dezembro de 1962.

Frei José Bertoldi

É natural de Ascurra, SC. Nasceu no dia 22 de fevereiro de 1935 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 22 de dezembro de 1956. Fez a profissão solene no dia 23 de dezembro de 1960 e foi ordenado sacerdote no dia 15 de dezembro de 1962.

Frei Josué Celante

É natural de Guaporé, RS. Nasceu no dia 07 de fevereiro de 1936 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 22 de dezembro de 1956. Fez a profissão solene no dia 23 de dezembro de 1960 e foi ordenado sacerdote no dia 15 de dezembro de 1962.

Frei Valdemar Matias Schweitzer

É natural de São José, SC. Nasceu no dia 15 de abril de 1933 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 22 de dezembro de 1956. Fez a profissão solene no dia 23 de dezembro de 1960 e foi ordenado sacerdote no dia 15 de dezembro de 1962.


Fraternidades 50 ANOS DE VIDA RELIGIOSA Dom Diamantino Prata de Carvalho

É natural de Manteigas, Portugal. Nasceu no dia 20 de novembro de 1940, Chegou ao Brasil no dia 18 de dezembro de 1965 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 21 de fevereiro de 1967. Fez a profissão solene no dia 02 de agosto de 1971, foi ordenado sacerdote no dia 10 de dezembro de 1972 e foi ordenado Bispo no dia 02 de maio de 1998.

Frei Lauro Both

É natural de Erechim, RS. Nasceu no dia 16 de abril de 1946 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1966. Fez a profissão solene no dia 02 de agosto de 1971.

60 ANOS DE sacerdócio Frei ARCANGELO RAIMUNDO BUZZI

É natural de Santa Maria (Ben. Novo), SC. Nasceu no dia 31 de agosto de 1930 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1951. Fez a profissão solene no dia 20 de dezembro de 1955 e foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1957.

Frei Euclydes Francisco Pezzamiglio

É natural de Gaurama, RS. Nasceu no dia 30 de novembro de 1930 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1951. Fez a profissão solene no dia 20 de dezembro de 1955 e foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1957.

Frei Gamaliel Devigili

25 ANOS DE VIDA RELIGIOSA Frei Jorge Lázaro de Souza É natural de Sebastianópolis, SP. Nasceu no dia 11 de abril de 1966 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 10 de janeiro de 1991. Fez a profissão solene no dia 06 de setembro de 1998.

Frei José Ulisses de Moraes

É natural de Toledo, MG. Nasceu no dia 25 de janeiro de 1962 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 10 de janeiro de 1991. Fez a profissão solene no dia 24 de janeiro de 1998.

É natural de Santa Maria (Ben. Novo), SC. Nasceu no dia 23 de março de 1931 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1951. Fez a profissão solene no dia 20 de dezembro de 1955 e foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1957.

Frei Raul Budal da Silva

É natural de Antônio Olinto, PR. Nasceu no dia 11 de novembro de 1926 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1951. Fez a profissão solene no dia 20 de dezembro de 1955 e foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1957.

50 ANOS DE sacerdócio Frei Álido Rosá

71 ANOS DE sacerdócio FREI OLAVO SEIFERT

É natural de Curitiba, PR. Nasceu no dia 4 de agosto de 1919 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 21 de dezembro de 1940. Fez a profissão solene no dia 22 de dezembro de 1944 e foi ordenado sacerdote no dia 3 de dezembro de 1946.

É natural de São Bento, SC. Nasceu no dia 08 de junho de 1938 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1961. Fez a profissão solene no dia 01 de agosto de 1966 e foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1967.

Dom Fernando Antônio Figueiredo

É natural de Muzambinho, MG. Nasceu no dia 01 de dezembro de 1939 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1961. Fez a profissão solene no dia 01 de agosto de 1966. Foi ordenado sacerdote no dia 16 de dezembro de 1967. Foi ordenado Bispo no dia 10 de março de 1984.

25 ANOS DE sacerdócio Frei Gentil de Lima Branco É natural de Campo Belo do Sul, SC. Nasceu no dia 22 de setembro de 1957 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de janeiro de 1984. Fez a profissão solene no dia 02 de agosto de 1989 e foi ordenado sacerdote no dia 04 de janeiro de 1992.

Frei Genildo Provin

É natural de Erechim, RS. Nasceu no dia 30 de janeiro de 1959 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de janeiro de 1984. Fez a profissão solene no dia 02 de agosto de 1989 e foi ordenado sacerdote no dia 25 de janeiro de 1992.

Frei Luiz Colossi

É natural de Concórdia, SC. Nasceu no dia 23 de dezembro de 1955 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de janeiro de 1984. Fez a profissão solene no dia 02 de agosto de 1990 e foi ordenado sacerdote no dia 01 de fevereiro de 1992.

Frei LUIZ HENRIQUE FERREIRA DE AQUINO

É natural de Lambari, MG. Nasceu no dia 15 de julho de 1964 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 18 de janeiro de 1985. Fez a profissão solene no dia 02 de agosto de 1990 e foi ordenado sacerdote no dia 25 de julho de 1992.

Frei Fernando de Araújo Lima

É natural de Anádia, AL. Nasceu no dia 21 de abril de 1957 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de janeiro de 1979. Fez a profissão solene no dia 02 de agosto de 1983 e foi ordenado sacerdote no dia 12 de dezembro de 1992.

Frei Sandro Roberto da Costa

É natural de São José dos Campos, SP. Nasceu no dia 16 de setembro de 1962 e ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 18 de janeiro de 1985. Fez a profissão solene no dia 02 de agosto de 1990 e foi ordenado sacerdote no dia 19 de dezembro de 1992.

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MISSÃO FRANCISCANA COM OS JOVENS DE SANTO AMARO DA IMPERATRIZ

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o sábado, dia 7 de outubro, realizamos mais uma missão franciscana com os jovens de Santo Amaro da Imperatriz. Desta vez, a missão foi realizada na comunidade Nossa Senhora de Lourdes, uma das comunidades mais distantes da paróquia. A predominância é de famílias alemãs. Em muitas casas onde cheguei, sempre acompanhado de um jovem da comunidade, éramos bem recebidos com um cumprimento de boa tarde em alemão. Mais de 60 jovens participaram dessa missão, sendo a metade pertencente à comunidade e a outra metade de grupos de jovens das demais comunidades da paróquia. A missão aqui sempre tem dois objetivos primordiais: visitar as famí-

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lias de uma comunidade e fazer com que os jovens de diversos grupos se reúnam, partilhando suas experiências, desafios, expectativas e a vivência de seus grupos. A partir disso, a visita nas casas sempre é um meio de convidar novos jovens para a participação na comunidade, de conhecer mais a realidade das famílias em geral e rezar com elas. Muitos jovens se sentem realizados participando dessas missões e compartilham suas experiências, como é o caso da jovem Camila Loch: “Através de nós, orações foram levadas a essas pessoas e através delas recebemos palavras de incentivo e motivação para continuar a trilhar este caminho”. A jovem Kariélen Schmidt, da

comunidade anfitriã, também deixou seu depoimento: “A missão nos uniu através de um mesmo propósito, anunciar a palavra de Deus. Com o decorrer da missão foi possível perceber a presença de Deus através de cada jovem que se doou para que a missão se tornasse possível. Foi muito gratificante chegar nas casas das famílias e ser recebida com muito amor, alegria e principalmente fé. A missão auxiliou para que minha fé fosse renovada”. Com certeza muitos jovens fizeram sua experiência de fé junto com as famílias visitadas. Isso é gratificante e faz com que as missões continuem acontecendo. Paz e bem! Frei Marcos Schwengber


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RETIRO ANUAL EM RONDINHA “Concedei-nos a nós, míseros, por causa de vós fazer o que sabemos que quereis e sempre querer o que vos agrada” (Ord 50)

