"Comunicações" Dezembro de 2020

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//revista DEZEMBRO DE 2020 ANO LXVIII • N o 12

PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL

PROFISSÃO SOLENE NA PROVÍNCIA


//sumário PROFISSÃO SOLENE EM PETRÓPOLIS

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MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL

“Esperançosos, mas cuidadosos”, de Frei César Külkamp............... 723 “Maria Imaculada e Mãe de Deus”, mensagem de Frei Gustavo Medella ..................................................................................... 725

FORMAÇÃO PERMANENTE

Carta Apostólica “Patris Corde” para o “Ano São José” ..................... 727 “Encontrando esperança no meio da pandemia da Covi-19”, carta do Ministro Geral............................................................. 734 “O Natal de Maria e José”, de Frei Luiz Iakovacz.................................... 736

FORMAÇÃO E ESTUDOS

Profissão Solene em Petrópolis....................................................................... 738 Renovação dos Votos no tempo da Teologia......................................... 744 Renovação dos Votos na FIMDA..................................................................... 746 Nove frades serão ordenados diáconos.................................................... 748 Na festa da Imaculada, 17 jovens do tempo da Filosofia renovam os votos......................................................................... 750 Noviços fazem a Primeira Profissão em Rodeio.................................... 752 O ano formativo na FIMDA................................................................................ 754 Primavera vocacional traz alegria e esperança na Missão de Angola ............................................................................................ 756 Sete noviços são acolhidos no dia 5 de janeiro em Rodeio.......... 758 “A Vida Franciscana precisa colocar-se no mundo” ............................ 760 “Gratidão” é a palavra ouvida no encerramento do Postulantado....................................................................................................... 761

FRATERNIDADES

FRATERNIDADE DE BRAGANÇA PAULISTA CELEBRA JUBILEUS

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Sorocaba: Paróquia Santo Antônio celebra o IV Dia Mundial do Pobre................................................................................. 763 Dom Diamantino celebra 80 anos................................................................ 764 Fraternidade de Bragança Paulista celebra jubileus.......................... 766 Ministro Provincial celebra 25 anos de sacerdócio............................ 770 Jubileus de Frei Marcos e Frei Ivo em Petrópolis................................. 772 Jubileu de Vida Religiosa de Frei Carlos Ignácia.................................. 774 Frei Alcides Cella celebra 60 anos de sacerdócio................................ 775 Frei Pedro Caron: Missão pautada pela fé................................................. 776 Frei Ervino celebra 73 anos de vida religiosa.......................................... 777

EVANGELIZAÇÃO

PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL Rua Borges Lagoa, 1209 CEP 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br

“Leigos e Frades e a missão franciscana na Educação”, tema do encontro ampliado da Frente de Educação....................... 778 Vozes: Mosé e Cortella na Semana de Filosofia Vozes...................... 782 “Vá para casa, profeta!”, artigo de Frei Frei Adolfo Temme............. 784

FALECIMENTOS

Frei José Monteiro Carneiro............................................................................... 785 Frei Estevam Gomes Pereira.............................................................................. 786

AGENDA .................................................................................................... 787


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aros confrades e leitores de Comunicações, Paz e Bem!

“A história da salvação realiza-se, ‘na esperança para além do que se podia esperar’ (Rm 4,18), através de nossas fraquezas. Muitas vezes pensamos que Deus conta apenas com nossa parte boa e vitoriosa, quando na verdade, a maior parte dos seus desígnios se cumpre através e apesar da nossa fraqueza” (PAPA FRANCISCO, Carta Apostólica Patris Corde). A afirmação do Santo Padre, na Carta que escreveu por ocasião do 150º Aniversário da Declaração de São José como patrono Universal da Igreja, sintetiza a experiência de fé que nossa Fraternidade Provincial viveu em 2020. A fé numa salvação que nasce do que é fraco, precário e imprevisível foi nossa companheira constante e necessária na caminhada deste ano marcado pela pandemia do novo coronavírus. Muitas vezes ficamos sem saber o que fazer diante da dureza e da gravidade dos fatos.

//mensag gem

Esperançosos, mas cuidadosos


//mensagem Privados da celebração pública dos grandes momentos da liturgia, certamente ficará marcado para sempre em nossa memória o modo inusitado pelo qual mergulhamos nos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor. Foi preciso às pressas improvisar um novo modo de sermos Igreja e Província. Tivemos de usar a criatividade para nos mantermos fraternalmente próximos numa circunstância que de nós exigia distância social e recolhimento pessoal. Com todas as fragilidades e contradições que carregamos, rendemos graças a Deus pela oportunidade que Ele nos concedeu de sermos, em nossas fraternidades, alento e consolo à dor de tantos que perderam seus entes queridos, de sermos construtores de pontes de solidariedade que levaram alimento a tantos irmãos e irmãs cujas possibilidades precárias de sustento se esvaíram da noite para o dia com a chegada do vírus. Em cada uma de tantas iniciativas, contamos com a ajuda incansável e generosa de muitos irmãos e irmãs, entre trabalhadores, lideranças e voluntários que, embora também enfrentassem suas lutas e medos pessoais, desde sempre perceberam que, mesmo em tempos de pandemia, a missão não poderia parar. E não parou. Também colhemos os frutos generosos da graça de Deus em nossa caminhada formativa. As etapas foram cumpridas dentro das possibilidades do momento, tanto no Brasil quanto em Angola. Celebramos a profissão solene de cinco irmãos que muito nos alegraram com seu “sim” definitivo na Ordem dos Frades Menores. Também teremos ainda a alegria de celebrar neste mês de dezembro (dia 19) a ordenação diaconal de oito confrades que

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já estão transferidos para a missão em nossas fraternidades. Quanto aos jubileus, percebemos que a criatividade e o zelo fraterno nos permitiram contornar a impossibilidade de realizarmos juntos uma celebração provincial. Na Fraternidade de Bragança Paulista, junto a nossos idosos, e nas diferentes fraternidades, tivemos a alegria de celebrar o júbilo de tantas vidas doadas. No desafiante ofertório celebrado sobre o altar de 2020, também não podemos deixar de mencionar a vida dos quase 30 confrades que foram acometidos pela Covid 19. Mais recentemente, acompanhamos a luta de Frei Vilmar Alves, que passou 45 dias internado em Lages, SC, e que recebeu alta no dia 11 de dezembro, de Dom Frei Luiz Flávio Cappio, ainda internado em salvador, BA, e a partida para a eternidade de Frei Estevam Gomes Pereira – nosso estimado “Frei Estevinho” – e Frei José Monteiro Carneiro, ocorridas em dois dias seguidos (14 e 15 dezembro), em Campo Largo, PR, e em Mangueirinha, PR, respectivamente. Olhando para o ano que passou e iluminados pelo sentido do Natal do Senhor que se aproxima, rendamos graças a Deus pelos frutos desta exigente colheita que vivemos juntos em 2020. Desejamos também lançar nosso olhar de esperança para o ano de 2021 que logo se iniciará. O momento ainda é de grande cuidado e atenção pela vida. Precisamos nos manter firmes e esperançosos, mas também cuidadosos. A toda a Fraternidade Provincial o meu abraço e minhas orações de ministro e servo, confiando-me também às preces de cada um dos estimados confrades.

Frei César Külkamp, ofm Ministro Provincial


mensagem//

MARIA IMACULADA E MÃE DE DEUS stimados confrades de nossa Província e das outras entidades da Ordem dos Frades Menores no Brasil. Queridas Irmãs Clarissas e nossas Irmãs Concepcionistas, Irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular e da Juventude Franciscana, Colaboradores, voluntários, lideranças e todas as pessoas envolvidas conosco no dia a dia de nossa Missão Evangelizadora nas Paróquias e Santuários, na Comunicação, na Educação, na Solidariedade com os Pobres, nas Missões em Angola e em outras partes do Brasil e do mundo. Maria, predestinada a ser a Mãe do Salvador, desde a sua concepção foi preservada da mancha do pecado original. Privilégio único e exclusivo daquela que fora escolhida para gerar o Verbo Encarnado em favor da humanidade e do mundo. A verdade que o Povo de Deus sempre carregou no coração desde as origens do Cristianismo foi tema de estudo para muitas gerações de teólogos. Estes estudiosos, atentos à sabedoria divina cultivada a partir da piedade simples do povo, fizeram grande esforço para discernir e acolher esta verdade de fé que, em 1854, foi proclamada solenemente como dogma pelo Papa Pio IX. Um dos principais personagens deste percurso teológico foi o Bem-aventurado Frei João Duns Scotus, frade franciscano, filósofo e teólogo que viveu no final do século XIII. Ele está sepultado na cidade de Colônia, na Alemanha

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//mensagem e, sobre seu túmulo, uma inscrição descreve as coordenadas geográficas de sua vida e missão: “a Inglaterra o acolheu; a França o instruiu; Colônia, na Alemanha, conserva os seus despojos mortais; na Escócia, ele nasceu”. Ao defender e explicitar a Concepção Imaculada de Maria, um dos principais argumentos que Duns Scotus apresentou foi o da “Redenção Preventiva”, obra salvífica realizada pelo próprio Cristo preservando sua Mãe da mancha do pecado original já antes da concepção. Mistério de um amor que se antecipa e transcende os limites do tempo e do espaço. E é justamente sobre o tema desta prevenção amorosa que gostaria de tratar por ocasião desta Solenidade tão importante na vida da Igreja e de modo especial na história de nossa Província, da qual Maria Imaculada é Mãe e protetora. Deus se antecipa no amor. Aí está a chave para compreendermos o mistério da Imaculada Conceição. Maria, ao perceber esta ousadia amorosa de Deus, também escolheu antecipar-se no amor e no serviço a todos que d’Ela pudessem precisar. Assim foi quando tomou a iniciativa de andar quilômetros a fio, subindo e descendo morros sob o sol, para fazer companhia e ajudar sua prima grávida Isabel nas tarefas domésticas. Certamente nem esperou receber o convite ou o pedido. Assim que soube da novidade, ela, também grávida, partiu para ser presença amorosa e disponível na vida de sua prima anciã. Nas bodas de Caná, uma história parecida. Ela mesmo percebeu o constrangimento pela falta de vinho na festa e se antecipou, mais uma vez sem ninguém solicitar, em pedir a intercessão divina de seu Filho para que a Festa não viesse a terminar antes da hora. “Eles não têm mais vinho”, disse Nossa Senhora a Jesus, mostrando a Ele, que já era um adulto, o caminho da antecipação amorosa de quem aprende a não esperar para fazer a graça da Salvação acontecer. Muitos cristãos e cristãs assimilaram a lição da “Redenção Preventiva” ensinada por Deus na Imaculada Conceição de Maria. São Francisco de Assis, por exemplo, tinha clareza de que a primeira e decisiva iniciativa de amor nasce de Deus. Ao ser humano, infinitamente amado, resta viver os seus dias num profundo espírito de reconhecimento e gratidão, sempre buscando antecipar-se na prática e na construção do bem. É a partir desta compreensão que Francisco faz as suas escolhas, organiza sua vida e instrui os seus irmãos. Pede a seus confrades que eles se cuidem mutuamente com

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zelo de mãe, que jamais deixem um pobre abandonado à deriva, que sejam capazes de renunciar às próprias vontades em favor do bem do próximo e da fraternidade. Santa Clara também viveu profundamente esta dinâmica da antecipação. As fontes históricas dão testemunho de sua disposição em assumir os serviços mais simples do mosteiro e o cuidado atencioso das irmãs idosas e doentes lavando, inclusive, os recipientes onde tais irmãs depositavam suas fezes e urina. Mais uma vez, Clara não esperava que ninguém pedisse a realização de tais tarefas, mas, diante da necessidade, era a primeira a se colocar à disposição. Diante de tantos exemplos de generosidade e entrega, cada um de nós podemos nos perguntar se a nossa disposição de seguir Jesus Cristo tem produzido ações concretas deste amor preventivo. Nossa mente e nosso coração devem estar sempre prontos para percebermos as reais necessidades daqueles que nos circundam a fim de podermos, de forma assertiva e dinâmica, nos antecipar no serviço e na generosidade. Esta habilidade, nós a adquirimos à medida em que buscamos cultivar uma verdadeira proximidade das pessoas e de suas necessidades onde quer que se encontrem. Como cristãos, o ideal seria que nosso modo de ser e agir transmitisse a todos que conosco convivem e se encontram, ainda que sem palavras, a mesma disposição que Jesus apresentou diante do cego em Jericó, quando lhe perguntou: “O que queres que eu faça por ti?”. Inspirados pelo mistério da “Redenção Preventiva” expresso na Imaculada Conceição de Maria, aprendamos a caminhar nesta dinâmica da antecipação, fazendo o bem sem olhar a quem e antes mesmo deste “quem” pedir. Que a antecipação cuidadosa seja nossa companheira de jornada sempre, especialmente neste desafiante tempo de pandemia que estamos vivendo, quando antecipar-se no amor também se encarna em gestos bem concretos de cuidado e atenção para consigo e para com os outros: distanciamento, higiene, máscara, respeito, carinho, atenção e todos os outros ingredientes de cuidado que tornam a vida mais bonita e saborosa. Que Maria, Mãe Imaculada, interceda pela Igreja, pela nossa Província, por todos nós e por nossas famílias. Paz e Bem!

Frei Gustavo Medella, OFM VIGÁRIO PROVINCIAL


formação permanente// formação permanente// CARTA APOSTÓLICA

is Corde PaDOtrPAPA FRANCISCO

POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO DA DECLARAÇÃO DE SÃO JOSÉ COMO PADROEIRO UNIVERSAL DA IGREJA

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om coração de pai: assim José amou a Jesus, designado nos quatro Evangelhos como «o filho de José».[1] Os dois evangelistas que puseram em relevo a sua figura, Mateus e Lucas, narram pouco, mas o suficiente para fazer compreender o gênero de pai que era e a missão que a Providência lhe confiou. Sabemos que era um humilde carpinteiro (cf. Mt 13, 55), desposado com Maria (cf. Mt 1, 18; Lc 1, 27); um «homem jus-

to» (Mt 1, 19), sempre pronto a cumprir a vontade de Deus manifestada na sua Lei (cf. Lc 2, 22.27.39) e através de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Depois de uma viagem longa e cansativa de Nazaré a Belém, viu o Messias nascer num estábulo, «por não haver lugar para eles» (Lc 2, 7) em outro site. Foi testemunha da adoração dos pastores (cf. Lc 2, 8-20) e dos Magos (cf. Mt 2, 1-12), que representavam respectivamente o povo de Israel e os povos pagãos. Teve a coragem de assumir a paternidade legal de JeCOMUNICAÇÕES

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//formação permanente sus, a quem deu o nome revelado pelo anjo: dar-Lhe-ás «o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1, 21). Entre os povos antigos, como se sabe, dar o nome a uma pessoa ou a uma coisa significava conseguir um título de pertença, como fez Adão na narração do Gênesis (cf. 2, 19-20). No Templo, quarenta dias depois do nascimento, José – juntamente com a mãe – ofereceu o Menino ao Senhor e ouviu, surpreendido, a profecia que Simeão fez a respeito de Jesus e Maria (cf. Lc 2, 22-35). Para defender Jesus de Herodes, residiu como forasteiro no Egito (cf. Mt 2, 13-18). Regressado à pátria, viveu no recôndito da pequena e ignorada cidade de Nazaré, na Galileia – de onde (dizia-se) «não sairá nenhum profeta» (Jo 7, 52), nem «poderá vir alguma coisa boa» (Jo 1, 46) –, longe de Belém, a sua cidade natal, e de Jerusalém, onde se erguia o Templo. Foi precisamente durante uma peregrinação a Jerusalém que perderam Jesus (tinha ele doze anos) e José e Maria, angustiados, andaram à sua procura, acabando por encontrá-Lo três dias mais tarde no Templo discutindo com os doutores da Lei (cf. Lc 2, 41-50). Depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José, seu esposo. Os meus antecessores aprofundaram a mensagem contida nos poucos dados transmitidos pelos Evangelhos para realçar ainda mais o seu papel central na história da salvação: o Beato Pio IX declarou-o «Padroeiro da Igreja Católica»,[2] o Venerável Pio XII apresentou-o como «Padroeiro dos operários»;[3] e São João Paulo II, como «Guardião do Redentor».[4] O povo invoca-o como «padroeiro da boa morte».[5] Assim, ao completarem-se 150 anos da sua declaração como Padroeiro da Igreja Católica, feita pelo Beato Pio IX a 8 de dezembro de 1870, gostaria de deixar «a boca – como diz Jesus – falar da abundância do coração» (Mt 12, 34), para partilhar convosco algumas reflexões pessoais sobre esta figura extraordinária, tão próxima da condição humana de cada um de nós. Tal desejo foi crescendo ao longo destes meses de pandemia em que pudemos experimentar, no meio da crise que nos afeta, que «as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiras e enfermeiros, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho. (…) Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o

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olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos».[6] Todos podem encontrar em São José – o homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana discreta e escondida – um intercessor, um amparo e uma guia nos momentos de dificuldade. São José lembra-nos que todos aqueles que estão, aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo na história da salvação. A todos eles, dirijo uma palavra de reconhecimento e gratidão.

1. Pai amado A grandeza de São José consiste no fato de ter sido o esposo de Maria e o pai de Jesus. Como tal, afirma São João Crisóstomo, «colocou-se inteiramente ao serviço do plano salvífico».[7] São Paulo VI faz notar que a sua paternidade se exprimiu, concretamente, «em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da encarnação e à conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida, do seu trabalho; em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor colocado ao serviço do Messias nascido na sua casa».[8] Por este seu papel na história da salvação, São José é um pai que foi sempre amado pelo povo cristão, como prova o fato de lhe terem sido dedicadas numerosas igrejas por todo o mundo; de muitos institutos religiosos, confrarias e grupos eclesiais se terem inspirado na sua espiritualidade e adotado o seu nome; e de, há séculos, se realizarem em sua honra várias representações sacras. Muitos Santos e Santas foram seus devotos apaixonados, entre os quais se conta Teresa de Ávila que o adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantaneamente a São José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência, a Santa persuadia os outros a serem igualmente devotos dele.[9] Em todo o manual de orações, há sempre alguma a São José. São-lhe dirigidas invocações especiais todas as quartas-feiras e, de forma particular, durante o mês de março inteiro, tradicionalmente dedicado a ele.[10] A confiança do povo em São José está contida na expressão «ite ad Joseph», que faz referência ao período de carestia no Egito, quando o povo pedia pão ao Faraó e ele respondia: «Ide ter com José; fazei o que ele vos disser» (Gn 41, 55). Tratava-se de José, filho de Jacob, que acabara vendido, vítima da inveja dos seus irmãos (cf. Gn 37, 11-28); e posteriormente – segundo a narração bíblica – tornou-se vice-rei do Egito (cf. Gn 41, 41-44). Enquanto descendente de David (cf. Mt 1, 16.20), de cuja raiz deveria nascer Jesus segundo a promessa feita ao rei pelo profeta Natan (cf. 2 Sam 7), e como esposo de Maria de


formação permanente// Nazaré, São José constitui a dobradiça que une o Antigo e o Novo Testamento.

2. Pai na ternura Dia após dia, José via Jesus crescer «em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52). Como o Senhor fez com Israel, assim ele ensinou Jesus a andar, segurando-O pela mão: era para Ele como o pai que levanta o filho contra o seu rosto, inclinava-se para Ele a fim de Lhe dar de comer (cf. Os 11, 3-4). Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai se compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sal 103, 13). Com certeza, José terá ouvido ressoar na sinagoga, durante a oração dos Salmos, que o Deus de Israel é um Deus de ternura,[11] que é bom para com todos e «a sua ternura repassa todas as suas obras» (Sal 145, 9). A história da salvação realiza-se, «na esperança para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18), através das nossas fraquezas. Muitas vezes pensamos que Deus conta apenas com a nossa parte boa e vitoriosa, quando, na verdade, a maior parte dos seus desígnios se cumpre através e apesar da nossa fraqueza. Isto mesmo permite a São Paulo dizer: «Para que não me enchesse de orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir, a fim de que não me orgulhasse. A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Mas Ele respondeu-me: “Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza”» (2 Cor 12, 7-9). Se esta é a perspetiva da economia da salvação, devemos aprender a aceitar, com profunda ternura, a nossa fraqueza.[12] O Maligno faz-nos olhar para a nossa fragilidade com um juízo negativo, ao passo que o Espírito trá-la à luz com ternura. A ternura é a melhor forma para tocar o que há de frágil em nós. Muitas vezes o dedo em riste e o juízo que fazemos a respeito dos outros são sinal da incapacidade de acolher dentro de nós mesmos a nossa própria fraqueza, a nossa fragilidade. Só a ternura nos salvará da obra do Acusador (cf. Ap 12, 10). Por isso, é importante encontrar a Misericórdia de Deus, especialmente no sacramento da Reconciliação, fazendo uma experiência de verdade e ternura. Paradoxalmente, também o Maligno pode dizer-nos a verdade, mas, se o faz, é para nos condenar. Entretanto nós sabemos que a Verdade vinda de Deus não nos condena, mas acolhe-nos, abraça-nos, ampara-nos, perdoa-nos. A Verdade apresenta-se-nos sempre como o Pai misericordioso da parábola (cf. Lc 15, 11-32): vem ao nosso encontro, devolve-nos a dignidade, levanta-nos, ordena uma festa para nós, dando como motivo que «este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado» (Lc 15, 24).

A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio das tempestades da vida, não devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes queremos controlar tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe.

3. Pai na obediência De forma análoga a quanto fez Deus com Maria, manifestando-Lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus desígnios por meio de sonhos, que na Bíblia, como em todos os povos antigos, eram considerados um dos meios pelos quais Deus manifesta a sua vontade.[13] José sente uma angústia imensa com a gravidez incompreensível de Maria: mas não quer «difamá-la»,[14] e decide «deixá-la secretamente» (Mt 1, 19). No primeiro sonho, o anjo ajuda-o a resolver o seu grave dilema: «Não temas receber Maria, tua esposa, pois o que Ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1, 20-21). A sua resposta foi imediata: «Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo» (Mt 1, 24). Com a obediência, superou o seu drama e salvou Maria. No segundo sonho, o anjo dá esta ordem a José: «Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o menino para o matar» (Mt 2, 13). José não hesitou em obedecer, sem se questionar sobre as dificuldades que encontraria: «E ele levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito, permanecendo ali até à morte de Herodes» (Mt 2, 14-15). No Egito, com confiança e paciência, José esperou do anjo o aviso prometido para voltar ao seu país. Logo que o mensageiro divino, num terceiro sonho – depois de o informar que tinham morrido aqueles que procuravam matar o menino –, lhe ordena que se levante, tome consigo o menino e sua mãe e regresse à terra de Israel (cf. Mt 2, 19-20), de novo obedece sem hesitar: «Levantando-se, ele tomou o menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel» (Mt 2, 21). Durante a viagem de regresso, porém, «tendo ouvido dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de Herodes, seu pai, teve medo de ir para lá. Então advertido em sonhos – e é a quarta vez que acontece – retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré» (Mt 2, 22-23). Por sua vez, o evangelista Lucas refere que José enfrentou a longa e incômoda viagem de Nazaré a Belém, devido à lei do imperador César Augusto relativa ao recenseamento, que impunha a cada um registrar-se na própria cidade de origem. E foi precisamente nesta circunstância que nasceu COMUNICAÇÕES

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//formação permanente Jesus (cf. 2, 1-7), sendo inscrito no registo do Império, como todos os outros meninos. São Lucas, de modo particular, tem o cuidado de assinalar que os pais de Jesus observavam todas as prescrições da Lei: os ritos da circuncisão de Jesus, da purificação de Maria depois do parto, da oferta do primogênito a Deus (cf. 2, 2124).[15] Em todas as circunstâncias da sua vida, José soube pronunciar o seu «fiat», como Maria na Anunciação e Jesus no Getsêmani. Na sua função de chefe de família, José ensinou Jesus a ser submisso aos pais (cf. Lc 2, 51), segundo o mandamento de Deus (cf. Ex 20, 12). Ao longo da vida oculta em Nazaré, na escola de José, Ele aprendeu a fazer a vontade do Pai. Tal vontade torna-se o seu alimento diário (cf. Jo 4, 34). Mesmo no momento mais difícil da sua vida, vivido no Getsêmani, preferiu que se cumprisse a vontade do Pai, e não a sua,[16] fazendo-Se «obediente até à morte (…) de cruz» (Fl 2, 8). Por isso, o autor da Carta aos Hebreus conclui que Jesus «aprendeu a obediência por aquilo que sofreu» (5, 8). Vê-se, a partir de todas estas vicissitudes, que «José foi chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício da sua paternidade: desse modo, precisamente, ele coopera no grande mistério da Redenção, quando chega a plenitude dos tempos, e é verdadeiramente ministro da salvação».[17]

4. Pai no acolhimento José acolhe Maria, sem colocar condições prévias. Confia nas palavras do anjo. «A nobreza do seu coração fá-lo subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra, dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a fazer, Deus ajudou-o a escolher iluminando o seu discernimento».[18] Na nossa vida, muitas vezes sucedem coisas, cujo significado não entendemos. E a nossa primeira reação, frequentemente, é de desilusão e revolta. Diversamente, José deixa de lado os seus raciocínios para dar lugar ao que sucede e, por mais misterioso que possa aparecer a seus olhos, acolhe-o, assume a sua responsabilidade e reconcilia-se com a própria história. Se não nos reconciliarmos com a nossa história, não conseguiremos dar nem mais um passo, porque ficaremos sempre reféns das nossas expectativas e consequentes desilusões. A vida espiritual que José nos mostra, não é um caminho que explica, mas um caminho que acolhe. Só a partir deste acolhimento, desta reconciliação, é possível intuir também uma história mais excelsa, um significado mais profundo. Parecem ecoar as palavras inflamadas de Jó, quando, desa-

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fiado pela esposa a rebelar-se contra todo o mal que lhe está a acontecer, responde: «Se recebemos os bens da mão de Deus, não aceitaremos também os males?» (Jó 2, 10). José não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte. O acolhimento é um modo pelo qual se manifesta, na nossa vida, o dom da fortaleza que nos vem do Espírito Santo. Só o Senhor nos pode dar força para acolher a vida como ela é, aceitando até mesmo as suas contradições, imprevistos e desilusões. A vinda de Jesus ao nosso meio é um dom do Pai, para que cada um se reconcilie com a carne da sua história, mesmo quando não a compreende totalmente. O que Deus disse ao nosso Santo – «José, Filho de David, não temas…» (Mt 1, 20) –, parece repeti-lo a nós também: «Não tenhais medo!» É necessário deixar de lado a ira e a desilusão para – movidos não por qualquer resignação mundana, mas com uma fortaleza cheia de esperança – dar lugar àquilo que não escolhemos e, todavia, existe. Acolher a vida desta maneira introduz-nos num significado oculto. A vida de cada um de nós pode recomeçar miraculosamente, se encontrarmos a coragem de a viver segundo aquilo que nos indica o Evangelho. E não importa se tudo parece ter tomado já uma direção errada, e se algumas coisas já são irreversíveis. Deus pode fazer brotar flores no meio das rochas. E mesmo que o nosso coração nos censure de qualquer coisa, Ele «é maior que o nosso coração e conhece tudo» (1 Jo 3, 20). Reaparece aqui o realismo cristão, que não deixa fora nada do que existe. A realidade, na sua misteriosa persistência e complexidade, é portadora de um sentido da existência com as suas luzes e sombras. É isto que leva o apóstolo Paulo a dizer: «Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8, 28). E Santo Agostinho acrescenta: tudo, «incluindo aquilo que é chamado mal».[19] Nesta perspetiva global, a fé dá significado a todos os acontecimentos, sejam eles felizes ou tristes. Assim, longe de nós pensar que crer signifique encontrar fáceis soluções consoladoras. Antes, pelo contrário, a fé que Cristo nos ensinou é a que vemos em São José, que não procura atalhos, mas enfrenta de olhos abertos aquilo que lhe acontece, assumindo pessoalmente a responsabilidade por isso. O acolhimento de José convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis, porque Deus escolhe o que é frágil (cf. 1 Cor 1, 27), é «pai dos órfãos e defensor das viúvas» (Sal 68, 6) e manda amar o forasteiro.[20] Posso imaginar ter sido do procedimento de José que Jesus tirou inspiração para a parábola do filho pródigo e do pai misericordioso (cf. Lc 15, 11-32).

