Comunicações Fevereiro de 2020

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//revista FEVEREIRO DE 2020 ANO LXVIII • N o 02

PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL


//sumário MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL “Tempo de agradecer, mas de deixar-se interpelar”.....................

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FORMAÇÃO PERMANENTE “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”, de Frei Gustavo Medella..... (Lc 10,33-34) ..................................................... 81

FORMAÇÃO E ESTUDOS

ADMISSÃO DOS NOVIÇOS 2020 EM RODEIO

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Ano da graça na Missão de Angola......................................................... 84 Primeira Profissão em Rodeio...................................................................... 88 Admissão dos Noviços em Rodeio........................................................... 92 Frei Gabriel Vargas é ordenado presbítero em Pato Branco.................................................................................................... 97 Frei Gabriel inicia o seu ministério presbiteral............................. 101 SÉRIE NOSSOS FRADES: Frei Evaldo Ludwig será ordenado presbítero dia 15/2...................................................... 102 ITF - Novos bacharéis em Teologia...................................................... 105 USF: Lançamento do Livro “A Harpa de São Francisco”........... 105

FRATERNIDADES Balneário Camboriú: Tudo novo no interior da Igreja Santa Inês............................................................... 106 Convite para a Festa da Penha 2020 - 450 anos........................... 111 Frades Menores partem de Amparo mas deixam legado franciscano...................................................................... 112 Emoção, saudade e esperança na despedida dos frades de Mangueirinha.................................................................... 116 Franciscanos deixam Não-Me-Toque depois de 101 anos de presença........................................................................... 120 Frei Estêvão: jubileu sacerdotal, missionário e franciscano........................................................................... 122 Vaticano aprova documentação e Causa de Frei Bruno pode prosseguir............................................................... 125

DESPEDIDA DOS FRADES DE MANGUEIRINHA

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EVANGELIZAÇÃO

Inaugurado novo estúdio da Rádio Movimento FM................. 126 FIMDA: Natal solidário para 70 crianças em Kibala.................... 127 Jovens e frades da Província participam do 33º Curso de Verão.................................................................................. 128

OFM PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL Rua Borges Lagoa, 1209 CEP 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br

Aos 97 anos, falece Frei Thaddée Matura, o grande escritor do franciscanismo................................................... 131 Custódia da Terra Santa: Um franciscano na guerra.................. 133

Fratrumgram ........................................................................ 135 Agenda .................................................................................................... 136


Caros confrades e demais irmãs e irmãos, Paz e Bem! tempo de nossa vida e de nossa missão passa com muita rapidez! E é bom que assim seja, pois o essencial não pertence a nós e ao que fazemos. Tudo isso é temporal! Nosso chamado a ser Irmãos Menores segundo o Evangelho, a viver em fraternidade e a servir à missão de Deus no mundo, este sim é permanente. É justamente o que dá sentido ao que somos e à nossa missão.

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“Para São Francisco, a vida franciscana tem suas raízes e se fundamenta em uma fraternidade de irmãos que partilham a mesma dignidade fundamental e que são chamados a colaborar juntos para alcançar as condições do Reino de Deus, proclamado pelo Senhor Jesus”. Com estas palavras, nosso Ministro Geral, Frei Michael A. Perry, abriu hoje (20/01) o Encontro de Novos Ministros Provinciais e Custódios com o Definitório Geral. Bem mais recuperado do acidente sofrido no ano passado, ele vai retomando suas atividades, ainda mancando um pouco ou necessitando

//mensagem

Tempo de agradecer, mas de se deixar interpelar


//mensagem do apoio de uma bengala, mas com espírito firme para orientar seus irmãos no exercício do cuidado fraterno e na animação de nossa missão no mundo e na Igreja, à luz do carisma deixado por nosso pai São Francisco. Com mais cinco irmãos do Brasil e mais de trinta de toda a Ordem, iniciamos este encontro na Cúria Geral, em Roma, que seguirá por dez dias. Além das orientações dos diversos serviços da Cúria, diante de nós já está a preparação e vivência do Capítulo Geral em consonância com o Conselho Plenário da Ordem, realizado em 2018, e com os grandes desafios que se apresentam a toda a Ordem e às suas entidades. O Ministro Geral nos provoca a ampliar nossos horizontes para toda a Ordem: “A Ordem dos Irmãos Menores, fundada por São Francisco de Assis, é uma fraternidade” (CCGG 1). Claro que vivemos isto concretamente a partir da Fraternidade à qual fomos enviados e com sua missão evangelizadora específica. Mas é preciso que cada irmão se sinta parte e responsável pela grande Fraternidade dos Frades Menores, inserida na Igreja e no mundo. Isto atende também ao apelo missionário, à provocação itinerante de deixar tudo para ir aonde o Espírito nos impele. E ele age através dos irmãos. Nossa crise não é numérica, mas de acomodação e perda de profetismo! Provocação forte que escuto aqui sem a surpresa de uma novidade. Todos sabemos que a Ordem precisa revigorar este espírito missionário e itinerante que a fez chegar a tantos lugares mundo afora, com ousadia e profetismo. Pois foi com este espírito que chegou na vida de cada um de nós a aventura espiritual do carisma do Pobrezinho de Assis.

Somos herdeiros de uma bonita herança! E, em nós, ela precisa se desenvolver e ir adiante, quem sabe ainda mais bela. Em nossa realidade de Província existem muitos sinais de vitalidade e generosidade na vida e no trabalho de cada irmão. Isto podemos conferir em mais esta edição das “Comunicações”. Bonitas, piedosas e festivas foram as celebrações de Admissão e Profissão dos noviços, no Brasil e em Angola. Em Angola, já vivendo as alegrias dos trinta anos da atual presença dos frades menores. O mesmo sentimos com a ordenação e as primícias do Frei Gabriel Vargas, com a gratidão do povo para com os frades nos lugares que entregamos nossa presença evangelizadora, como em Amparo, em Mangueirinha e em Bauru (Paróquia Santa Clara). Também em nossa antiga presença, em Não-Me-Toque, RS, agora entregue pela vizinha Província Gaúcha. Podemos ainda destacar a aprovação pelo Vaticano da causa da beatificação e canonização de nosso confrade Frei Bruno Linden. E muito mais se poderia ressaltar e render graças a Deus pela busca sincera de santidade de cada irmão e de tantos que compartilham da nossa vida e da nossa missão evangelizadora. Mas é preciso também deixar-se provocar para dar mais de si mesmo e de forma melhor na vocação e na missão dadas por Deus. Que a Mãe Imaculada, São Francisco e Santa Clara, Santo Antônio Galvão e o Servo de Deus Frei Bruno intercedam a Deus para que seus filhos, os irmãos menores desta Província e de toda a Ordem, abram a Ele seus corações e deixem que Ele habite e conduza suas vidas, suas fraternidades e suas missões evangelizadoras!

Frei César Külkamp Ministro Provincial

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formação permanente//

“Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34)

O Bom Samaritano como modelo de Ação Evangelizadora comprometida com o cuidado CONTEXTUALIZANDO Campanha da Fraternidade 2020, que tem como tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”, foi buscar na Parábola do Bom Samaritano (Lc 10), o modelo de relação e encontro que deve nortear a Missão da Igreja e, consequentemente, da Província. Os três verbos que aparecem no versículo que serve de lema – Ver, sentir compaixão e cuidar – remetem ao consagrado método adotado na caminhada eclesial de modo muito frequente a partir do Pós-Concílio Vaticano II. No exemplo pedagógico que apresenta, Jesus deixa bem claro qual é o ponto de partida da proposta de discipulado que Ele vem apresentar:

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de que maneira o Amor a Deus e ao próximo transforma concretamente as pessoas, as relações e o mundo.

VIU1 Mais do que um ato fisiológico de percepção da luz, das imagens e das cores, olhar é uma postura que se assume diante dos apelos e estímulos que nascem da realidade. O olhar, assim como as outras habilidades humanas, também pode ser treinado, dirigido e orientado de acordo com uma série de interesses, prioridades e valores. Na parábola do Bom Samaritano, podem ser identificados três tipos de olhar: COMUNICAÇÕES

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//formação permanente 1) O olhar dos assaltantes – Viram naquele homem que passava uma oportunidade de obter benefício imediato sem grande empenho. Bastava usar um pouco da força física e da vantagem numérica para subtrair da vítima tudo o que ela possuía e que atendesse a seus interesses. Não tinham a menor preocupação em saber quem era aquele que passava nem estavam preocupados com sua vida de maneira que o deixaram ferido, espoliado e quase morto à beira do caminho. Trata-se do olhar do egoísmo, da exploração, do ódio, totalmente alheio aos princípios da ética, da empatia e da compaixão. É um olhar que mata, fere e que rouba a dignidade das pessoas. Este tipo de olhar está no germe da corrupção, da violência, do autoritarismo, da devastação da natureza, das grandes guerras, das gritantes desigualdades sociais e demais mazelas que assolam o Brasil e o mundo. 2) O olhar do levita e do sacerdote – É o olhar da indiferença, da inversão dos valores da incompreensão do que é prioritário. É a postura de quem “dá de ombros” diante de situações urgentes, em que a vida encontra-se frontalmente ameaçada. É a postura cantada pelo Padre Zezinho na célebre canção: “Seu nome é Jesus Cristo e passa fome e grita pela boca dos famintos. E a gente quando vê passa adiante, às vezes pra chegar depressa à igreja”. Nasce do individualismo, da sede crescente pelo consumo, da cultura do descartável, opções de vida que vêm sendo profundamente criticadas pelo Papa Francisco em seus discursos, entrevistas e nos documentos papais. 3) O olhar do samaritano – É o olhar solidário, do serviço e do comprometimento. Na cena em que os assaltantes enxergaram uma oportunidade de lucro fácil, o levita e o sacerdote viram um possível “estorvo” a seus programas préestabelecidos, o samaritano viu um irmão que necessitava de um cuidado urgente e imediato. Assim como os personagens anteriores, o samaritano não esteve interessado, num primeiro momento, em saber quem era aquele que jazia quase morto. Não era importante naquele momento. O prioritário era socorrê-lo e garantir-lhe a sobrevivência. Ali encontrou uma oportunidade única e inédita de amar. É o olhar da disponibilidade, da doação gratuita e da identificação com o outro, especialmente com suas lutas e dores. É o modo de olhar adotado por Jesus (cf. p.ex. Mt 9,36) e que Ele convida seus discípulos a também assumir.

SENTIU COMPAIXÃO Ao descrever a piedade que Francisco trazia no coração, São Boaventura escreveu na Legenda Maior:

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A verdadeira piedade, que, na palavra do Apóstolo, é útil a todas as coisas, enchera o coração de Francisco, compenetrando-o tão intimamente, que parecia dominar totalmente a personalidade do homem de Deus. Nasciam daí a devoção que o elevava até Deus, a compaixão que fazia dele um outro Cristo, a amabilidade que o inclinava para o próximo, e uma amizade com cada uma das criaturas, que lembra nosso estado de inocência primitiva2. Sentir compaixão é aproximar-se de Cristo e, num mesmo movimento, inclinar-se para o próximo e construir uma relação de reverência e fraternidade com os bens da criação. 1) Compaixão e justiça – Na prática de Jesus, o senso de justiça ultrapassa o limite da retribuição baseado na máxima de premiar quem acerta e punir quem erra. Nesta direção aponta o trecho do Sermão da Montanha no qual o Filho descreve o modo de proceder do Pai: “Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos.” Não se trata de assumir o caminho do comodismo, da ingenuidade nem da omissão, mas adotar uma postura restaurativa em relação à vida em suas diversas manifestações. Restauração, restituição, reconstrução e conversão são práticas intimamente relacionadas ao tempo Quaresmal e à Espiritualidade Franciscana, atitudes que exigem empenho individual e comunitário, além de organização, corresponsabilidade e empenho. 2) Compaixão e misericórdia3 – Misericórdia é o movimento do coração que se dispõe ao encontro. É iniciativa que parte de Deus e se manifesta em Jesus Cristo, quando a Onipotência Divina toca a fragilidade humana a partir de dentro da História e do interior de cada coração humano chamado a tornar-se manso e humilde tal qual o Coração de Jesus. Explica o Papa Francisco, na Bula Misericordiae Vultus: A missão, que Jesus recebeu do Pai, foi a de revelar o mistério do amor divino na sua plenitude. « Deus é amor » (1 Jo 4, 8.16): afirma-o, pela primeira e única vez em toda a Escritura, o evangelista João. Agora este amor tornou-se visível e palpável em toda a vida de Jesus. A sua pessoa não é senão amor, um amor que se dá gratuitamente. O seu relacionamento com as pessoas, que se abeiram


formação permanente// d’Ele, manifesta algo de único e irrepetível. Os sinais que realiza, sobretudo para com os pecadores, as pessoas pobres, marginalizadas, doentes e atribuladas, decorrem sob o signo da misericórdia. Tudo n’Ele fala de misericórdia. N’Ele, nada há que seja desprovido de compaixão. 3) No mesmo Documento, o Santo Padre descreve como a Misericórdia se concretiza na prática de Jesus e quais são os destinatários preferenciais dela: a multidão cansada e abatida (Mt 9,36), os doentes que se lhe apresentavam (Mt 15,37), a multidão faminta no milagre da multiplicação dos pães (Mt 15,37), o endemoniado de Gerasa (Mc 5,19), a viúva de Naim, quando sepultava seu único filho (Lc 7,15), entre tantos outros. 3) Compaixão e caridade – Baseando-se na Doutrina Social da Igreja, o Texto-Base da CF 2020 chama atenção para a dimensão social e comunitária da caridade, como elemento de transformação da sociedade. Além de ser compromisso individual do cristão, também se espera que seja uma “força capaz de suscitar novas vias de enfrentamento dos problemas do mundo de hoje renovando estruturas, organizações pessoais e ordenamentos jurídicos” (Texto-Base CF 2020, n. 117). Nesta direção, tendo em vista a prevalência do viés econômico na determinação dos rumos da sociedade, merece nota de destaque a iniciativa do Papa Francisco em convocar para este ano, na cidade de Assis, entre os dias 26 e 28 de março, o encontro “A Economia de Francisco: os jovens, um pacto, o futuro”, voltado a jovens que atuam e militam no campo econômico. O motivo que levou o Santo Padre a escolher Assis como sede deste encontro serve também de convocação à Família Franciscana e a contribuição que ela pode dar para o cultivo de novas relações econômicas baseadas no respeito e na solidariedade: Com efeito, ali [em Assis] Francisco despojou-se de toda a mundanidade para escolher Deus como Estrela polar da sua vida, fazendo-se pobre com os pobres, irmão universal. Da sua escolha de pobreza brotou também uma visão da economia que permanece extremamente atual. Ela pode dar esperança ao nosso amanhã, não apenas em benefício dos mais pobres, mas da humanidade inteira. Aliás, ela é necessária para o destino de todo o planeta, a nossa casa comum, «a nossa irmã Terra Mãe», como Francisco a chama no seu Cântico do Irmão Sol.4

CUIDOU DELE A dimensão do cuidado remete à prática transformadora da compaixão que é despertada por um olhar que se deixa tocar pelos apelos da realidade. No Texto-Base, podem ser encontradas 57 sugestões de ações concretas que têm no cuidado seu ponto de partida. Elas estão compreendidas entre os números 214 e 216 do documento. Tais sugestões são convergentes em relação a diversas ações propostas no Plano de Evangelização da Província (2016-2021), especialmente quando vêm expressas as prioridades do sexênio, entre elas a de “Reforçar ações em direção a uma ‘Província em saída’ e articulada em suas cinco frentes de evangelização”. Também estão em consonância com os quatro pilares da comunidade descritos nas DGAE: Palavra (Iniciação Cristã e animação bíblica da vida e da pastoral), Pão (liturgia e espiritualidade), Caridade (serviço da vida) e Ação Missionária (estado permanente de missão). Ao tratar de cada um deles, o documento traz uma série de sugestões de encaminhamentos práticos que dão concretude à dimensão do cuidado.

CONCLUINDO Não faltam documentos e reflexões para nortear o percurso pessoal e comunitário que a Igreja do Brasil sugere para a Quaresma deste ano de 2020. O próprio Magistério do Papa Francisco é pródigo em oferecer caminhos de ousadia, coragem e desprendimento a todos aqueles que desejam se aprofundar na radicalidade cuidadosa proposta no Evangelho. Mais do que oferecer novidades, esta breve reflexão teve como objetivo principal aguçar o entusiasmo dos confrades e dos demais leitores para viverem de forma comprometida e encarnada as provocações que Jesus apresenta ao contar a Parábola do Bom Samaritano.

Frei Gustavo Medella 1 Além do Texto-Base da CF 2020, ficam como sugestão para aprofundamento neste item do VER a Parte III de nosso Plano de Evangelização (Apelos da Realidade, da Igreja e da Ordem – p. 13-27) e o Capítulo II das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 (Olhar de discípulos-missionários). 2 LM VIII,1 3 Excelente possibilidade de aprofundamento teológico-pastoral neste tema está na Bula Misericordiae Vultus, na qual o Papa Francisco proclama o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, publicada em 11 de abril de 2015. 4 PAPA FRANCISCO. Carta para o evento “Economy of Francesco”. Roma, 01 de maio de 2019. COMUNICAÇÕES

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Ano da graça na

PROFESSOS TEMPORÁRIOS: A primeira turma de professos temporários do Noviciado em Kibala. Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola viveu um momento histórico em Kibala com a Primeira Profissão religiosa de onze jovens noviços que se consagraram a Deus ao modo de São Francisco de Assis neste ano em que a mesma completa os seus 30 anos de Missão. No mesmo dia (11/1) aconteceu, durante as Laudes, às 6h30, a admissão de 27 postulantes ao Noviciado.

