Com jun17

Page 1

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

| junho - 2017 | ANO LXIV • No 6 |

FRENTE DAS PARÓQUIAS reúne-se NO NORTE E NO SUL DA PROVÍNCIA


xxx Sumário Mensagem do ministro provincial

“Junho da fé”........................................................................................................................................................... 511

Formação permanente

“Sustentabilidade e cuidados com o meio ambiente”, artigo de Antoninho Caron........................................................................................................................ 346 “O santo Cardeal dos pobres”, artigo de JR publicado em revista alemã............... 349 Mensagem da Ordem Franciscana para o mês do Ramadã........................................... 350

Formação e estudos

Xaxim: Frei Vanderlei no serviço diaconal....................................................................................... 352 Dom Luiz Flávio Cappio no itf: Um testemunho de vida................................................. 356 Postulantado: Luau Mariano e exposição de imagens de Nossa Senhora........... 360

FraternidadeS

Dia das Mães no Convento da Penha................................................................................................ 361 Frente das Paróquias se reúne em Petrópolis e Rondinha................................................ 362 Retiro reúne benfeitores do PVF em Agudos.............................................................................. 364

Sav

Jovens celebram Tríduo Pascal no Eremitério de Rodeio................................................... 371

Especial 100 anos de fátima

Intensa visita do Papa a Fátima............................................................................................................... 372 Francisco e Jacinta Marto canonizados............................................................................................ 376 A oração do Papa a Nossa Senhora .................................................................................................... 378

Evangelização

Celebração da Páscoa na usf.................................................................................................................. 380 Sefras: Seminário discute moradia para o povo de rua........................................................ 382 Rádio Coroado na frequência fm......................................................................................................... 383

Definitório provincial

Notícias da reunião em Agudos............................................................................................................. 384

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES

Liturgia perde dois referenciais neste início de ano................................................................ 389

Missões Franciscanas da Juventude no Rio Grande do Sul.............................................. 390 OFS: Homenagem ao centenário Paulo Machado.................................................................. 391

cffb

Ofm

“Quinhentos anos depois”, artigo de Frei Luiz Iakovacz....................................................... 392 “São Boaventura” nasce da unificação das Províncias de Lazio e Abruzzo............ 394 Presidentes das Conferências se reúnem com Governo Geral...................................... 395 Ministro Geral visita províncias do Cone Sul................................................................................. 396 Ordem dos Frades Menores em números..................................................................................... 397

Falecimento

Falece “Irmã Sorriso” aos 82 anos......................................................................................................... 398

Agenda .......................................................................................................................................................... 400 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP | www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br


Mensagem

Caríssimos irmãos e irmãs, O Senhor voz dê a Paz e todo o Bem! O calendário religioso do mês de junho se destaca por solenidades e festas que normalmente exigem muita unção de todos nós porque o povo de Deus celebra estas festas solenes com muita fé e devoção. Estas festas envolvem um número significativo das nossas fraternidades, particularmente as paróquias, santuários e centros de atendimento.

Pentecostes No dia 04 de junho celebramos a Solenidade de Pentecostes. Mais uma vez somos convidados a abrir o coração para acolher o sopro renovador de Cristo, como na manhã da Ressurreição e de Pentecostes: “Recebei o Espírito Santo”. O mesmo Espírito que foi dado, também nos envia em missão para difundir no “mundo universo” a linguagem do “amor Daquele que muito nos amou”. Hoje, infelizmente, a humanidade encontra-se não diferente daquela situação relatada no Antigo Testamento, isto é, a dos construtores da ‘torre de Babel’. Impera entre nós a Babel da prepotência e da ganância com a sua linguagem confusa, desconectada e não-compreensível;

a Babel da injustiça, sem ética e verdade; a Babel da escravidão imposta por aqueles que, sem escrúpulos, apenas desejam usufruir do sangue alheio; a Babel da indiferença, da intolerância e da exclusão das pessoas mais pobres, etc. Pentecostes é a festa da comunhão e da unidade, do entendimento e da verdade, da pluralidade e do respeito, da união das nações e das culturas. Que o Divino Espírito Santo renove em cada um de nós o vigor apostólico para sermos mensageiros da paz, da reconciliação e construtores da unidade.

Santíssima Trindade No dia 11 de junho, em comunhão com toda a Igreja, somos convida-

dos a contemplar a Unidade Divina no Mistério da Santíssima Trindade e a sua presença ativa na história da salvação: “Ao Pai atribui-se a criação do mundo e do homem. Ao Filho, a restauração ou salvação. E ao Espírito Santo, a santificação ou a plenificação da vida” (A. Beckhäuser). Como entender que somos criados à imagem e semelhança de Deus quando, na condição de irmãos/irmãs e filhos/filhas de um único Criador, geramos entre nós tantas desigualdades, abismos étnicos, religiosos, econômicos, políticos e sociais? É muito atual a reflexão de São Francisco de Assis, em sua Admoestação: “Considera, ó homem, a que excelência te elevou o Senhor, criando-te e formando-te segundo o corpo à imagem do seu dileto Filho e, segundo o espírito, à sua própria semelhança” (Adm 5.1). E mais: contemplando a nossa Mãe-Terra, criada no amor do mistério da Trindade (“Ele viu que era bom”), constatamos que também ela “geme como que em dores de parto”, enquanto a humanidade se esquece que também ela é “barro” (cf. Laudato Sí, nº 2). Na mesma Admoestação o Junho / 2017 [Comunicações]

343


Mensagem Santo de Assis escreve: “Entretanto, as criaturas todas que estão debaixo do céu, a seu modo, servem e conhecem e obedecem ao seu Criador melhor do que tu.... quando te deleitas em vícios e pecados” (Adm. V, 2-3). Que a nossa vida possa ser uma perene oração de Ação de Graças ao Mistério da Trindade, rezada e transformada em prática na vida de São Francisco: “Ó Santíssimo Pai nosso: Criador, Redentor, Salvador e Consolador” (Paráfrase 1). Confessar isso é acreditar que em cada um de nós, criados à imagem e semelhança de Deus, existe unidade (somos únicos) e a multiplicidade (somos comunhão no amor).

por terra e permaneça a única verdade daquilo que o ser humano é na verdade de Deus. Santo Antônio nos diz que a “mentira reside na língua, o roubo na mão, as extorsões no coração”. Não adianta ter uma aparência hipócrita pois esta “hipocrisia se assemelha ao pavão: ao ser provocado pelas crianças, mostra o esplendor das suas penas e, quando faz rodar a cauda, descobre torpemente o traseiro”. Enfim, ensina-nos Santo Antônio: “Onde houver justiça, aí haverá sabedoria, e onde houver sabedoria, aí está o paraíso”.

Corpus Christi Santo Antônio Além dessas quatro Solenidades do mês de junho, não podemos omitir o santo mais popular da alma do nosso povo: Santo Antônio de Pádua (ou de Lisboa). Que a voz profética do santo casamenteiro, o santo do pão dos pobres, mais do que nunca, ecoe na consciência dos que atualmente dirigem as nações, particularmente o nosso Brasil, em vista de uma justiça que é fruto da verdade, de palavras que se transformem em obras: “Sessem, portanto, os discursos e falem as obras”. Estamos saturados de palavras, e vazios de obras. E ainda, que as máscaras das inverdades proclamadas caiam

344

[Comunicações] Junho / 2017

A Festa de Corpus Christi, que neste ano celebramos do dia 15 de junho, é em primeiro lugar um desdobramento da instituição eucarística da Quinta Feira Santa. Nele professamos o mistério da fé na presença real do Senhor que se faz presente todos os dias no mistério da Eucaristia. É o Senhor, como diz São Francisco, que “vem diariamente a nós sob a aparência humilde; todos os dias desce do seio do Pai sobre o altar, nas mãos do sacerdote” (Adm 1,17), atualizando para nós o memorial de sua Morte e Ressurreição. As belíssimas procissões ou Horas Santas querem recordar que a Eucaristia é por excelência o novo “Maná” que alimenta o Povo de Deus na sua caminhada à Terra Prometida. São

Francisco de Assis nos oferece uma orientação precisa neste caminhar espiritual, onde o mistério do Corpo do Senhor só é compreensível se contemplado sob o ocular da fé (ver e crer): “Assim também nós, vendo o pão e o vinho com os nossos olhos corporais, olhemos e creiamos firmemente que está presente o santíssimo Corpo e Sangue vivo e verdadeiro. E desse modo o Senhor está sempre com os seus fiéis, conforme Ele mesmo diz: Eis que estou convosco até a consumação dos séculos” (Adm 1, 21-22). Esta fé (ver com os olhos corporais e crer com os olhos do espírito) na presença sacramental do Corpo do Senhor na Eucaristia nos remete a dois cenários dos Evangelhos: a multiplicação dos pães e a escola do Cenáculo onde Jesus celebrou a última Ceia. Com isso quero dizer que a Festa de Corpus Christi, mais que um olhar pietista e emotivo a um ostensório ou custódia, é provocação para ver e crer nos sinais sacramentais que estão na extensão e irradiação do Pão-Sacramento do Altar: a dor, a compaixão e a sensibilidade para com todas as fomes da humanidade; a ousadia da partilha fraterna para dar de comer; o não desperdício de alimentos (recolher as sobras); a páscoa-passagem do individualismo para o ardoroso desejo de estar com o irmão e a fraternidade; o exercício da humildade no inclinar-se para o lava-pés e a cura das feridas mediante o amor generoso; a transparência da sincera amizade que se opõe aos gestos traidores dos ‘Judas Iscariotes’ do nosso tempo, obcecados pelo poder da barganha do dinheiro; a mesa comum na renovação de alianças com princípios éticos e morais; as recordações históricas de verdades libertadoras que contrastam com a tirania da cultura opressora; etc. O Corpo do Senhor vem desse jeito ao nosso encontro e assim conosco per-


Mensagem manece até o fim dos tempos.

nos alerta: “Onde está o teu tesouro, aí também estará o teu coração” e ainda: é do coração que precede .....! Quais os valores que hoje cultivamos de coração na nossa vida consagrada. Não nego que com muita frequência o bendito ‘esterco do diabo’ depositado no coração fecunda todas as formas de ‘ervas daninhas’.

Sagrado Coração de Jesus Esta solenidade que celebramos no dia 23 de junho, nos remete a todas as manifestações do amor de Cristo que passou pela vida fazendo o bem. Nós, cada vez que se desejamos visualizar um sinal do amor, com frequência usamos o símbolo do coração. Também Deus, para manifestar a grandeza do seu amor, serviu-se do Sagrado Coração de Jesus que, ao ser traspassado por uma lança na cruz, abriu-nos a janela para observarmos mais de perto a radicalidade desse amor vivido até as últimas consequências, como sinal de fidelidade e de obediência àquele que é o Amor. O amor do coração de Jesus, por sua vez, também exige uma resposta de amor. Celebrar o Sagrado Coração de Jesus é penetrarmos por essa janela transpassada pela lança a fim de sentirmos no nosso coração as mesmas palpitações do coração de Jesus. Um coração manso e humilde que chora a dor da morte e se compadece diante dos famintos e sedentos de justiça; um coração que se inquieta diante da dureza de coração da falsa legalidade e injustiças cometidas; um coração que sente a fome dos famintos e que se despe para vestir quem está nu; um coração que se compadece e usa de misericórdia a quem misericórdia e perdão procura. Angustia-me a sensibilidade do coração de Jesus quando, nos nossos dias, somos tão cruéis e insensíveis de coração! Jesus

tentes deste mundo; seu nascimento inquieta os sedutores palacianos que, em troca de deleites e bem-estar, compram ou negociam o sangue dos pobres e assassinam os profetas; o que nasceu para apontar à humanidade a verdadeira Luz intranquiliza a tendência ao individualismo das pessoas que invejam o foco de luz sobre a pessoa do outro. O Papa Francisco nos disse que, como os grandes profetas, São João Batista nos ensina a sermos profetas, isto é, aqueles “que se fazem voz de Deus para os outros, aqueles que se abaixam para que Deus apareça por intermédio deles”.

São João Batista O precursor de Jesus Cristo, celebrado no dia 24, enriquece a liturgia e as festividades populares neste mês de junho. O Papa Francisco indicou três verbos ao falar da vocação do maior entre todos os profetas e também nos disse que é esta a nossa vocação cristã: “preparar”, “discernir” e “diminuir”. Preparar a vinda do Senhor e preparar o coração do povo; discernir quem seja o Senhor para proclamar e indicar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Diminuir para que o Senhor cresça: “É preciso que Ele cresça e que eu diminua”. É este um exercício árduo porque implica num morrer para nós mesmo, e fazer Jesus crescer em e entre nós. A Natividade de João Batista é a festa daquele de veio para apontar aos homens e mulheres de todos os tempos o mistério da presença do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O profetismo de João Batista é muito atual se confrontado com as atitudes do ser humano. A natividade de São João Batista provoca a arrogância dos prepo-

São Pedro e São Paulo E não podemos encerrar o mês de junho sem fazer memória dos Apóstolos São Pedro e São Paulo. Que estes dois grandes mestres das origens da Igreja Cristã Primitiva, seja pela fé e pregação como pelo zelo missionário, nos ensinem, como nos admoesta o Papa Francisco, “que uma Igreja em oração é uma Igreja de pé, sólida e em caminho”! E oremos pelo nosso Santo Padre, como ele constantemente nos interpela, pela sua árdua missão: “Vai, Francisco, restaura a minha Igreja”. Que o Senhor nos abençoe e nos guarde! Fraternalmente, Frei Fidêncio Vanboemmel Ministro Provincial

Junho / 2017 [Comunicações]

345


Formação Permanente

SUSTENTABILIDADE

E CUIDADOS COM O MEIO AMBIENTE

E

Antoninho Caron*

ste artigo tem como objetivo estimular reflexões sobre sustentabilidade e cuidados com o meio ambiente. A análise da temática envolve questões da globalização e meio ambiente; sustentabilidade e gestão empresarial; sustentabilidade e consumo; ética e sustentabilidade.

1. Globalização e Meio Ambiente

A expressão Desenvolvimento Sustentável foi popularizada pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento no início da década de 80 e passou a ser incluída nas preocupações das organizações mundiais industriais, de prestação de serviços e sociais. Este conceito é definido no relatório da Comissão Brundtland como “um processo de transformação econômica e social no qual a explora-

346

[Comunicações] Junho / 2017

ção de recursos naturais, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais devem harmonizar-se para reforçar e preservar o potencial econômico, ambiental e social, presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas.” As rápidas, intensas e frequentes transformações vivenciadas pela sociedade capitalista de produção e consumo após a Segunda Guerra Mundial provocaram profundas mudanças no modo de produção e consumo. As intensas campanhas publicitárias a serviço do poder econômico estimularam a valorizar as pessoas pelo seu poder de compra e modo de consumir, e não pela essência do ser e da valorização do sentido e razão da existência dos indivíduos em sociedade. A busca desmedida por lucros impulsiona as grandes corporações para um processo de globalização das eco-

nomias, objetivando a reprodução capitalista do lucro, o controle das fontes de matérias primas e fontes de energia e a exploração desmedida dos recursos naturais que deveriam estar à disposição da melhoria da qualidade de vida de todos e não de grupos privilegiados. Esse processo conduz à exploração predatória dos recursos naturais, à contaminação do ar, da água e ao desperdício e destruição do meio ambiente; influenciando também, de forma negativa e equivocada, o pensamento e o comportamento dos indivíduos em sua forma de consumir bens e serviços. É necessário e urgente impor limites a este capitalismo selvagem para que um novo paradigma de produção e consumo possa surgir, com base no uso racional dos recursos naturais, com avanços científicos e tecnológicos em prol da melhoria das condições de vida de toda a humanidade. Conhecer e dominar a natureza em favor de todos.


Formação Permanente 2. Sustentabilidade e Gestão Empresarial

A gestão sustentável envolve questões de crescimento das receitas e do acesso aos mercados, da redução dos custos e do aumento da produtividade, da gestão de riscos e da valorização do capital humano e intelectual, da preservação e renovação de recursos e da criação de valores e riquezas para a sociedade. As empresas, em geral pensam a gestão sustentável como um processo estratégico para aumentar o lucro dos proprietários, acionistas, trabalhadores, e desenvolver melhores produtos e serviços que atendam às necessidades dos clientes e consumidores. Mas, é fundamental fortalecer reflexões e estratégias de ação para não destruir ou desperdiçar os recursos naturais, nem deteriorar o meio ambiente. A promoção do ser humano e a valorização dos talentos e competências dos indivíduos são deveres vitais para que haja melhoria nas condições de vida dos cidadãos, benefícios para as empresas e para a sociedade. A gestão sustentável está na capacidade de a empresa analisar o meio ambiente no qual se insere, identificando quais são as oportunidades

e ameaças desse meio e quais são as competências e capacidades disponíveis na empresa para superar os concorrentes nos diferentes modos de atender o cliente, permitindo-lhe crescer e progredir de maneira sustentável. Neste sentido, é um processo de mudanças e melhorias contínuas. Sachs considera alguns elementos fundamentais para o desenvolvimento sustentável: a) satisfação das necessidades básicas dos consumidores; b) solidariedade com as gerações futuras; c) comprometimento e participação da sociedade; d) preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; e) sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito às culturas; e) programas de educação que, ao trazerem o conhecimento, libertem o ser humano da escravidão da ignorância e da dependência. Conclui-se, portanto, que a sustentabilidade da empresa é dada pela sua capacidade de acompanhar os movimentos progressivos de cada época e agir no seu tempo, promovendo, interpretando e incorporando as mudanças na atividade econômica empresarial via geração de novos produtos e serviços com maior valor agregado.

3. Sustentabilidade e Consumo

Há um consenso de que o modelo econômico vigente de apropriação dos recursos naturais gera de um lado concentração de renda e riquezas e de outro, miséria, pobreza e degradação ambiental. Como consequência a sociedade atual vive um processo intenso de mudanças e transformações, de conflitos de interesses e de busca por um novo pacto de sobrevivência e desenvolvimento. Mahatma Gandhi (1869-1948) ao criticar o modelo de crescimento econômico praticado pelas nações ricas, afirmava que a Terra teria recursos suficientes para todas as necessidades do homem, desde que essas necessidades representassem o consumo necessário para a sobrevivência humana. Seu pensamento já alertava a humanidade para os riscos de destruição do planeta e seus ensinamentos eram no sentido de que todos deveriam estar conscientes de que ao satisfazerem essas necessidades estariam, de fato, exercendo uma responsabilidade social, política e moral que vai muito além dos interesses individuais de cada cidadão. Hoje, a crescente percepção social do impacto ambiental dos atuais

Junho / 2017 [Comunicações]

347


Formação Permanente

padrões de produção e consumo, não só ratifica as afirmações de Gandhi como impõe a urgência de se praticar um novo modo de consumo sustentável que assegure às gerações presentes e futuras o acesso a bens e serviços, de forma econômica, social e ambientalmente sustentável. O problema ambiental não está na quantidade de pessoas que existem no planeta e que necessitam consumir os recursos naturais para se alimentar, vestir e morar. Mas no excessivo consumo desses recursos por uma pequena parcela da humanidade, que concentra renda e riqueza comprometendo o acesso à cultura, educação

e consumo do mínimo necessário aos menos favorecidos. O que esta minoria privilegiada precisa compreender, no entanto, é que durante o processo de extração e produção, consumo e descarte, as ações praticadas pelo homem contemporâneo afetam direta ou indiretamente comunidades inteiras em diferentes países. A maior parte delas, certamente, longe dos olhos de quem produz e consome. Vive-se um tempo em que é urgente a mudança do paradigma econômico, político, ético e moral. A sociedade atual compartilha tempos de aflições, insatisfações, incertezas,

instabilidades e frustrações em relação ao seu ideal de nação e qualidade de vida. A sociedade atual está em busca de um novo paradigma de desenvolvimento, crescimento e consumo. Trata-se de causas, aflições, dores e soluções compartilhadas, construídas com equidade, justiça social e respeito aos interesses e ao bem comum dos diferentes povos e de toda a humanidade. O desenvolvimento sustentável é uma necessidade presente e futura e seu alcance depende em grande parte das mudanças a serem introduzidas nas formas atuais de produção e consumo de bens. A busca de condições sustentáveis para o meio ambiente deve ser uma responsabilidade compartilhada entre produtores, consumidores, cidadãos e organizações públicas e privadas. * Antoninho Caron é doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003). Mestre em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Federal do Paraná (1997) e Graduação em Administração de Empresas pela Faculdade Católica de Administração e Economia (1972). Diretor dos Programas de Pós-Graduação da FAE Centro Universitário (2013-2015). Atualmente é Professor Associado da FAE Centro Universitário nos cursos de Graduação e Pós-Graduação.

