| fevereiro - 2016 | ANO LXIII • No 02 | Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
VESTIÇÃO
Rodeio no centro da Província
PRIMEIRA PROFISSÃO
Missões Franciscanas da Juventude em Chopinzinho
Sumário Editorial
“Trocar o pneu do carro com o carro em movimento”.........................................67
Formação permanente
“A misericórdia, sentida e louvada no antigo testamento”, texto de Frei Ludovico Garmus................................................................................................68
Sav
Ordenação diaconal: Frei Edvaldo Batista Soares e Frei Robson Luiz Scudela .........................................................................................................70 Emoção na Primeira Profissão de Rodeio .......................................................................74 Vestição: Revestir-se do homem novo .............................................................................80 Inebriados com o vinho da misericórdia: Missões da juventude terminam em clima de alegria e comprometimento ..........................................84
Fraternidades
Frei Alécio recebe comenda papal ......................................................................................89 Lages: Duplo jubileu franciscano ..........................................................................................90 Frei Moser celebra jubileu em Gaspar................................................................................94 O Natal do Coral Arautos do Grande Rei .........................................................................96 Convento da Penha: Reformada, cantina do Convento reabre ....................97 Convento Santo Antônio: Bênção reúne fiéis na hora do almoço .............97
Evangelização
TV Sudoeste - a TV da nossa casa .........................................................................................98 Sefras: festa de Natal em Curitiba ......................................................................................101 Sefras São Paulo: crianças migrantes, desafios para acolhimento no Brasil ................................................................................................................101 Congresso de Escolas Católicas no Mundo ..............................................................102
Cfmb
Novos Definidores na Província do Santíssimo Nome de Jesus ..............104 Primeira Profissão e ingresso no noviciado de Catalão ...................................104 Província de Bacabal elege Definidores .......................................................................105 Noviciado de Montes Claros atende a 4 Províncias ............................................105 Novo governo na Província de Santa Cruz ................................................................106
Notícias
Papa Francisco visita de surpresa Greccio ..................................................................107
Poema ..........................................................................................................................................108 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | Caixa Postal 57.073 - 04089-970 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br | ofmimac@franciscanos.org.br
Editorial
Primeira profissão em Rodeio
Trocar o pneu do carro com o carro em movimento
T
alvez a sensação descrita no título deste editorial possa indicar o clima e o ambiente nos quais esta edição de nossas “Comunicações” foi fechada. Neste início de fevereiro, recém-saídos do Capítulo Provincial e à espera ansiosa dos encaminhamentos do Congresso Capitular. Tempo de espera, um advento prorrogado para nossa Província. No entanto, a vida não para, a Evangelização segue em frente, e é neste espírito que queremos compartilhar com a Fraternidade Provincial importantes fatos de nossa vida e missão celebrados no fim de 2015 e no início de 2016. Desejamos toda a felicidade aos nossos mais novos confrades professos, que celebraram o fim do Noviciado com este importante passo na vocação que assumiram. Acolhemos de braços abertos nossos irmãos noviços, que deram início à sua caminhada no “ano da provação”. Rendemos graças a Deus pelos 100 anos de nosso Convento São José, o Conventinho de Lages, renovamos nossa disposição para o serviço ao recordarmos o diaconato de Frei Robson Scudela e Frei Edvaldo Batista e ficamos muito felizes ao
celebrarmos um passo importante para nossa Fundação Cultural Celinauta, com a digitalização do sinal da TV Sudoeste, com o sonho de tornar-se cada vez mais “A TV da nossa Casa” para o povo do Sudoeste do Paraná. Na parte da Formação Permanente, Frei Ludovico Garmus, com seu sólido conhecimento da Sagrada Escritura, nos apresenta o tema da Misericórdia no Antigo Testamento. Em espírito de comunhão fraterna com a Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB), apresentamos notícias de nossas entidades irmãs, especialmente no que diz respeito a seus respectivos capítulos e os primeiros passos de 2016. Quanto a nosso Capítulo Provincial, desde já os convidamos a aguardarem com alegria e entusiasmo uma edição especial das “Comunicações” para recordarmos e documentarmos os momentos vividos neste importante encontro de irmãos. Desejamos a todos os confrades e leitores um ano novo repleto das mais generosas bênçãos do Senhor.
Equipe das Comunicações fevereiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
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Formação Permanente
Moisés bate na rocha para tirar água: pintura de Jean Tassel
A misericórdia, sentida e louvada no Antigo Testamento
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o Antigo Testamento (AT), o termo “misericórdia” é sinônimo de bondade, compaixão e amor. Para alguns, buscar o tema “misericórdia” no AT seria “procurar agulha em palheiro”. No entanto, negar que o Deus do AT seja misericordioso – como o fez o herege Marcião – seria afirmar que o povo de Israel não teve uma experiência da mise-
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ricórdia divina. Ao contrário, Israel sentiu a presença de um Deus fiel, que perdoa e ama seu povo ao longo de toda a sua história. Esta presença foi marcante, sobretudo, em momentos de crise, como no êxodo, na peregrinação pelo deserto, na “conquista” de Canaã, no período dos juízes e da monarquia, bem como na destruição de Jerusalém e no exílio. Nestes momentos, a fé no
Deus que elegera Israel como seu povo era abalada; mas eram igualmente uma ocasião para recuperar a fé no Deus misericordioso. No deserto, quando faltou água, os israelitas questionaram a Moisés: afinal de contas, “o Senhor está, ou não está, no meio de nós?” E na falta de alimento, puseram em cheque todo o projeto divino de libertação, reclamando contra Moisés e Aarão:
Formação Permanente
“Trouxestes-nos ao deserto para matar de fome toda esta gente!” Em resposta aos clamores do povo e à súplica de Moisés e Aarão, Deus tira água do rochedo e faz cair um bando de codornas, além do maná, sobre o acampamento (Ex 16–17). Israel é um povo de cabeça dura. Mesmo assim, Deus caminha com seu povo, deixa-se aplacar pelas súplicas de Moisés e o perdoa (Ex 33– 34). Israel experimenta a misericórdia de Deus. Um “Deus compassivo e clemente, lento para a cólera, rico em amor e fidelidade”. Um Deus que “conserva a bondade por mil gerações e perdoa culpas, rebeldias e pecados...” (Ex 34,6-7). Os profetas denunciam os pecados do rei, dos juízes e da classe dominante, e ameaçam com o castigo. Mas também apresentam um Deus de coração materno, sempre disposto a perdoar: “Fui eu que ensinei Efraim a caminhar; eu os tomei nos braços, mas não reconheceram que eu cuidava deles! Com vínculos humanos eu os atraía, com laços de amor; eu era para eles como quem levanta uma criancinha a seu rosto, eu me inclinava para ele e o alimentava” (Os 11,3-6). Por ocasião do exílio, o povo que morava em meio às ruínas de Jerusalém e os exilados na Babilônia também reclamavam: “O Senhor me abandonou, meu Deus me esqueceu”! O profeta responde: “Pode uma mulher esquecer seu bebê, deixar de querer bem ao filho de suas entranhas? Mesmo que alguma o esquecesse, eu não te esqueceria”. Deus ama Jerusalém e seu povo como um noivo ama sua noiva. No futuro, Jerusalém vai pedir que seja aumentado seu espaço para abrigar os muitos filhos que ganhará (cf. Is 49,14-21). Durante e depois do exílio, meditando sobre a presença misericor-
diosa de Deus em sua conturbada história, os autores sagrados redigiram a maior parte dos livros do AT. Neles se respira um Deus misericordioso, porque Israel viveu a experiência da misericórdia divina. Nesta perspectiva, por exemplo, Israel vê as origens do mundo, das civilizações e do próprio povo escolhido. Assim, desde as primeiras páginas da Bíblia manifesta-se a misericórdia de Deus para com todas as suas criaturas. Toda a obra da criação é fruto da bondade de Deus. Em Gn 1, ao separar as águas do chão firme, prepara um ambiente propício, uma “casa” onde possam viver todas as criaturas vivas: na água, os peixes; no ar, as aves; e no chão firme, as plantas, os animais e o ser humano. Para regular o ritmo da vida de suas criaturas durante o dia, Deus criou o sol (cf. Sl 19,1-6), e para a vida noturna, criou a lua e as estrelas (Sl 8; 104). Como ponto culminante de sua criação Deus criou o ser humano (Adam) à sua imagem e semelhança, “macho e fêmea ele os criou”. Abençoou-os para que fossem fecundos, povoassem a terra e tivessem o domínio “sobre os peixes, as aves e tudo que vive e se move sobre a terra”. Providenciou, também, a alimentação para o ser humano e todos os seres vivos. Por fim, “Deus viu tudo quanto havia feito e achou que era muito bom” (Gn 1,26-28.31). Israel vê toda a criação como fruto da bondade de Deus. A segunda narrativa da criação (Gn 2) preocupa-se com o ambiente agrícola em que vive o ser humano. Deus cria o ser humano (Adam) a partir do pó da terra e o coloca num jardim plantado por Deus, cheio de árvores de todo tipo. Cria os animais, a partir da mesma terra, mas o Adam não encontra entre eles uma companhia adequada. Deus, então, vê que “não é bom que
o ser humano esteja só” e cria um ser semelhante a ele (ela). Ao se reconhecer nela, ele exclama: “Desta vez sim, (ela, ou ele) é osso de meus ossos e carne de minha carne”. Agora, o ser humano passa a ser “homem e mulher”, um ser social, comunitário. Deus viu na união entre homem e mulher uma expressão profunda de seu amor, porque os criou à sua imagem e semelhança. Os Salmos são a resposta de Israel ao amor fiel e misericordioso de Deus, vivido e louvado: “Aleluia, porque o Senhor é bom: cantai louvores ao seu nome porque é amável...” (Sl 135). No Sl 136, Israel louva os benefícios recebidos da bondade divina ao longo de sua história. Para Israel, viver é poder louvar o amor fiel e ativo do Senhor: Aleluia! Louva, ó minha alma ao Senhor! * Louvarei o Senhor enquanto eu viver, * cantarei louvores a meu Deus enquanto eu existir... Ele que fez o céu e a terra, * o mar e tudo quanto neles existe. * Ele que guarda fidelidade para sempre, * faz justiça aos oprimidos, * dá pão aos que têm fome. * O Senhor solta os prisioneiros, * o Senhor abre os olhos aos cegos, * o Senhor endireita os encurvados, o Senhor ama os justos, * o Senhor protege os migrantes, * ampara o órfão e a viúva, * mas confunde o caminho dos ímpios. * O Senhor reinará eternamente; ele é teu Deus, ó Sião, de geração em geração. Aleluia!
O Deus que louvamos nos Salmos é o mesmo Deus que inspirou o anúncio da boa-nova aos pobres (Lc 4,14-21) e a proclamação das bem-aventuranças (Mt 5,3-12). “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito”.
