| SETEMBRO - 2017 | ANO LXIV • No 9 | Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
Francisco desceu do monte trazendo em si a imagem do Crucificado, não porém esculpida em tábuas de pedra ou de madeira por mão de algum artífice, mas marcada em sua carne pelo dedo de Deus vivo” (LM 13,5)
xxx Sumário Mensagem do ministro provincial
“Francisco se fez obediente à Palavra de Deus”.......................................................................... 539
Formação permanente
“O cuidado da criação na perspectiva bíblica”, de Frei Ludovico Garmus............. 542
Formação e estudos
Profissão Solene no Sagrado.................................................................................................................... 546 Retiro para a Profissão Solene.................................................................................................................. 549 Ordenação Presbiteral: Frei Alan Maia de França Victor....................................................... 550 Postulantes fazem estágio no Sefras.................................................................................................. 552 Noviços visitam Ir. Clarissas em Lages................................................................................................ 553 Festa de Santa Clara e encontro da Família Franciscana de Rodeio.......................... 553 FIMDA: Convivência solidária na Fazenda da Esperança.................................................... 554
Fraternidades
Encontro Provincial da Frente de Evangelização das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento.............................................................................................. 555 Acordo permite Igreja do Rosário aberta à visitação............................................................. 556 A noite do perdão na Penha..................................................................................................................... 558 Visita pastoral de Dom Onécimo a Rodeio.................................................................................... 560 Rodeio: Paróquia São Francisco celebra o Perdão de Assis............................................... 561 Caminhada ecológica franciscana em Santo Amaro da Imperatriz........................... 562 Chopinzinho: Telhado da Igreja São Francisco está quase pronto.............................. 563 Sagrado celebra Santa Clara...................................................................................................................... 564 Convento São Francisco celebra 370 anos.................................................................................... 565 A Fraternidade de Bragança Paulista.................................................................................................. 566 Concurso online de música franciscana.......................................................................................... 567
Especial capítulo das esteiras da cffb ....................................... 568 Evangelização
Projeto Rondon: Alunos da fae compartilham experiências......................................... 582 Encontro ampliado da Frente da Educação................................................................................. 582 Curso de Medicina da usf é reconhecido nos Estados Unidos................................... 583 Bom Jesus: Missão evangelizadora com ênfase em ações sociais.............................. 584 Assembleia do Sefras: “Realidade social e evangelização”.................................................. 588 Artigo: “O livro Bíblia Sagrada”, de Frei Luiz Iakovacz............................................................... 590
Definitório provincial
Reunião de 15 a 17 de agosto................................................................................................................. 591
Falecimentos
Frei Afonso Vicente Vogel............................................................................................................................ 596 Falecimento de familiares dos confrades........................................................................................ 598 Fratrumgram ........................................................................................................................................................ 599
Agenda .......................................................................................................................................................... 600 Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil Rua Borges Lagoa, 1209 - 04038-033 | São Paulo - SP | www.franciscanos.org.br ofmimac@franciscanos.org.br
Mensagem
FRANCISCO SE FEZ OBEDIENTE À PALAVRA DE DEUS Caríssimos irmãos e irmãs, Que o Senhor vos dê a paz e todo o bem!
S
etembro é o mês da Bíblia. Voltamo-nos à Palavra de Deus quais peregrinos que cantam confiantes, ou como o salmista: “Tua Palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho” (Sl 119,105), ou na mesma fé e certeza do Apóstolo Paulo, quando este se dirige a seu companheiro Timóteo: “Toda Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para educar conforme a justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e capacitado para toda boa obra” (2Tm 3,16-17). Também neste mês de setembro, a grande Família Franciscana celebra a festa da Estigmatização de São Francisco de Assis, popularmente conhecida por festa de São Francisco das Chagas. Francisco
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Mensagem de Assis, perfeito imitador de Jesus Cristo, mais do que ninguém, se serviu da Palavra de Deus e nela encontrou seu caminho de luz. Fez da Palavra de Deus o seu itinerário espiritual e, neste caminhar, a Palavra de Deus o capacitou para toda boa obra. Na escuta atenta da Palavra de Deus, compreendeu que Jesus “é a Palavra que o Pai enviou do céu, por seu arcanjo São Gabriel, ao seio da Santa Virgem Maria, de cujo seio recebeu a verdadeira carne da nossa humanidade e fragilidade” (2CtF 4). Francisco se fez obediente a essa Palavra uma vez que ela serviu-lhe de resposta às suas inquietantes buscas e foi luz a iluminar toda a sua vida, a começar no processo de conversão. E por não ser “surdo ao Evangelho” (1Cel 22), ouve a palavra e executa os conselhos do Senhor em todos os momentos da sua vida: no discernimento vocacional (Porciúncula), nas andanças apostólicas, na meditação da Encarnação (Greccio), na contemplação da Paixão (Monte Alverne) e no memorial do seu trânsito quando dá as boas-vindas à Irmã Morte corporal (Porciúncula). E, como neste mês da Bíblia, a Igreja celebra a festa das Chagas de São Francisco, escolhi um pequeno texto da Legenda Maior de São Boaventura, exatamente o parágrafo onde o Doutor Seráfico ressalta a Palavra de Deus no episódio dos Sagrados Estigmas, ponto culminante do itinerário espiritual de Francisco de Assis: “Por revelação divina, teve sua alma conhecimento de que, abrindo o livro dos santos Evangelhos, Jesus Cristo lhe manifestaria de que modo deveria agir para ser mais agradável a Deus em si e em todas as coisas. Com fervorosa devoção mandou um dos seus companheiros, homem devoto e de grande
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Mensagem santidade, tomar o livro dos Evangelhos e abri-lo três vezes em honra da Santíssima Trindade. E como todas as vezes que se abriu o livro ocorreram as páginas em que se fala da paixão de Cristo, logo compreendeu Francisco que, da mesma forma como havia imitado a Cristo nos principais atos de sua vida, assim também deveria conformar-se com ele nos sofrimentos e dores da paixão, antes de abandonar esta vida mortal” (LM 13,2). Abrir o livro dos santos Evangelhos em espírito de oração e devoção, ato frequente nas decisões importantes na vida do Pobre de Assis,
significa buscar a resposta clara e decisiva da pergunta que sempre inquietou o ser humano: “Senhor, que queres que eu faça?” (2Cel 6). Foi nessa obediência à Palavra que o “valente soldado de Cristo” (LM 10,9), fortalecido e assinalado, “chegou ao cume da perfeição do Evangelho” (LM 13,10). É a Palavra de Deus que orienta o homem na direção plena da verdade de Deus. Isso São Boaventura atesta com clareza quando afirma: “O angélico Francisco não tinha por hábito descansar enquanto estivesse à procura do bem” e “como servo fiel e prudente que procurava inda-
MEU
gar a vontade de seu Deus, à qual desejava conformar-se totalmente” (LM 13,1). A Palavra é revelação do próprio Deus, ela gera a fraternidade e envia a fraternidade em missão. Sempre foi e hoje se mostra com muita evidência. Em meio a tantas interrogações, crises e caos, a Leitura Orante da Palavra de Deus é a fonte originária de toda a espiritualidade cristã. Boas Festas das Chagas de São Francisco e que o Senhor vos abençoe e vos guarde! Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial
SONHO Setembro, minha inspiração, primavera, Reforço do meu sonho, e é da vida inteira, Será que o meu Brasil terá uma nova era, E veremos uma Política alvissareira?...
Setembro, sonho meu, em mim, esperança, Semente que em mim plantou meu pai, outrora, Era feliz, em meu sonho de criança, E hoje constato a corrupção, agora... Setembro, que para mim, sempre foi flores, Mês que iluminei todas as minhas dores, E hoje, convivo, com tamanhas angústias!... Mas, sempre tive fé na Virgem Maria, E a minha dor se fez, de novo, alegria, Por isso espero amanhã Brasil melhor.
Walter Hugo Setembro / 2017Frei [Comunicações]
de 541Almeida
Formação Permanente
O Cuidado da Criação
na perspectiva bíblica
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esde que o ser humano existe sobre a terra está relacionado com os outros seres vivos e interage com eles. Com sua inteligência e tecnologia, pela prática da agricultura ou construção de cidades, o homem modifica o meio ambiente, muitas vezes em prejuízo de outros seres vivos. Os escritos bíblicos recolhem a experiência desta convivência harmoniosa ou violenta com a natureza. O Papa Francisco, na Laudato Si’, cita cerca de 60 passagens bíblicas que iluminam a relação do ser humano com o Criador e a criação. Nos textos citados destacam-se os temas do cuidado da criação, das leis de proteção ambiental e do louvor a Deus pela beleza de suas criaturas. Neste pequeno artigo nos ocuparemos apenas do cuidado da criação. Na Bíblia, o cuidado da criação aparece como a tarefa principal do
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ser humano. Está ligado à fé num único Deus, criador do universo. Os onze primeiros capítulos do livro do Gênesis mostram como o povo de Israel imaginava a criação do mundo, a formação dos diferentes povos, a origem do mal, a corrupção da humanidade, o extermínio pelo dilúvio e a posterior origem do povo de Israel. As narrativas bíblicas da criação assemelham-se aos mitos de criação do antigo Egito e da Mesopotâmia.
Criação: Deus prepara a “casa comum” para abrigar a vida
Usando uma linguagem ‘ecológica’, as obras da criação em Gn 1 podem ser consideradas como várias etapas em que Deus cria ambientes favoráveis à vida e, depois, os enche de seres vivos. No primeiro dia, Deus cria a luz e a separa das trevas (v. 3-5), para distinguir entre dia e noite, e propiciar a vida
diurna e noturna. No segundo dia, Deus cria o firmamento (céu) para separar as águas de cima do firmamento das águas debaixo do firmamento (v. 6-8). Em seguida, reúne as águas e as chama “mar”. “E Deus viu que era bom”, porque assim preparava dois ambientes, a água e a terra firme, para semeá-los de vida. No terceiro dia (v. 11-13), Deus faz brotar da terra todo tipo de plantas, capazes de produzir sementes e frutos de acordo com sua espécie. E novamente “Deus viu que era bom”, porque assim estava preparando o alimento (v. 29-30) para todos os seres vivos que haveria de criar. No quarto dia (v. 14-19), Deus cria o sol, a lua e as estrelas para regular o calendário e as festas dos homens, e organizar a vida dos seres vivos que se alimentam de dia ou de noite. Até o quarto dia, Deus havia preparado os ambientes para os seres vivos em geral. A partir do quinto
Formação Permanente dia, Deus preenche cada ambiente, a água, o ar e a terra firma, com seres vivos. No quinto dia (v. 20-23), Deus cria todo tipo de peixes que povoam as águas e de aves que voam pelos ares, debaixo do firmamento, e os abençoa para serem fecundos; isto é, torna-os co-criadores da vida. No sexto dia (v. 24-31), Deus cria todo tipo de animais, domésticos e selvagens, “e viu que era bom”. A última das criaturas a ser criada no sexto dia é o ser humano e a narrativa ganha uma solenidade especial: “Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todos os animais selvagens e todos os répteis sobre a terra” (v. 26). O ser humano foi criado macho e fêmea, como os peixes das águas, os animais da terra e as aves do céu. Todos receberam de Deus a bênção para gerar a vida, cada um segundo a sua espécie. Assim, Deus tornou todos os seres vivos co-criadores na perpetuação da vida de cada espécie. O ser humano é criado junto
com as outras criaturas, interage e convive com elas.
Domínio ou cuidado da criação?
O ser humano, diversamente das outras criaturas, foi criado à imagem e semelhança de Deus e dotado de inteligência. Recebeu de Deus o mandato de “submeter” a terra e “dominar” as demais criaturas (Gn 1,26-28). Este mandato divino, porém, não significa um domínio absoluto sobre as outras criaturas (cf. Laudato Si’, 67). A fé nos diz que Deus colocou o ser humano como “mordomo” de sua “casa”, o planeta Terra. Ele é o responsável, ou cuidador de toda a vida que nela há. “Os céus são os céus do Senhor, mas a terra ele a deu aos seres humanos” (Sl 115,16). O ser humano é o mordomo e cuidador, mas não o dono da terra nem de suas criaturas. A terra, com todas as criaturas, pertence a Deus: “Ao Senhor pertence a terra e quanto ela contém, o mundo e quantos nela habitam” (Sl 24,1; Dt 10,14).
Há que se prestar atenção aos dois termos de Gn 1,28, “submeter” e “dominar”, que, por vezes, foram mal compreendidos pelo Ocidente cristão, como pretexto para espoliar a natureza. Os termos foram entendidos como se fosse uma permissão divina do uso da violência sobre a natureza e a humanidade. No passado, esse pretexto pode ter servido para exterminar povos e culturas indígenas e hoje, mal-entendido, ameaça a vida em nossa Mãe Terra. “Submeter” ou “subjugar” (em hebraico kabas) significa tomar posse, proteger, amparar (Sl 8,7; Js 18,1). Não indica nenhum poder tirânico sobre a terra e suas criaturas. Da mesma forma, o termo “dominar” (radah), em Gn 1,28, aponta para o ideal dos reis do antigo Oriente Médio, que se consideravam pastores de seu povo. “Dominar”, neste sentido, equivale ao caminhar do pastor com seu rebanho em busca de fontes de água e alimento, protegendo e cuidando das ovelhas. Jamais uma ameaça. Para indicar o domínio violento ou tirânico,
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o texto bíblico usa duas palavras: “dominar com violência” (radah beparek). O profeta Ezequiel denuncia os reis de Israel e Judá que dominaram o povo com dureza e brutalidade (Ez 34,4). Por sua vez, a Lei proíbe que o hebreu, tornado escravo por dívida, seja “dominado com dureza” (Lv 25,46).
O ser humano como jardineiro de Deus
O cuidado da criação fica mais claro na segunda narrativa da criação (Gn 2,4b-25). Na primeira narrativa da criação Deus fez brotar da terra todo tipo de vegetação, plantas e árvores (Gn 1,11-13) e fez a terra produzir todo tipo de animais domésticos e selvagens. Mas o ser humano Deus o criou à sua imagem a semelhança (1,2027). Na segunda narrativa, porém, o ser humano está profundamente ligado à terra e ao que nela vive.
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Ele é modelado por Deus a partir do pó da terra (’adamah) e recebe a vida do sopro divino para cuidar da terra como agricultor (Gn 2,4b-7). O próprio Deus planta um jardim com todo tipo de árvores e frutos saborosos. Deste jardim plantado no Oriente nasciam três grandes rios que irrigavam toda a região do Oriente Médio e lhe davam fertilidade. Depois de ter preparado tudo com carinho, Deus colocou o ser humano no jardim que havia plantado, “para que o cultivasse e guardasse” (2,8-17). “Cultivar” é o trabalho do agricultor que da terra tira o seu sustento, enquanto “guardar” equivale a proteger, cuidar, preservar e velar (Laudato Si’, 67). Deus fez o ser humano do pó da terra fértil, plantou nela um jardim e colocou o ser humano para cuidar dele. Mas lhe faltava uma verdadeira companhia. Por isso, o narrador bíblico prossegue: “E
o Senhor Deus disse: ‘Não é bom que o ser humano esteja só. Vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda” (2,18). Primeiro, Deus formou da mesma terra animais de toda espécie e os apresentou ao ser humano. Mas o ser humano apenas lhes deu nomes e os classificou em três espécies: animais domésticos, pássaros e animais selvagens, de acordo com a relação que com eles tinha. Mas continuava sem uma verdadeira companhia. Deus, então, colocou o ser humano num sono profundo, tirou dele uma costela, transformou-a em mulher, para apresentá-la ao ser humano. Então, encantado, ele a vê como um espelho seu e exclama: “Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne”. E o autor sagrado acrescenta: “Ela será chamada mulher porque foi tirada do homem”. Em Gn 1,26-28, Deus criou o ser humano à sua imagem e seme-
Formação Permanente lhança, como macho e fêmea em vista da procriação, com a missão de cuidar das outras criaturas. Em Gn 2,4b-25, o narrador, usando uma linguagem mitológica, deixa claro que o ser humano é comunitário. A mútua carência do ser humano foi resolvida. O ser humano completo é homem e mulher, ele e ela; cada um é auxiliar do outro e complemento um do outro. Juntos recebem a tarefa de cultivar e guardar o jardim de Deus. Responsáveis pelo jardim de Deus, o homem e a mulher não vivem numa comunhão isolada, mas estão em comunhão com todas as outras criaturas. Como as plantas e os animais, o homem e a mulher estão ligados profundamente com a terra, a água e com a árvore da vida (4,7). No jardim do Senhor, o homem e a mulher viviam em harmonia com a terra, com os animais e com Deus,
que costumava passear no seu jardim. Mas, quando o homem e a mulher, desejosos de serem como Deus, desobedecem à proibição de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (2,9.17), rompe-se a relação harmoniosa com Deus. As relações entre homem e mulher ficam estremecidas. A mulher é dominada pelo homem e dará à luz os filhos com muitas dores. Por causa do pecado, a terra é amaldiçoada e deixa de ser generosa com o trabalho do homem, que só com muito suor colherá seus frutos. O homem e a mulher são expulsos do jardim de Deus (Gn 3,1-24) e a violência se espalha na família. Caim não cuida de seu irmão Abel (4,9) e o mata por inveja (Gn 4,1-16). Os descendentes de Caim constroem cidades e inventam a cultura. Mas a violência se perpetua a ponto de Lamec dizer: “Se Caim for vingado
sete vezes, Lamec o será setenta e sete vezes” (4,17-24). A violência e a corrupção cresceram tanto que, por fim, Deus decide exterminar pelo dilúvio a humanidade, os animais, répteis e as aves que criou (Gn 6,5-7.13). Eis o que pode acontecer em nossos dias, porque não cuidamos de nossa “casa comum”, não cuidamos do nosso irmão e não respeitamos a natureza como criação de Deus. A violência contra a dignidade da pessoa humana repercute como violência contra as criaturas de nossa irmã e mãe Terra, e vice-versa. O Papa Francisco convida a nós, cristãos, e a todas as pessoas de boa vontade a cuidarmos de nossa “casa” comum e de toda a vida que nela Deus continua criando. Frei Ludovico Garmus
Curso de Franciscanismo xxx
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O Cuidado da Criação na Visão Franciscana De 9 a 13 de outubro de 2017 Fraternidade Franciscana São Boaventura Rondinha - Campo Largo (PR) Por ocasião da divulgação da Carta Encíclica “Laudato Si”, escrita pelo Papa Francisco, sob a inspiração de São Francisco de Assis, a Fraternidade Franciscana São Boaventura oferece um Curso de Franciscanismo com o tema: O Cuidado da Criação na Visão Franciscana. Seu objetivo é aprofundar a dimensão franciscana do cuidado da Casa Comum, bem como possibilitar a reflexão sobre os desafios ecológicos emergentes na atualidade. O Curso destina-se a todos os simpatizantes da espiritualidade franciscana.
Conteúdo programático e professores: 1. A espiritualidade ecológica de Francisco de Assis a partir dos seus Escritos (Orações, Admoestações, Cartas, Regra, Testamento) - Frei Fábio César Gomes. 2. O Cuidado de Francisco de Assis pelas criaturas testemunhado pelos seus biógrafos - Frei Fidêncio Vanboemmel. 3. O rigem e Finalidade da criação na visão de São Boaventura e João Duns Scotus - Frei João Mannes. 4. P sicologia profunda e ecologia integral - Frei Jairo Ferrandin. 5. O rientações práticas de Justiça, Paz e Integridade da Criação.
Programação:
Segunda-feira, dia 9 Chegada e abertura do curso Terça-feira, dia 10 08h45 – Início das aulas Sexta-feira, dia13 10h30 – Término do Curso
Custo:
R$500,00 Incluindo hospedagem e alimentação.
Pagamento:
Deve ser feito durante o curso.
Inscrições no site da Fraternidade São Boaventura
www.franciscanosrondinha.com.br
Coordenação
Frei João Mannes E-mail – freimannes@franciscanos.org.br
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Formação e Estudos
PROFISSÃO SOLENE NO SAGRADO
A
Fundação Imaculada Mãe de Deus e a Província da Imaculada Conceição estarão em festa no dia 24 de setembro. Os jovens angolanos, Frei Ermelindo Francisco Bambi e Frei João Alberto Bunga, e o brasileiro Frei José Raimundo de Souza farão a profissão solene na Ordem dos Frades Menores. É um momento histórico para a Missão, pois em 27 anos em terras africanas, apenas três jovens professaram na Ordem. Os angolanos cursam o último ano de Teologia em Petrópolis e Frei José reside em Colatina. Esse momento importante na vida do religioso franciscano será feito na bela igreja do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ), durante a solene Celebração Eucarística das 10 horas, com a presença do Coral dos Canarinhos. O ‘sim’ definitivo de Frei João, Frei Ermelindo e Frei José será dado nas mãos do Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel. Como tema, os angolanos escolheram um trecho da Primeira Carta aos Coríntios: “Deus escolheu o que é louco aos olhos do
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mundo para confundir os sábios; o que é fraco no mundo para confundir o que é forte”. Frei José escolheu um trecho da Regra não bulada: “Guardemos, portanto, as palavras, a vida, a doutrina e o Santo Evangelho daquele que se dignou rogar por nós ao Pai”. Cada um dos frades fará a profissão pela qual se compromete a seguir Jesus Cristo observando os conselhos evangélicos: “Para louvor e glória da Santíssima Trindade, eu, frei… tendo o Senhor me dado a graça de seguir mais de perto o Evangelho e os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo, em tuas mãos, Frei Fidêncio Vanboemmel, com firme fé e vontade, faço voto a Deus, Pai santo e todo-poderoso, de viver por todo o tempo de minha vida, em obediência, sem nada de próprio e em castidade. Ao mesmo tempo, professo a vida e a Regra dos Frades Menores, confirmada pelo Papa Honório, e prometo observá-la fielmente segundo as Constituições da Ordem dos Frades Menores. Entrego-me, pois, de todo o coração a esta Fraternidade, para que, pela ação eficaz do Espírito Santo, guiado pelo exemplo de Maria
Imaculada, por intercessão de nosso Pai São Francisco e de todos os santos, e com a ajuda fraterna de todos, eu possa tender constantemente para a perfeita caridade, no serviço a Deus, à Igreja e aos homens”. O rito da profissão perpétua celebra-se dentro da Missa, com a devida solenidade e a participação da comunidade. Depois da leitura do evangelho, começa-se o rito na seguinte ordem: chamado do professando; apresentação de sua trajetória vocacional; diálogo com o celebrante; homilia; prostração e Ladainha de Todos os Santos; profissão dos votos e bênção aos professandos. Segundo Frei Fidêncio, “a Profissão Solene é em primeiro lugar o ponto culminante de uma caminhada formativa amadurecida na fé, no discernimento e na resposta generosa que se dá a uma proposta de inspiração divina. Em segundo lugar, a profissão solene é também ponto de partida de um permanente recomeçar com São Francisco, um reaprender a formar-se e a atualizar-se, em vista da autenticidade evangélica que a Deus prometemos”.
