"Comunicações" Julho de 2022

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PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL

JULHO DE 2022 | ANO LXX | Nº 07

Ministros Provinciais e Custódios se reúnem em Roma

Postulantes são acolhidos no Noviciado de Angola


PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL Rua Borges Lagoa, 1209 CEP 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br Ministro Provincial: Frei Paulo R. Pereira Vigário Provincial: Frei Gustavo W. Medella Secretário: Frei Rodrigo da Silva Santos

julho de 2022

MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL

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“Projeto e Preocupações”, mensagem do Ministro Provincial Frei Paulo Roberto Pereira

FORMAÇÃO PERMANENTE “Vida fraterna e cultura da sinodalidade”, de Frei Sandro Roberto da Costa Artigo: “A melhor política”, de Frei Luiz Iakovacz

FORMAÇÃO E ESTUDOS Postulantes são acolhidos no Noviciado de Kibala Dia de passeio marca o fim do semestre dos teólogos em Petrópolis, RJ

SAV Província promove Encontros Vocacionais Regionais

Convento Santo Antônio inaugura novo sistema de transmissão Com Maria e Frei Galvão, a vida está voltando ao normal “O que vocês plantaram, nós continuaremos regando!”, diz Dom Gregório ao receber os cuidados pastorais da Paróquia Santa Clara Franciscanos e beneditinos fazem momento celebrativo em Sorocaba Atividades da animação vocacional e dos benfeitores em Vila Velha

Festividades de Nossa Senhora Auxiliadora na Capela do Bingen

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172ª FESTA DE SÃO PEDRO APÓSTOLO Recomeço marca os 150 anos de presença franciscana em Gaspar

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Paróquia Santa Clara de Assis promove luau e caminhada ecológica

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Paróquia São Luiz Gonzaga celebra o Padroeiro de Xaxim

EVANGELIZAÇÃO

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USF sedia encontro da Frente de Evangelização da Educação Coro de Câmara Canarinhos de Petrópolis apresenta Concerto no Instituto de Cultura Cantata a Clara de Assis Bauru: Ato ecumênico em solidariedade a Bruno e Dom! Encontro de Formação Franciscana com coordenadores e diretores da FAE

Família Franciscana se despede do franciscano Dom Cláudio Hummes Um dia solene e festivo para a Ordem Franciscana Secular de Petrópolis

OFM

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Cursos EaD da USF recebem notas máximas do MEC

CFFB

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FRATERNIDADES Festividades ao Sagrado Coração de Jesus terminam com procissão em Petrópolis

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Com a festa da Dedicação da Basílica do Santo Sepulcro conclui-se o Capítulo Custodial Papa Francisco volta a Assis em setembro. Confira as sete “visitas franciscanas”.

FALECIMENTO Falece Frei Paulo Limper

AGENDA CONTRACAPA Jubileu de 2025


DO MINISTRO PROVINCIAL

PROJETOS E PREOCUPAÇÕES

O Encontro do Ministro Geral e seu Definitório com os Ministros e Custódios da Ordem Franciscana

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os últimos dias de junho e primeiros de julho aconteceu o Encontro de Formação dos Novos Ministros e Custódios na Cúria Geral da Ordem, em Roma. Durante dez (10) dias, mais de trinta (30) irmãos de diferentes países e continentes foram convidados a conhecer as estruturas de animação da Ordem, bem como refletir acerca do papel dos Ministros e Custódios na efetiva realização das proposições nascidas a partir do Capítulo Geral, celebrado há um ano. O Ministro Geral, Frei Massimo Fusarelli, os irmãos Definidores Gerais, além dos Secretários e responsáveis pelos múltiplos serviços da Cúria Geral, levaram aos Ministros e Custódios seus projetos e também suas preocupações. Para não ocupar todas as páginas das Comunicações deste mês, escolhi alguns temas abordados no curso e prometo apresentar outros nas edições subsequentes.

Pedro, Paulo, Ministros e Custódios

A Eucaristia que inaugurou o Encontro foi a da Festa de São Pedro e São Paulo que, diferentemente do que propõe a Igreja no Brasil, se celebrou no dia 29 de junho. O Ministro Geral, presidente da celebração, recordou o eloquente exemplo dos apóstolos, tidos como “Colunas da Igreja”, que contribuíram corajosamente com a configuração da identidade fundamental da Igreja e a impulsionaram a dar os primeiros passos na realização da sua missão. Conforme as palavras de Frei Massimo, Pedro e Paulo são testemunhas de que o discipulado de Jesus supõe satisfações e dissabores e, quando se trata de servir a Deus e aos irmãos, temos que ter plena confiança no Senhor que sustenta os que escolheu e enviou. O Ministro ressaltou aspectos que iluminam a missão daqueles que receberam o encargo de animação dos irmãos na Ordem. Em primeiro lugar, uma profunda fé no Senhor Jesus: “Tu comunicações

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és o Messias, Filho de Deus vivo” (Mt 16,13). Nas palavras de Frei Massimo, a confissão de fé de Pedro não é apenas uma simples afirmação doutrinal, mas uma profunda expressão da experiência de haver encontro a Deus, revelado em Jesus Cristo, e ter posto n’Ele sua plena confiança. Esta mesma experiência foi feita por Paulo que, na Carta aos Filipenses, assim afirma: “para mim, viver é Cristo” (Fl 1,21). Quem foi constituído servidor dos seus irmãos, entende que o centro da sua vida e dos que lhe foram recomendados, é Jesus Cristo. Portanto, o irmão chamado ao serviço de animação sabe que uma relação profunda com Jesus é fundamental em sua vida e na vida os irmãos. A partir daí compreende que o objetivo último do seu serviço é ajudar os irmãos a se encontrarem com Jesus, fazer d’Ele o centro de suas vidas e aderir, com entusiasmo, seu projeto. Um segundo aspecto a ressaltar na vida de Pedro e Paulo é a viva experiência de eclesialidade. Paulo, depois de seu encontro iluminador com Jesus Cristo, sobe a Jerusalém para estar com Pedro. Com esta atitude explicita o reconhecimento da autoridade apostólica, na dinâmica da recepção da fé e sua transmissão no seio da comunidade eclesial. A profissão de fé de Pedro, na qual Jesus edifica sua Igreja, Sacramento de Comunhão, nos recorda que uma autêntica fé em Jesus Cristo põe em movimento o dinamismo da comunhão; dinamismo feito de escuta, diálogo e corresponsabilidade. Compreendemos assim que a liderança evangélica deve encaminhar-se ao aprofundamento de sentido de pertença e identidade dos membros da comunidade humana, da Igreja e da Fraternidade da Ordem dos irmãos menores. O verdadeiro animador dos irmãos não pode ser um sujeito autossuficiente, mas deve recriar continuamente os mecanismos de coparticipação entre os irmãos aos quais serve, de modo a evitar o individualismo, o provincialismo ou qualquer outro tipo de isolamento. O terceiro aspecto é o dinamismo da missão evangelizadora. Em seu primeiro encontro com Jesus, Pedro compreendeu que o chamado para ser pescador de homens consistia na vocação de ser discípulo missionário do Mestre. Depois da ressurreição de Jesus, assume a tarefa de ser sinal da unidade da Igreja e tem consciência de ter recebido do Senhor a tarefa de pastorear suas ovelhas. Paulo, por sua vez, reconhece-se agraciado com um dom que deve ser compartilhado: “ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9,16). Frei Massimo terminou sua pregação exortando os irmãos a pedir a intercessão dos apóstolos Pedro e Paulo para que tenhamos a graça de trabalhar para criar Fratercomunicações JULHO 2022

nidades onde os irmãos, tendo a Jesus como centro de suas vidas, sintam-se escutados, e atentos aos sinais dos tempos saiam pelos caminhos do mundo ao encontro de homens e mulheres, especialmente dos mais necessitados, contribuindo com sua vida na edificação de um mundo pacífico, solidário e fraterno. Assim, poderemos ser, como proposto pelo Capítulo Geral, uma verdadeira fraternidade contemplativa em missão.

Secretaria Geral para a Formação e os Estudos

O Secretário, Frei Darko Tepert, abordou diversos elementos relacionados à missão da Formação e dos Estudos na Ordem. Entre os temas candentes está a redescoberta da identidade comum e fundamental de todos os irmãos. A fisionomia da nossa Fraternidade é formada por irmãos leigos e irmãos clérigos. Por isso, a Secretaria atuará para verificar o caminho de formação proposto nas diversas Entidades. As Entidades receberão questionários sobre o tema da identidade. A Ordem deverá organizar um Congresso Internacional de irmãos leigos. A preparação deste Congresso supõe um encontro nas próprias Entidades, seguido de um encontro nas Conferências. O tema dos Estudos está no alvo da Secretaria que seguirá acompanhando o caminho de renovação e atualização da Universidade Antonianum e o projeto de criação de uma Universidade Franciscana com a colaboração dos Centros de Estudos da Ordem. Frei Darko pediu aos Ministros e Custódios que, a partir da Ratio Formationis da Ordem garantam que cada Entidade tenha também sua própria Ratio e zelem por sua aplicação. Outro pedido recaiu sobre a importância da composição das Fraternidades, especialmente a indicação dos Guardiães que, em grande medida, são responsáveis pela Formação Permanente dos irmãos, através da qual se poderá alcançar melhor qualidade de vida das Fraternidades e da sua missão. Em relação à Formação Inicial pediu atenção a três pontos: Formação Franciscana para todos; formação específica para irmãos leigos e formação para os Ministérios Ordenados. A partir da tradição da Ordem, Frei Darko apontou a importância da promoção dos estudos superiores nas Entidades. Para tanto pediu que os Ministros cuidassem da preparação de irmãos para o serviço de formadores e professores e, o quanto possível, estes irmãos fossem privados de outros encargos para que pudessem se dedicar com todas as forças à sua formação. O Secretário lembrou que o tempo dedicado ao estudo não pode ser considerado “tempo desperdiçado”. Finalmente, Frei Darko abordou a importância do


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acompanhamento dos irmãos nos primeiros anos de profissão. As Entidades deverão cuidar e promover itinerário específico para esta faixa de irmãos; para isso poderão lançar mão da experiência dos encontros Under 10. É importante destacar um irmão que se responsabilize para este acompanhamento.

Secretaria da Evangelização e Missão

O colombiano Frei Francisco Gómez Vargas é o atual Secretário Geral para a Evangelização e Missão da Ordem. A partir dos mandatos do último Capítulo Geral, ele apresentou aos Ministros e Custódios os projetos propostos por esta Secretaria. O primeiro mandato fala da reestruturação do Secretariado, para além da alteração da nomenclatura. O Secretariado se propõe a animar a evangelização missionária franciscana da Ordem. Lembrou que a razão de ser da Ordem é evangelizar e evangelizar entre os povos e em todas as culturas levando em conta o caráter sinodal da experiência franciscana. Entre as atividades do sexênio, o Secretariado promoverá a elaboração de uma Ratio Evangelizationes para a Ordem. Como não poderia deixar de ser, tal Ratio deverá estar em harmonia com os ensinamentos do Magistério da Igreja e com os Documentos da Ordem. A partir dela,

cada Conferência e Província deverá formular sua Ratio considerando as circunstâncias e contextos próprios. Mereceram destaque outras atividades que acontecerão durante os próximos anos: – Curso para missionários em comunhão com os Capuchinhos, Conventuais e irmãos da TOR. – Reunião com os responsáveis pelo setor das Paróquias e Santuários para fazer uma revisão do modo da presença nessas frentes e buscar responder aos desafios atuais e construir caminhos novos a serem considerados na Ratio Evangelizationis. – Encontro com frades artistas para compartilhar o modo de evangelizar através da arte. – Incentivo ao trabalho com os refugiados do Oriente Médio e nos países do Mediterrâneo a fim de consolidar a Rede Franciscana Mediterrânea como ação de ajuda imediata aos migrantes. Por conta da sua atualidade e relevância, o tema dos abusos de qualquer natureza, sexuais, de poder, de dinheiro, de autoridade, deverão ser considerados na definição de políticas de animação da ação evangelizadora. Desta maneira, a Secretaria poderá zelar pelo cuidado e promoção de ambientes saudáveis, pelo respeito à dignidade de cada pessoa, ressaltando o valor da vida, sobretudo a dos mais vulneráveis, das crianças e das famílias. comunicações

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DO MINISTRO PROVINCIAL

O Secretário demorou-se em explicitar o caminho que está sendo construído para a celebração dos Centenários da Família Franciscana. As palavras-força serão: recordar, celebrar e atualizar. 2023: 800 anos da aprovação da Regra Bulada e do Natal de Greccio. 2024: 800 anos do dom dos Estigmas. 2025: 800 anos do Cântico das Criaturas. 2026: 800 anos do Testamento e Páscoa de São Francisco. Os centenários do Natal de Greccio e da Regra falam da missão, recordam o modo franciscano de ser e estar presente nas diferentes realidades; falam de inculturação; falam do mistério da encarnação. Para celebrar a Regra sugeriu a confecção de esquemas de celebrações bem simples para promover a reflexão sobre a intuição franciscana a respeito da missão e o mês de outubro, mês missionário, tem forte apelo para a realização de atividades com esta impostação. Em relação ao centenário do Cântico das Criaturas, pode-se organizar um encontro com os irmãos e irmãs que trabalham com diferentes formas de evangelizar, seja com a música, o canto, o teatro, na educação. Frei Francisco lembrou a experiência realizada em algumas regiões da América Latina onde se viveu a peregrinação de ícones, estandartes ou cruzes; atividades que movimentaram diversas pessoas e geraram criativo envolvimento de muitos setores da família franciscana. Na celebração dos Centenários, tais peregrinações poderão servir de anúncio e difusão da maneira franciscana de ver o mundo. Além dos próprios frades, as celebrações dos Centenários deverão envolver todas as pessoas que amam São Francisco, inclusive as que não são católicas, e nutrem conexão com o Poverello ou nele se inspiram. O mundo virtual também deverá ser contemplado. Para tanto será criado um espaço para que os irmãos e Fraternidades possam partilhar experiências da vivência do carisma franciscano. Um espaço, diversos idiomas, e a mesma linguagem, a linguagem franciscana que nos une. Ainda houve tempo para falar a respeito das propostas para a evangelização no mundo da Educação, além do trabalho da Comissão para o Diálogo que tem como objetivo promover e apoiar o compromisso com o diálogo ecumênico e inter-religioso dos membros da Ordem e dos ministérios em que servem.

Economia Fraterna

O Ecônomo Geral, Frei John Puodizunas, apresentou o tema da Economia Fraterna que deverá estar baseada em valores, orientada à missão e integrada institucionalcomunicações JULHO 2022

mente. Lembrou que os programas, as políticas e as práticas econômicas e financeiras da Ordem estão sendo implementadas a partir da reflexão do evangelho de Jesus Cristo, dos ensinamentos e tradições da Igreja e da atualização da espiritualidade franciscana. Ele identificou oito valores centrais, a saber: 1. A lógica do Dom: O reconhecimento de que tudo o que temos é um dom de Deus e que somos meros administradores, não proprietários com licença para consumir à vontade, mas usuários temporários, encarregados de cuidar de tudo como recursos proporcionados para nossa vida e ministério. 2. Transparência: Compromisso de sermos adequadamente abertos e honestos com o que somos, com o que temos e com o quanto temos. 3. Prestação de contas: Responsabilidade e compromisso de justificar as ações realizadas como exatas e verdadeiras ao representar o uso dos recursos que nos são confiados como administradores. 4. Justiça: Capacidade de reconhecer as diferenças nas capacidades e necessidades de cada um, implementando iniciativas que exijam da pessoa conforme sua capacidade e a promovam conforme sua necessidade. A justiça é um valor maior que a igualdade. 5. Simplicidade: Capacidade de viver com o que necessitamos, com o conhecimento do que é suficiente e evitando a tendência humana de acumular recursos. 6. Trabalho: Um elemento central do nosso carisma franciscano e senso de dignidade humana é a crença de que os irmãos trabalham, manual e intelectualmente. Somos mais promotores do bem comum que usuários dos recursos deste mundo. 7. Sacrifício: Não como algo que fazemos, mas como parte integral da nossa identidade cristã e franciscana. Em um mundo em que o compromisso é visto como uma qualidade necessária, reconhecemos que o valor do compromisso é menor que o sacrifício. A disposição em dar tudo pelo anúncio do Evangelho já é realização do Reino de Deus. 8. Relacionamento: Ocupa lugar central entre todos estes valores a compreensão de que não estamos sós, de que estamos neste projeto de vida pessoal, franciscano, cristão, humano, não como indivíduos isolados, mas como pessoas comprometidas com algo maior que nós mesmos, compreendendo que nossa plenitude está na autorrealização dentro da comunidade, na Fraternidade, na Igreja e no mundo. Frei Paulo Roberto Pereira, OFM MINISTRO PROVINCIAL


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Vida fraterna e cultura da sinodalidade

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o propor à Igreja que discuta sobre o tema da sinodalidade, o Papa Francisco, uma vez mais, traz à tona um dos elementos que fazem parte da essência do modo franciscano de ser. Mesmo que nunca tenha usado explicitamente a expressão “sinodalidade”, Francisco de Assis, desde que “o Senhor lhe deu irmãos”, foi profundamente “sinodal”, caminhando com seus companheiros, na consecução do projeto do Reino, sobretudo a partir do princípio da comunhão, em fraternidade e na minoridade. Na Fratelli Tutti o Papa apresenta suas perspectivas da experiência sinodal, aplicada à solução de conflitos nas comunidades. Segundo ele,

a palavra syn – hodos significa não tanto forjar acordos, mas reconhecer, valorizar e reconciliar diferenças, num plano maior, onde possa ser mantido o melhor de cada um. Como ele mesmo afirma: “Seria mais fácil conter as liberdades e as diferenças com um pouco de astúcia e algumas compensações; mas esta paz seria superficial e frágil, não o fruto duma cultura do encontro que a sustente. Integrar as realidades diferentes é muito mais difícil e lento, embora seja a garantia duma paz real e sólida. Isto não se consegue agrupando só os puros, porque ‘até mesmo as pessoas que possam ser criticadas pelos seus erros, têm algo a oferecer que não se deve perder’” (Fratelli Tutti, 217). Neste texto não vamos nos debruçar sobre o que significa

sinodalidade, que supomos por demais conhecido. Nosso objetivo é partilhar algumas reflexões, a partir de algumas indicações do “magistério franciscano”, que podem nos iluminar no modo como a “cultura da sinodalidade” pode ser colocada em prática em nossas Fraternidades, em nossas relações fraternas. Vamos recorrer a alguns apontamentos muito interessantes e oportunos apresentados pelo Bispo de Roma, num livro escrito em 2020, no contexto da Pandemia de Covid 19: “Vamos sonhar Juntos: o caminho para um futuro melhor” (Editora Intrínseca, 2020).

