Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
maio de 2019 • ANO LXVII • N o 05
FIMDA
CAPÍTULO ELETIVO 27 a 31 de maio – Luanda, Angola
SUMÁRIO MENSAGEM DO GOVERNO PROVINCIAL
Irmãos Menores: Sempre e em todo lugar ................................................................................299
FORMAÇÃO PERMANENTE
“O diálogo como experiência ética”, artigo de Frei Vagner Sassi ..................................300 Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais ........................302
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Frei Marx Rodrigues dos Reis será ordenado dia 11 de maio .........................................305 Encontro dos Institutos afiliados à Universidade Antonianum .....................................308 Retiro Quaresmal reúne aspirantes e postulantes em Angola ......................................311 Encontro reúne frades com até 10 anos de profissão solene ........................................312 Veja como foi a ordenação presbiteral de Frei Roberto Aparecido Pereira ...........316
FRATERNIDADES
Quatro séculos de ‘Paz e Bem’no Largo da Carioca ..............................................................324 Coral dos Canarinhos realiza Concerto Espiritual de Quaresma ...................................328 Gaspar: Igreja lança pedra fundamental do Passeio São Pedro.....................................330 Nilópolis: Paróquia Nossa Senhora Aparecida conclui reforma do teto ..................332 No 1º Encontro Regional de Curitiba, a centralidade do diálogo ................................333 1º Encontro do Regional de Agudos .............................................................................................334 Encontro do Regional do Vale do Paraíba ..................................................................................335 SÉRIE NOSSOS FRADES: Frei Pedro da Silva..........................................................................336 Voluntariado do Seminário Frei Galvão: “A Alegria de Servir” .........................................341
EVANGELIZAÇÃO
Conselho Provincial de Juventudes começa a ganhar forma.........................................342 Alverne: da Idade Média para “Idade Mídia” ...............................................................................344 Colégio Bom Jesus: Liderança franciscana na Educação Básica ...................................347 Congresso Nacional de Educação da Anec e a formação humana ............................348 Trote Solidário é legado franciscano na FAE Centro Universitário ...............................349 Conselho de Evangelização: primeiros encaminhamentos do triênio .....................351 Missionszentrale: 50 anos .....................................................................................................................354 Papa em Marrocos: “Sejam promotores de fraternidade” ..................................................356 Carmelita fala aos junioristas da CRB-PR ......................................................................................359 Capítulo eletivo da FIMDA ....................................................................................................................358
FALECIMENTO
Frei Carlos Pierezan falece no seu dia de seu aniversário .................................................360 Aos 96 anos, falece a benfeitora Alzira ..........................................................................................365
NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES
“O Mundo Religioso”, novo livro de Frei Volney ......................................................................366 Curso de Espiritualidade Franciscana ............................................................................................366
AGENDA ..................................................................................................................................................368
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br | ofmimac@franciscanos.org.br
Irmãos Menores: Sempre e em todo lugar “Eis o que eu gostaria: um mundo que viva um novo abraço entre os jovens e os idosos”
Q
uem faz esta afirmação é o Papa Francisco, no Prefácio do livro “La Saggezza del Tempo” (A Sabedoria do Tempo), de autoria do jesuíta italiano Antonio Spadaro. Interessa aqui o olhar sensível do Santo Padre para a complementariedade que existe numa relação saudável entre jovens e idosos. No mesmo texto, o Papa coloca com entusiasmo: “Como é bonito (...) o encorajamento que o idoso consegue comunicar a uma jovem ou a um jovem em busca do sentido da vida!” O sonho de Sua Santidade pode, e deve, iluminar o nosso sonho de Província, onde a sabedoria e a experiência caminham de mãos dadas com a ousadia e o vigor. É motivo de grande satisfação acompanhar os primeiros passos do Conselho de Juventudes da Província que, a partir de experiências que começaram na prática, através de missões, caminhadas, encontros formativos, começa a construir um percurso de espiritualidade voltado para jovens também com finalidade de promover o discernimento vocacional. Também alegra o coração perceber que faz parte de nossa Fraternidade Provincial um grupo de cinquenta irmãos que tem 10 anos ou menos de Profissão Solene (Under Ten). Um considerável grupo destes se reuniu nos dias 25 e 26 de março, no Convento São Francisco, em São Paulo, no Pré-Capítulo da Esteiras Under Ten, encontro convocado pelo Ministro Geral para julho deste ano em Taizé, na França. Na ocasião seremos
representados por três confrades que estão nesta faixa etária. Tanto vigor e entusiasmo não seriam realidade caso não houvesse em nossa retaguarda um sem-número de irmãos com mais experiência de caminhada na vida franciscana. Somos herdeiros da bela história destes valente homens de Deus. Neste mês de abril, entregamos nas mãos do Senhor a vida de Frei Carlos Pierezan que, até o fim de seus 82 anos aqui entre nós, manifestou um ânimo irrefreável no seguimento de Jesus. Ele é apenas um entre os inúmeros exemplos de confrades, vivos e falecidos, que nos fazem agradecer e louvar a Deus. E, voltando a falar de juventude, é com olhos de esperança que dirigimos nossa atenção à querida Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola. A semente pequena e discreta, lançada há quase 30 anos em terras africanas, floresceu forte e hoje apresenta ao mundo o rosto angolano da Ordem dos Frades Menores. Neste mês de maio, nossos irmãos da Fundação celebram o seu Capítulo eletivo. Além das orações, queremos reafirmar nosso compromisso de mútua ajuda, marcado pela proximidade. Neste sentido, iniciativas em algumas de nossas Frentes de Evangelização começam a ganhar corpo. Encaminhamentos locais em vista do autossustento também serão contemplados no Capítulo da Fundação. Vale recordar que continua a ressoar em nossas Fraternidades localizadas em solo brasileiro o apelo missionário convocando nossos irmãos a partirem em missão. Há vagas! Pedimos à Mãe Imaculada, Padroeira da Província e da Fundação, que abençoe nossos passos neste mês que se inicia. São José Operário nos anime a colocar a “mão na massa” para construirmos juntos o Reino. Conforme recorda o Papa Francisco, na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações deste ano, “Somos membros uns dos outros” (Ef. 4,25).
Frei César Külkamp
Frei Gustavo Medella
Ministro Provincial
Vigário Provincial
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Formação permanente
O encontro de Francisco com o sultão
O diálogo como experiência ética
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u te lembras, Pai Francisco? Este indigno que pega hoje a pena a fim de narrar a tua crônica era humilde e feio mendigo no dia de nosso primeiro encontro. Cabeludo da nuca às sobrancelhas, tinha a fisionomia coberta de pelos e o olhar amedrontado. Em vez de falar, balia feito carneiro, e tu, para ridicularizar minha feiura e humildade, me apelidaste de Irmão Leão. Porém, quando te contei a minha vida, começaste a chorar e, acolhendo-me em teus braços, disseste: - Perdoa-me a zombaria. Agora vejo que és realmente um leão, pois só um leão ousaria pretender o que pretendes”. Com essa fala, tem início a narrativa do Pobre de Deus tal como concebida por Nikos Kazantzakis. Nesta obra, escrita na primeira pessoa, Frei Leão recorda suas experiências dialogando com Francisco de Assis. Uma obra ditada pelo coração, onde vê-se não dois personagens inventados, mas duas pessoas reais que se encontram na partilha da palavra, da vida e do pão. A narrativa cativa crentes e ateus por sua simplicidade e humanidade. Nela tem-se a impressão de que tudo fala e de que nos sentimos conosco Leão e Francisco. De imediato, nos sentimos em casa. Isso em uma época onde se multiplicam discursos e escritos sobre diálogo e comunicação que até comunicam muito mas, na realidade, pouco ou nada falam. Liberto de pretensões idealistas, vamos descobrindo, na finitude de nossa própria vida, que é a experiência, e não a verdade, o que dá sentido ao diálogo. Dialogamos para transformar o que somos e não para defender ou transmitir ideias
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que sabemos. Se algo nos anima a dialogar é a possibilidade de que essa experiência nos aproxime e nos liberte, humanizando a todos. Porém, não obstante simples, tal prática se mostra hoje para nós como a mais difícil. Isso porque, por muito tempo, fomos educados a partir de outros pressupostos que não a liberdade e a humanidade. Rigorosa na guarda e na observância de normas e mandamentos, nossa formação moral fez de nós pessoas corretas e obedientes sim, mas insensíveis ao outro e muito pouco abertas ao diálogo. As raízes dessa dificuldade são históricas. Verifica-se que, na aurora do Ocidente, o termo grego ethos, do qual provém a nossa palavra ética, se escrevia de duas formas diferentes. Quando se utilizava no início a letra grega éta (“e” longo), ele significava casa e morada. Mas se utilizava a letra épsilon (“e” curto), estava se referindo a hábitos e costumes. A compreensão da ética em termos de hábitos e costumes aponta para uma dimensão institucional que, por sua vez, é sempre resultante do acordo e do consenso de um grupo. Essa apreensão permitiu aos romanos traduzirem a palavra grega ethos pelo termo latino mos, moris; de onde se originou o seu significado moral. Por sua própria condição, os seres humanos nascem já inseridos em uma comunidade que se expressa em hábitos e costumes recolhidos em códigos morais. Estabelecendo o que pode ou não ser feito, o que se deve ou não fazer, estes são utilizados como referências para a avaliação e o julgamento de indivíduos e grupos. Já a compreensão da ética em termos de casa e morada aponta para uma di-
mensão existencial que, por sua vez, diz do modo como, frente à coletividade, o homem constrói sua própria vida. É próprio do existir humano nunca ser dado pronto e acabado, mas ter que ser forjado mediante experiência e empenho pessoais. Ainda que receba toda uma herança biológica e cultural, o ser humano é livre para construir sua própria identidade, edificar a sua morada, ser ético. Desta compreensão de ética, comum a toda humanidade, independente do coletivo e anterior a quaisquer considerações morais, depreende-se a liberdade e a história. Ainda que complementares, essas compreensões da ética são radicalmente diferentes. E cumpre reconhecer que a prevalência da dimensão institucional-moral (“hábitos e costumes”), sobre a existencial-pessoal (“casa e morada”), ainda que garantia de “progresso” e “ordem”, nunca é isenta de desumanidades. Isso porque a redução do ethos a uma compreensão meramente moral é justamente o que instaura o predomínio da razão instrumental. Tendo como referência a predicação e o juízo, a linguagem se reduz a “meio de comunicação” e o diálogo a uma “discussão entre dois ou mais indivíduos em vista de um consenso”. Nesse sentido, o diálogo é sempre tomado como um meio para um fim dentro de uma relação de poder. Existe a comunicação, mas esta não é propriamente humana, ainda que racional. E justamente porque meramente técnica, não acontece nenhuma experiência e nenhum encontro real entre pessoas. A considerarmos a narrativa do Pobre de Deus, no dia do primeiro encontro, Francisco ridiculariza Irmão Leão a partir
de um julgamento. A feiura e a humildade de Irmão Leão, ainda que reais, são vistas tão somente a partir de um padrão institucional que a todos impõe uma medida única de estética e comportamento. Porém, o reconhecimento dos limites dessa compreensão reducionista do ethos, e de seus efeitos nocivos à humanidade, pode levar o ser humano a instaurar a primazia da dimensão existencial. Tendo como referência a compreensão e a compaixão, a linguagem pode surgir como “mostração” e o diálogo como “encontro”. Recuperado no seu sentido ético originário, o diálogo, mais do que meio de comunicação ou de dominação, é vivenciado como experiência propriamente humana. Despido de todo e qualquer anseio de poder e julgamento, o ser humano se dispõe a acolher o outro na sua diferença e a partir de sua própria história. Na narrativa do diálogo do Pobre de Deus, quando Irmão Leão conta a sua vida, Francisco começa a chorar e o acolhe nos braços. Ainda que diferentes, sentem-se em casa e não como estranhos. E o que os une é uma experiência a partir da qual se compreendem, não uma verdade a partir da qual se julgam. Neste ano, ao recordarmos o aniversário do encontro de São Francisco e o Sultão Al-Malik Al-Kamil, tal compreensão do diálogo como experiência ética surge como provocação. Ela nos convoca a repensarmos o modo como vamos ao encontro de cada irmão e de cada irmã na sua história e diferença. Em louvor de Cristo. Amém!
Frei Vagner Sassi Imagem: “São Francisco e o Irmão Leão em meditação”, de Doménikos Theotokópoulos, conhecido como El Greco (1541-1614).
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Formação permanente
Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais (2 DE JUNHO DE 2019)
“Somos membros uns dos outros (Ef 4, 25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana” Queridos irmãos e irmãs!
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esde quando se tornou possível dispor da internet, a Igreja tem sempre procurado que o seu uso sirva o encontro das pessoas e a solidariedade
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entre todos. Com esta mensagem, gostaria de vos convidar uma vez mais a refletir sobre o fundamento e a importância do nosso ser-em-relação e descobrir, nos vastos desafios do atual panorama comunicativo, o desejo que o homem tem de não ficar encerrado na própria solidão.
Formação permanente
As metáforas da “rede” e da “comunidade” Hoje, o ambiente dos mass-media é tão invasivo que já não se consegue separar do círculo da vida quotidiana. A rede é um recurso do nosso tempo: uma fonte de conhecimentos e relações outrora impensáveis. Mas numerosos especialistas, a propósito das profundas transformações impressas pela tecnologia às lógicas da produção, circulação e fruição dos conteúdos, destacam também os riscos que ameaçam a busca e a partilha de uma informação autêntica à escala global. Se é verdade que a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, verdade é também que se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação e à distorção consciente e pilotada dos fatos e relações interpessoais, a ponto de muitas vezes cair no descrédito. É necessário reconhecer que se, por um lado, as redes sociais servem para nos conectarmos melhor, fazendo-nos encontrar e ajudar uns aos outros, por outro, prestam-se também a um uso manipulador dos dados pessoais, visando obter vantagens no plano político ou econômico, sem o devido respeito pela pessoa e seus direitos. As estatísticas relativas aos mais jovens revelam que um em cada quatro adolescentes está envolvido em episódios de cyberbullying.[1] Na complexidade deste cenário, pode ser útil voltar a refletir sobre a metáfora da rede, colocada inicialmente como fundamento da internet para ajudar a descobrir as suas potencialidades positivas. A figura da rede convida-nos a refletir sobre a multiplicidade de percursos e nós que, na falta de um centro, uma estrutura de tipo hierárquico, uma organização de tipo vertical, asseguram a sua consistência. A rede funciona graças à comparticipação de todos os elementos.
Reconduzida à dimensão antropológica, a metáfora da rede lembra outra figura densa de significados: a comunidade. Uma comunidade é tanto mais forte quando mais for coesa e solidária, animada por sentimentos de confiança e empenhada em objetivos compartilháveis. Como rede solidária, a comunidade requer a escuta recíproca e o diálogo, baseado no uso responsável da linguagem. No cenário atual, salta aos olhos de todos como a comunidade de redes sociais não seja, automaticamente, sinônimo de comunidade. No melhor dos casos, tais comunidades conseguem dar provas de coesão e solidariedade, mas frequentemente permanecem agregados apenas indivíduos que se reconhecem em torno de interesses ou argumentos caraterizados por vínculos frágeis. Além disso, na social web, muitas vezes a identidade funda-se na contraposição ao outro, à pessoa estranha ao grupo: define-se mais a partir daquilo que divide do que daquilo que une, dando espaço à suspeita e à explosão de todo o tipo de preconceito (étnico, sexual, religioso, e outros). Esta tendência alimenta grupos que excluem a heterogeneidade, alimentam no próprio ambiente digital um individualismo desenfreado, acabando às vezes por fomentar espirais de ódio. E, assim, aquela que deveria ser uma janela aberta para o mundo, torna-se uma vitrine onde se exibe o próprio narcisismo. A rede é uma oportunidade para promover o encontro com os outros, mas pode também agravar o nosso auto-isolamento, como uma teia de aranha capaz de capturar. Os adolescentes é que estão mais expostos à ilusão de que a social web possa satisfazê-los completamente em nível relacional, até se chegar ao perigoso fenômeno dos jovens «eremitas sociais», que correm o risco de se alie-
nar totalmente da sociedade. Esta dinâmica dramática manifesta uma grave rutura no tecido relacional da sociedade, uma laceração que não podemos ignorar. Esta realidade multiforme e insidiosa coloca várias questões de caráter ético, social, jurídico, político, econômico, e interpela também a Igreja. Enquanto cabe aos governos buscar as vias de regulamentação legal para salvar a visão originária de uma rede livre, aberta e segura, é responsabilidade ao alcance de todos nós promover um uso positivo da mesma. Naturalmente, não basta multiplicar as conexões para ver crescer também a compreensão recíproca. Então, como reencontrar a verdadeira identidade comunitária na consciência da responsabilidade que temos uns para com os outros inclusive na rede on-line?
“Somos membros uns dos outros” Pode-se esboçar uma resposta a partir de uma terceira metáfora – o corpo e os membros – usada por São Paulo para falar da relação de reciprocidade entre as pessoas, fundada num organismo que as une. «Por isso, despi-vos da mentira e diga cada um a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros» (Ef 4, 25). O fato de sermos membros uns dos outros é a motivação profunda a que recorre o Apóstolo para exortar a despir-se da mentira e dizer a verdade: a obrigação de preservar a verdade nasce da exigência de não negar a mútua relação de comunhão. Com efeito, a verdade revela-se na comunhão; ao contrário, a mentira é recusa egoísta de reconhecer a própria pertença ao corpo; é recusa de se dar aos outros, perdendo assim o único caminho para se reencontrar a si mesmo. A metáfora do corpo e dos membros leva-nos a refletir sobre a nossa maio de 2019 – comunicações
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Formação permanente
identidade, que se funda sobre a comunhão e a alteridade. Como cristãos, todos nos reconhecemos como membros do único corpo cuja cabeça é Cristo. Isto ajuda-nos a não ver as pessoas como potenciais concorrentes, considerando os próprios inimigos como pessoas. Já não tenho necessidade do adversário para me autodefinir, porque o olhar de inclusão, que aprendemos de Cristo, faz-nos descobrir a alteridade de modo novo, ou seja, como parte integrante e condição da relação e da proximidade. Uma tal capacidade de compreensão e comunicação entre as pessoas humanas tem o seu fundamento na comunhão de amor entre as Pessoas divinas. Deus não é Solidão, mas Comunhão; é Amor e, consequentemente, comunicação, porque o amor sempre comunica; antes, comunica-se a si mesmo para encontrar o outro. Para comunicar conosco e Se comunicar a nós, Deus adapta-Se à nossa linguagem, estabelecendo na história um verdadeiro e próprio diálogo com a humanidade (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Dei Verbum, 2). Em virtude de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus, que é comunhão e comunicação-de-Si, trazemos sempre no coração a nostalgia de viver em comunhão, de pertencer a uma comunidade. Como afirma São Basílio, «nada é tão específico da nossa natureza como entrar em relação uns com os outros, ter necessidade uns dos outros».[2] O panorama atual convida-nos, a todos nós, a investir nas relações, a afirmar – também na rede e através da rede – o caráter interpessoal da nossa humanidade. Por maior força de ra-
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zão nós, cristãos, somos chamados a manifestar aquela comunhão que marca a nossa identidade de crentes. De fato, a própria fé é uma relação, um encontro; e nós, sob o impulso do amor de Deus, podemos comunicar, acolher e compreender o dom do outro e corresponder-lhe. É precisamente a comunhão à imagem da Trindade que distingue a pessoa do indivíduo. Da fé num Deus que é Trindade, segue-se que, para ser eu mesmo, preciso do outro. Só sou verdadeiramente humano, verdadeiramente pessoal, se me relacionar com os outros. Com efeito, o termo pessoa conota o ser humano como «rosto», voltado para o outro, comprometido com os outros. A nossa vida cresce em humanidade passando do caráter individual ao caráter pessoal; o caminho autêntico de humanização vai do indivíduo que sente o outro como rival para a pessoa que nele reconhece um companheiro de viagem.
Do “like” ao “amém” A imagem do corpo e dos membros recorda-nos que o uso da social
web é complementar do encontro em carne e osso, vivido através do corpo, do coração, dos olhos, da contemplação, da respiração do outro. Se a rede for usada como prolongamento ou expetação de tal encontro, então não se atraiçoa a si mesma e permanece um recurso para a comunhão. Se uma família utiliza a rede para estar mais conectada, para depois se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é um recurso. Se uma comunidade eclesial coordena a sua atividade através da rede, para depois celebrar juntos a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é uma oportunidade para me aproximar de casos e experiências de bondade ou de sofrimento distantes fisicamente de mim, para rezar juntos e, juntos, buscar o bem na descoberta daquilo que nos une, então é um recurso. Assim, podemos passar do diagnóstico à terapia: abrir o caminho ao diálogo, ao encontro, ao sorriso, ao carinho… Esta é a rede que queremos: uma rede feita, não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres. A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos gostos [“like”], mas na verdade, no «amém» com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros. Vaticano, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2019.
Franciscus Dia Mundial das Comunicações Sociais
[1] Para circunscrever o fenómeno, será instituído um Observatório internacional sobre cyberbullying, com sede no Vaticano. [2] Grandes Regras, III, 1: PG 31, 917. Cf. Bento XVI, Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações Sociais (2009).
