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Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

SANTO ANTÔNIO

A MISERICÓRDIA em

| junho - 2016 | ANO LXIII • No 06 |


Sumário Mensagem do Ministro Provincial

“Tempo forte de Sinais Pascais”............................................................................................. 287

Artigo

A Misericórdia nos Sermões de Santo Antônio ...................................................... 290 Poemas de Frei Walter Hugo de Almeida e Frei Carlos Nunes Corrêa.. 295

Mês intenso no Noviciado........................................................................................................ 296 Pastoral Universitária da FAE realiza ação social em escola de Curitiba.297 Encontro Ecumênico no Convento São Boaventura........................................... 298

Gaspar: A Misericórdia na espiritualidade franciscana........................................ 300 166ª festa de São Pedro Apóstolo de Gaspar............................................................ 301 Posse na Paróquia de Forquilhinha.................................................................................... 302 Penha: Frei Paulo pede um mundo mais maternal.............................................. 303 Começa nova experiência para “Reviver o Dom da Vocação”....................... 306 Encontro do Regional Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí............... 307 Encontro do Regional do Vale do Paraíba.................................................................... 308 Primeiro encontro do Regional do Espírito Santo.................................................. 309

Formação e Estudos

Fraternidades

Evangelização

120 anos: O Bom Jesus que amamos.............................................................................. 310 Sefras: um novo “Chá do Padre”............................................................................................ 314 Centro do Idoso é reinaugurado......................................................................................... 316 Jovens realizam serviço voluntário no Sefras Migrante..................................... 319 Sefras Juventude inicia projeto em São Sebastião................................................ 319 Encontro de Guardiães: “Cultivo da qualidade de vida e das relações fraternas”........................................................................................... 320

Definitório Provincial

Notícias do Definitório Provincial........................................................................................ 323

UclaF

Ministro Geral pede novos horizontes........................................................................... 328

Crônica

As caminhadas franciscanas da juventude................................................................. 332

Falecimentos

Frei Antônio Lopes Rodrigues................................................................................................ 334 Falece Frei Vitalino Turcato ....................................................................................................... 338

Agenda ......................................................................................................................................... 340

CAPA: Arte do Cartaz e Fôlder da Trezena e Festa de Santo Antônio do Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | Caixa Postal 57.073 - 04089-970 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br | ofmimac@franciscanos.org.br


Mensagem

Tempo forte de sinais pascais Confrades, irmãs e irmãos, O Senhor nos dê a paz e todo o bem!

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este ano, no decorrer dos cinquenta dias do Tempo Pascal, tive a graça de viver e celebrar em distintos lugares o mistério da Ressurreição, e acolher em cada encontro as provocações do Senhor Ressuscitado que encoraja sua Igreja a não ter medo: “Eis que estou convosco todos os dia até o fim do mundo” (Mt 28,20). Esta presença misteriosa de Cristo, o Senhor da vida, faz-se vida na vitalidade das comunidades cristãs e nos diferentes serviços dos Irmãos Menores nas suas respectivas Fraternidades, Províncias e Custódias, Conferências e Ordem. 1) Vila Velha, ES, 24 a 30 de março: Meu peregrinar pascal começou em Vila Velha, na celebração da Vigília Pascal no Santuário do Divino Espírito Santo e na abertura e participação dos quatro primeiros dias do Oitavário da Festa de Nossa Senhora da Penha, com o tema específico deste ano de 2016: “Mãe e Porta da Misericórdia”. Os aleluias pascais, entoados pela Igreja Capixaba, chegavam ao coração de Deus nos clamores dirigidos à Mãe da Alegria: “Rogai por nós, rogai por nós”.

2) Porto Alegre, RS, 04 a 08 de abril: Depois, na sequência cronológica, a leitura pascal se deu na Sede da Província São Francisco de Assis, em Porto Alegre, no encontro dos Irmãos Ministros e Custódios da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB). Também nós, Ministros e Custódios, comungamos na partilha fraterna os sinais de cruz (paixão) e de luz (páscoa)

na vida das nossas Entidades. Os temas dos serviços da formação e da evangelização na CFMB estavam no centro da nossa partilha: como revitalizar e redimensionar estes serviços na nossa Conferência? A resposta devemos dar na próxima Assembleia ampliada da CFMB, em Rondinha, Campo Largo, de 19 a 23 de setembro deste ano. Sobre a nossa mesa pascal estavam outros assuntos como: a missão da Ordem na Amazônia e a nossa missão mantida pela CFMB em Roraima; ocupamo-nos da nossa missão de ministros e servos, particularmente no serviço do cuidado dos irmãos. Também visibilizamos nosso sonho de uma Igreja pascal em saída, concelebrando a Eucaristia no bairro Lomba do Pinheiro, na periferia de Porto Alegre. 3) Rondinha, PR, 12 e 13 de abril: Já na semana seguinte, em Rondinha, Campo Largo, PR, a profissão de amor e de fé na vida do Ressuscitado deu-se no encontro e na partilha dos Conselhos dos Secretariados da Evangelização e da Formação e os Estudos da nossa Província. O Capítulo Provincial enviou-nos em missão com um “Plano de Evangelização”. Assim, reunidos como irmãos, evangelização e formação foram provocando a uma nova leitura do nosso Plano de Evangelização e sua respectiva dinamização

na vida provincial. Os confrades constataram que o projeto é bonito e merece ser abraçado por cada irmão, na sua respectiva fraternidade: a permanente formação deve apaixonar-nos cada vez mais na missão evangelizadora que recebemos do Ressuscitado: “Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos” (Mt 28,19). 4) Bolívia, 24 a 30 de abril: Prosseguindo o caminho, outra belíssima experiência e leitura do mistério pascal ocorreu na XXIV Assembleia da União das Conferências junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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Mensagem

Latino-americanas dos Frades Menores (UCLAF), em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Retomando o lema do Capítulo Geral, “Rumo às periferias com a Alegria do Evangelho”, os Ministros Provinciais e Custódios da América Latina e do Caribe, em comunhão com toda a Ordem representada pelas presenças do Ministro Geral, dos dois Definidores Gerais e do Secretário Geral para a Missão e Evangelização, sentimo-nos acolhidos como irmãos na ‘ceia pascal’

5) São Paulo, 02 de maio: Eu não poderia deixar de fazer a leitura pascal por ocasião da reabertura e bênção do Salão São Francisco, na Rua Riachuelo, 268, espaço popularmente conhecido como “Chá do Padre”. Páscoa aqui se chama acolhimento digno aos seres humanos que vivem em situação de rua, de solidariedade com os que vivem nas periferias

por vários anos abrigou o Centro Franciscano de Luta contra a Aids. O prédio foi reformado e adequado como um espaço para pessoas idosas (Sefras Idoso). Para a bênção fiz questão de tomar o texto do Evangelho do dia (Mc 9, 30-37), que fala da grandeza do servir. Ser “o maior” significa servir. Servir é acolher e cuidar. Acolher e cuidar é amar. Portanto, também os idosos, como as crianças, estão colocadas no meio de nós para serem abraçadas, amadas e cuidadas.

oferecida pela Província Missionária de Santo Antônio da Bolívia e Conferência Bolivariana. ‘Pão e peixes’ foram multiplicados nas orações litúrgicas, nos relatórios das quatro Conferências que compõem a UCLAF (Cone Sul, Brasileira, Bolivariana e Guadalupana), nas reflexões em grupos e nos diversos momentos de convivência fraterna. As palavras de formação, encorajamento e animação vieram do Ministro Geral, Frei Michael A. Perry, e Definidores Gerais. Os desafios abraçados estão sintetizados no texto da mensagem final da UCLAF. Aproveito esta carta para

existenciais de um grande centro urbano e possibilidade de debates por políticas sociais justas. Visibilidades de pães e peixes que ainda se fazem presentes no trabalho da Defensoria Pública da União e, principalmente, nos almoços (300) e chás da tarde (cerca de 350) que ali são oferecidos, em parceria com a Prefeitura de São Paulo. Estes são, a meu ver, alguns dos “sinais novos que acompanham” (Mc 16,17) os discípulos do Senhor ressuscitado. Um segundo “sinal” visível aconteceu na manhã do dia 17 de maio, com reinauguração da antiga Casa de Clara, no bairro do Belém, que

6) Agudos SP, 03 a 06 de maio: Prosseguindo o caminho pascal, agora no Seminário Santo Antônio de Agudos, mais uma vez o Ressuscitado se fez presente no belíssimo encontro formativo do Definitório com os Guardiães e Coordenadores das Fraternidades da nossa Província. Como? Incitando-nos, como outrora aos seus discípulos, ao mistério mais profundo do amor: “Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará e viremos a ele e nele estabeleceremos morada” (Jo 14,23). Todos nós, no Capítulo Provincial, aprovamos nosso Plano de Evange-

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transmitir as saudações e a bênção do Ministro Geral a cada irmão da Província.


Mensagem

lização. Também elegemos três prioridades, das quais a primeira é: “Aprimorar o cultivo da qualidade de vida pessoal e fraterna”. Na nossa vida fraterna, o mistério do amor começa pelo “cuidado” com uma qualidade de vida que nos identifica como irmãos e menores no mundo de hoje. Qualidade de vida que, segundo o Papa Francisco, nos dá uma autoridade junto ao povo de Deus. Autoridade que “procede da minoridade, da fraternidade, da mansidão, da humildade e da pobreza. Por favor, conservai-a! Não a percais!” - exortou o Papa. Todos nós, ministro, vigário, definidores, guardiães e coordenadores, fomos eleitos para esta missão do cuidado dos “irmãos que o Senhor nos deu” (Test. 14) para que, como fraternidade local e provincial, a nossa missão evangelizadora brilhe como sinal de esperança e de profecia aos homens e mulheres do nosso tempo. 7) Curitiba, 10 e 11 de maio: E na última semana do tempo pascal, já na Semana da Unidade dos Cristãos, a experiência pascal também foi significativa na celebração dos 120 anos o Colégio Bom Jesus, com este slogan: “Tradição feita de futuro”. O Colégio Bom Jesus nos remete às origens da nossa presença franciscana em Curitiba. Aliás, não diferente da nossa presença em Lages, Blumenau, Rodeio e Petrópolis. Foram três as preocupações evangelizadoras na origem da restauração da nossa Província a partir de 1891: atenção aos imigrantes, comunicação (jornais) e

nhor e de Pentecostes. Nós, na nossa mesa fraternal do pão de cada dia, buscamos na Palavra do Senhor, nos Escritos de São Francisco, nos documentos da Ordem e do Capítulo Provincial a iluminação do Senhor nesta tarefa. Tempo muito rico de comunhão e discernimento! Oxalá o nosso Projeto Fraterno de Vida e Missão possa chegar à feliz conclusão nestas palavras do livro dos Atos dos Apóstolos: “Porque decidimos, o Espírito Santo e nós” (At 15,28) aquilo que o Senhor sonha conosco na nossa missão evangelizadora aqui na Vila Clementino.

educação (escolas). Será enviado às nossas Fraternidades um livro comemorativo dos 120 anos do Colégio. O anúncio pascal “ide e ensinai” abrange todas as dimensões da vida. O nosso “ensino” franciscano é o anúncio do Reino e a sua justiça que vai ao encontro de todos os valores da vida: a fé, a ciência, a cultura e toda a criação na ótica da Encíclica “Laudato Sí”. 8) São Paulo, Fraternidade da Imaculada: Finalmente, neste Tempo Pascal, também na minha Fraternidade da Imaculada Conceição, na qual fui mais hóspede por força do ofício, sobrou um tempinho precioso para sentir a presença do Ressuscitado na nossa vida e missão. A nossa Fraternidade iniciou o sagrado empreendimento da elaboração do Projeto Fraterno de Vida e Missão. Já nos reunimos quatro vezes. As duas primeiras se deram no clima da Ascensão do Se-

9. Santo Antônio, rogai por nós! Finalizo minha mensagem, saudando todas as nossas Fraternidades que nos próximos dias estarão empenhadas na celebração da Festa de Santo Antônio. Uma saudação particular às fraternidades e comunidades que têm Santo Antônio como padroeiro: Bauru, Blumenau, Florianópolis, Rio de Janeiro, São Paulo – Pari e Quibala (Angola). Que Santo Antônio, a quem São Francisco chamou de “meu bispo” por causa do ardor e sabedoria com que pregava a Sagrada Escritura, nos ajude a sermos bons Irmãos Menores, aquecidos interiormente na oração e na meditação da Palavra, homens encantados pela missão, evangelizando como fraternidade e com gestos e palavras que “contêm espírito e vida”. Que o Senhor nos abençoe e nos guarde no seu amor! Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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A MISERICÓRDIA NOS SERMÕES DE

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Tema sempre presente

O tema da misericórdia está muito presente nos Sermões de Santo Antônio. Tanto a misericórdia de Deus para com as criaturas, quanto a misericórdia do homem para com seus semelhantes. De modo acentuado, a misericórdia de Jesus Salvador e de sua santa Mãe Maria, a rainha da misericórdia. Tanto a misericórdia no singular, como virtude necessária, quanto as misericórdias no plural, visíveis nas boas ações de ajuda, especialmente nas chamadas ‘obras de misericórdia’. Tanto a misericórdia como fonte de outras boas qualidades, quanto misericórdia como consequência de atitudes fortes como o perdão, a compaixão e a obrigatoriedade de reparar maldades cometidas.

Que é misericórdia?

Ao menos duas vezes Santo Antônio define o que seja a misericórdia. No sermão do quarto domingo depois de Pentecostes, escreve: “Misericordioso é aquele que tem compaixão da miséria alheia”. Santo Antônio usa propositadamente a palavra ‘miséria’ em contraposição à ‘misericórdia’, coisa que já fizera Santo Agostinho, seu mestre, no livro A Cidade de Deus, 9, 5: “O campo da misericórdia é tão grande quanto o da miséria humana; por isso a misericórdia é a compaixão pela miséria alheia”. Nas Confissões, várias vezes, Santo Agostinho aproxima as duas palavras. No sermão para o 16º domingo depois de Pentecostes, Santo Antônio cunha

esta belíssima frase: “Ó Senhor, se me retiras a tua misericórdia, caio na miséria eterna”. A segunda vez que Santo Antônio define a misericórdia encontro-a no sermão para o 22º domingo depois de Pentecostes. Santo Antônio comenta a parábola do devedor cruel (Mt 18,2130), contada por Jesus, quando Pedro lhe perguntou quantas vezes deveria perdoar ao irmão pecador. Vamos ao texto: “A misericórdia do Senhor purifica a alma dos vícios, enche-a da riqueza dos carismas, cumula-a com as delícias celestiais. A primeira mortifica o coração contrito. A segunda suaviza-o para o amor. A terceira com a esperança dos bens supernos, inunda o coração com uma espécie de celes-

te orvalho. E isto é óbvio pela tríplice interpretação da palavra misericórdia. De fato, misericórdia quer dizer o que dá o coração miserável e isto convém à primeira misericórdia. Igualmente misericórdia significa aquele que depõe o rigor do coração e isto convém à segunda. Em terceiro lugar, misericórdia traduz-se por uma espécie de suavidade admirável que inunda o coração e isto convém à terceira. Compadecido, logo, com a tríplice misericórdia daquele servo, deixou-o ir livre e perdoou-lhe a dívida”. O latim medieval de Santo Antônio não é fácil de traduzir. Além do mais, suas palavras muitas vezes têm sentido subliminar. Vou tentar dizer o texto acima com palavras minhas: Jesus se compadeceu do empregado, perdooulhe a dívida e deixou-o ir em paz. Jesus agiu assim, porque era Deus misericordioso. A misericórdia de Deus age de três maneiras: purifica o coração arrependido, enriquece-o com o amor e o enche de alegria, refazendo nele a esperança dos bens eternos. O vício torna o coração miserável. A misericórdia o limpa. A misericórdia leva Deus a não ser rigoroso, mas benigno. A misericórdia leva Deus a ser suave com o pecador. A suavidade, a generosidade e o perdão fazem parte integrante da misericórdia.

O Pai das Misericórdias

Recolho primeiro alguns textos de Santo Antônio, que falam diretamente da misericórdia [coMUNICAÇÕES]

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de Deus Pai, ou seja, daquele Deus de quem Paulo na carta aos Efésios disse “ser rico em misericórdia, porque muito nos amou e nos deu a vida em Cristo” (Ef 2,4). Para Santo Antônio, a misericórdia de Deus é sem limites. Lembra esta verdade no sermão do 3º domingo da Quaresma: “A misericórdia de Deus é maior do que toda a malícia do pecador”. “E porque a misericórdia de Deus não tem medida, ele ouvirá a tua oração”. Longamente fala Antônio da misericórdia divina no sermão do 16º domingo depois de Pentecostes, comentando a ressurreição do jovem de Naim e sua restituição à mãe viúva. Ele vê no jovem morto a figura de toda a humanidade, morta porque estava no pecado e não tinha a vida em plenitude de Jesus Cristo: “Na restituição do pecador convertido à sua mãe (a Jerusalém celeste) há a profundidade da misericórdia divina. Ó profundidade da divina clemência, longe da compreensão da inteligência humana, porque não tem conta a sua misericórdia. Tendo Deus disposto, como se diz no livro da Sabedoria (11,21), todas as coisas com medida, conta e peso, não quis incluir nestas leis com estes limites a sua misericórdia, antes, ela é que os inclui e os circunda. Por toda a parte está a sua misericórdia, mesmo no inferno, porque não pune tanto quanto exige a culpa do delinquente. Da misericórdia do Senhor, diz o salmista (119,64), está cheia toda a terra, e todos nós, miseráveis, recebemos de sua plenitude. Pela misericórdia de Deus, sou aquilo que sou (1Cor 15,10). Sem ela, nada sou. Ó Senhor, se me retiras a tua misericórdia, caio na miséria eterna. A tua misericórdia é a colu-

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na do céu e da terra. Se a retirares, tudo cairá. Mas as tuas misericórdias são muitas, na frase de Jeremias (Lm 3,22), porque não fomos destruídos. Muitas, na verdade! Quantas vezes pecamos mortalmente, de fato, pela alma ou pelo corpo, e não fomos imediatamente sufocados pelo demônio. Tantas vezes devemos atribuir à infinita misericórdia do Senhor o ainda vivermos! É que ele espera a nossa conversão, e por isso não permite sermos sufocados pelo demônio. Logo,

por tantas misericórdias devemos dar graças ao Pai misericordioso; quantas vezes pecamos e não fomos eliminados! Ó miseráveis, porque somos ingratos perante tamanha misericórdia? Deu-lhes tempo de penitência, diz Jó (24,23), e a criatura abusa disto para se ensoberbecer. E entesoura para si ira para o dia da ira. Compadece-te, pois, da tua alma, porque as misericórdias do Senhor são antigas. Ele não se esquece de ter compaixão de quem se considera digno de compaixão”. No sermão para o 14º domingo

depois de Pentecostes, acentua muito a infinita misericórdia de Deus, que se manifesta em todas as circunstâncias: “O justo, se for cortado pelo machado do pecado mortal, não deve desesperar da misericórdia de Deus, que é maior que a sua miséria, mas ter esperança, porque tornará a reverdecer pela penitência”.