Papa Francisco e algumas pistas para colocar em prática a Sinodalidade

Na Evangelii Gaudium há uma expressão que Francisco retoma ao

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longo de vários de seus escritos: “O grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é a tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada” (EG 1,2). No já citado livro “Vamos sonhar juntos”, ao tratar explicitamente do tema da sinodalidade, o Papa volta a usar esta expressão: “Antes de falar sobre a forma como podemos transpor algumas das brechas e divisões na nossa sociedade, a fim de construir a paz e o bem comum, precisamos considerar a ‘consciência isolada’” (Vamos Sonhar..., p. 79). O que Francisco quer dizer com “consciência isolada”? Consciência isolada, explica o Papa, é aquele tipo de consciência que prevalece em indivíduos e grupos fechados em seus próprios interesses e pontos de vista, incapazes de se abrir ao diálogo, duros de coração, que vivem se lamentando, desdenhando e julgando os outros. Espíritos inflexíveis, como aqueles que tanto trabalho estão dando ao próprio Francisco em seu processo de reforma. Formados em um esquema mental pautado pela rigidez, ancorados numa suposta “ortodoxia”, são incapazes de se abrir ao novo, às mudanças necessárias e urgentes. Como diria João XXIII, são verdadeiros “profetas da desventura, que anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse iminente o fim do mundo”. Este tipo de comportamento é um sério obstáculo à consecução de projetos comuns, de harmonia entre as pessoas, nas instituições, na união de mentes e corações. A sua superação pode ajudar, não apenas na Igreja, mas também à sociedade em geral e a outras organizações que defendem o bem comum, que se pautam pelos princípios do Evangelho, em defesa da vida, na promoção da paz. comunicações JULHO 2022

Para se superar a consciência isolada, o Papa indica o caminho da “acusação de si mesmo”, expressão inspirada nos escritos de Doroteu de Gaza, um Padre da Igreja do século VI. “Acusar-se a si mesmo” é reconhecer-se como se é, é esforçar-se na busca do “auto conhecimento”, não ficar apegado a uma falsa imagem de si mesmo. Nesse processo, ter a humildade de reconhecer as próprias falhas, para reconhecer-se dependente de Deus e abrir-se à atuação da graça. Um outro elemento que dificulta a vivência da sinodalidade em nossas relações fraternas, em nossas reuniões e encontros, é o que o Papa Francisco denomina de “mau espírito”: o espírito de arrogância e de superioridade, que se esconde por detrás de argumentos válidos, mas viciados de antemão, que impedem a livre discussão. Há interesses em jogo, há muitas suspeitas e suposições: “As suspeitas e suposições estão cheias de malícia, e nunca deixam a alma em paz”. As suspeitas geram desconfiança, mal estar, fofocas. É aquilo que comumente chamamos de “segundas intenções”, as “suposições”, o que não é revelado, não é tematizado, às vezes até inconscientemente. Podemos identificar aqui a raiz de muitos conflitos em nossas Fraternidades, onde, em nossas discussões, capítulos, reuniões, há fechamento e irredutibilidade, radicalismo, às vezes disfarçados de argumentos válidos, mas que escondem interesses pessoais. Quando há inter – esses em jogo não há uma discussão livre, franca, objetiva. Inter-esses significa “estar entre”, o que está nas entrelinhas, que está escondido no “não dito”, mas que está ali, e não possibilita uma discussão aberta e sincera. Quando, numa discussão, num debate, há “interesses” escondidos em jogo, não ditos, a verdade

nem sempre prevalece. Um risco a evitar nas discussões é considerar as contraposições como contradições. Isso é um pensamento medíocre, dominado pelo mau espírito, o espírito do conflito, que também afeta o diálogo e a fraternidade. Não se trata simplesmente de negar a tensão entre dois polos, buscando a “paz a qualquer preço”. Essa não é a solução para um conflito, pois a tensão foi negada e abandonada, mas ela continua escondida, latente. E pode estourar a qualquer momento. O Papa recorda a presença de um personagem importante que deve existir nas reuniões de grupo, nas discussões, para que a sinodalidade seja efetiva: o “reconciliador”, aquele que tem que “aguentar o conflito”, que consegue ver para além da superfície e das aparências, que conduz os envolvidos a chegarem a uma síntese, que não elimina nenhum dos polos, mas conserva o que é bom e válido em ambos, levando-os a um novo patamar de compreensão, a uma nova perspectiva. Essa é a função do líder maduro, positivo, que é capaz de ver todas as “variantes” de um problema, e apresentar soluções. Acenamos aqui ao papel desempenhado por Francisco de Assis no conflito entre o “lobo de Gubbio” e os assustados habitantes da cidadezinha medieval italiana. O caminho sinodal também é caracterizado pela atuação do Espírito Santo. Discute-se em grupo, empregam-se os mecanismos humanos de discussão e de dinâmica de grupo, mas é preciso, sobretudo, estar atento àquilo que o Espírito Santo tem a nos dizer. Seja no Sínodo, seja em nossos encontros fraternos. Para que isso aconteça é preciso que as pessoas confiem umas nas outras, que haja humildade, que haja sério empenho na busca do bem comum. Um elemento essencial


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nesse processo é a necessidade de um certo nível de maturidade para participar de processos grupais, de discussão, de debate. “Sentar-se a escutar o outro, caraterístico dum encontro humano, é um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro, presta-lhe atenção, dá-lhe lugar no próprio círculo” (Fratelli Tutti, 48). Nem todo mundo tem essa maturidade ou a personalidade para vivenciar esses processos. Principalmente hoje, onde, em tantos ambientes, eclesiais, políticos, sociais, predomina o fechamento ao diálogo e o apego às próprias ideias. Num exercício sinodal, as diferenças são expressas e polidas, até que se chegue, se não a um consenso, pelo menos a uma harmonia. Afirma Francisco: “A abordagem sinodal é algo de que nosso mundo tem muita necessidade hoje. Em vez de buscar o confronto, declarando guerra, com cada um dos lados esperando derrotar o outro, precisamos de processos que permitam expressar as diferenças, escutá-las e fazê-las amadurecer, para assim podermos caminhar juntos, sem necessidade de aniquilar ninguém” (Vamos sonhar..., 92). É um trabalho certamente difícil, que exige paciência, compromisso, investimento numa discussão madura e frutuosa.

A busca de relações sinodais em fraternidade

Na Admoestação XII Francisco de Assis afirma que “o eu é contrário a todo o bem”. Profundo conhecedor da alma humana, o Pobrezinho sabia que o apego ao “próprio eu”, às ideias próprias, sem se abrir ao diálogo, à escuta, à possibilidade de que a outra parte também possa ter alguma razão, era um sério empecilho às relações fraternas. Na mesma admoestação ele vai afirmar que o servo de Deus se reconhece como

“o mais desprezível” e o “menor de todos os homens”. Não se trata aqui, evidentemente, de “masoquismo espiritual”, de rebaixamento e humilhação. Francisco de Assis refere-se à necessidade de não nos considerarmos o centro das atenções pelas coisas que realizamos. Tudo vem de Deus. E, em fraternidade, importa trabalharmos em sintonia, cada um com suas qualidades e talentos, também suas fragilidades, respeitando as diferenças, abrindo-nos aos outros, sempre em busca do bem comum, do crescimento do grupo, a serviço do Reino. Dizia o ex-Ministro Geral Frei Giacomo Bini: “A palavra profética do carisma hoje, mais do que a pobreza, até mais do que a castidade, mais do que a oração... é aquela das relações fraternas”. E acrescentava: “A primeira estrutura da Ordem não é o convento, mas o frade menor e o frade menor em relação. [...] Por isso, se querem construir qualquer coisa, comecem pela confiança e pelo respeito às diferenças”. BINI, Giacomo, “Ultima conferenza”, Frascati (7.05.2014), p. 6, em: https://ofmroma.files.wordpress.com/2014/08/noi-si-semina-fr-giacomo-bini.pdf . Na Fratelli Tutti Papa Francisco faz menção à necessidade de sairmos de nós mesmos para criarmos comunhão, para estabelecermos relações que gerem vida: “... “a vida subsiste onde há vínculo, comunhão, fraternidade; e é uma vida mais forte do que a morte, quando se constrói sobre verdadeiras relações e vínculos de fidelidade. Pelo contrário, não há vida quando se tem a pretensão de pertencer apenas a si mesmo e de viver como ilhas: nestas atitudes prevalece a morte” (Fratelli Tutti, 87). Neste mesmo número ele afirma que o ser humano só se realiza plenamente como pessoa “no sincero dom de si mesmo aos outros”. Para conhecer nossa própria verdade,

nós precisamos do encontro com os outros: o ser humano não chega a reconhecer completamente a sua própria verdade, a não ser saindo de si mesmo, indo ao encontro do outro: ‘Só comunico realmente comigo mesmo, na medida em que me comunico com o outro’. Isso explica por que ninguém pode experimentar o valor de viver, sem rostos concretos a quem amar” (Fratelli Tutti, 87).

Propostas do Papa Francisco para colocar em prática a Sinodalidade

O Papa propõe, numa síntese, três elementos que podem nos ajudar nos “processos sinodais” em nossas Fraternidades: 1) Escutar uns aos outros, com respeito e confiança, livres de ideologias e agendas pré-determinadas, livres de preconceitos. O objetivo não é chegar a um acordo por meio de uma competição entre posições opostas, mas caminhar em conjunto, a fim de alcançarmos a vontade de Deus, deixando que as diferenças entrem em harmonia. 2) A capacidade de mudar, estarmos preparados para abandonarmos nosso modo de pensar e nossas perspectivas, abandonarmos nossa rigidez e nossas intenções, e “olharmos para lugares que nunca vimos antes”: exercitarmos a abertura de mente, sem preconceitos, capazes de acreditar que, de onde menos se espera, possa surgir algo novo. Isso é o modo concreto de abrirmo-nos à ação do Espírito. Ele é capaz de revelar coisas novas, novos horizontes, criar soluções, que até então não tínhamos vislumbrado nem previsto. A capacidade de mudar é um dos elementos importantes na vida de fraternidade. O grande comunicações

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inimigo da mudança é o desejo de segurança. Os caminhos de sempre são os mais seguros, mais claros, confiáveis. Apelamos às tradições para resistir às mudanças. O novo sempre implica risco, e a natureza humana foge, naturalmente, do perigo. Hoje está cada vez mais comum o fenômeno da “retrotopia” (Zygmunt Baumann), na Igreja e na sociedade em geral, idealizando o passado como se fosse um tempo de glória e de grandes realizações, negando-se a assumir o futuro, com todos os seus riscos, possibilidades e esperanças. Neste particular, esquecemos que Francisco e Clara foram pessoas que assumiram o novo em suas vidas, não ficaram apegados ao passado, não tiveram medo da mudança, nem de mudar. 3) Outro aspecto fundamental é a paciência, algo tão raro e difícil nos dias de hoje. Papa Francisco explica o que ele entende sobre a virtude da paciência: “A paciência refere-se ao aprendizado da tolerância recíproca, a saber tolerar-se uns aos outros. Isso é o que realmente ‘dá liga’ à comunidade. Trata-se de tolerar-se ativamente, ajudar-se de coração. É a paciência de esperar o irmão caminhar, como dizia Santo Inácio” (“A força da Vocação”, Paulinas 2018, p. 56). Francisco refere-se à Regra do Companheiro, quando, ao caminhar ao lado de um companheiro, devia-se ficar atento para que um não caminhasse mais rápido do que o outro, para que houvesse um mesmo ritmo. Significa ter paciência com os limites do outro. Na vida fraterna, significa fazer o esforço de apoiar-se e tolerar-se mutuamente. Na Fratelli Tutti, o Papa oferece-nos ainda mais um instrumento para mantermos o espírito do diálogo na comunicações JULHO 2022

sinodalidade: a amabilidade. “A amabilidade é uma libertação da crueldade que às vezes penetra nas relações humanas, da ansiedade que não nos deixa pensar nos outros, da urgência distraída que ignora que os outros também têm direito de ser felizes. Hoje raramente se encontram tempo e energias disponíveis para se demorar a tratar bem os outros, para dizer “com licença”, “desculpe”, “obrigado”. Contudo, de vez em quando verifica-se o milagre duma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença” (Fratelli Tutti, 224). Quando falo de “amabilidade” aqui, penso numa das palavras mais caras e importantes ao carisma franciscano, e que está cada vez mais rara hoje em dia: a cortesia. Francisco de Assis foi o modelo do homem cortês. Clara seguiu seu exemplo. Os frades eram extremamente corteses entre si. As fontes transmitiram a alegria que os invadia quando se encontravam. Era uma cortesia que transparecia em toda sua vida, em seus gestos, nas palavras, nas relações humanas, com toda a criação, com Deus. São inúmeras as citações sobre o tema ao longo dos escritos. Penso que hoje, em nossas Fraternidades, precisamos ficar atentos à cortesia humana e cristã, que foi tão bem encarnada na pessoa de Francisco, em sua fraternidade, entre seus frades. O Dicionário Franciscano elenca alguns comportamentos que remetem à cortesia: a bondade, a discrição, a mansidão, a acolhida a compaixão, entre outros. Francisco, desde que o Senhor inspirara nele o desejo da conversão, tornara-se aprendiz da cortesia e do afeto. Desde pequeno ele fora educado na escola das canções de gesta da França, dos cavaleiros da

Távola Redonda, da busca do Graal do rei Artur. Era a escola do amor cortês, dos “cavaleiros medievais”, que expressavam valores éticos importantes, como o cuidado aos mais fracos, o respeito às mulheres, a hospitalidade. Mas em Francisco, a cortesia torna-se uma virtude divina, por causa do amor do Pai: “A cortesia é irmã da caridade, que extingue o ódio e conserva o amor” (Fioretti 37). A cortesia foi transformada por Francisco em afabilidade nas relações, entrega sem reservas a Deus, no cuidado aos leprosos e aos pobres, na cortesia e no carinho aos irmãos, no afeto, na acolhida e na ternura para com todos. O que nós chamamos de “cortesia”, o Papa chama de amabilidade. E ele continua insistindo na necessidade de nos esforçarmos por ter um “comportamento” amável, afável, cortês: “Este esforço, vivido dia a dia, é capaz de criar aquela convivência sadia que vence as incompreensões e evita os conflitos. O exercício da amabilidade não é um detalhe insignificante nem uma atitude superficial ou burguesa. Dado que pressupõe estima e respeito, quando se torna cultura numa sociedade, transforma profundamente o estilo de vida, as relações sociais, o modo de debater e confrontar as ideias. Facilita a busca de consensos e abre caminhos onde a exasperação destrói todas as pontes” (Fratelli Tutti, 224). Insisto nesse particular, porque me parece que está cada vez mais difícil educar para a cortesia. Em nome da competência, da produção e da eficácia, educa-se para a concorrência, para o individualismo, para o “cada um por si”. Em nossas Fraternidades, a cortesia, a amabilidade, o respeito, o cuidado, talvez possam ser os outros nomes da sinodalidade. Frei Sandro Roberto da Costa


“A Melhor Política”

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o recém-criado Regional Leste 3, os Bispos das quatro Dioceses capixabas, aos 01 de julho do corrente ano, promulgaram uma Carta Pastoral sobre a “Melhor Política”, visando orientar os fiéis para as Eleições/2022. Esta expressão não é própria deles, mas do Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti. A Carta inicia dizendo que “Bispos e Presbíteros têm autoridade para orientarem seus fiéis, em busca da “melhor política”(nº 1 e 2). Para tanto, apontam oito (8) princípios, visando um “voto consciente”. O primeiro deles é a “concepção geral da política“. Ela é a “vivência da caridade social“ (Bento XVI, Deus caritas est, 29) e “é uma sublime vocação“ (Papa Francisco, Fratelli Tutti,187). Portanto a política sempre está voltada ao bem-comum. O segundo princípio é “preocupação com a casa comum“. Esta passa pela preservação ecológica até chegar a uma “concepção integral da ecologia, atingindo o planeta inteiro, tornando-o nossa Casa Comum “ (Laudato Si). O candidato que não preencher este quesito, “não merece nosso voto“ (nº 7). Observe-se que esta é a única vez onde é dito “não merece nosso voto“. O princípio “defesa da vida desde a concepção até o fim natural“ é uma citação do Compêndio da Doutrina Social da Igreja (155). Porém, a Carta afirma que a defesa da vida não é um ato isolado (aborto, eutanásia), mas inclui, também, a “vida dos pobres que já nasceram e debatem-se na miséria, na exclusão, no tráfico de pessoas e nas mais variadas formas de escravidão“ (Papa Francisco, Gaudete et Exultate, 101). O princípio da “segurança e direitos humanos“ condena os discursos de ódio, pena de morte, prisão perpétua, tortura ou armar a população civil. [...] A hipocrisia dessa posição é o fato de, na maioria das vezes, tais crimes se direcionam às classes mais baixas, encobrindo os mandantes de uma verdadeira organização criminosa“ (nº 9).

A “defesa da democracia“ e o “compromisso com a verdade“ são princípios fundamentais do Evangelho. Jesus é o “Caminho, Verdade e Vida“ (Jo 14,6) a quem devemos seguir. O “poder das trevas“, porém, é liderado por Satanás, o “pai da mentira“ (Jo 8,44). “Partidos, candidatos e cabos eleitorais que simpatizam, com palavras e ações, contra a democracia não estão em sintonia com a Igreja e, como tais, não merecem nosso apoio“ (15). No princípio da “honestidade como pressuposto“, a Carta denuncia a corrupção política, pois ela “é uma das mais graves deformações do sistema democrático. A barganha política cria espaço para o clientelismo e favores do governo“ (17). “A compra de votos e venda de parlamentares não aparece, apenas, na forma de roubos ou desvio de verbas, mas também na distorção do mandato e no uso interesseiro“ (18). Por fim, o princípio da “economia a serviço da vida“ está na Laudato Si (189). “Deve-se privilegiar os programas econômicos que tenham o meio-ambiente e o pobres como meta prioritária do desenvolvimento econômico“. Em sua Alocuções e Escritos, o atual Papa, seguidamente, se pronuncia sobre a economia, inclusive, na Igreja como um todo. É importante que seja assim, assim como a Província, também, o faz através do Economato. Fato disto, foi o último encontro dos guardiães, em Agudos, SP, os encontros Regionais e os constantes lembretes que as Fraternidades recebem.

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formação permanente

A Bíblia, por sua vez, também tem apelos, tanto em nível pessoal como comunitário. Vejamos um tópico em cada um deles. No comunitário, é conhecido por todos o texto em que, após a Ressurreição, os guardas informaram, aos chefes e anciãos, o que aconteceu. Estes, após deliberarem entre si, decidiram entregar uma “vultosa quantia de dinheiro“ para que desmentissem a Ressurreição, dizendo que “os discípulos roubaram o corpo enquanto dormíamos“. E, se isto chegasse aos “ouvidos do governador, nós o convenceremos e vos deixaremos sem complicação“. Os soldados receberam a quantia e divulgaram o fato, na versão recebida. “Esta notícia espalhou-se entre os judeus até os dias de hoje“ (cf. Mt 28,11-15). O outro fato, o individual, está relacionado com a evangelização da Samaria, feita pelo diácono Felipe. Ele evangelizou e batizou. Ao saberem disso, a comunidade de Jerusalém enviou os apóstolos Pedro e João para que “impusessem as mãos e transmitissem o Espírito Santo“. O mago Simão, vendo que isto poderia trazer-lhe vantagens próprias, ofereceu dinheiro para que ele, também, pudesse transmitir o Espírito Santo. Pedro reagiu energicamente: “Pereça teu dinheiro e tu com ele porque julgaste poder comprar, com dinheiro, o dom de Deus. Arrepende-te desta tua maldade e ore a Deus para que te perdoe“ (cf. At 8,4-24). Estejamos atentos porque a simonia, tanto a pessoal como a comunitária, é uma “tiririca“ contumaz que, de qualquer raiz que sobra após constantes combates – ela pode brotar de novo. Lembremo-nos do apelo que nosso Mestre deixou: “de graças recebeste, de graça dai“ (Mt 10,8). O apóstolo Paulo vai na mesma direção: “a raiz de todos os males é a ganância pelo dinheiro“ (1Tm 6,10) e, pode tornar-se uma idolatria (cf. Ef 5,5; Cl 3.5). Frei Luiz Iakovacz



formação e estudos

Postulantes são acolhidos no Noviciado de Kibala

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o dia 23 de julho, às 18h30, em Angola, ingressaram ao Noviciado Noviciado São José, em Kibala. Cinco irmãos: Amiltom Domingos Ambrósio, João da Costa António,João Kahamba António, Pedro José Domingos e Turíbio da Cruz Waya Ndumbu. Os jovens foram acolhidos durante as Vésperas solenes e seguida por algumas palavras de encorajamento da parte do Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira. Frei Paulo dizia aos noviços que estão entregues em boas mãos, não as melhores, mas as que possuem o amor e a vontade

de trabalhar, e que os formarão humanamente e pedagogicamente das melhores formas possíveis. Frei Paulo pediu aos irmãos para que deixem a vida fraterna e o Espírito Santo falarem sempre por si, e que nenhuma

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formação acadêmica esteja acima da fraternidade. Foi também dia de festa pela profissão de Frei Pedro Isaías Luisa Vitangui e a bênção solene da nova capela situada numa das pedras que se encontram na Fraternidade Santo Antônio. Capela que pela devoção popular ganhou o nome de São José. Ela que estará aberta à disposição do povo de Kibala e não só. Na sua homilia, Frei Paulo pediu aos confrades que vivessem o Evangelho como irmãos menores segun-