Formação e estudos
Entrevista
Frei Marx Rodrigues dos Reis
“Não serei capaz de grandes coisas, mas espero ser capaz de dedicar o tempo necessário aos pequeninos do Reino”
O
carioca Frei Marx Rodrigues dos Reis será ordenado presbítero no dia 11 de maio, às 17 horas, pelas mãos de Dom Luciano Bergamin, CRL, bispo emérito de Nova Iguaçu, na Igreja Nossa Senhora Aparecida, em Nilópolis. Sua Primeira Missa será celebrada na Igreja Santíssima Trindade,em Nilópolis, no dia seguinte, às 8h30. Filho de Heloíza e Marco Aurélio Ribeiro dos Reis, Frei Marx nasceu em São João de Meriti (RJ) no dia 28 de setembro de 1989. Tem duas irmãs: Amanda Rodrigues dos Reis (34 anos) e Yolanda Rodrigues dos Reis (32 anos).
Comunicações - Como se deu o
seu discernimento vocacional? Frei Marx - Enquanto estive no trabalho do Serviço de Animação Vocacional me questionei sobre isso.
Frei Marx ingressou no Aspirantado de Ituporanga em 2008 e vestiu o hábito franciscano em 2010. Cursou Filosofia na Fae Centro Universitário e Teologia no ITF, em Petrópolis. Em 2014 e 2015 morou no Convento do Sagrado Coração de Jesus e depois foi transferido para Imbariê – Duque de Caxias, onde morou por dois anos. Em 2018, foi transferido para o Convento São Francisco de Assis (SP) para trabalhar no Serviço de Animação Vocacional da Província e, nesse ano, foi transferido para o Convento Santo Antônio do Pari, onde está a serviço do Sefras - Serviço Franciscano de Solidariedade. Acompanhe a entrevista a Moacir Beggo!
Nesse período, pude voltar ao meu ponto de partida, como nos ensina Santa Clara, e vi a misericórdia de Deus para comigo e os meus conterrâneos. Não nasci em uma família católica, mas, como em nosso país o
sincretismo religioso é bem acentuado, fiz um longo período de catequese e, próximo da minha primeira comunhão, fui convidado a fazer um retiro no mosteiro das Irmãs Clarissas de Nova Iguaçu. No caminho, o maio de 2019 – comunicações
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Formação e estudos
ônibus passava por alguns lugares de pobreza visível e vi algumas crianças que brincavam descalças no chão, na terra batida e escurecida pelo lixo que estava à volta. Lembro-me de ter me visto pobre pela primeira vez e de ter me interrogado sobre o motivo que as Irmãs se propuseram viver naquele lugar. Após essa oportunidade de ver uma realidade sofrida, tivemos a graça de conversar com as Irmãs, que nos explicaram a permanência delas a partir da vida de um Santo que deixou tudo o que tinha para servir a Deus entre os mais pobres de sua época. A história da vida de Francisco me impressionou. Como um homem foi capaz de deixar toda a sua riqueza para viver entre os leprosos, comendo migalhas, enquanto parecia ter encontrado o amor de sua vida? Interroguei a irmã de onde vinha esse amor de Francisco. Ela, então me apresentou um Deus que, na sua divindade, não media esforços pela humanidade, principalmente pelos mais sofridos: Acolhia as crianças; sentavase à mesa com os pecadores; falava de um Reino para os pequeninos. Nunca mais me esqueci desse Deus e nunca mais pude deixar de pensar num Reino no qual tem lugar para todos, que abre espaço para a humanidade ver o sagrado. Primeiro, entendi que precisava ser franciscano. Fiz cinco anos de acompanhamento vocacional na Paróquia Nossa Senhora Aparecida e, a cada dia, entendia que a experiência de Deus se dava como proposta de uma nova realidade para mim. Entrei no Seminário em 2008 e lá entendi, com muita facilidade, que o ministério do presbítero tem total relação com a missão de ir aos mais sofridos e necessitados, apresentando a proposta do Reino de Deus. Essa minha leitura se perpetuou por muito
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tempo, até que tive uma crise. Pensei que talvez esse não seria o caminho que tinha desejado. Achei que talvez não quisesse viver em uma paróquia ou santuário, até que fui transferido para a Paróquia Santa Clara de Assis, em Imbariê, Duque de Caxias. Lá vi que ser um presbítero é algo mais do que estar em um espaço físico. Entendi que existe uma estreita relação entre celebrar o pão partido e enxugar as lágrimas dos que buscam o nosso convento. Vi que existe algo de sagrado na vida do povo e que esse povo deseja se apresentar a Deus, que o cálice não é apenas um vaso de metal, mas é o sagrado reunido em uma fé que provém do Evangelho. Naquela terra, quando se prega o Evangelho, o povo nos pede para rezarmos um pouco e, quando nos abraçamos, eles nos dizem: “Reze por mim, frei, reze por mim!”. Lá vi nos olhos do povo o sagrado e desejei servi-lo em preces constantes até o final de minha vida.
Comunicações - O que é para você
o ministério presbiteral? Frei Marx - É algo que não seria capaz de definir. Sou capaz de refletir. Tenho certeza que não sou uma pessoa tão diferente do restante do povo de Deus e que por isso fui escolhido. Tenho a certeza que sou uma pessoa que Deus amou de tal forma que hoje sinto a necessidade de amar ao próximo, pois o amor de Deus transborda na vida humana. E é justamente porque o amor é algo tão próprio que nos colocamos no serviço presbiteral, porque é preciso amar os pobres e sofredores, anunciar o Evangelho que nos traz a vida, rezar por nós e por todos para que esse ministério tenha sentido. Tem um fato que me aconteceu e que muito fala sobre o sentido do ministério. No final do curso de Teologia, tive a graça de fazer uma mis-
são na Amazônia Peruana no período de um mês. Em um dos lugares que visitei, encontrei uma senhora que tinha perdido seu filho de treze anos naquela semana, e ela me pediu que rezasse pela alma de seu filho. Aceitei, e como naquela aldeia não tinha capela, fizemos a celebração na sua casa de pau-a-pique. Tinha apenas uma parede levantada e uma mesa que utilizamos para celebrar a Palavra de Deus. Quando chegou a hora de apresentarmos as nossas intenções, solicitei àquela senhora que fizesse algum pedido. Ela, com os olhos cheios de lágrimas, disse: “Frei, não tenho nada para pedir, quero apenas agradecer. Sabe como meu filho morreu? Então, ele me pediu um doce (que seria por volta de um real) e eu disse para ele que se lhe desse também precisaria dar para os seus dois irmãos. Como não tinha condições de comprar para todos, propus comprar primeiro para os menores e, da outra vez, compraria dois para ele. Ele aceitou e, quando voltei da quermesse, ele tinha subido nessa mesa, que você está rezando, para se enforcar. Ele deixou um bilhete que dizia não ser amado. Mas hoje, vejo que ele sabe que eu o amo, porque na mesa que ele morreu, celebro a sua vida”. Acho que ser presbítero é ser capaz de celebrar o mistério de Deus que escorre do altar até o chão da existência dos homens. Ser presbítero é ser o menor, servo, para que o amor de Deus apareça. Ser presbítero não tem nada de mágico, tem tudo de mistério e o mistério nos foi revelado na vida de Jesus Cristo, que a entregou no dia a dia até que O entregamos numa cruz. Nela, Ele fez o canal da vida eterna, para que aquela mulher fosse capaz de viver sem ter os 3 reais que tiraram a vida de seu filho, mas que também fosse capaz de entender que o plano de Deus é que todos tenham vida em abundância.
Formação e estudos
Comunicações - Como você apre-
sentaria Francisco e Clara aos jovens. Que mensagem deixaria para eles? Frei Marx - Acredito que Francisco e Clara são dois exemplos de quem buscou viver o Evangelho. Tenho plena certeza que o maior encantamento está em Jesus de Nazaré, um homem que nos apresentou o rosto humano
de Deus. Esse Homem nos fez e ainda faz sentir que Deus realmente existe e isso nós vemos em suas atitudes que descortinam um novo amanhã. Francisco e Clara viveram na carne aquilo que seus corações professavam: se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e depois me siga. Eu perguntaria aos jovens: Vocês
querem seguir a Jesus? Então, cumpram o que ele mandou. Tenho certeza que muitos jovens são apaixonados por Deus e buscam respostas audaciosas para esse amor que não cabe mais no peito. Sei que isso era o que sentiu Francisco e Clara quando deixaram a casa paterna sem saber muito bem o que haveriam de viver. Mas tinham uma certeza: não podiam dizer não ao mistério que eles viviam.
Comunicações - Fale um pouco de
sua família? Frei Marx - Bem, somos três irmãos, eu e mais duas meninas, que são mais velhas que eu. Os meus pais moram em Nilópolis desde que se casaram e acho que nunca sairão de lá. Existe uma raiz profunda naquela terra. Eu cresci em uma casa bem pequena e tinha condição financeira bem simples. Naquela casa tínhamos uma relação muito saudável e diversa. Meu pai sempre sonhou com um mundo novo, sem desigualdades e misérias. Empenhou-se naquilo que lhe era possível e até hoje tem grandes sonhos. Minha mãe sempre foi muito lutadora. Lembro que cresci escutando MPB por influência dos meus pais. Nunca me esqueci da “Aquarela do Brasil”, que minha mãe cantava e nós tínhamos que desenhar no tempo da música. Também me recordo que, quando ficou muito claro para minha mãe que iria entrar no seminário, ela começou a participar das Missas comigo e, muitas vezes, me esperava na porta da Igreja até que concluísse tudo que era necessário. Acho que esse tempo gasto na porta da Igreja me fez entender um pouco do que é amar, do que é esperar pelo mais simples e satisfatório no mundo: a felicidade dos seus. Acho que não serei capaz de grandes coisas, mas espero, ao menos, ser capaz de dedicar o tempo necessário para que os pequeninos do Reino sejam felizes. maio de 2019 – comunicações
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fORMAÇÃO E eSTUDOS
Encontro dos Institutos afiliados à Universidade Antonianum
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e 13 a 16 de março p.p., aconteceu em Veneza, Itália, o encontro dos diretores dos Institutos afiliados à PUA (Pontifícia Universidade Antonianum). A hospedagem foi feita no Convento São de Francisco Della Vigna (OFM) e também no Convento Redendore (OFMCap), ambos em Veneza. Eu tive a graça de me hospedar no segundo local, que também é a sede do Instituto Teológico Laurentianum, num enorme convento ao lado da Igreja do Redentor, edificado em 1575, confiado aos Capuchinhos, que se dedicaram aos cuidados dos enfermos, por causa da peste que atingia aquela ilha Giudeca. O deslocamento destes dias se deu
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através de barcos, uma vez que Veneza apresenta a maioria das avenidas e ruas na água. Usamos os meios populares, que são os barcos médios (vaporeti), equivalentes aos saveiros no Brasil, ou barcos um pouco maiores, com capacidade para maior número de passageiros, seja sentado, seja em pé. Apreciamos as gôndolas, usadas pelos turistas para passeios curtos e para tirar fotos. Porém, estes meios não faziam parte do nosso modesto programa destes três dias. A parte formativa do encontro aconteceu no dia 14, numa jornada de estudo ecumênico e inter-religioso, tendo como sede o ISE (Instituto de Estudos Ecumênicos São Bernardino), no Convento São Francisco Della Vigna.
Frei Francisco Sella fez uma palestra sobre as origens do diálogo e encontro entre Francisco de Assis e o Sultão Al-Malik Al Kamil. A seguir, o sr. Ricardo Burigana abordou em linhas gerais a cortesia, o respeito e o diálogo, de acordo com a leitura e tradição do encontro de Francisco com o Sultão. Na sequência, Frei David Maria A. Jaeger, OFM, falou dos acordos entre a Igreja e as nações na Terra Santa, na linha da promoção do diálogo e entendimento mútuo entre as religiões. Depois de um gostoso almoço, servido aos cerca de duzentos participantes do encontro, no refeitório do Convento, tivemos um painel de discussão sobre o tema, tendo como participante, dentre outros expoentes,
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o dr. Izzedin Elzir, presidente emérito da união das comunidades islâmicas na Itália. Reporto abaixo algumas ideias que consegui captar desta jornada de estudos, especialmente, a partir da exposição deste muçulmano e de outros interlocutores: A guerra “santa” partia dos cristãos contra os muçulmanos. Francisco não pretendia converter os muçulmanos. Tudo indica que também não pretendia o martírio. Qual era o seu real interesse? A leitura deste fato, feita hoje, é que Francisco pretendia estabelecer a paz, sobretudo para que os peregrinos conseguissem visitar Jerusalém, sem pagar tributos. O representante do Islamismo, que é um palestino, oriundo de Hebron e hoje vive em Florência, Itália, afirmou que na maioria das vezes, “agimos com preconceito em relação aos cristãos, porque não lhe conhecemos”. Deus é único, com denominações diferentes. Nos contou que quando chegou na Itália há 20, não tinha mesquita onde rezar. Então, conversando com os cristãos, recebeu deles de imediato, como gentileza, uma sala para os muçulmanos se encontrarem e rezarem. Segundo ele, a ponte de Francisco com o Sultão, começou pelo testemunho, oriundo da fé religiosa de ambos. Os atos violentos não são próprios de uma fé religiosa, mas de pessoas que agem com orgulho. Se fossem desarmados, movidos pela humildade, não haveria guerras religiosas. A Jihad é hoje
mal compreendida. Esta palavra representa esforço, usada também pelos sacerdotes, pelos himans. Jihad significa empenho, coragem, ânimo em dizer aquilo que se pensa. Como consequência, não devemos permanecer no gueto mental do indiferentismo, já vivido há 20 ou 30 anos. É o empenho em sair de si mesmo para entrar na compreensão do outro, do diferente. Daí brota o desejo de não julgar o outro, mas respeitar o outro, com seus valores próprios. Exemplo: morreu um sacerdote francês num atentado terrorista. A comunidade muçulmana foi dar as condolências à comunidade cristã e não foi bem compreendida. Isso tudo, porque falta compreensão ao todo de cada religião. Fraternidade não é somente aquela que existe entre os irmãos muçulmanos, mas numa abrangência maior, envolve também as outras religiões. “Eu ensino que se
deve amar os irmãos cristãos... E onde isto está escrito no Alcorão? Não se encontra escrito, mas Francisco nos ensinou isto há oito séculos”. Outro exemplo pode ser colhido na compreensão mútua do que é o Ramadã para um muçulmano, comparado com a Quaresma para um cristão! O jejum e a esmola não são controlados por ninguém no islamismo. Porém, são observados por Deus a quem os pratica. O mesmo deve acontecer com os cristãos. Na Itália, existem muitas iniciativas na linha do diálogo inter-religioso. Nisso se descobre a riqueza que existe na religião do outro. Francisco nos ensina que o diálogo deve partir de cada um de nós. Isso brota da responsabilidade em ser humilde diante do próximo, do jeito que ele é. Disse ainda que o “Papa Francisco nos ensinou muito nisso, especialmente no encontro de Abu Dhabi”. Na discussão, alguém comentou que no Egito, existe muita dificuldade ao diálogo, porque tanto os grupos cristãos quanto os grupos muçulmanos são demasiadamente radicais. Por outro lado, o muçulmano disse que no tempo que ele vivia em Hebron, testemunhou que lá existia uma linda igreja, porém, sem presença de comunidade cristã, onde havia um sacerdote cristão ortodoxo. Este sacerdote sempre foi muito admirado e ajudado pelos muçulmanos, porque eles reconheciam nele um homem de Deus. Não se pode atribuir tomaio de 2019 – comunicações
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dos os problemas às religiões. Muitas vezes, o problema é político, de governantes que são radicais, ditadores... O medo aumenta porque não conhecemos as reais motivações de cada religião. A segurança não tem cor, nem religião. É uma necessidade de todos nós! “Temos necessidade de uma pedagogia do diálogo e não a de tirar crucifixos das salas de aula ou de tirar os véus das meninas muçulmanas”. Na manhã do dia 16, tivemos uma reunião dos Institutos afiliados, que também aconteceu no Convento São Francisco Della Vigna, onde cada diretor da entidade afiliada pôde apresentar a sua realidade atual, conforme seguem: Quito (Equador), Estúdio Teológico Franciscano Cardinal Echevarria: Frei Mário. Lá estudam também 60 Irmãs religiosas, tendo formação sobre a VRC (3 anos, curso de extensão). O bacharelado em Teologia está a caminho de ser reconhecido pela Univesidade Catolica de Cuenca, desde que apresente o título da PUA. Lá estudam somente 50 estudantes regulares (religiosos e diocesanos). Há presença de leigos, mas não regulares; Kolwezi (Congo), Escolasticado João XXIII: Frei Benoit. Lá, a realidade é promissora, com 138 estudantes inscritos (frades: 80). É um centro que acolhe a Filosofia e a Teologia; ITF (Instituto Teológico Franciscano), Petrópolis: Frei Ivo. No ITF, são 51 alunos regulares + 3 ouvintes. Acolhe frades, diocesanos, outros religiosos e religiosas e também leigos. Mudança de mantenedora, da Província
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para a Casa Nossa Senhora da Paz. Título reconhecido pelo Estado (Brasil). Neste ano, apenas um estudante fará o exame da PUA devido ao Ano Missionário (opção da Província nos anos passados). Veneza, Itália (Estúdio Teológico Laurenciano): Frei Alessando, OFMCap. 23 estudantes (inclusive seminaristas do Patriarcado de Veneza), com 25 professores. Neste ano, estão comemorando o Quarto
fessores. Boa colaboração com a Diocese. Semanas de estudo sobre temas teológicos (Cristologia). Um curso de extensão, aberto a leigos, porque o curso não é reconhecido pelo Estado. Verona, Itália (Estúdio Teológico São Bernardino) Frei Lorenzo: Está em vias de extinção. Apenas 08 frades estudantes. Alguns frades estudantes estão fazendo o curso de Teologia no Seminário Diocesano. O Instituto está fechando ao estudo regular, porém mantém suas portas abertas para encontros e semanas de estudo, sobretudo com temáticas franciscanas, aberta aos leigos (Semanas Culturais).
Considerações finais:
centenário da morte de São Lourenço de Bríndise. Benevento, Itália (Estúdio Teológico), Sr. Giovanni (leigo): 26 estudantes, aberto aos leigos, porém sem diplomas reconhecidos. 20 professores. Fazem viagens de estudo pela Itália, em parceria com a Faculdade de Ciências Religiosas. Monterrey, México (Instituto Franciscano de Teologia), Frei Guillelmo: 41 estudantes (26 OFM, 3 OFMCap, dentre outros). 15 pro-
O ecumenismo é o grande desafio do momento. Se possível, enviar frades para estudar no ISE, em Veneza; Outro grande desafio é a Ecologia integral (Ecoteologia?). A PUA estuda a possibilidade de abrir um biênio de estudo nesta área. Seria uma espécie de Licenza, depois de aprovada pela Congregação para a Educação Católica; Sobre a titulação a ser dada aos leigos, a Congregação não os aprova. Somente a clérigos. Aos frades não clérigos, podem obter a titulação, desde que cumpram todos os estudos (Filosofia e Teologia). Próximo encontro: setembro de 2020, em local a ser definido. Proposta: apresentar uma temática, desenvolvida em cada nação por professores de cada instituto, sobre Ecologia integral.
Frei Ivo Müller
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Retiro Quaresmal reúne aspirantes e postulantes da Família Franciscana de Angola
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erca de trezentos formandos e formandas (aspirantes e postulantes) da Família Franciscana de Angola reuniu-se no Seminário dos Frades Capuchinhos, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, ex-São Domingo, no dia 24 de abril, para um retiro quaresmal. O encontro, orientado por Frei Laurindo Lauro Júnior e por Frei João Alberto Bunga, contou com a presença dos formadores e formadoras das Ordens e Congregações que se fizeram presentes na manhã do terceiro
domingo da Quaresma. O retiro começou com um momento de cânticos franciscanos entoados por Frei João Bunga. Seguiu-se a reflexão baseada na mensagem do Papa Francisco para a Quaresma e na Laudato Si’, no capítulo sobre o “Evangelho da Criação”. Os presentes reflectiram sobre os propósitos da Quaresma, sobre a harmonia do universo que passa pelo cuidado de tudo o que foi criado, e sobre a misericórdia. O apelo sublinhado por Frei Laurindo, durante a sua intervenção, é o da necessidade de ações concretas de conversão.
Terminado o tema, ao meio-dia, seguiu-se a missa presidida pelo mestre dos aspirantes, Frei João Bunga, que voltou a destacar a profundidade do Cântico das Criaturas, o olhar fraterno sobre a criação. O período da tarde foi reservado para a reflexão em grupos, partilha de experiências. Terminado o encontro, todos dirigiram-se à entrada do Seminário São João XXIII para a fot oficial.
