165ª Festa de
São Pedro Apóstolo | edição histórica | julho - 2015 |
Secretário: Frei Walter de Carvalho Júnior Pároco: Frei Germano Guesser Fraternidade: Frei Carlos Ignácia, Frei José Bertoldi e Frei Paulijacson P. de Moura Edição, textos e fotos: Moacir Beggo 165ª Festa de São Pedro Apóstolo Revista comemorativa da 165ª Festa de São Pedro Apóstolo Ministro Provincial: Frei Fidêncio Vanboemmel Vigário Provincial: Frei Estêvão Ottenbreit
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Diagramação: Jovenal Pereira Impressão: 3 de Maio Paróquia São Pedro Apóstolo Rua Aristiliano Ramos, s/n Centro – Gaspar – SC Tel: (47) 3332-0053 secretaria@paroquiagaspar.com.br
165ª Festa de São Pedro Apóstolo
mais popular 04. AdoFesta Vale do Itajaí
08. O Dia do Padroeiro! Pela 165ª vez... começa com apresentação 13. Festa dos festeiros e trabalhadores A Igreja que vai 14. 1ºparaDiaa dooutraTríduo: margem Dia do Tríduo: É a hora do 20. 2ºtestemunho verdadeiro
Mensagem do Pároco
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Dia do Tríduo: A fé de Pedro 24. 3ºé uma rocha inabalável 28. Missa da Catequese 32. O segredo da Festa: Fé 38. Igreja e cidade juntas 40. A Fraternidade da 165ª Festa 43. Os festeiros de 2015
om alegria celebramos o nosso Padroeiro no dia 28 de junho. Mais uma vez, o povo de Gaspar soube dar uma demonstração de união para fazer uma festa tão grandiosa como a data que celebramos: 165 anos. Que tempo fecundo em nossa Paróquia, especialmente, durante o Tríduo preparatório, tão bem conduzido por Frei Evaristo Spengler. Que belo testemunho de centenas de voluntários que, mesmo em meio ao cansaço dos dias de trabalho, davam uma demonstração de fidelidade e amor pela comunidade. Por isso, é hora de dar graças a Deus e a São Pedro por tantas alegrias e bênçãos vividas nesses dias. Foram dias intensos de fé e partilhas! Que Deus conceda a todos e todas muitas graças por tamanha generosidade nesses dias. Também é hora de agradecer o empenho de todos que se envolveram na liturgia, na acolhida, enfim, na infra estrutura…. Enfim, todos que doaram seu tempo e alegria nessa grandiosa festa. Não podemos esquecer nossos festeiros que tornam possível a realização de tão grande evento. Nesse tempo como pároco, a cada ano durante a festa, eu me encanto mais ao ver a dedicação das pessoas. Que bonito ver as equipes cuidando dos mínimos detalhes e superando os grandes desafios. Como não lembrar da noite da macarronada, dos deliciosos pastéis, sonhos, churrasco, cachorro quente, sopas, quentão, fogueira etc. Tudo com o toque especial e a marca de qualidade deste povo gasparense. Que bonito ver novos rostos jovens garantindo a tradição por mais alguns longos anos da festa e os rostos já conhecidos exibindo a mesma vontade e dedicação em longos anos. Que bonita a celebração da catequese, a Missa solene, a procissão no Rio Itajaí, a procissão dos festeiros... Só tenho que agradecer por tudo e por todos, especialmente pela alegria de ver a presença de Deus em tudo o que foi feito. Minha estima e gratidão, Frei Germano Guesser Pároco 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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A FESTA MAIS POPULAR DO VALE DO ITAJAÍ Tudo colaborou, neste ano, para que a Paróquia São Pedro Apóstolo fizesse a melhor festa em 165 anos. Ao contrário das anteriores, não choveu e o povo não deixou de participar desta grande confraternização e demonstração de fé. Na pesquisa de Frei Elzeário Schmitt, OFM, para escrever o livro “São Pedro Apóstolo de Gaspar, nas Malhas da História”, desde o final do século 19, os livros da Paróquia se referem ao brilho da maior festa da cidade. “O contínuo crescimento de sua importância religiosa e social, 100 anos mais tarde, atingiu dimensões, de certa forma, espantosas para uma cidade pequena. Constitui hoje, e de longe, a festa mais popular e aglutinante de toda esta região do Vale do Itajaí. Mas nem por isso fica desmerecido o passado; pois mesmo na época em que a cidade tinha 4 festas religiosas por ano - Bom Jesus, São Sebastião, 3 de Maio e São Pedro -, esta última, com não podia deixar de ser, sobrepujava a todas”, observa o frade historiador . No decorrer dos últimos decênios, a Paróquia precisou criar maior espaço físico e estruturas mais organizadas dentro do complexo da construção chamada “Salão Cristo Rei”, que não é pequeno, mas durante a festa fica pequeno para receber a multidão. O próximo desafio, segundo o pároco Frei Germano Guesser, é a modernização
deste complexo. “É um empreendimento que vai demandar esforços e investimentos nos próximos anos”, acredita. “Referências antigas à festa destacam, principalmente, o lado religioso desse dia do Padroeiro, motivo principal para o terno novo,
vestido novo, sapato novo e festivos ares. Em anos mais próximos de nós, menos luxuosos, a festa vem descrita com letra viva, alargada, colocando em cena, fora dos livros, um pomposo programa lançado nas ruas, no rádio, nos jornais, nas igrejas, com nomes de dezenas de festeiros e festeiras, que hoje carregam parte substancial da promoção, e cuja entrada para a Missa solene, com o Padroeiro em sua barca, mais o celebrante - às vezes o bispo da diocese, ladeado dos concelebrantes e do préstito 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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branco dos ministros -, abre o ponto alto da festa”, descreve Frei Elzeário. Atualmente, a festa tem cobertura dos principais veículos de comunicação da cidade: TV Gaspar, Rádio Sentinela, jornais Cruzeiro do Vale e Metas. Assim, passados mais de 165 anos, a festa se perpetua ao sabor de cada época. “Desde a primeira festinha na selvagem margem esquerda de então, quando no dia 29 de junho de 1850, na capelinha pelos cronistas chamada ‘miserável’, o Patrono de Gaspar recebia sua esparsa pequena comunidade, que vinha rio acima, rio abaixo e até de mais longe. É que não havia, em toda a vastíssima região, uma única outra igreja, por modesta que fosse. E se não houvesse a história como testemunha, inacreditável seria que, ao ser Gaspar decretada Freguesia em 1861, a capelinha se tornou a primeira ‘igreja matriz’. Somente 6 anos mais tarde, o Padre Gattone, fundador da paróquia, pôde voltar de Brusque no dia de São Pedro, para a missa de inauguração da primeira igreja do lado de cá, por ele quase inteiramente construída, e pelos cronistas chamada ‘capela’”, descreve Frei Elzeário. Ou seja, em 29 de junho de 1867 foi realizada a primeira festa de São Pedro na margem direita, provavelmente com o indispensável, embora modesto foguetório da época, mas que
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nos dias de hoje é intenso e, no sábado, culmina com queima de fogos de artifício. Confirma a crônica de 1899: “A festa vinha preparada com uma novena, à qual principalmente os brasileiros acorriam em massa. Maravilhoso espetáculo ofereciam naquelas noites, subindo do morro da igreja, os foguetes com sua brilhante chuva de fogo. No dia da festa, eram os rojões que já na madrugada retumbavam pelos ares. E as estradas se enchiam sempre mais... E os músicos do Colégio Santo Antônio de Blumenau tocavam fogosas marchas. Grupos e mais grupos dirigiam-se à igreja festivamente enfeitada, cedo tão apinhada de gente, que muitos precisavam ficar do lado de fora”. E a pitoresca descrição da festa assim continua: “Cessado o último toque de sino, aproximava-se do altar o celebrante com seu diácono e subdiácono, todos os três pertencentes à Ordem Franciscana. No coro, os cantores, sustentados pelo novo harmônio, entoavam a ‘Missa de São Pedro’ a duas vozes, especialmente composta para este dia por Frei Pedro Sinzig. Intervalos houve em que os músicos blumenauenses tocavam músicas sacras. Após a missa, vinha a procissão, acompanhada de toda a gente. Para brasileiros, uma festa sem procissão mal pode ser imaginada. Para eles, a procissão significa o ponto alto da festa”. 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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O DIA DO PADROEIRO! PELA