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do o que dita a Regra franciscana. Ser frade não é uma tarefa fácil, mas pode ser uma das maiores alegrias se vivida com amor. Frei Paulo também agradeceu ao povo pelo carinho e respeito aos frades desde a sua chagada aqui nas terras de Kibala. Por último, o guardião da Fraternidade Frei Ivair foi chamado a fim de apresentar as razões que o levaram a criar a capela. Começou dizendo que o trabalho manual do povo foi o maior motivo que o levou

a construir a Capela de São José. Nos costumes do povo angolano, as refeições são feitas na forma de um círculo e a comida toda é posta no centro e assim ela é partilhada de forma fraterna. Este grande gesto levou Frei Ivair a colocar o Santíssimo no centro e não no canto como é comum na maioria das capelas, para que o povo se veja na capela quando for rezar. Frei Tomás Gaspar Joaquim


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Dia de passeio marca o fim do semestre dos teólogos em Petrópolis

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pós um semestre intenso de atividades acadêmicas, os frades teólogos de Petrópolis (RJ) tiveram um #dayoff para descanso e lazer. O dia de passeio foi organizado pelo Padre Medoro de Oliveira Souza Neto, professor da disciplina de Sacramentologia do Instituto Teológico Franciscano, e aconteceu na sexta-feira, 17 de junho, na Fazenda Três Barras, município de Três Rios (RJ). Logo no início da manhã, os frades dirigiram-se até a Paróquia São José Operário de Três Rios, onde conheceram a atuação pastoral, naquela porção do Povo de Deus, do Padre Medoro e de seus paroquianos, que se destaca pela atuação e assistência social junto às comunidades carentes, com uma presença significativa das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Além dos trabalhos quotidianos de uma paróquia. Logo após deslocaram-se para a Fazenda Três Barras, cedida gentilmente pelos amigos do padre. No local, os estudantes e alguns trabalhadores

do ITF passaram um dia lúdico. E por falar em lúdico, durante os estudos, por algumas vezes o docente explicou a ideia de que práxis e festa não se opõem, elas se completam! Neste sentido, apresentou autores como Francisco Taborda ressaltando que práxis e festa são realidades próprias que no dia a dia se complementam. Em uma das aulas, o padre assim ensinou: “De nada adianta a festa sem a prática quotidiana. Não se pode apenas lutar pela transformação da realidade de forma que nos esqueçamos do lúdico, do celebrativo. O mesmo vale para

uma festa sem a práxis, ou seja, celebrar por celebrar, distante da realidade que nos cerca”. Assim, com este espírito, os frades do Tempo da Teologia viveram a práxis na festa, e a festa na práxis, com um lindo dia de descanso, lazer comemorando a caminhada realizada e se animando mais para os próximos passos formativos que estão por vir. Ao Padre Medoro nossa gratidão pela concretude dos ensinamentos e acima de tudo, pelo bom exemplo. Frei Augusto Luiz Gabriel

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sav Província promove Encontros Vocacionais Regionais

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rabalhar, estudar para vestibular, namorar, fazer dancinhas para as redes sociais, tirar selfies e andar de bicicleta são algumas das atividades que envolvem o cotidiano dos jovens. Porém, uma outra atividade envolve a juventude e “tira o sono” desta faixa etária: descobrir e realizar ações que lhe ajudem a discernir o seu lugar no mundo. E no caso dos batizados essa sondagem se coloca no discernimento a partir da grande pergunta: “Senhor, que queres de mim?” – assim como os primeiros discípulos, assim como Francisco e cada um de nós, é preciso se deixar questionar por essa provocação a fim de que se possa responder com assertividade ao anseio divino. E nessa disposição 22 jovens, acompanhados por nossos confrades, realizaram a experiência dos Encontros Vocacionais Regionais na nossa Pro-

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víncia, que aconteceram no mês de junho em Petrópolis, RJ, Ituporanga, SC, e Guaratinguetá, SP. Para cada região foi oferecida uma experiência de convivência e formação a fim de ajudar no discernimento. E se eles quiseram saber o que lhes pede Jesus para suas vidas, escutaram como resposta do Mestre a proposta: “Vinde e vede!” (Jo 1,39). A programação constou de participar um pouco do dia a dia de nossas Fraternidades, conhecer mais irmãos da Ordem e assimilar aspectos teóricos e práticos de nossa vida franciscana. Além disso, os temas apresentados foram: reflexão sobre a vocação pessoal comparada ao caminho feito por Francisco de Assis; um “giro peripatético” ou reflexão mistagógica dos espaços da Fraternidade, a fim de vislumbrar melhor o carisma franciscano a partir daquilo que compõe uma casa franciscana (como o refeitório, a sala de convívio, os espaços de trabalho, oração e missão, por exemplo); uma reflexão sobre os valores pelos quais se pautam a vida franciscana e a Província e, por fim, algumas orientações básicas para o acompanhamento vocacional. Momento importante também dessa experiência foi a convivência e partilha vocacional. Na medida do possível, um irmão foi convidado a dar testemunho de sua história pessoal. Em Petrópolis, a partilha aconteceu com os frades do SAV, Freis Gabriel e Jeâ. Em Ituporanga, Frei Tarcísio Geraldo Theiss brindou os participantes com sua história vocacional a partir


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das vocações bíblicas. Ao explicar a vocação do profeta, lembrou dos passos que se empenhou em palmilhar ao longo de sua vida para também levar as pessoas a um encontro com Deus que é amor. Já na Terra das Garças, no Vale do Paraíba, o depoimento do histórico vocacional ficou sob a responsabilidade de Frei Walter Hugo de Almeida, que finalizando com uma de suas

poesias, incitou nos jovens o anseio de permanecerem obstinados ao dever da resposta diante do chamado de Deus, oferecendo a si mesmo para o Reino. O Serviço de Animação Vocacional (SAV) agradece a todos os irmãos que se empenharam na realização destes encontros: seja na preparação, no envio de jovens, na acolhida e na formação. Com

generosidade, as Fraternidades ofereceram sua atenção, estima e calor (especialmente por causa do clima frio que perpassou os três encontros). Aos irmãos participantes dessa experiência, pedimos ao Senhor que os ajude no discernimento para a felicidade concreta na oferta de si mesmo a Deus. Frei Gabriel Dellandrea comunicações

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Festividades ao Sagrado Coração de Jesus terminam com procissão em Petrópolis om uma procissão em honra ao Sagrado Coração de Jesus, as festividades do titular da Fraternidade e Paróquia do Sagrado em Petrópolis (RJ) terminaram no domingo, 26 de junho. Desde o último dia 15 de junho, os frades, fiéis e devotos viveram uma programação intensa e diversificada. Solenidade, espiritualidade e simplicidade marcaram esses dias. A procissão ocorreu pelas proximidades da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, núcleo central do que hoje o povo costuma chamar de “O Sagrado”. Um andor com a imagem do Sagrado foi preparado e ornamentado com flores. Já na torre da centenária igreja

faixas vermelhas e brancas foram afixadas junto às palmeiras imperais, dando um colorido nos dias nublados. Com cantos, orações, reflexões bíblicas e muita fé, os fiéis percorreram as ruas da Cidade Imperial cantando e louvando o Senhor. Um carro de som com o andor ia à frente dos fiéis. Na chegada, muita emoção ao ver a imagem do Sagrado em fren-


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te da igreja, depois de dois anos com celebrações e festividades remotas. O pároco, Frei Jorge Paulo Schiavini, presidiu a Celebração Eucarística das 18 horas e coroou as celebrações do Sagrado, encerrando as comemorações que retornam nos finais de semana de agosto. Já às 15h deste domingo, o Grupo de Oração “Jesus Vive e é o Senhor”, da Renovação Carismática Católica realizou uma Tarde de Louvor para o titular.

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

No dia 24 de junho, data em que a Igreja comemora a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus neste ano de 2022, as Celebrações Eucarísticas na Igreja do Sagrado aconteceram às 7h, 15h e 18h. Mas antes, às 6h20, os frades menores franciscanos rezaram a solene Liturgia das Horas. Os vigários paroquias, Frei Almir Ribeiro Guimarães e Frei Ronaldo Fiúza Lima, presidiram as missas das 7h e 15h, respectivamente. Já na missa das 18 horas, o pároco Frei Jorge Paulo Schiavini foi o celebrante. Frei Marcos Antonio de Andrade e Frei Gilberto da Silva concelebraram. Na homilia, Frei Jorge refletiu sobre a realidade divina do amor de Deus manifestado a nós por meio de Cristo, no Sagrado Coração de Jesus. Segundo ele, a liturgia apresenta três dimensões. Na primeira dimensão, “Jesus manifesta o amor de Deus em suas ações: ele faz refeição com os pecadores públicos. Jesus também entregou a sua vida por nós, como diz São Paulo, quando ainda éramos pecadores. E no seu amor incondicional nos lembra do amor pelos seus amigos, amor que dá a sua vida por seus adversários, amor que dá sua vida por todos”, disse. “Por causa de seu amor, Jesus nos deixa também

uma proposta: em sua palavra, em suas parábolas, em seus ensinamentos. Essa é a segunda dimensão”, explicou o pároco. “A Palavra de Jesus, é uma proposta sólida, porque está ligada à sua prática. Jesus nos apresenta o amor de Deus que vai ao encontro da ovelha perdida, isto é, Deus que vai ao encontro dos pecadores. E vai com gestos de amor e de bondade, carrega nos ombros, e celebra o retorno da ovelha, com uma festa. Tudo isso para que quem se afastou seja encorajado a recomeçar e manter a comunhão com o Bom Pastor. É o mesmo que Deus faz por meio dos Profetas, Ele procura

o seu povo que está afastado, maltratado pela exploração daqueles que governavam o povo de Israel. Por meio dos Profetas ele reúne o rebanho, une o povo de Israel, e provê aquilo que é necessário para uma vida digna: prados verdejantes e pastagens férteis; ele dá ao Povo de Israel a terra para trabalhar, a lei para o orientar e a sua presença constante para o sustentar”, ensinou. Para Frei Jorge, a terceira dimensão é a resposta livre do ser humano diante do amor de Deus, manifestado aos cristãos em Jesus Cristo. “A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus nos desafia a deixarmo-nos envolver pelo amor de Deus, através da acolhida amorosa”, disse. “Com a graça de Deus posso afirmar que cultivamos os sentimentos do Bom Pastor na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus. Mesmo com nossas fragilidades, Jesus continua a sua ação na vida de nossa Igreja. Coloquemos no altar do Senhor a vida da Paróquia do Sagrado, e de tantas pessoas que encontram aqui o amor do Sagrado Coração. Rendacomunicações

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mos graças a Deus por tantas pessoas que aqui se doam a Deus e aos irmãos nas pastorais, movimentos, serviços, na Ordem Franciscana Secular, rendamos graças a Deus pela vida e a missão das irmãs religiosas que fazem parte de nossa Paróquia. Coloquemos no altar do Senhor a Fraternidade Franciscana do Sagrado Coração de Jesus e os freis que a compõem e aqui buscam viver a fraternidade e anunciar o Evangelho, sob a inspiração do Sagrado Coração de Jesus”, encerrou. O coral “Vozes do Sagrado” abrilhantou a celebração na condução dos cantos de toda a solene liturgia. Este novo coro é formado pelos músicos das comunidades e Paróquia do Sagrado e conta com a regência da musicista e coordenadora de música, Patrícia Gomes.

O coração de Jesus é um coração generoso

A Santa Missa das 15 horas contou com a presença em peso dos Apostolados da Oração da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha, Paróquia São Judas Tadeu, na Mosela e Paróquia do Sagrado. Antes da missa, às 14 horas, os membros do apostolado preparam uma Adoração ao Santíssimo Sacramento. Um rico momento de oração e fé diante de Jesus, exposto no altar. Já na homilia da Celebração Eucarística, Frei Ronaldo disse que para compreender a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a liturgia oferece a imagem do Bom Pastor. “Do Pastor que nos conduz pelos vales tenebrosos e nos encaminha para as fontes repousantes, para os prados verdejantes, onde concede a suas ovelhas e a todas as pessoas a graça do repouso, da vida na intimidade com o Senhor”, frisou. Segundo Frei Ronaldo, a leitura do profeta Ezequiel apresenta como age o bom Pastor. “Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas. É o coração de Cristo que se volta para cada fiel, comunicações JULHO 2022

para cada pessoa e as apascenta e as faz repousar. Diz Deus pelo Profeta Ezequiel: “Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, vigiar a gorda e forte, vou apascentá-las conforme o direito.” Citou e acrescentou: “De fato, para cada pessoa, o coração de Jesus se adequa, se adapta às necessidades de cada um de nós. Talvez sejamos ovelhas perdidas, talvez extraviadas, talvez a nossa perna esteja quebrada diante da dor, da angústia, dos problemas de nosso dia a dia, mas Ele enfaixa, fortalece, acompanha, coloca-as em seus ombros. Esse é o coração de Cristo para cada um de nós”, ensinou. Para o celebrante, é preciso reconhecermos diante de Cristo Senhor que nem sempre somos as ovelhas mais saudáveis. “Nem sempre realizamos a vontade de Deus. Sentimos, ao contrário, muitas vezes, como essas ovelhas que precisam dos cuidados

de Cristo. Que Ele venha até nós, nos resgaste, nos salve, nos cure de tudo aquilo que nos afasta de nossa vocação cristã”, encerrou.

Festividades do Sagrado

A volta das festividades presenciais contou também com uma extensa programação gastronômica, com quermesse, barracas com comidas típicas, apresentações e música ao vivo. Entre os dias 18 e 19 de junho aconteceu a “Festa Junina”. Já no dia do Sagrado, sexta-feira (24/06), durante todo o dia foi vendido o tradicional bolo do Padroeiro. Nos dias 25 e 26, sábado e domingo, a festa aconteceu das 14h às 22h. Destaca-se a presença e a apresentação da “Banda do Batalhão” no dia 25, às 17h30. A Festa do Sagrado foi um sucesso, por isso, terá uma nova edição nos finais de semana de agosto: 13 e 14, 20 e 21, 27 e 28. Frei Augusto Luiz Gabriel


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Convento Santo Antônio inaugura novo sistema de transmissão

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uem passa pelo Largo da Carioca do Rio de Janeiro (RJ) e olha para o morro Santo Antônio, avista de longe o belo, majestoso e imponente Convento dos Frades Menores Franciscanos que se destaca entre prédios e construções. E, a partir desta terça-feira (26/07), o Convento que teve um importante papel na política da Independência do Brasil, apresenta aos fiéis seu mais novo e moderno sistema de transmissão pela internet. Agora, de suas casas ou de onde estiver, os devotos do santo franciscano podem acompanhar e visualizar o Convento com uma maior qualidade nas transmissões. Desde o início deste ano os frades estudam meios e maneiras de modernizar os equipamentos. Porém, foi durante todo este mês de julho, que se colocou em prática o que se planejava. Por isso, para celebrar tão grande feito, as Celebrações Eucarísticas das 12h e 18h foram também para inaugurar este novo veículo de comunicação. No entanto, há quase uma semana testes estão sendo realizados para analisar ainda mais aquilo que se quer comunicar. O Vigário Provincial, Frei Gustavo Wayand Medella, realça a qualidade e o alcance das transmissões. “Quando melhoramos a qualidade do som e da imagem de nossas transmissões, podemos levar mais longe, com mais clareza e a mais pessoas a força da história, da fé e da devoção deste lugar. Certamente é mais uma forma de Santo Antônio se fazer presente e próximo na vida do povo devoto, que encontra nele um verdadeiro amigo. Nosso sonho maior é que a mensagem do Evangelho chegue longe e chegue

bem, com qualidade no conteúdo e na forma, fiel à proposta de Nosso Senhor Jesus Cristo”, ressaltou. O Guardião do Convento, Frei Walter Ferreira Junior, afirma que desde o início da pandemia o Convento se esforçou para estar presente nestes meios digitais, no entanto, ressalta a necessidade de aprimorar aquilo que até então vinha sendo desenvolvido. “Nossa Igreja é linda e histórica, porém, a gente precisava melhorar a nossa imagem. A principal importância é melhorar o som e a imagem, para que assim as nossas transmissões fossem completas, em áudio, vídeo e também na oração”, destacou. Frei Walter explica que este é mais um passo importante no processo de revitalização do Convento Santo Antônio, que no último mês de junho completou 414 anos. “Esse passo é sim muito importante pois ele é um marco histórico da comunicação do Convento Santo Antônio com o mundo. A gente está restaurando as paredes, os objetos, mas também restaurando a nossa imagem que hoje se mostra tão necessária e importante”. Para Frei Walter, vale lembrar que tudo isso nasceu com a pandemia. “Os

desafios de uma doença fizeram com que a gente entrasse nesse mundo da comunicação. Fomos forçados a isso e vejo que hoje não tem como ser diferente. Hoje, queira ou não, pessoas simples e humildes nos acompanham de casa. Por isso, é um marco importante do Convento para o mundo, em especial para o nosso povo do Largo da Carioca e do Rio de Janeiro”, disse, com um sorriso no rosto. Diariamente as Celebrações Eucarísticas contam com transmissão ao vivo. De segunda a sexta, às 12h e 18h. Aos sábados e domingos, às 10h. “Esperamos no decorrer do tempo ampliarmos ainda mais os nossos horários”, disse o guardião. “Venha participar conosco destes momentos tão importantes. Venha visitar o nosso convento. Será uma alegria muito grande tê-los juntos de nós. Cada um que por aqui passar com certeza levará uma bênção, uma mensagem, um abraço. Que o Espírito Santo de Deus continue iluminando você de onde estiver. Seja bem-vindo ao nosso Convento de Santo Antônio”, convida e deseja Frei Walter. Frei Augusto Luiz Gabriel comunicações

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Com Maria e Frei Galvão, a vida está voltando ao normal

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epois de dois anos e meio de pandemia, aos poucos a vida volta ao normal. No Pró-Vocações e Missões Franciscanas (PVF), o sábado, 25 de junho, ficou marcado com a primeira atividade presencial voltada para os benfeitores e benfeitoras: o “Dia com Maria e Frei Galvão”, uma peregrinação à terra do primeiro Santo brasileiro, que neste ano celebra o bicentenário de vida eterna, e da Mãe Aparecida, Padroeira do Brasil. O grupo de 44 pessoas partiu do Largo São Francisco, no centro de São Paulo, às 6h50, em direção ao Vale santo do Parnaíba, tendo como animadores o coordenador do PVF, Frei Robson Luiz Scudela, e Frei Lauro Formigoni, frade do Convento São Francisco, além dos colaboradores Edivando Rocha e Lucas Santos. Um dia de sol e temperatura agradável garantiram tranquilidade à viagem. Ansioso por esse momento, o

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grupo cantou e rezou até chegar ao primeiro destino, às 9h20: o Santuário Frei Galvão, em Guaratinguetá, SP, que desde 11 de abril de 2021 passou a ser atendido pelos frades desta Província da Imaculada Conceição. Ali, os benfeitores foram acolhidos pelo reitor da nova Fraternidade, Frei Diego Atalino de Melo, e convidados para um reforçado café da manhã. Na Celebração Eucarística, às 10h30, Frei Diego deu as boas-vindas aos frades da Animação Vocacional – Frei Jeâ Paulo Andrade e Frei Gabriel Dellandrea – que fazem encontro vocacional no Seminário Frei Galvão com os vocacionados, assim como o mestre do Postulantado, Frei Walter de Carvalho Júnior, os postulantes e os benfeitores. “É uma alegria muito grande encontrá-los novamente aqui no nosso Santuário. Sejam todos bem-vindos. A casa é de vocês. Ela acolhe com simplicidade, mas com alegria no coração”, saudou Frei Diego.