348

[Comunicações] Junho / 2017


Formação Permanente

O Santo Cardeal dos Pobres

F

aleceu Paulo Evaristo Arns, um dos mais importantes líderes eclesiásticos dos tempos de hoje. Um dia ele foi bispo da maior cidade industrial, de São Paulo, no seu todo. No tempo terrível da ditadura, militar conduziu os fieis desta metrópole como um pastor verdadeiro. Resistiu aos poderosos abertamente. As Comunidades de Base, ele as ajudou a fundar e desenvolver. Elas floresceram, não somente porque se formaram “de baixo”, mas também porque nele tiveram um forte protetor “de cima”, que como Franciscano permaneceu modesto, mas como Cardeal serviu-se com instintiva segurança de sua autoridade. A muitos desanimados ele devolveu a esperança, contra toda esperança. Agora Arns morreu de uma complicação multifuncional. Os últimos anos viveu em São Paulo, recolhido numa comunidade religiosa, fundada por ele. Quem o “descobriu” foi Paulo VI, aquele Papa que hoje é identificado unilateralmente com a encíclica “Humanae Vitae” e o veto contra os anticoncepcionais. Mas Paulo VI tinha grande sensibilidade pela pobreza: ansiava pelo progresso necessário e o desenvolvimentos dos povos, que foi o tema de uma de suas encíclicas. Ele pressentiu que o futuro da Igreja Católica em grande parte se decide na América do Sul. Arns foi um Teólogo da Libertação de corpo e alma, uma personalidade prudente e decidida, que não politizava, mas que entendia tanto de política como de trabalho social. Ele sabia que

a eficiência deste trabalho depende de uma forte união espiritual com Cristo. Paulo Evaristo Arns foi um bispo altamente intelectual; alguém que não perdeu de vista a base racional da fé: cura de almas que ao mesmo tempo cuidava de um sólido fundamento intelectual da fé. De certo modo era um Franciscano jesuíta, assim como o Papa atual é um Jesuíta franciscano. O jeito “alemão” de pensar e agir analiticamente foi lhe dado de berço, porque era descendente de imigrantes alemães da região da Mosela. Com 18 anos entrou na Ordem Franciscana e mais tarde estudou na Sorbonne. Com 49 anos tornou-se Arcebispo de São Paulo e não demorou para receber o Cardinalato. Sua irmã Zilda Arns, culta como ele, trabalhou como pediatra e desenvolveu um grande ser-

viço social. Junto com seu irmão sacerdote fundou a Pastoral da Criança no Brasil. O cardeal, entre outras coisas, se engajou muito para esclarecer a sorte daquelas crianças que durante a ditadura militar eram tomadas dos presos políticos, e adotadas por militares que não tinham filhos. Arns tinha organizado em sigilo um documentário sobre os crimes da ditadura militar brasileira. O livro “Brasil Nunca Mais” foi uma iniciativa sem par na tentativa de registrar as barbaridades do regime militar. Cardeal Arns era pedra de tropeço no melhor sentido. A classe alta se escandalizava com ele. Não foi fácil aceitar a ordem do Papa João Paulo II que dividia em muitas partes aquela diocese que era uma só, com o pretexto de melhor organização pastoral. Arns viu naquilo um desmonte de sua influência, o que era de fato. Com tudo isto ficou firme no seu sacerdócio com clara opção preferencial pelos pobres e aflitos de toda natureza, consolando, curando e encorajando. É um Santo verdadeiro, se bem que no momento já não seja muito conhecido, sobretudo entre a nova geração, até entre clérigos. Artigo que foi publicado na revista alemã CHRIST IN DER GEGENWART com data de 25 de dezembro de 2016. Tradução de Frei Adolfo Temme (o autor assina somente com J.R.)


Mensagem da Ordem Franciscana para o mês do Ramadã A nossos irmãos e irmãs muçulmanos em todo o mundo, As-salaamu ‘alaykum! Paz a todos! Em nome da Comissão Especial da Ordem dos Frades Menores para o Diálogo com o Islã, temos o prazer de expressar nossa saudação no início da celebração do Ramadã, um mês dedicado ao jejum, à oração e à esmola, honrando a Deus (SWT,2) e a revelação do Alcorão. Os frades franciscanos e muçulmanos têm uma história em comum que remonta há quase 800 anos, começando com o nosso fundador São Francisco de Assis. Seguimos nos inspirando no encontro de São Francisco e o Sultão al-Malik al-Kamil em 1219, um encontro baseado na paz, admiração mútua e respeito. Com este espírito, nós os saudamos. Durante este mês sagrado do Ramadã, nós os animamos e os apoiamos em seu jejum rigoroso. O jejum é

350

[Comunicações] Junho / 2017

uma prática prescrita a todos os filhos de Abraão (sobre Ele esteja a paz!) em nossos respectivos livros sagrados. Como religiosos na Igreja Católica, os frades praticam o jejum durante o tempo da Quaresma, que precede a nossa celebração da Páscoa, seguindo o exemplo de Jesus (sobre Ele esteja a paz!), que jejuou durante quarenta dias (Lucas 4, 2). O jejum que vocês realizam agora é um poderoso sinal de seu compromisso com a fé e obediência a Deus (SWT) assim como está escrito no Alcorão (al-Baqara, 183): “Chegarás a ser mais justo” e poderás glorificar Deus e seres grato (al-Baqara, 185). Seu jejum expressa nossa fome comum e sede de um relacionamento mais íntimo com Deus (SWT), na fé, perdão, justiça e paz. O Papa Francisco tem falado muitas vezes da união entre o jejum, a oração e a paz. No primeiro ano

de seu Pontificado, 7 de setembro de 2013, ele chamou todos os crentes do mundo a jejuar e orar pela paz na Síria, no Oriente Médio e em todo o globo terrestre. Este dia foi escolhido para coincidir com a celebração do nascimento de Maria, que tanto cristãos como muçulmanos honram como a mãe de Jesus. Cristãos católicos a chamam de “Rainha da Paz”. Hoje, muçulmanos e cristãos em todo o mundo sofrem discriminação, perseguição, guerra e violência. Como membros das duas maiores religiões do mundo, somos chamados, como irmãos e irmãs em Abrahaão (sobre Ele esteja a paz!), a darmos nossas mãos e corações para construir um mundo de paz e justiça. Ao quebrar o jejum no final de cada dia do Ramadã, expressam o valor de uma comunidade compartilhada, de reunir-se em torno da comida. Alimento que é compartilhado


Formação Permanente O Ramadã é o nono mês do calendário islâmico. Nesse mês, os muçulmanos jejuam durante o dia, rezam e celebram a revelação do Corão, o livro sagrado, ao profeta Maomé (SWT). As datas para o Ramadã de 2017 (ou 1438, segundo o calendário islâmico) é de 27 de maio a 25 de junho. O Ramadã é o período do ano mais importante para o mundo islâmico, quando faz-se o jejum de dia e a celebração da purificação à noite. O Ramadã é um mês de festividades e alegrias e as relações com a família são estreitadas, as orações se tornam mais intensas, assim como a caridade. O Ramadã é praticado durante todos os dias do mês, começando na alvorada e terminando quando o sol se põe. O jejum faz parte de um dos cinco pilares da religião islâmica. Os outros atos de adoração são a shahadah, que é a declaração de fé; salah, as cinco orações diárias; zakah, ou esmola; e o hajj, a peregrinação à Meca. RAMADAN KAREEN! (expressão em árabe para se desejar um ótimo mês) com todos para que todos possam se beneficiar da bondade generosa de criação de Deus. ‘Iftar, compartilhada com todos, que demonstra vivamente o que o Papa Francisco escreveu em sua encíclica sobre a Criação: “Precisamos fortalecer a consciência de que somos uma família humana. Não há fronteiras ou barreiras políticas ou sociais que nos permitam isolarmo-nos, e é por isso que não há espaço para a globalização da indiferença “(Laudato Sí, 52). Durante este mês, além de jejum, muitos de vocês também praticam o dever religioso do zakah, a caridade ou esmola, que se dá para o cuidado dos necessitados. Tal como acontece com o jejum. Cuidar dos pobres confiados a todos os filhos de Abraão é uma preocupação constante de todos os profetas de Deus (que a paz esteja com Eles!). Nos Salmos de Davi (que a paz esteja com Ele), ali lemos: “Defendam o pobre e o órfão, façam justiça ao humilde e ao necessitado” (Sl 82,3). Jesus (sobre Ele esteja a paz) diz no Novo Testamento: “Antes, deem em esmola o que vocês possuem, e tudo

ficará puro para vocês” (Lc 11,41). Hoje, há mais de 740 milhões de pessoas no mundo que vivem em extrema [1] pobreza. A maioria dessas pessoas vive na África e na Ásia, em países habitados por muçulmanos e cristãos. A pobreza não é uma questão sectária; é um problema humano para o qual condividimos a responsabilidade, independentemente da religião, raça, etnia e país de origem. Durante o período do Ramadã, vocês se dedicam devotamente à oração com especial atenção e frequência, superando a prática das cinco orações diárias. Os irmãos franciscanos, como homens de oração diária, valorizamos muito a grande devoção com que os nossos irmãos e irmãs muçulmanos buscam a oração. O Papa Francisco, recentemente, nos lembrou, citando o grande teólogo cristão Santo Agostinho, que o jejum e a esmola são “as duas asas da oração”, porque elas são sinais de humildade e caridade. (Homilia na Quarta-feira de Cinzas, 2017) Acima de tudo, o mês do Ramadã é o momento em que vocês celebram a revelação do Alcorão. Como “Povo do Livro”, nós também reconhecemos

que Deus (SWT) se comunica com a humanidade em Sua Palavra revelada aos profetas (sobre eles esteja a paz!). Durante mais de mil e quatrocentos anos, o glorioso Alcorão serviu de fundamento da vida muçulmana em muitas culturas e países, gerando uma grande devoção, erudição e obras sublimes de arte e arquitetura. Que continue inspirando grandes e santas ações e obras! Todos os franciscanos do mundo desejam um abençoado Ramadã! Ramadan Mubarak! Ramadan Kareem! Michael D. Calabria, OFM Manuel Corullón, OFM Ferdinand Mercado, OFM Jamil Albert, OFM Comissão Especial para o Diálogo com o Islã da Ordem dos Frades Menores (OFM) 22 de maio de 2017 1. Cf: https://ourworldindata.org/extreme-poverty/ 2. Sigla usada quando se menciona o nome do Senhor e se usa Subhanahu wa-ta’ala, que significa Glorificado e Exaltado sejas, recebendo a abreviação de SWT.

Junho / 2017 [Comunicações]

351


Formação e Estudos

Xaxim

FREI VANDERLEI NO SERVIÇO DIACONAL

P

ela primeira vez nos 77 anos da Paróquia São Luiz Gonzaga de Xaxim (SC), o povo xaxinense pôde participar de uma ordenação diaconal. Pela imposição das mãos Dom Odelir José Magri, da Diocese de Chapecó (SC), Frei Vanderlei Silva Neves, OFM, foi ordenado para o primeiro grau do sacramento da Ordem no domingo da Misericórdia, 23 de abril. Foi um dia histórico na imponente Matriz da pequena cidade do Oeste Catarinense! A igreja estava lotada com fiéis das mais de 50 comunidades da Paróquia. Confrades de toda a Província da Imaculada e padres diocesanos da região participaram da Celebração Eucarística.

“Aqui estou”

352

[Comunicações] Junho / 2017


Formação e Estudos

Após a proclamação do Evangelho do segundo Domingo da Páscoa (Jo 20, 19-31), o pároco Frei Alex Sandro Ciarnoscki chamou o ordenando para se aproximar do altar. Então, Frei Moacir Longo, da Fraternidade São José do Patrocínio de Coronel Freitas (SC), leu um pequeno histórico da vida de Frei Vanderlei. Em seguida, o Vigário Provincial Frei César Külkamp pediu a Dom Odelir a ordenação diaconal de seu confrade: “Reverendíssimo pai Dom Odelir, a Santa Mãe Igreja pede que ordeneis para o serviço de diácono este nosso irmão”. E o bispo interrogou o Vigário Provincial se o ordenando era digno de receber este ministério. Frei César respondeu: “Posso afirmar que durante este período de formação, do qual também fiz parte, os formadores viram em Frei Vanderlei um gosto muito especial pela evangelização, reconhecendo nele um homem de oração, de profundo contato com Deus, que enfrenta a vida e a realidade tendo sempre Junho / 2017 [Comunicações]

353


Formação e Estudos

presente o horizonte da fé”, testemunhou Frei César. Na homilia, o bispo enfatizou que era uma grande alegria estar celebrando esta ordenação diaconal. “São ocasiões em que gosto sempre de aproveitar para falar da graça de Deus, do chamado que Deus faz, como fez aos discípulos de Jesus para fazerem parte do projeto e do sonho de Deus”, disse Dom Odelir. “A vocação é sempre um dom de Deus, uma graça de Deus, que chama, que convoca e que espera uma resposta. E esta resposta é pessoal, mas envolve muitas outras pessoas que, certamente, ajudaram na formação deste nosso irmão”, destacou o bispo. “Nós sabemos que nos tempos atuais, as vocações têm diminuído, por isso, de algum modo nós também precisamos nos envolver mais na animação vocacional de nossas entidades. Neste sentido, a ordenação diaconal de Frei Vanderlei é uma oportunidade para renovarmos o nosso compromisso com a Igreja.

354

[Comunicações] Junho / 2017

Peçamos que Deus envie mais operários para a messe”, enfatizou o pastor. Em seguida, Dom Odelir convidou o ordenando a dizer algumas palavras tendo em vista o lema (“Dei-vos o exemplo para que façais o mesmo que eu vos fiz”, Jo, 13-15) que escolheu para a sua ordenação, pois deveria ter um significado especial na sua vida. Atendendo ao bispo, Frei Vanderlei disse que escolheu este lema porque crê que o Cristo é a centralidade da nossa vida. “É Aquele que nos aponta o bom caminho a ser seguido. Ele fez isso com as suas próprias palavras e o seu modo simples de viver e de ser. Estando no mundo, Cristo amou a todos sem excluir ninguém. Cristo ama, Cristo perdoa, Cristo é misericordioso, e eu vejo nisso um grande exemplo a ser seguido”, explicou o frade menor. Dando continuidade ao rito de ordenação, diante de Dom Odelir e de toda a comunidade reunida, Frei Vanderlei confirmou seu propósito de ser ordenado diácono da Igreja e de

desempenhar fielmente sua missão a serviço do povo de Deus. Posteriormente, em sinal de despojamento e de entrega total, Frei Vanderlei se prostrou ao chão, enquanto a assembleia entoou a Ladainha de Todos os Santos, pedindo a Deus que derramesse sua bênção sobre este seu servo. Em seguida, deu-se início ao momento central da ordenação, onde, pela imposição das mãos sacerdotais de Dom Odelir, Frei Vanderlei foi ordenado diácono. Em seguida, as vestes para o exercício do ministério diaconal foram trazidas até o altar pela sua mãe Maria do Socorro e seu irmão Wagner da Silva Neves. Frei Vanderlei foi revestido pelos confrades da sua Fraternidade: Frei Antônio Mazzuco e Frei Alex. Momento único e de grande emoção. Já como diácono, o frade recebeu das mãos de Dom Odelir o livro dos Evangelhos, significando a unção e anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Embalados pela música, “Cristo quero ser instrumento...”, Dom Odelir, os fra-


Formação e Estudos des, padres e familiares presentes desejaram ao ordenado a paz de Jesus Cristo, ovacionado pelo povo. Em seguida deu-se continuidade à Santa Missa com a liturgia eucarística.

Agradecimentos

Iraci Lopes Dala Rosa dirigiu algumas palavras a Frei Vanderlei em nome da comunidade paroquial, ofertando ao novo diácono uma linda imagem de São Francisco. Frei César, representando a Província da Imaculada, agradeceu à Igreja de Chapecó, na pessoa do bispo Dom Odelir, por acolher, há muito tempo, os frades nesta região e partilhar a missão desta Igreja. “Queremos agradecer de modo muito especial à família franciscana e também à família de sangue de Frei Vanderlei. A você, Frei Vanderlei, quero dizer muito obrigado em nome de todos os confrades por esta entrega generosa de sua vida e de sua vocação franciscana. Conte sempre com seus confrades em todos os momentos de sua vida. Que Deus sempre o abençoe!”, pediu o Vigário Provincial. Frei Vanderlei agradeceu, em primeiro lugar, a Deus, a Jesus Cristo, Maria e São Francisco, o dom da vocação. “O meu muito obrigado ao Dom Odelir, nosso pastor, que acolheu a Fraternidade Franciscana daqui. Também gostaria de agradecer à Província da Imaculada, na pessoa de Frei César, que, com tanto carinho e amor, cuidou de minha formação e, através dos formadores, soube lapidar um pouco mais a minha fé. Agradeço à minha Fraternidade, que me acolheu muito bem. Me sinto em casa, muito obrigado! Também gostaria de fazer um agradecimento aos frades aqui presentes, de modo especial a Frei Marcos Vinícius Brügger, que é de minha turma! Não poderia me esquecer das pessoas que trabalham nesta Paróquia, todas as comunidades presentes, as irmãs e todos os que ajudaram nesta linda celebração e, por fim, agradecer a Deus o dom de minha vida através da minha mãe e da minha família. A teologia e a filosofia me ensinaram muitas coisas, mas posso garantir a vocês que elas não me ensinaram um terço de tudo o que a minha mãe me ensinou”, completou Frei Vanderlei, muito emocionado. Frei Alex também agradeceu a todos os presentes e pediu a Deus a bênção sobre o novo diácono e o povo de Xaxim, convidando-os para uma confraternização no Salão Paroquial. A bênção solene de Dom Odelir sobre Frei Vanderlei encerrou este momento de grande fé! Frei Augusto Luiz Gabriel Junho / 2017 [Comunicações]

355


Formação e Estudos Dom Luiz Flávio Cappio no ITF

UM TESTEMUNHO DE VIDA

“A metade do que eu sei, aprendi nos bancos escolares; a outra metade aprendi com o povo”. Na manhã do dia 5 de maio, Dom Luiz Flávio Cappio partilhou algumas de suas experiências. Para isso, relembrou sua caminhada desde os tempos de estudante no Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis; o episódio polêmico de sua greve de fome; e a situação atual do projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. Destacamos alguns pontos abordados e trechos de sua fala.

O povo e a linguagem religiosa

“Eu não fui para Barra. Eu cheguei na Barra”. O franciscano, de voz forte e pausada, recordou que desde que era um simples frade, a serviço da diocese de Barra, costumava sair para missionar. Por isso, teve oportunidade de conhecer e acompanhar de perto a realidade dos ribeirinhos e do rio que leva o nome do patrono dos animais e do meio ambiente. De acordo com Dom Cappio: “… O povo vê a vida de uma forma profundamente religiosa… O povo lá do sertão vê a vida e a realidade sob a ótica da fé…”

356

[Comunicações] Junho / 2017

Causas da deterioração do rio

“A gente só serve a quem a gente ama. E a gente só ama a quem a gente conhece.” O bispo de Barra (BA) falou com objetividade e clareza sobre os anos dedicados à defesa das águas do Rio da Integração Nacional. Frei Luiz percorreu o São Francisco e detectou in loco as causas de sua deterioração. A destruição das nascentes e a poluição (os resíduos dos agrotóxicos caem no rio, bem como os dejetos químicos e os dejetos sanitários) são aspectos preocupantes. “Quanto mais o rio vai caminhando, mais grosso se torna o caldo… Tanta é a poluição que vai caindo”. A partir dessa constatação, foram feitas campanhas de conscientização para ajudar na sua preservação.

O jejum

“Quando a razão se estingue, a loucura é o caminho.” No primeiro protesto, ele ficou 11 dias em jejum. No segun-

do, foram 24 dias, interrompidos apenas em um leito de hospital, após ter perdido os sentidos. Ainda assim, o governo federal decidiu seguir adiante com o projeto de transposição e até hoje não se fala no projeto de revitalização do rio que – nas palavras de Dom Cappio – “está anêmico, e anêmico não doa sangue”. “Essa decisão foi assumida sozinho, porque ninguém tem condições de participar de uma decisão dessas. Colocar em risco a vida de uma pessoa… o primeiro jejum durou onze dias e foi o grande grito que fez com que a causa alcançasse o conhecimento do Brasil e do mundo.”