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povo gasparense fechou a 165ª edição da Festa de São Pedro Apóstolo à altura da solenidade do dia. Depois de uma preparação litúrgica cuidadosa, tendo Frei Evaristo Spengler como pregador do Tríduo, o pároco Frei Germano Guesser presidiu a principal celebração do domingo (28/6) em honra ao Padroeiro. Mas a festa de São Pedro Apóstolo começou bem cedo na cidade de Gaspar, quando antes das 7 horas, os fogos anunciavam o início da procissão fluvial pelo rio Itajaí-Açu. A imagem de São
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Pedro deixou a Deschamps Extração de Areia, no Poço Grande, e foi transportada em uma jangada de pau a pique, mais conhecida como “jabiraca”, até os fundos do Posto do Julinho, no Centro, quando foi carregada pelos bombeiros até o presbitério da igreja. Além da jangada, outras embarcações como canoas, barcos, caiaques e uma lancha fizeram parte da procissão, que é organizada por Gilberto Schmitt, diretor do Jornal “Cruzeiro do Vale”. A diretora da Defesa Civil de Gaspar, Mari Inês Testoni Theiss, e os bombeiros comunitários,
165ª VEZ... também participaram e deram apoio à procissão, que teve um atraso de meia hora pelo fato de a lancha responsável por rebocar os barcos encalhar em um banco de areia no meio do trajeto. Mais uma vez, uma tradição se repetiu com a solene procissão dos festeiros e festeiras, saindo do Salão Paroquial São Francisco até o interior da igreja antes da principal celebração. Durante a Missa, foram apresentados todos os festeiros que tornarão possível a festa de 2016. O Coro Misto Santa Cecília, fundado em 1898, deu beleza e leveza à liturgia. Frei Germano lembrou que no dia de São Pedro
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também celebra-se o Dia do Papa, do nosso querido Papa Francisco. E no final de sua homilia pediu um minuto de oração por ele, atendendo aos seus pedidos insistentes. “Gostaria, por último, de lembrar o Papa Francisco, que tem essa missão de continuar a obra de Pedro. Desde o dia que ele apareceu pela primeira vez no balcão da Basílica São Pedro, quando foi anunciado ao mundo, ele surpreendeu a todos nós pedindo para rezar por ele. Depois daquela vez, ele sempre volta a pedir que rezem por ele. Vamos fazer, agora, um minuto de silêncio e rezar por ele para que continue tendo
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forças e amor para conduzir essa barca chamada Igreja”, pediu o pároco e Definidor da Província da Imaculada Conceição. O povo atendeu ao pedido e não se ouviu um barulho sequer na igreja. Na sua homilia, Frei Germano destacou os apóstolos Pedro e Paulo, celebrados neste dia. “Vindos de realidades diferentes, estes dois homens - um simples pescador (Pedro) e um Judeu culto de origem romana (Paulo) -, deixaram-se envolver por Jesus e se entregaram por inteiro no serviço ao Reino de Deus”, disse. “Pedro, que antes se chamava Simão, era filho
de Jonas e irmão de André. Tinha uma personalidade forte, mas também suas fraquezas, a ponto de ter negado Jesus três vezes e ser chamado por Ele de “Satanás”. Mas sua verdadeira vocação será a de ser pedra para edificar e construir. E essa sólida construção, esse edifício, começa a ser feito quando se arrepende de sua traição, aceitando o perdão e, ao lado do ‘outro discípulo’ (João), será o primeiro a entrar no túmulo vazio, começando uma vida de fé e confiança como deve ser a verdadeira vocação da ‘rocha’ escolhida por Cristo”, explicou, completando a definição
de Pedro com uma citação do Papa Francisco: “Pedro experimentou que a fidelidade de Deus é maior do que as nossas infidelidades, e mais forte do que as nossas negações”. Depois o pároco lembrou que Paulo, que antes se chamava Saulo, nasceu em Tarso e foi um perseguidor implacável dos cristãos até se converter. Então, tornou-se Paulo e um apóstolo: “Eu sou o menor dos apóstolos, e não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus. (1Cor 15,9-10a)”. “Mas a sua caminhada não foi pequena, meus caros irmãos e irmãs.
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Paulo se tornou o mais ativo dos apóstolos na expansão do cristianismo”, lembrou, dizendo que os Atos dos Apóstolos dão uma noção do gigantismo que foi a vida missionária de Paulo. “Estamos diante de dois homens que são um grande exemplo de vida para nós. Convocando Pedro para a liderança da sua Igreja, depois mais à frente Paulo, Jesus demonstra a sua compreensão para com a fragilidade humana. Todas as diferenças não pesaram na balança de Deus. A graça os tocou e fez com que os dois se tornassem colunas bases das primeiras comunidades dos cristãos”, acrescentou Frei Germano, observando que Pedro fica em Roma, a serviço da Igreja, liderando a organização institucional, e Paulo sai pelo mundo como peregrino da fé. Na defesa da fé, Pedro é pregado na cruz, de cabeça para baixo, e Paulo é decapitado. “Olhar para Pedro e Paulo, no final de suas vidas, nos ajuda a compreender o quanto eles se entregaram no difícil seguimento de Jesus. O Espírito Santo os transformou, e não obstante as diferenças entre eles, os fez iguais no amor a Jesus”, enfatizou. Frei Germano, no final, agradeceu a Frei Evaristo pela pregação do Tríduo, que este ano teve como tema “Ai de mim se eu não evangelizar”, que é também o tema da campanha missionário da Diocese de Blumenau. “Esse tema atende à convocação do Papa Francisco pela renovação do espírito missionário da Igreja. Só uma Igreja ‘em saída’ supera o comodismo e a burocracia, para ser uma Igreja da ternura e da misericórdia. Uma Igreja que anuncia o Evangelho com alegria, onde o cristão não tem ‘cara de funeral’, ou cara de ‘Quaresma sem Páscoa’”, completou, citando as expressões do Papa Francisco. A Missa terminou com a foto oficial dos festeiros em frente a bela Matriz de Gaspar. Em procissão, a imagem de São Pedro foi levada para o Complexo de Festas Cristo Rei, tendo à frente a Sinfônica de São Pedro, seguida dos festeiros e dos frades. Durante toda a tarde, o grande destaque dos festejos populares foi o leilão de gado, que comercializou 26 cabeças de gado.
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Frei Germano abriu a Festa no dia 21
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o domingo, 21 de junho, foi aberta oficialmente a 165ª Festa de São Pedro Apóstolo com a Celebração Eucarística das 19 horas. O Pároco Frei Germano Guesser presidiu a Missa em ação de graças por todos os trabalhadores e festeiros, que todos os anos se dedicam para fazer uma das festas mais antigas do Vale do Itajaí e uma das mais tradicionais do Estado catarinense. No ofertório, além do Pão e do Vinho, foi apresentada uma barca com produtos doados, como toalhas bordadas, bonecas e brinquedos. “São prendas que vão estar na roda dos festeiros e nas barracas dos meninos e meninas…”, explicou o pároco. Este ano, a Festa teve como tema o mesmo da Campanha Missionária da Diocese de
Blumenau: “Ai de mim se não evangelizar”. Frei Germano ressaltou a importância dos trabalhadores e festeiros para o bom andamento do evento durante os meses de preparação e a semana do evento. “A festa é como se fosse uma máquina, onde cada voluntário é uma engrenagem importante e necessária para que ela aconteça. Todos eles, independente do trabalho, são de suma importância”, observou. Durante a programação da festa, a Missa celebrada para os idosos e enfermos aconteceu em um horário diferenciado: na quinta feira (25), às 16 horas “Esta missa é celebrada neste horário para dar oportunidade para os idosos e enfermos que não podem vir à noite. Desta forma, acolhemos essas pessoas à tarde, onde são ministradas missas especialmente para elas”, explicou o pároco. 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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COMO FOI O TRÍDUO 1º dia
A Igreja que vai para a outra margem
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sta foi a principal mensagem que o pregador e Definidor da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Evaristo Spengler, deixou para o povo que participou do primeiro dia do Tríduo preparatório para a Festa de São Pedro Apóstolo, ao refletir sobre o tema “A opção missionária da Igreja”.