Formação e Estudos FREI ERMELINDO
FREI JOÃO
Frei Ermelindo Francisco Bambi, nascido a 1º de março de 1987, em Camabatela, Província do Kwanza Norte. Filho de Madalena José Bambi e de Francisco Xavier Fortunato (de feliz memória). Quarto filho entre os cinco irmãos. Começou seus estudos em sua cidade natal, até 1996, quando sua família se mudou para Luanda, durante a guerra civil, por se tratar do lugar mais seguro para se viver. Teve o primeiro contato com os franciscanos por meio de Frei José Antônio dos Santos, em 2006, quando este era seu professor de história no Ensino Médio, na escola dos Salesianos em Viana. Em 2008 ingressou no Seminário Franciscano Monte Alverne em Malange, onde frequentou o curso de Filosofia. Em 2012, Postulantado em Quibala. No ano seguinte, 2013, o Noviciado em Rodeio. No fim do ano de provação foi transferido para a Fraternidade do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, onde se encontra atualmente cursando o quarto ano de Teologia.
Frei João Alberto Bunga, nascido aos 5 de abril de 1988 em kilamba Kiaxi, Província de Luanda. Filho de Alberto Abel (de feliz memória) e de Sofia Bunga. Quinto filho entre 10 irmãos. Ainda muito cedo foi morar com seu tio (materno) de nome Zacarias Bunga. Teve o primeiro contato com os franciscanos em sua paróquia (São Lucas, Palanca). Ainda como coroinha começou a frequentar o grupo vocacional no Kimbo São Francisco com Frei Laerte de Farias dos Santos, depois deu continuidade em Viana com Frei José Antônio dos Santos. Em 2007 participou do estágio vocacional em Viana e em 2008 ingressou no Seminário Franciscano Monte Alverne, em Malange, onde frequentou o curso de Filosofia. Em 2011, fez o Postulantado em Quibala. No ano seguinte, 2012, o Noviciado em Rodeio (SC). No fim do ano de provação foi transferido para a fraternidade da Porciúncula (Viana). Em março de 2013 foi transferido para a fraternidade Monte Alverne (Malange) para compor a fraternidade e ajudar no colégio Santo Antônio, e, em 2014, foi transferido para a fraternidade do Sagrado Coração de Jesus (Petrópolis) onde se encontra atualmente cursando o quarto ano de Teologia.
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Formação e Estudos
Sob as bênçãos de Nossa Senhora das Alegrias
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ara celebrar esse momento da profissão solene, Frei José Raimundo de Souza fez o retiro no Convento da Penha, de 14 de agosto a 3 de setembro, sob as bên-
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çãos de Nossa Senhora das Alegrias. “Entendo que fazer voto perpétuo a Deus na vida religiosa franciscana significa dar uma reposta alegre, sem devaneios e de um jeito próprio, ao chamado de Deus para se colocar no seguimento de Jesus. Decorre disso a exigência e o desafio de encarnar no mundo atual o jeito de pensar, de sentir e de agir de Jesus, como o fez Francisco de Assis. Penso e sinto que é empreender livremente um caminho, com olhos fixos no Senhor e ao modo de São Francisco, de identificação com Cristo e, ao mesmo tempo, contribuir com a missão da Igreja para a edificação do Reino de Deus”, observa o frade, que nasceu em Bauru (SP), no dia 21 de junho de 1973. Frei José Raimundo é filho de Francisca Maria de Souza e Raimundo Francisco de Souza. É o segundo
dos quatro filhos do casal. Aos cinco anos de idade mudou-se com seus familiares para Bauru (SP), onde conheceu os Franciscanos. Depois de fazer acompanhamento com os frades em Bauru, ingressou no Aspirantado de Ituporanga em 2007, e no Postulantado de Guaratinguetá em 2008. Ingressou no Noviciado de Rodeio no ano seguinte, onde fez sua primeira profissão aos 3 de janeiro de 2010. De 2010 a 2012 cursou Filosofia em Curitiba, morando em Rondinha, Campo Largo/ PR. Chegou à Fraternidade Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis/RJ, em 2013 para o tempo da Teologia, onde residiu até 2014. Foi transferido para Imbariê, morando nesta casa nos anos de 2015 e 2016. Ao final de 2016 concluiu o curso de Teologia e foi transferido para Colatina (ES), onde reside atualmente.
Formação e Estudos
RETIRO PARA A PROFISSÃO SOLENE
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ara se prepararem bem, tendo em vista o ingresso definitivo na Ordem dos Frades Menores, os professos temporários Frei João Alberto Bunga e Frei Ermelindo Francisco Bambi, da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, e Frei Túlio de Oliveira Freitas, OFM, da Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil, fizeram um retiro de 3 a 27 de julho. Eles foram acompanhados por Frei Marcos Antônio de Andrade, mestre dos frades estudantes de Teologia em Petrópolis. “Durante os dias em que permanecemos em Rodeio, fomos acolhidos calorosamente pela fraterni-
dade local e procuramos seguir, na medida do possível, o horário da fraternidade: oração, recreio, lazer”, explicam Frei Bunga e Frei Ermelindo, que professarão solenemente na Ordem dos Frades Menores no dia 24 de setembro, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis. Nesse período de retiro, refletiram temas como a vida de oração, minoridade, vida de fraternidade, a situação da Ordem hoje, os Testamentos de São Francisco e Santa Clara, dentre outros. “No Eremitério Frei Egídio de Assis – onde permanecemos por cinco dias – tivemos a oportunidade de experimentar o silêncio e a contemplação, tendo como
orientação a Regra para os Eremitérios. O clima ameno, com dias ensolarados, favoreceu a nossa experiência. A celebração diária da Eucaristia, a celebração da Liturgia das Horas e a partilha da mesa constituíam os nossos momentos fortes de oração e fraternidade”, contaram os frades da Imaculada, aproveitando a oportunidade para manifestar gratidão aos confrades da Fraternidade permanente do Noviciado, que também os ajudaram em algumas reflexões. “Desde já, agradecemos à Província pela oportunidade concedida e à Fraternidade do Noviciado que carinhosa e fraternalmente nos acolheu”, completaram. Setembro / 2017 [Comunicações]
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Formação e Estudos ORDENAÇÃO PRESBITERAL
FREI ALAN MAIA DE FRANÇA VICTOR
O sacerdote não fala ‘de si’, não fala ‘para si’
O
carioca Frei Alan Maia de França Victor será ordenado presbítero por Dom Orani João Tempesta no dia 30 de setembro, às 17 horas, na Paróquia São Judas Tadeu, em Bangu, Rio de Janeiro. Nesta mesma Paróquia, no dia 1º de outubro, às 9h30, ele vai celebrar a Primeira Missa, e terá como pregador Frei Alexandre Magno da Silva. Às 18 horas, ele celebrará na Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, onde reside. Seu lema é: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a Boa-nova aos pobres”. Natural do Rio de Janeiro, onde nasceu no dia 5 de fevereiro de 1980, no bairro de Bangu, Frei Alan é filho de Marinaldo e Anita Maria de França Victor e irmão de Aline, quatro anos mais nova. Há onze anos, quando ainda trabalhava numa empresa particular de Banco de Sangue, decidiu buscar orientação vocacional. “Sentia o desejo de servir à Igreja
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de uma forma mais radical, participava ativamente da Paróquia São Judas Tadeu, onde fui coroinha por 7 anos, atuei como coordenador dos coroinhas por três anos, frequentei várias pastorais na Paróquia, era membro do conselho paroquial e do círculo bíblico de jovens. Participando das atividades da Paróquia, o pároco sempre me incentivava a participar do grupo vocacional do Vicariato oeste da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que tinha sua sede em Bangu. Era um padre muito bom que coordenava este grupo, com meninos e meninas, e direcionava para o seminário ou casa religiosa, conforme a busca pessoal de cada um”, conta Frei Alan, até que, com ajuda da Internet, fez contato com a Província da Imaculada e no dia 14 de fevereiro 2007 ingressava no Seminário de Ituporanga. No ano seguinte, fez o Postulantado. Depois de um ano de noviciado, professou temporariamente na Ordem dos Frades Menores no dia 3 de janeiro de 2010. Frei Alan cursou Filosofia em Rondinha e Teologia em Petrópolis, onde morou de 2013 a 2014 no Sagrado e, de 2015 a 2016, na Fraternidade Nossa Senhora de Guadalupe. Professou solenemente na Ordem dos Frades Menores no dia 6 de dezembro de 2014 e, ao concluir o Curso de Teologia, foi transferido no dia 22 de dezembro de 2016 para a sua atual residência: a Paróquia da Rocinha. Nesta entrevista, Frei Alan fala sobre este momento importante na sua vida religiosa.
Comunicações - Como você define o ministério sacerdotal? Frei Alan - Defino o ministério sacerdotal como sendo exercido por um homem que ensina em nome de Cristo. O sacerdote não fala “de si”, não fala “para si”, mas propõe a Verdade que é o próprio Cristo, a sua Palavra, o seu modo de viver. Pela ordenação, o ministro orde-
nado não se pertence a si mesmo, mas a Cristo e à Igreja. O sacerdote não ensina as suas próprias ideias, sua função é agir em nome de Cristo. Jesus subiu a montanha e chamou os que ele quis (Mc 3,13). Essa é a razão do chamado sacerdotal: o querer de Deus, totalmente independente das qualidades pessoais daquele que é chamado. A vocação sacerdotal é, por isso, dom totalmente gratuito. Ninguém tem “direito” a recebê-la. O sacerdócio é assumido pelo frade menor como forma de serviço à Igreja. Chamado por um ato de amor a ser frade menor e a serviço do ministério ordenado, na gratuidade, devo amar a Igreja como Cristo a amou, consagrando a ela todas as minhas energias e oferecendo quotidianamente a minha própria vida. O sacerdócio é um dom. Escolhido entre homens e constituído em favor de todos, é discípulo servidor do povo de Deus. Na busca contínua da santidade de vida e no encontro pessoal com o Cristo ressuscitado, como frade menor quero buscar e ter verdadeira paixão pelo Reino, profunda compaixão pelo próximo, sobretudo os mais pobres e sofredores. No dia da ordenação presbiteral, o frade torna-se, na Igreja e para a Igreja, imagem real, viva e transparente de Cristo Sacerdote. O povo de Deus espera do padre que seja sinal da bênção de Deus, tornando presente a sua bondade no mundo atual. Que sejamos amigos na fé, anunciadores de Cristo. Como frade menor, ao exercer este ministério, vou procurar ser profundamente um homem de busca na oração, encontrando na Palavra de Deus a fonte de minha fidelidade e espiritualidade franciscana, no serviço e administração dos sacramentos. Seguindo o exemplo de Maria, mãe de Jesus Cristo e nossa mãe, quero colocar-me sempre a serviço dos irmãos e irmãs.
Formação e Estudos Comunicações - Quais as suas expecta-
tivas como presbítero na Igreja do Papa Francisco? Frei Alan - Minhas expectativas são de ser um presbítero servidor, transmitir a beleza do encontro com Jesus Cristo, anunciar o Evangelho com alegria e esperança, estar no meio do povo a partir da nossa vida e espiritualidade franciscana, ser sinal de Deus entre os irmãos e irmãs, escutar com caridade o povo. O sacerdote é aquele homem que está sempre a caminho e junto com o povo. Ser presbítero hoje é doar a vida pelo Senhor e pelos irmãos. Nos dias atuais, o sacerdote deve ser um homem que conhece Jesus a partir de dentro, que se encontrou com ele e aprendeu a amá-lo. Quem coloca a sua vida a serviço do Cristo sabe que é sempre um que semeia, um outro que colhe. O Papa Francisco falando aos seminaristas (11/12/2016) descreveu o ministério de um presbítero através de uma tríplice pertença: ao Senhor, à Igreja, ao Reino. “Somente se pertencermos a Cristo, à Igreja e ao Reino podemos crescer, superando os obstáculos como a perigosa tentação do narcisismo”. Na re-
alidade atual é uma maneira profética de ser Igreja no serviço do ministério ordenado hoje. Ser homem de relação com os outros, ser homem de relação com Cristo, com todas as pessoas. Ir ao encontro dos excluídos e marginalizados, experimentar a beleza da fraternidade, ser sinal do amor e da graça de Deus. Na alegria e consciência de ter um tesouro incorruptível em um vaso de barro. Viver o ministério que pela imposição das mãos do bispo vou receber a partir do lema que escolhi: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para a Boa-nova aos pobres (Lc 4, 18a).
Comunicações - O que diria para um
jovem que procura a vida religiosa franciscana? Frei Alan - A vocação à vida religiosa hoje exige que o vocacionado tenha o desejo de servir e dedicar sua vida como Jesus. Entrega total nas mãos de Deus. Amar a Igreja de todo o coração como ela é. O frade menor é aquele que assumiu viver o Evangelho de Cristo nas pegadas de São Francisco. A finalidade da vida religiosa franciscana é a imitação de Jesus Cristo. Estamos vivendo hoje em
uma época de grandes transformações, o que nos leva a pensar que os desafios se multiplicam. É preciso saber responder como São Francisco de Assis: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que eu desejo fazer do íntimo do coração” (1 Cel 8,22). O objetivo da vida religiosa franciscana consiste na configuração com ao Senhor. Trata-se de um itinerário, uma busca de experiência com Jesus Cristo e com os irmãos e irmãs, a exemplo de São Francisco e Santa Clara de Assis. Nosso pai Francisco tornou-se assim um mestre no seguimento de Jesus. Para os candidatos à vida religiosa franciscana, digo que vale a pena viver este nosso modo de vida na minoridade, na fraternidade e a serviço do Evangelho. “A Regra e a vida dos Frades Menores é esta: observar o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem nada de próprio e em castidade.” (RB 1,1). Venha ser um frade menor, a vida franciscana tem muito a oferecer ao mundo de hoje. Deus continua ainda a chamar os jovens. Ajudemos a “voz de Deus” a tocar o coração da juventude e acolhamos os que a conseguem escutar e procuram dizer sim!
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Formação e Estudos
POSTULANTES FAZEM ESTÁGIO NO SEFRAS
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mês de julho ficou marcado na história dos Postulantes do Postulantado Franciscano Frei Galvão. Durante os dias 2 a 29 daquele mês, os jovens, junto com seus mestres, fizeram um estágio pastoral no Sefras (Serviço Franciscano de Solidariedade), onde puderam ver as próprias “lepras” e, também, aquelas nas quais o ser humano vive e sofre. Nos primeiros dias a turma participou de alguns momentos de formação sobre o contexto social, político e econômico do mundo atual e como o Sefras, inserido neste contexto, interage com essa realidade. Outra perspectiva formativa levou os Postulantes a refletir sobre o papel do Sefras e as bases bíblico-teológicas por trás de sua missão. Os Postulantes participaram do estágio com o objetivo de estar com os atendidos, sem muita preocupação com o ativismo de fazer muitas coisas. Atuaram nos seguintes serviços: Dejupe - Defesa e Justiça Penal (Sefras Dejupe), Centro de Convivência da Criança e do Adolescente - CCA (Sefras Criança), Casa de Clara (Sefras – Idoso), Chá do Padre (Sefras Pop de Rua) e Recifran (Sefras Reciclagem). Nessas atividades, cada Postulante vivenciou
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uma experiência pelo contato com as pessoas que participam do projeto e teve a oportunidade de partilhá-la com o restante da turma. O aprendizado ao longo do mês foi muito grande, e certamente não foi apenas uma experiência; os reflexos aparecem no dia a dia das relações fraternas. Enquanto participavam nas atividades desenvolvidas no Sefras, os Postulantes e seus mestres ficaram hospedados na Fraternidade Santo Antônio do Pari. Conviveram também com a comunidade. Ainda puderam, a cada final de semana, fazer pequenos passeios turísticos por São Paulo e conhecer os outros frades que moram na cidade, no Largo São Francisco e Provincialado, na Vila Clementino.
“Conviver numa cidade grande e muito movimentada já é um desafio para quem vive nas comodidades do interior. Entretanto, esse período de Postulantado proporcionou a todos nós trabalhar e conhecer a realidade dos ‘leprosos’ do século XXI. Desse modo, o crescimento humano foi perceptível no rosto daqueles que viveram intensamente esse estágio”, disse Franklin Matheus, Postulante. Foi um mês de experiências intensas e proveitosas para todos e, com certeza, a semente que foi lançada produzirá frutos na vida de cada Postulante com o aprendizado de uma nova perspectiva de sociedade. Marcelo Tadeu e Franklin Matheus
Formação e Estudos rodeio
Noviços visitam IR.Clarissas em Lages
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o dia de Santa Clara, os noviços, juntamente com o mestre Frei Samuel Ferreira de Lima, foram a Lages visitar as Irmãs Clarissas do Mosteiro Nazaré. Há tempos as irmãs convidavam os noviços para uma visita fraterna. Os noviços foram recebidos pela Madre Madalena, as irmãs, noviças e postulantes. Ao meio-dia, os frades e as irmãs rezaram juntos a Hora Média e fizeram um momento de Adoração ao Santíssimo Sacramento e depois as irmãs ofereceram um delicioso almoço aos visitantes. Após o almoço, houve um belo momento de recreação entre noviços e irmãs e o que testemunhávamos era a alegria de uma família que se reunia
para celebrar nossa Mãe Clara. Mesmo sendo a primeira vez que nos víamos, éramos de fato os filhos de Francisco e as filhas de Clara, irmãos da
mesma família que se encontravam na Paz e no Bem! Frei Angelino Socopia
Festa de Santa Clara e encontro da Família franciscana
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ia de festa é dia de reunir a família. Foi neste espírito que no dia 11 de agosto a Fraternidade de Rodeio, as Irmãs Catequistas Franciscanas e a Ordem Franciscana Secular reuniram-se na Casa-Mãe das Irmãs para celebrar a festa de Santa Clara. O encontro teve início com a Celebração Eucarística na presença das irmãs mais idosas da casa, e que necessitam de cuidados especiais. Na capela
do Convento, Frei José Antônio Cruz Duarte lembrou o quanto Santa Clara foi e ainda é exemplo e inspiração para a vida franciscana. Uma mulher de coragem, determinada a seguir o Cristo pobre e crucificado, desafiando as dificuldades da época. Lembrou também o quanto é importante conservar os vínculos de união entre a família franciscana, proporcionando momentos de encontro sempre que possível.
Após a celebração, ao modo franciscano, todos se banquetearam com uma grande partilha de alimentos. Um momento simples e ao mesmo tempo muito rico, pois foi o espírito fraterno que o motivou. Que Santa Clara e São Francisco abençoem a todos! Frei Angelino Socopia e Frei Diego Martendal Setembro / 2017 [Comunicações]
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Formação e Estudos FIMDA
CONVIVÊNCIA SOLIDÁRIA NA FAZENDA DA ESPERANÇA
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sta é a partilha dos Postulantes da FIMDA e Frei Hugo Câmara dos Santos sobre a experiência realizada na Fazenda da Esperança, no Kachiungo, Huambo. Diante da experiência que nos aguardava tivemos ânsia, medo e algumas questões: o que vamos fazer? Como começar? Mas com a Graça Divina e com a ajuda da Equipa Formadora conseguimos. O frei nos dizia: “O importante é estar”. Começamos preparando as nossas malas, lembrando o casaco, para nos prevenir do frio que foi uma das nossas dificuldades na fazenda. Na viagem, tivemos o privilégio de conhecer alguns municípios da Província do Huambo. Ao chegarmos, fomos acolhidos pelos responsáveis pela Fazenda e por todos os recuperandos de forma contagiante, de tal maneira que nos sentimos parte da “Família da
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Esperança”. Não parou por aí a nossa recepção: junto à Fazenda, as Irmãs Terezianas, que muitas vezes também ajudam na missão da esperança, nos acolheram com cantos de boas vindas. Foi assim que começou nossa convivência e experiência. Cada um do seu jeito, foi como se Cristo nos mostrasse os dons do Espírito Santo. A nossa missão foi estar no meio deles, seguindo a programação da casa e dela participamos ativamente. Não estávamos lá como melhores,
mas sim para fazer a experiência do encontro do irmão. Eles nos diziam que nos viam como um deles, como se também nós tivéssemos com eles a nos recuperar. E assim nos sentimos. O encontro do irmão leva-nos a entender a conversão, nos faz superar e mudar de vida. Nos momentos de partilha e nas conversas em que nos expuseram a história de suas vidas, conseguimos compreender o encontro de São Francisco com o leproso que o levou à conversão total, tornando o que era amargo em doçura. A experiência foi ampla. Só poderemos partilhá-la ou compreendê-la ao longo das nossas vidas. O término da experiência foi de muita alegria e tristeza. Tristeza por deixarmos os irmãos e alegria por deixarmos alegria, amor, carinho que também levamos em nosso coração. Sem nos esquecermos de agradecer a Deus pela graça e pela bênção que nos concedeu, queremos agradecer à fraternidade e aos formadores que nos acolheram, pela alegria dos responsáveis da Fazenda da Esperança e daqueles que rezaram para que a experiência acontecesse conforme a vontade de Deus. Postulantes da FIMDA
Fraternidades
Encontro Provincial da Frente de Evangelização das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento Estimados confrades, Paz e bem!
