Comunicações - Março de 2019

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Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

março de 2019 • ANO LXVII • N o 03

800 ANOS DEPOIS...

Um novo abraço e um compromisso com a paz


SUMÁRIO MENSAGEM DO GOVERNO PROVINCIAL

“Vamos tomar um cafezinho................................................................................................................155 Brumadinho: que o lamento se transforme em mudança!............................................. 157

FORMAÇÃO PERMANENTE

“O diálogo, um elemento essencial da Espiritualidade Franciscana na inter-religiosidade”, artigo do Frei Vitório............................................................................. Carta do Ministro Geral: 800º aniversário do encontro de São Francisco e o Sultão................................................................................................................ Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum................................................................................

FORMAÇÃO E ESTUDOS

Ordenação Presbiteral e Primeira Missa de Frei Leandro Santos................................. Postulantado de Angola com 27 candidatos.......................................................................... Ituporanga: Seminário São Francisco de Assis acolhe 38 jovens................................ Entrevista: Frei Roberto Aparecido Pereira será ordenado presbítero dia 30/3................................................................................................................................... Postulantado Frei Galvão: Tempo de rupturas........................................................................

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FRATERNIDADES

Paróquia Santa Inês: Comunidade acolhe nova Fraternidade...................................... 184 Paróquia São João Batista de Meriti acolhe seu novo pároco....................................... 185 Toma posse a nova Fraternidade de Florianópolis............................................................... 186 Frei José Ariovaldo celebra jubileu de ouro de vida religiosa.........................................187 Frei Rodrigo e Frei Walter concluem Pós em Espiritualidade Franciscana............. 188 Nota de solidariedade pela tragédia no CT do Flamengo.............................................. 189 A Pastoral da Saúde na Paróquia São Francisco de Assis da Vila Clementino.................................................................................................................................... 190 Livro conta história da Igreja de Nossa Senhora do Rosário da Prainha................. 196

EVANGELIZAÇÃO

Curso de Verão reflete sobre acolhimento e migrantes.................................................... 197 Série Especial: Campanha da Fraternidade 2019............................................................... 198 Entrevista: Dom Leonardo U. Steiner: “Sejamos ativos na construção de Políticas Públicas!”................................................................................................................................199 Frente da Comunicação: O papel do comunicador diante das Políticas Públicas............................................................................................................................... 202 Papa nos Emirados Árabes: 800 anos depois, um novo abraço e um compromisso com a paz...........................................................................................................204 JMJ: “Jovens, vocês são o ‘agora’ de Deus!” Até Lisboa........................................................ 207 Nasce o Conselho de Juventude da Província........................................................................ 208 Pastoral do Bom Jesus participa do Congresso Catequistas Brasil............................. 210 “Servir com amor” é meta para ano letivo no Colégio Bom Jesus.............................. 212 Alunos bolsistas do Colégio SESC São José ingressam na faculdade....................... 213 FAE Centro Universitário investe na inovação e na formação humana................... 214

DEFINITÓRIO PROVINCIAL

Reunião de 19 a 20 de fevereiro.........................................................................................................216

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES

Papa Francisco é tema de Curso de Teologia e Espiritualidade................................... 222 Terra Santa: fraternidade, convivência e aceitação............................................................... 225 “São Francisco na arte de Mestres Italianos”............................................................................. 226 Falece pai de Frei Rozântimo Costa ................................................................................................226

AGENDA ..................................................................................................................................................228

Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP www.franciscanos.org.br | ofmimac@franciscanos.org.br


mensagem

Vamos tomar um cafezinho? Estimados confrades, irmãos e irmãs, Paz e Bem!

A

té um cafezinho que se toma junto pode ser porta aberta para o início de um processo de diálogo fraterno e reverente, que leve os interlocutores a crescerem em suas melhores qualidades. E esta é uma das sugestões de nosso Ministro Geral, Frei Michael Perry, em sua carta por ocasião do 8º Centenário do Encontro entre São Francisco e o Sultão Al-Malik al-Kamil, em Damieta, no Egito, ocorrido em 1219. Diz o Ministro: “Além do estudo e da oração sobre os temas do encontro e diálogo, eu encorajo os seguidores de Francisco que carecem de um contato pessoal com o Islã a retomarem a experiência de nosso fundador dando um simples e concreto passo: encontrar um muçulmano. Vá conhecê-lo ou conhecê-la, além de ter um prazeroso e refinado encontro social para um café ou chá” (Carta do Ministro Geral por ocasião do 800º aniversário do encontro de São Francisco e o Sultão al-Malik al-Kamil).

A simplicidade da orientação de nosso Geral revela também a intuição profunda de que é no simples do cotidiano que devemos encontrar meios e ações para desenvolver um espírito de abertura e diálogo, inclusive dentro de nossas fraternidades. O chimarrão, o aperitivo, as refeições podem e devem ser um espaço de terna e fraterna convivência, de fomentar uma postura de escuta e disponibilidade para o encontro, dando concretude à terceira prioridade de nosso Plano de Evangelização: “Reforçar as ações em direção à ‘Província em saída’, articulada em suas cinco Frentes de Evangelização”. Só sairemos bem se em casa estivermos bem. Por isso, nosso apelo para que o diálogo aberto, franco e caridoso seja sempre nosso companheiro de jornada. Também é motivo de alegria o belo exemplo do Papa Francisco que, com a disposição e o desprendimento do jovem Francisco em seu tempo, foi ao encontro do Mundo Islâmico onde rezou, ouviu, dialogou e, de uma conversa desarMARÇO de 2019 – comunicações

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mada e amistosa com o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmed el-Tayeb, fez nascer, a quatro mãos, o histórico documento Fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum, um escrito propositivo e profético, que aponta as dolorosas feridas do mundo atual e convida à superação das posturas destrutivas que têm causado ruína à humanidade, dentre elas a ganância, a indiferença e o fundamentalismo religioso. Seria de fundamental importância que nós, frades menores, nos familiarizássemos com este documento e tivéssemos nele uma orientação segura para dirigir o nosso compromisso com a criação de uma Cultura de Paz. Na mesma direção do esforço do Papa Francisco, nosso Ministro Geral também recorda que “o aniversário do encontro de Francisco com Al-Malik al-Kamil nos convida a perguntarmo-nos de novo quais ações e palavras que agradariam a Deus no meio do pluralismo e da complexidade do mundo de hoje” (Carta do Ministro Geral). Como irmãos e menores, somos convidados a nos inserirmos nos mais diversos espaços de diálogo abertos na sociedade, não nos colocando como especialistas ou peritos em todos os temas – o que definitivamente não somos –, mas na perspectiva de fazer coro com aqueles mais indefesos que reiteradamente têm seus direitos subjugados e são aviltados por um sistema perverso de lucro e poder. Exemplo muito concreto encontramos nas reformas que o atual governo brasileiro pretende implementar, especialmente a Reforma da Previdência. Mais uma vez se deseja colocar na conta do pobre os privilégios e lucros daqueles que não se dispõem a trabalhar pelo bem comum (Cf. Lc 11,46). A Campanha da Fraternidade deste ano também se configura como um convite ao diálogo. Seu objetivo geral é “estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da

Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade” (Texto-Base CF 2019). As políticas públicas são ações que envolvem diferentes atores (consumidores, empresários, trabalhadores, sociedade civil organizada, organizações não governamentais, movimentos sociais, estado, governo), individual ou coletivamente, com objetivo de garantir direitos e solucionar problemas que surgem na vida da sociedade. O texto-base recorda ainda que, “sem democracia e participação popular, as políticas públicas tendem a refletir mais a força dos agentes do mercado, de um agente ou grupo político, ou mesmo das próprias burocracias estatais”. Sendo assim, o esforço em conscientizar pelo diálogo nossos interlocutores no dia a dia da evangelização deve ser uma constante que ultrapasse o período forte da Campanha da Fraternidade: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27), diz o lema da CF 2019. Este é, inclusive, um apelo presente em nosso Plano de Evangelização quando, ao orientar a construção do Projeto Fraterno de Vida em Missão, nos pede: “Sair dos nossos espaços e atuar de forma mais efetiva e qualificada junto aos movimentos sociais e fóruns oficiais nas lutas por políticas públicas”. Dirigindo-se aos frades e às fraternidades, Frei Michael pede também: “Eu convido vocês todos para reservarem um tempo deste ano para uma reflexão estudada e rezada sobre como, em sua situação local, pode viver de novo em você a coragem e a abertura ao Espírito vista no Delta do Nilo há muito tempo atrás” (Carta do Ministro Geral). Que este convite ecoe em nossas presenças, a fim de fazermos a experiência de que Damieta não é tão longe – Pode ser aqui! – e que 1219 não faz tanto tempo – pode ser agora!

Frei César Külkamp

Frei Gustavo Medella

Ministro Provincial

Vigário Provincial

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mensagem

nota de solidariedade

Brumadinho: que o lamento se transforme em mudança!

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uando o capital se torna um ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina todo o sistema socioeconômico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, faz lutar povo contra povo e até, como vemos, põe em risco esta nossa casa comum. Os seres humanos e a natureza não devem estar a serviço do dinheiro.” (Papa Francisco) Diante do gravíssimo ocorrido na barragem em Brumadinho – MG, que vitimou um incontável número de vidas humanas, animais e vegetais, deixando um rastro de morte e destruição, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, através do Serviço Franciscano de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), vem expressar seu profundo pesar, suas orações, sua solidariedade e sua indignação. Como Franciscanos, não podemos ficar indiferentes ao grito da terra e dos pobres que, desde sexta-feira, dia 25/01, sobe aos céus clamando por justiça e por conversão. Nossa convicção teológica de que Deus é o Criador de tudo e nos pede respeito pela sua Criação, impele-nos a denunciarmos a idolatria de quem se considera dono dos bens naturais sem se preocupar com os efeitos da degradação ambiental, dos modelos atuais de desenvolvimento e da cultura do descartável sobre a vida das pessoas. É sabido que, na raiz do ocor-

rido em Brumadinho, existe um grande sistema econômico, político e social que tem se baseado na lógica do aumento do lucro desmedido sem respeitar a vida de cada ser. É preciso que se diga que não há verdadeiro crescimento e desenvolvimento sem respeito pela criação e uma melhoria na qualidade de vida de todos e todas, e não apenas dos poderosos que usufruem das suas riquezas a custo da vida dos mais pobres. É preciso que se repense esse sistema econômico que ‘mata, exclui e destrói a mãe terra’ (Papa Francisco). Além de uma penalização dos responsáveis e das ações de reparação dos danos deste crime ambiental e humano que, pela segunda vez, acontece em Minas Gerais, esperamos que a dor dessa tragédia se

converta em políticas públicas mais eficazes e fiscalizações mais rígidas, bem como uma mudança de mentalidade no que tange à exploração desmedida e à avidez pelo lucro. Que o lamento se transforme em mudança e que os donos do poder e do dinheiro vençam o pecado da indiferença, amem o bem comum, promovam os fracos e cuidem deste mundo em que habitamos. E que o Senhor de toda a Criação nos inspire a sermos promotores da vida, da justiça, da paz e do respeito por tudo aquilo que nos foi confiado como expressão do seu amor.

Serviço Franciscano de Justiça, Paz e Integridade de Criação São Paulo – SP, 27 de janeiro de 2019 MARÇO de 2019 – comunicações

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FORMAÇÃO PERMANENTE

O diálogo, um elemento essencial da Espiritualidade Franciscana na inter-religiosidade “De toda parte chega o segredo de Deus”

(Rumi)

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Introdução

m dos paradigmas modernos mais evidentes hoje é este: há muito mais verdades no conjunto das religiões, quando elas dialogam entre si, do que no dogma isolado de cada uma delas. Os caminhos que levam a Deus são pontuados pela riqueza da pluralidade e da aproximação para a compreensão desta realidade. São Francisco de Assis, no diálogo com o Sultão, em 1219, inaugura esta possibilidade de um modo real, bem concreto. Dialogar dentro da pluralidade dos caminhos que nos levam a Deus é um desafio. Não é mais possível

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pensar que uma única tradição religiosa seja capaz de dispor sozinha da verdade única sobre Deus. Religião é apenas um fragmento da busca insaciável do Mistério de Deus, mas cada religião é portadora de uma singularidade muito específica. Não há como não reconhecer a importância do diálogo religioso no tempo atual, mas isto não é muito tranquilo. As tradições religiosas, sobretudo os segmentos cristãos, têm dificuldades em reconhecer a sua positividade e criam resistência e desconforto em suas identidades já instauradas, porque se entendem únicas e exclusivas. O diálogo religioso não deve ser abordado como algo negativo ou problemático, mas sim como expressão da vontade de Deus que necessita da diversidade das culturas e religiões para melhor manifestar

as riquezas da Sua verdade. Deus não está na monotonia das uniformidades, Ele mesmo não se repete. A beleza da unidade das diferenças de suas obras maravilhosas nos circundam, e o Cântico das Criaturas de Francisco de Assis é a prova mais contundente desta verdade.

1. O diálogo plural religioso como argumento

O que é diálogo? São muitas as compreensões, mas podemos dizer, a partir da aproximação fraterna franciscana que dialogar é, através da presença e da palavra, da comunicação, da fala e do silêncio, através de uma grande capacidade de escuta, entrar no mundo da diversidade de ideias, num intercâmbio de compreensão. O jeito franciscano, que sempre tem um modo acolhedor de ser, re-


FORMAÇÃO PERMANENTE

cupera uma fala e uma escuta por assim dizer terapêuticas, que fazem muito bem, e permitem atravessar os medos, preconceitos e incertezas. Dialogar é saber encontrar-se com a alteridade. O falar e o ouvir têm muito a ver com a dimensão fraterna. Francisco de Assis nos ensina que Deus é tão rico e expressivo e tão acima de determinações para poder ser esgotado na sua plenitude por determinada tradição de experiência religiosa, que, por ser determinada já é por si muito limitada. Voltemos à ideia expressa na introdução desta reflexão: Há mais verdade religiosa em todas as religiões no seu conjunto do que numa única religião; o que também vale para o cristianismo. Existem, pois, aspectos verdadeiros, bons, belos e surpreendentes, nas múltiplas formas presentes na humanidade de compromisso e entendimento com Deus. A humanidade e a criação estão sempre envolvidas e abraçadas pelo mistério sempre maior. Não há como fugir do impacto desta presença espiritual e sua dinâmica de universalidade. Há uma imensa variedade das automanifestações de Deus na história. As teofanias sucedem-se e modificam-se constantemente. Aqueles que não conseguem perceber a presença de Deus e o alcance universal do Mistério sempre maior, são incapazes também de reconhecer a verdade salvífica de outras tradições religiosas. O franciscanismo, através de seu Fundador, sempre acentuou a verdade segundo a qual Deus se manifesta em todas as coisas. As coisas

não são Deus, mesmo que isto seja expresso pelo panteísmo, mas Ele está em todas as coisas, como afirma o paneteísmo franciscano. Tudo não é Deus; mas Deus está em tudo e tudo está em Deus, por causa da criação, pela qual Deus deixa sua marca registrada e garante sua presença permanente na criatura como um Deus providente e criador, e esta compreensão está em todas as religiões. A criatura sempre depende de Deus e o carrega dentro de si.

que são chamadas a dialogar com sistemas abertos de conhecimento. A velocidade da mídia que gerou uma comunicação mais ampla e aproximou povos e culturas, trouxe uma consciência mais viva da pluralidade das religiões e da necessidade de dialogarem entre si. Isto gerou uma proximidade inédita do cristianismo com as outras religiões, uma nova consciência e sensibilidade em face dos valores espirituais e humanos de outras tradições. Crescem os cursos de teologia e ciência das religiões e isto dá uma avaliação mais correta e precisa de todas as tradições. Surgem as práticas celebrativas que dialogam e repartem ritos e cultura numa compreensão inter-religiosa.

3. Atuação do diálogo religioso

Deus e mundo são diferentes; um não é o outro, mas não estão separados ou fechados. Estão abertos um ao outro. Encontram-se mutuamente implicados. Se são diferentes é para poderem se comunicar e estarem unidos pela comunhão e mútua presença num diálogo de identidades.

2. Manifestações deste Diálogo

A modernidade é plural e isto provoca crise nas estruturas fechadas

O conceito de religião vai se ampliando como experiência religiosa, e esta experiência religiosa só tem sentido se for para contribuir para uma vida mais digna para a humanidade; para ajudar numa convivência humana mais solidária e levar à uma formação inter-disciplinar mais profunda. A experiência religiosa tem que ajudar em alguns aspectos urgentes no mundo em que vivemos, como por exemplo: Diante de certo vazio existencial: olhar a vida e colocar mais forte a Palavra presente nos Textos Sagrados e a Espiritualidade como parâmetros de valores. Para o mundo cristão, o Evangelho ainda é a Boa Nova, continua a ser notícia, bela e nova como a graça do Amor, e que pode transformar quem o acolhe e recebe. MARÇO de 2019 – comunicações

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Diante do grito dos oprimidos e injustiçados deste mundo, aumentar a sensibilidade para com os que sofrem e são excluídos dos megaprocessos. Diante de um consumismo exagerado que se alastra, precisamos de discernimento espiritual para uma moderação e equilíbrio, educando a humanidade numa correta visão e uso digno das coisas. Lutar contra os falsos deuses da mídia, da política, do mercado e do consumo. Diante das necessidades materiais e da fome, precisamos de presença de partilha. O progresso tem que vir acompanhado de um desenvolvimento social justo e solidário. Diante de possíveis conflitos, temos que ser pessoas de paz, de diálogo, dispostos a ir ao encontro das soluções. Diante da depredação da natureza, que alcança hoje níveis preocupantes, temos que fazer a nossa parte pela integridade da criação. Diante da mentalidade individualista e narcisista, que gera clima de permissividade, que separa

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moral e fé, liberdade e responsabilidade, respeito e corporeidade, compromisso e relações duradouras, sejamos testemunhas de uma vivência humana com força espiritual incorruptível. Como? Com imperativos éticos, respeito, doação gratuita, compromissos duradouros, justiça, visão integral da pessoa humana. Diante de uma religião vivida apenas como adesão pessoal, descompromissada, parcial e voltada para o próprio umbigo, utilitarista, adepta de espetáculos e mega shows, com fraco sentido de pertença, sejamos testemunhas de uma grande pertença ao comum. Ter uma silenciosa profundidade pessoal, porém expressiva no social. Amar apaixonadamente a escolha religiosa que se fez para dialogar e valorizar a escolha religiosa dos outros. Diante da força da escola, formar integralmente a pessoa, ver o quanto a Educação está realmente ajudando a religião ou sendo um nicho de problema para ela. Olhar mais a realidade dos povos. Propor um estilo de

vida mais simples e descomplicado. E, na crise política em que nos encontramos, criar com todos os credos possíveis, uma comunidade para refletir Fé e Política de um modo urgente. Diante dos desníveis sociais, administrar mais as fronteiras de exclusão que nos separam: homem e mulher, clérigo e leigo, rico e pobre, cultura e natureza, alma e corpo, cidadão e migrante, comunidade e sujeito, etnias e preconceitos de gênero. O mundo globalizado só não tem fronteiras para o capital que cria e corrompe o poder. Não podemos viver de um modo discriminatório e prepotente.

Conclusão Que a nossa vida, a partir da experiência religiosa franciscana, seja sempre mais rica em ouvir e dialogar com a vivência e a descrição que alguém possa fazer a partir da igreja ou seita a que pertence. Há o visível, mas sabemos que a vida é feita, sobretudo, daquilo que não se vê, que é a parte mais íntima de nossas escolhas: atitudes, sentimentos, afetos, fé, esperança e caridade. Que tudo isto salte para as nossas práticas e relacionamentos!

Frei Vitorio Mazzuco BIBLIOGRAFIA

Borau, José Luis Vázquez- O Fenómeno Religioso, Paulus, Lisboa,2008. Küng Hans, Religiões do Mundo – Em busca dos pontos comuns – Verus Editora, Campinas, 2004. Pearce Joseph Chilton, O fim da Religião e o renascimento da Espiritualidade, Cultrix, São Paulo, 2009. Ries, Julien – O Sentido do Sagrado nas culturas e nas religiões, Editora Ideias e Letras, Aparecida São Paulo, 2008. Tavares Sinivaldo e Delir Brunelli – Evangelização e Interculturalidade, Vozes, Petrópolis, 2010. Teixeira, Faustino - Teologia e Pluralismo Religioso, Nhanduti Editora, São Bernardo do Campo, 2012.


FORMAÇÃO PERMANENTE

Carta do Ministro Geral

800º aniversário do encontro de São Francisco e o Sultão al-Malik al-Kamil Quae placuerint Domino

(RnB 16,8)

Meus queridos irmãos da Ordem dos Frades Menores, todos os irmãos, irmãs e amigos da nossa Família Franciscana, e todos meus irmãos e irmãs muçulmanos, O Senhor lhes dê a sua paz!

O

itocentos anos atrás, nosso seráfico Pai São Francisco navegou ru-mo ao Egito, realizando o antigo sonho de ir ao encontro dos muçulmanos. Ele chegou ao campo das cruzadas, entre os Cristãos Latinos que por anos pregaram e usaram a retórica da guerra santa para ensinar o desprezo pelos muçulmanos. Os mesmos muçulmanos tinham toda razão para desprezar Francisco, considerando que ele, como todos aqueles no campo das cruzadas, era um inimigo e não um portador de paz. Nós hoje celebramos o que ninguém naquele momento poderia prever: que um homem repleto do Espírito, sem nada consigo mesmo, atravessou as linhas de batalha desarmado para pedir um encontro com o Sultão, pelo qual foi recebido com benevolência. Alegrou-se por permanecer um considerável período de hospitalidade com o líder muçulmano e dessa visita surgiu nova ocasião para refletir sobre a missão dos Fra-

des Menores. Francisco retornou são e salvo para a sua terra profundamente comovido pelo encontro e desenvolveu uma nova e criativa visão sobre como os seus irmãos poderiam ir entre os muçulmanos, sobre as coisas que os Frades poderiam fazer e dizer “que agradassem a Deus” (quae placuerint Domino, RnB 16,8). O aniversário do encontro de Francisco com al-Malik al-Kamil em Damieta em 1219 nos convida a perguntarmo-nos de

novo quais ações e palavras agradariam a Deus no meio do pluralismo e da complexidade do mundo de hoje. Discernindo os sinais dos tempos (Mt 16,3), a Igreja incrementou e evidenciou o diálogo inter-religioso como um elemento essencial da sua missão hoje. O Concílio Vaticano II exortou os fiéis cristãos a engajarem-se no “diálogo e na colaboração com os sequazes de outras religiões, com prudência MARÇO de 2019 – comunicações

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e caridade, dando testemunho da vida e fé cristãs” (Nostra Aetate, 2). Em particular, o Concílio ensinou que a Igreja, em relação aos muçulmanos, tem muita “estima” e incita os cristãos a trabalharem com os seus irmãos e irmãs muçulmanos para promover a justiça social e o bem-estar moral, a paz e a liberdade, para o benefício de todos (Nostra Aetate,3). São João Paulo II projetou a sua missão de diálogo no futuro de seu ministério como Bispo de Roma, mui especialmente quando ele chamou os líderes religiosos do mundo para a nossa casa espiritual, Assis, para testemunhar lá a transcendente qualidade da paz. Para aqueles que foram para rezar pela paz, a “permanente lição de Assis” consiste na “mansidão, humildade, profundo sentido de Deus e compromisso de servir a todos” (João Paulo II, Discurso de Assis, 27 de outubro de 1986). Os Papas Bento XVI e Francisco, do mesmo modo, convidaram os líderes religiosos para fazer uma peregrinação a Assis e rezar pela paz, e o Papa Francisco invocou a intercessão do “Poverello” durante a sua viagem ao Egito, rezando para que cristãos e muçulmanos verdadeiramente chamem-se uns aos outros de irmãos e irmãs, vivam em uma renovada fraternidade sob o sol do único misericordioso Deus (Francisco, Discurso para a Conferência Internacional pela Paz, 28 de abril de 2017). Isto é então a Igreja universal chamando a Família Franciscana para animar estas fraternidades inter-religiosas no espírito pacífico de nosso Seráfico Pai. A Igreja nos chama a ressuscitar este momento fundamental de nossa história, a viagem de São Francisco ao Egito, para abrirmos em nós mesmos de novo a transformação que o Santo de Assis ex-

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perimentou, e para caminharmos juntos com muçulmanos e pessoas de outras crenças como colegas de viagem, como construtores de civilização e, mais ainda, como irmãs e irmãos, filhos de Abraão, nosso pai na fé. Eu encorajo a Família Franciscana para celebrar este aniversário como um momento em que a luz do Evangelho pode abrir nosso coração para ver a “imago Dei” na pessoa que é vista com medo e desconfiança, ou pior ainda, as que são levadas a odiar. Para este fim, um grande número de recursos foi preparado para ajudar a todos inspirados por este encontro, a comemorá-lo em um caminho adequado. Acompanhando esta carta estão as intercessões que encorajo os Frades a usarem na Liturgia das Horas durante este ano de comemoração, as intercessões que podem ser usadas em uma variedade de ocasiões ministeriais. Em abril, a Cúria Geral disponibilizará on-line um livro de recursos, preparado pela Comissão Especial para o Diálogo com o Islã, que trará uma base histórica, perspectivas franciscanas e islâmicas do encontro e outros materiais para comemorar Damieta. Em outubro, nossa fraternidade de Istambul, uma comunidade de Frades especialmente dedicados ao diálogo ecumênico e inter-religioso, será anfitriã de uma assembleia dos Frades que trabalham em países onde há maioria mulçumana. A Pontifícia Universidade Antonianum, igualmente, organizou uma série de eventos públicos em diversos países durante o curso deste ano comemorativo. Sejam acadêmicos ou pastorais, eu os encorajo a participarem ativamente nestes ou em outros eventos, e ainda a verificarem criativamente como a sua comunidade local poderia comemo-

rar Damieta à luz da realidade local. Este aniversário oferece uma oportunidade única para a colaboração entre os diversos ramos da Família Franciscana. Muitos Frades, Irmãs e participantes de movimentos franciscanos e promotores do diálogo muçulmano-cristão prepararam publicações para este aniversário; eu convido vocês todos a reservarem um tempo deste ano para uma reflexão estudada e rezada sobre como, em sua situação local, viver de novo a coragem e a abertura ao Espírito vista no Delta do Nilo há muito tempo atrás. A Cúria Geral é entusiasta em partilhar as notícias de cada esforço para construir pontes de compreensão inter-religiosa. Por isso, peço que nos informem sobre os eventos e iniciativas para comemorar Damieta em sua comunidade e nas várias Entidades dos Frades Menores. Nós vivemos em um tempo em que pessoas de várias crenças divulgam uma demonização dos muçulmanos e incitam outros a terem medo deles. Além do estudo e da oração sobre os temas do encontro e diálogo, eu encorajo os seguidores de Francisco, que carecem de um contato pessoal com o Islã a retomarem a experiência de nosso fundador dando um simples e concreto passo: encontrar um muçulmano. Vá conhecê-lo ou conhecê-la, além de ter um prazeroso e refinado encontro social para um café ou chá. Tente aprender ou apreciar que experiência de Deus o anima e permita que o seu amigo muçulmano veja que o amor de Deus jorrou em seu coração através de Cristo. Apesar do Concílio Vaticano II insistir que os muçulmanos, como nós, “adoram o único e misericordioso Deus” (Lumem Gentium 16), muitas vozes, infelizmente, insistem que o diálogo