5. Pai com coragem criativa Se a primeira etapa de toda a verdadeira cura interior é acolher a própria história, ou seja, dar espaço no nosso ínti-


formação permanente// mo até mesmo àquilo que não escolhemos na nossa vida, convém acrescentar outra caraterística importante: a coragem criativa. Esta vem de cima, sobretudo quando se encontram dificuldades. Com efeito, perante uma dificuldade, pode-se estacar e abandonar o campo, ou tentar vencê-la de algum modo. Às vezes, são precisamente as dificuldades que fazem sair de cada um de nós recursos que nem pensávamos ter. Frequentemente, ao ler os «Evangelhos da Infância», apetece-nos perguntar por que motivo Deus não interveio de forma direta e clara. Porque Deus intervém por meio de acontecimentos e pessoas: José é o homem por meio de quem Deus cuida dos primórdios da história da redenção; é o verdadeiro «milagre», pelo qual Deus salva o Menino e sua mãe. O Céu intervém, confiando na coragem criativa deste homem que, tendo chegado a Belém e não encontrando alojamento onde Maria possa dar à luz, arranja um estábulo e prepara-o de modo a tornar-se o lugar mais acolhedor possível para o Filho de Deus, que vem ao mundo (cf. Lc 2, 6-7). Face ao perigo iminente de Herodes, que quer matar o Menino, de novo em sonhos José é alertado para O defender e, no coração da noite, organiza a fuga para o Egito (cf. Mt 2, 13-14). Numa leitura superficial destas narrações, a impressão que se tem é a de que o mundo está à mercê dos fortes e poderosos, mas a «boa notícia» do Evangelho consiste precisamente em mostrar como, não obstante a arrogância e a violência dos dominadores terrenos, Deus encontra sempre a forma de realizar o seu plano de salvação. Às vezes também a nossa vida parece à mercê dos poderes fortes, mas o Evangelho diz-nos que Deus consegue sempre salvar aquilo que conta, desde que usemos a mesma coragem criativa do carpinteiro de Nazaré, o qual sabe transformar um problema numa oportunidade, antepondo sempre a sua confiança na Providência. Se, em determinadas situações, parece que Deus não nos ajuda, isso não significa que nos tenha abandonado, mas que confia em nós com aquilo que podemos projetar, inventar, encontrar. Trata-se da mesma coragem criativa demonstrada pelos amigos do paralítico que, desejando levá-lo à presença de Jesus, fizeram-no descer pelo teto (cf. Lc 5, 17-26). A dificuldade não deteve a audácia e obstinação daqueles amigos. Estavam convencidos de que Jesus podia curar o doente e, «não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao teto e, através das telhas, desceram-no com a enxerga, para o meio, em frente de Jesus. Vendo a fé daqueles homens, disse: “Homem, os teus pecados estão perdoados”» (5, 19-20). Jesus reconhece a fé criativa com que aqueles homens procuram trazer-Lhe o seu amigo doente. O Evangelho não dá informações relativas ao tempo que Maria, José e o Menino permaneceram no Egito. Mas

certamente tiveram de comer, encontrar uma casa, um emprego. Não é preciso muita imaginação para entender o silêncio do Evangelho a tal respeito. A Sagrada Família teve que enfrentar problemas concretos, como todas as outras famílias, como muitos dos nossos irmãos migrantes que ainda hoje arriscam a vida acossados pelas desventuras e a fome. Neste sentido, creio que São José seja verdadeiramente um padroeiro especial para quantos têm que deixar a sua terra por causa das guerras, do ódio, da perseguição e da miséria. No fim de cada acontecimento que tem José como protagonista, o Evangelho observa que ele se levanta, toma consigo o Menino e sua mãe e faz o que Deus lhe ordenou (cf. Mt 1, 24; 2, 14.21). Com efeito, Jesus e Maria, sua mãe, são o tesouro mais precioso da nossa fé.[21] No plano da salvação, o Filho não pode ser separado da Mãe, d’Aquela que «avançou pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz».[22] Sempre nos devemos interrogar se estamos protegendo com todas as nossas forças Jesus e Maria, que misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, ao nosso cuidado, à nossa guarda. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e criado. Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria que encontra em José aquele que não só Lhe quer salvar a vida, mas sempre A sustentará a Ela e ao Menino. Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria.[23] José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe. Este Menino é Aquele que dirá: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Assim, todo o necessitado, pobre, atribulado, moribundo, forasteiro, recluso, doente são «o Menino» que José continua a guardar. Por isso mesmo, São José é invocado como protetor dos miseráveis, necessitados, exilados, aflitos, pobres, moribundos. E pela mesma razão a Igreja não pode deixar de amar em primeiro lugar os últimos, porque Jesus conferiu-lhes a preferência ao identificar-Se pessoalmente com eles. De José, devemos aprender o mesmo cuidado e responsabilidade: amar o Menino e sua mãe; amar os Sacramentos e a caridade; amar a Igreja e os pobres. Cada uma destas realidades é sempre o Menino e sua mãe.

6. Pai trabalhador Um aspecto que caracteriza São José – e tem sido evidenciado desde os dias da primeira encíclica social, a Rerum novarum de Leão XIII – é a sua relação com o trabalho. São COMUNICAÇÕES

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//formação permanente José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho. Neste nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo. O trabalho torna-se participação na própria obra da salvação, oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão; o trabalho torna-se uma oportunidade de realização não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo para aquele núcleo originário da sociedade que é a família. Uma família onde falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões, fraturas e até mesmo à desesperada e desesperadora tentação da dissolução. Como poderemos falar da dignidade humana sem nos empenharmos para que todos, e cada um, tenham a possibilidade de um digno sustento? A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso tempo, que é econômica, social, cultural e espiritual, pode constituir para todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova «normalidade», em que ninguém seja excluído. O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho. A perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs e tem aumentado nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19, deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades. Peçamos a São José Operário que encontremos vias onde nos possamos comprometer até se dizer: nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!

7. Pai na sombra O escritor polaco Jan Dobraczyński, no seu livro A Sombra do Pai,[24] narrou a vida de São José em forma de romance. Com a sugestiva imagem da sombra, apresenta a figura de José, que é, para Jesus, a sombra na terra do Pai celeste: guarda-O, protege-O, segue os seus passos sem nunca se afastar d’Ele. Lembra o que Moisés dizia a Israel: «Neste deserto (…) vistes o Senhor, vosso Deus, conduzir-vos como um pai conduz o seu filho, durante toda a caminhada que fizeste até chegar a este lugar» (Dt 1, 31). Assim José exerceu a paternidade durante toda a sua vida.[25] Não se nasce pai, torna-se tal... E não se torna pai, apenas porque se colocou no mundo um filho, mas porque se

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cuida responsavelmente dele. Sempre que alguém assume a responsabilidade pela vida de outrem, em certo sentido exercita a paternidade a seu respeito. Na sociedade atual, muitas vezes os filhos parecem ser órfãos de pai. A própria Igreja de hoje precisa de pais. Continua atual a advertência dirigida por São Paulo aos Coríntios: «Ainda que tivésseis dez mil pedagogos em Cristo, não teríeis muitos pais» (1 Cor 4, 15); e cada sacerdote ou bispo deveria poder acrescentar como o Apóstolo: «Fui eu que vos gerei em Cristo Jesus, pelo Evangelho» (4, 15). E aos Gálatas diz: «Meus filhos, por quem sinto outra vez dores de parto, até que Cristo se forme entre vós!» (Gl 4, 19). Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição, referindo-se a José, ao lado do apelido de pai colocou também o de «castíssimo». Não se trata de uma indicação meramente afetiva, mas é a síntese de uma atitude que exprime o contrário da posse. A castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida. Um amor só é verdadeiramente tal, quando é casto. O amor que quer possuir, acaba sempre por se tornar perigoso: prende, sufoca, torna infeliz. O próprio Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre inclusive de errar e opor-se a Ele. A lógica do amor é sempre uma lógica de liberdade, e José soube amar de maneira extraordinariamente livre. Nunca se colocou a si mesmo no centro; soube descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no centro da sua vida. A felicidade de José não se situa na lógica do sacrifício de si mesmo, mas na lógica do dom de si mesmo. Naquele homem, nunca se nota frustração, mas apenas confiança. O seu silêncio persistente não inclui lamentações, mas sempre gestos concretos de confiança. O mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto é, rejeita quem quer usar a posse do outro para preencher o seu próprio vazio; rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com destruição. Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, requer-se este gênero de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração. A paternidade, que renuncia à tentação de decidir a vida dos filhos, sempre abre espaços para o inédito. Cada filho traz sempre consigo um mistério, algo de inédito que só pode ser revelado com a ajuda de um pai que respeite a sua liberdade. Um pai sente que completou a sua ação educativa e viveu plenamente a paternidade, apenas quando se tornou «inútil», quando vê que o filho se torna autônomo e caminha sozinho pelas sendas da vida, quando se coloca


formação permanente// na situação de José, que sempre soube que aquele Menino não era seu: fora simplesmente confiado aos seus cuidados. No fundo, é isto mesmo que dá a entender Jesus quando afirma: «Na terra, a ninguém chameis “Pai”, porque um só é o vosso “Pai”, aquele que está no Céu» (Mt 23, 9). Todas as vezes que nos encontramos na condição de exercitar a paternidade, devemos lembrar-nos que nunca é exercício de posse, mas «sinal» que remete para uma paternidade mais alta. Em certo sentido, estamos sempre todos na condição de José: sombra do único Pai celeste, que «faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus, e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores» (Mt 5, 45); e sombra que acompanha o Filho. «Levanta-te, toma o menino e sua mãe» (Mt 2, 13): diz o anjo da parte de Deus a são José. O objetivo desta carta apostólica é aumentar o amor por este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo. Com efeito, a missão específica dos Santos não é apenas a de conceder milagres e graças, mas de interceder por nós diante de Deus, como fizeram Abraão[26] e Moisés,[27] como faz Jesus, «único mediador» (1 Tm 2, 5), que junto de Deus Pai é o nosso «advogado» (1 Jo 2, 1), «vivo para sempre, a fim de interceder por [nós]» (Heb 7, 25; cf. Rm 8, 34). Os Santos ajudam todos os fiéis «a tender à santidade e perfeição do próprio estado».[28] A sua vida é uma prova concreta de que é possível viver o Evangelho.

[1] Lucas4, 22; João 6, 42; cf. Mateus 13, 55; Marcos 6, 3. [2] Sacra Congr. dos Ritos, Quemadmodum Deus (8 de dezembro de 1870): ASS 6 (1870-71), 194. [3] Cf. Discurso às Associações Cristãs dos Trabalhadores Italianos (ACLI) por ocasião da Solenidade de São José Operário (1 de maio de 1955): AAS 47 (1955), 406. [4] Cf. Exort. ap. Redemptoris custos (15 de agosto de 1989): AAS 82 (1990), 5-34. [5] Catecismo da Igreja Católica, 1014. [6] Francisco, Meditação em tempo de pandemia (27 de março de 2020): L’Osservatore Romano (29/III/2020), 10. [7] Homiliæ in Matthæum, V, 3: PG 57, 58. [8] Homilia (19 de março de 1966): Insegnamenti di Paolo VI, IV (1966), 110. [9] Cf. Livro da Vida, 6, 6-8. [10] Todos os dias, há mais de quarenta anos, depois das Laudes, recito uma oração a São José tirada dum livro francês de devoções, do século XIX, da Congregação das Religiosas de Jesus e Maria, que expressa devoção, confiança e um certo desafio a São José: «Glorioso Patriarca São José, cujo poder consegue tornar possíveis

À semelhança de Jesus que disse: «Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), também os Santos são exemplos de vida que havemos de imitar. A isto nos exorta explicitamente São Paulo: «Rogo-vos, pois, que sejais meus imitadores» (1 Cor 4, 16).[29] O mesmo nos diz São José através do seu silêncio eloquente. Estimulado com o exemplo de tantos Santos e Santas diante dos olhos, Santo Agostinho interrogava-se: «Então não poderás fazer o que estes e estas fizeram?» E, assim, chegou à conversão definitiva exclamando: «Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!»[30] Só nos resta implorar, de São José, a graça das graças: a nossa conversão. Dirijamos-lhe a nossa oração: Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria! A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem. Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal. Amen. Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, 8 de dezembro do ano de 2020, oitavo do meu pontificado.

as coisas impossíveis, vinde em minha ajuda nestes momentos de angústia e dificuldade. Tomai sob a vossa proteção as situações tão graves e difíceis que Vos confio, para que obtenham uma solução feliz. Meu amado Pai, toda a minha confiança está colocada em Vós. Que não se diga que eu Vos invoquei em vão, e dado que tudo podeis junto de Jesus e Maria, mostrai-me que a vossa bondade é tão grande como o vosso poder. Amen». [11] Cf. Deuteronómio4, 31; Salmo 69, 17; 78, 38; 86, 5; 111, 4; 116, 5; Jeremias 31, 20. [12] Cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium (24 de novembro de 2013), 88; 288: AAS 105 (2013) 1057; 1136-1137. [13] Cf. Génesis 20, 3; 28, 12; 31, 11.24; 40, 8; 41, 1-32; Números 12, 6; I Samuel 3, 3-10; Daniel 2; 4; Job 33, 15. [14] Também nestes casos, estava prevista a lapidação (cf. Deuteronómio 22, 20-21). [15] Cf. Levítico 12, 1-8; Êxodo 13, 2. [16] Cf. Mateus 26, 39; Marcos 14, 36; Lucas 22, 42. [17] São João Paulo II, Exort. ap.Redemptoris custos (15 de agosto de 1989), 8: AAS 82 (1990), 14. [18] Francisco, Homilia na Santa Missa com Beatifi-

Francisco

cações (Villavicencio – Colômbia, 8 de setembro de 2017): AAS 109 (2017), 1061. [19] «… etiam illud quod malum dicitur», in Enchiridion de fide, spe et caritate, 3.11: PL 40, 236. [20] Cf. Deuteronómio 10, 19; Êxodo 22, 20-22; Lucas 10, 29-37. [21] Cf.Sacra Congr. dos Ritos, Quemadmodum Deus (8 de dezembro de 1870): ASS 6 (187071), 193; Beato Pio IX, Carta ap. Inclytum Patriarcham (7 de julho de 1871): ASS 6 (1870-71), 324-327. [22] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 58. [23] Cf. Catecismo da Igreja Católica, 963-970. [24] Edição original: Cień Ojca (Varsóvia 1977). [25] Cf. São João Paulo II, Exort. ap. Redemptoris custos (15 de agosto de 1989), 7-8: AAS 82 (1990), 12-16. [26] Cf. Génesis 18, 23-32. [27] Cf. Êxodo17, 8-13; 32, 30-35. [28] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 42. [29] Cf. I Coríntios 11, 1; Filipenses 3, 17; I Tessalonicenses 1, 6. [30] Confissões, 8,11,17; 10,27,38: PL 32, 761; 795. COMUNICAÇÕES

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//formação permanente CARTA DO MINISTRO GERAL AOS IRMÃOS DE TODA A ORDEM

Encontrando esperança no meio da pandemia da Covid-19

C

aros Irmãos da Ordem, nas palavras de nosso Seráfico pai, Que o Senhor lhes dê a

paz! Há muito tempo tinha a intenção de escrever-lhes uma vez mais durante este momento particularmente difícil na vida do mundo, para informar-lhes de algumas graças e desafios que enfrentamos como uma fraternidade global e para encorajar a todos nós a continuar no caminho e manter a fé. Escolhi esta data, que comemora a aprovação pelo Papa Honório III, em 1223, da Regra e Vida definitiva (Regra Bulada), para lhes falar de assuntos urgentes que pesam sobre todos os nossos corações. No decorrer dos últimos meses, estive em contato com vários Provinciais e Custódios para perguntar-lhes sobre seu bem-estar, meus queridos irmãos, e para lhes comunicar palavras de consolo, solidariedade e esperança cristã. O ano de 2020 será lembrado para sempre como um ano em que toda a comunidade humana se colocou de joelhos, humilhada pelo patógeno Sars-CoVid-2 (doravante, CoVid-19). Enquanto a pandemia segue devastando comunidades humanas,

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deixando em seu interior um sofrimento incalculável, ela está deixando outras consequências sociais graves. Famílias, amigos e irmãos da Ordem sentiram o impacto psicológico e emocional que se produz como resultado de manter o distanciamento social, usar máscaras protetoras e abster-se de expressar formas físicas de afeto, privando-nos de algo tão vital e necessário à vida humana e à comunidade. A perda de empregos e meios de subsistência também está tendo um impacto muito negativo na vida de bilhões de pessoas em todas as regiões do mundo. As pessoas são cada vez mais empurradas à pobreza crônica. Há uma sensação crescente de medo, incerteza, desamparo e desesperança. Esta pandemia mundial e suas consequências colaterais também estão afetando seriamente a vida de todos os frades da Ordem. Alguns irmãos da Ordem morreram. Outros ficaram gravemente doentes e passaram um tempo no hospital. Outros passaram o tempo em quarentena, isolados de seus irmãos da fraternidade. Até mesmo nosso trabalho, nossos compromissos ministeriais nas paróquias, nas escolas,

nos programas de serviço social, nos retiros, no trabalho pela justiça, paz e o cuidado de nossa Casa Comum foram seriamente prejudicados pela pandemia. Alguns irmãos compartilharam comigo suas crises de depressão, sentimentos de solidão, sua sensação de perda de autonomia e poder sobre suas vidas e até mesmo seus sentimentos de raiva e uma tristeza persistente em seus corações. Posso compreender esses sentimentos, já que também os senti de uma forma ou de outra. Agora, mais do que nunca, precisamos inventar novas formas de estarmos juntos, multiplicando os momentos em que podemos compartilhar as dificuldades e frustrações que vivemos, mesmo respeitando as normas de saúde pública para o bem comum. São Francisco nos lembra na Regra e na Vida: “E onde quer que estiverem e se encontrarem os irmãos, mostrem-se afáveis entre si. E com confiança, manifestem um ao outro as suas necessidades, porque, se uma mãe ama e nutre seu filho carnal (cf. 1 Tes 2,7), com quanto maior diligência não deve cada um amar e nutrir a seu irmão espiritual? (RB, cap. 6). A atual crise sanitária alterou seriamente a maneira como nós, na Cúria Geral, realizamos nosso serviço à Fraternidade universal. Não pude visitá-los, queridos irmãos, nem os Definidores puderam acompanhar a vida das suas entidades de uma forma que expresse a proximidade e o “personalismo franciscano”. Este personalismo valoriza muito os encontros “face a face”, a oração compartilhada, as refeições e a vida em comum. Fomos obrigados a conduzir nossas reuniões por meio do Zoom, Skype ou algum outro formato eletrônico. Apesar


formação permanente// dessas limitações, todos os esforços foram feitos para manter abertos os canais de comunicação, na esperança de que possamos animar-nos uns aos outros a manter os olhos fixos no Senhor Jesus, a cuidar uns dos outros e expressar nossa solidariedade com aqueles que estão sofrendo ao nosso redor. Outro desafio que enfrentamos como Fraternidade tem a ver com nossa própria situação financeira. Os ministros me informaram que uma consequência profundamente perturbadora da CoVid-19 tem sido uma grave redução das receitas, mesmo com as despesas continuando a aumentar. O resultado é um efeito dominó: as fraternidades locais, que antes eram autônomas, agora estão pedindo ajuda financeira; as Províncias e as Custódias têm dificuldade em apoiar os irmãos, e é ainda mais difícil destinar à Cúria Geral suas contribuições solidárias. A Cúria depende dessas contribuições para ajudar a sustentar as casas dependentes da Ordem e as necessidades de formação e missão de muitas entidades economicamente mais pobres. Além disso, também dependemos das receitas da Fondazione Opera Antonianum, que se encarrega de supervisionar o funcionamento do hotel Il Cantico e do Auditório da Pontifícia Universidade Antonianum. A pandemia causou perda de receita. A Fondazione não poderá fazer qualquer contribuição para o orçamento da Cúria para os anos fiscais de 2019, 2020 e possivelmente 2021. Já estamos sentindo a pressão econômica. Irmãos, espero que nestes tempos difíceis vocês encontrem mais tempo para concentrar-se no que é realmente importante em nossas vidas. Como nos recordam as nossas Constituições Gerais, somos “obrigados a levar uma vida radicalmente evangélica… em espírito de oração e devoção e em comunhão fraterna… testemunhar penitência e minoridade… na caridade para com todos… pregar a reconciliação, a paz e justiça… e mostrando respeito pela criação ”(Art. 1 §2). Esta vida evangélica nos proporciona uma base espiritual em tempos de provação e sofrimento.

