RE V IS TA
PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL
JANEIRO DE 2021 | ANO LXIX | Nº 01
SUMÁRIO
ORDENAÇÃO PRESBITERAL
FRATERNIDADES
D. GREGÓRIO INDICA O ITINERÁRIO AOS NOVE DIÁCONOS ORDENADOS:
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ORDENAÇÃO DIACONAL 12 D. GREGÓRIO InDICA O ITINERÁRIO AOS NOVE DIÁCONOS ORDENADOS: SERVIÇO!
MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL o futuro com esperança”, 03 “Abraçar Frei Gustavo Wayand Medella é ousada!”, 05 “Acartaesperança dos Ministros Gerais
FORMAÇÃO PERMANENTE profético: desafio da Campanha 08 “Diálogo da Fraternidade Ecumênica de 2021”, Dom Joel Portella Amado
FORMAÇÃO E ESTUDOS Gregório indica o itinerário aos nove 12 D.diáconos ordenados: serviço! Admissão, Primeira Profissão 20 FIMDA: e Jubileus em Quibala Profissão em Rodeio: 26 Primeira “Seguindo a inspiração que vem de Deus” Provincial acolhe os 30 Ministro noviços deste ano
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Leste Catarinense e Vale do Itajaí 32 Regional realiza seu encontro on-line da Penha 2021 manterá formato 33 Festa virtual e interativo César, Frei José e Frei José Lino 34 Freicelebram seus jubileus em Ituporanga Florianópolis, Frei José Lino 36 Emcelebra 50 anos de sacerdócio e Frei Djalmo celebram 38 FreijubileusClarêncio na Epifania do Senhor entrega à Diocese de Santos 40 Província o cuidado pastoral do Santuário do Valongo e da Paróquia da Assunção
EVANGELIZAÇÃO
com Pe. Patriky Batista: 44 Entrevista “A CF precisa começar em nós” apresentam 46 Canarinhos o “Especial de Natal” de Natal encerra atividades 47 Missa da Pastoral Universitária da USF Bom Jesus N. Sr.ª de Lourdes 48 Colégio é Escola de Referência Google
CFFB
Carlos é nomeado bispo auxiliar 49 Freida Arquidiocese de São Paulo escreve sobre 50 Freios 800AlmiranosGuimarães do “Memoriale Propositi”
FALECIMENTOS
52 54 55
Frei Olavo Seifert Frei Juvenal Sansão
AGENDA
MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL
ABRAÇAR O FUTURO COM
A
braço, futuro e esperança são palavras que facilmente se tornam “lugar comum”, uma espécie de clichê que pode significar muita coisa ou nada. Apesar do risco que trazem consigo, no entanto, são expressões que não podem faltar na caminhada de um frade menor. Como seguidores de Francisco, somos, sim, homens do abraço (abraço ao leproso), do futuro, também entendido como um constante recomeço (“Irmãos, comecemos!”), e da esperança firme que depositamos no “Altíssimo e Glorioso Deus”.
E o futuro, abraçado com esperança, permite-nos vislumbrar, neste ano que se inicia, um tempo de oportunidades:
- Oportunidade de reencantar nossa consagração A Ordenação Diaconal, em Petrópolis, as celebrações de Admissão e Primeira Profissão, no Brasil e Angola, e os jubileus de muitos confrades em diferentes pontos de nossa Província representam esta chance feliz de redescobrirmos a beleza e a relevância de nossa opção primeira. JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 3
MENSAGEM
- Oportunidade de redescobrir a força e a importância do diálogo Em todos os âmbitos de nossa vida, do fraterno ao pastoral, do afetivo ao emocional, na formação continuada, a postura dialogal se faz inerente a um processo de amadurecimento constante, gradual e saudável. A Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, é um convite ao aprimoramento desta prática, que também é destacada pelo Papa Francisco de modo especial no Capítulo VI da Encíclica Fratelli Tutti. Para provocar nossa reflexão em torno da temática, reproduzimos, como material da Formação Permanente, o artigo “Diálogo profético: desafio da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021, de Dom Joel Portella Amado, Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro e Secretário da CNBB, publicado originalmente na edição de janeiro-fevereiro da Revista Vida Pastoral.
- Oportunidade de rever nossa caminhada, vida e missão Estamos em ano capitular. A visita canônica de nosso Ministro Provincial, Frei César Külkamp, já começou em Angola e, por este motivo, recebi o encargo de lhes escrever esta breve mensagem. Será período de revisão do nosso Plano de Evangelização, tarefa que, para ser exitosa, depende fundamentalmente do empenho e da participação de todos. Estaremos também em sintonia com o Capítulo Geral da Ordem, a ser celebrado neste ano, com o tema “Renovemos nossa visão. Abracemos nosso futuro”. Deixemo-nos provocar por este tempo de revisão e reenvio em missão.
- Oportunidade de curar as feridas A descoberta em tempo recorde da vacina para a infecção do novo coronavírus de fato tem soado como Boa Nova de vida e salvação para a humanidade. No entanto, a pandemia deixou marcas de sofrimento, em nossas fraternidades, famílias e presenças evangelizadoras. Perdemos confrades, familiares, amigos, paroquianos e colaboradores para esta dramática pandemia e a situação permanece grave. Por isso, a dinâmica do máximo cuidado continua em pleno vigor, exigindo, de nossa parte, um testemunho enga-
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jado na promoção da cura, da vida, do esclarecimento, da solidariedade e da esperança.
- Oportunidade de reforçarmos nossos laços de Família Alegra-nos podermos celebrar em 2021, com os irmãos e as irmãs da Ordem Franciscana Secular o jubileu dos 800 anos de aprovação da Primeira Regra da OFS. Estaremos em comunhão orante e celebrativa.
- Oportunidade de prosseguir no redimensionamento Até o fim deste mês de janeiro, com entrega da Paróquia da Imaculada Conceição, em Angelina, SC, e da Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Navio), em Lages, SC, teremos cumprido a tarefa dada pelo último Capítulo de deixarmos algumas presenças para abraçar as que mantemos com maior qualidade e assumirmos novos desafios. Não foram despedidas fáceis e tivemos a graça de perceber o quanto fomos e somos estimados nos lugares por onde passamos. A todas estas igrejas particulares e comunidades de fé, nossa imensa gratidão. A presença no Santuário Arquidiocesano de Frei Galvão, em Guaratinguetá, SP, está se consolidando e com boas perspectivas. Segue em estudo a proposta da abertura da Fraternidade do Eremitério Frei Egídio, em Rodeio, SC. Redimensionar a vida e missão é uma atitude que ultrapassa o cumprimento de tarefas. Trata-se de um desejo contínuo de nos mantermos fiéis ao compromisso evangélico que rege e dirige a nossa vocação de Irmãos Menores. São apenas algumas oportunidades de muitas outras que certamente o Senhor, em sua generosidade, colocará em nossos caminhos no ano que se inicia. Parafraseando o saudoso confrade, Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, que cunhou a famosa expressão “de esperança em esperança”, neste ano de 2021, é “de oportunidade em oportunidade” que desejamos caminhar. Excelente ano, com votos eloquentes de Paz e Bem! FREI GUSTAVO WAYAND MEDELLA VIGÁRIO PROVINCIAL
MENSAGEM
O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para os que habitavam as sombras da morte, uma luz resplandeceu (Is 9,1) A todos os irmãos e irmãs da Família Franciscana,
C
aríssimos irmãos e irmãs de toda a Família Franciscana, o Senhor lhes dê a paz!
A luminosidade e a musicalidade são duas das várias componentes da gramática natalícia. Tomás de Celano, narrando o Natal de Greccio, fala de uma noite que “ficou clara como o dia: era um encanto para os homens e para os animais”. Nesta noite, “o povo foi chegando e se alegrou com o mistério renovado em uma alegria toda nova. O bosque ressoava com as vozes que ecoavam nos morros. Os frades cantavam, dando os devidos louvores ao Senhor e a noite inteira se rejubilava” (cf. 1Cel 85). Como representantes da grande Família Franciscana internacional, enquanto já vislumbramos a Luz que vem do Alto, propomos-lhes, em linguagem musical, uma reflexão sobre a bela sonoridade da Encíclica Fratelli Tutti.
1. EM NOTAÇÃO MUSICAL 1.1. Uma nova partitura Estamos terminando de navegar o Advento, e o Natal já está ao horizonte! Faltam poucos
dias para o fim de 2020, mas desde já podemos dizer que foi um ano muito especial. Parece que vivemos nestes últimos meses as experiências que bastariam por uma década inteira. O vírus, as mudanças políticas, os protestos em vários países, as tensões, as guerras, o desprezo, o descarte, o caos das informações – experimentamos que o mundo se tornou mais tenebroso e, devido também aos vários lockdowns, mais fechado (cf. Francisco, Fratelli tutti [=FT], cap. I: As sombras de um mundo fechado, nn. 9-55). E, justamente neste momento histórico, recebemos do Papa Francisco a Encíclica Fratelli tutti, em que ele compartilha o desejo de ter a coragem de sonhar, de aspirar a uma família humana unida, um abraço global entre irmãos e irmãs, “filhos desta mesma terra que nos alberga a todos” (FT n. 8). O Papa introduz a Fratelli tutti com a referência específica ao amor fraterno vivido e promovido por Frei Francisco, o amor para com os próximos e distantes; o amor, também para com as criaturas do Senhor, mas, em primeiro lugar, para com “os que eram da sua mesma carne” (FT n. 2), e, entre eles, para com os pobres e últimos.
O Santo Padre recorda também o sentido profundo da histórica e humilde visita de Frei Francisco ao Sultão Al-Malik Al-Kamil, no Egito. O Pobrezinho de Assis o encontrou como irmão, como pessoa que tem o “coração sem fronteiras, capaz de superar as distâncias de proveniência, nacionalidade, cor ou religião” (FT n. 3). O Papa Francisco confessa que justamente São Francisco é um grande comunicador do amor de Deus e “um pai fecundo que suscitou o sonho de uma sociedade fraterna”; foi esta a motivação principal para escrever a nova Encíclica (FT n. 4). Assim, com maior razão, deveria se tornar a motivação também para nós, membros da Família Franciscana! Queremos dizer ainda mais... Nós, Ministros Gerais da Família Franciscana, estivemos em Assis e estávamos lá, em 3 de outubro, junto à Tumba de São Francisco, enquanto o Papa Francisco celebrava a Santa Missa e assinava a sua carta! Pudemos saudar o Santo Padre em nome de todos. Nessa oportunidade que a Providência nos deu, vimos um convite especial dirigido a toda a Família, in primis, a nós, Ministros. É um convite a levar a Fratelli tutti e suas indicações a sério, como
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dom e encargo que o Papa nos dá neste 2020, como uma motivação que vem de São Francisco por meio do Papa Francisco, como uma nova partitura para aprender, exercitar e executar na grande ópera da história. 1.2. Várias notas no acorde da esperança O Papa Francisco é realista, e não hesita em chamar as coisas pelo nome. Analisando a situação na qual se encontra o mundo atual (FT nn. 9-55), fala das “sombras densas que não se devem ignorar” (FT n. 54). Mas não para aí. Qual é a resposta que dá a estes sofrimentos que a humanidade inteira experimenta? A esperança! E o que é a esperança? É algo que nos fala “de uma sede, de uma aspiração, de um anseio de plenitude, de vida bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche o coração e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e o amor...”. É uma realidade que “é ousada, sabe olhar para além das comodidades pessoais, das pequenas seguranças e compensações que reduzem o horizonte, para se abrir aos grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna” (FT n. 55). Mas de onde se toma a esperança? A resposta espontânea provavelmente é a seguinte: é preciso buscá-la em Deus. E é realmente assim. A fonte da esperança e da alegria é Deus e o seu Evangelho. O Papa Francisco já o recordara na Evangelii Gaudium, quando enfatizava que a verdadeira alegria nasce dentro do vínculo entre Deus e o homem, entre o cristão e Jesus Cristo (Evangelii Gaudium nn. 1-8). Esta é a primeira nota do acorde de esperança – descobrir-se filhos de Deus e seus amigos. Toda ação, toda solidariedade, toda amizade social, tem base nesta descoberta, porque se somos filhos do mesmo Pai, isto significa que vivemos em meio a irmãos e irmãs. E não se está indiferente perante o irmão e a irmã. Na Fratelli tutti, recorda-se justamente isto: a esperança não é algo que se adquire sozinhos e vivendo sós, independentemente dos demais. Não, a esperança é construída juntos, redescobrindo-se irmãos e irmãs. Eis a segunda nota
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do acorde – descobrir que não se está isolado, que os outros existem, que todos somos interligados e necessários e “ninguém se salva sozinho” (FT n. 54). E, dado que vivemos neste planeta e neste momento específico da história, a nossa esperança se refere também à nossa habitação: a terra. O Papa Francisco, na Laudato si’ [=LS], após afirmar que “há uma grande deterioração da nossa casa comum”, convida a ter esperança, pois ela “convida-nos a reconhecer que sempre há uma saída, sempre podemos mudar de rumo, sempre podemos fazer alguma coisa para resolver os problemas” (LS n. 61). A terceira nota da esperança tem, portanto, o gosto da água fresca, cheira a ar limpo dos bosques incontaminados e tem o som da floresta tropical cheia do canto de milhares de pássaros. E esta nota completa um acorde da esperança, que não soaria bem se fosse manco, se lhe faltasse uma das três notas.
2. EM CONCERTO 2.1. Os primeiros compassos – relação e encontro A Laudato si’ perguntava que mundo queremos para o futuro, qual planeta queremos; a Fratelli tutti nos interpela sobre quais relações queremos para o futuro. As intuições da Fratelli tutti convidam a descobrir e nutrir a esperança para o mundo em que “tudo é aberto” (cf. FT cap. III: Pensar e gerar um mundo aberto nn. 87-127), e certamente põem questões também sobre a nossa identidade, sobre a missão, e, de consequência, também sobre a formação. Trazendo estas perguntas para dentro da Família Franciscana, podemos nos perguntar: nós, Franciscanos e Franciscanas, qual mundo franciscano futuro, quais valores, estilo e pensamento, desejamos transmitir àqueles que virão depois de nós? E, sobretudo, que tipo de relações queremos dentro do nosso mundo franciscano? E, enfim, queremos que este nosso mundo franciscano seja acessível e aberto a todos? A Laudato si’ dizia que o mundo é uma rede de relações (é preciso recordar que a “relação”
é uma das principais categorias franciscanas), onde tudo está interligado (cf. LS n. 117); a Fratelli tutti diz que esta rede de relações infelizmente está se deteriorando; que a ameaça é o isolamento; mas também propõe a cura e reafirma que a esperança se encontra na cultura do encontro (cf. FT n. 30). Como gerar a cultura do encontro? O Papa Francisco recorda que “toda mudança tem necessidade de motivações e de um caminho educativo” (LS n. 15), e que deve ser organizado de tal modo que se possa inspirar “tesouro da experiência espiritual cristã” (LS n. 15), e, podemos acrescentar, também franciscana. Reconhecemos, assim, a necessidade de tomar em consideração, em cada nossa ratio formationis e em cada nossa ratio studiorum, o tema de uma específica e clara formação humana, social e “ambiental” baseada nestas convicções do Papa. Parece haver a necessidade de se perguntar como inserir dentro de nossos percursos formativos uma grande pergunta sobre como favorecer a cultura do encontro. Pois é a proximidade que salva, e salva não apenas o homem, mas também a sua casa, a terra. 2.2. O s compassos antecedentes – atenção e diálogo Comentando a parábola do bom Samaritano, o Papa Francisco nos recordou que “estamos todos muito concentrados nas nossas necessidades” (FT n. 65) e, portanto, corremos o risco de nos colocarmos na categoria do sacerdote e do levita, indiferentes ao “homem ferido, estendido por terra no caminho, que fora assaltado” (FT n. 63). Para medir o nível da nossa atenção para com os outros, podemos nos perguntar se “ver alguém que está mal incomoda-nos, perturba-nos, porque não queremos perder tempo por culpa dos problemas alheios” (FT n. 65). Um dos votos a se desejar, e não apenas para este tempo de Natal, é para que se tenha mais coragem em assumir “o modelo do bom samaritano” (FT n. 66) e que se faça “ressurgir a nossa vocação de cidadãos do próprio país e do mundo inteiro, construtores de um novo vínculo social” (FT n.
