Comunicações - Especial Festa da Penha 2018

Page 1

Edição especial



sUMÁRIO

4 Terço gigante................................................. 6

Mensagem ....................................................

1º Dia do Oitavário Na alegria de Maria........................................

2º Dia Do Oitavário Vida e missão com Maria ..........................

3º dia do oitavário Pelo fim da violência ....................................

4º dia do oitavário Partilhar o pão e a Palavra ...............................

5º dia do oitavário Sem Deus, o mundo experimenta a morte.........

6º dia do oitavário Indignação, tristeza, pranto e esperança ...............

7º dia do oitavário “Torne a sua vida uma expressão de amor” ................ Romaria dos Homens: Maria, a alegria dos caminhantes ................................................................

9

12 16 20 25 30 36 40

8º dia do oitavário

44 DIA DA PADROEIRA ............................................................... 52 d. Luiz: “Sejamos, pois, alegres na esperança!” ................................... 53 A festa do congo na alegria de Nossa Senhora .......................................... 57 Dom Sevilha toca o coração das mulheres .................................

EDIÇÃO HISTÓRICA DA FESTA DA PENHA 2018 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Arquidiocese de Vitória

Ministro Provincial: Frei Fidêncio Vanboemmel

Secretário: Frei Walter de Carvalho Júnior

Vigário Provincial: Frei César Külkamp

Edição, textos e fotos: Moacir Beggo (Mtb 14.888 - SP) e Frei Augusto Luiz Gabriel

Guardião do Convento da Penha: Frei Paulo Pereira Coordenador da Frente da Comunicação: Frei Gustavo Medella

Diagramação: Jovenal Pereira Endereço: Rua Vasco Coutinho, s/n CEP 29100-213 - Vila Velha (ES)


VIRGEM DA PENHA, MINHA FREI PAULO PEREIRA Guardião do Convento da Penha

P

rimeira frase de um hino composto há 60 anos. Primeira frase de um hino que enche de terna piedade a capela do Convento da Penha ao final de cada celebração eucarística durante o ano todo. Primeira frase de um hino que neste ano de 2018 motiva os romeiros e romeiras, contados aos milhares, que desejam demonstrar

4

Especial PENHA 2018

gratidão à materna proteção da Virgem Maria, e a partir de Vila Velha - ES promovem uma das mais marcantes celebrações marianas do Brasil, a Festa de Nossa Senhora das Alegrias, a Festa da Penha. A devoção franciscana reserva espaço privilegiado para a contemplação da missão da Mãe de Deus e nossa mãe; missão marcada pela fidelidade e despojamento. Desde jovem, num exercício de confiança e liberdade, Maria morreu para suas próprias vontades e com destemor pôde afirmar “eisme aqui, faça-se em mim a vossa vontade”.


MENSAGEM

ALEGRIA Francisco de Assis se encantava ao contemplar a pobreza da Mãe de Jesus, a ponto de desejar sua intercessão para que ele e seus irmãos e irmãs pudessem cultivar o compromisso com o Evangelho. A verdadeira alegria é conformar a vida ao Evangelho. Antes até, a verdadeira alegria é fruto do entendimento da missão, seguido de firme decisão pelo projeto de Deus. Assim foi na vida de Nossa Senhora que, tendo ouvido e acolhido a mensagem do anjo, cantou os louvores do Senhor dizendo: “Minha alma exulta de Alegria, em Deus meu Salvador”.

Por isso, não erra quem afirma que a alegria é muito mais do que um estado de humor; a alegria não é apenas o antônimo de tristeza; a alegria não se confunde com sensações provindas de experiências de satisfações passageiras. A verdadeira alegria nasce do encontro pessoal com o Senhor. A verdadeira alegria se robustece no serviço generoso. A verdadeira alegria frutifica em sinais do Reino que alimentam o peregrinar humano rumo à realização definitiva. Já se passaram 447 anos desde a primeira vez que a memória da Virgem, Mãe das Alegrias, foi celebrada em solo capixaba. De lá para cá, uma incontável multidão de homens e mulheres, jovens, idosos e crianças se põe a caminhar na direção da casa da mãe de Deus erguida no alto da montanha. Casa edificada sobre a rocha, cidade colocada no alto do monte, o Convento da Penha acolhe a todos e se converte em espaço privilegiado para o encontro com o Deus. Espaço criativo da celebração do alegre anúncio da Páscoa do Senhor. A Festa da Penha se constrói pelo encontro da vontade de Deus com a vontade de todos os corações ávidos de paz e de justiça, de amor e ternura, de realização e fraternidade. À boa vontade dos voluntários se soma a vontade do Senhor que nos quer unidos como irmãos. Os que atuam nas mais diferentes pastorais, serviços e movimentos da Igreja sentem-se novamente motivados a não deixar que se apague a chama da missão. Os fiéis e devotos que sobem à Penha Sagrada sentem o conforto da bênção ao contemplar o sorriso materno de Deus. A alegre recordação da ressurreição do Senhor produz revigoramento do ânimo missionário das Comunidades e de cada romeiro e romeira que participa da Festa. Agradecemos à bondade de Deus que nos concedeu celebrar mais uma vez as alegrias de Maria. Revigorados, possamos seguir cantando com Maria, a Mãe das Alegrias: “A minha alma engrandece o Senhor; Meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador”. Especial PENHA 2018

5


TERÇO GIGANTE

UM ‘RITO’ QUE ANUNCIA O INÍCIO DA FESTA HÁ 20 ANOS

6

Especial PENHA 2018


E

m todo sábado que antecede o domingo de Páscoa, um ‘rito’ já se tornou tradicional no Campinho do Convento da Penha: a instalação do terço gigante entre as palmeiras. O médico Osmar Salles e uma equipe de voluntários garantem esse momento que anuncia o início da Festa da Penha. No dia 31 de março, não foi diferente. Neste ano, o terço gigante completou 20 anos de sua criação. Em sintonia com o tema da Festa – Virgem da Penha, minha alegria -, Osmar explicou a importância de se trazer esse símbolo mariano para a Festa, não porque se tenha esquecido dele, mas para valorizá-lo como uma oração eficaz para a salvação pessoal, familiar e comunitária. “Ele tem um valor muito grande para a fé das pessoas, que buscam esse momento de intimidade com Deus através das mãos de Maria”, explicou o médico obstetra, que esteve à frente desse trabalho em 19 anos. “Do terceiro Terço, eu não participei”, explicou. Além dos voluntários, há sempre o apoio de sua família: a mulher Célia e os filhos Artur e Stefany. Na véspera do sábado, toda a equipe (cerca de 20 pessoas) trabalhou das 20 às 23 horas no Campinho para acertar os últimos detalhes. Segundo o criador, a homenagem a Nossa

Senhora da Penha é feita sempre pensando, em primeiro lugar, no uso de flores. “Então, esta é a quarta vez que o terço sobe com cores diferentes. E a motivação é colocar a Mãe de Deus no centro da festa. É a Mãe que celebra a Ressurreição do Filho, a Mãe das alegrias. E oferecer flores brancas tem o significado da Páscoa e o significado da Mãe que sofre todo o Calvário no seu coração, em silêncio, e sai vitoriosa junto com ele. As cores, azul e rosa, que inclusive estão na medalha de Nossa Senhora na Anunciação, lembram Nossa Senhora da Penha. A cor branca também está representada no manto do Menino Jesus”, explicou o médico, que usou 59 contas, no formato de flores cortadas e moldadas a mão, reunindo um total de 1.099 pétalas em alumínio. O Terço contempla duas alegrias de Maria: a Anunciação e a Ressurreição. “A primeira alegria de Maria começa com a Anunciação e a última é a Ressurreição. A arte no centro da cruz simboliza o Cristo Ressuscitado, que é a sétima alegria de Maria. O mosaicista Celso Adolfo desenhou o Cristo, que tem um olhar para cima”, explicou Osmar. Também, neste ano, o terço teve uma iluminação LED no seu entorno, fazendo com que ele pudesse ser visto no escuro e também à distância.

Especial PENHA 2018

7


ABERTURA xxx

8

Especial PENHA 2018


1º DIA DO OITAVÁRIO

NA ALEGRIA DE MARIA

A

Festa de Nossa Senhora da Penha 2018, celebrada jubilosamente na liturgia da Oitava da Páscoa, teve início no domingo (1º de abril) no histórico Convento da Penha, em Vila Velha, ES, reverenciando o belíssimo título mariano que a piedade popular devotou à Mãe de Deus: Nossa Senhora das Alegrias! O dia de sol garantiu um cenário belíssimo no alto do Morro para iniciar o Oitavário da Penha, como fez o devoto Frei Pedro Palácios há 447 anos quando instituiu esta festividade. Do Oitavário faz parte o Momento Devocional Franciscano e a Celebração Eucarística, sempre às 14h30, até o dia 8 de abril. Ao longo do Oitavário, nas diversas peregrinações pastorais das diferentes Comunidades Eclesiais, todos se voltam com Maria ao Senhor Ressuscitado. O guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, abriu o Oitavário. Como acontece todos os anos, o primeiro encontro do povo com a histórica e milagrosa imagem de Nossa Senhora da Penha no Campinho, palco das celebrações do Oitavário, é aguardada com muita expectativa. Às 14h30, a imagem, vestida com seu manto azul e rosa, deixou a Capela do Convento e foi conduzida por colonos e crianças vestidas de anjinhos até o altar central, enquanto o povo cantava e dava “vivas” a Nossa Senhora. Bandeiras pedindo paz acompanharam a imagem, emocionando muitos devotos. Esta imagem também acompanhou as grandes celebrações na Prainha. Frei Paulo presidiu esse momento devocional franciscano e Frei Pedro Oliveira apresentou o livro onde estão inscritos todos os nomes das pessoas que colaboraram para a restauração do telhado do Convento. “Nossa gratidão, nossa reverência”, manifestou o guardião Frei Paulo. A Santa Missa foi presidida pelo Arcebispo de Vitória, D. Luiz Mancilha Vilela, SS.CC, e concelebrada pelos frades do Convento e do Santuário do Espírito Santo e sacerdotes da

Região Pastoral de Vila Velha, responsável pela liturgia deste dia. Na sua homilia, Dom Luiz falou sobre as alegrias de Nossa Senhora, enumerando e refletindo sobre cada uma. “Eu sempre digo que o devoto de Nossa Senhora da Penha, o devoto de Nossa Senhora das Alegrias, ama a Jesus de todo o coração, porque Nossa Senhora não puxa para si esse amor. Ela chama e fala: ‘Ele é

o Senhor, Ele é o Nosso Salvador, Ele dá sentido à nossa vida, a Ele toda a glória para sempre!’ Nossa Senhora está sempre apontando para Ele. Devoto de Nossa Senhora ama a Jesus de todo o coração como Deus e Senhor. Devoto de Nossa Senhora se deixa guiar pelo Espírito Santo como ela se deixou guiar pelo Espírito Santo. Ela é filha do eterno Pai”, ensinou Dom Luiz. Dom Luiz lembrou o discípulo que recebeu a incumbência de Jesus de acolher a sua Mãe e perguntou ao povo: “Você acolhe Jesus em sua casa? Nossa Senhora está na nossa casa? AbenEspecial PENHA 2018

9


çoa nossa casa? Ampara a nossa casa? Eu acredito que sim. Nossa Senhora nos ensina justamente a ter esse coração aberto, generoso. Por isso, nós somos alegres. Podemos até sofrer, mas nosso sofrimento, nossas lágrimas, não são lágrimas de desespero. São lágrimas de esperança! Maria nos presenteia com o sentido de nossa vida”, disse Dom Luiz. No final da celebração, Frei Paulo fez os agradecimentos a Dom Luiz, à Região Pastoral de Vila Velha e a todas as pessoas envolvidas neste dia de celebrações da Festa.

A mais antiga festa mariana Desde o ano de 1571, a festa de Nossa Senhora da Penha vem sendo celebrada todos os anos com grande afluência de fiéis. Passaram-se os séculos, porém, não passaram a fé e a devoção que o povo capixaba nutre pela Santa Mãe de Deus. Frei Pedro Palácios realizou a primeira festa em 1571, um pouco antes de morrer (alguns historiadores colocam essa data como 1570). Portanto, a Festa da Penha é a mais antiga do Brasil. Atualmente, a maior festa é a de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, que começou quando a imagem foi encontrada nas águas do Rio Paraíba em 1717. Já a festa do Círio de Nazaré, no Pará, é segunda maior do país e começou em 1793. O Círio, contudo, tem a maior procissão religiosa do mundo, com 2 milhões de pessoas. A Festa da Penha é devocional e cultural, predominantemente marcada pelas grandes celebrações e romarias. É uma realização do Convento da Penha, da Associação dos Amigos do Convento da Penha (AACP) e da Mitra Arquidiocesana de Vitória.