A fraternidade deve ser um oásis de esperança, o lugar onde retiramos forças da bondade e do cuidado que demonstramos uns com os outros. Também é importante que nos demos o luxo de cuidar de nós mesmos, incluindo o exercício, a leitura, a oração e o estudo, fortalecendo nossos corpos, mentes e corações para permanecermos no caminho certo. Nosso compromisso de ser irmãos de todo o mundo deve nos levar a uma reflexão mais profunda sobre as múltiplas fraturas sociais – econômicas, políticas, sociais, as várias formas de desigualdades crescentes, o racismo e outros “ismos” – os outros “vírus” – que atentam contra o bem comum e o compromisso com a solidariedade global. Peçamos uma efusão de conhecimento e intuição para orientar cientistas, médicos e profissionais de saúde na busca por vacinas, por terapias para reduzir as consequências da infecção por CoVid-19, e no cuidado geral dos mais afetados. Recorramos à sabedoria de Salomão para nossos líderes políticos, para que possam buscar o bem comum, reconhecer as frustrações e a ira das pessoas de quem são chamados a cuidar e servir e encontrar novas formas de acompanhar os mais necessitados de assistência especial. Vamos estender nossas mãos e braços para abraçar nossos irmãos e irmãs, no sentido figurado, compartilhando nosso tempo e recursos preciosos com os mais necessitados como um sinal claro de que estamos todos conectados, somos todos membros da única família de Deus, irmãos e irmãs que viajam juntos no caminho que nos leva à plena realização do reino de Deus no agora e no além. Nas palavras do Papa Francisco, que a tragédia da pandemia CoVid-19 ajude a quebrar “aquelas falsas e supérfluas seguranças com as quais construímos nossas agendas, nossos projetos, rotinas e prioridades … [para que possamos alcançar] essa bendita pertença comum da qual não podemos e não queremos escapar; a pertença dos irmãos ”(Fratelli tutti! 32). Ao comemorarmos todos os santos

da Ordem, rezamos para que, com a ajuda de Deus, da intercessão de São Francisco, de todos os nossos santos franciscanos e de Maria, Rainha da Ordem Franciscana, possamos reacender o nosso fervor inicial e renovar o nosso compromisso de viver a Regra e a Vida propostas por São Francisco e aprovadas pelo Papa Honório III. Tiremos forças do testemunho fiel dos nossos santos franciscanos, que também viveram muitos desafios, mas souberam manter vivo o amor e a esperança que receberam desde o início do seu caminho evangélico. Renovemos o nosso compromisso de sermos homens de esperança, irmãos amorosos entre si, buscadores da justiça autêntica, da paz, promotores do bem, da fraternidade e da solidariedade com todos os homens e com todo o universo criado. Aguardemos com ativa expectativa o Capítulo Geral de 2021, quando nos reuniremos para refletir e abraçar o tema do Capítulo: Renovemos nossa visão, abracemos nosso futuro – “Acordai … e Cristo vos iluminará com sua luz (Ef 5, 14)! Deus está aqui! A esperança está próxima! Para terminar, convido-vos a rezar comigo as seguintes palavras dos «Louvores do Deus Altíssimo», escritos por São Francisco, confiados a Frei Leão no Monte Alverne em 1224: Vós sois beleza, Vós sois mansidão, Vós sois protetor (Sl 30, 5), Vós sois guarda e defensor nosso; Vós sois fortaleza (cfr. Sl 42, 2), Vós sois refrigério. Vós sois nossa esperança, Vós sois nossa fé, Vós sois nossa caridade, Vós sois toda doçura nossa, Vós sois nossa vida eterna: Grande e admirável Senhor, Deus onipotente, misericordioso Salvador. AMÉM. Roma, 29 de novembro de 2020 Festa de Todos os Santos da Ordem Seráfica Fraternalmente,

Pe. Michael A. Perry, OFM Ministro Geral e Servo COMUNICAÇÕES

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//formação permanente

O Natal de Maria e José ntre os biblistas, há um consenso de que o núcleo da pregação inicial dos apóstolos foi “Deus ressuscitou Jesus dos mortos e disso somos testemunhas” (At 3,15). À Paixão/Morte/Ressurreição, aos poucos, anunciaram sua doutrina e, por fim, o nascimento. Somente Mateus e Lucas falam dele e das circunstâncias em que isto aconteceu. Porém, em nenhum momento, citam 25 de dezembro. Essa data remonta à Roma Antiga que celebrava, neste dia, o `solstício do inverno´, isto é, quando o dia, paulatinamente, começa a ser mais longo que a noite, até chegar ao `solstício de verão´. Os primeiros cristãos começaram celebrando Cristo como o `Sol Nascente´. Daí a data 25 de dezembro. O Natal vivido por Maria e José inicia com a Anunciação (Lc 1,26-38). Ela daria à luz a um descendente de Davi. Maria não tinha essa linhagem e era virgem. O “como se fará isso?” é uma pergunta que exige resposta concreta. O anjo pede-lhe, apenas, que tenha uma irrestrita confiança em Deus porque, para Ele, “tudo é possível” e “não tenhas medo” porque o “Espírito Santo te cobrirá com sua sombra”. Ao “eis aqui a serva do Senhor”, fica, para Maria, a questão: como explicar a maternidade a José? Como ficaria sua reputação diante da comunidade? Ele

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poderia denunciá-la como adúltera e, esta, segundo a Lei de Moisés (Lv 20,10), apedrejá-la (Jo 8,5). Como agir diante desta delicada situação? Uma fé amadurecida e adulta exige um incondicional abandonar-se

em Deus, pois, com Ele, o “não tenhas medo” se concretiza no seu devido tempo. José, que poderia denunciá-la, torna-se a solução. No sonho, o anjo lhe diz “José, não tenhas medo em receber Maria em tua casa” (Mt 1,20). Ele a assume e não a deixa `solta´ com o estigma de adúltera. Igualmente, “José, filho de Davi (...) tu lhe darás o nome de Jesus” (Mt 1,21), isto é, deu sua linhagem ao filho adotivo.

No nascimento (Lc 2,1-20), ambos são surpreendidos pelo recenseamento, obrigando-os a uma exigente viagem de 121 Km (Nazaré a Belém). Quando chegam ao destino, não encontram pousada, pois, é natural que – à medida que o povo chega para o alistamento – vá ocupando as hospedarias e casas. Resta-lhes uma gruta onde os animais se abrigam e é ali que nasce a criança. Quem é mais culpado: os moradores de Belém ou os mentores do recenseamento que, no fundo, visa arrecadação de impostos? Por outro lado, o amor de Deus se mostra nos pastores que vão, apressadamente, à gruta, rendem homenagem ao Salvador e, ao regressarem, O anunciam a quem encontravam. Maria, mãe pobre, “envolve seu filho em paninhos”, reverencia seu Deus “conservando todas estas coisas, meditando-as em seu coração”. Na versão mateana (2,1-23), o Natal de Jesus é sanguinário. Magos, vindos do Oriente e, guiados por uma estrela, querem prestar-lhe homenagem. Ao chegarem em Jerusalém, esta desaparece e reaparece ao saírem dela. Por quê?! O governo do idumeu Herodes (37 aC a 4 dC) foi marcado pela sede do poder. Executava, sumariamente, quem ameaçasse seu trono. Diz a


formação permanente// História que mandou matar sua mãe, esposa, 3 filhos e outros mais. Ao ouvir que nasceu o Rei dos Judeus, ficou perturbado e já pretendia executá-lo. Sentindo-se traído pela combinação feita com os Magos, mandou matar todas as crianças de colo nos arredores de Belém. A história não confirma tal fato, mas, pelo seu currículo, é possível que tenha acontecido. Isto faz lembrar o Faraó do Egito, quando queria acabar com os hebreus, matando os meninos recém-nascidos. Primeiramente, através das parteiras e, não tendo sucesso, decretou que o próprio povo os matasse (Ex 1,16.22). José e Maria fogem para o Egito e, de lá, retornam após a morte de Herodes, perfazendo o mesmo caminho dos hebreus após a libertação. José teve medo de morar nos arredores de Belém porque o filho de Herodes, Arquelau, reinava na Judeia. Foi para Nazaré a fim de que se cumprissem as

Escrituras: “do Egito chamei meu filho” e “será chamado nazareno” (Mt 2,15.23). Este Natal bíblico passa despercebido nos dois principais símbolos do Natal: Papai Noel e Presépio. O Papa Francisco, em 2019, escreveu uma carta sobre o “significado e o valor do presépio”. São sete páginas permeadas de “alegria e encanto que o nascimento e uma criança traz”, tanto para os seres humanos (Maria, José, pastores, magos) como para a própria natureza (gruta, céu estrelado, animais). Montar o presépio significa “aproximar-se e tocar o Menino. É o grande mistério onde o divino se faz humano e deixa-se acariciar”. O principal acento da carta, porém, é a evangelização. Evocando o Presépio de Greccio (1223), o Papa escreve que “Francisco realizou uma grande evangelização porque a mensagem daquela noite penetrou no coração de todos, e todos foram tomados de uma alegria

como nunca tinham sentido antes”. Ressalta, ainda, que o sacerdote “celebrou a Missa sobre a manjedoura, fazendo uma profunda ligação entre Encarnação e Eucaristia” (cf. 1 Cel 85/86). Por fim, ao preparar e contemplar o presépio, o Papa nos interpela a vermos com nossos “olhos os incômodos que Jesus passou por falta do necessário a um recém-nascido... O presépio nos ajuda a sentir e tocar a pobreza da Encarnação”, tornando-se um apelo para que O encontremos nos irmãos necessitados, pois “tudo o que fizestes a um desses pequeninos foi a Mim que o fizeste” (Mt 25,31-46). Os textos acima impelem-nos a sermos protagonistas de um Natal mais bíblico que `romantizado´, mais oferta de si mesmo (Encarnação) do que presentear e ser presenteado (Papai Noel).

Frei Luiz Iakovacz

HAVERÁ NATAL Quero dizer, não há distância para o amor, Ele abole a geografia assim como tal, Se a pandemia nos criou esse temor, Não nos importa, haverá pra nós o Natal.

Reclusos sim estamos nós em nosso lar, Cada um distante, impedido de reunir... Mas, o Menino Deus nasce em qualquer lugar, Há sempre um modo novo, o Natal vai florir. Desde que o Verbo se encarnou, essa é a verdade: Deus mora aqui, pra alegria da humanidade, Ele vai nascer de novo, fura o isolamento... O Amor não vê distância, não conhece muro, Traz presença hoje e sempre trará no futuro, Vivamos o Natal apesar dessa crise. Frei Walter Hugo de Almeida COMUNICAÇÕES

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PROFISSÃO SOLENE EM PETRÓPOLIS

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formação e estudos// Frei César indica o caminho aos professos solenes: “Deixar-se conduzir pela Graça de Deus” amais caiam na tentação de imaginar que estão sozinhos neste caminho e que o bom êxito desta empreitada depende apenas do empenho de vocês. É claro que esforço pessoal é imprescindível. No entanto, mais radical e fundamental ainda é deixar-se conduzir pela Graça de Deus”. Esta mensagem, na bela homilia do Ministro Provincial, Frei César Külkamp, deve ser guardada como um bálsamo na vida dos cinco jovens – Frei Augusto Luiz Gabriel, Frei David Belinelli, Frei Heberti Senra Inácio, Frei Leandro Ferreira Silva e Frei Tiago Gomes Elias – que, no sábado (5/12), confirmaram, para sempre, o seu compromisso a Deus junto à Ordem dos Frades Menores e à Igreja, através dos votos de pobreza, castidade e de obediência. Para o religioso franciscano, a resposta definitiva e radical no seguimento de Jesus Cristo, chamada Profissão Sole-

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ne, é um dos momentos mais significativos e festivos na Ordem Franciscana. Esse momento reuniu frades de toda a Província, entre eles o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, familiares dos professandos e os fiéis paroquianos, tudo dentro das normas sanitárias, durante a Celebração Eucarística, às 9 horas, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ). Frei César teve como concelebrante o guardião e pároco Frei Jorge Paulo Schiavini. A celebração também foi transmitida pelas mídias sociais da Paróquia. O rito da profissão solene começou depois da leitura do Evangelho. O mestre Frei Marcos Antônio de Andrade chamou cada um dos professandos pelo nome. Em pé, diante do Ministro Provincial, eles responderam: “Aqui estou!”. Depois, juntos, eles fizeram o pedido para serem admitidos definitivamente na Ordem dos Frades Menores. Frei César abriu sua homilia lem-

brando que a juventude do tempo de São Francisco atraía-se por vestir uma armadura e partir para o combate. Hoje, os esportes radicais atraem os jovens. “Recebem este nome porque exigem de quem os pratica uma entrega total, a partir da raiz, onde a pessoa se coloca inteira naquilo que faz. Assim como um cavaleiro medieval distraído pode facilmente cair do cavalo ou receber um golpe de lança do oponente, um piloto de caça desatento pode derrubar a aeronave que conduz numa fração de segundo, da mesma que forma que o surfista negligente será tragado pela onda gigante que sempre sonhou pegar ou ainda o motoqueiro desavisado pode despencar com moto e tudo de uma altura que será fatal. Atividade radical exige radicalidade no empenho e na prática. Decisão radical exige radicalidade na resposta que se dá no dia a dia”, explicou.

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O MOMENTO CENTRAL DA PROFISSÃO SOLENE NAS MÃOS DO MINISTRO PROVINCIAL

FREI AUGUSTO

FREI DAVID

FREI HERBERTI

FREI LEANDRO

FREI TIAGO


formação e estudos// Segundo o Ministro Provincial, na história de Francisco, o desejo da radicalidade cavaleiresca que o levaria ao suprassumo da nobreza, foi aos poucos se transformando num desejo de radicalidade evangélica. “Um processo de conversão intenso e composto de várias etapas, Francisco foi se dando conta de que, muito mais radical do que servir ao servo, por mais poderoso e sedutor que este servo pudesse ser, era servir ao Senhor, doando-se por inteiro, corpo, alma e coração, radicalmente à causa de Cristo, tornando-se um Evangelho vivo”. “Com coragem e sabendo que para tal empenho contaria com a graça de Deus, Francisco assumiu cada uma das consequências desta escolha radical: rompeu com o sonho de tornar-se nobre, rompeu com o poderio dos bens e da riqueza do pai e abraçou uma vida que não lhe traria nenhuma garantia de sucesso, mas que lhe tomara o coração por inteiro: ‘É isso que eu quero, é isso que eu procuro, é isso que eu desejo fazer de todo coração’”, disse. Para Frei César, na escolha decidida que fez, Francisco abandonou uma série de regalias, mas não permaneceu de mãos vazias. Abraçou para valer o despojamento de uma vida pobre, a disposição de se colocar a serviço dos últimos e a humildade corajosa e sincera de quem desejava ser o “último dos últimos”, verdadeiro irmão menor. “Nós, frades menores, fomos apresentados a esta radicalidade franciscana. Tivemos e temos, em nossa Formação inicial e permanente, a base histórica, espiritual e teológica para darmos com certa segurança este passo radical proposto pelo Seráfico Pai. Muitos confrades nos ajudaram e continuam a ajudando a percorrermos este caminho de aprendizado contínuo, no qual nunca podemos nos considerar prontos ou acabados. Somos sempre frades a caminho, estamos percorrendo um itinerário. Este itinerário, não o fazemos a esmo, sem direção. Temos passos concretos

e precisos para seguir. Escolhemos, com São Francisco e em fraternidade, percorrer o Caminho da Cruz, que é o caminho de Cristo ou o Caminho do Evangelho. ‘Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga’, diz Jesus em clara e alta voz no texto bíblico de Mateus que acabamos de ouvir”, evidenciou. Segundo o Ministro Provincial, além de mostrar a meta, da Cruz que nos leva a Ressurreição, Nosso Senhor também teve a delicadeza de colocar diversas marcas no caminho para não se correr o risco de perder a direção. “Tais marcas aparecem descritas na Leitura dos Atos dos Apóstolos proclamada nesta celebração. O programa completo está ali: Pobreza, obediência e castidade. Estas são, caros irmãos, as balizas que o próprio Cristo dispôs para que vocês não se percam no Caminho da Cruz. As palavras da fórmula de profissão, que vocês daqui a pouco vão pronunciar publicamente, são fortes, decisivas e radicais. Elas apresentam um projeto de vida desafiante e encantador no qual vocês entram impulsionados pela fé e pela caminhada formativa que empreenderam até aqui. Jamais caiam

na tentação de imaginar que estão sozinhos neste caminho e que o bom êxito desta empreitada depende apenas do empenho de vocês. É claro que esforço pessoal é imprescindível. No entanto, mais radical e fundamental ainda é deixar-se conduzir pela Graça de Deus”. “E vocês escolheram para esta celebração um tema bem sugestivo, do Cântico do Irmão Sol: “Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças, e servi-o com grande humildade”. Este pensamento de nosso pai São Francisco certamente ficará guardado na alma de cada um de vocês por toda a vida. Pois um coração humilde e grato fará com que a nossa consagração seja testemunho da ação de Deus e do empenho do ser humano. Será o projeto que o mistério da encarnação de Jesus Cristo nos propõe”, exortou. Já no final da homilia, Frei César deixou mensagens fortes para marcar esse dia dos cinco jovens frades: “O Menino de Belém, depositado por Maria e José sobre uma caminha improvisada com um punhado de palha seca, também oferece para nós algumas pistas importantes para o Caminho da Cruz que estamos nos dispondo a percorrer. Aliás, Santa Clara nos recorda, na Carta que escreveu a Santa Inês de Praga, que a manjedoura e a cruz são duas molduras de um mesmo espelho, o Cristo Jesus, o Verbo de Deus encarnado em quem desejamos espelhar nossa caminhada de religiosos franciscanos. A simplicidade do menino sobre as palhas e a generosidade do jovem homem pregado sobre o madeiro sejam sempre para nós indicações preciosas que nos mantenham firmes no caminho. Sempre que a soberba, a vanglória, o orgulho ou a prepotência vierem nos assolar, olhemos para a ternura simples e desarmada da criança pobre de Belém. Toda vez que nos julgarmos injustiçados, quando nossos planos perecerem, quando o caminho parecer por demais difícil e cansativo, é hora de olharmos para as feridas doCOMUNICAÇÕES

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formação e estudos// loridas e a humilhação dolorosa que nosso Senhor experimentou na injusta violência que sofreu sobre a cruz”. “Referenciais não nos faltam, estimados irmãos, para percorrermos este fascinante caminho de radicalidade que hoje vocês assumem definitivamente. Para concluir trago o texto do quarto parágrafo da Encíclica Fratelli Tutti, último documento lançado pelo Papa Francisco e que tem como tema A fraternidade universal e a amizade social. Logo no início da Carta, o Papa deixa claro que sua inspiração nasceu do modo de ser e de se relacionar com as pessoas, assumido por São Francisco de Assis, homem que soube integrar a sua fé professada a um testemunho de vida provocante e transformador. Diz o Santo Padre: “[Francisco] Não fazia guerra dialética impondo doutrinas, mas comunicava o amor de Deus; compreendera que «Deus é amor, e quem permanece no amor, permanece em Deus». Assim foi pai fecundo que suscitou o sonho de uma sociedade fraterna. Naquele mundo cheio de torres de vigia e muralhas defensivas, as cidades viviam guerras sangrentas entre famílias poderosas, ao mesmo tempo que cresciam as áreas miseráveis das periferias excluídas. Lá, Francisco recebeu no seu íntimo a verdadeira paz, libertou-se de todo o desejo de domínio sobre os outros, fez-se um dos últimos e procurou viver em harmonia com todos”. “Que nós, frades menores, a exemplo de Francisco, sejamos seres humanos pacíficos, amorosos, livres, apaixonados pelos pobres e fragilizados, adeptos incansáveis do diálogo e construtores de pontes de esperança. Deus abençoe a vocês! Muito obrigado pelo seu “SIM” generoso em favor do Evangelho! Paz e Bem!” Terminada a homilia, os pais se aproximaram da pia batismal, onde está o Círio Pascal, acenderam uma vela e entregaram aos professandos para recordar a vocação batismal que, agora, com neles está se desabrochan-

do como vocação religiosa franciscana. Depois, Frei César perguntou aos professandos pelas motivações que eles trouxeram ao pedir a admissão definitiva na Ordem dos Frades Menores. Em seguida, ele pediu a intercessão de todos os Santos da Ordem para os novos irmãos, quando eles se prostraram ao chão. Com o término da Ladainha de todos os Santos, os professandos ficaram de joelhos diante do Ministro Provincial, colocaram as suas mãos nas mãos do Ministro, num gesto de entrega, de obediência, e leram a fórmula de profissão definitiva na Ordem dos Frades Menores. Normalmente, todos os confrades abraçam os neoprofessos, mas nesta celebração Frei César deu o abraço representando a todos. A liturgia continuou solenemente

até o final da comunhão. No momento dos agradecimentos falou em nome do grupo, Frei Augusto Luiz Gabriel: “A gratidão é a memória do coração e é um sentimento que demonstra acima de tudo que nós sempre precisamos uns dos outros. Ninguém conquista nada sozinho! Por isso, o nosso primeiro agradecimento é para Aquele que é a razão de nossas caminhadas, nas alegrias e nas tristezas. Ele foi quem nos inspirou, nos inspira e nos inspirará a cantarmos o cântico do serviço, da fraternidade e da vocação: Deus!”, disse. Segundo o frade, “nosso cântico não é somente uma banda de cinco pessoas, mas um coral de cantores que ajudam a manter o ritmo e o louvor”, disse, agradecendo à Igreja, à Província, em nome do Ministro Provincial, aos formadores, à Fraternidade, aos familiares, amigos e colaboradores. “A canção continua a ser entoada nos corações que mais precisam ouvir as notas do carisma franciscano”, concluiu. Frei César agradeceu as palavras de Frei Augusto em nome de todos. “Mais uma vez quero dizer obrigado a vocês e estender essa gratidão também à Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, um berço de vida franciscana e cristã para todos nós frades e aqueles que vêm aqui celebrar a sua fé, à Fraternidade São Francisco junto com o Instituto Teológico Franciscano e todos os confrades. Eu também queria dizer uma palavra de muita gratidão aos familiares desses nossos irmãos. Nem todos puderam vir aqui nesse instante de pandemia, mas alguns acompanham através das transmissões e alguns que estão aqui presentes representam as famílias de nossos irmãos. Vocês são também nossas famílias, uma vez que eles são incorporados a esta Fraternidade. E obrigado à Igreja, povo de Deus, e por ser família conosco”, concluiu, dando a bênção aos neoprofessos.

Frei Roger Strapazzon e Moacir Beggo COMUNICAÇÕES

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“Todo frade deve renovar, todos os dias, a sua consagração”, diz Frei César e nós já fôssemos perfeitos, santos, não precisaríamos ser frades. Ser frade é a fórmula de vida daqueles que são pecadores, daqueles que precisam de conversão, de transformação. E é nessa lógica que nós também renovamos os votos. Então, não são apenas vocês que estão aqui para renovar os votos, mas todo frade menor deve renovar, todos os dias da sua vida, a sua consagração”. Foi assim que o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, exortou com carinho o grupo de professos temporários, de Angola e do Brasil, que está na etapa de Teologia, em Petrópolis (RJ), durante a celebração de renovação dos votos temporários na Ordem dos Frades Menores. Esse momento reuniu os jovens Frei Crisóstomo Pinto Ngala (FIMDA); Frei Honorato S. Gaspar Gabriel (FIMDA); Frei André dos S. S. Mingas (FIMDA); Frei José João Ganga (FIMDA); Frei Miguel T. T. Filipe (FIMDA); Frei Danilo Santos Oliveira; Frei Felipe Medeiros Carretta; Frei

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Thiago da Silva Soares; e Frei Jonas Ribeiro da Silva durante a Oração da Vésperas, no dia 4 de dezembro, às 19h30, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus. A celebração teve a participação da Fraternidade e familiares, respeitando as normas sanitárias, e foi transmitida pelo Facebook da Paróquia. Anualmente, até a profissão solene, os frades professos renovam seus votos. Segundo o Ministro Provincial, não apenas esses jovens frades estavam renovando os votos, mas “todos somos convidados a este espírito de renovação, renovação das nossas vidas, das nossas opções, no sentido de nos fundamentar novamente naquilo que é a vontade de Deus”, disse. Para Frei César, esse momento não é apenas uma formalidade jurídica. “Renovamos esse compromisso também mais com o sentido de que precisamos renovar tudo em nós”, explicou. Tomando a segunda Carta do Apóstolo Pedro, que fala do tempo de Deus, questionou: Como é o

nosso tempo que vivemos aqui e agora? “Vivemos tempos bastante acelerados que exigem respostas, exigem resultados imediatos, porque hoje significa alguma coisa, amanhã pode não valer mais nada. Tudo tem sentido diferente e isso se torna também um dificultador para todos nós que fizemos a nossa opção vocacional, nossa consagração”, observou. Segundo o Apóstolo Pedro, mais importante é o tempo de Deus, porque ele não é movido por essas circunstâncias, por esses fenômenos modernos. No tempo de Deus, mil anos podem ser igual a um dia. Ele não age de acordo com essa necessidade de respostas, mas Ele não tarda em cumprir aquilo que ele mesmo nos prometeu”, indicou. Segundo o Ministro Provincial, o tempo de Deus, a vontade de Deus, é suprema e ela aguarda que a gente a compreenda. Pedro adianta duas condições para entender a vontade de Deus: O Pai não quer que ninguém se perca, quer que todos sejam salvos; e que todos venham a se converter.


formação e estudos//

OS NOVE FRADES QUE RENOVARAM

FREI ANDRÉ MINGAS

FREI CRISÓSTOMO

FREI DANILO

FREI FELIPE

FREI HONORATO

FREI JONAS

“A nossa vida franciscana é essencialmente uma vida chamada à conversão. São Francisco de Assis pedia que os frades até se chamassem penitentes, os Penitentes de Assis. Porque converter-se é a condição da nossa vida. Se nós já fôssemos perfeitos, santos, não precisaríamos ser frades. Ser frade é a fórmula de vida daqueles que são pecadores, daqueles que precisam de conversão, de transformação. E é nessa lógica que nós também renovamos os votos. Então, não apenas vocês que estão aqui para renovar os votos mas todo frade menor deve renovar todos os dias da sua vida a sua consagração. Deve rezar essa fórmula que vocês vão repetir daqui a pouco para que nós possamos, nessa renovação constante, chegarmos ao tempo, à lógica da vontade de Deus e não a nossa”, ensinou. Para abraçar a lógica de Deus, é preciso vencer o próprio eu, como dizia São Francisco. “E essa lógica de Deus, de salvação, de conversão, nesta paciência que ele tem para conosco, não está tão preocupada com resultados imediatos. Está muito mais atenta ao processo que tem a ver com nossos encontros, nossas relações. É o recomeçar, o renovar todos os dias, tanto que São Francisco mesmo nos afirma: ‘Comecemos, irmãos, pois até agora pouco ou nada fize-

FREI JOSÉ GANGA

FREI MIGUEL

mos!’ Isso nos indica justamente o nosso caminho de conversão, de transformação, para que nesse processo de conversão nós nos tornemos também, nas mãos de Deus, instrumentos de salvação, nossa e do nosso irmão. Esta é a alma, o sentido de sermos uma fraternidade e, como nos provoca o Papa Francisco, na sua mais recente encíclica, é o nosso compromisso também de dar testemunho ao mundo, de vivermos a fraternidade no sentido amplo. Fraternidade como lugar de mútua ajuda, de encontro, de pessoas que querem se converter”, enfatizou. “Por isso, de modo especial vocês que renovam seus votos, e nós todos que somos chamados à renovação e à conversão, comecemos, irmãos!”, completou. Terminada a reflexão, Frei César deu início ao Rito de Renovação. O mestre Frei Marcos Andrade chamou a cada um dos frades, que fizeram o pedido e depois se comprometeram dizendo: “Faço voto a Deus Pai santo e todo-poderoso de viver por mais um ano, em obediência, sem nada de próprio e em castidade”. Cada frade fez essa promessa nas mãos do Ministro Provincial.

