Edição Especial Festa da Penha

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Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

edição especial – festa da Penha 2019

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Festa da penha 2019


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Festa da penha 2019


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sumário Mensagem Frei Gustavo Medella, Vigário Provincial

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2º DIA DO OITAVÁRIO O apelo da Festa da Penha pela Mãe Terra

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Abertura do Oitavár io A primeira Festa de Dom Dario e Frei César

17 4º DIA DO OITAVÁRIO A lição de fé que vem de Emaús

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7º DIA DO OITAVÁRIO Dom Paulo: “Estamos falhando justamente no berço”

ENCERRAMENTO DO Oitavário Dom Dario pede homens e mulheres renovados

EDIÇÃO HISTÓRICA DA FESTA DA PENHA 2019 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Arquidiocese de Vitória

5º DIA DO OITAVÁRIO s Por testemunhas alegre e não carrancudas

6º DIA DO OITAVÁRIO Jesus precisa ser o centro de nossa vida

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3º DIA DO OITAVÁRIO “Cabe a nós ir ao encontro de Cristo”

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encerramento da festa Dom Dario: Deus espera o nosso sim

Ministro Provincial: Frei César Külkamp

Edição, textos e fotos: Moacir Beggo (Mtb 14.888 - SP)

Vigário Provincial: Frei Gustavo Medella

Diagramação: Jovenal Pereira

Guardião do Convento da Penha: Frei Paulo Pereira Secretário: Frei Walter de Carvalho Júnior

Endereço: Rua Vasco Coutinho, s/n CEP 29100-231 - Vila Velha (ES) www.conventodapenha.org.br


mensagem

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mensagem

Serva do Senhor e da humanidade is aqui a serva do Senhor” (Lc 1,38). Quando se apresenta como “Serva do Senhor”, Maria se coloca a serviço da humanidade. Primeiro porque abriga em seu ventre e traz ao mundo Jesus Cristo, Deus humanado, ápice do encontro entre Criador e criatura. Segundo porque, numa atitude disponível e amorosa, não se furta em ir ao encontro de quem precisa de “uma mãozinha”. Assim como se deslocou pelas montanhas para servir sua prima Isabel, acolhe de coração aberto todos que sobem a montanha do Convento e vêm ao seu encontro cheios de fé e devoção. Maria das Alegrias é serva de uma humanidade alegre e grata, de romeiros e romeiras que a Ela se dirigem para celebrar uma graça recebida por sua materna intercessão. Acolhe mães de primeira viagem, esposas felizes com o novo emprego do marido, jovens que passaram no tão sonhado concurso, homens e mulheres que obtiveram a graça da cura. Nossa Senhora da Penha é serva de uma humanidade aflita e esperançosa, de pessoas que vêm com o coração apertado mas que, não obstante toda dor, encontram no colo da Mãe o alento e a certeza de que, pela fé e pelo amor, qualquer dificuldade se torna superável. A padroeira do Espírito Santo é serva da humanidade que aportou no mundo em solo capixaba. É Mãe que vela com olhos de cuidado sobre todos os que nasceram e que vivem nesta porção de terra localizada no Sudeste brasileiro. A Rainha da Ordem dos Menores é serva da Humanidade-Igreja, Povo de Deus que caminha esforçando-se em seguir os passos do Evangelho. É Mãe da Arquidiocese de Vitória e Mãe dos Frades Franciscanos que dedicam seus dias fielmente no atendimento e na acolhida a todos que se dirigem ao Convento. Nesta revista que chega a você, a Mãe deseja servi-lo, levando a seu intelecto e a seu coração um relato, descrito e fotografado, dos dias intensos vividos na Festa da Penha 2019, quando milhares de romeiros e fiéis celebraram a alegria de serem filhos e filhas amados da “Serva do Senhor”. Boa leitura!

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FREI GUSTAVO MEDELLA VIGÁRIO PROVINCIAL Festa da penha 2019


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Acompanhe, em ordem cronológica, toda a preparação para a Festa da Penha com as celebrações do Oitavário, as grandes Romarias e os eventos culturais e religiosos.

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21/04 | ABERTURA DO OITAVÁRIO

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Grande peregrinação no feriado

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ão mais de quatro séculos de tradição e fé. Todo ano, os fiéis vêm de diferentes regiões do Espírito Santo e de outros estados para subir a colina da fé, onde está a imagem de Nossa Senhora da Penha. Junto com os romeiros que procuram o Santuário da Graça e do Perdão se misturam os turistas de todo o Brasil e exterior para conhecer o ponto turístico mais visitado do Estado. No domingo de Páscoa, quando também tem início o Oitavário da Festa da Penha, o movimento foi intenso no caminho para o Campinho e nas escadarias que levam à capela do Convento. O santuário foi construído em 1558, em cima de um grande rochedo. Junto com a igreja Nossa Senhora do Rosário, formam os dois mais antigos monumentos

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do Estado do Espírito Santo. É considerado o principal ponto de peregrinação religiosa do Estado e símbolo de devoção à Padroeira da Penha. Conta-se que o quadro de Nossa Senhora das Alegrias teria sumido da gruta onde o Frei Pedro Palácios morava, indicando o lugar onde deveria ser construída uma igreja no alto de um morro de 154 metros. A devoção inicial era a Nossa Senhora das Alegrias, também conhecida como Nossa Senhora dos Prazeres. Com a construção da ermida sobre o penhasco, passou-se a denominar Nossa Senhora da Penha a imagem do altar-mor, título proveniente de penhasco (pedra), referindo-se ao lugar. A “Ermida das Palmeiras” foi erguida por volta de 1560.


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A “primeira Festa” de Dom Dario e Frei César

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o domingo de Páscoa, 21 de abril, começou pela 449ª vez a Festa da Penha, uma grande homenagem à Mãe de Deus como queria o franciscano Frei Pedro Palácios em 1571, um pouco antes de morrer. Este primeiro dia das festividades para a Padroeira do Estado, no alto do Morro da Penha, marcou pelas mudanças na hierarquia da Igreja local e dos Franciscanos. Dom Dario Campos celebrou a primeira Missa na Festa da Penha como Arcebispo de Vitória e Frei César Külkamp como Ministro Provincial da Província da Imaculada

Conceição do Brasil. Dom Dario tomou posse na Arquidiocese de Vitória no dia 5 de janeiro e Frei César foi eleito Ministro Provincial no dia 17 de novembro do ano passado. Um pouco antes das 15 horas, a imagem de Nossa Senhora da Penha chegou ao Campinho em procissão. Às 15 horas, teve início a Santa Missa, concelebrada pelos sacerdotes da área pastoral de Vila Velha, entre eles os frades do Santuário do Divino Espírito Santo, frades do Convento da Penha e da Província da Imaculada. Dom Dario enfatizou que este domingo de Páscoa Festa da penha 2019


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era um dia de alegria pela ressurreição do Senhor. “Dia em que somos convidados, a exemplo de Maria Madalena, Pedro e o Discípulo amado, a nos dirigirmos ao túmulo e constatar que, de fato, ele ressuscitou”, ressaltou, alertando que não era permitido ter o mesmo sentimento que Maria Madalena teve quando chegou ao túmulo: o sentimento de que o corpo havia sido roubado. “Esse sentimento é o de quem ainda está com as imagens da Sexta-feira da Paixão na cabeça e no coração: o sentimento da morte, da perda, do vazio, do fracasso, enfim, da decepção pelo ocorrido que impede de vislumbrar outra possibilidade que não seja a da morte propriamente dita”, observou. Segundo o Arcebispo, uma boa parte do nosso povo (para não dizer a maioria) participa mais da Sexta-feira da Paixão do que da noite da Ressurreição ou da Vigília Pascal. “Ah seu bispo, o sr. quer puxar a orelha da gente. Não. Sabe o que acontece? Esse povo, por várias razões, ainda não identificou alegria da Ressurreição. Ele ainda está participando do sofrimento e da dor no seu coração com a morte de Jesus”, disse. “A ressurreição nem sempre nos é apresentada com provas que podemos tocar. É um dado de fé. É a essência da nossa fé. São Paulo diz: se não acreditamos, vã é a nossa fé. Nós seremos os piores dos Festa da penha 2019

mortais. É o que o Discípulo amado ensina com esse gesto de chegar primeiro, de entrar por último e de acreditar antes de todos. Depois que ele acreditou, os demais também acreditaram na ressurreição de Cristo. Ao acreditarem, saíram para anunciar aos outros sobre esse dado. Não guardaram somente para si”, recordou o Arcebispo. Quem encontra com Jesus, disse Dom Dario, sai para anunciá-Lo. Não fica guardando no seu coração só para si. Maria recebeu Jesus e O entregou para a humanidade, para cada um de nós. “Vocês já imaginaram se Maria tivesse esse pensamento egoísta? O evangelho de hoje encerra destacando que


a resistência, num primeiro momento, deu-se pelo fato de não terem ainda compreendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos. A compreensão da Escritura suscita a verdadeira fé no Ressuscitado. Ao compreender a Escritura, eles assumem verdadeiramente a missão de propagadores da Boa Notícia”, exortou, completando: “Queridos irmãos e irmãs, que a festa de hoje leve a cada um de nós a ser esse servo e serva do Senhor. A se colocar à disposição do Senhor. Vamos fazer desse momento, desta semana, um momento de encontro com o Senhor e levar aos irmãos e irmãs, que perderam a alegria de viver, a ter esperança de

voltar à Casa do Pai”. Dom Dario se referia ao tema da Festa deste ano: “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1, 38). O guardião Frei Paulo Pereira presidiu o Oitavário, às 15h00, ao lado do Ministro Provincial, Frei César, que foi apresentado ao povo pelo guardião. “Já estive aqui várias vezes, mas não neste momento de Festa em que já podemos sentir o calor e a fé. Não só o calor do nosso tempo, mas o calor que vem da fé, da emoção desse povo querido”, disse Frei César. O Momento Devocional que antecede a Santa Missa foi celebrado com cantos a Nossa Senhora; súplicas pelos mistérios realizados em Maria, Mãe de Jesus na devoção que Frei Pedro Palácios trazia consigo; ladainha de Nossa Senhora, orações e bênção. A animação dos cantos teve à frente Frei Paulo César Ferreira e Frei Felipe Medeiros Carretta. Entre os fiéis, cartazes de várias comunidades e uma grande bandeira do Apostolado da Oração saudavam Nossa Senhora da Penha. Segundo a coordenadora do Apostolado da Área de Vila Velha, Santa de Fátima Nespoli, é a primeira vez que o grupo está representado na Festa. “Esta ano nos organizamos e viemos em grupo para representar o Apostolado. Estar aqui hoje com essa representatividade é motivo de muito alegria para nós”, garantiu. Festa da penha 2019

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depoimento

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As lições da devota D. Alzira

omingo de Páscoa, 11 horas. Uma senhora está sentada próxima do portão de entrada das escadarias do Convento, restrito aos frades. Dos seus 77 anos de vida, pelo menos 53 foram dedicados à devoção a Nossa Senhora da Penha. E não poderia ser diferente nesta edição da Festa, para quem construiu sua vida familiar sob o manto protetor da Virgem da Penha. Para garantir o lugar na sombra de algumas árvores do Campinho, D. Alzira Carvalho de Souza chegou às 11 horas. Não iria almoçar, mas fazer um “lanchinho”, como disse, mais leve. “Frequento o Convento há 53 anos. É o tempo da idade do meu filho mais velho, Julius Caesar”, conta D. Alzira, frisando que o nome é mesmo em latim. E sua dedicação à fé não para nisso. “Sábado fazemos a Romaria dos Homens a pé (15 quilômetros), domingo a Romaria das Mulheres (3 km), e depois, em maio, faço a de Anchieta, com 100 quilômetros”. A pergunta natural que surge é como esta senhora aguenta isso tudo? “Ou Nossa Senhora tem pena de mim ou ela fala assim: ‘Vou te ajudar para ajudar os outros’”, diz, sorrindo. O resultado dessa disposição se vê à noite, quando não tem insônia. “Durmo bem. Não abuso na comida. Por exemplo, nesses dias que venho aqui, como tudo leve. Cheguei aqui e comi uma barrinha de chocolate para renovar as energias. Na caminhada, a gente leva barrinhas, maça, água e banana”, indica. Natural de Marataízes, onde se casou, Alzira recorda que quando se mudou para Vila Velha, não deixou mais de frequentar o Santuário da Graça e do Perdão. “Naquele tempo não havia a cantina do Campinho. Era um espaço aberto. A gente, então, fazia como os farofeiros. Trazia franguinho e farofa. Meus filhos foram crescendo nesta rotina de frequentar o Convento. Mas não era todo domingo que vínhamos. Uma vez por mês porque os meninos eram pequenos”, ressaltou. Festa da penha 2019

Hoje, um dos filhos reside em Alagoas e os outros três em Vila Velha. Todos são católicos. “Um casou com uma evangélica. Ela aceita a minha religião e nós vivemos em paz. Não é isso que importa?”, pergunta. Sua disposição de vida e fé não se limita a visitar a Penha. Três vezes por semana, D. Alzira reserva um tempo para visitar os doentes de três hospitais. Uma rotina que faz há cinco anos. “Mas nesta semana já avisei meus colegas que, além de rezar para Nossa Senhora, estarei preparando minha musculatura para as romarias”, brincou. Na sua casa, não fica parada também. “Cuido de tudo. Meu marido faleceu há 11 anos. Eu lavo, passo, faço minha comida, cuido da horta, cuido do quintal de 150 metros e das minhas plantas. O trabalho é uma lei de Deus. Quando não estou cuidando das plantinhas, da comida e da limpeza, faço crochê, tricô. E também leio muito”, explicou, recordando sua avó: “Mente vazia é esticar na cama e pedir para morrer”. Regra básica do seu dia a dia é não reclamar da vida. “Quando reclamo de alguma coisa, peço perdão a Deus”, ensina. Segundo ela, o segredo de se viver bem é fazer de conta que a morte não existe. “As pessoas ficam escandalizadas quando falo isso. Eles me dizem: ‘Como, vão te botar debaixo da terra!’. Eu falo: ‘Cada um deixa a sua história. Um pouco do que for lembrado da gente será a prova de que estamos vivos. Então, vamos guardar as boas lembranças”, sugere. D. Alzira mora sozinha durante a semana, mas no final de semana a família se reúne. “Minha maior satisfação é fazer a comidinha que gostam”, garante, sorrindo. Hoje, com o celular, tudo fica mais fácil. Mas avisa: só vejo mensagens e notícias boas. Outro segredo de D. Alzira para viver bem é sorrir sempre. “Sorrir é uma bênção e exercita os músculos da face”, disse, garantindo que a palavra insônia não tem espaço na sua vida.