Jesus, encarnação da Misericórdia

Para Santo Antônio a misericórdia do Pai se manifesta, sobretudo, na encarnação e na paixão de Jesus: “A misericórdia, isto é, a Encarnação e a Paixão, devemos tê-la diante dos olhos do nosso entendimento”, escreveu no sermão do 16º domingo depois de Pentecostes. Jesus é a encarnação da misericórdia divina na Anunciação, misericórdia que extrapola todos os limites no Calvário e na manhã de Páscoa e se derrama sobre nós, abrindo-nos as portas do céu. Santo Antônio fala da misericórdia de Jesus particularmente na ressurreição do jovem de Naim (Lc 7,11-17), na ressurreição da filha de Jairo e na mesma página a cura da hemorroíssa (Lc 8,40-56), nas parábolas do bom samaritano (Lc 10,30-37), do filho pródigo (Lc 15,11-32), do devedor perdoado (Mt 18,21-27) e da mulher Cananeia, que lhe pediu pela filha possessa (Mt 15,21-28). Observe-se que são quase todos comentários a páginas de Lucas, o evangelista da misericórdia. Santo Antônio vê na figura do samaritano a pessoa de Jesus: “O samaritano é o Senhor, feito homem por nós. Empreendeu a viagem da vida terrena e veio até junto do machucado, veio feito semelhante ao homem


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e reconhecido na condição de homem, aproximou-se e se compadeceu de nós, e nos concedeu a sua misericórdia (Sermão para o 13º domingo depois de Pentecostes). Pouco depois, no mesmo sermão, lembrando-se do corpo místico que formamos com Cristo (1Cor 12,27), escreve: “Vemos que o estrangeiro de Jerusalém, para quem a misericórdia era obrigatória, foi mais próximo que o sacerdote ou o levita, ainda que tivessem o mesmo sangue. Ninguém nos é mais vizinho do que aquele que nos curou as feridas, porque faz uma só cabeça com os membros”. Na explicação do evangelho que fala da ressurreição da filha de Jairo (24º domingo depois de Pentecostes), Santo Antônio se detém sobre o momento em que Jesus a pega pela mão: “Tomou-a pela mão. Jesus toma a nossa mão na sua quando, por sua misericórdia, nos dá o querer, o conhecer e o poder. A mão desta misericórdia reconstrói a pessoa quando dá o conhecer e o querer; acaba-a, quando dá o poder”. Ou seja, Jesus não faz as coisas pela metade. Refaz nossa inteligência e a nossa vontade, para que possamos compreender o bem e segui-lo, porque a pessoa viva normal precisa da inteligência e da vontade. Mais, no mesmo sermão, acrescenta: “Com a mão da misericórdia livranos do poder das trevas e transferenos para o reino de seu amor”. No segundo sermão para o segundo domingo da Quaresma, Santo Antônio demora-se em analisar por que Jesus se calava diante do pedido insistente da mulher pagã, nas proximidades de Tiro e Sidônia: “Jesus não respondeu palavra à Cananeia. Ó ar-

cano do divino conselho! Ó profundo e imperscrutável mistério da eterna sabedoria! O Verbo, que no princípio existia junto do Pai, por meio do qual tudo foi feito, não responde à mulher Cananeia, à alma penitente, uma palavra! O Verbo, que torna soltas as línguas das crianças, que dá a boca e a sabedoria, não responde uma palavra! Ó verbo do Pai, criador e conservador de tudo, providência e sustento de quanto existe, responde-me ao menos uma palavra para mim, mulher infeliz, a mim, penitente! E provo, com a autoridade do teu profeta Isaías, que deves responder. De fato, o Pai, a teu respeito, promete aos pecadores, dizendo em Isaías (55,11): A palavra que sair de minha boca não tornará para mim vazia, mas fará tudo quanto eu tenha querido, e surtirá os seus efeitos naquelas coisas para as quais eu a enviei. E que quis o Pai? Certamente que recebesses o penitente, lhe respondesses uma palavra de misericórdia. Acaso não disse: O meu alimento é fazer a vontade daquele que

me enviou? Filho de Davi, tem, portanto, piedade de mim! Responde uma palavra, ó Verbo do Pai! Igualmente provo com a autoridade do teu profeta Zacarias que deves ter piedade e responder. Assim de ti ele profetizou (13,1): Naquele dia haverá para a casa de Davi uma fonte aberta, para lavar as manchas do pecador. Ó fonte de piedade e de misericórdia, que nasceste de terra bendita da Virgem Maria, que foi da casa e família de Davi, lava as manchas do pecador! Por que é que o Verbo não responde uma palavra? Certamente para excitar o ânimo do penitente a maior arrependimento e estímulo de dor maior. Por isso, dele fala a esposa nos Cânticos (5,6): Procurei-o e não o encontrei. Chamei por ele e não me respondeu”.

Misericordiosos como o Pai

Muitas vezes Santo Antônio liga a misericórdia de Deus ao arrependimento, à dor de ter pecado. No sermão acima chega a dizer que Deus demora em manifestar misericórdia, para que o pecador tenha tempo de se arrepender. O pecador tem, portanto, parte ativa, no recebimento da misericórdia. No sermão para o 22º domingo depois de Pentecostes, observa a respeito do penitente: “O peso da dor, a capacidade de amar, o comprimento da esperança, a humildade do coração chamam a misericórdia”. Santo Antônio não só falou muito da misericórdia de Deus Pai, não só mostrou que toda a pregação de Jesus está baseada na misericórdia, mas lembrou insistentemente que devemos ser misericordiosos como o Pai; que a vida do cristão é uma vida tranjunho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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çada de obras e de pensamentos misericordiosos. E até chegou a dizer que a misericórdia de Deus pode estar condicionada à misericórdia que temos e fazemos, como Jesus condicionou o perdão de Deus ao perdão que nós dermos. Assim escreve no 23º domingo depois de Pentecostes: “Quem é misericordioso para com os outros terá para ele a misericórdia de Deus”. No sermão para o 16º domingo depois de Pentecostes, Santo Antônio pede ao povo de nunca esquecer a misericórdia de Deus: “Como o rei Davi, deverás ter sempre a misericórdia diante dos teus olhos”. No sermão para a Páscoa, comenta a sarça ardente. Primeiro, diz que o nome ‘Moisés’ significa ‘varão da misericórdia’. Depois, observa que a chama sai do meio de uma sarça e comenta: a sarça é o pobre, coberto de espinhos, atribulado, faminto, nu e aflito. E acrescenta: “Que estes espinhos punjam teu coração, para que tenhas misericórdia do necessitado”.

Maria, mãe de Misericórdia Ainda uma palavra sobre Maria, mãe e rainha da misericórdia. Santo Antônio fala de Maria e se mostra teólogo mariano em ao menos 16 sermões. Assim, escreve no segundo sermão para o terceiro domingo da Quaresma: “Pecador, refugia-te em Maria. Ela é a cidade do refúgio. Como outrora, o Senhor separou cidades de refúgio para os que tivessem cometido crimes involuntários (Nm 35,11-14), assim agora a misericórdia do Senhor deu refúgio de misericórdia ao nome de Maria até para os homicidas voluntários”. E afirma no sermão para a

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festa da Purificação: “Maria é chamada mãe de misericórdia. É misericordiosa para os miseráveis, é esperança para os desesperados”. No sermão para a festa da Assunção, falando das razões de Deus para levá-la em corpo e alma ao céu, exclama: “Ó inestimável dignidade de Maria! Ó inenarrável sublimidade da graça! Ó inescrutável profundidade da misericórdia! Nunca tanta graça nem tanta misericórdia foram nem podem ser concedidas a um anjo ou a um homem, como a Maria Virgem Santíssima, que Deus Pai quis fosse mãe de seu próprio Filho, igual a si, gerado antes de todos os séculos”.

Orações para pedir Misericórdia Muitos outros textos de Santo Antônio sobre a misericórdia podiam ser citados. Alguns baseariam uma conferência inteira, como a relação entre misericórdia e confiança, misericórdia e penitência, misericórdia e julgamento. Não resisto transcrever três orações do Santo, tiradas de três sermões diferentes. A primeira é do

domingo da Quinquagésima: “Sê para mim um Deus protetor, reza o Salmo (31,3-4). Com teus braços estendidos na cruz, protege-me e defende-me, como a galinha protege e defende os pintinhos debaixo das asas. No teu lado, traspassado pela lança, encontre eu lugar de refúgio, onde possa esconder-me dos inimigos. Se eu cair, possa eu me abrigar junto de ti e não de outrem. Sê para mim, que sou cego, um guia: dá-me a tua mão misericordiosa e alimenta-me com o leite da tua

graça”. Busco a segunda no sermão para o 3º domingo depois de Pentecostes: “Senhor, olha para mim e tem compaixão de mim, porque me vejo só e pobre. Olha para o meu abatimento e para o meu trabalho e perdoa todos os meus pecados. Olha para mim com olhar da misericórdia, tu que olhaste para Pedro. Tem compaixão de mim! Perdoa-me os pecados! Acompanhame, porque me sinto sozinho! Vejome pobre e vazio, vem encher o meu vazio”. Tomo a terceira do sermão para o 4º domingo depois de Pentecostes: “Para podermos chegar à glória eterna, roguemos ao Senhor Jesus Cristo, Pai misericordioso, que nos infunda a sua misericórdia, a fim de termos misericórdia para conosco e para com os outros. E não julguemos nem condenemos ninguém. Perdoemos aos que pecam contra nós e demos a todos os que nos pedem o que temos e o que somos. Isto se digne conceder-nos aquele que é bendito e glorioso pelos séculos dos séculos. Assim seja!”. Frei Clarêncio Neotti


Antônio, Mestre da Palavra santa, Vigor, ternura, na mensagem um dia; E do Evangelho foi trombeta e encanta Inda hoje a nós, a sua sabedoria. Santo do Povo desse mundo inteiro, Mais popular está para existir! Intercessor, resolve, sim, ligeiro, O que pedimos a ele a insistir. Antônio, nosso Santo padroeiro, Íntimo amigo que dá jeito em tudo, Vê essa “encalhada” – Casamenteiro! Algo perdido sempre aí afora, Também valores que, então, nós perdemos... Antônio, ajuda, em nossa vida agora! Frei Walter Hugo de Almeida

GLORIOSO SANTO ANTÔNIO Ó meu glorioso Santo Antônio, Pregador que a todos encantas, Chamas a Igreja, família de Deus, Em missão anunciar a Palavra santa

Com o teu exemplo de vida Conduzes todos pra Cristo Senhor, Glorioso taumaturgo e mestre Ensinando-nos o caminho do amor

Neste tempo de divina misericórdia, A mesma que viveste em tua vida, Conclamas a Igreja à conversão, Graça divina a nós oferecida

Uma vida que jamais se cansou De anunciar o caminho da paz Aos pobres foste o despenseiro, E a coisa perdida nos trazes Eis que chama a todos os povos Em torno ao divino Sacramento O pão abençoado a todos Aos namorados o casamento Hoje todos louvamos ao bom Deus Festejemos o grande Pregoeiro Neste mês de festa e alegria Antônio, nosso santo brasileiro Frei Carlos L. Nunes Corrêa


Formação e Estudos

MÊS INTENSO NO NOVICIADO

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nosso noviciado está vivendo um mês muito intenso e profundo. No dia 1º de maio, às 18 horas, tivemos a celebração da Coroação de Nossa Senhora, presidida por Frei Pedro da Silva, e que em poucas palavras disse que Maria é aquela que, por graça, deu o seu sim a Deus e assim nasceu o Nosso Salvador: Jesus Cristo. Ainda dizia: ‘Tudo por Jesus nada sem Maria’. Com essas palavras, Frei Pedro abriu o mês de maio e, seguindo a tradição do Noviciado, os noviços, junto com o celebrante, deram início ao canto das Ladainhas de Nossa Senhora, com a participação ativa do povo de Deus. Para os noviços e também para os frades, está sendo um período de

entrega total ao projeto Deus e, possuindo o Santo Espírito do Senhor e o seu santo modo de operar, possamos assim dar testemunho da palavra de Cristo e de sua santíssima Mãe Maria. O outro fato marcante deste mês aconteceu na vigília de Pentecostes, quando se celebrou a missa de Ação de Graças de Dom José Jovêncio Balestieri, SDB, pelos 25 anos de vida episcopal. A celebração realizou-se na Catedral de Rio do Sul, SC, às 19 horas do dia 14 de maio. O Noviciado foi representado por Frei Rafael Spricigo e os noviços Frei Odilon Voss, Frei Pedro Isaías Luísa Vitangui, Domingos Kakanda Soma e Frei Simão Cassua Horácio.

Breve entrevista com Dom José Dom José, em que ano o senhor foi ordenado bispo? R: Eu fui ordenado bispo no dia 19 de maio de 1991, em Guaramirim/ SC. E daqui a dois anos completarei 50 anos de vida sacerdotal. Dom José, agora que o sr. está celebrando o seu jubileu de prata episcopal, como se sente? R: Faço as palavras de Nossa Senhora as minhas: “O Senhor fez em

mim maravilhas, Santo é o seu nome”. Senão fosse nosso Deus, que sempre caminha à nossa frente, nós não seríamos nada, por isso só me resta agradecer a Deus pelos 25 anos de vida episcopal. Sinto-me muito agradecido. Dom José, o sr. busca a força para fomentar a sua vocação? R: Na eucaristia e no serviço aos mais necessitados tenho dois alimentos fundamentais que fortalecem a minha fé e minha ação evangelizadora sócio-transformadora. Ou seja, a cruz vertical (fé) e horizontal (braço social da Igreja). Dom José, visto que estamos celebrando Pentecostes no mesmo dia em que o sr. celebra 25 anos de vida episcopal, quais são as palavras que nos deixa? R: Pentecostes para mim é dia de envio. É aquela missão que Cristo recebeu do Pai e agora está em nossas mãos. E não estamos sozinhos porque Ele derramou efusivamente sobre cada

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um de nós o seu Espírito Santo. Portanto, não posso dizer que sou evangelizador, mas é o Espírito Santo que é o verdadeiro evangelizador. É ele que vai sempre à nossa frente para preparar o caminho, e nós, quando chegamos, encontramos o terreno já preparado. Apenas anunciamos. Dom José, visto que nós, os noviços, estamos iniciando a Vida Religiosa, qual é o conselho que o sr. nos dá? R: Começo dizendo as palavras de nosso Papa Francisco: “Jesus não precisa de cristãos e religiosos de vitrine e manequins, mas missionários e evangelizadores”. Cristãos, padres e religiosos que realmente evangelizem, evangelizem com ousadia, sem medo de errar. Nós podemos errar, podemos até ficar enlameados, mas o importante é que falemos de Cristo e anunciemos a pessoa de Cristo em todos os recantos. Significa vestir a camisa de Jesus Cristo. É o que lhes recomendo. Paz e bem! Frei Pedro Isaias Luisa Vitangui


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PASTORAL UNIVERSITÁRIA REALIZA AÇÃO SOCIAL EM ESCOLA DE CURITIBA

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a tarde do dia 6 de maio, mais uma vez, os envolvidos com a Pastoral Universitária da FAE Centro Acadêmico foram além das catracas da instituição com um propósito: fazer o bem! Por isso, aproximadamente 40 pessoas - alunos, colaboradores e frades estudantes - puderam vivenciar momentos fortes de encontro consigo mesmo e com o próximo. Entretanto, nesta saída para uma ação social, antes de os jovens estudantes irem para o destino onde colocariam “mãos à obra”, houve uma surpresa: uma parada no Jardim Botânico de Curitiba! Antes de partir para o “fazer”, cada aluno foi convidado a reforçar em si a sua motivação em sair de seus afazeres para encontrar-se com a realidade do outro. Em um momento de silêncio, aproveitando

a beleza do lugar, cada jovem fez um break. Nada de fotos, nada de conversas: um momento de recordação da própria vida! Depois, em pequenos grupos, os envolvidos com a atividade partilharam e conheceram mais os colegas de trabalho, percebendo que todos estavam unidos pelo desejo sincero de fazer o bem! Assim, a chegada na Escola Municipal Coronel João Cândido de Oliveira foi um momento de alegria. A expectativa de encontrar as crianças que estudam nesta instituição, e perceber que mesmo em meio às dificuldades estruturais, professores e funcionários fazem o que podem e o que não podem para garantir uma educação de qualidade, fazem esta experiência ser rica de significado.

O trabalho, juntamente com a ONG Dobrando Alegrias, foi de fazer com os alunos uma dobradura para eles presentearem suas mães. No final da tarde, os frades estudantes Frei Augusto Luiz Gabriel, Frei Gabriel Dellandrea, Frei Leandro Ferreira Silva e Frei Zilmar Augusto Moreira de Oliveira prestaram uma singela homenagem às mães na sala dos professores da FAE. Além disso, os mesmos frades motivaram o corpo docente e os funcionários que estavam no local para uma oração e um canto pedindo a bênção para todas as famílias. Deus seja louvado por tantas graças recebidas! Frei Augusto Luiz Gabriel Frei Gabriel Dellandrea junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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ENCONTRO ECUMÊNICO NO CONVENTO SÃO BOAVENTURA

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Fraternidade Franciscana São Boaventura viveu no dia 14 de maio dois ricos momentos às vésperas da Solenidade de Pentecostes: A Oração Ecumênica e a Vigília de Pentecostes. Pela manhã, toda a Fraternidade se reuniu para uma Oração Ecumênica. Este momento foi enriquecido com presença fraterna de irmãos cristãos de outras duas denominações: o Padre Simão Nassry, da Igreja Ortodoxa, e da Pastora Érica Checkan, da Igreja Batista. Foi um momento verdadeiramente belo e fraterno de unidade cristã. A celebração iniciou-se com a entoação do belo canto de invocação do Espírito Santo. Frei Jean Carlos Ajluni Oliveira, anfitrião desse momento, ressaltou que “unidade não é uniformidade, não é usar vestes iguais, não é cantar os mesmos cantos, rezar as mesmas orações, mas é justamente reconhecer o Deus que se manifesta de diferentes modos, em gestos, cantos, orações e expressões diferentes”. Assim motivados, todos recitamos e meditamos o salmo 133: “Oh como é bom e agradável os irmãos viverem juntos, sempre unidos”. O ápice deste encontro foi o momento da partilha da Palavra de Deus, quando cada líder religioso pôde deixar sua mensagem de unidade. O Evangelho, um trecho extraído de São João 15, 9-17, foi proclamado pelo Padre Simão. Iniciado o momento da partilha da Palavra de Deus, Padre Simão chamou-nos a atenção para o amor: “Existem quatro tipos de Amor: o amor do Pai para com o Filho; o Amor do Filho para com o Pai; o Amor de Jesus para conosco e o nosso

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Amor para com Jesus Cristo. Assim, o Amor não é só carinho! Às vezes eu escuto alguém falando ao telefone: ‘Até mais, Padre! Beijo!’. Isso não é amor. Isso é emoção, uma amostra de carinho. O amor verdadeiro é aquele que Jesus nos dá em sua Palavra. Sem amar-nos, como Jesus Cristo, é impossível que nossa Igreja viva unida”,

frisou. E falando sobre alguns felizes sinais da união entre alguns cristãos, principalmente devido à triste realidade dos cristãos na Síria, disse: “Nós estamos nos unindo não porque estamos com medo do Estado Islâmico, mas para respeitar a Palavra de Amor de Jesus. Quem sabe, no futuro, não precisaremos fazer uma reunião para unir a Igreja de Cristo, pois a Igreja já estará unida”. A Pastora Érica, inspirada no Evangelho Proclamado, fez uma linda, emocionante e comovente oração, pedindo perdão pela falta de unidade de muitos cristãos. Confira a mensagem na íntegra: “Obrigado, Jesus, porque o Senhor nos trouxe aqui para este tempo de partilha, oração. Obrigado, Senhor, por mais uma vez colocar-nos diante da dificuldade de amar como o Senhor ama. De modo especial, ouvindo que ‘o sol cai so-


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bre os justos e injustos’, de que o Senhor não separa a luz e o calor para alguns, que o Senhor não reage conforme nossa indiferença... Senhor, eu quero te pedir perdão, porque nós não amamos assim. Nós vamos nos identificando com aquele que gostamos e, em vez de construirmos pontes, nós vamos construindo muros, dentro de casa, com os mais próximos de nossa família, na comunidade de fé, tão fragmentada... E quando nós nos reunimos aqui, como hoje, isso parece tão exceção, o que deveria ser nossa prática. Eu quero te pedir perdão! Perdão porque, em algum momento da história, nós não mantivemos o que os nossos irmãos da Igreja primitiva viveram... Eles tinham tudo em comum; eles repartiam o pão; eles estavam juntos na partilha, na casa

e no templo. E a cada dia o Senhor acrescentava os que eram salvos. Ó Deus, faz isso de volta aqui! Na nossa geração, que os nossos filhos possam comungar juntos; que os nossos netos tenham a oportunidade da partilha da tua Palavra! Muito obrigado por esta fraternidade que faz esse movimento! Ó Deus, eu ainda não sei amar como tu amas. Me ensina a amar os outros irmãos de confissão cristã. Deposito estas lágrimas no teu Altar, na certeza de que elas poderão regar sementes de esperança, sementes de unidade. Que toda Igreja se levante com os pés calçados na promoção do Evangelho da Paz; que a tua Igreja se levante servindo a todos. Por favor, Deus, derrama sobre nós um novo sopro do Espírito de teu Amor. Amém”!, suplicou a Pastora. Após esse momento orante ao redor da Palavra de Deus, rezamos juntos por todos os cristãos com a oração do Pai Nosso, que foi rezado de acordo com a versão e língua de cada comunidade cristã presente. A Oração Ecumênica terminou com o gesto da saudação da paz de Cristo entre todos os presentes. Louvamos e agradecemos ao Pai, que em seu Filho Jesus nos enviou o seu Espírito Santo e nos fez uma só comunidade, ao redor do altar, partilhando a Palavra e rezando na mesma intenção: pela unidade de todos os cristãos. O dia terminou com a bonita e bem preparada Celebração da Vigília Pascal, reunindo além dos confrades, também alguns fiéis amigos que sempre celebram conosco. Neste espírito que suplica ao Pai o Consolador, peçamos como no Hino das Vésperas de Pentecostes: “Oh vinde, Espírito Criador, as nossas almas visitai e enchei os nossos corações com vossos dons celestiais”. Frei Zilmar Augusto M. de Oliveira