MENSAGEM
66). De fato, “qualquer outra opção deixamos ou com os salteadores ou com os que passam ao largo, sem se compadecer com o sofrimento do ferido na estrada” (FT n. 67). Com estes votos, surge outra pergunta: como podemos ser ainda mais criativos e não nos abandonarmos a “constituir uma sociedade de exclusão”, mas assumir “como própria a fragilidade dos outros” (FT n. 67)? Como podemos ser mais atentos ao próximo? Como sermos ainda mais ousados em nos fazermos próximos dos últimos (cf. FT nn. 233-235)? O Papa Francisco, falando da fonte de inspiração para a sua Encíclica Laudato si’, indica, além de São Francisco, o “amado Patriarca Ecumênico Bartolomeu” (LS n. 7). Falando da fonte de inspiração para a Fratelli tutti, confessa que achou de grande estímulo o Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb (cf. FT n. 29). Com isso, oferece um exemplo concreto e relevante do diálogo que os cristãos, a partir da sua identidade irrenunciável (cf. FT n. 3), são chamados a buscar “com todas as pessoas de boa vontade” (FT n. 6). Como irmãos e irmãs franciscanos, já estamos envolvidos neste diálogo em diversos lugares e maneiras; mas talvez possamos nos perguntar como incrementar os espaços de diálogo e encontro com todas as pessoas e, especialmente, com quem não compartilha da nossa fé, mas que frequentemente mora e trabalha ao nosso lado. São Francisco deixou algumas indicações práticas – pode-se começar com uma saudação: O Senhor te dê a paz! (cf. TestF 23). Porque, para saudar alguém deste modo, primeiro é preciso “vê-lo”. E depois, uma saudação é o prólogo do diálogo! Recordemos, porém, que a saudação de São Francisco é dirigida a todos, na mesma medida e com a mesma gentileza (cf. também FT, nn. 222-224)! Sem exceções, pois em cada um reconhecia uma irmã ou um irmão, e sabia que no coração de Deus não há filhos de segunda categoria! 2.3. Na escola de música Recebemos do Papa Francisco uma nova partitura para aprender. O trecho parece com-
plicado, mas sabemos que todos os trechos parecem complicados no início. Nota após nota, compasso após compasso, gradativamente se chega a adquirir a capacidade de uma boa execução. O novo trecho narra o sonho de um mundo aberto, de um mundo onde reina o encontro, onde são possíveis novos estilos de vida, novos modos de olhar e pensar. Os responsáveis pela execução deste trecho também somos nós; portanto, é necessário gerar processos internos (ad intra da Ordem, por exemplo, na formação) e extra (em nosso serviço ao mundo), processos que podem ajudar a entrar na lógica da música escondida na partitura da Fratelli tutti. Onde aprender as notas deste novo trecho musical? O tempo do Natal vem em nosso auxílio e convida a frequentar uma melhor escola de música. São Francisco atesta que o Natal é o melhor tempo para se exercitar, pois: “Naquele dia concedeu o Senhor sua misericórdia, e de noite ressoou o seu louvor” (cf. cf. OfP S15). Eis que, em Belém, acontece um encontro. É Deus mesmo quem contribui à cultura do encontro e se faz próximo: um de nós. Instaura um diálogo, de início, sem palavras, estabelecido apenas com os olhares – (devia ser impressionante – e com certeza o experimentou Maria de Nazaré! – olhar, pela primeira vez desde a criação do mundo, os olhos de Deus!) – Deus, na festa do Natal, presenteia-nos o Seu rosto, porque “ninguém pode experimentar o valor de viver, sem rostos concretos a quem amar” (FT n. 87). É o primeiro a ensinar como viver um estilo de vida profético e contemplativo, capaz de alegrar profundamente sem sermos obcecados pelo consumo. Eis a fonte da nossa identidade; eis onde aprender o que significa vir ao encontro de quem está distante e é totalmente diferente. A formação começa aqui: da contemplação do rosto de Jesus Cristo, envolto em faixas, beijado por Maria de Nazaré e abraçado por José. É sobre este rosto que podemos ler que Deus é amor (1Jo 4,16); o Amor que não sabe outra coisa a não ser doar-se plenamente e, consciente da nossa necessidade de salvação, veio ao nosso encontro. O “santíssimo
menino amado nos foi dado, e nasceu por nós no caminho e foi posto num presépio” (cf. OfP S 15), é a Palavra por meio da qual o Pai renova o diálogo com a humanidade inteira; a Palavra que, para dialogar, fez-se carne e veio morar entre nós (Jo 1,14). Eis onde está a fonte da esperança! É lá onde está Deus e, ao mesmo tempo, é lá onde estão os irmãos e as irmãs: foi Ele quem veio, e veio a morar justamente entre nós. Também nós, Ministros Gerais da Família Franciscana, queremos contribuir para escrever a nova partitura no acorde da esperança, da relação e do encontro, da atenção e do diálogo, na escola de Deus: o “menino de Belém” (cf. 1Cel 86). Fazemo-lo com a nota de juntos desejar-lhes votos de feliz Natal: desejamos em uníssono a todos, neste Natal tão especial, que tenham a ousadia de querer sentir sempre, em qualquer lugar, em cada circunstância, com todos os irmãos e irmãs, o canto dos anjos que proclamam: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos homens – todos! – por ele amados!” (cf. Lc 2,14). CARTA DE NATAL DOS MINISTROS GERAIS FRANCISCANOS Assis, 25 de dezembro de 2020. Deborah Lockwood OSF Presidente IFC-TOR Michael Anthony Perry OFM Ministro Geral Carlos Alberto Trovarelli OFMConv Ministro Geral Presidente de turno da Conferência da Família Franciscana Tibor Kauser OFS Ministro Geral Roberto Genuin OFMCap Ministro Geral Amando Trujillo Cano TOR Ministro Geral JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 7
FORMAÇÃO PERMANENTE
Diálogo profético: desafio da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021
Por D. Joel Portella Amado
Introdução Com o tema “Fraternidade e diálogo”, a Campanha da Fraternidade de 2021 se insere no que, a partir dos desafios brotados da pandemia, se tem convencionado chamar de “novo futuro”. Discernido antes dos impactos causados pelo coronavírus, o tema “diálogo” tem mostrado importância cada vez maior, na medida em que indica o caminho para a superação de um conjunto de crises que envolvem o Brasil e o mundo. Trata-se de campanha planejada e realizada ecumenicamente, sob a coordenação do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic). Esta é a quinta vez que a CF é assim realizada. Em direta continuidade com as campanhas mais recentes, o tema da CFE2021 chama a atenção para um aspecto de vital importância para nossos dias, uma atitude que deve recuperar os primeiros lugares nas listas de preocupações. Com o risco de ser mal compreendido, o diálogo, ao revelar o mais profundo do ser humano, pede espaço para ser objeto de reflexão e oração, gerando, em consequência, práticas e estruturas que se alimentam do diálogo e o sustentam.
1. Em linha de continuidade Com quase seis décadas de existência, a CF é um convite à conversão por meio de uma pedagogia que já se consolidou. Mostra uma situação específica e, a partir dela, questionando causas e efeitos, ajuda a chegar à raiz mais profunda, que é o pecado. É por isso que a CF tem abordado temas à primeira vista tão diferentes, como participação paroquial (1970), temas ecológicos (1979, 2004 e 2017), família (1994), segurança pública (2009) e juventude (1992). São abordagens escolhidas com base em situações que marcam a vida do povo brasileiro. Algumas, é verdade, acabam adquirindo abrangência maior. Outras, embora deem a impressão de regionalidade, visam interpelar o conjunto da sociedade brasileira. O tema “diálogo” se encontra em linha direta de continuidade com a CF anterior. Em 2020, a reflexão proposta nos convidou a encontrar caminhos para superar a lógica da indiferença e construir relações pessoais e sociais baseadas no cuidado, expressando o fato de que, queiramos ou não, somos estruturalmente corresponsáveis uns pelos outros. Quando, por exemplo, em 2014, a CF nos apresentava o tema do tráfico humano, éramos indagados a
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respeito de um mundo que, de tanto desconsiderar o ser humano, acaba por transformá-lo em mercadoria, num sistema de hedionda escravidão. Por isso, em 2015, diante do risco de não percebermos a responsabilidade humanitária inerente à fé, refletimos sobre o compromisso sociotransformador, o qual diz respeito às pessoas (2018) e, numa visão integrada, ao meio ambiente (2016 e 2017). Não há, pois, como desconsiderar a continuidade entre os temas, de modo que o tema de uma CF se torna mais acessível quando recordamos os temas anteriores, especialmente os mais próximos.
2. Cuidar implica dialogar Foi, portanto, nessa linha de continuidade que a CF-2020 apresentou o tema do cuidado. Com inspiração em Santa Dulce dos Pobres, então recentemente canonizada, e tendo como base a ecologia integral, apre-
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sentada pelo Papa Francisco na Laudato Si’, aquela campanha pode ter deixado a impressão de que não estava abordando um tema específico, um desafio concreto, como, em outros temas, era fácil de perceber. É possível entender mais facilmente a concretude, por exemplo, do tema “juventude” (1992 e 2013) do que dos temas “cuidado” e “diálogo”, que podem dar a impressão de serem abstratos, desconectados da vida. Por isso, é tão importante não esquecer a conexão entre os temas. Em cada um deles, o cuidado se faz presente, enquanto autêntico empenho para que a vida, em todas as suas instâncias, seja preservada. Cuidar, vimos na CF-2020, implica reconhecer a existência do outro, da outra, de todos os outros e da casa comum. Significa voltar-se para esse outro com reverência e acolhida, olhando-lhe as vulnerabilidades e ajudando a emergir, do meio de situações tristes e degradantes, a dignidade que lhe é inerente, ainda que agredida, desrespeitada. Cuidar não se restringe, bem sabemos, à dimensão material. Embora indispensável, essa dimensão não é a única. Cuida-se, por exemplo, do faminto dando-lhe o alimento para sanar de imediato sua fome, ajudando-o a conseguir, por seu próprio esforço, sustento para si e seus familiares e não deixando morrer a indagação pelos motivos da fome. No entanto, cuidar implica também doar o ouvido, o coração e a mente para realizar uma das atitudes mais humanas e indispensáveis em todos os tempos, principalmente em períodos históricos como o atual: a escuta, o mergulho no horizonte existencial da outra pessoa, buscando compreender o modo como ela sente a vida, avalia o mundo, percebe a realidade. Desse encontro profundamente interpessoal, emergem perspectivas novas, purificadas de preconceitos, de miopias socioculturais, que só permitem enxergar o que está no restrito círculo da vida que se leva. O pecado destrói a vida, e cuidar da vida implica voltar-se a ela, permitindo-lhe recuperar não apenas sua dimensão material, mas também toda a abrangência do que significa dignidade humana.
3. Diálogo é mais que conversa Dialogar não é apenas estabelecer conversa. Esta pode ser uma atividade desenvolvida por duas pessoas sem que, todavia, ocorra o efetivo abrir-se à alteridade, ou seja, ao outro e à outra como diferentes de mim. O diálogo se inicia, sem dúvida, pelo ato de conversar, pois, se nem ao menos nos dirigimos às outras pessoas, se não as escutamos nem compartilhamos com elas um pouco do que pensamos e sentimos, não daremos o passo para o verdadeiro diálogo. Conversamos sobre coisas. Dialogamos sobre nós e sobre o sentido da vida. Conversamos, por exemplo, sobre as contas a pagar, rumos de uma série televisiva ou o sistema de transportes que não atende às necessidades. Dialogamos, porém, sobre sonhos, esperanças, compreensões, expectativas, frustrações, tristezas e alegrias. Conversa pode ser o instrumento. Diálogo, porém, é a finalidade. Partimos do mais imediato para chegar ao mais importante.
Consequentemente, diálogo não é convencimento. Não é uma espécie de jogo de xadrez em que, a todo instante, procuramos pôr a outra pessoa em xeque para garantir nossos pontos de vista. Diálogo não é técnica de venda ou interrogatório. Diálogo é descoberta, é percepção do que vai no mais profundo de cada criatura. É identificar, ainda que aos poucos, o que torna cada pessoa tão original, tão diferenciada no conjunto de toda a criação. É, de algum modo, estabelecer um grau de conexão que permita sentir o que a outra pessoa sente, compreender o modo como ela percebe a vida. Não se trata, por certo, de anulação de uma das partes do diálogo, pois este implica sempre a existência, no mínimo, de dois diferentes, de dois que não se anulam nem perdem suas identidades ao se colocarem reverencialmente um diante do outro. Diálogo é compartilhamento das identidades, das crenças, das convicções. É porque as tenho que não temo compartilhá-las; e, quanto mais compartilho, mais me firmo, deixando-me purificar, transformar, converter, sem me anular. Por isso é tão difícil conviver com pessoas ou grupos que não sabem dialogar. Na insegurança de suas identidades, acabam se fechando em fanatismos ou fundamentalismos, exigindo que a vida seja encapsulada, sem as diferenças presentes em qualquer um de nós. Prevenir-se contra essa atitude certamente não significa cair no relativismo, próprio das perdas de identidade, pois convicção não exige fechamento em si, mas, ao contrário, implica abertura madura para o diálogo, sem temer a exposição de pensamentos e sentimentos, sabendo que as convicções, ao serem compartilhadas, se voltam para nós mais solidificadas, se bem que não poucas vezes transformadas, purificadas. Assim como acontece com o corpo humano, que, ao se exercitar, se fortalece, a postura dialogal sai fortalecida ao apresentar ao outro e à outra, bem como ao acolher o que o outro e a outra apresentam.
4. Jesus dialogava Se queremos nos compreender, devemos contemplar Jesus Cristo. Se desejamos assimilar o que o diálogo significa, precisamos nos voltar para Jesus Cristo e, alicerçados no pilar da Palavra de Deus (DGAE 88-92 e 144-159), perceber, se assim podemos dizer, o diálogo feito carne. Para isso, a CFE-2021 propõe como primeiro texto o relato dos discípulos de Emaús (Lc 21,13-35). Ali, temos um exemplo importante do que seja a atitude de diálogo. Jesus toma a iniciativa de ir ao encontro dos dois discípulos onde e como estão. O mergulho na conversa (Lc 21,17) é o caminho para iniciar o que mais amplamente podemos chamar de diálogo. O tempo gasto com os dois é condição para passar da informação para a transformação dos discípulos. Se fosse apenas uma informação, bastaria a Jesus dizer: “Eu ressuscitei. Estou aqui. Parem com isso”. No entanto, pacientemente Jesus estabelece ponte com a desolação dos discípulos. Aceita o convite para entrar na casa, conviver mais, dialogar mais, e, ao partir do pão, o diálogo se plenifica e os dois reconhecem o Senhor. Como, porém, a dinâmica dialogal é JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 9
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contínua, os discípulos saem ao encontro dos outros para com eles dialogar e ajudá-los a confirmar a novidade da ressurreição. Esse relato de Emaús nos remete a muitos outros, nos quais contemplamos Jesus em diálogo. Os mais fáceis de compreender são aqueles em que, à semelhança de Emaús, uma conversa é estabelecida. É o caso do conhecido encontro com a mulher da Samaria (Jo 4,1-42) ou os diversos relatos de curas. Jesus sempre dialoga, escuta e recomenda, acolhe e transforma. É, por exemplo, o que encontramos na cura do cego de Betsaida (Mc 8,22-26). Como manifestações do Reino de Deus, as curas, que até poderiam ser feitas com maior rapidez e economia de tempo, envolvem uma experiência mais ampla, a do diálogo, atitude expressa na pergunta: “Que queres?”, mesmo que o contexto já deixe claro o que é solicitado (Mc 10,51) e até quando são pedidos inatendíveis (Mc 10,35-45). O diálogo de Jesus com os discípulos e com as multidões revela algo mais profundo ainda: o diálogo com o Pai, na força do Espírito. Conhecemos bem o que significa a relação entre a Trindade imanente e a Trindade econômica. O que Jesus manifesta, ainda que feitas todas as ressalvas em relação ao mistério de Deus, é aquilo mesmo que é a Trindade em si: Deus do diálogo. Podemos, pois, compreender analogicamente o divino e contínuo amor circulante como diálogo entre as três divinas Pessoas. Com base nisso, é possível compreender que, tendo sido criados à imagem e semelhança do Deus-diálogo, somos estruturalmente abertos ao diálogo e, se assim não ocorre, o motivo é o pecado ter tomado conta de nós e da realidade ao nosso redor.
5. Diálogo e profetismo A CF sempre insistiu na dimensão profética da vivência da fé. O profeta, no dizer simples, é alguém que, tendo acolhido a Palavra de Deus, percebe o descompasso entre ela e a realidade e passa, então, a alertar o povo, ainda que arcando com um preço muito alto (Lc 13,34). Em suas atitudes e falas, o profeta faz a história avançar, purifica-a dos fechamentos e das idolatrias, leva pessoas e povos a mudar de atitude (Jn 3,1-10). Nessa relação entre Palavra de Deus e conversão, podemos identificar a ação profética. Na medida em que nosso tempo se caracteriza por forte polarização – com fanatismos e fundamentalismos que, de acordo com a imagem muito utilizada pelo Papa Francisco, são muros –, dialogar significa construir pontes, conexões entre perspectivas diversas, algumas vezes diametrais. Vivemos um tempo de pluralidade, com incontáveis visões e compreensões, num contínuo movimento que compõe mosaicos culturais variados. Se, por um lado, essa realidade carrega em si uma riqueza humana e social não experimentada antes pela humanidade, por outro, ela é igualmente capaz de gerar atitudes de autoproteção. Nestes casos, pessoas e grupos se agarram às suas concepções de um modo reativo, até mesmo bélico e,
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consequentemente, não dialogal. O diferente, o outro e a outra, que, na verdade, são irmãos e irmãs, passam a ser vistos como inimigos a combater, ainda que o resultado possa ser a morte. Nesse sentido, a ausência de diálogo é uma ameaça à vida; por conseguinte, chamar ao diálogo, possibilitar escuta mútua, auxiliar na apresentação de compreensões, tudo isso, uma vez que interpela a postura polarizada atual, pode ser considerado um jeito de ser profeta. É possível que, durante a CFE-2021, surjam perguntas a respeito das diversas situações de morte e sua relação com o diálogo. As vítimas de chacinas e guerras, os refugiados, os agredidos pelo racismo, os que estão ingressando em situação crônica de fome, esses e outros exemplos podem levar à impressão de que o tema “diálogo” está em descompasso com a realidade, na medida em que é um tema de natureza mais pessoal, interior, intimista. No entanto, é exatamente para corrigir tal tipo de compreensão equivocada que a CFE-2021 nos propõe esse tema. Não se trata de negar que o diálogo, assim como todos os demais temas, possui uma dimensão pessoal. Esta, contudo, se encontra em direta articulação com as demais dimensões da vida, entre as quais a socioambiental. Enquadrar a questão das inúmeras formas de sofrimento na ótica do diálogo significa indagar quais são os valores últimos a reger nossas opções e atitudes. Significa, portanto, radicalizar a questão, olhar o problema em sua raiz, como aconteceu na CF-2020 com o tema do cuidado. As incontáveis agressões à vida estão, de algum modo, ligadas pela indiferença, lembrava-nos a CF-2020. O caminho para o enfrentamento passa necessariamente por uma postura que podemos chamar de diálogo. Talvez algum outro nome poderia ser usado. O importante, porém, é a atitude de nos debruçarmos contemplativamente sobre pessoas e grupos, especialmente sobre os que, na pluralidade do mundo atual, assumem perspectivas distintas das nossas. Em lugar de indiferença e armas, convívio e escuta. Em lugar de autossuficiência e polarização, diálogo.
6. Atitudes em favor do diálogo Surge, desse modo, a pergunta pelo agir na CFE-2021. Anualmente, a CF apresenta inúmeras propostas, em geral sistematizadas nos níveis pessoal, comunitário e social. Nos últimos anos, em razão da crescente consciência ambiental, também a questão ecológica tem sido irreversivelmente considerada. Importa não separar os três âmbitos da ação, acrescentando ainda o âmbito especificamente religioso. Em nível pessoal, o primeiro passo é o testemunho. Não há como avançar diretamente para os outros âmbitos sem que exista a conversão pessoal de perspectiva. Como pensar em diálogo no âmbito socioambiental se a estrutura pessoal se conserva fechada em si mesma, belicosa e reagente? Como falar em favor dos vulneráveis se não os escutamos, se não nos debruçamos para dialogar com eles, escutar suas dores e propostas de superação? Precisamos reconhecer que to-
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dos nós corremos o risco do fechamento em torno de nossas perspectivas. Por isso, a CFE-2021 nos pede, consequentemente, para sermos pessoas de diálogo, não apenas de conversa, mas de escuta e de apresentação – na verdade e na caridade – das razões de nossa esperança. Em nível comunitário, ou seja, no âmbito das instituições, também as religiosas, é importante gerar experiências de convívio, escuta e partilha. Num contexto sociocultural em que predominam o individualismo e a indiferença, ser escutado e escutar possui grande força transformadora. É por isso que serviços de apoio à solidão, à adição e a angústias são indispensáveis no enfrentamento de situações que podem levar, como mecanismos de defesa, ao fanatismo, à agressividade e a atitudes de extermínio de si ou de outrem. Fica, desse modo, fácil compreender a importância das rodas de conversa e outras formas de partilha da vida, tanto no âmbito pessoal quanto nos demais âmbitos da existência. No caso das instituições religiosas, mais especificamente das comunidades católicas, adquire relevância a prioridade das atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil – as comunidades eclesiais missionárias. Pequenas no número de pessoas e construídas com base nos vínculos entre os membros, trazem em si a vocação de serem verdadeiras escolas de cuidado e diálogo, onde os problemas pessoais e socioambientais são abordados na confiança e à luz da Palavra de Deus. O convívio-diálogo, apesar das dificuldades inerentes a cada grupo, é a base a partir da qual a Palavra se faz vida e a vida se deixa iluminar pela Palavra. Ainda no âmbito religioso, um campo fértil e desafiador para o exercício do diálogo encontra-se no ecumenismo e no diálogo inter-religioso. Em nossos dias, muitos têm sido os motivos de ruptura, em virtude das polarizações. Também as religiões estão envolvidas nesse triste processo. No caso das religiões cristãs, isso se torna ainda mais grave, na medida em que faz parte do ser cristão a fraterna busca da unidade. São compreensões e experiências diferentes em torno da mesma Boa-nova. Não são, porém, opostas nem concorrentes, e – por mais desafios que possam surgir –, sem o testemunho da unidade, todo o restante corre o risco de não ser assimilado. Diante de conflitos de natureza religiosa, algumas vezes dentro da própria família, o diálogo se mostra um caminho por excelência para a superação dos conflitos. No âmbito social, inúmeras ações podem ser levadas a efeito. Num primeiro grupo, encontram-se as ações que indicam o pecado e chamam à conversão (Ez 16,2). É preciso mostrar as sequelas trazidas pela indiferença, pelo egoísmo, pelo desprezo à vida, pela financeirização das escolhas, pela corrupção e por tudo mais que gera morte. Não podemos delegar essa responsabilidade às pedras (Lc 19,40). Em segundo lugar, é necessário participar dos diversos grupos que ajudam a consolidar a democracia, entre os quais os conselhos de políticas públicas, também conhecidos como conse-
lhos paritários ou outros nomes. É preciso também assumir a dimensão política, para que seja sanado o estigma de que, sendo político, é necessariamente sujo. Em termos especificamente ambientais, o diálogo exige que dediquemos “algum tempo para recuperar a harmonia serena com a criação, refletir sobre nosso estilo de vida e nossos ideais, contemplar o Criador, que vive entre nós e naquilo que nos rodeia e cuja presença não precisa ser criada, mas descoberta, desvendada” (LS 225). Em meio a todos esses âmbitos, adquire força o âmbito educacional. É preciso educar para o diálogo. É necessário discernir os rumos da educação em nosso país. Trata-se, por certo, de tarefa longa e detalhada, que, por isso, em muito ultrapassa esta apresentação da CFE-2021. Seu ponto de partida, entretanto, deve ser a opção por um processo educador que tenha no diálogo seu ponto de partida: educar para dialogar.