romaria dos cavaleiros

Cavaleiros e animais suportam calor pela fé O calor intenso no domingo de Páscoa, em Vila Velha, não desanimou os corajosos cavaleiros e amazonas que vieram com seus animais prestar a primeira homenagem em forma de romaria para Nossa Senhora da Penha. Cerca de 2 mil pessoas e animais se concentraram, às 10h30, no Parque da Prainha, para pedir a bênção e a intercessão da Mãe de Deus, a Virgem da Penha. Eles foram acolhidos pelo guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, que não economizou na água benta aos participantes. A romaria, que partiu de Cobilândia às 8h00, reuniu cavaleiros e amazonas de diversos municípios do Estado do Espírito Santo, como Itaguaçu, Dores do Rio Preto, Itarana, São Roque do Canaã, Aracruz, Colatina, Governador Lindenberg. Muitos grupos partiram de seus municípios no meio da semana para chegarem a Vila Velha neste domingo. Outros preferiram fazer a Romaria a partir de Cobilândia e trouxeram seus animais de caminhão. A Romaria dos Cavaleiros, que acontece há 32 anos, passou a fazer parte do calendário oficial da festa em 2008. O guardião aproveitou a ocasião para passar uma mensagem de cuidado, respeito e reverência pelos animais e pela criação. “Não faz muito

tempo que o uso do cavalo era símbolo de poder, de guerra, mas hoje nós trazemos uma mensagem de paz, de cuidado. Por isso, todos os que estão montados aqui sabem da necessidade de cuidado com a natureza, de cuidar com gratidão daqueles nos transportam e nos ajudam a trabalhar. É essa a mensagem que a Festa da Penha quer transmitir a todas as pessoas que participam desta Romaria”, disse Frei Paulo. “Que todos nós aprendamos a ter o necessário cuidado com a natureza. Sejamos mais cuidadosos uns com os outros, sejamos mais generosos uns com os outros. Vivemos especialmente daquele que é o mais frágil e que exige de nós mais atenção, mais respeito”, acrescentou o frade, pedindo que ao ouvirem o berrante mais uma vez, fizessem uma prece a Maria de gratidão e de bênçãos. “Que Ela traga dos céus todas as bênçãos: bênção da saúde, bênção da paz com todos, da amizade com todos”, emendou, pedindo para os participantes tirarem o chapéu em sinal de devoção. Em seguida, Frei Paulo aspergiu a água benta sobre todos os participantes. Um dos cavalos, bastante exausto devido ao calor, não resistiu e chegou a desfalecer, causando correria na praça para animá-lo com água. Festa da penha 2019

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22/04 | 2º DIA DO OITAVÁRIO

O apelo da Festa da Penha pela Mãe Terra

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Dia da Terra ou Dia Mundial do Planeta Terra, no 22 de abril, foi comemorado em todo o mundo e não ficou de fora da Festa da Penha. No segundo dia do Oitavário, o guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, dirigiu o Momento Devocional Franciscano antes da Celebração Eucarística fazendo um apelo pela Mãe Terra. Na Missa, o celebrante, Pe. Eduardo de Oliveira Rodrigues, da Paróquia Santíssimo Sacramento de Paraju, em Domingos Martins, lamentou a perseguição aos cristãos que acontece hoje no mundo, lembrando os atentados no Sri Lanka. Uma boa parte do povo que esteve no Campinho do Morro da Penha veio da Região Serrana do Espírito Santo, já que neste dia esta área pastoral da Arquidiocese de Vitória ficou com a responsabilidade litúrgica da Festa. Frei Paulo abriu o Oitavário lembrando que esta data representa a luta em defesa do meio ambiente, que é importante criar uma consciência ambiental, porque nossa Mãe Terra já está muito “oprimida e devastada”, como disse o Papa Francisco. Para marcar essa mensagem, os jovens fizeram uma representação cênica mostrando a importância da natureza, tendo como pano de fundo o “Cântico das Criaturas” de São Francisco de Assis. A arara Luan, no ombro

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Oitavário

de Jaqueline Sandoval, tornou a representação ainda mais natural. “No dia de hoje, nós queremos ter um olhar mais atento, mais cuidadoso para com a Nossa Casa Comum. Se a Terra é generosa para conosco, sejamos cuidadosos para com ela”, pediu Frei Paulo. “Peçamos a intercessão da Mãe das Alegrias pela Terra Nossa Casa Comum. Maria, a Virgem da Penha, é a mulher vestida de sol, tem a lua debaixo dos pés, tem uma coroa de 12 estrelas e Maria é a Rainha e Mãe da Criação. Ela cuidou de Jesus e cuida de cada um de nós, cuida deste mundo, cuida desta Terra ferida pelo nosso egoísmo, pela nossa distração, pela nossa pressa. Nós queremos resgatar o olhar carinhoso e a preocupação maternal de Maria na nossa convivência com a Mãe Terra”, pediu Frei Paulo. O frade franciscano lembrou do Padroeiro da Ecologia, São Francisco de Assis, que

tem uma lição bonita para todos: conviver em harmonia com o meio ambiente. “Louvar a Deus por todas as criaturas e, assim, atender ao apelo que o Papa Francisco nos faz de buscar uma conversão que considere a Terra nossa Casa Comum”, completou, pedindo para olharem para a imagem de Nossa Senhora da Penha e dizer: “Muito obrigado, Senhor; muito obrigado, nossa Mãe Terra!” Frei Paulo, como fez todo dia da Festa, pediu para o povo recolher todo o material reciclável para ser entregue à Associação de Catadores de Vila Velha, mostrando com isso, respeito, cuidado e zelo pela natureza.

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA Na sua homilia, Pe. Eduardo (ao lado), lembrando que os discípulos estavam tristes e paralisados depois da morte de Jesus, comentou as artimanhas dos sumos sacerdotes, oferecendo dinheiro para os guardas Festa da penha 2019

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espalharem uma mentira: que o corpo de Jesus foi roubado. “Desmentindo o boato, Jesus se manifesta vivo. A morte não tem mais poder sobre ele. Vemos que os cristãos ainda são perseguidos e incompreendidos. Mais de 290 cristãos foram mortos em três atentados no Sri Lanka, com mais de 500 feridos”, recordou. Os católicos são uma pequena minoria nesse país, que está entre os 50 mais intolerantes contra os cristãos.

NOITE DE PREMIAÇÃO. O guardião Frei Paulo Pereira premiou com Certificado de Honra ao Mérito os alunos e Colégios que participaram do Projeto que pintou os muros da estrada que sobe ao Convento. Festa da penha 2019

“Felizmente, vivemos num país cristão, ou pelo menos deveria ser, porque o que se vê na sociedade, na política, de cristão o nosso país não tem nada. Nossa fé professada não corresponde com a fé vivida no nosso cotidiano. Mas temos que nos esforçar para que tais perseguições veladas, que acontecem no nosso dia a dia, não possam nos demover de nossa fé”, tornou a pedir o celebrante.

O MOVIMENTO “Mães que rezam por seus filhos” fez show e momentos de orações no Campinho no segundo dia do Oitavário.


23/04 | 3º DIA DO OITAVÁRIO

“Cabe a nós ir ao encontro de Cristo”

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o terceiro dia do Oitavário, a Área Pastoral de Cariacica/Viana da Arquidiocese de Vitória veio prestar a sua homenagem à Mãe de Deus. Pe. Osmar de Oliveira, da Paróquia Mãe da Igreja, de Cariacica, presidiu a Celebração Eucarística e Pe. Cláudio Alves, da Paróquia Santíssima Trindade, também de Cariacica, fez a homilia, deixando um convite para ir ao encontro do Senhor, assim como fez Maria Madalena. Já no Momento Devocional Franciscano, o guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, lembrou a devoção do franciscano Santo Antônio de Pádua à Virgem Maria. Segundo Pe. Cláudio, agora, passadas as dores e as angústias da Paixão do Senhor, somos convocados à alegria do Ressuscitado. “Tudo se reveste de novo vigor: as dores, as angústias, as fragilidades humanas. O pecado e a morte foram suplantados pela morte e ressurreição do Senhor”, disse o pregador, observando que não nos esqueçamos, porém, que o Ressuscitado traz as marcas do Crucificado. “Esse fato serve para nos lembrar a seriedade da vida humana e a gravidade da responsabilidade que temos para com o próximo. Se ocorre erros em nosso caminhar, precisamos voltar o quanto antes para o Pai mi-

sericordioso”, acrescentou. “pertença à comunidade dos fiéis de Cristo, doravante, será caminho seguro para o encontro com o Senhor Ressuscitado, com o Senhor da vida e da história, com o Senhor da morte e da vida”, destacou o pregador. Segundo Pe. Cláudio, ao ir ao túmulo de Jesus, Maria Madalena esperava encontrar o Senhor morto e prestar-lhe as últimas honrarias antes que se lacrasse derradeiramente o túmulo. “Vai, meus irmãos e minhas irmãs, à procura de um corpo sem vida e encontra muito mais do que isso: encontra nada menos que a ressurreição e a vida eterna”, explicou. “Quanto a nós cabe, como coube a Maria Madalena, ir ao encontro de Cristo, que nos convida a fazer parte da sua família. Todo aquele que se deixa encontrar pelo Senhor experimenta a alegria do Evangelho e, como Maria Madalena, é convocado a anunciar aos demais a seguinte notícia boa: Eu vi o Senhor!”, propôs. “Que Maria, a Senhora das Alegrias, a Senhora da Vitória, a Senhora da Penha, nos conceda a graça de reconhecer que reta é a palavra do Senhor e tudo que ele faz merece fé, pois Deus ama o direito e a justiça, e transporta para toda a Terra a sua graça”, completou. Festa da penha 2019

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Terça-feira com Santo Antônio A devoção a Santo Antônio, todas as terças-feiras, é muito comum nas igrejas e conventos franciscanos. O Santo mais querido dos brasileiros foi lembrado durante o Momento Devocional Franciscano, pelo guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, enquanto cinco jovens trouxeram cestos com o Pão de Santo Antônio, que foram distribuídos no final da Missa. O jovem Mateus, vestido com o hábito franciscano, trouxe no colo a pequena Maria Helena Guimarães Coutinho, filha de Iasmine e Antônio Coutinho (foto ao lado). A representação do santo franciscano encantou o povo no Campinho, que aplaudiu calorosamente a cena, chegando a assustar a pequena Maria. Frei Paulo lembrou a devoção de Santo Antônio por Maria, que chamava de “estrela da manhã precedendo o sol e anuncian-

do a manhã que, com a luz do seu fulgor afasta as trevas da noite”. Santo Antônio ficou muito conhecido pelos seus grandes sermões. Sua maneira de pregar atraía multidões e provocava profunda conversão no coração daqueles que o escutavam. Mas Santo Antônio é lembrado, acima de tudo, por ser, a exemplo de São Francisco, um grande irmão dos mais pobres, um olhar atento aos necessitados e um coração que partilhava o pão e o dom da vida. Um dos símbolos mais presentes nas imagens do Santo, importante também para a Igreja dos nossos dias, dentro da nova evangelização, é o “Pão de Santo Antônio”, ou o Pão dos pobres, em referência à imagem de Santo Antônio distribuindo o pão aos pobres.