Frei Ludovico Garmus fevereiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
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D. Gregório:
‘Sirvam seus irmãos com alegria’ 70
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Ordenação diaconal
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Frei Edvaldo Batista Soares Frei Robson Luiz Scudela
pós concluírem os quatro anos de estudos de Teologia no Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis, Rj, dois jovens frades foram ordenados diáconos na tarde do dia 19 de dezembro: Frei Edvaldo Batista Soares, 36 anos, um dos doze filhos de Florêncio Soares e Joana Batista Soares, é natural de Entre Rios, Bahia. Em 2003 ingressou no Seminário Santo Antônio, em Agudos, SP, para concluir os estudos do Ensino Médio. Fez sua primeira profissão religiosa em 2008 após o ano de noviciado e a profissão definitiva no ano passado, com outros oito confrades, em Petrópolis. Após cursar Filosofia em Curitiba, trabalhou durante um ano no Pró-vocações da Província, sediado em São Paulo, capital. Frei Edvaldo mora no Convento do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, e desenvolvia
trabalhos pastorais na comunidade Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha, Rio de Janeiro. Frei Robson Luiz Scudela, 29, filho de Luiz Scudela e Maria Luiza Scudela, é natural de Cordilheira Alta, no Oeste Catarinense. Ingressou em 2002 também no Seminário Santo Antônio, em Agudos, SP, onde cursou o Ensino Médio. Terminado o ano de provação do noviciado, fez sua primeira profissão em 2006 e a profissão solene em 2012, após voltar da missão em Angola, onde residiu e trabalhou por dois anos. Cursou Filosofia em Curitiba entre os anos de 2007 e 2009. Atualmente, Frei Robson mora e trabalha na Fraternidade São Francisco, em Campos Elíseos, Duque de Caxias, RJ. A celebração da ordenação diaconal dos dois religiosos aconteceu na missa das vésperas do quarto Domin-
go do Advento, na centenária Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no Centro de Petrópolis. A missa foi presidida pelo bispo diocesano de Petrópolis D. Gregório Paixão, OSB, e concelebrada por vários confrades dos dois ordenandos. Na assembleia, além de paroquianos, estavam familiares dos dois religiosos e amigos e paroquianos dos lugares em que trabalharam recentemente. Cantando a iminente chegada do Senhor e o cumprimento da profecia de seu Reino de “liberdade e alegria”, implorando que “das nuvens chova a justiça”, a celebração foi iniciada com a entrada solene, em procissão, dos celebrantes, dos frades presentes e os dois ordenandos. Após a leitura do Evangelho pelo diácono Antônio Ostênio da Paróquia São Francisco de Assis, de Campos Elíseos, os dois religiosos foram cha-
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mados diante do bispo e Frei Evaristo Pascoal Spengler, Definidor da Província e representante do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vamboemmel, deu testemunho da idoneidade dos dois candidatos ao diaconato. Na homilia, após apresentar os dois religiosos e contar breves cenas de suas vidas, D. Gregório lembrou que Maria, Jesus e João Batista, em suas missões, estavam carregados dos valores de seu povo, de sua cultura e do que aprenderam e experimentaram em suas famílias. D. Gregório lembrou que, diante da história dos dois, o diaconato significa o desejo de continuar servindo os irmãos, especialmente os mais pobres”. Disse ainda que “refletem agora sobre aquilo que vocês próprios viveram e estão sendo convidados a externar para seus irmãos. Pela vida religiosa, pela vida franciscana, vocês já são naturalmente diáconos. Porque nenhum franciscano pode ter outro exemplo senão o de nosso Pai Seráfico São Francisco, homem do povo, homem dos pobres, homem do serviço, homem in-
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Ordenação diaconal
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cansável, exemplo vivo do Evangelho, tornado pessoa através de seus atos concretos”. Assim, pediu a eles que, antes de anunciarem suas ideias ou mesmo o que aprenderam nos bancos das escolas, embora também importante, anunciem a experiência que farão com Aquele que escolheram para ser o Senhor de suas vidas; falem da experiência que nasce da oração, da observação, do desejo de conhecer o outro, as culturas, respeitando as diferenças e sem medo de levar a cada irmão e irmã aquele que é o Senhor. Lembrou-lhes que, como Maria, devem também subir e superar as dificuldades da montanha apressadamente, “porque quem tem necessidade tem pressa; quem tem fome tem pressa; quem clama por ajuda tem pressa. E Jesus também nos pede essa pressa para que possamos chegar ao coração da humanidade”. Terminou fazendo-lhes um apelo: “Sirvam seus irmãos com alegria, porque é assim que se serve na vida franciscana. […] Pela graça do diaconato sirvam a mesa do Altar, preguem a Palavra de Deus e a transformem em ato vivo através do testemunho pessoal da fé e da maravilha que é continuar pelo diaconato o carisma que vo-
cês abraçaram: servir; servir sempre! Pois o Senhor lhes pede: ‘dai-lhes vós mesmos de comer’, o lema que vocês escolheram. Agora está nas mãos de vocês a possibilidade do copo d’água, do pão repartido, mas principalmente de um coração pleno. Sejam felizes, meus irmãos, porque vocês escolheram bem: escolheram servir!” Após a reflexão, deu-se continuidade ao rito de ordenação com o diálogo entre o bispo e os eleitos, em que esses fazem suas promessas. A seguir, prostrados, toda a assembleia invocou sobre os dois a intercessão de todos os santos, suplicando a Deus que lhes concedesse as virtudes necessárias ao ministério que abraçam. Terminada a Ladainha de Todos os Santos, D. Gregório impôs as mãos sobre os dois religiosos e cantou a prece de ordenação diaconal. Assim, recordou que “de igual modo, nos primórdios da Igreja, os Apóstolos do vosso Filho, guiados pelo Espírito Santo, escolheram sete homens de boa reputação, que os ajudassem no serviço quotidiano aos quais, pela oração e a imposição das mãos, confiaram o cuidado dos pobres, a fim de eles próprios se poderem dedicar mais plenamente à oração e ao ministério da palavra”. E após invocar sobre eles
o Espírito Santo, suplicou a Deus para que “brilhem neles as virtudes evangélicas: a caridade verdadeira, a solicitude pelos doentes e pelos pobres, a autoridade modesta, a retidão perfeita e a docilidade à disciplina espiritual. Resplandeçam em seus costumes os vossos mandamentos, para que o exemplo da sua vida suscite a imitação do povo santo”. E que “animados pelo bom testemunho da consciência, permaneçam em Cristo, firmes e constantes, de modo que, imitando na terra o vosso Filho, que não veio para ser servido mas para servir, com Ele mereçam reinar nos céus”. Após a prece de ordenação, os novos diáconos foram vestidos com a túnica branca e a estola transversal e receberam do bispo o Livro dos Evangelhos. A túnica e a estola que vestiram o Frei Edvaldo foram levadas por duas paroquianas do Sagrado e amigas dele, as senhoras Lindalva Pacheco e Edméa Peixoto, uma vez que seus pais não puderam estar presentes. O Frei Robson recebeu suas vestes das mãos dos pais. Após a celebração, houve uma confraternização no salão paroquial com todos os presentes.
Frei Rafael T. do Nascimento
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Os professos se abraçam num dos momentos mais belos da celebração no Noviciado de Rodeio:
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Frei Vitor (à esq.) e Frei Thiago no centro
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O carinho do noviço Jean Santos ao frade mais idoso do Noviciado, Frei Abel
emoção na primeira profissão de rodeio
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udo indicava que a Celebração Eucarística da Primeira Profissão da turma de noviços 2015 da Província Franciscana da Imaculada Conceição, nesta terça-feira, 5 de janeiro, na Igreja São Francisco de Assis, de Rodeio (SC), terminaria como começou: solenemente. Tudo dentro do rito preparado com esmero e dedicação nos dias que antecederam este grande mo-
mento. Mas na metade da celebração, a emoção comandou o rito religioso e foi difícil ficar impassível quando esses treze jovens se abraçaram afetuosamente, muito emocionados, depois de professarem nas mãos do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, e ainda protagonizarem um gesto carinhoso quando se ajoelharam e beijaram a mão de Frei Abel Schneider, um frade de 94 anos que reside fevereiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
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no Noviciado e que não pôde descer do presbitério para abraçá-los por estar em uma cadeira de rodas. Como disse Frei Diego Melo no comentário inicial, era o ponto culminante de um ano de provação. Foi assim que terminou este ano para Frei Alberto Victorino, Frei André dos Santos Mingas, Frei Bruno Araújo dos Santos, Frei Danilo Santos Oliveira, Frei Felipe Carretta, Frei Jean Santos da Silva, Frei José João Ganga, Frei Matheus José Borsoi, Frei Miguel Tchiteculo Filipe, Frei Natanael José Barbosa, Frei Thiago da Silva Soares, Frei
Primeira Profissão Tiago Gomes Elias e Frei Vitor da Silva Amâncio, agora professos temporários na Ordem dos Frades Menores. Frei Fidêncio teve como concelebrante o guardião da Fraternidade de Rodeio, Frei Valdir Laurentino, e o diácono José Antônio, da Arquidiocese de Niterói, que é pai de Frei Tiago Gomes Elias. O Mestre dos Noviços, Frei Samuel Ferreira de Lima, apresentou os noviços ao Provincial para fazerem o pedido da Primeira Profissão. Além
da presença dos Definidores Frei Germano Guesser e Frei José Francisco de Cássia dos Santos, frades de toda a Província vieram a Rodeio participar deste momento tão especial, assim como as religiosas Franciscanas Catequistas, os religiosos Dehonianos, familiares e o povo de Rodeio e região. Frei Fidêncio iniciou sua homilia dizendo que todos rendiam graças ao
Frei Natanael
Frei José
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Frei Thiago
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Senhor porque Ele “escolheu a cada um de vocês para conosco caminharem em nova vida”. Essa nova vida, disse o Ministro, é apresentada por São Paulo como alegria e loucura da cruz. “Eu creio que ao término deste ano de Noviciado, cada um de vocês travou, de certa
forma, uma luta pessoal para poder chegar hoje aqui e dar essa resposta a Deus. E hoje São Paulo recorda mais uma vez: considerai vós mesmos como fostes chamados por Deus”, disse Frei Fidêncio. Segundo o Ministro, esse ano de discernimento foi importante para descobrir que Deus não usa critérios
humanos para nos chamar à vida religiosa. “Há poucos dias, no mistério do Natal, Deus se fez humano, frágil, pobre, pequeno. Esses são os critérios que Deus usa para chamar alguém a segui-Lo na vida religiosa. Isso São Paulo chama de loucura”, frisou o Ministro. “E essa loucura vocês devem viver de maneira sábia, de maneira inteligente, na Ordem dos Frades Menores”, acrescentou. Frei Fidêncio, citando o Evangelho de João, lembrou que Jesus foi muito claro e enfático: ‘quem quiser me seguir, deve renunciar a si mesmo’. “Tem que deixar de lado, dia após dia, os critérios pessoais para assumir os critérios evangélicos. Foi isso que São
Os professos
Frei Jean
Frei Bruno
Frei Alberto
Frei Danilo
Frei Matheus
Frei Tiago
Frei André
Frei Felipe
Frei Miguel
Frei Vítor fevereiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
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Francisco fez quando ele, no encontro com o leproso, teve de fazer o seu discernimento. Transformar o amargo em doçura. Renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz. Não a cruz dos outros, mas cada um deve carregar a própria cruz. Carregar a sua história, a sua vida aos olhos de Deus. Colocar a sua vida na perspectiva da cruz, da ressurreição e da Páscoa”, ensinou. No final, lembrou aos noviços que o mistério mais bonito da vida religiosa franciscana é o mais desafiador: viver em fraternidade. Segundo Frei Fidêncio, na conversão amorosa se constrói a vida em fraternidade. No final, o Ministro Provincial agradeceu aos noviços, à Fraternidade de Rodeio e aos formadores por este momento.