Moacir Beggo

FREI THIAGO COMUNICAÇÕES

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FIMDA: 26 frades renovam os votos o dia 8 de dezembro, a Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA) celebrou a solenidade de sua Padroeira, Imaculada Conceição, onde os frades de Profissão Temporária e o frade brasileiro Frei João M. Zechinatto, que se encontra em Ano Missionário, renovaram, por mais um ano, o seu ‘sim’ a Deus nas mãos do presidente da celebração e delegado do Ministro Provincial, Frei António Boaventura Zovo Baza. A Missa foi realizada às 18horas na capela conventual. A mesma foi concelebrada por Frei José Morais Cambolo, Frei João Alberto Bunga, mestre de professos temporários; Frei Laurindo Lauro da Silva Júnior e Frei João Baptista Chilunda Canjenjenga ambos da Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos. E contou também com a presença de alguns noviços e postulantes.

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Na homilia, o presidente disse: “Hoje nos reunimos na Fraternidade São Francisco para celebrarmos a vida. Nesta eucaristia, em primeiro lugar, queremos colocar toda a Província da Imaculada Conceição do Brasil, nossas famílias e também render graças a Deus pela resposta que cada um de nós dá nesse chamado do Senhor, de modo especial os nossos confrades que hoje mais uma vez querem dizer é isso que eu quero, é isso que procuro de todo o coração’”. “Na solenidade da Imaculada Conceição, somos convidados a avaliar

o tipo de resposta que cada um de nós dá a Cristo. Deus tem um projeto especial para cada um. Um projeto no qual cada cristão deve saber corresponder à vontade do Pai. E exige de cada pessoa, uma resposta decidida, total e sem obstáculos”, frisou. Dirigindo-se aos frades Professos Temporários disse que “o consagrado a Deus precisa viver uma vida intensa de oração, rezando a Liturgia das Horas, meditando diariamente a Palavra de Deus, ler bons livros que o fortaleçam espiritualmente e a obediência aos superiores”. E continuou: “Isso porque o consagrado é aquele que abdicou a sua vida para se entregar totalmente a Deus, é aquele que aceita perder a vida para ganhá-la. Não se pode ser meio consagrado; ou se entrega a Deus totalmente ou se cansará da sua opção”, alertou.


formação e estudos// Ao terminar, o presidente da celebração recordou que no meio das nossas dificuldades, das nossas desilusões, dos nossos sofrimentos, da nossa finitude, dos medos, dos nossos pecados, dos dramas “não devemos esquecer que somos filhos amados de Deus, a quem ele oferece continuamente a vida infinita, a verdadeira felicidade”. Após a homilia, seguiu-se com o rito da renovação onde cada candidato prometia nas mãos do delegado do Ministro Provincial, Frei António Baza, viver por mais um ano segundo a Regra e as Constituições da Ordem dos Frades Menores, em obediência, sem nada de próprio e em castidade. Neste ano atípico, a renovação dos votos dos 26 frades foi feita dentro de um clima em que as aulas na universidade têm seu percurso normal, diferente de outros anos, em que após a renovação, os frades seguiam para os estágios nas Fraternidades da FIMDA ou em férias com os familiares. Após a Missa, realizou-se um recreio onde se procurou comemorar a festa da Padroeira. A mesma foi marcada por diversas atividades que animaram o final do dia.

Frei Abel Ndala Sahuma Nganji (texto) e Frei Eduardo Camunha (fotos)

RETIRO EM PREPARAÇÃO PARA A RENOVAÇÃO DOS VOTOS No dia 5 e 6 de dezembro realizou-se na Fraternidade São Francisco de Assis, em Palanca, o retiro para a renovação dos votos. O mesmo teve como pregador Frei Laurindo Lauro Júnior da Silva, que abordou o tema: “Conselhos Evangélicos como Base na Construção Fraterna”. O pregador baseou-se nas citações de Mateus 4, 1-11, Marcos 1, 12-13 e Lucas 4, 1-13, onde são relatados as tentações que Cristo sofreu no deserto, referente ao pecado do prazer, poder e ter. Segundo Frei Laurindo, frente a essas tentações, o frade é chamado a dar uma resposta contrária, assim como Cristo fez. Acrescentou que “os conselhos evangélicos vivem-se na unicidade porque na espiritualidade franciscana quem feriu um feriu todos”. Chamou a atenção dos presentes de que “essa tríplice tentação sempre existirá na nossa vida e deve ser combatida com os votos. A profissão religiosa põe no coração de cada um de nós, o amor do Pai, aquele amor que está no coração de Jesus, redentor do mundo”, disse. No final, Frei Inoc Joaquim agradeceu, em nome dos participantes, a presença e a disponibilidade de Frei Laurindo e, posteriormente, como de costume, houve o momento de adoração no Mosteiro das COMUNICAÇÕES DEZEMBRO DE 2020 747 Irmãs Clarissas.


//formação e estudos

No alto (da esq. para dir.): Frei Santana, Frei Alan, Frei Josemberg, Frei Canga e Frei Jefferson. Abaixo (da esq. para dir.): Frei Raoul, Frei Mario, Frei Jhones e Frei Junior.

Nove jovens frades recebem o ministério diaconal no dia 19 de dezembro Província da Imaculada Conceição do Brasil, a Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola e a Custódia São Benedito da Amazônia celebram no dia 19 de dezembro, a ordenação diaconal de nove frades. São eles: Frei Alan Leal de Mattos, Frei Jefferson Max Nunes Maciel, Frei Jhones Lucas Martins, Frei Josemberg Cardozo Aranha, Frei Junior Mendes, da Província da Imaculada; Frei Canga Manuel Mazoa, Frei Mário Sampaio Pelu e Frei Santana Sebastião Cafunda, da Fundação Imaculada de Angola; e Frei Raoul A. Bentes, da Custódia São Benedito da Amazônia. Eles escolheram como lema “Eu vos designei para irdes e para que produzais fruto” (Jo 15,26c). Eles receberão o compromisso do

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ministério diaconal das mãos do bispo diocesano de Petrópolis, Dom Gregório Paixão, durante a Celebração Eucarística, às 9 horas, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis. A função a que são chamados está descrita na Constituição Dogmática Lumen Gentium, no nº 29, da seguinte forma: “Administrar o Batismo solene, conservar e distribuir a Eucaristia, assistir e abençoar em nome da Igreja aos Matrimônios, levar o viático aos moribundos, ler a Sagrada Escritura aos fiéis, instruir e exortar o Povo, presidir ao culto e as orações dos fiéis, administrar os sacramentos e presidir aos ritos dos funerais e da sepultura”. E, ainda, de maneira sintética, o mesmo texto diz: “Servem o Povo de Deus na diaconia da Liturgia, da Palavra e da Caridade”.

CONHEÇA OS CANDIDATOS AO DIACONATO: FREI ALAN

Frei Alan Leal de Mattos nasceu no dia 19 de novembro de 1986, em Petrópolis, Rio de Janeiro. Filho de Robson Machado Batista e Sônia Maria Leal da Rocha Mattos, possui 5 irmãos. Ingressou no Seminário São Francisco de Assis em Ituporanga (SC) em 2010 e vestiu o hábito franciscano em 2012. Em 2013 fez sua 1ª Profissão em Rodeio (SC). Entre 2013 e 2015, cursou Filosofia na FAE-Centro Universitário de Curitiba (PR). Viveu o Ano Missionário em Vila Velha e Colatina (ES) no ano de 2016. Fez a Profissão Solene no dia 15 de setembro de 2018 e concluiu os estudos de Teologia em 2020 no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ).


formação e estudos// FREI CANGA

Frei Canga Manuel Mazoa nasceu no dia 23 de março de 1993, em Ndalatando, Kwanza Norte (Angola). Filho de Manuel Canga Mazoa e de Domingas Francisco João António, possui 2 irmãos. Ingressou no Seminário Monte Alverne em Malange (Angola) em 2008 e vestiu o hábito franciscano em 2013. Em 2014 fez sua 1ª Profissão em Rodeio (SC). Entre 2014 e 2016, cursou Filosofia na Universidade Católica de Angola - ISDB - em Luanda. Fez a Profissão Solene no dia 8 de setembro de 2019 e concluiu os estudos de Teologia em 2020 no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ).

FREI JEFFERSON

Frei Jefferson Max Nunes Maciel nasceu no dia 27 de janeiro de 1992, em Curitiba, Paraná. Filho de Valódio Tibes Maciel e Maria Enésia Nunes, possui dois irmãos. Ingressou no Seminário Santo Antônio em Agudos (SP) em 2009 e vestiu o hábito franciscano em 2012. Em 2013 fez sua 1ª Profissão em Rodeio (SC). Entre 2013 e 2015, cursou Filosofia na FAE-Centro Universitário de Curitiba (PR). Viveu o Ano Missionário em Angola no ano de 2016. Fez a Profissão Solene no dia 15 de setembro de 2018 e concluiu os estudos de Teologia em 2020 no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ).

FREI JHONES

Frei Jhones Lucas Martins, nasceu no dia 6 de abril de 1990, em Macatuba, São Paulo. Filho de Donizetti Martins e Maria Aparecida dos Santos Martins, possui 2 irmãos. Ingressou no Seminário São Fran-

cisco de Assis em Ituporanga (SC) em 2010 e vestiu o hábito franciscano em 2012. Em 2013 fez sua 1ª profissão em Rodeio (SC). Entre 2013 e 2015, cursou Filosofia na FAE-Centro Universitário de Curitiba (PR). Viveu o ano Missionário em Quibala-Angola no ano de 2016. Fez a Profissão Solene no dia 15 de Setembro de 2018 e concluiu os estudos de Teologia em 2020 no ITF- Instituto Franciscano de Petrópolis (RJ).

FREI JOSEMBERG

Frei Josemberg Cardozo Aranha nasceu no dia 24 de julho de 1988, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. É filho únicol de José Aranha Gomes e de Maria Lúcia Cardozo Aranha. Ingressou no Seminário São Francisco de Assis em Ituporanga (SC) em 2010 e vestiu o hábito franciscano em 2012. Em 2013 fez sua 1ª Profissão em Rodeio (SC). Entre 2013 e 2015, cursou Filosofia na FAE-Centro Universitário de Curitiba (PR). Viveu o Ano Missionário em São Paulo (SP), no Sefras, em 2016. Fez a Profissão em 15 de setembro de 2018 e concluiu os estudos de Teologia em 2020 no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ).

FREI JUNIOR

Frei Junior Mendes nasceu no dia 24 de janeiro de 1989 em Santo Amaro da Imperatriz. Filho de Ganilton Mendes e Maria de Lourdes Schimidt Mendes, possui um irmão. Ingressou no seminário São Francisco de Assis em Ituporanga em 2010 e vestiu o hábito franciscano em 2012. Em 2013 fez sua 1ª profissão em Rodeio (SC). Entre 2013 e 2015, cursou filosofia na FAE - Centro Universitário de Curitiba (PR). Viveu o Ano

Missionário em Malange, Angola, no ano de 2016. Fez a profissão solene no dia 15 de setembro de 2018 e concluiu os estudos de Teologia em 2020 no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ).

FREI MÁRIO

Frei Mário Sampaio Pelu nasceu no dia 20 de agosto de 1988, em Benguela/ Benguela, Angola. Filho de Adriano Pelu e de Antónia Nandjamba, possui 11 irmãos. Ingressou no Seminário Monte Alverne em Malange, Angola em 2011 e vestiu o hábito franciscano em 2013. Em 2014 fez sua 1ª Profissão em Rodeio (SC). Entre 2014 e 2016, cursou Filosofia na ISDB- Instituto Superior Dom Bosco. Fez a Profissão Solene no dia 15 de setembro de 2018 e concluiu os estudos de Teologia em 2020 no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ).

FREI RAOUL

Raoul Antônio Azevedo Bentes nasceu no dia 27 de julho de 1990, no município de Alenquer (PA). É filho único de Ivo Antônio Monteiro Bentes e Iramaia Targina de Azevedo Bentes. Ingressou no postulantado em 2010, em Santarém (PA), onde professou os votos simples no dia 2 de agosto de 2012. Concluiu Filosofia em Manaus (AM) em 2015. Em 2016, no Ano Missionário, residiu seis meses na Missão Indígena São Francisco, no Pará, os outros seis meses no Santuário São Francisco das Chagas em Canindé (CE). No dia 2 de agosto de 2018 fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores, em Santarém. Concluiu os estudos de Teologia no ITF em 2020.

FREI SANTANA

Frei Santana S. Cafunda natural de Malange-Angola. Ingressou no Seminário Franciscano Monte Alverne em Malange em 2009 e vestiu o hábito franciscano em 2012. Em 2013 fez sua primeira profissão em Luanda. Entre 2013 e 2016 cursou Filosofia no ISDB Universidade Católica de Angola (UCAN) em Luanda. Viveu o Ano Missionário em Kibala (KS) no ano de 2016. Fez a profissão Solene no dia 8 de Setembro de 2019 e concluiu os estudos teológicos em 2020 no Instituto Teológico Franciscano - ITF. COMUNICAÇÕES

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//formação e estudos

Na festa da Imaculada, 17 jovens do tempo da Filosofia renovam os votos a solenidade da Imaculada Conceição de Maria, Padroeira e mãe da Ordem dos Frades Menores e de nossa Província, Frei João Mannes, delegado do Ministro Provincial, Frei César Külkamp, presidiu esta solene Eucaristia na capela do Convento São Boaventura de Rondinha (PR), bem como a renovação dos votos dos frades professos temporários do tempo de Filosofia. Fizeram a renovação dos votos no 3º ano de Profissão Temporária: Frei Bruno Gonçalves Cezário e Frei

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Ruan Felipe Sguissardi; no 2º ano de Profissão Temporária: Frei Daniel Maciel, Frei Franklin Matheus da Costa, Frei Gabriel Nogueira Alves, Frei Guilherme Plotegher Neto, Frei Josiélio da Silva Oliveira, Frei Lucas Moreira Almeida, Frei Marcelo Tadeu da Silva Cardoso, Frei Roberto Rocha da Silva e Frei Sérgio Hide Honna; e no 1º ano de Profissão Temporária, cinco são frades angolanos da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA): Frei Daniel Carlos Teresa (FIMDA), Frei Herculano José Nuñgulo (FIMDA), Frei Inácio Filipe

Puto (FIMDA), Frei Jerónimo Cheia Mário (FIMDA); Frei Venâncio C. Candundo (FIMDA) e Frei Irven Gabriel de Jesus dos Santos. Depois de saudar e acolher seus confrades, especialmente os 17 frades estudantes professandos, Frei João primeiramente ressaltou o significativo do “sim” que cada confrade dá a Deus através dos conselhos evangélicos, do quando este “sim” imprime caráter, exige um amor e igual responsabilidade. Que pelo exemplo de Maria, cada confrade professando possa dizer como Mãe


formação e estudos//

de Deus: “Faça-se em mim, segundo a Vossa Palavra”. Frei João lembrou do tempo do Advento que estamos vivendo, tempo de desapego, libertação e purificação. E ressaltou que o desapego é necessário para que Jesus possa nascer. A conversão do coração, portanto, é imprescindível

para que possamos dizer como o Apóstolo Paulo:”Não sou eu que vivo, mas Deus que vive em mim”, e assim caminhar para o Natal definitivo. O anjo Gabriel, no Anúncio, encontra o coração de Maria puro e sem mancha, um lugar apropriado para o nascimento do filho de Deus,

do mesmo modo cada professando que hoje renovaram os votos por mais um ano, deve com Maria ter um coração puro para construção real de uma fraternidade. Tudo é da fraternidade e a fraternidade é de Deus.

Frei Gabriel Nogueira Alves.

FAE é reconhecida nacionalmente como instituição socialmente responsável A FAE Centro Universitário acredita no poder da atitude para fazer do mundo um lugar melhor. E foi com esse espírito de iniciativa da sua comunidade acadêmica que a FAE recebeu o Selo de Responsabilidade Social da ABMES, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior. O reconhecimento ocorreu devido aos resultados expressivos conquistados por meio de uma campanha de arrecadação de ração para cães, que reuniu mais de 1,5 tonelada do alimento para cãezinhos acolhidos pela ONG DNA Animal, em Fazenda Rio Grande (PR). Participaram dessa ação alunos e professores voluntários dos campi Curitiba, Araucária e São José dos Pinhais da FAE Centro Universitário.


//formação e estudos

Bruno Almeida de Mello Nascimento 08/05/1999 Naturalidade Presidente Getúlio-SC

Vinícius de Oliveira Betim Nascimento 30/03/2000 Naturalidade Amparo-SP

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Bruno Dias de Deus Nascimento 31/07/2000 Naturalidade Taboão da Serra-SP

Gilberto Silveira da Costa Junior Nascimento 27/07/1999 Naturalidade Agudos-SP


formação e estudos//

Noviços fazem a Primeira Profissão em Rodeio epois de viverem um tempo de graça e provação, como é chamado o Noviciado na formação franciscana, Frei Bruno Almeida de Mello, Frei Bruno Dias de Deus, Frei Gilberto Silveira da Costa Junior e Frei Vinícius de Oliveira Betim receberam a aprovação do Definitório Provincial para fazerem a Profissão Temporária na Ordem dos Frades Menores. Esse momento será realizado durante a Celebração Eucarística no dia 29 de dezembro, presidida pelo Ministro Provincial Frei César Külkamp, às 19 horas, na Igreja São Francisco de Assis, em Rodeio, SC. Segundo o mestre Frei Rodrigo da Silva Santos, o ano de 2020 foi atípico para todos: Para alguns, a experiência dolorosa do enfrentamento direto da pandemia da Covid-19 ou na lida com suas trágicas consequências: a enfermidade, a morte, o desemprego e desestabilidade financeira, o isolamento e desgaste emocional e psicológicos decorrentes. “Podemos dizer que aqui, no Noviciado, tivemos que nos adaptar à realidade das celebrações com e sem a presença do povo e, infelizmente, não foi possível realizar as visitas às casas que tanto ajudam aos nossos formandos a contextualizar nossa espiritualidade franciscana com os anseios e realidade do povo. São adaptações que afetaram elementos importantes, mas que, diretamente, não comprometeram a experiência específica deste ano de graça e provação proposto aos jovens noviços”, acredita Frei Rodrigo, explicando

D

que o início da etapa se deu com 7 noviços que integravam uma turma bem jovem (entre 20 a 23 anos). “Nos três primeiros meses ocorreram três egressos, deixando a turma com 4 noviços que seguiriam juntos até o final. As provocações próprias do Noviciado foram sendo propostas a eles, permitindo-lhes o aprofundamento em nossa espiritualidade, no sentido de consagração e vivência dos conselhos evangélicos; o confronto de discernimento pessoal quanto à possibilidade e anseio real de viverem como Frades

Menores e o alargamento da intimidade com Deus que os chama e os ama. Juntos, eles cresceram no espírito fraterno e na confiança uns nos outros. Juntos, eles amadureceram como pessoas e como cristãos. Juntos, eles se firmaram na decisão de responder ao chamado com seu ‘Sim’ a Deus”, avalia o mestre. “Neste ano, considero como verdadeira graça a possibilidade de ter participado do processo de autoconhecimento e entrega deste grupo. Na lida dos desafios próprios da formação

e deste singular ano, saímos todos mais maduros, mais conscientes de nossas potencialidades e limites, mas, certamente, mais convictos do que buscamos e desejamos encontrar”, conclui Frei Rodrigo. A profissão religiosa na Ordem Franciscana, emitida nas mãos do Ministro Provincial, Frei César Külkamp, faz-se nos seguintes termos: “Para louvor e glória da Santíssima Trindade. Eu, Frei N.N. , tendo o Senhor me dado a graça de seguir mais de perto o Evangelho e os passos de nosso Senhor Jesus Cristo, em tuas mãos, Frei César Külkamp, com firme fé e vontade, faço voto a Deus, Pai santo e todo-poderoso, de viver por um ano, em obediência, sem nada de próprio e em castidade. Ao mesmo tempo, professo a vida e a regra dos Frades Menores, confirmada pelo Papa Honório, e prometo observá-la fielmente segundo as Constituições da Ordem dos Frades Menores. Entrego-me, pois, de todo o coração a esta Fraternidade, para que, pela ação eficaz do Espírito Santo, guiado pelo exemplo de Maria Imaculada, por intercessão de nosso Pai Francisco e de todos os santos, e com a ajuda fraterna de todos, eu possa tender constantemente para a perfeita caridade, no serviço a Deus, à Igreja e aos homens”. Esta é a 120ª turma do Noviciado e a segunda do mestre Frei Rodrigo da Silva Santos. Na Ordem Franciscana, os votos simples da profissão temporária são renovados anualmente até o momento da profissão solene. COMUNICAÇÕES

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//formação e estudos

O ano formativo na FIMDA dentidade, fraternidade e apostolado são três fundamentos que formam a nossa vida de Frades Menores”. Movidos por esta esperança estamos quase concluindo mais um ano formativo em nossa Fundação. Diz-se ‘quase concluindo’, pelo fato de que, com a Covid-19, tivemos alterações no programa escolar, pois os que estão fazendo os estudos no Ensino Médio e os da Filosofia tiveram alterados o seu programa curricular que agora se inicia no mês de setembro e se conclui no mês de julho. Porém, os aspirantes com Ensino Médio concluído, que são oito (8), já estão de férias e se preparando para no próximo ano iniciarem o seu Postulantado. De igual modo, os postulantes que são 16, já estão de férias e, no próximo ano, iniciarão sua experiência de Noviciado. Já os noviços, que são 23, por sua vez, estão em fase de conclusão e se preparando para a Profissão, como também para as férias e a nova etapa formativa, sendo que nove (9) irão para o Bairro do Palanca e 14 para Rondinha (PR). Os confrades professos temporários do 1º a 3º ano concluirão, portanto, em 2021 seus estudos e, os que estavam no 4º ano, mesmo sem ter concluído o curso, irão para a Teologia em Petrópolis. Tivemos um ano atípico, mas intenso e pleno de desafios em nosso processo formativo. O recolhimento social provocou-nos em nosso recolhimento espiritual e, desta forma, abriu-nos à possibilidade de uma simples e profunda reflexão a respeito do nosso modo de vida, do nosso ser religioso. Como frade menor, nos vimos de um jeito, se podemos dizer assim, di-

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ferentemente provocados em relação à nossa identidade, pois, tivemos que nos voltar para nós mesmos, dialogarmos mais, nos compreendermos melhor. Nas etapas do Aspirantado, Postulantado e Noviciado, este caminho é mais evidente no seu processo natural, contudo, torna-se cada vez mais exigente esta experiência, sobretudo, porque na formação permanente, como refletimos e respondemos questões a respeito dos egressos, a clericalização está forjando um modo de ser que não é o do frade e, com isto, se nossa identidade não firmar caráter na fase inicial da formação, dificilmente depois tomará corpo em nossas Fraternidades. E este é um grande desafio para nós. Na Fraternidade nos vimos dentro

de um reaprendizado, tendo que nos assentar, nos vermos mais como família, abrir-nos para trabalhar juntos, pois o “ter que ficar em casa” desestabilizou as nossas “funções” e, assim, nos vimos um olhando para o outro e, tendo que, reaprender a usar o nosso tempo. Nas etapas do Aspirantado, Postulantado e Noviciado, esta dimensão de nossa vida franciscana é mais assentada e o nosso ministério formativo deve acentuá-la como vital em nossa vida fraterna, tendo sido este um percurso que juntos construímos com nossos formandos. Em nosso apostolado, buscou-se participar dos momentos fortes de nossa Igreja local, testemunhando pela nossa presença simples e discreta a comunhão eclesial. Na responsabilidade junto às nossas comunidades de fé, nos vimos limitados, o que trouxe, como dito acima, um confronto interior e, consequentemente, fraterno. Nas etapas do Aspirantado, Postulantado e Noviciado nos vimos também limitados e sentimos não ter participado um pouco mais da realidade do povo local juntamente com nossos formandos. Nisso tudo, o importante é que nos vimos na possibilidade de crescimento, de firmar o nosso caráter religioso como frade e, os que assim acolheram esta experiência, certamente, amadureceram como discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nesta partilha, entenda-se também, os confrades de Profissão Temporária e os da Formação Permanente. Em São Francisco e Santa Clara: Paz e Bem!