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Bênção aos casais

Perdão é a palavra da noite no Campinho

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Festa da Penha, no 3º dia do Oitavário, lotou o Campinho para a “Bênção aos Casais”, um momento de reflexão, oração e bênção, tendo a direção de Pe. Renato Criste Covre, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e Pe. Diego Carvalho, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Guarapari. Os casais que vieram para esta noite foram acolhidos pelo guardião, Frei Paulo Pereira, que garantiu ser a grande motivação, para quem faz a Festa da Penha, nos encontrarmos com a alegria do Ressuscitado. “Não guardemos para nós, mas queremos espalhá-la. Quanto mais pessoas conhecerem a alegria do Cristo Ressuscitado, mais alegre o mundo vai ser. Muito obrigado pela presença de tanta gente, de tantos casais. É importante que a gente recorde que a Festa da Penha é construída a muitas mãos. Desde o ano passado, reunimo-nos para prepará-la, mas ela só é bonita por causa de vocês”, afagou o guardião, lembrando que todas as noites da Festa da Penha haveria atividades. Pe. Diego fez a reflexão da noite partindo do Evangelho das Bodas de Caná e da pergunta: “Qual é o vinho que está faltando na sua casa?”. Ele falou de vários problemas que deixam os relacionamentos apáticos e se arrastando durante décadas. “O Augusto Cury diz que só consegue fazer feliz quem é feliz. E sabe qual é o grande problema? Nós não somos felizes. Nós vivemos de picos de felicidade”, disse o padre. Para esta pergunta, falou da falta do vinho do perdão. “Você consegue perdoar?”, perguntou. “Eu digo sempre:

quem não sabe perdoar, não pode se relacionar. A pessoa que não sabe perdoar, ela não sabe conviver, porque a base de relacionamento precisa ser o perdão. Lá, no dia do casamento, o padre deveria perguntar se você vai ser capaz de perdoar a pessoa que Deus colocou do seu lado para ser carne de sua carne, ossos dos seus ossos. Sabe por quê? No primeiro deslize, você vai querer ir embora. No primeiro deslize, vai querer voltar para a casa de mamãe. Tem muita gente por aí que, infelizmente, já casa pensando: ‘se não der certo, cada um vai para o seu lado’”, criticou Pe. Diego. Segundo ele, ninguém deve começar uma construção, um projeto de vida, pensando que algo vai dar errado. “Uma pergunta você precisa fazer esta noite para sua companheira ou companheiro: Você é capaz de me perdoar caso eu venha a deslizar? Pergunta para o seu companheiro? Ah padre, você não convive com ele, não convive com ela, já perdoei muito!!. A base de qualquer relacionamento é o perdão, porque onde está o perdão, Deus está ali, porque Deus é perdão, Deus é amor. Quem não sabe perdoar, não sabe se relacionar”, insistiu. “Você tem que abrir os olhos todos os dias e dizer: ‘Senhor, que ao longo desse dia, eu possa ter um coração generoso, um coração apaixonadíssimo pelo Senhor Jesus, que eu possa enxergar, na pessoa que colocou diante de mim, a sua face’. Você está vendo o rosto de Deus no rosto de seu companheiro ou companheira? Como está o seu casamento? Como está seu relacionamento?”, questionou. A noite terminou com a Adoração do Santíssimo e a bênção dos casais. Festa da penha 2019

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24/04 | 4º DIA DO OITAVÁRIO

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A lição de fé que vem de Emaús

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epois de muita chuva à noite, o sol veio forte durante o dia e deixou mais iluminado o Campinho do Morro da Penha para o 4º dia do Oitavário da Festa da Penha, na quarta-feira, 24 de abril. A Área Pastoral Benevente foi a responsável pela liturgia da Celebração Eucarística, às 15 horas. Pe. Jairo Antônio de Souza, pároco da Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes, no Balneário de Meaípe, em Guarapari, presidiu a Santa Missa que brindou os fiéis devotos de Maria com a linda passagem bíblica dos discípulos de Emaús. Esta região pastoral é uma das mais dis-

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tantes da Arquidiocese de Vitória, formada pelos municípios Alfredo Chaves, Anchieta, Guarapari, marcada, na sua imensa maioria, pelo povo que trabalha e vive na área rural. O Coral da Paróquia São José de Guarapari deixou a celebração mais bonita. Segundo Pe. Jairo, no relato de Emaús, dois discípulos caminham desolados, afastando-se da comunidade de Jerusalém. “Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, estavam indo, desnorteados, Cleófas e sua esposa Maria, a um lugar de água quente. Saem de Jerusalém, lugar de paz, e vão para um lugar que parecia ser seguro. E Jesus vai atrás dessa família, que O acompanhava


desde a Galileia, que entrou com ele em Jerusalém, estava ali com ele e outras mulheres em torno do mistério da Cruz. Mas perdeu-se o rumo, perdeu-se a capacidade de raciocinar. Não reconhecem Jesus. Perdem o sentido de existir, até de crer”, explicou. Segundo Pe. Jairo, já fazia três dias que Ele havia morrido e eles não compreendiam nada do que havia contecido no Monte da Transfiguração, onde Pedro, Tiago e João estavam juntos. Não entenderam nada do Monte das Oliveiras e não gravaram nada no coração da espiritualidade em torno da cruz. “O desespero tomou conta deles. Quantas e quantas vezes, queridos irmãos, o desespero toma conta da gente e faz com que percamos a fé. Não conseguimos ver Jesus. Ele também caminha conosco, apesar de O ignorarmos, de não O reconhecermos”, acrescentou. Os discípulos só reconheceram Jesus no momento em que Ele partiu o pão. Foi a partir deste momento que os seus olhos se abriram e eles puderam vivenFesta da penha 2019

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ciar a alegria da ressurreição de Jesus. “Mas três coisas me chamaram a atenção neste Evangelho e que são importantes para nossa vida familiar, principalmente dos casais. Primeira coisa: pediram a Jesus para entrarem na casa deles. Segunda, reconheceram Jesus, mas só O reconheceram porque deixaram Jesus tomar o lugar de anfitrião. Jesus senta à mesa no centro, parte o pão, e diz palavras que foram ditas na quinta-feira da Eucaristia e lá na multiplicação dos pães. Olha que importante gesto para a fé: Reconheceram. A terceira coisa é que não ficaram mais no seu cantinho. Eles voltam para o lugar de paz, onde Jesus vai aparecer e dizer, na liturgia do domingo que vem: A paz esteja convosco!”. “Ele tem necessidade que os seus O vejam vivo. Eles tomaram uma consciência de fé, uma fé cristã, e confirmaram: realmente o Senhor ressuscitou”, disse. “Que Ele ressuscite na nossa casa. Como é bom saber que Jesus quer entrar em nossa casa. Ele quer tomar a frente da nossa vida. Ele quer se sentar no lugar de honra da nossa casa, com tudo o que tem - tristezas, alegrias, doenças, desemprego, até drogas -, ele quer estar presente. Ali, Cristo se dá a conhecer e parte o pão a quem se abre a ele”, completou.

MOMENTO DEVOCIONAL FRANCISCANO O guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, como faz todo dia, acolheu o povo antes da Santa Missa com o Momento Devocional Franciscano, que tem início com a procissão de entrada da imagem de Nossa Senhora da Penha, que neste dia foi carregada pelos jovens da Área Pastoral de Benevente. À frente da imagem, o cortejo formado por crianças vestidas de anjos não deixa ninguém indiferente. Atrás, o cortejo dos frades da Província da Imaculada, entre eles o Ministro Provincial Frei César Külkamp, e o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, acompanham a procissão. “Lembramos como a devoção a Nossa Senhora é importante e cheia de significados para o povo capixaba. O Seminário de nossa Arquidiocese está confiado à proteção maFesta da penha 2019


terna de Nossa Senhora da Penha, duas Paróquias ostentam o título de Nossa Senhora da Penha e são inúmeras comunidades que a escolheram como Padroeira”, explicou Frei Paulo. Frei Paulo também lembrou que em Cariacica, no feriado de Nossa Senhora da Penha, a Padroeira é homenageada com um festival de bandas de congo. “É o encontro da cultura popular com a devoção à Mae de Jesus. É por isso que trazem os estandartes de muitos santos que responderam ‘sim’ à vontade de Deus. É bonito quando a banda canta perguntando: “Iaiá, você vai à Penha?”, ressaltou Frei Paulo, acolhendo a banda “Beatos de São Benedito”, que entrou em procissão no Campinho, cantando e dançando até o altar.

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Pe. Joãozinho anima noite mariana na Catedral de Vitória A Festa da Penha também teve um concerto na Catedral de Vitória, com a presença de Pe. Joãozinho, que trouxe para o evento o tema “Os segredos de Nossa Senhora”. Ele iniciou o concerto acompanhado pela Orquestra de Violões Bom Pastor, mesclando músicas populares e religiosas. Na sequência musical, ele intercalou reflexões, lembrando que entre os segredos de Nossa Senhora estão cheia de graça, discípula do Filho, atitude de serviço, capacidade de ouvir, etc. No final do evento foi sorteado o livro do Papa Francisco sobre Nossa Senhora que foi traduzido por Pe. Joãozinho. Festa da penha 2019


25/4 | 5º DIA DO OITAVÁRIO

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Por testemunhas alegres e não carrancudas

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artindo do testemunho silencioso da Virgem Maria, o pregador do 5º dia do Oitavário da Festa da Penha, Pe. Hugo Pereira de Souza, da Paróquia Santo André, da área pastoral Serra/Fundão, responsável pela liturgia da Celebração Eucarística, às 15h30, provocou os fiéis devotos de Nossa Senhora, que compareceram em bom número ao Campinho, para darem testemunho como “cristãos alegres e não carrancudos”. Pe. Hugo cativou o povo logo de início quando deixou claro que a temática era sobre o testemunho. “Nós vemos na primeira leitura um Pedro que anuncia a salvação em Cristo, um Pedro que convoca os ouvintes à conversão, cumprindo assim a profecia do Ressuscitado no Evangelho de hoje”, disse. “Acredito que a grande temática para este dia é falar desse testemunho e, dentro dessa dinâmica da oitava da Páscoa na nossa Arquidiocese, nós temos

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a devoção à Virgem das Alegrias, Nossa Senhora da Penha. E, a partir dessa espiritualidade, gostaria de chamar a atenção sobre alguns testemunhos que se levantam diante de tão grandiosa Festa na nossa Arquidiocese, no nosso Estado. Até mesmo porque o testemunho é necessário para que a fé possa chegar aos corações daquelas pessoas mais novas. É preciso meu testemunho, seu testemunho, querido irmão, querida irmã, para que as novas gerações continuem a professar o Deus Vivo e Ressuscitado como o Senhor e Salvador”, explicou. Pe. Hugo destacou oito testemunhos: o convento sobre o penhasco; A Igreja local; a unidade na diversidade; o tema da Festa da Penha; a disponibilidade de Maria; a atividade de Maria; o silêncio de Maria; e a Festa da Virgem das Alegrias. “Me encanta, meus irmãos, ver uma multidão de fiéis que ama Maria, e ela falou tão pouco! Mas o que ela falou é pleno de significado. Esse silêncio de Maria me chama a atenção diante de uma socie-


dade que, às vezes, grita; de uma sociedade que quer ser ouvida. Que grita no Facebook, que grita no Twitter, que esbraveja em caixa alta no Whatsapp. É assim. As pessoas querem ser vistas, as pessoas querem ser elogiadas. Ao mesmo tempo, me espanta tantas pessoas que querem aparecer, serem comentadas, e, no desejo de aparecer, de ser visto e de ser ouvido, acabamos, tantas vezes, por expor futilidades, falseando felicidade e sorrisos pelo Instagram da vida. E nos chateamos quando alguém comenta algo que fere nosso ego. Quantas vezes isso acontece! Queridos irmãos, chamo a atenção sobre este dado, porque ele contrasta com o testemunho de Maria. Esse testemunho silencioso, um silêncio que não é omissão de opinião, mas é um testemunho eloquente de alguém que fala quando tem que falar; silencia quando tem que silenciar. Testemunho silencioso, que, apesar de não ser fruto de uma arte retórica, é contundente

quando fala”, observou. “Em síntese, meus irmãos, nós somos chamados a dar no mundo um testemunho alegre, uma alegria que brota do encontro com o Ressuscitado, uma alegria que enche nossa vida de sentido e, por isso, nos alegra. Continuemos, meus irmãos, a dar testemunho para as novas gerações para que mais cristãos possam se fazer na nossa sociedade”, concluiu.

MOMENTO DEVOCIONAL FRANCISCANO O guardião do Convento, antes da Santa Missa, convidou o povo para rezar durante o Momento Devocional Franciscano. “Quando a gente vem ao Convento, ordinariamente, alguém sempre nos pede: ‘Vai ao convento, reze por mim lá’. Nós vamos nos lembrar destas pessoas. Nós queremos nos lembrar de todas essas intenções”, disse Frei Paulo. Ele também lembrou da Igreja que sofre fora do Brasil. “Vamos rezar pelo povo de Moçambique,

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que mal havia se recuperado de um acidente da natureza, já tem vivido a tristeza de um novo ciclone. Nós vamos recordar os cristãos assassinados no Sri Lanka. Nós vamos recordar os doentes nos hospitais e, voltados, para a imagem da Virgem Mãe das Alegrias, colocada aqui no altar deste Campinho, nós, juntos, com filial piedade, rezaremos”, pediu. A família foi homenageada neste momento de oração, emocionando a todos quando uma menina entrou no altar cantando “Mãezinha do Céu”, canção que todos os lares católicos conhecem. Com a menina, entraram também seus pais e seu irmão menor. Foi com esta cantiga que as famílias foram recordadas por Frei Paulo. “A Família é o lugar sagrado

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onde Deus habita. Foi no seio da família que o Menino Jesus foi preparado para a grande missão de Salvador da humanidade. A família é a grande escola da vida, do amor, da fé, da justiça, da paz e da santidade. Já há muitas gerações as famílias vêm ao Convento rezar. Vêm aos pés da Virgem da Penha apresentar suas gratidões e suas súplicas. É bonito ver o bebê recém-nascido no Convento, no seu primeiro passeio em família. Nossos avós e pais nos ensinaram a rezar, nos ensinaram que Maria é nossa mãe. Mãe das famílias, e, como Mãe, vem em nosso socorro e sabe do que necessitamos. A devoção à Virgem Maria está presente na caminhada de fé do povo de Deus. Está presente na vida de nossas famílias”, completou Frei Paulo.