ESTADO DE GRAÇA No meio deste universo imenso, não passo de um cocozinho de mosquito. Mas isso que é bonito! Do pluriverso, a perder de vista, faço parte, membro da poeira cósmica, dessa misteriosa irmandade, destarte, sou da família do infinito. É bonito! E quem tudo, tudo, criou se fez igualzinho a mim, simplesmente eu, que me habito. Isso que é bonito! Sou, agora, a perene escritura, o amém sem rasura do Amor infinito. É demais! É bonito! José Ariovaldo da Silva, OFM


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GASPAR: A MISERICÓRDIA NA ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA

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sse foi o tema abordado por Frei Paulijacson Pessoa de Moura, OFM, no Encontro “Amigos de São Francisco e Santa Clara”, no dia 24 de abril de 2016, no Salão Cristo Rei, da Paróquia de Gaspar. Desse encontro participaram as Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, inclusive Irmã Vanessa Garrido, que estava de passagem por Gaspar e que já trabalhou no Colégio Madre Francisca Lampel, os Franciscanos Seculares e várias pessoas de nossa Paróquia que simpatizam com a espiritualidade franciscana. Num clima muito fraterno o encontro começou com o café. Na sequência, a irmã Ministra Eliana Aparecida Roncálio Schmitt conduziu a oração inicial. O senhor João Bohn e Irmã Vanessa animaram o encontro. Para discorrer sobre o tema: “A Mi-

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sericórdia na Espiritualidade Franciscana”, primeiramente, Frei Paulo explicou a origem e o significado da palavra Misericórdia. A misericórdia é uma virtude moral que dispõe o homem para compreender e suavizar a infelicidade dos outros, considerando-a, de certo modo, como própria quando vê seu próximo sofrer, criando assim um vínculo afetivo. A misericórdia implica num aspecto “passivo”. Sentimos como fossem nossos os males (compaixão). Inclui também um momento “ativo” (beneficência): passando-se para a ação visando sanar a miséria encontrada (fim específico). Por um lado, a misericórdia é efeito do amor compreendido como ato principal da caridade, tende, de fato, ao bem ao próximo, como a própria caridade. A ideia que Francisco tem da misericórdia é rica em conteúdo e atual em sua concepção. Francisco chama a atenção para a íntima relação entre a misericórdia de Deus e o mundo, e antes de tudo com a própria vida. “A misericórdia divina” está na ordem da vocação de Francisco (1Cel 3) e o seu amor para com os leprosos. Ele recebe e transmite a misericórdia. De objeto se torna sujeito: “E eu

tive misericórdia com eles” (Tet 2; 1Cel 17 e LTC 11-22). As fontes também atribuem à misericórdia de Deus a vocação de Clara e de tantas irmãs. O Senhor, “por sua misericórdia e graça” (TestC 9), inspirou Francisco em guiar Clara e suas irmãs. Para finalizar, Frei Paulo citou um pensamento do Papa Francisco, o Papa da Misericórdia: “A Igreja não está no mundo para condenar, mas permitir o encontro com aquele amor visceral que é a misericórdia de Deus. Para que isso aconteça, tenho repetido muitas vezes, é necessário sair. Sair das igrejas e das paróquias, sair e ir procurar as pessoas lá onde elas vivem, onde sofrem, onde esperam. Espero que o Jubileu Extraordinário faça emergir cada vez mais o rosto de uma Igreja que redescobre as entranhas maternas da misericórdia e que vai ao encontro de tantos ‘feridos’ necessitados de escuta, compreensão, perdão e amor”. Na pausa da palestra, a Irmã Ministra Eliana conduziu uma dinâmica onde todos, sem exceção, participaram ativamente. Depois da belíssima explanação de Frei Paulo, houve a Celebração Eucarística. Para finalizar, como não poderia deixar de ser, houve uma gostosa macarronada preparada por Felipe Bohn e Bernadete Deschamps (Dete). Participaram também do almoço, Frei Carlos Ignácia, Assistente Espiritual da Ordem Franciscana Secular e Frei Lindolfo Jasper, Vigário Paroquial, que foi transferido para trabalhar em nossa Paróquia. Paz e Bem! Gertrudes Crescencia Spengler


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166ª festa de São Pedro apóstolo DE GASPAR TEMA: “SÃO PEDRO E A MISERICÓRDIA” LEMA: “SEDE MISERICORDIOSOS COMO O PAI”

(Lc 6,36)

166ª Festa de

São Pedro Apóstolo 2016

29 de Junho a 03 de Julho

Sede Misericordiosos como o Pai Lc 6,36

PROGRAMAÇÃO

04/07 - SEGUNDA-FEIRA 19H00 - Missa de Ação de Graças pela Festa. Frei Paulijacson Pessoa de Moura, OFM

FESTEJOS POPULARES 29/06 - QUARTA FEIRA 18h30 - MACARRONADA e Bolo.

25/06 - SÁBADO 19H00 - Missa com festeiros e trabalhadores da Festa Frei Paulijacson Pessoa de Moura, OFM Após a Missa, procissão luminosa pelas ruas da cidade. 30/06 - QUINTA-FEIRA 16H00 - Missa para idosos e enfermos – Frei Carlos Ignácia, OFM 19H00 - 1º DIA DO TRÍDUO Paróquia São Pedro Apóstolo - Gaspar - SC Tema: “Família, Paróquia doméstica: Berço do amor, da misericórdia e do 02/07 - SÁBADO perdão” 15H00 - Missa da catequese e Pregador: Frei João Fernandes Reinert procissão – Frei João Fernandes Comunidades: São Brás, Nossa Reinert Senhora Aparecida, São Judas 19H00 - 3º DIA DO TRÍDUO Tadeu, São Sebastião e Pastoral da Tema: Comunidade de Sobriedade, Noivos, Batismo, Saúde, Comunidades: “Lugar do exercício Criança, Conferência Vicentina, da misericórdia, na unidade e na Movimento de Cursilho, Equipes de diversidade” Nossa Senhora e Ministros. Pregador: Frei João Fernandes Reinert Carreata: Saída da Comunidade São Comunidades: Jesus Cristo Brás Libertador, Santa Clara, Bom Jesus, Santa Terezinha, Santa Rita, 01/07 - SEXTA-FEIRA Ordem Franciscana Secular, Irmãs 19H00 - 2º DIA DO TRÍDUO Franciscanas, Coroinhas e Jovens. Tema: “Paróquia Missionária: Carreata: saída da Comunidade Jesus Pescadores da misericórdia” Cristo Libertador. Pregador: Frei João Fernandes Reinert Comunidades: Santo Antônio, 03/07 – DOMINGO Virgem de Nazaré, Nossa Senhora de SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO Fátima, Santa Paulina, São Cristóvão, PAULO São João Batista e RCC, Novena 07H00 - Procissão pelo Rio Itajaí Açu Nossa Senhora das Graças, Sevas – Saída do Porto de Areia Deschamps – com Maria (N. Sra. Desatadora dos Poço Grande. Nós), Apostolado da Misericórdia, 09H30 - Missa Solene em honra ao Apostolado da Oração, Movimento Padroeiro São Pedro – Festeiros e Lareira, Movimento de Irmãos e comunidade. Grupos de Reflexão. Animação: Coral e Banda. Carreata: Saída da Comunidade Santo 19H00 - Missa do Padroeiro – Frei Antônio. Lindolfo Jasper, OFM

“São Pedro e a Misericórdia”

30/06 - QUINTA-FEIRA 18h30 - RODÍZIO DE SOPA, fogueira, quadrilha, churrasco, pastel, bolo, cuca, sonho, pinhão, quentão, cachorro quente, porquinho-da-Índia, roda dos festeiros (bicicletas, toalhas, etc.), roda dos brinquedos (bonecas, carrinhos, etc.), sacola- surpresa, pescaria, Bazar das Bordadeiras....

01/07 - SEXTA-FEIRA 19h30 - CHURRASCO, pastel, bolo, cuca, sonho, café, pinhão, quentão, cachorro quente, porquinho-daÍndia, roda dos festeiro, (bicicletas, toalhas, etc.), roda dos brinquedos (bonecas e carrinhos, etc.), sacolasurpresa, pescaria, Bazar das Bordadeiras.... 02/07 - SÁBADO 10h30 - CHURRASCO, pastel, bolo, cuca, sonho, café, pinhão, quentão, cachorro quente, porquinho-da-Índia, roda dos festeiros (bicicletas, toalhas, etc.), roda dos brinquedos (bonecas, carrinhos, etc.), sacola-surpresa, pescaria, Bazar das Bordadeiras.... SHOW PIROTÉCNICO 03/07 – DOMINGO durante o dia BUFFET, churrasco, batata frita, pastel, bolo cuca, sonho, café, pinhão, quentão, cachorro quente, leilão de gado,porquinho-da-Índia, roda dos festeiros (bicicleta, toalhas, etc.), roda dos brinquedos (bonecas, carrinhos.), sacola-surpresa, pescaria, Bazar das Bordadeiras..... junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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POSSE NA PARÓQUIA DE FORQUILHINHA

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Homenagem a Frei Paulo Borges “Gostaria de partilhar com toda a Fraternidade Provincial esse fato marcante em minha vida. Apesar de não merecer, acolho como bênção recebida. Com apenas 2 anos aqui, foi concedido a mim o título de Cidadão Agudense, com a compreensão de que a fraternidade é que recebeu tal mérito. Por trás de um frade, sempre há uma ‘fraternidade viva’”. Um abraço Frei Paulo Borges

á quase dois meses chegaram à Paróquia Sagrado Coração de Jesus Frei Ivo, Frei João e Frei Ricardo. Eles têm feito um ótimo trabalho junto às várias pastorais. Forquilhinha acolheu os três com muito carinho, com a certeza de que os trabalhos iriam continuar em boas mãos. Assim como dizia São Francisco de Assis, “fomos enviados para curar os feridos, unir os que estão separados, mostrar a verdade aos que estão perdidos no erro”. Eles, então, foram enviados também para serem instrumentos de Deus para os fiéis. No dia 12 de abril, foi realizada a tomada de posse do Freis Ivo (pároco) e do Frei Ricardo (vigário paroquial), numa celebração muito bonita, presidida pelo Padre Vilson Buss (Vigário da Diocese), onde oficialmente eles foram apresentados à comunidade. Na oportunidade eles receberam a chave do sacrário, a estola e vários outros itens da igreja como forma de acolhida a eles. Frei Ivo, em sua simplicidade, usando lindas palavras, agradeceu a todos pela acolhida e por recebê-los com tanto carinho. E o mais bonito foi que durante a celebração um cachorro entrou dentro da igreja e ficava passeando em meio ao público, confirmando assim o carisma franciscano que existe em cada um, tendo em vista que São Francisco é o protetor dos animais. Mariane Generoso Rodrigues


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ROMARIA DAS MÃES DA PENHA

FREI PAULO PEDE UM MUNDO MAIS MATERNAL

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a primeira grande celebração no Campinho do Convento da Penha, o novo guardião Frei Paulo Roberto Pereira presidiu, no sábado (7 de maio), a celebração em homenagem às mães. Um mês depois da Festa da Penha, onde as romarias foram as grandes manifestações de fé à Virgem Mãe de Deus, desta vez foram as mães que subiram em romaria o Morro da Penha. A “Romaria das Mães” já é tradicional, pois desde 1956, como mostra o livro de registros do Convento da Penha, as mulheres do interior do Estado, por não conseguirem participar da Festa da Penha, aproveitavam a vinda à cidade na véspera do Dia das Mães para subir ao Santuário, quando levavam flores para Nossa Senhora. Essa devoção, aos poucos, conquistou espaço nas celebrações litúrgicas do Convento. A preparação para a Santa Missa,

às 15h30, começou bem antes, com terço, cantos e orações. Aos fiéis que lotaram o Campinho, Frei Paulo aproveitou para apresentar os novos frades no trabalho de evangelização dos franciscanos no tradicional Santuário erguido por Frei Pedro Palácios. “O Alan (Frei Alan Leal) é o nosso frei mais novo. Aí, chegou depois o Frei Pedro (Frei Pedro Rodrigues), o de cabeça branca. Mas no Convento ele é novo… O outro Frei Pedro (Frei Pedro Engel) vocês já conhecem: é aquele que ao final das celebrações sempre distribui generosamente água benta para todo mundo. E eu sou Frei Paulo. Fiquei feliz também de ser frei novo”, brincou o guardião. “Aliás, essa é uma das bênçãos das transferências. Normalmente, quando vai haver uma transferência, o povo das paróquias que têm religiosos e religiosas lamenta as suas saídas. Para nós, é sempre bom, porque em cada lugar a gente vai ser frei novo”, disse

Frei Paulo acolheu os romeiros e romeiras que “escolheram o Convento para rezar, agradecer, louvar e bendizer o nome do Senhor” e iniciou a sua homilia perguntando qual a importância de viver a maternidade, tanto a maternidade biológica quanto aquela outra maternidade, necessária para o cuidado da natureza, da criação. “A maternidade necessária, que faz o mundo um lugar possível para viver o Evangelho, é que nós celebramos nesta tarde aqui. Então, nossa gratidão a todos que se juntam a nós para fazer a sua prece, seu louvor ao Senhor e assumir o compromisso por um mundo mais maternal. É essa a ideia. Como o poeta que dizia: ‘Eu não quero pátria, eu quero frátria, eu quero mátria’, eu quero irmãos, eu quero mães. Eu não quero a ditadura de quem manda quem pode, obedece quem tem juízo. Não é nada disso que a gente quer. A gente quer fraternidade e maternidade. A gente quer cuidado, a gente quer junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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respeito. Por isso que a está aqui para rezar”, esclareceu. Segundo Frei Paulo, enquanto muitos escolheram o caminho dos shopping-centers para comprar presentes, milhares escolheram o caminho do Convento. “O caminho da prece e da presença. Nós queremos a presença de Deus em nossa vida, nós queremos ser presentes de Deus na vida do irmão e da irmã”, enfatizou, ressalvando: “Mas a gente não tem que ficar julgando os outros que foram ao shopping, dizendo: ‘Eu vim ao Convento. Eu sou melhor…’. Nada disso, não somos melhores. Pelo contrário. Em muitas ocasiões, a gente é bem pior. Não cabe a nós julgar. Cabe a nós escolher bem. A nossa vida é feita de escolhas e será feliz aquele e aquela que escolher bem. Fazer boas escolhas é a primeira missão desta tarde. Escolher bem. Escolher o bem, escolher a Deus. Essa é uma excelente escolha que qualifica a nossa vida e nós escolhemos vir à casa da Mãe de Deus, à casa das Alegrias, à casa da Virgem da Penha”, ensinou, pedindo um viva a Nossa Senhora. Para Frei Paulo, aos capixabas de nascimento ou capixabas por adoção, em momentos de alegria ou de tristeza, basta avistar o Convento para fazer uma prece a Maria. “Ela recolhe as nossas preces e apresenta a Deus,

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apresenta ao seu Filho Jesus, que vem em nosso socorro. É bom saber que no céu uma mãe cuida de nós. É bom que a gente cultive o desejo de estar aqui. Venham sempre ao Convento da Penha! Ele é a casa de todos nós porque é a casa de Nossa Mãe. Uma casa de mãe não tem tranca, está sempre aberta para acolher seus filhos e filhas. Essa experiência devemos sempre, podemos sempre, fazer no Convento da Penha”, conclamou.

PORTA DA MISERICÓRDIA

Frei Paulo aproveitou para falar sobre o Ano Santo da Misericórdia, que segundo ele foi uma feliz inspira-

ção do Papa Francisco. Perguntou ao povo quem tinha passado pela Porta da Misericórdia e constatou ali que a grande maioria já o fez. “Mas queria lembrar uma coisa: a gente não pode pensar que a Porta da Misericórdia é aquele portal pelo qual nós passamos e todos os nossos pecados caem por terra. Ou então que a Porta da Misericórdia é como um portal mágico que nos purifica dos nossos erros. Nem posso pensar que ao passar a porta, no segundo passo, já não tenho mais pecado. Não é bem assim!”, disse, recordando a parábola do bom samaritano. “O samaritano nem era gente con-


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siderada religiosa. E o que fez o samaritano? Fez misericórdia para com ele. Então, passar pela Porta da Misericórdia, ir à casa da Mãe encontrar-se com a misericórdia, significa treinar o nosso olhar para perceber a dor do outro. Treinar o nosso coração para perceber o outro caído à beira do caminho e erguê-lo do chão. Fazer misericórdia é, sim, ter o nosso coração perdoado dos pecados, mas é também e, sobretudo, fazer o exercício de aproximação. É chegar perto, partilhar a dor, estender a mão, ajudar a levantar. Isso é misericórdia”, observou. Segundo o guardião, aproximar-se daquele que sofre é um exercício importante. “E vejam: quem de nós nunca ouviu falar ou até mesmo falou assim: ‘Na casa do meu pai, ele nem precisava me falar. Bastava um olhar para a gente entender e obedecer’. Não era assim? Muitos de vocês já falaram

isso? Hoje não é assim. Tem que falar uma vez, duas, três, quatro (foi aumentando a voz). Que tristeza! Gritar não é bom sinal. Para entender o que o pai dizia era preciso ter o nosso olho perto do dele. Não é verdade? Se a gente está com o olhar longe, como é que a gente vai entender o que outro está querendo dizer sem precisar usar palavras? Aproximar o olhar. Se na sua casa tem muitos gritos, é sinal que o olhar está longe ou até olhando em direções diferentes”, frisou, dizendo que aproximar o olhar é tarefa que nos faz misericordiosos.