FORMAÇÃO PERMANENTE

entre cristãos e muçulmanos é impossível. Muitos contemporâneos de São Francisco e do Sultão concordavam com isso, vendo os conflitos e os confrontos como única resposta para mudar a situação. Os exemplos de Francisco e do Sultão testemunham uma opção diferente. Alguém não pode insistir por muito tempo que o diálogo com os muçulmanos é impossível. Nós vimos isto e continuamos vendo na vida de muitos Franciscanos e de seus irmãos e irmãs muçulmanas que, com coração sincero e amável, partilham os dons que Deus lhes deu através de suas respectivas crenças. Fidelidade na visão de Francisco envolve partilha com humildade. De fato, o dom característico cristão que nós temos que partilhar com nossos irmãos e irmãs muçulmanas não é meramente um cristão humilde, mas a experiência de um Deus humilde. Único em sua época, Francisco louvou a Deus dizendo: “Tu és humildade” (LD 4) e falou sobre a “sublime humildade”, a “humilde sublimidade” de Deus (CtO 27). A busca do coração cristão por Deus encontra repouso na humildade da manjedoura e da cruz, sinais de um Deus que curvou-se para servir e humilhou-se por amor à humanidade. Francisco nos convida a refletir sobre esta humildade de Deus, onde encontramos um primeiro passo para o serviço e para o amor. Além disso, a fidelidade na visão de Francisco nos chama a receber os irmãos e irmãs de outras crenças tradicionais com o sentido de reverência (CCGG 93,2; 95,2), com coração e mente abertos à presença de Deus naquele que encontramos. Eu reconheço que existem muitos na Família Franciscana que vivem como minoria em sua terra natal ou de adoção, que se encontram

atingidos por conflitos políticos e sectários, e podem sentir-se ameaçados pela violência, como acontece hoje com muitos na terra que Francisco visitou um dia. Em alguns países, cristãos e muçulmanos partilham os sofrimentos da injustiça social e da instabilidade política. Eu convido vocês a refletirem sobre um outro nome que Francisco usou em seus Louvores ao Deus Altíssimo: “Tu és paciência” (LD 4), ou como os muçulmanos invocam a Deus: Ya ?abur (Alguém paciente!). Francisco mesmo aprendeu a virtude da paciência através de seu ministério junto aos leprosos, através das mudanças de suas viagens e através do rumo que tomou a sua Ordem no final de sua vida, quando os próprios irmãos abandonaram alguns dos ideais que ele nutria com carinho. Francisco meditou longamente sobre o amor paciente de Cristo mostrado em sua paixão, identificando eventualmente a paciência como um atributo de Deus misericordioso. “Tu és paciência”. Francisco esforçou-se em compreender o plano de Deus para aqueles que abandonaram o seguimento de Cristo como Senhor, e encontrou refúgio na oração de louvor que afirma que Deus é paciente. Que Deus nos dê a graça da paciência para que cada um de nós possa aprender a viver com os outros. Aos nossos irmãos e irmãs muçulmanos quero dizer que nos recordamos calorosamente da hospitalidade oferecida ao nosso Santo Pai Francisco quando a sua vida corria risco. O interesse que muitos muçulmanos demonstraram em comemorar este aniversário testemunha o desejo de paz expresso muitas vezes por eles ao acolher alguém de outra crença. Eu rezo para que neste ano possamos aprofundar os laços de fraternidade partilhados sob

os olhos de Deus criador de todas as coisas nos céus e na terra e que estes laços continuem se fortalecendo depois de 2019. Deus poderia ter-nos feito todos iguais, mas não o fez (Al-Shura 42.8). Com vocês, seus irmãos e irmãs franciscanas são entusiastas em mostrar para o mundo que cristãos e muçulmanos podem viver lado a lado em paz e harmonia. Concluindo, nunca nos esqueçamos de que o exemplo de São Francisco foi a vida de conversão permanente. Como jovem, ele repugnava os leprosos, mas uma ação de misericórdia mudou o seu coração e “o que lhe parecia amargo tornou-se doçura” (Test 3). Este momento, no início da vida de penitência de Francisco, é intimamente ligado à experiência de Francisco em Damieta em 1219. O coração de Francisco abriu-se aos leprosos antes e, quando ele encontrou-se na presença de um muçulmano que aprendera a odiar, abriu-se mais uma vez. O chamado bíblico à conversão (heb. shuy; aram. tuy) ecoa no Alcorão como repetido comando para retornar a Deus (tub), para evitar o mal com a bondade e atos de caridade para com os mais vulneráveis da sociedade. Os crentes de hoje – independente do nome que eles usam para Deus e do modo com o qual o adoram – são chamados a ter a mesma coragem e abertura de coração. Em meio a um crescimento da compreensão inter-religiosa no mundo, que o nosso Deus humilde, paciente e misericordioso nos mostre a todos atos e palavras que mais lhe agradam. Toda paz e todo bem,

Frei Michael Anthony Perry, ofm Ministro Geral e Servo

Roma, 7 de janeiro de 2019 MARÇO de 2019 – comunicações

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FORMAÇÃO PERMANENTE

DOCUMENTO SOBRE A FRATERNIDADE HUMANA EM PROL DA PAZ MUNDIAL E DA CONVIVÊNCIA COMUM

PREFÁCIO

A fé leva o crente a ver no outro um irmão que se deve apoiar e amar. Da fé em Deus, que criou o universo, as criaturas e todos os seres humanos – iguais pela Sua Misericórdia –, o crente é chamado a expressar esta fraternidade humana, salvaguardando a criação e todo o universo e apoiando todas as pessoas, especial-

mente as mais necessitadas e pobres. Partindo deste valor transcendente, em vários encontros dominados por uma atmosfera de fraternidade e amizade, compartilhamos as alegrias, as tristezas e os problemas do mundo contemporâneo, em nível do progresso científico e técnico, das conquistas terapêuticas, da era digital, dos mass-media, das comu-

nicações; em nível da pobreza, das guerras e das aflições de tantos irmãos e irmãs em diferentes partes do mundo, por causa da corrida às armas, das injustiças sociais, da corrupção, das desigualdades, da degradação moral, do terrorismo, da discriminação, do extremismo e de muitos outros motivos. De tais fraternas e sinceras conversas que tivemos e do encontro cheio de esperança num futuro luminoso para todos os seres humanos, nasceu a ideia deste «Documento sobre a Fraternidade Humana». Um documento pensado com sinceridade e seriedade para ser uma declaração conjunta de boas e leais vontades, capaz de convidar todas as pessoas que trazem no coração a fé em Deus e a fé na fraternidade humana, a unir-se e trabalhar em conjunto, de modo que tal documento se torne para as novas gerações um guia rumo à cultura do respeito mútuo, na compreensão da grande graça divina que torna irmãos todos os seres humanos.

DOCUMENTO Em nome de Deus, que criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos, a povoar a terra e a espalhar sobre ela os valores do bem, da caridade e da paz. Em nome da alma humana inocente que Deus proibiu de matar, afirmando que qualquer um que mate uma pessoa é como se tivesse morto toda a humanidade e quem quer que salve uma pessoa é como se tivesse salvo toda a humanidade.

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comunicações – MARÇO de 2019

Em nome dos pobres, dos miseráveis, dos necessitados e dos marginalizados, a quem Deus ordenou socorrer como um dever exigido a todos os homens e de modo particular às pessoas facultosas e abastadas. Em nome dos órfãos, das viúvas, dos refugiados e dos exilados das suas casas e dos seus países; de todas as vítimas das guerras, das perseguições e das injustiças; dos fracos, de quantos vivem no medo, dos prisioneiros de guerra e dos torturados em qualquer parte do mundo, sem distinção alguma.

Em nome dos povos que perderam a segurança, a paz e a convivência comum, tornando-se vítimas das destruições, das ruínas e das guerras. Em nome da «fraternidade humana», que abraça todos os homens, une-os e torna-os iguais. Em nome desta fraternidade dilacerada pelas políticas de integralismo e divisão e pelos sistemas de lucro desmesurado e pelas tendências ideológicas odiosas, que manipulam as ações e os destinos dos homens. Em nome da liberdade, que


FORMAÇÃO PERMANENTE

Deus deu a todos os seres humanos, criando-os livres e enobrecendo-os com ela. Em nome da justiça e da misericórdia, fundamentos da prosperidade e pilares da fé. Em nome de todas as pessoas de boa vontade, presentes em todos os cantos da terra. Em nome de Deus e de tudo isto, Al-Azhar al-Sharif – com os muçulmanos do Oriente e do Ocidente - juntamente com a Igreja Católica – com os católicos do Oriente e do Ocidente – declaramos adotar a cultura do diálogo como caminho; a colaboração comum como conduta; o conhecimento mútuo como método e critério. Nós – crentes em Deus, no encontro final com Ele e no Seu Julgamento –, a partir da nossa responsabilidade religiosa e moral e através deste Documento, rogamos a nós mesmos e aos líderes do mundo inteiro, aos artífices da política internacional e da economia mundial, para se comprometer seriamente na difusão da tolerância, da convivência e da paz; para intervir, o mais breve possível, a fim de se impedir o derramamento de sangue inocente e acabar com as guerras, os conflitos, a degradação ambiental e o declínio cultural e moral que o mundo vive atualmente. Dirigimo-nos aos intelectuais, aos filósofos, aos homens de religião, aos artistas, aos operadores dos mass-media e aos homens de cultura em todo o mundo, para que redescubram os valores da paz, da justiça, do bem, da beleza, da fraternidade humana e da convivência comum, para confirmar a importância destes valores como âncora de salvação para todos e procurar difundi-los por toda a parte. Partindo duma reflexão profunda sobre a nossa realidade contemporânea, apreciando os seus êxitos e vivendo as suas dores, os seus dramas

e calamidades, esta Declaração acredita firmemente que, entre as causas mais importantes da crise do mundo moderno, se contam uma consciência humana anestesiada e o afastamento dos valores religiosos, bem como o predomínio do individualismo e das filosofias materialistas que divinizam o homem e colocam os valores mundanos e materiais no lugar dos princípios supremos e transcendentes. Nós, embora reconhecendo os passos positivos que a nossa civilização moderna tem feito nos campos da ciência, da tecnologia, da medicina, da indústria e do bem-estar, particularmente nos países desenvolvidos, ressaltamos que, juntamente com tais progressos históricos, grandes e apreciados, se verifica uma deterioração da ética, que condiciona a atividade internacional, e um enfraquecimento dos valores espirituais e do sentido de responsabilidade. Tudo isto contribui para disseminar uma sensação geral de frustração, solidão e desespero, levando muitos a cair na voragem do extremismo ateu e agnóstico ou então no integralismo religioso, no extremismo e no fundamentalismo cego, arrastando assim outras pessoas a render-se a formas de dependência e autodestruição individual e coletiva. A história afirma que o extremismo religioso e nacional e a intolerância geraram no mundo, quer no Ocidente quer no Oriente, aquilo que se poderia chamar os sinais duma «terceira guerra mundial aos pedaços»; sinais que, em várias partes do mundo e em diferentes condições trágicas, começaram a mostrar o seu rosto cruel; situações de que não se sabe exatamente quantas vítimas, viúvas e órfãos produziram. Além disso, existem outras áreas que se preparam a tornar-se palco de novos conflitos, onde nascem focos de tensão e se acumulam armas e munições, numa situação mundial dominada pela in-

certeza, pela decepção e pelo medo do futuro e controlada por míopes interesses econômicos. Afirmamos igualmente que as graves crises políticas, a injustiça e a falta duma distribuição equitativa dos recursos naturais – dos quais se beneficia apenas uma minoria de ricos, em detrimento da maioria dos povos da terra – geraram, e continuam a fazê -lo, enormes quantidades de doentes, necessitados e mortos, causando crises letais de que são vítimas vários países, não obstante as riquezas naturais e os recursos das gerações jovens que os caracterizam. A respeito de tais crises que fazem morrer à fome milhões de crianças, já reduzidas a esqueletos humanos por causa da pobreza e da fome, reina um inaceitável silêncio internacional. A propósito, é evidente quão essencial seja a família, como núcleo fundamental da sociedade e da humanidade, para dar à luz filhos, criá-los, educá-los, proporcionar-lhes uma moral sólida e a proteção familiar. Atacar a instituição familiar, desprezando-a ou duvidando da importância de seu papel, constitui um dos males mais perigosos do nosso tempo. Atestamos também a importância do despertar do sentido religioso e da necessidade de o reanimar nos corações das novas gerações, através duma educação sadia e da adesão aos valores morais e aos justos ensinamentos religiosos, para enfrentarem as tendências individualistas, egoístas, conflituais, o radicalismo e o extremismo cego em todas as suas formas e manifestações. O primeiro e mais importante objetivo das religiões é o de crer em Deus, honrá-Lo e chamar todos os homens a acreditarem que este universo depende de um Deus que o governa: é o Criador que nos moldou com a Sua Sabedoria divina e nos MARÇO de 2019 – comunicações

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FORMAÇÃO PERMANENTE

concedeu o dom da vida para o guardarmos. Um dom que ninguém tem o direito de tirar, ameaçar ou manipular a seu bel-prazer; pelo contrário, todos devem preservar este dom da vida desde o seu início até à sua morte natural. Por isso, condenamos todas as práticas que ameaçam a vida, como os genocídios, os atos terroristas, os deslocamentos forçados, o tráfico de órgãos humanos, o aborto e a eutanásia e as políticas que apoiam tudo isto. De igual modo declaramos – firmemente – que as religiões nunca incitam à guerra e não solicitam sentimentos de ódio, hostilidade, extremismo nem convidam à violência ou ao derramamento de sangue. Estas calamidades são fruto de desvio dos ensinamentos religiosos, do uso político das religiões e também das interpretações de grupos de homens de religião que abusaram – nalgumas fases da história – da influência do sentimento religioso sobre os corações dos homens para os levar à realização daquilo que não tem nada a ver com a verdade da religião, para alcançar fins políticos e econômicos mundanos e míopes. Por isso, pedimos a todos que cessem de instrumentalizar as religiões para incitar ao ódio, à violência, ao extremismo e ao fanatismo cego e deixem de usar o nome de Deus para justificar atos de homicídio, de exílio, de terrorismo e de opressão. Pedimo-lo pela nossa fé comum em Deus, que não criou os homens para ser assassinados ou lutar uns com os outros, nem para ser torturados ou humilhados na sua vida e na sua existência. Com efeito Deus, o Todo-Poderoso, não precisa ser defendido por ninguém e não quer que o Seu nome seja usado para aterrorizar as pessoas. Este Documento, de acordo com os Documentos Internacionais anteriores que destacaram a importância

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do papel das religiões na construção da paz mundial, atesta quanto segue: A forte convicção de que os verdadeiros ensinamentos das religiões convidam a permanecer ancorados aos valores da paz; apoiar os valores do conhecimento mútuo, da fraternidade humana e da convivência comum; restabelecer a sabedoria, a justiça e a caridade e despertar o sentido da religiosidade entre os jovens, para defender as novas gerações a partir do domínio do pensamento materialista, do perigo das políticas da avidez do lucro desmesurado e da indiferença baseadas na lei da força e não na força da lei. A liberdade é um direito de toda a pessoa: cada um goza da liberdade de credo, de pensamento, de expressão e de ação. O pluralismo e as diversidades de religião, de cor, de sexo, de raça e de língua fazem parte daquele sábio desígnio divino com que Deus criou os seres humanos. Esta Sabedoria divina é a origem donde deriva o direito à liberdade de credo e à liberdade de ser diferente. Por isso, condena-se o fato de forçar as pessoas a aderir a uma determinada religião ou a uma certa cultura, bem como de impor um estilo de civilização que os outros não aceitam. A justiça baseada na misericórdia é o caminho a percorrer para se alcançar uma vida digna, a que tem direito todo o ser humano. O diálogo, a compreensão, a difusão da cultura da tolerância, da aceitação do outro e da convivência entre os seres humanos contribuiriam significativamente para a redução de muitos problemas econômicos, sociais, políticos e ambientais que afligem grande parte do gênero humano. O diálogo entre crentes significa encontrar-se no espaço enorme dos valores espirituais, humanos

e sociais comuns, e investir isto na propagação das mais altas virtudes morais que as religiões solicitam; significa também evitar as discussões inúteis. A proteção dos locais de culto – templos, igrejas e mesquitas – é um dever garantido pelas religiões, pelos valores humanos, pelas leis e pelas convenções internacionais. Qualquer tentativa de atacar locais de culto ou de os ameaçar através de atentados, explosões ou demolições é um desvio dos ensinamentos das religiões, bem como uma clara violação do direito internacional. O terrorismo execrável que ameaça a segurança das pessoas, tanto no Oriente como no Ocidente, tanto no Norte como no Sul, espalhando pânico, terror e pessimismo não se deve à religião – embora os terroristas a instrumentalizem – mas tem origem no cúmulo de interpretações erradas dos textos religiosos, nas políticas de fome, de pobreza, de injustiça, de opressão, de arrogância; por isso, é necessário interromper o apoio aos movimentos terroristas através do fornecimento de dinheiro, de armas, de planos ou justificações e também a cobertura mediática, e considerar tudo isto como crimes internacionais que ameaçam a segurança e a paz mundial. É preciso condenar tal terrorismo em todas as suas formas e manifestações. O conceito de cidadania baseia -se na igualdade dos direitos e dos deveres, sob cuja sombra todos gozam da justiça. Por isso, é necessário empenhar-se por estabelecer nas nossas sociedades o conceito de cidadania plena e renunciar ao uso discriminatório do termo minorias, que traz consigo as sementes de se sentir isolado e da inferioridade; isto prepara o terreno para as hostilidades e a discórdia e subtrai as


FORMAÇÃO PERMANENTE

conquistas e os direitos religiosos e civis de alguns cidadãos, discriminando-os. O relacionamento entre Ocidente e Oriente é uma necessidade mútua indiscutível, que não pode ser comutada nem transcurada, para que ambos se possam enriquecer mutuamente com a civilização do outro através da troca e do diálogo das culturas. O Ocidente poderia encontrar na civilização do Oriente remédios para algumas das suas doenças espirituais e religiosas causadas pelo domínio do materialismo. E o Oriente poderia encontrar na civilização do Ocidente tantos elementos que o podem ajudar a salvar-se da fragilidade, da divisão, do conflito e do declínio científico, técnico e cultural. É importante prestar atenção às diferenças religiosas, culturais e históricas que são um componente essencial na formação da personalidade, da cultura e da civilização oriental; e é importante consolidar os direitos humanos gerais e comuns, para ajudar a garantir uma vida digna para todos os homens no Oriente e no Ocidente, evitando o uso da política de duas medidas. É uma necessidade indispensável reconhecer o direito da mulher à instrução, ao trabalho, ao exercício dos seus direitos políticos. Além disso, deve-se trabalhar para libertá-la das pressões históricas e sociais contrárias aos princípios da própria fé e da própria dignidade. Também é necessário protegê-la da exploração sexual e de a tratar como mercadoria ou meio de prazer ou de ganho econômico. Por

isso, devem-se interromper todas as práticas desumanas e os costumes triviais que humilham a dignidade da mulher e trabalhar para modificar as leis que impedem as mulheres de gozarem plenamente dos seus direitos. A tutela dos direitos fundamentais das crianças a crescer num ambiente familiar, à alimentação, à educação e à assistência é um dever da família e da sociedade. Tais direitos devem ser garantidos e tutelados para que não faltem e não sejam negados a nenhuma criança em nenhuma parte do mundo. É preciso condenar qualquer prática que viole a dignidade das crianças ou os seus direitos. Igualmente importante é velar contra os perigos a que estão expostas – especialmente no ambiente digital – e considerar como crime o tráfico da sua inocência e qualquer violação da sua infância. A proteção dos direitos dos idosos, dos vulneráveis, dos portadores de deficiência e dos oprimidos é uma exigência religiosa e social que deve ser garantida e protegida através de legislações rigorosas e da aplicação das convenções internacionais a este respeito. Por fim, através da cooperação conjunta, a Igreja Católica e a al-Azhar anunciam e prometem levar este Documento às Autoridades, aos Líderes influentes, aos homens de religião do mundo inteiro, às organizações regionais e internacionais competentes, às organizações da sociedade civil, às instituições religiosas e aos líderes do pensamento; e empenhar-se na divulgação dos princípios desta Declaração em

Sua Santidade Papa Francisco

todos os níveis regionais e internacionais, solicitando que se traduzam em políticas, decisões, textos legislativos, programas de estudo e materiais de comunicação. Al-Azhar e a Igreja Católica pedem que este Documento se torne objeto de pesquisa e reflexão em todas as escolas, nas universidades e nos institutos de educação e formação, a fim de contribuir para criar novas gerações que levem o bem e a paz e defendam por todo o lado o direito dos oprimidos e dos marginalizados.

Ao concluir, almejamos que esta Declaração:

s eja um convite à reconciliação e à fraternidade entre todos os crentes, mais ainda, entre os crentes e os não-crentes, e entre todas as pessoas de boa vontade; seja um apelo a toda a consciência viva, que repudia a violência aberrante e o extremismo cego; um apelo a quem ama os valores da tolerância e da fraternidade, promovidos e encorajados pelas religiões; seja um testemunho da grandeza da fé em Deus, que une os corações divididos e eleva a alma humana; seja um símbolo do abraço entre o Oriente e o Ocidente, entre o Norte e o Sul e entre todos aqueles que acreditam que Deus nos criou para nos conhecermos, cooperarmos entre nós e vivermos como irmãos que se amam. Isto é o que esperamos e tentaremos realizar a fim de alcançar uma paz universal de que gozem todos os homens nesta vida. Abu Dabhi, 4 de fevereiro de 2019.

Grão Imame de Al-Azhar Ahmad Al-Tayyeb

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AOS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS 3-5 DE FEVEREIRO DE 2019 MARÇO de 2019 – comunicações

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Formação e Estudos

ORDENAÇÃO PRESBITERAL

FREI leandro costa santos

“Jamais feche o coração”, pede D. Fernando a Frei Leandro

S

eja solidário, com o coração sempre aberto”, foi a mensagem que o franciscano Dom Fernando Figueiredo, bispo emérito da Diocese de Santo Amaro, deu de presente a Frei Leandro Costa Santos, que recebia o segundo grau do sacramen-

Frei Diego Atalino de Melo, animador do Serviço Vocacional da Província (SAV), saudou a todos com caloroso “paz e bem”, acolhendo os irmãos e as irmãs que vieram de perto e de longe, como os três ônibus de amigos de Vila Velha, onde Frei Leandro viveu os dois últimos anos, e do

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to da Ordem durante a Celebração Eucarística no sábado (9/02), às 10 horas, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim Pedreira, em São Paulo (SP). Momento histórico para o jovem religioso franciscano, para a comunidade de fé, para a família e para a Província Franciscana.

Rio de Janeiro, onde o ordenando fez a sua formação pastoral na Baixada Fluminense. A Paróquia, situada na Zona Sul de São Paulo, ficou repleta e o dia festivo tomou conta dos fiéis para louvar a Deus pela vida de mais um jovem que assume o ministério sacerdotal

no mistério pascal de Cristo. Na procissão inicial, Frei Leandro foi apresentado ao Senhor tendo seus pais – Francisco e Francisca – do seu lado. Os familiares ocuparam os primeiros bancos próximos do altar. Dom Fernando presidiu a celebração, tendo como concelebrantes o


formação e estudos

Ministro Provincial, Frei César Külkamp, e os párocos, Pe. Lírio Peres da Silva (Nossa Senhora Aparecida) e Pe. Mauro Jr. Campos Pereira (Rainha dos Apóstolos), juntamente com inúmeros confrades vindos de várias partes da Província Franciscana da Imaculada Conceição, religiosos e religiosas, sacerdotes da Diocese e seminaristas. Terminada a liturgia da Palavra, Frei César apresentou ao bispo o candidato ao ministério sacerdotal. Frei Leandro disse “presente”, abraçou seus pais e se colocou diante do bispo.

HOMILIA FRANCISCANA

Na sua homilia, Dom Fernando

começou lembrando a reverência que São Francisco tinha pelos sacerdotes. “E assim como o Senhor Deus vos honrou acima de todos por causa deste ministério, de igual modo também vós amai-o, reverenciai-o e honrai-o acima de todos”, frisou Dom Fernando, citando os Escritos do Seráfico Pai. O bispo franciscano também lembrou que São Francisco

de Assis enviava e envia os frades pelo mundo. “Eles são enviados pelo mundo para que sejam presenças de solidariedade, de perdão e misericórdia. Para que sejam presenças de solidariedade para com os que sofrem. Não se esqueça deles, jamais!”, dirigiu-se o bispo ao

ordenando. Segundo o bispo, não precisa ser enviado para muito longe. “É só abrir o jornal, olhar a televisão, ao seu redor, e ai terá tanta gente precisando de solidariedade. Portanto, seja solidário com os que sofrem, com os que pouco ou nada têm, sobretudo aqueles que não falam, que sofrem em silêncio, que são caMARÇO de 2019 – comunicações

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rentes sem se expressar”, insistiu, pedindo para Frei Leandro ser a voz dos mais humildes. Mas frisou: “Seja solidário, com o coração sempre aberto. Jamais o feche!”, ensinou Dom Fernando. “Veja que beleza! São Francisco desejava que o sacerdote fosse presença e solidariedade com os que sofrem. Mas há algo que nos perturba e que, às vezes, nos impede de ser essa presença. É o mal do egoísmo, que não é de maneira alguma se desvalorizar, deixar de lado a estima em relação ao outro. Não devemos jamais nos subestimar, nos desvalorizar. O próprio Francisco diz: ‘Deus o honrou acima de todos’. Cada um tem um valor imenso, um valor sem par no coração bondoso de Deus. Todos nós. Não importa quem seja, porque somos à imagem e semelhança de Deus. O mal do egoísmo é não reconhecer no outro o valor, a estima que ele tem. Portanto, em cada instante, valorize aqueles que nos rodeiam, valorize uns e outros que encontrar nessa travessia da vida, principalmente naquela sem vida e também na própria vida comunitária religiosa”, ressaltou. “Como confrades, valorizamos uns aos outros porque temos o mesmo ideal, que não é sempre vivido de modo igual, porque não somos iguais. Todos vivemos dentro de um carisma, com a vocação franciscana, mas cada um com a sua identidade

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formação e estudos

própria. Por isso, abra sempre o coração e seja presença de solidariedade, de perdão e misericórdia”, frisou. Dom Fernando, então, pediu que todos rezassem juntos uma Oração de São Francisco: “Grande e magnífico Deus, meu Senhor Jesus Cristo, iluminai o meu espírito e dissipai as trevas da minha alma! Dai-me uma fé íntegra, uma esperança firme, uma caridade perfeita! Concedei, meu Deus, que eu vos conheça muito, para poder agir sempre segundo os vossos ensinamentos e de acordo com a vossa santíssima vontade”. E o bispo terminou dizendo: “Senhor, permanecei conosco, e a luz de vossa face resplandeça sobre nós, resplandeça sempre sobre Frei Leandro!”.