7. Uma campanha que não termina Em sua longa trajetória, a CF sempre insiste que o tempo mais intenso de oração e conscientização é a Quaresma. Isso, entretanto, não significa que os desafios apresentados cheguem à Páscoa integralmente vencidos. Ao contrário, o tempo mais intenso da CF cumpre, na maioria das vezes, a função primeira, a da conscientização. Uma vez que tratam de situações crônicas na realidade brasileira, os temas exigem continuidade, num processo que pode levar longo tempo. O importante, porém, é que sejam dados os primeiros passos, sem os quais pessoas e situações não se transformam. A pandemia trazida pelo coronavírus pôs às claras não apenas os aspectos sanitários. Ela realçou inúmeras chagas da realidade brasileira, fazendo nascer o desejo pelo que se tem convencionado chamar de novo futuro. Olhando, porém, a gravidade do que se vivenciou ao longo de 2020, com a multipandemia, é indispensável dizer que essa não é apenas uma questão de futuro, mas do tempo presente, a partir do qual se constrói o futuro. Não se trata de um futuro a esperar, mas de um futuro a construir. Indesejável e injustificável em todos os sentidos, a pandemia acabou possibilitando experiências de convívio que já não podem ser desconsideradas. Relativizou o consumismo, mostrando que os bens não substituem as pessoas, num mundo criado pelo e para o amor, o cuidado, o diálogo. Por isso, a última – porém não menos importante – atitude a ser mencionada para o agir da CFE-2021 há de ser a valorização do que temos conseguido em meio a tantas tristezas oriundas da multipandemia que veio a nos assolar.
Dom Joel Portella Amado, doutor em teologia pela PUC-Rio, é bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário geral da CNBB. Texto publicado na “Vida Pastoral” (https://www.vidapastoral.com.br/) E-mail: joel@arquidiocese.org.br JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 11
ORDENAÇÃO
D. GREGÓRIO INDICA O ITINERÁRIO AOS NOVE DIÁCONOS ORDENADOS:
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O DIACONAL
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FORMAÇÃO E ESTUDOS
O
bispo diocesano de Petrópolis, Dom Gregório Paixão, OSB, resumiu em uma palavra a missão que a partir deste dia, 19 de dezembro de 2020, assumem Frei Alan Leal de Mattos, Frei Jefferson Max Nunes Maciel, Frei Jhones Lucas Martins, Frei Josemberg Cardozo Aranha, Frei Junior Mendes, da Província da Imaculada; Frei Canga Manuel Mazoa, Frei Mário Sampaio Pelu e Frei Santana Sebastião Cafunda, da Fundação Imaculada de Angola; e Frei Raoul A. Bentes, da Custódia São Benedito da Amazônia, ao receberem o primeiro grau do sacramento da Ordem, o Diaconato. “Só existe um modo de nós realizarmos na vida franciscana, ou na vida beneditina, ou na vida religiosa e na vida da Igreja: um serviço que é alegria e um serviço que gera alegria no coração dos irmãos”, disse Dom Gregório, ao presidir a Celebração Eucarística, às 9 horas, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus de
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Petrópolis (RJ), tendo como concelebrantes o Vigário Provincial Frei Gustavo Medella, representando o Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, e Vigário Custodial Frei Elder de Sousa Almeida, representando o Custódio da Custódia da Amazônia, Frei Edilson Rocha da Silva. Os nove ordenandos escolheram como lema “Eu vos designei para irdes e para que produzais fruto” (Jo 15,26c). Em seu comentário inicial, Frei Felipe Carretta explicou que os eleitos ao diaconato assumem a missão de anunciar a Palavra de Deus, ensinando a verdade e denunciando as injustiças e assumem a missão de celebrar o culto divino, cuidando da Ceia do Senhor. Seus confrades da Fraternidade e das Fraternidades vizinhas, familiares, amigos e um número limitado de fiéis estiveram presentes, guardando as devidas normativas sanitárias. A celebração foi
transmitida pela página do Facebook da Paróquia do Sagrado e pela TV Franciscanos, no canal do Youtube. O Coral dos Frades fez a animação desta Santa Missa. Após a Liturgia da Palavra, deu-se início ao rito de Ordenação Diaconal. O Vigário Provincial, Frei Gustavo, pediu a Dom Gregório que ordenasse diáconos os jovem confrades e atestou a idoneidade dos candidatos: “Esses nossos irmãos percorreram todo o itinerário formativo para a vida ministerial e, diante do pedido que eles apresentam, nós ouvimos os responsáveis por esse itinerário, ouvimos o povo de Deus e também a Fraternidade a que cada um deles pertencem, e por isso podemos dizer que eles foram considerados dignos”, garantiu, convidando Frei Elder para dar seu testemunho em vista do ordenando Frei Raoul. “Tendo interrogado o povo de Deus, inclusive comunidades aqui de Petrópolis, onde Frei Raoul fez pastoral, e ouvindo responsáveis da for-
IMPOSIÇÃO DAS MÃOS
Frei Alan
Frei Canga
Frei Jefferson Max
Frei Jhones
Frei Josemberg
Frei Junior
Frei Mario
Frei Raoul
Frei Santana
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mação da minha Custódia, dou testemunho que ele é considerado digno”, declarou. Dom Gregório insistiu na palavra-chave da homilia: serviço. Segundo ele, citando o capítulo 15 do Evangelho de São João, ali está a preocupação de Jesus. “Ele resume tudo dizendo: ‘Amai-vos uns aos outros’. E por que Jesus diz isso? Porque os seus apóstolos já o amavam. Ele já é reconhecido como Deus. Então, inegavelmente, os apóstolos O amavam acima de todas as coisas e, portanto, já cumpriam o primeiro mandamento: ‘Amar a Deus sobre todas as coisas’. Mas a consequência desse primeiro mandamento é que vai dizer se nós verdadeiramente amamos a Deus, que é amar ao próximo”, explicou. “A vida cristã é prática; a vida cristã não é uma vã filosofia; a vida cristã não é apenas uma teoria ou uma série de leis que rege uma vida. A vida cristã é prática, porque toda lei, todo mandamento, resume-se naquilo que nós somos capazes de testemunhar. Afinal de contas, o próprio Senhor nos disse que não é todo aquele que diz ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos Céus. Não é aquele que cumpre todas as leis que agradam a Deus. Agora, aquele que é capaz de amá-Lo de verdade e praticar esse amor em relação ao irmão, esse sim é capaz de entender todo o coração de Deus”, acrescentou.
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Para Dom Gregório, nisso está a beleza da vida e a beleza de todo o ensinamento do Senhor. “A prática desse amor nos faz olhar a todos, principalmente aqueles que são invisíveis na nossa sociedade. A prática desse amor nos faz olhar para o próximo mais próximo, mas também sentir as dores do mundo, vivendo as realidades, aprendendo com aquilo que nos é ensinado por todos. E sabendo, ao mesmo tempo, que esse amor é profundamente exigente. Assim, Jesus, nos últimos dias de sua vida, insiste em mostrar aos apóstolos que esse amor é serviço. Porque, afinal de contas, nós estamos nesse mundo como o próprio Filho de Deus, seguindo o seu exemplo, ou seja, eu não vim
para ser servido, mas para servir. Se Deus agiu assim é porque nós também precisamos agir assim”, orientou. O bispo se dirigiu aos ordenandos enfatizando que eles desejam única e exclusivamente cumprir o mandamento do Senhor: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mas para que desejem esse amor é preciso que ele se torne prática através do serviço que exercem. “Já o fazem através da vida franciscana, que é uma vida de atenção, uma vida de atenção principalmente para com aqueles que gritam por um prato de comida, por uma casa digna, por uma educação que lhe seja conveniente, por aqueles que pedem uma
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atenção porque não são enxergados pela sociedade, por aqueles que estão no meio das ruas, por aqueles que estão nos mais diferentes países, seja no Hemisfério Norte ou Sul, porque a injustiça chegou a todos os lugares e a fome também. Assim, o trabalho diferenciado da vida franciscana tem olhos de águia para perceber o que não é perceptível e para clamar pela ajuda de tantos para que não falte a esse mundo a Palavra que alimenta e o pão que dá movimento à vida”, exortou. “Ora, queridos irmãos franciscanos, vocês serão ordenados diáconos. Vocês, mais do que nunca, terão a possibilidade de praticar aquilo que vocês prometeram pelos votos que emitiram. Vocês, mais do que nunca, têm a possibilidade de viver essa alegria, porque a vida é serviço. Jesus foi diácono a vida inteira. Exerceu também o seu ministério como sacerdote do Pai através de uma vida diaconal: serviço, atenção, amor, prática e alegria naquilo que ele via como resposta a um povo que clamava por sua presença e que via nas suas atitudes a graça de Deus”, realçou.
O bispo, contudo, fez um alerta: “Atenção: o serviço é exigente. Às vezes aqueles a que nós servimos são imediatistas, são ingratos e são exigentes. Portanto, quando a gente vai para o serviço deve estar apenas preocupado com o serviço que vamos exercer e não com a resposta que teremos como resultado desse serviço. Se vem através da gratidão, Deus seja louvado! Se fazemos e não somos reconhecidos, Deus seja louvado! Porque tudo que devemos realizar é com ele, por ele e para ele. Devemos servir a todos porque ali está, principalmente nos menores, a imagem fiel de Jesus que clama pela nossa presença, pelo nosso serviço e pelo nosso amor”, ensinou. E Dom Gregório desejou: “Desse modo, sejam muito felizes pelo serviço diaconal que vocês vão exercer; sejam muitos felizes na realização desse serviço dentro da primeira vocação de vocês, que foi o chamado para a vida religiosa e cumpram esse serviço com alegria, porque só existe um modo de nós realizarmos na vida franciscana, ou na vida beneditina, ou na vida religiosa e na vida da Igreja: um serviço que é alegria
e um serviço que gera alegria no coração dos irmãos. Nisso está a nossa realização. Por mais que seja exigente, a alegria deve imperar; por mais que seja feliz, ainda mais devemos colher a felicidade, essa mesma que nós transmitiremos aos nossos irmãos e às nossas irmãs. Que Deus, portanto, os abençoe pela resposta que deram à Igreja e que essa resposta dada à Igreja se cumpra naquilo que a Igreja pede para vocês. Vocês vieram para servir e não para serem servidos”, concluiu. Terminada a homilia, os ordenandos se colocaram diante do bispo, que os interrogou sobre seus propósitos publicamente. Seguindo o rito, Frei Alan, Frei Jefferson, Frei Jhones, Frei Josemberg, Frei Junior, Frei Canga Manuel, Frei Mário, Frei Santana e Frei Raoul prometeram desempenhar com humildade e amor o ministério dos diáconos, respeitar e prestar obediência aos sucessores dos Apóstolos, viver o celibato, perseverar no espírito da oração e imitar sempre na sua vida o exemplo de Cristo. Em seguida, os eleitos aproximaram-se do bispo, e, de joelhos, cada um colocou suas mãos entre JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 17
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as do Bispo, que o interrogou novamente. Os eleitos confirmaram diante da Igreja e de seu pastor o firme propósito de cumprir fielmente o ministério diaconal. Na Ladainha dos Santos é feita a súplica ao Senhor para que derrame sua bênção sobre os ordenandos, seus servos. É sempre uma imagem muito forte e emocionante ver os ordenandos prostrados. Em seguida, eles se colocaram novamente de joelhos diante de Dom Gregório, que solenemente impôs as mãos sobre suas cabeças e proferiu a Prece da Ordenação. Seus confrades revestiram Frei Alan, Frei Jefferson, Frei Jhones, Frei Josemberg, Frei Junior, Frei Canga Manuela, Frei Mário, Frei Santana e Frei Raoul com as vestes e as estolas diaconais. Depois, eles receberam das mãos do bispo o Evangeliário: “Recebe o Evangelho de Cristo, do qual foste constituído mensageiro; transforma em fé viva o que leres, ensina aquilo que creres e procura realizar o que ensinares”, disse o bispo. E, por fim, o bispo e os celebrantes acolheram e desejaram a paz aos novos diáconos. Devido à pandemia, confrades e o povo não deram o abraço, como é costume, aos novos diáconos. Terminado o rito, prosseguiu-se com a Celebração Eucarística, onde Frei Alan e Frei Josemberg passaram a servir o altar pela primeira vez como diáconos.
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Agradecimentos Frei Jefferson falou em nome do grupo, saudando a todos os presentes. “Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que em sua misericórdia fez resplandecer novamente em sua Igreja, pela Ordem do Diaconado, a presença do Cristo, que se fez servidor de todos. Rendamos graças a Deus, que tendo inspirado os Apóstolos de seu Filho por meio do Espírito Santo, pela eleição de sete homens de bem, concedeu a sua Igreja este sagrado ministério, que hoje assumimos diante de cada um de vós. Elevemos também louvores Àquele, que é a fonte de toda a graça, pelos inúmeros exemplos que nos concedeu por meio de vós, irmãos e irmãs, e que nos nutriram no crescimento da vontade de contribuir com a diaconia da Igreja. Que pelo fortalecimento do Espírito Santo que hoje recebemos, nós possamos ser cada vez mais a presença sacramental do Cristo Servo para a edificação da Igreja. Agradecemos a todos vós, irmãos em Cristo, por todas as orações e pedimos que continuem rezando por nós e por todos os diáconos da Igreja para que permaneçamos fiéis no Cristo Senhor”, disse, pedindo a proteção e intercessão de Maria para que possam sempre frutificar e que o fruto do ministério permaneça para o bem da humanidade, da Igreja e para a maior glória de Deus Pai. Frei Medella falou em nome do nosso
Ministro Provincial, Frei César Külkamp, agradecendo a D. Gregório, pelo modo fraterno, paternal, com o qual sempre se faz presente junto à Fraternidade. “Eu quero agradecer às famílias de cada um de vocês; sintam-se abraçados em nome da nossa Província. A todos os confrades das Fraternidades às quais vocês pertencem e também às comunidades de fé onde vocês exercem o seu ministério e as comunidades onde vocês também se originaram, sintam-se abraçados com nosso abraço de gratidão. Aos confrades do tempo de formação, professores e formadores, muito obrigado. E vocês, meus queridos irmãos, obrigado pelo ‘sim’ de vocês, porque no tempo que estamos vivendo na Igreja, tanto mais relevante será para o mundo quanto mais conseguir mostrar na prática o seu rosto ministerial, explicitado pelo diaconato-serviço que hoje vocês assumem e que, certamente, os acompanhará em cada momento de sua vida. Deus os bençoe! Muito, muito obrigado a cada um, a cada um uma, presente aqui e todos que nos acompanharam pelas mídias digitais”, agradeceu o Vigário Provincial. Frei Canga, agora diácono, fez o convite: “Inclinai-vos para receber a bênção”! Frei Augusto Luiz Gabriel e Moacir Beggo
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PRIMEIRA PROFISSÃO
Frei César: “Um dia de graça
“H
oje é um dia de graça abundante de Deus, dentro deste período chamado “Ano da Graça”, disse o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, na manhã do domingo, 10 de janeiro de 2021, quando a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil/Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola acolheu vinte e três jovens que, depois de terem concluído o ano de Noviciado, foram aprovados para a profissão religiosa na Ordem dos Frades Menores com a celebração da Missa que teve lugar na Capela da Fraternidade Santo Antônio, o Noviciado São José de Quibala.
