edição especial
Festa da Penha 2017
| 2017 | Festa da Penha | Especial
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Sumário Editorial Mãe da Profecia............................................................................ 5
Mensagem Virgem da Penha e Aparecida...................................................... 6
Palavra do guardião Agradecimento.............................................................................. 8
1º dia do Oitavário Na alegria do Ressuscitado, fiéis celebram o primeiro dia da Festa da Penha............................................. 12 Romaria dos cavaleiros abre as festividades......................... 15
2º dia do Oitavário Maria, modelo de vida para todas as mulheres....................... 16 Simpósio Mariano abre a programação noturna..................... 18
3º dia do Oitavário Fiéis lotam o Campinho no terceiro dia do Oitavário........... 20
4º dia do Oitavário Área Benevente cobre o Campinho de bênçãos....................... 24
5º dia do Oitavário Um apelo pela paz....................................................................... 27
6º dia do Oitavário Devotos da Penha: alegres testemunhas da esperança.......... 32
7º dia do Oitavário Diocese de São Mateus recorda desafios e esperança dos capixabas........................................................ Bispo de Cachoeiro denuncia a corrupção do poder e exploração dos pobres no Brasil........................... Romaria das pessoas com deficiência...................................... Adolescentes demonstram sua fé............................................. Romaria dos Homens: a maior mobilização de fé da Festa da Penha..............................................................
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8º dia do Oitavário Dom Wladimir: “Não queremos nos mudar do Brasil. Queremos mudar o Brasil”......................................................... 42 Motociclistas recebem bênção ao final de Romaria............... 43 Mulheres colorem e encantam as ruas de Vila Velha............. 45
Dia da Padroeira Conferência dos Religiosos celebra em louvor a Nossa Senhora....................................................... “Dai-nos a bênção, ó Virgem Mãe”, pedem as Pastorais Sociais....................................................... Fé e cultura popular na 1ª Romaria dos Conguistas............. Ciclistas fazem a última romaria da Festa da Penha............. As bonitas histórias de fé da Festa da Penha.........................
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Último dia da Festa A última homenagem para a Virgem da Penha......................... 57
Expediente Revista da Festa da Penha 2017 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Vasco Coutinho s/n Vila Velha - ES - CEP 29100-231
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Ministro Provincial: Frei Fidêncio Vanboemmel Vigário Provincial: Frei César Külkamp Secretário: Frei Walter de Carvalho Júnior Guardião do Convento da Penha: Frei Paulo Roberto Pereira Edição, textos e fotos: Frei Gustavo Medella (MTB 6484 MG), Frei Gabriel Dellandrea e Érika Augusto Diagramação: Jovenal Pereira
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Editorial
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Especial | Festa da Penha | 2017 |
Editorial
MÃE DA
PROFECIA
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errubou do trono os poderosos e elevou os humildes” (Lc 1,52). A voz profética de Maria expressa no Cântico do Magnificat também se fez ouvir na Festa da Penha 2017. E não poderia ser diferente, diante do grave momento político, social e institucional que se vive no Brasil. A corrupção que subtrai bilhões dos cofres públicos, a investida contra os direitos fundamentais da população em reformas encaminhadas às pressas, a violência crescente e o abandono dos mais pobres foram temas refletidos em diversos momentos da festa. Logo no 2º dia do Oitavário, na Segunda-Feira de Páscoa, Frei Clarêncio Neotti, da Fraternidade do Santuário do Divino Espírito Santo, em Vila Velha, levantou a voz para dizer: “Nós estamos vivendo dias de vergonha diante de todos os povos do mundo, através dessa corrupção pública, que tira de nós, pessoas humildes, a animação e a esperança”. Foi aplaudido. Entre os bispos das dioceses capixabas também ressoou o tom da profecia. O Bispo de São Mateus, Dom Paulo Dal’Bó, na Missa da romaria de sua diocese, celebrada na manhã do sábado, dia 22, associou as lágrimas de Maria às lágrimas derramadas pelo povo diante
dos sofrimentos: “Eu acredito que Maria, ao visitar seus filhos e filhas neste Estado do Espírito Santo, as suas lágrimas ainda correm, por encontrar ainda em nosso estado muitos órfãos, muitos filhos e filhas se perdendo no mundo das drogas, da prostituição, o crime com índice elevadíssimo”, recordou. Durante a missa da Romaria da Diocese de Cachoeiro do Itapemirim, o bispo Dom Dario Campos, que é frade franciscano, além de denunciar a corrupção do poder e a exploração dos pobres, convocou os cristãos a fazerem sua parte diante deste cenário desfavorável: “A cada dia que passa surgem mais delações. E mais pessoas, que nem esperávamos, são apresentadas como usurpadoras do poder e do dinheiro público, o nosso dinheiro. (...) A nossa missão, com Jesus de Nazaré, é lutar por um mundo mais justo e fraterno. Não podemos cruzar os braços diante de tanta desigualdade social”, destacou. No domingo, dia 23, o tom profético das pregações permaneceu, com a reflexão do Bispo de Colatina, Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, para quem, diante de tantos desmandos e injustiças, o “Brasil precisa ser passado a limpo, custe o que custar”. Em sua homilia, Dom Wladimir também assumiu um tom de denúncia: “É preciso devol-
ver o dinheiro que foi desviado, com juros e correção. Os corruptos estão numa zona de conforto muito grande, estão muito seguros, muito imunes. Vamos ficar atentos!”. O bispo recordou ainda que é necessário a todo povo que se empenhe e se encoraje a dizer “´não’ às reformas que assaltam os direitos dos empobrecidos e eliminam vidas”. Na missa de encerramento, o Arcebispo de Vitória, Dom Luiz Mancilha Vilela, provocou aplausos na multidão ao clamar por uma economia a serviço da vida e das pessoas e também pelo respeito à vida humana em todas as suas etapas. Forte representação profética também se notou em cada romaria, no espírito de superação e fé manifesto nas milhares de pessoas que, a pé, a cavalo, sobre motos ou bicicletas, em canoas e barcos, cadeiras de roda e muletas, marchando e andando, ao ritmo do congo e da folia de reis, partiram rumo ao encontro amoroso com a Mãe das Alegrias. Ninguém sozinho, todos acompanhados por Maria, a Virgem da Penha, mãe da profecia e dos profetas, voz que se faz ouvir ainda hoje e que convida seus filhos e filhas a se comprometerem com a construção de um mundo melhor.
Frei Gustavo Medella, ofm | 2017 | Festa da Penha | Especial
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VIRGEM DA PENHA e APARECIDA
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, através da Fraternidade Franciscana do Convento de Nossa Senhora da Penha e em comunhão com a Igreja Católica do Estado do Espírito Santo, celebrou entre os dias 16 e 24 de abril a 446ª edição da Festa de Nossa Senhora das Alegrias, a Virgem da Penha. No alegre espírito da Oitava da Páscoa e na esperança por uma vida nova, repleta de
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alegria e paz, a Festa da Penha foi comemorada no coração do Ano Mariano, proclamado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ao longo do Oitavário e dos dias da Festa, o gigantesco terço suspenso entre as duas palmeiras no Campinho, ao pé do Convento da Penha, convidava os peregrinos a celebrar com fé a “grande ação de graças” pelos 300 anos da descoberta da imagem de Nossa Senhora da Conceição, a Virgem
de Aparecida, destacada na medalha ‘Salve Rainha’. Assim, através da visibilidade deste Terço celebrou-se o louvor de Deus, para “reaprender com Nossa Senhora como seguir Jesus Cristo, como ser cristão hoje” (CNBB). Não tenho dúvidas de que os milhares de romeiros e romeiras que participaram desta 446ª Festa de Nossa Senhora da Penha deram sua resposta ao apelo dos nossos Bispos. Na abertura do Ano Mariano: “Nós esperamos mui-
Mensagem
to que o Ano Mariano possa ser de intensa evangelização com Maria, contando com a sua proteção, seguindo os seus exemplos, mas sendo essa Igreja em saída, essa Igreja misericordiosa, que, a exemplo de Nossa Senhora, vai ao encontro dos irmãos para compartilhar a alegria do Evangelho de Jesus Cristo” (CNBB). Convento da Penha, Vila Velha, ES: Frei Pedro Palácios, como fiel filho de São Francisco de Assis e devoto da Virgem Mãe de Deus, trazendo ao Brasil a estampa de Nossa Senhora das Alegrias, ainda nos primórdios da evangelização desta Terra de Santa Cruz, realizou uma grande catequese
popular a partir da capelinha dedicada à Virgem da Penha. A catequese e a evangelização de Frei Pedro Palácios não se distanciaram da tônica da pregação penitencial, típica de todos os Frades Menores, conforme a exortação de São Francisco de Assis no 21º capítulo da Regra não Bulada. Uma catequese que conduzia os povos nativos e colonizadores aos Mistérios de Jesus Cristo, pela materna intercessão da Mãe de Deus. Quantas histórias, quantas vidas, quantas lágrimas e agradecimentos nestes quatro séculos e meio de peregrinações e evangelização! O que movia e ainda move a vida dos romeiros e romeiras, devotos e devotas da Virgem da Penha? Não tenho dúvidas em afirmar que é a busca de uma verdadeira vida penitencial, movida pela “fé reta, esperança certa e caridade perfeita” para viver com fidelidade o divino mandato do envio missionário: “Vai, e restaura a minha Igreja”, pela intercessão materna da “Virgem feita Igreja”. Aparecida do Norte, SP: Da mesma forma, a partir de uma pequena estátua da Virgem Imaculada, milagrosamente encontrada no Rio Paraíba do Sul, “Deus ofereceu ao Brasil a sua própria mãe” (CNBB). Assim como a Virgem Maria cantou e profetizou no Magnificat a grandeza da humildade e o anseio dos pobres famintos, também em Aparecida do Norte o mistério do amor de Deus se revelou aos pobres pescadores daquele rio e, a partir deles, o amor misericordioso do Senhor se volta a cada filho e filha desta Terra de Santa Cruz para dizer: “Filho (a), eis a tua
Mãe” (Jo 19,27). Acolher Maria como Mãe é compromisso obediencial a Ela, assim como nas Bodas de Caná: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Daqui decorre o grande desafio da Espiritualidade Mariana: deixar-se evangelizar por Cristo pela mediação materna de Maria Santíssima. Também não podemos esquecer-nos de registrar que neste ano de 2017 a festa de Nossa Senhora da Penha transcorreu em meio a tantas turbulências sociais e profundas inquietações que envolvem o mundo e também o nosso País: migrantes sem pátria, conflitos étnicos e religiosos, violências e mortes, grave crise política e econômica, disputas nos tribunais para velar e desvelar criminosos, usurpação vergonhosa dos direitos públicos por pessoas eleitas para o serviço e o cuidado do povo, depredação e delapidação dos pobres no seu justo direito (especialmente as conquistas trabalhistas e a justa pensão), etc. Em meio a tudo isso não faltou no coração dos romeiros e romeiras da Penha o clamor pela verdadeira justiça social. Também quero crer que a Virgem da Penha ou a Mãe Aparecida, nossa Rainha e Padroeira, qual rainha Ester, se fez porta-voz e medianeira da oração e do clamor do seu povo junto ao Rei dos reis: “Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! - e a vida do meu povo - eis o meu desejo!” (Est 7,3). Paz e Bem!
Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial | 2017 | Festa da Penha | Especial
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Palavra do Guardião
A Festa da Penha é a festa de Nossa Senhora das Alegrias, e sabemos, a verdadeira alegria é servir ao Senhor. Tendo vivido incontáveis experiências de Páscoa, é hora de manifestar gratidão. A Festa da Penha é a festa da Igreja presente no Estado do ES Gratidão a Dom Luiz, Arcebispo Metropolitano de Vitória, Dom Sevilha, Bispo Auxiliar, Dom Paulo, Bispo de São Mateus, Dom Dario, Bispo de Cachoeiro do Itapemirim e Dom Wla-
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dimir, Bispo de Colatina, aos padres, diáconos, religiosos e seminaristas que, olhando o exemplo de Maria, assumem sua vocação com alegria e se dispõe a semear uma Igreja missionária a serviço da vida e da esperança.