O RITO

Terminada a homilia, Frei Diego passou a explicar, liturgicamente, todos os passos seguintes do rito da ordenação presbiteral. Com a aceitação do bispo e o propósito do eleito, teve início a Ladainha de Todos os Santos, quando Frei Leandro se prostrou ao chão, enquanto o povo rezava pedindo a intercessão de todos os santos. O ordenante impôs as mãos sobre o candidato e, em silêncio, rezou. Esse momento terminou com a Oração Consecratória. Todos os padres MARÇO de 2019 – comunicações

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Formação e Estudos

presentes fizeram o mesmo. Em seguida, Frei Leandro, foi revestido com as vestes de sacerdote. O seu novo guardião no Convento São Francisco, Frei Mário Tagliari, e Frei Nazareno Lüdtke, que o acolheu na Província como vocacionado, ajudaram-no a se vestir. Já como novo presbítero, Frei Leandro teve as mãos ungidas com o óleo do Santo Crisma, que foram amarradas pelo bispo para que os seus pais as desamarrassem, significando que agora elas estão a serviço do povo de Deus. Com as mãos livres, Frei Leandro deu a sua primeira bênção aos pais e, no abraço fraternal dos três, o choro veio com força.

Já no fim do rito, o ordenando recebeu, de joelhos, a patena com o pão, o cálice com o vinho e a água. A Celebração Eucarística continuou, só que agora com o novo presbítero no altar, ao lado de Dom Fernando. A Santa Missa terminou com a bênção do novo presbítero para toda a assembleia.

SÓ GRATIDÃO!

Em nome da Província Franciscana da Imaculada, o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, agradeceu a Deus, a Dom Fernando, à família, a todos que ajudaram a preparar esta ordenação presbiteral, mas lembrou: “A palavra principal de agradecimento hoje é a Frei Leandro, pela oferta da sua vida, por ser irmão conosco e agora também neste serviço. Que Deus te

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formação e estudos

abençoe sempre mais na tua caminhada, na tua vida franciscana e agora também sacerdotal. Conta sempre com teus irmãos franciscanos!” O diácono Frei Gabriel Vargas chamou, no altar, os confrades da turma para darem um grande abraço coletivo. “É uma alegria muito grande poder partilhar este momento contigo”, disse. Nos seus agradecimentos, Frei Leandro teve que interromper inúmeras vezes sua fala para conter o choro. “Eu quero servir a esse Deus de hoje em diante”, jurou. Dirigindo-se a Dom Fernando, revelou: “Sou inteiramente grato ao sr. Certo dia, no ano de 2004, suas mãos me

abençoaram para iniciar uma trajetória vocacional, e hoje, mais uma vez, porém com a excelência do Sacramento da Ordem, com essas mãos o sr. me faz pastor do rebanho de Cristo. Minha gratidão!”, contou. Frei Leandro fez questão de agradecer a todos e se emocionou ao falar da família. Lembrou que foi batizado naquela igreja onde se ordenava. Demonstrou toda a gratidão pela acolhida que lhe deu o pároco Pe. Lírio Peres da Silva. Agradeceu também ao pároco da Rainha dos Apóstolos, Pe. Mauro Jr. Campos Pereira, à sua Paróquia de sua origem onde, naquele domingo, celebraria a sua Primeira Missa, às 10 horas.

Moacir Beggo MARÇO de 2019 – comunicações

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Primeira Missa

T

er um coração agradecido, dar sem esperar recompensa e encher-se de Deus: foram os três conselhos oferecidos por Frei Clarêncio Neotti a Frei Leandro Costa, que celebrou na manhã do domingo (10) suas Primícias na Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, Zona Sul de São Paulo. Ele foi ordenado presbítero no sábado (9) por Dom Fernando Figueiredo. Reuniram-se para participar deste momento de ação de graças o Ministro Provincial, Frei César Külkamp; Frei Diego Melo, do Serviço de Animação Vocacional; Pe. Mauro Jr. Campos Pereira, da Paróquia Rainha dos Apóstolos, Pe. Francisco das Chagas, da Diocese de Santo Amaro; frades, religiosas, religiosos, familiares, leigos, paroquianos e amigos de Frei Leandro, vindos de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Como é tradição, o neopresbítero convida um pregador para a homilia da Primeira Missa. A tarefa foi confiada a Frei Clarêncio Neotti, que morou na mesma Fraternidade de Frei Leandro Costa, Divino Espírito Santo, em Vila Velha (ES) e por quem o neopresbítero tem muito carinho. Frei Clarêncio, de 84 anos de vida, aconselhou o jovem frade, explicando que a palavra sacerdote significa dom sagrado e, por ser um dom, deve ser agradecido. “Todos os dias de sua vida serão poucos para agradecer este presente”, assegurou o experiente frade, com 58 anos de ministério sacerdotal. “O dom do sacerdócio não é um ornamento. Ele é um dom e traz consigo a chave que abre os cofres da graça misericordiosa de Deus a quantos pedirem”, acrescentou.

Sacerdote não é represa, é rio

Frei Clarêncio afirmou que o padre não pode ser uma represa, mas um rio que corre para fecundar todas as margens por onde passa. “O sacerdote tem uma missão substantiva, a doação. É condição de Deus para ser dada, não vendida. O sacerdote conjuga o verbo dar em todas as pessoas e tempos”, aconselhou. “Padre que não se doa apodrece estagnado”, alertou. Frei Clarêncio recordou as palavras de Frei César


formação e estudos

a Frei Leandro no dia anterior. O Ministro Provincial exaltou os inúmeros dotes do jovem franciscano, como o talento para a música, o desenho e as boas relações. “Faça destas qualidades o combustível do verbo dar, do verbo apascentar. Não esqueça que na palavra sacerdote está o substantivo dom, do verbo dar”, aconselhou. O pregador afirmou ainda que é necessário corrigir a tendência natural de esperar recompensa. Segundo ele, é necessário um coração que não espere aplauso ou aprovação, nem mesmo recompensa – seja ela humana ou divina.

Não ser uma caixa d’água vazia

O terceiro conselho de Frei Clarêncio foi para que o sacerdote deixe-se divinizar, encher-se de Deus. E usou uma expressão que ouviu quando ainda estava no seminário: não ser uma caixa d’água vazia. “A criatura humana sozinha, por mais qualidades que tenha, no sacerdócio se parecerá a um carro sem combustível, uma caixa d’água vazia, que não dará água a ninguém”, apontou. Ele acrescentou que a água, que deve encher a caixa d’água e abastecer toda a comunidade, é Deus. Por isso, o sacerdote deve encher-se de Deus, para que ele possa contagiar os que estão ao seu redor. “O dom sagrado que

jovem frade, inspirado no evangelho do dia: “Reme e deixe o milagre por conta de Deus”, concluiu.

Os joelhos que rezam, os pés que caminham e as mãos que trabalham

você recebeu pressupõe o enchimento continuado vindo de fora. Você não é padre sozinho, você precisa sempre encher-se de Deus”, pediu o confrade. Em seguida, Frei Clarêncio afirmou que quebraria o protocolo da celebração. Ele contou que quando estava saindo de Roma, onde trabalhou por nove anos na Cúria Geral da Ordem dos Frades Menores, foi cumprimentar o Papa São João Paulo II e partilhou que estava celebrando seu 50º aniversário de sacerdócio. O Pontífice, então, entregou-lhe uma estola – a mesma que Frei Clarêncio estava usando naquele momento. Num gesto de carinho, o pregador deu sua estola a Frei Leandro Costa, que a vestiu imediatamente. O momento foi sucedido de um longo abraço entre os confrades, acompanhado com muita emoção por toda comunidade reunida. Por fim, Frei Clarêncio pediu ao

No final da celebração, Frei Diego Melo agradeceu aos frades, religiosas, religiosos e leigos que ajudaram no Tríduo e na semana missionária, debaixo de sol escaldante ou de chuva torrencial e a todos que rezam pelas vocações. E salientou o tripé fundamental para o bom andamento das atividades: “Os joelhos que rezam, os pés que caminham e as mãos que trabalham”. Frei Diego manifestou sua gratidão ao Pe. Mauro, que abriu as portas da Paróquia e de sua casa para acolher os missionários. O grupo vindo de Vila Velha, local da primeira transferência de Frei Leandro, também fez o seu agradecimento pelos dois anos partilhados com a comunidade local. O Grupo Escudeiro, do qual o neopresbítero fez parte, também fez o seu emocionado agradecimento e sua homenagem. Ao final da Missa, todos foram convidados para um almoço oferecido pela comunidade local.

Érika Augusto

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Formação e Estudos

Postulantado de Angola com 27 candidatos

A

etapa do Postulantado começou no dia 9 de fevereiro, na Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola (FIMDA). Durante a Santa Missa (6h30), na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, o presidente da Fundação, Frei José Antônio dos Santos, acolheu 27 candidatos para fazerem esta experiência durante um ano. Estavam presentes o mestre dos Postulantes, Frei Laurindo Lauro, e Frei João Bunga, o Mestre dos Aspirantes. Foram admitidos os seguintes candidatos à etapa do Postulantado: Abel Ernesto Nené, Alberto Joaquim Manuel Gamba, Bartolomeu Kapena Moisés, Borracha Raimundo Eduardo, Dionísio Kapitango Uyombo Muhele, Escovalo Gabriel Domingos, Fernando Camaxilo Victor, Francisco Pedro Kapapelo Chitacumula, Gualter Filipe João Pascoal, Ilário Kaleka Gonçalves Barros, Januário Mendonça Barreto de Carvalho, João Garcia Isaac Lucoqui, José Kapundi, Luís José Fernandes, Manuel Coloi Armando Camongua, Manuel Katchingangu Singue, Mário Catimba Dumba Baptista, Paulino Salamba Candando, Paulo Camuanguina Alexandre, Paulo Kapindali, Paulo

Ngungo Ngumbe Gabriel, Raul Dumbo Bondua Muquinjina, Silva Kawia Ngueve Tchimo, Simão Albino Katenha Kakinta, Simeão Capingala Jamba, Tomás Gaspar Joaquim, Vicente Chocolate Barros. Na sua homilia, Frei José contou uma história. “Conta-se que havia uma loja de Deus, onde os Anjos vendiam os seus produtos. E, nas prateleiras, havia produtos como amor, humildade obediência, caridade, simplicidade... Um dia, um homem se viu dentro desta loja e pediu ao anjo uma grande quantidade de amor e outros produtos. O anjo, então, colocou tudo num saco pequeno e entregou ao homem, que, decepcionado, perguntou: ‘Só isso?’ O anjo respondeu afirmativamente, explicando: ‘Nós só damos mudas. Cada um faz a sua própria plantação’.” Com essa pequena história, Frei José afirmou que a muda é a nossa vocação e só poderá crescer e dar frutos com nosso esforço para regar, podar e esperar a colheita. “Na vinha do Senhor cada cristão possui um pedaço de terra para trabalhar dia e noite. Portanto, nada recebemos pronto”, explicou. Segundo as Constituições Gerais

da Ordem dos Frades Menores, a formação inicial à vida religiosa franciscana é feita em três etapas: postulantado, noviciado e tempo de Profissão temporária: “O Postulantado é o período durante o qual o candidato pede para abraçar nossa vida, com a intenção de preparar-se convenientemente para o Noviciado; e a Fraternidade Provincial, depois de oportuno conhecimento, amadurece sua resposta sobre a admissão do postulante ao Noviciado”, define o documento. Neste tempo, a Fraternidade formadora terá a missão de ajudar o candidato a conhecer a si mesmo, completar sua primeira formação cristã, se for necessário, analisar as motivações íntimas de sua própria vocação e adquirir gradual conhecimento e experiência da vida franciscana. A Fraternidade Franciscana da Porciúncula tem como guardião Frei Laurindo Lauro da Silva Júnior, que também é o Mestre dos postulantes; Frei Valdemiro Wastchuk, vigário da casa e pároco; e Frei João Alberto Bunga, orientador dos aspirantes e responsável pelos projetos sociais. Os mestres Frei Laurindo e Frei João Bunga comemoram o “florescer vocacional” que vive a Fundação Imaculada Mãe de Deus. “As expectativas são sempre as melhores, mas a certeza é que teremos um longo e desafiador itinerário”, acreditam os orientadores, adiantando que a equipe de formação procurou garantir o espaço físico adequado para essas duas etapas, no entanto, as obras se estenderão ao longo do ano. “A casa está sendo reformada para receber os postulantes, mas também deve ser levado em conta que os 12 aspirantes com o Ensino Médio completo neste ano fazem, aqui, a sua etapa de Aspirantado”, adiantou Frei Laurindo Lauro, o mestre dos postulantes.

Frei Elias H. Luís e Frei Pedro Vitangui


Formação e Estudos

ituporanga

Seminário São Francisco acolhe 38 jovens

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o dia 31 de janeiro, a Fraternidade de Acolhimento Vocacional do Seminário São Francisco de Assis recebeu 38 jovens que estão no processo de animação vocacional. O grupo é formado por jovens provindos da região Sul e Sudeste do Brasil. O grupo, formado por 23 aspirantes (três no Ensino Médio) e 14 seminaristas que cursam os primeiros anos do Ensino Médio, foi acolhido pelos frades com a habitual benigni-

dade franciscana, dando-se, assim, o início das atividades. No dia 3 de fevereiro houve a celebração de acolhida do grupo na Igreja Matriz da Paróquia Santo Estêvão, durante a Celebração Eucarística das 9 horas. Já no dia 4, os jovens iniciaram suas formações no Seminário e aulas no Colégio Galileu. A expectativa para este ano é o amadurecimento na vida cristã e vocação religiosa, na compreensão e vivência do carisma franciscano, na oração, reflexão e relação com Deus,

estabelecendo assim uma base para o futuro. Desde já se ressalta o agradecimento aos animadores vocacionais locais que os acompanharam, à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, que os acolhe, e a Deus, que em sua misericórdia se dignou chamar estes seus filhos para a vida franciscana na Ordem dos Frades Menores.

Equipe de Comunicação do Seminário

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Formação e Estudos

ORDENAÇÃO PRESBITERAL

FREI ROBERTO APARECIDO PEREIRA

“Estou entre vós como servo”

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o dia 30 de março, às 18 horas, Frei Roberto Aparecido Pereira será ordenado presbítero pelas mãos do franciscano Dom Caetano Ferrari, bispo emérito da Diocese de Bauru, durante a Celebração Eucarística na Paróquia Cristo Ressuscitado, na avenida Orígenes Lessa, 780, em Lençóis Paulista (SP). Frei Roberto escolheu como tema de sua ordenação o versículo 27, do capítulo 22 de Lucas: “Estou entre vós

como servo”. É com esta missão de servo que Frei Roberto quer iniciar o seu ministério sacerdotal no dia 31 de março, às 9 horas, quando celebrará a sua Primeira Missa. Frei Roberto nasceu no dia 1º de agosto de 1987 e vestiu o hábito franciscano em 12 de janeiro de 2010. Fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores em 28 de agosto de 2016. Foi ordenado diácono em 8 de abril de 2018, na cidade de Ituporanga (SC). Acompanhe a entrevista a Moacir Beggo! algo do gênero. Só tinha conhecimento da vocação diocesana. Com os encontros vocacionais para jovens, que as irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria realizavam em Lençóis Paulista, pude ali conhecer melhor a espiritualidade franciscana e, com o convite da Irmã Fátima, fui conhecer os franciscanos de Agudos. Ali, na companhia de Frei Rafael Spricigo e depois com Frei Nazareno J. Lüdtke, pude ver de perto a vocação e a vida dos franciscanos.

Comunicações - Você sempre

Comunicações - Como se deu seu

discernimento vocacional? Frei Roberto - Não saberia dizer ao certo quando começou meu discernimento vocacional, já que muito cedo, com cerca de 10 anos,

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ajudava em minha Paróquia de origem, como coroinha, por influência dos colegas da escola, pois todos faziam parte desta pastoral. E ali fui crescendo e discernindo a vocação, sem ainda pensar em ser padre ou

quis ser franciscano? Frei Roberto - Não, ser franciscano foi uma descoberta. Na minha cidade existem seis paróquias e todas administradas pelo clero diocesano. A única experiência de vida religiosa é das irmãs que lá residem. Ainda que Lençóis Paulista fique a 30 km de distância de Agudos. As cidades fazem parte de dioceses distintas. Por isto, falo que ser franciscano foi uma descoberta.

Comunicações - Como você defi-

ne o ministério sacerdotal? Frei Roberto - Para nós, religiosos, o ministério sacerdotal é


Formação e Estudos

colocar-se a serviço da Igreja e da Ordem. Ao assumir a profissão solene abraçamos com ela toda a Fraternidade Provincial e colocamos nossa vida a serviço dela. Assim, posso definir que o ministério sacerdotal é colocar-se como servo, em especial, dos mais pobres, sendo

presença franciscana, de doar-se na minoridade.

Comunicações- Quais as suas expectativas como presbítero no Pontificado do Papa Francisco? Frei Roberto - As minhas expectativas como presbítero no

Pontificado do Papa Francisco são as melhores. Ele traz para a Igreja um novo olhar sobre o homem e sobre ela mesma, sendo um hospital de campanha, acolhedora e mãe. Ao mesmo tempo fico admirado com suas falas e exemplos, que chamam a atenção e que lançam-nos a dar uma resposta coerente e exemplar de nossa consagração.

Comunicações - Quem é a sua

fonte de inspiração? Onde busca alimento para sua espiritualidade? Frei Roberto - Acredito que o cartão de visita da espiritualidade e inspiração é o próprio Francisco de Assis. Uma vez Frei Alberto Beckhäuser, em uma Solenidade de São Francisco no ITF, disse: “Toda vez que chego a uma festa de São Francisco de Assis, sinto-me um devedor, olhando para a sua vida e seu modo de ver Jesus e toda a humanidade, ainda percebo que preciso muito caminhar”. Acredito que seguir Francisco seja isto, um misto de orgulho e de dever, que é a inspiração para estar a caminho. Assim, busco alimento na fraternidade e nas celebrações diárias, tanto pessoais como comunitárias, pois, ali realizamos o nosso ser franciscano.

Comunicações- O que diria para

um jovem sobre a vida religiosa franciscana? Frei Roberto - Eu diria que vale a pena e que São Francisco tem muito a dizer. Só é preciso haver pessoas com coragem e que levem o sonho e a mensagem de Assis a toda humanidade, que é uma vida segundo o evangelho de Jesus, na simplicidade, na pobreza voluntária, na sobriedade compartilhada, amando a todos, especialmente os mais pobres, e considerando a todos os seres da natureza irmãos e irmãs. MARÇO de 2019 – comunicações

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Formação e Estudos

Postulantado Frei Galvão

TEMPO DE RUPTURAS

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ais do que a celebração de Admissão dos 14 postulantes nesta etapa da Formação inicial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, brindou esses jovens com uma reflexão que servirá de base para todo o ano. Esse momento se deu durante a Oração das Laudes, na quarta-feira (30/1), às 7h30, no Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá (SP). Os novos postulantes – Bruno Almeida de Mello, Bruno Dias de Deus, Fábio Charleaux Luzia dos Santos, Felipe Antonio Nascimento da Silva, Fernando Gois da Costa, Gabriel Paz de Oliveira Silva, Gilberto Silveira da Costa Júnior, Gustavo Henrique da Silva Toratti, Matheus Hoffmann de Oliveira, Paulo André de Moura Filho, Paulo Vítor da Silva, Vinicius de

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Oliveira Betim, Vinícius José Aparecido Lopes Silva e Vicícius Ramon Brand – foram chamados, um a um, pelo guardião da Fraternidade, Frei João Francisco da Silva, e apresentados ao Ministro Provincial. Em círculo, diante do Ministro Provincial, eles fizeram o pedido de admissão para viverem, neste ano de 2019, uma rotina de oração, trabalho, estudo, pastoral, vida em fraternidade e lazer, tudo em vista se aprofundarem no conhecimento de todos os elementos que são próprios da Vida Franciscana. Depois, de joelhos, recitaram a oração que São Francisco de Assis fez diante do Crucifixo de São Damião após a sua conversão e receberam o Tau como “sinal de recordação do amor de Cristo”. Foram abençoados pelo Ministro Provincial: “Concedei a eles, que nos procuram, a generosidade de responder ao vosso

chamado de perfeição”, recitou. Frei César explicou que o Postulantado é um tempo privilegiado, dado a cada um dos candidatos à vida religiosa em vista de um objetivo maior, que é justamente descobrir o Cristo pobre, humilde e crucificado. Esse caminhar com o Cristo, segundo o Ministro Provincial, não aconteceu quando o jovem rico do Evangelho ouviu de Jesus que precisava deixar para trás suas propriedades e seus bens. “Hoje, o Cristo convida vocês também a caminharem, a seguirem um caminho que não sabem onde vai dar, mas sentem a segurança de estar com o próprio Cristo. E para fazerem este caminho, será necessário dar uma guinada na vida, o que o jovem rico não fez. Essa guinada nesse tempo do Postulantado chama-se conversão. Isso não significa que vocês, antes de virem para cá, não


Formação e Estudos

estavam se convertendo, transformando-se, e não significa também que vão estar plenamente convertidos até o final desse ano. Mas significa colocar-se nesse caminho, nesse processo”, enfatizou Frei César, confortando-os, pois não estarão sozinhos, mas com Cristo, com a Fraternidade Formadora, com os irmãos da própria caminhada e com o povo de Deus, sempre muito próximo desta casa da Província. Frei César, contudo, voltou ao jovem rico para lembrar que esse tempo de conversão pede rupturas, aquilo que o jovem rico do Evangelho não conseguiu fazer porque tinha muitos bens. “Quais são os nossos bens e o que temos que deixar?”, questionou Frei César, ressalvando que não dizia isso apenas em um plano piedoso. “É preciso fazer rupturas muito maiores, estruturais, para que a nossa conversão, como bem lembra o Papa Francisco, seja efetiva e não apenas um desvio que ele chama de idolátrico”, explicou, detalhando essas rupturas: É preciso romper com a nossa autorreferencialidade, quando nós nos colocamos simplesmente no centro e não a pessoa de Jesus Cristo, a pessoa do irmão, a pessoa que mais necessita. E, por isso, romper com o individualismo próprio do nosso tempo. É preciso romper com a indiferença e com o medo, que nos congelam e nos deixam parados. Talvez foi o que esteve muito presente na vida daquele jovem do Evangelho. Deixar as suas propriedades significava ficar na insegurança. E esse medo congela e não deixa a gente caminhar, como alerta também o nosso Papa. É preciso romper com o materialismo de um mundo sem a transcendência, um materialismo que leva a uma situação de infidelidade com a própria Palavra, com o próprio Cristo, e que coloca valores materiais acima de tudo. Frei César lembrou a tragédia, também chamada de crime ambiental, em Brumadinho, onde esses bens materiais estão acima da vida humana e da criação de Deus. É preciso romper não apenas com os nossos bens pessoais para empreender uma caminhada formativa, mas com a consciência materialista. É preciso romper com os fundamentalismos presentes ao nos apegarmos a uma ideia, a um dogmatismo, que impedem o diálogo e reforçam atitudes de preconceito. É preciso romper com a cultura de morte, de MARÇO de 2019 – comunicações

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ódio, de exclusão, também na nossa economia, na nossa política. É preciso romper com o mundo afetivo desordenado que se traduz em atitudes de narcisismo, presentes no culto da imagem, em viver o presente sem responsabilidade com o futuro, com a própria criação e sem envolvimento com o bem comum. “Porque queremos ser religiosos, não caímos prontos do céu. Nós viemos do mundo e estamos no mundo. Por isso, todas essas situações penetram a nossa própria vida e, mais do que isso, a nossa consciência”, explicou. “Deixar emprego, relações afetivas e o convívio da família talvez não sejam os bens mais difíceis de abandonar. O Papa Francisco nos convoca a rompermos com tantas outras situações presentes no nosso tempo. E são situações do mundo que levam a uma visão distorcida da realidade, da própria criação, do ser humano, de si mesmo e até do próprio Deus”, acrescentou. Sem conversão, enfatizou o celebrante, ficamos paralisados e não caminhamos. “Caímos em outros desvios que o Santo Padre chama de idolátricos. É quando a gente presta culto mais aos meios do que aos fins; é quando somos mais apegados às instituições do que às suas intuições – e a própria Igreja, a Ordem e a Província podem ser também instituições que nos paralisam; é quando estamos mais presos aos poderosos do nosso tempo, ao culto a essa elite, aos mais ricos de nossa sociedade do que aos últimos; é quando estamos mais presos aos ritos, às rubricas do que ao mistério celebrado; é quando estamos mais congelados pelas próprias leis. E tudo isso torna muito difícil uma verdadeira conversão. E caímos novamente nos fundamentalismos e não nos abrimos ao Único, Necessário e Absoluto. Não nos abrimos à paixão por Deus e pelo seu reino”, ressaltou Frei César. “O nosso modelo de conversão é São Francisco de Assis. Ele teve um encontro muito pessoal com Cristo e deixou a própria vida aberta à transformação que foi acontecendo no encontro com o leproso, com os irmãos, com o Crucificado de São Damião. Ele não se prendeu às instituições do seu tempo. Não segue o Deus pregado e anunciado pelos

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Formação e Estudos

modelos eclesiais, sociais, políticos do seu tempo. Ele se abre ao Cristo pobre, humilde e crucificado. Um Cristo transbordante de amor, que o fez enxergar sua presença naquele leproso, no mais pobre, nos últimos da sociedade”, indicou. “Assim, o nosso desafio hoje, para uma verdadeira conversão é também o de purificar a nossa visão do mundo, a nossa visão da própria vida consagrada franciscana. Aquilo que pode iluminar a nossa visão é justamente o Cristo crucificado”, insistiu. Daí podem brotar atitudes novas e realmente transformadoras, como: Abrir-se verdadeiramente à ação do Espírito, que nos permite ser uma pessoa nova. Acolher este amor que nos possibilita crescer na paixão por Ele e por sua Igreja. A integrar nossa vida no mistério do Cristo Crucificado (a nossa história, os nossos pecados). Desenvolver relações de profundidade, não fundadas no individualismo, no narcisismo, mas naquilo que estamos celebrando neste ano do Jubileu de 800 anos do encontro de São Francisco com o sultão: a sua atitude de diálogo, de encontro com o diferente. A conversão nos leva à vivência plena do amor, que não é retorno a si

mesmo, mas chegar à condição de homens consagrados, com atitude de doação, de altruísmo. Frei César lembrou que no ano do Postulantado alguns exercícios muito concretos e fundados nas dimensões centrais da vida franciscana são verdadeiros exercícios de conversão: O Espírito de Oração e devoção – Amadurecer a própria experiência de fé, libertar-se dos fundamentalismos, dogmatismos exagerados, e possibilitar o encontro com Cristo, através da Palavra e da Eucaristia. Comunhão de vida em Fraternidade – A fraternidade é o lugar da nossa conversão, é o espaço do diálogo, de acolher o diferente presente nos irmãos, é o lugar de crescer na cordialidade. Minoridade, pobreza e solidariedade – Acabamos de celebrar o Capítulo Provincial, com a temática “Minoridade, lugar de encontro e comunhão” e, nas palavras do Santo Padre, minoridade é aquilo que qualifica a nossa fraternidade. Nós somos uma fraternidade de Menores. Por isso queremos buscar a alegria de quem se despoja, de quem se liberta. Evangelização e Missão – Para isso Deus nos chamou e nos enviou. Para dar testemunho da descoberta que fizemos na nossa vida, na nossa

vida fraterna e na nossa minoridade. “Caros postulantes, acima de tudo, com essas dimensões da nossa vida e com a Palavra de Deus, o que nós queremos como conversão é a transformação do nosso coração, para que ele deixe de ser num coração de pedra, ditado pelas tendências do nosso tempo, e se torne num coração que ama com o amor transbordante do nosso Deus. Nesses exercícios de conversão, cada um de vocês confirme e reafirme sua decisão vocacional no seguimento de Jesus Cristo, pobre, humilde e crucificado. Deus lhes conceda perseverança! Ele está com vocês! As Fraternidades Local e Provincial também”, garantiu. No final da celebração, Frei César chamou à frente a Fraternidade do Postulantado, formada pelo guardião Frei João Francisco da Silva e pelo mestre dos postulantes Frei Jeâ Paulo Andrade. Já Frei Edvaldo Batista Soares e Frei José Raimundo de Souza vêm somar com Frei Claudino Dal’Mago, Frei Walter Hugo de Almeida e Frei Leonir Ansolin, que já faziam parte da Fraternidade. Frei César lembrou com carinho que Frei Walter Hugo foi seu mestre quando estava no Postulantado.