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ntre os dias 02 a 04 de novembro, o Convento São Boaventura de Campo Largo (PR) acolheu o retiro anual do Regional de Curitiba (PR). A pedido do Definitório Provincial, o encontro foi aberto aos confrades de toda Província Franciscana da Imaculada Conceição, a fim de que todos pudessem participar conforme suas possibilidades. Em virtude disto, participaram conosco Frei David Raimundo Santos, Frei Guido Moacir Scheidt e Frei Marcos Estevam de Melo, membros da Fra-

ternidade do Largo São Francisco – São Paulo (SP). No dia 2 o encontro se iniciou pela manhã, quando celebramos a Missa pelos Fiéis Defuntos no cemitério interno do convento. Após o almoço, Frei Valdir Laurentino conduziu a reflexão da tarde com base no texto da Oração diante do Crucifixo e a Carta a toda Ordem; no dia seguinte fizeram parte das reflexões as primeiras Admoestações e, no último dia, o Testamento de São Francisco foi o norte de nossa partilha de vida. Sentindo a necessidade de voltarmos às nossas fontes, o retiro tomou por base os textos das Fontes Franciscanas, mais precisamente os Escritos de São Francisco de Assis. Desta forma, além de criar um ambiente de familiaridade, o encontro tomou um teor de partilha de vida, no qual os

confrades puderam partilhar suas experiências e reflexões que ajudaram a conduzir o retiro. Mais do que um tempo de pausa para voltarmos às fontes e ali buscarmos um pouco mais do vigor que inspirou nosso Pai Seráfico, o retiro do Regional também foi momento de encontro, de convivência e fraternidade. No próximo mês, haverá o encontro regional recreativo no litoral paranaense, onde encerraremos as atividades do ano celebrando a vida fraterna. Frei Matheus Borsoi Dezembro / 2017 [Comunicações]

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Frei Galvão é celebrado em Colatina

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o dia 25 de outubro, a Igreja celebra Santo Antônio de Santana Galvão, o primeiro santo brasileiro. Em Colatina (ES), onde a Fraternidade Franciscana o tem como padroeiro, este dia foi festejado com os frades do Regional do Espírito Santo. Para esta festa estavam presentes, além dos quatro frades de Colatina (Frei Gilson Kammer, Frei Edvaldo Batista Soares, Frei José Raimundo de Souza e Frei Pedro do Nascimento Viana), dois frades do Convento de Nossa Senhora da Penha (Frei Paulo Roberto Pereira e Frei Pedro de Oliveira Rodrigues), dois frades do Santuário Divino Espírito Santo (Frei Florival Mariano de Toledo e Frei Leandro Costa) e Frei Armando que é da Província do Rio Grande do Sul, em missão em Roraima e concluindo o Master

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em Evangelização no ITF, e que veio para conhecer a cidade. Estes frades e muitas pessoas das comunidades da Paróquia Santa Clara de Assis celebraram na comunidade do bairro Bela Vista, onde todos os meses, na última quinta-feira é celebrado Frei Galvão. A celebração foi presidida pelo Frei Florival Mariano de Toledo e a partilha da Palavra foi feita pelo Frei Paulo Roberto Pereira que, em sua reflexão, falou da alegria de celebrar

e poder conversar sobre os acontecimentos felizes de nossa vida em família, e naquela noite falar desta alegria com a família franciscana e eclesial. E a maior alegria de celebrar Frei Galvão é a possibilidade de conversar sobre Deus, pois foi Ele que Frei Galvão sempre levou a todas as pessoas. Lembrou que o Papa João Paulo II, quando da canonização de Frei Galvão, o declarou Apóstolo da paz e da caridade, e o chamou de do-


Fraternidades çura de Deus. Esta alcunha que o Papa usou é muito significativa hoje, quando vivemos tempos de amarguras e medos, violências e radicalismos, em que nossa vida vai perdendo a doçura. Olhando para Frei Galvão, o papa nos convida a resgatar nossa existência humana. Ao falar que Frei Galvão nasceu em Guaratinguetá, lembrou que lá passa o Rio Paraíba, que foi fonte de alimento e sustento para tantas pessoas, e nos deu a Mãe Aparecida que é sinal de Deus para o povo brasileiro. Do mesmo modo que o Rio Paraíba nos traz boas lembranças, celebrar Frei Galvão em Colatina também nos traz, pois ali há o Rio Doce, que traz Minas ao mar, e que generosamente oferece sustento àqueles que dele se aproximavam. Mas o Rio Doce foi ferido de morte pela ganância do ser humano, e convocou a todos a pedir perdão para nossa mãe e irmã terra. Ao celebrar Frei Galvão, franciscanamente lembramos do Paraíba e do Rio Doce e isso nos dá possibilidade de sermos mais gratos a Deus, porque a gratidão nos faz sermos generosos, gera em nós cuidado e respeito. Esperamos que as autoridades e aqueles que mataram o rio sejam punidos, mas nós também devemos mudar, devemos agir com mais benevolência para com todos os recursos naturais, isso tanto quando eles nos são escassos como quando os temos em abundância. É preciso mudar nossa postura diante das criaturas de Deus. Lembrou-nos que celebramos Frei Galvão dentro do mês das missões e recordou que Frei Galvão foi incansável missionário, fazendo a pé o caminho entre Rio de Janeiro e São Paulo, chegando ao Paraná, e por onde passava anunciava o Evangelho, dava atenção e cuidado, principalmente aos mais necessitados, carentes e doentes.

Nossa Igreja nasceu missionária, quando Cristo diz: “Ide por todo o mundo e a todos pregai o Evangelho”, pede-nos para não descansarmos enquanto houver um coração que ainda não ouviu falar do Evangelho. Com humildade somos chamados a aliviar o peso e não pôr ainda mais peso sobre os ombros do povo. Recordou ainda que Frei Galvão é celebrado no mês de Nossa Senhora do Rosário, e disse que a oração nos leva a Deus, nos faz ouvir a Deus. Em nossas orações, quando falamos uma palavra, temos a sensação de querer escutar outra de Deus. Por isso, oração é deixar Deus falar em nós e, ao repetir Aves- Marias, Pai-Nossos, ladainhas e outras orações, nosso coração vai aquietando-se e se torna fértil para o nascimento e crescimento do Evangelho. E nos deixou um questionamento: Como tem sido minha vida de oração? Concluiu sua partilha dizendo que Frei Galvão foi exemplo de

cuidado para com a vida dos mais frágeis, foi exemplo de missionário e com grande devoção a Nossa Senhora. Por isso nossa Família Franciscana, presente no estado do Espírito Santo, se alegra em celebrar com a família da Paróquia Santa Clara de Assis. Permaneçamos sempre fiéis no caminho da paz e da caridade. Ao final da celebração, Frei Pedro de Oliveira chamou todas as crianças ao presbitério e convidou todos a cantar algumas músicas que alegraram a criançada, mas também os adultos que recordaram seu tempo infantil. Explicou como surgiu as pílulas de Frei Galvão e abençoou as pílulas que depois foram distribuídas ao povo. Após a celebração, os frades fizeram um recreio, recordando os aniversariantes do mês e festejando o santo padroeiro da fraternidade de Colatina. Frei Gilson Kammer Dezembro / 2017 [Comunicações]

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#somos todos atingidos

dois anos do desastre de mariana

MANIFESTO EM FAVOR DO RIO DOCE

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o dia 05 de novembro de 2017, completaram-se dois anos do rompimento da barragem com rejeitos de minério em Mariana (MG). Este acidente provocou a morte de dezenas de pessoas e grande destruição pelos 700 Km por onde estes rejeitos passaram até chegar ao mar capixaba. Para que este crime não fique esquecido e impune, diversas entidades – Associação dos Moradores do bairro Carlos Germano Naumann, Associação dos Moradores do bairro Vila Lenira, Associação dos Moradores do bairro IBC, Associação de Pescadores Profissional e Amadores (Apesc), Asso-

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ciação de Pescadores Profissionais e Artesanais, Associação dos Pastores Evangélicos de Colatina (Aplic), Acaco (Associação de Canoagem de Colatina), Acodes, Cáritas Diocesana, Comissão de Meio Ambiente OAB Colatina, Diocese de Colatina, Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (Feab), Fórum Ambiental Permanente (Fap), Fórum SOS Rio Doce, Fórum Capixaba de Entidades, Fórum alternativo mundial da água (Fama), Gamba, Igreja Batista, Lyons, Mab, Movimento por moradia, Rotary Centro, Sindicato dos Bancários (Sindbancários), Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Sindicato dos

trabalhadores do ramo de Confecções (Sintvest), Sindicatos dos Comerciários, Sindicato dos Servidores Públicos (SIFPM) – organizaram, no dia 4 de novembro, o III Manifesto em favor do Rio Doce. Centenas de pessoas caminharam pelas principais vias de Colatina, com travessia na Ponte Florentino Avídos, sobre o Rio Doce. Entre as reivindicações estão o reconhecimento de Colatina como município atingido pela lama, o cadastramento de pescadores, a reparação imediata dos atingidos e a cobrança por punições dos envolvidos na tragédia. “Dois anos de lama, dois anos de luta”, foi o lema do manifesto.


