Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
4 DE OUTUBRO
São Francisco de Assis
BOAS FESTAS
| Outubro- 2017 | ANO LXIV • No 10 |
xxx Sumário Mensagem do ministro provincial “Francisco, pobre e humilde”................................................................................................ 603
Formação permanente
“Laudato si’, cuidado da Casa Comum, relação
da Misericórdia com a Criação”, de Moema Miranda....................................... 606
Congresso Continental para Formadores
da América Latina e Caribe................................................................................................... 610
Profissão solene em Petrópolis.......................................................................................... 626
Fimda: Encontro dos frades em Ano Missionário.............................................. 629
Pastoral Universitária visita a escola estadual Rosa Johnson....................... 630
Frei Marcos Brugger será ordenado diácono ........................................................ 631
Fraternidades
Celebração dos 370 anos do Convento São Francisco................................... 632
Regional Curitiba elabora “Plano Ecológico Comum”...................................... 638
Regional Leste Catarinense faz terceiro encontro no ano............................ 639
Encontro Regional do Alto Vale do Itajaí e Planalto Catarinense............ 640
Encontro do Regional de Pato Branco......................................................................... 641
Frei Carlos Lúcio Corrêa divulga novo mantra....................................................... 641
Frei Vanazzi: Trinta e quatro anos de sacerdócio.................................................. 642
PVF: Romaria franciscana à Casa de Maria e Frei Galvão................................ 643
Evangelização
Frente das Paróquias se reúne em Agudos.............................................................. 644
Frei Nilo participa de Congresso Latino-americano pela paz .................. 653
Frente das Missões se reúne em São Paulo ............................................................ 654
A experiência missionária do leigo Bruno................................................................. 655 Celinauta lança documentário sobre Frei Nelson Rabelo............................. 656 Colégio Bom Jesus: Todos pelo bem............................................................................ 657 Experiência missionária na Amazônia.......................................................................... 658 Animadores do jpic no V Encontro Continental das Américas............... 660 Notícias do Sefras.......................................................................................................................... 662 Cffb
Ii Encontro de Irmãos Leigos reúne 70 frades em Vila Velha....................... 663
Agenda ...................................................................................................................................... 668 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP | www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br
Mensagem
“Francisco, pobre e humilde” Caríssimos irmãos e irmãs, Que o Senhor lhes dê a Paz e todo o Bem!
N
a oração das primeiras Vésperas da Solenidade de São Francisco de Assis, proclamamos a seguinte antífona no responsório breve: “Francisco, pobre e humilde, entra rico nos céus, com hinos celestes é honrado”. Este binômio, “pobre e hu-
milde” se repete na oração conclusiva de todas as horas canônicas: “Ó Deus, que fizestes o seráfico Pai São Francisco assemelhar-se ao Cristo por uma vida de humildade e pobreza, concedei que, trilhando o mesmo caminho, sigamos fielmente o vosso Filho, unindo-nos convosco na perfeita alegria”. Pobreza e humildade são duas virtudes-irmãs exaltadas pelo próprio Pai Seráfico na sua Saudação às VirOutubro / 2017 [Comunicações]
603
Mensagem tudes: “Senhora santa pobreza, o Senhor te salve com tua irmã, a santa humildade... A santa pobreza confunde a ganância e a avareza e os cuidados deste mundo. A santa humildade confunde a soberba e todos os homens que há no mundo e igualmente todas as coisas que há no mundo” (SV 2.11-12). Neste ano, por ocasião da Solenidade de São Francisco de Assis, desejo destacar a “virtude da santa pobreza” vivida e abraçada por “Francisco, pobre e humilde”. E o motivo é este: No dia 13 de junho deste ano, justamente na Festa de Santo Antônio, o Papa Francisco editou um belíssimo texto intitulado “Não amemos com palavras, mas com obras”, instituindo o dia 19 de novembro como Dia Mundial dos Pobres. A Pobreza abraçada por Francisco de Assis é resposta dada por quem não se fez “surdo ao Evangelho” (1Cel 22): “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus” (cf. LTC 29,1-6). Assim, a referência e o núcleo central da pobreza vivida por Francisco é a pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo, da forma como prescreveu na Regra: “Como peregrinos e viandantes que servem ao Senhor em pobreza e humildade, peçam esmolas com confiança; disso não se devem envergonhar, porque o Senhor se fez pobre por nós, neste mundo” (RB 6,4). A convicção da “sublimidade da altíssima pobreza” é fundamental para São Francisco e todos os seus seguidores. Ele estabeleceu a virtude da pobreza de Jesus Cristo como: critério vocacional para abraçar esta forma e regra de vida; apelo para a desapropriação total, especialmente a alegria do viver “sem nada de próprio”, com a demitização do “eu”; incentivo para um estilo de vida sóbrio como peregrinos e itinerantes; fundamento para a gratuidade da “graça de trabalhar com fidelidade e devoção”; apelo ao desapego e deposição de cargos ou mandos; um modo fraternal de relacionar-se com o Criador e as criaturas; atitude permanente de restituição ao Senhor pelos dons recebidos; acolhimento da Irmã Morte como gesto último e derradeiro para devolver com gratuidade o sopro da vida que um dia recebemos do Criador. O Papa Francisco, ao proclamar o Dia Mundial dos Pobres, recorda o abraço de Francisco de Assis ao leproso, afirmando: “Este testemunho mostra a força transformadora da caridade e o estilo de vida dos cristãos”. A experiência de Francisco, na linguagem do Papa, deveria sensibilizar os cristãos “a um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida”. E mais: “Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no
604
[Comunicações] Outubro / 2017
corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na eucaristia” (n. 3). E ainda, no mesmo texto, o Papa é categórico ao usar este imperativo: “Assumamos, pois, o exemplo de São Francisco, testemunha da pobreza genuína. Ele, precisamente por ter os olhos fixos em Cristo, soube reconhecê-Lo e servi-Lo nos pobres” (n. 4). Para além da reflexão e a exemplo do Pobre de Assis, o Papa Francisco nos provoca a realizarmos ações e gestos que deem visibilidade a este Dia Mundial dos Pobres, tanto nas nossas Fraternidades como na ação evangelizadora. Por exemplo: ter momentos de encontro e amizade, de solidariedade e de ajuda concreta; convidar os pobres para a mesa da comunhão fraterna e eucarística; aproximar-nos dos pobres e tê-los como hóspedes privilegiados na nossa mesa, etc. Eu sonho com o retorno desses gestos! Enviem-nos os seus registros (fatos e fotos), não para nossa vanglória, mas para partilhar entre irmãos a alegria do abraço ao “leproso”. É ele que transforma as nossas amarguras em “doçura para a alma e para o corpo” (Test 3). Que nesta solenidade do Seráfico Pai São Francisco possamos retomar a escalada do caminho que nos leva aos esponsais místicos com a Senhora Santa Pobreza, tão magnificamente descrito no 3º capítulo do Sacrum Commercium: “Apertado é o caminho, irmãos, e estreita a porta que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. Fortalecei-vos no Senhor e no poder de sua força, pois tudo que é difícil vai ser fácil para vós. Deponde a carga da vontade própria, lançai fora o peso dos pecados, e cingi-vos como homens fortes. Esquecidos do que está atrás, ansiai o quanto puderdes pelo que está à frente de vós. Digo-vos que todo lugar que vosso pé pisar será vosso. Pois diante de vós há um espírito, o Cristo Senhor, que vos atrairá aos cumes da montanha com vínculos de amor. Coisa extraordinária, irmãos, é desposar a Pobreza, mas facilmente poderemos gozar dos seus amplexos, pois se tornou como viúva a senhora dos povos, vil e desprezível a todos a rainha das virtudes. Ninguém há na região que ouse reclamar, ninguém que se nos oponha, ninguém que tem direito possa proibir essa salutar aliança. Todos os seus amigos a desprezaram e se tornaram seus inimigos. Quando acabou de dizer estas coisas, todos começaram a andar atrás de São Francisco”. Feliz festa de São Francisco de Assis! Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial
ATÉ O FIM
Mensagem
Dentro de mim, como homem, sou feliz, Provo a unidade e tudo cabe em mim, Experimento o dom que vem de Assis, E como padre vivo em um jardim. Este jardim brotou lá por Belém, Dentro da Igreja que Francisco amava, E que pediu a nós amor também. Assim como ele neste chão portava. Esta é a razão de meu feliz viver, É minha glória sempre, até morrer, Gerenciar as coisas do caminho... Nada se perde, à luz da fé, garanto, É no caminho que se faz o santo, Por isso eu vou lutar até o fim. Frei Walter Hugo de Almeida
Outubro / 2017 [Comunicações]
605
Formação Permanente
Laudato Si’, cuidado da Casa Comum, relação da Misericórdia com a criação…
E
Moema Miranda (*)
sta reflexão trata do contexto extremamente desafiante em que estamos vivendo, não só no Brasil, mas em todo o mundo. A questão para nós é como conseguiremos construir uma alternativa diante de tais desafios. Além da leitura desta realidade, proponho também uma reflexão sobre que ponto de partida e o que o franciscanismo pode oferecer para alterarmos a realidade em que vivemos. Claro que toda a leitura da conjuntura, quando olhamos para o mundo, é uma leitura a partir de um ponto e varia de pessoa para pessoa. E qual é o ponto de partida que nós, franciscanos e franciscanas - o Sinfrajupe em particular -, queremos propor para a compreensão do mundo em que vivemos? A partir da Laudato Si’ e da espiritualidade,
606
[Comunicações] Outubro / 2017
podemos aprofundar essa compreensão. Mas a compreensão da nossa espiritualidade não é algo que deva ficar restrito ao âmbito da Igreja ou fechado em nosso coração, mas deve nos mover para um compromisso, porque, afinal, o nosso claustro é o mundo. Em palestra proferida no Instituto Teológico Franciscano (ITF), Leonardo Boff afirmou que temos o dever moral de assumir a situação de risco que estamos vivendo. A Laudato Si’ foi promulgada pelo Papa Francisco em 2015, na véspera da Conferência da Cop21, que aconteceu em Paris. Por quê? Porque o clima da Terra está sendo alterado profundamente e numa rapidez impressionante. Tal movimento não é só de transformação do clima, mas significa também perda da biodiversidade, poluição das águas, destruição das florestas e destruição de vidas no planeta. E não
se trata de uma vingança da natureza, mas é resultado de um modo de produção baseado na acumulação, o que é próprio do capitalismo, sistema que hoje abrange todo o nosso planeta. O modo capitalista intensifica a produção e pensa a natureza como recurso que pode ser explorado à exaustão. E, de certa forma, todos nós acabamos coniventes à medida em que consumimos também à exaustão. Então, o primeiro elemento da conjuntura que estamos vivendo hoje é que de fato, pela primeira vez na história do planeta, uma espécie pode se tornar mortífera para todas as condições de vida do planeta, não só para a humanidade. A nossa forma de estar no mundo hoje ameaça a comunidade da vida e essa não é uma ameaça dos catastrofistas, de quem deseja implantar o medo. Mas temos de ter essa consciência profunda, pois possuímos a informação dispo-
Formação Permanente nível e não podemos nos furtar dela. Além deste, existe outro elemento extremamente fundamental no contexto que estamos vivendo no Brasil e no mundo. É que essa forma de produção e consumo não beneficia nem sequer o conjunto de toda a humanidade. Se só beneficiasse a humanidade e fizesse dano ao conjunto da vida, já não seria aceitável. No entanto, nem mesmo a humanidade como um todo se beneficia deste sistema. Nós temos ricos cada vez mais ricos em todo o mundo e a concentração de renda aumenta cada dia. De 2008, quando houve a crise mundial financeira, para cá, os ricos ficaram mais ricos, e os países passaram a dever mais a um conjunto de ricos para salvar o sistema financeiro internacional. E aí, quando trazemos estes dois aspectos à consciência, chegamos ao terceiro elemento importante na conjuntura que estamos vivendo:
parece que a força das nossas instituições políticas para dar respostas a estes desafios é pequena demais. Às vezes ficamos com a sensação que estamos sendo esmagados por um sistema que é maior do que nós. É como se houvesse um abismo entre a dimensão do problema e a nossa capacidade de resolvê-lo. E como podemos lidar com esta realidade? Na Encíclica Laudato Si’, o Papa Francisco destaca pontos que são extremamente importantes para nós: como tudo está interligado, tudo é parte do mesmo processo, não temos como resolver tal situação sem reconhecer que esse sistema produz vencedores e vencidos. E temos necessariamente de escolher de que lado que nós estamos, porque é muito fácil ficar do lado dos vencedores. Mesmo que não sejamos capitalistas, este sistema nos proporciona a ilusão de que um dia chegaremos a ser vencedores. No
entanto, quando fazemos a reflexão do contexto que estamos vivendo, precisamos começar a transformar a realidade. No Brasil, estamos chegando ao limite de um ciclo que começou durante a ditadura militar, em 1964. Naquela época, a Igreja vivia o impulso de toda a transformação proposta pelo Concílio Vaticano II, que a lançou para a opção preferencial pelos pobres. E esta opção implicou, na América Latina e no Brasil, numa Igreja que se envolveu nos movimentos populares em todos os lugares do nosso país: nas cidades, no campo, nas vilas. E assim, com a Palavra de Deus iluminando a vida, a Igreja promoveu uma consciência política crescente do nosso povo. Desta base potente que foi a Igreja comprometida com os pobres, emergiu a maioria dos movimentos sociais que conhecemos no
Outubro / 2017 [Comunicações]
607
Formação Permanente
Brasil: os movimentos sindicais, os movimentos pela Terra, os movimentos urbanos de luta pelos direitos na cidade etc. Todo esse conjunto levou a elegermos, em 2002, um governo que, com todas as limitações, com todos os percalços daquele momento, comprometia-se com esses movimentos populares. Portanto, não foi uma benesse, não foi um governo que “caiu do céu”. Foi resultado da luta, do envolvimento e do compromisso popular e do nosso compromisso. Durante o governo Lula e o governo Dilma, que foram governos cheios de contradições - não podemos negar -, aconteceu ao mesmo tempo o boom das commodities. O preço da soja e o do minério no mercado internacional quase que quintuplicou, o que levou o governo a fazer a opção de intensificar a produção do agronegócio e da mineração. E assim construímos uma
608
[Comunicações] Outubro / 2017
economia fortemente primário-exportadora. Quer dizer, recolonizamos um pouco a nossa história. É claro que esta escolha teve uma qualidade particular, afinal o crescimento econômico desta época beneficiou também diversas políticas públicas que nós vimos realizadas no país. De fato, pessoas pobres tiveram acesso a um conjunto de melhorias em sua condição de vida, mas a um custo extremamente alto. Essa inclusão pelo consumo não foi acompanhada pelo amadurecimento de uma consciência política que reconheça no compromisso popular um elemento indispensável para a construção dessas políticas. Apenas como exemplo, recordo que, ainda durante o governo Dilma, foi realizada uma pesquisa entre os jovens beneficiados pelo programa Prouni. É sabido que o número de universidades federais e também o número de vagas para os jovens
negros no Ensino Superior aumentaram enormemente no governo Lula. Tais conquistas resultaram da luta popular, que contou também com empenho de muitos franciscanos e franciscanas. Na pesquisa, diante da pergunta “a que você atribui o fato de estar agora na universidade?”, esses jovens, em sua imensa maioria, 87%, não identificavam a existência de uma política pública que lhes permitiu acesso ao Ensino Superior. Responderam “pelo meu esforço pessoal” e “graças a Deus”. É claro que é importante reconhecer o esforço pessoal, é claro que tudo é graças a Deus, mas é também graças ao trabalho do povo durante muito anos que foi sendo invisibilizado. Por que foi um governo de contradição? Claro que houve um avanço na qualidade de vida do povo, mas também, nos estados de Goiás, Mato Grosso, Maranhão, vimos o avanço do agronegócio.
Formação Permanente Vimos também a destruição da agricultura familiar. A crise ecológica começa quando olhamos para o nosso prato. Somos o país no mundo que mais usa pesticida, que destrói, e esse avanço foi destruindo as formas e condições de vida das mulheres quebradeiras de coco, dos povos indígenas e das populações que defendem fortemente a natureza. Então, essas contradições talvez expliquem por que, num determinado momento, quando o preço de determinadas commodities começa a baixar, e essa possibilidade de um jogo de ganha-ganha que beneficia os ricos e os pobres começa a diminuir, aí os ricos dizem: “Galera, estava muito bom, mas farinha pouca, meu pirão primeiro!”. E foi aí que não conseguimos ter uma reação popular suficientemente forte para conter esse avanço de destruição dos direitos e das garantias que nós levamos anos para construir. Importante também lembrar que não estamos apenas diante do interesse de uma elite espúria nacional, mas que há um interesse internacional de acesso aos bens e recursos que existem no Brasil. É claro que o ataque à Previdência é seríssimo, a Reforma Trabalhista é um acinte,
mas muitas vezes nós não damos conta do que está acontecendo em relação à legislação ambiental, em relação à perda dos direitos dos povos indígenas, em relação à abertura do Brasil para a mineração de empresas internacionais. Diante de tais ameaças, temos que reconstruir um forte movimento social, que seja a um só tempo muito embasado na solidariedade entre os povos, mas que tenha uma consciência ambiental mais radical do que tínhamos antes. O Papa Francisco propõe uma profunda conversão ecológica como alternativa a este modo destrutivo em que estamos vivendo. Esta conversa precisa necessariamente mudar os nossos padrões de consumo e nossos desejos nesta área, esta nossa ânsia por consumir demais. Quando minha avó se casou - e eu já sou avó - ela ganhou uma geladeira que durou quarenta anos. A geladeira pifava, meu avô consertava; quando ele não conseguia, chamava um técnico que a consertava e assim a geladeira durava. Quando tinha um problema no sapato, levávamos para o sapateiro. Quando a roupa furava, a gente pedia para minha avó, que é costureira, arrumar. Hoje, quando um computador, quando uma máquina de lavar pifa, na maioria
das vezes, a gente troca ou joga fora. Metais que levaram bilhões de anos para serem formados que foram extraídos da terra com esforço imenso, descartamos com facilidade. Isso ocorre porque a indústria cria o que chamamos de “obsolescência programada” e também a cria em nossa cabeça. Você acabou de comprar o Iphone 5 e já começa a ter desejo de comprar o 6. Então, tem um desejo insaciável de consumo, que é predatório e que desperdiça. Precisamos urgentemente de uma consciência e uma conversão profundamente ecológicas, que nos reconciliem como seres humanos na Fraternidade Universal de São Francisco, que nos levem a reencontrar nosso lugar na Fraternidade da Vida, como irmãos e como irmãs. Então, o nosso cuidado, a nossa reverência, o nosso amor profundo pela presença da bondade de Deus em cada elemento da criação nos farão reconhecer que tomar um copo de água, presente e dom do Criador, seja muito mais prazeroso, muito mais importante, muito mais valioso do que termos o último modelo do Iphone. Este artigo foi extraído da palestra proferida por Moema no Capítulo das Esteiras da Família Franciscana do Brasil, em agosto passado, em Aparecida.
(*) QUEM É MOEMA miranda
Franciscana secular, Moema Miranda é antropóloga, com mestrado e pós-graduação em Antropologia Social (UERJ). Integra a direção colegiada do Ibase e participou do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20. É membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial; e coordena o projeto “Diálogo dos Povos – Uma articulação Sul-Sul”, com a participação de entidades e redes da América Latina e da África. Em julho de 2015, participou da conferência sobre a Encíclica Laudato Si’, intitulada “As pessoas e o Planeta em primeiro lugar: imperativo a mudar de rumo”. O encontro realizado no Vaticano foi promovido pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz junto com a Aliança Internacional das Organizações Católicas para o Desenvolvimento – CIDSE.
CONGRESSO CONTINENTAL PARA FORMADORES DA AMÉRICA LATINA E CARIBE
610
[Comunicações] Outubro / 2017
FREI FIDÊNCIO ABRE O CONGRESSO
A
Celebração Eucarística, presidida pelo Ministro Provincial da Imaculada Conceição, Frei Fidêncio Vanboemmel, e concelebrada por Frei Cesare e Frei Sinisa, marcou o início do Congresso Continental no dia 4 de setembro. Frei Fidêncio acolheu os congressistas com alegria e cantou a música de Pe. Zezinho para homenageá-los. “Eu venho do Sul e do Norte, do Oeste e do Leste, de todo lugar. Estradas da vida eu percorro, levando socorro…”. “Sim, viemos do Norte e do Sul, aqui nos reunimos como um dia Jesus se reuniu na sinagoga de Nazaré, consciente da força do Espírito do
Senhor. E conscientes da presença do Espírito Santo de Deus sobre cada um de nós e sobre todos nós, invocamos o Espírito do Senhor para nos ungir, particularmente na missão específica que exercemos nas nossas entidades”, pediu.
“Que São Francisco de Assis nos oriente a não extinguirmos o Espírito do Senhor e o seu santo modo de operar de nossa vida. Perder este espírito é perder a unção para a missão. A missão profética para a qual nós somos chamados nos nossos dias”, assinalou. Na sala de reuniões, os frades da Conferência Brasileira lembraram os 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida saudando a nossa Padroeira com a música “Romaria”. Frei Fidêncio deu as boas vindas aos participantes e se colocou, como anfitrião, à disposição dos congressistas. Em seguida, os representantes das quatro Conferências falaram de suas entidades. Outubro / 2017 [Comunicações]
611
xxx
1º Dia
QUAL É A VIDA QUE DAMOS AOS JOVENS QUE VÊM A NÓS?