Moacir Beggo MARÇO de 2019 – comunicações

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FRATERnIDADES

PARÓQUIA SANTA INÊS

Comunidade acolhe nova Fraternidade

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erca de 1.500 pessoas estiveram presentes na Missa de posse do novo pároco, Frei Daniel Dellandrea, e na apresentação dos vigários paroquiais no sábado, dia 2, na Igreja Matriz Santa Inês. A Missa marcou o início do novo período de ação pastoral na Paróquia e a acolhida dos sacerdotes que substituirão Freis Ladi Antoniazzi e Sebastião Kremmer após 12 e 3 anos de trabalhos em Balneário Camboriú, respectivamente. A Celebração foi presidida pelo

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representante do Arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck, Padre Vânio da Silva. Logo no início da cerimônia foi feita a entrega das estolas, que representam a autoridade eclesial, ao Frei Daniel e aos três vigários que o acompanham, Frei Lindolfo Jasper e Frei Clauzemir Makximovitz, também recém-chegados e Frei Conrado Lindmeier, já atuante na Paróquia. Logo depois, foram feitas as leituras dos termos de posse tanto do pároco quanto dos vigários. Foi feita, ainda, a profissão de fé de Frei Daniel, afirmando que crê em todos os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus, para que, assim, possa exercer verdadeiramente seu ministério. Na homilia, Padre Vânio fez um comparativo entre a história do

Profeta Daniel e o pároco Frei Daniel Dellandrea. O presidente da celebração ainda alertou os freis sobre a “Pastoral dos Milagres”, que sugere um caminho fácil e encantador, mas nem sempre representa a presença de Deus. Após esse momento, o novo pároco recebeu a chave do sacrário da Igreja Matriz e, juntamente com os vigários, fez um pequeno momento de adoração à Eucaristia. Voltado para o Santíssimo Sacramento e com as mãos sobre o Evangeliário, Frei Daniel ainda fez seu compromisso de fidelidade, reafirmando assim, sua missão de servir fielmente à Igreja. Após a comunhão, a comunidade paroquial e a Igreja Luterana de Balneário Camboriú deixaram suas palavras de boas vindas aos novos freis. O pároco Daniel Dellandrea também deixou sua mensagem. Agradecido à sua antiga comunidade paroquial, em Santo Amaro da Imperatriz, e reconhecendo a importância de sua nova missão, Frei Daniel expressou sua alegria em ser bem acolhido pela paróquia Santa Inês, que o recebeu “com lágrimas nos olhos pela partida do Frei Ladí, mas com os braços abertos para acolher quem está chegando”, segundo ele mesmo. Ao final da Missa, o presidente da celebração, juntamente com os freis presentes, assinaram a Ata de Posse e, logo em seguida, foram recepcionados pela comunidade no salão paroquial para um momento de confraternização. Agora, é tempo de celebrar o novo! Os freis se preparam para uma longa caminhada junto aos fiéis, que continuará mantendo viva a chama da fé em Balneário Camboriú. Site Paróquia Santa Inês de Balneário Camboriú (www.igrejasantaines.com)


FRATERnIDADES

Paróquia São João Batista de Meriti acolhe seu novo pároco

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o sábado, 9 de fevereiro, a comunidade paroquial de São João Batista, em São João de Meriti (RJ) acolheu Dom Tarcísio Nascentes dos Santos, bispo de Duque de Caxias, para dar a Frei Vanderley Grassi a posse de pároco. Durante a Missa, também foi apresentada a nova fraternidade, composta por Frei Cid Tadeu Passos, Frei Airton da Rosa Oliveira (Frei Soneca) e Frei Gaudêncio Sens, este último remanescente da equipe anterior, que comporão a fraternidade franciscana São João Batista. Representando a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, esteve presente na celebração Frei Paulo Pereira, Definidor Provincial. Além da presença dos paroquianos das 15 comunidades, participaram da celebração os amigos de Frei Vanderley, que vieram do Estado de Santa Catarina e o Vigário Geral da Diocese, Padre Renato Gentile.

fraternidade, chega em São João de Meriti para exercer as mesmas funções anteriores.

Consagração a Nossa Senhora

Após a bênção final, o novo pá-

roco convidou a todos a realizarem a consagração a Nossa Senhora, pedindo que Deus o ajude na missão e a todos os paroquianos a prepararem e seguirem os caminhos do Senhor, a exemplo de São João Batista.

Biografia

Capixaba de Colatina, Vanderley Grassi nasceu em 21 de outubro de 1975. Ingressou na Ordem dos Frades Menores no dia 8 de janeiro de 2004 e fez a profissão solene em 5 de novembro de 2009. Foi ordenado presbítero em 24 de março de 2012 no Santuário do Divino Espírito Santo, em Vila Velha (ES). Após trabalhar por seis anos na Paróquia Santo Antônio, em Florianópolis (SC) onde foi pároco e guardião da MARÇO de 2019 – comunicações

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FRATERnIDADES

Toma posse a nova Fraternidade de Florianópolis

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ebaixo de muita chuva, a nova Fraternidade Santo Antônio, em Florianópolis, foi apresentada domingo (18/02), aos paroquianos da Paróquia Santo Antônio durante a Celebração Eucarística, às 19 horas, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Wilson Tadeu Jönck. Logo no início, o comentarista apresentou a nova composição dos frades na capital catarinense. “Os frades que assumem a missão de evangelizar sempre o fazem em e a partir da Fraternidade, valor primário do carisma franciscano. Hoje, nossa Paróquia acolhe oficialmente, com muito carinho, os frades que comporão nossa nova Fraternidade, e celebra a solenidade da posse canônica de seu novo pároco, Frei Germano Guesser. Com ele, recebe a provisão de vigário paroquial Frei José Lino Lückmann, e acolhemos Frei Reinaldo Parisi, que chega para compor a Fraternidade, que ainda conta com Frei Elizeu Tambosi”. A chuva não afugentou os paroquianos e muito menos um grupo de amigos de Frei Germano e Frei José,

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que veio de Gaspar, cidade onde os dois já residiram. Frei Germano até brincou lembrando que não é a primeira vez que chove torrencialmente na sua posse. O bispo emendou chamando-o “homem forte da chuva”. No início da Celebração foi feita a leitura do decreto de nomeação (provisão) do pároco e do vigário. Depois, o Arcebispo entregou as estolas a Frei Germano e Frei José, símbolo do ministério presbiteral e do serviço. Foi feita, ainda, a profissão de fé de Frei Germano. Após a homilia, o novo pároco recebeu a chave do sacrário da Igreja Matriz e, juntamente com o vigário, fez um pequeno momento de adoração à Eucaristia. Nas suas palavras de agradecimento, Frei Germano deixou uma mensagem de esperança e otimismo, recordando o compromisso que assumiu quando foi ordenado presbítero (1993) sob o lema: “Por uma ovelha só, ainda que pequenina, serei a vida inteira um pastor (Jo 10)”. Para Frei Germano, um pároco deve ser um servidor, alguém que chega para servir, cuidar e proteger o rebanho. Segundo Frei Germano, não chega à Paróquia

como dono da verdade, mas para “caminhar com vocês, com a Igreja povo de Deus”. Frei Germano lembrou que estava em casa, pois é natural de Antônio Carlos. “Sempre escutei falar da igreja Santo Antônio, pois meus parentes sempre aqui se dirigiam para se confessar e buscar uma bênção dos frades... Fiquei frade e pensava comigo: Será que um dia poderei morar aqui? E sem pedir, aqui estou. Muito feliz e grato também... Claro, muita coisa mudou. A cidade é outra! O mundo está cada vez mais secularizado, a sociedade cada vez mais complexa. Mas gosto de desafios!”, garantiu. “Por isso, com o apoio da Fraternidade Franciscana desta Paróquia, conto também com esta comunidade, especialmente dos responsáveis pelas pastorais, para caminharmos e crescermos em comunhão”, pediu. Frei Germano lembrou ainda que foi aluno de Frei José Lino em Agudos, morou com Frei Eliseu em Curitibanos e com Frei Reinaldo em São Paulo. Agradeceu ao bispo pela presença, ao povo e aos seus confrades.


FRATERnIDADES

Frei José Ariovaldo celebra jubileu de ouro de vida religiosa

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etrópolis - Na noite do dia 5 de fevereiro, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, especialmente os fiéis da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, renderam graças pelo Jubileu de Ouro de vida religiosa de Frei José Ariovaldo da Silva. O ponto alto da comemoração se deu na Santa Missa, presidida pelo jubilando e concelebrada pelos confrades Frei Almir Ribeiro Guimarães, Frei Jorge Paulo Schiavini, Frei Ludovico Garmus e Frei José Clemente Schafaschek. Em sua homilia, Frei Ariovaldo agradeceu o chamado a seguir Jesus pelo modo de vida de São Francisco de Assis e disse não ter o que lamentar pelo tempo vivido em fraternidade nesses 50 anos de vida religiosa. Antes da preparação das ofertas e de joelhos, Frei José Ariovaldo renovou, simbolicamente, uma vez que é professo solene, os votos de pobreza, obediência e castidade na Ordem dos Frades Menores. Frei José Ariovaldo é frade franciscano (OFM); doutor em Liturgia pelo Pontifício Ateneo S. Anselmo (1981), em Roma; professor titular do Instituto Teológico Franciscano (ITF) de Petrópolis (RJ); membro da equipe de reflexão da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB; membro do Centro de Liturgia “Dom Clemente Isnard”, ligado ao Instituto Pio XI (UNISAL – São Paulo); foi membro da Comissão para Acabamento da Basílica de Aparecida; assessor de Liturgia, conferencista, escritor. Entre suas publicações estão: “O Domingo - Páscoa semanal dos cristãos”, “Os elementos fundamen-

tais do espaço litúrgico para a celebração da Missa”; “Jesus, o divino solidário com os pobres”. Segundo Frei José, mergulhar no mistério da liturgia é um desafio constante: “É preciso aprofundar progressivamente a vida de comunhão com o Pai, por Cristo, no Espírito Santo. Afinal, esta é a base de

nossa fé, de nossa liturgia, de nossa ação como cristãos. Onde falta esta base, será muito difícil conseguir uma liturgia orante”, ensina o frade. Após a Santa Missa, houve partilha de um bolo no Salão São Francisco.

Pascom Sagrado MARÇO de 2019 – comunicações

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FRATERnIDADES

Frei Rodrigo e Frei Walter concluem Pós em Espiritualidade Franciscana

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ESTEF – Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana, sediada em Porto Alegre, RS, onde estudam teologia os frades capuchinhos e menores da Província São Francisco, oferece a cada dois anos um curso de Pós-Graduação em Espiritualidade Franciscana voltado a frades, religiosas e leigos simpatizantes do carisma. Em 2017, Frei Walter de Carvalho Junior e eu, Frei Rodrigo da Silva Santos, apresentamos nossa disposição à realização deste curso, pedido que foi acolhido pelo Conselho da Formação e Estudos e o Definitório Provincial. No dia 25 de janeiro, nós celebramos, com outros 23 estudantes, a formatura desta etapa de nossa formação permanente. As disciplinas versavam sobre uma ampla gama de temáticas franciscanas, desde o aprofundamento do conhecimento dos Escritos de São Francisco e as hagiografias franciscanas dos primeiros séculos, passando por Santa Clara e seus escritos, a história da Ordem Seráfica, a presença e atuação evangelizadora dos franciscanos junto à Igreja no Brasil, características específicas da teologia e filosofia franciscanas, assim como o enfoque em

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áreas específicas como a pedagogia, a missiologia, espiritualidade e liturgia. Enfim, o curso permitiu a nós estudantes uma visão panorâmica geral da cosmovisão franciscana, enquanto nos oferecia indicações para posteriores aprofundamentos através de leituras sugeridas pelos professores. Como parte integrante dos estudos, cada aluno era acompanhado para a produção de um artigo na área de estudo de seu interesse. Frei Walter escreveu o artigo “A vocação única (laical) do Frade Menor”, no qual defende a ideia de que há um desvio de compreensão da vocação franciscana quando considerada como possibilidade de dois caminhos: o laical e o clerical. Segundo ele, há uma única vocação do frade menor, e esta é laical, ou seja, tem sua origem no batismo e não em um estatuto clerical. O frade menor que se faz ordenar presbítero assume uma segunda vocação na Igreja, a sacerdotal, sob o status clerical. Trata-se de vocações distintas e não interdependentes ou complementares. Eu escrevi o artigo: “O Testamento de São Francisco e seu significado para a Ordem Seráfica de 1226 e 1231”, no qual busquei apresentar as características da Ordem Franciscana na últi-

ma década que ainda tinha Francisco como seu fundador vivo e o papel que o Testamento, ditado por ele, ocupou na caminhada da Ordem junto à Igreja até o pedido de interpretação papal do texto. Cada um dos estudantes teve a oportunidade de apresentar o objeto de seus estudos aos demais colegas e responder às dúvidas que foram suscitadas por sua colocação. Partilhando a experiência e oportunidade de empreender estes estudos, o curso foi uma grata possibilidade de retomada das leituras e escuta daquilo que é próprio de nossa espiritualidade, com a condução de professores que dedicaram muito de seu tempo e paixão na área em que lecionam suas disciplinas. O fato dos módulos situarem-se em meses mais tranquilos de nossas atividades (meses de janeiro e julho) permitia-nos organizar junto às nossas fraternidades a participação sem o comprometimento de nossa missão. A convivência e familiaridade que fomos criando no decorrer destas etapas, numa turma formada por 25 estudantes, dentre eles frades menores, capuchinhos, conventuais, irmãs de diferentes congregações e leigos ligados à missão dos franciscanos, todos provenientes das várias regiões do país, permitia o contato com uma diversidade de visões de mundo e de experiências evangelizadoras variadas, enquanto, ao mesmo tempo, todos se sentiam pertencentes a um mesmo grande e rico universo franciscano. Sem dúvida, esta foi uma experiência válida e fazemos a indicação para que outros confrades se disponham para cursar a nova edição deste curso que iniciará no próximo mês de julho.

Frei Rodrigo da Silva Santos


FRATERnIDADES

Tragédia no CT do Flamengo

Nota de solidariedade A Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, presente na cidade do Rio de Janeiro, no Convento Santo Antônio (Largo da Carioca), na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem (Rocinha) e na filial da Editora Vozes, vem prestar máxima solidariedade aos familiares e amigos das vítimas do incêndio ocorrido na manhã desta sexta-feira, 08 de fevereiro de 2019, no Centro de Treinamento do Clube de Regatas do Flamengo, em sua maioria adolescentes que buscavam realizar seus sonhos mais nobres pela via da prática es-

portiva. Em oração, pedimos ao Deus da vida que console o coração de todos que estamos abatidos por esta tragédia.

São Paulo, 08 de fevereiro de 2019.

Frei César Külkamp, OFM Ministro Provincial

ORAÇÃO DO CARNAVAL Os rodopios lépidos e os malabarismos dos Passistas; A abertura graciosa da Comissão de Frente; A leveza sorridente da moça Porta-Bandeira; Os caprichos cavalheirescos do Mestre-Sala; O ritmo leve e compassado das Alas da Escola; O pam-pam sonoro e retumbante da Bateria; O sss-sss estimulante das Sapatilhas no asfalto; A beleza majestosa dos Carros Alegóricos; A batida funda e inconfundível do Surdo;

A beleza estonteante da Rainha da Bateria; A voz sobranceira do Puxador do Samba-Enredo; Os gira-gira graciosos das Baianas gordas e felizes; Os momentos de glória da Escola na avenida; Que meu desfile tenha um pouco disso tudo, meu Senhor, no carnaval embandeirado da minha vida. Frei Neylor J. Tonin, um carnavalesco encantado, mas sem ginga MARÇO de 2019 – comunicações

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A Pastoral da Saúde na Paróquia São Francisco FRATERIDADES

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FRATERnIDADES

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Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, tem uma particularidade que a difere da grande maioria: está rodeada por grandes hospitais, como o Servidor, o São Paulo (Universidade Federal de Medicina), a AACD, o Graac, o Hospital do Rim, o Dante Pazzanese, o Paulista, o Amparo Maternal, etc. Tanto que é muito comum ver na igreja visitantes que são enfermos, familiares ou acompanhantes. Também têm uma participação efetiva nas missas diárias na comunidade os médicos, enfermeiros, estudantes de Medicina e muitos colaboradores dos hospitais. Esses fiéis também lotam a igreja durante a Missa mensal de Unção dos Doentes, com a entrega das pílulas de Frei Galvão. Em nenhuma outra Paróquia, a Pastoral da Saúde se faz tão necessária e urgente. Segundo o pároco Frei Valdecir Schwambach, é a vocação primeira da Paróquia. “São Francisco, inspirado em Jesus Cristo, tinha um amor incondicional por toda a criação, e o ser humano é a primeira criatura que deve ser cuidada, pois o ser humano é o único de quem se diz que foi ‘criado à imagem e semelhança de Deus’ Gn 1,26). O humano deve ser cuidado para saber cuidar das demais criaturas”, explica Frei Valdecir, que, com Frei Carlos Lúcio Corrêa, dão assistência espiritual. Esta ação, segundo Frei Valdecir, se dá de modo especial na presença junto aos hospitais, por meio dos freis da Paróquia, mas também, de um modo muito especial, por diversos leigos dedicados a este ser-

viço. “Os agentes da Pastoral devem sempre passar por uma formação e depois podem integrar a Pastoral. Além dos hospitais, de modo especial, o Hospital São Paulo, visitam-se os enfermos em suas casas, levando o sacramento da comunhão, em alguns casos a confissão. Destaco aqui o que julgamos muito importante: tudo isso simboliza a presença da comunidade de fé junto a essas pessoas. A solidão do enfermo pode, muitas vezes, ser mais cruel que a própria enfermidade propria-

mente dita. A Pastoral da Saúde é a presença carinhosa da comunidade de fé”, explica o pároco, informando que a Paróquia está criando equipes missionárias para que possam visitar mais as casas dos paroquianos, e assim, chegar a mais enfermos, idosos, pessoas que muitas vezes fazem a difícil experiência da solidão. “Essas equipes serão, sem dúvida, um reforço para a Pastoral da Saúde”, acredita. Segundo a coordenadora da Pastoral, Sandra Maria Esteves, atualmente fazem parte dessa Pastoral treze agentes. “Éramos mais, contudo alguns idosos estão aos poucos se afastando por motivo de saúde. Em cada Missa participam em torno de dez agentes e mais o sacerdote”, ex-

plica. Cuidado e atenção não faltam aos integrantes da Pastoral que, aos domingos, estão na capela do Hospital São Paulo. Antes da Missa, o grupo visita os enfermos e aqueles que querem participar são conduzidos pelos agentes até à capela do hospital. “O papel fundamental da Pastoral da Saúde de nossa Paróquia é a presença solidária junto aos leitos dos enfermos, seja nos hospitais ou nas casas das pessoas. É uma presença sacramental, que cura, fortalece e alegra não somente o enfermo, mas apresenta a fé e a esperança para os familiares do enfermo. É uma pastoral da caridade, pois visitar um enfermo, alguém que não pode lhe retribuir, é um grande sinal de fé e de amor. O Cristo sofre em cada pessoa que sofre: “Estava enfermo e fostes me visitar (Mt 25,36)”, resume o pároco. Frei Carlos, com sua alegria e espontaneidade, está sempre presente com os agentes da Pastoral nos hospitais. Para ele, o momento da enfermidade é algo muito delicado ao enfermo e à sua família. “Todos sofrem. A família toda deve se ajudar. O ser humano sempre teve dificuldade de lidar com a enfermidade e, principalmente, a morte. A morte é realidade que vem para todos. A missão da Pastoral Hospitalar é tentar dar a quem sofre uma pontinha de esperança e de fé. Ficamos sem palavras quando um enfermo falece. É nesses momentos que sentimos toda a experiência da vida que está em cada um de nós. A limitação humana da morte sempre será algo misterioso, por mais que façamos belos discursos sobre ela. Nossa evangelização deve sempre MARÇO de 2019 – comunicações

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FRATERnIDADES

partir do Evangelho, do Deus que nos cura de todo o mal; e de Francisco de Assis, que chamava a morte de ‘nossa irmã’ e abraçava o leproso que sofria. A Pastoral da Saúde é fortificada por essas luzes em sua evangelização”, explica Frei Carlinhos, como é conhecido. Frei Carlos lembra que a presença dos franciscanos na Vila Clementino começou desde o início do Hospital São Paulo, quando os frades vinham do Largo São Francisco para atender a capelania do Hospital. “Muitos paroquianos que participam diariamente de nossa Paróquia estão nesse grande campo do trabalho hospitalar. Todo o trabalho hospitalar aqui se torna algo precioso e ajuda a Igreja a ser ‘em saída’. Sentimo-nos gratos e felizes quando os enfermos e familiares se sentem agradecidos com todo o trabalho realizado”, observa o frade. Além do Hospital São Paulo, os frades também fazem visitas ao Hospital do Rim e ao Hospital GRAAC. O Hospital Amparo Maternal, com a presença das Irmãs de Santa Catarina, recebe a presença do frei para a celebração da Missa, além das crianças cadeirantes da AACD, do Lar São Francisco, que são acompanhadas com o sacramento do Batismo e da Eucaristia. Outras atividades da Pastoral são o terço da Divina Misericórdia, às 15 horas, toda as sextas-feiras, no Hospital São Paulo. “Nem sempre tem uma pessoa para acompanhar e rezar o terço”, observa Sandra. Às quartas-feiras, o terço é puxado pelo Dr. Cícero e, às sextas, pela ministra extraordinária da Eucaristia, Helena.

hospital graac

COMO SER AGENTE PASTORAL

Não basta ter boa vontade para fazer parte da Pastoral da Saúde, mas é necessário ter formação. “Em primeiro lugar, deve ser uma pessoa católica, que se preocupe em fazer o bem a outras pessoas, pelo simples prazer de se doar ao próximo”, lembra a coordenadora Sandra. A Arquidiocese de São Paulo, através das regiões diocesanas, oferece cursos de preparação para agentes pastorais da Saúde. “É necessário ter disponibilidade e tempo, bom equilíbrio emocional para poder lidar com o doente sem se envolver demais com a doença, isto é, sem adoecer também. O nosso caso específico consiste em visitar as enfermarias e UTIs para identificar e convidar aqueles pacientes que estão em condições de sair de seus leitos e participar da Santa Missa, que é celebrada todo domingo no Hospital São Paulo. O agente, então, entra em contato com o Posto de

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hospital são paulo

hospital do rim


FRATERnIDADES

Sandra Maria Esteves, coordenadora da Pastoral da Saúde

Enfermagem daquela unidade e se informa com os responsáveis por aquele doente para saber se ele pode sair de seu leito para ir até a capela. Em caso afirmativo, o agente conduz até o elevador e daí para a capela. No final da Missa, o agente ajudará o paciente a retornar para o seu leito. Para os pacientes que não podem sair de seus leitos, é oferecida a comunhão, levada pelos ministros extraordinários da Sagrada Escritura e a Unção dos Enfermos, ministrada pelo sacerdote”, explica Sandra, enfatizando: “É necessário, como já disse, que estejamos bem emocionalmente. Devemos evitar o doente quando se está triste ou chateado. Às vezes, se acontecer de virem as lágrimas, tudo bem. Elas não são sinal de fraqueza, mas uma expressão biológica da sensibilidade humana”, explica Sandra, que é dentista e mãe de dois filhos. Segundo ela, o agente deve conversar em voz baixa assuntos relacionados ao doente. “Em tudo devemos ter discrição e bom senso, transmitindo alegria e confiança. Devemos ter sensibilidade em perceber quando o doente está cansado e necessitado de repouso. Devemos ser breves sem ser afobados e apressados. Melhor mesmo é deixar o doente falar. Só ouvir”, ensina Sandra, que passou a frequentar esta Pastoral através de um convite feito em uma celebração na Paróquia São Francisco de Sales, para o Curso que seria ministrado na Faculdade São Camilo, pelos padres camilianos. “Ao final do curso, recebemos certificados e estávamos aptos para levar comunhão para doentes. A partir daí, me indicaram a Pastoral da Saúde da Paróquia São Francisco de Assis, cujo o trabalho é realizado aos domingos de manhã. Aceitei o convite porque senti necessidade de fazer alguma coisa para o próximo e não ficar só na fé sem obras. Senti MARÇO de 2019 – comunicações

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FRATERIDADES

que ajudando os doentes estava ajudando a mim mesma”, conta Sandra, que passava por momentos difíceis na família e viu esse trabalho como uma forma de superação. “Já são 17 anos de participação nas atividades da Pastoral, sendo que nos últimos 5 anos estive atuando como coordenadora, juntamente com a antiga coordenação, os membros mais experientes, e com duas auxiliares:

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a Rita Sameitat e a Anna Machico Mori, sempre seguindo as diretrizes da Paróquia São Francisco de Assis”. No âmbito da Igreja, há um despertar de iniciativas e trabalhos organizados para promover a humanização dos serviços de saúde, das estruturas e das instituições hospitalares e educativas, fomentando a formação, a capacitação e a atualização dos profissionais da saúde

em nível humano, ético e bioético. “Sentimo-nos gratos e felizes quando os enfermos e familiares se sentem agradecidos com todo o trabalho realizado”, conclui Frei Carlos. Quem quiser doar um pouco do seu tempo neste trabalho evangelizador, pode procurar a Secretaria Paroquial: (11) 5576-7970.