Frei Robson presidiu a Santa Missa e lembrou que, neste ano, a festa do Imaculado Coração de Maria (a data deve ser celebrada no sábado seguinte ao segundo domingo de Pentecostes) ficou próxima da solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebrada na sexta-feira. “Deus nos deu a graça de nesta manhã nos reunirmos neste lugar onde recordamos também o nosso Frei Galvão e, ao olharmos para ele, lembramos do amor que tinha por Maria”, disse o celebrante. “A proximidade entre o coração de Jesus e o coração de Maria também se celebra nos corações dos fiéis. E nós sabemos o quanto os corações de Jesus e de Maria pulsaram juntos. Ela, com o coração de seu Filho, aprendeu a ter um coração sempre mais voltado para as coisas de Deus”, disse o celebrante. “É isso que hoje celebramos: o desejo de cada um tem de se encontrar com o Senhor. Os benfeitores que saem de suas casas, para encontrar com o Senhor. Não é um mero passeio, mas nesta caminhada há uma possibilidade de nos encontrarmos com Deus através dos irmãos e das irmãs. Os nossos postulantes estão nesta caminhada e, no dia a dia, percebem o quanto o coração de cada um deles precisa de Deus para ser feliz. E os nossos vocacionados também estão aqui buscando isso porque alguma coisa os deixa inquietos, algo faz falta para eles. O coração está angustiado à procura do Senhor”, disse Frei Robson. O coordenador do Pró-Vocações destacou que esse encontro reúne pessoas especiais no carisma franciscano: os benfeitores, os postulantes e os vocacionados. “É um encontro privilegiado daqueles que ajudam, os benfeitores, e daqueles que são


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ajudados, os nossos postulantes e vocacionados. E os ajudados ajudam os benfeitores com suas orações. Certamente, todas as nossas casas de formação marcam as suas orações nas intenções dos benfeitores. Por isso, hoje, todos nós, frades, postulantes, vocacionados e benfeitores, estamos em casa. E é nesse espírito de familiaridade que queremos celebrar, juntos, este momento de encontro com o Senhor e nossos irmãos”, convidou Frei Robson. O último evento dos benfeitores com Maria e Frei Galvão foi em setembro de 2019. “Queridos benfeitores, nós agradecemos muito o esforço que cada um fez nesta manhã ao sair de sua casa para juntos celebrarmos esse encontro. Certamente, estávamos ansiosos por este dia, para estar juntos e reunidos num mesmo carisma. Este carisma que o Espírito derramou de forma abundante em Francisco de Assis, o carisma franciscano, e que derramou também a sua medida necessária na vida de cada um de nós. É esse espírito, é esse dom, esse carisma, que nós somos portadores nesta manhã. É bom estarmos juntos reunidos por este mesmo espírito”, agradeceu. “Que ao celebrarmos esta festa do Imaculado Coração de Maria possamos também, sempre mais, dizer: Dai-me a graça de perceber o quanto estais próximo de mim e, quando meu coração tiver a tentação de ser preenchido por tantas coisas que não dão sentido à vida, dai-me a graça de perceber que

todas elas são passageiras e só vós, Senhor Deus, basta para a minha vida”, pediu o frade. Do Santuário, os benfeitores seguiram para outra Fraternidade Franciscana, a mais antiga da Província com o título em homenagem ao santo brasileiro: o Seminário Frei Galvão. Ali, foram acolhidos pela Fraternidade do Seminário, puderam saborear um delicioso almoço e conheceram a etapa do Postulantado, onde nove jovens se preparam para ingressar no Noviciado no ano que vem. Nesta casa, além das atividades desta etapa formativa, como a oração pessoal e comunitária, aulas, trabalhos, retiros, leitura orante da Palavra, os postulantes fazem atendimento aos romeiros de Frei Galvão que vêm de todo o Brasil. Neste sábado, os benfeitores puderam conhecer um espaço do Seminário com três exposições: a Exposição Internacional de Presépios (contendo peças de mais de 20 países); a Exposição Franciscana (com dezenas de representações de São Francisco de Assis); e a nova Exposição Mariana, com 80 títulos e imagens de Nossa Senhora. Também esta casa de formação tem no seu entorno a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes; a imagem de Nossa Senhora de Fátima (mais de 10m – 3ª maior do mundo); a Via-Sacra Franciscana; o Mausoléu Franciscano. No claustro, com canto gregoriano e banners que relatam a história de vida, canonização e alguns milagres de Frei

Galvão, os romeiros podem descansar, rezar, contemplar e conhecer o Bazar de Artigos Religiosos. Frei Alexandre Rohling explicou que a Exposição Mariana é composta por 80 imagens de Nossa Senhora que foram selecionadas de um total de 200. O terceiro destino dos romeiros foi o encontro com a Mãe Maria. Para isso, os romeiros benfeitores ficaram livres para fazer suas orações e passeios pelo Santuário Nacional, especialmente diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a mesma que foi retirada do Rio Paraíba em 1717 e repousa em um trono localizado na Nave Sul da Basílica. Para esta devoção, os benfeitores subiram um aclive e, em pequenas filas, puderam chegar o mais perto possível da Padroeira do Brasil. Foi uma oportunidade também para conhecer a nova fachada do Santuário Nacional, feita em mosaico com cenas bíblicas do livro do Êxodo. Esse é o primeiro de quatro mosaicos e que começou a ser montado em 2019. A obra é assinada pelo padre Marko Ivan Rupnik, da Eslovênia, que tem mais de 200 obras em mosaico pelo mundo todo, entre elas as dos santuários marianos de Fátima e de Lourdes e da Igreja de São Pio de Pietrelcina, em San Giovanni Rotondo, na Itália. O dia terminou com as bênçãos e pedidos de intercessão da Mãe de Deus e Frei Galvão. “O que colhemos deste dia é a certeza de que o carisma franciscano, derramado abundantemente em todos os irmãos e irmãs, é o que nos une nesta caminhada e nos ajuda a melhor cumprir a missão que nos foi confiada. Agradecemos a Deus por este momento, aos benfeitores por estarem juntos conosco, aos confrades de Santuário Frei Galvão e do Postulantado por dedicarem um olhar atencioso e acolhedor neste dia para conosco. Que Deus nos dê a graça de, em breve, estarmos juntos novamente”, concluiu Frei Robson. Moacir Beggo comunicações

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“O que vocês plantaram, nós continuaremos regando!”, diz Dom Gregório ao receber os cuidados pastorais da Paróquia Santa Clara

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a manhã do domingo da Solenidade de São Pedro e São Paulo (03/07), a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil deixou aos cuidados da Diocese de Petrópolis os serviços pastorais da Paróquia Santa Clara, localizada no bairro Valparaíso da Cidade Imperial, na Serra Fluminense. A Paróquia Santa Clara nasceu do serviço prestado pelos franciscanos nessa região de Petrópolis, especialmente depois do início das atividades do Instituto Teológico Franciscano em meados dos anos noventa, onde antes existia o então Colégio São Vicente. Em 1998, sob a liderança de Frei Antônio Moser davam-se início os projetos da construção da nova sede da Paróquia em

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um terreno próximo, no mesmo Bairro Valparaíso. Hoje, a sede da Paróquia conta com uma Igreja Matriz toda feita de Madeira, um ginásio e salas de catequese. No dia 31 de maio foi anunciado pelo Bispo Diocesano de Petrópolis, Dom Gregório Paixão, OSB, a acolhida da manifestação feita pelo Ministro Pro-

vincial, Frei Paulo Roberto Pereira, OFM, de entrega da Paróquia aos cuidados pastorais do clero diocesano. Houve, portanto, o início dos preparativos, tanto por parte dos Frades que estavam concluindo sua missão evangelizadora nessa localidade, como também da Diocese, que designou Padre José Carlos da Cruz Luna como administrador paroquial. No início da celebração, realizada no ginásio da Paróquia, foi lida pelo Diácono Caio Martins a provisão que confere posse ao Padre José Carlos Luna como administrador paroquial desta porção do povo de Deus. Terminada a leitura da Provisão, o novo Administrador Paroquial fez sua Profissão de Fé e juramento de fidelidade e obediência à Igreja diante do Pastor desta Diocese


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e do povo de Deus. Fez seu juramento com as mãos sobre o Evangelho. Terminado este momento, Dom Gregório o ajudou a paramentar-se e se cumprimentaram num gesto de amizade e alegria. Neste domingo, a Igreja do Brasil celebra a Solenidade de São Pedro e São Paulo, grandes colunas da fé cristã. Em sua homilia, Dom Gregório lembrou que “os Evangelho são cheios de perguntas, de questionamentos; e estes são mais importantes do que as respostas. Por isso que Jesus não responde muitas das perguntas que lhe fazem, como a que Pilatos lhe fez: ‘o que é a verdade?’ Sendo que a Verdade estava ali, diante dos olhos dele”. Mais à frente, Dom Gregório lembrou que “Jesus, sendo Deus, de nada acrescentaria o que as pessoas dissessem dele, mas Ele nos questiona: ‘Quem dizem que Eu sou?’ Ele questiona a cada um de nós sobre isso e toda a nossa vida é uma busca para respondermos quem nós somos, num percurso de descoberta pessoal de nossa missão e do nosso chamado aos planos de Deus em nossa existência”.

No final de sua fala, Dom Gregório lembrou do espírito de oração da Igreja que rezava por Pedro, que estava na prisão, e fez uma alusão com o momento especial que a Paróquia Santa Clara vive. Disse o Bispo: “aqui está um irmão que deseja caminhar com vocês na fé, um irmão que vos foi confiado. Com ele vem a acolhida, a união e o desejo de trabalhar junto. Rezem por ele, como eu também sei que ele há de rezar por cada um de vocês. Com vocês, ele fará a sua primeira experiência de administrador paroquial”. E concluiu dizendo: “Agradecemos a Deus pelos irmãos franciscanos que desempenharam uma bonita história nessa porção do povo de Deus, mas que

agora seguem em outros caminhos e outras missões. De modo especial, na figura de Frei Moser, que tanto se dedicou a essa Paróquia, e agora ao Frei Elói, queremos expressar o nosso muito obrigado pelo testemunho e pelo trabalho aqui desempenhado e por não terem medo de entregar a outros o que aqui foi construído, como também Jesus entregou a Pedro a liderança da Igreja. Lembro aqui o que diz São Paulo: ‘Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deus que fez crescer’ (1Cor 3,6). Vocês, irmãos franciscanos, plantaram; agora nós iremos regar, mas a obra há de continuar, pois quem faz crescer é sempre Deus!” No final da Celebração, os fiéis do Santuário Diocesano de Nossa Senhora do Amor Divino, local onde trabalhava Padre José Carlos, o deixaram aos cuidados dos fiéis da Paróquia Santa Clara e agradeceram todo o trabalho dele no Santuário. Logo em seguida, Dona Luciana Brand falou em nome da Paróquia Santa Clara. Ela expressou, representando da toda a comunidade paroquial, a enorme gratidão a todo o trabalho empenhado comunicações

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pelos frades em todos esses anos nesse chão e que essa história permanecerá para sempre na memória e no coração do nosso povo. Voltando-se ao novo administrador paroquial, desejou-lhe as melhores boas vindas e de que agora essa era a sua casa e esse era o seu povo. Por fim, teceu um agradecimento especial ao pároco até então, Frei Elói Dionísio Piva: “Frei Elói, em nome de todos, queremos agradecer por tudo o que aprendemos com o senhor nesses anos e pelo seu jeito sempre humilde e sereno, tratando a todos, sempre, com muito carinho e atenção”. Em seguida, Dom Gregório, Padre José Carlos e Frei Elói ganharam um quadro de presente da Comunidade em homenagem por esse momento especial. Tomando a palavra, Padre José Carlos agradeceu a acolhida que tem recebido desde o início de sua nomeação, seja pelos frades, como também por todo o povo. Estendeu seu agradecimento a Dom Gregório, pela confiança em sua pessoa nessa nova missão e também a Frei Elói por toda a ajuda nessa transição. Por fim, disse: “Caros comunicações JULHO 2022

irmãos franciscanos, esta paróquia estará sempre de portas abertas para vocês e lembrem-se, somos muito gratos por tudo o que aqui foi plantado e cultivado”. Frei Elói, até este dia, pároco da localidade, fez uma acolhida eloquente ao novo Administrador Paroquial, Padre José Carlos. Dirigiu-se ao povo, agradecendo toda a ajuda nesses anos de trabalho juntos e pediu desculpas por algumas falhas e erros que, porventura, tivessem ocorrido. Lembrou que “hoje ocorria uma virada de página na história desta Paróquia, mas que essa virada ocorre no mesmo livro, um livro guiado e escrito por Deus, e que Ele possa

sempre conduzir nossos caminhos e nossa história!” Em nome da Província Franciscana, falou Frei Gustavo Wayand Medella, Vigário Provincial, que fez uma recordação de frades que trabalharam nessa Paróquia e que já estão na eternidade, destacou três: Frei Antônio Moser, Frei Fabio Panini e Frei Alberto Beckhäuser. Agradeceu a compreensão e acolhida do pedido da Província à Diocese e toda a tranquilidade do processo entre ambas as entidades. Chamou Frei Elói e Frei Ludovico Garmus à frente do altar e os agradeceu pelo testemunho que eles deram do carisma franciscano nessa Comunidade junto ao povo de Deus. Houve, da parte de todos, uma calorosa salva de palmas nesse coroamento da presença franciscana na Paróquia Santa Clara de Assis. Dom Gregório encerrou a celebração com a Bênção final. Logo após, houve uma singela confraternização na qual todos puderam se cumprimentar nesse momento de chegadas e partidas. Frei João Manoel Zechinatto


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Franciscanos e beneditinos fazem momento celebrativo em Sorocaba

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uita gente não sabe, mas as duas Ordens, a Beneditina e a Franciscana, têm uma aproximação peculiar. O fato é que Francisco se aproximou dos monges beneditinos do Monte Subásio, nas proximidades de Assis, na Itália, há mais de 800 anos, e ganhou deles a Igrejinha da Porciúncula, que depois se tornou o berço da Ordem Franciscana. No sábado, dia 9 de julho de 2022, o grupo de jovens “Peregrinos”, da Paróquia Bom Jesus dos Aflitos (Sorocaba, SP), familiares dos jovens, catequistas e Frei José Raimundo de Souza foram até o Mosteiro São Bento para um momento celebrativo entre Beneditinos e Franciscanos. O dia de São Bento foi celebrado em 11 de julho. Pela primeira vez as duas Ordens se reuniram dentro do Mosteiro de São Bento. Na “Celebração da Gratidão”, nome escolhido para o encontro, Frei José Raimundo leu o texto nas Fontes Franciscanas – Compilação de Assis, capítulo 56 – que narra como os monges beneditinos disponibilizaram a Francisco e seus companheiros o uso da igrejinha, como os frades passaram a retribuir a gentileza e generosidade dos monges, e o valor que o local passou a ter na vida do santo de Assis. Em seguida, Frei José propôs uma reflexão sobre a querida capela de Santa Maria dos Anjos, acentuando o seguinte trecho biográfico: “Francisco disse aos frades que jamais deveriam abandonar este lugar. Se alguém expulsasse os frades por uma porta, que entrassem pela outra. Este lugar é sagrado”, ressaltou ele. Dom Rocco Fraioli, OSB, confirmou

o fato pela visão beneditina ao destacar que os monges entregavam aos frades um barril de azeite, especiaria muito importante para a época: “servia para acender as lamparinas, para fazer comida, para cuidar das feridas”. O monge também explanou sobre o modo de vida dos beneditinos e a importância do Mosteiro para a cidade de Sorocaba. Foi com muita alegria e entusiasmo que Dom Rocco, monge responsável pelo mosteiro, acolheu a todos, possibilitando um agradável encontro fraterno de troca de experiências. Reunidos no presbitério da igreja do mosteiro, em clima celebrativo e descontraído, aconteceram as trocas de presentes, conforme o que diz nas Fontes Franciscanas: “E quando os frades levavam todos os anos os peixinhos para os monges, eles, por causa da humildade do bem-aventurado Francisco, que fazia aquilo porque queria, davam a ele

e a seus irmãos uma vasilha cheia de azeite (Compilação de Assis, 56). E assim foi feito: os beneditinos entregaram aos visitantes uma garrafa de azeite e uma de vinho e os franciscanos levaram aos beneditinos peixes e uma cesta de frutas. O encerramento da celebração ocorreu na área lateral do mosteiro, onde todos os participantes se confraternizaram e tomaram um lanche oferecido por Dom Rocco. Nesse momento uniu-se ao grupo outro monge que trabalha no mosteiro, Dom Inácio Caciagli, OSB. A “Celebração da Gratidão” foi concluída com a bênção final dada por Dom Rocco. Que os santos, São Francisco de Assis e São Bento, intercedam a Deus por nós! Pascom da Paróquia Bom Jesus dos Aflitos - Sorocaba (SP) comunicações

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Atividades da animação vocacional e dos benfeitores em Vila Velha

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povo capixaba facilmente entende um trecho do Evangelho: a imagem da pessoa que deve conduzir sua vida a partir da fé em Deus assim como um pedreiro sábio constrói a casa sobre a rocha (Mt 7,24). E o maior símbolo do Estado, o Convento da Penha, evidencia muito bem essa metáfora, graças à teimosia de Maria que quis transformar esse evangelho em catequese por insistir em posicionar sua casa ali e também pela visão evangelizadora de Frei Pedro Palácios. E os frades do Serviço de Animação Vocacional (SAV) que também fazem parte da equipe do Pró-Vocações e Missões Franciscanas (PVF) – Gabriel Dellandrea e Jeâ Paulo

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Andrade – puderam experimentar em alguns dias (05-12/07) a força da fé do povo de Vila Velha (ES), que fundados sobre a rocha firme do seguimento a Cristo, aderiram com generosidade às iniciativas propostas para alguns dias de atividades. No âmbito vocacional, os frades tiveram a grata satisfação de participar de um encontro com os vocacionados da região e os frades animadores locais desta prioridade da Província (a dupla de irmãos Adriano e Alessandro Dias do Nascimento). Além disso, participaram de um momento de encontro com os jovens crismandos, acólitos e coroinhas apresentando o carisma franciscano, respondendo perguntas e fazendo o convite explícito. Por fim, uma reunião para iniciar uma proposta de Pastoral

Vocacional na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, que contou com representantes de diversas pastorais e da Ordem Franciscana Secular. Com os benfeitores, o trabalho se concentrou em três iniciativas: os frades percorreram algumas ruas visitando benfeitores, acompanhados por “guias” da comunidade paroquial. Nas casas, o clima foi de muita gratidão – dos anfitriões pela visita e dos frades pelo apoio. Se no tempo da pandemia “a missão não parou” é porque muitos não deixaram ela parar. E agradecer por isso se tornou uma forma de render louvores a Deus por ser tão pródigo. Além disso, nas missas se recordou como intenção por todos os benfeitores, vivos e falecidos, que auxiliaram tanto na formação franciscana de vários


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jovens. A última atividade envolvendo o PVF foi a campanha em vista de novos irmãos e irmãs que aceitassem o convite para apoiarem a iniciativa. E o povo respondeu com carinho a este convite, mostrando assim a sua generosidade. Além dessas propostas, os frades puderam realizar algumas atividades

de visitas às Fraternidades do Convento da Penha e de Colatina, para conversar com os aspirantes e frades. Estas iniciativas buscaram dinamizar as atividades de concretização da importância da animação vocacional como prioridade de cada Fraternidade e também agradecer aos benfeitores franciscanos pelo carinho para conos-

co! Que Deus continue derramando suas graças e bênçãos ao fiel povo capixaba que com carinho e atenção acolhe o carisma franciscano em seu coração a fim de ser mais um “composto mineral” da pedra sob a qual fundamentam a sua fé. Frei Gabriel Dellandrea

Festividades de Nossa Senhora Auxiliadora na Capela do Bingen As festividades de Nossa Senhora Auxiliadora foram precedidas de um tríduo de preparação. Nesses dias meditava-se o rosário, alguns trechos de Dom Bosco sobre a história de Nossa Senhora e cantava-se a Ladainha em sua honra. O tríduo contou com a participação de muitos fiéis, que mesmo com o frio que aquele ambiente proporcionava, não mediram esforços para celebrar a devoção a Maria, Auxiliadora dos Cristãos.

