Comunicações - Junho de 2018

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Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

JUNHO de 2018 • ANO LXVI • N o 06

100 anos

Frei Constantino Koser


MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL

“Santo Antônio: vinde em socorro do teu povo aflito!”..................................................... .347

FORMAÇÃO PERMANENTE

“A missão do Franciscano Secular”, texto de Rosalvo Gonçalves Mota, OFS..... 350

FORMAÇÃO E ESTUDOS

Ordenação Presbiteral de Frei Marcos V. Motta Brugger................................................. 352 Ordenação Diaconal de Frei Evaldo Ludwig.............................................................................. 358 Dia do bem-aventurado Egídio de Assis no Eremitério..................................................... 361

SAV

O “inverno das vocações” e a realidade da Província ........................................................... 362

ESPECIAL

Primeiro centenário do nascimento de Frei Constantino Koser................................. 364

FRATERNIDADES

Igreja da Rocinha: 80 anos da primeira missa............................................................................ 382 Angelina se prepara para o centenário.......................................................................................... 385 Retiro do PVF reúne benfeitores em Agudos............................................................................ 384 Pari acolhe encontro distrital da OFS............................................................................................... 389 Série “Nossos Frades”: Frei Raul Budal............................................................................................... 390 Santuário de Vila Velha celebra seu Padroeiro: Divino Espírito Santo...................... 392 Santo Amaro da Imperatriz: “Isso tudo é coisa do Divino”................................................ 394 Mais dois livros de Frei Clarêncio......................................................................................................... 399 Encontro Regional do Alto Vale do Itajaí e Planalto Catarinense................................ 400 Prefeitura assume que pintou parte do Convento São Francisco............................. 401 Frei David R. dos Santos fala dos 130 anos da Lei Áurea.................................................. 402 Documentos da causa de Frei Bruno são abertos no Vaticano................................... 405

EVANGELIZAÇÃO

Conselho Internacional para as Missões e a Evangelização.......................................... 406 A experiência do caminho de Emaús na USF.......................................................................... 408 Petrópolis-Paty: 19ª Caminhada Ecológica Franciscana.................................................... 409 Frei Luiz Iakovacz escreve sobre o “Dia da África”.................................................................... 410 “Fake News e jornalismo de paz” é tema do 3º encontro da Frente de Comunicação..................................................................................................................... 412 Encontro dos Frades da Frente da Comunicação.................................................................. 413

CFFB

Frei Almir Guimarães fala sobre os 40 anos da nova Regra da OFS......................... 414 CFFB-PR: É preciso rever o que é velho em nossas vidas.................................................. 416

CFMB

Encontro anual do Secretariado Interprovincial para a Evangelização e as Missões - SIFEM.............................................................................................. 418 Reunião da CFMB............................................................................................................................................. 419 “Tempo de calvário” na Igreja do Xingu......................................................................................... 421 80 anos de Frei Neylor: “Os jardins continuam florindo”.................................................... 422

AGENDA ....................................................................................................................................................... 424 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP | www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br


Mensagem

veM em socorro do teu povo aflito! Caríssimos irmãos e irmãs,

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este mês de junho as comunidades católicas, e muito especialmente as franciscanas, mais uma vez celebram Santo Antônio de Pádua. Estes festejos são precedi-

dos por trezenas, novenas e tríduos, cujas temáticas alargam as invocações entoadas na tradicional “Ladainha de Santo Antônio”. Dentre as mais de trinta invocações da litania, algumas destacam Santo Antônio, a “trombeta do Evangelho”, por sua firmeza e eloquência profética den-

tro de uma realidade social da época, carente de verdade, de ética, de justiça, de paz e de bons costumes. Como no tempo de Santo Antônio, também nos nossos dias contemplamos uma realidade social que causa medo, incerteza e desconforto, principalmente quando Comunicações Junho de 2018

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Mensagem olhamos o nosso Brasil mergulhado numa vergonhosa crise institucional em todos os níveis. É possível oferecer uma resposta de esperança ao clamor do povo pobre que mais sofre as consequências desse desastre político-econômico, protegido por falácias e conveniências jurídicas? Sabemos o quanto Santo Antônio é venerado e invocado pela religiosidade do povo brasileiro. Cada fiel carrega no seu coração um agra-

decimento ou um pedido ao “íntimo amigo do Menino Deus”. Neste ano o clamor e o grito dos pobres chega mais forte aos céus, isto é, ao coração de Deus, pela intercessão do “fidelíssimo filho de São Francisco”: Nos nossos dias, para além do desafio da crise mundial provocada por esquemas iníquos e de guerras forjadas, também o nosso país vive um lamentável momento histórico! Diariamente, locutores nos apre-

sentam um verdadeiro espetáculo circense onde ‘palhaços’ desavergonhados fazem graça da desgraça dos pobres do nosso país. Santo Antônio, o teu povo pobre necessita de pão, de moradia, de amor, de respeito, de justiça, de direitos, de educação, de saúde e não desse circo armado! Nos nossos dias os pobres invocam Santo Antônio para que ele os ajude a recuperar as “coisas perdi-

Santo Antônio, rogai por nos! Doutor da verdade, rogai por nós! Batalhador contra a falsidade, rogai por nós! Extirpador de crimes, rogai por nós! Restaurador da paz, rogai por nós! Reformador dos costumes, rogai por nós! Restituidor das coisas perdidas, rogai por nós! das”. As “coisas perdidas”, no meu entender, não se referem exclusivamente a objetos pessoais, mas principalmente às perdas das conquistas sociais. Perdas que geram desigualdades e injustiças. Perdas que são as retiradas de direitos e de contrarreformas que espoliam os trabalhadores. Quantas coisas foram “perdidas”, isto é, foram surrupiadas por corruptos que, inescrupulosamente, perderam toda a medida da ética e da justiça, em detrimento dos pobres e trabalhadores, excluídos da participação política nas grandes questões sociais. “Santo Antônio, reformador dos costumes, rogai por nós”!

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Santo Antônio, o “Doutor da verdade”, no seu sermão do IV Domingo da Páscoa, apresenta-nos uma atualíssima reflexão acerca da “Justiça e Santidade”. Este sermão muito bem se enquadra na conjuntura atual do nosso país. É uma homilia que tanto se aplica à consciência pessoal e conduta evangélica de cada cristão como também se enquadra na atual realidade econômica, jurídica e política que, sem dúvida alguma, possui uma dívida ética, moral e financeira para com a sociedade brasileira. Como cidadãos, sonhadores da legítima “ordem e progresso”, verificamos que se perdeu o “perpendiculum”, isto é, o

fio de prumo do pedreiro, do qual Santo Antônio fala em seu sermão: Santo Antônio, “restaurador da paz” e “extirpador de crimes”, com a tua coragem e o teu exemplo de fé, vem em socorro do teu povo aflito, para que neste mundo de tanta demagogia e falácia, prevaleça a verdade que nos torna livres (Jo 8,32). Que nos nossos dias floresça a linguagem idealizada por Santo Antônio: “A linguagem é viva, quando falam as obras. Calem-se, portanto, as palavras e falem as obras”. As boas obras são visibilidades do verdadeiro amor e da santidade. O Papa Francisco, na recente Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, ad-


Mensagem “Justiça é a virtude com a qual, julgando-se corretamente, é dado a cada um o que é seu. Justiça é como dizer ‘juris status’, isto é, o estado de direito. Justiça é o hábito do espírito em atribuir a cada um a dignidade que lhe pertence, tendo em conta a utilidade comum. Fazem parte da justiça: o temor de Deus; o respeito à religião; a piedade; a humanidade; o gozo do justo e do bom; o ódio ao mal; o compromisso da gratidão. O mundo não possui esta justiça porque não teme a Deus, desonra a religião, odeia o bem e é ingrato para com Deus. Será julgado com relação à justiça que não praticou porque não puniu a si mesmo, segundo a justiça, pelos pecados cometidos. Será julgado com relação à justiça, mas não à sua e sim à daqueles que creem; e do confronto com eles é que receberá a condenação. Cristo não disse: “O mundo não me verá, mas “vós”, apóstolos, “não me vereis” e isso contra os mundanos que dizem: “Como podemos acreditar naquilo que não vemos? É justiça verdadeira, isto é, é fé que justifica, crer no que não se vê. Ou então: “julgará o mundo com relação à justiça” dos santos. Com efeito, diz o Senhor pela boca do profeta Zacarias: “Será estendido sobre Jerusalém o fio de prumo” (1,16). O fio de prumo ou chumbinho é um instrumento do pedreiro; em latim se diz: ‘perpendiculum’ do verbo ‘perpendo’ que quer dizer controlar, julgar. Consiste em um chumbo ou uma pedra amarrada num barbante e com ele se controla a perpendicularidade das paredes. A justiça dos santos (a santidade deles) é com o fio de prumo que é estendido sobre Jerusalém, isto é, sobre toda pessoa fiel, para medir e ver se sua vida está conforme ao exemplo deles. Todas as vezes que se celebram as festas dos santos, é estendido este fio de prumo sobre a vida dos pecadores. moesta: “Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra... Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos

teus interesses pessoais” (nº 14). Boas festas de Santo Antônio e que o Senhor nos abençoe e nos guarde! Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial Comunicações Junho de 2018

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Formação Permanente ANO DO LAICATO:

A MISSÃO DO FRANCISCANO SECULAR

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Igreja no Brasil está celebrando, desde 26 de novembro de 2017, Solenidade de Cristo Rei, a 25 de novembro de 2018, o “Ano do Laicato”. O tema escolhi-

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do para animar a mística do Ano do Laicato foi: “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino” e o lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo”, Mt 5,13-14.

O Ano do Laicato tem como objetivo geral: “Como Igreja, Povo de Deus, celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil; aprofundar a sua identidade, vocação, espiritualidade e missão; e


Formação Permanente testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade”. São Francisco, há 750 anos antes do Vaticano II, de um modo muito peculiar, volta-se para os leigos e nos dá um “modo de vida” (Regra da Ordem Franciscana Secular, OFS), na qual, “somos impulsionados pelo Espírito Santo a atingir a perfeição da caridade no próprio estado secular” (ROFS 2). A missão do Crucificado de São Damião, dada a S. Francisco, é para cada um de nós, franciscanos seculares, atual e verdadeira: ...”Vai e restaura minha casa”. Imediatamente, Francisco dispôs-se a executar a tarefa recebida. Mas não a reconstruiu de novo, consertou o que era velho, e reparou o que era antigo. Não desfez os alicerces, mas edificou sobre eles, reservando esta prerrogativa, mesmo sem pensar, ao Cristo. Ninguém pode por outro fundamento senão o que foi posto: Cristo Jesus. Depois, para não ficar de braços cruzados, executou a restauração de mais duas igrejas: uma dedicada a São Pedro, ao qual tinha grande devoção, e outra, no lugar chamado Porciúncula, onde existia uma velha igreja dedicada à Virgem Mãe de Deus, chamada Santa Maria dos Anjos, onde fundou a Ordem dos Frades Menores. Deste episódio verificamos que S. Francisco, inicialmente, cumpriu a palavra ao “pé da letra”, restaurando materialmente três igrejas, antes de fundar a Ordem e começar a pregar o Evangelho. Isto significa que ele progrediu desde as coisas materiais em direção às realizações espirituais, compreendendo com mais profundidade a sua missão. A grande diferença entre Francisco restaurador e os “outros”: não critica, não divide, não destrói. Francisco converte-se à própria Igreja, torna-se servo e menor. Fez

tudo isto, a partir da conversão pessoal: “Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, aqui em todas as vossas igrejas que estão no mundo inteiro e vos bendizemos, porque pela vossa santa cruz, remistes o mundo”. Atitude de reverência e respeito para com a Igreja material e espiritual. Franciscano(a) secular, ...Vai e restaura minha casa, hoje! Esta é a nossa missão. Nós, como seguidores do Evangelho à exemplo de S. Francisco, podemos, também, restaurar três igrejas, que estão em ruínas (pelos menos as duas primeiras): o homem, a família e a Igreja institucional. Restaurar o homem-igreja, templo de Deus, morada do Espírito Santo. Iniciando com a própria pessoa, a si próprio, pela conversão que, “devido à fragilidade humana, deve ser realizada todos os dias” (R.7). Depois, com o homem irmão, procurando, dentro do “nosso” mundo, do limite de cada um, lutar pelos direitos fundamentais do homem, libertá-lo do pecado, dar-lhe condições de vida, educação, trabalho, moradia, saúde e lazer. Isto não é uma tarefa impossível, basta que você comece por um, por aquele que está mais próximo de você. Antes de toda e qualquer atitude para mudar alguma coisa, é preciso mudar o homem, convertê-lo. Somente assim, poderemos iniciar a construção do Reino de Deus, de uma sociedade mais justa, democrática e fraterna. Segundo, a família, a igreja doméstica. A família, célula “mater” da sociedade. A nossa família, a nossa casa, deve ser o endereço de Deus. Fazer com que nossas famílias revalorizem o amor, fazer de cada casa, a começar com a nossa, o lugar privilegiado de Deus, de oração, de amor. Hoje, faz-se necessário restaurar a família. Lugar para viver o espírito franciscano de paz, atra-

vés da harmonia conjugal e familiar, pela prática do diálogo, da paciência, compreensão, perdão e integração das diferenças. Ainda, da fidelidade conjugal, do respeito à vida, da prática do amor pró-criativo (ter filhos) e criativo (adoção), do controle da natalidade, da paternidade responsável, de uma consciência e educação cristã dos filhos. Como veem, são muitos temas que devemos estudar, aprofundar e praticar em nossas fraternidades. Terceiro, a Igreja institucional. Fazer com que a nossa Igreja seja a nossa comunidade, a reunião das famílias, não um aglomerado de pessoas desconhecidas. A Igreja não é o clero. A Igreja somos nós: clérigos e leigos (seculares). Que a nossa voz se faça verdadeiramente ouvida, para que a Igreja seja realmente comunitária, democrática, a exemplo das primeiras comunidades cristãs. Acredito que neste terceiro milênio, o laicato tem um papel preponderante na restauração da verdadeira Igreja de Cristo. Principalmente nós, franciscanos seculares, devemos procurar o nosso verdadeiro espaço e posição na Igreja. Não como “meio-frades” ou na sacristia, mas como seculares, agindo como cristãos no mundo, para transformá-lo. Finalmente, irmãos e irmãs, urge restaurarmos estas três igrejas, estes três templos para a implantação de uma sociedade fraterna e justa, que seja o início do Reino de Deus aqui na terra. Que cada um de nós, que nossas casas e famílias sejam pequenas igrejas e que as igrejas sejam nossas famílias. Irmão e irmã, “vai e restaura minha casa”. Do irmão em Cristo e Francisco, Rosalvo Gonçalves Mota, OFS Comunicações Junho de 2018

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Formação e Estudos ORDENAÇÃO PRESBITERAL

Frei Marcos Vinicius Motta Brugger

Dom Gil: “Seja um bom franciscano e você será um ótimo padre”

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pós 118 anos, a comunidade de fé da Paróquia Nossa Senhora das Dores, de Juiz de Fora (MG), conheceu pela primeira vez a ordenação de um presbítero. No sábado (28/04), Frei Marcos Vinicius Motta Brugger recebeu das mãos do Arcebispo de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, o segundo grau do Sacramento da Ordem, o Presbiterato. “Seja um bom franciscano que você vai ser um ótimo padre; seja você, Frei Marcos, um ótimo padre e você será um ótimo franciscano”, exortou o Arcebispo. Numa manhã de céu azul, a igreja ficou lotada para ver esse momento histórico na vida de Frei Marcos, filho desta terra, que escolheu como lema o texto do Evangelho de Mc 1,17: “Vinde comigo, e eu farei de vós pescadores de homens”. A celebração, que durou aproximadamente duas horas, foi sóbria mas carregada de emoção e alegria. Além dos seus confrades de turma, que já estavam presentes durante a Semana Missionária, em preparação a esta ordenação, também marcaram presença alguns frades estudantes de Teologia em Petrópolis (RJ), bem como o delegado do Ministro Pro-

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Formação e Estudos

vincial e também Definidor da Província, Frei Paulo Roberto Pereira, conterrâneo de Frei Marcos, assim como sacerdotes e seminaristas da Arquidiocese. O rito da ordenação começou após a liturgia da palavra e, na sequência, Dom Gil fez uma homilia dialogando muito com o ordenando. “Chegou o dia de você ser transfigurado em sacerdote, transfigurado porque a graça que você recebe vem do céu, claro! É um dom de Deus, que ninguém merece nesta terra, porque o que é o sacerdote senão aquele que é o continuador das obras do Filho de Deus? Jesus homem e Deus: o sacerdote é isso. Você, que já encontrou os olhos de Deus voltados pra você desde criança, através dos acenos de São Francisco de Assis, depois de passar por toda essa preparação e se consagrar perpetuamente a Deus na Ordem dos Frades Menores, hoje atende a mais um chamado, a mais um aceno e sinal de Deus”, enfatizou o arcebispo. “Nós, diante do sacerdócio, tre-

memos enquanto pessoas humanas, pois somos frágeis, mas, a obra não é nossa, é de Cristo. E você, hoje, querido Frei Marcos, passa a ser um desses pescadores de gente que Jesus anunciou a Pedro naquele dia em que a pesca se fez tão miraculosa, já que o mar e a noite ‘não estavam para peixes’. Jesus escolhe, consagra e ilumina para esta função. Como padre, por onde você passar, poderá então realizar a ação de Cristo. É assim que Cristo espera que você o represente. Esta é a consciência e você deve cres-

cer nela de hoje em diante. Portanto, caro Frei Marcos, você deverá fazer o exercício que os franciscanos sabem muito bem fazer: esconder-se atrás de Cristo! Quem deve aparecer é o próprio Cristo. Quem mais do que São Francisco pode ensinar esta virtude?”, perguntou o arcebispo. “Caro Frei Marcos, você hoje assume este desejo de fazer Cristo aparecer e você se esconder”, enfatizou. O arcebispo encorajou o ordenando a ter coragem e disposição para enfrentar os desafios que o ministério sacerdotal traz consigo. Segundo ele, não é fácil ser padre, embora seja muito gratificante. “O padre é o servidor de Deus, ele preside a Eucaristia e também os sacramentos, e conduz o povo à graça de Deus. Ele é servidor da Palavra, ele evangeliza, ele é servidor do amor de Deus através do pastoreio, das obras de caridade. E é nestas coisas que nós nos realizamos enquanto padres. Porém, o ato mais sublime que dignifica por inteiro a vocação sacerdotal é a celebração da Santa Missa. O padre que celebra bem Comunicações Junho de 2018

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Formação e Estudos

arrasta pessoas para Deus. O padre que celebra mal, não presta serviço. Às vezes, causa até desânimo quando um padre preside a Eucaristia de qualquer maneira, como se fosse um ato qualquer. A Missa é o ato mais alto que temos na nossa vida. Por isso, não entendo padres que, tendo recebido a ordenação sacerdotal, não celebram a Missa todos os dias. Mesmo que não se tenha povo, se deve celebrar com piedade quotidianamente”, explicou o arcebispo. “Frei Marcos, quero lembrar a você o seu inspirador, São Francisco de Assis. Ele o chamou para ser um irmão intenso da pobreza, da castidade e da obediência. Você, que é nascido nesta cidade, cujo padroeiro é o franciscano Santo Antônio, desejo que olhe sempre para ele, e queira viver intensamente para Deus. Seja muito bom franciscano que você vai ser um ótimo padre. Seja você, Frei Marcos, um ótimo padre e você será um ótimo franciscano”, desejou Dom Gil. O rito, então, continuou com o propósito do eleito, a Ladainha de todos os Santos, a imposição das mãos, a Prece de Ordenação, a un-

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Formação e Estudos de gratidão, entregou flores para a mãe. Concluiu recitando de cor uma poesia que recebeu de presente de Frei Walter Hugo de Almeida: “Feriste-me, Senhor, com teu perdão, E me inundei de bênçãos pela estrada… Trago em mim acordes de uma canção, A anunciar teu Reino na jornada. Agora, Senhor, que me seduziste, Não posso mais fugir do teu amor A vida para mim agora existe Somente ao rumo alegre: -Teu louvor. ção das mãos e vestição do eleito com a casula e a estola. Frei Neuri Francisco Reinisch, guardião da Fraternidade de Pato Branco (PR), ajudou o novo presbítero a se paramentar com as vestes sagradas, que foram trazidas pelos seus pais em procissão. Por último, com a unção das mãos com o óleo do santo Crisma, Dom Gil amarrou as mãos de Frei Marcos. Seus pais desataram o laço e receberam com grande emoção a primeira bênção do neopresbítero. Seus padrinhos carregaram em procissão o cálice e a patena. O rito terminou com o abraço fraternal do arcebispo, sacerdotes e religiosos da grande família franciscana. Na sequência, teve início a liturgia eucarística.

AGRADECIMENTOS

O neopresbítero, em seus agradecimentos a Dom Gil, à Província, ao pároco e ao povo, destacou três pessoas importantes em sua vida: “Já fiz isso na minha ordenação diaconal e irei repetir agora. Primeiramente, a Dona Aparecida, mãe do Frei Paulo e professora de ensino religioso do meu tempo de escola, que me encaminhou para os franciscanos, e cumprindo o chamado dela, hoje aqui estou. Também agradeço à minha avó, com a qual moramos um tempo juntos, e agradeço ao Frei Nelson Rabelo, que me ajudou a cumprir o ministério do diaconato e agora intercede pelo ministério presbiteral que assumi hoje”. E, por fim, num gesto

O teu chamado virou minha história, De um horizonte triste para a glória, E me jogou na busca da alegria!… Por isso, conto agora assim feliz Como cantava Francisco de Assis, Quem me inspirou seguir-te nesta vida. Frei Olivo Marafon, pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo, com a ajuda de seus paroquianos, entregou ao pároco Antônio Eduardo um quadro que traz ilustrado o painel interior da igreja paranaense. Após a bênção final, foi servido almoço a todos os presentes, preparado pela comunidade paroquial local.

TRÍDUO PREPARATÓRIO

A Ordenação Presbiteral de Frei Marcos Vinicius Motta Brugger começou bem antes do sábado com a Semana Missionária no Bairro Grama e arredores de Juiz de Fora (MG), organizada pelo Serviço de Animação Vocacional da Província, que contou com religiosos e religiosas nas visitas e bênçãos às famílias, doentes e escolas. A Paróquia Nossa Senhora das Dores foi o lugar de encontro de onde partiam, sempre pelas manhãs, os missionários e também o lugar que acolheu os frades e a comunidade em geral para as celebrações do Tríduo. Frei Marcos, perante a comunidade reunida, renovou os seus compromissos de cristão batizado (1º dia), como também os votos de viver em pobreza, obediência e castidade (2º dia) e prestou seu juramento de fidelidade (3º dia), prometendo sempre estar em comunhão com a Igreja e disposto ao serviço a que foi chamado.

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Formação e Estudos

A PRIMEIRA MISSA DE FREI MARCOS

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rei Marcos Vinicius Motta Brugger celebrou no 5º Domingo da Páscoa (29/04), às 9h30, sua Primeira Missa, na Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Juiz de Fora (MG). A igreja ficou pequena para este momento histórico e único na vida de Frei Marcos e da comunidade. Frei Paulo Roberto Pereira, filho desta terra, foi o pregador convidado pelo neopresbítero. Frei Marcos presidiu a celebração tendo como concelebrantes o delegado do Ministro Provincial e Definidor, Frei Paulo, o pároco Pe. Antônio Eduardo, Frei Olivo Marafon, Frei Neuri Reinisch, Frei Diego Melo, Frei Alan Maia, Frei Vanderlei da Silva Neves e os diáconos Frei Evaldo Ludwig, Frei Marx Rodrigues dos Reis e Frei José Raimundo. Frei Marcos conduziu a celebração de forma leve, com devoção e segurança.

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Segundo Frei Paulo, para ser pescador no mar, devemos entender de mar. “Para pescar nos rios e lagos, devemos observar as curvas, profundidades e segredos desses. Para ser pescador de gente, será necessário conhecer a humanidade na sua profundeza. Para conhecer é preciso estar junto. Aqui se repete o ditado que atesta: para conhecer alguém devemos comer um saco de sal com esta pessoa. O conhecimento leva tempo; exige dedicação e empenho. Para conhecer, como Jesus conhece, para conhecer como irmão, que é o projeto de São Francisco, é necessário escolher, eleger, fazer opção”, orientou Frei Paulo. Para ele, a simplicidade, virtude tão cara a São Francisco, é caminho de autoconhecimento, de mútuo conhecimento e conhecimento do Reino de Deus. “A confiança, em Deus por pri-


Formação e Estudos meiro, em seus próprios sonhos e, especialmente, a confiança fraterna nos conduz com segurança ao conhecimento do Reino de Deus. A gratidão, tão bem expressa por suas palavras na celebração de ontem, deve sempre reger os passos dos que buscam conhecer o Senhor e seu santo modo de operar. A gratidão só é possível nos corações livres. O soberbo basta-se a si mesmo, por isso não consegue ser grato. A gratidão nos aproxima dos irmãos, das irmãs, de todas as criaturas; a gratidão nos aproxima de Deus”, ressaltou. “Caro irmão, Frei Marcos, cultive e ajude-nos a cultivar a simplicidade, a confiança e a gratidão, todos os dias, desde a hora que acordar até a hora quando se recolher ao descanso. Continue a ser sinal da alegria franciscana e da amizade, virtudes que trouxeram em caravana as pessoas que viajaram quase um dia inteiro de Pato Branco até aqui. Virtudes que deverão ser a marca da sua viagem de serviço e de missão que começa hoje, aqui e terá seu termo no céu”, pediu o pregador. Após o rito da Comunhão, o pároco dirigiu à comunidade local palavras de agradecimento pelo engajamento e realização da ordenação de Frei Marcos. Frei Neuri entregou a Frei Marcos uma lembrança e agradeceu a todos e, em especial, ao neopresbítero por fazer a diferença na fraternidade onde residem juntos com mais quatro frades. Frei Leandro Costa Santos, seu confrade de turma desde o ano de 2005, também proferiu palavras de incentivo e de gratidão ao novo padre. “Hoje nos alegramos com Marcos Vinicius por esse seu sim que é uma graça e compromisso. De nossa parte receba a nossa amizade e saiba que esse seu sim é também nosso pela amizade e pela fraternidade”, completou. Frei Augusto Luiz Gabriel Comunicações Junho de 2018

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Formação e Estudos ORDENAÇÃO DIACONAL

“Frei Evaldo, viva intensamente seu diaconato!”