Orquestra Sinfônica do Espírito Santo faz concerto de gala na Festa da Penha

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quinto dia do Oitavário da Festa da Penha não terminou com a Celebração Eucarística no final da tarde no Campinho do Morro da Penha. Ele continuou no Santuário do Divino Espírito Santo, que abriu suas portas para receber a Padroeira do Espírito Santo e a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (Oses), que, sob a regência do maestro Helder Trefzger, fez uma apresentação de gala em homenagem a Nossa Senhora da Penha. A noite contou também com a participação da cantora lírica Priscila Aquino. Frei Clarêncio Neotti, frade do Santuário, fez a acolhida do regente, dos músicos e dos públicos e comentou as obras religiosas de compositores renomados que foram levados ao bom público no Santuário do Divino Espírito Santo. A Orquestra abriu a apresentação com a “Abertura em Ré”, de José Maurício Nunes Garcia, considerado o mais importante compositor brasileiro do fim do século XVIII e início do XIX, nomeado Mestre da Real Capela na corte de D. João VI. Na sequência, o público foi presenteado com um dos momentos mais belos do concerto com a apresentação de “Stabat Mater”, de Antonio Vivaldi, que

é um dos seus hinos religiosos mais expressivos. A composição se enquadra no contexto da Paixão, ao exprimir as dores de Maria, junto à cruz, contemplando a agonia do seu Filho. Frei Clarêncio explicou que se trata de um hino do século XIII, em honra a Maria, e atribuído ao franciscano Jacopone da Todi ou ao Papa Inocêncio III. Vivaldi compôs o seu “Stabat Mater” utilizando apenas dez das suas 20 estrofes, exprimindo o seu caráter devocional. A solista mezzosoprano Priscila Aquino, natural de Vitória, bacharel em Canto pela Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) e qualificada em Artes Cênicas pela Escola Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música (Fafi), fez uma apresentação emocionante. Por fim, do compositor norte americano Chadwick, foi apresentada a obra “Symphonic Sketches” (Esboços Sinfônicos), em quatro movimentos, terminando com a apresentação do “Magnificat”, do compositor francês Jacque-Louis Battmann, que segundo o maestro, foi um pedido de Frei Clarêncio. A apresentação contou com a participação especial do Coro Sinfônico da Fames, preparado pelo Maestro Sanny Souza. Festa da penha 2019

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26/4 | 6º DIA DO OITAVÁRIO

Jesus precisa ser o centro de nossa vida

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pregador do sexto dia do Oitavário da Festa da Penha, Pe. Edmilson Boechat de Castro, da Paróquia São Francisco de Assis, foi bastante enfático: “Se Cristo não ocupar o centro de nossas vidas, a nossa evangelização será ruim. Nós ficaremos a noite toda como os discípulos ficaram no mar sem pescar nada”. A Celebração Eucarística no Campinho, às 15 horas do dia 26 de abril, foi presidida pelo Pe. Fernando Antônio Silva de Souza, da Paróquia Nossa Senhora das Graças, e a liturgia esteve a cargo da Área Pastoral de Vitória. O guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, acolheu os devotos de Nossa Senhora um pouco antes da Missa, entre eles todos os militares que vieram em romaria homenagear Nossa Senhora. Além dos frades das três Fraternidades do Espírito Santo, estavam presentes frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição, entre eles o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, e o Vigário Provincial Frei Gustavo Medella. É a terceira aparição de Jesus, desta vez foi no lago de Tiberíades. “O Evangelista João faz questão de dizer que eles estavam a poucos metros de Jesus. O que o Evangelista quer dizer para nós? Que é preciso ouvir a voz de Jesus. Ele não pode ficar na margem, mas tem que ficar sempre no centro de nossa vida. Ele tem que ocupar toda nossa vida”, ensinou Pe. Edmilson. Segundo o pregador, quando Ele aparece no meio dos discípulos, está indicando que Ele deve ocupar o centro de nossa vida. “Se não for com Jesus, nós nunca faremos pesca nenhuma. Nós só conseguiremos trazer almas para Deus, diz Lucas nos Atos dos Apóstolos, pelo nome de Jesus, a pedra, que a vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular”, lembrou o sacerdote. Festa da penha 2019


Segundo o sacerdote, Jesus vai fazendo um caminho pedagógico com seus discípulos e eles vão aprendendo aos poucos a enxergar com o coração a ressurreição, algo verdadeiro no meio deles. “Nós contemplamos o caminho que devemos fazer: nós devemos ouvir a voz do mestre. Nós devemos ouvir aquele que anuncia a verdade. Aquele que manda lançar as redes para águas mais profundas. Ele pede que sejamos os missionários a lançar as redes, sem medo”, enfatizou. No momento devocional franciscano, Frei Paulo pediu orações pelos falecidos. “Muitos de nós tivemos o privilégio de herdar essa devoção a Nossa Senhora no seio da família. Vamos recordar os falecidos de nossas famílias, que nos céus rezam conosco. As pessoas que nos ensinaram a crer na sua bondade e proteção”, disse.

ladeira carregando a imagem da Mãe de Jesus. Militares do Exército, da Marinha e também bombeiros foram se revezando no caminho para levar a imagem. Policiais militares e civis também participaram da romaria, que terminou no Campinho do Convento, um pouco antes de iniciar a Missa do Oitavário. Os familiares de policiais militares também foram convidados para este momento de fé. Os militares católicos participaram fardados, de acordo com o fardamento de sua Unidade.

ROMARIA DOS MILITARES Militares das Forças Armadas, bombeiros e policiais se juntaram em uma romaria neste dia em homenagem a Nossa Senhora da Penha. No início da tarde, os militares se concentraram no portão do Convento da Penha, na Prainha, e juntos subiram a Festa da penha 2019


Noite do “Tributo Paz e Bem” 32

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sexto dia do Oitavário terminou como queria Frei Pedro Palácios quando criou a festa da Penha há 449 anos: franciscanamente. O Campinho acolheu a “Noite Franciscana - Tributo Paz e Bem”, um evento na programação da Festa da Penha para marcar, neste ano, a grande mensagem do diálogo inter -religioso, quando a Ordem Franciscana celebra o Jubileu de 800 anos do encontro de São Francisco com o Sultão Al-Malik Al-Kamil. Este momento teve teatro, bateria da escola de samba (Mocidade Unida da Gloria), dança do ventre e o show de Frei Paulo Ferreira, o cantor de Nossa Senhora da Penha. Para marcar essa reflexão temática do diálogo inter-religioso, nada mais apropriado do que a encenação teatral do encontro de São Francisco com o Sultão. Com danças, boa iluminação, música e quadros dinâmicos, os atores do Grupo Baobá Cultural fizeram uma adaptação desse episódio com leveza e clareza. Destaque para a dança do ventre da Companhia Natália Piassi que enriqueceu a apresentação. Dentro desse clima e da reflexão franciscana do diálogo e da fraternidade, foram chamados vários líderes de religiões ao palco. “Da experiência que nós vivenciamos e rememoramos nesta noite, há um relato que diz que o sultão recebeu São Francis-

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co com humanidade. Então, nós não ressaltamos só o desejo de Francisco de levar a paz, mas a forma como ele foi recebido: com humanidade. Isso todos nós queremos, para que haja mais fraternidade e não deixemos morrer em nós aquilo que temos de mais sagrado, que é a nossa humanidade. Jesus Cristo é o Deus feito gente, e quanto mais gente formos, mais de Deus nós seremos. Essa é a grande


mensagem que todos nós devemos levar a partir do Convento da Penha. A alegria de Nossa Senhora é a alegria que todos nós experimentamos em Jesus Cristo, humano como nós. Esta é a lição que todos nós partilhamos nesta noite”, explicou o guardião do Convento, Frei Paulo Pereira. O Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, falou

da alegria, em nome dos Franciscanos, que vivem e trabalham em Vila Velha como em outros lugares da Província Franciscana, de acolher a cada um dos presentes nesta noite. “No mesmo ideal de apostar a nossa vida na causa da paz, que possamos ser instrumento de Deus para a construção de um mundo melhor, fundado nesta paz”, disse Frei César. O professor Hadi Calefa, natural da Líbia, residindo há 30 anos no Brasil, agradeceu pelo convite de participar desta Noite Franciscana. “Este é mais um passo para chegar perto da tolerância religiosa, chegar mais perto do amor e da amizade entre os religiosos. Que Deus abençoe a todos que estão presentes aqui!”, disse Hadi. Mãe Eliane de Ogun, da Umbanda Caboclo Sete Flechas e Pai Joaquim de Aruanda, também fez seus agradecimentos e disse que neste momento tão bonito não existe espaço para a intolerância. “Somos todos filhos de um só Deus. Para nós, Deus é Zambi (o Pai), Oxalá é Cristo (o filho). O pai e o filho unidos”, explicou. Também esteve presente a Associação Islâmica de Vitória e o pastor José Ernesto Conti, da Igreja Presbiteriana Água Viva e presidente do Conselho Estadual de Igrejas Evangélicas do Espírito Santo, aceitou o convite mas acabou não podendo participar. Festa da penha 2019

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O show do Cantor da Penha

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rei Paulo César fez um show musical mesclando clássicos nacionais, rock, samba e MPB para promover os valores do amor, da compaixão e do respeito mútuo pregados por São Francisco de Assis. Natural de Caxambu, em Minas Gerais, Frei Paulo César ingressou na Ordem Franciscana em 1977, e há cinco anos integra a Fraternidade do Convento da Penha. Frei Paulo estava feliz com o resultado da primeira Noite Franciscana e do seu primeiro show. “Essa era a proposta: cantar essas músicas no sentido de despertar a consciência de congraçamento, diálogo, união e respeito entre as religiões. A solução para nossos problemas, nossas tristezas, é o amor. E mostramos que podemos trabalhar nesse sentido”, comemorou o frade. Momento emocionante do show foi quando Frei Paulo chamou as Festa da penha 2019

lideranças das religiões e cantou a capela a música “Iguais” (Pe. Zezinho). Frei Paulo herdou da mãe o dom de cantar. Teve bons mestres de canto, como Frei Leto Bienias e Frei José Luiz Prim, do Coral Meninos Cantores de Petrópolis (Canarinhos). Integrou o grupo por três anos. Participou da gravação de CDs de canto litúrgico, entre eles, do CD Um Canto Novo – Volume I, com Frei Fabreti; do CD da Missa de Frei Galvão, junto com um grupo de frades; e do CD Hinos e Cantos a Nossa Senhora da Penha, gravado pelo Coral Palestrina, da regente Irmã Custódia Cardoso. O show contou com a participação da cantora da Banda da Polícia Militar do Espírito Santo, Tatiani Celeste; da cantora mirim, integrante do Coral Curumins da Faculdade de Música do Espírito


Santo (Fames), Luma Frisso; da vocalista da Banda Hangblues, Dani Regiani; e da harpista, educadora musical e musicista do quadro de Oficiais do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo, Glaucia Castilhos. E para finalizar apoteoticamente, Frei Paulo iniciou o hino “Virgem da Penha” só com alguns instrumentos e terminou no ritmo da bateria da Escola de Samba Mocidade Unida da Glória (MUG), que acompanhou a procissão que trouxe a imagem até o palco. Frei Paulo Pereira agradeceu carinhosamente aos componentes da MUG pela parceria, especialmente Patrick Rocha, diretor administrativo; e Carlos Magno Airam, mestre de bateria. Frei Paulo Ferreira teve a companhia da banda formada por Flávio Salvador, bateria; Vinicius Gigante, guitarra, violão e flauta; Rômulo Madureira, violão; Carlos Magno, teclado; Alessandro, baixo; e Reinaldo Uliana, acordeão. “Achei uma noite muito rica em vivência de fraternidade, desde a primeira apresentação do teatro, da dança envolvendo a cultura oriental e do encontro de Francisco e do sultão, ali categorizado pelos artistas. Depois houve a presença de líderes de religiões. Tudo isso contribuiu para um

congraçamento neste espírito de fraternidade, da vivência que nos une, que é muito mais daquilo que pode parecer diferença ou separação”, avaliou Frei César. Para ele, o show de Frei Paulo foi perfeito. “A voz de Frei Paulo é uma coisa ímpar. E ele também teve os convidados. Tudo isso contribuiu para que nesta noite franciscana, de diálogo com outros credos, e em meio à música, ao teatro, à dança , houvesse espaço para reflexão”, completou o Ministro Provincial. A Companhia Natália Piassi trouxe as bailarinas Larissa Criste, Dayane Santos, Nathália Rayssa, Pâmela Vieira, Amínia e a bailarina e coreógrafa Natália Piassi. O Grupo Teatro Baobá Cultural participou com os atores: Bárbara Depianti, Brunela Negreiros, Deivid Leite, Eldon Gramlich, Luiz Carlos Cardoso e o ator e diretor Vinicius Duarte; tendo como direção de arte, Thila Paixão e Bárbara Depianti; operação de som: Thila Paixão; e iluminação, André Stefson. A direção artística da Noite Franciscana ficou a cargo de Simony Leite Siqueira. A produção é da mineira Poliana Pedrini. A coordenação do evento esteve a cargo de José Maria Leite. Festa da penha 2019


27/4 | 7º DIA DO OITAVÁRIO

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romaria da diocese de são mateus

Dom Paulo: “Estamos falhando justamente no berço”

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primeira Diocese a chegar em Romaria até o Campinho para a primeira celebração no sábado (27/4) foi a de São Mateus. Logo cedo, às 7 horas, os romeiros começavam a subir o morro a pé depois de viajarem três horas para chegarem até Vila Velha, já que São Mateus fica no Norte do Estado. Às 8 horas, o bispo da diocese, Dom Paulo Bosi Dal’Bó, presidiu a Missa na Festa da Penha, tendo como concelebrante Dom Edivalter Andrade, bispo de Floriano (PI), que é natural do Espírito Santo. Na sua homilia, falou de Maria como a maior educadora da história. E justamente uma adolescente frágil, que não era rica, não pertencia a uma

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linhagem de alta classe e, ainda por cima, morava numa região socialmente desprezada, a Galileia. “Que segredos possuía esta jovem? Por que não escolheu uma casta de sacerdotes, especialistas em filosofia grega, para formar o homem que dividiria a história?”, perguntou. “Hoje sofremos com a perda dos valores na família, na escola, na saúde, nas comunidades, na política, com tanta corrupção. Por que será? Será que não estamos falhando justamente na arte de educar e amar? Quais os lugares de onde saíram os que agridem, os que destroem, que matam, os que roubam uma nação e cometem tantas outras atrocidades? Do mundo. Que mundo? Saíram todos da casa, e


muitos das comunidades. Que tal nos espelharmos em Maria e recomeçarmos um novo jeito de educar e viver a nossa fé!”, disse o bispo de São Mateus. “O que impede de a gente ser um bom educador começando na própria casa? Não diga que é incapaz. Lembre-se de Maria, tão pequena e frágil. Tornou-se a maior educadora da história. Pense nisso e comece a fazer algo diferente”, sugeriu. A Diocese de São Mateus foi criada em 16 de fevereiro de 1958 pelo Papa Pio XII, com território desmembrado da então Diocese do Espírito Santo, hoje Arquidiocese de Vitória. Localizada ao norte do Espírito Santo, é composta por 19 municípios. Desta Romaria, cerca de 30 ônibus trouxeram os romeiros. Todos foram acolhidos por Frei Valdecir Schwambach.

remaria

Fiéis participam de procissão marítima Na terra ou n’água, os devotos querem homenagear a Virgem da Penha. A “remaria” faz parte da programação da Festa da Penha 2019 e foi iniciada em abril/2013, tendo como objetivo a participação de remadores de stand up paddle, canoa, kaiak, etc.. Os amantes do mar puderam, agora, participar desta festa religiosa. Eles fizeram o percurso saindo da Praia do Ribeiro, em Vila Velha, até a Prainha, também em Vila Velha. Ao todo, os romeiros percorrem 3 km no mar, o que é feito em cerca de uma hora. Durante o trajeto, os devotos passaram por baixo da Terceira Ponte, além de verem belezas naturais de Vila velha e Vitoria. Calcula-se que cerca de 300 pessoas estiveram nesta Remaria.