A Festa da Penha é a festa da Família Franciscana Gratidão a todos os confrades franciscanos, que durante o ano inteiro acolhem a todos que vêm ao Convento da Penha para celebrar a Eucaristia e também contemplar o rosto misericordioso e bom do Senhor. Embora celebrada solenemente no intervalo de uma semana, a festa da Penha é gestada a cada dia do ano. O acolhimento e a partilha do alegre encontro com o Senhor experimentados ordinariamente, fazem extraordinários estes dias de Festa. Gratidão especial a Frei Valdecir que muito nos honrou ao aceitar o convite para estar novamente conosco.
Palavra do Guardião
A Festa da Penha é a festa de todos os romeiros e romeiras Gratidão aos cavaleiros, militares, pessoas com deficiência, adolescentes, homens, mulheres, motociclistas, ciclistas e conguistas e tanta gente que partiu em romaria. Fazer romaria é caminhar na direção das raízes da fé; é reviver a experiência de encontro com o Ressuscitado. Romeiros e romeiras demonstram alegria e a confiança por caminhar na companhia da Mãe do povo capixaba; por isso, com suas diversas Romarias, a Festa da Penha proporciona o revigoramento da disposição de testemunhar o Reino de Deus.
A Festa da Penha é a festa dos que servem com boa vontade Gratidão ao sem número de voluntários que, incansavelmente, dedicaram seu tempo, sua criatividade e disposição para o êxito das atividades. Não erra quem afirma que a
Festa da Penha só se torna possível por conta do coração generoso de tanta gente.
A Festa da Penha é a festa dos corações que buscam testemunhar a ressurreição de Jesus Cristo Gratidão a todo o povo de Deus, que durante os dias do Oitavário experimentou a alegria de viver e celebrar em Comunidade; que subiu ao Convento para apresentar gratidão e confiança ao Deus da vida; que quis estar junto da Virgem da Penha para contemplar o acolhedor sorriso de Deus; que sentiu-se abençoado e revigorado para seguir semeando a justiça, a paz e o bem. Gratidão a todos que encheram as ruas da cidade de Festa e de Fé. Viva Nossa Senhora da Penha!
Frei Paulo Roberto Pereira Guardião e Reitor do Convento da Penha
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Preparativos
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Ano Mariano, Nossa Senhora Aparecida é lembrada com carinho
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á 20 anos, o terço gigante é colocado entre as palmeiras, no Convento da Penha. O símbolo, já característico, marca o início das festividades. Neste ano, em que a Igreja celebra os 300 anos da descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida, ela foi a grande homenageada no terço. Com as contas em azul, na cor do manto da Virgem Aparecida, e detalhes em prata, o terço trouxe na imagem central a figura de Nossa Senhora Aparecida. O médico Osmar Sales, que há muitos anos cuida da elaboração e colocação do terço entre as palmeiras, e sua equipe, cuidaram para que tudo estivesse pronto a tempo. No sábado, véspera da abertura da Festa da Penha, o terço já estava em seu lugar, pronto para ser apreciado pelos romeiros.
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1º dia do Oitavário
Na alegria do Ressuscitado, fiéis celebram o primeiro dia da Festa da Penha
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o domingo de Páscoa, 16/04, os devotos de Nossa Senhora da Penha abriram pela 446ª vez, com muita emoção, mais um Oitavário. Nem o sol forte foi capaz de desanimar os fiéis, que desde as primeiras horas da tarde estavam em frente ao presbitério, montado no Campinho, aos pés do Convento da Penha. Pouco antes das 14h30, Frei Paulo César, Frei Florival e os músicos acolheram os devotos com muita alegria. Frei Paulo Pereira deu as boas vindas aos fiéis, neste que foi o seu primeiro ano como Guardião e Reitor do Convento da Penha. O Momento Devocional que precede à Missa foi conduzido pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel. Ele destacou a devoção de Frei Pedro Palácios a Nossa Senhora e recordou que esta não é uma simples devoção pessoal, mas uma devoção extremamente franciscana. “Olhando para a Mãe, podemos nos tornar pessoas contemplativas e, através da oração, ser uma Igreja missionária”, afirmou o frade. Em sua fala, Frei Fidêncio destacou a relação entre as duas invocações de Nossa Senhora. “Quando nós invocamos a Mãe das Alegrias, também
esta Mãe Aparecida traz para todos nós a esperança, a alegria de algo novo, de um Brasil renovado e profético”, concluiu, recordando o Ano Mariano celebrado em 2017.
CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA Após o Momento Devocional, teve início a Celebração Eucarística, presidida por Dom Luiz Mancilha Vilela, arcebispo de Vitória, e concelebrada por Dom Rubens Sevilha, bispo Auxiliar, por Frei Fidêncio Vanboemmel, Frei Paulo Pereira, Frei Djalmo Fuck, Pároco do Santuário Divino Espírito Santo, pelos frades e padres diocesanos. A multidão presente se protegeu do sol como pôde. Muitos buscaram uma sombra na lateral do presbitério, em-
baixo das palmeiras e das barracas instaladas no Campinho e muitos de sombrinha em punho, colorindo a assembleia. Logo após a procissão de entrada, o momento mais aguardado por todos: a chegada da imagem de Nossa Senhora da Penha, trazida pelo grupo do Terço dos Homens. Duas jovens, vestidas de anjos, abriam caminho para a procissão. A imagem foi colocada no lado esquerdo do presbitério, onde permaneceu em todos os dias do Oitavário. Em sua homilia, Dom Luiz recordou a grande festa celebrada naquele domingo, a Páscoa do Senhor, e afirmou que o Tríduo Pascal é um grande retiro celebrado pela Igreja. O Arcebispo destacou os gestos de Jesus, que mostram aos seus seguidores um itinerário
Dom Luiz Mancilha Vilela | 2017 | Festa da Penha | Especial
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a ser seguido. “Jesus ensina um jeito novo de ser, lavadores de pés dos nossos irmãos, servos uns dos outros”, afirmou, referindo-se à Quinta-feira Santa. Ele falou ainda da Crucifixão de Jesus e da Adoração à Cruz, feita na Sexta-feira da Paixão. “Se você foi beijar os pés de Jesus naquela imagem, arrependido do seu pecado, foi um beijo pascal, de vida nova”, e alertou que ao beijar a Cruz sem estar arrependido, é dar um beijo como o beijo de Judas. Dom Luiz falou ainda de Nossa Senhora das Dores, recordada ao longo de toda a Semana Santa. “Maria, que foi a primeira discípula, nos ensina a assumir a dor na Cruz de Je-
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sus”, afirmou, pedindo por todas as mães que sofrem. “Qual mãe não sente ao ver o seu filho sofrendo?”, questionou o Arcebispo. “Nossa Senhora das Dores nos ensina a unir a nossa dor, os nossos sofrimentos, ao sofrimento de Jesus, e ter muita certeza de que a Cruz é sinal de esperança. Cristo crucificado é sinal de esperança”, afirmou, recordando as palavras do Papa Francisco nas celebrações do Tríduo Pascal deste ano. Ao final de sua homilia, o Arcebispo recordou ainda Maria sob o título de Nossa Senhora das Vitórias, e pediu que durante os dias do Oitavário, os fiéis tivessem esperança, olhando para o sofrimento e a
vitória de Cristo e também de Sua Mãe. Conforme o sol ia se pondo, os fiéis se animavam a ficar mais ao centro do Campinho, que estava quase lotado no primeiro dia do Oitavário. Muitas senhoras, mas também muitos homens, jovens e crianças. Entre os jovens presentes, estavam o casal de namorados Leonardo (28) e Sara (25). Ele é de Vila Velha e ela de Vitória, e vieram acompanhando os pais de Leonardo. Era a primeira vez de Sara na Festa da Penha. Ela afirma que a família é muito católica e que participa sempre da Igreja, mas que veio pela primeira vez acompanhando os sogros, que são muito devotos.
1º dia do Oitavário
Romaria dos cavaleiros abre as festividades
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as primeiras horas da manhã do domingo, 16/04, o Parque da Prainha, em Vila Velha (ES), recebeu a primeira atividade da Festa da Penha, a Romaria dos Cavaleiros. Passava das 10 horas da manhã quando o carro de som, com a imagem de Nossa Senhora da Penha, apareceu, seguida de uma centena de cavaleiros, vindo de Cobilândia e de diversas cidades capixabas. Saudando a mãe de Deus, os cavaleiros se aproximaram do palco, montado no centro da praça, para rezar e agradecer a Deus por mais um ano de romaria. Na chegada, Frei Paulo Pereira acolheu os cavaleiros e ressaltou a importância do cuidado com os animais e o meio ambiente, destacando a Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema: Biomas brasileiros e a defesa da vida. O frade destacou a importância do cuidado com estes animais antes do re-
gresso para as cidades de origem, deixando-os descansar antes do retorno. Homens, mulheres e crianças estiveram presentes, demonstrando grande respeito e devoção à Virgem da Penha. Após
a oração, os cavaleiros foram abençoados com a água benta. Este foi o 30º ano da Romaria dos Cavaleiros. Há 9 anos a atividade passou a integrar o calendário oficial da Festa da Penha.
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Maria, modelo de vida para todas as mulheres
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a segunda-feira da Oitava da Páscoa, o Convento da Penha recebeu os devotos para o segundo dia do Oitavário. Ainda pela manhã, muitas pessoas já subiam ao Convento para guardar seu lugar diante do presbitério, no Campinho. Por volta das 14h, um grupo de voluntários estava no final da subida para acolher os peregrinos com cantos e muita alegria. E assim, aos poucos, a multidão se juntou sob o sol forte para celebrar mais um dia de festa. A Celebração Eucarística foi preparada pela Área Pastoral Serrana, da Arquidiocese de Vitória, e foi presidida por Pe. Paulo Santhosh, da Paróquia Santa Isabel. Os frades do Convento da Penha e do Santuário Divino Espírito Santo concelebraram, juntamente com Frei Fidêncio Vanboemmel, Frei Atamil Vicente de Campos, de Cuiabá e os padres
responsáveis pelas paróquias da Área Pastoral. A homilia deste segundo dia do Oitavário ficou sob a responsabilidade do Pe. Hélcio Grespan, religioso da Congregação do Verbo Divino, que assumiu a tarefa com muito bom humor e espiritualidade. O tema, como não podia deixar de ser, foi Nossa Senhora. “Maria quis ser a escrava do único Senhor que liberta”, afirmou o padre. Padre Hélcio destacou ainda que Maria foi a única pessoa capaz de levar Jesus no ventre, mas que cada um, hoje, tem uma missão muito importante. “Quem leva Jesus no coração estremece o mundo, é capaz de transformar o mundo”, acrescentou. O pregador recordou que antigamente as mães batizavam suas filhas em homenagem a Maria, mas que hoje muito desta tradição se perdeu, o que reflete também nos exemplos que as meninas passam a seguir como modelo de vida. “Que tipo de mulher você quer ser? Em que tipo de mulher você se espelha?”, questionou o religioso, acrescentando que Maria é o exemplo de amor a Deus que deve ser seguido.
Frei Pedro Palácios
Frei Pedro Engel
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No momento de ação de graças, membros da Paróquia Divino Espírito Santo prestaram uma homenagem a Frei
Pedro Palácios, o fundador do Convento da Penha e símbolo de fé do povo capixaba. Crianças, jovens e adultos encenaram momentos importantes da vida do religioso, como a construção da gruta e o Convento da Penha, e a devoção do frade por Nossa Senhora da Penha. Ao final da missa, Frei Pedro Engel aspergiu o povo reunido com água benta.