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A Santa Missa teve início por volta das 10 horas e foi presidida pelo Ministro Provincial e concelebrada pelo Mestre dos Noviços, Frei Marco Antônio dos Santos, o presidente da Fundação, Frei António Boaventura Zovo Baza e Frei Laerte de Farias dos Santos, tendo a diaconia de Frei Canga Manuel Mazoa. Após a proclamação do Santo Evangelho, deu-se início ao rito da profissão com a chamada dos noviços, feita pelo guardião da mesma Fraternidade, Frei Ivair Bueno de Carvalho. Em seguida, na sua homilia, Frei César começou por expressar a graça abundante de Deus que nos chama, através do ano de noviciado, ao seguimento de Cristo a exemplo de nosso Pai Seráfico. “Nós o fazemos assumindo e integrando os valores que
o Santo de Assis nos deixou e também nos deixaram a história e a tradição da nossa Ordem, juntamente com os valores e dons que cada um traz consigo, herdados de sua família, de sua comunidade de origem e das próprias convicções e experiências da fé cristã”, disse o Ministro Provincial. E como exemplo de perseverança, Frei César lembrou e partilhou um pouco da vida Frei Olavo Seifert, que partiu para a casa do Pai no dia de ontem (9/01). Após a homilia, o presidente da celebração pediu que os professandos se levantassem para um diálogo breve e a invocação da graça Divina e, depois deste, prosseguiu-se com o momento da profissão, onde os professandos, diante do Mi-
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ADMISSÃO
abundante de Deus” nistro Provincial, fizeram votos de obediência, sem nada de próprio e em castidade, segundo a Regra de São Francisco confirmada pelo Papa Honório. Em seguida, Frei César Külkamp entregou um exemplar da Regra de Vida a cada neoprofesso. Terminado o rito de profissão, os neoprofessos foram acolhidos com abraço dos frades que se fizeram presente. Agora são professos temporários e terão de renovar os votos até a Profissão Solene, Frei Abel Ernesto Nene, Frei Alberto Joaquim Manuel Gamba, Frei Borracha Raimundo Eduardo, Frei Dionísio Kapitango Uyombo Muhele, Frei Escovalo Domingos, Frei Fernando Camaxilo Victor, Frei Gualter Filipe João Pascoal, Frei Hilário Kaleka Gon-
çalves Barros, Frei Januário Mendonça Barreto de Carvalho, Frei José Kapindi, Frei Luis José Fernandes, Frei Manuel Coloi Armando Camongua, Frei Manuel Katchingangu Singue, Frei Mário Catimba Dumbo Baptista, Frei Paulino Salamba Candondo, Frei Paulo Camuanguina Alexandre, Frei Paulo Kapindali, Frei Paulo Ngungu Ngumbe Gabriel, Frei Silva Kawia Ngueve Tchimo, Frei Simão Albino Katenha Kaquinta, Frie Simeão Kapingala Jamba, Frei Tomás Gaspar Joaquim e Frei Vicente Chocolate Barros. O momento foi de grande alegria porque marcou um momento histórico pelo fato de ser a primeira turma da Fundação Mãe de Deus de Angola (FIMDA) com o número de neoprofessos superior a vinte. No final da
Celebração, os noviços expressaram sua gratidão à Província, na pessoa do Ministro provincial Frei César Külkamp, à Fundação de Angola, na pessoa do presidente Frei António Boaventura Zovo Baza, aos familiares e amigos e às comunidades que os acolheram durantes as etapas do Aspirantado, Postulantado e Noviciado. A celebração da Missa terminou as 12h50 e foi sucedida pelo momento fraterno juntamente com aqueles que participaram da celebração. A celebração da Primeira Profissão, contudo, começou no dia anterior (9/01), com a bênção dos hábitos definitivos dos professandos, às 19h30, numa celebração dirigida pelo guardião da mesma Fraternidade, Frei Ivair Bueno de Carvalho. JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 21
ÍNTEGRA DA HOMILIA DO MINISTRO PROVINCIAL Caros confrades aqui presentes, especialmente os da fraternidade formadora do Noviciado; Caro Padre Reis, superior da Missão da Quibala e Equipa Missionária; Queridas religiosas, familiares e o povo amado de Deus; queridos confrades professandos na Ordem dos Frades Menores, a todos vocês, Paz e Bem! Hoje é um dia de graça abundante de Deus, dentro deste período chamado “Ano da Graça”, este tempo privilegiado em que todos nós, os frades menores, somos iniciados no seguimento de Cristo, do jeito que o seguiu o nosso pai, São Francisco de Assis. Nós o fazemos assumindo e integrando os valores que o Santo de Assis nos deixou e também nos deixaram a história e a tradição da nossa Ordem, juntamente com os valores e dons que cada um traz consigo, herdados de sua família, de sua comunidade de origem e das próprias convicções e experiências da fé cristã. Esta integração é o grande trabalho do ano do Noviciado. Hoje vocês, caros confrades professandos, vivem conosco e com toda a Província, a Província também aqui na Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, mas também com os quatro irmãos que professaram no Brasil, no fim deste privilegiado tempo do Noviciado Franciscano! Nossa Província hoje devolveu a Deus o seu filho mais antigo, Frei Olavo Seifert. Caminhava para celebrar 80 anos de vida franciscana e 75 de sacerdócio. Recebeu o privilégio de viver por 101 anos. Tornou-se modelo de fidelidade com humildade do bem viver a vocação e o serviço. Foi mais uma das vítimas da atual pandemia que assola a humanidade, com quase dois milhões de vítimas fatais, além das quase 90 milhões de pessoas que contraíram este vírus. Rezemos e nos solidarizemos com os que mais sofrem neste momento, os pobres, os doentes, e com os que mais se dedicam, principalmente os profissionais de saúde. Deus acolha a alma do nosso irmão, Frei Olavo, com também de todos que perderam a vida. Hoje, com a toda a Igreja celebramos o Batismo do Senhor. “Jesus foi ao Rio Jordão até João, para ser batizado por ele”. João oferecia o batismo aos que decidiam mudar de vida. A condição era aceitar-se como pecador, necessitado de conversão. As águas eram um sinal, como se a correnteza lavasse os seus pecados. Por que Jesus quis este rito para si? Ele assumiu a condição humana em tudo, menos no pecado. Não precisava, portanto, da purificação do batismo. No entanto, Ele assume este gesto e o transforma em sacramento, por profunda comunhão com o ser humano. O seu ministério, desde o início, está do lado dos pecadores, mergulha na condição daqueles que precisam da salvação para emergir trazendo-os
consigo à vida nova, à liberdade dos filhos amados, de quem o Pai se agrada! Este é também o sentido do batismo cristão. Ele recorda nossa filiação divina e nos prepara para o seguimento de Cristo. Resgatados por tamanho amor, tornemo-nos instrumentos de salvação para nossos irmãos e irmãs! E na celebração litúrgica, o Batismo é sinal de conversão. É a conversão que leva os apóstolos a mudar de vida e a dar testemunho diante do mundo da razão do seu seguimento a Cristo. Ele veio para nos salvar. Com esse acento encerramos o ciclo do Natal. Com sua encarnação, Jesus também aponta para o sentido da missão cristã. O Profeta Isaías já anunciava que este Senhor vem como servo, mas também como luz das nações, para abrir os olhos dos cegos e libertar da prisão os que vivem nas trevas. Por isso, todos precisamos de conversão, o que é um caminho difícil, mas o único verdadeiro. E foi este o caminho vivido e proposto por São Francisco e que nos deixou em sua Regra de Vida: “seguir a doutrina e as pegadas de Nosso Senhor Jesus Cristo que diz: Se queres ser perfeito, vai e vende tudo que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me.” (RNB 1) Estimados confrades, hoje vocês terminam o ano de provação e pedem para ser recebidos na Obediência. O ano do Noviciado, com seus erros e acertos, com a pessoa de cada confrade, ajudou a lhes mostrar o verdadeiro sentido de nossa forma de vida. Mas, principalmente, a pessoa de cada um de vocês foi importante neste protagonismo de abraçar o “espírito do Senhor e seu santo modo de operar”. Para abraçar este verdadeiro espírito de penitência e conversão. Francisco descobre os valores que nos deixou como herança ao contemplar os mistérios da vida de Jesus, especialmente na sua Encarnação, na Eucaristia e nos sofrimentos de sua Paixão. Ele fala alto em cada um destes mistérios. Ele mesmo se dá a nós generosamente e de forma tão simples, pequena. Se Deus assim age, que razões temos nós para resistirmos ao abaixamento, à humildade para construirmos verdadeiras e fraternas comunidades. Uma atitude de mais humildade, fundada na fé e no amor, é o caminho para melhor seguir os passos do Cristo. A Igreja e a Ordem pedem de cada um de nós, frades franciscanos, este testemunho diante de outras direções propostas pelo mundo. É isto que vocês pediram para professar agora, entregandose nas mãos desta pequena porção da Ordem chamada Província Franciscana da Imaculada Conceição. O que nos une, os quase 400 frades, é a nossa forma de vida, deixada por São Francisco. E ele nos diz que a nossa vida
é o Evangelho, ou seja, a vida mesma de Jesus. Ele é a revelação amorosa do Pai. Para enxergar esta revelação, é preciso se converter, transformar nossa vida numa obediência à vontade do Pai. Francisco se fez discípulo do verdadeiro Mestre. Procurou interpretar Sua vontade em todos e em tudo. Com sua vida e suas atitudes, ele nos ensinou o que significa transbordar de generosidade. E faz isso porque Deus é assim: amou-nos por primeiro e até o fim! O Noviciado terá sido fundamento para vocês se ajudou neste exercício do silenciar para poder escutar e para poder ver. Ouvir o que não tem som e ver o que não tem forma. E hoje também celebramos, em fraternidade, a graça do jubileu de prata de vida franciscana do Frei Laerte e de vida sacerdotal do Frei Marco Antônio, do Frei Valdemiro Wastchuk e minha também. Na tradição bíblica, do Livro do Levítico, cap. 25, a vivência do jubileu traz elementos inspiradores? As dívidas eram perdoadas, as penas esquecidas e os escravos eram libertados. Hoje, com vocês jubilandos, me incluo também, queremos pedir o perdão jubilar de todas as nossas faltas. Queremos confirmar e reiniciar a nossa consagração e o nosso serviço ministerial, fundados no primeiro amor, e isto profundamente reconciliados naquele que nos chama a segui-lo. Somos convidados a manter a fidelidade na resposta generosa que um dia já demos a Deus. Celebrar o jubileu é também festejar a alegria do bem vivido. É dia de gratidão a Deus que nos deu o dom da vocação e o dom de servir em Seu nome. Em nome de todos os frades da Província e de todos os irmãos e irmãs que participam da nossa vida e da nossa missão, quero agradecer a vocês por terem compartilhado sua vida e sua missão em fraternidade conosco. Mais ainda por terem vindo para longe de suas famílias, de sua terra Natal, para a Missão em Angola, aceitando o convite de Jesus para deixar tudo e seguir para onde Ele for. Convido todos vocês, professandos e jubilandos, a se voltarem para Maria, modelo de discipulado, de consagração, de humildade e de serviço, a mulher que soube dizer sim à vontade de Deus e “faça-se em mim segundo a Vossa vontade”. Renovemos o nosso sim no Sim ousado e generoso de Maria. Que a Rainha da Ordem dos Menores ajude a cada um de nós a permanecermos firmes na fidelidade, para conhecermos melhor a vontade e a vida daquele que nos convida a seguir os seus passos de verdadeira humildade!
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Frei Laerte renova o seu compromisso de vida religiosa
JUBILEUS E ADMISSÃO DOS NOVIÇOS DESTE ANO Durante esta celebração, Frei Laerte de Farias dos Santos, 25 anos de vida religiosa franciscana; Frei Marco Antônio dos Santos e Frei César Külkamp, 25 anos de vida sacerdotal; e Frei Valdemiro Wastchuk celebraram seus jubileus.
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Frei Mário renova o seu compromisso de vida sacerdotal
Primeiro Frei Laerte, diante do Minsitro Provincial, renovou os votos que recebera há 25 anos. Em suas mãos, como símbolo de luz, havia uma vela acesa que lhe foi entregue por Frei Anfonso K. Quissongo. Em seguida, Frei Marco Antônio dos Santos e Frei César Külkamp fizeram a mesma renovação com a suas respectivas velas que lhes fo-
ram entregues por Frei António Boaventura Zovo Baza. Valdemiro Wastchuk, por motivos pastorais e em função da restrição que se tem observado devido à Covid-19, não se fez presente, porém foi lembrado várias vezes dentro da celebração. Na verdade, a grande festa deste dia em Quibala começou cedo, às 6h30, com o rito
FORMAÇÃO E ESTUDOS
de Admissão ao ano de Noviciado dentro da Oração das Laudes, dirigida pelo Ministro Provincial Frei César Külkamp. O rito teve início após a recitação do salmodia e do Santo Evangelho proclamado por Frei Canga Manuel Mazoa, onde foram admitidos os seguintes candidatos: Benedito Cassoma, Benjamim Njele Songa, Bernardino Quessongo, Castro Domingos Gaspar, Dâmaso Tchembeka Muhepe, David Avelino Damião Vicente, Francisco Fernando Kanhanga Tchingandu, Francisco Mulimba Lino Tomás, José Cambanda Catimba, José Gregório Severino, Levi Lubaki Joaquim Afonso, Manuel Mbuta Chicunho, Manuel Sabino Anapaz Kassindula, Miguel Armindo Caquarta, Pio Cutopa Chongolola e Valter Muhongo Quimbundo.
BÊNÇÃO DOS HÁBITOS
Frei Eduardo José Cavita Camunha JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 25
FORMAÇÃO E ESTUDOS
PRIMEIRA PROFISSÃO EM RODEIO
“Seguindo a inspiração que vem de Deus”
A
conteceu no dia 29 de dezembro, na missa das 19h da Paróquia São Francisco de Assis, em Rodeio - SC, a celebração da Primeira Profissão de Votos Temporários dos noviços Frei Bruno Almeida de Mello, Frei Bruno Dias de Deus, Frei Gilberto Silveira da Costa Junior e Frei Vinícius de Oliveira Betim, presidida pelo Ministro Provincial, Frei César Külkamp. Os candidatos à Profissão já haviam feito seu pedido à Fraternidade do Noviciado para emitirem seus votos e sido acolhidos em sua intenção por todos os confrades no almoço do mesmo dia. Alguns confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição e familiares
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foram chegando no decorrer do dia (em número bem mais reduzido que o costume devido à pandemia...) para participarem desta importante celebração da Ordem dos Frades Menores. Sempre que um novo frade emite seus votos, iniciando sua vida religiosa na Ordem Franciscana, isso é motivo de grande alegria e gratidão a Deus que continua a suscitar novas vocações para viverem este ideal inspirado por Ele ao jovem Francisco de Assis e seus irmãos há tantos séculos atrás. Para cada frade, torna-se ocasião para reviver sua própria adesão a este propósito e ver reafirmado por Deus sua validade em nossos dias. Na sua homilia, Frei César recordou
que se vive ainda um tempo de restrições e necessidade de prudência e cuidado, explicando o número reduzido de fiéis na celebração. “Mesmo com este tempo diferente, celebramos as alegrias do Natal do Senhor, desse Deus que se esvazia de sua grandeza para abraçar a pobreza da condição humana, para encontrar e resgatar a sua criatura amada. Nesta mesma singeleza, Maria e José levam o menino ao Templo para apresentá-lo ao Senhor e oferecer o seu sacrifício, oferta simples de pessoas pobres: um par de rolinhas. Mas, já ali se manifesta o Espírito que, através do velho Simeão, revela ao mundo a salvação que veio a nós, a salvação esperada por tantas
FORMAÇÃO E ESTUDOS
gerações. Ele, o Espírito, nos convida à conversão e a seguir os passos deste Menino”, disse. Segundo ele, em sua carta, São João fala do mandamento sempre novo da Palavra, o Verbo encarnado: “Quem a recebe e se deixa conduzir por esta Palavra Viva, que é o próprio Cristo, vive na luz do amor. ‘O que ama o seu irmão permanece na luz e não corre o risco de tropeçar’. Este é o caminho do seguimento, da conversão que como cristãos e franciscanos queremos percorrer”. “Existe muita enganação neste mundo e é preciso saber se estamos seguindo a inspiração que vem de Deus. Nossa inspiração precisa seguir o critério da fé e do amor. Fé em Cristo e amor aos irmãos. Toda outra proposta, fundada na autossuficiência ou ensimesmamento é enganação e não edifica o Reino dos Céus. Por isso, todos preciJANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 27
FORMAÇÃO E ESTUDOS
samos de conversão, o que é um caminho difícil, mas o único verdadeiro”, continuou o Ministro Provincial. Segundo ele, foi este o caminho vivido e proposto por São Francisco e que deixou em sua Regra de Vida: “Seguir a doutrina e as pegadas de Nosso Senhor Jesus Cristo que diz: Se queres ser perfeito, vai e vende tudo que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me.” (RNB 1) “Estimados confrades, Frei Bruno Almeida, Frei Bruno Dias, Frei Gilberto e Frei Vinícius, hoje vocês terminam o ano de provação e pedem para ser recebidos na Obediência. O ano do Noviciado, com seus erros e acertos, com a pessoa de cada confrade, ajudou a lhes mostrar o verdadeiro sentido de nossa forma de vida. Mas, principal-
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mente, a pessoa de cada um de vocês foi importante neste protagonismo de abraçar o “espírito do Senhor e seu santo modo de operar”. Para abraçar este verdadeiro espírito de penitência e conversão”, exortou. Frei César lembrou que o Noviciado “terá sido fundamento para vocês se ajudou neste exercício do silenciar para poder escutar e para poder ver. Ouvir o que não tem som e ver o que não tem forma”. “O mundo é confuso e barulhento. Mas é o lugar da encarnação do nosso Deus, por isso também é o lugar da nossa missão. Francisco diz que o mundo é o nosso claustro. Por isso, precisamos estar inseridos nele, mas continuando a busca que procura distinguir o que é essencial, o que não pode ser confundido pela distração silenciosa das tecnologias nem pelo barulho das ideologias
que se pretendem absolutas”, completou, convidando a se inspirarem em Maria, também modelo de discipulado, a mulher do silêncio e da escuta, que soube dizer sim à vontade de Deus. A celebração transcorreu de modo tranquilo em um clima agradável. O rito previsto incluía a manifestação oral dos candidatos de seu desejo de viverem a Forma de Vida Franciscana, responderem a alguns questionamentos/provocações do Ministro Provincial, Frei César, que acolhia seu pedido e a oportunidade de cada um proclamar sua profissão para que toda a assembleia e os frades presentes pudessem testemunhá-la. Por fim, o Ministro Provincial entregava a cada um o livro dos Escritos e Biografias de São Francisco de Assis, onde está inclusa a Regra de Vida que eles prometiam viver com fidelidade e alegria.
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Frei César aproveitou para apresentá-los ao povo, agora já como frades professos, que trilharam parte do percurso de discernimento de sua vocação e agora eram enviados a testemunhar o carisma em suas pastorais e estudos. Que a Virgem Imaculada e nosso Seráfico Pai São Francisco intercedam a Deus por estes jovens confrades, que com generosa disponibilidade se entregaram ao serviço de Deus, da Igreja e da humanidade e lhes permita serem felizes e realizados em sua consagração. Rezemos também nós por eles! Frei Rodrigo da Silva Santos MESTRE DOS NOVIÇOS
Cleacir José Beninca (fotos)
ANTES, O PEDIDO DE PROFISSÃO À FRATERNIDADE Dia 29 de dezembro de 2020. Dia de celebração e gratidão na casa do Noviciado São José, em Rodeio – SC. Quatro noviços, após um ano de profundo discernimento da proposta de vida consagrada franciscana, reconhecem dentro de si o desejo de viver esta Forma de Vida e para isso foram se preparando no decorrer deste Ano de Graça e Provação. No almoço deste dia, testemunhado por familiares e confrades visitantes, os quatro jovens noviços fizeram seu pedido à Fraternidade do Noviciado para poderem professar, pela primeira vez, seus votos a Deus para viverem em Obediência, Sem nada de Próprio e em Castidade. O pedido, tradicionalmente, é feito ao guardião do Noviciado, Frei Mario Stein, que o acolheu e exortou aos noviços à fidelidade e perseverança, enquanto lhes assegurava que a fraternidade que os acolheu neste ano continuará a apoiá-los através das orações. Em seguida, o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, abençoou os novos hábitos e lhes entregou para que os ves-
tissem pela primeira vez. Este é o hábito, talhado no formato da cruz de Cristo, que eles passarão a usar a partir de agora, sinal externo de sua decisão pra vida. Apesar desta Primeira Profissão Temporária, ter a validade de um ano apenas – devendo ser renovada a cada final de ano, até que eles estejam prontos para a Profissão Solene e por toda a vida – ela é muito significativa na vida de todo religioso. É a partir dela que se inicia o tempo de Vida Religiosa de cada frade. É para ela que as
etapas anteriores vieram preparando os jovens noviços no decorrer dos últimos anos. E é com o sincero desejo de fazê-la com seriedade e consciência de seu significado, que os noviços embarcam nesta caminhada de seguimento do Mestre Jesus, do mesmo modo que São Francisco de Assis fez no passado. Que a Virgem Imaculada, Rainha e Advogada da Ordem Franciscana, interceda por estes quatro jovens na coragem e generosa doação de seu SIM dado a Deus!