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Frei Evaristo foi convidado pelo pároco e também Definidor da Província, Frei Germano Guesser, para ser o pregador deste Tríduo. Natural desta cidade, Frei Evaristo contou que voltava a participar da festa depois de 42 anos, quando deixou sua terra para ingressar no Seminário. Na procissão de entrada, as comunidades da Paró-
QUEM É O PREGADOR quia trouxeram pequenos barcos de papel para apresentá-las. “Eu fiquei encantando com esta procissão, relembrando o Pedro pescador e a Igreja de Cristo”, disse o pregador, ressaltando que sua reflexão se deteria sobre essas “duas pessoas fabulosas da história do cristianismo: Jesus e São Pedro”. No Evangelho, Jesus convida os discípulos a irem “para a outra margem” do lago e saírem da região de Cafarnaum. “Ele não tinha concluído o que tinha iniciado na região, mas ele disse aos
Frei Evaristo Pascoal Spengler é natural de Gaspar (SC), onde nasceu no dia 29 de março de 1959. Vestiu o hábito franciscano no dia 20 de janeiro de 1977 e professou solenemente na Ordem Franciscana no dia 2 de agosto de 1982. Foi ordenado presbítero no dia 19 de maio de 1984. De 1985 até 1995, Frei Evaristo trabalhou na Baixada Fluminense. De 96 a 98, residiu em Jerusalém, Terra Santa, para continuar os estudos. Na volta, residiu por um ano no Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro e, em 2000 foi transferido para a Missão de Angola, onde ficou até 2009. Desde então, reside na Fraternidade Nossa Senhora Mãe Terra, em Imbariê, Duque de Caxias (RJ). Foi eleito Definidor Provincial para o triênio 2013-2015.
discípulos: ‘vamos para a outra margem’”, explicou Frei Evaristo. “Jesus vai ao encontro daquele que não ouviu ainda a Boa Notícia do reino do Pai. Também nós somos chamados a irmos nessa barca de Jesus. Toda Igreja é chamada a ser missionária e muitas vezes nós dizemos que não podemos deixar a nossa comunidade, porque temos muita coisa para fazer. Temos acabar de pintar a sala da catequese, temos de preparar a liturgia, limpar a igreja, temos, enfim, muito trabalho. Se for assim, ninguém jamais fará missão na Igreja. Mas Jesus nos convida: venham para a barca e vamos para o outro lado, para a outra margem”, enfatizou. O pregador explicou que a missão ad gentes é aquela que leva o Evangelho a outros povos, a outros países. “Eu passei 10 anos em Angola, foi um momento muito realizador na minha vida sacerdotal. Agradeço a Deus a cada dia por essa bela experiência que Ele me deu de conviver com aquele povo sedento da busca de Deus. Claro que nem todos vão ser missionários em outros países, em outros estados. Mas os bispos do Brasil nos chamam a atenção de que a Igreja deve viver num estado permanente de missão. Essa é para todos. Porque uma boa Igreja é missionária ou ela não é Igreja”, disse. A Igreja nasceu da missão, diz Frei Evaristo, e ela vive da missão. “Então hoje, nesta preparação, Jesus está chamando a cada um de nós a subir nesse barco e deixar as quatro paredes 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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para ir ao encontro dos que sofrem e querem uma palavra de consolo. Quando será que foi a última vez que visitamos um doente, uma pessoa idosa que vive sozinha?”, perguntou, lembrando a frase da Oração de São Francisco: ‘Oh Mestre, fazei que eu console mais que ser consolado’. Frei Evaristo, que reside em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, disse que faz essa experiência constantemente. “Há poucos dias, numa noite, três jovens foram assassinados, amarrados e largados à beira da estrada. Eu fiz a encomendação dos três corpos. Eu nunca tive tamanha dificuldade de falar com uma das mães quando viu o corpo todo ensanguentado do filho. Ela gritava e repetia: ‘Quem vai cuidar do meu filho?’ A única coisa que pude fazer foi abraçá-la e dizer: ‘Agora é Deus que vai cuidar do seu filho!’”, contou o pregador, ilustrando com exemplos a triste realidade de crianças e jovens que são constantemente levadas pelo tráfico. “Essa realidade impõe muitos desafios, como no campo das famílias, onde os pais não sabem mais como conduzir os próprios filhos com tantas mudanças neste mundo pós-moderno, que tem valores e contravalores que se misturam na vida de cada um todo o tempo”, observou Frei Evaristo. No evangelho, os discípulos enfrentam um vendaval e ondas fortes, quando gritam desesperados: “Mestre, não te importa que pereçamos?” “Na Bíblia, a barca sempre significou a Igreja; a barca é o símbolo da comunidade de fé. Os vendavais, as tempestades, as ondas, sempre são vistas como os males presentes no mundo. Quantas vezes nós perguntamos: será que Deus não ouve nossa voz? No momento de uma doença, de uma necessidade profunda na vida, parece que Deus está dormindo. Foi essa sensação dos discípulos. Não te importa Senhor que pereçamos? Jesus, com duas palavras, levanta e diz: ‘acalma-te, silêncio’. E grande foi o espanto porque aquele que tinha poder de curar, tem poder sobre as forças da natureza. Então, Jesus faz a pergunta-chave: Onde está a vossa fé? Por que estão com tanto medo? Muitas vezes pensamos
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que o contrário da fé é o ateísmo, aqueles que não creem. Não, irmãos, irmãs. O contrário da fé é o medo. Quando o cristão está paralisado, sem ação, com medo, isso é falta de fé”, ensinou. Frei Evaristo, então, passou a falar mais de Pedro, o pescador, irmão de André, nascido em Bethsaida. “Pedro é o primeiro apóstolo a levar a fé aos pagãos no seu tempo”, disse o pregador, citando o Capítulo 10 dos Atos dos Apóstolos, quando um centurião romano Cornélio chama Pedro para a sua casa através de dois empregados. “Quando Pedro entra na sua casa, Cornélio se ajoelha e pede que batize toda a família e ele próprio. Ora, naquele tempo havia uma grande discriminação contra os pagãos. E nem todos aceitavam ir à casa de um pagão e muito menos conviver com ele. E Pedro vai quebrando as barreiras, senta na mesa e come com aquela família, batiza a todos, convive com eles. Aceita que um pagão pode ser salvo por Jesus Cristo. O Espírito Santo desce e permanece na vida de um pagão. Quem vai em missão tem que, em primeiro lugar, converter-se, aceitar o outro. Levar uma palavra, mas antes de tudo, escutar o que o outro tem a dizer. Ele foi lá e escutou Cornélio, sentiu a sua necessidade, sentou com ele, permaneceu com a sua família”, voltou a ensinar Frei Evaristo aqueles que saem em missão. “Então, nós, como comunidade em missão, somos convidados a evangelizar as famílias numa compreensão do mundo que temos hoje. Evangelizar nesse mundo da tecnologia, da informática, em que os mais novos dominam, mas os mais velhos patinam ainda. Nós somos chamados a evangelizar o mundo em constante mudança. Pedro aponta o caminho: o diálogo, para compreender e, juntos, caminhar em direção ao próprio Deus. Pedro nos ajuda a não cairmos na tentação de ficarmos num gueto, fechados no nosso mundinho, mas abrir-se para o outro na fé”, enfatizou o pregador, concluindo sua homilia com o pedido do Papa Francisco para que a nossa Comunidade de Igreja seja um santuário onde os sedentos tenham o que beber para continuar a
caminhada e que o centro seja Jesus, que nos impulsiona para a missão”. Frei Evaristo recordou durante a celebração que quando participou pela última vez da festa, ficou marcado para ele dois momentos em que participou da celebração: uma vez levando a prenda para a festa e outra vez carregando a galheta para o ofertório. “Esta festa de São Pedro, essa preparação, é uma marca em nossa cidade do povo gasparen-
se. Já se tentou fazer outras festas em nossa terra, mas a festa que o povo adere é de fato a festa de São Pedro. E todos que estão longe daqui se impressionam com os números dessa festa, das equipes que trabalham, da quantidade de pastéis, do leilão de gado e de tudo o que acontece nesta terra. Mesmo de longe, eu sempre acompanhei com muito carinho e atenção tudo que se passava aqui nesta festa, nesta Paróquia”, revelou Frei Evaristo. 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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Quentão, quadrilha, fogueira...