10

Especial PENHA 2018


A homenagem dos cavaleiros

S

ão muitas as demonstrações de fé durante as festividades em honra a Nossa Senhora da Penha. No domingo da Páscoa, cavaleiros de todo o Estado prestaram sua homenagem à Mãe de Deus. Com imagem peregrina de Nossa Senhora em carro de som à frente da procissão, cerca de 1.500 cavaleiros saíram do bairro Cobilândia, seguindo pela Av. Carlos Lindenberg até a Prainha de Vila Velha, numa distância de aproximadamente 8 quilômetros, onde receberam a bênção de Frei Paulo Pereira, guardião do Convento. Padre Francisco Cassaro acompanhou os romeiros de Cobilândia até a Prainha. Em Cobilândia é feita a concentração dos cavaleiros porque muitos grupos e caravanas vêm de distantes cidades do Estado, como Itaguaçu, Dores do Rio Preto, Itarana, São Roque, Colatina, Governador Lindenberg. Para chegarem no domingo de manhã, esses grupos já estavam na estrada desde a quintafeira. O tempo seco e quente não arrefeceu os ânimos dos cavaleiros, entre eles muitas crianças. O trajeto foi feito com orações e saudações à Padroeira. “Com muita alegria, nós, os freis franciscanos do Convento da Penha, acolhemos a todos que participam desta Romaria. Alguns já estão em

suas montarias desde a quintafeira, caminhando, cavalgando, rezando, outros se juntaram depois, formando uma multidão nesse domingo da Ressurreição de Cristo”, disse Frei Paulo, pedindo aos romeiros, num sinal de reverência, para tirarem o chapéu e segurarem sobre o peito. “Quando o berrante estiver tocando, lembrem-se de sua vida, do seu trabalho, dos sonhos e esperanças. Rezem agradecendo a Deus e pedindo a proteção de Maria, que é a Mãe de Deus e nossa também”, motivou Frei Paulo. Edmilson Mazolino, de Carapina, tocou o berrante e ressaltou o significado para eles deste som: “Raiz”, disse. “A Romaria enche as ruas de Vila Velha de devoção, enche as ruas de disposição para o cuidado. É assim que São Francisco de Assis nos inspira: cuidemos uns dos outros e

cuidemos de toda a criação”, pediu Frei Paulo. Devota de Nossa Senhora, Juciene do Nascimento Oliveira veio do bairro Jucu, em Viana, para participar pela segunda vez. “Felicidade é a palavra para descrever esse momento”, disse, enfatizando a comunhão que se vive no caminho entre os cavaleiros. Há 31 anos eles repetem essa manifestação de fé.

Especial PENHA 2018

11


xxx

VIDA E MISSÃO COM

O

bom público que veio ao Campinho do Morro da Penha na segundafeira da Páscoa (02/04) ouviu a reflexão do jovem recém-ordenado diácono Frei Leandro Costa Santos, frade do Santuário do Divino Espírito Santo, durante o Momento Devocional Franciscano e Mariano do segundo dia do Oitavário da Festa da Penha, que começou às 14h30 com a acolhida

12

Especial PENHA 2018

do guardião do Convento, Frei Paulo Pereira. A Santa Missa, neste dia sob a responsabilidade litúrgica da Região Serrana do Espírito Santo, foi presidida pelo Pe. Márcio Almeida Ghil, da cidade de Afonso Cláudio. Depois de uma encenação mostrando a chegada de Frei Pedro Palácios como missionário em terras capixabas, envolvendo crianças com as alegorias de barcos e um leigo represen-


2º DIA DO OITAVÁRIO “Mais uma vez, como outro São Francisco de Assis, Frei Pedro Palácios delegou aos cuidados da Virgem Maria sua vida e sua missão. Como São Francisco fez um dia da Porciúncula o lugar de sua morada, o lugar do encontro com Deus, do mesmo modo, aos pés do morro, Frei Pedro Palácios confiou sua vida e missão. Essa é a herança de Frei Pedro Palácios, deixada para cada um de nós: recordar o Deus que vence a morte, que vence o sofrimento e tem a Virgem Maria como guia e protetora”, ensinou o frade. “Portanto, recordando nesse dia o homem simples, humilde e missionário, vivamos, irmãos e irmãs, nossa fé no Deus que, por meio de Maria, escuta, cuida e envia a cada um de nós em missão para o anúncio da Palavra, do Deus que se encarna e quer permanecer conosco”, completou Frei Leandro.

A SANTA MISSA

MARIA tando o frade com o quadro de Nossa Senhora das Alegrias, Frei Leandro destacou que ao receber o mandato de Jesus, Frei Pedro saiu em missão sem nada, mas confiante no Deus providente. “Nada trouxe consigo esse homem. Veio movido pela simplicidade e ardente desejo missionário de pregar o Evangelho. Como outro Francisco, fez aos pés deste morro seu claustro, sua casa, sua morada”, disse.

Na Celebração Eucarística, às 15 horas, estavam presentes todos os sacerdotes da Região Serrana e frades do Convento, do Santuário Divino Espírito Santo e de Fraternidades da Província. Na sua homilia, Pe. Márcio citou que Jesus, após a Sua Ressurreição, apareceu primeiro às mulheres que, corajosamente, durante a madrugada, dirigiram-se até o sepulcro do Senhor, mesmo sabendo que lá encontrariam soldados vigiando a porta. Foi ali, no sepulcro, que Jesus falou a Madalena e às outras mulheres, e lhes deu a ordem de anunciar aos apóstolos a Ressurreição d’Ele. “Elas fizeram a sua parte. As primeiras a anunciar o Cristo ressuscitado. Elas foram as primeiras apóstolas”, disse Pe. Márcio, destacando o protagonismo das mulheres diante do Ressuscitado. Especial PENHA 2018

13


GRATIDÃO DO GUARDIÃO

N

o encontro com os parceiros e apoiadores da Festa da Penha, na segunda-feira à noite(2/4), no Campinho, o guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, não economizou palavras de agradecimentos. “Minha gratidão aos poderes públicos do Estado do Espírito Santo e também aos servidores públicos de Vila Velha. Gratidão também ao que neste ato representam a Arcelor Mittal, o Café Três Corações e o Banestes”, disse. “A convergência de esforços faz a Festa da Penha possível. É bem verdade que os poderes públicos e a iniciativa privada não têm a obrigação da catequese, da liturgia, ou da devoção. Mas não erra quem afirma que tanto os poderes públicos quanto as

14

Especial PENHA 2018

empresas não poderão jamais descuidar da semeadura de uma cultura geradora de paz e de entendimento. E ainda deverão constantemente procurar estabelecer vínculos com organismos e pessoas que possam conferir concretude ao sonho que acalentam no coração de todos”, disse Frei Paulo, falando em nome da Arquidiocese de Vitória, da Associação Amigos do Convento e dos Freis Franciscanos

da Província da Imaculada Conceição do Brasil, que têm a honra de guardar a casa da Mãe de todos os capixabas. “Ainda mais uma vez agradeço a todos que se juntaram a nós na Festa da Penha 2018, todos que tomarem parte das atividades programadas, sejam aqui neste Campinho, sejam nas ruas da cidade ou no parque da Prainha, que todos descubram o ânimo e a coragem de promover e viver a verdadeira alegria”, desejou Frei Paulo. “Saúdo a todos os parceiros e ao povo aqui presente. A Festa da Penha é um momento maravilhoso. A Mitra Arquidiocesana de Vitória se compromete com esta Festa da Penha, principalmente nos momentos onde a gente celebra a liturgia e


MÃES QUE REZAM PELOS FILHOS O movimento “Mães que Oram pelos Filhos”, da Arquidiocese de Vitória (em 30 de março de 2011), abriu as atividades noturnas da Festa da Penha na segunda-feira (2/4), no Campinho do Convento da Penha. Cerca de mil pessoas estiveram reunidas para cantar “as Alegrias de Nossa Senhora”. Para a coordenadora do movimento, Ângela Abdo, o encontro é um momento de profunda oração de mães na casa da Mãe de Jesus: “Maria é um exemplo de mãe, mulher, esposa e filha, que nos ajuda na superação de tantos desafios. A mãe que nos leva até o Cristo”, disse Ângela. Quem esteve no Campinho pôde cantar músicas marianas e conhecer a história sobre os

as romarias. É uma alegria muito grande organizar essa Festa porque ela já vem do povo. Não é uma coisa instituída, mas ela acontece de uma forma natural, do amor que o povo de Deus tem por sua Mãe, Nossa Senhora da Penha. A gente que vive aqui não teria outra forma de se expressar. É uma festa que acontece pela força do amor dessa Mãe que cuida de nós e a nossa participação é pequena e visa fazer as coisas com mais qualidade. Por isso, agradecemos muito o privilégio de morar nesse Estado, de ter como Padroeira Nossa Senhora da Penha e o privilégio de ter tantos parceiros que fazem esta Festa cada dia mais bonita”, destacou Ana Maria Lemos, representando o Departamento de Pastoral da Arquidiocese de Vitória. Pela Prefeitura de Vila

diversos títulos de Nossa Senhora na devoção popular. O grupo de mães conduziu momentos de oração, louvor e preces à Virgem das Alegrias, Nossa Senhora da Penha.

Velha, participaram do ato o secretário de Esporte, Cultura e Lazer, Luiz Felipe Faria de Azevedo, e o secretário de Gestão e Planejamento, Rafael Gumiero. “Estamos representando o Prefeito Max Freitas Mauro Filho que, desde o ano passado, no início de sua gestão, não mediu esforços em promover a importância da Festa da Penha para o município de Vila Velha. Nós sabemos hoje da magnitude desta Festa, pois ela transcende o município de Vila Velha. Estamos muito felizes, frei, por estarmos participando de uma forma efetiva, organizada e contribuindo para a qualidade desta Festa, que é magnífica”, disse Luiz Felipe. “Estamos aqui com a graça de Deus com certeza. É um momento feliz para nós, da Arcelor Mittal, poder participar deste evento. Acho

que engrandece quem mora no Estado do Espírito Santo, como já foi dito aqui. Eu tenho 31 anos morando no Espírito Santo, já sou capixaba”, disse Jorge Luís, vice-presidente de operações Arcelor Mittal, que cedeu um grupo de voluntários para realizarem uma pintura e limpeza da “Estrada da Penitência”. Estavam presentes neste ato o sr. Édson Rosário, representando o Banestes; Amanda Franco Paulino, representando o Café Três Corações; e também a secretária de Saúde de Vila Velha, Flávia Guimarães. Frei Paulo terminou seu discurso ressaltando a alegria da Ressurreição. “Ao celebrar a Festa da Penha queremos experimentar a mesma alegria que inundou o coração de Maria na aurora pascal”, completou. Especial PENHA 2018

15


3º DIA DO OITAVÁRIO

PELO FIM DA VIOLÊNCIA

B

asta de violência!”, estava escrito na faixa no centro do Campinho do Morro do Convento da Penha, no terceiro dia (3/4) do Oitavário da Festa em homenagem a Nossa Senhora da Penha. A violência no nosso país supera, em números de assassinatos, as zonas de guerra. Frei Pedro Oliveira, na sua reflexão durante o Momento Devocional Franciscano e Mariano, destacou o extermínio de jovens, especialmente negros e favelados. “Até quando vamos ter que conviver silenciosamente com este massacre, com este extermínio?”, clamou o frade. Na Celebração Eucarística, Frei José Wiliam Correa de Araújo, pároco da Paróquia Santa Clara de Assis, em Via-

16

Especial PENHA 2018

na, emendou na sua homilia uma lista interminável de violências: violência contra a mulher, violência contra os homens e jovens, violência sexual, violência do tráfico de drogas, violência no trânsito, violência contra a natureza, violência contra os indígenas, violência contra a criança, assim por diante. O Espírito Santo tem seis cidades na lista de municípios com o maior número de mortes por armas de fogo no Brasil, segundo o Mapa da Violência do Brasil. Uma dessas cidades é Cariacica, que hoje estava presente com Viana na coordenação litúrgica da Missa do Oitavário. Frei Pedro, que é natural de Cariacica, iniciou sua reflexão lembrando o tema da Campanha da Fraternidade


deste ano e a morte de mais um jovem nesta terça-feira na sua cidade. “O extermínio da nossa juventude é um clamor que sobe aos céus. Vidas são ceifadas, sonhos são interrompidos. E o que muito nos assusta, nos entristece e nos angustia é constatarmos que a maioria dos nossos jovens assassinados é negra e favelada. Por que isso? Recentemente tivemos a morte do Juan e do Damião, dois jovens negros do Morro da Piedade e um deles era membro da Pastoral da Juventude”, constatou o frade. “O que foi feito? Onde estão os culpados? Até quando vamos ter que presenciar a morte de Especial PENHA 2018

17


xxx

tantos Juans e tantos Damiães? Até quando? Quantos pais e mães choram pela perda de seus filhos, que tinham sonhos, projetos de dar uma estabilidade melhor aos seus pais. Mas alguém se achou no direito de interromper esse sonho, este projeto de vida. E, muitas vezes, somos omissos quando nos calamos diante dessa barbaridade, desse massacre, desse extermínio da nossa juventude. Calar é omitir”, insistiu o frade, dirigindo a Maria uma prece: “Peçamos à Virgem da Penha, a Mãe das Alegrias, por todos esses nossos jovens que foram assassinados!”.