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Durante todo o percurso houve falas e discursos de representantes das entidades participantes desta manifestação e, no ponto final, na Praça Sol Poente, o bispo diocesano de Colatina, Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias e o pastor Elizeu leram o texto do 3º Manifesto em Favor do Rio Doce. Dom Wladimir afirmou que o crime aconteceu porque o lucro foi colocado acima de tudo. “Dentro de uma visão mais espiritual, franciscana, vemos a falta de preservação da natureza, da nossa Casa Comum”, observa. Entre as graves consequências que até hoje levam sofrimento à vida de mais de um milhão de pessoas diretamente atingidas, o bispo cita a falta de água e o impedimento do

exercício de atividades econômicas tradicionais como a pesca. Muitos pescadores, por não possuírem carteira profissional à época do crime, estão até hoje sem qualquer assistência por parte da Fundação Renova, sobrevivendo pela solidariedade das pessoas e por meio de “bicos”, como coleta de latinhas para reciclagem. A água é outro problema ainda sem solução adequada. “Aqui em Colatina, o Rio Doce, metade dele, é só lama da Samarco. Qual vai ser o impacto dessa lama na saúde das pessoas?”, questiona, cobrando uma limpeza do Rio pelas empresas criminosas, bem como o fornecimento de água mineral de qualidade para a população, especialmente a mais carente, que não tem condições financeiras de comprar água mineral.

O Manifesto pelo Rio Doce continuará sendo realizado até 2024, pois em novembro de 2015, a Diocese de Colatina firmou um compromisso com a sociedade de, durante dez anos seguidos, “manter vivo na memória do povo o que houve e cobrar a reparação desse crime”, lembrou o bispo. Ainda em novembro, mais dois eventos estão programados: o seminário “Quanto vale o rio? Dois anos de impactos sociais e ambientais e a luta por justiça”, que acontece no dia 22, às 19h, no auditório da Diocese, no Edifício João Paulo II; e a audiência pública “Quanto vale a água?”, no dia 30, às 18h30, no auditório da Câmara de Vereadores do município de Colatina. Frei Gilson Kammer Dezembro / 2017 [Comunicações]

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íntegra

3° MANIFESTO EM FAVOR DO RIO DOCE As relações existentes entre os rios e os homens são imensuráveis. Os rios são elos que aproximam culturas, economias, povos. São referências para formação das identidades locais, testemunhos da memória, da fé e do trabalho das regiões. Com o rompimento da barragem de Fundão, a lama de rejeitos da mineradora Samarco percorreu quase 700 km pelo rio Doce e se espalhou mar adentro, atingindo mais de 40 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo. Mais de meio milhão de pessoas. A barragem de Fundão operava com uma série de irregularidades nas licenças ambientais, como a ausência de um plano para casos de riscos ou acidentes. Durante a sua operação, foram realizados seguidos alteamentos, onde foram utilizados materiais de qualidade inferior. A opção das empresas, antes, durante e depois do rompimento, pela alternativa de menor custo econômico, demonstra uma preocupação úni-

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ca: o lucro imediato, justificativa do completo desprezo à vida humana, animal e vegetal. A conclusão do inquérito da policia civil pede a prisão dos dirigentes da Samarco. Este processo está suspenso na justiça, e já se passam 24 meses de impunidade absoluta, mais uma prova do poder econômico das empresas e de sua influência determinante nas autoridades do Estado Brasileiro. Não foi acidente. Não esqueceremos. Eles sabiam que ia romper; Samarco, Vale e BHP.

DOIS ANOS DE IMPACTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS

A desconfiança em torno da qualidade da água e do pescado é generalizada em amplos setores da população ao longo do rio Doce. São recorrentes as contradições entre os laudos técnicos apresentados e os estudos acadêmicos divulgados sobre a contaminação do Rio Doce. A maioria do povo pobre e trabalhador de Colatina, além de creches,

escolas e hospitais, e uma boa parte dos restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos afins, usam diariamente de água contaminada com os rejeitos da Samarco. Não existe um sistema independente de monitoramento ou um programa de divulgação de resultados e de orientação à população. Os efeitos deste tipo de contaminação por metais pesados geralmente são sentidos a médio e longo prazo, originando graves doenças, como o mal de Parkinson e Alzheimer. Durante o processo judicial que determinou a interrupção do fornecimento de água mineral em Colatina, também ficou determinada a realização de uma ampla perícia e processo de consulta à população. Ambos não foram realizados. As obras de captação alternativa de maneira nenhuma atendem à necessidade da população. A análise séria dos afluentes do Rio Doce não indica a possibilidade de abastecimento imediato


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a partir deles, pois se encontram secos e sujos. E não está sendo feito nenhum trabalho de revitalização desses afluentes.

DOIS ANOS DE LUTA POR JUSTIÇA

O acordo que constitui a Fundação Renova entidade designada para cuidar dos processos de reparação e compensação dos impactos do desastre, acordo este sem a participação dos atingidos, não nos representa. Somos todos contra este acordo. As empresas, por meio da Renova, conduzem as negociações até o limite, a fim de provocar conflitos entre as comunidades atingidas. A mais emblemática dessas práticas é a concessão do auxílio financeiro emergencial, pelo qual os atingidos recebem um cartão cuja distribuição é controlada pelas empresas, pautada em critérios não esclarecidos e, via de regra, desconsidera as mulheres que tinham renda própria. Ainda existem comunidades que não tiveram acesso a nenhum auxílio emergencial. Dois anos se passaram e as famílias que perderam tudo estão sem casa, sem trabalho

e vivendo na incerteza, e a fiscalização das atividades da Renova pelo Comitê Interfederativo (CIF) é claramente ineficaz. Essa realidade comprova que o reconhecimento de direitos e as reparações não virão nem pelo direcionamento da Fundação Renova, nem pelo poder público CIF. Ao longo de toda a bacia do Rio Doce, os atingidos têm se mobilizado na denúncia dos impactos continuados do crime, formando as comissões locais, que consistem em uma ação conjunta com o Ministério Público Federal e Ministério Público de Minas Gerais e as Defensorias Públicas da União e a Defensoria Pública do Espírito Santo. Seguindo o modelo experimentado em Barra Longa (MG), é central que os atingidos sejam assistidos por profissionais qualificados e de confiança dos atingidos para validação dos danos e impactos causados, que sejam de confiança das comunidades locais, por meio das suas comissões. Junte-se a nós. Somos ribeirinhos, pescadores, agricultores, índios, catadores de caranguejos, trabalhadores do mangue, comerciantes, artistas e ambientalistas.

Somos as pessoas que bebem do rio todos os dias e que cresceram à sua margem. E queremos JUSTIÇA!!

#SOMOS TODOS ATINGIDOS

“É preciso ecoar o grito das numerosas pessoas, famílias e comunidades que sofrem direta ou indiretamente por causa das consequências muitas vezes negativas das atividades mineiras. Um grito contra a extração de riquezas do solo que paradoxalmente não produziu riquezas para as populações locais que permanecem pobres; um grito de dor em reação às violências, ameaças e corrupção; um grito de indignação e pedido de ajuda pelas violações de direitos humanos, discreta ou descaradamente pisados no que se refere à saúde das populações, às condições de trabalho, por vezes à escravidão e ao tráfico de pessoas que alimentam o trágico fenômeno da prostituição; um grito de tristeza e impotência pela poluição das águas, do ar e dos solos; um grito de incompreensão pela ausência de processos inclusivos e de apoio por parte das autoridades civis, locais e nacionais, que têm o dever de promover o bem comum”. Dezembro / 2017 [Comunicações]

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FREI CLAUZEMIR FAZ RELATO DO ACIDENTE QUE SOFREU Paz e bem!