O projeto como obra eleitoreira

Milhões de brasileiros dependem das águas desse rio para sobreviver. A água é um bem precioso e necessário. “A necessidade é água… então quem falar de água e prometer água leva, mas o povo não percebe as consequências…”

O rio, na fila do SUS

As populações que dependem de suas águas ainda esperam um projeto hídrico para abastecimento das co-


Formação e Estudos que gostaria que ele estivesse. Porque se o rio São Francisco estivesse na UTI, teria os doutores todos lá, cuidando do paciente… ele está na fila do SUS e não sabe quando é que vai ser atendido.”

A necessidade de revitalização

munidades da região. Também é necessário um projeto de recuperação. O rio está doente, mas infelizmente não está internado na UTI. É um “paciente” que requer cuidados. “…O rio não está na UTI. Eu bem

“Até hoje se inaugura a transposição, mas não se fala na revitalização. Gente: anêmico não doa sangue… Antes de exigir que um doente gere vida, dê-lhe condições de vida.” Ao contrário de rios como o Nilo, o São Francisco não nasce em geleiras. Ele depende das nascentes da calha principal de seus afluentes. Portanto é necessário garantir o seu abastecimento, através da preservação de suas nascentes e suas matas ciliares. Também é imprescindível a despoluição de suas águas. “Os grandes rios do mundo nascem nas geleiras e um rio que nasce

XVIII Caminhada Ecológica Franciscana

No último dia 6 de maio, sábado, foi realizada a XVIII Caminhada Ecológica Franciscana. O tema desse ano foi “Cultivar e guardar a criação”, o mesmo da Campanha da Fraternidade 2017. Sempre realizada no primeiro sábado de maio, a caminhada é uma iniciativa das Paróquias Imaculada Conceição (Paty de Alferes) e Sagrado Coração de Jesus (Petrópolis), com o apoio do Instituto Teológico Franciscano, e contou com a presença de cerca de 90 pessoas, divididas em dois grupos, um vindo de Paty do Alferes e outro vindo de Petrópolis. Realizada no Rocio (Reserva Biológica do Tinguá), a caminhada ecológica foi marcada pelo tempo ruim, que não espantou os participantes. O ITF foi representado por Frei Ludovico Garmus, que é presença garantida ao longo dos anos, e seus frades estudantes.

em geleiras como o Amazonas, o Nilo… está com o seu abastecimento garantido. No verão vem o degelo e o rio, então, é abastecido…”

A realidade da Diocese

“Depois de 23 anos de missão, como franciscano no sertão, a Igreja me chamou. João Paulo II me chamou para assumir a Diocese de Barra… Todo o nosso trabalho tem como prioridade pastoral as comunidades”. A Diocese de Barra conta, atualmente, com 600 comunidades, 15 paróquias, e 15 padres. Com uma realidade como essa, Dom Cappio ressaltou a necessidade de se investir no laicato. Após a sua explanação, os participantes tiveram meia-hora para fazer perguntas.

VII Simpósio de Teologia

Neuci L. Silva

A PUC-Rio realizou, entre os dias 16-18 de maio, o VII Simpósio de Teologia, cujo tema foi “Maria: Escritura, Teologia e Religiosidade”. O Instituto Teológico Franciscano marcou presença no dia último dia do evento. Na ocasião os alunos do ITF acompanharam as duas conferências proferidas por Frei Clodovis Boff: “Grandeza teológico-cultural da figura de Maria”; e “Aparições de Maria e seu significado sócio-religioso: o caso de Aparecida”. Na tarde o simpósio foi retomado com o documentário “Marias de 2016”, da produtora Joana Mariani. O documentário aborda a questão da devoção mariana pela América Latina. No período dedicado às comunicações, foram apresentados trabalhos de doutoramento, em andamento, tendo Maria como objeto de pesquisa, mas em outras áreas do conhecimento, como: História, Junho Antropologia e também Teologia. / 2017 [Comunicações] 357


xxx

Curso de Franciscanismo

O Cuidado da Criação na Visão De 9 a 13 de outubro de 2017 Fraternidade Franciscana São Boaventura Rondinha - Campo Largo (PR) Por ocasião da divulgação da Carta Encíclica “Laudato Si”, escrita pelo Papa Francisco, sob a inspiração de São Francisco de Assis, a Fraternidade Franciscana São Boaventura oferece um Curso de Franciscanismo com o tema: O Cuidado da Criação na Visão Franciscana. Seu objetivo é aprofundar a dimensão franciscana do cuidado da Casa Comum, bem como possibilitar a reflexão sobre os desafios ecológicos emergentes na atualidade. O Curso destina-se a todos os simpatizantes da espiritualidade franciscana.

358

[Comunicações] Junho / 2017

Conteúdo programático e professores: 1. A espiritualidade ecológica de Francisco de Assis a partir dos seus Escritos (Orações, Admoestações, Cartas, Regra, Testamento) - Frei Fábio César Gomes. 2. O Cuidado de Francisco de Assis pelas criaturas testemunhado pelos seus biógrafos - Frei Fidêncio Vanboemmel. 3. Origem e Finalidade da criação na visão de São Boaventura e João Duns Scotus - Frei João Mannes. 4. Psicologia profunda e ecologia integral - Frei Jairo Ferrandin. 5. Orientações práticas de Justiça, Paz e Integridade da Criação.


xxx

Franciscana Programação:

Segunda-feira, dia 9 Chegada e abertura do curso Terça-feira, dia 10 08h45 – Início das aulas Sexta-feira, dia13 10h30 – Término do Curso

Custo:

R$500,00 Incluindo hospedagem e alimentação.

Pagamento:

Deve ser feito durante o curso.

Inscrições no site da Fraternidade São Boaventura

www.franciscanosrondinha.com.br

Coordenação

Frei João Mannes E-mail – freimannes@franciscanos.org.br

Junho / 2017 [Comunicações]

359


Formação e Estudos POSTULANTADO

Luau Mariano e Exposição de Imagens de Nossa Senhora

N

o mês de maio, dedicado a Maria, foi realizado evento em comemoração ao Jubileu de 75 anos do Seminário Franciscano Frei Galvão. O Luau Mariano do último dia 13 de maio foi uma forma de venerar a Jesus por Maria, pela arte e pela criatividade. Ao longo da noite, os presentes meditaram sobre o Ano Mariano, os 100 anos da aparição de Nossa Senhora de Fátima e os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Além disso, as 13 apresentações de música, poesia e história feitas pelos Postulantes e Frades foram um louvor a Maria e a todas as mães de forma bonita e singela. Com o término das apresentações, todos os presentes foram, em procissão, até a Exposição de Imagens de Nossa Senhora que estava sendo inaugurada naquela noite. Frei João Francisco, guardião do Seminário, com uma oração, abençoou a exposição e todos as pessoas que estavam participando da noite solene. Muitos peregrinos e devotos de Frei Galvão e Nossa Senhora poderão visitar essa exposição que reúne 75 diferentes imagens ou títulos a ela atribuídos. Finalizando a noite, todos foram convidados para um grande momento de partilha e confraternização aos pés da grande homenageada da noite, Nossa Senhora, a mãe de Deus e nossa. Equipe de Comunicação do Seminário

360

[Comunicações] Junho / 2017


Fraternidades

DIA DAS MÃES NA PENHA

C

erca de cinco mil mulheres da Grande Vitória e do interior do Estado subiram o Convento da Penha no sábado (13), onde participaram da tradicional Romaria das Mães, que homenageia Nossa Senhora. Emoção, gratidão e simplicidade marcaram a celebração presidida pelo guardião do Convento, Frei Paulo Roberto Pereira. Dando continuidade à tradição, diversas mulheres do interior marcaram presença e trouxeram flores para Nossa Senhora, como é o caso da devota Vilma Chagas, que liderou uma excursão de Domingos Martins. “Ao todo viemos em 105 pessoas. Participo dessa missa tem uns 30 anos. Somos todos motivados pela fé e eu, em especial, pela gratidão de ter recebido a intercessão de Nossa Senhora na cura de um câncer”, conta emocionada. Fazendo memória do centenário da Aparição de Nossa Senhora de

Fátima, a organização preparou uma apresentação recordando a visão dos três pastorinhos em Portugal. Durante a homilia, Frei Paulo recordou a importância de Maria no plano da Salvação. “Para conhecer Jesus é preciso caminhar com Ele. A Virgem vestida de Luz vem até nós e fala das coisas de Deus. Hoje complicamos a vida e Nossa Senhora de Fátima nos deixa uma lição de simplicidade, de oração feita com o coração, que é o que nos leva ao coração de Deus”, acrescentou. Recordando a importância das mães para o mundo, o frade afirmou que dentre todas as mulheres, as mães trazem algo especial com elas. “As mães trazem uma beleza que ultrapassa a beleza dos cosméticos, é uma beleza ética, que tem senso de zelo, cuidado, partilha e generosidade. Elas se doam sem esperar nada em troca”, concluiu. Pela primeira vez participando da romaria das mães, a devota de Caria-

cica, Adriana Nunes também aproveitou para agradecer. “Nossa Senhora sempre me ouviu. Ela é mãe e é bom saber que temos um socorro. É só ter fé!”, afirmou Adriana. A missa das mães também reuniu famílias que vieram pedir por suas mães. “Trouxe a minha família toda para pedirmos pela saúde da minha mãe. A fé nos motiva a pedir e também a agradecer por tudo que recebemos e nos sentimos bem de vir aqui no Convento, na casa da Mãe, para fazermos isso juntos”, conta Jaqueline Presenzas, que veio com cerca de 180 pessoas da caravana de Viana. Para a organizadora do evento, Maria José Quintaes, a Romaria superou todas as expectativas. “É muito emocionante ver esta homenagem a Nossa Senhora. Este momento teve os traços de Maria: simples, orante, contagiante e alegre”, comenta. Equipe de Comunicação da Penha Junho / 2017 [Comunicações]

361


Fraternidades

FRENTE DAS PARÓQUIAS SE REÚNE em petrópolis e rondinha

A

s Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento de nossa Província constituem a Frente de Evangelização que mais ocupa os nossos frades. Em seu regimento, é previsto ter uma reunião no primeiro semestre com os frades que atuam neste campo e, no segundo semestre, outra contando também com a presença dos leigos que compartilham conosco esta missão em favor do povo de Deus. Devido aos nossos números e distâncias, este ano a reunião do primeiro semestre foi dividida para acontecer nas regiões mais ao norte, nos dias 16 e 17 de maio, na Fraternidade Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, e nas regiões mais ao sul, nos dias 23 e 24 do mesmo mês, na Fraternidade São Boaventura, em Rondinha. O objetivo destas reuniões consiste na busca de uma afinação destas presenças com o que é próprio de uma fraternidade franciscana e seu carisma, na partilha de realidades e no encaminhamento de questões desta Frente para o Conselho de Evangelização e para o Definitório.

362

[Comunicações] Junho / 2017

Neste ano, o encontro do primeiro semestre promoveu um estudo do documento da OFM: “Enviados a Evangelizar em fraternidade e minoridade na Paróquia”. Embora não seja tão recente (2009), este documento ainda precisava ser contemplado por esta Frente, para a qual foi justamente elaborado. Nos dois lugares de encontro, os presentes apreciaram o texto e o consideraram importante para um trabalho tanto nas fraternidades a serviço desta Frente como para os leigos que atuam conosco. Ele descreve a realidade da paróquia, como foi assim constituída e como se encontra diante do complexo contexto social, cultural e eclesial, indicando algumas opções para a sua renovação. Evidencia também o relacionamento nada fácil havido entre a paróquia e os Frades menores sintetizando o que a legislação da Ordem nos diz sobre isto. Mas, a maior parte do documento procura, à luz das Fontes Franciscanas e dos documentos da Igreja e da Ordem, apresentar alguns pontos de reflexão para integrar e harmonizar o serviço paroquial com a nossa vida franciscana. Toma em

consideração cinco dimensões que se complementam entre si: a escuta e o testemunho da palavra (martyria), a celebração (liturgia), a comunhão (koinonia), o serviço (diaconia) e o impulso missionário (missio). Foi importante ver os dois lugares deste encontro reafirmando que “a fraternidade constitui o elemento básico do nosso carisma”, pois qualifica nossa relação com o mundo. “Este é o nosso modo de ser e de estar na Igreja e no mundo”. O testemunho desta vida em fraternidade é nossa primeira pregação. E assim o deve ser também na pastoral paroquial, pois somos “uma fraternidade que se nutre da mesma mesa da Palavra [...] e que tem sua razão de ser na difusão dessa Palavra”. E é a minoridade que vai “descrever a maneira de ser de uma Fraternidade franciscana na paróquia. Ela deve brilhar no modo de ser e de viver dos frades, através de uma vida pobre, levada na humildade, caracterizada pela confiança em Deus, capaz de partilha e de solidariedade para com os mais pobres e sofredores, pondo-se alegremente a serviço de todos e tendo diante dos olhos, como


Fraternidades modelo, o ícone do lava-pés”. “Hoje a Ordem se percebe como uma Fraternidade-contemplativa-em-missão: uma Fraternidade que, enquanto permanece com Deus, continua a ser Fraternidade de menores enviada a levar a Boa Nova ao mundo inteiro; uma Fraternidade que se põe a caminho...”. Não se pode esquecer que no trabalho paroquial existem os riscos de se contentar com a “conservação do existente, de permanecer fechados nas sacristias e nos conventos, reduzindo a pastoral à celebração dos sacramentos”, de se fechar na burocratização e no funcionalismo de estruturas, de “enfatizar a dimensão clerical do carisma franciscano”, entre outros. Para enfrentar tais desvios, a Fraternidade a serviço de uma paróquia ou de um santuário deverá recuperar com coragem “as dimensões típicas de nossa espiritualidade”, deverá “oferecer calorosa acolhida, também a quem está além dos nossos horizontes” e deverá “mudar de estilo de vida para uma sobriedade mais evangélica”. Em Petrópolis, Frei Almir Ribeiro Guimarães ajudou nesta reflexão e, em Rondinha, o trabalho foi conduzido pelo coordenador da Frente, Frei Germano Guesser, e pelo Secretário para a Evangelização, Frei César Külkamp. Depois das impressões sobre este estudo, os frades presentes tiveram tempo para partilhar a vida em seus campos de ação, tendo presentes as indicações do Plano de Evangelização da Província para esta Frente, particularmente o de se trabalhar como fraternidade com um projeto fraterno de vida e missão, sem focar somente no pároco ou no reitor, de primar pela colegialidade, mediante assembleias, conselhos

e planejamento participativo e de valorizar o protagonismo dos leigos. Existem novos desafios para uma presença fraterna e na condição de menores na paróquia. Podemos destacar, além dos novos conservadorismos e clericalismos de uma vida cristã a partir dos movimentos e de sua influência pela mídia, a transformação social nos contextos rurais e urbanos. Nem em todos os lugares é possível propor a formação de lideranças como também do povo em geral. Muitos lugares enfrentam tudo isso, elaborando um plano pastoral que contemple o plano diocesano e o plano provincial. Nos dois lugares se pediu pensar na possibilidade de criação de equipes com peritos que ajudem a estruturar uma paróquia franciscana com todos os elementos destacados neste estudo. Também se pediu a retomada das missões populares envolvendo leigos para que, através do impulso dado a cada realidade, possamos chegar a um trabalho como rede de paróquias franciscanas. Esta Frente conta com uma Equipe de Animação. Esta elaborou um esboço de Regimento e de um Plano Operacional a partir do encontro com os leigos no segundo semestre do ano passado. O Plano Operacional carece ainda de um aprofundamento, em co-

erência com as prioridades do Plano de Evangelização, para que chegue a ações mais concretas. Outros assuntos discutidos foram os convênios com as respectivas dioceses, a necessidade de maior prioridade à Pastoral Vocacional, indicações para o redimensionamento de nossas presenças e a preparação para o encontro com os leigos nos dias 11 a 13 de setembro. Como tarefa, para quem ainda não o fez, ficou o estudo do Plano de Evangelização com as lideranças de cada paróquia e santuário. Esta modalidade de encontro foi avaliada positivamente pelo espaço que deu para a partilha das realidades, pelo estudo conjunto e pelo tempo de convivência. Lamentou-se a ausência de várias paróquias e santuários, principalmente na reunião do norte da Província. Da parte de todos os presentes houve agradecimentos às fraternidades que acolheram estes encontros e possibilitaram tempo e espaços para as reuniões, celebrações, para a convivência e a confraternização dos irmãos. Que todo este esforço nos faça crescer no amor pelo Evangelho, nossa Forma de Vida, e no compromisso por seu testemunho! Frei César Külkamp Junho / 2017 [Comunicações]

363


Fraternidades

364

[Comunicaçþes] Junho / 2017


Fraternidades

RETIRO DOS BENFEITORES DO PVF

O

s mais de cem benfeitores do Pró-Vocações e Missões Franciscanas participaram de mais um Retiro Anual dos Benfeitores no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP). Dois ônibus vindos de São Paulo trouxeram a grande maioria dos participantes para o encontro que começou no dia 20 e terminou no domingo, 23 de abril. Eles foram recebidos por Frei Alvaci Mendes da Luz, o coordenador do PVF, e Frei Alexandre Rohling, Frei Xandão, que garantiu a animação na recepção com Lucas Vieira. O Retiro é um momento de confraternização, partilha e formação franciscana. Este encontro é também uma oportunidade única de se retirarem da vida agitada nas grandes cidades e repetirem uma experiência que acontece desde 1999, quando foi realizado o primeiro encontro. “Hoje, o espírito continua o mesmo. Os benfeitores se alegram, rezam, partilham experiências e momentos de vida. No fundo é uma grande confraternização”, explica Frei Alvaci Mendes da Luz, coordenador do PVF. O encontro anual reúne participantes, em sua maioria, da cidade de São Paulo, mas também de estados como Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina, onde a Província se faz presente. Os benfeitores do Pró-Vocações ajudam com doações na formação dos futuros frades franciscanos da Província. “Para a Província, é muito valioso saber que

por trás de uma doação existe um franciscano, uma franciscana de coração, que nos quer bem e se motiva a nos ajudar”, acrescenta Frei Alvaci. O frade conta que os benfeitores têm a opção de fazer os encontros regionais. “Eles são organizados a partir de nossas paróquias e conventos. Trata-se de um dia de espiritualidade e fé, de oração e confraternização, em uma das regiões da Província. Essa modalidade facilita o deslocamento dos benfeitores, que podem conhecer o trabalho do Pró-Vocações e de

nossas casas de formação”, reforça o coordenador do PVF. Os benfeitores passaram três dias no belo prédio construído em estilo neocolonial há 67 anos e que foi casa de formação da Província até 2010. Agora, a tradicional arquitetura, em meio a uma grande área arborizada com bosques e belos jardins, tem como missão exclusivamente ser Casa de Encontros.