Frei Crisóstomo Ñgala e Frei João Bunga
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Encontro reúne frades com até 10 anos de profissão solene
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om o tema “Frades em Diálogo”, foi realizado, nos dias 25 e 26 de março, o Pré-Capítulo das Esteiras dos Frades Under Ten da Província da Imaculada Conceição, no histórico Convento São Francisco, no Centro de São Paulo. Como explicou o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, este encontro visa à Formação Permanente dos frades que ainda não têm dez anos de profissão solene na Ordem dos Frades Menores. Com alegria, em nome da
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Província, Frei César acolheu os 29 participantes e agradeceu, com carinho, a presença do Moderador da Formação Permanente na Província, Frei Fidêncio Vanböemmel, e do Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, que também é frade nesta faixa de idade. Segundo Frei César, a Ordem Franciscana olha com muito carinho esta faixa de idade dos frades, por considerá-la mais vulnerável aos abandonos e crises vocacionais. “Tendo em vista isso, a Ordem pas-
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sou a orientar a todas as entidades - províncias, custódias e fundações - que procurassem dar uma atenção maior, a partir da Formação Permanente, a esta etapa”, disse o Ministro Provincial, explicando que este Pré-Capítulo está acontecendo em todas as entidades antes do Capítulo das Esteiras, que será realizado em Taizé, de 7 a 14 de julho. As experiências desses dois eventos serão partilhadas no Pós-Capítulo, sem local definido ainda. Da Província da Imaculada foram indicados como representantes neste Capítulo, Frei Rodrigo da Silva Santos e Frei Douglas Paulo Machado, sendo o representante da Fundação Imaculada Mãe de Deus
de Angola, Frei Alisson Zanetti. No total, 16 frades do Brasil estarão no evento. Segundo Frei César, levantamentos sucessivos da Ordem apontaram um distanciamento de Deus e, depois, até uma dificuldade em lidar com o outro. “Achei interes-
sante a Carta do Ministro Geral falando dessa disposição importante para o diálogo, que é ter um profundo sentido de Deus e ao mesmo tempo ter um serviço ao outro. Então, é importante resgatar essa dupla dimensão para o diálogo com o diferente, conosco mesmo e também com os irmãos nas próprias fraternidades. Importante ter essa abertura para o diálogo, que supõe esse profundo sentido de Deus e esse compromisso em servir o outro antes que a si mesmo”, recomendou. “É importante a gente partilhar isso e somar na vida dessas fraternidades, na vida da própria Província. É importante ter uma visão para
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além de nós mesmos, sentir parte de uma coisa grande, de uma Igreja, de uma Ordem, de uma Província. É um tempo de convivência, partilha e vivências dos ideais, e também de ser desafiado ou reencantado na vida de cada um de nós”, acrescentou Frei César. Segundo o Ministro Geral, Frei Michael Perry, Taizé é um lugar ideal para este encontro, pois há décadas vive e encarna o diálogo ecumênico e a reconciliação entre os povos. “Esta jornada representa um ‘tempo de graça’ caracterizado pela escuta mútua entre os frades Under Ten, provenientes de diversas entidades da Ordem, da partilha da vida com a comunidade do lugar, do encontro com os milhares de jovens que estarão presentes”, escreveu em carta a todos os jovens frades. “A necessidade de sermos tecelões de diálogo, construtores de pontes, artesãos da paz, hoje, mais do que nunca, desafia cada um de
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nós e a vida de nossas fraternidades”, emendou o Ministro Geral. Na sua fala, Frei Fidêncio iniciou contextualizando esse encontro de Francisco com o sultão dentro de uma proposta que Poverello dá à primitiva Fraternidade, quando separa dois a dois e os envia para todas as partes do mundo, anunciando aos homens a paz e a penitência para a remissão dos pecados. Segundo Frei Fidêncio, no envio missionário dos primeiros frades, a palavra-chave é exatamente o anúncio da paz. A partir das Fontes Franciscanas, citou o testemunho do bispo de Acre, Jacques de Vitry, sobre o encontro de Francisco com o sultão Al-Malik Al-Kamil, desde a chegada a Damieta, no Egito, até a partida. Francisco permaneceu até novembro de 1219 no acampamento, quando Damieta foi tomada. Essa cultura do diálogo e da paz é vista, segundo as Fontes Franciscanas, na Carta dos Governantes dos
Povos e na Carta aos Custódios, escritos após a volta de Francisco do Egito, contendo sinais claros do costume islâmico. “Nós, como Ordem Franciscana, celebramos os 800 anos do encontro de Francisco com o sultão. Ao olharmos um pouco dentro do contexto das Cruzadas, em meio a tanta guerra, a tanta violência, vemos um pouco o universo em que nós vivemos hoje, onde somos protagonistas também desse mundo de tantas divisões, tensões, guerras, porque nós também somos homens do diálogo. Como franciscanos, como religiosos, como sacerdotes, na nossa missão evangelizadora ou nas diferentes frentes de evangelização, precisamos ter essa consciência de que o diálogo é possível”, disse o ex-Ministro Provincial. Frei Fidêncio lembrou o 1º Encontro de João Paulo II, em Assis, onde promoveu um encontro inter -religioso pela paz. Desde então,
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esse encontro se repetiu com o Papa Bento XVI e com o Papa Francisco em 2016. Neste ano, para celebrar os 800 anos do encontro com o sultão, o Francisco de Roma foi aos Emirados Árabes para uma visita histórica. Frei Fidêncio lembrou a saudação do Papa em árabe à população do país: “Al Salamu Alaikum, a paz esteja convosco”. Frei Fidêncio também citou o momento histórico com o Xeque Mohammed bin Zayed bin Sultan Al Nahyan, que fez o convite para a participar “do encontro inter
-religioso sobre o tema ‘Fraternidade Humana’”. A viagem teve como lema uma frase extraída da oração atribuída a São Francisco de Assis: “Senhor, faz de mim um instrumento da sua paz”. No final da tarde, em grupos, os participantes trabalharam o tema do diálogo em três níveis: em sua experiência pessoal, no contexto sócio-político-econômico-religioso do lugar onde se vive, o diálogo entre a fraternidade e o mundo. O dia terminou com a Missa da Solenidade da Anunciação e um recreio
festivo para o aniversariante do dia, Frei Fidêncio Vanböemmel. A terça-feira, 26/3, começou com a Celebração Eucarística, às 7h30, e, na sequência, apresentação dos grupos em plenário e elaboração coletiva dos pontos a serem levados pelos delegados ao Capítulo das Esteiras. O Encontro terminou com sugestões e planejamento tendo em vista o Pós-Capítulo, previsto para ser feito em forma de retiro, entre 23 e 26 de setembro.
Moacir Beggo
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ORDENAÇÃO PRESBITERAL
D. Caetano a Frei Roberto: Seja espelho da misericórdia!
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bispo franciscano Dom Caetano Ferrari ensinou como o neopresbítero Frei Roberto Aparecido Pereira deverá exercer o seu ministério presbiteral: sendo o espelho da misericórdia. A mensagem foi dada na ordenação presbiteral de Frei Roberto, no sábado, dia 30 de março, pelo bispo emérito da Diocese de Bauru, durante a Celebração Eucarística que lotou a Paróquia Cristo Ressuscitado, em Lençóis Paulista (SP), a cidade natural de Orígenes Lessa, imortal da Academia Brasileira de Letras, que ensinou aos conterrâneos a importância da leitura e que levou a cidade a ganhar o título de “Cidade do Livro”. Além do povo da região, dos familiares, de seus confrades, como o Definidor Frei Mário Tagliari, e os missionários que participaram intensamente da Semana Missionária que antecedeu a esta celebração, muitos conhecidos e amigos de Frei Roberto não mediram esforços para encararem longas distâncias, como os
de Colatina, onde Frei Roberto reside atualmente, e os de Ituporanga, em Santa Catarina, onde o ordenando residiu antes. Após a proclamação do Evangelho, a convite do diácono Frei Marx Rodrigues, o ordenando se apresentou para o Rito de eleição e foi confirmado pelo
testemunho do Ministro Provincial, Frei César Külkamp, e pela acolhida do bispo em nome da Igreja. Dom Caetano, ex-Ministro Provincial da Província da Imaculada, fez sua reflexão a partir da parábola do Filho Pródigo, que tem como protagonista um pai com seus dois filhos.
Quando o filho mais novo foi embora, o pai nunca perdeu a esperança de revê-lo. “Quando ele volta, o Pai, cheio de misericórdia, acolhe o filho pródigo, mesmo diante das reclamações do filho mais velho”, lembrou o bispo, citando também da parábola da ovelha perdida: É como se fosse a parábola do filho perdido que foi achado. Segundo o bispo, o Pai não condenou, nem rejeitou, somente amou. “O padre é como o pai misericordioso que acolhe o pecador”, aconselhou Dom Caetano a Frei Roberto, que ao retornar à Paróquia Santa Clara, em Colatina, será o novo pároco. Uma missão, que segundo o bispo, deverá ser desempenhada com amor misericordioso. “O padre deve ser o espelho da misericórdia, refletir o rosto misericordioso de Cristo para com todos os pecadores”, reforçou. Segundo o bispo, São Francisco deu o maior exemplo desse amor misericordioso, acolhendo a todos. “Você, como franciscano, tem o
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exemplo de São Francisco como homem misericordioso. Seja o homem da paz como São Francisco era”, pediu. Referindo-se à segunda leitura de São Paulo aos Coríntios (5, 17-21), recordou que é Deus que em Cristo reconcilia o mundo consigo, não levando em conta as faltas dos homens e confiando-nos a palavra da reconciliação. “Nós somos, portanto, embaixadores de Cristo”, recordou o bispo, frisando que esse é o papel de todos os cristãos. “Seja, então, um bom franciscano para ser um bom sacerdote e seja um bom sacerdote para dar testemunho como um bom franciscano”, completou. Após a homilia, em diálogo com Dom Caetano, Frei Roberto prometeu desempenhar a missão de presbítero com fidelidade, sabedoria, devoção e oração, unindo-se cada vez mais ao Cristo, Sumo Sacerdote. Prometeu ainda obediência e respeito aos bispos. Logo em seguida, em sinal de humildade e reverência, Frei Roberto prostrou-se por terra e todo o povo entoou a Ladainha de Todos os Santos para
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que Deus abençoasse, santificasse e consagrasse o seu serviço ministerial.
PRECE DE ORDENAÇÃO
O bispo e todos os presbíteros impuseram as mãos sobre Frei Roberto, a fim de que o Espírito Santo possa iluminar e renovar o seu coração no serviço a Deus em favor de todo o povo de Deus. Terminada a oração consecratória, Emílio, Deilsa e Fábio trouxeram a estola e a casula, vestes que representam o trabalho assumido
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pelo neo-sacerdote. O pároco Pe. Silvano Palmeira e a Irmã Fátima, religiosa das Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria, ajudaram Frei Roberto a se vestir e ele, imediatamente, pôs-se de joelhos diante do bispo para que este ungisse suas mãos com o Óleo do Crisma e atasse suas mãos com uma fita que foi desamarrada pelo pai João Pereira e pela mãe Santina Aparecida, que tiveram a graça de receber a primeira bênção do filho agora presbítero. Este é um dos momentos mais emocionantes de todas as ordenações presbiterais e não foi diferente com Frei Roberto e sua família. As oferendas do Pão e do Vinho foram trazidas pela irmã de Frei Roberto, Luana Pereira, e o cunhado Ricardo. Depois de Frei Roberto apresentar ao povo o Pão e o Vinho, Dom Caetano o acolheu com
a saudação da paz e com abraço fraterno, gesto com a qual todos os presbíteros, frades e familiares também o acolheram e o parabenizaram pelo seu sim. A celebração continuou com o ofertório, a oração eucarística e a partilha do Pão e do Vinho. Logo após a Oração da Comunhão, Frei Roberto foi homenageado pelos paroquianos.
AGRADECIMENTOS
Nos agradecimentos, Frei Roberto, emocionado, contou um pouco da sua história vocacional para agradecer a Deus pelo dom da vida e da vocação, agradecer à família, à Província Franciscana e à Igreja, que acabara de acolhê-lo na ordem dos presbíteros. Não esqueceu dos paroquianos e de agradecer o Pe. Silvano. Contou que o bispo Dom Caetano prontamente o aceitou ordená-lo. Frei Roberto é o segundo dos três filhos de João maio de 2019 – comunicações
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Pereira e Santina Aparecida Leite Pereira. A família de Frei Roberto é natural de Lençóis Paulista. Todos estavam presentes na celebração, assim como a irmã Luana, o irmão Leandro e a avó Teresinha. Atualmente, Frei Roberto compõe a Fraternidade Franciscana Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, em Colatina, onde até este dia foi vigário da casa e administrador paroquial. Agora, é o pároco. O Ministro Provincial reforçou os agradecimentos e se dirigiu especialmente à família de Frei Roberto. “Muito obrigado por esse presente tão precioso que vocês nos deram. Ele continua com vocês. E, agora, não só ele, mas nós, franciscanos, também queremos ser família com vocês. Nós sempre dizemos que a mãe, o pai, os irmãos fazem parte da fraternidade. Por isso, vocês têm aqui presente uma parte dessa família que ama vocês de coração. Deus abençoe muito esta querida família de vocês. E uma última palavra a Frei Roberto. Obrigado por ter escolhido ser nosso irmão, por caminhar conosco nesses 11 anos, por ter assumido essa vocação franciscana e ter vivido esse tempo com tanta intensidade, como muitas pessoas deram testemunho. Muito obrigado por ser nosso irmão! Nós, todos, seus irmãos franciscanos, estamos com você! Conte sempre conosco!”, disse. Pe. Silvano fechou os agradecimentos e garantiu que a Paróquia vai continuar sendo franciscana, como foi durante a Semana Missionária, quando todos aprenderam a saudar Paz e Bem. “Essa união é que vale a pena: Uma Igreja viva!”, completou, convidando a todos para uma confraternização no Salão Paroquial.
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PRIMEIRA MISSA
“O verdadeiro presbítero é aquele que, a cada momento, precisa voltar para o Pai”
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sol brilhou forte no domingo do Senhor, 31 de março, na cidade de Lençóis Paulista, no interior de São Paulo. Às 9 horas, o povo que tinha participado da ordenação presbiteral de Frei Roberto Aparecido Pereira, uniu-se a ele para celebrar o início de seu ministério presbiteral. Com muita tranquilidade, como é característica do neopresbítero, tendo seus confrades e sacerdotes diocesanos como concelebrantes, Frei Roberto presidiu a Primeira Missa como um presbítero experiente na Matriz da Paróquia Cristo Ressuscitado. Ele, no entanto, deixou sempre transparecer a imensa alegria e emoção que
tomaram conta de seu coração desde que começou a se preparar para este final de semana. Frei Roberto explicou que escolheu para ser o pregador nesta Primeira Missa, como é tradição na Província, o seu confrade e amigo Frei Robson Scudela, que foi ordenado em outubro de 2016. E a mensagem principal desta pregação veio da parábola do Filho Pródigo do Evangelho do domingo. Segundo o pregador, o verdadeiro presbítero não é aquele que pede ao Pai a sua parte na herança e desaparece no mundo, ou aquele que trabalha de olho no pagamento final. “O verdadeiro presbítero é aquele que, a cada momento, ex-
perimenta que precisa voltar ao Pai, que se recorda que o Pai sempre o espera, que sabe que tudo o que é do Pai é também seu, sem jamais fazer uso como propriedade privada. Recorde, caro Frei Roberto, o que você ouviu ontem ao receber a oferenda das mãos do bispo: ‘Recebe a oferenda do povo santo para apresentares a Deus’”, disse. “O povo santo de Deus, que nos escolhe para esta missão, não exigirá de nós perfeição. Não nos abandonará quando falharmos; não nos condenará quando nossas forças faltarem. O povo de Deus, por ser de Deus, deseja e desejará apenas que vivamos próximos a Ele, tão próximaio de 2019 – comunicações
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mos de Deus para estarmos sempre no coração e na vida do seu povo”, indicou o pregador. Para isso, disse a Frei Roberto, nunca se esqueça: a proximidade de Deus para um presbítero acontece através da oração. “Ele deve pedir a Deus diariamente: Pai, que meu coração sinta saudades quando estiver longe de Ti. Se ainda não sentimos saudades, peçamos ao Pai que desperte em nós essa saudade. A vida de oração e a proximidade com Deus levarão ao encontro dos irmãos, principalmente dos mais necessitados, dos mais necessitados da Palavra de Deus, da reconciliação, do pão, da Eucaristia, da unção quando enfermo. Como a prece de ordenação nos recordava ontem, você, Frei Roberto, foi ordenado para que, ‘pela pregação, as palavras do Evangelho frutifiquem pela graça do Espírito Santo nos corações dos homens. Que o povo que pertence a Deus, renasça pelo batismo e se alimente do altar do Senhor, os pecadores se reconciliem e os enfermos encontrem alívio’”, assinalou. Esse clima fraternal cresceu ainda mais durante a Celebração quando Frei Marx Rodrigues, representando os confrades de turma, fez uma emocionante homenagem, recordando momentos fraternais, alegres e tristes, como a morte de seu confrade Frei Claudinei Cananéa, em 2 de dezembro de 2013, vítima de afogamento no mar de Caiobá, PR, onde os frades se encontravam reunidos para a última confraternização do ano. “Obrigado por você nos mostrar que vida fraterna não se faz sozinho”, disse. Outra homenagem veio de sua procuradora vocacional, a Irmã Fátima, das Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria, que foi coordenadora do grupo vocacional da Paróquia de 2001 e 2006. Segundo ela, o “divino recado” bateu no coração de Frei Roberto e
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O pregador Frei Robson
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ele deu seu sim. “Eu fui apenas uma serva, uma pequenina parcela nesta história. Eu lhe dei o endereço do Seminário Franciscano de Agudos, para que buscasse orientação lá. Você poderia, muito bem, ter jogado fora o papel. Mas eu percebi no seu coração uma busca e um desejo. E, aqui, você está neste momento de grande alegria. Nesse dia, só peço a Deus que continue abençoando a sua vida, a sua vocação, a sua missão. Você, como todos os sacerdotes, são os únicos que têm o grande poder de trazer sobre o altar o próprio Jesus. Deus seja louvado por todo esse momento”, contou Ir. Fátima. Da última residência de Frei Roberto, na Paróquia Santo Estêvão, de Ituporanga (SC), vieram os frades e um ônibus com paroquianos para prestar outra bela homenagem a Frei Roberto. “Muito obrigado pelo seu sim”, disse Frei Evandro, convidando -o para celebrar uma Missa na Paróquia catarinense. Pelo Serviço de Animação Vocacional, Frei Diego Melo concluiu, com esta celebração, a Semana Missionária. Segundo ele, uma semana que foi feita com as mãos, os pés e os joelhos. “Sem os joelhos = oração, nada conseguiríamos”, disse, chamando todos os missionários para se juntarem a ele no presbitério. Também pediu às famílias da Paróquia, que “abriram as portas de suas casas” para acolher os missionários, que levantassem e fossem conhecidas. A todos, não poupou agradecimentos. Segundo ele, a vela que circulou de casa em casa durante a Semana, vai continuar com as famílias, para que rezem pelas vocações. O pároco Pe. Silvano agradeceu os paroquianos e todos que participaram da Semana Missionária, convidando-os para um almoço festivo no Salão da Paróquia.
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Fraternidade Franciscana Secular de São Francisco da Penitência
Quatro séculos de ‘Paz e Bem’ no Largo da Carioca
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o presidir a Celebração Eucarística de Ação de Graças pelos 400 anos da Fraternidade Franciscana Secular de São Francisco da Penitência, no sábado (23/3), às 9 horas, o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, exortou que, ao fazer memória do passado, é preciso também olhar para o futuro e para os desafios que enfrentam a nossa sociedade, necessitando cada vez mais de homens e mulheres que, com o protagonismo leigo, façam vibrar o Evangelho de Jesus, como fez São Francisco no seu tempo.
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Na bela capela da Ordem Terceira, no Largo da Carioca, os irmãos da Fraternidade jubilanda se uniram aos irmãos de outras Fraternidades da OFS, aos frades, às Clarissas, aos religiosos e religiosas, seminaristas e ao povo de Deus num dia em que o que mais se ouviu foi a saudação de “Paz e Bem”! Entre os presentes, o Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, o assistente da Fraternidade, Frei Estêvão Ottenbreit, a Ministra da Fraternidade, Valéria da Costa Pinheiro, e autoridades civis. Mesmo com a grandiosidade da
data - quatro séculos de presença franciscana -, a Celebração foi simples, mas cheia de significados e devotamento. Nove irmãos da Fraternidade fizeram a renovação da profissão da OFS. “Renovamos o nosso compromisso de vida evangélica segundo a Regra da Ordem Franciscana Secular até ao fim de nossos dias. Concedei-nos também que vivamos sempre em harmonia com os nossos irmãos e que demos testemunho aos mais novos deste tão grande dom de Vós recebido, o Dom da Vocação Franciscana. Assim nos tornaremos testemunhas e instrumentos da missão da Igreja, no
fraternidades
meio dos homens, anunciando o Cristo com a vida e a palavra”, rezaram os professos com velas acesas nas mãos. Dom Orani enfatizou na sua homilia exatamente essa promessa que fizeram como irmãos leigos e irmãs leigas, recordando que no ano passado a Igreja celebrou o Ano do Laicato. “E nós estamos justamente hoje, aqui, no Rio de Janeiro, comemorando 400 anos de uma Fraternidade leiga da Ordem Franciscana Secular, que é a São Francisco da Penitência, onde leigos e leigas exercem o protagonismo. Embora tenham assistência dos frades e a oração das Clarissas, como leigos e leigas estão presentes na sociedade e levam o carisma franciscano não só aqui no Rio de Janeiro mas em tantas cidades onde a Ordem Franciscana Secular se faz presente”, observou o Cardeal do Rio de Janeiro, recordando que, no tempo do Brasil Império, muitas pessoas da família imperial ingressaram na OFS. “Ao agradecer a Deus pelos 400 anos desta Fraternidade da Ordem Franciscana Secular, estamos agradecendo a Deus por tantos homens e mulheres que nos precederam e que exerceram a sua missão na sociedade”, enfatizou. Segundo Dom Orani, a Palavra de Deus, ouvida nesse tempo da Quaresma, nos indica um chamado à conversão, à mudança de vida, uma volta para o Senhor. “É um convite para que nós não tenhamos medo de aproximar de Deus, que é misericordioso. Creio que todos nós somos chamados, nesse tempo da Quaresma, a fazer a experiência da misericórdia em nossa vida como leigos e leigas”, disse. Ao fazer essa memória dos 400 anos, Dom Orani também questionou: Como viver essa espiritualidade franciscana no mundo de hoje, marcado por injustiças, problemas os mais diversos, ódio e vingança, mortes, e que nos fazem pensar para onde caminha a humanidade? “Tenho certeza que, assim como Francisco de Assis, os leigos, que vivem essa espiritualidade e aqui caminham há 400 anos, alinham com esse protagonismo do leigo de ser esse fermento na massa, de ser essa presença na sociedade que necessita desses valores que Francisco de Assis viveu intensamente, como nós ouvimos no comentário inicial, de colocar em prática a Palavra de Deus”, enfatizou o Arcebispo do Rio, dizendo que não faltará a graça do Espírito Santo para levar essa missão no mundo de hoje. Frei César revelou que, para a Província, era uma alegria grande participar deste momento. “Como foi bem lembrado pelo Cardeal, o protagonismo dos leigos no mundo, na sociedade e na Igreja, é também um anseio nosso”, disse o Ministro Provincial. “A OFS já é essa expressão há tanto tempo conosco aqui no Convento Santo Antônio nesses 400 anos”, acrescentou. Para o Ministro Provincial, o carisma franciscano, vivido muito intensamente pela Ordem Franciscana Secular, é maio de 2019 – comunicações
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a fraternidade. “Nós temos que tornar ainda mais evidente a fraternidade nessa sociedade que vivemos hoje, marcada por ódios e preconceitos, e formar uma só fraternidade”, pediu Frei César.