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o dia 21 de outubro, estava dirigindo de Lages a Pato Branco, quando, entre Catanduvas e Lagoa Bonita, sofri um acidente. Estava sozinho no Gol da Fraternidade, numa velocidade aproximada de 70km/h. Era uma reta, e tinha parado de chover, ou seja, a pista estava molhada. A única coisa de que me lembro foi de ver um carro branco à minha frente, em sentido oposto, “dançar” na pista. Minha reação foi de frear (sem ser bruscamente, para garantir o controle do carro) e sair para o acostamento. Depois lembro-me já dos bombeiros me retirando do veículo. Eu, na hora, tinha consciência de que houvera um acidente, mas não das proporções que foi. Fui levado à emergência do Hospital Universitário Santa Teresinha, em Joaçaba. Lá fui submetido a uma cirurgia de emergência para colocar fixadores no fêmur, que tinha várias fraturas. Depois de um tempo consegui entrar em contato com minha irmã Clarete, que mora em Pato Branco, e pedi que ela avisasse os freis em Lages. Fiquei internado pelo SUS no Hospital. Naquela noite minha irmã e seu esposo vieram com meu irmão para Joaçaba. Minha irmã ficou como minha acompanhante desde então. No dia seguinte, domingo, meu irmão foi nos postos da Polícia Rodoviária e encontrou os carros do acidente no município de Irani. No Gol conseguiu encontrar minha mala de roupas e meu celular. Aí ficou mais fácil me comunicar com os demais frades. Na segunda-feira, os frades de Lages vieram ao hospital, e

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a partir de então, Frei Evaldo passou a se revezar com minha irmã como acompanhantes. Primeiro ela veio descansar um dia em Lages, depois passaram a intercalar entre o hospital e a Fraternidade de Luzerna, que prontamente os acolheu. Aliás, desde o domingo, Frei Nolvi e depois Frei Leo foram presenças constantes acompanhando minha recuperação. Até o bispo de Joaçaba, Dom Mário, fazia visitas periódicas. Eu estava relativamente bem. O diagnóstico geral do acidente era: fraturas no fêmur esquerdo (que aguardava a perna desinchar para nova cirurgia, esta para colocação de uma barra fixadora interna), fratura no esterno, duas costelas quebradas, fratura na mão esquerda, no quadril esquerdo e no tornozelo direito, além das fraturas nos sinos da face, que também aguardavam cirurgia de correção. Durante a semana recebemos a visita do Paulo, o motorista do carro que bateu em mim. Ele esclareceu que o acidente, assim como eu recordava, ocorreu numa reta. Ele também não estava em alta velocidade, cerca de uns 80km/h. Segundo ele, seu carro aquaplanou e

girou, batendo em mim com o eixo das rodas. Disse que recordava ter percebido que eu tirara o carro para o acostamento, mas que não tinha controle do seu carro. Da batida, o Peugeot em que ele estava capotou, ficando ele preso dentro do carro. E o Gol em que eu estava saiu da pista e desceu um barranco, cerca de 10, 12 metros, batendo por fim numa árvore. Logo em seguida ao acidente, passou uma van, que parou e seus integrantes chamaram os bombeiros. Embora seu carro não tivesse airbag, do acidente o Paulo só teve a clavícula quebrada, recebendo alta um dia depois. Ele já tinha feito boletim de ocorrência assumindo toda a culpa e já havia acionado o seu seguro também para minhas necessidades. A minha transferência para a Unimed demorou um pouco, mas na sexta-feira, dia 27/10, mudamos de quarto, o que melhorou muito a estadia, pois, devido à batida, eu estava com sintomas graves de enxaqueca, sentido dores devido ao barulho e às luzes também. No quarto mais confortável e sozinho, foi mais fácil tratar esses sintomas. Na terça-feira, 31/10, realizaram minhas cirurgias. Com anestesia geral, foram realizadas simultaneamente a correção da face, com implantação de duas telas de metal, e a substituição dos fixadores externos do fêmur por um interno. Após as quase quatro horas de cirurgia voltei direto ao quarto, com os médicos dizendo que o resultado foi melhor que o esperado. Na sexta-feira, 03/11, recebi alta no final da tarde, saindo do hospital no sábado de manhã e retornando à minha Fraternidade aqui em Lages.


Fraternidades Após uns dez dias, temos de marcar para retirar os pontos da face, e após uns quinze dias o ortopedista vai avaliar como está a fratura no tornozelo direito, a fim de eu poder começar a pôr o pé no chão. Por enquanto, só fisioterapia para desinchar a perna esquerda e fortalecer a respiração. Sinto-me bem, realmente, e cada dia mais restabelecido. A acolhida e o cuidado de minha Fraternidade certamente colabora muito para tudo isso. Minha irmã retornou já para sua casa, em Pato Branco, mas Frei Evaldo continua como meu muito atencioso cuidador e enfermeiro. Agradecimentos não são suficientes para os dois, por tanto empenho e carinho. Desde o acidente muitos frades ligaram ou enviaram mensagens de preocupação, também várias comunidades religiosas, especialmente as Irmãs Clarissas da Gávea, no Rio, e as daqui de Lages. Muito obrigado, principalmente pelas orações, que certamente foram e continuam sendo um alicerce nesse processo. Na volta pra casa pude ver o quanto minha Fraternidade esteve em comunhão comigo, e o quanto a comunidade também fez questão de participar de tudo isso. Frei José Lino, sempre preocupado até com os pequenos detalhes, Frei Tarcísio, assumindo os trabalhos extras da casa, Frei Vilmar também sempre próximo e presente, Frei Ervino, preocupado e rezando também. E Frei Evaldo, que sempre com muita preocupação está ali para antecipar qualquer necessidade. A todos os confrades da Província, especialmente aos que fizeram questão de me visitar no hospital, e aos que sempre estiveram em contato, meu muito obrigado pelas orações, pela torcida. Ainda tenho um longo caminho de recuperação, desde superar as dores até recuperar a mobilidade das pernas. Mas, não sozinho, um passo de cada vez. Paz e Bem!

EM São Paulo, MOSTRA com presépios de mais de 20 países

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om abertura no dia 3 de dezembro, a 28ª Exposição Franciscana de Presépios acontece no Santuário São Francisco, patrimônio histórico de São Paulo. A decoração nos shoppings e lojas de rua já denunciam: o Natal está chegando. E cumprindo uma tradição, vem aí mais uma Exposição Franciscana de Presépios, no Convento e Santuário São Francisco que, neste ano, chega à sua 28ª edição, com o tema “370 Anos da Casa de Francisco: a Casa do Presépio!”. Iniciada há quase três décadas, a exposição faz parte do calendário das festividades natalinas da cidade de São Paulo. A mostra será aberta ao público no dia 3 de dezembro, com a missa das 10h30, e ficará disponível para visitação gratuita até 7 de janeiro, no Salão São Dâmaso, no Claustro do Convento. São 30 conjuntos, originários de diversos países, e feitos dos mais diferentes materiais, de argila à sucata. Um dos des-

taques é uma reprodução vinda de Assis, na Itália. A obra, com 43 peças, é feita em argila e resina, e retrata, além da cena do nascimento de Jesus, a Assis da época em que Francisco viveu. “Uma verdadeira obra de arte”, relata o frei Alvaci Mendes da Luz, pároco e reitor do Santuário. No ano de 1223, na cidade italiana de Greccio, Francisco celebrou o Natal e encenou a vinda de Jesus ao mundo. O. “Francisco de Assis era um apaixonado pelo mistério da encarnação, por isso tem a delicadeza de representar o Natal pela primeira vez em forma de presépio!”, relata Frei Alvaci. A 28ª Exposição Franciscana de Presépios ficará aberta das 8h às 17h, de segunda a sábado, e aos domingos das 8h ao meio dia. Não haverá expediente nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e 1º de janeiro. O Convento São Francisco fica localizado no Largo São Francisco, 133, no centro de São Paulo, próximo à estação Sé do metrô.