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screvo com alegria para comunicar que estão abertas as inscrições para nosso Encontro Provincial da Frente de Evangelização das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, que realizar-se-á de 11 a 13 de setembro, no Seminário Santo Antônio, em Agudos, SP. Para esse Encontro, convido a todos os frades que trabalham diretamente em nossas Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, e demais leigos comprometidos com a nossa missão evangelizadora no âmbito dessas respectivas entidades. O Encontro se iniciará na segunda, 11, após o jantar, com a acolhida dos participantes e do assessor Francisco Orofino, que vai abordar a Exortação Apostólica “Amo-
ris Laetitia”, do Papa Francisco. Francisco Orofino é biblista e educador popular, assessora dioceses, grupos populares e comunidades de base nos municípios da Baixada Fluminense. É autor de vários livros e leciona em Institutos de Teologia voltados para a formação de leigos. Fez doutorado em Teologia Bíblica na PUC-Rio (2000). É professor de Teologia Bíblica no Instituto Paulo VI, na diocese de Nova Iguaçu, RJ.
INSCRIÇÕES ATÉ 5 DE SETEMBRO
• Para que este Encontro tenha um bom andamento, pedimos que as inscrições sejam feitas IMPRETERIVELMENTE até o dia 5 de SETEMBRO. Para isso, confirme a participação no email: fgguesser@franciscanos.org.br
HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO:
• Pedimos uma colaboração no valor
de R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais) por pessoa (valor total). Informamos que o encerramento será após o almoço. • Para a hospedagem, informe os nomes das pessoas. Lembro que a participação efetiva de nossos frades e parceiros desta Frente de Evangelização é de fundamental importância, e tenho certeza, de que será um momento de grande aprendizado, partilha e crescimento de todos. Quem tiver dificuldade em se inscrever, por favor, entre em contato comigo: (11) 3459-1434 ou (11) 977390152 Desde já agradeço pela presença e efetiva participação de todos. Frei Germano Guesser Coordenador da Frente de Evangelização das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento
Sábados Franciscanos
“Totalmente transformado não só em orante, mas, na própria oração, Francisco dirigia toda a atenção e todo o afeto naquela única coisa que pedia ao Senhor” (Tomás de Celano, Vida Segunda de São Francisco 95,5)
1º encontro: 02 de setembro 2º encontro: 07 de outubro 3º encontro: 18 de novembro
Programação:
Horário: das 09 às 17h Local: ITF (Instituto Teológico Franciscano: Rua Coronel Veiga, 550, Centro, Petrópolis/RJ Inscrições: até dia 28/08 Investimento Mensalidade: R$ 50,00 (Almoço: R$20,00, opcional)
Tel: (24) 2243-9959 - 2231-6409 – secretaria@itf.org.br Para condução saindo do Rio de Janeiro: (21) 988222747 (falar com Marcos) Obs: Existe a possibilidade de participar apenas de um ou de outro encontro.
Fraternidades vila velha
Acordo permite Igreja do Rosário aberta para visitação
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a tarde de terça-feira, 8 de agosto, na Prainha, em Vila Velha (ES), foi solenemente assinado o acordo entre a Província Franciscana da Imaculada Conceição e a Prefeitura de Vila Velha de cooperação no sentido de manter aberta a Igreja do Rosário, mãe de todas as igrejas do Estado do Espírito Santo e, talvez, a mais velha igreja em pé em funcionamento do Brasil. Este acordo foi assinado pelo prefeito Max Filho e pelo pároco Frei Djalmo Fuck, representando a Província da Imaculada. O acordo será válido por 60 meses, renováveis por outros 60 meses, se ambas as partes estiverem concordes. Estiveram presentes ao ato de assinatura o vice-governador César Colnago, vários secretários da Prefeitura e do Estado, deputados estaduais, vereadores, a responsável pelo Iphan. Também Frei Paulo Pereira, guardião da Penha e Definidor Provincial. O prefeito e o vice-governador aproveitaram para falar de projetos turísticos em Vila Velha, com o aplauso alegre dos moradores que vieram em bom núme-
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ro participar do momento histórico. Frei Djalmo falou em nome dos Franciscanos. E disse com muita propriedade que “só o restauro do Rosário não bastava. Precisávamos dar um passo além, permitir que nosso povo pudesse admirar e contemplar tamanha beleza. Por isso, nossa igreja está sendo aberta hoje oficialmente ao público”. E acrescentou: “Junto à velha e agora restaurada igrejinha da prainha, pulsa o coração e alma dos capixabas, expressão grandiosa da fé de um povo, de sua fé viva, de suas celebrações, cânticos e preces. Marco da colonização do solo espírito-santense, símbolo do povo capixaba e de seus monumentos históricos. Aqui nasceu o estado do Espíri-
to Santo. E, agora, graças a esta parceria entre a Prefeitura Municipal de Vila Velha e a Província Franciscana, nossa igrejinha é devolvida novamente ao povo, seus verdadeiros donos, ainda mais bela e aberta à visitação pública. Somos proprietários deste imóvel, mas sua história não é propriedade exclusiva da comunidade católica. Este patrimônio é do povo, dos turistas que por aqui passam, daqueles que visitam nossos monumentos históricos. Razão de nosso orgulho, da responsabilidade comum de preservar a nossa memória”. Terminada a cerimônia na escadaria externa, as autoridades e o povo entraram no Rosário. O Vice-Governador surpreendeu a todos, tocando vários hinos religiosos no saxofone, an-
Fraternidades
tes que Frei Djalmo começasse a Missa da festa de São Domingos, justamente o Santo que, lendariamente, recebeu o rosário das mãos de Nossa Senhora. A igreja do Rosário passou por feliz restauro em 2016. Em estilo barroco singelo, apesar de ter recebido a interferência de outros estilos, a igreja é marco histórico em Vila Velha, merecedora de visita dos turistas e dos romeiros da Pe-
nha. Mas necessitava de vigias e de cicerone durante os dias da semana, para que isso acontecesse com alguma segurança. A Paróquia não podia financeiramente arcar com os honorários. E a Prefeitura tem uma secretaria de turismo, que foi procurada e reprocurada para um acordo de responsabilidades. Frei Clarêncio Neotti
Alguns itens do acordo Caberá ao Município de Vila Velha: Por meio do órgão respon-
sável pelo Turismo: articular junto às secretarias municipais da prefeitura para que as necessidades da Igreja do Rosário estipuladas neste acordo sejam atendidas a tempo e a hora; contratar, gerenciar e promover o respectivo pagamento dos monitores e vigias que atuarão no monumento, para atendimento ao público, respeitando as tradições e costumes da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil – Igreja do Rosário; responsabilizar-se pelos atos de seus empregados ou prestadores de serviços, bem como pelo pagamento dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais relacionados à execução do objeto previsto no presente Acordo de Colaboração, não se caracterizando responsabilidade solidária ou subsidiária da Província Franciscana pelos respectivos pagamentos. Por meio da Secretaria Municipal de Administração: manter a vigilância patrimonial do monumento, no mínimo, durante o horário de atividades descritos na cláusula quarta. Por meio da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos: manter os serviços de paisagismo e poda de árvores no entorno do monumento; manter o entorno do monumento com os serviços de limpeza pública inclusive lavagem de pontos críticos; recolhimento de lixo no monumento e entorno. Por meio da Secretaria Municipal de Prevenção e Combate à Violência: manter o monumento e entorno sinalizado; manter a segurança pública e ordenamento no trânsito, no entorno do monumento. Por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Projetos e Obras: manter a iluminação no entorno do monumento.
Caberá à Província Franciscana da Imaculada Concei-
ção: desenvolver, em conjunto com o Município, o objeto da parceria conforme o Plano de Trabalho; estimular e implementar ações conjuntas somando e convergindo esforços para o bom funcionamento do imóvel; permitir o acesso dos monitores e coordenadores ao monumento; assegurar o fiel cumprimento do horário de funcionamento do monumento, a fim de promover a visitação do mesmo; manter o interior do monumento em condições para o bom funcionamento; realizar atividades que permitam o bom funcionamento de conservação do monumento como: manutenção, limpeza, dedetização, pintura e consertos em geral, preferencialmente, nos dias e horários em que não há atendimento ao público; permitir a supervisão, fiscalização, monitoramento e avaliação do Município sobre o objeto da presente parceria; manter atualizadas as informações cadastrais junto ao Município comunicando-lhe imediatamente quaisquer alterações em seus atos constitutivos; permitir o livre acesso dos agentes da administração pública aos processos, aos documentos e às informações relacionadas ao Acordo de Cooperação, bem como aos locais de execução do respectivo objeto; divulgar a presente parceria na internet e em locais visíveis de suas sedes sociais e dos estabelecimentos em que exerça suas ações a presente parceria, na forma do Artigo 11 da Lei nº 13.019/2014. Setembro / 2017 [Comunicações] 557
Fraternidades
A NOITE DO PERDÃO NA PENHA
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quarta edição da procissão luminosa, celebrando o Perdão de Assis, aconteceu no último dia 4 de agosto. A edição deste ano reuniu aproximadamente 3.000 pessoas. A concentração teve início às 19h30 na Igreja do Rosário, onde aconteceu uma celebração de envio e de onde os fiéis seguiram pelas ladeiras do Convento da Penha. Durante todo o trajeto, Frei Florival Mariano animava a multidão com cânticos e orações. As velas eram erguidas e iluminavam os momentos de reflexão. Em uma de suas falas, ele lembrou que naquela noite “o Convento seria a nossa Porciúncula”, fazendo referência à pequena igreja de Santa Maria dos Anjos, em Assis (Itália). Além de berço da Ordem Franciscana, a Porciúncula se tornou um local de misericórdia e reconciliação. Nas palavras do Frei Djalmo Fuck, “cada vez que os Franciscanos desejam reexperimentar o vigor dos primeiros tempos da missão, eles buscam a Porciúncula. Afinal, foi a partir daquela pequena igreja que os irmãos
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e irmãs saíram pelo mundo espalhando o Evangelho do amor, da alegria e do perdão”. A celebração do Perdão de Assis teve prosseguimento no campinho, com a participação do Frei Paulo Roberto Pereira, guardião do Convento, e a Fraternidade local. Ele lembrou a festa de Santa Maria dos Anjos, que é o lugar de encontro, perdão e misericórdia do Senhor: “Em um mundo dominado pelo egoísmo, pela intolerância, pela violência e pela morte, a face de Deus que ama e perdoa precisa ser corajosamente relevada”. Outro ponto emocionante da noite aconteceu quando a imagem de Nossa Senhora da Penha surgiu radiante. Enquanto cantavam e rezavam, os fiéis erguiam suas velas promovendo um belíssimo visual. Finalizando a noite, Frei Clarêncio lembrou a necessidade de seguirmos diariamente rezando, praticando a meditação, a Eucaristia e a caridade, não importa onde e como seja. E proclamou a absolvição sacramental. Todos que estiveram momentaneamente na Porciúncula receberam o Perdão de Assis e retornaram para suas famílias com um dever de casa: praticar mais o Evangelho do amor, da alegria e do perdão. Pascom Nossa Senhora do Rosário Setembro / 2017 [Comunicações]
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VISITA PASTORAL DE DOM ONÉCIMO A RODEIO
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“Uma Igreja em saída – Missão de Paz e Bem!”
ntre os dias 22 e 29 de julho, a Paróquia São Francisco de Assis de Rodeio (SC) recebeu a visita pastoral de seu Bispo Diocesano, Dom Onécimo Alberton (Diocese de Rio do Sul – SC). Foi mais um belo capítulo da centenária presença franciscana nesta cidade que abriga o Noviciado da Província da Imaculada Conceição do Brasil, haja vista que a Igreja Matriz da Paróquia é propriamente a igreja do Noviciado. Desde que assumiu a Diocese de Rio do Sul, Dom Onécimo tem procurado fazer das visitas pastorais um momento forte de evangelização e missão não apenas para conhecer as comunidades, mas principalmente para animar o povo de Deus em sua caminhada de fé. Há alguns meses, toda a Paróquia vinha se organizando para que este evento tivesse real tônica missionária. As lideranças paroquiais,
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juntamente com o Pároco, Frei Pedro da Silva, pensaram, como preparação para a Visita Pastoral, que seria interessante uma visita a todas as comunidades da Paróquia. Os vinte noviços e dois frades estudantes de Rondinha, Frei Samuel Santos Soares e Frei Lucas de Moura, somaram forças nessa árdua empreitada com os mais de cem missionários das próprias comunidades. Mais de mil famílias foram visitadas ao longo de todo o mês de julho. O lema da Visita Pastoral norteou a caminhada dos missionários: Uma Igreja em saída levando a mensagem franciscana de Paz e Bem! No dia 22 de julho ocorreu a Missa de abertura da Visita Pastoral na Comunidade de Santo Antônio, Bairro Rodeio 12. Depois da intensa preparação missionária, toda a cidade estava ansiosa por este momento. Ao longo de toda a semana, Dom Onécimo e o pároco Frei Pedro da Silva
visitaram todas as comunidades da Paróquia. Dom Onécimo fazia questão de, em toda comunidade, dispor de um tempo para conversar com as lideranças e depois celebrar a Missa com o povo. Em todo o lugar que passava gostava de frisar: “Não vim aqui para fiscalizar ninguém, quero antes conhecê-los, e mais, quero ser mensageiro da Paz e, no espírito franciscano desta Paróquia, ser mensageiro de Paz e Bem!”. Mesmo diante dos inúmeros compromissos da semana, Dom Onécimo fez questão de visitar alguns doentes e famílias carentes da Paróquia. Reservou, inclusive, a manhã de quinta-feira (27) para estar com os noviços e partilhou com eles um pouco de suas vivências a serviço da Igreja. No almoço deste mesmo dia, sob regência de Frei Pedro, os noviços homenagearam Dom Onécimo com alguns cantos. Este se emocionou, de modo particular, quando os noviços canta-
Fraternidades ram pelos seus 25 anos de vida sacerdotal a serem comemorados em setembro próximo. O encerramento da Visita Pastoral ocorreu no Sábado (29/07), na Igreja Matriz, no centro de Rodeio. Uma igreja lotada para dar ação de graças pelos belos momentos vividos neste mês de julho. Dom Onécimo agradeceu o carinho e a generosidade demonstrados nesses dias de convivência, agradeceu ao Noviciado Franciscano pela acolhida fraterna e enfatizou a gratidão pela presença abençoada dos franciscanos e franciscanas nesta cidade e na Diocese de Rio do Sul. Rodeio é o berço da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas que se fazem presentes em três comunidades da Paróquia e
exercem um grande trabalho pastoral na Diocese de Rio do Sul. Em alusão ao Evangelho do dia, exortou os presentes a serem conscientes do imenso tesouro que Deus concede àqueles que ajudam a construir o seu Reino de Justiça e Paz. Por fim, Frei Pedro agradeceu a presença humilde e fraterna de Dom Onécimo em nosso meio, agradeceu aos frades da Fraternidade do Noviciado e agradeceu também a todas
as lideranças das comunidades pelo sim generoso em todos os momentos. Encerrou seus agradecimentos instigando o povo na missão que não se acaba aqui, mas que continua: “Hoje é o oitavo dia da missão, o oitavo dia é o dia que o Senhor Ressurge, dia novo, dia de uma missão que se estende pelo longo caminho que ainda temos por percorrer”. E concluiu: “Hoje, diante de todos vocês, com emoção e gratidão, tomo as palavras do salmista: Como poderei retribuir ao Senhor Deus por todo o bem que Ele me fez? Bendirei ao Senhor em todo o tempo!” Texto: Frei João Zechinatto e Frei Antônio Sacaputo Maimo Fotos: Frei Willian B. de Castro
RODEIO: PARÓQUIA SÃO FRANCISCO CELEBRA O PERDÃO DE ASSIS
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a quarta-feira, 2 de agosto, a Família Franciscana da cidade de Rodeio se reuniu para celebrar a festa de Nossa Senhora dos Anjos. Os frades da Fraternidade do Noviciado, juntamente com as duas fraternidades da OFS de Rodeio e as Irmãs Catequistas Franciscanas, reuniram-se para celebrar esse significativo dia para todo o carisma franciscano. Frei José Antônio, guardião da fraternidade e assistente da OFS local, presidiu a Celebração Eucarística na Igreja Matriz de Rodeio. Destacou o sentido que esta festa tem para a Família Fran-
ciscana: “Lembrar-se do início e da origem de tudo”. Em sua homília, Frei José Antônio leu um trecho da homilia que Frei Michael Perry proferiu na Porciúncula, em Assis. Acentuou a história de uma família de refugiados no México e seu exemplo de serenida-
de e fé em meio a tantas adversidades. Frei José Antônio exprimiu o desejo de que a Família Franciscana de Rodeio possa se reunir mais e possa crescer na vivência e cultivo do carisma. Lembrou que toda a cidade exala a pertença à espiritualidade franciscana. “Não podemos descuidar dessa singular situação”, lembrou o frade. No intento de reavivar o carisma, em breve haverá na cidade um encontro mensal para estudo da espiritualidade franciscana. Esses estudos não se destinarão apenas aos religiosos e membros da OFS, mas a todo o povo que queira conhecer um pouco da história de São Francisco e sua espiritualidade. Ao final da celebração, Frei José Antônio lembrou que ser franciscano é buscar uma profunda paz, tão necessária no mundo. O perdão é o início de uma nova dinâmica que constrói e edifica a paz que tanto desejamos. Frei Antônio Sacaputo Maimo Setembro / 2017 [Comunicações]
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CAMINHADA ECOLÓGICA FRANCISCANA EM SANTO AMARO
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Paróquia de Santo Amaro realizou no domingo, dia 23 de julho, uma Caminhada Ecológica Franciscana com a presença de 60 jovens. Estes jovens são membros dos diversos grupos que existem na Paróquia, e que, a cada mês, procuram realizar alguma atividade evangelizadora em comum para uma melhor integração. Acompanhados por Frei Marcos Schwengber e Frei Daniel Dellandrea, os jovens caminharam um trajeto de aproximadamente 15 km, com início às 13h, na Comunidade de Nossa Senhora da Rosa Mística, em Caldas da Imperatriz, com destino à comunidade de São José, na Vargem do Braço. A Caminhada Ecológica Franciscana foi fruto de duas motivações: A
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primeira motivação em comunhão com a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, que tem como proposta evangelizadora, neste ano de 2017, a temática: “Irmãos e menores comprometidos com a justiça, a paz e a integridade da Criação”. E a segunda, o próprio tema da Campanha da Fraternidade de 2017: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15). Inspirando-se nestas duas motivações buscou-se sensibilizar e conscientizar os jovens para a preservação e o cuidado da criação. Durante o percurso, os grupos de jovens apresentaram os seis biomas brasileiros, com toda a vida que enriquece estes biomas e o grande risco que sofrem
devido à exploração desenfreada do ser humano. Como ação concreta, os jovens foram enchendo vários sacos de lixo com plásticos, papéis, latas e garrafas que estavam largados à beira da estrada e também realizaram o plantio de uma árvore frutífera. A cada passo desta caminhada foi possível contemplar a natureza com suas matas, riachos, montanhas, o voar dos pássaros, o mugido da vaca leiteira e também a intervenção do ser humano nas construções das casas, lavouras, sementes lançadas ao chão, plantas com seus frutos... Tudo isso mostrando que, onde existe harmonia entre o ser humano e a natureza, tudo se torna belo, tudo sobrevive. Frei Daniel Dellandrea
Fraternidades
O TELHADO DA PARÓQUIA SÃO FRANCISCO DE CHOPINZINHO ESTÁ QUASE PRONTO
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s franciscanos chegaram a Chopinzinho em 1948 e, em 2018, celebrarão 70 anos de presença franciscana no município. A Igreja Matriz vai celebrar esta data com telhados novos. Graças à ajuda dos paroquianos, o telhado já está quase pronto. Até 1954, Chopinzinho foi distrito de Magueirinha e se tornou município no dia 14 de dezembro de 1955. No livro Tombo da igreja o Frei Plácio Rohef diz: “Até o mês de janeiro 1947, esse distrito de Chopim pertenceu à Paróquia de Pamas. Os padres vindos de Palmas faziam todas as viagens a cavalo visitando as poucas capelas e celebravam as missas quase só em casas particulares”. Sete anos após o Bispo Dom Carlos Eduardo Sabóia Bandeira de Mello ter prometido a criação de uma paróquia na comunidade, em 1948 saiu o decreto criando e constituindo o distrito Paroquial de São Pedro Apóstolo do Chopim, um curato, dentro da Paróquia São Pedro Apóstolo de Pato Branco. Frei Everaldo Allkemper foi designado para cuidar da paróquia,
tornando-se o primeiro padre a residir oficialmente na comunidade. A Matriz do curato começou a ser construída em 1948 e foi terminada em 1949.
VISITA FRATERNA
No dia 2 de agosto, Perdão de Assis, Dom Edgar Xavier Ertl , que celebrou seu primeiro ano de episcopado à frente da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão, participou do momento
de confraternização com os frades e o Conselho da Paróquia. “Vamos aprofundar as nossas vivências no Evangelho encarnado na vida, na realidade de cada dia. Buscar na comunidade toda a força e coragem e a comunhão entre nós para servirmos melhor o Reino de Jesus Cristo, que nos foi confiado, nessa diocese, com esse povo querido e amado do Sudoeste do Paraná”.
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Fraternidades
SAGRADO CELEBRA SANTA CLARA
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a noite do dia 11 de agosto, durante a Santa Missa das 18 horas, toda a Comunidade Paroquial da Igreja do Sagrado Coração de Jesus (Petrópolis – RJ) celebrou, solenemente, o dia de Santa Clara. A Celebração Eucarística foi presidida por Frei Jorge Paulo Schiavini, guardião da Fraternidade do Sagrado, e concelebrada pelos vigários paroquiais, Frei Almir Ribeiro Guimarães e Frei José Ariovaldo da Silva, e por Frei Gilberto da Silva, que fez a homilia da Celebração e que atualmente reside em Roma, onde faz Mestrado em Franciscanismo. Em sua homilia, Frei Gilberto abordou a vida de Clara de Assis, ressaltando o seu abdicar de toda a sua riqueza para aderir ao projeto do Reino, seguindo tão de perto Francisco de Assis em seu testemunho de vida.