Moacir Beggo


FRATERnIDADES

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FRATERnIDADES

“A Igreja de Nossa Senhora do Rosário da Prainha do Espírito Santo”

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história da igreja mais antiga do Brasil, ainda em atividade, que representa um marco na colonização do solo espírito-santense, a igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Prainha em Vila Velha, foi retratada em um livro lançado no dia 27 de dezembro de 2018, dentro da própria igreja. Com o título de “A Igreja de Nossa do Rosário da Prainha do Espírito Santo”, o livro, dividido em três capítulos, conta a história de Nossa Senhora do Rosário, como se deu o processo de restauração e revitalização da igreja em 2016 e outros fatos marcantes. Foi escrito pelo jornalista, professor e membro da Escola Lacaniana de Psicanálise de Vitória, José Antonio Martinuzzo. Possui fotografias de Rosane Zanotti e o projeto gráfico foi assinado pela dupla Allan Ost e Zota Coelho. O livro foi um sonho concretizado do governador Paulo Hartung, incentivador da obra, último ato de seu governo, antes de passar a faixa para o atual governador, Renato Casagrande. O dia do lançamento do livro foi muito triste e dolorido para o povo capixaba, pois na mesma hora se estava sepultando na Serra o ex-governador do Estado Gerson Camata, assassinado covardemente no dia anterior, nas ruas de Vitória. O Espírito Santo estava de luto, o governador havia cancelado toda a sua agenda, permanecendo apenas com o lançamento do livro. Um pouco depois das 18h se deu início ao evento, pois se aguardava o governador que vinha do sepultamento. Precisou tomar helicóptero, pois a Terceira Ponte estava parada, em função do horário. A igreja da Prainha estava lotada, sobretudo de personalidades políticas, amantes da cultura e da história. Havia cerca de 300 pessoas na ocasião. O

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receptivo foi feito pela Orquestra Sinfônica do Espírito Santo. Em seguida o pároco, Frei Djalmo Fuck deu as boas vinda a todos e lembrou que “a ocasião sinaliza a preocupação que temos com a conservação de nossa memória histórica, através do lançamento de um livro. A identidade de um povo está na sua cultura, na conservação e preservação de sua história e de seus monumentos. Portanto, conhecer e valorizar a nossa cultura são autoafirmações do que somos, do cuidado com nosso futuro. A Igreja do Rosário da Prainha nos remete à pequenez e simplicidade, onde nossa história começou, pequena e simples, mas grandiosa ao longo dos séculos. Cuidar desta igreja, escrever sobre ela, é ocupar-se e cultivar nossa alma, enaltecer nossa essência”. O autor do livro, fez uma breve apresentação de seu trabalho e o go-

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vernador Paulo Hartung falou da alegria de lançar este livro e do significado simbólico que a igreja do Rosário representa para a história do povo capixaba. Em nome da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, Frei Florival e Frei Leandro abençoaram e entregaram um terço ao governador, confeccionado por uma artesã da Prainha.


evangelização

Curso de Verão reflete sobre acolhimento e migrantes

C

om o tema: “Por uma cidade acolhedora: somos todos migrantes”, o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP) promoveu de 9 a 17 de janeiro a 32ª edição do Curso de Verão. Ao todo, 300 pessoas participaram da atividade. Para 8 participantes, vindos de paróquias da Província, a escolha do tema foi profética, justamente no ano em que o Governo brasileiro decidiu sair do Pacto Global para Migração da Organização das Nações Unidas (ONU). Para os cursistas, a participação foi fundamental para entender melhor o tema e exercitar uma consciência crítica a respeito das posturas pessoais e comunitárias com os migrantes. Vindos da Paróquia Bom Jesus dos Perdões, em Curitiba (PR); Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha (RJ); São João Batista, em São João do Meriti (RJ); São Francisco e Santa Clara, em Duque de Caxias (RJ); os cursistas ficaram hospedados na Paróquia Santo Antônio do Pari, em São Paulo, de onde iam todos os dias para o Teatro Tuca, localizado no bairro de Perdizes. Para eles, este trajeto também foi uma forma de pensar na mobilidade urbana, um dos temas trabalhados no Curso de Verão. “Foi um curso desgastante porque saíamos daqui muito cedo, voltávamos muito tarde. Imagina como é a rotina do trabalhador de todos os dias, que passa pelo mesmo processo de trabalhar no centro ou numa zona mais nobre, que faz esse trajeto todos os dias? Aí tem a questão financeira, o cansaço mental, físico”, afirmou Tiago Antônio Badaró, de Duque de Caxias. Um dos aspectos destacados pelos

cursistas foi o formato do Curso de Verão e a diversidade de participantes. “Pude conviver com pessoas sem religião, da umbanda, da igreja metodista, católicos. Foi uma troca muito boa e o diálogo foi muito bem trabalhado. Isso me marcou muito, como conseguir dialogar com o outro, que é diferente da gente, sem nenhum tipo de ofensa”, assinalou Geicy Kelly Pires Barboza, de Duque de Caxias. Além de diversos aspectos relacionados à questão da migração, os assessores e monitores trabalharam a questão da desigualdade territorial, social e mobilidade urbana e também sobre a Campanha da Fraternidade 2019: Fraternidade e Políticas Públicas. Para Manuel Gomes, do Rio de Janeiro, o tema das políticas públicas despertou seu interesse. “Pretendo agora conhecer melhor sobre as Políticas Públicas e como abordar isso entre os jovens, através de rodas de conversas e participação nos fóruns territoriais”, assegurou. Para Márcia, que coordena o serviço Chá Fraterno, na Paróquia Bom Jesus dos Perdões, o curso é uma oportunidade de levar formação aos 2500 participantes que são assistidos pelo projeto. “É preciso instrumentalizar as pessoas ao nosso redor, o público que a gente atende. Não adianta ficar na teoria. Se um destes acolhidos sair de lá sabendo o que são Políticas Sociais e como isso vai ajudar na mudança de sua vida, já vai ter valido a pena”, pondera.

Mudança de olhar para a realidade da migração

Para os participantes, um dos aspectos principais abordados no curso é ter um novo olhar para a questão da migração. Através das assessorias, das tendas e da convivência, eles puderam repensar e ter um novo olhar para os migrantes e para esta realidade global. “Foi bom para desmistificar o olhar de preconceito contra o migrante. A mídia constrói uma imagem negativa, de que eles irão roubar nossos empregos, ocupar nossos espaços. É preciso começar a refletir sobre aquilo que nos é falado”, ponderou Flávia. Segundo os dados apresentados, hoje no Brasil 80 mil migrantes estão esperando a documentação para regularizar a situação no país. Para os cursistas, a saída do Pacto da Migração pode trazer graves consequências. “A saída traz não só um problema para os migrantes, mas para os próprios brasileiros. Outros países podem fechar as fronteiras para nós, mesmo que seja para o turismo”, explica Luiz Henrique”.

Érika Augusto MARÇO de 2019 – comunicações

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eVANGELIZAÇÃO

série especial

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Campanha da Fraternidade 2019

elo 56º ano consecutivo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove a Campanha da Fraternidade (CF). A cada ano é apresentada uma realidade de fragilidade e de carência em nosso país e, neste ano especificamente, a reflexão se concentrará no tema Políticas Públicas e Fraternidade. Com a Campanha da Fraternidade, a Igreja do Brasil propõe que a Quaresma não fique apenas num bom desejo e em exortações teóricas, mas ajude nesse tempo de conversão a despertar uma cultura de fraternidade, a reforçar os princípios de justiça e a denunciar ameaças e violações da dignidade e dos direitos. A Província Franciscana da Imaculada Conceição, através da Frente de Evangelização da Comunicação, entende que este momento é uma oportunidade especial para as pessoas discutirem e participarem das políticas públicas vi-

sando à construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Para isso, produziu uma série de entrevistas, abordando diversos aspectos das políticas públicas e suas áreas de atuação, para fortalecer essa temática. Na abertura desta série, ninguém melhor do que o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, para falar do tema e do lema da CF, respectivamente: “Fraternidade e políticas públicas” e “Serás libertado

ONDE ESTÁ O TEU IRMÃO? Onde está o teu irmão? Onde é que ele foi parar? Mas é Caim que não responde E de inveja o quis matar

É a criança que sofre violência É o idoso que procura mais vida É o jovem que não tem trabalho E o que morre por bala perdida

Onde está o teu irmão? Onde está o nosso irmão? Quantos são os que hoje sofrem E os que não têm proteção

Mas o Cristo Jesus nos ensina Ajudar o caído, sem vez “Vá, você, e faça o mesmo” Como o bom samaritano assim fez

Onde está o teu irmão? É o pobre caído na estrada É aquele sem lar pra morar E a mulher marginalizada

Onde está o nosso irmão? Pode estar bem do nosso lado Que aprendamos na santa Quaresma Com o irmão o carinho e o cuidado!

Frei Carlos Nunes Corrêa Inspirado no tema campanha da Fraternidade - 2019

pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27). Como destaca Dom Leonardo na apresentação do texto-base da CF, “política pública não é somente a ação do governo, mas também a relação entre as instituições e os diversos atores, sejam individuais ou coletivos, envolvidos na solução de determinados problemas”. Ao trazer à luz este tema, a Igreja do Brasil pretende conscientizar os cristãos da importância do envolvimento nas questões políticas e sociais, acompanhando o que já é realizado e cobrando novas ações para todos os cidadãos, sobretudo os que mais necessitam da atenção do Estado. “A Campanha da Fraternidade 2019 é um convite para uma maior participação das pessoas na elaboração e na implementação de Políticas Públicas, projetando, assim, o presente e o futuro do Brasil, amparado no direito e na justiça, livre das desigualdades que atingem os mais pobres. A participação nas Políticas Públicas na ótica da misericórdia torna-se caminho inspirador para a vida não só dos cristãos, mas de todas as pessoas de boa vontade”, aponta o texto -base da CF, nº 263. A série de entrevistas - Dom Leonardo Ulrich Steiner, Robert Soares do Nascimento, Felix Fernando Siriani, Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior, Frei Vitorio Mazzuco, Dom Guilherme Werlang, Fernando Pigatto, Ricardo Bedendo, Rosangela Pezoti, Frei David Raimundo Santos, Egon Heck, Pe. Christian de Paul de Barchifontaine e Adriano de Araújo - está sendo publicada no site da Província e está disponível em áudio, no formato podcast, através da plataforma Soundcloud. As entrevistas poderão ser acessadas na Rede Católica de Rádio (RCR) em todo o país.

Frei Gustavo Medella e Érika Augusto


evangelização

ENTREVISTA

Dom Leonardo Ulrich Steiner

“Sejamos ativos na construção de Políticas Públicas!”

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Tempo da Quaresma não é um tempo intimista, mas um tempo de transformação”, afirma o secretário-geral da CNBB, o franciscano Dom Leonardo Ulrich Steiner. Com a Campanha da Fraternidade (CF), a Igreja do Brasil propõe que a Quaresma não seja apenas um tempo de recolhimento, de orações intimistas e práticas penitenciais, mas um tempo de reflexão, a fim de despertar uma cultura de fraternidade e solidariedade. Mais do que olhar para a relação “eu e Deus”, a CF quer despertar os cristãos para a relação “eu e o outro”. O tema escolhido para a CF deste ano é “Fraternidade e Políticas Públicas”. Para o bispo, a escolha do tema, feita há dois anos, foi providencial, pois acontece num momen-

to histórico em que o país debate uma série de mudanças e reformas, como a reforma da Previdência e a reforma trabalhista, que fragilizam direitos, sobretudo dos mais pobres. O franciscano destaca que a democracia exige a participação de todos, através do exercício da cidadania e da busca do bem comum, com atenção especial aos mais necessitados. O ponto de partida é sempre o exemplo de Jesus Cristo, segundo o bispo. Para abrir a Série Especial de Entrevistas sobre a Campanha da Fraternidade, apresentamos a entrevista concedida por Dom Leonardo Ulrich Steiner a Frei Gustavo Medella. Dom Leonardo nasceu 6 de novembro de 1950 em Forquilhinha (SC). Ingressou na Ordem dos Frades Menores MARÇO de 2019 – comunicações

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eVANGELIZAÇÃO

no dia 20 de janeiro de 1972, admitido ao Noviciado desta Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Em 21 de janeiro de 1978 foi ordenado sacerdote pelas mãos do Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, seu primo. Em 2 de fevereiro de 2005 foi nomeado bispo da Pre-

Comunicações – Qual a importância da Campanha da Fraternidade para a Igreja do Brasil? Dom Leonardo – Depois do Concílio Vaticano II, surgiu a CF no Brasil. Ela nasceu a partir do exemplo da Conferência Episcopal da Alemanha, que, sempre na época da Quaresma e do Natal, faz a sua campanha e uma coleta. Em 1961, por iniciativa do Arcebispo de Natal, foi feita uma proposta semelhante aos fiéis da Arquidiocese. Não havia ainda a preocupação de se trabalhar um tema específico. Essa iniciativa tornou-se itinerante em muitas dioceses. Depois, em 1963, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) assumiu a proposta em âmbito nacional, inserindo um tema a ser refletido nas comunidades e famílias. Paralelamente também se faz a coleta, que nós chamamos de Coleta da Solidariedade. A CF já tem a sua história no Brasil, mas creio que o ponto que deveríamos acentuar é o modo que o nosso episcopado encontrou para evangelizar. Ao propormos uma realidade a ser refletida, estamos evangelizando. A partir da ótica de Jesus, buscamos compreender uma realidade e buscar soluções para transformá-la. Como seguidores de Jesus, precisamos buscar formas de transformar a realidade. Comunicações – Qual foi a motivação

para a escolha deste tema? Dom Leonardo – O Conselho Episcopal de Pastoral (CONSEP) recebe sugestões de temas. O tema é escolhido dois anos antes da CF. Por ocasião da escolha do tema, recebemos mais de 80 sugestões. O que levou os bispos do CONSEP a escolherem esta realidade foi a necessidade de sermos uma presença

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lazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, sendo ordenado em 16 de abril por Dom Paulo Evaristo Arns. Em 10 de maio de 2011 foi eleito Secretário-Geral da CNBB e, em 21 de setembro do mesmo ano, foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília.

de Igreja mais ativa nas questões sociais. Qual é a nossa presença ao discutirmos as questões da saúde, por exemplo? Ou quando queremos discutir educação, participação nos diversos conselhos, nos municípios, nas comunidades, onde os católicos e cristãos vivem? Olhando para esta realidade e a necessidade de uma participação maior dos cristãos e dos bispos, escolhemos as Políticas Públicas como o tema a ser refletido. Aconteceu num período histórico muito importante, até parece uma escolha profética, quando percebemos tantas mudanças e reformas no Brasil. Penso que a CF ajudará os nossos fiéis a perceberem a importância da participação de todos na discussão, elaboração e execução das Políticas Públicas.

Comunicações – Qual a relação entre fé e política? Dom Leonardo – Segundo os gregos, política é essencialmente o cuidado pela cidade. Continuamos nessa tradição ao perceber que política é o cuidado de um país, de um município. Não estamos falando de partidos políticos, mas da participação das pessoas na vida da comunidade. Essa participação é fundamental e necessária para que a comunidade seja sinal do Reino de Deus. É por isso que existe uma ligação entre a fé e a política. O discípulo-missionário de Jesus não desvincula sua fé das ações concretas onde vive. Quem vive a sua fé percebe que a realidade deve ser sempre transformada, para construir uma sociedade em que todas as pessoas tenham oportunidade de participação, dignidade, saúde, educação. Nesse sentido, política não está desvinculada da fé. Como lembrou o Papa Francisco, retomando um texto

comunicações – MARÇO de 2019

de São Paulo VI, a política é a ação mais nobre da caridade. A fé tem relação com a política e vice-versa. Nós, cristãos, participamos da vida da sociedade. Como diz a oração da CF, ajudamos a construir uma sociedade humana e solidária. A CF deste ano mostra justamente que existe uma relação muito íntima entre a fé e política. Quando fizemos a introdução do texto-base, recordamos que os exercícios quaresmais – jejum, oração e esmola – estão relacionados com a pessoa do outro, com a comunidade. O Tempo da Quaresma não é um tempo intimista, mas um tempo de transformação. A fé exige transformação na sociedade em que vivemos.

Comunicações – Qual a importância da democracia e da participação ativa das pessoas neste processo de elaboração das Políticas Públicas? Dom Leonardo – Recordo o objetivo geral da CF: “Estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade”. Democracia é participação, não é ditadura. Democracia pede de todos nós uma participação, não apenas através do voto. O Congresso Nacional, o Executivo, Legislativo e Judiciário, o nosso voto, são sinais da democracia. Mas tudo isso só funciona se realmente houver a participação de todos os cidadãos, isto é, também pede de nós, cristãos, uma participação muito ativa, onde haja inclusive fiscalização do Executivo, Legislativo e Judiciário. Quando falamos de Políticas Públicas e democracia, estamos indicando a necessidade de participarmos da vida concreta da comunidade. Quais são as dificul-


evangelização

dades maiores que encontramos? Como vamos superá-las? O que vamos propor? Uma vez aprovado como lei, como acompanhar e fiscalizar? Democracia está relacionada com participação, tem a ver com a minha participação, com a participação dos cristãos na discussão, na proposição, elaboração, aprovação e fiscalização das Políticas Públicas. Mas isso tudo baseado naquilo que o texto -base vai chamar de direito e justiça, lembrando o texto de Isaías (1, 27), direito é a lei, a norma, mas a justiça é o que fundamenta o direito. A justiça é mais do que a norma, ela possibilita manter a lei e fazer que ela seja equânime e justa, a partir das relações que se estabelecem. Portanto, democracia está relacionada com a justiça.

Comunicações – De que maneira

Jesus Cristo é inspiração para sermos agentes do cuidado, da atenção e do amor ao próximo? Dom Leonardo – Políticas Públicas têm a ver com o cuidado, atenção com o próximo. Jesus foi, por excelência, aquele que cuidou das pessoas, que as integrou. Quantas doenças – do corpo e da alma – Jesus curou? Ele cuidou, consolou a viúva, abriu os olhos, deu fala, limpou os leprosos. Mas Ele também alimentou, não deixou as pessoas passarem fome. Jesus é aquele que vai ao encontro, como Deus continuamente vem ao nosso encontro. Quando falamos de Políticas Públicas, como cristãos e católicos, não estamos partindo de qualquer lugar. Estamos partindo da pessoa de Jesus e do anúncio do Reino de Deus que Ele veio implantar com a sua vida, morte e ressurreição. Nosso ponto de partida, nosso fundamento na CF deste ano é justamente esse, Políticas Públicas para que haja mais fraternidade. Não somos seguidores de Jesus? Não somos os aprendizes, discípulos de Jesus? Vamos fazer como Jesus: cuidar das pessoas. Que ninguém passe fome, que ninguém precise morrer inutilmen-

te, morrer porque está desassistido na questão da saúde. As Políticas Públicas são este nosso cuidado. É importante nos engajarmos nas Políticas Públicas, mas inspirados em Jesus que cuida, alimenta, cura. Assim nós, também, através das Políticas Públicas, ajudaremos tantas pessoas. Nós também curaremos, saberemos sair ao encontro das pessoas. Não fecharemos nossos olhos para as realidades. Jesus foi um homem de olhos muito abertos, ele viu o sofrimento da mãe viúva, da multidão faminta, viu e ouviu as pessoas gritando para serem atendidas. Que nós, como cristãos, também possamos fazer com que o Reino de Deus e a fraternidade sejam visibilizados através da nossa ação. Fé, política e especialmente a Campanha da Fraternidade estão relacionados com a pessoa de Jesus. É Ele quem revela a misericórdia do Pai. Diz o texto-base da CF, que Políticas Públicas têm a ver com a misericórdia, porque elas sâo cuidado, consolo, sair ao encontro dos irmãos.

Comunicações – De que maneira o cristão pode colocar a mão na massa, entrar em ação para dar sua resposta positiva a essa provocação da CF? Dom Leonardo – Diria que primeiro é necessário sermos cristãos católicos que participam da vida social, que não se omitem. Participar significa fazer-se presente nos diversos conselhos da comunidade, ser ativo nas discussões quanto às Políticas Públicas. Queremos assumir a responsabilidade, queremos ser como Jesus. Mas também queremos, com a CF, despertar para a solidariedade. Sermos pessoas solidárias, nos educarmos e educar nossos filhos para a solidariedade. Solidariedade significa diálogo, partilha, cuidado, termos sempre diante dos nossos olhos a esperança, incluirmos todos, não deixarmos ninguém de lado. Sermos pessoas que buscam a cooperação de todas as pessoas e vão ao encontro delas. As Políticas Públicas têm a ver com a questão da honestidade, ética, supera-

ção da corrupção. Gostaria de lembrar o bem comum e diversos elementos que podemos apontar, como por exemplo, a cidadania. É importante não deixarmos de exercer nossa cidadania. Quanto ao bem comum, cuidarmos do que é comum, seja na nossa comunidade eclesial, seja na comunidade onde vivemos, na nossa família. É bom recordar o Dia Mundial do Pobre, instituído pelo Papa Francisco. Ele está relacionado com as Políticas Públicas, o cuidado para com os irmãos e irmãs mais necessitados. Também os povos indígenas, quilombolas, povos originários. Quantas pessoas passam necessidade! Hoje, no Brasil, temos novamente pessoas passando fome e um elevado número de pobres. As Políticas Públicas pedem de nós um cuidado especial para com os pobres. Nós temos, no Domingo de Ramos, a Coleta da Solidariedade. Essa coleta é um gesto da nossa conversão, significa nossa participação na transformação da sociedade. O Fundo Nacional de Solidariedade da CNBB recebe 40% deste dinheiro da coleta. As pessoas, os grupos, podem acessar esse Fundo Nacional da Solidariedade através de projetos que ajudam na transformação social. Os outros 60% ficam nas dioceses, para ajudar, acompanhar os irmãos localmente. Um gesto muito concreto das Políticas Públicas é a coleta, mas especialmente a Coleta da Solidariedade. Quando contribuímos, mostramos que estamos dispostos a seguir Jesus, a seguir o caminho da Cruz e a nos deixarmos tomar pela beleza da transformação, da ressurreição de Jesus. Que Deus nos dê essa graça e que sejamos todos cristãos católicos, pessoas de boa vontade, ativos na construção de Políticas Públicas, mas também fiscais das Políticas Públicas. No Tempo da Quaresma, não nos esqueçamos de aprofundar nossa vida de oração. Só assim compreenderemos a importância das Políticas Públicas para a construção de uma verdadeira fraternidade.

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eVANGELIZAÇÃO

Frente da Comunicação

O papel do comunicador diante das Políticas Públicas

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ão Paulo (SP) - Retomando o Programa de Formação Permanente, a Frente da Comunicação da Província Franciscana da Imaculada Conceição realizou na quarta-feira (13) o primeiro encontro do ano, via videoconferência, reunindo os colaboradores da Rede Celinauta, de Pato Branco (PR); Fundação Frei Rogério, de Curitibanos (SC); Grupo Educacional Bom Jesus, de Curitiba (PR); Universidade São Francisco, de Bragança Paulista (SP); Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), de São Paulo (SP); Editora Vozes e os frades estudantes do tempo da Teologia, de Petrópolis (RJ) e Sede Provincial, em São Paulo (SP). Neste ano, a CF apresenta o tema “Fraternidade e Políticas Públicas” e quer estimular a participação dos cristãos nas Políticas Públicas, tendo sempre no horizonte a Palavra de Deus e a Doutrina Social da Igreja. Para aprofundar este tema, os colaboradores contaram com a assessoria de Frei

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Gustavo Medella, Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização da Província. Segundo Frei Medella, muitas vezes, as pessoas não procuram saber como as Políticas Públicas funcionam, ocasionando uma visão distorcida sobre os direitos dos cidadãos. “Nós sabemos que, de fato, falta ao cidadão esta noção. Muitas vezes, todo direito é quase que encarado como um favor. Por exemplo, por que um paciente com uma doença grave tem o seu medicamento de alto custo oferecido gratuitamente? Primeiro que não é gratuito, é um direito, uma política que se construiu. Assim como a gratuidade para quem tem mais de 60 anos, os projetos de acessibilidade, o Bolsa-família, uma infinidade de serviços que foram sendo implantados e fazem parte das Políticas Públicas, com uma incidência central na vida das pessoas. Nem sempre, contudo, os cidadãos têm esta consciência”, alertou. Com a ausência da participação

popular, as Políticas Públicas tendem a refletir, como aponta o texto-base da CF, a força dos agentes de mercado, de um agente ou grupo político ou as burocracias estatais. “Quanto mais temos participação popular, menos manipulação, haverá menos sujeição a interesses particulares de grupos que, geralmente, mantêm a força pelo poder econômico e acabam sujeitando a população e as pessoas. Creio que os exemplos trágicos e tristes de Mariana e, mais recentemente de Brumadinho, revelam esta tensão entre o que é o interesse público, o bem-estar das pessoas e de uma região, a preservação do meio -ambiente e os interesses privados de uma empresa que atua a partir da ótica do mercado. A elaboração das Políticas Públicas visa equilibrar este jogo de forças”, acentuou o Vigário Provincial.