E viva São Pedro!
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Festa de São Pedro Apóstolo teve uma noite bem junina nesta quinta-feira (25/6). Frei Germano Guesser, o pároco, e Frei Evaristo Spengler, o pregador, abençoaram o Bolo gigante de São Pedro, enquanto a quadrilha de jovens dos colégios Universitário e Francisco Lampel abriu os festejos populares do dia. Para compensar o frio neste início de inverno, muito quentão, vinho quente, pastéis, churrasco e
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cachorro quente. No salão principal, o rodízio de sopas acabou mais cedo, surpreendendo os organizadores da festa. E para a festa ficar completa, foi o dia de acender a fogueira no pátio mais próximo do estacionamento. Um aspecto muito importante desta festa é a dedicação e a qualidade com que os produtos são preparados. Por exemplo, o cachorro-quente. Por aqui, não basta uma salsinha, milho verde, batata palha ou purê de batata como acontece em cidades do Sudeste e Nordeste. Só tem saída o verdadeiro cachorro-quente alemão. A teoria mais comum é que o sanduíche nasceu no século XIX, na Alemanha, quando um açougueiro e produtor de linguiças, Johann Georghehner, batizou a receita em homenagem a seu cãozinho da raça basset. Mas esse lanche ganhou notoriedade nos Estados Unidos. No sul do Brasil, contudo, diz-se que o verdadeiro cachorro-quente alemão é aquele que é acompanhado com chucrute e molho de tomate. Nesta festa, contudo, esse prático, rápido e delicioso lanche é feito por uma família de italianos. As irmãs Ignez, Ema e Alma Marchi têm a ajuda do sobrinho Valtair Marchi (foto ao lado) para prepararem o verdadeiro chucrute. Na bagagem desse trio, uma experiência de 20 anos, dedicados à festa. “É bem trabalhoso preparar o chucrute. Seria mais fácil colocar o repolho no sanduíche, mas prezamos pela qualidade e por aquilo que é original. Assim, o resultado está garantido”, explicou Ignez. O resultado pôde ser visto à noite com a fila para comprar a ficha por um lanche. 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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2º dia
É a hora do testemunho verdadeiro
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oi este o convite que fez o Definidor da Província Franciscana da Imaculada Conceição, Frei Evaristo Spengler, ao refletir sobre o tema “a Igreja em saída” no segundo dia do Tríduo preparatório para a Festa de São Pedro Apóstolo. No início da Missa, Frei Evaristo agradeceu as comunidades e grupos responsáveis pela celebração e recordou que o tema é muito caro ao nosso querido Papa Francisco. Mas lembrou que o ‘dinamismo da saída’ perpassa toda a história bíblica porque Deus provoca as pessoas para se
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desinstalarem e irem em missão. “Não só na Bíblia, mas durante toda a história da Igreja, Deus chama e Deus envia pessoas”, observou o frade, citando Abraão, Moisés, Jeremias e o convite de Jesus aos discípulos: ‘Ide, pois, e fazei discípulos meus todos os povos’. “Quem não se lembra daquele momento em que Francisco de Assis, na capelinha de São Damião e diante do Crucifixo, ouve a voz Jesus que lhe fala: Francisco, vai e restaura a minha Igreja que está em ruínas’. Ele não se referia à igreja material mas à Igreja povo de Deus”, disse
o pregador, enfatizando que o Papa pede uma Igreja que saia em direção aos outros para chegar às periferias humanas, uma igreja que ouve, acolhe, que acompanha quem ficou caído à beira do caminho, uma Igreja que imita o Filho Pródigo, uma Igreja como o pai do Filho Pródigo que fica continuamente com as portas abertas para que, quando seu filho voltar, possa entrar sem nenhuma dificuldade. Neste contexto, Frei Evaristo escolheu três pontos para refletir: 1º) O contexto de nossas famílias hoje, cujos filhos já não são mais iniciados na fé cristã, na fé católica; 2º) um novo contexto social, com tantas migrações, pessoas que chegam dos mais diversos lugares; 3º) as periferias existenciais como fala o Papa. “O primeiro aspecto que quero abordar é a transmissão da fé aos nossos filhos, falando especificamente do nosso município de Gaspar. Talvez aqueles de cabelos brancos se recordem que, no passado, a grande maioria das famílias deste município era católica. Frequentava assiduamente a
Missa, participava das novenas, dos terços. Perguntem aos mais velhos como o município inteiro se mobilizou para construir essa igreja junto com Frei Godofredo. Alguém da família, um avô ou um tio, deve ter ido para as matas atrás de madeiras para fazer os andaimes. Os bairros se revezavam em mutirões para isso. Então, todo o nosso município, de fato, tem uma expressão muito grande de fé e de participação na Igreja, mas com o tempo parece que os pais têm uma grande dificuldade de transmitir a fé para os filhos. Nesse mundo globalizado, da comunicação, da internet, da televisão, a voz dos pais é mais uma entre tantas. A voz da Igreja é uma voz que parece que fica como um caniço no deserto, como diz a expressão bíblica. Mas voltando àquela época, não sem dificuldades, aquelas pessoas se engajavam, participavam. A distância era maior naquela época, as pessoas não tinham carros como hoje. Os meios de transporte eram inexistentes, bem diferente do que é hoje. As pessoas vinham de carroça, charrete, a pé, a cavalo, e estavam aqui todos os domingos, família
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inteira, participando das celebrações. Então, nosso contexto era totalmente católico, onde os filhos aprendiam a fé católica por imersão, porque estavam junto com a família”, detalhou. Mas, segundo o frade franciscano, aos poucos os pais começam a ter muita dificuldade de transmitir essa mesma fé aos seus próprios filhos. “E nós estamos cada vez mais num mundo onde ser Igreja, ter uma religião, é, de fato, uma necessidade e responde ao interesse pessoal. Deixou de ser um compromisso diário com Deus. A religião, às vezes, se torna muito frágil e a Igreja é tratada como um departamento, um banco, um supermercado. É uma necessidade e não uma adesão de fé. E nisso está um desafio que o Papa nos chama a atenção e que envolve a todos nós como Igreja. Alguns podem pensar que isso seja um problema sério demais, mas eu penso que aqui existe uma potencialidade, porque as pessoas estão diante de uma decisão. Cada um decide se vai ser católico ou não, se vai ser cristão ou não. Então, rompe-se com o tempo de uma tradição e agora passa a valer a decisão pessoal. E aí é que entra fortemente o testemunho. Um testemunho verdadeiro, porque se falta o testemunho, talvez caiamos naquilo que Jesus diz: nem quente nem frio”, explicou. O segundo aspecto, segundo Frei Evaristo, é a mudança social, a mudança populacional, que mexe com as migrações e criam novos bairros nas cidades. “E como é que nós, como Igreja, estamos lá presente acolhendo os que chegam? Não digo ir lá para ensinar, para impor, mas para estar junto e ser uma presença viva no meio deles. Nos últimos anos começaram a chegar em nossa região muitos haitianos em busca de oportunidades de trabalho. Como Igreja, nós já somos uma presença entre eles? O Papa pede uma Igreja em saída, que não espera que aquela pessoa venha mas que saia para encontrar aquele que precisa da nossa presença, do nosso testemunho. Igreja em saída, diz o Papa, é não permanecer numa pastoral de manutenção e fazer aquilo que nós sempre fazemos e não percebemos os desafios novos que a história nos impõe”, alertou. Por último, falou das periferias existenciais, uma expressão que o Papa gosta muito. “Onde que estão essas periferias? Não estão lá longe, fora da cidade,
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essas periferias podem estar muito perto de nós. O Papa se refere àqueles que estão excluídos por motivos muito diversificados. Pode ser um motivo social, econômico ou familiar, quando um idoso que requer mais atenção foi esquecido pelos próprios filhos. A periferia existencial pode ser aquele doente que não é mais visitado, um portador de HIV, um prisioneiro que foi abandonado”, exemplificou, recomendando: “O Papa nos pede para não passarmos pelo caminho de forma apressada e nem perceber aquele que está do nosso lado, que precisa de um olhar, uma palavra, um gesto e um carinho”. Na sua conclusão, Frei Evaristo foi contundente: “Penso que a Igreja Católica não será mais maioria em nosso país. Alguns ficam atônitos: como enfrentar essa situação? O Papa Francisco diz que quando nós somos minoria temos aí uma oportunidade para sermos melhores cristãos, mais convictos, que acreditam naquilo que fazem, falam, testemunham Deus e sabem o valor de Deus na sua própria vida e de sua família. É importante recordarmos a nossa história cristã.
