PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL
NOVEMBRO DE 2019 • ANO LXVII • N o 11
FRANCISCANOS E MUÇULMANOS Encontro histórico em São Paulo marca o jubileu franciscano
SUMÁRIO MENSAGEM DO GOVERNO PROVINCIAL
“Reanimar a esperança e restabelecer a confiança” ..............................................................743
FORMAÇÃO PERMANENTE
“A importância do diálogo entre Cristianismo e Islamismo na atualidade”, texto de Ali Zoghbi .....................................................................746 Mensagem do Papa Francisco para o 3º Dia Mundial dos Pobres ..............................748 Pós-Capítulo Under-Ten no Convento São Boaventura .....................................................752
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Frades estudantes de Rondinha celebram a Mãe de Deus e Padroeira do Brasil .................................................................................................................................753 1ª Caminhada Franciscana de Campo Largo provoca os jovens .................................754
FRATERNIDADES
ESPECIAL: Festa de São Francisco de Assis ..............................................................................756 PVF: Encontro de Benfeitores em Vila Velha ..............................................................................776 Retiro reúne Regionais do Vale do Itajaí e Contestado .......................................................777 Editora Vozes recebe Prêmio Werner Klatt por excelência gráfica ..............................777 Encontro dos Regionais de São Paulo e de Guaratinguetá .............................................778 Visita fraterna aos frades de Bragança ...........................................................................................779 Terceiro encontro do Regional do Vale do Itajaí .....................................................................779 Celebrações de Nossa Senhora Aparecida na Paróquia do Sagrado .........................780 Blumenau celebra Nossa Senhora Aparecida ..........................................................................782 Regional de Curitiba na escuta dos jovens ................................................................................783 SÉRIE NOSSOS FRADES: Frei Adriano Freixo Pinto ..........................................................784 Retiro do Regional Rio/Baixada .........................................................................................................789 Retiro Regional de Agudos ..................................................................................................................790 Encontro Regional do Leste Catarinense ....................................................................................791
EVANGELIZAÇÃO
ESPECIAL: Sínodo para a Amazônia .............................................................................................792 Encontro em São Paulo: Franciscanos e muçulmanos celebram a amizade e o diálogo ......................................................................................................804 Frente da Educação tem encontro ampliado em Petrópolis ..........................................808 Transformação digital é tema de encontro acadêmico da FAE......................................812 MEC avalia FAE Centro Universitário com nota máxima de qualidade de ensino ......................................................................................................813 Bom Jesus: Tempo Franciscano 2019 ............................................................................................814 Mês da Bíblia termina solene com concerto do Coral das Meninas dos Canarinhos .................................................................................................815 “Filho Pródigo” é tema de Retiro Universitário da USF ........................................................816 FIMDA: Jornada da Criação chega a Luanda .............................................................................817 Anselm Grün no Brasil: Espiritualidade e trabalho ................................................................818 Frei Nilo Agostini publica dois novos livros.............................................................................. 821 Paróquias e Santuários do Sul fazem encontro da Frente em Blumenau ...............822
Ciro Barcelos leva “Auto de São Francisco” para as Missões Franciscanas da Juventude .............................................................................824 Aos Capuchinhos: Testemunhar com mansidão e pobreza ............................................825 Província divulga nota pelo falecimento de Dom Elias Manning ................................826 Profissão definitiva de seis membros da OFS em Petrópolis ..........................................826
NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES
AGENDA .................................................................................................................................................. 828
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MENSAGEM
Reanimar a esperança e restabelecer a confiança Caros confrades e demais irmãos e irmãs, Paz e Bem! As palavras em epígrafe, nesta singela abertura de mais uma edição de Comunicações, nos são dadas como provocação pelo Papa Francisco em sua Mensagem para o III Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado por toda a Igreja, no próximo dia 17 de novembro. São palavras positivas para estimular este encontro afetivo de nossas casas, comunidades de fé, organizações e, principalmente, de nossos corações com os irmãos, as famílias, os órfãos, os jovens e anciãos, “vítimas de tantas formas de violência”, “humilhados no seu íntimo”, “muitas vezes instrumentalizados para uso político, a quem se negam a solidariedade e a igualdade” e “tantas pessoas sem abrigo e marginalizadas que vagueiam pelas estradas das nossas cidades”. Mais uma vez, o Santo Padre vem nos provocar com o que existe de mais concreto e contraditório no mundo, nosso claustro, para nos ajudar em nossa busca por viver de forma coerente a nossa vocação de Frades Menores. Queremos ser os últimos e ali nos encontramos
com irmãos e irmãs. Interceda por nós, Santa Dulce dos Pobres! Encontro, diálogo e abertura de corações foram pontos fortes do evento que ilustra a capa desta edição, realizado junto à Mesquita da Misericórdia, no bairro paulistano de Santo Amaro, para marcar os 800 anos do encontro de Francisco de Assis com o Sultão. Como Francisco foi acolhido com cortesia pelo Sultão Al-Malik Al-Kamil, também o grande número de irmãs e irmãos dos vários ramos do Movimento Franciscano foram acolhidos como membros de uma só família, a dos filhos e filhas de Deus, também aclamado como Alá. Além de outros encontros significativos, promovidos em cada lugar, este teve a importância de ser uma expressão não apenas de nossa Província, mas também da CFFB e da CFMB. O mês de outubro contou com as celebrações do Mês Missionário Extraordinário e do Sínodo para a Amazônia. Na edição especial que a Frente das Missões produziu, foi animador e inspirador ver o testemunho de tantos irmãos desta Província levando a luz do Evangelho aos
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MENSAGEM
irmãos de diferentes lugares, como portadores da misericórdia do Pai, que por sua vez, brilha com mais intensidade sobre eles mesmos e todos nós. A Amazônia também nos chama! Chama a uma conversão pastoral e ecológica e a redescobrir este universo amazônico tão perto e tão distante de nós. Mas as palavras do Papa, “reanimar a esperança e restabelecer a confiança”, podem servir também como revisão para este tempo em que completamos um ano do último Capítulo Provincial. Um ano passa voando! Ainda mais numa Província tão diversificada em suas realidades e campos de missão. São inúmeras as iniciativas oficiais e as realizadas em cada lugar onde estamos presentes nesta parte do Brasil e em Angola. Nem tudo se consegue registrar e divulgar. Ao alcançar este primeiro ano na condição de servo dos irmãos, sou testemunha de que a graça de Deus é infinitamente generosa em suas vidas e em sua ação, como também na vida da multidão de colaboradores, lideranças e voluntários que compartilham a nossa missão. Mas, é preciso cuidar do precioso tesouro depositado por Deus
em nossas vidas. Esta complexidade também pode nos levar a situações de cansaço, desencontro e desânimo. Ainda mais em situações tão controversas enfrentadas na sociedade organizada e no próprio âmbito eclesial. Justamente por isso, reunidos em nosso Capítulo e impelidos pelo Espírito, fizemos opções de redimensionamento de nossas presenças, mas principalmente de nossas vidas. Não basta que deixemos lugares ou partamos para novos areópagos. O verdadeiro redimensionamento é o da qualidade da nossa vida evangélica. Nosso ponto de chegada e de partida é o encontro com o Senhor e com o irmão. Partindo daí, demos novo sentido, nova esperança à profissão que fizemos e, com confiança, abracemos o que torna fecundas e belas a nossa vida e a nossa missão! “Vai com amor ao encontro de todos, porque a tua vida é uma missão preciosa: não é um peso a suportar, mas um dom a oferecer!” (Papa Francisco).
Frei César Külkamp MINISTRO PROVINCIAL
Réplica da corneta de marfim, presente do sultão a São Francisco, oferecida a Frei César e Ir. Cleusa, pelo presidente da Fambras Halal, Mohamed Hussein El Zoghbi, no encontro de São Paulo.
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O Papa Francisco canonizou Irmã Dulce Lopes Pontes em Missa solene na Praça São Pedro, no Vaticano, na manhã do domingo, 13 de outubro, diante de cerca de 50 mil pessoas, dessas, aproximadamente 15 mil brasileiros. A primeira Missa em homenagem a Santa Dulce dos Pobres no Brasil foi realizada no domingo (20/10), com a presença de 52,6 mil pessoas, na Arena Fonte Nova, em Salvador.
Finados Novembro, dia dois, pra mim foi sempre Vida, Creio, é imortal quem tem fé em Cristo Jesus, Divo Verbo Ele nos deixou em nossa lida, Daí, pra mim o dia dois é sempre Luz... Morrermos sim, é natural, isso é uma lei, Mas, na verdade, é uma passagem para a glória, Nosso destino é sermos como o nosso Rei, Ele registrou essa verdade na história. Portanto, convido a vocês com alma fraterna, Jamais a morte em nossos novembros – Finados, Sim, nossa Ressurreição para a vida eterna.
ETERNO
VIVER
E viva a vida!... Pois é mentira o morrer, Vale-nos o prêmio que Jesus conquistou, Nós nascemos para um tempo eterno viver. Frei Walter Hugo de Almeida
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FORMAÇÃO PERMANENTE
O ENCONTRO DE FRANCISCO COM O SULTÃO
A importância do diálogo entre Cristianismo e Islamismo na atualidade
E
m fevereiro deste ano, o Papa Francisco fez uma visita histórica aos Emirados Árabes Unidos - um país de minoria católica, predominantemente muçulmano. Pelo Twitter, o Pontífice, antes de embarcar, declarou: “Vou (aos Emirados Árabes Unidos) como um irmão para escre-
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ver em conjunto uma página de diálogo e percorrer juntos os caminhos da paz. Rezem por nós!”. Como muçulmano, celebrei muito esta visita e compartilhei da mesma expectativa do Papa: todas as iniciativas para promover o diálogo inter-religioso são urgentes e bem-vindas. Este gesto, com certe-
za, foi um importante passo para a construção da paz. Durante a visita, o Papa Francisco e o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmed Al-Tayyeb, autoridade religiosa muçulmana, assinaram o documento “Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Convivência Comum” que, em resumo, expressa o dese-
FORMAÇÃO PERMANENTE
jo de ambas as religiões, católica e muçulmana, pela rejeição à violência deplorável e o extremismo cego; pela valorização da tolerância e da fraternidade; e pela aproximação do Ocidente e do Oriente em defesa da paz universal. Referência para teólogos de todo o mundo, o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmed Al-Tayyeb, tem excelente relação com a Igreja Católica. Se mostra contrário às interpretações mais radicais do Islã, condena o terrorismo em nome da religião islâmica e se coloca sempre a favor do diálogo inter-reli-
Francisco de Assis navegou rumo ao Egito numa época em que cristãos e muçulmanos se viam como inimigos e o clima era de total animosidade. Contrariando as previsões pessimistas, o santo católico foi recebido pelo líder religioso muçulmano com benevolência e hospitalidade. E a partir desta visita, Francisco fez importantes reflexões sobre a missão dos Frades Menores. Na Mesquita de Santo Amaro, não só recordamos este encontro por meio de vídeos, depoimentos e uma encenação teatral, como também plantamos uma árvore pela
gioso e das boas relações com o cristianismo. Neste segundo semestre, vivenciei outro momento marcante: a comunidade muçulmana recebeu a visita dos irmãos franciscanos para celebrar o primeiro gesto de tolerância religiosa registrado pela história. Este encontro envolveu um outro Francisco, o santo de Assis, e o Sultão do Egito, Al-Malik al Kâmil al Ayoubi, em Damieta, no ano de 1219.
paz, inauguramos um marco comemorativo do encontro, ouvimos lideranças de ambas religiões e celebramos, sempre como irmãos, apenas o que nos une. Clamamos pela paz e pela fraternidade! Vivemos tempos difíceis, marcados por intolerância religiosa, discursos de ódio e xenofobia. Vamos deixar que este mal predomine ou vamos juntar forças, por meio das religiões, para tornar o mundo
mais humano, fraterno e justo? Que Francisco de Assis, o Sultão do Egito, Al-Malik al Kâmil al Ayoubi, o Papa Francisco e o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmed Al-Tayyeb, por meio de seus gestos, sejam sempre uma inspiração para católicos e muçulmanos. Que saibamos enxergar riquezas em nossas eventuais diferenças, sem deixar de valorizar o que temos em comum. E que jamais nos esqueçamos que o diálogo é sempre o primeiro passo na construção da paz.
Ali Zoghbi*
*Jornalista, economista e pedagogo, Ali Zoghbi é vice-presidente da FAMBRAS, a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil. Criada há 40 anos, a entidade atua nos âmbitos religioso, social, cultural, econômico e diplomático. Desenvolve projetos que contemplam a divulgação do Islam e ações educacionais, culturais e assistenciais - tanto em benefício dos muçulmanos como das comunidades carentes do Brasil.
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III Dia Mundial dos Pobres XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM - 17 DE NOVEMBRO DE 2019
“A esperança dos pobres jamais se frustrará” 1. “A esperança dos pobres jamais se frustrará” (Sal 9, 19). Estas palavras são de incrível atualidade. Expressam uma verdade profunda, que a fé consegue gravar sobretudo no coração dos mais pobres: a esperança perdida devido às injustiças, aos sofrimentos e à precariedade da vida será restabelecida. O salmista descreve a condição do pobre e a arrogância de quem o oprime (cf. Sal 10, 1-10). Invoca o juízo de Deus, para que seja restabelecida a justiça e vencida a iniquidade (cf. Sal 10, 14-15). Parece ecoar nas suas palavras uma questão que atravessa o decurso dos séculos até aos nossos dias: como é que Deus pode tolerar esta desigualdade? Como pode permitir que o pobre seja humilhado, sem intervir em sua ajuda? Por que consente que o opressor tenha vida feliz, enquanto o seu comportamento haveria de ser condenado precisamente devido ao sofrimento do pobre? No período da redação do Salmo, assistia-se a um grande desenvolvimento
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econômico, que acabou também – como acontece frequentemente – por gerar fortes desequilíbrios sociais. A desigualdade gerou um grupo considerável de indigentes, cuja condição aparecia ainda mais dramática quando comparada com a riqueza alcançada por poucos privilegiados. Observando esta situação, o autor sagrado pinta um quadro realista e muito verdadeiro. Era o tempo em que pessoas arrogantes e sem qualquer sentido de Deus espiavam os pobres para se apoderar até do pouco que tinham, reduzindo-os à escravidão. A realidade, hoje, não é muito diferente! A numerosos grupos de pessoas, a crise econômica não lhes impediu um enriquecimento tanto mais anômalo quando confrontado com o número imenso de pobres que vemos pelas nossas estradas e a quem falta o necessário, acabando por vezes humilhados e explorados. Acodem à mente estas palavras do Apocalipse: “Porque dizes: “sou rico, enriqueci e nada me falta”, e não te dás
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conta de que és um infeliz, um miserável, um pobre, um cego, um nu?” (3, 17). Passam os séculos, mas permanece imutável a condição de ricos e pobres, como se a experiência da história não ensinasse nada. Assim, as palavras do salmo não dizem respeito ao passado, mas ao nosso presente submetido ao juízo de Deus.
2. Também hoje devemos elencar muitas formas de novas escravidões a que estão submetidos milhões de homens, mulheres, jovens e crianças. Todos os dias encontramos famílias obrigadas a deixar a sua terra à procura de formas de subsistência noutro lugar; órfãos que perderam os pais ou foram violentamente separados deles para uma exploração brutal; jovens em busca de uma realização profissional, cujo acesso lhes é impedido por míopes políticas econômicas; vítimas de tantas formas de violência, desde a prostituição à droga, e humilhadas no seu íntimo. Além disso, como esquecer os milhões de migrantes
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vítimas de tantos interesses ocultos, muitas vezes instrumentalizados para uso político, a quem se nega a solidariedade e a igualdade? E tantas pessoas sem abrigo e marginalizadas que vagueiam pelas estradas das nossas cidades? Quantas vezes vemos os pobres nas lixeiras catando o descarte e o supérfluo, a fim de encontrar algo para se alimentar ou vestir! Tendo-se tornado, eles próprios, parte de uma lixeira humana, são tratados como lixo, sem que isto provoque qualquer sentido de culpa em quantos são cúmplices deste escândalo. Aos pobres, frequentemente considerados parasitas da sociedade, não se lhes perdoa sequer a sua pobreza. A condenação está sempre pronta. Não se podem permitir sequer o medo ou o desânimo: simplesmente porque pobres, serão tidos por ameaçadores ou incapazes. Drama dentro do drama, não lhes é consentido ver o fim do túnel da miséria. Chegou-se ao ponto de teorizar e realizar uma arquitetura hostil para desembaraçar-se da sua presença mesmo nas estradas, os últimos espaços de acolhimento. Vagueiam de uma parte para outra da cidade, esperando obter um emprego, uma casa, um afeto… Qualquer possibilidade que eventualmente lhes seja oferecida, torna-se um vislumbre de luz; e mesmo nos lugares onde deveria haver pelo menos justiça, até lá muitas vezes se abate sobre eles violentamente a prepotência. Constrangidos durante horas infinitas sob um sol abrasador para recolher a fruta da época, são recompensados com um ordenado irrisório; não têm segurança no trabalho, nem condições humanas que lhes permitam sentir-se iguais aos outros. Para eles, não existe fundo de desemprego, liquidação nem sequer a possibilidade de adoecer. Com vivo realismo, o salmista descreve o comportamento dos ricos que roubam os pobres: “Arma ciladas para assaltar o pobre e (…) arrasta-o na sua rede” (cf. Sal 10, 9). Para eles, é como se se tratasse duma caçada, na qual os po-
bres são perseguidos, presos e feitos escravos. Numa condição assim, fecha-se o coração de muitos, e leva a melhor o desejo de desaparecer. Em suma, reconhecemos uma multidão de pobres, muitas vezes tratados com retórica e suportados com fastídio. Como que se tornam invisíveis, e a sua voz já não tem força nem consistência na sociedade. Homens e mulheres cada vez mais estranhos entre as nossas casas e marginalizados entre os nossos bairros.
3. O contexto descrito pelo salmo tinge-se de tristeza, devido à injustiça, ao sofrimento e à amargura que fere os pobres. Apesar disso, dá uma bela definição do pobre: é aquele que “confia no Senhor” (cf. 9, 11), pois tem a certeza de que nunca será abandonado. Na Escritura, o pobre é o homem da confiança! E o autor sagrado indica também o motivo desta confiança: ele “conhece o seu Senhor” (cf. 9, 11) e, na linguagem bíblica, este “conhecer” indica uma relação pessoal de afeto e de amor. Encontramo-nos perante uma descrição verdadeiramente impressionante, que nunca esperaríamos. Assim faz sobressair a grandeza de Deus, quando Se encontra diante dum pobre. A sua força criadora supera toda a expetativa humana e concretiza-se na “recordação” que Ele tem daquela pessoa concreta (cf. 9, 13). É precisamente esta confiança no Senhor, esta certeza de não ser abandonado, que convida o pobre à esperança. Sabe que Deus não o pode abandonar; por isso, vive sempre na presença daquele Deus que Se recorda dele. A sua ajuda estende-se para além da condição atual de sofrimento, a fim de delinear um caminho de libertação que transforma o coração, porque o sustenta no mais profundo do seu ser. 4. Constitui um refrão permanente da Sagrada Escritura a descrição da ação de Deus em favor dos pobres. É Aquele que “escuta”, “intervém”, “protege”,
“defende”, “resgata”, “salva”… Em suma, um pobre não poderá jamais encontrar Deus indiferente ou silencioso perante a sua oração. É Aquele que faz justiça e não esquece (cf. Sal 40, 18; 70, 6); mais, constitui um refúgio para o pobre e não cessa de vir em sua ajuda (cf. Sal 10, 14). Podem-se construir muitos muros e obstruir as entradas, iludindo-se assim de sentir-se a seguro com as suas riquezas em prejuízo dos que ficam do lado de fora. Mas não será assim para sempre. O “dia do Senhor”, descrito pelos profetas (cf. Am 5, 18; Is 2 – 5; Jl 1 – 3), destruirá as barreiras criadas entre países e substituirá a arrogância de poucos com a solidariedade de muitos. A condição de marginalização, em que vivem acabrunhadas milhões de pessoas, não poderá durar por muito tempo. O seu clamor aumenta e abraça a terra inteira. Como escrevia o Padre Primo Mazzolari: “O pobre é um contínuo protesto contra as nossas injustiças; o pobre é um paiol. Se lhe ateias o fogo, o mundo vai pelo ar”.
5. Não é possível jamais iludir o premente apelo que a Sagrada Escritura confia aos pobres. Para onde quer que se volte o olhar, a Palavra de Deus indica que os pobres são todos aqueles que, não tendo o necessário para viver, dependem dos outros. São o oprimido, o humilde, aquele que está prostrado por terra. Mas, perante esta multidão inumerável de indigentes, Jesus não teve medo de Se identificar com cada um deles: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40). Esquivar-se desta identificação equivale a ludibriar o Evangelho e diluir a revelação. O Deus que Jesus quis revelar é este: um Pai generoso, misericordioso, inexaurível na sua bondade e graça, que dá esperança sobretudo a quantos estão desiludidos e privados de futuro. Como não assinalar que as Bem-aventuranças, com que Jesus inaugurou a pregação do Reino de Deus, come-
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çam por esta expressão: “Felizes vós, os pobres” (Lc 6, 20)? O sentido deste anúncio paradoxal é precisamente que o Reino de Deus pertence aos pobres, porque estão na condição de o receber. Encontramos tantos pobres cada dia! Às vezes parece que o transcorrer do tempo e as conquistas da civilização, em vez de diminuir o seu número, aumentam-no. Passam os séculos, e aquela Bem-aventurança evangélica apresenta-se cada vez mais paradoxal: os pobres são sempre mais pobres, e hoje são-no ainda mais. Mas, colocando no centro os pobres ao inaugurar o seu Reino, Jesus quer-nos dizer precisamente isto: Ele inaugurou, mas confiou-nos, a nós seus discípulos, a tarefa de lhe dar seguimento, com a responsabilidade de dar esperança aos pobres. Sobretudo num período como o nosso, é preciso reanimar a esperança e restabelecer a confiança. É um programa que a comunidade cristã não pode subestimar. Disso depende a credibilidade do nosso anúncio e do testemunho dos cristãos.
6. Ao aproximar-se dos pobres, a Igreja descobre que é um povo, espalhado entre muitas nações, que tem a vocação de fazer com que ninguém se sinta estrangeiro nem excluído, porque a todos envolve num caminho comum de salvação. A condição dos pobres obriga a não se afastar do Corpo do Senhor que sofre neles. Antes, pelo contrário, somos chamados a tocar a sua carne para nos comprometermos em primeira pessoa num serviço que é autêntica evangelização. A promoção, mesmo social, dos pobres não é um compromisso extrínseco ao anúncio do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua validade histórica. O amor que dá vida à fé em Jesus não permite que os seus discípulos se fechem num individualismo asfixiador, oculto nas pregas duma intimidade espiritual, sem qualquer influxo na vida social (cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 183).
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Recentemente, choramos a perda dum grande apóstolo dos pobres, Jean Vanier, o qual, com a sua dedicação, abriu novos caminhos à partilha promotora das pessoas marginalizadas. Jean Vanier recebeu de Deus o dom de dedicar toda a sua vida aos irmãos com deficiências profundas, que muitas vezes a sociedade tende a excluir. Foi um “santo da porta ao lado” da nossa; com o seu entusiasmo, soube reunir à sua volta muitos jovens, homens e mulheres, que, com o seu empenho diário, deram amor e devolveram o sorriso a tantas pessoas vulneráveis e frágeis, oferecendo-lhes uma verdadeira “arca” de salvação contra a marginalização e a solidão. Este seu testemunho mudou a vida de muitas pessoas e ajudou o mundo a olhar com olhos diferentes para as pessoas mais frágeis e vulneráveis. O clamor dos pobres foi ou-
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vido e gerou uma esperança inabalável, criando sinais visíveis e palpáveis dum amor concreto, que podemos constatar até ao dia de hoje.
7. “A opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e lança fora” (ibid., 195), é uma escolha prioritária que os discípulos de Cristo são chamados a abraçar para não trair a credibilidade da Igreja e dar uma esperança concreta a tantos indefesos. É neles que a caridade cristã encontra a sua prova real, porque quem partilha os seus sofrimentos com o amor de Cristo recebe força e dá vigor ao anúncio do Evangelho. O compromisso dos cristãos, por ocasião deste Dia Mundial e sobretudo na vida ordinária de cada dia, não consiste apenas em iniciativas de assistência que, embora louváveis e necessárias,
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devem tender a aumentar em cada um aquela atenção plena, que é devida a toda a pessoa que se encontra em dificuldade. “Esta atenção amiga é o início duma verdadeira preocupação” (ibid., 199) pelos pobres, buscando o seu verdadeiro bem. Não é fácil ser testemunha da esperança cristã no contexto cultural do consumismo e do descarte, sempre propenso a aumentar um bem-estar superficial e efêmero. Requer-se uma mudança de mentalidade para redescobrir o essencial, para encarnar e tornar incisivo o anúncio do Reino de Deus. A esperança comunica-se também através da consolação que se implementa acompanhando os pobres, não por alguns dias permeados de entusiasmo, mas com um compromisso que perdura no tempo. Os pobres adquirem verdadeira esperança, não quando nos veem gratificados por lhes termos concedido um pouco do nosso tempo, mas quando reconhecem no nosso sacrifício um ato de amor gratuito que não procura recompensa.
8. A tantos voluntários, a quem muitas vezes é devido o mérito de ter sido os primeiros a intuir a importância desta atenção aos pobres, peço para crescerem na sua dedicação. Queridos irmãos e irmãs, exorto-vos a procurar, em cada pobre que encontrais, aquilo de que ele tem verdadeiramente necessidade; a não vos deter na primeira necessidade material, mas a descobrir a bondade que se esconde no seu coração, tornando-vos atentos à sua cultura e modos de se exprimir, para poderdes iniciar um verdadeiro diálogo fraterno. Coloquemos de parte as divisões que provêm de visões ideológicas ou políticas, fixemos o olhar no essencial que não precisa de muitas palavras, mas dum olhar de amor e duma mão estendida. Nunca vos esqueçais que “a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual” (ibid., 200). Antes de tudo, os pobres precisam de
Deus, do seu amor tornado visível por pessoas santas que vivem ao lado deles e que, na simplicidade da sua vida, exprimem e fazem emergir a força do amor cristão. Deus serve-se de tantos caminhos e de infinitos instrumentos para alcançar o coração das pessoas. É certo que os pobres também se aproximam de nós porque estamos a distribuir-lhes o alimento, mas aquilo de que verdadeiramente precisam ultrapassa a sopa quente ou a sanduíche que oferecemos. Os pobres precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações para sentir de novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão. Precisam simplesmente de amor...
9. Por vezes, basta pouco para restabelecer a esperança: basta parar, sorrir, escutar. Durante um dia, deixemos de parte as estatísticas; os pobres não são números, que invocamos para nos vangloriar de obras e projetos. Os pobres são pessoas a quem devemos encontrar: são jovens e idosos sozinhos que se hão de convidar a entrar em casa para partilhar a refeição; homens, mulheres e crianças que esperam uma palavra amiga. Os pobres salvam-nos, porque nos permitem encontrar o rosto de Jesus Cristo. Aos olhos do mundo, é irracional pensar que a pobreza e a indigência possam ter uma força salvífica; e, todavia, é o que ensina o Apóstolo quando diz: “Humanamente falando, não há entre vós muitos sábios, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. Mas o que há de louco no mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte. O que o mundo considera vil e desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada aqueles que são alguma coisa. Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus” (1 Cor 1, 26-29). Com os olhos humanos, não se consegue ver esta força salvífica; mas, com os olhos da fé, é possível vê-la em ação e experi-
mentá-la pessoalmente. No coração do Povo de Deus em caminho, palpita esta força salvífica que não exclui ninguém, e a todos envolve numa verdadeira peregrinação de conversão para reconhecer os pobres e amá-los.