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A celebração de profissão teve início às 10 horas e foi presidida pelo Ministro Provincial, Frei César Külkamp, e concelebrada pelo presidente da Fundação, Frei António Boaventura Zovo Baza; o mestre dos noviços, Frei Marco Antônio dos Santos; o mestre dos professos temporários, Frei João Alberto Bunga; o guardião da Fraternidade São Francisco de Assis do Palanca, Frei João Baptista Canjenjenga; Padre

Francisco Reis Franco, superior da missão de Kibala; Padre Tiago Kassoma, do clero diocesano de Benguela; e o arcebispo emérito de Lubango, Dom Zacarias Kamuenho. Os diversos ministérios foram animados pelos noviços recém-admitidos, leigos e consagradas. A celebração contou com a presença massiva de crianças, religiosas de distintas congregações, familiares,


formação e estudos//

Missão de Angola

NOVIÇOS 2020: A turma de 27 noviços foi acolhida pelo Ministro Provincial Frei César Külkamp. amigos, a Jufra e pessoas das mais diversas comunidades de fé de Kibala. Durante a homilia, o Ministro Provincial disse que hoje é um dia para ficar registrado na história de “nossa presença franciscana” em Angola: “A primeira turma que realiza a sua profissão no Noviciado em terras angolanas”. E reiterou que “é um dia de graça abundante de Deus dentro deste

período chamado ‘Ano da Graça’, este tempo privilegiado em que todos nós, os Frades Menores, somos iniciados no seguimento de Cristo, do jeito que o seguiu nosso Pai São Francisco de Assis”, destacou. “Se o Deus encarnado em Jesus Cristo age assim, e se assim envia os seus discípulos pelo mundo, que razões temos nós para resistirmos ao abaixamento, à minoridade, para

construirmos verdadeiras e fraternas comunidades?”, provocou. Dirigindo-se aos professandos, disse que todos precisamos de conversão, porque é um caminho difícil, mas único e verdadeiro. “Hoje e aqui estão vocês, queridos confrades professandos, terminando o ano de provação e pedindo para serem recebidos à obediência. Muitos irmãos e irmãs, nas diferentes etapas de formação, vividas COMUNICAÇÕES

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//formação e estudos

até aqui, colaboraram para lhes mostrar o verdadeiro sentido de nossa forma de vida. Mas, principalmente, a pessoa de cada um de vocês foi importante neste protagonismo de abraçar o ‘espírito do Senhor e o seu santo modo de operar’. Para abraçar este verdadeiro espírito de penitência e conversão”. “Uma atitude de vida, fundada na fé e no amor, é o caminho para melhor seguir os passos do Cristo e para a renovação da vida consagrada”, enfatizou. “A Igreja e a Ordem pedem de cada um de nós, frades franciscanos, para resgatarmos a nossa identidade de Menores e nosso sentido de fraternidade. Este é o nosso testemunho para um mundo que supervaloriza a eficiência e o personalismo nas ações”, acrescentou. Segundo o Ministro Provincial, assim também deve ser o nosso discipulado, irmãos que agora professam esta forma de vida nesta parcela da Ordem chamada Província Franciscana da Imaculada Conceição e da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola. Terminou a homilia pedindo para voltarmos o nosso olhar a Maria, também modelo de discipulado, “a mulher do silêncio e da escuta, e que soube dizer ‘sim’ à Vontade de Deus e ‘faça-se em mim segundo a vossa

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Vontade’, ela que é a Rainha da Ordem dos Frades Menores, Padroeira da nossa Província e da Fundação em Angola, ajude a cada um de nós a permanecermos firmes na fidelidade, para conhecermos melhor a revelação luminosa Daquele que nos convida a seguir os seus passos de verdadeira minoridade e fraternidade”. Ao terminar a celebração, o guardião da Fraternidade local, Frei Ivair Bueno de Carvalho, agradeceu a presença de todos e, em seguida, o neoprofesso Frei Hilário Ngundja dirigiu algumas palavras de agradecimento à Província, à equipe formadora e missionária de Kibala, bem como ao povo pelo acolhimento, aos familiares, confrades, benfeitores, amigos, enfim a todos os presentes. No dia anterior, às 17h30, após o término da oração da Coroa das Sete Alegrias de Nossa Senhora, os neoprofessos fizeram o pedido de profissão ao guardião da Fraternidade na Capela do Noviciado, na presença de familiares, religiosas e confrades, onde todos receberam o novo hábito abençoado pelo Ministro Provincial.

Frei Abel Ndala Sahuma Nganji, Frei Evaristo S. Joaquim e Frei Eduardo Kamunha (fotos) COMUNICAÇÕES

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PRIMEIRA PROFISSÃO EM RODEIO

Frei César indica caminho para seguir os passos de Cristo: Mais humildade, fundada na fé e no amor ois jovens frades - Frei Gabriel Ferreira Salinas e Frei Irven Gabriel de Jesus dos Santos - celebraram com alegria no dia 6 de janeiro, festa dos Reis Magos, a conclusão da etapa do Noviciado (também chamado “ano de provação”) na Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil e, com isso, fizeram, pela primeira vez na Ordem dos Frades Menores, a profissão para viver sem nada de próprio, em castidade e obediência, segundo o espírito de São Francisco de Assis. Para o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, que acolheu os votos

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temporários desses jovens frades, uma atitude de mais humildade, fundada na fé e no amor, é o caminho para melhor seguir os passos de Cristo e para a renovação da vida consagrada. “A Igreja e a Ordem pedem de cada um de nós, Frades Franciscanos, resgatarmos nossa identidade de Menores e nosso sentido de fraternidade. Este é o nosso testemunho para um mundo que supervaloriza a eficiência e o personalismo nas ações”, exortou. Frades de toda a Província, religiosas, OFS, paroquianos e familiares participaram da Celebração Eucarística (esta é a 118ª turma de noviços) na

Matriz São Francisco de Rodeio, que foi presidida por Frei César. Ele teve como concelebrantes o Definidor da Província para a Região, Frei Daniel Dellandrea, e o guardião da Fraternidade do Noviciado, Frei Mário Stein. O mestre dos estudantes de Teologia e professor de Liturgia, Frei Marcos Andrade, foi o cerimoniário. Depois da Liturgia da Palavra, o Mestre dos Noviços, Frei Rodrigo da Silva Santos, fez a chamada de cada um dos professandos e os apresentou ao Ministro Provincial. Em seguida, os dois se dirigiram ao Provincial e fizeram o seguinte pedido: “Pedimos


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humildemente, Frei César Külkamp e a todos os confrades, que digneis admitir-nos à santa profissão na fraternidade dos Frades Menores”. Frei César, então, respondeu: “Bendito seja Deus, que vos escolheu para conosco caminhardes em nova vida”. Na sua homilia, Frei César indicou ainda como deve ser o discipulado aos irmãos que agora professam esta forma de vida nesta parcela da Ordem chamada Província Franciscana da Imaculada Conceição. “O nosso discipulado não consiste em acumular saberes e competências. Ele é uma busca que nos leva a escutar e experimentar. O nosso Mestre se revela a partir da humildade de seus mistérios. Por isso, São Francisco nos diz que a nossa vida é o Evangelho, ou seja, a vida mesma de Jesus. Ele é a revelação amorosa do Pai”, explicou. Mas, segundo o Ministro Provincial, para enxergar esta revela-

ção, é preciso converter-se, transformar nossa vida numa obediência à vontade do Pai. “Francisco travou esta batalha para procurar vencer-se a si mesmo e abandonar-se livre em Deus. É daí que vem sua profunda serenidade. É dessa atitude que podemos nos libertar dos fundamentalismos sociais, políticos e religiosos, tão presentes em nossa realidade e que cegam a tanta gente”, disse. “Francisco se faz discípulo do verdadeiro Mestre. Procura interpretar sua vontade em todos e em tudo. Por isso,

ele não vê o outro como inimigo ou ameaça. Ele é capaz de viver a fraternidade como submissão ao irmão na Ordem, mas também a todos os homens e ainda às criaturas. Ele nos ensina com sua vida e suas atitudes o que significa transbordar de generosidade. E faz isso porque Deus é assim: amou-nos por primeiro e até o fim!”, ensinou. Para Frei César, não é uma tarefa fácil para nenhum de nós! “Mas, o Noviciado terá sido fundamento para vocês se ajudou neste exercício do silenciar para poder escutar e para poder ver. Ouvir o que não tem som e ver o que não tem forma”, ressaltou. “O mundo é confuso e barulhento. Mas é o lugar da encarnação do nosso Deus, por isso também é o lugar da nossa missão. Não podemos fugir do mundo e nem devemos. Mas, precisamos, inseridos no mundo, o nosso claustro, em suas periferias geográficas e COMUNICAÇÕES

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existenciais, continuar a nossa busca pelo essencial, que não pode ser confundido pela distração silenciosa das tecnologias nem pelo barulho das ideologias que se pretendem absolutas”, ensinou. Ele concluiu sua homilia voltando-se para Maria, “também modelo de discipulado, a mulher do silêncio e da escuta, que soube dizer sim à vontade de Deus e ‘faça-se em mim segundo a Vossa vontade’, ela que é a Rainha da Ordem dos Menores ajude a cada um de nós a permanecermos firmes na fidelidade, para conhecermos melhor a manifestação luminosa daquele que nos convida a seguir os seus passos de verdadeira humildade!”. Depois da homilia, os professandos se aproximaram do Ministro Provincial e foram interrogados se estavam preparados para se consagrarem a Deus e buscarem a perfeição da caridade segundo a Regra e as Constituições da Ordem Seráfica. Depois, ajoelhados, colocando suas mãos nas mãos do Ministro Provincial, fizeram a profissão religiosa, prometendo obediência, castidade e viver sem nada de próprio. Em seguida, cada neoprofesso recebeu do Provincial a Regra

de Vida da Ordem dos Frades Menores e os Escritos de São Francisco. Cada professando também assinou o documento da profissão, expressando com isso que a vida passa a ser colocada sobre os desígnios de Deus. O rito terminou com o abraço da paz dos frades aos neoprofessos num gesto de acolhida e comunhão à Fraternidade Provincial. No final, Frei César agradeceu aos neoprofessos e à Fraternidade Formadora do Noviciado por este ano de penitência. Entregou os dois novos professos temporários à Fraternidade de Rondinha (PR), através do mestre Frei Samuel Ferreira de Lima e do guardião Frei Marcos Brugger, que estavam presentes na celebração. A próxima etapa deles é o curso de Filosofia que será feito em Curitiba (PR). Frei Mário convidou a todos para participar de uma confraternização no claustro.

Moacir Beggo

Pedido à Fraternidade e hábito novo Frei Gabriel Salinas e Frei Irven Santos fizeram o pedido à Fraternidade do Noviciado para aceitá-los como irmãos e receberam os novos hábitos que passarão usá-los como professos temporários. Este momento celebrativo, simples mas muito simbólico, foi realizado no refeitório do Convento, antes do almoço, tendo a presença do Ministro Provincial, Frei César Külkamp; do guardião da Fraternidade do Noviciado, Frei Mário Stein; do mestre dos noviços, Frei Rodrigo da Silva Santos; e confrades daCOMUNICAÇÕES Fraternidade e de FEVEREIRO DE 2020 91 toda a Província.


//formação e estudos

ADMISSÃO DOS NOVIÇOS 2020

Frei César aos noviços: vocês são um presente muito precioso que Deus mesmo deu a esta Fraternidade Provincial aros confrades noviços, vocês são um presente muito precioso que Deus mesmo deu a esta Fraternidade Provincial. É com muito amor que nós os acolhemos nesta manhã! Vocês nos enchem de alegria e esperança, pois Deus ainda tem muito a nos revelar e espera também muito de nós!”. Foi com estas palavras de carinho e amor fraternal que o Ministro Provincial, Frei César külkamp, recebeu a turma de Noviços

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formação e estudos//

2020 na manhã da quarta-feira, 8 de janeiro, durante a Celebração Eucarística na Matriz São Francisco de Assis, em Rodeio (SC), com a participação de diversos confrades da Província, além do povo de Rodeio. Após um período de discernimen-

to, Bruno Almeida de Mello, Bruno Dias de Deus, Fábio Charleaux Luzia dos Santos, Fernando Góis da Costa, Gabriel Paz de Oliveira Silva, Gilberto Silveira da Costa Junior e Vinícius de Oliveira Betim fizeram o tão sonhado pedido de admissão à Ordem dos

Frades Menores, nesta terra representada pela Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, e com a graça de Deus foram aceitos. A partir daquele momento passaram a ser chamados de freis. “Vocês acabaram de pedir para participar da vida desta família, a Ordem dos Frades Menores. Ela está espalhada por todo o mundo, mas muito próxima nesta sua porção chamada Província Franciscana da Imaculada Conceição e, mais ainda, é concreta nesta Fraternidade do Noviciado”, disse Frei César. A celebração foi simples e sóbria, a começar pelo horário matutino (6h30). Mas ela foi repleta de símbolos e carregada de emoção, principalmente pela grandiosidade do passo dado por esses sete jovens. Depois de se preparem para este momento, COMUNICAÇÕES

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//formação e estudos

nas etapas do aspirantado e postulantado, eles poderão fortalecer o fundamento da sua vocação no Noviciado. “Este é o lugar onde vocês vão procurar viver segundo o Evangelho e serão ajudados, conduzidos por outros irmãos no caminho de penitência e conversão evangélica. Nosso modelo é o próprio Cristo, Evangelho Vivo, que caminha conosco, mesmo quando os ventos forem contrários e estivermos cansados de remar. Ele vem ao nosso encontro dizendo: ‘Coragem, sou eu! Não tenhais medo!’ Na leitura que ouvimos hoje, da 1ª Carta de São João, recebemos a ‘prova de que permanecemos com Ele, e Ele conosco, porque ele nos deu seu Espírito’. E está conosco, porque nos amou e ama gratuitamente. E assim também nós devemos nos amarmos uns aos outros. Se nos amarmos uns

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aos outros, Deus permanecerá conosco e seu grande amor é plenamente realizado entre nós”, orientou o Ministro Provincial. Segundo Frei César, a partir da contemplação destes mistérios divinos, revelados em Jesus Cristo, São Francisco lançou as bases da vida franciscana, do caminho de penitência. “E o fez em quatro grandes pilares: Vida de oração e devoção; Comunhão de vida em fraternidade; Vida de Minoridade e Pobreza; e Vida em Missão na Igreja”, indicou. Frei César lembrou que hoje vivemos um tempo que não valoriza e nem permite a vivência dos valores destes quatro pilares. “Por isso, também hoje os ventos são contrários e podem nos cansar durante o trajeto. Por isso, a tarefa de conversão não é

apenas para o Noviciado. Deve durar a vida toda!”, enfatizou. Para o Ministro Provincial, o noviciado é o tempo de iniciação, de experimentar, de travar uma grande batalha consigo mesmo, para, como Francisco dizia nas Admoestações, vencer o próprio eu. “Poderíamos dizer, então, que para realizar este trabalho, um caminho bem franciscano é o do encontro: encontro com Deus - Deus que é o amor; encontro com os irmãos - o amor de Deus realizado entre nós; o encontro consigo mesmo - com a nossa essência mais profunda e verdadeira para tornarmos canais deste amor”, admoestou. Frei César lembrou que na sua Regra, São Francisco pede que os irmãos, movidos por inspiração divina e que querem virem ter conosco, sejam recebidos benignamente. “E, em seu


formação e estudos// Testamento, nos diz que os irmãos são dados para Deus nos ajudar a compreender a revelação de sua vontade”. Um dos momentos belos desta celebração foi a vestição do hábito franciscano que os candidatos receberam das mãos do Ministro Provincial e do mestre Frei Rodrigo da Silva Santos. O hábito é o símbolo da penitência e da Cruz de Nosso Senhor. O Ministro Provincial abençoou os hábitos e entregou a cada um dos noviços, que se vestiram na igreja mesmo com a ajuda de seus confrades: “Que a Mãe Imaculada proteja e acompanhe cada um de vocês neste caminho hoje iniciado, de serem revestidos com as vestes da provação, não os panos destes hábitos, mas os sentimentos e valores de Cristo”, pediu. Frei César, então, chamou todos os seus confrades para abraçar os noviços como um gesto de acolhida. No final deste ano, esses noviços estarão aptos para fazer a Primeira Profissão na Ordem Franciscana. No hábito que agora vestem, o cordão ainda não tem os três nós, que simbolizam os conselhos evangélicos (obediência, pobreza e castidade). Esse hábito é temporário e eles ganharão o definitivo na Primeira Profissão, quando concluírem este tempo de provação. Frei César também convidou à comunhão com os irmãos que serão recebidos no Noviciado da Fundação Imaculada Mãe de Deus em Angola. “Serão 27 jovens ingressando na vida religiosa e, ao todo, na Província da Imaculada serão 34. É muita graça de Deus para o Ano da Graça. Mesmo distantes geograficamente, peço que cultivem proximidade afetiva e orante”, pediu. No final, os noviços assinaram o livro das atas de Admissão ao Noviciado da Ordem dos Frades Menores.