Papel do comunicador nas Políticas Públicas

Após a assessoria de Frei Gustavo, Frei Neuri Francisco Reinisch, diretor


evangelização

da Rede Celinauta de Comunicação e atual coordenador da Frente de Evangelização da Comunicação, convidou os participantes a partilharem observações sobre o tema apresentado e os trabalhos realizados em cada instituição na ótica da CF. O jornalista Betto Rossatti, da TV Sudoeste, em Pato Branco, alertou para a necessidade de conscientizar os cidadãos a respeito de seu papel nas Políticas Públicas, atuando como agentes do direito. Para ele, o lema da CF deste ano, “Serás libertado pelo direito e pela justiça”, assume um caráter muito concreto na relação entre jornalistas e fontes. “Quando lançamos esta frase ao vento, parece um pouco abstrata, mas ela está presente, ligada à história das pessoas. Quando elas assumem uma face e se materializam através de direitos não observados pelas pessoas, percebemos a importância da CF deste ano”, relatou. O profissional contou que, na manhã deste mesmo dia, uma pessoa procurou a redação da emissora para pedir ajuda, pois precisava urgentemente ser atendida numa unidade de saúde, pois corria o risco de perder a visão e não conseguiu atendimento médico. “Somos o elo entre as pessoas que têm a expectativa de direito e as pessoas que possuem o poder para conceder aquele direito. Temos um papel de conscientização, de cobrança, de aplicação deste direito e justiça na prática, no mundo das pessoas que convivem conosco, que ouvem os nossos meios. Nós, enquanto veículos de comunicação inseridos neste contexto, temos que fazer valer tudo isso”, afirmou. Para ele, este tipo de denúncia não pode ser feita de forma sensacionalista, fazendo um linchamento virtual das autoridades responsáveis. “Isto não resolve nada, apenas diz aquilo que o povo quer ou-

vir, mas não cumpre a função social da comunicação”, frisou Rossatti. O jornalista Juliano Franco Zemuner, do Grupo Educacional Bom Jesus, alertou que é necessário que os cidadãos tomem consciência de seus direitos e os agentes da comunicação são fundamentais neste processo. “O acesso à informação é a base para que as pessoas se empoderem de seus direitos, saibam que os serviços oferecidos pelo Estado são direitos adquiridos. Nossa função é levar esta informação de maneira didática e ampla”, acrescentou. Na Universidade São Francisco, o trabalho de fomento das Políticas Públicas é feito através do atendimento da população nos municípios em que

a Universidade está presente. “Anualmente, atendemos mais de 200 mil pessoas dentro de programas sociais, de serviços na área da saúde, defensoria pública, entre outros”, afirmou Ana Paula Moreira. Frei Neuri alertou que a política deve visar ao bem-comum e que a missão dos meios de comunicação deve ser a de facilitar este diálogo entre sociedade e Estado. “Temos que ter cuidado para não jogar a sociedade contra o Poder Público instituído. A política é sempre a promoção do bem comum. Nossa missão, enquanto formadores de opinião, é encorajar as pessoas para participar dos Con-

selhos paritários. Não podemos ficar distantes dos Conselhos Municipais, que são grandes canais que reivindicam e acompanham o processo de promoção do ser humano dentro do meio social e de situações específicas e setoriais. Dentro daquilo que já fazemos, devemos ser os grandes promotores disso”, aconselhou o coordenador da Frente.

Iniciativas para divulgação da CF

Em seguida foram partilhadas iniciativas realizadas em cada local para divulgar e trabalhar a CF. Para a Editora Vozes, o fomento ao tema das Políticas Públicas está presente desde a escolha do editorial, através de autores que incentivem a consciência social e crítica, “sobretudo neste momento histórico, em que se fala tanto em retirada de direitos e conquistas que a sociedade civil e o Estado tiveram nos últimos anos”, apontou Teobaldo Heidemann, coordenador nacional de Vendas da Editora. Frei Gustavo Medella falou sobre a série de entrevistas sobre a CF, que está sendo produzida pela Frente da Comunicação. As entrevistas em áudio serão disponibilizadas em formato podcast no Soundcloud e na Rede Católica de Rádio (RCR). O material também estará disponível no site da Província Franciscana. Nesta semana, foi lançada a primeira entrevista, com Dom Leonardo Ulrich Steiner, Secretário-Geral da CNBB. O próximo encontro de Formação Permanente da Frente da Comunicação acontecerá no dia 14 de março e trabalhará o tema dos discursos de ódio e ataques nas redes sociais, tema sugerido por Frei Edrian Pasini, da Editora Vozes.

Erika Augusto MARÇO de 2019 – comunicações

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eVANGELIZAÇÃO

Oitocentos anos depois,um novo abraço e um compromisso com a paz

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itocentos anos depois do encontro entre Francisco de Assis e o sultão al-Malik al-Kamil, o Papa que leva o nome do santo de Assis apresenta-se aos “irmãos muçulmanos” como um “cristão sedento de paz”. E, juntamente com o Grande Imame de Al-Azhar, assina uma Declaração destinada a marcar não só a história das relações entre o Cristianismo e o Islã, mas também a própria história do mundo islâmico. O Papa Francisco, inventor da expressão “guerra mundial em pedaços”, com esta viagem e este gesto se insere no caminho

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traçado pelos seus antecessores, dando um passo a mais. Também São João Paulo II, a partir do encontro de Assis em 1986 - quando sobre o mundo pairava a ameaça nuclear que, infelizmente, se pressente hoje - envolveu líderes religiosos para reafirmar que as diferentes religiões devem promover a paz, a coexistência, a fraternidade. Depois de 11 de setembro de 2001, quando o fundamentalismo terrorista voltou à cena internacional de forma violenta, São João Paulo fez todos os esforços para extirpar justificações religiosas ao abuso do nome de Deus para

justificar a violência, o terrorismo e a morte de homens, mulheres e crianças inocentes. Bento XVI também percorreu o mesmo caminho ao longo de todo o seu pontificado. Em setembro de 2006, Papa Ratzinger disse aos líderes dos países muçulmanos: “É necessário que, fiéis aos ensinamentos das suas próprias tradições religiosas, cristãos e muçulmanos aprendam a trabalhar juntos, como já se verifica em diversas experiências comuns, para evitar qualquer forma de intolerância e se opor a todas as manifestações de violência”.


evangelização

Neste dia 4 de fevereiro, o Papa Francisco assinou um documento no qual não só se rejeita firmemente qualquer justificação para a violência cometida em nome de Deus, mas são feitas declarações importantes e vinculativas sobre o Islã e certas interpretações do mesmo. As palavras relativas ao respeito pelos fiéis de diferentes religiões, à condenação de toda e qualquer discriminação, à necessidade de proteger todos os locais de culto e ao direito à liberdade religiosa, bem como ao reconhecimento dos direitos das mulheres, constituem um empenho. O “Documento sobre a fraternidade humana pela paz mundial e a convivência comum” (VEJA A ÍNTEGRA NA PÁG. 161 ), assinado na tarde deste dia (04/02) em Abu Dhabi pelo Papa Francisco e o Grão Imame de Al-Azhar Ahmad Al-Tayyib, não é apenas um passo fundamental nas relações entre o cristianismo e o islã, mas representa também uma mensagem com um forte impacto no

cenário internacional. No prefácio, depois de ter afirmado que “a fé leva o crente a ver no outro um irmão a ser ajudado e amado», fala-se deste texto como «um documento elaborado com sinceridade e seriedade”, que convida «todas as pessoas que carregam no coração a fé em Deus e a fé na fraternidade humana a se unirem e a trabalharem juntos». O documento se abre com uma série de invocações: o Papa e o Grão Imame falam “em nome de Deus que criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade”, “em nome da inocente alma humana que Deus proibiu de matar”, “em nome dos pobres”, dos “órfãos e das viúvas, dos refugiados e dos exilados, de todas as vítimas das guerras” e “das perseguições”. Al-Azhar em conjunto com a Igreja Católica «declaram que adotam a cultura do diálogo como caminho; a colaboração comum como conduta; o conhecimento recíproco como método e critério».

Com o documento, «pedimos a nós mesmos e aos líderes do mundo, aos artífices da política internacional e da economia mundial, para que se empenhem seriamente em difundir a cultura da tolerância, da convivência e da paz, para que intervenham, o quanto antes, para deter o derramamento de sangue inocente e acabar com as guerras, os conflitos, a degradação ambiental e o declínio cultural e moral que vive o mundo de hoje». Os dois líderes religiosos pedem aos homens de religião e de cultura, além dos meios de comunicação, para redescobrirem e difundirem «os valores da paz, da justiça, do bem, da beleza, da fraternidade humana e da convivência comum». E afirmam que creem «firmemente que entre as causas mais importantes da crise do mundo moderno há uma consciência humana anestesiada e o afastamento dos valores religiosos assim como o predomínio do individualismo e das filosofias materialistas».

MISSA NO ESTÁDIO ABU DHABI O Papa Francisco celebrou uma missa ao ar livre diante de milhares de fiéis em um estádio de Abu Dhabi na terça-feira (5), no último dia

de sua visita histórica aos Emirados Árabes Unidos. Essa é a primeira vez que um pontífice visita a Península Arábica. De acordo com a agência

France Presse, quase 170 mil pessoas se reuniram no estádio Zayed Sports City, onde o papa chegou a bordo em um carro conversível.

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eVANGELIZAÇÃO

Na segunda-feira (4), o Papa Francisco participou de um encontro internacional inter-religioso e defendeu que justificar “o ódio e a violência” em nome de Deus é “uma grave profanação”. Ele também teve um encontro com o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed al-Nahyan, homem forte do reino, que se orgulha da “coexistência pacífica” entre as religiões em seu país.

Primeira viagem à Península Arábica

O papa chegou no domingo (3) a Abu Dhabi. No início da visita, o papa participou de uma cerimônia militar: caças sobrevoaram o gigantesco palácio presidencial, liberando uma fumaça amarela e branca, cores da bandeira do Vaticano. Na segunda-feira, o pontífice se reuniu com o grande imã sunita de Al-Azhar, o xeque Ahmed al-Tayeb, que preside o “Conselho Muçulmano dos Anciãos”, fundação que promove a paz. Após o encontro, o Papa afirmou em discurso que “não há violência que possa ser religiosamente justificada”. Os países localizados na Península Arábica, como os Emirados Árabes Unidos, têm o islamismo como religião oficial. Depois de declarar 2019 “Ano da Tolerância”, o Papa escolheu o país como destino, porque o governo se orgulha de ter uma população de mais de 85% de expatriados de todas as nacionalidades e religiões. Cerca de um milhão de católicos vivem nos Emirados Árabes Unidos, o que equivale a cerca de 10% de sua população. Praticamente todos os católicos do país são trabalhadores estrangeiros em sua maioria imigrantes asiáticos vindos das Filipinas e da Índia,

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“Muitas vezes pensei em São Francisco” Em seu quinto encontro do ano com os fiéis na Audiência Geral, na quarta-feira (06/02), o Papa recebeu 7 mil pessoas na Sala Paulo VI e com elas, compartilhou os momentos principais da viagem que acabou de realizar aos Emirados Árabes Unidos. Uma visita breve, mas muito importante que, em continuidade com o encontro de 2017 em Al-Azhar, no Egito, “escreveu uma nova página na história do diálogo entre cristianismo e islamismo e no compromisso de promover a paz no mundo a partir da fraternidade humana”. Foi a primeira vez que um Papa foi à Península Arábica e aconteceu justamente 800 anos depois da visita de São Francisco de Assis ao Sultão al-Malik al-Kamil. “Muitas vezes pensei em São Francisco durante esta viagem: ele ajudou-me a conservar no coração o Evangelho, o amor de Jesus Cristo, enquanto eu vivia os vários momentos da visita; no meu coração estava o Evangelho de Cristo, a oração ao Pai por todos os seus filhos, especialmente pelos mais pobres, pelas vítimas da injustiça, da guerra, da miséria…; a oração para que o diálogo entre Cristianismo e Islamismo seja um fator decisivo para a paz no mundo de hoje”. segundo descrição da Santa Sé. A presença de locais de culto cristãos frequentados por estrangeiros no país é tolerada, na condição que estes sejam discretos e evitem o proselitismo. As celebrações públicas, porém, são proibidas.

Iêmen

No entanto, o país é criticado por ONGs por sua intervenção militar no Iêmen desde 2015, ao lado da Arábia Saudita, para conter os rebeldes huthis.

Antes de chegar em Abu Dhabi, o Papa pediu aos países que atuam no conflito no Iêmen que “promovam de maneira urgente o respeito aos acordos estabelecidos”. O país enfrenta a pior crise humanitária do planeta da atualidade. As Nações Unidas estão tentando implementar um cessar-fogo no porto de Hodeidah, o principal do Iêmen, que é essencial para a entrega de ajuda internacional. A trégua pode abrir caminho para negociações de paz.


evangelização

JMJ

“Jovens, vocês são o ‘agora’ de Deus!” Até Lisboa!

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a mesma esplanada que acolheu 600 mil jovens para a festa da Vigília na noite anterior, o Papa celebrou na manhã do domingo (27/01) a missa campal de envio da edição panamenha da Jornada Mundial da Juventude (23 a 27 de janeiro). Chegando em papamóvel ao Metro Park, Francisco foi recebido pelo Arcebispo de Panamá, Dom José Domingo Ulloa Mendieta, e com ele a bordo, prosseguiu entre os fiéis até a Sacristia do Campo São João Paulo II. Telões foram instalados em pontos estratégicos do campo para uma melhor visibilidade das 600 mil pessoas presentes. Na área destinada às autoridades, estavam os presidentes de 5 países latino-americanos: Costa Rica, Colômbia, Guatemala, El Salvador e Honduras, além do português Marcelo Rebelo de Souza.

Jesus e o ceticismo da comunidade

Em sua homilia, o Papa refletiu sobre ‘o agora de Deus’, tema apresentado no Evangelho de Lucas: era o início da missão pública de Jesus e na sinagoga, circundado por conhecidos e vizinhos, Ele pronuncia publicamente as palavras “Cumpriu-se hoje”, que significavam a presença de Deus, o tempo de Deus que torna justos e oportunos todos os espaços e situações. Em Jesus, começa e faz-se vida o futuro prometido. Francisco alertou os jovens para o risco de pensar que a vida seja uma promessa que vale só para o futuro, que nada tem a ver com o presente. Como se ser jovem fosse sinônimo de uma ‘sala de espera’ para o futuro,

considerando que o seu ‘agora’ ainda não chegou; que são jovens demais para se envolverem no sonho e na construção do amanhã. O último pedido a todos foi para que regressem às suas paróquias e comunidades, famílias e amigos e transmitam esta experiência, para que outros possam vibrar “com a sua força e o seu sonho”. O Presidente do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Cardeal Kevin Farrell, anunciou a próxima cidade que irá receber a Jornada Mundial da Juventude ao final da missa conclusiva do evento do Panamá no domingo (27/01), no Campo São João Paulo II. A cidade de Lisboa, em Portugal, vai sediar a JMJ de 2022.

VIA-SACRA

Na Via-Sacra com os jovens, o Papa disse: “Jesus continua caminhando, carregando e padecendo em todos esses rostos, enquanto o mundo, indiferente, consuma o drama da sua própria frivolidade”, destacou o Papa. Um dos grandes momentos foi a visita do Papa ao Centro de Reabilitação de Menores “As Garças” na manhã do dia 25/01 em Pacora, região metropolitana da Cidade do Panamá. O Pontífice motivou a não terem medo da transformação e da conversão e dos olhares da “murmuração e bisbilhotice”: os rótulos produzem divisão: “Aqui os bons, ali os maus; aqui os justos, ali os pecadores”. Coragem foi a palavra final do Papa durante a Vigília: “Não tenham medo de dizer ao Senhor que vocês também querem fazer parte da sua história de amor no mundo”. Na chegada, disse: “Os jovens são uma espécie de termômetro para saber a que ponto estamos como comunidade e como sociedade”. MARÇO de 2019 – comunicações

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Nasce o Conselho de Juventude da Província

m 2019, atendendo a uma demanda dos próprios frades, nasce o Conselho Provincial da Juventude. Ao todo, 23 pessoas, entre religiosas e leigos, compõem o seleto grupo, vindos do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Outra característica é que nele estão representadas as cinco Frentes de Evangelização da Província: Solidariedade, Comunicação, Missões, Educação e Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento. Segundo Frei Diego Melo, coordenador do SAV, o Conselho será um braço direito no planejamento do processo formativo da juventude da Província. “A missão deles é pensar, articular, amadurecer, avaliar e apontar caminhos e direções para as atividades com a juventude”, esclarece. Para o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, a formação deste

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Conselho da Juventude é um grande passo, que vai ao encontro do que é proposto pelo Plano de Evangelização da Província. “Uma das dimensões da nossa evangelização, e que está em destaque no Plano de Evangelização da Província, é que ela seja partilhada com os leigos e leigas. No campo da juventude, é importante que os jovens sejam os protagonistas deste trabalho”, pontua Frei César. Para ele, outro fator de destaque na criação e articulação do Conselho é a garantia de um trabalho continuado, que caminha independentemente de quem esteja à frente do Serviço de Animação Vocacional. Segundo o Ministro Provincial, os jovens podem trazer um novo espírito para os trabalhos em todas as Frentes de Evangelização, além de apontar novos caminhos a serem trilhados. “Os jovens têm muito dinamismo, são mais ousados. É um espírito próprio

da juventude. Acredito que eles podem contribuir dando mais vida, renovando tudo aquilo que se faz, também no sentido de abrir caminhos. Hoje temos cinco Frentes de Evangelização. Quem sabe a juventude possa nos apontar sinais do nosso tempo que precisem mais da nossa presença, ou então um modo próprio de estar em cada uma das Frentes já abraçadas pela nossa Província”, afirma.

Histórico

Desde 2011, os frades têm acompanhado de perto a juventude presente nos cinco estados atendidos pela Província. Naquele ano, o Secretariado Provincial para a Evangelização promoveu um encontro no Seminário de Agudos (SP), que reuniu quase 80 jovens, vindos de todas as Frentes de Evangelização. Este encontro foi o ponto de partida para ouvir os apelos


evangelização

da juventude. Em 2014, foi realizada a primeira edição da Caminhada Franciscana, atividade que movimentou os jovens e os aproximou, sobretudo, dos frades e do carisma franciscano. Oito anos depois daquele encontro, muitas coisas aconteceram. Um número impressionante de jovens responde positivamente a cada encontro promovido pelo Serviço de Animação Vocacional (SAV). São as Caminhadas, Missões, Encontros formativos e acampamentos, além das atividades vocacionais, dirigidas especificamente aos jovens com o desejo de discernir sua vocação junto à Ordem dos Frades Menores. Tanta demanda fez com que fosse criado o Conselho Provincial da Juventude. O Conselho da Juventude esteve reunido nos dias 16 e 17 de fevereiro, no Convento e Santuário São Francisco, no centro de São Paulo. Na ocasião, eles deram seus primeiros passos enquanto grupo constituído, conheceram um pouco mais da organização da Província e dos diversos trabalhos das Frentes de Evangelização. Para Mariana Cassiano, de Nilópolis (RJ), foi um momento importante para ter um panorama da Província. “Temos vários trabalhos sendo feitos, provincial e

regionalmente, que não conhecemos. Acho que a questão de conseguir dialogar com várias frentes de juventude é o que torna esse Conselho importante. Conseguimos ouvir experiências diferentes, de lugares diferentes, que às vezes podem dar certo em nosso regional ou não, mas acho que essa troca é muito importante”, assegura a jovem. No domingo de manhã, o grupo celebrou a Eucaristia com a comunidade local. A Missa foi presidida por Frei César.

Formação é uma das prioridades

Para Frei Diego Melo, uma necessidade latente da juventude presente nos locais onde a Província atua é a formação. “Hoje em dia há muita desinformação, falta de clareza e dificuldade de entender a própria história, a fé, a Igreja, a realidade. Vemos que eles têm dificuldade em fazer uma leitura amadurecida e evangélica disso tudo”, aponta o frade. Segundo ele, as atividades promovidas pelo SAV podem aju-

dar os jovens a encontrarem um caminho desafiante, que responda a seus questionamentos. “Nós, franciscanos, podemos apresentar uma proposta de vida que seja de fato audaciosa, desafiadora e, ao mesmo tempo, que esteja ao alcance deles, mas que os puxe sempre mais para cima. Como o Papa Francisco pede, precisamos evitar a mediocridade”, alerta Frei Diego.

O carisma franciscano é essencialmente jovem

Conforme apontou o Ministro Provincial, uma característica marcante dos jovens é a ousadia. Esta também foi uma característica do jovem Francisco de Assis. Talvez por isso, o carisma franciscano continue atraindo centenas de jovens em todo o mundo, no Brasil e na Província da Imaculada. Segundo Frei César, é preciso resgatar este ideal franciscano. “Francisco e seus seguidores viveram com aquela rebeldia, com esse espírito arrojado da juventude. Este é um ideal essencialmente jovem. Mesmo que a gente envelheça em idade, neste ideal nunca podemos perder este espírito jovem, renovado. Por isso ele continua também atraente”, assinala Frei César. Para ele, outro fator que continua em alta entre os jovens é o seguimento de Jesus Cristo. Os jovens hoje, como Francisco naquela época, anseiam pelo seguimento a Cristo. “O Evangelho continua muito atual no nosso tempo. O Evangelho é a nossa forma de vida, é a nossa regra. São Francisco não quis inventar nada para além do Evangelho. Ele encarna o Evangelho no seu tempo, por isso também ele continua atraindo, porque nos desafia a encarnar o Evangelho também no nosso tempo”, convida o Ministro Provincial.

Érika Augusto MARÇO de 2019 – comunicações

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Pastoral do Bom Jesus participa do Congresso Catequistas Brasil

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rei Mário José Knapik e mais onze catequistas do Grupo Educacional Bom Jesus iniciaram suas atividades pastorais na catequese, participando da primeira edição do Congresso Catequistas Brasil em Aparecida, São Paulo. O evento ocorreu dos dias 08 a 10 de fevereiro de 2019 e reuniu cerca de dois mil catequistas de todas as regiões do Brasil no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida. Pautado no tema “O Senhor me chamou, aqui estou, sou mensageiro do amor”, o Congresso ofereceu, durante três dias, uma vasta e intensa programação voltada à formação, informação e entretenimento dos participantes. O Catequistas Brasil teve por objetivo incentivar os catequistas

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para a ação evangelizadora com inspiração, motivação e perseverança no seguimento de Jesus, além de oportunizar uma formação catequética com inspiração catecumenal, orientar para uma ação catequética mistagógica e missionária e favorecer a interatividade. Foram mais de 40 palestras e 27 oficinas que garantiram a formação dos congressistas. Bispos, padres e leigos contribuíram com conteúdo e partilharam suas experiências pastorais. Diversas editoras católicas do Brasil, dentre elas, a Editora Vozes, contribuíram com o evento apresentando seus principais autores especialistas em Catequese, e marcaram presença com seus estandes de livros. A palestra inicial foi ministrada

por Padre Zezinho, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, com o tema “Catequese dos Sinais”. O sacerdote falou da importância dos sinais para a evangelização católica: os sinais da Igreja servem para iluminar a Palavra e propagá-la, sendo que um dos sinais mais importantes do cristão é a Bíblia e, a exemplo de Maria, a primeira catequista, devemos ouvir os sinais de Deus em nosso tempo, meditá-los e praticá-los com palavras e ações concretas. No segundo dia, Padre Joãozinho, da Congregação do Sagrado Coração de Jesus, garantiu uma palestra repleta de animação e bom conteúdo aos catequistas. Sua pregação sobre o tema “Os sete passos da Catequese de Jesus” foi um misto de música e tecno-


evangelização

logia. A abordagem foi muito importante para o caminhar do catequista referente às novas possibilidades de propagar a catequese midiática. Muitas vezes, com a facilidade do acesso às novas tecnologias, a evangelização pode ser propagada de maneira mais ampla, além de fornecer inúmeras ferramentas que servem para auxiliar o catequista em sua missão. O Congresso contou com evangelizadores de referência na formação da catequese no Brasil. A presença de Assessores da CNBB para a Pastoral Bíblico-catequética foi muito importante: Padre Paulo Gil, coordenador da animação bíblico-catequética da Regional Sul I da CNBB e Padre Antônio Marcos Depizzoli, assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a animação bíblico-catequética estiveram presentes no dia 09 de fevereiro e palestraram sobre a importância da catequese em família. Padre Paulo Gil discorreu sobre o tema “Catequese e Família de mãos

dadas na educação da fé”. Segundo ele, a fé é dom de Deus recebido no batismo e não o resultado de uma ação humana; mas os pais são instrumentos de Deus para a sua maturação e desenvolvimento. A transmissão da fé pressupõe que os pais vivam a experiência real de confiar em Deus, de O procurar, de precisar d’Ele. Antônio Marcos Depizzoli também refletiu sobre a catequese em família: o futuro do Cristianismo, mais do que nunca, depende da experiência educativa das famílias e da sua capacidade de criar espaços de convivência e de vida em comunidade, onde a fé é uma experiência vivida e partilhada, e não apenas uma doutrina a ser ensinada e aprendida. No terceiro dia, estiveram presentes Frei Carlos Mesters, da Ordem Carmelita, e Dom José Antônio Peruzzo, arcebispo metropolitano de Curitiba e presidente da comissão bíblico-catequética da CNBB. Frei Carlos desenvolveu uma reflexão

sobre o tema “Maria, Catequista de Jesus, Jesus; Catequista do povo”, enfatizando que é preciso aprender com Maria a ouvir, meditar e viver a Palavra de Deus em nossa missão evangelizadora. O encerramento do Congresso contou com a Missa de Envio presidida por Dom Peruzzo que abençoou a cruz do catequista e agradeceu, em nome do episcopado brasileiro, os esforços de todos os envolvidos na organização deste primeiro Congresso Catequistas Brasil. Em suma, foram vividos momentos fortes e intensos de aprendizagem, troca de experiências e, principalmente, de fortalecimento do trabalho de animação bíblico-catequética. Foi um evento que, pela riqueza das palestras e temas abordados, buscou formar e evangelizar cada catequista. Além disso, o ambiente do Santuário Nacional de Aparecida foi um convite à constante oração e reflexão, reconhecendo Maria como modelo de catequista. Todo esse aprendizado, segundo Frei Mário e catequistas do Grupo Bom Jesus, será transmitido aos demais catequistas do Grupo por meio de encontros formativos ao longo deste ano.