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formação e estudos
RENOVAÇÃO DOS VOTOS
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o dia 02 de agosto, Nossa Senhora dos Anjos ou Porciúncula, berço do franciscanismo, foi a data escolhida para a renovação dos votos de Frei Deoclecio Lira Correa, Frei Erisclei da Silva e Frei Raul Antonio Azevedo Bentes, frades da Custódia São Benedito, na Região Amazônica. A renovação aconteceu na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, durante a Santa Missa das 18h, presidida por Frei Jorge Paulo Schiavini, guardião da Fraternidade do Sagrado, e concelebrada por Frei Ludovico Garmus, professor do Instituto Teológico Franciscano (ITF), e Frei Marcos Antônio Andrade, mestre dos Frades Estudantes no tempo da Teologia. Antes da
Celebração, os frades, juntamente com toda a assembleia de fiéis, rezaram as Vésperas, presididas pelo vigário paroquial, Frei José Ariovaldo da Silva. Pascom do Sagrado
Fraternidades
Convento São Francisco celebra 370 anos
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ma Semana Comemorativa vai marcar os festejos pelos 370 anos do Convento São Francisco, em São Paulo. No dia 2, às 16 horas, “Roda de Conversa sobre a vida do Dom Paulo Evaristo Arns”, na igreja do Convento. Já no dia 10, às 10h30, apresentação do grupo de flautas do Convento e Santuário. No dia 14 haverá uma caminhada noturna e visita às Igrejas de São Francisco e São Francisco das Chagas, às 20 horas, sendo a concentração em frente ao Teatro Municipal. No dia 15, das 9 às 18 horas, será feita uma vigília em ação de graças pelos 370 anos do Convento. Na véspera, das 9 às 13h30, uma visita monitorada por guias turísticos às Igrejas de São Francisco, São Francisco das Chagas e Faculdade de Direito. Já às 16 horas, apresentação da Orquestra Arte Barroco na igreja do Convento. No dia festivo, 17 de setembro, quando se celebram os Estigmas de São Francisco de Assis, às 9 horas, haverá as Laudes. Às 10h30, a Missa em Ação de Graças, presidida pelo Cardeal Dom Odilo Scherer. Neste dia, será lançado o livro sobre os 370 de história da presença evangelizadora dos frades no Convento São Francisco. Durante o mês, o Convento sedia duas exposições: Douglas Mansur apresenta “Os caminhos de Dom Paulo em São Paulo”, através de fotos. Já o pintor Edu das Águas apresen-
ta a exposição “Cores da Fé”. Paulistano da gema, Edu nasceu no Centro há 78 anos e trabalhou na região por muito tempo. Depois de viajar ao redor do mundo, conhecer outras culturas e expor suas obras, decidiu usar a sua arte para retratar a sua cidade, onde cresceu, fez carreira e criou os seus filhos.
PRESENÇA FRANCISCANA
Os frades franciscanos chegaram à vila de São Paulo de Piratininga no ano de 1639 e se instalaram originalmente onde hoje se localiza a Igreja de Santo Antônio na praça do Patriarca. Pouco tempo depois, receberam como doação um terreno localizado mais acima, onde hoje está o atual Largo de São Francisco. Ali construíram o seu convento, inaugurado em 17 de setembro de 1647. A igreja conventual foi modificada a partir de meados do século XVIII, o que lhe conferiu a atual forma barroca. Destacam-se as “estrelas” do coro e os móveis da sacristia talhados em madeira de jacarandá. Nos finais do século XIX (1880), a igreja e convento anexo foram muito danificados num incêndio, embora a imagem de São Francisco tenha permanecido intacta. Nessa época, instalou-se no altar-mor um novo retábulo, trazido da Alemanha. O teto curvo de madeira da nave tem pinturas sobre a vida de São Francisco, datadas de 1953, refeitas
a partir das destruídas em 1880. Em 1676, os irmãos da Terceira Ordem de São Francisco, hoje Ordem Franciscana Secular, iniciaram a construção de uma capela no interior da igreja franciscana. Essa capela foi subsequentemente ampliada até transformar-se numa igreja independente, com a fachada colada à igreja conventual. Foi inaugurada em 1787. Em 1827/28, os franciscanos, por requerimento do governo imperial “cederam” seu convento para a instalação da Academia de Ciências Sociais e Jurídicas, atualmente Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. O Convento se tornou Paróquia em 1940 e, desde então, mantém diversas pastorais, atendimento de confissões e missas diariamente, bem como, um grande trabalho social junto aos mais pobres e abandonados da cidade de São Paulo. No dia 6 de junho de 1997, o franciscano Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns declarou que o Convento de São Francisco passaria a ser também Santuário, já que recebe fiéis de toda a Grande São Paulo. Por ser um Santuário, oferece atendimento espiritual ininterruptamente durante todo o dia.
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Fraternidades
A FRATERNIDADE DE BRAGANÇA PAULISTA Caros irmãos,
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uando, no dia 7 de agosto, fizemos a foto para o novo álbum fotográfico da Província, surgiu a ideia de tirar uma foto de toda a Fraternidade. Os confrades, então, pediram para ver a possibilidade de publicar esta foto nas Comunicações da Província. Acolhendo o desejo da Fraternidade, entrei em contato com Frei Walter pedindo que publicasse a foto. A nossa Fraternidade é composta de 22 frades, dos quais 3 tem mais que 91 anos; 4 estão na faixa entre 81 e 90 anos; 10 na faixa entre 71 e 80 anos; 5 menos de 70 anos. O mais idoso da Fraternidade é Frei Olavo, com 98 anos; e o mais jovem é Frei Thiago, com 36 anos. Cada confrade tem a sua história e sua experiência de vida. Cada um é um tesouro para o outro com a sabedoria
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da vida. Cada um enriquece, à sua maneira, a vida fraterna. Aqui, seguem uns dados sobre a nossa fraternidade. Frei Olavo, com seus 98 anos, participa de todos os atos comunitários e é o relógio da casa. Com fidelidade anuncia, na hora do chimarrão, a hora do almoço. E todos lhe obedecem fielmente. Frei Ciríaco, com seus 95 anos, é o segundo em idade da nossa Fraternidade. Ele, com Frei Aristides, formam uma dupla inseparável. É bonito ver como os dois se apoiam e se ajudam. Um chama o outro para ir à capela a fim de participar das celebrações e, voltando para o refeitório, Frei Ciríaco dá a bênção a Frei Aristides. Frei Anselmo tem o dom da música. Com 93 anos, orienta nosso encontro dominical com cantos. Frei Paulo Back o ajuda na preparação deste momento comunitário.
Há um mês recebemos em nossa Fraternidade Frei Paulo Limper. Ele foi transferido de Geisenheim, na Alemanha, para a nossa Bragança. Está se adaptando e quer ser útil para toda a Fraternidade. Frei Thiago, Frei Nilo e Frei Vitório (não estão na foto) têm o seu campo de ação na USF. Quando estão em casa, não medem esforços para servir à Fraternidade. Frei Regis é o responsável pela manutenção da casa. Está sempre disponível e sempre procurando agradar os confrades. Graças a ele, temos um ambiente bonito com muitas flores e plantas. Tem uma mão firme para cultivar plantas. Frei Ernesto brilha na nossa Fraternidade pelo serviço de sacristão. Está atento para que não falte nada nas nossas celebrações. Frei Raul se destaca como escrivão. Com a sua letra exemplar, capricha
Fraternidades para que o livro de missas esteja em dia. Frei Celso é o ecônomo da casa. Zela para que todas as contas sejam pagas no momento certo e administra, com toda a responsabilidade, o caixa. Faz também as compras para a casa e nunca deixa nada faltar na nossa mesa. Frei Aladim está se recuperando pacientemente da cirurgia a que se submeteu em junho. Não perde a esperança de um dia se recuperar plenamente e voltar aos seus trabalhos e compromissos diários. Frei Aloísio veio à nossa Fraternidade há 15 dias. Está ainda sentindo muitas saudades da Fazenda Esperança, mas acredito que em breve vai superar a saudade e se engajar plenamente na nossa vida comunitária.
Frei Francisco (não está na foto) não sente dificuldades de se ocupar. Sempre encontra algo para fazer fora da casa. Frei Floriano deixa o seu sinal positivo na Fraternidade. Apesar de todas as limitações de saúde, participa em todos os acontecimentos da Fraternidade. Frei Mário, dependente da cadeira de rodas, marca uma presença significativa na Fraternidade. Se não estiver na Missa ou na roda do chimarrão, todos se preocupam querendo saber o que aconteceu com ele. Conversa pouco, mas sempre está atento. Frei José Lino, depois de 55 anos em Agudos, está se ambientando bem aqui em Bragança Paulista. Frei Juvenal gosta de se comunicar
com os outros. Não só dentro da casa, mas também fora, por telefone; fala da beleza da natureza e da nossa vida aqui em Bragança. Frei João Alves participa da vida da Fraternidade. Zela pela sua saúde e gosta muito da natureza, que é um dom precioso de Deus. Cuida dos animais que estão vivendo ao redor da casa oferecendo para eles comida. Mais uma vez, para terminar, convido a todos para passarem umas horas ou dias conosco. Você nos enriquece com a sua visita fraterna. Mas peço que nos avise com antecedência para que a gente possa recebê-lo adequadamente. Frei Carlos Körber
Guardião da Fraternidade
Concurso Online de Música Franciscana. Participe!
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ue tal você e seus amigos formarem uma Banda Franciscana? É isso mesmo! Vem aí o Concurso Online de Música Franciscana, que é uma oportunidade de conhecer ainda mais as músicas que querem falar do carisma franciscano! Além disso, com esta iniciativa queremos conhecer ainda melhor os jovens sabendo dos seus dons e talentos musicais, deixando com que a arte de alegrar o mundo através da música seja um meio de evangelização! E o nosso padroeiro dessa ideia é São Francisco de Assis! Ele era um grande cantor das maravilhas de Deus e fez de sua vida uma afinada canção baseada no Evangelho. E tudo isso já para se preparar para a nossa Missão Franciscana da Juventude em Bauru e Agudos, em janeiro de 2018! Por isso, convide os seus amigos e juntos façam um vídeo com uma música franciscana que já existe ou pode ser de própria autoria e enviem para nós! Para participar e conhecer direitinho as regras é importante tomar o
Regulamento do Concurso Online bro de 2017 e a divulgação será no dia de Música Franciscana (acesse o site 29 deste mesmo mês, Dia Nacional da www.franciscanos.org.br). As canções Juventude. A premiação será: a inscrisomente serão avaliadas se seguirem ção dos membros do grupo que apareos critérios estipulados pela equipe de ce no vídeo na nossa próxima MFJ em organização! Bauru e Agudos, um kit franciscano e Para deixar vocês ainda mais ani- um prêmio surpresa. Você não pode mados, lembramos que a data máxima ficar fora dessa, pois a nossa MFJ já copara o envio dos vídeos é 20 de outumeçou! e bem! Setembro / 2017 Paz [Comunicações] 567
L IA C E ESP
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e indignação 569Beggo (fotos Assessoria do evento)
Moacir SetembroReportagem: / 2017 [Comunicações]
Especial CFFB manhã do domingo, 6 de agosto, foi de Ação de Graças no Capítulo das Esteiras, que terminou ao meio-dia depois da Celebração Eucarística. Frei Éderson Queiroz, o presidente da CFFB, passou para os capitulares a sua última mensagem, carregada de indignação pela atual situação do país e, ao mesmo tempo, animou os capitulares a não se acomodarem e a terem esperança. Ir. Cleusa Aparecida Neves, vice-presidente da CFFB, fez um resgate histórico do nascimento do Cefepal até a entidade de hoje e o Secretário Nacional da Juventude Franciscana, Washington Lima dos Santos, leu o documento final do encontro. “É chegado o momento de recolhermos nossas esteiras e as lançarmos sobre o chão das periferias do mundo, transformando continuamente nossa maneira de Ser, Estar e Consumir em reposta aos apelos do Papa Francisco. A realidade ecológica e sócio-político-econômica do nosso país exige de nós compromisso profético de denúncia e anúncio”, pede a Carta de Aparecida.
TERRA FRANCISCANA
Frei Ederson não economizou nos agradecimentos e homenagens ao finalizar o Capítulo das Esteiras que celebrou os 800 anos do Perdão de Assis, o Jubileu de Ouro da CFFB e os 300 anos da imagem de Nossa Senhora Aparecida. “Que história bonita nós temos na nossa Conferência. Quantos e e quantas nos assessoraram nos cursos, revistas, nos retiros, nos encontros de preparação para os votos, na animação vocacional e receberam apenas a passagem de ida e volta!”, agradeceu “A nossa história é uma história santa. Por isso, como o Senhor pediu a Moisés, ele pede a nós hoje: tire as
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sandálias para entrar nessa terra. A terra franciscana no Brasil é uma terra santa. Tirar as sandálias é tirar o medo, tirar a angústia de que estamos acabando. Tirar as sandálias é tirar a indiferença com tudo aquilo que diz respeito à nossa vida em fraternidade. Tirar as sandálias é dispor-se de novo num caminho juntos. Tirar as sandálias é redescobrir a nossa interdependência. Nós dependemos uns dos outros para viver como família franciscana do Brasil. Aliás, o franciscano, a franciscana, precisa do outro, como nosso pulmão precisa do ar, como o peixe precisa da água. Não há vida franciscana sem o outro. O outro é o grande dom depois que o Senhor me deu irmãos”, lembrou o presidente da CFFB. Na sua homilia, como presidente da Celebração Eucarística, Frei Eder-
Ir. Cleusa Aparecida Neves, vice-presidente da CFFB
Especial CFFB son refletiu sobre a Transfiguração do Cristo. “Meus irmãos e minhas irmãs. Este Capítulo foi um subir ao Monte Tabor. Saímos das nossas baixadas, dos nossos vales, viemos dos campos e das cidades, até da Espanha teve gente que chegou aqui. De carro, de avião, de ônibus chegamos a Aparecida. E, certamente, quando chegamos aqui, um cansaço, não apenas da viagem, mas da viagem que estamos fazendo no tempo e na história, nos abateu: cansaço dos desencontros, cansaço diante de uma decepção que vai tomando conta da nossa Pátria, pelos desmandos, pela corrupção, pela mentira, por tudo isso de nojento e de sórdido que está acontecendo debaixo dos nossos olhos; cansaço de uma paralisia. Estamos assistindo a tudo estupefatos. Perdemos a força de ir para as ruas, de gritar ‘basta’, ‘fora’, sem temer nada e ninguém. Chegamos aqui cansados com as desventuras de nossa vida pessoal, da vida de família, da vida religiosa, do convento, da fraternidade, mas viemos ao Capítulo das Esteiras”, ressaltou o frade capuchinho. Segundo Frei Éderson, esses dias em Aparecida “a voz do Pai se fez ouvir”. “Pela boca de Frei Vitório, a voz do Pai se fez ouvir; pela boca de Frei Luiz Carlos Susin, a voz do Pai se fez ouvir; pela voz dos testemunhos, pela voz dos irmãos e irmãs do Sinfrajupe, a voz do Pai se fez ouvir. E qual voz do Pai ouvimos neste dia?”, perguntou. Ele emendou: “Família Franciscana, você é minha filha bem amada. É esta voz que nos conecta, esta voz que nos integra, esta voz que cura, essa voz que traz um dinamismo, como deu dinamismo a Jesus no Rio Jordão. Quando Jesus ouviu, no Jordão, “tu és meu filho bem amado”, não foi mais possível voltar para Nazaré. Ele tinha que ser voz do Pai. E toda a vida de Jesus, todo o ministério de Jesus
outra coisa não foi senão ser a voz do Pai. Família Franciscana você é filha amada”, animou, convocando: “E agora é preciso que cada possa fazer ecoar por esse mundo machucado, ofendido, de pobres maltratados e excluídos, a voz do Pai; é preciso que essa voz do Pai ressoe através de nós, nos nossos gestos, no olhar, na ternura de um abraço, na delicadeza de uma palavra, na proximidade. É preciso que o outro descubra-se filho(a) muito amado(a). Mas para isso Ele nos pede: escute o meu Filho. E Francisco entendeu bem essa lógica, por isso não se apartava do Cristo, não se apartava do Evangelho, não se apartava da fraternidade, não se apartava dos pobres, dos leprosos, dos mendigos”, salientou. O frade lembrou que o Filho Amado, de transfigurado será depois desfigurado, será tomado de todas as dores e desatinos da humanidade e se deixa desfigurar na Cruz para nos transfigurar com a força da ressurreição para que não sejamos mais construtores de cruz e nem de realidades que desfiguram. “Tudo o que me desfigura, e através de mim os outros, eu tenho a ver com isso, porque somos filhos da transfiguração. Não somos filhos da desfiguração. E diante dessa realidade na qual estamos mergulhados, que desfigura, que rompe, que rouba a vida, que mata, nós não podemos ficar in-
sensíveis, acomodados e passivamente assistindo. Diante de toda a desfiguração, nós somos discípulos e discípulas da transfiguração”, enfatizou. “A festa de hoje é a festa da nossa vocação. A nossa vocação é a glória, a plenitude em Deus. Não há glória e plenitude aqui porque isso é muito pouco e fugaz. A nossa glória é outra. Por isso, no caminho do descimento, no caminho da minoridade, no caminho de mergulhar nas realidades mais profundas da existência, a transfiguração acontecerá. É chegada a hora de partirmos de Aparecida. De retomarmos o nosso cotidiano e tomara a Deus que o nosso cotidiano nunca mais seja o mesmo depois deste Capítulo das Esteiras! Que possamos deixar o coração arder e, neste arder, fazer com que o ardor de Deus e por Deus contamine todas as realidades onde vivemos!”, desejou. Frei Gilson Nunes, conselheiro da CFFB, coordenou as equipes de trabalho deste Capítulo e as chamou todas para o palco. “Graças ao coração, ao olhar, à ternura, a maioria nos bastidores, desses irmãos é que o Capítulo Nacional das Esteiras foi esse verdadeiro Pentecostes, esse momento de graça. A vocês, irmãos e irmãs, obrigado de coração e que nós cresçamos cada vez mais na comunhão, na unidade”, agradeceu Frei Gílson. Setembro / 2017 [Comunicações]
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Especial CFFB ÍNTEGRA DO DOCUMENTO FINAL
CARTA DE APARECIDA
“Ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres.” LS, 49 A Conferência da Família Franciscana do Brasil, celebrando o Capítulo Nacional das Esteiras, consciente de sua missão de “levar ao mundo a misericórdia de Deus”, dirige-se a todas as pessoas de boa vontade: àquelas que continuam acreditando em um mundo de justiça e fraternidade e àquelas que, em meio às contradições e crueldades de nosso tempo, vivem a dor da desilusão e da falta de esperança. As partilhas realizadas nesses dias nos levam a afirmar: vivemos um verdadeiro Pentecostes. Neste sentido, o Capítulo nos chamou a um revigoramento do Carisma e nos levou a fazer memória da herança, da inspiração originária que deu início ao movimento franciscano. A experiência das esteiras nos leva a retomar nossa vocação enquanto peregrinos e forasteiros. As bases nas quais foram construídas a nossa história estão mar-
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cadas pelo sangue dos pobres e pequenos, indígenas, mulheres e jovens negros, por um extrativismo desmedido e destruidor, por uma economia que exclui a maioria, por destruição de povos, culturas e da natureza. À luz do nosso carisma, compreendemos que se faz necessário construir um novo horizonte utópico que nos comprometa com a construção de um projeto de país com justiça e paz, em respeito à integridade da criação. Somos sensíveis ao grito dos empobrecidos e da Mãe Terra! É preciso agir com misericórdia para com eles e, com indignação diante desse sistema que exclui, empobrece e maltrata, e convocarmos a todos para se unirem na luta que hoje assumimos juntos: participar da reconstrução da Igreja com o Papa Francisco e reconstruir o Brasil em ruínas. É chegado o momento de recolhermos nossas esteiras e as lançarmos sobre o chão das periferias do mundo, transformando continuamente nossa maneira de Ser, Estar e nos Consumir em reposta aos apelos do Papa Francisco. A realidade ecológica e sócio-político-econômica do nosso país exige de nós compromisso profético de denúncia e anúncio. Assistimos, tomados de ira sagrada, à violação dos direitos conquistados, através de muitos esforços, empenhos e articulação pelo povo brasileiro. Por isso, não podemos deixar de nos empenhar junto aos movimentos sociais na luta “por nenhum direito a menos”, contra golpes, reformas retrógadas e abusivas conduzidas
por um governo ilegítimo, um parlamento divorciado dos interesses da população e uma justiça que tem se revelado fora dos parâmetros da equidade, “que no lugar de fortalecer o papel do Estado para atender às necessidade e os direitos do mais fragilizados, favorece os interesses do grande capital”. Dessa Cidade de Aparecida, Nossa Senhora, Padroeira do Brasil, resgatada das águas de um rio, hoje poluído e degradado, nos faz eleger dentre os diversos apelos um compromisso particular com a Irmã Água. Deste modo, nos empenharemos na construção de um processo de reflexão e ação em defesa da água como bem comum, que se dará através da participação da família em jornadas, fóruns e nas iniciativas de fortalecimento dos trabalhos ligados à promoção da Justiça e da Integridade da Criação. Tudo isso acontece, irmãs e irmãos, porque São Francisco nos ensinou que nos momentos mais difíceis de nossas vidas devemos voltar à Casa da Mãe. Ele e seus irmãos voltavam, com frequência, à pequena igreja de Santa Maria dos Anjos, a Porciúncula. Nós voltamos ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, na celebração dos 300 anos de caminhada com os pequenos desta terra. “Ó Mãe preta, ó Mariama, Claro que dirão, Mariama, que é política, que é subversão, que é comunismo. É Evangelho de Cristo, Mariama!”, ainda assim, invocamos suas bênçãos sobre toda a nossa família e sobre um Brasil sedento de “paz – fruto da justiça, do bem e da misericórdia de Deus”. Conferência da Família Franciscana do Brasil – CFFB 06 de agosto de 2017
Especial CFFB
AGRADECIMENTO À PROVÍNCIA DA IMACULADA Frei Éderson fez um agradecimento especial a Frei Fidêncio Vanboemmel, Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição. “São muitas as pessoas que construíram a nossa história nesses 50 anos, mas nós queríamos dizer, de modo especial, a Frei Fidêncio que se a Igreja nos deu São Francisco, a Província da Imaculada nos deu as Fontes Franciscanas. Todos
nós, de alguma maneira, somos filhos e filhas da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Basta olharmos só uma coisa: as publicações da Família. Lá pode ter dois, três, quatro ou cinco nomes de frades da Província da Imaculada. Aliás, o Cefepal foi para Petrópolis porque lá o Instituto Teológico nos deu suporte. Então, Frei Fidêncio e Frades Menores da
Imaculada, a nossa gratidão. Frei Fidêncio teve um gesto muito bonito para com nossa Conferência: em cada estado onde está a Província da Imaculada – ES, RJ, SP, PR e SC – nomeou um frade para acompanhar o Regional da Família Franciscana do Brasil. Esse é um gesto de anuência, de compromisso, de bem-querer. Muito obrigado, Frei Fidêncio por seu gesto!”