MISSÃO DA PORTA DA MISERICÓRDIA

“Vocês vieram aqui para rezar pelas Mães, rezar pelos filhos, pela família. Excelente! Escolha belíssima que vai qualificar o seu domingo e vai fazer mais saborosa aquela macarronada que a gente vai dividir amanhã. Excelente escolha. Rezar pelo irmão. Mais excelente ainda é rezar com o irmão. Rezar com o filho, com a filha, com a mãe”, explicou, contando que viu uma reportagem na televisão mostrando que os filhos estavam dizendo que iam gastar em torno de 80 reais nos presentes para a mãe. “Eu dizia: ‘olha, não está tão fácil de gastar dinheiro’. Mãe merece muito mais. É claro! Vou dar uma sugestão: Com apenas dez reais, você vai dar um excelente presente para sua mãe. Vem com ela rezar no Convento. Excelente presente!”, propôs, perguntando quem

tinha o privilégio de ter um filho rezando com ela no Convento. “Uma salva de palmas. Excelente presente! Excelente! Rezar pela sua família é missão de cada um de nós, mas rezar em família é uma missão mais urgente ainda. Não estou iludido, eu tenho certeza. É muito difícil esta tarefa de rezar em família. Um sai 5 hs da manhã, outro mais tarde, outro chega às 8 hs da noite, outro à meia-noite. Um não quer saber de Igreja, outro já foi para a Igreja evangélica… Sei que é difícil. Mas com o coração perto, com o olhar aproximado, você, como mãe, pode pedir ao seu filho: ‘Fica aqui um bocadinho’. Um minuto. Uma vez por semana, por mês, uma vez por ano. Chama o seu filho para rezar com ele. Insista nisso, vale a pena, vai dar qualidade à sua família. Rezar em família é muito nobre. Nobilíssimo!”, repetiu. Já no final de sua homilia, lembrou que queremos levar bênçãos para nossa família. “Pedimos que Deus abençoe nossas famílias. A gente até canta bonito… ‘Abençoa, Senhor, a família….’. Ótimo, a gente tem que confiar sempre na força de Deus que sustenta a nossa família, mas a gente quer mais, porque bênção, além de ser uma oração de proteção, bênção é bendição, é dizer bem, bênção é louvação. Mas você quer bênção para a sua família? Elogie sua filha, elogie seu esposo, seu filho. Será que não tem nada, ele só faz coisa errada? Qual foi a última vez que você disse: ‘Você é bonito’, mesmo que ele seja feio? Não tem problema. Bendiga seu familiar, sua esposa, fale bem dela. Não fique só reclamando. Assim, de que adianta pedir bênção?!”, questionou, pedindo aos fiéis que se comprometessem em bendizer suas famílias a partir de hoje. Frei Paulo terminou cantando a música-hino à família de Roberto Carlos. Moacir Beggo (texto) e Solange Souza (fotos) junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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Começa nova experiência para “Reviver o Dom da Vocação”

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om as bênçãos do Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel durante a Missa de Envio nesta quarta-feira (18/05), no Convento São Francisco de São Paulo, teve início a quarta edição do Projeto “Reviver o Dom da Vocação”, promovida pela Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB). Quinze frades embarcaram para viver essa experiência durante um mês. “A experiência começa na Terra Santa - nos caminhos de Jesus - e termina em Assis - nos Caminhos

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de Francisco”, explicou Frei Fidêncio, que também é vice-presidente da CFMB. Frei Fidêncio desejou uma boa viagem e uma rica experiência de fé nos lugares santos. “Vocês iniciarão esta experiência na Terra Santa. Como outrora os discípulos de Jesus, chamados ao “vinde e vede” e convocados a percorrer o caminho do Reino, também desejo a vocês uma profunda experiência de encontro com o Cristo do Evangelho, sentido primeiro da nossa vocação e missão como Frades Menores. E

depois, na segunda etapa da experiência do Reviver o Dom da Vocação, percorrendo os santuários franciscanos de Assis, Alverne e Vale do Riete, o simples contato com estes lugares consagrados por São Francisco de Assis, certamente os ajudará a reavivar o dom da vocação franciscana presente em cada um, exatamente como nos recorda Santa Clara: ‘Entre tantos benefícios que diariamente recebemos do Deus da Misericórdia está a nossa vocação’”, acrescentou o Ministro Provincial.


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ENCONTRO DO REGIONAL PLANALTO CATARINENSE E ALTO VALE DO ITAJAÍ

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om as boas vindas do coordenador do Regional Frei Vilmar Alves aos 17 frades das fraternidades de Ituporanga, Lages e Curitibanos, teve início no dia 25 de abril o primeiro encontro do ano, que se estendeu até o dia seguinte. O guardião da Fraternidade, Frei Marcos Melo, nos acolheu com as boas vindas e com algumas orientações práticas. Em seguida, Frei Alberto Eckel iniciou a oração da tarde. Frei Vilmar fez a proposta de que na tarde do dia 25 ficaríamos com a apresentação dos frades novos, com a eleição do novo coordenador e vice coordenador, secretário e vice secretário do Regional e, logo feita a eleição faríamos uma partilha das Fraternidades. Na manhã do dia 26 faríamos o estudo sobre o Projeto Fraterno que deverá ser elaborado pelas fraternidades. Também seriam apresentadas as comunicações do Definitório e, por fim, escolheríamos as datas dos Re-

gionais. Todos concordaram com a proposta. Com isso, Frei Marcos Melo será o coordenador e Frei Evandro Balestrin o vice, sendo Frei Roberto secretário e Frei José Lino vice-secretário. Cada fraternidade do Regional colocou um pouco dos trabalhos feitos na paróquia em que está atuando. Foi partilhado que todos os frades estão bem engajados nos trabalhos e as realidades das paróquias. Quanto às fraternidades, foi dito que todas estão convivendo bem e os frades se ajudando mutuamente. Terminamos a primeira parte do Encontro Regional às 18 horas e Frei Marcos Melo deu mais algumas informações de como iria continuar dia 26 e convidou todos os frades para um jantar recreio às 19 horas. No dia 26, às 8 horas, tivemos o café da manhã e, logo depois, mais precisamente às 9 horas, iniciamos a segunda parte do Encontro Regional com a

oração feita por Frei Marcos Melo. Na oração foi lembrado de celebrar o dom da vida de Frei Elias Dalla Rosa. Depois da oração, Frei João Mannes, o Definidor regional, fez uma explanação sobre o Projeto Fraterno de Vida e Missão. Falou-nos sobre a importância de cada fraternidade ter o seu Projeto Fraterno de Vida e Missão, que vai nortear cada fraternidade a seguir seu específico dentro da Paróquia. Expôs aos frades os passos para a recomposição do Projeto e depois fez as comunicações do Definitório. Em seguida, Frei Marcos Melo convidou a escolhermos as datas dos próximos regionais: 18 e 19 de julho, Curitibanos; 26 e 27 de setembro, Lages; e 12 e 13 de dezembro, Regional recreativo. Terminamos o encontro às 12 horas, no almoço com os seminaristas. Roberto Carlos

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Fraternidades

ENCONTRO DO REGIONAL DO VALE DO PARAÍBA

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oi realizado no dia 25 de abril o primeiro encontro do ano no Regional do Vale do Paraíba. Os confrades foram acolhidos no Seminário/Postulantado Frei Galvão, em Guaratinguetá, pela Fraternidade da casa e pelo Definidor Frei João Francisco da Silva. Feita a oração inicial, Frei João Francisco acolheu os novos frades: Frei João Pereira da Silva, Frei Leonir Ansolin, Frei Virgílio Pereira de Souza, Frei Jeâ Paulo Andrade, novo mestre do Postulantado. Em seguida, procedeu-se à eleição para coordenador: Frei João Pereira da Silva; vice-coordenador: Frei Leonir Ansolin. Secretário: Frei Claudino Dal’Mago; vice-secretário: Frei Jeâ Paulo Andrade. Ganharam destaque, com a leitura e partilha, os conteúdos do Relatório do Visitador Geral e o Relatório do Ministro Provincial, bem como as Prioridades do Sexênio e o Projeto Fraterno de Vida e Missão. Na partilha, algumas constatações: dever-se-á levar em conta que não há respostas mágicas para a solução de questões na vida fraterna, mas será possível obtê-las a partir da Fraternidade; há Fraternidades fragilizadas: talvez por falta de revigoramento na espiritualidade; com certo percentual de certeza, a formação inicial e continuada, bem conduzidas, ajudam a analisar e a vencer entraves e desafios internos, e pôr em prática os valores apontados nos Relatórios. Propõe-se, para tanto, tra-

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balhar mais, envidar mais esforços, “gastar” mais vida, não somente em favor dos jovens, mas com os jovens, na formação humana, cultural e fraterna. Essa importância foi apontada também por Frei Walter Hugo de Almeida, quando se referiu ao trabalho interno com os jovens da Fazenda Esperança: ali, eles têm uma oportunidade de construir o cidadão de amanhã. Da Fraternidade Nossa Senhora do Amparo, em São Sebastião, Frei João Pereira ressaltou o valor da formação religiosa e devocional do povo de sua Paróquia: cresce a devo-

ção a Frei Galvão, na divulgação das Pílulas de Frei Galvão. Ganha força, a cada ano mais, também a Festa dos Pescadores, naquela região. Nas atividades do Postulantado, Frei Jeâ expressou seu contentamento no exercício de sua nova missão, como mestre. Junto aos Postulantes, coordena os Círculos Bíblicos, o apostolado de visita aos doentes do Hospital Frei Galvão, atendimento aos Romeiros, a confecção das “Pílulas de Frei Galvão”. Frei Claudino Dal’Mago


Fraternidades

PRIMEIRO ENCONTRO DO REGIONAL DO ESPÍRITO SANTO

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o dia 25 de abril, numa sala do Centro de Pastoral da Paróquia do Rosário de Vila Velha, deu-se início ao primeiro Capítulo Regional do ano, estando presentes todos os componentes, ou seja: Frei Paulo Pereira (guardião da Penha e Definidor), Frei Paulo César Ferreira, Frei Pedro Engel, Frei Pedro de Oliveira, Frei Claudius Guski, Frei Ari Praxedes e Frei Alan Leal de Mattos. Este último persolvendo seu Ano Missionário. Frei Djalmo Fuck (guardião do Santuário), Frei Clarêncio Neotti, Frei Nazareno Lüdtke, Frei Vunibaldo Vogel e Frei Florival Toledo. Frei Gilson Kammer (guardião de Colatina), Frei Mário Stein e Frei Pedro do Nascimento Viana. Sendo a primeira vez que o Regional se reuniu no triênio, o Definidor Frei Paulo Pereira assumiu o comando da pauta, logo depois de Frei Djalmo dar as boas vindas a todos. A primeira palavra do Definidor foi acentuar a importância do Capítulo como iluminação dos programas propostos pelo Capítulo Provincial e como uma forma de praticar o redimensionamento que, segundo o Definidor, não é apenas a recomposição das Fraternidades, mas novo vigor no dia a dia da convivência da Fraternidade e no modo franciscano de fazer pastoral. Por cédulas foram eleitos o presidente do Regional, na pessoa de Frei Gilson Kammer, e do secretário Frei Clarêncio Neotti. Também saíram eleitos o vice-presidente Frei Paulo César

Ferreira e o vice-secretário Frei Floriano Toledo. Frei Paulo Pereira passou então a comentar o livreto Plano de Evangelização 20016-2021, fruto do último Capítulo Provincial, que a Secretaria mandou a cada confrade. Cada Fraternidade apresentará por escrito e dele fará uma exposição oral para todos no próximo Regional. Insistiu-se que olhássemos, sobretudo, a prática das propostas. Como apareceu a ideia de fazermos nosso retiro sobre o resultado desse estudo, discutimos o tema do retiro anual. Depois de várias opiniões pró e contra a realização de um retiro exclusivo do Regional, decidiu-se que o Definidor levará ao Definitório o pedido do Regional para que Vila Velha abrigue um retiro de âmbito provincial, sob a responsabilidade da Formação Permanente e em data marcada por ela de acordo com a disponibilidade do Projeto Santa Clara. Foram marcadas as datas e os locais dos próximos encontros: dia 13 de junho, festa de Santo Antônio, em Colatina; dia 26 de setembro, na Penha; dia 12 de dezembro, o encontro festivo, que ficou a cargo do presidente escolher o local e a modalidade. Decidimos também celebrar juntos algumas datas franciscanas. Ficaram já marcadas: o

Trânsito de São Francisco, no Santuário; o almoço da festa de São Francisco, na Penha; a festa de São Frei Galvão, em Colatina. O Convento e as 10 comunidades que compõem a Paróquia do Rosário celebrarão os 800 anos da Porciúncula, com uma procissão luminosa ao Campinho na sexta de noite, dia 29 de julho. Procuraremos também celebrar juntos os aniversários dos Confrades do Regional, sobretudo o de Frei Pedro Engel, que completará 80 anos no dia 27 de agosto. O Definidor falou então do outro livreto já enviado pela Secretaria Provincial a todos os Frades: Projeto Fraterno de Vida e Missão. Lembrou que o subsídio contemplou os relatórios do Ministro Provincial e do Visitador, a conferência do Padre França Miranda e algumas propostas capitulares. Passamos então a ver alguns trabalhos em âmbito regional. Às 12h20, Frei Paulo agradeceu a presença de todos, lembrou que a presença de todos os Confrades é tradição no Regional do Espírito Santo, pediu a Frei Djalmo dar a bênção e declarou que, com o almoço, estaria encerrado o primeiro capítulo regional. A ata completa está transcrita no devido livro. Este é apenas um resumo. Frei Clarêncio Neotti junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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Evangelização

O BOM JESUS QUE AMAMOS

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á exatos 120 anos, no dia 11 de maio de 1896, uma semente de conhecimento foi plantada no solo da então jovem cidade de Curitiba (PR). Com a paciência e a sabedoria herdada de São Francisco de Assis, alguns poucos frades franciscanos regaram esta semente com perseverança e amor. E então, de um pequeno colégio com um pouco mais de 100 alunos, esta instituição tornou-se grande e centenária, atendendo mais de 25 mil estudantes em cinco estados brasileiros. Dia 11 de maio de 2016, data histórica! Fizeram-se presentes na solenidade dos 120 anos da Associação Franciscana Senhor Bom Jesus as seguintes autoridades: Dom José Mario Angonese, bispo da Arquidiocese de Curitiba; Frei Fidêncio Vanboemmel, Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição; Gustavo Fruet, prefeito de

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Curitiba; Fabiana Campos, representante da Secretaria de Educação do Paraná; Flávio Arns, secretário de assuntos especiais do Paraná; Zaki Akel Sobrinho, Reitor da Universidade Federal do Paraná; Darci Piana, Presidente do sistema Fecomercio, SESC – SENAC do Paraná; Fernanda Boroski Krueger, representante da Secretaria Municipal da Educação; Ademar Batista Pereira, representante da Federação Nacional das Escolas Particulares; e Jacir Venturi, presidente do SINEP-PR. Marcaram presença também di-

retores e líderes de ensino. O presidente da Associação Franciscana Senhor Bom Jesus, Frei João Mannes, fez a abertura oficial do evento. Frei João destacou que o colégio Bom Jesus possui uma história bela e honrada, que teve início com muita paixão e dedicação de um grupo de frades e educadores ainda na década de 1890. “Hoje, nós olhamos para o nosso passado centenário com gratidão, porque ao longo desse tempo muitos homens e mulheres foram inspirados pelas virtudes franciscanas, dedicaram-se integralmente ao nobre propósito de oferecer à sociedade um ensino e uma educação de qualidade”, afirmou o presidente. “Nesses 120 anos de história, todo o esforço não foi em vão, pois com toda a humildade e a inspiração em São Francisco de Assis, a instituição conquistou o reconhecimento da socie-


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dade pela sua excelência de ensino. Essa confiança, principalmente de pais e de alunos, permitiu ao grupo educacional Bom Jesus expandir a sua atuação em cincos estados brasileiros com unidades do Colégio Bom Jesus e da FAE-Centro Universitário. Somos muito gratos a todos os confrades e colaboradores que já passaram pelo Bom Jesus e especialmente aqueles que convivem e trabalham atualmente conosco. A história do Colégio Bom Jesus continua e constrói-se hoje com a contribuição diária de cada funcionário que com os seus talentos peculiares se coloca a serviço dessa instituição. O espírito de união e de colaboração de todos abre-nos a esperança de um futuro ainda mais promissor para o grupo educacional Bom Jesus”, desejou. Frei João, também anunciou uma importante novidade: “Por ocasião desta solenidade estamos implantando em nossas unidades educacionais o projeto Bom Jesus Social. Com o desenvolvimento desse projeto, nós, frades

e colaboradores do Bom Jesus, queremos formar uma ‘fraternidade em saída’, uma fraternidade que sai ao encontro dos mais necessitados da sociedade, queremos formar uma fraternidade franciscana em que é possível identificar sinais, gestos e ações de solidariedade para com os empobrecidos, excluídos, encarcerados, enfermos, populações de rua, enfim, com pessoas e entidades de diferentes periferias. O projeto Bom Jesus Social pretende contribuir para a inclusão social de inúmeras pessoas marginalizadas, e assim tornar ainda mais visível em nossa instituição o rosto misericordioso de São Francisco de Assis”, ressaltou o presidente, agradecendo a

todos os colaboradores do Bem Jesus, de forma muito especial à Província Franciscana, que optou mais uma vez pela educação como uma de suas principais frentes de evangelização. Agradeceu também aos pais que diariamente enviam seus filhos paras as unidades do Bom Jesus, afirmando que eles acreditam na proposta de ensino do grupo educacional Bom Jesus. Pelo Bom Jesus, o diretor geral Jorge Apostolo Siarcos leu uma mensagem, a mesma que foi enviada para todas as 34 unidades da rede Bom Jesus. “São 120 anos repassando os ensinamentos de São Francisco de Assis e escrevendo uma história de amor à educação. A mística franciscana vai ao encontro de propostas como o pacto global, no qual reforçamos o nosso compromisso em apoiar os dez princípios deste pacto, fortalecendo os direitos humanos e nos direcionando a um crescimento sustentável. Os 120 anos do Bom Jesus estão repletos de desafios e mudanças transformadoras. Durante estes anos, o grupo Bom Jesus ampliou e diverjunho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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sificou suas atividades, incorporando escolas, ingressando no mercado editorial, além de consolidar a educação no ensino superior, com parcerias nacionais e internacionais”, destacou o diretor.

AMOR E TRADIÇÃO

“Nós estamos aqui por que amamos a escola, e digo nós, porque eu amo a escola, eu amei a escola como aluno, como estudante, como professor e depois como bispo”. O Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel citou a frase na abertura do seu discurso e disse que revelaria o autor em seguida. Ele explicou que a vinda dos frades a Curitiba, logo após a restauração da Província, se deveu ao bispo Dom José de Camargo Barros, que em 1898 solicitou, a partir da fraternidade de Lages, a vinda dos frades com uma dupla missão: atuar na pastoral dos imigrantes e na comunicação, através da Revista “Estrela”. “Quando os frades aqui chegaram, o bispo aproximou os franciscanos do padre Franz Auling, que tinha uma escola para meninos católicos, filhos de imigran-

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tes alemães, suíços e austríacos. Esta escola, chamada “Deutche Knabenschule”, foi fundada no dia 11 de maio de 1896, e foi entregue aos franciscanos em 1902. A partir de então, os frades conduziram esta escola. Hoje, nós estamos aqui para celebrar os 120 anos de uma rica história do colégio Bom Jesus”, salientou Frei Fidêncio. Citando o slogan dos 120 anos do grupo educacional Bom Jesus, “Tradição feita de futuro”, disse: “Eu pensei, refleti, o que significa tradição? Tradição é a história desta escola, que nasceu direcionada para uma necessidade social. Frei João Mannes, parabéns pelo anúncio de hoje. Se a escola nasceu por uma necessidade social, você hoje reafirma o abraço que este colégio quer dar também às novas necessidades sociais. Portanto, nós estamos muito afinados com o apelo do Papa Francisco, que almeja uma Igreja e uma sociedade em saída”, observou o Ministro Provincial. Nas duas últimas décadas, Frei Guido Moacir Scheidt teve a missão de conduzir a rede Bom Jesus e, em suas palavras, o ex-presidente sublinhou: “Lançamos uma semente, nas-

ceu uma árvore e hoje colhemos os frutos. O Bom Jesus – Unidade Centro nasceu dentro da Igreja a pedido do bispo da época e era o maior colégio de Curitiba, aqui na Rua 24 de Maio. Somos um grupo educacional que luta pela evangelização de pessoas e queremos que todos sejam amados”, destacou Frei Guido. Da mesma maneira que o Papa Francisco convida para sair às ruas e ajudar a quem mais precisa, o Colégio Bom Jesus sempre cultivou esta atitude de solidariedade, contando em todo o tempo com a ajuda da Igreja. Foi nesse sentido que o reverendíssimo bispo Dom José Mario Angonese acentuou seu discurso. “Nós estamos aqui por que ama-


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mos a escola” (então todos puderam entender o que tinha dito Frei Fidêncio). “Eu percebo no corpo da instituição Bom Jesus um amor que queima, que arde”, disse, assinalando que a instituição e seus projetos são referência como rede educacional. “Quando se fala em Bom Jesus, é como tirar o chapéu, fazer uma reverência a esta Instituição. Percebo que trabalham com paixão e os que aqui ensinam os outros são estrelas que brilharão. E hoje são vocês, funcionários, as estrelas que no céu bri-

lham. Parabéns a todos pelo carisma e pelo ardor em tudo que fazem”, elogiou o bispo. O prefeito da cidade de Curitiba, Gustavo Fruet, deu os parabéns ao Bom Jesus, dizendo ser um privilégio e orgulho para a cidade de Curitiba poder comemorar os 120 anos de uma instituição como o Bom Jesus. “Não é só uma referência na cidade, não é só uma referência no Paraná, mas é sim uma das mais belas e importantes referências em nosso país”, exaltou o político. A principal missão do Bom Jesus, desde o início, sempre foi a educação, e a educação é feita de dois atores principais: professores e alunos. Foi neste sentido que o ex-aluno do colégio, desde a educação infantil, e

atual professor, Roberto Tadeu Berro, representou essas duas figuras. Muito emocionado, e ovacionado pelos presentes, contou um pouco de sua trajetória no Bom Jesus. “Verdadeiramente ser professor do Bom Jesus é mais do que um ofício, uma missão ou vocação, é um estilo de vida, guiado pelos princípios franciscanos”, destacou o docente. Importantes acontecimentos precisam ficar solidamente registrados na história, e foi nesse sentido que Frei João Mannes e o diretor geral foram convidados para a solenidade de descerramento da placa comemorativa dos 120 anos do Colégio Bom Jesus. Frei Augusto Luiz Gabriel