OS SONHOS DO FUTURO
Para o assistente espiritual Frei Estêvão Ottenbreit, celebrar 400 anos não é celebrar qualquer data, mas uma “soma considerável de anos”, e a presença de uma Fraternidade no mesmo lugar. “É claro que ela não esteve imune a todas as peripécias e problemas. Uma certa época até esteve nas mãos da maçonaria, mas depois se recuperou e mais recentemente, com a reorganização, manteve viva a presença franciscana”, explicou o assistente, referindo-se ao fato que hoje a Ordem não administra mais o Hospital São Francisco de Assis da Tijuca. Hoje, segundo Frei Estêvão, a Fraternidade tem aqui a incumbência de guardar esse tesouro construído ao lado Convento dos frades, “de tal modo que separamos um pouco o que é OFS e administração”. Segundo
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Frei Estêvão, muita gente, em vida, doou os bens para a Fraternidade. “Essa riqueza gerou a cobiça. Na época da maçonaria, ser ministro de uma Faternidade era status”, explicou o frade, que hoje reside em Roma, onde é guardião do Antoniano. Segundo ele, há cem anos, por causa desses problemas, um grupo se separou, formando outra Fraternidade ligada aos frades. “Havia, então, a Fraternidade rica e a Fraternidade pobre. E hoje é hora de superar isso e chegar a uma única Fraternidade. Mas isso são sonhos do futuro”, revelou. A Ministra da Fraternidade, Valéria da Costa Pinheiro, lembra que a Fraternidade é pequena. Apenas 9
irmãos participam regularmente das atividades, porque alguns são idosos. “Mas 10 candidatos estão em formação”, adianta Valéria, que também festeja o fato de a Fraternidade voltar a se reunir no local de origem porque antes se reunia no Hospital. “Isso é uma bênção muito grande, porque passamos a pesquisar e a vivenciar esse local como um lugar sagrado. Desde 1619 que essa Fraternidade se reunia aqui, onde fazia todo o antendimento aos irmãos da Ordem e aos mais pobres. Para nós, voltar aqui foi uma emoção muito grande. Nós estamos procurando honrar esse presente que nos foi dado. Tudo isso aqui é um pouco de toda a OFS”, enfatizou. Para ela, nenhum bem é maior do que seguir a Cristo à maneira de São Francisco: “Ele o maior bem. É o nosso paz e bem!”. Essa história começou quando um casal de portugueses, Luís de Figueiredo e Antônia Carneiro, irmãos da Ordem Terceira de Lisboa, ganharam dos frades franciscanos do Convento Santo Antônio um terreno onde construíram a capela e nasceu a primeira Fraternidade Franciscana do Rio no dia 20 de março de 1619. Nesses qua-
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tro séculos, grandes obras foram realizadas, como a igreja dedicada a São Francisco das Chagas, o asilo para pessoas idosas, o hospital e o cemitério. A “Capela Dourada” da Ordem
Terceira é uma das mais belas do Brasil. Os principais artistas que trabalharam na ornamentação da capela principal e demais dependências tinham origem portuguesa: Manoel
de Brito e Francisco Xavier de Brito, entalhadores e Caetano da Costa Coelho, este último, natural da cidade do Porto, exímio pintor e dourador. A pintura da Capela-mor representa São Francisco sendo recebido no céu por Jesus e Nossa senhora, e a do corpo da Igreja, a Glorificação de São Francisco de Assis. Hoje, essa joia cultural e religiosa faz parte do Museu Sacro Franciscano, que abrange atualmente todos os espaços, galerias e construções existentes no terreno localizado na Rua da Carioca, nº 5, Centro do Rio de Janeiro: Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência e suas capelas: Capela Primitiva da Ordem (Nossa Senhora da Conceição), Capela do Santíssimo, Capela dos Noviços, Antessacristia, Sacristia, Capela de São Francisco, Capela das Promessas, Capela dos Ex-votos, Quarto do Padre Assistente, Capela das 5 Chagas, Calvário, Consistório, Coro, Ante-Coro, Mansarda, Galerias e escada, Pátio interno, Jardim de Santa Clara, Cemitério antigo das Catacumbas e Capela das Exéquias, jardins, horta, pomar e arquivo.
Moacir Beggo maio de 2019 – comunicações
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Coral dos Canarinhos de Petrópolis realiza Concerto Espiritual de Quaresma
O
Coral dos Canarinhos de Petrópolis abriu a temporada de apresentações do ano realizando o Concerto Espiritual de Quaresma, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no sábado (23/03), às 19h30. A apresentação foi transmitida ao vivo pela página do Facebook do Sagrado, e contou com a regência do experiente maestro Marco Aurélio Lischt que encantou o público. O pároco Frei Jorge Paulo Schiavini deu as boas vindas a todos os presentes que lotaram a centenária Igreja da Cidade Imperial. “Temos hoje a oportunidade de aprofundar a ri-
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queza própria do tempo litúrgico em que estamos vivendo através da música”, afirmou. Explicou que os fundos arrecadados com o evento
serão destinados para o restauro do órgão de tubos e também para a manutenção do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP).
Frei Jorge lembrou que o restauro do órgão já começou desde o ano passado com a aprovação do projeto junto ao órgão competente. Segundo ele, no início de fevereiro deste ano, parte do instrumento já foi transportado para a oficina do organeiro Frei Lauro Both. “Temos certeza que, em breve, novamente ouviremos os acordes do órgão de tubos”, declarou. O diretor-presidente do Instituto, Frei Marcos Antônio de Andrade, frisou que costumeiramente no dia de Finados, o Instituto tem oferecido um concerto espiritual, proporcionando uma reflexão a partir da música, missão própria da ins-
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tituição. Porém, a partir deste ano os concertos foram ampliados para outras datas, tendo como pano de fundo e motivação o tempo litúrgico em que a Igreja está vivendo. As apresentações foram divididas em seis partes, tento em vista os cinco domingos do Tempo da Quaresma mais a Semana Santa, contando com uma pequena meditação sobre a fragilidade da vida e a importância da transformação das condutas diárias, conduzida por Frei José Ariovaldo da Silva, para cada uma das partes. Os meninos começaram cantando o canto gregoriano: “Misereris omnium, Domine”. Na sequência, “Immutemur nabitu” e “Inter vestibulum”, de P. José Maurício N. Garcia, findaram a 1ª parte do concerto. Em seguida, o canto “Invocabit me”, em gregoriano, introduziu a 2ª parte que contou também com: “Scapulis sius” e “Meditabor in mandatis” de Giovanni Pierluigi da Palestrina.
“Tibi dixit cor meum”, em gregoriano; “Domine, Dominus noster”, de Thomas Morley, “Misere mei Domine”, de Orlando di Lasso, compuseram a 3ª parte do concerto. Logo depois, “Oculi mei”, em gregoriano e “Justitiae Domini”, de G. P. da Palestrina, marcaram a 4ª parte. Logo após, “Laetera Jerusalem”, em gregoriano e “Laudate Dominum quia benignus”, de G. P. da Palestrina, concluiu a 5ª parte do evento. Além disso, os Canarinhos entoaram a canção “Judica me”, em gregoriano e “Fremeuit spiritu Jesus”, de Orlando di Lasso. Para encerrar em grande estilo a noite, entoaram a música gregoriana “Christus factus est”, emocionando os participantes, que aplaudiram por um longo tempo. Para o maestro Marco Aurélio Lischt, a música pode ajudar na mística quaresmal, na medida em que as pessoas se colocarem na postura de recolhimento. “A música pode trazer emoções diversas e
fazer com que as pessoas possam conversar consigo mesmas”, sublinhou. Segundo ele, a playlist do concerto foi escolhida com base no repertório que o Instituto possui de músicas quaresmais e também de um estudo mais aprofundado das músicas renascentistas e dos cantos gregorianos. Frei Marcos Andrade, diretor do IMCP, avaliou positivamente o primeiro concerto do ano. “Foi feito um programa bastante complexo para a idade. Não é qualquer coro que faz um programa de polifonia renascentista. Foi um concerto maravilhoso dentro do espírito da Quaresma, de meditação e oração”, frisou. E, adiantou que a comunidade pode esperar outros concertos tão belos como este durante o ano. “Não só nesse semestre, mas no ano todo teremos muitos outros concertos com muita alegria”, revelou.
Frei Augusto Luiz Gabriel
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GASPAR
Igreja lança pedra fundamental do Passeio São Pedro
O
dia 2 de abril de 2019 ficará marcado para sempre na história de Gaspar, especialmente para a comunidade católica do município. Isto porque, na data, aconteceu o ato inaugural da pedra fundamental da obra do “Passeio São Pedro”, que está sendo erguido no Complexo Cristo Rei, no Centro. A cerimônia, marcada pela emoção e nostalgia, foi presidida pelo pároco, Frei Paulo Moura, e pelos Freis Carlos Ignácia e Aldolino Bankhardt. O ato contou com a presença de diversas autoridades municipais, como o prefeito de Gaspar, Kleber Wan-Dall; o vice-prefeito, Luis Carlos Spengler; secretários e diretores municipais e representantes do Conselho Pastoral da Comunidade (CPC) da Igreja Matriz São Pedro
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Apóstolo, além da comunidade em geral. “Este é um sonho antigo, uma caminhada de vários anos que agora começa a se concretizar. É pensando no povo e para o povo que estamos construindo esta obra”, garantiu Frei Paulo. Ele reconhece a complexidade dos trabalhos mas se mostra confiante. “Sabemos que não será fácil concluirmos a obra mas tenho certeza que, juntos, vamos conseguir”, disse. O pároco lembra que o Passeio São Pedro está localizado no coração da cidade e que Gaspar merece uma obra como esta. A ideia é que o local seja um espaço de lazer para as famílias e também para a realização de eventos, reuniões e formações da Paróquia. O projeto foi feito pela equipe da FG Empreendimentos e prevê a cons-
trução de um prédio de cinco pisos, sendo um deles subsolo. A construção irá contemplar espaços para a instalação de lojas, praça de alimentação, auditório e salas de reuniões. Na oportunidade, o CPC garantiu que a Festa de São Pedro deste ano será realizada na nova estrutura. Para isso, a empresa Optima Estrutural deixará a parte de concreto, pilares e lajes prontos. “Iremos utilizar o subsolo e o pavimento térreo para festa. Depois, daremos continuidade aos trabalhos, até a conclusão de todo passeio”, explica o tesoureiro do CPC, José Antônio da Costa. Ele diz que não há um prazo definido para a entrega da obra, mas revela que a vontade da Paróquia é que a obra seja totalmente concluída em dois anos. Apesar do lançamento da pedra
ter sido feito nesta semana, os trabalhos no local iniciaram há um mês, com escavações e fundamento. Esta etapa, segundo a gerente comercial da Optima, Maria Eduarda Venzon Muniz, é a mais demorada. Hoje, 27 trabalhadores estão mobilizados na obra. “Agora está sendo feito o coroamento das estacas para sustentar o prédio. Em seguida, serão feitos os blocos de coroamento destas estacas para, então, iniciar as lajes”, disse. O coordenador do CPC, Nivaldo Schmitz, lembrou que antes da obra iniciar muitas discussões foram feitas. “Há muito trabalho que não pode ser visto, como o planejamento da obra. Consultamos, conversamos e analisamos o projeto do Passeio com muitos profissionais. Foi cansativo mas valeu a pena. Peço a Deus proteção para que consigamos fazer a obra até o fim, sem nenhum incidente”, disse.
Comunidade aprova
Durante o lançamento da pedra fundamental, a comunidade se manifestou. Ligia Nagel, 76 anos, é voluntária da Festa de São Pedro há 51 anos e não escondia a felicidade e satisfação em ver a obra se tornando real. “A festa é um evento que cresce a cada ano e o espaço antigo já não suportava mais a demanda. Agora, o público terá mais conforto e segurança. Além disso, a melhoria será importante para o fortalecimento da paróquia. É uma obra para o futuro”, disse. O médico veterinário Renato Beduschi ressaltou a coragem da equipe paroquial em levar o sonho adiante. “É uma obra arrojada e estão todos de parabéns por terem abraçado este projeto. Há 30 anos faço parte da equipe de arremate de gado na festa e sei o quanto esta nova estrutura é necessária. O Passeio São Pedro é mais uma das obras que Gaspar merece”, disse. O vice-prefeito de Gaspar, Luis Carlos Spengler, o Lu, lembrou que a obra vem ao encontro daquilo que a administração pública espera para Gaspar: grandes obras que acompanhem o desenvolvimento do município. “É importante que acreditemos nesta obra como no passado muitos acreditaram nas construção da Igreja Matriz, hoje um dos principais cartões postais da cidade”, recordou.
Jornal Metas Foto: Kássia Dalmagro
MAIO
Vou nesse mês irradiar luz de alegria, Lembrando a Europa, Portugal, pleno de flores, Santa Jacinta e São Francisco, lá em Iria, Fátima - Dia Treze, - a Mãe de Meus Amores. Maria, Esposa de José, o Carpinteiro, Esse Custódio de Jesus, Rei do operário, Lembra o labor e a luta do nosso guerreiro, A construir o mundo, por um vil salário. Mês do Trabalho e de Maria, Mãe Amada, O Mês das Festas, das Novenas no Brasil, Das Procissões e da avenida engalanada... Louvado seja, meu Senhor, no Mês das Flores, Por tantas Graças, maravilhas em tua Mãe! Rogo-te Pai, por ela cura as nossas dores. maio FreideWalter 2019 –Hugo comunicações de Almeida
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NILÓPOLIS
Paróquia Nossa Senhora Aparecida conclui reforma do teto
N
o dia 31 de março, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, em Nilópolis (RJ), Paróquia da Província Franciscana da Imaculada Conceição, celebrou a Missa de Ação de Graças pela conclusão das obras da reforma do forro, da nova iluminação, das melhorias do som, entre outras benfeitorias na igreja. Foi também o momento de agradecer a cerca de 900 benfeitores que ajudaram nesta obra. A Missa foi presidida pelo bispo coadjutor da Diocese de Nova Iguaçu,
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Dom Gilson Andrade, com a participação do Pe. Luiz André, responsável pelo Regional VIII da Diocese, o pároco Frei Walter Ferreira, Frei Carlos Alberto Guimarães, Frei Plínio, diácono Arimateia e frades convidados, que, juntamente com os ministros, auxiliares de celebração, comunidades, pastorais e movimentos, receberam com grande alegria toda a assembleia. Dom Luciano Bergamin, bispo da Diocese de Nova Iguaçu, foi homenageado pelo seu Jubileu de Ouro de Sacerdócio, e também recebeu uma mensagem especial do Minis-
tro Provincial Frei César Külkamp. Vermos a nossa casa bonita e acolhedora é muito gratificante, pois ficamos felizes ao reconhecer que, juntos, podemos fazer uma grande obra em nome de Jesus Cristo. E com essa alegria, queremos convidar a vocês para que venham nos visitar. Visitem a fanpage da paróquia (web.facebook.com/ParoquiaNSAparecidaNilopolis/) ou o site da paróquia (paroquianossasenhora.com) para saber mais informações dessa obra.
Pascom da Paróquia
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Curitiba
No primeiro Encontro Regional de Curitiba, a centralidade do diálogo
O
s confrades das Fraternidades que compõem o Regional de Curitiba se reuniram, às 9 horas, do dia 18 de março, para seu primeiro encontro de 2019 na Fraternidade Bom Jesus da Aldeia. Frei João Mannes, Definidor Provincial, acolheu a todos, em especial os recém-chegados. Após breve explanação acerca da missão do Regional, passou-se à escolha do coordenador e vice, a saber, Frei Ladi Antoniazzi e Frei Antonio Joaquim Pinto; e do secretário e vice, respectivamente, Frei Vagner Sassi e Frei José Henrique Rosa.
Da leitura e reflexão, a partir da “Carta por ocasião do 800º aniversário do encontro de São Francisco com o Sultão”, ocuparam-se os frades por toda a manhã, ressaltando a centralidade do diálogo e a necessidade de se promover experiências concretas de encontro inter-religioso. No período da tarde, em espírito de abertura e confiança, frades e fraternidades puderam partilhar um pouco de sua vida e missão. Destacou-se a nova constituição da Fraternidade São Boaventura, bem como a chegada dos doze novos confrades que iniciam o primeiro
ano de Filosofia. Reafirmou-se a riqueza deste Regional justamente por comportar diferentes frentes de trabalho: a formação, a educação e a pastoral paroquial. Assumiram os confrades o compromisso de, juntos, levarem a bom termo todas as formas de evangelização, favorecendo assim a formação inicial e continuada. Às 15h30, com a bênção do coordenador do Regional e o café em comemoração ao aniversário de Frei Mário José Knapik, encerrou-se mais este momento de encontro e confraternização.
Frei Vagner Sassi maio de 2019 – comunicações
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1º Encontro do Regional de Agudos
D
ia 18 de março, a Fraternidade do Seminário Santo Antônio de Agudos recebeu os confrades de Bauru (Frei André Becker e Frei Ricardo Backes), de Sorocaba (Frei Gilberto Piscitelli, Frei Florival Mariano e Frei Rozântimo Antunes), para, juntamente com os frades locais (Frei James Neto, Frei Sílvio Werling, Frei Pedro Viana, Frei Osmar Dalazen e Frei João Antunes), sob a coordenação de Frei Mário Tagliari, Definidor regional, darmos início ao primeiro Encontro Regional do triênio. Ausentes no primeiro dia por motivos pastorais, Frei Ademir Sanquetti participou do segundo dia. Por estar em viagem, Frei Pedro Pinheiro, e, por tratamento de saúde, Frei Carlos Pierezan. Após a Oração Inicial “Recomeçar com Francisco”, do Projeto Fraterno de Vida e Missão 2019, Frei Mário deu as Boas vindas a todos,
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destacando os novos frades do Regional, a saber, Frei Florival Mariano de Toledo, Frei Pedro Viana, Frei Ricardo Backes e Frei Rozântimo Antunes Costa. A seguir, apresentou a pauta própria para um primeiro encontro: eleição do coordenador e vice, do secretário e vice, e indicação para representante no conselho do JPIC. Na sequência, refletimos sobre os “800 anos do encontro de São Francisco e o Sultão” proposto pela Formação da Ordem. Após a leitura e reflexão do texto, demos continuidade ao encontro com as eleições, seguindo o disposto nos EEPP, números 83, 84 e 85, sendo eleitos, Frei Florival Mariano de Toledo para coordenador do Regional e Frei Gilberto Marcos Piscitelli para vice. Também Frei James Ferreira Gomes Neto para secretário do Regional e Frei Rozântimo Antunes Costa para vice. Ainda, para coordenador Re-
gional do JPIC, Frei Gilberto Marcos Piscitelli. Encerramos o dia com um jantarchurrasco no refeitório da Fraternidade Local para, no dia seguinte, reiniciarmos com a Celebração Eucarística na capela interna da Fraternidade. Marcamos também as datas dos próximos encontros, sempre em Agudos, por ter condições de hospedagem para todos, uma vez que os encontros, desde 2018, são de dois dias. Antes do encerramento, as Fraternidades tiveram a oportunidade de partilhar como ficaram depois das mudanças pós Congresso Capitular bem como seus projetos e necessidades. Frei Mário deu alguns avisos práticos, principalmente quanto aos retiros e ao Projeto Fraterno de Vida e Missão. Após nos reunimos para o almoço de encerramento, cada um retornou para sua Fraternidade.