A HUMANIDADE PRECISA DE FRANCISCO

Os mais de 100 benfeitores que participaram do Retiro de Benfeitores

do Pró-Vocações e Missões Franciscanas, no Seminário Santo Antônio, em Agudos (SP), ouviram o Definidor da Província da Imaculada e guardião da Fraternidade do Postulantado Frei Galvão, Frei João Francisco da Silva, insistir que Francisco é o ideal que nós podemos oferecer às pessoas como oportunidade de resgate de sua dignidade, de resgate da sua humanidade. Segundo o frade, a humanidade está perdida. “E nós precisamos dar esse sentido humano às pessoas. É nossa grande contribuição como franciscanos”, propôs. Frei João Francisco, que deixou tudo para se tornar um seguidor de São Francisco aos 33 anos, abordou o tema “Francisco, o irmão universal”. O frade, na Oração da Manhã, feita no lado externo do Seminário, falou da importância da oração para Francisco de Assis e de sua necessidade ainda maior num mundo agitado e sem tempo para Deus como o que vivenciamos hoje. Ali mesmo deu início ao tema da fraternidade universal. “Tudo é concluído por Francisco no ‘Cântico das Criaturas’. Na verdade não é uma conclusão, mas um chamado que Francisco nos deixa para colocarmos em prática nos gestos e atitudes. O ‘Cântico’ é o grande testamento espiritual de Francisco. É isso o que ele entende como uma fraternidade universal”, disse o frade, dizendo que estava muito à vontade entre os benfeitores porque sua mãe, Dª Maria Lenita, que Junho / 2017 [Comunicações]

365


Fraternidades

faleceu há pouco tempo, também era uma benfeitora fiel do PVF. Nos dois dias do momento formativo, o frade partiu de Francisco de Assis para entrar em temas como: o louvor em Francisco; a fraternidade universal; Francisco, irmão de toda a criatura; a conversão do olhar; o irmão que cuida dos irmãos; a Carta da Terra; a situação global e responsabilidade universal, o olhar ecológico. Segundo o frade, esse sonho de

366

[Comunicações] Junho / 2017

Francisco pela fraternidade universal perpassa nossa vida, deve passar pelo nosso coração e chegar às nossas mãos. “Eu penso que a figura de Francisco, o irmão universal, é bastante inspiracional para todos nós”, disse, referindo-se à grave crise que enfrenta a humanidade hoje. Frei João falou da importância de ser presença franciscana no mundo. E lembrou que uma vez um aldeão disse a São Francisco: “Diz-me, tu és Frei

Francisco de Assis?”. São Francisco respondeu que sim. “Então te esforçes, disse o aldeão, por seres tão bom como és tido por toda gente, porque muitos têm grande fé em ti. Então, eu te admoesto que em ti não haja outra coisa senão o que o povo espera”. Para Frei João, já em vida São Francisco demonstrava o que nós entendemos como santidade. “Santo não é apenas estarmos nos altares das igrejas, mas a santidade começa aqui


Fraternidades

quando temos esse cuidado e zelo pelos outros. Francisco tinha isso. Já em vida ele deixava essa marca de santidade”, observou. “Precisamos recuperar aquilo que o povo espera de nós, franciscanos. Mesmo sem estarmos vestidos com o hábito marrom, temos de ser reconhecidos pelos gestos e atitudes”, ensinou. Na mesma linha, o frade lembra que Francisco propõe que o nosso modo de ser seja evangelizador. “É o que o Papa Francisco pede quando diz uma ‘Igreja em saída’. E Francisco entendeu isso lá atrás.

Ele já entendia o que era ‘Igreja em saída’ na Idade Média. É fazer-se presença na vida das pessoas”, explicou. Muito gostam de ver a imagem, muitas vezes, romântica de Francisco com os animais. Mas segundo o frade, Francisco renuncia ao domínio sobre essas criaturas e pede para deixar as criaturas serem simplesmente criaturas. “A fraternidade universal é resultado deste modo de ser pobre de Francisco. Sentia-se irmão porque acolhia a todos sem interesse”, disse o frade, criticando a indústria Pet, uma das mais lucrativas, que faz o contrário de Francisco. “Francisco compreende a criação como sacramento da presença de Deus entre os seres humanos. A criação é o caminho para chegar a Deus, a oportunidade para reverenciar Aquele que nos dá tantos bens”, frisou. “A ecologia em Francisco significa reconciliação e comunhão com as cria-

turas, consigo mesmo e, por fim, com Deus”, ressaltou.

MOMENTO MARIANO

No primeiro dia, Frei Alvaci Mendes da Luz, coordenador do Pró-Vocações, conduziu o Momento Mariano com a recitação da Coroa Franciscana. Devido à chuva que caiu durante todo o dia em Agudos, a procissão luminosa acabou sendo feita nos amplos corredores do Seminário. Frei Alvaci lembrou a importância de Maria no plano de salvação e recordou que neste ano celebramos os 300 anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida e os 100 anos dos milagres em Fátima. O frade colocou os benfeitores falecidos nas intenções desta celebração, especialmente Dª Maria Linete (falecida há seis meses), a mãe de Frei João Francisco e Mária de Fátima, e Dª Maria das Dores Silva, a mãe de Isabel Cristina da Silva, falecida há dois meses. A procissão, que teve sete paradas conforme os mistérios rezados, terminou na Capela do Seminário.

A CELEBRAÇÃO DE DONA ALICE

A sorocabana Dª Alice Teixeira Rodrigues (foto ao lado) viveu um dia Junho / 2017 [Comunicações]

367


Fraternidades

de muita alegria ao celebrar 80 anos. “Não tinha ocasião melhor para celebrar meu aniversário”, disse Alice, que gosta de fazer paródias e não se cabia de contentamento de ver suas composições mixadas. “Foi um presente de minhas amigas”, disse, apontando sua sobrinha e a benfeitora Eunice. Dona Alice estava com um grupo de 15 benfeitores de Sorocaba. Dois ônibus vindos de São Paulo trouxeram a grande maioria dos participantes para o encontro anual que começou no dia 20 e terminou no domingo, 23 de abril.

O GESTO CONCRETO PARA A MÃE TERRA

No sábado, dia 22, os benfeitores participaram da Oração da Manhã na Capela do Seminário, conduzida por Frei Alexandre Rohling, e depois seguiram em procissão até a lateral do campo de futebol, onde foram plantadas três mudas de cedro como gesto concreto no Dia da Terra. O Seminário de Agudos é conhecido como “Jardim de Deus”, por hoje estar em meio a uma grande área arborizada com bosques e belos jardins. “O nosso gesto de plantar aquelas

368

[Comunicações] Junho / 2017

árvores simboliza exatamente isso: é possível fazer e tornar as coisas diferentes”, disse Frei João. “As soluções para enfrentar problemáticas ambientais não são tão complexas assim, bastam medidas simples e gestos pequenos para colaborar com esse sonho de Francisco, que é o nosso sonho, que é o sonho de Deus desde o início da criação. As futuras gerações têm o direito de

gozar da natureza e de seus recursos como nós estamos fazendo até este momento. Mas tudo depende de nossos gestos e atitudes. Gestos concretos, sobretudo, e não apenas ficarmos em devaneios”, enfatizou Frei João.

MISSA EM AÇÃO DE GRAÇAS

O Retiro dos Benfeitores do Pró-Vocações terminou no sábado (22)


Fraternidades de Nossa Senhora Fátima, foi chamado pelo celebrante para receber uma bênção especial.

com a Missa em Ação de Graças, às 18 horas, e com uma festa junina, que começou às 20 horas. Frei João Francisco da Silva, o pregador deste encontro, presidiu a Celebração Eucarística e lembrou que a liturgia do Domingo da Misericórdia apresenta a nova comunidade que nasce com a fé no Ressuscitado. Segundo o celebrante, do amor pelo Ressuscitado nasce a nova comunidade que é a Igreja de Cristo. “E ela tem justamente a missão de revelar essa novidade trazida pelo Ressuscitado”. Ao citar o episódio de Tomé no Evangelho, Frei João recordou que o apóstolo estava ‘fechado em si’ e não se abriu para o Ressuscitado. Ele relutou em acreditar, mas quando se convenceu, reconheceu Jesus como Senhor e Deus, exclamando: “Senhor meu e Deus meu!”. Segundo o celebrante, naquele ambiente de insegurança, a comunidade não deixou de rezar e celebrar a Eucaristia. Por isso, segundo o frade, quando a dificuldade vier, não

devemos nos afastar de nossos irmãos. Durante o ofertório, Frei Alvaci convidou os benfeitores a se juntarem ao celebrante no altar, num gesto de doação de suas vidas, onde permaneceram até a comunhão. No momento de ação de graças, Frei Alvaci não poupou agradecimentos aos benfeitores pela fidelidade e compromisso com este serviço em prol das vocações na Província. Para finalizar, leu um acróstico em gratidão aos benfeitores, escrito por Frei Walter Hugo de Almeida. Isabel, pelos benfeitores, agradeceu aos frades pela acolhida e pelos ensinamentos. “Os frades nos conquistam pelo carinho e não por imposições. Levamos muitas lições deste retiro. Vocês estarão sempre nas nossas orações”, disse, pedindo para rezar uma Ave Maria. No final, Pedro e Elisabeth, o casal que estará completando 50 anos de casamento no dia 13 de maio, dia

Bendito seja Deus que os fez nossos irmãos, E pra ajudar a Igreja de nosso Senhor; Nos deu vocês e na união dos corações, fazemos hoje, sim, muitas canções de amor!... E a Província em sua missão de serviço, iluminada pela sua prece linda, traz as forças e os dons, o vigor e o viço, o amor de Deus, que nos traduz em Graça infinda... Restituição só Deus, certo, lhes dará, e em comunhão a Província ora - Tudo anil!... Sempre unido ao Pró-Vocações se alegrará, para o bem do reino, da Igreja e do Brasil. Recebam nossas bênçãos, nossa gratidão, o amor de todos e de cada um de nós, Vocês, companheiros desta estrada de irmão, o amor do reino, obedecendo à Santa Voz. Cantem, sim, sempre inventem novas primaveras, amem sempre, palmo a palmo, o chão da estrada, cantem, sim, sempre inventem novas primaveras, Ousem levar sua oblação, bela e sagrada, e felizes vão, apontando novas eras!... Seja o Senhor bendito para sempre! Amém! O retiro teve na parte da tarde um momento com Frei Alexandre Rohling, que apresentou aos benfeitores a Província da Imaculada Conceição, suas fraternidades, paróquias e casas de formação, assim como a Missão de Angola. O Retiro terminou com uma Festa Junina com direito a fogueira, quenJunho / 2017 [Comunicações]

369


Fraternidades

tão, pipoca, doces.... Frei Alexandre Rohling não parou um só minuto e garantiu a animação dos cerca de cem benfeitores, funcionários e frades que se juntaram para a festa de despedida. Por trás da organização do Retiro, estavam, além dos frades, os colaboradores Marcelo Miranda, Lucas Vieira e Luiz.

Benfeitores só têm elogios

O advogado Pedro Armando Carvalho, de São Paulo, destacou a bênção do Santíssimo “como um momento de rara comunhão entre todos os participantes”. Para ele, respirou-se um clima de paz e perfeita alegria, tipíco de encontro franciscano. Maria de Fátima da Silva, de São Paulo, participou pela primeira vez e destacou a palestra de Frei João como ponto principal, assim como Ana Maria Fernandes de Assis, que já esteve 15 vezes no Retiro: “Frei João conseguiu prender a atenção e proporcionar novas reflexões sobre o querido Francisco”, disse.

370

[Comunicações] Junho / 2017

Já para Tereza Takarabe, o tema da fraternidade foi “abordado de maneira completa”. A professora Ana Cristina Rosa del Santoro, que participa do encontro desde 2008, também gostou da palestra. “O frade mostrou o quanto é essencial resgatar a ideia da Fraternidade Universal, enfatizando o chamado/convite que o Pai Seráfico nos faz para colocarmos em prática: ver em tudo e em todos a presença do Criador”. A sorocabana Daisy Silvana Chiarato, cuidadora de idosos, participou

pela primeira vez do Retiro em Agudos. Para ela, não dá para destacar um momento, mas “todos foram únicos”, assim como ressalta Odete Tomelin, psicóloga de São Paulo, mas gostou especialmente da procissão, onde observou as pessoas “bem fervorosas, atentas e introspectivas”. A empresária Edivana Regina Boseli, de Catanduva (SP), parabenizou os frades, elogiou todo o evento e prometeu estar em Agudos em 2018. Isabel Cristina da Silva, que perdeu a mãe Maria das Dores Silva há dois meses, contou que foi ela que durante quase 30 anos como benfeitora e apaixonada pela Família Franciscana “nos apresentou e nos trouxe para esse convívio”. “Estar neste retiro justamente no dia em que completava 2 meses que minha mãezinha havia descansado foi de grande emoção, me fez recordar cada momento que passamos juntas aqui e por toda a vida”, revelou, a mãe do jovem João Victor. Moacir Beggo


SAV

JOVENS CELEBRAM TRÍDUO PASCAL NO EREMITÉRIO Jovens franciscanos participam de retiro pascal no Eremitério Frei Egídio e celebram em fraternidade a alegria de Cristo Ressuscitado

I

nspirados a vivenciar um período de retiro espiritual, contemplação e silêncio, 11 jovens de comunidades franciscanas de diferentes cidades da região Sul e Sudeste se reuniram no Eremitério Frei Egídio, em Rodeio (SC), entre os dias 13 e 16 de abril. Organizado pelos freis Diego Atalino de Melo e Gabriel Dellandrea, ambos do Serviço de Animação Vocacional (SAV), e também acompanhados de perto pela Irmã Isabel Simeoni, das Irmãs Franciscanas de Ingolstadt, os jovens tiveram a chance de experimentar uma verdadeira imersão nas celebrações que compõem o Tríduo Pascal. A começar pela celebração da Quinta-Feira Santa, os jovens foram surpreendidos do começo ao fim. Isso porque todas as atividades eram desvendadas aos poucos. A missa que recordava a última ceia de Jesus com os discípulos, com a celebração do lava-pés, por exemplo, os transportou àquele período histórico, pois todos estavam vestidos com trajes típicos, sentados sob uma tenda de tecido na parte externa do eremitério, à luz de velas e com os barulhos da mata ao redor. Já na Sexta-Feira Santa, o roteiro incluiu uma Via Sacra com membros da Comunidade Ipiranga. O restante do dia foi de um profundo silêncio, em que os jovens puderam confeccionar uma cruz com elementos presentes na mata que envolve o eremitério. Os detalhes sobre o processo de confecção de cada cruz foram partilhados com muita emoção e profundidade.

No dia seguinte, Sábado de Aleluia, todos os jovens foram orientados a manter o silêncio iniciado na Sexta-Feira Santa. A ideia, conforme Frei Diego, era que todos pudessem meditar a respeito da morte de Jesus. “A capela com o Sacrário vazio no dia de hoje é um ótimo lugar para refletir sobre isso”, comentou. Se na sexta-feira cada jovem confeccionou a sua própria cruz, no sábado à tarde foi dada a oportunidade para cada um confeccionar o seu próprio Círio Pascal. Além disso, a proposta era a de que todos se envolvessem na preparação da celebração da vigília pascal, de modo que o grupo foi dividido em duplas ou trios para preparar os cantos, limpar e adornar a capela, preparar a fogueira para a benção do fogo novo, buscar a água para ser abençoada, entre outras tarefas, inclusive a montagem da ceia que foi servida após a missa. A celebração da Vigília começou do lado de fora do Eremitério, ao redor da fogueira preparada no início da noite. Ali, Frei Diego deu início a um dos momentos mais emocionantes do retiro: cada jovem trazia sua cruz e, um a um, foram chamados pelo nome para a jogarem na fogueira. Concluída essa etapa, o Círio pascal foi aceso. “A cruz

que vocês confeccionaram a partir de profundas reflexões foram fundamentais para acendermos essa fogueira, que acenderá também o Círio Pascal. Deixem, então, que essa luz os liberte e mostre a todos a alegria do Cristo Ressuscitado”, disse o frei. Em procissão, e com suas velas também acesas, se dirigiram à capela, onde a missa foi celebrada. Após uma belíssima celebração, o dia encerrou-se ao redor da mesa, com uma deliciosa ceia. Para o domingo de Páscoa, o grupo foi despertado às 5h30 da manhã com cantos alegres e pascais, convidando-os para a celebração da Missa da Aurora, celebrada do lado de fora do Eremitério, tendo como fundo o nascer do sol que tanto nos falava daquele momento que estávamos celebrando. Por fim, após uma avaliação e partilha emocionada do que aqueles dias haviam significado para cada um, encerramos nosso Tríduo Pascal com um delicioso e festivo almoço junto à fraternidade do Noviciado São José, com direito a cantos e danças angolanas no refeitório do convento, numa verdadeira efusão da alegria do Cristo Ressuscitado. Pascom Santuário São Francisco Junho / 2017 [Comunicações]

371


Ano Mariano

INTENSA VISITA DO PAPA A FÁTIMA

O

Papa Francisco realizou na sexta-feira e no sábado (12 e 13/5) a peregrinação ao santuário mariano de Fátima por ocasião do primeiro centenário das aparições de Nossa Senhora na Cova d’Iria a três crianças. Duas delas foram canonizadas no sábado, Francisco e Jacinta, e a terceira, Lúcia, está em processo de beatificação. Francisco ficou pouco mais de 23 horas em terras lusitanas, fez quatro discursos, teve dois encontros privados, participou de um almoço com os bispos portugueses e da oração do Terço diante da imagem de Nossa

372

[Comunicações] Junho / 2017

Senhora, despedindo-se com a Santa Missa na presença de milhares de fiéis e peregrinos. Foram poucas horas, mas intensas. A paz e a esperança foram o lema da peregrinação ao santuário que tem na paz a sua melhor mensagem. Francisco veio a Fátima como o peregrino da esperança e da paz, acolhendo o convite do Presidente da República e dos Bispos portugueses. Foram momentos vividos com grande alegria pelos portugueses porque, neste centenário, através da presença do Santo Padre, a Igreja portuguesa esteve unida a toda a Igreja do mun-

do. Sim, porque sempre que o Papa peregrina é toda a Igreja que peregrina com ele. Como o próprio Francisco disse aos cerca de 70 jornalistas presentes no avião papal, esta foi uma “viagem um pouco especial, uma viagem de oração, um encontro com o Senhor e com a Santa Mãe de Deus”. Na grande vigília de oração na sexta-feira (12), Francisco rezou diante da imagem de Nossa Senhora. Ali aos pés da imagem colocou flores e depois uma “Rosa de Ouro”, pediu paz e concórdia para o mundo e para os povos. Recordou os pastorinhos e que


podemos também ser peregrinos de todos os caminhos, derrubando muros e fronteiras. O Papa peregrino foi doce mas preciso em suas palavras, numa mensagem na qual falou de perdão, da humanidade e dos mais fracos. Francisco recordou que não há Cristianismo sem Maria e avisou que é um erro pensar em Deus ou em Nossa Senhora como figuras “castigadoras” do pecado. São misericordiosos. O Papa Francisco fez alguns questionamentos aos peregrinos: “Peregrinos com Maria… Qual Maria? Uma «Mestra de vida espiritual», a primeira que seguiu Cristo pelo caminho «estreito» da cruz dando-nos o exemplo, ou então uma Senhora «inatingível» e, consequentemente, inimitável? A «Bendita por ter acreditado» (cf. Lc 1, 42.45) sempre e em todas as circunstâncias nas palavras divinas, ou então uma «santinha» a quem se recorre para obter favores a baixo preço? A Virgem Maria do Evangelho, venerada pela Igreja orante, ou uma esboça-

da por sensibilidades subjetivas que a veem segurando o braço justiceiro de Deus pronto a castigar: uma Maria melhor do que Cristo, visto como Juiz impiedoso; mais misericordiosa que o Cordeiro imolado por nós?”, perguntou o Papa, citando a Evangelii gaudium, 288: e «sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos mas dos fortes, que não precisam maltratar os outros para se sentirem importantes (…). Esta dinâmica de justiça e de ternura, de contemplação e de caminho ao encontro dos outros é aquilo que faz d’Ela um modelo eclesial para a evangelização». E finalizou: “Possamos, com Maria, ser sinal e sacramento da misericórdia de Deus que perdoa sempre, perdoa tudo”.

PEREGRINOS DO MUNDO INTEIRO

A praça diante do Santuário ficou pequena para acolher tantos peregri-

nos que chegaram a dormir ao ar livre para poder ver e ouvir Francisco. Uma verdadeira festa de fé, de cores e louvores. Muitos dos peregrinos carregaram com orgulho na sua peregrinação a bandeira do seu país. Vieram rezar e pedir pela paz nas suas nações, todos de coração cheio. Vieram e voltam agora para casa com uma mensagem de paz. Carregam em suas bagagens uma experiência ímpar, indescritível. Vieram renovar a fé e deixar aos pés da Senhora de Fátima, todos os desejos, anseios e horizontes. Fátima tocou e toca o coração das pessoas, como certamente tocou o coração de Francisco. Também ele trouxe aos pés da mãe os pedidos e anseios de toda uma humanidade; trouxe no coração as preces de uma humanidade ferida e oprimida em tantas situações de guerras, perseguições e injustiças. E na sua passagem por Fátima Francisco deu à Igreja dois novos santos, duas crianças, os mais jovens sanJunho / 2017 [Comunicações]

373


A Missa de canonização de Francisco e Jacinta teve a participação do menino brasileiro Lucas Batista, 9 anos, curado graças à intercessão dos pastorinhos.

tos não mártires a serem canonizados. Um novo capítulo na história da Igreja no que diz respeito à infância. “Queridos peregrinos, temos Mãe. Agarrados a Ela como filhos, vivamos da esperança que assenta em Jesus, pois, como ouvíamos na Segunda Leitura, «aqueles que recebem com abundância a graça e o dom da justiça reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo» (Rm 5, 17). Quando Jesus subiu ao Céu, levou para junto do Pai celeste a humanidade – a nossa humanidade – que tinha assumido no seio da Virgem Mãe, e nunca mais a largará. Como uma âncora, fundemos a nossa esperança nessa humanidade colocada nos Céus à direita do Pai (cf. Ef 2, 6). Seja esta esperança a alavanca da vida de todos nós! Uma esperança que nos sustente sempre, até ao último respiro.