O
questionamento de Frei Cesare Vaiani, nesta frase, foi só um dos que foram feitos aos formadores do Congresso Continental no primeiro dia. Ao falar do tema “Acompanhamento recíproco na vida fraterna”, Frei Cesare explicou que o termo “acompanhamento” está no documento da Ratio Formationis Franciscanae (RF), que diz: “O ministério do cuidado espiritual e a guarda fraterna da comunidade e de cada um dos irmãos e candidatos devem ser exercidos continuamente e não apenas pelos Ministros”. Segundo o frade, “acompanhamento” é a palavra que define bem a formação franciscana. “Um nome que enfatiza a modalidade fraterna que nos caracteriza, nesta ou em outras dimensões. Nosso nome, Frades Menores, de fato lembra que nossas
612
[Comunicações] Outubro / 2017
características específicas são a fraternidade e a minoridade”. Para ele, a forma mais envolvente e cotidiana de acompanhamento é a vida fraterna, não importa se o irmão que está do lado é “feio ou bonito”. “Cada irmão é um acompanhante que o Senhor coloca ao nosso lado”. Frei Cesare ainda lembrou que algumas formas de acompanhamento mais significativas, e mais seguras, são feitas pelos ministros, guardiães e animadores vocacionais. “No entanto, parece-me realista e significativo pensar em cada um dos irmãos como um acompanhante de minha vocação”. Nesse acompanhamento, segundo o Secretário, o testemunho é fundamental, ressalvando que existe uma diferença entre testemunho e ensino: “Enquanto o ensino é a transmissão objetiva de algum conteúdo, o testemunho é sempre subjetivo porque en-
volve o que falo. Eu torno credíveis os conteúdos que também transmito com a minha vida se ela for credível”, disse. “Nosso acompanhamento recíproco é dado sob a forma de testemunho”, enfatizou, lembrando que a reciprocidade é a comunicação não em uma direção, mas sempre em duas direções: de mim para o outro e do outro para mim. “Esta reciprocidade é, muitas vezes, expressa como um diálogo e a palavra diálogo evoca uma troca, onde eu falo e escuto, presumo que sou aceito pelo que sou e aceito o outro pelo que é”, enfatizou. Para ele, a vida fraterna, precisamente por ser fraterna, precisa dessa reciprocidade.
UM “FOSSO” ENTRE ETAPAS
Para o Secretário Geral da Ordem, um problema sério na formação é o “fosso” entre a formação inicial e o tempo após a profissão solene e,
eventualmente, após a ordenação sacerdotal. “Todos sabemos que, nas Províncias e Custódias, quando um jovem frade sai da casa de formação e chega a uma fraternidade ‘normal’, ele deve ser acompanhado de uma maneira particular, porque esse passo pode ser traumático”, enfatizou. Muitas vezes, segundo o frade, nas chamadas casas “normais” se vive de forma bastante individualista, talvez se dedicando com muito zelo ao seu próprio trabalho, mas cada um ao seu modo. “Os momentos comuns de oração e refeições muitas vezes faltam, as reuniões comunitárias são muitas vezes escassas ou pouco frequentadas. Neste contexto, o jovem irmão encontra uma vida diferente daquela a que ele estava acostumado e, acima de tudo, encontra pouco apoio e acompanhamento fraterno, porque na realidade há pouca vida fraterna”, lamentou. “Hoje tenho medo de que a mensagem que damos aos jovens irmãos seja a seguinte: ‘Aguente agora fazendo um longo serviço militar de sete ou oito anos e logo você fará o que quiser, como estamos fazendo’. Nossos jovens captam muito bem esta mensagem, que não é manifestada em palavras, mas nasce da vida que levamos se esta é demasiada diferente da que exigimos deles. E todos sabemos que a formação não se dá tanto com as palavras ou com belos discursos, mas especialmente com testemunho de vida”, reforçou. Frei Cesare citou o Capítulo II da Regra, em que diz: “Se alguns quiserem abraçar essa vida e vieram a nossos irmãos, enviá-los aos ministros provinciais … etc.” Segundo ele, seria
mais correto traduzir por “aceitar, receber esta vida”: “Trata-se de receber uma vida que nos entregam aqueles que já a vivem. Minha pergunta é: qual é a vida que damos aos jovens que ainda vêm até nós?”, questionou, enfatizando que sem formação permanente não pode existir uma formação inicial. “A formação permanente é o húmus da formação inicial”, disse citando a Ratio Formationis. O frade apresentou ainda a metodologia de Emaús, onde o formador é companheiro de viagem. “Alguém que está ao seu lado. Não vai à frente como um guia, nem para trás com uma bagagem ou um peso a ser arras-
tado, mas como companheiro e irmão que compartilha aquele caminho que necessitam descobrir e fazer juntos”, ensinou Frei Cesare. O Secretário Geral terminou sua palestra frisando que o acompanhamento fraterno não vive sem o testemunho e a reciprocidade. “Essa é a responsabilidade para com as novas gerações que esperam de nós a transmissão de uma vida, não de uma teoria”, completou. Divididos em seis grupos, os participantes refletiram sobre os seguintes questionamentos de Frei Cesare: Os formadores se comportam como companheiros ou seguem outros modelos de formação? Você tem alguma proposta para melhorar a qualidade do acompanhamento? Na sua Província/Custódia, a vida fraterna realmente consegue acompanhar a vida dos irmãos? Você vê o apoio oferecido pela vida fraterna? Você tem alguma proposta para melhorar a qualidade da vida fraterna? No final do dia, os congressistas apresentadaram as conclusões dos estudos em grupos.
Outubro / 2017 [Comunicações]
613
2º DIA - 5 de setembro
Simplicidade e alegria
D
uas palavras marcaram o dia: simplicidade e alegria. Primeiro, Frei Bernardo Brandão, Ministro Provincial da Província Nossa Senhora da Assunção (Brasil), disse, durante a Eucaristia, que a vocação e missão do frade menor só existe com alegria. Depois, Frei Sinisa lembrou aos frades que a formação não necessita de momentos especiais, mas da vida comum da fraternidade, com as coisas “normais” da vida de oração, dos capítulos, dos retiros, da refeição em comum, da recreação, do trabalho doméstico, do trabalho evangelizador etc. Frei Sinisa falou sobre o tema “A Formação Permanente e o Acompanhamento na vida comum”. Tomando por base a Ratio Formationis Franciscanae, disse que o objetivo da “Formação Permanente é animar, nutrir e sustentar o caminho da fé/fidelidade, ajudando a amadurecer um olhar que seja capaz de reconhecer a presença de Deus em nossa própria história de vida e na vida de nossos irmãos/fraternidades para a missão da Ordem”. Segundo o frade, deve-se colocar um pouco mais de atenção no fato que cada dia pode e deve ser formativo, porque a formação tem a ver diretamente com as coisas da vida cotidiana. “Encontrar a força formativa no meio do cotidiano, nos momentos normais da vida, significa levar a sério a lógica da Encarnação, na qual Deus escolheu participar da vida da humanidade, da sua vida e da minha vida”, disse. Para o frade, é preciso trabalhar dois níveis para que a vida fraterna se converta em lugar formativo: o nível pessoal e o nível fraterno. “O propósito da formação para toda a vida é uma forma de ‘voltar/restituir’ através do serviço que abraça todos os aspectos de nossa vida: não apenas uma oração, mas também palavras, obras, emoções, relações, saúde e doença, vitórias e fracassos... Este ‘retorno’ não se expressa apenas externamente e com realizações, mas toca a parte mais profunda do ser e as motivações centrais de cada frade”, explicou. Frei Sinisa terminou sua apresentação enfatizando a fraternidade como um lugar formativo. E citou o artigo 127 da RF com
614
[Comunicações] Outubro / 2017
a descrição das condições que são necessárias para que a fraternidade seja realmente formativa: Alegria da vida fraterna e da oração; disponibilidade para caminhar juntos e entrar em relação direta com os irmãos candidatos em formação; um projeto de vida fraterna como resultado do discernimento em comunidade; disposição para lidar com conflitos e encontrar soluções, valendo-se – se a situação assim exigir – de ajuda por parte de especialistas. “Isso significa que a vida fraterna depende da existência de hábitos que se estabelecem juntos ou de ‘regras’ formais, que nos permitam forjar o encontro, rezar juntos, discutir, comer, etc”, indicou. “Temos que acolher em nossa vida, como frades, uma concepção diferente do outro, isto é, não como qualquer presença, mas como uma mediação da presença de Deus. E o que recebi como presente de outros irmãos deve se tornar o tema da minha oração, traduzida na minha própria experiência pessoal, reconhecida como parte da minha identidade”, acrescentou, completando: “A história de vida de cada fraternidade com seu tempo, espaço, dramas, seus santos – importante notar – é o sinal da presença do mistério de Cristo e uma verdadeira fonte de formação”. Neste dia, Frei Sinisa apresentou como proposta de estudos: Como criar uma atmosfera fraterna, boa e saudável, onde se facilite a discussão e a comunhão no interior da fraternidade? Como funciona a formação permanente em sua entidade? É composta por certos momentos (reuniões ou retiros) durante o ano ou se trata realmente da vida cotidiana dos irmãos? Os irmãos compreendem e aceitam verdadeiramente a ideia de formação permanente como uma formação que tem a ver com a vida cotidiana? Como e que formas expressivas-comunicativas podemos encontrar, que podem moldar ou melhorar esse aspecto (natureza fraterna de nossas vidas) para o crescimento de todos? O que se pode pedir aos irmãos em formação permanente para estarem motivados e conscientes de suas responsabilidades na formação?
VOCAÇÃO E MISSÃO COM ALEGRIA
N
a Celebração Eucarística, Frei Bernardo refletiu sobre a alegria na vida do frade menor. “Para nós, franciscanos, quem vive com alegria a sua vocação, tem autoridade em sua missão. Quem não vive com alegria na sua missão, não tem autoridade”, disse. Frei Bernardo, contudo, perguntou como ter essa alegria e fazê-la transbordar para a Ordem e para a Igreja, que tem o Papa Francisco como timoneiro da esperança. “Uma primeira palavra que nos faz entender o significado da verdadeira alegria é ser discípulos de Jesus. E discípulos missionários. Jesus é discípulo por excelência do Pai”, disse, recordando o exemplo de São Francisco como discípulo itinerante. “Outra palavra muito importante para nós é o serviço. A verdadeira alegria está naquele que se coloca a serviço dos irmãos. A nossa vocação é um dom para toda a Igreja”, observou, lembrando a missão de servir que Francisco recebeu aos pés do Crucifixo de São Damião. “Muitas vezes, presos em nossas dores e sofrimentos, esquecemos que não estamos neste mundo para nós mesmos, mas para servir nossos irmãos. Somos uma Ordem a serviço de toda a humanidade”, enfatizou. E como terceira palavra, segundo o frade, que é fonte de alegria e que nos dá autoridade na nossa missão, é o martírio. “Talvez não tenhamos o martírio como foi vivido pelos primeiros mártires franciscanos na Terra Santa, mas temos o martírio do cotidiano, a fidelidade dos nossos votos no cotidiano de nossa vida”, acentuou. “Por isso, meus irmãos, neste dia, queremos ser discípulos, nos colocar a serviço e pedir a graça de doar a nossa vida, muitas vezes no martírio de cada dia, mas sem perder a alegria”, completou, fazendo referência ao evangelho do dia, quando Jesus expulsa os demônios. “São Francisco dizia que a maior vitória do inimigo é quando ele nos tira a alegria”. Outubro / 2017 [Comunicações]
615
FRANCISCANOS PELA AMAZÔNIA No Dia da Amazônia, os franciscanos, reunidos no Congresso Continental para a Formação Franciscana, fizeram uma pausa em protesto ao decreto que extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) e que no momento foi suspenso pelo governo depois dos protestos dos ambientalistas, políticos, religiosos, artistas etc.
616
[Comunicações] Outubro / 2017
A reserva está localizada entre os estados do Amapá e Pará e compreende uma área de aproximadamente 47 mil quilômetros quadrados (Km²), onde há registros da presença de cobre, ouro, manganês, ferro e outros minérios. Os ambientalistas argumentam que a extinção da Renca deixará uma área intocável da Floresta Amazônica sujeita a diversas ilegalidades.
3º DIA - 6 de setembro
O GUARDIÃO E A FORMAÇÃO PERMANENTE
F
rei Bernardo Brandão, Ministro Provincial da Província Nossa Senhora da Assunção, falou sobre “O guardião que ordinariamente acompanha a Formação Permanente: seu papel, sua formação”. O frade partiu de uma fundamentação espiritual para desenvolver o tema, indicando que o guardião vigia para que o óleo não venha a faltar e que essa ação de vigilância é feita pelo próprio Cristo, que zela pelo projeto do Pai. O guardião, segundo o frade, tem como tarefa principal “manter viva a esperança” dos irmãos. Na fraternidade humana, e sem ser o “super-homem”, o guardião promove a fraternidade, com autoconhecimento e atualização. “Conhecendo a si mesmo, ele é vigilante sobre os seus passos e atua contra a permissividade total dos tempos modernos”, explica o frade, lembrando que o guardião também é atualizado: “Deve estar aberto às constantes novidades nas áreas sociais, políticas, teológicas, pedagógicas, psicológicas, midiáticas e conhecer os documentos da Ordem. Nunca ele deve parar nas opiniões do passado: ‘no meu tempo era assim...’”, observou. Segundo Frei Bernardo, longe de ser autoritário e longe do gosto de mandar nos irmãos, a verdadeira autoridade é uma força interior. “Ela cria um clima de confiança entre os irmãos, promove mais comunicação, derruba barreiras e bloqueios e resolve mais fácil alguns conflitos”, garantiu. Virtude que não pode faltar ao guardião, segundo Frei Brandão, é a humildade. “Se quiser testar a humildade de um frade, o nomeie como guardião”, disse, citando Frei Estêvão Ottenbreit. Para este serviço, Frei Bernardo lembra que é muito aconselhável que o guardião se prepare bem. “Cada guardião – junto com o capítulo local – decide o que se executa do projeto comum e o que e viável em situações concretas”, observou,
lembrando que o guardião é figura decisiva entre o discurso e a prática dos frades. “O guardião se encontra muitas vezes numa encruzilhada entre as grandes estruturas físicas herdadas do passado e o ‘kairós’ do necessário em um momento determinado”, atestou. Frei Bernado abordou com detalhes a importância da formação do guardião, o seu papel de formador e o trabalho nas casas de formação. “Na casa de formação moram normalmente frades de várias gerações e o guardião é o superior de todos. Facilmente, ele se percebe diante de um conflito de gerações e de um sutil jogo de poder na própria casa, onde cada geração interpreta o carisma franciscano diferentemente”, observou: “Nestas situações, ele não deve polarizar e criar frentes, mas garantir, como mediador, o amor fraterno entre os irmãos”. Em seis grupos, os frades refletiram sobre as seguintes perguntas propostas por Frei Bernardo sobre o tema: O guardião é só o coordenador da fraternidade ou ele é essencialmente algo mais? Até que ponto a confiança entre os irmãos é o fundamento de um bom trabalho de um guardião? Quando e como o guardião deve manter o sigilo? (fórum interno e externo do frade e da fraternidade); Quando e como ele deve exercer sua função de autoridade na fraternidade? Que valor e que limites têm um curso organizado pela Ordem ou pela Conferência? Que importância se dá à vida de oração de um guardião, quando ele deve exercer um constante “habitus” de discernimento? Outubro / 2017 [Comunicações]
617
FREI VALMIR FALA DO NOVO ROSTO DA ORDEM E FAZ UM ALERTA
O
Definidor Geral para a América Latina e Caribe, o brasileiro Frei Valmir Ramos, presidiu a Celebração Eucarística e depois ganhou um tempo para falar aos congressistas. Ele esteve no Encontro de Justiça Paz e Integridade da Criação, em Anápolis (GO), e trouxe de Roma uma saudação especial do Ministro Geral, Frei Michael Perry, para os formadores. O frade lembrou que hoje a Ordem
está ganhando um novo rosto, mas alertou que o dinheiro e o clericalismo ameaçam seu desenvolvimento. A primeira ameaça, segundo o frade, é o dinheiro, e São Francisco já havia alertado para esse perigo no seu tempo. “Por isso, São Francisco disse que dinheiro é esterco de burro. Vocês sabem que o esterco de burro é muito fraco. Não serve para nada, nem para biogás. É diferente do esterco do gado ou da galinha. O dinheiro é uma ameaça porque ele corrompe, mesmo que digam que não é ele o problema, mas a vontade de ter independência e poder aquisitivo. Podemos citar tudo que envolve essa questão, porém o fato é que o dinheiro é uma ameaça para a Ordem”, lamentou. A outra ameaça para a Ordem hoje, num contexto geral, é o clericalismo. “Nós não somos clérigos. Nossa Ordem nasceu forte entre irmãos. E todos sabemos disso. Vocês sabem! Nós lemos ‘a Regra e a Vida dos Frades Menores’ e não ‘a Regra e a vida dos Padres Maiores’. Porque como frades menores
somos irmãos. O clericalismo acaba com a Ordem. Ele não permite que nós sejamos irmãos entre irmãos”, destacou. Para o Definidor Geral, contudo, há algumas vantagens em alguns lugares. “Nós chamamos os confrades de frei. Isto pode ser um sinal muito simples, mas também indicativo, porque onde existe clericalismo, o frei sacerdote não admite ser chamado de frei”, disse, lembrando que São Francisco não usa a palavra superior, mas ministro e guardião. “O ministro é o que serve e o guardião é a mãe. Também nós não encontramos nos escritos de São Francisco, quando ele fala do acompanhamento dos irmãos, o termo governo. Superior ou superiores maiores, isto não é próprio do franciscanismo. São Francisco só usa a palavra governo para se referir a organizações externas. Então, são questões muito simples, imperceptíveis, mas que podem entrar na Ordem e destruí-la. A tendência, cada vez maior, é do clericalismo. Nós somos irmãos. Então, se queremos uma Ordem de Irmãos, que tem aqueles com a vocação sacerdotal e aqueles com a vocação laical, devemos formar a Ordem de Irmãos, crescer juntos e sermos testemunho para o dia de hoje e para o futuro”, constatou. Como responsável pela animação da Ordem, Frei Valmir fez o seguinte questionamento: Que tipo de frades nós queremos? “Essa pergunta não é nova, mas ela é importante para direcionarmos as nossas ações como guardiães, ministros, formadores. Que tipo de frades nós queremos? Se nós queremos frades burgueses, que trabalhem com os ri-
cos, nós vamos formá-los burgueses trabalhando com os ricos; se nós queremos frades clérigos, que trabalhem celebrando missas, batizados, casamentos e não saiam da sacristia, vamos formá-los assim; se nós queremos frades que se preocupam mais com o estômago, nós vamos formá-los assim; então, me diga que frades nós queremos?”, perguntou. Na sua reflexão, durante a Missa, também abordou a formação franciscana. “É muito importante que todas as etapas da formação, a partir da animação vocacional que acolhe o vocacionado, estejam em fraternidades que vivam o mais autenticamente possível o carisma franciscano. Nenhuma etapa de formação pode ser colocada, ser transferida ou ser inserida em situação onde existem dúvidas a respeito do carisma franciscano”, observou. Frei Valmir citou o querido Ministro Geral, Frei Giacomo Bini, que dizia que quando acolhemos um jovem, ou formamos ou deformamos. “Por isso, acolher um jovem que, às vezes tem 18, 20 ou 35 anos, não importa muito a idade, que não tem claro o
carisma franciscano, pode colocar em risco a fraternidade e até o carisma”.