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palavra diaconia, que já significa serviço, reproduz em si o valor mais básico do ser cristão, que é justamente esse estar a serviço, em doação gratuita ao próximo. Esse foi o tom de toda a celebração de Ordenação Diaconal de Frei Evaldo Ludwig, no sábado (21 de abril), de temperatura amena para os padrões de Lages, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, do Navio. O estar a serviço animou toda a preparação para esse dia, desde as equipes e comissões até as visitas aos doentes, atividades missionárias e celebrações dos dias do Tríduo em preparação para este momento. A comunidade se envolveu e fez sua essa festa, chamou para si a responsabilidade de servir com alegria e encontrar sua felicidade nisso. Logo no início da Missa, Frei Diego Melo, animador vocacional da Província, saudava os que vinham dos diversos lugares, mas deu um destaque todo especial à juventude, que passara a tarde numa celebração (tarde de louvor) e em reflexão sobre a violência contra os jovens. Em procissão, eles foram acolhidos e, logo em seguida, começou a Missa de ordenação. “‘Mestre, onde moras?’ Jesus disse: “Vinde e vede!’” Foi o lema escolhido por Frei Evaldo, e foi ele quem deu o direcionamento da liturgia, com os textos escolhidos para a celebração. Após o Evangelho, Frei Evaldo foi apresentado ao bispo para ser ordenado e o guardião da Fraternidade Franciscana do Patrocínio de São José, Frei José Lino Lückmann, em nome do

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Formação e Estudos

Governo Provincial, deu testemunho de sua idoneidade. Em sua homilia, Dom Guilherme Antonio Werlang ressaltou que vocação não se reduz ao padre e à freira, mas que todos somos vocacionados. Agradeceu aos pais de Frei Evaldo pelo testemunho de fé que forjaram a vocação do futuro diácono, dizendo que a família é a base de tudo. Mas também chamou a atenção para quando um jovem se sente atraído por outro para formar uma família, ressaltando que essa vocação ao matrimônio também tem que ser acolhida como dom e serviço. Lamentou que os jovens muitas vezes são vítimas de uma cultura do descarte, onde os relacionamentos também

não se fortalecem. “Eu não seria bispo para a Igreja se não tivesse tido um pai e uma mãe que reuniam os filhos todos para rezar o terço”, disse Dom Guilherme. E encerrou sua reflexão exortando Frei Evaldo a viver intensamente seu diaconato – não apenas como uma passagem para o sacerdócio – no serviço aos mais pobres e necessitados, a exemplo de Francisco,

que por eles optava também no serviço à Palavra e à liturgia. A celebração continuou como o ritual de ordenação, onde Frei Evaldo assumiu os compromissos do diaconato, toda a Igreja rezou por ele, invocando a proteção e o amparo dos santos e santas com a Ladainha, e, então, pela imposição de mãos e prece de ordenação, Frei Evaldo foi ordenado diácono para o serviço da Igreja! Graças a Deus, cantou a assembleia. Após ordenado, seus pais trouxeram em procissão as vestes do diácono, a estola e a dalmática, que foram abençoadas pelo bispo e com as quais, em seguida, Frei Evaldo se revestiu, com a ajuda do guardião da Fraternidade, Frei José Lino. O bispo lhe entregou o Evangeliário, símbolo do seu ministério e serviço à Palavra de Deus, e lembrou que todos os padres e bispos também são diáconos. Segundo Dom Guilherme, se levarmos a sério essa missão, a Igreja será diferente. Chamou, então, a atenção para o significado das palavras: “Recebe o Evangelho de Cristo, que tens missão de proclamar. Crê o que lês, ensina o que crês e vive o que ensinas, assim exercendo o seu ministério da diaconia”. Já diácono, Frei Comunicações Junho de 2018

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Formação e Estudos

Evaldo serviu ao altar e a Eucaristia continuou. Ao final, emocionado, agradeceu a todos retomando seu lema de ordenação: “Mestre, onde moras”? Ao que ele mesmo respondeu que encontra Deus em todos os lugares, que encontrou Deus em sua família, pela qual é muito agradecido e orgulhoso; lembrou que encontra o rosto de Deus também em outra família, a franciscana, que o acolheu

e da qual ele escolheu se fazer membro. Também encontra Deus em sua Fraternidade concreta, aqui em Lages, pela qual também é muito agradecido. Lembrou-se ainda de cada etapa da preparação dessa ordenação, das equipes, dos colaboradores, dos que participaram. Deu testemunho de seu trabalho com as Equipes de Nossa

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Senhora e a Comunidade Nossa Senhora da Esperança. Ainda chamou todos os jovens para a frente a fim de aguardarem ali a bênção especial de Dom Guilherme. Após a bênção final, todos os presentes foram convidados para um coquetel no salão paroquial. Frei Clauzemir Makximovitz


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Dia do Bem-aventurado Egídio de Assis no Eremitério

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o dia 23 de abril, a Fraternidade do Noviciado São José, com seu guardião e vice-mestre, Frei José Antônio Cruz Duarte, marcou o dia do Bem-aventurado Egídio de Assis, no Eremitério de nossa Província, confiado ao seu patrocínio. Por volta das 9 horas, chegamos ao Eremitério. Tocamos os sinos; acendemos a lareira; preparamos um chimarrão e sentamo-nos para conversarmos um pouco sobre a história de Frei Egídio. Lemos e refletimos o primeiro e o último capítulos de sua “Vida”, cuja autoria é atribuída a Frei Leão. Às onze horas reunimo-nos na capela e celebramos festivamente a Eucaristia. Em seguida, fomos almoçar. Ao longo da tarde nos dedicamos aos serviços de manutenção da casa: marcenaria, jardinagem, e limpeza interna e externa. O que também motivou nossa presença nesse dia foi rezarmos na intenção da reabertura da Fraternidade do Eremitério. Uma prece muito oportuna num momento em que a Ordem volta a salientar a importância do Eremitério, ou de uma Casa de Oração, por meio do subsídio “Escutai e Vivereis”, lançado no ano passado. Os nossos EEGG compreendem o Eremitério como parte vital de uma Província (cf. EEGG 15). O referido subsídio apresenta: “A experiência

contemplativa na solidão faz parte da herança franciscana e é um bom modo de aprofundar a vida em Deus. Afastar-se para rezar supõe uma busca radical do ‘Reino de Deus e sua justiça’ ”. Que o bom Deus, pelos méritos

do Bem-aventurado Egídio, suscite confrades que se disponham a viver, por um tempo, a vida eremítica franciscana em nossa Província. Frei Lucas Moreira Almeida

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SAV

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O “Inverno das vocações” e a realidade da Província

Fraternidade São Boaventura, em Campo Largo (PR), acolheu, nos dias 24 e 25 de abril, os animadores vocacionais da Província Franciscana da Imaculada Conceição na Assembleia Provincial do Serviço de Animação Vocacional (SAV). O encontro anual foi coordenado por Frei Diego Atalino de Melo e Frei Marx Rodrigues dos Reis e traçou um panorama da realidade vocacional da Província, avaliando experiências, formas de acompanhamento e promovendo discussões sobre as diferentes realidades regionais e seus diversos desafios. Frei Bernardo Brandão, Ministro Provincial da Província Franciscana de Nossa Senhora da Assunção, com sede em Bacabal (MA), e o Visitador Geral, Frei Miguel Kleinhans, também se fizeram presentes. A partilha inicial foi inspirada

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num texto de Frei Ramiro de la Serna, abordando de modo bastante realista, o que o autor define como o “inverno das vocações”. Segundo ele, nossa presença deve permanecer, ainda que em tempos de escassez, como sinal escatológico, baseado numa autenticidade de vida, coerência entre o que acreditamos, pregamos e vivemos, além de uma constante busca pela vivência de nosso carisma. “A animação vocacional é um movimento interno do carisma que se expande gradualmente aos demais. Portanto, a primeira e grande expectativa é que a vida religiosa possa constantemente se renovar para ser, no mundo, aquilo que se espera dela. Assim, fortaleceremos o ser franciscano”, lembra Frei Marx. “De fato, o Papa São João Paulo II estava certo, ao afirmar que o mundo tem saudade de Francisco. E essa é a

nossa segunda expectativa, de que o mundo possa abraçar o Francisco que vive em nosso meio e que reconheça a sua urgência em nossos dias. Todo esse sonho se conquista com pontos objetivos, partindo de uma vida autêntica até um projeto de animação vocacional claro e coeso, que dê visibilidade às iniciativas locais e provinciais”, espera Frei Marx.

Os desafios, contudo, não são poucos, como lembra Frei Diego:

evar os jovens a conhecerem e a se L encantarem por um franciscanismo atual e encarnado na realidade, rompendo com idealizações caricatas da figura de São Francisco. Realizar um acompanhamento eficiente com jovens que moram em cidades muito distantes de nossas Fraternidades.


SAV

Reforçar a consciência nas Fraternidades da Província de que a animação Vocacional depende do nosso entusiasmo e testemunho de vida. Embora já estejamos colhendo os frutos vocacionais da proximidade nascida a partir das iniciativas com as juventudes, fica o desafio de consolidar esse trabalho sem cair na tentação utilitarista de acreditar que o único objetivo seja encher os nossos seminários. O Visitador Frei Miguel afirmou: “Quando nos limitamos à oração e

não entramos em ação, a vocação não vem”. Ele ainda instigou a reflexão com a pergunta: “Qual a minha relação com os jovens? O que tenho oferecido? Minha linguagem é acessível? Estou conseguindo interagir efetivamente com o universo deles? ”. Por fim, elogiou as iniciativas promovidas pelo SAV voltadas para a juventude: missões, caminhadas, retiros, feiras vocacionais, acampamentos, entre outros, sendo presença franciscana, amplamente aceita e crescente. Ele aproveitou para explicitar seu desejo de participar do III Encontro Nacio-

nal Franciscano de Juventudes a realizar-se de 19 a 22 de julho deste ano, em Vila Velha (ES). À luz das reflexões, discussões e partilhas geradas neste encontro, cada animador regional retornou à sua realidade munido de novos elementos, com os quais buscará incrementar seu serviço vocacional de modo a traduzir com maior fidelidade o “jeito de ser franciscano”, modelo de vida que perpassa gerações e continua a despertar vocações há mais de 800 anos. Frei Rodrigo José Silva

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Especial

Primeiro centenรกrio do nascimento de

Frei Constantino Koser


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este ano de 2018, mais precisamente no dia 9 de maio, recordamos o primeiro centenário do nascimento de Frei Constantino Koser. Em memória da trajetória e do testemunho de vida deste nosso Confrade, a equipe de Comunicação da Província elaborou este Especial. Quando Frei Constantino Koser foi eleito Definidor Geral pela América Latina, em 1963, eu tinha 10 anos de idade. Depois, quando ingressei no Seminário Menor, em plena celebração do Concílio Vaticano II (1965), os orientadores nos falavam de Frei Constantino Koser, de Frei Boaventura Kloppenburg, de Dom Frei Paulo Evaristo Arns e outros frades ilustres da Província. Contudo, para quem estava iniciando uma vida seminarística para “ser padre de batina marrom”, a pessoa destes frades me soavam como se fossem personagens lendários que, naquela época, habitavam num imaginário muito além da minha capacidade de compreensão. O que então dizer quando, em maio de 1967, foi-nos comunicado que Frei Constantino Koser foi eleito Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores? Que homem importante seria ele, cuja fotografia moldurada passou a ocupar um lugar de destaque na parede da nossa casa de formação? A curiosidade e o desejo de conhecê-lo cresceram quando, no último ano em Agudos, após a celebração do Capítulo Geral de Pentecostes de 1973, recebemos a notícia da reeleição de Frei Constantino Koser para Ministro Geral. Contudo, no meu entendimento, permanecia a ideia de que se tratava de um frade importante que morava em Roma. Foi no meu ano de Noviciado, em 1974, que compreendi o que significa a pessoa e o serviço de um Ministro Geral na vida da Ordem Franciscana, enquanto estudávamos a Regra Franciscana e a História da Ordem dos Frades Menores. Mais tarde, após a celebração do Capítulo de Pentecostes de 1979, estando no meu penúltimo ano de estudos teológicos, soube que Frei Constantino Koser acolheu a obediência de morar conosco, no grande Convento do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis. Assim, como frade estudante de Teologia e preparando-me para receber os ministérios ordenados, tive a

Especial graça de conhecer e conviver mais de perto com este homem sábio. E mais do que isso, no convívio diário de um ano e meio, com a sua postura humilde e serena, Frei Constantino ensinou-me que a maior grandeza do ser frade-menor significa colocar-se como irmão entre os irmãos dados pelo Senhor. Poucos anos depois, entre julho de 1986 e dezembro de 1997, recebi a transferência para trabalhar na Fraternidade de Petrópolis, na função de vice-mestre. E lá continuava ele, Frei Constantino Koser, com sua presença fraterna, atenciosa, afetiva e efetiva na Fraternidade do Convento do Sagrado Coração de Jesus. Eu amava passar pela sala de recreio da fraternidade, lugar eclético de tantas e profundas conversações. Depois de rezar e silenciar sua máquina de escrever, onde datilografava seu pensamento, era prazeroso ouvir os diálogos de Frei Constantino com os confrades Fidelis Vering, Simão Voigt, Leonardo Boff, Ludovico Garmus, Antônio Moser, Neylor José Tonin, Gentil Titton, Arcângelo Buzzi, Wilson Steiner e outros. Aprendi a reverenciá-lo pelo seu conhecimento e visão da Ordem dos Frades Menores, da Igreja e das diferentes realidades culturais por onde passou enquanto foi Ministro Geral. Pois bem, passados 100 anos do nascimento de Frei Constantino Koser, além das características franciscanas que dele aprendi no convívio fraterno em Petrópolis, hoje tenho muita clareza da importância e contribuição deste Confrade da nossa Província para a história da Ordem dos Frades Menores. Homem que de perto acompanhou os passos e as decisões do Concílio do Vaticano II e, por isso, procurou de forma incansável adequar e reformular as Constituições Gerais à luz dos novos Documentos Conciliares. Enfim, a Frei Constantino Koser muito bem se aplica a 28ª Admoestação de São Francisco: “Bem-aventurado o servo que entesoura no céu os bens que o Senhor lhe concede... Bem-aventurado o servo que guarda em seu coração os segredos do Senhor”.

Frei Fidêncio Vanboemmel Ministro Provincial Comunicações Junho de 2018

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Especial

histórico

DE CURITIBA PARA O MUNDO (1918 – 2000)

Nasceu no dia 9 de maio de 1918, em Curitiba (PR), filho do catarinense Antônio Koser e da paranaense Anna Hillmann. O pai fora preparado professor pelos Frades do Colégio Santo Antônio de Blumenau e, solteiro, mudara para Curitiba, para lecionar na Escola Bom Jesus. No batismo, recebeu o nome de Antônio Júlio.

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m janeiro de 1924, começou o primário no Colégio Bom Jesus e continuou por mais quatro anos. Em 1927 tornou-se coroinha da histórica Igreja da Ordem. Pouco depois passou para a equipe de coroinhas do Bom Jesus, onde fez sua primeira comunhão. Como já quisesse ser seminarista, desde cedo recebeu aulas de latim em particular. Antes de completar 11 anos, em 7 de janeiro de 1929, ingressou no Seminário Seráfico São Luís de Tolosa, em Rio Negro, iniciando no primeiro ginasial.

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Continuou todos os estudos em Rio Negro até o 1934, quando em 20 de dezembro recebeu o hábito em Rodeio, recebendo, então, o nome de Constantino, nome de um santo martirizado em Éfeso. Após a primeira profissão simples, em 21 de dezembro de 1935, seguiram-se os estudos de Filosofia, em Curitiba (1935-1937), e de Teologia, em Petrópolis (1938-1941). Sem a idade canônica mínima, por ser jovem, teve que aguardar completar os anos tanto para a sua Profissão Solene (10/05/1939) como para as ordens menores (24 e 25/11/1939). Foi ordenado padre na igreja Bom Jesus, em Curitiba, no dia 12 de junho de 1941, também com dispensa da Santa Sé, porque tinha apenas 23 anos. Ao mesmo tempo, matriculou-se na Universidade Federal, no curso de Filosofia, como ouvinte do mesmo Pe. Penido. Em fins de 1942, Pe. Penido transferiu a residência definitivamente para Petrópolis, e Frei Constantino transferiu-se com ele. Ambos pesquisavam juntos, aprofundando sobretudo a Teologia em torno da Santíssima Trindade.

Teólogo e professor de teologia

Em 25 de janeiro de 1943, faleceu repentinamente Frei Mariano Wintzen, professor de Dog-


Especial mática em Petrópolis. Como as aulas começariam no dia 3 de fevereiro, o Ministro Provincial, Frei Mateus Hoepers, nomeou Frei Constantino como substituto de Frei Mariano. Começou uma nova fase em sua vida. Assumiu não só as aulas de Dogmática, mas também as de de iniciação à Sagrada Escritura, de Homilética e de Catequese. Muitos de seus novos alunos haviam sido seus colegas no seminário. Ao lado das atividades como professor, assumiu também um intenso trabalho pastoral: horários de confissões na igreja; capelania de freiras; supervisão da catequese do Colégio Santa Catarina; catequese numa escola pública, e aos finais de semana era coadjutor da paróquia de Vila Inhomirim. Desta última atividade mencionada resultou a publicação do seu primeiro livro: “Inhomirim – 250 anos de paróquia”, em 1946, monografia muito elogiada pelos historiadores. Deste período como professor de Teologia em Petrópolis, segue um depoimento sobre Frei Constantino, de um de seus alunos, Dom Paulo Evaristo Arns. “Já no tempo em que vivíamos em Curitiba, quando Frei Constantino passava por lá, manifestávamos nossas dúvidas sobre Filosofia e conceitos novos, que eram abundantes na matéria, nos revelaram a capacidade desse futuro professor, pois acabou explicando-nos conceitos que nem o nosso velho manual, nem os professores eram capazes de nos elucidar com tanta precisão e rapidez. Em 1943, já em Petrópolis, tivemos Frei Constantino como professor de Teologia Sistemática. Com seus 25 anos, era ao mesmo tempo colega, por nos dar plena liberdade de exporlhes as nossas dificuldades e também nossas inocentes brincadeiras. Admirávamos a sua preparação intelectual e seu estudo constante, igualmente as aulas mimeografas em português quando os demais professores transmitiam tudo em latim. Três aspectos me parecem interessantes realçar em Frei Constantino: primeiro, o interesse e a amizade dele por todos os alunos, sem exceção. Sua segunda grande qualidade era leitura constante dos grandes autores franciscanos, como Duns Scotus, São Boaventura e os demais mestres do pensamento franciscano. Sua terceira qualidade, que mais nos impressionava: estava informado de todas as questões que envolviam política, economia e tantos outros ramos

interessantes para a história do país e do mundo. Como alguns diziam, Frei Constantino era uma enciclopédia ambulante sobre qualquer matéria. Agradeço sempre de novo a Deus por ter-me dado um professor de tamanha competência e de tanta amizade”.

Atividades e senso eclesial

Em janeiro de 1948, a pedido do Ministro Provincial, Frei Constantino representou a Província no Primeiro Congresso dos Reitores dos Seminários Diocesanos e Religiosos do Brasil, realizado no Rio de Janeiro. Deste Congresso, ele deixou um relatório muito positivo, de sete páginas datilografadas. Durante o Congresso, por proposta de Frei Constantino, encampada imediatamente pelo Cardeal Câmara, os Reitores assinaram um pedido ao Santo Padre de definição dogmática da Assunção de Maria em corpo e alma ao céu. No Congresso surgiu também a proposta de criação de uma Associação de professores de Teologia e Filosofia. Criou-se uma comissão para a elaboração do primeiro esboço de estatutos e receber propostas de todos os Seminários Maiores. Frei Constantino integrou esta comissão e foi delegado por ela para enviar a proposta a todos os centros de estudos. Frei Constantino passou à história da Teologia no Brasil, como a alma do primeiro Congresso Brasileiro de Teologia, realizado em São Paulo, em janeiro de 1950.

O especialista em Mariologia

Em 1949, o Bispo de Petrópolis nomeou Frei Constantino responsável pela Catequese diocesana e Assistente eclesiástico da Juventude Estudantil Católica (JEC), ligada à Ação Católica. Por isso, passou a dar aulas regulares nos colégios Santa Catarina, Santa Isabel e Sion. Lecionava também Mariologia. Naqueles anos estava quentíssimo o tema da Assunção de Maria. Frei Constantino mergulhou nele de corpo inteiro. De tal forma que passou a ser chamado a dar conferências e participar dos debates teológicos sobre o assunto. Em 1948, participou como conferencista do Congresso Mariológico internacional em Buenos Aires, que tinha como tema único a assunção de Maria. A conferência de Frei Constantino e o sucessivo debate marcaram de tal forma os teólogos congressistas, que passou a ser presenComunicações Junho de 2018

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Especial ça obrigatória e conferencista das plenárias de vários congressos realizados em 1949 e 1950, inclusive em Roma.

O doutor em Teologia

No início de 1950, Frei Constantino matriculou-se na Faculdade de Teologia da Universidade de Friburgo, Alemanha, com vistas à tese doutoral. Um aluno especial, porque era convidado a dar conferências em outras universidades e centros de estudo. O próprio decano da Faculdade de Friburgo o convidou para realizar um “Kolleg” de 12 preleções sobre a doutrina trinitária de Duns Scotus. Defendeu a tese doutoral no dia 22 de maio de 1953. Título: “De Notis teologicis. Historia, notio, usus”. Recebeu “summa cum laude”. Voltou ao Brasil em fins de junho de 1953, a Petrópolis, ao Convento do Sagrado. No dia 3 de agosto retomou sua cátedra de Teologia e quase todos os trabalhos pastorais que tinha antes de ir à Europa. Foi criação de Frei Constantino o CIT – Curso de Iniciação Teológica – , iniciado em fevereiro de 1955 e destinado às religiosas. O primeiro criado no Brasil. Só Deus sabe o que significou para o mundo religioso feminino e para o trabalho pastoral das religiosas essa abertura teológica e a convivência de irmãs de diferentes congregações anualmente durante um mês. Dirigiu pessoalmente este curso durante dez anos. Mérito de Frei Constantino é também a criação das Semanas Teológicas. Realizavamse a cada ano, e foi a alma de todas até 1963, e em todas apresentou tese. Quem consultar a Revista Eclesiástica Brasileira verá os temas e os textos dessas semanas. Era forte sua preocupação de levar a Teologia para todos, aproveitando todas as oportunidades. Frei Constantino redigia diretamente na pequena máquina de escrever seus artigos, conferências e fichas de aula. Infalível era o metralhar da máquina entre seis e seis e meia da tarde, hora da meditação da Fraternidade. Depois de passar por uma crise na vida de oração, devido a dificuldade com os métodos de meditação, descobriu que ao fazer as meditações por escrito, sentado à máquina, teve ótimo resultado para a espiritualidade e a reflexão teológica. Por 30 anos manteve este costume e chegou a acumular 15.090 páginas formato oficial, espaço simples. No Capítulo Provincial de 1956, Frei Constan-

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tino foi eleito Definidor e reeleito no Capítulo de 1959.

Definidor, Vigário e Ministro Geral da Ordem

Embora ausente do Capítulo Geral de 1963, Frei Constantino foi eleito Definidor Geral pela América Latina. Viajou para Roma em 12 de junho e, no dia seguinte, assumiu seu cargo de Definidor Geral. Além das viagens pela América Latina, ligadas ao cargo, e outras incumbências recebidas do Ministro Geral, Frei Agostinho Sépinski, seguiu com o máximo interesse as teses e documentos que estavam sendo elaborados nas últimas sessões do Concílio Vaticano II, inclusive participou como assessor do Ministro Geral que tinha o status de “padre conciliar”. Em 2 de outubro de 1965, o então Ministro Geral, Frei Agostinho Sépinski, foi nomeado pela Santa Sé como Delegado Apostólico para a Palestina, Jerusalém, Jordânia e Chipre, na qualidade de arcebispo. Nesta época, não havia na Ordem a figura do Vigário Geral. Anteriormente, Frei Agostinho já havia convocado o Capítulo Geral para 1967, de forma que, mesmo nomeado bispo ainda presidiria a eleição do seu sucessor. No dia 03 de novembro, o Definitório Geral elegeu Frei Constantino Vigário-geral da Ordem, quando tinha, então, 48 anos de idade. Foi nomeado pelo Papa Paulo VI “Padre Conciliar” para IV e última sessão do Concílio Vaticano II, encerrado no dia 8 de dezembro de 1965. A partir de então, Frei Constantino desencadeou todo o processo de preparação do Capítulo Geral de 1967, criando as diferentes comissões, nomeando os seus membros e iniciando as visitas às Conferências e Províncias, quase sempre com a temática do ajornamento. O Capítulo Geral tinha dois objetivos específicos: a eleição do Ministro Geral e adaptação da Ordem ao Concílio Vaticano II. Uma orientação constante aos provinciais: “Atualização não significa aceitação cega de tudo o que é moderno ou atual, mas se realiza nestas etapas: compreensão, reflexão crítica, discernimento, eliminação do que não vale, aceitação do que vale, inserção do novo na vida e em seguida formação dos modos de pensar, de falar e de agir que sejam expressão forte dos elementos que valem”. Em 19 de março de 1966, o Definitório Geral


Especial nomeou a Comissão Internacional para a reforma total das Constituições Gerais. Em junho, enviou a todos os Ministros o primeiro esquema das futuras Constituições. No dia 6 de maio de 1967, junto à Porciúncula, Frei Constantino abriu o 177º Capítulo Geral da Ordem. No dia 13 de maio de 1966, na vigília de Pentecostes, Frei Constantino foi eleito no primeiro escrutínio Ministro Geral da Ordem. No de 9 de junho 1973, durante o Capítulo Geral, foi reeleito Ministro Geral. Nesse Capítulo foram aprovadas, em sua redação final, as novas Constituições que, todos admitiam, era um documento verdadeiramente adaptado aos tempos do pós-Concílio e à base do qual a Ordem poderia redigir seus programas de vida fraterna e de evangelização. No dia 2 de junho de 1979, no Capítulo Geral de Assis, foi eleito Ministro Geral da Ordem, Frei John Vaughn, Ministro da Província de Santa Bárbara da Califórnia. Frei Constantino partiu de Roma rumo ao Brasil no dia 16 de julho de 1979, depois de 16 anos de serviços prestados à Ordem, dos quais, 12 anos como Ministro Geral. Foi chamado a guiar a Ordem num excepcional período de transição, de evolução e de mudanças tão rápidas e extraordinárias nunca vistas antes. Soube guiar-nos com prudência, com firmeza e caridade por uma estrada difícil e nova tanto para ele quanto para nós.