374

[Comunicações] Junho / 2017

Com esta esperança, nos congregamos aqui para agradecer as bênçãos sem conta que o Céu concedeu nestes cem anos, passados sob o referido manto de Luz que Nossa Senhora, a partir deste esperançoso Portugal, estendeu sobre os quatro cantos da Terra. Como exemplo, temos diante dos olhos São Francisco Marto e Santa Jacinta, a quem a Virgem Maria introduziu no mar imenso da Luz de Deus e aí os levou a adorá-Lo. Daqui lhes vinha a força para superar con-

trariedades e sofrimentos. A presença divina tornou-se constante nas suas vidas, como se manifesta claramente na súplica instante pelos pecadores e no desejo permanente de estar junto a «Jesus Escondido» no Sacrário”, disse o Papa na homilia da canonização dos novos santos. A peregrinação de Francisco à Fátima certamente ficará na memória deste Santuário e dos peregrinos que o visitam. Deste lugar sagrado o Sucessor de Pedro falou de uma “revolução” centralizada na misericórdia e no perdão, palavras-chave de seu pontificado, a revolução da ternura e do carinho. Com Maria, disse, possamos ser sinal e sacramento de misericórdia de Deus, que perdoa sempre, perdoa tudo. Francisco concluiu sua peregrinação com os doentes. “Não vos considereis


apenas receptores de solidariedade caritativa, mas senti-vos inseridos a pleno título na vida e missão da Igreja. A vossa presença silenciosa mas mais eloquente do que muitas palavras, a vossa oração, a oferta diária dos vossos sofrimentos em união com os de Jesus crucificado pela salvação do mundo, a aceitação paciente e até feliz da vossa condição são um recurso espiritual, um patrimônio para cada comunidade cristã. Não tenhais vergonha de ser um tesouro precioso da Igreja”, despediu-se o Papa Francisco. Sobraram agradecimentos ao Papa. “Queremos agradecer-vos, de modo particular, terdes vindo até nós como peregrino, segundo o lema da vossa visita: “Com Maria, peregrino na esperança e na paz”! Aqui estais conosco, peregrino entre os peregrinos vindos de todo o mundo, nesta assembleia da Igreja peregrina, Igreja viva, santa e pecadora, para celebrar

a ação de graças pelo centenário das aparições da Virgem Maria e pela sua mensagem de graça, de misericórdia e de paz que daqui partiu, há cem anos, para todo o mundo por intermédio de três crianças, os pastorinhos de Fátima. E também para agradecer ao Senhor as pequenas e grandes mara-

vilhas de graça que Ele realizou em Maria e através da sua mensagem, ao longo destes cem anos, em tantas histórias dos peregrinos devotos, em frutos de conversão, de reconciliação, de santidade, de comunhão, de paz”, disse Dom Antônio Marto, Bispo de Leiria-Fátima.

Junho / 2017 [Comunicações]

375


FRANCISCO E JACINTA MARTO CANONIZADOS

O

s irmãos Francisco Marto e Jacinta Marto são os mais novos dos sete filhos de Manuel Pedro Marto e Olímpia de Jesus, naturais do lugar de Aljustrel, paróquia de Fátima, da diocese de Leiria-Fátima. Francisco nasceu em 11 de junho de 1908 e foi batizado no dia 20 desse mês, na igreja paroquial de Fátima. Jacinta Marto nasceu em 5 de março de 1910, tendo sido batizada no dia 19 desse mês, também na igreja paroquial de Fátima. Cresceram num ambiente familiar e social modesto, profundamente cristão. A sua educação cristã simples, mas sólida, teve como principais agentes seus pais, que foram para eles um exemplo de fé comprometida, de respeito por todos, de caridade para com os pobres e os necessitados. Ainda muito novos, começaram a pastorear o rebanho da família: Francisco tinha 8 anos e Jacinta 6. Passavam grande parte dos dias na tarefa de acompanhar as ovelhas, juntamente com sua prima Lúcia. Em 1916, na primavera, no verão e no outono, veem o Anjo da Paz. Entre maio e outubro de 1917, em cada dia 13 (em agosto, no dia 19) foram visitados pela Virgem Maria, a Senhora do Rosário. Na primeira aparição, em 13 de maio de 1917, a Santíssima Virgem fez-lhes um convite: «Quereis oferecer-vos a Deus?». Com sua prima, Lúcia, responderam: «Sim, queremos». A partir dessa data viveram as suas vidas entregues a Deus e aos Seus desígnios de misericórdia.

376

[Comunicações] Junho / 2017


Do perfil de Francisco sobressai o seu jeito pacífico e sereno. A partir das aparições do Anjo e de Nossa Senhora desenvolverá um estilo de vida caracterizado pela adoração e pela contemplação. Sempre que podia, refugiava-se num lugar isolado para rezar. Frequentemente, passava

longas horas no silêncio da igreja paroquial, junto ao sacrário, para fazer companhia a «Jesus escondido». Na sua intimidade com Deus, Francisco entrevê um Deus triste face aos sofrimentos do mundo; sofre com Ele e deseja consolá-lo. Sendo o mais contemplativo dos três videntes, a sua vida de oração alimenta-se da escuta atenta do silêncio em que Deus fala. Deixa-se habitar

pela presença indizível de Deus – «Eu sentia que Deus estava em mim, mas não sabia como era!» – e é a partir dessa presença que acolhe os outros na oração. Em outubro de 1918 adoece, vítima da epidemia bronco-pneumônica. No dia 2 de abril de 1919 confessa-se e no dia 3 de abril recebe o viático. No dia seguinte, em 4 de abril, àss 22 horas, morre serenamente em sua casa, rodeado pelos seus familiares. Foi sepultado no cemitério de Fátima, em 5 de abril de 1919. Em 13 de março de 1952 os seus restos mortais foram trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima. Jacinta tinha um caráter carinhoso e expansivo. Tocada pelas aparições do Anjo e da Mãe de Deus deixa-se impressionar, sobretudo, pelo sofrimento dos «pobres pecadores» e pela missão e sofrimento do Santo Padre. De facto, após esses encontros com o Céu, vive completamente esquecida de si, oferecendo orações e sacrifícios para o bem de todos quantos sofrem. A sua espiritualidade é caracterizada pela entrega generosa de si, como um dom para os demais. Expressa frequentemente o desejo de partilhar com todos o amor ardente que sentia pelos corações de Jesus e de Maria. Todos os pequenos gestos do seu dia, inclusive as contrariedades na doença, eram motivo de oferta a Deus pela conversão dos pecadores e pelo Santo Padre. Partilhava a sua merenda com os pobres, oferecendo o jejum em sacrifício como sinal da sua disponibilidade para ser totalmente de Deus. Característica fundamental da sua espiritualidade era a compaixão, especialmente pelos que sofriam e pelos que viviam afastados de Deus. No final do ano de 1918, Jacinta adoece com a epidemia bronco-pneumônica. Em janeiro de 1920 é levada para Lisboa, para ser tratada no Hos-

pital D. Estefânia. Na noite do dia 20 de fevereiro, às 22h30 morre, sozinha. É sepultada em 24 de fevereiro, no cemitério de Ourém. Em 12 de setembro de 1935 os seus restos mortais são trasladados para o cemitério de Fátima e em 1 de maio de 1951 para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário,

no Santuário de Fátima. Os traços de espiritualidade dos dois irmãos assumem uma vocação inseparavelmente contemplativa e compassiva, que os leva a ser espelho da luz de Deus na prática das boas obras. Francisco e Jacinta Marto foram beatificados por S. João Paulo II, em Fátima, em 13 de maio de 2000. Os dois beatos foram canonizados no dia 13 de maio de 2017. Junho / 2017 [Comunicações]

377



A ORAÇÃO DO PAPA FRANCISCO

A

pós passar com o papamóvel em meio à multidão reunida na esplanada do Santuário, Francisco dirigiu-se à Capelinha das Aparições, onde depositou um buquê de flores diante da imagem da Virgem e recitou em português a seguinte oração: “Salve Rainha, bem-aventurada Virgem de Fátima, Senhora do Coração Imaculado, qual refúgio e caminho que conduz até Deus! Peregrino da Luz que das tuas mãos nos vem, dou graças a Deus Pai que, em todo o tempo e lugar, atua na história humana; peregrino da Paz que neste lugar anuncias, louvo a Cristo, nossa paz, e para o mundo peço a concórdia entre todos os povos; peregrino da Esperança que o Espírito alenta, quero-me profeta e mensageiro para a todos lavar os pés, na mesma mesa que nos une. Refrão... Ave o clemens, ave o pia! Salve Regina Rosarii Fatimæ. Ave o clemens, ave o pia! Ave o dulcis Virgo Maria. O Santo Padre: Salve Mãe de Misericórdia, Senhora da veste branca! Neste lugar onde há cem anos a todos mostraste os desígnios da misericórdia do nosso Deus, olho a tua veste de luz e, como bispo vestido de branco, lembro todos os que, vestidos da alvura batismal, querem viver em Deus e rezam os mistérios de Cristo para alcançar a paz. Refrão... Ave o clemens, ave o pia! Salve Regina Rosarii Fatimæ. Ave o clemens, ave o pia! Ave o dulcis Virgo Maria.

O Santo Padre: Salve, vida e doçura, Salve, esperança nossa, ó Virgem Peregrina, ó Rainha Universal! No mais íntimo do teu ser, no teu Imaculado Coração, vê as alegrias do ser humano quando peregrina para a Pátria Celeste. No mais íntimo do teu ser, no teu Imaculado Coração, vê as dores da família humana que geme e chora neste vale de lágrimas. No mais íntimo do teu ser, no teu Imaculado Coração, adorna-nos do fulgor de todas as joias da tua coroa e faz-nos peregrinos como peregrina foste Tu. Com o teu sorriso virginal robustece a alegria da Igreja de Cristo. Com o teu olhar de doçura fortalece a esperança dos filhos de Deus. Com as mãos orantes que elevas ao Senhor a todos une numa só família humana. Refrão... Ave o clemens, ave o pia! Salve Regina Rosarii Fatimæ. Ave o clemens, ave o pia! Ave o dulcis Virgo Maria. O Santo Padre: Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima! Faz-nos seguir o exemplo dos Bem-aventurados Francisco e Jacinta, e de todos os que se entregam à mensagem do Evangelho. Percorreremos, assim, todas as rotas, seremos peregrinos de todos os caminhos, derrubaremos todos os muros e venceremos todas as fronteiras, saindo em direção a todas as periferias, aí revelando a justiça e a paz de Deus. Seremos, na alegria do Evangelho, a

Igreja vestida de branco, da alvura branqueada no sangue do Cordeiro derramado ainda em todas as guerras que destroem o mundo em que vivemos. E assim seremos, como Tu, imagem da coluna luminosa que alumia os caminhos do mundo, a todos mostrando que Deus existe, que Deus está, que Deus habita no meio do seu povo, ontem, hoje e por toda a eternidade. Refrão... Ave o clemens, ave o pia! Salve Regina Rosarii Fatimæ. Ave o clemens, ave o pia! Ave o dulcis Virgo Maria. O Santo Padre junto com os fiéis: Salve, Mãe do Senhor, Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima! Bendita entre todas as mulheres, és a imagem da Igreja vestida da luz pascal, és a honra do nosso povo, és o triunfo sobre o assalto do mal. Profecia do Amor misericordioso do Pai, Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho, Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo, ensina-nos, neste vale de alegrias e dores, as verdades eternas que o Pai revela aos pequeninos. Mostra-nos a força do teu manto protetor. No teu Imaculado Coração, sê o refúgio dos pecadores e o caminho que conduz até Deus. Unido aos meus irmãos, na Fé, na Esperança e no Amor, a Ti me entrego. Unido aos meus irmãos, por Ti, a Deus me consagro, ó Virgem do Rosário de Fátima. E, finalmente envolvido na Luz que das tuas mãos nos vem, darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos. Amém.” Junho / 2017 [Comunicações]

379


Evangelização

CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA NA USF

O

Núcleo de Pastoral Universitária realizou, durante o mês de abril, a celebração da Páscoa com colaboradores da USF no campus de Cambuí. Forte momento de sentar-se todos à mesma mesa, sem pressa, e fazer a beleza da convivência celebrativa. A celebração foi simples, porém com significado muito grande para os participantes. “Gostei da parte onde ‘compartilhamos o vinho’, pois cada um dos funcionários recebeu uma garrafinha de vinho e nela depositou seus sentimentos nobres, como: afeto, gratidão, carinho, amor, etc. Ao compartilharmos esses sentimentos (o vinho simbolizando o sangue

380

[Comunicações] Junho / 2017

de Jesus Cristo), dividimos com nossos irmãos o desejo de renovação moral. Lembremos o Cristo, que nos ensinou em vida o que é a humildade, a amizade, a fraternidade, a lealdade e o amor. E que mesmo após sua morte, ressuscitando ao terceiro dia, nos presenteou com o amor, transformado em fé, sentimento que predispõe al-

guém a desejar o bem a outrem, ou a alguma coisa, nos fortalecendo a acreditar, nos renovando a cada dia, que a vida nos presenteia com páginas novas no livro do tempo. Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele apenas pediu e nos ensinou: amar a Deus sobre todas a s coisas e que nos amássemos uns aos outros”, disse Edilson Roson, administrativo/ financeiro do Campus de Itatiba “O evento foi, para mim, um marco decisivo em minha vida. Eu sempre vi a Páscoa como uma festa cristã de celebração do renascimento. No entanto, o sentido verdadeiro de


Evangelização

comunhão e partilha eu pude vivenciar ao sentar-me à mesa com a equipe da USF, representando a família do labor e aquela em que passamos boa parte do nosso tempo. Senti-me outra pessoa. Sensação marcante e eterna!”, contou a professora Adelaide Albergaria Pereira Gomes, coordenadora do Curso de Direito no Campus Campinas, na Unidade Cambuí. O Colaborador Luis Felipe de Oliveira, Técnico de Suporte do TI, da Unidade Swift-Campinas disse que mesmo não tendo religião e não tendo muita familiaridade com o catolicismo, no momento da ceia se sentiu acolhido neste encontro com todos os colegas com quem convive todos os dias e passa momentos importantes. “Acredito que esses momentos alegram e agregam mais e mais valor em nossas relações, além de promover um sentimento de pertencimento ao grupo”, garantiu.

Já para Marta Catalani, da Central de Coordenação de Curso do Campus de Itatiba, “a cada dia nos tornamos pessoas melhores com os ensinamentos deixados pelo nosso mestre Jesus”. Para Lucas Henrique de Oliveira Leite, do Desenvolvimento Institucional do Campus de Bragança Paulista, foi uma celebração extremamente proveitosa. “Acredito que seja de grande importância o momento de conciliação e confraternização entre os funcionários. Às vezes lidamos com as pessoas e sequer sabemos quem elas são. O momento de compartilhar o vinho com as diversas experiências tidas no cotidiano de cada um e dividir as energias com as demais pessoas da instituição transparece muito bem os ensinamentos de Cristo, que nos diz: ‘Amai o próximo como a ti mesmo’. Quando conseguimos amar o próximo, conseguimos

compreendê-lo e as relações ficam cada vez mais fáceis e positivas”, explicou. Segundo Lucas, a celebração da Páscoa do Senhor, uma comemoração tão divina e bela, a mais antiga festa cristã, nos traz a imagem de paz e amor, como disse Santo Agostinho: ‘Se você se inebriar no Cálice do Senhor, sua embriaguez será vista em suas obras’. Não tem sentimento mais propício para se falar na Páscoa que o amor, o amor que Cristo teve e tem por nós. O amor que devemos ter por todos. A receita do sucesso está em se inebriar no Cálice do Senhor, para que as relações fluam com a paz e luz de Jesus. O sentimento de gratidão e de comunhão é o que fica dessa celebração”, completou o técnico de TI. A Pastoral Universitária agradece a todos os participantes e os envolvidos na realização da Celebração de Páscoa com os Colaboradores da USF.

Junho / 2017 [Comunicações]

381


Evangelização

SEFRAS: SEMINÁRIO DISCUTE MORADIA PARA O POVO DE RUA

A

situação do povo da rua e sua luta por moradia foi tema do seminário “Direito à Moradia do Povo de Rua”, promovido pelo Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) em parceria com o Centro Gaspar Garcia e Defensoria Pública do Estado. O evento, realizado no Chá do Padre, contou com a participação de cerca de 400 pessoas e traçou estratégias de lutas pelos direitos dessa população. Segundo o psicólogo do Sefras Pop Rua, Marcus Gonzales, é uma caminhada longa mas é preciso manter a luta. “O poder dominante não vai se livrar dos seus privilégios tão facilmente”. Para o coordenador do Movimento das Pessoas em Situação de Rua, Darci Costa, esse seminário foi importante para propor novos encaminhamentos e tirar a população de rua dessa vulnerabilidade. Equipe de Comunicação do Sefras

Crianças do Peri ganham novas oficinas de arte

BANCO DO BRASIL FAZ DOAÇÕES AO SEFRAS

Com o objetivo de ampliar e possibilitar o interesse e o acesso à cultura, o Sefras Criança do Jardim Peri, em São Paulo, iniciou duas oficinas para animar a criançada e possibilitar novos aprendizados. Além das atividades de dança, música, artesanato e informática, agora os participantes contam com aulas de grafite e teatro. Para a coordenadora do serviço, Ângela Assis, as oficinas contribuem para o conhecimento e aperfeiçoamento das crianças. “Nosso objetivo é sempre o de ampliar e oferecer oficinas que garantam o acesso às atividades socioculturais de uma maneira que possa estimular a participação das crianças na sociedade”, destacou. Além disso, as oficinas de teatro e grafite possibilitam mais interatividade e ânimo nos trabalhos com as crianças por meio de oficineiros bem qualificados. “As oficinas foram escolhidas pelas crianças e elas devem permanecer nelas por um mês, depois disso se tiverem interesse podem repetir no mês seguinte ou escolherem outra que tiverem interesse”, comenta Ângela.

Com a chegada do inverno, o Sefras está se mobilizando, através da Campanha de Inverno, para arrecadar roupas, calçados, agasalhos e cobertores para a população que vive em situação de rua. Além disso, neste mês também será aberto o serviço emergencial no Chá da Tarde (Pop Rua SP) para acolher os moradores de rua durante a noite. E foi pensando nesse gesto de solidariedade que o Centro Cultural do Banco Brasil (CCBB) se tornou um dos parceiros, contribuindo na doação de toalhas, roupas, kits de higiene pessoal, como sabonete, escova e creme dental, roupas e alimentos para os participantes do serviço. O Sefras também participou da ação de arrecadação da feira APAS (Associação Paulista de Supermercados) e Canto Cidadão. A edição aconteceu na noite do dia 5 de maio, no ExpoCenter Norte, em São Paulo. Entre 19h e 4h da manhã, centenas de pessoas se mobilizaram para arrecadar alimentos e itens de higiene e limpeza. Neste ano, foram arrecadadas 21 toneladas de doações; este total foi dividido igualmente entre as 16 ONGs sorteadas.