MOMENTO DEVOCIONAL Antes da Celebração Eucarística, aconteceu o Momento Devocional. Frei Florival Mariano de Toledo, Frei Paulo César Ferreira e a equipe de música acolheram os presentes, que já estavam reunidos para mais um dia de festa. Frei Pedro Rodrigues, do Convento da Penha, conduziu a oração desta segunda-feira. Logo no início, ele colocou nas intenções todos os enfermos, os jovens e as famílias que sofrem com o problema das drogas, e rezou: “Nós vos saudamos, Senhora da Penha, Rainha do Céu e da Terra, Mãe de Deus e Mãe
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nossa. Vós revelastes ao vosso servo, Frei Pedro Palácios, a doçura do vosso coração de Mãe, e o vosso grande desejo de aliviar os sofrimentos dos vossos filhos e vossas filhas. Aqui estamos, diante de vossa milagrosa imagem, para receber vossa bênção, para sermos aliviados de nossas aflições, para sermos socorridos nas nossas dificuldades. Sabemos que sois Mãe compassiva, sobretudo para com os que sofrem do corpo e da alma. Estamos necessitados de Vós. Estendei vossa mão protetora sobre nós e nossas famílias. Mostrai-nos o caminho seguro que nos leva a Jesus, Vosso Filho e Nosso Senhor. Vós sois chamada de Senhora das Alegrias, concedei-nos a alegria de vos servir como filhos e filhas ao longo de nossa vida e um dia estar convosco na felicidade do céu. Amém”. O primeiro tema abordado no Momento Devocional foi a humildade. Frei Pedro recordou a vida humilde de Frei Pedro Palácios e pediu para que Nossa Senhora ajudasse cada um a ter um coração humil-
de. “Vosso Filho, Jesus, quis nascer numa gruta. Vosso servo, Frei Pedro Palácios, quis morar numa gruta, aqui junto de nós. E com toda a certeza, o grande desejo de Frei Pedro Palácios é que nós, devotos da Mãe, também fizéssemos do nosso coração esta gruta, para acolher o amor maternal de Maria”, acrescentou.
ANUNCIAR JESUS CRISTO É ANUNCIAR A PAZ Após as orações, Frei Clarêncio Neotti, do Santuário Divino Espírito Santo, falou aos presentes sobre a paz. Ele afirmou que não gostaria de falar de uma paz distante, recordando os conflitos vividos na Síria, no Egito e em outros lugares, mas da paz dos corações. “Enquanto eu não tenho um coração pacificado, eu não posso dizer: creio em Deus”, acrescentando que aquele que não tem um coração pacificado não deveria receber a Eucaristia. O frade recordou os diversos episódios de violência vividos nas cidades do Brasil, relembrando também o assas-
sinato do líder da juventude do Santuário Divino Espírito Santo. Frei Clarêncio sinalizou que a corrupção também é uma violência. “Nós estamos vivendo dias de vergonha diante de todos os povos do mundo, através dessa corrupção pública, que tira de nós, pessoas humildes, a animação e a esperança”, afirmou, seguido de uma salva de palmas dos presentes. Para encerrar, o frade recordou uma frase de São João Paulo II sobre a paz. “A paz é a plenitude da alegria”. E finalizou pedindo a intercessão de Nossa Senhora das Alegrias, a Virgem da Penha.
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Simpósio Mariano abre a programação noturna
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a noite da segundafeira, 17/04, aconteceu a primeira atividade noturna da Festa da Penha deste ano. O auditório do Santuário Divino Espírito Santo acolheu o Simpósio Mariano, que contou com a mediação de Frei Clarêncio Neotti. Compuseram a mesa Frei Fidêncio Vanboemmel, Ministro Provincial, Ana Maria Lemos, Secretária de Pastoral da Arquidiocese de Vitória e Elzenir Ferreira da Silva, do projeto Maria Mãe de Deus (www.nomesdemaria. com.br). Cerca de 250 pessoas estiveram presentes. Ao iniciar o Simpósio, Frei Clarêncio trouxe aos presentes a Antífona Mariana do Ofício da Paixão, composta por São Francisco de Assis:
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Santa Virgem Maria, entre as mulheres do mundo, não nasceu nenhuma semelhante a ti, Ó filha e serva do Altíssimo e sumo Rei e Pai celestial, Mãe do nosso Santíssimo Senhor Jesus Cristo, Esposa do Espírito Santo: Roga por nós, com São Miguel Arcanjo e com todas as virtudes dos céus e com todos os santos, junto a teu santíssimo e dileto Filho, Senhor e Mestre. Em seguida, Frei Fidêncio falou sobre a Saudação à Bem-Aventurada Virgem Maria, de São Francisco de Assis: Ave, Senhora, Rainha Santa, Santa Maria Mãe de Deus, Virgem feita Igreja, e
que do céu foste escolhida pelo Santíssimo Pai, a quem ele consagrou com seu santíssimo e dileto Filho e com o Espírito Santo Paráclito, e em quem esteve e está toda a plenitude da graça e todo o bem!
Ave, palácio do Senhor! Ave, tabernáculo do Senhor! Ave, casa do Senhor! Ave, vestimenta do Senhor! Ave, serva do Senhor! Ave, Mãe do Senhor! E ave, vós, santas virtudes todas, que pela graça e pela iluminação do Espírito Santo sois infundidas nos corações dos fiéis para os tornardes de infiéis em fiéis a Deus.
2º dia do Oitavário
O frade destacou que durante toda a sua vida São Francisco de Assis esteve profundamente unido a Maria. Seus escritos e meditações têm como ponto de referência a vida de Maria Santíssima. Constitui Maria como Advogada da Ordem e entrega sua vocação nas mãos de Nossa Senhora. O pobrezinho de Assis tem particular afeto por Santa Maria dos Anjos, a Porciúncula, onde esclarece sua vocação, conduz e orienta a Ordem nascente, tornando-se o lugar referencial para toda a Ordem até os dias de hoje. Frei Fidêncio pediu então aos presentes que lessem a oração e fizessem uma comparação entre ela e a oração da Ave Maria. “São Francisco saúda 7 vezes Nossa Senhora numa única oração”, ressaltou o frade, destacando em seguida a expressão ainda inédita usada por São Francisco: Virgem feita Igreja. “Com esta expressão, São Francisco diz que Maria é o protótipo, a imagem de toda a Igreja. Francisco vai pensando o que significa Maria. Ela é a Senhora, ela é Rainha, Mãe de Deus, a Virgem feita Igreja. É um jeito de Francisco rezar e se compenetrar nos mistérios da Mãe de Deus”, afirmou o Provincial. Em seguida, o frade ressaltou que a Teologia Mariana de São Francisco é uma teologia trinitária, indicando que a verdadeira devoção mariana é aquela que remete
Frei Fidêncio Vanboemmel
os fiéis para os mistérios de Deus. “Maria nada mais fez do que ser serva, manto, Mãe do Senhor. E ela nos remete para Deus”, destacou. Frei Fidêncio encerrou sua fala afirmando que Frei Pedro Palácios, ao trazer a estampa de Nossa Senhora das Alegrias para o Espírito Santo, trouxe a mística profunda desta devoção, que se estende entre os capixabas até hoje.
QUANTOS NOMES TEM A MÃE DE DEUS? A pergunta foi feita por Elzenir Ferreira da Silva, criador projeto Maria Mãe de Deus. A ideia é reunir todos os títulos recebidos por Nossa Senhora, a história de suas aparições, país de origem e intenções de oração. O leigo ressaltou que Maria tem um só nome, mas muitos títulos, assim como nós, quando dizemos que temos determinada formação, profissão. Maria recebe muitos títulos, mas é a mesma pessoa. Elzenir explicou que Maria, por ser a Mãe da Igreja, tem que ser retratada em todas as culturas, com suas características próprias e tradições.
Em seguida, ele apresentou alguns títulos de Nossa Senhora, o ano de suas aparições e suas especificidades. O Simpósio também foi um espaço para que os presentes pudessem conhecer mais detalhes da devoção mariana na Arquidiocese de Vitória. Ana Maria Lemos, Secretária de Pastoral, apresentou um relatório sobre as paróquias que compoem o território arquidiocesano, afirmando que 1/3 das comunidades locais são dedicadas a Maria. Além de ser a Padroeira da Arquidiocese, sob o título de Nossa Senhora da Vitória, Maria é homenageada em 24 das 85 paróquias locais. Entre as comunidades, 317 delas são dedicadas a Nossa Senhora. Nossa Senhora Aparecida está em primeiro lugar, dando nome a 64 comunidades e 1 paróquia, seguida por Nossa Senhora da Penha, em 39 comunidades e 2 paróquias. Imaculada Conceição é a terceira colocada, sendo homenageada em 21 comunidades e 3 paróquias. A secretária ressaltou também o aumento das devoções marianas, como o terço dos homens e outros grupos específicos. No final, Frei Clarêncio esclareceu que Nossa Senhora das Vitórias é a padroeira da Arquidiocese, mas que Santo Antônio é o vice padroeiro. E o santo franciscano também era muito devoto de Nossa Senhora. Em seus sermões, o santo atribui 32 títulos diferentes a Nossa Senhora. Em seguida, os presentes puderam fazer perguntas aos conferencistas. | 2017 | Festa da Penha | Especial
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Fiéis lotam o Campinho no terceiro dia do Oitavário
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terça-feira da Oitava da Páscoa amanheceu com o céu nublado, bem diferente dos dias anteriores, que foram de calor e sol forte. O clima ajudou os devotos de Nossa Senhora da Penha, que compare-
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Especial | Festa da Penha | 2017 |
ceram em grande número para celebrar o terceiro dia do Oitavário. A Celebração Eucarística foi preparada pela Área Pastoral Cariacica-Viana. Foram distribuídos lenços vermelhos para todos, o que ajudou a co-
lorir ainda mais o Campinho, que estava tomado de fiéis. A Missa foi presidida pelo Pe. Carlos Antonio Conceição, da Paróquia Bom Jesus de Novo Horizonte, Cariacica. Os presbíteros e diáconos da Área Pastoral concelebraram, jun-
3º dia do Oitavário
tamente com o Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel, Frei Gustavo Medella, os frades do Convento da Penha e de Cariacica, Frei Diego Melo e Frei Gabriel Dellandrea, do Serviço de Animação Vocacional (SAV) e um antigo conhecido dos capixabas, Frei Valdecir Schwambach, Guardião e Reitor do Convento da Penha até o abril de 2016, hoje pároco da Paróquia São Francisco de Assis, na Vila
Clementino (São Paulo/ SP). O pregador escolhido para este terceiro dia do Oitavário foi o Pe. José Geraldo de Souza, da Paróquia Sagrada Família, do bairro Nova Rosa da Penha. O redentorista iniciou sua homilia dizendo que era uma alegria estar no Convento da Penha, que é um símbolo do qual os capixabas e os brasileiros se orgulham muito. “Tudo o que ele tem de bom, desde a sua comida até as formas de expressões religiosas, é uma riqueza para nós, mineiros, capixabas, baianos, brasileiros de um modo geral. É bom poder olhar para este Estado e perceber que aqui Nossa Senhora e o Espírito Santo caminham juntos, para que o povo encontre Jesus”, afirmou o padre. Mais uma vez, a figura da mulher foi exaltada no Oitavário. Segundo o religioso, a mulher tem um papel decisivo na história da Salvação, recordando Moisés, que foi protegido por duas mulheres e escapou das mãos do Faraó, que havia decretado a morte das crianças hebreias, e recordando também as mulheres que vão ao sepulcro após a morte de Jesus, as primeiras receptoras da mensagem da Ressurreição. A importância da vida comunitária também foi um tema de destaque na pregação deste terceiro dia do Oitavário. “É em comunidade que discernimos esta experiência de Cristo, que tem que nos arrebatar, nos tirar da preguiça para a alegria. É nesta experiência de comunidade que nós aprendemos a dizer que somos todos irmãos, que nós não somos maiores que ninguém”, destacou o pregador, afirmando que
Padre José Geraldo de Souza
Frei Fidêncio Vanboemmel
Frei Paulo Pereira
Frei Gilson Kammer | 2017 | Festa da Penha | Especial
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3º dia do Oitavário
é na comunidade que a fé cristã é purificada. Para encerrar, ele recordou três palavras do Papa Francisco na Exortação Evangelii Gaudium: verdade, misericórdia e alegria, afirmando que o cristão não pode querer ter uma verdade maior que a verdade de Cristo. Ele alertou também que a Igreja precisa ser misericordiosa e que as comunidades precisam de pessoas que joguem água benta nas fogueiras, e não gasolina, evitando assim os conflitos. O sacerdote disse ainda que os cristãos precisam testemunhar sua alegria no mundo e não viver acorrentados pelo medo, mas serem defensores de uma sociedade justa, igualitária, que não tolera a violência. Ao final, ele colocou-se de joelhos diante da imagem de Nossa Senhora da Penha, pedindo por todos os que sofrem e por todo o Estado do Espírito Santo.