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ORDENAÇÃO PRESBITERAL DE FREI GABRIEL VARGAS DIAS ALVES

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“Olhos fixos em Jesus Cristo”, pede Dom Edgar a Frei Gabriel endo a cena em que Jesus lava os pés de Pedro, no centro do belíssimo mosaico do presbitério da Igreja de São Pedro Apóstolo de Pato Branco (PR), Frei Gabriel Vargas Dias Alves recebeu a missão de amor-serviço do bispo da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão (PR), Dom Edgar Xaxier Ertl, no sábado, 11 de janeiro, ao ser ordenado presbítero na Celebração Eucarística, às 18 horas, tendo como concelebrantes o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, representando o Ministro Provincial Frei César Külkamp, que estava em Angola, e o pároco Frei Alex Sandro Ciarnoscki. No final da celebração, Dom Edgar deixou uma mensagem especial ao novo presbítero: “Frei Gabriel, você foi ordenado sacerdote no início deste ano de 2020 sob o Pontificado do Papa Francisco, que escolheu como referência do seu ministério, da sua missão na Igreja, o nome de Francisco de Assis. Está vivendo exatamente esse desprendimento, essa reflexão profunda, incluindo todas as realidades sociais, políticas, econômicas, religiosas, inclusive ecológica, falando muito de paz, de misericórdia, de compaixão, de amor. Então, termino dizendo a você hoje: olhos fixos em Jesus Cristo, tendo como modelo esta samaritana do Evangelho, que encontra com o Senhor, tendo como modelo o seu fundador Francisco de Assis e o atual Papa, que assume no seu Pontificado o seu fundador como

T

referência, um ícone de santidade, de apostolado”, incentivou. “Conte com a minha oração!”, enfatizou. Paroquianos, familiares, confrades, entre eles o Definidor Frei Alexandre Magno, lotaram a grandiosa Matriz paranaense. Frei Alisson Zanetti, animador do Serviço Vocacional da Província (SAV), saudou a todos com caloroso “paz e bem”. Frei Leandro Santos, que proclamou o Evangelho, fez a chamada do candidato ao presbiterato e Frei Gustavo Wayand Medella, Vigário Provincial, apresentou Frei Gabriel e deu o testemunho em nome da Província Franciscana e do povo de Deus. “Reverendíssimo D. Edgar, srs. pais, povo de Deus. Na quarta-feira, em Petrópolis,

eu chamei o Uber para ir até o Sagrado Coração de Jesus, o nosso Convento. E vendo o destino, o motorista perguntou: ‘Você é frei?’ Eu respondi: ‘Sou’. Ele falou: ‘Olha, eu e minha esposa temos um grande amigo que passou por esse convento e agora parece que está lá pelas bandas do Sul. Ele se chama Frei Gabriel’. Ele continuou: ‘Olha que rapaz, generoso, bom e amigo!”. E aí, então, falei que viria para a ordenação. Ele se chama André e a esposa, Flávia. Este testemunho, bastante fidedigno porque é espontâneo, vem corroborar com atitudes muito humanas, a bondade, a generosidade, mas que tem como motivação uma busca por Deus. Uma busca teologal, que o Frei Gabriel procura cultivar por Deus, pela Igreja e pelo povo. Qualidades que apareceram nos testemunhos junto à pastoral, à Paróquia, junto aos irmãos do SOS Vida e aos confrades desta Fraternidade. É por essa razão que o Definitório Provincial, em nome deles, damos o testemunho de que Frei Gabriel foi considerado digno para o sacerdócio”, confessou Frei Medella. Na sua homilia, Dom Edgar partiu da primeira leitura, narrando a missão profética de Isaías, para perguntar: “Num mundo cada vez mais secularizado, o profeta de hoje ainda pode revelar a presença de Deus e anunciar o Reino de justiça e verdade? Creio que sim! Trata-se, pois, da sua missão, caro Frei Gabriel, e de todos nós, ministros ordenados”, disse. Referindo-se ao Evangelho COMUNICAÇÕES

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O mosaico no presbitério da Matriz é uma obra do artista Lorenz Johannes Heilmair escolhido para a ordenação, disse que é altamente significativo para o início do sacerdócio. “Um encontro inesperado entre Jesus e a samaritana, no poço de Jacó, ao meio-dia. Este encontro não é reservado a uma elite ou a pessoas virtuosas; pelo contrário, este encontro só é possível para aqueles que têm sede: sede de justiça, sede de dignidade, sede de perdão, sede de paz, sede de amor, sede de Deus. Estes levam muitas vezes uma vida sofrida; os outros, os virtuosos e os perfeitos não têm, muitas vezes, sede de nada... Eles acreditam na bebida da própria fonte; e, além disso, eles estão prestes a morrer de sede”, explicou. Segundo o bispo, os samaritanos eram considerados bastardos pelos judeus. “E aqui, imagine, trata-se não simplesmente de um samaritano, mas de uma mulher samaritana.... Trata-se, pois, de uma dupla exclusão, e, pior ainda, esta mulher da Samaria vai procurar água no poço de Jacó ao meio-dia, na hora mais quente do dia. Normalmente é de manhã, muito cedo, que as mulheres fazem esse trabalho; portanto, se ela vai ao poço ao meio-dia é porque ela não quer ser julgada pelos outros samaritanos...

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É, sem dúvida, porque ela vive uma outra exclusão na sua própria comunidade. Trata-se, pois de uma tripla exclusão. É a esta mulher rejeitada, excluída, condenada, que Jesus pede para beber... É a ela que ele oferece a possibilidade de encontrar o Cristo e de tornar-se testemunha da gratuidade da salvação oferecida, da água viva que mata todas as sedes”, ensinou. A samaritana, com sua vida sofrida, é transformada por seu encontro com o Ressuscitado; de sorte que ela pode agora integrar novamente seu povo, sem ser rejeitada pelos seus. “O que significa que a fé cura todas as nossas feridas e devolve-nos a dignidade humana”, destacou o bispo. “Esta será sua missão de ora em diante, caro frei. As sedes são muitas. Que, com o seu sacerdócio, muitos sejam saciados e incorporados na vida de Cristo e da Igreja. Assim como Jesus rompe com as fronteiras culturais e religiosas, assenta-se junto ao poço de Jacó e, através de um diálogo provocativo, ajuda a mulher samaritana a encontrar, dentro dela mesma, esse centro de onde emana sem cessar uma água que mata a sede, e não buscá-la em tantos poços secos ou ra-

chados, eis o que esperamos também da parte sua, no exercício sacerdotal. Disse Santo Inácio de Antioquia que ‘uma água viva murmura dentro de mim e me diz: Venha para o Pai’. Como a samaritana, também diante de nós se apresenta uma alternativa: continuar buscando água viva e a justificação em poços secos e esgotados ou eleger “vida eterna” e deixar-nos arrastar pela oferta de transformação proposta pelo Jesus, que nos busca porque deseja ampliar nossa existência e comunicar-nos alegria e plenitude. E Paulo lhe ajudará no seu dia a dia: ‘Ora, trazemos um tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós’. Ou melhor, trazemos o tesouro em ‘baldes de barro’, como o da Samaritana. E perguntemo-nos: De quê tenho sede? Onde busco saciar minha sede? Eis sua missão, meu irmão Gabriel: sentar-se ao meio-dia nos poços desta Paróquia e dialogar com os buscadores/as de água”, completou. Após a homilia, em diálogo com Dom Edgar, Frei Gabriel prometeu desempenhar a missão de presbítero com fidelidade, sabedoria, devoção e


formação e estudos// oração, unindo-se cada vez mais ao Cristo, Sumo Sacerdote. Prometeu ainda obediência e respeito aos bispos. Logo em seguida, em sinal de humildade e reverência, Frei Gabriel prostrou-se por terra e todo o povo entoou a Ladainha de Todos os Santos para que Deus abençoasse, santificasse e consagrasse o seu serviço ministerial. A Igreja da terra se uniu à Igreja do céu, suplicando a força do Espírito. Em seguida, a assembleia acompanhou em silêncio a Prece de Ordenação. Ajoelhado, Frei Gabriel sabia que através da silenciosa imposição das mãos do bispo e dos presbíteros era Deus mesmo que colocava sobre ele a mão. Terminada a oração consecratória, os pais de Frei Gabriel - Fábio Vicente e D. Elisabete - trouxeram a estola e a casula, vestes que representam o trabalho assumido pelo neo-sacerdote. Os seus confrades de Pato Branco, Frei Alex Sandro Ciarnoscki e Frei Neuri Francisco Reinisch, ajudaram-no na paramentação. Em seguida, de joelhos diante do bispo, teve a palma das mãos ungida pelo bispo com o óleo do santo Crisma. “Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem o Pai ungiu com o Espírito Santo, e revestiu de poder, te guarde para a santificação do povo fiel e para oferecer a Deus o santo Sacrifício”, rezou o bispo. Logo após, Dom Edgar amarrou as mãos do ordenado com uma fita que foi desamarrada pelos seus pais, que tiveram a graça de receber a primeira bênção do filho agora presbítero. As oferendas do Pão e do Vinho foram trazidas pelos fiéis da Paróquia. Depois de Frei Gabriel apresentar ao povo o Pão e o Vinho, Dom Edgar o acolheu com a saudação da paz e um abraço fraterno, gesto com a qual todos os presbíteros, frades e familiares também o acolheram, parabenizando-o pelo seu ‘sim’. A Missa prosseguiu na forma habitual, presidida por D. Edgar e concelebrada por todos os padres presentes

AGRADECIMENTOS

“Esta celebração não é minha. Ela não pertence a mim, nem é a mim que estamos celebrando neste dia. Eu sou apenas uma sílaba numa vasta história que não se inicia, nem se finda comigo. Uma história na qual Deus é o autor e o protagonista”, explicou o neopresbítero ao fazer seus agradecimentos. “A Deus a minha gratidão infinita. Mas o Altíssimo e soberano Deus, o sumo Bem, o verdadeiro Bem quis precisar de muitas pessoas para que isso fosse possível, dessa maneira quero ainda fazer alguns agradecimentos”, disse, enumerando Dom Edgar e a Igreja, a sua família representada por seus pais nesta celebração, a sua família Franciscana, a Fraternidade de Pato Branco, onde reside, especialmente pelos confrades mais experientes: Frei Policarpo Berri e Frei Felipe Gabriel Alves, “por serem a escola viva do presbiterato na qual espero ter ainda a COMUNICAÇÕES

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//formação e estudos graça de muito tempo aprender”. Não fez os agradecimentos sem se emocionar. Por último, agradeceu ao povo pela hospitalidade, pelo carinho, por cada gesto e oração pela sua vocação. “Particularmente, agradeço por cada vida que se doa nesta Paróquia, seja sob as luzes do presbitério ou nas sombras do anonimato e do invisível. O reino de Deus jamais seria possível sem a devoção e entrega de vocês. Continuo contando com às vossas orações, pois não existe presbítero que não seja sustentado pela oração do povo. A todos, a minha mais profunda reverência e gratidão”, reconheceu. O Definidor Frei Alexandre, falando em nome da Província, disse que Frei Gabriel teve a graça de ter feito um caminho em várias frentes de evangelização. Já Frei Alex agradeceu pelo trabalho de todas as pessoas que ajudaram a preparar este grande encontro e pela presença de todos nesta celebração. Frei Alex apresentou os pais de Frei Gabriel para a assembleia, que receberam uma grande salva de palmas. “Nesta semana, tínhamos a tão esperada ordenação e a tão esperada chuva. Elas chegaram juntas. Que a tua a presença junto ao povo de Pato Branco, junto à Diocese, seja como a chuva, que traz esperança, que renova, e que traz vida nova. Muito obrigado por você estar conosco! Termino agradecendo a Dom Edgar. Conte conosco no projeto de evangelização, no projeto de anúncio do reino de Deus”, disse Frei Alex. Frei Marx, em nome da turma, fez uma homenagem ao neopresbítero. “Felicidade a nossa de te conhecer; felicidade a nossa de fazer parte de um grupo tão diverso, mas acima de tudo com uma sede de dar ao mundo Jesus. Obrigado por tudo. Frei Gabriel sempre é visto muito sério, mas na vida fraterna sempre faz muitas piadinhas e é muito brincalhão”, revelou, juntando a turma para um abraço coletivo. Nos agradecimentos finais do bispo, ele falou especialmente de Frei Policarpo Berri e Frei Felipinho, que “são dois pilares da Diocese. “Obrigado pelo bem que fazem a esta Paróquia e a esta Diocese!”, disse. E dirigindo-se à D. Elisabete, mãe do ordenado, disse: “Santa Mãe, continue rezando por seu filho. Hoje começa a missão dele. Dobre o joelho por ele, dobre os joelhos pela vida dos sacerdotes, religiosos/as e pela santificação de nossas famílias”. Natural do Rio de Janeiro, onde nasceu no dia 14 de outubro de 1985, Frei Gabriel ingressou na Ordem dos Frades Menores em 2009, quando vestiu o hábito franciscano em Rodeio. Em seguida, cursou Filosofia e Teologia. Para ele, as experiências missionárias em Angola, na Amazônia e na Rocinha marcaram sua vida. Foi ordenado diácono em 2018 e foi transferido para prestar serviço na Frente de Educação da Província, residindo na Fraternidade Bom Jesus da Aldeia. Reside atualmente na Fraternidade São Pedro Apóstolo de Pato Branco. COMUNICAÇÕES 100 FEVEREIRO DE 2020


formação e estudos//

Frei Gabriel inicia o seu ministério presbiteral Na Festa do Batismo do Senhor, que encerra o tempo do Natal e tem início o Tempo Comum, no domingo, 12 de janeiro, Frei Gabriel Vargas Dias Alves iniciou o seu Ministério Presbiteral ao celebrar a primeira Missa na Matriz São Pedro Apóstolo de Pato Branco (PR), às 9h30. Ele foi ordenado presbítero pelo bispo da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão (PR), Dom Edgar Xaxier Ertl. Frei Alisson Zanetti, animador do Serviço Vocacional da Província (SAV), fez a acolhida do povo e deu as boas vindas a todos que participaram da Eucaristia. Entre os celebrantes, o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, e o Definidor Frei Alexandre Magno, representando toda a Província Franciscana da Imaculada Conceição. “Por ser a sua primeira celebração, Frei Gabriel está apenas com a estola. Faltam alguns paramentos”, explicou Frei Alisson. “Os pais Fábio Vicente e D. Elisabete, que tantas vezes vestiram o filho pequeno, agora vestem o filho sacerdote, trazendo a casula”, acrescentou. Revestido, Frei Gabriel deu início à sua primeira Missa. Frei Alan Maia, que é colega de turma de Frei Gabriel, foi o convidado para fazer a homilia, como já é uma tradição na Província. Frei Alan, agradeceu pelo convite por participar deste “momento tão importante” na vida de Frei Gabriel, agora ministro ordenado no segundo grau do Sacramento da Ordem. Segundo Frei Alan, tendo o profeta Isaías como inspiração, o sacerdote é chamado para o serviço e para responder com o seu ‘sim’ cada dia ao projeto de Deus e viver

esse “múnus” (serviço) na simplicidade, na humildade, na bondade como frade menor no ministério presbiteral. “Nunca desanime com as dificuldades da missão. O Espírito do Senhor nos guia, indica o caminho e nos fortalece”, animou. “Coloque sua vida, seu ministério, sua vocação nas mãos de Jesus e ele te conduzirá”, indicou Frei Alan, pedindo que rezem sempre por Frei Gabriel, pela sua perseverança e sua missão: “Que São Francisco interceda por você, sua vocação e, agora, como presbítero da Igreja. Deus abençoe o seu ministério presbiteral, a sua vocação religiosa!”.

Daiani e Paulo Barone falaram em nome da Paróquia nos agradecimentos. “Hoje, a nossa Paróquia está em festa pelo ‘sim’ de Frei Gabriel”. “Com o seu ‘sim’ ao sacerdócio, ele tornou-se o pai amoroso destas e tantas outras comunidades pelas quais passará”, disse, chamando as crianças vestidas de hábitos marrons, chamados carinhosamente de “franciscaninhos”, para trazerem os presentes, entre eles um quadro com o mosaico da Matriz: “Para que nunca esqueça de nossa Paróquia”. Frei Neuri F. Reinisch, guardião da Fraternidade de Pato Branco, fez os agradecimentos, especialmente às pessoas que acolheram os frades que participaram da Semana Missionária em preparação para a ordenação presbiteral de Frei Gabriel e chamou todos os frades para se apresentarem ao povo. Com seus confrades no altar, Frei Gabriel deu a bênção final.

Moacir Beggo COMUNICAÇÕES

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//formação e estudos

SÉRIE Frei Evaldo Ludwig

Presbítero para estar perto das chagas humanas sabendo das dificuldades e mazelas, não voltei mais atrás. E disse no meu íntimo: é isso que eu quero e não interessa o que for acontecer, apenas pedi e continuo pedindo que Deus me inspire, e que São Francisco me ajude a seguir fiel aos votos e ao carisma franciscano”, confessa. Direto, Frei Evaldo não gosta de meia voltas. “A franqueza me ajuda e atrapalha, como meus próprios colegas de turma dizem: ‘Tenho sangue de alemão’”, confessa. Como presbítero, sente-se motivado a continuar a pastoral da escuta. “Essa expectativa é a maior delas. Já como diácono esse serviço é muito valoroso e desejo continuar, pois já aprendi muito e é uma oportunidade de estar perto das chagas humanas de hoje. Quero estar aberto sempre para servir onde a Província assim desejar e ajudar em tudo e a todos aqueles que me procurarem”, garante o também cozinheiro de mão cheia. Confira toda a entrevista a Moacir Beggo!