10. O Senhor não abandona a quem O procura e a quantos O invocam; “não esquece o clamor dos pobres” (Sal 9, 13), porque os seus ouvidos estão atentos à sua voz. A esperança do pobre desafia as várias condições de morte, porque sabe que é particularmente amado por Deus e, assim, triunfa sobre o sofrimento e a exclusão. A sua condição de pobreza não lhe tira a dignidade que recebeu do Criador; vive na certeza de que a mesma ser-lhe-á restabelecida plenamente pelo próprio Deus. Ele não fica indiferente à sorte dos seus filhos mais frágeis; pelo contrário, observa as suas fadigas e sofrimentos, para os tomar na sua mão, e dá-lhes força e coragem (cf. Sal 10, 14). A esperança do pobre torna-se forte com a certeza de que é acolhido pelo Senhor, n’Ele encontra verdadeira justiça, fica revigorado no coração para continuar a amar (cf. Sal 10, 17). Aos discípulos do Senhor Jesus, a condição que se lhes impõe para serem evangelizadores coerentes é semear sinais palpáveis de esperança. A todas as comunidades cristãs e a quantos sentem a exigência de levar esperança e conforto aos pobres, peço que se empenhem para que este Dia Mundial possa reforçar em muitos a vontade de colaborar concretamente para que ninguém se sinta privado da proximidade e da solidariedade. Acompanhem-nos as palavras do profeta que anuncia um futuro diferente: “Para vós, que respeitais o meu nome, brilhará o sol de justiça, trazendo a cura nos seus raios” (Ml 3, 20). Vaticano, na Memória litúrgica de Santo Antônio de Lisboa, 13 de junho de 2019. Francisco
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ntre os dias 23 a 26 de setembro, frades que se encontram na faixa de um a dez anos de Profissão Solene (a profissão de viver a Vida Consagrada franciscana por toda a vida) da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil se reuniram para a celebração do Pós-Capítulo Under Ten no Convento São Boaventura, em Campo Largo - PR. Esta faixa etária de Vida Consagrada, denominada Under Ten, é acompanhada pelas congregações de forma mais próxima por ser a etapa da caminhada religiosa em que os frades deixam as Casas de Formação e se integram à missão evangelizadora nas diversas fraternidades que constituem a Província - uma mudança significativa de contexto que exige adaptação e esforço para corresponderem às exigências das novas responsabilidades confiadas a eles e o cultivo dos
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aspectos intrínsecos à consagração que fizeram. Neste ano de 2019, a Ordem dos Frades Menores sugeriu a celebração de um Capítulo Under Ten de todas a Ordem e que envolvesse todas as Províncias e Custódias. O Pós-Capítulo celebrado em Rondinha foi a conclusão desta grande celebração, que contou com a participação do Ministro Provincial, Frei César Külkamp, que pôde dirigir palavras de incentivo aos jovens frades. Vinte e três frades estiveram reunidos nestes dias de formação, oração e convivência fraterna. As reflexões realizadas versavam sobre a temática do diálogo na vida franciscana baseadas em falas do Ministro Geral, Frei Michael Perry; do Secretário Geral da Formação e Estudos, Frei Cesare Vaiani; e do Prior da Comunidade de Taizé, Irmão Alois. Os participantes tiveram tempo
para a reflexão pessoal e a conversa livre com os demais confrades, numa franca discussão a respeito da importância do diálogo e como ele pode se tornar decisivo para a lida de pequenos ou maiores conflitos fraternos ou na lida das crises pessoais. A dimensão da oração também pôde ser privilegiada nestes dias, com a participação dos momentos próprios da fraternidade local, bem como acrescentando-se outros momentos de celebração e meditação da Palavra de Deus. Que Deus abençoe sempre de novo a estes frades que dão os seus primeiros passos na longa caminhada de entrega e disposição para a doação de si mesmos à Igreja, a Ordem e ao mundo. Que a Virgem Imaculada interceda ao seu Filho para que se sintam revigorados no propósito de vida que abraçaram.
Frei Rodrigo da Silva Santos
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Frades estudantes de Rondinha celebram a Mãe de Deus e Padroeira do Brasil
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a manhã do dia 12 de outubro os frades estudantes do tempo da Filosofia, da Fraternidade Franciscana São Boaventura, se reuniram para celebrar a Solenidade de Nossa Senhora Aparecida. As Laudes Solenes, presididas por Frei Samuel Ferreira de Lima, e a Santa Missa, presidida por Frei Hermenegildo Curbani, foram os momentos litúrgicos na fraternidade que marcaram esta grande festa da Padroeira do Brasil. Em sua homilia, Frei Gildo lembrou que era um dia muito especial porque muitas festas ocorrem em todo o país: “Hoje está acontecendo a Festa de Nossa Senhora de Nazaré. Eles com certeza estão rezando pelo Sínodo da Amazônia, como nós também estamos unidos a eles, ao Papa e aos Bispos Sinodais em oração. Em nossas paróquias e fraternidades pela Província essa data é muito celebrada. Lembro quando estava em Nilópolis, como a religiosidade popular era forte ao celebrar Nossa Senhora de Aparecida”. “Maria foi aquela deu um empurrãozinho para que Jesus pudesse iniciar a sua missão. Como ouvimos no evangelho, com o pedido dela ele começou e
Mês Missionário Em missa presidida por Frei Samuel Ferreira de Lima, concelebrada por Frei Luís Aliberti e Frei Hermenegildo Curbani, a fraternidade acolheu os símbolos do Mês Missionário Extraordinário, a cruz, a bandeira e o livro. Na sua homilia, Frei Samuel explicou cada um dos símbolos, relacionou-os com seu caráter missionário, com o evangelho do dia, bem como com o carisma de São Francisco de Assis. Na celebração os frades estudantes fizeram a renovação de suas promessas batismais e foram ungidos com o óleo
não parou mais, foi assassinado e para a glória e salvação ressuscitou dos mortos. Que possamos aprender como Maria a ter a iniciativa para a missão, ela que foi a primeira discípula-missionária de Nosso Senhor Jesus Cristo”, concluiu o Frei. O Frei Gildo também fez uma prece pelas crianças, pedindo que a Mãe de Deus as proteja. “Hoje é dia das crianças. Peçamos que Maria cuide e proteja as crianças
como ela fez com Jesus, neste dia dedicado a ela”. Os frades estudantes que fazem a sua atividade pastoral na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, de Campo Largo, se fizeram presentes nas festividades da Paróquia. Eles tiveram a oportunidade de abençoar o povo de Deus, os animais e objetos, bem como participar da Santa Missa celebrada em honra da Padroeira do Brasil.
Frei Marcelo Tadeu
Os símbolos permaneceram na Fraternidade até as 14h quando foram enviados à Paróquia São José Trabalhador, de Campina Siqueira. O Papa Francisco proclamou outubro de 2019 como Mês Missionário Extraordinário com o objetivo de: “despertar em medida maior a consciência da missio ad gentes e retomar com novo impulso a transformação missionária da vida e da pastoral”. É uma iniciativa que engloba todas as Conferências Episcopais, os membros de cada Instituto de Vida Consagrada, as sociedades da vida apostólica, as associações e movimentos eclesiais.
do Crisma. Como orienta a celebração de acolhida dos símbolos, e conforme o lema proposto para o mês: Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo. NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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FORMAÇÃO E ESTUDOS
1ª Caminhada Franciscana de Campo Largo provoca os jovens
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urpresa, superação, emoção e alegria. Foi assim a 1ª Caminhada Franciscana de Campo Largo e região, no sábado, 5 de outubro. Cerca de 80 jovens e adultos participaram dessa Caminhada, que teve como tema uma frase do início da vida de Francisco de Assis: “É isso que eu quero, procuro e desejo fazer de todo o coração.” Tudo começou às 5 horas da manhã na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, de Campo Largo. Com a reflexão: “Aparecida que nasce das águas e intercede ao Pai pela sede dos filhos”, deu-se a abertura da caminhada pelas ruas e bairros da cidade. Cada peregrino teve a oportunidade única de fazer uma experiência íntima com o próprio Deus, principalmente ouvindo os apelos pela natureza sofrida,
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tendo à vista a situação de degradação em que se encontra o Rio Cambuí. Essa etapa da caminhada foi concluída com a Oração da Manhã, às margens do rio. Na sequência, os caminhantes partiram rumo ao Centro de Cultura Polonesa, localizado no bairro do Botiatuva, e ali conheceram alguns traços da história desse povo e sua chegada ao Brasil, como algumas vestes e comidas típicas. Esse momento foi encerrado com a bênção do novo presépio do local. Com tempo firme e sol forte, a caminhada foi retomada em seu trajeto mais longo: até a Comunidade São Roque, onde todos tomaram café e fizeram um momento de Adoração ao Santíssimo Sacramento, conduzidos pela bela reflexão baseada na
multiplicação dos pães. Abastecidos e caminhando num ritmo mais forte, os jovens fizeram o caminho da superação e da ajuda fraterna ao serem desafiados em algumas subidas. Ao chegarem na comunidade Nossa senhora do Carmo, os jovens foram recebidos com muita festa pelas crianças da catequese. Debaixo de uma sombra fresca e ao som da música “Desamarem as sandálias e descansem...”, foram acolhidos. Na capela Jesus Misericordioso, todos os participantes rezaram o Terço da Misericórdia com a comunidade e seguiram caminho, passando pela Comunidade São Vicente de Paulo, até o encerramento do percurso, na matriz Nossa Senhora Aparecida, feito com muita festa ao som dos sinos, exatamente às 17h30.
FORMAÇÃO E ESTUDOS
Missa de Encerramento
As 19 horas, todos os paroquianos, juntamente com os jovens que participaram da Caminhada, reuniram-se na igreja Matriz para a celebração do 3° dia da Novena em honra à Padroeira do Brasil e para celebrar o encerramento da 1ª Caminhada Franciscana Campo Largo e Região. Nesta celebração, o tema foi “Maria, mulher do encontro, nos ensina a encontrar Jesus, assim como Francisco nos leprosos de hoje”. No Ato penitencial, o animador vocacional da Província Franciscana da Imaculada Conceição e presidente da celebração, Frei Diego Atalino de Melo, exortou a todos sobre os leprosos de nossos dias. Com frases do Papa Francisco, alguns jovens se caracterizam de “leprosos”, como indígenas, pessoas em situação de rua, LGBTs, a mulher que sofre violência, presidiários. Todos foram acolhidos por Maria, simbolizada por uma jovem negra, que ia ao encontro de cada um e o recebia com um abraço. O momento mais emocionante veio em seguida. Durante a homilia, um homem em situação de rua en-
trou na igreja e se dirigiu ao presbitério. Todos da comunidade ficaram incomodados, pois isso é comum nas celebrações. Frei Diego, falando sobre os leprosos de nosso tempo, chamou este homem e lembrou o Cristo que Francisco viu no leproso. Disse que este leproso era o Cristo chagado e que vivia diariamente com a comunidade da Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Tirando os trajes que tampavam o seu rosto, veio a surpresa: o leproso era o próprio pároco Pe. Aguinaldo Martins, que concelebrou com Frei Diego. Ao falar da experiência, Pe. Aguinaldo chegou a se emocionar. “Desde o primeiro momento que comecei a me caracterizar, já me senti diferente. Me vi anulado, sem dignidade e incomodado com aquela roupa fedida ... Parece que encarnei mesmo o personagem. Senti-me muito ruim. Talvez o
maior sentimento que uma pessoa nessa situação sente é o da falta de acolhida do povo da Igreja, porque são os de dentro da Igreja os primeiros a não acolher o diferente: um mendigo de rua, um negro, uma negra, um homossexual.... Senti-me muito frágil. Eu quero agradecer a Deus muito, muito mesmo, e ao Frei Diego por me proporcionar mais uma experiência de vida, que começou lá nas Missões Franciscanas da Juventude no Rio de Janeiro, onde eu fiquei na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Nilópolis. Isso foi mais uma bênção em minha vida...”, disse, agradecendo a presença dos frades do Convento São Boaventura, que realizam atividades pastorais na Paróquia. “A partir de hoje, sou um pouquinho mais franciscano com vocês. E gostaria que vocês também fossem franciscanos. Não sei o que falarão de mim, em minha Diocese, em Campo Largo. Eu não me preocupo com isso. Estou com o Papa Francisco, estou com Jesus Cristo, estou com Francisco. Paz e Bem”. Com a consagração a Nossa Senhora Aparecida, Frei Diego deu a bênção final e enviou todos os jovens que participaram da Caminhada Franciscana em missão pelo mundo. Segundo Aline de Azevedo, participante do Grupo de Jovens franciscanos da Paróquia, essa experiência chamou a atenção pelo cuidado para com a natureza e aos irmãos menos favorecidos. “Além disso, fizemos muitas amizades e pudemos conhecer ainda mais a vida e o propósito de cada um. Isso é maravilhoso. Foi maravilhoso”, comemorou.
Frei Franklin Matheus da Costa NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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ESPECIAL
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
– São Paulo - Largo São Francisco –
Ministro Provincial pede para “tornarmos São Francisco presente”
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Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, celebrou a Solenidade de São Francisco no dia 4 de outubro, no Convento São Francisco, no centro de São Paulo. Para os fiéis devotos que lotaram a igreja histórica no Largo São Francisco, durante a Celebração Eucarística, às 15 horas, Frei César fez o seguinte pedido: “É preciso que nós, com nossa caminhada, com nossa vida, tornemos São Francisco presente. E tornar São Francisco presente é tornar o próprio Cristo presente”. Segundo o Ministro Provincial, esse Cristo, para São Francisco, é muito próximo na sua encarnação, na sua paixão e na eucaristia. “Ele está dentro de cada um de nós e, a partir de nós, quer estar presente no mundo de hoje. Que nós possamos celebrar São Francisco hoje e pedir essa graça da abertura do coração, para observar a tudo com os olhos de Deus, com os olhos da misericórdia”, animou. O guardião e pároco, Frei Mário Tagliari, deu as boas-vindas ao Ministro Provincial. Assim, fez durante todas as celebrações na centenária igreja neste dia festivo. Para Frei César, todos presentes na igreja estavam ali porque têm uma relação direta com o Santo de Assis. “São Francisco não é uma figura qualquer na vida de cada um de nós. Certamente, fala fundo no nosso coração e na nossa vida. E é por isso que nós queremos celebrar”, disse, acrescentando: “Celebrar São Francisco significa tornar presente, trazer à memória fatos, a pessoa dele, o seu projeto de vida, o seu seguimento fiel e radical a Jesus Cristo. E não foi outra coisa que ele fez na sua vida depois de descobrir a força e a vitalidade do Evangelho”. Segundo o Ministro Provincial, no seguimento de Cristo, São Francisco não quis inventar nada de novo. “Ele não pretendeu criar outra coisa senão buscar aquilo que estava dado e criado, que era Jesus Cristo”, lembrou. Frei César, contudo, observou que o movimento criado por
Francisco nos últimos 800 anos se tornou tão forte para a Igreja que levou o Papa Francisco a escolher um projeto de Igreja também fundamentado na vida e na santidade de São Francisco de Assis. Jesus Cristo, assinalou o pregador, tornou-se a paixão de Francisco e o levou a segui-Lo e imitá-Lo com tanta radicalidade. “São Francisco tinha uma paixão tão grande
pela encarnação que chegou ao ponto de inventar a representação do nascimento de Jesus nos presépios que temos até os dias de hoje”, explicou. Outro grande mistério é a Paixão de Cristo. “Ao mesmo tempo, um Deus que ama tanto, vai até as últimas consequências e dá a própria vida no alto da Cruz”, explicou. “Mas foi esta paixão que Francisco quis experimentar e recebeu a graça de Deus de ter no próprio corpo as marcas da Paixão”, acrescentou. Depois, outro grande mistério de Cristo, e que encantou tanto a Francisco, foi justamente a Eucaristia. “Ali, novamente, o Deus, na sua força, no seu poder, se faz pequeno no pão e no vinho para chegar ainda mais perto de NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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cada um de nós. Por isso, ele dizia: ‘Pasmem o céu e a terra quando, no altar, estiver ali o sacerdote com o próprio Cristo nas mãos!’ Um Deus que não está lá nas alturas, mas se faz bem próximo de cada um de nós”, ressaltou. “É isso que o Evangelho também nos diz. Esse Deus, que se encarna, que está próximo de cada um de nós, escolhe os pequenos. Foi isso que Francisco ficava ouvindo a cada Palavra do Evangelho e refletindo no seu coração: como viver essa Palavra concretamente? Isso o fez deixar a sua casa paterna, ir aos lugares onde ninguém queria estar, mas onde estavam seres humanos: os leprosos daquele tempo que não podiam entrar na cidade; os mais pobres que viviam nas periferias. É aí que ele vai viver concretamente a sua vida, porque entendeu que Jesus Cristo faria isso. Nós precisamos também hoje, ao celebrar São Francisco, não apenas cantar os seus louvores, como ele mesmo nos diz, pois muitos pensam que podem se glorificar pelas honras dos grandes santos, mas é preciso que a gente também se atreva, no nosso tempo, a buscar a santidade”, ensinou Frei César. Referindo-se ao tema da Novena e Festa de São Fran-
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cisco, “Francisco, homem de encontro”, Frei César disse que nosso tempo precisa de relações novas. “Por isso, São Francisco continua ali presente e nos desafiando”, disse, recordando que há 800 anos Francisco foi ao encontro do sultão do Egito, onde faz a grande experiência de ir ao encontro do diferente. “De ir ao encontro daquele que nós nem sempre entendemos. E essa provocação continua para o nosso tempo”, observou. Segundo o frade, São Francisco busca na trajetória de santidade uma vida de fraternidade. “Foi ao encontro dos desprezados e teve misericórdia deles. Que é exatamente o sentimento de Deus. Deus olha para cada um de nós e tem misericórdia. Então, São Francisco pede a nós para irmos ao encontro de cada irmão, cada irmã, cada criatura, e reconhecer que tudo procede de Deus. E Deus a tudo olha e contempla com misericórdia. Que essa misericórdia faça parte da nossa vida e traga paz, traga esperança para o nosso tempo, tão marcado por divisões e violências tão tristes; por situações tão deprimentes de desvalorização da vida, de desvalorização de povos, de desvalorização do meio ambiente!”, completou.
ESPECIAL
SÃO FRANCISCO DE ASSIS O SÍMBOLO DA PAZ
Dom Eduardo Vieira dos Santos, vigário episcopal da Região Sé, celebrou às 10h30 no Convento e Santuário, tendo como concelebrante Frei Fidêncio Vanboemmel. Para ele, não devemos apenas admirar São Francisco, mas buscar imitar os seus exemplos. “Tem muita gente que gosta de São Francisco porque ele protege os animais, protege a natureza, ou porque São Francisco é o santo da moda. São Francisco é o santo da moda? Não! É o santo do amor, da misericórdia. É como o símbolo da cruz. Tem muita gente que carrega a cruz no peito e acha bonito. É apenas um amuleto. A cruz é um símbolo da fé”, enfatizou. Para ele, São Francisco é o símbolo da paz. “São Francisco foi instrumento nas mãos de Deus. Deus pôde conduzir São Francisco no caminho do bem, no caminho da paz, do amor, do perdão, da misericórdia. Por quê? Porque São Francisco deixou Deus moldar a sua vida. E nós, estamos prontos para deixar Deus agir na nossa vida?”, questionou. Dom Eduardo também destacou o Mês Missionário Extraordinário. “Nesse ano, o Papa Francisco convidou toda a Igreja para celebrar este Mês Missionário Extraordinário. Por que essa é a vocação da Igreja, que nasceu missionária. Jesus Cristo criou a Igreja. Ele é o missionário do Pai. Ele nos envia o Espírito Santo e nos faz todos missionários. A Igreja nasce missionária para ser missionária”, acrescentou. Na sequência, Frei Mário Tagliari presidiu a Missa do meio-dia, transmitida ao vivo pela TV Canção Nova. O pároco e guardião explicou que, ao longo de nove dias, refletiu-se sobre o tema “São Francisco, o homem do encontro”. Recor-
dando a vida deste santo, Frei Mário detalhou os encontros marcantes na vida de Francisco: com o Crucifixo de São Damião, com o leproso, “determinantes para a sua vida”, com o Evangelho, com o sultão do Egito, “onde vai falar e ouvir sobre Deus”; o encontro com Cristo no Alverne, entre tantos de sua vida.
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Já na sua reflexão, na Missa das 13h30, Frei Diego Melo, coordenador do Serviço de Animação Vocacional da Província da Imaculada, perguntou aos fiéis devotos do Santo por que ele é tão querido e há 800 anos as pessoas se emocionam ao falar de São Francisco. Frei Diego destacou três aspectos para ilustrar esse amor. “O primeiro porque São Francisco ensinou o valor da humanidade, da fraternidade”, disse, chamando para o presbitério Gabriela e seu pequeno Bernardo vestido de frade. “Ele dormiu no colo da mãe de hábito e sandalhinha franciscana. Eu acho que Francisco é aquele que aponta para nós que Deus se esconde na singeleza de uma criança. É o mistério da encarnação. E mais que isso: Deus é filho que dorme no colo. Pode dormir em paz, Bernardo! Era para ele entrar comigo na procissão, mas não quis. Criança é assim. É livre. Essa liberdade que Francisco mostra para nós. Francisco nos ensina que se nós queremos seguir sua proposta, não podemos ter medo de gente. Devemos construir laços de fraternidade”, ensinou o frade. O segundo aspecto, segundo Frei Diego, é a simplicidade. “Num mundo que valoriza as pessoas pelo status, por aquilo que acumulam, Francisco vem mostrar a pobreza, a simplicidade. A gente percebe que Deus se revela de modo extraordinário no ordinário. Francisco era um homem simples. Hoje, essa proposta de Francisco é tão necessária”, disse. O terceiro aspecto é o homem da paz, o homem da reconciliação. “Talvez seja por isso que Francisco é reconhecido como o santo da Paz, porque mostrou que essa paz deve estar dentro de nós. Hoje em dia, infelizmente, há aqueles e aquelas que, até em nome de uma possível paz, estão dizendo assim: façam guerra. Tem gente que está anunciando que, para alcançar a paz, é preciso usar armas. Não! Francisco diz assim: “o homem é bom por natureza”, concluiu lembrando o Sínodo da Amazônia e o pedido do Papa para cuidarmos da vida. Frei Diego deu a bênção final com o pequeno Bernardo no colo.
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ESPECIAL
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
DIA DE BÊNÇÃOS
Gabriela Massa, mãe do pequeno Bernardo, explicou que seu nome é Bernardo Francisco. “Por causa do sobrenome Bernardone, eu brinco que é Franciscone”, contou Gabriela. Sua mãe é Ministra da Eucaristia no Convento São Francisco. Já Mari Gouveia trouxe a “Jolie”, com lacinhos na cabeça, pela segunda vez para tomar a bênção. Na Missa ficou quietinha durante toda a celebração mesmo tendo ao lado um “coleguinha” um tanto barulhento. Sua história de vida, contudo, não foi tão calma assim. “Estou com ela há um ano e nove meses. Estava passando na Rodovia Imigrantes com três amigas, subindo a Serra, quando a vi no acostamento abandonada, de coleira e muito debilitada. Estava tão fraca, com fome e sede, que não fez nenhuma resistência ao coloca-la no carro. Confesso que nem sabia se conseguiria salvá-la. E agora, um ano e nove meses depois, ela está muito bem. Era para doar, mas como estava doente, ninguém queria. Acabou ficando comigo. Hoje todo mundo a quer, mas não dou”, avisa. Mari não gosta somente de animais. São Francisco de Assis a levou até Assis, na Itália. “É o Santo da natureza, da misericórdia e é muito atual”, enfatiza a moradora do bairro Aclimação, revelando que prefere frequentar o Convento São Francisco: “Eu gosto do estilo barroco dessa igreja. Tem outro clima aqui”. Com a reforma, o Convento São Francisco pôde oferecer mais atrações para o público. No novo refeitório (onde os frades faziam a refeição), foi servida a macarronada preparada por uma equipe que também atua na Festa de Nossa Senhora da Achiropita. Nos corredores do claustro, barracas de quadros, livros e artigos religiosos. Em frente à igreja, mais barracas de bolos, doces, pães do Convento e artigos religiosos. Uma tenda foi armada especialmente para a bênção dos animais e dos devotos.
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Um só rosto franciscano “Hoje queremos ser uma só voz em prece e um só rosto franciscano”. Esta convocação, feita pelo Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei César Külkamp, marcou a Celebração Eucarística que reuniu os ramos masculinos do franciscanismo - os Franciscanos Menores (OFM), os Franciscanos Capuchinhos (OFMCap), os Franciscanos Conventuais (OFMConv) e a Ordem Terceira Regular (TOR) - no sétimo dia da Novena do Padroeiro do Convento São Francisco, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo. Na terça-feira, 1º de outubro, teve início também o Tríduo a São Francisco de Assis. O Provincial da TOR, Agostinho Odorizzi, presidiu a celebração, tendo como concelebrantes Frei César Külkamp, provincial dos Menores; Frei Aloísio de Oliveira, provincial dos Conventuais; e Frei Alonso Pires, representando os Capuchinhos. Presente também Frei João Alberto Bunga, que chegou de Angola, onde é mestre dos professos temporários do tempo de Filosofia da Fundação Imaculada Mãe de Deus. O guardião e pároco do Convento São Francisco, Frei Mário Tagliari, acolheu a todos e lembrou que apenas a cor do hábito diferencia os frades, mas a Regra de Vida é a mesma para as quatro obediências. O anfitrião Frei César recordou que já virou uma tradição esta celebração, pois vem acontecendo há vários anos. “É uma pequena resposta à pergunta que o Papa Francisco fez aos nossos ministros gerais, em Assis, em 2015: ‘Por que vocês ainda não estão unidos?’”, lembrou,
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ressalvando que as Ordens têm buscado caminhos de convivência maior, têm assinado documentos em conjunto, têm constituído algumas fraternidades interobedienciais. “Quem sabe, assim, podemos superar os 500 anos de caminhada separados”, desejou o Ministro Provincial dos Menores. Esse encontro celebrativo, segundo Frei César, era a resposta de fraternidade ao mundo que sofre com tantas divisões. “Assim como Santa Teresinha, também Francisco viveu e propôs um caminho contemplativo em missão. Mas, outro diferencial é que este caminho é vivido em fraternidade. Nunca sozinho. Por isso, nossas Ordens e congregações são fraternidades. Nossas presenças evangelizadoras são fraternidades em missão. Isto é vital para a nossa vocação. Nossas fontes afirmam que a fraternidade é o primeiro lugar no qual o Evangelho deve ser vivido e anunciado. E, a partir da qualidade evangélica da nossa vida fraterna, somos impulsionados a formar fraternidade com todos os homens e mulheres do nosso tempo e com toda a criação”, explicou Frei César. “Nós, frades menores, somos homens de relação fraterna. E a partir desta silenciosa proclamação do Reino de Deus, como peregrinos e forasteiros, enviados a formar fraternidade, podemos perceber a profundidade e a universalidade do Evangelho. Esta forma de viver, sendo irmãos na missão, faz de nós pessoas que se pertencem umas às outras”, acrescentou, citando o tema da novena: “Francisco e o encontro com os irmãos e as irmãs”. No final da celebração, todos os frades deram a bênção de São Francisco.