A missa solene teve início às 19h do dia 24 de maio, uma noite de frio, serena, mas festiva e teve como presidente da celebração Frei Gilberto da Silva, aniversariante do dia. O celebrante na sua homilia fez uma abordagem histórica sobre a origem da devoção a Nossa Senhora Auxiliadora e sobre sua importância na vida dos cristãos daquele tempo e na vida dos cristãos de hoje. No final da missa as crianças

foram em procissão, com ramos de flores, em direção a Imagem de Nossa Senhora e a coroaram. A celebração contou com um número significativo de fiéis da comunidade e pessoas vindas de diversos lugares da cidade, devotos de Nossa Senhora Auxiliadora. No final houve um momento de confraternização. Frei Evaristo Seque Joaquim


172ª FESTA DE SÃO PEDRO APÓSTOLO Recomeço marca os 150 anos de presença franciscana em Gaspar

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Missa Solene da Festa de São Pedro Apóstolo de Gaspar (SC), neste domingo, 3 de julho, teve início, às 9 horas, com a procissão dos festeiros, das comunidades, da imagem do Padroeiro e da entrada do presidente da celebração, o pároco Frei Pedro da Silva, juntamente com os concelebrantes: Frei Aldolino Bankhardt, Frei Jhones Lucas Martins, os diáconos e toda a equipe de celebração. A 172ª edição da Festa, que marcou também 150 anos da presença franciscana em Gaspar e traz São Francisco de Assis e São Pedro no cartaz da Festa, chegou cheia de expectativa após dois anos de pandemia e celebrações sem o calor dos abraços, dos apertos de mãos e das orações presenciais. E para brindar esse momento de retomada das festividades, o Padroeiro abençoou seu querido povo com belos dias de sol como a manhã deste domingo. Na procissão de entrada, foram apresentados os festeiros deste evento. Casais caminharam com velas acesas, enquanto o povo aplaudia reconhecendo a dedicação e a doação para que este evento pudesse

se realizar novamente. Em seguida, a imagem do Padroeiro veio sobre um andor em forma de barca e foi saudada no meio da igreja pelo som de um trompete. O Coral Santa Cecília e a Banda de Música São Pedro contribuíram para aumentar o tom solene da celebração. Para Frei Pedro, chegar ao ponto alto da Festa de São Pedro Apóstolo é levar o grande louvor de gratidão a Deus. “Estamos na grande Festa de São Pedro, por um longo tempo esperada, tão carinhosamente preparada e agora uma realidade que está acontecendo. O melhor da festa é sempre esperar por ela. Mas não é uma espera passiva. É sempre uma espera que se dá na dedicação, se dá no envolvimento e nos serviços”, disse o celebrante. “Como não bendizer a Deus hoje e todos esses dias, pela generosidade de tantas pessoas. E temos dito que são mais de três centenas de pessoas que se envolveram, fora outro tanto de pessoas que, de uma forma ou de outra, envolveram-se pela doação, pela presença, pelo carinho, pelo amor, pela admiração dessa grande Festa. Somente Deus pode pagar por tudo isso”, externou sua gratidão.

Segundo Frei Pedro, festa quer dizer expressão de alegria. “Festejar quer dizer bem-vinda seja a vida, o dom, como presente de Deus”, disse. Ele recordou que o evangelista São João registra que Jesus iniciou a sua missão participando de uma festa de casamento onde estavam convidados seus discípulos e sua mãe. E lá, no final da festa, quando estava terminando o vinho, é Maria que percebe e faz com que Jesus antecipe a sua hora e os dá o melhor vinho. “Jesus Cristo é o vinho de nossa festa. Ou seja, sem a presença dele, a nossa festa perderia o sabor e a vida o seu sentido. Que Ele esteja sempre presente também nas festas de nossa vida. Se aqui nós festejamos é justamente para beber desse vinho e podermos realizar a nossa missão”, explicou. Para o presidente da celebração, ninguém festeja sozinho. Uma festa sempre requer companhia, como um aniversário, quando se convida pessoas e encomenda um bolo. “Neste momento vemos que a festa é o grande momento de encontros e reencontros. Especialmente como foi dito no comentário inicial, depois de dois anos nós podemos dar as mãos, abraçar, celebrar presencialmente, sentir o calor humano e sentir a força

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da nossa fé. Por isso, de novo digo, como é bom acolher as pessoas. Uma festa se caracteriza pela acolhida e pela hospitalidade. E nós sabemos, pela equipe de coordenação da festa, quanto carinho e com quanta preocupação tudo foi preparado. E sabemos que os espaços se tornam tão pequenos e tão limitados com tanta gente. Mas Deus seja louvado pela presença. Por tudo isso, que Deus lhes pague!”, agradeceu o frade. Frei Pedro explicou que quando celebramos uma festa, a celebramos sob a inspiração de um Padroeiro. “Os Padroeiros são exemplos, são modelos, que nos convidam a modelar a nossa vida. Os padroeiros são espelhos. Olhando para eles, nós nos vemos melhor. Assim como olhando para o espelho nós nos vemos melhor, e procuramos também nos amar para condizer com a imagem que nós recebemos e gostamos de ter, assim quando nos olhamos para o Padroeiro, ele nos convida a um olhar interior radiográfico: O que nós fomos e o que não somos e o que precisamos caminhar para ser como eles foram e conforme eles querem que sejamos como Cristo, porque os santos e santas sempre são setas indicativas. Eles estão a nos dizer: ‘olha, o meio

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é Jesus’. Aliás é Santo Antônio, outro grande santo das festas juninas que, em seus ‘Sermões’, vai dizer: ‘O lugar próprio de Jesus é o meio, o centro. Ele é o centro de nossa comunidade’. Santos e santas são setas que nos indicam este centro para que nossa devoção a eles seja expressão de uma sadia espiritualidade”, refletiu. Mas o frade lembrou que é importante ter em mente que os santos e santas não nasceram santos, mas percorreram o nosso caminho, sentiram os limites, as nossas fraquezas, mas foram capazes de grandes vitórias. “Esses são santos e santas, que viveram as fraquezas como nós, mas por isso mesmo se santificaram, pois somente quem se reconhece

que é pecador pode chegar ao cume da santidade”, disse, citando que São Pedro e São Paulo são sempre lembrados juntos, mas foram muito diferentes um do outro. Segundo o frade, o Novo Testamento registra alguns constrangimentos, até desentendimentos, na maneira de ver, de entender e de anunciar Jesus Cristo e seu Evangelho. “Mas eles nunca se separam, sempre estiveram unidos e morreram unidos no mesmo amor a Cristo, recebendo a coroa do martírio”, disse, enfatizando: Esses santos imitaram a Cristo na vida, na morte e na ressurreição. Na conclusão de sua homilia, disse que resta para nós agora a grande resposta que os apóstolos já deram: “O testemunho de Pedro e Paulo é uma resposta a esta pergunta que Jesus fez: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ Não é uma resposta que se dá teoricamente, mas se responde através da vida como fizeram os grandes campeões da fé. Diz também o Papa João Paulo II que a nossa vida, que a nossa história e que o nosso destino, presente e futuro, depende da resposta que nós dermos com convicção e limpidez a esta pergunta de Jesus. E nós vamos dando através da nossa vida. Por isso, conhecer Jesus Cristo deve ser a nossa alegria.


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A MELHOR FESTA POSSÍVEL O coordenador do Conselho de Pastoral da Comunidade (CPC), Cuniberto Francisco Kuhnen, falou em nome da comunidade e da organização da Festa. Segundo ele, há pouco mais de três meses se decidiu pela realização da Festa de São Pedro, apesar das dúvidas em função da pandemia, do espaço físico e da disponibilidade em geral das pessoas. “O consenso foi: ‘Vamos fazer a melhor festa possível. Não a mais grandiosa, nem a mais bela, nem a mais rentável, simplesmente a mais viável possível”, contou. Segundo o coordenador, o primeiro desafio foi formar as equipes de festeiros, mas em uma semana já se tinha 50 festeiros comprometidos com a Festa. Depois havia o desa-

fio de reunir as equipes de apoio, que estavam dispersas devido aos dois anos de pandemia. Mas não demorou muito e a generosidade falou mais alto e as pessoas deram o sim. “Diversas reuniões, cada equipe montou o seu grupo de trabalho e, juntos, formamos um grande grupo de voluntários. A partir daí, tudo ficou mais fácil. Aquilo que parecia um fardo pesado, tornou-se mais leve. E hoje estamos aqui alegremente celebrando 172 anos de festejos do nosso Padroeiro São Pedro Apóstolo e 150 anos da comunidade franciscana em nossa Paróquia. Por isso, lembro o tema geral: ‘Com São Pedro e São Francisco, somos instrumentos do amor e da paz’”, disse Cuniberto.

“E tenho certeza que foi com esse sentimento de amor e paz que você festeiro, festeira, equipes de apoio, acolheram este objetivo de fazer a melhor Festa possível. A todos o nosso sentimento de profunda gratidão”, completou, pedindo uma salva de palmas. A Missa terminou com a foto oficial dos festeiros em frente a bela Matriz de Gaspar. Em procissão, a Sinfônica de São Pedro conduziu os festeiros, os frades e os representantes das 17 comunidades da Paróquia até o Passeio São Pedro, onde estava a imagem de São Pedro e todos os cartazes e imagens das pastorais, movimentos e comunidades. Durante toda a tarde, o grande destaque dos festejos populares foi o leilão de gado.

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Coro Misto Santa Cecília: 123 anos de beleza e fé

Já se tornou uma tradição nas Missas solenes do dia do Padroeiro de Gaspar. As vozes do Coro Misto Santa Cecília deixam ainda mais bela e solene a Igreja Matriz de Gaspar. Não foi diferente neste domingo, na 172ª Festa de São Pedro Apóstolo. Com 123 anos de fundação, o Coro Misto Santa Cecília participa de diversos eventos culturais na cidade e das liturgias e missas solenes comemorativas. Também já se apresentou no Teatro Carlos Gomes com a Orquestra Prelúdio e participa de eventos culturais e celebrações de casamentos em Gaspar e região. Nos 150 anos de presença franciscana em Gaspar, o Coro é um dos frutos colhidos pelos frades franciscanos que residiam na Fraternidade de Blumenau e que prestavam assistência religiosa na região. No começo, era regido especialmente pelos frades e, por isso, o repertório era composto de músicas sacras e cantos gregorianos. Mas em 1958, Egon Bohn assumiu a organização do coro, admitindo jovens cantores, um novo regente de instrução teórica e técnica vocal, o que levou à ampliação do comunicações JULHO 2022

repertório para músicas populares e folclóricas. Em 1977 houve a fusão com o Clube Musical São Pedro, passando a dividir espaço físico na sede social, o que proporcionou a parceria em diversos trabalhos musicais. Em 30 de outubro de 1997, foi constituído juridicamente como entidade cultural sem fins lucrativos. O coro é uma das paixões de Deise de Souza Bohn. Prova disso são os 64 anos de dedicação à música. “A música

foi o fator determinante para que a nossa vida fosse muito abençoada, porque vivemos música e canto, desde criança. Nos momentos mais difíceis eu não queria estar em outro lugar. Só queria estar aqui. Então, só tenho uma palavra para isso: amor”, diz Deise. Mãe de quatro filhos, para ela, sua vida foi abençoada por esse trabalho. “Eles vieram porque tanto o pai como a mãe participavam. Eles vinham juntos e aprenderam música. Sempre fizeram parte do trabalho”, conta.

Da esq. para a dir.: Daniel, Cibele, Deise, André, Artur e Helena


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VEJA COMO FOI O TRÍDUO 1º DIA

São Pedro e São Francisco, fundação e reconstrução da Igreja Começou nesta quinta-feira, 30 de junho, o Tríduo em louvor ao Padroeiro de Gaspar. Esta é a 172ª edição da Festa de São Pedro Apóstolo que se confunde com a história da própria cidade edificada às margens do Rio Itajaí-açu. Com o tema “Com São Pedro e São Francisco, somos instrumentos do amor e da paz”, a Paróquia quer destacar o amor de São Pedro pelo Mestre Jesus e a mensagem de paz do Pobrezinho de Assis, tão necessária e urgente em nossos dias, especialmente nesta edição que marca os 150 anos da presença franciscana em Gaspar. O pároco Frei Pedro da Silva presidiu este primeiro dia do Tríduo Preparatório, às 19 horas, tendo como concelebrante Frei Jhones Lucas Martins. Na sua reflexão, falou do tema: “Pedro, a rocha que funda a Igreja Cristã. Francisco, a rocha que reconstrói a Igreja de Cristo”. Depois de saudar o povo, as pastorais, movimentos e equipes que se dedicam incansavelmente pela Festa de São Pedro, o pároco comentou o Evangelho do dia. “Me parece muito significativo o Evangelho em que Jesus, entrando numa barca, foi para a outra margem do lago, referindo-se ao lago de Genesaré, palco de tantas atividades de Jesus. Histori-

camente, isso nos faz lembrar aquela pequenina igreja desta comunidade, aquela choupana como se diz, lá na margem esquerda onde tudo come-

çou. Depois, mais tarde, foi transferida para este morro onde estamos, nesta majestosa igreja. Importante que o povo acompanhou esta travessia até este lugar. Estamos neste barco, e o barco sempre quer simbolizar a comunidade, a Igreja, pode simbolizar a família, qualquer um dos nossos empreendimentos. Importante que Jesus está conosco. E quando a travessia se tornar difícil e quando a noite for mais escura, nós sempre saberemos esperar por Jesus, que vai dar o rumo certo”, comentou. “E um dia chegaremos do outro lado da margem, que é o próprio Deus, que é o próprio céu, imagem da Igreja celeste. Enquanto isso, vamos caminhando, vamos atravessando esse mar da vida, que é o mundo, com turbulências e calmarias”, emendou. comunicações

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PASSEIO DE SÃO PEDRO Nesta quinta-feira, o prédio do Passeio de São Pedro começou a abrigar pela primeira vez, em dois pavimentos, as barracas, como a de cachorro quente e de quentão. O Passeio de São Pedro começou a ser construído em março de 2019, mas em março de 2020, com a pandemia, os trabalhos foram paralisados e retomados ainda num ritmo mais lento e não há previsão para ser concluída a obra. “Falar em prazo é difícil, principalmente porque essa fase de acabamento costuma ser muito custosa”, explica o coordenador do CPP, Cuniberto Francisco Kuhnen. Ele, porém, lembra que a parte do solo já pode ser locada, gerando uma receita nesse momento de dificuldades financeiras. Cuniberto explica que o Passeio de São Pedro foi pensado para gerar

Do lado esquerdo, o Passeio São Pedro e, do lado direito, o Salão Cristo Rei

recursos para a manutenção da estrutura sacra, cultural e patrimonial que envolve a Matriz de São Pedro Apóstolo. “Temos esse patrimônio histórico, religioso e cultural e não sabemos quanto tempo vamos ter as festas para garantir essa estrutura. Para o futuro, precisávamos pensar em alguma solução. A ideia é fazer desse espaço um centro comercial, mas não é nossa intenção concorrer com o comércio local, pelo contrário, queremos oferecer

novas possibilidades que agreguem ao comércio local”, explica o coordenador do CPP. Segundo ele, enquanto as festas tiverem esse volume de pessoas a garagem e a parte térrea servirão como espaços para as festividades. Além da conclusão do Passeio, a Paróquia tem reformas importantes para serem feitas, como a troca de toda a fiação elétrica da igreja, a reforma do Salão Paroquial Cristo Rei e a pintura da Igreja Matriz.

GASTRONOMIA DE PRIMEIRA A gastronomia da Festa de São Pedro Apóstolo é de fazer inveja a qualquer chef de cozinha. Até domingo, sabor e qualidade dos alimentos serão ingredientes da macarronada, da sopa e do churrasco, assim como dos procurados pastéis e sonhos na padaria da Festa. Na quarta-feira, isso pôde ser visto com a tradicional macarronada, que foi preparada pelo grupo de 40 voluntários do bairro Alto Gasparinho, integrantes do Circolo Trentino di Gasparin, entre eles Matildes Santina Bertoldi, ou simplesmente Dona Santina, de 82 anos. Depois de dois anos de pandemia, Lovídio Bertoldi, filho de Dona Matildes e que chegou a ser noviço na Ordem Franciscana, explica que estava esperando pela volta desta tradição na Festa São Pedro. Segundo ele, já são comunicações JULHO 2022

mais de 20 anos nas festividades do Padroeiro de Gaspar. “Me lembro que o grupo fez a primeira macarronada no Gasparinho em 98 e, dois ou três anos

depois, fez a de Gaspar”, recordou o coordenador do grupo. Segundo ele, neste ano, além dos molhos Bolonhesa al pesto e carbonara,

A equipe da Macarronada parou para a foto oficial do dia


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a Festa terá a novidade do molho de alho poró com linguiça alemã. “Fizemos na Festa de Santo Antônio e foi muito procurado”, conta. O grupo de voluntários de Gasparinho fica responsável pelo molho e finalização do prato. A massa é feita antes pela equipe coordenada por Dona Lídia Mônica Nagel. Cabe aos jovens desta Comunidade do Gasparinho a tarefa de servir o buffet. Para Lovídio, já é uma tradição preparar a macarronada nas festas da região. “Agora, vamos preparar a primeira macarronada para a Igreja Nossa Senhora da Glória de Blumenau”, adiantou Lovídio, que, com essa experiência ficou tranquilo para servir 1.200 pratos neste primeiro dia dos festejos populares. Por apenas 30 reais, o públi-

Matildes Santina Bertoldi: sempre presente!

gração é muito bacana”, diz. Em 172 anos, a Festa de São Pedro tem procurado acompanhar as mudanças da sociedade. Neste ano, a novidade será a compra de tickets ou o prato desejado pelo aplicativo “Pedidos 10” para receber em casa

FEITO COM AMOR

Dedicação não falta para os mais de 300 voluntários que “põem a mão na massa” quando se trata de preparar o

Lídia Mônica Nagel, aos 80 anos, é incansável também no trabalho voluntário da Festa. São 55 anos de dedicação. “Só não são ininterruptos porque eu fiquei cinco anos trabalhando no bispado de Lages”, conta ela, que também trabalha em uma Gráfica de Blumenau, onde ali plantou 800 antúrios. “No ano que vem eles darão flores para ornamentar por muito tempo a igreja”, espera. A massa artesanal preparada para esta quarta-feira, o Dia da Macarronada, teve a sua mão e de sua equipe de cinco voluntários. Amanhã, quando começa o Tríduo Preparatório para a Festa, ela será a responsável pelo rodízio de sopas. “Enquanto tiver saúde, vou

Dona Lídia (à dir) e Dona Neusa (à esq.): dois exemplos na Festa

co pôde saborear todos os sabores da macarronada. Além da Festa de São Pedro e outras, a comunidade trentina de Gaspar tem a Festa Italiana, que é organizada pelo Circolo Trentino di Gasparin, para resgatar e manter vivos os costumes italianos. Lovídio destaca a importância de resgatar e preservar os usos, costumes e herança cultural trazidos pelos imigrantes italianos. Tanto que na Villa D’Itália, onde reside sua mãe no bairro Alto Gasparinho, a cultura e tradição italianas estão muito vivas. “Temos sete ou oito restaurantes italianos, trutas, doces e um mural ‘Le Nonne’. Essa inte-

melhor da gastronomia da Festa. Aos 70 anos, Neusa Isensen não perde uma festa há 43 anos. Nos dias mais movimentados, de sexta a domingo, só deixa o Salão Cristo Rei depois das 20 horas. “Gosto de trabalhar e depois também é uma tradição que vem de família. Minha mãe e minha avó já trabalhavam na Festa. Minha mãe vinha trabalhar e meu pai cuidava da ‘piazada’”, conta, recordando uma vez em que Frei Benjamim perguntou a ela o que tinha colocado no pão que estava tão bom. “Disse que era amor. E o frei deu o título de ‘Pão do Amor’. Tudo que fazemos com amor fica mais gostoso”, disse.

continuar trabalhando pela minha Paróquia”, espera Lídia, garantindo que o combustível para isso tem de sobra: fé. Lídia é professa na Ordem Franciscana Secular (OFS) de Gaspar há 47 anos. Para ela, foi um desafio muito difícil ficar durante um ano sem sair de casa por causa da pandemia. “Senti muita falta de participar das Missas. Ainda bem que tinha as transmissões digitais”, avalia. No ano passado, ela perdeu cinco pessoas da família. Segundo ela, foi muito difícil passar por esse momento, mas ela não se abala. “Se eu parasse, estaria no outro morro”, diz. comunicações

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2º DIA

Atraídos pelo olhar de Deus Com o tema “Pedro, o homem simples que se torna a base da Igreja. Francisco, o homem humilde que acolhe os pobres e sofredores”, a 172ª Festa de São Pedro Apóstolo, na cidade de Gaspar (SC), chegou, na sexta-feira (1/7), ao segundo dia do Tríduo preparatório para a grande solenidade neste domingo. Frei Jhones Lucas Martins presidiu a Celebração Eucarística, às 19 horas, tendo como concelebrantes seus confrades Frei Pedro da Silva e Frei Aldolino Bankhardt. Frei Jhones, referindo-se ao convite de Jesus a Mateus e Pedro para segui-Lo, destaca que o evangelista João, no capítulo 1º, versículo 42, diz que Jesus olhou bem para Pedro e disse: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer Pedra). “Assim como Jesus chamou Mateus, chamou a Pedro. E, quando Jesus fixa o olhar em Pedro, ele diz: ‘Tu és Cefas, tu és a pedra’. Porque quando Jesus fixa o olhar em nós e nos deixamos fixar por ele, não tem como sermos atraídos por outra coisa a não ser o olhar de Deus”, observou o frade.