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sefras: UM NOVO “CHÁ DO PADRE”

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oi realizada na manhã desta segunda-feira, 2 de maio, a cerimônia de reabertura do Sefras Pop Rua em São Paulo, carinhosamente conhecido como “Chá do Padre”. Logo pela manhã a sede do serviço, à rua Riachuelo, 268, se preparou para receber o público. A celebração contou com diversos trabalhadores do Sefras, pessoas em situação de rua, representantes do poder público, movimentos de moradia e apoio à população de rua e setores da Igreja, especialmente da Província Franciscana da Imaculada Conceição, que lotaram o espaço para acompanhar a abertura do serviço. Foi exibido um vídeo institucional de apresentação do serviço e da instituição, seguido de uma série de falas, a começar pelo diretor presidente do Sefras, Frei José Francisco de Cássia dos Santos. Na sequência, falaram Frei Mário Tagliari, guardião do Convento São Francisco; Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal da Região Sé; Anderson Mi-

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randa, representante do Movimento Nacional da População de Rua; o Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua; a Dra. Nara de Souza Rivitt, Defensora Pública-chefe da DPU; Eduardo Suplicy, professor e ex-secretário Municipal de Direitos Humanos, Maria Angélica, Assessora de Gabinete da Secretária Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da cidade de São Paulo e, por fim, Frei Fidêncio Vanboemmel conduziu a bênção do espaço e de todos os presentes. Ao final das falas, foi feita uma apresentação cultural

das crianças e adolescentes do Sefras Criança de Petrópolis, RJ, mais conhecido como “Gente Viva”. “Dentro da perspectiva que tínhamos de reabrir o Chá do Padre (Sefras Pop Rua), estávamos todos ansiosos porque por um bom tempo o trabalho ficou parado. Acho que esta reabertura correspondeu às expectativas que todos nós tínhamos e o grande anseio pela volta do serviço. A participação dos trabalhadores do Sefras e dos convidados foi bastante expressiva. Foi um momento especial para o Sefras, sobretudo porque este espaço é significativo para a população de rua de modo geral. O espaço é uma referência na cidade de São Paulo e mostrou a que veio, já que além de ser um local de acolhimento e solidariedade, é também um espaço de debate e discussão de ideias. Por todas essas razões, avalio positivamente o dia de hoje”, afirmou o Frei José Francisco. No Sefras Pop Rua SP serão servidos de 350 a 400 chás e lanches da tarde e retomados os atendimentos da


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psicologia, da defensoria pública da União e da assistência social. Ainda serão servidos 300 almoços diários e serviços de banho e de lavanderia. O Sefras Pop Rua está localizado na Rua Riachuelo, 268, próximo à praça da Sé, no centro de São Paulo. Mas não foi apenas de celebrações que contou a reabertura. Uma forte discussão travada entre Eduardo Suplicy, Padre Júlio Lancellotti e representantes da Comunidade do Cimento, localizada debaixo do Viaduto Bresser na Radial Leste, se fez presente devido à ordem de reintegração de posse da área onde está situada a ocupação habitada pela população de rua que vive na zona leste da capital paulista. Apesar do tom agressivo que marcou o primeiro momento deste debate, uma solução política foi encontrada e, no interior do Sefras Pop Rua foi redigida uma moção de apoio à Comunidade do Cimento, assinada pelo próprio Suplicy, acusado pelo CATSO (Coletivo Autônomo dos Trabalhadores Sociais e parceiro da ocupação do viaduto Bresser) de omissão em relação ao que seria, se-

gundo eles, “um novo Pinheirinho”. O Frei José Francisco afirmou que este debate não estava planejado, mas que o fato de o Sefras tem sabido lidar com esse imprevisto mostra ainda mais a força da instituição e do serviço reaberto, além de reafirmar o caráter do Sefras em promover o diálogo, o debate e a construção de políticas públicas que girem em torno deste pú-

blico. “Como foi ressaltado em muitas falas, esse espaço é uma referência em toda a cidade de São Paulo para a população de rua e o momento mostrou a que veio. Temos um espaço de acolhimento, de solidariedade, mas é também um espaço para a construção de um debate sobre a população de rua e todo o trabalho que foi feito está

em sintonia com a vocação do espaço, portanto avalio positivamente”, afirmou Frei José Francisco. “Acho de fundamental importância e exemplar o Serviço Franciscano de Solidariedade, que reformou agora o espaço e abre possibilidades de receber a população de rua – ainda mais nesse momento em que a temperatura baixa chega com força em São Paulo. Este serviço vai propiciar que a cada dia 300 refeições possam ser fornecidas a pessoas carentes”, comemorou o ex-secretário Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, Eduardo Suplicy. “É preciso que tenham espaços de acolhida como esse, embora estejamos alertando que a população de rua aqui do centro é muito grande, maior do que o número que a Prefeitura estipulou, mas isso será uma trincheira de luta para que haja realmente aquilo que está na meta da própria Prefeitura, como, por exemplo, a entrega de dois restaurantes populares”, alerta o Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua. Comunicação do Sefras junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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Reinauguração do SEFRAS Idoso na zona leste de São Paulo

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a manhã da terça-feira, 17 de maio, o Sefras – Serviço Franciscano de Solidariedade reuniu funcionários, frades e diversas autoridades para a reinauguração do Sefras Idoso, a antiga Casa de Clara. O espaço, localizado na Rua Serra de Jairé, no bairro do Belém, zona leste de São Paulo, abrigou por muitos anos o Cefran – Centro Franciscano de luta contra a Aids. Após 6 meses de reforma o novo local foi inaugurado e entregue para a comunidade e para os idosos. Estiveram presentes Frei Fidêncio Vanboemmel, Ministro Provincial; Frei Evaristo Spengler, Vigário Provincial; Frei José Francisco de Cássia, diretor presidente do Sefras e Definidor Provincial; Frei Mário Tagliari, vice-presidente do Sefras; Frei André Gurzynski, o primeiro coordenador

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do Sefras e que atualmente está em missão em Angola; além de diversos frades do Regional de São Paulo, religiosos e religiosas, voluntários e colaboradores do Sefras. Estiveram presentes também Luciana Temer, Secretária de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo; Cassia Migliorini Lins, coordenadora do Sefras Idoso; Maria Luzia de Almeida, conselheira e curadora da Fundação Salvador Arena; Simone Nazaré Moreira, representante da Supervisão de Assistência Social da Mooca; Delton Esteves Pastore, promotor da Vara do Idoso e Antônio Santos Almeida, conselheiro do Grande Conselho Municipal do Idoso. Frei José Francisco agradeceu a presença de todos neste dia festivo, onde o Sefras não somente reinaugura um espaço, mas inicia uma nova

etapa do trabalho com os idosos. O frade falou a respeito da importância da simbologia da reconstrução para os franciscanos e contou sobre a restauração da igreja de São Damião. “São Francisco percebeu que o desafio não estava em restaurar o prédio de pedra, mas restaurar os vínculos humanos, aproximar as pessoas e por isso o grande tema da vida de Francisco é a fraternidade”, e ressaltou o compromisso do Sefras em promover esta integração humana, na promoção de espaços que agreguem valor às pessoas, sobretudo as que estão em situação de vulnerabilidade. Cassia Migliorini relembrou aos presentes que o cuidado com os idosos é um dos trabalhos mais antigos do Sefras, completando 20 anos em 2016. Ela expressou sua gratidão pela confiança da instituição em sua nova


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missão à frente do serviço, e ressaltou a importância de espaços como este, que têm como objetivo o cuidado com a qualidade de vida, empoderamento, protagonismo e debate dos direitos dos idosos. “Este espaço vem reafirmar o compromisso do Sefras com o público da terceira idade”, concluiu. A representante da Fundação Salvador Arena, Maria Luzia de Almeida, falou da importância da parceria do Sefras com a Fundação, e da preocupação da instituição com os idosos. Frei José Francisco agradeceu pela confiança e pela contribuição da Fundação na reforma e adaptação do espaço. Delton Esteves falou aos presentes sobre a importância do trabalho do Centro Dia para idosos. “Essa tarefa de socialização dos idosos é fundamental para eles, para que não se sintam apenas objeto de direitos, mas sujeitos de direitos, que possuem vontades e desejos, mesmo aqueles que possuem alguma doença mental”, afirmou. O promotor ressaltou o compromisso do Ministério Público em atuar em prol dos mais vulneráveis, que é o caso de muitos idosos. E assegurou que a parceria com o Centro Dia é um avanço na proteção inte-

gral às pessoas da terceira idade.

A importância dos benfeitores do Sefras

O dia foi marcado também por homenagens. Além de homenagear o diretor presidente, Frei José Francisco, por seus 10 anos à frente do Serviço Franciscano de Solidariedade, os funcionários do Sefras aproveitaram a reinauguração para demonstrar sua gratidão pelos parceiros e benfeitores, como Dona Lívia Agnes. Ela recebeu uma placa da instituição, simbolizando todos os benfeitores que colaboram financeiramente para a manutenção das diversas frentes. Dona Lívia agradeceu e partilhou um pouco de sua história. Seu marido esteve nos campos de concentração e recebeu ajuda de muitos desconhecidos ao sair de seu país. Ela afirmou que a contribuição que ela faz ao SEFRAS hoje é uma maneira de retribuir os cuidados recebidos por sua família nos momentos de dificuldade.

A grandeza no servir

O Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, falou aos presentes sobre a importância do serviço ao próximo, tomando como ponto de partida o Evangelho do dia (Mc 9, 3037), onde os discípulos se questionam quem seria o maior entre eles, e Jesus afirma: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos.” “Hoje percebemos quanta disputa para ser grande e para ter poder. Mas o poder não tem o significado de servir. E Jesus diz que a grandeza do ser humano está no servir. Estamos aqui para aprender a servir, somos todos chamados a servir os irmãos”, afirmou. O frade falou que a acolhida e o serviço é a principal missão da casa, independentemente da idade, raça ou religião. A dura realidade dos idosos em grandes centros urbanos foi lembrada pelo Ministro Provincial, que questionou: “Quanto sofrimento existe no nosso mundo, quantos idosos estão abandonados, sofrendo, sem junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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acolhida? Nós queremos nos acolher mutuamente e nos colocarmos em serviço, esta é a missão da casa, mas é também a missão de cada um de nós”, concluiu. Em seguida, Frei Fidêncio abençoou o espaço.

Importante parceria com a Prefeitura de São Paulo

Luciana Temer, Secretária Municipal de Assistência e Desenvolvimento, falou em nome do Prefeito Fernando Haddad, agradecendo o serviço do Sefras em suas diversas frentes: idosos, população em situação de rua,

imigrantes e outros, e destacou a presença dos organismos da sociedade no evento. “Essa é a composição mais bonita que podemos ter: poder público, sociedade civil, ministério público, conselhos, todos trabalhando pelo bem comum”, afirmou. A secretária exaltou o trabalho do Sefras Idoso, atuando como Centro Dia, onde os atendidos poderão ficar durante período integral em diversas atividades. Ela afirmou que este serviço cobre uma demanda importante da cidade, pois são pessoas que possuem família, mas os familiares, por

causa do trabalho, não podem deixá-los sozinhos em casa. “A família vai poder contar com uma instituição como o Sefras, que vai cuidar muito bem deste idoso enquanto a pessoa vai trabalhar, esta é uma função muito relevante para a cidade”, disse. Luciana Temer falou ainda sobre a importância da parceria de organizações no atendimento às pessoas mais necessitadas. “A Prefeitura precisa da parceria da sociedade civil, e o Sefras é um parceiro muito importante, através da prestação de serviços relevantes, que auxiliam pessoas em altíssima vunerabilidade. Sem o trabalho destas pessoas dispostas, competentes e que têm compromisso com as causas sociais, não poderíamos atender a este grupo de pessoas que precisa tanto do poder público”, afirmou. Ao final da cerimônia, o coral da Organização Nossa Senhora do Bom Parto brindou a todos com uma apresentação musical. Em seguida todos foram convidados para um almoço nas novas dependências do Sefras Idoso. érika Augusto

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Jovens realizam serviço voluntário no Sefras Migrante estudante de agronomia, estilistas de moda e fotógrafos, cada um de uma parte do país. “Acreditamos nos seres humanos, e nossas vertentes de trabalhos são treinamentos para diversas áreas, valorizando os princípios da vida, respeitando e cuidando do próximo, transformando e fazendo a justiça acontecer”, afirma a psicóloga Eliza Feu, voluntária do grupo.

Os voluntários do JOCUM (Jovens Com Uma Missão), em parceria com Sefras (Serviço Franciscano de Solidariedade), está oferecendo cursos de Português para migrantes e refugiados no Centro de Acolhida na cidade de São Paulo neste mês de maio. São dois cursos para adultos, um módulo inicial e outro módulo avançado, com imersão na cultura brasileira. Os cursos são ministrados três vezes

por semana. Para as crianças oferecem oficinas socioeducativas. O grupo decidiu fazer a parceria com o Sefras Migrante por estarem trabalhando com a causa dos refugiados neste 1º semestre. O grupo conta com 12 voluntários com diversos perfis, entre eles: psicólogo, videomaker, músico, publicitário, educador físico, bailarinos, professores de português e inglês,

O JOCUM Jovens Com Uma Missão é uma missão internacional e interdenominacional, empenhada na mobilização de jovens de todas as nações para a obra missionária cristã. No Brasil as atividades iniciaram em 1975 através do casal Jim e Pamela Stier, em Contagem-MG. Anualmente são mais de 30.000 pessoas que participam dos programas de curto prazo e Escolas de Treinamento. Atualmente são aproximadamente 18.000 voluntários, destes 1.300 brasileiros, trabalhando integralmente em mais de 1.100 centros de atividades, em 180 países.

Sefras Juventude inicia projeto de reconhecimento territorial Na quinta-feira (05/05), o Sefras Juventude em São Sebastião, litoral paulista, iniciou o Projeto Reconhecimento Territorial. Os jovens e adolescentes inscritos no serviço realizaram o conhecimento e reconhecimento presencial do território do bairro Topolândia. A proposta é que o projeto ocorra durante o ano e seja realizado também nos bairros do Itatinga, Olaria e Morro do Abrigo, devido ambos terem abrangência do Sefras Juventude em São Sebastião. O projeto tem como objetivo reconhecer os territórios atendidos pelo serviço, visando, nesta ação, ao conhecimento e reconhecimen-

to das complexidades e potencialidades dos territórios, a população local, a identificação e apropriação dos adolescentes quanto aos equipamentos públicos disponíveis no bairro, associando desta forma ao conhecimento das Políticas Públicas. Por tratar-se de um Serviço de Con-

vivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), a meta é fortalecer os vínculos comunitários para uma compreensão ampla da sociedade atual, implicando, em conjunto com os adolescentes e jovens, na formulação de um pensamento crítico da própria realidade individual, familiar, coletiva e social. “Compreendemos que estas ações de apropriação participatória visam a um processo interpessoal no conhecimento e reconhecimento do território e propiciam aos adolescentes conhecer de forma ampla a história e a realidade do próprio bairro”, afirma José Carlos, coordenador do Serviço Sefras Juventude em São Sebastião/SP. junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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“Cultivo da qualidade de vida e das relações fraternas” Apontamentos sobre o Encontro dos guardiães e coordenadores

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mpulsionados pelo tema central que emana de uma prioridade expressa no Plano de Evangelização aprovado para o sexênio que se inicia, nós, guardiães e coordenadores das fraternidades da Província, com o Definitório Provincial, estivemos reunidos no Seminário Santo Antônio, em Agudos, nos dias 04 e 05 de maio, para um momento de formação, encontro, partilha e definição de passos a serem dados em fraternidade.

Cuidados com a saúde

No que diz respeito à qualidade de vida, recebemos uma série de provo-

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cações e instruções por parte da Dra. Ângela Maria Izzo, ligada à Universidade São Francisco e responsável por acompanhar nossos confrades enfermos e idosos da Fraternidade de Bragança Paulista. Ela abordou a questão do cuidado pessoal com a saúde numa perspectiva de prevenção e também em relação ao fenômeno do envelhecimento. De sua fala, partilhamos algumas observações: 3 A saúde é um estado de bem estar geral que passa pelos aspectos físico, emocional, social e espiritual. 3 O cuidado com a própria saúde deve ser orientado numa direção preventiva, com a prática de exercícios físicos regulares, a adoção de uma alimentação equilibrada e correta. 3 O processo de envelhecimento traz à pessoa algumas limitações naturais, com as quais ela deve aprender a lidar. Neste processo, é muito

importante que a pessoa se deixe cuidar e acompanhar e obedeça às orientações médicas. Diz a doutora: “A teimosia é a doença mais complicada”. 3 O excesso de remédios e a automedicação são graves ameaças à qualidade de vida de uma pessoa. É sempre mais útil e eficiente que se busque o acompanhamento personalizado com um único profissional de referência e este, por sua vez, de acordo com as necessidades, faça os encaminhamentos a outros especialistas. 3 Cada frade deveria ter o zelo de guardar os documentos relativos à sua saúde e tê-los sempre em mãos: carteira de vacinação, exames realizados e receitas passadas são de grande importância para agilizar os encaminhamentos em casos de necessidade.


Evangelização

3 Na vida das fraternidades, seria de grande utilidade e importância que, assim como os demais momentos comuns, a prática de exercícios e a adoção de uma dieta equilibrada fossem institucionalizados.

Convivência e liderança

Com assessoria do Professor da FAE, Dante Ricardo Quadros, o segundo momento trouxe para a reflexão a questão da convivência e da liderança, sobre a qual seguem algumas observações: 3 Liderança é um processo a ser aprendido. 3 Líder é aquele que consegue fazer as pessoas darem o melhor de si porque querem dar. 3 Dentre as formas de se influenciar uma pessoa a fazer o que deve ser feito, a mais inteligente e eficaz se dá pela identificação, construída a partir do diálogo e da criação de um vínculo de confiança. 3 O conflito não se configura numa situação negativa, mas é oportunidade do surgimento de novas soluções, do estreitamento dos laços, da

reafirmação de um pacto em torno da missão a ser realizada. 3 O bom líder deve treinar muito o aspecto da percepção de si mesmo, do outro e das circunstâncias e também precisa se aprimorar sempre na prática de uma comunicação clara e eficaz nos diferentes níveis (falada, escrita e corporal). 3 Entre os elementos próprios de uma equipe eficaz estão: um propósito definido bem claro para todos (em nosso caso, a missão e a vocação que assumimos), o cultivo de um clima acolhedor e familiar, a participação de todos nas discussões e decisões, a maturidade nos casos de divergência, a liderança compartilhada, a capacidade de autoavaliação (pessoal e do grupo) e abertura a relações externas respeitosas, fecundas e saudáveis.