18

Especial PENHA 2018

Para Frei Pedro, a única arma capaz de vencer a violência é a paz. “São Francisco de Assis nos exorta a sermos instrumentos de paz”, pediu. Pe. Robson Prati Neves de Oliveira, da Paróquia Bom Pastor, presidiu a Celebração Eucarística às 15 horas. Frei José William fez a homilia e iniciou lembrando o sentido de se estar no Santuário mais antigo do Brasil, em homenagem a Nossa Senhora das Alegrias. Para Frei José, Maria também não viveu em um tempo fácil, basta recordar a perseguição do Rei Herodes que obrigou a Família Sagrada a se refugiar

no Egito e toda a caminhada de Jesus. “Nesse sentido, é preciso termos em conta que Maria sempre nos inspira na nossa caminhada diante dos desafios de hoje. Ela foi essa mulher forte capaz de enfrentar tudo isso com coragem e fidelidade, na observância da Palavra, na escuta da Palavra. É assim que devemos caminhar”, orientou o pregador. Para o frade, a coragem de Maria ao assumir o projeto libertador de Deus, projeto de salvação para todos nós, é um convite para que todos tenhamos essa coragem diante dos desafios que nos cercam hoje.


UMA NOITE SÓ PARA OS CASAIS

O

Campinho do Morro da Penha voltou a ficar lotado à noite com a Bênção aos Casais conduzida por Padre Anderson Gomes, coordenador da Pastoral Familiar, e Padre Renato Criste, coordenador da Comissão para Vida e Família. Pe. Anderson abriu o evento com cantos e Pe. Renato fez a reflexão do Evangelho falando diretamente para os casais. “Todos nós podemos nos sentir profundamente amados. O que falta, às vezes, é abrir o coração para esse amor de Deus por cada um de nós”, disse. Segundo o sacerdote, se não mergulharmos nesse amor, toda e qualquer forma de amor humano será sempre uma experiência limitada e fracassada. “O nosso amor é assim. O nosso amor é frágil. O nosso amor sempre comete erros e vacilos. Isso faz parte da nossa condição humana”, explicou. Uma relação humana precisa ser uma manifestação sincera, profunda e verdadeira do amor de Deus. “O amor de Deus é a fonte do amor humano”, insistiu, lembrando que muitas relações falham porque falta essa compreensão. “A parábola de Jesus traduz isso. O homem prudente constrói a sua casa sobre a rocha. O homem sem juízo é aquele que constrói sua casa sobre a areia e nós não precisamos ter nenhuma formação específica, ser engenheiro,

arquiteto ou ter qualquer outra especialidade no ramo, para entender que uma casa, se não estiver bem alicerçada, ela cai. Nenhuma relação humana se conserva de pé, sólida, se não estiver bem alicerçada”, frisou. Pe. Renato demorou um bom tempo explicando que existe um grande inimigo para uma união sólida: o egoísmo. “A pessoa não pode ser entendida como um bem que eu posso usar como quiser. O seu bem não é propriedade sua. Ele continua sendo uma pessoa”, observou. Outro modo pelo qual o inimigo se manifesta é a pretensão de exigir sempre do outro

a compreensão. “Sempre cobrando do outro que me compreenda e aceite. Não podemos ser egoístas em achar que eu tenho a razão”, ponderou. Outra forma é o egoísmo de não querer cultivar o amor. “O amor é como uma planta, se não a cultivamos ela murcha, seca e morre. O amor acaba quando não foi cultivado, não foi verdadeiro, não foi compreendido na medida do amor de Deus”, disse. “O amor acaba quando, ao invés de buscar e promover a pessoa amada, eu estava interessado naquilo que ela podia favorecer para mim. O amor autêntico, que está mergulhado no amor de Deus, não acaba”, destacou Pe. Renato. E pediu aos casais: “Não sejam egoístas a tal ponto de achar que já têm a pessoa amada”, completou. Pe. Anderson conduziu a Adoração ao Santíssimo Sacramento e terminou abençoando os casais no Campinho.

Especial PENHA 2018

19


4º dia DO OITAVÁRIO

Partilhar o Pão

O

Evangelho de Emaús serviu de inspiração para o Pe. Eduardo Sérgio Magalhães fazer a homilia em tom orante e narrativo (com música de fundo) no 4º dia do Oitavário da Festa da Penha (4/4). “O sentimento desse Evangelho de hoje é o sentimento de alguém que

20

Especial PENHA 2018

perdeu alguém muito querido. É o sentimento de alguém que perdeu a esperança com a morte de Jesus”, disse. Dois discípulos, desanimados por não terem a presença física de Jesus, o encontram, o acolhem e o reconhecem, mas Ele desapareceu. “Ficaram as palavras que fizeram arder os corações. Ficou a inebriante

alegria em que Ele transformou o desespero dos discípulos”, lembrou o sacerdote, que é pároco da Paróquia São Francisco Xavier, de Iriri – Anchieta/ES. “Que fique para nós, nesta tarde do quarto dia, essa experiência de comer do pão partilhado, mas também partilhar do pouco que temos com


4º dia DO OITAVÁRIO

e a Palavra aquele que não tem nada. E fazer a experiência da Palavra que se torna carne no Verbo Encarnado de Jesus. Que essa palavra ganhe vida e força no coração de cada um de nós que hoje ouvimos a Palavra de Deus, que aqui estamos no Campinho aos pés de Nossa Senhora! Que essa Palavra possa frutificar na sua vida

e animar a você que está na angústia do seu dia a dia, no desemprego, na dor, na desesperança! Que Jesus o visite ainda hoje e que Nossa Senhora lhe dê a mão e diga: ‘Levante-te e anda!’. O quarto dia do Oitavário da Festa da Penha reuniu, no Campinho do Morro da Penha, os sacerdotes, movi-

mentos, pastorais e o povo da área pastoral de Benevente (formada pelas cidades Anchieta, Alfredo Chaves, Perocão, Meaipe, Praia do Morro, Muquiçaba e Guarapari) para homenagear Nossa Senhora das Alegrias, o título pascal de Maria. “Hoje nós estamos aqui, aos pés de Nossa Senhora da Especial PENHA 2018

21


Penha, Nossa Senhora das Alturas, pedindo a ela que rogue por todos nós, incrédulos, que não fizemos a experiência do Evangelho, a experiência da Palavra de Deus, a experiência do pão partilhado, que deve ser uma experiência profunda de vida, pois quando conhecemos bem a liturgia da Missa, celebramos melhor. Quando não conhecemos achamos que é um rito pelo rito”, observou. Pe. Eduardo lembrou dos 60 anos que a Arquidiocese de Vitória celebra este ano. “Gratidão a cada um que ajudou a construir essa história, a cada um que ajudou a vivenciar esse momento de experiência com Jesus, com

22

Especial PENHA 2018

VIDA ALICERÇADAS

Nossa Senhora, protegendo e abençoando toda nossa Arquidiocese, abençoando cada um de seus filhos e filhas amados e queridos por Deus, um Deus que não faz acepção de pessoas, um Deus que não coloca condições ao seu amor. Ama porque é amor. Como São Francisco diz: ‘O Amor não é amado’. Ama porque é amor”, enfatizou Pe. Eduardo.

O Momento Devocional Franciscano foi presidido por Frei Gílson Kammer, da Fraternidade de Colatina, que convidou o povo a conhecer um pouco o devoto da Virgem da Penha, Frei Pedro Palácios, e como ele fez para atender ao desejo de Nossa Senhora das Alegrias de ter uma Ermida no alto do morro. Este exemplo de Frei Palácios motivou a reflexão de Frei Gílson, tendo como base a parábola da casa sobre a rocha. Segundo Frei Gílson, nossa vida deve ser construída sobre alicerces “capazes de suportar as tormentas da nossa existência humana”.


A PROMESSA DE IGOR E PATRÍCIA

E

m todas as celebrações no Campinho, a devota Patrícia Eggert Daniel está acompanhada com seu filho, Igor, e uma imagem de pano de Nossa Senhora da Penha. Ela e o filho pagam uma promessa de sete anos. Este ano é o sexto desta peregrinação, coincidindo com o mês de nascimento do seu filho Igor. “Depois de muito tempo fazendo tratamento para engravidar, a médica me disse que eu só poderia ter filhos fazendo inseminação artificial. Então, resolvi fazer uma promessa a Nossa Senhora da Penha: se eu conseguisse realizar o meu sonho, iria participar das missas no seu dia. Depois de 7 anos,

consegui a graça de engravidar, e naturalmente”, conta Patrícia. Mas uma nova provação surgiu no seu caminho: “Quando completei 12 semanas, fiz um exame de rotina gestacional. O médico não gostou do resultado e, com o parecer de outros médicos, informaramme que meu bebê teria 50% de chances de nascer com síndrome de Down. Fiquei muito abalada mas não perdi a minha fé. Aos pés de Nossa Senhora da Penha, depois de muito choro, entreguei o meu bebê aos cuidados dela! E reforcei a promessa que tinha feito há 7 anos! Ainda não sabia o sexo do bebê, mas prometi que se nascesse com saúde, apesar da síndrome, iria fazer todo

o Oitavário e Missa durante 7 anos. Se fosse menina, ela iria vestida de Nossa Senhora da Penha; se fosse menino, iria confeccionar uma imagem para ele levar em mãos durante os sete anos todos os dias do Oitavário. Fiz acompanhamento gestacional com ultrassom mensal, mas não quis realizar o exame que colhe líquido amniótico da placenta pelo risco de aborto. Com isso, só ao nascer conheceríamos suas condições físicas. Ao nascer, a emoção foi inimaginável! Pois, além de eu estar com meu pequeno nos braços, ele nasceu saudável e sem a síndrome. Eu tinha fé, e acreditava fielmente que a Mãe tinha me concedido a minha graça!”.

Especial PENHA 2018

23


xxx

24

Especial PENHA 2018


5º DIA DO OITAVÁRIO

Sem Deus, o mundo experimenta a morte

E

ste foi o centro da mensagem de Pe. José Pedro Luchi, pregador do quinto dia do Oitavário da Festa da Penha, na quinta-feira (5/4), no Campinho do Convento da Penha. “O contrário da vida é a violência, é a morte”, disse o sacerdote, fazendo um contraponto com a alegria deste tempo pascal. Mas foi o Pe. Evandro Sá Grilo, da Paróquia Bom Pastor de Nova Carapina, que presidiu a Celebração Eucarística, às 15 horas. Pe. José Pedro é da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima. As duas Paróquias estão no município de Serra, que nesta celebração, com o município de Fundão, foram responsáveis pela liturgia. Sacerdotes e fiéis romeiros desta região pastoral da Arquidiocese de Vitória foram acolhidos na casa da Mãe de Deus pelos Frades do Convento da Penha e da Província Franciscana da Imaculada Conceição. “Sem Deus não existe a fundamentação para nos respeitarmos, para nos ajudarmos, olharmos uns aos outros como irmãos, iguais. Por que nós somos iguais? Quem falou que somos iguais, quem falou que todo mundo

tem direito a existir? Foi Jesus que nos ensinou isso. Não era assim antes de Jesus. Nunca foi. E agora, ultimamente, tem alguém querendo dizer que não é. Mas Jesus nos ensinou que também nós somos todos filhos de Deus”, enfatizou, ressalvando, no entanto, que isso é um ideal a ser realizado, a ser concretizado. “Então, vamos viver essa vida nas nossas comunidades. Vamos testemunhar Jesus nessa Igreja em saída”, disse. Para o Pe. José, não existe outro caminho. “Nós temos que buscar juntos essa comunhão, onde todo mundo se sinta participante e respeitado. Esse é o maior dom que

a Igreja pode fazer para a sociedade”, acrescentou. “Que hoje seja um dia de alegria, de renovação da nossa fé em Jesus vitorioso. De renovação no testemunho de Jesus, que é o Senhor, Aquele que Deus levantou dentre os mortos, no qual nós temos uma fonte de vida eterna. Seja hoje a renovação do nosso compromisso de formar comunidades, onde as pessoas se sintam em verdadeira comunhão fraterna, onde o amor e a caridade reinem, onde nós tenhamos a alegria de viver e sermos articulados e convocados a crescer, realizando nossas capacidades. Não reprimidos, não subjugados, não servienEspecial PENHA 2018

25


tes. Pelo contrário, cada um cresça, exerça seus dons, seus carismas e possa, sim, dar glória a Deus’, completou.