Nós nascemos como um pequeno fermento. No início éramos um grupinho pequeno de cristãos que, com o tempo, nos tornamos uma massa. Mas quem sabe aquele fermento vigoroso inicial deixou de produzir a sua força e agora que estamos deixando de ser massa não é hora de retomarmos a força do fermento no mundo em que vivemos? É a hora do testemunho verdadeiro. De viver e anunciar os valores. Quais são os grandes valores cristãos? A solidariedade, a partilha, a união, a fé, a esperança. Um grande santo da Igreja Católica dizia que os cristãos deveriam ser para o mundo como a alma para o corpo. A alma é aquilo que dá a vida, produz esperança, que dá sentido ao caminhar. Esse é nosso desafio: sermos alma, transmitir valores, sermos fermento no mundo em que vivemos”, exortou. “Que São Pedro, que embarcou na barca de Jesus nos leve com a sua barca mundo afora e onde nós vivemos para anunciar, viver e testemunhar esse Jesus que é vivo e verdadeiro em nosso meio. Que assim seja!” , terminou a pregação do segundo dia.
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3º dia
A fé de Pedro é uma rocha inabalável
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a noite da vigília da grande solenidade de São Pedro e São Paulo Apóstolos, no sábado (27/6), o pregador Frei Evaristo Spengler, Definidor da Província da Imaculada Conceição, trouxe mais presente a figura do Padroeiro e o tema do dia: “Todos somos discípulos missionários”. O foguetório ao meio-dia já anunciava à cidade que era véspera do dia do Padroeiro. Às 15 horas, um dos momentos mais belos desta festa, quando a Matriz ficou completamente lotada com a Missa da Catequese. À noite, um pouco antes das 19 horas, um buzinaço promovido pelas comunidades Jesus Cristo Libertador, Santa Clara, Bom Jesus, Santa Teresinha, Santa Rita, trouxe a imagem de São Pedro para a celebração. Essas comunidades, a Ordem Secular Franciscana, as Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição estiveram à frente da celebração. “Quem é esse Pedro, nosso Padroeiro?”, perguntou. “Ele foi um dos discípulos mais próximos
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de Jesus. Todas as listas dos apóstolos que aparecem nos evangelhos, o nome de Pedro ocupa o primeiro lugar. Um homem simples, nascido ao norte do lago de Genesaré, em Bethsaida, era irmão do também apóstolo André, filho de Jonas. Era um homem casado, a sua sogra e sua esposa viviam em Cafarnaum, numa casa ao lado do lago de Genesaré. Ele era um pescador e foi ali, durante o trabalho na pesca, que Jesus o encontrou e disse a ele e ao irmão André: ‘Vinde comigo e eu farei de vocês pescadores de homens’. Pedro e André estavam no trabalho com as redes nas mãos. Eles deixaram as redes e imediatamente seguiram Jesus. Não disseram: ‘Espera um pouco, vou pensar’. O discípulo é aquele que está pronto. Imediatamente seguiram a Jesus. O seu nome de família era Simão. Jesus é que mudou o seu nome para Pedro e deu um significado a isso. Nos momentos decisivos da missão, quem estava ao lado de Jesus? Simão Pedro, João, e algumas vezes André. Pedro nun-
ca faltou nos momentos mais difíceis da caminhada de Jesus. Os evangelhos o apresentam como um homem bom, de temperamento impulsivo, fala prontamente, é leal àquilo que assume, é expansivo, é um homem generoso, mas sobretudo alguém apegado ao seu mestre Jesus”, detalhou o pregador. “O Evangelho nos mostra também que Pedro é o primeiro discípulo a proclamar a fé em Jesus. E é esse fato que eu queria um pouco recordar com vocês...”, indicou, recordando a passagem do evangelho em que Jesus pergunta aos discípulos sobre o que o povo dizia dele. “Quem os homens dizem que é o Filho do Homem?” “Jesus, na verdade, não estava interessado numa pesquisa de opinião pública para saber o que o povo dizia dele. Queria saber o que os discípulos pensavam dele. E vocês, quem dizem que eu sou? Certamente, nessa hora, os discípulos ficaram com certo medo. Mas Pedro, corajoso, toma a palavra e diz: ‘Tu és o Messias, o filho do Deus vivo’. ‘Tu és o Messias’ já aparecia no evangelho de São Marcos, mas São Mateus coloca a frase completa: ‘Tu és o Messias, o filho de Deus Vivo’. O povo esperava o Messias, mas esperava o Messias filho de Davi. A expectativa era que Davi enviasse um descendente que haveria de salvar o povo. Pedro vai muito mais além: ‘Tu és o Messias filho de Deus Vivo’ quer dizer que Jesus não só nasceu de Deus mas age como o próprio Deus. É o filho de Deus vivo. Jesus,
no nosso meio, é a própria revelação de Deus que caminha conosco. Ele é Emanuel. Jesus não é como os falsos deuses, Jesus não é um ídolo. Não é incapaz de salvar. Jesus é o Deus que possui a vida, que comunica a vida, que transmita a vida e que vem para salvar. Isto nos revela São Pedro. É o Deus vivificante”, explicou. Segundo Frei Evaristo, a profissão de fé de Pedro recebe por parte de Jesus uma bem-aventurança: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta rocha - falo rocha e não pedra - edificarei a minha Igreja”. “Há duas palavras nessa frase de Jesus: o nome Pedro e a palavra pedra. Mas tu és a rocha sobre a qual construirei a minha Igreja. Nas traduções do evangelho, no próprio folheto da Missa de hoje, não aparece essa definição, mas se nós olharmos na Bíblia é muito visível. Jesus diz que Simão é Pedro, mas a fé de Simão, essa é uma rocha inabalável sobre a qual construirá a sua Igreja. Pedra na Bíblia é uma pedra que podemos pegar, atirar, podemos partir. Rocha é um fundamento. Rocha é inabalável. Não se pode partir, não se pode tirar do lugar. A fé de Pedro é esse fundamento inabalável sobre o qual Deus quer construir sua Igreja”, ressaltou Frei Evaristo. “A fé é a base e por isso Jesus diz a Pedro que ele é muito feliz. Porque ele descobriu o essencial da vida. Descobriu aquilo que de fato assenta as
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colunas do Reino dos Céus aqui na terra. A fé permite a construção de uma sociedade nova. Uma sociedade Ecclesia, ou seja, a Igreja, sinal do Reino de Deus neste mundo. Sabemos que o Reino só vai se concretizar na eternidade, na Parusia, mas esse reino tem os seus sinais aqui na terra. E a Igreja quer ser um sinal pela sua prática da partilha, do perdão, da acolhida, do anúncio da salvação, da boa nova do Evangelho. A Igreja quer ser isso. E Pedro, com a sua fé, representa as bases da Igreja”, continuou. Então, Jesus diz: ‘Eu te darei as chaves do Reino dos Céus. Tudo que ligares na terra será ligado lá no céu’. “É como se esse Reino aqui na terra fosse uma grande cidade e Pedro, como líder dos apóstolos, tivesse a chave para abrir e convidar todo o povo para entrar nesse reino. Na alegria da salvação de Jesus Cristo”, acrescentou. “Como discípulos de Jesus, nós também recebemos essa chave e aqui eu queria concluir essa
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nova reflexão ligando ao tema de hoje: Discípulos missionários. O que é um discípulo missionário? Qual é a base da missão? Só pode ser a base de Pedro, ou seja, a fé que sustenta e a abertura, a chave, para a missão. Ninguém jamais pode viver o cristianismo, não pode ser um católico sem fé. Quem não fez esse encontro pessoal com Jesus Cristo, é apenas um religioso de fachada, de verniz. Mas quem fez o encontro pessoal, descobriu o chamado em sua vida, esse sente que Jesus está presente em sua vida. E quem fez esse encontro quer caminhar com Jesus ao longo de sua vida. Quem que gosta de uma pessoa e não fala com ela. Quem não reza parece que não gosta de Deus. Não encontrou Jesus. Veja os jovens. Encontrou um amigo na escola, se é uma namorada então, o “zap” está ativo a toda hora. E nosso “zap” com Deus, como é que está? Como está nossa comunicação com Deus? Nós temos gastado um tempo com esse encontro amoroso, pessoal, dedicado a Deus?”, questionou.