Frei Marco Antonio dos Santos


NOVICIADO EM FESTA NO DIA 9 DE JANEIRO Os 23 noviços da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA) vão fazer a Primeira Profissão no dia 9 de janeiro no Noviciado Santo Antônio, em Quibala. Neste mesmo dia, serão acolhidos 16 noviços no ano 2021. Esta será a maior turma do Noviciado de Angola, que começou a ser feito em Quibala em 2019. Neste ano, professam: Frei Abel

Ernesto Nené; Frei Alberto Joaquim Manuel Gamba; Frei Borracha Raimundo Eduardo; Frei Dionísio Kapitango Uyombo Muhele; Frei Escovalo Gabriel Domingos; Frei Fernando Camaxilo Victor; Frei Gualter Filipe João Pascoal; Frei Hilário Kaleka Gonçalves Barros; Frei Januário Mendonça Barreto de Carvalho; Frei José Kapundi Rodrigues; Frei Luís José Fernandes; Frei Manuel Coloi

Armando Camongua; Frei Manuel Katchingangu Singue; Frei Mário Catimba Dumbo Baptista; Frei Paulino Salamba Candondo;. Frei Paulo Camuanguina Alexandre; Frei Paulo Kapindali; Frei Paulo Ngungu Ngumbe Gabriel; Frei Silva Kawia Ngueve Tchimo; Frei Simão Albino Katenha Kaquinta; Frei Simeão Kapiñgala Jamba; Frei Tomás Gaspar Joaquim; e Frei Vicente Chocolate Barros.

Frei Abel Ernesto Nené

Frei Alberto Joaquim Manuel Gamba

Frei Borracha Raimundo Eduardo

Frei Dionísio Kapitango Uyombo Muhele

Frei Escovalo Gabriel Domingos

Frei Fernando Camaxilo Victor

Frei Gualter Filipe João Pascoal

Frei Hilário Kaleka Gonçalves Barros

Frei Januário Mendonça Barreto de Carvalho

Frei José Ka Pundi Rodrigues

Frei Luís José Fernandes

Frei Manuel Coloi Armando Camongua

Frei Manuel Katchingangu Singue

Frei Mário Catimba Dumbo Baptista

Frei Paulino Salamba Candondo

Frei Paulo Camuanguina Alexandre

Frei Paulo Kapindali

Frei Paulo Ngungu Ngumbe Gabriel

Frei Silva Kawia Ngueve Tchimo

Frei Simão Albino Katenha Kaquinta

Frei Simeão Kapiñgala Jamba

Frei Tomás Gaspar Joaquim

Frei Vicente Chocolate Barros


//formação e estudos

Primavera vocacional traz alegria e esperança na Missão de Angola

A Fraternidade da Porciúncula, em Viana Postulantado da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola situa-se no munícipio de Viana, região metropolitana da capital do país, Luanda, na Fraternidade da Porciúncula. Essa Fraternidade está a mais ou menos 10 km da sede da Fundação, a Fraternidade São Francisco, que localiza-se em Luanda, bairro do Palanca. Compõem o corpo formativo do Postulantado Frei Laurindo Lauro da Silva Junior, guardião e mestre; e Frei João Baptista Canjenjenga, pároco e vigário da casa. Devido à pandemia, Frei João Manoel Zechinatto, que faria seu Ano Missionário junto ao Postulantado em 2020, só chegou em Angola no mês de outubro. A Missão Franciscana em terras angolanas vive uma bela primavera em termos vocacionais. O postulantado iniciou o ano com 21 formandos. Destes, 16 seguem para o Noviciado a ser iniciado em janeiro na Fraternidade de Quibala, na Província do Kwanza-Sul. Nos últimos anos, as Casas da Fundação, cada vez mais, estão se compondo de frades angolanos, frutos dos 30 anos de Missão. O grande número de vocações em todas

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as etapas da formação inicial é motivo de muita alegria e esperança. É uma realidade vocacional bem adversa daquela que vive hoje o território da Província no Brasil. No próximo ano são esperados 8 postulantes, o número menor é reflexo da pandemia que alterou o calendário escolar de Angola: agora passa a valer o sistema europeu que inicia o ano letivo em setembro. Além da formação, uma das missões da Fraternidade Local é o cuidado da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, cuja Matriz paroquial dista 2 km do Postulantado. Outra ação dos frades em Vianna é o projeto social “Bola da Paz”, um serviço que oferece lazer e formação aos jovens do bairro a partir do futebol e do convívio fraterno. Neste ano, assim como em todos os lugares, o Postulantado foi afetado pela pandemia. O ritmo próprio da casa não sofreu grandes alterações. Uma mudança mais significativa foi o afastamento dos colaboradores a fim de evitar contato com pessoas de ambientes externos. Diante dessa situação, os postulantes assumiram todos os trabalhos da casa: cozinha, lavanderia, manutenção, limpeza,

jardins, horta, animais... todos puderam doar um pouco mais de si no cuidado e no serviço à Fraternidade. Os trabalhos pastorais foram mais restritos devido ao distanciamento social, em especial, o projeto Bola da Paz foi interrompido para evitar aglomerações em uma atividade física que poderia gerar risco às crianças. O entorno do Postulantado, o Bairro da Estalagem, é uma região simples, a maioria da população vive de trabalho informal, principalmente com a venda de produtos nas ruas e centros de comércio da região. Foi, portanto, difícil que o cuidado com o distanciamento social, assim como orientam as medidas de segurança, fossem observados à risca. Há muitos pontos de aglomerações nas imediações da Fraternidade. Por graça de Deus, a pandemia não tem, por hora, crescido de maneira desordenada e causado os números de doentes e mortes em escala assustadora como ocorre no Brasil. A crise econômica que afeta o planeta, no entanto, não deixou de ser fortemente sentida também em Angola. Uma alta inflação, sobretudo no setor dos alimentos, recai sobre todos. Inúmeras famílias acorrem aos frades em busca de ajuda com alimentos e medicamentos. O convívio fraterno mais estreito e intenso foi a marca do Postulantado nesse ano de 2020. Os postulantes que se preparam para cada vez mais adentrarem na vida franciscana puderam, no decorrer dessa etapa, sentirem-se provocados pelo “novo” da vida, que exigiu criatividade, paciência e dedicação. Puderam, sobretudo, viver a graça do Senhor manifestada nos pequenos gestos de doação e serviço aos irmãos que são instrumentos de Deus no chamado de serem autênticos frades menores, pequenos e servos de todos.

Frei Laurindo Lauro da Silva Junior e Frei João Manoel Zechinatto


formação e estudos// Noviços 2021 O Noviciado de 2021, que começa com a Admissão dos Noviços no dia 9 de janeiro, terá a seguinte turma: Benedito Cassoma, Benjamim Njle Songa, Bernardino Quessongo, Castro

Domingos Gaspar, Dâmaso Tchembeka Muhepe, David Avelino Damião Vicente, Francisco Fernando Kanhanga Tchingandu, Francisco Mulimba Lino Tomás, José Cambanda Catimba; José Gregório

Severino; Levi Lubaki Joaquim Afonso; Manuel Mbuta Chicunho; Manuel Sabino Anapaz Kassindula; Miguel Armindo Caquarta; Pio Cutopa Chongolola; e Valter Muhongo Quimbundo.

Benedito Cassoma

Benjamim Njle Songa

Bernardino Quessongo

Castro Domingos Gaspar

Dâmaso Tchembeka Muhepe

David Avelino Damião Vicente

Francisco Fernando Kanhanga Tchingandu

Francisco Mulimba Lino Tomás

José Cambanda Catimba

José Gregório Severino

Levi Lubaki Joaquim Afonso

Manuel Mbuta Chicunho

Manuel Sabino Anapaz Kassindula

Miguel Armindo Caquarta

Pio Cutopa Chongolola

Valter Muhongo Quimbundo

COMUNICAÇÕES

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Caio Santos da Silva Nascimento: 12/10/1997 Naturalidade: São Paulo, SP

Samuel Corrêa Ribeiro Nascimento: 22/08/1997 Naturalidade: Campos Novos, SC

Felipe Luiz Mendonça Nascimento: 18/06/1997 Naturalidade: Piraúba, MG

Sandro Francisco Bedim da Silva Nascimento: 22/10/1997 Naturalidade: Itu, SP

Raphael de Faria Costa Nascimento: 12/11/1999 Naturalidade: Miguel Pereira, RJ

Thiago de Carvalho Pereira Nascimento: 06/12/1999 Naturalidade: Ferraz de Vasconcelos, SP

Ruan Ramiro Martins Nascimento: 20/11/1995 Naturalidade: Volta Redonda, RJ


formação e estudos//

Sete noviços são acolhidos no dia 5 de janeiro turma do Noviciado de 2021 da Província da Imaculada Conceição do Brasil será formada por sete postulantes, que serão acolhidos na terça-feira, dia 5 de janeiro, pelo Ministro Provincial Frei César Külkamp durante a Celebração Eucarística, às 6h30, no Noviciado São José, em Rodeio (SC). São eles: Caio Santos da Silva, Felipe Luiz Mendonça, Raphael de Faria Costa, Ruan Ramiro

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Martins, Samuel Corrêa Ribeiro, Sandro Francisco Bedim da Silva e Thiago de Carvalho Pereira. Um dos momentos mais simbólicos e emocionantes da admissão dos noviços é a vestição do hábito franciscano, que o candidato recebe das mãos do Ministro Provincial e do mestre Frei Rodrigo da Silva Santos. Ali mesmo, durante a celebração, ele se veste e passa a ser chamado de Frei. Durante o ano

de Noviciado, este hábito é provisório, já que o definitivo o noviço receberá quando fizer a Primeira Profissão, no término deste ano de provação. Durante o ano, os noviços intensificam a vida em comum, entre eles e com a Fraternidade Formadora da casa, e participam também de algumas atividades na própria comunidade eclesial e de celebrações das outras casas franciscanas da região.

ASSESSORIAS NA FORMAÇÃO Durante o ano de 2020, o Postulantado recebeu inúmeras visitas, dentre elas, no início, antes da admissão, Frei Marcos Andrade, que ensinou sobre o manuseio do livro da Liturgia das Horas — a oração da Igreja. Como no ano do Postulantado se faz o uso da Liturgia das Horas, foi imprescindível que houvesse formação para aprender a manusear esse livro. Já no final do ano, no dia 25 de outubro, dia de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão foi a vez da visita de Frei Sandro Roberto da Costa que ministrou um intensivo sobre a História da Ordem dos Frades Menores durante a semana. Afinal, o Postulantado é o ano do pedido de ingresso à Ordem, nada tão bom como conhecê-la em sua história e trajetória antes de oficialmente revestir-se do hábito franciscano. O momento de beber das Fontes de espiritualidade Franciscana foi proporcionado por Frei Robson Scudela, que foi o mediador do retiro anual do postulantado.

Trabalhando sobre o tema da vida fraterna, retirado do livro: “A vida fraterna em comunidade”, da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica (1994), abor-

dou também questões práticas trazidas à realidade da vida cotidiana em fraternidade, incentivando ao diálogo e à compreensão mútua. Postulante Sandro Bedin COMUNICAÇÕES

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//formação e estudos

“A Vida Franciscana precisa colocar-se no mundo”

ete Postulantes concluem o ano aqui em Guaratinguetá. Pouco mais da metade dos que foram admitidos em janeiro. A questão vocacional do jovem de hoje e o nosso modo de acompanhá-los requer uma atenção muito maior. A configuração das famílias mudou, o mundo acelerou-se em tantos sentidos. Multiplicou-se em oportunidades, em apelos e propostas. O mundo virtual é uma faca de dois gumes, e ele seduz além da conta. A Vida Franciscana precisa colocar-se no mundo, valorizar o que ele traz de novo e bom, mas ela é também, por natureza e a partir do Evangelho, um contraponto aos desvalores vividos e propagados nas sociedades. Até que ponto ela consegue encarnar essa postura e até que ponto os jovens são capazes de assumir uma via diversa, que vai, em grande parte, na contramão do fluxo de certas correntes ideológicas

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atuais são questões que nos deveriam ocupar mais ainda. A prioridade vocacional eleita já em mais de um Capítulo Provincial falta encontrar mais efetividade na nossa vida e das nossas fraternidades. Já há tempos entramos no ritmo de encolhimento numérico experimentado em quase todo o mundo. E, às vezes, parece que assistimos “meio de camarote” a esse processo. Por que a vida na Província não atrai mais tanto? Temos alguma contribuição no fato de que o “vinde e vede”, em muitos casos, desanime mais do que encante? O Postulantado (de postulare, latim) é um grande pedido. A Deus, para o caminho a seguir. À fraternidade provincial, para a acolhida. E a si mesmo, para ver as condições humanas e espirituais para empreender o caminho. É uma etapa, embora toda a vida do frade menor seja um contínuo postular. Neste ano, os postulantes experimentaram um programa de vida

afetado pela pandemia. Não puderam participar dos círculos bíblicos e de outras iniciativas evangelizadoras e tiveram pouco contato com os romeiros, mas, por outro lado, puderam estar mais juntos todos os dias e crescer como turma na questão da convivência e do conhecimento mútuo. E não houve grandes alterações na nossa rotina. Não podemos reclamar. Vivemos numa casa ampla, com espaços para trabalho e lazer que não nos deixaram “entocados”, como grande parte dos brasileiros desfavorecidos, que, de fato, sofreram com o distanciamento social. E mesmo assim, acabamos fazendo vários passeios. Neste ano também os postulantes tiveram formações semanais com a psicóloga Raquel, na linha do autoconhecimento, e também acompanhamento individualizado por algumas semanas. O professor Marcelo ajudou na área da iniciação musical. Os sete jovens que seguem para o Noviciado mostram-se animados e contentes. O clima de convívio no segundo semestre arejou-se bem. A presença dos frades em Ano Missionário, Frei João Zechinatto e Frei Lucas Moura, fez diferença. Além de trabalhos diversos da casa, eles contribuíram significativamente na formação. Que o Senhor confirme nossos futuros noviços no caminho franciscano. Dê-lhes perseverança e entusiasmo! Obrigado a todos eles e aos confrades que doam sua vida nesta casa de Formação! Paz e bem!

Frei Walter de Carvalho Júnior


formação e estudos//

“Gratidão” é a palavra ouvida no encerramento do Postulantado a véspera (7/12) da solenidade da Imaculada Conceição de Maria, com a Celebração Eucarística, às 11 horas, presidida pelo Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, chegou ao fim a etapa do Postulantado neste ano. De forma simples e carregada de gratidão, a Santa Missa reuniu os frades, os sete postulantes e os colaboradores do Seminário. Segundo o postulante Felipe Luiz Mendonça, que fez a acolhida de todos, foi o encerramento de um ano atípico, não só pela questão da pandemia, mas por uma prática esquecida

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por nós: a cultura do encontro. “Desse ano, o que fica para nós e aquilo que deve ser o sinal de todos os cristãos no mundo é o amor”, disse. Frei Medella lembrou que a celebração era um encontro de ação de graças. “De agradecimento pelo ano de 2020 que transcorremos nesta caminhada aqui nesta casa, Seminário Frei Galvão e Fraternidade São José, da qual todos nós somos parte integrante”, observou. O mestre Frei Walter de Carvalho Júnior também reforçou: “Estamos celebrando ação de graças pelo ano de Postulantado que

concluímos hoje”. Frei Medella, a partir das leituras bíblicas, incentivou e animou os postulantes que agora terão as férias com os familiares e depois, no dia 5 de janeiro, iniciarão uma outra etapa na vida religiosa franciscana: o Noviciado. Frei Medella animou os postulantes partindo de um trecho do livro do Profeta Isaías, cap. 35, versículos de 1 a 10, recomendando para guardar no bolso. “E quando estiverem chateados, tristes, quando o cenário ao redor parecer um cenário de desesperança, olhem as COMUNICAÇÕES

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//formação e estudos

belas promessas que o profeta nos faz da ação de Deus em nossa vida, pedindo-nos alegria, pedindo-nos a exultação, dizendo que germinam flores, dizendo que o que é difícil se torna fácil, que os caminhos tortos se tornam retos, e pede que criemos ânimo e não tenhamos medo que Deus está conosco, que Deus caminha conosco. Essa injeção de ânimo nós precisamos quando estamos amedrontados, tristes, desanimados, decepcionados e podemos perceber também de que maneira podemos dar a nossa contribuição para que um cenário de dificuldades se transforme num cenário de solidariedade”, sugeriu. Frei Walter, no seu primeiro ano como mestre, fez os agradecimentos. “Obrigado a cada um de vocês: Raphael, Sandro, Ruan, Thiago, Caio,

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Felipe, Samuel”, disse, dirigindo-se aos postulantes. Hoje vocês não concluem nada, na realidade. Vocês deram, porém, um primeiro passo, e o fizeram com coragem, com disposição e alegria. Deram

o primeiro passo na formação inicial da Ordem dos Frades Menores. O primeiro passo é importante. Os primeiros passos são importantes. Não dá para esperar um amanhã para começar a viver. No início se decide muito do que virá depois. Repito o que lhes disse no início do ano: o frade é um postulante permanente, é um noviço perseverante. Infeliz do frade que não recomeça sempre e não conserva a atitude de aprendiz e discípulo durante toda a vida. Ela poderá tornar-se pesada pela presunção de saber e de conhecer”, frisou. Frei Walter agradeceu muito a sua Fraternidade, aos professores e colaboradores. Frei Medella agradeceu, em nome do Ministro Provincial, Frei César Külkamp, aos postulantes, ao mestre e à Fraternidade por mais esta etapa formativa.


fraternidades//

Paróquia Santo Antônio de Sorocaba: IV Dia Mundial do Pobre No domingo, 22 de novembro, foi realizado na Paróquia Santo Antônio, em Sorocaba, o IV Dia Mundial do Pobre. O tema deste ano, passado pelo Papa Francisco, pedia: “Estende a tua mão ao pobre”. Segundo o Papa Francisco são inseparáveis a oração a Deus e a solidariedade com os pobres e os enfermos. “Para celebrar um culto agradável ao Senhor, é preciso reconhecer que toda a pessoa, mesmo a mais indigente e desprezada, traz gravada em si mesma a imagem de Deus. De tal consciência deriva o dom da bênção divina, atraída pela generosidade praticada para com os pobres. Por isso, o tempo que se deve dedicar à oração não pode tornar-se jamais um álibi para descuidar do próximo em dificuldade. É verdade o contrário: a bênção do Senhor desce sobre nós e a oração alcança o seu objetivo quando são acompanhadas pelo serviço dos pobres… Estender a mão é um sinal: um sinal que apela imediatamente à proximidade, à solidariedade, ao amor”. Neste IV Dia Mundial do Pobre, respeitando todos os protocolos de segurança, na Paróquia Santo Antônio foram produzidas 200 marmitas contendo arroz, macarronada e frango assado, as quais foram distribuídas juntamente com refrigerante e sobremesa aos moradores de rua pelos nossos agentes da Pastoral da Promoção Humana.

Larissa Dell’Aringa Campos Pastoral da Comunicação

REZEMOS PELO NATAL Rezemos aos anjos dos céus Momento de paz pra todo povo Eis o desejo do bom Deus Rezemos à estrela de Belém Que ilumina a vida do pobrezinho Estrela que nos guia pra lá também. Rezemos aos humildes pastores Que agora se prostram na manjedoura Eles rezam... Deus escuta seus clamores

Rezemos aos magos do Oriente Presenteando ao Menino que é Rei Com incenso, mirra e ouro reluzente Rezemos também a Nossa Senhora Mãe do amor e da aceitação Espalhemos o amor em nova aurora Rezemos por toda a natureza, Em tempos de ódio ou de guerra Que brilhe a paz com toda a certeza! Frei Carlos Nunes Corrêa

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//fraternidades

CELEBRAÇÃO DOS 80 ANOS esta carta, Dom Frei Diamantino P. de Carvalho, OFM, bispo emérito da Diocese de Campanha, fala das celebrações em Portugal e no Brasil pelos 80 anos: Desde 2018, meu sobrinho Rui vinha me pedindo material para elaboração de um livro biográfico. A princípio, opus-me à ideia. Com sua insistência, comecei a enviar-lhe algumas páginas que tinha elaborado como uma espécie de diário. Seguiram-se outras páginas e fotos. Pediu-me também depoimentos, que alguns amigos me enviaram. Outros foram colhidos em Portugal. O material foi confiado a D. Daniela Costa, do Porto, especialista em escrever biografias, que confeccionou o livro. Este foi impresso na Gráfica do Minho, em Braga. Dia 5 de setembro, estando em férias na minha terra natal, Manteigas, consegui reunir 32 pessoas, para a celebração da Eucaristia, às

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12h; almoço, às 13; e, às 16h, no auditório do Centro Cívico, lançamento do livro com sessão solene. Compuseram a mesa: o vigário geral da Diocese da Guarda, representando o Bispo Dom Manuel Felício, o presidente da Câmara Municipal, o apresentador do livro, meu sobrinho Rui e eu. Houve discursos e agradecimentos. O que mais me impressionou foi a expressão do apresentador: “As pessoas ilustres de Manteigas descendem, não de famílias ricas, mas de famílias modestas e pobres”.

Seguiu-se uma sessão de autógrafos, fora da sala, ao ar livre, com bela paisagem sobre o Vale Glaciário do Zêzere. Voltando ao Brasil, tive que preparar o 4° Encontro da Família, que iria acontecer aqui, em Três Pontas, no dia 21 de novembro de 2020. Porém, dia 19, um grupo de bispos eméritos e presbíteros, ligados à Pró-Saúde, quis antecipar-se, realizando uma celebração eucarística com jantar, na Fazenda Angola. Também a Paróquia de Nossa Senhora d’Ajuda, em Três Pontas, onde ajudo desde que me tornei emérito, quis celebrar meu aniversário, no próprio dia 20. Vieram o bispo diocesano, o arcebispo metropolitano e cerca de 60 presbíteros, dos quais muitos eu ordenara. Estavam presentes, ainda, minha irmã mais velha, marido, filha e genro. A homilia foi proferida pelo Pe. Luiz Augusto Furtado, amigo desde os tempos de pároco em São Lourenço. Os bispos manifestaram as


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congratulações. Foi, depois, servido um farto almoço, com direito a música ao vivo, sob o olhar de um ícone de São Francisco. No dia 21, como estava planejado desde o ano passado, realizamos o encontro de família, reunindo 20 pessoas. Tivemos Missa, autógrafos do

livro, almoço e show musical. As Irmãs Carmelitas, para as quais presido a Eucaristia, também me homenagearam, na oitava, com um sarau, onde houve até uma dança portuguesa... Foi tudo muito gratificante. Deus seja louvado por tudo que

experimentei nessa efeméride! E por sua bondade, ao longo dessas 8 décadas, Abraço a todos, cheio de Paz e Bem! Três Pontas, 04 de dezembro de 2020.