382

[Comunicações] Junho / 2017


Evangelização CURITIBANOS

RÁDIO COROADO NA FREQUÊNCIA FM

A

Fundação Frei Rogério, mantenedora das Rádios Coroado AM e Movimento FM de Curitibanos, realiza no dia 4 de junho de 2017 a Solenidade de Migração da Rádio Coroado. O evento acontece no Parque de Exposições Pouso do Tropeiro, em Curitibanos (SC), para marcar oficialmente a operação da emissora AM na fre-quência 106,1 FM. De acordo com o diretor da Fundação, Frei Neuri Francisco Reinisch, diversos fatores levaram a direção da emissora a buscar a migração para FM. Ele afirma que com o desenvolvimento tecnológico, as interferências eletromagnéticas de motores, celulares, começaram a aumentar os ruídos nas ondas da Rádio AM, além de os ouvintes estarem mais exigentes, não só em termos de conteúdo, mas também em qualidade, primeiro fator levado em conta para a migração. O segundo fator, conforme Neuri, foi a presença do rádio em dispositivos móveis. “As antenas AM ocupam muito espaço nos celulares,

e consequentemente, não haveria interesse destes em investir em tecnologia. Visando disponibilizar a programação da Coroado em aplicativo de telefonia móvel, a migração fez-se necessária, para alcançarmos mais ouvintes”, relata o frade. Segundo o diretor, o Ministério das Comunicações não deixa claro

o que será das rádios que não pediram a migração: se serão extintas ou não após o prazo concedido para migração, tendo em vista que as assessorias aconselharam essa mudança. Outra dúvida é quanto à digitalização do rádio. Alguns países extinguiram o FM para digitalizar totalmente o rádio. O frei salienta que existe um estudo que os norte-americanos apresentaram na NAB Las Vegas 2017, de um sistema misto: uso de radiofrequência, usado atualmente, somado ao tráfego de dados e aparelhos que integrarão o sistema multimídia dos carros. “Bastaria uma boa cobertura de Internet. Migrar, em síntese, é melhorar a qualidade sonora, é estar presente nos dispositivos móveis e acompanhar tendências brasileiras, mesmo que ainda com muitas incertezas”, completa Frei Neuri, frisando que após a migração, a evolução será evidente. “Haverá melhora na qualidade de áudio, seguindo os avanços tecnológicos, melhor cobertura de sinal e, neste sentido, perspectiva de aumento de potência”, finaliza.

Curso de EAD da USF conquista nota máxima no MEC O Curso Tecnologia em Processos Gerenciais, na modalidade à distância, da Universidade São Francisco (USF) conquistou o conceito 5 em uma escala que vai de 1 a 5, na avaliação do Ministério da Educação (MEC), que analisa corpo docente, instalações físicas e projeto pedagógico. A nota máxima reafirma o compromisso da USF com a excelência no ensino superior brasileiro. No Brasil, das mais de 150 Instituições de Ensino Superior que oferecem o Curso de Processos Gerenciais, a USF

é a única com conceito 5, atualmente, de acordo com dados do relatório de 08/03/2017 publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Para a coordenadora do Núcleo de Educação a Distância da USF, professora Simone Cristina Spiandorello, a nota máxima significa um reconhecimento do trabalho desenvolvido desde sua

criação em 2013. “Receber nota cinco num processo de reconhecimento significa que o curso alcançou excelência nos indicadores de qualidade previstos na avaliação do Ministério da Educação. Na visita para credenciamento, realizada em 2008, a USF já havia sido avaliada com nota cinco. Receber agora o reconhecimento máximo demonstra o empenho e o compromisso da Universidade São Francisco em consolidar-se na Educação a Distância com qualidade e excelência”, destacou a professora.


NOTÍCIAS DA REUNIÃO DO DEFINITÓRIO PROVINCIAL Agudos, 27 e 28 de abril de 2017

A

pós Celebração Eucarística, às 7h00, com a Fraternidade do Seminário de Agudos, em capela interna nova, o Definitório iniciou reunião na manhã do dia 27. Nos dias 25 e 26 havia-se realizado, também em Agudos, a reunião com os guardiães e coordenadores das Fraternidades. Frei Fidêncio foi o moderador das sessões do Definitório, e grande parte dos assuntos nelas tratados segue abaixo.

1) Reunião dos guardiães e coordenadores das fraternidades – notícias Missa de abertura No início da Celebração Eucarística de abertura da reunião dos guardiães e coordenadores, no dia 25 de abril, às 8h00, em Agudos, solenidade do apóstolo Marcos, Frei Fidêncio, ao dar as boas-vindas, lembrou que todos os confrades presentes eram animadores da vida provincial. Na homilia, ressaltou que Marcos nos responde a pergunta: quem é Jesus?, apresentando-o como o Ressuscitado que envia os discípulos a irem pelo mundo para anunciar o Evangelho a toda criatura. Nós, irmãos menores, somos chamados a colocarmo-nos à sua escuta, na sua escola, para sermos anúncio autêntico. Comen-tando também a Carta de Pedro, Frei Fidêncio desta-

384

[Comunicações] Junho / 2017

cou a necessidade de revestirmo-nos de humildade nos relacionamentos fraternos, depositando junto ao Mestre nossas preocupações, primando pela sobriedade, vigilância e firmeza na fé. Apresentação do tema: fé, mística, vida espiritual Já na sala de reunião, às 9h00, Frei Fidêncio fez uma apresentação do subsídio fornecido pelo Definitório Geral “Inclinai o ouvido de vosso coração... escutai e vivereis – linhas-guia para constituir uma fraternidade de eremitério ou casa de oração”, que será entregue, pelos guardiães e coordenadores, a cada confrade da Província. Frei Fidêncio fez alusão a apelos recentes por parte da Ordem, e pelo nosso último Capítulo Provincial, para que cultivemos com mais empenho a dimensão da fé, da mística, da vida espiritual, que qualifica nossa vida fraterna e nos dá credibilidade na missão evangelizadora. Citou ainda o que foi refletido em recente reunião do Definitório Provincial: muitos problemas decorrentes de nossas fragilidades humanas deveriam ser resolvidos pelo cultivo mais decisivo da espiritualidade que nos caracteriza, lembrando que a vida religiosa em geral, e a nossa, especificamente, têm um caráter curativo e oferecem um modelo alternativo de vida. Ao citar que nossa Província tem um eremitério e várias possibilidades de


Definitório Provincial

casas de oração – o que é muito bom -, Frei Fidêncio insistiu que o decisivo, porém, está em como cada fraternidade consegue (ou não) cultivar a dimensão da fé e da espiritualidade no dia a dia, e também a busca pessoal inalienável de cada frade. Partilha e plenário Às 16h30, após leitura do subsídio e atenção a alguns questionamentos nele contidos, os guardiães e coordenadores foram convidados a partilhar em plenário o que refletiram em grupos na primeira sessão depois do almoço. Algumas ponderações que vieram à tona: - Uma das dificuldades em cultivarmos a dimensão contemplativa de nossa forma de vida está no âmbito da fé. Sem ela fica difícil a vida segundo o Espírito,

aquela liberdade exterior e interior que se expressa no ato de amor, de doação irrestrita. Remédio para isso aparece no título do subsídio: Escutai e vivereis... A fé nos vem pelo ouvir, como diz a Escritura, e é preciso nos deixarmos atingir pela Palavra que nos vem de Deus. Nossa oração corre o risco de ser muita fala e não diálogo e encontro, justamente pela falta do exercício da escuta. - Pela oração nos reconhecemos dependentes de Deus e dependentes entre nós. - Algumas fraternidades já têm a experiência de rezar com o povo. É preciso abrir mais as portas de nossas casas para acolher pessoas que queiram rezar conosco. Mas, para isso requer-se certa sensibilidade para fazer a leitura do nosso tempo (e suas contingências), inclusive adaptando-se horários. - Tendo em conta certo ativismo em que nos inserimos, quando temos que deixar de lado alguma coisa do nosso dia a dia, geralmente “cortamos” a oração por primeiro. Não a temos como prioridade, como dimensão essencial. - A chave está em saber conjugar bem o individual (pessoal) e o comunitário, a ação e a contemplação. Sem a oração pessoal, por exemplo, a comunitária cai certamente num vazio. - É necessário levar em conta que a espiritualidade contemplativa franciscana é diferente da espiritualidade contemplativa de outros grupos religiosos. Quanto à experiência de eremitério, por exemplo, a nossa caracteriza-se por uma pequena fraternidade retirada, familiar e de cuidado (mães - filhos) e no modelo de Marta e Maria; há a prioridade do ofício divino, o contexto pobre (mendicância) e solitário (silêncio), etc. - Temos muito a recuperar em nossas fraternidades no que diz respeito à familiaridade, ao cuidado Marta-Maria, à alternância dos serviços, à partilha de vida, e de experiências (boas ou dolorosas).

Junho / 2017 [Comunicações]

385


Definitório Provincial - É preciso que reforcemos e aprofundemos nossa compreensão e prática da oração. Ela é uma necessidade. Falta-nos apostar nela como algo essencial de nosso carisma. Ela traz a comunhão com Deus, com as criaturas, com nós mesmos. A vida de oração é mais do que momentos de oração. Francisco era tido como “homem feito oração”. - Quanto à possibilidade de se voltar a constituir uma pequena fraternidade (2 ou 3 irmãos) no eremitério de Rodeio, para inclusive acolher confrades que queiram lá se retirar por determinados tempos, alguns grupos creem que não se deveria fechar a possibilidade, mas se poderia voltar a estudar a viabilidade, se, para a Fraternidade Provincial, isso resultar como sendo, de fato, relevante. SAV, Pró-vocações e outros No dia 26 de abril, Frei Diego Atalino de Melo fez-se presente na reunião dos guardiães e mostrou a necessidade de revigoramos a animação vocacional. Citou a aposta no trabalho com a juventude, incluindo as missões e caminhadas franciscanas da juventude. Mostrou como estamos num decréscimo numérico preocupante tanto de frades como de vocações. Nos próximos anos, bem poucos devem concluir a formação inicial. Aludiu à questão dos animadores vocacionais locais e ao entusiasmo pela própria vocação que todos deveríamos ter. Fez lembrar a próxima Caminhada da Juventude, em Agudos-Bauru, em janeiro de 2018; o Encontro Nacional de Jovens, da CFMB, em julho de 2018; e o Sínodo da Juventude, sobre o qual o nosso Ministro Geral elaborou um questionário e espera resposta por parte de nossos jovens até 1º de agosto deste ano. Por fim, Frei Diego deixou a pergunta: Como tornar a animação vocacional uma real prioridade em nossa Província? Também Frei Alexandre Rohling (Xandão) teve fala na reunião dos guardiães. Mostrou montantes que comprovam a importância do Pró-vocações para a manutenção de nossas casas de formação. Explicou diversas possibilidades de carnês para os benfeitores. Agradeceu às frater-

386

[Comunicações] Junho / 2017

nidades e paróquias que se abrem ao seu serviço, e avisou que em breve deverá estar “batendo à porta”. Outros assuntos tratados na manhã do dia 26 foram: necessidade de confecção do Testamento por parte dos confrades que ainda não o fizeram (os guardiães receberão a lista); notícias sobre o andamento da causa de Frei Bruno Linden; avanços nos convênios com as dioceses; ajuda à Cúria Geral por meio de intenções de missas (e agradecimento por parte do Ministro Geral). Ainda na tarde do dia 26, a assembleia dos guardiães e coordenadores aprovou o Balanço Patrimonial e as demonstrações financeiras da Província, do exercício de 2016, apresentados por Adriel Moura. E também técnicos da seguradora Holden, de São Paulo, deram esclarecimentos sobre a operacionalidade do novo Plano de Saúde contratado pela Província: Unimed Jaboticabal.

2) Retiros 2017 – por Regionais Os retiros neste ano serão praticamente todos por Regionais. A temática geral proposta é: “O espírito de oração e devoção”: cultivo da mística, da espiritualidade. Previstos até agora: 1. Dos Formadores: 11 a 13 de julho (Rodeio – eremitério); 2. Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí: 24 a 27 de julho (a confirmar) (eremitério); 3. Do Definitório: 14 a 18 de agosto (Guaratinguetá); 4. Regional do Vale do Itajaí: 16 e 17 de outubro (Vila Itoupava); 5. Regional do Contestado e Regional de Pato Branco: 16 a 19 de outubro (Curitibanos); 6. Regional do Leste Catarinense: 16 a 19 de outubro (Angelina);


Definitório Provincial 7. Regional de Curitiba: 2 a 4 de novembro (Rondinha) aberto a confrades de outros Regionais. 8. Regionais do Estado de São Paulo: 6 a 9 de novembro (Agudos);

3) Teologia EaD – parceria ITF-USF Frei João Francisco comunicou que no dia 18 de março houve a primeira reunião em Petrópolis para tratar da parceria ITF/USF na implantação do curso de graduação e pós-graduação stricto sensu em Teologia na modalidade EaD. Na reunião, com a orientação de Frei Gilberto Garcia, foi explicitada a legislação EaD do MEC. Ficou evidente o interesse dos frades professores e do ITF em aprofundar o assunto. No dia 23 de março, aconteceu a segunda reunião entre os frades professores do ITF e a comissão da USF, da qual resultou a criação de três comissões que devem estudar as questões pertinentes à parceria ITF/USF, a saber: Comissão stricto sensu: Frei Ronaldo, Frei Fábio, Frei Nilo, Hugo e Iara; Comissão mantenedora: Frei Thiago, Frei Everaldo, Frei Volney e Adriel; Comissão graduação EaD: Frei Ronaldo, Frei Vitório, Hugo e Iara. A próxima reunião será em 26 de junho, no ITF. Até esta data, as comissões deverão se reunir para amadurecer as questões e apresentar sugestões em vista dos primeiros encaminhamentos a serem dados.

4) Aspirantado – Ituporanga e FAVs Devido à avaliação positiva que se fez da modalidade do Aspirantado no ano passado (primeiro semestre em Ituporanga, depois experiência nas FAVs, e conclusão do ano novamente em Ituporanga), o Definitório aprovou que se continue com este modelo. Neste ano, as seguintes fraternidades serão FAVs: 1) São Francisco – São Paulo, 2) Forquilhinha, 3) Concórdia, 4) Vila Velha – santuário, 5) Agudos – seminário, 6) Ituporanga – paróquia. O período de experiência nas FAVs será de 3 de junho a 15 de setembro.

5) Formação Inicial – panorama numérico Os Definidores analisaram o panorama da Formação na Província, em termos numéricos, simplesmente, e perceberam, sem fazer outras reflexões mais contextuais, que é preciso redobrar a atenção com a animação vocacional, que se mostra como desafio para todos os confrades. Ensino Médio: 9 seminaristas; Aspirantado: 14 aspirantes (sendo 3 no 3º ano do Ensino Médio);

Postulantado: 18 postulantes; Noviciado: 20 noviços (sendo 10 angolanos); Tempo da Profissão Temporária: - Rondinha: 19 professos temporários (4 no 1º ano de Filosofia; 7 no 2º ano e 8 no 3º ano). - Tempo da Teologia: 11 professos temporários (9 no 1º ano da e 2 no 4º ano) – destes, 4 do 1º ano e 2 do 4º ano são da FIMDA. - Ano Missionário: 4 professos temporários (Frei Marcos Schwengber, Frei Gabriel Dellandrea, Frei Hugo Câmara e Frei Roger Strapazzon). Total: 34 professos temporários (destes, 6 são da FIMDA). Professos Solenes na Teologia: Campos Elíseos, Imbariê e Petrópolis: 5 professos solenes (1 no 3º ano de Teologia e 4 no 4º ano) ; destes, 1 do 3º ano e 1 do 4º ano são da FIMDA.

6) Dimensão JPIC na Formação - discussão O Conselho de Formação foi motivado a refletir sobre ações práticas que cada etapa da formação tem adotado para promover a consciência da “conversão ecológica”, tão necessária em nossos dias, e que é parte integrante de nossa identidade franciscana, lembrada na encíclica Laudato si’ e no documento da Ordem “O Grito da Terra e o Grito dos Pobres”. Pergunta-se sobre a conscientização e trabalho efetivo para a separação do lixo, para a economia de energia e água, para o reaproveitamento de coisas e recursos, etc.

7) Curso de Franciscanismo – Frei Rodrigo da Silva Santos Os Definidores aprovaram que Frei Rodrigo inscreva-se no curso de Franciscanismo oferecido pela ESTEF (Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana), do Rio Grande do Sul. A modalidade é de encontros presenciais intensivos, em 4 etapas, em períodos de férias do início e metade do ano, com carga horária de 400 horas-aula.

8) Nomeações diversas 1) Frei Gabriel Vargas Dias Alves - membro do discretório da Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, de Petrópolis, em substituição a Frei Leandro Costa dos Santos, transferido no final do ano passado. 2) Frei Roberto Carlos Nunes - diretor vice-presidente da Fundação Cultural Celinauta, de Pato Branco, PR. Junho / 2017 [Comunicações]

387


Definitório Provincial 3) Frei Marcos Vinícius Motta Brugger – diretor-assistente da Fundação Cultural Celinauta, de Pato Branco, PR. 4) F rei José Antônio Cruz Duarte - assistente espiritual para a Fraternidade OFS São Francisco das Chagas, de Rodeio, SC.

9) Frei Alex César Rodrigues - transferência Frei Alex foi transferido da Fraternidade Santo Antônio, de Bauru, para a Fraternidade Santo Antônio do Pari, em São Paulo.

10) Capítulo Provincial 2018 – data e indicação de Visitador Geral Os Definidores definiram data para o próximo Capítulo Provincial: 12 (chegada) a 21 (até o meio-dia) de novembro de 2018. Escolheram o nome de 5 confrades de outras entidades do Brasil como indicação ao Definitório Geral, que, então, nomeará um deles para o serviço de Visitador Geral da Província.

11) F rei Ary Pintarelli – agradecimento do Núncio Em carta a Frei Fidêncio, de 15 de março, Dom Giovanni D’Aniello, núncio apostólico, manifesta gratidão pelos serviços prestados por Frei Ary durante os oitos anos que trabalhou na Representação Pontifícia, em Brasília, DF. Afirma que “é importante saber reconhecer a ajuda e a pronta dedicação com que Frei Ari atendeu a todos os compromissos do seu expediente, além da maneira discreta e eficiente com que os realizou, sempre buscando colaborar dignamente e colocando os seus muitos talentos a serviço da Nunciatura Apostólica no Brasil. (...) Ele também foi uma companhia agradável junto à comunidade dos monsenhores e religiosas que vivem nesta casa. Ele sempre estabeleceu um convívio fraterno com todos. Sua presença nas refeições, nas missas todas as manhãs e em diversas outras atividades, com certeza, será lembrada com alegria e afeto”.

12) Ministro Geral - agradecimento Em carta de 24 de abril, Frei Michael Perry, Ministro Geral, informa que mais de 70% da divulgada dívida da Ordem já está sendo liquidada. Ele agradeceu a recente ajuda da Província à Curia Geral com 21.358 intenções de missas.

388

[Comunicações] Junho / 2017

13) Auditoria – mudança de empresa A partir do próximo mês, por motivos diversos, a Província e também a Associação Bom Jesus e a Casa N. Sra. da Paz contratarão a AJCA Consultores e Auditores, de Curitiba, para auditar suas contas. Não contarão mais assim com os serviços da Audiacto, também com sede em Curitiba.

14) Alexandre Verardi – indulto Em 10 de fevereiro de 2017, o Cardeal Beniamino Stella, prefeito da Congregação para o Clero, emitiu decreto de dispensa do celibato e de todas as obrigações decorrentes da sagrada Ordenação, em favor de Alexandre Verardi.

15) Frei Jorge Lázaro de Souza e Frei Leonardo Pinto dos Santos – missões Em e-mail de 16 de março, Frei Luis Gallardo Loja, do Secretariado para as Missões e a Evangelização, da Cúria Geral, informa que Frei Leonardo foi aprovado para ir à missão no Sudão do Sul, e que Frei Jorge Lázaro foi aprovado para a missão no Marrocos. As obediências são válidas por um ano, podendo ser renovadas até 6 anos.

16) Autorizações de viagem Por motivos diversos, receberam autorização para viajar ao Exterior: Frei Rozântimo A. Costa, Frei Cid Tadeu Passos, Frei Claudino Gilz, Frei Antônio Joaquim Pinto, Frei Sérgio Pagan, Frei Salésio L. Hillesheim, Frei Ivo Müller e Frei Valdecir Schwambach.