Alimentar a fé é o segredo segundo o pregador. “A fé, ela pode vir e ir como o vento. Podemos receber doutrina e não ter fé. A fé tem que ser alimentada. Achei tão bonito hoje na catequese quando eu vi aqui, pais, mãe, filhos, rezando juntos, vindo à igreja. Suponho que essas famílias tenham de fato uma vida cristã, fervorosa, que saibam rezar juntos”, confessou. “Então é essa fé que vai dar consistência. Pedro foi preso, mas confiou em Deus que o libertou. E quem tem esse testemunho de fé, esse sim, é chamado a ser missionário, a anunciar. A nossa Diocese está nessa campanha missionária. Todos nós somos convidados a abrir nossas portas a essa missão, mas não só recebê-la, mas
somos convidados a visitar os nossos vizinhos, convidá-los, rezar com eles, fazer um círculo bíblico, meditar sobre a Palavra de Deus”, sugeriu. E Frei Evaristo concluiu: “Se o primeiro movimento é abrir-se para o alto, o segundo movimento, que nos convida essa Missa, é ir ao encontro do irmão, partilhar essa Boa Nova, essa Boa Notícia, que Pedro professou em Jesus Cristo. Que São Pedro, na sua festa, possa nos tocar, possa nos incentivar, possa nos fortalecer, e fazermos perceber que estamos firmes na fé da Igreja e estamos no bom caminho para chegar a Deus. Estando firmes nessa fé, sejamos capazes de sair de nós mesmos e anunciar a fé aos nossos irmãos e irmãs”.
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MISSA DA CATEQUESE
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UM ‘DIAMANTE’PARA OS CATEQUIZANDOS
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á é tradição na Festa de São Pedro Apóstolo a Missa da Catequese, celebrada sempre no sábado, véspera da solenidade de São Pedro e São Paulo. E no sábado, 27 de junho, não foi diferente com Frei Evaristo Spengler, que presidiu a celebração das crianças e catequistas da Paróquia. A Igreja Matriz ficou lotada mais uma vez e as crianças fizeram uma das mais belas celebrações em homenagem ao Padroeiro, surpreendendo o celebrante, que confessou estar encantado de ver pais, mães e crianças juntos. Frei Evaristo, muito à vontade no meio dos pequenos, com simpatia conduziu a homilia dando uma verdadeira catequese. Explicou o que signi-
ficava “apóstolo” e insistiu para que as crianças repetissem bem alto o lema da festa: “Ai de mim se eu não evangelizar”. “Será que no tempo de Pedro havia boas condições de se viver esse Evangelho?”, perguntou, contando que Pedro sofreu uma grande perseguição por ser líder dos apóstolos e acabou preso, mas no meio das dificuldades, ele se agarrou a Deus e, através do anjo, Deus o libertou. “Então, muitos pensam que é difícil seguir Jesus Cristo. Mas o que é necessário fazer para seguir Jesus Cristo?”, perguntou. “É necessário aprender bem para ter uma fé firme e forte. Será que alguém que segue Jesus não quer continuadamente falar com ele? Será que nós desde cedo 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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não aprendemos a rezar, a falar com Jesus? Quantos não preferem ficar na cama aos domingos do que ir à Missa. Vocês vêm à Missa domingo ou ficam em casa dormindo? Como fica a Bíblia de vocês? Serve de decoração na estande, cheia de pó, ou está tão usada que nem dá para carregar?”, questionou. “Para ser cristão é preciso ter esse contato mais próximo com Jesus, conhecendo a sua vida, saber o que ele ensinou aos seus discípulos. Ler o Evangelho e procurar colocá-lo em prática. Às vezes pequenas coisas nós achamos difíceis”, ensinou. Frei Evaristo contou uma bela história para as crianças. “Eu trabalhei em Angola e lá as pessoas gostavam muito de contar histórias. Havia um homem muito simples que todos os dias saía de sua casa para o trabalho caminhando a pé. Um dia escutou uma voz que dizia: ‘Abaixe-se, pegue as pedras do caminho e as coloque no seu bolso’. O homem ficou intrigado, olhou dos lados, para frente, para trás e para cima e não viu ninguém. Achou que era imaginação da sua cabeça. Em seguida, essa mesma voz voltou a lhe dizer: ‘Abaixe-se, pegue as pedras do caminho e as coloque no seu bolso”. E o homem novamente, intrigado, olhou para os lados, para cima, e não viu ninguém. Pensou: ‘É imaginação minha’. Mais uma vez, ele ouviu a voz que disse:
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‘Abaixe-se, pegue as pedras do caminho e as coloque no seu bolso’. E o homem disse consigo mesmo que iria abaixar, mas pegaria as pedras menores para não ser incomodado mais por essa voz. Pegou três pedrinhas e, quando estava chegando no seu destino, novamente escutou a voz que lhe dizia: ‘Pegue as pedras que estão no seu bolso e coloque-as na sua mão’. E o homem tirou as pedrinhas do seu bolso e viu
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que elas haviam se transformado em diamantes. Esse homem ficou ao mesmo tempo alegre e triste. Alegre porque a pedra havia se transformado em um diamante, e triste porque deixou muitas pedras grandes no caminho...”. “Muitas vezes, aquilo que no momento presente nós pensamos que é uma pedra atrapalhando nosso caminho, quando olhamos para trás vemos que transformou a nossa vida numa
coisa muito bonita. Quem leva a sério a vida cristã, a vida em família, a vida na Igreja, vai colher grandes frutos ao longo de sua vida. Quais são esses frutos a partir de nossa fé? Se nós vivenciarmos nossa fé, vamos ter uma família unida pela fé em Jesus Cristo. Uma família que se quer bem. Ao contrário de famílias que não se suportam. Então, aprender do Evangelho o que Jesus quer para a nossa vida, vai certamente produzir muitos bons frutos na nossa vida: o perdão, harmonia, paz, ajudar os outros. Quanta felicidade nós teremos se ajudarmos o outro”, ensinou. E concluiu: “Hoje, São Pedro está dizendo que o caminho para seguir Jesus Cristo não é difícil mas tem que ter perseverança. Na igreja, na família, na catequese, também na vida pessoal, como na escola. Quem estuda, vai colher bons frutos na vida. Vai ter um bom emprego e um futuro pela frente. Então hoje, Jesus está pedindo coisas que são boas, coisas que não valorizamos no presente, mas que vão dar muitos frutos no futuro. Eu peço hoje que Deus, por intercessão de São Pedro, venha aos corações dos catequizandos, dos catequistas, para renovar a fé, dar mais luz, ânimo, para que sejamos fiéis seguidores de Jesus como foi Pedro e que possamos anunciar com alegria esse Evangelho, essa Boa Nova ao mundo”. 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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O segredo da Festa: Fé
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que faz uma senhora de 77 anos esbanjar alegria e simpatia mesmo tendo perdido seu esposo há um mês? O que leva um senhor de 93 anos a não faltar em 43 anos? De onde uma senhora de 73 anos tira forças e energia para fazer de tudo e mais um pouco exa-
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tamente como fez há 50 anos? Os exemplos não param... Cada um dos cerca de 500 voluntários em cinco dias da Festa de São Pedro Apóstolo, em Gaspar (SC), tem uma história para contar de dedicação, amor e entrega. Para Lídia Mônica Nagel, a resposta para tudo isso é bem
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simples: fé. Ela é a pessoa que tem 73 anos e há 50 anos se dedica de corpo e alma à festa. “Não sei de onde ela tira tanta energia”, reconhece Tuti Spengler, outra que não mede esforços a cada edição. Na festa, o nome de Lídia se ouve em todos os cantos do grande Salão Paroquial. A massa artesanal
preparada para o Dia da Macarronada teve a sua mão. Na quinta-feira, quando começou o Tríduo Preparatório para a Festa, ela foi a responsável pelo rodízio de sopas. “Enquanto tiver saúde, vou continuar trabalhando pela minha Paróquia”, dese-
ja Lídia, garantindo que o combustível para isso tem de sobra: fé. Lídia é professa na Ordem Franciscana Secular (OFS) de Gaspar há 42 anos. Em doze anos residindo em Gaspar, sendo seis como pároco, Frei Germano Guesser não
se cansa de elogiar a generosidade do povo gasparense. “A festa funciona por causa desse povo. Se não fosse ele, ela não teria essa magnitude”, destaca o também Definidor da Província da Imaculada, que não se cansa de elogiar o ambiente fraterno que se cria na comunidade durante o evento. “É bonito ver gente de um bom poder aquisitivo ao lado de pessoas mais simples. Colocam o avental, a toca e trabalham juntos, em harmonia, respeito e alegria. Pessoas idosas sentadas, descascando aipim, batata, abóbora, enquanto outras recebem prendas. Os jovens, que durante o dia trabalham e estudam, à noite estavam aqui ajudando no salão da macarronada. É essa comunhão de forças. É essa união que faz a festa acontecer”, enfatiza Frei Germano,
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elogiando a alegria de Matildes Santina Bertoldi, que veio com o grupo de cinquenta pessoas do Circolo Trentino di Gasparin. “Ela está sempre sorrindo e nem parece que há um mês perdeu o esposo”, contou o pároco, referindo ao falecimento de Hercílio Marcelino Bertoldi. Assim como ela, Marli Demmer estende as pernas em um
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banco para cortar pães e, sempre brincalhona, garante que se diverte muito durante a festa. “Adoro trabalhar aqui e, enquanto minhas pernas me levarem, não vou parar. Meus filhos brigam comigo por causa das pernas, mas eu vou levando”, diz, brincando: “Gosto muito dos freis de Gaspar. Quando eles forem embora, eu vou atrás...”.