Ministério itinerante e últimos anos em Petrópolis

Retornando a Petrópolis não quis voltar a ser professor de Teologia. Foi acolhido calorosamente pelos confrades, que segundo suas palavras, “empenharam-se em me oferecer uma morada boa dentro da pobreza de espaço do convento, pobreza que sinto e aprecio”. O quarto ocupado por Frei Constantino, para trabalhar e para dormir (a antiga enfermaria), não era apartamento. Até o fim de sua vida o ex-Ministro Geral serviu-se do banheiro comum, no corredor, distante 30 metros de seu quarto. A partir de então, Frei Constantino entregou-se inteiramente à dimensão de pregador itinerante: muitos retiros, cursos, série de conferências, palestras e congressos no Brasil e no exterior. Assim, de 1979 a 1985 exerceu de fato um ministério itinerante. Durante uma viagem à Colômbia, no dia 25 de outubro de 1984, sofreu uma grave crise car-

díaca, que o obrigou a implantar marca-passo. Permaneceu em observação e tratamento em Bogotá até o dia 4 de dezembro, quando retornou ao Brasil. A partir daí, sofria de um quase permanente estado de vertigens e sonolência e fortes dores de cabeça. Com esses problemas teve que conviver até o fim da vida. Aos poucos, começou a cortar todos os compromissos que havia assumido anteriormente. No ida 20 de dezembro de 1984, celebrou com seus colegas de turma os 50 anos de vida religiosa no Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro. Em Petrópolis, embora permanecesse falante e interessado por tudo, sua memória não retinha mais o que lia. Continuou fiel ao coro, ao refeitório, à sala de recreio, ao noticiário da televisão. A partir de 1985 passou a celebrar na capelinha interna, ao lado de seu quarto. Durante este período, visitou-o, duas vezes, o Ministro Geral, Frei John Vaughn, o Ministro Hermann Schalück e o Ministro Giacono Bini. Em outubro de 1992, passou por uma nova crise, em consequência do esgotamento do marca-passo. Implantou um novo, em cirurgia no hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Nova crise cardíaca em novembro de 1996, e nova cirurgia no Rio de Janeiro. O marca-passo deixara de funcionar. Em 30 de novembro de 1990, com seus treze colegas de turma ainda vivos, celebrou os 50 anos de ordenação sacerdotal, em Petrópolis. E no dia 8 de dezembro de 1994, a missa dos 60 anos de vida religiosa, também em Petrópolis. Em 9 de maio de 1998, celebrou seus 80 anos de vida. Não teve condições de presidir a missa nem de concelebrá-la. Assistiu-a, sentado, mas muito feliz. Presidiu a celebração o Ministro Provincial, Frei Caetano Ferrari. Internado no dia 9 de dezembro de 2000, no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, em consequência de um surto de erisipela e por uma diverticulite, passou ainda dez dias, vindo a falecer no dia 19 de dezembro. Durante este período foi acompanhado permanentemente pelos confrades e pelo guardião, Frei Ludovico Garmus. Frei Clarêncio Neotti

Vida Franciscana, nº 76, dezembro 2002, pp. 135-200. Comunicações Junho de 2018

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Especial

“ESCOLHEU PARA VIVER UMA CASA POBRE, VELHA E SEM CONFORTO”

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onheci Frei Constantino Koser em 1962, como professor de Teologia Dogmática, quando com meus colegas de turma iniciávamos os estudos de Teologia em Petrópolis. Começava, então, o Concílio Vaticano II, mas nossa Teologia era ainda escolástica, seguida também por Frei Constantino. Além dos manuais em latim disponíveis, ele preparava amplas apostilas em português, onde dava ênfase própria aos teólogos franciscanos, como Boaventura e Scotus. Com ele, tivemos apenas um semestre de aulas, mas foi o suficiente para apreciar sua vasta cultura, clareza de exposição, com princípio, meio e fim. Suas aulas eram tão bem preparadas e cronometradas que conseguia concluir a exposição cinco minutos antes do toque da campainha, tempo que reservava para contar uma bem humorada piada. Quando terminava a piada, nós respondíamos com gargalhadas e ele coçava a cabeça de satisfação, rindo conosco. Quando Frei Constantino fazia seu doutorado em Friburgo adquiriu, com permissão do Ministro Provincial, uma biblioteca de um convento no sul da França com cerca de 3.000 volumes. Sempre se interessou em atualizar nossa Biblioteca. Para atualizar o estudo e a pesquisa adquiriu enciclopédias e coleções de livros na área de Teologia. Organizou o sistema de catalogação alfanumérico, em vigor ainda hoje. Como teólogo, já antes do Concílio, Frei Constantino sentia que os tesouros da Teologia não podiam mais ser confinados às quatro paredes do convento. Era um assíduo colaborador da Revista Eclesiástica Brasileira, onde publicava artigos e as homilias proferidas na missa dominical das 11h. Uma senhora alemã já idosa, vizinha do Sagrado, “madrinha” de ordenação sacerdotal e amiga de Frei Constantino, desejava estudar Teologia. Naqueles anos, era impensável uma mulher “invadir” a clausura, ainda mais para estudar Teologia ao lado dos frades. Com permissão de Frei Constantino, ela adquiriu um gravador “moderno” para que suas aulas lhe fossem gravadas. Talvez essa experiência o tenha animado a criar o primeiro “Curso de Iniciação Teológica” (CIT)

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para os leigos no Brasil e durou mais de 30 anos. Este curso foi muito bem acolhido, sobretudo, pelas religiosas e pelos religiosos. As aulas eram dadas pelos professores do Instituto Teológico, com ajuda de outros professores convidados do Rio e São Paulo. Um dos professores era um salesiano de São Paulo. Como a procura pelo curso vinha, sobretudo, de São Paulo e Mato Grosso, alguns anos depois, esse professor salesiano resolveu fundar um curso similar (IRPAMAT), em Campo Grande. No IRPAMAT a feliz parceria com os salesianos prosseguiu, agora com professores do ITF dando aulas de Iniciação Teológica também lá. Em resumo, a boa semente plantada por Frei Constantino começou a dar bons frutos para a Igreja. Após o Concílio esses cursos de iniciação teológica proliferaram Brasil afora. Frei Constantino, apesar de sua imensa bagagem intelectual, era muito procurado para palestras, conferências, tanto em Petrópolis como nos estados vizinhos; na Semana Santa dava assistência em paróquias do Rio e sul de Minas. Celebrava a missa das 10h no Sagrado, com a presença dos “Canarinhos de Petrópolis”. Suas homilias eram sintéticas e substanciais, muito apreciadas pelos fiéis e publicadas na REB. Em 1962 eu morava no assim chamado “Paraíso”, na Rua Frei Luiz, defronte ao quarto do Frei Constantino. Todas as manhãs eu era despertado pelo “pipocar” de uma máquina de escrever: era Frei Constantino fazendo sua meditação por escrito. Após servir a Ordem durante 14 anos como Ministro Geral, Frei Constantino escolheu o Convento do Sagrado Coração de Jesus para morar. A antiga enfermaria junto à capela interna do 2º andar foi transformada em quarto para Frei Constantino. Nos dois primeiros anos viajou muito pela América Latina, sendo convidado para dar conferências e retiros espirituais. Suspendeu as viagens em meados de 1985, por motivos de saúde e teve que instalar um marca-passo para auxiliar seu coração enfraquecido. Procurava acompanhar a fraternidade em tudo, sem exigências especiais em questão de comida. Gostava de andar pelo “corredor dos padres” e conversava


Especial com as pessoas que encontrava. Estava sempre presente na sala de estar da “comunidade permanente”, para conversar com os confrades, na hora do chimarrão. No silêncio de seu quarto junto à capela dedicava-se à leitura e oração e, na medida do possível, continuava escrevendo as meditações. O guardião reservou para Frei Constantino o quarto junto à escadaria que desce para o refeitório, em frente ao banheiro, para seu arquivo pessoal. Ali passava algumas horas por dia para organizar o fichário, seus escritos e apostilas de cursos, palestras e conferências e, sobretudo, as meditações escritas em mais de 16.000 laudas de papel ofício, espaço 1/5, preenchidas de alto a baixo. A última destas meditações é datada dois meses antes de seu falecimento, quando não tinha mais condições de escrever. Na enfermidade não se queixava. Não havendo mais condições de ser cuidado em casa, Frei Constantino foi internado no Hospital Santa Teresa, uns quinze dias antes de falecer. Agravando-se o estado de saúde, as Irmãs de Santa Catarina recomendaram um plantão permanente e o guardião, Frei José Ariovaldo, fez uma lista. Fui o primeiro a me inscrever porque celebraria a missa das 18h na capela das Irmãs. Passei umas duas horas junto ao Frei Constantino e conversei só um pouco com ele, para não cansá -lo. Estava ainda lúcido, mas tinha dificuldade de respirar. O cardiologista dele, Dr. Ricardo Ribeiro, o visitou e conversou com ele, tentando animá-lo. Às 18h fui celebrar a missa, confiante que viesse o frade substituto, conforme o combinado. Antes de sair dei a bênção de São Francisco de Assis. Mas quando esse frade chegou, Frei Constantino acabava de falecer.

Pesada cruz de Frei Constantino Koser

Vou contar um sonho que tive recentemente, em agosto de 2013. No meu sonho, estava no Sagrado. Em nossa casa havia muita gente. Eu estava “apertado” e procurava o banheiro, mas a casa estava em reforma. Pensei, então, em procurar o banheiro junto à escadaria, no andar de cima, usado por muitos confrades da fraternidade. Nisso, encontro-me no corredor com Frei Constantino Koser, que usava o mesmo banheiro. Conversando com ele, eu comentei: “Eh, Frei Constantino! Veja só. Nós, lá em nossa casa (Fraternidade São Francisco, ‘junto ao ITF’) temos banheiro em nosso quarto. E o senhor, aqui no Sagrado, não

tem nada!” Então, para surpresa minha, ele tirou do peito uma cruz (que ele carregava sempre escondida, pois eu nunca a havia visto) e mostroume: Era uma cruz de ouro, com linda imagem do Cristo Crucificado. Para eu a ver melhor, ele a virou de perfil: Era uma cruz grossa, de ouro, com uma meia dúzia de camadas ou fatias! E ele me perguntou: “Isso vale alguma coisa, não é?” Eu fiquei admirado, pois nunca vira uma cruz tão preciosa; e, com olhos cobiçosos de Pedro Bernardone, logo calculei o seu peso e pensei comigo: ‘Ele vai nos deixar uma preciosa herança!’... E acordei! Não conseguia mais dormir. E fiquei pensando no significado desta preciosa cruz e desta herança que Frei Constantino Koser nos deixou. Como ex-Ministro Geral, escolheu viver no Convento do Sagrado Coração de Jesus, uma casa pobre, velha e sem conforto algum para pessoas idosas e doentes. Escolheu esta casa porque ali foi professor de Teologia por muitos anos. Só a deixou para servir a Ordem dos Frades Menores, durante 14 anos. Ao voltar de Roma, vivia de modo muito simples e pobre, junto aos confrades professores e aos estudantes de Teologia. Nada exigia de especial para si. Em seu quarto, junto à pequena capela interna havia apenas alguns poucos livros, pois a maior parte deles já havia doado à biblioteca do Instituto Teológico, pela qual tanto zelou como professor. Após servir a Ordem como Definidor e Ministro Geral, nos primeiros anos, era convidado a pregar retiros, dentro e fora do país. Numa destas viagens à Colômbia sentiu-se mal e teve de instalar um marca-passo para auxiliar seu coração enfraquecido pelo pesado serviço que, com fidelidade, prestou à Ordem. Desde então, nunca mais viajou a serviço. Nos últimos meses de vida, precisando já de cuidados especiais, sofria em silêncio no seu humilde quarto, sem o conforto que gozava em Roma enquanto Ministro Geral da Ordem. Deste pobre quarto saiu somente para ser levado ao hospital. Ali, duas semanas depois veio a falecer, na sua solidão silenciosa, abraçado pela irmã Morte e pelo Cristo Crucificado.

Frei Ludovico Garmus

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Especial

MÃO FIRME NO REMO

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razendo Frei Constantino Koser à minha memória, aparecem imediatamente diante dos meus olhos três momentos de sua vida: A lembrança que deixou na Ordem como Ministro Geral. Frei Constantino Koser foi Definidor Geral, Vigário Geral e Ministro Geral da nossa Ordem nos anos movimentados do imediato pós-Concílio Vaticano II. Embora se fale da primavera renovadora que o Concílio desencadeou, não devemos esquecer também que o vento que entrou pelas janelas abertas por João XXIII ameaçava levar consigo também valores indispensáveis. Precisava-se de alguém que tivesse a mão firme no remo. E a Ordem encontrou este homem em Frei Constantino Koser. O apelo que o Vaticano II lançou para toda a Igreja: volta às fontes e “aggiornamento” (atualização), foi acolhido também pela nossa Ordem. Marcantes foram o Capítulo Geral celebrado em Madri e o Capítulo Extraordinário realizado em Medellín com os respectivos relatórios programáticos de Frei Constantino. Tudo isto resultando em novas Constituições Gerais, o que tentaram passar de um documento meramente canônicojurídico a um documento inspiracional de nosso carisma. O tempo ainda não estava maduro para separar as Constituições Gerais dos Estatutos Gerais que aconteceu no Capítulo Geral de 1985. Prefaciando, porém, cada capítulo com a respectiva reflexão sobre a dimensão carismática, já se dava o primeiro passo para a “separação” das Constituições (inspiração) dos Estatutos (organização). Recordamos hoje estes tempos e passos dados como algo natural, mas sabemos que não eram nada tranquilos e fáceis. Famosa é a marcha dos frades estudantes da Itália à Cúria Geral da Ordem em Roma, chegando a ocupar o corredor que levava à porta da moradia do Ministro Geral. Não só desta vez, mas também em outras ocasiões, Frei Constantino teve que intervir com a força que sua autoridade lhe permitia. Mesmo assim, e talvez possamos dizer hoje, graças a isso, Frei Constantino está vivo na memória dos que conviveram com ele. Isto eu pude

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constatar muitas vezes quando estava em visita aos frades como Vigário Geral. Quando me apresentava e quando respondia à pergunta a que Província eu pertencia, a reação era sempre: “Ah, da Província de Padre Koser!” E esta constatação era expressa com grande estima e profundo respeito.

Defensor dos frades em dificuldade

Ouvi alguma vez um bispo dizer diante de um padre que estava em dificuldades porque não tinha se comportado convenientemente: “Se um padre peca, tenho um duplo motivo para ficar perto dele. O primeiro por ser autoridade e o outro porque devo estar com quem errou”. No tempo do ministério de Frei Constantino Koser à frente da Ordem, se agravou e complicou a situação dos frades da Província de Bósnia-Herzegovina. Em poucas palavras: Quando os muçulmanos ocuparam a hoje Bósnia e Herzegovina, a estrutura ordinária da Igreja se desfez porque os responsáveis (bispo e clero) preferiram ir embora. Os que ficaram foram os frades. E ficaram durante muito tempo de forma clandestina. Deixaram crescer o característico bigode dos homens da região e para não serem identificados como frades – e para evitar que crianças inocentemente o pudessem revelar – eram chamados “tios” e assim visitavam as famílias e alimentaram e mantiveram a fé do povo sem pastor. A mesma fidelidade mostraram os frades durante o subsequente domínio dos comunistas na era de Tito da antiga Iugoslávia. Quando as estruturas ordinárias da Igreja puderam ser restabelecidas, havia bispo e padres, mas não havia paróquias, ao menos não em número suficiente. A maioria delas estava sendo cuidada pelos franciscanos. O povo não queria saber de outra coisa. Ser católico e ser cuidado pelos frades se tornou uma só coisa. Naturalmente, o bispo e os padres exigiram a entrega de paróquias, mas os frades e o povo não cediam. O Papa Paulo VI pediu para o Ministro Geral da Ordem dar um jeito. O Ministro Geral era Frei Constantino Koser. Incansavelmente procurou dialogar e encontrar uma solução. O problema era dos dois lados. Ao decreto de entregar um determinado número de paróquias, os frades respondiam com um solene “Non possumus”. Frei


Especial

Constantino, mesmo sabendo que muito dependia da colaboração dos frades e nem todas as suas atitudes eram corretas e justificáveis, ficou sempre do lado dos frades na esperança de poder estabelecer a paz e a harmonia. Não lhe foi possível e, mais tarde, o Ministro Geral de então teve que tomar medidas drásticas diante da “desobediência” dos frades (fechamento do noviciado, não realização de Capítulo e consequentemente impossibilidade de haver um Governo Provincial que normalmente é eleito no Capítulo). Creio que deve ter sido do agrado do Frei Constantino Koser que coube justamente a mim o longo e exaustivo trabalho de estabelecer a normalidade do funcionamento da Província de Bósnia-Herzegovina, reabrindo o noviciado e realizando o Capítulo Eletivo.

Simplesmente um frade em Petrópolis

Minha terceira lembrança de Frei Constantino Koser coincide com a sua permanência em Petrópolis. Durante o meu período como Ministro Provincial (1985 a 1994) pude acompanhar a presença de Frei Constantino Koser em nosso convento de Petrópolis. Nos primeiros anos depois do seu serviço pela Ordem na Cúria Geral de Roma, Frei Constantino era muito solicitado para palestras nas Províncias Franciscanas e por Ordens e Congregações para partilhar sua vasta experiência na renovação da vida consagrada, obedecendo ao apelo do Vaticano II. Viajou muito, embora seu coração reclamasse mais atenção e cuidados. Colocaram um marca-passo, que, para bem da verdade, mais atrapalhou do que resolveu. A isso ele se referia em muitas ocasiões. Quando já não dava mais para enfrentar os deslocamentos, viagens e a alimentação não habituada, preferiu retirar-se no convento de Petrópolis. Ele, ex-Ministro Geral, o fez, porém, sem grandes exigências. Por falar em exigências,

ele tinha uma sim e a manteve enquanto pôde: gostava de ter com quem conversar, ao menos escutar. Por vezes se tinha a impressão de estar diante do último representante dos “Enciclopedistas”, de alguém que pudesse falar sobre qualquer assunto. Frei Constantino falava de química, astronomia, física como se estivesse falando de Teologia, matéria da sua predileção. E se contentava em saber que alguém o estava ouvindo. Terminou sua vida como a começou: como frade menor. Teve grande cuidado de organizar seu arquivo pessoal. Deixou-nos um grande tesouro da sua reflexão teológica, filosófica e de espiritualidade. O saudoso Frei Fábio Panini, nos últimos anos de sua vida, se dedicou de corpo e alma a este arquivo, digitalizando-o. Infelizmente a irmã morte o buscou antes que ele pudesse concluir este trabalho. Tanto mais nos alegramos em saber que atualmente o nosso confrade Frei Gilberto da Silva está fazendo sua tese doutoral em espiritualidade franciscana sobre a herança espiritual-franciscana que Frei Constantino Koser nos deixou após sua fecunda vida de frade menor, professor de Teologia, Ministro Geral da Ordem, conferencista e orientador de retiros. Quando fui eleito Vigário Geral da Ordem em 1997, fizeram-me uma despedida em Petrópolis, na Editora Vozes. Frei Constantino estava presente. No fim de todas as palavras de agradecimento e de despedida, Frei Constantino me presenteou com uma pequena pasta preta de couro, dizendo: “Você vai precisar dela quando for tratar de assuntos junto às instâncias da Santa Sé.” Na época, o Vigário Geral fazia também o papel do procurador geral. Guardo e uso a pasta com muito carinho e reconhecimento porque me faz lembrar sempre de novo deste frade menor que foi capaz de corresponder a Deus nos mais variados e importantes serviços aos irmãos.

Frei Estêvão Ottenbreit

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Especial

O Generalato de Frei Constantino Koser

Um retorno às fontes da vida cristã, à intuição e à inspiração de Francisco de Assis

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ntre os frades menores e em diversos âmbitos da Igreja, Frei Constantino Koser é conhecido e admirado pelo seu desempenho no Governo Geral da Ordem, reconhecido por muitos como o mais importante ministro do século XX, um tempo de passagem na Igreja e no mundo. Frei Clarêncio Neotti, ao escrever o necrológico de Frei Constantino, publicou alguns teste-

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munhos que também ajudam a recordá-lo como Ministro Geral. Assim o descreveu no necrológico Frei Alberto Lopera Trujillo, OFM, da Província de São Paulo Apóstolo, na Colômbia, que esteve prestando serviços em alguns Capítulos Gerais e na Cúria Geral de 1966 a 1973: “Frei Koser era um homem de temperamento forte, seu ascetismo o tornou flexível; ele tratava afavelmente todos


Especial aqueles com quem se encontrava no caminho de sua vida, tinha uma memória admirável, uma curiosidade pelo saber sem limites, um caráter decidido, um grande sentido de equidade e de justiça, grande profundidade nos seus conhecimentos”. Frei Alberto relata também que as conversas com o Ministro Geral eram impregnadas de inteligência e muito bom humor, despertando atenção e interesse; e, mesmo com bom humor, ele não exitava em reagir fortemente para defender uma causa justa ou uma pessoa inocente, ou ainda nas questões contrárias à Regra e às Constituições. Recorda também que nos momentos difíceis e de conflitos, buscava se tranquilizar “fumando um bom cigarro”, evitando assim o que um superior sábio e prudente deve evitar: cometer injustiça e tomar decisões equivocadas e, em certos casos, fatais. Frei Giacomo Bini escreveu uma carta para Frei Constantino por ocasião do seu jubileu de 60 anos de padre. Tal carta não chegou a ser enviada, tornando-se pública no seu necrológico. “O senhor sabe que não são os anos que contam, mas a vida agradável a Deus (Sb 4,10) e eu acrescentaria: os inúmeros serviços prestados, com prudência, desapego e alegria, aos frades e à Igreja, tanto como professor de sacra Teologia quanto nos longos anos de Ministro Geral nos difíceis anos do pós-Concílio e renovação das Constituições Gerais. Na minha Carta de Pentecostes deste Ano jubilar, lembro que ‘a definição de nossa identidade de frades menores tornou-se mais clara nos anos do pós-Concílio’. O senhor tem grande mérito nesse aprofundamento de nossas raízes e no aclaramento do nosso carisma, ainda capaz de fecundar os dias de hoje”. Frei Estêvão Ottenbreit, como Vigário Geral e ex-Ministro Provincial, escreveu uma carta à Província por ocasião da morte Frei Constantino Koser relatando sobretudo o seu retorno à Província e o agravamento do seu estado de saúde, sendo obrigado a reduzir seu apostolado e ganhando a dimensão do bom exemplo, como disse Frei Francisco de Assis, o nosso primeiro modo de evangelizar. “Assim se tornou verdadeiro exemplo de humildade e simplicidade. Como ex-Ministro Geral, viveu no meio dos jovens frades em formação, nada exigindo para si, a não ser algum tempo de atenção para que pudesse contar episódios

de sua longa experiência e muitas viagens como Ministro Geral. [...] Frei Constantino tem grande mérito no retorno da Ordem Franciscana às suas raízes, no aprofundamento do carisma e sua adaptação fecunda aos tempos de hoje. As Constituições que nos regem hoje, talvez, não teriam sido possíveis sem os passos seguros e lúcidos que as antecederam nas décadas de 1960 e 1970, ou seja, nos quase 14 anos em que ele governou a Ordem”. Os relatos de nossos confrades nos permitem intuir que o desejo do Papa João XXIII de abrir as janelas para arejar a Igreja, também chegou à vida religiosa. A nova primavera, o novo Pentecostes chegou à Ordem dos Frades Menores; não sem rejeição, mas com fecundo ardor capaz de dar à vida franciscana um novo sentido sem perder a sua originalidade. Frei Constantino foi eleito Definidor Geral para a América Latina em maio de 1963, 7 meses depois da abertura do Concílio. Ao chegar em Roma, foi nomeado assessor pessoal do Ministro Geral, Frei Agostinho Sépinski, que era padre conciliar; também participou das reuniões teológicas dos bispos brasileiros durante o Concílio. No dia 2 de outubro de 1965, Frei Sépinski foi nomeado bispo e delegado pontifício para a Palestina, e no dia 3 de novembro, Frei Koser foi eleito Vigário Geral da Ordem para terminar o mandato, e foi nomeado também padre conciliar na quarta sessão do Concílio. Aqui está um dos principais pontos de força do seu generalato. Um homem imerso e integrado nas discussões, resoluções, método e práxis do Vaticano II. Para iniciar o processo de “aggiornamento” na Ordem, foram usados alguns mecanismos que até então não eram habituais, como, por exemplo, a consulta aos frades em forma de questionários, aos Provinciais e às diversas Conferências. Também foi criada uma comissão, chamada de comissão do “aggiornamento”, da qual Frei Koser foi integrante antes de ser eleito Vigário Geral e da qual, depois da sua eleição, acompanhou os trabalhos com grande entusiasmo e competência. Na meditação diária que escreveu por 44 anos, ele relata o receio de não conseguir conduzir a Ordem nesse processo, temendo que ela tomasse mais uma vez o caminho da divisão. Frei Constantino inaugurou um novo tempo para a Ordem dos Frades Menores. Talvez isso não seja uma novidade para nós, mas como Comunicações Junho de 2018

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Especial Ministro Geral ele conseguiu superar a soleira da Cúria Geral e encontrar os confrades, com a convicção de que as mudanças deveriam ocorrer na concretude da vida, na intimidade, no santuário da consciência de cada frade menor. Retornar à origem da Ordem dos Frades Menores é retornar à intuição e à inspiração de Francisco de Assis, isto é, redescobrir Jesus Cristo e, redescobrindo-O, anunciar sua mensagem de forma atualizada e eficaz. Frei Constantino coloca como uma das prioridades em seu governo, a fidelidade ao carisma franciscano e à Igreja e o testemunho ao mundo. Ele procurou também colocar Deus outra vez no centro da Ordem, sobretudo a partir da reflexão chamada “Vida com Deus no mundo de hoje”. O tema do generalato de Frei Constantino é muito extenso e merece ser aprofundado em outra ocasião, porém recordo apenas alguns entre tantos outros, como: a reforma das Constituições Gerais, a reforma da Cúria Geral, acompanhamento nas casas dependentes da Cúria Geral, as novidades inseridas na metodologia dos Capítulos Gerais, as visitas fraternas em diversas Províncias da Ordem e congregações femininas, as conferências pelo mundo, e sua paixão pela Teologia e pela Espiritualidade Franciscana. Com o andamento do processo de atualização, nasce a urgência de reformulação das Constituições Gerais. As leis vigentes apresentavam o excesso de normatividade em que chegou a Ordem dos Frades Menores, como por exemplo, a omissão da palavra fraternidade e seu sentido na vida franciscana, os minuciosos detalhes da medida do hábito e cor do pano, o guardião da comunidade como o primeiro responsável pela vida de pobreza dos frades etc. As reformas foram realizadas com o esforço de muitos confrades que se desdobraram para juntos buscarem uma lei que fosse capaz de transmitir o Espírito e a vida. Assim, em cada capítulo das CCGG, foram introduzidos textos chamados espirituais, atualizados com os novos documentos da Igreja e alicerçados nos escritos de Francisco de Assis. As novidades foram muitas. Destaco apenas algumas: o resgate do termo fraternidade e sua importância para o carisma franciscano; a permissão para os frades usarem dinheiro; a criação do capítulo conventual; o resgate do sentido do papel do guardião na fraternidade; a questão da obediência; um único

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processo de formação para os frades; a missão e a evangelização, etc. Coube a Frei Constantino também fazer uma reforma da Cúria Geral. Nesse tempo, cada departamento possuía seu arquivo, dificultando assim os trabalhos. Para isso, foi criado o departamento de protocolo, por onde passariam todas as correspondência antes de serem encaminhadas aos escritórios e ao Definitório Geral. Foram atualizados também os estatutos de cada departamento a fim de agilizar os trabalhos. Constam ainda de seu necrológico outros pontos de reforma na Cúria Geral como: criação da comissão para examinar e classificar e dar um parecer a tudo o que era enviado ao Ministro Geral, em matéria de consultas, propostas e controvérsias vindas das Províncias ou dos frades individualmente. Instituiu também uma comissão de curiais, não pertencentes ao Definitório, que, na ausência de todo o Definitório, agindo eles em conjunto, tocassem adiante as coisas inadiáveis da Ordem. Foi criação do governo de Frei Koser o boletim chamado Informationes, que, no segundo volume, passou a ser chamado de Fraternitas. Criou também um departamento para as Congregações e Institutos Franciscanos com o objetivo de promover a unidade e a mútua ajuda entre eles e o relacionamento com os vários dicastérios da Santa Sé, sempre com a preocupação de ajudar no processo de renovação e atualização da vida religiosa. No governo de Frei Constantino, iniciaram-se as escavações no subsolo da Basílica de Santa Maria dos Anjos – Porciúncula, onde foram encontrados possíveis vestígios das primeiras moradias dos frades da primitiva fraternidade franciscana. Da mesma maneira, procurou acompanhar pessoalmente, com visitas fraternas e como o grãochanceler do Anteneo Antonianum de Roma, as atividades acadêmicas. Também buscou acompanhar e incentivar o centro de pesquisa de Grottaferrata e, sobretudo, a nova edição crítica dos Escritos de São Francisco, coordenada pelo Frei Caetano Esser. As novidades também foram inseridas nos Capítulos Gerais. Para torná-los mais participativos. Os Provinciais passaram a reunir-se por grupos linguísticos (coetus anglicus, gallicus, hispanus etc.). Outro grupo formou-se por assuntos que deveriam ser estudados, como, os capítulos e artigos das novas constituições. Também foram


Especial introduzidas a tradução simultânea e as votações eletrônicas. Houve também uma maior preocupação em divulgar aos frades e ao mundo as informações e resoluções dos Capítulos. Foram criados os conselhos plenários anuais, que se tornaram instrumentos de orientação e execução do Capítulo Geral, sobretudo, no processo do “aggiornamento”. O Capítulo de 1967 exigiu que o Ministro Geral visitasse fraternalmente as Províncias, que animasse os confrades e os introduzisse no processo de renovação. Assim Frei Constantino viajou, em 1967, para Espanha e Portugal. Em 1968, para Terra Santa, Síria, Líbano, Chipre, Japão, Coreia, Taiwan, Hong Kong, Filipinas, Vietnã, Singapura, Austrália, Venezuela, Colômbia, Brasil, Estados Unidos e Canadá. Em 1969, para Holanda, Terra Santa, México, Polônia, Brasil, Buenos Aires e Chile. Em 1970, para as duas Alemanhas e as Ilhas Canárias. De 1971 a 1979, fez aproximadamente cem viagens pelo mundo visitando as Províncias sem contar as que estão no território italiano. Nessas viagens ele fazia questão de visitar as casas de formação e as congregações religiosas franciscanas, também as motivando a enfrentar o processo de renovação estabelecido pelo Concílio Vaticano II. Frei Constantino também preparou inúmeras conferências e retiros. O que chama a atenção é que em alguns lugares os próprios frades recolheram as suas conferências e as transforma em livros, como, por exemplo, na Venezuela, em 1968 e no México 1980. Estudando os escritos deixados por Frei Koser, saltam aos olhos e ao coração alguns traços da experiência espiritual que o sustentou durante toda a vida. Para além de sua capacidade intelectual, o estudo da Teologia o dotou de maturidade humana e espiritual. Homem transparente no relacionamento com Deus que se esforçava no pensar e no desejar o bem não como propriedade sua, mas como dom a ser partilhado. Do mesmo modo, é nítida sua capacidade de reconhecer seus limites, seus erros, suas fragilidades e de se colocar num caminho de conversão. Como bom filho de São Francisco, ele teve coração generoso e sabia reconhecer a grandiosidade de Deus. Sempre iniciava suas meditações diárias dizendo como o Poverello de Assis, “meu Senhor e meu Deus”, chegando a escrever aproximadamente 16.216 vezes essa expressão em sua obra.