50 ANOS DA FAMÍLIA FRANCISCANA Seguindo o exemplo da Família Franciscana de alguns países europeus, os franciscanos da América Latina procuraram meios de colocar em prática a “volta às fontes” solicitada pelo Concílio Vaticano II. Deste modo, nasceu, em 1965, o Cefepal (Centro de Estudos Franciscanos e Pastorais para a América Latina) no Chile. Em 1966, surgia também no Brasil o Cefepal em Petrópolis (RJ)
que foi pensado para ser um movimento franciscano que unisse, em espírito de fraternidade, todos os franciscanos e franciscanas do Brasil, para promover a reflexão sobre o carisma e a missão franciscana e para dar uma resposta aos desafios da Igreja latino-americana. A Assembleia Geral de outubro de 1994 cuidou não apenas de repensar a nomenclatura, mas de tornar a estrutura mais ágil e simples.
Deste modo, a FFB (Família Franciscana do Brasil) sucede ao Cefepal, significando o conjunto de todas as entidades associadas e os mais diversos serviços na linha da espiritualidade francisclariana. Em 2015, a FFB, reunida em Assembleia, atualizou seu Estatuto com o objetivo de acrescentar à sua denominação a palavra Conferência, assumindo status de uma representatividade em nível nacional.
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FREI VITÓRIO
“transformamos o país numa Rua 25 de Março”
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a primeira reflexão do Capítulo, Frei Vitório Mazzuco falou sobre o tema e o lema: “Levar ao mundo a misericórdia de Deus” e “É preciso voltar a Assis!”. Para Frei Vitório, não podemos voltar ao passado, mas podemos trazê-lo até nós e atualizá-lo. “Francisco de Assis e Clara de Assis não são santos do passado, mas sim do presente. Eles puxam a nossa história para a frente e apontam um futuro de esperança. Eles são santos da utopia. A falta de esperança e desencanto do mundo não fazem parte da nossa proposta franciscana e clariana”, disse. Segundo o frade, Assis é aqui, em
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tempos de guerras, tensões, violência urbana, governo paralelo do tráfico e um atentado moral que é o desgoverno ao qual estamos sujeitos. “Assis é aqui em meio a surpreendentes atentados terroristas, depressão ganhando espaço como uma grande síndrome moderna; a alienante busca de felicidade por meio das drogas; uma eclesiologia de freio de mão puxado, mas que começa a soltar-se aos poucos. Há 800 anos, um mendigo chamado Francisco adentra a estrutura eclesial e vai fazer um Papa sonhar; e hoje um Papa Francisco faz toda uma Igreja sonhar e andar soltando amarras”, acrescentou. “Voltar a Assis, tempo de Clara e Francisco, é retomar o tempo de hu-
manizar um Deus e divinizar o humano. Senão, como se apaixonar pela Encarnação? Vamos voltar como peregrinação, conversão e indulgência, levando a Misericórdia”, propôs o frade, que refletiu muito sobre a misericórdia. “A Misericórdia não é apenas uma lei moral ou ética, mas é uma virtude essencial para qualquer relacionamento. A Misericórdia, a Fraternidade e a Compaixão correm o risco de não serem entendidas se a comunidade mundial não for colocada em contato com a possibilidade de superar abismos enormes que nos separam, abismo culturais, abismos da intolerância, abismos da ausência de valores que impactam as diversas dimensões da vida.
Especial CFFB Diz o Papa Francisco: ‘Um dos graves problemas de nosso tempo é certamente a alterada relação com a vida’”, explicou, referindo-se à Laudato Si’. Segundo o frade, não podemos permitir o grito de abandono das coisas: “Abandonar a natureza seria abandonar Quem as fez. Cada criatura é espelho do Criador”, disse, enfatizando: “Todos somos chamados a criar um novo mundo em Deus e com Deus”. Frei Vitório terminou sua apresentação com uma dura crítica ao contexto econômico-político nacional. “De uma colonização que nos depredou, passamos para uma colonização midiática que ainda não nos valoriza como berço de biomas e biodiversidade. Como não podemos impor nada a ninguém, transformamos o país numa Rua 25 de Março”, denunciou. Segundo Frei Vitório, a economia “botou de joelho o poder civil, legislativo, executivo e o judiciário. “Hoje um presidente não tem poder porque tem que negociar com o mercado e com as empresas. Não temos política, temos um atentado moral. Será que governos estão preocupados com a dignidade da vida? Não consegue nem chorar sobre o sofrimento humano porque perdeu a sensibilidade”, lamentou, acrescentando: “É neste contexto que temos que fazer valer a proposta deste abrangente tema para a nossa vida: mostrar um outro mundo possível!”. Frei Vitório terminou falando do Capítulo como o momento maior da Fraternidade! “Esteiras significam provisoriedade e abandono à Providência, que nos dará o que é necessário para a vida. Esteiras significam que somos servos e servas da simplicidade; que a bondade de Deus e o amor fraterno pulsam em tudo. Esteiras significam nossa habitação num caminho penitencial. Penitência não é restrição, mas libertação de coisas e apegos para uma disponibilidade maior em nossa capacidade de amar”, completou.
Frei Luiz Carlos Susin
A misericórdia na perspectiva franciscana
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o segundo dia do Capítulo, a assessoria coube a Frei Luiz Carlos Susin, frade capuchinho, doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e professor na PUC-RS, que abordou a misericórdia na perspectiva franciscana. Mas antes de entrar diretamente no tema, abordou um problema histórico, que segundo a tradição doutrinária a respeito de Deus, colocou mais acento no Deus metafísico. “Quando
pensamos em Deus, na sua grandeza metafísica, na sua onipotência, até por uma tradição muito antiga da filosofia grega, fomos em direção ao Deus absolutamente imutável; e sendo imutável, também impassível. Deus que não se deixa tocar, e que não tem propriamente sentimentos. E aí vocês podem ver que teríamos problemas para falar do Deus da misericórdia”, observou. Para o palestrante, é preciso cuidar muito com estas expressões Onipotente, todo-poderoso, etc. “Isso estava Setembro / 2017 [Comunicações]
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Especial CFFB bem, está bem, nós podemos continuar rezando o Credo dizendo que Deus é onipotente. Isso é doutrina e dogma da Igreja. Mas quando isso deriva para uma certa unilateralidade, por causa, sobretudo, de uma herança filosófica, então, esse Deus imutável, metafísico, onipotente, se torna a imagem de um Deus impassível”, explicou, ensinando: “Por isso que, quando a gente diz que Deus é todo-poderoso, não deve esquecer que tem que dizer que Deus é Pai todo-poderoso e, em segundo lugar, que seu poder se manifesta exatamente no seu amor, na sua misericórdia”. Frei Luiz lembrou que no contexto bíblico, combinar a justiça e a misericórdia de Deus não é tarefa fácil. “Nós poderemos compreender melhor a misericórdia não como um simples ato de bondade de Deus, sobretudo quando a misericórdia aparece em contraposição. Por isso que o profeta diz: misericórdia eu quero e não sacrifícios. Ela aparece nesse contraste e no contexto em que se acreditava que, para agradar Deus, era necessário sacrificar algo, como se Deus dissesse ‘vita mea mors tua’. A minha vida vive um pouco da tua morte. Isso é sacrifício”, explicou, lembrando que a palavra sacrifício é polissêmica e existem mudanças no seu sentido. “Quando nós dizemos, na Eucarista, ‘sacrifício de louvor, sacrifício de pão e vinho’, aí temos outra maneira de dizer a palavra. Então, o que significa dizer misericórdia e não sacrifício? É dizer que Deus e a relação com Deus se faz de outra maneira”. Segundo o frade, na Escritura, a palavra misericórdia mais privilegiada é ‘rahamim’, que tem como raiz o ventre materno. Misericórdia significa “gerar com dores de parto”. “Nós temos aqui outra maneira de ver Deus, que não é só ‘El Shaday’, somente o grande, o poderoso, mas é o ‘rahamim’, o compassivo, o misericordioso, o clemente. E assim nós descobrimos
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um outro movimento de Deus, que não é só da glória de Deus, mas que se manifesta paradoxalmente no seu contrário: em se aproximar, envolver, nutrir, proteger. Na teologia judaica, isso significa ‘shekinah’, a presença divina que envolve a tenda, que envolve o povo que caminha no deserto”, aprofundou. Segundo o frade, para conhecer a glória de Deus, é preciso começar não pela grandeza, mas pela humildade, pela misericórdia, pela esvaziamento dessa grandeza que se mostra na misericórdia.
TRADIÇÃO FRANCISCANA
Frei Susin abordou três pontos para falar da experiência da misericórdia como formatação do modo de ser franciscano: 1. Uma experiência de misericórdia como iniciação à vida franciscana “Com o leproso Francisco vive a figura do bom samaritano. Reparem que essa é uma experiência samaritana de Francisco. Ele faz uma experiência de ser tocado, uma experiência de compaixão, que tem a ver com sentimento, e finalmente a misericórdia. Ele viu, ele se aproximou, ele teve compaixão e cuidou das suas feridas. Portanto, essa experiência samaritana é um desafio no início da formação franciscana”. 2. A misericórdia como fundamento da fraternidade, da irmandade “Naquela experiência de Francisco passar entre os leprosos, ele foi conduzido por Deus mesmo para que ele tivesse novos relacionamentos. Depois disso, nós sabemos que houve uma troca de linguagem em Francisco, de tal maneira que, mesmo quando ele fala para homens como uns devem se comportar em relação a outros, ele apela para uma linguagem feminina e maternal”. É a Fraternidade vista como cuidado, próprio do carisma franciscano.
3. A misericórdia como relação justa com todos os seres vivos “Animais não são parte da ecologia. Animais foram dados pelo Criador para conviver conosco. O mundo não foi dado só para nós. Nós somos o regente da orquestra. Um regente sem a orquestra é um desastre”. Frei Susin diz que Francisco não se sente Senhor das criaturas e deve-se aplicar a todas as criaturas a mesma relação que teve com os irmãos, com Clara e com as irmãs. O frade fez uma provocação aos participantes do Capítulo: “Se nós temos São Francisco como Patrono da Ecologia, nós temos que nos acordar para certas coisas”, disse, referindo-se ao problema ambiental que vivemos e que pode, muito em breve, destruir o planeta. O frade indicou o filme (pode ser visto no Youtube) de Marianne Thieme, deputada da Holanda, que apresenta argumentos e dados relevantes e complementares sobre a contribuição da atividade pecuária para o aquecimento global. “No Brasil, isso é gritante. Por quê? Um dos nossos maiores problemas é proteger as florestas da Amazônia, que são devastadas para o plantio de pastagens e grãos para o gado. 70% do cultivo agrário do Brasil existe em vista da carne e 80% da carne não fica no Brasil. Dos 70%, 35% para pastagens e 35% é para cultivo de grãos para animais. Sobra 30% para outras formas de comida no mercado interno. Nós voltamos a ser uma grande fazenda colonial do mundo que nos compra”, denunciou, dizendo que essas estatísticas podem ser verificadas em diversas fontes diferentes. Ele terminou com uma mensagem em vídeo de Leonardo Boff falando sobre o problema ambiental. “Ele foi meu professor e hoje é um companheiro por quem tenho muito carinho”, completou.
Especial CFFB CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA
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rei Carlos Silva, Ministro Provincial dos Frades Menores Capuchinhos de São Paulo, presidiu a Celebração Eucarística. Na sua homilia, Frei Carlos falou do encontro. “Nós seguimos a forma de vida de um homem e de uma mulher que se encontraram com Cristo. E o Frei Susin nos falava desse encontro de Francisco como: amargo, horrível e nojento. Mas aquilo que era amargo se tornou doçura da alma e do corpo. E Francisco quando fez esse encontro disse: ‘Eu fiz misericórdia com eles’. Esse foi o encon-
tro com o rosto da misericórdia que se estendeu para os rostos que estavam aí pelo caminho, os leprosos e os pobres. Nós estamos na casa da Mãe. Trezentos anos atrás ela foi encontrada pelos pobres pescadores. O primeiro Santuário não foi essa majestosa basílica, mas foi a casa dos pobres. Por mais de 30 anos, ela peregrinou pela casa dos pobres. E foi fazendo esses homens e mulheres pobres se encontrarem com Cristo”, disse. Segundo o Provincial, assim é a vida: feita de encontros. “Que encontro restaurador é esse!”.
CELEBRAÇÃO PENITENCIAL
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m dos momentos mais bonitos foi a Celebração Penitencial na Basílica Nacional de Aparecida, na sexta-feira. Todos os participantes se reuniram para celebrar o maior gesto de amor de Deus Pai para conosco: reconstruir a própria história à luz de uma relação renovada com os outros. Frei Gilson Nunes, Ministro Provincial dos Frades Menores Conventuais, presidiu a celebração, tendo como concelebrantes Frei Fidêncio Vanboemmel e Dom José Soares Filho (OFM-
Cap), bispo franciscano emérito de Carolina. “Nós queremos pedir que esse fogo, que essa luz se acenda no nosso coração como gratidão e louvor e que a Família Franciscana, depois de 50 anos de caminhada, com o Cefepal, com a Família Franciscana do Brasil e por último a Conferência da Família Franciscana, que a Virgem Negra interceda por nós para que reencontremos o caminho da unidade, da interdependência. Que seja reacendido em nossos corações o amor que ardia no coração de nosso Pai Francisco!”, disse o celebrante.
A MENSAGEM DA CRB
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presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, veio ao Capítulo e falou de sua alegria em ver a Família Franciscana reunida em Aparecida. “Para mim é muito importante estarmos juntos neste momento de reflexão aos pés de Nossa Senhora. Para nós, consagrados, o momento que vivemos no Brasil é muito desafiador. E é justamente nessa energia de consagrados aos pés de Nossa Senhora que podemos acreditar num Brasil reconstruído, pela nossa unidade, co-
munhão, ação conjunta. Eu desejo que este Capítulo vá ao encontro daquilo que a nossa Conferência está propondo para nós: integrar mística e profecia. A nossa 24ª Conferência colocava como primeira prioridade buscarmos com sinceridade e com o coração ardendo as nossas origens. E quem mais do que Francisco e Clara nos ajudaria a manter esse coração ardendo de amor a Cristo e a Maria, de amor pelo Reino? E com esse coração ardendo, colocamos os pés a caminho”, disse, completando: “Quando o coração não arde, os pés não andam”. Setembro / 2017 [Comunicações]
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Especial CFFB Moema Miranda
“A nossa forma de estar no mundo hoje ameaça a vida”
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nossa forma de estar no mundo hoje ameaça a comunidade de vida e essa não é uma ameaça dos catastrofistas, que querem colocar medo. Mas nós precisamos ter essa consciência profunda porque temos a informação disponível e não podemos nos furtar a ela”. O alerta da franciscana secular Moema Miranda, diretora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Ibase, deu o tom do terceiro dia do Capítulo das Esteiras. A Laudato Si’ do Papa Francisco norteou as palestras do dia, em que se refletiu o cuidado da Casa
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Comum e a relação de misericórdia com a criação. Coube a Moema uma reflexão do contexto em que estamos vivendo, que segundo ela, é mundial. “E qual é o ponto de partida que nós, franciscanos e franciscanas, o Sinfrajupe em particular, queremos dar para a compreensão do mundo que a gente está vivendo? A partir da Laudato Si’ e a partir da nossa espiritualidade, com Frei Vitório Mazzuco e com Frei Luiz Carlos Susin ontem, nós já começamos a aprofundar essa compreensão. Mas a compreensão da nossa espiritualidade não é uma coisa que fica guardada na Igreja, ou
que fica fechada no nosso coração. Ela é uma espiritualidade que nos move para um compromisso, porque o nosso claustro é o mundo. O vídeo do Leonardo Boff gravado para nós mostrou que estamos vivendo uma situação extremamente perigosa e grave”, pontuou. Moema lembrou que a Laudato Si’ foi promulgada pelo Papa Francisco em 2015, na véspera da Conferência da Cop21 que aconteceu em Paris. “Ele fez isso porque o clima da terra está sendo alterado profundamente e numa rapidez impressionante. E esse movimento não é só de transformação do clima. É perda da biodiversidade, é poluição das águas, destruição das florestas, destruição de vidas no planeta. E não é, como disse Frei Rodrigo Peret, uma vingança da natureza. É resultado de um modo de produção que é acumulação, que é próprio do modo capitalista, que hoje abrange todo o sistema do nosso planeta. O modo capitalista intensifica a produção e pensa a natureza como recurso onde é possível extrair, extrair, extrair e extrair”, lamentou. O mais sério, segundo ela, é que, de certa forma, todos nós acabamos sendo “coniventes na medida em que nós consumimos, consumimos, consumimos e consumimos”. “Então, o primeiro elemento da conjun-
Especial CFFB A LUTA DE FREI GILBERTO tura que a gente está vivendo hoje é que, de fato, pela primeira vez na história do planeta, uma espécie pode se transformar numa espécie mortífera para todas as condições de vida do planeta, não só para a humanidade: a nossa forma de estar no mundo”.
O QUINTAL DOS RICOS
Frei Rodrigo Peret (OFM) abriu a sua reflexão começando com um filme que mostra o barulho da lama da Samacro descendo e destruindo todo o vale do Rio Doce. “A lama descia a 70 km/h. Foram 20 mortos, mais de 900 famílias sem teto e mais um milhão e 200 mil pessoas atingidas pela bacia do Rio Doce. Aqui, talvez a primeira reflexão: não era vingança da natureza. Esta não se vinga, ela só segue o seu ritmo e seu ciclo. Ela era, neste momento, a vítima de crimes. Inquérito da Polícia Federal de 200 páginas concluiu que houve negligência, problemas estruturais na barragem, falta de investimentos e a sede de lucro”, lamentou o frade. Para ele, Francisco é um homem reconciliador. “Mas não existe misericórdia sem uma profunda reconciliação. E não tem como reconciliar sem justiça, sem paz, sem cuidado pela criação”, disse. Citando o Papa Francisco, disse que na Laudato Si’, ele nos propõe a ecologia integral na perspectiva de uma ecologia cultural, numa ecologia humana, em que os sistemas e as relações se compreendam. Frei Peret tem esperança em meio a este mundo de destruição. “Eu não acredito que a humanidade destrua a natureza porque 80% da humanidade não têm a capacidade de fazê-lo e nem conhecimento. 20% com endereço certo no Hemisfério Norte e com endereços no Hemisfério Sul são os que fazem desse planeta o seu quintal”, criticou.
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lém de Frei José Francisco dos Santos, do Sefras, e Igor Bastos, do Sinfrajupe, Frei Gilberto Teixeira partilhou um pouco a sua experiência em Belisário, um distrito de 2.500 habitantes em Minas Gerais. “Muita gente diz que aqui é o fim do mundo. Eu gosto de dizer que lá é o princípio do mundo”, disse. Frei Gilberto foi ameaçado de morte no início deste ano em razão de sua atuação contrária à ampliação dos projetos de mineração de bauxita na Serra do Brigadeiro, em Minas Gerais, em Belisário. Após a celebração de uma missa, Frei Gilberto, franciscano da Fraternidade Santa Maria dos Anjos e responsável pela Paróquia de Belisário, foi abordado por um homem armado que o ameaçou devido aos seus posicionamentos contrários aos projetos das mineradoras na região. Agora, incluído no Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais, o frade conta que o apoio da comunidade tem sido fundamental nos últimos meses. “Senti que houve uma mobilização muito grande da comunidade e a ameaça chamou a atenção do Brasil e até do exterior”. Segundo o frade, a região da Serra do Brigadeiro, situada na Zona da Mata de Minas Gerais, é conhecida nacionalmente por sua rica biodiversidade, amplas áreas preservadas de mata atlântica, belezas naturais e uma agricultura familiar e camponesa consolidada com forte matriz agroecológica. Além disso, a região abriga a segunda maior reserva de bauxita do país, o que despertou, desde a década de 80, o interesse de mineradoras em explorar as jazidas minerais objetivando o lucro sem se importar com as consequências nefastas da mineração na região. Há 20 anos, as comunidades e organizações populares do entorno da Serra do Brigadeiro se mobilizam contrárias aos impactos ambientais e sociais gerados pela mineração de bauxita na região, que tem à frente a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), pertencenteSetembro ao grupo / 2017Votorantim. [Comunicações] 579
Especial CFFB
É PRECISO VOLTAR A ASSIS
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bispo emérito de Valença, Dom Elias James Manning (OFMConv), presidiu a Celebração Eucarística na Basílica Nacional de Aparecida. O dia frio não afugentou os romeiros, que lotaram a igreja da Mãe de Deus e Padroeira do Brasil. Concelebraram com Elias, o bispo franciscano Dom Diamantino Prata; o bispo franciscano emérito de Carolina, Dom José Soares Filho (OFMCap); o bispo de Limeira, Dom Dom Vilson Dias de Oliveira; e os Ministros Provinciais Frei Fidêncio Vanboemmel
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(OFM), Frei Carlos Silva (OFMCap) e Frei Gilson Nunes (OFMConv). Dom Elias explicou para o povo que “voltar a Assis” é voltar ao carisma franciscano. “Em poucas palavras, precisamos voltar, como o Concílio Vaticano II pediu há 52 anos, voltar às nossas origens, voltar ao espírito original que motivou Francisco a abraçar o Cristo Crucificado. Hoje, também, ouvimos no Evangelho o assassinato de João Batista. Ao celebrar o Jubileu de 50 anos da Família Franciscana do Brasil e 800 anos do Perdão
de Assis, nos lembramos dos muitos irmãos nossos que desde Francisco, desde os primeiros mártires do Marrocos, deram as suas vidas como João Batista. Eles já voltaram para Assis!”. O terceiro dia em Aparecida foi intenso para os Capitulares. Depois da Santa Missa, das palestras, os capitulares participaram das oficinas sobre temas como espiritualidade, a questão ambiental, Laudato Si’ etc. e terminaram o dia com a Noite Cultural. Mas mesmo assim sobrou um tempinho para a foto oficial.