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A festa do Padroeiro é para os devotos a possibilidade de agradecimento e de comunhão com Deus. A sra. Darci Pitz não tem dúvida: “A gente recebe o dobro trabalhando aqui”. Isso porque ela tem uma confecção e fechou ao meio-dia para se dedicar à festa. “Levantei às cinco horas, fiz almoço, fiz um bolo para a festa e ainda confeccio-
nei mais de 20 calças antes de vir para cá”, contou Darci. Para o coordenador do Conselho Pastoral da Comunidade (CPC), Clarindo Fantoni, a festa de São Pedro Apóstolo tem como objetivo reunir a comunidade para comemorar e homenagear o santo. “O povo de Gaspar gosta muito de ajudar e esse é um dos motivos da festa se manter forte no município durante todos esses anos”, observa. É o caso de Benedito
Aleixo Schmitt, que trabalha na festa há 43 anos e hoje, mesmo com um apoio para andar, não deixa de ajudar na recepção das prendas. “O Nute, como ele é conhecido, diz que aqui é uma família para ele”, conta Frei Germano. Gertrudes Crescencia Spengler, ou simplesmente a Tuti, é irmã de Frei Evaristo Spengler. Ela dela a responsabilidade de preparar cerca de 15 mil pastéis, trabalho que faz
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com dedicação há 28 anos. Filiada à Ordem Franciscana Secular, Tuti elogia a qualidade da festa do Padroeiro. “Acho que na região que deve ser uma das poucas paróquias que mobiliza tanta gente para fazer uma festa tão bonita e com esse padrão de qualidade”, ressaltou. O padrão-Gaspar
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pode ser visto na macarronada, nos pastéis, no churrasco, na cuca, no sonho, nas sopas, no quentão etc. “O segredo são as receitas originais bem feitas”, explica Tuti.
O EXEMPLO DO CIRCOLO TRENTINO Falando em qualidade, é o
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que não faltou no dia da Macarronada que foi preparada pelo grupo de 50 voluntários de Gasparinho e integrantes do Circolo Trentino di Gasparin, entre eles Matildes Santina Bertoldi, ou simplesmente Dona Santina, de 77 anos. “Nos preparamos os molhos com linguiça, a Bolonhesa, al pesto e a Carbonara”,
explicou Lovídio Bertoldi, filho de Dona Matildes, que chegou a ser noviço na Ordem Franciscana. Segundo Lovídio, já é uma tradição preparar a macarronada nas festas da região. O grupo, com tranquilidade, deu conta de servir cerca de 900 pessoas. “A gente já está calejado. Quem deve ficar estressado é quem vai pagar”, brincou. Mas, na verdade, quem comeu não ficou nem um pouco estressado: o valor para comer à vontade quatro tipos de macarrão com saladas foi de R$ 20,00 apenas. Além da Festa de São Pedro, a comunidade trentina de Gaspar tem a Festa Italiana, que é organizada pelo Circolo Trentino di Gasparin, para resgatar e manter vivos os costumes italianos. Lovídio destaca a importância de manter a herança
cultural trazida pelos imigrantes italianos. Se depender dos jovens, essa tradição vai continuar, como se pôde ver nos grupos que ficaram com a tarefa de servir o buffet. Liturgicamente, o dia 24 de junho, marcou pela solenidade de São João Batista. Na
celebração das 19 horas, o presidente Frei Paulijacson de Moura lembrou o significado do nome de São João – “agraciado por Deus” – e de não perdermos o foco de nossa missão, assim como o profeta que anunciou a chegada de Jesus.
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IGREJA E CIDADE JUNTAS
A
história da igreja e da cidade caminham juntas. A Freguesia de São Pedro Apóstolo foi criada pela Lei número 509, de 25 de abril de 1861. Desses anos, 114 são de presença franciscana. Segundo Frei Elzeário Schmitt, de saudosa memória, “a verdadeira presença permanente dos franciscanos em Gaspar começou em 17 de setembro de 1900, festa das Chagas de São Francisco, quando Frei Pedro Sinzig e o irmão leigo Wigberto Birk vieram residir em Gaspar”. Essa presença resultou num número expressivo de vocações: 26 filhos de São Francisco.
A PRIMEIRA IGREJA (CAPELINHA) Antes da criação da paróquia, o primeiro templo católico da cidade era uma pequena igrejinha
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de madeira e barro, que ficava na margem esquerda do rio Itajaí. Era o ano de 1850. “Conjugados esforços deixaram a capelinha pronta para a Quinta-Feira Santa de 1850, dia que evoca a instituição da Eucaristia. Imagine-se com que piedade e satisfação as piedosas famílias daquela época fizeram o seu culto”, diz Frei Elzeário, no seu livro “São Pedro Apóstolo, 158 anos nas malhas da história”. Nesse tempo, os fiéis que frequentavam essa capelinha eram na maioria descendentes de portugueses, belgas e alemães. Segundo a história do município, os primeiros habitantes de Gaspar foram os índios botocudos, dizimados com o início da colonização, a partir do século XVII, quando chegaram no Região do Médio Vale
Foto: Guilherme Spengler
do Itajaí os paulistas da Capitania de São Vicente, que trouxeram consigo muitos escravos, em busca de ouro e riquezas. No século XVIII, chegaram os imigrantes dos Açores, com o aval da Coroa Portuguesa, preocupada com o interesse crescente dos espanhóis pelas terras. Aliás, o próprio nome Gaspar, genuinamente português, pode ter origem com os portugueses. Não há na história de Gaspar qualquer documento que afirme a origem do topônimo. Há quem diga que o nome surgiu para venerar os santos Reis Magos. Com os colonizadores europeus, os alemães ( 1835) e os italianos (1875), teve início o desenvolvimento da região.
No dia 19 de março de 1935 realizou-se o lançamento e a bênção da pedra fundamental do Salão Cristo Rei.