Primeira Profissão
gundo a Regra e as Constituições da Ordem dos Frades Menores. Depois, ajoelhados, com as mãos nas mãos do Ministro Provincial fizeram a profissão religiosa. Em seguida, cada neoprofesso recebeu do Provincial a Regra e as Constituições da Ordem dos Frades Menores. “Recebei, irmão, a Regra da nossa Ordem, livro da vida, compêndio do Evangelho, caminho da perfeição, chave do paraíso, pacto de
eterna aliança, para que, observando-a com fidelidade, chegues à perfeição da caridade”, rezou o Provincial. O rito terminou com o abraço da paz dos frades aos neoprofessos num gesto de acolhida e comunhão com a Fraternidade Provincial.
AGRADECIMENTOS
O neoprofesso Frei Natanael José Barbosa fez os agradecimentos finais
O RITO
Depois da homilia, cada professando se aproximou do Ministro Provincial e foi interrogado se estava preparado para se consagrar a Deus e buscar a perfeição da caridade se-
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O diácono José Antônio, da Arquidiocese de Niterói, é pai do professo Frei Tiago
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em nome da turma. Um por um, todos os frades formadores do Noviciado, foram lembrados pelo neoprofesso com gratidão. Ele agradeceu o Ministro Provincial pela acolhida na Ordem Franciscana, e a todos que acompanharam direta e indiretamente a caminhada neste ano de noviciado.
Moacir Beggo
Errata:
Frei Thiago da Silva Soares é natural
de Vinhedo, SP, e não Vila Velha, como saiu publicado na edição anterior. fevereiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
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noviciado de rodeio
revestir-se do homem
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o acolher 18 jovens postulantes no Noviciado São José, em Rodeio (SC), na manhã desta sexta-feira (15 de janeiro), o Vigário Provincial Frei Estêvão Ottenbreit contou a eles que em tempos passados, nesta mesma celebração, o candidato se apresentava impecavelmente vestido e se despojava ali do terno, gravata e sapatos lustrados para receber o hábito da penitência em forma de cruz. “Os postulantes tiravam o calçado e o mestre dos noviços literalmente arrancava a gravata e o paletó e os jogava para longe, simbolizando assim a despedida do velho homem e o revestimento do homem novo”, explicou Frei Estêvão. “Os costumes mudaram, mas o significado não. Vocês recebem
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o hábito de São Francisco e começam uma nova e longa caminhada para revestir-se do homem novo, totalmente entregues a Deus, totalmente disponíveis para viver o Evangelho, totalmente dispostos a seguir, em tudo, os passos do Cristo pobre e crucificado”, exortou o Vigário Provincial durante a Oração da Manhã (Laudes) na Igreja São Francisco de Assis. Esta 115ª turma de noviços a pisar o solo de Rodeio é formada por seis jovens brasileiros e doze angolanos: Frei Francisco Dalilson Cabral, Frei Jonas Ribeiro da Silva, Frei Lucas de Moura J. Souza, Frei Marlon Taxa P. Reis da Silva, Frei Wagner da Silva Neves, Frei Odilon Voss, Frei Antônio da Silva Manuel, Frei Bernardo João Cassinda, Frei Bernardo José
Kandangongo, Frei Daniel Kahuvi, Frei Domingos K. Soma, Frei Elias H. Luís, Frei Evaristo S. Joaquim, Frei Feliciano A. Manuel, Frei Hélder J. M. Domingos, Frei Pedro D. Mugiba, Frei Pedro Isaías Vitangui e Frei Simão C. Horacio. Participando deste momento tão especial neste início de vida consagrada franciscana, estavam presentes Frei Evaristo Spengler, Frei Germano Guesser, Frei Evandro Balestrin, Frei Valdir Nunes, Frei José Cambolo, Frei Marco A. Santos, Frei Jorge Lázaro, Frei Rodrigo da Silva, os confrades da Fraternidade, paroquianos e amigos. A partir desta celebração, os noviços, sob a orientação do Mestre Frei Samuel Ferreira de Lima e da Fraternidade do Noviciado, passam a serem
Vestição
novo
chamados de “Frei”, que significa irmão (uma abreviação de frade, que vem do latim frater). Segundo os documentos da Ordem, esses jovens farão um “período de formação mais intensa” em Rodeio, tendo como objetivo “fazer com que os noviços conheçam e experimentem a forma de vida de São Francisco, impregnem mais profundamente a mente e o coração de seu espírito e, avaliando melhor o chamado do Senhor, comprovem seus propósitos e sua idoneidade” (Constituições Gerais da Ordem, art. 152). No final do ano, os noviços estarão aptos para fazer a Primeira Profissão na Ordem Franciscana. No hábito que vestem, o cordão ainda não tem os três nós simbolizando os votos (obediência, pobreza e castidade), mas eles aparecerão durante a primeira profissão. Frei Estêvão, citando o Evangelho proclamado - “Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” -, lembrou que Francisco de Assis não fugiu diante desta decisão importante em sua vida. “Decisão que vocês estão dispostos a tomar ao iniciar a vida religiosa fran-
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ciscana na condição de noviços”, dirigiu-se aos postulantes. “É bom lembrar o que antecedeu à decisão de Francisco de Assis”, convidou o Vigário, citando o momento em que Francisco de Assis entra na igrejinha de São Damião para, diante do Crucifixo, manifestar a pergunta que brotava cada vez mais forte do seu coração: “Senhor, que queres que eu faça?”. “Depois, pelos caminhos, Francisco evitava encontrar os leprosos até que, em um belo dia venceu essa barreira e conseguiu abraçar um leproso, derrotando o orgulho e o egoísmo, descobrindo o Cristo crucificado naqueles que sofrem. Foi este o aspirantado e o postulantado do jovem Francisco que culminaram na experiência profunda da descoberta do Evangelho. Na igrejinha de Santa Maria dos Anjos ouviu o relato do envio dos apóstolos e a condição que deveriam andar em missão. Tendo ouvido a explicação detalhada do sacerdote depois da missa, exclamou: ‘É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do cora-
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ção’. (1Cel, 22). E Celano continua relatando o que aconteceu depois desta experiência que transformará toda a vida de Francisco de Assis: ‘Por conseguinte, apressa-se o santo pai, transbordando de alegria, em cumprir o salutar conselho e não suporta demora alguma, mas começa devotamente a colocar em prática o que ouviu. Desata imediatamente os calçados dos pés, depõe o bastão das mãos e, contente com uma só túnica, trocou a correia por um cordão. Desde então, prepara para si uma túnica que traz a imagem da cruz..., paupérrima e grosseira... E ansiava por cumprir com a máxima diligência e reverência as outras coisas que ouvira. Pois não fora um ouvinte surdo do Evangelho, mas, confiando o que ouvira à sua louvável memória, cuidava de cumprir tudo à letra diligentemente’”, continuou o Vigário Provincial. Segundo ele, Francisco não foi “um ouvinte surdo do evangelho”. Tomou a decisão e seguiu o Cristo pobre e crucificado, fazendo deste seguimento a sua missão. “Entregou-se de corpo e alma. Entregou sua vida”, disse.
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“Caros postulantes, creio que estamos nesta manhã aqui na igreja de Rodeio porque vocês também não são ouvintes surdos do Evangelho. Também vocês querem se entregar de corpo e alma à vocação franciscana que se tornará, doravante, a sua missão. Também vocês fizeram um dia a pergunta que vem do fundo do coração: ‘Senhor, que queres que eu faça?’ E certamente cada um teve um momento ou momentos privilegiados ao perceber a voz do Cristo convidando-o a abraçar a vida consagrada a Deus. Em busca de uma decisão clara, também tiveram, certamente, que superar di-
ficuldades, egoísmos e aversões. Mas, cada vez mais foram também percebendo o clamor dos que sofrem todo o tipo de miséria, rejeição e exclusão. Vocês também percorreram o tempo do aspirantado e do postulantado buscando encontrar uma resposta e se preparar para uma entrega total no seguimento do Cristo. Eu me atrevo a crer que, enfim, estamos hoje aqui porque, do fundo de seu coração, vem o grito: ‘É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo de meu coração!’ abraçar a vocação e missão franciscanas”, enfatizou o celebrante.
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Vestição
Segundo o Vigário, com esta vestição, os noviços são acolhidos para viverem um ano de provação. “Quer dizer, vocês abraçam com seriedade e empenho esta vocação e missão no firme propósito de fundamentar esta nova vida no seguimento do Cristo pobre e crucificado. Mais uma vez ouçamos a voz do Evangelho de hoje: ‘‘Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me’”, enfatizou. Para o Vigário, São Francisco compreendeu muito bem que este seguimento não poderia e não deveria ser um seguimento por palavras, teórico, mas um seguimento que se
concretiza no dia a dia da convivência com as pessoas e com todo o criado. “Vale a pena também ter presente neste momento a profunda convicção e as palavras de Francisco quando dizia que cada irmão que vinha, movido pela inspiração de Deus, era um dom, um presente, e como tal deveria ser sempre acolhido com profunda gratidão, reverência e respeito”, acrescentou, ressaltando que esses noviços farão um ano em condições especiais: ano capitular, ano de jubileu da presença missionária em Angola e a primeira turma de irmãos angolanos a ultrapassar em número a do Brasil. “São dons mara-
vilhosos. Uma riqueza muito grande. Saibam acolher-se como dons. Saibam viver e conviver no profundo respeito pelas diversas procedências, culturas e histórias pessoais. Francisco quis que o seguimento do Cristo se tornasse realidade na acolhida fraterna das pessoas e de tudo o que Deus criou”, exortou o Vigário. “Com outras palavras, meus caros jovens, o seguimento do Cristo que será doravante a grande razão de suas vidas, nos pede a contínua entrega de nossa vida (“Mas, quem perder a sua vida por minha causa, há de encontrá-la.”), construindo assim a verdadeira fraternidade. E esta será, enfim, a sua, a nossa missão. Não importa o que fazemos ou o que vamos fazer um dia. O que importa é fazer de nossa vida seguimento, concretizando-o em fraternidade. Assim, a nossa vocação se torna missão”, completou, convidando-os a se sentirem acolhidos na Ordem Franciscana, na Província da Imaculada Conceição do Brasil, na Fraternidade do Noviciado em Rodeio.