UM DIA DE MUITO SABOR

O povo estava com saudades de saborear os “queridinhos” da Festa de São Pedro Apóstolo: pastel, bolo e sonho. O resultado foram as filas: fila para com-

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prar os tickets, fila para o pastel, fila para bolo, cuca e para o sonho. Mas tinha muito quentão e vinho quente para compensar o frio e o cachorro-quente não faltou. Um aspecto muito importante desta festa é a dedicação e a qualidade com que os produtos são preparados. Por exemplo, o cachorro-quente. Por aqui, não basta milho verde, batata palha ou purê de batata como é comum na maioria das cidades brasileiras. Só tem saída o verdadeiro cachorro-quente alemão. A teoria mais comum é que o sanduíche nasceu no século XIX, na Alemanha, quando um açougueiro e produtor de linguiças, Johann Georghehner, batizou a receita em homenagem a seu cãozinho da raça Basset. Mas esse lanche ganhou notoriedade nos Estados Unidos. No sul do Brasil, contudo, diz-se que o verdadeiro cachorro-quente alemão é aquele que é acompanhado com chucrute e molho de tomate.

Nesta festa, contudo, esse prático, rápido e delicioso lanche é feito por uma família de italianos, naturais da vizinha Rodeio. As irmãs Ema e Alma Marchi, 80 e 77 anos respectivamente, têm a ajuda do sobrinho Valtair Marchi para prepararem o verdadeiro chucrute. Na bagagem dessa dupla, uma experiência de 30 anos de dedicação à festa. Ema fala com saudade da irmã Ignez que faleceu há 5 anos e durante mais de 20 anos formaram um trio. “Ela faleceu durante a consagração da Missa. Morreu feliz”, recorda. Hoje, as irmãs têm a ajuda de Schramm para manter a originalidade do cachorro-quente da Festa. “Tudo tem que ser original. Tudo é preparado, como o molho de tomate, o chucrute. Já me disseram para usar o molho de tomate pronto, mas prezamos pela qualidade e pela originalidade”, explicou. Elas não se cansam e atravessam o dia até o último cliente. “Depois da festa temos tempo para descansar”, garante Ema.


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3º DIA

ENCERRAMENTO DO TRÍDUO Terminou no dia 2 de julho o Tríduo preparatório durante a Celebração Eucarística, às 19 horas, presidida por Frei Aldolino Bankhardt e concelebrada pelo pároco Frei Pedro da Silva e Frei Jhones Lucas Martins. Segundo o pregador, a preparação para a Festa durou algumas semanas e se fez de maneira significativa, levando mais do que a imagem do Padroeiro São Pedro às 17 comunidades desta Paróquia. Um tema maior foi emoldurado pela espiritualidade de São Francisco e São Pedro: “Com São Pedro e São Francisco, somos instrumentos do amor e da paz”. Hoje, o Tríduo se fecha com o tema: “Pedro funda a Igreja dos irmãos que partilhavam tudo entre si. Francisco deixa o legado da pobreza a todos os irmãos”. “Queremos finalizar o nosso ocular

sobre São Pedro e São Francisco, não porque esgotamos todos os assuntos, mas fechamos o calendário de preparação hoje”, explicou Frei Aldolino. Então, se aqui estamos, é por causa dessa rocha firme que foi a profissão de fé de Pedro. Esse foi o fundamento da Igreja”, ressaltou o celebrante. “São

Francisco, segundo o tema de hoje, nos deixa o legado da pobreza a todos os irmãos. A busca da pobreza visa a se despojar de si para estar mais aberto ao Pai. São Francisco vê a pobreza como uma virtude e serviço. “Para ele, tudo o que queria é imitar o Cristo Jesus, pobre e crucificado”, disse.

MISSA DA CATEQUESE Pais, mães, catequistas e catequizandos lotaram a Matriz de Gaspar para a Missa da Catequese, às 16 horas. Muitas pessoas tiveram que ficar do lado de fora da igreja. O presidente da Celebração Eucarística, o pároco Frei Pedro da Silva, falou com emoção de ver a grande presença das crianças e jovens na Missa, que vieram das 17 comunidades da Paróquia. “Um coração que está feliz, alegre, ele sempre tem desejo de externar sentimentos, sobretudo quando esses sentimentos são de louvor a Deus. Por isso, meu sentimento é de profunda gratidão, alegria e emoção. Quero falar deste sentimento de gratidão porque justamente estou completando meu quinto mês nesta Paróquia. Já tivemos momentos tão bonitos e significativos, mas este momento agora me parece que é um dos grandes momentos que leva o coração de um sacerdote, de um frade, bendizer e louvar a Deus”. comunicações

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Paróquia Santa Clara de Assis promove luau e caminhada ecológica

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os dias 16 e 17 de julho, a Paróquia Santa Clara, em Colatina, ES, organizou dois momentos importantes e que muito configura o povo à simplicidade do carisma franciscano. No dia 16, sábado à noite, a Comunidade Santa Teresinha, no Bairro Bela Vista, acolheu alguns jovens para um momento de espiritualidade e de entretenimento, um luau com temática “Eu Sou a Luz do Mundo”, baseada no Evangelho de João 8,12. Com momentos de evangelização, de diversão e muita alegria, de músicas e escuta atenta aos momentos fortes da espiritualidade, de um jeito leve e descontraído, o trabalho com os jovens, aos poucos, começa a ganhar força novamente, após dois anos de completa estagnação com as atividades voltadas a eles. Outro grande momento foi a Caminhada Ecológica, promovida pela Pastoral da Ecologia paroquial. Esse momento, iniciado no domingo de manhãzinha, contou com a participação de comunidades de outras paróquias da Diocese. A caminhada, em forma de circuito, em meio à natureza exuberante e cenários que mais pareciam ter sido tirados de filmes, tamanha beleza, contou com cerca de trinta pessoas. O percurso durou em torno de quatro horas e meia, por treze quilômetros, com paradas para descanso, café da manhã, mas também uma experiência para entranhar e perceber o que o Pobrezinho de Assis vivia e nos ensina a cada momento, que é a reverência e o cuidado à criação, louvando com ela, o Criador. As duas experiências, voltadas a uma intimidade com Deus, trouxe a cada um de nós uma tranquilidade e

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paz de espírito muito intensas e um desejo de que isso perdure e se fortaleça cada vez mais nestes tempos que vivemos. Em meio ao caos e a violência, os pequenos gestos de que Deus se faz presente e está, não acima de todos, mas no meio de nós, oferece à comunidade em que vivemos e aos jovens, a oportunidade de se abrir ao simples, a perceber Deus nas pequenas coisas e a compreenderem que Ele fala em cada um de nós com a voz que sabemos ouvir e do jeito que sabemos ser. Na simplicidade desse gesto, seja na caminhada em meio à natureza ou mesmo um momento de encontro para cantar e ouvir a Palavra que se fez Presença no meio de nós, muitos corações, através de mensagens de agradecimento, sentiram-se agraciados

e agradecidos, ansiosos por mais. O desejo de todos é que tudo isso seja estruturado cada vez mais, para atrair e acolher a nossa juventude, mas também a todas as comunidades de nossa Paróquia, bebendo do carisma de Francisco e aprendendo dele o louvor a Deus, nos gestos mais simples e de todo o coração. O que foi perceptível em cada pessoa era o desejo marcante que inspirou Francisco de Assis; conhecendo a vontade de Deus para cada um, o que “ouvimos” nos olhares e sorrisos deles foi a marcante profissão de fé de Francisco: “É isso que eu quero, é isso que eu procuro, é isso que eu desejo de todo o meu coração! “. Paz e Bem! Frei Josielio da Silva Oliveira


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Paróquia São Luiz Gonzaga celebra o Padroeiro de Xaxim

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Paróquia São Luiz Gonzaga celebrou, no dia 21/06, seu Padroeiro. A Santa Missa em honra a São Luiz Gonzaga foi presidida por Frei Alan Maia de França Victor e teve início às 18h30. A festividades em honra a São Luiz Gonzaga tiveram início na quinta-feira (16/06), com a missa e procissão de Corpus Christi. Neste ano, os fiéis puderam se reunir para confeccionar os tapetes e participar da procissão com os frades. Após a procissão pelas ruas em torno da igreja, no Salão paroquial aconteceu a venda de pastéis. Na sexta-feira (17/06), ocorreu o 1º Arraiá de São Luiz Gonzaga. Pastorais e comunidades se reuniram para preparar o evento que contou com comidas e bebidas típicas de São João. Pastel, bolo, pipoca, questão, rapadura, pé-de-moleque foram comercializados. As apresentações artísticas ficaram por conta de algumas bandas da cidade e também pelo grupo de idosos com a dança caipira e a Pastoral da Juventude com o casamento caipira. Às 10h, no domingo (19/06), teve início a Santa Missa da Festa de São Luiz Gonzaga. A celebração foi presidida pelo pároco Frei Gilson Kammer e animada pela equipe de jovens. No início da celebração, a comentarista recordou de forma breve a história de São Luiz Gonzaga, Padroeiro da Juventude, estudantes e seminaristas.

Luiz nasceu no dia 9 de março de 1568, na Itália. Foi o primeiro dos sete filhos de Ferrante Gonzaga, marquês de Castiglione delle Stiviere e sobrinho do duque de Mântua. Com doze anos, recebeu a primeira comunhão diretamente das mãos de Carlos Borromeu, hoje santo da Igreja. Luiz tinha quatorze anos quando venceu as resistências do pai, renunciou ao título a que tinha direito por descendência e à herança da família e entrou para o noviciado romano dos jesuítas. Lá escolheu para si as incumbências mais humildes e o atendimento aos doentes, principalmente durante as epidemias que atingiram Roma, em 1590, esquecendo totalmente suas origens aristocráticas. Luiz Gonzaga morreu com apenas vinte e três anos, em 21 de junho de 1591. O papa Bento XIII, em 1726, canonizou Luiz Gonzaga e proclamou-o Padroeiro da Juventude. Em sua reflexão, Frei Gilson disse

que São Luiz Gonzaga se dedicou ao amor que tinha por Deus. “Devemos amar a Deus com todo o coração. Com toda a nossa alma. O nosso amor é seguir a Deus, assim como São Luiz Gonzaga. No breve histórico lido no início da missa, ouvimos que São Luiz se dedicou ao povo, aos doentes. São Luiz tinha uma inocência, e na liturgia de hoje ouvimos isso”, disse Frei Gilson. O pároco lembrou aos fiéis presentes e que acompanhavam pelas redes sociais que São Luiz Gonzaga é o Padroeiro da Juventude. “Lembro que São Luiz Gonzaga é o padroeiro da juventude, que hoje está aqui presente na liturgia, que está presente nas celebrações e na Igreja. Lembro também dos estudantes, todos somos estudantes, estamos sempre aprendendo na vida. E aos seminaristas, hoje aqui representados pelo Victor Flemeng do Vale Almeida e Daniel Santos do Nascimento que estão juntos de nós cumprindo sua missão com Deus”. E encerrou sua reflexão pedindo: “Que São Luiz Gonzaga nos abençoe hoje e sempre. Que Deus nos abençoe”. No final da celebração, Frei Gilson agradeceu a todos que trabalharam, organizaram, ajudaram e participaram dos momentos festivos da Festa de São Luiz Gonzaga na Paróquia. No dia do Padroeiro, a celebração aconteceu na Igreja Matriz, às 18h30, e foi presidida por Frei Alan Maia. Em sua homilia o sacerdote destacou que: “São Luiz Gonzaga nunca se deixou influenciar pelo luxo e pelo poder. Sempre seguiu o amor de Deus”. Frei Alan relembrou a vida de São Luiz e de que o santo sempre estará ao nosso lado, protegendo a Paróquia. “Que São Luiz interceda por nós, por nossa Paróquia em Entre Rios, Marema, Lajeado Grande e aqui em Xaxim. Que possamos viver a nossa fé no nosso dia, assim como São Luiz”. Camila Mendo, pela Pascom da Paróquia São Luiz Gonzaga comunicações

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Cursos EaD da USF recebem notas máximas do MEC

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o mês de junho, diversos cursos na modalidade a distância da Universidade São Francisco (USF) receberam visitas de comissões do Ministério da Educação (MEC). Conheça os Cursos avaliados: Gestão de Recursos Humanos (Nota 4), Marketing (Nota 4), Logística (Nota 5), Gestão Financeira (Nota 5), Gestão Comercial (Nota 5) e Gestão Pública (Nota 5). Para o coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEAD), Renato Adriano Pezenti, a nota máxima representa o reconhecimento de um trabalho sério e de uma equipe muito engajada. “A Educação a Distância na USF é uma modalidade recente que desde 2018 passa por um processo de expansão. A Universidade empenha-se em ofertar cursos de Educação a Distância com qualidade. O MEC avaliou as condições de infraestrutura, equipe e investimentos que a Universidade coloca à disposição

para a oferta de EaD”, explicou o professor Renato. As comissões analisam corpo docente, instalações físicas e projeto pedagógico. A nota máxima reafirma o compromisso da USF com a excelência no ensino superior brasileiro. Atualmente a USF tem mais de 20 cursos EaD, ofertados em polos nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. “As notas confirmam o que

a Universidade faz melhor em mais de 4 décadas: formar profissionais de excelência tanto na área de saúde quanto na área de gestão e negócios. Uma tradição da USF agora reconhecida por sua excelência e qualidade de ensino pelo Ministério da Educação”, afirmou o coordenador dos cursos avaliados, professor Tadeu Vaz. Ana Paula Moreira


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USF sedia encontro da Frente de Evangelização da Educação

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Universidade São Francisco (USF) sediou na tarde desta quinta-feira, dia 30 de junho, o Encontro da Frente de Evangelização da Educação da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Na ocasião, estiveram reunidos os frades, a reitoria, coordenadores de cursos, núcleos e departamentos administrativos da USF. Durante o encontro foram compartilhadas as Diretrizes da Frente de Evangelização da Educação (2022-2027). A abertura do evento foi realizada, no Câmpus Bragança Paulista, pelo diretor presidente da Casa Nossa Senhora da Paz – Ação Social Franciscana CNSP-ASF, mantenedora da USF, Frei Thiago Alexandre Hayakawa, que contextualizou a importância do encontro. Em seguida, o Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização, Frei Gustavo Wayand Medella, explicou que o Plano de Evangelização 2022-2027 é uma atualização da versão anterior (2016-2021) a partir das prioridades e indicações de nosso último Capítulo Provincial: “Nossa expectativa é que ele seja objeto de estudo e reflexão em todas as nossas Frentes de Evangelização, de modo especial na Frente da Educação”. Na ocasião, a CNSP-ASF e a Reitoria da Universidade São Francisco elaboraram um grupo de trabalho para a elaboração do planejamento de ações da USF a partir das diretrizes da Frente de Evangelização da Educação da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. “É importante que o conceito de evangelização se renove para que possa dialogar com os diferentes mundos, como o mundo da educação: cientí-

fico e extensionista. A evangelização não deve estar restrita ao mundo religioso. A construção do plano de evangelização na educação não é uma tarefa exclusiva, precisa ser uma tarefa inclusiva”, explicou o reitor da USF, Frei Gilberto Gonçalves Garcia. Para o Coordenador da Frente de Educação, Frei Claudino Gilz, os encontros são essenciais para colocar em prática e abordar as diretrizes da Frente de Evangelização da Educação. “Encontros como este são fundamentais para operacionalizar o nosso Plano de Evangelização. Este é um privilégio ter a comunidade acadêmica como ponto de partida de educar como fraternidade acadêmica. Uma educação que abrange todos os aspectos da vida humana e religiosa da vida franciscana. Sendo uma Universidade que preze pela sua qualidade acadêmica, mas preocupada com a inclusão e bem-estar da sociedade”, afirmou Frei Claudino. Durante a abertura, o Diretor Vice-presidente da Mantenedora da USF e coordenador da Pastoral Universitária, Frei Vitorio Mazzuco Filho, destacou as ações de evangelização da Universidade. “A evangelização da educação na USF é manifestada ao incentivar o engajamento da comunidade acadêmica na participação de projetos

extensionistas, para além da sala de aula, garantindo competências que vão além dos aspectos práticos e técnicos. Assegurar o bom clima educacional e alcançar excelente grau de satisfação nos processos organizacionais, além de participação e preparar cursos e celebrações junto à comunidade acadêmica”, ressaltou Frei Vitorio Mazzuco Filho. Depois da abertura, foram montados seis grupos de trabalho com o objetivo de desenvolver coletivamente assuntos relacionados ao carisma franciscano, a promoção da evangelização a partir de sua missão e os principais desafios e as potencialidades evangelizadoras da USF. “Hoje tivemos um momento de reflexão sobre a resposta do carisma franciscano que envolve a Universidade, sua missão no ensino e seu papel na sociedade”, comentou o Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão, professor Dilnei Lorenzi. O Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização, Frei Gustavo Medella realizou a bênção final. Os próximos encontros serão realizados no mês de agosto para dar continuidade às contribuições dos grupos de trabalho. Ana Paula Moreira de Souza comunicações

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Coro de Câmara Canarinhos de Petrópolis apresenta Concerto no Instituto de Cultura

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“Casa de Petrópolis Instituto de Cultura” foi anfitriã do Concerto do Coro de Câmara Canarinhos de Petrópolis, no dia 25 de junho, às 18 horas. O mais novo coral do Instituto dos Meninos Cantores tem em sua formação jovens coralistas oriundos do Coral dos Canarinhos e Coral das Meninas dos Canarinhos e foi fundado em 2021, fruto da pandemia. O programa do concerto contemplou obras da música popular brasileira e do pop internacional, além de canções clássicas como “Conversa de botequim” de Noel Rosa e “Cantiga de roda/Nesta Rua” com arranjo de Carlos A. P. Fonseca. Também deu destaque para músicas modernas como a de Michael Jackson “Heal the world” e “Your Song” de Elton John. Na abertura do evento, a Diretora Executiva do Instituto de Cultura, Rachel Wider, acolheu a todos e falou da

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alegria em receber os jovens coralistas e o público que lotou a sala da Casa. “A gente tem muito orgulho de receber o Coro de Câmara Canarinhos de Petrópolis”, disse. Explicou que o imóvel que abriga a “Casa de Petrópolis” guarda um passado memorável desde o início de sua construção em 1879. Segundo ela, seu proprietário, José Tavares Guerra, que havia passado seus anos de estudo na Europa, idealizou sua residência unindo a beleza dos estilos europeus com as modernidades que começavam a surgir no final do século XIX. “A sensibilidade que permeia a casa vai além da beleza dos cômodos.