Não há dúvida de que o conhecimento teológico e a espiritualidade franciscana foram os fundamentos para o Ministro Geral colocar em prática o “aggiornamento” do Concílio Vaticano II e voltar às origens, com maior desejo de fidelidade ao Evangelho e à Igreja. Em 1965, Frei Constantino escreveu nas suas meditações, refletindo sobre o livro “De sex alis seraphim” de São Boaventura, o que seria para ele a missão do Ministro Geral e suas funções: “Mais e mais, convenci-me de que a tarefa mais importante do superior não é jurídica, nem administrativa, mas de vida santa em progressão acelerada de aquisição de virtudes e de vida de oração. Quanto aos outros, o mais importante é o bom exemplo e a orientação a dar”. Deixemos as palavras sábias de Frei Koser ecoar em nossas vidas e as recordemos nos serviços que exercermos. Basta “uma vida santa em progressão acelerada de aquisição de virtudes e vida de oração” e não nos esqueçamos do bom exemplo. Para tanto, neste ano em que se comemora o seu centenário – e para aprofundar nosso carisma e nossa espiritualidade franciscana – como sugestão, podemos retomar alguns textos de Frei Constantino em nossas meditações, retiros e encontros. Recordo, por exemplo, A vida com Deus nos dias de hoje e o livro Pensamento franciscano, bem como o DVD produzido por Frei Fábio Panini com a sua produção teológica. Caros confrades, com tantas transformações ocorridas na Ordem dos Frades Menores, seria necessário estudar o método usado por Frei Koser para obter tais resultados. Certamente na história franciscana não faltarão bons historiadores que abrirão um debate sobre o governo de Frei Constantino, sua importância e o lugar que ele ocupa na história franciscana. Somos gratos a Deus por nos ter dado Frei Constantino Koser como irmão, e que nos ajudou nos anos posteriores ao Concílio a definir nossa identidade de frades menores, aprofundar nossas raízes, reviver o nosso carisma e, como consequência, reacender no coração da Ordem sua missão na Igreja e no mundo.

Frei Gilberto da Silva

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Especial

Foi um grande homem. E o fruto de sua grandeza foi a fidelidade, o trabalho, o empenho sem limites, a consciência do dever, a pronta solicitude e o contínuo aperfeiçoamento dos compromissos, não importa quais fossem. Se foi um homem apaixonado pela palavra, o foi também no exemplo de frade menor”. […] Não há como não admirar seu

exemplo quando, terminados os dois mandatos de Ministro Geral, retornou a Petrópolis para viver em quarto simples, sem água, sem banheiro no interior, sem secretário, sem privilégio nenhum a não ser o da simplicidade na pobreza”.

Frei Constantino Koser, ofm Ele foi sábio e sem perder a humildade, Marca maior do Poverello lá de Assis, À frente da Ordem foi firmeza, foi verdade, Serviu os Frades como São Francisco quis. Era uma enciclopédia ambulante no mundo, Esse foi “Koser”, que no entanto, simples era; Minoridade era tempero, lá no fundo Da sua vida toda e de sua alma sincera!... Pobreza, um gesto oculto, mas sempre falava, Aos que com ele conviviam nessa vida, Qualquer um ao vê-lo agindo, logo notava. Ele tornou-se exemplo de sábio e de santo, Porque jamais perdeu o sabor da humildade, Esse é o motivo do louvor e do meu canto. Frei Walter Hugo de Almeida Comunicações

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Ministro Geral, Frei Giacomo Bini


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ITF CELEBRA CENTENÁRIO

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a manhã do dia 10 de maio, o Instituto Teológico Franciscano comemorou o centenário do nascimento de Frei Constantino Koser, que, além de professor de Teologia Sistemática, no ITF, foi o único brasileiro eleito Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores. Na ocasião, Frei Elói Dionísio Piva discorreu sobre a biografia de seu confrade, ressaltando a importância dele para a Ordem e, particularmente para o ITF. Frei Constantino colaborou intensa e entusiasticamente para a implantação da biblioteca do Instituto, adquirindo inúmeras obras de grande envergadura no campo teológico e doando, mais tarde, sua biblioteca pessoal, de Ministro Geral. Frei Piva recordou que, apesar de sua grande relevância e notoriedade, ele “conviveu bem integrado na fraternidade, em espírito de simplicidade e desprendimento”. De seu legado, foram destacados os seguintes aspectos: paixão pela vida e pró-atividade em sua busca e sentido; humanidade; entusiasmo pelo carisma franciscano; amor ao estudo; dinamismo e integração na Família Franciscana, na Igreja e na sociedade. Dando continuidade à homenagem, Frei Fernando de Araújo Lima tomou a palavra e recordou um trecho da canção: “Você não me ensinou a te esquecer”, de Caetano Veloso. “E nesse desespero em que me vejo / Já cheguei a tal ponto / De me trocar diversas vezes por você / Só pra ver se te encontro”. Partindo dessa estrofe, Frei Fernando, que é psicólogo, falou sobre o processo de luto e sobre viver os valores da pessoa que morre e que muito

amávamos. Segundo ele, “ao cultivar aqui [ITF] os livros, o saber, a pesquisa, o ensino, estamos continuando a viver o que Frei Constantino viveu com tanto amor”. Na sequência, Frei Ludovico Garmus deu um testemunho emocionado. Recordou o tempo em que era um dos alunos de Frei Constantino; e os momentos finais de seu mestre querido. Concluindo o evento, Frei Antônio Everaldo Palubiack Marinho agradeceu a todos os presentes e leu uma mensagem que Frei Gilberto da Silva enviou de Roma, especialmente para a ocasião. Frei Gilberto da Silva, no momento, encontra-se em Roma, ocupando-se com a elaboração de sua tese de doutorado sobre as meditações de Frei Constantino Koser. A cerimônia foi abrilhantada por um quarteto de frades estudantes, responsáveis pela parte musical. “Muitas vezes senti-me desanimado diante da realidade de hoje. Nesses momentos, com o recurso da oração, recorri também à história. Lendo e informando-me sobre o passado – de modo realista e não com a mentalidade nostálgica dos “bons tempos de outrora” – nunca levei muitas horas para convencer-me de que estava vivendo a melhor de todas as épocas, a mais favorável ao Evangelho, a mais propícia para a Igreja e a mais adaptada à forma de vida franciscana. E não creio que meu modo de pensar seja ingênuo ou infantil.” (Frei Constantino Koser. Discurso de encerramento do Capítulo de Madrid, 1973. In: NEOTTI, C. Frei Constantino Koser, O.F.M. Vida Franciscana, Petrópolis, v. 59, n. 76, p. 136, 2002). Neuci L. Silva Comunicações Junho de 2018

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Fraternidades

IGREJA DA ROCINHA: 80 ANOS DA PRIMEIRA MISSA

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á 80 anos..., no dia 1º de maio de 1938, um domingo, moradores da Rocinha, frades franciscanos, benfeitores e autoridades se reuniam para a celebração da missa que marcaria a inauguração da igreja católica da comunidade. A obra foi toda conduzida pelos frades franciscanos da Província da Imaculada Conceição do Brasil, que desde 1922 dirigiam a Paróquia de Nossa Senho-

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ra da Paz, no bairro de Ipanema. A Rocinha surgiu do loteamento das terras da fazenda Quebra Cangalha, no final dos anos 1920, e era então, uma verdadeira “roça”, com moradores vivendo basicamente do cultivo de hortaliças e frutas, que plantavam e colhiam nos morros que ficavam entre o mar e o maciço da floresta da Tijuca. Com a venda dos lotes, a comunidade começou a se desenvolver, com a vinda de imigrantes portugue-

ses, italianos, nordestinos, mineiros. Os frades vinham uma vez por mês celebrar a missa, atender confissões, batizar e atender os doentes. A missa era celebrada em cima de um caminhão. Sobre a construção da igreja, temos alguns relatos dos dois frades mais diretamente envolvidos em todo o processo, Frei Edgar Loers, então Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, e de Frei Pedro Sinzig, da mesma fraternidade. Em


Fraternidades

carta de 13 de dezembro de 1937, Frei Edgar assim se dirigia ao Monsenhor Costa Rêgo, responsável pelas construções da Diocese: “O abaixo assinado, Vigário da Paróquia Nossa Senhora da Paz, pede humildemente à Vossa Eminência licença para construir uma Igreja – escola paroquial – no lugar denominado Rocinha, Estrada da Gávea, e benzer e colocar a primeira pedra, no próximo domingo, dia 19 de dezembro”. Sobre a planta da igreja, projetada por Frei Edgar, Frei Pedro Sinzig comentava, no dia 02 de dezembro do mesmo ano: “As condições muito especiais desta construção que terá que servir para escola e capela, exigiram linhas, divisões, instalações e providências de solução não muito fáceis”. Mas acrescentava: “É preciso, porém, confessar, que o autor do projeto soube ligar... as exigências da utilidade prática e da extrema economia imposta pelas circunstâncias, com a dignidade reclamada pela Casa de Deus, e com um bom gosto notável”. Apesar da citada “extrema economia imposta pelas circunstâncias” a obra seguiu em frente, com doações, o trabalho dedicado dos moradores e voluntários, e a supervisão dos frades. Foram formadas três Comissões com moradores da co-

munidade. No dia 19 de dezembro era colocada a Pedra Fundamental, tendo sido Paraninfos Dona Agostinha da Silva e Sr. Alfredo Ferreira Chaves. Nem tudo saiu como previsto. Segundo Frei Edgar: “A chuva não permitiu maior movimento. Prejuízo material”. Mas a mão da Providência também não faltou, como testemunha também Frei Edgar: “Tendo um generoso benfeitor ofertado 5 contos de réis, começamos o levantamento das paredes, e, em princípios de fevereiro, dia 06, já com as paredes em regular altura, fizemos uma segunda festa, desta vez com mais sorte e renda regular. A concorrência do povo só não foi maior devido à ameaça de chuva. Resultado: entrada: Um conto, 517 mil e 700 réis (1$517.700). Despesa: 975 mil réis; lucro: 542.700 réis. Em 09 de fevereiro encomendei a madeira do telhado. Em 9 de março encomendei 4 mil telhas... Uma vez coberto o edifício, iniciou-se o revestimento interno da sacristia, quarto e corpo da Igreja para iniciarmos o mais breve possível as aulas. Comprei uma barata (um tipo de carro de dois lugares, chamado Ford Baratinha, lançado em 1927), para condução das duas professoras (1 conto e 300 mil réis). Fiz um pedido de carteiras ao Departamento de

Educação. Até hoje sem resultado”. O esforço de todos fez a obra seguir em frente. Os moradores ajudavam como podiam, fazendo massa, carregando telhas e tijolos, trazendo baldes de água de longe. Com todo o empenho dos fiéis e dos frades, a parte principal da construção foi concluída em fins de abril de 1938. Na edição do dia 29 de abril de 1938, o Jornal do Brasil noticiava: “Após longos meses de lutas incessantes, bem compensadas, será inaugurada, amanhã, dia 1º, a capela do lugar denominado Rocinha, nas montanhas da Gávea. Foi necessário, para tanto, um longo e penoso trabalho, mas, com alegria espiritual de todos, a obra atingiu o seu termo e já agora, de amanhã em diante o povo do local terá onde render graças ao Criador pelos benefícios recebidos. A direção dos serviços esteve a cargo de Frei Edgar Loers, da Ordem de São Francisco, que nunca poupou esforços para o elevado fim. Frei Edgar, seja dito, sempre teve a seu lado, como colaborador decidido e infatigável, o Sr. Antônio Evangelista de Menezes, operário da Legião dos Crentes em Jesus e que de alma e de coração sempre se consagrou a Deus. A capela terá como sua Padroeira Nossa Senhora da Boa Viagem. A inauguração do templo, com a cerimônia inicial de bênção, será amanhã, domingo, às 8 horas. A imagem será transportada para o alto da Gávea e dali, em procissão, até a capela, que se ergue à estrada da Gávea n. 350. Em seguida à bênção haverá missa e comunhão geral. Durante todo o dia haverá uma grande quermesse, tocando uma banda de música. Junto à capela, funcionará uma escola, com cursos diurno e noturno”. Comunicações Junho de 2018

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Fraternidades No dia 1º de maio de 2018, 80 anos depois....,

os moradores da Rocinha se reuniram para a celebração e memória dos acontecimentos acima relatados. O dia amanheceu tenso. Se a preocupação de Frei Edgar naquele tempo era a chuva, nossa preocupação eram os tiros e bombas que estouraram por toda a comunidade, durante o dia inteiro. A energia elétrica foi cortada logo cedo, e só retornou à tarde. Mesmo assim, os preparativos foram em frente. Com o anoitecer, veio um pouco de paz e as pessoas, mesmo receosas, puderam sair de suas casas para a celebração. O Cardeal D. Orani foi convidado para presidir a celebração. Foram convidados todos os sacerdotes, religiosos e religiosas que por aqui passaram nestes 80 anos. Vários já faleceram, alguns estão debilitados, outros moram longe. Mesmo assim alguns compareceram, e foram muito aplaudidos quando dirigiram uma breve palavra aos fiéis que um dia pastorearam. Vários frades estudantes de Petrópolis também se fizeram presentes. Na abertura da celebração, entrou D. Josefa que, com seus 82 anos, lembra-se de ter participado da primeira missa. Entrou levando a imagem da padroeira, e foi aplaudida de pé. No final da missa, os anjinhos fizeram a coroação de Nossa Senhora da Boa Viagem. Um grande bolo, oferecido pelos benfeitores, salgados e refrigerantes ajudaram a animar a noite. Um brilho todo especial foi dado pela Orquestra da Escola de Música da Rocinha, composta por crianças e adolescentes da comunidade, que funciona nas dependências da Paróquia. A igreja de pedra da Rocinha surgiu porque, no local, já havia a Igreja Povo de Deus. Antes de qualquer construção, homens e mulheres de fé se reuniam aqui para celebrar a vida, e encontravam, nos Evangelhos e nos sacramentos, a força e a inspiração que davam sentido à própria existência. A construção foi sonhada para servir à dupla finalidade de ser templo e escola. Sonho e projeto de pessoas de fé, mas também preocupadas com a formação humana dos moradores desta área da cidade, já desde aquele tempo abandonada pelo poder público. À celebração da fé, dos sacramentos e da Vida, unia-se a instrução de tantas crianças que tinham, na escola da “fundação”, a única possibilidade de aprender as primeiras letras. Hoje a Rocinha passa por momentos difíceis. Mas a celebração destes 80 anos nos mostra que a vida é muito mais do que medo e violência. Nestas oito décadas a Rocinha sobreviveu a tantos acontecimentos, e muita coisa bonita foi feita. Nesta celebração reafirmamos a certeza de que esta situação não vai durar para sempre. Renovamos nossa esperança de que um novo tempo vai surgir, onde a paz e a justiça reinarão para todos. E nós, Igreja e Povo de Deus da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem da Rocinha, queremos continuar fazendo parte desta história. Frei Sandro Roberto da Costa Pároco da Rocinha, RJ

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ANGELINA SE PREPARA PARA O CENTENÁRIO

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o dia 5 de maio, às 19 horas, solene celebração da Santa Missa marcou o início das celebrações jubilares para comemorar o centenário do Santuário Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Angelina (19212021). Neste ano, a Igreja Matriz lembrou nesta celebração o centenário. Em 2019, será na Igreja São José (Barra Clara) e, em 2020, na Igreja Imaculado Coração de Maria (Rancho Queimado). “Vamos recordar como dizia o poeta: ‘Recordar é viver’. Muito além do que relatar um fato histórico, queremos trazer a graça que o ‘torrão’ angelinense recebeu com a fundação da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição”, explicou o pároco Frei Paulo César Borges. A Paróquia foi instituída no dia 8 de abril de 1921, por Dom Joaquim Domingues de Oliveira, Bispo da Arquidiocese de Florianópolis. Naquela época, Angelina era um distrito do município de São José (SC), e até então fazia parte da Paróquia de Santo Amaro (SC). Em 16 de setembro de 1946, a capela São Carlos Borromeu foi desmontada para dar lugar à nova igreja, que teria como primeira padroeira Nossa Senhora da Imaculada Conceição, e São Carlos Borromeu como seu segundo padroeiro. A construção

foi feita em tempo recorde de 18 meses. A igreja foi ousada para a época: bem espaçosa, com duas torres de 35 metros de altura, vitrais belíssimos e pintura simples, mas que realçava as linhas da arquitetura. Atualmente, a Paróquia conta com 18 comunidades, abrangendo os municípios de Angelina e Rancho Queimado. Nos anos de 2018, 2019, 2020 celebrar-se-ão os Tríduos em preparação para o Jubileu Centenário que acontecerá em 2021.

23º Festa do Queijo e do Mel

14ª Missa e Encontro de Motociclistas

Com o objetivo de passar uma mensagem visando à segurança no trânsito, no dia 1º de maio foi realizado o 14º Encontro de Motociclistas. A concentração aconteceu a partir das 8h30, no Centro de Distribuição do Supermercado Imperatriz, às margens da BR-282, em Palhoça. Às 9h30, todos os motociclistas seguiram para o Santuário de Angelina, onde participaram da Santa Missa e receberam a bênção.

Foi realizada no dia 22 de abril a tradicional Festa do Queijo e do Mel, que incentiva a agricultura familiar e os apicultores. Uma Missa em ação de graças, com a presença do prefeito Gilberto Orlando Dorigon, o vice-prefeito Leonardo Hammes, e demais autoridades, marcou este momento religioso. Na praça municipal, exposição de produtos coloniais e almoço festivo no salão do Santuário foram destaques do evento. Comunicações Junho de 2018

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RETIRO DOS BENF

“Leigo não é predica

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ntre os dias 28 de abril e 1º de maio, os benfeitores do Pró-Vocações e Missões Franciscanas (PVF) se reuniram para a edição anual do Retiro dos Benfeitores. Quase 100 participantes, vindos dos cinco estados da

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Província, além de participantes de Minas Gerais, Mato Grosso e Amazonas. O Seminário Santo Antônio, em Agudos (SP), acolheu o encontro. Na noite de sábado, 28, houve um bonito momento de adoração ao Santíssimo Sacramento, animado por Frei

Alvaci Mendes da Luz, coordenador do PVF e Frei Alexandre Rohling. Na conclusão da oração, os frades fizeram a unção das mãos dos participantes com óleo trazido da Terra Santa. O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, foi o pregador. “Leigo


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FEITORES DO PVF

ado; leigo é sujeito”

não é predicado; leigo é sujeito”, disse. Na manhã de domingo, 29, os benfeitores se uniram à comunidade local e aos membros da Ordem Franciscana Secular (OFS) de Agudos para juntos celebrarem a Eucaristia. Frei Alvaci presidiu a celebração. Em sua

homilia, o frade destacou a importância de estar unido à vinha verdadeira, Jesus Cristo. “Hoje, em nossas comunidades, em nossas igrejas, é muito difícil ficar unido à vinha verdadeira. Os ramos, ao invés de produzir coisas boas, muitas vezes ficam falando

uns dos outros. Por inveja, ciúme, ganância, não produzem coisas boas”, lamentou. Frei Alvaci usou o exemplo de São Paulo, retratado na primeira leitura do 5º domingo do Tempo da Páscoa. “Paulo é desacreditado dentro da próComunicações Junho de 2018

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pria comunidade que crê no Ressuscitado, é perseguido pelos de fora e os de dentro. Paulo ficou firme, permaneceu unido à videira. Ele tinha tudo para ‘chutar o balde’, mas decidiu ficar unido àquilo que era mais importante: Jesus Cristo”, ressaltou. O frade animou os presentes a estarem sempre unidos ao tronco, Jesus Cristo, assim como São Paulo. “O mais importante é o tronco, não os ramos. Não desista de Jesus, sem Ele a gente não pode fazer nada”, concluiu Frei Alvaci.

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Ainda na parte de manhã, Frei Xandão conduziu um momento orante com os benfeitores, onde cada um, com um palito e um pedaço de barbante, confeccionou uma pequena cruz. Durante a dinâmica, os presentes rezaram por suas intenções e suas “cruzes” pessoais e comunitárias. Durante a tarde os benfeitores tiveram um tempo de reflexão e descanso. No final do dia, todos participaram de um momento mariano, a oração do terço no meio da natureza, passando pelo cemitério do Seminário e terminando na gruta. Durante a oração, os benfeitores e frades recordaram as diversas intenções trazidas. Os benfeitores e frades falecidos também foram relembrados. Na segunda-feira, 30, os benfeitores concluíram o seu retiro anual com a celebração Eucarística, presidida por Frei Fidêncio Vanboemmel, Ministro Provincial e concelebrada por Frei Alvaci Mendes da Luz. Na primeira leitura, os participantes acompanharam a leitura do capítulo 57 do Espelho de Perfeição, sobre a vida de São Francisco de Assis. Na passagem, um camponês chamado


“Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade”

João, ao ver São Francisco varrendo uma igreja, manifesta o desejo de servir a Deus. “Irmão, já faz tempo que tenho vontade de servir a Deus, especialmente depois que ouvi falar de ti e dos teus frades, mas não sabia como chegar a ti. Por isso, agora que agradou ao Senhor que eu te visse, quero fazer o que te agradar”, conta a passagem. O jovem, muito pobre, sente a tristeza da família com a sua decisão. Francisco propõe então um encontro com os familiares do camponês. Ao ouvir São Francisco, eles ficam consolados com a decisão de João. Em sua homilia, Frei Fidêncio destacou que assim como o camponês, ainda hoje muitos jovens têm o desejo de servir a Deus, mas que assim como aquele rapaz em Assis, eles hoje encontram dificuldades para dar o seu sim. “Vocês participam da história vocacional de tantos “Joãos”. Esta presença silenciosa, misteriosa, divina, faz com que também muitos jovens possam se colocar de coração inteiro no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, manifestou. O Ministro Provincial também animou os participantes a viverem plenamente a sua missão. “Jesus fala para todos nós: a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”. E destacou que os dias vividos lá certamente tiveram um significado único para cada um, mas que o pedido é semelhante: ser Igreja em saída. “Que cada um de nós se sinta enviado pelo Pai. Ide para este mundo pós-moderno, como ovelhas no meio de tantos lobos. Como ovelhas, somos mensageiros da paz, da mansidão, da concórdia, do amor”, afirmou o frade. E acrescentou que o local de missão pode ser dentro das próprias famílias, o local de trabalho, a sociedade de modo geral, como mensageiros e anunciadores da Paz e do Bem. “Não existe nada mais bonito que deixar na casa de alguém o desejo de Paz e Bem”, concluiu. Ao final da celebração, Frei Alvaci agradeceu pelos mais de 12 mil benfeitores que ajudam a Província Franciscana e a Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA) a “varrerem” as igrejas. Ele recordou que o PVF existe há 32 anos graças à disponibilidade e entrega silenciosa de tantos benfeitores, que contribuem financeiramente e espiritualmente, com as orações pelas vocações.

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a segunda-feira, 30, os participantes foram convidados a refletir sobre o “Ano do Laicato”, instituído para 2018 na Igreja do Brasil. Na parte da manhã, Frei Fidêncio introduziu o tema, explicando as motivações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para este tempo. Ele usou como base o documento 105 da CNBB, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade”. Ele destacou a importância de recuperar o aspecto da Igreja como povo de Deus, como afirma o objetivo geral do Ano do Laicato. “Nós somos hoje esta Igreja povo de Deus. Dentro desta Igreja cabemos todos nós: estão os leigos, religiosos, sacerdotes, bispos e Papa. Nós, juntos, formamos esta Igreja povo de Deus, onde ninguém é mais ou menos, somos todos irmãos. Isto está no Evangelho”, afirmou. Recordando o Documento de Aparecida, o frade destacou que os leigos são sujeitos da Igreja e não predicados. “Estimular a presença e a atuação dos cris-

tãos leigos e leigas, ‘verdadeiros sujeitos eclesiais’ (DAp, n. 497a), como sal, luz e fermento na Igreja e na Sociedade”, aponta um dos objetivos específicos do Ano do Laicato. Frei Fidêncio ressaltou que o laicato não é apenas da Igreja para dentro, mas da Igreja para fora. “Como é que, por exemplo, nós, num ano de eleições, onde os ânimos estão acirrados, onde a gente não sabe em que “pê” colocar o pé, como nós podemos hoje ser esta presença com os diferentes sujeitos da sociedade?”, questionou. Ele conclamou os presentes a promoverem a cultura do encontro, num mundo que promove a cultura do desencontro. “Vivemos hoje a cultura da difamação, a cultura da bala, da língua afiada, do denegrir, do destruir para ver se sobra alguma coisa, a cultura da arma e da violência”, destacou. O Ministro Provincial abordou o laicato sob a perspectiva de dois “Franciscos”: o de Assis e o de Roma, o Papa Francisco. No contexto medieval, o frade Comunicações Junho de 2018

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destacou a separação entre o sacro e profano, uma realidade enfrentada por São Francisco de Assis. “Quando a Igreja se fecha, nós percebemos também ao longo da história que os próprios leigos começam a se organizar, os próprios leigos começam a viver seu profetismo”, afirmou, ressaltando que na Idade Média nasceram muitos movimentos penitenciais de leigos, que buscavam viver radicalmente o Evangelho. E explicou a origem e os primeiros companheiros de São Francisco de Assis e de Santa Clara. Ele destacou ainda que São Francisco, para viver sua vocação, escutou, discerniu e viveu o chamado do Senhor, ressaltando que são os três verbos que o Papa Francisco dirige aos jovens neste ano, em que a Igreja se reúne no Sínodo dos Bispos para falar a respeito da realidade juvenil. “A resposta de Francisco ao Evangelho é o despontar de uma nova luz, um novo horizonte aos leigos daquela época. Francisco descobre algo novo, que era possível viver o Evangelho sem brigar com a Igreja”, assinalou. Frei Fidêncio falou ainda da Ordem Franciscana Secular, que Francisco deixou para aqueles que desejavam viver esta radicalidade, sem abandonar seu papel na família e na sociedade. “Francisco foi o mendicante maior, não por ser uma Ordem mendicante, mas a mendicância em Francisco tem uma dimensão muito bonita. Uma mendicância de sentido, de valores, de ética, de justiça, de verdade. Das virtudes que formam e qualificam o ser humano”, concluiu, destacando que Francisco de Assis nunca buscou o sacerdócio, mas foi leigo, como muitos que estão na Igreja. Na parte da tarde, Frei Fidêncio continuou sua fala, abordando sobretudo o destaque dado aos leigos pelo Papa Francisco em suas homilias e documentos. Os participantes do retiro também puderam partilhar suas dúvidas e suas experiências.