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romaria dos adolescentes e jovens

Juventudes, alegria de Nossa Senhora

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om apenas quatro anos de existência, a Romaria dos Jovens e Adolescentes vem crescendo a cada ano. Grupos de Perseverança e Adolescentes da maioria das paróquias de Vitória e Vila Velha estiveram presentes, como se pôde ver durante a concentração na Prainha deste sábado. Para fugir do sol forte, as sombras das árvores acolheram os adolescentes, que, portando bandeiras, camisetas e outros adereços, fizeram muito barulho para homenagear Nossa Senhora. Às 10 horas, os grupos se uniram e subiram o Morro da Penha para a Celebração Eucarística, às 10h30, no Campinho. Pe. Gudialace Silva de Oliveira, pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Vila Velha, foi o presidente. Em sua homilia, ele questionou os jovens: “Será que as

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pessoas que nos encontram pelas ruas conseguem ver que a gente se encontrou com Jesus também?”. Para o sacerdote, o desafio é dar testemunho quando não estamos no meio de pessoas que não professam a fé cristã e católica. “Quando a pessoa o vê caminhando pela rua, ela consegue olhar para você e falar: esse jovem, esta jovem, encontrou-se com Jesus porque tem umas coisas diferentes nas atitudes dele, nas atitudes dela. Será que a nossa vida consegue, de fato, mostrar para outros que nós somos aqueles que se encontraram com Jesus na Eucaristia e somos Igreja, sem ter uma identificação?”, insistiu. “A nossa vida precisa mostrar para outros que nós nos encontramos com Jesus. Que hoje, não só durante a Festa da Penha, ao descermos daqui, as pessoas que se aproximarem de nós possam dizer:


este adolescente, esta adolescente, este jovem, esta jovem se encontrou com Jesus porque sua vida é diferente!”, completou. O celebrante chamou, durante o Pai Nosso, todos os catequistas e coordenadores que estavam acompanhando os jovens para ficarem ao seu lado no altar. E ele prestou uma homenagem a eles pela dedicação, doação e carinho com que cuidam dos jovens e adolescentes. Sheila Binda, da Paróquia Perpétuo Socorro, em Vila Velha, veio acompanhar a filha na Romaria dos Jovens. “Ano passado acompanhei de longe. Estou vendo que tem mais crianças e adolescentes este ano”, observou a responsável pela Sheila Binda pastoral dos coroinhas. Para ela, os jovens estão mais participativos, mas envolvidos nas ações pastorais. “É o futuro da Igreja, da Festa da Penha e do mundo. Alguns padres têm percebido que precisam trazer os jovens para perto. Nosso pároco (Pe. Anderson Gomes) está sempre presente. Ele busca entender o jovem,

que gosta dessa proximidade”, acredita Sheila, destacando “Jesus, Sol de nossa Praia” como um evento pastoral que congrega a família. Segundo Sheila, o futuro do jovem está numa família bem alicerçada. “Para todo mundo é fato que as famílias têm que estar no trabalho para conseguir o sustento da casa, mas não podem deixar perder aquele momento em família, de estar juntos, no mínimo nos horários das refeições. Todo santo dia a gente pergunta para minha filha como foi na escola. E ela faz a mesma pergunta para a gente”, revela. Para ela, é importante a participação na formação da criança e do adolescente. “A educação tem que vir dos pais. Você não pode delegar a educação a terceiros. Não tem como. Você não sabe o que está sendo plantado. E se você não participar da semeadura, lá na frente não saberá o que vai colher. E aí não vai ter mais como consertar, ou, se tiver, certamente vai ser doloroso e sofrido. A participação dos pais é o alicerce de tudo”, ensinou.

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Romaria de Cachoeiro de Itapemirim

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Administrador Diocesano, Pe. Walter Luiz Barbiere Milaneze Altoé, escolhido para estar à frente da Diocese de Cachoeiro no lugar de Dom Dario Campos, presidiu a Celebração Eucarística, às 15 horas, no 7º dia do Oitavário. Esta romaria é uma das maiores entre as Dioceses, chegando a trazer cerca de 60 ônibus, além dos carros particulares. No Momento Devocional Franciscano, antes da Santa Missa, o guardião do Convento da Penha, fez a acolhida dos fiéis devotos de Nossa Senhora.

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“Nós viemos para cá com muita alegria, com muito júbilo, com muita devoção. Mais de três mil pessoas na nossa Diocese, no Sul do Espírito Santo. Lá, somos 43 paróquias, em torno de 1.050 Comunidades Eclesiais de Base, e estamos aqui hoje para manifestar, primeiro, nosso seguimento a Nosso Senhor Jesus Cristo Crucificado e Ressuscitado, para manifestar também o nosso amor, a nossa devoção à Mãe querida que Jesus nos concedeu, que nós chamamos carinhosamente de Senhora da Penha. Para manifestar a nossa unidade de povo capixaba, povo de Deus, que, nas nossas quatro dioceses do Espírito Santo, procura fazer presente a Cristo e o seu Evangelho”, explicou. Segundo o celebrante, somos as testemunhas de Jesus no nosso tempo. “Somos chamados a fazer presente a pessoa de Jesus e seu Evangelho, em todos os rincões, em todos os ambientes de nosso mundo. O tempo que vivemos hoje tem os desafios próprios. E nós somos essas testemunhas de Jesus, os servos e servas do Senhor, que, ao modo de Maria, querem cumprir a sua vontade”, disse Pe. Walter. “Somos chamados a fazer a sua Palavra presente no meio do mundo”, acrescentou.

Romaria das Pessoas com Deficiência: temor com a Reforma da Previdência

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omo fazem há 14 anos, as pessoas com deficiência se reuniram em Romaria para participar da Festa de Nossa Senhora da Penha e fazer deste momento uma oportunidade para expressar sua espiritualidade, mas também celebrar conquistas e apresentar demandas e reivindicações do segmento, em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano, que tinha o tema “Fraternidade e Políticas Públicas”. A concentração teve início às 7h30 na Praça Duque de Caxias, no Centro de Vila Velha, seguindo até Festa da penha 2019

a Prainha, aos pés do Convento da Penha. Na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, foi celebrada uma Missa. Frei Paulo Pereira fez a acolhida dos romeiros e Frei Alessandro Nascimento traduziu as informações em Libras, a língua brasileira de sinais. Pe. Carlos Barbosa presidiu a Celebração Eucarística. Organizada pelo Fórum de Entidades de Pessoas com Deficiência, a Romaria teve início em 1996, a partir da Campanha da Fraternidade que teve como tema a deficiência. De acordo com os censos do IBGE, o Brasil tem mais de 24% de sua população com alguma deficiência. Esse percentual representa mais de 46 milhões de pessoas no país, e no Espírito Santo este percentual corresponde a cerca de 900 mil pessoas com alguma deficiência – intelectual, visual, física, auditiva ou múltipla. Dentre as preocupações expressas pelo segmento estão a reforma da Previdência Social que pode atingir profundamente as pessoas com deficiência, a redução do valor do Benefício da Prestação Continuada, os cortes dos investimentos em políticas públicas de assistência social, o fim dos investimentos em políticas de inclusão na educação e na saúde.


Romaria dos Homens

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Multidão sem fim

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epois de seis dias de homenagens no alto do Morro da Penha, os fiéis devotos de Nossa Senhora da Penha de todo o Espírito Santo, e também de outros estados, promoveram a maior manifestação de fé dos nove dias da Festa da Penha. No sábado, 27 de abril, uma multidão de cerca de mais de 600 mil pessoas percorreu 14 quilômetros, da Catedral de Vitória até o Convento da Penha, junto com a imagem da Virgem da Penha, um símbolo religioso nos 448 anos dessa festa. Hoje, este grande evento dentro da Festa só tem o nome de Romaria dos Homens, título que visava estimular a participação masculina nos festejos antigos, mas se tornou uma demonstração de fé que congrega toda a família capixaba. Esta procissão, onde cerca de 20 trios elétricos acompanharam os romeiros fazendo a anima-

ção com cantos e orações, teve início depois da Missa do Envio na Catedral, às 19 horas. Esse momento sempre é cheio de expectativa: os sinos da Catedral tocam avisando os romeiros que o cortejo pode sair, quando as velas se acendem e formam um grande tapete iluminado a perder de vista. O bispo emérito Dom Luiz Mancilha Vilela presidiu a Missa de Envio e deu a bênção final aos romeiros. Um grupo de homens, que formam a “Corrente da Penha”, abriu caminho para o ‘Penhamóvel’ passar, especialmente nas ruas mais estreitas do Centro da capital, a partir da praça Dom Luiz Scortegagna, ruas José Marcelino, São Francisco, Caramuru, Cais de São Francisco, Cleto Nunes, Marcus de Azevedo, Duarte Lemos e Nair Azevedo Silva. Foi emocionante ver a força dessa manifestação Festa da penha 2019


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de fé em todo o percurso da romaria. Velas acesas, cantos e orações acompanharam a imagem de Nossa Senhora das Alegrias, um ponto de luz no meio da multidão, que se deslizou numa berlinda ou andor móvel ornado de flores naturais e pequenas lâmpadas LED. Nem todos fazem o percurso, mas uma outra multidão se aglomera nas calçadas para acompanhar o gigantesco cortejo passar. Certamente, mesmo aqueles que não têm fé, ficam admirados quando veem essa demonstração de fé. Nesse grande percurso, o cenário produzido só é possível mesmo quando o foco maior é a fé. Milhares de pessoas rezando nas ruas, nos prédios, nas casas; fogos de artifícios estourando no céu durante o percurso, uma disputa saudável de trios elétricos

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das comunidades de toda a Grande Vitória, tudo de maneira ordenada. A música não poderia expressar melhor esse momento: “Maria, Mãe dos caminhantes,/ Ensina-nos a caminhar./ Nós somos todos viandantes, /Mas não é fácil sempre andar”. Na longa avenida Carlos Lindenberg, a romaria cresceu assustadoramente quando recebeu novos peregrinos, como os de Guarapari e dos bairros da capital e Vila Velha. A procissão de Guarapari é uma das maiores do Estado a se juntar no grande cortejo e os romeiros caminham aproximadamente 11 horas, sendo assistidos por uma equipe de apoio com socorristas e ambulâncias. Depois de completar o longo percurso com as grandes avenidas Carlos Lindenberg e Luciano das


Neves, a imagem chegou à Prainha por volta das 23h30. Uma multidão preferiu aguardar e garantir o lugar na Prainha para a Celebração Eucarística, presidida por Dom Dario Campos, e concelebrada pelo Ministro Provincial, Frei César Külkamp, frades franciscanos da Província, sacerdotes de toda a Arquidiocese e do Estado. Religiosos, seminaristas, autoridades civis e militares participaram da celebração que terminou por volta da 1h15 deste domingo. A Gruta de Frei Pedro Palácios na Prainha, a entrada do Portão Principal e o velário do Campinho são usados pelos romeiros para deixar as velas acesas que foram carregadas no percurso da romaria. Na Prainha, muitos peregrinos descan-

savam os pés, os joelhos e as mãos, deitados ou sentados no chão. É importante destacar que a multidão que se viu na Prainha é apenas uma parte dos romeiros que marcharam depois de 4 horas. Muitos não acompanharam todo o cortejo, outro grupo grande ainda teve fôlego para subir o Morro da Penha. Ao mesmo tempo que as ruas próximas da Prainha recebiam a multidão, outras milhares de pessoas voltavam para suas casas. A Festa da Penha já é o terceiro maior evento mariano do país, atualmente reunindo mais de 1,5 milhão de devotos, que durante os nove dias da festa participam de 57 missas, além das Romarias.