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Inebriados com o vinho da Misericórdia: Em clima de alegria e comprometimento, Missões da Juventude terminam em Chopinzinho 84
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nspirados pela passagem do Evangelho que relata o episódio das Bodas de Caná (Jo 2,1-11), mais de 330 jovens franciscanos, juntamente com as 20 comunidades da Paróquia São Francisco de Assis, de Chopinzinho, PR, que os receberam, celebraram neste domingo (17) o encerramento das Missões Franciscanas da Juventude. A celebração, realizada na Igreja Matriz, foi presidida por Frei Diego
Melo, coordenador do Serviço de Animação Vocacional da Província Franciscana, e contou com a participação de diversos frades e de uma igreja lotada pela juventude missionária e pelo povo da pequena cidade paranaense. Logo na entrada, os jovens, em procissão, puseram seus nomes, anotados em um pequeno papel, dentro do Tau que simboliza as Missões Franciscanas da Juventude des-
de a sua primeira edição. “Participar desta experiência significa depositar para sempre o próprio nome no Coração de Deus, e por isso nossos jovens fazem este gesto”, explicou Frei Diego. No Ato Penitencial, para a emoção de todos, três crianças cantaram para celebrar o perdão de Deus, fantasiadas e recordando as figuras bíblicas da ovelha perdida, do bom ladrão e da pecadora perdoada, recebendo os três um carifevereiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
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nhoso abraço de Jesus, representado por um jovem. Em sua homilia, Frei Diego destacou que, nestes quatro dias de missão (14 a 17 de janeiro), todos puderam viver na prática a experiência das Bodas de Caná, quando Jesus transformou a água em vinho. “Bodas significa festa, e nossa chegada aqui foi uma verdadeira festa, com fogos, balões de gás, música, abraços e animação. Juntos, vivemos a alegria de estarmos na companhia de Jesus. No entanto, nossas missões não ficaram apenas na festa. Como missionários da misericórdia, fomos convocados a ir ao encontro
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das pessoas, especialmente daquelas que passam por dificuldades, para as quais o vinho da alegria de viver parece ter se esgotado. Estivemos em muitas casas onde havia pessoas doentes e solitárias; fizemos uma visita aos jovens que lutam para se libertar do vício das drogas em uma casa de recuperação; passamos por casas de prostituição, onde filhas de Deus vivem numa realidade de dor e exploração, celebramos junto às comunidades indígenas, enfim, fomos ao encontro daqueles que sofrem, levando nossa solidariedade expressa num abraço, num minuto de atenção, num momento de
oração e bênção. Ali estávamos em nome de Cristo, como missionários da misericórdia, levando um pouco do vinho novo que o Senhor nos confiou. Esta experiência encheu o nosso coração de alegria”, relatou Frei Diego. Também no momento da homilia, três jovens deram um testemunho da experiência vivida durante a missão. Rafaela Scheffer, de Curitibanos, SC, fez parte do grupo acolhido pela Comunidade do Bairro São José. Na tarde de sexta-feira, os jovens visitaram três casas de prostituição e ali rezaram e tiveram um encontro emocionante, segundo a
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jovem. “Rezar com aquelas pessoas encheu o meu coração e eu pude perceber uma experiência profunda de fé, da qual jamais vou me esquecer”, relatou Rafaela. Simone Weber, de Teresópolis, SC, pequena cidade próxima a Florianópolis, destacou a alegria e a simplicidade com as quais a seu grupo foi acolhido na Comunidade de Palmeirinha, localizada na área rural do município, a cerca de 30 quilômetros do centro. “Nós chegamos lá e tivemos uma maravilhosa recepção. Crianças vieram ao nosso encontro e nos pegaram pelas mãos para descermos do ônibus. Depois, fomos colocados sobre uma caminhonete toda enfeitada com palmeiras, uma espécie de “missiomóvel” preparado especialmente para que desfilássemos. Também marcante foi nossa presença na aldeia indígena dos Guaranis, onde participamos da celebração de seis batizados. Foi uma excelente oportunidade para entrarmos em contato com a vida no interior”, contou a jovem. A experiência deixou marcas também nas comunidades e nas famílias que acolheram os jovens. O casal João Carlos e Silvia Cattaneo, da Comunidade do Bairro São José, falaram em nome de todos os que receberam os jovens e confessaram que, além de missionários, eles ganharam também verdadeiros amigos. A vibração e a alegria da juventude também tocaram o coração do
Pároco de Chopinzinho, Frei José Idair que, na hora dos agradecimentos, se declarou: “Vocês não são mais jovens missionários. Agora os considero meus filhos”, provocando um forte aplauso da juventude. Frei José também destacou o empenho e a competência de Frei Diego, que não poupou esforços na liderança da iniciativa e trabalhou incansavelmente para que tudo corresse da melhor maneira. Frei Diego, por sua vez, agradeceu de forma especial a todos os que colaboraram para o bom êxito das Missões Franciscanas da Juventude.
Data e local das próximas missões já estão definidos
Ao final da celebração, depois de fazer um pouco de suspense para provocar a assembleia, Frei Diego anunciou que as próximas Missões Franciscanas da Juventude vão ocorrer entre os dias 19 e 22 de janeiro de 2017, na cidade de Curitiba, PR. O frade aproveitou para convidar a delegação da capital do Paraná para receber o Tau que simboliza as missões. Foi uma grande festa, para a vibração de todos os presentes, que festejaram a escolha da cidade para a realização das próximas missões.
Brincadeiras, novas amizades e até banho de mangueira revelaram o clima de descontração entre os jovens
Como todas as iniciativas que envolvem a juventude, as Missões Franciscanas também foram marcadas pela descontração. Gritos de animação – como o tradicional “Eu sou franciscano, com muito orgulho, com muito amor” – podiam ser ouvidos com frequência. Também chamou a atenção o “Arrastão Franciscano”, caminhada dos 330 jovens pelas ruas centrais de Chopinzinho, finalizado junto ao pavilhão da paró-
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quia e com um banho de mangueira que veio de surpresa, enquanto a juventude cantava “Chuva de Graças”. As lágrimas e os abraços calorosos, especialmente no momento da despedida, também mostraram que a emoção esteve presente durante estes dias em Chopinzinho.
Vocação à vida religiosa e questões sociais também foram recordadas durante a missão
No momento das preces, Frei Diego Melo convidou ao presbi-
tério todos os frades, religiosas, seminaristas e vocacionados, destacando a coragem daqueles que estão dizendo “sim” ao chamado do Senhor para segui-Lo na radicalidade, e animou os jovens: “Se vocês sentem este chamado no coração, não tenham medo. Entreguem-se com coragem a Deus”. Outro tema que contou com a atenção do presidente da celebração diz respeito aos dramas enfrentados pelos jovens. Antes de rezar a oração pela paz, Frei Diego lembrou que a construção de um mundo de respeito e
harmonia começa dentro das famílias e convidou a todos a trabalharem com coragem no combate às drogas e ao extermínio de jovens, especialmente da juventude negra e pobre.
Missionários da misericórdia: agora um compromisso para o dia a dia
Tendo como tema “Missionários da Misericórdia” e evocando a frase escrita por São Francisco em seu Testamento – “E o Senhor me conduziu para o meio deles” – as Missões Franciscanas da Juventude tiveram em Chopinzinho a sua terceira edição. Para o pároco, Frei José Idair, iniciativas desta natureza fazem um grande bem, tanto para a juventude quanto para a paróquia. Na opinião de Frei Diego Melo, além da experiência forte nos dias da missão, fica sem dúvida uma herança para os jovens, levada para as casas e para todos os ambientes onde vivem e convivem.
Frei Gustavo Medella
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Fraternidades
FREI ALÉCIO RECEBE COMENDA PAPAL
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inda vivendo as alegrias do Natal, no dia 27 de dezembro, Festa da Sagrada Família de Nazaré, nosso confrade Frei Alécio Antônio Broering, juntamente com Frei Leonardo Shigueshi Matsuo, OFMConv (que vive e trabalha em Mogi das Cruzes), receberam a Comenda Pro Ecclesia et Pontifice, a mais alta condecoração concedida pelo Papa a um sacerdote ou religioso por seus serviços pastorais. Em celebração Eucarística, às 10h30, presidida por Dom Júlio Endi Akamine, SAC, Bispo Auxiliar de São Paulo (Vigário Episcopal para a Região Lapa), na nossa Igreja e Santuário São Francisco de Assis, que tradicionalmente sempre exerceu a função de Capelania da Paróquia Pessoal Japonesa de São Gonçalo, transformou-se num verdadeiro recanto japonês, com o grande número de padres, religiosos e religiosas, bem como leigos, conhecidos e amigos, tanto de Frei Alécio quanto de Frei Leonardo, que vieram para homenageá-los e agradecê-los pelo meio século de bons serviços prestados à
Pastoral Nipo-Brasileira nestes 108 anos de migração japonesa no Brasil. Durante os últimos 40 anos, os dois se revezaram na coordenação e na presidência da PANIB, tanto na sua Comissão Executiva quanto no Conselho Consultivo. Se durante a missa Dom Júlio destacou a importante colaboração no trabalho de evangelização e na catequese dos migrantes japoneses e de seus filhos, depois da comunhão, ao entregar-lhes a comenda, agradeceu e parabenizou-os pela fidelidade e perseverança ao longo de tantos anos no serviço missionário: um serviço de grande mérito para toda a Igreja e que agora, através da comenda dada pelo Papa Francisco, ganha o devido reconhe-
cimento de toda a Comunidade. Uma dezena de seus familiares, irmãos, cunhados, cunhadas e sobrinhos também veio de Santa Catarina para participar da festa e da alegria deste momento. Frei Alécio, que ainda há bem pouco tempo estivera internado e gravemente enfermo, irradiava seu contentamento. Isso era visível, particularmente em sua palavra de agradecimento. Logo após a celebração, a própria Comunidade da PANIB preparou e serviu, em nosso refeitório, um lanche comunitário, mesclando comidas brasileira e japonesa a todos os presentes.
Frei Anacleto L. Gapski fevereiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
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Fraternidades
Duplo jubileu franciscano Com a presença fraterna de D. Paulo Evaristo Arns, a Fraternidade São José de Lages celebrou duplamente o Jubileu do Conventinho - 100 anos - e o jubileu de 50 anos de vida religiosa de Frei José Lino Lückmann no dia 20 de dezembro passado. 100 ANOS DO CONVENTINHO
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cidade de Lages celebrou como muita alegria e solenidade o centenário do Convento São José, ou Conventinho como é mais conhecido, neste domingo, 20 de dezembro. Mas não foi só a festa do centenário que marcou esta data. No encerramento da novena preparatória para este jubileu (19/12), Frei José Lino Lückmann, celebrou o seu jubileu de vida con-
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sagrada, ou melhor, completou neste dia, os seus 50 anos de vida religiosa franciscana. Duas belas celebrações que confirmam a presença viva do carisma franciscano na serra catarinense. Foi em 1891 que os frades, com muitas limitações, bem ao estilo dos tropeiros da época, chegaram à cidade na região dos Campos de Lages. No dia 21 de dezembro de 1915 era lançada a pedra fundamental do Convento, que se tornou referência na cidade, assim
como a Matriz erguida em honra da padroeira Nossa Senhora dos Prazeres, construída pelos franciscanos da Província da Imaculada Conceição a partir de 1912. Este Convento acolheu inúmeros frades e, durante muitos anos, foi casa de formação dos seminaristas da Província. Sob o patrocínio de São José, os frades partiam e voltavam da missão evangelizadora. Essa presença centenária acabou dando frutos e muitas vocações nasceram em Lages.