† Frei Diamantino P. de Carvalho, ofM

De aprendiz de tipógrafo, a Bispo da Diocese de Campanha no Brasil A obra “Servir com alegria” a biografia de Dom Diamantino de Carvalho, bispo emérito de Campanha, Brasil, foi apresentada no auditório do Centro Cívico de Manteigas (Diocese da Guarda), terra onde nasceu. O livro foi apresentado no sábado (5/9), naquele local e registrou “boa afluência de público, apesar das medidas restritivas em vigor devido à pandemia”, refere o jornal “A Guarda”. Albino Leitão, antigo presidente da Câmara Municipal de Manteigas, fez a apresentação de uma obra coordenada por Rui de Carvalho e escrita e revista por Daniela Costa. “D. Diamantino conviveu bem com o atelier da vida e bem soube moldar a sua arte ao serviço dos outros: conheceu terras e continentes, pessoas e instituições, todos tão variados quanto dispersos pelo mundo e em todos deixou uma mensagem sadia, até mesmo moderna moldada aos vários tempos, de simplicidade e de generosos afetos”, escreve Albino Leitão na apresentação da biografia. COMUNICAÇÕES

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//fraternidades

JUBILEUS EM BRAGANÇA PAULISTA 766 COMUNICAÇÕES DEZEMBRO DE 2020


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“É dia de gratidão a Deus que nos deu o dom da vocação e o dom de servir em Seu nome” festa dos Jubileus dos frades da Província da Imaculada Conceição, que todo ano reúne os frades para uma única celebração conjunta, neste ano, devido à pandemia, está sendo celebrada por cada frade em sua comunidade. Nesta quinta-feira, 10 de dezembro, os frades com mais tempo de vida sacerdotal e vida religiosa puderam festejar os seus jubileus na Fraternidade Acolhedora São Francisco de Assis, em Bragança Paulista. Frei Carlos José Körber, o guardião da Fraternidade, acolheu a todos e falou da alegria de reuni-los na celebração às 18 horas. O Ministro Provincial, Frei César Külkamp, presidiu a Santa Missa nesta Casa que acolhe todos os idosos e enfermos da Província. Normalmente, este encontro reúne todos os frades do Regional de São Paulo,

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mas por causa das normas sanitárias, só estiveram presentes os frades da nova Fraternidade de Itatiba (SP), vizinha de Bragança. Liturgicamente, os frades escolheram a Missa da Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, Padroeira da Província e da Ordem, celebrada recentemente. Na capela da Fraternidade, estavam os jubilandos: Frei Olavo Seifert, 79 anos de vida religiosa; Frei Ciríaco Tokarski, 76 anos, não pôde participar mas foi lembrado; Frei Juvenal Sansão, 72 anos; Frei Floriano Surian, 71 anos; Frei Odorico Decker, 65 anos; e Frei Aristides Pasquali, 60 anos. Frei Olavo, que em agosto passado completou 101 anos de vida, celebrou 74 anos de ministério sacerdotal. Frei Floriano celebrou 65 anos e Frei César, 25 anos. Na sua homilia, Frei César recordou

que celebrar esta solenidade da Mãe de Deus, é colocar-se em atitude de contemplação diante de um mistério – o mistério de que Maria foi preservada da mancha herdada pelo pecado das origens da própria humanidade, trazido em forma alegórica no livro do Gênesis. “Aos nossos primeiros pais, Adão e Eva, é atribuída a vulnerabilidade do ser humano diante das forças do mal. Hoje, reconhecemos a existência desta tendência, originada na ruptura com Deus, o criador, perfeitíssimo em sua essência”, disse. Segundo o Ministro Provincial, a Igreja sempre venerou a santidade da Mãe de Deus, o seu coração inteiramente voltado para Deus, a mulher “cheia de graça” (Lc 1,28), saudada pelo anjo, no texto evangélico que foi ouvido hoje. “Mas foi em 1854, no dia 8 de dezembro, que o Papa Pio IX COMUNICAÇÕES

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//fraternidades declarou verdade de fé a conceição imaculada de Maria, como um dogma - uma doutrina contida na Revelação Divina, a ser acreditada por todos os fiéis. Assim, são 166 anos deste dogma. Mas, a nossa Província já foi criada há três séculos e meio, com esta invocação: Província da Imaculada Conceição. E a Ordem Franciscana já celebrava esta solenidade desde o século XIII”, explicou. “São Francisco mesmo, na simples e belíssima oração, ‘Saudação à Mãe de Deus’, expressa esta verdade com palavras cheias de ternura: ‘Salve ó Senhora Santa...! Em vós residiu e reside toda a plenitude da graça e todo o bem!’. Mas, celebrar a solenidade da Imaculada, para nós hoje, é uma ocasião para refletirmos sobre a nossa vivência cristã, a partir dos mistérios de Jesus Cristo, e, como franciscanos, reviver os valores do nosso carisma que partem da contemplação destes mistérios centrados no Cristo”, lembrou Frei César. Também recordou o Ministro Provincial: “Somos uma fraternidade de menores, seguidores de Jesus Cristo - Aquele que se fez menor, e isto expresso ao menos em três grandes mistérios, muito caros para São Francisco: a sua Encarnação, a sua Paixão e a Eucaristia. Foi nesta contemplação do Salvador, que São Francisco percebeu o caminho que queria trilhar, abrindo-o para que nós hoje pudéssemos continuar perseguindo seus passos. Como franciscanos, somos provocados ao despojamento radical de nós mesmos e de todas as coisas, e viver como menores, anunciando as bem-aventuranças com alegria – esta é a nossa missão na Igreja, vivida na fidelidade ao Espírito de São Francisco”. Frei César, então, falou da celebração dos jubileus! “Foi isto que cada um de vocês buscou em suas experiências vividas nos mais diferentes lugares, e continua buscando, com erros e com acertos, porque estamos todos a caminho. A vivência do jubileu, na tradição bíblica, do Livro

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fraternidades// do Levítico, cap. 25, traz elementos inspiradores: as dívidas eram perdoadas, as penas esquecidas e os escravos libertados. Queremos, hoje, pedir o perdão jubilar de todas as nossas dívidas, culpas. Queremos confirmar e reiniciar a nossa consagração e o nosso serviço ministerial, fundados no primeiro amor, e isto profundamente reconciliados naquele que nos chama a segui-Lo”, animou. “Mesmo com as limitações impostas pela idade avançada ou por alguma enfermidade, vocês são convidados a manter a fidelidade na resposta generosa que um dia já deram a Deus”, completou, convidando a cada um dos frades a renovar o ‘sim’ no ‘Sim’ ousado de Maria! O ‘Sim’ revestido de humildade e de serviço: “Eis aqui a serva do Senhor”! “Faça-se em mim segundo a tua palavra!” “Ela não nos chama para si mesma, mas nos aponta para seu Filho. Unidos a Ele e com a confiança e a fidelidade de sua Santíssima Mãe, a Imaculada Conceição, renovemos o nosso amor e o nosso sim!”, salientou. Frei César ainda lembrou que celebrar o jubileu é também festejar a alegria do bem vivido e fez o seu agradecimento. “É dia de gratidão a Deus que nos deu o dom da vocação e o dom de servir em Seu nome. E em nome de todos os nossos frades e de todos os irmãos e irmãs que participam da nossa vida e da nossa missão, quero agradecer a cada um de vocês por terem compartilhado sua vida e sua missão em fraternidade conosco. Mas, a gratidão só é verdadeira quando se dá a partir da graça de Deus. E, somente n’Ele, que é amor e misericórdia, poderemos cantar com o salmista: ‘Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios’ (Sl 97)”, celebrou, pedindo a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, em sua Imaculada Conceição, para que abençoe, todos os dias da vida, a cada um.

Moacir Beggo COMUNICAÇÕES

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//fraternidades

Frei César celebra 25 anos de sacerdócio e renova o compromisso de fazer Deus a centralidade de sua vida

a abertura de um dos tempos litúrgicos mais belos da Igreja, o Advento, e no dia (29/11) que a Ordem Franciscana festeja todos os seus Santos e Santas, o Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição do Brasil, Frei César Külkamp, celebrou o seu Jubileu de 25 anos de Ordenação Presbiteral. Esse momento de Ação de Graças reuniu seus confrades da Fraternidade da Sede Provincial, das Fraternidades da cidade de São Paulo, religiosos e religiosas, os irmãos da Ordem Franciscana Secular, familiares, amigos e os fiéis da Paróquia São Francisco de Assis na Vila Clementino. Na Celebração Eucarística das 11h30, o pároco Frei Valdecir Schwambach fez a acolhida de todos, especialmente os pais de Frei César, Reinilda e Fredolino Külkamp, que estavam presentes na celebração com a irmã,

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cunhado e sobrinhos. No início da celebração, alguns símbolos foram trazidos ao altar para lembrar essa caminhada de Frei César: a bolsa que levou seus pertences quando deixou a casa de seus pais para o Seminário, o hábito e o cordão que recebeu no Noviciado em 11 de janeiro de 1988, o cálice, a patena e óleo que marcaram a sua ordenação presbiteral no dia 16 de dezembro de 1995. Frei César é natural de Ituporanga, onde nasceu no dia 26 de maio de 1969. Durante toda a celebração, que foi transmitida pelas mídias digitais, o povo manteve o distanciamento social e seguiu os protocolos sanitários. Para o Ministro Provincial, celebrar 25 anos de sacerdócio é como que chegar à metade da caminhada. “Não sabemos para onde e até onde Ela nos vai conduzir, mas é tempo de reviver, agradecer, rever e de lançar novas

perspectivas na lógica da conversão, do estar mais atento, como nos pede este tempo do Advento”, disse. Frei César contou uma história que, segundo ele, um certo confrade fez uma alegoria comparando a vida a um pote de deliciosas jabuticabas: “Cada um de nós ganhou um pote cheio de jabuticabas para degustar. No início começamos a comê-las de forma mais distraída, ocupados em outras coisas, compromissos, quem sabe respondendo a nossos contatos virtuais, e, quando nos deparamos, o pote já estava pela metade e nem lembramos muito bem do quanto foram saborosas as jabuticabas que já havíamos consumido. As jabuticabas que sobraram no pote, certamente, serão mais preciosas e saboreadas com mais atenção”. “Talvez celebrar os 25 anos com este convite que o Advento nos faz: vigiai, ficai despertos. Sinta o verdadeiro sabor de servir na vocação franciscana e sacerdotal, sinta o sabor profundo e inigualável da presença de Deus que se fez servidor. É o dia de renovar o compromisso de fazer de Deus a centralidade da vida. E o Deus revelado por Jesus Cristo sempre nos empurra a sair de nós mesmos para uma vida de mais encontros. Encontros que também precisam ser vividos como o sabor das últimas jabuticabas”, comparou. “Quero diante dessa comunidade, aqui reunida para celebrar a nossa fé, agradecer por este tempo que pude viver nesse ministério, no serviço sacerdotal”, disse Frei César, frisando que foram muitas pessoas que participaram deste ministério e colaboraram para que ele acontecesse. “Ele é, como disse o Papa Francisco, interligação. Tudo está interligado. Isso desde o seio familiar, a formação inicial até o ministério sacerdotal”. Frei César agra-


fraternidades// deceu a seus pais, seus formadores, citando Frei Mário Tagliari que estava presente, os confrades e a Província. “Ministério é serviço. E aprendemos na vida que é fazendo que se aprende. Não existe uma receita pronta. Nos tantos encontros e relações, quanto a aprender em cada um de vocês que está aqui, que foi convivência, que foi aprendizado. Mas, para aprender todos nós precisamos dessa abertura e dessa atenção que nos fala o Evangelho”, observou. Frei César, então, renovou o compromisso como sacerdote. “Senhor, na alegria do sacerdócio, quero prometer de novo, com o mesmo ardor de todos os dias, encher-me do espírito do Evangelho, viver a serviço dos irmãos e irmãs, ser sinal do vosso amor e da vossa bondade”, disse diante do guardião da Fraternidade, Frei Raimundo de Oliveira Castro. Frei César agradeceu os músicos, especialmente pela música do Ofertório, “Trabalhar o pão, celebrar o pão…”, a mesma que foi cantada na sua ordenação. Frei César até que tentou segurar a emoção, mas na Oração Eucarística não conseguiu. No final, mais emoções, quando a Paróquia passou no telão imagens de sua vida e caminhada. No final, Frei Raimundo entregou uma casula de presente a Frei César. “Essa homenagem retrata a sua entrega a este ministério que São Francisco tinha tão caro pelo irmão sacerdote. Dizia ele que era digno, honroso, aquele que trazia o Cristo, Filho de Deus vivo todos os dias. Que seu ministério seja fecundo e generoso como foi até agora. Essa lembrança que nós queremos entregar parte da Fraternidade local, mas com ela estão todos os frades dos quais hoje você é o Ministro e Animador de todos eles. Muita fecundidade no seu ministério sacerdotal!”, desejou o guardião da Fraternidade da Vila Clementino.

Moacir Beggo

25 ANOS DE MINISTÉRIO PRESBITERAL Frei César se tornou professo solene em 24 de setembro de 1993. Além de bacharel em Filosofia e Teologia, formou-se em Pedagogia na Universidade Católica de Petrópolis (UCP) em 1995, fez mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000) e pós-graduação em Administração de Empresas pela Faculdade Getúlio Vargas. Frei César tem uma história de dedicação à educação e à formação religiosa franciscana. Tanto que assumiu a direção pedagógica do Colégio “Canarinhos” de Petrópolis em 1994, onde ficou até 1999. No final de 2000, foi transferido para Agudos, onde

assumiu como reitor e orientador o Seminário Santo Antônio. Em 2003, foi eleito para o primeiro mandato como Definidor (2004-2006), assumindo também a função de secretário para a Formação e Estudos e vice-mestre no Postulantado Frei Galvão (Guaratinguetá). No Capítulo Provincial de 2006, foi reeleito Definidor para o triênio 2007-2009. Acumulou as funções de guardião da Fraternidade de Rondinha e Secretário para a Formação e Estudos. No Capítulo de 2009, foi mais uma vez confirmado como Definidor até o ano de 2012, também acumulando a função de Secretário para a Formação

e Estudos e Mestre para os professos temporários no tempo de Teologia em Petrópolis. No Capítulo de 2012, Frei César continuou como Secretário para a Formação e Estudos, assumindo também como guardião da Fraternidade do Sagrado, em Petrópolis. Em 2016 foi eleito novamente Definidor, mas ficou por pouco tempo no cargo quando assumiu como Vigário Provincial no lugar de Frei Evaristo Spengler, nomeado pelo Papa Francisco bispo de Marajó. Frei César também desempenhou a função de Secretário da Evangelização. Foi eleito Ministro Provincial no dia 17 COMUNICAÇÕES de novembro de 2018. DEZEMBRO DE 2020 771


//fraternidades 25 ANOS DE SACERDÓCIO

Frei Ivo e Frei Marcos marcam a Solenidade da Imaculada com seus jubileus

dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição de Maria, Padroeira da Ordem dos Frades Menores e da Província, marcou pela festa, na Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ), dos jubileus de Frei Ivo Müller e Frei Marcos Antônio de Andrade, que celebraram seus 25 anos de vida sacerdotal. O dia marcou também o encerramento das atividades acadêmicas dos frades no tempo da Teologia. A Celebração do Jubileu de Prata, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, foi presidida por Frei Marcos Andrade, às 10 horas. Seu confrade jubilando, Frei Ivo Müller, foi o concelebrante juntamente com o pároco Frei Jorge Paulo Schiavini e com os vigários paroquiais, Frei José Ariovaldo da Silva e Frei Abílio Antunes do Amaral. Toda a Fraternidade se fez presente e testemunhou este importante momento na vida da Fraternidade Provincial. O Coral dos Frades Cantores animou a celebração, que contou com a presença de fiéis, paroquianos e amigos dos jubilandos. Frei Marcos Andrade recordou que,

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neste dia, também celebra o jubileu de 25 anos de ordenação de seu pai, Jair de Andrade, Diácono Permanente da Arquidiocese de Sorocaba (SP). Ele não pôde estar presente por razões já conhecidas, mas, esteve unido e conectado através da transmissão ao vivo realizada pelas plataformas digitais da Paróquia. Frei José Ariovaldo, escolhido pelos jubilandos para fazer a homilia, iniciou sua reflexão rendendo graças pela vocação ao ministério ordenado de Frei Ivo e de Frei Marcos. “É muito bom estarmos aqui, para ouvirmos a Palavra e celebrarmos a Ação de Graças por excelência: a Eucaristia. Toda vez que a celebramos, sempre levamos uma chacoalhada em nosso sono: ‘Sejam assim também’, Corpo entregue, Sangue derramado”, disse. Para Frei Ariovaldo, há 25 anos Frei Ivo e Frei Marcos atuam no ministério presbiteral, como colaboradores da liderança maior na pessoa dos bispos. Segundo ele, Deus, pelo seu Espírito, os fez assim e a Igreja, neste Espírito, os chamou. “Vocês disseram sim, e o Espírito Santo de Deus os consagrou

para atuarem como sacerdotes do Deus altíssimo em favor do povo. E o fazem como irmãos menores, a saber: dedicam-se em atuar como sacerdotes dentro do espírito de São Francisco, na simplicidade e humildade do Corpo do Senhor, na compaixão para com todos, com os pobres, os doentes, os sofridos, e tendo um imenso amor para com a Palavra de Deus e, sobretudo, o Corpo do Senhor, do qual aprendemos e assimilamos o ser menor entre todos”, descreveu. Frei José Ariovaldo apresentou alguns dados biográficos e trabalhos evangelizadores dos jubilandos sacerdotes, “colaboradores diretos de Cristo por 25 anos no grande mutirão em favor da vida neste nosso querido planeta terra”. Concluiu: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios. Gratidão! Gratidão! É muita gratidão”. No final, Frei Ariovaldo, recitou uma poesia, intitulada: “Mensagem aos sacerdotes”. Na sequência, Frei Ivo e Frei Marcos renovaram o compromisso assumido há 25 anos na ordenação presbiteral. A paroquiana Eloísa e Frei Almir Ribeiro Guimarães entregaram as velas acesas para este rito diante do guardião Frei Jorge Schiavini. A comunidade local os acolheu com uma calorosa salva de palmas. A solene celebração prosseguiu com a liturgia eucarística. Após a comunhão, o coral dos frades emocionou com o tradicional cântico do “Tota Pulchra”, entoado aos sábados nos conventos franciscanos.

AGRADECIMENTOS

Frei Marcos Andrade agradeceu a Frei Ariovaldo pela homilia. “Me lembrei da minha ordenação, onde Frei Ariovaldo fora o animador. Muito


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Frei Marcos Antônio de Andrade nasceu no dia 22 de setembro de 1967, em Sorocaba (SP). Vestiu o hábito Franciscano no dia 11 de janeiro de 1988 e professou solenemente na Ordem dos Frades Menores no dia 24 de setembro de 1993. Sua ordenação presbiteral se deu no dia 09 de dezembro de 1995. Atualmente, Frei Marcos é mestre dos Frades do Tempo da Teologia, Diretor do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis e professor no ITF.

Frei Ivo Müller nasceu no dia 3 de junho de 1961, em Serrinha, na cidade de Chapecó (SC). Vestiu o hábito franciscano no dia 20 de janeiro de 1982 e professou solenemente na Ordem dos Frades Menores no dia 08 de dezembro de 1985. Sua ordenação sacerdotal se deu no dia 29 de julho de 1995. Atualmente Frei Ivo é diretor do Instituto Teológico Franciscano (ITF), Comissário da Terra Santa e Vigário Paroquial da Paróquia do Sagrado.

obrigado pela meditação desta liturgia tão importante para a vida da Igreja, da Ordem, da Província e também para todos nós que aqui juntos celebramos”. Ele também fez memória do saudoso Frei José Luiz Prim, dos seus confrades de turma e do bispo Dom Pascásio Rettler, que o ordenou há 25 anos. Lembrou de seus familiares, em especial de seu pai, que também celebra o Jubileu de Prata. “Pai, que Deus abençoe este ministério. O senhor e minha mãe foram os verdadeiros sacerdotes que me inspiraram a assumir e dar o meu ‘sim’ a este chamado da Igreja”, disse emocionado. Agradeceu à Paróquia do Sagrado, aos Canarinhos de Petrópolis, aos frades do 4º ano, que recentemente foram transferidos para novas fraternidades. Fez menção a todos os seus confrades da comunidade permanente e das fraternidades formadoras de Imbariê e Campos Elíseos, da Baixada Fluminense. Encerrou pedindo orações. Frei Ivo Müller disse que há 25 anos, depois de todo processo de formação teológica em Jerusalém, Israel, ao chegar no Brasil fez uma preparação para as mais de 25 comunidades da Paróquia São Jerônimo de Caxambu do Sul (SC). “Ali, nós celebramos minha Ordenação Sacerdotal”, explicou. Depois, fez menção ao lema de sua ordenação: ‘Vós sois o sal da terra e a luz do mundo’: “Procurei colocar isso em prática durante todos esses anos que me dediquei ao serviço do povo de Deus”. “Quero agradecer a linda pregação de Frei Ariovaldo, as palavras acalentadoras do Frei Jorge, a companhia de Frei Marcos desde o tempo de Guaratinguetá (SP). Quero agradecer a todos, comunidade e povo de Deus, e a fraternidade, que vejo como uma verdadeira escola da vida. Muito obrigado e que Deus nos abençoe e nos guarde”, completou. A Celebração Eucarística, que durou 1h30, terminou com a solene bênção e com o tradicional canto “Imaculada”, de Frei Fabretti.

Frei Augusto Luiz Gabriel COMUNICAÇÕES

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//fraternidades 25 ANOS DE VIDA RELIGIOSA

Frei Carlos Ignácia: serenidade junto ao povo de Deus Fraternidade São José, da Paróquia São Pedro Apóstolo de Gaspar (SC), celebrou o Jubileu de Prata de Vida Religiosa do seu guardião e vigário paroquial Frei Carlos Ignácia na noite do dia 8 de dezembro de 2020, solenidade da Imaculada Conceição, com Missa na Igreja Matriz presidida pelo Definidor da Província Frei Daniel Dellandrea. Concelebrada pelos confrades Frei Paulo Moura, Frei Aldolino Bankhardt e o jubilando Frei Carlos Ignácia, a Missa teve a

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participação de representantes das comunidades, movimentos, pastorais e OFS, além de número limitado de paroquianos devido às restrições sanitárias. Após o Evangelho proclamado por Frei Carlos, Frei Daniel iniciou a homilia dizendo que “celebrar a Imaculada é celebrar o grande projeto de Deus para a humanidade, pois Deus nos escolheu antes da fundação do mundo para que sejamos santos, co-herdeiros e buscarmos a santidade através do amor, sem deixar Deus à beira de nossas vidas. Somos colaboradores Dele para um Reino de amor e compaixão. Maria teve suas dúvidas, mas o anjo a acalmou pois era o Espírito Santo quem iria guiá-La! Frei Carlos também foi chamado e deixou-se guiar pelo Espírito Santo. Confiou e Deus o conduziu.

Celebrar 25 anos de vida consagrada a Deus é celebrar a graça da vida consagrada, pois o Senhor continua fazendo maravilhas na nossa vida”. Ao terminar sua homilia, Frei Daniel convidou Frei Carlos para renovar seus votos à frente de seus confrades e de toda a comunidade, entoando um agradecimento a Deus, a toda Província, à Virgem Maria, a São Francisco e a todos os santos. Em seguida pediu a graça da perseverança. Por fim, Frei Daniel concedeu uma bênção especial, seguida do canto “Nossos passos, Senhor”, entoado pela equipe de animação com calorosa salva de palmas. A procissão das ofertas foi marcada pela presença dos símbolos da vida religiosa e sacerdotal: hábito, sandálias, o pão e o vinho. Ao final da celebração, o pároco de São Pedro Apóstolo, Frei Paulo, convidou a coordenadora do Conselho Pastoral da Matriz, a Sra. Roseli de Borba, para prestar uma homenagem em nome das comunidades, movimentos, pastorais e OFS, citando o evangelista Mateus: ‘ Todo aquele que deixar sua família e riquezas por amor ao Reino terá a recompensa da vida eterna’. A Fraternidade também prestou sua homenagem ao seu confrade e guardião com um vaso de orquídeas e Frei Paulo recordou comentários dos fiéis: a serenidade de Frei Carlos é a marca no atendimento ao povo. Por fim, Frei Carlos agradeceu a presença de Frei Daniel, Frei Aldolino, Frei Paulo e toda a comunidade dizendo um muito obrigado a Deus, ao povo, pastorais e toda a Paróquia. Frei Daniel encerrou a celebração agradecendo ao convite da Fraternidade e da sua entrega diária a Deus e à evangelização na Paróquia São Pedro Apóstolo, sendo sempre uma ação de graças a Deus e a Nossa Senhora.

Pascom da Paróquia São Pedro Apóstolo


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Frei Alcides Cella celebra 60 anos de sacerdócio o dia 12 de dezembro, Festa de Nossa Senhora Guadalupe, Frei Alcides Cella celebrou seu jubileu de 60 anos de vida sacerdotal. A Celebração Eucarística, presidida pelo bispo diocesano de Chapecó, Dom Odelir José Magri, foi na Igreja Matriz de Coronel Freitas, cujo padroeiro é São José do Patrocínio. Presentes o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, a sua Fraternidade e os frades das Fraternidades vizinhas. Na sua homilia, Frei Alcides disse que é o segundo de dez irmãos (5 irmãos e 5 irmãs) e nasceu no município de Guaporé, hoje, Serafina Correa- RS. Segundo ele, sua vocação começou a desabrochar quando estava na 3ª série primária. “Um momento forte do despertar da vocação se deu na primeira Missa Solene na paróquia de minha família, Sede Dourado - Município de Aratiba, de um frei, padre Capuchinho, Adelar Vicenzi; por sinal, de uma família de nossa pequena comunidade do interior (Rio Anta)! Umas palavras, dirigidas a mim por meu Pai, emocionado pela Celebração, repercutiu forte e me incentivou ainda mais!”, contou. Frei Alcides traçou sua longa trajetória na formação e destacou o período único que viveu com o Concílio Vaticano. “Este período pós Concílio se revelou especialmente rico para Igreja, abrindo novos horizontes, como declarou o Papa João XXIII, ao abrir o Concílio Vaticano II. Convém lembrar que é desse período a presença ativa do atual Papa Francisco! Estamos todos admirados por sua competência e força com que dirige a Igreja: Que riqueza de documentos para todas as faixas humanas, clero, religiosos (as), intelectuais, cientistas, idosos, juventude, adolescência, etc”. Frei Alcides foi ordenado presbíte-

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ro em Petrópolis. “Exigência da época. As Primícias sacerdotais na paróquia dos familiares, sede Dourado-RS. “Retornando às leituras desta missa de hoje, por coincidência ou providência, deparei neste Evangelho, com esta mesma mensagem do santinho-lembrança de minhas Primícias Sacerdotais e do Jubileu de Diamante de Vida Religiosa Franciscana: “Não fostes vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi!”, disse. Segundo o jubilando, é a graça de Deus que nos habilita para sermos seus instrumentos, fermento na massa! Frei Alcides falou de sua alegria de ter dois confrades celebrando o jubileu de 25 anos de vida sacerdotal: o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, e o seu confrade de Fraternidade, Frei Rubens Luiz de Carvalho. “Os dois foram alunos meus no Seminário! Como se costumava dizer esta frase antiga: ‘Se os alunos, não superarem os professores, estes não seriam bons mestres!’”, recordou. “E esses confrades mencionados, tiveram inúmeros mestres! Sem dúvida, superaram a diversos! Vejam o exemplo: Frei César Külkamp, tão novo já foi escolhido como Provincial de toda grande Província da Imaculada! Não sendo simples sua função de se relacionar, coordenar e animar a centenas de confrades desta Província da Imaculada, que abrange território tão extenso: O Estado de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo! E o Espírito Santo, no seu sentido espiritual, teológico, dá forças e alento a todos nós e, sem dúvida, de modo especial ao nosso Ministro Provincial Frei César que, com a ajuda do Conselho e outros organismos, coordena e anima centenas de confrades, com especial equilíbrio, serenidade e competência!”, ressaltou.