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Frei Neuri conclui pós-graduação em Gestão de radiodifusão

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o último dia 27 de outubro, Frei Neuri Francisco Reinisch apresentou o artigo de conclusão do curso de pós-graduação, intitulado “O rádio na era da Convergência de Mídias: a busca por uma comunicação eficaz”. Neste trabalho foi apresentado o conceito de convergência dentro de três dimensões, isto é, evento tecnológico, cultura participativa e economia afetiva, e são destacados alguns elementos para que o rádio seja um meio da comunicação eficaz. O curso, feito à distância na UNINTER, foi de grande valia e abordou assuntos relativos à radiodifusão bem como algumas pistas para o futuro do meio radiofônico. Entre outras coisas se destacam a atualidade do rádio, com sua credibilidade e sua versatilidade, e os desafios de incorporação das mídias digitais no seu cotidiano. O curso de pós-graduação teve a duração de nove meses e foi de grande valia para a gestão das emissoras da Província! Agradeço à Província e à Fraternidade de Pato Branco pelo apoio e a oportunidade de poder continuar estudando! Frei Neuri Francisco Reinisch

INSCRIÇÕES PARA O CURSO FRANCISCANO DE VERÃO ESTÃO ABERTAS

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ealizado desde janeiro de 2008 pelo Centro Franciscano de Espiritualidade, departamento formativo dos Frades Menores Capuchinhos de São Paulo, em 2018 o Curso Franciscano de Verão acontecerá entre os dias 7 e 27 de janeiro, no Seminário Santo Antônio, em São Pedro - SP. O Seminário Santo Antônio já é conhecido por sediar grandes retiros das diversas esferas religiosas. Com administração própria, é uma casa de encontros que ao longo destes anos tem acolhido o Curso Franciscano de Verão desde a sua primeira edição. Os interessados em consultar a

programação do curso podem acessar o site do Centro Franciscano de Espiritualidade (http://centrofranciscano. capuchinhossp.org.br/noticias/218-

-curso-franciscano-de-verao-2018). Mais informações sobre valores e condições de pagamento também estão disponíveis na página.


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Ato Inter-Religioso reúne líderes pela paz

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ão é uma cena comum de se ver. Quem estava do lado de fora, certamente, estranhou quando viu uma mãe de santo, um monge budista e um sheik entrando no Convento e Santuário São Francisco. Já quem estava do lado de dentro, e acompanhou todo esse encontro, emocionou-se, principalmente no momento em que a “Oração de São Francisco” foi cantada pelo coral de Clara. O Ato Inter-Religioso pela Paz foi uma realização do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), que anualmente promove a Semana da Paz no mês de outubro, lembrando o encontro pela paz promovido pelo Papa João Paulo II na cidade de Assis, na Itália, em 1986. Na ocasião, diversos líderes religiosos afirmaram que todas as matrizes religiosas são responsáveis por difundir e apoiar a cultura de paz e da solidariedade. Este encontro foi tão importante que gerou um movimento chamado “Espírito de Assis”. E assim, inspirado em Francisco de Assis, que foi um homem essencialmente voltado para o encontro com o outro e com o diferente, um homem do diálogo e da paz, é que o Sefras promove todo ano este evento, que em 2017 teve como tema: “Pela Paz, contra todas as formas de violência”. Na noite da terça-feira, 31 de outubro, participaram neste ano: Mãe Caroline de Xangô, representando as religiões de matriz africana; sacerdote Brahma Mamesh, representando o Hinduísmo Hare Krishna), reverendo Jorge de Franca, representando a Igreja Episcopal Anglicana; monge Daniel Calmanowitd, representando o Centro Dharma da Paz - Budismo Tibetano; Sheikh Mohamad Al Bukai, representante da Religião Islâmica; Afonso Moreira Júnior, representando o espiritismo com Allan Kardec; e Frei Fidêncio Vanboemmel, representando

a Província Franciscana da Imaculada Conceição e a Família Franciscana do Brasil. Também fora convidado um representante da Igreja Luterana, mas em função das comemorações dos 500 anos da Reforma Protestante, também ocorrida no mesmo dia, não pôde estar presente. Logo no início, o ato teve como inspiração o “Canto das Três Raças”, de Clara Nunes, seguido da acolhida de todos os presentes por Frei Alvaci Mendes da Luz, pároco e reitor do Santuário. Para ele, a Igreja de São Francisco sempre estará aberta para os corações que promovem a paz. Em seguida, foi a vez de Frei Vitório Mazzuco, especialista em Teologia Espiritual e em Espiritualidade Franciscana, apresentar Francisco como homem da paz e da solidariedade. De forma rápida, mas profunda, cada representação religiosa falou sobre a paz, conforme sua confissão. Sheikh Mohamad Al Bukai, por exemplo, destacou que São Francisco, e tantos outros personagens ao longo da história da humanidade, como os profetas e Jesus Cristo, continuam vivos porque em vida propagaram a mensagem de viver para o outro. “Este é o verdadeiro segredo da eternidade”, completou.

Entre uma fala e outra, coube ao Coral de Clara, projeto desenvolvido pelo Sefras no bairro do Belém, animar o encontro. Já Frei Fidêncio, o último a se manifestar, disse que cada palavra soava como notas de uma mesma música, que, apesar das diferenças, estavam em harmonia, longe de desafinarem. Após essas manifestações, de mãos dadas, foi feito um minuto de silêncio em memória dos mortos pela violência e guerras, seguido de uma oração de cada líder, que, ao seu modo, pediu pela paz. No final, o coordenador do Sefras, Frei José Francisco de Cássia dos Santos, agradeceu aos presentes e convidou a todos para uma confraternização. Pascom Santuário São Francisco Dezembro / 2017 [Comunicações]

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RETIRO E ASSEMBLEIA NA FIMDA

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s frades da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (África) reuniram-se em Assembleia Capitular nos dias 9 e 10 de novembro. Antes, de 6 a 8, tiveram o Retiro Anual que os preparou para este momento especial na vida fraterna. Eles deixaram os trabalhos do cotidiano com suas preocupações e labutas (nas paróquias, seminários, missões e projetos sociais) para um tempo de descanso, fé e reflexão. Essa partilha da Palavra e na Eucaristia se deu na Casa São João de Brito, dos Padres Jesuítas, e contou com a significativa presença do nosso Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e do Vigário Provincial, Frei César Külkamp. Os frades começaram a chegar à casa de retiro pela hora do almoço do dia 6 de novembro, mas a abertura oficial aconteceu por volta de sete horas, quando todos nos reunimos junto ao altar da Eucaristia, onde o próprio Senhor alimenta os seus pobres. A Missa foi presidida pelo próprio Frei Fidêncio, que nos convidou a irmos

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além nos atos de amor que manifestamos, buscando servir aqueles que não nos podem retribuir, como Cristo, que nos amou quando o pecado nos encerrava entre seus inimigos. A terça-feira foi dedicada à leitura e reflexão do texto confeccionado pela Ordem dos Frades Menores a respeito dos eremitérios (Escutai e Vi-

vereis), que nos coloca diante de boas e incontornáveis questões a respeito de nossa vida de oração na fraternidade, enquanto o período da manhã da quarta foi ocupado pelo estudo do documento “Grito da terra, grito dos pobres...”, dado pelo Governo Geral da Ordem a todos nós como uma linha-guia na reflexão sobre a casa comum. Assim, com o almoço de quarta-

-feira, o retiro se encerrou para dar vez à Assembleia da FIMDA, no dia seguinte. De modo geral, foram momentos de descanso e revigoramento, de convivência fraterna e contato com nossa espiritualidade: um tempo da graça que o Senhor nos concede antes de enviar-nos de volta aos trabalhos da sua vinha! No dia 9 último, os frades da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola reuniram-se em Assembleia para avaliar e rever seus trabalhos e a vida fraterna em terras angolanas. O ato aconteceu numa sala do Mosteiro Sagrado Coração de Jesus, das Irmãs Clarissas de Luanda, no Bairro do Palanca. Após o café da manhã e a oração das Laudes, Frei Fidêncio indicou as principais motivações para esta Assembleia, entre as quais se encontra a aprovação da Ratio Oeconomica da Fundação Imaculada Mãe de Deus, bem como o Plano de Evangelização e Missão, respondendo aos pedidos do último Capítulo da Fundação e já tendo em vista o próximo. Fez menção