Fraternidades
A festa não foi só franciscana, mas reuniu padres diocesanos, irmãs religiosas, autoridades do Estado de Santa Catarina e o povo lageano. A Celebração Eucarística, às 10 horas, presidida pelo Definidor da Província da Imaculada Conceição, Frei João Mannes, que representou o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, teve entre os concelebrantes uma
personalidade importante para essa história franciscana: o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, que completou 94 anos em agosto último – e celebrou os seus 75 anos de vida religiosa e 70 anos de vida sacerdotal no último dia 8 de dezembro, em Rondinha. Na homilia, Frei João lembrou que ao longo do centenário, este Convento acolheu inúmeros frades da Provín-
cia, tornando-se um centro de irradiação do carisma franciscano e ponto de referência religiosa para o povo lageano.” Sem dúvida, irmãos e irmãs, Lages não pode contar a sua história sem referir-se à presença evangelizadora e educadora dos frades franciscanos”, enfatizou. Tendo como base o Evangelho proclamado, Frei João fez referência à parábola da casa construída sobre a rocha, que não se abala diante das tempestades, porque está firme sobre a base. “A história centenária dos frades franciscanos deste Convento, constru-
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Jesus Cristo. Nós, franciscanos, diante de Deus e da comunidade aqui reunida queremos renovar o nosso desejo de continuar servindo à Igreja de Lages neste Conventinho. Queremos continuar servindo no espírito de São Francisco e de Santa Clara de Assis. Queremos continuar nestas terras semeando a boa semente do Evangelho de Jesus, para que a pessoa de Jesus Cristo seja cada vez mais conhecida, amada e seguida por cada um de nós”, exortou o presidente da Celebração. Após a comunhão, Dom Paulo Evaristo Arns dirigiu algumas palavras aos presentes e foi aplaudido de pé por um longo tempo. Em seguida, o deputado Gabriel Ribeiro, em nome da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, entregou a Frei José Lino uma lembrança por ocasião do centenário do Convento. “Queremos nesta solene celebração, louvar e agradecer a Deus pela história dos 100 anos deste Convento, e especialmente queremos render graças a Deus pela presença dos frades franciscanos na região de Lages”, concluiu o Definidor Frei João Mannes. A festa terminou com uma confraternização no Salão Paroquial da Paróquia do Navio. ída sobre a rocha dos valores evangélicos, resistiu às enchentes, tempestades, enfim, a todas as dificuldades e provações da vida. Caso contrário, como ouvimos no Evangelho, a casa construída na areia não resistiu e foi à ruína completa”, explicou. Frei João destacou a importância da construção material deste Convento, com sua capela, mas ressaltou que mais importante é a construção da “comunidade de fé” em Jesus Cristo. “Os franciscanos vieram para cá e não trouxeram nem ouro, nem prata, mas o Evangelho de Nosso Senhor
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O JUBILEU DE FREI JOSÉ LINO
Natural de Ituporanga, SC, onde nasceu no dia 15 de março de 1944, Frei José Lino ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 19 de dezembro de 1964, portanto há 50 anos. Fez a profissão solene no dia 11 de novembro de 1969 e foi ordenado sacerdote no dia 19 de dezembro de 1970. Na celebração do seu jubileu, foi difícil para o frade segurar a emoção com as homenagens. Principalmente quando sua sobrinha, representando seus familiares, disse que a falecida mãe de Frei José fazia novenas pela
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sua perseverança no rigoroso inverno da Serra catarinense. Frei José Lino presidiu a Celebração Eucarística. A capela do Convento estava lotada: amigos, fiéis e familiares, de Norte a Sul, marcaram presença neste momento em que Frei José Lino renovou suas promessas de Vida Religiosa Franciscana. A homilia, contudo, foi feita pelo seu confrade Frei Tarcísio Theiss, que usou a imagem da videira e dos frutos para mostrar que permanecer em Jesus é essencial para viver e frutificar. “É dos ramos que nós colhemos os frutos, mas é necessário estarmos ligados ao tronco e à videira, que é Jesus. Nós vivemos a partir de Jesus Cristo. Ele é a fonte e a esperança para produzirmos frutos”, disse. Neste centenário do Convento, segundo o frade, fazemos a memória da misericórdia de Deus que age pelo seu espírito em nós e através de nós. “É sempre pela ação do Espírito Santo, este Espírito de Jesus Cristo que está em nós. Como Deus é bom, como Deus foi bom para nós, e como Deus será sempre bom para nós se estivermos ligados a Ele. Quanta misericórdia o Pai nos mostrou através de Jesus Cristo nos enviando seus missionários franciscanos, missionários redentoristas, religiosos e religiosas, leigos e leigas
e, entre todos eles, também nos enviou Frei José Lino. É Deus que nos mandou”, completou. Em seguida, Frei José Lino, de joelhos em frente ao altar do Senhor, renovou suas promessas religiosas, relembrando também todos os seus confrades de turma. Momento ímpar e especial para ele foi a presença de seus familiares e confrades nesta celebração. Após a celebração, grande parte das pessoas presentes se dirigiu ao pátio do Convento para saborear deliciosos pastéis, ‘regados’ de boas conversas e também do tradicional jogo da roleta.
Frei Augusto Luiz Gabriel
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Frei Moser celebra jubileu em Gaspar
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comunidade católica de Gaspar teve um fim de semana muito especial, nos dias 12 e 13 de dezembro de 2015, com a celebração do jubileu de 50 anos de vida sacerdotal de Frei Antônio Moser, frade natural desta cidade. Oficialmente, Frei Moser completou 50 anos no dia 15 de dezembro. Além de celebrar com os familiares e sua comunidade natal, Frei Moser também festejou seu jubileu no dia 22 de novembro, com uma missa na Igreja Santa Clara, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde reside. Em Gaspar, no dia 10 de dezembro (uma quinta-feira), Frei Moser reuniu a comunidade para falar do momento atual da Igreja e a experiência de ter conhecido de perto o Papa Francisco. Até o domingo, 13, a comunidade pôde conhecer um pouco da vida consagrada de Frei Moser, mostrada em uma exposição. O grande momento solene destas comemorações foi a Celebração Eucarística no domingo, 10 horas. O pároco Frei Germano Guesser fez a
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acolhida e apresentou o seu confrade. “Estamos aqui reunidos para render graças a Deus pelo jubileu de 50 anos de vida sacerdotal de Frei Antônio Moser. Assemelhar-se cada vez mais ao Coração Sacerdotal de Cristo Pastor é o desafio maior de todo sacerdote. Jesus entregou em nossas mãos sacerdotais a ação de realizar a transformação do pão em Seu Corpo e do vinho no Seu Sangue. Por isso, resumidamente, gostaria de falar um pouco de sua caminhada nesses 50 anos de vida sacerdotal”, explicou o pároco. Frei Germano contou que Frei Moser nasceu no bairro de Gaspar Grande em 29 de agosto de 1939, fruto da união de Elisabeth e Angelo Moser. “Ele vestiu o hábito franciscano em 19 de dezembro de 1959 e foi ordenado sacerdote no dia 15 de dezembro de 1965, portanto ele está celebrando aqui, conosco, 50 anos de sacerdócio”, frisou. “Frei Moser, hoje, é considerado um dos teólogos mais importantes do mundo, podemos dizer assim, tendo em vista que ele foi o único teólogo
brasileiro a ser nomeado pelo Papa Francisco para participar do Sínodo da Família, encerrado em outubro último. Ele participou deste importante acontecimento da Igreja atual ao lado de dois cardeais, 4 bispos e quatro leigos do Brasil. Sem dúvida, um dos momentos que marcará, se já não marcou, a sua vida sacerdotal e religiosa”, elogiou Frei Germano. Frei Moser é doutor em Teologia,
Fraternidades
Jubileus com especialização em Moral, pela Academia Alfonsianum, em Roma, e leciona Teologia Moral e Bioética no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis, a última etapa de formação dos frades da Província da Imaculada. Frei Moser é também diretor da Editora Vozes, hoje a mais antiga editora católica do Brasil, fundada no dia 5 de março de 1901. Há 17 anos, completados exatamente no último dia 9 de dezembro, ele desempenha essa função com muita competência. “Além de diretor de uma editora, ele é autor de 27 livros, nem sempre com temas de Teologia Moral, sua especialização. Um desses livros é Colhendo Flores entre Espinhos – Ciência e atitudes pessoais garantindo um envelheci-
mento com qualidade, onde ele lembra que não se deve ter ‘compaixão’ das pessoas envelhecidas, mas, sim, olhá-las como pessoas que chegaram ao topo da montanha, de onde têm todo um horizonte descortinado”, acrescentou o pároco, lembrando que ele tem livros traduzidos para outras línguas (Teologia Moral impasses e alternativas; O enigma da esfinge, a sexualidade; Biotecnologia e Bioética: para onde vamos; Ecologia: desafios éticos etc) e participou por nove anos do programa “Em pauta”, da Canção Nova. “Frei Moser é assim: esbanja vitalidade e, para ele, não tem tempo ruim. Tanto que ele é também pároco da Paróquia de Santa Clara, em Petrópolis,
que fica próxima do Instituto Teológico e diretor do Centro Educacional Terra Santa, uma entidade assistencial que atende crianças e jovens carentes em Petrópolis. Ainda sobra tempo para ele ser um conferencista no Brasil e no exterior...”, emendou Frei Germano também informou, em primeira mão, que em vista do Jubileu, Frei Moser vai participará do programa na Canção Nova: “Pelos caminhos da fé’, no dia 6 de março, às 22 horas. Trata-se de um novo programa no qual Frei Moser é o primeiro personagem. Depois, semanalmente, o programa terá outros personagens. Vocês poderão ver depoimento de pessoas das 16 comunidades que ele construiu.
ENTREVISTA Jornal Cruzeiro do Vale: Qual a sensação de estar re-
tornando a Gaspar para uma data tão especial como os 50 anos de sacerdócio? Quais as principais lembranças que guarda da cidade até hoje? Frei Antônio Moser: Saí criança de Gaspar e só retornava esporadicamente. Entretanto, ao longo destes anos todos, Gaspar sempre esteve no meu coração. Cada passagem significava sempre uma injeção de ânimo na minha vocação. Vendo a Igreja cheia, o povo rezando e cantando com fervor, sempre senti que ao menos em Gaspar a fé continua viva. Ao lado disso, naturalmente as lembranças se ligam à minha infância, quando ajudava a missa do “tio” Frei Solano Schmitt e acompanhava Frei Godofredo. Todos os franciscanos que conheci em Gaspar me marcaram positivamente, mas esses dois foram os que deixaram marcas mais profundas. Tio Solano, como o homem piedoso e de uma bondade que cativava a todos. Frei Godofredo era a expressão do empreendedor zeloso e corajoso. De alguma forma, como criança, acompanhei a construção da Igreja de Gaspar, tendo inclusive participado de uma pré-inauguração em 1950, quando todos foram convidados a vir com seus animais: cavalos, bois... Eu atravessei a nave da Igreja ainda não acabada montado a cavalo. Ora, acho que aqui está uma explicação do por que consegui conciliar a vida intelectual, escrevendo 27 livros e inúmeros artigos com a vida pastoral direta. Ao todo estive à frente da construção total ou parcial de nada menos do que 16 comunidades de
fé, que hoje constituem três paróquias. Eu continuo pároco da Santa Clara.