A CHEGADA DA IMAGEM AO CONVENTO Frei Diego Atalino de Melo, animador do SAV da Província, presidiu o Momento Devocional Franciscano e Mariano, que aconteceu antes da Celebração Eucarística. Frei Gustavo Medella, Frei Paulo Ferreira da Silva e músicos garantiram a animação com belos cantos. Este momento

26

Especial PENHA 2018

faz-se com cantos a Nossa Senhora; acolhimento do povo de Deus; súplicas pelos mistérios realizados a Maria, Mãe de Jesus, na devoção que Frei Pedro Palácios trazia consigo; recordação e consideração do primeiro Franciscano que chegou aqui (Frei Pedro Palácios); Ladainha de Nossa Senhora; orações e bênção.

Depois de recordar a construção da primeira igrejinha no alto do Morro, Frei Diego lembrou a chegada da imagem da Penha e a coroação de Nossa Senhora. “Olhar para uma imagem significa abrir os olhos da fé e vislumbrar outra realidade. Olhar para a imagem de Maria significa olhar para tudo aquilo que ela foi na sua vida. Significa olhar com os olhos da fé a maneira como ela encarou as dificuldades, os problemas os desafios, por isso que todos nós subimos no alto desse Convento e voltamos


o nosso olhar para nossa mãe, porque ela nos ensina a olhar as coisas com os olhos de Jesus”, frisou Frei Diego. “E hoje nos a coroamos com essa bonita coroa de flores. De fato, ela é nossa Rainha e queremos fazer parte do Reino do seu Filho Jesus. Portanto, coroá-la significa fa-

zer o Reino de Deus acontecer em nosso meio. Um reino de paz, reino de amor, reino de justiça, um reino de diálogo, um reino de igualdade, um Reino, de fato, onde todos sejam respeitados. Hoje, então, olhando para a imagem de Nossa Senhora da Penha, nós queremos renovar, mais

uma vez, o desejo de olhar pra ela e, por meio dela, olhar a realidade que está à nossa volta. Que hoje, coroando esta imagem, nós possamos fazer parte deste Reino, o Reino de Deus, que Jesus, durante a sua vida, pregou, anunciou e fez acontecer em nosso meio”, pediu o frade.

Especial PENHA 2018

27


OS ALERTAS DE FREI MEDELLA

N

a Celebração Eucarística, às 9h30, na Capela do Convento da Penha, o Definidor da Província da Imaculada, Frei Gustavo Medella, partiu da reflexão das leituras bíblicas (At 3,11-16 e Lc 24,35-48) para pedir discernimento num momento conturbado, política e socialmente, que o país vive. Frei Medella teve como concelebrante Pe. Marcus Vinícius Moreira Falcão, pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Desterro, de Quissamã (RJ), que estava acompanhando um grupo de romeiros. Segundo o frade, essas leituras e toda a liturgia da Oitava da Páscoa, chama a atenção para três ações funda-

28

Especial PENHA 2018

mentais da comunidade cristã ou de toda a comunidade de fé: narrar, recordar e discernir. “A primeira é a tarefa de narrar, contar o acontecido. Passar adiante, partilhar, colocar em comum. Essa experiência os discípulos de Emaús passam a fazer com os outros, contando, narrando o que tinha acontecido”, disse o frade, chamando a atenção para a dependência hoje do ser humano ao celular. “Se der um apagão no celular ou na nuvem onde estão os dados, vai-se embora a memória. Nós estamos terceirizando essa tarefa importante de guardar com carinho, primeiro no nosso coração e na nossa mente, fatos importantes que

são narrados para ressignificar nossa vida”, explicou o frade. Depois, segundo ele, a segunda tarefa é recordar, é trazer para o presente aquilo que foi vivido no passado. “Celebrar a Páscoa em cada Eucaristia não deixa de ser uma recordação. Recordar é trazer novamente a partir do coração”, explicou. Interpretar e discernir é a terceira tarefa. “Estudar e olhar à luz do nosso tempo fatos que já ocorreram e que podem nos ensinar como renovar a nossa fé”, ensinou. “Esse discernimento também é a grande tarefa dos brasileiros neste momento. “Precisamos tomar muito cuidado porque estamos profundamente feridos pelo drama da corrupção, pela violência, num cenário que quer nos roubar a esperança. E aí podemos cair na tentação de achar que um salvador da pátria vai fazer com que essa solução se resolva. Depende do esforço pessoal de cada um e do coletivo. A democracia é difícil de ser vivida. Ela desafia, ela chama a cada um à responsabilidade. Mas é a melhor maneira de podermos caminhar. Temos a liberdade de escolher aqueles que nos governam”, ponderou, pedindo para não reforçar o discurso de ódio e exclusão, de solução fácil, de governos complexos, de entregar nosso poder de decisão a um suposto “salvador da pátria”.


OSES ENCANTA COM NOVE AVE-MARIAS

A

Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo (Oses) fez uma apresentação especial dentro das celebrações da Festa da Penha, em Vila Velha-ES, na noite do dia 5 de abril, às 19h30, no Santuário Divino Espírito Santo. A Igreja ficou lotada para prestigiar as nove belas composições de Ave Marias, escritas por grandes compositores nos últimos séculos. Segundo o maestro titular da Oses, Helder Trefzger, que também assina os arranjos musicais, a noite contou com uma compilação rica de obras

atemporais. “Ouvimos canções de diversos períodos, desde a Renascença, com uma peça do espanhol Tomás Luis de Victória e outra do holandês Jakob Arcadelt, até mesmo do período romântico, com as composições mais conhecidas de Schubert, Fauré e Gounod”. Também foram apresentadas duas obras brasileiras, a “Ave Maria no Morro”, de Herivelto Martins e a “Ave Maria Brasileira”, de Vicente Paiva, “duas joias da nossa música”, completou ele. A apresentação teve início com uma obra do compositor russo Rimsky-Korsakov,

intitulada “A Grande Páscoa Russa”, que é uma abertura sobre temas da Igreja russa para grande orquestra, composta entre 1887 e 1888. Participaram desta canção, além de todos os instrumentistas, a consagrada solista e cantora lírica Natércia Lopes e a jovem soprano Rosiane Queiroz. Segundo Frei Clarêncio Neotti, nunca antes o Santuário ficou tão cheio em apresentações de orquestras. “Nem quando tivemos aqui a orquestra estrangeira ficou assim”, afirmou o frade que reside no Santuário do Divino Espírito Santo, de Vila Velha. Especial PENHA 2018

29


Indignação, tristeza,

U

m grito de indignação, vergonha, tristeza e esperança foi dado na sexta-feira, sexto dia do Oitavário da Festa da Penha, pelo Pe. Kelder José Figueira, pároco da Paróquia Santa Tereza Calcutá, na homilia que fez durante a Celebração Eucarística no Campinho. Pe. Roberto Camilato, do Santuário de Santo Antônio, presidiu a Missa. Os franciscanos do Convento da Penha e da Província da Imaculada acolheram os sacerdotes e religiosos da Região

30

Especial PENHA 2018

Pastoral de Vitória e o povo que lotou o Campinho, no primeiro dia com chuva da Festa da Penha. Pe. Kelder lembrou a dor de Maria com a morte de Jesus e a dor das mães capixabas que veem seus filhos terem as vidas ceifadas diariamente. “Só esse ano já são mais de 320 corpos assassinados, mortos, sem vida, sepultados no Espírito Santo. Quanta dor, quanto pranto, quanto desespero. Corpos pretos, pobres e periféricos”, denunciou o sacerdote. “Sim, mães capixabas! A dor

de vocês é uma dor tão grande e profunda quanto foi a dor de Maria, Mãe do Filho de Deus, ao receber inerte e sem vida o corpo do autor da vida, Jesus Cristo”, consolou. “E maior ainda deve ser a indignação de vocês ao ouvirem os porquês das mortes dos filhos de vocês. Como se já não bastasse terem tirado a vida deles de forma tão violenta, como fizeram com o Filho de Maria, ainda os tornam responsáveis pela violência que os matou. Uns dizem que foram mortos porque são


6º DIA DO OITAVÁRIO

pranto e esperança traficantes. Outros dizem que foram mortos porque são bandidos. Outros dizem que foram mortos porque são vagabundos. Outros dizem que foram mortos porque não souberam aproveitar as oportunidades que surgiram. Outros dizem que foram mortos porque foram confundidos. Outros dizem que foram mortos porque estavam no lugar errado. Não faltam motivos, queridas e sofridas mães capixabas, para justificar a matança dos filhos que nasceram de suas entranhas e se alimentaram

nos peitos de vocês, e que incomodam a sociedade só pelo fato de estarem vivos, mesmo sendo pretos e pobres, e terem os mesmos sonhos e desejos que os brancos e abastados”, lamentou. Sempre se dirigindo às mães capixabas, denunciou que seus filhos não estão sendo assassinados por que são traficantes, bandidos, vagabundos, foram confundidos ou estavam no lugar errado. “Eles estão sendo assassinados porque são pretos, pobres e favelados. Fizeram isso com

os antepassados de vocês, os escravos trazidos da África, e continuam fazendo com os filhos de vocês. O racismo e o culto ao dinheiro é a verdadeira causa da morte dos filhos de vocês que são sacrificados como “bodes expiatórios” para justificar a indiferença da sociedade e a incompetência do poder público em resolver o problema da violência e da desigualdade social, que são os maiores problemas que o Brasil enfrenta. E não duvidem, mães capixabas, que para impedirem os filhos e filhas de Especial PENHA 2018

31


vocês sonharem, as forças armadas voltarão às ruas”, acusou. Pe. Kelder animou e incentivou as mães capixabas a não esmorecerem. “Cabe a vocês mostrar o quanto a vida que vocês geraram ou cuidaram é sagrada. Cabe a vocês não deixar que a morte de seus filhos que vocês cuidaram e amaram seja em vão. Cabe a vocês, mães capixabas, lutar, lutar, lutar novamente, e continuar lutando, porque quando o ‘luto vira luta’, a força da Ressurreição acontece e a realidade se transforma. Foi essa a experiência bonita da ressurreição que a Igreja Primitiva fez e transmitiu para nós, conforme ouvimos no livro dos Atos dos Apóstolos e no Evangelho de São João, nesta tarde. Os discípulos mudaram o luto em luta, e lutaram até a morte para anunciar a verdade da Ressurreição do Senhor”, exortou. “Sim! Foi grande a alegria da Mãe do Senhor quando os discípulos anunciaram a ressurreição de Jesus”, disse.

ROMARIA DOS MILITARES O Momento Devocional Franciscano, que antecede a Santa Missa, marcou o testemunho e a homenagem dos Militares a Nossa Senhora da Penha. Às 14h30, a procissão reunindo cerca de 200 soldados subiu a ladeira do Convento da Penha e chegou ao Campinho. A imagem de Nossa Senhora foi trazida num andor por um representante do Exército, da Marinha, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Frei Valdecir Schwambach presidiu este momento franciscano, que teve o tema: “Da Rocha brota a água viva”. Segundo o frade, quando Frei Pedro Palácios se dispôs a construir o Convento de Nossa Senhora da Penha, ele se deparou com uma grande dificuldade: Como fazer chegar água ao topo da montanha, que é de pedra. “E se diz que, a partir dessa dificuldade, ele pediu a Deus e uma fonte jorrou até o término da construção do Convento”, contou. “No tempo certo, tudo acontece. É por isso que falamos: o

32

Especial PENHA 2018

tempo de Deus”, disse. “Mais um motivo para fortalecermos a nossa fé. A fonte, a rocha, nos lembram sempre de Deus. A rocha que ampara o Convento, e o Convento que é continuidade da rocha, nos lembram a rocha que dá sustento à nossa vida, que é o próprio Cristo. E Ele diz que tudo aquilo que é construído sobre a rocha, isso sim, há de perdurar. Que as nossas relações, trabalho, famílias, sejam construídas sobre a rocha!”, desejou Frei Valdecir.