Evangelização ao aspecto da vida de oração e também ao cuidado com a casa comum, assuntos tratados durante o retiro. Frei César também dirigiu uma palavra aos frades, manifestando a sua alegria em encontrar os irmãos e apontando para um espírito de unidade que é importante construir entre a missão e o projeto de evangelização de toda a Província. Ele vê como essencial a aprovação do projeto de evangelização, instrumento que possibilita estreitar laços entre a FIMDA e a Província. Enfatiza que todo este trabalho é fundamental e facilita o funcionamento da fraternidade como um todo, na construção de um sentido de pertença na vida dos frades. Frei José Antônio dos Santos, presidente da FIMDA, apresentou seu relatório, apontando alguns pontos, já apresentados na Conferência Africana, tendo em vista analisar o projeto de evangelização e a experiência de uma economia comum na vida da Fundação, em seus vários aspectos. Tomando a palavra, Frei Laerte, secretário da Evangelização, e Frei Marco Antônio, secretário para a Formação e Estudos, apresentaram o plano de Evangelização e Missão. Frei Laerte apresentou o horizonte do qual emergiu a redação do documento, com base no texto aprovado para o plano da Província, bem como as referências textuais provindas da Igreja na África, principalmente da CEAST (Conferência Episcopal de Angola e São Tomé). Depois disso, Frei Marco Antônio assumiu a palavra, esclarecendo a importância deste projeto na entidade, afirmando que este documento coordena a formação e garante uma identidade carismática que nos caracteriza e nos une, tendo em conta a pluralidade cultural dos irmãos que constituem nossas fraternidades. A Ratio Oeconomica foi outro documento apresentado, estudado, debatido e aprovado. Frei Jefferson Palandi

Broca, ecônomo da FIMDA, iniciou a apresentação esclarecendo que o texto elaborado tem suas bases no texto produzido na Província. Apresentou a estrutura geral do texto, explicando cada item. Fez entender também que o texto procura evidenciar o que cabe a cada um no momento de administrar bens móveis e imóveis dentro da nossa Fraternidade, bem como a gestão de serviços, para saber quem administra e a quem se deve prestar contas, na tentativa de gerar uma clareza financeira nos trabalhos que realizamos. Frei Fidêncio reforçou a importância deste documento, relembrando o apelo do próprio Ministro Geral da Ordem, Frei Michael Perry, que deseja nos impelir à honestidade e transparência neste aspecto. Afirmou que um trabalho neste campo colabora para nosso testemunho evangelizador. Outros pontos, como a visita canônica, voluntariado leigo, formação para os novos missionários, noviciado em terras angolanas e o processo de transformar a Fundação em uma Custódia foram discutidos e encaminhados. A Assembleia como um todo correu de forma muito tranquila, na alegria do convívio fraterno, na força da oração e na transparência das discussões. Demos graças a Deus por estes dias de oração, meditação, conversas, decisões e projeções para o futuro promissor da Fundação. Equipe de Comunicação da Assembleia Dezembro / 2017 [Comunicações]

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Frente da Comunicação reflete sobre juventudes e mídias digitais

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uventude, novas mídias e as múltiplas mudanças na comunicação” foram os temas que dominaram o primeiro dia da quinta edição do Encontro Provincial da Frente de Evangelização da Comunicação, no Convento São Boaventura de Rondinha (PR), na terça-feira (24/10). Para tratar desses temas, o evento contou com a assessoria do mestre e doutor em Ciências da Comunicação, o gaúcho Moisés Sbardelotto, que lançou em julho último o livro “E o Verbo se fez Rede – Religiosidades em reconstrução no ambiente digital”. No final do dia, Frei Diego Melo e Gabriel Dellandrea, coordenadores das ações com a juventude na Província, através do Serviço de Animação Vocacional, relataram como é feito esse trabalho através das mídias sociais.

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O Encontro teve início com a Celebração Eucarística, às 7h15, em memória pelo sétimo dia de falecimento de Frei Nelson Rabelo, que todos os anos estava presente no evento como Diretor de programação da Fundação Celinauta. Frei Neuri Reinisch,

Presidente da Fundação Celinauta, presidiu a Santa Missa e Frei Gustavo Medella, coordenador da Frente da Comunicação, fez a homilia homenageando o profissional e confrade Frei Nelson e dando as boas vindas aos participantes do evento. Tomando


Evangelização por base o Evangelho do dia (Lc 12), Frei Medella falou da importância de estarmos vigilantes em nosso tempo e, principalmente, saber escutar em meio ao excesso de informações que circulam no mundo, especialmente nas redes sociais. O encontro reuniu profissionais e pessoas ligadas à comunicação em diferentes áreas da Província: Fundação Celinauta de Pato Branco, (TV e Rádio), Fundação Frei Rogério (Curitibanos), Editora Vozes, Associação Bom Jesus e FAE, Universidade São Francisco, Comunicação da Sede Provincial, Fraternidade de Rondinha e Paróquia Nossa Senhora Aparecida, de Nilópolis (RJ). O Vigário Provincial Frei César Külkamp saudou a todos e explicou que o Ministro Provincial também gostaria de se fazer presente, mas devido às celebrações de Frei Galvão, ele tinha compromissos tanto em São Paulo como em Guaratinguetá. Moisés propôs aos participantes um encontro de partilha e provocações. “Tudo que nós comunicamos de algum modo é evangelização”, lembrou. O palestrante abordou a questão das juventudes (no plural) e as realidades juvenis de hoje, o conceito de digitalização e como os jovens vivem isso no seu cotidiano, na sua vida pessoal, e as mudanças na comunicação, não só nas práticas mas no conceito. Para falar de juventudes, lembrou os dados do último Censo (2010), que mostram ainda uma população relativamente jovem no Brasil. “Os jovens são um quarto da população total do Brasil. Uma cifra bastante significativa”, observou, explicando que o IBGE considera como jovens aqueles que têm de 15 a 29 anos.

Outros dados são que a maioria dos jovens é urbana e trabalha. “Se a gente quer pensar a evangelização hoje, trata-se de um grupo focal, vamos dizer assim”, analisou, indicando como base de sua palestra três documentos: “Juventude e Contemporaneidade”, um trabalho em conjunto da Anped e Unesco; “Gritos silenciados, mas evidentes”, do Pe. Hilário Dick, que é da Unisinos e foi um dos primeiros assessores da Pastoral da Juventude da CNBB e tem uma longa caminhada com a juventude; e o tema que o Papa lançou para o próximo Sínodo de 2018: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Para o palestrante, os jovens são sempre trabalhados, estudados ou vistos como um grupo social que não se enquadra como aquilo que é considerado normal dentro da sociedade. “É uma crítica que fazem no primeiro documento, porque em geral os jovens são vistos como aqueles que resistem à ação socializadora. A sociedade em geral tenta padronizar os costumes, as práticas, e os jovens são sempre aqueles que resistem, fogem do padrão normativo. Um dos artigos deste documento vai analisar

exatamente as tradições que vão aparecendo ao longo da história. O jovem tem uma tradição boêmia, que se entrega às drogas ou alguém que exagera e leva para o radicalismo as questões que já estão presentes na cultura”, destacou. “Mas por outro lado, o jovem é idealizado como a promessa da juventude. As mídias em geral e o mercado tentam apontar para a juventude o seu foco de interesse, porque aí eles vão poder movimentar a economia”, lembrou, ponderando que esses dois extremos vão contra a evangelização da Igreja. “Por um lado, os jovens são vistos como decadência e, por outro, são vistos como esperança”. Segundo o palestrante, isso está baseado numa sociologia funcionalista: que função os jovens podem desempenhar na sociedade para que ela seja melhor? Não se tem uma preocupação pelos jovens, para que sejam bons cidadãos, mas como a sociedade pode usar os jovens para que eles melhorem a sociedade. “Então, são sempre perspectivas de uso dos jovens. Muitas vezes jogamos os problemas nos jovens. Mas a gente não problematiza a nossa ação: será que estamos usando a linguagem que eles querem?”, ressaltou. Moisés observou que, para o jovem dizer quem ele é, precisa dizer que ele não é. “E como ele faz isso? Através de várias mediações. São as marcas visíveis: a música, a moda, gadgets, tecnologia… Nessa fase ele precisa botar para fora o que está descobrindo. E faz isso pelas mediações. E aqui entra muito fortemente o papel dos meios de comunicação. São eles que fornecem as mediações, essas construções simbólicas por onde o jovem deve ir”, disse, exemplificando Dezembro / 2017 [Comunicações]