ESPECIAL
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
– Missa Nordestina – Frei Diego: Não podemos ficar indiferentes aos pobres e necessitados “Quem já passou pela dor da separação sabe entender aqueles que vivem a mesma situação. Quem já sentiu saudades de casa, da terra, do seu povo, amigos e familiares, sabe o que significa ter que migrar”. Ao presidir a sexta edição da Missa Nordestina no dia 21 de setembro, no Santuário e Convento São Francisco, Frei Diego Melo, pediu aos fiéis, em sua maioria formada por nordestinos, que acolham com carinho os novos migrantes que vêm para São Paulo. “São os nossos irmãos e irmãs de diferentes países da África, os venezuelanos, os bolivianos e outros latinos. São pessoas que, forçadas pela necessidade, pela fome ou pela guerra, hoje procuram fazer de São Paulo sua casa e um local seguro para viver, trabalhar e reconstruir a própria história”, situou o frade. “Nós, devotos de São Francisco, não podemos ficar indiferentes aos pobres e necessitados dos dias de hoje”, exortou. Os fiéis nordestinos vieram celebrar este momento e recordar uma devoção muito forte no Nordeste: São Francisco das Chagas. O estandarte reproduzindo esta imagem tão querida pelos nordestinos, especialmente os cearenses, abriu a procissão de entrada ao som de cantos e ritmos nordestinos. Frei Diego teve como concelebrantes Frei Mário Tagliari e Frei Gilberto da Silva, frade que estuda em Roma.
A equipe litúrgica do Santuário, sob a coordenação do reitor Frei Mário, preparou uma bela Celebração Eucarística com a ajuda da Pastoral do Migrante de São Paulo. “Obrigado pela fé e devoção de vocês. Que São Francisco das Chagas abençoe a cada um e que essa bênção chegue até os queridos familiares de vocês que estão distantes! Obrigado, porque você, nordestino (a), é, antes de tudo, um forte”, completou, pedindo vivas a São Francisco das Chagas e ao povo nordestino!
– Bênção aos animais do Zoológico de São Paulo – Em clima de festa pelo Patrono da Ecologia, São Francisco de Assis, um grupo de frades do Convento São Francisco fez na quarta-feira, 2 de outubro, uma celebração franciscana no Parque Zoológico de São Paulo, onde com os funcionários, visitantes e vocacionados, agradeceram a Deus pela grande obra da criação. A celebração aconteceu exatamente no lago onde está a imagem de São Francisco de Assis, que foi doada pela Província Franciscana da Imaculada Conceição, quando celebrou 300 anos de fundação, em 1975. Frei Alexandre Rohling presidiu a celebração e lembrou que os frades se sentiam em casa por estar no ambiente de cultivo da educação, da consciência do respeito pela natureza. Todo ano, os frades marcam pre-
sença no Zoologico durante as festividades de São Francisco. Frei Odorico Decker também ajudou a dar a bênção aos animais. A estátua de São Francisco de Assis foi inaugurada também em um sábado no Parque Zoológico de São Paulo: 6 de dezembro de 1975. O idealizador foi o guardião do Convento São Francisco, Frei Edgar Weist. A imagem mede 2,20m e pesa cerca de 3 toneladas; é de cimento armado, revestida de uma pátina. Colocada no “Lago dos Cisnes”, a estátua tem um lobo e ovelha aos pés, uma pomba à mão. São Francisco foi proclamado Patrono da Ecologia pelo Papa João Paulo II no dia 29 de outubro de 1979.
Moacir Beggo
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– Vila Clementino –
Francisco: construtor da paz e restaurador das relações
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o dia 4 de outubro, os devotos de São Francisco ganharam um dia ensolarado para celebrar a memória do santo de Assis. Na Paróquia dos frades, localizada na Vila Clementino, zona sul da capital paulista, centenas de devotos passaram ao longo de toda manhã. Muitos trouxeram seus animais para receber a bênção. A missa do meio-dia, presidida pelo pároco, Frei Valdecir Schwambach, teve lotação máxima. Nos corredores e nos bancos, muitos cachorros, alguns gatos, passarinhos e seus donos. Em sua homilia, o frade destacou o cuidado com a criação como um todo, sem esquecer o ser humano. Ele recordou os 800 anos do encontro de Francisco de Assis com o Sultão Al-Malik Al-Kamil, em Damieta, no Egito.
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Ele ressaltou a postura de Francisco, que respeitou as diferenças existentes entre os dois. Apesar disso, eles conseguiram manter um diálogo pacífico e muito proveitoso. “O diálogo é a chave para resolvermos muitos desentendimentos que temos”, acrescentou Frei Valdecir. O pregador relatou a experiência de Francisco com a Palavra de Deus, tornando-se uma pessoa totalmente conformada ao Evangelho. “Francisco é o restaurador da casa do Senhor”, afirmou. Frei Valdecir aconselhou os presentes a buscarem sempre a paz. “Nossa vida é uma eterna construção. A paz também precisa ser construída cotidianamente. Somos chamados a reconstruirmos as relações – a começar pelo diálogo”, concluiu o pároco. As Missas aconteceram ainda às 15h, 16h30, 18h e 19h30. Entre os presentes da missa do meio-dia, estava Natália Hildebrand e sua mãe, Fátima. Acompanhada de um suporte para soro, a jovem está internada há 25 dias no Hospital do Rim, que fica a menos de 500 metros da Igreja São Francisco. Ela conta que quis vir à missa para estar em sintonia com sua cachorra, que está em sua casa, e rezar a São Francisco. Ao longo de todo o dia, houve bênção aos animais e criaturas, distribuição de ração benta para os pets, barracas com itens religiosos, pastel e o bolo de São Francisco. Houve também um stand com doação de cachorros, além de bolo para os animais.
Érika Augusto
ESPECIAL
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– Rio de Janeiro - Rocinha –
A Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, na Rocinha (RJ), celebrou a festividade de São Francisco durante toda a semana. A programação incluiu encenações sobre importantes passagens da vida do santo, como o encontro com o Sultão, o lobo de Gúbio e o trânsito de São Francisco. No dia 4, houve missa, bênção aos animais e uma procissão da Matriz até a Capela São Francisco.
– Sorocaba: Bom Jesus dos Aflitos –
Na Paróquia Bom Jesus dos Aflitos, em Sorocaba (SP), de 30 de setembro a 4 de outubro foi celebrada a Semana Franciscana. A cada dia era trabalhado um tema diferente. No dia 3 de outubro, foi encenado o Trânsito de São Francisco. No dia 4, houve missas e bênçãos aos animais. NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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– Vila Velha - Convento da Penha –
Ir ao encontro dos “crucificados dos nossos dias”
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dia 4 de outubro foi de festa, alegria, louvor e comemorações pelo dia de São Francisco de Assis. Dezenas de fiéis subiram ao Convento da Penha, um Santuário de devoção mariana e também franciscano, para homenagear o Santo padroeiro da Ecologia, fundador da Ordem Franciscana, o Seráfico Pai dos Pobres e amante incondicional da natureza e dos animais. Glória a Deus no mais alto do céus, pelo dom e missão que Francisco de Assis deixou nos traços da humanidade. Mais que exemplo, o Pobrezinho de Assis representou o reerguimento da Igreja, símbolo de obediência à voz de Deus que prontamente atendeu ao pedido: “Francisco, vai e reconstrói, anima, revigora a minha Igreja!” Durante todo o dia foram celebradas Missas Festivas em honra a São Francisco. Às 15h, os fiéis devotos se reuniram no Campinho do Convento para a Missa Solene de São Francisco. A Solenidade foi presidida pelo Frei Alessandro Dias do Nascimento, concelebrada por todos os Freis da Fraternidade do Convento. A proclamação do Evangelho foi feita pelo Frei Paulo César; a homilia, pelo
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Frei Pedro de Oliveira; partes da Oração Eucarística pelo Padre Manoel David, atualmente da Paróquia São Pedro (Muquiçaba-Guarapari), com ajuda do Frei Paulo Roberto Pereira. Frei Pedro Engel também esteve presente. “Hoje celebramos São Francisco de Assis, querido e conhecido de todos nós, nos deixou um exemplo que nos interpela: ‘será que precisamos de muitas coisas para servir ao Senhor? Criamos estruturas, fazemos planos…’ Mas ele partiu para a ação missionária, levando apenas sua pessoa, sua fé, seu amor a Deus, aos pobres e à vida. Foi isso que Francisco levou para a sua missão! Fez resplandecer o rosto de Cristo nos mais pobres e sofredores. São Francisco nos ensina a amar a Deus inteiramente e ver sua face nos pobres, nos humildes e no dom da vida da pessoa humana e da natureza”, questionou Frei Pedro de Oliveira. E, por fim, antes da bênção final, Frei Alessandro puxou a oração de São Francisco: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz…”
Fonte: Site do Convento da Penha
ESPECIAL
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
– São João de Meriti – São João Batista –
A Paróquia São João Batista, em São João do Meriti (RJ), celebrou o Tríduo em louvor a São Francisco. No dia 3, foi encenado o Trânsito. Na primeira missa do dia 4, o pároco, Frei Vanderley Grassi, falou da vocação de Francisco de cuidar daqueles que se encontravam excluídos da sociedade. Ele recordou Tomás de Celano, afirmando que Francisco de Assis é a personificação da oração. Não era um orante, mas um homem feito oração. NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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– Petrópolis –
Semana Franciscana na Igreja do Sagrado
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Paróquia e Convento do Sagrado Coração de Jesus, em Petrópolis, celebrou São Francisco com a Semana Franciscana, oferecendo uma programação intensa e diversificada para os frades e fiéis devotos do Santo de Assis. Solenidade e simplicidade marcaram esses dias, que terminaram no sábado (05/10), com o Concerto Franciscano do Coral dos Canarinhos.
de Assis, para onde queres nos levar?”. Para Frei Almir, é necessário redescobrir o Evangelho de Jesus Cristo como uma hermenêutica válida da vida, como uma inspiração de um modo bom e belo, verdadeiro e justo de se viver. “E eu não tenho nenhuma dúvida de que quem melhor fez isso foi São Francisco de Assis”, atestou o frade.
FRANCISCO: UM APAIXONADO PELO EVANGELHO
No 2º dia da Semana Franciscana (02/10), Frei Volney Berkenbrock e Wasin Zafar falaram sobre os 800 anos do Encontro de Francisco com o Sultão, que se celebra neste ano. Ijaz Zafar, filho de Wasin, também marcou presença no evento e encantou a todos com a recitação em árabe do primeiro capítulo do livro do Alcorão. Francisco, assinalou Frei Volney, indo até o acampamento dos cruzados dialoga com reis e lideranças e apresenta uma proposta e possibilidade de paz. Já Wasin falou
O petropolitano Frei Almir Guimarães abriu a programação, às 19h30, do dia 1º de outubro, apresentando alguns pensamentos e reflexões de vários escritores que já falaram e falam sobre o Santo. Segundo ele, São Francisco deslumbrou-se diante do Evangelho, e isso fez dele um ser diferente. “Francisco é alguém que habita as coisas; ele admira, ele é um ser que para, olha, reflete… É a espiritualidade do olhar”, disse o frade, perguntando: “Francisco
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800 ANOS DO ENCONTRO DE FRANCISCO COM O SULTÃO
ESPECIAL
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
da perspectiva de paz e apresentou aspectos da tradição e cultura mulçumanas. Começou saudando a todos com a expressão “Salamaleico”, que quer dizer, “a paz de Deus esteja com vocês”, e contou experiências e fatos desafiadores que acontecem na sua comunidade, que é um ramo do islamismo. “Hoje em dia, no mundo inteiro, muitos são os muçulmanos que chamam Deus de Alá, mas não praticam
a paz. E a mídia mostra só está parte. Por isso, a maioria das pessoas do Ocidente acredita que o Islã é uma religião de violência e de terrorismo. É o contrário: a própria palavra Islã quer dizer paz e amor”, explicou. Segundo ele, os ensinamentos do livro sagrado do Alcorão apresenta, do começo ao fim, aspectos de paz. “Amor para todos e ódio para ninguém é o que o Islã mostra na prática”, disse Wasin.
A MORTE DE FRANCISCO É REFLEXO DE TODA A SUA VIDA
Uma nova melodia do Hino da Oração das Vésperas, composta pelo músico Frei Ademir José Peixer e cantada pelo coro dos Canarinhos, intercalando as estrofes com a voz dos jovens frades, deu o tom da Celebração do Trânsito de São Francisco na noite do dia 3 de outubro, às 19h30. A Igreja novamente ficou lotada! Em sua reflexão, o mestre do tempo da Teologia, Frei Marcos Antônio de Andrade, disse que a morte de Francisco é reflexo de toda a sua vida. “De uma vida fundamentada no Evangelho, de uma vida de penitência, não no sentido de mortificação, mas de uma contínua conversão. Capaz de morrer cantando a Deus, e mesmo quando não tem forças para isto, pede que seus irmãos emprestem a voz ao seu canto a Deus”, refletiu. Para ele, a celebração do Trânsito não é uma encenação, pois, através da repetição dos gestos de Francisco, fazNOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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-se memória e se atualiza o caminhar. “Nos damos conta que nossa vida é um constante ‘Trânsito’. Abertura de acessos, de passagens, de que temos que construir pontes, transpor abismos de todo tipo: social, econômico, religioso e político”, ensinou o frade. Logo depois, o Coral dos Canarinhos e os frades entoaram o Salmo 141, recitado por São Francisco antes de morrer. A assembleia reunida acompanhou segurando velas acesas. Momento emocionante e rico em significado e espiritualidade franciscana. A celebração continuou com a partilha da vida e a confraternização no salão da Ordem Terceira Franciscana (OFS).
E VIVA SÃO FRANCISCO!
Com bênçãos dos animais, venda do tradicional bolo, oração das Laudes e das Vésperas, a solene celebração da Santa Missa,
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às 18 horas, coroou o dia repleto de atividades na centenária Igreja do Sagrado, no dia 4 de outubro, dia do santo de Assis. A Celebração Eucarística foi presidida pelo pároco e guardião, Frei Jorge Paulo Schiavini, e concelebrada por Frei Fernando de Araújo e Frei Ivo Müller. Os frades estudantes serviram como turiferário, naveteiro, cruciferário e acólitos, além da entoação dos cantos de toda liturgia própria do dia. “Que possamos de fato agradecer
a Deus por este testemunho tão profundo de São Francisco e, ao mesmo tempo, peçamos que Deus nos faça generosos e transparentes, e que possamos viver com profundidade o seguimento de Jesus e a prática da paz”, desejou Frei Jorge.
CONCERTO: FRANCISCO APONTA PARA JESUS
“Francisco fez da sua vida um caminho para Jesus! A sua vida sempre foi fazer com que olhássemos para Jesus”. Com essa explanação, Frei Marcos Andrade, diretor do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP), encerrou o Concerto Franciscano em honra a São Francisco, realizado pelo Coral dos Canarinhos, no sábado, 5 de outubro, contando apenas com a participação dos tenores e baixos do Coral. Todo o ambiente foi pensado a partir do espi-
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SÃO FRANCISCO DE ASSIS
ritual e litúrgico. Por isso, quem entrava na Igreja, deparava-se logo na entrada com uma pequena exposição de quadros de São Francisco de Assis. O roteiro das músicas também foi escolhido a dedo pelo maestro Marco Aurélio Lischt, que ofereceu ao público lindas composições de frades franciscanos, produzidas a partir de textos franciscanos, como por exem-
plo a canção “Magnificabitur” de Frei Basílio Röwer (1877-1958). Durante as apresentações, os frades da Fraternidade do Sagrado leram textos dos Escritos de São Francisco, dando mais sentido ainda ao evento que foi beneficente. Toda renda arrecadada será destinada para a manutenção do IMCP e para o restauro do órgão. Como bis, o Coral apresentou o
Hino da oração das vésperas da Solenidade de São Francisco de Assis, composta pelo músico Frei Ademir José Peixer, arrancando calorosos aplausos do público presente. A próxima apresentação do Coral dos Canarinhos será no dia 2 de novembro, feriado de Finados.
Frei Augusto Luiz Gabriel
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– Balneário Camboriú –
Mensagem de paz e diálogo
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Paróquia Santa Inês celebrou, no dia 04, a Missa Solene em honra a São Francisco de Assis. O momento, que contou com a presença de toda a fraternidade, da Ordem Franciscana Secular (OFS) e da comunidade, buscou ressaltar a importância de viver a espiritualidade franciscana nos tempos atuais, a fim de construir uma sociedade fraterna e pacífica. Frei Daniel Dellandrea, pároco da comunidade, relembrou, durante o homilia, os 800 anos do encontro de
São Francisco com o sultão, momento marcante e decisivo para a consolidação da paz durante as Cruzadas. De acordo com ele, o diálogo construído por São Francisco recorda o desejo do próprio Jesus, que não procurou falar apenas ao povo de Israel. A missa também marcou a entrada de 13 novos aspirantes à Ordem Franciscana Secular.
– Concórdia –
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Site da Paróquia Santa Inês
ESPECIAL
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
– Rondinha –
Dom Leonardo no Tríduo e Solenidade de São Francisco de Assis
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Tríduo de São Francisco relembrou a importância do pobre homem de Assis, para os dias atuais. Foi o homem do diálogo e da criação, da reconciliação (no encontro com o sultão) e da fraternidade. No terceiro dia, a celebração do Trânsito contou com a presidência de Dom Leonardo Ulrich Steiner, que refletiu sobre o evangelho em que Jesus Cristo pede para que os discípulos fossem missionários.
O Crucificado na Solenidade de São Francisco de Assis
Já no dia 04/10, dia da Solenidade de São Francisco de Assis, em Rondinha, os frades estudantes do tempo da Filosofia se reuniram para celebrar esta grande festa com a oração solene das Laudes, a Santa Missa com o povo de Deus e as oração das Vésperas. A Oração das Laudes, presidida por Frei José Antônio da Cruz Duarte, guardião da fraternidade, introduziu o clima de oração que perpassaria todo o dia. Os frades rezaram com a boca, a alma e o coração para louvar e venerar o seu santo pai fundador. A Santa Missa, celebrada com o povo e presidida por Dom Leonardo Ulrich Steiner, foi um convite a render
graças a Deus por celebrar a solenidade do Seráfico Pai, São Francisco de Assis. Em sua homilia, Dom Leonardo conduziu meditação sobre a grandeza e pequenez de Jesus Cristo crucificado: “O Crucificado sem nada, se tornou tudo para Francisco, a grandeza de seu existir. O Crucificado, completamente pequeno, Maria o tomou no colo sem suspiro, sem vida”. “É jogo do nada com o tudo. Nada mas ser tudo dá essência e vigor de existir. É a pequenez, a minoridade de nosso carisma. Não é a artificialidade que o mundo tenta nos impor hoje, é a suavidade do Evangelho, do Espírito, que transforma”, concluiu Dom Leonardo.
No final da celebração, Dom Leonardo agradeceu a oportunidade de celebrar em uma fraternidade franciscana, pois há 15 anos não tinha a oportunidade de celebrar a Solenidade de São Francisco de Assis em uma fraternidade. As Vésperas Solenes encerraram o dia de festa e alegria para os frades estudantes da etapa da Filosofia e para os frades que residem na Fraternidade São Boaventura, ao celebrarem seu Santo Pai fundador. Que os grandes ensinamentos desse homem tão apaixonado por Cristo, e por toda a criação de Deus possa cada vez mais despertar a consciência do diálogo, da fraternidade e do respeito. E principalmente do amor por um Deus tão grande que se doou, se humilhou ao máximo, a ponto de se encarnar, assumindo a nossa humanidade, entregando-se numa cruz e permanecendo com suas criaturas todos os dias, visitando e fortalecendo o seu povo, por meio da Eucaristia.
Frei Marcelo Tadeu Cardoso NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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– Angola –
Solenidade de São Francisco encerra Jornada pelo Cuidado da Criação
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solenidade de São Francisco de Assis, na Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, aconteceu juntamente com o encerramento da V Jornada Mundial da Oração pelo Cuidado da Criação, lembrando também neste ano o jubileu dos 800 anos do encontro de São Francisco com o sultão Al Malik Al-Kamil. Os diversos ministérios foram animados pelos frades e pelas irmãs do mosteiro, formando um coro misto, e a Santa Missa foi presidida pelo guardião da Fraternidade Franciscana São Francisco de Assis e capelão do mosteiro Sagrado Coração de Jesus, Frei João Baptista Canjenjenga e concelebrada por Frei Laurindo Lauro da Silva Júnior, mestre de postulantes, Frei Matondo Kwanzambi Domingos, OFMCap, Pe. Celestino Epalanga, SJ, presidente da Comissão Episcopal de Justiça e Paz e Migrações da CEAST. Na homilia, o presidente da celebração recordou que Francisco era um exemplo de relação não só
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com os homens, mas com todas as criaturas. Segundo ele, assim como Francisco entregou-se nas mãos de Deus, somos também chamados a imitá-lo. No final da Missa, Pe. Epalanga fez o balanço das atividades realizadas durante a V Jornada da Criação pela Comissão Episcopal. O mesmo notou uma fraca participação das escolas católicas, congregações e grupos apostólicos e agradeceu a participação dos frades nas atividades rea-
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SÃO FRANCISCO DE ASSIS
lizadas e finalizou dizendo que o cuidado da criação é de todos nós porque somos todos franciscanos. Após a Missa, houve um momento recreativo com a Família Franciscana, onde estiveram presentes dez congregações, sacerdotes diocesanos, OFS, Jufra e diversos convidados. Este dia foi precedido de vários outros acontecimentos em honra ao Seráfico Pai, São Francisco de Assis: Do dia 24 de setembro ao dia 2 de outubro, foi realizada, às 17h30, na capela do mosteiro Sagrado Coração de Jesus, a novena do Santo de Assis. Na noite do dia 27 para o dia 28, aconteceu a vigília no Kimbo São Francisco de Assis, que contou
com a participação dos fiéis da Paróquia São Lucas. No dia 3, foi celebrado o Trânsito de São Francisco. No dia 2 foi realizado pela primeira vez, no Instituto Superior Dom Bosco (ISDB), onde os frades fazem o curso de Filosofia, uma exposição com os temas: “Breve história de São Francisco de Assis e da presença dos Frades Menores em Angola e o Cuidado da Criação na dimensão franciscana”, apresentado por Frei Miguel Tchiteculo e Frei António da Silva.
Frei Abel Ndala Sahuma Nganji e Frei Evaristo Seque Joaquim
A festa de São Francisco no Noviciado São José Antes do dia 4, a festa do nosso Pai Seráfico São Francisco de Assis, aconteceu o tríduo. O primeiro dia esteve sob a responsabilidade do mestre Frei Marco Antônio dos
Santos. Ele falou sobre o Espírito e a Fraternidade, segundo os Escritos de São Francisco. No segundo dia, a reflexão foi feita por Frei Fábio José Gomes, com o tema “Francisco, reconstrua a minha Igreja!”. A Igreja que Deus quer reconstruída é mais que as estruturas materiais. O retiro precedeu o Trânsito de São Francisco, às 18 horas, animado pelos noviços, com a presença da equipe missionária e da Jufra. Esta celebração foi presidida por Frei Ivair Bueno de Carvalho. No dia 4, dia de São Francisco, Pe. Francisco Reis Franco, superior da missão Nossa Senhora das Dores, presidiu a Missa das 9 horas, alusiva ao Seráfico Pai Francisco. Sendo
assim, prosseguiu o convívio fraterno e o almoço de confraternização.
Frei Venâncio Canombelo Candundo e Frei Herculano José Nuñgulo
FRATERNIDADES
Encontro de Benfeitores em Vila Velha
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erca de 60 benfeitores se reuniram, no sábado, 14 de setembro, para o Encontro Regional dos Benfeitores Franciscanos, em Vila Velha / ES, no Santuário Divino Espírito Santo, conduzido pelo Frei Alexandre Rohling e com a participação dos aspirantes Ruan e Raphael. O tema partilhado foi “800 anos
do Encontro de São Francisco com o Sultão”. Os benfeitores capixabas vivenciaram um momento de ação de graças, pela generosidade, e de oração por todos aqueles que ajudam a formar nossos seminaristas. No domingo, 15 de setembro, o Pró-Vocações e Missões Franciscanas esteve em campanha no San-
tuário Divino Espírito Santo, com inscrição de mais de cem novos benfeitores. Agradecemos generosamente pela acolhida do Frei Djalmo Fuck, guardião da Fraternidade e dos confrades. Estendemos o agradecimento às benfeitoras Carla, Lenita e Maria Luísa, pela organização do encontro e ornamentação.
CAMPANHAS DO PVF NAS FRATERNIDADES DA PROVÍNCIA O espírito missionário marcou as Rohling, visitou a Fraternidade Francampanhas do Pró-Vocações e Mis- ciscana do Patrocínio de São José, em sões Franciscanas no mês de outubro, Lages-SC, e fez campanha na Paróquia que neste ano foi escolhido pelo Papa Nossa Senhora Aparecida, mais conheFrancisco como Mês Missionário Ex- cida como Paróquia do Navio. O PVF fez também campanha em traordinário. No dia 4, solenidade de São Fran- Coronel Freitas-SC, de 18 a 20 de oucisco de Assis, a equipe do PVF esteve tubro, e voltou a fazer na Vila Clemenpresente no Santuário São Francisco, no tino, de 26 a 27. centro de São Paulo e também na PaA Equipe do PVF agradece o apoio róquia São Francisco, na Vila Clementi- à família dos benfeitores franciscanos, a Frei Mário Luiz Tagliari, pároco e no. NaCOMUNICAÇÕES semana seguinte,–Frei Alexandre 776 NOVEMBRO DE 2019
guardião da Fraternidade São Francisco, do Largo São Francisco, em São Paulo-SP; a Frei Raimundo J. de O. Castro, guardião da Fraternidade Imaculada Conceição e a Frei Valdecir Schwambach, pároco da Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, em São Paulo-SP e a Frei Miguel da Cruz, guardião da Fraternidade do Patrocínio de São José, em Lages -SC.
Equipe do PVF
FRATERNIDADES
Retiro reúne Regionais do Vale do Itajaí e Contestado
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s Regionais Vale do Itajaí e Contestado combinaram, entre si, que fariam o Retiro Anual juntos. Este aconteceu nos dias 16 a 18 de setembro, na Casa de Encontro São José, em Blumenau. Éramos 14 frades, nove do Vale Itajaí e cinco do Contestado. No final, todos foram unânimes em elogiar o lugar excepcional, bem como a alimentação, com uma taxa simbólica de R$ 60,00. O retiro teve a seguinte dinâmica: não havia pregador nem palestras. Ao coordenar o encontro, Frei Moacir Longo solicitou que levássemos o Documento do último CPO, realizado em Nairobi (Quênia)/2018: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz... aos frades menores de hoje”. Individualmente, líamos os textos propostos para escutarmos o que o “Espírito diz”. No final de cada manhã e tarde, encontrávamo-nos para uma partilha que foi muito enriquecedora, pois os temas eram objetivos e oportunos: fraternidade contemplativa em ação
(p. 34 – 36), a visão de Igreja do Papa Francisco (p. 44 – 45), dialogar com os jovens (p. 37- 39), com os migrantes (p. 40 – 42), e com a Laudate Si’ (p. 39 – 40). Não faltaram a Liturgia das Horas e a Missa, especialmente,
a das Chagas de São Francisco. “Em louvor de Cristo, amém” e, agora, reconfortados, “mão na massa”!