ROMARIA DOS ESTUDANTES ESTÁ NASCENDO

F

oi plantada na sexta-feira, 6 de abril, a semente para mais uma romaria na Festa da Penha. Atendendo ao convite do guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, dois grandes colégios capixabas trouxeram seus alunos para homenagear Nossa Senhora da Penha: o Centro Educacional Agostianiano, de Vitória, e Colégio Passionista, de Cariacica. Cerca de 100 alunos subiram a pé o Morro da Penha até o Campinho na primeira experiência conjunta das escolas. Frei Diego Melo, Frei Gustavo Medella e Frei Gílson Kammer acolheram alunos e professores. Frei Diego narrou um pouco a história do Convento e de como esta montanha se tornou um local sagrado como casa de Nossa Senhora da Penha. Explicou que tudo começou com uma estampa que o franciscano Frei Pedro Palácios trouxe de Portugal. “A nossa fé não idolatra imagens”, disse, explicando que a veneração, enquanto culto cristão, não tem outro sentido senão valorizar algo, um sinal que nos remete a Deus. “Quem aqui tem

uma foto dos pais no celular?”, perguntou, obtendo uma resposta afirmativa total. “Por que trazemos essa foto no celular? Nós sabemos que na foto não estão nossos pais, mas ela nos faz lembrar dos familiares que a gente ama. Da mesma forma, a imagem de Nossa Senhora nos faz lembrar o carinho, a devoção e tudo aquilo que ela nos representa”, explicou. Ir. Rita Cola, Missionária Agostiniana Recoleta, e diretora do Centro Educacional Agostianiano, fez uma dinâmica com os alunos para enfatizar a importância da cultura de paz, sensibilizando-os para

as questões sociais, ambientais e relacionais de sua realidade local e global. No final, Frei Gustavo deu a bênção e os alunos depositaram flores aos pés da imagem de Nossa Senhora. Pe. Eraldo Furtado de Oliveira, gestor administrativo do Colégio Passionista, gostou da ideia de trazer os alunos para conhecer o Santuário e ter esse momento celebrativo durante a Festa da Penha. “Acho que para o próximo ano outros colégios poderão se programar em tempo para fazer até uma romaria dos estudantes”, disse Pe. Eraldo, que teve total apoio dos pais para este evento.

Especial PENHA 2018

33


O SHOW DA FESTA

Q

u em pensou num show religioso de Frei Florival Mariano de Toledo, na noite desta sextafeira, 6 de abril, enganou-se. “Minha alegria” começou levemente com “Jesus Alegria dos Homens” e terminou com o conhecido Hino a Nossa Senhora da Penha em ritmo de samba, embalado pela bateria da Mocidade Unida da Glória, campeã do carnaval de Vitória em 2018. Frei Florival colocou todo mundo para sambar literalmente. “Nosso desejo é que vocês reencontrem a sua alegria a partir da alegria que Nossa Senhora recebeu de Deus”, disse. “Que seus sonhos sejam mais intensificados nesta noite. Uma noite da alegria, da minha alegria e da sua alegria. Vamos curtir, rezar, brincar”, traduziu. O bom público que veio ao Campinho não se arrependeu e cantou com Frei Florival um repertório eclético, que mesclou músicas religiosas e MPB, mostrando sua versatilidade musical. Tudo funcionou perfeitamente. As coreografias e figurinos, com as crianças, jovens e adolescentes da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, deixaram o show mais sofisticado e belo. A nova versão para a música “Senhor fazei de mim”, antigo sucesso

34

Especial PENHA 2018

dos Meninos de Deus, foi um dos pontos altos do show. Frei Paulo César soltou o vozeirão e roubou a cena. Os três cantores – Frei Florival, Frei Paulo e Frei Leandro – encerraram apoteoticamente esta versão. Mas o show ainda tinha mais surpresas. O Hino a Nossa Senhora da Penha começou com o tradicional ritmo

religioso, passou para heavy metal, mudou para baião, virou rock e terminou em samba, com a MUG comandando o final apoteótico. Tudo isso enquanto a imagem era carregada no meio do povo por quatro jovens vestidos com o hábito franciscano. Frei Florival cantou e encantou, ainda que esta frase


FICHA TÉCNICA Direção Musical e Arranjos: Romulo Madureira; Músicos: Gracia Maria (piano), Frei Leandro Costa (violino), Bruno Bradão (bateria), Paulo Muniz (percussão), Luis Galego (baixo), Marcelo Andrá (guitarra), Romulo Madureira (violão 12 cordas), Nilson (acordeon), Sphia Pirola (ukulele), Ricardo Ozorio (cavaquinho), e Laila Eller, Alessandra Favero e Denise Furtado (backing vocals). Participação especial: Julia Ventorim, Jeanine Pacheco, Elaine Vieira, Marcela Mesadri (Bailarina), Alexandre Guasti e Frei Paulo Ferreira. Direção de palco/iluminação: Reinart Iluminação; assistente de palco: Huan Pgnaton; telepronpter: Junior Galiza; produção executiva: Gabriela Spalla; equipe de produção: Marizete Pietralonga, Isabela de Souza, Luan, Valeria Tanure, katia Baldi, Rosangela, Wiviane Lacerda e Regina. Realização: Convento da Penha e Paróquia do Rosário

soe como um clichê. “Enfim, a minha alegria é partilhar esse dom que Deus me deu com aqueles com quem convivo. A maior alegria para mim é ser para outro. Eu me preparo para isso, com meus defeitos,

não tenha dúvida”, define. Que Deus o conserve! Neste show, Frei Florival teve a participação dos músicos: Rômulo Madureira, no violão de 12 cordas. “Ele que organizou essa equipe toda

com muito carinho e dedicação”, elogiou agradecido o frade, que contou, pela primeira vez, com a arte musical de Frei Leandro Costa, no violino, e de seu já conhecido companheiro de shows, Frei Paulo Ferreira.

Especial PENHA 2018

35


“Torne a sua vida uma expressão de amor”

U

ma das romarias mais participativas da Festa da Penha é a da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim. Neste ano, celebrando 60 anos de fundação, seus fiéis devotos

36

Especial PENHA 2018

lotaram cerca de 50 ônibus, vans e um grande número de veículos particulares para participar desta homenagem a Nossa Senhora da Penha. O bispo franciscano Dom Dario Campos presidiu a Cele-

bração Eucarística às 15 horas e fez uma reflexão, com base no tema da Campanha da Fraternidade deste ano, sobre o individualismo e desamor que imperam no nosso tempo. Para o povo, que não tinha como


7º DIA DO OITAVÁRIO

se locomover no Campinho lotado, brincou antes de fazer a homilia. A Diocese de Cachoeiro de Itapemirim foi erigida canonicamente pelo Papa Pio XII, por meio da Bula “Cum Territorium”, de 16 de fevereiro de 1958, a partir de território desmembrado da então Diocese do Espírito Santo, hoje Arquidiocese de Vitória. Segundo D. Dario, vivemos num tempo em que mui-

tos fizeram a opção por viver o individualismo. “Está muito marcada, hoje, essa questão do individualismo e que se agarra em instâncias muito tangíveis. Às vezes, causa tristeza, solidão, doença e morte. E cada vez mais temos que testemunhar o amor, porque o desamor impera nos nossos dias e na nossa vida. Ele vem, muitas vezes, disfarçado pela falta de acolhida que vai se estabelecendo nos relaciona-

mentos humanos. Corremos o risco de descaracterizar o humano que está dentro de cada um de nós”, alertou o bispo de Cachoeiro. Citando o tema “Fraternidade e superação da violência” da CF 2018, disse que quando falamos de violência, logo pensamos nas pessoas violentas e nas consequências que elas causam. “Acontece que a violência pode ser praticada em momentos e atitudes nossas que nem percebemos. Um destrato, um olhar indiferente, uma crítica maldosa, uma fofoca, um relacionamento familiar com falta de amor, falta de atenção para com a esposa, para com o esposo ou os filhos. Muitas vezes, falta de tempo dentro de casa”, lamenEspecial PENHA 2018

37


tou, revelando uma confissão de um jovem. “Certa vez, um jovem me contou que estava querendo conversar com o pai à noite, mas ele queria ver jornal, as novelas etc. Por mais que ele insistisse, o pai nunca tinha tempo. “Deixa pra depois! Deixa para o intervalo!” Até que o menino ficou enfurecido, e disse: “O sr. só teve tempo para mim nove meses antes de eu nascer!” “Essa falta de carinho, de ternura, muitas vezes assola o nosso lar. Quando abrimos nosso jornal ou ligamos a TV, o que vemos? Só manchetes desastrosas, que muitas vezes tiram o nosso sossego, já que estão tão carregadas de maldade e destruição da vida. Diante dessa nossa realidade, podemos perguntar: Onde vamos parar? Que mundo estamos construindo para

38

Especial PENHA 2018

nós e para nossos filhos?”, questionou. “O mundo que queremos para nós é o mundo em que impera a vida. A violência e a morte não têm a palavra final. A palavra final é a misericórdia e o amor de Deus”, disse.

FREI MEDELLA PEDE PELA VIDA O Momento Devocional Franciscano e Mariano foi presidido pelo Definidor da Província da Imaculada, Frei Gustavo Medella, que na sua reflexão, partindo do tema “Frei Palácios recebido por Nossa Senhora no céu”, pediu vida digna para todos. “Frei Palácios teve uma morte, que podemos considerar, uma morte santa. Já de idade, debilitado, suas forças se foram e ele partiu para perto da Mãe”, disse Frei

Gustavo, enquanto um leigo e uma jovem encenaram o frade sendo acolhido pela Mãe de Deus. “Como cristãos nós devemos lutar e trabalhar para que maior número possível de pessoas tenham uma morte nessa situação. E como nós trabalhamos? Cuidando bem da vida”, ensinou Frei Medella. “Nós nascemos para viver e, quando Deus chamar, nós vamos na mansidão do coração. Ninguém nasce para ter a vida ceifada num ato de estupidez, ignorância, agressão, de uma bala, de uma faca, de uma arma, que fere e mata e nada constrói. Trabalhemos para que o maior número de pessoas possível possa ter uma morte santa, abençoada, assistida e que seja essa pessoa acolhida na misericórdia do Pai”, pediu Frei Medella.


ROMARIA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Romaria da Diocese de São Mateus Às 7 horas, os romeiros do Norte Capixaba começavam a subir o Morro a pé, debaixo de muita chuva e depois de viajarem três horas para chegarem até Vila Velha. Ele veio acompanhando o seu povo, representando 720 CEB’s em 19 municípios. Ele foi acolhido por Frei Valdecir Schwambach, representando o guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira. Dom Paulo presidiu a Santa Missa, às 8 horas, e falou da importância da Diocese de São Mateus nesses 60 anos de caminhada, enquanto os romeiros mostravam em um banner o tema “Igreja Profética e missionária a serviço da vida”. Na sua homilia homilia ao se referir sobre os dois apóstolos, Pedro e João, disse que eles simbolizam a tradição e a juventude da Igreja. “Se a Igreja for só uma Igreja-Pedro, ela envelhece e morre. É preciso sempre ter também o outro lado da juventude que chega. Então, a criança, o adolescente, a juventude, representam a figura de João, que temos de ter um olhar preocupante e cuidadoso para que chegue e seja acolhido”, explicou.

Romaria dos Jovens: pedido pela vida Com animação de Frei Gustavo Medella, os adolescentes foram recebidos no Campinho às 9h30. Frei Gustavo retomou o tema da Campanha da Fraternidade e lamentou a violência no Estado do Espírito Santo, lembrando que Pe. Kelder informou na Missa do dia anterior que 320 pessoas foram mortas no início deste ano. “Nós queremos a vida e não a morte”, disse o frade e os jovens repetiram: “Chega de violência!”. Ele chamou um representante de cada grupo de jovens das Paróquias presentes no Campinho para se deitarem no chão e pediu um minuto de silêncio em memória dessas vítimas. O jovem sacerdote Pe. Gudialace Oliveira presidiu a Celebração Eucarística no Campinho. A celebração terminou com um flash mob homenageando a Virgem da Penha.