Repercussões e sugestões

3 Nossas instâncias de formação inicial e permanente devem fomentar nos irmãos um espírito de cuidado mútuo. Neste contexto, o “deixar-

-se” cuidar também seria já expressão da vivência prática do voto de pobreza. 3 Seria importante haver a institucionalização do cuidado médico, da prática de exercícios físicos e da adoção de uma alimentação saudável em nossas fraternidades, se necessário com a elaboração de subsídios e a promoção da interajuda. 3 Como critério fundamental na questão do cuidado com a saúde deve estar o bom senso, que impede o confrade de cair numa preocupação obsessiva ou então numa total negligência. 3 O cuidado com a própria saúde não é só para os idosos, mas deve ser uma constante para toda a vida, desde a juventude, devendo, inclusive constar em nosso Projeto Fraterno de Vida e Missão. 3 A questão da prevenção ao tabagismo, ao consumo excessivo de álcool e de alimentos prejudiciais à saúde, deve estar entre as principais preocupações no cultivo da qualidade de vida em nossas fraternidades. junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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Evangelização

3 A prática de o confrade reter a aposentadoria consigo para a aquisição dos próprios remédios pode levá-lo à automedicação e ao uso excessivo e inadequado de medicamentos e por isso deve ser evitada. 3 O cuidado de cada frade guardar consigo em uma pasta todos os exames, receitas, carteiras e documentos relativos à própria saúde deve ser uma prática habitual, incentivada e acompanhada pelas instâncias fraternas. 3 Embora seja elemento fundamental, o cuidado consigo não pode servir para justificar um fechamento à missão e ao espírito de disponibilidade e serviço. 3 A fraternidade é lugar para o irmão se sentir pleno e realizado. Cultivá-la é tarefa que diz respeito a todos. 3 Nós já possuímos instâncias muito eficazes para fomentar um bom espírito de convivência. Basta que saibamos lançar mão delas com competência e fidelidade (capítulo local, encontros regionais, recreios, celebrações, Projeto fraterno de vida e missão). 3 Os ideais que assumimos buscar juntos (fraternidade, pobreza, missão evangelizadora) devem sempre

estar presentes em nosso horizonte pessoal e fraterno. Eles são o fio condutor que vão garantir a qualidade de nossa consagração. 3 O ofício do guardião é uma autoridade a ser exercida na dinâmica do lava-pés, com espírito de serviço e gratuidade. Sua liderança deve levar os irmãos ao encantamento pela vocação comum a todos. 3 Com frequência esbarramos em certa falta de clareza em relação à competência das instâncias e não conseguimos dar os devidos passos concretos e necessários em questões fundamentais, como a do redimen-

sionamento de nossas presenças. 3 O redimensionamento é uma urgência que deve ser abraçada com empenho comprometido de todos os irmãos. Ouve-se falar muito sobre o tema, mas sente-se a falta de encaminhamentos concretos e práticos. 3 Na partilha de vida das fraternidades, notou-se um clima geral bastante positivo. Apareceram também algumas preocupações administrativas no caso pontual de certas fraternidades. Frei Gustavo Medella

FESTAS DE SANTO ANTÔNIO NA PROVÍNCIA Confira todas as programações das Festas de Santo Antônio no site da Província: www.franciscanos.org.br

Santo Antônio, rogai por nós!


NOTÍCIAS DO DEFINITÓRIO PROVINCIAL Agudos, 3 e 6 de Maio de 2016 Aproveitando a reunião dos guardiães e coordenadores das fraternidades, marcada no Congresso Capitular para os dias 4 e 5 de maio, o Definitório reuniu-se em Agudos, nos dias 3 e 6 de maio, ordinariamente, acolhido com generosidade pela fraternidade local. No início da primeira sessão, Frei Fidêncio, dando as boas-vindas, convidou os Definidores a invocarem a assistência do Espírito Santo e a intercessão de Nossa Senhora. O moderador das sessões do Definitório foi Frei Evaristo Spengler, e grande parte dos assuntos tratados segue abaixo.

1) Profissão solene - aprovação Com grata satisfação e esperança, os Definidores aprovaram que façam profissão solene na Ordem os confrades estudantes: Frei José Morais Cambolo, nascido em 26 de janeiro de 1989, em Luanda, Angola, que cursa o 2º ano de Teologia em Petrópolis; e Frei Roberto Aparecido Pereira, nascido no dia 1º de agosto de 1987, em Lençóis Paulista, SP, que cursa o 3º ano de Teologia em Petrópolis. Ambos são membros da Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus. 2) Transferências e nomeações 1. Frei Domingos B. Hellmann – foi revogada sua transferência para a Fraternidade São Francisco Solano, de Curitibanos. Ele, no entanto, foi transferido para a Fraternidade Nossa Senhora da Conceição, de Mangueirinha, como vigário paroquial. 2. Frei Gentil de Lima Branco – da Fraternidade Nossa Senhora da Conceição, de Angelina, para a Fraternidade Santo Antônio, de Florianópolis, como vigário paroquial; 3) Nomeações 1. Frei Leonardo Aureliano dos R. T. Santos – vicesecretário do Secretariado para a Formação e os Estudos, em substituição a Frei Fábio Cesar Gomes; 2. Frei Paulo Cesar M. Borges – nomeado pároco da Paróquia Imaculada Conceição, de Angelina; 3. Frei Luís Antonio Aliberti – animador do SAV local da Fraternidade N. Sra. da Conceição, de Angelina;

4. Frei João Maria dos Santos – vigário da casa na

Fraternidade N. Sra. da Conceição, de Angelina; 5. Frei Adriano Freixo Pinto – representante do Ministro Provincial na CRB-PR, em substituição a Frei Boaventura da Silva; 6. Frei Vanilton Aparecido Leme – assistente espiritual da OFS – Regional São Paulo;

4) Frei Aristides Pasquali, Frei Aladim Uber e Frei Pedro Pinheiro - tratamento Devido às suas condições físicas, e após conversa com Frei Fidêncio, Frei Aristides será encaminhado para a Fraternidade São Francisco de Assis, de Bragança Paulista, para tratamento de saúde. Frei Aladim, por sua vez, se encontra lá há cerca de um mês. Já Frei Pedro fará tratamento no Instituto Acolher (Pe. Edênio), em São Paulo. 5) Formação inicial - informações Frei João Francisco informou como se encontram as casas em que se desenvolve a formação inicial dos nossos candidatos e frades de profissão temporária. Afirmou que os formadores se sentem apoiados e deteve-se mais no Seminário de Ituporanga, com a realidade nova de os seminaristas fazerem o Ensino Médio em escola pública da cidade, tendo em casa reforço sobretudo em Língua Portuguesa. Disse que tem sido avaliada positivamente a formação conjunta das duas modalidades de Aspirantado: Ensino Médio e aspirantes com Ensino Médio já concluído. No segundo semestre, prevê-se alguma remodelação, considerando que vários aspirantes partirão para as FAVs. 6) Curso de formadores – nomes O Definitório Provincial e o Conselho da Formação e Estudos deverão pensar em frades para o curso de formadores promovido pela Ordem junto ao Antonianum em Roma. 7) Frades estudantes de Angola O Definitório analisou – e serão também pauta da assembleia da FIMDA – questões que envolvem junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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Definitório Provincial

os frades de Angola que estudam Teologia em Petrópolis: período viável para se encaminhar pedido para a profissão solene, bem como local onde fazê-la; periodicidade das férias (e isso não somente para os frades estudantes, mas para os missionários em geral); e os estágios pastorais. Quanto à profissão solene, o pedido deverá ser encaminhado ao menos após um ano de acompanhamento em Petrópolis.

8) Reunião dos guardiães e coordenadores - programação Ao rever com os Definidores a programação da reunião dos guardiães e coordenadores, dos dias 4 e 5 de maio, Frei Fidêncio relembrou a insistência do Capítulo Geral de 2015 no cuidado com a formação dos guardiães. Daí o tema central do encontro: “Cultivo da qualidade de vida e das relações fraternas”. Interessados na repercussão nas fraternidades das questões que seriam tratadas, os Definidores propuseram que emanassem, até o final do encontro, alguns acordos, orientações ou encaminhamentos que claramente

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pudessem ser expostos aos confrades que não vieram a Agudos – o que, de fato, foi feito. Já após o término da reunião dos guardiães e coordenadores, os Definidores, avaliando, julgaram-na positiva, com participação disposta, animada, propositiva e integrada dos guardiães e coordenadores. Comentou-se também a importância de as reuniões, em geral, emanarem, a exemplo do encontro de Agudos, algum tipo de “carta final” a ser enviada a todos os confrades da Província.

9) Encontros de confrades com os Definidores – Agudos e Bauru Na manhã do dia 6, os Definidores encontraram-se com Frei James Ferreira Gomes Neto, guardião em Agudos, às 8h15, e com Frei Alessandro Dias Nascimento e Frei Ademir Sanquetti, um guardião da fraternidade e pároco da Paróquia Santa Clara, e o outro vigário da casa e pároco da Paróquia Santo Antônio, de Bauru, às 9h00, para tratar de questões fraternas, financeiras e administrativas que envolvem


Definitório Provincial

a vida dos confrades e a missão evangelizadora das duas fraternidades.

7. Vila Velha – Santuário – 2 - (Responsável – Frei Nazareno J. Lüdtke)

10) Regionais – participação do Ministro e Vigário Embora com agenda bastante cheia, Frei Fidêncio e Frei Evaristo têm interesse e procurarão fazer-se presentes, o quanto possível, em reuniões dos Regionais da Província.

14) Discretórios - nomeação 1. Fraternidade Santo Antônio, Largo da Carioca, Rio de Janeiro: Frei Estêvão Ottenbreit, Frei José Pereira, Frei José Ulisses de Moraes e Frei Róger Brunorio. 2. Fraternidade São Francisco, Largo São Francisco, São Paulo: Frei Mário L. Tagliari, Frei Luiz Donizete Ribeiro, Frei Alvaci Mendes da Luz, Frei Guido M. Scheidt e Frei Alexandre Rohling. 3. Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, Petrópolis: Frei César Külkamp, Frei Luiz Flavio Adami Loureiro, Frei Marcos Antônio de Andrade e Frei Leandro Costa Santos. 4. Fraternidade Bom Jesus dos Perdões, Curitiba: Frei Alexandre Magno C. da Silva, Frei Vagner Sassi, Frei Adriano Freixo Pinto, Frei Benjamim Berticelli e Frei Antônio Joaquim Pinto.

11) Retiros Provinciais Foi comentada a possibilidade de grupos se organizarem e promoverem outros retiros, além dos agendados pela Formação Permanente, avisando o secretário da Província. O retiro de Rondinha, de 18 a 22 de julho, será orientado por Frei Fábio César Gomes; o do eremitério, de 19 a 22 de setembro, por Frei João Mannes; o de Agudos, de 26 a 30 de setembro, por Francisco Orofino. Já o retiro para os frades de 1 a 10 anos de transferência, após os períodos em casas de formação, a acontecer de 15 a 19 de agosto, em Vila Velha, será organizado por Frei Fidêncio, Frei Clauzemir Makximovitz e Frei João Francisco da Silva. 12) Jubileus 2016 Devido a recorrentes dificuldades em se celebrar os Jubileus dos confrades no dia 8 de dezembro de cada ano, os Definidores marcaram o convívio e celebração dos (e com os) Jubilandos para os dias 1º e 2 de dezembro, no Convento São Francisco, em São Paulo. 13) FAVs 2016 - programação Há no momento 14 aspirantes que irão para as FAVs no segundo semestre deste ano. A data para a chegada às fraternidades é de 25 a 29 de julho. O término da experiência se dará em 23 de outubro, quando todos se reunirão novamente para a semana missionária em Coronel Freitas. Fraternidades que acolherão aspirantes: 1. Amparo – 2 aspirantes - (Responsável: Frei Adriano Nascimento) 2. Ituporanga – Paróquia – 2 - (Responsável: Frei Marcos Prado) 3. Lages – 3 - (Responsável – Frei Tarcísio Theiss) 4. Forquilhinha – 2 - (Responsável – Frei João Lopes) 5. Santo Amaro da Imperatriz – 2 - (Responsável – Frei Nilton Decker) 6. São Paulo – S. Francisco – 3 - (Responsável – Frei Mário Tagliari)

15) Conselho de Administração das Entidades da Província Na noite do dia 4, às 20h00, os Definidores tomaram parte na reunião do Conselho de Administração das entidades da Província (Fundação Frei Rogério, de Curitibanos; Fundação Cultural Celinauta, de Pato Branco; Editora Vozes, de Petrópolis; Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, com sede em Curitiba; Casa Nossa Senhora da Paz, de Bragança Paulista; Instituto dos Meninos Cantores, de Petrópolis; e Obra Pia da Terra Santa). Num primeiro momento, as entidades apontaram desafios e perspectivas a curto e médio prazos. Num segundo momento, Frei Volney J. Berkenbrock apresentou como tem se desenvolvido nos últimos anos, pela Sede Provincial, a política de administração dos imóveis da Província. Ficou evidente que a evolução dos aluguéis de imóveis passa a se constituir na principal fonte de receita para a economia da Província. 16) Editora Vozes - presidente Frei Gilberto G. Garcia foi nomeado diretor-presidente da Editora Vozes. No início, como ainda tem compromissos a honrar em Brasília, Frei Gilberto irá de 15 em 15 dias a Petrópolis, permanecendo ali por 3 ou 4 dias. 17) Regionais – eleitos para os serviços 1. ESPÍRITO SANTO Coordenador: Frei Gilson Kammer junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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Definitório Provincial

Vice-Coord.: Frei Paulo César Ferreira da Silva Secretário: Frei Clarênio Neotti Vice-Secret.: Frei Florival Mariano de Toledo 2. BAIXADA E SERRA FLUMINENSE Coordenador: Frei Fernando de Araújo Lima Vice-Coord.: Frei Jorge L. Maoski Secretário: Frei Wagner José Rosa (Custódia das Sete Alegrias) Vice-Secret.: Frei Valdir Nunes Ribeiro 3. RIO DE JANEIRO E BAIXADA FLUMINENSE Coordenador: Frei James L. Girardi Vice-Coord.: Frei Salésio L. Hillesheim Secretário: Frei Sandro Roberto da Costa Vice-Secret.: Frei Luiz Henrique Ferreira Aquino 4. VALE DO PARAÍBA Coordenador: Frei João Pereira da Silva Vice-Coord.: Frei Leonir Ansolin Secretário: Frei Claudino Dalmago Vice-Secret.: Frei Jeâ Paulo de Andrade 5. SÃO PAULO Coordenador: Frei Germano Guesser Vice-Coord.: Frei Alvaci Mendes da Luz Secretário: Frei Hipólito Martendal Vice-Secret.: Frei Vadecir Schwambach 6. AGUDOS Coordenador: Frei Gilberto Piscitelli Vice-Coord.: Frei André Becker Secretário: Frei José Martins Coelho Vice-Secret.: Frei Alessandro Dias Nascimento 7. CURITIBA Coordenador: Frei Valdir Laurentino Vice-Coord.: Frei Vagner Sassi Secretário: Frei Adriano Freixo Pinto Vice-Secret.: Frei Antônio Joaquim Pinto 8. PATO BRANCO Coordenador: Frei Rubens Luiz de Carvalho Vice-Coord.: Frei Diomedes Basi Secretário: Frei Nelson Rabelo Vice-Secret.: Frei Felipe Gabriel Alves

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9. CONTESTADO Coordenador: Frei Alex Sandro Ciarnoscki Vice-Coord.: Frei José Idair Ferreira Augusto Secretário: Frei Vitalino Piaia Vice-Secret.: Frei Antônio Mazzucco 10. PLANALTO CATARINENSE E ALTO VALE DO ITAJAÍ Coordenador: Frei Marcos Estevam de Melo Vice-Coord.: Frei Evandro Balestrin Secretário: Frei Roberto Carlos Nunes Vice-Secret.: Frei José Lino Lückmann 11. LESTE CATARINENSE Coordenador: Frei Ivo Müller Vice-Coord.: Frei Osvaldo Lino Luiz Secretário: Frei Daniel Dellandrea Vice-Secret.: Frei Ricardo Backes 12. VALE DO ITAJAÍ Coordenador: Frei Nelson José Hillesheim Vice-Coord.: Frei Rafael Spricigo Secretário: Frei Pascoal Fusinato Vice-Secret.: Frei Paulijacson Pessoa de Moura Ob.: Os coordenadores encontrar-se-ão com os Definidores, em São Paulo, no dia 29 de junho.

18) OFS – nomeação de assistentes espirituais Atendendo, em geral, aos pedidos dos ministros locais das fraternidades OFS, foram nomeados assistentes espirituais: 1. Curitiba (Santa Maria dos Anjos): Frei Miguel da Cruz 2. Nilópolis (N. Sra. da Imaculada Conceição): Frei Ângelo Cardoso da Silva 3. Niterói (Imaculada Conceição da B. A. Virgem Maria): Frei Luiz Henrique Ferreira Aquino 4. Rio de Janeiro (Nossa Senhora da Paz): Frei Robson de Castro Guimarães 5. Rio de Janeiro (Santo Antônio): Frei Estêvão Ottenbreit 6. Rodeio (São Francisco das Chagas): Frei Jorge Lázaro de Souza 7. São Paulo (Menino de Belém): Frei Vitorio Mazzuco Filho 8. São Paulo (Santo Antônio do Pari): Frei Wilson Batista Simão


Definitório Provincial

9. São Paulo (São Francisco de Assis): Frei Carlos Lúcio Nunes Corrêa 10. Sorocaba (Bom Jesus dos Aflitos): Frei André Becker 19) Ecônomos das fraternidades - nomeação A partir das indicações feitas pelas fraternidades, foram nomeados ecônomos locais: Agudos: Frei James Ferreira Gomes Amparo: Frei Cláudio César Broca de Siqueira Angelina: Frei Luís Antonio Aliberti Balneário Camboriú: Frei Ladí Antoniazzi Bauru: Frei Ademir Sanquetti Blumenau: Frei Nelson J. Hillesheim Bragança Paulista: Frei Celso Chiarelli Chopinzinho: Frei Jacir A. Zolet Colatina: Frei Gilson Kammer Concórdia: Frei Délcio F. Lorenzetti Coronel Freitas: Frei Dionísio Morás Curitiba: Frei Vagner Sassi Curitibanos: Frei Roberto Carlos Nunes Duque Caxias – C. Elíseos: Frei Carlos Alberto Branco Araújo Duque Caxias – Imbariê: Frei Jorge Luiz Maoski Florianópolis: Frei Vanderley Grassi Forquilhinha: Frei João Lopes da Silva Gaspar: Frei Carlos Ignacia Guaratinguetá – Postul.: Frei João Francisco da Silva Ituporanga – Paróquia: Frei Fabiano kessin Ituporanga – Seminário: Frei Marcos Estevam de Melo Lages: Frei José Lino Lückmann Luzerna: Frei Nolvi Dalla Costa Mangueirinha: Frei Luiz Carlos Peloso Nilópolis – Aparecida: Frei Walter Ferreira Júnior Niterói: Frei Salésio Lourenço Hillesheim Pato Branco: Frei Olivo Marafon Paty do Alferes: Frei Gilmar José da Silva Petrópolis – Guadalupe: Frei Alan Maia de França Victor Petrópolis – São Francisco: Frei Fábio Cesar Gomes Petrópolis – Sagrado: Frei Luiz Flavio Adami Loureiro Rio de Janeiro – S. Antônio: Frei José Pereira Rio de Janeiro – Rocinha: Frei Clauzemir Makximovitz Rodeio: Frei Jorge Lazaro de Souza Rondinha – S. Boaventura: Frei Jean Carlos Ajluni Oliveira Rondinha – Aldeia: Frei Mário J. Knapik Santos: Frei João Pereira Lopes S. Amaro da Imperatriz: Frei Nilton Decker São João de Meriti: Frei Luiz Colossi

São Paulo – S. Francisco: Frei Luiz Donizete Ribeiro São Paulo – Pari: Frei Germano Guesser São Paulo – Vila Clementino: Frei Raimundo Justiniano de Oliveira Castro São Sebastião: Frei Marcelo Paulo Romani Sorocaba: Frei André Becker Vila Velha – Penha: Frei Pedro de Oliveira Rodrigues Vila Velha – Santuário: Frei Djalmo Fuck Xaxim: Frei Alex Sandro Ciarnoscki FIMDA Luanda – Palanka: Frei José Antônio dos Santos Viana: Frei Valdemiro Wastchuk Malange – missão: Frei Laerte de F. dos Santos Malange – seminário: Frei Jeferson Palandi Broca Quibala: Frei Alisson Luís Zanetti

20) CFMB – notícias da assembleia Frei Fidêncio informou sobre a Assembleia da CFMB, realizada nos dia 4 a 8 de abril de 2016. As Comunicações de maio trouxeram notícia, com os vários assuntos tratados, entre eles a eleição da nova presidência: Presidente: Frei Inácio Dellazari – Província São Francisco de Assis; Vice Presidente: Frei Fidêncio Vanboemmel – Província Imaculada Conceição; Secretário: Frei Marco Aurélio da Cruz – Província do Santíssimo Nome de Jesus; Tesoureiro: Frei Francisco Carvalho Neto – Província Santa Cruz; 21) Autorizações de viagem Por motivos diversos, receberam autorização para viajar ao Exterior: Frei Vitorio Mazzuco Filho, Frei Carlos José Körber, Frei Jean Carlos Ajluni Oliveira, Frei Valdecir Schwambach e Frei Vilmar Alves da Silva.