Frei Alcides também lembrou dos bispos no território da Província, como Dom Odelir José Magri na Diocese de Chapecó. “Não esqueçamos dos leigos, que fazem parte da Igreja, visto que não pode haver cabeças sem os membros e suas articulações, engajados nas pastorais, na família, na educação dos filhos na sociedade e no trabalho! A todos esses, nossos parabéns e uma salva de palmas!”, pediu. “Desde 10 de outubro de 2002 até esta data (12/12/2020, celebrando a Missa de Ação de Graças, pelo Jubileu de Diamante de vida sacerdotal), continuo, por enquanto, em Coronel Freitas, na função de Vigário Paroquial. Pretendo continuar nas Mãos de Deus! Quanto ao futuro, só Ele sabe! Sou imensamente grato a Deus, porque senti sua constante proteção! Aos meus familiares, parentes e amigos, superiores, confrades, colegas, que me acompanharam, com os quais convivi! Que o Senhor os abençoe, proteja e lhes dê a devida recompensa!”, completou. COMUNICAÇÕES

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//fraternidades

Frei Pedro Caron: Missão pautada pela fé

rilhar o caminho da fé e amor ao próximo foi a escolha feita por Frei Pedro Caron que, no domingo (13/12), completou 50 anos de ordenação sacerdotal. Em comemoração, foi celebrada uma Missa na Igreja Matriz Imaculada Conceição, no dia 12 de dezembro, às 19 horas, também com transmissão ao vivo pelo Facebook da Paróquia. Frei Pedro revela que quando criança fazia 9 quilômetros a cavalo para ir à igreja e ele adorava observar os ritos realizados pelos coroinhas,

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tinha curiosidade em saber o que tudo aquilo significava. O início da vida sacerdotal dele veio por influência familiar e, aos 11 anos, foi encaminhado para o seminário pelo pai. “Aconteceu tudo naturalmente. Nos primeiros anos relutei um pouco, pois não sabia se aquela era minha missão. Então, rezei muito para que Deus discernisse essa vocação”, explicou o frei. Conforme o frei, o que mais lhe deixava balançado em continuar a vida sacerdotal era a saudade de estar com a família. Porém, com o passar

dos anos, foi se adaptando e vendo que as pessoas precisavam dessa entrega de vida como missionário da boa nova. Em todos esses anos como padre, já esteve em diversas cidades e conheceu várias realidades. No Brasil, passou por Canoinhas, Piraí do Sul (PR), Herval D’Oeste, Porto União, Irineópolis, Luzerna, Concórdia e Curitibanos. Além desses lugares, viveu por 12 anos e meio em Angola, na África, onde conheceu o cenário de guerra. “Sempre tive como lema: onde quer que eu esteja somos irmãos, independentemente de raça. Estar em outro país e ver todo aquele drama e miséria criados pela guerra, me fez amadurecer muito”, destacou. Em Curitibanos, já é a terceira vez que Frei Pedro está atuando. Segundo ele, é um povo muito acolhedor e simples, o que o faz querer permanecer aqui. Em sua rotina como padre, celebra missas e também faz visitas às comunidades, casas, asilo e hospital. “Para seguir na missão como sacerdote e aceitar esse chamado, é preciso acreditar em cristo verdadeiramente, mas, principalmente, ser um sinal de fé e esperança para as pessoas”, concluiu o Frei.

Pascom da Paróquia


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Frei Ervino celebra 73 anos de vida religiosa

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a solenidade da Imaculada Conceição de Maria, durante a Celebração Eucarística, às 17 horas, no Convento Franciscano Patrocínio de São José, em Lages (SC), Frei Ervino Girardi celebrou 73 anos de vida religiosa. O bispo diocesano Dom Guilherme Antônio Werlang, MSF, presidiu a Santa Missa, em que Frei Ervino renovou o seu ‘sim’ diante do guardião do Convento, Frei Miguel da Cruz. Para Frei Miguel, é um privilégio para a Fraternidade ter um frade celebrando esse jubileu aos 95 anos de

idade. “Por isso, toda a nossa gratidão por esse momento”, disse Frei Miguel. Frei Ervino nasceu em Santa Maria, no município de Benedito Novo (SC), no dia 9 de abril de 1925. Esta capela, como conta, pertencia na época à Paróquia de Rodeio e os frades davam assistência, entre eles Frei Bruno Linden, que está em processo de beatificação. Para ele, a proximidade com os frades influenciou no seu discernimento vocacional. Naquele tempo, o meio de transporte dos frades feito com uma mula, que deixavam descan-

sando na casa de seus pais durante as celebrações. A religiosidade dos pais, Da. Rosa Tambosi e Eugênio Luiz Girardi, também o influenciou. Sua mãe pertencia à Ordem Franciscana Secular. Dos nove filhos do casal, Frei Ervino é o mais velho. Frei Ervino ingressou no Seminário São Luiz de Tolosa em Rio Negro em 1937 e vestiu o hábito franciscano em 14 de dezembro de 1946. Fez a profissão solene em 18 de dezembro de 1950. Foi ordenado presbítero em 1º de julho de 1953, em Petrópolis. No jubileu de 50 anos de sua ordenação presbiteral, escolheu como lema “A minha alma glorifica o Senhor” (Lc 1,49). Exerceu o ministério em lugares como Petrópolis (RJ); Duque de Caxias (RJ); Seminário Seráfico e Paróquia do Senhor Bom Jesus da Coluna e Nossa Senhora Aparecida, em Rio Negro (SC); São Francisco do Sul (SC); Santo Amaro da Imperatriz (SC); Coronel Freitas (SC); e Lages, onde está cerca desde 1992. Sua simplicidade e alegria são características marcantes, como dizia o Boletim “Caminhada” da Diocese de Lages, em 2003. COMUNICAÇÕES

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//evangelização

“Leigos e Frades e a missão franciscana na Educação”, tema do encontro ampliado on-line da Frente de Educação

Introdução e breve memória – O Encontro Ampliado on-line da Frente da Educação ocorreu em 13 de novembro último, das 14h às 16h. Contou com uma significativa participação de Leigos1 e Frades que atuam nas diferentes instituições de ensino da Província. Logo após uma breve acolhida, os participantes foram lembrados de que a Província da Imaculada Conceição do Brasil tem uma história memorável de presença na educação. Presença esta iluminada e alinhada à Boa Notícia do Evangelho, aos princípios cristãos católicos e franciscanos. Os Leigos e Frades foram também lembrados de que, principalmente nestes dois últimos anos, a Frente da Educação assumiu refletir sobre “O Protagonismo dos Leigos na Evangelização Franciscana”2. Tal iniciativa favoreceu a todos constatar a importância de caminharmos em busca de uma integração entre Frades e Leigos3 na missão4 que a Província nos confia: estarmos a serviço da educação, em e como Fraternidade, irmãos e irmãs uns dos outros. Mensagem inicial do Ministro Provincial – Após a sua saudação franciscana aos participantes do Encontro Ampliado, o Ministro Provincial Frei César Külkamp manifestou

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alegria “em visualizar inicialmente tantos rostos conhecidos de Leigos e Frades”, integrados na missão educacional assumida pela Província, a contribuir para a ampliação da experiência de Fraternidade nas atividades acadêmicas e pastorais. Em relação à temática escolhida, “Leigos e Frades e a missão franciscana na educação”, realçou que não é nenhuma novidade a participação dos Leigos na proposição e na vivência do carisma franciscano no contexto da educação, assim como nos mais diferentes setores da Igreja e da sociedade5. Lembrou-nos sobre o quanto “o Papa Francisco tem feito do carisma e da espiritualidade franciscana um projeto de Igreja”, ao qual Leigos e Frades de nossas instituições de ensino também estão inseridos como evangelizadores em meio a um conjunto de atividades formativas, acadêmicas, pastorais, culturais, administrativas e sociais nelas desenvolvidas. “Assim sendo, nossas instituições de ensino são meios de evangelização”, dada a mais que centenária história em termos de participação e integração efetivas entre Leigos e Frades, sempre atentos às necessidades6 de cada tempo e lugar7. “O desafio é que nossas instituições de ensino vivam cada vez mais desta inspiração do carisma franciscano. Já nos nossos encontros anteriores ficou evidente a importância de todos os envolvidos nas nossas instituições de ensino se qualificarem no carisma franciscano. Alegro-me em perceber o crescimento do espírito de rede entre as nossas instituições, assim como o interesse pela busca e pelo cultivo da alma franciscana por parte de todos. É importante que nossas instituições de ensino respirem o carisma franciscano”, em profundo diálogo com as culturas e demais Religiões, a ponto de os alunos e suas famílias conhecerem sempre mais tal modo de vida inaugurado por São Francisco de Assis. “Leigos – irmãos e irmãs na sabedoria e na luz”, tema da conferência proferida por Frei Vitório Mazzuco Filho – o conferencista foi muito feliz na abordagem do tema, convidando-nos a entrever a importância do mesmo, compreendendo-o inicialmente com base no Capítulo I,1 da Regra da da OFS como possibilidade de “iluminação de nossas práticas”: “Entre as famílias espirituais, suscitadas pelo Espírito


evangelização// Santo na Igreja, a Família Franciscana reúne todos aqueles membros do Povo de Deus, leigos, religiosos e sacerdotes, que se sentem chamados ao seguimento do Cristo, à maneira de São Francisco de Assis.”. Frei Vitório foi gradativamente também explicitando o tema, o que aqui transcrevo alguns excertos: - A palavra leigo foi criada pela concepção eclesiástica para diferenciar de clérigo. No mundo medieval, clericus era aquele que tinha o privilégio de ser letrado e ter algum acesso ao conhecimento. O leigo era o que ficava fora do conhecimento dado aos nobres, monges e sacerdotes. A força do Franciscanismo surgente resgata a compreensão de leigo integrando-o no acesso ao saber e a pregação, sobretudo no encontro com o Evangelho. Para o franciscanismo, o que é evangelizar? Evangelizar é tornar nova a humanidade. E ao beber na força do espírito comum inspirada pelo Evangelho, o franciscanismo usou e usa mais a palavra irmão e irmã. - O laicato franciscano instaura a Irmandade Fraterna e a Fraternidade de Irmãos e Irmãs. Fraternidade é estar junto dos que amam de um modo forte e igual. É a comunidade dos que amam o belo e bom, o justo, a paz e o bem. O que caracteriza este laicato irmanado? - O franciscanismo é gerado da mente, do coração e das práticas de um restaurador, Leigo, Francisco de Assis, deseja dar uma contribuição original na reconstrução da humanidade, da sociedade, da Igreja e do mundo. O laicato para nós é o estar no mundo como protagonistas do Reino de Deus. É uma escolha para transformar e escolher sempre o melhor para instaurar a vontade de Jesus: “Venha o teu Reino!” (Mt 6,10) para fazer valer a convocação do Evangelho: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e todas as coisas (os bens necessários para a vida) serão dados em acréscimo”. (Mt 6,33 e Lc 11,14). Isto determina um novo modo de ser e de estar na vida, isto é, estar no reino da Graça. É na história humana que se edifica o Reino, que desde os tempos bíblicos concretiza anseios de abundância e plenitude, de saúde física e espiritual, de prosperidade, de paz e alegria, de convivência harmoniosa na fraternidade em oposição ao mal, ao medo e a fatalidade (Is 35, 5-6). Jesus cumpre os projetos do Reino: “Ide contar a João o que ouvis e vedes: os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados.” - E bem-aventurado aquele que não se escandalizar por causa de mim” (Mt 11,2-6). ‘Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Francisco de Assis, ao abraçar o Evangelho, abraça para todas as três Ordens

o projeto de Jesus. Irmão e Irmãs não são coadjuvantes ou espectadores, mas protagonistas do Reino. - “Vós sois o sal da terra. Ora se o sal perde o seu sabor, com que salgaremos? Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre o monte” (Mt 5,13 a 16 e Lc 14,34). Quem são os Irmãos e Irmãs na Sabedoria e na Luz? São anunciadores do Evangelho cuja Palavra os habita e atravessa seu ser e explode em suas práticas. São os concretizadores do Reino de Deus no mundo. SER sal e luz é ter um modo de interferir para que o mundo, a história, a eclesiologia e a sociedade melhorem. É sermos arautos das Bem-Aventuranças: olhar para frente e caminhar, colocar a mão no arado, sair da estagnação, ir de cabeça erguida, construir nova humanidade resgatada de tanta miséria, e uma vontade atuante de mudar e criar uma Fraternidade saudável. Ser sal é ser sabor, mistura, tempero, gosto, conservar não para ficar no mesmo, mas conservar para purificar e não deixar apodrecer. É dar um gosto novo a vida total da humanidade. Gosto de amor, gosto de Deus, gosto de convivência. O sal não se esconde no cantinho da travessa, mas se mistura, é quase que insubstituível. Ser sal é ser fonte de sabor e significado. - Ser luz é não se esconder, não diminuir o brilho do pessoal e do comum. Luz que não brilha não cumpre a tarefa pela qual existe. É ser cada dia aquele que volta às fontes iniciáticas do batismo. Batizado quer dizer iluminado. Chama acesa no Círio Pascal, das mãos apadrinhadas para ser passada de mão em mão. O Evangelho diz que não se esconde a cidade que brilha sobre o monte. É fazer brilhar a civilização dos cidadãos do Reino. Se falta luz no centro, brilhe lá, se falta luz no bairro, brilhe lá. Não deixe que o poder, a mídia e o mercado decida quem deve brilhar ou ficar apagado. A metáfora da luz é forte no AT e no NT. “Põe-te em pé, resplandece, porque a tua luz é chegada, a glória de Deus raia sobre ti. As nações caminharão sobre ti” (Is 60,1-3). Ser sal e luz é brilhar no gosto das boas obras. Ser sal e luz onde está a família, a rua, a cidade, o trabalho, a ação cultural, a comunicação, os movimentos coletivos, a defesa das pessoas. Defender a pessoa é defender a humanidade. Francisco de Assis foi um homem leigo que viveu de pessoa em pessoa para atingir toda a humanidade com seu jeito fraterno. (Cf. pg 124-125 do Documento da CNBB, “Sujeitos Eclesiais – sal da terra e luz do mundo”). - Não podemos viver das glórias de uma obra que nossos Irmãos e Irmãs construíram no passado. Somos a animação cristã e franciscana da sociedade civil (Cf. Van Doornik, pg 141). Somos um pacífico mundo fraterno de pessoas que vivem e espalham uma convicção e uma vitalidade espiritual. Não sabemos ser COMUNICAÇÕES

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//evangelização sozinhos, mas em Fraternidade, o centro espiritual e social da vida franciscana e cristã. Da fonte de Amor que jorrava do coração de Francisco de Assis e de todos os que estavam com ele, fez o Amor ser concreto. Do coração ao leproso, do leproso aos mendicantes, dos mendicantes aos primeiros seguidores e seguidoras, dos primeiros companheiros ao Papa, ao Sultão, aos ladrões (Fior 26), a Jacoba, a Clara. Francisco foi sal e luz e deixou isto brilhando em seus olhos reveladores de uma íntima vida pessoal e coletiva com Deus e seus sonhos. - Francisco de Assis não criou obra assistencial para leprosos, mas deu abraço no leproso. Francisco de Assis nunca deu esmola sem dar-se a si mesmo junto com a esmola. Francisco de Assis não vê uma obra boa a ser cumprida, mas uma criatura a ser percebida e ajudada. Francisco de Assis não foi alguém preso à dor, mas sofreu os sofrimentos de Jesus Cristo e de todos os que sofrem. Francisco de Assis não amou uma humanidade abstrata, mas pessoa concreta do pobre. Por causa dele não somos uma ONG, mas uma ORDEM. Ser Frades, Clarissas e Seculares, e não esquecer que a OFS é o maior movimento leigo do mundo. E estas Ordens em três grandes famílias carregam a missão de misturar-se no mundo e acender no mundo o amor humanizado de Deus. Somos uma força de sal e luz, e a nossa ação nos tempos atuais deve ser incisiva e em perfeita coerência com a Regra que abraçamos e com a visão franciscana da vida. Devemos recuperar com muita força o conteúdo e a dinâmica orientativa do preceito do Amor e o apelo de cada página do Evangelho. - Temos que recuperar qualquer barreira que divide (Cf Lm VIII). Em um mundo de crises mostrar a nossa presença de discernimento e de lucidez crítica. Para crise política: estar do lado da democracia inspirada em valores cristãos e estar nos espaços autênticos de participação. Nunca dizer sim a regimes de coerção de forças golpistas e ditatoriais. - Para a crise econômica: mostrar a contradição que existe em concentrar poder econômico a poucos. A Pobreza abre o ter para todos. Para a crise social: mostrar o que aprendemos em nossa Formação. Para a crise cultural: mostrar os valores que acreditamos e que tem herança de oito séculos sem deixar de ser atual. Somos Ordens antigas com mentalidade sempre nova. Para a crise religiosa: mostrar que temos uma Espiritualidade original e forte. Para a crise jurídica: mostrar o Evangelho. À Irmã Irani Rupolo, Reitora da Universidade Franciscana (UFN), em Santa Maria/RS e Presidente do Conselho Superior da ANEC), coube a abordagem do tema “Integração dos Leigos na Missão de uma Instituição de Ensino Franciscana”.

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Inicialmente, explicitou a todos que sua contribuição se daria – na medida do possível – alinhada ao jeito franciscano de viver e compartilhar ideias, saberes e práticas educacionais e de evangelização. Reportando-se a dados históricos, Irmã Irani fez menção a vários fatos por meio dos quais a sua Congregação Religiosa tem desenvolvido, desde 1872 em São Leopoldo – RS e em vários outros lugares, atividades a serviço da evangelização, da educação e da saúde, entre outras. Realçou que a sua Congregação teve historicamente uma preocupação com a identidade franciscana em cada uma das atividades que desenvolviam, seja no âmbito da Educação Básica como do Ensino Superior. Perguntava-se e afirmava ela: “se as pessoas e o povo nos chamam de Irmãs Franciscanas, qual rosto de trabalho e de evangelização apresentamos? Em quais aspectos os nossos trabalhos se distinguem de tantos outros na área da educação? Mais do que qualquer outra coisa, nossos propósitos e trabalhos fundamentam-se no Evangelho e, por sua vez, numa inspiração franciscana. E nisto alinham-se os documentos das nossas instituições de ensino, os seus valores afins em termos de formação dos nossos colaboradores e alunos. Não basta apenas estar escrito. Tal inspiração franciscana precisa passar por nós, precisamos deixar transparecer isso nas nossas ações”. Na sequência, Irmã Irani se ocupou em compartilhar várias iniciativas recentes que as Irmãs Franciscanas estão a desenvolver, integradas aos Leigos de suas instituições de ensino, no âmbito de uma gestão colaborativa, da formação de professores, dos planos de ensino, da pastoral e de ações sociais em conformidade com a espiritualidade franciscana, enquanto estilo de vida e de trabalho, a saber: - Atividades por parte de funcionários leigos da Universidade Franciscana voltadas ao acolhimento, ao respeito e ao cuidado de grupos vitimados pelo preconceito e pela exclusão social, denominado por ela como “Grupo Trans”, assim como outros grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade. - Atividades de inserção social junto a empresários e aos municípios na área da saúde, da educação e da Tecnologia por meio da criação do “Conselho de Integração Comunitária”. Conselho este com o propósito de integrar iniciativas e práticas em prol da melhoria das condições de vida da população menos favorecida, principalmente na área da educação, da tecnologia e da saúde. É por meio deste Conselho de Integração Comunitária que a Universidade Franciscana das Irmãs também nos bairros atende as Unidades Básicas de Saúde por meio de alunos estagiários. auxilia com alunos estagiários no âmbito da gestão a asmar (Associação de Mulheres que trabalham com reciclagem). realiza ações em prol de reflorestamento de espaços abandonados e dados à poluição.


evangelização// - Atividades formativas com os Leigos que atuam no setor de gestão com o auxílio de consultoria externa. - Proposição de três Disciplinas Institucionais atreladas ao carisma franciscano em cada um dos cursos de graduação: “Antropologia e Cosmovisão Franciscana”, “Educação, Saúde e Sociedade” e “Ética e Cidadania”. - Implantação do “Programa Saberes” com o objetivo de formação institucional a professores recém-admitidos. - Trabalho pastoral de cunho não doutrinador, mas de acolhida, voltado à proposição de celebrações, missas, à promoção de espaços de escuta aos alunos (especialmente aos mais jovens), à formação com base na espiritualidade franciscana, ao atendimento aos mais pobres, ao canto no formato coral, entre outras. Irmã Irani realçou ainda as orientações que são dadas constantemente aos professores e demais colaboradores da Universidade Franciscana de que o acolhimento, o cuidado e o respeito tanto aos alunos como aos menos favorecidos não é e nem deve ser um diferencial da instituição, mas antes um dever, por ser ela franciscana. “Isso não tem nada de mais. Nossas relações devem ser fraternas. Nosso trato com o aluno deve ser de exigência, de promoção humana e também de respeito, visto que todos somos pessoas, não obstante as dificuldades e os desafios. Quando Frei Boaventura estava à frente da Ordem e a procurou organizar percebeu que uma instituição pode ‘matar’ o espírito, segundo consta na obra Da Intuição à Instituição, de autoria de Théophile Desbonnets. No momento em que se institucionaliza o carisma franciscano também se pode fragilizar determinados aspectos, tais como, fragilizar a simplicidade em vista da qualidade; confundir a Irmã com a Reitora, a formalidade acadêmica com a informalidade. A norma institucional precisa ser observada. O cotidiano de uma Universidade não 1 “ [...] Por leigos entendem-se aqui todos os cris-

tãos [...], isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Batismo, constituídos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, a missão de todo o Povo cristão na Igreja se no mundo.” (CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA LUMEN GENTIUM, n. 30 e 31, disponível em: <http://www.vatican.va/archive/ hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html#>. Acesso em: 05/12/2020). 2 Tema contemplado, a princípio, na reunião do SIFEM-CFMB (Salvador em 15 de maio de 2018) e proposto por Frei César Külkamp (Provincial) para os Encontros da Frente da Educação em 2020 durante a reunião do Conselho de Evangelização da Província, ocorrida em 20 e 21 de agosto de 2019. 3 “A grande maioria dos leigos vive a sua fé no cotidiano, nas tarefas mais humildes, no voluntariado, nos gestos de caridade e solidariedade. Este trabalho escondido no cotidiano, no dia a dia, é um precioso testemunho de fé [...]. No cotidiano, os leigos são sal, luz, fermento na massa. Vivem o

pode se constituir sob uma desordem. Então, este equilíbrio do formal com o informal, do regramento com o espírito, da ciência com a espiritualidade precisa, entre outras coisas, estar bem alinhadas. Por vezes, temos que fazer escolhas, colocar as coisas nos devidos lugares, fazer valer as exigências acadêmicas. A flexibilidade não pode se sobrepor àquilo que academicamente está estabelecido a ser cumprido, e isso vale para todos dentro da Universidade”, disse ela. Plenário e agradecimentos – O Encontro Ampliado da Frente da Educação teve ainda um momento de plenário e de agradecimento a todos. Um agradecimento, antes de tudo, à participação nos encontros on-line da Frente da Educação em 2020: em 5 de junho, em 3 de julho e em 4 de setembro último. Por meio de cada um destes encontros foi possível refletirmos sobre a integração dos leigos na Missão, na gestão, nas atividades acadêmicas, pastorais e sociais de nossas instituições de ensino com base em alguns documentos da Igreja, da Ordem e de nossa Província. Integração essa com os Leigos que tem como pressuposto uma presença e atuação nossa na educação em e como Fraternidade. 2021: convite – Após uma breve reunião avaliativa com Frei César e Frei Gustavo realizada em 25 de novembro, ficou agendado um Encontro on-line dos Frades que atuam nas instituições de ensino da Província para 19 de fevereiro próximo, das 14h às 15h30. Dentre várias tratativas já em curso, o próximo Encontro terá como objetivo de construirmos juntos – em e como Fraternidade na educação – o planejamento das atividades da Frente da Educação em 2021. Agradecido e votos de um abençoado Natal.

ordinário de modo extraordinário, agindo com fé e amor nas lutas de cada dia, na família, no trabalho e na vida social.” (BRANDES, Orlando. Laicato – vocação e missão. São Paulo: 2018, p. 23). 4 “[...] podem e devem os leigos exercer valiosa ação para a evangelização do mundo.” (CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA LUMEN GENTIUM, n. 35, disponível em: <http://www.vatican.va/archive/ hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html#>. Acesso em: 05/12/2020). 5 “O campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos mass media e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento.” (EXORTAÇÃO APOSTÓLICA EVANGELLI NUNTIANDI, 08/12/1975, Papa Paulo VI, n. 70, disponível em: <http://www.vatican.va/content/ paul-vi/pt/apost_exhortations/documents/hf_p-vi_exh_19751208_evangelii-nuntiandi.pdf>. Acesso em: 05/12/2020).