A Romaria das Pessoas com Deficiência chegou à 13ª edição reunindo diversas instituições de atenção e apoio aos deficientes e seus familiares da capital Vitória, de Vila Velha e cidades do Estado. A concentração ocorreu na Praça Duque de Caxias, no Centro, de onde os participantes percorreram a distância de um quilômetro, até chegar à Igreja do Rosário, onde foram acolhidos pelo Frei Gílson Kammer e pela equipe de voluntários da Romaria. A Missa foi presidida pelo Pe Carlos Pinto, da Paróquia de São Camilo de Leles, de Vitória. Ele leu trechos de Carta divulgada por ocasião da Romaria. “Negar a igualdade de oportunidades é um incentivo à exclusão. Nossa sociedade não avançará na busca de justiça social se fechar os olhos para essa realidade”, disse. “Queremos vida em abundância e com dignidade”, pediu. A celebração contou com a participação efetiva das pessoas com deficiência. Acompanhando com devoção e fé, os familiares também não pouparam esforços para estarem junto daqueles a quem no dia a dia dispensam amor e atenção. Especial PENHA 2018

39


ROMARIA DOS HOMENS

Maria, a alegria dos caminhantes

V

irgem da Penha, Minha Alegria”. Foi com essa motivação que uma multidão de cerca de 700 mil romeiros foi às ruas, rezando e cantando o tempo todo, sem incidentes, para homenagear Nossa Senhora da Penha na maior manifestação religiosa do Estado do Espírito Santo. Com esta Romaria dos Homens, no sábado (07/4), 60 anos se passaram desde que, em 1958, sob o governo diocesano de Dom João Batista da Mota e Albuquerque, passou a ser noturna no sábado que antecede a Festa, somente para homens. Mas

40

Especial PENHA 2018

ela foi instituída em 1955, por Dom José Joaquim Gonçalves, quando na época era diurna e frequentada por homens e mulheres (Carnielli, 2006, p. 124). Hoje, só no título é

para homens. Ela é a grande concentração de todos os fiéis da Penha. Essa grandiosa manifestação de fé percorreu 14 quilômetros, entre as cidades de Vitória, a capital, e Vila Velha, onde está o Convento da Penha. Quase meia-noite ainda havia romeiros chegando no Parque da Prainha, enquanto Dom Luiz Mancilha presidia a Celebração Eucarística, encerrando esta grande manifestação do Oitavário. A Missa foi concelebrada por D. Rubens Sevilha, sacerdotes de todo o Estado e os frades do Convento da Penha e da Província da Imaculada Conceição.


ROMARIA DOS HOMENS

Para o povo, não importou o tempo, se com calor, chuva ou ventos, no dia desta Romaria. Todos queriam estar neste grande cortejo mariano. É interessante ver a massa se formando aos poucos no entorno da Catedral. As velas acesas, aos poucos, iluminam a noite como um “rio” de vagalumes. Hoje, a tecnologia dos celulares se junta às velas para iluminar ainda mais a caminhada. Outra romaria cibernética tem início: a multidão, de 700 mil pessoas reproduz em tempo real imagens e vídeos para o mundo inteiro. A partida só foi dada depois da Missa do envio, presidida por Dom Rubens Sevilha, às 18 horas. Às 19h20, Dom Sevilha deu a bênção e pediu ao povo que caminhasse com Maria e Jesus Ressuscitado com muita calma. O início da romaria é

sempre emocionante: os sinos da Catedral avisam que chegou a hora da partida, as velas se acendem e um grupo de homens, conhecido como a “Corrente da Penha” ou “Guardiães da Penha”, começa a abrir caminho para o ‘Penhamóvel’ passar, especialmente nas ruas mais estreitas do centro da capital capixaba, a partir da praça Dom Luiz Scortegagna. Nas ruas mais estreitas do centro de Vitória, a multidão teve calma para esperar que a caminhada ganhasse ritmo. A primeira rua a reunir a multidão na partida tem um nome especial: Frei Pedro Palácios, o dono da festa. Até chegar à Segunda Ponte, o percurso seguiu pelas ruas José Marcelino, Dr. Benjamim Costa, São Francisco, Caramuru, Cais de São Francisco e Cleto Nunes,

além das avenidas Marcos de Azevedo, Duarte Lemos e Nair de Azevedo. Quando a marcha dos peregrinos de Maria atingiu a Segunda Ponte e a avenida Carlos Lindenberg (liberada nas duas pistas), o ritmo foi um pouco mais forte e, duas horas depois, alguns romeiros já chegavam à Prainha ou subiam o Morro da Penha. A grande multidão, contudo, caminhou tranquilamente no trajeto, rezando e cantando, acompanhando os carros de som. No percurso de 14 quilômetros, o público foi se juntando à marcha. Quem não quis caminhar, mesmo assim foi para as ruas e saudou os romeiros. A Prefeitura fez interdições também em um trecho da Avenida Jerônimo Monteiro e o início da Avenida Champagnat, até o acesso final à Rua Antônio Ataíde. Especial PENHA 2018

41


Do alto do trio elétrico, não se consegue ter uma visão total da multidão. Ela perde de vista. Alguns cálculos falavam de cinco a sete quilômetros tomados pela multidão. O que se vê é que, à medida em que a Região Metropolitana de Vitória cresce, a Romaria também cresce. No Espírito Santo, 48% da população está na Grande Vitória. Dos mais de 4 milhões de habitantes, 1.960.213 vivem em Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Fundão e Guarapari (segundo dados do IBGE 2017). Só a cidade de Serra tem mais de 500 mil habitantes. Não bastasse isso, há romarias que vêm de todas as cidades do Estado. Só para se ter uma ideia, a Romaria da Diocese de São Mateus, que celebrou no Campinho às 8 horas, trouxe mais 30 ônibus de romeiros, e a Romaria da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, que celebrou às 15h00 no Campinho, trouxe mais de 50 ônibus. Há romeiros que vêm a pé, por exemplo, de Guarapari, cidade litorânea próxima de Vila Velha. A procissão de Guarapari acontece há 39 anos e os romeiros caminham aproximadamente 11 horas, sendo assistidos por uma equipe de apoio com socorristas e ambulâncias. Uma multidão preferiu aguardar e garantir o lugar na Prainha para a Celebração Eucarística, que começou com a chegada da imagem por volta

42

Especial PENHA 2018


das 23h30, presidida por Dom Luiz Mancilha Vilela e concelebrada pelos bispos auxiliares de Vitória, pelo Guardião e Definidor da Província da Imaculada Conceição, Frei Paulo Pereira, o Definidor Frei Gustavo Medella, sacerdotes de toda a Arquidiocese e do Estado. Religiosos, seminaristas, autoridades civis e militares participaram da celebração que terminou por volta da 1 hora da madrugada do domingo. É importante destacar que a multidão que se viu na Prainha é apenas uma parte dos romeiros que marcharam depois de 4 horas. Muitos não acompanharam todo o cortejo, outro grupo grande ainda teve fôlego para subir o Morro da Penha. Ao mesmo tempo que as ruas próximas da Prainha recebiam a multidão, outras milhares de pessoas voltavam para suas casas. A gruta de Frei Pedro Palácios na Prainha, a entrada do portão principal e o velário do Campinho são usados pelos romeiros para deixar as velas acesas que foram carregadas no percurso da romaria. Na Prainha, enquanto participavam da Celebração Eucarística, muitos peregrinos descansavam os pés, os joelhos e as mãos, deitados ou sentados no chão. CARNIELLI, Adwalter Antonio. História da Igreja Católica no Espírito Santo: 1535-2000. 2.ª Ed. Vila Velha: Comunicação Impressa, 2006

Especial PENHA 2018

43


Dom Sevilha toca o coração das mulheres

D

esde que veio para Vitória como bispo auxiliar, o carmelita Dom Rubens Sevilha sempre presidiu a Missa de encerramento da Romaria das Mulheres da Festa da Penha. Nesses seis anos, bem ao

44

Especial PENHA 2018

seu estilo, descontraiu a multidão de mulheres, brincando, afagando e homenageando-as. No domingo da Misericórdia, 8 de abril, D. Rubens foi mais além e disse para as mulheres que eram santas, para alegria delas.

“Eu sempre começo a conversa com vocês dizendo que vocês são lindas. Hoje não vou dizer, não (as mulheres em coro respondem um ah decepcionadas), até porque vocês já sabem que são (palmas)”, disse.


8º DIA do oitavário

“Hoje quero dizer que vocês são santas (um grande ah e aplausos). Você, mulher, esposa e mãe, você é santa! Não estou dizendo que você é perfeita porque nenhum ser humano é perfeito. Mas você é santa porque você carrega sua família nas costas! Você carrega os problemas na sua casa, você carrega a nossa Igreja, muitas que estão aqui e aquelas que estão nos acompanhando pelos meios de Especial PENHA 2018

45


comunicação, vocês carregam a Igreja nas costas, lá nas comunidades sendo catequistas, coordenadoras etc. E mais: se a religião ainda existe, é porque você, mulher, transmite a fé de alguma forma na sua família”, explicou, falando da importância extrema da mulher na Igreja e na sociedade. As mulheres que estavam no Campinho merecem esta homenagem. Todo ano, na Festa da Penha, fazem uma linda homenagem à Mãe de

Deus. Neste domingo, depois de a chuva andar rondando as celebrações do Oitavário, o sol voltou a brilhar forte em Vila Velha. Para o espetáculo de beleza, alegria e fé da Romaria das Mulheres, era o ingrediente que faltava. E não foi diferente. Cerca de 60 mil mulheres saíram às 16 horas do Santuário do Divino Espírito Santo e chegaram à Prainha, um parque no pé do Morro da Penha e local que recebe as grandes celebrações na reta final da Festa da Penha,

46

Especial PENHA 2018

por volta das 17h20, enquanto Frei Gustavo Medella e Frei Valdecir Schwambach faziam o encerramento do Momento Devocional Franciscano e Mariano no Oitavário da Festa da Penha. No caminho até a Prainha, Frei Florival Mariano de Toledo fez a animação junto com a equipe da Paróquia de

Nossa Senhora do Rosário. Muitos balões, cores, flores coloriram as ruas de Vila Velha acompanhando o “Penhamóvel”. Ainda que o trajeto seja pequeno, a vibração e devoção das mulheres ditaram o ritmo até a emocionante chegada da imagem de Nossa Senhora à Prainha, para


do dia, lembrou que todos temos um pouco de Tomé. Dom Sevilha citou que o Papa Francisco disse que Tomé, o ‘Dídimo’, ‘é verdadeiramente nosso irmão gêmeo’. “Nós também precisamos ‘ver a Deus’, ‘tocar com a mão’”. “Que bonito Tomé cheio de dúvidas. Queria ver Jesus e tocá-lo. Jesus vai lá e diz: vem Tomé! Ele não quer ver mas tocar. E Jesus aparece com as chagas, com as feridas, dizendo: Toca, Tomé, nas feridas!

a Celebração Eucarística, onde não é diferente o espetáculo da multidão. Desta vez, Frei Gustavo Medella pediu para a multidão acender as lanternas dos celulares. O espetáculo ficou ainda mais bonito. Com certeza, a Mãe está muito feliz com as mães capixabas. A Santa Missa só come-

çou às 17h40, e Dom Sevilha e teve como concelebrantes sacerdotes da Arquidiocese, os frades do Convento da Penha e do Santuário do Divino Espírito Santo e da Província da Imaculada. Saudou os seminaristas, diáconos, leigos e leigas. Comentando o Evangelho

Enquanto Tomé tocava nas feridas, Jesus tocava no coração de Tomé. Jesus tocava na ferida da alma de Tomé. Muitos que estão aqui têm a sua ferida na alma. Essas feridas que todos nós temos vão nos aproximar das chagas de Jesus. Não é um Jesus limpinho, mas com as chagas. Ele se aproxima com elas para curar as nossas”, refletiu. Falando sobre o Dia da Misericórdia, Dom Sevilha disse que hoje é o dia do amor de Deus. “Não do nosso amor. Nosso amor é frágil, é limitado. Especial PENHA 2018

47


xxx

Só Deus é capaz desse amor”, enfatizou. Dom Sevilha não se cansou de dar esperança e pedir confiança no Senhor: “Mesmo com tantos problemas no nosso mundo, tanta violência, tanta corrupção, nós sofremos, nós lutamos e vamos melhorar porque Ele está conosco, ele vive conosco!”. Dom Sevilha foi home-

48

Especial PENHA 2018

nageado pelo guardião do Convento, Frei Paulo Pereira, que lembrou que ele dedicou seus seis primeiros anos de ministério episcopal no Estado do Espírito Santo e agora vai assumir a Diocese de Bauru, consagrada ao Espírito Santo. Frei Paulo também chamou os frades à frente do altar e pediu que o povo, quando olhar o Convento, reze por mais vo-

cações. Lembrou também os 60 anos do Hino a Nossa Senhora da Penha, com melodia composta por Frei Alfredo Setaro e Pe. João Lírio Tagliarico. E destacou o verso: “Mais sacerdotes, oh Mãe, envia”. Uma bela homenagem feita pelas crianças e jovens também marcou o encerramento desta Celebração Eucarística.