Encerramento

Às 16h00 do dia 6 de maio, Frei Fidêncio, agradecendo pelo empenho de todos os Definidores, convidou-os a dirigirem-se à mãe de Deus, com uma Ave-Maria, pedindo pela nossa perseverança na vocação e pelo ardor na missão. E deu assim por concluída a reunião ordinária do Definitório Provincial. Frei Walter de Carvalho Júnior secretário junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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UCLAF

MINISTRO GERAL PEDE NOVOS

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ovidos pelo Espírito Santo, no contexto do Jubileu da Misericórdia e a comemoração dos 800 anos do Perdão de Assis, os irmãos franciscanos, Ministros Provinciais e Custódios da América Latina e do Caribe, se reuniram, de 25 a 29 de abril, em Santa Cruz de la Sierra (Amazônia Boliviana), onde foram generosamente acolhidos pela Província Missionária Santo Antônio da Bolívia e pela Conferência Bolivariana para a realização da XXIV Assembleia Geral das Conferências Latino-americanas Franciscanas da Ordem dos Frades Menores (UCLAF). “Nos reunimos para contemplar, meditar e celebrar nossa vida e missão nos lugares onde o Se-

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nhor nos colocou e relançar-nos criativamente ‘às periferias, com a alegria do Evangelho’, informou a mensagem com o lema. A XXIV Assembleia contou com a presença e animação do Ministro Geral, Frei Michael Anthony Perry, dos irmãos Definidores Gerais, Frei Ignacio Ceja e Frei Valmir Ramos, e do Secretário Geral para as Missões e Evangelização, Frei Luís Gallardo, que durante todos os dias estiveram atentos e disponíveis para escutar os representantes de cada província e custódia, e também para fazer presentes as decisões (mandatos) do Capítulo Geral de 2015 e as diretrizes de animação 2016-2017. Reuniram-se no Centro Francisca-

no da Província de Santo Antônio: 20 ministros, 4 custódios, 2 vigários provinciais e o presidente da fundação do Haiti. A Província da Imaculada Conceição foi representada pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que, apesar do frio nesses dias na cidade boliviana, destacou o espírito de fraternidade, a troca de experiências e sonhos neste Continente Franciscano (leia mais na Mensagem do Provincial na pág. 3).

MINISTRO GERAL

No segundo dia da Assembleia, depois de tomar conhecimento da situação das Conferências, o Ministro Geral dirigiu uma mensagem aos pre-


UCLAF

HORIZONTES sentes, na qual manifestou sua alegria e a dos irmãos vindos da Cúria Geral de participar deste encontro fraterno. Recordou-lhes que encontros como este são uma bela oportunidade de unir esforços para buscar formas concretas de aprofundar a identidade franciscana, fortalecer o sentido de pertença à Fraternidade Universal e ampliar os horizontes das próprias fronteiras. “O Definitório Geral e eu estamos absolutamente convencidos de que é urgente mudar a concepção tradicional de Província ou Custódia chegando a ser mais permeáveis, de modo que nasçam novas possibilidades para uma colaboração inter-entidades como consequência natural da vivência da Regra e Vida dos Frades

Menores”, disse. Convidou-os ainda a estarem atentos às mudanças aceleradas que se dão no mundo, na Igreja e na Ordem, e a encontrar ou criar novos horizontes de modo a oferecer novas alternativas que nos permitam reconhecer, celebrar e compartilhar a presença e a obra de Deus com todos aqueles que nos rodeiam. “Além disso, ‘somos missão para o mundo’, como o Papa Francisco assinalou em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium”. Falou também da situação difícil por que atravessam os Vicariatos da região confiados à Ordem. Insistiu na necessidade de ir mais além das práticas atuais que enfatizam o trabalho pastoral e social em detrimento da identidade franciscana e de fazer um estudo, diálogo e planejamento muito sérios que levem, talvez, a uma estratégia central, um plano comum franciscano, que permita apoiar melhor os vicariatos. Tratou também de temas como a falta de fé, esperança e amor em nossas fraternidades, a inculturação, a pobreza e a simplicidade de vida, e os novos desafios que enfrenta a Ordem na Europa. Com base nos ensinamentos do Papa Francisco, desenvolveu uma bela reflexão sobre “Ver o mundo a partir da periferia: uma nova hermenêutica para a vida franciscana no mundo de hoje”, conforme os itens destacados: 1. Um Deus que é todo misericordioso e que não julga; 2. Um Deus que têm um especial interesse e cuidado pelos pobres, os marginalizados; 3. Um Deus que busca derrubar os muros que nos separam uns dos outros; 4. Um Deus que trabalha de fora para dentro e de baixo para cima; 5. Um Deus que não busca o poder, mas prefere a humildade; 6. Um Deus a quem não lhe preocujunho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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pa sujar-se para entrar no meio da tragédia humana, na vida de cada pessoa; 7. U m Deus da hospitalidade; 8. Um Deus que está convidando toda a humanidade a viver a fraternidade universal, juntos com a natureza, a Casa Comum; Frei Michael, com base nas pregações, escritos e os modos de proceder e dirigir a Igreja, elencou os elementos de uma hermenêutica franciscana para a vivência do Evangelho no século 21: 1. Uma Ordem de irmãos que buscam renovar cada dia sua relação pessoal com Jesus Cristo; 2. Uma Ordem que busca o caminho da fraternidade, da minoridade e da simplicidade de vida; 3. Uma Ordem caracterizada por um espírito de diálogo em todas as áreas da vida; 4. Uma Ordem caracterizada por um renovado espírito missionário franciscano;

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5. Uma Ordem profundamente comprometida em combater toda forma de pecado social (São João Paulo II, 1984), comprometida com os valores transversais da justiça, paz e integridade da criação e reconciliação; 6. Uma Ordem que demonstre os valores do sine proprio e a simplicidade de vida em seus assuntos financeiros; 7. Uma Ordem cujos membros em nível de conferências e entre províncias e custódias, estão comprometidos com a busca de um caminho de colaboração interconferência, interprovincial e inter-entidades, de maneira séria, progressiva e intensa; 8. Uma Ordem que reconhece a dignidade bastimal dos leigos, que dedica muitos de seus recursos - humanos e econômicos - em preparar leigos para a liderança da Igreja; 9. Uma Ordem que nutre a esperança e o sonho de que “todos sejam um”, segundo a qual as três primeiras

Ordens - OFM, OFM Conventuais, OFM Capuchinhos - possam começar um processo de diálogo, intercâmbio, colaboração, empreendimento e itinerários espirituais e fraternos que permitam crear as condições para a reunificação das três Ordens em uma Ordem dos Frades Menores. (veja o documento na íntegra no site da Província - Canal Carisma, Documentos da Ordem)

MENSAGEM FINAL

A mensagem final do encontro destacou: “Reafirmamos nosso compromisso de apoiar as presenças franciscanas na vasta Pan-Amazônia, especialmente a fraternidade constituída pelos confrades das nossas Conferências (Amazônia peruana); esta nova presença entre os mais pobres, numa Igreja debilitada, desafia-nos a recuperar os traços originais da vida e missão, a nós trazidos por Francisco e Clara de Assis e hoje expressos no documento “Ite Nuntiate”.


UCLAF

Também reiteramos nosso apoio ao Master em Evangelizacão (Petrópolis, Brasil), espaço valioso para fortalecer a nossa identidade franciscana, fraterna, minorítica e evangelizadora, integrando ciência, experiência e espiritualidade. E ainda reforçamos a missão evangelizadora da Pastoral Educativa (colégios e estudos superiores), tão importante e presente na América Latina e no Caribe. Num clima de diálogo, de mútuo apoio, de abertura e compromisso de corresponsabilidade fraterna, ouvimos com profunda atenção o novo desafio apresentado pelo Ministro Geral, pedindo para fortalecer a presença franciscana em Cuba, enviando frades experimentados e qualificados. Nestes dias sentimos fortemente a presença, a partir da casa do Pai, dos nossos confrades Frei Rodolfo Hernández (Presidente da UCLAF) e Frei Antônio Moser (grande animador e professor do Master de Petrópolis), recentemente falecidos. Também, desde o início do encontro, estivemos muito unidos à dor dos nossos irmãos do Equador, orando pelas vítimas do lamentável terremoto e juntos buscando formas efetivas de ação solidária. A celebração das Bodas de Ouro (1967-2018) da UCLAF nos anima a seguir caminhando como irmãos e menores, em comunhão com a Igreja, a serviço do Povo de Deus, da huma-

nidade e no cuidado com toda criação, a nossa casa comum. Depositamos toda a nossa confiança no Pai, rico em misericórdia, para seguir com ânimo renovado a Cristo pobre e crucificado, como fez nosso pai Francisco, guiados pelo Espírito Santo. Que Maria, mãe e rainha da Ordem Franciscana, nos acompanhe no nosso peregrinar!

VISITA

Frei Michael e Frei Valmir, no entanto, chegaram à Bolívia no dia 19 de abril. Neste período que antecedeu à Assembleia, eles visitaram a Fraternidade Provincial da Província Missionária de Santo Antônio da Bolívia. Eles foram acolhidos pelo Ministro Provincial Frei Orlando Cabrera. De 18 a 24 de abril, eles conheceram os 121 frades que fazem parte da Província boliviana, fundada em 1985. No encontro com os frades desta Província, Frei Michael deu um panorama da Ordem Franciscana hoje e

fez alguns questionamentos. “Um dos aspectos mais preocupantes da vida religiosa hoje, e da vida franciscana em particular, é que temos gastado muito tempo respondendo a perguntas que as pessoas desta geração e da futura não fazem mais. Gastamos demasiado tempo discutindo liturgia, estrutura da Igreja e de como manter a sua forma original. Discutimos como manter a velha máquina que governa a organização de nossas atividades pastorais e franciscanas que, de algum modo, se mantêm para sobreviver no presente mas que não oferecem as mesmas possibilidades e a mesma efetividade do passado”, disse Frei Michael. “Do que devemos realmente ter medo não são as mudanças mas a ausência de mudanças num processo natural inscrito em toda natureza, em toda a história humana. Devemos temer a instabilidade em buscar sempre o Reino de Deus como ponto de partida”, ensinou.

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Crônica

AS CAMINHADAS FRANCISCANAS DA JUVENTUDE

T

enho acompanhado com encantamento e orgulho a iniciativa de meu jovem confrade Frei Diego Atalino, com o suporte de confrades e da própria Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, em organizar as Caminhadas da Juventude. É como olhar pelos caminhos de Assis, e ver aquele jovem Francisco, munido apenas das Palavras do Evangelho, que convoca a ir pelas estradas do mundo sem alforje, sem bordão, apenas com a provisoriedade da hora, tempo, lugar, poeira e acolhida de muitas portas para muitos passos (Mt 10,9). De 1205 até 2016, Francisco inspira um jeito de ir sem armas, de não correr, mas entrar no ritmo do circundante. Caminhar é desacelerar a pressa que invadiu o jeito de ir pelo mundo, na loucura de todos os meios que temos hoje para chegar, na neurótica

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rapidez que impede ver as beiras. Tenho visto a juventude envolvida neste projeto tendo um novo modo de olhar a vida; percebendo que tem alguém ao lado, uma velha paisagem nova, uma convivência que inspira, ajuda, partilha, realiza pequenos e grandes gestos que revelam o encanto de ir junto. Esta juventude que caminha aprende também a parar, escutar, receber, motivar-se para tocar em frente. O mais bonito é a meta, o chegar lá. Não importam as bolhas nos pés e o cansaço se o coração está focado no mesmo espírito. Estes jovens estão caminhando na gratuidade e não competindo. Eles não passam este ódio ideológico que impregna as caminhadas supostamente reacionárias. Mas andam com o direito de ser o que querem ser: jovens purificados pelo que a vida oferece quando se fazem

peregrinos e forasteiros. Hoje tem tanta gente estagnada em fóruns políticos querendo decidir para onde devemos ir, sem levar-nos para lugar nenhum. Prefiro os jovens da Caminhada Franciscana da Juventude porque eles querem ir pela Casa Comum, em comunhão com todas as criaturas. Com suas canções, camisetas coloridas, danças e preces, fala, silêncio, celebração e profecia instauram um mundo melhor. A Caminhada da Juventude é um grito na história, o anúncio de uma mudança, de uma transformação. Quem foi sabe o que estou dizendo aqui; quem não foi um dia vai ter na mochila um mundo de experiências para contar para quem vem vindo atrás! Vamos diegando atalinamente, com alegria e simpatia pelos Caminhos de Francisco! Frei Vitório Mazzuco


Falecimento

ANTÔNIO NUNES CORRÊA 04/08/1936

+ 23/04/2016

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família Nunes Corrêa louva o Deus Altíssimo pelo dom da vida de nosso Pai, Antônio Nunes Corrêa, que partiu para a eternidade. Com algumas complicações de saúde nos últimos dias de abril, entregou sua vida para Deus. Homem religioso, pai exemplar, deixa sua esposa e seus 6 filhos, netos e bisnetos. Agradecemos aos confrades de Sorocaba que estiveram presentes junto à família nos momentos mais difíceis. Deus o acolha na eternidade celeste e descanse em paz! Frei Carlos L. Nunes Corrêa

CURSO DE FRANCISCANISMO O Rosto da Misericórdia em São Francisco e Santa Clara de Assis

De 11 a 14 de outubro de 2016 Rondinha – Campo Largo – PR Por ocasião do “Ano Santo da Misericórdia”, promulgado pelo Papa Francisco, a Fraternidade Franciscana São Boaventura - Rondinha – Campo Largo – PR, oferece um Curso sobre o Rosto da Misericórdia em São Francisco e Santa Clara de Assis. Mais informações no site da Fraternidade São Boaventura: www.franciscanosrondinha. com.br Frei João Mannes


Falecimento

FREI ANTÔNIO lopes rodrigues

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30/12/1937

+ 10/05/2016

inha infância, até aos 8 anos, transcorreu cercada dos carinhos e cuidados de meus pais e irmãs, mas sem muitas novidades e lembranças. Meus queridos e saudosos pais, embora sem muitos recursos e estudos (mamãe era analfabeta e papai sabia ler e escrever o seu nome), com muito esforço, luta e sacrifício, souberam dar a seus filhos o que eles não receberam: uma formação sólida, que nos tornou capazes de nos defendermos na vida. Esta formação que eles não tiveram, quiseram que seus filhos a tivessem, para terem um futuro melhor. E o conseguiram”. Neste depoimento, Frei Antônio Lopes explica que nasceu no dia 30 de dezembro de 1937, em Sorocaba, mas viveu e cresceu na zona rural de Iporanga, distrito de Brigadeiro Tobias, no município sorocabano. Era o quarto filho dos cinco de João Lopes Padilha e Encarnação Rodrigues Garcia. Aos 8 anos, quando ingressou na Escola Primária, começou a sentir “gosto pelas coisas da Igreja”, e convidado por um amigo, tornou-se coroinha, acompanhando o pároco em suas visitas às comunidades. “Com o passar dos dias, foi nascendo em mim aquela ideia e aquele desejo de que no futuro eu poderia fazer a mesma coisa”, revelou. Aos 10 anos, segundo ele, não foi difícil dar um “sim” quando lhe perguntaram se não queria ser padre. No dia 25 de janeiro de 1948, Frei João Clímaco o acompanhou para ingressar no Seminário Seráfico Frei Galvão de Guaratinguetá. Depois de 10 anos de formação inicial, vestia o hábito franciscano no Noviciado de Rodeio, onde fez a primeira profissão no dia 20 de dezembro de 1959. “Sem som-

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bras de dúvida, o ano de noviciado foi o mais belo de minha vida, deixando profundas marcas e muitas saudades”, contou. Veio, então, sua formação filosófica e teológica até a ordenação presbiteral. Recém-ordenado, Frei Antônio se ofereceu como voluntário na Missão Chilena e, no início de setembro de 1966 - a Missão Chilena foi oficialmente iniciada no dia 15 de março de 1965 - ele recebia a Cruz Missionária

numa solene Celebração Eucarística, no Convento São Francisco, em São Paulo. Alguns dias depois, em companhia de Frei Luís Dalmago, partia para o Chile de navio, onde se juntaria a outros cinco missionários da Província. “Pessoalmente, participei desta Missão numa primeira etapa, do dia 8 de novembro de 1966, dia em que oficialmente assumiamos a Paróquia missionária San Pablo de Carahue,


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até janeiro de 1976. Neste período trabalhei com muito amor, entusiasmo e alegria tendo bastante clareza dos objetivos que devíamos atingir e que a Ordem e a Igreja chilena nos pediam com insistência”, explicou, lembrando que foi nesse período da Missão que perdeu seus pais. “Que estes sacrifícios sirvam para o bem da nossa Missão no Chile”, dizia em 85. “Em nossos trabalhos apostólicos percorríamos com alegria as Costas do Pacífico, da Província de Cautin, numa extensão de 70 km, de Puerto Saavedra a Tirua, num trabalho incansável, num verdadeiro trabalho missionário onde mais de 70% da população era indígena (índios Mapuches). A extensão da Paróquia era aproximadamente de 90 km. Quantas vezes chegamos a lugares onde há 15 e mais anos nunca tinham recebido a visita de um sacerdote. Eram mais de 70 lugares que recebiam a nossa visita, sobretudo no tempo do verão”, contou. Nesta primeira etapa, Frei Antônio ficou 10 anos. “Pedi ao Provincial para retornar ao Brasil. Durante quatro anos residi em Lages. No Capítulo Provincial de 1979, o Visitador Geral pediu o meu retorno ao Chile com a incumbência de continuar a lutar pela unificação da Custódia com a Provín-

Dados pessoais, formação e atividades

Nascimento: 30.12.1937 (78 anos de idade), em Sorocaba – SP; Admissão ao Noviciado: 19.12.1958, em Rodeio, SC; Primeira Profissão: 20.12.1959 (56 anos de Vida Franciscana); Profissão Solene: 02.02.1963; Ordenação Presbiteral: 15.12.1964 (51 anos de Sacerdócio); · 1960-1961 – Estudos de Filosofia, em Curitiba; 1962-1965 – Estudos de Teologia, em Petrópolis; 28.08.1966 – Missionário no Chile, em Carahue; 26.12.1975 – v igário paroquial da paróquia N. Sra. Aparecida, de Lages; em 21.12.1976 é nomeado guardião; 05.12.1979 – retorno ao Chile, como pároco em Carahue; 23.04.1985 – coordenador da fraternidade e pároco em Amparo; 21.01.1989 – guardião e pároco em Sorocaba; 06.12.1990 – vigário da casa e vigário paroquial em Canoinhas; 07.07.1993 – vigário paroquial em Chopinzinho; 10.01.1995 – guardião e pároco em Água Doce, SC; 01.12.1997 – guardião e pároco em São Sebastião; 01.11.1999 – trabalho no setor de protocolo da Cúria Geral, em Roma; 27.08.2003 – Guaratinguetá – Graças – atendente conventual; 07.11.2003 – pároco e vigário da casa em Coronel Freitas; 20.12.2006 – atendente conventual no Rio de Janeiro, Largo da Carioca; 31.07.2008 – vigário paroquial em Niterói; 12.12.2012 – vigário paroquial em Sorocaba – Bom Jesus;

fazia o seguinte depoimento sobre Frei Antônio: “Antônio, mais sério, mas armado de humor e caridade, capazes de desarmar os que se atreviam a referir-se, com ironia e desprezo, ao Convento, como sendo “uma favela franciscana”, e mais tarde se tornaram seus melhores amigos e colaboradores. Antônio do canto suave, nas visitas aos paroquianos, divertindo-os com os versos do canto “Tenho meu poncho verde, ai, ai”. R.I.P.

cia de Santiago e de preparar, sem precipitações, para o término da Missão chilena”. Frei Antônio retornava em janeiro de 1980 ao Chile, para a Paróquia de Carahue, onde celebrou as bodas de prata de vida religiosa. No dia 15 de março de 1985, segundo Frei Antônio, os frades podiam dizer “Missão cumprida”. No livro “Franciscanos brasileiros no Chile”, de Frei Anselmo München, a chilena Edith Romero de Birchmeier