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28/4 | 8º DIA DO OITAVÁRIO

Romaria da Diocese de Colatina lembra tragédia de Brumadinho

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Diocese de Colatina foi a última do Estado a subir o Morro da Penha no domingo, 28 de abril, para prestar sua homenagem à Padroeira do Estado do Espírito Santo, Nossa Senhora da Penha. Cerca de 30 ônibus, com devotos de todas as 31 paróquias, vieram do Norte do Estado com o bispo diocesano

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Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias. Às 7 horas, os romeiros subiram cantando e rezando o Morro da Penha e, às 8 horas, D. Joaquim presidiu a Celebração Eucarística. Entre as 31 Paróquias, está a de Santa Clara, que é assistida pelos frades da Província da Imaculada: Frei Roberto Aparecido Pereira, Frei Jeferson Broca, Frei João Lopes da Silva e Frei Danilo. Dom Joaquim lembrou a todos que a Diocese de Colatina está na 29ª Romaria Diocesana ao Convento da Penha e “vem com o coração cheio de esperança e alegria participar do Oitavário em preparação para Festa da Padroeira do nosso Estado”. Ele recordou que a Diocese está celebrando o Ano Missionário Diocesano. “Que possamos sair daqui mais missionários”, pediu. A Diocese de Colatina prestou uma homenagem às vítimas das tragédias de Mariana e Brumadinho, ocorridas em novembro de 2015 e janeiro de 2019, respectivamente. Os bombeiros capixabas e todos que auxiliaram e trabalharam nos resgates e salvamentos de Brumadinho, também foram homenageados. Para lembrar as vítimas, um hino que relata os motivos e consequências das duas tragédias foi cantado, enquanto eram levados ao altar uma faixa lembrando que todos fomos atingidos, um barco, que representou os pescadores que viviam da pesca no Rio Doce, e um coração na cor marrom, mesma cor da lama que fez centenas de vítimas. Rosas vermelhas e brancas foram colocadas no coração, oferecido a Nossa Senhora da Penha. “Saúdo os militares do Corpo de Bombeiros do Estado do Espírito Santo aqui presentes, dentre os quais alguns que atuaram com valentia em Brumadinho. E aqui, hoje, nossa Diocese presta uma homenagem de reconhecimento e gratidão”, disse. A tragédia de Brumadinho fez 179 mortos e, ao menos, 131 pessoas seguem desaparecidas. Atualmente, a Diocese de Colatina abrange 17 municípios do norte capixaba: Aracruz, Baixo Guandu, Colatina, Governador Lindenberg, Ibiraçu, Itaguaçu, Itarana, João Neiva, Laranja da Terra, Linhares, Marilândia, Pancas, Rio Bananal, Santa Teresa, São Domingos do Norte, São Roque do Canaã e Sooretama.


Romaria dos Motociclistas: prece pela proteção no trânsito

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erca de 7 mil motociclistas participaram da Romaria dos Motociclistas na manhã deste domingo (28), segundo a organização da Festa da Penha. A romaria começou por volta das 9h30, na Praça Costa Pereira, centro de Vitória, e seguiu para o Parque da Prainha, em Vila Velha, quando foram recebidos, às 10 horas, pelos freis Pedro Oliveira, Danilo Santos Oliveira e Felipe Carretta. Em forma de oração, Frei Pedro conseguiu silenciar a Prainha para fazerem uma oração com ele, pedindo proteção no trânsito. O frade pediu que os motociclistas tirassem as chaves da ignição e levantassem bem alto em direção à imagem de Nossa Senhora para rezarem: “Mãe, erguendo essas chaves, eu confio a ti a minha vida. Confio a ti, meu veículo. Peço que me conduzas onde eu estiver. Peço Mãe, que, com teu olhar terno e doce, me conduza, me acompanhe, me proteja não só a mim, mas a todos que comigo estiverem, de todo e qualquer acidente, de todos os inimigos do trânsito. Mãe, Virgem da Penha, Mãe das Alegrias, te peço, não me abandones. Me acompanha

e me proteje!”, rezou, pedindo que rezassem em silêncio por alguns segundos: “O que vocês gostariam de pedir à Mãe?”. E Frei Pedro conseguiu o “milagre” de deixar a Prainha em silêncio. Depois, os motociclistas foram convidados a homenagearam Nossa Senhora com buzinaço. Com os capacetes e chaves erguidos, receberam a água benta aspergida.

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ENCERRAMENTO DO Oitavรกrio

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Romaria das mulheres

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Dom Dario pede homens e mulheres renovados

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rmãos e irmãs, vivemos um momento da história que precisa urgentemente de mulheres e homens renovados, fortalecidos pela força do Espírito Santo e imbuídos dos valores do Evangelho”, disse Dom Dario Campos, Arcebispo de Vitória, durante a Missa de encerramento do Oitavário da Festa da Penha e da Romaria das Mulheres, no domingo (28/4), às 17 horas, no Parque da Prainha, que acolheu 80 mil devotos, especialmente as devotas de Nossa Senhora da Penha. A Romaria saiu às 16 horas do Santuário do Divino Espírito Santo e chegou à Prainha por volta das 17h00, recebida pelos frades e Dom Dario. Frei Valdecir Schwambach, o ex-guardião do Convento da Penha e pároco em São Paulo,

presidiu o último Momento Devocional Franciscano até a chegada da imagem em procissão. O Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, fez a animação do povo que aguardava a chegada da imagem. Um pouco antes, o público viu uma belíssima apresentação do Coral da Arcelor. Desta vez, os organizadores distribuíram lenços brancos em lugar dos balões coloridos, numa atitude educativa para preservar o meio ambiente. A solução deu certo e deixou a Celebração Eucarística mais bonita. “Saúdo a todos com grande alegria, àqueles que saíram do Santuário e aos que se juntaram à nossa Romaria ao longo do caminho, àqueles que vieram de perto ou de longe, convocados pela fé e pelo amor a Nossa Senhora da Penha”, acolheu Dom Dario. Segundo o Arcebispo franciscano, nestes dias Festa da penha 2019


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de grande alegria, devotos e devotas da Virgem das Alegrias, a Senhora da Penha, se tornam homens e mulheres, peregrinos rumo à Casa da Mãe. “Casa na qual fomos acolhidos e, como uma família na fé, nos encontramos com o Filho Amado do Pai, Nosso Senhor, o Ressuscitado. Nesta Romaria das Mulheres, todas vocês trazem no coração e nas orações as suas famílias, seus esposos, seus filhos, as situações vividas, bem como os pedidos de graça e bênçãos. Hoje, nos reunimos, mulheres e homens, como a Família de Jesus de Nazaré, pois como ele mesmo disse: Todo aquele que cumpre a vontade do meu Pai é meu irmão, minha irmã”, exortou Dom Dario. “Hoje, na conclusão da Romaria das Mulheres, sei que muitas famílias se fazem presentes, isto é, mulheres, homens e crianças, todos convocados pelo Amor que temos à Virgem Maria, à escuta da Palavra de Deus. De fato, a exemplo do que se realizou com os discípulos e com Tomé, o Senhor também deseja, ardentemente, transformar os nossos corações, a fim de que tornemos, por meio de sua graça, verdadeiros discípulos e discípulas missionários. Mulheres e homens cheios de coragem e vigor, capazes de dar um testemunho fiel da fé que professam e realizarem na vida, a exemplo de Maria à vontade de Deus. Porém, a exemplo do que ouvimos no relato do Evangelho, somente seremos transformados nesses novos homens e mulheres, quando fizermos a nossa experiência com o Ressuscitado, o que garantirá que o nosso testemunho seja fecundo e o nosso anúncio possa ser causa de renovação da sociedade em que vivemos”, indicou Dom Dario. Para ele, vivemos num momento da história que Festa da penha 2019


precisa urgentemente de mulheres e homens renovados, fortalecidos pela força do Espírito Santo e imbuídos dos valores do Evangelho. “Enviados para a missão de fazer desse mundo um lugar mais de Deus e, por isso, a Casa Comum para todos os seus filhos e filhas. Não podemos, pela fé que professamos, permanecer com os olhos fechados e insensíveis às muitas contradições ainda presentes em nosso meio. Situações que podem roubar a vida e a esperança de crianças e jovens, mulheres e homens, marcados pela dor da violência e do descaso do poder público. As dores dos homens e das mulheres, das crianças, jovens e idosos, desse tempo em que vivemos devem ser também as dores de cada um de nós, chamados a ser discípulos de Cristo”, pediu. “Devemos, irmãs e irmãos, nos deixar tocar pela força do Espírito Santo, que comunica o vigor da Ressurreição do Senhor a todos nós, a fim de que nos abramos à esperança de um mundo novo, marcado pelos valores do Evangelho e pela construção coletiva de todos os que trazem nos corações o desejo de ver surgir, no horizonte de nosso Estado, a fraternidade e a paz, sinais do Ressuscitado. Ao sairmos daqui, levemos nos corações o mesmo compromisso e missão que Jesus confiou aos seus discípulos, isto é, comunicar a todos a sua presença e os valores do reino”, disse. “Que a exemplo de Maria, vocês, minhas irmãs, sejam sempre fiéis aos apelos do Senhor, capazes, com a graça de Deus, de comunicar nas suas casas e famílias o que de Deus sempre recebem”, aconselhou. A celebração terminou com uma representação da Anunciação do Anjo a Maria, com os jovens do Santuário do Divino Espírito Santo. Festa da penha 2019

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Ministro Provincial se despede da festa

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om Dario, sempre muito fraterno e apresentou o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, e lhe pediu que deixasse uma mensagem nestes momentos finais da Festa da Penha. “Caro confrade, Dom Dario, nosso Pastor. É com muita alegria que, pela primeira vez, neste serviço de Ministro Provincial, participo da Festa da Penha. E, neste ano, com a temática: ‘Eis a serva do Senhor’. Então, quero pedir muito a vocês, como peço à Virgem da Penha, que essa dimensão do serviço seja forte entre todos nós, franciscanos, entre todos os cristãos e cristãs, franciscanos na alma.

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Nós somos muitos felizes por servir aqui, nesta Igreja de Vitória, de servir ao povo capixaba, em especial nesta montanha consagrada pela presença da veneração à Virgem da Penha, a Nossa Senhora das Alegrias. Os franciscanos estão aí para consagrar a sua vida nessa devoção, nessa dimensão de serviço que Nossa Senhora tanto nos ensina como a discípula mais fiel de seu Filho Jesus Cristo. E, hoje, estamos tendo este belo testemunho de milhares e milhares de mulheres que contemplam e se identificam com o rosto amoroso, terno, da Virgem da Penha. Nela, identificam também as suas próprias angústias e sofrimentos, como ao


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ter seu coração transpassado de dor e ao receber o corpo de seu filho morto aos pés da cruz. Mas apesar de tudo isso, ela nos ensina que a ternura e o amor são necessários. Nos fazem caminhar com mais força adiante. E é isso que testemunhamos também no exemplo, na dedicação de tantas e tantas mulheres presentes na vida de cada um de nós. Que Maria interceda hoje por todas as mulheres aqui presentes, por todas as mulheres que animam nossa caminhada de fé, nossa vida!” Frei César agradeceu carinhosamente a Dom Frei Dario “por nos permitir servir a esse povo querido” nesse estado. “Agradeço também a acolhida de tantas pessoas pela presença franciscana aqui há tanto tempo nessa terra e com a expressão muito forte da nossa Província, especialmente da devoção à Virgem, ela que é também a Rainha de todos os

franciscanos. São Francisco de Assis consagrou a própria Ordem Franciscana a Nossa Senhora. Por isso, queremos lhe confiar esta vida e missão de nossos frades espalhados por todo nosso Brasil. Quero agradecer àqueles que vêm servir nessa terra como franciscanos. Cabe um agradecimento por esse empenho tão grande nessa Festa da Penha. Mais uma edição com suas celebrações, romarias, com a presença de tanta gente, de tanto devotos de Nossa Senhora da Penha. É um momento de comunhão muito grande entre nossas Igrejas, aqui do Espírito Santo, com os Franciscanos e com um exército de pessoas que se dedicam para que tudo aconteça da forma tão bonita como está acontecendo. Deus seja louvado pelo empenho, pela dedicação de todo esse seu povo querido!”, disse Frei César. Festa da penha 2019


dia da padroeira

Nos degraus da fé

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Festa da Penha não espera o dia amanhecer para começar as suas atividades. Antes da meia-noite, os jovens já lotavam o Campinho na Vigília Pascal e, quando o relógio sinalizou 29 de abril, a capela do Convento dava início à primeira Celebração Eucarística do dia da Padroeira do Espírito Santo. Assim também foi às 2 horas da madrugada, às 6, às 9 e 12 horas na Capela do Convento, deixando as escadarias congestionadas. Muitos preferem subir de joelhos, como Júlio Alves, que veio pagar promessa e agradecer a Nossa Senhora. Para o povo, o importante era subir o Morro da Penha e fazer a sua devoção a Nossa Senhora. Já as grandes celebrações no Campinho começaram às 7 horas, com a Missa Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), presidida pelo Pe. reitor do Seminário Nossa Senhora da Penha. O dia de

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sol foi mais convidativo ainda aos romeiros para deixarem suas casas e suas cidades para subir ao Morro da Penha. Mais tarde, entre 11 e 13 horas, a chuva como uma garoa, para refrescar o povo. Mas o sol voltou, e, novamente, a chuva tentou, mas por alguns minutos, durante a Missa de encerramento. Para a Festa, o guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, conta com os frades da Fraternidade – Frei Pedro Oliveira, Frei Alessandro Nascimento, Frei Pedro Engel, Frei Paulo César Ferreira e os frades no Ano Missionário, Frei Danilo Santos, Frei Felipe Carretta e Frei Mateus Borsoi, além da participação da Fraternidade do Divino Espírito Santo. O governo provincial marcou presença com Frei César Külkamp e Frei Gustavo Medella, Ministro Provincial e Vigário, respectivamente. De São Paulo vieram o Definidor Frei Mário Tagliari e Frei Vítor Amâncio.