Frei Claudino Gilz Coordenador da Frente da Educação 6 “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! [...] prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças.” (EXORTAÇÃO APOSTÓLICA EVANGELII GAUDIUM, n. 49, publicada em 24/12/2013 aos fiéis leigos sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, disponível em: <http://www.vatican.va/content/francesco/pt/ apost_exhortations/documents/papa-francesco_ esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium. pdf>. Acesso em: 05/12/2020. 7 Isto porque, os Leigos “[...] são filhos e filhas de Deus pelo batismo. São membros constituídos, integrados, inseridos no povo de Deus. São embaixadores de Cristo. São portadores da cidadania própria do povo de Deus. Não são cristãos de segunda categoria. São igreja, não só pertencem à igreja. São luz, sal, fermento no meio do mundo por sua índole secular; ou seja, vivem no século, no meio do mundo e, nas condições temporais, tais como a família, o trabalho, as responsabilidades, as funções e estruturas da sociedade.” (BRANDES, Orlando. Laicato – vocação e missão. São Paulo: Paulus, 2018, p. 45-46).

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//evangelização

Mosé e Cortella na Semana de Filosofia Vozes inco palestras para refletir sobre a arte de viver a vida e seus desafios, principalmente, no momento adverso que a sociedade se encontra. Essa foi a proposta da Semana de Filosofia Vozes, realizada entre os dias 23 e 27 de novembro, no canal da Editora Vozes no YouTube. Entre os convidados, dois dos principais autores da Editora: Viviane Mosé e Mário Sérgio Cortella. Desde a década de 90, a Editora faz grandes apostas no catálogo de Filosofia Contemporânea. O pioneiro foi o livro “A águia e a galinha”, de Leonardo Boff, que incentiva os leitores a crescerem humanamente. Outro grande marco na história das publicações da área foi “Qual é a tua obra?”, do professor Cortella, que, por anos, figurou nas principais listas de mais vendidos pelo país. As atualizações no catálogo fizeram-se necessárias ao longo dos anos e novos nomes surgiram, e firmaram-se, no mercado nacional e internacional, todos com o objetivo de pensar a filosofia hoje, provocando reflexões instigantes e fomentando o entusiasmo e conhecimento na busca da identidade e entendimento da sociedade.

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Nasceu daí a proposta da Semana de Filosofia Vozes, que juntou os seis palestrantes com o mesmo propósito: levar ao público conteúdo gratuito, de qualidade e que provoque e possibilite essa reflexão. Uma das principais autoras da Vozes falou sobre o tema “Nietzsche e as grandes questões da atualidade”. Segundo Mosé, Nietzsche é o autor mais próximo dos desafios que vivemos. Entre os temas abordados pela autora, dois delas estão no topo dos assuntos dessa atualidade: as fake news e a pandemia provocada pelo novo coronavírus. Segundo Mosé, a manipulação do conhecimento hoje é explícita num fenômeno chamado fake news. “Mas ela sempre existiu. A manipulação do conhecimento é que marca a nossa história. O conhecimento é um fator

de libertação e um fator social de submissão. Então, nós vivemos a crise do saber em si. O que significa isso? A crise da verdade, a pós-verdade. Você vê coisas absurdas sendo compartilhadas e alguém como eu, aos 56 anos, fica chocada. Pra mim é chocante ver as coisas que vejo em pessoas ditas cultas. Vivemos o caos. A verdade era uma coisa inventada, mas apesar da verdade ser sempre uma manipulação, existia um tecido social controlado por algumas forças que mantinha uma certa coerência”, explicou.

Polaridade leva a retrocesso de 50 anos

Mosé lembra que as universidades, as editoras, tudo isso era muito fixo. “Publicar na Vozes, na Civilização, em editoras antigas, você tem segurança. Hoje, não tem mais isso. Publica-se em qualquer lugar, infelizmente. Mas ao mesmo tempo, felizmente, porque apesar de todo o sofrimento que temos, acredito que isso possa gerar uma sociedade menos polarizada, porque é a polaridade que marca a verdade. Quando eu digo que existe verdade, eu estou criando a sua posição e


evangelização// aí estou criando uma polaridade que hoje nos destrói. A polaridade que no Brasil nos levou a essa situação política absurda que vivemos hoje. Um retrocesso de 50 anos no nosso pensamento, na nossa cultura, na nossa sociedade. As coisas que são ditas em rede nacional, por políticos eleitos, são absurdas. Vocês sabem disso. Por quê? Porque a verdade nunca existiu. Ela sempre foi um acordo de cavalheiros”, criticou. Segundo Mosé, como lembra no seu livro “Nietzsche hoje”, vivemos uma guerra antiga, mas com novas armas, novas estratégias: a guerra da informação se alimenta da guerra de nós contra nós mesmos. “Se o poder repressivo lhe oprime, a polícia, o exército, as armas, a coação física, no poder disciplinar você se oprime, se fere, luta contra si mesmo, mata a si mesmo, se autodestrói”.

A civilização em risco

Segundo Mosé, nós vivemos um momento de absoluta desintegração da civilização. “O coronavírus é apenas algo que pode eliminar a própria civilização. Nós tomamos rumos tortos. Então, é hora de a gente olhar para o mundo com outro olhar. O que o coronavírus está dizendo é que a civilização é uma bolha e ela precisa ser desfeita como bolha. Ou a gente constrói uma civilização próxima à natureza, abraçada a ela, ou não teremos civilização. E nós sabemos que nossa civilização odeia natureza. Eu não gosto do meu nariz, do meu cabelo, da minha roupa e aí vai num grau que a gente não suporta”. “O vírus sem hospedeiros, sem a mata, hospeda-se no homem. Essa é a questão. Nós estamos sendo invadidos por forças que não têm mais espaços na natureza. Essa crise que estamos vivendo hoje, essa gravíssima crise, ela nos mostra literalmente que temos que construir uma civilização que abrace a vida”. Esse é o nosso desafio: viver em rede, afirmar a diferença, julgar menos

outros, entender e valorizar a diferença. Somos um campo de forças. Nós, a identidade do sujeito não existe, isso está no meu livro “Nietzsche, a grande política da linguagem”. O sujeito, cada um de nós, é campo. Tem muitos lados em mim. Todos operam em mim. Inclusive um lado muito obscuro e tenebroso. É ele que tento todos os dias guardar, processar, elaborar, para que eu seja uma pessoa melhor com os outros. Então, ninguém é bom. Nós temos coisas dentro de nós extremamente obscuras. Tenha consciência disso e elabore o seu obscuro para se tornar uma pessoa melhor.

Algumas reflexões de Cortella:

Cortella lançou durante o evento o seu 46º livro: “Sabedorias para partilhar”. Nesta obra, o autor convida o leitor para uma reflexão filosófica a respeito das multiplicidades da vida. Essa também é a proposta do encontro “A vida para além de si mesma: ninguém é insubstituível?”, que termina a semana com uma importante provocação. “Ser humano é ser junto”. Só é possível ultrapassar a tempestade, o horror, se nós tivermos solidariedade e eu tenho dito e continuarei a dizer. A palavra solidariedade não vem de solidão, mas vem de sólido. E, por isso, solidariedade é quando você e eu procuramos dar solidez à vida de todas as pessoas e de cada pessoa. “Vida é partilha. Por exemplo, o Natal. Agora neste Natal ele será feito de outro modo. Não será o último e

mesmo que, para algumas pessoas e para um de nós, seja, mas ele não desaparecerá. O espírito de junção, de fraternidade e a inspiração trazida por Jesus de Nazaré permanecerão. Tanto faz se a pessoa tem religião ou não. E se tendo é a religião cristã. Porque lembra o nascimento de uma pessoa que veio falar sobre igualdade, fraternidade, caridade, amor ao próximo e aí tanto faz se você tem religião. A mensagem é de uma humanidade brutal. Tem gente que tem uma ceia tão pobre e a única coisa que ela tem são muitos frascos de bebida, a pessoa não tem com quem partilhar; há pessoas tão pobres que a única coisa que ela tinha era muito dinheiro. Olha só, eu não sou tonto de dizer que ter bens materiais é uma coisa que não tenha importância. Ela ajuda a garantir a existência. Mas fartura e abundância não é desperdício e nem inutilidade de bens. Nesse sentido, volto ao ponto como dar sentido quando há tanta dificuldade nesse momento pandêmico: ‘Torna-te necessário a alguém’. Quando a gente se torna necessário a alguém, aquela agonia da inutilidade sai”. Sá Martino e Ângela, recém lançados no universo da filosofia pela Vozes, abordaram o tema da convivência, com o título “No caos da convivência: a filosofia e a arte de viver com os outros”, homônimo ao último lançamento de ambos pela Vozes. A principal obra de Byung-Chul Han publicada pela Editora foi contemplada no terceiro encontro. Para apresentar o tema “A sociedade do cansaço em Byung-Chul Han”, o convidado foi o filósofo e tradutor Lucas Machado, que apresentou as principais ideias do filósofo sul-coreano aplicadas à atualidade. Completando dez anos de sua primeira publicação, a obra A vida que vale a pena ser vivida, de Clóvis de Barros Filho e Arthur Meucci, ganhou uma nova edição. Para celebrar o marco, Clóvis participou do bate-papo com o mesmo tema. COMUNICAÇÕES

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//evangelização

VÁ PARA CASA, PROFETA!

Assim falou o chefe dos sacerdotes de Bethel para o profeta Amós: “Vidente, vai-te embora daqui, vai para a terra de Judá e ganha lá o teu pão profetizando. Mas não continues a profetizar em Bethel, porque aqui é o santuário do rei, uma residência real”. Amós 7,12. O rei da Samaria faz o que ele quer. Um “reforço do Alto”, que o santuário promete, é bem-vindo para ele. O chefe dos sacerdotes cobra obediência, mas o profeta não se retira. Se precisa de profetismo, é agora. A situação está tão séria que Javé diz: “Não continuarei a perdoar o pecado!” Amós 8,2 - Será que o Misericordioso vai esquecer da sua misericórdia? Esta é a situação no Brasil: A consciência se acha desligada. A brutalidade escalou aos poucos sem grandes protestos e se apresenta como normalidade. Está tudo bem. Amós está desesperado, porque ninguém quer ver o que está escancarado. O problema é o profeta: VAI EMBORA PARA TUA TERRA. O fogo infernal na Amazônia não é problema. A alta de mortes pela epidemia não é problema. O profeta prediz: “Haverá dias em que enviarei fome sobre a terra, não uma fome de pão ou sede de água, mas fome de ouvir a Palavra do Senhor. Andarão errantes de um mar ao outro e não a encontrarão e de sede desfalecerão”. Amós 11-12. Não tem perdão quem tem a vista boa e se faz de cego. O profeta está no fim das forças. O que lhe resta? Somente resta anunciar a catástrofe. Mas não tem um mal que seja suficiente para acordar o povo. O pantanal está em chamas! - Eu sei! Na Amazônia estão se extinguindo

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povos inteiros! - Eu sei! - Os brigadistas de fogo foram impedidos a fazer a defesa! - Eu sei! Deixa de ser chato! Surgiu uma esperança, quando o Governo blasfemou contra Senado e Supremo que ensaiavam uma resistência, mas agora se fala de novo em HARMONIA DOS PODERES. De onde virá o socorro? Onde está Amós? Ele voltou realmente para sua Judeia? Não. O profeta incentivou 152 Bispos a redigir um documento que deveria inflamar os corações; eis aqui um pequeno resumo: “ ..... Os planos do Presidente são antiéticos e se baseiam numa política mortífera. O Brasil passa pelo período mais dramático de sua história e é sacudido por uma tempestade. Juntam-se uma crise de saúde como nunca se viu e um desabamento da economia: uma tensão que em grande parte é causada pelo atual presidente. O governo não se preocupa com o Bem da Nação, quando faz uma política mortífera que só pensa no lucro do mercado. Toda hora ouvimos discursos que contradizem a ciência, e banalizam a epidemia. As “reformas” da Lei Trabalhista pioraram a situação, deserdando mais ainda os que estão desprotegidos. O controle da exploração da Amazônia é ineficiente. O Bem Comum e a paz social estão em perigo .... “ Realmente impactante! Mas o apelo dos bispos está lá como se não estivesse. O presidente já está em tempo de nova campanha eleitoral, e os apoiadores são muitos. O problema é o silêncio dos fiéis: “O que você tem? Está tudo em paz!” Como se dissessem: “Eu gosto de você, mas deixa de falar

de política”. E o desespero de Jesus que tenta dizer em Mt 16, 6: “Guardai-vos do fermento (das ideias) dos Fariseus e Saduceus”. E eles, tão alheios, pensam que Jesus está preocupado com falta de pão: “Ainda não compreendeis ... ?” Se o Mestre se desesperou e não conseguiu abrir os olhos dos discípulos, o que será de nós? O que é que Amós pode fazer? Voltar realmente para sua terra de Judá? - Nunca! Se é para atravessar o VALE DAS SOMBRAS, ele vai junto. O que o segura são os HUMILDES DA TERRA que são mencionados no Sl 35, 20. Eles já gastaram seus argumentos e agora só fazem aguentar em silêncio, que a tempestade não derrube tudo. E para eles que Amós ainda pode falar. No abandono atual é importante saber QUE AINDA HÁ PROFETA EM ISRAEL. Exílio é, quando a gente não entende a língua da terra. E isto que já ouvi várias vezes: “O Senhor não entende!” Realmente para mim não dá para entender. Mas você está entendendo isto?

Frei Adolfo Temme, OFM Comunicações - Franciscanos MA/PI, 26 setembro e outubro - 2020


falecimentos//

Frei José Monteiro Carneiro 08/09/1927

+ 15/12/2020

ecentemente, Frei José Monteiro Carneiro passou por um procedimento cirúrgico. Nesse período teve uma dupla pneumonia, insuficiência respiratória, dupla parada cardíaca e Covid-19. Não pôde ser entubado por falta de aparelho na Região de Pato Branco. Na manhã do dia 15 de dezembro, às 6 horas, teve outra parada cardiorrespiratória e não resistiu. Seu sepultamento foi

R

Dados pessoais, formação e atividades ascimento: 08.09.1927 (93 anos N de idade) São João do Meriti, RJ Vestição:14.12.1946 – Rodeio rimeira Profissão: 18.12.1947 (73 P anos de Vida Franciscana) Profissão Solene: 18.12.1950 rdenação: 01.07.1953 (67 anos O de sacerdócio) 07.01.1955 – Agudos – Professor 7.01.1956 – Guaratinguetá – 2 Professor 0.01.1957 – Duque de Caxias – 2 Procurador Vocacional 27.11.1960 – Lages – Professor 8.01.1962 – Palmas – Vigário 1 paroquial 1.12.1962 – Chopinzinho – vigário 0 par. e Pároco em Mangueirinha 9.08.2002 – Mangueirinha – 2 Vigário Paroquial 9.08.2007 – Nilópolis – Vigário 0 Paroquial 9.12.2007 – Rio de Janeiro (VOT) – 1 A serviço da VOT 9.04.2011 – Nilópolis – Vigário 0 Paroquial 20.06.2013 – Período de licença 12.12.2018 – Curitiba – Tratamento

no mausoléu dos frades em Pato Branco. Seguindo as orientações da Vigilância Sanitária, o enterro foi sem a presença de fiéis. Uma Missa em sua memória foi celebrada na cidade de Mangueirinha-PR, onde trabalhou por mais de 40 anos.

O frade menor

Frei José Monteiro Carneiro é natural de São João do Meriti, RJ. Filho de José e Joana Monteiro Carneiro. No seu pedido para primeira profissão na Ordem, em 1947, assinado com seu nome de religioso, Frei Urbano, fez a seguinte reflexão: “Meu ideal é este, ser franciscano. É, sem dúvida alguma, o que de mais sublime algum mortal poderia ambicionar e bem o sei que é acima de qualquer merecimento humano, e só por graça divina, que alguém pode receber tal dignidade. Só depois de muitas lutas pelo meu esclarecimento, nas quais indubitavelmente teria sucumbido não fosse a proteção carinhosa da boa Mãe do Céu, cheguei à conclusão de que esta é a minha vocação”. Desde 1962, Frei José Monteiro viveu em Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná. Em entrevista de 2016, concedida ao Canal Mang Mídia (foto), Frei José descreve a localidade na ocasião de sua chegada: “Quando cheguei aqui, Mangueirinha era apenas uma capela filial. Era um amontoado de casas de madeira, totalizando talvez umas 1.100 pessoas. A capela era coberta de tabuinhas de pinho. Um ambiente daqueles tempos”. A criação da Paróquia ocorreu em 1º de julho de 1963, desmembrando-se da Paróquia de Palmas, até então a matriz à qual pertencia a capela. Desde esta data, foi nesta localidade que Frei José passou quase a totalidade de seus dias. Conforme a

saúde se fragilizava, mais de uma vez foi-lhe oferecida a possibilidade de se transferir para uma fraternidade da Província onde pudesse ser melhor cuidado e atendido. A última tentativa foi em 2019, no primeiro semestre, quando Frei José chegou a passar alguns meses na Fraternidade Bom Jesus dos Perdões, em Curitiba, para onde fora transferido. No entanto, por sua livre decisão e vontade, resolveu retornar a Mangueirinha no dia 24 de agosto de 2019, onde permaneceu até o seu falecimento. Na sua autobiografia disse que se esforçava todos os dias para ser menor. “Procuro ser uma pessoa simples no empenho de São Paulo, ‘tudo para todos’. Tenho minha timidez, às vezes confundida com arrogância, rigidez, mas é apenas minha introversão”. Que pela Misericórdia de Deus Frei José Monteiro descanse em Paz! R.I.P

Frei Jeâ Paulo Andrade COMUNICAÇÕES

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//falecimentos

Frei Estevam Gomes Pereira 02.07.1942

+ 14.12.2020

das cardio-respiratórias e não resistiu. No laudo médico, a causa da morte foi insuficiência respiratória aguda. No dia 15 de dezembro, depois das 8h15, seu corpo foi sepultado em Rondinha.

O frade menor

aleceu no dia 14 de dezembro, por volta das 13h00, em decorrência da Covid-19, nosso querido Frei Estevinho. Frei Estevam, após apresentar sintomas típicos da Covid-19, no dia 3 de dezembro, fez o exame para Covid e testou positivo. Tomando medicação e os devidos cuidados progredia bem. No dia 9 de dezembro, porém, amanheceu com febre, e, com a saturação do oxigênio em 73%, foi levado ao Hospital do Rocio em Campo Largo-PR. O médico o examinou e o colocou no oxigênio. O exame de tomografia dos pulmões apontou várias lesões. Vale considerar que algumas das lesões pulmonares ele já possuía anteriormente, seu quadro geral de saúde vinha bem debilitado nos últimos anos. Diante desse quadro, o médico resolveu deixá-lo internado, em observação, num quarto na área de Covid. Nos dias seguintes, Frei Estevam foi encaminhado para a UTI verde, um tipo de UTI mais branda, por conta das comorbidades que ele apresentava. No início da tarde do dia 14 teve três para-

F

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Frei Estevam nasceu na cidade de Meruoca no Ceará no dia 2 de julho de 1942. Filho de João Gomes Pereira e Maria Raimundo Pereira, tinha 9 irmãos. Seus pais faleceram novos, ainda em 1981, com uma diferença de apenas quatro meses. Segundo Frei Estevinho, seus pais se amavam muito. Aos onze anos de idade, Frei Estevam visitou o santuário de Canindé, fato que despertou sua vocação para a vida religiosa. Pela dificuldade no estudo acabou ingressando no seminário apenas mais tarde, com 22 anos. Esse ingresso, porém, foi nos Jesuítas. Anos mais tarde, já morando no Rio de Janeiro, conheceu melhor os franciscanos. Ingressou na Ordem Franciscana, começando seu itinerário no Postulantado de Lages-SC, em 1982. Foi um ano que lhe uma boa base para sua caminhada. Dizia que não tinha passado por um processo radical de conversão. Sua decisão vocacional foi se dando dentro de um processo natural. Frei Estevinho dizia ter uma personalidade toda própria e tinha suas próprias fontes de estudo e aprofundamento. Não se deixava levar por ideias superficiais. Segundo ele, os fatos marcantes da vida acontecem no dia a dia e, com eles, deve-se aprender a enfrentar. Reconhecia que as dificuldades fazem parte da vida e deve-se querer estar junto de Deus, fazendo sempre sua vontade. Usando seu tom bem-humorado, quando perguntado sobre os desafios, dizia “que os desafios são constantes e como diz o baiano, aí é que tá o mé”. Para ele, na vida fraterna o frade deve suportar e calar, e também saber quando deve falar.

Assim que terminou seu processo formativo inicial fez um curso de enfermagem que seria fundamental para o serviço de cuidado dos frades idosos e enfermos que desempenhou por pouco mais de 14 anos na Fraternidade de Agudos. Sobre esse trabalho, pelo qual sempre é lembrado, Frei Estevinho dizia que estudou pouco, mas o suficiente para atender o seu objetivo. Segundo ele, sua enfermaria caminhava mais num ritmo filosófico do que hospitalar. Ele diz que não realizou nenhuma grande obra, apenas a de sua presença e de seu modo de ser. “Meu pensamento sobre a vida religiosa é o de a gente sempre progredir, mas sem esquecer das origens, da pobreza, castidade e obediência, porém, com racionalidade”. Um exemplo de santidade para todos que com ele conviveram. Suas teorias sofisticadas se confundiam com seu jeito simples e fraterno. Seu constante cuidado com os jovens frades se dará, a partir de agora, em novo formato, do céu. R.I.P

Frei Jeâ Paulo Andrade

Dados pessoais, formação e atividades 02.07.1942 – Nascimento (78 anos) 0.01.1984 – Primeira Profissão (37 1 anos de Vida Religiosa) 3.12.1986 – Agudos – Serviços 2 Gerais e Enfermeiro 6.05.2001 – Amparo – SP – 1 Serviços Geraisa 9.01.2002 – Convento Santo 0 h Antônio – Rio de Janeiro – Serviços Gerais 7.11.2003 – São Sebastião – SP – 0 Serviços Gerais 2.09.2004 – Rondinha – PR – 2 Serviços Gerais


ag genda2020

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

As alterações e acréscimos estão destacados em laranja.

DEZEMBRO

19

Ordenação diaconal em Petrópolis

19 e 20

Entrega da Paróquia N. Sra. da Assunção e Convento Santo Antônio do Valongo, Santos, SP

26

Celebração dos Jubileus em Ituporanga

27

Celebração dos Jubileus em Vila Velha

29

1ª Profissão em Rodeio

2021

09

1ª Profissão e Admissão dos noviços – Quibala, Angola.

27

Admissão dos Postulantes em Guaratinguetá

30

27 e 28

Reunião dos Guardiães e Coordenadores de Fraternidade (Agudos)

JUNHO

14 a 16

Entrega da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, do Navio, Lages, SC

Reunião do Definitório Provincial

31

03 a 18

FEVEREIRO

SETEMBRO

Entrega da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Angelina, SC

02 a 04

Reunião do Definitório Provincial

11

Admissão dos Postulantes em Viana

JULHO

Capítulo Geral da Ordem (Roma, Itália)

27-28

Reunião do Definitório Provincial

OUTUBRO

07 a 10

05

Encontro on-line dos Frades da Frente da Educação (14h às 15h30)

Congresso de Evangelização da CMPByCS (Casa Sagrada Família – São Paulo)

07 a 21

ABRIL

NOVEMBRO

JANEIRO

Admissão dos noviços – Rodeio; Visita Canônica de Frei César na FIMDA

19

26 a 29

Reunião do Definitório Provincial

E chegou de novo dezembro... Com saudade, muita saudade, do ano passado bem me lembro. Hoje, em tempo de pandemia, curto, vivo, esta realidade que dantes ignorava, nem via. Aprendendo a viver o agora, tudo assumo, bem tranquilo, sem nada ter que jogar fora. Esta é a grande oportunidade de descobrir que sou um vivente, sim, em universal fraternidade. Coronavírus, pequenino, invisível, com Francisco te digo: irmãozinho... E viver se torna menos sofrível.

03 a 11

Capítulo Provincial em Agudos

Agradeço-te muito, de coração, pois vieste ao ser humano avisar que da Terra não é dono, não! Bem vindo, incômodo bichinho, pois vieste, amigo, me ensinar a ser mais humilde, pequeninho. A viver com mais amor, leveza, vieste de um sono me acordar, pra cuidar com todo carinho da tão sofrida Mãe Natureza. Bem-vindo mês de dezembro! Quero, apenas, ser a Gratuidade do Universo do qual sou membro. Frei José Ariovaldo da Silva, OFM


1973

2008

2010

Torneio interno -

Ituporanga - SC

Primeira Fraternidade Colatina - ES

Ordenação diaco e Frei Alessandro nal de Frei Gilson Kammer Dias do Nascime Xerém - RJ nto -

2000

2009

Vista do Giácom

o Bini - Rodeio -

SC

Sede Provincial - São Paulo - SP

1981

rdon Frei Geraldo Hage ch Blumenau - SC hu Sc sio e Frei Tarcí

TBT é uma sigla para Throwback Thursday (quinta-feira do retorno). A hashtag #TBT é utilizada para relembrar situações do passado, geralmente com a publicação de uma foto no Instagram. Aqui, foi adaptada para a Revista.


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