Frei Luiz Iakovacz
Editora Vozes recebe Prêmio Werner Klatt por excelência gráfica
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Editora Vozes foi uma das vencedoras da 16ª edição do Prêmio de Excelência Gráfica Werner Klatt. O anúncio foi feito em cerimônia realizada na sexta-feira (27/9) na Casa Firjan, no Rio de Janeiro. A iniciativa reconhece as melhores peças do segmento gráfico do estado do Rio produzidas em 2019. A editora foi premiada nas categorias Brindes e Acabamento Gráfico Editorial. O reconhecimento do primeiro prêmio veio com a edição especial de 80 anos da tradicional Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, e o segundo é fruto do trabalho de excelência empregado nos acabamentos dos livros. Segundo Valter Zanacolli Junior, diretor jurídico da editora, a homenagem traz reconhecimento e valorização para as empre-
sas do interior e mostra que há muita qualidade nas indústrias gráficas do Rio. “Há uma enorme capacidade produtiva das indústrias daqui. Empresas que investem e inovam nas produções e impressões. Estamos muito orgulhosos e felizes com este prêmio”, celebrou Valter. Promovido pelo Sindicato das Indústrias Gráficas do Município do Rio de Janeiro (Sigraf), em parceria com a Firjan SENAI, a iniciativa estimula a cadeia produtiva e ressalta a importância das parcerias de mercado. O Prêmio Werner Klatt tem como missão eleger as melhores empresas do ramo gráfico e editoras (que produzem materiais impressos), além de estudantes compro-
vadamente matriculados em instituições de nível técnico ou superior relacionadas ao segmento. As peças devem ser produzidas por meio dos processos de impressão offset, digital, serigrafia ou impressos híbridos.
Fonte: Tribuna de Petrópolis
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FRATERNIDADES
Encontro dos Regionais de São Paulo e de Guaratinguetá
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os dias 29 e 30 de setembro aconteceu o Encontro do Regional de São Paulo. Os confrades do Regional de Guaratinguetá, Seminário Frei Galvão, a convite do Governo Provincial, participaram pela primeira vez de um Encontro conjunto com o Regional de São Paulo. O local do evento foi a chácara das Irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria, “Franciscanas do Egito”. O Encontro celebrou, de modo especial, a despedida da presença franciscana em Amparo e a entrega da Paróquia São Benedito e Convento para a mesma Diocese. Os frades que puderam chegar na véspera, aproveitaram a noite para boas prosas, jogos de mesa e uma saborosa rodada de pizzas, favorecendo, assim, a dimensão recreativa dos encontros regionais. Na segunda feira, com a chegada de todos, o Encontro iniciou-se com a oração da manhã, evocando a memória de São Jerônimo e celebrando a abertura do mês extraordinário para missões. Logo pela manhã, com a presença
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do Moderador da Formação Permanente, Frei Fidêncio Vanboemmel, os frades deram continuidade aos estudos sobre o Documento do Conselho Plenário da Ordem, de Nairóbi, 2018: “Quem tem ouvidos escute o que o Espírito diz… aos Frades Menores hoje”, com destaque para os tópicos: “Discernir em relação aos jovens”, e “Sair com relação aos Jovens”. Frei César Külkamp, Ministro Provincial, pôde partilhar com os confrades o espírito que perpassa os ânimos da Província com a entrega de mais uma casa. Relatou a conversa com o bispo local, sua disposição pessoal e a conduta de sua Diocese, que a recebe. Para os frades, Frei César leu a carta de louvor e agradecimento do Bispo à Província. “Reconheço a presença firme e marcante dos frades. Compreendemos e aceitamos, contudo nunca imaginávamos que isso um dia haveria de chegar”, são algumas das palavras do senhor Bispo, ressaltadas na leitura. Ainda com a palavra, Frei César expôs, conforme as novas circunstâncias, como o tema do “redimensiona-
mento” provincial atinge as diferentes realidades da Província: paróquias, formação, serviço social e, sobretudo, a dimensão econômica e do autossustento. Também os Regionais, do ponto de vista de sua divisão geográfica, passam pela necessidade de redimensionamentos, segundo orientação do Capítulo Provincial. “Temos que dar uma resposta a tudo isso, sempre abertos às novidades do Espírito”. Esta foi uma das muitas falas expressas no Encontro durante o momento de partilha. Ainda acerca do documento de Nairóbi, os frades refletiram sobre outros dois aspectos da vida franciscana: o primeiro, a respeito da qualidade de vida fraterna, considerando os passos e os esforços das fraternidades na elaboração do Projeto de Vida e Missão. O Projeto de Vida e Missão sempre será um modo de busca de nossa identidade religiosa franciscana. O segundo aspecto destacado foi acerca do “olhar sobre os jovens”, em nosso projeto de evangelização. No Projeto de Vida e Missão, a realidade das juventudes é um objetivo que compõe o projeto de vida das fraternidades. E esta realidade também toca a dimensão vocacional, no momento presente. Essas reflexões ocuparam a manhã e a tarde de estudos do Regional. Este foi mais um registro do encontro do Regional dos frades de São Paulo em conjunto com os frades de Guaratinguetá, rico em reflexões e momentos fraternos. Tempo de graça e revigoramento.
Frei Leandro Costa
FRATERNIDADES
Visita fraterna aos frades de Bragança
Dom João Inácio Müller, arcebispo de Campinas, festejou São Francisco de Assis com a Fraternidade de Bragança Paulista na véspera da data festiva. O Ministro Provincial, Frei César Külkamp, esteve presente na celebração.
Terceiro encontro do Regional do Vale do Itajaí Em espírito de oração e devoção, rendendo louvores ao Altíssimo com São Francisco e Santa Clara, os frades do Regional do Vale do Itajaí celebraram seu terceiro encontro do ano no dia 16 de setembro, na Casa de retiro São José, em Vila Itoupava, Blumenau. A reunião que seria seguida do retiro anual, foi um salutar momento de estudo e partilha das fraternidades. Às 8h30, com um pródigo café da manhã, a Fraternidade Santo Antônio de Blumenau, anfitriã da vez, acolheu a todos os confrades com o alegre espírito materno que permeia nosso carisma. Em ação de graças, os frades louvaram a Deus pelas alegrias presentes na caminhada, entre elas: as profissões solenes em Petrópolis, os 100 anos de Frei Olavo Seifert, os 98 anos de Frei Abel Schneider, a primeira profissão de Frei Éverton Júnior
Goshel Broilo e muitos outros serviços e realizações que animam e colorem nossa vida e missão. O tema central desse encontro foi o redimensionamento dos Regionais da Província. O estudo das ponderações e propostas, vindas da reunião dos coordenadores regionais, lançou luz sobre as atuais e urgentes demandas que deveremos enfrentar a curto prazo. Os membros do Regional acolheram as propostas com o entusiasmo de peregrinos e forasteiros neste mundo.
Como esperado de um encontro regional, a tônica foi o afável espírito de partilha fraterna, no mais fino trato, com a alegria daqueles que se reencontram. É sempre um momento de refrigério poder rever, dialogar e sorrir com aqueles que compartilham da mesma caminhada. O encontro encerrou-se à mesa, onde partilhamos do mesmo pão, em sinal de nossa profunda comunhão de vida e missão.
Frei Marcos V. Brugger
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FRATERNIDADES
Celebrações de Nossa Senhora Aparecida na Paróquia do Sagrado
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s comunidades Osvaldo Cruz e Duchas, da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Petrópolis (RJ), celebraram com festa, no sábado, dia 12 de outubro, a Padroeira do Brasil. Com uma programação intensa, os devotos de Nossa Senhora Aparecida participaram de missas, novenas, procissões e tríduos. Neste mesmo dia, a Igreja do Sagrado foi sede de mais uma largada da “Moto Romaria”, que contou com as orações e bênçãos do pároco Frei Jorge Paulo Schiavini, com direito a muita água benta e fogos de artificio. Festa de Nossa Senhora Aparecida no Osvaldo Cruz Na manhã do dia 12 de outubro, a comunidade situada o bairro Oswaldo Cruz, em Petrópolis (RJ), celebrou com muita fé a festa de sua Padroeira. A festividade na comunidade seguiu a tradição petropolitana de envolver
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escadas para facilitar o trânsito nos morros. Mas a escadaria da comunidade amanheceu enfeitada para celebrar com festa o tão esperado dia. A imagem de Nossa Senhora Aparecida, fixada no andor, foi colocada na capelinha no alto da comunidade, no último degrau. Às 9h30 iniciou-se a procissão que se dirigiu à capela da comunidade. Aproximadamente 100 pessoas participaram deste momento que coroou as celebrações da novena que antecederam este dia. Na celebração a alegria dos devotos uniu-se também à fé dos mais idosos e doentes que aguardavam a missa começar já no local. O clima festivo perdurou em toda a celebração presidida por Frei José Clemente Schafaschek, que, na homilia, saudou todos os fiéis e lembrou a Mãe de Jesus como aquela que foi instrumento de Deus para a encarna-
ção, recordando a oração do Angelus: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós”. Por fim, a coordenadora da comunidade fez os agradecimentos a todos que ajudaram, e anunciou a continuidade da festa com a venda de bolos e lanches nas barracas.
Festa de Nossa Senhora Aparecida nas Duchas
Já à tarde, a comunidade Nossa Senhora Aparecida, do bairro das Duchas, também se reuniu para celebrar com festa a sua padroeira. A celebração teve início com uma procissão, que reuniu todos os fiéis, num ato de veneração e amor à Mãe de Deus. Frei Gabriel Dellandrea conduziu a reflexão durante a procissão, meditando cinco aspectos da devoção e vida da Bem-aventurada Virgem Maria: Maria que é mãe; Maria que é serviço; Maria que é discípula; Maria que é Padroeira do Brasil e Maria
FRATERNIDADES
que é conforto dos que sofrem. O frade ainda convidou os fiéis a rezarem pelo Sínodo para a Amazônia e pela comunidade que caminha para a construção de sua sede (Igreja). Após a procissão, os fiéis celebraram a Missa Solene de Nossa Senhora Aparecida. O Pároco, Frei Jorge Paulo Schiavini, foi o presidente da celebração. Em sua homilia destacou que “Maria se faz presente em nossas vidas, pois ela intercede e caminha com seu povo”. Relembrou a história do início da Aparição e devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. “Foi um momento de muita necessidade da vida do povo, dos humildes pescadores”, destacou o religioso e completou: “O povo sente esperança ao lembrar e ir ao encontro de Maria. Encontram nela auxílio e proximidade com Deus”. Frei Jorge concluiu sua homilia convidando a comunidade a ser anunciadora do Reino de Deus! Já no final, as mulheres da comunidade realizaram a Coroação de Nossa Senhora, oferecendo rosas em louvor à Virgem Santíssima. Depois, uma confraternização e distribuição
de presentes para as crianças encerraram as festividades da padroeira.
“Moto Romaria”
As celebrações do dia de Nossa Senhora Aparecida na Paróquia do Sagrado contou com Missas às 7 horas e às 16h15. Além disso, como costumeiramente já acontece, o pároco Frei Jorge Paulo Schiavini abençoou todos os motociclistas e fiéis que participaram da “Moto Romaria”, em honra da Padroeira do Brasil. Da frente da Igreja Matriz da Paróquia, Frei Jorge conduziu a reflexão e
rogou, pela intercessão da Virgem, por todos os seus filhos, contando com o pátio da Igreja lotado de fiéis, devotos e centenas de motociclistas. Em seguida, os motociclistas saíram em procissão pela Cidade Imperial. Na frente, abrindo os caminhos, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi conduzida em cima de um andor belamente confeccionado para a ocasião.
Equipe: Frei Gabriel Dellandrea e Frei Pedro Renato (textos); Frei Augusto L. Gabriel e Frei Roger Strapazzon (fotos)
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FRATERNIDADES
Blumenau celebra Nossa Senhora Aparecida
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Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Itoupava Norte, em Blumenau, celebrou a sua Padroeira com grande festa no dia 12 de outubro. Segundo o pároco Frei Nélson Hillesheim, uma multidão compareceu no dia, principalmente na Missa Solene às 9 horas, presidida por Dom Rafael Biernaski, bispo diocesano de Blumenau. Ele trouxe a imagem de Nossa Senhora em carreata. “É sempre muito emocionante. A Igreja e o pátio externo ficaram lotados. Os fiéis acompanharam por telões do lado de fora”, explicou. A Festa da Padroeira teve início com tríduo no dia 9 de outubro. Todas as Missas do dia ficaram lotadas. Dom Rafael destacou a acolhida do pedido de Maria nas bodas de Caná, que nos convida a fazermos
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tudo o que Ele nos disser, com amor e sentimento de pertença e a evangelizarmos como batizados e missionários da vida e do amor... Às 15 horas, foi celebrada a Missa das crianças, por Frei José Bertoldi e Frei Pascoal Fusinato. Nos festejos populares, muitas atrações. “Nos dias 11, 12 e 13 foram consumidos tudo o que tínhamos preparado. Não faltou e nem sobrou: 4 mil churrascos, 300 costelas, 500 galetos, 30 tortas e bolos, 1.500 cachorros quentes, 4 mil pastéis”, contou Frei Nélson, que contou com o trabalho voluntá-
rio de 250 pessoas durante os festejos. “Importante destacar a devoção do povo a Nossa Senhora e o carinho de todos pelos frades, que fazem com que a festa seja essa manifestação de fé e sentimento de pertença. Tudo muito bem organizado de forma a atender a todos com qualidade”, celebra Frei Nélson. Segundo o pároco, o espaço já está pequeno para a Festa. “Estamos finalizando projeto para a ampliação do espaço do Salão de Festa, salas de catequese e salão de reuniões”, adiantou.
FRATERNIDADES
Regional de Curitiba na escuta dos Jovens
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uitas vezes é exatamente ao mais jovem que o Senhor revela a melhor solução”. A recomendação de São Bento, e que foi retomada recentemente pelo Papa Francisco, pautou o encontro do Regional de Curitiba acontecido dia 16
de setembro na Fraternidade Bom Jesus dos Perdões. Sob a coordenação de Frei Ladí Antoniazzi, refletiram os frades sobre a urgência de se criar espaço para os jovens na Igreja a partir do cultivo da sensibilidade e da acolhida. Particularmente provocativas foram a leitura e a discussão das pis-
tas de discernimento e ação lançadas pelo Conselho Plenário de Nairóbi a toda Ordem no que diz respeito ao cuidado da juventude. À partilha das fraternidades, seguiu-se os temas conduzidos pelo Definidor do Regional, Frei João Mannes, a saber, o parecer sobre o redimensionamento dos Regionais, o andamento dos Projetos Fraternos de Vida e Missão e a situação dos frades e da Província como um todo. A presença e a participação dos confrades estudantes do período da Filosofia no encontro do Regional foi, mais uma vez, muito enriquecedora. A ajuda mútua entre as fraternidades favorece um bom trabalho. Queira Deus que possamos ser cada vez mais sinal de jovialidade junto às atividades de formação, educação e paróquia desenvolvidas pelos frades em nosso Regional... Em louvor de Cristo, amém!
Frei Vagner Sassi NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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FRATERNIDADES
SÉRIE FREI ADRIANO FREIXO PINTO
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barba longa chama a atenção no rosto de Frei Adriano Freixo Pinto e, à primeira vista, pode parecer um sisudo frade alcantarino (*). Mas essa impressão se desfaz logo no primeiro contato com o frade carioca, natural de São Gonçalo (RJ), que no próximo dia 7 de novembro fará 45 anos de vida. Segundo ele, um “carioca” que não sabe sambar. Mas é do samba que tira uma lição para sua vida: “A leveza do samba é um constante aprendizado que tenho procurado seguir como tarefa de vida. Ora aprendo, ora desaprendo”, explica. O filho de Altair Ribeiro Pinto e Eurides Freixo vestiu o hábito franciscano no dia 11 de janeiro de 1996 e fez a profissão solene em 2001. Nesse tempo viveu em vários conventos e agora faz parte da Fraternidade de Santo Antônio do Largo da Carioca. Para ele, a fraternidade ideal é aquela em que se vive. “Nela sou chamado a construir e partilhar a vida. Recordo São Francisco e a indicação do frade ideal, perfeito. Começou a citar os frades reais que ele conhecia, suas virtudes. Precisamos sempre lutar contra a forte tendência para desencarnar a vida. Vive-se aqui. Apenas aqui. Não lá, mas cá. Acho que complicamos demais a vida. É preciso recuperar a importância do simples”, ensina. Frei Adriano foi ordenado sacerdote em 29 de janeiro de 2005. Conheça mais Frei Adriano nessa entrevista!
Moacir Beggo e Frei Leonardo Pinto dos Santos (fotos) Comunicações - Qual a sua origem familiar? Como é a sua família? Frei Adriano - Sou de uma família pequena. Meu pai é de Niterói, RJ. Minha mãe nasceu em S. Maria Madalena, pequena cidade do interior do RJ. Tiveram dois filhos: André e eu. Meu irmão nasceu com um quadro de tetraplegia, cegueira e déficit neurológico por causa NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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da rubéola durante a gestação. Ele está com 51 anos e, desde os 10, mora numa clínica, que cuida de pessoas portadoras de deficiências, no bairro de Bangu, RJ. Em casa, portanto, cresci com meus pais, Altair e Eurides, e na presença dos muitos primos que fizeram as vezes de irmãos. Desde 2014 minha mãe mora em S. José dos Campos, numa casa para idosos das Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração de Jesus. Está muito bem assistida nos diversos aspectos importantes para a etapa de vida na qual se encontra. Estou em tratativas com meu pai para tentarmos conseguir um lugar digno para ele por lá também. Assim, ficarão próximos e amparados. De meu pai herdei o gosto pelos estudos, pela busca do saber. Minha mãe transmitiu a fé, as coisas de Deus, do sagrado. De ambos, as virtudes que esperamos aprender em casa e viver durante nossa caminhada. No mais, posso dizer que sou de uma família bem normal, sem destaques, com os desafios atuais vividos pela maioria das famílias.
Comunicações – Fora da família, quem fez parte da sua caminhada? Frei Adriano - Foram vários amigos da época do grupo de jovens (década de 1980). Éramos muito unidos. Havia uma espécie de parceria, de recíproca confiança e companheirismo. Mas destaco o Alexandre e a Mônica. Ambos foram lideranças na época. Com eles partilhei vida e sonhos de modo mais intenso. Hoje são professores de História. Na época de seminário, até o noviciado, era o Adriano Goldoni de
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Sá, natural de Petrópolis, RJ. Faleceu em um acidente na Dutra, em 2004.
Comunicações - Como se deu seu discernimento vocacional? Frei Adriano - Foi durante os anos 1992 e 1993. Eu cursava Ciências Sociais na UFF, à noite, e trabalhava no Hospital das religiosas franciscanas já mencionadas, durante o dia. Trabalhava para custear
Difícil falar de si. Mais fácil falar dos outros (risos). Mas neste aspecto, prefiro o difícil. Hoje dou mais risadas que antes. Rir faz bem. Sobretudo de si
os estudos e ajudar em casa. Digo sempre que estes dois anos foram meu primeiro noviciado. Eu tinha 18 anos. Nas idas e vindas de ônibus, durante o dia e à noite, eu pensava na vida e num tal de Francisco de Assis. Havia também o testemunho de vida simples, desapegado, discreto, sem alardes das irmãs franciscanas com quem trabalhava. Elas de hábito e cordão com os três nós! São
imagens que ficam. Depois, chegou até minhas mãos a vida de São Francisco, de Tomás de Celano. Era uma edição da Ed. Vozes. Encontrei num sebo. Livro surrado. Comecei a ler e, da leitura, ganhou corpo em mim a cena do encontro de Francisco com o leproso. Eu sempre me via naquele leproso e desejava tal abraço. Neste gesto estava toda a questão da fraternidade, da acolhida, de querer aprender a ser irmão e menor. Foram as motivações fundantes, penso. Depois, sim, o serviço ministerial. Mas só depois, no decorrer da caminhada formativa, ganhou clareza tal “chamado”. Em 1993 procurei os frades da Porciúncula, em Niterói. Frei Cláudio Guski me recebeu e indicou o Convento de Santo Antônio, onde havia um bom trabalho de orientação vocacional. Frei Gilberto Garcia me acolheu no grupo e fiz durante o ano de 1993 meu acompanhamento. Em 1994 comecei a caminhada atual em Agudos.
Comunicações - Como
o formador Frei Adriano avalia o seu tempo de formação? Frei Adriano - Foi tudo muito intenso. Cada ano, cada etapa. Os irmãos da turma. Tantos que partiram. Nós que ficamos. Tudo faz pensar e sempre volta com muita gratidão. Cada formador. E o confronto com as diferenças, com o plural da vida fraterna. Tal confrontar-se sempre foi o formador. Ainda hoje.
Comunicações - Poderia fazer um auto-retrato? Frei Adriano - Um “carioca” que
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não sabe sambar. A leveza do samba é um constante aprendizado que tenho procurado seguir como tarefa de vida. Ora aprendo, ora desaprendo. Difícil falar de si. Mais fácil falar dos outros (risos). Mas neste aspecto, prefiro o difícil. Hoje dou mais risadas que antes. Rir faz bem. Sobretudo de si.
Comunicações - Qual a diferença de morar numa Paróquia e agora num Convento centenário? Frei Adriano - O endereço (risos). Sim! O jocoso da resposta abrupta esconde algo em que acredito e constato: todo lugar é o mesmo lugar. As diferenças são percebidas, em geral, nos aspectos externos, da conjuntura própria de cada lugar (espaço físico, casa pequena ou grande, com ou sem escadas, poucos ou muitos funcionários – colaboradores! -, se está bem organizada ou não, rotina x ou y, etc.). Contudo, um olhar atento não deixa escapar: onde
o frade estiver, estará com pessoas. E onde há pessoas... não muda muito. As atividades mudam, claro. Mas nada disto deveria causar estranheza. Estranho é como lidamos com os dramas humanos, com a aventura de viver, aqui ou acolá. Um convento centenário carrega o testemunho forte do histórico. Cada parede, cada corredor, cada escada, cada utensílio fala de vidas e do tempo. Uma fala mais eloquente, digo. Porque qualquer lugar fala a seu modo. Por isso, repito, as diferenças não são o mais importante. Importante é o comum entre nós, o que nos une em qualquer lugar ou missão. Lugares são diferentes, mas sempre o mesmo lugar! Assim vejo o morar aqui ou numa paróquia.
Comunicações - Qual sua rotina no Convento? Frei Adriano - Tento acordar às 6h30. Tomo café e, em seguida, te-
mos as Laudes às 7h30. Na parte da manhã há horário para confissão ou missa. Na parte da tarde também. Procuro também atender solicitações esporádicas de celebrações em outras comunidades. Às terças-feiras ajudo na portaria na parte da tarde. Como vigário da casa, preparo a escala diária dos atendimentos: os horários de confissão e missa de cada frade. Nos fins de semana, ajudo em S. João de Meriti. Vou e volto de metrô. São 45min da estação Carioca até a última estação, Pavuna. Aproveito para adiantar alguma leitura. Vou no sábado à tarde e retorno no domingo após as celebrações. Nada demais. É sempre bom estar com os confrades em S. João de Meriti e com o povo bom e sofrido da Baixada. No mais, ocupo meu tempo diário com o estudo. Tomo como espécie de projeto pessoal de vida.
Comunicações - Como o sr. vê
Sempre haverá lugar para o simples, o reto, sem dobras, sem o que agarrar, o livre, leve e solto, o “largado” na vida. Francisco não foi. Segue sendo...
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a Igreja no Pontificado do Papa Francisco? Frei Adriano - Vejo-a em tentativas de optar pelo que realmente importa: a centralidade da Palavra, da Pessoa de Jesus de Nazaré. A partir deste núcleo irrenunciável, uma Igreja que busca se posicionar a favor da vida, dos empobrecidos, da missão, da participação, da comunhão. Uma Igreja peregrina, tal como a vida de cada ser humano. Uma “Igreja-casa” da acolhida. Penso que tudo está ali, na Evangelii Gaudium. Esta carta pastoral poderia ser nosso “manual” franciscano diário para nossa vida e missão em cada Frente da Província. Em tempos de “verdades líquidas”, tornar sólida a água das verdades ali partilhadas (fazer memória, recordar) poderia ser uma oportuna reação aos desvios do esquecimento.
Comunicações - Existe uma fra-
ternidade ideal? Frei Adriano - Com certeza: aquela na qual estou e partilho vida e missão. Esta fraternidade real na qual peregrino é a ideal. Nela sou chamado a construir e partilhar a vida. Recordo São Francisco e a indicação do frade ideal, perfeito. Começou a citar os frades reais que ele conhecia, suas virtudes. Precisamos
Comunicações - São Fran-
cisco de Assis tem lugar neste mundo secularizado, carente de valores e desumanizado? Frei Adriano - São Francisco de Assis, seu modo de viver, seu posicionamento simples, sempre terá lugar, pois é sempre atual, em todo e qualquer lugar. Sempre haverá lugar para o simples, o reto, sem dobras, sem o que agarrar, o livre, leve e solto, o “largado” na vida. Francisco não foi. Segue sendo...
Comunicações - Como o sr. define o frade menor? Frei Adriano - Aquele que escapa a qualquer definição. Definir é, de certo modo, estar na posse do definido. A minoridade segue outro caminho. Assim vejo.
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Esta carta pastoral (Evangelii Gaudium) poderia ser nosso “manual” franciscano diário para nossa vida e missão em cada Frente da Província sempre lutar contra a forte tendência para desencarnar a vida. Vive-se aqui. Apenas aqui. Não lá, mas cá. Acho que complicamos demais a vida. É preciso recuperar a importância do simples.
Comunicações - Que expectativas o sr. tem para o nosso país? Frei Adriano - Uma reforma política em todas as esferas: Execu-
tivo, Legislativo, Judiciário, Administração Direta e Indireta. Mas, o que significa política? Tenho dedicado parte de meu tempo ao estudo desta questão. Somos muito amadores neste ponto. Existir é posicionar-se. Vivemos sempre a partir de um lugar. Neutralidade já é uma posição nada neutra. Política! Aqui precisamos levar mais a sério também nossa própria história, a formação do Brasil, o estudo da História do Brasil. Depois, colocar diplomacia e reação em debate. O que sabemos de tudo isto? E é preciso colocar uma questão com seriedade: é possível uma justiça não-política? Esta questão não sai de minha cabeça. Ela surgiu quando vi a frase dita por um renomado político ao ser condenado: “O senhor juiz, ao me condenar, não está fazendo justiça, mas política”. Vinda deste líder, a frase faz pensar na possibilidade de uma justiça que não seja política. Espero um país que se redescubra, ou melhor, que se descubra. “O Brasil não é para amadores”.