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Especial | Festa da Penha | 2017 |
TESTEMUNHOS
MOMENTO DEVOCIONAL
No momento de ação de graças, seis mulheres foram dar seu testemunho de milagres recebidos pela intercessão de Nossa Senhora da Penha. Ao final de cada fala, elas deixaram rosas aos pés da imagem, colocada no presbitério.
Como de costume, antes da Celebração Eucarística acontece um momento de devoção. A oração foi conduzida por Frei Fidêncio Vanboemmel e por Frei Gilson Kammer, coordenador fraterno da Fraternidade de Colatina (ES) e páro-
Momento de louvor e adoração na Festa da Penha
co da Paróquia Santa Clara de Assis. No início da oração, Frei Fidêncio recordou o Ano Mariano celebrado pela Igreja no Brasil, por ocasião dos 300 anos da aparição de Nossa Senhora nas águas do rio Paraíba do Sul. Em seguida, duas jovens entraram com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, enquanto a equipe de música, liderada por Frei Paulo César e Frei Florival, cantavam em honra à Santa Mãe de Deus. Em sua reflexão, Frei Gilson destacou a importância da presença dos franciscanos no Convento da Penha. “Nós somos chamados a fazer o mesmo anúncio que Frei Pedro Palácios fez, há tantos anos, a fazer desta montanha, deste local sagrado, um local de encontro com Deus de todo o povo capixaba e de todo o povo brasileiro”, afirmou o frade. Ele disse que é missão de todos, franciscanos e povo de Deus, anunciar a ressurreição de Cristo com alegria, como
é feito nestes dias de celebração. “Cristo Ressuscitado continua ardendo no nosso coração”, afirmou, em referência aos discípulos de Emaús.
OS DEVOTOS DE NOSSA SENHORA DA PENHA A programação do Oitavário começa só na parte da tarde, a partir das 14h30, mas muitos devotos chegam bem cedo ao Campinho. É o caso de Dona Maria Aparecida. Ela foi a primeira a chegar, às 8h30. Ela afirma que vem todos os anos à Festa da Penha. “Esta festa é uma bênção, mas passa muito rápido”. Ela afirma que conseguiu muitas graças pela intercessão de Nossa Senhora da Penha. “Meu filho era pequeno e estava muito doente, os médicos haviam desenganado. De casa dava para ver o Convento. Eu levantei ele nos braços e pedi pra Deus, que se fosse para ele ser meu, que Ele o abençoasse. E ele sobreviveu, hoje está com 36 anos”, afirmou.
Na noite de terça-feira, 18/04, as famílias tiveram um momento especial na Festa da Penha. A atividade foi promovida pela Arquidiocese de Vitória, e foi conduzida por Padre Anderson Gomes, coordenador da Pastoral Familiar e Renato Criste, coordenador da Comissão para Vida e Família. Os casais responderam positivamente ao convite e compareceram em grande número. Pe. Renato Criste conduziu um momento de reflexão, voltado especialmente às famílias. Ele abordou as inúmeras dificuldades de um relacionamento, mas ao mesmo tempo as graças de um relacionamento saudável. Pediu para que marido e mulher fossem mais compreensivos e que, através da oração, eles pudessem praticar o perdão mútuo. Após o momento reflexivo, foi feita uma adoração ao Santíssimo Sacramento, conduzida por Pe. Anderson Gomes. Em seguida, ele fez a procissão com o Ostensório, abençoando os casais presentes no Campinho.
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4º dia do Oitavário
Área Benevente cobre o Campinho de bênçãos
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oi assim, cobrindo com um grande manto de Nossa Senhora da Penha, que a Área Pastoral Benevente, responsável pelo quarto dia do Oitavário, concluiu a Celebração Eucarística na quarta-feira, 19/04. O clima em Vila Velha estava fechado, com chuva em boa parte da manhã, o que fez com que os fiéis fossem preparados para o Campinho, munidos de sombrinha e capa de chuva. Mas São Pedro colaborou e a chuva só veio no final da celebração, e de forma muito fraca. Antes da Eucaristia e do Momento Devocional, os presentes acompanharam uma apresentação da banda dos alunos do Colégio Marista, de Vila Velha.
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Especial | Festa da Penha | 2017 |
A Missa foi presidida pelo Pe. Gudialace Oliveira, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Guarapari, tendo como concelebrantes os padres e diáconos da Área Benevente e os frades do Convento da Penha, do Santuário Divino Espírito Santo e de outras fraternidades.
TESTEMUNHAR JESUS RESSUSCITADO NO MUNDO Este foi o pedido de Pe. Jacqueson Pimentel em sua homilia. O evangelho do dia, extraído de Lc 24, 13-35, fala do encontro de Jesus Ressuscitado com os discípulos de Emaús. Em sua pregação, o sacerdote encorajou os fiéis a não serem temerosos, como os discípulos do Evangelho, que desanimaram diante da difi-
culdade. “Todos nós enfrentamos em algum momento de nossas vidas uma cruz. Muitos de nós não queremos assumir a responsabilidade de darmos testemunho de fé diante das situações. A Ressurreição de Jesus vem trazer esperança ao nosso coração. O Senhor não quer que nós fujamos das situações de morte que existem em nossas vidas”, afirmou o pregador. A partir do exemplo dos discípulos de Emaús, o religioso deu duas pistas para os fiéis persistirem na caminhada: a Palavra e a Eucaristia. Ele afirmou que é a partir da vivência da Palavra e da força
4º dia do Oitavário
da Eucaristia que os cristãos podem viver plenamente sua fé. “A experiência do Ressuscitado é voltar para encarar os desafios”, concluiu, dizendo que o testemunho deve ser vivido em todos os lugares,
não somente na comunidade de fé, transformando a sociedade num lugar melhor e mais humano.
MOMENTO DEVOCIONAL Na meia hora que precede à
Celebração Eucarística, os fiéis são convidados a rezarem com os frades o Momento Devocional, um tempo de oração a Nossa Senhora da Penha, recordando Frei Pedro Palácios. A oração deste quarto dia foi
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NossaxxSenhora da Penha exaltada através da arte
Na noite da quarta-feira, 19, o Grupo de Teatro Shalom apresentou a peça Penha: Senhora das Alegrias, no Campinho do Convento. Na peça, uma ambiciosa jornalista chamada Joana é escalada para escrever uma matéria sobre a Festa da Penha. A tarefa lhe causa grande resistência, pois terá que sair de sua zona de conforto e revisitar o passado, que lhe causou grandes feridas e a afastou da fé. Em uma história que aborda a fé e a misericórdia, a protagonista busca um novo sentido para a vida. Um encontro verdadeiro com a Senhora das Alegrias a fará enxergar o mundo com novos olhos. Os membros da Comunidade Shalom encantaram os presentes com sua atuação. Através do teatro e da música, eles apresentaram elementos importantes da história capixaba, como Frei Pedro Palácios e a alta burguesia local, resistente aos projetos do frade espanhol. Especial | Festa da Penha | 2017 |
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conduzida por Frei Gustavo Medella e Frei Gabriel Dellandrea. Na oração, os frades falaram sobre a perda, recordando a passagem em que Maria e José perdem Jesus no Templo, Frei Pedro Palácios, quando perde a estampa de Nossa Senhora das Alegrias, e Nossa Senhora das Dores, quando perde seu Filho na Cruz, para encontrá -lo em seguida ressuscitado. Em sua reflexão, Frei Gustavo falou aos fiéis que no momento de perda. é preciso se manter firme na esperança para procurar aquilo que foi perdido. Em seguida, o religioso recordou a situação política e social do país. “E se falarmos no nosso Brasil? O que o nosso povo tem perdido nos últimos tempos? Quem vai pagar este prejuízo, quando nós vemos um projeto de reforma da previdência que quer tirar do aposentado o pouco que ele já tem?”, questionou o frade, que provocou os presentes a irem
Frei Gustavo Medella atrás daquilo que está sendo tirado do povo brasileiro. Ao final, ele comentou a carta do Papa Francisco, enviada ao Presidente Michel Temer, onde ele expressa sua preocupação com o país e com os brasileiros, afirmando que teme que recaia sobre os pobres a solução de um problema que tem raízes muito mais profundas.
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Um apelo pela paz
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quinta-feira, 20/04, amanheceu com chuva em Vila Velha. Mas logo o sol apareceu, indicando que seria mais um dia quente na cidade capixaba. A Celebração Eucarística do quinto dia do Oitavário teve a participação da Área Pastoral Serra-Fundão, e foi presidida por Pe. Jones Teixeira e concelebrada pelos padres e diáconos daquela área e pelos frades.
Era grande a expectativa pela chegada do andor com a imagem de Nossa Senhora da Penha. Ao contrário dos dias anteriores, neste 5º dia ela foi trazida pelos militares, que se reuniram no Parque da Prainha às 14h, para subirem com o andor. O Corpo de Bombeiros, Exército e outros grupamentos estavam reunidos junto ao busto de Frei Pedro Palácios, que fica em frente à Câmara Municipal.
A imagem foi trazida em procissão pela Marinha, acompanhada do Pe. Ricardo Ventura, Capelão Naval. Todos os militares então se uniram para seguir em procissão até o Convento da Penha. Pelo caminho, foram entoados cantos de louvor e a oração do Terço. Alguns fiéis acompanharam o grupo na subida até o Campinho. A imagem foi levada em procissão até o presbitério, sob aplausos dos fiéis. Alguns | 2017 | Festa da Penha | Especial
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5º dia do Oitavário
Frei Djalmo Fuck militares permaneceram em pé, no corredor, durante toda a celebração. O pregador escolhido para este quinto dia de Oitavário foi o Pe. Fernando Souza, da Paróquia São Francisco de Assis, em Laranjeiras. Em sua homilia, ele destacou a questão da paz, afirmando que é missão de todo batizado promover a paz. E acrescentou que é um direito dos cidadãos cobrar das autoridades a paz na sociedade. O Evangelho do dia, extraído de Lc 24,35-48, relata a aparição do Ressuscitado aos discípulos. “Jesus aparece no meio dos apóstolos e diz: A paz esteja convosco. O Cristo Ressuscitado deseja a paz que vem de Deus. É justamente desta paz que nós, capixabas, tanto necessitamos. Intercede a Deus por nós, ó Mãe da Penha”, pediu o pregador. No momento de ação de graças, alguns acolhidos da
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Fazenda da Esperança entraram em procissão, levando rosas nas mãos.
MOMENTO DEVOCIONAL Como de costume, aconteceu o Momento Devocional no Convento da Penha. A oração foi presidida por Frei Valdecir Schwambach, que convidou os presentes a rezarem:
A reflexão foi conduzida por Frei Djalmo Fuck, pároco do Santuário Divino Espírito Santo, em Vila Velha, que manifestou sua alegria por estar participando pela primeira vez da Festa da Penha. O frade falou sobre o perdão e a misericórdia. “Maria, a Virgem da Penha, é a mãe que perdoa, por isso é a mãe do perdão, da reconciliação”, afirmou. O
Senhora da Penha, Mãe de Deus e Mãe nossa, Aqui estamos, diante de Vossa milagrosa imagem. Sabemos que Deus vos fez distribuidora das graças Sobretudo aos humildes e mansos de coração. Por isso, vos pedimos: dai-nos sobretudo um coração humilde como o vosso, para termos a alegria da vossa bênção. Pelo poder que recebestes de vosso Filho Jesus Protegei-nos de todo o mal, voltai os vossos olhos misericordiosos para nós, vossos filhos. Socorrei-nos em nossas necessidades. Fortificai a nossa esperança. Quando Jesus carregou a Cruz ao calvário vós estáveis ao lado dele. Ficai ao nosso lado em nossos sofrimentos e fraquezas. Dai-nos a alegria e o consolo de vos sentir sempre perto de nós. Como Mãe atenta e compassiva, Rogai por nós a Deus.
5º dia do Oitavário
frade ressaltou que os fiéis que sobem até o Convento da Penha para celebrar o Oitavário devem sair de lá transformados. “Não é possível descer desta montanha santa sem sepultar, sem deixar aqui todo
ódio, todo rancor, toda raiva e ressentimento”, exclamou. Frei Djalmo afirmou que todos chegam aqui em busca do perdão de Deus. E porque são perdoados, devem sair daqui modificados. “Queremos des-
cer desta montanha com um coração transformando, reconciliado e por que não dizer transfigurado”, concluiu, recordando que os frades celebram neste mesmo lugar, no mês de agosto, o Perdão de Assis.