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Érika Augusto


Fraternidades

São João Batista São João no deserto É a voz ressequida Que aponta bem certo A fonte da Vida.

São João é elogiado Por Cristo Jesus, Por ser um ousado Profeta da luz.

São João é uma luz Que aclara o roteiro, Que os homens conduz Ao Cristo Cordeiro.

João, claro, aos sofridos Do seu povoado: Aí vem aos cativos, Jesus, o esperado.

São João, homem forte, Destrói falsidade, Não teme a morte, Em prol da verdade.

Que quer o profeta? Mudar coração. Só Deus é a meta, Ordena São João. Frei Waldemar Schweitzer

Encontro Distrital da OFS NO PARI

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Paróquia Santo Antônio do Pari, em São Paulo (SP), acolheu com muita fé e alegria o Míni Encontro Distrital da Ordem Franciscana Secular (OFS), no domingo, 6 de maio. Os representantes das muitas Fraternidades presentes tiveram a graça de uma partilha viva de amor e oração, com verdadeiro entusiasmo franciscano. Primeiro, um café de boas vindas. Depois, a santa Missa, da qual participaram também os paroquianos. Foi o ponto alto de oração, para entrega e bênção dos serviços e atividades do Encontro, e para a comunhão de vida fraterna que marca nossa ação de missionários franciscanos. Uma palestra do Ministro Luís Garcia, do Conselho da Fraternidade anfitriã, trouxe-nos um primoroso conteúdo para conhecimento e reflexão sobre a conscientização do chamado e da postura do leigo cristão, na Igreja de hoje, a partir dos

primórdios da história de participação do laicato na Igreja. Almoço comunitário e animado momento musical descontraíram e confraternizaram. Parabéns às irmãs da “cozinha”, lideradas por Celina, Martinha e Raimunda. À tarde, uma boa dinâmica de grupos, organizada pela Ministra Maria Helena, com excelente participação de todos, levou-nos a fixar, esclarecer, trocar ideias e encontrar sugestões de posturas e condutas favorecedoras de uma ação missionária cristã franciscana, para o serviço “em comunhão” e “para a comunhão” nas paróquias, comunidades e Fraternidades. Frei Wilson Simão, da Fraterni-

dade Santo Antônio do Pari, encerrou o encontro e, juntamente com Pe. Antonio Zafani, de Guarulhos (SP), abençoou os encontristas, enviando-os em missão. Lourdes Bona Comunicações Junho de 2018

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série frei raul budal

“Ser franciscano é um privilégio que Deus nos dá”

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rei Raul Budal da Silva foi insistente, teimoso e paciente. Na primeira vez que pediu aos seus pais para ingressar no seminário, o pedido foi duramente negado. Somente anos depois, ele viveu o melhor Natal da sua vida, quando de presente ganhou dos pais a autorização para adentrar na vida franciscana. “Disse meu pai comovido: ‘Raul vai para o seminário’, foi o melhor Natal da minha vida”, agradece o frade que, aos 90 anos, atualmente reside em Bragança Paulista (SP), na Fraternidade São Francisco de Assis. “Vivo num ambiente com outros confrades que também têm suas limitações e com eles convivo com caridade fraterna. É necessário viver em fraternidade com muito amor e aceitação”, destacou o frade. Ao ser perguntado sobre o tempo forte do Concílio Vaticano II, Frei Raul é enfático ao afirmar que o Concílio foi um “estouro” do Espírito Santo na Igreja. Em relação ao pontificado do Papa Francisco, Frei Raul acredita que o Papa veio em um momento certo e na hora certa para movimentar e fazer a Igreja caminhar. O frade é antenado e conectado. Durante a entrevista brincou que é idoso, mas usa celular e acessa a internet quase todos os dias. Sobre sua vocação destaca com convicção: “É gratificante viver e morrer como franciscano”. Frei Raul Budal da Silva nasceu no dia 11 de dezembro de 1926. Natural de Rio Negro (PR), é proveniente de uma família grande de 13 irmãos. Seus pais morreram cedo, pois naquele tempo não havia muitos recursos. Fez sua Primeira Profissão na Ordem dos Frades Menores no dia 20 de dezembro de 1952, no Noviciado São José de Rodeio (SC). Posteriormente, em 20 de dezembro de 1955, professou solenemente na Ordem e dois anos depois ordenou-se sacerdote, em 16 de dezembro de 1957.

VIDA

Comunicações: Como se deu o discernimento vocacional? Frei Raul: O meu chamado para o sacerdócio e para a Ordem deu-se por etapas. Eu era adolescente com 14 ou 15 anos quando em Rio Negro (PR), local onde funcionava o seminário, eu admirava aquele castelo misterioso que me chamava a atenção, e eu não tinha sequer a ideia do que seria. As minhas irmãs mais velhas eram muito religiosas, faziam parte da liderança da paróquia e me levavam para a missa. Elas sempre me entusiasmaram e indiretamente me estimularam a viver naquele castelo maravilhoso que era o Seminário Seráfico São Luiz de Tolosa. Aos poucos, eu senti vontade de ser padre e comuniquei em casa aos meus pais e irmãos que eu gostaria de ir para o seminário. A primeira ideia foi esta: ser padre. Esse desejo aumentou muito um ano depois, e eu arrisquei pedir ao meu pai. Ele não era muito religioso, era muito bom pai, mas não era de frequentar a igreja não. Pedi

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Fraternidades a ele para ir para o seminário logo no começo do ano, em janeiro ou fevereiro, e meu pai disse: “Não, para o seminário e para ser padre, não! Você vai estudar Direito em Curitiba”. Curti aquilo com bastante desengano e desprazer, mas obedeci, afinal o pai era a autoridade na família. Neste tempo, por uns dois anos, cheguei até a trabalhar numa empresa como office-boy. Mas o desejo de meus pais era que eu fosse estudar em Curitiba. O grande passo foi quando eu já tinha 16 ou 17 anos. Perto do Natal, o pai ou mãe entregavam um pedaço de papel pra cada membro da família e cada um escrevia ali o que desejava receber como presente de Natal. Eu escrevi direitinho: ir para o seminário! Não falei nada para ninguém e coloquei o papel na caixinha. Na véspera de Natal à noite, como era de costume em nossa casa, a família se reuniu para fazer a festa do Natal. Meu pai então foi lendo o pedido de cada um. Eu fiquei por último e estava ansioso. Por fim meu pai abriu e disse: “Raul vai para o seminário!” Eu me senti no céu, era isso que eu queria. Meu Deus, que Natal bonito que eu passei, celebrando dentro do coração esse grande momento do sim do meu pai. Ele custou, mas me deu como presente ingressar no seminário. Logo entrei em contato com a direção do seminário e, no dia 31 de janeiro de 1945, me levaram para o seminário e lá começou uma nova vida para mim.

VIDA FRANCISCANA

Comunicações: Como é chegar aos 90 anos na Família Franciscana? Frei Raul: Eu me sinto imensamente feliz e sinto de perto o dedo de Deus que me chamou para esta vocação. Como pecador, ninguém de nós merece, mas eu fui para o seminário com o desejo de ser sacerdote. Dentro do seminário, encontrei um educador maravilhoso, Frei Tadeu Hoenighausen, já falecido, que nos direcionou para a vocação franciscana. Ali Deus foi me abrindo a mente para ser franciscano. Antes de ser padre é preciso ser religioso franciscano, mas isso veio aos

poucos. Deus não tem pressa e aos poucos foi abrindo o meu coração. Devo um grande favor a este grande educador Frei Tadeu. Então, com o decorrer dos estudos fui desejando e amando ser franciscano. Comunicações Tem espaço para o carisma de São Francisco hoje? Frei Raul: A vida religiosa em geral está em crise, mas o carisma franciscano -justamente por esta grandeza de coração, amor à natureza, fraternidade, simplicidade e humildade - ainda não morreu. Como já disse, em geral a vida religiosa está em crise, mas o carisma franciscano continua vivo e não vai morrer! O mundo, mesmo que muitas pessoas estejam afastadas de Deus, admira o carisma franciscano. Ser franciscano hoje é um dom e um privilégio que Deus nos dá. Comunicações: Então, vale a pena ser franciscano hoje? Frei Raul: Vale a pena! Porque é uma vida simples de pobreza, desapego, de acolhida a todos os irmãos, sem preconceitos, pelo menos é aquilo que nós pregamos e graças a Deus muitos de nós conseguimos realizar. Isto é visto pelo povo, pois quem entra em contato conosco, com um bom franciscano, se sente acolhido, admirado e com facilidade vê um caminho largo de conversão a Deus. Comunicações: Como foi o tempo do Concílio do Vaticano II? Frei Raul: Para mim, o Concílio Vaticano II foi o desejo de algo que eu estava procurando e desejando naquele tempo, foi uma grande graça, o estouro do Espírito Santo na Igreja. Infelizmente, nem tudo do Concílio Vaticano II foi realizado. O próprio Papa Francisco está encontrando dificuldades na Cúria Romana para realizar plenamente algumas coisas. Uma abertura maior, aquela busca do diferente, acolhida a todos, aquele partir para a periferia. O Papa Francisco está tendo dificuldades de atualizar a Igreja dentro da linha do Concílio. Mas temos

esperança de que o Espírito Santo sabe agir na hora certa. Comunicações: Fale-nos sobre a experiência do seu trabalho pastoral. Frei Raul: Tenho 60 anos de padre. Trabalhei em duas áreas, na área de educador, no seminário em Rio Negro, foi a primeira obediência que recebi. Não tenho formação universitária, naquele tempo nosso estudo era tão exigente e reforçado que dispensava o diploma universitário. Não sei se é vaidade minha, mas a gente estava muito bem preparado. Lecionei latim e português. Ainda que não tenha sido perfeito, nunca ninguém reclamou. Depois mais tarde, em Ituporanga, como professor, também lecionando as mesmas matérias. Nesse período, senti falta de uma formação ulterior, mas fiz o essencial. Tenho muitos frades que foram meus alunos e hoje estão à frente de trabalhos na Província. Comunicações: Como o senhor vê o pontificado do Papa Francisco? Frei Raul: Maravilhoso! O Papa que a Igreja precisava no momento certo e na hora certa para movimentar e fazer a Igreja caminhar. Creio que caminhará mais ainda se deixarem o Papa Francisco trabalhar. Ele irá inovar, para o bem da própria Igreja. Vivemos em um mundo com grandes transformações e dentro disso a própria Igreja, que é uma instituição divina, também precisa se transformar. O povo precisa se atualizar para ser Igreja hoje. O Papa Francisco com grande coragem e visão espiritual vai trabalhar ainda mais. Comunicações: Deixe uma mensagem para os jovens que desejam ingressar na Vida Franciscana hoje. Frei Raul: Se vocês tiverem um desejo de ser franciscano, agradeçam a Deus e cultivem essa semente maravilhosa que o Espírito Santo está colocando dentro de vocês. É gratificante viver e morrer como franciscano! Frei Augusto Luiz Gabriel Comunicações Junho de 2018

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vila velha

Santuário celebra seu padroeiro: Divino Espírito Santo

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om muita alegria, o Santuário Divino Espírito Santo, em Vila Velha (ES), celebrou, em comunhão com toda a Igreja, a Solenidade de Pentecostes e comemorou o padroeiro da paróquia, o Divino Espírito Santo, com o tema: “Vinde a nós, Espírito Santo!”. A celebração foi preparada pela equipe paroquial e presidida pelo pároco, Frei Djalmo Fuck, com a participação dos demais freis e diáconos da paróquia, e de Frei Paulo

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César Ferreira, do Convento da Penha. “Vindos de diversos lugares com os dons concedidos pelo Espírito Santo de Deus, reunimo-nos para a Solenidade de Pentecostes que nos recorda o dia em que a Igreja é revestida pela força do Espírito Santo”, saudou a comentarista. De maneira calorosa, a procissão de entrada foi conduzida pelo estandarte do Divino, levado por uma jovem da paróquia. Após os ritos iniciais, Frei Djalmo deu boas-vindas,

convocando a todos a pedir, sem cessar, a presença do Espírito Santo. O momento devocional teve início com nove jovens vestidas de branco entrando pelo corredor central, com as nove velas acesas que foram usadas nos dias da novena. “Levantem as velas e peçam ao Espírito Santo que derrame em nós seus dons. Peçamos a paz e uma comunidade unida”, disse Frei Djalmo. No momento litúrgico, uma mulher, representando Maria, entrou pelo corredor central trazendo a Bí-


Fraternidades blia, cercada de 12 homens com tochas acesas, representando os apóstolos. “Revestidos do Espírito Santo somos impulsionados a sermos anunciadores da palavra de Deus”, comentou a animadora da celebração. A homilia foi feita por Frei Clarêncio Neotti, vigário paroquial, que fez uma breve catequese falando sobre a Solenidade da Páscoa e de Pentecostes no Antigo Testamento, e comparando com os tempos atuais. Em uma de suas falas, disse: “Assim como Deus soprou de maneira divina sobre a Criação, Jesus também soprou sobre os apóstolos fazendo surgir um novo povo, uma nova família e fazendo nascer, assim, a comunidade cristã: a Igreja! A comunidade cristã é santa porque santo é nosso Deus. A comunidade tem o Cristo como cabeça e o Espírito Santo como alma”. Frei Clarêncio fechou a homilia de maneira muito sublime, retratando a figura de duas mulheres: Maria, Mãe de Jesus, como Virgem e Imaculada; e Maria Madalena, como pecadora, mas com coração totalmente redimido. E concluiu dizendo: “O Espírito Santo tem como virtude transformar pecadores em santos”. Ao final da celebração, Frei Djalmo agradeceu o empenho de todas as equipes da comunidade durante os nove dias da novena e a presença dos sacerdotes envolvidos nas celebrações. Também agradeceu todas as doações feitas para venda de comidas e bebidas. E continuou mencionando o aniversário da morte de Frei Márcio Araújo Terra, que tanto contribuiu com a nossa paróquia. Ao final, o Círio Pascal foi apagado e guardado, de forma solene, finalizando assim o Tempo Pascal. E foi dada, então, a bênção Solene de Pentecostes. Pascom do Santuário Comunicações Junho de 2018

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“ISSO TUDO É COISA DO DIVINO” Festa em Santo Amaro da Imperatriz reúne cultura, história e fé em homenagem à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

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lém da presença diversificada em suas cinco frentes de evangelização, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, cuja missão evangelizadora se dá em um território de manifesta diversidade humana e cultural, tem o privilégio de dialogar com diferentes tradições de fé e cultura. E ainda mais, em muitos casos, suas fraternidades têm a missão de serem guardiãs de tradições que remontam às origens da formação e do desenvolvimento do povo brasileiro. A Província, como fruto deste temperado caldo cultural produzido em

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terras tupiniquins, ao modo do visionário Santo de Assis, possui o compromisso de incentivar e promover este diálogo entre passado e presente, a fim de que sejam lançadas luzes de esperança sobre o futuro. Na esteira destas importantes e ri-

cas tradições, caminha a Festa do Divino Espírito Santo, em Santo Amaro da Imperatriz, pequeno município catarinense da Região da Grande Florianópolis. Neste ano, a festa alcançou sua 164ª edição. Em meio a uma infinidade de preparativos, dos grandes planejamentos logísticos aos mais precisos detalhes, caminha uma fraternidade franciscana, com a tarefa de levar cada parte envolvida neste complexo de preparativos a enxergar em tudo a presença do “Divino”. Diante de belas pompas e liturgias, cabe aos “filhos” de São Francisco manter presente na mente e no coração do povo a certeza de que a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo, é o grande e verdadeiro “dono da festa”. Atualmente, a Fraternidade de Santo Amaro é composta por Frei Nilton Decker, guardião e vigário paroquial, Frei Daniel Dellandrea, pároco; Frei José Boeing, vigário paroquial


Fraternidades e o jovem Frei Flavio Malta de Souza, monge beneditino em período de discernimento vocacional, com expectativa de abraçar em definitivo a vida franciscana. Desde o “sim” generoso da família dos festeiros de cada ano, que assume o exigente papel da “Família Imperial”, à dedicação de cada envolvido nos diferentes setores (organização, bebidas, cozinha, confeitaria, caixa, ornamentação, liturgia, shows e apresentações, trajes e figurinos), a grande maioria trabalhando voluntariamente, a Festa do Divino converge mentes e corações no único propósito de celebrar a presença viva e transformadora de Deus-Espírito Santo no seio de seu povo. A Festa é aberta no Domingo da Páscoa quando, após a missa, as bandeiras são abençoadas e enviadas para sua peregrinação nas muitas casas que vão recebê-las nos 50 dias que vêm a seguir.

O percurso da bandeira pelas casas nas novenas populares

As bandeiras, presas a um mastro com uma pomba entalhada em madeira policromada em seu topo, têm um vermelho vivo capaz de impressionar os olhos e acender no coração de quem as contempla, a chama da fé. São conduzidas de casa em casa pelos chamados “procuradores da bandeira”, que as levam entre as casas dos fiéis

para a reza da novena popular, marcada pela piedade e pela tradicional cantoria. Esta cena do Divino que visita e adentra a morada de seus amados está presente no imaginário do povo católico da região desde a primeira idade. Num concurso de desenho realizado entre os alunos das escolas da rede de educação do Município, a pequena Djenifer Silva da Silveira, da Escola Municipal Vila Santana, apresentou na singeleza de seus traços coloridos esta cena que transborda religiosidade e ternura. Além da pomba no cimo, o mastro traz também um sem-número de fitas multicoloridas que representam os dons do Espírito Santo e também

os pedidos e agradecimentos dos fiéis que se reúnem nas casas para rezar. Quem toca na bandeira do Divino deixa um pouco de si e leva consigo a presença de Deus que se faz companheiro de caminhada junto com os seus.

A Família Imperial

A ligação entre a Devoção ao Divino Espírito Santo e a recordação da tradição monárquica remonta à Europa Medieval quando a Rainha Isabel (1271-1336), Santa Isabel de Portugal, terceira franciscana e esposa do Rei Diniz, consagrou o País ao Espírito Santo pedindo a paz no contexto belicoso que marcava aquela época. Sua

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iniciativa contou com a adesão especial dos pobres e também de alguns religiosos daquele tempo. Ela também se destaca pelo amor aos pobres e pela disposição em servi-los. Esta devoção chegou ao litoral de Santa Catarina trazida pelos colonos açorianos em 1748 e, em 1854, instalou-se em Santo Amaro. Rememorando este dado histórico, religioso e cultural, cada ano são eleitos os festeiros, normalmente um casal que, juntos com filhos, netos e outros convidados formam a corte que desfila solenemente pelas ruas santamarenses e participam em lugar de destaque das celebrações litúrgicas. Usam roupas de época especialmente preparadas para a ocasião, proporcionando uma verdadeira viagem no

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pio de Águas Mornas, também pertencente à Paróquia de Santo Amaro. Eles são responsáveis pela confecção dos trajes da corte e pela ornamentação do Salão Imperial, onde a corte se coloca depois das celebrações. Ser festeiro é um gesto de generosidade e coragem diante da responsabilidade que se assume perante toda a comunidade de fé.

Celebrações intensas

Além da Novena Preparatória, o fim de semana da Festa é muito movimentado em termos litúrgicos pastorais. São, desde a noite do sábado até a manhã de segunda-feira tempo rumo ao passado. Neste ano, os (feriado municipal), quatro celefesteiros são o casal Afonso e Aléria, da brações eucarísticas solenes, com Família Kuhnen e Vieira, do Municí- direito a cortejo da Família Imperial


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e dos concelebrantes. A Igreja, decorada com flores vermelhas e representações de pombas que parecem flutuar, exala a atmosfera do “Divino” e recebe, em cada missa, grande número de fiéis. Em cada celebração, logo ao início se reproduzem a coroação do Rei e a entrega, em seguida, da coroa e do cetro reais, em consagração ao Espírito Santo, fazendo memória do gesto de Santa Isabel de Portugal. Especial emoção no momento em que, na missa da noite de domingo, a Bandeira do Divino, que percorreu tantas casas no tempo da novena popular, circula entre o Povo de Deus conduzida pelo casal de festeiros, com

cantos entoados pelo coral em honra ao Espírito Santo. É nesta hora que, depois de passar por todos os participantes da Assembleia, a bandeira é entregue aos novos festeiros, já para a Festa de 2019. Neste ano, uma novidade: dois casais foram eleitos para comandar a próxima festa do divino: Eloi Jochem e esposa e Sidnei Kirchner e esposa.

Uma marco da vida cultural e religiosa do Município

A Festa do Divino, além de ser destaque no calendário da região e do Estado, é patrimônio do Município de Santo Amaro da Imperatriz. Além da efetiva participação do poder público na organização e na estrutura da festa, destaca-se a presença da Banda do Município acompanhando e animando os desfiles com seus solenes dobrados. Nos três dias de festa, o cortejo com a família imperial e seus convidados sai da sede da Prefeitura e se dirige solenemente para a Matriz de Santo Amaro, onde se celebra a Eucaristia com participação de destaque da corte. Também simbólica é a entrega da chave da cidade ao casal de festeiros por ocasião da abertura dos festejos públicos, na sexta-feira que antecede o Domingo de Pentecostes. Neste ano, a entrega se realizou antes do início da missa do último dia da novena, com a presença do prefeito

da cidade, Edésio Justen, e do casal de festeiros. Diante do movimento de pessoas, da quantidade de comida e bebida consumidas, dos intensos preparativos desde o ano anterior, pode-se dizer que a Festa do Divino é superlativa em todos os sentidos, incluindo sua missão principal de manter viva a fé deste povo que o Senhor confiou à nossa Fraternidade. Ao viver esta experiência, faço coro ao povo santamarense, repetindo a expressão que pude ouvir muitas vezes nestes poucos dias de convivência e oração: “Isso tudo é coisa do Divino”. Frei Gustavo Medella

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A devoção popular ao Divino em Santo Amaro

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esde 1854, a Festa em honra ao Divino Espírito Santo é celebrada na Paróquia de Santo Amaro, mantendo suas tradições com base em sua história, cultura e na forte devoção de seu povo. Visitar Santo Amaro da Imperatriz durante o mês que será celebrada a festa, é deparar-se com ruas enfeitadas de bandeirolas, casas e lojas ornamentadas com a “pomba do Divino”, escutar toques de tambor, de cantorias e insistentes foguetes. Sinais que evidenciam o grande evento social e religioso que se tornou a Festa do Divino para essa localidade. As festividades do Divino têm início no domingo da Páscoa. Como de costume, na missa das 19h, ocorre solenemente o envio das Bandeiras. O pároco abençoa as sete Bandeiras, invocando o Divino Espírito Santo e as entrega aos procuradores da Bandeira, que têm como missão conduzi-las às casas dos paroquianos. Na paróquia de Santo Amaro são instituídos 33 procuradores. Cada procurador conduz a Bandeira em seu quarteirão ou em todo o bairro onde reside. Junto do procurador, acompanham pessoas que, por devoção ou em pagamento de promessas, levam a Bandeira e a salva ornada de flores onde serão colocados os donativos em dinheiro. Ao longo do trajeto, é costume o toque de instrumentos de percussão (tambor e bumbo) e foguetes para

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anunciar a passagem da Bandeira peditória, costume este que se originou na época em que a maioria da população vivia da roça. Ao ouvir os foguetes e o toque do tambor, corriam do meio das plantações para suas casas, pois a Bandeira se aproximava. Ao chegar às casas, empresas ou estabelecimentos comerciais, as pessoas beijam a pombinha do Divino e se emocionam com a visita da Bandeira. Muitos se reúnem em torno dela, segurando as fitas coloridas, fazendo suas preces, orações e cantos em louvor ao Divino. Também é comum a Bandeira percorrer as dependências da casa ou do estabelecimento como uma forma de abençoar todos os espaços. Na saída, os fiéis beijam de novo a Bandeira e alguns acrescentam mais uma fita ao mastro, ou cortam um pedacinho da fita de acordo com a sua promessa. O procurador aproveita a oportunidade para deixar um folder da programação das novenas e da Festa do corrente ano. Depois disso, em sinal de agradecimento, oferecem uma contribuição que é colocada na salva de flores. À noite são realizadas as tradicionais novenas açorianas, geralmente na casa dos procuradores ou de alguma outra família. Diante dos criativos altares montados pela família que recebe, o Capelão conduz cânticos, orações e ladainhas em honra de Nossa Senhora e do Divino Espírito Santo. Terminada a novena, o Procurador inicia o tradicional leilão das massas oferecidas ao Divino e, em algumas ocasiões, um grupo folclórico realiza a cantoria do Divino, onde o folião-mestre entoa, como no passado, os versos inspirados na hora, sendo repetidos pelos demais componentes do grupo. Ao final da cantoria,

é passada a salva para os fiéis que desejam contribuir e, pelas mãos do Procurador, é conduzida a Bandeira do Divino no meio do povo para ser tocada. Nove dias antes da Festa do Divino tem início a novena de Pentecostes, que é celebrada na Igreja Matriz e preparada pelo Conselho Pastoral da Comunidade (CPC). Nesta novena são refletidos temas referentes ao Espírito Santo e sua ação inovadora na Igreja. A novena deste ano acontece de 10 a 18 de maio e traz o tema “As virtudes de viver no Espírito Santo”. Este período de 50 dias entre o domingo da Páscoa e o dia de Pentecostes é de suma importância para a realização da Festa do Divino. É uma verdadeira missão popular, onde os próprios leigos visitam as residências das pessoas conduzindo a Bandeira do Divino como símbolo da fé. Numa perspectiva religiosa, as visitas da Bandeira e a realização das novenas açorianas servem de motivação para a vivência da fé cristã, como também para a propagação da devoção ao Divino. Já numa perspectiva de publicidade, a visita da Bandeira e as novenas ajudam na divulgação da festa e acaba gerando no povo uma expectativa positiva e o desejo de participar dos dias do evento. É um tempo de louvor, de gratidão e de promessas à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. As novenas populares, a visita da Bandeira do Divino, o cortejo e as belas celebrações de Pentecostes mesclam harmonicamente a simplicidade e a nobreza. As graças alcançadas e a certeza dos dons divinos recebidos transformam-se em generosidade nas ofertas e na disposição em servir. Constata-se assim que a forte espiritualidade em torno da Festa do Divino desperta nos fiéis um maior compromisso comunitário e eclesial. Frei Daniel Dellandrea


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A “JANELA” DE FREI CLARÊNCIO Frei Clarêncio apresenta o segundo volume de “Ribeirão Grande”, suas notas autobiográficas. “Na Igreja há mudança de papas e forte mudança na aplicação pastoral do Concílio Vaticano II. Começa-se um retorno ao pré-Concílio, à centralização da igreja, à romanização da liturgia, ao valor das rubricas em detrimento da espontaneidade(...) No Brasil, a ditadura militar sustenta-se pela repressão escancarada e caluniosa. Difamam-se anonimamente bispos, padres, líderes sindicais, líderes comunitários. A Justiça se acovarda e se apequena. O Ato Institucional 5 se torna a solução divina para todos os interesses da ditadura”. O texto poderia servir para o momento atual, mas faz parte das notas biográficas de Frei Clarêncio Neotti, que lança o segundo volume de “Ribeirão Grande - Vi, Vivi e Vivenciei”, narrando fatos históricos no período de 1974 a 1982. Curiosamente, Frei Clarêncio lança seu livro quando a história começa a ser reescrita após a divulgação do memorando secreto do Departamento de Estado dos EUA sobre assassinatos e desaparecimentos com o aval do presidente Ernesto Geisel (Ernesto Be-

ckmann Geisel foi um ditador militar que esteve à frente do Estado brasileiro entre 1974 e 1979). O frade lembra o martírio de Dom Adriano Hipólito, sequestrado por militares da ditadura, espancado, pintado de vermelho e abandonado em rua deserta. De Puebla e da Igreja do Brasil recorda: “A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que enfrentara com extraordinário bom senso a ditadura militar, passou a enfrentar, com o mesmo bom senso, mas dolorido, a ditadura de alguns dicastérios de Roma, que criaram mais força e poder no pontificado de João Paulo II”, recorda. São de uma riqueza sem igual os discursos, homilia e palestras que Frei Clarêncio transcreve neste livro. “A liberdade e a igualdade conseguiram se inscrever nas legislações e nos direitos do homem e está à base mesmo das constituições modernas. Mas a fraternidade diminui, se é que o homem não perdeu o sentido dela(...) O homem consciente de hoje sabe que o homem moderno de ontem cultivou um sentido de viver avesso à fraternidade. O homem moderno se distancionou das coisas, se colocou sobre elas, sobre si mesmo e sobre o divino para fazê-los objeto de ciência. Para o homem moderno, saber é poder, é dominar o máximo, é reduzir tudo a um objeto de pesquisa e de possessão humana”. Este

é um trecho da íntegra de sua palestra proferida em 1978 numa conferência em Natal (RN) sobre “Meios de Comunicação e Educação”. Antes, ele explica por que passou a cultivar o cavanhaque e como tirou o cavanhaque quando o seu guardião, dedo em riste, exigiu que raspasse. Mais do que notas biográficas, Frei Clarêncio faz uma linha do tempo do Brasil, da Igreja e da Província neste período, mesmo colocando uma ressalva: “Não faço história. Se não menciono outros fatos e outros nomes é porque estavam fora da visão da minha pequena janela. Não nego nem sua grandeza nem sua importância. Repito: vi o mundo a partir de determinada janela”. Moacir Beggo

MOSTEIRO DA GÁVEA: 90 ANOS Não pense, contudo, que Frei Clarêncio se dedicou somente às 509 páginas deste segundo volume. Ele também pesquisou e escreveu sobre o Mosteiro da Gávea, que neste ano celebra 90 anos de fundação. “O Mosteiro da Gávea dentro da história” foi escrito com base nas crônicas do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos. “O livro quer mostrar como nesses 90 anos vivemos os grandes fatos históricos, tanto no Brasil quanto no mundo euro-

peu, tanto da Igreja do Brasil e do Rio de Janeiro quanto da Igreja universal com os grandes documentos papais, os Anos Santos e a preocupação pela paz através da semeadura da misericórdia e do diálogo”, afirma a Abadessa do Mosteiro de Nossa Senhora dos Anjos, Madre Maria Pacífica de Jesus Crucificado. O livro pode ser adquirido através do email: mosteironossasenhoradosanjos@gmail.com

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Encontro Regional do Alto Vale do Itajaí e Planalto Catarinense

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os dias 12 e 13 de março, as Fraternidades São Francisco Solano, de Curitibanos, Convento Patrocínio de São José, de Lages, e as Fraternidades São Francisco e Santo Estêvão, de Ituporanga, se encontraram para o primeiro encontro do Regional do Alto Vale do Itajaí e Planalto

Misteriosa brincadeira no parque imenso do Universo, sem cerca, sem muro, tão somente sou. Bobo outrora sofrido, agora, nestes versos, remido, feliz por ver-me assim, dono de nada, sou livre, apenas eu no todo e tudo em mim.