Frei James Ferreira Gomes Neto
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Regional do Vale do Paraíba
O
primeiro encontro do Regional do Vale do Paraíba foi realizado no dia 18 de março, na Fraternidade Franciscana São José e Postulantado Frei Galvão. Às 9 horas, deu-se início com a celebração da Palavra de Deus, refletindo sobre a “A Simplicidade de São José, na Compreensão da Vocação”. Isso, às vésperas da solenidade do Padroeiro. O Definidor Regional, Frei João Francisco da Silva, acolheu os confrades de São Sebastião; lembrou os frades novos no Regional, Frei José Marins Coelho, Frei Edvaldo B. Soares e Frei José Raimundo de Souza. Apresentou os frades no Ano Missionário na FIMDA: Jonas Ribeiro e Thiago Soares, estagiando no Postulantado antes da viagem para Angola. Eleições: Frei José Raimundo de Souza foi eleito coordenador do Regional, tendo como vice Frei João P. da Silva; Frei Walter Hugo de Almei-
da foi eleito secretário, tendo como vice Frei Edvaldo B. Soares. Após estas votações, foi lida uma carta do Frei Diego Atalino de Melo orientando a indicação de três nomes para Definitório escolher o representante do JPIC no Regional. Foram indicados: Frei Virgílio P. de Souza; Frei Edvaldo B. Soares e Frei Jeâ P. Andrade. O Definidor Regional agradeceu os confrades demissionários, Frei João Pereira e Frei Claudino, e procedeu-se a leitura dos Estatutos da Província. Houve explicações, esclarecimentos e foi bastante acentuada a corresponsabilidade de todos os membros do Regional e o espírito de pertença. Leu-se a carta do Moderador da formação Permanente, Frei Fidêncio Vanboemmel, orientando sobre os encargos de cada um nas Fraternidades e no Regional. Passou-se aos relatórios das Fraternidades. Entre os assuntos, a nova
pintura o prédio na parte externa e a campanha para cobrir os custos. Na formação, Frei Jeâ informou que dois postulantes desistiram. Neste Encontro, os confrades realizaram a reflexão em torno do Documento da Ordem: Frades e Menores – Rumo às Periferias – pg. 11, 2019, sobre o diálogo franciscano, tendo como motivo o histórico encontro de Francisco com o Sultão, em Damieta. Uma frutuosa reflexão para todos. Tentou-se responder às perguntas do final do documento. Frei João Francisco disse, na ocasião, que a Casa do Postulantado possivelmente sediará um encontro ecumênico, em outubro. Datas dos próximos encontros: 27 de maio, em São Sebastião; 16 de setembro, na Fazenda da Esperança; 02 e 03 de dezembro, em São Sebastião. E a Salve Regina coroou o Encontro!
Frei Walter Hugo maio de 2019 – comunicações
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série FREI PEDRO DA SILVA
“Cultivei a música como um serviço”
E
m 42 anos de vida franciscana e 35 de sacerdócio, Frei Pedro da Silva se dedicou ininterruptamente dezoito anos à Formação e Estudos na Província,
passando pelas casas de Ituporanga, Luzerna e Rondinha, e agora está no quarto ano no Noviciado franciscano de Rodeio. Os demais anos,
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como ele diz nesta entrevista, foram dedicados à pastoral paroquial, dos quais, três anos na coordenação Serviço da Animação Vocacional provincial. Mas com justo reconhecimento por seu grande trabalho na formação, creio que é difícil dissociar Frei Pedro da música. Desde o Noviciado,
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como meu confrade, lá estava ele no coro dando os acordes das Laudes, Vésperas, ofício das Leituras, solenidades etc. E ai dele se não buscasse executar tudo com perfeição diante do mestre Frei Alberto Beckhaüser. Essa paixão pela música, no entanto, vem desde o berço e, entre os irmãos, era um costume cantar, em duplas, músicas sertanejas, especialmente as modinhas de Tonico e Tinoco. Durante os anos de formação, Frei Pedro investiu no conhecimento musical. É também essa “vida pela música” que fica
Comunicações - De onde vem o
Pedro da Silva? Como é sua família? Frei Pedro - Sou natural de Ilhota/ SC, município situado às margens do Rio Itajaí-Açu, no Vale do Itajaí, da pequenina localidade de Alto Baú. Lugar pitoresco, do interior, montanhoso e de belas paisagens naturais, situado próximo ao Morro do Baú. Éramos uma família numerosa, cuja atividade principal era a agricultura. Sou o quarto filho, juntamente com José, meu irmão gêmeo, de uma família de catorze irmãos, dos quais três já são falecidos. Antes de completar quatros anos de idade perdi a minha mãe, Rosa, da qual tenho vagas lembranças. Meu pai, Manoel, contraiu um segundo casamento. Com dezesseis anos de idade, uma nova perda, com o falecimento repentino de minha madrasta Ana, que nos criou e educou, e pela qual tenho a mais grata recordação. O pai casou pela terceira vez. Eu tinha vinte e um anos, quando ele também partiu, depois de uma longa enfermidade. Tive a graça de estar ao seu lado nos momentos finais de sua vida.
visível na sua personalidade: tímido, sensível, perfeccionista, como ele próprio revela. Eu acrescento: religioso, estudioso, forte na superação dos desafios, como quando perdeu cinco familiares na tragédia do Morro do Baú. Foi difícil convencê-lo a dar essa entrevista à “Série Nossos Frades”, mas aqui apresento esta justa e merecida homenagem a quem acredita que “não se pode guardar os dons e ganhos recebidos de Deus”. Acompanhe a entrevista!
Frei Pedro - Na noite do dia 23 de novembro de 2008, a pequena localidade de Alto Baú e outras localidades vizinhas foram surpreendidas por dezenas de desmoronamentos de terra, em virtudes das intensas chuvas que há dias caíam sobre toda a região do Vale do Itajaí. Foi um acontecimento doloroso para a família e para toda a localidade, marcado, sobretudo, pelas 34 vítimas fatais, das quais, cinco familiares meus, é claro, além de tantas outras perdas materiais. Situações
Moacir Beggo
como essas não há muitas palavras a dizer... Foram, sem dúvida, experiências onde a fé foi provada!
Comunicações - Quando se deu
o seu discernimento vocacional à vida religiosa? Frei Pedro - Cremos que Deus nos chama por meio das pessoas, pelos acontecimentos da vida e na escuta da sua Palavra. Nasci e cresci num ambiente familiar muito religioso. Rezávamos o terço em família todas as noites, antes de des-
Comunicações - Como foi viver com as lembranças da tragédia do Morro do Baú? maio de 2019 – comunicações
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Na animação vocacional, o determinante é sempre nosso testemunho de vida: simples, humilde, sóbria e alegre; e que comporta desafios a serem superados e vencidos
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comunicações – maio de 2019
fraternidades
cansarmos. Participávamos todos os domingos do culto ou da missa na comunidade. Tenho certeza de que o espírito muito religioso dos meus pais e o seu amor à Igreja foi determinante na minha opção vocacional. Ainda muito pequeno, com os demais irmãos, tínhamos os momentos da semana de ouvir as narrações da História Sagrada, feita pela mãe. Ela perguntava, frequentemente, se alguém dos filhos não queria ser padre, pois ela também tinha um irmão sacerdote e uma irmã religiosa. Como criança, brincava de construir ‘igrejinhas’ de papelão e ‘rezar missas’ com os irmãos e amigos.
Comunicações - Qual foi a mo-
tivação que o levou para a Ordem dos Frades Menores? Fei Pedro – Desde criança ouvia falar de Frei Godofredo, da Paróquia São Pedro Apóstolo de Gaspar. Seu nome despertava veneração e admiração... De vez enquanto, substituindo o padre da paróquia de Ilhota, Frei Godofredo vinha celebrar a missa em nossa localidade, onde normalmente permanecia por dois dias, como era o costume naquela época, quando as visitas do padre aconteciam a cada dois ou até mais meses. Sua maneira de falar, sua bondade com as pessoas, sua piedade, e especialmente, o hábito franciscano, com o cordão e seus três nós, contrapondo à rigidez, à severidade e à batina preta do pároco local, impressionava a mim, e a todas as pessoas do local. A decisão vocacional veio com as Missões populares realizadas pelos frades franciscanos na paróquia de Ilhota, no ano de 1965. O tipo vibrante e eloquente do então Frei Balduino Meurer, que pregou as Santas Missões em nossa comunidade, me impressionou
muito. Meus pais apresentaram a ele o meu desejo de ser padre. Ele, prontamente nos orientou a procurar Frei Godofredo, em Gaspar. Foi o que fizemos logo que terminaram as missões na comunidade. Assim, em fevereiro de 1966, ingressei no seminário de Ituporanga.
Comunicações - Como você de-
fine o Frei Pedro da Silva? Frei Pedro – Se é difícil e comprometedor definir uma pessoa, penso que ainda mais comprometedor é definirmos e qualificarmos a nós mesmos, pois sempre tocamos no mistério que é cada pessoa. Considero-me uma pessoa simples, sincera, muito sensível, bastante tímida, responsável, preocupada, perspicaz, perfeccionista... Penso que somos, em muito, o que foi a nossa história de vida... Ela deixa marcas profundas no ser e na maneira de viver e olhar a vida. A experiência de morte e perda de alguém que amamos é sempre dolorida e deixa um vazio profundo no coração. Mas assumida na fé e integrada na vida, nos humaniza, nos torna mais sensíveis aos sofrimentos dos outros.
Comunicações - Nesse tempo
como frade menor da Província, você atuou em quantas frentes de evangelização? Frei Pedro – Completei quarenta e dois anos de vida franciscana e trinta e cinco de sacerdócio. Os primeiros tempos foram mais de dezoito anos ininterruptos na Formação, em Ituporanga, Luzerna e Rondinha, e agora, já no quarto ano no Noviciado franciscano aqui em Rodeio. Os demais anos foram dedicados à pastoral paroquial, dos quais, três anos na coordenação do Serviço da Animação Vocacional provincial.
Comunicações - Quando nasceu
a paixão pela música? Frei Pedro – A admiração e o apreço pela música me acompanharam a vida toda. Em casa, na família, quando íamos para a roça, era costume entre os irmãos, irmos cantando, em duplas, músicas sertanejas, especialmente as modinhas de Tonico e Tinoco. A música sertaneja e a de bandinhas alemãs eram os estilos que ouvíamos no rádio: de madrugada, ao acordar, à noite, durante a janta e nos domingos de tarde. Isso tudo paz parte das minhas raízes!
Comunicações - Qual a sua pre-
ferência musical? Que estilo mais gosta? Frei Pedro – Embora nunca abandonando o gosto pela música que trouxe das minhas raízes, foi, no entanto, no seminário e na caminhada formativa que descobri e me despertei para outros gostos e gêneros musicais. Hoje, tenho um apreço todo especial pela música erudita, nas suas mais variadas classificações e compositores. Sempre cultivei a música como um serviço e forma de colocar às disposição os dons que recebi de Deus. É essa a dimensão que procuro incutir aos outros na formação musical em nossas casas de formação.
Comunicações - Como você vê
a Igreja no Pontificado do Papa Francisco? Frei Pedro – O Papa Francisco é, sem sombra de dúvidas, um referencial para Igreja no seu ser e no seu agir pastoral e evangelizador hoje, delineado por Jesus no evangelho, e tão bem expresso e sintetizado pelo próprio Papa Francisco, quando afirma: “O princípio da vida cristã, inspirado em Jesus é o de ‘abaixar-se’ para ‘servir... Esta é a Igreja que eu maio de 2019 – comunicações
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fraternidades
Comunicações - Você trabalhou
muito na formação e animação vocacional. Como o jovem pode ser despertado para a vida religiosa franciscana? Frei Pedro – Pela nossa proximidade com o jovem, onde ele vai percebendo a nossa coerência entre e o ser e viver. O determinante é sempre nosso testemunho de vida: simples, humilde, sóbria e alegre; e que comporta desafios a serem superados e vencidos. Cito o que afirmava o Papa Bento XIV: “A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração!” E numa outra ocasião aos jovens: “O jovem não tem medo do desafio, tem medo de uma vida sem sentido”!
Comunicações - O que você diria amo: uma mãe que tem no coração o bem dos próprios filhos e que é capaz de dar a vida por eles!”.
Comunicações - São Francisco
de Assis tem lugar neste mundo secularizado, carente de valores e desumanizado? Frei Pedro - São Francisco de Assis, fundador da Ordem Franciscana, viveu grandes valores
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comunicações – maio de 2019
no seu tempo e que continuam sempre atuais para todos, como: a fraternidade, a pobreza, a paz, a humildade, o amor à natureza, o serviço generoso e gratuito, a alegria, a solidariedade. Viver esses valores no mundo de hoje, tão competitivo e materializado, são grandes desafios, pois exigem desapego, disponibilidade e generosidade em servir.
para um jovem que quer ingressar na Ordem Franciscana? Frei Pedro – Diria a ele: Você, jovem, que nos procura, tem grandes ideais na vida, e alimenta sonhos de transformação de uma sociedade melhor, mais fraterna e humana; você não pode guardar os dons e ganhos recebidos de Deus. E não há melhor investimento do que colocá-los a serviço dos seus semelhantes. Jesus Cristo nos deixou o caminho: “Quem quiser ser o maior, seja o menor e servidor de todos!” Esse foi também o caminho vivido por São Francisco e indicado por ele aos seus seguidores. A descoberta de um Amor Absoluto na vida, é sempre o encontro de uma pérola preciosa, pela qual vale a pena vender tudo o que se tem, para possuí-la, segundo diz Jesus. O jovem Francisco, ao encontrar esse precioso tesouro, a partir da escuta do texto do evangelho do envio missionário dos apóstolos, exclamava: “É isso que eu quero, é isso que eu procuro, é isso que eu desejo de todo o coração”!
fraternidades
SEMINÁRIO FRANCISCANO FREI GALVÃO
Voluntariado: “A Alegria de Servir”
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o sábado, 23 de março, durante o encontro de formação dos voluntários que contribuem no Projeto Romeiros, mais do que rever e planejar a caminhada e o trabalho voluntário, o guardião do Seminário Franciscano Frei Galvão, Frei João Francisco, acolheu os 22 voluntários com uma reflexão sobre o valor e a singeleza do ato de servir. “Como voluntários, nós vamos longe, chegamos onde não temos ideia. Nossas ações rompem fronteiras e, assim, disseminamos o bem. Tanto a boa acolhida, como as pílulas devocionais, que vocês fazem hoje e que serão tomadas com muita fé amanhã, poderão se tornar um milagre na vida dos devotos de Frei Galvão. É uma relação evangelizadora, na qual doamos o amor, a paz e o bem, a exemplo de Deus, o nosso servidor por excelência”, explicou Frei João, agradecendo-os pela disponibilidade que faz a diferença na missão de acolher a todos que visitam o Seminário. Frei João lembrou ainda o apelo do Papa Francisco para “sermos uma Igreja em Saída”, ou seja, sair em direção ao povo, mas, sobretudo, valorizar as pessoas que chegam “até nós”. “Por isso nós estamos trabalhando em toda a Província, neste sexênio (2016-2021), a temática do redimensionamento, que significa requalificar nossa presença, permitindo, inclusive, que outras pessoas possam fazer parte da missão que nós, frades, vivemos. Mas, de certo modo, redimensionar não apenas o espaço, como também a nossa atuação, para ao lado de vocês fazermos a diferença na vida das pessoas que aqui chegam”, enfatizou.
Na ocasião, o guardião do Seminário apresentou, em linhas gerais, a estrutura de Governo da Província, com seus secretariados e departamentos, bem como alguns documentos que norteiam as ações pastorais (Plano de Evangelização, Projeto Fraterno de Vida e Missão e o Plano de Atuação Pastoral da Diocese), demonstrando que o trabalho voluntário desenvolvido no Seminário, além de auxiliar no cumprimento de suas duas missões (formação franciscana e acolhimento aos devotos), faz parte de um projeto maior, o projeto do Reino de Deus. No último encontro da Frente de Evangelização das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento da Província, falou-se sobre a importância de partilhar os conhecimentos sobre a espiritualidade e o carisma franciscano. Em resposta a essa proposição, Frei Edvaldo Batista falou sobre os símbolos franciscanos. “Eu quis iniciar pelo primeiro deles, o Crucifixo de São Damião, através do qual São Francisco de Assis teve o seu encontro com Deus e conseguiu entender o que Deus
queria dele”, ressaltou Frei Edvaldo, apontando para o crucifixo. Seguindo adiante, o Frei explicou a origem de um dos mais famosos símbolos franciscanos, o Tau, “um sacramental que nos recorda um caminho de salvação que vai sendo construído ao seguir, progressivamente, o Evangelho”. Por fim, o colaborador Giovanni Bezerra reforçou a importância de entender o trabalho voluntário como uma atitude de altruísmo, que traz benefícios tanto para quem recebe, quanto para a pessoa que se doa pelo próximo. Na ocasião, foram acolhidas as novas voluntárias (Isabel, Bernadete e Edna) e passados os avisos de ordem prática, referente ao trabalho voluntário realizado nas Pílulas, no bazar e no acolhimento aos devotos de Frei Galvão. “Com um sorriso, podemos fazer a diferença na vida das pessoas, que podem sentir o abraço de Jesus em nossa pequenez”, refletiu a voluntária Elisa. Seja você, também, um voluntário e faça parte deste projeto maior!
Nicolas Nathan maio de 2019 – comunicações
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Conselho Provincial de Juventudes começa a ganhar forma
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evangelização
U
ma comissão formada a partir do Conselho Provincial de Juventudes deu início, nos dias 23 e 24 de março, nas dependências da Fraternidade Santo Antônio do Pari, em São Paulo/SP, à sistematização e planejamento das atividades. Para atender às demandas dos jovens da Província, este trabalho foi organizado a partir de três eixos definidos na primeira reunião do Conselho: itinerário, formação e comunicação. Compõe esta comissão: Frei Diego Atalino de Melo e Frei Vitor Amâncio, pelo Serviço de Animação Vocacional; Frei Marx Rodrigues dos Reis, pelo Serviço Franciscano de Solidariedade; Ir. Isabel Simeoni, da Congregação das Franciscanas de Ingolstadt; Mariana Rogoski e Maurício Bernz, de Curitiba/PR; Suzan Aparecida, Aline Vieira e Vinícius Fabreau, de São Paulo/SP; e Carlos Neto, de Bauru/SP. As atividades ocorreram na sede administrativa do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras). Frei Diego deu as boas vindas e fez a oração inicial que teve como inspiração um texto do Espelho da Perfeição do Frade Menor, onde São Francisco associa o frade perfeito à união dos múltiplos talentos e personalidades de cada frade, reunidos em prol de um mesmo ideal. Em seguida, Frei Vítor fez a leitura da ata da primeira reunião do Conselho.
e foram divididos em dois grupos de trabalho: Itinerário e formação. O objetivo era construir planos de ações das diferentes atividades realizadas com os jovens, refletindo sobre este itinerário de caminhada franciscana. Ao final da tarde, o grupo socializou e alinhou as demandas de trabalho e definiu as responsabilidades e cronograma para execução desta sistematização.
Protagonismo e formação
Evangelizar de um jeito jovem é o objetivo principal deste Conselho, como explica Mariana: “Para realizarmos ações de evangelização de jovem para jovem é necessário a organização e estruturação de tudo o que acontece”, definiu. Para Carlos, a formação franciscana, através de subsídios, é essencial para o engajamento das juventudes. “Fomentar uma cultura formativa para os jovens da Província, contemplando as atividades que já acontecem, é de extrema importância. É fundamental a questão da formação franciscana, por isso é uma área que precisa ser valorizada”, enfatizou.
Comunicação
No domingo, após a Celebração Eucarística, na Comunidade Nossa Senhora Aparecida, a comissão reuniu-se para alinhar o planejamento de comunicação. Cada um apresentou
seu ponto de vista, porém, foi comum a percepção da importância das redes sociais e da adequação de formatos de materiais evangelizadores para as juventudes. Esta comunicação deve estar a serviço da formação, como meio de visibilizar o itinerário franciscano. Para a Irmã Isabel, as discussões foram muito produtivas. “Essa organização contribui para a facilidade de acesso a materiais para executar as atividades. Ver este trabalho pronto vai dar muita força para cada um de nós que estamos construindo esta sistematização”, concluiu. Desde o Capítulo Provincial de 2012, Frei Diego coordena os trabalhos do Serviço de Animação Vocacional da Província e está entusiasmado com o protagonismo das juventudes. “Queremos dar voz aos jovens e torná-los participantes de tudo aquilo que é feito nessa área na Província, de modo que este trabalho se consolide com os jovens”, explicou. Com a conclusão desta reunião, a equipe levou para suas comunidades a tarefa da construção e sistematização dos planos de ação e o desejo de construir na sociedade os valores franciscanos. Nossos agradecimentos à Província e de modo especial à Fraternidade que nos acolheu com tanto carinho e dedicação.