Frei Valdecir Schwambach
Orquestra Sinfônica do Espírito Santo leva música erudita ao Santuário Na noite de quinta-feira, dando continuidade à programação noturna da Festa da Penha, aconteceu a apresentação da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (Oses), sob a regência do maestro Elder Trefzger, diretor artístico e maestro titular. A apresentação contou ainda com a participação do violinista Filipe Dost, como solista, e da cantora lírica Natércia Lopes. A apresentação aconteceu no Santuário Divino Espírito Santo, que estava lotado. No repertório peças de Mozart, Tchaikovsky, Bizet e a conhecida Ave-Maria,
de Bach-Gounot, executada com a solista Natercia Lopes, aplaudida de pé, assim como a orquestra.
No bis, uma marcha de Strauss e o maestro pediu à plateia para acompanhar com |palmas. 2017 | Festa da Penha | Especial
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Devotos da Penha: alegres testemunhas da esperança
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a sexta-feira, 21, feriado de Tiradentes, a Festa da Penha chegou ao maior número de devotos desde a sua abertu-
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ra, no dia 16. Às 14h, a fila para subir de van ao Convento da Penha dobrava a esquina. Muitos seguiam a pé pela entrada principal e outros pela cha-
mada Ladeira da Penitência, um caminho de 457 metros, feita de pedras pé-de-moleque, fruto do trabalho de escravos. Ela data do ano de 1643, e por ela passaram diversas autoridades, como Dom Pedro II e sua comitiva em 1860. Ela também é conhecida como Ladeira das sete voltas, ou das Sete Alegrias de Nossa Senhora. Foi por lá que chegou ao Campinho a família do Ícaro, de 1 ano e 6 meses (foto na página ao lado). Seus pais, Rosangela e Marco Antonio, trouxeram o menino para agradecer uma graça alcançada por intercessão de Nossa Senhora da Penha. A ma-
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viva a sua fé, enfrentam as realidades e as dificuldades e os riscos que a fé impõe”, afirmou. “Olhamos este despertar, este nascimento da fé cristã, esta origem da nossa Igreja e olhamos a nossa Igreja hoje. Olhamos para o povo que está aqui, olhamos as comunidades eclesiais de base que vivem dia a dia a fé, celebrando a Palavra, celebrando a Eucaristia. O que será que sustenta, o que dá força à nossa caminhada? O que mantém viva e acesa a fé em meio às dificuldades e inseguranças, que parecem pesar em nossa realidade urbana?”, questionou o sacerdote. E convidou os fiéis a buscarem a verdadeira alegria da fé na escuta da Palavra e na Eucaristia. “Celebrar é atualizar o mistério da Páscoa de
Jesus. É retornar para nossa casa, para nossa comunidade, com um sorriso no rosto, uma palavra de conforto e esperança. Não podemos descer esta montanha da mesma forma que subimos. Não podemos olhar a realidade desanimados, pessimistas, mas devemos cultivar a esperança”, pediu Pe. Anderson, afirmando que a fé não é algo teórico ou filosófico, mas a presença real, misericordiosa e permanente de Jesus Cristo.
MOMENTO DEVOCIONAL Na meia hora que precede a Celebração Eucarística, como de costume, foi realizado o Momento Devocional a Nossa Senhora da Penha. A oração foi conduzida por Frei Florival Mariano de Toledo. Após a oração introdutória, o
drinha, que estava com eles, é muito devota e prometeu que se ele se curasse do início de pneumonia, ela traria o Ícaro três vezes ao Oitavário. “Eu fiz a promessa na Sexta-feira Santa e graças a Deus hoje ele está aqui”, afirmou emocionada. A Celebração Eucarística foi preparada pela Área Pastoral Vitória, encerrando assim a participação das seis Áreas Pastorais locais. A Missa foi presidida por Pe. Anderson Teixeira, da Paróquia Sagrada Família, do Jardim Camburi. Em sua homilia, Pe. Anderson destacou o testemunho dos apóstolos após a ressurreição de Cristo. “Nós ficamos admirados com o testemunho dos apóstolos que, depois da ressurreição de Jesus, continuam a missão do Cristo, mantém | 2017 | Festa da Penha | Especial
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6º dia do Oitavário Frei Florival, Frei Paulo César e os jovens de Terra Vermelha
Frei Paulo César Ferreira Às 19h30 aconteceu uma apresentação musical no Campinho, com Frei Florival, Frei Paulo César e uma peça de teatro com os Jovens de Terra Vermelha. Cantando músicas populares e religiosas, os dois confrades levaram alegria ao público que subiu ao Campinho para prestigiar o show. Na apresentação, Frei Paulo Pereira afirmou que cada um evangeliza através dos seus dons, e que o dom de seus confrades era a música. Frei Florival foi o primeiro a se apresentar, cantando canções do seu álbum “Perfeita alegria”, como “À procura de Deus” e “É isso que queremos”. Em seguida, Frei Paulo César fez sua apresentação. Acompanhado da banda, o repertório incluiu canções de Jota Quest, Beto Guedes, Renato Teixeira e também cantos religiosos, como “Doce é sentir” e a “Oração de São Francisco”. No bis, eles cantaram juntos, encerrando a apresentação.
Frei Florival Mariano de Toledo
frade falou sobre Frei Pedro Palácios, afirmando que ele foi um modelo de missionário. “Filho de São Francisco de Assis, veio com toda a humildade e simplicidade de coração. Não tinha a ciência universitária, tinha a sabedoria dos pequeninos. Por isso, ele compreendeu e amou nossos índios, e os índios o compreenderam e amaram. Ele amou o povo simples, que plantava para sobreviver. Aqui em Vila Velha, Frei Pedro Palácios se fez tudo para todos”, afirmou. Em sua reflexão, Frei Leandro Costa, do Santuário Divino Espírito Santo, em Vila Velha, falou sobre a importância da alegria. “A alegria deve ser a atitude constante dos que reconhecem em Cristo as suas próprias vidas”, disse, acrescentando que a tristeza não combina com o testemunho dos seguidores de Cristo. O frade falou ainda de São Francisco de Assis e a alegria franciscana. “A alegria franciscana é a nossa forma de compreender a vida. A alegria de São Francisco é vibrante”, afirmou. Frei Leandro advertiu, assim como Frei Djalmo
Frei Leandro Costa Fuck no Momento Devocional do dia anterior, que os fiéis presentes no Campinho deveriam sair de lá transformados. “Aqui, peregrinos de Nossa Senhora da Penha, da Virgem da Alegria, nesta montanha sagrada, queira Deus que nós saiamos daqui transformados e carregando uma pura e sincera alegria”, pediu, ressaltando que foi no alto de uma montanha que Jesus proclamou as bem-aventuranças.
7º dia do Oitavário
Diocese de São Mateus recorda desafios e esperança dos capixabas
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a manhã do sábado, 22/04, foi a vez da Diocese de São Mateus, região Norte do Espírito Santo, subir ao Convento para prestar sua homenagem à Virgem da Penha. Liderados pelo bispo diocesano, Dom Paulo Bosi Dal’Bó, padres, seminaristas, religiosos e fiéis das 23 paróquias que compõem a diocese foram acolhidos pela Fraternidade do Convento e celebraram a Eucaristia a partir das 8h, sob um belo céu azul e sol radiante. Neste ano, algumas motivações especiais vieram dar um colorido especial à Romaria, entre eles o início dos preparativos para a celebração dos 60 anos da diocese, a comemoração de 15 anos do novo Seminário São Mateus e, também, a admissão como candidato às ordens sacras do seminarista Ramon Vilaça (3º ano de Teologia) e o ministério de Leitor ao seminarista Edson Delfino (4º ano de Teologia). Também estava presente à celebração Monsenhor Edvalter Andrade, padre do clero de São Mateus nomeado recentemente pelo Papa Francisco como bispo da Diocese de Floriano, no Piauí. Na homilia, Dom Paulo recordou a atualidade do convite e do envio que Jesus apresentou aos primeiros discípulos: “’Ide ao mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda criatura’. Esse anúncio de Jesus à comunidade dos apóstolos,
que representa a comunidade daqueles que creem, hoje nós recebemos. Também nós somos os comunicadores da Palavra hoje”, disse. O bispo também fez menção aos desafios atualmente enfrentados pelos capixabas: “Eu acredito que Maria, ao visitar seus filhos e filhas neste estado do Espírito Santo, as suas lágrimas ainda correm, por encontrar ainda em nosso estado muitos órfãos, muitos filhos e filhas se perdendo no mundo das drogas, da prostituição, o crime com índice elevadíssimo. No campo da política, muitos se perderam. No campo da escolha, nós, como eleitores, também nos perdemos. Maria, que vem ao encontro deste Estado, talvez traga no rosto o semblante da preocupação. Mas por outro lado, Maria traz no rosto o sorriso da alegria por ver a esperança e a resistência deste povo capixaba”, declarou. Antes da bênção final, aconteceu uma encenação em homenagem a Nossa Senhora. Para emoção do público, os jovens Marcelo Alipio e Larissa, da Paróquia Bom Jesus, de Água Doce do Norte, nos papéis de Jesus e Nossa Senhora da Penha, fizeram uma bela apresentação, acompanhados de outros jovens. A Diocese de São Mateus é dividida em quatro áreas (foranias): capixaba, mineira, baiana e praiana. A população do território da diocese é estimada em 400 mil habitantes.