OS ROSTOS DA ORDEM
Segundo Frei Valmir, estamos em tempo de mudanças e a primeira mudança visível, e que Frei Michael Perry tem refletido constantemente, é a do rosto da Ordem. “A Ordem está mudando de cor. A Ordem não é mais a europeia, nem a norte-americana. Dentro de 20 anos terá mudado ainda mais. A cor da Ordem é latino-americana, africana e asiática. Esta mudança nos faz refletir a respeito da nossa responsabilidade também diante das mudanças. As mudanças que acontecem no mundo, na vida das pessoas, da sociedade de um modo geral, que vai acontecendo na Igreja – e aí tem uma mudança significativa -, isso nos dá uma responsabilidade grande. Para nós, latino-americanos, a primeira responsabilidade é exatamente a formação em todas as suas etapas, porque quanto mais nós vivermos autenticamente o carisma franciscano mais nossos jovens latino-americanos vão procurar responder ao chamado
de Deus na Ordem Franciscana. Do contrário, não. Se não vivermos o carisma franciscano, os jovens não terão a coragem de responder ao chamado de Deus”, alertou, lembrando que a Ordem não pode mais pensar em vocações onde não há mais jovens e os fiéis são pessoas acima dos 60 anos, como na Europa. Lembrando que o Ministro Geral pede responsabilidade para acolher e acompanhar aqueles que respondem ao chamado de Deus, Frei Valmir disse que hoje é preciso ir ao encontro do vocacionado. “Nós não podemos mais contar com os colégios seráficos, que ajuntavam tantos meninos para os seminários. Eles não vêm mais. Hoje é preciso ir ao encontro do vocacionado. Depois deste encontro, contudo, não se deve esquecer do vocacionado. Não é possível deixar de responder ao contato de um vocacionado, seja por alguma forma dos novos meios de comunicação ou pela forma antiga dos Correios. É necessário responder. É preciso ser como o pescador, que pega o peixe e não permite que ele vá embora”, ensinou. Frei Valmir insistiu muito na sua reflexão que a função na Ordem de guardião, de formadores, ministros é colocar-se a serviço como pedia São Francisco. “Também gostaria de recordar com vocês a importância de vivermos bem - ou ao menos fazer todo o esforço possível - o nosso carisma, a fim de que sejamos também acompanhadores dos nossos confrades, independente, vamos dizer assim, da condição deles, seja ele nosso guardião ou seja o nosso confrade que trabalha conosco na paróquia, na obra social etc. Nós temos a responsabilidade de nos acompanharmos, sermos de fato irmãos e de percebemos aqueles sinais que indicam que alguma coisa não está bem com o meu irmão. E nós somos assim: co-responsáveis uns pelos outros”, completou. Outubro / 2017 [Comunicações]
619
4º dia - 7 de setembro
O
Uma igreja próxima não produz rejeição
dia 7 de setembro não foi feriado para os formadores franciscanos. O Dia da Pátria foi lembrado em muitos momentos com orações, especialmente na Santa Missa presidida pelo frade argentino Ramiro de la Serna. No altar, a imagem de Nossa Senhora Aparecida e a Bandeira do Brasil lembraram a data festiva nacional. Depois de se debruçarem sobre temas como acompanhamento na vida fraterna, a formação dos frades depois
620
[Comunicações] Outubro / 2017
dos votos solenes, o guardião e a formação de seus frades, no quarto dia, os congressistas ouviram Frei Ramiro falar sobre a promoção vocacional. Frei Ramiro de la Serna ingressou na Ordem dos Frades Menores aos 22 anos. Foi formador de religiosos jovens e logo se tornou Provincial dos frades da Província São Francisco Solano, na Argentina. Desde 2008 integra a Fraternidade da Casa de Jovens “Hermano Francisco”, em Moreno, dedicada especificamente à pastoral juvenil, e também faz parte da
Fundação Franciscana, expressão de presença e compromisso social com muitos jovens leigos na região metropolitana da capital argentina. Lançou o livro “Desenterrando Deus”, e todo o dinheiro da venda desta obra foi revertido para a Fundação. Para falar sobre o tema, Frei Ramiro fez uma recapitulação detalhada dos documentos que emergiram da Ordem abordando esta importante fase da vida religiosa consagrada. “Ao longo do tempo, vimos a constante preocupação e intervenção dos
diferentes governos gerais em relação ao tema da Formação Permanente e da Pastoral das Vocações. Se detivermos nos últimos 50 anos, veremos que a Ordem insistiu de muitas maneiras, com diferentes meios, na abordagem dessas duas realidades”, disse. Para Frei Ramiro, esses documentos possibilitaram à Ordem um reencontro com as Fontes e é inegável o crescimento interno dela, além de um maior diálogo com o contexto eclesial, social e histórico em que nos movemos. “Não duvido que avançamos muito, mas devemos recuperar a reflexão, a vida compartilhada e também nos perguntar por que algumas indicações são repetidas ao longo dos anos, sem produzir a transformação esperada”, observou. Segundo o frade, sem a formação permanente não existe possibilidade real de uma verdadeira vocação pastoral e de uma profunda experiência na proposta vocacional. “Pode haver vocações que sustentem a instituição, mas não há garantia que sustentem e transmitam o carisma”. Frei Ramiro partiu da dinâmica do “venham e vejam” (Jo 1, 39) para fundamentar sua proposta: “Temos de construir, apoiar, fortalecer pequenas experiências, ‘estruturas que dão sentido’”, disse. Para ele, são fraternidades que expressam paixão pela vida consagrada, paixão pela vida entregue a Deus e aos irmãos. “Não falo de fraternidades perfeitas ou santas, falo de estruturas fraternas dinâmicas que dão vida, que refletem o sentido de consagração. Não será isso que intuiu o grande ex-Ministro Geral Giácomo Bini, quando ele terminou o seu generalato, e constituiu a fraternidade de Palestrina como uma fraternidade de
‘doadora de sentido’? Ele não se dedicou a palestras e pautas de animação, mas estabeleceu uma fraternidade medular, doadora de sentido”, explicou, definindo essas fraternidades como medulares. “Podem ser fraternidades que aprofundam a dimensão contemplativa, missionária, capaz de receber o jovem e o irmão que busca. Fraternidades que ‘refresquem e descansem’ a vida provincial”, acrescentou, reforçando: “Pequenas fraternidades que expressem paixão pela vida, uma vida que contagia, que se irradia (não que se prega ou se faz por panfletos)”. Segundo o frade, o trabalho vocacional é atrair o jovem para essas fraternidades e espaços medulares, que o ajudarão a se questionar e a experimentar o que a Fraternidade quer apresentar a ele. Frei Ramiro abordou vários pontos do tema, mas também enfatizou muito a proximidade com os jovens. Mostrou através de dados estatísticos que o jovem dá mais valor à fé do que à religião. Ele citou o sociólogo espanhol Javier Elzo para lembrar que “se confia mais na Igreja quanto
mais contato se tem com ela”. Para Elzo, “a rejeição da Igreja é diretamente proporcional ao seu afastamento”. “Isso mostra que quanto mais se está perto do povo, mais aceitação e valorização tem o consagrado. Os jovens que mais desvalorizam o eclesial são aqueles que tiveram menos contato”, observou Frei Ramiro. Para ele, uma Igreja próxima não produz rejeição. Mas ressaltou que é preciso estar perto e visivelmente. “Deveríamos reformar profundamente os sinais de visibilidade”, propôs o frade, exemplificando com o fato ocorrido aqui no Brasil quando perguntaram a ele, vendo-o com o hábito, se era da “Toca de Assis”. “Perto e visível como um irmão menor e pobre. Talvez seja hora de passar de uma Igreja Mãe e Mestra para uma Igreja irmã e companheira. Uma igreja próxima. Um consagrado próximo produz aceitação, é valorizado”, enfatizou. Para Frei Ramiro, todos sabemos que a vocação é um dom, mas “também uma resposta que se constrói diariamente”. Nos grupos, Frei Ramiro propôs as seguintes perguntas para estudos: Que estratégias, atitudes, propostas temos para os jovens que nos procuram? Que estratégias, atitudes, propostas temos para sair ao encontro dos jovens. Na sua Província / Custódia seria possível uma dessas fraternidades medulares? O feriado terminou com a Noite Cultural, onde os frades mostraram um pouco de suas culturas e tradições, especialmente da música, como os frades mexicanos. Outubro / 2017 [Comunicações]
621
5º DIA - 8 de setembro
O exemplo de acompanhamento recíproco de Nazaré
F
rei Cesare Vaiani, que abriu os trabalhos do Congresso falando de acompanhamento, fechou os trabalhos falando do exemplo de acompanhamento recíproco da Família de Nazaré, durante a Santa Missa, festa da Natividade de Nossa Senhora. “Este Evangelho de hoje (Lc 1, 1-16) que nos fala da fé de José e de Maria, coincide com o último dia do nosso Congresso, e queremos acolher também este convite de fé. Da fé temos necessidade constantemente, porque nestes dias dissemos que a formação permanente é um caminho de fé. É uma renovação diária daquele ato de fé que nunca pode terminar e que exige ser cultivado e nutrido a cada dia. A fé, como a formação, pode ser somente permanente. Ninguém pode pensar que se possui a fé de uma vez por todas, assim como ninguém pode pensar que já não tem necessidade de formação. Nossa formação
622
[Comunicações] Outubro / 2017
permanente, no fundo, não é senão o meio para sustentar nossa fé, ou seja, a nossa relação fundamental com Deus”, refletiu Frei Cesare. “A fé de José e Maria é geradora porque acolhe o Senhor Jesus e O permite nascer no mundo. Também nossa fé é geradora, como a fé deles. São Francisco em sua ‘Carta aos Fiéis’ nos diz que a fé na ação do Espírito do Senhor nos permite chegar a ser filhos do Pai e esposos, irmãos e mães de Jesus. Segundo Francisco, podemos ser realmente geradores e convertermo-nos, como Maria, em mães de Jesus. Ele disse que ‘somos suas mães, quando O levamos em nosso coração e em nosso corpo, pelo amor divino e a consciência pura e sincera’”, explicou. Segundo o frade, neste caminho de fé e de formação ninguém está sozinho: “Como nós dissemos nestes dias, estamos acompanhados por nossos irmãos e nós mesmos os acompanhamos. Nesta festa me
agrada pensar também na família de Nazaré como um modelo de acompanhamento recíproco: José, Maria e Jesus exerceram mutuamente um serviço de acompanhamento. Me impressiona pensar que também o Filho de Deus, vindo a este mundo, escolheu ser acompanhado como todos os homens por uma mãe e por um pai que estavam ao seu lado com respeito e com amor. Maria, ao anúncio de que chegaria a ser mãe para acompanhar o caminho do Filho de Deus neste mundo, prosseguiu buscando também o acompanhamento de José naquele misterioso caminho. E José, que como todo homem justo tinha o sonho de uma mulher e um filho, aceitou o plano de Deus, que realizava seu sonho de uma maneira misteriosa, com aquela mulher e aquele filho que haveriam de ser seus extraordinários acompanhantes e a quem ele, por sua vez, haveria de acompanhar, primeiro, no Egito e
logo depois em Nazaré, oferecendo a eles o pão ganho com seu trabalho”, considerou. Frei Cesare pediu a Deus que a fé e a formação na Ordem sejam verdadeiramente geradoras, para o bem do mundo em que vivemos e para nossos irmãos e irmãs. “Queremos gerar frutos de justiça e de paz para o mundo de nosso tempo, ferido por tantas injustiças, pela violência e a exploração indiscriminada dos recursos naturais. Peçamos ao Senhor Jesus que aprendamos com Ele, Maria e José a acompanhar e a ser acompanhado”, completou.
AGRADECIMENTOS
A manhã foi dedicada à elaboração e aprovação do documento final deste encontro. Segundo Frei Cesare Vaiani, esse documento irá se juntar aos documentos de mais quatro congressos continentais da Ordem que, então, se tornarão um único documento de formação. Também foi uma manhã de avaliações e todos os frades participantes foram unânimes em elogiar o evento e a anfitriã Província Franciscana da Imaculada Conceição, que começou com muita antecedência a preparar este Congresso. “Esse Congresso Continental para
a Formação e os Estudos foi um momento de graça também para a nossa Província. Como frades anfitriões, acolhemos com muita gratidão o Secretário Geral Frei Cesare e o Vice-Secretário Frei Sinisa, que representaram a Cúria Geral no evento. Esse Congresso também exigiu da Província uma boa logística, para prepararmos e acolhermos bem os frades. O meu agradecimento especial a Frei Walter de Carvalho, que desde o início esteve sempre em contato com a Cúria Geral para acertar todos os detalhes, bem como às Fraternidades da cidade de São Paulo que estiveram na retaguarda, especialmente na recepção e traslados nos aeroportos, e as demais pessoas que nos ajudaram nesta logística, especialmente nossa funcionária Cláudia Kuhnen”, disse Frei Fidêncio Vanboemmel, Ministro Provincial da Província da Imaculada. Para Frei Fidêncio, este Congresso teve um significado especial. “Estivemos reunidos no Centro de Formação Sagrada Família, no bairro Ipiranga (SP), da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Creio que Santa Paulina, que viveu o profetismo no seu tempo, não distante de São Francisco no cuidado e na atenção às pessoas fragilizadas, também esteve na retaguarda como santa a interceder
Irmã Luciana Feitosa coordena o Centro de Formação
por nós junto de Deus pelo bom êxito do Congresso”, disse, fazendo um agradecimento especial às Irmãs pelo acolhimento. “Creio que nesses dias vivemos a graça daquilo que São Francisco disse no Testamento: ‘O Senhor me deu irmãos!’. Irmãos que compartilharam a sua própria vida, irmãos que trouxeram as experiências vividas nas diferentes entidades de toda a América Latina e do Caribe. Creio que foi um momento de graça onde compartilhamos nossos anseios, nossas preocupações que se referem à formação e os estudos, especialmente à animação vocacional, a formação em si mesma no seu processo formativo e um olhar todo particular sobre a formação permanente. Então, Deus seja louvado por tudo, por esse momento histórico para os frades e também para a nossa Província”, agradeceu Frei Fidêncio, que reuniu os funcionários e as irmãs para repetir este agradecimento a todos antes do almoço. O último compromisso dos frades foi uma visita ao Centro antigo da cidade de São Paulo, incluindo o Convento São Francisco, que neste ano celebra 370 anos de fundação, além do Mosteiro da Luz, onde conheceram o túmulo do primeiro santo brasileiro, Frei Galvão.
Frades mostraram um pouco de suas culturas e tradições na Noite Cultural Outubro / 2017 [Comunicações]
623
CONGRESSO CONTINENTAL DOS FORMADORES DE AMERICA LATINA Declaração final I. Introdução 1. A todos os irmãos da América Latina e do Caribe: Paz e bem!. Reunidos na acolhedora cidade de São Paulo (Brasil) por ocasião do Congreso Continental para Formadores, com o tema: “Acompanhamento na vida fraterna”, congregamos 65 irmãos, acompanhados e animados pelo Secretário e Vice-secretário para Formação e Estudos da Ordem e por nosso Definidor Geral, Frei Valmir Ramos. Compartilhamos quatro temas importantes, que foram bem desenvolvidos e depois discutidos amplamente em grupos. O clima fraterno que vivemos nestes dias nos convida a proclamar, do mais profundo dos nossos corações: “O Senhor foi grandioso conosco e estamos alegres!” O trabalho foi intenso, mas agradável e reconfortante. Cada um retorna ao seu país com uma riqueza de vivências compartilhadas e as linhas de ação que nos ajudarão a melhorar nosso serviço formativo.
II. Descrição e propostas 2. Compartilhamos com vocês algumas linhas de ação que desejamos transformá-las em compromissos para melhorar nossa Formação Permanente, isto é, para sermos melhores Frades Menores.
2. 1. Acompanhamento mútuo na vida fraterna.
a) Descrição O acompanhamento é o nome franciscano da formação. O acompanhamento necessita e fomenta a consciência de que o verdadeiro formador é o Espírito Santo e que o primeiro responsável de sua formacão é o próprio frade1, e o papel do formador é o de caminhar ao lado, oferecer alento e ajuda para discernir os sinais vocacionais e pessoais e como Deus fala através dos acontecimentos da vida ordinária2. O acompanhamento enfatiza a relação fraternal que nos caracteriza como “Frades Menores”3. O acompanhamento tem lugar na nossa vida fraterna ordinária4, onde cada irmão e a fraternidade o experimentam, em especial pela mediacão dos acompanhantes “institucionais”, Mi-
624
[Comunicações] Outubro / 2017
nistros, Guardiães, acompanhantes espirituais e formadores da Formação Inicial ou Permanente5. O acompanhamento é sempre recíproco6 e sua forma mais própria e o testemunho . b) Propostas Que cada irmão da Província/Custódia se sinta responsável, com o seu testemunho de vida, pelos irmãos na Formação Inicial, tendo presente a realidade e o contexto da sociedade atual, onde o processo formativo inicial deve se realizar com experiências concretas. Que, através do projeto de vida pessoal e fraterno, se dê resposta às diversas exigências e necessidades ao longo do intinerário formativo e se possa acompanhar a cada irmão. Criar um centro de atenção e acompanhamento integral em nível das conferências para ajudar os irmãos em dificuldades. Que em nossas províncias/custódias se promovam irmãos que se qualificam em estudos do nosso carisma franciscano.
2.2 Formacão Permanente
a) Descrição A Formacão Permanente acontece na vida cotidiana8. Não está unicamente interessada em ter bons programas e reuniões extraordinárias, mas se fundamenta, principalmente, no bom discernimento da vida cotidiana9, a partir da perspectiva da fé. A Formação Permanente estimula e fortalece a qualidade das nossas relações fraternas, criando uma mentalidade e uma atitude comum na vida cotidiana. Este enfoque requer diálogo profundo e compromisso mútuo. Isso cria espaços para a partilha fraterna, garante e oferece o contexto concreto que nos permite reunir, discutir, trabalhar juntos e partilhar. Este
compromisso comum na vida cotidiana cria a fraternidade que estimula o crescimento de cada irmão10. b) Propostas Fazer da nossa vida cotidiana em fraternidade o espaço próprio para nossa Formação Permanente. Elaborar no Capítulo local nosso Projeto de Vida Fraterno, seguindo os critérios básicos da nossa espiritualidade e as estruturas fundamentais que nos ajudam a viver “enamorados” de Deus e do “Povo de Deus”, atentos aos gestos fraternos, como uma mãe atenta. Criar espaços (encontros, formação,grupos, etc.) nos quais se fortificam o sentido de confiança, as relaçoes interpessoais e a correção fraterna na vida cotidiana dos irmãos da província/ custódia para construir fraternidades mais saudáveis. Criar um centro de estudos superiores para o aprofundamento da espiritualidade franciscana em nivel da UCLAF.
2.3 Formação dos Guardiães
a) Descrição Se a Formacão Permanente se realiza na vida diária da fraternidade, o Guardião tem um papel central, no qual, antes de tudo, o caráter espiritual. Inspirado por Deus, o Guardião de Israel11, ele anima a fraternidade a viver na espera vigilante do dia do Senhor12. Entendido, assim, que a fraternidade é uma obra divino-humana, encontram-se nela além destes fundamentos espirituais, muitas responsabilidades humanas. É importante que o Guardião também tenha um bom conhecimento de si mesmo, que o permita cuidar de si e dos outros, como também precisa cultivar o sentido da alteridade, fundamento de uma verdadeira autoridade. Uma das tarefas mais difíceis e importantes do Guardião é a correção fraterna e a promoção do perdão mútuo entre os irmaõs. Para realizar tal servico, requer-se muita humildade. Ao tratar das estruturas concretas de nossas vidas, o Guardião não deve perder de vista o “kairós” de que é necessário em um momento específico, usando o bom senso, um sadio discernimento e sua experiência de vida. Para executar bem seu serviço, o Guardião necessita de uma formação adequada, que o ajude a assumir o “habitus” do discernimento contínuo e o permita ser um formador da sua fraternidade. b) Propostas Promover uma constante formação dos irmãos Guardiães, especialmente daqueles que iniciam este ofício. Cremos que seja conveniente que esta formação se realize interprovincialmente ou por Conferência. Recuperar os espaços e a dinâmica da correcão fraterna, que faz dos Guardiães realmente os responsáveis pelo caminho formativo dos irmãos e nos faz todos responsáveis como fraternidade.
2.4 Cuidado Pastoral das Vocações (CPV)
a) Descrição Relendo os documentos da nossa Ordem em relacão ao CPV podemos evidenciar algumas constantes. 1. O CPV é responsabilidade de todos os irmãos e de todas as fraternidades. 2. Esta responsabilidade, indelegável, manifesta-se, antes de tudo, no testemunho de vida. O primeiro anúncio vocacional deve ser, então, viver como frades menores. 3. A vocação é sempre um dom de Deus e resposta do homem, que são duas liberdades que se encontram. Devemos ter propostas para evangelizar o momento da decisão vocacional nos jovens. 4. É necessário uma real proximidade ao mundo dos jovens. 5. O discernimento vocacional deve ser concebido como um processo. Sem FP não há posibilidade real de uma verdadeira pastoral vocacional, e de uma vivência profunda da proposta vocacional. Pode até existir vocações que sustentam a instituição, mas não garantem que sustentam e transmitem o carisma. É necessário seguir dando espaço a novas fraternidades (“fraternidades medulares”) que expressem paixão por nossa vida, vida que contagia, que se irradia e que atrai. b) Propostas Continuar o processo de conscientização de que todos os irmãos são responsáveis pela animação vocacional. Usar os meios necessários para constituir uma fraternade nova, dedicada à evangelização dos jovens e que torne mais visível o nosso carisma. Priorizar nas nossas entidades a formação dos irmãos para o acompanhamento espiritual. Pedindo a Nossa Mãe Aparecida e ao nosso irmão Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, compartilhamos com vocês nossas reflexões e nossa esperança.
O Senhor nos abençoe e nos acompanhe! 1 – CCGG 137 § 1; RFF 40; 61. 2 – Cf RFF 94; 148 *8. 3 – Cf. RFF 95. 4 – Cf. RFF 96. 5 – Cf. RFF 92. 6 – Cf RFF 72; 102; Han sido llamados a la libertad 23-24. 7 – Cf RFF 140. 8 – Cf. RFF 109; Han sido llamados a la libertad 25. 9 – Cf. Han sido llamados a la libertad 5-6. 10 – Cf. Han sido llamados a la libertad 30. 11 – Sal 121; 127,1. 12 – Prov. 8, 34; Mt 25, 1-13; 1 Th 5,6; Ap 3,2. Outubro / 2017 [Comunicações]
625
Profissão Solene
POR TODA A VIDA V
“
iver por todo o tempo da minha vida o Santo Evangelho”. Foi com ênfase nesta frase que o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, presidiu a Profissão Solene de Frei João Alberto Bunga, Frei Ermelindo Francisco Bambi e Frei José Raimundo de Souza, durante a Celebração Eucarística no domingo, dia 24 de setembro, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis (RJ). Frades de toda a Província participaram desta Celebração histórica, como o Vigário Provincial, Frei César Külkamp, o Definidor e Secretário da Formação e Estudos, Frei João Francisco da Silva, o Guardião Frei Jorge Schiavini, representando todos os frades da Fraternidade local, e os diáconos Frei Alan Maia de França e Frei Vanderlei Silva Neves. A Missa, transmitida ao
626
[Comunicações] Outubro / 2017
vivo pelo Facebook da Paróquia e pela Rádio Imperial de Petrópolis, teve a presença do Coral dos Canarinhos de Petrópolis, que tornou o momento ainda mais especial. Após a proclamação do Evangelho, os três jovens frades - os ango-
lanos Ermelindo e Frei João e o brasileiro Frei José - foram chamados pelo mestre da Teologia, Frei Marcos Andrade. Ao chamado, cada um respondeu: “Aqui estou!”. Em seguida, Frei Marcos leu um breve histórico da caminhada formativa de cada um. Em sua homilia, Frei Fidêncio recordou que os frades, ao final da etapa do Noviciado, fizeram a Primeira Profissão, que é renovada anualmente. Mas que a Profissão Solene, celebrada neste domingo, tinha um grande diferencial: “Hoje, as palavras que vocês irão pronunciar são as mesmas, mas com um detalhe de suma importância e que dá o tom a toda esta celebração: eu faço votos a Deus Pai Onipotente Todo Poderoso, de viver por todo o tempo da minha vida o Santo Evangelho em pobreza, obediência e castidade, que é a essência fundamental
Formação e Estudos
da vida religiosa franciscana. Ou seja, viver em Fraternidade, com irmãos formados pelo Senhor, seguir a Constituições Gerais da Ordem, que diz com clareza o que é a nossa forma de vida e nosso projeto evangélico e a serviço do bem do povo de Deus”, disse. “Esta vida, segundo o Santo Evangelho, vivida em fraternidade e segundo as exigências legais, nós não a vivemos em função de nós mesmos ou para dentro de nós mesmos. Nós vivemos esta vida a serviço da Igreja de Deus, do povo de Deus”, acrescentou o Ministro Provincial. A partir da liturgia do 25º Domingo do Tempo Comum, Frei Fidêncio deu três indicações aos professos: empenho de buscar sempre o Senhor, viver em Cristo e deixar-se conduzir pelos critérios do amor de Deus. “Recomeçar também é uma palavra que Francisco de Assis gosta. A nossa vida penitencial, a nossa vida franciscana e cristã, é sempre um recomeçar, deixando Deus ser o centro da nossa existência”, explicou.