Comunicações - Frei Evaldo, por

“Vós sois sal da terra - Vós sois luz do mundo” (Mt 5,13,14). com esse lema que Frei Evaldo Ludwig será ordenado presbítero no dia 15 de fevereiro de 2020, na Paróquia São Luiz Gonzaga,

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em Xaxim (SC). O bispo da Diocese de Chapecó, Dom Odelir José Magri, MCCJ, fará a imposição das mãos durante a Celebração Eucarística, às 19 horas. Sua primeira Missa será no dia seguinte, às 10 horas, no mesmo local da ordenação. Para Frei Evaldo, o período da formação foi muito importante e decisivo para dar a base da vida franciscana, que é a fraternidade. “E depois que convivi e vi a realidade do nosso dia a dia, mesmo

favor, fale um pouco de sua vida e de sua família. Frei Evaldo - Sou Frei Evaldo Ludwig, nasci em Campo Êre, SC, no dia 16 de novembro de 1986, portanto tenho 33 anos. Sou filho de Arno e Doralina Ludwig e tenho dois irmãos Evandro Ludwig e Maristela Ludwig Benvenutti, sou o mais novo da família. Desde pequeno demonstrei interesse em seguir uma vocação religiosa, claro, espelhado na minha família, de modo especial no meu pai e minha mãe, que sempre nos incentivavam a participação na vida de fé da comunidade. Tinha


formação e estudos// um tio padre (que faleceu em Chapecó em 2018) e tenho primos sacerdotes que também serviram de inspiração. No decorrer da vida, minha família foi morar em Gaspar,SC, cidade essa que me oportunizou conhecer os frades. Iniciei a minha caminhada no Seminário São Francisco de Assis, em Ituporanga, SC, no ano 2006, e Postulantado em Guaratinguetá, SP, no ano 2007. Ingressei no Noviciado em Rodeio, SC, no ano de 2008, onde fiz a primeira profissão em 2009. De 2009 a 2011 cursei Filosofia em Curitiba, morando em Rondinha, Campo Largo, PR, e em 2012, por opção, vivenciei o ano de estágio pastoral em Curitibanos, SC. Cheguei à Fraternidade Nossa Senhora Mãe Terra em Imbariê, em Duque de Caxias, RJ, em 2013 para o tempo da Teologia, onde residi até 2014. Fui transferido para Petrópolis, morando nos anos de 2015 e 2016. Ao final de 2016, conclui o curso de Teologia e fui transferido para Lages, SC, onde residi 2017-2018 (cidade em que fui ordenado diácono). Em 2018, fui transferido para Xaxim, onde resido.

Comunicações - Como você

se define? Frei Evaldo - Tenho personalidade forte. Não gosto de muitas voltas, sou direto. Mas a franqueza me ajuda e atrapalha, como meus próprios colegas de turma dizem: “Tenho sangue de alemão”. Gosto de ajudar em tudo que for possível e aprendi com o tempo que a calma é restauradora e edifica, e que o tempo é o maior juiz das nossas ações. Gosto de cozinhar e de trabalhar com a terra, é edificante.

Comunicações - Como se deu o seu

discernimento vocacional? Frei Evaldo - O desejo vocacional vem desde muito cedo. Mas a busca para

realização foi um pouco mais tarde. Em 2005, em Gaspar, SC, tomei coragem e procurei os frades para conversar. Na época, quem me atendeu foi Frei Germano Guesser, que, de uma forma muito atenciosa, me acolheu e explicou os passos para o acompanhamento vocacional. Naquele mesmo período, Frei Alex Sandro Ciarnoscki foi transferido para Gaspar e passou a ser o promotor vocacional e a me acompanhar. Havia muitas dúvidas a

Quero estar aberto sempre para servir onde a Província assim desejar e ajudar em tudo e a todos aqueles que me procurarem serem esclarecidas que desde o início me proporcionou a ver a vida religiosa franciscana como uma opção de vida. Comecei a conhecer mais sobre São Francisco de Assis e, a partir desse conhecimento da vida do santo e da vida dos frades, optei em ser um franciscano. A participação na comunidade de fé sempre foi um pilar importantíssimo. Ali, aprendi de forma concreta a ação de Deus na vida comunitária, de modo especial nas celebrações, ajuda nas festas e na participação do grupo de jovens. Quando recebi o Sacramento da Crisma, no mesmo dia,

a comunidade me convidou para ser catequista e assim continuei a minha caminhada comunitária até o dia que entrei no seminário. Tudo isso me ajudou a seguir em frente com o meu desejo de ser um frade franciscano.

Comunicações - Por que escolheu a

vida religiosa franciscana? Frei Evaldo - Eu conhecia a diferença do modo franciscano de ser e do diocesano. Sabia por que tinha um tio que era padre diocesano (que não gostou muito quando soube que entraria para seminário franciscano), por isso, na convivência com os frades descobri um modo diferente de ser Igreja. Mas confesso que a opção concreta em ser um franciscano aconteceu com o passar do tempo formativo, a opção foi acontecendo. O período da formação foi muito importante e decisivo, pois encontrei o que considero a base da vida franciscana que é a fraternidade. E depois que convivi e vi a realidade do nosso dia a dia, mesmo sabendo das dificuldades e mazelas, não voltei mais atrás. E disse no meu íntimo: é isso que eu quero e não interessa o que for acontecer, apenas pedi e continuo pedindo que Deus me inspire e que São Francisco me ajude a seguir fiel aos votos e ao carisma franciscano. Sei que tenho muito a aprender, de modo especial não ficar parado no tempo e buscar sempre ler o presente.

Comunicações - Como você define a

Ordem do Presbiterato? Frei Evaldo - Seria muito bonito aqui descrever a espiritualidade do presbiterato, mas não convém. É fácil dizer que é serviço, que é dom e que é carisma, e é tudo isso mesmo. No entanto, vejo atualmente o presbiterato conforme o lema que escolhi: “Vós sois sal da terra – Vós sois Luz do mundo”. Esse COMUNICAÇÕES

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//formação e estudos lema, tirado do Evangelho de Mateus 5, 13.14, revela a grande motivação que Jesus expõe para todos os cristãos. Dar gosto fecundo à vida das pessoas pelo cuidado e a atenção. Ser honesto e direto com as palavras e exemplos. Assim, o presbítero ilumina a sua vida e, consequentemente, a vida das pessoas. Ser presbítero é cumprir até as últimas consequências o seu batizado no segundo grau da Ordem.

Comunicações - Quais suas expec-

tativas para esta nova missão? Frei Evaldo - É uma missão difícil. Não gosto da pastoral de manutenção. Gosto de propor coisas edifican-

tes para atender a cada situação e momento. Sou agitado e meu serviço assim se concretiza. Mas a principal motivação e urgência é, sem dúvida, a pastoral da escuta. Essa expectativa é a maior delas. Já como diácono esse serviço é muito valoroso e desejo continuar, pois já aprendi muito e é uma oportunidade de estar perto das chagas humanas de hoje. Quero estar aberto sempre para servir onde a Província assim desejar e ajudar em tudo e a todos aqueles que me procurarem.

Comunicações - O que é ser presbítero no Pontificado do Papa Francisco?

Frei Evaldo - O Papa Francisco é uma bênção de Deus. O que mais chama atenção nele é o seu modo de ser aberto a todos. A diferença não é mais causa de divisão, mas de soma em prol de um projeto comum de paz, por isso, é respeitado. Ser um presbítero nesse Pontificado é entender que o serviço à Igreja é um dom de Deus e não um poder. É ser um sonhador com os pés no chão e no Evangelho e saber que a vida sacerdotal é uma cruz diária, capaz de transformar morte em vida. Falar com convicção evangélica para ajudar o bem comum. Saber se calar quando o falar não soma, mas diminui. Também é uma luta por transformações no seio da Igreja, para que cada vez mais a Mãe Igreja possa ser aberta a todos. E, sem dúvida, o Papa nos ensina e exorta a sermos homens de fé e oração antes de ser meros administradores de bens.

Comunicações - Que mensagem

deixaria para um jovem que quer ser sacerdote? Frei Evaldo - A vida franciscana também oportuniza dentro das suas várias formas de servir a Igreja ser um sacerdote. É uma missão na Igreja urgente hoje. No entanto, é necessário refletir as verdadeiras motivações dessa disposição. A sociedade atual apresenta a dinâmica humana como uma disputa de poderes e, para quem quer ser um sacerdote, é divino e humano romper com esse vínculo devastador de almas. É uma missão do vinde e vede. É uma opção de vida capaz de transformar o ser humano que dela escolhe. É uma vocação com intuito de viver o seu batizado servindo na Igreja e de modo especial pela Igreja. É seguir Jesus Cristo de modo mais radical e ser instrumento fecundo de Deus no Mundo. Portanto, incentivo aos jovens fazerem uma experiência de vida na busca desse sacramento para ser transformado e ajudar a transformar o mundo.


formação e estudos//

Novos Bacharéis em Teologia o dia 11 dezembro de 2019 foi realizada, no Instituto Teológico Franciscano, a cerimônia de Colação de Grau de sete estudantes do curso de graduação em Teologia, são eles: André Nascimento de Jesus, Camilo Donizeti Evaristo Martins, Marx Rodrigues dos Reis, Quércio Patrique de Souza, Rodrigo Alves de Souza Santiago, Roney Martinho Pinheiro e Thiago de Araújo Barrozo Romão da Silva. Na formalidade, que foi conduzida por Frei Ivo Muller, diretor do ITF, os bacharéis em Teologia realizaram o juramento no qual se comprometeram a ser responsáveis no estudo da Bíblia e promover a

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construção de uma sociedade justa, participativa, ética e solidária. O Instituto Teológico Franciscano parabeniza os seus novos formandos por mais essa etapa concluída, afinal

são quatro longos e árduos anos de estudo e comprometimento até chegada deste momento tão aguardado.

Igor Fernandes

Lançamento do Livro “A Harpa de São Francisco” O evento literomusical teve a participação do Coral da FESB com várias canções e do pistonista Thiago acompanhado de violão, apresentando a música da família e, também, a declamação da poetisa Lola Prata com o texto: “O pobrezinho”. A acadêmica Nádia trouxe breves dados da ABL e conduziu as apresentações. Frei Vitório Mazzuco,

Na noite do dia 11 de dezembro houve, na Capela São Francisco da USF, o lançamento da tradução do livro: A Harpa de São Francisco” feita pelo membro da Academia Bragantina de Letras (ABL), Conrado Vasselai.

da Pastoral Universitária da USF, falou de alguns aspectos e a importância dos escritos de São Francisco, ainda para os dias de hoje, bem como as mensagens deixadas pelos muitos biógrafos do santo. Conrado Vasselai fez rápida síntese do trabalho de tradução alemã do livro apresentado. Houve a seguir momento de autógrafos e pequeno coquetel aos presentes.


Tudo novo no interior


fraternidades//

or da Igreja Santa InĂŞs


//fraternidades ntre os dez destinos mais visitados do Brasil, Balneário Camboriú recebe turistas de diversas partes do Brasil e do exterior, segundo dados do Ministério do Turismo. Só na estação do verão 2019-2020, estima-se a presença de 4 milhões de visitantes neste pequeno munícipio catarinense. Esse impacto também pôde ser visto durante as celebrações eucarísticas aos domingos na Paróquia Santa Inês, administrada pelos frades franciscanos da Província. Segundo o pároco e guardião da Fraternidade Santa Inês, Frei Daniel Dellandrea, a igreja tem capacidade para acolher 1.200 pessoas sentadas. Aos domingos, todas as Missas lotam a Matriz. Para o pároco, “o verão é um tempo aguardado pela cidade a cada ano”. Segundo ele, esta estação do ano é fundamental para toda a economia da cidade, e a igreja não fica de fora. “Temos uma estrutura grande na Paróquia e o bom fluxo dos visitantes ajuda a sua manutenção”, observou. No final do ano recém-terminado, foi surpreendido quando viu que o forro do teto estava tomado por cupins, e o pior, um pedaço de madeira despencou do teto. “Quando

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fraternidades//

vimos o estado da madeira do forro, não esperamos o ano terminar. Com a aprovação do Conselho Paroquial, durante dois meses conseguimos trocar todo o forro e ainda fazer algumas melhorias como a reforma das poltronas e pintura interna e externa da Igreja”, respira, aliviado, o pároco, que se mudou para esta cidade no início do ano passado. No último dia 13 de dezembro, com a reinau-

guração, as Missas voltaram para a igreja e os paroquianos puderam ver as mudanças. Durante este período, as Missas foram celebradas no Salão paroquial, menor que a parte interna da igreja. “Os detalhes da reforma puderam ser apreciados pela comunidade. O teto, inteiramente renovado, agora traz um tom mais claro, mas ainda nos lembra da rede de pesca que tanto ca-

racteriza a nossa igreja. E foi justamente sobre a pesca que falava o evangelho daquela sexta-feira. O dia em que Jesus disse a Simão Pedro: ‘Não tenha medo; de agora em diante você será pescador de homens’”, explicou Amanda Macuglia, da Pascom. Após a comunhão, os fiéis foram chamados para, junto com os freis, fazerem a bênção do sacrário. A Paróquia Santa Inês tem o

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//fraternidades

Frei Conrado celebrou no último dia 13 de dezembro o seu jubileu de 50 anos de sacerdócio atendimento de quatro frades: Frei Daniel, Frei Clauzemir, Frei Lindolfo Jasper e Frei Conrado Lindmeier, que também celebrou no último dia 13/12 o seu jubileu de 50 anos de sacerdócio (ele está há sete anos na Fraternidade). Desde a sua fundação, em 21 de janeiro de 1967, a Paróquia está sob os cuidados da Província. Em meio a grandes arranha-céus, a Igreja de Santa Inês se destaca na cidade. O projeto grandioso e inovador, que ainda hoje chama a atenção, tem o formato arredondado para caracterizar uma tarrafa muito usada pelos pescadores. Esse projeto foi aprovado em 12 de fevereiro de 1968, quando foi feito o lançamento da pedra fundamental. Em 2 de junho de 1971, Frei Belmiro Brondani tomou posse como pároco e passou para a história quando foi celebrada a primeira Santa Missa no interior da nova Igreja e que foi oficiada pelo arcebispo Dom Afonso Niehues. A igreja passou por reformas em 2010 e teve como principal obra o aumento do espaço. O sistema de som foi substituído e o sistema elétrico COMUNICAÇÕES 110 FEVEREIRO DE 2020

foi totalmente refeito, como também foi providenciada a climatização do ambiente celebrativo e a substituição dos bancos de madeira por poltronas, mais confortáveis. Entre os fiéis que participam das celebrações, especial-

mente do verão, uma boa parte vem de outros estados brasileiros e do exterior, principalmente da América Latina.

Moacir Beggo


fraternidades//

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FESTA DA PENHA 2020

ANOS

12 a 20 de Abril

“Todas as gerações me chamarão Bem aventurada”

Lc 1,48

Confirmação da presença: Aos frades da Província, especialmente os confrades capixabas e/ou que já viveram no Espírito Santo. Para promover o bom acolhimento a todos, pedimos que confirme presença até o dia 12 de fevereiro de 2020 pelo endereço eletrônico do Convento: convento.penha@gmail.com Seja muito bem-vindo. Fraternidade Franciscana do Convento da Penha

Vou me trajar em fevereiro, especial Manto, tecido de virtudes do Evangelho: Amor, perdão, paciência e paz; É carnaval, E eu vou matar em mim aquilo do homem velho... Em todos os anos, nós provamos essa dor, O ano todo pra nós, é lei – deu-nos Jesus – Matar em nós o que carece de valor, Pondo esse manto, e acendendo no mundo a Luz. Meu manto então será a minha fantasia, E o testemunho da verdadeira alegria Os Frutos divos que me chegam lá dos Céus. Esse será meu carnaval desse ano todo Confesso, cônscio, não tratar-se de um engodo, Mas, de uma Lei que me vem do Livro Sagrado. Frei Walter Hugo de Almeida

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Frades Menores partem de Amparo mas deixam o legado franciscano epois de 108 anos de presença franciscana, os frades da Província passaram o cuidado pastoral da Paróquia São Benedito de Amparo (SP), no dia 28/12, à Diocese desta cidade. A Celebração Eucarística, às 19 horas, presidida pelo bispo diocesano Dom Luiz Gonzaga Fechio e concelebrada pelo Ministro Provincial Frei César Külkamp, por frades da Província (o Definidor Frei Mário Tagliari, Frei João Manoel Zechinato, natural da cidade, assim como o postulante

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Vinícius de Oliveira Betim) e sacerdotes da Diocese, marcou este momento que já vinha sendo preparado antes no campo jurídico e canônico entre as duas entidades e que faz parte do processo de redimensionamento reafirmado pela Província no último Capítulo Provincial (2018). Os paroquianos e lideranças de diferentes pastorais e movimentos demonstraram toda a gratidão ao trabalho evangelizador franciscano e aplaudiram demoradamente os frades

em vários momentos da celebração, mesmo com todo do clima de tristeza que acompanhou a celebração, tendo como tema da liturgia a fuga para o Egito da Sagrada Família. Dom Luiz partiu de um pensamento do filósofo Antístenes de Atenas - “A gratidão é a memória do coração” - para resumir este momento. “Com essa frase, a gente reconhece muito o que Deus fez na vida de tanta gente que não está mais aqui através desses irmãos padres, mas antes de padres,


fraternidades// vão se lembrar de nós e nós vamos nos lembrar deles. E dentro dessa grande família que todos nós somos - agora não estou falando de uma, de tipo de sangue ou de sobrenome - vamos trazer mais belamente esse espírito de Francisco, esse jeito de Francisco na nossa vida, com nosso querido Papa Francisco, para que avancemos em águas mais profundas na nossa missão, na nossa ação evangelizadora. Que Maria e José, com esse Menino de Belém, interceda por nós para que a gente viva melhor essa salvação que verdadeiramente Ele nos trouxe. E quando a gente contemplar o presépio, não tem como não se lembrar de Francisco. Vamos colocar isso no coração de uma maneira que a gente possa caminhar sabendo que o Senhor vai à nossa frente”, completou o bispo.