A tradição musical da família remonta a Julia da Fonseca Guimarães, casada com José Tavares Guerra. Durante a juventude ela e suas irmãs haviam estudado na França com o grande compositor e organista César Franck. De volta ao Brasil, tornou o canto acompanhado de piano um hábito de sua família. A tradição e a paixão pela música continuaram através de sua neta Júlia Adriana, que era igualmente exímia pianista. Júlia Adriana fez o curso de piano em três anos, graduando-se em primeiro lugar. Aperfeiçoou-se com Marguérite Long, com Francisco Mignone e com Heitor Villa-Lobos, de quem era amiga e intérprete por excelência. Foi também fundadora da Associação de Canto Coral”, destacou. “A Casa de Petrópolis pretende honrar com suas atividades o pioneirismo, a beleza e a sensibilidade que fazem parte da história do imóvel e da família que nele viveu”, revelou Rachel. Na sequência, convidou os coralistas e o maestro, Marco Aurélio Lischt, para comporem o belíssimo cenário da Casa, um patrimônio do povo petropolitano. Por sua vez, Lischt também manifestou a satisfação de se fazer presente neste evento cultural. Explicou que o Coro de Câmara nasceu durante a pandemia com a necessidade de expandir o repertório e apresentar canções mais diferenciadas com o público juvenil, que atualmente é formado por 16 vozes. A primeira música apresentada foi “Beati quorum via” de Charles Villiers Stanford, um compositor romântico tardio. O texto da canção diz o seguinte: “Bem-aventurados os retos que andam no caminho do Senhor


e obedecem às suas leis”. A segunda obra foi “Chi la Gagliarda” de Baldassare Donati. “Aqueles que querem dançar a ‘Glagliarda’, venham até nós, pois nós somos finos mestres. Experimentai um pouco e vejam como são os dez passos da ‘Glagliarda’, diz o texto da música. Na sequência vieram as músicas “Cantiga de roda/Nesta Rua” com arranjo de Carlos A. P. Fonseca. Série Xavante – IV – “Corrida dos Buritis” de Cesar Guerra-Peixe – compositor brasileiro e petropolitano de música erudita, arranjador e estudioso da música brasileira –, “Andanças” P. Tapajós, “Vira Virou” de Kleiton e “Conversa de botequim” de Noel Rosa, “Lullabye” com arranjo de Kirby Shaw de Billi Joel, “Heal the world” de Michael Jackson, “Your Song” de Elton John e “Stand by me” de Ben E. King. No final, o público ovacionou de pé os coralistas. Como bis entoaram então duas músicas: “Hey Jude” de John Lennon e “All You Need Is Love” dos Beatles.

SOBRE O CORO DE CÂMARA

Fundado em 30 de setembro de 2021 por Frei Marcos Antonio de Andrade, Marco Aurélio Lischt e Rose de Mello, o Coro de Câmara Canarinhos de Petrópolis tem em seu histórico apresentações memoráveis com obras de alta qualidade e de grande relevância. Com o propósito de ter um repertório diferenciado, o grupo vocal apresenta composições de grande envergadura que abrange desde a música medieval até a música contemporânea, com especial destaque para a música popular brasileira e o pop internacional. O Coro de Câmara Canarinhos de Petrópolis já se apresentou em concertos de Natal, casamentos e em eventos temáticos ao longo deste primeiro ano de existência. Desde a sua fundação, o Coro de Câmara está sob a regência e direção artística do maestro Marco Aurélio Lischt. Frei Augusto Luiz Gabriel

CANTATA À CLARA DE ASSIS Quero cantar uma mulher, Que na Idade Média veio, Não falo de alguém qualquer, Mas de um Dom da História, creio.

Na cidade onde vivia O mais santo desse mundo, São Francisco da Alegria Feriu seu peito profundo.

Eu canto Clara de Assis, Desde o berço à sua morte, Exalto a mulher feliz, Ao mundo seu deu rumo, norte. Sua raiz era a nobreza, E tinha toda a abundância, Não esquecia a pobreza, Embora fosse uma criança.

E foi procurá-lo, então, Nele seu Ideal via, E o começo da Canção Logo, logo se inicia...

À porta de sua casa, Pobres em sofreguidão, Mas, em seu coração em brasa, E de amor lhes dava o pão...

Devotava um imenso amor À Igreja de seu Jesus Nela, Maria, sua Flor Mãe da Vida, Mãe da Luz.

Clara deixou a nobreza, Francisco a prendeu, profundo, Não conheceu a tristeza, Esse – Alegria do mundo.

São Francisco nessa Igreja, Em sinal de sua missão, Deu-lhe tudo que deseja, Jesus Cristo, sua Paixão.

Sua paixão era a cruz, Esplendor do verbo – amar, Sua fortaleza, Jesus, O Pão da Vida no Altar.

Nunca mais ela esqueceu O Evangelho e seu viver, Isso tudo Deus lhe deu, E o Amor até morrer.

Quem junto dela viveu, Registrou essa alegria, Que nada dela era seu, Era do irmão que sofria.

(Excertos de Santa Clara de Assis – Uma Maravilha de Deus).

Clara procurou o Santo, Numa capela abandonada, E sob o sagrado Manto, Quis fazer-se Consagrada.

Frei Walter Hugo de Almeida


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Bauru: Ato inter-religioso em solidariedade a Bruno e Dom

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o dia 22 de junho, a Pastoral da Ecologia Integral da Diocese de Bauru, SP, convocou um ato ecumênico em solidariedade a Bruno Pereira, indigenista brasileiro, e a Dom Phillips, jornalista britânico, que foram assassinados no início deste mês. O ato aconteceu em frente à Câmara Municipal da cidade de Bauru, às 18h30, e teve a presença de muitos outros movimentos sociais envolvidos, entre eles a APOESP, associação de professores da rede pública do Estado de São Paulo. O coordenador diocesano da Pastoral, Frei André Gurzynski, OFM, que coordenou o ato, lembrou alguns trechos da Laudato Si’, do Papa Francisco. Na sua fala, lembrou a importância do diálogo inter-religioso: “Assim como a biodiversidade é importante, que cada ser vivo deste planeta contribui a sua maneira, assim também é no universo religioso, são muitos caminhos que levam a Deus!”. Foi feito um minuto de silêncio pelas vidas de Bruno e de Dom. Após essa prece silenciosa, o indígena Elizeu Caetano, da etnia Tupi-guarani nhandewa, entoou o cântico Boraí que é uma tradição, uma homenagem àqueles que partiram, uma entrega desses à Nhanderú, ato forte e solene pelas vidas daqueles que tombaram em defesa da vida. O umbandista Agnaldo Anastácio da Silva trouxe suas preocupações com o cenário político atual, questionando as políticas públicas do atual governo. Fez também uma observação importante para o ato: “Nós estamos em poucos, mas representamos aqui a nossa diversidade, temos negros, homens, mulheres, os freis [católicos], cristãos, eu que sou da umbanda…”. Para ele, o meio ambiente é preocupação de todos, sem exceção. Maykel Nazaré, pastor da Igreja Batista, trouxe em sua fala a figura de Deus no comunicações JULHO 2022

Antigo Testamento: “Nós testemunhamos [na Palavra] os ouvidos atentos de Deus ao clamor do seu povo. Deus esse que no Egito, através do seu amor e para libertar o seu povo, foi capaz de ferir os primogênitos. Ele não é alheio a morte, não é um Deus passivo. Por isso, Jesus está do lado daqueles que lutam pela vida”. A professora Silvana Suaiden, mestra em Ciências da Religião e Presidente da Associação dos Professores da PUC-Campinas, conduziu um momento de oração

pelos mortos. Os presentes acenderam velas em solidariedade a essas pessoas que perderam a vida, ao som de “Pai Nosso dos Mártires”. Estavam também presentes: Comissão Pastoral da Terra, Comunidade Indígena Tereguá, Conselho Nacional dos Leigos e Leigas do Brasil (CNLB), a vereadora de Bauru Estela Almagro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e outros partidos políticos. Frei Gilberto Silveira da Costa Junior


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Encontro de Formação Franciscana com coordenadores e diretores da FAE

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om o tema Educar para a fraternidade e a paz, o evento foi aberto pelo presidente do Grupo, Frei João Mannes, que trouxe uma contundente reflexão baseada na Carta Encíclica do Papa Francisco Fratelli Tutti, sobre a fraternidade e a amizade social. Inicialmente, explicitou que hoje precisamos de uma mudança de cultura, de um novo modelo de ser humano, de sociedade e de relação com a natureza. Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e reconstruir as relações humanas em vista de uma sociedade justa, sustentável e feliz. Além disso, enfatizou o Frei João Mannes, que “toda proposta educativa tem subjacente uma concepção do ser humano, da cultura

e da sociedade”. Precisamos, então, de um modelo educacional que se inspire em Francisco de Assis, que educou pela sua maneira amorosa de ser, pensar, agir e de se relacionar respeitosamente consigo mesmo e com todas as criaturas. Durante dois dias, os participantes do evento da FAE vivenciaram um encontro bastante produtivo envolvendo palestras, trocas de experiências e trabalhos coletivos, e vivenciando momentos de integração, união e muita alegria. Segue uma síntese do Frei João, sobre o tema norteador do encontro: “Educar para a Fraternidade e a Paz: EDUCAR na perspectiva cristã e franciscana exige de todos os agentes uma contínua reorientação da existência à luz das atitudes e dos valores que nortearam a vida de São Francisco. A educação é um ato de amor e de esperança no desenvolvi-

mento integral da pessoa a serviço da comunidade. É sobretudo pela vivência do amor que se constrói a FRATERNIDADE, pois, na visão franciscana, o ser humano é um núcleo de relações consigo mesmo, com seus semelhantes, com os seres do Universo e com o Transcendente. Sob essa visão, a educação se responsabiliza pela realização do ser humano em suas múltiplas dimensões e pelo cuidado da casa comum. Assim, o Grupo Educacional Bom Jesus realiza a missão de orientar crianças, adolescentes e jovens para as virtudes do amor, da humildade, do diálogo, da empatia, do respeito à alteridade e da solidariedade, entre outras, com o objetivo de construir a fraternidade universal que é o caminho para a PAZ. Juliano Zemuner comunicações

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Foto de Frei Agostinho Diekmann

Família Franciscana se despede do franciscano Dom Cláudio Hummes

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Família Franciscana prestou no dia 6 de julho a última homenagem ao Cardeal Dom Cláudio Hummes, na Celebração Eucarística, às 8h, a penúltima das missas de corpo presente do funeral de Dom Cláudio. Ele foi sepultado na cripta da Catedral da Sé, às 10h. O Definidor Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei Fidêncio Vanboemmel, representando o Ministro Provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, que estava em Roma, presidiu a Santa Missa, concelebrada pelos frades do Regional São Paulo. Dom Cláudio faleceu, na segunda-feira (4/7) aos 87 anos (completaria 88 anos em 8 de agosto), em sua residência, na zona Sul de capital paulista, onde permanecia, a seu pedido, em cuidados paliativos após um quadro irreversível de câncer no pulmão. “Ao mesmo tempo que Dom Odilo Sche-

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rer nos informava da páscoa de Dom Cláudio, ele também nos convidava a elevar preces a Deus em agradecimento pela vida operosa do falecido Cardeal Hummes e sufrágio em seu favor, para que Deus o acolha e lhe dê a vida eterna, como acreditou e esperou. Sim, é o que nós queremos fazer nesta manhã nesta Celebração de despedida: Louvar e agradecer ao bom Deus, ao Altíssimo e Bom Senhor, como cantava São Francisco de Assis, a vida operosa de Dom Cláudio Hummes”, disse Frei Fidêncio. O ex-Ministro Provincial, Frei Fidêncio, recordou que Dom Cláudio, com apenas 17 anos de idade, foi acolhido na Ordem dos Frades Menores pela Província Franciscana de São Francisco de Assis no Rio Grande do Sul. “E, ao ser acolhido como frade menor, certamente, podemos dizer como Francisco reagia diante de um frade que entrava na vida franciscana. Francisco exultava de alegria, louvava a Deus porque estava dando a ele, e através da Ordem Franciscana, que se perpetua pelos séculos, um homem de grande valor. Deus estava dando um amigo fiel. Deus estava dando um companheiro necessário”, acrescentou o celebrante. Segundo ele, essas “três belíssimas expressões” do biógrafo Tomás de Celano, que narra a vida de São Francisco de Assis, também se poderia aplicar para o dia em que Dom Cláudio entrou na Ordem Franciscana pela Província do Rio Grande do Sul. “Ao fazer a sua profissão religiosa, Deus estava oferecendo, através do jovem Dom Cláudio, um amigo fiel. Não só para nós,


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para os frades, mas um amigo fiel para toda a Igreja de Deus, onde Dom Cláudio exerceu o seu pastoreio: em Santo André, em Fortaleza, em São Paulo e em Roma. Sim, Dom Cláudio se caracterizou exatamente como um amigo fiel das causas dos pobres, um amigo fiel de todas as lutas sociais, um amigo fiel do próprio Deus, o Deus da vida”, recordou Frei Fidêncio. Para o frade, Francisco também se alegrava porque Deus tinha dado “um companheiro necessário”. “E Dom Cláudio não foi apenas companheiro necessário dos frades do Rio Grande do Sul, mas companheiro necessário de toda a Igreja de Deus. O companheiro necessário de todos que lutavam pela causa do Reino. Um companheiro necessário de todos os agentes pasto-

rais, um companheiro necessário dos sacerdotes, principalmente quando presidia em Roma a Congregação para o Clero, um companheiro necessário para todos os bispos”, emendou. “E Francisco também se alegrava quando chegava um irmão menor de tão grande valor. “E eu creio que todos nós podemos afirmar e reafirmar, nesta nossa celebração, deste homem de grande valor que Deus concedeu mais uma vez, não apenas para nós frades menores, para a Ordem Franciscana, mas para toda a Igreja de Deus. Um homem de valor porque sabia valorizar a sacralidade do ser humano. Um homem de grande valor, que no espírito de São Francisco, soube compreender e entender a sacralidade da criação

divina. Quando ele poderia estar tranquilo, aposentado e viver no seu recanto, ele aceitou a grande missão de ser o porta-voz da Igreja da criação divina presente na grande Amazônia, a querida Amazônia, de quem ele se fez porta-voz”, observou o frade. Frei Fidêncio agradeceu como Família Franciscana este homem, este companheiro, este amigo fiel. “E hoje, voltando-nos para Dom Cláudio, lembrando sobretudo das palavras que foram decisivas para o Pontificado do Papa Francisco, quando Dom Cláudio, sentado ao lado do eleito Cardeal Jorge Mario Bergoglio, faz essa bela lembrança: ‘Por favor, não se esqueça dos pobres!’, cada um de nós vai orar e dizer a Dom Cláudio: ‘Por favor, Dom Cláudio, da eternidade onde você está, junto de Deus, onde você vive a paz eterna, não se esqueça de olhar pelas causas do pobres, como irmão menor, companheiro e seguidor de São Francisco. Dom Cláudio, não se esqueça dos operários, daqueles que lutam por emprego, dos que lutam por uma causa justa, de uma vida digna. Dom Cláudio, não se esqueça dos pobres, não se esqueça da pobre Mãe Terra, que muitas vezes é vilipendiada, destruída. Não se esqueça da nossa querida Amazônia, um dos pulmões da humanidade. Não se esqueça dos operários que lutam e trabalham pela causa que você abraçou em Santo André, causa que você continuou a abraçar. Dom Cláudio, não se esqueça das nossas pobres famílias de hoje, das sagradas famílias, que lutam, que trabalham, que esperam, que sonham, que choram’”, pediu. E concluiu: Nós queremos dizer simplesmente neste momento como ouvimos na primeira leitura de hoje: “A vida dos justos está nas mãos de Deus”. Que Deus acolha na eternidade este homem justo, este amigo fiel, este companheiro necessário que Deus nos deu. Moacir Beggo comunicações

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Um dia solene e festivo para a Ordem Franciscana Secular de Petrópolis

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em mesmo as baixas temperaturas da Serra Fluminense espantaram os fiéis e franciscanos que no domingo (19/06) vieram até a Igreja do Sagrado com um motivo especial para celebrar. Afinal, neste dia, comemorou-se os 125 anos de criação da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular (OFS), a primeira de Petrópolis. Presidida por Frei Fernando de Araújo Lima, Assistente Espiritual da Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, a Santa Missa das 8h30 contou com a presença em peso dos religiosos seculares e do ilustre Coral dos Frades do Tempo da Teologia, sob regência do mestre e Definidor Provincial, Frei Marcos Antonio de Andrade, na condução dos cantos em gregoriano da Missa XI, Orbis Factor. A OFS foi fundada no dia 30 de maio de 1897, um ano após da chegada dos franciscanos na Cidade Imperial, oriundos da Província Franciscana da Saxônia, na Alemanha. O então fundador do Convento do Sagrado, Frei Ciríaco Hielscher, OFM, foi também o criador da Fraternidade da Ordem Ter-

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ceira, hoje Ordem Franciscana Secular. A Fraternidade tem sua sede própria ao lado da Igreja, na rua que atravessa o Convento do Sagrado e que leva o nome do saudoso Frei Luiz Reinke. Ao longo do tempo acolheu ricas personalidades, como Paulo Machado da Costa e Silva, ex-Ministro Nacional e uma das figuras mais importantes e emblemáticas da OFS, falecido em 2019. No comentário inicial, a secretária da OFS, Elizabeth Rigoni, manifestou a alegria e gratidão pelo dia celebrativo. “No início de nossa Fraternidade éramos mais de 800 irmãos, hoje somos em bem menos, mas o ideal de vivência do Evangelho ao modo de Francisco de Assis continua sendo o mesmo. Nossa caminhada continua e nossas portas estão abertas para recebê-los. Venha conhecer nossa espiritualidade franciscana e colocar a vida no Evangelho e o Evangelho na vida”, disse.

Seguir o mandamento do Amor

Após a leitura do Evangelho do 12º Domingo do Tempo Comum (Lc 9,18-24), que apresenta Jesus como

o Messias, Frei Fernando iniciou sua reflexão afirmando que Jesus desafia a todos ao apresentar ideias que contrariam a própria natureza humana. Citou o versículo do Evangelho que diz: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga”, e disse: “Todos nós evitamos o sofrimento. Ninguém vai buscar o sofrimento como objetivo de vida, isso contraria a nossa própria natureza. No entanto, Deus não nos recomenda que busquemos o sofrimento como objetivo de vida e nem como meta de nossa existência, pois Ele mesmo pediu ao Pai que afastasse esse sofrimento Dele, mas, foi livre ao fazer a vontade do Pai”, explicou. Segundo o religioso, Jesus não buscou e não desejou o sofrimento, mas o aceitou como parte da sua missão. “O abraçou livremente como parte da sua meta de existência. Então, o sofrimento não é para ser buscado, amado em si mesmo. Porém, quando esse sofrimento é consequência do amor, aí sim, podemos abraçá-lo como Jesus abraçou e acolhê-lo como parte de um movimento redentor, como Ele acolheu. Sofrer por amor, isso sim tem sentido”, revelou. Na sequência Frei Fernando falou sobre o amor verdadeiro e gratuito das mães para com os filhos. “Uma verdadeira mãe deseja sempre o bem de seus filhos, mesmo quando eles erram. É semelhante ao amor de Deus, que odeia o pecado, mas ama o pecador”, frisou. “Jesus recomenda, quem quiser salvar a sua vida, deve entregar-se por uma causa nobre, a causa no Evangelho. Quem quiser salvar a sua vida, ofereça-a para os outros, não viva para si mesmo, viva para os necessitados, para


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a sua família, viva para os outros. Esse é o segredo da realização plena e completa do nosso ser. Não nascemos para nós mesmos, nascemos para o mundo, vivemos para o mundo”, ensinou. Para Frei Fernando, é necessário abraçar a causa do Evangelho. “Causas que estão em defesa da vida humana, dos animais, das árvores da natureza em geral. Amar a vida e viver por ela e para ela. Ter uma vida que vá além de mim mesmo, além de você mesmo. Não é um ótimo modo de ser feliz?”, perguntou. Citando São Francisco de Assis, na oração a ele atribuída, Frei Fernando disse: “É dando que se recebe, é perdoando que se há de perdoar e é morrendo que se vive para a vida eterna. Essa oração faz ecoar a mensagem essencial de Jesus. Não vivemos para nós mesmos, mas para causas nobres. E a mais nobre das causas é a causa do Evangelho, é o estabelecimento do Reino de Deus entre nós”, evidenciou. “Jesus apresenta paradoxos e contraria regras. Mas nestes paradoxos apresenta a essência da condição humana que busca a comunhão com Deus, com outras pessoas, com a vida, com a existência, com a criação. Essa comunhão tem como caminho mais eficaz o serviço, o amor, o doar-se. Jesus nos ensinou o caminho, entendemos por que Jesus é muito simples, basta então trilharmos este caminho”, encerrou. A missa teve continuidade com a oração do Creio, preces e liturgia eucarística. Após a comunhão, o Coral dos

Frades entoou a música “Ubi Caritas”, uma antífona do século VIII, frequentemente cantada na Quinta-feira Santa durante o lava-pés e um clássico da música sacra.