FORMAÇÃO E ESTUDOS
MINISTRO PROVINCIAL ENTREGA OS HÁBITOS AOS NOVIÇOS
Frei Caio Santos
Frei Felipe Luiz
Frei Samuel Corrêa
Frei Raphael
Frei Sandro Francisco
Frei Ruan Ramiro
Frei Thiago
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Ministro Provincial acolhe os noviços deste ano
A
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, no Noviciado São José, em Rodeio – SC, acolheu, na manhã do dia 5 de janeiro, sete noviços para iniciarem o seu Ano da Graça e Provação. O rito de admissão ao Noviciado aconteceu na Celebração Eucarística presidida pelo Ministro Provincial, Frei César Külkamp,
e concelebrada pelo guardião da fraternidade, Frei Mario Stein; e o mestre de noviços, Frei Rodrigo da Silva Santos. A turma de noviços de 2021 é composta por jovens, entre 21 a 25 anos, em sua maioria nascidos no Sudeste. Chegam ao Noviciado para o qual se prepararam por dois anos de formação com expectativas e sincero desejo de corresponder ao chamado que
sentem ter recebido de Deus para viverem como franciscanos. São eles: Caio Santos da Silva, Felipe Luiz Mendonça, Raphael de Faria Costa, Ruan Ramiro Martins, Samuel Corrêa Ribeiro, Sandro Francisco Bedim da Silva e Thiago de Carvalho Pereira. Nesta celebração receberam o hábito, veste da provação costurada no formato da cruz, da Ordem dos Frades Menores. Frei César, como parte de sua reflexão na celebração, ressaltou que eles não se tornam frades por passarem a usar o hábito franciscano, mas exatamente o contrário: por se proporem a viver como frades franciscanos, eles recebem o hábito como sinal externo da direção à qual seus corações se inclinam. Rezemos por nossos jovens irmãos, para que sejam fiéis ao chamado do Senhor, sinceros e generosos em sua resposta a Ele. Que nosso Seráfico Pai São Francisco interceda por eles, acolhendo-os nesta grande família franciscana. Frei Rodrigo da Silva Santos
Os Frades formadores ajudam os noviços a vestirem o hábito franciscano pela primeira vez
MESTRE DOS NOVIÇOS
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FRATERNIDADES
Regional Leste Catarinense e Vale do Itajaí realiza seu encontro on-line
O
entardecer da segunda-feira, 14 de dezembro, dia marcado pelo eclipse solar que podia ser visto do Sul do Brasil, também foi data do 2º Encontro do Regional Leste Catarinense e Vale do Itajaí nesse ano tão atípico de 2020. Tudo está tão diferente. O encontro foi via plataforma on-line devido ainda às restrições de encontros presenciais por causa da Covid-19, que martiriza a humanidade nesses tempos hodiernos. Frei Daniel Dellandrea, Definidor para nosso Regional, abriu a sala de encontro, disponibilizando o link de acesso para os frades se logarem. Uma a uma as fraternidades foram adentrando nesse novo modelo de estar presente mesmo à distância, ainda novidade para muitos, mas que vai se tornando ferramenta essencial. Direto da Fraternidade São Pedro Apóstolo, de Gaspar, Frei Paulijacson Pessoa de Moura, coordenador do Regional, deu as boas vindas a todos. Fez a apresentação da pauta e destacou ser a última participação da Fraternidade Nossa Senhora da Conceição, de Angelina, já que a partir de janeiro a Paróquia será entregue à Diocese e a Fraternidade desfeita. Trata-se de um encontro histórico, portanto. Recordou também o falecimento de
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Frei Estêvão Gomes Pereira, o tão querido Frei Estevinho, que em Rondinha foi acometido pela Covid-19, e falecera naquele mesmo dia. Convidou, então, a Frei Paulo Borges e a Fraternidade de Angelina para conduzirem a oração inicial preparada por eles. Em clima de Advento-Natal, rezamos e cantamos ao Senhor que vem. Frei Daniel apresentou em seguida a síntese das respostas que as Fraternidades enviaram a respeito do estudo e reflexão acerca do subsídio “A Nossa Vocação entre abandonos e fidelidade”, subsídio que a Província preparou a partir de outro subsídio, da Ordem, com o mesmo nome. A síntese foi aprovada para ser encaminhada à Comissão Preparatória do Capítulo Provincial de 2021, como contribuição do Regional. Seguindo o encontro os membros da Fraternidade de Angelina puderam partilhar um pouco o estado de espírito e os passos do processo de entrega da Paróquia. Ressaltaram o sentimento de gratidão e esperança. Abrindo espaço para outros assuntos e comunicados, Frei José Lino Lückmann convidou os frades do Regional para uma Missa, no dia 18/12, do seu jubileu de ouro de vida sacerdotal. Nessa mesma direção, Frei Rodrigo da Silva Santos, mestre dos noviços, convidou a
todos para a Primeira Profissão dos noviços. E para o próximo ano, 7 serão acolhidos para o noviciado. O Seminário de Ituporanga partilhou o ano diferente, desafiador, mas que foi encarado com empenho. E a Paróquia convidou para a celebração dos Jubileu de Frei César Külkamp, nosso Provincial, junto com José Lino Lückmann e José Boing, no dia 26. Frei Carlos Ignacia também partilhou a alegria do seu jubileu de 25 anos de Vida Religiosa Franciscana na festa da Imaculada. Em seguida Frei Valdemar Schweitzer brindou a todos com a declamação de uma de suas poesias, a Fuga de Natal, remetendo ao Menino no Presépio, saudado por toda a criação e por nós também. Frei Daniel recordou a páscoa de Frei Estevinho, que se dedicara durante muito tempo a cuidar de vários frades enfermos, e que teve nesses últimos tempos que ficar mais isolado devido à Covid. Também recordou tantas pessoas entristecidas e enlutadas, com as quais também estamos em comunhão. Lembrou que temos de agradecer a Deus pela recuperação de Frei Vilmar Alves da Silva, de Lages, que superou a Covid e agora se recupera das sequelas. Na mensagem final, recordou nosso último encontro, às vésperas da pandemia, e como as coisas mudaram nesse ano. Falou de gratidão e esperança, agradecendo também os trabalhos e serviços nesse ano, do SAV, da formação e de cada frade... Lembrou os jubilandos da Província e os aniversariantes desses dias próximos. No encerramento, Frei Pascoal Fusinato encantou a todos com um hino natalino performado na gaita de boca! E a bênção foi pedida pela intercessão da Imaculada Conceição! Clauzemir Makximovitz
FRATERNIDADES
Festa da Penha 2021 manterá formato virtual e interativo
A
próxima edição da Festa da Penha, que acontecerá entre os dias 4 e 12 de abril de 2021, manterá os cuidados por causa da pandemia do novo coronavírus. A organização anunciou, no dia 11 de dezembro, que irá realizar eventos na programação para um número reduzido de pessoas, conforme avaliação das autoridades de saúde à época. Assim como também manterá o formato virtual e interativo, iniciado na última edição da Festa. “Sabemos que os tempos atuais não favorecem planejamento a longo e médio prazos, porém não se pode descuidar da necessária organização da maior festa religiosa do Espírito Santo e uma das três principais festas marianas do Brasil. Por isso, reunimos parceiros, apoiadores e imprensa para anunciar nossos primeiros passos para o evento”, disse o guardião do Convento, Frei Paulo Roberto Pereira. Para a próxima edição, o formato virtual e interativo será privilegiado, havendo atividades presenciais em número reduzido e conforme avaliação das autoridades de saúde à época da Festa. O guardião explicou que, entre as atividades
virtuais e interativas, será mantido diariamente o Programa “Salve Mãe das Alegrias”, ao vivo, com notícias, entrevistas e variedades, em um formato inovador, mas com marca da devoção expressiva capixaba. A Recitação do Terço e a Consagração a Nossa Senhora também serão realizadas diariamente em formato on-line pelas redes sociais, assim como as celebrações da Eucaristia e transmissões das missas vespertinas. “Já as atividades presenciais, como a abertura do Oitavário e a Missa de Encerramento, entre outras, acontecerão com controle de público, em número de participação conforme orientação das autoridades sanitárias. Mas toda a programação, inclusive a que tiver público, será transmitida em nossas redes e nos canais dos veículos de comunicação parceiros do evento”, destaca Frei Paulo. Outra novidade é a presença da imagem de Nossa Senhora da Penha mais lúdica, elaborada
para estar presente nas peças de comunicação alusivas à Festa com a finalidade de criar empatia com o público de todas as idades, em especial os mais jovens.
Tema remete ao uso das máscaras O tema da Festa da Penha 2021 é “Vosso olhar a nós Volvei”, em alusão ao canto tradicional da devoção Mariana e ao poder do olhar misericordioso de Nossa Senhora sobre nosso povo. A escolha, segundo Frei Paulo, se faz propícia no cenário atual, em que devemos renovar os votos de fé para que nossa Padroeira interceda por nós. Mas também tem outro significado nesse período de pandemia. Assessoria de Imprensa do Convento JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 33
FRATERNIDADES
Frei César, Frei José Boeing e Frei José Lino celebram seus jubileus
N
a festa de Santo Estêvão (26/12), Padroeiro da Paróquia de Ituporanga, três frades se reuniram durante a Santa Missa, às 19 horas, para celebrar e agradecer a Deus pelos seus jubileus. Segundo o pároco Frei Evandro Balestrin, foi um dia especial para a comunidade de fé, pela festa do Padroeiro Santo Estêvão, e especialmente pelos jubileus de três filhos dessa terra: Frei José Boeing, 60 anos de vida religiosa; Frei José Lino Lückmann, 50 anos de sacerdócio; e Frei César Külkamp, 25 anos de vida sacerdotal.
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A celebração reuniu também muitos frades da Província, que neste período natalino visitam seus familiares no município. Segundo o pároco, são 17 frades naturais da região, conhecida como a “Capital da Cebola”. Guardadas as devidas normas sanitárias, muitos paroquianos, amigos e familiares participaram da Celebração. O Ministro Provincial, Frei César Külkamp, que já havia celebrado (29 de novembro) na Sede Provincial, em São Paulo, onde reside, escolheu esse dia para render graças a Deus por sua ordenação presbiteral, nesta mesma Matriz de Santo Estêvão, realizada no dia 16 de dezembro
de 1995. Frei César nasceu em Ituporanga no dia 26 de maio de 1969. Os três renovaram, nesta Santa Missa, o compromisso como sacerdote. Segundo o Ministro Provincial, nesta profissão renovaram como fraternidade a serviço da evangelização na vivência do Evangelho, a serviço dos irmãos e irmãs. “Nós, hoje, professamos também a nossa fé em Deus, Aquele que nos chama, Aquele que nos prepara, nos consagra e envia”, explicou. Na celebração que tomou a liturgia da Festa da Sagrada Família, Frei César disse: “Hoje queremos também celebrar, acima de tudo, esta vocação tão específica da famí-
FRATERNIDADES
lia”. Referindo-se ao Evangelho do dia, exortou: “Que a exemplo de Simeão nós possamos agarrar esse Menino, que na sua pequenez de criança, na fragilidade do presépio, nos anuncia que o caminho é simples, é pequeno. Que possamos, então, agarrar esse Menino e trazê-lo para dentro das nossas famílias, para que Ele seja também esperança. Para que Ele seja iluminação de todas as realidades e seja para nós a esperança”. “E hoje, celebrando os jubileus, nós também queremos celebrar a gratidão. Até pedi que cada um deles falasse um pouquinho, mas eles deixaram essa tarefa para mim. Então, em nome dos três que celebramos esses jubileus, no dia do Padroeiro da Paróquia, queremos pedir com o coração de pobre,
que ele nos faça pobres e agradecidos, nos torne também unidos na realidade que nos faz, como toda a Igreja, uma só e sagrada família. E que nesta família abençoe generosamente e abundantemente as nossas famílias, as famílias dessa Paróquia, as famílias aqui presentes, as famílias que nos
acompanham nessa transmissão. E assim, com esse coração aberto, generoso, possamos celebrar com alegria o Natal do Senhor, que deve renascer todos os dias nos nossos corações”, festejou o Ministro Provincial. Frei Evandro, no final, destacou que hoje seria um dia de grandiosa festa na cidade, mas que devido à pandemia o importante era a Eucaristia celebrada. Frei César, ao fazer seus agradecimentos, lembrou que Frei José Boeing foi quem o batizou nesta Matriz. Frei José Lino, segundo o Ministro Provincial, foi seu formador. Agradeceu a todos e especialmente aos seus familiares. Disse que muitas pessoas gostariam de estar presente, mas orientou: “É tempo de cuidado”. JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 35
FRATERNIDADES
Em Florianópolis, Frei José Lino celebra 50 anos de sacerdócio
“H
oje a nossa Província Franciscana está duplamente em festa. Além dessa celebração dos seus 50 anos de vida sacerdotal, na manhã do dia 19 de dezembro, nove jovens frades ofereceram o seu ‘sim’ ao serviço a Deus como diáconos da Igreja. Com certeza, eles olham para você, Frei José Lino, como uma inspiração de que é possível, sim, realizar-se nessa vocação. E nós, que já estamos vivenciando o ministério sacerdotal, ao olharmos para eles, podemos nos reanimar com a alegria e a esperança com que se lançam ao serviço do Reino de Deus”. Foi assim que o Definidor Frei Daniel Delandrea rendeu graças a dois momentos importantes na Província: o jubileu de 50 anos de vida sacerdotal de Frei José Lino Lückmann e o ‘sim’ de nove jovens frades ao diaconato, na mesma data, em Petrópolis (RJ). Frei José presidiu este momento histórico em sua vida, tendo como concelebrantes seus confrades Frei Daniel, o guardião e pároco Frei Germano Guesser, Frei Diego de Melo, Frei Clauzemir Makximovitz, o pároco da Catedral de Florianópolis, Pe. David Antônio Coelho, e o Reitor do Seminário de Teologia de Florianópolis, Pe. Vânio da Silva. Animaram os cantos Mateus Hofmann e sua mãe Ana. Amigos, familiares e o povo guardaram o distanciamento necessário durante Celebração, seguindo as normas sanitárias catarinenses. Frei Daniel falou da alegria de celebrar os 50 anos de ministério sacerdotal de Frei José e lembrou que ele escolheu como lema para sua ordenação, ‘Eu vim para servir’, que coincidiu com a liturgia
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do quarto domingo do Advento, “onde nos é apresentada aquela que se fez modelo de serviço aos planos de Deus: a Virgem Maria. É Maria, tão jovem, humilde e cheia de fé, que nos inspira na vida sacerdotal a também a acolher o chamado de Deus e oferecer nosso sim para o anúncio da Boa Nova”, lembrou o Definidor. “Na vida sacerdotal temos duas maravilhas a agradecer a Deus. A primeira, assim como Maria, temos a graça de também recebermos o anúncio, o convite de Deus. É a nossa experiência tão própria e íntima da anunciação. Através de um mensageiro de Deus (que pode ser uma pessoa, um fato ou alguma outra experiência da vida), recebemos um convite, um toque de Deus, que nos levou a buscar conhecer mais intensamente a Jesus Cristo e futuramente dar o nosso Sim a serviço da Igreja como sacerdotes.
Outra maravilha, é fruto desse serviço, do nosso Ministério. Como sacerdotes muitas vezes somos nós os instrumentos de Deus, seus mensageiros. Quantas vezes levamos o anúncio de Jesus Cristo aos corações das pessoas! Quantas experiências de Deus proporcionamos àqueles e àquelas que nos procuram em busca de uma bênção, no aconselhamento, na compaixão e na misericórdia. É isto que hoje nos faz recordar e agradecer o quanto a vida religiosa e sacerdotal nos realiza, nos torna felizes”, ressaltou o frade. “Hoje é o dia do sim. Com Maria somos convidados a olhar hoje as maravilhas que o Senhor Deus realizou nos seus 50 anos de sacerdócio. E unir nossa prece e oração para que você, Frei Joselino, possa novamente oferecer o seu sim, permanecendo fiel ao propósito do lema de sua ordenação: Servir!”, concluiu. O pároco Frei Germano falou em nome
FRATERNIDADES
da comunidade e começou lembrando o salmista: “Como é importante saber agradecer, saber louvar por tudo aquilo que o Senhor faz por nós!” “Frei José Lino, quem poderia imaginar que hoje - Frei José foi o meu professor de Português no Seminário de Agudos, em 1982 - estaríamos juntos celebrando o seu jubileu de ouro?! Já desde aquela época sua presença era muito marcante em nosso meio: na sala de aula, no esporte sempre presente, no basquete e até no polo aquático... Da formação, o sr. seguiu para o trabalho pastoral ao assumir uma paróquia, com uma realidade muito difícil. Com seu jeito acolhedor e fraterno, conquistou o povo e até hoje lembram com carinho e
saudades do sr.”, recordou Frei Germano. Essa característica fraternal foi destacada pelo pároco em outros lugares, segundo ele, como um legítimo filho de São Francisco. “Que o digam o povo de Agudos, Cabrália Paulista, Luzerna, Ibicaré, Gaspar, Forquilhinha, Angelina, Lages, e agora Florianópolis!”, acrescentou. “Inclusive, a minha família nutre um grande carinho pelo sr. Minha irmã não esquece do sr. quando presidiu a sua cerimônia de casamento. Ela lembra com gratidão”, contou Frei Germano. Logo no início do seu Pontificado, o Papa Francisco disse que o sacerdote deveria ter o cheiro de suas ovelhas. “O senhor traz consigo o cheiro das ovelhas que nutriu com um carinho muito
especial em todos os lugares por onde passou e onde perdeu a conta dos amigos que fez. Este cheiro das ovelhas lhe faz lembrar sempre que, no dia 19 de dezembro de 1970, deitado no chão da igreja de Santo Estêvão de Ituporanga (SC), ali não teve dúvidas que sua vida era ao lado do Bom Pastor. ‘Eu vim para servir’ não foi só um lema, mas uma prática nestes seus 50 anos de sacerdócio”, completou Frei Germano. Antes da bênção final, Frei José Lino disse que estava muito feliz pelos 50 anos, por todos os lugares por onde passou e disse ser muito grato a seus pais, que tiveram 13 filhos, sendo ele o sétimo. E brincou: “Se tivessem parado nos seis filhos, eu não teria nascido”.
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FRATERNIDADES
Frei Clarêncio e Frei Djalmo celebram jubileus na Epifania do Senhor
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elebrando a solenidade da Epifania do Senhor, na manhã do domingo (3/01), a comunidade da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, de Vila Velha (ES), reuniu-se no Santuário do Divino Espírito Santo para louvar e bendizer a vida de Frei Clarêncio Neotti e Frei Djalmo Fuck, ambos jubilandos da Província da Imaculada Conceição. Frei Djalmo é natural de Angelina (SC), nasceu no dia 31 de março de 1974; vestiu o hábito franciscano em 12/01/1995; fez a profissão solene na Ordem Franciscana em 02/08/2000 e foi ordenado presbítero em 10/05/2003. Frei Clarêncio é natural de Salete (SC), nasceu no dia 29 de dezembro de 1934; vestiu o hábito franciscano em 23/12/1954; fez a profissão solene na Ordem Franciscana em 24/12/1958 e foi ordenado presbítero em 06/01/1961.
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A Santa Missa teve início às 10 horas, tendo a presidência inicial de Dom Frei Dario Campos. Se fizeram presentes também os frades do Convento da Penha, a Fraternidade do Santuário e Frei Leandro Costa, que em sua primeira transferência morou com Frei Clarêncio e Frei Djalmo. Dom Dario, após o Sinal da Cruz e saudação inicial, pediu licença à Assembleia presente e, num gesto fraterno e de respeito, entregou a presidência da celebração a Frei Clarêncio. Nas palavras do Bispo: “O aluno entrega a presidência da celebração àquele que já foi meu professor”. O Jubilando sacerdotal continuou a presidência da celebração, invocando a misericórdia e dizendo que sua vocação não era somente responsabilidade sua, mas de toda a comunidade
local que, como ele, tem igual compromisso com seu ministério. A homilia da Santa Missa ficou ao encargo de Dom Frei Dario. “Na solenidade de hoje nós queremos celebrar a vida, a entrega e a consagração religiosa e sacerdotal desses dois irmãos”, falou Dom Dario. Parafraseando Frei Clarêncio, o bispo citou: “O sacerdócio é um dom que traz consigo a chave que abre os cofres da graça misericordiosa de Deus a quantos pedirem sua ajuda”. (Homilia de Frei Clarêncio, primeira missa de Frei Leandro 09/02/19). Ressaltando assim que a consagração sacerdotal de Frei Clarêncio é o rosto da misericórdia de Deus, e a vida religiosa de Frei Djalmo mostra que somente alguém apaixonado pela vida pode mostrar o caminho de Jesus de Nazaré.