Comunicações - Que
mensagem deixaria para aqueles que desejam seguir a vida religiosa franciscana? Frei Adriano - Aventurem-se. E experimentem a força do simples, que a tudo liberta e faz viver.
(*) O ramo alcantarino, derivado da reforma de São Pedro de Alcântara (1499-1562) caracterizava-se por um modo austero de se observar a Regra e a pobreza franciscanas.
Retiro do Regional Rio/Baixada
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onforme orientações da Formação Permanente, nosso Regional Rio de Janeiro/Baixada Fluminense organizou-se para seu retiro anual durante os dias 18 a 20 de setembro. E, a partir da proposta apresentada pelo coordenador do Regional, Frei Adriano Freixo Pinto, e por ele conduzidos, os frades reuniram-se na sala de recreio da Fraternidade do Convento Santo Antônio para refletir sobre o tema “A vida consagrada hoje”, retirado de uma entrevista que o Papa Francisco concedeu a um religioso jornalista, Fernando Prado. De uma forma bastante leve e descontraída, Frei Adriano mostrou como seria o programa do retiro, alternando momentos de convivência, deserto, e terminando com a Celebração Eucarística. O livro pro-
posto compõe-se de três partes, e foi dividido nos três dias do retiro: olhar o passado com gratidão, viver o presente com paixão e olhar para o futuro com esperança. E iniciou o retiro com uma provocação, a partir de um vídeo de um neurocientista, Pedro Calabrez, que questiona: o que é a felicidade? O que nos faz felizes? Algo bastante atual, que nos tira da zona de conforto e nos faz pensar no nosso modo de agir e viver no mundo, tal como a proposta do retiro, em que o Papa Francisco lança os olhos para o passado, para vivermos bem o presente e nos lançarmos ao futuro sem medo. Os textos escolhidos levavam a uma interiorização e reflexão de como nossa vida religiosa está; de como vivemos nosso ser religioso; como nos mostramos religiosos. Não podemos
viver num passado glorioso ou mesmo doloroso; temos de ter a coragem de enxergá-lo como um aprendizado, com gratidão, como um componente de nossa vida, que nos faz crescer; como experiência. E, a partir disso, mostrar o que nos motiva a viver no presente; o que nos move, o que nos faz seguir adiante, apesar de tantas dificuldades? Somente assim, conseguiremos olhar o futuro com a esperança que surge da fé no Deus que conduz com segurança a História de cada um de nós. E a partir disso, com muita espontaneidade, foram partilhados momentos sinceros de fatos que nos marcam, positiva e negativamente, em nossa caminhada. Não podemos nos deixar levar por rótulos, ou que as experiências não tão boas do passado nos deixem desanimados com relação ao futuro. Na manhã de sexta, Frei Geraldo Hagedorn presidiu a Missa comunitária das 10 horas. Frei Adriano agradeceu a presença de todos os frades, inclusive Frei Paulo Borges, de Angelina, e fez votos que as palavras e reflexões do retiro ecoassem em nossos corações e mentes.
Frei Leonardo Pinto dos Santos NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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Retiro do Regional de Agudos
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onhecer um pouco mais sobre a religião e a cultura islâmica, entender como um “mendigo esfarrapado” consegue atravessar linhas de conflito e de guerra e chega ao outro lado de um cultura não-cristã; sem portar armas atravessa linhas de uma Cruzada e chega até o Sultão do Egito. Para entender e refletir sobre este fato marcante na história franciscana, nos dias 23 a 26 de setembro de 2019, nós, frades do Regional de Agudos, Bauru e Sorocaba fizemos uma pausa em nossos tão atribulados dias e nos dedicamos ao estudo, reflexão e convívio fraterno, em nosso Retiro Regional. Nos dois primeiros dias tivemos a assessoria do Sheikh Rodrigo Jalloul, primeiro Sheikh (Líder Religioso) genuinamente brasileiro, embora de
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origem libanesa. Estudou oito anos no Irã, onde fez Teologia e Mística Islâmica. Em breve será nomeado o Imã (líder de todos os Sheikhs e Mesquitas de uma Região) da cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, Sheikh Rodrigo Jalloul é o responsável pelo Centro Islâmico Fátima Zahara, na Penha, São Paulo. Durante o retiro, além da possibilidade de entendermos um pouco mais sobre a religião islâmica, Sheikh Jalloul nos falou sobre a cultura, tradições e relações políticas à época de Francisco e também as atuais. Foi uma oportunidade de vermos a história do lado do Sultão, até então desconhecida para nós. Nas palavras dos frades, foram momentos de quebra de paradigmas e até mesmo de preconceitos. O Sheikh, ao final dos dois dias, já era tido como o “nosso Sheikh”, ou o “Sheikh franciscano”.
Na sequência, Frei Vitório levou-nos por verdadeiro passeio pela história franciscana e da Igreja Medieval. Pudemos, através de textos e documentos, conhecer o lado de Francisco e também as relações entre cristãos e muçulmanos na Europa Medieval. Após a Celebração Eucarística de encerramento, à luz do Texto da Regra Não-Bulada, XVI, voltamos para nossas fraternidades revigorados pelo exemplo de nosso Pai Francisco, com o desafio e o convite à missão para aqueles que desejam ir para o meio dos sarracenos e infiéis, lembrando que mais importante que armas é a nossa identidade de cristãos e o tesouro do Evangelho, levado a termo num espírito de cortesia, respeito e diálogo.
Frei James F. Gomes Neto
FRATERNIDADES
Encontro Regional do Leste Catarinense
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o dia 7 de outubro de 2019, na Fraternidade Nossa Senhora da Conceição, Angelina-SC, aconteceu o terceiro Encontro Regional do Leste Catarinense. Quase todos estavam presentes, como também o Definidor Frei João Mannes. Logo na chegada, bem cedo, fomos acolhidos pelo guardião Frei Paulo Borges e a Fraternidade, com o café da manhã, e o sorriso e o abraço de todos manifestava nossa alegria de nos reencontrarmos. Às 9 horas, iniciamos nosso encontro com a oração, leitura da ata e passamos boa parte da manhã partilhando nossa vida fraterna e nossas atividades na evangelização. Cada Fraternidade tem suas alegrias e preocupações. Poder partilhar e poder clarear certas questões é sempre bom. Comentamos sobre a morte do Frei Nestor, sentindo pouca vibração da comunidade local com alguém que trabalhou tantos anos em Angelina. A entrega da Paróquia de Angelina também entrou em pauta. É provável que já será no ano que vem e não em 2021, como havia sido pensado. Sentimos que nossa presença nas paróquias poderá ser cada vez mais fraterna e acolhedora, para que dali possa surgir uma Igreja mais participativa, mais vocações e lideranças comprometidas com o Reino de Deus. O nosso testemunho é fundamental para o bom êxito da nossa evangelização. Sobre o redimensionamento dos Regionais, aprovamos a proposta vinda dos Coordenadores Regionais. Apenas que a dinâmica e a duração dos encontros sejam discutidos no Regional. Temos certeza de que haverá maior possibilidade de convivência, de estudo e discussão dos temas propostos, pela diversida-
de de situações, de ideias e regiões. Após o almoço no Hotel das Irmãs Franciscanas de São José, lemos e discutimos o texto que fala dos jovens (CPO – Nairóbi, 2018). Somos desafiados a escutar mais os jovens, para podermos compreendê-los e perceber seus desejos. Precisamos aproximar-nos deles e ajudá-los a encontrar o caminho melhor de seguimento de Jesus Cristo. Mais uma vez entramos na questão do chamado à Vida Religiosa. Por que tão poucos querem seguir a Vida Religiosa? Fazemos até muitos en-
contros, seja em nível de Província ou nas paróquias. E por que tão poucos candidatos aos nossos seminários? Isto nos questiona. Entra o problema das nossas famílias, do nosso ser frade menor, do nosso testemunho, etc. A discussão foi muito boa e nos questionou bastante. Após comunicações gerais e a palavra do Definidor Frei João Mannes, terminamos a reunião às 16h30, com mais um café com cuca, queijo e salame.
Frei Nilton Decker NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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Abertura do Sínodo
Amazônia precisa do ‘fogo do amor’ e não do ‘fogo ateado por interesses que destroem’
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urante a missa de abertura do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia neste domingo (6), o Papa Francisco disse que o fogo que “devastou recentemente a Amazônia” foi “ateado por interesses que destroem”. Usando a metáfora do fogo em todo o seu sermão, ele defendeu que a região amazônica precisa do “fogo do amor de Deus”, que não é devo-
rador, mas “aquece e dá vida”. Por meio desse símbolo do fogo, Francisco fez referência à passagem bíblica do Antigo Testamento em que o profeta Moisés conversa com Deus por meio de um arbusto ardente. Assim, o Papa disse que a Amazônia precisa desse tipo de fogo, que ele chama de “fogo da missão”, e não do fogo “que vem do mundo” e “devora povos e culturas”.
Íntegra da homilia O apóstolo Paulo, o maior missionário da história da Igreja, ajuda-nos a “fazer Sínodo”, a “caminhar juntos”; parece dirigido a nós, Pastores ao serviço do povo de Deus, aquilo que escreve a Timóteo. Começa dizendo: “Recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos” (2 Tm 1, 6). Somos bispos, porque recebemos um dom de Deus. Não assinamos um acordo; colocaram-nos, não um contrato de trabalho nas mãos, mas mãos sobre a cabeça, para sermos, por nossa vez, mãos levantadas que intercedem junto do Senhor e mãos estendidas para os irmãos. Recebemos um dom, para sermos dons. Um dom não se compra, não se troca nem se vende: recebe-se e dá-se de prenda. Se nos apropriarmos dele, se nos colocarmos a nós no centro e não deixarmos no centro o dom, passamos de Pastores a funcionários: fazemos do dom uma função, e desaparece a gratuidade; assim acabamos por nos servir a nós mesmos, servindo-nos da Igreja. Ao passo que a nossa vida, dom recebido, é para servir. No-lo recorda o Evangelho, que fala de “servos inúteis” (Lc 17, 10); expressão esta, que pode querer dizer também “servos sem fins lucrativos”. Por outras palavras, não trabalhamos para ob-
ter lucro, um ganho nosso, mas, sabendo que gratuitamente recebemos, gratuitamente damos (cf. Mt 10, 8). Colocamos toda a nossa alegria em servir, porque fomos servidos por Deus: fez-Se nosso servo. Queridos irmãos, sintamo-nos chamados aqui para servir, colocando no centro o dom de Deus. Para sermos fiéis a esta chamada, à nossa missão, São Paulo lembra-nos que o dom deve ser reaceso. O verbo usado é fascinante: reacender, no original, significa literalmente “dar vida a uma fogueira” [anazopurein]. O dom que recebemos é um fogo, é amor ardente a Deus e aos irmãos. O fogo não se alimenta sozinho; morre se não for mantido vivo, apaga-se se a cinza o cobrir. Se tudo continua igual, se os nossos dias são pautados pelo “sempre se fez assim”, então o dom desaparece, sufocado pelas cinzas dos medos e pela preocupação de defender o status quo. Mas “a Igreja não pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de “manutenção” para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial” (Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 95). Porque a Igreja está sempre em caminho, sempre em saída; nunca fechada em si mesma. Jesus veio trazer à terra, não a brisa da tarde, mas o fogo. NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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O fogo que reacende o dom é o Espírito Santo, dador dos dons. Por isso, São Paulo continua: “Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado” (2 Tm 1, 14). E antes escrevera: “Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de prudência” (1, 7). Não um espírito de timidez, mas de prudência. Alguém pode pensar que a prudência seja a virtude “alfândega”, que, para não errar, faz parar tudo. Mas não! A prudência é virtude cristã, é virtude de vida; mais, é a virtude do governo. E Deus deu-nos este espírito de prudência. Em oposição à timidez, Paulo coloca a prudência. Que é, então, esta prudência do Espírito? Como ensina o Catecismo, a prudência “não se confunde com a timidez ou o medo”, mas “é a virtude que dispõe a razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os justos meios de o atingir” (n. 1806). A prudência não é indecisão, não é um comportamento defensivo. É a virtude do Pastor que, para servir com sabedoria, sabe discernir, sensível à novidade do Espírito. Então, reacender o dom no fogo do Espírito é o oposto de deixar as coisas correr sem se fazer nada. E ser fiéis à novidade do Espírito é uma graça que devemos pedir na oração. Ele, que faz novas todas as coisas, nos dê a sua prudência audaciosa; inspire o nosso Sínodo a renovar os caminhos para a Igreja na Amazônia, para que não se apague o fogo da missão. O fogo de Deus, como no episódio da sarça ardente, arde mas não consome (cf. Ex 3, 2). É fogo de amor que ilumina, aquece e dá vida; não fogo que alastra e devora. Quando sem amor nem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo de Deus, mas do mundo. Contudo quantas vezes o dom de Deus foi, não oferecido, mas imposto! Quantas vezes houve colonização em vez de evangelização! Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos. O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando
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se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos. Reacender o dom; receber a prudência audaciosa do Espírito, fiéis à sua novidade; São Paulo faz uma última exortação: “Não te envergonhes de dar testemunho (…), mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus” (2 Tm 1, 8). Pede para testemunhar o Evangelho, sofrer pelo Evangelho; numa palavra: viver para o Evangelho. O anúncio do Evangelho é o critério primeiro para a vida da Igreja: é a sua missão, a sua identidade. Mais adiante, Paulo escreve: “Estou pronto para oferecer-me como sacrifício” (4, 6). Anunciar o Evangelho é viver a oferta, é testemunhar radicalmente, é fazer-se tudo por todos (cf. 1 Cor 9, 22), é amar até ao martírio. Agradeço a Deus por haver no Colégio Cardinalício alguns irmãos Cardeais mártires, que provaram, na vida, a cruz do martírio. De fato, como assinala o Apóstolo, serve-se o Evangelho, não com a força do mundo, mas simplesmente com a força de Deus: permanecendo sempre no amor humilde, acreditando que a única maneira de possuir verdadeiramente a vida é perdê-la por amor. Queridos irmãos, olhemos juntos para Jesus Crucificado, para o seu coração aberto por nós. Comecemos dali, porque dali brotou o dom que nos gerou; dali foi derramado o Espírito que renova (cf. Jo 19, 30). Dali, sentimo-nos chamados, todos e cada um, a dar a vida. Muitos irmãos e irmãs na Amazônia carregam cruzes pesadas e aguardam pela consolação libertadora do Evangelho, pela carícia de amor da Igreja. Muitos irmãos e irmãs gastaram a sua vida na Amazônia. Permiti que repita as palavras do nosso amado Cardeal Hummes: quando fores àquelas pequenas cidades da Amazônia, vai aos cemitérios procurar o túmulo dos missionários. Um gesto da Igreja por aqueles que gastaram a vida na Amazônia. E depois, com um pouco de astúcia, disse ao Papa: “Não se esqueça deles. Merecem ser canonizados”. Por eles, pelos que agora estão a dar a vida, pelos outros que lá gastaram a própria vida, com eles, caminhemos juntos.
Papa consagra Sínodo para a Amazônia a São Francisco de Assis
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Amazônia no Vaticano: a festa de São Francisco foi celebrada no dia 4 de outubro nos Jardins Vaticanos, com o Papa Francisco consagrando o Sínodo para a Amazônia ao santo de Assis. A cerimônia foi marcada por cantos, reflexões, orações e gestos simbólicos. Foram convidados cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e representantes dos povos originários da Amazônia. O relator-geral do Sínodo, o cardeal Cláudio Hummes, foi um dos participantes e fez uma reflexão sobre “O papel de São Francisco como modelo e santo padroeiro do Sínodo para a Amazônia”. Dom Cláudio, acompanhado de dois representantes indígenas, ajudou o Papa Francisco a irrigar uma árvore nos Jardins Vaticanos, sob o som de uma versão
cantada do Cântico das criaturas. O solo em que a árvore foi plantada foi enriquecido com a terra de lugares simbólicos para a preservação do meio ambiente. A celebração e o gesto simbólico da azinheira de Assis que será plantada no coração da Igreja univesal serão uma oportunidade para “comunicar a importância do Templo da Criação”. É o primeiro gesto visível do Papa Francisco depois do seu convite à Igreja mundial para celebrar este “período com muita oração e ações em benefício da casa comum”, e para “comunicar a importância do sínodo amazônico e propor São Francisco como modelo e guia para o processo sinodal”. Depois da fórmula de consagração, a cerimônia foi concluída com o Papa Francisco rezando o Pai-Nosso com os presentes. NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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Papa Francisco: o Espírito Santo é o protagonista do Sínodo
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s trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia tiveram início na manhã da segunda-feira (07/10) com um momento de oração diante do túmulo de Pedro, na Basílica Vaticana, intercalado com um canto da região amazônica, seguido pelo Veni Creator. Os participantes seguiram em procissão até a sala sinodal levando cartazes com imagens de mártires e frases da encíclica Laudato Si’ e símbolos da região amazônica, como o barco, a rede e objetos indígenas. O Pontífice fez a saudação inicial, agradecendo a todos pelo trabalho realizado desde sua visita a Puerto Maldonado, no Peru.
veio com intenções pragmáticas, converta-se para atitudes paradigmáticas, que nascem da realidade dos povos”, afirmou. Francisco alertou ainda para os riscos da mundanidade, “que sempre se infiltra e nos faz distanciar da poesia dos povos. Viemos para contemplar, compreender, servir os povos e fazemos isso percorrendo um caminho sinodal, não numa mesa-redonda, em conferências ou em discursos, mas em sínodo. Porque um Sínodo não é um parlamento, um locutório, é um caminhar juntos sob a inspiração do Espírito Santo e o Espírito Santo é o protagonista do Sínodo”.
DIMENSÃO PASTORAL
Quanto ao Instrumento de trabalho, o Papa o qualificou como “mártir”, destinado a ser destruído, pois é o ponto de partida. “Vamos caminhar sob a guia do Espírito Santo, deixar que Ele se expresse nesta assembleia, entre nós, conosco, através de nós e se expresse apesar da nossa resistência”. Para assegurar que a presença do Espírito Santo seja fecunda, Francisco indicou antes de tudo a oração – “rezemos muito”. “É preciso também refletir, dialogar, escutar com humildade, sabendo que eu não sei tudo e falar com coragem, com paresia, “mesmo que tenha que passar vergonha”, discernir e tudo isso dentro, custodiando a fraternidade que deve existir aqui dentro.” Para favorecer essa atitude de reflexão, oração, discernimento, depois das intervenções, haverá um espaço de quatro minutos de silêncio. “Pois estar no Sínodo é entrar num processo, não é ocupar um espaço na sala, e os processos eclesiais têm necessidade de serem custodiados, cuidados com delicadeza, com o calor da Mãe Igreja”. Francisco então indicou prudência ao falar com os jornalistas, para não se criar a impressão de que exista um “Sínodo dentro” e um “Sínodo fora”. “Uma informação imprudente leva a equívocos.” “Obrigado por aquilo que estão fazendo, obrigado por rezar uns pelos outros, e ânimo, não perdamos o sentido de humor”, completou.
“O Sínodo para a Amazônia tem quatro dimensões”, explicou o Papa: pastoral, cultural, social e ecológica. “A primeira é essencial porque abarca tudo e vemos a realidade da Amazônia com olhos dos discípulos, porque não existem hermenêuticas neutras, ascéticas, sempre estão condicionadas a uma opção prévia, e a nossa opção prévia é a dos discípulos. Mas também com olhos missionários, porque o amor que o Espírito Santo colocou em nós nos impulsiona ao anúncio de Jesus Cristo”. Francisco advertiu para as colonizações ideológicas, que fazem ver a realidade com programas pré-confeccionados com o afã de domesticar os povos originários. “As ideologias são uma arma perigosa”, afirmou, porque levam a visões redutivas, a entender sem admirar, sem assumir, sem compreender. A realidade é absorvida com categorias “ismos”. O lema “civilização e barbárie” serviu para dividir, aniquilar os povos originários, demonstrando todo o desprezo por eles. O Pontífice citou a experiência que a própria Argentina viveu com estes povos e as atitudes depreciativas que continuam até hoje, expressos inclusive na linguagem. Contra o risco de medidas pragmáticas, o Papa propõe a contemplação dos povos, a capacidade de admiração e um pensamento paradigmático. “Se alguém
O “MARTÍRIO” DO INSTRUMENTO DE TRABALHO
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Católicos apoiam o Sínodo para a Amazônia
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ete em cada dez católicos brasileiros consideram muito importante preservar a Amazônia, 85% concordam que “atacar a Amazônia é um pecado” e 87% dos católicos disseram confiar no Papa Francisco. Esses números estão na pesquisa feita pelo instituto Ideia Big Data para avaliar a posição dos fiéis sobre políticas para a região por ocasião do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco. A pesquisa foi apresentada oficialmente na segunda-feira, 7 de outubro, exatamente no início dos trabalhos sinodais. Para comentar todos os dados dessa pesquisa, que teve o apoio de entidades como as ONGs WWF-Brasil, Instituto Clima e Sociedade (iCS), Movimento Católico Global pelo Clima (GCCM), Climainfo, Iser e Uma Gota no Oceano, foi realizado o debate “Diálogos do Sínodo”, no Espaço Cívico, em Pinheiros, com lideranças católicas de todo o país: Frei José Francisco dos Santos, coordenador do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras); Isabela Oliveira Kalil, professora e antropóloga da FESPSP; o jornalista José Maria Mayrink; Benedito de Queiroz Al-
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cântara, da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil; Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional de Leigos do Brasil – CNLB; e Gabriela Yamaguchi, diretora de comunicação e engajamento da WWF. A pesquisa ouviu 1.502 católicos em todo o Brasil no início de junho. Apesar de feita quase dois meses antes da crise internacional que se formou por causa das críticas do governo federal aos dados que mostravam alta no desmatamento e em decorrência do aumento das queimadas na região, a consulta mostrou que 29% dos católicos consideram a atuação do presidente nessa área como péssima e 12% como ruim. Outros 30% avaliam como regular e 22% como ótima ou boa. “São muitos cenários que vemos nesta pesquisa. Primeiro, que bom que temos esses números para nos ajudar no momento de embates e narrativas, que tentam atravancar a nossa caminhada. Narrativas que atravessam o momento presente que a Igreja vive com o Papa Francisco, em especial nós, católicos da Amazônia e do mundo inteiro. Nós estamos vivendo um kairós. Um momento
da passagem de Deus de uma forma fantástica para nós. Temos um jesuíta que escolhe Francisco no nome, na sua vida de serviço como bispo de Roma e traz essa proposta de vivência com esse cheiro de Assis. Não é à toa que o Sínodo foi consagrado a São Francisco de Assis!”, lembrou o professor Benedito, que é natural do Amapá e veio especialmente para este evento. Antes de falar, ele partilhou com os participantes um pequeno frasco com óleo de priprioca, para sentirem um pouco o cheiro da Amazônia. “Nesse óleo que eu trouxe, não foi derrubado nenhum pé de árvore”, adiantou. Mais da metade dos católicos entrevistados (52%) disse considerar o desmatamento da Amazônia a maior ameaça à natureza, superando problemas como poluição dos rios e dos mares, vista como principal ameaça por 19% dos entrevistados. “Se nós não adentrarmos nessa Amazônia profunda, vamos cometer equívocos com as melhores das intenções. Essa pesquisa veio nos ajudar muito, pois nos leva a esse processo de construção de redes, a esse processo de amazonizar-se”, acrescentou Benedito. Para Frei José Francisco, não dá para falar do Sínodo sem situar o Pontificado de Francisco em um campo mais amplo. “O Papa Francisco, com a Laudato Si’, coloca a criação no centro da evangelização e muda o jeito de pensar e ser Igreja. E aí traz consequências muito grandes, porque começa a mexer em toda a estrutura que tradicionalmente estava acomodada. Mostra um jeito de pensar a evangelização e organizar as pessoas. O Sínodo é uma expressão desse jeito novo de pensar e ser”, acredita o frade desta Província da Imaculada. Para Frei José, o Papa busca um pouco desse aspecto franciscano dado por Francisco de Assis ao sonhar com uma Fraternidade Universal. “Ele se torna uma resposta significativa para os nossos dias, que agora tem que olhar para o todo. Tudo está interligado. Não dá para pensar o ser humano isolado”, acrescenta o frade, explicando que o Papa Francisco trabalha numa desverticalização da Igreja. O jornalista José Mayrink lembrou que, ao contrário do que se pensa, não é tão forte a oposição do governo federal ao Sínodo. “O problema está dentro da Igreja. O Papa está sendo acusado de heresia e apostasia desde a sua eleição”, disse citando o exemplo do Sínodo paralelo dos bispos alemães. “A oposição dentro da Igreja está agindo desde sua eleição, quando o acusou de ter ajudado os militares no período da ditadura militar na Argentina. Agora irão aproveitar o Sínodo para carregar mais acusações contra ele”, lamenta o jornalista do “Estado de S. Paulo”.
Segundo ele, começou a cobrir religião durante o Concílio Vaticano II. “Brinco com os bispos da CNBB que só dois deles são mais velhos do que eu”, revelou. Na pesquisa, foi pedido aos entrevistadosque avaliassem ações ou declarações do presidente Bolsonaro na área ambiental. A maior parte se mostrou contrária à ideia de acabar com as multas ambientais de quem causa desmatamento (75%) e discordou do enfraquecimento do Ibama (73%). Os católicos também se mostram contrários à redução de reservas indígenas (67%) e não concordam com a negação dos dados do INPE sobre o desmatamento da Amazônia (63%). Metade também discordou da afirma-
ção de que somos o País que mais preserva o meio ambiente no mundo. Segundo Sônia Gomes, o modelo econômico que está sendo implantado na Amazônia, em nome de um falso desenvolvimento, está gerando muita pobreza e miséria. “É um desgaste muito grande para os pobres. Não dá para pensar nessa destruição dos biomas em nome do lucro, do agronegócio”, disse. Para ela, que é mineira de Montes Claros, a mineração que estão querendo implantar na Amazônia já é um filme conhecido dos mineiros. “Diante dos desastres de Brumadinho e de Mariana, não dá para silenciar”, enfatiza, lembrando que o Norte de Minas está com mais de 400 pontos pleiteados para mineração. Segundo a presidente do Conselho Nacional dos Leigos, o Sínodo está acontecendo para desmistificar “um NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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monte de coisas” dentro da Igreja. “Existe um clericalismo muito grande na nossa Igreja. O leigo depende muito do padre para dizer o ele tem que fazer. Nós precisamos fazer essa reflexão: Qual o papel do cristão leigo dentro da Igreja? Não se trata só do trabalho sacramentalista, mas de um trabalho de formação e atuação na sociedade”, ensina. Para ela, são poucos os leigos que percebem o seu campo de atuação. Mas, lembra ela, Francisco tem ensinado a ser uma Igreja de escuta e ser comprometida com a Casa Comum. “Uma evangelização que consegue pôr o dedo na ferida onde tem o sofrimento maior”, acrescenta. “Esse é o grande desafio que nós temos e somos a grande maioria na Igreja. Enquanto o laicato não assumir esse processo de olhar aquilo que Francisco tem apontado, de olhar aquilo que Francisco tem feito, nós vamos continuar sendo essa Igreja que fala para poucos. Igreja sacramentalista e que não consegue se envolver nas questões sociais e políticas”, lamentou. Para Gabriela, da WWF, é urgente escutar as vozes dos povos amazônicos. Questionados sobre quais fontes de informação consideram confiáveis sobre a Amazônia, 87% disseram confiar no que diz o Papa Francisco sobre o tema; 71% disseram confiar na ONU, 67% nas ONGs e 60% na imprensa. Em relação ao governo brasileiro, a confiança foi de 49% de
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confiança, e 44% dos entrevistados disseram não confiar no governo quando cita dados em relação à Floresta Amazônica. Para a professora e antropóloga Isabel, desse bom número de pessoas que veem como importante preservar a Amazônia, 1/4 das pessoas entrevistadas não faz a menor ideia de como fazer isso. “E como as pessoas podiam responder livremente - sem a escolha de alternativas - chama muito a atenção um impasse: as pessoas estão conscientes de que isso é importante, mas elas não sabem o que fazer. Não têm como se mobilizar. Mesmo sendo respostas espontâneas, são muito vagas. Dificilmente aquelas questões que estão lá se materializam em questões concretas”, avaliou. Assessor do Programa Cidades Sustentáveis e da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio foi o mediador do debate. “A partir de agora, o nosso grande desafio é fazer com que o que está sendo debatido no Sínodo para a Amazônia chegue para a população brasileira, em especial chegue até os católicos brasileiros, para a gente, de alguma forma, engrossar o caldo da reflexão da importância da Amazônia, do meio ambiente, para o Brasil e para o mundo”, completou.