125 Anos de Carisma Franciscano em Petrópolis

No final da celebração Frei Fernando parabenizou a Ordem Franciscana Secular pelos 125 anos de criação e agradeceu a presença de todos. “Uma ordem, uma instituição ou organização, só dará certo se seguir o Evangelho e o mandamento do amor. Por isso, é muito importante a presença de vocês em nossas missas dominicais e o auxílio prestado na liturgia. Essa também é uma forma de viver o Evangelho e o amor”, disse. A bênção final encerrou a celebração. O Coral dos Frades entoou então o conhecido canto “Salve Mestre” de Frei Basílio Röwer. Após a celebração, um café foi servido na sede da instituição. Na ocasião, o ministro da OFS, Luiz Alberto Vianna, acolheu a todos e manifestou

sua alegria com a celebração. “Este vínculo fraterno e canônico entre nós, só existe se tiver a presença dos Frades Menores e dos nossos membros da OFS. A presença de vocês aqui nos alegra e nos anima porque nós sentimos que vocês estão do nosso lado como Francisco de Assis pediu. A presença de todos vocês é o que anima a nossa comemoração de hoje”, disse. “As orações de todos vocês são o nosso sustento”, acrescentou. Teresinha Valone Joaquim tem 80 anos e participa da OFS há mais de 50. Para ela, uma experiência que marcou sua vida neste meio século foi a fé em Jesus Cristo, através de Francisco e Clara de Assis. “Fez eu superar todos os problemas que passei em minha vida e eu sou muito feliz por isso. Aqui eu encontro força, paz e alegria”, revelou emocionada. “Celebrar 125 anos de criação é muito importante para todos nós da OFS. São Francisco e Santa Clara renovam sempre minhas forças para seguir em frente”, acrescentou. Maria da Glória Gomes Alvarenga é franciscana secular há 30 anos. Para ela, celebrar o aniversário da Ordem Franciscana Secular é uma forma de aprender mais sobre o carisma e também divulgar a missão dos irmãos franciscanos. “Aqui aprendemos muito. É tudo muito bom. Já fizemos passeios e visitas em outras Fraternidades e isso enriquece nossa vocação”, disse. Frei Augusto Luiz Gabriel comunicações

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Com a festa da Dedicação da Basílica do Santo Sepulcro conclui-se o Capítulo Custodial

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om a missa solene celebrada na Basílica do Santo Sepulcro, sexta-feira 15 de julho, foi concluído o Capítulo custodial que nos últimos dez dias viu os freis da Custódia da Terra Santa empenhados na determinação das diretrizes para a vida da Custódia pelos próximos três anos. A ocasião foi a festividade da Dedicação da Basílica do Santo Sepulcro, no qual se celebra a união entre o Senhor, que é o verdadeiro “templo de Deus”, e a Igreja-comunidade dos fiéis, construída em Cristo e formada por “pedras vivas”. A festa remonta da época cruzada. A inauguração da Basílica que até hoje acolhe os peregrinos, com efeito, ocorreu no dia 15 de julho de 1149 e, desde então, cada ano neste mesmo dia, se presta homenagem com uma celebração. Para compreender a relevância deste aniversário basta recordar como esta igreja foi a única a ser consagrada por Cristo mediante seu próprio sangue, sendo aqui o lugar onde foi consumado o seu sacrifício e onde, ressuscitando, venceu a morte. A liturgia foi iniciada com a procissão, conduzida pelo Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, em direção ao sepulcro vazio, onde dentro, na capela do Anjo, era colocado o altar. “Estamos reunidos no final de nosso Capítulo custodial e ainda mais uma vez viemos celebrar a Eucaristia aqui no Santo Sepulcro, o santuário que motiva o nosso ser custódio dos Lugares Santos, o lugar que está na origem da nossa fé e da nossa missão”. Assim começou o Padre Custódio a sua homilia, fazendo referência à entrega dos lugares santos por parte da Igreja aos franciscanos em 1342. A importância deste lugar santo foi

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o centro da homilia de Frei Francesco, que reiterou repetidamente como o Santo Sepulcro recorda a toda a comunidade dos freis da Custódia os modos de testemunhar a fé por meio da missão confiada: “Aprendemos do Servo do Senhor a testemunhar por meio de um estilo de serviço que chega até o dom de si. Somos servos, dispostos a servir inclusive a preço de nossa vida. Este estilo de testemunho deve valer nos santuários, nas paróquias, nas escolas e em cada lugar onde nos encontramos presentes como freis menores da Terra Santa”. Um apelo, portanto, dirigido à fraternidade custodial e pronunciado por Frei Patton justamente na conclusão de um percurso capitular que envolveu a Custódia nos últimos dias e onde as atenções foram concentradas no papel e na missão dos franciscanos

pelo próximo triênio na Terra Santa. Uma reflexão que exortou os presentes a anunciar a todos Cristo Ressuscitado: “Ainda se o nosso anúncio para os céticos pareça uma ilusão fruto de uma alucinação, para os materialistas um absurdo impossível de se realizar e de verificar e para outros até mesmo uma loucura. Não importa! Continuamos a anunciar, porque não há outro anúncio que possa dar pleno sentido e cumprimento à vida da humanidade e de cada pessoa em particular”. Com estas palavras o Custódio concluiu a homilia e simbolicamente abriu um triênio sob a bandeira de uma renovada missão pastoral para toda a fraternidade franciscana. Filippo De Grazia SITE DA CUSTÓDIA DA TERRA SANTA

No dia 9 de julho, o Capítulo renovou os encargos custodiais, nomeando um novo vigário e os novos conselheiros pelos próximos três anos: Vigário Custodial: Frei Ibrahim Faltas Conselheiros para: Grupo linguístico Anglofono: Frei John Luke Gregory Grupo Itálico: Frei Alessandro Coniglio Grupo oriental: Frei Rashid Mistrih Grupo Grego-Eslavo, Franco-alemão: Frei Sandro Tomasevic Grupo Hispano-português: Frei Silvio De La Fuente


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Papa Francisco volta a Assis em setembro. Confira as sete “visitas franciscanas”.

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omo parte do programa “Economia de Francisco”, o Pontífice estará em Assis no dia 24 de setembro para um evento que olhará de forma particular para os jovens. O Santo Padre chegará à cidade da Úmbria por volta das 9h30 e será recebido por três jovens participantes da iniciativa, pelo prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny, pelo arcebispo de Assis-Nocera e bispo de Foligno, Dom Domenico Sorrentino, pelas autoridades civis, e pelo economista Luigino Bruni, um dos promotores da “Economia de Francisco” junto com a irmã Alessandra Smerilli, e a doutora Francesca Di Maolo. Em seguida, o encontro do Papa com os jovens.

Conexão com o pensamento Franciscano - Todas as visitas

É notável que existe uma proximidade entre as ideias do atual Papa com os pensamentos franciscanos, principalmente com São Francisco de Assis e Santa Clara de Assis que, mesmo em uma época diferente, pregavam o amor e a fraternidade. Veja abaixo as visitas do Papa Francisco e sua conexão com o Pobrezinho de Assis.

2022 - Economia de Francisco

O Papa voltará a Assis, no dia 24 de setembro deste ano, para o evento “Economia de Francisco”.

2021 - Dia mundial dos pobres

Por ocasião do Encontro de oração e testemunho da quinta edição do Dia Mundial dos Pobres, o Papa Francisco foi a Assis no dia 12 de novembro de 2021. Depois de ouvir os testemunhos de alguns presentes e do momento especial de oração, o Papa dirigiu algumas palavras aos presentes.

2020 - A Fratelli Tutti

Sobre o túmulo de São Francisco de Assis, que viu a fraternidade em cada criatura de Deus e a transformou em um canto sem tempo, nasceu nova etapa do Magistério do Papa, que escolheu carregar o nome do Santo da Úmbria. Depois da “Lumen fidei” (2013) e “Laudato Si’” (2015) – que ecoa no título o início do Cântico dos Cânticos – desta vez é a cidade do Pobrezinho que batizará a terceira Encíclica “Irmão todos…”, que o Papa assinou na tarde do dia 3 de outubro de 2020.

2019 - Greccio

O Papa Francisco lançou no dia 1º de dezembro de 2019, em Greccio, lugar onde São Francisco fez o primeiro presépio, a Carta Apostólica “Admirabile signum” que retoma a origem, os símbolos e significados presentes no presépio. Greccio, uma pequena cidade italiana com pouco mais de 1.500 habitantes, fica na região do Lazio, na província de Rieti, e a cerca de 60 Km de Roma.

2016 - 800 anos do Perdão de Assis

O papa Francisco chegou no dia 4 de agosto de 2016 à terra de São Francisco de Assis, na região italiana da Úmbria, onde nasceu e viveu o santo dos pobres e que

inspira seu papado. “Vamos pedir a São Francisco que interceda por nós, para que jamais renunciemos a ser sempre sinais humildes de perdão e instrumentos de misericórdia”, acrescentou diante das pessoas aglomeradas ante a basílica de Santa Maria dos Anjos. A peregrinação a Assis durou poucas horas e foi organizada por ocasião dos 800 anos do chamado “Perdão de Assis”, uma indulgência particular obtida por São Francisco.

2016 - Dia Mundial de oração pela Paz

Em 20 de setembro de 2016, o Pontífice retornou novamente à cidade italiana de Assis – depois de sua visita em 4 de agosto – para participar do encerramento do Dia Mundial de Oração pela Paz, promovido pela Comunidade de Santo Egídio, em colaboração com as Famílias Franciscanas e a Diocese de Assis.

2013 - Visita pastoral Aa Assis

O Papa Francisco defendeu no dia 4 de outubro 2013, ao chegar em Assis, cidade do santo que inspirou a escolha de seu nome ao ser eleito Papa, no dia 13 de março de 2013, uma igreja solidária com os deficientes e as pessoas marginalizadas, um dia depois da morte de centenas de imigrantes em Lampedusa. comunicações

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Frei Paulo Limper 08.07.1941

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+ 28.06.2022

os 80 anos, faleceu Frei Paulo Limper, no dia 28 de junho, na Fraternidade São Francisco de Assis, de Bragança Paulista (SP). Ele foi sepultado no dia 29 de junho, no Cemitério do Santíssimo Sacramento, em São Paulo (SP). Frei Paulo nasceu em 8 de julho de 1941, na cidade de Altenhunden (Alemanha) e fez sua Primeira Profissão na Ordem dos Frades Menores em 3 de maio de 1964. Foi ordenado presbítero no dia 14 de dezembro de 1968. Frade da Província Franciscana de Santo Antônio, com sede em Recife, PE, ele pediu sua transferência para a Província Franciscana da Imaculada Conceição em 7 de fevereiro de 1991.

Vocacionado da Provínca de Santo Antônio

Frei Paulo Limper nasceu numa família numerosa (salvo engano de 12 irmãos). No batismo recebeu o nome de Paulo e seu irmão gêmeo se chamava Pedro. Já como vocacionado frequentou o colégio dos franciscanos da Província de Santo Antônio (Recife) na Alemanha em Bardel. Concluído o segundo grau, entrou no noviciado em Bardel. Enquanto a Província da Imaculada (São Paulo) trazia os vocacionados para concluir o segundo grau em Agudos, SP, e fazer o noviciado em Rodeio, SC, a Província de Santo Antônio acolhia os noviços em Bardel. No noviciado (1963/64) recebeu o nome de Lourenço (que mais tarde trocou novamente pelo nome de batismo). Após o noviciado, veio ao Brasil para iniciar os estudos de Filosofia e Teologia em Salvador da Bahia. Naquela época seu tio, Frei Martin Limper, era Ministro Provincial. O frade estudante de Filosofia, Frei Paulo, teve grandes dificuldades de se adaptar ao clima do Nordeste. Por isso, seu tio entrou em contato com o Ministro Provincial da Imaculada pedindo a possibilidade de Frei Paulo cursar os estudos na Província da Imaculada. Assim, Frei Paulo veio a Curitiba para o estudo da Fi-

losofia. Provavelmente dado aos esquemas escolares da Europa e do Brasil, ele entrou imediatamente no segundo ano de Filosofia. Neste tempo nasceu uma amizade entre ele e Frei Estêvão Ottenbreit, estudante do primeiro ano de Filosofia. Amizade alimentada pela paixão comum pelo presépio. Começaram neste período as exposições de presépios que hoje felizmente são realizados em muitos lugares da Província. Frei Paulo seguiu, então, para Petrópolis, RJ, para o curso de Teologia. Desde 1966, os frades alemães, ao término do terceiro ano de Teologia, podiam retornar à Alemanha para a Ordenação sacerdotal. Foi o que Brasil para absolver o quarto ano de teologia. Sua Província lhe proporcionou na Alemanha um ano de ciências religiosas. Em seguida trabalhou na Fraternidade de Mettingen (Província Santo Antônio) como professor de religião nas escolas do município. Foi neste momento que se manifestou a doença da dependência do álcool que o levou a viver momentos muito difíceis e deprimentes. É digno de ser mencionado porque Frei Paulo é um exemplo de superação. Por muitos anos esta doença o afligiu até, enfim, vencê-la totalmente. Durante os últimos quase 20 anos de sua vida celebrava a Eucaristia com suco de uva porque qualquer gota de álcool podia ser fatal. Sentindo-se, ainda que subjetivamente, abandonado pela sua Província, trabalhou em diversas paróquias de várias dioceses. Frei Estêvão, dado o interesse comum, mantinha continuamente contato com ele. Quando Frei Estêvão foi eleito Ministro Provincial e quando a então Província de Fulda ofereceu um convento perto do aeroporto de Frankfurt, Frei Paulo manifestou o desejo de ser acolhido na Província da Imaculada. Como a Província precisava de um guardião e um pároco para a nova casa em Kelkheim (em substituição gradativa do nosso convento longínquo em Xanten/Moermter), seu pedido foi acolhido pelo Definitório Provincial e ele foi nomeado guardião e pároco.

Infelizmente, este plano não deu certo. Depois de alguns anos, Kelkheim foi devolvido à Diocese de Limburg. Por dois motivos: os confrades de Xanten resistiram e Frei Paulo não se sentia bem no papel de administrador. Seguiu-se outra crise “braba’” na vida do Frei Paulo. Dado o bom relacionamento com o bispo diocesano, recebeu a moradia em Johannisberg com a possibilidade de ajudar pastoralmente nas paróquias vizinhas. Depois de quase dois anos de grave crise em todos os sentidos, se reprendeu e viveu provavelmente os anos mais felizes de sua vida e de seu sacerdócio. Livre de qualquer afazer administrativo, ele foi verdadeiramente um pastor de mão cheia. Era muito estimado pelos fiéis pela sua capacidade de reservar tempo e de ouvir a cada um. Além disso, era muito acolhedor. Acolhimento que muitos dos nossos frades puderam experimentar. Como Frei Estêvão assinava em nome da Província da Imaculada os contratos com a diocese de Limburg, ele em fim de 2017 foi avisado que o confrade sofria sintomas de Alzheimer. Em janeiro de 2018, Frei Estêvão foi falar com Frei Paulo sobre o seu futuro. Nunca mais se falava da possibilidade de voltar ao Brasil. Certamente se devia procurar uma solução na Alemanha. Solução que teria o seu alto preço. Conversa vai, conversa vem, numa certa altura Frei Estêvão perguntou: o que você imagina? Frei Paulo pensou e devolveu a pergunta: o que você pensa? Frei Estêvão replicou espontaneamente: voltar ao Brasil. Frei Paulo então imediatamente consentiu dizendo: então vamos fazer isso. E assim foi feito. A despedida de Frei Paulo foi emocionante. Representantes da diocese e principalmente o povo fiel da região compareceram em massa. Os últimos anos viveu em nossa casa em Bragança Paulista, acompanhado e cuidado pelos confrades e enfermeiros, até o dia em que partiu para sempre para alegrar-se agora eternamente com o Salvador, nascido na manjedoura de Belém.


Aggenda 2022

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

AS ALTERAÇÕES E ACRÉSCIMOS ESTÃO DESTACADOS EM VERMELHO.

AGOSTO

17 e 18 – Encontro Ampliado da Frente da Educação (Campo Largo, PR) 22

– Reunião do Conselho da Formação e Estudos (on-line)

17 – Profissão Solene (Petrópolis, RJ) 19 e 20 – Encontro do Regional Vale do Itajaí e Leste Catarinense

19 e 20 – Encontro do Regional

23 – Reunião do Conselho de

São Paulo (Agudos, SP)

30 a 01 – Reunião do Definitório Provincial (São Paulo, SP)

Espírito Santo

Evangelização (on-line)

SETEMBRO

05 a 08 – Retiro e Encontro Under Ten (Guaratinguetá, SP)

10 e 11 – X Caminhada

Franciscana das Juventudes (Guaratinguetá, SP)

15 a 30

– Encontros ampliados das Frentes de Evangelização (presencial ou on-line)

17 Missa Solene pelo aniversário de 375 anos de fundação do Convento São Francisco

19 e 20 – Encontro do Regional

– Reunião do Conselho de Evangelização (Petrópolis, RJ) – Encontro do Regional Rio de – Encontro do

Regional Frei Bruno

28 e 29 – Reunião do

Conselho das Juventudes (on-line)

28 a 30

– Encontro do

20 e 21

– Reunião da Coordenação da Formação Inicial (Guaratinguetá, SP)

22 a 25

– Festa de Frei Galvão

NOVEMBRO

07 a 10 – Fórum da Evangelização (Agudos, SP) 11 a 14 – Reunião do Definitório

Janeiro

26 e 27

03 e 04

Regional Curitiba

(Guaratinguetá, SP)

22 e 23 26

OUTUBRO

– Encontro da Frente da Solidariedade para com os Empobrecidos/JPIC (Campo Largo, PR)

Provincial (Agudos, SP)

15

– Encontro Recreativo do Regional Rio de Janeiro (Duque de Caxias, RJ)

28 e 29 – Encontro Recreativo do Regional Frei Bruno

DEZEMBRO

03 a 05 – Encontro Recreativo do Regional Curitiba

05 – Encontro Recreativo do Regional Vale do Itajaí e Leste Catarinense 08

– Abertura do Ano Vocacional

JANEIRO 2023

10 – Primeira Profissão dos Noviços (Rodeio, SC) 15 – Admissão ao Noviciado (Rodeio, SC) FEVEREIRO 2023

09 a 14 – Visita do Ministro Geral à Província no Brasil SETEMBRO 2023

07 a 10 – Fórum da Formação

e Estudos


O

Jubileu de 2025

desenho de Giacomo Travisani foi escolhido como logotipo do próximo Jubileu, que terá lugar em 2025. Segundo o autor, imaginou todas as pessoas avançando juntas, “graças ao vento da Esperança que é a Cruz de Cristo e o próprio Cristo”. O logo mostra quatro figuras estilizadas para indicar toda a humanidade dos quatro cantos da terra. Cada uma delas abraçando-se mutuamente, indicando a

solidariedade e a fraternidade que deve unir os povos. A primeira figura está agarrada à Cruz. As ondas subjacentes são agitadas para indicar que a peregrinação da vida nem sempre se faz em águas calmas. A parte inferior da Cruz é alongada, transformando-se numa âncora, que domina o movimento das ondas. As âncoras com frequência são usadas como metáforas de esperança. A imagem mostra como a viagem do peregrino não é individual,

mas sim comunitária, com os sinais de um dinamismo crescente que se move cada vez mais em direção à Cruz. Um Jubileu é “ordinário” se celebrado após o período habitual de 25 anos, e “extraordinário” quando é proclamado por algum evento notável. O último Jubileu ordinário teve lugar no ano 2000 durante o pontificado do Papa São João Paulo II. Em 2015, o Papa Francisco proclamou um Ano Santo Extraordinário de Misericórdia.


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