Tendo como base a segunda leitura, o Ministro Provincial disse que, na profissão, o frade morre para si mesmo. “Cada um de nós, Irmãos Menores, precisamos transmitir através da nossa vida o brilho do Senhor Jesus. E para viver esse brilho do Senhor Jesus é preciso que a gente faça a experiência de morrer para si mesmo. A vocação religiosa é exatamente isso: morrer para si, para deixar o brilho de Deus crescer na vida religiosa que vocês vão professar solenemente”, disse. “O decisivo da nossa vida é a resposta generosa que nós daremos a Deus na hora do nosso chamado, na hora da nossa convocação. O decisivo é viver segundo a forma do Santo Evangelho”, concluiu. Após a homilia e a Ladainha dos Santos, deu-se continuidade ao rito da Profissão Solene. Cada um fez o seguinte pedido: “Para louvor e glória da Santíssima Trindade, eu, movido por inspiração divina a seguir mais de perto o Evangelho e os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo, perante os irmãos aqui presentes, em tuas mãos,
Frei Fidêncio Vanboemmel, com firme vontade e propósito, faço voto a Deus Pai Santo e Todo-Poderoso, de viver por todo o tempo de minha vida, em obediência, sem nada de próprio e em castidade. Ao mesmo tempo, prometo observar fielmente a vida e a Regra dos Frades Menores, confirmada pelo Papa Honório, segundo as Constituições Gerais da Ordem dos Frades Menores. Entrego-me, pois, de todo o coração a esta Fraternidade, para que, pela ação do Espírito Santo, a exemplo de Maria Imaculada, por intercessão de nosso Pai São Francisco e de todos os santos, e com a ajuda dos irmãos, eu possa chegar à perfeição da caridade no serviço de Deus, da Igreja e da humanidade”.
FRUTOS DA MISSÃO
Para Frei João Bunga, a profissão é “o momento mais importante da vida de um frade”. Frei Ermelindo agradeceu à Província e a Deus por este momento e recordou que há exatos 27 anos, a Província iniciava a Missão em Outubro / 2017 [Comunicações]
627
Formação e Estudos
Angola. Hoje, com a Profissão Solene destes dois frades angolanos, a FIMDA possui seis professos solenes. Frei Samuel, Mestre de Noviços, foi missionário em Angola e afirma que hoje, ao ver estes jovens professando solenemente, sente a graça de Deus atuando. “Interessante ver o processo de crescimento, a caminhada, que eles fizeram. Alguns deles foram aspirantes enquanto eu estava lá. No momento da profissão, fiz um retrospecto de tudo o que foi viven-
628
[Comunicações] Outubro / 2017
ciado no tempo da guerra, os esforços da missão e a graça de Deus atuando, mesmo em meio às dificuldades. É bonito ver despontar o carisma fran-
ciscano em Angola”, afirmou. Antes de encerrar a celebração, Frei Fidêncio agradeceu aos benfeitores do Pró-Vocações e Missões Franciscanas pela contribuição na formação dos frades e na manutenção da Missão em Angola e chamou todos os frades angolanos no presbitério para cantarem e agradecerem a Deus por esta celebração. Érika Augusto
Formação e Estudos FIMDA
ENCONTRO DOS FRADES EM ANO MISSIONÁRIO “Ser missionário é depender da graça de Deus”
A
Fraternidade do Postulantado Santo Antônio, em Kibala, tornou-se o ponto de encontro para os frades de profissão temporária que realizam a experiência do Ano Missionário na Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola. Estivemos reunidos entre os dias 28 e 30 de agosto. O encontro foi intermediado por Frei Marco Antônio dos Santos, que ressaltou a importância do ser missionário e a riqueza deste ano na Missão de Angola para a nossa formação fransciscana e humana. Realçou os desafios e as perpectivas da missão. Frei Marco nos fez lembrar a chegada dos primeiros irmãos em Angola, o trabalho, o espírito de oração e
devoção e, principalmente, o legado missionário do qual temos a graça de fazer parte. Nós partilhamos a riqueza das experiências vivenciadas nas diferentes realidades da FIMDA. Marcantes foram os trabalhos realizados nas aldeias e o contato caloroso com os pequenos do Reino. A alegria do encontro com cada irmão que busca na simplicidade a Palavra de Deus e nos ensina que não há tempo, distância
nem preocupações quando se está em Deus e na Casa de Deus. Além dos Freis Hugo Câmara dos Santos e Roger Strapazzon, realizam o Ano Missionário os frades da Custódia das Sete Alegrias de Nossa Senhora, Freis Jorge Henrique Lisot Camargo, Pedro Renato P. da Silva e Cristiano Pereira Alves de Morais. Frei Pedro Renato P. da Silva e Frei Roger Strapazzon
Outubro / 2017 [Comunicações]
629
Formação e Estudos
PASTORAL UNIVERSITÁRIA VISITA A ESCOLA ESTADUAL ROSA JOHNSON
D
ando início às atividades semestrais da Pastoral Universitária da FAE-Centro Universitário, frades, universitários, voluntários e colaboradores dirigiram-se, no dia 25 de agosto, até a Escola Estadual Rosa Johnson, localizada na região periférica de Curitiba (PR), para a realização de mais uma ação social: pintarem o muro do colégio e desenvolverem algumas oficinas em sala. Mas, antes, os voluntários foram desafiados a arrecadar materiais para que, assim, pudessem concretizar a pintura da escola. Aproveitando o tarde ensolarada, Frei Francisco Dalilson e Frei Erick de Araújo Lázaro, da Fraternidade Francisca-
na São Boaventura de Campo Largo (PR), que acompanham a Pastoral Universitária neste ano, conduziram o momento de espiritualidade junto ao Jardim Botânico. Frei Erick provocou os voluntários a irem ao encontro daqueles que ainda não conheciam e explicou que o objetivo fundamental da ação social do dia era de primeiramente ter um contato frutífero com as crianças, por meio do testemunho e da convivência. E convidou a todos a rezarem a oração do Pai-Nosso. Em seguida, já na escola, além da pintura do muro - com a ajuda inclusive dos alunos-, foram realizadas oficinas nas salas de aula, onde os voluntários apresentaram-se e falaram do curso, da profissão que escolheram e da im-
portância para a sociedade. Também motivaram os alunos a desenharem uma representação da profissão que sonham para eles, momento marcado por muita descontração e alegria. A visita foi concluída com uma saborosa confraternização, com quitutes doados pelos voluntários e universitários. A direção da escola agradeceu a cada um, principalmente por fazer valer o que está escrito no colete da Pastoral Universitária: “doar, acolher e servir”. “Vocês não imaginam a importância da presença de vocês aqui hoje! Muito obrigado de todo coração!”. Equipe de Comunicação da Pastoral Universitária
Formação e Estudos
Frei Marcos Brugger será ordenado diácono no dia 22 de outubro
O
“
dom que cada um recebeu, ponha-o a serviço dos outros, como bons administradores dos diferentes dons recebidos de Deus”. Com este lema, Frei Marcos Vinícius Motta Brugger será ordenado diácono, no dia 22 de outubro, às 19 horas, por Dom Edgar Xavier Ertl, bispo de Palmas-Francisco Beltrão, na Matriz de São Pedro Apóstolo, em Pato Branco (PR). Natural de Juiz de Fora, em Minas Gerais, Frei Marcos nasceu no dia 30 de abril de 1990. Filho de Sandra Regina e José Maurício Brugger, ingressou no Seminário Santo Antônio de Agudos em fevereiro de 2005 e vestiu o hábito franciscano no dia 11 de janeiro de 2009, em Rodeio, onde fez a Profissão temporária dos votos no dia 3 de janeiro de 2010. Concluiu o Curso de Filosofia 2012 em e Teologia em 2016. Professou solenemente na Ordem dos Frades Menores no dia 6 de dezembro de 2014. Atualmente reside na Fraternidade de São Pedro Apóstolo, em Pato Branco (PR). Outubro / 2017 [Comunicações]
631
Fraternidades
CELEBRAÇÃO DOS 370 ANOS DO CONVENTO SÃO FRANCISCO
DOM Odilo SCHERER:
“Continuem este testemunho franciscano”
P
ara celebrar a festa da Impressão das Chagas de São Francisco e os 370 anos do Convento São Francisco, a Missa em Ação de Graças, no domingo (17 de setembro), foi presidida pelo Arcebispo de São Paulo, D. Odilo Pedro Cardeal Scherer, às 10h30, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo. “Hoje, celebrando aqui, quero aproveitar para agradecer, em nome da Igreja de São Paulo e da Arquidiocese, à comunidade franciscana por toda a contribuição dada à vida e à missão da Igreja em São Paulo. E também quero incentivar e encorajar os freis
632
[Comunicações] Outubro / 2017
que hoje estão aqui, que formam a comunidade do Convento e são os continuadores de uma obra que começou há muito tempo e produziu tantos e belos frutos, a continuarem a dar esse testemunho franciscano, tão rico e belo, para a cidade de São Paulo”, disse D. Odilo, que foi acolhido pelo Guardião dos 370 anos, Frei Mário Tagliari. O Vigário Provincial, Frei César Külkamp, representando a Província da Imaculada Conceição e o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, leu a mensagem do Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores, Frei Michael Perry,
que escreveu: “Francisco de Assis, continuamente, nos interpela a reconstruir a Igreja e a sociedade diante dos tantos desafios e exigências da presença de vocês nesta comunidade e os convido, nestes 370 anos, a renovar suas forças na missão que o Senhor lhes confiou. O trabalho é árduo e os desafios são muitos, contudo, é preciso recomeçar sempre. Recomeçar porque até agora pouco ou nada fizemos, nos recorda o Seráfico Pai”. Dom Odilo teve como concelebrantes, além de Frei César, o Reitor e Pároco Frei Alvaci Mendes da Luz; o Guardião do Convento, Frei Mário
Fraternidades Tagliari; o Definidor Provincial, Frei Gustavo Medella, o Pároco do Pari, Frei Germano Guesser; e sacerdotes da Fraternidade. Também estavam presentes os leigos franciscanos da OFS, Jufra, religiosos e religiosas da cidade e região e os fiéis deste Santuário. O Coral do Santuário e os músicos garantiram a solenidade da festa. O Cardeal de São Paulo recordou o tempo de fundação do Convento e do pioneirismo dos franciscanos, que formam uma das mais antigas comunidades religiosas masculinas em São Paulo, junto com os jesuítas, beneditinos e carmelitas. “Este aniversário lembra, portanto, toda a contribuição da comunidade franciscana para a vida e a missão da Igreja em São Paulo ao longo dos 370 anos”, disse D. Odilo, recordando também os vários franciscanos que foram bispos e arcebispos de São Paulo, entre os quais os seus predecessores, Cardeal Dom Pau-
lo Evaristo Arns e o Cardeal Dom Cláudio Hummes. “Hoje, celebrando aqui, quero aproveitar para agradecer, em nome da Igreja de São Paulo e da Arquidiocese, à comunidade franciscana por toda a contribuição dada à vida e à missão da Igreja em São Paulo. E também quero incentivar e encorajar os freis que hoje estão aqui, que formam a comunidade do Convento e são os continuadores de uma obra que começou há muito tempo e produziu tantos e belos frutos, a continuarem dando esse testemunho franciscano, tão rico e belo, para a cidade de São Paulo, que se tornou imensa e precisa muito justamente deste testemunho e desta presença franciscana”, acrescentou.
A FESTA DAS CHAGAS
Dom Odilo recordou que a festa das Chagas de São Francisco nos remete ao ano de 1224 quando, no Monte Alverne, distante de Assis,
Francisco vivia uma profunda crise. “Francisco viveu, digamos assim, uma profunda crise de busca, de angústia, interrogando-se sobre a decisão que tinha tomado e se era mesmo este caminho. Os santos podem nos parecer pessoas que tomam decisões sem muitos problemas. Mas ao contrário disso, os santos tomam decisões sérias na vida e depois pagam caro por elas. Podem ler na vida de todos os santos e mártires. Mesmo os santos místicos. Pagam caro pela decisão de abraçar inteiramente a graça de Deus. E, por isso, eles também passam por momentos de angústia, de incertezas, e buscam a luz de Deus e a resposta de Deus para o passo a ser dado. Não foi diferente com São Francisco”, explicou o Cardeal. “Foi assim que rezando nas montanhas centrais da Itália, ele teve este momento de grande experiência mística de resposta de Deus. Resposta de Deus, de Jesus
Fraternidades
Cristo, para a sua busca. E assim apareceram as chagas de Cristo em seu corpo. Francisco, em vez de ficar apavorado, passou a viver muito serenamente, compreendendo que era a resposta de Deus”, observou D. Odilo. Segundo o Arcebispo, as chagas de Cristo no corpo de Francisco era sua identificação sempre mais profunda com Cristo e com o Cristo sofredor, obediente ao Pai, com Cristo expressão da máxima misericórdia de Deus pela humanidade, que se entregou inteiramente por amor à humanidade ao ponto de se deixar pregar na cruz. “As chagas lembram a paixão de Jesus, o momento máximo de sofrimento de Jesus, mas ao mesmo tempo o momento máximo da manifestação do amor de Deus. Tanto Deus amou o mundo que entregou seu filho único,
634
[Comunicações] Outubro / 2017
entregou até o extremo, para que assim todo aquele que Nele crê – todo aquele que olhar para Ele, como nós recordamos há poucos dias na festa da Exaltação da Cruz, todo aquele que olhar para Ele com fé, como fez o ladrão naquela hora no Calváriotenha a vida, tenha a graça, tenha a misericórdia. Pois bem, Francisco recebendo as chagas, entendeu que era esta a resposta de Deus, a manifestação sempre maior e a identificação com Jesus Cristo e com o
desígnio de Deus se manifestando nele”, disse. “Por isso, a festa das Chagas lembra este momento, e que depois se tornou constante na vida de São Francisco, da sua sempre maior ‘cristificação’, que é a identificação de Francisco com Jesus. Francisco é o homem mais ‘cristificado’ que se conheceu. ‘Cristificado’ no sentido de ser mais semelhante a Jesus, através de sua vida, de suas atitudes, de suas virtudes, o homem que foi para os outros uma imagem de Jesus Cristo”, enfatizou. A partir dos Estigmas, segundo o Cardeal, Francisco pôde viver plenamente entregue à graça de Deus. “Pôde viver plenamente entregue à misericórdia de Deus. Não mais pretendendo nada de si e de suas capacidades humanas. O que contava, agora, para ele era ser todo
Fraternidades
de Cristo, ser todo de Deus, para assim ser todo dos irmãos, ser todo da humanidade, ser tudo da obra de Deus. É por isso que ele expressa de maneira tão bonita quando diz ‘Meu Deus e meu Tudo’. Tudo o resto é pequeno diante deste Grande Bem e Supremo Bem, o Sumo Bem, este Bem que Jesus diz que não se pode nunca perder e nem trocar por nenhum outro. É também isso que São Francisco pôde expressar de maneira bonita quando ele faz justamente este cântico bonito de louvor das criaturas: “Louvado sejas, meu Senhor…” Só lembrando que esse ‘Louvados sejas, Meu Senhor!’ começou a partir do momento em que Francisco, todo desapegado de si, abraçou o leproso e foi capaz de se tornar irmão daquele irmão que lhe causava asco, do qual ele queria se afastar, do qual ele se aproximou, beijou e abraçou”, disse, recordando que a partir desta manifestação de Deus, Francisco é todo de Deus, por isso, todo dos irmãos. “Acho que São Francisco nos ensina uma coi-
sa muito importante aqui: quanto mais somos de Deus, mais somos dos outros também. Mais somos capazes de ser de todos, ser irmão dos outros. Quanto mais somos centrados em nós, no nosso egoísmo, nos nossos projetos, nos nossos planos, menos somos dos outros”, ensinou. Dom Odilo continuou as reflexões com as leituras do dia, e quando referiu-se à Carta de São Paulo aos Gálatas, lembrou que São Paulo dizia: “Eu trago na minha carne as
marcas de Cristo”. “Em outro lugar, ele vai dizer sou todo de Cristo. São Francisco, de modo semelhante, diz meu viver é Cristo. Todo o resto não precisa. Todo o resto passa. São Francisco também pôde dizer: trago em minha carne as marcas de Cristo. Da cruz de Cristo, da paixão de Cristo”, disse D. Odilo, lembrando que todos nós trazemos na nossa vida as marcas de Cristo quando fomos batizados. “Nós também trazemos as marcas de Cristo e somos convidados, como Francisco, a fazer este caminho de maior identificação, de sintonia com Cristo, para sermos inteiramente dele e também inteiramente da humanidade. Ser de Jesus Cristo. Francisco fez esta experiência profunda e, portanto, não o distanciou dos irmãos, pelo contrário, aproximou-os mais ainda. Assim como Francisco, também hoje somos convidados a olhar para Jesus Cristo e dizer: Ele me amou, ele por mim se entregou na cruz, agora o meu viver é dele. Vivo por Ele!” Outubro / 2017 [Comunicações]
635
Fraternidades
V
MENSAGEM DO MINISTRO GERAL
igário Provincial, Frei César Külkamp, leu a mensagem enviada pelo Ministro Geral por ocasião dos 370 anos do Convento.