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com música, que é internacionalizada e, no caso do sertanejo, que era local, hoje também se disseminou pelo Brasil inteiro. Para o assessor, a sociedade tem essa ambivalência ou choque de culturas. Tribos juvenis querendo conquistar espaços na sociedade, mas ela, por sua vez, exigindo que entrem num padrão normativo. E os meios de comunicação têm, de certo modo, que fazer esse meio de campo. A escola, a família e o Estado continuam pensando a juventude apenas como uma “categoria de trânsito”, de transição e preparação para o futuro. “Ou seja, o jovem de certo modo não tem valor. Só vai ter valor quando for adulto e corresponder aos padrões daquela cultura”, indicou. Será que a Igreja, perguntou o palestrante, também não pensa muitas vezes assim? Ou seja, o jovem não existe como ser. Ele vai ser quando ele for pai de família, padre, freira, etc. Para os jovens, ao contrário, o seu ser-saber-fazer está ancorado no presente. “Eles vivem o momento. Essa ideia foi captada pelo mercado e pelo entretenimento. O que o mer-

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cado faz? Você, jovem, pode ter esse carro agora, essa roupa agora…”, disse Moisés. Segundo o documento citado por Sbardelotto, quando os jovens são assunto dos cadernos destinados aos “adultos”, no noticiário, em matérias analíticas e editoriais, os temas mais comuns são aqueles relacionados aos “problemas sociais”, como violência, crime, exploração sexual, drogas, ou as medidas para dirimir ou combater tais problemas. “Quando a gente se preocupa com os jovens, a gente se preocupa com eles, com as preocupações deles, ou a gente quer se aproveitar dos jovens para renovar as instituições? A preocupação no fundo é a instituição. É o partido político, a Igreja, a Paróquia, etc. Qual interesse nós temos ao trabalhar com os jovens?”, acrescentou. Citando o livro “Gritos silenciados, mas evidentes”, Pe. Hilário Dick vai resgatar vários pontos de vista sobre a juventude. Pondera como estas visões influenciam até hoje a interação entre e com a juventude. Neste livro, o autor diz que nunca a juventude foi tão “violentamente”

manipulada pelos meios de comunicação como agora. Temos “juventude” quando temos jovens organizados e articulados. “Os jovens se tornam juventude quando estão organizados e lutam por objetivos comuns”, disse Moisés.

COMO O JOVEM É PENSADO PELA IGREJA

Por último, Sbardelotto falou sobre o documento preparatório para o próximo Sínodo dos Bispos e destacou o capítulo “Os jovens no mundo de hoje”, que recorda que a juventude, mais do que identificar uma categoria de pessoas, é uma fase da vida que cada geração volta a interpretar de modo singular e irrepetível. Para Moisés, a velocidade dos processos de mudanças e de transformações caracterizam as sociedades e culturas. “A combinação entre elevada complexidade e rápida mudança faz com que nos encontremos num contexto de fluidez e de incerteza jamais experimentado precedentemente”, destacou. “O que vai ser da minha vida, o que vai ser da família?”. Segundo o documento, “não podemos


Evangelização nem queremos abandonar os jovens às formas de solidão e de exclusão às quais o mundo os expõe”. Neste mundo de elevada complexidade, os jovens caminham rumo a uma geração hiper(conectada). “Hoje as jovens gerações são caracterizadas pela relação com as modernas tecnologias da comunicação e com aquilo que normalmente é chamado de ‘mundo virtual’, mas que também tem efeitos muito reais. Ele oferece possibilidades de acesso a uma série de oportunidades que as gerações precedentes não tinham, e ao mesmo tempo apresenta riscos”, citou. Para a pastoral, os jovens são sujeitos e não objetos. Na prática, eles são muitas vezes tratados pela sociedade como uma presença inútil ou inoportuna: a Igreja não pode reproduzir esta atitude, porque todos os jovens, sem exclusão alguma, têm o direito de ser acompanhados no seu caminho. Aos olhos da fé, o nosso tempo exige um crescimento na cultura da escuta, do respeito e do diálogo.

O MUNDO DIGITAL

Usando dados da Global Digital Snapshot 2017, Sbardelotto mostrou que no mundo, o Brasil ocupa a segunda colocação entre os países com mais tempo gasto em frente ao computador, perdendo apenas para as Filipinas. “Por trás desses números estão os jovens”, lembrou. No contexto da evangelização através das novas mídias, Moisés lembrou que a Igreja não ficou só nas mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Em 2001, o Papa João Paulo II enviou o primei-

realidade só podem ser os da boa notícia: partir da Boa Notícia por excelência, ou seja, o ‘Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus’ (Mc 1, 1)”.

CAMINHANDO COM OS JOVENS

ro e-mail para toda a Igreja; em 1995 foi inaugurado o site da Santa Sé; em 2011 nasceu o News.va e o primeiro twit papal; em 2012, o Papa Bento XVI teve a sua primeira conta na rede social; em janeiro de 2013, foi lançado o APP do Vaticano; em 2014, foi feita a primeira conferência numa plataforma do Google; e em janeiro de 2016, o primeiro vídeo do Papa. A mensagem deste ano, contudo, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais resume bem o esforço evangelizador da Igreja nas novas mídias. “A vida do homem não se reduz a uma crônica asséptica de eventos, mas é história, e uma história à espera de ser contada através da escolha de uma chave interpretativa capaz de selecionar e reunir os dados mais importantes. Em si mesma, a realidade não tem um significado unívoco. Tudo depende do olhar com que a enxergamos, dos ‘óculos’ que decidimos pôr para ver: mudando as lentes, também a realidade aparece diversa. Então, qual poderia ser o ponto de partida bom para ler a realidade com os ‘óculos’ certos? Para nós, cristãos, os óculos adequados para decifrar a

Frei Diego Melo e Frei Gabriel Dellandrea acompanham os jovens que se interessam em conhecer mais a fundo a vida franciscana, com a possibilidade de ingressar na Ordem Franciscana e também coordenam as ações com a juventude da Província da Imaculada. “Por força das atividades com os jovens, a gente tem tentado entrar nesse universo das grandes mídias e nesses veículos para tentar estabelecer um diálogo com eles. Estou no Serviço de Animação Vocacional desde 2012. São seis anos. Ao longo deste tempo, a gente foi percebendo o quanto toda a evangelização com os jovens passava por essas mídias”, contou o frade, que tem duas grandes atividades com a juventude: as Missões Franciscanas, que acontecem sempre em janeiro, e as Caminhadas Franciscanas. “As mídias sociais são administradas pelos próprios jovens”, revela Frei Diego. “Eles pensam a partir da própria lógica deles”, ensina. “Em 2014, na primeira atividade, elaboramos uma carta e enviamos para os frades das Paróquias fazerem a divulgação. A adesão foi muito baixa. Depois, muitos jovens, com os quais tivemos contato pelo Facebook, nos disseram que queriam ir mas não estavam sabendo. Foi aí que percebemos que para chegar aos jovens, o caminho mais fácil e direto seriam as mídias sociais”, explicou. Desde então, o trabalho só se intensificou. Hoje, as MisDezembro / 2017 [Comunicações]

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Evangelização o excesso de informação recebido diariamente através dos smartphones, sites, etc. “A gente é inundado de dados e informações. A gente se satisfaz com a mera informação, não damos um salto para o conhecimento, muito menos para a sabedoria”, afirmou. Para ele, a sobrecarga de informação recebida diariamente impede o receptor de relacionar estas informações, gerando uma opinião pessoal. Para encerrar, o palestrante apontou quatro desafios para os comunicadores:

sões têm um aplicativo próprio. “Nesse trabalho com a juventude, você tem que fazer uma opção de fato por essa causa jovem e entender o universo deles e estar dentro do universo deles. Desde o aconselhamento amoroso-afetivo até o jovem que pediu uma orientação sobre o que era ‘igreja em saída’. Ele queria saber quem estava saindo da Igreja. Das coisas mais elementares da catequese até grandes confissões acontecem na informalidade do celular”, contou. “Vieram me contar da alegria que tiveram ao entrar em contato com o Frei Fidêncio (Ministro Provincial). A figura hierárquica distante de repente se torna tão próxima a esta realidade. A demanda é muito grande, mas a gente tem tentado estar próximo a eles”, completou.