CV - O senhor ainda mantém familiares aqui?
Moser: Só vive ainda minha irmã religiosa, Irmã Maria, que está em Itajaí com seus 82 anos. Todos os outros irmãos são falecidos. Mas é claro que sobram numerosos sobrinhos e sobrinhas, sem falar de primos e outros parentes. Sempre que passo, ainda que rapidamente por Gaspar, procuro dar a eles um alô. Meus parentes sempre me apoiaram em tudo. Fotos:
Jornal Cruzeiro do Vale
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Fraternidades
O NATAL DO CORAL ARAUTOS DO GRANDE REI
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a noite de Natal, no ano de 1972, nascia também o Coral Arautos do Grande Rei, sob a batuta do maestro e mestre Frei Afonso Vogel. Neste último 25 de dezembro, as vozes das crianças da cidade de Xaxim (SC) se ouviram pela 43ª vez nesta noite natalina. Aos 83 anos, mesmo com algumas dificuldades de lomoção, Frei Afonso não deixa de dar atenção à obra que fundou há 43 anos. Para dar conta de todo o projeto formativo, ele conta com a maestrina Giseli Linhares, o seu braço direito, que foi formada por ele. Aliás, o Coral Infantil Arautos do Grande Rei foi a iniciação para muitos cantores que hoje são destaque nacional e internacional. Dentre estes, podemos citar: Alberto Batistella, FaGisele Linhares, a maestrina que ajuda Frei Afonso nos trabalhos do Coral.
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biano Zoldan, Maysa Rocco Staisack, Katiucia Marinello, Eder Francisco Knappe e Mauricio Busatto. Alberto Batistella, chamado pelos xaxinenses de “Beto”, emocionou o Papa ao fazer um solo no Vaticano. A sede do Arautos, ao lado esquerdo da Matriz de Xaxim, foi inaugurada em 81 e depois foi ampliada. Nos primeiros oito anos de sua existência, o Coral ensaiava no 1º andar da casa canônica de Xaxim. São
250 metros quadrados construídos, divididos em salas de ensaios, diretoria, saleta para guarda-roupas e dois vestiários com banheiros. Frei Afonso é natural de Porto União, SC, onde nasceu no dia 17 de março de 1932. Vestiu o hábito franciscano em 19 de dezembro de 1951 e professou solenemente na Ordem dos Frades Menores em 20 de dezembro de 1955. Ordenou-se presbítero no dia 1º de julho de 1958.
Fraternidades
CONVENTO DA PENHA
REFORMADA, CANTINA DO CONVENTO REABRE
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epois de praticamente seis meses fechada para reformas, a Cantina do Convento reabriu no dia 28 de dezembro de 2015. As reformas se faziam necessárias para melhor atender aos visitantes do Convento. Com a reforma, a estrutura como um todo foi ampliada, especialmente os banheiros masculinos e femininos. Na inauguração, o guardião do Convento, Frei Valdecir Schwambach, agradeceu aos freis da Fraternidade da Penha e de forma especial aos funcionários do Convento pela paciência, empenho e colaboração que demonstraram durante o período da reforma. Com esse espaço mais atualizado, pode-se consequentemente oferecer aos visitantes do Convento um espaço mais humano e acolhedor para os romeiros da Penha.
mídia
convento santo antônio: Bênção reúne fiéis na hora do almoço
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cerimônia é rápida, não chega a meia hora. O frei acolhe os presentes, lê o evangelho e em seguida caminha entre os bancos aspergindo água benta. Ao fim, oferece a todos os pãezinhos benzidos, símbolo de prosperidade para os católicos. As missas são sempre às 13h30 e às 14h, hora do almoço no Centro, quando muitos fiéis aproveitam a oportunidade para exercitar a fé e renovar as energias, numa espécie de bênção expressa oferecida todas às terças no Convento de Santo Antônio. Ali, não é difícil ver homens engravatados e moças de salto alto com o crachá no pescoço, concentrados em seus pedidos. A celebração atual ganha um caráter ainda mais pitoresco devido ao bom humor do celebrante, o Frei Nazareno José Lüdtke, 49 anos, catarinense de São Bonifácio e descendente de alemães. “As pessoas querem ser acolhidas. Precisam de uma palavra de afeto e vem buscar aqui um momento de paz”, afirma o religioso que há seis anos se mudou para o Rio. Para receber as graças de Santo Antônio, os frequentadores levam objetos ligados a seus pedidos que são submetidos Ao banho de água benta. Há de tudo: chaves de casa, objetos religiosos e até as fotos de parentes e amigos na tela do celular. “Se o telefone não ligar depois, não venham reclamar com o
Frei Nazareno”, brinca o religioso, referindo-se a si mesmo em terceira pessoa. Toda terça-feira são distribuídos 3 000 pãezinhos, doados por um benfeitor da região, além de serem gastos aproximadamente dez litros de água benta. Quanto mais assíduo o fiel, mais água recebe. “As pessoas gostam de ser molhadas, reclamam se só cai nelas um respingo”, diz o frei. Ao fim das cerimônias há sempre quem peça uma bênção especial ou vá agradecer por uma graça alcançada, muitas vezes fazendo doações em dinheiro ao convento. Aos mais desesperados e mais próximos, o frei oferece até seu número de celular. E mesmo que o pedido venha por telefone, ele também garante que reza por quem o chama. Atualmente o prédio passa por um conturbado processo de restauro. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938, está em obras desde 2007. O projeto que era orçado em 38 milhões de reais tornou-se um imbróglio entre os religiosos e a empresa gestora da obra. Enquanto os problemas não se resolvem, os treze frades, com idades entre 38 e 85 anos, mantém a pacata vida franciscana.
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Evangelização
TV Sudoeste - a TV da nossa casa
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sinal digital na televisão prende a atenção dos radiodifusores, desde 1970, quando o Japão iniciou pesquisas na qualidade da imagem para dar mais realismo e proximidade ao espectador, à semelhança do cinema. No Brasil, os estudos para implan-
tação do HD começaram em 1994. Depois de vasta pesquisa e discussão, no dia 26 de junho de 2006, foi definido o padrão de TV digital a ser usado no país. Com base no sistema japonês – ISDB-T - foi criado o SBTVD - Sistema Brasileiro de TV Digital. Em 2009, o público das capitais e cidades maiores pode assistir aos primeiros canais com transmissão HD.
de corte, iluminação e infraestrutura de informática, para o setor de produção, de jornalismo e apresentação dos programas. O segundo lance levou à digitalização da área de transmissão da imagem e som, após concessão do canal pelo Governo, com a compra e instalação do transmissor Hitachi-Linear de 1.200 watts e antena Ideal e infraestrutura conexa.
Digitalização em duas fases
No dia 16 de dezembro de 2015, a TV Sudoeste lançou no ar o sinal digital, beneficiado com equipamentos de padrão superior àqueles de 2009, início do HD no Brasil. O passo cora-
O primeiro lance, rumo ao HD, em Pato Branco, começou a partir de 2011, com um projeto definido, compra de câmeras, ilhas de edição, mesas
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Inauguração com interatividade
Evangelização
joso da Fundação exigiu um planejamento cuidadoso dos frades na gestão das emissoras, para angariar suporte a todo o projeto O evento, na sede da TV Sudoeste, foi preparado para um número limitado de pessoas, não mais de 150. Reuniu frades, colaboradores, autoridades e convidados, num espaço defronte ao estúdio principal. O ato foi transmitido ao vivo, seguindo um protocolo. Entre as autoridades, citamos a presença do Prefeito de Pato Branco, Augustinho Zucchi. Em seu pronunciamento ressaltou a vinculação da história de Pato Branco com a presença franciscana. Após as falas das autoridades, foi exibido um especial, de 30 minutos, com tópicos da história da TV Sudoeste, com base no acervo histórico da emissora. Depois, no decurso do coquetel, a equipe de jornalistas da rede passou a entrevistar os convidados sobre temas de interesse do momento. E assim a comunidade pode apreciar “A TV da Nossa Casa” – das 18h às 20h - um acontecimento marcante para a história da comunicação na região.
O evangelho em todas as plataformas
A digitalização é uma exigência dos novos tempos, a que as emissoras têm que corresponder dentro de um prazo estabelecido pelo Governo, até 2018. Atingimos esta meta. A partir de agora podemos ser acessados na faixa UHF, canal 27, site < www.tvsudoestepr.com.br > para internet e
celular, um canal disponível para fazer escorrer a água que mata a sede. O conteúdo é o desafio do momento que requer equipe de produção e apresentação. “A Igreja, de fato, é chamada a usar os meios de comunicação não somente para difundir o evangelho, mas também para integrar a mensagem salvífica na nova cultura que os poderosos instrumentos da comunicação criam e amplificam” (João Paulo II).
frequentar a intimidade do seu lar e com a sua licença nos tornamos parte da sua família. Que grande responsabilidade, nós, franciscanos, assumimos, de marcar presença junto a cada família, com uma mensagem de Paz e Bem”. Frei Nelson Rabelo agradeceu o apoio dos colaboradores, da audiência, lideranças, clientes que incentivaram os frades a modernizar a co-
Mensagens dos frades no ato inaugural
Em mensagem pelo WhatsApp, assim falou o Ministro Provincial Frei Fidêncio: “Quando você liga a sua televisão, você abre as portas da sua casa pra nós. Passamos a
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dial, via internet. Com o texto bíblico, invocou sobre todos o dom da Paz e do Bem.
Desafios para o futuro
O sinal digital cobre a cidade de Pato Branco e redondezas. Nosso desafio é levar esta inovação para todo o Sudoeste do Paraná. Consta em nossos planos a aquisição de um transmissor HD para Francisco Beltrão, cidade com um potencial de audiência expressivo. A meta seguinte é dotar de repetidoras HD as demais 32 cidades da região, atualmente atendidas com o sinal analógico. Este objetivo pretendemos alcançar em parceria com os respectivos governos dos municípios.