Prefiro uma Igreja acidentada, ferida, enlameada por ter saído pelas estradas a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. (Do Papa Francisco, na Evangelli Gaudium) Revdo. Sr. Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Cardeal Scherer Queridos irmãos, Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, Guardião, Frei Mário Tagliari, Reitor, Frei Alvaci Mendes da Luz, e demais confrades residentes, amigos e fiéis da Fraternidade e Convento São Francisco de São Paulo, Paz e bem! Há exatos 370 anos, nossos irmãos fundaram o Convento São Francisco no coração do que é hoje a maior metrópole da América do Sul. Enfrentaram os desafios das novas realidades que se apresentavam, guiados pelo
636
[Comunicações] Outubro / 2017
Ministro Geral de nossa Ordem, o Espírito Santo. Esses santos homens deixaram a vocês o legado de uma bela história e a responsabilidade de serem nos tempos atuais a vivência de uma Igreja que vai ao encontro do outro, dos pobres, dos que precisam. Francisco de Assis, continuamente, nos interpela a reconstruir a Igreja e a sociedade diante dos tantos desafios e exigências da presença de vocês nesta comunidade e os convido nestes 370 anos a renovar suas forças na missão que o Senhor lhes confiou. O trabalho é árduo e os desafios são muitos, contudo, é preciso recomeçar sempre. Recomeçar porque até agora pouco ou nada fizemos, nos recorda o Seráfico Pai. Ao Sr. Arcebispo e a Igreja de São Paulo, motivados pelo mesmo Espírito que movia o Pobrezinho de Assis, prometam obediência e reverência como sinal de unidade. Sejam irmãos junto ao clero e ao povo desta grande cidade e façam deste Convento uma casa de acolhida, um lugar onde todos se sintam abraçados e cuidados pela misericórdia de Deus. Enfim, a todos vocês que fazem parte da história do Convento São
Francisco, convido a não se esquecerem da mensagem do Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: A Igreja em saída é uma Igreja com as portas abertas. Sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo mundo sem direção nem sentido. Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, pôr à parte a ansiedade para olhar nos olhos e escutar ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho. Às vezes é como o pai do filho pródigo que continua com as portas abertas para que quando este voltar possa entrar sem dificuldade. Que este Convento e seus frades continuem sendo na cidade de São Paulo sinais constantes da Igreja que nos propomos ser. De minha parte, agradeço aos que passaram, aos presentes e aos vindouros e peço as bênçãos de Deus a cada um e a intercessão de São Francisco e Santa Clara de Assis. Com estima e gratidão, Frei Michael Anthony Perry Ministro Geral e Servo
Fraternidades
AGRADECIMENTOS O reitor e pároco do Santuário São Francisco, Frei Alvaci Mendes da Luz, fez os agradecimentos. “A gente precisa agradecer muito àqueles que fazem e fizeram a história dessa Casa, desse Convento. Agradecer ao Cardeal que aceitou prontamente o convite de celebrar essa Missa de Ação de Graças, agradecer aos confrades, agradecer ao Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, na pessoa de Frei César Külkamp, o Vigário Provincial, todas
as pastorais e movimentos deste Santuário e Igreja Paroquial, que tem vida neste centro de São Paulo, que movimenta e faz história”, disse o frade. Frei Alvaci fez um agradecimento especial também. “Quero agradecer às pessoas que nos ajudaram na campanha pela pintura da fachada desta igreja. Obrigado à Igreja de São Paulo por acolher os franciscanos. E como dizem os franciscanos, Paz e bem!”, desejou. Representando a Pascom, Rafael
Faria entregou a D. Odilo uma reedição do livro sobre a história do Convento. “E que este aniversário dos 370 anos seja mais um belo momento desse ‘fazer história’. Que o carisma franciscano, que é sempre atual, porque é o carisma do Evangelho, é coração do Evangelho, possa ajudar a Igreja se renovar nesse tempo que precisa muito!”, disse D. Odilo, dando a bênção final. Moacir Beggo
Laudes na Capela da Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco Outubro / 2017 [Comunicações]
637
Fraternidades
REGIONAL CURITIBA ELABORA “PLANO ECOLÓGICO COMUM”
O
Regional de Curitiba realizou seu terceiro encontro do ano no dia 18 de setembro junto à Fraternidade São Boaventura, em Rondinha. Com a presença de praticamente todos os frades das três Fraternidades (Bom Jesus dos Perdões, Bom Jesus da Aldeia e São Boaventura), continuamos a reflexão sobre o tema da ecologia, a partir do subsídio da Ordem para o cuidado da Criação, intitulado “O Grito da Terra e o Grito dos Pobres”. Tomamos também como material de estudo uma compilação de assuntos da Carta Encíclica do Papa Francisco “Laudato Si’”, feita por Frei João Mannes. O ponto forte deste encontro regional foi a partilha de sugestões concretas de ação, vindas de cada fraternidade, tendo em vista a possí-
vel elaboração de um “plano ecológico comum” para o Regional. Frei João Mannes falou da necessidade de desenvolver algumas ações ecológicas no Colégio Bom Jesus e na FAE. Destacou as seguintes: trocar todas as lâmpadas por lâmpadas LED; implantar, inicialmente, o sistema de energia fotovoltaica (conversão da luz solar em energia elétrica) no Centro de distribuição dos uniformes Bom Jesus e da Editora Bom Jesus, que possibilitaria uma economia de energia de 90%; reaproveitar os copinhos de plástico de água na empresa “Valor Brasil”, refazer o sistema de esgoto do prédio do Remanso e da cozinha do Centro de Eventos e, enfim, enfatizou todo o trabalho de conscientização ecológica que está sendo desenvolvido nas Unidades Bom Jesus e na FAE. Frei Alexandre Magno Cordeiro da Silva, pela
Fraternidade Bom Jesus dos Perdões, destacou as seguintes práticas já adotadas: a) separação do lixo; b) aproveitamento do óleo de cozinha usado para fazer sabão; c) reutilização de folhas de papel como rascunho; d) troca de lâmpadas pelas do tipo LED, mais econômicas; e) a paróquia é um dos pontos de coleta de óleo de cozinha usado, conforme projeto da Diocese de Curitiba. As sugestões da Fraternidade São Boaventura, muitas já em execução, podem ser vistas abaixo. Lembramos aos confrades da Província que o retiro anual de nosso Regional será nos dias 02 a 04 de novembro na Fraternidade São Boaventura, Rondinha. Aos interessados, informar presença até o dia 15 de outubro próximo. Frei Adriano Freixo Pinto
PLANO ECOLÓGICO - 2017 - FRATERNIDADE SÃO BOAVENTURA - RONDINHA Água
• Não descartar óleo no ralo, mas apurá-lo para fazer sabão • Raspar bem panelas e formas antes de lavar • Atentar para o desperdício de água no banho • Atentar para torneiras de alto consumo (colocar peneirinhas) • Usar chuveiro elétrico até chegar a água quente da energia solar
Energia
• Apagar luzes quando não se está no ambiente
• Tirar do “stand-by” as tomadas dos eletro domésticos • Investir em tecnologia LED
Lixo e Resíduos
• Evitar uso de descartáveis • Separação do lixo • Separar o lixo já na mesa para reciclagem e compostagem • Eliminar uso de copos plásticos
Papel
• Projetar, quando for conveniente, para evitar imprimir • Reutilizar o papel quando for possível
Transporte
• Uso de automóveis compartilhado • Preferir carros de baixo consumo • Cuidado dos carros: dirigir com cuidado para evitar gastos e desgastes desnecessários
Alimentação
• Diminuir o gasto de água ao lavar verduras • Capricho no preparo dos alimentos
Esgoto
• Encontrar uma solução para o esgoto da lavanderia que vai direto para o riacho • Rever nosso sistema de esgoto
Fraternidades REGIONAL LESTE CATARINENSE FAZ TERCEIRO ENCONTRO NO ANO
O
terceiro encontro do Regional Leste Catarinense de 2017 aconteceu nos dias 4 e 5 de setembro, na Fraternidade Franciscana Santo Antônio, em Florianópolis (SC). Como de costume, iniciamos o encontro acolhendo os confrades que, aos poucos, chegavam de viagem. A convivência foi se intensificando em torno do chimarrão, dando sequência à confraternização do almoço. Frei João Mannes nos apresentou um texto organizado por ele para a reflexão desse encontro. O texto trouxe alguns trechos da Encíclica do Papa Francisco Laudato Si,’ com o intuito de nos ajudar a repensar o paradigma tecnocrático, em vista de um desenvolvimento sustentável e a redescoberta da dignidade de cada pessoa humana no conjunto de suas múltiplas relações. Durante o encontro também foi destinado um tempo para cada Fraternidade partilhar um pouco sobre a vida fraterna local. Com naturalidade e confiança mútuas, foi perceptível a dedicação dos confrades pela busca da vida em fraternidade, do cuidado para com os irmãos mais idosos e o zelo pela evangelização. Coube, neste
Regional, a responsabilidade da Fraternidade de Santo Amaro apresentar o seu Projeto de Vida e Missão. Sobre o retiro do Regional ficou confirmada a data de 16 a 19 de outubro, na casa das Irmãs de São José, em Angelina. Quinze frades já confirmaram presença. Frei Nilton Decker irá conduzir as reflexões com o tema: “Ano Mariano e Maria na Espiritualidade Franciscana”. O próximo encontro do
Regional, que será recreativo, acontecerá nos dias 18 e 19 de dezembro, no município de São Martinho (SC). A proposta é passar os dois dias de convivência em uma Pousada, vislumbrando a beleza da natureza, com possibilidade de visita ao Santuário Diocesano da Bem-Aventurada Albertina Berkenbrock. Frei Daniel Dellandrea
ENCONTRO DE EX-SEMINARISTAS FRANCISCANOS EM XAXIM A Paróquia São Luiz Gonzaga de Xaxim-SC sediará o II Encontro de Ex-Seminaristas Franciscanos do Sul do Brasil, no dia 07 de outubro deste ano de 2017. PROGRAMAÇÃO: Às 10 horas, Missa na Igreja Matriz. Ao meio-dia, almoço festivo na Sede SER AURORA, em Vila Diadema. À tarde, jogos e diversões. Informações: E-mail: gigalan10@hotmail.com Telefone: (49)3353-4132 (tratar com Daniela) Outubro / 2017 [Comunicações]
639
Fraternidades ENCONTRO REGIONAL DO ALTO VALE DO ITAJAÍ E PLANALTO CATARINENSE
N
os dias 28 e 29 de agosto, as Fraternidades São Francisco Solano de Curitibanos, Seminário São Francisco e Paróquia Santo Estêvão de Ituporanga, bem como o Convento Patrocínio de São José e Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Lages se reuniram no Convento Patrocínio de São José para mais um Encontro do Regional Alto Vale do Itajaí e Planalto Catarinense. Quando era 16h15, o coordenador Frei Miguel da Cruz deu início ao encontro. Frei Evaldo, então, convidou-nos para iniciarmos com a oração sobre “A simplicidade de São José na compreensão da vocação”. Em seguida foi feita a leitura da ata, corrigida e aprovada por todos. Na sequência, fizemos, como de costume, um giro pelas Fraternidades. Cada um partilhou um pouco da vida e missão nas nossas Casas e Paróquias. No dia seguinte, após a oração, Frei Miguel nos convidou para um momento de formação, tendo como base o documento “O Grito da Terra e o Grito dos Pobres”, onde destacou o tema: “A dimensão Franciscana”. Deste texto, tiramos alguns pontos: - Tomar consciência ecológica; - A Ordem toda está assumindo o cuidado com a Criação; - Nos pequenos gestos é que damos um
passo para o cuidado da Criação; - Nós, seres humanos, no meio da Criação somos os cuidadores e zeladores; - Precisamos tomar consciência de que somos responsáveis pela natureza; - Precisamos tomar cuidado porque estamos muito na ‘ecologia do descartável’; - Temos que fazer a nossa parte, não apenas chamar a atenção; - Estudos temos, mas falta praticidade; Outro ponto estudado foi a “Dimensão Científica”, que nos interroga: Como dialogar com tudo o que representa o poder econômico, cientifico e social? Frei Miguel também aproveitou para falar do Capítulo das Esteiras da Família Franciscana do Brasil, realizado em
agosto último, quando divulgou o documento final pedindo para ouvir o clamor do pobres, revigorar o carisma franciscano e assumir o compromisso profético de denúncia e anúncio. Frei Miguel também lembrou a Mensagem do Papa para o Dia Mundial dos Pobres, instituído no terceiro domingo de novembro. O Definidor Frei Evandro Balestrin falou das notícias da Fraternidade Provincial e pediu que, nos capítulos locais, lêssemos o projeto de Vida Fraterna. O próximo encontro será nos dias 11, 12 e 13 de dezembro na Vila Itoupava. Frei Roberto Carlos
RETIRO NO EREMITÉRIO DE RODEIO De 24 a 27 de julho, reuniram-se no Eremitério Beato Frei Egídio, em Rodeio (SC), as fraternidades: São Francisco Solano de Curitibanos, Seminário São Francisco e Paróquia Santo Estêvão de Ituporanga, Convento do Patrocínio de São José e Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Lages. O guardião de Rodeio, Frei José Antônio Duarte, fez a reflexão tendo como base o livro “Escutai e vivereis – linhas guias para construir uma fraternidade de Eremitério”. Segundo o frade, este subsídio nasceu de um desejo do Capítulo Geral de 2015, e a decisão nº 7 das Constituições Gerais retomou a questão da oração.
Fraternidades Encontro do REGIONAL DE PATO BRANCO
O
Regional de Pato Branco marcou encontro, em Mangueirinha, na manhã de 4 de setembro, com a presença dos frades locais, mais os de Pato Branco, Chopinzinho e do Definidor Frei Gustavo Medella. Depois do acolhimento fraterno, do café enriquecido, fomos à sala de convívio. Animados por Frei Arlindo de Oliveira Campos, elevamos nossos louvores a Mãe de Deus: “Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam”. Nos dedicamos boa parte do tempo à formação. “Ite nuntiate...” convoca as novas diretrizes da Ordem. Precisamos sair do comodismo, sair de nós mesmos para unirmo-nos aos outros. Sem medo de nos sujarmos nas estradas empoeiradas do nosso mundo, levando a Boa Nova da Paz e do Bem. “Quem nos ouve e vê, deve poder ler nas nossas ações aquilo que ouve da nossa boca e dar glória a Deus!” (Papa Francisco). Entre os muitos assuntos tratados, frisou-se a ordenação diaconal de Frei Marcos Vinicius Motta Brugger, que se realizará no dia 22 de outubro às 19 hs na Igreja Matriz de Pato Branco. Opor-
tunidade de rendermos graças a Deus por nossa vida e vocação em fraternidade unidos a todo Povo de Deus. Frei Gustavo ainda nos exortou acerca da propícia revisão dos Projetos Fraternos de Vida e Missão. Já passado meio triênio, rever, analisar e recolocar nos trilhos nossas metas e objetivos parece ser uma boa pedida para os próximos meses. As-
sim, poderemos começar um 2018 com ânimo renovado. Por fim, celebramos em torno à mesa o dom da vida de Frei Angelo Vanazzi, 62 anos, e Frei José Monteiro, ilustre presença de 90 anos. Ao meio-dia, com variado cardápio, no mais fraterno trato, encerramos nosso encontro na hospitaleira Mangueirinha.
FREI CARLOS LÚCIO CORRÊA DIVULGA NOVO MANTRA Do Evangelho à Vida Da Vida ao Evangelho. Aleluia, Aleluia.
641
[Comunicações] Outubro / 2017
(O mantra surgiu em um encontro com os irmãos da OFS. Pode ser usado como Aclamação à Palavra nos encontros franciscanos) 641 Outubro / 2017 [Comunicações]
Fraternidades
TRINTA E QUATRO ANOS DE SACERDÓCIO Vi muitas mães perderem os seus filhos capturados para se tornarem soldados. Só eram salvos os que tinham dinheiro para resgatar os “rusgados”. Esta triste realidade nos marcou porque também Frei Valdir ao defender os seminaristas foi covardemente atirado. A paz chegou a Angola em 2002, o País começou a ser reconstruído. Hoje, 15 anos, se passaram de trabalho e progresso. O povo angolano se sente mais feliz e protegido. Queira Deus que a paz perdure para sempre e a vitória seja um troféu garantido. Irmãos e irmãs reunidos em preces. A todos minha cordial saudação. Quero partilhar com vocês, em forma de poesia e versos esta singela oração. Celebro hoje 34 anos de sacerdócio Consagrados a Deus e ao povo cristão. Estes anos transcorreram entre dores e alegrias. Desafios significativos como a doença e a morte já vivi. O pai, um irmão, 14 tios, muitos confrades e amigos já perdi. Passei por quatro cirurgias e um câncer de próstata já venci. Já trabalhei em 11 paróquias nesta missão de evangelizador. Sempre me dediquei à vocação que recebi, sustentado pela Palavra do Senhor. Com fé em Deus e diálogo permanente, procurei ser de Cristo um seguidor. Como São Francisco, sigo os passos da Igreja na construção de uma nova sociedade. Sei o quanto precisamos trabalhar para ver o mundo em paz e saciedade. O povo todo sempre respeitei porque nos ensina o caminho da igualdade. A fome e a guerra me causam indignação e estarrecimento continuados. Porque sei que Deus nos deu o mundo todo para produzir o alimento sagrado. Mas o que vemos é exploração generalizada e corrupção por todo lado. Andei pelo Brasil e mundo afora como mensageiro e missionário do Senhor. Em Angola, vivi sete anos, sentindo da guerra o sofrimento e o terror. Vivi momentos de muita tristeza e sofrimento, mas também partilhei a alegria e o amor. Vi mães morrendo de fome, com os filhos em seus braços. Jovens e adultos expulsos de suas terras pela ganância dos poderosos. Não foram poucos os esforços e iniciativas para salvar vidas em gestos corajosos.
642
[Comunicações] Outubro / 2017
Na religião sempre houve muita dedicação Ao longo dos séculos para propagar a fé. Íamos para as aldeias distantes de carro, Motos ou bicicletas e, às vezes, até a pé. Levar a Palavra de Deus e celebrar os sacramentos, seguindo os passos de Jesus de Nazaré. Sempre contamos com o apoio e ajuda e Muitas orações de toda a gente. Nossos familiares, amigos e benfeitores oravam por nós constantemente. Pois cumpríamos a ordem de Jesus: “Ide e anunciai a Boa Nova a toda a gente”. Celebrar esta data me enche de profunda alegria e satisfação. A Deus agradeço tudo o que sou e o trabalho que faço de coração. Quero ajoelhar-me e dos meus pecados humildemente pedir perdão. Aos pés da Virgem Maria que percorre nossa Paróquia em peregrinação. Elevo a Deus minha humilde prece, pedindo força e graça pela oração, Para continuar com alegria, entusiasmo E saúde esta minha missão. Enquanto Deus permitir, quero ser seu instrumento de amor, paz, alegria e reconciliação. Vivo hoje em Chopinzinho, minha querida terra natal. Com os meus confrades e o povo da Paróquia, enfrento os desafios da caminhada pastoral. Vamos sempre em frente buscando nossa morada na “estância eternal”. Deus Pai, Filho e Espírito Santo, sempre nos iluminem e guiem também. A Virgem Mãe Aparecida nos cubra com seu manto como convém. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Chopinzinho, 23 de julho de 2017. Frei Angelo Vanazzi
Fraternidades
PVF: Romaria Franciscana à Casa de Maria e Frei Galvão
N
o domingo, 3 de setembro, os benfeitores do Pró-Vocações e Missões Franciscanas saíram de São Paulo rumo a Aparecida e Guaratinguetá, duas cidades importantes do Vale do Paraíba, em São Paulo, para mais um “Dia com Maria e Frei Galvão”. Nosso objetivo é promover um dia de lazer e oração, rezando de modo especial por nossos benfeitores. Como de costume, por volta das 7h15, depois de recebermos a bênção de envio das mãos de Frei Alvaci Mendes da Luz, seguimos com destino ao Vale do Paraíba. A organização, animação e condução ficaram aos meus cuidados e do colaborador Lucas Vieira. Os relógios da torre da Basílica Nacional de Aparecida marcavam 9h30 quando entrávamos nos portões do estacionamento. Nos reunimos e partimos em caminhada até as proximidades do Santuário Nacional, onde concluímos a oração do terço, iniciada no trajeto. À tarde nos dirigimos à Paróquia Santo Antônio em Guaratinguetá (SP). Ao chegarmos, ouvimos as explicações de um guia local e depois todos nos dirigimos à bela capela do Santíssimo, onde terminamos o nosso terço mariano. No último mistério pedimos que Frei Galvão intercedesse a Deus pela perseverança dos seminaristas e frades franciscanos para que, fiéis ao seu chamado, sejam no mundo artífices da Paz e do Bem. Ainda neste clima de oração e expectativa, nos dirigimos ao Seminário Frei Galvão para o almoço, onde fomos acolhidos pelos frades, postulantes e colaboradores da Fraternidade local.