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Finalizou o bispo: “Enfim, obrigado por vossos ‘sim’ ao longo desses anos ao povo e a Deus pela misericórdia com a essência do mistério celebrado na Epifania. Que a Virgem da Penha continue intercedendo aos anjos por todos nós, mas principalmente ao nosso pároco Frei Djalmo e a Frei Clarêncio, uma salva de palmas aos dois”. Um momento muito marcante da celebração foi o ofertório: o cálice junto ao pão e vinho foram trazidos pelos sobrinhos de Frei Clarêncio, que no dia de sua Primeira Missa fizeram a sua 1ª Eucaristia. Ambos entregaram ao tio, o pão e o vinho, que pelas mãos
dele, há 60 anos, tornam-se Corpo e Sangue de Cristo! Após a comunhão, momento de homenagens. A Paróquia do Rosário preparou uma lembrança a cada frei que foi entregue ao som da Oração de São Francisco, cantada por dois jovens da Paróquia. Logo após as homenagens dos paroquianos, momento dos freis agradecerem, um por seu ministério e outro por sua vida consagrada. E nesse espírito de gratidão e alegria, Frei Clarêncio devolveu a presidência da celebração a Dom Dario, que deu a bênção
solene a todos e pediu vivas aos freis jubilandos. Mesmo não tendo festa nem confraternização, o povo da Paróquia se fez presente na missa, respeitando todas as normas sanitárias. O povo não pôde abraçar os freis, mas o afeto e o carinho podiam ser sentidos de longe. Os votos de toda a comunidade para os freis eram os melhores, de perseverança e que, por muitos anos possam servir a todo o povo, com muito amor como já fazem. Pascom da Paróquia do Rosário
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FRATERNIDADES
Província entrega à Diocese de Santos o cuidado pastoral do Santuário do Valongo e da Paróquia da Assunção
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om mais de 380 anos de evangelização no Litoral Sul de São Paulo, os frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição entregaram, no dia 20 de dezembro, o cuidado pastoral do Santuário Santo Antônio do Valongo e da Paróquia Nossa Senhora Assunção à Diocese de Santos, na pessoa do bispo diocesano Dom Tarcísio Scaramussa, durante a Missa de Ação de Graças, às 8 horas, no Santuário e, às 19 horas, na Paróquia. O Ministro Provincial, Frei César Külkamp e o Definidor Frei Mário Tagliari participaram deste momento histórico, marcado pela emoção dos fiéis paroquianos e dos frades, especialmente da última Fraternidade, formada por Frei João Pereira Lopes, o guardião e pároco; Frei Hipólito Martendal, vigário paroquial e Frei Valdevino Negherbon.
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Guardando as normas sanitárias, os fiéis marcaram presença neste momento de gratidão e despedida dos frades quando a Igreja celebra o quarto domingo do Advento. A Paróquia Nossa Senhora da Assunção foi assumida pela Província da Imaculada em 2007. Mas no passado já pertencia ao Convento, quando este era paróquia. Os frades residiam na Fraternidade do Valongo e atendiam a Paróquia no Largo São Bento. “Nossa gratidão a todos os franciscanos, nosso agradecimento a Deus, ao seu amor, que vem até nós e se manifesta de tantas formas. Uma delas foi essa presença franciscana servindo ao nosso povo durante todo esse tempo, servindo ao Evangelho e servindo nossa Igreja de Santos.
Com Maria o preparamos para acolher o Senhor, dizer sim a Deus e renovar o nosso compromisso de fé”, disse D. Tarcísio. Frei César lembrou que os frades chegaram a Santos em 1640, no dia 25 de janeiro. No próximo mês, completariam 381 anos de presença na cidade litorânea do Estado de São Paulo. Ele lembrou que Frei Manuel de Santa Maria fundou a primeira Fraternidade e, naquele mesmo ano, fundou a Fraternidade da Ordem Franciscana Secular, que sempre caminhou junto com a Primeira Ordem. Segundo o Ministro Provincial, em dois períodos de ausências dos frades, a Ordem Franciscana Secular permaneceu “sempre cuidando de tudo e de todos e mantendo muito acesa a chama franciscana”. Frei César explicou que uma história
FRATERNIDADES
de quase quatro séculos não poderia ser contada em pouco tempo, mas destacou alguns momentos importantes vividos no Valongo. Disse que o Convento foi considerado um dos mais bonitos de toda a Província na parte Sul do Brasil. “No século 19, os religiosos foram proibidos no Brasil por uma decisão da Coroa Portuguesa e os frades foram diminuindo tanto que chegaram ao número de um só. Frei João do Amor Divino tinha que passar em vários conventos para manter, digamos assim, essa presença até que chegaram os frades missionários alemães”, recordou Frei César, observando que por quase 60 anos, de 1860 a 1922, o Convento não teve nenhum frade. Frei César destacou alguns nomes que fizeram história e marcaram profundamente a comunidade. Ele recordou também que foi neste Convento que o primeiro bispo de Santos começou a planejar a Diocese de São Paulo, que era diocese de todo o Sul naqueles tempos. “Por aqui também passou o Monsenhor, chamado João Ferretti, que precisou parar com sua embarcação e se hospedar no Convento. E anos depois, ele se tornou o Papa Pio IX, um Papa importante porque ele proclamou o dogma da Imaculada Conceição, um dogma muito caro aos franciscanos”, contou. Em outro episódio, lembrou que os ingleses encarregados de construir a estrada de ferro “São Paulo Railway” não demoliram a igreja do Valongo, em meados do século XIX, por causa de um milagre. Por ordens do Barão de Mauá, a demolição começaria pela imagem de Santo Antônio, do século XVII. “Mas não houve força humana capaz de tirar essa imagem. Esse fenômeno foi considerado um grande milagre e fez com que eles tivessem de mudar os seus planos. E diante daquele acontecimento, a
população de Santos veio para cá - dizem que até tomaram pedaços de pau – a fim de proteger a igreja. Foram até o Imperador e conseguiram manter esse patrimônio espiritual tão importante aqui em Santos”, disse o Ministro Provincial. A igreja, em estilo barroco, possui valiosas obras de arte, como o Cristo Místico de Seis Asas. O Convento do Valongo se tornou Santuário por decreto de Dom David Picão, em 1987, e foi tombado pelo Condepasa em junho de 1993. “Isso mostra como o povo de Santos ama esta Porciúncula, como dizia a Adriana da OFS. A igreja então foi salva. Hoje, mais do que tudo, queremos pedir que esse amor permaneça para sempre. Porque essa igreja contou com essa presença de frades nesses quatro séculos, mas ela é de vocês. Nós temos muita certeza disso e São Francisco tinha essa clareza. Nós ouvimos também na primeira leitura de hoje que Deus não precisaria de mãos humanas para construir uma casa para Ele, mas que Ele estaria em toda parte. São Francisco também tinha essa
convicção e por isso queria que seus frades não se apegassem a conventos, lugares, e essa característica faz com que nós, frades menores, tenhamos esse espírito de itinerância, de não ficar para sempre no mesmo lugar e ir anunciar a Palavra de Deus, seguir sempre adiante em missão”, ressaltou o Ministro Provincial. Frei César explicou que esta entrega faz parte do processo de redimensionamento reafirmado pela Província no último Capítulo Provincial (2018). Segundo ele, sair de Santos é uma decisão de muita dor. “A nossa parte bem humana se apega a lugares, mas principalmente a pessoas. Há uma história de Igreja, de carisma, de vida vividas aqui nesse pedaço de Santos, nesta Porciúncula, como vocês diziam”, confessou, fazendo agradecimentos a Dom Tarcísio, pela compreensão durante o processo de entrega. Segundo o Ministro Provincial, o bispo chegou a pedir que os frades continuassem. “Mas ele compreendeu a nossa situação, porque é religioso e conhece a realidade da vida religiosa, as situações de diminuição, o envelhecimento dos quadros e também a necessidade de novas missões que nos são sempre pedidas”, acrescentou. Depois Frei César agradeceu à Fraternidade atual, formada pelo guardião e pároco, Frei João Pereira Lopes, Frei Hipólito e Frei Divino. “Agradeço pela condução muito organizada e transparente de todo esse processo junto ao povo”, disse. Ele fez por último seu agradecimento, especialmente ao povo, que ama este lugar e é o verdadeiro dono deste espaço segundo suas palavras. “Agradeço também pela abertura, escuta, cuidado, partilha fraterna com os frades, tanto no projeto desse lugar, que hoje é uma casa de acolhida e de evangelização com o carisma JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 41
FRATERNIDADES
franciscano. Os frades precisam se retirar, para seguir adiante, mas outros irmãos continuam. Destaco as irmãs e os irmãos da Ordem Franciscana Secular, mas especialmente o coração franciscano e antoniano deste povo que frequenta aqui Santuário, a quem nesse tempo todo, com as nossas falhas e as qualidades de cada frade, procuramos servir”, frisou. Frei César também pediu as bênçãos de Deus para os novos frades Servitanos que vão continuar este serviço de acolhida, de evangelização, tanto no Santuário como também na Paróquia: Frei Denilson, que será o pároco, o Frei Cristóvão e o Frei Rangel. “E peço muito a vocês uma acolhida carinhosa a estes irmãos que vêm de coração aberto para estar e servir a vocês. Termino com a nossa carinhosa saudação franciscana: Paz e Bem!”
ATÉ BREVE! A ministra da Fraternidade do Valongo da Ordem Franciscana Secular, Maria Adriana Reis da Silva, contou que, há algum tempo, as notícias da entrega dos cuidados pastorais do Santuário, que foram confirmadas depois, os deixaram “perdidos e atordoados”. “Nossos corações franciscanos resistiram à ideia de um santuário sem a presença dos Filhos de São Francisco e irmãos espirituais de Santo Antônio. Contudo, os mesmos corações doloridos por suas partidas, também se alegram por constatar que mais de 800 anos depois da fundação da Ordem, os ideais de Assis se mantêm vivos”, disse. “Após 380 anos de missão em nossa comunidade, nossos frades partem para novos desafios, para chegar a novas comunidades, para levar o testemunho de vida de Francisco, Clara, Antônio, Isabel e Luís, aos nossos irmãos que mais necessitam da experiência franciscana de vida. E nós, como ficamos? Nós, comunidade do Santuário Santo
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Antônio do Valongo e a Ordem Franciscana Secular, herdamos o legado de seguir Jesus Cristo a exemplo de São Francisco de Assis, de continuar a fazer deste santuário a nossa Porciúncula, o nosso lugar sagrado. E não diremos adeus. Com os corações repletos de gratidão, respeito e carinho, desejamos dizer até breve”, revelou. Segundo Adriana, a história do Santuário sempre estará registrada na Província, assim como a presença dos frades estará definitivamente marcada nestas paredes e em nossos corações. “E por esse momento não significar, de forma alguma um fim, mas um recomeço, para a Província e para a nossa comunidade, parafraseamos, as palavras do Pobrezinho: ‘Vamos começar a servir a Deus, meus irmãos, porque até agora pouco ou nada fizemos’”, citou.
Ela encerrou lembrando que o momento de pandemia que vivemos impede despedidas com abraços e pediu uma calorosa salva de palmas aos frades. “Em nome da Ordem Franciscana Secular, gostaria de agradecer ao Frei César por todas as vezes que a Província nos recebeu para tratar desse assunto. Claro, que nós, comunidade e OFS, no início tentamos reverter essa situação, porque como família, a gente não quer ver um membro da família partindo, mesmo sabendo que a partida é necessária e o melhor para o membro da família. Mesmo sabendo que comunidades necessitam mais, nosso coração fica dolorido. Mas a gente sabe que, mesmo que os frades não estejam presentes no nosso Santuário, continuamos sendo família. Obrigado, Frei João, por ser nosso assistente. Obrigado por todo esse carinho. Obrigado D. Tarcísio pelo carinho com que nos recebeu para tratar deste assunto”, concluiu. Frei João também fez seus agradecimentos. “Muito obrigado pela presença fraterna e amiga ao longo dos trabalhos nesses cinco anos que aqui estive, com a graça de Deus, à frente do Santuário e da Paróquia. Os nomes de vocês estão inscritos no coração de Deus. Ele
FRATERNIDADES
sabe o que cada um fez e faz pela evangelização, a partir do Santuário. Olhe para o passado com gratidão. Que história maravilhosa da presença franciscana. Apesar das dificuldades, vivenciamos juntos tantas alegrias ao longo desta história. Vivam o presente com alegria, sempre. Sem murmuração. Olhem para o futuro com esperança. Esperança que nos move para evangelizar sempre mais”, animou o guardião da Fraternidade. Dom Tarcísio, no final, pediu para os fra-
des angolanos, Frei Crisóstomo Ngala e Frei Miguel Filipe, estudantes de Teologia que estão fazendo estágio na Sede Provincial, levantassem. “Olha que significativo! Frei César falou da itinerância e, vendo esses jovens, a gente percebe a presença do carisma franciscano, enviado por Deus, a várias partes do mundo. É também uma presença significativa dessa ação de Deus que vai enviando os Filhos de São Francisco para toda parte do mundo. E que surjam sempre mais novas vocações, porque a gente sente como
isso é necessário e o povo de Deus necessita e agradece a Deus pelo carisma franciscano”, encerrou.
PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO Uma bela Celebração Eucarística marcou a despedida dos frades da Província da Imaculada Conceição na Paróquia Nossa Senhora da Assunção. “Nós queremos agradecer por esse tempo que Deus nos deu a graça de caminharmos juntos. Certamente, toda a nossa Província Franciscana foi qualificada, foi melhorada por essa convivência com vocês. Nós levamos muito aprendizado, muita generosidade, muita criatividade. Quero agradecer de coração do D. Tarcisio e, na sua pessoa, toda a Igreja de Santos. E possamos, todos, crescer no amor de Deus!”, disse o Ministro Provincial. No telão da igreja foi feita homenagem aos frades mostrando uma retrospectiva dos 14 anos de presença franciscana na Paróquia Nossa Senhora da Assunção. JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 43
EVANGELIZAÇÃO
ENTREVISTA
Pe. Patriky Batista:
“A CF precisa começar em nós”
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Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, entrevistou Pe. Patriky Samuel Batista, secretário executivo de Campanhas da CNBB, para o programa “Manhã Franciscana”. Natural da cidade de de Piumhi (MG), Pe. Patriky formou-se em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) em 2004. Em 2013, fez pós-graduação em Missiologia e Animação Pastoral pelo Instituto Superior de Filosofia Berthier (IFIBE) de Passo Fundo (RS) e, em 2018, concluiu outra pós-graduação em Teologia Pastoral pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte (MG). Foi ordenado presbítero em 20 de dezembro de 2008 e nomeado, no dia 27 de junho de 2019, secretário executivo de Campanhas da CNBB. Acompanhe a entrevista!
Comunicações - Desde o ano 2000, esta é a quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica. Qual o diferencial de uma edição ecumênica da Campanha da Fraternidade em relação às outras? Pe. Patriky - Frei Gustavo, é importante lembrar que a Campanha da Fraternidade é uma ação evangelizadora, promovida pela CNBB, que tem esse momento forte no período quaresmal. O grande objetivo da campanha é despertar a solidariedade dos fiéis e da sociedade como um todo em relação a algum problema concreto, que envolve a sociedade brasileira, mas buscando a solução a partir da Palavra de Deus, a partir do Evangelho. Então, a cada ano é escolhido um tema e, de cinco em cinco anos, acontece uma edição ecumênica da CF. Este ano, nós vamos viver a 57ª CF e a 5ª Ecumênica. O grande diferencial resumo em três pequenos aspectos: Primeiro,
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quando é ecumênica, quem assume a condução do processo é o Conic, que é o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. Então, quais as igrejas que pertencem ao Conic: a Igreja Evangélica de Confissão Luterana, os Anglicanos, a Igreja Sírian-Ortodoxa de Antioquia, nós, da Igreja Católica, a Igreja Presbiteriana Unida e também a Aliança de Batistas do Brasil. E esse ano, além das Igrejas pertencentes ao Conic, nós temos a presença de um membro fraterno, que é a Igreja Betesda, com sede em São Paulo, e também o CESEEP, que é o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização Educação Popular. Essa é a primeira característica e quem assume o processo é o Conic. A segunda característica é que o Conic organiza uma comissão, que vai pensar a Campanha desde o tema, lema, texto-base, e algumas peças para que a gente possa viver a Campanha em cada pequena comunidade. E essa comissão organizadora é composta de um membro de cada uma das Igrejas pertencentes ao Conic. Da Igreja Católica, eu represento a nossa comunidade de fé e também o Pe. Marcos Barbosa, que é o assessor para o Ecumenismo e Diálogo Religioso. Uma terceira característica é que o gesto concreto que compõe o Fundo Nacional de Solidariedade também é promovido por todas as Igrejas.
Comunicações - No centro da temática da Campanha da Fraternidade deste ano está o diálogo como um compromisso de amor. Que elementos não podem faltar num diálogo verdadeiro? Pe. Patriky - Você foi no ponto central, Frei Gustavo, porque por mais que a campanha seja vivida de forma ecumênica, o tema é o diálogo e talvez uma primeira intuição enquanto elemento seria justamente isso: o diálogo deve ser assu-
mido como estilo de vida. Ele é muito mais que uma conversa, muito mais que um debate. Ele é algo que parte do existencial. Ou seja, supõe um convívio para partilhar significados, experiências, daí a importância de vencer o medo, ir ao encontro do outro, buscar essa proximidade, exercitar a escuta como dizem os bispos do Brasil nas novas diretrizes. Hoje, a escuta é uma verdadeira profecia. A importância de envolver-se na conversa, de ter uma paciência de compreender o outro nas suas particularidades e uma partilha consciente também da nossa própria identidade, sem fazer proselitismos, mas que a gente possa se apresentar também ao outro como irmãos.
Comunicações - Entre os objetivos específicos da Campanha da Fraternidade deste ano está a superação da cultura do ódio. Padre, o que tem provocado o fortalecimento dessa cultura do ódio, inclusive entre grupos que se denominam cristãos? Pe. Patriky - Olha Frei Gustavo, é uma pergunta assim que deve nos fazer pensar. Como a gente está a um pouco mais de um mês para dar início à Quaresma, este período de conversão, talvez seja o momento propício para a gente pensar. Eu tomo aqui como primeira reflexão aquilo que o Papa Francisco dizia na sua primeira visita que fez em Lampedusa, no início de seu Pontificado. “Talvez a globalização da indiferença tenha marcado todos nós, inclusive o interno das nossas comunidades de fé. E essa globalização da indiferença que acaba gerando intolerâncias, individualismos, e o próprio esquecimento do Evangelho, daquilo que Cristo nos traz, enquanto palavra de acolhida, de vivência, de amor, de fraternidade. E talvez falta de uma autêntica escuta e de comunhão entre nós. Olhar mais
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para aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. Daí a importância que, infelizmente, tem esses e tantos outros desafios de recuperar as nossas relações de proximidade, de vivência do mandamento do amor como o Cristo nos pede. Daí a importância do testemunho. Frei Gustavo, o que muita gente tem perguntado: “Mas padre, já que o tema é o diálogo, como que eu vou dialogar com quem não quer nem uma conversa? Como dialogar com essas existências que temos?” Aí tenho lembrado que o diálogo também se faz pelos gestos. O nosso testemunho também comunica, o nosso testemunho também é diálogo. Daí a importância de lembrarmos, ao longo desta Campanha, a Encílica “Fratelli tutti” do Papa Francisco, que é uma inspiração para todos nós. Nos capítulos sexto e, sobretudo, no oitavo, quando o Papa aborda o tema do diálogo e fala da importância das religiões para construção de uma nova sociedade, embasada nesses valores que são universais. Então, eu penso que é mais do que pertinente essa Campanha da Fraternidade para nos ajudar a iniciar processo dialogais, de proximidade, de escuta, de verdadeiro amor ao próximo. E o período quaresmal é providencial para isso. O coração que se converte a Deus jamais será indiferente ao irmão.