Rafael Corrêa (Sefras) e Moacir Beggo
Crescem invasões aos territórios indígenas
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os primeiros nove meses de 2019, ocorreram 160 casos de invasão em 153 terras indígenas de 19 estados. No ano completo de 2018, ocorreram 111 casos em 76 terras indígenas de 13 estados. Esses dados foram apresentados em coletiva de imprensa no dia 24 de setembro, durante o lançamento do relatório “Violência contra povos indígenas no Brasil – dados 2018” sistematizados pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O Subsecretário Adjunto Geral da CNBB, padre Dirceu de Oliveira Medeiros, em nome da presidência da entidade, saudou aos participantes, profissionais da imprensa, autoridades políticas, representantes indígenas e lideranças do CIMI. Ele destacou que a CNBB é uma casa de acolhida e de compromisso na defesa dos grupos mais vulneráveis. O relatório aponta que os povos indígenas no Brasil enfrentam um substancial aumento da grilagem, roubo de madeira, garimpo, invasões e até mesmo implantação de loteamentos em seus territórios tradicionais. Em 2018 foram registrados 135 casos de assassinato de indígenas, 25 a mais que os registrados em 2017. Segundo Roberto Liebott, coordenador do CIMI Regional Sul e um dos organizadores do relatório, os núme-
ros demonstram um crescimento vertiginoso de invasões aos territórios indígenas no Brasil. Para o representante do CIMI, o “Dia do Fogo” é emblemático da situação que os indígenas estão vivendo no país. Há em curso, em sua avaliação, uma perspectiva integracionista, ideia em voga na década de 70. “Para integrar os índios, é necessário desterritorializá-los, como aconteceu no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul”, disse. O arcebispo de Porto Velho (RO), Dom Roque Paloschi, presidente do Cimi, disse que a violência contra os povos indígenas se tornou uma chaga institucionalizada. O cacique Suruí Pataxó da Aldeia Barra Velha, em Porto Seguro (BA), participou do lançamento do relatório. Segundo ele, apesar do atual governo não ceder aos direitos dos povos indígenas, os primeiros habitantes do território brasileiro, isso não é motivo para esmorecimento. Segundo ele, é a sabedoria dos “encantados”, seus antepassados, que vai ajudá-los a continuar na resistência e na luta por seus direitos.
Imagens da Amazônia projetadas na Basílica de São Francisco As imagens da Amazônia foram projetadas na fachada da Basílica Superior de Assis na noite do dia 22 de setembro, na conclusão da 5ª edição do “Pátio de Francisco”, que teve por tema “Encontro entre comunidades, povos, nações”, e reuniu em Assis representantes da sociedade civil e religiosa, do mundo artístico e da mídia. No gramado em frente à Basílica Superior de São Francisco, estavam cerca 6 mil pessoas que assistiram à projeção, na fachada do complexo, das imagens do novo projeto fotográfico de Sebastião Salgado: “Amazônia”. O evento também foi acompanhado pela mídia nacional e internacional, da Reuters à Associated Press, da Rai à Mediaset e Sky, da TV2000 à France Press.
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Juventude da Província: em favor da vida
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ssim começou nosso sonho de contribuir com a nossa Casa Comum, espaço de diálogo, respeito e preservação. Quando a juventude da Província Imaculada Conceição do Brasil decidiu ser protagonista do seu próprio espaço de ação, as ideias para construir laços, não somente em nossos grupos jovens, mas com toda a sociedade civil, logo despontaram, e nós, possuidores do espírito missionário de Francisco, não poderíamos deixar as oportunidades passarem.
O plantio de árvores dos jovens e frades de Campo Largo, no Paraná
Através da proposta de uma ação conjunta, nossos grupos se reuniram, no 4º final de semana de setembro, com a proposta de prover não só beleza, mas conscientização e preservação a um espaço onde outrora não havia nada. Com mais de 1.000 árvores plantadas, a juventude que agora abraça o pedido do Papa Francisco de sermos uma ‘Igreja em saída’, cuidou do espaço de todos os cidadãos com alegria e entusiasmo. Tatiana Welche, jovem missionária de Campo Largo – Paraná, nos conta um pouquinho de como foi sua experiência no plantio das mudas (ao total a região de Campo de Largo ganhou novas 35 mudas de árvores):
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O cuidado que temos onde moramos, o zelo, a preocupação com a nossa natureza, a nossa casa Terra, deveria ser comum também. Então, para mim, plantar uma árvore foi uma forma de cuidar da minha natureza, de querer o bem dela, pois dependemos dela para a nossa sobrevivência.” Além das inúmeras juventudes, também compareceram a esta linda ação, crianças, acompanhadas de seus responsáveis ou de seus grupos de Missão e Pastorais, como escoteiros e a catequese que se fez forte e presente mostrando que o zelo pelo meio ambiente deve ser algo motivado e ensinado desde cedo. A Tatiana levou sua filha ao plantio de mudas, e também nos conta como foi a sua experiência e o sentimento de ver sua filha lado a lado em missão: “Poder compartilhar esse momento com a Clara foi de suma importância, pois é nos primeiros anos de vida que as crianças precisam vivenciar e aprender sobre valores relacionados a questões ambientais e amar a natureza. Proporcionar esse momento a minha filha foi maravilhoso. Me sinto orgulhosa por saber que ela fez parte de tudo isso.” Neste ano em que nós, sociedade civil, sofremos com o
Jovem da Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Nilópolis – Rio de Janeiro
Jovens da Paróquia São Francisco de Assis, em Campos Elíseos, Duque de Caxias (RJ)
tude e, como gesto concreto, sob o título “Para dar muitos frutos” (de onde saiu o tema de nossa missão), iriam ser plantadas 75 mil árvores. A partir deste momento, sabíamos que não estaríamos sós e motivados com esse espírito de partilha e unidade, construímos o nosso dia. A proposta desta Missão se fez desde a construção do lema e do cartaz que acompanharia toda a sua divulgação. Sob o lema “Por sermos muitos, que sejamos um só por todos”, os jovens se colocaram em unidade com todos os povos que lutam pela preservação da Casa Comum, promovendo diálogo e respeito entre todos, sem distinção. O idealizador do cartaz, Guilherme Mendes, jovem missionário de Nilópolis, Rio de Janeiro, nos convida a refletir um pouco sobre as motivações e necessidades de se viver em constante diálogo e respeito com todos: “Quando me veio a oportunidade de participar desse lindo projeto, eu só consegui pensar na importância que
descaso ao meio ambiente, a falta de políticas públicas voltadas à conscientização e ao cuidado com a Natureza, fez abrirmos os olhos de jovens que sempre buscaram algo a mais. Não é fácil abandonar os smartfones, os tablets e notebooks e sair à procura de algo novo e desafiador. Quando provocada a sair dos muros, seja da Igreja ou da curta distância de um rosto a um smartfone, a juventude cria. Cria histórias, cria laços, cria ideias, projetos e vontades. E, principalmente, realiza-as. Nada melhor nesta vida, principalmente na vida em Igreja, do que uma juventude motivada e instigada. Uma juventude que tem apoio de seus setores e é vista como promessa e construtora dos projetos de Deus é uma juventude que não se cansa de trabalhar a fim de fazer a diferença. Luis Viana, jovem missionário de Duque de Caxias, O plantio de árvores dos jovens de Campo Largo, no Paraná Campos Elísios, no Rio de Janeiro, nos conta como foi ser e fazer a diferença nesta Missão: tem a natureza para todo o planeta. Por essa razão, achei “Foi um momento único, porém que continuará e floindispensável pôr uma árvore bem no centro de tudo. Por fim, sabemos do pedido de São Francisco de Assis rescerá. De manhã fizemos a manutenção na horta paroao seu povo – “Irmãos, comecemos, pois até agora pouco ou quial, e, à tarde, motivados por um convite feito na MFJnada fizemos” – e por isso, como juventude franciscana, es-Rio 2019, fomos até a igreja Imaculada (Comunidade da área de Campos Elísios) para um momento de reflexão tamos começando, lutando e participando. Do nosso jeito, e sobre a ecologia na vida daqueles que vão na contramão com a simplicidade do santo de Assis, vamos conseguir consde um mundo bastante consumista. O plantio de árvore truir uma sociedade ativa, conscientizada e perseverante. simboliza, assim, nossa unidade com os jovens do ParaEm 2013, nos foi feito um pedido: “Jovem, não tenha medo de desafio. Seja sal, seja luz. Salgue a vida, ilumine as guai. Ainda voltaremos à casa dos Freis para continuar os veredas.” Obrigada, Papa Francisco, por acreditar em nós cuidados com a horta que daqui a um tempo servirá as e por nos motivar todos os dias a sermos protagonistas da mesas dos paroquianos”. nossa própria vida. Estamos com você! Durante a proposta de elaboração desta missão em nível A Juventude Franciscana da Província da Imaculada provincial, ficamos sabendo que no dia 21 de setembro, por Conceição do Brasil apoia o Sínodo da Amazônia! todo o território paraguaio, se celebraria o triênio da juvenNOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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O ENCONTRO DE FRANCISCO COM O SULTÃO
Franciscanos e muçulmanos celebram a amizade e o diálogo
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um clima fraterno, marcado pela amizade, diálogo e alegria do encontro, franciscanos e muçulmanos foram os protagonistas de um momento histórico, celebrado na capital paulistana na noite de sábado (28/09). O Salão Nobre Muhammad Ali, localizado na Mesquita da Misericórdia Sobem, no bairro de Santo Amaro, acolheu mais de 300 pessoas, entre católicos franciscanos e muçulmanos, para relembrar os 800 anos do encontro entre Francisco de Assis e o sultão Al-Malik Al-Kamil, em Damieta, no Egito.
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Assim como Francisco em seu tempo, os franciscanos de hoje foram acolhidos com muito afeto e cordialidade pelas lideranças religiosas e autoridades presentes no local. O evento foi promovido pela Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB), Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (FAMBRAS), União Nacional Islâmica (UNI) e Sociedade Beneficente Muçulmana de Santo Amaro (SOBEM). Em sua fala, Ir. Cleusa Aparecida Neves, presidente da CFFB, afirmou que a ausência do diálogo e a incapacidade de ouvir têm causado sofri-
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mento para a sociedade. “A partir da experiência de Francisco, em sua proximidade com o Sultão, somos provocados a trilhar caminhos para a construção do diálogo. Em nosso núcleo de convívio, podemos estar juntos e dialogar, partilhar a vida expressando sonhos, identificando os desafios e criando estratégias para realizá-los”, convocou a religiosa. Ir. Cleusa denunciou o autoritarismo dos governantes e a promoção
de discursos que incitam o ódio pelo diferente e afirmou que a paz significa respeito e educação na relação com o outro. A religiosa convocou os presentes a terem uma postura de diálogo e convivência fraterna e solidária. “Que nossas vidas – iluminadas pela experiência de Francisco em seu encontro com o sultão – sejam mais ricas, com a capacidade de dialogar. E que esta capacidade seja visível em nossas atitudes, sentimentos e afetos.
Sejamos pessoas do diálogo e construtores da paz, através da educação, pois paz significa educação. Uma chamada a aprender todos os dias a arte difícil da comunhão, a adquirir a cultura do encontro, clarificando a consciência contra qualquer tentação de violência ou rigidez, contrárias ao amor de Deus e à dignidade do ser humano”, concluiu a presidente da CFFB. O presidente da Conferência dos
MENSAGEM DO MINISTRO PROVINCIAL Irmãos e Irmãs, “O Senhor vos dê a Paz”. Em nome da Conferência dos Frades Menores do Brasil, nossa imensa gratidão à Comunidade Islâmica, às suas lideranças e organismos, pela generosidade com que nos acolhem. Obrigado por nos apresentarem com gestos bem concretos o caminho para vencermos juntos as intolerâncias e os fundamentalismos que geram ódio, violência e destruição. Como breve mensagem neste dia histórico, apresento uma palavra profética de Dom Helder Câmara, homem que marcou profundamente a vida da Igreja no Brasil e na América Latina, pois viveu sua vocação e ministério comprometido com a transformação do mundo. Dom
Helder dizia que toda pessoa, antes de nenhum povo lhe seja indiferente. Viser praticante desta ou daquela religião, bre com as alegrias e as esperanças de é chamada a ser cidadã do mundo. Este qualquer grupo humano. Adote como senso de mundialidade exprime muito seus os sofrimentos e humilhações de bem aquilo que nós, filhos e filhas de seus irmãos de humanidade. Apague Francisco e Clara de Assis, nos atre- do seu vocabulário as palavras inivemos a viver. Queremos ser presença migo, inimizade, ódio, ressentimento, fraterna em toda a humanidade, tra- rancor... Nos seus pensamentos, nos balhando para a integridade e o bem de seus desejos e nas suas ações, esforce-se por ser, e por sê-lo verdadeiramente, toda a Criação. Diz Dom Helder: “Seja qual for sua magnânimo”. Paz e Bem! situação de vida, pense em si e nos seus. Mas torne-se incapaz de se fechar no círculo estreito de sua pequena família. A Salám Alêikum uéh Rachmétuhlóhi Adote de vez a família humana. Não se uéh Bérókétoh sinta estrangeiro em nenhuma parte do (Que Deus lhe conceda proteção, mundo. Seja um homem inserido entre segurança, misericórdia e que Ele o abençoe) os outros. Que nenhum problema de NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES 805
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Frades Menores do Brasil (CFMB) e Ministro Provincial da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, Frei César Külkamp, usou as palavras de Dom Hélder Câmara para chamar os presentes a uma relação de diálogo e colaboração. “Seja qual for sua situação de vida, pense em si e nos seus, mas torne-se incapaz de se fechar no círculo estreito de sua pequena família e sua manifestação
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religiosa. Adote de vez a família humana”, recordou o frade. Ele agradeceu a acolhida e afirmou que o evento aponta um caminho para vencer a intolerância religiosa e o fundamentalismo – que geram ódio, violência e destruição. “Queremos ser presença fraterna em toda humanidade, trabalhando para a integridade e o bem de toda a criação”, afirmou o frade. Em sua fala, o Sheikh Mohamad Al
Bukai, Diretor Religioso da UNI, declarou que na guerra não há vencedores. “Todos nós perdemos na guerra, porque perdemos nossa humanidade, nossos valores. A grande vitória acontece quando impedimos o conflito, seguindo o exemplo do nosso Profeta, quando conquistou a Meca sem derramar uma gota de sangue. E seguindo o exemplo de Francisco de Assis, que foi sozinho carregando a bandeira da
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professar a nossa fé”, concluiu El Zoghbi.
paz. Este é verdadeiramente o super-herói”, salientou o Sheikh. Ele afirmou ainda que a humanidade sempre buscou a eternidade, desde Adão, mas que a eternidade se dá apenas através das ações praticadas, como o gesto entre Francisco e o sultão. “Há 800 anos, um homem de Deus ergueu a bandeira da paz e foi carregando sozinho, com muita coragem e com muita fé. E o resultado desta coragem é que hoje, 800 anos depois, estamos aqui, do outro lado do mundo, comemorando esta grande ação que ficou eternamente”, recordou Al Bukai. Ele manifestou sua esperança de que o encontro desta noite, na Mesquita da Misericórdia, também seja eternizado e lembrado em 800 anos.
Sinais concretos e o desejo de ações conjuntas
Trabalhar em prol da liberdade religiosa
O presidente da Fambras Halal, Mohamed Hussein El Zoghbi, lamentou os inúmeros casos de intolerância religiosa registrados no Brasil e no mundo. Ele recordou que a Constituição Federal do Brasil, através do artigo 5º, assegura o livre exercício dos cultos religiosos, mas lamentou que na realidade isto não seja respeitado. “Este cenário pode ser transformado quando as religiões se unem, a sociedade se mobiliza e a justiça atua de maneira firme. Dessa forma, conseguiremos avanços. O que estamos fazendo hoje é importante neste sentido”, celebrou. Ao final, ele presenteou Ir. Cleusa e Frei César com uma réplica da corneta de marfim, presente do sultão
a São Francisco. “Desejo que as religiões transformem sua força numa corneta de marfim, chamando seus fiéis a respeitarem os diferentes credos e buscar um caminho de união. Há muita carência na sociedade brasileira, que pode ser amenizada com acolhimento, solidariedade, gestos fraternos vindos de qualquer grupo religioso. Que não permitamos que nos seja tirado o direito de
Antes de iniciar o evento, os católicos franciscanos se uniram aos muçulmanos em oração. A Mesquita da Misericórdia acolheu fraternalmente todos os presentes, que puderam conhecer o espaço e ouviram as explicações do Sheikh Mohamad Al Bukai. Às 20h30, todos participaram de um momento de oração junto aos muçulmanos. Na área externa, os líderes presentes plantaram um ipê, que ficará como um sinal concreto de tudo o que foi dito e realizado naquela noite histórica, e descerraram uma placa comemorativa. Durante o evento, os líderes e autoridades assinaram uma carta de compromisso pela tolerância religiosa. O cardeal de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, enviou uma carta felicitando a iniciativa. O vereador Rodrigo Goulart entregou aos presentes o voto de júbilo da Câmara Municipal de São Paulo pela promoção do evento. Durante o evento, os presentes acompanharam apresentações culturais. Através de uma apresentação teatral, os franciscanos representaram o encontro entre Francisco e o sultão. Ao final do encontro, os presentes participaram de um coquetel com comidas árabes.
Érika Augusto NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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Frente da Educação tem encontro ampliado em Petrópolis
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ducar é um modo de conhecer, acolher, amar, sentir, servir e promover o desenvolvimento do ser humano em todas as suas dimensões. Por se atrever a formar pessoas para a vida em plenitude, a educação é, na sua essência, evangelizadora. Abertura – A centenária sala magna do Convento do Sagrado Coração de Jesus (Petrópolis – RJ) foi o espaço que acolheu na tarde de 19 e, na manhã de 20 de setembro de 2019, o Encontro Ampliado da Frente de Evangelização da Educação da Província. Teve como tema “O Mundo Religioso e a Educação”. Contou com a presença de Frei Gustavo Wayand Medella (Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização), Leigos e Frades da Universidade São Francisco (USF), do Instituto Teológico Franciscano (ITF), do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP), da FAE Centro Universitário e do Colégio Bom Jesus. A programação do referido Encontro havia sido colegiada e previamente preparada por uma equipe simplifi-
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cada de Leigos e Frades da Frente de Evangelização da Educação, a saber: Rose de Mello Vogel Lischt dos Santos, Marcelo Bianchini Favaro, Renato Adriano Pezenti, Osmar Ponchirolli, Frei Gustavo Wayand Medella, Frei Thiago Alexandre Hayakawa, Frei Ivo Müller e Frei Claudino Gilz. As atividades tiveram início às 14h30 do dia 19 de setembro com a acolhida de Frei Jorge Paulo Schiavini (guardião Convento do Sagrado Coração de Jesus) e um breve momento de oração. Logo em seguida, Frei Nilo Agostini, Frei João Mannes e Frei Claudino Gilz oportunizaram aos presentes uma breve memória histórica da caminhada da Frente de Evangelização da Educação na Província nos últimos triênios. Como parte integrante do momento de abertura, Frei Gustavo fomentou quatro expectativas da Província com relação aos que atuam em prol da missão evangelizadora no campo educacional: “A primeira palavra é de gratidão a Deus, Àquele que nos convoca e nos reúne para toda boa obra. Em segundo, a vocês que
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aqui estão, confrades e trabalhadores, porção escolhida de um universo bem mais amplo de docentes, discentes, técnico-administrativos, voluntários, pais e mães de alunos, parceiros e parceiras que têm o compromisso de educar e educarem-se franciscanamente. [...] Atrevo-me a apresentar quatro expectativas que pessoalmente e em nome da Fraternidade Provincial, trago vivas no coração em relação à nossa Missão Evangelizadora no campo educacional: 1. Que seja em comunhão com a força leiga – [...] Sem vocês, leigos e leigas, jamais conseguiríamos levar adiante este propósito que está na raiz de nossa consagração. Vocês não são coadjuvantes, mas participantes ativos de nossa missão evangelizadora... 2. Que promova a transformação do coração – Na linha de uma educação integral, queremos nos unir num esforço incansável na construção de um processo que seja transformador para nós e para nossos interlocutores e parceiros (alunos, familiares, comunidade acadêmica etc.). [...] Nosso sonho é preparar seres humanos que vibrem com os valores do Evangelho (independente do credo que professem ou não) e que busquem encarná-los em suas vidas: amor ao próximo, respeito, empatia, generosidade, espírito de partilha. 3. Que tenha impregnados os elemen-
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tos carismáticos em seu núcleo decisório – Antes de cada decisão importante e fundamental, Jesus colocava-se em profunda oração e buscava realizar um discernimento acurado a fim de permanecer fiel aos desígnios do Pai. [...] Sei do desejo e da sede que todos aqui possuímos em beber do carisma franciscano para fazê-lo cada vez mais presente e manifesto em nossos encaminhamentos e decisões, como força motriz de todas as nossas iniciativas. 4. Que busque posicionar-se de forma criativa e caritativa diante dos apelos e desafios do mercado – Infelizmente não é de hoje que temos notado um movimento predatório no mercado da educação particular. [...] Diante deste cenário, conciliar respostas eficientes e que estejam em consonância com os valores que desejamos ter na base de nossas iniciativas trata-se de tarefa heroica. [...] O mais importante é mantermos os olhos e os ouvidos bem atentos, as mãos dispostas a trabalhar e os pés em prontidão para caminhar, sempre juntos....”. A Conferência “O mundo religioso e a educação”, ministrada por Frei Volney José Berkenbrock – Frei Volney propôs-se a desenvolver uma leitura do significado de religião ao longo do tempo e seu (não) lugar na sociedade (pós)moderna/contemporânea, tentando aplicar tal leitura
à realidade da educação. Privilegiou aspectos no decorrer de sua excelente abordagem, dentre os quais aqui menciono três deles: 1.º) O significado etimológico de religião, não obstante a problemática que historicamente foi se instaurando em torno do referido termo (religio, religare, relegere,...). Afirmou Frei Volney que as religiões são compreendidas, antes de tudo, como sistemas de sentido e de sabedoria da humanidade; 2.º) Em dado momento, Frei Volney fez menção à “Sociedade do Cansaço” (obra de Byung-Chul Han), bem como à mudança da “Sociedade Disciplinar” (controlada pela negatividade) para a “Sociedade do Desempenho Individual” (fascinada pelo resultado individual): “seja você mesmo!”, “atinja seus objetivos!”, “planeje seu sucesso!”, “descubra suas potencialidades!”, “prepare-se para o futuro!”; 3.º) Acentuou a ideia de educação como uma atividade ligada à experiência e ao cultivo do cuidado do outro. O Seminário com base nos Documentos da Igreja e da Ordem – Após um breve plenário e intervalo, reali-
zou-se seminário com todos os participantes no Encontro Ampliado a partir de um subsídio a conter onze breves textos sobre educação, previamente selecionados de Documentos da Igreja e da Ordem. O Contexto atual – Identificou-se um acentuado pluralismo cultural-religioso, um cenário multifacetado, em constante mudança, atravessado por múltiplas crises, portador, inclusive, de um humanismo decadente. A Escola/A Universidade – Com base nos Documentos da Igreja e da Ordem, percebeu-se que a escola é um dos ambientes educativos no qual se vai para crescer, para aprender a ser magnânimo, a ter grandeza de alma e a fazer o bem. Ela ajuda não somente no desenvolver a inteligência dos alunos, mas oportuniza uma formação integral. Observou-se que a Universidade tem a responsabilidade de manifestar, antes de tudo, uma presença viva do Evangelho nos campos da educação, da ciência e da cultura. A Universidade é o lugar da elaboração do saber, da formação para a cultura da proximidade e da solidariedade. O ofício e a formação docente – “Se um professor não está aberto para aprender, não é um bom professor, e nem sequer é interessante”, afirma o Papa Francisco. Ensinar exige oportunizar aos alunos uma presença docente impregnada de alma, de amor, de sensibilidade, de comprometimento, de humildade, de espírito criativo, de ousadia empreendedora, de prudência, de sabedoria, de atitude dialógica e de doação. Ensinar é uma atitude, um modo de ser que implica em sair de si mesmo, estar em meio aos alunos e acompanhá-los nas etapas de seu crescimento, dando a eles esperança, ensinando-os a ver a beleza e a bondade da criação, tal como tem feito Peter Tabichi, frade franciscano do Quênia, escolhido como o melhor professor de 2019, anunciado como o grande vencedor do Global Teacher Prize. As tratativas com os alunos, pastoral escolar-universitária e a ideia de educação integral na perspectiva católica e franciscana – A pessoa se revela como um núcleo de relações com a natureza, com os seres humanos, com Deus e consigo mesma. É, por essas e outras NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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razões, que é ela um ser único e irrepetível, uma unidade integral de múltiplas dimensões, um ser histórico que se constrói no marco da liberdade e da responsabilidade. “Vale, e muito, ensinar a viver bem, a realizar uma existência que tenha sentido, entusiasmo, alegria e esperança”, recomenda o Papa Francisco. As atividades da tarde tiveram o seu encerramento com a brilhante apresentação do coral dos Meninos Cantores de Petrópolis aos participantes na Igreja do Sagrado Coração de Jesus. A mesa redonda sobre Educação, Mercado e Identidade Franciscana das Instituições de Ensino da Província – As atividades da manhã de 20 de setembro tiveram início com um momento de oração preparado pelo Frei Marcos A. de Andrade e um grupo de Frades estudantes de Teologia do ITF. Em seguida, ocorreu a referida mesa-redonda mediada por Frei Gustavo e ministrada por Frei Gilberto Gonçalves Garcia (Reitor da USF) e por Jorge A. Siarcos (Reitor da FAE Centro Universitário). Em um primeiro momento, Frei Gilberto fez memória de diversas etapas históricas a respeito do ensino confessional católico no Brasil, tais como: A era da Missão (séc. XVI a séc. XVIII); A Era da Missão do Período Pombalino até o Final do Império; A Era da Expansão (República Velha); A Era da Consolidação (Estado Novo até anos 70); A Era do Mercado (a partir dos anos 80). Em relação aos atuais desafios da educação católica, Frei Gilberto realçou a necessidade crescente do protagonismo do laicato na escola e universidade católicas. Com relação à Identidade Franciscana nas Instituições de Ensino da Província, convidou a todos a considerar o que as referidas Instituições já sistematizaram enquanto missão a ser alcançada: Missão do Colégio Bom Jesus – Promover a formação do ser humano e a construção de sua cidadania de acordo com os princípios cristãos, sob inspira-
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ção de Francisco de Assis, produzindo, sistematizando e socializando o saber científico, tecnológico e filosófico. Missão da FAE Centro Universitário – Educar para a promoção de uma sociedade justa, sustentável e feliz. Missão da Universidade São Francisco – Educar para a paz e o bem, com excelência acadêmica, pluralismo, inovação e sustentabilidade. Missão do Instituto Teológico Franciscano – Produzir e difundir conhecimento, a partir do carisma franciscano e do diálogo entre fé e ciência, através do ensino, da pesquisa e da extensão comunitária, promovendo valores teológicos, religiosos, culturais e sociais junto aos discentes, leitores e agentes pastorais. Sinalizou Frei Gilberto para a importância de se promoverem iniciativas que – de acordo com as Diretrizes Públicas e Princípios para a Extensão nas Instituições – expressem o compromisso social das instituições de ensino com todas as áreas, em especial, as de comunicação, cultura, diversidade étnico-racial, direitos humanos e justiça, meio ambiente, saúde, tecnologia e produção, e trabalho, entre outras.