Tem um ditado popular que diz: “Domingo pede missa.” Às 14 horas, os benfeitores participaram da Santa Missa, presidida por Frei Claudino Dalmago. Ao retornarmos à Capital Paulista, fomos agraciados com um lindo pôr do sol. Que este mesmo
sol ilumine nossas vidas, para que possamos sempre seguir as pegadas do Mestre, através da escuta de sua Palavra e de seus ensinamentos. Que Deus nos abençoe e até a próxima! Frei Alexandre Rohling
Outubro / 2017 [Comunicações]
643
FRENTE DAS PARÓQUIAS SE REÚNE EM AGUDOS
A proposta pastoral do Papa a partir da ‘Amoris Laetitia’
644
[Comunicações] Outubro / 2017
Evangelização
U
m total de 36 frades e 74 leigos respondeu ao convite do coordenador da Frente de Evangelização das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento da Província, Frei Germano Guesser, para se reunir no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP), de 11 a 13 de setembro, no Encontro Provincial sob a assessoria do biblista Francisco Orofino, que explicou a proposta formativa do encontro: “Não vamos estudar o conteúdo do documento Amoris Laetitia, mas a proposta pastoral do Papa Francisco a partir deste documento, porque a proposta pastoral do Papa Francisco atinge diretamente as paróquias”, disse Orofino, que é também educador popular, assessora dioceses, grupos populares e comunidades de base nos municípios da Baixada Fluminense. Na introdução que fez na segunda-feira à noite (11/9), Orofino disse que fazia muito tempo que não se tinha um Papa cuja vida foi totalmente dedicada à pastoral. “Se você quer entender o que Papa Francisco está fazendo, perceba ele como o pároco da Igreja universal”, disse. Isso pôde ser visto logo no início de seu Pontificado, quando em apenas dez minutos conquistou o mundo. Segundo Orofino, todas as imagens de Jesus, para nos dar a ideia de evangelização, estão relacionadas ao serviço da pesca. Mas por que Jesus privilegiou tanto a imagem da barca, da rede da pesca e dos pescadores? Segundo o assessor, por cau-
sa da tremenda mobilidade exigida no exercício da pesca. “A imagem do pastor é estática. Ele fica parado e, para trazer a ovelha pelo pescoço, ele usa o cajado com uma curva na ponta. Ele ainda tem cachorros para ajudar no caso de uma ovelha fugitiva. Jesus não chama ninguém para ser pastor, mas para ser pescador. Portanto, a mobilidade da pesca é uma coisa muito importante e vamos partir deste processo para chegar a uma mobilidade pastoral”, enfatizou. “Por maior que seja a barca, no caso um transatlântico, onde todos nós estamos dentro, o que dá a direção é o leme. E quem dá a direção é um camarada que está no controle: o timoneiro. Por isso, é muito importante para nós, cristãos, católicos e romanos, o timoneiro, que neste momento se chama Francisco”, disse, citando todos os papas que vieram depois do Concílio Vaticano II:
“É uma grande graça poder viver esse período da história”. Nesse estudo da proposta pastoral do Papa Francisco abordou o documento a Amoris Laetitia - inclusive o polêmico capítulo 8 - e a bula Misericordia Vultus, lançada por ocasião do Jubileu da Misericórdia. Para leitura, Orofino sugeriu o texto do bispo argentino Victor M. Fernández: “O Capítulo VIII da Amoris Laetitia – O que ficou depois do temporal”. Na noite de segunda-feira, Frei Germano pediu que os frades apresentassem as equipes que vieram com eles. O Vigário Provincial, Frei César Külkamp, falou em nome da Província e do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, que era com alegria que acolhia frades e leigos para este encontro. “Como franciscanos, temos como princípio ter a nossa ação, a nossa evangelização, compartilhada com os leigos e, mais do que isso, os leigos devem ser protagonistas da nossa ação. Isso está escrito em nossos documentos e foi uma decisão assumida não só aqui no Brasil mas em toda a Ordem Franciscana através do Capítulo Geral. Na Província, isso está presente no nosso Plano de Evangelização. Então, é muito importante esse encontro, essa presença de todos e que também possamos nos sentir muito próximos daqueles com quem nós trabalhamos e não puderam estar aqui por várias razões. Que esse encontro seja muito fecundo para ação que queremos levar lá na Paróquia onde estamos”, pediu Frei César. Outubro / 2017 [Comunicações]
645
Evangelização
FORMAÇÃO
O maior desafio é deixarmos de ser uma Igreja autorreferencial
O
dia de formação em Agudos começou com a Celebração Eucarística, presidida pelo coordenador da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, Frei Germano Guesser, e concelebrada por Frei Daniel Dellandrea e Frei Ladí Antoniazzi. Na sua homilia, tendo como base o Evangelho da escolha dos doze apóstolos, Frei Germano disse que “todos na fé fazem a experiência de conviver com o Mestre. Os que são chamados vão se deixando modelar pela convivência com o Mestre”. Se-
646
[Comunicações] Outubro / 2017
gundo ele, hoje, o chamado à evangelização também precisa valorizar mais a diferença, assim como fez Jesus na escolha dos doze apóstolos. “Era gente normal, do povo. Os apóstolos não eram mais puros ou mais santos, mas eram os que estavam dispostos a seguir o Mestre”. Na sala, Orofinou explicou que um dia seria pouco para falar da proposta pastoral do Papa. Mesmo assim, enquanto esteve em Agudos, fez umaboa síntese do pensamento do Papa e de seu empenho evangelizador num momento de profundas
mudanças e crises humanitárias. Muito à vontade com o tema, Orofino, que é professor de Teologia Bíblica no Instituto Paulo VI, conquistou os participantes. Nem precisou de recursos tecnológicos, mas lhe bastaram giz e lousa. Segundo Orofino, para entender o Pontificado de Francisco é preciso voltar ao ponto de partida, a pedra fundamental, que é a Igreja em saída. Ou seja, Francisco tem repetido muito que a Igreja não existe para si nem pode estar centrada em si mesma, mas existe para “tornar o
Evangelização Reino de Deus presente no mundo”, conforme a Evangelii Gaudium. Ele quer uma Igreja como a um hospital de campanha, onde os destinatários são os feridos, os mais necessitados. “E aqui entra a grande frase: periferias humanas”, lembrou Orofino. Segundo o biblista, uma Igreja missionária em saída permanente para o outro, preferencialmente para os pobres. “Nós temos que enfrentar as questões que são de fronteira. Então, se ele faz um documento voltado para o amor na família, vai onde está a fronteira. Ele vai dizer assim: A fronteira está naqueles casais que nós, Igreja, dizemos em situação irregular. Mas por que estão em situação irregular? Porque as normas dizem isso, respondem alguns. ‘A mim não interessa’, diz o Papa. Nós temos que ir ao hospital e ver por que estão em situação irregular, o que causou a irregularidade”, questionou. A ideia de Igreja em saída já aparece no título do oitavo capítulo do documento. “O que é uma Igreja em saída? É uma Igreja que deve acompanhar, discernir e integrar toda e qualquer fragilidade humana”, citou, lendo o primeiro trecho do documento: “Os Padres sinodais afirmaram que, embora a Igreja reconheça que toda a ruptura do vínculo matrimonial ‘é contra a vontade de Deus, está consciente também da fragilidade de muitos dos seus filhos’. Iluminada pelo olhar de Cristo, a Igreja ‘dirige-se com amor àqueles que participam na sua vida de modo incompleto, reconhecendo que a graça de Deus também atua nas suas vidas, dando-lhes a coragem para fazer o bem, cuidar com amor um do outro e estar ao serviço da comunidade onde vivem e trabalham’”. Ou seja, em nome do evangelho, o Papa pede discernimento às
Francisco Orofino comunidades para integrarem os fragilizados. Ele fala com firmeza: “Ninguém pode ser condenado, porque esta não é a lógica do evangelho” (AL). Orofino lembra que o Papa insiste que é do evangelho que vem o fundamento de toda e qualquer formulação moral e de sua aplicação concreta. Segundo Orofino, o maior desafio é deixarmos de ser uma Igreja autorreferencial para sermos uma Igreja missionária, em todos os sentidos. “O fio condutor é uma Igreja em saída onde predomine a misericórdia”, ressaltou. Esse fio condutor deve perpassar e dinamizar todas as dimensões e instâncias da Igreja: a catequese, a liturgia, o serviço da caridade e o conjunto das ações pastorais e evangelizadoras. Outro ponto que mostra o Pontificado de Francisco é que ele não
é um homem das massas, como era, por exemplo, João Paulo II. Ele reforça o contato pessoal, como o próprio de Jesus. “Então, aqui há uma questão muita séria. Jesus, no seu trabalho, por mais que fale para muita gente, na verdade, o seu objetivo é atingir a pessoa. A pessoa bem concreta. O leproso é uma pessoa; o endemoniado é outra pessoa; a viúva de Naim que perdeu o filho é outra pessoa, etc”, explicou. “Portanto, o nosso trabalho de evangelização não tem como destinatário a massa, a multidão. Não. Nós trabalhamos com pessoas. Pessoas bem concretas, que estão nas nossas paróquias, que vêm aos nossos santuários e procuram os nossos centros de espiritualidade. O destino do trabalho evangelizador é a pessoa. Trabalhamos com pessoas e o objetivo do trabalho de evangeliOutubro / 2017 [Comunicações]
647
Evangelização
zação é inserir a pessoa na comunidade”, destacou. Segundo o biblista, o trabalho de evangelização atinge a sua plenitude quando a pessoa trabalhada resolve fazer a adesão à Igreja. “Ela se insere na Igreja”, disse, explicando o processo de ida e vinda, de pessoa-comunidade e comunidade-pessoa. “É uma interação entre duas instâncias: a instância comunitária e a instância pessoal, cuja meta é inserir a pessoa na comunidade”, repetiu. Orofino apresentou e detalhou cinco pontos dentro da proposta evangelizadora latino-americana da qual o Papa Francisco é portador: 1. Anúncio/ Formação (kerigma e a catequese) – A fé e a instrução, as duas coisas vêm juntas; 2. Comunhão/’koinonia’; 3. Celebração/Liturgia; 4. Serviço/’Diaconia’; 5.Testemunho externo/’Martyria’ Dessa proposta, em primeiro lugar, em 1968, o documento de Medellín centrou na comunidade; em 1979 veio o documento de Puebla, que trata basicamente do binômio comunhão/participação, embora o grande ponto de Puebla seja a opção preferencial pelos pobres e pelos
648
[Comunicações] Outubro / 2017
jovens; em 1992 – Santo Domingo destaca a culturalidade. Nós temos de dar o testemunho público respeitando a multiplicidade de culturas; em 2007 – Aparecida traz a conversão pastoral. “Gradativamente, o magistério da Igreja latino-americana vai sendo explicitado nestes documentos. O que o Papa Francisco está fazendo é universalizar o Magistério da Igreja latino-americano. É tornar isso parte integrante da Igreja universal”, analisa Orofino, lembrando que a Evangelii Gaudium é o documento de Aparecida universalizado. “O que o Papa Francisco está propondo através da Amoris Laetitia é uma prática pastoral própria da Igreja latino-americana”, ressaltou. Para o assessor, a eleição de Bergoglio é uma guinada muito forte na Igreja. “Uma guinada tão brusca, que na verdade é uma retomada do leme na direção do Vaticano II”, diz Orofino. Para o biblista e professor, a Igreja nunca é retilínea, uniforme e ascendente. “Tivemos 20 anos, de 1958 a 1978, de uma proposta de Igreja com João XXIII e Paulo VI. Depois, tivemos 35 anos de outra proposta de Igreja, com João Paulo
II e Bento XVI. Agora, o leme virou para o lado pastoral (Francisco)”, avalia Orofino, que não prefere falar em conservadores e progressistas em se tratando de Igreja. “Falamos em bloco institucional e bloco pastoral. Francisco é a guinada do bloco pastoral em detrimento do bloco institucional”, analisa, embora pondere que ainda é muito recente para uma análise. “Mas a gente percebe com clareza os passos que ele está dando, principalmente, na configuração do quadro eleitoral de cardeais. Daqui 30 anos, o Papa não será eleito mais por cardeais mas será eleito pelos presidentes das conferências episcopais. É o que o Francisco está fazendo. Está nomeando aqueles que são eleitos presidentes de Conferências”, destacou. “Existe esta mudança clara para uma Igreja mais ágil, pastoral e mais participativa”, completou. Neste dia, Frei Gabriel Dellandrea fez uma apresentação do trabalho no Serviço de Animação Vocacional e destacou principalmente as atividades que estão sendo feitas com os jovens, como a Missão Franciscana, o Retiro Franciscano e a Caminhada Franciscana.
Evangelização
O COLORIDO DO CARISMA FRANCISCANO NAS PARÓQUIAS O Encontro Provincial da Frente das Paróquias terminou na quarta-feira (13/9), ao meio-dia, com a certeza de que agradou em cheio aos 110 participantes. Este foi o primeiro encontro desta Frente que reuniu mais leigos, que neste último dia tiveram oportunidade de conhecer melhor as linhas de ação do Plano de Evangelização da Província da Imaculada Conceição. O Vigário Provincial Frei César Külkamp presidiu a Celebração Eucarística na manhã da quarta-feira e, depois na sala, fez uma apresentação didática e pormenorizada do trabalho evangelizador da Província. “A Ordem reconhece que a Paróquia é um campo muito importante da nossa missão, mas com duas características bem importantes: em fraternidade e em minoridade”, explicou o frade. Segundo o Vigário, essa Frente é a que mais ocupa os frades da Província no universo de mais de 50 presenças, no Brasil e em Angola, envolvendo o maior número dos 380 frades da entidade. Como fraternidades evangelizadoras, elas são constituídas também por aque-
les em formação, por irmãos leigos, idosos e doentes. Mas o grande volume desse trabalho evangelizador de uma fraternidade franciscana também tem seus desafios. “A gente vai a algumas Paróquias e as pessoas nem sabem quem são os franciscanos, apesar de ter lá uma presença, às vezes, de 60, 70 ou 80 anos e até mais. Também não há ali elementos do nosso carisma, como devoções próprias ou essa apresentação do próprio carisma para que possa ser assumido também pelos leigos. Então, é importante que em um projeto da Paróquia – em comunhão com o projeto da Igreja local, da Diocese onde se está – haja esse colorido do carisma franciscano”, pediu. “Nós queremos ser sempre uma fraternidade nos lugares. A alguém é confiada a missão de pároco ou de vigário paroquial, com as devidas competências. Mas, toda a nossa ação evangelizadora emana da fraternidade”, reforçou Frei César. Frei César destacou o testemunho de uma fraternidade. “Em alguns lugares há pastorais muito bem organizadas, belíssimos sermões, mas, de
repente, o testemunho de um irmão idoso, que só pode caminhar no meio das pessoas, é mais eloquente e cala mais fundo na nossa alma”, lembrou o Vigário Provincial. O frade lembrou que quando o Papa faz provocações para os párocos é importante que, no nosso caso, leia-se no lugar da palavra pároco a palavra fraternidade. “A gente pode perguntar assim: ‘Essa provocação é para os párocos? Não. É para todos! E nós queremos ampliar isso para os leigos na proposta da evangelização compartilhada”, acrescentou. Tendo como base o Plano de Evangelização, Frei César destacou os riscos para a evangelização, como o clericalismo, muito abordado por Orofino no dia anterior, mas ressalvou que há também leigos muito clericais. Frei Alexandre Magno, pároco em Curitiba, lembrou que a tomada de posse do pároco poderia, com a ajuda do Governo Provincial junto aos Bispos, ter uma mudança no rito e que a posse fosse da Fraternidade. Para Frei César poderia, pelo menos, haver menos acento na pessoa do pároco e Outubro / 2017 [Comunicações]
649
Evangelização ideal a ser buscado. E isso com todas as pessoas que partilham a nossa missão”, enfatizou Frei César.
AS FRENTES DE EVANGELIZAÇÃO
mais na fraternidade evangelizadora. Esta seria também uma oportunidade para uma catequese sobre o carisma franciscano.
O PROTAGONISMO DOS LEIGOS
Frei César citou que os leigos eram o dobro dos frades no encontro. “Isso é motivo de grande alegria porque nós queremos que esses encontros tenham sempre a presença de leigos. Na ação onde estamos, que possamos nos sentir parte de uma coisa maior: a Província e a Ordem. A Província não é só formada por frades. E sua ação não pode ser contada apenas no que eles fazem. Só isso seria muito pequeno. A gente se sente forte quando olha para esse exército de colaboradores! Naquilo que ouvimos desde o primeiro dia e
650
[Comunicações] Outubro / 2017
que foi acentuada pelo Orofino, queremos uma Igreja com o protagonismo dos leigos. E na vida franciscana queremos essa evangelização compartilhada também como sinal evidente do valor da fraternidade, não apenas para dentro, mas como um sinal para o mundo. Essa é a nossa razão de ser”, explicou o frade. “Na apresentação da estrutura da Igreja, feita pelo Orofino – a comunidade, a Palavra, o Papa, bispos e padres -, pela nossa vocação não participamos desta hierarquia, mas colaboramos com ela. Nós queremos ser uma fraternidade de irmãos e a nossa opção vocacional é essencialmente leiga. A fraternidade acolhe irmãos ordenados, mas sem perder essa dimensão da nossa opção fundamental de sermos sempre irmãos. Esse é o
Como apenas cinco pessoas, dos presentes, estiveram no último Encontro Provincial desta Frente, Frei César fez uma explicação detalhada da presença evangelizadora dos franciscanos no Brasil e na Província. “Nós somos franciscanos e aqui, no Brasil, estamos divididos em nove entidades, chamadas Províncias e Custódias. A nossa Província Franciscana da Imaculada Conceição está presente com sua vida e sua ação desde Santa Catarina até o Espírito Santo, aqui nesta parte mais Sul e Sudeste do Brasil. E está presente nos mais diferentes campos de evangelização que nós assumimos desde 2012 em uma linha preferencial por cinco Frentes de Evangelização: Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento; Educação; Comunicação; Solidariedade com os Empobrecidos e Missões”, especificou, mostrando um vídeo dessas Frentes que foi apresentado no último Capítulo das Esteiras. “A nossa missão foi chegando a estes campos pela atenção aos sinais dos tempos, conforme as demandas e necessidades em cada lugar, como a carência de instrução em diferentes períodos, de atendimento religioso, tanto dentro como fora do Brasil, comunidades onde a Igreja não estava constituída e assim por diante”, disse o frade. “Por exemplo, em Santa Catarina, muitas paróquias criadas pelos frades, hoje são sedes de Dioceses. Isso faz parte da missão de ajudar a constituir a Igreja ali e poder ir adiante para atender outras demandas. Então, o desafio nosso é estar atentos aos sinais do nosso tempo, às necessidades da nossa presença. Por isso, não estamos presos a um lugar, a uma diocese. A nossa ação vai aos mais diferentes
Evangelização campos, principalmente quando naquele lugar se vê a possibilidade de viver o carisma franciscano”, acrescentou. Foi pensando no planejamento dessas atividades dos frades que nasceu o Plano de Evangelização da Província há 20 anos. “Nós tivemos um pré-plano, trabalhado de 1997 a 2003. Depois vieram quatro edições, revendo e atualizando sua elaboração e a nossa missão”, observou. “O Capítulo provincial de 2012 escolheu essas cinco Frentes que vimos aí e, até o início de 2016, tivemos o trabalho de elaboração do plano de cada uma. Também o processo de formação de nossos frades e sua formação continuada contempla as cinco Frentes de Evangelização”, lembrou Frei César. Neste Capítulo de 2016 foi aprovado o Plano de Evangelização até 2021. “A dinâmica desse documento tem cinco partes: os nossos princípios, quem nós somos e quais os nossos valores. Queremos ser uma fraternidade, queremos viver na condição de Menores, pois somos Frades Menores. Então, a nossa ação também deve ter essa condição dos menores. Jamais com arrogância ou com ‘as fórmulas de sucesso’ e sim com os princípios próprios do Evangelho. Depois apresenta as instâncias de animação, coor-
Frei Ladí Antoniazzi
denação e comunhão. O terceiro ponto traz as interpelações do mundo, da Igreja e da Ordem no nosso tempo. O quarto ponto é o das prioridades assumidas a partir disso, e o quinto ponto trata especificamente das diretrizes para cada uma das Frentes e também da nossa formação”, detalhou. Frei César fez questão de ressaltar que os frades estão em diferentes Dioceses e “jamais queremos trabalhar lá como uma seita. Nós somos Igreja e queremos trabalhar em comunhão, ser interpelados como Igreja e ajudar também nesse caminho de construção da Igreja como refletimos bastante ontem”, disse o frade, lembrando que nas paróquias não estão presentes somente os frades, mas a Ordem Franciscana Secular, a Jufra, as Irmãs Franciscanas e pessoas que abraçam esse carisma para a sua vida.” Tudo isso em comunhão. A comunhão com os leigos também se dá no polêmico tema do redimensionamento. A nossa Ordem não é estática, não está presa a um lugar. Em atenção aos sinais do tempo, o nosso desafio é ir aos lugares onde ninguém quer estar”, completou.
PARTICIPAÇÃO QUE LEVA À COMUNHÃO
Frei Ladí Antoniazzi, pároco em Balneário Camboriú, fez uma síntese
do dia de formação dado por Francisco Orofino “dentro de uma ótica franciscana”, segundo o frade. “Os cinco pontos que nós temos, poderíamos colocar assim numa frase: participação que leva à comunhão. E talvez a comunhão seja o ponto mais difícil entre nós. Entre os movimentos, pastorais, equipes, serviços, como é difícil! Eu sempre falo assim: antes de você ser Legião de Maria, você é cristão; antes de ser frade, você é cristão. É isso que nos une. O resto é opção. Nós queremos colocar essa participação que leva a comunhão nesses cinco pontos (1. Anúncio/ Formação; 2. Comunhão/’koinonia’; 3. Celebração/ Liturgia; 4. Serviço/ ’Diaconia’; 5. Testemunho externo/ ’Martyria’) O Orofino falou muito bem isso, mas eu colocaria, dentro dessa ótica franciscana o cuidado com a Criação. Para nós, ele dá uma tonalidade franciscana. Seis pontos de uma proposta eclesial dentro de um colorido franciscano”, disse Frei Ladí. “E os três pontos refletidos por Orofino exercem um apelo muito importante para os franciscanos: a Sinodalidade, decidir juntos, não estamos separados. Esse ponto é muito franciscano. Francisco dizia: vão dois a dois. Outro ponto é a Igreja em saída. Essa Igreja em saída é o tal
Iraci Lopes, de Xaxim Outubro / 2017 [Comunicações]
651
Evangelização
do espírito missionário. Manter esse espírito vivo e não ser uma Igreja de manutenção, de conservação, mas uma Igreja que se abre para os desafios. Isso nem sempre é fácil porque sempre temos a agenda cheia. Mas temos que abandonar umas coisas e pegar outras. E o terceiro ponto é a Misericórdia. Estar atento às diferenças e às necessidades das pessoas, como diz o Papa Francisco e São Francisco: ‘Eu fiz misericórdia para com eles’. Eu fiz, eu não fui. Essa expressão de São Francisco é uma tônica muito forte para nossa atividade pastoral”, indicou. “Eu creio que é nessa dinâmica que queremos voltar cheios de ânimo e entusiasmo. Não dá para mudar tudo, mas um pouquinho dá para mudar. E tenho que chegar com esse gás. Esse encontro tem também essa finalidade de estabelecer esse novo dinamismo, essa nova vontade de, a cada dia e sempre de novo, recomeçar. Não do zero. Recomeçar de onde estamos. Porque já fizemos muito e podemos fazer mais e melhor”, desejou Frei Ladí.
SUGESTÕES E ELOGIOS
Por fim, enquanto Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, na busca por um trabalho
652
[Comunicações] Outubro / 2017
mais articulado entre todos os lugares de presença, também com os leigos, Frei César pediu aos participantes que discutissem durante dez minutos e sugerissem ações para a animação da Frente. Muitos pontos foram destacados para serem implementados e melhorados em cada lugar e também na animação conjunta. Na mesma partilha, várias pessoas deram suas impressões sobre o encontro e fizeram sugestões para futuros encontros. Todas as impressões foram elogiosas e destacaram a formação dada pelo biblista Orofino, a explanação de Frei César e a importância da participação dos leigos neste Encontro. Entre as sugestões, foi unânime que no próximo evento haja um tempo de partilha entre os grupos das Paróquias. A historiadora Iraci Lopes, da Paróquia São Luiz Gonzaga de Xaxim (SC), resumiu bem essas impressões: “Nós achamos, em primeiro lugar, que esse encontro foi muito bom. Foi de esclarecimentos e vai nos animar muito para darmos continuidade nas nossas Paróquias do carisma franciscano. Nós estamos chegando ao final do ano e temos, em certo momento, o planejamento paroquial. Então, isso aqui também vai nos ajudar a estudar esses documentos para
depois organizarmos os nossos planos de evangelização, ligando o que é da Diocese com o carisma franciscano e essas propostas de evangelização da Província. Outro ponto que poderia enriquecer ainda mais nosso encontro – e temos certeza que há muitas riquezas em nossas Paróquias – é um momento de partilha das coisas positivas, tanto para dentro (diaconia) como no testemunho (martyria), para sairmos daqui conhecendo mais as Paróquias; não para termos uma uniformidade, mas uma unidade dentro dessa pluralidade e que a gente possa levar um incentivo para continuarmos melhores em nossos Santuários e Paróquias”, pediu. Frei Germano, coordenador da Frente das Paróquias, destacou a boa participação dos leigos e acredita que a Frente terá um novo impulso a partir deste encontro. “Gostaria de agradecer à participação de todos, leigos e frades, e desejo de coração que esse encontro revigore a esperança de vivermos de fato a participação que leva à comunhão”, finalizou. O próximo Encontro Provincial, em 2018, ficou marcado para a data de 27 a 29 de agosto. Moacir Beggo
Evangelização
FREI NILO AGOSTINI PARTICIPA DE CONGRESSO LATINO-AMERICANO PELA PAZ EM LIMA
A
cidade de Lima, no Peru, mais precisamente Lima Norte, transformou-se na Capital Latino-americana pela Paz 2017. Ela foi a sede do II Congresso Latino-americano pela Paz que se realizou no campus-sede da Universidade Católica Sedes Sapientiae (Lima Norte), nos dia 6 a 8 de setembro passado. Num apelo lançado a toda a América Latina, este Congresso convidou a todos para um diálogo interdisciplinar com vistas à construção da paz, à prevenção da violência, à preservação da democracia e do desenvolvimento humano, dentro de um espírito gentil e fraterno. Representou um convite para a responsabilidade de conhecer, discutir e pôr em prática uma cultura de paz. Frei Nilo Agostini participou deste evento como conferencista convidado e como expositor de pesquisa realizada no âmbito da Universidade São Fran-
cisco (USF). Como conferencista, Frei Nilo apresentou o tema “Cultura de ética e compromisso social para uma sociedade de paz na América Latina”; a outra participação deu-se no âmbito dos Grupos de Trabalho (GTs), com uma apresentação no GT 4 “Paz, Educação e Liberdade Religiosa”. Neste GT, Frei Nilo apresentou uma pesquisa realizada no âmbito do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em
Educação da USF, no qual é professor e pesquisador, intitulada: “Educação e Ética: o desafio de formar sujeitos éticos”. Esta pesquisa foi fruto do trabalho conjunto dos professores doutores Nilo Agostini, Luzia Batista de Oliveira Silva e Carlos Roberto da Silveira. Coube também a Frei Nilo compor a coordenação das apresentações e discussões do GT 5b “Paz, Direito, Dignidade Humana e Fraternidade”.