Equipe de Comunicação do Conselho
Quatro passos
Para aquecer os trabalhos, Vinícius Fabreau, da Juventude Franciscana (Jufra) de São Paulo, fez uma pequena apresentação a partir dos documentos da Igreja, sobre um possível caminho da ação evangelizadora e franciscana: observar, discernir, transformar, celebrar. Em seguida, os participantes definiram o Plano de Ação do Conselho maio de 2019 – comunicações
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evangelização
Alverne: da Idade Média para “Idade Mídia”
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Encontro de Formação e Aprofundamente da Espiritualidade Franciscana - Alverne, que teve início em Santa Catarina, em 2017, chegou a São Paulo. No final de semana, 6 e 7 de março, este encontro foi realizado nas dependências da Comunidade São Lucas, da Paróquia Santo Antônio de Bauru, e do Seminário Santo Antônio de Agudos, respectivamente, tendo a assessoria do mestre em Espiritualidade Franciscana, Frei Vitório Mazzuco, da Fraternidade São Francisco
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de Assis, em Bragança Paulista (SP). Toda a temática apresentada, a partir de momentos de mística, celebrações e exposições do assessor, teve como fio condutor a experiência de Francisco e o projeto de
vida proposto por ele. Frei Vitório construiu, a partir da reflexão das virtudes e do amor cortês cavaleiresco, pistas para que o jovem seja capaz de fazer de sua vida uma experiência tipicamente franciscana. “Espiritualidade é identidade e ela traz uma grande fundamentação para a vida, de forma muito nítida”, afirmou. Para Frei Vitório, que trabalha diretamente com a juventude na Pastoral da Universidade São Francisco (USF), a formação franciscana das juventudes está a serviço da transformação
evangelização
social e da superação da superficialidade nas relações virtuais. Segundo ele, as virtudes franciscanas são o fundamento contra a decadência do humano, promovida pela mídia, pelo mercado, pelo consumo, pela política.
PROTAGONISMO
Os jovens colocaram a mão na massa e assumiram com entusiasmo a missão de preparar e executar toda a logística e preparação que um encontro como se exige. Para Janaína Augusto, da Paróquia Santo Antônio, a formação é um desejo antigo e essencial. “É muito importante a gente saber que existem dons que devem ser usados pela nossa vida de juventude, com tudo aquilo que ela tem”, comentou. O desafio agora
é transformar as informações em vivências: “Hoje é um despertar para colocar em prática na comunidade, onde o jovem estará em ação com as virtudes”, concluiu. Neste processo de construção está Fernando Ferreira da Silva, da Comunidade São Francisco de Assis, de Agudos, que há três anos começou um grupo de jovens. “Desenvolver o espírito franciscano no jovem o transformará em líder para que ele leve
além da comunidade, no trabalho ou na escola, o carisma franciscano”, observou. Para ele, o jovem deve fugir da imagem superficial de Francisco de Assis, e ir além: “Francisco desperta a curiosidade do jovem e um encontro como esse faz ele se aprofundar, porque São Francisco é um santo apaixonante”, explicou. Carlos Fernandes Neto, que também é da Paróquia Santo Antônio e esteve na organização do evento, entende que o jovem deve ser um agente multiplicador do projeto franciscano. “O Alverne é a realização de um pedido nosso para vivenciar e aprofundar a espiritualidade, experimentação de uma intimidade maior com Deus a partir da experiência de Francisco. O maio de 2019 – comunicações
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jovem sairá do encontro preparado para multiplicar em seus grupos o que foi aprendido”, destacou. Para Karina Silva Rocha, da Paróquia Santo Antônio, de 23 anos, o encontro foi transformador. “Este é um momento para descobrir dentro de si as virtudes para poder desenvolvê-las a fim de sermos seres humanos melhores”, comentou. Identificar-se com Francisco é o primeiro passo para aderir ao seu projeto. “São Francisco é um santo como a gente, mesmo tendo vivido há tanto tempo, ele traz as respostas às perguntas que nós temos hoje”, concluiu.
ITINERÂNCIA
O pôr do sol de sábado, dia 6, foi missionário: os jovens tiveram a oportunidade de visitar Maria José
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Meirelles, carinhosamente apelidada de Mazé, que sofre de esclerose lateral amiotrófica, doença rara conhecida pela sigla ELA. Nesta visita, os participantes viveram uma bonita experiência de fraternidade e itinerância, além de conhecer o testemunho de superação e vocação familiar de Mazé e seu esposo. O domingo nublado, dia 7, não foi motivo de desânimo para os quase 40 jovens que chegaram na Fazenda do Seminário Santo Antônio, para a conclusão do encontro. Frei Diego Melo, coordenador do Serviço de Animação Vocacional da Província acolheu a todos na capela e conduziu um bonito momento de devoção mariana. Cada participante recebeu a coroa franciscana como sinal de envio para a missão em suas comunidades de origem.
Após as últimas considerações de Frei Vitório, na varanda da fazenda, todos participaram da Celebração Eucarística do 5º Domingo da Quaresma. Diante de muitos agradecimentos e considerações positivas a respeito do encontro, Frei Diego apresentou o Itinerário Franciscano das Juventudes, uma proposta de percurso na Espiritualidade Franciscana que vem sido desenhada e amadurecida pelo Conselho de Juventudes da Província. O encontro foi encerrado por um almoço preparado com dedicação pela Comunidade São Francisco. Ainda este ano, as cidades de Lages (SC) e Vila Velha (ES) receberão o evento.
Vinícius Fabreau
evangelização
bom jesus
Liderança franciscana na Educação Básica
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iderar é dialogar com os colaboradores e construir pontes” foi o tema que norteou o Encontro dos Assessores das 36 Unidades do Colégio Bom Jesus. O evento foi realizado no auditório da FAE Business School, em Curitiba, no final de março, e contou com a presença de 85 assessores da Educação Infantil ao Ensino Médio, além de gestores, gerentes, coordenadores pedagógicos e frades atuantes no Grupo Educacional Bom Jesus. O presidente do Grupo, Frei João Mannes, abriu o evento com uma palestra em que destacou o diálogo entre São Francisco de Assis e o Sultão do Egito Al-Malik Al-Kamil. Em 2019, o encontro desses dois líderes religiosos completou 800 anos. “Precisamos de novos líderes que construam pontes, e não muros”, disse o presidente, enfatizando uma fala do Papa Francisco. Segundo Mannes, “liderar é dialogar, servir, colocar-se no lugar do outro, ter empatia. É ouvir, olhar e sentir”. Já as boas-vindas ficaram a cargo do diretor-geral do Grupo, Jorge
Apóstolos Siarcos, que enfatizou a necessidade do acolhimento aos alunos, aos pais e aos professores. Em seguida, o gerente pedagógico Marcelo Bianchini Favaro falou sobre encaminhamentos, acolhimento e inovação na escola e destacou a importância da presença dos assessores nas Unidades. Ressaltou, ainda, que “ao lado do gestor, os assessores são os líderes, e precisa haver acolhimento, suporte para as dificuldades”. Durante a programação, os assessores também foram atualizados em relação às novidades e aos encaminhamentos pedagógicos e administrativos do Colégio Bom Jesus, como boas práticas jurídicas, o Programa de Desenvolvimento de Habilidades
Sociais, orientações sobre simulados e avaliação diagnóstica, Google for Education, Computação Criativa, entre outros. Além disso, foi realizada uma palestra sobre a Base Nacional Comum Curricular e Ensino Médio, proferida pela especialista convidada Lilian Bacich, que é doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano. O coordenador do projeto Bom Jesus Social, Frei Claudino Gilz, também ministrou palestra. O frade apresentou os pilares das ações sociais a partir das quais as Unidades podem desenvolver seus projetos e citou exemplos de trabalhos já realizados nas Unidades, ratificando os fundamentos do projeto e dos próximos passos que serão dados. O encerramento foi marcado pela bênção franciscana proferida pelo vice -presidente do Grupo, Frei Mário José Knapik, que salientou a importância da oração de São Francisco, do diálogo como forma de unir as diferenças e da gratidão pelo dom da vida.
Juliano F. Zemuner maio de 2019 – comunicações
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Congresso Nacional de Educação da Anec e a formação humana
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novação, sustentabilidade e humanismo solidário pautaram o V Congresso Nacional de Educação, realizado no final de março, em Cuiabá (MT). Promovido pela Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec), o evento reuniu quase 1,5 mil religiosos e profissionais do segmento, incluindo frades e funcionários representantes do Grupo Educacional Bom Jesus e da Universidade São Francisco. Durante três dias, religiosos atuantes na educação, pesquisadores, gestores de instituições de ensino, especialistas e professores proferiram palestras e compartilharam suas experiências obtidas nas mais diversas regiões do Brasil. Em comum, os desafios na proposição de uma formação com base em valores cristãos católicos ante uma sociedade em
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constante mudança, a postular inovação e o uso de novas tecnologias no ambiente acadêmico.
Inovação
As tecnologias emergentes na educação colocam à prova o entendimento sobre aprendizagem, uma vez que se faz necessário superar a “brecha cultural” para compreender a realidade a partir de onde se vive e se comunica com o mundo, sem ficar refém da superficialidade. Para isso, é importante para as instituições de ensino católicas desenvolver processos formativos de suas equipes pedagógicas com ênfase no uso da criatividade na abordagem dos conteúdos acadêmicos, sem abrir mão dos referenciais cristãos católicos.
Sustentabilidade
Nas palavras de Frei Betto, “a cabe-
ça pensa a partir de onde os pés pisam” e, no pensamento do Papa Francisco, “nunca é demais insistir que tudo está interligado”, há dicas sobre como e onde é possível começar o resgate sobre o amplo significado do conceito de sustentabilidade. De acordo com o coordenador dos projetos FAE Social e Bom Jesus Social, Frei Claudino Gilz, durante o Congresso, muitos questionamentos foram apresentados para provocar a reflexão dos participantes, como, por exemplo: • Todo mundo quer salvar o planeta, mas quando alguém tem que abrir mão de alguma coisa ou até de um “privilégio” em prol dessa finalidade, desiste e nada faz. • A Terra é mais do que apenas um lar. É um sistema vivo e nós fazemos parte disso. •U m saco plástico é, em média,
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usado apenas durante 20 minutos e então é descartado na natureza sem nenhum escrúpulo em termos de contaminação e poluição.
Humanismo Solidário “Ensinar a amar é praticar o humanismo solidário”. Essa afirmativa pontuou de maneira contundente a conferência “O humanismo solidário num mundo de exclusão”, conduzida por Dom Joaquim Giovanni Mol Guimarães. De acordo com o palestrante, a missão da educação católica é acolher e fazer multiplicadores do humanismo solidário e inclusivo. Contudo, Dom Joaquim apresentou alguns desafios para cumprir esse objetivo: • Distâncias entre a teoria e a prática. • Superação da aporofobia − aversão aos pobres.
• Endeusamento do capitalismo. • Certo descrédito a qualquer iniciativa humanista. • Os 92 milhões de brasileiros que não leem. • Os 62 milhões de brasileiros que nunca compraram um livro.
Todos somos responsáveis
O evento foi concluído com a sensação de que cada pessoa tem, em uma instituição de ensino, não importando o cargo que ocupe, sua parcela de responsabilidade com o cuidado da Casa Comum, o planeta Terra, e de toda a sociedade, principalmente
com os mais vulneráveis, em todas as esferas estudadas: inovação, sustentabilidade e humanismo solidário. Representaram o Grupo Educacional Bom Jesus no Congresso: o presidente do Grupo, Frei João Mannes; o coordenador dos projetos FAE Social e Bom Jesus Social, Frei Claudino Gilz; a coordenadora da Pastoral Universitária e Escolar, Rita de Cássia Kleinke; o gerente pedagógico do Colégio Bom Jesus, Marcelo Bianchini Favaro; o gerente comercial do Bom Jesus, Luiz Fernando Fabri; o responsável pela Documentação Escolar do Colégio Bom Jesus e representante da Anec no Paraná, Nilson Izaias Pegorini; a coordenadora da Editora Bom Jesus, Márcia Schmidt, acompanhada da sua equipe, formada por Cristiane Tonetti e Ricardo Vicki.
Juliano F. Zemuner
Trote Solidário é legado franciscano na FAE Centro Universitário Alunos veteranos e professores com muitos anos de experiência na FAE Centro Universitário já não têm recordação dos chamados “trotes sujos”, aquelas ações que, ainda hoje, humilham muitos calouros pelo Brasil. Na FAE, o chamado Trote Solidário começou a ser realizado há quase dez anos, em Curitiba, e foi replicado no campus São José dos Pinhais e, em 2019, os calouros que inauguraram as aulas no novo campus Araucária também abraçaram o projeto. Por meio de uma “Gincana do Bem”, os calouros de Araucária arrecadaram 258 jogos pedagógicos e 147kg de balas e pirulitos para atender crianças em situação de vulnerabilidade social. Da mesma maneira, os alunos de São José dos Pinhais contribuíram com entidades assistenciais
ao arrecadar 49 jogos e 45kg de doces. No campus Curitiba, que possui mais alunos matriculados, calouros e veteranos arrecadaram 300kg de doces e 279 jogos.
Todas as ações dos trotes solidários são coordenadas pela Pastoral Universitária da FAE, que conta com a participação de frades, funcionários, alunos professores voluntários. 349 maio de e2019 – comunicações
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Conselho de Evangelização se reúne para primeiros encaminhamentos do triênio
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o dia 4 de abril, realizou-se a primeira reunião do triênio (20192021) do Conselho do Secretariado da Evangelização da Província, na Sede Provincial, em São Paulo, com a presença de Frei César Külkamp, Ministro Provincial; Frei Gustavo Wayand Medella, Vigário Provincial e Secretário da Evangelização, e demais frades membros do Conselho: Frei Claudino Gilz (Frente da Educação), Frei Antônio Michels (Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento), Frei Nauri Francisco Reinisch (Co-
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municação), Frei Diego Melo (Solidariedade), Frei Robson Scudela (Missões), Frei João Francisco da Silva (Formação e Estudos) e Frei Valdecir Schwanbach (Vice-secretário da Evangelização). Nas palavras de boas vindas, Frei César, manifestando seu agradecimento pelo sim que cada um dos membros do Secretariado deu ao Congresso Capitular, destacou a importância deste encontro para a caminhada da Província e para a articulação das Frentes. Apresentou ainda uma síntese histórica das Frentes, bem como o seu percur-
so de amadurecimento. Salientou que, no decorrer dos últimos anos, firmou-se com maior clareza o próprio de cada uma das Frentes e a estreita relação que há entre elas.
Estudo do Documento sobre a Fraternidade Humana O encontro foi organizado por Frei Gustavo e motivado pelo estudo e partilha do documento sobre a “Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum”, assinado pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame de Al-A-
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zhar, durante a viagem apostólica do Papa Francisco aos Emirados Árabes Unidos. A partir do documento, os membros do Conselho iniciaram um tempo de partilha e reflexão, destacando as seguintes considerações: O documento ressalta a importância do diálogo, do conhecimento mútuo e da colaboração que deve haver entre os homens e mulheres, o que fará nascer a Fraternidade Universal. O diálogo é fundamental para a relação inter-religiosa. No entanto, para que ela seja possível, é importante que se tome a pedagogia apontada pelo texto, a saber: “a cultura do diálogo como caminho; a colaboração comum como conduta; o conhecimento mútuo como método e critério”; O texto adquire relevante importância no atual momento da Igreja, quando o Papa Francisco, retomando o Concílio Vaticano II, convida a esse diálogo como resposta à atual cultura do isolamento e da intolerância ao diferente, alimentados pelos diversos grupos sectários fundamentalistas que surgem no meio social; Para existir a capacidade de dialogar com o diferente, precisa-se estar firme naquilo que se é, nos próprios valores, sabendo iniciar o diálogo a partir de sua realidade, sem fechar-se em uma postura de defesa institucional; o passo seguinte para o diálogo é o de ter a coragem de olhar a sua própria realidade a partir dos olhos do outro, num respeito mútuo e motivado por retas intenções. A partir deste momento de estudo, os membros do Conselho desta-
caram orientações importantes para a caminhada do Secretariado e das Frentes: Visto que o Documento aponta e expressa o encontro entre duas consciências elevadas, o Papa Francisco e Grão Imame de Al-Azhar, ele sinaliza a superação do “institucionalismo”, fechado em si mesmo, preocupado unicamente consigo ou com seus interesses. Esta realidade pode ser contextualizada e motivar uma reflexão sobre a atual maneira de se vivenciar o carisma franciscano, bem como a atuação das Frentes. O carisma não pode se fechar em si mesmo ou em práticas voltadas unicamente para a sua sobrevivência. A diminuição do número de frades no Brasil, por exemplo, não pode ser respondida com uma postura preocupada apenas com a manutenção da instituição. É necessário reconhecer os valores do carisma que se confirmam à medida que conseguem dialogar com a sociedade e com toda a criação. Será esta capacidade de diálogo que apontará novas maneiras de sobrevivência e atualidade do carisma. Referente às Frentes de Evangelização, esta atitude do Papa Francisco e do Grão Imame de Al-Azhar é um testemunho contra a tentação que elas podem enfrentar, a saber: o fechamento em si mesmas, que enfraquece o testemunho franciscano manifestado pelo todo das frentes. Cada uma delas é convidada a ver além de si mesma, além de seu “funcionalismo” e abrir-se ao diálogo com as demais frentes,
proporcionando uma Evangelização em rede. Por fim, destacou-se a importância de motivar o diálogo nas realidades onde os frades atuam. É preocupante o fato de que algumas pessoas que caminham com os frades há tanto tempo continuem com discursos que não promovem o diálogo.
A caminhada das Frentes de Evangelização Educação
Frei Claudino Gilz, coordenador da Frente da Educação, partilhou algumas considerações sobre a primeira reunião deste triênio entre os frades que atuam na Educação, durante a qual refletiu-se sobre o modo de se estar nesta Frente enquanto frades, contando com a participação indispensável dos leigos. Abordou também os objetivos da Frente e as atividades previstas para triênio, bem como os meios para auxiliar a Missão em Angola, através de parcerias entre as Instituições Educacionais e a Missão. Frei Claudino destacou que se constituiu uma equipe de leigos com a finalidade de auxiliar os trabalhos da Frente da Educação. O Conselho de Evangelização também partilhou a necessidade de que cada vez mais seja fomentada a participação dos leigos, proporcionando que os colaboradores das instituições educacionais possam conhecer ainda mais o Plano de Evangelização da Província.
Comunicação
Frei Neuri Reinisch, coordenador da Frente da Comunicação, partilhou os trabalhos, apresentando algumas das vinhetas e do material produzido pelas rádios e maio de 2019 – comunicações
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televisão, que destacam elementos do Carisma Franciscano, bem como valores éticos necessários à atual sociedade. Referente aos colaboradores da Frente, destacou-se que a equipe está tendo pouca rotatividade, o que proporciona maior profissionalização bem como possibilita um aprofundamento da formação franciscana dos colaboradores. Atualmente há um grupo de colaboradores leigos que participam de um curso via Educação à Distância na área franciscana oferecido pela Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (Estef), do RS. Por fim, destacou que a Frente da Comunicação vem buscando caminhos para integrar-se com as demais frentes, proporcionando maior colaboração na Evangelização.
Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento
Frei Antônio Michels, coorde-
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nador da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, partilhou a proposta de programação para o primeiro encontro dos frades que atuam na frente previsto para os dias 22 e 23 de maio, em Rondinha. Sublinhou que sente a necessidade de que aconteça uma maior partilha do material produzido nas diferentes presenças em paróquias, o que facilitaria muito nas formações dos leigos, importantes agentes do Plano de Evangelização da Província. Sugeriu a organização de uma pequena equipe de animação da Frente, que pudesse criar instrumentos para dinamizá-la. Em seguida, o Conselho também se manifestou sobre esta Frente, destacando a importância de se retomar o plano de Evangelização com os leigos, a fim de compreenderem melhor o modo franciscano de evangelizar, bem como promover-lhes o conhecimento do
carisma. Por fim, referente às paróquias que compõem esta Frente, motivou-se uma reflexão de como clarear a presença franciscana em relação ao povo e às dioceses. Quanto à relação com as dioceses, retomou-se a importância de realizar um contrato com estas, a fim de clarear a parceria entre as Igrejas locais e a Província. Dentre os assuntos desta parceira, tem-se, inclusive, a questão financeira. Que esta seja discutida, evitando duas taxas distintas que sobrecarreguem as contas paroquiais, chegandose a uma política de contribuição igualitária. Tal assunto deve, ainda, passar por maiores reflexões e discussões entre os frades desta Frente, juntamente com o Definitório.
Missões
Frei Robson Scudela, coordenador da Frente das Missões, iniciou a apresentação da Frente retoman-
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do a sua transversalidade, o que a leva a caminhar com as demais frentes, encontrando, juntamente, meios para valorizar e incentivar o espírito missionário já presente, por vocação, em cada frade. Também outro aspecto da Frente das Missões é acompanhar e auxiliar as missões ad gentes assumidas pela Província. Quanto à Missão de Angola, reforçou-se a importância da campanha missionária em favor desta presença, realizada no mês de outubro e a importância de se refletir, aprofundar e favorecer a participação dos leigos e das leigas como voluntários na Missão. Por fim, Frei Robson apresentou o material oferecido pelas Pontifícias Obras Missionárias referente ao mês de outubro deste ano, chamado Mês Missionário Extraordinário, convocado pelo Papa Francisco. A convite de Frei Antônio Michels, Frei Robson participará do encontro da Frente das Paróquias, para partilhar com os párocos as propostas do Mês Missionário Extraordinário. Para este mês Missionário, ficou firmado também a elaboração de material para as demais Frentes.