DEPOIMENTO DE FREI ANSELMO MÜNCHEN Em 1965 foi aceita a Missão Franciscana da Província no Chile. O plano inicial foi que três confrades trabalhariam na Paróquia de São Francisco, na cidade de Temuco, no Sul do Chile. Outros dois confrades assumiriam o funcionamento do seminário local. Desde o começo, houve muita dificuldade em trabalhar no seminário porque era uma pensão, onde moravam os 20 seminaristas, que estudavam fora e estavam apenas algumas horas em casa, para comer

e dormir. Aos sábados e domingos estavam os jovens com as famílias e voltavam na segunda-feira. Nem eram vocacionados e nada queriam de vida religiosa. Resolveu-se entre os confrades, Província e Custódia, que o seminário seria fechado no fim do ano, como de fato aconteceu. A Província resolveu pedir ao senhor Bispo, D. Bernardino Piñera, outra Paróquia para os dois confrades que trabalhavam no seminário. A Paróquia oferecida pelo Sr. Bispo é a Paróquia de

Carahue, localizada ao longo do Pacífico, numa extensão de 50 km, com vários km de largura, onde moram 15 mil descendentes de indígenas araucanos, o povo mapuche. Foi criada a Comunidade do Seminário com Frei Antônio Lopes Rodrigues e Frei Luiz Dal’Mago, que acabavam de chegar do Brasil. Poucos meses depois Frei Mariano se retirou para o Brasil, e Frei Antônio Lopes foi nomeado pároco de Carahue e Frei Luiz Dal’Mago e Frei José Zanchet, que acabara de junho / 2016 [coMUNICAÇÕES]

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chegar do Brasil, foram nomeados cooperadores. Carahue fica a 50 quilômetros de Temuco, onde estavam os outros quatro confrades: Frei Antônio Andrietta, o coordenador da Missão, Frei Feliciano Greshake, Frei Genuíno Mazurana e Fr. Anselmo Julio München. Ficamos contentes, porque não era tão grande a distância para nos visitarmos e para as reuniões. Frei Antônio era jovem religioso e sacerdote, que iniciava seu primeiro trabalho de catequese. Como coordenador, estudou com os confrades a característica do povo de Carahue e decidiram escolher um grupo de mães das crianças inscritas para a preparação da Primeira Comunhão, e algumas catequistas para estudar em comum as verdades da fé, e depois aos sábados reuniam as crianças todas a fim de aplicar o estudo das verdades. A característica especial e meritória foi o envolvimento da família na preparação das crianças. O mesmo aconteceu com os jovens que se preparavam para receber o sacramen-

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to da crisma. E Frei Lopes tornou-se o franciscano querido de toda a população, que durante dez anos percorreu o imenso território da região de Carahue, e foi aplicando o mesmo método de estudo da religião pela família toda. Outra característica notável da ação de Frei Antônio como pároco foram as pequenas missões contínuas em pequenos grupos de pessoas, muitas vezes durante dias seguidos. Mais catequistas e mais padres estavam à disposição do povo, que permanecia no local ou que voltava no dia seguinte. Assim foram atingidos cem locais diferentes no grande território da Paróquia de Carahue durante aqueles anos de Frei Antônio. Estas pequenas missões se realizavam principalmente durante os meses de verão e de menos chuvas e frio. As estradas de comunicação eram muito precárias, somente para carroças e a cavalo. Nos anos 1970, Frei Antônio conseguira carro, mas que só podia ser usado em pequenos trechos, porque não havia estradas de acordo. Nas pequenas mis-

sões ajudavam também os confrades de Temuco com catequistas que levavam para ajudar. É evidente que os confrades não trabalhavam para ajuntar e escrever números, mas o arquivo dos livros de Carahue anotam: “Entre os anos 1967 a 1978, foram celebrados na Paróquia de San Pablo de Carahue 2.788 batizados, 578 casamentos, 717 confirmações e 510 primeiras comunhões” (Diário austral de Temuco). A casa paroquial de Carahue era muito antiga e deficiente para os trabalhos. O ambiente era paupérrimo ... era impossível conseguir construir algo novo e maior. Mas Frei Anstônio conseguiu ajuda maior do estrangeiro, da Adveniat, da Alemanha. Construiu uma casa paroquial e local para a Fraternidade, e acabou conseguindo construir um grande salão paroquial para os trabalhos da comunidade. Conseguiu reformar a igreja local, com danificações antigas, do tempo de terremotos. Após dez anos de trabalhos beneméritos, e sempre muito admirado por todos, Frei Antônio se retirou, deixando escrito... “Tivemos a sorte e a felicidade de ver, em parte, alguns frutos de um trabalho sério, organizado e perseverante. Tivemos problemas, lutas e dificuldades, mas o idealismo dos primeiros anos de padre foi capaz de superar e vencer uma grande série de obstáculos. Foram anos belíssimos, durante os quais me senti realizado em minha vida de sacerdote.” (O que ficou - Balanço dos 25 anos, pág 120 - Editoria Vozes RJ). Voltou ao Chile Frei Antônio, em dezembro de 1979, reassumiu a Paróquia de San Pablo de Carahue. Os Superiores lhe recomendaram que preparasse, com tino, a devolução do trabalho missionário da Província aos Superiores Chilenos. Outros compromissos, assumidos pela Província no Chile permitiam a continuação dos trabalhos missionários no Chile.


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O sepultamento de Frei Antônio “Um confrade fiel e presente, zeloso em pregar e praticar o que ensina a Igreja. Nas celebrações, nos encontros, na confissão, sua preocupação era a fidelidade aos mandamentos da Igreja”. Assim Frei Gilberto Piscitelli, guardião da Fraternidade Franciscana Bom Jesus dos Aflitos, definiu Frei Antonio Lopes Rodrigues durante a homilia na missa que marcou a despedida do confrade na tarde desta terça-feira, dia 10 de maio. A celebração ocorreu na Igreja Matriz da Paróquia Bom Jesus dos Aflitos e foi presidida pelo Arcebispo de Sorocaba, Dom Eduardo Benes de Sales e concelebrada pelo Vigário Provincial, Frei Evaristo Spengler, outros confrades das fraternidades de Sorocaba, São Paulo e Agudos, além de padres e diáconos da Arquidiocese. Também na homilia, Frei Gilberto fez um breve relato do sofrimento enfrentado por Frei Antonio Lopes nos últimos meses, especialmente a partir do fim do ano passado. O frade, nascido em Sorocaba, pôde contar com a assistência próxima de seus familiares, com apoio e acompanhamento da fraternidade local. Sofria com as complicações do diabetes que foram

ocasionando uma série de problemas de saúde. Sofreu um Acidente Vascular Cerebral e chegou a passar vários dias na UTI. Quando faleceu, na madrugada do dia 09 para o dia 10, pela 1h30, Frei Antônio estava no quarto do Hospital Samaritano. Outras qualidades de Frei Antonio destacadas por seu guardião, Frei Gilberto, foram o desapego e o espírito de disponibilidade. “Frei Antonio colocou-se como missionário por onde passou, seja no Chile, onde viveu por duas ocasiões, totalizando 15 anos, em tempos de muitos desafios, na Cúria Geral da Ordem, em Roma, onde serviu no setor de protocolo, e em outras diversas fraternidades da Província no Brasil. Em Sorocaba,

foram duas passagens: a primeira, no ano de 1989, quando atuou como guardião e pároco, e a segunda, desde dezembro de 2012, quando foi transferido de Niterói. Ao fim da missa, Dom Eduardo pediu ao Vigário Provincial, Frei Evaristo, que conduzisse a oração de encomendação. Frei Evaristo aproveitou para agradecer ao bispo pela delicadeza e o carinho da presença. Estendeu ainda o cumprimento a todos os padres e diáconos presentes, assim como aos confrades. Dedicou uma palavra de especial gratidão à família, que esteve presente e acompanhou de maneira muito próxima os últimos passos de Frei Antonio Lopes. Em sua fala, o Vigário aproveitou para relatar o último encontro que tivera com Frei Antonio: “Há umas duas semanas, estive em Sorocaba para visitar o confrade, que estava internado na Unidade Semi Intensiva. Ele estava acordado e lúcido, embora enfraquecido. Rezamos juntos e antes de nos despedirmos, o frei me disse estas palavras: ‘A Palavra de Deus não passa. Ela permanece. É ela que dá força’. E esta Palavra foi o eixo que norteou a vida e a missão de Frei Antonio”, declarou Frei Evaristo. Logo após a celebração, o cortejo seguiu para o Cemitério da Consolação, onde às 16h se realizou o enterro. Frei Gustavo Medella Fotos: Bruna Oliveira

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FREI VITALINO TURCATO

F

aleceu, às 7h30 da quinta-feira, dia 19 de maio, na Policlínica de Pato Branco, Frei Vitalino Turcato. O velório aconteceu na Igreja Matriz Santo Pedro Apóstolo, com missa de corpo presente às 16h, seguida pelo sepultamento. Lutando contra a enfermidade desde setembro do ano passado, Frei Vitalino realizava seu tratamento em Cascavel, PR, centro reconhecido na área da oncologia. Neste período, revezava-se entre Pato Branco e aquela cidade paranaense, sempre sob os cuidados da família, com o apoio próximo e presente da fraternidade local. Enfraquecido pelo avanço da doença, desde abril não teve mais condições de passar pela quimioterapia. Frei Vitalino sempre se mostrou sereno e confiante diante da enfermidade. Nas últimas semanas, a dor era controlada à base de medicamentos e, desde domingo, quando foi internado pela última vez, seu estado se agravava a cada dia de forma substancial. Enfim, depois de atravessar este calvário dos últimos dias, Frei Vitalino partiu na manhã do dia 19. Que o Senhor acolha este filho e servo fiel que doou sua vida na construção do Reino de Deus. (Frei Gustavo Medella)

O FRADE MENOR

Filho dos imigrantes italianos José e Angelina, Frei Vitalino era o primeiro filho dos três do casal. Até 1964, a família residiu em Jaborá, mudando-se em seguida para Pato Branco. “Dos pais, recebemos uma profunda e equilibrada formação religiosa”, revelou. Quando criança conheceu Frei Sílvio Berri e Frei Querubim. “Sempre foram muito atenciosos com a família”, conta Frei Vitalino, que visitava sem-

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27/08/1943

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Foto: Frei Heberti Senra Inácio

pre o Juvenato de Jaborá com Frei Querubim. “Mesmo assim não posso dizer que foi a influência dos frades que me levou ao discernimento vocacional. A descoberta foi aos poucos”, acredita, destacando que a experiência no Sanatório de São Roque, em Piraquara, marcou sua vida. “Esta experiência junto de Frei Daniel e os doentes foi de um valor inestimável para mim”. Em 1955, Frei Vitalino ingressou no Seminário de Luzerna, onde per- nas decisões que devo tomar, também maneceu dois anos. Depois sua forma- não me angustio diante dos problemas ção inicial passou por Rio Negro, onde que devo enfrentar. Gosto de resolver também ficou dois anos, e Agudos, os problemas sentado e não de pé”, dionde ficou quatro. zia. E Frei Carlos Lúcio Corrêa Nunes, Vestiu o hábito franciscano em que conviveu com ele em Petrópolis, 1965 e se ordenou presbítero em 70. acrescenta: “Ele era um contador de “Estou contente com o meu sacerdó- histórias”. cio; esta é minha maior alegria. É bom R.I.P. ser padre”. Sobre sua personalidade, ele Dados pessoais, formação e atividades Nascimento: 27.08.1943 (72 anos de idade), em Jaborá – SC; descreve: “Não Admissão ao Noviciado: 19.12.1964, em Rodeio, SC; sou de temperaPrimeira Profissão: 20.12.1965 (50 anos de Vida Franciscana); mento forte, mas Profissão Solene: 14.11.1969; também sinto que Ordenação Presbiteral: 19.12.1970 (45 anos de Sacerdócio); 03.01.1972 – Nilópolis – Conceição – vigário paroquial; não tenho um 27.01.1974 – Canoinhas – guardião e pároco; t e mp e r a m e nt o 21.12.1976 – São Paulo – Pari – guardião e pároco; afável. Confio nas 15.12.1982 – São João de Meriti – guardião e pároco; pessoas e gosto de 21.01.1986 – Vila Velha – santuário – coordenador da fraternidade e pároco; em 18.01.1992 - guardião; vê-las crescer por 10.01.1995 – Petrópolis – pároco e vigário da casa; elas mesmas. Não 22.11.2000 – Paty do Alferes – guardião e pároco; sou precipitado 20.12.2006 – Agudos – pároco da paróquia Santo Antônio; 14.12.2011 – período sabático; 12.12.2012 – Pato Branco – vigário paroquial


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Encontro de famílias marca despedida de Frei Vitalino Um encontro de famílias: assim se pode definir a celebração de despedida de Frei Vitalino Turcato, realizada na tarde desta quinta-feira, dia 19 de maio, em Pato Branco, PR. A família religiosa, composta por seus confrades de Pato Branco e das Fraternidades de Chopinzinho e Mangueirinha, que compareceram em peso; a família de sangue, irmãos, cunhadas e sobrinhos, de Pato Branco, Cascavel e outras localidades, que nos últimos meses se desdobraram nos cuidados imediatos ao frade; a família espiritual, lideranças e paroquianos, amigos e padres das paróquias da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão e demais fiéis. A missa começou às 16h15 e foi transmitida pela Rádio Celinauta. Representando o Definitório Provincial, Frei Gustavo Medella, Definidor da Região, presidiu a celebração, que contou também com a presença do Administrador Diocesano, Padre Geraldo Macangnan. Na homilia, Frei Gustavo destacou duas qualidades que sobressaíam em Frei Vitalino: o fato de pensar mais nos outros do que em si e a profunda busca de proximidade com os pobres. Frei Gustavo recordou ainda a emoção vivida ao celebrar, junto com Frei Vitalino, a Missa de Lava-Pés na Matriz de São Pedro, em Pato Branco, durante a Semana Santa deste ano. “Já muito enfraquecido pela doença, o Frei esteve aqui conosco e, naquela noite, eu disse que na verdade era ele quem lavava os nossos pés, com seu testemunho de perseverança, otimismo e mansidão diante da dificuldade. Foi um dos momentos mais marcantes que vivi no curto tempo que tenho de sacerdócio”, relatou. No comentário inicial, Frei Nelson Rabelo declarou que a partida de Frei Vitalino era marcada por três sentimentos:

a despedida, a entrega e a gratidão. “A despedida ocorre porque, dentro de nossa limitada existência neste mundo, temos tempo de nascer e de morrer. [...] A entrega é, na verdade, uma devolução: aquele que Deus nos concedeu como irmão, como confrade, como sacerdote, como servo do Reino, agora retorna para o convívio próximo e amoroso da Trindade, Deus Pai, Filho e Espírito Santo que o acolhe de braços abertos. E a gratidão é o sentimento mais nobre que nos resta diante da partida de alguém que amamos”, explicou Frei Nelson. Nas partes da celebração, os frades de Pato Branco se revezaram: Frei Nelson Rabelo foi o comentarista, Frei Olivo Marafon fez a acolhida do povo, Frei Aldolino Bankhardt proclamou o Evangelho, Frei Felipe Gabiel Alves

conduziu a encomendação e Frei Neuri Francisco Reinisch fez um agradecimento a todos, especialmente à família de Frei Vitalino, em nome da Fraternidade. A sobrinha de Frei Vitalino Turcato, Marli Doneda Silva, e seu esposo, deram um testemunho sobre a convivência com o frade e o legado que ele deixou. Ficaram emocionados ao recordar os momentos vividos durante a enfermidade, quando Frei Vitalino, sempre conduzido pelos familiares, precisou realizar muitas idas e vindas entre Cascavel e Pato Branco. Logo após a celebração, o caixão foi conduzido até o Mausoléu São José, construído recentemente para o sepultamento dos frades. O espaço, que ainda está em conclusão, foi abençoado pelo pároco, Frei Olivo Marafon.

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Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados

Junho 09 13 17 a 19 20 20 20 20 e 21 22 24 24 a 26 28 a 30

30

Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião) Encontro do Regional do Espírito Santo (Colatina) Encontro Vocacional Regional (Petrópolis) Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Balneário Camboriú) Encontro do Regional de Curitiba (Aldeia) Encontro do Regional de São Paulo (Pari) Encontro da Coordenação da Frente de Comunicação (Petrópolis) Encontro da Coordenação da Frente de Educação (Bragança Paulista) Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense (Campos Elíseos) Encontro Vocacional Regional (Guaratinguetá) Reunião do Definitório Provincial (com os Coordenadores Regionais no dia 29) (São Paulo – S. Francisco) Encontro da Coordenação da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento (Balneário Camboriú)

Julho 01 a 03 04

04 04 e 05 04 e 05 11 18 e 19 18 a 21 18 a 22

Encontro Vocacional Regional (Ituporanga) Encontro do Regional Rio de Janeiro e Baixada Fluminense (Niterói) Encontro do Regional de Agudos (Sorocaba) Encontro do Regional do Leste Catarinense (S. Amaro da Imperatriz) Encontro do Regional do Contestado (Piratuba) Encontro do Regional de Pato Branco (Chopinzinho) Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Curitibanos) Assembleia da FIMDA (Angola) Retiro Provincial (Rondinha)

Agosto 01 a 03 02 09 e 10 15 a 19 22 a 25 22 a 25 22 a 26 28 a 31 29 30 31

Encontro Provincial da Frente de Comunicação (Rondinha) Jubileu dos 800 anos do Perdão de Assis Encontro Provincial do SAV Retiro Provincial para frades de 1 a 10 anos de transferência, após os períodos em casas de formação (Vila Velha) Reunião do Definitório Provincial Reunião do Definitório Provincial (Rodeio) Encontro dos Ecônomos da CFMB (Porto Alegre) Conselho da Formação inicial (Petrópolis) Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense (Nilópolis) Encontro Provincial da Frente das Missões (Petrópolis) Prazo para entrega do Projeto Fraterno de Vida e Missão das Fraternidades

Setembro 01 02 e 03

Dia Mundial de Oração pelo cuidado da Criação Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense (Petrópolis – S. Francisco)

04 05 09 a 11 12 12 e 13 14 14 e 15 17 e 18 19 19 19 a 22 19 a 24 26 26 26 e 27 26 e 27 26 a 30

Dia da Amazônia: Coleta Anual pela Evangelização na Amazônia Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Gaspar) Encontro dos Irmãos Leigos da Província Encontro do Regional de Curitiba (Rondinha) Encontro do Regional do Leste Catarinense (Angelina) Encontro do Regional do Vale do Paraíba (Guaratinguetá – Fazenda Esperança) Encontro Provincial da Frente de Educação (Rondinha) Encontro Provincial da Frente da Solidariedade Encontro do Regional de Pato Branco (Mangueirinha) Encontro do Regional de Agudos (Bauru) Retiro no Eremitério de Rodeio Assembleia ampliada da CFMB - SERFE e SIFEM (Rondinha) Encontro do Regional do Espírito Santo (Penha) Encontro do Regional de São Paulo (Amparo) Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Lages) Encontro do Regional do Contestado (Piratuba) Retiro Provincial (Agudos)

Outubro 06 e 07 10 a 14 18 a 20 24 a 26 29

Conselho da Formação e Estudos (Vila Clementino) Curso de Franciscanismo (Rondinha) Reunião do Definitório Provincial (São Paulo) Encontro Provincial da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento (Agudos) Ordenação presbiteral de Frei Robson Luiz Scudela (Coronel Freitas)

Novembro 07 08 12 a 15 19 21 28 28 29 a 01

Encontro do Regional do Vale do Itajaí - recreativo (Vila Itoupava) Conselho do Secretariado da Evangelização (Vila Clementino) Estágio Vocacional (Guaratinguetá) Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense – recreativo (Paty do Alferes) Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião) Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense Encontro do Regional de Agudos – recreativo Reunião do Definitório Provincial

DEZembro 01 e 02 05 05 05 12 12 e 13 12 e 13 12 e 13

Jubileus dos confrades (São Paulo – S. Francisco) Encontro do Regional de Pato Branco (Pato Branco) Encontro do Regional de Curitiba-recreativo (Caiobá) Encontro do Regional de São Paulo (Bragança) Encontro do Regional do Espírito Santo – recreativo Encontro do Regional do Leste Catarinense (Florianópolis) Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí - recreativo Encontro do Regional do Contestado (Piratuba)


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