Dom Paulo Bosi Dal’Bó | 2017 | Festa da Penha | Especial
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7º dia do Oitavário
Bispo de Cachoeiro denuncia a corrupção do poder e exploração dos pobres no Brasil
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ais de 40 ônibus, além de vans e carros particulares trouxeram o povo da Diocese de Cachoeiro do Itapemirim para a Romaria da Festa da Penha 2017. A multidão do sul capixaba juntou-se a outros numerosos peregrinos que lotaram o Campinho do Convento da Pe-
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Especial | Festa da Penha | 2017 |
nha na quente tarde de sábado, dia 22 de abril. De acordo com informações oficiais, Vitória e Vila Velha tinham nesta hora 34°C de temperatura. O sol estava forte e a animação também. Antes do início da missa, presidida pelo bispo de Cachoeiro do Itapemirim, o franciscano Dom Dario Campos, OFM, houve o 7º Dia
do Oitavário em preparação à Festa da Penha. Na condução deste momento, Frei Paulo César Ferreira, da Fraternidade do Convento da Penha, e Frei Diego Melo, do Serviço de Animação Vocacional. Em sua reflexão, Frei Diego lembrou aos participantes a importância de que todos criem o hábito de rezar pelas
7º dia do Oitavário
vocações religiosas e sacerdotais. “A presença franciscana nesse lugar tem mais de quatro séculos. Uma capelinha foi construída lá em cima e, quase dois séculos depois, veio este Convento. Muitos frades já viveram aqui. E para que esta história continue, é fundamental que novos jovens se sintam atraídos à vida franciscana. E por isso é muito importante que todos vocês deem a sua colaboração rezando pelas vocações”, frisou. Na celebração, Dom Dario recordou a sacralidade do lugar onde estavam todos reunidos e a conversão que esta consciência deve provocar no coração: “Hoje estamos numa montanha, lugar sagrado, pedaço simples, porém misterioso e maravilhoso, que abriga este santuário, a casa da nossa Mãe. Hoje o convite é para que possamos abrir os nossos corações para ouvirmos a voz de Deus que nos quer falar nesta montanha santa. A voz de Deus quer ecoar a partir de nossa voz. A nossa voz assume a voz do profeta, pois já no batismo assumimos o profetismo de Jesus de Nazaré, que soube sempre dizer palavras certas, na hora certa, em favor da justiça e do direito, a favor da vida e da paz”. O bispo de Cachoeiro também lamentou o momento político
que o Brasil atravessa: “Vivemos em tempos de muita tristeza, de muita indecisão no campo político na nossa nação brasileira. Há muitas contradições e incoerências da parte de nossos governantes. Há muita corrupção para satisfação de interesses pessoais e, com isso, uma imensa parcela de nosso povo brasileiro, e - por que não dizer? - de nosso povo do Espírito Santo, está sofrendo com a ausência de bens necessários para a sobrevivência digna de um ser humano”. Convocou também os cristãos a fazerem a sua parte diante deste cenário desfavorável: “A cada dia que passa, surgem mais delações. E mais pessoas, que nem esperávamos, são apresentadas como usurpadoras do poder e do dinheiro público, o nosso dinheiro. E aí temos que recorrer à Mãe Peregrina acolhedora, e pedir a ela que nos
ensine a cantar o seu Magnificat. A nossa missão, como Jesus de Nazaré, é lutar por um mundo mais justo e fraterno. Não podemos cruzar os braços diante de tanta desigualdade social”, frisou. Após a comunhão, um grupo de jovens da Diocese de Cachoeiro do Itapemirim apresentou uma coreografia baseada nos quatro elementos da natureza. Como término da celebração, o bispo Dom Dario foi ao encontro do público, atendendo a todos de forma cordial e com um sorriso acolhedor. Muitas pessoas da assembleia se aproximaram dele para tirar fotos, receber bênçãos, dar um abraço, trocar umas palavras e foram atendidas atenciosamente. A Diocese de Cachoeiro do Itapemirim se localiza ao Sul do Estado do Espírito Santo e é composta por 43 paróquias, divididas em oito regionais. | 2017 | Festa da Penha | Especial
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7º dia do Oitavário
Romaria das pessoas com deficiência
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o sábado, 22/04, enquanto a Diocese de São Mateus celebrava a Eucaristia no Campinho, diversas entidades se reuniam na Praça Duque de Caxias, no centro de Vila Velha, para dar início à Romaria das pessoas com deficiência. O evento acontece desde 2006, dentro da programação oficial da Festa da Penha. Mesmo com o calor forte, os romeiros não desanimaram. Muitos carregavam faixas representando suas entidades, e outros pedindo melhorias para a pessoa com deficiência. Frei Paulo Pereira e Frei Gilson Kammer acompanharam os romeiros, que caminharam cerca de 1km até a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, na Prainha. Ali aconteceu a missa campal que encerrou a atividade. Também esteve presente Pe. Carlos Pinto Barbosa, que veio do bairro Afonso Cláudio, junto com um grupo. Ele participou das 12 edições desta romaria e afirma que este é um
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momento onde pais, educadores e pessoas com deficiência demonstram sua superação. “Eles têm suas dificuldades, desde o momento em que saem de casa até chegarem aqui, e não há reclamação, só louvor e ação de graças. Tem pessoas aqui que saíram 3h da manhã de casa, e não reclamam”, diz o sacerdote. Para ele, estar aqui é motivo de grande força para seu ministério ordenado. A fé é o principal motivo da romaria, mas não é o único. Em cartazes e também no carro de som, os participantes pediam melhorias na infraestrutura e a ampliação de políticas públicas para a pessoa com deficiência. Eles criticavam também a Lei de terceirização, que prejudica as pessoas com deficiência, reduzindo as vagas para eles nas empresas. Por volta das 9h30 teve início a Celebração Eucarística, que foi presidida por Pe. Carlos. Em sua homilia, ele perguntou a alguns pais presentes qual era a motivação
para eles estarem ali. Emocionados, muitos afirmaram que era um momento de agradecer a Deus pelo dom da vida. O sacerdote também criticou o cenário político atual, que privilegia a economia, em detrimento dos direitos dos cidadãos. “É triste nós olharmos as nossas autoridades que, em suas decisões, beneficiam a economia, buscam a estabilidade econômica do Estado, mas com um preço muito alto pro povo de Deus. Homens e mulheres que estão lá, decidindo. Pessoas que fazem planos econômicos, políticos para nosso Estado, mas que com certeza nunca participaram de uma romaria como esta. Não enxergam a realidade do povo de Deus, não enxergam a realidade sofrida de nossas famílias, seja no interior, na cidade, onde for. Só enxergam números, dinheiro, poder e realização pessoal. A ganância passa por cima da necessidade do povo”, afirmou Pe. Carlos. Ele encerrou sua homilia pedindo que os presentes continuem sendo sinal de esperança na sociedade e que não deixem de buscar os seus direitos, com humildade e simplicidade. “Isto que nós fazemos nesta romaria é anúncio de esperança, anúncio do Ressuscitado. Quando se reivindica o direito, se está falando do Evangelho, porque você acredita e busca. Que esta romaria mantenha viva a chama da esperança. Por mais difícil que seja o caminho do Calvário, no final tem vida, salvação e esperança”, concluiu. No final da celebração, a Banda de Congo da APAE de Cariacica (ES) se apresentou, sob a direção do mestre Jefinho.
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Adolescentes demonstram sua fé
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pós a celebração da Romaria dos deficientes, o carro que conduzia a imagem de Nossa Senhora da Penha seguiu para o Campinho, no Convento da Penha, onde já acontecia a Missa dos Adolescentes. Este é o 2º ano desta Romaria, mas é o primeiro ano em que eles participam de forma oficial. Vários grupos de Perseverança e Adolescentes se reuniram debaixo do sol forte para marcar presença na Festa da Penha. O local estava repleto de grupos uniformizados, portando bandeiras, camisetas e outros adereços. A Missa foi presidida por Pe. Diego Carvalho, pároco da Paróquia São Francisco de Assis. Concelebraram os padres locais e Pe. Ricardo Ventura, Capelão Naval. Em sua homilia, Pe. Diego convocou os jovens a não desanimarem de seus sonhos e perseverarem no seguimento a Jesus Cristo. “Ainda bem que vocês são sonhadores. Diante do mundo
em que estamos vivendo, não podemos deixar morrer dentro de nós os sonhos. Estão tentando a todo tempo matar os nossos sonhos, como mataram o Senhor Jesus”, afirmou. O sacerdote deu o exemplo do apóstolo Pedro, que fez a experiência de Jesus e saiu para anunciar a Boa Nova. “Cada adolescente, cada ‘tio’, cada um de nós, é convidado a testemunhar através de sua vida. Eu olho para minha vida, para as circunstâncias que me cercam, mas eu não perco a esperança, porque o Senhor me leva a acreditar no amanhã e me encoraja a ir em busca dos sonhos”, acrescentou.
No momento de ação de graças, alguns jovens fizeram uma coreografia, um flashmob. Os jovens que estavam no Campinho acompanharam a dança. Seminaristas da Arquidiocese de Vitória, Frei Gabriel Dellandrea e Frei Leandro Costa deram seu testemunho, falando sobre a vocação à vida religiosa. Após a missa, os jovens seguiram em procissão até a Escola de Aprendizes Marinheiros do Espírito Santo, na Prainha. Lá a imagem foi recebida pelos marinheiros, que levam a imagem de barco até a Catedral de Vitória, para a Romaria dos Homens.
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Romaria dos Homens: a maior mobilização de fé da Festa da Penha
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m verdadeiro mar de gente tomou as ruas de Vitória no sábado, 22 de abril. A mais esperada das romarias reuniu 700 mil pessoas nas ruas da capital capixaba. Os peregrinos se reúnem na Praça Dom Luiz Scortegagna, onde fica localizada a Catedral, que é revestida de luzes rosas e azuis para a ocasião. Dentro da Catedral, Dom Rubens Sevilha, bispo auxiliar, presidiu a Celebração Eucarística que fez o envio dos romeiros. Do lado de fora, milhares de pessoas acompanhavam a Missa por telões. A imagem de Nossa Senhora da Penha, que
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saiu da Escola de Aprendizes da Marinha no início da tarde, estava enfeitada com flores. Os romeiros se aglomeravam próximo à imagem para caminharem ao lado da Mãe. Enquanto isso, outros milhares de romeiros já começavam a caminhada de 14km até o Parque da Prainha, em Vila Velha, saindo pela rua Caramuru e passando pela Segunda Ponte, e Avenidas Brasil, Carlos Lindenberg, Jerônimo Monteiro, Champagnat e Rua Antonio Ataíde. Na altura da Segunda Ponte é possível ter uma ideia da multidão de romeiros que acompanhavam a procissão. Homens, mulheres, ido-
sos e crianças caminham, alguns com velas nas mãos, numa procissão que não tem fim. Chegando ao final da Avenida Carlos Lindenberg, ainda não é possível ver a imagem de Nossa Senhora da Penha, que vem no final da procissão. Pelo trajeto, trios elétricos animam os romeiros com cantos, louvores e orações. Os vendedores ambulantes aproveitam a ocasião para vender seus produtos. Grupos como o da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, da Paróquia Santíssima Trindade, do bairro de Aribiri dão seu suporte aos romeiros, numa parada com água grátis. Muitos
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aproveitavam a parada para abastecer as garrafas d’água e descansar da exigente caminhada. No trajeto, muitas famílias, alguns com crianças no colo ou no carrinho caminham em direção ao Parque da Prainha. Outros romeiros vão se somando ao grupo que saiu da Catedral. Muitos grupos paroquiais ou de pastorais e movimentos caminham juntos, tirando fotos para registrar o momento histórico. O caminho é leve e descontraído. Mais perto da imagem, o clima é outro. A descontração vivida pelos romeiros torna-se pura emoção e fé. A proximidade da Mãe, que leva milhares de pessoas às ruas todos os anos, gera comoção. O grupo chamado Corrente da Penha tem como objetivo assegurar o trajeto da imagem. Na romaria, juntam-se ao grupo oficial outros tantos romeiros, como Neia, do centro de Vitória. Ela afirma que caminhar junto à corrente traz uma sensação de paz e tranquilidade. No trajeto, muitos romeiros caminham com seus objetos de devoção. Mário Admiral, da Paróquia Cristo Redentor, do bairro de Goiabeiras, em Vitória, caminhava com uma grande cruz iluminada. Ele afirma que não é por nenhuma graça específica. Há mais de 40 anos ele participa da Romaria dos Homens e se diz muito devoto de Nossa Senhora da Penha. Por onde passou, a imagem de Nossa Senhora da Penha recebeu aplausos. Na esquina da Rua Jerônimo Monteiro e Rua Antônio Ataíde, a última do trajeto, um devoto fez uma
chuva de papel picado, numa belíssima homenagem que podia ser vista de longe. Às 23h40 a imagem começou a ser trazida em procissão pelo Parque da Prainha. Motivados por Frei Gustavo, Frei Valdecir e Frei Florival, que faziam a animação dos romeiros, todos ligaram a lanterna dos celulares. Foi nesta procissão iluminada que a imagem Nossa Senhora da Penha, Mãe dos capixabas, subiu ao palco. Após a chegada da imagem, teve início a Celebração Eucarística, presidida pelo arcebispo D. Luiz Mancilha Vilela e concelebrada pelo bispo auxiliar, Dom Rubens Sevilha, padres do clero arquidiocesano e pelos frades.
O SENHOR CAMINHA CONOSCO O vento anunciava chuva, que não chegou, para alegria dos romeiros. Em sua homilia, Dom Sevilha afirmou que a romaria simbolizava a caminhada de todos os cristãos, que não fazem o caminho sozinhos, mas com Deus. “O Senhor conduz a história humana, conduz a sociedade e conduz a nossa vida. Nós não caminhamos na vida sem rumo, nós caminhamos numa direção, mesmo que não compreendamos”, afirmou. O bispo pediu paz para o Estado do Espírito Santo e para o país, e afirmou que a paz começa dentro de cada um. Ele frisou que é importante ter paciência. “Sem paciência não há paz”, e recordou que neste domingo se celebra o Domingo da Misericórdia. Era 0h50 quando Dom Luiz deu sua bênção final, encerrando assim mais uma edição da Romaria dos Homens.