Para concluir
municação pelos meios. “Obrigado a todos, por nos permitirem servir, na simplicidade de nosso líder Francisco de Assis”. Frei Neuri Reinisch analisou outro aspecto: “A TV digital não é apenas qualidade de imagem, de áudio, interatividade e mobilidade, mas também um novo jeito de fazer televisão.... Nós estamos idealizando com nossos colaboradores um novo modo de ser TV, “a TV da nossa casa”. A nossa preocupação é com o tipo de programação que você quer ouvir
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em sua casa. O Papa Francisco lembra que se o mal é amplamente difundido, por que o bem não o pode ser? E é a isso que nos propomos a partir de uma visão franciscana”. Frei Policarpo encerrou o ato de inauguração da TV Sudoeste Digital, que, no formato analógico, deve sua implantação à iniciativa do bom frade e confrades dos anos 80 e 90. Frei Policarpo considera o rádio e a TV como graças de Deus, Nossa Senhora e São Francisco na evangelização local, regional e, a partir de agora, mun-
“A Alegria do Evangelho”, do Papa Francisco, no nº 183, contém uma reflexão condizente com a missão dos comunicadores: “Quem ousaria encerrar num templo e silenciar a mensagem de São Francisco de Assis e da Beata Teresa de Calcutá? Eles não o poderiam aceitar. Uma fé autêntica - que nunca é cômoda ou individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois de nossa passagem por ela”. Texto: Frei Nelson Rabelo Fotos: José Luiz Bet
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SEFRAS: Festa de Natal em Curitiba
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ara encerrar o ano de trabalho com a população em situação de rua e homenagear o essencial e importantíssimo trabalho dos voluntários, o Sefras Curitiba promoveu um jantar de confraternização no dia 10 de dezembro. O jantar ocorreu no salão da Paróquia da Igreja Bom Jesus dos Perdões, onde o Sefras Curitiba executa seu trabalho com a população de rua. “A contribuição do jantar foi para proporcionar aos voluntários o espírito natalino e promover a integração entre eles, assim como para despertar o espírito de solidariedade e enfatizar a importância do trabalho realizado no Sefras Curitiba, além, de agradecer-lhes o trabalho realizado ao longo deste ano de 2015”, afirmou Carla Ivantes, coordenadora do serviço. Estiveram presentes os voluntários do Sefras – tanto os do Chá da Tarde, quanto os do Brechó –, os Frades Alexandre, Vagner e Boaventura, além da equipe técnica do Sefras Curitiba, o Movimento Nacional da População de Rua e a Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de Curitiba. Planejado pelo Sefras Curitiba, desde o início do segundo semestre de
2015, o tão esperado e divulgado jantar de Confraternização dos Voluntários do Sefras Curitiba, ocorreu a partir da 18h30, e de forma harmoniosa, sendo apresentado aos participantes durante o jantar resultado do trabalho realizado durante todo o ano. “Foi surpreendente a participação dos voluntários tanto do Chá quanto do Brechó, durante o evento e também dos freis da Paróquia. Contamos com a participação de 61 voluntários, sendo que atualmente temos em torno de 70”, comemorou a coordenadora Carla Ivantes. Durante o jantar foi apresentado aos participantes dois vídeos: um do trabalho realizado pelo Grupo de Psicologia da FAE e o vídeo institucional do Sefras. A apresentação do material áudio visual refletiu de forma positiva nos participantes do jantar, segundo Carla Ivantes, “fazendo com que os voluntários entendessem um pouco da vivência do que é estar em situação de rua e a importância do trabalho que realizam no Sefras, em prol da população de rua,
sendo diversas as manifestações e reconhecimento com essa população”. Foi servido no jantar strongoff de frango, arroz branco, batata palha, maionese e salada verde. De sobremesa, bolo e sorvete. Foi também distribuída uma linda lembrança para os voluntários, uma bolsa ecológica personalizada, camisetas e Bíblia.
sefras São Paulo
Crianças migrantes, desafios para acolhimento no Brasil
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o último dia 9, o CRAI/Sefras (Centro de Referência e Acolhida para o Imigrante) organizou, em parceira com a Defensoria Pública
da União, uma palestra sobre “Crianças Migrantes Desacompanhadas: Desafios para o Acolhimento no Brasil”. Aconteceu no Auditório da DPU, e contou com as falas de Paulo Amâncio (coordenador do Crai-Sefras), Fabiana Severo (DPU), Patrícia Nabuco (Missão Paz e Caritas) e as representantes da ACNUR-ONU, Vivian Holzhacker a Isabela Mazão. “A ideia foi justamente se antecipar
um pouco ao problema e comentar uma questão que não é tão comentada pelas organizações. Para isso trouxemos as convidadas que são pessoas que trabalham com isso no dia a dia e têm uma importância nessa área e, principalmente, que estudam o tema. A ideia é debater, problematizar e, mais para frente, discutirmos políticas públicas para crianças migrantes desacompanhadas porque o problema é muito grande, dado o nível de vulnerabilidade que elas apresentam”, afirmou Paulo Amâncio, coordenador do CRAI. fevereiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
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“ONDE NÃO HÁ HUMANIDADE NÃO HÁ COMO FALAR DE CRISTO” (Notas breves sobre o Congresso de Escolas Católicas no mundo – Roma, 18 a 21 de novembro de 2015)
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Congresso de Escolas Católicas no Mundo, realizado em Roma (Itália) de 18 a 21 de novembro de 2015 (no Auditorium Conciliazione e Sala Paolo VI) foi promovido pela Congregatio Institutione Catholica (De Studiorium Institutis) e pela Oficina Internacional de Educación Católica (OIEC). “Educar hoje e amanhã – uma paixão que se renova” foi o tema do referido Congresso que acolheu participantes de inúmeros países do mundo. Congresso esse que na manhã de 21 de novembro contou também a ilustre presença e mensagem do Papa Francisco. Da AFESBJ estiveram participando Jorge Apóstolos Siarcos (Diretor Geral) e Frei Claudino Gilz (Coordenador de Ensino Religioso). Eis, a seguir, algumas notas breves do que foi abordado durante o Congresso de Escolas Católicas no Mundo:
Educação
3 é um modo de ser, conviver e servir... 3 tem o objetivo de promover a vida, suas possibilidades de desenvolvimento e seus anseios de realização.
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3 tem uma importância à vida de cada estudante no percurso que almeja palmilhar. 3 trata-se, antes de tudo, de um direito fundamental o acesso à instrução, sem discriminação.
álogo inter-religioso ante um contexto de pluralidade... 3 estabelece o diálogo com as mais diversas pessoas, culturas e confessionalidades. 3 oferece uma instrução integral, pessoal, religiosa, voltada ao respeito à dignidade, à sensibilidade aos menos favorecidos, ao espírito de liberdade e discernimento. 3 aposta na busca da verdade e da paz. 3 dispõe de coragem para dizer “verdades incômodas” a quem quer que seja... 3 oferece oportunidades de reflexão sobre a proposta cristã à vida e ao sentido que lhe é inerente à luz da fé, com base na Ética, na Arte, nas Ciências da Saúde, na Filosofia e na Teologia, sem perder de vista os ensinamentos da Igreja.
3 é ineficaz senão inter-relacionada com a vida e o contexto em que se vive. 3 implica em pais e docentes com disposição de serem cultivadores da personalidade de seus filhos cujo ponto final é a plenitude de vida deles...
A identidade da Escola Católica (EC) hoje define-se
Educação Católica é aquela que
3 oferece um currículo voltado ao di-
3 pelo testemunho da fé em Jesus Cristo 3 por crer na verdade que se vai descobrindo 3 pela consciência sacramental 3 pela educação excelente e integral que oferece 3 pela abertura à inclusão, fruto de
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3 Oferecer formação integral aos estudantes, a formação deles na fé (articular pastoral, espiritualidade, catequese... aos saberes acadêmicos), sensibilizá-los em relação aos pobres, tão privados do que é mais elementar de um mínimo de dignidade.
Papa Francisco – frases e exortações aos congressistas
uma nova visão em relação à humanidade 3 pelo ensino de um amor capaz de opor-se ao ódio, ao preconceito, à indiferença...
Desafios à Escola Católica hoje
3 Resgatar o humanismo cristão... 3 Meios de Comunicação Social - jovens muitas horas multi-conectados. 3 Amizades superficiais que vão se formando e também logo sendo terminadas. 3 Há valores ensinados nas escolas católicas que nem sempre são os mesmos ensinados nas famílias. 3 Nem todos os católicos seguem a tradição de ir à missa entre outras práticas. 3 Percebe-se um processo lento de secularização. 3 Dispor de boas lideranças leigas católicas e praticantes, capazes de tomar decisões, demonstrar discernimento... 3 Ter professores com sentimentos de pertença à escola, com valores. 3 Currículo a ensinar o que o Evangelho recomenda em relação ao cuidado da vida. 3 Currículo a ensinar aos alunos a arte de fazer perguntas. 3 Preparar cidadãos globais, sem
abrir mão da educação clássica, acadêmica. 3 Currículo a incluir também a família ao menos em algumas atividades . 3 Currículo a desenvolver nos alunos a sensibilidade à necessidade dos pobres. 3 Ensinar a tolerância religiosa. Insistir na inclusão dos não-católicos... 3 Estar ciente do que se quer ensinar, transmitir e alcançar como escola católica, sem prescindir dos mandamentos evangélicos... 3 Trabalhar em rede, não escolas tal como ilhas, mais ainda quando se trata de escolas de uma mesma Congregação. 3 Como não se tornar meramente ‘servos’ da cultura do Mercado?... 3 Criar a cultura da confiança versus a cultura da corrupção. 3 Ser uma Escola Católica aberta e dialogante. 3 Estabelecer um vínculo entre Identidade e missão da Escola Católica, valorizando a pessoa humana, suas necessidades, seus sonhos e suas esperanças. 3 Considerar a pluralidade dos sujeitos da educação e, a partir disso, formar uma comunidade de amor... 3 Formação dos Diretores e Professores - uma necessidade constante e imprescindível.
3 “Educar cristãmente não se trata apenas de uma questão de catequese, mas antes de acompanhar as pessoas, ajudando-as a alcançar a Transcendência.” 3 “A educação chegou a ser demasiado seletiva, tanto que parece que nem todas as crianças têm acesso à instrução.” 3 “Temos que realçar e trabalhar em função de uma escola que leve as crianças a sentir o que pensam e fazem, a pensar sobre o que sentem e fazem, a fazer o que pensam e sentem. Uma escola tem que transmitir conceitos, valores e atitudes.” 3 “Onde não há humanidade não há como falar de Cristo.” 3 “Um educador que não se dispõe a correr riscos, não consegue educar, sequer inovar.” 3 “Não acontece educação onde há muita rigidez.” 3 “Temos que formar dirigentes com sensibilidade às necessidades da periferia.” 3 “Ninguém pode ser excluído nas escolas católicas de aprender valores e amor pelos pobres.” 3 “Penso que nossa salvação vem de uma educação capaz também de fazer algo para que as crianças pobres tenham – por meio da educação – um mínimo de dignidade.” 3 “Oferecer uma educação nos seus aspectos mais diversos a tais pessoas.”
Frei Claudino Gilz fevereiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
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NOVOS DEFINIDORES NA PROVÍNCIA DO SANTÍSSIMO NOME DE JESUS
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s frades da Província do Santíssimo Nome de Jesus, reunidos em Capítulo Provincial, elegeram no dia 5 de janeiro os quatro Definidores que irão compor com o Ministro Provincial, Frei Marco Aurélio, o novo governo provincial para o triênio 2016-2018: Frei Wanderley Carvalho do Couto, Frei Donizete Pereira de Castro, Frei Flávio Pereira Nolêto e Frei Ednilson Vaz. O Capítulo Intermediário da Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil teve início no dia 4, no Seminário Regina Minorum, em Anápolis e termina neste sábado, 9 de janeiro. Frei Guido Moacir Scheidt, frade da Província da Imaculada, é o delegado e representante da Cúria Geral da Ordem dos Frades Menores.