O TRABALHO INCANSÁVEL DE SEMEAR A PALAVRA

freis. E cada um tem os nomes de muitos guardados em seu coração. Nós agradecemos muito”, disse. O bispo usou as expressões “Que bom e que pena!” no seu agradecimento. “Que bom porque nós tivemos a presença religiosa franciscana por mais de 100 anos e quando eles chegaram não tinha ninguém que está aqui. E quanta coisa bonita, com certeza, para nossas famílias Deus fez por meio desses nossos irmãos! Que pena, justamente, por causa disso. Que pena que eles têm que deixar aqui para outras missões, para outras frentes missionárias de ação pastoral evangelizadora! Que esse legado dos franciscanos, dos Frades Menores, possa ficar entre nós!”, desejou. “Eu comecei a homilia dizendo

como todos nós gostamos muito de usar essa expressão de ‘Paz e Bem’. Então, continuemos. Não é porque os freis vão embora que estamos proibidos de falar. Mas também não é só falar. Justamente pelo legado dessas comunidades que vamos trazer essa saudação franciscana para a nossa vida, para o nosso coração, de uma maneira que a gente transmita, que a gente comunique, que a gente faça a pessoa acreditar no que nós estamos falando”, pediu. Segundo ele, isso vai ser sempre um desafio neste mundo e dentro da própria Igreja ou dentro da comunidade. “Então, mais uma vez, muito obrigado aos freis por essa presença que guardamos na memória do nosso coração. Certamente, onde estiverem

O Ministro Provincial destacou o grande trabalho evangelizador que os frades fizeram em 108 anos na cidade e na região. “Muitos são bem lembrados, outros deixaram a sua contribuição, mas o tempo se encarregou também de deixar permanecer aquilo que é mais importante e essencial, que é exatamente o trabalho de semear a Palavra de Deus”, enfatizou. “Esse foi o trabalho incansável. Se a gente pega os livros das crônicas, do histórico da presença dos frades, vamos perceber que desde o início eles aqui vieram com um projeto muito claro de anunciar essa Palavra de Deus, de ‘salvar almas’, como escreviam bem no início. E, por isso, também essa casa não foi apenas um lugar de atendimento, mas a partir daqui os frades puderam ter uma atuação em toda a região. Iam com os meios de locomoção daquele tempo, chegavam a cidades bem mais distantes, estabeleceram-se em algumas delas, mas fizeram esse grande trabalho de levar a Palavra de Deus e semear o bem onde eles pudessem chegar com as condições de cada tempo”, assinalou. COMUNICAÇÕES

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//fraternidades Segundo ele, o sentimento dos frades é bastante parecido com o que disse Dom Luiz. “Gratidão”. Frei César também explicou que pela tradição franciscana, de itinerância, esse é o momento de partir. “A gente dá a nossa contribuição a um projeto que é maior, como disse Dom Luiz, não por nosso mérito, mas pela graça de Deus. Então, tudo que os frades puderam fazer nesse tempo, também foi a graça de Deus. Essa graça continua aqui presente. A gente faz aquilo que nossos esforços permitem, que a nossa qualidade, os nossos defeitos também permitem, mas essa é a nossa contribuição. A nossa missão é de seguir adiante. Para outros lugares, onde o Espírito nos manda. E nós, franciscanos, temos diferentes trabalhos. Vocês sabem, vocês que participaram mais da vida dos frades aqui em áreas de missão. Angola é uma missão prioritária para os frades, mas também outros lugares no mundo e outras realidades do Brasil, como nas frentes do trabalho social, da educação, da comunicação e também de uma grande presença em paróquias e santuários”, detalhou Frei César, lembrando também que hoje não há frades suficientes para assumir tantos trabalhos. “Nós não temos mais forças para estar em todos os lugares. Então, a gente coloca na conta de Deus cada lugar. É ele que vai nos conduzindo e nos favorecendo para que as coisas aconteçam de acordo com a sua vontade”, disse. Segundo Frei César, São Francisco enviou os frades para o mundo inteiro para que evangelizassem, constituíssem as comunidades, mas não lançassem raízes. “Essas raízes precisam ser arrancadas e plantadas em outros lugares. Essa é a nossa vocação franciscana”, ressaltou. Para ele, na alegria e generosidade os frades vão adiante, mas reconheceu o sofrimento dos que ficam depois de 108 anos de convivência com os frades. “A gente sabe que muitos de vocês sofrem e já tiveram cada qual a sua reação. Muitos de nossos frades sofrem também. A Igreja de Amparo - Dom COMUNICAÇÕES 114 FEVEREIRO DE 2020

Luiz já nos falou - sofre também por frades e possibilitou a construção do essa nossa partida, mas aquilo que é Convento, do Externato e dos trabalhos mais importante permanece, que é a que aqui fizeram. Que Deus abençoe graça de Deus, que é a semente da sua a caminhada desta Igreja e abençoe Palavra, do seu anúncio que permaneabundantemente o seu ministério e todo o clero de Amparo!”. ce em cada coração. Nós temos certeza Teve também uma palavra de que não só esse trabalho mas também agradecimento aos frades desta última o carisma franciscano permanecem Fraternidade: Frei Vanilton Aparecido muito firmes aqui nessa terra, em Leme, Frei Alberto Eckel e Frei José Lotantas congregações franciscanas, também com a Ordem Franciscana Secular renz Führ. “Na pessoa de vocês, quero (OFS), com a Irmandade São Benedito, com a Pia União de Santo Antônio, mas principalmente em cada pessoa que tem esse coração franciscano”, consolou. Frei César encerrou sua fala agradecendo à Igreja de Amparo na pessoa do seu pastor pela acolhida dos frades nesses 108 anos: “É a Igreja que entregou a igreja de São Benedito, que já existia, aos cuidados dos Cláudio Luiz Pinto


fraternidades// lembrar de todas as Fraternidades ao longo dos anos”, observou. Agradeceu à Fraternidade pela condução do processo de entrega desta presença, transparente com a Igreja de Amparo, com o povo. “Esse patrimônio que existe aqui, nós sempre compreendemos que pertence ao povo, à sua Igreja viva. E por isso também, tudo que existe foi colocado no inventário entregue à Diocese, entregue aos novos padres. Tudo aquilo que também poderia estar no nome dos frades, dos franciscanos, foi passado gratuitamente, como deve ser, porque pertence ao povo, pertence à Igreja. E nós chegamos sem nada e partimos sem nada para outras regiões onde a graça de Deus nos pode permitir”, explicou. E, por fim, dirigiu-se ao povo, que chamou de querido pela abertura que sempre tiveram aos frades desde o início, pela escuta dos mesmos, pelo cuidado de cada frade, pela partilha fraterna com eles, tanto desse projeto de Igreja, desse cumprimento da vontade de Deus, como também por partilharem a vida e o carisma franciscano. “Os frades precisam se retirar, como já falamos, mas outros irmãos franciscanos continuam e queremos agradecer bastante a vocês, Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria, Irmãs Franciscanas do Coração de Maria, a Ordem Franciscana Secular, a Irmandade de São Benedito, a Pia União de Santo Antônio, as Irmãs

Maria José Pace

Dominicanas, que partilham o carisma da mendicância, da fraternidade, e da proximidade com os frades, e de modo muito especial o coração franciscano desse povo a quem nós procuramos servir. Peço também as bênçãos de Deus para os novos padres, o pároco Pe. Nélson Antônio e o vigário Pe. Benedito Valério, que aqui irão servir. E a cada um de vocês, quero pedir perdão por todas as nossas falhas, por nós causarmos esse sofrimento de retirada, mas, acima de tudo, um muito obrigado por tudo, pedindo todas as bênçãos sobre vocês, pedindo a intercessão de São Francisco, de Santa Clara e de São Benedito”, completou Frei César. Frei Vanilton, em nome da Fraternidade, citou a “Carta a toda Ordem” de São Francisco para falar dessa partida. “Ele diz assim: ‘Nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá’. Se queremos fazer a vontade de Deus, não podemos nos apropriar de nada. Eu penso que essa frase pode nos ajudar nesse momento de sofrimento e ajudar a continuarmos em frente, para que Deus seja o autor de toda a obra”, disse. Maria José Pace, falando em nome da Ordem Franciscana Secular e da Comunidade, lembrou que as ações dos frades se fazem presentes até hoje. “Cada cantinho de nossa Paróquia São Benedito deixa em evidência marcas de inúmeros freis queridos que por aqui passaram”. Segundo ela, os frades

foram como as águas de um rio que alimentaram as plantinhas que depois floresceram. “A todos saciaram ao passar por elas com seu encanto e carisma franciscano”, disse. “Hoje, nosso coração sofre um sentimento de perda, pois sabemos que já não teremos mais os freis na Paróquia. Mas, temos certeza de que as lágrimas que caem, no momento, em nosso coração, fortalecerão o espírito franciscano enraizado em nós pelos amados frades. Chegou a hora de colocar em prática o que aprendemos: a perfeita alegria. Vamos dar continuidade à espiritualidade franciscana! Nossa saudação continuará a ser ‘Paz e Bem’ da alma franciscana”, prometeu. O paroquiano Cláudio Luiz Pinto pediu a todos que estendessem as mãos sobre Frei Vanilton, Frei José e Frei Alberto para fazer uma prece, agradecendo pelo dom da vida deles, por todas as aflições que “juntos conseguimos superar”, por todas as graças que “juntos conseguimos alcançar”. “Que a Santíssima Trindade ilumine os vossos passos. A Nossa Mãe do Amparo, com seu manto, vos proteja e vos guarde!”, pediu.

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Emoção, saudade e esperança na despedida dos frades de Mangueirinha moção, esperança e saudade. Estas três palavras ditas pela coordenadora do Centro Administrativo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Mangueirinha, Joseane Heinz, definiu a Celebração Eucarística no dia 12/1, às 19 horas, marcando a despedida dos frades deste município. Em nome da Província da Imaculada Conceição, presidiu este momento histórico o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, tendo a seu lado o Definidor Frei Alexandre Magno; a Fraternidade que se despediu Frei Antônio Michels, Frei Rubens Luiz

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de Carvalho e Frei Arlindo de Oliveira Campos -; Frei Marcos Schwengber, que é natural desta cidade; e os representantes das Fraternidades vizinhas, Frei Alex Ciarnoscki, pároco de Pato Branco; e Frei Angelo Vanazzi, vigário paroquial de Chopinzinho. O novo pároco, Pe. Ademir Wickert, representou a nova comunidade dos Padres Dehonianos, que assume a Paróquia nesta Diocese de Palmas-Francisco Beltrão (PR). A passagem do cuidado pastoral da Paróquia de Mangueirinha à Diocese faz parte do processo de

redimensionamento reafirmado pela Província da Imaculada Conceição no último Capítulo Provincial (2018). Os paroquianos e lideranças de diferentes pastorais e movimentos lotaram a igreja para demonstrar toda a gratidão ao trabalho evangelizador franciscano, que remonta ao começo da criação do povoado Conceição do Rosário. No domingo da Festa do Batismo de Jesus, a expectativa pelo último encontro com os frades era grande. Em sua homilia, Frei Gustavo demonstrou toda a sua gratidão ao povo e lembrou que, providencialmente, estava se


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fechando, neste dia, um ciclo litúrgico com o tempo do Natal e começando o Tempo Comum, ao mesmo tempo em que se encerrava o ciclo da presença dos frades em Mangueirinha e tinha início um novo tempo com a presença dos Padres Dehonianos. Segundo o frade, acabava o tempo festivo e a vida voltava ao ritmo normal. “Esta celebração tão significativa, que é o sacramento da acolhida, da missão, é também um envio. Nós somos reenviados a sermos evangelizadores no dia a dia do ‘feijão com arroz’ da nossa vida e da nossa existência”, disse. Esse ciclo da presença dos frades não é o fim da presença franciscana, enfatizou Frei Medella. “Essa não tem fim. Permanece no coração, permane-

ce na presença da Ordem Franciscana Secular, no espírito de fraternidade”, disse, recordando que os frades estão presentes desde o início da povoação do local, que ganhou o nome de “Mangueirinha” por causa de uma mangueira (curral) de gado que não era muito grande no caminho para o Rio Grande do Sul. “Toda essa história e o surgimento de uma comunidade de fé fazem parte de um ciclo que se fecha. Mas também um ciclo se abre com a presença de nossos irmãos, os Padres do Sagrado Coração de Jesus, também chamados Dehonianos. Grande graça para Mangueirinha ter a presença desta espiritualidade, que tem muito em comum com a espiritualidade franciscana. A espiritualidade deles se baseia

numa palavra que não é difícil de compreender: oblação, que significa, oferecimento. Oferta total e irrestrita de si mesmo pelo Reino de Deus. São Francisco também era um homem que vivia nessa dinâmica da oblação, de oferecer-se totalmente a Deus. Tanto que ele escreveu em uma Carta a toda a Ordem Franciscana, o seguinte: ‘Derramai ante Ele os vossos corações! Humilhai-vos para que Ele vos exalte! Portanto, nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá!’. Sejam livres, generosos, rasguem seus corações e abram sua vida para Deus”, explicou Frei Medella. Segundo o Vigário Provincial, a espiritualidade é baseada na oblação e a ação pastoral é baseada na restituição. COMUNICAÇÕES

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“Restituição também não é uma palavra muito comum, mas é sinônimo de devolução, de reerguer, de transformar. Também é a base do carisma franciscano, quando Francisco, diante do Crucifixo de São Damião, escuta Jesus Cristo dizer para ele: ‘Francisco, vai e restaura minha Igreja que está em ruínas’. Isto é restituição, reconstrução. Francisco pensou que era só aquela capela e começou a trabalhar como pedreiro, mas depois viu que se tratava de uma construção muito mais profunda das relações, do coração, da Igreja como povo de Deus”, acrescentou, lembrando que os frades estão sempre em missão. Para Frei Medella, com os Dehonianos, os valores, os pilares, a evangelização, o modo de conduzir, vai ser muito semelhante ao franciscano. “Tenho certeza que vocês vão receber nossos queridos padres do Sagrado Coração com todo carinho e toda alegria”, desejou. Frei Gustavo, então, não poupou agradecimentos à última FraterniCOMUNICAÇÕES 118 FEVEREIRO DE 2020

dade. “Ontem (durante a ordenação presbiteral de Frei Gabriel Vargas em Pato Branco), Dom Edgar se referiu à fraternidade de Mangueirinha como trindade santa: Frei Toni, Frei Rubens e Frei Arlindo. Obrigado pelo carinho e pela dedicação”, disse. Dirigindo-se ao povo, foi mais enfático: “Estamos nesta celebração que nos provoca, nos emociona mas também nos faz louvar a Deus. Obrigado a vocês pela acolhida que sempre tiveram para conosco e pela paciência de perdoar as nossas faltas, as nossas inconsistências, as nossas teimosias. Pedimos perdão a vocês, e agradecemos pela acolhida, pelo carinho, pela compreensão que sempre aqui encontramos. Então, é o encerramento de um ciclo, é um novo recomeço e a ocasião de renovarmos a certeza de que todos somos enviados (as), para fazer a diferença onde o Senhor nos chama”, exortou, detalhando como deve evangelizar cada discípulo de Cristo. Frei Toni falou em nome da Fraternidade e pediu aos paroquianos para

lotarem a igreja no dia 1º de fevereiro, sábado, às 19 horas, quando a nova comunidade dos Dehonianos assume a Paróquia oficialmente. Frei Rubens, que se emocionou muito, agradeceu pelo carinho que deram durante os nove anos de sua evangelização: “Tenho certeza que deixei um legado e vou para Coronel Freitas com alegria e o sentimento do dever cumprido. Um abraço a todos e que Deus os abençoe!” Josene e Jacó Augusto Heinz falaram pela Paróquia e pelos moradores da cidade. “Foram anos de convivência franciscana que ficarão registrados na memória dos paroquianos”, enfatizou. Segundo eles, Frei Toni, o pároco que ficou pouco tempo em Mangueirinha, deixou sua marca registrada pela organização, planejamento e, principalmente, a missão evangelizadora, apoiando e estimulando as comunidades a crescerem na fé. “Além de ser escultor de belas obras de arte que ficarão em nossa memória”. Para eles, Frei Rubens ficou nove