Solidariedade
Frei Diego Melo, coordenador da Frente de Solidariedade para com os empobrecidos, realizou a partilha da Frente, destacando a sua transversalidade. Recordou a sua participação no curso voltado para a temática de Justiça, Paz e Integridade da Criação, realizado em Roma, em fevereiro deste ano, salientando a provocação que a Ordem está fazendo aos Frades da América Latina, que foram motivados a elaborar um plano de ação do JPIC. Ainda referente a esta dimensão, Frei Diego recordou a formação de um Conselho Provincial, formado com representantes indicados pe-
los regionais e nomeados pelo Definitório. Frei Diego, por fim, apresentou o trabalho que vem sendo realizado com os jovens, sugerindo um programa de acompanhamento do jovem que, depois de realizar as etapas iniciais das atividades da juventude, pudesse participar de outras propostas para o conhecimento do carisma, inclusive, em parceria com a Frente das Missões, em um tempo de experiência missionária em Angola.
A relação entre Evangelização e Formação Frei João Francisco da Silva, Secretário para a Formação e Estudos, apresentou a realidade formativa da Província, considerando o quadro positivo da nova equipe de formadores. Segundo o secretário, a participação dos formandos nas atividades de cada uma das Frentes tem sido muito positiva. Os estágios de meio e final de anos têm sido realizados de maneira que possibilitem a participação de cada um dos formandos em todas as cinco Frentes. Conforme destacou Frei João, a sugestão do Secretariado para Formação e Estudos é de que, à medida do possível, se retomem as experiências de estágios de férias que eram realizadas na missão de Angola, durante os meses de dezembro e janeiro. Frei João reforçou, ainda, o convite aos coordenadores das Frentes para que visitem as casas de formação, a fim de apresentar cada uma das Frentes.
Os passos do Redimensionamento e a devoção a Frei Bruno Linden Frei Gustavo e Frei César aproveitaram o momento do Conselho para apresentar como se encontrava
o processo de redimensionamento da Província, encaminhado pelo último Capítulo. Nas primeiras conversas que Frei César e Frei Gustavo realizaram nas possíveis presenças a serem entregues, perceberam que este passo implica inúmeras situações que precisam ser levadas em consideração. Dentre estas, destacaram a importância de não se tomar decisões de forma taxativa, com data imediata. A Província está tendo o cuidado para não ser “agressiva” nestas entregas. O conselho de evangelização também se manifestou referente à Romaria de Frei Bruno realizada, anualmente, em Joaçaba. Para o conselho, é importante que se fomente a participação dos frades neste momento. Salutar e louvável foi a participação dos noviços e dos frades estudantes do tempo de Filosofia durante a Romaria deste ano. No próximo ano, a Romaria completa trinta anos, bem como celebra os 60 anos de morte de Frei Bruno. O secretário de Evangelização, Frei Gustavo, entrará em contato com Dom Mário Marquez, bispo de Joaçaba, para ver as possibilidades de participação, bem como procurará meios de articular as Paróquias para esta participação. Num espírito fraterno de cooperação para encontrar os caminhos para as Frentes, o Conselho foi marcado pela certeza de que deverá estar próximo aos demais frades e leigos que são os principais responsáveis pela Evangelização da Província. Ouvi-los será sempre um indicativo que a Evangelização expressará o carisma. O conselho foi marcado pela recordação e partilha das inúmeras atividades já realizadas na Província, com a dedicação e participação dos frades e leigos.
Frei Robson Luiz Scudela maio de 2019 – comunicações
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evangelização
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Missionszentrale: 50 anos
ano de 2019 nos lembra, entre tantos outros acontecimentos, duas iniciativas importantes para a Família Franciscana. O primeiro: o encontro de São Francisco com o Sultão, expressão do diálogo que se constitui em um dos elementos do carisma franciscano em 1209. O segundo: A fundação da “Missionszentrale der Franziskaner”, o Centro Franciscano para as Missões e apoio dos missionários franciscanos em 1969. Este último nasceu no clima renovador do Concilio Vaticano II. Voltar
às fontes e atualizá-las hoje, foram os dois imperativos, acolhidos também com entusiasmo pela Família Franciscana. Frei Andreas Mueller, procurador das missões da Província alemã de Fulda teve a feliz ideia, transformada em visão profética, de criar um organismo franciscano em apoio à missão dos franciscanos. Digo profética porque generosamente aberta a serviço de toda a Família Franciscana, quer dizer, às três Ordens. Embora seja de iniciativa OFM, acolhendo todas as formas e modos de vida franciscana. Mesmo tendo surgido na Alema-
nha, na então capital alemã Bonn, quis abranger todos os países centro -europeus: Alemanha, França, Países Baixos, Bélgica, Suíça, Áustria, Hungria e Romênia, que formam, franciscanamente falando, uma Conferência franciscana (OFM), hoje conhecida na Ordem como COTAF (Conferência Franciscana Transalpina). Nos séculos 18 e 19 e primeira metade do século 20, estas Províncias foram muito dedicadas à vocação missionária. Basta lembrar que a Província holandesa chegou a ter mais de 1.000 membros, fundando cinco novas Províncias no mundo, sem falar
QUINZE MIL PROJETOS DE AJUDA Em 50 anos após sua fundação, a sede da missão apoiou cerca de 700 projetos por ano em mais de 70 países. Estes se concentram nas áreas de desenvolvimento social, educação, direitos humanos, meio ambiente e Igreja. No total, mais de 220.000 franciscanos estão trabalhando em cerca de 110 países em todo o mundo para viver, trabalhar e ajudar os necessitados. Nos últimos 50 anos, mais de 15.000 projetos de ajuda, com um volume de financiamento de mais de 400 milhões de euros, foram apoiados.
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da restauração das duas Províncias brasileiras (Santo Antônio e Imaculada Conceição) pela Província alemã da Saxônia. Mas a partir dos anos 60 do século passado, as vocações missionárias diminuíram drasticamente. Foi justamente por causa disso que Frei Andreas concebeu a “Missionszentrale” como organismo para manter viva a consciência missionária de todos os cristãos Já não tendo mais pessoas a serem enviadas como missionários, resolveu-se apoiar em todos os sentidos, de modo particular porém, financeiramente, o serviço dos missionários aos mais pobres, abandonados e do-
entes. Os recursos vinham e vêm principalmente das doações dos benfeitores que não são apenas doadores, mas colaboradores conscientes de sua missão de cristão. Para isso se criou um departamento de “diálogo com o benfeitor”. Outro departamento se dedicou de modo cada vez mais objetivo em elaborar, acompanhar e avaliar um projeto. Tudo isso com colaboradores leigos que “vestem a camisa” da instituição. Frei Andreas Mueller foi o presidente da “MZF” de 1969 a 2003. A nossa Província me liberou para esta função de 2003 a 2009, sucedendo o
fundador. Hoje, o presidente é Frei Mathias da Província austríaca. Ele, com seus colaboradores, elaboraram um vasto programa que abrange todo o ano de 2019. Um destes eventos foi a audiência com o Papa Francisco no dia 6 de abril. Todos os atuais colaboradores vieram à Roma em preregrinaçao e, juntos, fomos à audiência que nos marcou profundamente. Eu, pessoalmente, fiquei muito impressionado com o fato de o Papa, já saindo da sala, se virou mais uma vez e nos disse: “Meu serviço não é fácil, rezem por mim”.
Frei Estêvão Ottenbreit
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PAPA NO MARROCOS
“Sejam promotores de fraternidade”
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Papa Francisco fez, nos dias 30 e 31 de março, a 28ª viagem apostólica ao Marrocos, que se caracterizou por três dimensões: uma dedicada ao diálogo inter-religioso, uma aos migrantes e aos carentes e, particularmente, a parte dedicada à pequena Igreja católica local. Ao chegar em terras marroquinas, o Papa Francisco dirigiu-se à Esplanada da Mesquita “Tour Hassan II”, em Rabat, para a cerimônia de boas-vindas. Ali, o Santo Padre manteve seu primeiro encontro com o povo marroquino, as autoridades civis e religiosas e o Corpo Diplomático, do qual participaram 25 mil pessoas. O Santo Padre iniciou seu discurso com a saudação em árabe “As-Salam Alaikum”, desejando a Paz para todos: “Estou feliz por pisar o solo deste país, rico de muitas belezas naturais, defensor dos vestígios de antigas civilizações e testemunha de uma história fascinan-
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te... Esta visita é, para mim, motivo de alegria e gratidão, porque me permite descobrir as riquezas desta terra, deste povo e das suas tradições, como também pela grande oportunidade de promover o diálogo inter-religioso e o conhecimento mútuo entre os fiéis das nossas duas religiões”. O Santo Padre recordou o histórico encontro entre São Francisco de Assis e o Sultão Al-Malik Al-Kamil, há oitocentos anos. Este evento profético demonstra a coragem deste encontro e da mão estendida que representam “um caminho de paz e harmonia” para a humanidade, em situações onde o extremismo e o ódio são fatores de divisão e destruição. E o Papa acrescentou: “ Desejo que a estima, o respeito e a colaboração entre nós possam contribuir para aprofundar os nossos laços de sincera amizade, a fim de permitir às nossas comunidades preparar um futuro melhor às novas gerações”. Depois, na homenagem do Papa
ao Mausoléu Mohammed V e a visita de cortesia ao soberano, o Papa assinou o apelo por Jerusalém reconhecendo a unicidade e a sacralidade da Cidade Santa. No domingo (31) pela manhã, o Papa fez uma visita privada ao Centro rural de serviços sociais de Temara administrado pelas irmãs Filhas da Caridade. Depois foi à catedral de Rabat para um encontro com o clero, os religiosos, as religiosas e o Conselho ecumênico de Igrejas no Marrocos, seguido pela oração do Angelus. Depois do almoço com os bispos na nunciatura, o Papa presidiu a Santa Missa no Centro Esportivo Príncipe Moulay Abdellah da capital, com a presença de cerca de 10 mil fiéis de 60 nacionalidades. Sobre a viagem, o Papa fez a seguinte análise: “Direi que agora há flores, os frutos virão mais tarde. Mas as flores são promissoras. Estou feliz, porque nestas duas viagens pude falar
Evangelização
sobre o que me toca tanto no coração, dar de mãos dadas sempre em fren- dor? Porque aqueles que constroem tanto: a paz, a unidade, a fraternidade. te. Vimos, também no diálogo com os muros acabarão presos pelos muCom os nossos irmãos muçulmanos vocês aqui no Marrocos, que são ros que construíram. Mas aqueles que e muçulmanas, selamos esta fraterni- necessárias pontes e sentimos dor constroem pontes vão muito avante. dade no documento de Abu Dhabi e quando vemos pessoas que preferem Para mim, construir pontes é algo aqui, no Marrocos, todos vimos uma construir muros. Por que sentimos que vai quase além do humano, exige muito esforço. Sempre liberdade, uma fraternime tocou muito uma dade, uma acolhida de frase do romance de Ivo todos os irmãos com um Andrich, “A Ponte sorespeito muito grande. Esta é uma bela flor de bre a Drina”: ele diz que convivência que promete a ponte é feita por Deus dar frutos. Não devemos com as asas dos anjos desistir! É verdade que para que os homens se ainda haverá dificuldacomuniquem... para que os homens possam se codes, muitas dificuldades porque, infelizmente, municar. A ponte é para existem grupos intransicomunicação humana. E isto é bonito e eu vi isso gentes. Mas gostaria de aqui no Marrocos. Em dizer isto claramente: em APELO DE SUA MAJESTADE O REI MOHAMMED VI E vez disso, os muros são cada religião há sempre DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO contra a comunicação, um grupo integralista SOBRE JERUSALÉM são a favor do isolamenque não quer ir em fren“Em consequência, almejamos que sejam garantidos, na te e vive de recordações to e aqueles que os consCidade Santa, a plena liberdade de acesso aos fiéis das amargas, das lutas do troem tornar-se-ão pritrês religiões monoteístas e o direito de cada uma exercer passado, procurando sioneiros. Não se veem o seu próprio culto, de modo que se eleve por parte dos mais a guerra e também os frutos, mas veem-se seus fiéis, em Jerusalém / Al Qods Acharif, oração a Deus, semeando o medo. Vimuitas flores que darão Criador de todos, por um futuro de paz e fraternidade frutos, por isso vamos mos que é mais bonito sobre a terra”. continuar assim”. semear a esperança, anmaio de 2019 – comunicações
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FIMDA no caminho de ser Custódia
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Fundação Imaculada Mãe de Deus se prepara neste mês para celebrar, de 27 a 31, o Capítulo eletivo que vai definir os rumos desta entidade nos próximos três anos e pode aprovar a indicação para se tornar Custódia em breve. Tudo isso em meio aos preparativos para celebrar 30 anos de fundação em 2020. As perspectivas para este momento são as melhores e mais animadoras possíveis, segundo o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, que vai presidir o Capítulo em Luanda, capital de Angola. Para o Provincial, às vésperas de completar 30 anos, a Fundação exibe um crescimento estrutural e evangelizador que a credenciam para dar, com segurança, os próximos passos. Atualmente, conta com 49 frades angolanos e, no ano que vem, poderá chegar a ter 76 com os 27 postulantes que se preparam para ingressar no
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Noviciado. Com eles, hoje estão 14 missionários brasileiros. Frei César lembrou que neste ano já teve início o Noviciado em Angola, com a Casa de Kibala. A formação ganhou novos formadores locais, ao mesmo tempo que, estruturalmente, trabalha-se para dar condições de acolher esse bom momento vocacional que vive a Fundação. “A Fundação Imaculada Mãe de Deus tem dados passos importantes nesse sentido de expansão, tanto na área de evangelização, com as paróquias, a presença nos santuários, nas obras sociais, no trabalho de educação, como na formação, onde se destaca o crescimento das estruturas que estão sendo montadas. Ressalto também que na última assembleia foi elaborado o seu Plano de Evangelização”, lembrou o Ministro Provincial. Segundo Frei César, a criação da Custódia será o tema principal do Capítulo, mas ele lembra que o en-
caminhamento já foi dado pelo Definitório Provincial da Província da Imaculada Conceição. “Vamos discutir esses encaminhamentos e outros temas, como a criação de uma autossustentação da futura Custódia, que esperamos que aconteça em breve”, disse, lembrando que no último Congresso Capitular algumas transferências já foram feitas. “Em dezembro eu estive em Angola e pude passar em todas as Fraternidades e Casas de Formação, onde pude perceber um sentimento muito bom na Missão. Também já fiz uma parte da visita canônica com os frades angolanos que estudam na etapa da Teologia, em Petrópolis, e percebi esse sentimento muito positivo e esperançoso no futuro desta entidade que está em crescimento”, atestou Frei César. Para se tornar Custódia Dependente da Província, a aprovação será dada pelo Governo Geral da Ordem dos Frades Menores.
Evangelização
Carmelita fala aos junioristas da CRB-PR
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m um fim de semana com o clima agradável (23 e 24/3), os frades estudantes Franklin Matheus da Costa e Guilherme Plotegher Neto, ambos do primeiro ano de Filosofia, junioristas do Regional Curitiba da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e de outros regionais, encontraram-se no Instituto Salette, no Bairro Jardim Social, para refletirem sobre o tema “Discernimento Espiritual”. Esse encontro foi assessorado por Frei Claudiano de Aragão Lima, ODC, que é natural de Sergipe e atualmente reside na Arquidiocese de Brasília/DF. O frade carmelita iniciou sua reflexão tomando por base o Papa Francisco, no início, e terminou com os grandes mestres da espiritualidade. A
partir da Exortação Apóstolica “Gaudete et Exultate”, do Papa Francisco, e o documento final do Sínodo sobre a Juventude “Fé e Discernimento”, Frei Claudiano lembrou, antes de tudo, que Francisco é o papa do discernimento”; “discernimento espiritual é um relacionamento consigo, com Deus, com outro”, comentou o frade, fazendo uma analogia entre o discernimento e as virtudes quaresmais do jejum da oração e da esmola. Ainda tendo o Papa como base, explicou que discernimento é escutar, identificar, pedir, discernir e permitir. Tomando a espiritualidade carmelitana, falou das caminhadas de discernimento espiritual de São João da Cruz, Santa Teresa D’Ávila, Santa Terezinha de Jesus, assim como Santo Inácio de Loyola, São
Francisco de Assis e Madre Teresa de Calcutá. Ao longo do encontro os religiosos deram passos fundos no discernimento espiritual dentro da Sagradas Escrituras, da tradição e das experiências da vida da Igreja. Perpassando os mais diversos meios e esquemas dentro dessa reflexão. Como um estudo sobre a alegria do discernimento espiritual, bem como um retrato da Noite escura da alma de São João da Cruz e Santa Teresa D’Ávila. O encontro foi concluído ao fim da tarde de domingo, com a certeza de que essa primeira etapa do Juninter revigorou os presentes para continuarem com ainda mais vigor a vida formativa religiosa.
Frei Franklin Matheus da Costa
O melhor professor do mundo O professor Peter Tabichi, franciscano do Quênia, 36 anos, foi eleito o melhor do mundo pelo ‘Global Teacher Prize‘ de 2019. O prêmio é oferecido pela ‘Fundação Varkey’, uma entidade que se dedica à melhoria da educação para crianças carentes. Foi indicado ao “oscar da educação” o professor cujo trabalho foi capaz de influenciar de forma positiva a comunidade na qual vive. “Fale menos e faça mais” foi o lema deste professor africano. A cerimônia de premiação aconteceu em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Além do troféu, que concorreu com outros dez mil indicados de 179 países, recebeu US$ 1 milhão ( cerca de R$ 3,9 milhões). O dinheiro deverá ser aplicado em atividades educacionais. Ele doa 80% de seu salário para apoiar os estudos dos seus alunos, na Escola Secundária Keriko Mixed Day, no vilarejo de Pwani. Se não fosse a ajuda do professor, as crianças não conseguiriam pagar por seus uniformes ou material escolar. maio de 2019 – comunicações
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Frei Carlos Pierezan
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30.03.1936
aleceu na manhã do sábado, 30 de março de 2019, na Fraternidade São Francisco de Assis, em Bragança Paulista, SP, Frei Carlos Pierezan. Neste dia, o confrade, nascido em Concórdia, no dia 30 de março de 1936, completava 83 anos. O guardião da Fraternidade, Frei Carlos Körber relata que, na manhã deste dia, foi ao quarto de Frei Pierezan para parabenizá -lo pelo natalício. De acordo com o guardião, o confrade se mostrava bastante confuso e parecia não se dar conta da data. Em seguida, o guardião foi celebrar a Missa com a Fraternidade, às 7h30 e, depois de tomar o café, durante visita aos outros confrades enfermos da casa, encontrou Frei Carlos Pierezan já sem vida sobre a cama. Certamente teria falecido durante o horário da Missa, entre 7h30 e 8h30.
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SEPULTAMENTO
+ 30.03.2019
No domingo, às 7h30 da manhã, foi celebrada a Missa de corpo presente na Capela da Fraternidade de Bragança Paulista, SP. Em seguida, o corpo seguiu para o Cemitério do
Santíssimo Sacramento, em São Paulo, onde às 11 horas foi celebrada uma outra Missa, seguida pelo enterro no jazigo dos frades.
A EVOLUÇÃO DA ENFERMIDADE
Em 2008, quando estava na Fraternidade São Pedro Apóstolo, em Pato Branco, durante exames de rotina, foi constatado que Frei Carlos possuía um nódulo de cerca de 3 cm no fígado. Buscou tratamento em São Paulo e, depois de sessões de quimioterapia e intenso acompanhamento médico, alcançou uma estabilidade que lhe permitiu vida normal. Desde então tinha acompanhamento periódico em São Paulo. Foi transferido, em 2009 para Bragança, onde serviu como guardião até 2016, e depois foi transferido para Agudos, SP, como vigário paroquial.
DADOS PESSOAIS, FORMAÇÃO E ATIVIDADES
Falecimento
Nascimento: 30 março de 1936 Noviciado: 1959 – Rodeio rimeira Profissão: 20 de dezembro de P 1959 Profissão solene: 02 de fevereiro de 1963 rdenação presbiteral: 15 de dezembro de O 1964 1960-1961 – Curitiba – Filosofia 1962-1965 – Petrópolis – Teologia 1966 – Rio de Janeiro – Ano Pastoral 15.7.1972 – Guaratinguetá/Seminário Frei Galvão – Vigário da Casa e professor 3.12.1972 – Guaratinguetá/Seminário Frei 1 Galvão – Guardião e Reitor 8.1.1974 – Petrópolis – Mestre dos 2 estudantes de Teologia 0.12.1976 – Rodeio – Vigário do Convento 2 e vice-mestre dos Noviços 7.3.1979 – Rodeio – Guardião e vigário 0 paroquial e vice-mestre dos Noviços 1980 – Rodeio – Mestre dos Noviços ovembro/1985 – Guaratinguetá/Seminário N Frei Galvão – Professor e atendente conventual 13.12.1987 – Guaratinguetá/Graças – atendente conventual 8.01.1989 – Guaratinguetá/Graças – 1 Guardião 8.01.1992 –Luzerna/Seminário – Guardião 1 e Pároco – eleito Definidor no Capítulo Provincial de novembro de 1991 996 – Guaratinguetá/Postulantado – 1 Vigário Paroquial e Professor 01.12.1997 – Guaratinguetá/Postulantado – Guardião e Professor 2.11.2000 – Guaratinguetá/Postulantado – 2 Guardião 09.01.2002 – Guaratinguetá/Postulantado -Guardião 20.05.2002 – Concórdia – Guardião e vigário paroquial – eleito Definidor para mandato até set. 2003, em substituição a Frei Augusto Koenig 7.11.2003 – Concórdia – Confirmado como 0 guardião, vigário paroquial 4.11.2005 – Agudos – Pároco Santo 2 Antônio 2.03.2006 – Agudos – Assistente da OFS – 0 eleito Definidor para o triênio 2007-2009 0.12.2006 – Pato Branco – Guardião e 2 Vigário Paroquial 17.12.2009 – Bragança Paulista – Guardião, diretor Administrativo da Casa N. S. Paz 20.02.2014 – Bragança Paulista – Guardião 5.02.2016 – Agudos – Vigário Paroquial e 2 Assistente espiritual da OFS
No início deste ano, Frei Carlos começou a apresentar episódios frequentes de anemia, que demandaram algumas transfusões de sangue. Percebia-se ainda um inchaço no abdômen. Logo após a Festa de São Paulo, padroeiro da Paróquia de Agudos, veio para São Paulo a fim de realizar uma investigação mais detalhada no Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, IBCC. Ali foi constatado um tumor no estômago que estava lhe ocasionando frequentes episódios de vômito e também a perda de sangue. A proposta inicial foi a de realização de radio e quimioterapia. Em relação à radio, Frei Carlos passou por cinco sessões. Quanto à quimio, chegou a iniciar, mas sua debilidade crescente dificultou o tratamento que, segundo os médicos, passou a ser paliativo, dada a gravidade do caso. Depois da última internação no IBCC, em diálogo com o próprio Frei Carlos, foi decidida sua remoção para Bragança Paulista, onde receberia os acompanhamentos médicos da equipe local e da Fraternidade Cuidadora que ali existe. A transferência ocorreu na segunda-feira, dia 25 de março. Durante o período de agravamento da doença, sempre se mostrou sereno, confiante e dócil diante dos encaminhamentos médicos. Revelou-se, até o fim, um homem de fé consistente na Bondade de Deus e na sua Divina Providência.