Comunicações - Padre, o lema da Campanha da Fraternidade deste ano é retirado da Carta aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”. Como nós podemos compreender o conceito de unidade na diversidade? Pe. Patriky - Olha Frei Gustavo, como podemos ouvir no hino esse grande convite: “Venham todos, vocês, venham todos, reunidos num só coração. De mãos dadas formando a aliança, confirmados na mesma missão”. E como que a gente pode, então, avançar nesse sentido, buscando de fato a unidade na diversidade? Acho, primeiramente, percebendo que o diálogo não simplesmente cria conexão entre as pessoas, mas ele revela que há uma conexão entre nós. Somos irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai. E aí a importância de relembrarmos o mistério da Trindade. Somos imagem e semelhança de um Deus dialogal, que é comunhão e relação em si
mesmo. Se somos imagem e semelhança desse Deus que é trindade, somos chamados então a adentrar no coração do outro, nesse espaço sagrado, desamarrando as nossas sandálias. Buscando a unidade, eu penso a partir de três aspectos como São João Paulo II já nos dizia na Novo Millennio Ineunte, a partir dessa espiritualidade da comunhão. Daí a importância da oração. Então, rezar juntos, buscar esses momentos de fraternidade orante à luz do Evangelho e da Palavra de Deus. O segundo modo de viver a unidade na diversidade, não é fazendo opções por grandes discussões doutrinárias e teológicas, mas buscar solidariedade e cuidado com os pobres, trabalhar juntos em favor da vida plena para todos. E, por último, a busca pela paz. E aí vem essa imagem do lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, que faz referência àquele muro que existia no tempo de Jerusalém chamado Muro da Divisão, onde as pessoas que eram pagãs, os gentios, não podiam adentrar àquele espaço. Então, havia um murro de mais ou menos 1m40, que tinha uns alertas: “Se você não é um judeu, se você é um gentio, e adentrar a partir desse mudo, você é responsável pela sua própria morte”. Então, havia um muro que separava e Paulo acreditava, pela experiência que ele fez de fé, que Cristo derruba esse murro para que a gente possa se aproximar uns dos outros e nos aproximarmos também do sagrado. Como o próprio Paulo vai dizer aos romanos, que nada nos separa do amor de Deus, então nada pode nos separar uns dos outros. Então é preciso que essa Campanha nos ajude a destruir muros, construir pontes, mas também abrir mão dos entulhos, porque tem gente que até destrói muros, mas pegam os entulhos que sobram ali para poder cometer violência uns com os outros, nas nossas comunidades, entre religiões. Então é o grande convite para que a gente possa olhar para Cristo que é nossa paz.
Comunicações - De que maneira, quem nos ouve, já pode começar a se preparar para ver bem, celebrar bem esta Campanha da Fraternidade 2021? Pe. Patriky - Eu faria três destaques, Frei
Gustavo. O primeiro é abraçar a Campanha da Fraternidade como uma ação evangelizadora da Igreja, que tenha a confirmação, a anuência dos papas. Desde 1970, todos os papas enviam uma mensagem para a comunidade vivenciar a Campanha da Fraternidade no horizonte quaresmal. Nós estamos na expectativa que, no dia 17 de fevereiro, o Papa Francisco vai publicar a mensagem para todos nós, sempre nos exortando e nos confirmando nessa caminhada. Então, por primeiro, abraçar a Campanha como algo da Igreja, como algo nosso. Um dos modos de viver a espiritualidade quaresmal na Igreja, no Brasil. A segunda coisa é a gente se inteirar do tema, que é o diálogo, envolvendo a nossa própria comunidade, iniciar processos de transformação mesmo nesse cenário marcado por polarizações, tolerâncias, divisões. E lembrar também que não é somente nas celebrações eucarísticas o lugar de falar, de viver a Campanha. É preciso tratar disso nos nossos Conselhos Pastorais, nas nossas rodas de conversa, nos ambientes de trabalho, onde quer que estejamos. O terceiro aspecto que eu vejo como muito importante, é o seguinte: a Campanha precisa começar em nós. As mudanças que eu espero que aconteçam no mundo só serão realidades quando forem assumidas por todos nós. Eu tenho sido uma pessoa de diálogo? Como podemos melhorar o diálogo na nossa própria família, com os membros da própria comunidade, e esse grande momento de fraternidade que promove, então, o diálogo como um compromisso de amor? Que Deus nos ajude, não é Frei Gustavo, a fazer com que essa campanha possa dar continuidade a essa belíssima caminhada. Quase 60 anos que a Campanha da Fraternidade tem sido um farol, uma luz nesse caminho para dar visibilidade ao Reino de Deus. Ao retribuir os agradecimentos de Frei Gustavo Medella, Pe. Patriky lembrou que São Francisco de Assis é a grande inspiração para a Campanha da Fraternidade deste ano. “Que a gente possa lembrar: Senhor, fazei-me instrumento de paz, de diálogo, instrumento de paz e bem! Que Deus abençoe e confirme essa bonita caminhada da CF!”, disse. JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 45
EVANGELIZAÇÃO
Canarinhos apresentam o “Especial de Natal”
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tradição de levar a mensagem de amor, fé e esperança de Jesus Cristo por meio das vozes dos corais do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP) foi mantida no ano de pandemia. Um trabalho conjunto, que reuniu cantores, maestros, equipe de filmagem, editores e publicitários, ao longo de dois meses, garantiur um Concerto de Natal inédito. A apresentação foi transmitida dia 23 de dezembro na página dos Canarinhos no Facebook e no canal da TV Franciscanos no YouTube. “Os concertos de Natal fazem parte da história do IMCP. São as apresentações mais esperadas por todos e não podíamos deixar de preparar algo muito especial neste ano tão difícil para todos nós. As canções de Natal tocam o coração das famílias que nesta época se voltam para as mensagens de fé, amor e esperança que Cristo nos trouxe durante a sua vida”, explicou o maestro Marco Aurélio Lischt, acrescentando que os ensaios e as gravações das vozes foram feitas pela internet, com o objetivo de garantir toda a segurança aos integrantes dos corais dos Canarinhos de Petrópo-
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lis, das Meninas dos Canarinhos de Petrópolis e dos Aprendizes. Para Frei Marcos Antônio de Andrade, diretor-presidente do IMCP, o “Especial de Natal” deste ano foi um sinal de esperança e de luz: “As gravações foram resultado de um empenho muito grande para tornar tudo isso possível sem causar riscos. Que o Menino Jesus possa trazer muita paz e muita luz neste fim de ano tão dramático e que possamos contribuir com essa mensagem de esperança no lar de todas as famílias que assistirem o especial”. Além das gravações em casa, pequenos grupos fizeram tomadas externas seguindo protocolos rígidos de segurança, obedecendo ao distanciamento, uso de álcool em gel e
máscaras. “Tivemos muita preocupação para garantir a segurança dos meninos e meninas para que não corressem risco de contaminação, por isso, ficamos alertas o tempo todo, mantendo os pequenos grupos que participaram das gravações com distanciamento, cuidando da higiene das mãos e do uso de máscaras. Nosso intuito foi sempre preservá-los”, contou Frei Felipe Medeiros Carretta, um dos responsáveis pela produção do Especial. Segundo ele, um grande desafio para o projeto foi fazer com que todos cantassem de máscaras. Três músicas foram selecionadas para o Concerto inédito: o canto gregoriano “Rorate Coeli”, “Cantiga de Nossa Senhora”, de Hekel Tavares, e “Noite Feliz”, de Franz Gruber. O “Especial de Natal” teve a montagem de um presépio vivo. “As músicas escolhidas trazem alento e esperança por meio da pureza das crianças. Foi muito bonito de ver a alegria deles ao representarem Maria, José e o anjo. Deus está conosco em todas as tempestades vividas neste ano. Não nos deixou na escuridão. Queremos levar a esperança através da música”, disse Frei Felipe.
EVANGELIZAÇÃO
Missa de Natal encerra atividades da Pastoral Universitária da USF
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este ano de 2020, a Pastoral Universitária da Universidade São Francisco se adequou às novas realidades para continuar sua missão de guardiã do carisma franciscano dentro do espaço acadêmico. Foram necessárias algumas mudanças e a mais significativa delas foi a transmissão on-line da Santa Missa, sempre rezada nas intenções da comunidade aca-
dêmica, dos discentes, docentes e demais colaboradores. Seguindo todos os cuidados necessários e sem participação de público, haja vista a pouca presença de alunos no Campus Bragança Paulista de onde são transmitidas as missas (com exceção de alguns cursos na área da saúde), as celebrações seguiram e se tornaram um canal de contato entre a Pastoral, a comunida-
de acadêmica e diversas outras pessoas que passaram a conhecer a universidade através deste meio de evangelização. Celebradas pelos frades que trabalham diretamente na pastoral, Frei Alvaci Mendes da Luz e Frei Vitório Mazzuco, as celebrações foram transmitidas através da TV/USF no canal da Universidade São Francisco no Youtube todas às sextas-feiras às 18 horas. Outras atividades ainda foram realizadas no decorrer do segundo semestre, como a bênção de alguns espaços acadêmicos, Grupo de Oração on-line, a elaboração de materiais de divulgação, a ampla presença nas redes sociais, Live Musical no Dia dos Pais, montagem dos presépios nos Campus, entre outras. A última celebração do ano contou ainda com a presença de Frei Odorico Decker, que no alto de seus 92 anos tocou em sua harmônica de boca, como ele costuma chamar, o conhecido “Noite Feliz”. Frei Odorico celebrou seu aniversário este ano no hospital se recuperando depois de ter contraído o novo coronavírus. JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 47
EVANGELIZAÇÃO
Colégio Bom Jesus N. Sr.ª de Lourdes é Escola de Referência Google
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O Colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes, em Curitiba, agora é reconhecido como uma Escola de Referência Google for Education. Com essa conquista, a unidade passa a fazer parte do seleto grupo global de instituições de ensino que utilizam metodologias ativas e modernas, com tecnologias educacionais com o GSuite Enterprise for Education e Chromebooks, para proporcionar um ensino de excelência, mais interativo e colaborativo. O Bom Jesus N. Sr.ª de Lourdes está sob os cuidados da gestora Cleide Barbosa que, com o apoio dos setores de Educação Digital e Tecnologias Educacionais, alçou esse novo voo. “O grande diferencial do Colégio Bom Jesus N. Sr.ª de Lourdes é atrelar nossa tradição pedagógica à vontade de usar toda a inovação tecnológica. Essa conquista se deve aos inúmeros desafios com que nos deparamos, pois transformamos isso em
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oportunidades de aprender e nos desenvolver para continuarmos entregando sempre o melhor à nossa comunidade escolar”, conta a gestora. Com as ferramentas e o conhecimento tecnológico em mãos, o papel dos alunos e dos professores é ressignificado: os estudantes são os protagonistas dessa troca de conhecimento e os docentes passam a ser guias provocadores, processo que o Google reconhece como “estudo intuitivo”. Toda essa proposta deixa as salas de aula do Colégio Bom Jesus N. Sr.ª de Lourdes mais dinâmicas, interessantes e criativas, com educação 4.0, tornando-se espaços diferenciados de ensino-aprendizagem. O ano de 2020 foi marcado pela importância dessa estrutura e pelo constante aprimoramento em níveis tecnológicos. As tecnologias garantem maior mobilidade, independência e interatividade entre professor e aluno.
Guiando por bons caminhos e desenvolvendo habilidades para a vida Intensificando a proposta tecnológica, como uma Escola de Referência Google for Education, o Colégio Bom Jesus N. Sr.ª de Lourdes prepara os alunos de forma integral, com o que há de mais atualizado e seguro em aprendizagem e tecnologias, desenvolvendo competências e habilidades para a vida, que vão além do ensino em sala de aula. Isso representa uma grande conquista para a unidade e para o Grupo Educacional Bom Jesus, que soma mais uma Escola de Referência Google for Education às unidades Colégio Bom Jesus Itajaí e Colégio Bom Jesus Pedra Branca já reconhecidas, provando uma preocupação e evolução constantes, para oferecer o melhor aos nossos alunos, de forma responsável e segura, sempre conduzindo por bons caminhos. Juliano Zemuner
CFFB
Frei Carlos é nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo
O
papa Francisco nomeou, no dia 16 de dezembro de 2020, bispo auxiliar da Arquidiocese Metropolitana de São Paulo (SP) Frei Carlos Silva, OFMCap., até então Conselheiro Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em Roma. Em nomeação divulgada pela Santa Sé, o Pontífice concedeu a sede titular de “Summula”. Aos 58 anos, Frei Carlos será o sexto bispo capuchinho do Estado de São Paulo. O religioso escolheu como lema “Pertencemos ao Senhor”. “Agradeço ao Papa Francisco por enviar o Rev.mo Frei Carlos Silva para nos auxiliar no serviço à Igreja nesta querida Arquidiocese. E me alegro com Frei Carlos
Silva pelo seu chamado a exercer o ministério episcopal em São Paulo. Seja bem-vindo entre nós”, disse o Cardeal Dom Odilo Scherer. A ordenação episcopal de Frei Carlos será realizada no dia 13 de fevereiro de 2021, na Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, às 16h00. “Convido todo o povo da Arquidiocese de São Paulo a rezar nas intenções de Frei Carlos, em vista de sua preparação para a ordenação e do exercício do seu ministério episcopal”, acrescentou D. Odilo. O novo bispo nasceu em 5 de dezembro de 1962 em Andradina (SP). Estudou Filosofia no Seminário Seráfico São Fidélis de Piracicaba (SP) e Teologia na Pontifícia
Universidade Católica de Campinas (SP). Frequentou o Centro de estudos franciscanos e pastorais para a América Latina (CEFEPAL) em Petrópolis-RJ. Em 10 de janeiro de 1988 emitiu a profissão religiosa na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e em 1° de agosto de 1992 recebeu a ordenação sacerdotal. Na Província dos Capuchinhos de São Paulo foi coordenador da Pastoral Vocacional e Missionária (1996-2004). Quase dez anos de sua vida como frade foram dedicados à missão internacional. Em 2004 foi enviado como missionário ao México, onde exerceu inúmeros cargos, como promotor vocacional, vigário paroquial, guardião do Convento São Pio de Pietrelcina e pároco. Em 2013 voltou ao Brasil e foi eleito Ministro Provincial da Província Capuchinha Imaculada Conceição com sede em São Paulo. Desde 2018 é Conselheiro Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em Roma. Entre os trabalhos, esteve à frente da organização do Encontro Pan-Americano dos Capuchinhos, que será realizado no Brasil em maio de 2021, evento que tratará a presença religiosa capuchinha em todo o continente americano, especificamente discutindo sobre a missão e a formação dos frades. Antes de Frei Carlos, Dom Frei Luís Maria de Sant’Ana, Diocese de Uberaba – SP e Diocese de Botucatu -SP, foi o primeiro bispo, em 1929; seguido por Dom Frei Daniel Tomasella, Diocese de Marília – SP; Dom Marcelino Correr, Diocese de Carolina – MA; Dom Frei José Soares Filho [Dom Egito], Diocese de Carolina – MA; e Dom Frei João Alves Santos, Paranaguá -PR. JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 49
CFFB
ORDEM FRANCISCANA SECULAR
800 ANOS DO “MEMORIALE PROPOSITI” REGULAMENTO PARA OS IRMÃOS E IRMÃS PENITENTES Um documento que reflete seu tempo. Francisco de Assis é um marco na vida da Igreja e do mundo. Um fenômeno. Há mais oitocentos anos se fala dele. Há quem diga que foi o único cristão de verdade. Homens de Assis começaram a seguir seus passos e constituíram a Ordem dos Frades Menores. Clara, por sua vez, juntou-se a esse movimento marcadamente de penitência, de empenhos de conversão e de retorno ao frescor do Evangelho. Foram as Irmãs Pobres de São Damião, as Clarissas Homens e mulheres casados, pais de família, pessoas solteiras de várias categorias e extratos sociais quiseram, na qualidade de penitentes, viver uma existência inspirada no jeito de viver de Francisco. Estes faziam parte do amplo movimento de irmãos e irmãs da penitência. Os que se inspiravam no viver de Francisco foram, posteriormente conhecidos como membros da Ordem Terceira Franciscana (OTF). Com a promulgação da nova Regra dos terceiros em 1978, por Paulo VI, os leigos franciscanos passaram ser designados de Ordem Franciscana Secular (OFS). Era de se esperar esse acento no “secular” em tempos em que lutou-se pela valorização do mundo, do século, do viver do cristão na cidade dos homens. Estes franciscanos vivem no século. Eles, elas, os de hoje e nós comemoramos em 2021 os oitocentos anos do documento da Igreja (Memoriale Propositi) dos penitentes que vivem nas próprias casas. Naquele tempo... Houve, no tempo de Francisco, um pulular de movimentos penitenciais, que visavam conversão do coração. O Evangelho parecia revisitar as terras da Europa, de modo especial França e Itália. Nem todos eles, os penitentes, podiam ingressar nas fileiras dos religiosos como a recente Ordem dos Frades Menores ainda em processo de aprovação pela Sé Apostólica e destinada aos que faziam os votos. Insistimos em dizer que, de muitas partes, não somente em Assis e ligados a São Francisco, surgiam pessoas lideradas por fortes personalidades e que, no ardor de seus propósitos, podiam correr o risco de desvios doutrinários, fanatismo e outras eventuais derrapagens. Nesse contexto é que se situa o Memoriale Propositi. O texto é destinado a todos os penitentes. Ele tem a data de 1221. Começa a Regra de vida dos irmãos e irmãs penitentes (...). O Memorial de Projeto de vida dos irmãos e das irmãs da penitência, vivendo em suas próprias casas, iniciado no ano do Senhor de 1221, é este... e segue a longa enumeração. Trata-se de um primeiro documento oficial que fornecia normas para a vida dos penitentes da época. Estamos diante de um texto orientativo, exortativo, guia de comportamentos práticos e concretos. Esclarecia pontos, dava e fornecia diretivas para esse pulular de movimentos leigos. Seus autores não falam de uma espiritualidade em particular. Como o texto se destinasse