TROCA DE COMANDO Estou em Brasília... Acheguei-me à janela e, dela, unido ao povo aflito desta nação verde-amarela, com Jesus a caminho da cruz soltei de novo aquele grito: Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados... Mas dias outros, virão, com certeza,
e com eles o fim dessa secura e tristeza, depressão. Após a treva mortal do deus mercado, será a vez da Vida, eterna Luz que reluz, a da Justiça do Deus negado, ressurreição. Sob este comando caminho: libertadora direção que me seduz e ao azul-e-branco me conduz. Frei José Ariovaldo da Silva
Outubro / 2017 [Comunicações]
653
Evangelização
Frente das Missões se reúne em São Paulo
A
Frente de Evangelização das Missões se reuniu, pela segunda vez, dia 21/9, na Sede Provincial, em São Paulo. Participaram do encontro Frei César Külkamp, Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização; Frei Alexandre Magno, Coordenador da Frente das Missões e Frei Robson Luiz Scudella; Frei José Morais Combolo, estudante do 3º ano de Teologia e frade professo da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola; Frei Alexandre Rohling, do Pró-Vocações e Missões Franciscanas e os leigos Adávio Afonso Ribeiro e Bruno Schneeberger de Carvalho, que participaram pela primeira vez da reunião. No momento inicial, os participantes foram convidados a ler a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões deste ano. Em seguida, fizeram uma partilha e destacaram alguns pontos: todo cristão, em virtude do batismo, é missionário e o Evangelho é o critério e a essência de toda a ação missionária; o Evangelho, vivido em sua essência, jamais ofenderá uma cultura, mas reforçará os valores existentes e transformará as práticas
654
[Comunicações] Outubro / 2017
que atentam contra a dignidade da pessoa e da Criação; a missão ajuda a Igreja a sair de si mesma, da autorreferencialidade; os jovens têm grande valor na realidade das missões, são fonte de imaginação e criatividade e podem acrescentar muito na experiência missionária. Na leitura e partilha do Plano Operacional da Frente das Missões, colocou-se em evidência o modo Franciscano de fazer missão que deve ser despretensioso, que vise fazer-se irmão dos que estão nos campos de missão, que carregue consigo o desafio de estar na Missão em Fraternidade. Estas e outras características expressam a identidade do carisma Franciscano. Foi apontada também a necessidade de engajar e preparar voluntários leigos, visando levar para as missões os valores da evangelização compartilhada e do protagonismo dos leigos. Para Frei César, a presença dos leigos no encontro foi muito positiva. “Deu para ouvir um pouco do testemunho deles, da experiência que tiveram em Angola e sentimos neles um entusiasmo muito grande para continuar participando da missão, mesmo
que não estejam lá”, afirmou. Adávio ficou 4 anos em Angola, ajudando nos serviços diversos e Bruno ficou 1 ano e 4 meses na cidade de Malange, dando aulas de Educação Física e Informática no Seminário Monte Alverne, entre outras atividades. Nas questões práticas, os participantes apontaram correções e reformulações no texto do plano operacional. Nas linhas de ação, reforçaram a necessidade de ampliar a divulgação da Missão; elaboração de subsídios para que os valores da missão perpassem as demais Frentes de Evangelização, visto que esta é uma dimensão transversal do carisma franciscano. Aumentar a difusão de notícias relativas à missão em Angola e as missões em outros locais. É importante estabelecer um contato mais frequente com os frades missionários em lugares distantes, tanto em Angola como atualmente em Marrocos, Terra Santa, Sudão do Sul, Amazônia peruana e brasileira e o sertão da Bahia. Foi sugerida também a criação de um site para a FIMDA e a retomada da exposição fotográfica feita nos 25 anos da Missão, utilizando um for-
Evangelização mato mais prático para ser levado nas campanhas do PVF, como a impressão das fotos em banners. Frei Alexandre Magno destacou a importância da Campanha Missionária, que tem início no mês de outubro. O folder impresso já foi enviado às Fraternidades. Os participantes viram a necessidade de trazer para a vida da Província uma agenda ampliada que passa pela CFMB, CFFB e outros organismos eclesiais ou não. Atualmente, há uma concentração de es-
forços na defesa da Amazônia, dos recursos naturais, como a água, no crescente fenômeno da migração, nas questões de mineração, etc. A CFMB mantém uma missão em Roraima, que no próximo ano completa 25 anos. A CFFB convoca para o Fórum das Águas, que acontecerá em 2018, em Brasília. A Ordem prepara o III Congresso Missionário Franciscano para a América Latina, que acontecerá em outubro de 2018, na América Central. Foi apreciada a carta, enviada
por Frei Atílio Battistuz, com uma proposta de missão no mês de janeiro na Amazônia peruana, aberta a frades e leigos. A carta (veja na pág. 658) é recomendada pela Frente das Missões. A reunião foi encerrada com um momento de oração pelos irmãos e irmãs missionários em terras distantes e um agradecimento especial aos leigos por sua participação neste encontro. Érika Augusto
Depoimento
A experiência missionária do leigo Bruno
A
os 35 anos, o paulistano Bruno Schneeberger de Carvalho é o segundo leigo a viver na Missão de Angola. O primeiro leigo deste trabalho missionário da Província da Imaculada Conceição foi o cearense Adávio Afonso Ribeiro em 2008. “Foi uma experiência inesquecível, mas um pouco difícil de traduzir em palavras. Mais uma vez agradeço aos freis a oportunidade de fazer o bem e desejo que continuem com força e co-
ragem nesta missão extraordinária. Tive a honra de praticar o voluntariado em Malange, Angola, mais precisamente no querido bairro da Katepa. Foi neste abençoado lugar que vivi os melhores momentos da minha vida, sentindo apenas bondade e amizade, respirando amor e carinho. Fui convidado para dar aulas de Educação Física e Informática aos jovens do Seminário Franciscano Monte Alverne e realizar os mais diversos trabalhos referentes à nossa Fraternidade,
mas ser voluntário é doar-se integralmente. Como diria o ditado popular: “Faça o bem sem olhar a quem”. Assim, eu tentei servir a todos que se aproximaram de mim e dar o que de melhor tenho, que é ouvir, sorrir, abraçar e estar perto de todos. E foi como se eu tivesse vivido num sonho, não há como descrever o significado tão especial de tudo o que vivi em Angola, tudo aquilo que vi, tudo aquilo que trouxe de lá, na mente, no coração e na alma. Ficou a certeza de se ter aprendido muito mais Outubro / 2017 [Comunicações]
655
Evangelização
do que aquilo que humildemente ousei ensinar e transmitir, e ficou também um aperto grande no coração na hora da partida, que me fez ter a convicção que um dia regressarei. O que trago destes 16 meses de trabalho como voluntário é o aprendizado do convívio diário com pessoas que me ensinaram lições impagáveis. As crianças mais fortes, mulheres mais determinadas e os homens mais incansáveis que eu jamais conheci. Irmãos que me ajudaram a caminhar todos os dias e que agora reverberam em saudades. Saudades do carinho com que todos os confrades me rece-
beram e partilharam comigo as vossas experiências. Saudades do convívio fraterno com os irmãos da casa, de cuidar da horta, de partilhar as tarefas domésticas - até o simples fato de lavar louça era prazeroso. Saudades de levantar cedo e logo ver os sorrisos sinceros acompanhados de um “Wazekele!” ou simplesmente “Bom dia!”. Saudades das gostosas e longas tardes ensolaradas com os meus amados irmãos da Juventude Franciscana. Saudades das crianças, cujos sorrisos nos conquista, com um carinho que nos derrete e uma necessidade de atenção que nos prende. Saudades
de estar com elas, brincando, conversando, cantando, aprendendo alguns passos de dança típica, de partilhar uma fruta, ou até mesmo uma água fresca. Saudades das Irmãs FMM, FSJ e SMIC e ajudá-las no que fosse preciso, e minha eterna gratidão pelo cuidado que tiveram comigo todas as vezes que adoeci de malária. Saudades da Mama Antónia, um exemplo de mulher forte e batalhadora, e de suas delícias gastronômicas, principalmente do funji e da kissângua. Saudades das missões nas comunidades mais distantes, onde há pessoas que não falam português mas que se faziam entender pelos gestos e sorrisos. Saudades das práticas esportivas com os seminaristas e o povo das comunidades. Saudades da vida ao ar livre, do contato com a natureza, dos costumes e do jeito angolano de viver. Saudades dos abraços, de tantos braços que me davam tanto aconchego sempre que as saudades do Brasil apertavam. Tenho tantas saudades... Tudo o que eles me deram encheu-me de amor, cor e encanto! Fica a vontade de voltar, de os abraçar. Hoje, eles preenchem os meus sonhos, e todos os dias sinto saudades deles… a toda a hora… Cada um deles é uma estrela muito brilhante no meu céu. Voluntariado não é dar, é receber! Muito obrigado a todos. Tuasakidila! Paz e Bem!
Celinauta lança documentário sobre Frei Nelson Rabelo Será lançado no próximo dia 4 de outubro, em Pato Branco (PR), o documentário “Nelson , franciscano”. O filme é uma co-produção da Fundação Cultural Celinauta e Perfeitto Filmes e conta com a direção da jornalista Marilena Chociai, da TV Sudoeste. Frei Nelson Rabelo nasceu em 5 de dezembro de 1940, em
656
[Comunicações] Outubro / 2017
Cordislândia (MG). O frade dedicou grande parte de sua vida à comunicação, sobretudo ao rádio. O documentário será exibido no dia 4 de outubro, numa sessão para convidados. Os convites estão a venda na Rede Celinauta e na Casa Paroquial. Mais informações na página do Facebook da TV Sudoeste.
Evangelização Colégio Bom Jesus
Todos pelo bem Milhares de pessoas cantaram com Rafa Gomes e arrecadaram recursos para o Hospital Pequeno Príncipe no espetáculo beneficente promovido pelo Programa Bom Jesus Social, no sábado, dia 26/8. O evento beneficente fez parte de um cronograma de atividades promovidas pelo Colégio Bom Jesus. De acordo com a gerente pedagógica da Instituição, Giselli Hümmelgen, “são ações que começam pequenas,
em sala de aula, e que vão crescendo, tomando proporções maiores e que, finalmente, culminam em grandes programas, como o Bom Jesus Social”. O sucesso da iniciativa também foi possível devido ao poder de mobilização e ao reconhecimento da sociedade em relação ao nobre trabalho
do Hospital Pequeno Príncipe, representado no evento pela sua diretora-executiva, Ety Cristina Forte Carneiro. “Ao estimular a solidariedade entre crianças e adolescentes, multiplicamos esse princípio, que é essencial para construirmos um mundo melhor”, afirmou Ety.
Regionais
No dia 18 e 19 de setembro, o Encontro do Regional do Contestado em Piratuba.
No Convento da Penha, em Vila Velha, o Regional do Espírito Santo se reuniu também no dia 18.
O Regional do Vale do Paraíba se reuniu no dia 18 de setembro, no Convento das Clarissas da Fazenda da Esperança, em Guaratinguetá.
Evangelização EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA NA AMAZÔNIA
CONVITE À FAMÍLIA FRANCISCANA DA AMÉRICA LATINA londe, que, com seus 80 anos, já não visita as comunidades. San Pablo tem cerca de seis mil habitantes, e a paróquia tem 32 comunidades católicas, com seus animadores (ministros) nas vilas ou casarios nas margens do rio ou igarapés.
Objetivos:
• Oferecer aos irmãos e irmãs a possibilidade de uma experiência missionária na Amazônia; • Anunciar a Boa Notícia de Jesus Cristo de que o Reino está próximo; • Animar e fortalecer a vida cristã nas comunidades; • Despertar e promover novas lideranças comunitárias.
P
or cinco anos seguidos, no mês de janeiro, realizamos experiências missionárias em diferentes lugares da Amazônia peruana, nos vicariatos apostólicos de Requena e de São José do Amazonas. A avaliação sempre foi muito positiva e os testemunhos sempre muito animadores. Alguns missionários voltaram. Animados por estas reações, uma vez mais CONVIDAMOS, fraternalmente, aos irmãos da Ordem Franciscana em suas diferentes entidades da América Latina, religiosas, leigos, leigas, a PARTICIPAREM de uma experiência missionária na Amazônia, tomando contato com uma realidade bem localizada. Oferecemos esta possibilidade entre os dias 7 de janeiro e 1º de fevereiro de 2018, na Paróquia de São Paulo Apóstolo, em San Pablo de Loreto, Vicariato Apostólico de São José do Amazonas, Loreto, Peru. San Pablo de Loreto está localizada à margem direita do Rio Amazonas (o mesmo rio, no Brasil, recebe o nome
658
[Comunicações] Outubro / 2017
de Solimões), distante de Iquitos cerca de 24 horas em barco, ou 8 horas em transporte rápido. Da tríplice fronteira (Peru, Colômbia e Brasil), está distante cerca de 12 horas em barco, ou 4 horas em transporte rápido. A cidade de São Paulo de Loreto nasceu de um sanatório para portadores “lepra”, criado pelo governo do Peru em 1926. Os portadores desta enfermidade de Loreto, e até de Lima, eram depositados em grandes balsas, em Iquitos, para seguir com a correnteza do rio até San Pablo, vigiados pela defesa civil. O sanatório chegou a ter mais de 800 enfermos. Um fato de sua história foi a presença de Che Guevara, que se tornou conhecido pelo filme “Diários de motocicleta”. Os moradores mais idosos têm muitas histórias para contar. As Irmãs Hospitaleiras de São José chegaram na cidade em 1948, e até hoje se fazem presentes com sua solidariedade e seu serviço aos enfermos. Os missionários franciscanos – OFM – chegaram na Paróquia em 1948. Hoje continua em São Pablo, Frei Jaime La-
Datas a considerar:
• 07 de janeiro de 2018: chegada das missionárias em Iquitos, via Lima; • 08 de janeiro (19h00): Saída, em barco, de Iquitos para San Pablo de Loreto; • 07 de janeiro: Chegada das missionárias a Tabatinga (AM) ou Leticia (Colômbia); • 08 de janeiro - Trâmites de fronteira (19h00): Saída da fronteira para San Pablo, em barco; • 09 de janeiro: Chegada em San Pablo de Loreto; • 10 a 13 de janeiro: ambientação climática, convivência fraterna, estudo da realidade da Amazônia e local, estudo da história local, realidade da Igreja local (Vicariato e paróquia), oração, organização e preparação para a missão; • 14 de janeiro: Celebração de abertura e apresentação dos missionários; • 14 a 27 de janeiro: trabalho missionário nos bairros e nas comunidades ribeirinhas; • 28 de janeiro: Celebração de encerramento da missão;
Evangelização • 29 e 30 de janeiro: avaliação e confraternização; • 31 de janeiro (08h00): viagem a Iquitos em ferry (chegada no mesmo dia); • 1º de fevereiro: viagem de regresso de Iquitos aos lugares de origem. • 30 de janeiro (12h00): viagem à fronteira, em ferry-boat; • 31 de janeiro: viagem de regresso aos lugares de origem, de Leticia (Colômbia) ou Tabatinga (Brasil).
Indicações práticas:
A chegada pode ser por Iquitos (Peru), Letícia (Colômbia) ou Tabatinga (Brasil), conforme convém a cada um/a ao comprar sua passagem. A partir da chegada em Iquitos, Ta-
batinga ou Letícia, e até o retorno novamente a estes lugares, os gastos com hospedagem, transportes, alimentação e trabalho pastoral serão assumidos pelo Projeto Amazônia e a paróquia que acolhe. Os custos de viagem serão assumidos por cada missionário(a) ou pela instituição que o(a) envia. Aos que se apresentarem como candidatos a esta experiência missionária, ofereceremos oportunamente outras orientações e informações. A data-limite para as inscrições é dia 8 de dezembro de 2017, ou antes, se completar o número de 25 missionários. Para manifestar o desejo de participar na missão, esclarecer dúvidas ou confirmar sua participação, podem
fazê-lo com Frei Atílio Battistuz (fratilio@yahoo.com.br), Frei José Caro (joseofm@yahoo.es) ou com Frei Tirso Herrera (willebaldotir@gmail.com). Esperamos que as informações tenham sido claras, incentivem e motivem a participar. Colocamo-nos à disposição para mais esclarecimentos. Gostaríamos que os interessados entrem em contato conosco mesmo antes de amadurecer sua decisão, para dialogar e esclarecer dúvidas, e evitar transtornos de comunicação devido às limitações da internet na Amazônia. Um abraço fraterno de Paz e Bem. PROJETO AMAZÔNIA OFM Caballo Cocha - Peru, 02 de setembro de 2017
DOIS OBJETIVOS DESTA EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA De 10 a 31 de janeiro de 2017, um grupo de 34 missionários, procedentes da Argentina, Brasil, Chile, Peru e Paraguai, realizaram uma experiência missionária na Amazônia, promovida, pelo quinto ano consecutivo, sempre no mês de janeiro, pela Fraternidade Missionária do Projeto Amazônia da Ordem dos Frades Menores. Esta iniciativa tem dois grandes objetivos. O primeiro é oferecer a possibilidade de uma experiência na Amazônia. Quem não conhece ou não vive na Amazônia, dificilmente faz ideia do que é a Amazônia. Por mais informações que alguém possa ter, notícias, leituras ou filmes que veja, nada substitui o contato
pessoal. Fazer a experiência local, navegar pelos rios amazônicos, andar de bote como única alternativa de acesso às comunidades, sentir o calor e a humidade equatorial, confrontar-se com os mosquitos, conhecer a floresta, os animais, ser surpreendido pelas torrenciais chuvas tropicais, enfrentar a lama em uma longa caminhada, anoitecer navegando pelo rio ou poder contemplar uma noite estrelada, são experiência indescritíveis, bem como inesquecíveis. Isso sem contar o contato e a convivência com a gente amazônica, sejam indígenas, ribeirinhos ou migrantes, partilhar da mesma comida, tomar banho de rio, ouvir contos, mitos ou histórias e aventuras da vida
real. É importante mergulhar, mesmo que por um breve tempo, numa cultura diferente da nossa, conhecer seus valores, conviver e dialogar com o diferente, mas também sentir a força e o impacto da globalização e do mercado com todas as agressões e suas consequências. O segundo objetivo é apoiar o trabalho pastoral que a Igreja realiza: anunciar e testemunhar a proximidade do Reino de Deus, realizar estudos bíblicos, visitar as famílias, animar a vida comunitária, fortalecer os irmãos na fé, confortar doentes, descobrir novas lideranças, celebrar e partilhar a fé, dar sugestões, mas também ouvir experiências e relatos, sentir as fragilidades e os limites da Igreja, bem como os desafios do trabalho missionário. Especial ainda é a realidade de fronteira, onde se realizou a missão. Em janeiro deste ano, o lugar escolhido, pela segunda vez, foi Caballo Cocha, uma cidade de 22 mil habitantes, localizada em um lago da margem direita do Rio Amazonas (rio Solimões para os brasileiros), fronteiriça com Colômbia e Brasil. Frei Atílio Battistuz
Evangelização
Animadores do JPIC realizam V Encontro Continental das Américas
E
ntre os dias 1 e 7 de setembro, aconteceu na cidade de Anápolis (GO), o V Encontro Continental das Américas (ECA) do JPIC – Serviço de Justiça Paz e Integridade da Criação, organismo da Ordem dos Frades Menores. O evento aconteceu no Seminário Regina Minorum, da Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil. Cerca de 50 pessoas participaram do encontro, entre frades de diversas províncias, religiosas e leigos. Frei Valmir Ramos, Definidor Geral para América Latina, esteve presente, além de Frei Jaime Campos e Frei Rufino Lim, da animação do JPIC em Roma. Participaram do encontro os representantes da Conferência do Cone Sul (3 entidades na Argentina, Paraguai e Chile), Bolivariana (7 entidades na Venezuela, Equador, Colômbia, Peru e Bolívia), México, América Central e Caribe (7 entida-
660
[Comunicações] Outubro / 2017
Evangelização des) e a Conferência Brasileira (9 entidades). Pela Província Franciscana da Imaculada Conceição participaram Frei César Külkamp, Vigário Provincial e Delegado para Evangelização da Conferência Brasileira, Frei James Girardi, Animador Provincial do JPIC, Frei José Francisco, Diretor do Sefras e Frei Atílio Battistuz, missionário na Amazônia peruana. O tema escolhido para esta V ECA foi “O grito da terra, o grito dos pobres na dimensão do JPIC”. O encontro, que é trienal, é um momento de partilha de experiências e ações realizadas em cada país e também de formação. Entre os temas trabalhados neste encontro estão a importância da saúde popular e comunitária; estudo sobre os impactos dos projetos de mineração no Brasil, conduzido
por Frei Rodrigo Peret, do movimento Igrejas e Mineração. Moema Miranda, diretora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Ibase, falou sobre a Encíclica Laudato Si’.