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Alisson Tártaro, coordenador da liturgia da Paróquia anos na comunidade, sempre prestando serviços “com amor e dedicação ao nosso povo”. “Já o Irmão Arlindo, quando chegou ficou um pouco assustado, mas rapidinho, com sua simplicidade e a fé fervorosa, conquistou o carinho e o respeito da comunidade”. “Para nós, só resta agradecer de coração por tudo que fizeram por nossa comunidade, e podem ter certeza de que serão eternos em nossos corações. Ao Frei Gustavo Medella, queremos dizer que sempre fomos muito bem representados por esta Ordem, apesar de há muito tempo ouvirmos que se falava de entregar esta Paróquia aos cuidados de outra Congregação. Parecia impossível, mas aconteceu. Certamente, estaremos com o sentimento de perda por um período de transição, mas aos poucos isso será superado com a nova equipe”, disse Joseane. Segundo ela, os frades foram e são responsáveis pelo desenvolvimento da fé cristã no município desde sua origem. “Aos freis, queremos agradecer e dizer ainda que nossas comunidades e casas estão sempre de portas abertas. Esperamos que levem as boas lembranças e retornem sempre que possível para nos visitar. A despedida é emocionante. É hora de olhar para

Josene e Jacó Augusto Heinz falaram pela Paróquia

trás e agradecer tudo que passamos juntos. É hora de valorizar todos os laços de amizade criados”, observou. Falando ao Pe. Ademir, pediu paciência porque, certamente, muitas vezes serão chamados de freis. “Desejamos boas vindas e sei que serão bem recebidos em nossa comunidade, que é participativa nos desafios”, completou. Alisson Tártaro, coordenador da liturgia da Paróquia, falou em nome das pastorais e movimentos. “Freis, vocês deixam saudades, mas tenho certeza que ficarão marcados em nossos corações”, disse. O Pe. Ademir agradeceu os frades pela acolhida nesses dias de transição. “Poderíamos resumir esse momento com o que o Pe. Zezinho canta: ‘No peito eu levo uma cruz e no coração aquilo que ensinou Jesus’. Que vocês possam, a cada dia, a cada momento, mostrar isso. No peito nós levamos a cruz, mas no nosso coração vamos guardar aquilo de bom que os freis ensinaram aqui em Mangueirinha. E nós, como comunidade, vamos aos poucos nos conhecendo e recordo aquilo que tenho falado nas missas: Nós vamos dar continuidade àquilo que está sendo vivido aqui. Não esperem que o Pe. Ademir, a partir de segunda-feira,

mude tudo. Não. Nós vamos dar continuidade. Essa é a nossa missão. Dar continuidade ao belo trabalho que os freis iniciaram. Isso que vamos fazer como Padres do Sagrado Coração. Então, a nós, cabe o ‘arroz com feijão e talvez um ovo frito’ de viver a nossa vida e nossa fé. Muito obrigado, freis!”, agradeceu o novo pároco, pedindo a ajuda de cada paroquiano nesse trabalho evangelizador. Frei Medella adiantou ao povo que Frei Arlindo passa a residir na cidade vizinha de Chopinzinho; Frei Rubens vai para Coronel Freitas e Frei Toni vai morar na Rocinha, no Rio de Janeiro. O Vigário Provincial, então, pediu aos três frades que se ajoelhassem diante do altar para receber a bênção de envio e convidou toda a assembleia para estender as mãos sobre eles. Pediu ao Definidor Frei Alexandre, em nome da Província, e ao Pe. Ademir, em nome daqueles que ficam na evangelização de Mangueirinha, para dar a bênção de envio. “Continuem sendo instrumentos da Paz e do Bem e levem, em seus corações, o povo de Mangueirinha”, pediu Frei Alexandre. A noite terminou com um jantar de confraternização no Salão Paroquial.

Moacir Beggo COMUNICAÇÕES

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Franciscanos deixam Não-Me-Toque depois de 101 anos de presença Província São Francisco de Assis do Rio Grande do Sul entregou à Arquidiocese de Passo Fundo, durante a Celebração Eucarística na sexta-feira, 17 de janeiro, a Paróquia Cristo Rei de Não-Me-Toque, marcando o fim da presença franciscana nesta cidade gaúcha depois de 101 anos. O arcebispo Dom Rodolfo Luís Weber presidiu a celebração e teve como concelebrantes Frei Marino P. Rhoden, Ministro Provincial da Província Gaúcha, e Frei Gustavo Medella, Vigário Provincial da Província da Imaculada Conceição. Nas palavras iniciais, o comentarista traduziu o significado da celebração. “Hoje a nossa querida Paróquia Cristo Rei está vivendo um momento histórico, onde, depois de 101 anos os Franciscanos se despedem desta cidade. Marcaram história aqui na cidade, muitos freis passaram por aqui e hoje ainda são lembrados. Freis foram homenageados com nomes de ruas, memórias bonitas.

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Mas chega o dia em que, como missionários, precisam partir para outras frentes de pastoral. Queremos acolher com alegria todos os freis franciscanos que hoje aqui estão juntamente com o ministro provincial Frei Marino Pedro Rohden. De modo especial, acolher o clero Arquidiocesano de Passo Fundo juntamente com o nosso estimado Arcebispo Dom Rodolfo Weber”. Pela Província da Imaculada, além de Frei Gustavo, estavam presentes Frei Olivo Marafon, pároco de Chopin-

zinho (PR) e Frei Alex Ciarnoscki, pároco em Pato Branco e vice-postulador da Causa de Frei Bruno Linden, muito conhecido dos gaúchos de Não-Me-Toque, já que ele e Frei Boaventura Klemmer foram os primeiros franciscanos a chegarem na região no início do século. A pedido do bispo de Santa Maria, D. Miguel de Lima Valverde, a Província da Imaculada Conceição aceitou, em 1918, a tomar conta do Curato do Alto Jacuí, fundando nesta região várias residências. Ao saudar os frades, Dom Rudolfo lembrou de Frei Bruno Linden, que está em processo de beatificação. “Agradecemos a Deus pela Província da Imaculada que aceitou o convite do bispo de Santa Maria para assumir esta missão. Portanto, trabalharam e se esforçaram e fizeram muitas coisas. Mas o modo de ser, como queria São Francisco foi mais importante”, disse. Frei Gustavo disse que estava ali, junto com Frei Alex e Frei Olivo, representando todos os


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confrades da Província da Imaculada e da Missão em Angola. Ele enumerou quatro motivos para estar presente ali: “1. Essa presença nasceu como iniciativa da nossa Província, especialmente dos nossos confrades restauradores que vieram da Alemanha; 2. Porque aqui passou e viveu, nos primórdios da evangelização, nosso estimado confrade Frei Bruno Linden, cuja causa já está encaminhada em Roma, para que seja proclamado beato da Igreja. Um homem que viveu e caminhou pelas ruas de Não-Me-Toque. Fica o convite para participarem da Romaria Frei Bruno, que neste ano completa 30 anos em Joaçaba e será realizada no segundo domingo da Quaresma; 3. Em nossa Província temos vários frades nascidos aqui em Rio Grande do Sul. Não poderíamos deixar de vir aqui e agradecer por tanta graça; e 4. Porque todos somos irmãos de sangue em Cristo e Francisco. A presença franciscana jamais vai deixar vocês.

Está em cada coração, está plantada nesse chão”, enumerou o Vigário. Frei Marino destacou o modo de vida dos franciscanos, de viver e testemunhar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, e acrescentou a itinerância. “Hoje estamos aqui, amanhã podemos estar em outro lugar. Isso faz parte do nosso modo de ser. O nosso convento é o mundo”, disse. Lembrou também que o frade, segundo as Constituições da Ordem Franciscana, não pode viver sozinho, mas em fraternidades com no mínimo três frades. “Mas em alguns lugares temos apenas dois frades”, lembrou. Segundo Frei Marino, o sentimento de gratidão é maior nesse momento. “Muito mais do que tristeza”. “Quando pensamos em 101 anos, temos a ideia de um ciclo realizado. Nós podemos dizer que nós, Frades Menores, realizamos nossa missão. Somos muito gratos à comunidade que nos acolheu durante todo esse tempo. Pedimos perdão por nossos erros e nossas falhas”, completou. Não-me-Toque faz parte da restauração dos missionários franciscanos alemães no Brasil. Com a proclamação da República, em 1889, iniciou uma nova época na história franciscana do Brasil. A nova Constituição consagrava o princípio de liberdade de culto e associação. Os franciscanos não tardaram a valer-se dessa disposição para restaurar as duas antigas Províncias que, naquele tempo, já se estavam extinguindo: a de Santo Antônio e a de Imaculada Conceição. A primeira constava ainda de nove frades

e a segunda estava reduzida a um só frade. Graças à Província alemã da Santa Cruz da Saxônia, elas foram ressurgindo e, aos poucos, começaram a florescer de novo. A pedido do bispo de Santa Maria, D. Miguel de Lima Valverde, a Província da Imaculada Conceição aceitou, em 1918, a tomar conta do Curato do Alto Jacuí, fundando nesta região várias residências. Aos 14 de junho de 1918, chegaram lá os Frei Bruno Linden, como vigário, e o Frei Boaventura Klemmer, como coadjutor. Em 1919, a mesma Província fundou uma residência em Três Arroios e, no ano seguinte, aceitou a Paróquia de São Luís Gonzaga de Gaurama, ex-Barro. Com a vinda, porém, ao Rio Grande do Sul dos Padres Franciscanos da Província Holandesa, no ano de 1926, o campo de atividade da Província da Imaculada Conceição ficou mais restrito e se retirou definitivamente do Estado em 1957.

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Frei Estêvão: jubileu sacerdotal, missionário e franciscano epois de se encontrar com os seus confrades jubilados na Celebração Provincial, ocorrida em Petrópolis, de 4 a 6 de dezembro de 2019, o atual guardião da Fraternidade internacional Santo Antônio (Antonianum), em Roma, Frei Estêvão Ottenbreit, comemorou o seu Jubileu de 50 anos de Ordenação sacerdotal na Alemanha, com seus amigos e familiares, e, em Roma, com sua Fraternidade. Frei Estêvão é natural de Grosswallstadt, Alemanha, onde nasceu no dia 6 de setembro de 1942. Quando era jovem, deixou a Alemanha para ser missionário no Brasil. Também celebraram 50 anos de vida sacerdotal, seus confrades alemães Freis Conrado Lindmeier, Marcos Hollmann, Günther Max Walzer e o brasileiro Frei Domingos B. Hellmann. Esta celebração na sua terra foi realizada no dia 14 de dezembro de 2019, quando o jubilando se reuniu no convento de Kreuzberg, Bischofsheim, em Rhön, com seus familiares, amigos, e seus confrades Freis Gilberto da

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Silva e Frei José Antônio dos Santos, estudantes da Província residentes no Antoninaum em Roma. O local para a celebração do jubileu também foi escolhido por ser um local de peregrinação franciscana. O convento de Kreuzberg se localiza aproximadamente 127 km de Frankfurt, na montanha de Rhön, conhecida como “a montanha sagrada dos Francos”. As primeiras peregrinações ao local são datadas em 686. A Ordem

dos Frades Menores está presente no local a partir de 1614. O convento também é conhecido para além de suas atividades religiosas e fraternas, por abrigar a cervejaria “Franziskaner Klosterbetriebe”, restaurante e hotel. A celebração do Jubileu ocorreu com a recepção dos convidados para um café no salão Santo Antônio, a partir das 15 horas. A celebração litúrgica iniciou-se as 17h45, com os cantos preparados pela família Ot-


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tenbreit. Klaus, irmão do jubilado, foi o organista, sua esposa, filhos, netos e sobrinhos formaram um verdadeiro coral alemão. Frei Estêvão presidiu a Missa do terceiro domingo do Advento. Na homilia, recordou o tempo forte em preparação para o Natal e também agradeceu a cada grupo de amigos pelo nome e por longo tempo de caminhada. Dirigiu uma palavra também aos seus familiares pelo carinho e afeto. Frei Estêvão também recordou o

jubileu de Frei José Antônio dos Santos, que completou 25 anos de vida religiosa franciscana, e fez uma prece por ele e seus familiares. Após a Missa, houve o jantar no salão Santo Antônio, onde os convidados puderam cumprimentar Frei Estêvão e recordar os acontecimentos do passado, como por exemplo, o discurso do seu amigo Peter Ohren e o vídeo preparado por Christoph Heeb, sobre sua trajetória. Alegria de celebrar o jubileu foi

marcada também pela presença do inverno europeu, que nos agraciou com três dias de muita neve, chuva e frio. Entretanto, para compensar o fator climático, estiveram presentes nas comemorações os três confrades que residem no convento de Kreuzberg, que, com um calor fraterno, repartiram conosco a alegria do Evangelho e a boa cerveja franciscana. Frei Estêvão vestiu o hábito franciscano em 19 de dezembro de 1963 e professou solenemente na

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//fraternidades

Ordem em 3 de outubro de 1968. Foi ordenado presbítero em 13 de dezembro de 1969. Já em 1981 foi eleito Definidor e vice-provincial em 1982. Foi eleito Provincial em 28 de novembro de 1982 e reeleito em 20 de novembro de 1991. Nesses dois mandatos, não poupou esforços para ver a Missão de Angola se tornar uma realidade, mesmo em meio às enormes dificuldades, especialmente no período da guerra. Em 1995 foi eleito delegado da Missão de Angola e, em 1997, foi eleito Vigário Geral da Ordem dos Frades Menores (sexênio 1997-2003). Em 2003 foi designado como gerente geral da Missionszentrale, em Bonn, na Alemanha. Em 2009, foi eleito Vigário Provincial para o sexênio 2010-2015. Atualmente é o guardião da fraternidade internacional Santo Antônio (Antonianum), em Roma.

O Jubileu em Roma

A Fraternidade Internacional Santo Antônio (Antonianum), em Roma, também se reuniu ao redor do Altar do Senhor para reder graças pelos 50 anos de Ordenação Sacerdotal do seu guardião. A celebração ocorreu às 19 horas, no dia 19 de dezembro, na Basílica do convento. Estiveram presentes muitos confrades, que prestam serviços à Cúria Geral, e às COMUNICAÇÕES 124 FEVEREIRO DE 2020

Aos jubilados, desejamos as bênçãos de céus, paz e força para continuarem o trabalho pelo Reino. E para a concluir os festejos, alguns frades estudantes residentes no Antonianum, enviaram a Frei Estêvão algumas felicitações nas suas diversas línguas, confira:

casas dependentes da Cúria, frades professores e um grande número dos frades estudantes. Durante a celebração litúrgica, na homilia, o Vigário Geral Frei Julio Bunader, dirigiu algumas palavras de ânimo e esperança aos frades residentes no Antonianum por ocasião do santo Natal. A Frei Estêvão, o Vigário agradeceu por sua vocação franciscana, sua dedicação aos trabalhos na sua Província de origem e, sobretudo, na Ordem dos Frades Menores, como Visitador Geral em várias ocasiões, Vigário Geral, Provincial, Vice-Provincial e Guardião da Fraternidade do Colégio Internacional Santo Antônio. Ao final da Missa, Frei Júlio entregou aos Freis Estêvão e José Antônio um pergaminho comemorativo. A festa teve sua conclusão com uma celebração de Natal no refeitório, com a presença de alguns membros do Definitório Geral, da Fraternidade do Antoninaum, e de algumas Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, que cantaram na celebração Eucarística e entoaram alguns cantos de Natal no refeitório. Esteve presente também a brasileira Ir. Salete V. Dal Mago, que estuda Teologia Dogmática no Antonianum e pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida.

Frei Gilberto Silva

Neste momento de ação de graças pelos 50 anos de sacerdócio do Frei Estêvão Ottenbreit, guardião do Colégio Internacional Santo Antônio aqui em Roma, uno-me com todas as vozes que dão graças ao Senhor por este dom precioso. Na verdade, o Frei Estêvão é irmãos sacerdote que nos une todos nós da casa, provenientes de vários cantos do mundo. Peço ao Senhor que continue sempre a derramar as suas graças na vida do Frei Estêvão, na vida da sua Província de Imaculada do Brasil e na vida de todos os seus familiares que, direta ou indiretamente, o ajudam a ser um bom frade e sacerdote. Bem haja Frei Estêvão.

Frei Evódio João Moçambique Fray Esteban, Estimado hermano Guardian. Que el Señor le bendiga, por cuanto usted le ha permitido hacer, en todos estos años por medio de tan sagrado ministerio. Que la gracia recibida y compartida le de la dicha gozosa de ser parte de sus trabajadores, por su reino de amor y justicia ya en este mundo. Muchas gracias por su servicio y testimonio. Que san Francisco le siga inspirando su forma de vida.