A primeira Vigília Jovem da Festa da Penha

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urante os festejos do Oitavário em honra a Nossa Senhora da Penha foi promovida, pela Arquidiocese de Vitória, a primeira Vigília Jovem no Campinho do Convento. O evento reuniu as juventudes de diversas regiões de Vitória e Vila Velha, que passaram a noite em adoração ao Santíssimo Sacramento, aguardando a aurora que anunciava a chegada do dia da Padroeira do povo capixaba. A noite começou com a Missa pela juventude às 22 horas, presidida pelo Padre Sandro Firmino Barbosa, pároco da Igreja de Nossa Senhora da Glória, em Vila Velha. Na homilia, ele destacou a importância dos trabalhos do Sínodo da Juventude, ocorrido em Roma, em outubro último, e, parafraseando o Papa Francisco, exortou que a juventude seja o hoje de Igreja. Após a Celebração Eucarística, o Santíssimo Sacramento permaneceu exposto por toda a madrugada e diversos Grupos de Oração e Novas Comunidades de Vida e Aliança se revezaram para conduzir as meditações. O Campinho do Convento da Penha ficou tomado por diversos grupos de jovens, religiosos, leigos consagrados e uma grande diversidade de movimentos juvenis. A presença franciscana ficou garantida por Frei Vítor Amâncio e Frei Matheus Borsoi, frades estudantes da Província em Ano Missionário, que participaram de toda a Vigília com os Jovens. Eles ficaram à disposição dos que quisessem receber orientação vocacional ou tirar qualquer dúvida sobre as diversas vocações da Igreja, em especial a Vida Religiosa Franciscana. Com o raiar da aurora, a adoração ao Santíssimo

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Sacramento findou às 6 horas da manhã, quando houve a oração das Laudes pelos seminaristas da Arquidiocese. Esta foi a primeira Vigília Jovem durante a programação do Oitavário, mas não será a última a julgar pela animação da juventude capixaba que permaneceu firme como sentinelas em oração por toda a madrugada.

Frei Vítor Amâncio Festa da penha 2019


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Religiosos celebram a Padroeira no Campinho

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s ministros ordenados, religiosos, as religiosas, seminaristas e diáconos têm um momento especial para se reunirem diante da Virgem da Penha. No Dia da Padroeira, Pe. Pe. Arthur Francisco Juliatti dos Santos, vice-reitor do Seminário Nossa Senhora da Penha, em Vitória, presidiu a Santa Missa. “Qual um farol, do alto dessa colina, a pequena imagem da virgem que traz em seus braços a figura de seu filho, cheia de graça, ilumina a vida de nosso povo, qual aquela coluna luminosa que, no deserto, iluminava o caminho do povo que fora libertado da opressão do Egito, rumo à Terra Prometida”, disse. Segundo o celebrante, Maria é a síntese e a inspiradora de todas as mulheres fortes de ontem Festa da penha 2019

e de hoje, do Antigo e do Novo Testamento, Judite, Rute, Madalena, de tantas mães de família, mártires, consagradas de ontem e de hoje, nos mosteiros e em tantos outros lugares, que refletem o carinho materno aos mais esquecidos e abandonados da sociedade, aos rostos feridos de irmãos esquecidos que, como Maria, veem o rosto ferido de Jesus crucificado nas estradas e nos caminhos da nossa história. “Maria é a síntese de toda consagração que quer radicalizar a consagração batismal, desde aquela dos votos de pobreza, castidade e obediência, até aquela unção que, no ministério ordenado do Bispo, do Presbítero e do Diácono, expressa o ponto de chegada de todos os vocacionados que têm como


vocação primeira a santidade”, disse Pe. Arthur. Segundo ele, o mundo tem necessidade de homens e mulheres que levem, como Maria, a esperança da ressurreição, daquele Deus que derruba os poderosos e eleva os humildes; necessidade da nossa voz de esperança para esses tempos difíceis que vivemos, “a fim de que Jesus seja luz de vida e de amor para nós

e para quantos encontramos em nosso caminho”. Que todos nós, pastores, consagrados e consagradas, seminaristas e vocacionados, tenhamos, como nos dizeres do Santo Padre Francisco, o cheiro das ovelhas. E que, como o bom samaritano, possamos curar, com o óleo da consolação e o vinho da esperança, as chagas dos sofredores de nosso tempo”, pediu.

ROMARIA DOS CICLISTAS

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á na Prainha, o primeiro evento na manhã da Padroeira foi a última romaria. Os ciclistas também fizeram a sua homenagem, seguindo o percurso da Praça de Cobilândia até o Parque da Prainha, em Vila Velha. Segundo Sebastião Cardoso, coordenador da Romaria, cerca de 8

55 mil ciclistas participaram da edição deste ano. Frei Felipe e Frei Danilo fizeram a acolhida dos ciclistas na Prainha. Voltados para a imagem de Nossa Senhora da Penha, Frei Felipe conduziu um momento devocional, com preces e bênção. Depois receberam água benta aspergida pelos frades.

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Congo: A marca da alegria da Festa

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Festa da Penha é do tamanho do coração da Mãe de Deus, Nossa Senhora da Penha, que acolhe todas as expressões de fé. E no dia da Padroeira, com especial carinho, os Franciscanos do Convento da Penha acolheram as bandas de congo do Estado. Às 8 horas, bandas e o estreante Reis de Boi subiram a ladeira rumo ao Convento, no ritmo contagiante dos tambores, casacas, bumbos, chocalhos, reco -recos, apitos e triângulos, para prestar sua homenagem à Padroeira do Espírito Santo. O guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, acolheu e agradeceu às bandas de congo por esta demonstração de alegria e fé, e convidou a cada grupo de instrumentos a fazer uma demonstração musical antes de, todos juntos, cantarem o tradicional hino “Iaiá, você vai à Penha?”. A homenagem à Virgem da Penha, a Senhora das Alegrias, trouxe centenas de devotos de São Benedito, São Sebastião, São Pedro, Santo Antônio e, neste ano, pela primeira vez o Reis do Boi,

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do mestre Nilo, que veio do Norte do Estado, em Conceição da Barra, a quatro horas da capital. Diferentemente do congo, o Reis de Boi homenageia os Santos Reis. É realizado no ciclo de Natal, prolongando-se até o dia de São Brás, comemorado no dia 3 de fevereiro. É dividido em duas partes: uma de louvação aos Santos Reis e outra de teatralização. É a expressão folclórica mais popular da região Norte do Espírito Santo. Os integrantes estavam felizes por participar da Romaria e, segundo mestre Nilo, estavam “sem muita sintonia” com o ritmo do congo, porque a expressão musical do Reis dos Boi é diferente. “Com satisfação e alegria, nós acolhemos a todas as bandas de congo do nosso Estado capixaba,

À direita, integrantes do grupo Reis do Boi que participaram pela primeira vez da Festa da Penha.


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que trazem tradição, cultura, alegria e festa neste dia em que celebramos Nossa Senhora da Penha”, disse Frei Paulo. “É sempre bom olhar a banda de congo e perceber no rosto de todo mundo a satisfação e alegria”, acrescentou. O guardião falou de harmonia e fraternidade aos conguistas. “Sozinho a gente não consegue nada. Unidos somos fortes. Esta é a lição que a gente quer: gratidão e confiança. Quando somos gratos somos mais reverentes. O irmão que caminha conosco merece toda a nossa reverência. Mesmo que ele não tenha a mesma tonalidade da pele que nós, mesmo que ele não more no mesmo bairro que nós moramos, mesmo que ele não faça a mesma função que nós fazemos. Ele é meu irmão; é minha irmã. Muito obrigado pelo exemplo de fraternidade e humanidade. É ali, na fraternidade, que nós nos encontramos, e no respeito reverente a cada pessoa. Esta é a lição que as bandas de congo nos deixam”, disse. Os aprendizes de marinheiros trouxeram o mastro de Nossa Senhora da Penha, que foi abençoado por Frei Pedro Oliveira no altar do Campinho e, em seguida, foi fincado no Parque da Prainha. O primeiro mastro fincado na Prainha foi na Romaria de 2017. Na sequência, os estandartes das bandas entraram em procissão até o altar para recebem a bênção dos frades.

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missa das pastorais sociais

Pe. Kelder: Quando foi que Cristo nos ensinou a odiar e não a amar?

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e. Kelder Brandão, pároco da Paróquia Santa Teresa de Calcutá, presidiu a Celebração Eucarística que reuniu as Pastorais Sociais da Arquidiocese de Vitória para prestar sua homenagem à Virgem da Penha. Ele dedicou sua homilia especialmente a duas mulheres: Dona Eutalina, que trabalhou muitos anos no Convento da Penha e incansavelmente nas festas de Nossa Senhora da Penha, e a Irmã Creuza, missionária Agostiniana Recoleta, dedicada religiosa no trabalho pela Igreja e em favor dos povos indígenas. “A história da Igreja sempre foi marcada pelo protagonismo das mulheres desde a sua origem Maria é o maior ícone da Igreja primitiva, fiel a Jesus Cristo, desde a sua concepção até a ignóbil morte na cruz, sem esmorecer nem mesmo nos momentos mais duros e tenebrosos da vida”, disse o celebrante. Segundo Pe. Kelder, igualmente, ao longo do tempo, as Pastorais Sociais têm enfrentado momentos sombrios, mas continuam firmes na defesa intransigente da vida, acolhendo e cuidando dos filhos amados e prediletos de Deus, os pobres e excluídos. O celebrante foi duro nas suas colocações: “O que estamos fazendo com o nosso país? Que cristãos nos tornamos? Quando foi que Cristo nos ensinou a odiar e não a amar? A matar e não a defender a vida? A valorizar mais o dinheiro e o poder do que a vida dos semelhantes? Que sociedade é essa que estamos formando que troca livros por armas? Que troca a paz pela violência? Que troca o respeito pelo escárnio? Que troca a liberdade pela opressão?”, questionou. “A violência no Espírito Santo continua grande e junto com ela é grande o cinismo do Poder Público e de parcela da sociedade que, em vez de enfrentar o problema com políticas públicas adequadas, optam por criminalizar os pobres e as periferias”, criticou. “Em nosso Estado, a violência anda abraçada com a pobreza e ambas são filhas das desigualdades sociais. Um simples olhar pelas ruas e praças mostra que a pobreza extrema caminha a passos largos em nosso meio, com a destruição das políticas de seguridade social no país e crescerá ainda mais com a famigerada Reforma da Previdência em curso. Quem viver verá”, lamentou. Após a leitura do poema aconteceu um momento de testemunho. Meriusa Durão de Almeida, com a filinha Maria Mariana de apenas um ano e um mês,

subiu ao altar para contar a graça que recebeu de Nossa Senhora: tornar-se mãe. Aos 42 anos, os médicos lhe informaram que o sonho só seria possível se ela recebesse uma doação de óvulos, mas Meriusa se apegou a Maria, fez o Oitavário da Festa de 2017, e algum tempo depois descobriu a gestação. “O que era impossível para os homens, tornou-se possível para mim através de meu apelo a Nossa Mãe. Esta em meus braços é Maria Mariana”, contou emocionada. Foto: Arquidiocese de Vitória

Ao final da Missa, aconteceu a apresentação da Associação Cultural Coletivo do Samba – Projeto de Mestre Sala e Porta Bandeira Mirins. Festa da penha 2019

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encerramento

Dom Dario: Deus espera o nosso sim

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epois de oito dias de muita devoção, em romarias e celebrações, terminou na segunda-feira, 29 de abril, a Festa em homenagem a Nossa Senhora da Penha, Padroeira do Espírito Santo. O Arcebispo de Vitória, Dom Dario Campos, que tomou posse neste ano, presidiu a sua primeira Missa de encerramento desta grande manifestação de fé do povo capixaba. Tendo como base o tema deste ano - “Eis aqui a serva do Senhor” -, o bispo recordou que a Palavra do Senhor também é dirigida a todos nós, pois, assim como Maria recebeu a visita do Anjo do Senhor, nós também somos visitados por Deus, que deseja nos apresentar o seu projeto e espera de nós o nosso sim. O guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, em sua mensagem de agradecimento avisou que já estão trabalhando para celebrar a 450ª edição da Festa da Penha. O Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, representou a Província da Imaculada e o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, que viajou antes por causa de compromissos assumidos. Festa da penha 2019

A multidão subiu o Morro do Convento durante todo dia no feriado no Espírito Santo, no final da tarde lotou o Parque da Prainha para a última homenagem à Virgem da Penha. O tempo mesclou sol e um pouco de chuva. A Santa Missa, transmitida ao vivo pela TV e mídias sociais, começou às 16 horas e só terminou por volta das 18 horas. Dom Dario saudou os presbíteros, diáconos, seminaristas, religiosos, religiosas e todos os vocacionados da Arquidiocese, bem como todos os presentes e, de maneira especial, agradeceu “o empenho, a dedicação e o dedicado serviço da Comunidade dos Franciscanos, que de forma incansável se dedica a acolher a cada peregrino que se dirige ao Convento da Penha”. Saudou as autoridades presentes, civis e militares, e todo o povo de Deus. Às 15h30, os frades do Convento e da Província começaram a preparar o povo para receber a imagem de Nossa Senhora, que foi carregada por um grupo de marinheiros no meio da multidão, calculada em cerca de 80 mil pessoas. Atrás do andor vieram todos os frades e, em seguida, a procissão com os seminaristas,


61 diáconos, padres e os bispos. Além de Dom Dario, estavam presente os bispos: Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, bispo de Colatina; Dom Paulo Bosi Dal’Bó, bispo de São Mateus; Pe. Walter Luiz Altoé, administrador diocesano de Cachoeiro de Itapemirim. Os bispos eméritos Dom Geraldo Lyrio Rocha, de Mariana (MG) e Dom Luiz Mancilha Vilela, SSCC, de Vitória. Estava presente também Dom Edivalter Andrade, que é bispo de Floriano (PI), mas é natural do Espírito Santo. Segundo Dom Dario, na sua homilia, Deus deseja a vida plena para todos os seus filhos e filhas, algo que Jesus veio mostrar de modo claro quando disse que veio ao mundo para que todos tivessem vida e vida em plenitude. “Porém, ainda hoje, percebemos que estamos longe da realização do desejo de Deus, do seu projeto de vida para todos. A nossa história recente está marcada pela violência e pelas dores de famílias inteiras que perdem os seus filhos e filhas, a grande maioria jovens, pobres e negros. Muitas mulheres ainda são vítimas da violência, por vezes dentro de sua própria casa, colocando o nosso Estado entre os que têm maior índice de feminicídios no país”, lamentou. Dom Dario não esqueceu dos desempregados, das famílias inteiras que vivem abaixo da linha de pobreza, marcadas pelo descaso dos poderes constituídos. “Carecemos de Políticas Públicas inclusivas e amplas, que favoreçam a qualidade de Festa da penha 2019