Especial CFFB
O PRIMEIRO ENCONTRO DOS POSTULANTES COM A FAMÍLIA FRANCISCANA
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proximidade do Postulantado Frei Galvão desta Província com Aparecida, possibilitou a participação dos frades e postulantes no Capítulo das Esteiras. O postulante da Província, Daniel Maciel, fez o papel de São Francisco de Assis no encontro com o leproso, vivido pelo postulante da Custódia do Sagrado Coração de Jesus, Rafael Melo, no momento de oração na abertura do Capítulo (foto ao lado). “Tínhamos recém-chegado em casa vindos da experiência no Sefras durante o mês de julho e esticamos a rotina extraordinária do Postulantado. A participação no Capítulo das Esteiras só foi possível graças à proximidade do evento. Para os Postulantes, foi a oportunidade de um primeiro e marcante encontro com inúmeros irmãos e irmãs franciscanos de todo o Brasil, bem como de partilha de vida com outros formandos que estão nesse mesmo processo de discernimento vocacional. A riqueza das conferências, sem dúvida, ajudou a todos a compreender a dinâmica da espiritualidade franciscana e do caminho a ser feito. Não é uma teoria, mas uma sensibilidade, um modo de ser e estar no mundo e de relacionar-se com Deus, os irmãos e com a natureza”, explicou o Mestre dos Postulantes, Frei Jeâ Paulo Andrade.
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Evangelização FAE
Projeto Rondon: alunos da FAE compartilham experiências
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lunos dos cursos de Administração, Engenharia Mecânica e Psicologia da FAE participaram, junto com os
310 rondonistas de outras instituições de ensino superior de todo o Brasil, da 50ª Operação do Projeto Rondon, entre os dias 7 e 23 de julho.
Neste ano, a operação aconteceu em Teixeirópolis, Rondônia. O município recebeu os 21 alunos, professores e um militar das Forças Armadas para dar início ao aprendizado e à troca de conhecimentos entre rondonistas e comunidade local. Foram desenvolvidas oficinas e capacitações para a população rural, professores de escolas municipais e estaduais, crianças, jovens, agentes de saúde, lideranças, secretarias municipais e prefeito do município. A experiência do Projeto Rondon suscitou nos alunos o crescimento no trabalho em equipe, maior desenvolvimento como ser humano, a inquietação em dar continuidade a projetos similares, e o desejo de ser uma “lição de vida e de cidadania” onde quer que estejam, como revela
ENCONTRO AMPLIADO DA FRENTE DA EDUCAÇÃO
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stimados confrades, paz e bem! Nos dias 26 e 27 de setembro de 2017, será realizado o Encontro Ampliado da Frente da Educação da Província, na USF, em Bragança Paulista. Para esse encontro, convidamos todos os frades que trabalham diretamente nas escolas e universidades ligadas à Província, os professores dos institutos de Filosofia e Teologia, bem como os demais frades que realizam algum tipo de trabalho em entidades educacionais ligadas à Província e/ou que se situam na região de seu trabalho evangelizador.
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Reiteramos que esse convite se estende também a todos os leigos e leigas comprometidos com a missão evangelizadora da Província, no âmbito da educação. O encontro terá início às 9h do dia 26 de setembro, sob a orientação do professor Breno Herrera da Silva Coelho, da UFRJ, e o tema de estudo será: “Ecologia, espiritualidade e educação para o bem viver”. Na parte da tarde do dia 26 de setembro e na manhã do dia 27, serão abordados assuntos diversos, dentre os quais destacamos: o regimento da Frente da Educação, o plano operacional das entidades (Grupo
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Educacional Bom Jesus, USF, ITF e IMCP), o Dia Mundial dos Pobres, os projetos sociais das entidades e a transferência de mantença do ITF, da Província para a Casa de Nossa Senhora da Paz. Para informações sobre hospedagem na cidade de Bragança Paulista, nas proximidades da USF, por gentileza, entrem em contato com Eliane Splendore: eliane.splendore@usf. edu.br. Desde já, agradeço a presença e efetiva participação de todos. Frei João Mannes Coordenador da Frente da Educação
Evangelização USF
Curso de Medicina da USF é reconhecido nos Estados Unidos
os comentários dos participantes, a seguir: “Foi tempo de compartilhar uma experiência única. Fiquei muito satisfeito com a forma pela qual nos integramos, nos comunicamos e nos ajudamos, e tenho certeza de que aprendi muito mais do que somente o propósito que sustenta o Projeto Rondon.” – Frederico Keller, Engenharia Mecânica. “A experiência foi realmente transformadora, foi uma ‘surra’ de aprendizados. Agora é hora de elaborar tudo o que foi aprendido para que o aprendizado continue!” – Marina Sell Schinemann, Psicologia. “É preciso colocar a mão na massa, fazer diferente. Dar novos passos, com confiança. Muitas das pessoas atendidas nos disseram que estavam se inspirando em nós. Que o nosso carinho pelos colegas, nossa união e espírito de equipe inspiravam. Isso é que revelou tamanha dimensão de nossa responsabilidade. Reforçou na prática algo que falamos nos cursos de Administração e Liderança: o exemplo inspira. Sim!.” – Luciane Botto Lamoglia, professora. A FAE parabeniza todos os alunos e docentes envolvidos, incluindo o professor Gilson de Souza e a equipe da Pastoral Universitária, por transmitirem a mensagem franciscana de Paz e Bem nesta importante e honrada missão do Projeto Rondon.
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Curso de Medicina da Universidade São Francisco (USF) conquistou o Medical Board da Califórnia, reconhecimento americano para que alunos formados pelo Curso de Ciências Médicas da USF sejam habilitados a solicitar reconhecimento do diploma de médico, o que também possibilita continuar seus estudos, fazendo o que se conhece no Brasil como residência médica, na Califórnia. Para o Curso conquistar o reconhecimento foi analisada uma série de itens como infraestrutura, corpo docente, currículo, atividades práticas, convênios, laboratórios, hospitais, programa, conteúdo, provas e atividades práticas entre outros critérios que demonstram a alta qualidade do curso de Medicina, equivalente aos cursos ministrados no estado americano. No Brasil, entre as mais de 400 escolas médicas, apenas 67 possuem o reconhecimento do Medical Board da Califórnia, sendo o grupo de Instituições de ensino brasileiras formado principalmente por universidades federais. A única escola médica na região bragantina reconhecida é o curso ministrado pela USF, o que traz ainda maior valor ao potencial formador de médicos de qualidade na região. Para se ter ideia do grau de dificuldade para obtenção deste reconhecimento, pode-se citar que no
estado da Califórnia encontra-se um dos principais cursos de Medicina, a renomada Universidade da Califórnia (UCLA), em Los Angeles, que já teve inúmeros egressos de destaque em suas áreas de atuação, conquistando reconhecimentos internacionais, entre eles o Prêmio Nobel. O Curso de Medicina da USF também foi um dos destaques nacionais em 2017, na Avaliação Nacional Seriada dos Estudantes de Medicina (ANASEM), o qual avalia os estudantes de graduação em Medicina em sua progressão. O Curso de Ciências Médicas da USF conquistou nota acima da média nacional, estadual e também da região sudeste, onde se localizam as principais escolas de medicina do Brasil, atestando mais uma vez seu reconhecimento, agora internacional. “A organização curricular do Curso de Medicina da USF, alinhada aos conteúdos programáticos ministrados globalmente, desenvolvidos em infraestrutura adequada e conduzida por um corpo docente comprometido com a excelência do processo ensino-aprendizagem, permitiram a importante conquista do reconhecimento internacional no Medical Board of Califórnia, ampliando as oportunidades de educação permanente de nossos egressos”, afirmou a diretora do Campus Bragança Paulista, professora Márcia Aparecida Antônio. Setembro / 2017 [Comunicações]
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Evangelização BOM JESUS
MISSÃO EVANGELIZADORA COM ÊNFASE EM AÇÕES SOCIAIS
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Colégio Bom Jesus vem procurando sensibilizar seus alunos, professores, funcionários e comunidade com relação aos apelos do Evangelho e também ao exemplo deixado por São Francisco de Assis. A cada dia, preceitos como a paz, o respei-
to, a justiça e o amor ao próximo estão sendo trabalhados em sala de aula como pressupostos à construção de uma sociedade mais fraterna e justa. Com base nas exortações do Papa Francisco com relação a uma Igreja em saída e no Relatório do Visitador Geral,
Bom Jesus Água Verde, em Curitiba (PR)
Bom Jesus Internacional Alphaville, em Colombo (PR)
A unidade oferece aulas de inglês para crianças da Escola Municipal Barão de Mauá, localizada na Vila Zumbi, em Colombo. As aulas são ministradas duas vezes por semana, no contraturno. As crianças beneficiadas são transportadas com o ônibus escolar do Grupo Bom Jesus e recebem almoço e lanche dentro da unidade.
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Em parceria com o Instituto Salesiano de Assistência Social, o projeto beneficia 40 adolescentes, de 14 a 17 anos, com oficinas de arte e encontros quinzenais com conteúdos preparatórios para o Exame Nacional do Ensino Médio.
apresentado no início do Capítulo Provincial, realizado no mês de janeiro de 2016, o Colégio Bom Jesus vem desenvolvendo nestes dois últimos anos a sua missão com ênfase em ações sociais. Por meio do projeto Bom Jesus Social, a instituição procurou privilegiar os menos favorecidos da sociedade, ou seja, aqueles que se encontram nas periferias existenciais, destituídos do mais elementar à dignidade humana, por meio de diversas atividades socioeducacionais. Já no seu segundo ano de implantação, o projeto Bom Jesus Social é desenvolvido em 34 unidades do Colégio Bom Jesus e conta com a colaboração de voluntários − professores, alunos e funcionários administrativos − em atividades semanais, quinzenais ou mensais. A seguir, um breve relato de algumas dessas ações desenvolvidas. o projeto que atende 50 crianças, de 5 e 6 anos, da creche Irmandade do Divino Espírito Santo. Nesse projeto, o Bom Jesus oferece aulas de inglês ministradas por uma equipe de professores do Lace – Language Center da unidade Bom Jesus Coração de Jesus.
Bom Jesus Mãe do Divino Amor, em Arapongas (PR)
Bom Jesus Coração de Jesus, em Florianópolis (SC)
Hope, ou esperança em português, é
Muitos dos valores humanos se constroem e se desenvolvem por meio das relações interpessoais. Pensando nisso, a unidade atua junto da Obra Social Padre Bernhard Merkel, em um trabalho lúdico para que as crianças assistidas pela instituição entendam e coloquem em prática as virtudes franciscanas.
Evangelização com ações lúdicas que promovem o desenvolvimento e a imaginação dos pequenos.
Bom Jesus Externato, em Pindamonhangaba (SP)
A unidade atua em parceria com a Rede Salesiana de Pindamonhangaba ofertando oficinas de matemática, ministradas por alunos do Ensino Médio do Bom Jesus com orientação de seus professores.
Bom Jesus Centro, em Curitiba (PR)
O Colégio Bom Jesus Centro e o Hospital Pequeno Príncipe são parceiros no programa Jovem Abraça Criança. Trata-se de um projeto coordenado pelo departamento de voluntariado do próprio hospital, do qual alunos do Bom Jesus participam duas vezes por mês, ofertando atividades recreativas para as crianças que aguardam atendimento nos ambulatórios.
Bom Jesus Nossa Senhora Aparecida, em Venâncio Aires (RS)
para o entretenimento dos moradores da instituição.
Bom Jesus São José, em São Bernardo do Campo (SP)
As Irmãs Batistinas, com a ajuda de voluntários, acolhem crianças entre 3 e 6 anos no contraturno escolar com atividades recreativas. Para auxiliar nessa atividade, o Bom Jesus, semanalmente, encaminha um professor de Educação Física para dar aulas de iniciação esportiva e desenvolve campanhas, junto aos pais e alunos, para arrecadação de donativos.
Mensalmente, uma turma de alunos do Ensino Fundamental e uma do Ensino Médio, acompanhadas de professores, visitam o asilo Novo Horizonte para realizar ações beneficentes aos abrigados pela instituição.
Bom Jesus Santo Antônio, em Blumenau (SC)
Com duas atividades sociais, a unidade beneficia os pacientes do Hospital Santo Antônio e os alunos da Escola Básica Municipal Professora Alice Thiele. No hospital, os alunos do Bom Jesus auxiliam no entretenimento daqueles que se encontram internados. Já a Escola Alice Thiele recebe aulas de inglês e espanhol, além de assistência de matemática e de português com profissionais do Bom Jesus.
Bom Jesus Itatiba, em Itatiba (SP)
Bom Jesus Santo Antônio, em Rolândia (PR)
Com livros, bonecos e fantoches, a unidade promove duas vezes por semana contação de histórias para as crianças da creche Recanto dos Anjos.
Bom Jesus São José dos Pinhais, em São José dos Pinhais (PR)
Com o intuito de auxiliar jovens da rede pública a estudarem para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio, a unidade oferta aulas preparatórias gratuitas aos alunos do Colégio Estadual Costa Viana.
Com aulas preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio, a unidade beneficia 81 jovens da Escola Estadual Professora Oscarlina de Araújo Oliveira.
Bom Jesus Nossa Senhora do Rosário, em Paranaguá (PR)
Beneficiando 36 crianças de 2 a 5 anos atendidas pelo CMEI Professora Helena Porto Santos, a unidade promove contação de histórias. Além das atividades literárias, os encontros são preenchidos
Bom Jesus Rainha da Paz, em Lagoa Vermelha (RS)
A unidade atua no Lar do Idoso com aulas de Educação Física e contação de histórias. As atividades são ministradas por professores do Bom Jesus e contribuem
Bom Jesus São Miguel, em Arroio do Meio (RS)
Em parceria com a Associação dos Menores de Arroio do Meio, a unidade reaSetembro / 2017 [Comunicações]
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Evangelização liza atividades recreativas com as crianças atendidas pela instituição.
Bom Jesus São José, em Petrópolis (RJ)
A unidade oferece aulas de psicomotricidade para as crianças da creche Vila São José. “Estamos muitos satisfeitos com essa parceria e desejamos que permaneça durante muito tempo”, disse em depoimento a professora da instituição parceira Tânia Regina Webler.
Bom Jesus Vicente Pallotti, em São Paulo (SP)
A unidade propõe a interação de seus alunos com as senhoras residentes no Lar das Mãezinhas. “Uma boa ação, por mais simples que seja, pode mudar o dia das pessoas”, frase dita pela senhora Joyce Yuki, uma das moradoras do local que demostrou imensa gratidão pela visita.
Centro de Estudos e Pesquisas, em Curitiba (PR)
O Lace − Language Center, da unidade Centro de Estudos e Pesquisas, oferece aulas semanais de inglês gratuitas para alunos de 12 a 16 anos assistidos pela Jocum (Jovens com uma Missão).
Deficientes Físicos de Campo Largo com a separação de embalagens de plástico e colocação de lacres para os produtos de uma empresa de pães da região. A atividade é realizada pelos alunos do Bom Jesus e contribui para que a instituição garanta sua renda para suprir as necessidades de seus associados.
Bom Jesus São José, em Rio Negro (PR)
Com o objetivo de educar por meio do exemplo, a unidade incentiva a reutilização de materiais na escola, bem como a arrecadação de donativos. Duas escolas são beneficiadas com essas ações, sendo a Escola Municipal Ana Zornig contemplada com sacolas de brinquedos e a Escola Municipal Rural Paulino Valério que receberá livros para o acervo de sua biblioteca itinerante.
A unidade auxilia a Associação dos
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A unidade promoveu a entrega de bombons durante o período da Páscoa no CMEI Conselheiro Quielse Crisóstomo da Silva. “As crianças ficaram surpresas e encantadas, pois realizamos a entrega por meio de uma brincadeira de caça ao tesouro. O mais emocionante foi ver a alegria em seus rostos!”, relatou Cybelle Bühler, coordenadora da Pastoral, que acompanhou e organizou a entrega dos donativos.
Bom Jesus SESC São José, em Curitiba (PR)
Bom Jesus Canarinhos, em Petrópolis (RJ)
A unidade, que oferece Ensino Médio para alunos com baixa renda comprovada, proporciona aulas gratuitas de informática aos pais e responsáveis. Os encontros são planejados por um professor do Bom Jesus em um laboratório da instituição.
Os alunos do Ensino Médio da unidade, com a orientação de seus professores, desenvolvem atividades para estudantes de 6 a 12 anos da Escola Municipal Paulo Freire que apresentam condições físicas e cognitivas diferenciadas.
Bom Jesus São José, em Vacaria (RS)
Bom Jesus Modalidade Educação Especial, em Campo Largo (PR)
Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes, em Curitiba (PR)
Com o projeto Viajar sem Sair do Lugar, a unidade promove a leitura e a oralidade com as crianças de 6 a 9 anos atendidas pela Associação de Meninos e Meninas Assistidos Santa Cecília.
Bom Jesus São Vicente, em Araucária (PR)
Mais de 120 estudantes da rede pública são beneficiados pela ação que oferece aulas preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio. Os conteúdos são ministrados por professores do Bom Jesus.
Evangelização Bom Jesus São José, em São Bento do Sul (SC)
Em parceria com o CRAS, a unidade promove palestras, para alunos de diversas instituições de ensino, sobre os malefícios das drogas e do álcool.
Bom Jesus Aurora, em Caçador (SC)
A unidade oferece aulões preparatórios para o Exame Nacional do Ensino Médio para alunos da rede pública. “Os professores conseguiram deixar bem claros os conteúdos. Sei que esses aulões serão muito úteis na hora de realizar qualquer prova.” − depoimento da estudante Emanuelle Gonzalez Ceregatti do Colégio Estadual Dom Orlando Dotti.
Bom Jesus Divina Providência, em Curitiba (PR)
O projeto promovido pela unidade estende os benefícios da iniciação científica, já aplicados com alunos do Bom Jesus, para estudantes da rede pública de escolas localizadas próximo à unidade Divina Providência.
Bom Jesus Menino Jesus, em Petrópolis (RJ)
Ouvir histórias estimula a leitura, a imaginação, o pensamento crítico e a interpretação de textos. Assim, um professor do Bom Jesus atua semanalmente na Escola Municipal Celina Schechner contando histórias do universo infantil para 78 alunos.
Bom Jesus Divina Providência, em Jaraguá do Sul (SC)
Em um acordo com a Prefeitura de Jaraguá do Sul, a unidade ministra aulas de reforço em Língua Portuguesa para adolescentes moradores de abrigos institucionais do município.
Bom Jesus Internacional Aldeia, em Campo Largo (PR)
O trabalho da unidade contempla atividades físicas que beneficiam o desenvolvimento corporal dos alunos da Escola Municipal Dr. Caetano Munhoz da Rocha. As atividades são aplicadas semanalmente por professores de Educação Física do Bom Jesus.
Bom Jesus Sévigné, em Porto Alegre (RS)
Com o projeto Alfabetização e Cidadania, a unidade auxilia na alfabetização dos abrigados pela Fundação Pão dos Pobres. As aulas são semanais e realizadas por professores do Bom Jesus.
Bom Jesus Joana d’Arc, em Rio Grande (RS)
Com o projeto BJ Ambiente, a unidade atua na Casa da Criança Dr. Augusto Duprat. Lá, os professores do Bom Jesus ministram oficinas sobre sustentabilidade para crianças entre 3 e 6 anos.
blica para o Exame Nacional do Ensino Médio. “O projeto Bom Jesus Social é algo novo na escola e tem ajudado muito na preparação para o Enem e vestibulares. Eu só tenho a agradecer à instituição Bom Jesus e aos professores que doaram o seu tempo para nos ajudar”, disse em depoimento o aluno Gabriel Prestes da Escola Básica Professor Flordoardo Cabral.