Fray Omar Duran El Salvador


fraternidades//

Vaticano aprova documentação e Causa de Frei Bruno pode prosseguir poucos meses da Caminhada Penitencial Frei Bruno, que chega à 30ª edição em Joaçaba, no Oeste Catarinense, o Vaticano divulgou na terça-feira, 17 de dezembro, um comunicado assinado pelo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Dom Giovanni Angelo Becciu, informando que a documentação enviada para processo diocesano da Causa de Frei Bruno Linden foi aprovada. No Vaticano, agora começa uma nova fase do processo, quando a Congregação vai analisar um documento chamado “Positio”. Através dele, Frei Bruno poderá ter o decreto de reconhecimento das virtudes heroicas assinado pelo Papa Francisco e ganhará o novo título de Venerável. "A aprovação oficial do processo diocesano da Causa de Beatificação e Canonização do Servo de Deus Frei Bruno Linden chega justamente às vésperas de completarmos os 30 anos da Caminhada Penitencial Frei Bruno, que movimenta milhares de fiéis devotos no Oeste Catarinense", comemorou o Ministro Provincial, Frei César Külkamp. Segundo ele, é mais uma confirmação de que uma devoção que surge no coração do povo recebe acolhimento carinhoso da parte de Deus. "Orgulha-nos porque Frei Bruno foi nosso confrade e mostra que viver com amor e entrega a vocação que abraçamos gera frutos duradouros. Muitos passos ainda precisam ser dados. As orações agora devem ser intensificadas a fim de que, o quanto antes, tenhamos o reconhecimento do milagre necessários para que Frei Bruno seja beatificado. Também deixamos nosso apelo a todos os confrades e também às lideranças leigas de nossa Província, para marcarmos presença

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numerosa em Joaçaba na 30ª edição da Caminhada Penitencial Frei Bruno, a ser celebrada no próximo dia 08 de março", lembrou Frei César. A aprovação do Vaticano para a abertura do processo foi dada no dia 7 de maio de 2013. No dia 30 de outubro de 2013, o bispo diocesano de Joaçaba, D. Mário Marquez, nomeou e instalou o Tribunal Eclesiástico. Desde então, o Tribunal trabalhou na elaboração do processo, do qual constam os documentos oficiais necessários para a sua abertura: 33 depoimentos de pessoas que conheceram e conviveram com Frei Bruno; uma biografia completa, acompanhada de documentos históricos; os escritos de

Frei Bruno, acompanhados de uma avaliação teológica. No total, foram anexadas 5.000 folhas aos autos do processo, que foi enviado à Congregação para as Causas dos Santos no dia 25 de fevereiro de 2018. Desde essa data, a expectativa era grande por uma resposta positiva do Vaticano. "Isso nos anima bastante", disse o vice-postulador da Causa, Frei Alex Sandro Ciarnoscki, que reside na Fraternidade Franciscana de Pato Branco. "Muito obrigado para todos que colaboraram. Esta etapa foi vencida!", agradeceu Frei Estêvão Ottenbreit, que reside em Roma, e é também vice-postulador da causa. COMUNICAÇÕES

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Inaugurado novo estúdio da Rádio Movimento FM A rádio integra a Rede Celinauta de Comunicação, em Pato Branco – PR m 2020 a Rádio Movimento FM completa 38 anos de história, transmitindo aos ouvintes da região Sudoeste do Paraná e Noroeste de Santa Catarina, muita música e informação. De olho em novas tecnologias, o estúdio da Rádio

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Movimento foi completamente reformulado. As obras foram realizadas no ano passado e concluídas na primeira semana de janeiro deste ano. A inauguração contou com a presença de comunicadores, de Frei Neuri Reinicsh, diretor da Rede Celinauta de Comunicação e Rádio Movimento FM, e de Frei Policarpo Berri, entusiasta da comunicação e idealizador da Rede. Policarpo deu sua bênção aos comunicadores e aos ouvintes. Também conheceu de perto todos os investimentos feitos para oferecer ainda mais qualidade de som. Frei Neuri falou

sobre os pilares que norteiam os trabalhos desenvolvidos na Rádio. “ Estamos preocupados em transmitir sempre boa música, informação de credibilidade, esporte e espiritualidade.” Atualmente, a Rádio conta com sete locutores, profissionais responsáveis pela programação de segunda a domingo. Entre eles, Lisa Bedin, que há 17 anos integra a equipe Movimento FM. “O nosso agradecimento aos ouvintes, pela companhia, pela audiência e carinho de todos os dias.”

Karolline Paim

Lisa Bedin, que há 17 anos integra a equipe Movimento FM. COMUNICAÇÕES 126 FEVEREIRO DE 2020


evangelização//

Natal solidário para 70 crianças em Kibala

Fraternidade Franciscana Santo Antônio e o Noviciado São José realizaram, no domingo, 22 de dezembro, o Natal Solidário para setenta crianças que há meses vêm participando das Missas dominicais nesta casa franciscana da Missão de Angola. O Natal da criança foi agraciado

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por grandes momentos: Em primeiro lugar, a Eucaristia, que é o centro da vida cristã. Em seguida, as crianças puderam ver o filme animado da Disney, ‘“Moana: Um mar de aventuras”, que conta a história de uma adolescente que parte em missão para finalizar uma jornada inacabada pelos ancestrais dela. Na sequência,

as crianças deram uma parada para o almoço fraterno, mas logo depois mostraram e surpreenderam os frades com uma tarde cultural, incluindo danças, poesias, jogos e a peça teatral “Anunciação do anjo Gabriel a Maria”.

Noviciado São José

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//evangelização

Jovens e frades da Província participam do 33º Curso de Verão 33ª edição do Curso de Verão, que começou no dia 8 e terminou no dia 16 de janeiro, firmou um compromisso com a realidade econômico-social, as mídias, a participação popular e a espiritualidade militante e “esperançadora”. Promovido pelo Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o Teatro da Universidade Católica (TUCA), e com o apoio e colaboração entidades, movimentos sociais, Igrejas, comunidades e famílias, o Curso de Verão de 2020 foi um sucesso. Frades e jovens da Província da Imaculada Conceição do Brasil também marcaram presença neste evento, que reuniu mais de 450 participantes

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e teve como tema: “Espiritualidades na cidade: Por uma dimensão libertadora”. Para Frei Diego Melo, coordenador do Serviço de Animação Vocacional (SAV) da Província e também membro do Conselho Superior do CESEEP, o Curso de Verão foi um momento de fortalecimento da esperança e de estreitar os laços com aqueles que, de diferentes lugares, religiões e credos, sonham e acreditam em um mundo inclusivo, de fraternidade, justiça e de paz. “Para nós é o mundo desejado por Jesus Cristo; é o Reino já iniciado aqui na terra”, opinou. Segundo o frade, este já é o 3º ano que o SAV articula e apoia a presença efetiva dos jovens no evento. “Essa é mais uma forma de dizer que acreditamos na evangelização dos jovens, no protagonismo e na transformação da

sociedade. E nós já percebemos que a vinda deles tem dado frutos nas suas paróquias”, afirmou. Para Frei Diego, é importante investir na formação desses jovens. “Eles serão e já são os protagonistas de um novo mundo possível e sonhado por Deus, um mundo que nós, como franciscanos, acreditamos também. Por isso, a cada ano nos esforçamos para articular com algumas paróquias e trazer lideranças que possam absorver o conteúdo e as vivências do curso para depois serem multiplicadores entre as suas paróquias, comunidades e grupo de jovens. Reitero que fico muito feliz com a presença de um jovem frade, Frei Augusto, e sonho que outros frades possam também abraçar e participar das próximas edições, tendo em vista que é um curso bastante ali-


evangelização// nhado e que vai de encontro com os nossos valores franciscanos”, sugeriu. “Que em janeiro de 2021 possamos estar com os jovens participando da próxima edição!” O Curso foi dividido em três partes. Na seção I, “Mapeando a Realidade”, Magali Cunha, coordenadora do Grupo de Pesquisa e Religião da INTERCOM (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), falou sobre a “Influência das mídias no campo religioso: disputas e confrontos em nome da fé”. Já o professor Faustino Teixeira deu um panorama das religiões e das expressões das diferentes espiritualidades nas cidades. Depois, na seção II, “Bíblia e Teologia”, o Curso contou com a participação da missionária leiga e assessora das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), e do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), Maria Soave Buscemi, que discorreu sobre a “espiritualidade libertadora de Jesus, o Cristo”. Na seção III, “Pastoral”, o monge beneditino Marcelo Barros, teólogo e assessor de movimentos sociais e das CEBs, abordou a temática sobre “A dimensão libertadora da espiritualidade na militância social e pastoral”. Já o Pe. Júlio Lancellotti, teólogo e um grande defensor da vida humana e dos direitos da população que vive em situação de rua, falou sobre a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é “Fraternidade e Vida – Dom e compromisso”, a partir da visão de quem está nas ruas. Além de todas essas assessorias, o curso contou com grandes momentos de mística, animação e celebração da vida. Segundo o Coordenador Geral do CESEEP, Pe. José Oscar Beozzo, a temática foi escolhida para levantar nosso olhar para horizontes sem fronteiras. “Adverte-nos, ao mesmo tempo, para deitar raízes capazes de se entrelaçarem com as árvores vizinhas, para resistirem a ventos e tempestades e buscarem veios d’agua mais profundos e perenes na arriscada travessia que nos toca viver”, afirmou.

MULTIPLICADORES

A jovem Gabrielle Penitente, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Nilópolis (RJ), acredita que o curso reacendeu seus princípios de vida esquecidos pelo engessamento de uma sociedade que valoriza razão, pressa e competitividade. Para ela, a organização preparou vivências que ampliaram seus horizontes, especialmente para o olhar de cuidado ao outro dentro da temática de espiritualidade. “Necessitamos de amor e carinho sempre. Sem eles, ruímos. Precisamos buscar a tribo dos que mais precisam

social, intelectual e espiritual, sobretudo, para a construção humana. “Esta formação ajuda a minha construção como pessoa, a visão do cuidado, de entender e respeitar a diversidade e a espiritualidade dos outros”, destacou, informando que a reflexão vai ajudá-lo a buscar outras leituras. Como ação concreta, Victor pretende levar à comunidade o “rompimento das barreiras”: “No geral, para mim, foi fundamentalmente importante o contato da arte como ferramenta de transmissão de conhecimento e dessa liberdade proposta pelo curso”, relatou.

disso, e assim receberemos de volta. Esse caminho não é fácil. Haverá reprovações, ataques e injustiças, mas aprendi que os que querem paz são os que mais lutam e sofrem por ela. De fato, toda essa experiência será levada para o meu grupo jovem, através das vivências na arte, educação, oficinas, diálogos e missões. Sou muito grata pela oportunidade de praticar intensamente a esperança de uma sociedade igualitária”, disse. Victor Hugo também é de Nilópolis (RJ) e acredita que o curso foi de suma importância nos aspectos humano,

Luiz Viana mora em Duque de Caxias (RJ) e participa da Paróquia São Francisco de Assis. “Volto para casa e para a minha ‘Fraternidade Chicão’ com as ideias claras de trabalhar na formação, usando o caminho do cuidado e a cultura popular. Além de buscar caminhos para conscientizar os jovens da minha realidade a partir do Evangelho de Jesus e sua vida de doação aos excluídos”, sublinhou. “Pude perceber o quão ignorante era em diversos assuntos como o simples fato de saber que não existe morador de rua, mas sim pessoas em COMUNICAÇÕES

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//evangelização situação de rua. Receber o testemunho deles e ver a luta do Pe. Júlio me põe de frente com as minhas atitudes mesquinhas quando eu atravessava a rua, sentia medo ou julgava ao me deparar com um deles. A luta começa agora. Não estamos no mundo só de passagem, nascemos para ajudar uns ao outros”, disse a jovem Cíntia Melo, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Lages (SC).

PACTO DAS CATACUMBAS

Em 16 de novembro de 1965, nas catacumbas de Domitilla, em Roma, 42 padres conciliares da Igreja Católica fizeram história ao celebrar a Eucaristia e assinar o Documento “Pacto por uma Igreja serva e pobre”,

conhecido como o “Pacto das Catacumbas”. O documento registrou o compromisso de vida de colocar os pobres no centro de sua atenção pastoral. Em meio à realização do “Sínodo para a Amazônia”, em outubro do ano passado, convocado pelo Papa Francisco para discutir a atuação da Igreja Católica na região amazônica, um grupo de padres sinodais renovou, por meio de uma nova celebração nas Catacumbas, o compromisso. A importância dessa renovação foi partilhada com todos os participantes do Curso de Verão, no dia 12/01. Para Pe. José Oscar Beozzo, coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação

Popular (CESEEP) e um dos responsáveis pela renovação do pacto de opção preferencial pelos pobres, vive-se hoje um cenário de destruição do meio ambiente e de ampliação das desigualdades sociais, onde é necessário dizer o que é preciso ser dito. “A nossa Amazônia é um sinal de violência que está em todo lugar”, denunciou. Os participantes do Curso, no teatro Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), passaram por um momento de celebração e foram convidados a também assinarem o pacto, assim como a deixarem sua marca digital, por meio de tinta natural, feita a partir de fruto de urucum, em um tecido que no final formou um grande, simbólico e bonito painel.

PAINEL: AS LUTAS SE REFLETEM UMAS NAS OUTRAS

CURSO DE VERÃO 2021 O Curso de Verão de 2021 terá como tema “Cuidar da casa comum: por uma cidade sustentável”. A abordagem oferecerá estudo e aprofundamento sobre a sustentabilidade na cidade e ações que revertam o quadro de destruição dos bens naturais. Acontecerá entre os dias 7 a 15 de janeiro de 2021. “O curso é ecumênico, aberto ao diálogo inter-religioso e à contribuição de pessoas com outras filosofias de vida, com participação em organizações, comunidades e movimentos sociais. A metodologia da educação popular utilizada permite uma reflexão entre os participantes, tendo a arte presente em todos os espaços e momentos do processo formativo”, afirma COMUNICAÇÕES 130 FEVEREIRO DE 2020coordenadora pedagógica do CESEEP. Lourdes Possani,

Já é uma tradição do Curso de Verão que um painel reflita no palco do Teatro da Universidade Católica de São Paulo uma síntese, por meio da arte, do conteúdo vivenciado durante o Curso. Neste ano, como em vários anteriores, o artista que fez o painel é Anderson Augusto. O painel apresenta o diálogo encontrado em uma mesa de partilha. Na parte de trás, pessoas de religiões diferentes, judeus, uma mulher muçulmana, um frei franciscano, uma monja budista que se conecta com uma indígena, e a simbologia de que a cidade e o campo fazem parte de um todo e não devem ser pensados separadamente: “As lutas se refletem umas nas outras”, disse. Tudo e todos estão com a mesma cor. “Eu não pintei todo mundo da sua cor de pele, eu pintei todo mundo com calor e luz, porque o encontro ilumina a todos”, explicou.

Frei Augusto Luiz Gabriel


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Aos 97 anos, falece Frei Thaddée Matura, o grande escritor do franciscanismo Em 30 de novembro de 2012, ele deu a seguinte entrevista ao Boletim Fraternitas, da Ordem dos Frades Menores:

1. Como tem sido seu itinerário franciscano?

rei Thaddée Matura, O.F.M, da Província do Espírito Santo, no Canadá, e um dos grandes estudiosos do franciscanismo, faleceu no dia 5 de janeiro em Montreal. Ele tinha 97 anos e 79 anos de vida religiosa e 71 anos de sacerdócio. O funeral foi realizado no dia 11 de janeiro de 2020, na Igreja Franciscana (5750, Rosemont Boulevard), em Montreal. Nascido em 24 de outubro de 1922

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em Zalesie Wielkie, na Polônia, Frei Taddée, por razões familiares, juntou-se ao pai no Canadá na véspera da Segunda Guerra Mundial. Ao frequentar uma faculdade dirigida pelos Frades Menores, nasceu em Frei Thaddée o desejo de se tornar franciscano. Assim, em 7 de abril de 1940, ele entrou no Noviciado e fez profissão temporária em 1941 e a profissão solene em 1944. Em 27 de junho de 1948 foi ordenado sacerdote.

Eu posso dividir esses anos em três etapas. Minha vida franciscana no Canadá (1940-1964), que pode ser resumida em tempo de treinamento, estudos universitários (Roma-Jerusalém) e ensino. Foi um tempo de aprofundamento intelectual e teológico, de perguntas, de tentativas de melhoria. Depois, meu êxodo para a França em 1964. No início, foi a experiência de Taizé, onde morei com outros frades por oito anos. Sucessivamente, aderi à “nova fraternidade” dos Grambois. Essa etapa foi a mais criativa e produtiva da minha vida. As duas experiências permitiram-me criar e viver especificamente algo novo, mais próximo do primitivo ideal franciscano. Durante esses anos, pude aprofundar meus conhecimentos teóricos sobre São Francisco, especialmente seus Escritos, bem como a história da Ordem. Durante esses anos, também comecei a viajar, a escrever e a ter muitos contatos com a Família Franciscana dos cinco continentes. Após o fechamento de Grambois, em 1994, abriu-se um período de amadurecimento e reflexão, buscando publicar os resultados de meus estudos sobre a mensagem escrita de Francisco, uma mensagem em que trabalhei com base no meu treinamento de exegeta e fazendo referência a situações específicas na vida da Ordem. COMUNICAÇÕES

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//ofm 2. O que foi essencial em sua vida e em sua pesquisa?