Frei Mário José Knapik e Equipe Pastoral do Bom Jesus

MARÇO de 2019 – comunicações

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eVANGELIZAÇÃO

“Servir com amor” é meta para ano letivo no Colégio Bom Jesus

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Tema permeou os encontros pedagógicos com todos os professores da Instituição em fevereiro

ais de dois m i l pro fessores do Colégio Bom Jesus participaram de encontros de capacitação durante o mês de fevereiro. Os tradicionais encontros pedagógicos para o início de ano letivo foram realizados por regiões, sendo sediados nas Unidades Bom Jesus Centro, em Curitiba (PR), Bom Jesus São José, em Petrópolis (RJ), Bom Jesus Santo Antônio, em Blumenau (SC), Bom Jesus São José, em São Bernardo do Campo (SP), e Bom Jesus Sévigné, em Porto Alegre (RS). De acordo com o presidente do Grupo Educacional Bom Jesus, Frei João Mannes, uma das principais missões dos professores é formar cidadãos dignos e justos. “Precisamos servir com amor e alegria, refletir sobre o modo franciscano de educar. Segundo São Francisco de Assis, trabalhar é uma graça de Deus e precisamos nos colocar inteiramente naquilo que fazemos, pois trabalhar significa servir”, afirma. Para que os professores tenham todas as condições necessárias para praticar sua missão educacional com qualidade, o Bom Jesus faz investimentos constantes em infraestrutura e em ferramentas educacionais, mas sem esquecer de capacitar seus profissionais. “Precisamos focar na formação dos professores, pois não adianta ter uma excelente infraes-

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comunicações – MARÇO de 2019

trutura se não tivermos profissionais capacitados, acolhedores, inovadores e receptivos às mudanças provocadas pela constante modernização da educação”, avalia o diretor-geral do Grupo Educacional Bom Jesus, Jorge Apóstolos Siarcos.

Formação humana

Para que o professor tenha condições de efetivar a formação humana, ele também precisa se capacitar. Por isso, o Projeto Bom Jesus Social apresentou neste início de ano letivo novas fundamentações teóricas e também novos encaminhamentos a serem contemplados pelos gestores de cada Unidade, tanto no planejamento como no desenvolvi-

mento de um cronograma de ações socioeducativas ao longo do ano letivo. “Essas fundamentações e encaminhamentos realçam a importância de se educar as atuais gerações escolares para o humanismo solidário, o cuidado espiritual de si e do meio ambiente, a defesa e a promoção dos direitos humanos, a igualdade étnico-racial, a valorização da diversidade, a produção artística, o patrimônio cultural, a inclusão, a melhoria das condições de vida da população e a minimização das desigualdades socioeconômicas, entre outros aspectos”, explica o coordenador do Projeto Bom Jesus Social, Frei Claudino Gilz. Para o gerente pedagógico do Bom Jesus, Marcelo Bianchini Favaro, embora os alunos do Colégio tenham obtido muitas aprovações em importantes instituições de ensino superior nacionais e internacionais, “outro fator importante é a experiência sociocultural adquirida durante todos os anos de formação, como participações em ações do Bom Jesus Social, em eventos franciscanos, que certamente contribuirão para que esses jovens iniciem uma nova etapa na vida universitária como seres humanos cada vez melhores”.

Juliano Zemuner


evangelização

Alunos bolsistas do Colégio SESC São José ingressam na faculdade Projeto social do Grupo Educacional Bom Jesus e do Sesc-PR oferece ensino gratuito e de qualidade para alunos de baixa renda

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á 10 anos, um projeto social em Curitiba (PR) permite o acesso de milhares de alunos de baixa renda a uma educação de qualidade e cria chances reais de ingresso no ensino superior. Sediado em Curitiba (PR), o Colégio SESC São José oferece o Ensino Médio à comunidade por meio de uma parceria entre o Grupo Educacional Bom Jesus e o Serviço Social do Comércio do Paraná (Sesc-PR). Em 2018, 231 estudantes concluíram o Ensino Médio e conquistaram mais de 400 aprovações em diversos vestibulares, atingindo aproximadamente 84% de índice de aprovação. Os alunos do SESC São José têm acesso, de maneira gratuita, a professores e materiais didáticos do Colégio Bom Jesus. Com uma preparação forte, os estudantes de baixa renda da rede pública de Curitiba e Região Metropolitana aproveitam a chance, muitas vezes única, de participar dos processos seletivos mais concorridos com tranquilidade e segurança. Apenas na última temporada de vestibulares, foram

cinco primeiros lugares em cursos. No último mês de dezembro, os alunos do Terceirão participaram da cerimônia de encerramento do Ensino Médio, realizada na Ópera de Arame, importante ponto turístico da capital paranaense. “Foi um momento de muita alegria e emoção presenciar os nossos jovens realizando um sonho diante de suas famílias, que tanto batalharam lado a lado dos seus

filhos”, diz a gestora do Colégio, Marlene Kochinski. Como continuidade do projeto social, a FAE Centro Universitário, também pertencente ao Grupo Educacional Bom Jesus, ofertou cerca de 30 bolsas de estudo aos alunos do Sesc São José para ingressarem nos cursos de graduação da Instituição.

Juliano Zemuner

MARÇO de 2019 – comunicações

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eVANGELIZAÇÃO

FAE Centro Universitário investe na inovação e na formação humana Temas pautaram o Encontro Docente de abertura do ano letivo de 2019

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ntre os dias 4 e 9 de fevereiro, aconteceu o Encontro Docente com os professores de graduação e pós-graduação da FAE, em Curitiba. Com o tema “Experiências e práticas acadêmicas”, a semana foi voltada às diretrizes das atividades de 2019, com oficinas, palestras, apresentação cultural e reuniões, além do foco na importância da capacitação e da inovação dos docentes. As boas-vindas foram dadas pelo presidente do Grupo Educacional Bom Jesus, Frei João Mannes, que dividiu suas falas em dois subtemas: o programa Servir com amor e alegria e o Encontro de São Francisco com o sultão Malik Al-Kamil. No primeiro subtema, o presidente enfatizou que o programa voltado aos funcionários traz o trabalho institucional franciscano, sendo esse uma graça de Deus. “O serviço é um dom de Deus. Associamos a liderança ao exemplo de Jesus. Tem mais autoridade aquele que serve. Trabalhar é liderar, servir é viver. Está aí o propósito da FAE: servir com amor e alegria”, explicou o

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comunicações – MARÇO de 2019

presidente, que enfatizou a capacitação dos docentes em meio à inovação. “Acreditamos que na FAE temos essa missão no mundo: de educar com qualidade para formar grandes pessoas. Tudo isso alinhado aos nossos valores franciscanos e tendo a inovação como princípio”. Frei João ainda fez referência a uma passagem de 800 anos atrás, em que São Francisco de Assis foi ao Egito encontrar o sultão Malik Al-Kamil para um diálogo de paz com a comunidade muçulmana. “Precisamos fazer o diálogo entre outras crenças religiosas. Por isso, agradecemos a todos que se colocam nessa missão do ensino de referência, do diálogo e da solidariedade”, enfatizou o presidente, que concluiu sua fala com o seguinte pensamento: “Quem não vive para servir não serve para viver”. Em seguida, foi a vez do reitor da FAE, Jorge Apóstolos Siarcos, dar boas-vindas aos docentes e falar das novidades da Instituição. “Este ano temos: o FAELAB, prédio dedicado aos laboratórios de todas as áreas de nos-

sos cursos; a FAE Araucária, que traz mais um campus com cursos autorizados pelo MEC; o Teatro Bom Jesus, que vem repaginado com o novo logotipo e a reforma do espaço; o novo logo da FAE, mais moderno; bem como algumas mudanças na estrutura organizacional”, contou o reitor. Jorge abordou ainda as melhorias que a Instituição busca constantemente. “Por que mudar? Inovar é preciso, não só em infraestrutura, projetos, mas também em termos profissionais. Precisamos nos atualizar o tempo todo. O mundo mudou, os alunos mudaram, o prédio mudou, mas nós temos que acreditar na nossa mudança: precisamos nos capacitar cada vez mais. Afinal, somos excelência em educação e tudo isso depende da qualidade da formação de nossos professores, algo de que não vamos abrir mão!”, enfatizou Jorge. “E é esse o nosso diferencial: a principal força são vocês, professores, dentro das salas de aula. Vamos inovar com qualidade. Excelente 2019 e que possamos trabalhar com vontade e alegria”. A palestra ficou por conta de Fábio Reis, diretor de Inovação Acadêmica e Redes de Cooperação do Semesp, com o tema “Inovação acadêmica e o papel do professor”. De acordo com o palestrante, é preciso repensar o ambiente em que atuamos, focar no dia a dia, mas sem esquecer a estratégia de cada área. “As melhores instituições do Brasil e do mundo estão sintonizadas com o propósito da empresa. Qual é a missão da sua instituição? Ter esse olhar no perfil jovem, nas mídias digitais, nos espaços de aprendizagem. Inovação, esse novo processo sistêmico e de mu-


evangelização

dança, tem que impactar em diversas áreas”, explica o diretor. “Precisamos dialogar entre os professores para construir projetos juntos. Devemos ter um modelo educativo, empreendedorismo, proatividade, pensar em serviços com a sociedade. É o fazer bem feito, ter impacto, engajamento, aprender fazendo. E como engajar? Use as tecnologias para acompanhar essa nova vida acadêmica”. De acordo com o coordenador do FAE Social, Frei Claudino Gilz, a

orientação feita aos professores em relação às atividades do Projeto FAE Social encontra-se alinhada ao tema escolhido para o Encontro Docente. “Foi proposto o desenvolvimento de ações socioeducativas com os alunos no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão durante o ano de 2019 em prol da defesa e da promoção dos direitos humanos, da igualdade étnico -racial, da valorização da diversidade, do cuidado com o meio ambiente, da produção artística, do patrimônio

cultural, da inclusão, da melhoria das condições de vida da população e da minimização das desigualdades”. Para a professora de graduação Maria do Carmo Godoy Ehlke, estar no Encontro Docente faz ressaltar dois aspectos importantes: “O primeiro é o encontro com os professores, os colegas. É colocar aquele bate-papo em dia, uma espécie de confraternização. O segundo aspecto é tomar conhecimento das mudanças e das diretrizes do ano. Ou seja, as novidades e os procedimentos que serão implantados”. Dante Quadros, professor da pós-graduação, segue a mesma linha de raciocínio da colega Maria do Carmo. “O Encontro Docente é uma grata e relevante oportunidade para reflexões, encontro e confraternização com os colegas e, sobretudo, preparação para os novos desafios dos semestres. Certamente, os resultados são essenciais para um ótimo período letivo”.

Juliano Zemuner

FIEL ESPOSO José passou em toda a Bíblia, quem diria, Sem falar nada, mas dele se retratou: Fiel Esposo da Mãe de Jesus, Maria, Pra cumprir-se o que, um dia, o Profeta falou.

De Profissão, especialista, carpinteiro, Aproximou o Labor livre à Redenção, A sua fama hoje, um exemplar, no mundo inteiro, Criou escola de bom artista, artesão. A Devoção a São José ganhou terreno, Urbes, escolas, ruas, creches, pelo mundo, Tudo é sinal, e a presença do santo Reino... José está no meio do Mistério Divo, Jesus, Maria, José – Família Sagrada, Ponto de apoio, escudo, ideal do que eu vivo.

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MARÇO de 2019 Frei – comunicações Walter Hugo de Almeida


Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil NOTÍCIAS DA REUNIÃO DO DEFINITÓRIO PROVINCIAL São Paulo, 19 e 20 de fevereiro de 2019

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pós a Celebração Eucarística, às 8h30, na capela interna da Fraternidade Imaculada Conceição, os Definidores se reuniram na sala do Definitório, na Sede Provincial, às 9h00, para dar início à primeira sessão do triênio 2019-2021. Frei César, ministro provincial, acolhendo a todos, convidou-os para uma partilha em que cada um pudesse expressar como tem vivido a experiência de ser Definidor, do Congresso Capitular até o momento. No contexto de muitas transferências, alguns citaram que, por parte das comunidades, houve lágrimas derramadas pelos confrades que partiam, mas também sorriso estampado no rosto aos confrades que chegavam às fraternidades. E que assim, na maioria dos casos, os Definidores vivem as alegrias e dificuldades de adaptação próprias do período de transferências. Para alguns do Governo Provincial, o curto período já mostrou que não é fácil lidar com o lado mais frágil dos confrades, alguns deles com pouca consciência de pertença à Província, outros porque se encontram debilitados em termos psicológicos e espirituais. Dessa vez, Frei César pediu a Frei Gustavo que fosse o moderador das sessões do Definitório. Grande parte dos assuntos nelas tratados segue abaixo.

1) Capítulo Local e Projeto Fraterno de Vida e Missão - orientações Frei Fidêncio, moderador da Formação Permamente, enviou no dia 18 carta às fraternidades com orientações para a celebração do 1º Capítulo Local do triênio. Além da carta, os Definidores apreciaram também o livreto com o roteiro de recomposição do Projeto Fraterno de Vida e Missão, revisto a partir do Capítulo Provincial concluído em novembro passado. Embora tenha o mesmo formato do anterior, o livreto, enviado recentemente às fraternidades, convoca para um novo exercício fraterno, com uma espécie de ressonância das provocações e reflexões que foram levantadas no Capítulo, além de

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comunicações – MARÇO de 2019

recolher textos dos escritos de São Francisco, das CCGG e do próprio documento final do Conselho Plenário da Ordem de 2018. Na sua segunda parte, o livreto traz ainda sugestões de celebrações para o início dos encontros. Os Definidores ressaltaram que a fase de elaboração do Projeto é o trabalho mais fecundo em si. Mais importante do que tê-lo pronto no papel é o processo que se desencadeia com os vários encontros, bem preparados,


Definitório Provincial com clima realmente fraterno, com abertura de coração, respeito, confiança, sinceridade e disposição para rever nossa identidade de irmãos menores e para ressignificar nossa missão evangelizadora. Nos próximos dias, uma segunda carta, dessa vez com indicações para o primeiro Encontro Regional do triênio, será enviada às fraternidades.

2) Transferências

1. Frei Honorato S. Gaspar Gabriel e Frei Crisóstomo Pinto Ngala - da Fraternidade São Francisco de Assis, de Luanda, para a Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, de Petrópolis, como estudantes de Teologia. 2. Frei Rozântimo Antunes Costa – da Fraternidade Santo Antônio, de Blumenau, para a Fraternidade Bom Jesus dos Aflitos, de Sorocaba, como vigário paroquial. 3. F rei Plínio Gande da Silva – da Fraternidade do Antonianum, em Roma, para a Fraternidade Nossa Senhora Aparecida, de Nilópolis, a serviço da evangelização.

3) OFS – nomeação de assistentes espirituais 1. Balneário Camboriú: Frei Conrado Lindmeier 2. Colatina: Frei João Lopes da Silva 3. Florianópolis: Frei José Lino Lückmann 4. Guaratinguetá: Frei José Raimundo de Souza 5. Lages: Frei Dionísio R. Morás 6. Petrópolis – Sagrado: Frei Fernando de Araújo Lima 7. Rodeio – Centro: Frei Marcos Vinícius Motta Brugger 8. São Paulo – Largo S. Francisco: Frei Fidêncio Vanboemmel 9. São Paulo – Santa Clara: Frei Walter de Carvalho Júnior

4) Ano Missionário em Angola – Frei Vitor O Definitório aprovou que Frei Vítor Vinícios, professo temporário da Província Santa Cruz, com sede em Belo Horizonte, MG, faça o seu Ano Missionário junto aos confrades da FIMDA. Ele fará parte da Fraternidade São Damião, de Malange.

5) Pedidos de estudos – aprovação Após analisarem motivações pessoais e perspectivas para as Frentes de Evangelização e trabalhos internos da Província, os Definidores aprovaram que: 1. Frei Gustavo W. Medella faça o curso de pós-graduação lato sensu EaD em Comunicação Empresarial, junto ao Centro Universitário Senac, de São Paulo. Duração: pouco mais de um ano. As aulas são reali-

zadas pela internet, com um encontro presencial para avaliação no final de cada semestre. 2. Frei Valdecir Schwambach estude Direito na Universidade São Judas, em São Paulo. Duração: 5 anos. Para facilitar, uma vez que Frei Valdecir é pároco na Vila Clementino, o turno de estudos será matutino. 3. Frei Robson Luiz Scudela, vice-ecônomo provincial, faça curso intensivo de Administração junto à Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Duração: 1 semestre.

6) SAV – animadores regionais Para o serviço de animadores do SAV dos Regionais da Província, foram nomeados: 1. Agudos: Frei Ricardo Backes 2. Baixada e Serra Fluminense: Frei Gabriel Dellandrea 3. Contestado: Frei Douglas Paulo Machado 4. Curitiba: Frei Samuel Ferreira de Lima 5. Espírito Santo: Frei Nazareno J. Lüdtke 6. Leste Catarinense: Frei José Lino Lückmann 7. Pato Branco: Frei Ângelo Vanazzi 8. Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí: Frei Alisson Luís Zanetti 9. Rio de Janeiro e Baixada Fluminense: Frei Róger Brunorio 10. São Paulo: Frei Leandro Costa Santos 11. Vale do Itajaí: Frei Pedro da Silva 12. Vale do Paraíba: Frei Jeâ Paulo Andrade

7) Animadores JPIC dos Regionais – indicações Os Definidores pedem que no primeiro Encontro Regional do triênio os Regionais indiquem três nomes de confrades para o serviço de animador JPIC, para que, assim, posteriormente, um dentre os três seja nomeado. Convém relembrar a importância dessa dimensão transversal do nosso carisma. Entre outras coisas, a Laudato Si’, do Papa Francisco, vem corroborar isso.

8) Ecônomos das Fraternidades - nomeação Partindo das indicações das Fraternidades, o Definitório nomeou os seguintes confrades para o serviço de ecônomo local: 1. Balneário Camboriú: Frei Daniel Dellandrea 2. Bragança Paulista: Frei Carlos Körber 3. Curitiba: Frei Ladí Antoniazzi 4. D. de Caxias - Imbariê: Frei Jorge Luiz Maoski 5. Florianópolis: Frei Germano Guesser 6. Guaratinguetá: Frei João Francisco da Silva 7. Petrópolis - ITF: Frei Fábio Cesar Gomes MARÇO de 2019 – comunicações

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Definitório Provincial 8. Petrópolis - Sagrado: Frei Marcos Antonio de Andrade 9. Rondinha - Aldeia: Frei Mário Knapik 10. Rondinha - S.Boaventura: Frei José Antônio C. Duarte 11. Santos: Frei João Pereira Lopes 12. São Paulo - V.Clementino: Frei Raimundo O. Castro 13. São Sebastião: Frei José Martins Coelho 14. Vila Velha – Penha: Frei Pedro de O. Rodrigues 15. Vila Velha –Santuário: Frei Djalmo Fuck Obs.: Até a próxima reunião do Definitório Provincial, em maio, será preciso que todas as fraternidades indiquem nomes para a nomeação de ecônomos.

9) FIMDA – necessidade de missionários e autossustento Os Definidores refletiram sobre a necessidade de mais confrades disporem-se à missão. A FIMDA vive um florescimento vocacional considerável e bonito e, com o retorno de vários confrades ao Brasil, algumas lacunas se abriram, ficando assim o apelo a confrades que sintam o impulso de partir em missão. Os Definidores ainda, em sintonia com as preocupações do conselho da FIMDA, refletiram sobre formas de estabelecer meios mais eficazes de autossustento financeiro da Missão.

10) Revistas da Província - redação As Revistas Grande Sinal e REB ficarão aos cuidados do conselho acadêmico do ITF. Já a Vida Franciscana contará com um conselho editorial, composto por Frei Clarêncio Neotti, Frei Gustavo W. Medella e Frei Walter de Carvalho Júnior.

11) Comissão interdisciplinar para casos graves composição Os Definidores começaram a compor uma comissão interdisciplinar para acompanhar confrades em situações delicadas e graves – que envolvem processos criminais civis e canônicos - e também para propor ações e medidas de prevenção. Até o momento, ajudarão a Frei César, Frei Fidêncio e a Dra. Luana, da Se-de Provincial.

12) Campanha da Fraternidade 2019 – iniciativas Relato de Frei Gustavo: O Secretariado para a Evangelização acompanha com satisfação a movimentação de nossas Frentes em torno da CF 2019, que

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comunicações – MARÇO de 2019

tem como tema “Fraternidade e Políticas Públicas”, com o lema “Serás libertado pela justiça e pelo direito”. Na Frente da Comunicação, em parceria entre o Depar-tamento de Comunicação da Sede Provincial e nossas emissoras, está sendo disponibilizada uma série de entrevistas que têm como objetivo aprofundar o tema, em áudio e também para serem publicadas no site Franciscanos. Para uso em Pato Branco e Curitibanos, a equipe da Fundação Celinauta prepara material para rádio e TV, além de abordagem jornalística do tema. Também já houve a primeira videoconferência de formação permanente sobre este tema, com ampla participação das expressões de comunicação da Província. Na Frente da Educação, recebemos com alegria os subsídios trabalhados pela Associação de Ensino Senhor Bom Jesus, com sugestões de atividades a serem trabalhadas com alunos do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. Nas Paróquias e Santuários também se percebe uma dinâmica movimentação em torno do tema. Vale lembrar que na 2ª prioridade do nosso Plano de Evangelização, há item sobre políticas públicas.

13) 800 anos do encontro de São Francisco com o Sultão - diálogos Os Definidores pedem que as Fraternidades e Frentes de Evangelização procurem formas de celebrar os 800 anos do Encontro de São Francisco com o Sultão, na linha do diálogo. Em nível de CFFB, está prevista uma celebração inter-religiosa em São Paulo, em julho.

14) Editora Vozes – encontro com Frei Gilberto G. e Frei Volney Seguindo o desejo do atual governo provincial de convidar para conversa, em algumas sessões, frades envolvidos em serviços diversos da Província, na manhã do dia 19, às 10h30, o Definitório reuniu-se com Frei Gilberto Garcia e Frei Volney Berkenbrock. Eles expuseram como funcionam as estruturas decisórias e como vem sendo feito o planejamento estratégico da Editora Vozes. Lembraram que, no momento, a empresa comporta 4 áreas: gráfica, livrarias de varejo, distribuidora e editorial. Lamentaram o impacto que a crise financeira nacional de 2015 teve sobre a Editora, e, mais recentemente, a crise no setor de livrarias, com seu auge no pedido de recuperação judicial da rede de livrarias Cultura (10/2018) e da rede Saraiva (11/2018). As duas de-


Definitório Provincial vem para a Vozes. Quanto às mudanças no mercado, além da crise das grandes redes de livrarias, eles citaram o crescimento estrondoso de novas empresas estrangeiras que vêm açambarcando esse segmento do mercado, com inovações e eficiência bem à frente das concorrentes. Algumas destas já vendem produtos da Vozes. Internamente, graças às medidas dos últimos anos - e inclusive com a ajuda da Província, da Casa N. Sra. da Paz e da Associação Bom Jesus -, a Editora até o momento vem resistindo à crise. No segundo semestre, Frei Gilberto e Frei Volney voltam ao Definitório para nova partilha.

15) Fundação Frei Rogério (Curitibanos) – diretoria Por razões estatutárias, a diretoria da Fundação Frei Rogério foi recomposta: Diretor-presidente: Frei Roberto Carlos Nunes Vice-diretor-presidente: Frei Miguel da Cruz Diretores assistentes: Frei Marcos Vinícius Motta Brugger e Frei Alex Ciarnoscki Obs.: Frei Neuri F. Reinisch é o gestor da Fundação.

16) Frente da Solidariedade e Frente das Missões - transversalidade Relato de Frei Gustavo: Cresce a convicção de que estas duas Frentes têm a transversalidade como marca fundamental. Neste sentido, a proposta é avançar nesta compreensão, envolvendo as nossas outras Frentes e também as presenças institucionais nestas áreas (Sefras, Missão em Angola, etc.). Para tanto, a primeira providência prática é o convite aos respectivos animadores para participarem dos encontros das Frentes das Paróquias e Santuários, Comunicação e Educação. Na Frente das Missões, uma tarefa prática é a de animar, para o mês de outubro, a campanha em favor da Missão de Angola.

17) I Jorfran – frades participantes Os Definidores pedem que os seguintes confrades tomem parte no I Jorfran (Encontro Nacional de Jovens Religiosos e Religiosas Franciscanos), promovido pela CFFB, que acontecerá de 20 a 23 de junho deste ano, em Aparecida, SP: Frei Marx Rodrigues dos Reis, Frei Leandro Costa Santos, Frei Jeâ Paulo Andrade, Frei Edvaldo Batista Soares, Frei Robson Luiz Scudela, Frei João Francisco da Silva, Frei Alan Maia de França Victor, Frei Valdeci Bento de Moura, Frei Gustavo Medella e Frei José Raimundo de Souza.

18) Frei Guido Scheidt – assistente Atendendo ao pedido de Irmã Helena Maria Sinoka, o Definitório renomeou a Frei Guido assistente espiritual do Instituto Secular das Catequistas Missionárias de São Francisco de Assis, com sede no Jaraguá, em São Paulo.

19) Fórum Franciscano sobre o Sínodo Pan-Amazônico - participantes De 4 a 6 de julho, por iniciativa da CFFB, acontecerá em Manaus, AM, o Fórum Franciscano sobre o Sínodo Pan -Amazônico. O Sínodo foi convocado pelo Papa para outubro deste ano, com o objetivo principal de identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso Planeta. Na carta de convocação para o Fórum Franciscano se lê: “Além de todo o contexto ambiental em contínua ameaça de devastação, que compromete a vida do Planeta, as questões ligadas aos povos originários amazônicos com a vida e a cultura ameaçadas, há outra questão tão importante quanto estas: o surgimento de um novo modelo e sujeito eclesial. Uma nova eclesiologia, novas formas ministeriais, novo modelo para a Vida Religiosa Consagrada estão em questão”. Pela Província, participarão do Fórum: Frei César, Frei Diego Atalino de Melo e Frei Robson Luiz Scudela.