Primeira Profissão e ingresso no Noviciado de Catalão
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formação da etapa do noviciado das Custódias do Sagrado Coração de Jesus (SP) e das Sete Alegrias de Nossa Senhora (MT e MS) e da Província do Santíssimo Nome de Jesus (GO) é feita no Convento Santíssimo Nome de Jesus, na cidade de Catalão (GO). No último dia 3 de janeiro, concluíram este tempo de provação, Frei Carlos Eduardo e Frei Heraldo Felício, que professaram pela primeira vez na Ordem dos Frades Menores. A celebração aconteceu na Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, às 11h00. Além dos Ministros Custodiais Frei Flaerdi Silvestre Valvassori (Custódia do Sagrado Coração), Frei Roberto Miguel do Nascimento (Custódia do MT e MS) e do Ministro Provincial Frei Marco Aurélio Cruz (Província de GO), estiveram também presentes frades dessas entidades, amigos e familiares dos frades professandos. Nesta etapa, os noviços são orientados pelo Mestre Frei Bruno Alexandre Scapolan.
VESTIÇÃO
Também no domingo (03), Epifania do Senhor, o Noviciado acolheu a nova turma de noviços. A celebração de vestição, às 8h00, acolheu os jovens Frei João Paulo Gabriel e Frei Suelton Costa de Oliveira (Custódia Franciscana do Sagrado Coração de Jesus (São Paulo e Triângulo Mineiro); e Frei Matheus Morais e Frei Marcos Magi (Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil).
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PROVÍNCIA DE BACABAL ELEGE DEFINIDORES
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Província Franciscana Nossa Senhora da Assunção, com sede em Bacabal (MA), reunida em Capítulo Provincial, de 4 a 9 de janeiro, elegeu nesta quinta-feira (7) os quatro Definidores que farão parte do governo provincial: Frei Antônio Pacheco Ramos, Frei Erivelton Pereira de Passos, Frei João Paulo Andrade Moreira e Frei Miguel Kleinhans. Os novos definidores receberam as bênçãos e os abraços dos confrades e foram apresentados ao povo na Santa Missa, nesta sexta-feira (08 de janeiro), às 19 horas, na Igreja Matriz de São Francisco. O dia 6 de janeiro foi especial para os frades reunidos em Capítulo por ter sido marcado pelo encontro com representantes das diversas forças leigas,
companheiras na vida e missão da Província: a Ordem Franciscana Secular (OFS), a Juventude Franciscana (JUFRA), a Conferência da Família Franciscana do Brasil O Ministro Provincial Frei Bernardo Brandão fez questão de destacar várias vezes em suas colocações a importância deste momento em que a Província deseja mais profundamente consolidar uma missão compartilhada com os leigos e leigas, em suas distintas realidades. No dia 5 de janeiro, a Santa Eucaristia foi presidida por Frei João Muniz, ex-ministro provincial recém-nomeado bispo da Prelazia de Xingu pelo Papa Francisco. Os frades rezaram na intenção deste serviço que Frei Muniz prestará à Igreja e ao povo de Deus.
Noviciado de Montes Claros atende a 4 Províncias
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Casa de Noviciado São Benedito da Província Santa Cruz, em Minas Gerais, acolheu neste 2016 os noviços de quatro entidades da Conferência dos Frades Menores do Brasil: quatro da Província anfitriã, dois da Custódia São Benedito (AM), dois da Província São Francisco de Assis (RS) e um da Província Nª Sª Da Assunção (MA). A nossa Casa de Noviciado está inserida em uma comunidade eclesial rural, localizada a 12 km do centro da cidade de Montes Claros, uma grande cidade do norte de Minas (segundo o censo de 2014, tinha sua população estimada em 390.212 habitantes). O ambiente é rural, o que favorece um contato saudável com a irmã natureza, propício para interiorização e o silêncio. A mais nova Província a fazer a integração com os frades mineiros foi a gaúcha. “A etapa do Postulantado da nossa Província encerrou o ano de 2015 com dois postulantes: Luiz Eduardo Dias Lima e Marcelo Schneider de Moura. Diante desse quadro
numérico, o governo provincial enviou um pedido para a Província Santa Cruz, manifestando o desejo de integrar os nossos candidatos na etapa do Noviciado de 2016 daquela Província. Este pedido foi prontamente aceito”, explica Frei Blásio Kummer em texto no site da Província do RS. Toda a Formação é conduzida pelo mestre da Província Santa Cruz, Frei Hilton Farias, juntamente com os frades da Fraternidade Local. “Os formadores das demais entidades integradas neste Noviciado farão visitas periódicas para acompanharem a caminhada dos seus respectivos noviços”, acrescenta Frei Blásio. Conheça os noviços: Província Santa Cruz - Frei Christian Rodrigues da Silva Junio (Betim); Frei Higor Ferreira de Oliveira (Betim); Frei Héricles Lima Gomes (Itinga); Frei Matheus de Morais Assis (Cabo Verde). Custódia São Benedito da Amazônia Frei Fabrício de França Melo (Junco do Maranhão - MA); Frei Maciel Albuquerque (Santarém - Pará).
Província São Francisco de Assis - Frei Luís Eduardo Dias Lima (Butiá - RS); e Frei Marcelo Schneider de Moura (São Leopoldo - RS). Província Nossa Senhora da Assunção -Frei Jonh Herbeth Marinho Contanhede (São Luís - MA). fevereiro/2016 [coMUNICAÇÕES]
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Novo governo na Província de Santa Cruz PSC, a saber: seus projetos de formação, de vida e missão. Que essa prioridade seja viabilizada com um subsídio trienal a ser desenvolvido e motivado pelos três Secretariados, visando uma prática comum de todas as fraternidades”.
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Província de Santa Cruz, em Minas Gerais, elegeu no dia 21 de janeiro, em primeiro escrutínio, com 32 votos, Frei Hilton Farias de Souza como Ministro Provincial. A eleição seguinte foi para a escolha do Vigário Provincial, tendo sido eleito Frei Vicente Ronaldo da Silva. Para os Definidores, no entanto, a eleição foi bem mais acirrada. Como cada definidor é eleito individualmente, foram necessários vários escrutínios para se conhecerem os novos Definidores. Ao final, foram eleitos Frei Jonas Nogueira da Costa, Frei Vicente Paulo do Nascimento, Frei Erotides Antonio de Melo e Frei Gabriel José de Lima Neto. Terminada a eleição, em clima de muita alegria, os frades se dirigiram novamente à capela para o rito de posse do novo governo. O Ministro Provincial eleito, Frei Hilton Farias, fez publicamente a profissão de fé, ajoelhado perante o Visitador. Em seguida o Vigário Provincial e os Definidores também fizeram seu juramento. O sigilo provincial, até o momento em posse do Visitador Geral, foi então entregue ao novo Ministro.
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Na manhã do domingo, 24 de janeiro, os frades encerraram o Capítulo Provincial, em Santos Dumont, cujo tema foi: “Irmãos e menores em nosso tempo”. Os dois últimos dias foram dedicados à eleição das prioridades provinciais para o triênio, as quais foram: 1. “Em consonância com a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium e a Encíclica Laudato Sí, do Papa Francisco, priorizar, para o próximo triênio, o tema do “cuidado para com a criação, a justiça e a paz”. Que essa prioridade seja trabalhada de forma transversal, ou seja, que abarque toda a vida da
2. “Constituição de uma equipe ampliada, formada pelo Secretariado de Formação e Estudos, pela equipe de formandos da Formação Inicial e peritos para, no próximo triênio, avaliar a formação inicial e permanente. Nesse processo de avaliação se leve em conta o regimento interno e o conteúdo programático das diversas etapas da formação inicial e o programa trienal de formação permanente”. 3. “Que o acompanhamento da juventude franciscana em nossas fraternidades seja realizado pela Pastoral Franciscana da Juventude, assistentes da JUFRA nomeados pelo Governo Provincial e o promotor vocacional, de modo a articular melhor a assessoria e a criação de fraternidades da Jufra e dar suporte aos diversos grupos de jovens ligados ao nosso carisma. Que o Governo Provincial nomeie o coordenador distinto do Promotor Vocacional para esse serviço”.
Notícias
Papa Francisco
PAPA FRANCISCO visita DE surpresa greccio
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a tarde do dia 4 de janeiro, o Papa Francisco fez uma visita surpresa a Greccio, localizada na região italiana do Lácio (província de Rieti), para visitar o lugar em que São Francisco instituiu – na noite de Natal de 1223 – o Presépio. Ali se deteve por alguns minutos em “oração pessoal”. De fato, tratou-se de uma visita surpresa, comunicada somente ao guardião do Santuário de Greccio e ao bispo de Rieti, Dom Domenico Pompilli. Situada a quase 100 Km de Roma, o Pontífice fez a breve viagem de automóvel. O Santo Padre foi acolhido por cerca de 70 jovens que estavam participando de um encontro no Santuário desde sábado, 2 de janeiro. Antes de visitar a capela do Santuário de Greccio, Francisco havia almoçado com o bispo de Rieti, Dom Pompilli. Após a visita privada, o Papa encontrou também a comunidade franciscana local. Os jovens saudados pelo Papa estão reunidos num encontro promovido pela Diocese de Rieti. Com participantes de toda a Itália, a iniciativa tem como fio condutor a “Laudato si”, Carta encíclica do Papa Francisco sobre o cuidado da casa comum.
GRECCIO É A ATUALIZAÇÃO DE BELÉM Entre 1223 houve a famosa celebração de Natal, onde Francisco escolhe um canto no meio da floresta, faz uma manjedoura na fenda da pedra, e foi compondo com frades e o povo da aldeia os personagens do Presépio; uma encenação teatralizada do Nascimento do Senhor, o primeiro Presépio de que se tem notícia depois daquela Luminosa e Gloriosa noite em Belém. Greccio é a atualização de Belém. Hoje neste ponto celebrativo há uma capela dedicada a São Lucas. Leão, Rufino e Ângelo escreveram, na instigante inspiração de Greccio, os
trechos da Legenda dos Três Companheiros. Há até uma carta com dia mês e ano comprovando o relato dos três que também passaram um bom tempo neste Eremo. A Legenda dos Três Companheiros é a mais pura revelação de um ideal nascivo, gestado sob a fecundidade divina. Greccio é um útero, seio, ventre… lugar de um novo renascer. Hoje, o Eremo é um santuário cravado e pendurado na rocha; simplicidade e imponência, permanência e fortaleza; é como se fosse um grande ouvido colado para uma grande escuta
dos ecos do Absoluto. Por dentro dele podemos ver o primitivo refeitório, um quartinho de São Francisco, a cantina, o pequeno e surpreendente dormitório dos frades, a capelinha e o coro, relíquias do bem aventurado João de Parma, o púlpito onde São Bernardino de Sena pregava. A igreja nova foi construída em 1960 e dedicada à Imaculada Conceição. Esta igreja é de uma beleza indescritível!
Frei Vitório Mazzuco
Sonhei um dia um mundo – marca original, como o Senhor criou pra nós com todo amor... Depois eu vi que neste mundo então o mal fez a morada e trouxe o luto dessa dor. Aquele sonho tão feliz findou-se agora, e a dor vivemos cada dia nessa estrada; Aquela dor do mal de Adão que lá na aurora veio frustrar o sonho, nossa paz sonhada.
Provo o sabor da Cruz e Luz daquele amor que nos matou a morte e fez florir a dor, hoje há esperança de frutificar na vida!... E assim caminho para um encantador futuro, vivendo a Graça e o Dom, também o Bem seguro, que um dia o Filho de Maria trouxe ao mundo. (Frei Walter Hugo de Almeida)