Dom Luiz Mancilha Vilela | 2017 | Festa da Penha | Especial
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Dom Wladimir: “Não queremos nos mudar do Brasil. Queremos mudar o Brasil”
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anhã cinzenta do 2º Domingo da Páscoa. Temperatura na casa dos 24ºC. Estas eram as condições climáticas no momento em que a Diocese de Colatina subiu ao Convento da Penha para sua Romaria. Fiéis das 31 paróquias, padres, diáconos e seminaristas celebraram a Eucaristia, com a presidência do Bispo Diocesano, Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias. Na homilia, Dom Wladimir, em tom profético, apresentou as formas pelas quais a ressurreição de Cristo se atuali-
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za nos dias atuais: “A clareza da ressurreição é percebida na vivência do amor e da solidariedade com nossos irmãos e irmãs. Nós percebemos a ressurreição de Jesus quando nos empenhamos para assegurar nossos direitos e quando nos encorajamos e temos a firmeza de dizer ‘não’ às reformas que assaltam os direitos dos empobrecidos e eliminam vidas. Percebemos a ressurreição quando nos deixamos impulsionar pelo Espírito do Criador e lutamos contra o descaso pelo nosso querido Rio Doce e contra o descuido pelos biomas brasileiros e pela preservação da vida, zelando pela casa comum que é de todos nós”. O bispo enfatizou ainda a importância de que os cristãos se mobilizem e trabalhem ativamente pelas mudanças necessárias: “Enfim, não podemos ficar somente no encantamento das celebrações. Precisamos voltar ao nosso cotidiano, pois é em nosso dia a dia que iremos testemunhar a ressurreição de Jesus, assumindo o compromisso de retirar da cruz muitos irmãos crucificados pela falta de trabalho, de segurança, de saúde, enfim, pela falta de justiça e honestidade pública”. E também denunciou a “lama” da corrupção, exigindo a punição aos corruptos e a devolução do dinheiro subtraído: “Como já dissemos muitas vezes, desde quando a lama da corrupção veio à tona: é preciso passar o Brasil a limpo, custe
o que custar. É preciso devolver o dinheiro que foi desviado, com juros e correção. Os corruptos estão numa zona de conforto muito grande, estão muito seguros, muito imunes. Vamos ficar atentos! Ainda esta semana ouvi mais uma reportagem dizendo de pessoas que queriam se mudar do Brasil. Nós não queremos nos mudar do Brasil. Nós queremos mudar o Brasil”. Para concluir, Dom Wladimir chamou o povo à esperança: “Queremos viver e morrer no Brasil, num país justo e honesto. Cristão, católico, sob o manto de Nossa Senhora, com muitos títulos: Aparecida, da Saúde, das Vitórias, e hoje das Alegrias, Esperança nossa”. Como expressão de louvor à Mãe de Deus, em nome de todos os fiéis da Diocese, a paroquiana Rosinha, do Bairro Vila Lenira, prestou sua homenagem a Nossa Senhora através do toque do berrante. Em comunhão com a Igreja do Brasil, que celebra o Ano Mariano, a Diocese recebe, a partir do início de março, a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida.
HOMENAGEM DA FOLIA DE REIS Também na parte da manhã, ao Campinho do Convento chegou o grupo da Folia de Reis Menino Jesus, de Brazlândia (DF). Por cerca de uma hora o grupo promoveu uma cantoria em homenagem a Nossa Senhora da Penha, acompanhado pelos frades do Convento.
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Motociclistas recebem bênção ao final de Romaria
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egundo o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), a frota de motocicletas no Brasil é de 20.942.633 milhões de veículos. Só no Estado do Espírito Santo, são 421.358 mil motos. Por ser um veículo barato, muitas pessoas aderiram à motocicleta como meio de transporte. Democrática, a moto foi adotada por todos os públicos, nas cidades e no interior. Há muitos anos, os motociclistas também começaram a organizar sua própria Romaria na Festa da Penha. A Romaria deste ano aconteceu no domingo, 23/04, às 10h no Parque da Prainha. Mesmo de longe, se ouvia o ronco dos veículos. Muito barulho para anunciar a chegada de mais uma romaria à Casa da Mãe, Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo. Mais de 7 mil romeiros vieram prestar sua homenagem. Homens, em sua grande parte, mas também muitas mulheres e crianças. Eles fizeram fila para receber a água benta em seus veículos, capacetes e objetos de devoção. A Romaria tornou-se também um grande encontro daqueles que são apaixonados por motos. O Parque da Prainha virou, na manhã deste domingo, um desfile de grandes motos, coloridas e enfeitadas. Os motociclistas, vindos de várias cidades capixabas, pediam sobretudo proteção e segurança no caminho. | 2017 | Festa da Penha | Especial
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Mulheres colorem e encantam as ruas de Vila Velha “A mais bonita das Romarias!”
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uem afirmou isso foi Frei Paulo Pereira. E ele tem razão. No domingo, 23/04, aconteceu a Romaria das Mulheres. Sempre muito colorida, com flores e balões, a Romaria ganhou mais cor ainda: as sombrinhas. Há muitos anos, o sol reinava absoluto junto às mulheres, mas neste ano elas ganharam uma nova companhia, a chuva, que veio fraca em boa parte do trajeto, mas muitas romeiras caminharam protegidas com as sombrinhas, um espetáculo de cores pelas ruas de Vila Velha. O caminho não é tão longo como o da Romaria dos Homens, mas não deixa de ser emocionante. A maioria dos participantes é de mulheres. Alguns homens acompanhavam as esposas, mães e filhas, mas eram poucos. “O dia é todo de vocês”, disse Frei Djalmo Fuck. As romeiras responderam com muitos gritos e festa. Em todo o trajeto, Frei Djalmo, Frei Nazareno Lüdke e Frei Leandro Costa, acompanhados de uma banda da Paróquia, foram animando a romaria, com orações, preces e
cantos. A imagem de Nossa Senhora da Penha, toda enfeitada com flores, seguia na frente, guiando as mulheres em direção ao Parque da Prainha. A romaria, que saiu pontualmente às 16h do Santuário, chegou às 17h10 na Prainha, sendo recebida com grande festa pelas devotas que tomaram todo o espaço do gramado e da rua. A imagem entrou em procissão, sendo carregada por mulheres vestidas com uma camiseta rosa. Emocionada, Penha Maria, da Paróquia do Rosário, foi uma delas. Foi a primeira vez em que ela levou a imagem e afirmou ser uma grande bênção poder carregar o andor da Virgem. Após a entrada da imagem, teve início a Celebração Eucarística, presidida por Dom Rubens Sevilha, bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória. Ele começou sua homilia | 2017 | Festa da Penha | Especial
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dando um recado de Deus para as mulheres. “Você é muito bonita e amada por Deus. Quer mulher mais bonita que Maria? E todas as mulheres são filhas desta Mãe. Portanto, é a beleza dela que está em você”, disse Dom Sevilha. Em seguida, ele recordou que a Igreja celebrava o domingo da Misericórdia, e pediu para que as mulheres não se culpassem em demasia, sobretudo por causa dos erros dos filhos. “Às vezes as mães ficam se culpando demais por causa dos erros dos filhos. Não se culpe por causa disso. Você
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educou, ensinou, mas depois o filho adulto vai seguir o caminho dele. Não vou dizer para não sofrer, porque mãe sofre. Mas não se culpe”, advertiu. Ele falou ainda sobre o machismo, pedindo que as mães de filhos homens ensinem os filhos a respeitar e valorizar a mulher.
IMPORTÂNCIA DA MULHER NA BÍBLIA Dom Sevilha recordou as grandes mulheres do Antigo Testamento, destacando o chamado e o sim de Maria no Novo Testamento, e a im-
portância de Nossa Senhora para o projeto do Reino. Ele falou ainda de uma tradição, que não está escrita na Bíblia, mas que indicaria que a primeira aparição de Jesus Ressuscitado tenha sido para Maria. “O que está escrito no Evangelho é uma outra mulher, Maria Madalena, da qual Jesus havia expulsado 7 demônios”, destacou. O bispo encerrou sua homilia com uma mensagem de encorajamento às mulheres. “Não deixe a angústia, a tristeza tomar conta do seu coração. Mas que a graça de Deus te
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faça enfrentar as tristezas, as dificuldades, mas com Deus e com esta Mãe, que nós temos, nós sempre vamos vencer”, afirmou. E assinalou que o bem sempre vencerá o mal.
DIA DE MUITAS HOMENAGENS A Celebração Eucarística foi marcada por belíssimas procissões. Na Liturgia da Palavra, as jovens do Santuário fizeram uma procissão, com a Palavra de Deus, o globo terrestre e panos coloridos. No momento de ação de graças, Nossa Senhora foi homenageada em seus muitos títulos. Enquanto as jovens entravam com panos com as estampas de Nossa Senhora, a banda cantava “Todas as Nossas Senhoras”, de Roberto Carlos. Antes do encerramento, Frei Paulo Pereira pediu que os frades ficassem junto à imagem de Nossa Senhora da Penha e recordou toda a missão dos franciscanos no Convento da Penha. Ao final, Dom Sevilha pediu um momento de silêncio e preces por todas as mães que perderam seus filhos, recordando que Nossa Senhora tam-
bém havia passado por esta terrível dor.
era entoada a loa em honra a Nossa Senhora.
MOMENTO DEVOCIONAL
CORAL DA ARCELORMITTAL
Antes da chegada da imagem de Nossa Senhora da Penha, aconteceu o último Momento Devocional da Festa da Penha deste ano. Frei Valdecir Schwambach conduziu a reflexão do dia. Ele falou sobre a importância da união. “Se o nosso coração está dividido, nos sentimos enfraquecidos, débeis. Estamos pedindo a graça de permanecermos juntos, porque juntos somos mais”, pediu. O frade afirmou que os cristãos devem fazer a diferença no mundo, contribuindo uns com os outros, mães e filhos, filhos e pais. “Toda divisão nos traz tristeza, nos deixa menores e mais fracos”, acrescentou. O frade encerrou a reflexão convidando os presentes a estenderem as mãos em direção ao Convento da Penha, enquanto
Ao final da celebração, Frei Paulo Pereira convidou as mulheres a permanecerem na Prainha para uma atração preparada especialmente para elas. Tratava-se da apresentação do Coral ArcelorMittal. O grupo apresentou um repertório com músicas sacras e encantou os presentes. A imagem de Nossa Senhora da Penha foi levada solenemente em procissão ao som do coral.
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Conferência dos Religiosos celebra em louvor a Nossa Senhora
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a segunda-feira após a Oitava da Páscoa, dia em que se celebra Nossa Senhora da Penha, o Campinho, recebeu muitos fiéis. Mesmo com a chuva, que persistiu em cair, os devotos vieram prestar sua homenagem neste que foi o último dia da 446ª edição da Festa da Penha. Durante a madrugada, foram celebradas missas na capela do Convento, com grande participação dos devotos. Logo cedo, às 7h, a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) celebrou a Eucaristia, com a presença de padres, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas de diversas congregações. A Missa foi presidida por Pe. Humberto Henriques da Silva, Missionário do Sagrado Coração, que é Secretário do Regional Vitória da CRB. Em sua homilia, Pe. Humberto falou sobre o amor e
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a fidelidade no seguimento a Jesus Cristo e da perseverança necessária para a missão. “Num mundo como o nosso, tão envolvido em violência, medo, trevas, dificuldade, é preciso ser muito fiel a Jesus Cristo para amar. Não é coisa fácil, e não é coisa para qualquer um. Isso é somente para aqueles que são de fato
nascidos do alto”, afirmou. Ele disse ainda que este caminho de seguimento não é um caminho de fantasias, mas um caminho de um amor muito concreto. E recordou a missão de Nossa Senhora. “Na Cruz, Maria assume a maternidade humana e a maternidade que vem do Espírito, por isso ela é a Mãe de todos nós”, concluiu.
Dia da Padroeira
“Dai-nos a bênção, ó Virgem Mãe”, pedem as Pastorais Sociais
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s 10h, foi momento das Pastorais Sociais celebrarem a Eucaristia no Campinho. A chuva, que estava fraca até então, ficou mais intensa no fim da manhã. O coordenador da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Vitória, Pe. Anderson Teixeira, presidiu a Celebração, que foi concelebrada pelos diáconos e padres da Arquidiocese e pelos frades. Em sua homilia, Pe. Anderson recordou as diversas manifestações dos fiéis durante todo o Oitavário. Ele recordou que a Festa apresentava Maria como serva que, diante da necessidade de Isabel, vai ao seu encontro. “É neste contexto, de serviço, de gratuidade, generosidade, que a Igreja reúne seus filhos e filhas que atuam nas Pastorais Sociais para manifestar seu carinho e sua fé diante de Nossa Senhora”, afirmou. Ele destacou ainda que a
ação de cada membro das pastorais presentes não era feita por mérito ou capacidade, mas pela ação do Espírito Santo, através de Jesus Cristo e de Nossa Senhora e que, ao subir ao Convento da Penha neste dia, estes agentes estavam renovando seu sim a esta missão. No momento de ação de graças, as pastorais foram convidadas a entrar em procissão com suas bandeiras e símbolos. Uma faixa com os dizeres: “Dai-nos a bênção, ó Virgem Mãe, ensinai-nos a
cuidar dos mais fracos e lutar contra o mal”, também foi levada ao presbitério. As pastorais rezaram, pedindo a intercessão de Nossa Senhora. Aconteceu ainda um momento de agradecimento aos voluntários que cuidaram da tenda da criança, que ficou no Campinho durante todos os dias do Oitavário. Dois meninos trouxeram em procissão o fruto desta tenda: colagens feitas pelas crianças, uma com o desenho do Convento e outra com a imagem de Nossa Senhora da Penha.