20) Formação para a Evangelização – cursos disponíveis 1. Introdução ao Franciscanismo, na modalidade EaD, promovido pela ESTEF, dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. 2. Curso de graduação em Teologia (EaD), oferecido pelo ITF/USF, com 50% de desconto para Igrejas e comunidades. 3. Pós-gradução lato sensu em Espiritualidade Franciscana, pela ESTEF. Confira o folder nestas Comunicações. Os conselhos de Formação e de Evangelização indicarão dois confrades para fazer a pós.

21) Redimensionamentos - encaminhamentos Os Definidores voltaram a refletir sobre o redimensionamento em sentido amplo, incluindo a dimensão pessoal e também as perspectivas e projetos para o futuro da Província. Retomaram também as indicaMARÇO de 2019 – comunicações

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Definitório Provincial ções feitas pelo Capítulo Provincial quanto à entrega de casas e serviços pastorais. Neste sentido, haverá um itinerário prático de conversas – inclusive com as fraternidades envolvidas -, tratativas com bispos e providências. Quanto aos Regionais, os Definidores decidiram que neste ano eles permanecem configurados como nos triênios passados, mas com a insistência de que já possam ter um período maior de encontro, com mais qualidade de participação. Na primeira reunião com os Coordenadores dos Regionais, em julho próximo, será constituída uma comissão para estudar e propor o redimensionamento dos Regionais e, em novembro, ela deverá apresentar os resultados e propostas.

22) Orçamento da Província - aprovação Às 10h15 do dia 20, Frei Raimundo Castro, Frei Robson Scudela, Bruno Fini, Dra. Luana e Cristiane França estiveram no Definitório para apresentar a proposta de orçamento da Província para o ano, que, não prevendo déficit, foi aprovada pelos Definidores. Foram apresentados também os saldos das aplicações financeiras e do fluxo de caixa. Sob o ponto de vista de nossa proposta evangélica de vida, comentou-se entre os Definidores, num segundo momento, que nossa economia deixa muito a desejar. Na reunião dos guardiães e coordenadores das Fraternidades novamente será preciso abordar a questão das aposentadorias e dos frades assalariados, bem como a observância mais efetiva do que está previsto na Ratio Oeconomica da Província.

23) Processos canônicos 1. Frei Domingos B. Hellmann recebeu licença para morar fora da Fraternidade Provincial por um ano, a serviço da Paróquia do Divino Espírito Santo, de Pinhão, PR. 2. Frei Rafael Teixeira do Nascimento, professo solene, após um ano de licença para morar fora da Fraternidade Provincial, pede para deixar a Ordem. 3. Flávio Malta de Souza, monge beneditino que fez parte da Fraternidade de Santo Amaro no ano passado, e procurava discernir se mudava de Ordem, decidiu voltar para o Mosteiro.

24) Agenda 2019 – acréscimos e alterações Confira na última página destas Comunicações.

25) Autorizações de viagem Por motivos diversos, receberam autorização para viajar ao Exterior: Frei Djalmo Fuck, Frei Ivo Müller, Frei Carlos José Körber, Frei Gilberto Marcos S. Piscitelli e Frei David Raimundo Santos.

Encerramento

Frei Raimundo, Frei Robson, e os colaboradores Cristiane, Luana e Bruno

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comunicações – MARÇO de 2019

As 19h30 do dia 20, Frei César agradeceu a Frei Gustavo pela moderação das sessões, e lembrou a preocupação em aliviar a pauta dos assuntos pessoais mais delicados e desgastantes, abrindo espaço maior para o trabalho de animação da vida provincial propriamente dita. Agradeceu aos Definidores pelo esforço em manter a serenidade em situações adversas, dividindo angústias sim, mas também esperanças e alegrias. E, por fim, pediu a bênção de Deus sobre todos.

Frei Walter de Carvalho Júnior secretário



Notícias e informações

Papa Francisco é tema de Curso de Teologia e Espiritualidade

À

s vésperas de se completarem seis anos do Pontificado do Papa Francisco, tem início no Colégio Santa Teresa de Jesus, na Tijuca, mais um Curso de Teologia e Espiritualidade, administrado pelo frade franciscano Frei Neylor Tonin. E justamente o Papa Francisco será o tema deste curso, que terá quatro etapas: “A Igreja do Papa Francisco”, ministrado pelo Prof. Pe. Medoro de Souza Neto; o “Cristo do Papa Francisco”, ministrado pelo Prof. Frei João Fernandes Reinert; “Documentos do Papa Francisco”, ministrado pelo Prof. Carlos Frederico Schäfter; e “o Papa Francisco”, pelo Prof. César Kuzma. Foi no dia 13 de março de 2013 que o mundo conheceu Francisco, quando apareceu no púlpito da Basílica São Pedro vestido de branco. Ele era, entre os cardeais, o que se vestia de maneira mais simples. Daquele dia em diante, muita coisa mudou. O “mais franciscano dos papas” escreveu a “Laudato Si’”, sobre o cuidado da casa comum, indicando um caminho para a humanidade, mas também enfrenta um dos principais desafios do seu pontificado no que diz respeito aos casos de pedofilia com centenas de acusa-

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comunicações – MARÇO de 2019

ções contra a Igreja. O mais progressista dos Papas, desde o fim do Concílio Vaticano II, não agrada às correntes conservadoras, que já mostraram as garras ao bispo de Roma. “Se pudéssemos classificá-lo com uma só palavra, diríamos que é humano, muito humano. Com alegria, e sem solenidade, o deixaríamos entrar em nossa casa e lhe serviríamos a mesma comida que comemos. Que Deus o abençoe e o conserve por muitos anos!”, expressa Frei Neylor, dando uma mostra do que o curso pode render. Frei Neylor J. Tonin é frade franciscano desta Província da Imaculada, nascido em Luzerna, SC, e explica nesta entrevista que há vinte anos fundou e mantém o curso de Teologia e Espiritualidade. Mestre e doutor em Espiritualidade, bacharel em Psicologia, estudou também Jornalismo e Sociologia. É professor e conferencista, presidiu a CRB -RJ de 1980 a 1986, foi redator da revista “Grande Sinal” por 17 anos e editor da Editora Vozes por 8 anos, além de colaborar em outras editoras, atuar como conselheiro espiritual de casais, terapeuta, escritor e manter um programa de rádio diário no Rio de Janeiro. Acompanhe a entrevista a Moacir Beggo.


Notícias e informações

Comunicações - Qual é o objetivo

do Curso Teologia e Espiritualidade? Frei Neylor - É alimentar e fortalecer a fé dos participantes. Não queremos formar teólogos, agentes de Pastoral ou gente mais sabida. Pretendemos apenas aumentar os conhecimentos teológicos dos ouvintes para que vivam encantados pela fé que professam. Visamos também intensificar a alma dos cursistas, incendiando-a com o fogo da Sarça Ardente, tornando-os mais piedosos e mais orantes. Por isso, o Curso não é só de Teologia, é também de Espiritualidade. Queremos fazê-los compreender melhor a história da Igreja para que possam amá-la mais, apesar de suas fraquezas. Nossa sublime pretensão é ajudá-los no desafio de uma maior densidade humana, compartilhada nos grupos das paróquias em que vivem. O Curso não prevê provas ou trabalhos “acadêmicos” de casa. Como o Curso não visa nem pode conferir diploma acadêmico reconhecido e válido, não oferecemos apostilas (grossas) para serem estudadas. De aula em aula, apenas oferecemos uma folha com apontamentos e favorecemos a compra de livros sobre o assunto em tela. Desejamos, como dizia São Paulo, “confirmar os irmãos na fé”. Começamos sempre com a oração dos teólogos franciscanos, do século XIII: “Ó SENHOR JESUS, indigno servo teu, não merecedor de teus bens, ouso aproximar-me para contemplar teus tesouros. Digna-te introduzir-me neles e concede-me a graça de conhecer e amar tua palavra. Concede-me, no entanto, amá-la na medida de meus conhecimentos e não me seja dado conhecer mais do que amar, pois só quero conhecer-te para amar-te. Amém”.

Comunicações - Há quantos anos o Sr. mantém este Curso? Frei Neylor - Há 20 anos! O berço do Curso foi o Convento de Santo

Antônio, no Largo da Carioca. Tudo começou em agosto de 1998, com 180 inscrições. O Curso nasceu a pedido dos fiéis do Convento e com as bênçãos da Fraternidade local. O Curso queria aprofundar a fé dos participantes e pretendia ser uma extensão da evangelização do Convento. Os Fundadores e primeiros módulos e Professores foram: Moral Fundamental (Frei Gamaliel Divigili); Eclesiologia (Frei Fernando Araújo); Bíblia (Frei Evaristo Spengler) e Espiritualidade (Frei Neylor J. Tonin). O Curso sempre gozou do apoio dos Professores do ITF (Instituto Teológico Franciscano, de Petrópolis). Em 1999, o Curso migrou para a Matriz Nossa Senhora da Glória (Largo do Machado, Laranjeiras) por razões de espaço. Inscreveram-se no Convento 150 alunos e só tínhamos espaço para 120. Em 2002, foi aberta uma Filial em Copacabana, com 400 inscritos. Em 2005, outra Filial foi aberta em Niterói para 440 participantes. Em 2006, o Curso começou a ser oferecido na Tijuca com 180 inscritos. Já passaram pelo Curso mais de 15 mil alunos.

Comunicações - A qual público se

destina o Curso? Frei Neylor - Ele é aberto a todos, indistintamente. Não se exige grau acadêmico dos participantes, apenas fé e desejo de querer aprender mais. Por isso, eles não são alunos, mas participantes. Como afirmou um deles: “Quem participa deste Curso não abandona a Igreja Católica”. Outro afirmou: “É disso que as igrejas do Rio estão precisando”. E um terceiro confessou: “Enquanto viver, nunca abandonarei o Curso. Ele alimenta minha fé e me espiritualiza”. Como Diretor atual, afirmo e confirmo: “Não queremos competir com as paróquias. Desejamos apenas ser um complemento ilustrado em sua evangelização. Talvez se possa dizer

que, enquanto as paróquias cuidam do caminho, o Curso cuida do espírito de quem caminha. Acreditamos que sermão (de dez minutos) é bom, mas pode ser pouco para alimentar a fé de quem está a caminho.

Comunicações - Qual a principal

temática deste semestre? Frei Neylor -Será o Papa Francisco e sua teologia e pastoral. O Papa está sendo contestado por conservadores radicais, quando não fanáticos. O Papa deseja uma Igreja “de saída”. Seu amor pelos outros é o seu admirável evangelho. São dele os seguintes pensamentos que aparecem em seu primeiro escrito (“A Alegria do Evangelho”) endereçado a todos, Bispos, Padres, Religiosos e Fiéis dentro da Igreja. “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”. (n. 1) “O grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem”. (n. 2) “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa em um emaranhado de obsessões e procedimentos”. (n. 49) “Mais do que o temor de falhar, MARÇO de 2019 – comunicações

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espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis”. (n. 49)

Comunicações - Como o sr. vê o

Pontificado do Papa Francisco? Frei Neylor - Com grande encantamento. Ele já é e passará para a História como um grande e admirável Papa. Nós, que vivemos e conhecemos outros Papas, não deixamos de nos surpreender, a cada dia, com o atual, Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. Ele nos saiu melhor do que a encomenda. O melhor elogio que poderia lhe fazer é que ele é o Papa que São Francisco de Assis teria gostado de ter em sua Igreja na Idade Média. A cada dia, reza a missa “para os outros”. Não tem uma capela privativa. Come com outras pessoas num refeitório comunitário. Dorme numa casa em que muitos outros dormem. Sua simpatia é irradiante; é, no melhor estilo, italiana. Abraça as pessoas, não foge da dor dos que se aproximam. Pede desculpas quando não pode dar tempo aos outros, porque seus com-

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promissos o requisitam para outros afazeres. É lúcido quando afirma que não adianta ter sido batizado na Igreja, ter feito a Primeira Comunhão e casado catolicamente, se a pessoa não segue apaixonadamente Jesus Cristo. Pede aos casais que não se esqueçam, para serem felizes, de três palavrinhas: Por favor, obrigado e desculpas. Coloca a Igreja no pelourinho, fazendo distribuir, ao mundo, uma série de perguntas que abordam questões sensíveis e mordentes. Deseja saber o que o Povo de Deus pensa sobre tais questões, e não apenas a opinião de uma elite religiosa e de barrete colorido na cabeça. E insiste em assuntos que têm alma e coração, que criam sofrimento e perplexidades, e não apenas a dependência de secos princípios teológicos e pastorais. Misericórdia, Serviço, Abertura, eis alguns tópicos e marcas que deseja que sua e nossa Igreja apresentem. Na Cátedra de São Pedro, não está sentado um Príncipe ou um Professor, mas um Bom Pastor, que andava pelas ruas e becos de Buenos Aires, e agora lava os pés de marginais nas prisões de Roma e reúne, sem esforço, mais de 100 mil pessoas a cada quarta feira na Praça de São Pedro. Este é o nosso Papa, assim é o Papa Francisco, italiano por sobrenome, franciscano por espírito e jesuíta por vocação. É uma bênção para a Igreja e um líder espiritual para o mundo. Combate a fome, como escândalo mundial inaceitável, e apresenta Jesus, como única esperança definitiva. Gosta dos jovens, sem desprezar os vovôs e idosos. Pede diálogo

e complementação entre as idades. Se pudéssemos classificá-lo com uma só palavra, diríamos que é humano, muito humano. Com alegria, e sem solenidade, o deixaríamos entrar em nossa casa e lhe serviríamos a mesma comida que comemos. Que Deus o abençoe e o conserve por muitos anos! E que ele continue a nos surpreender, pois uma das características do verdadeiro amor é ser, quando menos se espera, surpreendente. Além de ser um Papa pouco papável, confessamos: Nós, brasileiros, não desconfiávamos que um argentino pudesse ser tão simpático. Os nossos estereótipos dos “hermanos” não eram muito lisonjeiros. Mas o Papa Francisco nos surpreendeu a todos. Mesmo enfrentado situações estranhas (como ao receber um Cristo crucificado numa foice e num martelo, na Bolívia), não perde o sorriso. No meio de multidões, deixa-se tocar sem perder a simpatia e a majestade. Sorri com seus olhinhos espertos e compreensivos. A sua simpatia corre o mundo. É campeão no twitter com 10 milhões de acessos, mais do que qualquer pop -star. Recebe por dia 2 mil cartas. Não ataca os inimigos, não se irrita com quem pensa diferentemente, mas recebe a todos com alma e coração. É um grande homem de Paz. De forma bonita, o jornalista espanhol e correspondente do jornal El Pais no Brasil afirmou que “o Papa está vivendo como nos tempos de Cristo”. “Conheci, disse ele, sete Papas, mas nenhum como este”. Por isso o classificou como um ciclone de simpatia. Este é o nosso Papa, um Papa que tem a alma italiana de um Bergoglio e o espírito jesuítico empinado de um argentino. Que Deus o conserve por muitos anos para o bem da Igreja e para o bem do mundo. Ele não é um imperador, mas se apresenta como um simples padre e um bom pastor. Ele é um vulcão de simpatia. Por isso me encanta e o admiro.


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O EXEMPLO DE BELÉM

Terra Santa: fraternidade, convivência e aceitação

O

Terra Sancta College foi a primeira escola fundada em Belém e, sem dúvida, é uma das primeiras da região. Está ativa desde o século XVI, graças à Ordem dos Frades Menores, que iniciou suas atividades educativas na cidade de Belém com dois objetivos: ensinar às crianças os princípios do cristianismo e fomentar o ensino de línguas estrangeiras, mais precisamente o Inglês e o Italiano, oferecendo a elas a possibilidade de uma vida diferente. Hoje, a escola tem cerca de 1.800 alunos, dos quais 62% cristãos e um pouco mais de 38% muçulmanos. Estes números representam a composição social da cidade de Belém e constitui um exemplo da missão desempenhada pelos franciscanos, que garantem instrução sem nenhuma discriminação. “Somos todos um, somos irmãos e irmãs”, disse a professora Lina Deklallah, que leciona inglês e islamismo: “Este projeto nos ajuda a recordar isso. O Terra Sancta College de Belém representa diariamente o encontro de São Francisco e o Sultão: nós não nos sentimos diferentes”, diz. O projeto, iniciado em janeiro de 2019, possui diversos objetivos: aumentar a consciência da importância da paz, da convivência e a aceitação do diferente; melhorar a ideia de formação interativa, expressa nos workshops desenvolvidos pelos estudantes, tanto entre eles quanto com os professores; publicar uma declaração de fraternidade, convivência e aceitação a ser distribuído fora do ambiente escolar para servir de exemplo à sociedade. “Acredito que este tipo de projeto contribua para manter a nossa comunidade unida”, comentou Nader Madbouh, um dos estudantes envolvidos. “Especialmente neste momento de particular dificuldade econômica e política. Temos muitos motivos para deixar o país, mas se tivermos consciência de quem somos, poderemos continuar

a viver em paz como sempre fizemos”, acrescenta. Foram diversas as etapas de trabalho até o momento no qual foi entregue a “Declaração de Fraternidade”, no dia 30 de janeiro, quarta-feira, na presença do Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, do Patriarca emérito, D. Michel Sabbah, do Arcebispo ortodoxo, Attalah Hana; o Mufti de Belém Abdelmajid Ata. Estavam também presentes representantes da Autoridade Palestina: a Ministra do Turismo, Rula Maaya, o Ministro para assuntos religiosos islâmicos, Yousef Dias, o representate de assuntos religiosos cristãos, Hanna Issa, e o prefeito de Belém, Tony Salman. Frei Marwan Di’des, diretor do Terra Sancta College e promotor da iniciativa, explicou que o projeto se fundamenta sobre a síntese dos diversos relatos do encontro de São Francisco com o Sultão Al Malek Al Kamel, encontrados nas Fontes Franciscanas. Os participantes do projeto assistiram ao filme “O sultão e o Santo”, produzido pela Unity Production Fondation. “Foi um grande desafio – disse Frei Marwan - porque os alunos não estão acostumados a assistir documentários, mas foi importante para o aprofunda-

mento no assunto. Durante a iniciativa, houve também momentos provocativos, como a sessão do filme libanês “Hala la wein” (E agora, para onde?) que trata do fanatismo religioso que leva à morte. O dia 24 de janeiro foi dedicado aos workshops, nos quais os alunos produziram um documento que afirma a necessidade de coexistir. “O nosso objetivo é fazer com que os alunos entendam que o fanatismo religioso só pode levar à morte”, explicou Frei Marwan. “Para que haja a paz, é preciso que as pessoas busquem a paz, é preciso pessoas sábias. É a sabedoria, e não somente o amor fraterno, que pode trazer a paz”, acredita.

Texto: Giovanni Malaspina em www.custodia.org Tradução: Frei Jean Aljuni

MARÇO de 2019 – comunicações

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Notícias e informações

FALECE PAI DE FREI ROZÂNTIMO COSTA Com surpresa, pesar e consternação a família Costa, na firme esperança no Deus da vida, que em Jesus Cristo, morto e ressuscitado, garantiu a todos a salvação eterna, comunica o falecimento do esposo, pai, irmão e amigo, Manoel José da Costa, nascido em 31/01/1936, em São José dos Campos, SP. Tendo apenas celebrado o seu aniversário de 83 anos de vida, alegria, fé e amizade no dia 31/01, sofreu uma queda

que, infelizmente, lhe foi fatal no dia 1º de fevereiro último, para a surpresa de todos. O sr. Manoel deixa a esposa Ilza Antunes Costa, as filhas Rosemeire Antunes Costa, Maria Conceição Vieira e o filho Frei Rozântimo Antunes Costa. Com firme esperança garantida pela fé na vida eterna, a família Costa conta com as orações de todos para que o Senhor da vida console a todos com o bálsamo do seu amor e proteção.

programe-se

“São Francisco na arte de mestres italianos”

Q

uem estiver em São Paulo, terá a oportunidade de ver a exposição “São Francisco na arte de mestres italianos”, que desembarcou no Brasil no ano passado e chegou a São Paulo em fevereiro e poderá ser vista até 12 de abril. A Mostra poderá ser conferida no Museu de Arte Brasileira da FAAP, reunindo mestres como Tiziano Vecellio, Perugino, Orazio Gentileschi, Guido Reni, Guercino, Carracci e Cigoli. A mostra divide-se em três núcleos: Imagens, Os Estigmas e Conversas Sagradas. No primeiro deles, telas que

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trazem as primeiras representações de São Francisco de Assis – uma figura franzina, por conta das privações que sofria, mas imbuído de uma grande força espiritual. Deste período, San Francesco d’Assisi e quattro disciplinati (1499), de Perugino, e São Francisco contemplando um crânio (c.1604-07), de Cigoli. O segundo núcleo volta-se ao tema dos estigmas, cicatrizes recebidas por Francisco, em 1224, quando então meditava no monte Alverne. Apesar de sua manifestação física, os estigmas são tradicionalmente reputados como de origem espiritual, re-

produzindo as cinco chagas de Jesus Cristo – cinco pontos do corpo pelos quais Jesus teria sido pregado à cruz: pés, punhos e tórax. Desta seção, um dos grandes destaques da exposição, San Francesco riceve le stimmate (c. século XVI, anos 60), um óleo sobre tela de Tiziano com quase três metros de altura, que traz a aparição do Cristo Ressuscitado ao santo, vendo-se às suas costas uma cruz em fogo; e San Francesco consolato da un angelo musicante (1607-1608), óleo sobre cobre de Guido Reni, que retrata o momento seguinte ao dos estigmas, quando Francisco recebe em sonhos a aparição de um anjo tocando uma melodia, em uma clara referência à mesma experiência vivida por Jesus no jardim das Oliveiras. A mostra encerra-se com o núcleo Conversas Sagradas, em que São Francisco aparece associado à Virgem em glória e a outros santos de devoção dos fiéis e dos comitentes, como atesta a esplêndida Virgem com o Menino entre os santos Sebastião, Antônio, Francisco e Roque (c. 1530), obra de Nicola Filotesio. Local: Museu de Arte Brasileira da FAAP; Endereço: Rua Alagoas, 903 | Higienópolis São Paulo – SP


SÉRIE ESPECIAL

Eu amo selfie!!!

SÉRIOS NÉ?

Frei Vítor, Frei David e Frei Walter na ordenação de Frei Leandro

DEIXA QUE EU CORTO! Posse de Frei Germano e Frei José em Floripa!

Quipá ou solidéu?

Ou é protetor para a careca, Frei Jonas?

VAMOS SER CAMPEÕES!

MESA POSTA

Começa o ano de Postulantado...

Frei Carlinhos acredita no Santos...

50 É POUCO!

Frei José pronto para mais 50 de vida franciscana!

VISITA FRATERNA

Dom Matthias Tolentino Braga O.S.B., abade do Mosteiro São Bento (SP), visitou, no dia 12/02, Frei César Külkamp. FRATRumGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!


Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados

MARÇO 01 08 e 09 11 11 11 11 11 e 12 11 e 12 13 e 14 17 18 18 e 19 18 19 25 e 26 30

Encontro dos Frades da Frente da Educação (Curitiba) Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense (Sagrado) Encontro do Regional de São Paulo (Largo S. Francisco) Encontro do Regional do Leste Catarinense (S. Amaro) Encontro do Regional do Vale do Paraíba (Postulantado) Encontro do Regional do Espírito Santo (Vila Velha – Santuário) Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Ituporanga-Paróquia) Encontro do Regional do Contestado (Piratuba) Encontro do Regional de Pato Branco (Pato Branco) Romaria Penitencial Frei Bruno (Joaçaba) Encontro do Regional de Curitiba (Aldeia) Encontro do Regional de Agudos (Agudos) Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada (Largo da Carioca) Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Rodeio) Encontro dos Frades Under Ten – Província (Largo São Francisco) Ordenação presbiteral de Frei Roberto Aparecido Pereira (Lençóis Paulista)

ABRIL 04 21 a 29 26 a 28 29 30 30 e 1º

Reunião do Conselho de Evangelização (Sede Provincial) Festa da Penha (Vila Velha) Retiro dos Benfeitores do PVF (Agudos) Reunião dos Formadores Formação para os Formadores e Animadores Vocacionais Encontro dos Animadores Vocacionais (Rondinha)

MAIO 01

Conselho da Formação Inicial e reunião dos Animadores Vocacionais 02 Reunião do Conselho de Formação e Estudos 02 a 04 V Encontro dos Centros Acadêmicos Franciscanos (CFFB) (Brasília) 07 e 08 Reunião dos Guardiães e Coordenadores (Agudos) 09 e 10 Reunião do Definitório Provincial (Agudos) 11 Ordenação presbiteral de Frei Marx Rodrigues dos Reis (Nilópolis)

13 a 25 17 a 19 20 22 e 23 24 27 a 31

Visita Canônica à FIMDA (Angola) Encontro do Serviço de Animação Vocacional da CFFB (Brasília) Encontro do Regional de Curitiba (Curitiba) Encontro dos Frades da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento (Rondinha) Encontro dos Frades da Frente da Comunicação (Curitiba) Assembleia da FIMDA

JUnHO 20 a 23

I Encontro Nacional de Religiosas e Religiosos Franciscanos (Jorfran) (Aparecida)

JULHO 02 a 04 03 04 a 06 08 a 12

17 a 21 22 a 26

Reunião do Definitório Provincial Encontro com os coordenadores dos Regionais (Largo S. Francisco) Fórum Franciscano para o Sínodo Pan-Americano (CFFB) (Manaus) (indicação de participantes) Assembleias da CFMB (Sifem, Serfe) (Daltro Filho, RS) 10 a 14 – XXV Assembleia Geral Eletiva CRB (Brasília) Missões Franciscanas da Juventude (Rio de Janeiro) Retiro dos Formadores (Eremitério)

agosto 22 a 25

XVIII Assembleia Geral Ordinária da CFFB (Brasília)

SETEMBRO 05 a 08

Encontro Nacional dos Irmãos Leigos (OFM, OFMCap, OFMConv e TOR) (Lagoa Seca, PB) 09 a 12 Reunião do Definitório Provincial (Petrópolis) 16 Encontro do Regional de Curitiba (S. Boaventura) 23 a 26 Encontro dos Frades Under Ten – Província (local a ser definido)

NOVEMBRO 26 a 28

Reunião do Definitório Provincial

DEZEMBRO 02

Encontro do Regional de Curitiba (Caiobá)


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