28ª ROMARIA DE COLATINA A Romaria da Diocese de Colatina chegou ao Campinho neste domingo, 8 de abril, para a Celebração da Eucaristia às 8 horas. Cerca de 20 ônibus trouxeram padres, seminaristas e devotos de todas as 31 paróquias da cidade do Norte do

Estado, tendo à frente o bispo diocesano Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias. Como os ônibus não sobem o Morro da Penha, os romeiros fizeram o percurso em procissão, cantando e rezando. Esta é a 28ª Romaria da Diocese de Colatina ao Convento da Penha. O Papa João Paulo II criou esta Diocese no dia 23 de abril de 1990, como parte da província eclesiástica do Estado do Espírito Santo. Antes, a região pertencia à Arquidiocese de Vitória. Os frades da Província da Imaculada Conceição – Frei Gilson Kammer, Frei Pedro Viana e Frei José Raimundo – compõem a Fraternidade de Colatina e participaram da Romaria. Citando o Evangelho, Dom Wladimir disse que a Páscoa cristã é a celebração do início de uma nova humanidade que nasce do Cristo Ressuscitado. “Jesus nos envia da mesma forma como foi enviado pelo Pai. Isso quer dizer que a comunidade agora é enviada a continuar a obra redentora de Cristo”, destacou.

MOTOS: PEDIDO DE PAZ NO TRÂNSITO O Brasil é um dos cinco países com mais mortes no trânsito no mundo. A paz nas vias brasileiras foi o principal pedido durante a bênção dos motociclistas neste domingo, 8 de abril, na Prainha. Os motociclistas foram acolhidos por Frei Gílson Kammer, frade da Fraternidade Franciscana de Colatina, que participa da Festa da Penha, e Frei Pedro de Oliveira, frade que reside no Convento. Com os motores desligados, Frei Pedro deu início à oração para pedir paz e proteção no trânsito. O frade lembrou que o trânsito pode ser comparado a uma guerra, fazendo com que milhares de vidas sejam ceifadas. Lembrou São Francisco de Assis para pedir que sejam “instrumentos de paz”. “Que Jesus esteja com vocês e que Nossa Senhora proteja a todos que precisam da moto para trabalhar, para o lazer e o transporte”, disse. Após a bênção, Frei Pedro e Frei Gílson aspergiram água benta sobre seus veículos, capacetes e objetos de devoção. Os motociclistas, a grande maioria formada por homens, embora muitas mulheres e crianças participem, concentraram-se na Praça Costa Pereira, no centro de Vitória, e chegaram às 10 horas à Prainha.

Especial PENHA 2018

49


xxx

N

DIA DA PADROEIRA

ossa Senhora da Penha começou a ser homenageada no seu dia, 9 de abril, a partir da primeira Missa à meia-noite, na capela do Convento da Penha. O povo lota a pequena ermida, assim como durante as Celebrações das 2 horas e 6 horas da manhã, assim como das 9 e 12 horas. A primeira Missa no Campinho no dia da Padroeira foi da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e Se-

50

Especial PENHA 2018

minário da Arquidiocese. Pe. Luiz Deivys da Silva, da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração, em Vila Velha, presidiu esta Celebração Eucarística e, citando o encontro de Maria com Isabel, disse: “Maria ensina a missão da Igreja, a nossa missão”. “Temos que ter a ousadia de anunciar o amor de Cristo sabendo que temos o melhor para oferecer ao mundo. A nossa notícia é o melhor que o mundo pode receber. Precisamos anunciar Jesus. Ter

essa ousadia. Não cedamos à tentação da preguiça, não cedamos ao ‘sempre foi assim’. Não cedamos! Ousemos anunciar como Maria, caminhar, sair da nossa zona de conforto e proclamar ao mundo o amor de Cristo ”, pediu. Pe. Luiz disse que é um costume pedir para rezar pela perseverança das vocações. “Mas eu digo para rezarmos pedindo o discernimento, pois é um perigo quem não se encontrou na vocação e continua nela”, disse.


MISSA DAS PASTORAIS

Pe. Renato alerta para a “dessensibilização QUANTO À violência”

À

s 10 horas, no Campinho, foi a vez de todas as Pastorais Sociais da Arquidiocese de Vitória. Nesta celebração, no Ato Penitencial, os agentes pastorais carregaram até o altar uma grande faixa com os nomes dos pecados cometidos nessas pastorais e uma homenagem a todos agentes das pastorais, em especial às mulheres, que prestam serviços aos mais pobres e necessitados e que trabalham no anonimato em suas comunidades. A Missa foi animada pelo coral de crianças e jovens do Projeto Social São José de Calazans e presidida pelo Pe. Renato Criste, coordenador do Departamento Pastoral da Arquidiocese de Vitória e pároco da Paróquia Nossa Senhora da Vitória. Na sua homilia, ao comentar a visita de Maria a sua prima Isabel, recordou que ela tinha uma meta, mas hoje há muitos caminhos com peregrinos sem rumo. “Vivemos um contexto social e político que tem levado as pessoas à fadiga, senão à exaustão, porque caminham, trabalham, mas não alimentam boas expectativas. O crescente aumento do desemprego, por exemplo, tem levado muitas famílias à margem da pobreza e da miséria,

sem condições mínimas para viverem com dignidade. O adulto é tratado como velho, inapto para o serviço. O jovem não tem qualificação. Chegamos ao ponto da indiferença para com os problemas que tocam a vida do outro, sempre transferindo para o outro o que qualquer um poderia ter feito”, observou. Para ele, a violência tem

sido um dos maiores dramas nos últimos anos. “Os jovens são assassinados em nossas periferias, a maioria negra e de pouco ou nenhum acesso a oportunidades de mudanças. Recentemente, dois jovens foram assassinados no território da minha Paróquia no domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Ainda hoje, o sangue de muitos inocentes é derramado. Talvez a situação mais grave, mais que a situação da violência, é a dessensibilização quanto à violência, isto é, um risco de tratarmos os casos de violência como algo comum e aceitável. Para alguns, a superação da violência é uma resposta violenta a tanta violência já existente. A intolerância se manifesta nas redes sociais àqueles que são julgados ou não por terem coEspecial PENHA 2018

51


metido algum crime. Palavras e acusações pesadas, que, ao invés de edificar, são destruidoras e disseminam o ódio e a violência”, lamentou. Para ele,

a intolerância racial, política, religiosa e de sexo são exemplos que não condizem com a prática do cristão. “O dom do Ressuscitado

é a paz. Por isso que ao invés de acusar esta ou aquela pessoa, devemos olhar para nós mesmos. Que vida eu tenho levado?”, questionou.

CICLISTAS, A ÚLTIMA DAS ROMARIAS

E

m mais uma demonstração de fé e devoção a Nossa Senhora da Penha, foi realizada a última das romarias da Festa da Penha, no dia da Padroeira. Pedalando, milhares de fiéis saíram de Cobilândia e foram até o Parque da Prainha, em Vila Velha, em mais uma edição da Romaria dos Ciclistas. O trajeto foi feito pelas avenidas Carlos Lindenberg, Jerônimo Monteiro e Champagnat. A romaria foi marcada pela grande presença de famílias, com crianças e idosos

52

Especial PENHA 2018

encarando o sol forte no trajeto de cerca de 8 quilômetros. Foram acolhidos por Frei Leandro Santos e Frei Edvaldo Oliveira, que pediram a Nossa Senhora que acolhesse as orações dos romeiros. Frei Leandro fez um apelo às autoridades. “Que essa bênção recaia sobre as pessoas que têm a responsabilidade de nos governar. Que as políticas públicas também se mobilizem para que haja lugar para as bicicletas em nosso trânsito”, disse ele. E pediu a sensibilidade dos governantes e das pessoas com relação aos ciclistas.


MISSA SOLENE

D. Luiz: “Sejamos, pois, alegres na esperança!” Com reiterados pedidos do Arcebispo Dom Luiz Vilela para não perder a esperança, terminou na segunda-feira (9/4) a 447ª Festa da Penha, depois de oito dias de muita devoção e celebrações. Nesse tempo, Maria foi o centro das atenções do povo capixaba, especialmente nas grandes demonstrações de fé da Romaria dos Homens e das Mulheres. Feriado em Vila Velha, o Convento da Penha foi o destino da grande maioria do povo capixaba, que já começou a peregrinar para este “Santuário da Graça e do Perdão” a partir

da meia-noite da segundafeira, quando foi celebrada a primeira Missa do dia. Às 15h30, os frades do Convento da Penha começaram a preparar o povo para receber a imagem de Nossa Senhora, que foi carregada por um grupo de marinheiros no meio da multidão, calculada em cerca de 80 mil pessoas. Às 16 horas, uma procissão cruzou a multidão trazendo os frades franciscanos, os acólitos, os seminaristas e diáconos, os sacerdotes, os bispos Dom Paulo Dal’Bó (São Mateus), Dom Dario Campos

(Cachoeiro de Itapemirim), Dom Décio Sossai Zandonade (emérito de Colatina), Dom Rubens Sevilha (nomeado bispo de Bauru) e Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias (Colatina) e o Arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela. A Missa solene contou com a presença de autoridades civis, entre elas o Prefeito de Vila Velha, Max Filho, e o prefeito de Vitória, Luciano Rezende, e as autoridades militares do Estado. “Acabamos de viver o Mistério da Páscoa na semana passada, quando meditamos sobre dois aspectos fundamenEspecial PENHA 2018

53


tais da nossa vida e da nossa fé: o mistério da dor e o mistério da alegria”, introduziu Dom Luiz. “A Mãe e discípula de Jesus ensina-nos a viver tanto o mistério da dor como o mistério da alegria que nós chamamos de Mistério Pascal”, acrescentou o Arcebispo. Segundo Dom Luiz, a piedade popular vem, através destes dois mil anos de vida cristã, vivenciando as dores de Nossa Senhora, cravando -as, simbolicamente, na alma cristã, como as “sete dores da Mãe de Deus”. “Quem viveu e meditou durante a Semana Santa a Paixão e Morte de Jesus, pode avaliar o significado do sofrimento, da dor de Nossa Senhora. Mas isso também nos faz pensar nos sofrimentos causados por tantas injustiças nos dias de hoje. Quantas mães sofrem porque seus filhos foram assassinados em nossa sociedade capixaba e brasileira”, lamentou. “Nossa Senhora das Dores consola e ampara estas mães sofridas e aponta para Aquele que nos dá forças, Nosso Senhor Jesus Cristo. A Mãe nos acolhe em seu colo maternal para nos consolar e nos ajudar a mantermos a fé a esperança”, disse. “Nossa fé não fica parada na dor de Jesus e da Mãe de Jesus. Nossa fé ultrapassa os limites humanos sobre o nosso coração e aponta para a luz que veio tirar-nos das trevas. Jesus ressuscitou e, com Ele, nós também ressuscitaremos!”, animou. “Aqui entra a

54

Especial PENHA 2018

nossa Festa de hoje, Festa de Nossa Senhora das Alegrias. Sofremos com Maria, nossa querida mãe. Mas não perdemos a esperança porque ela é mãe da esperança, é Senhora das Alegrias”, emendou, recordando as sete alegrias de Nossa Senhora (anunciação do Anjo Gabriel; visita a sua prima Isabel; o nascimento de Jesus; a visita dos Reis Magos; o encontro de Maria e José com

o menino perdido no templo; a ressurreição de seu amado Filho; e a assunção ao céu). “Nossa Senhora das Alegrias convida-nos a não perdermos a esperança e não permanecermos somente nas dores. Jesus venceu a morte e o pecado. O mundo será melhor pela graça de Deus e nossa correspondência. A Virgem da Penha e Senhora das Alegrias ilumina a minha vida, a nossa


vida! Por isso, coragem! Cabeça erguida! Sabemos em quem acreditamos. Nós temos uma Mãe que vela por nós e nos ensina a viver na esperança de conquistarmos a paz que tanto desejamos, pois, seu Filho é o Príncipe da Paz”, exortou, encerrando: “Sejamos, pois alegres na esperança, consolados na esperança e no amor!” Dom Luiz agradeceu nesta Missa o trabalho de Dom Rubens Sevilha durante seis anos como bispo auxiliar. Agora, Dom Sevilha será o bispo diocesano de Bauru. E também agradeceu aos frades da Província da Imaculada pelo trabalho evangelizador no Espírito Santo, especialmente no Convento da Penha. O guardião do Convento, Frei Paulo Pereira, reservou, em primeiro lugar, o agradecimento aos voluntários que, “incansavelmente, se dispuseram a servir desde as primeiras reuniões em preparação a este grande evento”. Agradeceu aos poderes públicos, especialmente ao Governo Estadual e à Prefeitura de Vila Velha, aos patrocinadores, sobretudo Banestes, Arcelor, Vale e Café Três Corações. Agradeceu aos pastores das Dioceses do Estado do Espírito Santo, bispos, padres e diáconos. “Gratidão aos devotos romeiros da Penha que não cansaram de oferecer demonstrações de fé e confiança na materna proteção da Virgem das Alegrias, mãe de Deus e nossa mãe”, disse. “Esta celebração não apeEspecial PENHA 2018

55


xxx

nas encerra a Festa da Penha 2018; ela já marca o início da Festa da Penha do ano que vem. Quando a imagem da Mãe de todo o povo capixaba deixar este altar e for levada de volta ao Convento, colocada lá no alto da Penha sagrada, a Virgem das Alegrias continuará a acolher seus filhos e filhas que não cessam de apresentar preces, súplicas, louvor e gratidão. É isso que faz grandiosos esses dias. A oração de todos, em todos os momentos, confere grandeza e beleza a este dia festivo”, celebrou Frei Paulo. “Cada vez que subir ao Convento, cada vez que avistá-lo, cada vez que dele se lembrar, renove a certeza de que Deus cuida de nós com amor de mãe. Esse Deus que assim nos ama, nos convida a cuidarmos uns dos outros”, encerrou.