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vida de todos, oferecendo oportunidades e possibilidades iguais para os cidadãos. Nossa sociedade ainda está marcada com a exclusão social, acirrada pelo desrespeito e a discriminação, seja por questão de sexo, cor, condição social, entre outras. Não podemos esquecer a preocupação com as grandes empresas com lucro desmedido, que ainda hoje têm causado tragédias criminosas e mortes, marcando também o nosso solo do Espírito Santo, os nossos rios e mares com a poluição, fruto do descaso”, criticou, sendo muito aplaudido. Ele fazia referência às tragédias de Mariana e Brumadinho. “Irmãos e irmãs, a nossa fé, o batismo que recebemos, pede de nós uma atuação mais ativa e efetiva, pois, apesar de nossos muitos esforços, temos muito o que fazer em relação à nossa participação ativa e à construção coletiva de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Hoje, todos nós somos colocados

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diante do desejo de Deus manifestado no encontro do anjo com Maria, de tocar a humanidade e de transformá-la”, ressaltou, pedindo para nos deixarmos envolver pelo mistério de sua Presença, que nos convida a um compromisso de fé, a fim de que também nós digamos ‘sim’ ao projeto que Ele nos apresenta. “Pois é o desejo de Deus fazer de nossa Casa Comum um lugar para todos os seus filhos e filhas”, acrescentou. Para o bispo, o sim de Maria faz dela expressão de uma humanidade reconciliada com Deus, aberta e plena de graça divina, assim como o próprio anjo do Senhor afirma: “Encontraste graça junto de Deus”. Desse modo, ela se torna o sinal de uma humanidade que se abre ao Senhor, ama a sua Palavra e mantém viva a sua esperança no cumprimento das promessas divinas. “Do mesmo modo que Maria foi capaz de dizer o seu ‘sim’ e de se manter fiel ao Senhor,


sempre sustentada pela graça divina, assim devem se comportar todos os que desejam aderir ao projeto de Deus em suas vidas”, enfatizou. Ele reforçou que na celebração da Padroeira do Estado do Espírito Santo, todos os nossos olhares se voltam para o Convento da Penha, lugar que evoca e guarda a imagem da Virgem das Alegrias. “Trazemos em nossos corações e na lembrança as quatro Dioceses do nosso Estado do Espírito Santo, aqui representadas pelos seus bispos, pelo administrador diocesano de Cachoeiro, pelos padres, diáconos, religiosos, religiosas, seminaristas e por todo o Povo de Deus. Desejamos ardentemente que aquele encontro que ocorreu em Nazaré, na Galileia, aconteça também mais uma vez aqui hoje para todos nós e nos confirme no chamado e na missão”, disse. Para o bispo, assim como Maria é a expressão plena da humanidade que abraça a sua vocação,

chamado e missão, “também nós hoje queremos nos deixar tocar pela Palavra de Deus e abraçar a nossa vocação, a exemplo de Maria”. “Que todos nós aqui reunidos, nos sintamos chamados, a exemplo de Maria, a viver uma vida de comunhão com o projeto de Deus, confirmando, todos os dias, o nosso ‘sim’ a ele. A fim de que nos comprometamos com o Senhor, buscando viver os valores do Evangelho de Jesus Cristo, por meio de um empenho contínuo na construção de um mundo segundo o projeto de Deus, um lugar onde todos os filhos e filhas de Deus possam ter acesso à qualidade de vida digna e plena, como um direito a ser preservado e defendido. Que o nosso ‘sim’ ao plano de amor do Pai, a exemplo de Maria, faça de todos nós promotores da paz e da justiça, homens e mulheres novos para o tempo novo de Deus”, desejou Dom Dario.

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Guardião da Penha convida para os 450 anos

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rei Paulo Pereira, o guardião do Convento da Penha, fez os agradecimentos, questionou e deu esperança com a sua mensagem. Segundo ele, o “Viva Nossa Senhora da Penha” foi repetido milhares de vezes nesses dias. “Viva é grito de quem tem sede de vida e de vida plena. Vida que vence a morte com a ressurreição de Jesus. Viva que insiste e resiste nas lutas diárias de cada um de nós. Vida batizada de esperança nos olhos e nas mãos de todos que contemplam a imagem da Virgem Maria, a Senhora da Penha”, observou, falando de Maria: “Ela traz no colo um menino; o menino é o nosso sol. O menino é humano como nós. A Virgem da Penha revela, portanto, o amor que salva e o amor que cuida. Por isso, nunca foi tão necessário celebrar a festa da Padroeira do Espírito Santo”. “Celebrar a Festa é resgatar o olhar de humanidade e de salvação. A mentira, o desrespeito, a maldade, o ódio nos segregam, nos embrutecem e não deixam ver o que temos de mais precioso: a nossa humanidade. A nossa capacidade de cultivar solidariedade, a nossa missão de devolver ao mundo a chance de viver a fraternidade”, disse Frei Paulo, passando para os agradecimentos. “Nessa hora de gratidão, quero destacar a boa vontade de tanta gente. A boa vontade dos poderes públicos e de todos os servidores que se dedicaram na organização e realização desta festa. A boa vontade de empresas e empresários que se uniram ao esforço de tantos para proporcionar condições favoráveis à realização desta grande festa. A boa vontade dos padres, dos bispos, dos religiosos que revelaram a unidade e a presença profética da Igreja do Espírito Santo. A boa vontade do exército de voluntários, que torna possível a realização desta lindíssima manifestação de fé e devoção. Em nome dos franciscanos de Vila Velha, quero manifestar gratidão a todo o Povo

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que nestes dias do Oitávario e, em todos os dias do ano, olham com carinho para o Convento da Penha e fazem desse lugar espaço de acolhimento de todos”, agradeceu, anunciando que a edição da Festa de 2020, vai marcar os 450 anos de devoção à Virgem da Penha a partir do Convento. “Não quero pedir vivas para Nossa Senhora, a Virgem Mãe das Alegrias. Agora empresto sua voz a todos os que querem vida e vida abundante. Viva a criançada, viva a juventude, viva os adultos, viva os idosos, viva as mulheres, viva os que amam e protegem a mãe Terra, viva os pretos e pobres, viva os camponeses e os trabalhadores, viva os perseguidos e presos injustamente, viva os calados pelas armas e pela violência, viva o sem comida, sem terra e sem trabalho, viva os que protegem, amparam e cuidam, viva os que perdoam e cultivam a fé, e vivam com alegria todas as pessoas que carregam no peito a teimosa esperança de dias melhores. E vivam os que semeiam no mundo a paz e o bem. Viva o povo de Deus!”, completou.


TV Aribiri: Os números da Festa

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oram 9 dias de intensas atividades entre missas, romarias e eventos culturais. Pelo menos 2,5 milhões de romeiros devotos participaram da maior e mais bonita festa religiosa do Espírito Santo. A TV Aribiri realizou entre os dias 20 e 29 de abril, a maior cobertura da história da Festa da Penha, com transmissões ao vivo pelas redes sociais do Convento e da Arquidiocese de Vitória. Todos os eventos puderam ser assistidos em diferentes lugares do mundo. Nas transmissões das romarias, destacamos em especial a Romaria dos Homens, que teve duração de 4h10, sem falhas ou quedas do sinal de internet. O números impressionam, superando as expectativas de audiência e participação do público, atingindo 100 mil visualizações. Outros destaques foram as transmissões da “Remaria”, que os internautas assistiram pelas redes sociais do Convento, e o traslado da Imagem de Nossa Senhora da Penha, duas novidades nos vídeos ao vivo deste ano. Mesmo com a transmissão da Missa de Encerramento da Festa pela TV Gazeta, muitas pessoas de outros estados também acompanharam tudo ao vivo pela telinha do Facebook.

Em 2018, atingimos os seguintes números: – 10 dias de cobertura (31 de março a 09 de abril). – 34 horas de transmissão ao vivo; – Mais de 50 horas de cobertura; – 410.748 mil visualizações dos vídeos, – 1.104.621 milhões de pessoas alcançadas;

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Já em 2019… – 2 milhões de pessoas participaram da Festa; – Mais de 800 mil pessoas participaram da Romaria dos Homens; – 10 dias de cobertura (20 a 29 de abril); – 49 horas e 44 minutos de transmissões ao vivo; – Mais de 75 horas de cobertura; – 596.285 mil visualizações dos vídeos; – 1.807.489 milhão de pessoas alcançadas pelas transmissões; – 137.480 reações nas publicações; – 139 mil acessos ao site do Convento; – 41.200 seguidores no Instagram; – 54.580 curtidas da página no Facebook; VISÃO GERAL 3.698.885 milhões pessoas alcançadas pela cobertura nas redes sociais Convento.

Por Cristian Oliveira Festa da penha 2019


O Terço, símbolo consagrado

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m dos símbolos mais fortes da devoção mariana, o terço não poderia ficar de fora da Festa da Penha. No sábado da Vigília Pascal (20/4), o rosário foi colocado pela 21ª vez entre as palmeiras do alto do Morro da Penha, no espaço chamado Campinho, sinalizando o início das festividades em honra a Nossa Senhora da Penha, celebrada no dia 29 de abril. Com cerca de 20 metros de altura e pesando quase 50 kg, o terço tem as cores do manto da Padroeira: azul, rosa e branco. Os adereços de flores azuis formam as contas das ave-marias e os em rosa e branco, as contas do Pai-Nosso. A medalha traz a imagem da logomarca da Festa e o crucifixo mostra o Cristo Ressuscitado, simbolizando uma das alegrias de Nossa Senhora. “Todos os materiais são reutilizados. A cruz já usei uma vez. A medalha é toda nova, atendendo a um pedido do Frei para fazer uma linguagem única. Sempre chamando a atenção de uma das alegrias de Nossa Senhora”, explica o idealizador do terço, o médico obstetra Osmar Sales. “O terço nos remete à origem da Festa da Penha, com a reza da Coroa de Nossa Senhora, que é uma reza franciscana. Então, hoje, o terço nos remete a isso e, mais do que nunca, a compreender a grandeza de Deus, de uma forma simples para que todo mundo possa vislumbrar”, explicou o guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira. “O meu encantamento é ver as pessoas se encantarem”, revela Osmar. Ele não trabalha sozinho, como gosta de frisar. A cunhada Iris Brunelli foi responsável pela pintura do Crucifixo do terço; o marceneiro Sinésio, que também é eletricista e ferreiro, verifica a montagem e elaboração de toda a estrutura, dando assistência do início ao fim; quatro bombeiros fazem a vistoria e ajudam na logística visando garantir a segurança dos visitantes. E não para por aí. Osmar conta com uma equipe de 15 voluntários, incluindo a esposa Célia. O primeiro terço, segundo o médico, foi feito para a Romaria das Mulheres. Mas não deu certo e acabou colocando entre as palmeiras. A ideia nasceu por acaso, em 1997, no Rio de Janeiro, durante o 2º Encontro de Famílias com o Papa João Paulo II, quando ele viu um terço de isopor pendurado com bolas de gás. A partir disso, começou, no ano seguinte, a surgir um símbolo da Festa da Penha no Espírito Santo. Festa da penha 2019


Imagem iluminada, novo símbolo

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ais um símbolo pode estar fazendo história na Festa da Penha. No sábado, 20/4, a capital Vitória ganhou a imagem de Nossa Senhora da Penha iluminada com mais de 100 mil microlâmpadas, na Praça do Papa. Frei Pedro Oliveira fez a contagem para a inauguração da imagem às 19h35, tendo ao lado o prefeito de Vitória, Luciano Rezende. “É uma honra estar presente aqui nesta noite”, disse o prefeito. Com as luzes acesas, Frei Pedro rezou e abençoou a imagem e o bom número de pessoas que compareceu à praça, já que o evento não foi divulgado. “Era para ser uma surpresa”, contou Max Bruno Miossi, dono da empresa contratada para a produção executiva do projeto. Para o guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Pereira, a preocupação da Festa da Penha é se estender para além do Campinho e de Vila Velha. “Nos últimos anos, a gente tem feito a apresentação da Orquestra no Santuário de Vila Velha, mas faltava uma atividade na capital, já que não conseguimos fazer em todas as cidades do Estado. E como ela é a Padroeira de todo o Estado do Espírito Santo, ter a marca da Festa na capital seria contemplar todo o Estado”, explicou Frei Paulo. Segundo Max, a estrutura foi feita em metal tubular e as esculturas, que formam os braços, as mãos, a cabeça de Nossa Senhora e do Menino Jesus, foram feitas com isopor e fibra de vidro. “A princípio pensamos fazer toda vazada, como é o corpo desta imagem, mas no andamento do projeto resolvemos fazer a escultura com todo o revestimento”, explicou Miossi, que garante ter no mínimo 100 mil pontos de luz na imagem. “Na verdade, a gente está usando microlâmpadas, lâmpadas que piscam, iluminação artística e a paisagística no entorno. Então, esse número pode ser maior”, disse o empresário, que chamou o artista plástico amazonense Gildo Alfaia, conhecido por sua participação em eventos carnavalescos, para fazer a parte escultural, e o engenheiro Gallerani Junior ficou responsável pela iluminação cênica. “São 20% em escultura e 80% de iluminação cênica”, resume Miossi. A estrutura da imagem foi fabricada toda do zero. “Não tinha nada pré-fabricado para isso”, lembra Miossi. Festa da penha 2019

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