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Catarinense, na Paróquia Santo Estêvão, em Ituporanga. Quando eram 16h20, Frei Evandro Balestrin deu as boas vindas a todos e Frei Marcos dos Santos iniciou o encontro com a oração das Vésperas. Começamos com a leitura da ata, aprovada por todos os presentes. No início do nosso encontro, fizemos um giro pelas Fraternidades e percebemos que estão caminhando bem e todos estão vivendo e convivendo com o carisma franciscano. Na sequência, Frei Miguel, o coordenador do Regional, elencou uma série de avisos. Eram 18h30 quando encerramos o primeiro dia deste encontro fraternal. Fizemos

uma oração final e, em seguida, fomos convidados pelo pároco Frei Evandro Balestrin para um jantar. No dia seguinte, às 09 horas, iniciamos o segundo dia com a oração e, em seguida, fizemos a leitura do texto da Formação Permanente, escrito por Dom Severino Clasen, presidente da Comissão Episcopal de Pastoral para o Laicato da CNBB: “Cristãos leigos e leigas, que brilhe vossa luz!”. Diante deste texto, nasceu a ideia de o Regional promover formação com os leigos de nossas Fraternidades. Após uma pequena pausa, retomamos os serviços da manhã com o Instrumento de Trabalho do Capítulo Provincial. Por último, Frei Evandro Balestrin repassou algumas notícias do Definitório Provincial e o encontro terminou com um delicioso almoço. Frei Roberto Carlos Nunes

DEO GRATIAS! De mim neste apagão vejo um misterioso clarão que destrona o poderoso e desnuda o rico orgulhoso: Não me sinto mais nem senhor do dono que me vejo ser, sou um vazio bem cheio só de pura gratidão

Frei José Ariovaldo da Silva


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MISTÉRIO DESVENDADO

PREFEITURA ASSUME QUE PINTOU O CONVENTO SÃO FRANCISCO

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histórico e centenário edifício do Convento e Santuário São Francisco, no centro de São Paulo, amanheceu “pintado” na manhã do dia 25 de abril. Até aí, nenhuma novidade. O problema é que esta pintura não estava nos planos dos Frades Franciscanos que residem no Convento e foram pegos de surpresa com a “nova fachada”, que desde o dia 19 de abril de 1982 é tombada pelo patrimônio municipal e estadual. “Quem pintou?” A pergunta ganhou destaque em rede nacional e, após nove dias, veio a confirmação do que já se previa: foi a Prefeitura de São Paulo. Trata-se de um funcionário que solicitou o serviço “mesmo sem ordens superiores”. Ele já foi desligado do cargo. O funcionário atuava como assessor técnico da Secretaria Municipal de Prefeituras Regionais, e “pediu indevidamente a pintura do local”. A Prefeitura disse que a empresa responsável pela execução da pintura será multada por agir sem ter recebi-

do ordem de serviço. Haverá, ainda, um trabalho coordenado pelo Departamento de Patrimônio Histórico para a restauração. “A tinta é à base de cal e água e, portanto, é fácil de ser retirada”, informou a Prefeitura. O guardião do Convento, Frei Mário Tagliari, recebeu a notícia com espanto. Segundo ele, a fachada do Convento, na Rua Riachuelo, estava, sim, toda pichada, mas nenhuma empresa, órgão público ou pessoa tinha autorização para pintar. “Levamos quase um ano tentando conseguir aprovação para a recuperação da fachada da Igreja, que ano passado celebrou 370 anos de fundação. E, agora, vem alguém, em nome de não sei quem, cobrir a pichação, jogando uma tinta de cor bege por cima de tudo. E o restante dos sete andares do prédio? E a recuperação das partes do reboco que estão se soltando?”, questionou o guardião Frei Mário. “Não se resolve o problema jogando tinta por cima e, sim, com medidas de segurança, iluminação e câmeras de vigilância”, explicou.

Segundo a gerente jurídica da Província, Luana Giosa, a Prefeitura reconheceu o fato junto ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat) e junto ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), e fará a restauração. O Convento e Santuário São Francisco completou no ano passado, 370 anos de fundação. Ele foi inaugurado no dia 17 de setembro de 1647. Na época da inauguração era o maior já construído em São Paulo. Até 2004 foi a sede da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, que abrange os estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Ela foi fundada em 15 de julho de 1675. No dia 6 de junho de 1997, o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, declarou que o Convento de São Francisco passaria a ser também Santuário São Francisco, já que recebe fiéis de toda a Grande São Paulo. Frei Augusto Luiz Gabriel Comunicações Junho de 2018

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entrevista

frei david raimundo dos santos

“PRECISAMOS DE UMA NOVA LEI ÁUREA”

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á 130 anos era assinada a Lei Áurea, marcando oficialmente a Abolição da Escravatura no Brasil. No entanto, mais de um século depois, os problemas persistem: “Precisamos de uma ‘nova Lei Áurea’”, afirma Frei David Raimundo dos Santos, presidente da Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes). “Estamos trabalhando uma nova Lei Áurea, com outro nome: Lei de Reparação”, provoca o franciscano, para quem o negro continua excluído da sociedade e sofre com o racismo latente no Brasil. A Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888, declarou extinta a escravidão no Brasil. Porém, os latifundiários não concordaram em não receber nenhuma indenização pelos escravos libertos e, por isso, passaram a apoiar os republicanos. Nesta entrevista, Frei David Santos, que está à frente da Educafro, fala sobre o aniversário dos 130 anos da Lei Áurea. Defende que cada negro possa receber uma indenização pelo mal

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causado a seus antepassados e comenta o atual momento de crise vivido pelo país. Frei David Raimundo dos Santos nasceu no dia 17 de outubro de 1952, em Nanuque, Minas Gerais (MG), filho de Manuel Rosalino dos Santos e Maria Pereira Gomes. É frade franciscano da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Ordenado sacerdote em 16 de julho de 1983, é formado em Filosofia e Teologia pelo Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis, com especialização em Teologia Sistemática pela Pontifícia Universidade Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo (SP). Há mais de 20 anos, Frei David dedica-se a trabalhos populares, sobretudo na área da educação para carentes e afrodescendentes, com participação em congressos, seminários e encontros em todo Brasil sobre esse tema. Atualmente tem se destacado como uma das principais figuras do cenário nacional na promoção do debate sobre políticas de ações afirmativas para afrodescendentes nas Universidades Públicas.


Fraternidades Comunicações – O que falta para que o Brasil avance nas políticas afirmativas em favor dos afrodescendentes brasileiros? Frei David - O que está faltando é convencermos o Poder Executivo e o Poder Legislativo de que as leis de ação afirmativa, já conquistadas por nós, precisam ser complementadas. Vemos que falta fiscalização, monitoria e punição para os fraudadores. Então, nosso foco, ao longo dos próximos anos de 2018 e 2019, será fortemente na monitoria, controle, fiscalização e punição.

rizado na cena política brasileira? Frei David - Nós vivenciamos um Brasil que não esperávamos e, por outro lado, não é uma polarização apenas daqui, mas o mundo todo está polarizado. A eleição de (Donald) Trump nos EUA mostra muito bem que o mundo não está só polarizado, mas está fortemente manipulado por forças estranhas. Portanto, como é que estamos vendo esta realidade? Enquanto uns choram, outros vendem lenços. A Educafro discutiu muito esta conjuntura e decidiu não chorar e sim vender lenços. Então, temos intensificado o nosso trabalho quando tudo está confuso. Por exemplo, tivemos várias reuniões com o Governador do Espírito Santo e já está certo que ele irá assinar a Lei de Cotas para negros no Concurso Público do Estado. Tivemos já

grande avanço com a equipe do Governador de São Paulo. Estamos em contato também com o Governador de Sergipe e do Distrito Federal, onde estamos trabalhando para a implementação de cotas. A crise está aí, mas nós não queremos deixar a crise ser maior que nós; estamos trabalhando intensamente para fazermos avançar as conquistas do povo negro. Comunicações – Esse momento polarizado então atrapalha os trabalhos das políticas inclusivas? Frei David - É verdade! Toda leitura levaria para esta afirmação. Então, qual é a nossa estratégia? Sabemos nós que, neste momento de crise, poucas leis passariam pela Câmara dos Deputados. Então, estamos aproveitando isso e vamos avançando pelas bordas. Deixamos de lado um pouco as lutas centrais junto à Câmara Federal e ao Governo Federal, e estamos trabalhando onde é possível trabalhar. Portanto, crise é também a oportunidade pra você ‘fazer-se de novo’, e estamos caminhando por aí!

Comunicações – Qual é o papel da Educafro na construção destas políticas? Frei David - A Educafro tem atuado muito como grande guardiã dessas leis, no sentido de que ela está trabalhando para dar qualidade aos resultados. Uma lei por si só não faz nada. Com seu trabalho, a Educafro consegue então fiscalizar, monitorar e denunciar. Assim, a lei começa a ganhar corpo e consistência, gerando fruto para o Reino de Deus, e este Comunicações – Há um acirraé o nosso foco. Tal fruto consiste em equidade, distribuição, justiça, recomento de ódio nas mídias sociais nhecimento, partilha, com forte dose racisou seja, os valores teta! Como lutar conologais. A Educafro tra isso? CURIOSIDADES é radicalmente apaiFrei David - Nós A palavra “áurea”, atribuída à lei que pôs fim a escravidão estamos nos articuxonada pelos valores no Brasil, é uma palavra que significa “ouro”, ao referir-se ao teologais do Reino de lando para, nos prónovo período “iluminado” que surgia no país. Deus. ximos 12 meses, abrir Em 17 de maio foi rezada uma missa campal em frente ao o maior número de Paço de São Cristóvão (atual Museu da Quinta da Boa VisComunicações – processos de toda ta), no Rio de Janeiro, onde esteve presente o escritor MaComo o senhor vê a história do Brasil chado de Assis. esse momento polapor racismo. Temos Por coincidência, os debates parlamentares se estenderam até 13 de maio, data de nascimento de Dom João VI (1767Comunicações 1826) de Portugal, bisavô da Princesa Isabel. Por isso, no dia Junho de 2018 13 de maio é comemorado o “Dia da Abolição da Escravatura”.

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acordo com três grandes escritórios de advocacia. Para se ter uma ideia, apenas um destes escritórios conta com mais de 700 advogados. Então, o nosso plano é, tendo em vista esta onda de racismo via internet, abrir muitos processos contra o racismo. Nós sabemos que a mídia vive de notícias, e estes processos vão gerar, sim, notícias; as notícias geram consciência; a consciência gera revisão de postura; o processo vai gerar punição e a punição vai gerar revisão de atitude das pessoas. Por isso, neste momento de perseguição e discriminação racial via internet vamos abrir esses processos. Portanto, volto a dizer: estamos sabendo usufruir bem da crise.

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Comunicações – O Brasil precisa de uma nova Lei Áurea? Frei David - Esta pergunta é bem delicada! Na verdade, analisando a Lei Áurea, a gente percebe que ela é considerada a lei mais “chocha” da história da humanidade. Porque no Brasil, um país marcadamente negro, quando a Lei Área foi assinada, 95% das pessoas negras já estavam vivendo plenamente o processo de libertação. Então, esta lei não libertou ninguém, pois quando ela foi assinada já havia acontecido o processo de libertação. A função da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos era trabalhar e dar 10% do seu salário para um caixa comum. E todo mês esta irmandade comprava

a libertação de pessoas negras. Este foi um processo crescente, de modo que quando a Lei Áurea foi assinada, grande parte da comunidade negra já vivia em liberdade. A Lei Áurea foi apenas uma lei jurídica. É importante destacar um detalhe: estamos celebrando 130 anos desta lei, porém não era pra ser apenas uma lei “chocha”. A Princesa Isabel, no ano de 1888, solicitou e conseguiu um empréstimo muito grande da Inglaterra pra fazer a reforma agrária, e a Inglaterra aprovou e mandou o dinheiro em 1889. Justamente, dias depois, houve a Proclamação da República. Quando o dinheiro chegou ao Brasil, os republicanos desviaram-no. Foi a primeira grande corrupção no Brasil e até hoje não foi feita uma investigação para saber quem roubou o dinheiro destinado à realização da reforma agrária para os negros. Portanto, o negro é vítima duas vezes: da escravidão e da corrupção dos republicanos, que usaram do seu poder mais uma vez para prejudicar o povo negro. Enfim, no momento posso dizer que estamos trabalhando uma nova Leia Áurea, com outro nome: Lei de Reparação. Há um estudo técnico que diz quantos milhões o Brasil deverá pagar a cada negro brasileiro pelos anos de escravidão e exploração que perduram até hoje. Para se ter uma ideia, este nosso processo é baseado no processo que os judeus abriram contra os alemães por terem sofrido sete anos de escravidão. Então, todo judeu que provasse que é descendente daqueles que foram escravizados, ganhavam uma indenização. Inspirados nesta ação, estamos lutando e trabalhando uma lei de reparação, onde cada negro receberá uma indenização pelo mal causado aos seus antepassados. Frei Augusto Luiz Gabriel


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DOCUMENTOS DA CAUSA DE FREI BRUNO CHEGAM AO VATICANO

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conclusão do processo diocesano da Causa pela Beatificação de Frei Bruno Linden foi encerrada durante a última sessão solene do Tribunal Eclesiástico, no dia 25 de fevereiro de 2018, data da 28ª Caminhada Penitencial de Frei Bruno, em Joaçaba (SC). Durante quase cinco anos, o Tribunal analisou, documentou e julgou se o frade franciscano da Província da Imaculada Conceição demonstrou, em grau heroico, as virtudes da fé, esperança e caridade. As caixas, lacradas na última edição da Caminhada Penitencial, foram levadas para a Congregação da Causa dos Santos, em Roma, pelo vice-postulador Frei Estêvão Ottenbreit. Segundo ele, as caixas foram entregues no dia 16 de abril e, no dia 7 de maio, após a oração inicial e pedindo a intercessão do servo de Deus Frei Bruno Linden,

o Oficial abriu as caixas e a pasta. “À primeira vista, o Oficial constatou que estava tudo em ordem”, explicou o frade. Marcaram presença, neste momento histórico o postulador da Ordem dos Frades Menores, Frei Gianni Califano; Frei Gilberto da Silva, frade da Província da Imaculada que estuda na Pontifícia Universidade Antonianum de Roma e também Frei Estêvão Ottenbreit, vice-postulador. No Vaticano começa uma nova fase do processo para a Congregação da Causa dos Santos. A Congregação vai analisar os documentos entregues e examinar se Frei Bruno terá o decreto de reconhecimento das virtudes heroicas e ganhará o título de Venerável. “Agora será encadernado em diversos volumes. Depois um canonista vai ver se formalmente tudo está em

ordem. O decreto da Congregação dirá que o processo foi aceito e assim poderá seguir para as outras etapas”, afirmou Frei Estêvão. “Isto pode demorar aproximadamente 12 meses”, completou. “Neste meio tempo já começaremos a traduzir os depoimentos e a pensar na “positio”, que é um resumo do processo. Ao mesmo tempo, temos que rezar e pedir um milagre pela intercessão de Frei Bruno”, informou o vice-postulador. O Bispo da Diocese de Joaçaba, Dom Frei Mário Marquez, avaliou o início dos trabalhos no Vaticano e disse: “Nossa expectativa é muito grande e, por esse motivo, pedimos para que as pessoas continuem rezando e pedindo as intercessões do nosso Servo de Deus Frei Bruno Linden”, concluiu. Frei Augusto Luiz Gabriel

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Evangelização

CONSELHO INTERNACIONAL PARA AS MISSÕES E A EVANGELIZAÇÃO

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Conselho Internacional para as Missões e a Evangelização – CIME – reuniu-se de 22 de abril a 1º de maio na, assim chamada, “Pérola das Missões”, ou seja, a Terra Santa. Coordenado pelo Secretariado Geral para as Missões e a Evangelização, foram convidados para o Conselho os delegados para a evangelização das 14 Conferências da Ordem. Os objetivos deste encontro foram: refletir juntos sobre a situação evangelizadora da Ordem e buscar respostas concretas aos desafios do mundo contemporâneo, partindo de nossa vida de irmãos e menores; compartilhar a vida e a missão evangelizadora da Custódia da Terra Santa; atualizar os dados sobre as diversas realidades de missão e evangelização das Conferências. Frei César Külkamp representou a Conferência dos Frades Menores do Brasil – CFMB – e Frei Estêvão Ottenbreit foi convidado para assessorar na temática principal do Conselho. Na saudação inicial, o Secretário

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Geral para as Missões e a Evangelização, Frei Luís Gallardo, ressaltou aos membros do Conselho que “viemos à Terra Santa não só para ter nossa Assembleia Ordinária, mas sobretudo estamos aqui como peregrinos da fé, como irmãos que têm sede do Deus vivo e que durante estes dias buscaremos saciar essa sede para regressar a nossas entidades cheios de fortaleza espiritual e com o desejo de contagiar os nossos irmãos com a água viva que viemos beber nas fontes da história”. Por isso, o Conselho procurou também tocar os lugares santos através de uma peregrinação pelos caminhos de Jesus. Neste itinerário fomos acompanhados por irmãos competentes e que nos ajudaram a compreender melhor, a partir da arqueologia e da exegese bíblica, o significado profundo da história da nossa salvação. Na sua assessoria, Frei Estêvão, partindo sobretudo dos documentos da Ordem e de pronunciamentos dos Papa Francisco, procurou apresentar os desafios atuais para a Ordem e suas perspectivas de futuro, especialmente

no campo da evangelização. Francisco de Assis foi chamado para ser enviado. E é enviado para viver e anunciar o Evangelho, seguindo o Cristo pobre e crucificado. A ele não foi revelado e ele mesmo não indicou aos irmãos que se empenhassem em alguma obra ou atividade determinada. Quis ser e pediu que se tornassem “instrumentos do Evangelho”. Assim, também hoje, na busca por “novas formas de apostolado”, não devemos procurar “o que fazer” e “a quem servir”. Antes precisamos nos perguntar “como viver e como servir”. Destacou alguns desafios do nosso tempo, especialmente a clericalização de nossa vida e missão e apresentou algumas dimensões fundamentais para enfrentá-los e que não podem ser negligenciadas em qualquer novo projeto: • o carisma franciscano; • a integração entre contemplação e ação; • a vida em fraternidade; • a minoridade e a pobreza; • a missão e a evangelização. Na sequência, cada delegado de


Evangelização Conferência fez uma apresentação da sua realidade, de seus campos específicos de evangelização, dos projetos comuns de suas entidades, da participação dos leigos, da presença nas periferias e no serviço aos mais pobres, etc. Nesta parte houve bastante interesse em perguntar e opinar acerca de nossos lugares numa busca de aprendizado mútuo. Mas, o grande aprendizado mesmo deste Conselho nos foi oferecido pelos irmãos da Custódia da Terra Santa. Tivemos uma sequência de apresentações de diversas temáticas por irmãos peritos em alguma área do serviço na Terra Santa. Entre elas: diálogo ecumênico e interreligioso, interculturalidade, novas mídias, santuários, peregrinos e nova evangelização. Tudo isso no contexto das celebrações dos 800 anos de presença franciscana e da chegada de São Francisco à Terra Santa. Partindo de seus desafios e perspectivas, refletimos que ensinamentos podemos aprender para as demais frentes de missão e de evangelização. Algumas práticas são seculares e ao tomarmos parte nelas pudemos perceber o precioso serviço destes irmãos e da minoria cristã aí presente para toda a Igreja, especialmente aos milhares de peregrinos de todas as partes do mundo. Estes têm crescido nos últimos anos, sobretudo dos continentes asiático e africano. Outras iniciativas modernas como a Revista da Terra Santa e o Christian Media Center atingem um número incontável de cristãos por suas produções de qualidade e através da televisão e da internet. Tais meios contam com o aprofundamento do Studium Biblicum e a vida cotidiana de acolhida dos peregrinos nos santuários, do trabalho pastoral nas paróquias, nas escolas e nas obras sociais. Assim, inspirados por esta terra, também conhecida como o quinto

Evangelho, os membros do Conselho pudemos “ver, escutar e tocar com nossas mãos” a graça de Deus aí revelada e encarnada. E a partir de tudo que pudemos contemplar, viver e aprofundar, vimos que é vital reaprender e atualizar o carisma que, como irmãos e menores, herdamos e nos é confiado. Neste sentido e com uma mensagem final, o Conselho quis partilhar algumas propostas com os irmãos de toda a Ordem: • “Redescobrir a contemplação na nossa vida quotidiana e que seja ligada à vida ativa. • Desinstalar e recuperar a mobilidade para poder responder aos novos desafios de hoje. • Insistir em dar prioridade ao nosso carisma na nossa vida e missão. • Pedir aos dois Conselhos dos Secretariados gerais (FE e ME) que busquem juntos as formas e modalidades para formar e acompanhar o frade menor. • Ir ao encontro do mundo dos jovens com todos os seus desafios. • Intensificar a solidariedade para os projetos internacionais e interculturais. • Evangelizar em fraternidade e como fraternidade. • Superar o clericalismo e compartilhar a nossa missão com os leigos. • Acolher o convite do Papa Francisco para sair, não apenas geograficamente, mas também mentalmente. • Diversificar os serviços e não concentrar as forças sobre uma determinada atividade. • Santuários como lugares privilegiados para o encontro com Deus e com o próximo. Sugerimos a possibilidade de fazer um encontro dos frades que trabalham em santuários.