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O Reitor da FAE Centro Universitário, Jorge A. Siarcos elencou – por meio de vários indicadores econômicos e educacionais – as principais preocupações, os cuidados que se fazem necessários, assim como os desafios cotidianos em termos de gestão das Instituições de Ensino que a Província encontra. Citou que dos 800 brasileiros entrevistados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em 2019, 26% deles disseram estar pessimistas com relação ao futuro da economia no Brasil. Entre as causas de tal pessimismo estão: a falta de percepção de melhora com relação ao problema do desemprego; os altos preços; a discordância com relação às medidas econômicas adotadas pelo atual governo; e o medo com as instabilidades políticas. Disse que a crise econômica e a redução de investimentos governamentais têm aumentado a dificuldade de acesso à Educação Superior de uma significativa parcela da população. Demonstrou Jorge, com base em alguns indicadores econômicos que, não obstante um cenário econômico de cri-
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se, as Instituições de Ensino da Província conseguiram crescer 4% de modo sustentável nos últimos meses em termos de número de alunos. Informou que o Bom Jesus tem proporcionado – de acordo com critérios específicos – descontos e bolsas parciais e integrais a alunos do segmento do Ensino Fundamental e do Ensino Médio oriundos de famílias de baixa renda, chegando a beneficiar um total de 10.764 alunos em 2018. Com relação aos Programas de Inclusão no Ensino para alunos provenientes de famílias de baixa renda, demonstrou que a FAE Centro Universitário beneficiou 638 alunos em 2018 e, neste mesmo ano, a Universidade São Francisco beneficiou 3.269 alunos. Jorge atribuiu a possibilidade tanto de oferecer como de manter os referidos Programas de Inclusão no Ensino nas Instituições de Ensino da Província a vários fatores: a gestão colegiada das atividades acadêmicas, a vigilante gestão administrativa às quase que diárias oscilações econômicas, a formação franciscana continuada que é oportunizada para os colaboradores e alunos, a clareza da proposta pedagógica, os projetos sociais que são desenvolvidos por frades, professores e alunos em benefício dos menos favorecidos, entre outros. Contribuições dos participantes para a elaboração de um texto ‘mártir’ – Tal como a equipe simplificada de Leigos e Frades da Frente de Evangelização da Educação havia sugerido, logo no início das atividades da
manhã de 20 de setembro foi proposto a cada participante que contribuísse para a elaboração de um texto ‘mártir’ com base em duas questões, a saber: 1.ª) o que nós, educadores franciscanos, queremos com a educação? 2.ª) O que nós, educadores franciscanos, temos a dizer diante do cenário nacional e internacional? Ao ler as contribuições recebidas por escrito dos participantes, logo fui percebendo que elas estavam a convergir, não para a composição de um texto em si, mas para oito proposições: 1. Continuar investindo na formação integral embasada nos valores franciscanos dos colaboradores e alunos em vista da construção de uma sociedade mais tolerante, pacífica e justa. 2. Fortalecer o trabalho em rede entre as Instituições de Ensino da Província. 3. Perceber o quanto a família está de certa forma acuada e fragilizada ante os inúmeros desvalores da sociedade tecnológica atual.
4. Privilegiar em termos de cuidado o contingente de alunos que tendem à prática do suicídio e/ou à automutilação. 5. Participar mais direta e ativamente da elaboração e gestão das políticas públicas. 6. Atentar para a necessidade de não se furtar ao enfrentamento de fatos que atentam contra a vida e que acabam sendo ‘naturalizados’. 7. Disseminar conteúdos programáticos atrelados aos valores franciscanos, tais como o respeito ao próximo, o cuidado da natureza, a defesa dos direitos humanos, a prática do voluntariado, o empreendedorismo para a melhoria da qualidade de vida dos menos favorecidos. 8. Ajudar nossos alunos e colaboradores a construir um projeto de vida alinhado ao carisma franciscano. Duas são, a princípio, as atividades previstas para 2020, envolvendo Leigos e Frades que atuam pela Frente de Evangelização da Educação da Província: 1. Refletir e avançar com relação ao Protagonismo dos Leigos nas diversas atividades das Instituições de Ensino e, concomitantemente, 2. Iniciar as tratativas de atualização do Plano de Evangelização da Província no que diz respeito à Frente da Educação. O Encontro Ampliado da Frente de Evangelização da Educação da Província encerrou-se com o almoço oferecido pelo Convento do Sagrado Coração de Jesus. Aproveito para agradecer a todos que se fizeram presentes e que, de uma forma ou de outra, contribuíram para o alcance dos objetivos previamente delineados para tal Encontro.
Frei Claudino Gilz COORDENADOR DA FRENTE DE EVANGELIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
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Transformação digital é tema de encontro acadêmico da FAE
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rês dias de workshops, visitas técnicas, rodas de conversa, troca de ideias com profissionais do mercado, atrações culturais, palestras e atividades. Assim foi o FAE Completa 2019, o encontro acadêmico da FAE que reuniu, aproximadamente, 700 estudantes nos campi de Curitiba e São José dos Pinhais. Com o tema “Transformação Digital”, o evento convidou alunos de todos os cursos de graduação e pós-graduação, comunidade e funcionários a conhecer mais sobre o tema, se atualizar e trocar conhecimento. Foram mais de 100 atividades nos dias 1.º, 2 e 3 de outubro. Na FAE São José dos Pinhais, foi realizado um concurso de bolsas de estudo de até 50%. “Saber transitar entre diferentes áreas do conhecimento é uma habilidade muito desejada em um mer-
cado cada vez mais desafiador. Nesse sentido, o encontro acadêmico FAE Completa é mais uma oportunidade da Instituição para que nossos alunos
Alunos de Direito da FAE arrecadam itens de higiene para detentas
No mês de outubro, os alunos do curso de Direito da FAE Centro Universitário arrecadaram itens de higiene para mais de 200 detentas da Cadeia de Rio Branco do Sul, que enfrentam condição de extrema vulnerabilidade e privação por ausência de assistência adequada. Essa ação é parte da aprendizagem na disciplina de Direito Ambiental e contou com o apoio da Pastoral Universitária.
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troquem experiências de dentro e de fora da sala de aula”, explica o reitor da FAE Centro Universitário, Jorge Apóstolos Siarcos.
Dia das Crianças mais doce
Centenas de crianças em situação de vulnerabilidade social em São José dos Pinhais (PR) e cidades próximas tiveram um Dia das Crianças mais alegre! Alunos voluntários da FAE Centro Universitário arrecadaram doces nos meses de setembro e outubro para ajudar na missão de instituições beneficentes da região.
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MEC avalia FAE Centro Universitário com nota máxima de qualidade de ensino
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nstituição conquistou recredenciamento com nota 5 após avaliação presencial de seus campi por equipe técnica do Ministério da Educação. Regularmente, todas as Instituições de Ensino Superior (IES) credenciadas pelo Ministério da Educação (MEC) passam pelo recredenciamento, um processo altamente rigoroso que verifica a qualidade de ensino superior. Em setembro, os campi da FAE Centro Universitário em Curitiba, São José dos Pinhais e Araucária foram avaliados por uma equipe técnica enviada pelo MEC, que emitiu o recredenciamento da FAE com pontuação 5 – nota máxima de qualidade de ensino no indicador Conceito Institucional (CI). A Comissão de Avaliação do MEC interagiu com toda a comunidade acadêmica da FAE (Comissão Própria de Avaliação, técnicos administrativos, professores, alunos, coordenadores e lideranças acadêmicas). Nesse processo, foram avaliados indicadores de cinco grandes áreas: Planejamento e autoavaliação; Políticas de desenvolvimento; Políticas e ações de ensino, pesquisa, extensão; Políticas e ações de gestão; e Infraestrutura. Para o pró-reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão, Everton Drohomeretski, o resultado posiciona a FAE como uma das IES mais inovadoras e empreendedoras do Brasil. “O nosso esforço acadêmico é no sentido de oferecer soluções para problemas do mundo do trabalho e da sociedade com um ensino de excelência na graduação, na pós-graduação, na educação executiva e também por meio de pesquisas e
projetos de extensão universitária”, explica. De acordo com o reitor da FAE, Jorge Apóstolos Siarcos, esse resultado é uma consequência do engajamento de todos os funcionários e alunos da FAE e das decisões estratégicas da Instituição em prol da modernização do ensino. “A FAE tem a tradição de estar sempre próxima da comunidade e do mercado, observando quais são as principais demandas que precisam ser supridas e, ao trazer essa informação para dentro da academia, conseguimos construir cursos, serviços e soluções que realmente fazem a diferença na vida das pessoas”. O reitor ainda destaca alguns importantes diferenciais da FAE que são percebidos pela comunidade acadêmica e sociedade em geral: Infraestrutura moderna de nível internacional; Ações institucionais de estímulo ao desenvolvimento empreendedor e sustentável;
Programas de inovação com ações intercursos e organizações parceiras do mundo do trabalho (FAE Incentiva, Workatona, Cia. Hering no Foco, SpeedFAE Eco, etc.); Cursos internacionais e programas de internacionalização (mobilidade estudantil, dupla diplomação etc.); Promoção do desenvolvimento socioeconômico da comunidade por ações de extensão e pela participação em órgãos de planejamento da gestão urbana (como o SJProspera); Cursos inovadores de graduação e de pós-graduação; Programas de bolsas acadêmicas para alunos FAE com oferta de descontos nas mensalidades dos alunos selecionados como: Programa Institucional de Monitoria – PIM, Programa de Iniciação Científica – PAIC, Programa de Excelência Acadêmica - PEA para o curso de Direito; e o Prêmio Francisco de Assis.
Juliano Zemuner NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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Tempo Franciscano 2019
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Espírito de Assis – Fonte de paz, de diálogo, de tolerância e de alegria há mais de 800 anos” é o tema do Tempo Franciscano 2019. O projeto pedagógico foi desenvolvido em todas as Unidades do Colégio Bom Jesus ao longo desse ano e culminou com diversas atividades comemorativas em outubro, o mês de São Francisco de Assis. A ação é realizada anualmente durante as aulas de Ensino Religioso e envolve alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio, familiares, funcionários administrativos e professores. Os encaminhamentos do projeto foram inspirados nas atitudes diárias de São Francisco e incluem atividades diversas, como montagem de painéis de fotos, orações, reflexões, jogos, canções franciscanas, declamação de poesias, entre outras. Por meio de cada uma das atividades desenvolvidas, alunos e colaboradores foram convidados a servir cada pessoa com alegria, tolerância, paz e humildade a exemplo de São Francisco de Assis.
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Na primeira quinzena de outubro, o Colégio Bom Jesus também promoveu momentos comemorativos em homenagem ao Dia do Professor. Nessas oportunidades, os estudantes presentearam os seus mestres com dedicatórias em forma de cartão e apresentaram algumas das atividades desenvolvidas durante a realização do Projeto Tempo Franciscano, como
canções, danças, poema e apresentação musical. Outra ação tradicional que celebrou o santo protetor dos animais foi a bênção dos animais de estimação trazidos pelos familiares dos alunos. Esse momento também serviu de reflexão sobre o cuidado com a natureza e com todos os seres que nela habitam.
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Mês da Bíblia termina solene com concerto do Coral das Meninas dos Canarinhos
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m procissão, com velas nas mãos, as meninas do Coral dos Canarinhos de Petrópolis (RJ) deram início ao Concerto “Mês da Bíblia”, no sábado (28/9), na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, entoando a composição gregoriana “Ubi Caritas”, de Jacques Berthier. Sob a regência do maestro Marcelo Vizani, o evento beneficente foi realizado em prol da manutenção do Instituto dos Meninos Cantores de Petrópolis (IMCP), que oferece aulas gratuitas para os músicos, e da continuação do restauro do órgão de tubos da centenária Igreja do Sagrado. O pároco Frei Jorge Paulo Schiavini acolheu a todos e explicou que o Concerto foi preparado a partir da 1ª Epístola de São João, tema que serviu como base de estudo para todo mês de setembro, o mês da Bíblia. A reflexão é proposta anualmente pelo Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos de Minas Gerais (MG) e é abraçado por toda a Igreja do Brasil. “Que possamos aproveitar esse momento como um aprofundamento de nossa fé e, da mesma forma, que possamos louvar a Deus pela arte do canto”, desejou Frei Jorge, agradecen-
do a todos pela generosidade e fidelidade nas doações para o restauro do órgão. Frei Marcos Andrade, diretor do IMCP, explicou que há anos tem-se o costume de realizar concertos espirituais. “O objetivo principal é a evangelização através da música”, revelou o frade. “O Concerto ‘Mês da Bíblia’ contribui para transmitir o conteúdo da Epístola de São João de forma sintética e, com toda certeza, a música dá o toque de reflexão e meditação destes textos, que são muito ricos e espirituais”, refletiu o frade, que também é músico. O repertório apresentou canções como “Ubi caritas”, de Jacques Berthier, e “O Nata lux”, de John J. Brackenborough. O grupo também apresentou: “O sacrum convivium”, do maestro Marco Aurélio Lischt; “The Lord is my shepherd”, de Randall Thompson; e “Salmo CL”, de Ernani Aguiar; “Kyrie”, de Gabriel Rhinberger; “Memorare”, de Henrique Oswald; “Ave Maria”, de Giovanni Palestrina; “The Lord Bless you and keep you”, de John Rutter; e “Pater Noster”, de Franz Liszt. A apresentação musical foi inter-
calada com textos da Epístola de São João, lidos pelas próprias meninas cantoras. Além disso, o Concerto contou com a presença da pianista, cravista e compositora Elisa Wiermann, que abrilhantou a noite. O roteiro do Concerto foi pensado pelo experiente professor e assessor pedagógico do Grupo Educacional Bom Jesus de Petrópolis, Nilson Tassi. Para ele, o trabalho principal foi resumir a Epístola de São João escolhendo as partes principais da obra. Segundo ele, o desafio foi transformar a linguagem em uma forma coloquial. Segundo o maestro Marcelo Vizani, todo o repertório foi pensado e voltado para a oração e reflexão. “Estamos todos emocionados com o resultado”, disse o maestro, afirmando que o Concerto já vinha sendo preparado há mais de um mês e meio. O público, bastante eclético, lotou a Igreja do Sagrado e viu o encerramento do concerto com chave de ouro: as meninas entoaram o “Salmo Cl”, de Ernani Aguiar. Elas emocionaram e ganharam aplausos por um bom tempo.
Frei Augusto Luiz Gabriel NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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“Filho Pródigo” é tema de Retiro Universitário da USF
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Pastoral Universitária da Universidade São Francisco (USF) promoveu, no sábado, 5 de outubro, o 6º Retiro Universitário na Fazenda Santa Cristina, em Bragança Paulista. O tema central do encontro foi “A Volta do Filho Pródigo”, com momentos de estudo do tema bíblico, reflexão individual e muita convivência fraterna. O mestre em espiritualidade franciscana, Frei Vitório Mazzuco, dirigiu o retiro, mostrando que perdoar é devolver os dons. “Perdoar, mais do que desculpar, reconciliar, eximir da culpa, significa: devolver os dons, mostrar quem e o que se é, mostrar as forças dos valores que nos habitam”. Também ressaltou a importância do abraço, tão significativo e simbólico dentro da parábola do Filho pródigo, afirmando que “um abraço transmite força na
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hora da fragilidade, o abraço é uma bênção, um abraço de perdão perdura para sempre”. Por fim, possibilitando um momento de reflexão pessoal, convidou os participantes a examinarem e se lerem em cada um onde está o filho mais novo, o filho mais velho e o pai pleno de prodigalidade e misericórdia. O encerramento do retiro foi através da celebração da Santa missa, presidida por Frei Alvaci Mendes da Luz, que enfatizou em sua homilia o grande protagonismo do Pai, com o seu abraço acolhedor e atitude de misericórdia. Também ressaltou a importância do retiro, através do retirar-se a um lugar como a fazenda para refletir e estar em contato com a natureza. “O retiro foi maravilhoso, as leituras, reflexões intercaladas com cânticos e momentos de partilha tornaram a convivência desse Retiro muito proveitosa. Impossível sair dele igual
entramos. Uma das muitas lições que pudemos tirar do tema é que existe um Pai muito amoroso sempre à espera do nosso retorno quando Dele nos afastamos”, avaliou Leandro Tavella, aluno do 10º semestre de Direito. “Foi muito bom participar do retiro. Um dia para refletir, contemplar, conhecer a si e aos outros. Gratidão!”, observou Nádia Nara de Godoy Pezendi, aluna da Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação. Para Giovanna Catarochi Pedrialli, aluna do 10º semestre de Arquitetura e Urbanismo, o retiro universitário foi muito especial. “Foi muito bom ouvir e refletir sobre a parábola do filho pródigo, o perdão e misericórdia de Deus. Ainda mais em lugar tão lindo e em contato com a natureza!”.
Pastoral Universitária
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Jornada da Criação chega a Luanda
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Comissão Episcopal de Justiça e Paz e Migrações da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), a partir da Jornada Mundial da Criação, que vai de 17 de setembro a 4 de outubro, realizou no sábado (21/09) uma caminhada com o lema: “Protegendo a teia da vida”, em Luanda, com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre o cuidado com a mãe natureza. Cerca de 200 pessoas, de várias partes da cidade capital, envolveram-se na caminhada, marcada pela presença de crianças bem como de idosos, alguns com cartazes nas mãos, outros com sacolas. Também participaram sacerdotes, frades franciscanos, escoteiros, representantes de algumas igrejas cristãs ligadas à Conferência das Igrejas Cristãs de Angola (CICA) e distintas entidades locais, como a Polícia nacional e re-
presentantes da empresa pública de coleta do lixo da cidade de Luanda (Elisal). Às 9h30 teve início o evento com as boas vindas e apresentação do programa. Segundo um dos organizadores, Cornélio Bento, esta atividade também está em comunhão com os demais países que já realizaram, na sexta-feira (20), atividades pelo Planeta. Após este momento, Frei João Alberto Bunga fez a oração inicial precedida pelo cântico “Louvado sejas meu Senhor”, onde se reverencia nas criaturas e o Criador. Ele destacou que o homem foi criado por Deus para proteger o ambiente e, por isso, somos “os administradores dessa criação”. As atividades foram intercaladas com momentos de orações e cânticos religiosos-ecológicos. Quando o relógio marcava 10h10, a marcha chegou ao Hotel Marinha Casino, em frente
à Paróquia Nossa Senhora do Cabo, onde, no seu auditório, assistiu-se ao vídeo do Papa Francisco para o mês, que chama a atenção sobre o cuidado da criação, como enfatiza na Encíclica Laudato Si’, e também outros curta metragens sobre os desafios ambientais. Posteriormente, mostrou-se algumas imagens locais críticas sobre o ambiente. No retorno, as pessoas foram à beira do mar, onde, divididos em grupos, recolheram o lixo. Chegou-se ao ponto de partida às 12h30 e, finalmente, a Comissão organizadora agradeceu aos presentes e, em seguida, o frade franciscano deu a bênção final a todos, e depois se seguiu um pequeno momento recreativo.
Frei Abel Ndala Sahuma Nganji e Frei Eduardo Camunha
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Grün no Brasil
Espiritualidade e trabalho
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monge beneditino Anselm Grün partiu da Regra de São Bento para explicar, na sua palestra na noite de quinta-feira (26/8), que trabalho e espiritualidade andam juntos. “A oração me leva até a fonte do Espírito Santo, mas o trabalho é um teste para eu ver se a forma como eu rezo está correta ou não”. Grün pediu uma nova cultura no mundo do trabalho e essa responsabilidade cabe a cada um. No encontro no Teatro Mazzarello, no bairro de Santana, em São Paulo, a Editora Vozes trouxe Anselm Grün para falar do tema “trabalho e espiritualidade” e o também o monge beneditino Zacharias Heyes abordou o tema do seu último livro “Como encontrar Deus”. Nesta volta ao Brasil, Grün e Heyes estiveram também em Petrópolis, Niterói e Belo Horizonte, Curitiba e Campinas. Em sua última visita, em setembro de 2016, recebeu um público de cerca de 3 mil pessoas para suas palestras e não foi diferente esta vez. Cabelos longos e barba grisalha, aos 74 anos, Grün fundamentou sua fala no seu mais novo livro pela Editora Vozes: “Viver, não apenas no final de semana – O trabalho como realização pessoal”. Para o monge, com o trabalho participamos do poder criador de Deus. “O sentido do nosso trabalho consiste em tornar este mundo mais habitável, em proteger e cuidar do jardim deste mundo para que os seres humanos que vivem nesse jardim possam se alegrar e desfrutar sua beleza. Naturalmente também se trata de ganhar o sustento da própria vida”, disse, explicando que “vocacionar provém de chamar” e Deus chama o ser humano. “Na sua essência mais íntima, ele é alguém chamado. Deus o chama para que ele responda. O ser humano responde com sua existência. Às vezes, a profissão é resposta ao chamado de Deus. Toda profissão tem a ver com vocação. Quem ama a sua profissão se sente chamado para ela, seja como trabalhador braçal, seja como médico, como terapeuta, como enfermeiro, etc.”, acrescentou o autor, que já vendeu mais de um milhão de exemplares no Brasil. Para ele, devemos estar dispostos a escutar e o
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fato de haver um chamado será sempre uma graça. Mas ressalvou: “Devemos distinguir muito bem entre o chamado que vem do superego e o que realmente vem de Deus”. Ele lembrou que pesquisas sobre a economia empresarial mostraram que a união de “ora et labora”, da Regra de São Bento, também é significativa na esfera secular do trabalho. “Um mestre de noviços sabe se o noviço realmente está procurando Deus: Se ele é zeloso no culto, se é capaz de se desenvolver na comunidade e se ele está disposto a ser desafiado no trabalho. Uma vez, um jovem me procurou porque queria entrar no mosteiro. Mas ele dizia: ‘Eu sou um cara contemplativo. O máximo que consigo trabalhar no dia é três horas’ (risos). Isso nada tem a ver com a espiritualidade. Isso é girar em torno de si mesmo. Uma oração correta nos conduz para o trabalho”, observou. “Eu conheço muitas pessoas religiosas que usam a espiritualidade para se esquivarem do trabalho. A psicologia chama isso de ‘fuga para a grandiosidade’”, emendou, frisando que persistência e disciplina são atitudes absolutamente necessárias no trabalho. Na oração - assinalou Grün -, você precisa da postura de entrega a Deus. “Devo fazer a mesma coisa com trabalho. Devo me entregar ao trabalho. E também no trabalho devo esquecer meu ego e parar de me perguntar: será que os outros estão vendo o que estou fazendo?”, ensinou. Grün também disse que a oração exige humildade. “Ter coragem de descer para a sua própria realidade. E também no trabalho devemos nos dedicar a coisas simples. São Bento diz que o objetivo de tudo o que fazemos é que Deus seja glorificado. Mas escreve isso não no capítulo sobre a oração, mas no capítulo sobre o trabalho”, contou. Grün, que é monge há mais de 55
anos, achava que quando ingressaria na vida religiosa teria força e coragem para superar todas as dificuldades. Mas, segundo ele, não demorou muito e caiu numa crise profunda. “Descobri que todos os meus inimigos - medos, neuras, inveja - tinha que transformá-los em amigos. Em cada uma das emoções encontrar um sentido. Eu preciso reconhecer essas emoções para que se tornem amigas. Os padres do deserto dizem que não somos responsáveis pelas emoções que surgem den-
bom andamento do trabalho não depende só de questões internas. “As próprias empresas têm de garantir que as condições de trabalho sejam boas”, disse, contando que há nove anos, um jovem dono de uma cadeia de hotéis, resolveu fazer uma pesquisa entre os seus funcionários para descobrir o que eles achavam dele. Os resultados foram catastróficos: era o pior chefe para eles. “Ele levou isso muito a sério e nos procurou no mosteiro, participou de muitos cur-
tro de nós. Mas somos responsáveis pelo que fazemos com essas emoções. Por exemplo. Uma irritação com um erro de um colega acabamos levando para casa e por causa dela se fica travando um diálogo consigo mesmo. Repetindo o tempo todo ‘como essa pessoa é ruim’, e permitindo, com isso, que a pessoa que te irritou te domine cada vez mais”, contou, dizendo que é preciso perguntar pelo sentido da irritação. “A irritação é sempre um sinal de que alguém invadiu os meus limites”, acrescentou. Grün, contudo, lembrou que o
sos e mudou a cultura na sua firma. ‘Antigamente, usava os funcionários para alcançar as minhas metas, mas agora não quero desenvolver a firma, mas os meus funcionários’, dizia. Isso causou uma transformação surpreendente na empresa e levou a um filme que foi para os cinemas, chamado ‘A revolução silenciosa’. E mais de 50 mil executivos assistiram a esse filme”, contou. “Esse filme gerou um movimento na Alemanha e conscientizou os executivos de que nós precisamos parar de partir de números e, sim, partir do ser humano”, ensinou. NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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EVANGELIZAÇÃO
ENCONTRO COM DEUS
Zacharias Heyes enfatizou na sua fala o ser humano como imagem de Deus e o encontro de Deus no outro. Segundo ele, a proposta de seu livro é que o público reconheça que, para encontrar Deus, é preciso procurar o ser humano e a si mesmo. “As pessoas sempre me perguntam ‘Por que Deus me faz passar por isso?’. Eu sempre respondo: eu não tenho a resposta para essa pergunta, mas quero dizer a você que tenho certeza que Deus está te acompanhando enquanto você atravessa essa situação. E Ele te dá força para isso”, disse, ensinando a ter essa atitude quando se está também na velhice: “Mais importante é olharmos no espelho sem julgarmos o que vemos e dizer a esse rosto que é uma imagem única e singular de Deus”. Heyes propôs olhar para outro sem julgar, criticar, mas ver uma imagem de Deus. “É um desafio excitante. São esses pensamentos que
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Teobaldo Heidemann
desenvolvo em meu livro porque é importante reconhecer os traços que Deus deixa neste mundo. É importante descobrirmos como ele nos ergue e nos dá estabilidade. E deixa claro que cada um de nós é precioso para ele. Eu também tento encontrar uma resposta à pergunta como isso pode se tornar concreto no dia a dia e o que isso significa para a Igreja de hoje. Eu acredito que a Igreja tem que ir até a
pessoa. A minha convicção é que a pessoa que quer encontrar Deus deve procurar o ser humano”, completou. Heyes também é monge da Abadia de Münsterschwarzach, perto de Würzburg, na Baviera. Estudou Teologia em Münster e em Würzburg, e por muitos anos esteve envolvido no trabalho com jovens e professores religiosos do mosteiro e conselheiros escolares. Teobaldo Heidemann, coordenador nacional de vendas da Editora Vozes, fez os agradecimentos: “A gente agradece a confiança que Anselm e Zacharias nos deram ao estarem conosco durante esta semana. Também agradecemos a vocês, que se dispuseram a estar aqui para fazer essa experiência feliz entre autor e leitor. Muito obrigado!”. O encontro teve como tradutor Marcos Heddiger. O encontro terminou com um momento de oração, conduzido por Grün.