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Fé e cultura popular na 1ª Romaria dos Conguistas
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á é histórica a presença do Congo na Festa da Penha. Todo sábado de Aleluia, o Congo Mestre Honório, da Barra do Jucu, sobe ao Convento. Mas neste ano foi organizada a 1ª Romaria dos Conguistas e a data escolhida foi o dia de Nossa Senhora da Penha. A concentração foi na Paróquia do Rosário, na Prainha, às 7h. Cerca de 700 participantes, de 27 bandas de congo de todo o Estado estiveram presentes. Vindas de Vitória, Barra do Jucu, Fundão, Serra, Guarapari, João Neiva, Aracruz e de Vila Velha, eles trouxeram muita animação, alegria e tradição ao Convento da Penha. Uma equipe de apoio estava cuidando de toda a logística da Romaria. Frei Pedro Rodrigues acompanhou de perto e com muita alegria. Às 8h as bandas começaram a subir para o Campinho. Pelo caminho, os fiéis que passavam ficavam surpresos com tantas cores e sons no caminho. Foi ao ritmo das casacas e dos
tambores que os grupos chegaram ao Campinho, onde Frei Paulo Pereira esperava para dar a bênção à coroa e ao mastro, que foi fincado no Parque da Prainha. As porta-estandartes, rainhas e princesas subiram no palco, enquanto as bandas passavam para receber água benta. O colorido das sombrinhas no Oitavário deu lugar ao colorido das bandeiras, estandartes, fitas e colares. O congo é uma tradição tipicamente capixaba. Tem sua origem nos escravos, que não podiam celebrar as festas da Igreja. Eles criaram então um jeito próprio de louvar os santos, sobretudo São Benedito, São Sebastião, São Pedro e Nossa Senhora da Penha. O mastro, com as fitinhas amarradas, foi levado próximo ao palco para que recebesse a bênção. Os aprendizes marinheiros levaram o mastro durante todo o trajeto. Frei Paulo pediu licença aos mestres do congo para conduzir uma saudação a Nossa Senhora da Penha, pedindo primeiro que as casacas respon-
dessem, depois os tambores. Frei Paulo agradeceu aos conguistas pela presença, que abrilhantou ainda mais a Festa da Penha deste ano. Ele ressaltou a importância do congo na cultura capixaba e afirmou que para conhecer o Espírito Santo, tem que subir ao Convento da Penha, comer moqueca e conhecer o congo. Ele acrescentou que é esta imagem que as pessoas devem ter do Estado, um local onde predomina a beleza e a tradição, e não uma imagem de violência. Foi neste clima de festa, cultura e devoção que as bandas desceram do Convento da Penha. O grupo parou na Praça Frei Pedro Palácios, na Prainha, para fazer a fincada do mastro. Todos os grupos reunidos cantaram o tradicional “Iaiá, você vai à Penha”. Num clima festivo, com muita dança, inclusive dos aprendizes marinheiros e com a presença do “padrinho”, Frei Pedro, o mastro foi fincado próximo à antiga entrada do Convento da Penha, onde fica a gruta Frei Pedro Palácios.
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Ciclistas fazem a última romaria da Festa da Penha
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louvor a Nossa Senhora, durante a Festa da Penha, ocorre de muitas maneiras. Uma delas é a Romaria dos Ciclistas, que reuniu inúmeros fiéis, lotando o Parque da Prainha. Este é o destino final dos muitos homens e mulheres que pedalaram aproximadamente uma hora em espírito de alegria e devoção até as proximidades do Convento da Penha. Balões coloridos, estam-
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pas de Nossa Senhora e até uma imagem de São Francisco no bagageiro enfeitaram as bicicletas dos romeiros. Além disso, nas camisetas e com o terço na mão ou no pescoço, os fiéis demostraram a quem desejavam louvar: Nossa Senhora da Penha! E assim o foi. Frei Diego Melo e Frei Gabriel Dellandrea fizeram uma breve e profunda oração e bênção aos ciclistas. Um momento forte foi quando eles levantaram as bicicle-
tas o mais alto que puderam, para que fossem abençoadas. E esta Romaria reuniu desde uma criança de 4 anos até um senhor de 87 anos. Por fim, depois das orações, os freis aspergiram o povo que alegremente recebeu a bênção e voltou para seus lares com a certeza de que não caminhava, quer dizer, pedalava sozinho. Maria, a Mãe da Penha, também é guia dos ciclistas, e pedala com eles pelas estradas por onde passam.
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As bonitas histórias de fé da Festa da Penha
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m uma festa tão grande como a Festa da Penha, é possível encontrar infinitas histórias de fé. A Virgem das Alegrias, Nossa Senhora da Penha, é mais que uma devoção. Ela é a Mãe amiga dos devotos, que recorrem à sua intercessão em todos os momentos. É o caso de Patrícia Eggert, mãe do Igor Daniel. Durante todo o Oitavário ela esteve presente com seu filho e uma bonita imagem de Nossa Senhora, confeccionada em tecido. Ela conta que fez uma promessa para Nossa Senhora da Penha, para que ela pudesse engravidar. A graça foi alcançada, mas na gestação os pais descobriram que o filho teria 50% de chances de ser portador da Síndrome de Down. Novamente, ela recorreu a Nossa Senhora. “Subi ao Convento e entreguei a situação para Nossa Senhora, pois ela me deu a graça de ser mãe. Eu não me importava que ele tivesse a síndrome, mas que ele nascesse com saúde”, afirma. Foi na hora do parto que os pais souberam que o filho estava saudável. Patrícia prometeu que se fosse uma menina, ela iria vesti-la de Nossa Senhora da Penha e se fosse menino, levaria uma imagem da Virgem. Há 5 anos, Patrícia e Igor participam do Oitavário. Por mais 2 anos, eles estarão presentes, cumprindo a promessa feita.
Uma corrente de fé por Nossa Senhora da Penha
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a Festa da Penha existe um grupo de voluntários com uma tarefa importantíssima: cuidar do traslado da imagem de Nossa Senhora. Como são muitas romarias e procissões, o grupo fica encarregado de cuidar para que o andor esteja sempre em segurança e cumpra os horários das celebrações. São homens de fé, que com muito carinho cuidam de Nossa Senhora da Penha. O mais jovem deles é Luan Coradini. Ele tem 20 anos e desde 2014 faz parte da Corrente da Penha. Aos 15 anos ele já participava da equipe de acolhida da Festa. Um dia, na Romaria dos Homens, ele ajudou na corrente humana que rodeia o Penhamóvel, o carro que leva a imagem pelas ruas. Um tempo depois, veio o convite para a equipe. É uma tradição, transmitida às futuras gerações.
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A última homenagem para a Virgem da Penha
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epois de 8 dias de muita festa, terminou a 446ª edição da Festa da Penha. Com uma manhã repleta de atividades, os devotos da Virgem das Alegrias reuniram-se no Parque da Prainha para a Missa de encerramento, às 16h. Na lateral, para a procissão de entrada, os marinheiros carregavam a imagem de Nossa Senhora da Penha, seguidos dos frades. Logo atrás estavam os seminaristas, diáconos e padres da Arquidiocese de Vitória. Frei Gustavo Medella estava na animação, fazendo uma reflexão sobre os biomas brasileiros, tema da Campanha da Fraternidade deste ano. A Prainha estava tomada de
fiéis que, quando avistaram a imagem se aproximando para a procissão de entrada, saudaram a Virgem das Alegrias. Ela foi recebida com uma calorosa salva de palmas e seguiu abrindo a procissão de entrada da Celebração. Após a imagem, entraram os frades,
simbolizando a importante missão dos franciscanos no Espírito Santo. A Missa foi presidida por Dom Luiz Mancilha Vilela, arcebispo de Vitória e concelebrada por Dom Rubens Sevilha, bispo auxiliar; Dom Décio Zandonade, bispo emérito de
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corremos a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, afirmou. E pediu que os presentes orassem não só por suas necessidades, mas pelo país, descrevendo algumas situações que estão ferindo o povo. “A economia tem que estar a serviço da pessoa, não de uns poucos privilegiados. O centro tem que ser a pessoa humana”, acrescentou, e foi interrompido por uma forte salva de palmas. O arcebispo cobrou a reforma política e criticou as reformas da previdência e trabalhista, pedindo amparo aos brasileiros.
Respeito à vida em todas as etapas
Colatina; Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, bispo de Colatina; Dom Paulo Bosi Dal’Bo, bispo de São Mateus; Dom Dario Campos, bispo de Cachoeiro do Itapemirim e Monsenhor Edvalter Andrade, nomeado recentemente pelo Papa Francisco como bispo da Diocese de Floriano, no Piauí. No início da celebração, o arcebispo saudou os prefeitos de Vitória, Cariacica e Vila Velha e as outras autoridades presentes. Em sua homilia, Dom Luiz ressaltou a importância do Ano Mariano no Brasil, recordando os muitos títulos recebidos pela Virgem Maria, e afirmou que os capixabas aprenderam a amar e venerar a Mãe de Deus sob o título de Nossa Senhora da Penha. Como em muitos dias do Oitavário, a questão social não foi esquecida. “O povo está sofrendo, há muito desemprego. Nesta ocasião, nós re-
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Especial | Festa da Penha | 2017 |
Em sua homilia, Dom Luiz lamentou a falta de respeito com a vida humana, criticando o aborto. Ele falou também da importância da valorização da mulher. “Há desrespeito com as mulheres. Pensemos em nossas mães e irmãs! Elas precisam ser respeitadas”, disse, sendo interrompido novamente pelas palmas da assembleia. Ele concluiu sua reflexão pedindo um Espírito Santo mais pacífico e esperançoso.
Agradecimentos e pedidos Após a Comunhão, os bispos concelebrantes fizeram algumas considerações. Dom Dario Campos, bispo de Cachoeiro do Itapemirim, afirmou que havia colocado no altar do Senhor várias intenções, pela saúde dos enfermos e por todos os desempregados. Dom Paulo Dal’Bo, bispo da Diocese de São Mateus, afirmou que, após Maria visitar Isabel, ela descia da montanha, referindo-se ao Con-
Dia da Padroeira
vento da Penha, para saudar os seus filhos. “Vivendo numa sociedade de tanto desencontro, que o encontro de Maria e Isabel seja também para todos nós um encontro que provoque alegria e encanto”, afirmou. Dom Joaquim Wladimir Dias, Bispo de Colatina, fez críticas ao cenário político atual. “Acho que todos nós estamos cada dia mais indignados porque essa raça de víboras está solta no meio da nossa sociedade. Ela precisa ser extirpada, eles precisam responder, ser presos, devolver o que roubaram. Não podemos ficar alheios a tudo isto que está acontecendo”, afirmou, dizendo que sai da Festa da Penha com o coração cheio de esperança. Dom Décio Zandonade, bispo emérito de Colatina, falou da ternura de Deus que se manifesta no Convento da
Penha. E pediu pela saúde de cada um, física e espiritual. Monsenhor Edvalter Andrade, nomeado bispo da Diocese de Floriano, pediu aos bispos que rezassem por sua nova missão e afirmou que levaria em suas intenções todo o povo capixaba. Frei Paulo Pereira agradeceu aos bispos presentes, padres, diáconos, religiosos, seminaristas e agradeceu, de maneira especial, aos confrades pela ajuda. E citou todos os romeiros que marcaram presença neste ano, os voluntários, patrocinadores e poderes públicos. Uma apresentação musical en-
cerrou a 446ª edição da Festa da Penha. Pe. Anderson Gomes cantou em louvor a Nossa Senhora. O show teve a participação de Frei Florival, Pe. Jacqueson Pimentel e Pe. Renato Criste. A cantora Flávia Dornellas cantou em seguida, fechando a festa deste ano.
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