A QUARTA IGREJA Em 08 de abril de 1944 aconteceu o lança¬mento da pedra fundamental da nova Matriz, cujo projeto coube a Simão Gramlich, rece-
A SEGUNDA IGREJA Com a criação da Paróquia, em 1861, assumiu o primeiro vigário, o Pe. Morro da matriz, no início do século XX (óleo sobre tela: Élio Hahnemann - 1989) Al¬berto Francisco Gattone. Quando a capela esta¬va necessitando de reparos ficou re- bida com alegria pela população, que não mediu solvido que seria construída uma nova, no morro esforços para colaborar numa obra de tamanho que o Dou¬tor Blumenau havia doado aos gas- vulto. No dia 03 de maio de 1956, D. Inácio Krauparenses, por documento particular de 02 de abril se concede a bênção inaugural e, desde então, a de 1857. Foi inaugurada em 29 de junho de 1867, igreja é o cartão postal da cidade e uma das mais quando então Pe. Gattone se transferiu para Brus- belas construções religiosas do Vale do Itajaí. Frei que, sendo substituído pelo Pe. Zielinski. Godofredo Sieber é a principal figura de destaque na construção desta igreja. A TERCEIRA IGREJA Da Paróquia São Pedro Apóstolo foram Ao Pe. Matz coube a tarefa de providenciar a des¬membradas as paróquias São Paulo Apósplanta da nova Matriz junto ao arquiteto Krohber- tolo de Blumenau (08 de fevereiro de 1878), hoje ger. O templo, construído em forma de cruz, em catedral diocesana, São Pio X de Ilhota (31 de estilo romano, foi inaugura¬do em 29 de junho de maio de 1954), Imacu¬lada Conceição no Bela 1885, na festa de São Pedro. Em 1890 chegou a Vista (03 de fevereiro de 1999), Nossa Senhora primeira imagem do padroeiro. Logo em seguida, do Rosário no Barra¬cão (03 de junho de 2006) os franciscanos assumiram a Paróquia onde per- e Sagrado Coração de Jesus no Belchior Alto (24 manecem até os dias atuais. de dezembro de 2006). 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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A FRATERNIDADE NA 165ª EDIÇÃO DA FESTA Frei Germano Guesser Pároco
Natural de Antônio Carlos (SC), Frei Germano nasceu no dia 17 de maio de 1966 e vestiu o hábito franciscano no dia 18 de janeiro de 1985. Professou na Ordem dos Frades Menores em 2 de agosto de 1990 e foi ordenado presbítero no dia 6 de fevereiro de 1993. Residi há doze anos em Gaspar, sendo seis como pároco. É Definidor da Província Franciscana da Imaculada Conceição.
Frei José Bertoldi
Vigário da Casa e Vigário paroquial
Natural de Ascurra (SC), Frei José nasceu no dia 22 de fevereiro de 1935 e vestiu o hábito franciscano no dia 22 de dezembro de 1956. Professou na Ordem dos Frades Menores em 23 de dezembro de 1960 e foi ordenado presbítero no dia 15 de dezembro de 1962. Reside em Gaspar há cinco anos.
Frei Carlos Ignacia Vigário paroquial
Natural de Crisciúma (SC), Frei Carlos nasceu no dia 9 de maio de 1975 e vestiu o hábito franciscano no dia 15 de janeiro de 1994. Professou na Ordem dos Frades Menores em 2 de agosto de 2000 e foi ordenado presbítero no dia 24 de maio de 2003. Residi em Gaspar há três anos.
Frei Paulijacson Moura Vigário paroquial
Natural de São Miguel (RN), Frei Paulijacson nasceu no dia 16 de dezembro de 1981 e vestiu o hábito franciscano em 8 de janeiro de 2006. Professou na Ordem dos Frades Menores no dia 6 de agosto de 2011 e foi ordenado presbítero no dia 29 de novembro de 2014. Residi há dois anos em Gaspar.
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A PRIMEIRA FESTA Frei Jefferson Max e Frei Marcos Schwengber, frades de profissão temporária e estudantes de Filosofia em Rondinha (PR), fizeram estágio durante o mês de julho na Fraternidade São José, da Paróquia São Pedro em Gaspar-SC, e falaram da experiência de participar pela primeira vez da Festa do Padroeiro. “Tivemos a graça de participar das festividades do padroeiro desta cidade, que ocorreram entre os dias 24 a 28 de Junho. Fomos bem acolhidos por todos os confrades, em nome do pároco, Frei Germano Guesser e por toda a estimada comunidade paroquial. Assim, pudemos auxiliar na preparação dos pastéis, que não foram poucos. Além disso, convivemos e aprendemos com as pessoas que aqui colaboram e se dedicam voluntariamente a este serviço à paróquia. No último dia de festa, como de costume, é feita uma procissão com o padroeiro São Pedro pelas águas do rio Itajaí-Açú. A jangada, conhecida aqui por “jabiraca”, era puxada por uma draga e era acompanhada por barquinhos, jet ski e canoas. O trajeto foi animado com cantos, orações e até um churrasquinho. Findado o trajeto, em procissão seguimos rumo à
Matriz onde celebramos a solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo. Rendemos graças a Deus por tudo o que Ele nos concedeu nestes dias e pelo bom êxito da festa. Paz e Bem!”
Também participaram pela primeira vez, os aspirantes Danilo Lima de Oliveira (SP) e Marcelo Dias Soares (RJ), que
concluíram a primeira etapa de formação no aspirantado na Fraternidade de Acolhimento de Gaspar.
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FREI BEPPI
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Aos seus 80 anos de idade e 53 anos de vida sacerdotal completados neste último dia 15 de dezembro, Frei José Bertoldi (Beppi), continua atuando com muita garra e perseverança na Paróquia São Pedro Apóstolo de Gaspar. Frei Beppi nasceu em Ascurra (SC), em 22 de fevereiro de 1935 e já passou por 20 fraternidades. Como faz todo ano, ele veste o gorro e o avental e põe a mão na massa, literalmente. 165ª Festa de São Pedro Apóstolo
FESTEIROS Ademir Segundo Bertoldi e Roseli Ramos
José Carlos da Silva e Rosani B. da Silva
Agostinho Luis Debortoli e Ussama Abeallah
José Gabriel Corrêa e Maria Hilda Marques Corrêa
Aldo Schneider e Marita Utto Schneider Alfredo de Andrade e Maria de Andrade
José Evaristo Pereira e Bernadete de O. Pereira
Álvaro Luiz Spengler e Luciane Micheli Pereira
Lucas José Weigenannt e Lara Luizi Weigenannt
Alcir Vieira e Marlete Pereira Vieira
Luciano Bernardi e Silvia Koerich Bernardi
Alvir Spengler e Marileusa Natal Spengler
Luiz Henrique Richartz e Maria de Souza Silva Richartz
Antenor Oneda e Mirian Moreto Oneda Artur Werner e Marlete C. Werner Charles Leandro Cardoso e Luceleni Aparecida Coradini Claudio José Zuchi e Bernadete Zuchi
Luiz Henrique Stanke e Daniela da Silva Stanke Luiz Roque Schmitt e Cátia Regina de Souza Schmitt Marcelino Simão e Cristina Simão
Claudio Reinert e Rose Reinert
Mario Soberansk e Roseli Soberansk
Diego Alexandre Sabel e Sara Regina Rotta
Paulo Bornhausen e Roseli Pamplona Bornhausen
Edilson da Silva e Louise Angélica Souza
Paulo Osmar Junckes e Deise Goedert Junckes
Edgar Schaider e Gizelly Deschamps
Paulo Vinícius da Silva e Bárbara Cecília da Silva
Francisco Fantoni Neto e Camila Naumann Pereira
Pedro Graciolo e Roseli Graciolo
Hermínio José dos Santos e Zenaide Pamplona dos Santos Itacir Alves de Almeida e Roseli Boettger de Almeida
Raul Neves e Roselene Rainert Neves Renato Oscar da Silva e Débora Elis Melato da Silva Rogério Alves de Andrade
Jacó Francisco Goedert e Terezinha Bernz Goedert
e Mara Andrea Tonioli A. Andrade
Jardel Evandro da Silva e Rosane Regina Schmitt
Valtair Marchi e Dorizete Aparecida Stiz Marchi
Jorge Dalarosa e Arminda de Oliveira José Alberto Schmitt (Pinoco) e Adriana Depiné
Sérgio Alexandre Spengler e Deise Simon Vilmar Zimmermann e Rosana Regina Schmitt Zimmermann
165ª Festa de São Pedro Apóstolo
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PATROCÍNIOS