EVANGELIZAÇÃO
ENTREVISTA
Pe. Patriky Batista:
“A CF precisa começar em nós”
O
Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, entrevistou Pe. Patriky Samuel Batista, secretário executivo de Campanhas da CNBB, para o programa “Manhã Franciscana”. Natural da cidade de de Piumhi (MG), Pe. Patriky formou-se em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) em 2004. Em 2013, fez pós-graduação em Missiologia e Animação Pastoral pelo Instituto Superior de Filosofia Berthier (IFIBE) de Passo Fundo (RS) e, em 2018, concluiu outra pós-graduação em Teologia Pastoral pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte (MG). Foi ordenado presbítero em 20 de dezembro de 2008 e nomeado, no dia 27 de junho de 2019, secretário executivo de Campanhas da CNBB. Acompanhe a entrevista!
Comunicações - Desde o ano 2000, esta é a quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica. Qual o diferencial de uma edição ecumênica da Campanha da Fraternidade em relação às outras? Pe. Patriky - Frei Gustavo, é importante lembrar que a Campanha da Fraternidade é uma ação evangelizadora, promovida pela CNBB, que tem esse momento forte no período quaresmal. O grande objetivo da campanha é despertar a solidariedade dos fiéis e da sociedade como um todo em relação a algum problema concreto, que envolve a sociedade brasileira, mas buscando a solução a partir da Palavra de Deus, a partir do Evangelho. Então, a cada ano é escolhido um tema e, de cinco em cinco anos, acontece uma edição ecumênica da CF. Este ano, nós vamos viver a 57ª CF e a 5ª Ecumênica. O grande diferencial resumo em três pequenos aspectos: Primeiro,
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quando é ecumênica, quem assume a condução do processo é o Conic, que é o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. Então, quais as igrejas que pertencem ao Conic: a Igreja Evangélica de Confissão Luterana, os Anglicanos, a Igreja Sírian-Ortodoxa de Antioquia, nós, da Igreja Católica, a Igreja Presbiteriana Unida e também a Aliança de Batistas do Brasil. E esse ano, além das Igrejas pertencentes ao Conic, nós temos a presença de um membro fraterno, que é a Igreja Betesda, com sede em São Paulo, e também o CESEEP, que é o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização Educação Popular. Essa é a primeira característica e quem assume o processo é o Conic. A segunda característica é que o Conic organiza uma comissão, que vai pensar a Campanha desde o tema, lema, texto-base, e algumas peças para que a gente possa viver a Campanha em cada pequena comunidade. E essa comissão organizadora é composta de um membro de cada uma das Igrejas pertencentes ao Conic. Da Igreja Católica, eu represento a nossa comunidade de fé e também o Pe. Marcos Barbosa, que é o assessor para o Ecumenismo e Diálogo Religioso. Uma terceira característica é que o gesto concreto que compõe o Fundo Nacional de Solidariedade também é promovido por todas as Igrejas.
Comunicações - No centro da temática da Campanha da Fraternidade deste ano está o diálogo como um compromisso de amor. Que elementos não podem faltar num diálogo verdadeiro? Pe. Patriky - Você foi no ponto central, Frei Gustavo, porque por mais que a campanha seja vivida de forma ecumênica, o tema é o diálogo e talvez uma primeira intuição enquanto elemento seria justamente isso: o diálogo deve ser assu-
mido como estilo de vida. Ele é muito mais que uma conversa, muito mais que um debate. Ele é algo que parte do existencial. Ou seja, supõe um convívio para partilhar significados, experiências, daí a importância de vencer o medo, ir ao encontro do outro, buscar essa proximidade, exercitar a escuta como dizem os bispos do Brasil nas novas diretrizes. Hoje, a escuta é uma verdadeira profecia. A importância de envolver-se na conversa, de ter uma paciência de compreender o outro nas suas particularidades e uma partilha consciente também da nossa própria identidade, sem fazer proselitismos, mas que a gente possa se apresentar também ao outro como irmãos.
Comunicações - Entre os objetivos específicos da Campanha da Fraternidade deste ano está a superação da cultura do ódio. Padre, o que tem provocado o fortalecimento dessa cultura do ódio, inclusive entre grupos que se denominam cristãos? Pe. Patriky - Olha Frei Gustavo, é uma pergunta assim que deve nos fazer pensar. Como a gente está a um pouco mais de um mês para dar início à Quaresma, este período de conversão, talvez seja o momento propício para a gente pensar. Eu tomo aqui como primeira reflexão aquilo que o Papa Francisco dizia na sua primeira visita que fez em Lampedusa, no início de seu Pontificado. “Talvez a globalização da indiferença tenha marcado todos nós, inclusive o interno das nossas comunidades de fé. E essa globalização da indiferença que acaba gerando intolerâncias, individualismos, e o próprio esquecimento do Evangelho, daquilo que Cristo nos traz, enquanto palavra de acolhida, de vivência, de amor, de fraternidade. E talvez falta de uma autêntica escuta e de comunhão entre nós. Olhar mais