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a muitos grupos notamos a ausência de referências e corroborações do caminho espiritual de São Francisco. Um texto seco. Não se menciona Deus nem Jesus. Lembramos que para aqueles que buscavam orientação junto a Francisco parecia valer antes de tudo a Carta de Francisco a todos os Fieis (primeira versão) que aparece nas primeira páginas da Regra de Paulo VI de 1978 como Prólogo baixo à designação de “Exortação de São Francisco aos irmãos e irmãs sobre a Penitência”. Nesse texto os seculares franciscanos encontraram o tom da fala e o coração de Francisco. Ali, sim, aparece o vulto de Francisco. O Memoriale comporta 39 tópicos com oito títulos: modo de vestir; abstinência; jejum; modo de rezar; confissão, comunhão, dever de restituição, de não levar armas e sobre os juramentos; missa e reunião mensal; visita aos doentes e sepultura dos mortos; da correção, dispensa e oficiais. Podemos dizer que, por detrás destes 38 tópicos, há firme orientação na linha da honestidade e justiça. Não é aqui o espaço para analisar esta orientação geral fortemente marcada pelo ar daquele tempo e pela Igreja do começo do século XIII. Estamos hoje acostumados a viver tempos novos em nossa Igreja. Vivemos a primavera (!!!) do Concílio Vaticano com todas a suas consequências, sua implementação nem sempre bem compreendida. Tivemos a alegria de ver publicada a Regra de Paulo VI em 1978. Tenho diante dos olhos esse caderninho amarelo
CFFB
que todos os franciscanos manuseamos numa perspectiva diferente do Memoriale. A Regra de 1978 é marcada pelas Fontes Franciscanas e pelo espírito do Vaticano II. Ordem Franciscana Secular nesse mundo de todos os dias e não fazendo de seus membros mini-religiosos. Aqui não é o lugar de colocar lado a lado os imensíssimos pontos de diferença entre o Memorial e nossos tempos. Recordar é viver. Mas não se leva sempre “coração para trás”. Trazemos o bom do passado e apontamos para um amanhã que o Espírito pode criar em nós
Algumas insistências do documento Coisas de família, da família terciária Nem todas as normas do Memoriale valem para os nossos tempos. Uma que outra pode até provocar um leve sorriso. Outras são atuais. À guisa de ilustração vamos percorrer alguns dos tópicos como ilustração. Há minuciosas prescrições a respeito das vestes dos irmãos e das irmãs. Modéstia no vestir, panos baratos.... bolsas de couro, cinturões trabalhados sem enfeites de seda. Não usar fitas com enfeites de seda. Tudo trabalhado com simplicidade. Tempo em que o dinheiro começava a ser rei. Não tomem parte em reuniões desonestas, em espetáculos e bailes. Regras pormenorizadíssimas a respeito de jejum e abstinência. Observação curiosa: “Ao se encontrarem com religiosos nos seus conventos, poderão comer de tudo o que lhes for servido. E fiquem contentes com o almoço e a ceia, excetuando os fracos e os doentes e os que estiverem viajando. Os sadios sejam moderados em seu comer e beber”. No capítulo do jejum há uma curiosa observação: “As irmãs grávidas poderão abster-se das mortificações corporais até sua purificação, mas não no modo de vestir-se e das orações”. No tocante à oração há fortes marcas da maneira de rezar servindo-se das Horas Canônicas. Muitos Pai-nosso também. Os doentes rezem as horas que quiserem. Todos devem ir às Matinas na Quaresma de São Martinho e na Quaresma maior, se não houver impedimentos graves de pessoas e circunstâncias. Um tópico que chama atenção é o que fala da confissão, comunhão, juramento (n. 15 a 18): confissão dos pecados três vezes, por ano; comunhão no Natal, na Páscoa e em Pentecostes. Curiosa determinação: “Reconciliem-se com o próximo, devolvam o que não é seu. Paguem os dízimos atrasados e garantam os futuros. Estamos diante de incentivos a comportamentos que pedem correção de vida. Afinal são grupos de penitentes. Há um apelo na direção da paz: “Não recebam nem levem consigo armas mortais contra quem quer que seja. Insiste-se na questão do não juramento: “E, quanto for possível, evitarão juramentos em sua conversa comum. E quem jurar inadvertidamente, por um lapso de linguagem, como acontece com quem fala muito, deve repensar no que fez à noite do mesmo dia e, por tais juramentos, diga três Pai-Nossos. Um conselho solto que vale para hoje: “Todos encorajem sua própria família no serviço de Deus”. Há um inciso sobre a missa e a reunião mensal: todos os meses os irmãos se reúnam na Igreja que o Ministro indicar e assistam a missa. “E todos deem
ao ecônomo um dinheiro comum. O próprio ecônomo recolha-os e, com o parecer dos Ministros, distribua-os aos irmãos e irmãs pobres, aos doentes e aos que não puderam ter suas exéquias fúnebres”. Depois, sejam dados aos pobres e à Igreja em que “assistem” a missa. Um religioso assistente: “E se, então, o puderem fazer comodamente, tenham um religioso instruído na Palavra de Deus que os admoeste, os exorte à perseverança na penitência e a fazer as obras de misericórdia. E fiquem em silêncio durante a missa e a pregação, atentos ao rito, à oração e à pregação, excetuando-se os encarregados do ofício.” Naquele tempo...ficar em silêncio... Há um inciso sobre a visita aos doentes e sepultura dos mortos. Nem todo o inciso se refere aos doentes e falecidos. Extraio algumas determinações: Os Ministros ou outros visitem o doente uma vez por semana, exortem-no à penitência e tirem do caixa comum o que for necessário para o corpo. Se o enfermo passar dessa vida à outra todos sejam avisados, mesmo de outras cidades. Não partam antes que a missa seja celebrada e o corpo sepultado. E são esmiuçadas as orações e missas pelos irmãos falecidos. Dentro de três meses depois de sua Profissão façam o seu testamento. Ninguém morra sem ter feito o testamento. Isto vale para os nossos tempos para evitar desnecessários litígios. Os Ministros determinarão o modo de restabelecer a paz entre os irmãos. Se necessário peçam a ajuda do bispo. Se os irmãos vierem a sofrer vexames o Ministro faça o que for oportuno com o conselho do senhor bispo. Quando alguém quiser ingressar na Fraternidade sejam acolhidos pelo Ministro que lhe expõe os deveres da Fraternidade e, principalmente, a obrigação de devolver as coisas alheias. Examine a profissão que exerce se não está em contradição com o caminho dos penitentes. “...pague em moeda corrente o que deve aos outros, conforme o acordo estabelecido anteriormente e pague em moeda corrente o que deve aos outros conforme o acordo estabelecido e o penhor deixado em garantia. Reconciliem-se com o próximo e paguem os dízimos”. Quem quiser ingressar numa Ordem religiosa pode deixar a Fraternidade. De outra forma, não. Há uma determinação curiosa a respeito dos acusados de heresia: “Não seja recebido nenhum herege ou acusado de heresia. Mas, se for suspeito, depois de ter se justificado diante do bispo e de cumprir os demais requisitos, pode ser admitido”
Palavra final Acabamos de rever fotos de nossa família.... fotos antigas... de coisas meio desajeitadas, de costumes e hábitos diferentes, mas documentos sobre a vida dos penitentes da Idade Média entre os quais se encontravam leigos franciscanos. 800 anos do Memoriale Propositi 1221-2021! Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM PETRÓPOLIS, RJ
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FALECIMENTOS
Frei Olavo Seifert 04/08/1919
+ 09/01/2021
F
aleceu no sábado, dia 9 de janeiro de 2021, em Bragança Paulista, SP, aos 101 anos, Frei Olavo Seifert, nosso confrade mais idoso. Alguns dias antes, o guardião da Fraternidade, Frei Carlos Körber, informou que Frei Olavo havia testado positivo para Covid-19. Dadas as limitações da idade e outros problemas de saúde, Frei Olavo, que pediu expressamente para não ser hospitalizado, não resistiu. O sepultamento foi na manhã do domingo, dia 10 de janeiro (Festa do Batismo do Senhor), no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo, SP. Por conta das restrições, não houve velório, apenas uma celebração de despedida com acesso restrito. O Ministro Provincial, Frei César Külkamp, que se encontra em Angola para a Profissão Temporária dos Noviços do ano passado e para a Admissão dos Noviços deste ano, fez o seguinte depoimento durante a homilia da Primeira Profissão: “Nossa Província hoje devolveu a Deus o seu filho mais antigo, Frei Olavo Seifert. Caminhava para celebrar 80 anos de vida franciscana e 75 de sacerdócio. Recebeu o privilégio de viver por 101 anos. Tornou-se modelo de fidelidade com humildade do bem viver a vocação e o serviço. Foi mais uma das vítimas da atual pandemia que assola a humanidade, com quase duas milhões de vítimas fatais, além das quase 90 milhões de pessoas que contraíram este vírus. Rezemos e nos solidarizemos com os que mais sofrem neste momento, os pobres, os doentes, e com os que mais se dedicam, principalmente os profissionais de saúde. Deus acolha a alma do nosso irmão, Frei Olavo, com também de todos que perderam a vida”.
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Frei Olavo na Missa de Ação de Graças dos 100 anos.
O Frade Menor Ervino René Seifert é natural de Curitiba, onde nasceu no dia 4 de agosto de 1919. Filho de Gustavo e Maria. Quando ingressou na Ordem dos Frades Menores, passou-se a chamar Frei Olavo. Ele teve uma irmã, cinco anos mais nova, que faleceu em Curitiba aos 88 anos. Um ano depois do seu nascimento, seus pais se transferiram para São Paulo, onde a princípio residiram no centro da cidade, mudando-se, em 1924, para o bairro de Santana. Na Paróquia dos Padres Saletinos de Santana fez a primeira comunhão e serviu por longos anos como coroinha nas funções litúrgicas. Segundo Frei Olavo, desde pequeno já sabia o que queria: “Eu nunca tive dificuldade na vocação desde bem cedo”.
“Quando tinha 13 anos, o convite de São Francisco para me tornar franciscano veio até mim na forma de um prospecto do Seminário Seráfico São Luís de Tolosa de Rio Negro (PR)”. Segundo ele, seus tios residiam no Paraná e tinham quatro filhos. “Minha tia rezava para que um se tornasse padre e com eles veio esse prospecto até São Paulo. Não tive dúvida que ali era o local que queria estar, embora não conhecesse São Francisco de Assis, a não ser o frade que me batizou em Curitiba, Frei Pascoal Reuss.” Como frade, Frei Olavo passou 21 anos trabalhando na Sede Provincial, como secretário e arquivista. Fazia questão de frisar que era um trabalho prazeroso e gratificante para conhecer a vida da Província e dos frades. “Eu gosto muito da histó-
FALECIMENTOS
Dados pessoais, formação e atividades 0 4/08/1919 – Curitiba-PR (101 anos de idade) 21/12/1940 – Vestição 22/12/1941 - Profissão simples (79 anos de Vida Religiosa) 22/12/1944 – Profissão solene 1942-1944 – Filosofia – Curitiba 1945-1948 – Teologia – Petrópolis 03/12/1946 – Ordenação presbiteral (74 anos de Sacerdócio) 13/02/1949 a 1956 – São Paulo – São Francisco - Vigário 28/01/1956 – São Paulo – Provincialado - Secretário particular do Ministro Provincial Frei Heliodoro Müller, arquivo, procurador vocacional, cronista 12/01/1962 – São Paulo – Provincialado - secretário do Ministro Provincial Frei Walter kempf 15/01/1965 – São Paulo – Vila Clementino - superior e vigário 28/01/1968 – São Paulo – Provincialado - Secretário particular do Ministro provincial Frei Walter Kempf, arquivista 28/01/1974 – São Paulo – Provincialado - secretário particular do Ministro Provincial Frei Antônio Nader e arquivista 21/12/1979 – São Paulo – Paróquia - vigário e arquivista 21/01/1986 – Rio de Janeiro – Santo Antônio - atendente conventual 16/04/2015 – Bragança Paulista - Tratamento
ria da Província. Conheci, mesmo que de passagem, quase todos os restauradores vivos. É imprescindível que não nos tornemos unicamente questionadores de ações, hábitos, costumes, comportamentos dos nossos confrades de antigamente, pois, não conhecemos mais, ou ao menos não integralmente os pormenores dos desafios e das lutas que enfrentaram, seja pelo distanciamento grande do tempo, seja pelas constantes transformações que se realizaram. Será que para os nossos tempos não estaria faltando um pouco mais do sacrifício, atividade, entusiasmo, dinamismo, espiritualidade e aquele otimismo que os animavam?” Sobre a vida em fraternidade Frei Ola-
vo contava: “Sempre me dei bem com os frades. Sempre fui muito silencioso, desde criança. Mas me dei bem com todos. Nunca tive discórdia ou desarmonia com ninguém. Nesses 100 anos, valeu a pena ser frade. Eu gostei da vida de frade desde o começo. Me considero frade desde o dia que ingressei no Seminário de Rio Negro”. Para Frei Olavo, São Francisco de Assis o escolheu desde pequeno. “Vejo São Francisco como um Pai que cuidou sempre de seus filhos e, entre eles, estou eu”. Na celebração de aniversário dos 101 anos de Frei Olavo, em agosto último, o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, destacou: “Frei Olavo é o nosso sênior e, por todos os seus valores, tornou-se para todos nós
uma inspiração viva. Ele é um testemunho da sabedoria que vem da santidade, aliada à humildade, à fidelidade, ao serviço incansável e a uma profunda sensibilidade aos que estão ao nosso redor e que mais precisam de nós”. Em 2021, Frei Olavo celebraria 80 anos de Vida Religiosa e 75 anos de Sacerdócio. Que o Bom Deus o acolha para o descanso eterno e que este confrade, com a lucidez e a serenidade que conservou até o fim, seja para nós sinal de bênção e inspiração. Que pela misericórdia de Deus Frei Olavo descanse em Paz! R.I.P Frei Jeâ Paulo Andrade JANEIRO | 2021 | COMUNICAÇÕES | 53
Dados pessoais, formação e atividades
FALECIMENTOS
Frei Juvenal Sansão 08.05.1927
+ 07.01.2021
Seu sepultamento foi às 17 horas no Cemitério Santíssimo Sacramento, em São Paulo. Como ele faleceu com suspeita de Covid, a cerimônia do sepultamento foi realizada com restrições de tempo e público. Que este nosso irmão descanse na paz de Deus!
O Frade Menor
N
a manhã do dia 7 de janeiro, a Irmã Morte nos visitou na pessoa do Frei Juvenal Sansão, aos 93 anos de idade, em Bragança Paulista. Na noite do dia 4, ele foi internado com quadro de febre, batimentos cardíacos alterados e dificuldade de respiração. No hospital constataram uma infecção urinária, além da suspeita de ter contraído o novo coronavírus. Desde a véspera apresentava dificuldades cardíacas e respiratórias. Ainda não temos a confirmação se o vírus acelerou o processo.
Filho de uma família de agricultores muito religiosa, o garoto Irineu começou o discernimento vocacional aos 7 anos. “Senti uma suave e constante inclinação para a vida religiosa e sacerdotal. Procurei, no entanto, sempre maior esclarecimento sobre a vocação a que Deus me chamava”, contou nos seus dados biográficos. Logo, com 8 anos, ingressou no Seminário Seráfico de Rio Negro (PR) e, no Noviciado, recebeu o nome de Frei Juvenal. “Sinto crescer sempre mais o desejo de ser um religioso segundo o espírito de São Francisco e um digno sacerdote de Cristo”, disse antes de fazer a sua primeira profissão na Ordem dos Frades Menores. Doutor em Teologia Pastoral, trabalhou grande parte de sua vida na formação religiosa franciscana. Fora do território brasileiro, foi missionário em Guiné Bissau e na Missão de Angola. Ele foi um dos primeiros reforços
Nascimento: 08.05.1927 (93 anos de idade) Gaspar, SC. Ingresso no Noviciado: 19.12.1947 Primeira Profissão: 20.12.1948 Profissão Solene: 20.12.1951 Ordenação presbiteral: 1.07.1954 26.01.1956 – Seminário Santo Antônio/ Agudos-SP – Professor e orientador 20.01.1959 – Seminário Frei Galvão/Guaratinguetá – Professor e orientador 18.01.1962 – Seminário Frei Galvão/Guaratinguetá – Guardião e reitor do seminário 15.01.1965 – Seminário de Garnstock/ Bélgica – Professor (neste mesmo ano fez os estudos de Teologia Pastoral em Lyon, França) 01.07.1970 – Instituto Teológico Franciscano/Petrópolis-RJ – Professor 10.10.1973 – Convento Santo Antônio/Rio de Janeiro-RJ – Subsecretário no Secretariado Geral da CNBB 04.03.1975 – Fraternidade Santo Antônio do Pari/São Paulo-SP – orientador educacional no Colégio e vigário paroquial 20.12.1976 – Colégio de Lages/SC – Professor e orientador educacional 26.07.1978 – Mörmter/Alemanha – Vigário de Lüttiingen 26.10.1984 – Guiné Bissau/África – Missionário 29.11.1997 – Paróquia Nossa Senhora das Graças/Guaratinguetá-SP – Atendente conventual 23.09.1999 – Israel – A serviço da Custódia da Terra Santa 2000 – Convento São Francisco/ São Paulo-SP – em tratamento 12.1990 – Malange/Angola – Missionário 01.1994– Embu/SP – Capelão das Irmãs de Bonlanden 22.11.2000 – Convento São Francisco – São Paulo/SP – Atendente conventual 17.09.2009 – Fraternidade São Francisco/ Bragança Paulista-SP – em tratamento
na Missão de Angola, chegando a Luanda em dezembro de 1990, onde ficou até 1993. Todos conhecemos o zelo apostólico de Frei Juvenal, que nunca encontrou impedimentos para levar a Palavra de Deus e a força dos sacramentos. Fez isso até o limite de suas energias. Assim, podemos dizer que foi um missionário em terras estrangeiras, mas também o soube ser na complexidade de uma metrópole como São Paulo. R.I.P
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Agenda 2021
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
As alterações e acréscimos estão destacados em azul.
19
JANEIRO
27
Admissão dos Postulantes em Guaratinguetá
30
Entrega da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, do Navio, Lages, SC
31
Entrega da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Angelina, SC
FEVEREIRO
02 a 04
Reunião do Definitório Provincial
11
Admissão dos Postulantes em Viana
JULHO
Encontro on-line dos Frades da Frente da Educação (14h às 15h30)
03 a 18
ABRIL
SETEMBRO
Capítulo Geral da Ordem (Roma, Itália)
26 a 29
27-28
27 e 28
OUTUBRO
Reunião do Definitório Provincial Reunião dos Guardiães e Coordenadores de Fraternidade (Agudos)
JUNHO
14 a 16
Reunião do Definitório Provincial
A esperança é o móvel do dinamismo da vida, E jamais pode perecer em nossa história, Dois Mil e Vinte e Um será terra florida, E esta é a meta que nos leva para a glória... É lei trazer no peito essa força sagrada, E através dela combater para vencer Todas as crises que nos vierem pela estrada, Hoje e sempre, de coração, até morrer. Nossa estrada é Jesus, o nosso Salvador, Caminho reto, nosso certeiro endereço, E pra chegar à meta final, basta o amor. Alimentemos essa força, nossa glória, Não esfriemos nunca, jamais s esperança, Pois ela é eixo propulsor de nossa história. Frei Walter Hugo de Almeida
Reunião do Definitório Provincial
07 a 10
Congresso de Evangelização da CMPByCS (Casa Sagrada Família – São Paulo)
NOVEMBRO
03 a 11
Capítulo Provincial em Agudos
Capítulo das Esteiras, Agudos,1982
TBT é uma sigla para Throwback Thursday (quinta-feira do retorno). A hashtag #TBT é utilizada para relembrar situações do passado, geralmente com a publicação de uma foto no Instagram. Aqui, foi adaptada para a Revista.