56

Especial PENHA 2018


xxx

A FESTA DO CONGO NA ALEGRIA DE NOSSA SENHORA

O

congo é uma manifestação cultural e musical tipicamente capixaba. E não poderia faltar na festa de Nossa Senhora da Penha. Reunidas no segundo ano da Romaria dos Conguistas, as bandas foram recebidas no dia da Padroeira pelo guardião do Convento, Frei Paulo Pereira e Frei Gílson Kammer, que rezaram com eles e deram a bênção. Hoje, no Espírito Santo existem 65 bandas. É o único estado brasileiro com esta tradição musical, embora no Maranhão e Minas exista a tradição das congadas. A mais próxima do congo capixaba é a do Maranhão. As Bandas de Congo têm seu ritmo marcado por tambores e casacas.

“Os tambores e as casacas ficaram em silêncio esperando o grande momento da Páscoa e da Ressurreição. Quando esse tempo pascal chegou, eles voltaram a tocar traduzindo a alegria do anúncio da Ressurreição de Jesus. Tambor anuncia vida nova, vida plena, vida para todos. Isso que nós celebramos nessa hora nesse Campinho”, explicou Frei Paulo. “Tambor, casaca, palma e dança revelam a nossa esperança em um mundo novo, sem morte, sem dor. Um mundo novo onde todos somos irmãos em Jesus Cristo Ressuscitado. Por isso, as bandas de Congo do nosso Estado vêm hoje aqui para renovar o compromisso de continuar a

ser resistência, a ser luta, a ser cultura boa, nova, transformada”, disse Frei Paulo. “As bandas de Congo vêm aqui para manifestar que queremos e podemos construir mundo novo, de inclusão, de fraternidade, de acolhimento. Um mundo sem violência, um mundo sem morte trágica”, destacou Frei Paulo. “Tambores, casacas, palma e dança falam disso. E nós queremos que as bandas de Congo sejam instrumentos desse sonho, sejam canais desse sonho. É possível criar mundo novo. É possível criar esperança renovada porque Jesus Cristo está do nosso lado”, insistiu o guardião. Os aprendizes de marinheiro trouxeram o mastro até Especial PENHA 2018

57


xxx

o Campinho para receber a bênção e ser fincado na Prainha, no portão do Convento. “Ele recorda que Deus nos salva de muitos naufrágios desta vida. O maestro é sinal do salvamento de Deus. O cuidado que ele tem por cada um de nós”, explicou o guardião Frei Paulo, que pediu para que os instrumentos tocassem um de cada vez (casacas, pandeiros e tambores) para homenagear a Virgem da Penha. Após a bênção, os Conguistas acompanharam o mastro até a Prainha. O Congo do Espírito Santo foi oficializado como o primeiro patrimônio imaterial do estado em uma cerimônia realizada em novembro do ano passado em Vitória. Mas segundo o mestre Valdemiro Salles, da banda Panela de Barro, de Goiabeira, os grupos vivem com “nosso sacrifício”. Para ele, são muitas as barreiras para divulgar essa cultura capixaba. “A gente precisa ser mais olhado pelo poder público. De qualquer maneira, nós caminhamos com os nossos próprios pés. Nós estamos lutando e conseguindo manter viva essa tradição. Não descansamos. Fazemos isso porque gostamos do congo. Nascemos e crescemos com essa tradição e ela vai continuar”, explica o Valdemiro, que é mestre há 18 anos.

58

Especial PENHA 2018


xxx

Para ele, o poder público precisa valorizar essa cultura típica do Estado. “Ainda assim estamos buscando caminhos alternativos. Eu, por exemplo, estou com minha banda nas escolas, dando aulas, vou a universidades e escolas de música. Felizmente, existe um público que tem vontade de fazer com que nossa cultura resplandeça e está nos ajudando nisso. Eu até vejo com otimismo porque acredito que daqui para frente a coisa vai melhorar muito”, espera o mestre. Para ele, a Romaria dos Conguistas trouxe mais visibilidade para o congo. “Nós somos católicos, por isso louvamos São Benedito e São Sebastião. Não se trata somente de uma manifestação folclórica, mas temos fé também. Queremos fazer a nossa homenagem aqui”, explicou. Segundo ele, em algumas escolas os estudantes não podem cantar músicas com temas religiosos porque existem pessoas de outras religiões e denominações de fé. O congo está muito próximo das festas católicas. E o Convento abriu as portas para nós e isso é muito gratificante”, comemora Valdemiro, que comanda um grupo de 35 pessoas que desde 1938 mantém a tradição do “Panela de Barro”. Especial PENHA 2018

59


Exposição

“As Sete Alegrias de Nossa Senhora”

O

s romeiros devotos de Nossa Senhora da Penha podem até o dia 26 de maio fazer uma parada, antes de chegarem diante do altar de Nossa Senhora da Penha, na Sala de Exposições do Convento da Penha para admirar e conhecer, através da arte, as Sete Alegrias de Nossa Senhora. A Mostra, que teve início em 1º de abril, reúne artistas capixabas. O curador Celso Adolfo reuniu artistas capixabas para retratar, com destaque, as Sete Alegrias de Maria, uma tradição franciscana do século XIV e que faz parte da devoção “Coroa Franciscana”, e o Convento da Penha. A missão do curador não poderia ter tido melhor resultado, já que conseguiu reunir 43 obras. O guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, elogiou o trabalho dos artistas. “Eles mostraram essas alegrias em cada tela nas suas mais diferentes manifestações. Depois, na outra parte da expo-

60

Especial PENHA 2018

sição retrataram o Convento, que fala muito para o povo capixaba e mais ainda para o artista. “Todos os conventos ali pintados não são feitos na perspectiva ‘ah vou pintar uma paisagem bonita’, mas, sim, de uma paisagem bonita que me leva à contemplação do mistério bonito que o Convento guarda”, acredita o guardião. Para Frei Paulo, a Igreja sempre promoveu a arte como catequese, como manifestação do sagrado. “Pela pintura, pela imagem, pela própria configuração de templos, isso tudo é muito pensado para ajudar o povo a rezar”, observa Frei Paulo. Para Celso Adolfo, esta

mostra celebra alegrias. “Aqui, para nós, capixabas, esta devoção é revivida na ladeira ‘velha’ do Convento. A ladeira da Penitência, das sete curvas, das Sete Alegrias. Caminho que nos leva à ‘ermida branca, onde está a nossa esperança’, Nossa Senhora da Penha, seu santuário, nosso convento. Para os artistas, uma fonte de inspiração. Caminhos poéticos de um doce catecismo. Alegrias narradas no íntimo do coração, transparecendo a fé”, ensinou. Para o curador, as imagens do Convento da Penha, presentes em todos os momentos de nossa história, tornam-se versos da identidade cultural capixaba. A maioria dos trabalhos expostos será leiloada no final da Mostra, em 26 de maio. Este evento é uma realização do Convento da Penha e tem o apoio do Sindiappes, Sindicato dos Artistas Capixabas; da Koletivo Arquitetura; Luminalle e Lu Comunicação.


Telhas do Convento viram arte

C

om parte do projeto “Telhados da fé”, que visa a troca de toda a cobertura atual do Convento da Penha, uma porção das telhas foram vendidas e outra parte das 7 mil telhas foram doadas a uma família carente de Vila Velha, mas 33 telhas tiveram um destino mais do que especial: tornaram-se obras de arte nas mãos de artistas plásticos voluntários. Gentilmente, eles oferecem o dom de sua arte para produzir sobre as telhas, pinturas e desenhos que retratam o Convento da Penha e este cenário da fé. Esse projeto, que se chama “Telha Santa”, pôde ser visto até o dia 21 de abril em Exposição no Dispensário São Judas Tadeu, ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário, na Prainha, e depois foram leiloadas. Segundo a coordenadora do projeto, Marcelina M. C. de Freitas Siqueira, quem não conseguir ver as obras em exposição ou adquirir uma delas no leilão, futuramente poderá comprar o livro que vai registrar todas as peças, assim como trará um histórico do telhado do Convento. “Tudo ficará registrado

num livro”, explica Marcelina, que é médica e acompanha a comunidade franciscana há 40 anos. É dela a ideia de fazer este projeto. “Eu vi as telhas sendo vendidas a 10 reais e achei que se poderia agregar um pouco mais no valor para ajudar nesta campanha do telhado. Fiz contato com uma artista, Kathy Marcondes, e ela, por sua vez, fez contato com o Atelier da Zeth Aguiar e a ideia ganhou forma com o convite a essas artistas”, contou Marcelina, que reuniu 13 artistas, todas voluntárias, neste projeto. “O Convento da Penha é encantador. Encanta a muitos. E foi a força desse grande símbolo, que é o Convento, que moveu a inspiração de todos no grupo de

colaboradores. Cada um no seu papel de ‘formiguinha’ fez a sua parte, para realizarmos o “sonho” da publicação do ‘Telha Santa’”, diz Kathy Amorim Marcondes, na introdução do livro. Para o guardião do Convento, Frei Paulo Roberto Pereira, a troca do telhado é urgente e ajudará na preservação do patrimônio. “É uma honra para nós, franciscanos, cuidarmos do Convento, mas sabemos que é um lugar que recebe a todos e que precisa ser cuidado”, destaca, lembrando que como estava, com muitas infiltrações, a estrutura corria o risco de degenerar completamente. Essa reforma dará uma sobrevida de mais 60 anos, o tempo em que se calcula que foi feito o último telhado. Fazem parte deste projeto: Aidini Graciosa Schaquetti Demoner, Ana Helea Baião, Angela Gonçalves Faria, Cyrus Augusto Marcondes Ferrari, Eliane Maria Moreira de Almeida, Eloiza Guedes Pellanda, Elizete Ferreira Aguiar, Kathy Amorim Marcondes, Lucia Martins Soares Fernandes Bomfim, Maria Madalena Schettini da Silva, Marildes Gomes da Silva, Marinez Duarte, Penha Medeiros, Waleska Assad Martins Soares e Zuleica Passos Gomes.

Especial PENHA 2018

61


transmissão

TV Aribiri bate recorde na Festa:

34 horas ao vivo

C

om uma equipe de sete pessoas, a TV Aribiri, do Sistema Aribiri de Comunicação, foi responsável pela transmissão, via Facebook do Convento da Penha, de todas as Celebrações Eucarísticas da Festa da Penha 2018, num total de 34 horas de transmissão ao vivo. Em 447 anos

62

Especial PENHA 2018

da Festa, a empresa capixaba é pioneira na cobertura completa de todos os eventos da Festa da Penha, inclusive das romarias.

Nos dez dias de atividades do grande evento religioso do Espírito Santo (de 31 de março a 9 de abril), a TV somou 50 horas de cobertura. No total, atingiram 410.748 mil visualizações, garantindo um alcance de 1.104.621 pessoas. As transmissões das Romaria dos Homens e das Mulheres tiveram mais audiência.


Pintura a óleo de Nossa Senhora das Alegrias, do século XIV, trazida por Frei Pedro Palácios. É considerada a pintura a óleo mais antiga do Brasil.

Hino a Nossa Senhora da Penha 1. V irgem da Penha, minha alegria, Senhora nossa, Ave Maria! Ref.: /: Ave, Ave, Ave Maria 2. D este teu trono tu irradias, paz e esperança, Ave Maria! 3. É s meu refúgio, seguro guia, nas tentações, Ave Maria! 4. A dor que oprime tu alivias; dá-me saúde, Ave Maria!

5. Amar-te quero todos os dias, minha doçura, Ave Maria! 6. Mais sacerdotes. Oh! Mãe envia! Sábios e santos, Ave Maria! 7. Nossas famílias protege e guia; és meu amparo, Ave Maria! 8. Virgem da Penha, tão doce e pia, és padroeira, Ave Maria! 9. Contigo espero estar um dia, na eternidade, Ave Maria! Letra: Frei Alfredo Setaro, ofm Música: Pe. João Lírio Tagliarico



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.