Moacir Beggo
EVANGELIZAÇÃO
Frei Nilo Agostini publica dois novos livros
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os 30 anos de seu doutorado em Teologia, defendido na Universidade de Ciências Humanas de Strasbourg, França, Frei Nilo lança mais um livro em Teologia intitulado Moral Fundamental, pela Editora Vozes. Este livro faz parte da coleção Iniciação à Teologia. Veja a descrição da obra: O atual contexto histórico-social passa por grandes transformações. Enquanto pessoas de fé, nossa missão de cristãos é a de acompanhar atentamente as mudanças em curso e buscar respostas à altura dos desafios de nosso tempo. Apresenta-se o desafio de formar sujeitos éticos, capazes de identificar os engajamentos morais nos níveis pessoal e social. Este livro leva-nos a conhecer a riqueza que brota de nossas raízes cristãs, tão bem guardadas e cultivadas pela Igreja Católica, segundo a experiência percorrida e vivenciada a partir do Concílio Vaticano II. Traça uma fundamentação bíblico-teológica consistente, buscando captar o convite de Deus, acolher a proposta de Jesus Cristo e viver na força do Espírito Santo. Estabelece uma visão integral do ser humano, inclui a natureza, enfatiza o lugar da consciência moral e move-nos em favor da vida. Frei Nilo lança, ao mesmo tempo, um livro na área da Educação, fruto de seu pós-doutorado feito na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com estágio na Escola de Altos Estudos de Paris (Sorbonne), no segundo semestre de 2017 e primeiro semestre de 2018. Descrição da obra: Esta obra recolhe os desafios apresentados por Paulo Freire e Walter Benjamin à educação. Seguindo o legado deixado por ambos, assume um olhar crítico em meio às contradições de nossa sociedade. Isso representa “escovar a história a contrapelo”, segundo Benjamin, e uma história escrita a partir dos “esfarrapados do mundo” ou “demitidos da vida”, segundo Freire. A partir de uma acurada pesquisa biobibliográfica, traça os eixos em torno dos quais condensa a contribuição dos autores estudados. Apresenta a história a partir dos vencidos e demitidos da vida; estuda a religião em Benjamin e Freire; identifica a apropriação que ambos fizeram do marxismo e do materialismo histórico; e decifra a contribuição dos autores para o campo da educação. Frei Nilo Agostini é professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu da Universidade São Francisco (USF), membro do Comitê de Ética em Pesquisa da mesma Universidade, líder do grupo de pesquisa “Educação e Ética: aproximações, convergências, transversalidades” e vice-líder do grupo de pesquisa “TCTCLAE - Teoria Crítica e Teorias Críticas Latino-Americanas e Educação”. Distingue-se por sua produção também de artigos científicos em revistas com Qualis A1 e A2, entre outras. NOVEMBRO DE 2019 – COMUNICAÇÕES
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EVANGELIZAÇÃO
Paróquias e Santuários do Sul fazem encontro da Frente em Blumenau
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hegamos dia 23/09, segunda-feira para o almoço. Tudo em ordem. A acolhida e a apresentação da agenda do encontro feita por Frei Nelson José Hillesheim, pároco e reitor do Santuário Nossa Senhora Aparecida de Blumenau, responsável pelo encontro, juntamente com o Definidor Frei Daniel Dellandrea e Frei Carlos Ignácia. “Temos que agradecer, em nome de toda a Província Franciscana, por todo o empenho dos leigos e jovens nos trabalhos com nossos frades nas mais diversas paróquias e santuários. E como o Papa Francisco pede, “mantenham a esperança viva para que possamos somar, enquanto igreja, neste anúncio da alegria do evangelho. Contamos sempre com o apoio de vocês e, principalmente, com a oração de vocês”. Esse foi o recado de acolhida de Frei Daniel Dellandrea, Definidor do Sul da Província da Imaculada Conceição do Brasil. O encontro teve a participação de 65 leigos, mais os frades envolvidos na Frente de Evangelização das Paróquias e Santuários. Participaram os Regionais do Planalto Catarinense, Leste Catarinense, Médio e Alto Vale do
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Itajaí, além de Curitiba, que aconteceu nos dias 23 e 24 de setembro de 2019, na casa São José, de Vila Itoupava, em Blumenau (SC). Aliás, uma casa adequada e cuidada para encontros: o ambiente da casa, a natureza, jardins, a comida, a colhida, a qualidade da organização do encontro. Parabéns, Frei Nelson. Sim, tudo levou à inspiração, à reflexão, à convivência e à contemplação da natureza. Expressão ouvida muitas vezes durante o encontro: “É muito bom estarmos aqui”! A oração inicial foi realizada pelo Frei Evandro Balestrin e equipe da Paróquia Santo Estêvão, de Ituporanga. Na sequência, todas as paróquias e santuários participantes do encontro tiveram um espaço para apresentar os trabalhos realizados em suas cidades. Ao todo, 11 cidades estiveram representadas: Blumenau, Gaspar, Rodeio, Angelina, Curitibanos, Lages, Ituporanga, Curitiba, Balneário Camboriú, Santo Amaro da Imperatriz e Florianópolis. Foi muito significativa essa partilha. Pudemos sentir o quanto é feito na evangelização, na ação social, na diversidade de pastorais e movimentos envolvidos. Constatou-se, também, como destaque dos leigos, a
riqueza da espiritualidade franciscana e a dedicação dos frades no Serviço da Evangelização. Uma paróquia e um santuário franciscano têm espírito diferente que atrai e qualifica tudo. Após essa troca de experiências, Dom Rafael Biernaski, bispo de Blumenau, veio prestigiar o evento e fazer uma fala sobre as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019 a 2023. Dom Rafael, muito objetivo, simpático, fez uma excelente explanação sobre as Diretrizes. Em seguida, Frei Daniel apresentou uma reflexão destacando alguns pontos das Diretrizes considerados significativos para a nossa evangelização, preparando o trabalho em grupos. Que inspirações as diretrizes trazem para a Ação Evangelizadora em nossas Paróquias e Santuários? Entre os temas propostos, podemos destacar: - Resgatar o encontro nas famílias, pequenos grupos de oração. Intensificar a Iniciação à Vida Cristã: catequese com as crianças e pais, formação de lideranças para cursos de batismo, casamento, grupos bíblicos; chamar a juventude a ser anunciante do Evangelho. Protagonizar a ação missionária; fomentar o uso das redes sociais na comunicação de nossas ações; fortalecer o trabalho pelas pastorais e movimentos, ampliando o espaço para o sentimento de pertença, motivando outros a se engajarem; as comunidades serem locais de acolhida de liturgias bem preparadas e um espaço de comunhão e de convívio com as pessoas. Os trabalhos na terça-feira, dia 24/09, iniciaram-se com a Santa Missa celebrada por Frei Daniel. Em seguida, o encontro entrou no tema da juventude. Como no começo do evento,
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cada paróquia ou santuário teve um tempo determinado para apresentar o trabalho que é realizado com a juventude em sua cidade. Foi um momento de troca de experiências e iluminação para paróquias e santuários que estão iniciando este trabalho. Percebeu-se que em muitas de nossas paróquias e santuários o trabalho com a juventude está bem organizado, outras estão iniciando e outras precisam ser revigorá-lo. Em seguida, Frei Carlos Ignacia fez uma explanação sobre dicas obtidas da Exortação Apostólica Cristo Vive, do documento da CPO de Nairóbi e do trabalho que o Serviço de Animação Vocacional (SAV) da Província da Imaculada Conceição do Brasil vem desenvolvendo com os jovens. Partindo disso, foi realizado outro momento de reflexão com os presentes. Diante do exposto e da apresentação da realidade de nossa juventude em nossas paróquias e santuários, perguntamos: quais projetos e ações podemos implementar de forma integradora em nossas paróquias e santuários, despertando nossa juventude para a participação efetiva na Igreja, na evangelização e na promoção vocacional? Dessa discussão surgiram algumas ideias, como a criação de uma Comissão da Juventude do Regional Sul, para integrar e articular as juventudes dessa região da Província a fim de, no futuro, criar eventos conjuntos. Também, se destacou a importância do estudo e criação de ferramentas para que esse trabalho dos jovens seja efetivo tam-
bém em suas comunidades, no dia a dia no lugar onde vivem e trabalham, e não somente participando de eventos de forma esporádica, desligados da sua realidade de testemunho e missão. Partilhar mais iniciativas de sucesso que estão acontecendo, valorizar todo o esforço da equipe do SAV nas caminhadas, missão e formação. Insistir para que em cada paróquia ou santuário um frade seja responsável e acompanhe efetivamente a juventude com agenda de encontros, formação e celebrações, bem como incentivar e ter um projeto na acolhida dos jovens que se crismam para integrarem o grupo de jovens. Apresentar aos jovens a vocação franciscana e fazer convite pessoal com uma pastoral vocacional organizada. Alguns depoimentos no momento da avaliação do Encontro: “Esse encontro faz com que voltemos renovados na proposta de missão em trabalhar com as juventudes de nossas paróquias, agora mais integrados após conhecer as experiências de outras comunidades. Penso ser um grande momento para a frente, movidos pelo espírito e motivados pelo serviço da Animação Vocacional da Província. Que esse trabalho com as juventudes se solidifique na ação cotidiana com os jovens”, avaliou Helio Furlan, representante do movimento de jovens do Tabor, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Navio, de Lages. “Foi pelo projeto, durante um ano a missa jovem, o convite dos crisman-
dos e a formação de liderança jovem, pelo apoio e espaço que tivemos em nossa paróquia com a vinda do Frei Nelson que o grupo de jovens cresceu e se fortaleceu. O Frei faz a diferença quando apoia e participa”, disse Giulia Boschetto, coordenadora da Juventude Franciscana do Santuário Nossa Sra. Aparecida, de Blumenau. “Seja um jovem atuante dentro de sua comunidade de fé, mas também com toda a Igreja do Brasil. Que todos se sintam bem-vindos a participar conosco de qualquer evento que possamos promover. Peçamos também que os jovens tenham a iniciativa de buscar esse protagonismo”, declarou Frei Evandro Balestrin, pároco da Paróquia Santo Estêvão, de Ituporanga, em uma forma de mensagem para a juventude, não só da Região Sul, mas para toda a Província. “A juventude quer espiritualidade, acolhida, espaço na comunidade para celebrar, para trabalhar, para se expressar... Por isso, nós, frades, temos que ser acolhedores, animadores dos jovens. A Juventude Franciscana de Blumenau tem o sentimento de pertença. Destaca-se pela liderança, pela espiritualidade, celebração, liturgia, teatro, ação social. E pensando em vocações, sim, serão os jovens que se identificarão com o seguimento da Vida Religiosa pela nossa espiritualidade, nosso modo de vida e nossa solidariedade. Também incentivar e formar coroinhas e acólitos para que tenham gosto pela liturgia, e que sejam integrados aos jovens”, disse Frei Nelson. Sugerimos que os próximos encontros sejam nesse modelo e no mesmo local. A casa e a localização facilitam a participação dos leigos, menos custos, aproximação pela realidade mais regionalizada e sem as longas distâncias.
Richard Martan Ferrari JOVEM DA PARÓQUIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS, RODEIO.
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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES
Ciro Barcelos leva “Auto de São Francisco” para as Missões Franciscanas da Juventude
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ator, bailarino, coreógrafo e encenador Ciro Barcelos, conhecido nacional e internacionalmente, estará em Xaxim (SC) para as Missões Franciscanas da Juventude, de 29 de janeiro a 2 de fevereiro de 2020. A informação foi dada hoje (8/10) pelo coordenador das Missões Franciscanas, Frei Diego Melo, depois do encontro que teve com o ator no Convento Santo Antônio do Pari, dia 7 de outubro. “Creio que a presença do Ciro Barcelos na MFJ, além de ser o coroamento da Serata Laudato Si’, mostrará aos jovens que é possível, a partir das diferentes profissões e caminhos, viver e divulgar o carisma franciscano. Certamente, será um bonito testemunho
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do trabalho de evangelização realizado com qualidade e profissionalismo”, acredita Frei Diego, explicando que o ator teve a oportunidade de conhecer um pouco do trabalho que é realizado com as juventudes na Província da Imaculada Conceição. “Ele disse estar maravilhado com tudo isso e que, poder apresentar a figura de São Francisco a todos esses jovens através da arte, será um privilégio muito grande”, contou Frei Diego. O ator rejeitou a hospedagem em hotel e prefere ficar hospedado no convento, com os frades, para poder participar de todo o evento. “Disse estar com saudades de sentir toda essa energia franciscana”, revelou Frei Diego. O autor e diretor do musical “Francisco de Assis”, que esteve em cartaz por doze anos no Brasil, irá apresentar o “Auto de São Francisco”. Nessa peça, ele retomará e adaptará partes do seu musical “Francisco de Assis” e do “Eco-Show”. O artista Ciro Barcelos, depois de fazer uma experiência nos conventos de Assis, onde o Santo viveu, criou o musical teatralizado, e o apresentou com grande sucesso, pela primeira vez, no Encontro Internacional do Meio Ambiente, realizado em Roma, no ano de 2002. “Entendi que minha missão não era largar o teatro, a vida artística, a minha vocação verdadeira e, sim, transmitir aquele testemunho de vida para as pessoas”, disse na época. “Nossos jovens são muito sensíveis ao mundo da poesia, da dança, do canto e da arte em geral. Assim, penso que também temos que aproveitar desse instrumento para transmitir a nossa mensagem evangélica e franciscana de modo eficaz e eloquente. Aliás, o próprio São Francisco foi um amante das diferentes expressões da beleza, pois seus louvores, seu canto, sua dança e
sua forma entusiasta de se relacionar com as pessoas e com Jesus revelam o quanto o seu olhar poético e artístico o aproximavam do sagrado”, explica Frei Diego. Ciro Barcelos aprimorou a sua metodologia de trabalho através de estudos na área da psicologia como terapeuta corporal e através de vivências espirituais. Sua formação artística passa pelas escolas de teatro Martins Pena (RJ), Theatre du Silence (Paris), mímica com Marcel Marceau (Paris), Palhaçaria teatral. Na dança, estudou balé clássico com as mestras russas Tatiana Leskova e Eugênia Feodorova. Integrou a companhia da corógrafa Pina Bausch (Alemanha) e o Balé do Século XX de Maurice Bejárt (Bélgica). Cursou também a escola de balé do Teatro Opera de Paris. Viveu na Índia e Turquia onde se aprofundou nas técnicas de dinâmicas do autoconhecimento. Segundo Frei Diego, Ciro também se predispôs a dar uma oficina aos jovens. Ele levará para os jovens em Xaxim a oficina ‘O Ator e o Movimento’, que tem como objetivo despertar e conscientizar o ator para o papel decisivo desempenhado pelo corpo em sua atuação. “A expressão corporal, a voz, a palavra, tudo é movimento, e para isso, se faz necessário recuperar a energia escondida e adormecida em nosso corpo grosseiro, instrumento da interpretação”, explica Barcelos. Segundo ele, trata-se de uma provocação através de dinâmicas corporais que possibilitam um desbloqueio interno e uma percepção mais apurada de si próprio. “E, consequentemente, de sua interpretação, pois o ator deve primeiramente se conhecer, saber interpretar a si mesmo, para melhor compreensão do outro”, observa o autor.
Moacir Beggo
NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES
Papa aos Capuchinhos: Testemunhar com mansidão e pobreza No encontro com os Frades Capuchinhos de Marcas, o Papa Francisco falou antes de tudo do chamado de Deus, recordando que Ele chama em um modo diferente e de várias maneiras. E o faz convidando à conversão em todos os momentos, que é uma escolha forte, uma decisão que envolve o consagrado e o leva em frente no caminho da vida. Um dos riscos com o qual se pode deparar, caso não se deixe envolver e ser questionado por Deus, é a “acidez religiosa”, da qual deriva a infelicidade. Os consagrados tornam-se assim, “colecionadores de injustiças”, segundo o típico comportamento de quem sempre se sente vítima e, portanto, cai nas contínuas lamentações. Francisco enfatizou novamente a importância de falar não recorrendo a adjetivos, mas com a teologia dos substantivos, como bem indica o espírito franciscano. Outro tema abordado foi a missionaridade, tema vinculado à falta de vocações. Com a consagração - disse o Pontífice – não se deve pensar mais em si mesmos, mas em viver como testemunhas. Certamente, não devemos fazer proselitismo, mas pregar Jesus mais com a existência do que com palavras, como o próprio Francisco de Assis recomendou a seus irmãos. Neste sentido, o Papa convidou os Capuchinhos a oferecerem esse testemunho com mansidão, mas sobretudo com a pobreza, que deve ser vivida na prática, sem esquecer que o diabo entra precisamente pelos bolsos, ou seja, pela falta de coerência com o voto de pobreza. Ela – dizia Santo Inácio de Loyola - deve ser “mãe e muro” da vida religiosa.
O espírito mundano prejudica a Igreja
Francisco alertou contra o mundanismo no qual a Igreja às vezes escorrega. O espírito mundano faz mal à Igreja, tanto
que Jesus em sua oração pede ao Pai não para nos afastar do mundo, mas do espírito do mundo que arruína tudo e provoca falsidade. Para combater este mal, é necessária a humildade. Outra tentação para a Igreja é o clericalismo, filho do mundanismo. Isso pode transformar os pastores de servos em senhores. É necessário por isto – ressaltou o Pontífice - redescobrir e retomar a estrutura de serviço dentro da comunidade eclesial. O Papa então convidou os Capuchinhos a viverem sua Regra com naturalidade, aceitando os outros e respeitando-os. A comunhão fraterna se realiza naturalmente, não é criada artificialmente. É uma graça do Espírito Santo e se nutre do perdão.
Deus nunca se cansa de perdoar
A este propósito, Francisco falou da misericórdia. Deus – recordou ele - nunca se cansa de perdoar; somos nós que nos cansamos de pedir perdão. O Pontífice recordou dois exemplos neste sentido: o primeiro é o de um Capuchinho idoso que morava em Buenos Aires e que, pensando no perdão e na absolvição concedidos a muitos fiéis que faziam fila em seu confessionário, afastava a dúvida de ter sido muito misericordioso indo diante do altar e dizendo a Jesus que ele mesmo havia lhe dado o exemplo; a segunda é a
do padre Felice, retratado por Alessandro Manzoni nos “Promessi sposi”, sinal de uma misericórdia concreta entre os necessitados e os pecadores. Nas palavras de Francisco, ressoaram também a exortação para redescobrir a compaixão e a capacidade de chorar.
Europa, continente a ser evangelizado
Também não faltou uma referência à necessidade de evangelizar a Europa, que de “mãe” tornou-se “avó” e não é mais capaz de gerar filhos na fé. As jovens Igrejas podem ajudar o Velho Continente a reacender as brasas da fé que ainda queimam. Basta considerar o testemunho de muitas mulheres filipinas que trabalham a serviço das famílias mais ricas. Elas são escolhidas para encargos e tarefas bem precisas, mas em seu diálogo diário com as crianças e jovens dessas famílias, acabam transformado-se de fato em verdadeiras catequistas. O Pontífice concluiu o encontro deixando aos Capuchinhos a missão de iniciar processos de testemunho aos jovens, que ainda ficam admirados com o espírito franciscano e se abrem diante do carisma da alegria e da simplicidade que o exemplo de São Francisco oferece em todos os tempos.
L’Osservatore Romano
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NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES
Província divulga nota pelo falecimento de Dom Elias Manning morreu na noite de domingo (13), aos 81 anos de idade. Ele estava internado há 10 dias na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário de Vassouras, cidade vizinha. Segundo nota enviada pela diocese, a causa da morte foi um acidente vascular cerebral isquêmico (AVC), popularmente conhecido como derrame.
ÍNTEGRA DA MENSAGEM “No dia em que o Brasil celebra e honra o amor solidário aos pequenos elevado aos altares na figura de Santa Dulce dos Pobres, também queremos render glórias ao Autor da vida que recebe em seu seio amoroso este dedicado pastor e irmão menor. Descanse em Paz, Dom Elias James Manning, OFMConv”. Assim o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, em nome dos Frades da Província da Imaculada Conceição, expressou sua solidariedade pelo falecimento do bispo emérito da diocese de Valença, no Sul do Rio de Janeiro, Dom Elias James Manning, que
São Paulo, 14 de outubro de 2019. “Tu és o sumo Bem!” Por ocasião do passamento de nosso confrade e bispo Dom Elias James Manning, OFMConv, em nome dos frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (OFM), desejo oferecer meu abraço fraterno aos irmãos da Ordem dos Frades Menores Conventuais (OFMConv), assim como ao bispo, ao clero e ao Povo de Deus da Diocese de Valença, RJ. Nossa Província nutre grande admiração e gratidão por Dom Elias, homem de Deus que em seu ministério missionário-franciscano-episcopal sem-
pre se revelou um pastor de alma generosa e disposição solidária para trabalhar pela construção do Reino. Mostrou-se grande amigo e incentivador de nossos confrades durante o tempo em que esteve à frente do pastoreio na Diocese de Valença, RJ, exercendo sua autoridade na dinâmica do lava-pés. De temperamento dócil, conciliador e amigável, foi grande testemunho do modo franciscano de evangelizar. Tendo cumprido sua missão entre nós, agora é recebido pelo “Sumo Bem”, exaltado em seu lema episcopal e, com toda certeza, carregado com ternura e fé no seu coração. No dia em que o Brasil celebra e honra o amor solidário aos pequenos elevado aos altares na figura de Santa Dulce dos Pobres, também queremos render glórias ao Autor da vida que recebe em seu seio amoroso este dedicado pastor e irmão menor. Descanse em Paz, Dom Elias James Manning, OFMConv.
Frei César Külkamp MINISTRO PROVINCIAL
Profissão definitiva de seis membros da OFS em Petrópolis
“Nós nos transformamos naquilo que buscamos, naquilo que amamos...” Essas foram as palavras impressas no coração de seis irmãos que fizeram a Profissão Solene na Ordem Franciscana Secular, no dia 17 de setembro de 2019,
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data em que a Família Franciscana recorda a Impressão das Chagas de São Francisco. São eles: Sergio Baravelli Filho; Roney Martinho Pinheiro; Luis Gustavo Arantes Nunes; Silvia Regina Rademaker; e Cecy Doyle Portugal. A celebração, presidida por Frei Fábio César Gomes, aconteceu na Capela de São Francisco de Assis, do Instituto Teológico Franciscano (ITF), em Petrópolis, onde os professandos firmaram compromisso de dar testemunho do Reino de Deus e de bus-
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car um mundo mais fraterno, servindo a todos com alegria. Esse momento de grande louvor e gratidão a Deus foi partilhado com amigos, familiares, frades franciscanos e irmãos da fraternidade Nossa Senhora dos Anjos, que acolheram os neo-professos com a alegria característica daqueles que, por amor, buscam a vivência do Evangelho à luz de São Francisco. Frei Ademir José Peixer, nosso assistente espiritual, ao teclado, animava os cantos da missa. Ao entregar a cruz para cada um de nós, depois do rito da Profissão, Frei Ademir desejou perseverança na fidelidade ao Evangelho!
Lilian de Almeida Rodrigues Nunes
Frei Pedro: Sou fã de carteirinha do Luciano! Frei Douglas: Um dia eu ainda vou cantar assim!
Nossa Senhora Salete chorou e molhou todo mundo em Concórdia!
Frei, olha essa mão em cima de mim!!!
Xandão: até rock Por Frei Yves Leite
para os devotos de São Francisco!
Romaria Nossa Senhora Aparecida a dois!
Eu chego no céu ainda!!!
Espera sr., tem uma espinha aqui!
Frei Jorge:
Sono atrasado! FRATRUMGRAM é um neologismo que nasce da palavra Frades mais a rede social Instagram. A ideia é publicar fotos curiosas, informais e descontraídas dos frades e das Fraternidades! Se você fez uma foto legal, envie-nos para o email: comunicacao@franciscanos.org.br!
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (*) As alterações e acréscimos estão destacados
NOVEMBRO 15 15 a 17 20 e 21 25 25 26 a 28
Encontro do Regional da Baixada e Serra Fluminense (Taquara) Encontro de formação para jovens Alverne (Tanguá – RJ); Reunião do Conselho de Formação e Estudos (Sede Provincial); Encontro do Regional do Espírito Santo Encontro do Regional do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense Reunião do Definitório Provincial
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Renovação dos votos em Petrópolis; Renovação dos votos em Rondinha; Jubileus em Bragança Paulista; Encontro do Regional São Paulo (Bragança Paulista) Encontro do Regional do Leste Catarinense – recreativo Encontro do Regional do Planalto Catarinense e Alto Vale do Itajaí (Blumenau)
DEZEMBRO 02 02 02 e 03 02 e 03 04 a 06
Encontro do Regional de Curitiba (Caiobá) Encontro do Regional do Vale do Itajaí (Blumenau) Encontro do Regional do Vale do Paraíba (São Sebastião) Encontro recreativo do Regional do Contestado
Celebração provincial dos Jubileus (Petrópolis);
JANEIRO 06 08 09 a 16 11 20 a 30 29
29 a 02
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Primeira Profissão dos noviços (Rodeio); Admissão dos noviços (Rodeio); Curso de Fé e Política do CESEEP (Espiritualidade nas cidades: religião e mídia) – São Paulo/SP Primeira Profissão dos noviços angolanos e admissão dos noviços angolanos 2020 (Quibala); Curso na Cúria Geral para novos Ministros Provinciais (Roma); Admissão dos Postulantes (Guaratinguetá); Missões Franciscanas da Juventude (JPIC) – Xaxim (SC)
MARÇO 08
30ª Romaria Frei Bruno (Joaçaba);
ABRIL 18 a 25
Missão da Solidariedade dos Jovens – Sefras – São Paulo – SP
MAIO 01 a 29
Capítulo Geral da Ordem (Manila – Filipinas);
JULHO 31 a 02
Caminhada Franciscana da Juventude (CFJ) – Vila Velha (ES)
OUTUBRO 31 a 01
Alverne – Concórdia (SC)