Encerramento Às 13h30 da tarde do dia 28 de abril, Frei Fidêncio, encerrando a reunião do Definitório Provincial, agradeceu aos Definidores o trabalho desenvolvido e convidou-os a rezarem uma Ave-Maria, pedindo à Mãe proteção e auxílio. Gostaríamos de externar o agradecimento à Fraternidade do Seminário de Agudos, que acolheu com solicitude não apenas os Definidores, mas também os confrades guardiães e coordenadores das Fraternidades da Província. Frei Walter de Carvalho Júnior secretário


Notícias e Informações

LITURGIA PERDE TRÊS REFERENCIAIS NESTE INÍCIO DE ANO

U

m mês depois do falecimento de Frei Alberto Beckhäuser (28/3), a Igreja do Brasil perdeu mais um referencial na Liturgia: Ir. Miria Kolling, que faleceu no dia 5 de maio último. Um pouco antes, faleceu no dia 4 de janeiro Pe. Ney Brasil Pereira. A Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, da Província Nossa Senhora Guadalupe, comunicou que a religiosa faleceu no Hospital Santa Virgínia, em São Paulo (SP), por volta das 17h30. No mês passado, Irmã Miria havia sofrido um leve infarto e, desde então, permanecia no hospital paulista. Aos 77 anos, Irmã Miria Therezinha Kolling foi Religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria por 57 anos. Nascida em Dois Irmãos, Rio Grande do Sul, desde cedo aprendeu na família a amar e cultivar a música. Na Congregação teve oportunidade de aprofundar seus estudos musicais. Como compositora de música litúrgica e

religiosa, era conhecida sobretudo pelas Missas e cantos litúrgicos, para as celebrações. Além de cantos para a catequese e evangelização, compôs mais de 600 músicas, em geral com letra e música de sua autoria. A religiosa também é escritora com especial dedicação às orientações sobre canto e liturgia. Incansável, viajou o Brasil e o exterior, dinamizando cursos de liturgia e canto. “Em nome da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, agradecemos pela doação de Ir. Miria, que se deixou iluminar e conduzir pela Divina Ruah, na composição das belíssimas canções que, com poesia e musicalidade contribuem para o enriquecimento da Liturgia, para a aproximação das pessoas e para o encontro com Deus”, disse Irmã Marlise Hendges, Diretora Geral da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Segundo Frei Patrício Sciadini, “Irmã Miria foi uma alma contemplativa, que

compreendeu o desejo religioso mais profundo do ser humano, traduzindo-o em música que eleva a Deus. Através de seus cantos, o povo reza, medita a Palavra, se sustenta na luta, sempre atento aos sinais dos tempos que questionam e evangelizam”.

MEU SANTO ANTÔNIO Meu Santo Antônio do Brasil e do mundo, Que a ninguém deixa só na estrada da vida, Meu Santo Antônio, intercessor mais profundo, Em situações desta vida, então, mais sofrida. Junho é teu mês, e o mundo inteiro te pede: Nesse vale de abismo, socorre teu povo, Junto a Jesus, o teu Amigo, intercede, Traze a essa terra, a paz, amor, mundo novo! Meu Santo Antônio, popular no Brasil, Nós precisamos de milagres mil, Vem fazer hoje os mesmos que ontem fizeste! Vem, meu Antônio, meu Amigo da estrada, Vem melhorar nosso País, Terra amada, Vem mostrar que nosso Deus é Brasileiro. Frei Walter Hugo de Almeida


CFFB

HOMENAGEM AO CENTENÁRIO PAULO MACHADO dalha Dom Pedro II, o Prêmio APL2007, categoria Pesquisa Histórica, dentre outros.

CONSELHO

O

s representantes do Conselho Nacional da OFS do Brasil, reunidos no Rio de Janeiro, de 19 a 21 de maio, no centro de Espiritualidade das Irmãs Cabrini, prestaram homenagem ao primeiro Ministro da Unificação da OFS do Brasil, Paulo Machado da Costa e Silva, durante a celebração dos seus 100 anos de vida, na cidade de Petrópolis. Paulo Machado, emocionado, falou da sua alegria de ver a família franciscana reunida, partilhando com ele desse momento. Pois, além dos frades, estavam presente uma irmã das Clarissas e uma religiosa franciscana, Irmã Patrícia, do Instituto das Irmãs Franciscana da Divina Misericórdia, GO, que também passa a integrar a Conferência dos Assistentes da OFS. Os ministros nacionais que sucederam Paulo Machado estavam presentes: Rosalvo Mota, SP; Aparecida Crepaldi, SP; José Carlos, MG, Antônio Benedito, PA e o atual, Vanderlei Suélio. Paulo Machado, professor de Direito Romano, nasceu em Petrópolis em 17 de maio de 1917, primogênito entre 9 filhos de Iria Maciel Costa e Silva e José Machado Costa e Silva. Fez o estudo primário em Petró-

390

[Comunicações] Junho / 2017

polis e, aos 12 anos, foi para o Seminário de Azambuja, em Santa Catarina, seguindo para São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, onde estudou Filosofia e Teologia. Iniciou sua carreira de professor no Colégio Marista em Porto Alegre e retornou em 1942, instalando-se em Cantagalo, onde conheceu Waldemira, com quem se casou em 24 de junho de 1944 já em Petrópolis, onde se estabeleceu profissionalmente. A família foi abençoada com sete filhos: Elza, Sebastião e Wilson já falecidos, e ainda Iria, Paulo Antônio, Alzira e Ilka. Foi professor de Português, Latim, Francês e História em diversos colégios particulares e públicos em Petrópolis, bacharelou-se em Direito pela primeira turma da Universidade Católica de Petrópolis em 1958, lecionou Direito Romano na PUC do Rio de Janeiro e na Universidade Católica de Petrópolis. Foi fundador da Associação dos Professores e do Sindicato de Classe, vereador e presidente da Câmara Municipal de Petrópolis. Na Ordem Franciscana Secular (OFS), além de ministro nacional, foi conselheiro internacional e atuou na Comissão Jurídica Internacional. É congregado mariano e detentor de inúmeras comendas e lauréis, destacando-se a Me-

Entre os pontos discutidos, na reunião ordinária da vida do Conselho, destacou-se a avaliação do último Capítulo Nacional, quando todos destacaram que foi bastante positivo do ponto de vista da participação e da leveza, da forma como foi conduzido de um modo geral, com destaque para a irmão Zezé, de Sergipe, que muito bem ministrou o tema geral, de forma dinâmica. Outro ponto de muita relevância foi o sistema da cadastro informatizado da OFS. Houve alguns esclarecimentos sobre as mudanças, como também foram feitas algumas determinações sobre o sistema. Em virtude da mudança no formato do sistema e por pedidos de vários Ministros Regionais, o Ministro Nacional propôs a prorrogação do prazo. Assim ficou definida até 31 de julho, deste ano, conforme resolução do último Capítulo Nacional. O valor da Carteira de Identidade do Franciscano Secular, que será confeccionada a partir do cadastro, foi estipulado em R$ 25,00. O pagamento será até a data do término do prazo do cadastro e o pagamento será por fraternidade. Todos os professos serão obrigados a ter a carteira. Quem está no SEI, se não for ativo não é obrigado a ter a carteira, mas se for ativo deve contribuir para a confecção. A data de validade para a primeira carteirinha será 2021. Na reunião também ficou definido o tema do 4º Encontro Nacional de Formação, Comunicação e Animação Fraterna, que será de 3 a 5 de novembro, em Brasília. O tema será: “Uma formação integral que motive e reacenda a chama”.


CFFB

Missões Franciscanas da Juventude

Mais de 100 jovens gaúchos promovem a paz

E

ntre os dias 21, 22 e 23 de abril aconteceu a primeira edição das Missões Franciscanas da Juventude, em Gravataí-RS. Um final de semana intenso, ao qual mais de 100 missionários vindos de Curitiba, no Paraná, e de doze cidades do Rio Grande do Sul, levaram o lema “Vai e Reconstrói a Paz” para seis comunidades do município. Organizado pela Província São Francisco de Assis, as Missões têm o objetivo de levar o carisma de São Francisco de Assis e Santa Clara para as realidades locais, afirmando o pedido do Papa Francisco de se ter uma “Igreja em saída”. Durante os três dias de missões, jovens e pessoas voluntárias do município puderam caminhar nas regiões atendidas pela Rede de Comunidades São José, na qual os franciscanos atuam. Nelas, os missionários puderam conhecer as mais diversas realidades, com as visitas às famílias, aos asilos e a um centro de reabilitação do município. As Missões Franciscanas da Juventude acontecem em todo o país organizadas por cada Província Franciscana. O Diretor das Pontifícias Obras Missionárias, Padre Maurício Jardim, durante a sua participação na

missa de encerramento do encontro, enfatizou a alegria de estar na primeira edição das Missões, em Gravataí, reafirmando cada vez o mais o pedido do Papa Francisco. Para o padre, essas iniciativas são importantes para se levar a alegria do Evangelho a todos. “Nós colaboramos com a missão de Deus de três formas, que é rezar para as missões; partilhar; e nos colocarmos como missionários indo aos lugares que mais precisam. A missão se faz com os joelhos daqueles que rezam, das mãos que partilham e dos pés que partem”, disse o Padre Maurício, enfatizando o tripé que move as missões ao redor do mundo. Jovens do Rio Grande do Sul já marcaram presença em outras Missões que aconteceram no Brasil. Neste ano, eles participaram da quarta edição das Missões em Curitiba, que reuniu cerca de 500 missionários. Com a vontade de realizar este evento em terras gaúchas, o Moderador das Missões da Província São Francisco de Assis, Frei Franklin Freitas, ressaltou a alegria de estarem acontecendo as Missões, nas quais os jovens puderam vivenciar na acolhida, na conversa e em abraços o carisma franciscano. ” Após participarmos das Missões em

outras regiões, começamos a nutrir esse desejo de fazermos em nossa terra esse projeto missionário. Há muito amor envolvido em tudo isso. Desde que as lideranças foram se contagiando e começaram a trabalhar, começou a somar muita gente, e depois ao retornamos das visitas, conseguimos perceber a alegria que levamos para as pessoas”, ressaltou Frei Franklin, emocionado com o resultado dos três dias. Na manhã de domingo (23/4), os missionários, emocionados e repletos de alegria, puderam partilhar os momentos vividos com o grande grupo. Após a partilha, a comunidade se fez presente na Igreja Santa Rita de Cássia, na Morada do Vale I, em Gravataí, para a missa de encerramento das Missões. Durante a missa os jovens colocaram os seus nomes numa urna em formato de TAU, que será levada no encontro nacional dos franciscanos, em Aparecida-SP; e também foi anunciada a próxima cidade que receberá as Missões: Horizontina-RS. Na alegria de renovar as esperanças daqueles que mais necessitam, promovendo a paz para os quatro cantos de Gravataí, os missionários terão para sempre as memórias destes três dias especiais. Junho / 2017 [Comunicações]

391


OFM

QUINHENTOS ANOS DEPOIS

Q

uinhentos anos depois (1517 - 2017), dois fatos históricos marcam a caminhada da vida cristã. Ambos provocaram divisão e, hoje, ambos buscam reconciliação. Um é referente ao Franciscanismo, com a separação entre a Ordem dos Frades Menores (OFM) e a Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFMconv). Isto aconteceu em 29 de maio de 1517 com a bula papal “Ite vos”, de Leão X. O outro fato situa-se em nível eclesial quando, Martinho Lutero (1483 – 1546) inicia a reforma dentro da própria Igreja, afixando as famosas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittemberg. A Ordem Franciscana, desde o início e, já em vida de Francisco de Assis (1181/2 – 1226), foi agitada por conflitos internos. Um dos pontos fundamentais – mas não o único – era a questão da pobreza. O historiador capuchinho, Lázaro Iriarte, em sua obra “História Franciscana” (Editora Asís, Valencia, 1979), das páginas 87 a 114, traz um resumo de como isto aconteceu, especialmente, entre os anos 1318 – 1517. Nesse período, por razões internas e externas, a Ordem entrou em decadência, perdendo de vista seu carisma original. Construíram-se conventos espaçosos, as celebrações se tornaram solenes, regras e normas foram introduzidas, juntamente, disciplina conventual, o uso de bens móveis e imóveis e do dinheiro era facilitado... numa palavra, a Ordem entrou nos padrões monásticos. Este modo de vida foi assumido pelos frades “Conventuais”, com apoio da Igreja, inclusive, com bulas papais. Simultaneamente, havia o anseio do “retorno ao vigor dos primórdios da Ordem”, com mais recolhimento, austeridade, pobreza, minorismo, simplicidade de vida, casas pequenas. São os chamados “Observantes”. Estes, também, receberam apoio da Igreja (Iriarte, p. 95). Porém, julgavam-se “frades verdadeiros” e tachavam os outros de “relaxados”, isto é, os que viviam a Regra, dentro de interpretações mais “relaxadas”. Por sua vez, os “Conventuais” hostilizavam os que achavam que não se poderia viver o Franciscanismo dentro de um grande convento (Iriarte, p.101). No transcorrer da caminhada dos “Observantes”, formaram-se vários grupos reformados, de acordo com seus inspiradores: coletanos (Santa Coleta de Corbie), amadeítas (Amadeu Menezes), clarenos (Ângelo Clareno). Grandes missionários fizeram parte desses grupos, como Bernardino de Sena, João Capristrano, Tiago das Marcas. Houve tentativas de unificação, tanto da parte da Igreja como de frades. Mas o que predominou foram conflitos internos e um

392

[Comunicações] Junho / 2017

constante vai-e-vem de bulas, ora em favor ou contra certas províncias ou mosteiros, ora combatendo ou apoiando atitudes de ministros, vigários ou grupo de frades. Não raras vezes, duques e príncipes os apadrinhavam, conforme seus interesses. O Cisma do Ocidente (1378 – 1418), quando a Igreja teve dois Papas, um em Roma e outro em Avignon (França), também contribuiu na fragmentação da Ordem. Assim, houve momentos em que províncias tinham dois ministros, cada qual obedecendo a um dos Papas. Por ocasião do Concílio de Constança (1415), os frades “Observantes” entregaram um documento aos conciliares, relatando toda esta inquietação, fazendo dois apelos: que, nas Províncias, houvesse “conventos com observância mais rigorosa da Regra, e que fossem orientados por um custódio próprio e independente. Esses conventos receberiam os frades que quisessem optar pela reforma” (Iriarte, p.104). O Concílio acolheu o pedido e estabeleceu que o custódio não dependeria dos provinciais, mas de um vigário-geral próprio. Ao Ministro Geral competiria, apenas, o direito de visita. Assim, “estava quebrada a unidade hierárquica, ainda que continuasse formando uma só família” (Iriarte, p. 104). A separação definitiva aconteceu com o Papa Leão X, quando convocou um Capítulo Geral extraordinário, em Roma. A bula “Ite vos in vineam meam”, de 29/05/1517 e completada em 12/06/1517, estabeleceu a divisão: fariam parte da OFM os frades “Observantes” e demais grupos reformados e, do outro lado, a OFMconv. Quinhentos anos depois, há um anseio de unificação. Estão previstas dois momentos significativos. Nos dias 22, 23 e 24 de maio, os Ministros Gerais da OFM, OFMconv e OFMcap se reunirão em Madri com o objetivo de encaminhar ações concretas que favoreçam a unificação. Em 2018, a OFM e OFMconv se uniram para dar início à Pontifícia Universidade Franciscana, em Roma, com o objetivo de criar um polo universitário de alta qualidade, atraindo estudantes e pesquisadores.

MARTINHO LUTERO

O outro fato histórico é a Reforma de Martinho Lutero. Ele nasceu e cresceu dentro de uma família católica e, após os estudos exigidos, ordenou-se Sacerdote Agostiniano (1507), doutorou-se em Teologia e a lecionou na Universidade de Wittemberg (1513 – 1518).


OFM A Reforma está fundamentada em questões doutrinais que já vinham de tempos anteriores, e várias pessoas tentaram fazê-la, como Pedro Valdo (1140 - 1220). Era um comerciante rico, despojou-se de tudo e, com uma Bíblia popular em vernáculo, começou a pregar ao povo, mesmo sendo leigo. Combatia o enriquecimento da Igreja, negava a supremacia do Papa e rejeitava o culto a imagens (idolatria). Foi condenado como herege. No tempo de Lutero, a situação era mais delicada porque o enriquecimento era feito através de indulgências. Estas eram como que um “mérito extra” que as pessoas recebiam para sua salvação. Através de pagamento onde a ganância, certamente, falava alto, havia “enriquecimento ilícito do clero à custa dos temores religiosos do povo que, com medo de serem condenados ao purgatório, compravam indulgências”. Refutando esta maneira de pastorear, Lutero propôs a doutrina da “justificação pela fé, independentemente das obras da Lei” (Rm 3,28). A carta aos Hebreus mostra que todos os grandes personagens bíblicos do AT realizaram o Plano da Salvação pela fé em Deus (cf. Hb 11,140). Lutero condenava, também, a supremacia do Papa e a idolatria; questionava o celibato e o sacerdócio católico e, consequentemente, divergia sobre a doutrina da Eucaristia. Foi acusado de herético e, em janeiro de 1521, foi excomungado. Tudo isso trouxe sérias consequências internas e externas à Igreja Católica. O povo ansiava por uma reforma e muitos estavam insatisfeitos com seu clero amancebado, viciado em bebida, preocupado mais em enriquecer do que evangelizar. A ignorância religiosa campeava em todos os níveis, inclusive, nos “padres comuns” que mal-e-mal sabiam rezar a Missa. A reação foi muito forte: em vez de Missa, introduziram-se formas de culto e adoração. Chegou-se ao ponto de expulsar e/ ou assassinar sacerdotes católicos para serem substituídos por religiosos com formação luterana. Imagens foram sendo retiradas das Igrejas e o celibato, ab-rogado. Externamente, reis e duques, especialmente, da Alemanha – inconformados com a ingerência do Papa – aliaram-se a Lutero. Houve rebeliões armadas como a Revolta dos Camponeses (1524 – 1525) e o massacre de São Bartolomeu, na noite de 24 de agosto de 1572 e dias seguintes, deixando inúmeras vítimas católicas e huguenotes. Toda esta triste situação encontra-se descrita em artigos da Internet. A Igreja, incialmente, pensava que punindo os rebeldes, tudo voltaria ao normal. Mas não foi assim! Restabeleceu, então, a Inquisição (órgão criado em 1231) para inquirir opositores e levá-los à morte, caso necessário. A fundação da Companhia de Jesus

(1534) chegou em boa hora para evangelizar o clero e o povo. Mas a ação mais concreta foi o Concílio de Trento (1545 – 1563), com a Contrarreforma. Foi reafirmada a doutrina da salvação pela fé e obras (Tg 2,14-26) e da presença real de Cristo na Eucaristia. Instituiu seminários para uma sólida formação aos sacerdotes, estabelecendo o celibato obrigatório. A Bíblia oficial continua em latim, mas elaborou-se um manual catequético com perguntas e respostas. Por fim, o Concílio fez um apelo para que todos, especialmente o clero, assumissem a implantação das decisões tomadas. Quinhentos anos depois, que ações concretas são realizadas para reaproximar católicos e luteranos?! Devemos ter presente que a iniciativa do ecumenismo veio dos luteranos, a partir dos últimos cem anos. Convém ressaltar os fatos ocorridos em 31 de outubro, dia da afixação das 95 teses na Catedral de Wittemberg. Em outubro de 1983, por ocasião dos 500 anos do nascimento de Lutero, o Papa João Paulo II visitou um templo luterano e assim se expressou: “O mundo experimenta, ainda hoje, a importância de Lutero na história”. Aos 31 de outubro de 1999, véspera do grande Jubileu milenar, assinou-se a Declaração conjunta sobre a Justificação, em Augsburg – Alemanha. Em 31 de outubro de 2016, os luteranos iniciaram o ano comemorativo aos 500 anos do início da Reforma (1517 - 2017). Nesse dia, o Papa Francisco dirigiu-se até a Catedral Luterana de Lund (Suécia) onde ele e o presidente da Federação Luterana Mundial assinaram uma declaração conjunta, da qual foram extraídos estes textos significativos: “Ambos os lados reconhecem que houve preconceitos e conflitos mútuos e instrumentalizou-se a religião para fins políticos”. “Rezamos pela cura de nossas feridas e rejeitamos todo o ódio e violência”. “Queremos passar do conflito à comunhão”. “Comprometemo-nos a crescer ainda mais na união radicada no batismo, procurando remover obstáculos ainda existentes”. Neste sentido, a Declaração cita o anseio de ambas partes de comungarem da mesma Ceia do Senhor (lembramos que os maiores impasses sobre esta questão estão na Igreja Católica). Concluindo, a Declaração se compromete em realizar três ações em conjunto: defesa dos direitos humanos, acolhida aos refugiados e defesa da ecologia. Neste mesmo dia (31/10/2016), no Estádio Malmo, realizou-se um encontro ecumênico, cuja renda foi destinada aos refugiados sírios. Que tudo seja “em louvor de Cristo, amém”! Mas com uma ressalva: eu também preciso colocar a mão na massa! Frei Luiz Iakovacz Junho / 2017 [Comunicações]