À luz destas propostas e da situação atual no campo da missão e da evangelização, vemos fortemente a necessidade de retornar às nossas origens pondo em prática também hoje a experiência de São Francisco e dos primeiros frades. Nos serviços e estruturas em que vivemos, sentimos frequentemente um fechamento e individualismo que não nos permitem viver e testemunhar o Evangelho em fraternidade. E, assim, aos poucos nos distanciamos daquilo que na origem de nossa Ordem era um verdadeiro sinal evangélico e profético da ‘comunidade que evangelizava’. Se isto é verdade em tantas das nossas realidades, tanto mais se pode vê-lo no mundo de hoje e, de modo particular, também no mundo dos jovens, que estão em contínua busca do verdadeiro sentido da vida e de uma comunhão que os faça viver a beleza das suas diversidades. O jovem Francisco de Assis e os primeiros frades, também jovens, testemunharam a liberdade de coração, o que foi um verdadeiro dom do Espírito Santo revelado pelo Evangelho de Cristo. Também nós devemos redescobrir este verdadeiro dom de Deus, não só como um dom pessoal, mas também como dom para a fraternidade. Só o coração livre pode transmitir a força e a beleza do Evangelho a todas as pessoas e em todos os serviços que nos foram confiados pela Igreja.” A inspiração que tivemos nestes dias, com o testemunho e a experiência dos frades da Custódia da Terra Santa, nos impulsionam, nas diversas partes do mundo, onde nossa Ordem está presente na vida e na missão de tantos irmãos, a seguir adiante, atentos ao chamado-envio de anunciar hoje a Boa Nova, como fraternidade renovada pela força e pela Palavra de Deus. Frei César Külkamp Comunicações Junho de 2018

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Evangelização

A experiência do Caminho de Emaús na USF

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os dias 11, 12, 18 e 19 de abril, em Campinas, Itatiba e Bragança Paulista, celebramos a Páscoa com os funcionários da Universidade São Francisco. Foram quatro momentos para reviver o Caminho de Emaús. Com texto da teóloga Patrícia de Moraes, o Grupo de Teatro Embarque Cultural, da USF, com a direção de Cristina Pacheco, reviveu a distância de 11 quilômetros de Jerusalém até aquela casa da aldeia onde Cléofas e Maria fizeram caminho e tiveram a companhia o Ressuscitado. O capítulo 24 do Evangelho de Lucas foi narrado, representado e vivido. Às mesas, com o pão e o vinho, todos sentamos e sentimos uma força que caminha conosco e aquece o coração, e nos alimenta. Tudo muito bem preparado, muita serenidade, emoção e atenção. Paramos nossas atividades para uma conversa de lembranças. Deixamos o Senhor entrar no ritmo de nossos passos. Quando deixamos o Senhor permanecer e entrar na

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casa, as respostas vêm no final de uma boa conversa. Os atores Marco Mariano, Meire Mello e Leandro Tavella encarnaram os personagens e nós entramos no texto. As mesas foram arrumadas com muito carinho, a sala preparada, tudo num rito bem feito, com muita competência e unção. As cenas do caminho e da casa de Emaús mostraram para nós o modo como Deus se fez história entre os passos da humanidade e como Ele caminhou com ela. O Amor que não morre inaugura tempos definitivos de ressurreição. Alimentar-se desta forte presença é saber olhar como o Senhor ensinou a repartir tudo o que estava na mesa. Foi bom parar na tarde, sempre às 14 horas, largar nossos trabalhos e ir junto à aldeia de Emaús pedir que o Senhor ficasse conosco. Ele se tornou hóspede por um forte momento, e nós saímos com uma bela história para contar. Assim foi nossa Páscoa Feliz! Pastoral Universitária-USF


Evangelização PETRÓPOLIS-PATY

19ª CAMINHADA ECOLÓGICA FRANCISCANA

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o 1º sábado do mês de maio, como de costume, aconteceu a XIX Caminhada Ecológica Franciscana Petrópolis-Paty do Alferes. A Caminhada é promovida pela Ordem Franciscana Secular de Paty do Alferes, pela Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e pelo Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis. Graças ao apoio eficiente do pároco do Sagrado, Frei James Girardi, e de sua equipe, o grupo de Petrópolis contou com a participação de mais de 80 pessoas, além de alguns veículos de apoio e um ônibus, gentilmente cedido pela Empresa Cidade das Hortências, dirigimo-nos ao Rocio, até o local do início da caminhada. Ali fizemos uns 20 minutos de oração, antes de adentrarmos no templo sagrado da Reserva Biológica das Araras e a do Tinguá, generoso presente de Deus, nosso Criador. Participaram da Caminhada estudantes franciscanos, paroquianos adultos, crianças da catequese e alunos do Colégio Bom Jesus. Muitas crianças puderam caminhar pela Estrada do Facão, pela primeira vez, em meio à Mata Atlântica. O céu azul, típico do “veranico de maio”, o ar puro e a alegria das crianças, as pequenas paradas para recuperar o fôlego e a partilha de um lanche, tornaram menos penosos os 7,5 km percorridos – três de subida e 4,5 km de lenta descida – até o ponto de encontro com nossos irmãos de Paty do Alferes. Os quase 20 anos das Caminhadas Franciscanas têm produzido bons resultados. Temos notícia de que em Paty do Alferes há uma consciência cada vez maior do cuidado pela nossa “Casa Comum”. Diminuíram as queimadas “para renovar a pastagem”, entre os pequenos produtores de leite. Com apoio da Prefeitura, a monocultura dos plantadores de tomate (com agrotóxicos) começa a ceder espaço para uma agricultura alternativa saudável, sem agrotóxicos. Os sábados, antes vazios, agora são movimentados pela feira de legumes, frutas e verduras. Mais gente andando pelas ruas e movimentando o comércio da cidade. Nós, de Petrópolis, quase não vimos plásticos e papéis jogados ao longo da Estrada do Facão. Grupos de motociclistas, que percorrem a Estrada do Facão e fazem suas trilhas pela mata, cuidam de ajuntar plásticos e lixo jogados pelo caminho. São exemplos da capacidade humana de cuidar melhor de nossa “irmã e mãe Terra”, mãe de todos os seres vivos. Em Petrópolis, faz-se necessária uma maior consciência por parte do povo sobre a urgência de separar o lixo reciclável. Essa consciência é fruto da educação nas escolas e nas famílias. Às autoridades públicas compete uma vigilante fiscalização dos focos poluidores e dos serviços de coleta permanente do lixo. Assim, os cidadãos vão sentir-se melhor em sua casa comum e os turistas serão melhor acolhidos. Frei Ludovico Garmus Comunicações Junho de 2018

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Evangelização

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Folhinha do Sagrado Coração, em suas efemérides, registra que dia 25 de maio é o Dia da África. Fiquei curioso e fui buscar informações. Consegui reunir algumas delas que, certamente, são incompletas e falhas. A África é um continente milenar, constituído por inúmeras etnias. Ocupa determinados espaços geográficos, tendo cultura e costumes próprios, inclusive, na vivência religiosa. Atualmente, é formado por 54 países, dos quais, 06 são insulares. Desde 1460, quando os portu-

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gueses aportaram em Cabo Verde, os europeus foram adentrando, paulatinamente, em todas “as vastas e ricas terras africanas”. França, Inglaterra, Alemanha e Portugal eram as que mais tinham “colônias”. A divisão e consolidação definitivas foram estabelecidas na Conferência de Berlim, num percurso de dois anos, 1884/1885. Nela se estabeleceu que os europeus têm “direito às riquezas humanas e naturais do continente”. A Independência só aconteceu nas últimas décadas. Dois motivos fo-

ram cruciais. De um lado, após a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), a Europa, como um todo, estava destruída e o declínio econômico era visível. Urgia a própria reconstrução. Isto enfraqueceu seu controle sobre os territórios africanos. Por sua vez, a África, também como um todo, ansiava pela libertação. Se, em 1914, apenas, Etiópia e Libéria eram independentes – já em 1963, são 35. Neste mesmo ano, em 25 de maio, a Organização de Unidade Africana (OUA) instituiu o “Dia da África”, na cidade de Addis Abela


Evangelização (Etiópia). Assinaram a Declaração 30 líderes dos 35 países independentes. Seu objetivo é “defender e emancipar o continente africano, libertando-o do colonialismo e apartheid”. Em 2002, a sigla OUA mudou para UA (União Africana), mantendo, porém, a data e seus objetivos. O grande e maior desafio consistia em “resolver os constantes conflitos dentro do próprio continente” porque a diversidade de tribos e culturas – às vezes, dentro do próprio país – geravam “guerras civis e golpes de estado”. Ainda hoje, esta situação persiste em vários países. Será que este continente tem alguma relação com o Povo de Israel e, por extensão, com o cristianismo?! A Bíblia nos diz que o Patriarca Abraão veio morar no Egito (cf. Gn 12,10-20), bem como seu neto Jacó com os 12 filhos (cf. Gn 46,1-34). O motivo foi a fome (Gn 12,10; 42,12). Esta última estadia, incluindo a escravidão, foi de 430 anos (Ex 12,40). No Século II antes de Cristo, a tradução da Bíblia Hebraica para o grego (Septuaginta), aconteceu em Alexandria (Egito). Neste mesmo país, Maria e José refugiaram-se com Jesus e, para protegê-lo da morte, planejada por Herodes (Mt 2,13-15). O diácono Filipe evangelizou e batizou um eunuco etíope, alto funcionário da rainha Candace (At 8,2640). A Tradição Católica relata que o

evangelista Marcos teria evangelizado Alexandria, onde sofreu o martírio. O grande Santo Agostinho (354-430), bispo e doutor da Igreja, é um africano de Tagaste (Argélia). Por sua vez, a Igreja, não deixou de evangelizá-la. No Período Colonial (séculos XV a XX), junto com os exploradores, vinham missionários e missionárias que, dentro do sistema do Padroado – bem ou mal – também evangelizavam. Congregações, tanto masculinas como femininas, marcaram presença na África. Os Padres Brancos, por exemplo, realizaram profícuo trabalho em Uganda onde aconteceu o martírio de 22 jovens leigos, entre os anos 1885/1887. Sua canonização deu-se em 1964, por Paulo VI, durante o Concílio Vaticano II (1962-1965). Esses mártires são os padroeiros da Paróquia da Katepa, onde atuam os frades. Não podemos esquecer o simultâneo martírio de 14 membros da Igreja Anglicana que conviviam, harmoniosamente, com os católicos, num profético testemunho ecumênico. Nos últimos anos, a Igreja realizou dois Sínodos dos Bispos Africanos. Um, em 1994, por João Paulo II e o outro em 2005, por Bento XVI. Esse mesmo Papa afirmou que a “África é a esperança da Igreja”. Essa esperança tem sua razão de ser porque há um crescente e contínuo número de batizados e de vo-

cações, inclusive, com missionários além-fronteiras; há criação de novas Dioceses e reestruturação de outras; a vitalidade das liturgias é palpável; a Igreja atua nas áreas sociais, o que lhe dá credibilidade junto ao povo. Por causa disso, o tema do segundo Sínodo “A Igreja em África a serviço da reconciliação, da justiça e da paz” insiste que ela continue evangelizando no campo social. O “instrumentum laboris” tem frases incisivas, como: “Há guerras fraticidas, alimentadas por um tráfico de armas sem escrúpulos, provocando um espetáculo vergonhoso de refugiados”; “é escandaloso ver a quantidade de riquezas acumuladas nas mãos de uns privilegiados”; “a África encontrase dependente de países ricos que procuram dar uma mão e levar o dobro com a outra”; “a maioria da população africana vive num estado de carência de bens e serviços de primeira necessidade”; “a mortalidade infantil não para de crescer”; “a taxa de alfabetização mantém-se entre as mais baixas do mundo”... e assim por diante. Esta “leitura da realidade” é feita em todos os países. É aqui que a Igreja – com posturas explícitas – também, precisa atuar. Para isso, é importante o apelo que o anjo faz a Elias. Acorda-o (= vê a realidade) e diz: “Levanta-te e come porque tens um longo caminho a percorrer” (1Rs 19,7). Frei Luiz Iakovacz

Notícias de Malanje (Angola) A Arquidiocese de Malanje é formada por uma vasta extensão geográfica. Os trabalhos pastorais acontecem mais nos centros de evangelização do que nas paróquias em si. Estas são, apenas, cinco e todas elas na própria cidade de Malanje. As Irmãs Religiosas somam um total de 117. Algumas atuam na área de saúde (postos de enfermagem) ou na educação (escolas). Os Presbíteros são 35 e apenas 09

diocesanos. Em 2016, foram ordenados dois e, no dia 13 de maio, mais um jovem recebeu o Diaconato. O Seminário Diocesano tem 68 seminaristas no Segundo Grau, 21 cursam a Filosofia e 09 a Teologia. Este aumento progressivo, segundo o Bispo, é fruto das orações feitas nas comunidades. Na Pausa Pedagógica de maio, Frei Ermelindo foi a Luanda com os 17 aspirantes. Durante dois dias, conviveram

com os de Viana para entrosamento e conhecimento mútuo. Isto facilitará o início do Potulantado/2019. Nos dias 07 a 11 de maio, em Malanje, aconteceu o 15º Encontro Nacional das Escolas Católicas. Participaram, aproximadamente, 80 pessoas. Em Malanje e Cangandala, há quatro escolas, orientadas pelas Irmãs Franciscanas de São José, Franciscanas MissioComunicações Junho dee2018 nárias de Maria, Ad Gentes SMIC.411


Evangelização Frente da Comunicação

“Fake news” e jornalismo de paz é tema do 3º encontro

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o dia 2 de maio, em São Paulo, a Frente de Evangelização da Comunicação fez o seu terceiro encontro no ano. Frei Gustavo Medella, Definidor Provincial e coordenador da Frente, apresentou como tema de reflexão, através de uma videoconferência, a mensagem do Papa Francisco para o 52º dia das Comunicações Sociais, celebrado no dia 13 de maio último, Solenidade da Ascensão do Senhor. Marcaram presença frades, colaboradores e leigos que trabalham diretamente com a comunicação, a saber: Fundação Frei Rogério, de Curitibanos (SC), Rede Celinauta de Comunicação, de Pato Branco (PR), Grupo Educacional Bom Jesus, de Curitiba (PR), Serviço Franciscano de Solidariedade – Sefras (SP), Universidade São Francisco – USF (SP), Sede Provincial (SP), Fraternidade Franciscana do Sagrado Coração de Jesus, de Petrópolis (RJ), e Paróquia Porciúncula de Sant’Ana, de Niterói (RJ). O tema da mensagem foi retirado do Evangelho de São João: “A verda-

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de vos tornará livres” (Jo 8, 32), e é complementado pelo subtítulo: “Fake news e jornalismo de paz”.

O QUE HÁ DE FALSO NAS “NOTÍCIAS FALSAS”?

Discorrendo sobre a eficácia das fake news, Frei Gustavo propõe a seguinte reflexão: “Por que as notícias falsas possuem tanta eficácia e atingem os objetivos a que se propõem?” E sugere algumas respostas: “Primeiro porque elas se apresentam como algo que imita a verdade (natureza ‘mimética’). A segunda razão é porque se apoiam em estereótipos e preconceitos que normalmente são generalizados. E o terceiro motivo: exploram emoções imediatas e às vezes fáceis de serem despertadas, como, por exemplo: a ansiedade, o desprezo, a ira e a frustração”, explicou. Segundo o Papa, nenhum de nós pode se eximir da responsabilidade de contrastar estas falsidades. Não é tarefa fácil, porque a desinformação se baseia muitas vezes sobre discursos variegados, deliberadamente evasivos e subtilmente enganadores, valendo-se por ve-

zes de mecanismos refinados. “Dentro da medida do possível, temos o dever de contrapor, de apresentar e desmascarar estas falsidades”, afirma Frei Gustavo. O Papa chama a serpente lá do Antigo Testamento, aquela que “passou a conversa” em Eva, de ‘artífice da primeira fake news’. “Se o diabo de fato é o pai da mentira, a serpente tentadora é aquela que veio trazer a confusão. Se não tomarmos conta, esta base de maldade que habita em nossa sociedade, pode agir também dentro de nós”, destacou o palestrante. Para Frei Gustavo, as fake news rapidamente viralizam por que correm com muita pressa, apoiadas na lógica do “querer mais” e do “saber mais”. “Muitas vezes estamos ávidos por causar algum impacto por conta daquela notícia falsa e acabamos replicando a mesma”, ressaltou.

“A VERDADE VOS TORNARÁ LIVRES”

Ainda na mensagem, o Papa Francisco faz referência ao filósofo e jornalista do Império Russo, Fiódor Dostoevskij, que deixou escrito algo notável neste sentido: “Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega a pontos de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e, por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir contínuo aos outros e a si mesmo”.


Evangelização “A verdade vai além de um juízo sobre as coisas, ou de trazer à luz coisas obscuras. A verdade tem a ver com a integridade da pessoa. Como percurso e elementos fundamentais para a busca da verdade, o Papa também oferece ideia da libertação da falsidade e da busca do relacionamento”, sublinhou Frei Gustavo. Edson Honaiser, coordenador de jornalismo da Rádio Celinauta, afirma que convive com notícias falsas no dia a dia de trabalho. “Na atualidade a gente vê por aí uma ‘enxurrada’ de publicações sem fundamentos. Existe uma interrogação no ar sobre o que é ou não é confiável, sobre o que é verdadeiro ou não, por isso em nossa emissora temos a intenção de verificar e trazer a refle-

xão em torno daquilo que está sendo propagado por aí”, sublinhou. Bruna May, locutora e repórter na rádio Coroado, afirmou: “Mais do que nunca precisamos tomar cuidado antes de levarmos para o ar novas publicações e atualizações. Hoje, muitas

pessoas já conseguem identificar e separar o que é bom e o que é ruim, e o que é fake. Muitas vezes, a notícia real é mal interpretada, imagina quando a notícia é falsa. Precisamos checar as informações e levar o que é correto até os nossos veículos de comunicação”. Encerrando o terceiro Encontro de Formação Permanente, Frei Gustavo propôs aos participantes que rezassem a oração que encerra a mensagem do Papa Francisco. O próximo encontro acontecerá no dia 06 de junho e contará com a assessoria de Frei Claudino Gilz, professor de Ensino Religioso do Grupo Educacional Bom Jesus, de Curitiba (PR). Frei Augusto Luiz Gabriel

Encontro dos frades da Frente da Comunicação

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Frente de Evangelização da Comunicação se reuniu nos dias 8 e 9 de maio em São Paulo (SP). O encontro reuniu apenas os frades que trabalham diretamente com a Comunicação da Província. O segundo encontro acontecerá no segundo semestre e reunirá, além dos frades, os leigos que atuam nesta área. O tema do discernimento, da Exortação do Papa Francisco, Gaudete et Exsultate, (parágrafos 166-177), serviu como base para as reflexões e partilhas que foram feitas durante o encontro. Estiveram presentes Frei Neuri Reinisch e Frei Marcos Motta Brugger, da Rede Celinauta de Comunicação de Pato Branco (PR); Frei Volney Berkenbrock e Frei Edrian Josué Pasini, da Editora Vozes de Petrópolis (RJ); Frei Mário José Knapik, do Grupo Educacional Bom Jesus de Curitiba (PR), Frei Roberto Carlos Nunes, da Fundação Frei Rogério de Curitibanos (SC), Frei Gustavo Medella, Definidor Provincial e coordenador da Frente e Frei Augusto Luiz Gabriel de São Paulo (SP). Também participaram do encontro Frei Fidêncio Vanboemmel, Ministro Provin-

cial e Frei César Külkamp, Vigário Provincial. Nas partilhas percebeuse que muitas conquistas já foram alcançadas, porém, inúmeros são os desafios e os trabalhos que ainda necessitam ser colocados em prática.

Editora Vozes se prepara para os 80 anos da Folhinha

A Folhinha do Sagrado Coração de Jesus irá completar 80 anos de existência em 2019. Para comemorar esta data especial, Frei Edrian conta que estão sendo preparadas muitas novidades. Segundo ele, a famosa Folhinha chega a todos os cantos e a todos os tipos de gente, até mesmo em cenários de novelas. “Nos principais pontos de venda estão sendo montados painéis com todas as estampas da Folhinha”, adiantou o frade, que há muitos anos é coordenador dos trabalhos da Folhinha do Sagrado Coração na Editora Vozes. Frei Gustavo lembrou o Programa de Formação Geral, que é uma nova iniciativa para formação e interação

dos membros da Frente. O encontro acontece através de videoconferência, visando facilitar a participação de todos e é realizado sempre na primeira quartafeira de cada mês. O próximo encontro acontecerá no dia 6 de junho e contará com a assessoria de Frei Claudino Gilz, professor de Ensino Religioso do Grupo Educacional Bom Jesus. Em sua fala, o Ministro Provincial destacou o importante papel da Comunicação nas diversas instituições. “Se temos uma estrutura, seja das rádios, TV, Universidades, como também da Editora, precisamos sempre zelar pela construção duma evangelização de qualidade, que difunda ideias e que forme consciências críticas”, afirmou Frei Fidêncio. “Somos artífices dessa construção”, completou.


CFFB entrevista

Frei Almir Guimarães

“A OFS não pode descansar” O frade, que conhece bem a OFS, fala sobre os 40 anos da Regra promulgada pelo Papa Paulo VI. A Ordem Franciscana comemorou o 8º Jubileu de sua fundação em 2009. Há mais de 800 anos o Papa Inocêncio III aprovou a Regra de Vida escrita por São Francisco de Assis. Em 1212, nascia a Ordem de Santa Clara (as Clarissas) e foi também nessa época que nasceu a Ordem Franciscana Secular (OFS), reunindo homens e mulheres, casados e solteiros, em meio às suas famílias que buscavam viver o mesmo ideal de São Francisco de Assis. Esta “Ordem Terceira” foi aprovada pelo Papa Honório III em 1221. Até hoje, as fraternidades ainda se sentem comprometidas pelo “Memoriale”, ou seja, a primeira Regra aprovada pelo Papa Nicolau IV, que é marcada por uma ascese sombria. Pelo contrário, a nova Regra, aprovada em 24 de junho de 1978 pelo Papa Paulo VI, é toda imbuída do autêntico espírito franciscano. Portanto, a nova Regra completará no dia 24 de junho, 40 anos desde a promulgação do Papa Paulo VI. Para Frei Almir Guimarães, a Ordem Franciscana Secular “não pode descansar”. Segundo ele, o futuro da OFS está nas mãos de “lideranças santas que queiram realmente ser um laicato atuante no mundo de hoje. Um leigo franciscano é aquele que torna o amargo em doçura”. Acompanhe a entrevista!

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Comunicações Junho de 2018

Comunicações: Que é para o senhor a Ordem Franciscana Secular (OFS)? Frei Almir: É com muita alegria que tento responder esta pergunta. Ela faz parte de minha vida, praticamente de todo o período do meu existir. Eu nasci em Petrópolis e conheci um homem chamado Frei Matheus Hoepers, de Forquilhinha. Este homem me passou um entusiasmo muito grande pela Ordem Franciscana em geral, e, de modo muito especial, pela Ordem Franciscana Secular. Fiz a minha profissão na OFS quando era um rapazinho, antes de ser frade. Então, olho pra OFS com muito carinho, embora no começo a conhecia como Ordem Terceira Franciscana. Ela ainda, apesar das dificuldades, me enche o coração.

Comunicações: A OFS tem uma nova Regra? Frei Almir: Quando Francisco de Assis começou a fazer suas caminhadas, suas aventuras loucas e belas, ele sentiu que também os leigos queriam segui-lo. E, então, ele inventou uma Regra para aqueles que fazem ou que não fazem penitência. Essa norma de vida apareceu nos escritos de Francisco, a Carta aos Fiéis. Com o tempo, esses leigos franciscanos, que não eram padres nem freiras, quiseram uma regra. Depois do Concílio Vaticano II, na década de 60 do século passado, houve a necessidade de se fazer uma regra especial, e foi feito uma regra admirável que chamamos de “Regra de Paulo VI”. Leigos e leigas do mundo inteiro se reuniram em Roma e atualizaram os princípios


CFFB e as normas da Ordem Terceira. A nova Regra foi promulgada no dia 24 de junho de 1978, portanto há 40 anos. É uma Regra para a Igreja de hoje, rica em muitos aspectos. Comunicações: Por que a mudança de nome de Ordem Terceira Franciscana para Ordem Franciscana Secular? Frei Almir: Esta questão é muito esperta! Quando digo Ordem Terceira Franciscana parece que é uma ordem de religiosos. Com o Concílio do Vaticano II, quisemos dar mais ênfase aos leigos, aqueles que vivem no século. Secularismo é uma coisa que não vale nada, é uma pessoa que quer tirar Deus do espaço. Mas a palavra secular significa viver no mundo, no casamento, na história, na política, no trabalho, na profissão... E os leigos franciscanos precisam ser leigos maduros que, seguindo a Regra de Paulo VI, formem um batalhão de um laicato maduro no meio do mundo de hoje.

Frades Menores, vivemos em fraternidade. Os leigos também têm as reuniões mensais, que são sacramento da fraternidade. Um leigo franciscano é aquele que torna o amargo em doçura. Comunicações: Frei, que futuro tem a Ordem Franciscana Secular? Frei Almir: A Ordem Franciscana Secular não pode descansar. Se ela tiver um espírito parado, vai morrer. O futuro dela depende de lideranças santas e que queiram,

Sul são muitas as Fraternidades, com destaque para São Paulo que, talvez, seja o estado com maior número. Nós temos muita dificuldade para formar fraternidades franciscanas na Amazônia. A distâncias são muito grandes e os grupos que nascem não possuem oportunidade de se fortalecerem porque a visita e o contato pessoal são difíceis. Mas repito: há necessidade de um passo à frente e peço a Deus que coloque nos Frades Menores, Capuchinhos e Conventuais, um gosto pela OFS. Se as nossas fraternidades franciscanas da Primeira Ordem tivessem ao lado delas um laicato maduro, seria tudo muito mais fácil. Tenho recebido ultimamente da Itália uma revista e é expressivo ver por lá um laicato atuante com pessoas influentes na cidade. A OFS não precisa ter “graúdos” nem intelectuais, mas sim precisa de lideranças.

“O verdadeiro franciscano é aquele que torna o doce em amargo”

Comunicações: Quais elementos da Ordem traduzem o espírito de Francisco de Assis hoje? Frei Almir: A profissão da Ordem Secular diz: “Queremos no meio do mundo, não fugindo do mundo, nem alienados dele, viver o Evangelho”. Os leigos franciscanos emitem uma promessa: “Na presença do Deus onipotente por toda a minha vida prometo viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, à maneira de Francisco”. Quer dizer, à maneira do deslumbramento diante do Altíssimo e bom Senhor. Uma maneira estrondosamente bela diante do Cristo Jesus que nos ama até o fim. Leigos no meio do mundo que vivam em fraternidades. Nós,

realmente, um laicato atuante no mundo de hoje, marcado pela violência, indiferença e secularismo... Impregnados do Evangelho, eles podem ser excelente fermento na massa. Rezo e peço a Deus que os dirigentes da Ordem no Brasil acordem para isso. Que tenhamos a formação para um laicato maduro, atuante e impregnado do espírito de Francisco de Assis, com muita intimidade na oração. Comunicações: Como é a presença da OFS no país e no exterior? Frei Almir: Tive a oportunidade de ser assistente nacional da Ordem Franciscana Secular e me dediquei de coração a ela. Do Nordeste ao

Comunicações: Deixe uma mensagem aos franciscanos seculares! Frei Almir: Eu quero dizer que durante a minha vida, de quase 80 anos, a Ordem Franciscana Secular esteve sempre presente. O que guardo de lembranças boas e belas foram de pessoas que não quiseram aparecer. Eu devo dizer que, na minha vida, a OFS dependeu muito de Frei Matheus Hoepers. Ele colocou dentro de mim um desejo muito grande de ser um franciscano leigo. Depois me tornei franciscano da Ordem Primeira. Então, diria que no momento atual, a Ordem Franciscana Secular não tem a expressão que ela deveria ter, mas eu desejo de coração que isso aconteça. Rezo e peço a Deus que a Ordem seja um fermento na massa. Frei Augusto Luiz Gabriel Comunicações Junho de 2018

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CFFB

CFFB-PR: É preciso rever o que é velho em nossas vidas

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uitos religiosos querem ser glorificados, não consagrados”; “É preciso rever o que é velho em nossas vidas”; “Não devemos ter medo de aceitar a cruz”. Estas foram algumas provocações do bispo auxiliar da Arquidiocese de Curitiba, Dom Amilton Manoel da Silva, deixadas aos participantes, no último domingo, do Encontro da Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB), núcleo do Paraná. Este encontro, que começou no sábado, contou com a presença do presidente da CFFB nacional, Frei Éderson Queiroz, OFMCap, e teve por objetivo fomentar a convivência, a partilha e a formação da família franciscana e dos simpatizantes do carisma de São Francisco e Clara de Assis no Estado paranaense. Os franciscanos foram acolhidos no Teatro do Colégio Bom Jesus pelos frades estudantes do tempo da Filosofia da Província Franciscana da Imacu-

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Comunicações Junho de 2018

lada (OFM). Frei João Mannes, OFM, presidente da Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, anfitrião do evento, deu as boas vindas a todos os presentes. Dom Amilton lembrou que a Igreja do Brasil está entre as que possuem maior número de Bispos oriundos da vida religiosa (cerca de 40% segundo dados recentes), o que dá, em suas palavras, um colorido bonito nas diferentes dioceses. Citando outro bispo religioso, Jorge Mario Bergoglio, o nosso Papa Francisco, compara-o em vitalidade, dinamismo e jovialidade a São João XXIII, que, quando Papa, ousou “abriu as janelas” da Igreja idealizando o Concílio Vaticano II. Em suas provocações disse que devemos ser novidade para o mundo, para a comunidade, para nossas congregações. Não podemos ser odres velhos, presos ao secularismo, mas devemos estar abertos a uma constante conversão cotidiana que nos levará a uma conversão pastoral. Alertou ainda sobre o perigo de adotar um discurso ideológico/partidário.