DESAFIOS E RISCOS DA COMUNICAÇÃO

Na quarta-feira, 25, os participantes refletiram sobre os desafios da comunicação, tendo sempre em vista a juventude, tema que norteou as palestras desde a manhã do dia anterior. Moisés Sbardelotto animou os participantes a olharem com es-

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perança para as novas tecnologias. Segundo ele, muitas vezes tem-se a falsa visão de que a tecnologia afasta as pessoas, quando na verdade o que surgiu foi uma mudança no modo de se relacionar. “Por trás dos aparatos tecnológicos, está presente a relação, a comunicação. Talvez precisamos mudar nossa concepção da cultura, das relações para poder enxergar isso com outros olhos”, afirmou Sbardelotto. Um dos riscos apontados pelo gaúcho foi o tecnicismo, ou seja, imaginar que a tecnologia resolverá todos os problemas. “Se a gente não tem uma perspectiva comunicacional por trás, a tecnologia não vai servir para nada”, afirmou. E apontou três riscos no modo de se relacionar com a tecnologia: absolutismo, fetichismo e solucionismo. O palestrante ressaltou a importância de perguntar-se: por que investir em tecnologia? Para quê? “Quando a gente entende os porquês e os para-quês, a gente vai ter uma presença muito mais eficaz e efetiva”, acrescentou. Outro desafio apontado por Moisés Sbardelotto foi a sobreinformação,

1. Desafio da boa informação: Como comunicar uma boa informação? O Papa Francisco apontou três grandes pecados da mídia, os quais os comunicadores precisam evitar: a desinformação, a difamação e a calúnia. 2. Desafio da boa nova: Ler os fatos do presente com a lente de uma boa notícia, ter esperança diante dos acontecimentos, perceber a ação de Deus diante da realidade. 3. Desafio de Aparecida: Assim como os pescadores fizeram há 300 anos, transformar a ação comunicacional em comunidade. Os pescadores não saíram com peixes nas redes, mas a imagem de Nossa Senhora, formando a partir desta ação uma nova comunidade. Muitas vezes a ação comunicacional não vai render audiência, “likes”, mas vai transformar a realidade daquele que recebe. 4. Desafio de Santo Ambrósio: Nunca perder as raízes, a tradição. Buscar as coisas novas sem perder as coisas antigas. Uma árvore sem raízes não sobrevive, uma árvore sem flores, sem colorido, não cha-


Evangelização

ma a atenção. As flores são passageiras, a raiz é permanente. Assim deve ser a comunicação, com valores sólidos.

FRENTES DE EVANGELIZAÇÃO

Frei César Külkamp, Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização, fez uma fala apresentando o Plano de Evangelização da Província. Ele explicou cada uma das 5 Frentes: Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento; Educação; Comunicação; Solidariedade para com os empobrecidos e Missão, destacando de modo especial a Comunicação. Ele apresentou um breve histórico da Comunicação na Província, desde as primeiras ações em 1901, com a fundação da Tipografia da Escola Gratuita São José, hoje Editora Vozes; também com a fundação de jornais em Lages (Cruzeiro do Sul, em 1902), em Curitiba (Der Kompass, 1902) e Rodeio (L’Amico, 1902). Ele salientou que todas as ações feitas em todas as

Frentes têm como horizonte o serviço da vida evangélica e da missão. O Secretário falou ainda da importância dos leigos em todas as Frentes de Evangelização e dos apelos da Ordem dos Frades Menores. “Nos nossos trabalhos, o leigo não é compreendido como um suplente. Ele compartilha da missão, porque o nosso modo de estar, de trabalhar, já é anúncio, já é evangelização. Os leigos nos ajudam a compreender o carisma e, na atuação, a desenvolverem melhor como deve ser a nossa presença franciscana no mundo de hoje”, acrescentou. Frei César destacou ainda a importância de olhar para além da realidade provincial, ampliando o horizonte para outras necessidades, como a questão ambiental, sobretudo na Amazônia, com o desmatamento e assoreamento dos rios, a questão dos refugiados e a mineração. O frade afirmou a importância do trabalho em rede dentro de cada

uma das Frentes de Evangelização e também a necessidade da integração entre as Frentes. Para ele, o Encontro fortalece o trabalho em rede e faz com que os participantes se tornem multiplicadores do modo de ser franciscano, não se detendo na ação, no como fazer, mas refletindo o como e o porquê. “A gente não quer simplesmente ter mais uma rádio, mas se é um mecanismo de evangelização, de estar no meio da cultura, é válido. Não só transmitindo uma programação religiosa, mas no modo de transmitir notícias, no modo de estar em cada um destes lugares, ser sinal de fraternidade, de minoridade, de valores do Evangelho”, concluiu. Na Celebração Eucarística, presidida por Frei César Külkamp e concelebrada por Frei Rodrigo Silva, mestre e coordenador de Formação Inicial e Frei Ary Pintarelli, recordou a memória de Frei Galvão, santo celebrado neste 25 de outubro. Em sua homilia, Frei César recordou a vida e obra de Frei Galvão e destacou a proximidade dos frades com o santo, que nasceu em Guaratinguetá e morou muitos anos em São Paulo, no Convento São Francisco. Ao final, Frei Gustavo Medella, coordenador de Frente de Evangelização da Comunicação e Definidor Provincial, agradeceu os presentes e animou a todos nos trabalhos locais. Frei Augusto Luiz Gabriel, Érika Augusto e Moacir Beggo

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Evangelização

USF promove Festival “Cultura da Paz” no mês Franciscano

A

Universidade São Francisco (USF) realizou durante todo o mês de outubro atividades culturais, celebrando ao Mês Franciscano. As ações fizeram parte do Festival “Cultura da Paz” e ocorreu nos campi de Bragança Paulista, Campinas e Itatiba. Alunos, professores e colaboradores participaram de atividades musicais, de expressão e atuação, que traçam a trajetória da USF, sempre em consonância

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com a missão e valores franciscanos. Entre os destaques da programação estava o USF em Ação – Educação e Cidadania, que ocorreu em todas as cidades que possuem Campus da

USF. A população pôde participar das atividades do Circuito Saúde que leva orientações de bem-estar e serviços gratuitos à população e bênção dos animais. Outras atividades realizadas durante todo o mês foram: Oração pela Paz (preces inter-religiosas pela paz no mundo), Curta o Curta Mostra de Curta Metragens, Alto e Bom Som, Contação de Histórias, Exposição Ação Cultural sobre o Uso Racional de Medicamentos.



Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados

DEZEMBRO 01 e 02

Celebração dos Jubileus (São Paulo - São Francisco);

02 a 04

Encontro do Regional de Curitiba-Recreativo (Caiobá);

04

Encontro do Regional São Paulo (Bragança Paulista);

04 e 05

Encontro do Regional de Pato Branco;

11 a 13

Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí – recreativo (Blumenau - SC);

13

Encontro do Regional de Curitiba - recreativo (Caiobá);

16

Ordenação Presbiteral do Frei Vanderlei da Silva Neves ( Largo São Francisco, - São Paulo - SP)

18 e 19

Encontro Regional do Leste Catarinense recreativo (Santo Amaro da Imperatriz);

2018 Janeiro

JUNHO

08 15 17 a 21

19 a 21

Primeira Profissão dos noviços (Rodeio, SC); Vestição dos noviços (Rodeio, SC); Missões Franciscanas da Juventude (Agudos e Bauru - SP);

FEVEREIRO 07 20 a 22

MARÇO 05

JULHO 02 a 13 19 a 22

Ingresso no Postulantado (Guaratinguetá, SP); Reunião do Definitório Provincial (São Paulo);

Encontro do Regional de Pato Branco I etapa do curso para Formadores, animadores do SAV e guardiães pela CFMB (Petrópolis);

14 a 16 28 e 29

10 e 11

Reunião dos guardiães e coordenadores das Fraternidades (Agudos);

12 a 13 17 a 19

Reunião do Definitório Provincial (Agudos); Assembleia da CFMB (Brasília);

23 e 24

Reunião da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento;

Assembleia da CFMB (Santarém);

OUTUBRO 16 a 18 22 a 27 28 a 02

MAIO

Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); Reunião da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, com leigos(as);

SETEMBRO 24 a 28

ABRIL

II etapa do curso para Formadores, animadores do SAV e guardiães pela CFMB (Petrópolis); Encontro Nacional da Juventude (Vila Velha ES);

AGOSTO

(Chopinzinho);

05 a 17

Reunião do Definitório Provincial (São Paulo);

Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); III Congresso Franciscano para a AL (Guatemala); Reunião da UCLAF;

novembro 12 a 21

Capítulo Provincial.


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