Tendo consciência dos desafios contemporâneos, segundo o entendimento que se tem do conceito de cidadania e da concepção de ser humano de São Francisco de Assis, sentimo-nos provocados a desenvolver ações fundamentadas nos valores humanísticos, com a intenção de mobilizar pessoas na busca de um objetivo comum de uma Igreja em saída, considerando que a grande força de mudança está na ação comunitária. Em 2016, um total de 2.942 pessoas, entre crianças, adolescentes, adultos e idosos já tinham sido beneficiados com o projeto Bom Jesus Social. À medida que o projeto vai se solidificando, a esperança é de que mais pessoas necessitadas sejam contempladas. Para saber mais, acesse o site <http://bomjesus.br/relatorio2016/> e também conheça a página no Facebook <https://www.facebook.com/ BomJesusSocial>. Fraternalmente,
Bom Jesus Diocesano, em Lages (SC)
A unidade prepara alunos da rede pú-
Frei Claudino Gilz Giselli de Fátima Padilha Ana Claudia Adamante Batista Kelli M. Fernandes de Barros Setembro / 2017 [Comunicações]
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Evangelização ASSEMBLEIA DO SEFRAS
“Realidade Social e Evangelização”
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14º Assembleia Anual do Sefras, realizada em julho (25 a 27), trouxe como tema a “Realidade Social e Evangelização: desafios e esperanças”. O encontro foi realizado no Seminário Santo Antônio, em Agudos (SP) e reuniu trabalhadores da instituição, como coordenadores, assistentes sociais, psicólogos, técnicos, educadores sociais e frades da Província. No início das atividades, foi realizada uma mística para reflexão sobre os diversos aspectos da violência e como ela está inserida ao longo da história da humanidade. A representação mostrou desde Caim e Abel até os dias atuais os diversos momentos históricos que envolveram a população em conflitos. O diretor-presidente do Sefras, Frei José Francisco de Cássia dos Santos, acolheu os participantes. Frei César Külkamp, Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização, dirigiu algumas palavras destacando a importância deste traba-
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lho de solidariedade na missão evangelizadora da Província. Passou um vídeo breve com imagens de suas várias realidades de presença e trabalho. Trabalho este que tem sua inspiração direta no Evangelho e na experiência vivida por São Francisco de Assis. A Província, ao longo de sua história, foi assumindo estes serviços que, hoje, estão organizados em cinco Frentes de Evangelização. A partir delas, montou
um Plano de Evangelização, onde apresenta sua missão, seus valores, os apelos do mundo, da Igreja e da Ordem, e, por fim, o modo de estar em cada serviço. Uma das grandes constatações que a Ordem dos Frades Menores teve, nos últimos anos, e a destacou em seus documentos, é que a evangelização franciscana deve ser compartilhada e deve primar pelo protagonismo dos leigos. “Em nossos campos de trabalho não temos dúvida disso. O que seria de nós, os frades, sem a decisiva presença dos leigos! Os frades sentem sua missão fartamente ampliada com a ação de tantos colaboradores e colaboradoras!” Ressaltou, no entanto, que não se pode descuidar da formação para o carisma franciscano e a maneira própria de evangelizar, também no campo social. Caso contrário, nos tornamos um agrupamento de organizações sem identidade. Poderemos até realizar coisas boas, mas perdemos o espírito. O carisma franciscano não se fecha a credos e culturas diferentes. Ao
Evangelização contrário, promove o diálogo. Nossa sociedade já está marcada demais por tantos conflitos, pela violência e pelas desigualdades. Nosso carisma nos convida a promover relações fraternas, tanto entre colaboradores como com os assistidos, reconhecendo a dignidade de cada pessoa e investindo na “espiritualidade da comunhão”. Frei José lembrou os desafios que o serviço social enfrenta. “Nós temos um desafio grande, pois trabalhamos com oito públicos diferentes e precisamos entender realidades e políticas distintas e que nos desafiam diariamente. Precisamos olhar para nossa realidade de trabalho, nossos desafios e a cultura de violência que está cada dia mais próxima da nossa vida e fazer disso uma análise de conjuntura mais ampla para enfrentarmos isso”, frisou. Em seguida, foi aberta uma mesa de discussão para falar sobre os “Aspectos da Conjuntura Atual: questões econômicas, dimensões políticas e o que isso reflete na construção das relações”. Conduzida pela coordenadora do Sefras Dejupe, Camila Gibin, a mesa contou com a presença do professor de Filosofia do Instituto Federal de São Paulo – campus Barretos, Cristian Gilioti, do professor de Direito, Cesar Barreiras e do assistente social, Rodrigo Diniz. Na segunda etapa do debate, a mesa foi conduzida pelo professor do Departamento de Ciência da Religião da PUC São Paulo, Fernando Altemeyer Junior, que falou sobre o desafio franciscano na atual realidade. “O momento é difícil, mas é preciso dar a volta por cima e, para isso acontecer, nós precisamos estar bem organizados”, completou.
2º DIA
O segundo dia da 14º Assembleia Anual do Sefras começou com uma reflexão sobre os temas discutidos no dia anterior. Em grupos, os trabalhadores
debateram sobre capitalismo, sociabilidade, política, luta de classes e direitos, trazendo-os para a realidade da instituição. Em seguida, os grupos voltaram a se reunir para tratar dos diversos tipos de violência que existem na sociedade e o que isso reflete no trabalho social. Cada grupo fez uma exposição do tema escolhido. Dentre os tipos de violência estavam: contra o idoso, à mulher, à criança, à população negra, aos participantes, aos trabalhadores e também as violências do cotidiano, de desigualdade, policial e doméstica. “A gente está em um momento de crise do capitalismo e, quando ele entra nesses períodos, a violência se intensifica. As expressões de violência do Estado têm sido cada vez maiores e isso repercute nas nossas vidas porque somos da classe trabalhadora e também na vida das pessoas que atendemos nos serviços”, destaca a coordenadora do Sefras Dejupe, Camila Gibin. Segundo a coordenadora do setor técnico, Rosangela Pezoti, o dia foi marcado pela discussão das diversas formas de violência. Cada grupo expressou sua indignação sobre o tema. “Essa discussão foi expressa através de uma exposição em grupos. Para finalizar, fizemos também outro trabalho em grupo onde cada um criava propostas de enfrentamento da violên-
cia que nós identificamos dentro do Sefras. Então foi um dia de fazer uma síntese do dia anterior, um recorte dessa violência e tirar propostas para o enfrentamento dessa situação”, comenta.
3º dia
No terceiro dia, foi retomado o debate sobre o tema. “Depois de termos passado por um momento de estudo sobre a violência na sociedade, sua questão estrutural e a expressão no cotidiano, conseguimos desmembrar entre a equipe aspectos da violência cotidiana que os trabalhadores e participantes sofrem e, com isso, pensar propostas sobre o que fazer diante dessa situação”, apresentou a coordenadora do Sefras Dejupe, Camila Gibin. “O encontro foi bastante satisfatório. Penso que as equipes estiveram muito empenhadas em aprofundar, discutir, estudar e conhecer melhor as realidades nas quais nós estamos envolvidos. Além disso, foi possível debater as propostas sobre como qualificar o trabalho do Sefras e como fazermos uma organização que não fique presa apenas na prestação de serviço, mas, principalmente, como podemos contribuir no debate social e nos espaços da sociedade para que possamos superar essas realidades que estamos vivendo hoje”, avaliou Frei José Francisco. Setembro / 2017 [Comunicações]
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Notícias e Informações
O LIVRO BÍBLIA SAGRADA
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e uma ou outra maneira, todo o mundo já ouviu falar da Bíblia, pois é um livro milenar, traduzido para mais de 1.500 idiomas e dialetos. Sua redação iniciou entre os anos 1.000 – 900 antes de Cristo, nos reinados de Davi e Salomão e terminou, pelo menos um século depois de Cristo. Portanto, um período de mais de mil anos. Etimologicamente, a palavra grega “Bíblia” significa “livros”. Assim, a Bíblia é como que um conjunto de livros, formando um único volume. Nas edições da Igreja Católica, são 73 livros; as Evangélicas, 55; a Hebraica, 39 e a dos Samaritanos, 5 livros (Pentateuco). Os deuterocanônicos Tobias, Judite, Baruc, Sabedoria, Eclesiástico e Macabeus (1 e 2) estão na tradução da Septuaginta (século II antes de Cristo) e na Bíblia católica, mas não fazem parte das Bíblias Hebraica e Evangélica. É um livro diferente dos outros porque foi escrito por muitos aurores e autoras, desde letrados até pessoas simples e humildes, de palacianos e nobres a agricultores. Não se sabe quantos são e nem seus nomes, por isso são cognominados de “hagiógrafos” (= escrever sobre o sagrado). É um livro diferente porque, antes de ser escrito, foi contado, oralmente, nas celebrações, nas rodas de conversa e na família. Só mais tarde é que os hagiógrafos o escreveram, atualizado com novos acontecimentos que se sucediam
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na história. Por isso, ele narra o mesmo fato, recontado com uma ótica diferente. Por exemplo, a obra da criação é descrita duas vezes (Gn 1,1-31; 2,4-24), bem como a saída do povo escravizado no Egito (Ex 12,29-38; 14,1-4). O mesmo acontece com outros textos. É um livro diferente porque contém vários gêneros literários: leis, profecias, narrativas, poesias, orações, provérbios, lendas, novelas, parábolas, cartas, evangelhos. É um livro diferente porque se chama de “Bíblia Sagrada”, também, conhecida como Palavra de Deus. Isto não quer dizer que tenha “caído do céu, prontinha”, como num passe de mágica. A Bíblia é sagrada porque revela o “rosto de Deus” na caminhada da história de Israel, com suas lutas e fracassos, conquistas e vitórias. É sagrada, sobretudo, porque é a favor da vida e da dignidade humana, especialmente dos injustiçados e empobrecidos (cf. as Bem-aventuranças Mt 5,1-12 e o Magnificat Lc 1,46-55). Aliás, ela quer contar a história de um povo, o povo hebreu – cujo significado é “grupos de pessoas marginalizadas”. Começou com a família de Abrão e Sara (Gn 12, 1-3). Seus descendentes foram morar no Egito por causa da fome (Gn 42,1-2; 464,8-27), onde foram escravizados durante 430 anos (Ex 12,40). Quando, pela ação de Deus através de seu líder Moisés, libertaram-se da estrutura político-econômico-religiosa do Faraó (Ex 5,4-9) – outros grupos de hebreus somaram-se
a eles (Ex 12,37-38). A partir deste fato, formou-se o povo de Israel. Através de uma Aliança realizada no Monte Sinai (Ex 19,1 – 24,11), fez-se um pacto bilateral: “Vós sereis o meu povo e Eu serei o vosso Deus” (cf. Lv 26,11-13). O centro de toda a Bíblia é a pessoa de Jesus Cristo que, pela Encarnação, “armou sua tenda no meio de nós” (Jo 1,14) e anuncia a Boa Nova do Evangelho, pois Ele é a “imagem visível do Deus invisível” (Cl 1,15). Assim como o Pentateuco é o centro da Bíblia Hebraica, para o cristão o Evangelho é o coração de toda a Bíblia porque é o próprio Filho que revela o Pai. Seu Evangelho não é uma imposição doutrinária, mas uma proposta de vida. Seguidamente, Ele fala “quem quiser ser meu discípulo ... quem tem ouvidos, ouça” (Mc 8,34; Mt 11,15). O caminho para o discipulado é entrar pela “porta estreita” (Mt 7,13), pelo serviço a exemplo Dele próprio que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45). O serviço gratuito pode chegar ao ponto de “prova de amor maior não há do que doar a vida pelo irmão” (Jo 15,13). Anunciar e viver esta doutrina é remar na contramão do mundo pós-moderno. Vale a pena?! A própria Bíblia nos garante que há “mais alegria em dar do que em receber” (At 20,25). Os santos e santas o comprovam, pois viviam em alegria que “ninguém lhes podia tirar” (Jo 16,22). Quem renuncia a si mesmo e toma a cruz de cada dia, chegará ao seu Calvário, não derrotado e morto, mas transformado e ressuscitado. Os santos, também, perfizeram este caminho. Assim como ele, façamos esta experiência e, paulatinamente, sentiremos o gosto e alegria de viver. Vale a pena ser cristão! Então, um frutífero setembro, mês da Bíblia. Frei Luiz Iakovacz
NOTÍCIAS DA REUNIÃO DO DEFINITÓRIO PROVINCIAL
Guaratinguetá, 15 a 17 de agosto de 2017
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colhidos calorosamente pelos confrades e postulantes da Fraternidade São José – Postulantado Frei Galvão, de Guaratinguetá, os Definidores iniciaram, às 9h00 da manhã do dia 15 de agosto, mais uma vez reunião ordinária. Frei Fidêncio abriu a primeira sessão dando as boas-vindas aos Definidores e convidou-os à invocação ao Espírito Santo não só para os discernimentos a serem feitos nos dias de reunião, mas também para os momentos de
recolhimento pessoal, reflexão e partilha que estavam programados. Já na Celebração Eucarística, às 7h00, com a Fraternidade Local, Frei João Mannes havia ressaltado a importância de nos fazermos menores, segundo a exigência evangélica para o Reino, e também da necessária conversão, na entrega diária, de corpo e alma, ao que somos chamados a fazer. Frei César foi o moderador das sessões do Definitório, e grande parte dos assuntos nelas tratados segue abaixo. Setembro / 2017 [Comunicações]
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Definitório Provincial 1) Recolhimento, silêncio , reflexão e partilha
Os Definidores reservaram as manhãs dos dias em que estiveram reunidos para momentos de recolhimento e também de reflexão e partilha. O texto-base tomado foi: “Orar sem cessar: mística e mistagogia da Vida Religiosa”, de autoria de Frei Luiz Carlos Susin, OFMCap, e Irmã Salete V. Dal Mago. Dos momentos de partilha, algumas colocações: 1. “A mística é o coração mais profundo e a elevação mais excelsa da Vida Religiosa. Ainda que a mística seja energia e inspiração para o dia a dia de carne e osso, para a encarnação nossa de cada dia, ela se decide com realismo na oração: se não rezamos, não há mística cristã que resista.” 2. Questionamos o tempo em que vivemos, no qual somos “tragados” por tantas coisas, e vem a pergunta: qual o espaço que a oração ocupa em nossa existência? A Vida Religiosa se move pela fé e pela esperança, num mundo de muitas desesperanças. É perigoso para o religioso perder sua referência maior (o tesouro precioso), e considerar-se incompleto e frustrado diante do modo de viver apregoado pela sociedade atual. 3. Temos buscado muitas seguranças e garantias. O exercício da fé e da mística é diferente. É um enxergar para além do que se vê, um ouvir o que não está sendo dito. Em nossa cultura é difícil um exercício desse tipo. Viver a insegurança exige de nós uma liberdade muito grande, uma confiança generosa. 4. Vida Religiosa é basicamente relação: com o mistério divino, com o outro. E daí o exercício do despojamento para entrar no caminho da solidão, do silêncio: condição para a relação. Se perdemos a fé no Transcendente, então o que significa renunciar, dispor-se ao sacrifício? E para que renunciar? 5. A mística na Vida Religiosa tem a ver com profetismo: dar a vida por aquilo que percebemos como sendo pleno de sentido. É isso nos tem faltado. 6. Há uma essência que está sendo negligenciada. O ritmo de vida imposto pela sociedade de consumo frustra. Mas nós, a princípio, sobretudo com o voto de pobreza, não queremos isso. De forma insidiosa, no entanto, vamos sofrendo o risco de sucumbir aos apelos do consumo e do descarte. 7. Como redescobrir a face do verdadeiro Deus? Como deixar que Ele se revele de novo para nós como o Deus verdadeiro? Como deixar nossos ídolos? 8. Na busca da mística, é necessário uma volta ao passado que não seja inócua e inadequada, mas sim um aprender dos antepassados o que é relevante para
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alimentar uma mística consistente, que dê energia para a missão, de tal modo que possamos fugir dos modismos. 9. A centralidade da Palavra é algo de que não podemos abrir mão. Colocar-se na escuta obediencial da Palavra. Daí a necessidade inclusive do silêncio. 10. No caminho de recuperação da mística, é importante ver com largueza as coisas que nos estão postas. Viver com intensidade tanto a oração como o trabalho, viver com o coração, viver todo-inteiro, com integridade. Há um mesmo espírito de ser e fazer que precisa perpassar tanto a oração na igreja, como o trabalho na sala de aula ou na horta. Mística tem a ver com o como estar em tudo aquilo que se faz no dia a dia. 11. A Vida Religiosa fala de cuidado, de atenção, de reverência. Com as coisas, com os outros. Mas a gente vai ficando descuidado, perdendo os valores referenciais. Vai ficando desavergonhado. 12. Há uma relação umbilical entre mística e missão. A missão pode abrir para nós o caminho da mística e esta, por sua vez, impulsionar para a missão. 13. Vivemos na Vida Religiosa, e, portanto, também na nossa Província, uma grande crise, ou crises em várias dimensões. Mas crise não é necessariamente tragédia. É sim chance do novo, de recomeço mais cristalino. Mas para que um bom processo se instaure é preciso ter consciência da crise e não fazer de conta que ela não existe. 14. “A Vida Religiosa, no bojo da vida cristã em geral, está imersa numa orfandade cruel e numa perigosa crise de fé e de esperança. Seus sintomas estão por todo lado: não só na mediocridade da prática de cada um dos votos, mas na reticência quanto à entrega à comunidade, na irregularidade esvaecida da oração e na resistência à missão corajosa e sacrificada, pela multiplicação de tarefas, ou pela busca e apego a uma zona de conforto em meio a possíveis turbulências”. 15. O tempo da crise é o tempo de criatividade e de salvação, através da paciência. Esta é filha da esperança. Daí, a necessidade de vencer o ímpeto de ver as coisas logo resolvidas. Como não perder a paz interior diante dos processos lentos de mudança e salvação? Nesse sentido, experiências de frustração podem levar à maturidade. 16. Para que o salto se faça mais para a frente é necessário um primeiro movimento de recuo e concentração de energia. Voltar ao fundamento para ir mais alto, voltar à fonte para ir mais longe adiante.
Definitório Provincial 17. Requer-se cultivar atitudes que não levam ao pessimismo ou a um saudosismo. É necessário não demonizar o que estamos vivendo. Tudo é, de alguma forma, convite à fidelidade, na tentativa de nos mantermos firmes em vista sempre de um salto maior. 18. Ressaltou-se a importância dos ritmos diários de cultivo do Espírito: os tempos de meditação da Palavra, de oração são como os tempos do repouso, da ação, da alimentação. Sem a boa rotina que recoloca cada dia na rota da viagem, não se vai a lugar algum, pois acontecimentos extraordinários são para momentos extraordinários de celebração, mas o que ajuda a crescer pedra por pedra, dia por dia, só se pode dar na rotina, no cotidiano e em sua monotonia abraçada com serenidade e perseverança. 19. A Palavra de Deus é fonte perene: para ela é preciso ter ouvido atento. Um ouvir que, na bondade e na diaconia da palavra, se desdobra em missão. 20. A oração é geradora de alteridade e de comunhão; não de simples satisfação de si mesmo. O outro não é acidente. Ele é presente, é dom.
2) P rojeto Fraterno de Vida e Missão – “retorno” dos Definidores
Dada a importância do Projeto Fraterno de Vida e Missão, e seguindo o que havia sido proposto, os Definidores farão uma análise do Projeto das fraternidades que eles acompanham mais de perto e darão um retorno (feedback) nos Encontros Regionais. Para isso, será importante que todas as fraternidades já tenham feito o seu Projeto.
3) F rei José Raimundo de Souza – profissão solene
Após analisar alguns pareceres, o Definitório aprovou que Frei José Raimundo faça a profissão solene na Ordem. Frei José é membro da Fraternidade Santo Antônio de Santana Galvão, de Colatina, para onde foi transferido após o término dos estudos de Teologia, no final do ano passado. Que o Senhor lhe conceda a paz e a perseverança! Possa Frei José contar sempre com o apoio dos irmãos!
4) Ano Missionário 2018 - indicações
Os Definidores apreciaram as indicações dos confrades que estão concluindo os estudos de Filosofia, em Rondinha, neste ano, e que no próximo farão o “Ano Missionário”. Elogiaram a disposição dos confrades estudantes e também o trabalho do coetus. Frei David Belineli, Frei Heberti Senra Inácio, Frei Samuel Santos Soares e Frei
Tiago Gomes Elias irão para a FIMDA. Os locais do “Ano Missionário” para os freis Augusto Luiz Gabriel, Douglas da Silva, Erick de Araújo Lázaro e Leandro Ferreira Silva serão definidos no final do ano.
5) 1º ano de transferência e Ano Missionário - reunião
Nos dias 23 e 24 (até o meio-dia) de novembro, em São Paulo, para partilha e avaliação, Frei Fidêncio, Frei César e Frei João Francisco encontrar-se-ão com os confrades que no final do ano passado receberam sua primeira transferência após o término dos estudos. Já para os confrades que em 2017 fazem seu Ano Missionário haverá reunião no início do próximo ano, em Petrópolis.
6) Parceria entre USF e ITF – estudos para troca de mantenedora
No primeiro semestre deste ano, aconteceram, na sede do ITF, em Petrópolis, duas reuniões com representantes da Universidade São Francisco e professores do Instituto Teológico Franciscano, para estudar a viabilidade de parceria entre as duas instituições na criação de dois cursos: a) Graduação em Teologia, na forma EaD (Teologia a distância); e b) Mestrado em Teologia, este, presencial. Foi discutida também a troca da mantenedora do ITF. Atualmente, como se sabe, a Província da Imaculada Conceição do Brasil é a mantenedora. Pela nova proposta, a Casa Nossa Senhora da Paz tornar-se-ia a mantenedora do ITF. Em função desta possibilidade, realizou-se outra reunião, desta vez no dia 08 de agosto, também no ITF. Representantes das duas Instituições envolvidas (USF e ITF) estiveram presentes e, por parte da Província, o Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel, e o Vigário Provincial Frei César Külkamp. O Definitório apreciou as indicações surgidas nas reuniões e pede que se continuem os estudos em vista tanto da troca de mantenedora como da criação dos cursos citados.
7) Reunião dos institutos afiliados à PUA – Frei Elói Piva
No dia 20 de setembro, Frei Elói participará, pelo ITF, da reunião de representantes dos institutos afiliados à Pontificia Università Antonianum e aproveitará a viagem para contatos na Cúria Geral em função do Master em Evangelização e, na Secretaria de Projetos para o Terceiro Mundo da CEI (Conferência Episcopal Italiana), para contato em função do Centro Educacional Terra Santa, além de ver uma e outra pendência de diplomas de estudantes e professores do ITF, na Secretaria da PUA e da Gregoriana. Setembro / 2017 [Comunicações]
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Definitório Provincial 8) Frei José Francisco – renúncia a ofícios
O Definitório acolheu, com apoio fraterno, o pedido de renúncia de Frei José Francisco de Cássia dos Santos aos ofícios: de Definidor Provincial, de coordenador da Frente de Solidariedade para com os Empobrecidos, e, em parte, da presidência do Sefras, reconhecendo o seu devotamento aos vários serviços que desempenhou.
9) Vice-secretário da Formação e Estudos – Frei Robson
Para substituir a Frei Leonardo Aureliano no serviço de vice-secretário do Secretariado para a Formação e os Estudos, o Definitório nomeou o Frei Robson Luiz Scudela, formador no Seminário de Ituporanga.