393


OFM

“SÃO BOAVENTURA” NASCE DA UNIFICAÇÃO DAS PROVÍNCIAS DE LAZIO E ABRUZZO

D

epois de um longo processo de colaboração entre os frades de Lazio e de Abruzos, nasceu uma nova Província: a Província dos Frades Menores de São Boaventura de Bagnoregio. Frei Danilo Tremolada, da Província Seráfica dos Frades Menores da Úmbria, foi nomeado pelo Ministro Geral como Visitador e Delegado Geral para visitar os frades das duas Províncias e acompanhá-los em vista da unificação. Em 9 de maio de 2017, no Centro de Espiritualidade “Oásis do Menino Jesus”, próximo ao Convento de Greccio no Vale de Rieti, o Ministro Geral dos Frades Menores, Frei Michael A. Perry, erigiu oficialmente a nova Província, fruto da unificação da Província Romana e da Província de Abruzzo, e com a presença de ambas fraternidades provinciais. Também participaram quase todos os Ministros Provinciais da Itália, com destaque para a presença de Frei Claudio Durighetto, Ministro

394

[Comunicações] Junho / 2017

Provincial dos Frades Menores da Úmbria e atual presidente da Conferência dos Ministros Provinciais da Ordem dos Frades Menores da Itália e Albânia (COMPI). Às 9h30 da manhã, os frades se reuniram na sala de conferências para a leitura do decreto pelo qual o Ministro Geral sancionou o encerramento das duas Províncias e proclamou a criação da nova Província São Boaventura e apresentou o novo Governo da mesma: Luigi Recchia (Ministro Provincial), Fabio Catenacci (Vigário Provincial), Riccardo Burattin, Luciano De Giusti, Daniele Di Sipio, Alessandro Partini, Carlo Serri e Nando Simonetti (Definidores Provinciais). Às 12h15, na igreja do Santuário de Greccio, aconteceu a Celebração Eucarística presidida pelo Ministro Geral. No decreto, Frei

Michael Perry afirmou que a união das duas Províncias não deve ser vista como um sinal de morte, mas um anúncio de que os Frades Menores estão se preparando para continuar com mais determinação e clareza a tarefa da evangelização franciscana. Ele ressaltou que a unificação levará os frades a uma mudança no estilo de vida e na dimensão da evangelização e que é uma oportunidade para os frades e para a Ordem renovarem-se no modo de viver e propor o carisma franciscano ao mundo de hoje, e deixarem que o Senhor cumpra sua obra neles e através deles. Pertencem à nova Província 150 frades em 20 casas, localizadas no território de Roma, Rieti, Latina, Pescara, Chieti, Teramo e L’Aquila. Na homilia, Frei Michael refletiu sobre a passagem do Evangelho de São João, que manifesta a proximidade do pastor com seu rebanho, ou seja, do Senhor Jesus com seus discípulos. “O convite a escutar a voz do Mestre e a entrar em uma profunda comunhão


OFM

com o Bom Pastor é um dom que vem de Deus. Somente com os olhos da fé podemos reconhecer a verdadeira identidade de Jesus, sua missão e a transformadora experiência da relação de misericórdia, amor e confiança que Ele oferece a cada um de nós. É Deus quem faz possível esta relação, sem obrigar-nos a aceitá-la. Ainda mais, continua convidando-nos a entrar nesta amizade de aliança por meio de seu Filho (Jo 10, 29). Esta iniciativa divina impulsiona nosso coração a gritar “Abba, Pai”, gerando vida nova a cada um de nós”, disse. Hoje, este convite para deixarmos

que nossa vida seja renovada se concretiza no nascimento da nova Província de São Boaventura. Por este motivo, voltamos ao Santuário que nos fala da possibilidade de dedicar novamente nossa vida a escutar a voz de Deus, que se faz sentir mediante o dom da Encarnação. De fato, precisamente em Greccio, com seus primeiros companheiros e amigos, São Francisco celebrou a luz e a esperança, num mundo dilacerado pelas forças da divisão, pela violência, pela falta de confiança e pelo sentimento de afastamento de Deus por parte do povo. Reconhecemos que precisamente nesta gruta sobre a montanha,

se concretizou mais uma vez e encarnou-se a especial história de amor de Deus para com seu povo, na evocação artística do nascimento de Jesus. Para Francisco, não se tratava somente de um espetáculo teatral, com o qual se fez memória de um evento sagrado distante no espaço e tempo. Naquela evocação, Deus se fez carne na figura de um recém-nascido e se fez presente uma vez mais com o povo, aqueles que estavam reunidos para reviver aquele evento inesquecível, a todos os frades da Ordem, sejam os contemporâneos de São Francisco ou os seguintes, a todo povo de Deus, a toda humanidade e toda Criação, revelando então seu amor e sua constante fidelidade”, acrescentou o Ministro Geral. “Queridos confrades, convido-os a abandonarem todos os seus temores e todas as suas preocupações, e os animo a colocarem toda sua confiança em Deus, que salvou o seu povo da morte e da destruição, e os chama a mergulharem em uma vida de amor e de confiança n’Ele e no próximo”, encerrou.

PRESIDENTES DAS CONFERÊNCIAS SE REÚNEM COM O GOVERNO GERAL

D

e 15 a 17 de maio, os presidentes das Conferências dos Ministros Provinciais reuniram-se com o Ministro Geral e o Definitório Geral na Cúria Geral da Ordem dos Frades Menores. Após as apresentações, cada um respondeu as seguintes perguntas: Como as entidades de suas Conferências estão vivendo a fraternidade e a minoridade? Como foram

recebidas nas entidades as Diretrizes da Ordem, preparadas pelo Definitório Geral para os anos de 2016 e 2017? O tema central da reunião foi o “Conselho Plenário da Ordem”, que foi abordado no segundo dia. Durante o último dia, moderado pelo Ministro Geral, os presidentes escutaram várias devolutivas: do Ecônomo Geral, Frei John Puo-

dziunas, das Secretarias de Formação e Estudos, Missões e Evangelização, JPIC e, por último, do Ministro Geral, Frei Michel Perry. A reunião foi encerrada com a celebração das Vésperas. “Queridos irmãos e irmãs, como os discípulos nos Atos dos Apóstolos, fixemos nosso olhar em Jesus e somente n’Ele, tal como fez São Francisco. Peçamos a Deus que nos ajude a abrir nossas estruturas e instituições, a responder com fé e entusiasmo. Oremos para que Deus abra o coração de cada um dos frades em nossas Conferências, Províncias, Custódias e Fundações, de tal modo que todos juntos possamos permanecer em comunhão com Deus e descobrir novas oportunidades para responder ao Senhor que nos chama a sermos instrumentos de diálogo, de paz e de justiça no mundo de hoje”.


OFM

GERAL VISITA PROVÍNCIAS DO CONE SUL

D

e 17 de abril a 1º de maio, Frei Michael A. Perry visitou as províncias que formam a Conferência do Cone Sul na América Latina, acompanhado do Definidor Geral, Frei Ignacio Ceja. A visita da Província da Assunção, na Argentina e Paraguai, se realizou por meio de 3 encontros regionais: um no Paraguai e dois na Argentina. O encontro com os frades da Província de São Francisco Solano aconteceu na cidade de Salta, na Argentina. O encontro com os frades da Província da Santíssima Trindade no Chile aconteceu no Convento São Francisco, na capital Santiago. Frei Michael participou com os frades na oração, na Eucaristia e ouviu as partilhas sobre seus lugares de vida e missão, sobre suas inquietudes sobre a Ordem, sobre o presente e o futuro das entidades. Ele compartilhou sua visão sobre a situação do mundo atual, sobre os passos da Ordem, as luzes, esperanças e desafios que percebe nas Províncias visitadas. Pediu aos frades atenção às circunstâncias variáveis do mundo e pediu para serem autênticos

396

[Comunicações] Junho / 2017

irmãos e menores no mundo atual. Exortou-os a retornarem sempre à fonte da vida, o Senhor Jesus, através de uma maior entrega à oração pessoal e comunitária. Pediu processos de renovação, por meio da elaboração de projetos fraternos de vida e missão, que se convertam no compromisso de cada frade, de cada fraternidade local e de toda fraternidade provincial. O Ministro falou do necessário redimensionamento das estruturas provinciais, estando sempre atentos à qualidade de vida e missão. Ele compartilhou sua visão sobre algumas si-

tuações que vivem a Ordem e alguns desafios que enfrenta, bem como algumas reflexões que chamou de “meus sonhos para a Ordem”. Durante sua visita, Frei Michael encontrou-se também com os frades da formação inicial, com os frades que vivem os primeiros dez anos de profissão solene e com os frades idosos e doentes, e com o Definitório de cada uma das Províncias. Em vários lugares pode se encontrar com as Irmãs Clarissas, com os irmãos da Ordem Franciscana Secular e com outros membros da Família Franciscana.


OFM

ORDEM DOS FRADES MENORES EM NÚMEROS

H

á mais de oito séculos, com aprovação do Papa Inocêncio III, São Francisco de Assis fundava uma das maiores ordens religiosas da Cristandade. Segundo o novo levantamento da Ordem dos Frades Menores, em 31 de dezembro de 2016, os filhos de São Francis somam 13.302 (na última estatística eram 13.507). Detalhando esse total, 608 são

postulantes, que não entram na contagem geral; 385 são noviços; 1.496 são professos temporários (1.129 com opção clerical, 150 sem opção clerical, 217 sem opção); sendo 11.300 professos solenes (8.977 sacerdotes, 62 diáconos permanentes, 410 com opção clerical, 1851 frades leigos); 4 cardeais, 117 arcebispos e bispos. A Ordem teve no ano passado 303 falecimentos.

PRIMEIRO ENCONTRO DE IRMÃOS LEIGOS DA ÁSIA Estiveram reunidos 36 irmãos leigos de seis entidades da Conferência da Ásia Oriental no histórico 1º Encontro de Irmãos Leigos, celebrado em Sungsimwon, Sancheong, Coreia do Sul, de 3 a 7 de abril de 2017. A reunião foi uma oportunidade de os irmãos leigos compartilharem suas experiências de vida e vocação franciscana para se

apoiarem, se fortalecerem e se inspirarem mutuamente. A reunião responde ao chamamento da Ordem para intensificar a formação permanente entre os irmãos leigos através de uma reflexão comunitária. Além disso, a reunião serviu para oferecer propostas ao Conselho Plenário de 2017, em que se discutirá o papel dos irmãos leigos no mundo contemporâneo.

Os Frades Menores, presentes em 119 países, estão distribuídos da seguinte maneira: 1.234 na África e Oriente Médio; 3.257 na América Latina; 1.194 na América do Norte; 1.487 na Ásia e Oceania; 3.712 na Europa Ocidental; 2.418 na Europa Oriental. A Fraternidade Universal está estruturada em 93 Províncias e 8 Custódias Autônomas, 8 entidades dependentes do Ministro Geral; 19 Custódias dependentes das Províncias; 14 Conferências de Ministros Provinciais e 3 Uniões de Conferências (Ásia/Oceania: FCAO; América Latina: UCLAF; Europa: UFME). Segundo o Ministro Geral, Frei Michael Perry, os números não constituem o elemento mais importante para avaliar a qualidade de vida. “Não podem ser considerados somente como algo negativo. Frente a esta situação, somos convidados a cavar profundamente nas raízes de nossa identidade vocacional. Devemos revisar a maneira com que estamos vivendo o carisma e a forma como estamos trabalhando com os leigos, para que possamos seguir transmitindo a mensagem do Evangelho”, ponderou Frei Michael.

Junho / 2017 [Comunicações]

397


Falecimento

FALECE “IRMÃ SORRISO” AOS 82 ANOS

C

onhecida como “Irmã Sorriso”, faleceu no dia 25/4, aos 82 anos de vida e 57 anos de vida consagrada, Irmã Paulina Ribeiro, da Congregação das Irmãs Franciscanas da Terceira Ordem Seráfica, depois de ser internada no Hospital Frei Galvão, em Guaratinguetá, com pneumonia aguda. Por volta da meia-noite seu corpo chegou à Capela do Convento das Graças, que agora é uma Comunidade da Congregação, onde foi velada. Às 10 horas do dia 26 de abril, os Frades do Seminário Frei Galvão celebraram Missa de corpo presente e, em seguida, seu corpo foi transladado para a cidade de Pindamonhangaba, a Sede da Congregação e onde está o jazigo das Irmãs Franciscanas Seráficas. O Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, em nome de

398

[Comunicações] Junho / 2017

todos os frades da Província, comunga com as Irmãs Franciscanas Seráficas nessa Páscoa da Ir. Paulina e agradece a Deus pelo carinho e preciosa colaboração desta querida irmã na animação vocacional dos nossos frades e seminaristas. Ir. Paulina viveu muitos anos no Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá (segundo dizia, acompanhou 15 turmas de postulantes), e, nesse tempo, os postulantes e seminaristas que passaram por esta etapa tinham um carinho especial por esta irmã, sempre alegre, fraterna, exemplo de vida para as irmãs de sua Congregação e para tantos frades e seminaristas que se formaram ali. No dia 17/04, Irmã Paulina participou ativamente de uma assembleia em Pindamonhangaba juntamente com Frei José Francisco de Cássia dos Santos, Definidor e Diretor do Sefras, que, com carinho, ajudou nossa irmã chegar até o refeitório e recordou seu tempo de Seminário no Postulantado em Guaratinguetá. Ir. Paulina nasceu no dia 11 de maio de 1934, em Passa Quatro, Minas Gerais. Era filha caçula de Antônio Leite Ribeiro e Maria Francisca da Conceição, uma família mineira muito religiosa. Aos 14 anos, seu pai deu a ela o livro da Bíblia Sagrada e a vida de São Geraldo Magela. Foi assim que também nasceu no seu coração a semente da vocação para a Vida Religiosa. No dia 29 de junho de 1957, Ir. Paulina deixou as montanhas de Passa Quatro e foi para o Vale do Paraíba, em Pindamonhangaba, acompanhada de seu irmão Salvador para dar os primeiros passos como candidata à Vida Religiosa na na Congregação das Irmãs Franciscanas da Terceira Ordem Seráfica.

18/02/1958 - Ingresso no Postulantado. 08/01/1959 – Recebe o hábito das Irmãs Franciscanas da Terceira Ordem Seráfica e inicia a vida de penitência, a etapa do noviciado. 09/01/1960 – Professa os primeiros votos na Congregação. 22/12/1965 – Professa os votos perpétuos. Todo esse período até a profissão, ela viveu e trabalhou nas atividades domésticas do Convento em Pindamonhangaba/SP. Em 1962 – Trabalha como cozinheira na Cúria Episcopal de Goiânia. Em 1964 – Trabalha como costureira no Seminário dos padres dos Sagrados Corações em Pindamonhangaba. Aqui, ela era tratada pelos seminaristas da Congregação como “Irmã Sorriso”. Em 1965 – Trabalha como cozinheira no Seminário Santo Afonso na cidade de Aparecida. Em 1969 – Trabalha como sacristã em São Paulo. Em 1971 – Trabalha em Mato Grosso na pastoral, e aqui ela fez o que mais gostava: visitar as famílias. Em 1972 – “Irmã Sorriso” retorna a Pindamonhangaba para trabalhar novamente como costureira no Seminário dos Sagrados Corações. Em 1985 – Trabalha na Paróquia Nossa Senhora da Glória juntamente com Frei Hans e Dom Bernardo que, na época, era postulante da Província Imaculada dos Frades Menores. Em 1991 – Trabalha no Seminário Frei Galvão. Dizia com muita alegria que ajudou formar 15 turmas de postulantes. Em 2005 – Trabalha no Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) em São Paulo, capital. Mesmo com a idade mais avançada não teve medo de enfrentar os desafios da cidade grande. Era conhecida pelos motoristas de ônibus. Não podia sair no portão que os motoristas já paravam para ela. Em 2006 – Trabalha no noviciado em Pindamonhangaba. Em 2013 – Passa a residir na Comunidade das Graças e aqui ela fez a última etapa da sua vida. Trabalhava nas pílulas de Frei Galvão, ajudava na louça e atendia muitas pessoas que vinham com alegria visitá-la.


Trecho do Sermão de Santo Antônio aos Peixes para o momento político do Brasil Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!


Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados

JUNHO 05 05 e 06 09 a 11 12 16 16 e 17 16 a 18 20 a 22 21 23 a 25 25 a 27 26 e 27

Encontro do Regional de Curitiba (Aldeia); Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Curitibanos); Encontro Vocacional Regional (Ituporanga) Encontro do Regional do Espírito Santo (Colatina); Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense (Imbariê); Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense (Petrópolis-Imbariê); Encontro Vocacional Regional (Petrópolis) Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); Reunião do Definitório com os coordenadores dos Regionais (São Paulo); Encontro Vocacional Regional (Guaratinguetá) Encontro Regional do Contestado; Encontro Regional do Leste Catarinense (Forquilhinha);

julho 03 04 a 05 10 11 a 13 24 a 27

Encontro do Regional São Paulo (Vila Clementino) Reunião do Conselho do Secretariado de Evangelização (Vila Clementino) Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Balneário Camboriú); Retiro dos Formadores no Eremitério (Rodeio); Retiro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (a confirmar) (Eremitério);

26 e 27

OUTUBRO 09 a 13 16 e 17 16 a 19 16 a 19 16 a 19 17 a 19 20 a 22 23 e 24

13 15 20 20

03 a 06

28 a 30 21 e 22

14 a 18 22 a 25 25 e 26 28 28 e 29

SETEMBRO 01 01 a 09 02 e 03 03 a 10 04 04 04 e 05 07 a 10 10 a 12 11 a 13 18 18 18 18 e 19 18 a 22 25 25

Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação; Encontro Continental JPIC (Anápolis); Coleta anual pela evangelização na Amazônia; Congresso Continental para a Formação e os Estudos (São Paulo); Dia da Amazônia; Encontro do Regional de Pato Branco; Encontro Regional do Leste Catarinense (Florianópolis); Encontro Interobediencial do Irmãos Leigos Franciscanos (Vila Velha); Encontro Regional do Contestado; Reunião da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento (Agudos); Encontro do Regional de Curitiba (S. Boaventura); Encontro do Regional do Vale do Paraíba (Guará Fazenda); Encontro do Regional do Espírito Santo (Convento da Penha); Encontro do Regional do Contestado; CFMB: assembleia (São Luís – MA); Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Gaspar); Encontro do Regional São Paulo (Largo São Francisco)

Curso de Franciscanismo (Rondinha); Retiro do Regional do Vale do Itajaí (Vila Itoupava); Retiro do Regional do Leste Catarinense (Angelina); Retiro dos Regionais do Contestado e de Pato Branco (Curitibanos); Encontro Regional do Leste Catarinense (Retiro Anual, Angelina); Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); Estágio Vocacional (Ituporanga) Encontro do Regional do Leste Catarinense (Florianópolis);

NOVEMBRO 02 a 04 02 a 05 06 a 09

AGOSTO Capítulo das Esteiras da CFFB: por ocasião dos 800 anos do Perdão de Assis, 50 anos da Criação da Conferência da Família Franciscana do Brasil – CFFB; Retiro e reunião do Definitório Provincial (Guaratinguetá); CFMB: encontro de ecônomos (Caldas Novas – GO); Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense (ITF); Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense (Rocinha); Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Lages);

Assembleia da Frente da Educação (Bragança Paulista);

29

Retiro do Regional de Curitiba (Rondinha); Estágio Vocacional (Guaratinguetá) Retiro dos Regionais do Estado de São Paulo (Agudos); Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense (Niterói); Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense – recreativo; Encontro do Regional do Vale do Itajaí - recreativo (Vila Itoupava); Encontro do Regional do Vale do Paraíba recreativo (São Sebastião); Reunião do Definitório Provincial; Reunião do Conselho do Secretariado de Evangelização (Vila Clementino) Reunião do Definitório com os coordenadores dos Regionais;

DEZEMBRO 01 e 02 02 a 04 04 04 e 05 04 e 05 13 18 e 19

Celebração dos Jubileus; Encontro do Regional de Curitiba-Recreativo (Caiobá); Encontro do Regional São Paulo (Bragança Paulista) Encontro do Regional de Pato Branco; Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí – recreativo; Encontro do Regional de Curitiba - recreativo (Caiobá); Encontro Regional do Leste Catarinense recreativo,(Santo Amaro da Imperatriz).

2018 Janeiro

08 15 18 a 21

Profissão dos noviços; Vestição dos noviços; Missões Franciscanas da Juventude (Agudos e Bauru)

JULHO 12 a 15

Encontro Nacional de Juventude (Vila Velha).

novembro 12 a 21

Capítulo Provincial


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.