O FRADE MENOR
Frei Carlos serviu em importantes ofícios na Província. Foi Definidor, Mestre de Noviços (1980-1986), atuou em paróquias e também em outras etapas de formação. Mostrou-se sempre apaixonado pela Pastoral. Tinha muito orgulho em dizer que, no período em que esteve em Rodeio como Mestre, acompanhou ao todo 249 jovens. Estes dados ele registou numa tabela manuscrita encontrada junto à sua pasta pessoal arquivada no Provincialado. Num escrito do final da década de 1980, início dos anos 1990, quando completou 25 anos de ministério sacerdotal Frei Carlos deixou registrada algumas de suas impressões sobre diferentes aspectos de sua vida e consagração.
Destaco alguns trechos: Família
“Devo muito à minha família. Guardo uma grata recordação de meus falecidos pais, de meus familiares e parentes. Foram eles que colocaram a fé e o sentido da vida no meu coração. Sempre me apoiaram muito em minha vocação religiosa e sacerdotal. Em nossos encontros, casamentos, festas, missas, bodas, o centenário da imigração, celebramos a vida, a tradição, a fé, enfim, celebramos a família”. maio de 2019 – comunicações
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Vocação
Na família nasceu a minha vocação religiosa e sacerdotal. A comunidade era sempre visitada pelos padres franciscanos. Meu pai ajudava a missa, no tempo do latim. O padre, depois da missa, ia almoçar lá em casa. Eu tinha um tio padre (Frei Cláudio Pierozan). Foi fácil, um dia, ir para o seminário. Fui para o seminário para ser padre. Aos poucos descobri a vocação religiosa Franciscana”.
Vida Religiosa
“A nossa vida é Jesus Cristo. Depois que descobri que Jesus Cristo é Deus, todas as outras coisas passaram a ser secundárias. Cristo é o grande valor da minha vida. […] A vida religiosa é um projeto bem organizado com o objetivo de seguir Jesus Cristo da melhor maneira possível e com Ele chegar ao Pai”.
Fraternidade
“Deus é nosso Pai e todos somos irmãos. Fiz a primeira experiência de amor e de fraternidade em minha família e procurei, com São Francisco, aprofundar esta experiência na vida religiosa”.
Minoridade e amor aos pobres
“Impressionante o amor de Francisco para com os pobres, os leprosos e os pecadores. Esta opção de Francisco me impressiona muito e me torna sensível e misericordioso para com os pobres e necessitados. E sobretudo aqui, na América Latina e no Brasil, quantos irmãos nossos doentes, pobres e sofridos! A opção de Francisco de ser o menor entre todos os irmãos, a opção de ser servo de todos, é um propósito que compromete”.
Sacerdócio
“Desde pequeno sempre quis ser padre. Nunca mudei de ideia. Não foi fácil fazer todos os estudos e chegar ao sacerdócio. Agradeço aos franciscanos
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que me convidaram, ajudaram e me guiaram até o sacerdócio. Agradeço à Igreja que me acolheu como um de seus sacerdotes. Como sacerdote, fiz e faço a grande experiência da misericórdia e do amor de Deus em minha vida e na pessoa dos meus irmãos”.
Formação franciscana
Vinte e um anos do meu sacerdócio eu os dediquei à formação dos jovens quem em nossos seminários buscam a vida religiosa franciscana: sete anos no SEVOA, três na Teologia, dez no Noviciado e, por último, um ano novamente no SEVOA. Quantos jovens nestes anos todos tentaram a vida religiosa e quantos também desistiram! […] O que fica para mim, depois de 21 anos de trabalho na formação em nossos seminários, é a convicção de ter procurado servir sempre da melhor forma possível e a alegria de
ver com que entusiasmo muitos dos que abraçaram a vocação seguem São Francisco e Jesus Cristo”. Certamente, o entusiasmo que Frei Carlos enxergava em seus irmãos era o mesmo que trazia dentro de si e que manteve íntegro até o último dia de sua vida. Agora, já acolhido no seio do Pai amoroso, Frei Carlos contempla no céu, depois de seus 83 anos completos de vida na terra, o Mistério amoroso da Trindade do qual foi apaixonado propagador. R.I.P
Frei Gustavo Medella
CONDOLÊNCIAS A Província da Imaculada Conceição agradece pelas condolências recebidas por ocasião do falecimento de Frei Carlos.
Despedida e Exéquias de Frei Carlos em Bragança Paulista
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o domingo, 31 de março, 4º domingo da Quaresma, a Fraternidade de Bragança Paulista celebrou o retorno de nosso confrade Frei Carlos Pierezan à casa do Pai. Ele que vivera nesta casa nos anos 2010 a 2015, deixou marcas na vida de todos, também na comunidade eclesial da cidade onde prestava seu serviço ministerial. A capela da casa não comportaria o número dos presentes. Optamos pela Missa no salão maior (sala de recreio), onde anualmente celebramos os jubileus dos confrades. Da família, vieram duas das suas irmãs residentes em Curitiba; numa lotação, os primos da cidade de Palotina-PR, com esposas e filhos; sobrinho de Pato Branco e sobrinha de Jundiaí-SP. Um casal de amigos do seu tempo em Guaratinguetá: Wagner, Imaculada e a filha Camila, membros das Equipes de Nossa Senhora que ele fundara há 34
anos. De Bragança, os membros da Fraternidade da OFS da qual ele fora assistente espiritual, juntamente com fiéis da Paróquia do Imaculado Coração de Maria. O pároco da catedral, Pe. Marcelo, concelebrou a missa com os frades. Ao final da Missa, um dos seus primos de Palotina falou em nome dos demais. Com um porta-retratos (foto de Frei Carlos) nas mãos, agradeceu pela presença do confrade na vida da família, pela fé celebrada e vivida, assumindo o compromisso
de mantê-la até o encontro definitivo na eternidade. Pediu que a foto fosse levada com o esquife para São Paulo e colocada ao seu lado no jazigo. O guardião, Frei Carlos Körber, procedeu ainda as orações da encomendação do corpo. Às 10h45, o esquife seguiu em viagem para São Paulo, para a segunda Missa exequial no jazigo franciscano. Acompanharam o cortejo os confrades Frei Carlos, Frei Celso Chiarelli, Frei Aldeci de Arcízio Miranda e dois dos enfermeiros da casa, Abimael e Iranildes. Alguns sinais ficaram na memória e no coração de todos. Nosso confrade Frei Carlos passou a vida semeando a paz e o bem. Seu ministério sacerdotal foi fecundo e sua ‘marca registrada’ em todos os lugares onde viveu e passou. Resta-nos agradecer a Deus pela sua vida partilhada com generosidade. Descanse em paz!
Frei Regis Daher maio de 2019 – comunicações
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FREI CARLOS NOS DEIXOU
Um pitada de saudade
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ão tantos os que nos deixam. Quando sentimos que vamos envelhecendo verificamos a fila diminuir... A vida é tão curta mesmo quando se chega quase ao centenário. Frei Carlos Pierezan, natural de Concórdia, Santa Catarina, frade menor, nasceu a 30 de março de 1936 e faleceu no mesmo dia do seu nascimento, ou seja, 30 de março, mas de 2019. Penso que ele não terá nome de rua, nem receberá homenagens retumbantes em palanques de políticos. Mas vive na lembrança de muitos frades e leigos que tiveram ocasião de partilhar com ele uma parte da caminhada. Quando a comunidade se preparava para comemorar seus 83 anos na Fraternidade Franciscana de Bragança Paulista, teve que cantar um Te Deum pela vida daquele que a Irmã Morte viera buscar precisamente no dia de seu aniversário... Frei Carlos nasceu nessas famílias sólidas de origem italiana no Oeste de Santa Catarina, gente tocada a chimarrão, polenta e música alegre e ruidosa, rezas, quermesses e, mesmo lutando para sobreviver, sempre com um canto alegre a dançar nos lábios. Certamente, Frei Carlos nasceu no seio de uma família muito católica. Um de seus tios fora padre e se chamava Angelino. Por isso, durante um tempo Frei Carlos se chamou Frei Angelino. Carlos foi meu colega de no-
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comunicações – maio de 2019
viciado e do tempo dos estudos de Filosofia e Teologia. Sempre se caracterizou pela simplicidade no modo de falar, de viver, de mandar, de obedecer. Foi um homem evangelicamente simples. Não chegou a ser simplório como Frei Junípero dos Fioretti, mas que foi seu parente distante. Por detrás de gestos tão “comuns” escondia-se uma pessoa que descomplicava ritos e costumes. Sem ter feito grandes estudos de pedagogia, de filosofia ou de espiritualidade franciscana era ilustrado e atualizado. Quase todo o tempo de sua vida se ocupou do acompanhamento dos jovens que queriam se tornar franciscanos. Os frades que o tiveram como mestre de postulantes, no tempo do Noviciado e da Teologia tiveram nele um homem esclarecedor, não com espírito policialesco. Um desses confrades,
já com boa caminhada da vida feita, dizia que, se tivesse que fazer um novo Noviciado, fá-lo-ia somente sob a batuta de Frei Carlos. Gostava de ler artigos de Teologia estampados na Revista Eclesiástica Brasileira. Andava sempre lendo. Mas de dia. À noite costumava dormir cedo. Mesmo no tempo dos estudos de Filosofia, Frei Carlos gostava era da manhã... Nas noites de recreio gostava de um bom carteado e nos belos lances, aí sim, gritava com gosto. Canastra, truco... Colega, companheiro, voz suave... não sabia gritar. Tinha uma piedade simples e perseverava na oração. Um dia me confidenciou que tentara passar essa convicção para todos os que passavam por suas mãos e caminhos. Durante um tempo ocupou-se dos frades idosos e doentes em Bragança Paulista. Todos que estiveram sob seus cuidados são agradecidos. Presença simples e carinhosa. Sempre o frade simples. Pois lá, naquela casa bonita, florida que ele veio a ter o encontro com a Irmã Morte. Se ele tivesse conservado o nome de Frei Angelino não destoaria daquilo que ele foi. De quando e vez, anjos costumam cair dos céus... Dou graças de tê-lo tido como colega, confrade e louvo a Deus pela bondade que ele exalava.
Frei Almir Ribeiro Guimarães
Falecimento
Aos 96 anos, falece a benfeitora Alzira Faleceu no dia 20 de março, a benfeitora do Pró-Vocações e Missões Franciscanas, D. Alzira de Oliveira, aos 96 anos de idade. Parte de sua vida dedicou ao trabalho voluntário em prol das vocações franciscanas. Sua história de dedicação neste trabalho vocacional começou quando o exfrade Alberto Esteves assumiu o Vocações Franciscanas em 86, que na época se chamava Vofran. Ele procurava uma pessoa religiosa ede confiança para trabalhar no atendimento aos benfeitores que ajudavam na formação dos seminaristas. D. Alzira foi indicada e a escolha deu tão certo que ela continuou até os últimos anos neste trabalho no Convento São Francisco, no Centro de São Paulo. No começo trabalhou no 6º andar, onde ficava o escritório do PVF, e depois passou a trabalhar na entrada do Convento. Conhecia todos os benfeitores que visitavam o Convento e os frades que residiram ali em mais de 30 anos. Religiosa, enfatizava que era devota de São Francisco e Santa Clara e dizia que tinha um carinho especial pelos frades, especial-
mente aqueles com quem conviveu no PVF. “Tenho muita saudade do Esteves e muito carinho para com o Ministro Provincial, Frei Estêvão Ottenbreit, que nos estimulava neste trabalho em prol das vocações”, dizia na edição do Boletim do PVF de número 100. “D. Alzira era uma pessoa muito dedicada e muito fiel. Assumiu o trabalho do PVF como voluntária e gostava de ser chamada de benfeitora. Na sua simplicidade, dizia que era a ‘dona das vocações’. Dona no sentido do cuidado e do carinho pelas vocações. Desde a criação do PVF, ela foi o nosso braço voluntário, o braço leigo a nos dar apoio. Nessa dedicação, ela chegou aos 94 ou 95 anos ainda vindo às terças-feiras ao Convento. Ela tinha um carinho muito grande pelos frades. Sabia o nome de cada um e queria saber notícias deles, mesmo aqueles que viviam fora do país. Lembrava dos aniversários de todos os
frades. A mim mesmo ela me ligava todos os anos para me dar os parabéns. Ela era assim: uma figura muito carinhosa. Amava o trabalho em prol das vocações porque tinha esse amor grande pelos frades e pela Província”, contou o Definidor e Econômo da Província, Frei Mário Tagliari, que trabalhou com D. Alzira por doze anos no PVF. Para D. Alzira, o Convento São Francisco era a sua segunda casa. “Moro aqui perto e, desde criança, frequento a Igreja”, dizia. Ela também fazia parte da Pia União de Santo Antônio. notícias e infOrmações
Ir. Concetta ganha homenagem do Papa Antes de concluir a sua catequese da quarta-feira, dia 27 de março, o Papa Francisco emocionou aos fiéis com uma homenagem a Irmã Maria Concetta que estava de passagem pela Itália. Trata-se de uma anciã (85 anos) que dedica todo seu tempo aos serviços da missão de sua congregação entre os africanos mais vulneráveis do Congo. Isso há mais de 60 anos! Por que essa velhinha tão dócil tocou em profundo a vida do Papa? Quem leu o livro-entrevista de Fernando Prado, “A força da vocação”, sabe que lá Francisco fala sobre essa missionária para explicar o que deve ser a vida religiosa hoje. Irmã Concetta é obstetra. No seu primeiro encontro com Francisco, na República da África Central, trazia nos braços uma criança com 3 anos que, durante o parto, perdeu a mãe. “Santo Padre, ela ficou abandonada, senti que Deus me pediu para adotá-la”. maio de 2019 – comunicações
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notícias e informações
“O Mundo Religioso”, novo livro de Frei Volney
P
esquisador das religiões afro -brasileiras, Frei Volney Berkenbrock está lançando pela Editora Vozes “O Mundo Religioso”. O propósito desta obra é proporcionar aos leitores e leitoras conhecimentos amplos sobre o rico universo das religiões. Sem preconceitos, sem a pretensão de defender esta ou aquela tradição, sem qualquer pretensão de destacar alguma religião em detrimento da outra, com a consciência de que nenhum tema será tratado exaustivamente. Para Frei Volney, a forma de olhar as religiões é com o maior conjunto existente de ideias a respeito de compreensões sobre o ser humano, sobre a existência, sobre a vida individual e comunitária, sobre a origem e o destino, sobre a vida feliz e a infelicidade, sobre ideais e virtudes, sobre limites e misérias humanas. Enfim, em nenhum outro campo do conhecimento humano há tantas compreensões quanto as acumuladas pelas tradições religiosas. A estrutura desta obra foi construída não a partir dos grupos religiosos, mas a partir do fenômeno religioso e de como o mundo das religiões pode ser visto sob pontos de vista diversificados.
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comunicações – maio de 2019
Frei Volney é doutor em Teologia pela Rheinische Friedrich-Wilhelms -Universität, Bonn, Alemanha. É pesquisador das religiões afro-brasileiras, com enfoque especial na experiência religiosa do Candomblé. Professor do Departamento de Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), pesquisador do Programa de Pós-Graduação do mesmo departamento e membro do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Linhas de pesquisa de destaque: Religiões afro-brasileiras (com ênfase para o Candomblé); Religiões e Diálogo; História das Religiões. Autor de diversos livros, capítulos de livros e artigos na área de Teologia e Ciência da Religião.
CURSO DE ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA O Instituto Teológico Franciscano abre inscrições para o curso de extensão “Espiritualidade Franciscana”. O workshop será realizado em dois encontros, um no dia 01 de junho e outro em 14 de setembro de 2019. No primeiro será tratado a espiritualidade e o diálogo em comemoração aos 800 anos do encontro de São Francisco com o Sultão Al-Malik Al-Kamil, já o segundo será sobre a espiritualidade ecológica de São Francisco e Clara de Assis. Destinado a pessoas interessadas em conhecer e/ou aprofundar seus conhecimentos sobre a espiritualidade franciscana, o curso terá um custo de R$50,00 por encontro com almoço incluso e será
ministrado por Frei Fábio Cesar Gomes, OFM, professor de Teologia Franciscana no ITF. Inscrições até 15/05/2019 Ver mais em: http://itf.edu.br
FREI ALBINO FAMINTO
Não me incomodem! Estou com fome!
FAMOSO
A repórter nem quis saber do Papa. Só de Frei Jorge!
PEDALANDO
Bora pedalar, eu (Frei Yves) consigo sem as mãos!
Hay que endurescerse...
“Meu amigão querido!” Morador de rua a Frei Medella
...pero sin perder la ternura jamás! Né Frei Danilo?
CUIDANDO DA CRIAÇÃO
Que JPIC que nada! Eu sou fazendeiro!!!
TÔ ENTENDENDO... Frei Bunga parece que não convenceu Frei Alberto?...
Prontos para o Concistorium
(Frei Augusto, Frei Tiago, Frei Felipe e Frei Douglas)
CONVIDADO ILUSTRE
Vou ficar aqui até Frei Roberto me convidar para sua festa... FRATRumGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados
MAIO
10 a 14
01
17 a 21
Conselho da Formação Inicial e reunião dos Animadores Vocacionais 02 Reunião do Conselho de Formação e Estudos 02 a 04 V Encontro dos Centros Acadêmicos Franciscanos - CFFB (Brasília) 07 e 08 Reunião dos Guardiães e Coordenadores (Agudos) 09 e 10 Reunião do Definitório Provincial (Agudos) 11 Ordenação presbiteral de Frei Marx Rodrigues dos Reis (Nilópolis) 13 a 25 Visita Canônica à FIMDA (Angola) 17 a 19 Encontro do Serviço de Animação Vocacional da CFFB (Brasília) 20 Encontro do Regional de Curitiba (Curitiba) 22 e 23 Encontro dos Frades da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento (Rondinha) 24 Encontro dos Frades da Frente da Comunicação (Curitiba) 27 Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião) 27 e 28 Encontro do Regional do Contestado (Piratuba) 27 a 31 Assembleia da FIMDA (Angola)
JUnHO 17 20 a 23 20 a 23
Encontro do Regional São Paulo (Pari) Retiro Sefras 2019 (Tanguá - RJ) I Encontro Nacional de Religiosas e Religiosos Franciscanos - Jorfran (Aparecida)
22 a 26 22 a 26
agosto 22 a 25
05 a 08
Encontro Nacional dos Irmãos Leigos (OFM, OFMCap, OFMConv e TOR) (Lagoa Seca, PB) 09 a 12 Reunião do Definitório Provincial (Petrópolis) 16 Encontro do Regional de Curitiba (S. Boaventura) 16 Encontro do Regional do Vale do Paraíba (Fazenda da Esperança) 23 a 26 Encontro dos Frades Under Ten – Província (local a ser definido) 30 Encontro do Regional São Paulo (Amparo) 30 e 01 Encontro do Regional do Contestado (Piratuba)
NOVEMBRO 26 a 28
02 a 04 03
02 e 03
08 a 12
Reunião do Definitório Provincial
DEZEMBRO 02
04 a 06
XVIII Assembleia Geral Ordinária da CFFB (Brasília)
SETEMBRO
JULHO Reunião do Definitório Provincial Encontro com os coordenadores dos Regionais (Largo S. Francisco) Fórum Franciscano para o Sínodo PanAmericano (CFFB) (Manaus) Assembleias da CFMB (Daltro Filho, RS)
XXV Assembleia Geral Eletiva CRB (Brasília) Missões Franciscanas da Juventude (Rio de Janeiro) XVI Assembleia do Sefras (Tanguá RJ) Retiro dos Formadores (Eremitério)
02 e 03 09
Encontro do Regional de Curitiba (Caiobá) Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião) Encontro recreativo do Regional do Contestado Encontro do Regional São Paulo (Bragança Paulista)