10) Conselho de Evangelização - notícias
Frei César deu notícias sobre a reunião do Conselho de Evangelização, ocorrida no dia 4 de julho, cuja matéria foi publicada nas últimas Comunicações. Quanto às sugestões de temática conjunta para a animação da vida provincial em 2018, - assunto tratado inclusive na reunião com os coordenadores regionais, em junho -, por parte do Conselho achou-se importante valorizar, no mundo marcado por divisões políticas, religiosas, sociais e culturais, o tema da promoção da paz e a cultura da não-violência. Foi lembrado também que no próximo mês de setembro haverá vários encontros das Frentes de Evangelização. O Definitório vê como salutar a participação efetiva não só dos confrades mas também dos colaboradores(as) leigos(as), na linha do protagonismo justamente dos leigos e da evangelização compartilhada franciscana.
11) F rente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento - reunião
O Definitório apreciou a programação do Encontro Provincial da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento, que acontecerá de 11 a 13 de setembro, no Seminário Santo Antônio, em Agudos, com a presença não somente de confrades mas também de leigos(as) comprometidos(as) com a missão evangelizadora da Província nessa área específica. O assessor será Francisco Orofino, que abordará a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco. Está previsto tempo, também, para aprofundar questões relacionadas à nossa identidade franciscana na evangelização nessa Frente.
12) Assistentes espirituais - nomeação
1. Frei Fábio Cesar Gomes – assistente espiritual da OFS Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos, de Petrópolis;
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2. Frei Gilmar José da Silva - assistente espiritual local e confessor do Mosteiro Santa Clara, de Nova Iguaçu;
13) Frei Valdir Nunes Ribeiro – nomeação
Em e-mail de 7 de agosto, Frei Valdir informa que foi nomeado vice-mestre dos frades estudantes de Teologia, na Custódia da Terra Santa, motivo pelo qual foi transferido da Fraternidade de Ain Karem para a Fraternidade de São Salvador, em Jerusalém.
14) Dia Mundial dos Pobres – 19 de novembro orientações
Por boletim on-line e também nas Comunicações de outubro, será publicada carta de motivação e com orientações para uma efetiva celebração, por parte das Fraternidades e dos seus campos de evangelização, do Dia Mundial dos Pobres, instituído recentemente pelo Papa Francisco.
15) Paróquia da Conceição – Nilópolis - reunião
Frei César relatou que esteve em Nilópolis, no dia 19 de julho, para uma conversa com a Fraternidade, o bispo e as lideranças, depois de Frei Angelo Cardoso ter deixado a Paróquia Nossa Senhora de Conceição, no dia 9 de julho. Houve jantar dos frades com o bispo na casa da Paróquia da Conceição. Dom Luciano entendeu bem a situação da Província, com carência de frades. Pediu, entretanto, que a paróquia da Conceição continue sendo atendida, a partir da paróquia da Aparecida, ao menos até janeiro de 2018. Coube a Frei César, por indicação do bispo, comunicar ao povo a saída de Frei Angelo e, ao mesmo tempo, o encaminhamento acordado sobre o atendimento à paróquia. Mais de 100 pessoas estiveram na reunião convocada por Frei Walter Ferreira. Dom Luciano pediu a nomeação de Frei Cid Tadeu como administrador paroquial. Os frades presentes assumiram o compromisso de trabalhar em conjunto nas duas paróquias, morando todos na Fraternidade Aparecida. O bispo concluiu a reunião com palavras de esperança.
16) Transmissão de Missa Dominical na Penha – aval
Os Definidores deram aval para que se firme contrato entre o Convento da Penha e a Rede TV para a transmissão de Missa Dominical. O contrato será, num primeiro momento, por três meses. No ano passado foi tentada parceria com a TVE. A receptividade por parte dos fiéis e a possibilidade de evangelização foram avaliadas muito positivamente; porém, em termos financeiros
Definitório Provincial não era viável. A Rede TV, por sua vez, fornece, além da transmissão, também a comercialização, ou seja, a busca de patrocinadores.
17) Eremitério - consulta
A comissão da Cúria Geral para a oração e a devoção enviou consulta, pedindo informação se na Província há casa de eremitério ou casa de oração, segundo as características específicas indicadas em subsídio recente da Ordem. Frei Fidêncio respondeu apresentando o Eremitério Frei Egídio, de Rodeio.
18) Frei Mário Knapik – aprovado para mestrado
Para qualificar-se melhor no campo da Frente de Educação, Frei Mário fará mestrado junto à Universidade Católica do Paraná, em Curitiba, a partir de 2018. O tema que ele pretende desenvolver é: “O paradigma da complexidade e suas implicações na Educação Superior”.
19) Frei Rafael Teixeira – aprovado para mestrado
Tendo o aval da Fraternidade e do Conselho de Evangelização, o Definitório aprovou que Frei Rafael faça o mestrado em Ciências Sociais, do programa de mudança social e participação política, junto à USP de São Paulo. No momento, Frei Rafael frequenta aulas como aluno especial, e se prepara para o processo seletivo.
20) Frei Nilo Agostini – congresso e pós-doutorado
1. Frei Nilo participará do “II Congreso Latinoamericano por la paz”, a realizar-se em Lima, Peru, de 6 a 8 de setembro próximo, na Universidad Católica Sedes Sapientiae. Ele fará conferência com o tema: “Cultura de Ética, Paz y Compromiso, como respuesta a los desafíos contemporáneos en Latinoamérica y el mundo”. 2. Frei Nilo recebeu permissão para fazer pós-doutorado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), de agosto de 2017 a julho de 2018, com período de estágio de cinco meses em Paris, França. O tema escolhido para a pesquisa é: “Walter Benjamin e Paulo Freire: convergências e transversalidades no contexto da Teoria Crítica da Sociedade”.
21) Fluxo de caixa da Sede e atrasos na contabilidade
1. Desde o início do triênio, foram diversas as causas que acarretaram uma baixa na aplicação centralizada (Sede Provincial) no 1º semestre deste ano, de aproximadamente R$ 3 milhões. Alguns dos principais mo-
tivos: a) Aquisições de imóveis (SP e SC), visando à potencialização das receitas com aluguéis; b) Obras e reformas em imóveis; c) Acordos de inventários (cobranças condominiais); d) Perda em aluguéis e contribuições de fraternidades, entre outros. 2. Há preocupação na Sede Provincial com o atraso, por parte de algumas fraternidades, na entrega dos documentos contábeis, pois isso pode comprometer o todo da contabilidade da Província, inclusive ensejando o bloqueio das contas bancárias. É imprescindível que as contabilidades sejam concluídas o quanto antes.
22) Frei Alex Rodrigues e Frei Angelo Cardoso – licença e laicização
1. Frei Alex César Rodrigues recebeu licença para morar fora da Fraternidade Provincial por um ano, sem uso de Ordens; 2. Frei Angelo Cardoso da Silva inicia processo em vista de indulto de laicização, com a decorrente perda do estado clerical, a saída da Ordem e a dispensa do celibato.
23) Egressos - postulantes
1. Lucas Saraiva, natural de Vitória - ES – em 1º de agosto; 2. Davi Santos, 21 anos, natural de São Paulo – SP – em 9 de agosto;
24) Agenda 2017 – acréscimos e alterações
Confira na última página destas Comunicações.
25) Autorizações de viagem
Por motivos citados nas notícias acima, receberam autorização para viajar ao Exterior: Frei Elói D. Piva e Frei Nilo Agostini.
Encerramento
Às 14h15 do dia 17 de agosto, Frei Fidêncio, encerrando a reunião do Definitório Provincial, agradeceu de modo especial ao definidor Frei João Francisco, também guardião em Guaratinguetá, e, na pessoa dele, a toda a Fraternidade local, incluindo os Postulantes, pela generosa e fraterna acolhida. Convidou, por fim, os Definidores à oração da Ave-Maria, pedindo à Mãe Aparecida, cujo jubileu se celebra neste ano, que acompanhe a caminhada da Província, protegendo os frades e os acolhendo em seu coração maternal. Frei Walter de Carvalho Júnior – secretário Setembro / 2017 [Comunicações]
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Falecimento
Frei Afonso Vicente Vogel 17/03/1932
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hoje, Deus desceu no meio de nossa comunidade e nos visitou. E pediu de nós um gesto de amor, de entrega e de agradecimento. Olhou-nos um por um e escolheu para si o que estava pronto. Deus não nos tirou Frei Afonso, mas o deixou ainda mais presente entre nós. Deus não arrancou Frei Afonso de nós, mas o plantou mais no fundo na memória de nossas vidas. Deus não o levou, mas o deixou em nossos corações. Frei Afonso não partiu, mas sim chegou em sua casa definitiva. Hoje, assim como nos ensinou nosso Pai São Francisco, a morte é celebrada como irmã: nos une no mesmo sentimento e nos coloca nos braços de Deus. Sim, a fé ilumina e afasta o absurdo da morte”. A Missa de Exéquias foi celebrada no dia seguinte, às 8h30, e em seguida o corpo de Frei Afonso foi sepultado no cemitério municipal. R.I.P.
O maestro de Xaxim
N
osso confrade Frei Afonso Vicente Vogel faleceu na manhã do dia 3 de agosto, às 9h15, no Hospital Frei Bruno, de Xaxim. No dia 21 de julho, Frei Afonso sofrera uma AVC hemorrágico, após queda ao chão. Desde então, seu quadro de saúde foi-se complicando devido à incidência de infecções e impossibilidade de intervenção cirúrgica para conter a hemorragia. Na mensagem de comunicação da morte de Frei Afonso, assim se exprime Frei Alex Ciarnoscki: “No dia de
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No dia 25 de dezembro deste ano, exatamente na celebração de Natal, o Coral Arautos do Grande Rei, de Xaxim, SC, completará 45 anos de fundação. Frei Afonso esteve à frente desta obra o tempo todo, embora nos últimos anos tenha passado a batuta para Gisele Linhares, uma aluna que se tornou professora e regente do coral. Mesmo assim, não deixava de acompanhar diariamente as aulas de seus pupilos. A paixão pela música começou cedo na família. “Meu primeiro presente de criança, com 7 ou 8 anos, em Bom Princípio, Porto União (SC), foi uma gaitinha de boca, o que já indicava meu gosto pela música. Nessa época, o meu irmão – somos doze irmãos, sendo seis meninos e seis meninas – já
sabia tocar violino. Meu pai insistia muito para que aprendêssemos música. Tanto ele como minha mãe estimulavam a gente a cantar e a gostar de música. Eles cantavam para nós cantos desconhecidos e faziam um belo dueto”, disse o frade em entrevista ao site “Franciscanos”. Frei Afonso é filho de uma família de religiosos e seu irmão, Vunibaldo, também era frade desta Província e faleceu em fevereiro deste ano. No Seminário, Frei Afonso pôde se dedicar à música. Quando ingressou no Seminário Menor de Guaratinguetá, em 1942, exatamente quando esta casa de formação era inaugurada, tocava harmônio, piano e gaita. No Seminário de Agudos, começou a tocar
Dados pessoais, formação e atividades ascimento: 17.03.1932 (85 anos N de idade) Natural de Maratá, Porto União, SC. Vestição: 19.12.1951 – Rodeio Primeira Profissão: 20/12/1952 (64 anos de Vida Franciscana) Profissão Solene: 20.12.1955 Ordenação Presbiteral: 01/07/1958 (59 anos de Sacerdócio) 1953 – 1954 – Curitiba – estudos de Filosofia; 1955 – 1958 – Petrópolis – estudos de Teologia; 1959 – Rio de Janeiro – curso de Pastoral; 11.12.1959 – Luzerna – professor, bibliotecário e cronista; 15.01.1965 – Rodeio – professor; 01.07.1965 – Ituporanga – seminário – diretor; 15.01.1971 – Xaxim – coordenador da Fraternidade e pároco; 20.12.1976 – Curitiba – vigário da casa e vigário paroquial; 09.12.1977 – Xaxim – vigário da casa e vigário paroquial;
Falecimento órgão e depois não parou mais. “Como padre, em Luzerna, fiquei dois anos no seminário velho, dois anos no novo e um ano na paróquia. No primeiro ano passei observando Frei Henrique e, mais tarde, ele confiou a mim a aula de música. Depois, dei aula de música em Ituporanga, onde tinha um menino que era sobrinho de Frei Basílio Prim, o Cláudio Prim, um verdadeiro músico. Mas ele faleceu num desastre. Aliás, eu inaugurei o Seminário de Ituporanga, em agosto de 65, depois que foi fechado o antigo seminário de Rodeio, onde tinha dado meio ano de aula. Fiquei em Ituporanga até 1970, recordou o frade. Ele fez sua primeira experiência como regente de coral infantil em 1963, no Seminário de Luzerna. “Reuni alguns meninos voluntários com os quais fiz treinos especiais de voz e impostação. Deu certo. Notei que eu tinha jeito e, o que é importante, as crianças queriam aprender. Este pequeno coral recebeu o nome de “Corinho de Frei Afonso”, mas depois se diluiu com a minha transferência. Em 1971, Frei Afonso foi transferido para Xaxim. Padre novo, com 38 anos, chegou para ser vigário numa paróquia grande. Em 1972, num ensaio de canto para 20 coroinhas, nasceu o coral. “A ideia nunca chegou a ser a de formar um coral, mas de a matriz ter crianças que cantassem bonito. Então, comecei a treinar com eles durante o ano e, no Natal de 1972, cantamos pela primeira vez na Igreja um repertório natalino, bem simples. Não me lembro se foi a duas vozes. Mas eram cantos bem entoados! O Frei Valentim colocou na crônica da casa que o povo chorou de alegria naquela noite. Nunca tinha escutado um coral de crianças. Hoje ainda as pessoas se emocionam nas apresentações dos Arautos”, dizia Frei Afonso nesta entrevista. Disciplinador, Frei Afonso dizia que para ser músico não havia outra
maneira e, para isso, fazia cumprir as regras. “Se não obedecem, passo uma descompostura bem bonita. No fim, pergunto: ‘Estou certo ou errado?’ Todas as crianças respondem juntas que estou certíssimo. E todos continuam amigos. Sou uma espécie de pai para eles. O tenor Beto Battistella me chama de segundo pai. Você atrai as crianças sem querer. Com a música. Não precisa ficar enganando ninguém. Você tem de ser o que é”, dizia, orgulhoso ao lembrar nomes de seus ex-alunos que continuaram na música, como Fabiano Zoldan, que gravou dois CDs; Maysa Stainsack, Márcio Buzatto e Alberto Battistela, além da sua maestrina Gisele.
Para o frade, a música foi uma forma de evangelizar. “Quando ensinava crianças a cantar, notei que de fato estava promovendo o ser humano em sua comunicação com Deus e com o outro pela voz, pela fala e pelo canto. Se o instrumento musical, por melhor que seja, é inerte e só responde à sensibilização que eu lhe dou como tocador do instrumento, com o ser humano, principalmente com a criança é diferente. A sensibilização dada pelo mestre que ensina a cantar tem geralmente como resposta uma ressonância positiva inimaginável. A criança quer aprender, bastando haver alguém que saiba ensinar e mostrar: ‘é assim”’, ensinou o frade.
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Falecimento
FAMILIARES EM LUTO
D
uas famílias de nossos confrades perderam seus entes queridos na segunda-feira, 24 de julho: a família de Frei
Angelo José Luiz e Frei José Pereira, de Indaial (SC), e Frei James Luiz Girardi, de Ascurra (SC). Aos familiares, parentes e amigos,
nossos sentimentos. Caminhamos na certeza de que as almas destas irmãs já se encontram na contemplação do rosto de Jesus Cristo Ressuscitado.
ANA BRUNA DALPIAZ
LEONORA TERESA LUIZ
Aos 34 anos, faleceu no dia 24/7 em São Paulo, Ana Bruna Dalpiaz, sobrinha de Frei James Luiz Girardi. Depois de ser atendida no sábado (22/7) em Blumenau e Timbó, Ana foi liberada para casa, mas seu estado se agravou e a família resolveu trazê-la de carro para São Paulo. No domingo à noite (23), ela foi internada na UTI com infecção pulmonar mas não resistiu depois de cinco paradas cardíacas, vindo a falecer às 8h30 do dia 24. Seu corpo foi transladado para Ascurra, onde foi velado e depois cremado em Blumenau como era seu desejo. Ana Bruna fazia o acompanhamento médico em São Paulo, no Hospital Samaritano, onde recebeu, depois de longa preparação, um rim doado pela mãe Verônica. O transplante se realizou no dia 15/6/2016. Sempre que vinham a São Paulo, hospedavam-se no Convento São Fancisco e por isso eram muito conhecidas dos frades. Ana Bruna era casada com Ederson Regis.
Aos 78 anos, faleceu na segunda-feira (24/7), às 5h30, a sra. Leonora Teresa Luiz, mãe de Frei Angelo José Luiz e irmã de Frei José Pereira. O pai de Frei Angelo, o sr. Alfredo Felício Luiz, faleceu há dez meses. Os dois nasceram em Indaial. Eles deixam seis filhos: Valdir e Valmir (gêmeos), Antônio e Otocar (gêmeos), Angelo e Almir. Segundo Frei Angelo, sua mãe era muito religiosa, e sempre participava dos movimentos religiosos, como Apostolado da Oração e grupos de reflexão. “Meus pais gostavam muito de ir à Missa no Noviciado do Rodeio e os noviços retribuíram esse carinho no velório e no enterro”, contou Frei Angelo.
Jornada de Oração pelo Brasil na Semana da Pátria A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convida a todos para uma Jornada de Oração pelo Brasil, a ser realizada nas comunidades, paróquias, dioceses e regionais do país, de 1º a 7 de setembro próximo. Os bispos decidiram mobilizar os cristãos, por meio da oração, após a análise da realidade brasileira feita na última reunião do Conselho Episcopal Pastoral da entidade, dias 10 e 11 de agosto. O Dia de Oração e Jejum sugerido é o dia 7 de setembro, data que marca a Independência do Brasil. Além da carta, enviada a todos os bispos brasileiros, foi enviada também uma oração , a mesma enviada por ocasião da celebração de Corpus Christi, com uma pequena adaptação na última prece. Segundo o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, a Jornada de Oração é uma oportunidade para que os cristãos e pessoas de boa vontade que querem um Brasil melhor, mais fraterno e não dividido se unam. “Vivemos um momento difícil e de apreensão no Brasil. A realidade econômica, política, ética vem acompanhada de violência e desesperança”, diz trecho da carta.
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FRATRumGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados
SETEMBRO 01 01 a 09 02 e 03 03 a 09 04 04 04 e 05 06 a 08 07 a 10 10 a 12 11 a 13 18 18 18 18 18 e 19 18 a 22 20 21 22 23 24 25 25 26 e 27 30
Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação; Encontro Continental JPIC (Anápolis); Coleta anual pela evangelização na Amazônia; Congresso Continental para a Formação e os Estudos (São Paulo); Dia da Amazônia; Encontro do Regional de Pato Branco; Encontro Regional do Leste Catarinense (Florianópolis); Retiro do Regional da Baixada e Serra Fluminense (Sagrado - Petrópolis); Encontro Interobediencial do Irmãos Leigos Franciscanos (Vila Velha); Encontro Regional do Contestado; Reunião da Frente das Paróquias, Santuários e Centros de Acolhimento (Agudos); Encontro do Regional de Curitiba (S. Boaventura); Encontro do Regional do Vale do Paraíba (Guará Fazenda); Encontro do Regional do Espírito Santo (Convento da Penha); Encontro do Regional de Agudos (Bauru); Encontro do Regional do Contestado; CFMB: Assembleia (São Luís – MA); Reunião da Frente das Missões (São Paulo - Sede); Reunião dos Formadores (Petrópolis); Conselho da Formação Inicial (Petrópolis); Conselho da Formação (Petrópolis); Profissão Solene (Petrópolis); Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Gaspar); Encontro do Regional São Paulo (Largo São Francisco); Assembleia da Frente da Educação (Bragança Paulista); Ordenação Presbiteral de Frei Alan Maia de França Victor (Bangu – Rio de Janeiro);
OUTUBRO 09 a 13 16 e 17 16 a 19 16 a 19 16 a 19 17 a 19 20 a 22 22 23 e 24 24 e 25 24 a 26
Curso de Franciscanismo (Rondinha); Retiro do Regional do Vale do Itajaí (Vila Itoupava); Retiro do Regional do Leste Catarinense (Angelina); Retiro dos Regionais do Contestado e de Pato Branco (Curitibanos); Encontro Regional do Leste Catarinense (Retiro Anual, Angelina); Reunião do Definitório Provincial (São Paulo); Estágio Vocacional (Ituporanga); Ordenação Diaconal de Frei Marcos Vinicius M. Brugger (Pato Branco); Encontro do Regional do Leste Catarinense (Florianópolis); Encontro Provincial da Frente de Comunicação (Rondinha); Semana Teológica (Petrópolis);
NOVEMBRO 02 a 04 02 a 05 06 a 09 13 15 20
Retiro do Regional de Curitiba (Rondinha); Estágio Vocacional (Guaratinguetá); Retiro dos Regionais do Estado de São Paulo (Agudos); Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense (Niterói); Encontro do Regional Baixada e Serra Fluminense – recreativo; Encontro do Regional do Vale do Itajaí - recreativo (Vila Itoupava);
20 21 e 22 23 e 24 28 a 30 29
Encontro do Regional do Vale do Paraíba recreativo (São Sebastião); Reunião do Conselho do Secretariado de Evangelização (Vila Clementino); (até o meio-dia) Reunião com os frades de 1ª transferência (São Paulo); Reunião do Definitório Provincial; Reunião do Definitório com os coordenadores dos Regionais (São Paulo - São Francisco);
DEZEMBRO 01 e 02 02 a 04 04 04 e 05 04 e 05 13 18 e 19
Celebração dos Jubileus (São Paulo - São Francisco); Encontro do Regional de Curitiba-Recreativo (Caiobá); Encontro do Regional São Paulo (Bragança Paulista); Encontro do Regional de Pato Branco; Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí – recreativo; Encontro do Regional de Curitiba - recreativo (Caiobá); Encontro Regional do Leste Catarinense recreativo (Santo Amaro da Imperatriz);
2018 Janeiro
08 15 17 a 21
Profissão dos noviços; Vestição dos noviços; Missões Franciscanas da Juventude (Agudos e Bauru - SP);
JULHO 19 a 22
Encontro Nacional da Juventude (Vila Velha - ES);
novembro 12 a 21
Capítulo Provincial;