Centro de Acolhida para Imigrantes
Frei José Francisco, do Sefras, falou sobre a realidade das imigrações no Brasil e apresentou o trabalho realizado no Centro de Acolhida para Imigrantes, em São Paulo. Inaugurado em 2014, ele atende 120 pessoas, vindas de 43 nacionalidades diferentes. No Centro, os acolhidos têm aulas de português, orientações sobre direitos educacionais, atendimento jurídico, além de encaminhamento profissional e moradia.
Frei James Girardi apresenta abaixo algumas propostas que podem ser organizadas nas fraternidades:
Mineração
• Recolher informação e socializar, para tratar da questão de forma orgânica; • Promover a articulação com organizações sociais e eclesiais que já têm trabalho neste tema; • Tratar a questão da mineração a partir do problema da água; • Elaborar material didático para a Formação Inicial e Permanente.
Migração
• Fazer um mapeamento das organizações que trabalham sobre o tema, para conhecer a origem da migração e assim proceder com maior clareza; • Apoiar o ensino da língua e orientação de como proceder com a documentação, ou seja, auxílio jurídico; • Promover nas fraternidades maior engajamento na questão da migração.
Estilo de vida
• Pôr em pratica os princípios ecológicos: reutilizar, reciclar e reusar; • Promover o consumo responsável nas fraternidades; • Assumir nossa condição de minoridade; • Desafio da conversão permanente que começa no pessoal. Estas foram algumas das propostas elaboradas neste encontro, outras diziam mais respeito à realidade de cada país. No entanto, uma proposta que perpassou todos os temas foi a da preocupação de elaborarmos um itinerário para a Formação Inicial e Permanente, de modo que os formandos e comunidades permanentes tenham, no seu dia a dia, a oportunidade de se encontrar de modo mais aprofundado com a dimensão transversal de [Comunicações] JPIC. Outubro / 2017 661
Evangelização
SEFRAS IDOSO: 21 ANOS dE SERVIÇO
O
Sefras Idoso (Casa de Clara) comemorou 21 anos de história no dia 2 de setembro. Nesses anos, o serviço sempre buscou contribuir com o processo de envelhecimento ativo e saudável através de múltiplas atividades, fortalecendo vínculos sociais, comunitários e familiares entre os participantes. Para celebrar a data foi realizada uma festa no salão da Paróquia Santo Antônio do Pari, que reuniu os idosos e seus familiares. “Entre as atividades, destaque para as apresentações musicais e o Coral da Casa de Clara, composto pelos participantes do serviço”, destacou a coordenadora do serviço, Cássia Migliorini. Segundo ela, a Casa de Clara é um serviço de muita representatividade e luta. “Ele tem proporcionado, ao longo desses anos, um envelhecimento ativo e saudável aos participantes, através das diversas atividades que proporcionamos diariamente”, frisou. A Casa de Clara iniciou suas atividades em 1996 por iniciativa de Frei Walter Ferreira Júnior, que incentivou os idosos e gestantes, frequentadores do Convento São Francisco, a se reunirem em um local próprio para convivência fraterna e terapia ocupacional, através de trabalhos manuais. Naquela época, o público prioritário não eram apenas de idosos, mas também gestantes, que participavam dos grupos de orientação, e crianças acompanhadas por suas mães. Funcionava apenas dois dias na semana, com distribuição de cestas básicas e enxovais para recém-nascidos. Comunicação do Sefras
662
[Comunicações] Outubro / 2017
SEFRAS MIGRANTE: 3 ANOS DE HISTÓRIA O Sefras Imigrantes celebrou três anos de atuação no dia 31 de agosto. Para comemorar esta data, foi realizada uma festa com direito a muita música, dança e comida típica de Angola. Além disso, houve um momento celebrativo para os aniversariantes do mês. Entre as atividades, uma encenação retratando a chegada dos imigrantes no Brasil e a conquista de sua autonomia. Para a coordenadora, Irmã Margareth Crispim, é importante celebrar esses momentos de conquistas e o Centro de Acolhida é um serviço fundamental para atender os imigrantes nas suas necessidades básicas, como ter um local para ficar, oferecer alimentação e atendimento social e psicológico. De acordo com dados da coordenação,
já passaram pela casa 1.104 pessoas. Atualmente atende 120 imigrantes, a maioria originária de Angola, mas muitos vêm do Haiti, República do Congo, Nigéria, Venezuela, Guiné-Bissau, Cuba, Jerusalém e República Dominicana. O serviço abriga 90 homens, 30 mulheres e 14 crianças.
O PAPEL DA PSICOLOGIA NOS SERVIÇOS O Sefras realizou no dia 28 de agosto um evento para comemorar o Dia do Psicólogo, onde se refletiu o “papel da Psicologia e do Psicólogo nos Serviços da Assistência Social”. Os participantes, trabalhadores de toda a rede de Assistência Social da cidade de São Paulo, reuniram-se no bairro do Belém, onde está o serviço de atendimento ao idoso do Sefras. Frei José Francisco falou da importância e desafio de promover espaços de formação continuada. “É preciso trabalhar a interdis-
ciplinariedade na prestação de serviços aos participantes. Isso é de suma importância para o crescimento profissional”, frisou.
CFFB
II Encontro de Irmãos Leigos reúne 70 frades em Vila Velha
R
ealizou-se entre os dias 7 e 10 de setembro, na Casa de Retiro Santa Clara, em Vila Velha (ES), o II Encontro Nacional de Irmãos Leigos Franciscanos, com frades das diversas obediências (OFM, OFMCap, OFMConv e TOR), provindos de 18 Estados do país. O Encontro contou com a assessoria de Frei Luiz Carlos Susin, OFMCap, além da presença de Frei Éderson Queiroz, OFMCap, presidente da Conferência da Família Franciscana do Brasil, Frei Carlos Silva OFMCap, Presidente da Conferência dos Capuchinhos do Brasil e Ministro Provincial dos Capuchinhos de São Paulo e Frei César Külkamp, Vigário Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição. O tema refletido foi: “Vida
Religiosa Consagrada em processo de transformação – perspectivas para o irmão leigo franciscano”. O primeiro Encontro havia acontecido em 2015, no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP).
Acolhida
Na fala inicial, Frei Walter de Carvalho Júnior, da comissão organizadora, acolheu os participantes e falou sobre a importância do evento. “Estamos aqui porque amamos nossa vocação, o chamado que Deus nos fez para seguirmos Jesus assim como fez São Francisco de uma maneira tão fascinante. Estamos aqui porque sentimos a necessidade de nos entendermos mais como irmãos de uma família maior, uma família que está além
das nossas obediências, uma família em que os irmãos de ordens diferentes se redescobrem, se ajudam, traçam planos comuns, dividem trabalhos, assumem ações conjuntas. Por que não realizar isso?”, questionou o frade, recordando os recentes encontros dos Ministros Gerais, Frei Marco Tasca, da Ordem dos Frades Menores Conventuais; Frei Michael Perry, da Ordem dos Frades Menores; Frei Mauro Jöhri, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e Frei Nicholas Polichnowski, da Terceira Ordem Regular. O principal tema abordado pelos Gerais é a unidade da família franciscana. Frei Walter destacou que várias ações concretas estão sendo realizadas, entre elas a criação da Universidade Pontifícia Franciscana, Outubro / 2017 [Comunicações]
663
CFFB que reunirá os estudantes das diversas obediências; o Capítulo Generalíssimo, que ocorreu em julho deste ano; o Encontro de Madrid, realizado em maio passado e a carta entregue ao Papa Francisco, em abril deste ano, pedindo que os irmãos leigos possam ocupar cargos de liderança dentro das Ordens. Frei César destacou os esforços realizados em busca da comunhão. “Este é um momento muito oportuno e muito precioso para todos nós, nessa busca que fazemos, não só entre os Ministros Gerais, mas nestas Frei Luiz Carlos Susin, OFMCap iniciativas que têm acontecido de recuperarmos nossa identidade”, de Roma. Na parte da manhã, ele fez ressaltou Frei César. Frei Carlos, por um resgate histórico da vida religiosa sua vez, recordou a carta divulgada consagrada na tradição cristã, destaapós o I Encontro dos Irmãos Leigos cando quatro momentos principais: Franciscanos, onde se lê: “Para um vida monacal, vida fraterna, vida frade franciscano, a tarefa da identi- apostólica e comunidades educatidade humana é tornar-se irmão me- vas e assistenciais. Ele falou também nor. O nosso nome relembra o projeto sobre o fenômeno das novas comude vida que se realiza na fraternidade”. nidades, o que classificou como um Frei Éderson, por fim, falou a respeito desafio para os religiosos de comudos 50 anos da Família Franciscana nidades tradicionais. Ele convidou os do Brasil, “nascida do sopro do Con- presentes a terem um olhar mais pocílio Vaticano II, que nos arrancou do sitivo para estas novas comunidades, nosso isolamento institucional e rela- que possuem uma forte experiência cional, nos fez descobrir que somos comunitária, mas são muito instáveis uma grande família, com uma ori- por diversos motivos. Um dos temas tratados por Frei gem em comum”. Destacou também o crescimento da Ordem Franciscana Carlos foi o clericalismo e o tradicioSecular e da Jufra, e perguntou: “Nós nalismo, elementos que estão voltanestamos preparados para este diálogo? do à realidade eclesial, sobretudo nos Estamos formando leigos maduros, mais jovens. Para o frade, o problema que nos ajudem na compreensão do do clericalismo é que ele cria uma hiecarisma? Como podemos nos colo- rarquia que não deveria haver dentro car junto dos leigos, numa formação da vida religiosa consagrada. “A genprofunda da identidade franciscana?”, te começa a achar que não só somos questionou. melhor que os outros, mas também que a gente é o único meio que detém todas as mediações de graça e de salAssessoria O dia 8 foi marcado pela assesso- vação para os outros. Sem o clero não ria de Frei Luiz Carlos Susin, capuchi- há salvação. É uma absorção de todas nho, mestre e doutor em Teologia pela as mediações de salvação, bênção, enPontifícia Universidade Gregoriana sinamento, saber, nesse grupo, nessa
664
[Comunicações] Outubro / 2017
porção eleita”, afirmou, ressaltando que este não é um problema apenas dos padres, mas de todo movimento cristão que acredita ser mais santo, mais perfeito que o outro.
Toda crise é oportunidade
Falando sobre as transformações na Igreja, o assessor afirmou que a cultura moderna gera mudanças na forma de as pessoas se relacionarem com a comunidade e com o sagrado. Citando o italiano Antonio Gramsci, Susin animou os presentes a fazerem do tempo de crise um momento de oportunidade. “No caos algo se cria”, afirmou o frade. Frei Susin falou sobre a mudança das relações, destacando o “network”, onde as redes de relação se tornam mais importantes, causando uma mudança no modelo social. Se antes acumular dinheiro era sinal de sucesso, hoje as experiências e conexões são mais significativas para os jovens. Refontizar, regenerar, relançar e requalificar Estes foram os quatro verbos que conduziram a fala de Frei Carlos Susin na parte da tarde do dia 8, que continuou tratando da vida consagrada, agora, porém, aquela franciscana. Para ele, estes quatro verbos necessitam de conjugação contínua. Ele destacou que a Ordem Franciscana, desde as origens, nasce a partir do desejo de uma vida fraterna. “O fato do grupo se chamar irmãos menores é colocar o relacionamento no caminho. Não é ser devoto de Maria, não é ser um pregador. O que vai nos ocupar não vai caracterizar a Ordem. O importante é ser irmão”, assinalou.
Francisco de Assis é irrepetível
Falando sobre a vida e a experiência de São Francisco, Susin foi enfático ao afirmar: “Francisco é irrepetível”.
CFFB Ele destacou ainda a liberdade de Francisco diante das coisas e das pessoas, citando a mediação que o santo fez entre o bispo e o prefeito de Assis e entre o lobo e a população de Gubbio. “Ele faz aliança dos dois lados porque ele não tem interesse próprio, ele pode estar inteiramente junto do lobo e inteiramente junto da cidade. É isso que faz ele ser absolutamente fraterno em todas as direções. Por isso a capacidade de conciliação, de fraternização. Isso é fecundidade da fraternidade”, afirmou. O frade destacou que todas as pessoas possuem dons específicos, mas quando estes dons são colocados a favor da comunidade, eles passam a ser carismas, que são marcas da gratuidade e da entrega. Para ele, é este carisma que marca a vocação do irmão leigo. “O carisma se espalha na gratuidade, se torna uma fecundidade. O carisma se transforma num ministério”, concluiu. Na parte da tarde, os religiosos fizeram um plenário com perguntas ao assessor. Após o jantar, houve um painel de experiências missionárias. Quatro frades mostraram o que significou
para eles a experiência de missão (na Amazônia, no Marrocos, junto a indígenas no Mato Grosso do Sul). Pela Província da Imaculada, Frei Alex Ferreira falou de seu período de estágio em Angola, logo após terminar o curso de Filosofia em Rondinha.
Passeio e Celebração Eucarística
Na parte da tarde do dia 9, os participantes fizeram um passeio por Vila Velha. A primeira parada foi na igreja do Rosário, na Prainha. Lá foram recebidos por Frei Clarêncio Neotti, que explicou um pouco a história dos frades no Espírito Santo, a chegada das capitanias portuguesas, a vinda de Frei Pedro Palácios e a importância do Convento da Penha e da igreja do Rosário para a população local e para a Igreja no Brasil. Pelo Rosário passaram nomes como São José de Anchieta e Manuel da Nóbrega. “É aqui o nascimento do Estado do Espírito Santo”, afirmou o frade. Apesar da chuva, que caiu de forma moderada durante a tarde, os religiosos subiram para o Convento da
Penha, Santuário de graças e ponto turístico do Espírito Santo. Às 17 horas, todos se reuniram para celebrar a Eucaristia no Santuário Divino Espírito Santo. A missa foi presidida por Frei César Külkamp, Vigário Provincial, e concelebrada por Frei Djalmo Fuck, pároco, Frei Clarêncio Neotti, vigário paroquial e Frei Miro Rufino, da Custódia do Sagrado Coração de Jesus. Em sua homilia, Frei César falou sobre o Evangelho do domingo (Mt 18, 15-20). “A Palavra hoje nos provoca a amar o nosso próximo, ser cristão significa amar até as últimas consequências”, afirmou. Ele acrescentou que o melhor testemunho que os cristãos podem dar diante do mal, da fofoca, do pecado, é agir com bondade. “A nossa resposta jamais pode ser o mal. Supera o mal com o bem, este é o mandato que nós temos para a nossa vida cristã”, advertiu. O frade recordou uma passagem da vida de São Francisco de Assis, quando questionado por um irmão sobre qual postura ter diante do mal. O santo disse: “Brilhe tão forte a tua
Outubro / 2017 [Comunicações]
665
xxx
DOCUMENTO FINAL DO ENCONTRO
santidade e fale tão alto o teu exemplo, que isso sirva de correção para aquele que cometeu qualquer maldade”. Frei César concluiu sua homilia pedindo que cada um se torne uma pessoa melhor, a fim de que o mundo seja melhor. “Este foi o testemunho de São Francisco e que a gente hoje pode usar como uma medida. Sejamos pessoas melhores e o nosso mundo será melhor”, concluiu.
Encerramento
Foi num clima festivo e de celebração de envio que os irmãos leigos franciscanos encerraram seu II Encontro Nacional na manhã do dia 10. Em comovente oração final de envio, após leitura de texto de Celano, em que São Francisco envia os frades pelo mundo, os dois irmãos mais idosos e os dois mais novos, entre os participantes, deram a bênção final, motivando para a missão e o anúncio da paz e do bem pelo modo de viver a fraternidade. Érika Augusto
666
[Comunicações] Outubro / 2017
Nós, irmãos leigos das quatro obediências da família franciscana (OFM, OFMCap, OFMConv e TOR), nos reunimos, 70 frades, dos dias 07 a 10 de setembro de 2017, no município de Vila Velha – ES. O nosso II Encontro Nacional de Irmãos Leigos Franciscanos teve como objetivo promover a convivência fraterna dos irmãos do Brasil e refletir sobre a Vida Religiosa Consagrada em processo de transformação – perspectivas para o irmão leigo franciscano. Retomando as reflexões e proposições do Encontro Nacional de 2015, sentimos a necessidade de continuarmos a nos entender mais como irmãos de uma família maior, que está além de nossas próprias obediências. Uma família em que os irmãos de nomes diferentes se redescobrem e se ajudam, traçam planos comuns, dividem trabalhos e assumem ações conjuntas, primeireando o processo de aproximação das quatro obediências em nível de Ordens, percebendo que ser irmão e menor tem um significado profundo para a Vida Consagrada e para a Igreja, além de uma força profética no mundo hodierno. Neste contexto, e em consonância com a Carta Final do Capítulo das Esteiras da CFFB, e diante da desestruturação do tecido político e institucional de nosso país, pautado por mentiras construídas e divulgadas pela mídia, queremos, como irmãos e menores em nosso tempo, proclamar junto com todos os pobres e movimentos sociais: “Nenhum direito a menos”. A água é criatura de Deus e deve ser de todos os filhos e filhas de Deus, não deve ser entregue ao deus dinheiro. A vida é sagrada e, nas causas indígenas, ela tem sido ameaçada, violentada, massacrada. Frei Luiz Carlos Susin, OFMCap, ao fazer uma retomada histórica da Vida Religiosa Consagrada, e ao abordar aspectos como o cle-
ricalismo, motivou-nos a retomarmos nossa mística do ser frade menor, aprofundando, em especial, quatro verbos: REFONTIZAR, REGENERAR, RELANÇAR e REQUALIFICAR. Como resultado de nossos esforços desses dias de encontro, EXORTAMOS para a importância de: • ACENTUAR na animação vocacional e na formação inicial a dimensão essencial e profética do irmão como identidade fundante do carisma franciscano, utilizando-se da produção de materiais comuns para todas as obediências; • CUIDAR de não reproduzirmos modelos hierárquicos piramidais e que se favoreça a participação dos irmãos leigos nos espaços de decisão. Sejam igualmente incentivados os encontros dos irmãos; • VALORIZAR o apostolado que vai além dos espaços tradicionais, criando novas perspectivas, ampliando horizontes para que possamos ser propagadores da paz, promotores da integridade da criação, fomentando a itinerância e sendo solidários com as causas dos menores e excluídos; • TER uma equipe de caráter executivo, com frades das quatro obediências, com as seguintes funções: enviar as propostas para as obediências e preparar o próximo encontro nacional; criar e alimentar as mídias sociais e encaminhar a produção de materiais. Ao concluirmos esta carta, reafirmamos que acreditamos neste encontro interobediencial como espaço importante de entreajuda, unidade e protagonismo do irmão leigo franciscano. Pedimos as bênçãos da Nossa Senhora da Penha para que continuemos fiéis à nossa vocação, seguindo os passos de Jesus como irmãos menores. Vila Velha , 10 de setembro de 2017.
ãs O Ministro e as Irm Hospitaleiras
é longo... O caminho i Augusto Fre
z... Soltandorlinahovo s Frei Ca
! Tenho sede i Alex
clarar! Nada a de André
Frei Michels e Fre
cil... Descer éIrmfá ãos Leigos
Encontro dos
Frei
É primavlasera! Frei Doug
ípulo! Mestre ere ediFresci Die go Frei Cesa
FRATRumGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados
OUTUBRO 09 a 13 16 e 17 16 a 19 16 a 19 16 a 19 17 a 19 20 a 22 22 23 e 24 24 e 25 24 a 26
Curso de Franciscanismo (Rondinha), “O Cuidado da Criação na Visão Franciscana”; Retiro do Regional do Vale do Itajaí (Vila Itoupava); Retiro do Regional do Leste Catarinense (Angelina); Retiro dos Regionais do Contestado e de Pato Branco (Curitibanos); Encontro Regional do Leste Catarinense (Retiro Anual, Angelina); Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); Estágio Vocacional (Ituporanga); Ordenação Diaconal de Frei Marcos Vinicius M. Brugger (Pato Branco); Encontro do Regional do Leste Catarinense (Florianópolis); Encontro Provincial da Frente de Comunicação (Rondinha); Semana Teológica (Petrópolis);
NOVEMBRO 02 a 04 02 a 05 06 a 09 13 15 20 20 21 e 22 23 e 24 28 a 30 29
Retiro do Regional de Curitiba (Rondinha); Estágio Vocacional (Guaratinguetá); Retiro dos Regionais do Estado de São Paulo (Agudos); Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense (Niterói); Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense – recreativo; Encontro do Regional do Vale do Itajaí - recreativo (Vila Itoupava); Encontro do Regional do Vale do Paraíba recreativo (São Sebastião); Reunião do Conselho do Secretariado de Evangelização (Vila Clementino); (até o meio-dia) Reunião com os frades de 1ª transferência (São Paulo); Reunião do Definitório Provincial; Reunião do Definitório com os coordenadores dos Regionais (São Paulo - São Francisco);
DEZEMBRO 01 e 02 02 a 04 04 04 e 05 11 a 13 13 16 18 e 19
Celebração dos Jubileus (São Paulo - São Francisco); Encontro do Regional de Curitiba-Recreativo (Caiobá); Encontro do Regional São Paulo (Bragança Paulista); Encontro do Regional de Pato Branco; Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí – recreativo (Blumenau - SC); Encontro do Regional de Curitiba - recreativo (Caiobá); Ordenação Presbiteral do Frei Vanderlei da Silva Neves ( Largo São Francisco, - São Paulo - SP) Encontro Regional do Leste Catarinense - recreativo (Santo Amaro da Imperatriz);
2018 Janeiro
08 15 17 a 21
Profissão dos noviços; Vestição dos noviços; Missões Franciscanas da Juventude (Agudos e Bauru - SP);
JULHO 19 a 22
Encontro Nacional da Juventude (Vila Velha - ES);
novembro 12 a 21
Capítulo Provincial;