O ideal de Jesus Cristo não pode ser “ideologizado”. Nossa única bandeira deve ser a do Evangelho. Por outro lado, lembra que a formação também não deve ser alienada, excessivamente teórica e distante da realidade prática. É preciso tomar ciência do mundo ao redor e de seus muitos desafios, saber interagir com eles, ser presença cristã, viva e atuante junto aos excluídos de nosso tempo, fazer opção por eles, como fizeram Francisco e Clara em seus dias. Recordou Dom João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, trazendo números que apontam a desistência anual de cerca de 3 mil religiosos e religiosas. Dom Amilton reconheceu que vivemos uma profunda crise de fé, inclusive dentro da vida religiosa e consagrada e aponta a solidão, o excesso de compromissos e a incredulidade como três dos principais fatores que levam à desistência da vida consagrada. Lembrou também que muitos optam por esta forma de vida com ideais escusos, buscando títulos, carreirismo, liturgismos, estabilidade. Querem ser glorificados. Muitos, que deveriam ser representantes, querem assumir o lugar Daquele que representam.


CFFB Falou ainda da necessidade atual de se experimentar Deus: “Nos consagramos para ser e para fazer uma experiência de Deus, primeiro para nós, depois para os outros. As pessoas estão cansadas de ouvir falar de Deus, elas querem ter, a partir de nós, uma experiência de Deus”. É preciso rever o que há de velho e que já não consegue sustentar a realidade dos jovens, salienta o bispo, afirmando ainda que nosso testemunho de vida vale mais que o mais belo discurso, que a adesão se dá pela atração por uma vida autêntica e não pelo proselitismo. Finalizou sua participação recordando a cruz de Cristo, que também é a cruz de cada um de nós. Cruz que incomoda, machuca, e por isso queremos nos livrar dela. Frisa o Bispo que nossa Igreja é a Igreja de um Cristo, sim ressuscitado, mas que antes foi crucificado. Não há ressurreição sem cruz. “Nas marcas do crucificado nós vemos as marcas da dor, que em seu gesto transformaram-se em marcas de amor.” Jesus foi apaixonado pelo Evangelho. Será que nós, que optamos por segui-lo mais perfeitamente, temos as mesmas paixões? Partilhamos seus ideais até as últimas consequências? Estamos dispostos a suportar a via dolorosa, o calvário e a cruz ou queremos, em vez da coroa de espinhos, apenas a coroa da glória? Frei Éderson Queiroz, OFMCap, presidente da CFFB nacional, iniciou sua reflexão no sábado dentro da temática do Retorno ao Evangelho: “Vinho novo em odres novos”, seguida da Santa Missa, também por ele presidida. Antes da Santa Missa, as atividades começaram às 8h30, com a oração conduzida pela Jufra. Em suas palavras, Frei Éderson citou “os franciscanos como os grandes profetas diante das injustiças sociais do nosso tempo, sendo que a maior profecia passa por uma vida de cons-

tante retorno às origens evangélicas”, como fez o Santo de Assis, inspiração de tantos homens e mulheres. Durante a homilia, o celebrante fez um paralelo entre a liturgia do dia e os temas trabalhados, destacando que não somos discípulos de uma doutrina, de um compêndio, mas de uma pessoa, o Cristo. Uma paixão que nos impulsiona. O pai São Francisco foi “ferido” pelo amor a Jesus, fazendo-o centro de sua vida. A Eucaristia é um “perigo”, pois ao dizer amém, eu estou consentindo Cristo em mim, tornando-me um com Cristo, nas minhas palavras, atitudes e gestos. “Que este encontro possa despertar no nosso coração este desejo profundo pela pessoa de Jesus Cristo”, pediu. Ainda no sábado à tarde, abordou o caminho do Pai Seráfico, de São Damião em direção a Santa Maria dos Anjos. Esta explanação trouxe três elementos do Evangelho que falaram diretamente ao coração daquele jovem sedento por viver a Boa Nova de Cristo: Ide (envio); não levem nada (pobreza); a todos anunciai a paz (anúncio), lembrando assim que, “pela fraternidade, Francisco conheceu o Evangelho; e, pelo Evangelho, entendeu a fraternidade”. Citou ainda a presença fundamental de Santa Clara como a forma feminina de se viver o Evangelho pelos passos de São Francisco. Clara, jovem dotada de uma coragem ímpar, deixou tudo para trás, lançando-se num caminho sem volta, permitindo-se inebriar pelo semblante de Deus no rosto dos pobres, um Deus que se revela no despojamento. Frei Éderson ainda citou a Evangelii Gaudium, Exortação Apostólica do Papa Francisco, sobre o anúncio do

Evangelho no mundo atual, lançada em 24 de novembro de 2013, exibindo um vídeo. Concluiu com a mensagem de que a essência da vida franciscana passa pela reconstrução, pelo retorno às origens. É preciso dar passos no sentido desta restauração profunda dos caminhos que conduzem à Boa Nova de Cristo. Só assim poderemos ser odres novos para o vinho novo. Ao final do encontro, no domingo, todos os presentes dirigiram-se à Paróquia de Bom Jesus dos Perdões onde participaram da Santa Missa presidida pelo Visitador Geral, Frei Miguel Kleinhans, que, na homilia sobre o Bom Pastor, bem explicitou a importância daqueles que, como os religiosos e religiosas, dedicam suas vidas a bem cuidar do redil do Senhor. Mencionou a doação, gratuita e sincera, a preocupação explicitada na presença, no cuidado, no trabalho com as ovelhas, chamando a cada uma pelo nome. Tal relação gera confiança e faz com que todo o rebanho o reconheça pela voz, diferenciando sua voz de outras vozes. Disse que todos nós devemos, dia a dia, aproximarmo-nos mais e mais deste modelo de seguimento tão bem vivido por São Francisco e Santa Clara, verdadeiras luzes a guiarem nossa caminhada. Frei Matheus José Borsoi e Frei Rodrigo José Silva Comunicações Junho de 2018

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CFMB

Encontro Anual do Secretariado Interprovincial para a Evangelização e as Missões - SIFEM

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Conferência dos Frades Menores do Brasil – CFMB – conta com o SIFEM para animar e promover a cooperação, a formação e o intercâmbio de experiências no âmbito das Missões e da Evangelização e fomentar as relações entre os diversos Secretariados de suas Províncias ou Custódias (cf. Estatutos Peculiares do SIFEM). A cada ano há um encontro dos diversos ofícios deste Serviço, como os secretários para a Evangelização, os moderadores para as Missões, os animadores do JPIC e os coordenadores da Pastoral Educativa. Neste ano, o encontro foi de 14 a 17 de maio, na Fraternidade do Convento São Francisco, em Salvador, BA. Participaram 19 frades, das nove entidades da Conferência. De nossa Província foram Frei Alexandre Magno da Silva, Frei James Girardi e Frei César Külkamp. O tema do encontro deste ano foi “o Protagonismo dos Leigos na Evangelização Franciscana”, considerando o ano do laicato, e o assessor foi Dom Frei Carlos Alberto Breis, OFM, bispo de Juazeiro, na Bahia. Frei Beto, como gosta de ser chamado e é conhecido entre nós, buscou, no movimento franciscano das

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Comunicações Junho de 2018

origens, um projeto evangélico iniciado por leigos, os irmãos da primeira comunidade. Numa época bastante hierarquizada, a Ordem Franciscana nasce sem distinções: • O mandato da pregação é concedido a todos os membro da Fraternidade. •À s reponsabilidades de governo (serviço) são chamados tanto os 
clérigos quanto os leigos. •A Regra é dirigida indistintamente a todos. O próprio nome IRMÃOS (53 vezes na RB) MENORES, já no início do documento, acena para algo insólito na Idade Média. A partir de 1220, com o grande crescimento da Ordem e com as tensões entre os que preferiam os velhos esquemas da tradição monástica em vez da nova identidade, as mudanças vão acontecendo no interior da Ordem, deixando em segundo plano elementos nucleares das intuições da primitiva comunidade, como a itinerância e a fraternidade. E a clericalização da Ordem lança bases mais sólidas nas Constituições de Narbone (1260). Hoje é a própria Igreja que nos alerta para o perigo do clericalismo, na voz profética do Papa Francisco, referindo-se a este como uma doença. Também a Ordem faz um grande esforço pela purificação de sua identidade leiga. Este tema esteve presente nos Conselhos dos dois Secretariados Gerais (FE e ME). E, quanto aos cristãos leigos(as) e seu lugar na evangelização

da Igreja, este foi o tema do Congresso Missionário Franciscano de Córdoba (2008) e ganhou destaque no Capítulo Geral de 2009 ao cunhar as expressões “Evangelização Compartilhada” e “Protagonismo dos leigos” (Portadores do Dom do Evangelho, 25-26). Para este ano de 2018, a Igreja do Brasil lançou o Ano do Laicato. Novamente, o assessor nos convidou a beber do franciscanismo das origens e de sua mística laical. Diferente da lógica dos que queriam viver “fora do mundo”, o franciscanismo promoveu uma síntese entre uma vida cristã cada vez mais inserida entre os homens e o desejo de se viver plenamente a fé cristã. O fato de que São Francisco demonstrava simpatia pelo mundo fez com que ele se relacionasse de forma muito particular com a cultura do seu tempo, usando a língua vernácula, textos das canções dos trovadores e dos poetas, etc. Estava mais perto do povo que do clero. Os frades menores entenderam que a fé cristã devia ser vivenciada no meio do povo, ou seja, em sociedade, inclusive na cidade. O claustro passou a ser todo o mundo, espaço de sua vida e missão. Daí parte também o desafio de uma abertura maior de nossa vida para a sadia participação dos leigos e leigas. Depois deste tempo para nossa formação, cada entidade partilhou sua caminhada de evangelização e um tempo maior foi dedicado para conhecer um projeto social da Província anfitriã, com bastante protagonismo dos leigos na promoção e defesa dos direitos dos moradores de rua. Outros pontos e encaminhamentos de atividades recentes ou futuras: 2018 • Relato da celebração dos 25 anos da Missão franciscana em Boa Vista, RR, no dia 22 de abril


CFMB – uma comissão de frades da CFMB participou; • Relato do Conselho Internacional para as Missões e a Evangelização (CIME) – Frei César Külkamp participou e transmitiu suas impressões (cf. acima); • III Encontro Nacional da Juventude – será em Vila Velha, ES, de 19 a 22 de julho deste ano e a maior parte dos membros do SIFEM estará presente; • II Congresso Nacional de Educadores Franciscanos – será em Anápolis, GO, de 27 a 29 de agosto deste ano; • III Congresso Franciscano Missionário da América Latina e Caribe – será na Cidade da Guatemala, de 22 a 27 de outubro deste ano e cada entidade poderá participar com frades e leigos;

• 1º de setembro de cada ano é o dia de oração pelo cuidado da Criação; • Coleta da Amazônia – realizada em torno de 05 de setembro de cada ano; • Espírito de Assis – celebrado no dia 27 de outubro de cada ano; • Trabalho em rede de Comunicação franciscana – sonho que começa a se tornar realidade para uma futura Rede Franciscana de Comunicação – no momento é a transmissão da “Vigília Franciscana” nas rádios da Conferência e, aos poucos, a “Sala Franciscana”; O próximo encontro do SIFEM será em 2019, em Porto Alegre, na Assembleia de todos os serviços da CFMB em data a ser marcada. Na avaliação final do encontro, os presentes destacaram o crescimento

da consciência de que somos uma só Ordem, presente em diferentes regiões, contextos e com histórias próprias, mas que convergem sempre mais para a unidade e a partilha. A expressão “é bom estarmos juntos!” exprimiu o sentimento geral. Os agradecimentos foram para a Província Santo Antônio e a Fraternidade do Convento São Francisco, de Salvador, pela acolhida fraterna e generosa, por partilhar suas atividades evangelizadoras e pelos momentos de confraternização e de passeio que nos ofereceu. Retornamos para nossas entidades, fraternidades e atividades evangelizadoras levando junto o crescimento de nossa pertença franciscana e o entusiasmo por viver e anunciar o Evangelho de Jesus. Frei César Külkamp

Reunião da CFMB em brasília

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os dias 18 a 20 de abril de 2018, na casa de retiro anexa ao Instituto São Boaventura dos Frades Menores Conventuais, em Brasília, DF, reuniram-se os Ministros e Custódios da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB). A Província anfitriã foi a do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil. Após dar a acolhida fraterna de todos, particularmente do Definidor Geral, Frei Valmir Ramos, e do novo membro da CFMB, Frei Rogério Viterbo, eleito Custódio da Custódia das Sete Alegrias de Nossa Senhora (MS/ MT), o presidente da CFMB, Frei Inácio Dellazari, deu início aos trabalhos. Tema de estudo: Leitura e aprofundamento da Declaração Final do Congresso Continental para o Formadores OFM, ocorrido em São Paulo entre os

dias 03 a 09 de setembro de 2017. Refletimos sobre a nossa missão, enquanto Ministros e Custódios, sobre o acompanhamento mútuo na vida fraterna, a formação permanente, a formação dos guardiães e o cuidado pastoral das vocações (SAV). Ata – Frei Marco Aurélio, o Secretário da CFMB, leu a ata da última reunião da Conferência, ocorrida em São Luís do Maranhão, 18 a 22 de setembro de 2017. Após alguns pequenos ajustes foi aprovada pela assembleia dos Ministros e Custódios. E as pendências, encaminhadas para a pauta da reunião. Regimento Interno da Conferência dos Assistentes Nacionais da Ordem Franciscana Secular. A CFMB leu e deu o parecer favorável ao Regimento Interno da CANOFS, aprovada em Brasília no dia 18 de março de 2018.

Encontro Nacional Franciscano das Juventudes e SAV: Os Ministros e Custódios leram o informe de Frei Diego Atalino de Melo sobre a realização do Encontro Nacional Franciscano da Juventude (ENFJ) que acontecerá em Vila Velha, ES, nos dias 19 a 22 de julho. Para este ENFJ, Frei Diego solicitou o empenho das Entidades para o envio das delegações de até 45 jovens por Entidade, bem como a definição da Entidade que acolherá a realização do próximo encontro. Este também já foi definido e será anunciado na realização de ENFJ em Vila Velha. No mesmo informe Frei Diego compartilhou o Encontro do Serviço de Animação Vocacional da CFMB, acontecido de 19 a 23 de fevereiro, na Custódia São Benedito da Amazônia, em Belém – PA, onde estiveram preComunicações Junho de 2018

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CFMB

sentes os animadores vocacionais de todas as entidades. Encontro Under Ten. Foi lida a carta do Ministro Geral convidado frades “under ten” para a realização do 4º encontro em nível de Ordem, que se realizará em Taizé, França, de 7 a 14 de julho de 2019. Cada Entidade da CFMB providenciará o envio dos nomes dos frades participantes até o dia 31 de abril de 2018. Estes Frades receberão a incumbência de dinamizar um trabalho a ser realizado em cada Entidade, antes e depois do encontro de julho de 2019. Missão Roraima – Os Ministros e Custódios retomaram o tema da frente missionária da CFMB que há 25 anos marca presença em Roraima. O grande desafio é a liberação de novos frades para somarem nesta frente missionária da Conferência Brasileira. Primeira Etapa do Curso para Formadores. Os Ministros e Custódios leram o relatório de Frei Sérgio Moura Rodrigues acerca da primeira etapa do Curso para Formadores que aconteceu em Petrópolis, RJ, de 05-17 de março, coordenado pelo SERFE. Além do relatório e a revisão do curso, também foi feita a presta-

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Comunicações Junho de 2018

ção de contas desse investimento das Entidades na Formação Permanente de seus membros. A segunda etapa desse curso, que é uma bela iniciativa da CFMB, se realizará entre os dias 02 a 14 de julho deste ano, também em Petrópolis, no Convento do Sagrado Coração de Jesus. Reavivar o Dom da Vocação. No próximo ano de 2019, com a mediação do SERFE, a CFMB promove a oportunidade de Formação Permanente através da experiência chamada “Reavivar o Dom da Vocação”, destinada aos frades de 25 anos de Vida Consagrada. Esta experiência se realiza mediante uma viagem espiritual pela Terra Santa e Assis, entre maiojunho de 2019. Frei Celso M. Teixeira orientará a parte da espiritualidade franciscana. Avaliação: Foi feita também uma avaliação do Encontro do Definitório Geral com a Conferência Brasileira e Cone Sul, no Convento São Francisco, em São Paulo, entre os dias 10 a 17 de fevereiro de 2018. Elogios à organização, particularmente à fraternidade anfitriã do Convento São Francisco. A CFMB decidiu ratear as despesas do encontro, incluindo uma porcen-

tagem das passagens do Definitório Geral. Partilha – Frei Francisco Carvalho, ecônomo da CFMB, apresentou todos os gastos da CFMB, particularmente no que se refere à missão de Roraima, viagens oficiais do Presidente da CFMB e representantes dos Serviços da Conferência. A contribuição de cada Entidade é feita segundo a porcentagem do número dos frades professos. As contas são aprovadas pela Assembleia (Ministros). Além da partilha econômica, cada Ministro representante de um dos serviços da CFMB, especialmente o SIFEM e o SERFE, fizeram um breve relatório dos eventos que estão ocorrendo na Conferência, no esforço de vivermos cada vez mais a interprovincialidade na formação e evangelização. UCLAF – Lembrou-se da realização da próxima reunião da UCLAF, em Buenos Aires, nos dias 28 de outubro a 02 de novembro. Próxima reunião da CFMB: Acontecerá em Santarém, PA, de 24 a 28 de setembro de 2018. Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial


CFMB

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ós, na Igreja do Xingu, vivemos uma Semana Santa em clima de verdadeiro Calvário”. Estas foram as palavras do Bispo Prelado do Xingu, Dom Frei João Muniz, OFM, que presidiu a Missa da segunda-feira, dia 23 de abril, às 7h30, no Convento São Francisco, em São Paulo. Dom Muniz fazia referência à prisão do Padre José Amaro Lopes de Sousa, da Paróquia do Município de Anapu, no dia 27 de março, terça-feira da Semana Santa. “Prenderam nosso irmão e fazem contra ele onze acusações, das mais diversas. É uma tentativa de criminalizar alguém que está do lado dos pequenos e luta pelos seus direitos. Padre Amaro é muito querido e respeitado pelo povo da região”, explicou Dom Muniz. “Desde que foi ordenado, Padre Amaro atua na cidade da Anapu. Ele dá prosseguimento ao trabalho de defesa dos pobres e de promoção do desenvolvimento sustentável realizado pela Missionária Norte Americana Dorothy Stang, que foi assassinada com seis tiros, em fevereiro de 2005. Padre Amaro trabalha em parceria com a Congregação de Irmã Dorothy nesta missão de defesa da vida e promoção dos pequenos”, conta. Segundo Dom Muniz, a causa de tanta

“Tempo de Calvário” na Igreja do Xingu

violência é a disputa pela exploração das terras amazônicas. “A grande maioria das terras pertence à União. Grileiros e latifundiários buscam uma exploração predatória daquele território e agem com violência contra todos aqueles que denunciam e combatem seus interesses, que são de destruição”, denuncia o bispo franciscano. Segundo Dom Muniz, uma equipe de seis advogados trabalha na obtenção da liberdade para o padre. Dom João Muniz definiu a região Amazônica como um lugar de muitas riquezas e grandes desafios e destacou o papel importante da Igreja naquele contexto. “A Igreja da Amazônia tem uma missão profética na defesa da vida. Muitos religiosos e missionários já foram mortos e são perseguidos por se posicionarem contra os poderosos”, destaca Dom Muniz, ao citar como exemplo as constantes ameaças sofridas por seu antecessor, o bispo emérito Dom Erwin Krautler, que até hoje precisa andar acompanhado por seguranças. Além das riquezas naturais, Dom João Muniz também chama a atenção para o patrimônio cultural e humano presente na história dos grupos que originariamente povoaram aquela re-

gião, como os indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Também chamou a atenção para a extensão territorial da prelazia que está sobre seus cuidados. “São Felix do Xingu é maior circunscrição eclesiástica em território no Brasil e, talvez, no mundo. São 360 mil quilômetros quadrados. A paróquia mais distante fica a 1.110 km da sede da Prelazia”, explicou o bispo, descrevendo o tamanho da Prelazia. Dom João também pediu oração pela missão da Igreja na Amazônia e destacou as muitas manifestações de solidariedade recebidas por ocasião da prisão do Padre Amaro. A Missa contou com a participação da Fraternidade Franciscana do Largo São Francisco, de militantes e voluntários da Educafro e de paroquianos e demais fiéis. Dom João Muniz Alves é Bispo da Prelazia de São Felix do Xingu desde 3 de abril de 2016. É frade franciscano e foi Ministro Provincial da Província Franciscana de Nossa Senhora da Assunção, dos estados do Maranhão e Piauí. Na Prelazia sucedeu a Dom Erwin Krautler, bispo austríaco reconhecido na defesa da Floresta Amazônia e dos direitos humanos. Frei Gustavo Medella Comunicações Junho de 2018

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AOS 80, OS JARDINS CONTINUAM FLORINDO Nasci como todo mundo nasce, chorando e dizendo “estou chegando, quero mamar”. Pais amados, irmãos queridos, bela família. Nasci em Luzerna, SC, entre alemães e italianos. Sem regime, com batatas e polenta todos os dias. Adorava jogar futebol, me chamavam de Zezinho da Seleção. Para jogar bola, entrei para o seminário. Entrei também para comer bem, “como um padre”. Fui ficando na boa conversa dos freis franciscanos. Aos 26, padre junto com o amigo Frei Leonardo Boff. Aos 27, fui para Roma estudar sociologia e jornalismo. Adorava a espaguetada italiana, comida imperdível. Quando tinha 32, me mandaram estudar Espiritualidade. Girei pelos Estados Unidos, Itália e França. Mais tarde, a partir de 1995, trabalhei 5 anos em Buenos Aires. Admiro os argentinos e os americanos, coisa rara. Mas se tivesse que morar, escolheria Roma. Em Petrópolis, vivi 24 anos, dando aulas e rezando. No Rio, outros 24. Em Nilópolis, mais três. Fui aluno de Dom Paulo Evaristo Arns, grande mestre. Como radialista, devo muito a Haroldo de Andrade. Há 20 anos, sou Diretor de um Curso de Teologia. No Largo do Machado, rezo missas há 22 anos.

Confesso que da vida, quero ser um bom pastor, um ardente profeta e um encantado poeta. Abomino gente chata, pedante e muito espaçosa. Rezo todos os dias como me ensinou minha mãe: “Jesus para vós, eu vivo. Jesus, para vós eu morro. Jesus, vosso sou na vida e na morte”. Amém. Já escrevi muito livros e curto diariamente o Facebook. Para comemorar meus redondos e abençoados 80 anos, estarei publicando “Os Jardins Continuam Florindo”. Leio muito e tomo remédios contra diabetes e pressão alta. Todos os dias visito os pobres do Largo da Carioca. E ajudo. Eles me chamam de santo. Não conhecem meus pecados. A melhor frase que já escrevi talvez seja: “O ódio jamais construiu jardins. Só cemitérios”. Se me pedissem apenas uma palavra, diria duas: “Adoro viver”. “É bom fazer 80 anos”. Amo homens e mulheres, mas o melhor são as crianças. Em louvor de Cristo. Amém. POEMA DE FREI NEYLOR TONIN (Frei Neylor aniversaria no dia 6 de junho.)

CONVITE

FREI HERMÓGENES HARADA E SEU LEGADO ENCONTRO CELEBRATIVO

NASCIMENTO (1928) - FALECIMENTO (2009)

Data: 1/07/2018 (à noite) a 03/07/2018 (à tarde)

“A importância de não ser é maior do que a de ser”

Local: C onvento São Boaventura Rondinha (Campo Largo) – PR Rodovia do Café, BR 277, Km 112. Tel. (41) 3291 6000 INSCRIÇÕES: limitadas por ordem de chegada e de sua aceitação a) Hospedagem completa: 30 vagas para homens e 20 para mulheres (Diária: R$ 85,00) b) Só almoço: 20 vagas (R$ 35,00 por almoço)

Os pedidos devem dirigir-se para: Frei Dorvalino Fassini. Tel: (51) 3219-5769. Comunicações WhatsApp: (51) 99933-2662 – Email: dorvalinofassini@gmail.com 422 Junho de 2018


COM NATALÍCIO ” LIMÃO “SUCO mDE bilhetinho ganhou um

també Frei Plínio

OLHOS PARA O CELULAR

rem sua atenção! Frei Giba, as ruínas que

NTE AIS QUE ita! ce re a INVEREuNclOydM be es sa Frei

? O QUE FOI u?! i David não gosto

s do que Fre Ainda não sabemo

VIDA M O jejum ONÁSTICA de Frei Na zareno

O” NA TEOLOGIA “CAPUCHINH Berg cresce à medida que A barba de Frei cresce sua sabedoria...

NTEIRAS ALÉM FRO terior missões no ex O SAV em

ALEGRIA E TRISTEZA Momentos by Frei Xan dão!

FRATRumGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!


Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados

JUNHO 1 a 3

Encontro Vocacional - Seminário Frei Galvão (Guaratinguetá); 04 Encontro do Regional de São Paulo (Largo São Francisco); 8 a 10 Encontro Vocacional Regional - Seminário Frei Galvão - Guaratinguetá - SP 04 Encontro Regional de Pato Branco (Pato Branco); 11 e 12 Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Curitibanos); 12 a 28 Conselho Plenário da Ordem (Nairóbi no Quênia); 15 a 17 Encontro Vocacional - Seminário Francisco de Assis (Ituporanga); 18 Reunião da Comissão Preparatória do Capítulo 2018; 19 a 21 Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); 22 a 24 Encontro Vocacional - Convento do Sagrado (Petrópolis); 25 Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Balneário Camboriú);

JULHO 02 e 03

Encontro do Regional do Leste Catarinense (Santo Amaro da Imperatriz); 02 a 13 II etapa do curso para formadores, animadores do SAV e guardiães pela CFMB (Petrópolis); 9 a 13 Retiro anual (Rondinha); 19 a 22 Encontro Nacional da Juventude (Vila Velha - ES); 31 a 02 Assembleia do Sefras (Tanguá - RJ);

AGOSTO 01 a 05 Assembleia dos Frades Estudantes; 13 Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense (Rocinha); 13 Reunião da Comissão Preparatória do Capítulo 2018; 14 a 16 Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); 21 e 22 Encontro ampliado da Frente da Educação (Curitiba); 27 a 30 II Congresso de Educadores Franciscanos (Anápolis, GO); 28 e 29 Reunião da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, com leigos(as);

SETEMBRO 03 03 e 04

Encontro do Regional de São Paulo (Amparo); Encontro do Regional do Leste Catarinense (Florianópolis);

06

Reunião do Conselho de Formação e Estudos (Guaratinguetá); 07 a 10 Encontro dos Irmãos leigos da Província (Rondinha); 10 Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Gaspar); 10 Encontro Regional de Pato Branco (Mangueirinha); 11 Frente das Missões (frades e leigos) (São Paulo - Sede); 17 Encontro do Regional de Curitiba (Bom Jesus); 17 e 18 Terceiro Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Lages); 17 e 18 Encontro Regional do Contestado (Piratuba); 24 Encontro do Regional do Vale do Paraíba (local a definir); 24 a 28 Assembleia da CFMB (Santarém); 25 Conselho de Evangelização (São Paulo - Sede);

OUTUBRO 15 e 16 Reunião da Comissão Preparatória do Capítulo 2018; 16 a 18 Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); 22 a 27 III Congresso Franciscano para a AL (Guatemala); 28 a 02 Reunião da UCLAF;

novembro 12 a 21 26

Capítulo Provincial; Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião); 30 e 01 Celebração dos Jubileus;

DEZEMBRO 03 03 03 03 03 e 04 03 e 04 17 e 18

Encontro do Regional de São Paulo (Bragança Paulista); Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense – recreativo (Niterói); Encontro do Regional de Curitiba (Caiobá); Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Blumenau); Encontro Regional de Pato Branco e Contestado (local a definir); Encontro recreativo do Regional Alto Vale do Itajaí e Planalto Catarinense (Vila Itoupava); Encontro do Regional do Leste Catarinense e, no dia 17, celebração de entrega da Paróquia à Diocese (Forquilhinha)


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