A frase de São Francisco “Outra coisa não desejemos,/ nem queiramos,/ nem nos alegre,/ senão o nosso Criador,/ Redentor e Salvador,/ o único e verdadeiro Deus / que é o bem pleno,/ o sumo e verdadeiro bem” (Rnb 23,9), sempre me guiou e me ajudou na minha longa vida franciscana. Creio que Deus, o desejo de Deus, tem sido o verdadeiro “centro” da minha longa vida franciscana, seu motor. Da mesma forma, a importante “expressão”: “Observe o santo Evangelho de Jesus Cristo”, acho que foi o coração da minha vocação. Portanto, senti uma grande alegria ao ver ao longo dos anos que muitos outros, na Família Franciscana e em outros lugares, tinham os mesmos “centros” e tentavam vivê-los com alegria e coragem.

3. Como você vê o presente e o futuro de nossa Ordem?

A situação atual da Ordem é conhecida e podemos descrevê-la objetivamente. Quanto ao futuro, eu não sou um profeta! No entanto, eu a vejo imersa em uma crise sau-

dável. Nos últimos cinquenta anos, diminuímos aproximadamente pela metade. Esse declínio parece inexorável e afeta nossa presença em todos os lugares, talvez, com exceção da África e da Ásia. Tudo isso nos obriga a fechar casas, abandonar instituições, fundir Províncias. Quantos seremos daqui a 20 ou 30 anos? No entanto, acredito “na força do Evangelho”. À medida que envelhecemos, diminuímos e tendemos a desaparecer, descobrimos e aprofundamos como quase nunca em nossa história, nossas origens e nossa verdadeira identidade como Irmãos Menores, contemplativos em missão, sujeitos a todos. A crise atual nos obriga, e é uma graça, incorporar e expressar esses valores neste mundo e nesta Igreja, de uma nova maneira, até então desconhecida, mas humilde e modesta. Mesmo se nos tornarmos apenas algumas centenas, nada nos impedirá de irradiar a paz e a alegria do Evangelho. E isso se refere a toda a Família Franciscana: os três ramos dos Frades Menores, as Clarissas, os Religiosos Franciscanos, as numerosas

OFS, homens e mulheres, presentes em todos os lugares para testemunhar juntos a fé no Deus vivo, o Todo-Poderoso Todo-Poderoso e bom senhor! No livro “O projeto evangélico de Francisco de Assis”, Vozes/ CEFEPAL, Petrópolis 1979, p. 80, ele escreve: “A fraternidade não é somente, nem em primeiro lugar, uma escola de perfeição ou uma equipe de trabalho apostólico. Ela tem uma finalidade de ser em si mesma: ser espaço onde os irmãos procuram estabelecer relações verdadeiramente interpessoais. A finalidade de uma fraternidade evangélica é que os irmãos se amem uns aos outros. Ela requer manifestação visível, uma espécie de sacramento da nova situação do homem, a quem o Senhor concedeu em Jesus Cristo, a possibilidade de amar verdadeiramente todos os homens. Os laços que unem entre si os irmãos de uma fraternidade evangélica não são espontâneos como no casal humano. Os irmãos se agrupam para se amarem por causa do Reino de Deus. Querem, desta maneira, manifestar de forma concreta a vocação primeira da Igreja: ser uma comunidade de amor”.

CRB divulga nota de apoio ao Papa Francisco Aos Consagrados e Consagradas e todas as pessoas de boa vontade A Igreja é um corpo, nos ensina São Paulo, neste corpo todos os membros são importantes e, na diversidade, formam a unidade. Nos últimos meses e, sobretudo nestes dias, através das mídias, o querido Papa Francisco vem sendo atacado, caluniado, mal interpretado, chamado de herege e não são poucos os pedidos de cardeais, bispos, cristãos leigos e leigas, que se intitulam guardiães da sã doutrina, que ele renuncie. Nós, Vida Consagrada, assistimos a tudo isto com perplexidade. Este ódio e rancores são frutos do espírito do mal. É a tentação do deserto da indiferença, do egocentrismo e do mundanismo religioso que busca, de todas as formas, derrotar aquele que foi eleito de forma

legítima pelo colégio dos cardeais para o serviço de animação e governo da Igreja Católica. O Papa, seja quem for, legitimamente eleito, é o sucessor de Pedro. Ele tem as chaves para abrir e fechar, no comando da barca de Pedro, os caminhos da Igreja. O Papa Francisco é um servidor do Evangelho, da doutrina e da tradição da Igreja, sempre com a preocupação de apontar os novos horizontes da missão. Em sintonia profunda e consciente com o Concílio Vaticano II, ele resgata hoje os valores de uma Igreja que nunca pode deixar de ser missionária, samaritana, profética, mística e sábia, mesmo que as forças e os ventos contrários queiram mantê-la isolada e fechada numa auto-referência estéril. A Igreja é mãe. E, como toda boa

mãe, ela sai de si mesma para abraçar a todos os filhos e filhas, sobretudo os mais distantes, os que se afastaram e os mais pobres e vulneráveis. Francisco é o Papa para este momento da Igreja e do mundo. Portanto, nós, Vida Religiosa Consagrada, renovamos a ele nossa obediência incondicional e suplicamos ao Bom Deus e à Virgem Maria que o fortaleça na fé, na esperança e caridade. Unamo-nos, firmemente, ao Papa Francisco em nossas preces! Ao Papa o nosso abraço fraterno de irmãos e irmãs. Brasília, 15 de janeiro de 2020 Ir. Maria Inês Vieira Ribeiro, mad Presidente da CRB Nacional


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Ao fundo as ruínas de Aleppo

Frei Firas Lufti e as crianças do projeto “Arte terapêutica”

Frei Firas Lufti: Um franciscano na guerra rei Firas Lufti é sírio, franciscano da Terra Santa, ministro da Região São Paulo, que compreende além da Síria, o Líbano e a Jordânia. Apesar da guerra, ficou na Síria, com a sua gente. Frei Firas conta ao Vatican News os nove anos de violências, de destruição e de morte. E como hoje ajuda as crianças e reencontrar o sorriso. Olhando a televisão, ouvindo o rádio ou lendo os jornais parece que a guerra na Síria terminou. A mídia não fala mais disso, ou fala pouco. E isso o Frei Firas Lufti, franciscano da Terra Santa, mas principalmente sírio, na Síria, lamenta muito. Faz muita questão que se fale, porque ficou todos os anos da guerra no seu país. “É verdade que em algumas regiões os combates cessaram – disse – porém temos que considerar uma realidade: a guerra durou nove anos. Houve uma maciça destruição, casas demolidas, bairros em ruínas, igrejas que precisam de intervenções para a reconstrução… Metade da população, estamos falando de 23 milhões antes da guerra, não existe mais, entre mortos, refugiados e deslocados”. Assim, o frei descreve a atual situação do seu país, onde a vida é muito difícil. Demografia e economia foram postas de joelhos. Os jovens foram embora. Crianças e mulheres, que ficaram ou os que estão em campos refugiados sofrem

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de profundos traumas psicológicos. As sanções econômicas, o embargo “que o Ocidente infelizmente continua contra a Síria, pensando em atingir os responsáveis pela guerra”, na realidade, atingem as pessoas normais, os inocentes, as crianças e os mais pobres. Portanto, atualmente é uma luta pela sobrevivência, contra a pobreza. Frei Firas vê ao seu redor uma grande desolação, mesmo se grande parte do território já não têm mais os jihadistas “vindos de todas as partes do mundo, de mais de 60 nações”. Os últimos fundamentalistas estão reunidos na região de Idlib, última fortaleza. “São estrangeiros indesejados em seus países de origem que não desejam mais a sua presença”. A análise do franciscano é fria: “Infelizmente, a guerra na Síria tornou-se objeto de muitos interesses internacionais. Não é mais uma luta contra um regime, não é mais uma luta por uma democracia, pela liberdade da palavra, de consciência, mas é uma guerra internacional que envolve russos, americanos, europeus e também o Irã, a Turquia e os países do Golfo, cada um com seus aliados”. Para Frei Firas, esta guerra pode ser chamada também de “tsunami”, porque devasta tudo. “A Síria ainda continua a sangrar”, declara com os olhos lacrimejantes. Espera a salvação, ou seja, a intervenção de pessoas sábias que decidam programar de uma vez por

todas a paz. Recentemente, um jovem lhe dizia que não tinha mais força para combater, para lutar. Que não vivia, mas sobrevivia sem nem mesmo ousar levantar o olhar para o horizonte.

Em busca de soluções

Como Igreja e como franciscano, Frei Firas nunca se resignou. Claro, em alguns momentos parecia que tudo tinha se acabado, e que nada mais se poderia fazer. Mas um coração franciscano não pode abandonar tudo. Então começou a procurar possíveis soluções. “Como fazer para ajudar o meu povo?, perguntou-se inúmeras vezes. A comunidade franciscana mundial já fazia muitas coisas. Graças à solidariedade, também graças a muitos benfeitores, pode-se distribuir alimentos e água potável, porque na guerra, com frequência, é a primeira coisa cruel que falta. Mas também foi distribuído dinheiro para financiar micro projetos, para ajudar jovens casais a darem os primeiros passos e construir uma família. “Estes projetos são testemunhos de que o Senhor dá e continua a dar”. Ao lado deste drama, desta tragédia, Frei Firas tocou com a mão a presença de Deus de maneira magnífica, e a Igreja sempre esteve ao lado por povo sofredor. Alguns pastores, sob a pressão incessante da guerra, tiveram que ir embora COMUNICAÇÕES

FEVEREIRO DE 2020

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//ofm porém a maioria, os bispos, sacerdotes e muitas ordens religiosas decidiram ficar na Síria. E cita como exemplo dois dos seus companheiros franciscanos que hoje moram no Norte, na região próxima da fronteira com a Turquia, a poucos passos de Antioquia, a famosa e histórica Antioquia. “Eles vivem sob o controle dos jihadistas e não do regime do presidente Assad. E o que fazem ali? Estão cuidando do pequeno rebanho dos cristãos que ficou”. Junto com os dois religiosos há 200 cristãos que carregam, no seu DNA, o cristianismo, mas também suportam os sofrimentos para levar adiante uma presença concreta, histórica, de todo o patrimônio cristão de 2 mil anos de história em Antioquia onde, pela primeira vez, os cristãos tomaram o digno nome de “seguidores de Cristo”. Ainda hoje, apesar das mil dificuldades, estão ali, ao lado destes dois frades franciscanos da Custódia da Terra Santa, para continuar a testemunhar o amor de Cristo, terno, misericordioso, piedoso para com o pequeno rebanho.

Rever um sorriso no rosto das crianças

Estão sendo realizados dois projetos para as crianças da Síria. Um na cidade de Aleppo, onde Frei Firas morou durante a guerra. O projeto chama-se “Arte terapêutica”. Por trás desta denominação, há uma equipe de pessoas e especialistas que fazem o possível para ajudar as crianças a se recuperarem do trauma psicológico que os abalou profundamente. O franciscano explica. “Trata-se de um grande centro onde há música, esporte, natação, conseguimos construir uma bela piscina porque durante a guerra não podiam brincar, sair de casa, estudar, porque poderiam ser mortos”. No último verão, cerca de mil jovens COMUNICAÇÕES 134 FEVEREIRO DE 2020

frequentaram o centro. A todos eles, os funcionários do centro e os psicólogos tentaram ajudar a encontrar um sentido profundo para suas vidas e sua existência. Existe também um outro projeto muito interessante. “Na parte Leste de Aleppo viviam e vivem apenas muçulmanos”. Assim começa a descrição de Frei Firas. “Durante a guerra suas terras foram ocupadas pelos jihadistas, que os maltratavam, as mulheres foram violentadas, as crianças massacradas… As crianças viram cenas dramáticas de

decapitação e maltratamentos feito por fanáticos”. Em seguida, fala dos casamentos mais ou menos forçados de jihadistas com mulheres sírias e de crianças que nasceram destas uniões, cuja existência não é oficial. São crianças sem registro de nascimento. Estão ali, fisicamente em vida, mas juridicamente inexistentes. Em 2017, os jihadistas abandonaram Aleppo, e a situação que Frei Firas encontrou era terrível: “Crianças de 4-5 anos que moram com a mãe ou a avó porque os pais morreram. Alguns deles foram abandonados ao seu destino e nunca frequentaram escola. Sem falar do drama psicológico e do acúmulo de medos, de terror que foram submetidos durante os combates”. Foram criados dois centros que recebem cada um 500 meninos e meninas dos 3-4 anos até os 16 anos. E foi aumentado o programa que já existia em seu convento, o Colégio “Terre Sainte” em Aleppo. O sacerdote franciscano faz questão de sublinhar que os dois centros

nascem de uma amizade com o mundo muçulmano: “O mufti de Aleppo é um nosso caríssimo amigo – explica – e junto com o bispo vigário apostólico dos latinos, da comunidade latina da Síria, nasceu uma grande amizade, antes e durante a guerra. Portanto um primeiro fruto foi a estreita colaboração para salvar a inocência destas crianças”. Este projeto, esta colaboração com os muçulmanos, tem um grande significado para o Frei Firas. Demonstra a possibilidade de dar um sentido à vida, um sentido profundo, um sentido à existência e que nunca é tarde para agir e fazer o bem. E acrescenta: “O diálogo não se faz apenas ao redor de uma mesa, mas trabalhando juntos, lado a lado, coração a coração. É dali que nasce a verdadeira reconstrução da Síria que acontecerá no tempo, pode ser que sejam necessários 30, 50 anos, mas a verdadeira reconstrução não nasce dos tijolos, mas da reconstrução do homem, do humano dentro de nós”.

A Síria como missão

Quando se pergunta aoFfrei Firas por que ficou na Síria, responde deste modo: “Porque sim, porque sou franciscano, crente e quando o Senhor me criou foi para uma missão, para ser o seu rosto, os seus braços, as suas pernas que levam o anúncio, a ternura e a misericórdia de Deus”. Frei Firas foi “chamado” por Deus para viver a realidade, mesmo dramática, da “sua” Síria. O seu “sim” à existência é um “sim” motivado e convicto que o sustenta na superação das dificuldades. Hoje, na Síria, todos os dias se sofre e se morre. E assim conclui: “É exatamente como o grão de trigo: se não morre, fica sozinho; mas se, ao contrário, morre, produz muitos frutos, como diz Jesus no Evangelho”.


FRATRUMGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!

CARAS E BOCAS PIEDOSO

Frei Vanderlei se empolga na pregação do Tríduo de Frei Gabriel!

VESTIÇÃO

Frei Giba: arrumando cabelo pra foto!

Frei Balestrin fica assim quando volta ao Noviciado!

FRATERNIDADE Frei Gabriel recebe seus “confradinhos” de Pato Branco

NADA DE CARA FEIA! Todo mundo sorrindo! É selfie com o Provincial...

PASSEIO FRATERNO PROVAÇÃO COMPLETA

Professos recebem os Escritos! 1.996 páginas para lerem nas férias!

MISSAL 1 a 0! A gente chega lá!

Provincial com os “antonianos”!

VIRADA SÃO-PAULINA Frei Germano não perde a fé


agenda2020

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

As alterações e acréscimos estão destacados em laranja.

FEVEREIRO

JUNHO

30 a 02

09

Admissão dos Postulantes - Angola

Reunião do Definitório Provincial;

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

11 a 13

Reunião do Definitório Provincial (Sede Provincial);

JULHO

31 a 02

Caminhada Franciscana da Juventude (CFJ) – Vila Velha (ES)

Diocese de Joaçaba - SC

12

Encontro com os coordenadores atuais dos Regionais (São Paulo – S. Francisco);

AGOSTO

17 a 21

Encontro da CFMB (Salvador, BA);

15

SETEMBRO

Ordenação de Fre Evaldo Ludwig - Xaxim - SC;

01 a 03

Reunião do Definitório Provincial;

MARÇO

21 a 26

04

Conselho de Evangelização – Sede Provincial - São Paulo, SP

08

Assembleia da UCLAF (Divinópolis, MG);

30ª CAMINHADA PENITENCIAL FREI BRUNO Joaçaba - 8 de março de 2020

30ª Romaria Frei Bruno (Joaçaba);

09 a 11

20 e 21

Encontro do Regional de São Paulo – Largo São Francisco, SP

Encontro da Frente da Educação ( frades) - Bragança, SP;

09 a 11

Encontro da Formação Inicial (Rondinha);

Encontro do Regional do Planalto e Oeste Catarinenses e Sudoeste do Paraná – Piratuba ou Curitibanos, SC

16 a 18

22 a 24 23 a 25

Encontro do Regional do Rio de Janeiro – Sagrado, Petrópolis, RJ

Encontro do Regional do Leste Catarinense e Vale do Itajaí – Vila Itoupava, SC.

23 a 25

16 a 18

24 e 25

Encontro do Regional de Curitiba – Rondinha, PR

Encontro do Regional do Espírito Santo – Vila Velha, ES

Assembleia do SAV (Rondinha);

30 a 03 Encontro da CFMB (Franca, SP);

ABRIL

20 450ª Festa de N. Sra. da Penha (Vila Velha);

28 e 29

OUTUBRO

11

50 anos da Paróquia Santo Antônio Sorocaba, SP

15 a 18

Congresso de Evangelização da CFMB (São Paulo)

31 a 01

Alverne – Concórdia (SC)

NOVEMBRO

16 a 18

Reunião do Definitório Provincial;

Reunião dos guardiães e coordenadores (Agudos);

30 e 01 Reunião do Definitório Provincial (Agudos);

MAIO

01 a 29

2021

Capítulo Geral da Ordem (Manila – Filipinas);


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